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Página 2/3 - Anú
úncio Boticário
BELEZA NÃO É SÓ CONSTRUIR UMA FÁBRICA. BELEZA É TRANSFORMAR A VIDA DE UMA COMUNIDADE INTEIRA. O Grupo Boticário acaba de inaugurar uma moderna fábrica em Camaçari, na Bahia. Com ela, geramos oportunidade, emprego e renda para a comunidade local. Transformar a vida de milhares de pessoas é o que nos motiva a continuar investindo no crescimento do nosso país.
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Editorial
Conquistas para serem compartilhadas Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista
E
se passaram sete anos. Além da vitória de termos chegado até aqui com 43 edições ininterruptas, com atualização diária do site, tivemos ainda a felicidade de recentes conquistas. Que queremos compartilhar com você, para dividir a alegria. Acabamos de ser incluídos na lista “Os 100 mais admirados jornalistas brasileiros”, uma pesquisa conjunta do Portal Jornalistas e Cia e Maxpress. Não foi só: também fomos finalistas do Prêmio Comunique-se na categoria Jornalista de Sustentabilidade e fomos certificados pelo Prêmio IBEF de Sustentabilidade (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças). Notícias incríveis que queremos não só compartilhar, mas dedicar a você – leitor, parceiro e apoiador de Plurale. Porque nada disso teria sido possível sem a sua participação, o seu aval. Foram ao todo 2.924 páginas de matérias e registros relevantes ao longo da trajetória da revista impressa – notícias, artigos inéditos, ensaios de fotos, cases de empresas, colunas e muito mais. Para marcar o aniversário, reformulamos o lay-out do portal, agora ainda mais intereativo e com novos conteúdos. Nesta edição tão especial trazemos um leque de diferentes reportagens, artigos e fotos. Lília Gianotti e Cecília Corrêa conversaram com chefs e coordenadores de projetos envolvidos no melhor aproveitamento dos alimentos. Mostram ser possível sim rimar Gastronomia com Sustentabilidade. Da França, nossa correspondente na União Europeia, Vivian Simonato, apresenta novas normas ambientais por trás de outro ícone da alta gastronomia: a champanhe. Do Rio, Elis Monteiro nos mostra a verdadeira “revolução” por trás da nova era do compartilhamento no Terceiro Setor; Isabel Capaverde conta sobre as recentes produções do Cinema Sustentável e Isabella Araripe traz as novidades em Ecoturismo. Artigos inéditos - de Danilo Vivian, Marcos Paulo Reis, Nelson Tucci, Orlando Lima e Solange Beatriz Palheiro Mendes – reforçam o “menu” desta edição. Tudo isso e muito mais, como as Colunas Pelo Brasil, Bazar Ético, Frases, Estante, Pelas empresas, Vida Saudável e Energia. Por você, para você. Boa leitura!
anos
Divulgação
Conte xto
26.
Especial Gastronomia Sustentável,
16.
ARTIGOS INÉDITOS:
Wilson Dias/Agência Brasil
por Lilia Gianotti e Cecília Corrêa
por Danilo Vivian, Marcos Paulo Reis, NElson Tucci e Orlando Lima VIVIAN SIMONATO
36.
BAZAR ÉTICO
32.
A era da colaboração,
por Elis Monteiro
ECOTURISMO
ELIS MONTEIRO
POR ISABELLA ARARIPE
37 PELAS EMPRESAS
42 CASE SUSTENTÁVEL: SEGUROS
44 CINEMA VERDE
POR ISABEL CAPAVERDE
50 6
54.
ChampaNHe e novas normas ambientais por Vivian Simonato
PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2014
29 de outubro de 2014 Rua XV de Novembro, 275 – 1º andar, São Paulo – SP
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1º Encontro Abrasca de Direito das Companhias Abertas, promovido pela ABRASCA no Auditório da BM&FBOVESPA, A ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas realizará no dia 29 de outubro de 2014, o 1º Encontro ABRASCA de Direito das Companhias Abertas, no Auditório da BM&FBOVESPA, Rua XV de Novembro, 275 – 1º andar, são Paulo, SP. Esse evento, em sua primeira edição, tem como objetivo a discussão de temas atuais na área. Pela atualidade e importância dos temas para as companhias abertas, o público estará distribuído entre CEOs, diretores jurídicos, membros dos Conselhos de administração e fiscal das companhias, sócios e advogados dos principais escritórios de advocacia brasileiros, diretores e gerentes jurídicos de companhias abertas, além de autoridades, dirigentes de entidades e demais profissionais ligados ao mercado financeiro e de capitais.
Informações e Inscrições: {11} 3107.5557 nilsonjunior@abrasca.org.br
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Quem faz
Cartas c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r
Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no Twitter e no Facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte SeeDesign Marcelo Tristão e Marcos Gomes Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Isabella Araripe, Isabel Capaverde, Nícia Ribas e Paulo Lima Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Carolina Araripe (Blog Garota de Projetos), Cecília Corrêa, Danilo Vivian, Elis Monteiro, Fernanda Cubiaco (Bota para Girar), Imazon, Lília Gianotti (Gesto Comunicação), Ludmila do Prado (Envolverde), Luiz Fernando Bello, Marcos Paulo Reis, Nelson Tucci, Orlando Lima, Portal IHU On-Line, Carolina Stanisci e Rosenildo Ferreira (Portal 1 Papo Reto), Salvador Nogueira (Revista Pesquisa Fapesp), Sergio Abranches (Portal Ecopolítica), Solange Beatriz Palheiro Mendes (CNseg) e WWF-Brasil.
