AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE
YELLOWSTONE E ÁFRICA DO SUL: ECOTURISMO
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ALTA COSTURA VERDE
SEMINÁRIO 6 ANOS DE PLURALE REÚNE ESPECIALISTAS E LEITORES
FOTO DE LUCIANA TANCREDO/ BLUE STAR SPRINGS, PISCINA TERMAL NA UPPER GEYSER BASIN, PARQUE NACIONAL DE YELLOWSTONE (EUA)
ano sete | nº 38 | novembro / dezembro 2013 | R$ 10,00
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Editorial
Foto: Divulgação/ PCJ
PLURALE CONQUISTA MAIS UM PRÊMIO AO COMEMORAR SEIS ANOS, REALIZA SEMINÁRIO E REFORÇA AS EXPECTATIVAS PARA 2014 Por Sônia Araripe e Carlos Franco, Editores de Plurale em revista ada como a virada de um ano para outra para fazer uma espécie de balanço do que se foi e refletir sobre o que vem pela frente. Tem sido assim ao longo destes seis anos de trajetória de Plurale – projeto que já nasceu com formato multiplataforma, para revista, portal, mídias sociais e projetos especiais. Ao comemorarmos o aniversário de seis anos de Plurale, avaliamos que era hora de renovar os votos com os leitores e parceiros e ampliar o diálogo sempre intenso e franco: realizamos Seminário com foco nos desafios de praticar a Sustentabilidade em tempos hipermidiáticos. Tivemos a presença de parceiros e amigos ilustres, como os jornalistas André Trigueiro, Cláudia Cataldi e Elis Monteiro, os professores Patricia Almeida Ashley e Dario Menezes, Dorly Neto, da ONG Benfeitoria e as gestoras executivas de Sustentabilidade Claudia Jeunon (Invepar), Maria Eugênia
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Taborda (Itaú Unibanco), Márcia Vaz (Fetranspor) e Vivian MacKnight (Vale). Elas apresentaram cases de como praticar a sustentabilidade nestes novos tempos. Recebemos ainda a ótima notícia de que a Edição 32 de Plurale em revista, Especial Água, foi agraciada com o Prêmio Yara de Comunicação, concedido pelo Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH- PCJ), referência em gestão hidrográfica. Sônia Araripe recebeu o prêmio das mãos do Prefeito de Piracicaba (SP), Gabriel Ferrato, conforme registra a foto desta página. O evento marcou as comemorações dos 20 anos do CBHPCJ, os 10 anos do PCJ Federal e os cinco anos do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba-Jaguari (CBH-PJ). Esta edição é portanto, marco de conquistar muito especiais. Mostramos os melhores momentos do Seminário Plurale e ainda trazemos dois ensaios fotográficos genais: do Parque de Yellowstone, nos EUA,
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fruto de recente viagem de nossa editora de fotografia Luciana Tancredo e também um belo recorte da África do Sul, pelas mãos habilidosas e olhar atento da repórter especial Nícia Ribas, que esteve na terra natal de Nelson Mandela pouco antes dele partir. A jovem carioca talentosa Alexandra Castello nos apresenta a alta costura com preocupações sociais e ambientais e Raquel Ribeiro esteve em Adrelândia, refúgio lindo nas gerais de Minas. Lenina Mariano fala sobre agrofloresta e trazemos ainda artigos inéditos dos especialistas Armindo Teodósio, Christian Travassos e Marcos Rechtman. Sem falar nas colunas sempre especiais de Isabel Capaverde, Isabella Araripe e muito mais. Aproveitamos para desejar a você e toda a família um 2014 de muita paz e bem. Que cada um de nós possa ajudar a construir a migração para um mundo de economia de baixo carbono, mais justo e igualitário com ações individuais e conjuntas. Evoé!
LUCIANA TANCREDO
Conte xto
50. VIDA SELVAGEM PRESERVADA NO PARQUE NACIONAL DE YELLOWSTONE, POR LUCIANA TANCREDO
ECOTURISMO EECOTU NA ÁFRICA DO SUL, POR NÍCIAS RIBAS
33.
NÍCIA RIBAS
54. BAZAR ÉTICO
ESTANTE
ARTIGOS INÉDITOS
18 CASE SUSTENTÁVEL
20 PELO BRASIL
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LUCIANA TANCREDO
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22.
SEMINÁRIO 6 ANOS DE PLURALE REÚNE ESPECIALISTAS E LEITORES
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Quem faz
Cartas c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r Diretores Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter: http://twitter.com/pluraleemsite Comercial comercial@plurale.com.br Arte SeeDesign Marcos Gomes e Marcelo Tristão Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação
Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Geraldo Samor,
“A incorporação da abordagem dos fatos no prisma da transversalidade, um foco de Plurale em revista, é sempre um convite à reflexão sobre as questões do meio ambiente. Além de ultrapassar a barreira do sectarismo na cobertura dos temas a publicação acolhe as visões de distintas realidades regionais. Parabéns por esta abrangência tem dado fôlego para seis anos de vida da revista, e certamente assegura uma continuação por 60, até mais, pois a sociedade brasileira necessita de veículos da imprensa que avancem na comprovação da sua identidade complexa e desafiadora. Feliz Natal e um Ano Novo de prosperidade.” Deputado Federal Ariosto Holanda (PROS-CE), de Brasília, via email
Isabel Capaverde, Isabella Araripe (estagiária), Nícia Ribas, Paulo Lima
e Sérgio Lutz Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Alexandra Castello, Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (PUC-MG), Assessoria de Imprensa do CBVE, Christian Travassos, Cláudia Regina Dantas, Elisabeth Cattapan Reuter (Alemanha), Fabiano Ávila (Carboo Brasil), Jéssica Lipinski (Carbono Brasil), João Victor Araripe, Lenina Mariano (IPEMA), Lília Gianotti (Gesto Comunicação), Marcello Casal Jr (Agência Brasil), Marcos Rechtman, Maria Cristina Tordin (Embrapa Meio Ambiente), Raquel Ribeiro e Rosane Berkierman.
Impressa com tinta à base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda (CNPJ 04980792/0001-69) Impressão: WalPrint
Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 São Paulo | Alameda Barros, 122/152 CEP 01232-000 | Tel.: 0xx11-9231 0947 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista
“Sônia, Gostaríamos de parabenizá-la pelo empenho em nos proporcionar há seis anos a qualidade da Plurale. A defesa da sustentabilidade e da solidariedade também são temas sempre em pauta no nosso Teresiano. Que cada vez mais pessoas façam a mesma leitura sobre a importância de melhorarmos o mundo a partir dos sonhos compartilhados.” Glória Fátima do Nascimento, diretora do Colégio Teresiano, Gávea, Rio de Janeiro, por email “Sra. Sônia Araripe Venho por meio desta, acusar o recebimento da Edição de número 37 de Plurale em revista, V. Exa.teve a amabilidade de me enviar, que muito agradeço e que lerei com o maior prazer.” Embaixador de Portugal no Brasil, Sr. Francisco Ribeiro Telles, de Brasília, por email “Sônia, Gostei muito da resenha de Felipe Araripe sobre o novo livro da jornalista Miriam Leitão. Fiquei impressionada como relata sabe dividir o seu tempo reservando algum para a leitura. Coisa rara entre os jovens de hoje. Sucesso. Outra matéria, sobre o Norte de Portugal, de Maria Helena Malta, me fez retornar no tempo da terra em que nasci. Pinheiros , carvalhos, vinhedos e muito, mais são as lembranças da minha infância
na Aldeia da Cunha Baixa, pertencente ao Distrito de Viseu.” Maria Alice Lima, aposentada, Ipanema, Rio de Janeiro, por email “Plurale, em seus seis anos de vida, tem contribuído de modo significativo para a difusão de princípios e práticas corretas no tocante ao meio ambiente, temas sociais, sustentabilidade e casos bemsucedidos do universo corporativo nessas áreas. É um jornalismo de excelente nível a serviço do planeta!” Antoninho Marmo Trevisan, presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES), de São Paulo, por email “Querida Sônia e equipe da Plurale, Parabéns pelos seis anos de pioneirismo em divulgar a pluralidade de ideias inovadoras para a sustentabilidade. Com originalidade, a Plurale em revista retrata um Brasil diverso e abrangente, não apenas por sua biodiversidade, mas também por sua diversidade social e cultural. É muito bom fazer parte desta rede de leitura sustentável!.” Helen Pedroso, Gerente de Responsabilidade Social Corporativa do SESC-Rio “Cara Sônia, Acompanho todas as edições da Plurale, saúdo seu relevante trabalho em prol das ações ambientais. O ano de 2014 será fundamental para a implantação da PNRS(Política Nacional de Resíduos Sólidos), temos como desafio a erradicação dos lixões em todas as cidades brasileiras, mas, para que isso aconteça é necessário estruturar a reciclagem de vários segmentos, melhorar a logística reversa, para que chegue, finalmente, no então aterro sanitário somente os rejeitos em decomposição. Considero o apoio dos veículos de comunicação, engajados como é o caso de Plurale, fundamental para a conscientização, rumo ao cumprimento das etapas que a Lei nº 12 305/10 determina.” Deputado Federal Arnaldo Jardim (PPS), por email
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Entrevista
AUGUSTO DE
FRANCO, escritor e consultor
Redes em ebulição
Estudioso do tema alerta para o movimento que emerge em diferentes partes do planeta a partir de uma nova configuração da sociedade moderna e como as empresas estão se organizando para atuar em modelos menos hierarquizados
Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista Fotos de Cláudia Regina Dantas/ SESC-Rio, Divulgação
ão há dúvida que o movimento que eclodiu nas ruas em diferentes partes do planeta ainda urge estudos e teses. Também é mais do que claro ser necessário fazer esta análise com o “avião” ainda em movimento. Novos protestos surgiram, desta vem em Kiev, na capital da Ucrânia. Algumas empresas também não estão estáticas. Há uma nova configuração em curso voltada para uma arquitetura menos hierarquizada e mais descentralizada. Mas, afinal, o que está ocorrendo? É um movimento só com diferentes causas ou vários diferenciados? Que lições podem ser tiradas? Que sociedade nova é esta em ebulição? E as empresas, o que tem acontecido nas redes das empresas? De que forma este movimento corporativo pode afetar os negócios e a nova sociedade? Fizemos algumas destas perguntas para Augusto de Franco escritor, palestrante e consultor, um dos maiores especialistas do Brasil em redes.
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Carioca, filho de alpinista e dona de casa, o jovem aluno do Colégio Pedro II interessou-se pela Política desde cedo. Foi exilado em 1968 e só regressou ao Brasil em 1974. Profundo apreciador do saber, estudou Física, Filosofia e Mecânica Teórica. Participou ativamente de movimentos populares e militou na fundação do Partido dos Trabalhadores. Augusto de Franco foi da última geração de discípulos de Plínio Sussekind Rocha em Filosofia da Ciência na UFRJ. Pelas estradas da vida, acabou centrando foco nos últimos anos no estudo das mudanças provocadas pela nova Sociedade do Conhecimento. A primeira lição do entrevistado – logo de saída para os incautos ou apressados – é que não deve-se confundir o conceito maior de rede da visão imediatista e pessoal de redes sociais. “Rede sociais existem desde que existe sociedade humana. Facebook, Twitter e assemelhados são sites que podem servir como instrumentos para a articulação e animação de redes, mas o site
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da rede não é a rede. Rede é um padrão de organização, uma topologia do ambiente configurado pela interação”, explica. Outra conclusão a partir dos estudos e análise do consultor é que algumas empresas estão sim avançando na interação em redes, mudando hierarquias em uma nova estrutura organizacional. Mas é um movimento caótico, de idas e vindas. No entanto, irreversível até mesmo para sua sobrevivência em tempos hipermidiáticos. Augusto de Franco é criador e um dos netweavers da Escola-de-Redes - uma rede de pessoas dedicadas à investigação sobre redes sociais e à criação e transferência de tecnologias de netweaving. É autor de várias dezenas de livros e textos sobre desenvolvimento local, capital social, democracia e redes sociais. Vive em aviões, correndo de um lado para outro em palestras e consultorias. Plurale em revista conseguiu uma brecha nesta agenda concorridíssima para esta conversa compartilhada com leitores. Acompanhe os principais pontos da entrevista.
ENTREVISTA Plurale em revista- O senhor é considerado um dos maiores especialistas no Brasil no movimento netweaving technologies, ou seja, processos de redes em empresas. O que significa? Augusto de Franco - Na verdade, netweaving technologies é apenas um nome para designar processos de rede em empresas. Não é um movimento. É o resultado de anos de investigação de várias pessoas que estudam e experimentam redes sociais configuradas em ambientes hierárquicas (empresas e outras organizações da sociedade civil e do Estado). Plurale - Que bons exemplos citaria? Augusto de Franco - Não há um case, uma best practice, um exemplo a partir do qual se possa fazer benchmarking, porque é muito difícil perceber as pequenas, progressivas ou intermitentes, mudanças no grau de distribuição de uma organização hierárquica. O processo é sempre caótico, avança e recua e, não raro, organizações que seguiram no caminho de mais distribuição voltam atrás e se recentralizam, ou se hierarquizam mais. De um modo geral, todas as organizações estão ficando mais em rede distribuída, porque a sociedade está ficando cada vez mais em rede. Todavia, nenhuma empresa - ou outro tipo de organização - fará uma transi-
ção “acabada” (e, portanto, claramente identificável para servir de exemplo ou modelo) para um padrão de rede na integralidade da sua estrutura e do seu funcionamento. Mas, eis a questão: nenhuma organização, de qualquer tamanho, poderá evitar a aplicação, ou melhor, a realização, de processos de rede no seu interior e no seu ecossistema, se quiser aumentar suas chances de evitar o risco sistêmico - um risco de colapso ou morte por baixa interatividade (que se revela como queda simultânea de inovatividade e produtividade, mesmo em situações de alto crescimento - que ameaça todas as organizações hierárquicas em um mundo cada vez mais em rede). Na medida em que descobrem isso, as organizações começam a implantar processo de rede no seu ecossistema: não para ganhar mais e sim para durar mais. Plurale - Muitos ainda confundem redes com as redes sociais, como Facebook, Twitter, etc. Quais seriam as principais diferenças? Augusto de Franco - Rede sociais existem desde que existe sociedade humana. Porque redes sociais são pessoas interagindo por meio de qualquer tecnologia e não mídias, ferramentas tecnológicas. Facebook, Twitter e assemelhados são sites que podem servir como instrumentos para a articulação e animação de redes, mas o site da rede não é a rede. Rede é
em dezembro “deAgora 2013 tivemos as manifestações na Ucrânia (no dia 8 de dezembro cerca de 1 milhão de pessoas ocuparam a Praça da Independência e arredores em Kiev. Esta e outras manifestações foram swarmings (enxameamentos), uma fenomenologia da interação que ocorre em ambientes de alta interatividade, como os que estão se constelando na transição para uma sociedade-em-rede
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um padrão de organização, uma topologia do ambiente configurado pela interação. Pode-se fazer redes com qualquer mídia:
Protestos recentes em Kiev enfrentaram o poder local
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Entrevista Plurale - O Brasil enraizou ao longo dos anos uma estrutura de rede de hierarquias e “chefismos”. Herança do coronelismo, provavelmente. A nova estrutura de rede muda este desenho ou não? Que leitura o senhor faz? Augusto de Franco - Novamente é preciso esclarecer o que significa “o Brasil”. Se “o Brasil” for o Estado, então as estruturas que foram montadas são basicamente as que já existiam: o coronelismo continua, o patrimonialismo continua. Agora, se estivermos falando da socieFoto: Agência Brasil - Marcelo Camargo - ABr
conversas presenciais, sinais de fumaça, tambores, cartas, telefones etc. Plurale - O senhor diria que o Brasil está mesmo em transformação e que a nova arquitetura das redes tem contribuído neste sentido? Augusto de Franco - O Brasil e o mundo estão vivendo agora a emersão de uma sociedade-em-rede. Quando se fala o Brasil, entretanto, é preciso entender o que essa palavra significa. As redes sociais não têm nada a ver com as fronteiras que separam 193 Estados-Nações. Elas são sociais, não estatais, não nacionais.
Jovens manifestantes foram às ruas em várias cidades, como em São Paulo, em julho de 2013
Plurale - Ao longo de sua trajetória profissional e acadêmica o senhor conviveu com alguns dos principais nomes do Terceiro Setor, como D. Ruth Cardoso e Betinho. Quais seriam as lições e legados que eles lhe transmitiram? Augusto de Franco - Na verdade convivi com a Ruth - por mais de uma década - no Conselho da Comunidade Solidária e em outras organizações. Com o Betinho durante os anos de 1992-1995 - na Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Foram figuras notáveis. Não sei bem definir o que eles me transmitiram. Interagi com eles, o que foi um privilégio, como é um privilégio interagir com qualquer pessoa humana, pois todas as pessoas são importantes: as notáveis e as que não foram amplamente notadas.
