Plurale em revista

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ano nove | nº 55 | janeiro / fevereiro 2017 R$ 10,00

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE w w w. p l u r a l e . c o m . b r

TAILÂNDIA: RELIGIOSIDADE E ENCANTOS ARTIGOS INÉDITOS

TEMPLO WAT PHO, BANGCOC, TAILÂNDIA, FOTO DE PEDRO FREIRIA

PETISCOS NATURAIS PARA ANIMAIS


70% dos executivos destacaram que suas empresas possuem um planejamento para dar resposta às metas trazidas pelos ODS.

Objetivos de desenvolvimento sustentável chegaremos lá? Dominic Schmal*

13% destacam que já identificaram ferramentas que possam gerenciar a contribuição e impacto sobre os ODS.

Fonte: Pesquisa realizada em 2015 pela PwC

* Dominic Schmal é especialista da área de Sustentabilidade da PwC

Uma sociedade próspera vivendo no meio-ambiente preservado e com uma economia sustentável. Essa é a expectativa de bilhões de pessoas que habitam o planeta. O acesso à agua potável, o respeito pelo direitos humanos, a redução da pobreza, segurança nas cidades e um trabalho digno são aspirações legítimas – mas, para a maioria das pessoas, longe de ser uma realidade.

O desenvolvimento de uma sociedade depende da atuação de duas instituições – governos e empresas. As ações e políticas implementadas por ambas provocam um impacto real e duradouro na sociedade e no meio ambiente, para um progresso no curto e no longo prazo. O Estado define e direciona políticas e cria as regulações para o bom funcionamento dos mercados.



PEDRO FREIRIA - TAILÂNDIA

Contexto

Entrevista com a ativista social Monique Evelle, por Rosenildo Gomes Ferreira, de 1 Papo Reto

10 Bazar ético DIVULGAÇÃO- PROJETO GURI

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30.

Tailândia, a terra dos homens livres, Por Vivian Simonato e Pedro Freiria

26. Ecoturismo, por Isabella Araripe

44 Estudo de caso: Instituto Dialog

60 Cinema verde, por Isabel Capaverde

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Petiscos naturais e orgânicos para cães e gatos, por

Nícia Ribas

16.

ARTIGOS INÉDITOS: Fábio Rocha, Marcus Quintella e Roberto Saturnino Braga

PLURALE EM REVISTA | Janeiro / Fevereiro 2017

DIVULGAÇÃO/ BARKERIA


E ditorial

Tailândia, artigos inéditos, petiscos naturais para cachorros, e muito mais

Vivian Simonato foi conferir os mistérios e histórias da Tailândia, como neste templo budista, em Ayutthaya. Outro destaque da edição é a aventura `al mare` da jornalista Marina Guedes que navega em veleiro com amigos conhecendo vários países, suas biodiversidades e o impacto das mudanças climáticas. DIEGO VOLPI - BAHAMAS

Depois de um 2016 tão pesado, nada como começar 2017 leve e energizados. Trazemos nesta edição um conjunto de matérias para inspirar. Como o Especial da Tailândia, da nossa correspondente Vivian Simonato, que foi desbravar o país dos homens livres e histórias incríveis com o seu marido, o dublê de chef de cozinha e fotógrafo, Pedro Freiria. “Foi uma viagem incrível. A experiência dos templos, mosteiros e sua gente nos energiza ainda mais”, conta Vivian. Não foi só. Também a jornalista Marina Guedes, experiente colaboradora de Plurale, nos conta outra viagem, a sua aventura `al mare`, a bordo de um veleiro visitando diversos países, suas biodiversidades e o impacto das mudanças climáticas. Artigos inéditos são outro destaque da primeira edição de 2017: Fábio Rocha, Marcus Quintella e Roberto Saturnino Braga falam de temas relevantes para a melhor compreensão do que teremos pela frente de desafios ao longo do ano. Também um inédito Estudo de Caso sobre o Instituto Dialog. Não é só. Nícia Ribas descobriu que, seguindo a mesma tendência de alimentos orgânicos e naturais para humanos, agora é a vez de produtos também os animais, como cães e gatos. Paulo Lima , Editor da revista virtual Balaio de Notícias esteve em Goiás Velho, visitando a terra da poetisa Cora Coralina e Rosenildo Gomes Ferreira, Editor do Portal 1 Papo Reto, nos apresenta a relevante e jovem ativista social baiana Monique Evelle. Tudo isso e muito mais. Como as Colunistas Isabel Capaverde e Isabella Araripe , Especial sobre a Chapada dos Veadeiros (GO) da Agência Brasil a e as colunas Pelo Brasil, Bazar ético, Estante, Vida Saudável e Pelas empresas. Esperamos que apreciem a leitura!

PEDRO FREIRIA – AYUTTHAYA - TAILÂNDIA

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

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Frases O MAESTRO QUE AMAVA A NATUREZA

Se soubesses como eu gosto, do teu cheiro de flor, não negavas um beijinho a quem anda perdido de amor. Letra de Falando de Amor

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Vou voltar Sei que ainda vou voltar Para o meu lugar Foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar uma sabiá, Cantar uma sabiá Letra de Sabiá, com Chico Buarque

Passa sete serras Passa cana brava No brejo das almas Tudo terminava No caminho velho onde a lama trava Lá no todo-fim-é-bom Se acabou João Letra de Matita Perê, com Paulo César Pinheiro

Eu gostava era da praia, um pouco de futebol e de vôlei, que é um veneno para quem toca piano, por causa das juntas, das articulações. E era nadador. Muita água, o tempo todo água.”Cruzava a Lagoa Rodrigo de Freitas. Isso era fichinha. Da Montenegro (hoje Rua Vinicius de Moraes, em Ipanema) até a curva do Calombo.

Na praia de dentro tem areia Na praia de fora tem o mar Um boto casado com sereia Navega num rio pelo mar Letra de O Boto, com Jararaca

Esta cidade é um lugar paradisíaco, com essas montanhas, essas matas, esse céu azul lavado, esse sol, essas garotas e até essas águas de março, que já começam a chegar. Mas meu amigo Oscar Niemeyer estava com a razão quando me disse que uma cidade só é cidade até 800 000 habitantes. Sobre o Rio de Janeiro

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Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.

Se a música do maestro Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o famoso Tom Jobim, tornou-se universal, também a sua paixão pela preservação da natureza foi outro marco de sua obra. Em homenagem ao músico genial, que faria 90 anos em janeiro deste ano, procuramos algumas frases e versos incríveis da obra do compositor que ilustram bem o seu amor pelos pássaros, florestas e a conservação da biodiversidade. Tinha uma profunda relação com o Jardim Botânico do Rio, onde está a sede do Instituto Antonio Carlos Jobim, tocado por seu filho, Paulo. O Instituto desenvolve projetos de catalogação, conservação e disponibilização de acervos digitais de artistas que, assim como Tom Jobim, representam o Brasil e seus melhores valores. Com vocês, o poeta-ecologista Tom Jobim.



Quem faz

Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter e no facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Amaro Prado e Amaro Junior Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília Gianotti, Nícia Ribas e Paulo Lima. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Assessoria de Imprensa do Projeto Guri, Equipe do Banco Rio de Alimentos (Sistema FecomércioRJ), Fábio Rocha, Léo Rodrigues (Agência Brasil), Luana Lourenço e Marcelo Camargo (Agência Brasil), Marcus Quintella, Marina Guedes (Blog Seagull), Paulo Lima, Pedro Freiria (Fotos da Tailândia), Roberto Saturnino Braga e Rosenildo Gomes Ferreira (1 Papo Reto). Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

Impressa com tinta à base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: WalPrint

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista

Cartas

cc a a r tr at a s s @@ pp l ul u r ar a l el e . c. c oo mm . b. b r r

anos de edição e sucesso. Agradecido por gestor de vislumbrar tão projetos. bela revista.Precisamos ” Benedito Lisboa, engenheiro, aprenderAri a verdadeiramente en-São José dose Campos por e-mail volver mobilizar(SP), pessoas para

conseguirmos alcançar nossos

“Letícia Spilleretornou-se a “embaixadora” objetivos conquistar resultadosda campanha Desmatamento Zero, do efetivamente transformadores. Greenpeace Brasil. Em entrevista na Edição fatores nade 50Os de quatro Plurale em revista, sugeridos comemorativa matéria são excelentes pontos de oito anos, a atriz revelou que sua preocupação partida queambientais vou passar a considecom as causas é antiga. Ela e outras atrizes e atores falam sobre o rar. Parabéns Plurale!” engajamento causas sociais e ambientais. Marcela nas Vincenzo Marchi da Parabéns à querida Sônia Araripe V2V, de São Paulo (SP),e equipe por pela matéria e pelos oito anos de Plurale!” e-mail Anna Maria Ramalho, jornalista, do Rio de Janeiro (RJ), por e-mail

“Parabéns Giuliana pelo excelente artigoviva, sobre engajamento. Sempre “Sônia: amiga querida! Eu sei que não é oportuno as nossas confácil; parabéns,para para dosar você e todos os que fazem versas e diálogos. Vou para essa bela revista! A matéria dosenviar oito anos é fiquei orgulhoso de me ver pessoashistórica; que escutam pouco....” “Cara Sônia, à Plurale pelos primeiros antológica, “Parabéns lá.Vania A matéria do lamaçalde da Samarco é (RJ), sempredo uma grata receber Velloso, Niterói 9É anos que eusatisfação tenho certeza chocante, é didática, reveladora, é esta publicação há oito anos abre pelos mas comentários de Plurale que será umaque longa vida ajudando espaço para o diálogo entre empresas, obrigatória. Muito boa. O show da Luciana em site a informar e determinar a agenda especialistas e a sociedade, com o objetivo Tancredo não podia faltar; rememora pontos de um setor tão importante para o de promover os bons exemplos de altos da presença dela na Plurale sempre “Em nome de todas as nossas Brasil e o mundo.Um abraço,” preservação do meio ambiente. Parabéns elogiável. E a matéria da AMAR está ótima, diz cooperadas, queremos agradeRicardo Amorim, CEO da a todos os profissionais envolvidos e votos tudo; obrigado, por mim, pela Irmã Adma e seus cer pela publicação, de uma vida longa e sustentável à Plurale Ricam Consultoria e comenliderados. Parabéns outra vez.uma Querogrande continuar oportunidade de divulgação em revista.” tarista do Manhattan Connec- acompanhando, agora até os dez anos!do Miguelde Krigsner – Fundador nosso Saturnino trabalho, que é realizado tion, São Paulo (SP),do por Roberto Braga, escritor, exGrupo Boticário e da Fundação com dificuldades, com muita senador constituinte,mas Rio de Janeiro e-mail Grupo Boticário de Preservação da (RJ), por e-mail dignidade, amor, persistência e Natureza, Curitiba (PR), por e-mail dedicação. “Parabéns pela Edição 54 de Plura“Um absurdoetudo que aconteceu após o Gratidão parabéns a Revista le. Li a matéria da Usina de Apiacás, “Em nome da Associação dos Analistas e desastre ambiental provocado pelo Plurale por esse importante espaque é um marco da nova do engenhaProfissionais de Investimento Mercado rompimento das barragens da Samarco e a ço de divulgação, dos pequenos ria de aproveitamentos hidrelétride Capitais (Apimec SP), parabenizo toda novela que estamos assistindo. Parabéns a empreendimentos dadeRede do Coa equipe porde seus oitos anos de Plurale, cos comdeo Plurale mínimo desarranjos que deu destaque capa para o atividades e, acima tudo, pela mercio justoEdição e solidário. Gratidão!” na recente 50. Afinal, este canal ambientais. Umade vitória importante tema seriedade e qualidade do serviço tem sido muito fiel às vítimas de Bordana, Mariana (MG Celma e Cooperadas para o Brasil, que tem aindaprestado um à sociedade, ao tratar de temas tão Vocês não deixam no Goiânia (GO), porcair e-mail grande potencial de quedas dágua / ES). relevantes quanto sustentabilidade e meio esquecimento o maior desastre ambiental do não aproveitadas. Apreciei também ambiente. Que venham muitos outros Brasil. Parabéns Sônia Araripe e equipe pela “Sinto-me agradecida e orgulhoaanos!” notícia dos 18 anos do Projeto resistência e trabalho magistral. Não vamos sa, pelo nobre que me foi Grael, esses jovens brasileiros que Ricardo Tadeu Martins , calar! Creio espaço que estamos desacreditados, concedido por essa tão conceituaPresidente São nos enchemda deApimec orgulho.SP, Não pude afinal, antes do crime do rompimento das Paulo de (SP), por e-mail da Plurale em que revista! Esse espaço, barragens, foi dito a fiscalização na deixar admirar as fotos floridas empresa estava regular. As famílias estão que é destinado à divulgação volunda Luciana Tancredo. Boa sorte e “Deslumbrante a natureza da Serra do ainda, fazendo uso da águae tária de produtos de Cooperativas felicidades para você todos da Plu- desamparadas Cipó , retratada pela Ana Cecília e Artur ainda inapropriada, não há mais rale neste 2017, quando completam ONGs vendidos no comércio justo, Vidaurre, na edição 49 desta prestigiosa abastecimento por parte da empresa, que ético e solidário, merece atenção. 10 anos do projeto.” conheci. revista que recentemente não tem sido nada isenta. ” Ele desperta o público para o conRoberto Saturnino Braga, Parabéns à toda equipe de Plurale! Como Rafaela Cassiano, assistente social, do sumo consciente. É tempo mineiro nunca havia dado a devida Escritor e ex-Senador, do RJ Rio de Janeiro (RJ), por e-mailde inoimportância, de ter visto falar em var, reinventar, reciclar, compartilhar, (RJ) , peloapesar e-mail aulas de geografia nos anos 60 sobre enfim, fazerparabéns acontecer. “Cara Sônia, pelaParabéns, cobertura do esse parque ambiental; como temos SôniaSamarco. Araripe eIsto equipe pelos nove é Jornalismo na “Adorei o artigo sobre engajamen- evento belezas naturais em nosso país e Veia. Estranho muito tratar-se de anos de Plurale!“ to, de Giuliana Preziosi, na Edição desconhecemos, situação que está sendo Ajustamento de Conduta do Governo Maria Oiticica, proprietária 54 de Plurale emrevista revista. Esseao resgatada por esta dedicada Federal e Samarco. AindaBiojoias. estou da Maria Oiticica RJ, é, com certeza, um dos maiores meio ambiente e ecologia. Parabéns por desorientado com as consequências pelo e-mail abraçaremdas tão nobre missão e pelos 8 desafios empresas de todo



Entrevista

‘DESABAFO COM PROPÓSITO POLÍTICO, SOCIAL E ECONÔMICO’

Monique Evelle, ativista social

Por Rosenildo Gomes Ferreira, Editor do Portal 1 Papo Reto https://paporeto.net.br/ De Salvador (BA) Fotos de Divulgação

É

difícil dizer, em poucas palavras, o que mais chama a atenção de quem é apresentado à soteropolitana Monique Evelle. A beleza? O sorriso acolhedor? A simpatia? O jeito doce, mas assertivo de discorrer sobre assuntos complexos como sexismo, empoderamento jovem e racismo? O brilho nos olhos de quem sabe que é capaz de conquistar o mundo? Bem, na meia dúzia de vezes nas quais estivemos juntos, em eventos sociais ou em fóruns de debates sobre os temas acima, confesso que todas essas emoções e percepções passaram pela minha cabeça. De fato, bastam alguns minutos de prosa para perceber sua grandeza e se tornar um fã. Nos últimos cinco anos, o cotidiano dessa jovem mulher de 22 anos, criada no Nordeste de Amarali-

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na, bairro da periferia de Salvador, tem sido agitado. No início de dezembro, Monique esteve na Colômbia falando num seminário promovido pelo Centro Klein Berkman, da Universidade Harvard. Na lista de palestras, debates e rodas de conversa constam, ainda, o Digitally Connected – Conectados al Sur, em Santiago, as edições do TEDx em Salvador, São Paulo e Buenos Aires e o Festival Path, em São Paulo. Isso tudo, sem contar os inúmeros prêmios e homenagens. Em todas estes locais, ela demonstra uma capacidade ímpar de contaminar positivamente os interlocutores com sua mensagem. Contudo, sem fazer concessões. “Não participo de atividades ou divido espaços com pessoas cujo discurso não condiz com a prática”, destaca. Apesar de sua trajetória como personalidade ter se iniciado em 2013, Monique está na trincheira das lutas sociais há muito mais tempo. A consciência em relação à condição de mulher negra num país racista e sexista se deu ainda na escola. As cicatrizes das feridas acumuladas neste

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período (ela foi vítima de bullying por conta de seu cabelo e da cor da sua pele e teve o perfil de Orkut invadido por uma colega!), ainda são bastante perceptíveis, especialmente em alguns textos que ela posta nas redes sociais. É inegável, porém, que a dor a fez crescer de maneira mais rápida e também sustentável. Para lutar na trincheira dos direitos humanos Monique criou, em 2011, o Desabafo Social, uma rede que atua com ações focadas no empoderamento de jovens. Um de seus motes mais célebres é o Se a coisa está preta, a coisa está boa. Nascida como um projeto na escola secundária, a iniciativa foi sucesso logo de cara ao ganhar o Prêmio Protagonismo Juvenil pela Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça (ABMP). Além da vertente social, Monique também colocou o empreendedorismo como uma de suas bandeiras de luta. Hoje, divide seu tempo entre o cargo de diretora de inspiração do Desabafo Social e a gestão da plataforma de e-commerce Kumasi. Trata-se de


Além do fortalecimento das redes de empreendedores afrodescendentes de Salvador, percebemos que estamos trabalhando com a autoestima deles. São histórias comuns de pessoas que falaram que iriam desistir do negócio porque não conseguiam vender os produtos, ou por falta de acesso a fornecedores” MONIQUE EVELLE

um marketplace destinado a auxiliar afroempreendedoras a comercializar roupas e acessórios, na qual tem como parceiro o namorado Lucas Santana e Neuza Nascimento. “Trabalhamos dentro da filosofia Ubuntu, segundo a qual os ganhos têm de beneficiar todas as pessoas envolvidas no processo”, conta. Nesta entrevista exclusiva a 1 Papo Reto, gentilmente compartilhada com os leitores de Plurale, Monique fala de sua trajetória, da responsabilidade e do peso de ser uma formadora de opinião, além dos projetos relacionados ao empreendedorismo juvenil; uma das apostas do Desabafo Social. Um outro grande detalhe chama a atenção neste bate-papo. Monique não se deixou levar pela fama e mantém o foco em sua missão de fazer do mundo um lugar melhor, especialmente para os jovens e as mulheres negras. 1 Papo Reto - Em 2015, você foi incluída em mais uma lista de Mulheres Valorosas, elaborada pelo Think Olga. Ao iniciar sua trajetória de empreendedora social você tinha ideia de que conseguiria chegar neste ponto tão rapidamente?