Impressa com tinta a ` base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda (CNPJ 04980792/0001-69) Impressão: WalPrint
Plurale em Revista é impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932
Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista
Plurale em revista, Edição 42 “Parabenizo Plurale, que vem se destacando pela forma séria e responsável com que trata as questões ambientais e sobretudo temas ligados à energia renovável” Maurício Tolmasquim, Presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) “Como sei como é difícil a sobrevivência de uma revista nova, fico feliz em ver a Plurale chegar ao seu sétimo ano mantendo a excelência.” Ivan Sant`Anna, escritor, Rio de Janeiro “A Dimensione Comunicação parabeniza a Equipe Plurale pelos seus 7 anos de vida! Um veículo que , por meio do conteúdo de excelência, contribui para ampliar a consciência coletiva da temática sustentável no Brasil. Sentimos profundo orgulho pela relação de confiança e parceria que estabelecemos com esse veículo, hoje, referência nacional.” Renata Mondelo e Renata Clemente, Dimensione Comunicação, Rio de Janeiro “Recebi a Edição 42 de Plurale em revista, cuja matéria de capa é sobre o Parque Nacional da Serra da Canastra. Simples e real. Ricamente ilustrada com belas fotos de Luciana Tancredo, a matéria trata com simplicidade grande santuário que é o Chapadão da Canastra e a nascente do Velho Chico. Hoje o fogo passou, a água mingou e estamos no aguardo das chuvas. Certamente ela virão, o rio voltará a ter sua força e o verde e as flores voltarão a vestir o chapadão. Mas que nos sirva de lição. Que saibamos racionalizar o uso da água e que façamos do fogo ferramenta de uso controlo e apenas nos casos em que ele seja realmente necessário. Assim continuaremos a ter as belas paisagens publicadas nesse excelente veículo que é Plurale em revista.” Darlan Alcântara de Pádua, administrador do Parque Nacional da Serra da Canastra, São Roque de Minas (MG)
“Ver o Projeto EcoModa na seção Bazar Ético de Plurale em revista, uma referência em informação sobre sustentabilidade, me dá certeza de que estamos no caminho certo. Agradeço à equipe da publicação pela matéria que servirá de incentivo para professores, monitores e alunos.” Carlos Portinho, Secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro Prêmio “100 mais admirados jornalistas brasileiros”, indicação ao Prêmio Comunique-se, Prêmio IBEF de Sustentabilidade, premiações pela excelência de qualidade conferido pelos leitores que há sete anos acompanham o esforço e o merecimento dessa gente da Plurale. Parabéns! Sempre, parabéns!” Roberto Saturnino Braga, Ex-Senador e escritor, Rio de Janeiro “Gostaríamos de cumprimentar Plurale em revista e Plurale em site pelas frequentes reportagens e notícias relacionadas a captação de recursos para ações de prevenção e controle ao câncer e também de combate ao tabagismo. Destacamos especialmente a recente matéria publicada na Edição 41 de Plurale, assinada por Cecília Corrêa. O espaço dedicado à iniciativa de jovens que doam seus cabelos para a confecção de perucas para outras meninas que estão em tratamento de câncer é um incentivo à solidariedade.” Celso Ruggiero, Diretor Executivo da Fundação do Câncer, do Rio de Janeiro Correção As fotos publicadas no artigo “Teoria e realidade” de Thereza Dantas, do Fórum de Comunidades Tradicionais Indígenas, Quilombolas e Caiçaras de Angra dos Reis, por um erro de edição, saíram trocadas. Pedimos desculpa à autora e aos leitores. O artigo com as fotos corretas pode ser consultado na Edição 42 de Plurale no link : http://www.plurale.com.br/site/revistadigital.php
Plurale e WalPrint: uma parceria sustentável, um relacionamento que rende muitos frutos. Parabéns pelos 7 anos!
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Frases
Ao longo de sete anos, Plurale tem ouvido histórias que marcaram sua história. Reunimos aqui alguns destes pensamentos apresentados em diferentes reportagens.
LUIZ GONZAGA DE AGUIAR, ribeirinho da Reserva de Uatumã (AM), sonhando com a possibilidade de ser alfabetizado, Edição 11
“A bicicleta é liberdade. Eu escolho como, onde e como eu vou” BRISA VIDELA, bailarina argentina, em reportagem de Aline Gatto Boueri, Correspondente de Plurale na Argentina, na Edição 24 “Aqui não temos turmas. Temos times de 18 alunos e cada um tem o seu computador” Sergio Abranches
JÚLIA DE ANDRADE VICENTE, 14 anos, aluna do Projeto Gente, na Rocinha, em entrevista para Nícia Ribas, Edição 35 “Falta algo mais elementar que é entender os povos indígenas. Eles prestam um enorme serviço ambiental”
“Quando a gente luta e tem uma conquista que é um pedaço de chão pra gente trabalhar, a gente precisa lembrar que vai ter outros passos. Quando conquistamos a terra nós éramos todos semi-analfabetos ou analfabetos e, coletivamente, nossa ideia foi montar um grupo técnico para assessorar a gente”.
MÍRIAM LEITÃO, jornalista e escritora, em entrevista à editora de Plurale, Sônia Araripe, na Ediçao 41
DIANA, líder comunitária e sócia-fundadora da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Lago do Junco e Lago dos Rodrigues (AMTR).em depoimento à repórter Vivian Simonato, na matéria sobre as quebradeiras do babaçu no Maranhão, na Edição 26
“Percebi que cada um fazendo sua parte, por menor que seja, podemos fazer a diferença” ALAN FERREIRA, 22 anos, instrutor do rojeto Roda Vida, da Comunidade do Borel (Zona Norte do Rio), em depoimento para Lília Gianotti, na matéria sobre a geração “Filhos da Rio 92” na Edição 29 10
PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2014
Aline Gatto Boueri
Antônio Lima
“Quero aprender a escrever para mandar muitas cartas”
Entrevista
Historiadora
Lorena Telles,
Trabalho doméstico brasileiro e a herança da sociedade escravocrata
“Relações de autoritarismo e de serviços obedientes aparecem nos registros com muitas menções a criadas desobedientes que faziam corpo mole no trabalho, que iam embora atrás de melhores salários”, diz a historiadora Do Portal IHU On-Line
A
regulamentação do trabalho doméstico durante a transição do pós-abolição surge “porque os patrões queriam garantir a disciplina dos trabalhadores”, diz a historiadora Lorena Telles, autora do livro “Libertas entre Sobrados”, ao reconstituir a história de mulheres pobres que, após a abolição da escravatura, passaram a trabalhar em casas de família. “A disciplina dos escravizados se dava por meio da noção da propriedade e pela violência, que eram as formas de tentar coagir ao trabalho. Contudo, à medida que as pessoas foram sendo alforriadas, como obrigá-las a trabalhar, tendo elas a liberdade e a posse sobre o corpo no sentido de ir e vir? Foi aí que surgiu a lei regulamentando o trabalho livre, penalizando, inclusive, com multas e pena de prisão, os empregados que não cumprissem os contratos. Essa foi uma forma de tentar coagir,
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através da lei, os ex-escravos a assinarem os contratos e a se manterem nas casas. Nesses contratos foi incluído o aviso-prévio, para não deixar, digamos assim, os patrões ‘na mão’”, contextualiza na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por telefone. Lorena Telles analisou o livro de inscrições das empregadas domésticas de São Paulo, pós-abolição, o qual registrava 1.001 brasileiras negras e brancas inscritas. Segundo ela, o trabalho doméstico “era entendido como ‘criado de servir’”, e correspondia ao trabalho de homens e mulheres que desenvolviam atividades pessoais ligadas diretamente aos patrões e ao mundo da casa. “Percebe-se que trabalhadores desempenhavam as mesmas funções de antes, porque a economia permanecia agrária”, pontua. De acordo com a historiadora, a regulamentação do trabalho doméstico pós-abolição deu continuidade a uma relação informal, segundo a qual “muitas pessoas não são protegidas pelo direito de trabalho, porque
PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2014
atuam no mundo doméstico, que é um mundo fechado, no qual o Ministério do Trabalho não tem a mesma possibilidade de entrar como tem no caso das empresas”. Na avaliação dela, outra forma de permanência dessa relação escravista se mantém em muitos lugares do Nordeste e do Centro-Oeste, com o trabalho doméstico infantil. “É uma relação de proximidade, como se fossem da família; mas ela é da família até que não resolva ser insubordinada. Portanto, existem relações hierárquicas bem marcadas; é de se esperar que os empregados obedeçam, sejam servis, não coloquem suas opiniões de maneira enfática. O mundo de serviços no Brasil é muito marcado pela obediência e pelo autoritarismo.” Lorena Telles é graduada em História pela Universidade de São Paulo - USP e pela Universidade de Paris IV (Paris-Sorbonne) e mestre em História Social. Confira a entrevista.