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dade, muita coisa mudou. Mudou aqui como mudou em todo lugar. Não há uma distinção especial que se deva fazer em relação à nossa sociedade, que, na verdade, também não existe como “a sociedade”: são miríades de sociosferas. Plurale - O povo foi para as ruas protestar. Seja em países árabes, na Europa, nos EUA e no Brasil. Que leitura o senhor faz? Augusto de Franco - Minha leitura é a de quem estuda o novo metabolismo das redes distribuídas. As manifestações deste século 21 são típicas desse novo metabolismo. Foram resultados de uma nova fenomenologia da interação se manifestando. Assim foi, em 2011, no 14 de janeiro na Tunísia, no 2 de fevereiro no Iemen, no 11 de fevereiro no Egito (dia decisivo para a queda do ditador Mubarak), no 14 de fe-
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O Brasil e o mundo “estão vivendo agora a emersão de uma sociedade-em-rede. Quando se fala o Brasil, entretanto, é preciso entender o que essa palavra significa. As redes sociais não têm nada a ver com as fronteiras que separam 193 EstadosNações. Elas são sociais, não estatais, não nacionais
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vereiro no Bahrein, no 17 de fevereiro na Líbia, no 9 de março em Marrocos e no 18 de março na Síria. Assim também foi no 15M espanhol (que ficou conhecido como a manifestação dos indignados com a velha política, em maio de 2011 em Madri, espalhando-se para outras cidades). E ainda uma série de movimento do tipo Occupy inspirados pelo 17S (o Occupy Wall Street no Zucotti Park, em Nova York, em 17 de setembro de 2011). Em 2013 tivemos tivemos nova onda com o #DirenGezi na Turquia e com as manifestações de junho no Brasil (sobretudo as que ocorreram nos dias 17 e 18 de junho). E no memorável 30 de junho de 2013, no qual tivemos a maior manifestação da história, com 20 milhões (ou mais) de pessoas nas ruas e praças de várias cidades do Egito. Agora em dezembro de 2013 tivemos as manifestações na Ucrânia (no dia 8 de dezembro cerca de 1 milhão de pessoas ocuparam a Praça da Independência e arredores em Kiev (Ucrânia). Todas essas manifestações foram swarmings (enxameamentos), uma fenomenologia da interação que ocorre em ambientes de alta interatividade, como os que estão se constelando na transição para uma sociedade-em-rede.
ALUSA ENGENHARIA:
Gerando Energia Renovável
O GRUPO ALUSA ENGENHARIA, através da Greenluce Soluções Energéticas, está utilizando, pioneiramente, em alguns canteiros de obras, o novo sistema híbrido que produz energia solar e eólica ao mesmo tempo. Tecnologia de ponta a serviço da sustentabilidade. Saiba mais no site: www.greenluce.com.br.
Há 50 anos trabalhando em soluções em infraestrutura sustentável.
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/vamaislonge Serviço de Informação ao Cidadão - SIC: correios.com.br/acessoainformacao Fale Conosco: correios.com.br/falecomoscorreios. Ouvidoria: correios.com.br/ouvidoria correios.com.br/sustentabilidade
Os Correios têm um compromisso com o maior serviço de entrega do mundo: a natureza. Atitudes sustentáveis como a Coleta Seletiva Solidária, o EcoPostal, os veículos elétricos, e muitas outras, são atitudes dos Correios para preservar a natureza e permitir que ela continue fazendo seu trabalho. E, com o Sistema de Gestão Ambiental, o compromisso com o meio ambiente se tornou ainda maior e mais efetivo.
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Colunista Christian Travassos
IMPUNIDADE EM PROGRESSO
DEDICADO ÀS MEMÓRIAS DE BRAYAN CAPCHA, CINCO ANOS, ASSASSINADO EM 28 DE JUNHO DE 2013, AO CHORAR DURANTE ASSALTO À CASA DE SUA FAMÍLIA, EM SÃO PAULO (SP), E DE UMA BEBÊ DE SETE MESES, ESTUPRADA E MORTA EM 3 DE NOVEMBRO DE 2013, EM NOVA IGUAÇU (RJ).
tema não é novo, mas o noticiário em 2013 alertou-nos de modo particular sobre como a impunidade tornou-se transversal e crônica no país. O brasileiro acostumou-se a uma série de crimes impunes aparentemente desconexos. Violência e corrupção disseminaram-se de modo pouco plausível trinta anos atrás, mas a Justiça não acompanhou esse processo. Uns consideram que o amadurecimento institucional pós Constituição de 1988 e o trabalho do Ministério Público, somados às novas tecnologias, escancararam de maneira mais recorrente os casos. Outros apostam que hoje são mais comuns mesmo. Há ainda quem recorra às raízes do país, ao Brasil Colônia, para explicar esse quadro em pleno Séc. XXI. Prefiro o pragmatismo nessas horas. O problema está na nossa leniência, na morosidade em se atacar o intolerável. Na nossa impunidade em progresso, alimentada por morosidade da Justiça, incontáveis recursos e burocracia ineficiente. Na prática, a punição do delito depende menos da culpabilidade do transgressor do que de seu poder econômico, diretamente proporcional à competência de seus advogados e à ca-
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pacidade que estes terão de encontrar brechas por sua impunidade. Não é por outra razão que a transgressão prospera. Vivenciamos uma frequente tolerância com o delito. Uma leniência que insiste em nos consolar com algo como: “você sabe, a carne é fraca” ou “quem entre vós não tiver nenhum pecado, que atire a primeira pedra” ou ainda “se for prender este, tem que punir os outros também”. O problema é que tal condescendência produz efeitos devastadores para a sociedade brasileira. E para a economia. A corrupção, se nunca foi tímida em 500 anos, ganha hoje sofisticados mecanismos, sintonizada ao avanço econômico do país, que também realça o poder de políticos e servidores públicos. A indústria do desvio e da propina prospera na educação, na saúde, em projetos de infraestrutura, mas a punição de corruptos e corruptores não se dá em igual ritmo e intensidade. Não precisa já ter sido pai para saber que a educação de uma criança depende da definição de limites. Que é necessário estabelecer fronteiras para se formar um cidadão. Analogamente, seria natural punir um delito como sinal para a sociedade que se quer construir. No Brasil, não
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é bem assim. Um partido político da base do governo, responsável por um Ministério em que grassem desvios de recursos púbicos não sofre retaliação por parte do Executivo ao serem comprovadas irregularidades em sua pasta. Ora, “podia ser com qualquer um, com alguém do nosso partido”. E, na verdade, já foi. Essa frouxidão da Lei e a falta de punição também inibem o investimento no país. Empresas e investidores internacionais balizam-se por normas e respeito a contratos. Um país onde há mudanças bruscas nas regras ou onde estas não são cumpridas tem muito mais dificuldades em atrair recursos. Em termos de impunidade, o Brasil inova. Tem representantes eleitos no atual Congresso que não são suspeitos de crimes, mas condenados por malversação de recursos públicos, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ainda assim, permanecem influentes no tabuleiro político nacional. O principal gargalo para o desenvolvimento do país hoje está na infraestrutura. Faltam estradas, ferrovias, portos, aeroportos ou, onde existem, sua capacidade e qualidade são sofríveis. No saneamento básico, o problema é histórico – e crônico. Entretanto, na execução de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, multiplicam-se casos de obras paradas, projetos que não saíram do papel, investimentos esvaídos pelo caminho. Não faltam recursos, mas sobram artifícios característicos do modus operandi nacional, uma burocracia redentora e misericordiosa. É que, não por acaso, as “falhas” acabam atribuídas a “deficiências técnicas” ao longo da execução dos projetos e ao rigor da legislação ambiental. Uma verdadeira cortina de fumaça. Na maior parte das vezes, o que se tem mesmo é má gestão do dinheiro público e prevaricação. E impunidade. O resultado? De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 43% das residências brasileiras ainda não têm rede de esgoto. Já segundo estudo da Confederação Nacional do Transporte – CNT, nos últimos 11 anos,
o Governo Federal deixou de investir mais de R$ 40 bilhões previstos em orçamento na expansão e na melhoria da malha rodoviária nacional, em um período no qual a frota dobrou. O levantamento analisou 100 mil quilômetros de estradas pelo país: mais de 60% apresentam buracos, desgaste e sinalização precária. O estudo também revela que a pista é de mão dupla em quase 90% das rodovias, o que aumenta o risco de acidentes. Em 40% destas, não há acostamento. Além disso, de cada três movimentações de carga, duas são feitas via transporte rodoviário. No estado com o incômodo título de campeão em acidentes de trânsito do país, Minas Gerais, o número de mortes nas estradas cresceu 80% entre 2000 e 2010, segundo estudo do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos. Na contramão, os processos relacionados a crimes de trânsito no estado não acompanharam a velocidade nas vias. Em 2012, foram registrados 8.443 novos processos em Minas, enquanto 6.786 passaram por julgamento. O problema é que o universo de processos alcançou 44.630 no mesmo período, o que transforma os julgados no ano passado em apenas 15% do total. Faltam fiscalização, promotores e juízes, mas não brechas para a combinação fatal entre imprudência, álcool e estradas mal conservadas. Na Segurança Pública, levantamento do site Contas Abertas revela que, dos R$ 3,1 bilhões previstos no orçamento de 2012, apenas R$ 738 milhões (23,8%) foram aplicados pelo Governo Federal. Enquanto isso, no mesmo ano, 47.136 pessoas foram assassinadas no país, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Desse total, apenas 8% dos casos serão solucionados e terão o(s) autor(es) punido(s), de acordo com estimativa do próprio Ministério da Justiça. Foram 24,3 homicídios por grupo de 100 mil habitantes, um aumento de 7,8% em relação a 2011. O número de estupros, por sua vez, foi ainda maior: 50.617 ou 26,1 por grupo de 100 mil habitantes – 18,2% acima do registrado no ano anterior. O brasileiro acostumou-se a custear uma máquina estatal pesada e ineficiente. E, por incrível que pareça, em muitos casos, enxerga o serviço público como um favor a ser recebido, uma espécie de moeda de troca ao sabor do calendário eleitoral. A prestação de serviços públicos é cara
e deixa a desejar, mas parte da população entende isso como natural, enquanto vê nas eleições a oportunidade de ocupar um lugar do outro lado do balcão. Ademais, para uma parcela considerável da população, reclamar por seus direitos não compensa, beira a falta de educação. E esse quadro crítico não é algo restrito a rincões. Basta observar a dinâmica urbana das metrópoles brasileiras. Posso falar sobre o Rio, onde nasci e vivo há 37 anos. Casos de má gestão de recursos públicos, corrupção, clientelismo e barbaridades no trânsito que passam impunes são frequentes. Nos últimos anos, estupros e crimes hediondos, inclusive contra menores, também ganharam uma frequência inimaginável. Ainda assim, há cariocas que não registram queixa em delegacias porque não acreditam no processo de investigação. E, quando o criminoso é preso pela polícia, muitos pensam: “ah, agora é que ele vai ver o tratamento que vai receber na cadeia”. Justiça babilônica. Na cidade em fase de preparação para sediar Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, a rotina é permeada por cenas de avanço de sinal (semáforo), vandalismo em equipamentos públicos, descarte de lixo nas calçadas – que passou a ser punido com multa -, taxistas que urinam sem cerimônia pelas ruas e motoristas que trafegam pelo acostamento. O que é público não é de ninguém. Se o leitor já precisou usar um banheiro público no Rio – ou em qualquer cidade brasileira -, entende bem o que isso significa. Ora, se uma série de crimes bárbaros passa impune, imagine um punhado de pequenas infrações. Se o próprio governo é capaz de erguer um estádio de futebol – Olímpico João Havelange – a um custo de R$ 380 milhões, que precisa ser fechado poucos anos depois, pelo risco de a cobertura desabar sobre o público, e nada acontece com os responsáveis pela construção, o que exigir do cidadão comum? O cenário às vezes ganha contornos tragicômicos. Em outubro de 2013, seis vigas de sustentação usadas em grandes viadutos evaporaram de um depósito da Concessionária Porto Novo, subsidiária responsável pela revitalização da Zona Portuária carioca. Avaliadas em R$ 1,44 milhão, as estruturas medem 40 metros e pesam 20 toneladas cada uma. O meio ambiente também sofre com impunidade, práticas arcaicas e leis que
não pegam no Brasil. A lógica de remediar frente aos cada vez mais frequentes efeitos da mudança climática – em lugar da prevenção, mais eficiente e menos custosa – é acompanhada por incontáveis recursos judiciais a proteger responsáveis por crimes ambientais. Ambientalistas são assassinados e grandes áreas, desmatadas, sem que os responsáveis sofram punição. Ademais, a estratégia de remediar serve também a interesses escusos. É que em Estado de Emergência ou Calamidade Pública, as prefeituras têm maior liberdade na contratação de serviços sem licitação. Diante da barbárie nossa de cada dia, proliferou na Web neste ano campanha contra o turismo no Brasil. Pelas redes sociais, o autor (anônimo) de Don’t go to Brazil afirma que “Lá, o crime é livre e tem total suporte do governo. Os menores de 16 anos têm passe livre para todo tipo de crime. A Justiça do país não tem lei para os crimes cruéis de morte e estupro em transporte público.” Hora de repensar tamanha tolerância para com um sem número de desmandos e atrocidades. Ou será que estuprar pacientes em UTI, queimar dentistas após assaltá-los e “atropelar, matar, roubar e fugir” serão incorporados de vez ao dia a dia do brasileiro? Esses e outros casos bárbaros ganharam evidência preocupante no noticiário de 2013. Assim como desvios de recursos públicos destinados a hospitais e merenda escolar, vandalismos os mais diversos, assassinatos a sangue frio e estupros seguidos de morte – inclusive de crianças e bebês. A gravidade e frequência com que se dão casos chocantes no Brasil hoje parecem ter anestesiado a capacidade de reação das pessoas, posto que contam com leniência e passividade da Justiça e de mandatários do Estado para ganharem incomum status de rotina. A maior parte das análises sobre as manifestações populares que tomaram o país em junho de 2013 apostou que o “Gigante acordou”. E já não era sem tempo. Ao espreguiçar, impediu que a Proposta de Emenda Constitucional – PEC 37, que limitaria o poder de investigação do Ministério Público, prosperasse. Vejamos o que fará quando se (re)erguer desse sono profundo. Christian Travassos, economista e mestre em Ciências Sociais (CPDA/UFRRJ)
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ESTUDO DE CASO
O PENTÁGONO DA SUSTENTABILIDADE
MARCOS RECHTMAN (*) ma visão holística, que respeita os três pilares da Sustentabilidade (econômico, social e ambiental), foi proposta por 240 empresas que se candidataram através da inscrição de CASOS EMPRESARIAIS , ao Prêmio IBEF de Sustentabilidade ao longo dos últimos 3 anos ,tendo como respaldo técnico e prático, a obra Avaliação de Investimentos Sustentáveis. Como resultado, foram consideradas VENCEDORAS as seguintes organizações: Em 2011, Canal Futura em Valorização, PREVI em Gestão, CPFL em Governança, Confederação Brasileira de Voleibol em Administração de Conflitos e Pão de Açúcar em Estrutura da Operação. Em 2012, João Fortes em Valorização, Instituto Vital Brazil em Gestão, INFRAPREV em Governança e IBM em Administração de Conflitos e Karsten em Estrutura da Operação. Em 2013,Correios e Reserva Real em Valorização, Sá Cavalcanti e i9 em Gestão, Votorantim Industrial e E-AMBIENTAL em Governança e Petrobras Distribuidora e AgroTools na categoria Administração de Conflitos e Grupo segurador Banco do Brasil MAPFRE e Saúde Criança na categoria Estrutura da Operação. Cada vértice do pentágono é composto por uma série de indicadores quantitativos e não somente qualitativos. Inclusive, muitas vezes se tratam de indicadores reconhecidos internacionalmente, citados em teorias clássicas, e que foram cuidadosamente organizados com uma cadência adequada para atingir o objetivo de avaliar investimentos sustentáveis. Assim, o prêmio também
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serviu para tornar a demonstrar a adequação do método para toda sorte de empreendimento. Independente do seu porte financeiro ou setor de atuação, organizações se beneficiam da ampliação do olhar para a sustentabilidade. O tripé da sustentabilidade deve ser visto sob todos os prismas na ordem mais adequada para a própria organização. Por exemplo, uma organização social tem como pressuposto a missão de contribuir para o desenvolvimento humano. Porém, para ser viável e sustentável, deve se estabelecer sobre alicerces econômicos sólidos sem prejudicar o uso dos recursos naturais para as futuras gerações. No mesmo sentido, uma empresa privada trabalha com a ótica lucrativa, mas não alcançará a sustentabilidade se deixar de atender as demandas fundamentais de todos os seus públicos e não projetar a forma menos comprometedora de operar respeitando a dignidade das futuras gerações.