Monique Evelle - Toda vez que meu nome está em alguma lista ou matéria assim, ainda fico surpresa e feliz, mas sei da responsabilidade que tenho. Nunca passou pela minha cabeça que a repercussão do meu trabalho seria tão rápida. Mas como diz Tássia Reis: `eu nunca fiz promessa, mas rezei à beça pra ser´. Isso significa que estou fazendo aquilo que quero ver concretizado no curto, médio e longo prazo. 1 Papo Reto - Olhando para sua trajetória em retrospectiva, o que, hoje, você faria diferente? Monique Evelle - Já dividi mesas e espaços com pessoas que o discurso não condizia com a prática e eu não poderia falar nada a respeito disso. Principalmente se elas eram aclamadas e admiradas por um número significativo de pessoas. Mas hoje, por uma questão ética, não divido espaços com pessoas assim. Não falo sobre elas e não costumo estar nos mesmos lugares que elas. 1 Papo Reto - Como é trabalhar com o namorado (Lucas Santana, sócio da Kumasi), nesta loucura chamada mundo do empreendedoris-

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Entrevista

Nunca pensei que a repercussão do meu trabalho seria tão rápida” MONIQUE EVELLE

mo social que envolve muitas atividades ao mesmo tempo? Monique Evelle- Não é tão difícil. Além da nossa cumplicidade como namorados e amigos, temos muita sintonia quando falamos de negócios. As habilidades de Lucas complementam as minhas e juntos somos uma potência. Ele é o melhor profissional que conheço nas áreas de comunicação e marketing digital e me enxerga como alguém que consegue facilmente criar pontes e acordos com qualquer pessoa. Quando vejo os resultados incríveis do nosso trabalho, eu penso que poderíamos ser apenas namorados ou apenas sócios, mas sendo namorados e sócios é muito melhor, e não só eu agradeço, mas a sociedade também. 1 Papo Reto - Você acaba de concluir o curso de humanidades, na Universidade Federal da Bahia, com foco em política e gestão cultural, mas fica muito evidente que dificilmente você se limitará apenas a esta carreira. Qual a importância da universidade na sua formação? Monique Evelle - Tenho diversas crises e críticas em relação à universidade, tanto que migrei de engenharia

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ambiental para serviço social e depois para direito. Mas o bacharelado interdisciplinar em humanidades permitiu que eu circulasse por outras linguagens e outros cursos dentro da universidade, fazendo com que eu pudesse montar minha própria grade curricular. Todas as disciplinas que cursei estão relacionadas com tudo que eu faço fora da sala de aula. Disciplinas que vão desde comunicação a estudos das culturas e desenvolvimento econômico. 1 Papo Reto - Sua atuação como empreendedora possui duas vertentes bem distintas. A primeira é o Desabafo Social. Quais têm sido os fatos mais marcantes à frente desta plataforma? Monique Evelle - Posso falar sobre o Desabafo Social em três perspectivas: militância, subjetividade e profissionalismo. Sobre militância, as ações que o Desabafo Social realizam tem o caráter de compartilhamento de saberes entre gerações. E encontrar e ouvir pessoas como Sueli Carneiro (fundadora do Geledés) dizendo que estamos no caminho certo é de chorar de emoção. Sobre subjetividade, o retor-

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no do público através de depoimentos, é muito gratificante. E a respeito de profissionalismo, as propostas que aparecem nos deixam felizes e ao mesmo tempo surpresos. Como exemplo eu cito os convites para falar em atividades da Universidade Harvard e da plataforma TEDx, além da curadoria em diversos projetos e eventos. 1 Papo Reto - Agora, você está apostando, também, em programas de capacitação de jovens como a chamada para o Inventividades – Circuito Empreendedor das Periferia. Como surgiu esta ideia? Monique Evelle - Uma das coisas que me inquieta muito são as ações pontuais em periferias sem pensar no desenvolvimento local. Por isso, resolvi criar o Inventividades para impulsionar o ecossistema empreendedor e potencializar ideias. Em cada edição serão selecionados 10 jovens que irão participar de workshops durante quatro dias e no quinto dia eles irão apresentar suas ideias para uma banca de empreendedores locais. O projeto vencedor ganhará um prêmio de 2 mil reais mais mentoria do Catarse, maior plataforma de fi-


nanciamento coletivo do País, e do Imagina Coletivo, organização que busca potencializar ideias transformadoras. Além disso, contamos com padrinhos e madrinhas que irão nos apoiar com parcerias e na divulgação como Lázaro Ramos, Danilo Ferreira, Gabi Oliveira, Clarice Falcão, MC Carol, Assucena e outros influenciadores. O único problema é que conseguimos apenas o valor do prêmio para a primeira edição. Por isso, teremos que procurar uma parceria que a aposte na ideia no longo prazo. 1 Papo Reto - Pelo lado de negócios, propriamente dito, você comanda o portal de e-commerce Kumasi no qual são comercializados produtos de moda e artigos de papelaria. Qual tem sido o resultado prático deste trabalho? Monique Evelle - Além do fortalecimento das redes de empreendedores afrodescendentes de Salvador, percebemos que estamos trabalhando com a autoestima deles. São histórias comuns de pessoas que falaram que iriam desistir do negócio porque não conseguiam vender os produtos, ou por falta de acesso a fornecedores. En-

tão, estamos fazendo essa ponte com a plataforma e com suporte na área de gestão e marketing digital, que possibilita que eles alavanquem seus empreendimentos. 1 Papo Reto - A periferia consome produtos feitos na periferia? Monique Evelle - O que enxergo é que muita gente da periferia consome aquilo que é mais divulgado e que garante um status ao consumir. Nesta lista estão as grandes marcas como Adidas, Nike, Cyclone… Mas, pensando numa juventude universitária da periferia que participa de movimentos sociais, percebo que os jovens consomem sim, os produtos feitos nas regiões nas quais eles vivem. Talvez porque compreendam a importância de fazer o dinheiro circular entre nós. Mas isso não se aplica a todos os jovens. Recente pesquisa mostrou que 25% dos jovens brasileiros estão na condição Nem-Nem (nem trabalham, nem estudam). Qual o conselho que você poderia dar a esta turma? Cada pessoa tem seu momento e com a juventude não é diferente. Se há jovens que nem estudam, nem tra-

balham acredito que existem motivos particulares para que isso aconteça. Não tenho conselho para dar a eles, mas na hora que precisarem trabalhar ou estudar, creio que eles irão fazer isso. Seja porque realmente querem ou porque precisam. 1 Papo Reto - No campo político, a participação dos jovens, especialmente das mulheres, vai até a página dois. Quando a coisa fica séria, quem decide são homens brancos e de meia idade. Como mudar esta situação? Monique Evelle - Não sou pessimista, mas não acredito que o machismo e o racismo terão fim. Porém, o que vejo são pessoas que, cada vez mais cedo, estão entendendo o que é racismo, sexismo e machismo, e estão reagindo mais rápido a cada atitude racista, machista e sexista. A partir dessa compreensão, nós começamos a ocupar esses espaços de poder para construir outras narrativas. Isso acontece graças ao aumento das discussões de gênero e raça, da produção de conteúdo e de outras ações como as que o Desabafo Social e outros projetos vêm realizando.

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Bazar ético |

FOTOS DE DIVULGAÇÃO- PROJETO GURI

PROJETO GURI

LANÇA LOJA VIRTUAL O Projeto Guri – programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – acaba de lançar o seu e-commerce, como parte das ações de 21 anos, produzido pela empresa band UP!Store, líder no comércio virtual de artigos de música, entretenimento e cultura popular. Nela, serão vendidos produtos com a marca do projeto, tais como camisetas femininas e masculinas, almofadas, canecas, copos, chinelo, mousepad, capa para notebook, capa de iPhone 5/5S e 6/6S PLUS, capa de Motorola Moto G, capa para Samsung Galaxy S4/S5, squeezes, entre outros produtos com estampas que remetem às atividades musicais e culturais do Projeto. Com produtos disponíveis a partir de R$ 19,90, o e-commerce utiliza uma das melhores e mais confiável base tecnológica do Brasil para e-commerce, a Tray Sistemas. Parte do faturamento da loja será revertido ao projeto a fim de arrecadar fundos para investimentos. “Esperamos que a loja virtual seja um sucesso! Temos como objetivo reverter os lucros para utilizar no Projeto Guri e fortalecer o envolvimento dos alunos e da sociedade com o programa”, disse Alessandra Costa, diretora executiva da Amigos do Guri. O Projeto Guri oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação

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musical, luteria, canto coral, tecnologia em música, instrumentos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos. Mais de 49 mil alunos são atendidos por ano, em mais de 410 polos de ensino, distribuídos por todo o estado de São Paulo. Os cerca de 360 polos localizados no interior e litoral, incluindo os polos da Fundação CASA, são administrados pela Amigos do Guri, enquanto o controle dos polos da capital paulista e Grande São Paulo fica por conta de outra organização social. A gestão compartilhada do Projeto Guri atende a uma resolução da Secretaria que regulamenta parcerias entre o governo e pessoas jurídicas de direito privado para ações na área cultural. Desde seu início, em 1995, o Projeto já atendeu cerca de 650 mil jovens na Grande São Paulo, interior e litoral. A loja virtual oferece as seguintes opções como forma de pagamento: boleto, transferência bancária e cartão de crédito (parcelado em até 7x, sem juros). Os produtos da loja do Guri são distribuídos para todo o Brasil e a entrega varia de acordo com a localidade da entrega, mas a previsão é de 15 até 19 dias úteis, para este final de ano. Onde encontrar: www.lojaguri.com.br

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Este espaço é destinado à divulgação voluntária de produtos de cooperativas e ONGs vendidos no comércio justo, ético e solidário.


8h30

Credenciamento

9h00

Abertura em formato TED

9h20

Sessão interativa: Precificação de carbono, seu negócio está preparado?

10h00

Painel 1: Conexões entre as questões de mudanças climáticas, água e florestas. O que muda com o acordo de Paris

11h30

Coffee-break

11h50

Painel 2: Conexões entre as diferentes iniciativas de relato: a convergência como um caminho para a transformação efetiva dos modelos de negócios

13h20

Almoço

14h30

Painel 3: Riscos ambientais e dever fiduciário: aprendizados dos casos Samarco e Volkswagen

16h00

Coffee-break

16h30

Matchmaking session: Soluções para um futuro sustentável Apresentação de casos de inovação nas áreas de descarbonização, segurança hídrica e proteção de florestas a um grupo seleto de investidores internacionais

17h30

Encerramento

Informações e inscrições: SB Eventos (11) 3104.1794 ou e-mail abrasca_cdp@sbeventos.com.br

Realização:

Patrocínio:

Organização:


Colunista Roberto Saturnino Braga

A IMPORTÂNCIA DO

DIÁLOGO

E

u fui político, durante mais de 50 anos, eu ainda gosto de política e procuro exercer alguma militância, eu valorizo a política, como a atividade mais importante que o ser humano, cidadão, pode desempenhar e, ao menos, tem o dever de acompanhar e por ela se interessar. E penso que a essência da política é o diálogo, a busca de entendimentos e consensos através do diálogo, ou a aceitação e o respeito pelo dissenso, que é o reconhecimento do outro e de suas razões de todo respeitáveis, nunca menosprezáveis. Na política este respeito caracteriza a democracia, que não é só o acatamento à opinião da maioria em

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eleições livres mas é, também, e sobretudo, o reconhecimento e o respeito pelas minorias, isto é, pelo Outro, com o atendimento possível dos seus anseios através do diálogo. O diálogo é não apenas a essência da política democrática mas também, e primeiramente, do comportamento humano em sociedade civilizada, aquela que enseja a política democrática. Quero me referir ao diálogo nas relações humanas, entre pais e filhos, mestres e discípulos, patrões e empregados, líderes e liderados, vizinhos, colegas e concidadãos, diálogo verdadeiro, entre iguais, não este falseado, frequentemente praticado na tradição autoritária da nossa sociedade. Dialogar é falar e ouvir, é ouvir e

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falar, com respeito ao outro, às suas razões, sentimentos e visões do mundo; com respeito, senão com afeto. Este é o sentido do diálogo habermasiano, que dá à luz a chamada razão comunicativa, propiciadora de consensos, mais rica do que a velha razão positiva, positivista, que ainda orienta a esmagadora maioria das sociedades do nosso mundo, e entrava os avanços da democracia. Foi tão notável, tão extraordinário o avanço das ciências positivas desde o iluminismo do sec XVIII, fundado na razão positivista, foi tão importante e o seu prestígio atingiu tais proporções que ainda dificulta muito a compreensão e o uso da razão comunicativa, que deve presidir as atividades da política e dos relacionamentos humanos.


AGÊNCIA BRASIL

Tão extraordinária a força da razão positiva que Augusto Comte, o grande pensador do sec XIX que sistematizou o positivismo, pretendeu criar uma moral e até uma religião positivista, que teve um papel destacadíssimo no Brasil, lamentavelmente esquecido e desprezado hoje, a ponto de se deixar ruir, literalmente, o templo positivista da Rua Benjamin Constant, exemplar notável e único nas Américas, que atesta a relevância dessa corrente filosófica em nosso País. Pois é hora, além de urgentemente preservar o nosso templo positivista, é hora de nos dedicarmos a conhecer, estudar e debater o pensamento do mais importante filósofo da atualidade, Jürgen Habermas, ainda vivo, definidor das condições do verdadeiro diálogo

entre iguais, criador da razão comunicativa. Extrair, do seu pensamento sistematizado, todas as conseqüências deste diálogo entre iguais para o aperfeiçoamento dos nossos sistemas políticos e do nosso próprio cotidiano, em direção a uma convivência menos conflituosa, menos antagônica, menos odienta, mais humanística. Uma convivência e uma política pautadas pela razão comunicativa, esta que emerge do diálogo que leva em conta não apenas os argumentos da razão positiva mas uma racionalidade que contemple as visões, os interesses e os sentimentos dos outros. Não é fácil mudar um hábito tão arraigado, o da argumentação segundo a racionalidade objetiva, científica, e além do mais autoritária. Mas

é necessário neste mundo crescentemente colérico. (*) Roberto Saturnino Braga é Colunista colaborador de Plurale. Formado em engenharia civil e econômica, com cursos da CEPAL e do ISEB. Foi funcionário do BNDES, a partir do primeiro concurso do Banco, em 1956. Teve longa vida política, como vereador, deputado federal e senador por três mandatos, tendo sido o primeiro prefeito do Rio de Janeiro eleito pelo voto direto do povo. Escritor com 15 livros publicados, de política e de literatura de ficção. Preside o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e o Instituto Cultural Casa Grande.