ENTREVISTA IHU On-Line - Como a herança escravista influenciou a profissão de empregada doméstica no Brasil? Pode nos dar alguns relatos de experiências sociais de mulheres escravas, libertas e descendentes livres, na cidade de São Paulo, pós-abolição? Lorena Telles – Entre as heranças escravistas em relação ao trabalho doméstico, destaca-se que ele continua sendo um trabalho mal pago, e não pago muitas vezes, porque ainda é muito comum meninas e crianças de 8 a 12 anos prestarem serviços domésticos em troca de comida, alimentação, roupa e casa. Ou seja, a noção de um trabalho profissionalizado e assalariado demorou muito a se instaurar e, apenas recentemente, só em 2012, as empregadas domésticas tiveram os direitos dos trabalhadores da CLT, com a regulamentação da PEC das domésticas. A questão do tratamento das empregadas domésticas muitas vezes estava relacionada a casos de violência ou assédio sexual. No pós-abolição e durante a escravidão, as escravas sofriam assédio dos senhores e de outros homens brancos. As jornadas de trabalho eram muito extensas, então era um trabalho interminável, porque as empregadas eram as primeiras a acordar e as últimas a dormir. E se pensarmos que à época não havia os eletrodomésticos que existem hoje — não existia fogão a gás até 1870 —, então era muito demorado e trabalhoso cozinhar, lavar e engomar as roupas.
IHU On-Line - Como se deu essa transição de escravas para empregadas domésticas? Lorena Telles – A transição do trabalho escravo abolido foi acontecendo durante toda a segunda metade do século XIX, porque, com o fim do tráfico de africanos em 1850, os fazendeiros perderam a fonte principal de renovação da escravidão, já que no Brasil a reprodução dos escravos não era suficiente para repor perdas por morte e por invalidez.
Sem trabalho doméstico não tem comida, não tem limpeza, não tem roupa limpa, não tem saúde” Depois, com a lei do ventre livre de 1870, não se nascia mais escravo no Brasil. Com isso, a escravidão estava fadada a acabar. Então, pouco a pouco, com o fim do tráfico de africanos, houve uma migração dos escravos e escravas da cidade para o Sudeste cafeeiro. Assim, a mão de obra doméstica, pelo menos em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, era essencialmente livre e liberta.
Em São Paulo, na década de 1880, havia muito poucos escravos, porque a maioria estava trabalhando nas fazendas de café, e o trabalho doméstico já era praticado por mulheres pobres, a grande maioria delas negras ex-escravas. Entretanto, com a colonização do Brasil, as imigrantes portuguesas, alemãs e italianas começaram a competir nesse mercado de trabalho. Então, houve nuances no processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre e, à época, o trabalho livre não era entendido no sentido do que nós o entendemos hoje, como trabalho assalariado, com direitos, com contratos de trabalho impessoais ou formais. Isso demorou muito tempo para acontecer. Inclusive os contratos de trabalho surgiram exatamente no contexto dessa mão de obra livre, liberta, negra e como proposta de regulamentar essas relações de trabalho. Minha pesquisa queria compreender quais foram as experiências dessas empregadas domésticas livres com a liberdade. Porque muitas delas eram negras, foram escravas ou tinham escravos na família. Assim, me perguntei sobre qual era a experiência da liberdade para elas. Como resposta, a mobilidade é a primeira questão que aparece, ou seja, a possibilidade de poder largar o emprego, sair de uma casa e ir para outra. Inclusive o nome do livro, “Libertas entre sobrados”, tem a ver com isso, porque trata de uma liberdade que não é abstrata; é uma liberdade com contingência, e o desemprego e as dificuldades de sobrevivência levavam essas mulheres a sair de uma casa e ter de se empregar em outra. Além disso, a regulamentação do trabalho previa penas de prisão e maiores multas para os empregados que largassem o emprego antes do aviso prévio. Apesar disso, havia uma mudança acerca da relação delas com os patrões, porque eles não eram senhores de escravos; eram pessoas de classe média, mas o escravismo permanecia no desenvolvimento das atividades. Então, relações de autoritarismo e de serviços obedientes aparecem nos registros com muitas menções a criadas desobedientes que faziam corpo mole no trabalho, que iam embora atrás de melhores salários, que iam embora para cuidar de familiares doentes ou para se casar. Então, são experiências da liberdade, mais do que uma liberdade formal e liberal. IHU On-Line – Há registros históricos de como essas mulheres se sentiam? Lorena Telles – Os contratos de trabalho têm uma série de formalizações que incluíam, por exemplo, o registro da empregada na Se-
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Entrevista
cretaria de Polícia. Ela dizia o nome, a idade, a profissão, a naturalidade, a filiação, sinais característicos e, com essas informações, tinha uma ficha de identificação e ganhava uma caderneta de trabalho. O patrão transcrevia nessa caderneta o contrato, que geralmente tinha o seguinte modelo: “Tomei fulana de tal, vencendo 12, 15, 20 mil réis como engomadeira, como cozinheira etc., por tempo indeterminado e assinado”. Esse livro de inscrições tem 1.001 inscrições entre brasileiras, negras e brancas. Também são registradas alemãs, italianas, algumas africanas que já estavam bem mais velhas, portugueses, homens brasileiros negros. Nesse registro sempre havia, na parte de inscrição, as observações, nas quais eram anotadas as causas que levavam essas mulheres a trocarem de patrões. Claro que muitas das razões que faziam com que essas mulheres saíssem de uma casa para ir para outra não estariam transcritas ali, porque não se diria, por exemplo, se ela tivesse sofrido algum tipo de abuso sexual ou o não pagamento do salário. Mas aparecem, por exemplo, informações como “mudou de patrão para buscar maior salário, ou mudou para cuidar da família, cuidar de doentes, para se casar”. Muitas vezes não aparecia a razão da mudança, somente aparecia o nome do patrão e o novo contrato. Nos registros encontrei o caso de uma jovem de 19 anos, nascida em alguma cidade produtora de café do Oeste paulista, de cor negra, que poderia ter sido escrava, não dá para ter certeza, mas que mudou de casa umas três vezes seguidas em muito pouco tempo. Então, aí vem a criatividade dos historiadores de tentar imaginar o que teria motivado essas mudanças frequentes. Podemos imaginar que por ela ser jovem, por exemplo,