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O pentágono da sustentabilidade é formado por cinco vértices: análise de investimentos, gestão, governança, administração de conflitos e estrutura da operação. Essas cinco variáveis funcionando bem, ao longo prazo, levam as organizações a se perpetuarem. São organizações que conciliam a viabilidade financeira com o máximo atendimento dos requisitos de responsabilidade socioambiental. Se organização de vida longa é reconhecida como sustentável, consequentemente, também é valorizada por seu público. Hoje já são as “queridinhas” dos entusiastas da sustentabilidade, mas também são preferidas pelos investidores e cada dia mais são privilegiadas por clientes e consumidores conscientes. Estes são os maiores benefícios diretos que podem ser apontados quando as organizações se esmeram no seu desenvolvimento sustentável. O primeiro vértice da Metodologia do Pentágono faz a análise do investi-
mento. É o potencial de valorização do negócio que é auferido. Negócio, neste contexto, tem um significado amplo, simbolizando o escopo ou o objeto principal das atividades da instituição. Por isto, a análise sob este aspecto é válida tanto para a esfera privada ou quanto para a esfera pública. Perguntas diretas são realizadas para conduzir esta avaliação,. envolvendo aferir o grau de competividade de uma organização ao longo do tempo A empresa que hoje mais nos chama a atenção neste aspecto são os Correios. Por sempre ter se posicionado como uma empresa de logística, a era digital não abalou o valor de suas atividades. As inovações tecnológicas foram bem apropriadas e sua oferta de produtos e serviços são atuais e competitivas até hoje. Foi um dos destaques do Premio IBEF de Sustentabilidade . No vértice de gestão, adota-se a metodologia chamada Nova Estrutura. O objetivo é evidenciar a capacidade técnica dos executivos bem como sua rapidez em fornecer decisões rápidas e acertadas. Assim, pode-se determinar a possibilidade ou não dos executivos adicionarem valor à empresa, realizando o plano proposto e alcançando as metas acordadas. Vale destacar o Grupo Sá Cavalcante. Nasceu como uma empresa familiar de pequeno porte, mas incorporou estratégias de gestão profissionais, justas e objetivas que levaram ao seu crescimento e fortalecimento exponencial em poucos anos. Sua missão não está relacionada ao lucro, mas ao desenvolvimento humano. Uma visão holística, um foco local e um pensamento global que mereceu todas as honras recebidas com o prêmio de sustentabilidade. A avaliação do nível de Governança de uma empresa assegura sua perpetuidade em função do cumprimento dos seis princípios básicos: Equidade, Transparência, Prestação de Contas, Ética, Cumprimento das Leis e Responsabilidade Socioambiental. São princípios que sempre foram usados para sustentar atividades de toda natureza com objetivando o melhor desempenho por mais tempo. Por um tempo, foram relegadas ao segundo plano no chamado capitalismo selvagem, sendo necessária a retomada do seu valor nos negócios e a sua codificação por meio de inúmeras
teorias que dizem respeito à nova economia mundial. A ética, por exemplo, foi tema favorito de Aristóteles na Grécia Antiga. Transparência nada mais é do que agir com a verdade. Cumprir as leis nada mais é do que correto. E se apropriar da sua responsabilidade ou função social não deixa de ser um caminho de consciência e humanidade. A CPFL impressiona em atuação neste sentido, com absoluta consistência e perenidade. O quarto vértice do pentágono é a Administração de Conflitos. Neste vértice do pentágono adota-se a metodologia da Diplomacia Corporativa para administrar conflitos de interesses. Em suma, tratase de identificar os ganhos mútuos a serem obtidos pelas partes evitando-se situações de impasses e propondo soluções.
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Em decorrência, hoje as organizações passam a dispor da possibilidade de conciliar sua viabilidade financeira com o máximo de atendimento das sua demandas sociais e ambientais
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Outro aspecto deste vértice é que os empreendedores devem compreender e aceitar que os conflitos de interesses são intrínsecos a qualquer operação. Portanto, ao invés de negados ou encobertos, devem ser tratados com devida importância e cuidado, evitando impasses que atrapalhem o desenvolvimento global que é o objetivo final de todos os interessados. Neste ponto, destaque para a IBM Brasil. A estrutura da operação talvez seja o aspecto mais difícil sob o ponto de vista cultural para as organizações nacionais. É o conjunto formado pelos documentos que dão a garantia aos envolvidos que uma determinada negociação será implementada da forma que foi combinada. Normalmente, envolve acordos, estatutos sociais, contratos e outras formalidades que asseguram a continuidade dos negócios dentro de um ambiente institucional confiável.
A estrutura da operação também contribui para composição das diferenças entre partes interessadas no negócio sobre óticas diferentes. Ela leva confiabilidade de que a estruturação levou em conta o melhor resultado possível para os envolvidos e uma operação viável, sólida e perene. Por isto, a estrutura da operação do Grupo Pão de Açúcar mereceu destaque especial neste vértice. Podemos dizer que a maior novidade que se defrontaram as empresas que se candidataram ao Prêmio IBEF de Sustentabilidade, foi atentar para a Metodologia do Pentágono, que através de parâmetros objetivos, torna possível estabelecer o nível de sustentabilidade de cada organização. Em decorrência, hoje as organizações passam a dispor da possibilidade de conciliar sua viabilidade financeira com o máximo de atendimento das sua demandas sociais e ambientais. Adicionalmente, a Metodologia do Pentágono fornece subsídios para as organizações a nível de avaliação de performance, uma vez que monitoram as metas departamentais e podem balizar consultas públicas, comprovar capacidade de fornecimento de serviços para o governo ou para recebimento de créditos e incentivos públicos. Por fim, um leitor com sensibilidade crítica e apreciador de discursos coerentes, poderia atentar que a Metodologia do Pentágono, também é perene e, portanto, sustentável em razão de três características principais. A primeira, por conter indicadores quantitativos e objetivos e não só qualitativos e subjetivos, como muitas avaliações sobre sustentabilidade costumam se apresentar. Segundo, em decorrência da sua aplicação em uma amostra significativa de 120 empresas que concorreram ao Prêmio IBEF de Sustentabilidade. Por fim, a terceira diz respeito a obediência de princípios universais e atemporais, uma vez que se apoiam na premissa de que somente com geração interna de recursos financeiros é que as demandas sociais e ambientais podem ser atendidas pelas organizações ao longo do tempo. (*) Marcos Rechtman é fundador e sócio da Consultoria Sustentabilidade
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Frases
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“Não precisamos de mais leis e normas, mas de melhores leis e normas antenadas com o nosso tempo “futuro atual” Patricia Almeida Ashley “Ou a gente muda, confiando naquilo que a gente acredita e sabe que a gente pode ajudar a mudar ou a gente se acovarda, se mediocriza e faz o business as usual ” André Trigueiro
“As ONGs são, acima de tudo, grandes porta-vozes da sociedade moderna” Dario Menezes
“É possível fazer um jogo no qual todos ganham. Se um ganha e o outro perde, não é sustentável. Nos EUA, tem o crowdfunding, aqui virou financiamento coletivo. O nosso é benfeitoria.” Dorly Neto, da ONG Benfeitoria
“O universo das mídias digitais é de cada um de nós”
Elis Monteiro
“ A mídia sustentável pode trabalhar em rede. É bom que mais gente trabalhe em rede trazendo à tona informações de boa qualidade” Sônia Araripe, Editora de Plurale
“Plurale tem feito um trabalho espetacular ao longo destes seis anos ajudando a ampliar e qualificar o diálogo e na migração para uma nova sociedade” Aspásia Camargo, deputada estadual (PV-RJ) 25
Seminário 6 anos
anos Evento realizado no dia 28 de novembro de 2013 na sede da Apimec - Rio
Primeira roda de diálogo sobre Sustentabilidade em tempos hipermidiáticos reuniu Dorly Neto, fundador da Benfeitoria (primeiro à esquerda); Professora Patricia Almeida Ashley, da UFF, a jornalista Sônia Araripe, Editora de Plurale e a jornalista Elis Monteiro, especialista em Mídias Sociais.
Os palestrantes Elis Monteiro, Dorly Neto e Professor Dario Menezes, da ESPM-Rio e IBMEC.
A jornalista Cláudia Cataldi, especialista em Terceiro Setor, da Rádio Tupi e O Fluminense, abriu o evento
Representantes do Terceiro Setor prestigiaram o Seminário, como Thereza Lobo, coordenadora da ONG Rio como Vamos e Cristiano Camernan, da ONG Campo
A deputada estadual Aspásia Camargo (PV) fez questão de levar o seu abraço para a jornalista Sônia Araripe e equipe de Plurale pelos seis anos de conquistas
O seminário foi realizado no auditório da APIMEC-RIO, contando com as presenças de Gilberto Esmeraldo, assessor da presidência e Carlos Antônio Magalhães, presidente da APIMEC-RIO.
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FOTOS:
LUCIANA TANCREDO, DE PLURALE EM REVISTA
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A leitora Nair, que acompanha Plurale desde o número 1, confere o material de apoio. Ela elogiou a pasta confeccionada de material reciclado de banners pela ONG carioca Temquemqueira especialmente para Plurale.
Presenças da publicitária Patrícia Lima, o analista de investimentos André Simões (representando a família de Sérgio Vieira de Mello) e a ecologista Fernanda Cubiaco.
Público atento de especialistas, leitores, comunicadores e executivos lotou o auditório da APIMEC-RIO.
A apresentação dos Cases Empresariais foi feita por mulheres sustentáveis (da esq para a dir): Cláudia Jeunon (Instituto Invepar), Vivian MacKnight (Vale), Márcia Vaz (Fetranspor) e Maria Eugênia Taborda (Itaú Unibanco).
Encontro executivo: os consultores José Luiz Farani e Marcos Rechtman, o Professor Luiz Carlos Ewald e Oswaldo Mário Azevedo, do Conselho do Sindicato das Seguradoras do Rio.
Coffee Break servido no evento
Outra autoridade presente ao Seminário Plurale foi a Diretora-Geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, Marília Carvalho de Melo..
Encontro de velhos amigos: Márcia Vaz (Fetranspor), Sandro Rego (O Boticário), Fernando Thompson (Transpetro), Lyz Figueiredo e Renata Mondelo (Dimensione).
Estante Especial Natal
C CUIDADO E SUSTENTABILIDADE, De Alda Marina de Campos Melo, Tânia dda Silva Pereira e Guilherme de Oliveira, EEditora Atlas, 448 págs, R$ 89,00 O Brasil vem vivenciando transformações socioeconômicas significativas m nas n duas últimas décadas. A economia cresceu, o mercado se sofisticou, a c disparidade d social vem diminuindo, mas ainda i d d demanda d avanços em áreas importantes, como educação, infraestrutura e mercado de trabalho. Prova desse atual momento socioeconômico ocorreu em junho de 2013, quando eclodiram manifestações populares diversas. Ficou clara a demanda por soluções que ponderem os interesses de todos, das gerações presentes e futuras. Os textos enfocam principalmente o valor das pessoas, mas destacam também a “ecologia da família”, as “estruturas intermédias” esquecidas – o bairro, a igreja, as associações locais. O livro é, finalmente, sobre a necessidade de viver in solidum, com a consciência de que cada um é parte de um mundo só e de que todos afetam cada um; sobre a responsabilidade mútua e total relativamente a todos os atos da vida; sobre, afinal, a solidariedade.
A AMAZÔNIA PÚBLICA, Da Agência Pública. Mais D iinformações: www.facebook.com/ aagenciapublica A Agência Pública acaba de lançar ç o seu primeiro livro-reportagem, em e São Paulo. “Amazônia Pública” é o resultado de seis meses de investigação, t realizadas entre julho e outubro de 2012, sobre como os investimentos na região amazônica têm afetado a vida dos moradores. A série de reportagens, realizadas por uma equipe de 14 jornalistas, publicadas através do site da Agência Pública, foi vencedora do Prêmio Jornalistas e Cia/ HSBC de Imprensa e Sustentabilidade e finalista do 7º Prêmio Allianz de Jornalismo. Entre os meses de julho e outubro de 2012, três equipes de repórteres da Agência percorreram três regiões amazônicas: o pólo de mineração em Marabá (PA); na bacia do Rio Tapajós; Porto Velho e as hidrelétricas do rio Madeira. Pioneira do Brasil, a Agência Pública aposta num modelo de jornalismo sem fins lucrativos para manter a independência.
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Carlos Franco - Editor de Plurale em revista
C COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL VVERDE: ECONOMIA, MARKETING E DIÁLOGO SOCIAL PARA A SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA, S De Eduardo Murad, Nemézio D Amaral Filho e Emmanoel Boff, A EEditora O livro “Comunicação Organizaccional Verde: economia, marketing e diálogo social para pa a sustentabilidade corporativa” acaba de ser lançado por Eduardo Murad, Coordenador Adjunto da área de Comunicação do Ibmec/RJ; Nemézio Amaral Filho, docente do Ibmec; e Emmanoel Boff, professor da UFF. A obra tem a proposta interdisciplinar inédita de, por meio da Economia, do Marketing e da Comunicação, lançar bases do crescimento corporativo sustentável utilizando do conceito de Comunicação Verde.
E ESCOLAS DE LÍDERES SUSTENTÁVEIS, D De Ricardo Voltolini, Editora D Campus/ Elsevier, 248 páginas, C R$ 59,90 R Os relatos e depoimentos inspiradores p dos 10 presidentes de grandes g corporações que adotaram ta estratégias inteligentes de envolvimento e educação de seus líderes para a sustentabilidade são o foco do novo livro de Ricardo Voltolini, “Escolas de Líderes Sustentáveis” (Campus-Elsevier), que foi lançado durante o evento anual da Plataforma Liderança Sustentável. A obra está estruturada em duas partes: a primeira mostra como as escolas de negócio estão preparando líderes capazes de gerar valor sustentável para empresas e promover a transição para uma economia verde. Também trata de como deveriam fazê-lo, considerando conceitos ascendentes como a transdisciplinaridade, o pensamento sistêmico, o aprender a ser e a educação experiencial. Com o apoio de pensadores provocativos como Edgar Morin, Peter Senge e Otto Scharmer, entre outros, e ainda recomendações contidas em documentos internacionais importantes como a Agenda 50+20, defende que essas escolas – e também os programas de treinamento corporativo - se submetam a um processo de revisão profunda de valores, propósitos, práticas e projeto pedagógico.
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Resumo de vídeos, fotos, apresentações e materiais sobre o Seminário podem ser acessados em: www.plurale.com.br
A Equipe Plurale agradece a presença de todos e o apoio de parceiros!
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Sebastião Jacinto Júnior/ Fiemg
P e lo B rasi l SIRSS - intenso diálogo sobre sustentabilidade Por Isabella Araripe, de Plurale em revista De Belo Horizonte O Seminário Internacional de Responsabilidade Social Empresarial e Sustentabilidade, SIRSS, debateu durante três dias em novembro o tema Indústria do Futuro – Crescimento com Sustentabilidade em Belo Horizonte, MG. Foram quase 40 palestras em 11 debates que trouxeram a tona a importância de aliar a sustentabilidade ao meio empresarial. Realizado desde 2000, o Seminário de Responsabilidade Social Empresarial e Sustentabilidade ampliou sua abrangência para internacional em 2003, passando a ser realizado nos anos ímpares em Belo Horizonte e nos anos pares no interior do estado, levando aos maiores polos de desenvolvimento de Minas Gerais, a reprodução temática do Seminário, garantindo com essa estratégia a ampla participação empresarial no compromisso pela sustentabilidade. Através dessa iniciativa, o Sistema Fiemg reafirmou o compromisso de liderar o processo de desenvolvimento da indústria mineira com a sua competitividade de forma coordenada com os princípios e valores da sustentabilidade. “A responsabilidade social é o melhor caminho para a concretização do desenvolvimento sustentável”, afirmou o vice-presidente da Fiemg, Sérgio Cavalieri, na abertura do evento. O diretor de sustentabilidade da Saatchi & Saatchi e autor do livro Estratégia e Sustentabilidade, Adam Werbach, foi o responsável pela Conferencia Magna do 9º Seminário Internacional de Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Adam Werbach, em sua apresentação, falou sobre a relação entre a sustentabilidade e as empresas. Segundo ele, sustentabilidade não é apenas a preservação ambiental. Na visão do especialista, é necessário também estar atento as tendências e inovações oferecidas e pensar na lucratividade a longo prazo. “Nós temos as ideias e intenções corretas, mas elas precisam ganhar formas, virarem realidade”, afirmou Werbach.
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Da esquerda para a direita: O professor Armindo Teodósio (Téo) modera a plenária 2 que contou com as presenças de Dane Smith, diretor da FSG; Cláudio Pádua, vice-presidente do Instituto IPÊ e Fernando Lorenz, diretor de Assuntos Corporativos da Arauco Na primeira plenária do SIRSS que teve como tema “A capacidade competitiva das empresas brasileiras frente ao atual ambiente de negócios”, Carlos Rossin da PwC Brasil afirmou que os impactos tem que ser levados em conta não só pelo lado ambiental, mas também pelo social. Segundo ele, não basta apenas você apresentar para uma empresa o quando de água você consumiu, e sim o impacto que isso causou. “Estratégia e sociedade – a relação entre responsabilidade social e competitividade” foi o tema da segunda plenária que teve como moderador o professor Armindo Teodósio (Téo), colunista de Plurale. Entre os palestrantes, Dane Smith, diretor da FSG, Cláudio Pádua, vice-presidente do Instituto IPÊ e Fernando Lorenz, diretor de Assuntos Corporativos da Arauco. Dane Smith falou sobre as diferenças entre valor compartilhado e responsabilidade social corporativa. Enquanto a motivação da responsabilidade social é a reputação coorporativa, a motivação do valor compartilhado é a vantagem comparativa. Segundo ele, valor compartilhado é elevar a competitividade da empresa e ao mesmo tempo melhorar as condições sociais e econômicas das comunidades em que atuam. “As empresas devem elevar sua competitividade e lucratividade quando ajudam
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a solucionar problemas sociais”, afirmou Dane Smith. Já na terceira plenária que tratou sobre o tema da “Economia verde: tendências e oportunidades de um novo mundo para os negócios”, Jasmin Eymery, gerente de desenvolvimento sustentável da General Eletric para América Latina, alertou que é preciso ir além de tecnologias quando o assunto é sustentabilidade. “Ainda é preciso ter políticas públicas progressivas, financiamento, mão de obra qualificada e demanda de mercado, conciliada com a educação do consumidor”, afirma. O tema da conferência de encerramento do Seminário foi “Cenários futuros: estamos prontos para criar um ambiente favorável à transformação?”. Um dos palestrantes foi o autor do livro The Triple Bottom Line, Andrew Savitz. Ele afirmou que a sustentabilidade é o ponto de intersecção entre os negócios e os interesses da sociedade. Andrew alertou que se não mudarmos agora, até 2050 teremos 2 bilhões de pessoas a mais no planeta e precisaremos de seis planetas como a Terra devido a quantidade de recursos naturais que gastamos. (*) A repórter viajou a convite da Organização do Evento.