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Colunista Marcus Quintella

O EMPREENDEDORISMO SOCIAL É UM NEGÓCIO

O

Empreendedorismo Social pode ser definido como o conjunto de ações empreendedoras que visam a melhoria da sociedade e, ao mesmo tempo, proporcionam lucro financeiro. Em outras palavras, Empreendedorismo Social significa um negócio lucrativo, que, ao mesmo tempo, traz desenvolvimento social. Diferentemente das organizações não governamentais (ONGs), das organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs) e das empresas tradicionais, as empresas verdadeiramente sociais utilizam mecanismos de mercado para buscar soluções de problemas sociais, por meio de suas atividades principais, sem depender de doações e patrocínios. Essas empresas sociais geram receitas pela venda de seus produtos e serviços, com objetivos claros de autossustentação financeira e de ajuda às pessoas. Alguns sociólogos e economistas enquadram os empreendimentos sociais em posição situada entre o segundo e o terceiro setores, ou seja, entre as atividades empresariais e as atividades sem fins lucrativos. Seria como o setor “dois e meio”, lembrando que o primeiro setor engloba as atividades estatais. Naturalmente, essa nomenclatura não é consensual e muitas organizações e empresas promotoras de bem-estar social não fazem separação entre negócios lucrativos ou aqueles sem fins lucrativos. O termo Empreendedor Social foi cunhado por Bill Drayton, fundador e presidente da Ashoka (ashoka.org.br), ao perceber a existência de indivíduos que combinam pragmatismo, compromisso com resultados e visão de futuro para realizar profundas transformações sociais. A Ashoka é uma organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no campo da inovação social, trabalho e apoio aos empreendedores sociais – pessoas com ideias criativas e inovadoras capazes de provocar transformações com amplo impacto social. A Ashoka está presente em mais de

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ARTEMISIA

60 países e foi criada na Índia, em 1980. Os empreendedores sociais da Ashoka fazem parte de uma rede mundial de intercâmbio de informações, colaboração e disseminação de projetos, composta, atualmente, por mais de 3.500 empreendedores localizados em diversos países. No Brasil, essa rede é composta por cerca de 320 empreendedores sociais, em todas as regiões do país. Os empreendimentos sociais estão presentes em vários setores econômicos e oferecem produtos e serviços de qualidade à população, bem como ajudam no combate à pobreza, além de serem economicamente rentáveis. Esses tipos de negócio têm como objetivos sociais a inclusão social, a geração de renda e a qualidade de vida da população e pautam suas estratégias em valores sustentáveis. Diversas instituições têm colaborado para a conceituação e fomento desse novo modelo de negócio. Além da Ashoka, a Artemisia (www.artemisia.org. br) e a Fundação Schwab (www.schwabfound.org), responsável pelo prêmio Empreendedor Social no Brasil, são importantes entidades que apoiam e estimulam o desenvolvimento de negócios sociais. A revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, de maio de 2013, apresentou os negócios sociais como tema de sua re-

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portagem de capa e mostrou uma tabela com as principais diferenças entre os tipos, as motivações e as formas de distribuição dos lucros de sete tipos de negócios sociais (http://revistapegn.globo.com/Revista/ Common). Outra dica é o filme Quem se Importa (www.quemseimporta.com.br), que, na verdade, é um verdadeiro movimento em prol do empreendedorismo social, que inspira as pessoas a serem transformadoras. Esse movimento intitula-se como uma plataforma de divulgação do Empreendedorismo Social, que pretende ajudar a divulgar a mensagem do filme para escolas, empresas, redes sociais e quaisquer pessoas interessadas em potencializar o seu próprio poder de transformação. Pesquisando na Internet, encontrei no site Meu Sucesso (https://meusucesso. com) alguns casos de empreendedorismo social, com objetivos claros de ajuda aos seres humanos e ao ambiente, bem como de alavancagem de transformações positivas na sociedade brasileira. Um dos casos mais interessantes foi a iniciativa do oncologista pediátrico Antonio Sergio Petrilli, que, em 1991, criou a organização Graacc (www. graacc.org.br), e, desde então, vem ajudando a combater o câncer infantil no Brasil. A Graacc já tratou mais de 5 mil pacientes,


com uma taxa de cura em torno de 70%, graças a uma gestão empresarial competente, cujo atendimento envolve pesquisadores de universidades, a iniciativa privada e a sociedade. Outro caso de sucesso é o projeto Jovens Falcões (www.jovensfalcoes.com.br), criado por Eduardo Lyra, nascido na periferia de São Paulo, que resolveu a trabalhar para proporcionar melhorias na vida de crianças que tiveram as mesmas dificuldades que enfrentou na infância. O projeto Jovens Falcões vem influenciando a vida de 30 mil estudantes por meio das ações do projeto, cujo objetivo principal é promover o protagonismo dos jovens na transformação da sociedade. O blog Conta Azul (https://blog.contaazul.com) menciona a TOMS Shoes, empresa referência mundial em empreendedorismo social, criada pelo americano Blake Mycoskie, em 2006, durante uma viagem à Argentina, onde observou crianças pobres crescendo descalças, sem acesso a sapatos. Considerada inovadora, a proposta da TOMS Shoes é a seguinte: a cada par de calçados vendido pela empresa, um novo par é doado para crianças de baixa renda. Com isso, os calçados modernos, com design arrojado, são sucesso de venda e, até hoje, mais de 60 milhões de pares já

foram doados, tornando a TOMS Shoes um caso de sucesso comercial, que proporciona grande contribuição para comunidades de baixa renda. Outro caso citado pelo blog Conta Azul é o da empresa brasileira Geo Energética, que desenvolveu uma fonte de energia inovadora e sustentável a partir do biogás, obtido em um processo biotecnológico, pelo reaproveitamento de resíduos da agroindústria sucroalcooleira. Produzido em escala industrial, esse biogás serve como fonte elétrica renovável ou produz biometano, substituindo o óleo diesel. Trata-se de uma relevante proposta social de tecnologia limpa, que é vendida no mercado livre e encontra-se integrada à rede do Operador Nacional do Sistema (ONS), trazendo grandes benefícios ambientais. Além dos casos acima, gostei muito de um artigo capturado no site da INC Empreendedor (www.incorporativa.com.br), de autoria do prof. Gledson Magalhães, no qual existem recomendações de procedimentos a serem colocados em prática pela empresa que deseja ser reconhecida como socialmente responsável, e que, para atingir esse objetivo, precisa promover mudanças radicais em sua cultura empresarial e nas atitudes de seus líderes em relação aos colaboradores da empresa. Em resumo, essas recomendações são as seguintes: (a) alinhar os salários em relação ao mercado, se possível, um pouco acima da média; (b) praticar preços de venda justos e adequados ao poder de compra do público-alvo; (c) controlar os estoques e comprar o suficiente para um determinado período, de forma a não agredir o meio ambiente; (e) ser responsável por uma praça ou parque na região, para proporcionar preservação do meio ambiente e oferecer lazer para a sociedade; (f) comprar matérias-primas com certificações ambientais; (g) participar de ações comunitárias na região, gerando benefícios

sociais; (h) utilizar cada vez mais energia renovável; (i) abolir o uso de plásticos e utilizar embalagens recicláveis. Entendo que seria um grande avanço para a sociedade brasileira se os seus milhões de empreendedores entendessem a importância da prática da responsabilidade social e mudassem suas atitudes duras, frias e obsessivas pelo lucro a qualquer preço, para, então, conseguirem resultados ainda mais positivos, de forma justa, limpa e humanitária, da mesma forma que os casos citados acima. Hoje, vivemos inseridos em um mercado altamente competitivo, em que os consumidores não conseguem perceber as diferenças entre os produtos e serviços oferecidos pelas empresas, em virtude da semelhança de qualidade, preço e condições de pagamento, e, dessa forma, consomem sem saber a razão de suas escolhas. Entretanto, cada vez mais, as pessoas estão preocupadas com aquilo que consomem e passaram a dar mais valor às empresas que praticam a responsabilidade social. No Brasil, o candidato a empreendedor social pode recorrer ao SEBRAE, que tem o propósito de apoiar e disseminar os conceitos desse tema, bem como capacitar os empreendedores a lidar com a gestão de negócios sociais. Assim como ocorre com o empreendedorismo tradicional, o negócio social precisa de estudo, pesquisa e preparo por parte do empreendedor. Para isso, o SEBRAE possui cursos, capacitações, consultorias e informações técnicas. Confira no seguinte site: http://www.sebrae.com.br/ momento/quero-abrir-um-negocio/negocios-sociais/sebrae-nos-negocios-sociais. Agora, que você já conhece o Empreendedorismo Social, pesquise mais sobre o tema e considere a possibilidade de entrar nesse negócio, ou mesmo transformar a sua empresa em uma empresa reconhecida como socialmente responsável. Ganhe dinheiro e ajude o próximo e o ambiente. (*) Marcus Quintella (mvqc@uol. com.br) é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Mobilidade. É Doutor em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, mestre em Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia, considerado um dos principais especialistas em transportes urbanos. Professor da FGV e do IME.

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Colunista Fábio Rocha

LÍDER EXECUTOR LIDERANDO PARA FAZER ACONTECER “O sucesso não é medido por aquilo que uma pessoa alcança, mas pela oposição que encontrou e pela coragem com a qual manteve sua luta contra as adversidades, certo grau de oposição é importante para um homem. As pipas sobem contra e não com o vento.” Fazer acontecer, essa atitude deve ser o ponto de partida para se discutir sobre as posturas e hábitos de um líder. Afinal, ele busca atingir sempre os melhores resultados. Para que isso ocorra, um líder precisa de uma equipe comprometida, afinada e principalmente motivada, pois sozinho não será capaz de resolver todos os problemas e realizar as inúmeras tarefas do dia-a-dia. Muitas lideranças e organizações ainda não entenderam que os resultados originam-se dos times e não dos líderes. E os líderes competentes sabem liderar os seus times,formam bons times, desenvolvem seus times, tornam seus times realmente integrados, sinérgicos e com propósito. Nas áreas operacionais os profissionais geralmente têm um perfil técnico ou especialista em seu segmento, mas nem sempre tem as habilidades necessárias para dar o máximo como líder executor. A relação de curto prazo e resultados é bastante intensa. A Liderança não é uma competência isolada. Ela envolve e requer uma série de competências que a tornam efetiva. Ser um líder eficaz exige que ajude outros a liderar, e a medida de seu sucesso está relacionada com a sua capacidade de fazer com que os outros façam o trabalho certo da maneira certa. Envolvidos na rotina diária do trabalho muitas vezes o líder esquece-se de detalhes importantes que podem influenciar no comportamento de sua equipe, como a valorização do trabalho, envolvimento profissional e principalmente a consciência de que tratar com pessoas requer um investi-

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mento maior no processo de humanização do ser humano, o que implica em aperfeiçoar as suas aptidões por meio da interação com o seu meio envolvente. Para cumprir essa tarefa, os líderes devem se utilizar de recursos e instrumentos como forma de auxílio a sua prática diária. O líder deve analisar e avaliar suas atitudes, buscando uma postura que ajude sua equipe a se desenvolver, alinhando suas necessidades pessoais e valores aos da empresa, fazendo com que a produtividade cresça e o objetivo final seja atingido com êxito. Sua capacidade de atingir resultados requer um bom nível de habilidades com pessoas. O sucesso de curto prazo pode ser o motor que impulsionará a empresa para frente até chegar ao ponto que permita que a estratégia se concretize. A capacidade de executar desenvolve disciplinas que permitem que o líder produza as habilidades certas e promova o conhecimento institucional. A execução sem uma estra-

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tégia pode ser cega, mas a estratégia sem execução é esperança infundada. Os líderes que executam conectam o presente e o futuro, concentram-se em estabelecer um vínculo entre o curto e o longo prazo, administram o tempo, engajam os demais e garantem que assumirão o dever de prestar contas e as consequências de cumprir as metas dentro do prazo. Esses líderes aceitam responsabilidade pelo que precisa ser feito, fazem o que precisam fazer e desenvolvem um histórico convincente de conquista de resultados. Cumpre as promessas feitas às várias partes interessadas no negócio”. Saber para onde vai e chegar lá são dois desafios diferentes e o líder executor deverá saber aonde quer chegar, o que deve fazer e realizar bem aquilo que deve ser feito. Mas como alcançar resultados satisfatórios, numa realidade onde o que um líder promete deve estar alinhado com o que alcança? Há, entre outros, comportamentos es-


senciais que tornam o líder mais eficaz na entrega dos resultados: 1. Conhecimento da sua equipe e da sua empresa Segundo Dave Ulrich em seu livro Código da Liderança “O líder de sucesso é aquele que é capaz de transformar aspirações estratégicas em ações, desejos em resultados e o futuro desejado em realidade presente”. Partilhar com a equipe a visão do negócio e dar significado ao que cada um faz contribui para o engajamento/ comprometimento com os objetivos organizacionais. Muitos líderes não conhecem sua organização de forma abrangente, e como consequência seu pessoal também. Os líderes, muitas vezes, não estão onde a ação está. O líder deve ser parte integrante da equipe, parceiro, precisa conhecer as metas pessoais dos seus liderados e alinhá-las com as metas corporativas, para assim alcançar um objetivo comum. 2. Autoconhecimento É elementar que para conhecer o outro é preciso, primeiramente, se conhecer. “Conhece-te a ti mesmo” a célebre frase atribuída a Tales de Mileto e adotada por Sócrates como princípio e fim da sabedoria humana, continua presente até a contemporaneidade. Esse pensamento deve ser aplicado na vida pessoal e em grandes corporações. Hoje, um grande número de líderes, com todos os requisitos e elementos para ter sucesso, não conseguem dominar a disciplina da execução. Apesar de terem capacidade, formação e talento, não demonstram controle emocional para lidar com a realidade do negócio e da organização ou para fazer avaliações francas das pessoas que lideram. Essa firmeza emocional tem como principal fonte o autoconhecimento. Quando o líder se conhece ele aceita e lida com seus pontos mais frágeis, consegue ser firme e justo com as pessoas que não estão desempenhando bem suas funções e compreende a ambiguidade inerente às organizações que se movem rapidamente e são cada vez mais complexas. 3. Definição de Metas Claras e Objetivas As pesquisas sobre comportamento

humano reconhecem e dão cada vez mais importância às práticas de planejamento e estabelecimento de metas como fatores de desenvolvimento pessoal. Dentro do universo corporativo é possível constatar que metas pré-estabelecidas sob domínio e conhecimento dos colaboradores influenciam a motivação pessoal. Nada mais confortável para quem executa do que saber o que fazer, por que fazer e o resultado do seu fazer no todo organizacional. 4. Habilidade de Comunicação e Influência O líder deve inspirar outros para juntar-se a ele na consecução dos objetivos organizacionais e no cumprimento de suas tarefas. A comunicação está diretamente ligada à liderança e a gestão organizacional, pois sua funcionalidade tem aderência à competência interpessoal. Por meio do processo comunicativo, os líderes influenciam os colaboradores na realização de suas tarefas além de se comprometerem na consecução dos objetivos e metas traçadas. Neste sentido, a comunicação é uma ferramenta estratégica para o exercício da liderança. Se o líder não possui uma comunicação eficaz, assertiva ficará difícil exercer seu papel. Se observarmos os problemas de muitas organizações vamos certamente esbarrar na ineficácia da comunicação por parte de suas lideranças. Muitas organizações acreditam “ingenuamente” que “Se o profissional é um excelente técnico, então, será um ótimo líder”. É preciso que as organizações reconheçam que esta transição pode levar tempo e pode exigir preparação adequada. E quando estes profissionais não conseguem fazer esta alternação por conta própria, é comum que as organizações ignorem o fato de que também não deram o apoio e o suporte necessário para que estes líderes alcancem sucesso nesta nova empreitada. Então precisamos ter programas de formação de lideranças estruturados para estimular os líderes das nossas organizações a desenvolverem competências de liderança que contribuam para a melhoria da performance individual e do desempenho orga-

nizacional. Toda liderança precisa desenvolver as competências do Líder Executor, o foco na entrega e nos resultados é fundamental para o exercício da liderança. Se pensarmos especificamente nas lideranças intermediárias as competências do Líder Executor são ainda mais fundamentais, considerando que os mesmos devem estar dedicados a transformar a visão, missão e diretrizes estratégicas de uma organização em ações concretas no campo tático-operacional. As lideranças intermediárias de uma organização são lideranças do nível táticooperacional e/ou líderes que estão entre as lideranças estratégicas e os demais níveis da organização (Gerentes, Coordenadores, Chefias, Supervisores, etc.). O líder executor sem dúvida é um dos perfis comportamentais mais adequados para as lideranças intermediárias. A maior parte das organizações ainda não capacita de forma adequada seus líderes intermediário, porque não compreende bem as dificuldades enfrentadas por quem assume este cargo de gestão. Neste sentido necessário se faz ter programas voltados para a formação de lideranças intermediárias, para estimular estes líderes a desenvolverem competências de liderança que contribuam para a melhoria do desempenho individual e organizacional. Você já se perguntou se os programas e/ou atividades realizadas na sua empresa voltadas para as Lideranças Intermediárias trabalham estas questões ou dão suporte a estas lideranças de como gerenciar estes aspectos? Você tem clareza de como o exercício de liderança com foco em resultados aqui citados são trabalhados em sua organização? Seus líderes intermediários são competentes para liderar com foco nas metas, resultados, eficácia? Colaboraram Maria Celi Nunes Kramm e Maiza Neville (*) Fábio Rocha é Colunista colaborador de Plurale. Consultor, Professor, Coach e Diretor-Executivo da Damicos Consultoriaem Liderança e Sustentabilidade. fabio@damicos.com.br

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Pelo Brasil Brasil receberá R$ 1,5 milhão para projetos de proteção do meio ambiente Da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza divulgou a lista das novas iniciativas de conservação da natureza que serão apoiadas a partir do primeiro semestre de 2017. No total, serão doados cerca de R$ 1,5 milhão em 18 novas iniciativas, entre projetos com atuação no Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. As pesquisas foram selecionadas por meio de dois editais, um nacional e outro com foco no Paraná. O edital nacional selecionou 13 iniciativas que contribuem para a conservação da natureza no Cerrado e na Caatinga, biomas que juntos ocupam cerca de 35% do território brasileiro. “A cada edição, escolhemos um ‘recorte’ específico. A Caatinga é o único bioma exclusivamente nacional, e o Cerrado abriga nascentes de rios que abastecem as principais bacias hidrográficas do país”, afirma Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário. Já o edital Biodiversidade do Paraná seleciona apenas pesquisas e proje-

tos a serem realizados por instituições desse estado, com foco especial para a Floresta com Araucárias – ecossistema reduzido a 1% da sua cobertura original - e para a Floresta Densa do Lagamar (litoral e Serra do mar). Nesta chamada, cinco iniciativas foram aprovadas com um valor total de R$ 434 mil. Esse edital, que é anual, é realizado em parceria com a Fundação Araucária, instituição sem fins lucrativos que atua no fomento à pesquisa no Paraná. Os editais da Fundação Grupo Boticário, que já apoiou 1.493 projetos, visam potencializar a geração de conhecimento com pesquisas e estudos sobre a biodiversidade brasileira, além de estimular ações que promovam mudanças positivas no cenário ambiental do país. “Incentivamos projetos que tragam resultados efetivos para a proteção da biodiversidade e que contribuam com o cumprimento das metas ambientais internacionais com as quais o país esteja comprometido “afirma Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.