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a mudança poderia estar vinculada a algum caso de assédio sexual, ou porque o patrão não queria pagar o salário. Havia casos em que estava escrito no contrato de trabalho que a mudança estava relacionada a querer ganhar maior aluguel, então, está claramente expresso que a empregada havia mudado porque queria um salário maior e que conseguiu encontrá-lo por meio de conhecidos. Elas mudavam de patrão muito rápido, porque as pessoas precisavam dessas trabalhadoras. Elas eram fundamentais na sociedade e até hoje são, porque sem trabalho doméstico não tem comida, não tem limpeza, não tem roupa limpa, não tem saúde. IHU On-Line – Em que consistia e em que contexto histórico surgiu a lei que regulamentava o trabalho doméstico livre, após a abolição? Existiam outros tipos de trabalhos domésticos? Lorena Telles – O contexto da lei da regulamentação do trabalho doméstico é 1886, ou seja, dois anos antes do fim da escravidão. Nesse contexto havia poucos escravos e a grande maioria dos trabalhadores urbanos era livre em São Paulo, assim como no Rio Grande do Sul, Recife e Rio de Janeiro. Essa lei surgiu porque os patrões queriam garantir a disciplina dos trabalhadores. A disciplina dos escravizados se dava por meio da noção da propriedade e pela violência, que eram as formas de tentar coagir ao trabalho. Contudo, à medida que as pessoas foram sendo alforriadas, como obrigá-las a trabalhar, tendo elas a liberdade e a posse sobre o corpo no sentido de ir e vir? Foi aí que surgiu a lei regulamentando o trabalho livre, penalizando, inclusive, com multas e pena de prisão, os empregados que não cumprissem os contratos. Essa foi uma forma de tentar coagir, através da lei, os ex-escravos a assinarem os contratos e a
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se manterem nas casas. Nesses contratos foi incluído o aviso-prévio, para não deixar, digamos assim, os patrões “na mão”. Segundo a lei, o trabalho doméstico era entendido como “criado de servir”. Entre as ocupações femininas, estavam: serviços domésticos em geral — que seria a limpeza da casa –, cozinheira, lavadeira, engomadeira, quitandeira, ama de leite — as quais sofriam um controle maior em função do avanço da medicina no controle de doenças — e pajem de crianças. Entre as ocupações masculinas, havia cozinheiro, copeiro, hortelão, chacareiro, também aqueles que conduziam as carroças, que cuidavam dos cavalos, por exemplo, tudo isso era considerado trabalho doméstico, ou seja, toda atividade pessoal ligada diretamente aos patrões e ao mundo da casa. Nesse sentido, percebe-se que trabalhadores desempenhavam as mesmas funções de antes, porque a economia permanecia agrária. Nas cidades, havia um crescimento das classes médias, mas, apesar da industrialização, ele ainda era muito baixo. Então, a alimentação era feita com os produtos agrícolas vendidos das próprias chácaras, por quitandeiras, que vendiam essas hortaliças, frutas, comidas feitas. As lavadeiras e as quitandeiras, por exemplo, tinham um trabalho considerado “criado de servir”, mas exerciam uma atividade extradoméstica, porque estavam no mundo da cidade. As lavadeiras iam e vinham, lavavam as roupas e eram muito autônomas porque tinham vários clientes. As quitandeiras também ficavam nas suas barracas vendendo frutas, legumes e as comidas prontas.
O mundo de serviços no Brasil é muito marcado pela obediência e pelo autoritarismo” IHU On-Line – Pode nos explicar como eram elaborados e em que consistiam os contratos de trabalho nesta época? Lorena Telles – Os contratos eram interessantes porque as posturas municipais [1] fizeram um modelo do contrato que estava escrito nas cadernetas de trabalho das criadas, as
quais eu não tive acesso, porque não existem mais. Mas pelos contratos foi possível ver que muitos patrões extrapolavam a formalidade e davam diversas informações extras sobre as empregadas. Um dos patrões informa que a empregada morava fora, mas que tinha de chegar todo dia às sete da manhã e ir embora às cinco da tarde. Então, é interessante sabermos que havia um acordo entre eles, e muitas vezes um acordo de negociação, porque o fato de ela morar fora implicava em uma jornada de trabalho limitada. No contrato o patrão ainda dizia que, como ela era católica apostólica romana, ia à Igreja aos domingos e poderia chegar mais tarde, por exemplo. Essa era uma brecha para ela ter um tempo livre. Tem outro caso de uma patroa que mencionava o seguinte: “tomei Rosa Maria como minha criada apenas para serviços leves, dado sua idade avançada”. E logo a seguir acrescentava: “Não quero a preta Rosa nem de graça por ela ser muito atrevida. Pedi para ela cuidar da minha casa e ela disse que não cuidava pois não é minha escrava; não quero ela nem de graça”. Fui ao livro de inscritos para ver quem era a Rosa Maria. Ela era africana, tinha sessenta e poucos anos, e provavelmente era uma africana livre — africanos que foram trazidos para o Brasil em tempos de tráfico ilegal. A partir de 1831 foi promulgada a lei que pôs fim ao tráfico, mas ela não foi respeitada por algum tempo, então essas pessoas que vinham para o país ficavam em uma situação na qual não eram nem escravas nem livres; ficavam sob a tutela do governo. Tentei reconstituir a história da Rosa Maria: ela se inscreveu como cozinheira, então quais seriam os trabalhos que a patroa pedia para ela fazer? Poderia ser muito além daquilo que ela julgava justo, ou então será que a patroa era muito autoritária? Enfim, mas ela disse o não dela, falou “não sou sua escrava”. Isso é uma pérola para nós historiadores e demonstra claramente a percepção que ela tinha, de que ela não era escrava. Há outros casos em que os patrões dizem claramente: “fulana de tal foi liberta, desde 1883 ganhou a carta de alforria, mas continuou trabalhando comigo”. Nesses casos dá para perceber que havia relações de proteção ou de paternalismo em que muitas vezes para essas mulheres era mais conveniente permanecer junto aos seus senhores. Enfim, mostra a complexidade dessas relações de dependência e, com o fim da escravidão, a liberta ou liberto não necessariamente se afastaria das relações de dependência e de proximidade com seus senhores.