Diálogo Jovem para melhorar mobilidade urbana no Rio fotos: Jorge dos Santos/ Divulgação- Fetranspor
Por Carolina Stanisci, Editora de 1PapoReto Saulo, Fábio e Leandro são jovens como outros quaisquer. Com uma diferença: quando pegam ônibus, conseguem reconhecer seu modelo, número de série, se tem novidades e como foi customizado pelas empresas. Enquanto outros meninos brincavam de carrinho, eles gostavam de construir miniaturas do coletivo usando caixas de pasta de dente. “Juntei mais de mil caixinhas em casa”, exagera Saulo. Cariocas, os três participaram no dia 3 de dezembro do encerramento do Diálogo Jovem, série de eventos promovida pela Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), no Casarão Ameno Resedá, no bairro do Catete. O evento se repetiu três vezes este ano reunindo jovens trabalhadores do sistema, “busólogos” como Saulo Scoponi, Fabio Ferreira e Leandro Vieira, empresários e estudantes da rede pública. Em comum: todos são usuários ou participam do sistema do outro lado do balcão. E, claro, como entrega o nome, muitos são jovens. Mídias sociais - A Fetranspor apostou no diálogo como ferramenta para incrementar o sistema do ponto de vista do jovem, pois acredita que o usuário com menos experiência enxerga coisas que os mais acostumados não veem com clareza. Divididos em pequenos grupos, eles apresentaram no encerramento várias propostas para que a mobilidade urbana no Rio de Janeiro melhore, como a valorização dos motoristas e o incentivo ao uso do sistema coletivo de transporte. Numa das apresentações mais interessantes, foram enumeradas sugestões de incentivo ao uso do transporte público. Como fazer a classe média largar o carro em casa? Fazendo propagandas, panfletagem, usando intensamente mídias sociais… Em outro grupo, um ponto importante: como valorizar o treinamento e a capacitação dos motoristas de ônibus? Como mostrar a eles que o treinamento não é punição? Foi citada uma pesquisa que aponta um caminho. A má remuneração não é o maior problema, perde para a falta de incentivo. Avaliados por bancas compostas por jornalistas, pessoal do terceiro setor,
Secretário Carlos Roberto Osório conversou com integrantes do Diálogo Jovem como a ONG Akatu, a Rio Eu Amo Eu Cuido e a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), eles receberam diversas sugestões de como aprimorar as propostas, em uma espécie de diálogo. Durante todo o evento, no qual estavam presentes empresários do setor de transporte, houve uma constante: reclamações do aumento do diesel anunciado pela Petrobras no fim de novembro ter sido maior que o da gasolina (8% contra 4%). Isso, disseram todos, acaba sendo uma diretriz que privilegia, mais uma vez, o transporte individual no País, ao lado de outras medidas, como isenção de IPI para compra de automóveis. BRT é espinha dorsal - O secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Carlos Roberto Osório, aprovou a oportunidade e respondeu a dúvidas dos jovens. A capital passa por uma série de obras que transtornam a vida de quem mora lá, todos sabem. O desafio da mobilidade, afirmou o secretário, “não poderá ser vencido sem a preferência pelo transporte público”. Osório lembrou que a redução do preço das passagens de ônibus, provocada pelas manifestações no primeiro semestre, teve um custo alto e que a gestão está “discutindo como avançar”. Indagado por um dos jovens sobre a eficácia da implosão da Perimetral (via elevada no centro do Rio), ele ressaltou que a obra não atendia mais a demanda. “A espinha dorsal (do sistema de transporte no Rio) será o BRT”, disse. Uma explicação. BRT é a sigla para Bus Rapid Transit – literalmente, trânsito rápido de ônibus, sistema em que os ônibus podem correr por canaletas ou vias elevadas. Curitiba foi a primeira capital a implantar o BRT, no final dos anos 70.
O professor Dario Menezes foi apresentado pela Gerente de RSE da Fetranspor Márcia Vaz Entre outros, estavam presentes no evento Lélis Marcos Teixeira, presidente da Fetranspor,, o jornalista Rodolfo Schneider, do Grupo Bandeirantes, Clarisse Linke, presidente do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento), e Ailton Brasiliense, presidente da ANTP. O Diálogo Jovem foi uma iniciativa da área de Responsabilidade Social da Fetranspor, coordenada por Márcia Vaz. 2º Fórum de Responsabilidade Social – No fim de novembro, a Fetranspor realizou outro evento, o 2º Fórum de Responsabilidade Social, no Salão de Eventos da Bolsa de Valores do Rio. O professor Dario Menezes, da ESPM-Rio e IBMEC falou sobre Perfomance Sustentável: reflexões, estratégias e reposicionamento das empresas perante os desafios da sustentabilidade. Dario Menezes chamou a atenção para a nova sociedade que emerge, com novos stakeholders, em um contexto de consumidores mais exigentes, que desconfiam que as empresas estariam desconectadas da sociedade e com forte mobilização da sociedade civil. Cerca de 100 representantes do sistema que forma a Fetranspor estiveram presentes e acompanharam também a apresentação do Case do Shopping Nova América do Grupo Ancar Ivanhoe, feita pelo Superintendente Carlos Martins. Ele mostrou os investimentos socioambientais no Shopping e no grupo nos últimos anos e destacou o papel relevante para aproximar-se das comunidades carentes próximas. Também o representante do Instituo Ethos, Tiago Cocco Liberatoni explicou a relevância dos Indicadores Ethos para mensurar e acompanhar melhor as ações de SER de empresas.
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P e lo B rasi l CBVE lança guia com cases e dicas para desenvolver programas de voluntariado empresarial É um verdadeiro panorama de como as empresas associadas ao CBVE estão desenvolvendo seus projetos”, afirma Wanda Engel, presidente do CBVE. Os cases são apresentados com fichas técnicas e exemplificam as diferentes formas de ocorrência, modalidades e estratégias envolvidas nos programas de voluntariado empresarial praticados hoje no Brasil e considerados referências. O leitor poderá encontrar exemplos de voluntariado empresarial das empresas Accenture, Atento, Banco Bradesco, Carrefour, Fundação Itaú Social, Fundação Telefônica Vivo, Gerdau, Grupo Fleury, Instituto C&A, Instituto Camargo Corrêa, Instituto HSBC Solidariedade, Instituto Unibanco, Itaipu Binacional, Light, Mondelz Brasil, Petrobras, PwC, Santander, Unimed-Rio, Vale, VLI e Wilson Sons. Além de orientar e inspirar empresas, o objetivo é construir conhecimento sobre como conceber um programa de voluntariado empresarial para se obter resultados relevantes. “Tais resultados devem estar focados prioritariamente
nos ganhos sociais, mas podem e devem visar, também, benefícios para os colaboradores voluntários e até para a própria empresa, orientando todo o processo, desde a concepção, até a implantação, monitoramento e avaliação de um programa de voluntariado empresarial”, afirma Wanda. Para obter a versão digital da publicação basta acessar o site www.cbve.org.br. A solicitação de um exemplar impresso, cuja tiragem é limitada, pode ser feita via e-mail de contato do site do CBVE. O CBVE reúne empresas, institutos e fundações empresariais com a missão de incentivar, qualificar, fortalecer e disseminar o voluntariado empresarial no Brasil. A pesquisa Perfil do Voluntariado Empresarial no Brasil, realizada pelo grupo a cada dois anos, revela que para 90% das empresas que praticam o voluntariado empresarial, os projetos de voluntariado melhoram a sua relação com a comunidade, e para 74% delas, aumenta o envolvimento dos funcionários com a empresa.
SESC-Rio realiza II Seminário Redes Comunitárias
opinião, representantes do poder público, líderes comunitários, e parceiros e participantes dos projetos Redes Comunitárias. O Sesc Rio vem há 12 anos promovendo o projeto Redes Comunitárias na suas Unidades Operacionais, distribuídas pelos Estado do Rio de Janeiro. Sua prática consiste em promover encontros mensais em suas Unidades Operacionais reunindo lideranças comunitárias, empreendedores sociais, voluntários e servidores do poder público num ambiente acolhimento, que promova trocas de informação e parcerias, dinamizando os fluxos de informação que, de outra forma, não seria
acessível ao público empreendedor das comunidades populares. A jornalista Sônia Araripe, Editora de Plurale modernou as rodas de diálogo que contaram com presenças ilustres como do jornalista Caco Barcellos, da Rede Globo; Wanda Engel (CBVE e Instituto Unibanco), Augusto de Franco, dentre outros.
DO CONCEITO À PRÁTICA
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O SESC-Rio realizou nos dias 3 e 4 de dezembro o II Seminário Redes Comunitárias na sede da unidade do SESC-Tijuca. O evento teve como objetivo o fortalecimento de organizações comunitárias de todo o Estado do Rio de Janeiro, debatendo e compartilhando assuntos sobre a cooperatividade e as articulações entre parceiros, mobilização social, tecnologias sociais, estabelecendo parcerias e a troca de experiências de instituições de diversas localidades. Estiveram presentes cerca de 400 pessoas de instituições, ONGs, representantes de empresas privadas, formadores de
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Cláudia Regina Dantas/ Divulgação
O Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE) acaba de lançar a publicação “ Volunt a r i ado Empresarial: do conceito à prática”, um material inédito para orientar i empresas a implantar i programas de voluntariado empresarial. A publicação traz a evolução do voluntariado no Brasil, conceitos e informações de como conceber um programa de voluntariado empresarial, incluindo formas de ocorrência, modalidades, estratégias e práticas inspiradoras, com mais de 20 cases de sucesso de empresas associadas ao CBVE. “Além dos conceitos e suas aplicabilidades, os casos de sucesso podem ser fontes de inspiração para outras empresas interessadas em desenvolver ou aprimorar um programa de voluntariado empresarial.
VOLUNTARIADO EMPRESARIAL:
Bazar ético
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Fotos de Cláudia Regina Dantas/ SESC-Rio, Divulgação
MULHERES PRODUTORAS DO RIO: REDE ESTIMULA TROCAS E PARCERIAS Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista
O Sesc-Rio, no II Seminário Redes Comunitárias realizado no Sesc Tiju dias 3 e 4 de dezembro, realizou uma Feira de Integração Tijuca, abr abrindo espaço para 18 instituições e projetos comunitários do Grande Rio e interior do Estado. Gilberto Fujimori, da Gerência de Responsabilidade Social Corporati do SESC-Rio explicou para Plurale que o projeto Redes Corativa mu munitárias realiza encontros mensais. “Todos têm oportunidade de se apr apresentar e anunciar o que oferece e o que procura. Quando todos se conhecem, num ambiente de relações de confiança, abre-se espaço para trocas e parcerias”, disse. Os encontros se renovam no contínuo interesse dos participantes há 12 anos. Em 2013 totalizou 90 encontros em diversas Unidades do Sesc. Ao longo do ano foi frequentado por 1.053 pessoas, sendo 627 Organizações Comunitárias, Instituições e Movimentos Sociais participaram dos encontros. Participantes de 615 comunidades diferentes estiveram presentes. Na Fe Feira de Integração conhecemos produtoras como as Arteiras, Morr da Casa Branca, na Tijuca, que produzem papel reciclado do Morro blo lindos e ainda reciclam caixas de leite transformadas em para blocos sacolinha de lembranças de aniversário. Artesãs de Teresópolis, reusacolinhas n nidas no Lar Tia Anastácia, que utilizam retalhos coloridos e restos de jean eans us jeans usados para criar lindas ecobags. Tudo isso e muito mais. Ana Sant antos, da Candeeiro Produção Cultural, da Comunidade do Grotão, Santos, Penh apresentou produtos diferenciados como mochila de pneu na Penha, reciclada peças de moda sustentável grafitadas e ainda cheiros da reciclada, Viv (by Bia Vergara) como saché para banhar o pé e mascara Terra Viva facial de argila. Em Duque de Caxias , no segundo sábado de cada re mês é realizada a Feira Cultural & Artesanal de Santa Cruz da Serra na Praça Bahia, próxima à passarela, com coisas lindas. E Amaro, Fri Nova Friburgo, também marcou presença no evento, como da Joana Artesana e YA Artesanato. Ar Artesanato
Contatos: Portal das Redes Comunitárias do SESC-Rio http://www.redescomunitarias.org.br/RedesComunitarias.asp Arteiras da Tijuca arteiras.papeltijuca@gmail.com ou pelo telefone (21) 2298 3717 Lar Tia Anastácia, do Rosário, Teresópolis lar@lartiaanastacia.org.br/ www.lartiaanastacia.org.br/ (21) 3642-0861 Candeeiro Produções – www.candeeiro.org – Tel (21) 2290 4311 Feira Cultural & Artesanal de Santa Cruz da Serra – Praça Bahia, próxima Feir à ppassarela, Duque de Caxias – 2º sábado de cada mês, das 10h às 18h culturaeartesanatacruzserra@gmail.com Joana Artesanato – Amparo – Nova Friburgo – (22) 2541-1250 YA Artesanato – Amparo – Nova Friburgo ybisadilson@hotmail.com – (22) 2541-1254
Estee espaço é de destinado à divulgação voluntária de produtos étnicos e de d comércio so solidário de empresas, cooperativas, instituições e ONGs.
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VIDA Saud á vel Essa tal felicidade
Cooperárvore lança nova coleção
O bem-estar de indivíduos é a principal meta a ser alcançada por algumas políticas públicas e ações de saúde, principalmente quando se trata da população idosa. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entrevistaram durante um ano idosos, com idade média de 69,5 anos, moradores da área urbana da cidade a fim de verificar como se estabelece essa ligação. Os resultados da pesquisa indicaram que a sensação de felicidade está positivamente associada a diversos indicadores de saúde. Segundo os estudiosos, os idosos que se sentem felizes por mais tempo são casados, trabalham, são ativos no lazer, ingerem bebidas alcóolicas ocasionalmente, consomem frutas, legumes e verduras todos os dias, não são obesos, apresentam um tempo de sono inferior a dez horas e dormem bem. As prevalências do sentimento de felicidade nas últimas quatro semanas anteriores a pesquisa foram: 35,4% todo o tempo, 41,8% a maior parte do tempo, 14,5% alguma parte do tempo, 7,2% pequena parte do tempo, e 0,01% nunca. Com o envelhecimento populacional aumentando a cada ano, ser feliz deve ser também uma prescrição sem idade.
Transformar cintos de segurança e tecidos automotivos em bolsas, chaveiros, jogos, nécessaires é a missão da Cooperárvore, cooperativa social que tem como principal matériaprima resíduos doados pela Fiat Automóveis e parceiros. Atualmente, cerca de 20 cooperados trabalham na concepção e produção da nova coleção “Brasileirice”, que acaba de ser lançada. O conceito da nova linha de produtos é baseado em estampas inspiradas nas regiões do Brasil, que valorizam a diversidade cultural. Os preços variam de R$ 10 a R$ 150. A Cooperárvore é uma iniciativa do programa Árvore da Vida, desenvolvido pela Fiat Automóveis em parceria com as ONGs Fundação AVSI e CDM, que promove, entre outras ações, a geração de trabalho e renda em Betim (MG). Desde 2006, mais de 17 toneladas de materiais já foram reutilizadas pela cooperativa. Em 2012, 21,5 mil peças foram vendidas, inclusive em outros estados, como resultado da participação em feiras e exposições fora de Minas. Para este ano, a expectativa é chegar a 30 mil, sobretudo pelo aquecimento das vendas de Natal.
Plantas medicinais e aromáticas como defensivos naturais Diversos estudos – como de pesquisadores da Embrapa- utilizando óleos essenciais e extratos provenientes de plantas medicinais, condimentares e aromáticas vem sendo realizados no controle de insetos e doenças de plantas, visando o desenvolvimento destes defensivos, o que representa mais uma opção na proteção das lavouras, principalmente no intuito de suprir as necessidades dos produtores de base ecológica e o desejo da sociedade em reduzir o uso/consumo de agrotóxicos. Resultados promissores são relatados no manejo de doenças e pragas em plantas cultivadas, tratamento de sementes, póscolheita e armazenamento de grãos e sementes. Folhas de louro (Laurus nobilis) e eucalipto (Eucaliptus spp.) são utilizadas para controlar caruncho (Callosobruchus sp.) em grãos e sementes de feijão, armazenados em recipientes fechados, como por exemplo garrafas PET. O pó das folhas e talos de alecrim-pimenta (Lippia sidoides) apresentam ação inibidora da oviposição do caruncho em feijão caupi. O óleo essencial de capim limão (Cymbopogon citratus) inibe a incidência de fungo de armazenamento (Aspergillus flavus) em sementes de milho, sendo esta atividade atribuída ao seu composto majoritário (citral), permanecendo ativo por até 210 dias após a aplicação.