Os projetos selecionados vão auxiliar na conservação e estudo de espécies como: rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), uma ave criticamente ameaçada de extinção; faveiro-de-wilson (Dimorphandra wilsonii), espécie de árvore também criticamente ameaçada; e o pacamã (Lophiosilurus alexandri), uma espécie endêmica e vulnerável do rio São Francisco. Inscrições para novos projetos começam no final do mês As inscrições para a primeira chamada anual de 2017 do Edital de Apoio a Projetos estarão abertas a partir de 1 de fevereiro e podem ser realizadas até 31 de março, no site www.fundacaogrupoboticario.org. br, na seção ‘Editais’ da home. Serão selecionadas iniciativas em todas as regiões brasileiras. As inscrições para o Edital Biodiversidade Paraná serão abertas no segundo semestre. Em caso de dúvidas, os interessados podem contatar a equipe de Ciência e Informação da Fundação Grupo Boticário, pelo endereço picn@fundacaogrupoboticario.org.br. DIVULGAÇÃO

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AGÊNCIA BRASIL

Destino de rejeitos da tragédia de Mariana será decidido em 45 dias Léo Rodrigues – Correspondente da Agência Brasil

Mariana (MG) - O plano de manejo dos rejeitos de mineração espalhados após a tragédia de Mariana (MG) começou a ser discutido no dia 25 de janeiro e deverá ser entregue em 45 dias à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Minas Gerais. Pesquisadores, empresas de consultoria e representantes de órgãos ambientais participaram de um seminário que deu início às discussões. O evento foi organizado pela Fundação Renova, criada pela mineradora Samarco para gerir as ações de reparação dos danos causados pelo episódio. Novos encontros ocorrerão nas próximas semanas. A Secretaria de Meio Ambiente precisará apontar o que será feito com

toda a lama dispersa. Não haverá uma única solução e nem todo o rejeito será retirado. Medidas diferentes deverão ser adotadas, levando em conta que a região afetada é composta por áreas com características distintas. A tragédia de Mariana ocorreu em 5 de novembro de 2015, quando o rompimento da Barragem de Fundão, pertencente à Samarco, levou devastação à vegetação nativa e poluição à bacia do Rio Doce. Dezenove pessoas morreram e comunidades foram destruídas, entre elas os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país. Um acordo assinado entre a Samarco, suas acionistas Vale e BHP Billiton, o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito

Santo estabeleceu que toda a área que sofreu impacto deverá ser recuperada pelas empresas. Entre as obrigações definidas está o manejo dos rejeitos. Embora esse acordo tenha sido contestado pelo Ministério Público Federal (MPF) e ainda não tenha validade judicial, as partes signatárias estão cumprindo o combinado. Segundo a Fundação Renova, 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos escaparam dos limites do complexo minerário da Samarco. Desses, 20 milhões estão depositados no trecho que vai até a Usina de Candonga, em Santa Cruz do Escalvado (MG). Em um desdobramento do acordo, a Fundação Renova protocolou nos órgãos ambientais um ofício assumindo o compromisso de retirar 11 milhões de metros cúbicos de lama.

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Pelo Brasil

Especial

Em 10 anos, número de municípios com menos de 25% dos alunos com aprendizagem adequada cai 50 p.p. Do Todos Pela Educação

O número de municípios brasileiros com menos de 25% dos seus estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental com aprendizagem adequada em Língua Portuguesa despencou 48,9 pontos percentuais na última década – de 62,6% em 2005 para 13,7% em 2015. Além disso, os dados mostram um avanço geral dos municípios para faixas maiores de alunos com aprendizado adequado – em 2015, a quantidade de municípios que atingiu a faixa de 50% a 75% dos seus alunos com aprendizado adequado em língua portugue-

sa no 5º ano superou o número de municípios na faixa de 25% a 50%. Isso mostra que muitas redes de ensino têm colaborado para o crescimento das médias nacionais de alunos com aprendizado adequado nesta disciplina, nessa etapa escolar. Em matemática, o movimento é semelhante: queda de 56,1 pontos percentuais no total de municípios com menos de um quarto de seus alunos com proficiência esperada, no mesmo período. No entanto, nota-se menor mobilidade dos municípios em direção a percentuais mais altos de alunos com aprendizado adequado (veja os gráficos abaixo).

Os dados fazem parte do monitoramento da Meta 3 do Todos Pela Educação – Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano –, realizado com base na proficiência dos alunos nas avaliações da Prova Brasil e do Saeb 2015. O movimento considera que tem aprendizado adequado o aluno que atinge ou supera as seguintes pontuações, respectivamente, em língua portuguesa e matemática: 200 e 255 no 5º ano do Ensino Fundamental; 275 e 300 no 9º ano do Ensino Fundamental; e 300 e 350 no 3º ano do Ensino Médio. TODOS PELA EDUCAÇÃO

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Instituto Akatu anuncia sua Diretora Executiva De São Paulo

INSTITUTO AKATU

O Instituto Akatu, instituição que há 15 anos trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente, contrata Renata A Soares como Diretora Executiva. Com quase 20 anos de experiência profissional, desenvolveu capacidade analítica e estratégica na McKinsey&Company e em grandes empresas, como DuPont, Votorantim e Philips, atuou como Chief Marketing Officer do WWF-Brasil e acompanhou o trabalho da Ashoka. Ao lado de Helio Mattar, que segue como Diretor Presidente, Renata chega ao Instituto Akatu com a missão de gerir a equipe da organização para que a missão da instituição, que é contribuir para uma transição acelerada para estilos sustentáveis de vida, inspirados em uma sociedade do bem-estar e viabilizados por modelos sustentáveis de produção e consumo, ganhe ainda mais destaque.

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Bem-viver

PETISCOS NATUREBAS,

UM MERCADO EM EXPANSÃO Seguindo a tendência de produtos para humanos, cresce também a oferta de orgânicos e alimentos naturais para o mundo animal.

Por Nícia Ribas, de Plurale

J

Fotos Divulgação

ovens empreendedores buscam nichos de mercado para investir, meter a cara no trabalho, sobreviver à crise e ganhar qualidade de vida. Uma boa opção tem sido os produtos naturais e orgânicos para humanos, cuja procura vem crescendo 30% ao ano. No último Pet South América, em São Paulo, ficou evidente que essa tendência para o consumo de orgânicos e alimentos naturais vale também para o mundo animal. Pequenas e médias empresas, como Pet Love, Pet Chef, Animal Vega, Cachorro Verde, Pet Delícia e até uma com nome francês La Pet Cuisine, mergulham no mercado para atender a lulus e bichanos dos lares brasileiros abastados. No segundo fim de semana de dezembro, na Feira de Produtores do Brejal e Arredores Criativos, em Petrópolis, entre escargot, queijos, cervejas artesanais, fez sucesso o estande da Barkeria, que oferece alimentação natural para cães, feita com produtos das hortas da região. Em atividade desde julho, sob a administração de Clara Maia e sua mãe, a veterinária Claudia Maya, a Barkeria produz alimentos 100% natural, sem corantes, conservantes ou aditivos químicos,

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preparados com ingredientes cultivados perto da sua cozinha no Brejal. O que leva uma jovem formada em Relações Internacionais a buscar trabalho numa área totalmente diversa? “Minha geração não se enquadra no sistema que nos obriga a uma rotina desgastante, por isso buscamos mudança de estilo de vida”, responde Clara, que em seu antigo emprego perdia horas no trânsito para a Barra da Tijuca. Agora vive entre Rio e Petrópolis, com suas viralatas Gita e Brisa. Seu dia de trabalho começa com uma ida ao Grupo de Produtores Orgânicos do Brejal, selecionando os legumes mais frescos e cheirosos para seus exigentes clientes. Com a presença cada vez maior de produtos naturais e orgânicos em suas mesas, as pessoas passam a buscar também para seus cachorros uma alimentação saudável. “Quem tem cães considera-os membros da família e querem dar-lhes o melhor tratamento possível”, diz ela. As embalagens de petiscos como estrela de bacon, espinafre e chuchu; banana com gengibre; stick de frango, cenoura e ervas; coração de beterraba e maçã são personalizadas, com o nome do cão e uma mensagem, como: “Bom apetite, Lulu!” Clara conta que os papais e mamães amam esse carinho extra. Latidos felizes e rabinhos abanando concordam e pedem mais.

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FOTOS DE DIVULGAÇÃO - BARKERIA


Bem viver

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FOTOS DE DIVULGAÇÃO - BARKERIA

Clara Maia passeia com Gita e Brisa. Abriu a Barkeria, em parceria com a mãe veterinária, que oferece alimentação natural para cães, feita com produtos das hortas da região serrana do Rio.

O pulo do gato (ou do cão)! Cansada da rotina desgastante, Clara deixou o emprego e foi para casa, fazer coisas na cozinha, buscando outro meio de sobrevivência. Até o dia em que fez um biscoito para Gita. A viralata amou e pediu mais. Sua família possuia o sítio do Brejal, que ela e o marido, Lucas Zappa, fotógrafo, curtiam muito. Sua mãe, a veterinária Claudia Maya, com pós graduação em nutrição animal, estava disposta a participar do novo negócio. Decidiram procurar o Instituto Genesis da PUC-Rio, um centro de empreendedorismo, e começaram a ser incubados. Depois partiram para a busca de legalização e finalmente, em julho último, começaram a produzir. A Barkeria vai de vento em

popa. “Nosso objetivo principal é a qualidade de vida dos animais de estimação, oferecendo alimentação que ajuda a prevenir doenças,” diz Clara. A startup chega ao mercado com seu site www.barkeria.com.br facebook.com/abarkeria instagram.com/abarkeria

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Cultura

As cores e a beleza secular de

GOIÁS VELHO

Texto e fotos de Paulo Lima, Editor do Balaio de Notícias De Goiás Velho (GO) Especial para Plurale

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orte da cidade que pode contar com um poeta que a cante. E sorte da cidade que, ela mesma, se faz poesia. Este é o caso da pequena Goiás Velho, no estado de Goiás. A antiga capital e berço de riquezas do passado é uma galeria a céu aberto que conseguiu preservar suas belezas. Cada detalhe de seu casario e de seus becos é um convite à contemplação. Para usufruí-la, é preciso despir-se da pressa. Cora Coralina, moradora mais célebre de Goiás Velho, cantou seus

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recônditos, tomou a pulsação de suas pedras, confundiu-se com a cidade. A casa onde viveu é uma das visitas incontornáveis do pequeno lugar. No poema Minha cidade, a velha doceira resume, numa estrofe, o mapa de seu torrão sentimental: Goiás, minha cidade... Eu sou aquela amorosa de tuas ruas estreitas, curtas, indecisas, entrando, saindo uma das outras. Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa. Eu sou Aninha.

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Eis a cartografia da cidade, suas ruas estreitas, curtas, indecisas. E suas pontes, entre elas, a da Lapa, sobre o rio Vermelho, onde, bem ao lado, fica a casa de Aninha, ou Cora Coralina. Basta seguir essas ruas, seus famosos becos. Sentir o raro prazer de pisar em seu chão de pedras. Desligar-se e deixar-se seguir o rico cromatismo das inúmeras portas e janelas. À noite, mergulhar no romantismo da claridade tênue de seus lampiões, permitindo se perguntar por que precisamos de tanto neon, de tantos postes e incêndios de luz. E, depois de tanto errar, permitir-se desaguar na praça do coreto. Ali, ocupar um de seus bancos, tomar um sorvete e bisbilhotar os vilaboenses, que


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FOTOS DE PAULO LIMA, GOIÁS VELHO (GO)


Cultura

para lá acorrem, em busca de um respiro. Mas se a visita se der num sábado à noite, o encanto se quebrará. A praça torna-se um point ruidoso, mas, ainda assim, com seu charme interiorano. Nas andanças, admirar, mas sem demonstrar oculta inveja, de casais que parecem ter vivido desde sempre na cidade, sentados à porta de suas casas, num fim de tarde, cena impensável nos grandes aglomerados urbanos. Dizer-lhes um “bom dia” sincero, quase pedindo licença para uma pontinha de prosa. E tem-se as igrejas. A principal, com uma acústica de matar de vergonha muito dito teatro. Lá dentro, parar para render-se ao sagrado, ao mistério, ao silêncio. E as menores, que sabemos igrejas de uma mesma religião, mas com uma dimensões e idades diferentes. Depois – ou antes, não importa a sequência -, dar um pulo no merca-

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do central, com arquitetura renovada, mas de acordo com a feição colonial do local. Lá, sentar-se e pedir um pastel ou um empadão goiano. O que a fome e a curiosidade sugerir. Não lamentar o calor, que é forte, como aliás é abrasador em todo o país em novembro, período de minha visita. Mas, de que outra forma, sem tão intensa luz, observar pormenores, cores e contrastes? E por fim, e só então, ir até a casa de Cora Coralina. Embebedar-se de expectativa, que no final será plenamente correspondida. Mergulhar na atmosfera de cada recanto do hoje museu, absorver cada detalhe, sem descuidar das informações fornecidas pela disciplinada guia. A cozinha de Cora, onde ela preparava seus doces famosos; a sala de estar de Cora, onde ela recebia as visitas; o escritório de Cora, e ali se demorar

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na velha máquina de escrever, na sua biblioteca variada; o quarto de Cora, dominado pelo requinte da simplicidade; o guarda-roupa de Cora, a partir do qual o visitante pode depreender que se tratava de uma mulher vaidosa, impressão confirmada pela guia; ir até o quintal de Cora, de onde ela retirava as frutas que se transformariam em doces. E deixar a casa de Cora com um sentimento a mais de plenitude, não sem antes comprar um de seus livros, para que, através dos olhos de Cora, saber mais de Goiás Velho e da vida. Encarar o retorno para casa repetindo para si mesmo que gostaria de voltar, porque a cidade abriga um festival internacional de cinema e vídeo ambiental, com vasta programação, e porque de uma cidade nunca esgotamos a plenitude de sua geografia.


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Cultura

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Hélio Melo

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Ingredientes 2 xícaras de farinha de trigo 1 xícara de arroz branco triturado 1 xícara de açúcar 2 colheres de sopa de margarina 3 ovos 4 bananas com casca 1 colher de sopa de fermento Canela a gosto

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15 porções Valor calórico por porção:

159,8 kcal

Modo de preparo Misture a farinha de trigo, o arroz triturado e o açúcar com a margarina até formar uma farofa. Divida a massa em duas partes e reserve uma. A outra, bata com os ovos, as bananas com as cascas e o fermento.

Montagem Em uma forma untada, adicione a massa batida com a casca de banana, cubra com as rodelas de banana e com a outra parte da massa reservada. Por último, asse em forno preaquecido por, aproximadamente, 30 minutos.

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Receitas que misturam solidariedade, criatividade e sabor. No Rio de Janeiro desde 2000, o Banco Rio de Alimentos atua no combate à fome e ao desperdício recolhendo produtos alimentícios não comercializáveis nas empresas doadoras parceiras e entregando em instituições sociais, que os utilizam no preparo de suas receitas. Por meio de ações educativas voltadas para essas instituições, estimulamos a criação de pratos, aplicando técnicas de aproveitamento integral dos alimentos, que valorizam as doações recebidas e reinventam a utilização de diversos ingredientes, como o Bolo farofa de banana que criamos para dar mais sabor ao seu lanche da tarde.