IHU On-Line – Qual era a média dos salários dos empregados domésticos? Lorena Telles – Entre as mulheres, os salários estavam por volta de 20-25 mil réis. Os trabalhos mais bem pagos eram o de ama de leite, e as criadas estrangeiras ganhavam mais, principalmente porque eram empregadas por patrões ricos — havia naquela época um desejo de europeização dos costumes. Então, as italianas, as alemãs começaram a ser preferidas em detrimento das brasileiras negras. No caso do salário dos homens, os cozinheiros, por exemplo, ganhavam muito mais, às vezes mais do que o dobro do que as mulheres, mas havia muitos homens que eram mal pagos também. Eu não cheguei a fazer um estudo aprofundado sobre o salário dos homens, mas pesquiso a relação principalmente entre os brasileiros negros e os imigrantes, porque essa é a grande questão: muitos libertos e brasileiros negros têm que competir no mercado de trabalho com os imigrantes, que acabam sendo os preferidos. IHU On-Line – Quais são as práticas adotadas à época da escravidão que se mantêm na atividade de empregada doméstica? Lorena Telles – Vou te falar do que leio, escuto, já vi e do que já vivi, porque não cheguei a fazer uma pesquisa antropológica, sociológica da realidade atual nem de história oral. Uma fonte interessante que utilizei foi a Dona Risoleta, nascida em 1901. Ela acompanhou todo esse período do pós-abolição e as continuidades. A primeira questão observada a partir desse caso é a permanência e a continuidade de uma relação informal. Muitas pessoas não são protegidas pelo direito de trabalho, porque atuam no mundo doméstico, que é um mundo fechado, no qual o Ministério do Trabalho não tem a mesma possibilidade de entrar como tem no caso das empresas. Além disso, a jornada de trabalho é muito extensa e não havia, até 2012, uma regulamentação fixa da jornada de oito horas diárias, ainda mais quando a empregada morava na casa. Os salários também são muito desvalorizados e, culturalmente falando, a empregada doméstica é tratada, na maioria das vezes, com desprezo. A grande presença de mulheres negras no trabalho doméstico também tem a ver com a inserção socioeconômica e profissional das mulheres pobres. Até dois anos atrás elas não tinham acesso aos direitos da CLT, como fundo de garantia, salário-família, jornada de trabalho limitada, férias pagas, hora-extra. Outra forma de permanência dessa relação escravista se mantém em muitos lugares do Nordeste e do Centro-Oeste, com o trabalho doméstico
infantil, geralmente meninas, crianças, adolescentes e jovens, que trabalham, são agregadas e não recebem salário. Então, é uma relação de proximidade, como se fossem da família; mas ela é da família até que não resolva ser insubordinada. Portanto, existem relações hierárquicas bem marcadas; é de se esperar que os empregados obedeçam, sejam servis, não coloquem suas opiniões de maneira enfática. O mundo de serviços no Brasil é muito marcado pela obediência e pelo autoritarismo. IHU On-Line – Como avalia a legislação brasileira acerca do trabalho das empregadas domésticas, tanto em relação à aprovação da lei que garante que os trabalhadores domésticos possam ter os mesmos direitos dos trabalhadores de outras atividades, por exemplo, como, por outro lado, a aceitabilidade do trabalho de diaristas? Lorena Telles – Isso é um problema, porque o vínculo de trabalho doméstico só se estabelece com a frequência de três vezes por semana. Menos do que isso, as domésticas são consideradas autônomas. Então, o Legislativo não abordou essa questão do trabalho das chamadas diaristas, das faxineiras. O trabalho delas tem se valorizado exatamente em função dessa lei das domésticas que encareceu o trabalho. Muitas pessoas não estão tendo condição de pagar uma doméstica que esteja o dia todo na residência. Então, é uma questão complexa, que precisa ser regulamentada, porque elas têm de ter direito à formalização do trabalho. NOTA [1] O Código de Posturas Municipal tem sua origem na época do Brasil colonial, quando os pequenos povoados e vilas, apesar de todo o poder centralizador das Capitanias Hereditárias, assumia por iniciativa própria, funções importantes de governo, entre elas o estabelecimento de regras e normas, seguindo padrões éticos, morais e culturais da época, que facilitassem a convivência dos habitantes de um mesmo local. Em 1824, com a proclamação da independência, surge a Constituição Imperial. As posturas municipais eram um conglomerado de normas que regulavam o comportamento dos munícipes, desde suas relações de vizinhança e cidadania, até relações de cunho trabalhista, referentes a criados e amas de leite.
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Colunista
Portal Fiocruz
Nelson Tucci
O Vírus Ebola e a “receita da caixinha”
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o fatídico 11 de setembro de 2011 morreram, oficialmente, 2.819 pessoas em New York (EUA). Há números apontando um pouco mais: 3.278 pessoas, entre mortos e desaparecidos, no atentado contra as torres gêmeas do World Trade Center. De qualquer forma, em números redondos, costuma-se contabilizar “mais de 3.000 pessoas”. Um horror. Na Libéria, Guiné e Serra Leoa (África Ocidental) morreram 3.091 pessoas vítimas do vírus Ebola, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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O total de infectados é, certamente, maior: 6.574. Um horror. Mas isto ainda não é tudo. Organizações oficiais de saúde dos Estados Unidos estimam que se a epidemia não for contida até lá, em janeiro do próximo ano terão sido infectadas 1,4 milhão de pessoas. E é razoável pensar que o vírus já terá atravessado o oceano e com chances de se espalhar pelo globo. Na `operação rescaldo` do WTC foram recolhidos 144 anéis, 437 relógios, 77 colares, 119 brincos e 80 pulseiras entre os 65.000 objetos pessoais encontrados nos escombros. Uma tristeza sem fim.
PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2014
Da Libéria, Guiné e Serra Leoa não tive notícias de objetos pessoais. Mas arriscaria dizer que houve menos, infinitamente menos grama de ouro per capita. Menos ouro, sim, mas não menos vidas, menos sonhos, menos esperança e menos razão para se viver. Do mesmo modo, uma tristeza sem fim. Quem nasce em New York não tem mais direitos (humanos) que o nativo da Monróvia, Conacri ou de Freetown. Nem menos. Também não é sensato afirmar que viajantes de passagem pelos Estados Unidos, naquele 11 de setembro, acalentassem sonhos mais
legítimos que os viajores de passagem pela África. Em todos os casos houve perdas de vidas humanas. A cor da pele, a conta bancária ou a marca do relógio são meros e insignificantes detalhes agora. Liberianos, leoneses, brasileiros, judeus, estadounidenses e europeus... Em nada importa a origem desses mais de 6.000 mortos entre o “centro do mundo”, New York, e cidades dos países pobres da África. Números quando vistos friamente podem não representar muita coisa, mas é seguro que servem como balizador. Em casos como este – o de propagação e contaminação – são importantes. E quanto mais sobem, mais vermelho vai ficando o sinal de alerta. Os casos registrados na África são graves, gravíssimos, se considerarmos os números oficiais. Mais de 6.500 pessoas infectadas é um dado altamente preocupante, sobretudo se consideramos que o vírus é letal. A suspeita, entretanto, é que o número seja bem maior. Não me atreverei a discutir a questão cultural, mas existe um componente a ser levado em consideração. Em algumas sociedades tribais – que é o caso – há muita crendice. Logo, tudo aquilo que o ser humano tem dificuldades em processar rapidamente atribui ao sobrenatural. Assim, pessoas infectadas “do nada” podem ser “interpretadas” como alvos de feitiçaria. Há notícias de que várias famílias não informam as autoridades sanitárias e escondem os seus doentes, abreviando-lhes a sentença de morte. CAIXINHAS E REAÇÕES DIFERENTES Perante a ciência – que descarta, definitivamente, a classificação de `raças` dentro da Humana -, ou perante o Criador, nós, terráqueos, somos todos irmãos. No entanto, o dito `animal racional` criou classificações, inventou o status e mais um monte de bobagens sugerindo pessoas diferentes entre os humanos. A isso some-se o grau de desenvolvimento econômico e, pronto, está concebida a “receita da caixinha”. Estamos “marketizando” o ser humano. Escolhe-se as peças por amostras e se
aparta-lhas em blocos e estratos, acondicionando as criaturas em caixinhas diferentes e embalando-as para consumo. Daí fica fácil entender porque a reação à inaceitável morte de 3.000 pessoas no WTC foi imediata e a reação
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Organizações oficiais de saúde dos Estados Unidos estimam que se a epidemia não for contida até lá, em janeiro do próximo ano terão sido infectadas 1,4 milhão de pessoas. E é razoável pensar que o vírus já terá atravessado o oceano e com chances de se espalhar pelo globo.