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Apoio:
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Alimentos termogênicos são aliados para o verão O verão está aí e nessa época do ano muita gente está preocupada com a forma física do corpo para poder encarar os temidos biquínis e sungas. Uma boa dica para quem quer correr atrás do prejuízo é inserir no cardápio alimentos termogênicos. Segundo a nutricionista Danielle dos Santos Nascimento, do programa de educação nutricional Viva Melhor da Risa Restaurantes Empresariais, são alimentos que demandam maior gasto energético dentro do nosso organismo, acelerando nosso metabolismo e, consequentemente, reduzindo medidas. Segundo a nutricionista fazem parte do grupo de alimentos termogênicos as pimentas ardidas, gengibre, chá verde, café, pimenta do reino, guaraná, bebidas energéticas, entre outros. “A inclusão de qualquer um dos alimentos acima pode chegar a reduzir no mínimo de 2 a 4 cm de Circunferência Abdominal em 30 dias. Vale ressaltar que cada metabolismo responde de maneira personalizada e que essas medidas são estimadas. O ideal é que cada pessoa procure sempre acompanhamento nutricional para uma melhor indicação”, explica Danielle.Segundo a nutricionista fazem parte do grupo de alimentos termogênicos as pimentas ardidas, gengibre, chá verde, café, pimenta do reino, guaraná, bebidas energéticas, entre outros. “A inclusão de qualquer um dos alimentos acima pode chegar a reduzir no mínimo de 2 a 4 cm de Circunferência Abdominal em 30 dias. Vale ressaltar que cada metabolismo responde de maneira personalizada e que essas medidas são estimadas. O ideal é que cada pessoa procure sempre acompanhamento nutricional para uma melhor indicação”, explica Danielle.
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Cultura
Terra prometida
Texto e Fotos de Raquel Ribeiro Especial para Plurale em revista De Juiz de Fora (MG)
Andrelândia. Quem já viajou pelos interiores do Brasil sabe que “lândias” e “ópolis” recheiam os mapas. Mas essa Terra de André guarda muito mais que uma homenagem ao seu fundador. Lá funciona a sede de uma fundação forte e acolhedora, como seu povo
a simpática e bem conservada estrada qque liga g JJuiz de Fora a Caxambu, a saída para Andrelândia, na altura de Bom Jardim, nada promete. Ao contrário de povoados de interesse turístico até menor, não há uma única placa indicando cachoeiras, cons-truções históricas ou u pinturas rupestres. Parece que os moradores querem guardar a para si ar as vastas paisagens, ass riquezas arquitetônicas e sua pedra e mais edra preciosa: a Serra de Santo an nto Antônio e seu parque arqueológico. u ueológico.
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Entende-se: o verdadeiro mineiro esconde o ouro. Mas uma pequena equipe p q q p trabalha incansavelmentee para que a região rre iã ião ã apareça a
no mapa. Trata-se da Fundação Guairá, sonho que vem sendo realizado desde 1982. Sediada em um respeitável sobrado histórico no coração da cidadezinha, ela busca a inserção social pela arte, lutando há anos pela valorização da cultura local. Reconhecida como entidade de Utilidade Pública, nos âmbitos municipal, estadual e federal,
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tem seus projetos nas áreas da educação, cultura,, saúde,, economia rural, turismo e sustentabilidade ssustentab ntabbbili bililid illid liidaade de realizados com recursos da própria fundação, de d doações, convênios e parcerias com empresas e instituições – além de receber incentivos estabelecidos pela legislação. Com muita força de vontade, boas parcerias e fé no sonho de fazer acontecer são promovidas d ações como o Coral Guairá, a Sexta Cultural, paGua a lestras profissionalizantes, lestr r apresentações culturais e exapre e posições de arte; e são manpos si tidas tida as uma lojinha de artesanato o e, o mais importante, o Colégio Col é Guairá.
O nome da fundação, Guairá, “terra sem males” em tupi-guarani, evoca o cuidado com todos os seres e com a natureza; e sua sede, o sobrado Barão do Cabo Verde, construído em 1835, nos lembra da importância de preservar nossa arquitetura, nossa história e nossa cultura. E o colégio sintetiza esses dois princípios. Nascido com a proposta de revitalização do antigo colégio Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, fundado em 1931, conta com amplo espaço para a realização de suas atividades. “Queremos proporcionar um ensino de qualidade através de metodologias que valorizam a formação integral do ser humano e disseminam uma cultura de paz”, afirma Cida Salgado, gerente de Educação e Cultura. Com um corpo docente em constante capacitação, por meio do apoio da Escola Internacional Saci (de Juiz de Fora), o colégio segue o método Montessori da educação infantil do Maternal ao Nível II. Do Ensino Fundamental até o 9° ano, os alunos contam com disciplinas extracurriculares, como Educação Ambiental, e cursos de capacitação e técnicos em parceria com o IFET Sudeste/ MG- Campus Barbacena/MG. COMUNIDADE GUAIRÁ Segundo Angela Nette, gerente de Implantação do Polo Guairá, além das atividades da fundação, há grandes projetos a serem realizados em uma respeitável área de 250 hectares perto da cidade. Nessas terras de paisagem típica de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, doadas pela
família Machado (natural de Juiz de Fora), vislumbra-se a realização de um sonho: a implantação de uma comunidade baseada na educação e no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. O projeto Comunidade Guairá – que vem a ser o objetivo principal da entidade – prevê, em parceria com a Universidade Federal Juiz de Fora e Universidade Federal do Rio de Janeiro, a construção de um assentamento humano de caráter urbano na área rural, onde serão erguidos centros comunitários, centros de pesquisas, teatro, centro intermediário de assistência à saúde com práticas da medicina alternativa, templo ecumênico, centro educacional voltado para práticas sustentáveis, praças, áreas de plantio comunitário, áreas de esporte e lazer, além de moradias construídas com base nas técnicas de bioconstrução. Nessa área já foi construída a Pousada dos Querubins, um belo exemplo de primeiro passo para a longa jornada que se anuncia. Ali, bom gosto arquitetônico e o conforto da casa sede e dos chalés aliam-se ao delicado paisagismo. Com a proposta de impulsionar o turismo na região, a pousada oferece completo suporte para hospedagem, cursos, eventos empresariais e passeios ecológicos por trilhas e cachoeiras, visando contribuir para a sustentabilidade financeira da Fundação. “Além do turismo, a fundação desenvolve, desde 1993, projetos de parcerias para que pequenas comunidades rurais possam se tornar autossuficientes, com melhores
condições de vida, reduzindo o êxodo rural e contribuindo com novas tecnologias, valorizando os conhecimentos dos anciãos a fim de manter vivas as tradições locais”, conta Wendell Braga, gerente administrativo e
Acima: uma das belezas naturais de Andrelândia. Abaixo: Pousada dos Querubins, exemplo de bom gosto aliado e natureza.
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Cultura
coordenador voluntário dos Projetos Rurais. Uma das formas de trabalhar esse “pilar rural” é disponibilizar para famílias de descendentes de quilombolas e lavradores sem-terra áreas de cultivo e suporte técnico para plantio de lavouras de subsistência e renda. Hoje cerca de 20 famílias estão sendo beneficiadas diretamente. O resultado? Boa parte das verduras e legumes servidos no restaurante da pousada dos Querubins é orgânica, assim como os ovos e o leite. Também foram implantadas as atividades de apicultura e minhocultura. Vale visitar o grande composteiro, que dá fim nobre a todos os resíduos orgânicos gerados no lugar. A pousada fica a sete quilômetros do centro de Andrelândia e o caminho é um passeio agradável. Amplos horizontes e o desenho das montanhas evocando ondas nos remetem às Gerais dos viajantes e pesquisadores do século dezenove. Saint Exupéry por lá esteve e, muito, muito antes dele, povos que não conheciam nem a roda, nem a lâmina, mas deixaram seus vestígios. Entre os sítios arqueológicos descobertos na região há registros datados de 3.500 anos. São grafismos que se enquadram na Tradição São Francisco – sitio no norte de Minas, localizado a mais de mil quilômetros dali. O Abrigo da Toca do Índio, ponto mais visitado, guarda mais de 500 figuras geométricas e zoomorfas, dispostas ao longo de 40 metros de um paredão protegido da chuva e do vento. Sem placas, sem estrutura de parque, o acesso não é nada obvio. Conte, pois, com a equipe da pousada ou da fundação para contratar um guia e desvendar essa região ainda resguardada do turismo de massa. Ah, sim, caudalosas cachoeiras de água cor de ferrugem e poéticas paisagens estão incluídas no pacote.
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UM NACO DA HISTÓRIA DO BRASIL Terra de povo acolhedor e cioso de suas tradições, Andrelândia cultiva os rituais da Semana Santa, recebendo visitantes para a procissão com imagens da época colonial e encenação da “Paixão de Cristo”. Aliás, o que não falta na cidade é cenário! Casarões, igrejas e praças são emoldurados por paisagens que nos levam a viajar no tempo. Basta sentar num banco, a sombra de um flamboyant, e imaginar tropeiros, coronéis e donzelas... Fato é que a história da cidade sintetiza um apetitoso naco da história de Minas – e, por tabela, do Brasil. A descoberta de ouro na região de Aiuruoca e São Joao del-Rei foi a semente para o povoamento às margens do Rio Turvo e construção de sua primeira capela, atual Igreja Matriz. Coube a André da Silveira (por isso hoje, Andrelândia) pedir autorização ao bispo de Mariana para erguer a capela e, com Manoel Caetano da Costa e outros fazendeiros, financiou a obra. Levantada a capela em 1755, nasceu o Arraial do Turvo e logo foram surgindo vendas, pousos, casas, tudo em pequena escala. Pouco mais de um século depois, o
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arraial teve seu território desmembrado de Aiuruoca e atingiu a condição de Vila Bela do Turvo, elevada, em 1878, a categoria de cidade. Em 1930, passou a se chamar Andrelândia e por alguns anos sonhou com o progresso, inspirada nas promessas da Ferrovia do Aço. Na primeira metade do século XX, vangloriou-se de ter seu próprio serviço de telefonia, uma usina hidrelétrica, quatro hotéis e algumas fábricas (de bebidas, calçados, vassouras, etc.); mas o Brasil seguiu a cartilha norte-americana e, a partir de 1950, investiu pesado nas rodovias, ficando a estrada de ferro destinada ao transporte de minérios. Bom para a preservação arquitetônica! Datados na sua maioria de meados do século XIX, os robustos sobrados mantêm viva a memória dos tempos áureos. Benzadeus, como dizem os mineiros. Mais informações: Fundação Guairá, (35) 3325 1934, www.fundacaoguaira.org.br; http://comunidadeguaira.blogspot.com.br; http://www.pousadadosquerubins.com.br
Os principais temas que impactam as Relações com Investidores, você encontra em uma só revista: na RI
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Seguros Fotos de Rosane Bekierman / CNseg - Divulgação
Antonio Carlos Almeida Braga (ao centro, de blazer cinza) com vencedores do Prêmio CNseg e lideranças do mercado segurador
CNseg premia melhores projetos de inovação no setor de seguros
3ª edição do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros para o Desenvolvimento Sustentável elegeu as seis melhores ideias para o setor
Do Rio de Janeiro
om o objetivo de incentivar as melhores práticas sustentáveis no mercado segurador brasileiro, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) elegeu os projetos campeões da 3ª edição do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros para o Desenvolvimento Sustentável, no dia 19 de dezembro, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. O evento reuniu cerca de 300 executivos e especialistas do mercado segurador. Entre os 58 projetos inscritos na edição, foram 12 finalistas e seis premiados nas ca-
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tegorias Comunicação, Produtos & Serviços e Processos, todos com aderência aos Princípios para a Sustentabilidade em Seguros (PSI, em inglês), estabelecidos pelo Programa das Nações Unidas par ao Meio Ambiente – Iniciativa Financeira (UNEP FI), em parceria com a indústria global de seguros, consistindo de três dimensões: ambiental, social e de governança. Composta por personalidades de destaque nas áreas de seguro, meioambiente e direito, a comissão julgadora foi composta pelo economista Sergio Besserman, a secretária do Ministério
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do Meio Ambiente, Mariana Meirelles, o consultor do mercado segurador, Julio Bierembach, e o advogado e presidente do Brasilcon, Bruno Miragem. Na categoria Comunicação, o projeto vencedor foi “Acessibilidade Digital”, de autoria de Luciflávio Gomes e Maurício Barbieri, da Bradesco Seguros. O segundo lugar ficou para o projeto “Terra Report”, de Rodrigo Botti, Keity Pacheco, Priscila Grossi e Rodolfo Clark, da Terra Brasis Resseguros. Na categoria Produtos & Serviços, o prêmio de primeiro lugar foi para o “Pro-
“
Esse ano, a previsão é que o crescimento chegue a 15%, com 6% de participação no PIB. Os números demonstram que o trabalho tem sido feito. Nós temos o compromisso de a cada dia mais pensarmos cada vez mais alto. Podemos fazer mais para a construção de um mercado de seguros melhor
”
Marco Antônio Rossi, presidente da CNseg
jeto Correios – Acesso mais fácil ao seguro DPVAT”, de autoria de Noé Vaz, Cassiano Guimarães e Vera Cataldo, da Seguradora Líder - DPVAT. O segundo lugar foi para o projeto “Título de capitalização socioambiental”, de Renato Luiz Arena dos Santos, da Bradesco Capitalização. Já na categoria Processos, o primeiro lugar ficou para o “Programa Auto Reciclagem”, de Simoni Aguiar, Alessandra Franco e Elaine Goulart, da Bradesco Auto/RE. O
prêmio de segundo lugar foi para o projeto “Cuidar do cliente – Atendimento emergencial de sinistros”, de José Carlos da Silva, da Zurich Seguros e Previdência. O presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi, saudou a presença de Antonio Carlos de Almeida Braga, um dos grandes ícones do mercado de seguros brasileiro e que inspirou a criação da premiação. Rossi destacou também o potencial do setor para o fim do ano. “Esse ano, a previsão é que o crescimento chegue a 15%, com 6% de participação no PIB. Os números demonstram que o trabalho tem sido feito. Nós temos o compromisso de a cada dia mais pensarmos cada vez mais alto. Pode-
mos fazer mais para a construção de um mercado de seguros melhor”, ressaltou. Sobre o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga – O Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros para o Desenvolvimento Sustentável é realizado desde 2011 pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), com o objetivo de valorizar projetos de desenvolvimento sustentável em seguros junto a seguradoras, resseguradoras e corretoras, nas categorias Comunicação, Produtos & Serviços e Processos. A 3ª edição contou com 58 projetos inscritos, 37 a mais do que a última edição, em 2012.
Moda Fotos: Net A Porter.com
O projeto Green Carpet Challenge trabalha com marcas e estilistas no desenvolvimento de moda sustentável e novas tecnologias para tecidos.
ALTA M COSTURA
Por Alexandra Castello (*)
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uita fashionista torce o nariz quando ouve a expressão moda verde pois não conseguem imaginar um look moderno e chique ,feito com materiais sustentáveis .Estilista e grandes marcas provam que moda sustentável não deixa nada a dever em matéria de estilo investindo cada vez mais em coleções green. Stella McCartney foi uma das pioneiras no setor ,a estilista inglesa só utiliza tecidos recicláveis e orgânicos em suas coleções as quais nomeia de ”suitable for vegetarians”.Existe uma tendência nacional e internacional de projetos para o desenvolvimento de materiais que respeitem a biodiversidade.
O projeto Green Carpet Challenge que trabalha com marcas e estilistas no desenvolvimento de moda sustentável e novas tecnologias para tecidos se associou recentemente ao site de compras Net A Porter.com. . O site famoso por lançar tendências e trabalhar com os melhores designers do mundo, criou nessa parceira uma coleção exclusiva assinada por renomados estilistas como Christopher Bailey da Burberry ,Christopher Kane ,Erdem ,Victoria Beckham e Roland Mouret.Alem de utilizar tecidos orgânicos e ecologicamente corretos,20% dos lucros serão revertidos a instituição criada por Bono Vox , a Red que ajuda no combate a Aids na África .A coleção criada pelo Green Carpet Challenge e composta de sofisticados vestidos de alta costura dignos de um tapete vermelho. Iniciativas como essa são excelentes para acabar com o mito de que alta costura e moda verde não podem coexistir e que e possível preservar a natureza com elegância.
COM OS PÉS NA ECO ERA SP ECOERA 3, evento que reuniu mais de 30 marcas e empresas que trabalham com moda consciente, mostrou as últimas tendências e tecnologias da moda verde no Brasil, setor da moda que cresce a cada dia mais no país. Os destaques do SPECOERA foram especialmente na área de calçados, como o lançamento do tênis Vert no mercado brasileiro. A marca parisiense fabrica os calçados desde 2005 no Sul do Brasil aonde a legislação garante e fiscaliza os direitos dos trabalhadores. O tênis é feito de lona de algodão orgânico, cultivado por produtores familiares do Nordeste, sem uso de agrotóxico. Os tênis da Vert, são verde e cool , por ter um duplo DNA contem um mix do charme parisiense com a casualidade brasileira. Outra novidade no departamento de calçados foi o lançamento do tênis PUMA BASKET da linha Incycle, produzido com uma mistura de algodão e linho, além da sola ser composta de um plástico biodegradável . Conforto, esta-
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bilidade e um estilo sportwear clássico são promessa desse tênis amigo da biodiversidade se tornar um hit. A Puket apresentou o projeto que desenvolveu com 4 estilistas “Meias do Bem”, as meias super coloridas características da marca são feitas de materiais sustentáveis e recicláveis, além disso o projeto estimula o consumidor a retornar suas meias velhas para as lojas da marca para reciclagem e confecção de cobertores para doação.