Acesse sescrio.org.br/ banco-rio-de-alimentos e leve para a sua mesa uma porção dessa solidariedade que nos alimenta todos os dias.

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Conservação

Impasse com governo de Goiás ameaça ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros Especial da Agência Brasil Texto de Luana Lourenço Fotos de Marcelo Camargo Arte de Marcelo Nogueira e Caio Cestari Edição de Lilian Beraldo De Alto Paraíso de Goiás (GO), Chapada dos Veadeiros

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a rodovia GO-118, que liga Brasília a Alto Paraíso de Goiás, a paisagem denuncia o avanço do agronegócio sobre o Cerrado, com lavouras de soja que alcançam a linha do horizonte. A região, uma das últimas fronteiras agrícolas de Goiás, abriga uma das mais importante formações do bioma, a Chapada dos Veadeiros, reconhecida em 2001 como Patrimônio Natural da Humanidade. Às vésperas de completar 56 anos, o parque nacional criado para proteger a Chapada dos Veadeiros enfrenta um impasse para ampliar sua área de abrangência, que pode garantir a sobrevivência de quase 50 espécies ameaçadas de extinção e preservar formações do Cerrado até agora sem nenhuma proteção, como as matas secas. Criado em 1961 com 625 mil hec-

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tares, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu sucessivas reduções de tamanho, até chegar aos 65 mil hectares atuais, cerca de 10% da área original. Em 2001, a ampliação para 240 mil hectares chegou a ser decretada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por falhas no processo e pela não realização de audiências públicas, previstas na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que entrou em vigor em 2000. Agora, uma nova chance de rever a redução da área preservada esbarra em um impasse com o governo de Goiás, que precisa dar o aval para a ampliação da unidade pela União. “O Cerrado vem perdendo rapidamente sua cobertura vegetal. Proteger essas novas áreas na Chapada e integrá-las ao parque vai ajudar a segurar o futuro desse bioma. O momento é de seguir adiante e garantir esse último naco de Cerrado do Brasil Central”, defende o professor e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Reuber Brandão, que considera a ampliação do parque uma “escolha civilizatória”.

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O chefe do parque, o analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Fernando Tatagiba, lista os riscos da desfiguração da abrangência da unidade federal. “O que está em jogo é a conservação de uma área de extrema relevância para a preservação da biodiversidade. O que está em jogo é a proteção de um ecossistema que hoje não está protegido pelos limites atuais do parque, e está em jogo o estabelecimento de uma extensão para o parque nacional que é adequada para a conservação de espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção.”


Proposta de ampliação Após um processo que levou mais de cinco anos, entre a realização de estudos, consultorias, audiências e negociação política, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – responsável pela gestão das unidades de conservação federais – chegou a uma proposta que aumenta o parque dos Veadeiros de 65 mil hectares para 222 mil hectares, em área contígua, garantindo a implantação de corredores ecológicos e a manutenção do habitat de grandes mamíferos, como a anta e a onça-pintada, que precisam de grandes extensões. No começo de novembro, a proposta foi repassada a representantes dos

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Conservação

governos federal, de Goiás e do município de Alto Paraíso, de entidades ligadas ao agronegócio e da sociedade civil. O texto do decreto de ampliação está inclusive pronto na Casa Civil para ser assinado pelo presidente Michel Temer. “Sentaram em volta da mesma mesa o governo do estado, produtores, a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás, o Ministério do Meio Ambiente e a sociedade civil e acharam essa proposta aceitável do ponto de vista da conservação e do ponto de vista do interesse das pessoas que habitam a região”, conta Tatagiba. No entanto, no dia 29 de novembro, a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos de Goiás (Secima) divulgou uma contraproposta do governo estadual que exclui da ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros todas as terras que ainda dependem de regularização fundiária, ou seja, onde não há título de propriedade. Sem essas áreas, apenas 90 mil hectares poderiam ser anexados ao parque, em um desenho descontínuo, com buracos na unidade de conservação.

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Peneira Representante do governo, o secretário-executivo do Conselho Estadual de Meio Ambiente de Goiás, Rogério Rocha, reconhece que a contraproposta faz a área de expansão do parque “parecer uma peneira” por causa dos espaços das terras devolutas (sem titulação). “Não é agradável de se ver, mas tem um motivo”, justifica. O principal argumento é que a desapropriação das áreas pela União nas terras não tituladas vai prejudicar as famílias que vivem na faixa a ser anexada. Sem título de propriedade, os posseiros não têm direito à indenização pela terra, apenas pelas benfeitorias, como sede das fazendas, currais e demais estruturas. “Na verdade, nós concordamos com 100% da proposta original feita pelo ICMBio e pelo Ministério do Meio Ambiente. A questão é que vamos precisar de tempos diferentes para a concretização. Nós propomos, de imediato, a expansão em 90 mil hectares e os outros 68 mil hectares após o final da regularização fundiária”, argumenta. Segundo Rocha, das cerca de 500 propriedades da área de provável expansão do parque, 230 não têm posse

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definitiva, a maioria de pequenos produtores. Ambientalistas, no entanto, apontam que interesses de grandes proprietários rurais e até do setor da mineração orientaram a contraproposta estadual para a ampliação dos Veadeiros. O governo goiano nega. “Nossa proposta desagrada o governo federal, que queria 100% da ampliação, e os grandes produtores da região, que querem manter o seu direito à propriedade privada. Só que ela respalda o pequeno. Essas 230 famílias são pequenos produtores, de subsistência, que vivem dessa terra para existir, não têm essa terra lá para especular. Diferentemente de grandes produtores, que estão fazendo lobby para que a expansão do parque não aconteça”, rebate o secretário executivo. A contraproposta do governo goiano não agradou o agronegócio do estado. O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Marcelo Lessa, diz que a alternativa apenas ameniza os prejuízos dos produtores com a nova demarcação. “Nossa preocupação é justamente com o direito de propriedade dos pro-


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FOTOS:

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Conservação

prietários rurais que estão inseridos na área de ampliação. Em nenhum momento a federação se posicionou contrária à ampliação, mas tem que haver segurança jurídica”. Para a Faeg, a eventual ampliação do parque nacional deveria se feita em etapas. “Primeiro, regularizar as propriedades; segundo, estudar essas áreas de ampliação com uma espécie de zoneamento e depois abrir um ato voluntário para criação de RPPNs [Reserva Particular do Patrimônio Natural] e em último momento usar o poder de desapropriar para ampliar”, sugere. Biólogo de formação, o representante da Faeg diz que o debate sobre a ampliação da área protegida dos Veadeiros é maniqueísta e coloca o agropecuário como vilão. “Tem que parar com essa polarização entre ruralistas e ambientalistas. Em nenhum momento a gente foi contra a proposta, mas quando a gente fala na ampliação do parque, a discussão é muito polarizada. Já chegaram a dizer que a ampliação afetaria apenas quatro famílias, um dado absurdo, na verdade são 516.” Mais prazo De acordo com Rogério Rocha, do governo estadual, a estimativa é que a regularização fundiária pendente na região de ampliação do parque leve de sete a oito meses para ser concluída e, em seguida, Goiás dará a anuência para que a União leve a cabo a proposta original de dar à unidade de conservação os 222 mil hectares propostos inicialmente. “Não estou falando de 20 ou 30 anos para a frente. Estou falando de sete meses, é um prazo muito curto. A ampliação para 90 mil hectares já está autorizada agora, mais 68 mil [hectares] daqui a sete ou oito meses. A empresa que fará o georreferenciamento será contratada por pregão agora em dezembro, em janeiro ela já está trabalhando, em 40 dias termina os estudos, aí nós vamos ter até julho para fazer todo o processo burocrático, passar pela Procuradoria-Geral do Estado para fazer a titulação”, prevê. “Enquanto se discute mais esse tempo, tem áreas sendo desmatadas agora. Enquanto o parque não existe, há inclusive autorização para desmatamento legal. Qualquer prazo é demais

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ARTE DE MARCELO NOGUEIRA E CAIO CESTARI

porque deixa a vegetação fragilizada”, disse à Agência Brasil uma fonte do governo federal. A coalização de organizações ambientalistas que defende a ampliação imediata do parque no formato integral também não concorda com o adiamento e vai fortalecer a mobilização pela proposta original do ICMBio. “A Coalizão Pró-UCs continuará aportando todo o conhecimento disponível para que Goiás tome uma decisão que leve em conta a conservação da biodiversidade e não apenas critérios fundiários. Precisamos de limites que façam sentido do ponto de vista ecológico e de gestão”, ressalta a coordenadora do Programa de Ciências do WWF Brasil, Mariana Napolitano. O agronegócio também pretende se mobilizar e promete ir a Brasília, por meio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para pressionar o Ministério do Meio Ambiente a flexibilizar a demarcação da nova área do parque. Segundo o chefe do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Fernando Tatagiba, a demora em devolver ao parque a área considerada pela Organização das Nações Unidas para a Edu-

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cação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no reconhecimento da região como Patrimônio Natural da Humanidade pode levar a entidade a colocar o título em risco, expondo o Brasil a um constrangimento internacional. Paisagem A mudança da paisagem natural da Chapada dos Veadeiros por causa do avanço da fronteira agrícola é lembrada pela líder espiritual Darshan de Freitas, que há quase 30 anos trocou Olinda (PE) por Alto Paraíso de Goiás. “A mudança foi muito rápida de um tempo para cá, principalmente por causa da monocultura. Antes, quando você vinha de Brasília para cá, só até Formosa tinha monocultura, agora ela chegou até aqui na beira da estrada. Imagina dentro da Chapada em si.” Darshan espera que o aumento do parque consiga frear a degradação do Cerrado na região, considerada um centro de energia para várias vertentes místicas e religiosas. “A ampliação do parque é uma situação vital, planetária, não é local, não é brasileira, é planetária, é vital. No planeta são muito raras essas partes íntegras, inteiras. Sem o parque, se não


FOTO DE MARCELO CAMARGO (AGÊNCIA BRASIL) – CHAPADA DOS VEADEIROS (GO)

tiver uma organização da ocupação, vai ser um grande caos.” O novo desenho do parque dos Veadeiros também é assunto da política local. Recém-eleito para um mandato coletivo de vereador, iniciativa inédita no Brasil, Ivan Diniz diz que o grupo de cinco legisladores que se revezarão no posto defenderá a ampliação em área contígua, sem fragmentação. “Recentemente tivemos uma posição por parte da Faeg [Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás] e da pressão da produção rural, de monocultura principalmente, querendo de alguma forma desconstruir tudo aquilo que foi construído, de transformar o que seria uma área só em um mosaico de área protegidas. Então, pretendemos defender a ampliação do parque dentro dos moldes que já foram acordados, que tinham sido acordados anteriormente”, adianta. Diniz pondera que, na eventual indenização dos atuais ocupantes das

áreas a serem anexadas ao território de proteção federal, devem ser consideradas as diferenças entre grandes e pequenos produtores. Segundo ele, muitas vezes a situação dos agricultores familiares é usada como estratégia para defesa de interesses do agronegócio e da monocultura. “Os interesses econômicos e a pressão desses grandes produtores é muito grande sobre os pequenos. Eles acabam, de certa forma, sendo iludidos, acreditando que estão do mesmo lado, quando, na verdade, quem mais está perto dos pequenos produtores são os ambientalistas, são os que estão querendo preservar o Cerrado. Porque essa biodiversidade toda está se perdendo e cada vez vai ficando menor. E é bem difícil a gente conseguir integrar essa polarização”, acrescenta. O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg),

Marcelo Lessa, nega o favorecimento aos grandes proprietários de terra. “A federação não distingue o pequeno, o médio e o grande. A federação é dos produtores rurais, não trabalha em defesa somente do grande, isso é um mito. É lógico que o grande vai se manifestar, vai buscar uma influência ou outra, mas não existe isso de subterfúgio para travar a ampliação do parque, a federação não distingue o tamanho das propriedades, mas sim que tem um produtor ali.” De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos de Goiás (Secima), cerca de 515 propriedades estão na área de expansão. Dessas, estima-se que 230 famílias precisam ter as terras tituladas para ter direito à indenização na desapropriação. (*) A repórter e o fotógrafo da Agência Brasil viajaram a convite do WWF-Brasil.

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Ecoturismo

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Reserva particular: uma opção para ficar mais perto da natureza nestas férias E A Reserva Particular do Patrimônio Natural Santuário de Vida Silvestre Vagafogo, localizada na cidade de Pirenópolis, tem uma trilha de 1.530 metros com calçamento especial em madeira para proteção do substrato florestal. Durante o percurso, os visitantes podem admirar as copas de árvores centenárias da margem do rio Vagafogo e uma piscina natural de água límpida e potável. RQUES BIANCA STEFANY ALVES FARIAS/ WIKIPA O local também oferece brunch. São mais de 45 itens no cardápio, como frutas do cerrado, geleias, pães, frutas desidratadas e cristalizadas, biscoitos, etc. O custo é de R$ 48,00, para adultos, e R$ 18,00, para crianças de 5 a 12 anos. O local fica aberto das 9h às 16h e não aceita cartão. Para saber mais, acesse: http:// www.wikiparques.org/wiki/RPPN_Santu%C3%A1rio_de_ Vida_Silvestre_Vagafogo.

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Os brasileiros têm utilizado cada vez mais a bicicleta na hora de viajar e novos roteiros de cicloturismo têm surgido no país. É o caso da “Volta das Transições”, no interior de Minas Gerais, estruturado em dezembro. O circuito prioriza as estradas de terra que cortam os municípios do sul do estado e que integram o Circuito Turístico Serras de Ibitipoca. Assim, os viajantes que optam pelo roteiro passam pelos municípios de Bias Fortes, Bom Jardim de Minas, Ibertioga, Lima Duarte, Olaria, Pedro Teixeira, Rio Preto, Santa Rita de Ibitipoca, Santa Rita de Jacutinga e Santana do Garambéu. A iniciativa faz parte da política do Ministério do Turismo de regionalização das atividades do setor e foi realizada por um consórcio das cidades que fazem parte do roteiro. O percurso completo, que começa e termina em Santa Rita de Jacutinga, tem 408 quilômetros e foi dividido em sete etapas, com pequenos trechos no asfalto. Os interessados podem entrar em contato através do site http://www.voltadastransicoes.com/

Rio de Janeiro recebe título inédito da Unesco

ISABELLA ARARIPE

A cidade do Rio de Janeiro recebeu, em dezembro, o título de Patrimônio Mundial por sua paisagem cultural urbana, conferido de forma inédita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O reconhecimento destaca as relações entre cidade e natureza que são peculiares à capital fluminense. A cerimônia de entrega do certificado aconteceu aos pés do Cristo Redentor, no Centro de Visitantes Paineiras do Parque Nacional da Tijuca. O Ministério do Meio Ambiente trabalhou, durante quatro anos, com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Associação de Empreendedores Amigos da Unesco para obter o reconhecimento internacional. Também participaram do trabalho o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro e parceiros privados e públicos. Comitês Institucional e Técnico foram criados para a elaboração do dossiê de candidatura.