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à morte de 3.000 africanos ainda está sendo “calmamente digerida” pela mídia e pela chamada comunidade internacional. O conteúdo e o peso são os mesmos, seres humanos, mas as caixinhas são diferentes no grafismo, cores e texturas em que são apresentadas ao público. Em 11 de agosto publiquei em minha coluna de Pluraleemsite http://www.plurale.com. br/site/noticias-detalhes. php?cod=13724&codSecao=2) texto tratando do mesmo assunto: ebola. Debrucei-me no preconceito para justifi-
car o por quê de a ciência já conhecer o vírus há praticamente 40 anos e nada fazer para eliminá-lo e, de repente, o mesmo ganhar manchetes de jornais, sites, rádios, TVs e redes sociais, mundo afora. A explicação técnico-científica-racional-politicamente-correta pode ser longa. E quanto mais longa ela for mais náuseas irá me causar. Avocando o direito de utilizar a linguagem simplista, vou direto ao ponto: ebola só é notícia – e preocupação! – porque está matando, também, os brancos europeus e norte-americanos. De novo, a história da caixinha a que me refiro no título deste artigo. Enquanto os lotes de caixinhas estavam separados e com risco ínfimo de contaminação, portanto, a coisa estava largada. Mas à medida em que começaram-se a misturar os lotes, entremeando as de papelão cru com as de verniz UV na capa, a preocupação internacional passou a ganhar corpo. Em meu artigo de 11 de agosto expressei a mesmíssima indignação de um doutor africano. E por ser oportuno reproduzo o seguinte parágrafo: Faço minhas as palavras do Dr. Melvin Korkor, médico liberiano que viu seus conterrâneos e inclusive alguns colegas médicos morrerem pela infecção do ebola por estes tempos: “O vírus existe há 40 anos e se tivesse ocorrência na Europa ou nos Estados Unidos já teria sido motivo de preocupação, mas como era só na África ninguém ligou...” Desconheço o orçamento real da saúde nos países africanos castigados pelo vírus Ebola, mas acredito que seja cruelmente menor que o orçamento militar de países como Estados Unidos (US$ 600 bilhões), China (US$ 112 bilhões), Rússia (US$ 68 bilhões), Reino Unido (US$ 57 bilhões), França (US$ 52 bilhões), Japão (US $ 51 bilhões), Alemanha (US$ 44 bilhões) ... É nesta batida que caminha a Humanidade. Nelson Tucci é jornalista, com extensão em Meio Ambiente pela ECA-USP; pós-graduado em Comunicação e Relações com Investidores pela FIPECAFI (FEA-USP), diretor da Virtual Comunicação, palestrante e colaborador da Plurale.
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Artigo Marcos Paulo Reis
O mundo sem voluntários “As pessoas são a verdadeira riqueza de uma nação”. (Relatório de Desenvolvimento Humano – PNUD, 1990)
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á um programa de TV com o tema “O Mundo sem Ninguém”. Esse programa propõe uma teoria apocalíptica, que analisa como ficaria a Terra sem seres humanos, mas dotada de toda a infraestrutura que o homem construiu. Ao final, a vegetação toma conta de tudo, os edifícios ruem, as pontes caem, as barragens não suportam e se rompem, há inundações, e tudo vai se desfazendo, e por fim a Terra retornaa sua condição original (“Life afterpeople” The History Channel (http://www.seuhistory.com/ series/o-mundo-sem-ningu-m.html).
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Há no mundo bens que não podem ser monetizados, como por exemplo, um favor que você faz a alguém ao pegar algo que caiu de suas mãos, ajudar uma pessoa a se levantar após uma queda, levar um desconhecido ao hospital, entre outros.Mesmo que a outra queira pagar, as convenções humanas impedem que isso seja feito. Imaginemos que no mundo todo existam atos que não possam simplesmente ser “comercializados” e, de repente, esses atos desapareçam como num passe de mágica. Como seria o mundo sem um simples atoaltruísta e humanitário?
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O Relatório sobre o Estudo do Estado do Voluntariado no Mundo, proposto pela ONU em 2011, diz que “o voluntariado é uma expressão básica das relações humanas. Ele representa a necessidade das pessoas de participar em suas sociedades e sentir que são importantes para outros”. A ação voluntária é simplesmente imprescindível no mundo e, quando tudo falha, são voluntários que estão ali para transformar realidades. Quando falta energia, faltam alimentos, a escassez de água é iminente, as guerras destroçam famílias e atingem crianças, ou quando as ações naturais trazem destruição, somente seres
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Se os voluntários do mundo todo formassem um país que podemos chamar de “Voluntaristão” - este seria a 9ª economia do mundo, pois se formos transformar as ações voluntárias em ações monetizadas, representariam o equivalente a 400 bilhões de dólares/ ano. Só para se ter uma ideia da riqueza gerada pelo voluntariado, a Organização das Nações Unidas estima que no ano 2000 cerca de 10 milhões de voluntários tenham vacinado cerca de 550 milhões de crianças no mundo.
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humanos, movidos pelo mais completo sentimento altruísta, podem ajudar a resolver ou a amenizar situações de caos. Sabemos muito bem que, mesmo não havendo nenhuma necessidade ligada a tragédias, a ação altruísta é necessária. Na participação comunitária, nas câmaras populares, na disseminação de ideias importantes, sejam políticas ou de prevenção, na participação de pessoas em centros comunitários, em organizações sociais e instituições governamentais, essas funções são imprescindíveis para o bom funcionamento da vida humana e, inclusive, para manter e sustentar as democracias modernas – atualmente essas ações são classificadas como Ati-
vismo Social, o que não deixa de ser voluntariado. Uma pesquisa da universidade norte-americana Johns Hopkins em 35 países mostrou que as ONGs - Organizações Não Governamentais - envolvem aproximadamente 20% da população adulta e geram cerca de 5% do PIB – Produto Interno Bruto - desses países. Se os voluntários do mundo todo formassem um país - que podemos chamar de “Voluntaristão” - este seria a 9ª economia do mundo, pois se formos transformar as ações voluntárias em ações monetizadas, representariam o equivalente a 400 bilhões de dólares/ano. Só para se ter uma ideia da riqueza gerada pelo voluntariado, a Organização das Nações Unidas estima que no ano 2000 cerca de 10 milhões de voluntários tenham vacinado cerca de 550 milhões de crianças no mundo. Se, por um momento, fecharmos os olhos e imaginarmos que o mundo inteiro ficou sem voluntários, provavelmente estaríamos vivendo um verdadeiro caos. Milhares e milhares de pessoas estariam sem atendimento psicológico;centenas de pessoas fugindo de secas extremas, de guerras e de epidemias, sem apoio; crianças morrendo ainda em seus primeiros dias; mulheres sem acompanhamento neonatal; idosos esquecidos em seus lares; homens e mulheres jazendo pelas ruas, com fome, com frio e sem nenhuma atenção. Estudos sobre voluntariado no mundo afirmam que “existem muitas evidências de que o engajamento voluntário promove valores cívicos e a coesão social, diminui conflitos violentos de todos os níveis e promove a reconciliação em situações de pós-conflito. Ao contribuir com a construção da confiança, a ação voluntária diminui as tensões que criam conflitos e também pode contribuir para a resolução de conflitos. Também pode criar um propósito comum ao final de uma guerra”. O voluntariado tem trazido para o planeta o que podemos chamar de vida aceitável, mundo possível de viver, e vida tolerável. Os voluntários não só trazem a cor para o planeta, como também pintam o planeta com essas cores. São homens e mulheres anônimos ou
conhecidos que simplesmente doam suas vidas para salvar outras, que abrem mão de seu tempo, o bem mais precioso no mundo moderno, para ajudar outras pessoas. A teoria do mundo sem ninguém, descrita no começo deste artigo, não relata exatamente como seria o desaparecimento do ser humano na Terra, mas podemos afirmar com certeza que o mundo sem voluntariado seria uma tragédia que prenunciaria o mundo sem seres humanos, e oxalá isso jamais aconteça. Marcos Paulo dos Reis - Consultor em Gestão no Terceiro Setor. É formado em Gestão de Recursos Humanos com MBA em Gestão e Empreendedorismo Social pelo CEATS/FIA. Atuou como coordenador de Voluntariado do Grupo Telefônicano Brasil. Possui consolidada vivência em planejamento estratégico e na gestão de equipes presenciais e à distância.