Retorno social, responsabilidade social, consumo consciente e respeito ao meio ambiente foram as grandes estrelas do evento SPECOERA, que seja uma nova e duradoura era
Alexandra Castello é editora do site STYLEVEIN (http://styleveinfashion.com) e da revista Fashion Avenue News (http://btetv.wordpress.com)
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Agricultura
AMPLIAÇÃO DE ÁREAS DE AGROFLORESTAS É PROPOSTA PARA GARANTIA DE QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Por Lenina Mariano, Especial para Plurale em revista De Ubatuba (SP) Fotos Ipema/ Divulgação
ada melhor do que ver uma experiência bem sucedida para nos impulsionar a fazer uma mudança. É assim que as comunidades tradicionais do litoral norte de São Paulo e litoral sul do Rio de Janeiro vêm repensando e/ ou melhorando a produção de alimentos, para suas famílias ou para os mercados locais. Essa troca de informações e de experiências vem acontecendo com o apoio do IPEMA – Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica, que vem, desde 2005, trabalhando com as comunidades tradicionais de Ubatuba e região. Dentre as diversas técnicas que vem difundindo, está a implantação de sistemas agroflorestais. Esse método de plantio garante a diversidade de espécies e mantem a fertilidade natural do solo. O plantio da palmeira juçara, espécie que vem sendo repovoada na Mata Atlântica, já é realizado em consórcio com outras espécies, especialmente nos bananais e roças dessas comunidades. O conhecimento é compartilhado em visitas a produtores que já trabalham dessa forma e possuem áreas implantadas e em funcionamento. As visitas ao Sítio São José, do agricultor José Ferreira, em Paraty e às áreas do também produtor Washington Mourão, no Taquaral, Ubatuba, foram fundamentais nesse processo. As comunidades de Trindade e do quilombo do Campinho, RJ, dos quilombos de Cambury e da Fazenda, e caiçaras do Sertão do Ubatumirim, em Ubatuba,
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SP, puderam vislumbrar a eficiência do sistema. O Sítio São José é um exemplo de recuperação de área degradada, conforme conta Zé Ferreira, que há 20 anos trabalha para aprimorar suas culturas. Segundo ele, 85% dos alimentos que consomem são produzidos no sítio. Para coroar a visita, os produtores ainda fizeram uma troca de sementes de diversas espécies. Na visita ao sítio do Washington, no Taquaral, viram áreas implantadas sobre antigos canteiros substituindo as hortaliças, com predominância de espécies arbóreas, como palmeiras-reais, juçaras, bananeiras, extensa variedade de citros, abacateiros, jaqueiras, cacau, jambo, café e outras. Uma parceria entre o IPEMA e Zé Ferreira garante seu apoio técnico para implantação ou melhoria de áreas dos produtores locais. Na escolha das áreas a serem implantadas ou manejadas, foram visitadas diversas comunidades. A proposta é trabalhar nas comunidades em sistema de mutirão. Essa prática,
utilizada tradicionalmente, estava esquecida e vem sendo retomada. Já foram realizados três mutirões, incluindo o ensino de técnicas de compostagem. Em uma das áreas, foram implantadas leiras, com a utilização de sobras de cultura de cana, feijão e banana, além de cinzas da casa de farinha. O trabalho prático é permeado pelas conversas sobre a importância do composto na propriedade e o uso de recursos locais para a produção. As ações de apoio ao desenvolvimento das comunidades tradicionais da região são o eixo do Programa Juçara, iniciativa do IPEMA, que inclui o Projeto Juçara, patrocinado pela Petrobras, através do programa Petrobras Ambiental, e o Projeto Manejo Florestal Comunitário da Juçara e Cambuci, financiado com recursos do Tropical Forest Conservation Act – TFCA - por meio do Fundo Brasileiro para Biodiversidade – FUNBIO. Para saber mais, visite: www.projetojucara.org.br; manejojucaraecambuci.blogspot.com.br; novo.ipemabrasil.org.br; SISTEMAS AGROFLORESTAIS Apesar do cultivo de sistemas agroflorestais ser uma técnica praticada pelos indígenas antes mesmo da entrada dos
portugueses em terras brasileiras, ela foi deixada de lado pela maior parte dos agricultores, substituída pela agricultura convencional, que se utiliza da monocultura. Sabemos hoje que o sistema que substituiu o agroecológico, praticado por tanto tempo, é insustentável e traz diversos problemas, pois polui o meio ambiente pela utilização de agrotóxicos, causa degradação dos solos e contribui para escassez de água pelo desperdício e uso exagerado. Sem falar nos problemas sociais, pois beneficia um pequeno número de grandes agricultores e compromete a qualidade dos alimentos. O Sistema Agroecológico Florestal trabalha a partir de 4 eixos principais: a sustentabilidade dos sistemas de produção, o combate à pobreza rural, a segurança alimentar e a geração de renda e agregação de valor aos produtos da agricultura familiar. A diversidade obtida nos sistemas agroflorestais permite que o agricultor desenvolva uma série de produtos, garantindo maior independência na comercialização, bem como a segurança alimentar de sua família. A procura cada vez maior do consumidor por produtos saudáveis intensifica a importância dessa produção.
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Ecoturismo
ISABELLA ARARIPE
Foto: Rafael Góes
BBonito é premiado por turismo sustentável No mês de novembro, a cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul, foi eleita o melhor destino de turismo responsável no mundo pelo World Responsible Tourism Awards. O prêmio foi entregue durante o World Travel Market (WTM), uma das maiores feiras de turismo do mundo, e o destaque ficou para o sistema de voucher para controle do número de turistas de Bonito. O controle é feito por meio de um sistema que registra o nome do turista e as atrações que pretende visitar. Importante destino de ecoturismo no país, Bonito recebeu R$ 58,5 milhões do MTur para investimentos em infraestrutura turística. Entre as obras estão a pavimentação da rodovia BonitoBodoquena, na MS-178, que liga a região do Pantanal à cidade de Bonito (R$ 58 milhões) e a construção de pista que liga Bonito ao balneário Rio Formoso (R$ 487,5 mil).
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PPar arqque ue N Nat attural da da Arrá Arráábbida ida é atrativo em Portugal Situado junto ao mar, entre Setúbal e a vila de Sesimbra, o Parque Natural da Arrábida tem uma beleza incomparável, em que o azul do mar alterna com os tons esbranquiçados das falésias de calcário e com o verde do denso manto vegetal que cobre a Serra. A riqueza vegetal é um dos maiores atrativos do Parque. Lá é possível encontrar um dos raros exemplos de maquis mediterrânico em Portugal e a sua preservação foi um dos motivos que levou a que a Arrábida fosse considerada uma verdadeira relíquia científica internacional. Para que ela se mantenha intacta, o acesso a algumas áreas só é possível acompanhado de um Guia indicado pela Sede do Parque. Existem também diversas empresas credenciadas que organizam atividades radicais, como a espeleologia, o mergulho e a escalada.
Santos estuda novo roteiro ecoturístic ti o
Ceará ganha mais uma RPPN O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou no Diário Oficial da União (DOU) do dia 12 de dezembro, a portaria de nº 264, que cria a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Arizona, no município de Quixadá, no estado do Ceará. Com área de 216,28 hectares, a reserva teve seus limites definidos a partir do levantamento topográfico constante no processo de criação. Ela será gerida por Maria Luíza de Queiroz Salek, responsável pelo cumprimento das exigências contidas na legislação vigente.
Santos pode ganhar o segundo roteiro náutico envolvendo a Ilha Diana e o Sítio Itabatatinga, nova atração voltada à exploração turística da diversidade natural e do contexto histórico da área continental. A Rota da Banana é umas das atrações da festa realizada tradicionalmente em setembro, no Mercado Municipal. Para identificar o potencial dessas duas áreas, técnicos da Setur (Secretaria de Turismo) cumpriram, no dia 2 de dezembro, o roteiro proposto, realizado em embarcação cedida pela Associação dos Catraieiros. O grupo saiu da estação das barcas, no Centro Histórico, rumo ao Sítio Itabatatinga, trajeto cumprido em aproximadamente 30 minutos. “A Setur está realizando levantamentos do potencial da área continental, a fim de criar novos roteiros náuticos, históricos e turísticos”, explicou Vitor Cid, assistente técnico da secretaria. Ele frisa que as visitas técnicas também servem como uma consultoria para que os locais possam se adequar e aprimorar o atendimento.
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ENERGIA & CARBONO ARENA PERNAMBUCO RECEBE SISTEMA DE GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICO
Divulgação
A Itaipava Arena Pernambuco recebeu, no dia 11 de dezembro, o primeiro sistema de geração solar fotovoltaico do Estado. A Usina Solar São Lourenço, tem potência instalada de 1 megawatt pico (MW/p), capacidade suficiente para gerar 1.500 MW/h por ano, o que equivale ao consumo de seis mil habitantes. A unidade será responsável por até 30% da energia consumida pelo estádio que sediará a Copa do Mundo 2014. O investimento de R$ 10 milhões é resultado da parceria entre o Grupo Neoe-
nergia, por meio da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), e a Odebrecht. Situada em um terreno de 15 mil m², anexo à Arena, a instalação da usina solar faz parte do Projeto Estratégico de Pesquisa e Desenvolvimento - “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira”, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além da usina, o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento contempla outros investimentos que totalizam R$ 24,5 milhões.
PAÍSES POBRES ESTÃO 100 ANOS ATRÁS DOS RICOS EM PREPARAÇÃO CLIMÁTICA Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil
Um novo relatório publicado por pesquisadores da Universidade de Notre Dame afirma que levará mais de um século para que os países em desenvolvimento atinjam o nível de preparação climática que as nações desenvolvidas já possuem.
O Índice de Adaptação Global da Universidade de Notre Dame (ND-GAIN), lançado em dezembro avaliou 175 países e se foca em questões como a vulnerabilidade das nações às mudanças climáticas, ao aquecimento global e a eventos climáticos extremos, como secas severas, tempestades devastadoras e desastres naturais.
Alguns exemplos de países nessa trajetória de 100 anos incluem o Camboja, o Quênia e o Haiti. “Devido ao recente tufão nas Filipinas, algumas pessoas podem estar se perguntando onde essa nação insular fraqueja em termos de prontidão”, comentou Nitesh Chawla, diretor do Centro Interdisciplinar para Ciência de Rede e Aplicações.
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P e lo Mundo Curtir & Compartilhar Foto de Elisabeth Cattapan Reuter
Por Elisabeth Cattapan Reuter De Hamburgo, Alemanha Especial para Plurale em revista
Em maio de 2013, li em Plurale um excelente artigo de Ricardo Abramovay sobre o Automóvel depois do carrocentrismo. Nas grandes cidade alemãs isso já está acontecendo: moderno e ecológico é compartilhar um carro. Trata-se da coqueluche atual dos usuários de automóveis que curtem trocar de carro como quem troca de roupa o que aqui se chama car sharing. É perfeito para quem quer guiar um veículo, não precisa aborrecer procurando vaga em estacionamento, pode economizar o aluguel de uma garagem e só usa carro esporadicamente. Esta pessoa vira um compartilhador de automóveis com pessoas que lhe são totalmente desconhecidas. Tudo acontece que nem quando você pega uma bicicleta pública, como as que já circulam em São Paulo e no Rio de Janeiro. No caso de automóvel, é preciso ter carteira de habilitação válida e um celular. No celular, o cliente baixa um aplicativo de uma locadora, paga (ou não) uma soma razoável de inscrição, aciona um mecanismo
de busca da viatura, acha a mais próxima de onde está e encosta sua carteirinha de sócio no para-brisa direito, o carro se abre, você liga, arranca e vai guiando. Você escolhe se quer no verão um BMW conversível para impressionar a família da namorada; para encantar os amigos ecológicos um carro elétrico ou para não ficar procurando estacionamento um Smart . A fatura vai para a conta do celular.
E qual é o preço da brincadeira ? Como sempre, tem de tudo: carros a partir de 1 euro por hora ou por minuto, promoções com horas grátis, tarifa especial de fim de semana. Tem contratos que prevêem brindes se o cliente abastecer e tem outros que obrigam a estacionar em lugares pré-definidos O status agora não é ter um SUV na garagem, é não precisar de garagem é curtir hoje um Mini Morris amanhã um BMW e na hora do rush um Smart.
começassem já no vermelho o primeiro ano do novo orçamento – 2014. Após os Estados-Membros direcionarem mais de 3,9 milhões de euros para o orçamento de 2013, o Parlamento considerou que todas as exigências foram cumpridas e o orçamento para os próximos sete anos é de 960 bilhões de euros. Um dos destaques do orçamento, aprovado com 537 votos a favor, 126 contra e 19 abstenções, prevê o investimento de 70 bilhões de euros para criação de novos empregos; cerca de 80 bilhões
serão destinados para pesquisa e inovação, o que representa um aumento de 30% em relação ao atual orçamento e pelo menos 20% de todo montante será gasto em programas e políticas relacionadas com as mudanças climáticas. Com o novo orçamento aprovado, a UE mantém esforços em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, mas prevê concentrar seu apoio em países da África Subsaariana em áreas especificas, como o crescimento sustentável e inclusivo e boa governança.
O futuro da Europa Por Vivian Simonato, de Dublin (Irlanda) Correspondente de Plurale
O Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia, ou orçamento a longo prazo, para 2014 2020 finalmente foi aprovado em novembro pelo Parlamento Europeu (PE) após intensas negociações. Uma das principais exigências do PE era que todos os Estados-Membros tivessem os pagamentos em falta cobertos para que não
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Rio Yellowstone
Yellowstone Parque Nacional de
E n s a i o
O colorido da vegetação às margens do Rio Lewis 42 50
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TEXTO E FOTOS:
LUCIANA TANCREDO
PARAÍSO DA VIDA SELVAGEM EM ÁREA DE CLIMA TEMPERADO Por Luciana Tancredo, Editora de Fotografia de Plurale em revista
Blue Star Springs , piscina termal na Uper Geyser Basin
Norris Geyser Basin
Entrada Sul do Parque, passando pelo Grand Teton
Parque Nacional de Yellowstone é um parque nacional norte-americano localizado nos estados de Wyoming, Montana e Idaho. É o mais antigo parque nacional no mundo: cobre uma área de 8980 km², a maior parte dele no Wyoming. Pense em vida selvagem preservada, em lobos, alces, bisontes, ursos marrons imensos e muito mais. E a aventura não acaba por aí: o Parque é muito famoso pelos gêiseres e fontes termais. O grande ecossistema de Yellowstone é um dos maiores de clima temperado ainda restantes no planeta. Veio desta região a inspiração para o famoso personagem das histórias de desenhos infantis, o simpático urso Zé Colmeia. Estivemos bem próximos de alguns deles, como você poderá conferir nestas páginas, mas também de dezenas de diferentes espécies na viagem ocorrida em novembro. O turismo é feito de forma sempre segura, com toda a infraestrutura possível, mas é sempre emocionante poder fotografar espécies selvagens em habitats preservados. Antes de partir para a viagem é bom planejar cada detalhe com calma, a começar pelo tempo disponível para curtir cada detalhe, os equipamentos e ler sobre temperatura e acomodações. Estivemos em novembro, época de bastante frio, mas fomos preparados. O maior dos parques nacionais da América, Yellowstone atravessa planaltos vulcânicos e picos maciçamente arborizados, com 890 mil hectares de fontes termais fumegantes, lagos cristalinos e cachoeiras trovejantes. O parque oferece uma incrível diversidade natural e abundante vida selvagem, juntamente com paisagens que beiram o surreal . O Grand Canyon do rio Yellowstone, com 24 km de comprimento e até 360 metros de profundidade, começa na imensa Lower Falls, uma cachoeira com 100 metros de altura. Ursos, bisões e coiotes vagam pelos prados relvados do Vale Hayden enquanto alces e cervos e veados Mule pastam calmamente perto dos terraços de fontes termais no Mammoth. Mais de 200 espécies de aves voam por entre as áreas do parque e os lobos cinzentos, reintroduzidos no parque em 1995 após quase serem erradicados na década de 1930, caçam livremente no Vale de Lamar. Esquilos, lebres e outros animeis de pequeno porte, enchem de vida ao áreas de camping. Yellowstone tem a maior coleção do mundo de gêiseres - mais de 300 - e cerca de metade dos mundos recursos hidrotermais - cerca de 10 mil! Estes muitas características térmicas são indicativo do fato de que Yellowstone fica em um vulcão ativo com uma das maiores caldeiras do mundo, medindo 45 por 30 milhas (72 em 48 km). As nascentes de água quente frequentemente exibem cores resultantes da refração da luz, os minerais em suspensão e milhares de milhões de organismos microscópicos que prosperam em água muito quente para a maioria dos outros tipos de vida.