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Parque Estadual do Jaraguá possui trilha para pessoas com deficiência O Parque do Jaraguá, com acesso na altura do Km 18 da Via Anhanguera, possui uma trilha especialmente adaptada para permitir a locomoção de deficientes visuais e cadeirantes. Inaugurada, em 2007, a “Trilha do Silêncio”, é fruto de uma parceria da secretaria do Meio Ambiente de São Paulo com o Conselho Municipal da pessoa com deficiência. . Os painéis interpretativos estão em braile e a trilha é suspensa e com adaptações nas laterais e piso para cadeirantes. A trilha recebeu esse nome por causa da vegetação que abafa grande parte dos ruídos produzidos pela área urbana que cerca o parque. Esse trecho é indicado para pessoas de todas as idades, pela facilidade de acesso e por abrigar diversos exemplares da fauna, como tucano do bico verde, bem-te-vi e macaco-prego, assim como da flora, entre os quais o palmito juçara, o guapuruvu e manacá da serra. No caso dos deficientes visuais, além dos sons da mata, os visitantes podem usufruir das informações sobre as espécies existentes no local, impressas em braille. Para mais informações: (11) 3941-2162

DIVULGAÇÃO

Novos circuitos buscam alavancar cicloturismo no Brasil

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ISABELLA ARARIPE


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Pelo Mundo

Surpreendente

Tailândia Por Vivian Simonato, da Tailândia

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Fotos: Pedro Freiria

medida que o ferryboat vai desligando os motores e parando em alto mar, uma baia com pequenos barcos de madeira vai surgindo ao longe sob o sol da tarde. Faz calor e após uma hora de viagem, partindo da ilha malasiana de Langkwai, chegamos ao nosso primeiro destino na Tailândia, a ilha de Koh Lipe. Rústica, Koh Lipe não tem píer e esperamos um dos barcos locais, conhecidos como longtail, se aproximar para nos levar até a praia. Ao passar do ferryboat para o longtail, me distraio com os corais, peixes e o verde

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Um registro breve sobre a terra dos homens livres. País tem várias opções para todos os gostos.

esmeralda, cristalino e vibrante do mar de Andaman. E nesse exato momento começa minha história de amor pela Tailândia. A luta pela conservação Koh Lipe está localizada a 60 km do continente tailandês, o cais mais próximo é em Pak Bara. Esta é a ilha mais ao sul da Tailândia e faz parte do Arquipélago Adang, um aglomerado de cerca de 10 ilhas desabitadas (Koh Lipe sendo a exceção). Passeios de um dia para as ilhas vizinhas são populares e altamente recomendados, já que eles são a melhor maneira de explorar os arredores. O conjunto de ilhas incluindo

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Koh Lipe é parte do Parque Marinho Nacional de Tarutao, uma reserva natural de 51 ilhas e 1490 km² estabelecida em 1974 como segundo Parque Nacional da Tailândia. A ilha, em formato de bumerangue tem apenas três praias (Pattaya, Sunrise e Sunset). Realmente é um paraíso e foi indicada pelos amigos do Blog Sem Cep (www.semcep.com.br), que estão viajando o mundo por um ano depois de largarem a vida convencional no Brasil e oferecem dicas incríveis. A promessa era de encontrar o verdadeiro e ainda não tão popular paraíso tailandês, e não decepcionou. No en-


A rústica e belíssima Ilha de KOH LIPE não é tão badalada quanto outras. Não tem píer e é preciso aguardar o barco local, o “longtail”, para poder encostar. O passeio é incrível: mar da cor de esmeralda que dá para ver os peixes e corais.

tanto, apesar de ainda não ser muito lotada de turistas em comparação com outros lugares do país, alguns grandes resorts já chegaram por lá e outros empreendimentos estão sendo desenvolvidos. A verdade é que para o olhar mais atento o impacto já é percebido. Nas ramificações da Walking Street, a principal rua de restaurantes e comércio da ilha, e no próprio mar, é possível ver lixo. Na missão de coletar, gerenciar o descarte e conscientizar a população a Trash Hero World desempenha papel fundamental em Koh Lipe, além de atuar em outras regioes da Tailândia, Ásia, Europa e Estados Unidos. Entre 2013 e 2016, globalmente, a organização sem fins lucrativos já realizou mais de 1 mil mutirões de limpeza, reunindo mais de 21 mil voluntários e coletou mais de 200 toneladas métricas (ou 200 mil quilos) de lixo. Banquete da natureza Após uma jornada de mais de uma hora de ferryboat até Pak Bara, Koh Lipe fica para trás e seguimos por quatro horas numa van até chegar a Krabi, uma província costeira com inúmeras atrações naturais. A região inclui praias de areia branca, água cristalina, recifes de corais fascinantes, cavernas, cachoeiras e numerosas ilhas. Embora menos comer-

cial do que o vizinho Phuket, a província de Krabi não pode ser descrita como desconhecida, já que recebe milhões de visitantes por ano, e as principais áreas turísticas contam com boa estrutura para atender estrangeiros. A principal característica de Krabi são as falésias de pedra calcária maciça, que se levantam vertiginosamente do mar. Um dos programas mais atraentes é a visita às ilhas. Ao Nang, que fica a 20 km do centro de Krabi, é centro turístico da província, de onde saem os passeios. Difícil é escolher por onde começar. A Ilha Phi Phi é o destino mais procurado por ter ficado famosa no filme A Praia, em 1999. Após ver desanimadoras fotos de uma Phi Phi absurdamente cheia de turistas, o local não entra na lista de prioridade. Assim, os passeios escolhidos são para as ilhas de Chicken, Poda e Tup e a praia de Phra Nang. Além da Ilha Hong, que possui uma das formações rocho-

sas mais marcantes, com destaque para a piscina que se forma entre duas falésias. Promessa cumprida Ainda é cedo quando cruzamos com um pescador que joga sua rede no mar cristalino. “Aqui a gente tem que começar a trabalhar antes do sol nascer”, comenta o capitão do nosso longtail ao me ver prestando atenção naquela cena. Nosso capitão é um homem baixo, de pele bronzeada e sorriso fácil, que a todo momento diz estar feliz por mostrar a nós o seu paraíso. A


Pelo Mundo

A cena gastronômica na Tailândia e, como não poderia deixar de ser também em Bangcoc, é rica e diversa. Testamos e adoramos: sopa de macarrão tipo noodle, camarão e pato assado, chamada Mee Giew Ped Yang, feita por um cozinheiro de rua.

hospitalidade é uma característica muito marcante do povo tailandês e enquanto desfrutamos o dia passeando entre uma ilha e outra penso também nas pessoas que lutam para sobreviver nesse paraíso. Estamos num longtail privado que custou 1.500 baht (R$ 120) por dia – com hora para sair e sem hora para voltar. O valor foi pago na agência que organizamos os passeios e não sei quanto nosso capitão recebera. Mas, ele está contente e diz num inglês quebrado que tour privado é muito melhor porque temos mais flexibilidade. Enquanto os grupos de turistas ficam cerca de uma hora em cada ilha, nós podemos ficar o quanto quisermos e ainda há a promessa de visitar alguns cantos das ilhas que turistas não vão. A partir daí o que vimos nos dias que se seguiram foram ilhas maravilhosas com locais isolados que paramos para fazer snorkling, peixes de todos os tamanhos e cores, praias paradisíacas, falésias imensas e, ao final, a felicidade do nosso capitão, que nos deixa com um largo sorriso de quem cumpriu uma promessa com louvor. Uma nota sobre a caverna da fertilidade Acessível apenas por barco, um dos locais que mais chamou a atenção foi a Caverna de Phra Nang, localizada na praia que leva também esse nome. Logo que o

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longtail é ancorado, a atenção se volta para este canto da praia, aonde localiza-se a caverna e pessoas se aglomeram. A primeira reação é tentar entender esse altar repleto de flores, incensos e objetos fálicos de todos os tamanhos. Uma placa, que pede respeito aos visitantes, explica o que acontece. Acredita-se entre os aldeões que o espírito de Phranang (Princesa Deusa) reside nesta caverna. Antes de sair para o mar, os pescadores pedem a Phranang para terem boa sorte. Quando seus desejos se cumprem, eles voltam ao santuário com ofertas. Presentes comuns são flores e incensos. Em outros casos, presentes especiais, como os objetos fálicos, são oferecidos aos espíritos da deusa. A crença não tem a ver com o Budismo nem o Islã, mas sim algo que transcende essas religiões já que se acredita que os objetos fálicos e o santo ventre da Princesa Deusa criarão fertilidade e prosperidade para toda a terra e a humanidade. Templo da Caverna do Tigre Se o mar de Krabi com suas ilhas impressionam, em terra, o Templo da Caverna do Tigre ou Wat Tham Sua, também não deixa a desejar. Localizado perto da cidade de Krabi esse é um dos templos mais interessantes no sul da Tailândia. Monges vivem

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dentro de um labirinto de cavernas naturais em um vale de selva. A forma de budismo praticada no Templo da Caverna do Tigre e o Vipassana, que explicado de uma maneira bem simplória se baseia na auto purificação por meio da auto-observação e tem origem nos ensinamentos dos primeiros textos budistas. Na principal caverna do templo e possível encontrar fotos bizarras de órgãos internos e cadáveres divididos, que supostamente reforçam a natureza temporária do corpo e ajudam os monges a se concentrarem em assuntos mais espirituais. A atração turística principal no complexo do templo é a escalada de 1.272 degraus (bem íngremes e nem sempre em boas condições) até o topo, onde se localiza a “pegada do Buda”. O calor combinado a umidade e os macacos, que tentam a todo o momento pegar coisas dos visitantes, fazem da subida um teste de fé. Mas, tudo vale a pena quando do alto os visitantes ganham um dos presentes mais especiais, uma vista panorâmica de Krabi de tirar o fôlego. Bangcoc Numa tarde ensolarada e úmida, dessas que promete chuva, deixamos Krabi para aterrissar em nosso último destino no país, Bangcoc. A capital da Tailândia é tudo que podemos esperar de uma cidade grande e muito mais. Antes do avião se aproximar do aeroporto de Don Mueang, um mar sem fim de prédios já se estende no chão. O trânsito genuinamente caótico é um teste


FOTOS DE PEDRO FREIRIA, TAILÂNDIA

Ruinas em Ayutthaya, antiga capital da Tailandia

Templo da Caverna do Tigre, em Krabi

de paciência. A cidade mistura a modernidade dos arranha-céus com locais centenários. Bangcoc oferece um mundo de coisas para fazer em todos os bairros a qualquer hora, incluindo a visita aos vários templos (ou Wat). É possível conhecer os principais templos do centro da cidade em um dia. É curioso como cada um é lindo e único ao seu modo. O Wat Arun (ou Templo do Amanhecer) fica às margens do Rio Chao Phraya e é um dos monumentos mais fotografados de Bangcoc. Todo o Wat Pho, ou Templo do Buda Reclinado, é realmente um local especial. Mas, o Wat Saket, ou Templo da Montanha Dourada, tem grandes chances de ser o mais encantador de todos, especialmente se visitado no entardecer. Novos sabores A cena gastronômica na Tailândia e, como não poderia deixar de ser também em Bangcoc, é rica e diversa. Uma

sopa de macarrão tipo noodle, camarão e pato assado, chamada Mee Giew Ped Yang, feita por um cozinheiro de rua: foi um dos pratos típicos mais saborosos que provei. A verdade é que muita fantasia se cria em relação aos tailandeses comerem os famosos insetos. Talvez isso até seja verdade nas aldeias afastadas, mas nas grandes cidades insetos são somente para turistas e causam estranheza aos tailandeses que afirmam que grilos, escorpiões e baratas não fazem parte do cardápio diário. Em geral a culinária tailandesa mescla com maestria ingredientes como capim limão, gengibre, molho de tamarindo, pimenta, curry, leite de coco, manga, alho e outros produtos locais que resultam em pratos coloridos e agradáveis de serem provados, mas nem sempre visualmente bonitos. Um local que decepcionou por ser extremamente turístico, mas que agradou pela culi-

nária foi o Damnoen Saduak Floating Market. Desde o tradicional Pad Thai, as panquecas de banana, salada de papaia, o sorvete de coco e outros, a comida foi a melhor surpresa do passeio. O lado negativo é que os preços abusivos do tour combinado ao fato que os produtos vendidos não são tradicionais, mas vindos da China, desencanta quem espera encontrar ali autênticos artefatos tailandeses. É indiscutível que o mercado flutuante é pitoresco e presenciar essa forma de comércio é algo especial. Mas, por ser um destino relativamente longe de Bangcoc (cerca de duas horas), ficou muito aquém das expectativas e não se compara com Ayutthaya, também distante da capital, mas imperdível. A história de uma Cidade Invencível A natureza, a gentileza do povo, a rica cultura, a simplicidade, a energia. Tudo encanta na Tailândia. É clichê mencionar o que todo viajante comenta, mas não seria justo deixar de reforçar os aspectos positivos desse jovem país, que já passou por conflitos até se tornar o que conhecemos hoje e ainda assim é conhecido como o país do sorriso. O nome Tailândia somente foi criado em 1939 e significa “A Terra dos Homens Livres”. Anteriormente a isso, a região era conhecida como Sião e suas fronteiras foram definidas apenas entre 1890 e 1900. A atual capital Bangcoc foi fundada em 1782, sucedendo a antiga capital Ayutthaya, destruída 15 anos antes. Há indícios que o território onde hoje se encontra a Tailândia é habitado há centenas de milhares de séculos. Teorias defendem que o povo tailandês é originário da China ocidental e se fixou nas áreas hoje conhecidas como Vietnã, Laos, Mianmar e Tailândia no final do milênio da Era Cristã. Após o surgimento de dois reinos tais no século XIII, o Norte da atual Tailândia tinha duas capitais: o Reino de Sukhothai e o Lan Na (capital Chiangmai). No final do século XIII, o Reino de Sukhothai já havia se expandido pela planície central da Tailândia e os tailandeses, conhecidos nessa época como siameses, já haviam assimilado vários elementos étnicos e culturais

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Pelo Mundo

Criancas tendo aula religiosa num sabado a tarde no templo Wat Pho

Budas no templo Wat Pho

dos habitantes da região, como a religião budista e a escrita, derivada do sistema empregado pelos cambojanos. Por volta de 1350, um novo reino tailandês foi estabelecido nas planícies do Rio Chao Phraya, cuja capital era Ayutthaya. Com o enfraquecimento do Império Khmer do Camboja e do Reino de Sukhothai, Ayutthaya se expandiu rapidamente, absorvendo os estados decadentes. O período em que Ayutthaya era capital da Tailândia foi possivelmente o mais próspero e o que definiria o futuro do país. O regime monárquico de 34 reinados manteve-se ao longo de 400 anos ininterruptos. Localizada no meio de três rios e importante porto marítimo, Ayutthaya foi uma das maiores e mais ricas cidades da Ásia com forte política de comércio exterior. Portugueses, ingleses, holandeses, franceses e dinamarqueses tiveram embaixadas nesta cidade. Porém, Ayutthaya não representava um reino unificado e por ausência de lei de sucessão vários dos governantes locais que deveriam apoiar a capital em caso de conflito acabavam se rebelando contra ela, resultando em repressões sangrentas. Enfraquecida internamente e após varias tentativas de golpes por parte dos

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governos locais, em 1765 iniciou-se uma guerra de dois anos entre o reino de Sião (Tailândia) e Birmânia (Mianmar). Ayutthaya, que ironicamente significa Cidade Invencível, foi totalmente destruída, perdendo seu status de capital, mas, sua importância sempre faria parte da história tailandesa. Orgulho Nacional Como num abraço carinhoso, as raízes de uma árvore envolvem a cabeça de um Buda. Junto a mim, várias outras pessoas admiram a cena. Esse é o resultado da devastação humana que a natureza transformou em beleza. Após a conquista de Ayutthaya pelo exército da Birmânia, cerca de 1.500 templos foram destruídos e aproximadamente 4.000 estátuas de Buda foram decapitadas. A intenção era acabar com os símbolos do budismo, a principal religião de Sião. O efeito foi contrário. O budismo não deixou de ser a religião da maioria dos tailandeses. E a cabeça do Buda na árvore, em Wat Phra Maharhat, assim como os templos de Wat Phra Si Sanphet e Wihan Mongkhon Bophit, não atraem somente turistas, mas também tailandeses que vão a esses lugares para seus rituais de fé. Ayutthaya fica há pouco mais de uma hora distante de Bangcoc e

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foi tombada pela Unesco em 1991 como patrimônio da humanidade. Mas Ayutthaya não é só ruínas. Nesta região também se localiza o Bang Pah In, Palácio de Verão do Rei, com prédios nos mais variados estilos arquitetônicos tanto do Ocidente quanto do Oriente. Saindo do Palácio de verão e atravessando o rio Chao Phraya num bondinho, operado por monges, localiza-se o templo Niwet Thammaprawat. Me surpreendo ao me deparar com o que mais parece uma igreja católica do que um templo budista. Isso porque em 1878 o Rei Rama V, muito respeitado pelo povo tailandês por abolir a escravidão, ordenou a construção dessa estrutura notável. O templo foi usado pelo rei para cerimônias religiosas enquanto ele residia no palácio. O aspecto mais fascinante e singular de Wat Niwet Thammaprawat é a sua arquitetura. Decorado em estilo gótico, a construção se assemelha com muitas das catedrais europeias. Os únicos elementos que são feitos em estilo local tradicional são as estátuas de Buda. Uma demonstração de respeito e exemplo de receptividade a outras crenças, ao fundir Oriente e Ocidente no delicado campo religioso. E quando achava que não era mais possível, mais uma vez, a Tailândia surpreendeu.


FOTOS DE PEDRO FREIRIA, TAILÂNDIA

Templo Wat Pho, Budas em Bangcoc, Tailândia Ayutthaya

SERVIÇO O dinheiro da Tailândia e o Baht Tailandês. Aproximadamente, 1 Baht Tailandês = R$0.08 (o que torna a Tailândia um pais muito barato para viajar). Transporte Mesmo sendo um país barato para se viajar, vale a pena sempre estar atento a algumas artimanhas. Nas cidades, a regra geral, tanto para táxis quanto para tuk-tuks, é negociar sempre. Apesar de ser lei, os taxistas normalmente nunca ligam o taxímetro para os turistas. Por exemplo, uma corrida que custaria 50 Baht no taxímetro e cobrada, sem cerimônia, 300 Baht. Os tuk-tuks sempre serão mais baratos, mas nem sempre é a opção mais confortável, já que os passageiros ficam expostos à poluição e ao calor. Onde ficamos: Koh Lipe Akira Hotel – Excelente. Moderno, serviço impecável, localização perfeita (na praia) e perto da Walking Street, onde ficam os restaurantes e comércio da ilha.