FONTES: http://www.pnud.org.br/pdf/ ResumoRelatorio.pdf http://www.cbve.org.br/wp-content/ uploads/relatriodoestadodovolun tariadonomundo-120409134904phpapp02.pdf (Relatório de Desenvolvimento Humano – PNUD, 1990) Resolução 56/38 da Assembleia Geral das Nações Unidas, adotada em 2001. Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do Crescente Vermelho (2011) http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_ Vermelha_Internacional http://www.icrc.org/por/who-weare/contacts/index.jsp http://www.ideiasustentavel.com. br/2006/03/artigos-sete-teoriassobre-o-voluntariado-na-americalatina/
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Colunista Orlando Lima
O DESAFIO DE FORMAR EMPREGADOS ... E EMPREGADORES
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isitando recentemente a Rio Oil & Gas 2014, pude observar a ampla agenda da conferência dedicada à sustentabilidade e, em especial, deter-me nas contribuições do painel sobre o legado da indústria do petróleo. Uma das discussões mais interessantes tratou desse legado na formação dos recursos humanos em diferentes aspectos, desde a qualificação técnica da mão de obra à formação para pesquisa e ao empreendedorismo, para fazer frente à demanda decorrente da elevação dos investimentos no setor.
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Um grande do esforço tem sido realizado na indústria de petróleo visando à qualificação profissional de mão de obra para atuar em projetos de capital. Programas em escala nacional, como o Prominp, oferecem cursos em uma ampla gama de especializações requeridas nas regiões com demanda de mão de obra qualificada. A empregabilidade na indústria de petróleo é um dos principais desafios que, para ser plenamente alcançada, requer o esforço das diversas partes envolvidas incluindo também o setor empresarial no alinhamento com as necessidades locais de qualificação.
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A indústria do petróleo tem investido significativamente, também, na formação de recursos humanos para atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Investimentos têm sido realizados através de programas como o PRH da ANP e MCTI, por meio da concessão de bolsas para a pesquisa, financiadas com os recursos da cláusula de P&D e do CT-Petro, e a participação de universidades, em diversos estados brasileiros. Mais recentemente, recursos para a formação de profissionais e pesquisadores passaram a apoiar o
programa Ciência sem Fronteiras, incluindo a participação de empresas concessionárias. Em ambos os casos citados, a qualidade da educação básica é determinante para a efetividade dos programas de formação profissional para a indústria. Nesse contexto, um verdadeiro legado educacional passa por desatar o nó do ensino médio, que apresenta grandes desafios conforme é apontado nos resultados recentes do IDEB. Por outro lado, na transição do ensino médio para o nível superior ocorre a maior elevação de remuneração média no emprego (170%), que reforça a motivação dos estudantes de buscar o ingresso na universidade, como forma de obter aumento salarial, implicando em menor atratividade do ensino técnico. Iniciativas do poder público têm buscado promover empregabilidade ao final do ensino médio. Programas como o “Dupla Escola” no Estado do RJ, realizados em parceria com empresas privadas, complementam a educação acadêmica com formação profissional alinhada à demanda de mão de obra qualificada, de acordo com a vocação econômica local, facilitando o ingresso dos estudantes no mercado de trabalho. No entanto, um dos desafios mais instigantes se encontra em outra dimensão da cadeia, uma vez que formar futuros empregados não é o bastante para o pleno desenvolvimento do país. Refiro-me ao desafio de formar empregadores, isto é, empreendedores capazes de criar e desenvolver novas empresas. Eles são fundamentais no processo produtivo uma vez que promovem a expansão da atividade econômica e exercem efeito multiplicador de empregos em seus empreendimentos e na cadeia produtiva. Como formar empreendedores? É possível desenvolver o espírito e a capacidade empreendedora em um profissional através de cursos? Ou trata-se de
aptidões de determinados indivíduos que devem desenvolvidas? A realização de cursos de empreendedorismo é importante. Revela-se, porém, que poucas empresas de sucesso são efetivamente criadas pelos participantes. Por outro lado, a experiência de incubadoras de empresas indica um perfil típico dos empreendedores. São indivíduos persistentes, estimulados pelo desafio de viabilizar comercialmente suas idéias e pesquisas, pelo potencial de riqueza que podem obter com seus projetos e pelo impacto e influência que podem exercer no mercado. É sabido também que empreendedores são indivíduos com maior aptidão para assumir riscos, aspecto muitas vezes cultural e forjado na experiência familiar. Na indústria do petróleo, dada a sua complexidade tecnológica, o caminho para o empreendedor é especialmente árduo, pois envolve formação técnica de nível superior e muitas vezes pós-graduação, que tende a atrair profissionais mais voltados para o mercado de trabalho ou para a academia. Um processo de formação de empreendedores de ciência e tecnologia no Brasil deve ser capaz de atrair o manancial de jovens com perfil empreendedor e promover seu desenvolvimento, a começar pelo aprimoramento da educação em ciências. Além de um ecossistema propício ao empreendedorismo, algumas iniciativas podem estimular a formação de empreendedores desde a juventude, como as feiras de ciências nas escolas de ensino médio, as quais criam condições à revelação de talentos e jovens inventores, que podem ser incentivados a estagiar em centros de pesquisas e ingressar no mundo da inovação. Incubadoras juvenis poderiam prover ambientes propícios à experimentação, para desenvolverem seus projetos convivendo com mentores experientes do mundo empresarial.
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Um processo de formação de empreendedores de ciência e tecnologia no Brasil deve ser capaz de atrair o manancial de jovens com perfil empreendedor e criar mecanismos para facilitar seu desenvolvimento, a começar pelo aprimoramento da educação em ciências.
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Trata-se de capacitar e apoiar indivíduos com perfil empreendedor na indústria do petróleo, oferecendo os conhecimentos e incentivos apropriados. A indústria do petróleo tem a oportunidade de promover um grande legado para o país, que deve expressar-se na formação dos recursos humanos em seus diversos níveis. Caberá à sociedade brasileira desenvolver mecanismos para aproveitar a oportunidade e formar novas gerações de brasileiros para trabalhar e empreender na economia do futuro.