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Os gêiseres são semelhantes às nascentes, mas têm constrições nas fraturas que permitem que a água aquecida para se deslocar para a superfície. Quando a pressão aumenta suficientemente a água escapa violentamente. Localizado no canto noroeste do Parque, Mammoth Hot Springs tem a característica térmica maior que você vai encontrar em um monte de travertino (espécie de rocha calcária) criado ao longo de milhares de anos por água quente mineral-laden – e que continua a construir dia-a-dia . A água evapora e esfria travertino, uma rocha sedimentar formada pela precipitação de minerais de carbonato. Assim, grandes quantidades de calcário depositadas sob o parque milhões de anos atrás por vastos mares estão sendo trazidas para a superfície. A foto que ilustra a capa desta edição é a piscina térmica Blue Star Springs e parece inspirada no formato do mapa do Brasil. Em viagem à Fernando de Noronha fotografei outro recorte na pedra bem parecido com este (capa da Edição 12 de Plurale em revista). Recente estudo divulgado durante um encontro da Sociedade Americana de Geofísica, de São Francisco mostrou que um “supervulcão” que está abaixo do solo no Parque de Yellowstone é muito maior do que se pensava inicialmente, segundo um estudo. A pesquisa mostra que a câmera de magma é 2,5 vezes maior do que o apontado por um levantamento anterior. A caverna teria 90 quilômetros de largura e algo entre 2 e 15 quilômetros de altura, com 200 a 600 quilômetros cúbicos de rocha fundida. Yellowstone é um dos mais populares Parques Nacionais dos Estados Unidos. O parque é único no que diz respeito à conjugação de múltiplas características naturais. Devido à esta variedade de características, o Parque oferece várias atividades para aqueles que o visitam: do montanhismo ao campismo e pedestrianismo, da prática de caiaque à pesca ou à simples observação da vida selvagem, o parque proporciona aos visitantes uma experiência memorável em contacto com a natureza. Yellowstone é considerado o habitat selvagem dos Estados Unidos com maior variedade de megafauna. Saiba mais no site oficial do Parque: http://www.nps.gov/yell/index.htm
Filhotes de veados Mule
Esquilo norte-americano
Diferentes espécies de cogumelos se proliferam no Parque
Bisões
Coiote na neve Urso pardo
Cervo macho
Kepler Cascades
Norris Geyser Basin
Patos selvagens
África
Uma presença forte no DNA do Brasil
Texto e Fotos: Nícia Ribas, de Plurale em revista Da África do Sul
ama África, intensa e vibrante. Cores, odores, sabores, uma importante influência na cultura brasileira . O taxista de Cape Town (Cidade do Cabo), com um sorriso largo de somente dois dentes, dá socos no ar ao saber que transporta brasileiros:” Brazil, Brazil, we love your country, we were there in the past!” E voltava a socar, comemorando. Realmente, basta dar uma olhada rápida de apenas duas semanas na África do Sul para reconhecer as origens das nossas comidas apimentadas, a batida do samba, a dança sensual e o candomblé. Não foi à toa, que o Governo Lula incentivou convênios entre universidades brasileiras e africanas, através do Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G), promovendo maior conhecimento daquela cultura que tanto influenciou a nossa.
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O apartheid acabou em 1994, com a eleição de Nelson Mandela, mas até hoje negros retintos continuam servindo aos descendentes dos seus colonizadores ingleses e holandeses, além de muitos turistas alemães, nórdicos em geral e hordas de chineses. No entanto, o fazem com dignidade e com seus direitos garantidos, graças à luta de homens como o ídolo Mandela. No interior do país, o turista ainda sente a separação entre negros servidores e brancos servidos, mas nas cidades grandes, como Johannesburg e Cape Town, já se vê uma saudável mistura. “Raça só existe uma, a humana”, lê-se numa das paredes da prisão de Robben Island, onde Mandela esteve por 18 anos. A maior presença dos negros nos serviços também se deve à sua grande maioria na composição da população: 80% dos seus 50 milhões de habitantes, sendo apenas 10% brancos e os outros 10%, morenos e indianos. Disposta a atrair cada vez mais turistas, principalmente depois de ter sediado a última Copa do Mundo, a África do Sul já exibe uma excelente infraestrutura hoteleira e gastronomia refinada. Atrações naturais não lhes faltam. Cape Town, no extremo sul do país, lembra o Rio de Janeiro com suas praias paradisíacas, amplos calçadões, escarpas imensas sobre o Atlântico e um bondinho giratório que leva para as trilhas da Table Mountain, a mil metros do nível do mar. A poucos quilômetros dali, é possível conhecer cidades encantadoras como Hermanus, com suas baleias e tubarões brancos numa paisagem de cair o queixo;
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África
ou Stellenbosch, celeiro da história da chegada dos colonizadores e capital das vinícolas, que são mais de 600. Nos restaurantes, hotéis, bares, apenas uma opção para a origem dos vinhos: South África. Maneira inteligente e patriota de divulgar seu produto e ganhar mercado internacional. Quem se arrisca a dirigir ao lado direito, à moda inglesa, pode desfrutar da Garden Route (Rota Jardim), uma estrada de primeiríssimo mundo e repleta de atrações, como o Knysna Elephant Park, onde se pode alimentar e acariciar os animais; as fazendas de avestruz, com visitas guiadas e a chance de assistir ao nascimento de uma ninhada sob a proteção do pai, que vai bicando ovo por ovo até permitir a saída do filhote; a Cango Cave, cavernas fantásticas; e parques nacionais riquíssimos e bem preparados para receber visitantes. Na região do Kruger Park, os lodges também estão preparados para o turismo, oferecendo todo conforto e segurança nas andanças pelas savanas em busca dos Big Five: elefante, leopardo, búfalo, leão e rinoceronte. Jipes potentes com guias simpáticos garantem o encontro com os animais, nem que seja depois de muita busca. Com sorte, pode-se assistir a um banquete, com seis leões devorando um gnu recém abatido ou uma mamãe elefante, cuidando da sua filhota. Girafas, zebras, búfalos, antílopes e manadas de impalas circulam sem cerimônia e chegam a atravessar diante dos jipes. Brasileiros por lá ainda são poucos, mas quando aparecem, são colocados no colo, o colo quente e acolhedor da Mama África.
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FOTOS:
NÍCIA RIBAS, DA ÁFRICA DO SUL
DE SAVANAS PARA FYNBOS Ao sul da África do Sul, a vegetação predominante é o fynbos, com mais de oito mil espécies, sendo seis mil endêmicas, que constituem 80% do reino floral da região. Dessas, 1700 estão ameaçadas de extinção. A ONG WWF está empenhada em proteger a biodiversidade daquele reino floral, que considera mais botanicamente diversificado do que a mais rica floresta tropical na América do Sul, incluindo a Amazônia. Fynbos significa, no holandês dos colonizadores, planta de folha fina. São, em geral, baixas ,em arbustos, mas sua diversidade é muito grande e não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. A flor nacional do país é a Protea (Protea cynaroides), a mais famosa espécie de fynbos. Algumas espécies de fynbos
foram listados como Patrimônio Mundial da UNESCO. Além disso, nenhum dos Big Five serão encontrados naquele ambiente, mas em compensação, ali vivem pequenos mamíferos, como os babuínos, chacais, antílopes e bontebok e gysbok antílopes, que são dependentes de fynbos para sua sobrevivência. A repórter Nícia Ribas esteve na África do Sul de férias menos de um mês antes da morte do líder Nelson Mandela.
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CONEXÕES
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Cidades como Objeto de Desejo: Gestão e Sustentabilidade emulados no espaço urbano
ARMINDO DOS SANTOS DE SOUSA TEODÓSIO (*) uando se discute o tema das cidades sustentáveis, há várias noções e abordagens em disputa. Fenômeno típico de um campo marcado pela polissemia e pelas controvérsias em torno de visões de mundo concorrentes, a sustentabilidade no espaço urbano remete necessariamente à busca pelo bem viver. Sendo assim, é matéria por definição política, tanto em sua referência às formas de se viver junto na pólis, na cidade, quanto à própria essência da visão de mundo e das ideologias que ensejam. Ao contrário do que as visões tecnicista e gerencialista sobre o espaço urbano defendem, infelizmente também presentes nas disputas pelo significado da sustentabilidade, não se trata apenas de um agrupamento de melhores práticas, estratégias e recursos de gestão empregados em prol da preservação do meio ambiente nas cidades. Nesse emaranhado de visões, debates e embates, a inexistência de uma concepção monolítica e fechada sobre o que vêm a ser as cidades sustentáveis, ao contrário do que muitos ativistas socioambientais podem imaginar, não é problema ou uma suposta etapa de uma trajetória ainda inicial de uma visão de mundo que uma dia se tornará precisa, delimitada, hegemônica e definitiva. Pelo contrário, a riqueza de opiniões e opções é fruto de um dos componentes mais importantes do desenvolvimento sustentável, que muitas vezes passa despercebido para aqueles que focalizam suas lentes sobre a natureza e se esquecem que a preservação ambiental é sempre um as-
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sunto do encontro entre “bichos, plantas e gentes”, o componente das liberdades democráticas e da construção do interesse público. Portanto, os caminhos do desenvolvimento sustentável nas cidades são muitos e levam a muitas “Romas”, a muitas cidades. A cidade sustentável se sustenta em cima de alguns pilares. O primeiro deles é a crença de que a noção de desenvolvimento sustentável é melhor do que a de sustentabilidade, pois indica que é processo contínuo e se conecta a outras discussões sobre desenvolvimento que marcaram e marcam os debates em sociedade sobre o bem viver e o interesse público, presentes na também rica polissemia de adjetivos para o desenvolvimento: econômico, local, urbano, comunitário... Ao se trabalhar com a noção de desenvolvimento sustentável como guia para a compreensão da realidade e a intervenção social continuase na mesma trilha da discussão sobre desenvolvimento e não se perde os avanços que o adjetivo sustentável tem conseguido arregimentar, apesar de sofrer com os duros golpes de incompreensão, pouca criatividade, covardia e interesses escusos que teimam em se aproveitar dele.
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Além disso, cabe notar que sustentabilidade, por mais em voga que esteja, não é atributo de cidades. Não existem cidades sustentáveis! Existem cidades que desenvolvem dinâmicas favoráveis, mas que precisam ser sempre contínuas e refeitas, além de aprimoradas, em direção ao desenvolvimento sustentável. Não adianta sustentar o meio ambiente de uma cidade e o entorno ser degradado. Aliás, isso nem é passível de ocorrer. Da mesma forma, ao contrário do que o discurso da moda adora defender, não existem empresas sustentáveis, lideranças sustentáveis, práticas sustentáveis, existem sim organizações, pessoas, posturas e ações que contribuem para o processo de desenvolvimento sustentável e aquelas contribuem muito pouco ou nada e ainda aquelas que se opõem a isso. O desenvolvimento sustentável não se constitui em etapa final de uma longa jornada de uma cidade, uma empresa, uma liderança, na qual se atinge a sustentabilidade, mas sim na própria caminhada ad infinitum, sempre caminhada, sempre esforço, sempre mais exigente e sempre diante de novos desafios para toda a sociedade, até mesmo porque a natureza e as comunidades
estão constante mutação, em direção ao bem viver e deixar outros seres e coisas bem viver e existir. Cabe destacar também que a ideia de sustentabilidade nunca foi apenas preservar o meio ambiente, desde que Ignacy Sachs ajudou a formular a noção de ecodesenvolvimento, que depois se transformou, para pior, convenhamos, em desenvolvimento sustentável. Usando as ideias de Ignacy Sachs, pode-se compreender que o desenvolvimento sustentável é sempre em um território e, portanto, varia de um local para outro, não existindo o desenvolvimento sustentável, mas os processos de desenvolvimento sustentável em diferentes cidades. E para que ele se efetive, Sachs defende que a participação popular é essencial, visto que a defesa do meio ambiente não se mantém em contextos de baixa participação popular, restrição de liberdades democráticas, limitação autocrática da atuação da imprensa, reduzida transparência e controle social frágil. Esse pesquisador também defende que o desenvolvimento sustentável precisa se fundar na redução das desigualdades sociais e da pobreza, visto que populações em situação de vulnerabilidade estão mais sujeitas a se vitimarem com as tragédias ambientais e a darem vazão a processos de degradação ambiental para garantirem sua sobrevivência, ao passo que grupos que detém renda muito elevada em relação à média da sociedade podem desenvolver um estilo de vida baseado em consumo exagerado e desnecessário, que se torna referência para outros segmentos sociais, disseminando modos de vida pouco ou nada compatíveis com o desenvolvimento sustentável. Em suma, o desenvolvimento sustentável tem estreita conexão com o modo de vida das comunidades, sendo assim também uma expressão cultural dos diferentes grupos sociais que compõem as cidades. Por fim, ele opera dentro da chamada economia verde e inclusiva, aquela que se desenvolve em bases que protegem o meio ambiente e ajudam a mitigar desigualdades econômicas, sociais, políticas e no acesso ao meio ambiente.
Vários campos de conhecimento, como já é amplamente sabido, se cruzam na construção dos saberes ambientais, como defende Enrique Leff. No campo das chamadas ciências sociais e humanas, as tradições de estudo do Urbanismo, Economia, Direito, Gestão Pública, Ciências Sociais, Antropologia, Ciências Políticas e Administração se embaralham oferecendo múltiplas abordagens e perspectivas que devem ser resgatadas e postas em ação e diálogo para a promoção do desenvolvimento sustentável nas cidades. Nesse caldeirão, devem estar presentes o planejamento regional e urbano, o estudo dos modos de vida e sociabilidade urbanos, a análise de políticas públicas, a discussão sobre a ampliação da cidadania e as dinâmicas de democracia participativa, o direito à moradia, à mobilidade e à regularização fundiária nos espaços urbanos e uma série de outros temas, abordagens e tradições de estudos que têm como objeto de análise e de desejo as cidades. Numa época em que as cidades também recebem inúmeros adjetivos que vão desde as cidades competitivas, cujo um dos casos emblemáticos é Barcelona, passando pelas cidades inteligentes, digitais, democráticas, inovadoras até chegar nas cidades resilientes, as cidades sustentáveis podem se transformar apenas em mais uma meta bem abstrata em um oceano repleto de possibilidades, com muitos riscos de inanição diante de tantos focos de ação, dispersando esforços e lutas. A arte e a maestria por detrás da construção dos processos de desenvolvimento sustentável nas cidades reside em se alcançar o difícil, mas necessário equilíbrio entre pluralidade de caminhos e frentes de ação e a convergência de esforços, energias e avanços nas formas de vida e convivência urbanas. Ainda assim, nessa multiplicidade de estudos, abordagens, ferramentas de trabalho e possibilidades de ação, algumas referências são essenciais. Mesmo correndo-se o risco de deixar de lado algumas obras e pesquisadores seminais, pode-se dizer que sem algumas discussões e análises dificilmente se consegue alcançar uma compreensão mais robusta
A arte e a maestria por detrás da construção dos processos de desenvolvimento sustentável nas cidades reside em se alcançar o difícil, mas necessário equilíbrio entre pluralidade de caminhos e frentes de ação e a convergência de esforços, energias e avanços nas formas de vida e convivência urbanas e capaz de suportar mais e melhores estratégias, políticas, programas e instrumentos de intervenção socioambiental nas cidades. São elas geradas por Pedro Jacobi e seus estudos sobre participação e meio ambiente, movimentos sociais ambientais e construção da consciência ambiental no ambiente urbano; Ricardo Abramovay e sua compreensão sobre as estreitas conexões entre mercados e realidades sociais e culturais, oferecendo inovadoras análises sobre formas híbri-
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CONEXÕES das de construção de dinâmicas econômicas capazes de preservar o meio ambiente e mitigar desigualdades sociais; José Eli da Veiga e a sua compreensão dos limites das dinâmicas econômicas tradicionais e os mitos da difusão da chamada “economia verde”, capaz de tudo, menos de efetivamente esverdear as cidades; Saskia Sassen, uma das maiores estudiosas das cidades, e sua discussão sobre espaço urbano, globalização, gentrificação e resistência espacial; Ladislau Dowbor e os aparatos teóricos que mobiliza para discutir desenvolvimento local de forma a valorizar, respeitar e ajudar a promover os saberes locais na construção das bases da chamada economia inclusiva e criativa; Richard Sennett e sua trajetória de estudos sobre as cidades, demonstrando como podem ser um espaço privilegiado de construção da cooperação, mas também locais repletos de contradições e ambiguidades na construção das chamadas cidades inteligentes e inovadoras; David Harvey, outro pesquisador essencial, e sua visão sobre a dinâmica econômica das cidades, sua inserção no circuito global de transações mercantis e o curto-circuito da economia capitalista nos tempos atuais; Jeremy Rifkin e sua discussão sobre economia de baixo carbono, do acesso e do compartilhamento; Mike Davis, autor de Planeta Favela, obra essencial para o entendimento da “morte e vida severina” nas cidades pelo mundo afora e seus estudos sobre a crescente urbanização, degradação do meio ambiente nas cidades, desigualdade e exclusão; Andrea Zhouri e suas análises sobre os avanços, dificuldades e ambiguidades da construção de políticas públicas ambientais e de uma governança urbana mais compartilhada na gestão do meio ambiente; Henri Acselrad e suas investigações baseadas nas noções de justiça ambiental e racismo ambiental, que oferecem um olhar essencial sobre as contradições ambientais bem escondidas no ambiente urbano; Raquel Rolsnik e suas análises sempre contundentes sobre as cidades que excluem e desrespeitam direitos das populações em situação de risco e vulnerabilidade, colocando-as em
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maior e mais incisiva degradação através de políticas públicas higienistas, sobretudo em tempos de megaeventos esportivos; e enfim, mas não em último lugar, Yves Cabannes e seus estudos sobre a apropriação coletiva do espaço urbano, construindo dinâmicas compartilhadas e democráticas de governança dos bens públicos urbanos tanto em cidades ricas quanto em espaços urbanos de países pobres e em desenvolvimento. Mas como sempre perdura a pergunta, principalmente por parte do leitor ávido por se envolver nas batalhas socioambientais urbanas, de como promover efetivamente essa utopia tão necessária, urgente e possível de ser conquistada, mesmo que a duras penas, a difusão mais robusta do desenvolvimento sustentável em sua cidade, cabe listar algumas frentes de ação principais. O desenvolvimento sustentável nas cidades brasileiras opera necessariamente pela: a) ampliação dos espaços de participação popular na discussão sobre caminhos para o desenvolvimento e por parcerias intersetoriais, ou seja, entre governos, organizações da sociedade civil e empresas que não sejam capturadas pelos parceiros mais fortes e por interesses privados travestidos de públicos; b) dinâmica econômica que permita que pequenos empreendimentos inovadores em termos sociais ambientais floresçam com crédito justo e que geram trabalho, renda e condições de trabalho justas, mitigando a pobreza e reduzindo as diferenças de renda dentro do espaço urbano; c) promoção de políticas públicas que contribuam para o transporte coletivo em detrimento do individual; d) ampliação do acesso a parques, jardins e natureza não apenas para quem tem renda, status e poder nas cidades; e) política de tratamento adequado da água capaz de efetivamente mitigar problemas de enchentes ou de escassez para os pobres; f) redução dos níveis de poluição atmosférica; g) difusão de uma educação ambiental capaz não apenas de informar e conscientizar sobre os problemas ambientais urbanos, mas de mudar atitudes e posturas no dia-a-dia da realidade das cidades; h) ampliação
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do saneamento urbano para todos, principalmente para as comunidades periféricas; i) promoção do encontro e da vida compartilhada entre diferentes grupos que compõem o espaço urbano, fazendo florescer a diversidade em suas diferentes dimensões na concretude de um mesmo local, ao contrário de segregá-las em bairros populares, periferias e guetos; j) difusão da expressão cultural das populações periféricas, combatendo o “racismo ambiental”; l) promoção de formas compartilhadas de acesso e gerenciamento da habitação popular em oposição ao lobby dos interesses imobiliários urbanos; m) ampliação da cultura de transparência, prestação de contas e controle social; n) implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, sem que nenhuma concessão seja feita para dinâmicas empresariais ávidas por excluir os recicladores da riqueza gerada pelo lixo atualmente e por difundir tecnologias de incineração, comprovadamente desfavoráveis ao meio ambiente e a saúde humana. Como vários caminhos levam ao desenvolvimento sustentável e como isso é quase que mudar tudo ao mesmo tempo agora e promover na Terra a “Cidade de Deus” de Santo Agostinho, pode-se começar com um passo de cada vez. Para tanto, é preciso que floresçam nas cidades não apenas o belo e contagiante espírito de indignação contra as mazelas das políticas públicas e da política no Brasil, mas também uma multiplicidade de organizações da sociedade civil, atuando nos múltiplos campos de promoção do desenvolvimento sustentável no espaço urbano, movidas por uma indignação que resulta em obras, ações, maiores e melhores debates, maiores e melhores dúvidas e controvérsias, que semeadas em solo democrático, podem levar a melhores formas de se bem viver nas cidades desde que sejam sempre regadas pelo compromisso com o interesse público. Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Téo), é professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC Minas.