Wat Pho Templo em Bangcoc

Krabi Krabi Resort, Ao Nang – Um pouco antigo, mas em excelente condição e a melhor localização em Ao Nang. Único direto na praia. Ótimo serviço, incluindo o do atencioso Reynold Aton que deu ótimas dicas do que era imperdível durante nossa estadia. Bangcoc Centre Point Silom – Um pouco antigo, mas em ótimas condições. O hotel fica numa rua movimentada de comércio, na região de Silom, em cima de um shopping e perto do Sky Bar, no topo do Hotel Lebua, aonde foi gravado o filme “Se beber, não case! Parte 2”. No entanto, não ficaria lá novamente porque é um pouco longe dos templos e acabamos não indo a muitos lugares porque gastamos muito tempo nos locomovendo. Numa próxima vez, eu ficarei perto da Khao San Road, a rua dos mochileiros, com bastante vida noturna e mais central. Com informações do www.tourismthailand.org

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Pelo Mundo

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FOTOS:

PEDRO FREIRIA

Templo de Wat Pho, Buda deitado, em Bangcoc

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Ayutthaya foi capital do Reino de Sião por cerca de 400 anos e a maior cidade do planeta em 1760, quando tinha um milhão de habitantes. No Wat Mahathat, um dos mais incríveis templos que visitamos, a cabeça de uma estátua de Buda permanece de pé, envolta pelas raízes de uma árvore.


Viagem FOTO DE DIEGO VOLPI

Da floresta aos mares Texto e fotos: Por Marina Guedes, Especial para Plurale Editora de Seagull www.marinaseagull.com

D Das Bahamas

epois de passar mais de uma década em Manaus - bem pertinho da maior floresta tropical do mundo - decidi mudar completamente de cenário. Hoje, minha casa é um veleiro de 41 pés (pouco mais de 12 metros) chamado “Meccetroy”. Segundo seu dono, Diego Volpi, o nome é uma típica expressão italiana que significa: “se quiser me achar, é aqui onde estarei”. Não é de hoje que brinco com o fato de que faz sentido, para alguém com um

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nome como o meu (Marina) estar perto do mar. Aprender a velejar e conhecer locais só acessíveis pela água também foram decisivos para me fazer tirar o desejo do plano das ideias e torná-lo realidade. O próximo passo que me permitiu estar hoje embarcada foi criar uma conta virtual em uma das principais redes de relacionamento de navegação. Chama-se Find a Crew (que em inglês significa “encontre uma tripulação”). Fiquei sabendo deste portal por meio de amigos enquanto estive na Austrália, em 2015. O site é super organizado e bem feito. No meu caso, estava em busca de um barco para ser parte da tripulação. Felizmente, o fato de que nunca tinha velejado não foi problema. Já tinha viajado em grandes navios da Marinha (para Antártida, Ilha

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da Trindade e Abrolhos). Também passei três dias a bordo de um barco a motor com uma equipe de pesquisadores da ONG Instituto Baleia Jubarte, em Abrolhos. Mas nunca em um veleiro, ainda mais por tanto tempo. Conforme Diego me disse, um dos aspectos que o motivou a me aceitar como tripulação foi o meu entusiasmo e o fato de que faria, ao longo da viagem, um blog contando como é a vida embarcada e a viagem como um todo, que terá duração de pouco mais de um ano. A experiência dele, que já fez mais de 20 travessias no oceano Atlântico, compensaria a minha falta de conhecimento náutico. Roteiro e site Os primeiros 20 dias de viagem foram


nos EUA, em Miami, onde o barco estava. Foi muito importante para aprender o funcionamento, detalhes e começar a me acostumar com o espaço limitado. Posso dizer que o velejo mesmo iniciou nas Bahamas, um lindo arquipélago bem perto da costa leste norte americana. Passei os dois últimos meses lá, visitando diversas ilhas e seus pequenos vilarejos. A cor da água nas Bahamas - que o escritor Ernest Hemingway e outros descrevem tão bem - é algo que com toda a certeza vai ficar eternamente marcada em minha memória. Naquela região das águas rasas há também pessoas cuja hospitalidade é fator que cativa qualquer visitante. Avistar um grupo de golfinhos que nadavam ao lado do barco quando estávamos perto de ancorar foi um dos momentos mais especiais durante a viagem. Nadar com tartarugas e arraias também foram capítulos únicos. Um pouco de cada momento e vivência tenho contado em meu blog, cujo endereço eletrônico é www. marinaseagull.com Por conta do acesso limitado à internet, tenho feito postagens com frequência variada, mas a intenção é compartilhar um pouco esta experiência que considero muito, muito interessante. Após este período inicial nas Bahamas, viemos para San Blas, um outro lindo arquipélago no Panamá, no lado do oceano Atlântico ainda. Para chegarmos aqui, foram seis dias de navegação em alto mar,

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Viagem

sem parar. Confesso que não via a hora de pisar em solo. Foi uma sensação maravilhosa por os pés na areia, no dia seguinte da ancoragem. Daqui, vamos atravessar o Canal do Panamá em meados de março. Outro local que estou muito ansiosa em conhecer é Galápagos, também no roteiro logo após o canal. Na sequência, a viagem seguirá pelo Pacífico, passando pela Polinésia Francesa, Tonga e o ponto final está previsto para a Nova Zelândia, no final deste ano. Sim, ainda há muito chão (ou melhor, mar) pela frente. Conservação marinha e mudanças climáticas Sempre busquei fazer matérias relacionadas ao meio ambiente e conservação. Durante esta viagem, um dos meus projetos é produzir um conteúdo que mostra a percepção dos velejadores que tenho conhecido pelo caminho no que diz respeito ao impacto das mudanças climáticas em ambiente marinho. A ideia é tornar o conteúdo publicável e, num segundo momento, compartilhar as informações coletadas de formas diver-

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sas, como palestras em escolas, seminários temáticos de conservação marinha e outras iniciativas que possam tornar útil o material que estou coletando ao longo da viagem. Há um detalhe, porém, para viabilizar este projeto pós viagem: orçamento. Aproveito este espaço carinhosamente cedido pela querida Sônia Araripe para deixar em aberto que estou em busca de patrocínios. Será uma excelente maneira de ampliar as discussões e abordagens acerca de um tema de grande relevância (como as mudanças climáticas). Não tenho dúvidas de que parcerias são fundamentais para isso. Não vou entrar em detalhes sobre valores e formas que imagino serem necessários para quem estiver interessado em apoiar este meu projeto após a viagem. Ressalto, apenas, que os contatos podem ser feitos por meio do meu site (www.marinaseagull.com) ou então pelo meu email pessoal: marinaguedes@hotmail.com Sem me estender em demasia, espero que minha aventura pelos mares sirva de inspiração para você, que está lendo este curto texto, de fazer também aquilo que gosta. E bons ventos a todos!

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TEXTO E FOTOS:

MARINA GUEDES

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VIDAS a u d áv e l Publicitária lança o blog Beijo no Estômago

Tapioca virou febre A tradicional tapioca, que virou febre nas dietas sem glúten, faz realmente muito bem para a saúde. Nutricionistas explicam que além de manter uma pessoa saciada por mais tempo, trazendo energia e ajudando no funcionamento do metabolismo, a comida que sempre foi destaque na dieta dos nordestinos, tem quantidades significativas de ferro e potássio. Desta forma, o prato é um aliado para melhorar a circulação ou reduzir a pressão arterial. Por ser leve e fácil de fazer, ela pode ser consumida em qualquer refeição, do café da manhã ao jantar, mesmo antes ou depois de atividades físicas. Evite recheios muito gordurosos ou que engordem. E também é importante salientar que nada em excesso faz bem, portanto, o consumo regular não significa comer apenas tapioca. Uma dieta balanceada deve incluir alimentos de todos os tipos.

Benefícios do Açúcar de coco O óleo de coco tem feito sucesso entre os adeptos de produtos mais saudáveis. Agora chegou a vez do açúcar de coco, que adoça igual ao açúcar comum, mas possui baixo índice glicêmico, menor do que o açúcar da cana, sendo benéfico para dietas de emagrecimento ou para pessoas com diabetes. O produto é fonte de vitaminas do complexo B (B1, B2, B3 e B6), ferro, zinco, potássio e magnésio e não é processado, adulterado ou filtrado, além de não conter conservantes. É uma opção de açúcar 100% natural e não tem glúten, nem leite/lactose.

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A publicitária Taís Reis acaba de lançar o blog Beijo no Estômago, com foco em amantes de comidas, dicas de restaurantes e ligado ao mundo gastronômico. Ao se denominar uma “food-lover”, Taís brinca que o espaço foi criado para quem, como ela, ama esta experiência. “Você já comeu alguma coisa e sentiu seu mundo parar por alguns instantes? Como seu o seu estômago estivesse sendo beijado e vivendo um grande amor?”, brinca, na apresentação do blog. Taís tem sólida carreira como publicitária, mas nunca deixou de lado o seu lado de “food-lover”. Criou uma marca gourmet de brigadeiros – “A moça do brigadeiro” – e depois de se ver desempregada em 2016, partiu para a ideia do blog. “A proposta é compartilhar as minhas experiências gastronômicas. Do restaurante cinco estrelas ao cachorro-quente de carrocinha”, explica. Confira em http://bjnoestomago.com/

Vegfest será realizado em agosto Chegando à sua sexta edição, o Vegfest Brasil (que antes era denominado Congresso Vegetariano Brasileiro) é um grande evento vegetariano nacional promovido pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) desde 2004, a cada dois anos - que já passou por São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife. Nos anos anteriores, o Vegfest Brasil recebeu centenas de palestrantes, ativistas, chefs e artistas brasileiros e estrangeiros - e um público de mais de 5 mil pessoas que foram inspiradas e capacitadas para uma vida mais consciente e coerente. Nesta edição, a SVB trará alguns dos maiores líderes mundiais do ativismo vegetariano e de direitos animais. A anfitriã, desta vez, será a cidade serrana e aconchegante de Campos do Jordão - no extraordinário (e super vegan-friendly) Hotel Serra da Estrela. Mais informações no site - http:// www.vegfest.com.br/index.html.


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Estudo de caso Sergio Marcondes

O OUTRO DESAFIO AMAZÔNICO

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uando pensamos na Amazônia a imagem da floresta grandiosa transpassada por rios quase oceânicos é inevitável. Ela está lá, é verdade, e demanda cuidados, sem dúvida. Mas quando vemos a imagem de uma favela, por exemplo, rapidamente nosso raciocínio aponta para as grandes metrópoles do Sudeste ou até, quem sabe, do Nordeste. E aí reside um grande equívoco do senso comum sobre a Amazônia. A imensa floresta não é um parque temático inviolável da biodiversidade: tem gente lá. A população habitante da Amazônia Legal é de aproximadamente 25 milhões de pessoas, dos quais 18 milhões estão em área urbana, e cresceu mais de 10 vezes nos últimos 40 anos. Fica na região, sobretudo no Pará, a terceira maior população habitante de favelas do Brasil, só atrás de Rio de Janeiro e São Paulo. Dos 773 municípios da Amazônia Legal, somente 35 possuem Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) igual ou acima da média nacional. Estão lá os maiores índices de vulnerabilidade social do país e alguns dos piores índices de oferta de infraestrutura e serviços públicos. Por exemplo, na região norte apenas 7,8% dos municípios possui coleta de esgoto, no sudeste este número é 92,9%. Coloca-se aqui então o outro desafio amazônico: como gerar e manter condições de bem estar para todas as pessoas? Como implantar lá os princípios preconizados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas? Como levar para as cidades amazônicas a visão de desenvolvimento apresentada pela organização na Nova Agenda Urbana? Na Amazônia este desafio encontra barreiras estruturais. Seus estados e cidades compartilham como aspecto comum a condição de “almoxarifado do Brasil”. Parte relevante de sua produção está orien-

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O vice-presidente do Instituto Dialog, Sergio Marcondes, e o pesquisador de Meio Ambiente da Coppe/UFRJ, Emilio La Rovere, explicando ao poder público o modelo de desenvolvimento harmônico sustentável.

tada para interesses nacionais como a exportação de commodities ou a produção de energia para os estados do sul. São, em geral, atividades de baixo valor agregado e/ou alta proteção tributária, consequentemente, pouquíssimo capazes de reter riqueza localmente. E esta visão da Amazônia como objeto profícuo para o resto do país encontra raízes profundas em nossa história passando pela economia colonial de base extrativista do Grão-Pará, pelo ciclo da borracha e mais recentemente pelo plano de integração nacional do governo militar que cunhou a máxima “Para os homens sem terra do Nordeste as terras sem homem da Amazônia”. Esta condição, criada e historicamente consolidada nas políticas públicas nacionais, retira dos territórios amazônicos o componente mais primordial e originário de qualquer ciclo de desenvolvimento que são os recursos financeiros disponíveis na economia local, suprimindo a capacidade de criação e distribuição de riqueza e de investimento público e privado. Já ao observar as barreiras conjunturais, dentre muitas outras, cabe destacar a ausência histórica de consideração dos povos amazônicos nos processos de formulação da visão de desenvolvimento da Amazônia. Estas discussões têm ocorrido,

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em sua maioria, no âmbito federal e, não raramente, contam até com a participação de organizações internacionais, alijando as comunidades, e até entes políticos locais, da discussão definidora da “causa”, ignorando que serão eles os protagonistas do “efeito”. A ideia de desenvolvimento pressupõe a geração de valor público, manifestado na prática no acesso à infraestrutura e serviços, trabalho e renda, cultura e lazer, participação no processo democrático, uso equilibrado de recursos, inclusão social em todos os seus aspectos, entre outros. Para que os ciclos de valor público ocorram, é necessário haver condições estruturais - aquelas que são a matéria prima a ser utilizada e manuseada (recursos financeiros e leis) e condições conjunturais - aquelas que se configuram como ferramentas, técnicas por meio das quais transforma-se a matéria prima em produto final (formas de planejamento, governança e participação social, gestão de informação, execução de projetos, entre outros). É preciso ainda que, além de virtuosas em sua intenção e exequíveis em suas condições, as propostas de valor público sejam socialmente legítimas, legalmente autorizáveis e apropriadas pelo território em seu tecido constitutivo. Para as cidades amazônicas, podemos


FOTO CEDIDA POR CRISTINO MARTINS/AGÊNCIA PARÁ

Orla de Santarém, no Rio Tapajós (PA)

afirmar que a ideia de desenvolvimento é como uma virtude abstrata, uma vez que lhes falta a matéria prima e o ferramental para torná-la real. O Instituto Dialog e a ONU-Habitat assumiram este desafio e propuseram um caminho de solução que considera os aspectos estruturais e conjunturais do problema. A iniciativa está em curso, em caráter piloto, no estado do Pará e conta com frentes de política pública, governança compartilhada, financiamento e planejamento territorial. O projeto abrange iniciativas em todo o estado, com foco na região do Tapajós e região metropolitana de Belém, beneficiando diretamente mais de 3 milhões de pessoas. No âmbito das políticas públicas estão acontecendo diálogos estruturados com o governo do estado e atores locais e nacionais para proposição de leis que contemplem por um lado a criação de um instrumento formal de planejamento territorial - econômico, social e ambiental - com

metodologia inovadora, compreensiva e, sobretudo consistente nos dispositivos de participação social. Por outro, discute-se alternativas de qualificação do licenciamento ambiental aprimorando aspectos socioeconômicos e participação social. A iniciativa propõe a implantação de um sistema de governança compartilhada junto ao governo do estado do Pará estabelecendo instâncias formais de interação entre governo, comunidades locais, povos e comunidades tradicionais, iniciativa privada, entre outros. Estas instâncias participam do planejamento regional e acompanham sua execução, configurando-se como importante instrumento de participação e controle social. Por fim, há a modelagem de uma solução de financiamento constituída como um sistema de fundos, capaz de ordenar os investimentos públicos e privados otimizando o uso de recursos e atraindo novas fontes de financiamento. O projeto-piloto do Pará pretende,

Visita do Instituto ao terminal Terminal de Grãos Ponta da Montanha (PA), em setembro de 2016. Na época, a equipe estava estudando a região para a implementação do piloto do modelo de Desenvolvimento Harmônico Sustentável.

além de gerar resultados consistentes no estado, acumular aprendizado para inspirar um novo ciclo de políticas públicas em nível nacional. Mais informações sobre o Instituto Dialog : http://institutodialog.org/ Sergio Marcondes é vice-presidente do Instituto Dialog, centro de conhecimentos e desenvolvimento de políticas púbicas no Brasil. É formado em Gestão de Negócios pela Universidade Cândido Mendes, com MBA executivo em gestão de negócios pelo IBMEC-RJ e especialista em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral. Participou do International Programme on the Management of Sustainability pela Sustainability Challenge Foundation/Tilburg University, na Holanda e possui formação em Gestão Pública e Governança pela Harvard Kennedy School. Ao longo dos últimos 15 anos liderou projetos na área de consultoria em sustentabilidade corporativa e responsabilidade socioambiental, tendo atuado como gestor, consultor, facilitador e mediador de conflitos em projetos de grandes empresas no Brasil. Atua ainda como facilitador e professor, destacando-se trabalhos realizados junto ao Ministério do Meio Ambiente, PNUD, GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, Fundação Getúlio Vargas, Sustainability Challenge Foundation, Federação da Indústria do Estado do Ceará, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Governo do Estado do Pará.