Clima
Conferência do Clima termina com resultados duvidosos Por Fabiano Ávila Fonte: Instituto CarbonoBrasil
m episódio bem no final da 19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 19 - UNFCCC) ilustra perfeitamente por que essas negociações internacionais são tão difíceis e frustrantes. Já era tarde de sábado, 23 de novembro – a COP 19 estava prevista para acabar no
U
dia 22 – e os países ainda discutiam o texto sobre “Perdas e Danos”, em especial o estabelecimento do Mecanismo de Varsóvia, que visa disponibilizar recursos para as nações impactadas pelas mudanças climáticas. O ponto de discussão era a palavra “under” (sob), que indicava que o novo mecanismo deveria ficar sob a Estrutura de Adaptação de Cancún. Ou seja, uma ferramenta que tem como objetivo ressarcir localidades que tiveram prejuízos com eventos climáticos extremos, por exemplo, estava sendo considerada uma ação de adaptação. Isso não faz o menor sentido, uma vez que adaptação é uma prevenção e deve ser feita antes de qualquer chance de prejuízo. Assim, nações em desenvolvimento queriam que essa parte do texto fosse alterada. Mas boa parte dos países mais ricos não. E por que não queriam mudar? Porque muitos deles já têm recursos destinados para a Estrutura de Adaptação, e preferem apenas realocá-los para o novo mecanismo a se comprometerem com outros financiamentos. Depois de quase uma hora de discussão, prevaleceu a vontade dos Estados Uni-
dos, Austrália, Canadá e Japão, e o “under” permaneceu. Tudo o que as nações em desenvolvimento conseguiram foi a promessa de que esse texto será revisto em 2016. Esse exemplo de como funciona as negociações, brigando por cada palavra, cada vírgula, demonstra a falta de confiança entre as delegações e representa por que toda a COP acaba sendo um processo lento e penoso. A COP 19 foi tão devagar e sem perspectivas que as organizações da sociedade civil que acompanhavam o evento decidiram abandoná-lo antes do fim, como uma forma de protesto. “A COP 19 foi uma farsa. Era para ser sobre o aumento dos cortes das emissões, mas o que vimos foi o oposto – o Japão diminuiu sua meta, a Austrália desistiu de suas políticas climáticas e o Brasil apresentou aumento de 28% no desmatamento. Além disso, os países ricos falharam, não cumpriram suas promessas de disponibilizar financiamento climático de longo prazo”, afirmou Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace.
P e las Em pr esas
ISABELLA ARARIPE
Guilherme Pupo
Grupo Boticário investe R$ 357 milhões em infraestrutura em 2013 O Grupo Boticário vai encerrar o ano de 2013 com investimentos de R$ 357 milhões em importantes movimentos de infraestrutura no Paraná e na Bahia, onde a empresa prevê inaugurar, no próximo ano, uma nova fábrica, em Camaçari, e um centro de distribuição, em São Gonçalo dos Campos. Em São José dos Pinhais (PR), o Grupo inaugurou, em março, um moderno Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, uma nova linha de fabricação de maquiagem e um armazém automatizado de 4 mil m². Os recursos investidos este ano fazem parte do projeto de expansão, anunciado em 2012, que totaliza R$ 650 milhões e vai sustentar o crescimento da organização pelos próximos 20 anos. O Grupo deve fechar o ano com um faturamento acima de R$ 8 bilhões no varejo. “O ano de 2013 foi o mais importante em termos de investimentos em infraestrutura desde que criamos o Grupo Boticário, em 2010. Foi o ano de consolidar as novas unidades de negócio, que são movimentos muito recentes. De fazer ajustes estratégicos e importantes e de preparar nossa estrutura para um belo futuro. Já começamos a colher resultados positivos dessas iniciativas”, afirma o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum.
Guia Exame de Sustentabilidade premia várias empresas São Paulo - O Guia Exame de Sustentabilidade premiou em novembro as empresas mais sustentáveis do país. Vinte empresas foram reconhecidas como destaques em seus setores e outras sete saíram vitoriosas por seus esforços em categorias específicas da sustentabilidade. Como todos os anos, a revista Exame também elegeu a empresa sustentável de 2013. E quem levou o título cobiçado foi o Itaú Unibanco. Maior banco privado do país, com 15 milhões de correntistas, o Itaú vem somando boas práticas que o tornam líder no tema entre as instituições financeiras. O Presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, recebeu o prêmio da Editora de Exame, a jornalista Cláudia Vassalo. Na categoria Gestão de águas quem ganhou a premiação foi a Coca-Cola Brasil, representada pelo Vice-Presidente de Comunicação e Sustentabilidade, Marco Simões, que recebeu o troféu
Roberto Setúbal
Marco Simões (E) recebe o prêmio do Diretor de Redação de Exame, André Lahoz
das mãos do diretor de redação de Exame, o jornalista André Lahoz. Veja a lista completa dos premiados na editoria Pelas empresas do site Plurale (plurale.com.br). Maior levantamento de sustentabilidade corporativa do país, o Guia EXAME de Sustentabilidade, que chega a sua 14a edição, reúne um total de 61 empresas que dão exemplos de boas práticas socioambientais.
Plurale lança nova seção Biblioteca de Balanços de Sustentabilidade Como parte das comemorações pelos seis anos, Plurale em site acaba de lançar a Biblioteca virtual com Balanços de Sustentabilidade. “Queremos ter um espaço democrático para compartilhar boas iniciativas, de fácil acesso não só para especialistas mas para todos os interessados conhecerem ações sustentáveis das empresas”, explica a Diretora de Plurale, Sônia Araripe. Conheça a nova seção em: http://www.plurale.com.br
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Petrobras lança novo Programa Socioambiental: investimentos de R$ 1, 5 bilhão até 2018 O novo Programa Socioambiental da Petrobras acaba de ser lançado: vai investir até 2018 R$ 1,5 bilhão em projetos que integram meio ambiente, educação, trabalho e renda, esportes e direitos das crianças e adolescentes. Considerando o mesmo horizonte de tempo do Plano de Negócios e de Gestão da Companhia, o Programa Petrobras Socioambiental 2014-2018 trabalhará esses temas de maneira dinâmica e sistêmica, com investimentos em práticas voltadas para um ambiente ecologicamente equilibrado e socialmente equitativo, gerando resultados para a sociedade e para a Petrobras.
Espírito solidário de colaboradores da Unimed-Rio As cartinhas para o Papai Noel foram espalhadas pelas paredes dos prédios comercias, despertando a curiosidade dos que transitavam pelos corredores. Foi assim que começou a sétima edição do “Padrinho Natalino”, da Unimed-Rio. A campanha beneficia crianças atendidas pelas instituições Repartir e Saúde Criança, patrocinadas pelo Grupo Unimed-Rio. Os colaboradores puderam escolher doar um kit (com roupa, roupa íntima, brinquedo, sapato e livro) ou brinquedo e presentear os assistidos. Em 2013 a Unimed-Rio bateu seu recorde com 396 padrinhos e 565 crianças apadrinhadas.
Postos Ecoeficientes da Ipiranga são expandidos e atraematenção internacional Em um levantamento realizado pela consultoria especializada Midas Marketing, 89,4% das pessoas já preferem utilizar postos que valorizam ações voltadas para o meio ambiente. Com isto em mente, a Ipiranga amplia o número de Postos Ecoeficientes, levando seu conceito de preservação ambiental para mais localidades no Brasil. “A Ipiranga possui o compromisso com o futuro de apresentar um produto que traz um benefício para o meio ambiente”, comentou Fabiano Dagfal, Coordenador de Desenvolvimento, Engenharia e Arquitetura da Ipiranga. Atualmente com 750 unidades em todo o país, nos postos Ecoeficientes a gestão de energia, água, resíduos e materiais é realizada desde a construção até a fase de operação. A novidade atraiu atenção internacional e se tornou objeto de estudo da Boston University School of Management, nos Estados Unidos. A instituição americana pretende difundir o exemplo brasileiro. Para mais informações sobre os Postos Ecoeficientes, acesse o site: http://bit.ly/1bOUfYJ
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CINEMA
Verde
ISABEL CAPAVERDE
i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r
Cinema movido a energia solar
Memória do esporte olímpico Para chegarmos as Olimpíadas em 2016, com um acervo audiovisual olímpico de mais 50 documentários para realizar uma grande Mostra Nacional em TV aberta, TV por assinatura, cinemas, bem como, exibição em DVDs nas escolas públicas, desde 2011 roteiros são escolhidos através de editais de seleção pública. Em 2013, nove documentários foram selecionados com prêmio de R$ 230 mil para cada um. O projeto realizado pelo Instituto de Políticas Relacionais, com patrocinadores e apoiadores, quer alavancar o esporte por meio de difusão e divulgação das modalidades e sua prática pela população, além de aproximar a produção independente com a TV aberta e por assinatura.
Circuito Tela Verde Para democratizar o acesso ao cinema e fazer isso de forma sustentável, surge o projeto Cinesolar. Desenvolvido pela Brazucah Produções - em parceria com a Associação Cultural Simbora e Semearte, com apoio do Solar World Cinema e da Fundação Holandesa Doen, promotora da sustentabilidade, cultura e inovação social - e realizado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. A ideia é levar primeiro aos CEUs (Centros Educacionais Unificados), sessões de cinema gratuitas com energia limpa e renovável. Como? Com o Cinesolar, um furgão equipado com placas solares no teto que são capazes de captar a energia solar e transformá-la em energia elétrica, com bateria de armazenamento capaz de capturar até 12 horas de carga de energia. Dentro do furgão há toda estrutura para montagem de exibições e apresentações, como cadeiras, tela de cinema e sistema de projeção, som e cabine de DJ.
Projetos ganham documentário Os projetos sociais e ambientais patrocinados pela Petrobras ganharam um documentário de 86 minutos produzido pela Escola Audiovisual Cinema Nosso e dirigido por Luis Carlos Nascimento. “Histórias que transformam o Brasil” relata a vida de brasileiros de cinco regiões do país que tiveram seus destinos mudados a partir do envolvimento com os projetos. Segundo o diretor, foram três meses de muitas horas de gravação e viagens percorrendo os estados do Acre, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe e o Distrito Federal, ouvindo depoimentos de superação e de transformação das dificuldades em valores, dignidade, autonomia, de resgate de tradições e fortalecimento da cidadania. De 2007 a 2012, a Petrobras investiu R$ 1,3 bilhão em projetos sociais que alcançaram, direta e indiretamente, cerca de 15,7 milhões de pessoas. E entre 2008 e 2012, mais de R$ 670 milhões em iniciativas ambientais que envolveram mais de 4,6 milhões de pessoas em ações de educação ambiental.
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Acontece no primeiro semestre de 2014 o Circuito Tela Verde - 5ª Mostra Nacional de Produção Audiovisual, que a cada ano envolve mais de mil espaços exibidores em todo o país. A mostra, cujo objetivo é estimular a produção independente de material audiovisual e multimídia com temática socioambiental, é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Ministério da Cultura. Os filmes selecionados para participar do circuito de exibição, que conta com cerca de 1,5 mil espaços cadastrados de todo o país, farão parte de um kit composto por DVDs, cartazes de divulgação e um manual de organização da mostra. Mais informações no site do Ministério do Meio Ambiente: http://www.mma.gov.br/educacaoambiental/educomunicacao/circuito-tela-verde
MFL 2014 A Mostra do Filme Livre, MFL, que acontece no Rio de Janeiro foi criada para dar espaço e voz a filmes e realizadores mais autorais e independentes, portanto, que fujam da narrativa tradicional. São exibidos e debatidos centenas de filmes feitos em qualquer formato, de qualquer época, gênero e duração. Os protagonistas da 13ª. edição, em 2014, já podem ser conhecidos no site www.mostradofilmelivre.com. Além das sessões do Panorama Brasil, há sempre sessões especiais como: Sexuada, com filmes sensuais, eróticos e/ou sexuais; Infantil, com filmes de temática infantil; Mundo Livre, com filmes feitos por brasileiros no exterior ou por estrangeiros no Brasil; Mundo Trash, com filme de bordas e/ou trash; Pílulas, com filmes de até 5 min, entre outras.
INSCRIÇÕES ABERTAS PARA AS TURMAS DO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2014 conheça algumas empresas participantes: 2PRÓ Comunicação | ACSP - Associação Comercial de São Paulo/Facesp - Federação das Associações Comerciais de São Paulo | AGF Engenharia | Algar | Amcham - Câmara Americana de Comércio para o Brasil | Amil | Arycom Comunicação Via Satélite | Associação Alumni | Asuris Soluções em Tecnologia | Blue Comunicação | BPEnergy do Brasil | CIEE | Comunicação+ | Confederação Nacional da Indústria | Construtora Norberto Odebrecht S.A | CRCOM Comunicação Empresarial | Diretório Estadual do PSDB-SP | Dixie Toga - Bemis Company | Edelman Brasil | Editora Globo | Escola Beit Yaacov | Etapa Educacional | Fina Ideia Comunicação | Folha de S. Paulo | Foz do Brasil | FSB Digital | Gabinete de imprensa do Palácio Pedro Ludovico Teixeira | Grupo Solví | Hospital Sepaco | HSBC Bank Brasil | IBGC | Ibope | Imagem Corporativa | Instituto de Pesquisas Ecológicas | Internacional Paper SP | Johnson & Johnson do Brasil | Kinross | Leo Madeiras | Libbs Farmacêutica | Loga | Oberthur Technologies | PMDB Paulistano | Procter e Gamble do Brasil | Promon Engenharia | Race Comunicação | Radar Propriedades Agrícolas | Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo | Retoque Jornalismo | Santos Brasil | Scania Latin America | SCEE Comunicação | Schneider Electric | Secretaria de Estado das Cidades de Goiás | Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região | Sustentar | Tavex Brasil | Techint | Engenharia e Construção | Texto Comunicação Corporativa | Vila Velha Corretora de Seguros, entre outras.
Programa em parceria com a Escola Superior de Engenharia e Gestão (Eseg), qualificada no Grupo de Excelência do Índice Geral de Cursos 2012 (Inep/MEC)
www.aberje.com.br/mba | 11 3662-3990
I m a g e m Foto: Marcello Casal Jr. Agência Brasil / De Pretória, África do Sul
ilhares de pessoas comuns enfrentaram tumultos e longas filas nos 10 dias de funeral do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela na África do Sul, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1984. Uma centena de chefes de Estado dos países mais influentes do mundo também participou da solenidade. A Agência Brasil cobriu o funeral e esta foto de Marcello Casal Jr. tirada em Pretória, no último dia do funeral, exprime bem o legado da luta contra a segregação racial liderada por “Madiba” ou “Tata”, o pai como os sul-africanos chamavam Mandela: brancos e negros lado a lado solidários na tristeza. Mandela morreu aos 95 anos após uma vida marcada por quase 30 anos de prisão por conta de sua incansável luta em busca por paz e diálogo. É de Mandela a frase: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”. Descanse em paz guerreiro da liberdade. .
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