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Estante

Carlos Franco – Editor de Plurale em revista

Empreendedorismo & Gestão de Negócios, por Marcus Quintella, Editora Synergia

O samba faz 100 anos, de Ivna Chedier Maluly, apoio do Conselho de Cidadania da Bélgica e do Luxemburgo

O conteúdo de “Empreendedorismo & Gestão de Negócios” (Editora Synergia) é uma seleção de artigos publicados e entrevistas concedidas por Marcus Quintella, professor da Fundação Getúlio Vargas e Colunista de Plurale, entre 2005 e 2016, em jornais, revistas e portais da Internet, sobre os temas empreendedorismo e práticas de gestão de negócios. Para compor esta obra, foram escolhidos 40 artigos que visam contribuir para a ampliação do conhecimento de pessoas que almejam entrar ou já atuam no fascinante, desafiador e arriscado mundo dos negócios. O livro está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo, composto por 16 artigos, trata exclusivamente do tema empreendedorismo, desde o seu panorama geral em nosso país, passando pelo empreendedorismo social e por dicas para investimentos em tempos de crise, terminando com um roteiro de dez passos para se abrir um negócio próprio. O segundo capítulo, com 13 artigos, passeia por tópicos de gestão de negócios, incluindo relevantes cálculos orientativos de matemática financeira e comercial. O terceiro e último capítulo contém 11 artigos e discorre sobre finanças pessoais, mostrando aos empreendedores e gestores a melhor maneira de comprar à vista ou a prazo, como planejar suas próprias aposentadorias, como calcular o ganho real de suas aplicações, entre outras orientações financeiras. Segundo o autor, a ideia de organizar o conteúdo deste livro foi motivada pelo desejo de reunir, no mesmo espaço, de forma organizada, todos os artigos publicados ao longo de pouco mais de dez anos, devidamente atualizados, para servir como um quadro referencial sobre empreendedorismo e atuar como um objeto estimulador de debates em salas de aula e alavancador de estudos mais avançados. Como complemento aos temas tratados neste livro, o site www.marcusquintella.com.br oferece ao leitor um vasto material para pesquisa, estudo e debates, que podem ser baixados gratuitamente. O link “Clipping” acumula notícias, reportagens, entrevistas e matérias relacionadas a empreendedorismo e gestão de negócios, publicadas em jornais, revistas e portais da Internet, com participação do autor desta obra. Nos demais links, o leitor pode encontrar artigos científicos, apostilas de finanças e vídeos educativos de entrevistas televisivas, não somente sobre os temas deste livro, mas também sobre outros assuntos de interesse do autor. A intenção desta iniciativa é contribuir com a educação continuada do leitor, prática tão relevante nesta era do conhecimento, e também estimular o crescimento permanente da cultura empreendedora e gestora do brasileiro, de um modo geral.

A jornalista e escritora infantil, Ivna Chedier Maluly, acaba de lançar o seu quarto livro infantil para crianças, na Embaixada do Brasil em Bruxelas. Em “O samba faz 100 anos”, a autora aborda o nascimento deste gênero musical considerado uma das maiores manifestações culturais populares brasileiras, conhecido e reconhecido mundialmente. Destinado às crianças a partir de seis anos, Ivna pontua, através de uma divertida conversa telefônica entre um menino e o samba, os marcos fundamentais sobre o nascimento do samba e como este evoluiu através dos anos. O leitor mirim terá, então, um panorama geral sobre a comemoração desta data. “O objetivo é poder discutir o tema plantando uma pequena sementinha nos conhecimentos gerais dos brasileirinhos que moram no exterior”, sublinha. Para fazer o texto, a autora tomou por base a música “Pelo Telefone” (de Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, e do jornalista Mauro de Almeida), datada de 1916, e considerada o primeiro samba gravado no Brasil (segundo os registros da Biblioteca Nacional), além do evento realizado pelo CCBL no ano passado dedicado inteiramente ao samba para crianças na Bélgica. As ilustrações do livro são do artista brasileiro residente em Bruxelas, Afrânio Fonseca de Paula, e são bonitas e alegres. Afrânio é formado em pintura pela Academia Real de Belas Artes de Bruxelas e tem importante trabalho em mosaicos. A impressão do livro “O samba faz cem anos” só pode acontecer com o apoio total do CCBL. “Mesmo com um orçamento reduzido, pudemos fazer uma pequena obra em formato A4 com 12 páginas”, explica Angela Cardoso, da Comissão de Cultura do CCBL. De acordo com Ivna, “o tema é amplo e não se esgota em apenas em algumas linhas, porém a ideia não foi fazer um manual sobre o samba, mas, sim, comemorar a data tão importante para os brasileiros”, conclui.

PLURALE EM REVISTA | Janeiro / Fevereiro 2017 62 PLURALE P LURALEEM EMREVISTA REVISTA| |Janeiro Março / Fevereiro Abril 20162017 62 62

Voo cego, por Ivan Sant`Anna e Luciano Mangoni, Companhia das Letras, 200 págs, R$ 44,90 Em 25 de janeiro de 1990, o voo 52 da Avianca saiu do aeroporto El Dorado, em Bogotá, na Colômbia, com destino a Nova York. Era um dia de chuva, com nevoeiro e fortes ventos, o que tornava a aterrissagem do Boeing uma manobra perigosa. Junte-se a isso o intenso tráfego aéreo do JFK e a dificuldade de comunicação dos pilotos colombianos — que não falavam bem o inglês — com os controladores de voo norte-americanos. Depois de uma tentativa frustrada de pouso, inexplicáveis eventos alteraram a vida das 158 pessoas que estavam no avião. O acidente, que matou 73 pessoas e deixou 81 em estado grave, tornou-se emblemático nas escolas de aviação e passou a ser sistematicamente estudado com o intuito de evitar novas tragédias. Autor de três livros sobre desastres aéreos, em Voo cego Ivan Sant’Anna se uniu ao piloto Luciano Mangoni para reconstituir, passo a passo, a trajetória do AVA 052 até o momento da queda em Cove Neck, uma localidade residencial exclusiva do condado de Nassau, na Grande Nova York, a 35 quilômetros do aeroporto JFK. Os autores reconstituem o perfil dos passageiros, a maior parte fornada por colombianos, as condições do voo e da aeronave e narram a sucessão de erros que resultou na tragédia.


CINEMA

Verde

ISABEL CAPAVERDE

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

Festival na França apresenta cinema latino-americano

DiCaprio e o ativismo ambiental Não é de hoje que o ator Leonardo DiCaprio abraçou o ativismo ambiental. Sua mais recente ação é o documentário “Before the Flood” - dirigido por Fischer Stevens e produzido por Martin Scorcese - lançado no final do ano passado via internet pela National Geographic e que acompanha a trajetória de DiCaprio pelo mundo ao longo de três anos, discutindo com cientistas, políticos e ativistas o aquecimento global. O filme é focado nas alterações climáticas e no que se pode fazer para evitar suas consequências. O ativismo do ator já lhe rendeu o título de Mensageiro da Paz pela ONU.

Documentário revela a Reserva Extrativista de Cassurubá(BA) A Reserva Extrativista (Resex) de Cassurubá, unidade de conservação (UC) que protege 100 mil hectares do bioma Marinho Costeiro no sul da Bahia, lançou o documentário “Cuidando do meu lugar”. Idealizado pela equipe gestora da unidade e pelo diretor Jaco Galdino, artista local e membro do Conselho Deliberativo da Reserva, o documentário foi construído em parceria com a comunidade e contou com o apoio do Instituto IPÊ. O filme de 23 minutos está disponível no canal do ICMBio no You Tube. Basta acessar: https://www.youtube.com/watch?v=useyifCdAsg

Realizado na cidade de Toulouse, na França, entre os dias 17 a 26 de março, o Festival CineLatino aborda a diversidade e a riqueza do que é feito por aqui. São doze longas-metragens, sete documentários e oito curtas-metragens de ficção inéditos na França na competição de 2017. Toulouse é a cidade francesa onde a presença da comunidade latina é mais forte.

Polêmica envolvendo filme com cachorros A proteção animal ganha cada dia mais ativistas e mais força. Um vídeo divulgando possíveis maus tratos a cães no set do filme “Quatro vidas de um cachorro” gerou polêmica ao redor do mundo. Repercutiu tanto que provocou o cancelamento da pré-estreia, muitas explicações de seu diretor e produção, além de uma campanha para boicotar o filme. Atenção para o recado: animais não são brinquedos, são seres vivos e merecem ser tratados como tal.

Mostra Animal 2017 com inscrições abertas Falando neles, os animais, cineastas profissionais ou amadores, brasileiros ou estrangeiros, podem inscrever filmes de qualquer duração que abordem o respeito no relacionamento entre o ser humano e os animais. Sendo que nesta edição, os organizadores estão abrindo oportunidade para histórias em que o filme seja contado do ponto de vista dos animais. A chamada é para a VII Mostra Internacional de Cinema pelos Animais – Mostra Animal 2017 que acontece em Curitiba(PR). As inscrições vão até final de julho e o festival acontece em novembro.

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Pelas Empresas

O

ISABELLA ARARIPE

Participação do Grupo Boticário na COP13

Fórum de Negócios e Biodiversidade que aconteceu durante a COP13, realizado em dezembro/16, em Cancún, no México, recebeu importantes lideranças da sustentabilidade com o objetivo de compartilhar práticas e inspirar a adoção de novos comportamentos. Um exemplo é o diretor de Suprimentos do Grupo Boticário, Fábio Miguel, que falou as práticas para cadeia de suprimentos da empresa, cada dia mais adequada ambientalmente. Por exemplo, linha de Cuide-se Bem teve a embalagem substituída por plástico verde (parceria com o fornecedor Braskem). Outra parceria relevante foi para desenvolver um kit biocombustível para a frota de caminhões que realiza a distribuição dos produtos, tornando-os híbridos (circulam usando GNV e diesel). “Sabemos que a sustentabilidade traz benefícios estratégicos: gera vantagem competitiva, agrega valor, reduz impactos nos processos, e multiplica soluções ino-

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A diretora da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes, e o diretor de Suprimentos do Grupo Boticário, Fábio Miguel, participaram da COP13

vadoras. Promover a troca de informações e experiências é, para nós, um motivo de grande orgulho porque sabemos que as atitudes positivas podem ser implementadas por todos, com excelentes resultados”, afirma Fabio Miguel, diretor de suprimentos do Grupo Boticário.

Além de Fábio, a diretora da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes, participou da COP13. Juntos, representaram o Grupo na assinatura de um compromisso de negócios que visa estimular a integração da biodiversidade nas práticas e gestão.

Coca-Cola Brasil anuncia nova estratégia que unifica as três versões de Coca-Cola A Coca-Cola Brasil apresentou no dia 16 de janeiro, em São Paulo, os detalhes da nova estratégia mundial de marca única Coca-Cola, que começou com a unificação da publicidade de todas as versões de Coca-Cola e agora tem seu ápice com a mudança das embalagens, novidade que chega ao Brasil este mês depois de estrear em 14 países. Estiveram presentes à coletiva Marcos de Quinto, vice-presidente executivo global e líder global de marketing (CMO) da Coca-Cola Company, e Henrique Braun, novo presidente da Coca-Cola Brasil. Dentro da estratégia, está também o aumento da presença das opções – Coca-Cola regular, zero açúcar e com Stevia e 50% menos açúcares – nos pontos de venda: a empresa anunciou um incremento de 50% na distribuição das três versões em todo o país. Os executivos afirmaram que o reposicionamento aumenta o foco sobre as versões com menos ou zero açúcar. “As novas embalagens das versões de Coca-

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De São Paulo

Marcos de Quinto, vice-presidente executivo global e líder global de marketing (CMO) da Coca-Cola Company, e Henrique Braun, novo presidente da Coca-Cola Brasil, anunciaram as mudanças em São Paulo

-Cola mudaram para responderem à estratégia de marca única que queremos seguir, não porque assim são mais bonitas. O vermelho no rótulo vai dar mais força e visibilidade às versões zero açúcar

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e com Stevia. Vai oferecer também mais opções ao consumidor, para que ele possa escolher tomar uma Coca-Cola com menos açúcar com o mesmo prazer do sabor original”, explicou De Quinto.


BRT lança o Projeto Biblioteca de Rua Do Rio de Janeiro

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Para celebrar o Dia do Leitor, que foi comemorado no último dia 7, o BRT Rio preparou uma surpresa para seus passageiros. Desde sábado, uma geladeira repleta de livros de diversos autores e temas foi colocada perto da catraca, do acesso principal do Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca. A ideia é simples: incentivar a leitura através do empréstimo gratuito de obras, que ficarão à disposição do público. Mas o espaço também tem a finalidade de receber doações. E para isso basta deixar um livro numa das prateleiras da geladeira. Não é preciso cadastro, nem marcar horário. O objetivo do projeto ‘Biblioteca de Rua’ é que o passageiro se interesse pelo livro, o leve para casa e o devolva, para que outra pessoa tenha acesso ao título. A ação foi idealizada pela professora Maria Lúcia Barbosa. Pedagoga, ela tinha como uma das suas metas na área de educação incentivar a prática da leitura em todas as faixas etárias.

Desde sua morte, o projeto é coordenado pelo seu marido, Denilson Henrique Cortes. Foi ele que cedeu a geladeira e os primeiros livros para a iniciativa do Consórcio. No terminal, circulam, por dia, 50 mil pessoas. A geladeira ficará por tempo indeterminado no Alvorada e estará aberta 24 horas, o que vai possibilitar que as retiradas e as doações ocorram até mesmo de madrugada. A partir da demanda dos passageiros, a biblioteca poderá se tornar itinerante. “Estou muito feliz por ter participado da inauguração desse projeto. O interessante dessa biblioteca é que ela vem para facilitar o acesso a uma literatura de qualidade. Então, venham, conheçam e interajam com as obras que ficarão à disposição de todos”, incentivou a jornalista e escritora de livros infantis Luciana Rosa. Ela aproveitou a visita e doou dois dos seus títulos ‘O Planeta está com febre’ e ‘História de terror no fundo do mar’, ambos da Zit Editora. Uma coleção de Plurale em revista também foi doada.

57% dos CEOs brasileiros preveem crescimento em 2017 De São Paulo

Os principais líderes empresariais brasileiros estão otimistas em relação ao crescimento de seus negócios: 57% deles acreditam que o faturamento irá se expandir nos próximos 12 meses. O percentual é quase o dobro dos 24% que previam expansão dos negócios em 2016 e 19 pontos percentuais maior do que a média entre os cerca de 1.400 CEOs entrevistados no mundo. Uma maioria ainda mais expressiva (79%) prevê crescimento de receita nos próximos três anos. Os CEOs brasileiros também demonstram mais otimismo quanto ao cenário global de negócios. Quase a metade (43%) prevê crescimento econômico em 2017, 14 pontos percentuais a mais do que a média global de líderes (29%) que compartilha a mesma previsão. Os resultados da 20ª Pesquisa Global com CEOs da PwC revelam um cenário positivo também globalmente. Cerca de 50% dos CEOs afirmam estar muito confiantes em relação ao aumento das receitas de suas empresas no médio prazo (três anos) e 38% têm essa mesma perspectiva já para este ano, ante 35% no ano passado.

Parceria do bem

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Uma parceria entre a Americanas. com e a Mattel do Brasil distribuiu 3.300 brinquedos para crianças no Nordeste atendidas pela ONG Amigos do Bem e para o projeto Espaço Esportivo e Cultural BM&FBOVESPA em Paraisópolis (SP), em dezembro de 2016. A doação é fruto de uma ação social realizada entre as empresas durante a última Black Friday. A cada item da seleção de brinquedos da Mattel do Brasil vendido pela Americanas.com, um novo brinquedo foi doado para as instituições. A ação de responsabilidade social faz parte do Programa de Sustentabilidade da Americanas.com.

A escritora Luciana Rosa visitou a biblioteca e doou dois dos seus títulos - ‘O Planeta está com febre’ e ‘História de terror no fundo do mar’, ambos da Zit Editora.

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I m a g e m FOTO DE ISADORA VAREJÃO MARINHO, WASHINGTON (EUA)

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repórter ISADORA VAREJÃO MARINHO cobriu, em janeiro, a Marcha das Mulheres contra o governo de Donald Trump em Washington, DC, logo após a posse do presidente republicano. “Foi emocionante”, conta. Esta foto mostra feministas históricas, como a ex-primeira-dama dos EUA, Eleanor Roosevelt, defensora dos Direitos Humanos, e a primeira mulher negra eleita para o Congresso americano Shirley Chisholm. Confira também outras fotos de Isadora e também sua entrevista exclusiva com a líder do Movimento em Washington, Briane Brutler, para o Portal AzMina, replicadas em Plurale em site.



Coca-Cola Brasil devolve para o meio ambiente o dobro de água que usa em suas fábricas. Este é o resultado do apoio a programas de restauração e conservação de bacias hidrográficas somado à eficiência e reúso nas fábricas. Ainda há muito a ser feito, mas você já pode ter certeza: cada vez que bebe um produto Coca-Cola Brasil, está escolhendo uma empresa comprometida com o uso responsável da água. Saiba mais em: cocacolabrasil.com.br

SUA SEDE MOVE A NOSSA.

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