Orlando Lima foi Vice-Presidente de Sustentabilidade da BG Brasil, Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Vale e atualmente preside a Janus Consultoria em Sustentabilidade.
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P e lo B rasi l Jornalista Sônia Araripe, Editora de PLURALE, está na lista dos “100 Jornalistas mais Admirados basileiros” Da Redação de Plurale
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oi divulgada em meados de setembro a lista dos “100 Jornalistas mais Admirados do Brasil”. Trata-se de uma pesquisa feita em conjunto pelo Portal Jornalistas & Cia e Maxpress entre formadores de opinião. Entre nomes de relevantes jornalistas está também citada a Editora de Plurale, a jornalista Sônia Araripe. Segundo os organizadores, foram cerca de três meses de preparação, dois turnos de votação, um colégio eleitoral altamente qualificado, com cerca de 2.100 nomes, e quase 700 votos – “um desempenho que superou as expectativas, tendo em vista tratar-se de participação voluntária de profissionais com agendas das mais concorridas”. Saiba mais sobre a pesquisa, metodologia e a lista completa neste link:
http://www.portaldosjornalistas.com. br/noticias-conteudo.aspx?id=2946 Foram premiados colegas valorosos com os quais Sônia Araripe teve o privilégio de conviver e aprender ao longo de 30 anos de carreira jornalística, como Miriam Leitão, Ricardo Boechat, Augusto Nunes, André Trigueiro, Vicente Nunes, Rosenildo Ferreira Gomes e tantos outros. Segundo a lista, “Ricardo Boechat e Miriam Leitão são os mais admirados jornalistas brasileiros. A eles, entre os dez mais, somam-se Elio Gaspari, Caco Barcellos, William Waak, William Bonner, Carlos Alberto Sardenberg, Mino Carta, Eliane Brum e José Hamilton Ribeiro, um time plural e da mais alta envergadura profissional” O que só reforça o nosso orgulho e sentimento de responsabilidade. Agradecemos aos parceiros que acreditam no nosso trabalho e votaram no nosso nome. Porque esta não é uma conquista
pessoal, de Sônia Araripe, mas de TODOS da “família” Plurale que acreditaram, desde o início, neste sonho que agora completa sete anos de muitas histórias e conquistas. Aos nossos leitores o nosso MUITO obrigado por terem apoiado e nos acompanhado nesta jornada por um planeta mais justo e sustentável.
Apimec-Rio realiza Seminário sobre Sustentabilidade
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que destacou a importância de avançar no diálogo sobre o tema especialmente para as companhias abertas. Participaram do Seminário representantes das empresas Neoenergia, CPFL, Souza Cruz, Bradesco e Itaú, que apesentaram seus cases de práticas sustentáveis.
Fernanda Cubiaco
Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-Rio) realizou, no dia 30 de setembro, Seminário sobre Sustentabilidade. O evento foi aberto pelo presidente da entidade, Carlos Antônio Magalhães,
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A Diretora de Plurale, a jornalista Sônia Araripe, falou sobre a urgência da crise atual e o impacto nas empresas. Gilberto Esmeraldo, coordenador do Seminário, frisou, ao fim do encontro, a contribuição da Apimec-Rio e das empresas em mais este diálogo relevante.
Encontro promove debate sobre relatórios financeiros Por Luiz Fernando Bello, Especial para Plurale De São Paulo
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om o objetivo de proporcionar uma visão do atual estágio de adoção das normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS sigla em inglês), o 4° Encontro de Contabilidade e Auditoria para Companhias Abertas e Sociedades de Grande Porte foi realizado nos dias 16 e 17 de setembro, em São Paulo, discutindo basicamente como reduzir o tamanho dos relatórios - cuja apresentação é obrigatória para as empresas de capital aberto- sem diminuir a qualidade das informações apresentadas. O seminário foi aberto por Antônio Castro, presidente da Abrasca, e o primeiro tema discutido foi justamente a visão do usuário sobre o modelo atual de divulgação das demonstrações financeiras, ficando claro que as regras para elaboração de notas explicativas, talvez as principais responsáveis pelo aumento de tamanho dos relatórios quando adotados os princípios do IFRS, precisam ser reformuladas. Entre
as diversas constatações feitas pelos palestrantes, destacou-se o fato das notas explicativas serem muito extensas, difíceis de ler e de não cumprirem integralmente suas funções, deixando muitas vezes fatos relevantes não explicados ou omitindo informações importantes para a análise dos resultados. Moderado por Aldo Bertolucci, membro do CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o painel intitulado “Elaboração de Notas Explicativas: Como Aprimorá-las?” foi apresentado em sequência bastante apropriada, começando com o relato de uma professora da FGV - Fundação Getúlio Vargas, Edilene Santos, que demonstrou que não há relação entre o tamanho das notas explicativas e a efetiva prática de compliance e que o problema de eficácia das notas não é só brasileiro, é mundial. Em seguida, Alexandre Ferreira, diretor de controladoria da Via Varejo, um auditor
externo independente, Wanderley Olivetti, e, finalizando o Gerente de Normas Contábeis da CVM, Paulo Roberto Ferreira. Houve unanimidade na conclusão de que as notas explicativas precisam ser reduzidas, mas em seus aspectos redundantes e supérfluos, sem que ocorra omissão de informações relevantes ou materialmente importantes. Para deixar evidente a distinção, Bertolucci encerrou o painel lembrando que a praga que atacou uma árvore não é materialmente importante, mas constitui informação relevante pelo risco de atacar toda a floresta.
Amazônia brasileira tem Índice de Progresso Social inferior à média nacional Do Imazon
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studo inédito, o “Índice de Progresso Social (IPS) na Amazônia Brasileira – IPS Amazônia 2014” mostra os impactos da convivência de uma população de 24 milhões de pessoas com indicadores sociais inferiores às outras regiões do Brasil, associada a um modelo de desenvolvimento marcado por questões, como o desmatamento e a exploração de recursos naturais. O índice da região foi de 57,31, considerando uma variação que vai de 0 (pior nível de progresso social) a 100 (melhor). A média nacional é de 67,73. O estudo foi gerado a partir da colaboração entre a rede Progresso Social Brasil, com realização do Instituto de Pesquisa Imazon, em parceria com a Social Progress Imperative (SPI) e a Fundación Avina.
Para chegar a esse resultado, o IPS Amazônia 2014 avaliou 43 indicadores sociais e ambientais da Amazônia Brasileira e detectou que a região apresenta resultados inferiores à média do Brasil em todas as dimensões pesquisadas. A extensão continental da região e a precariedade da infraestrutura impõem desafios adicionais ao seu progresso social econômico. De modo geral, os resultados do IPS Amazônia refletem, segundo Adalberto Veríssimo, do Imazon, um dos responsáveis pelo levantamento, “um modelo de desenvolvimento fortemente marcado pelo desmatamento, uso extensivo dos recursos naturais e conflitos sociais”. A região conta com sistemas de monitoramento do desmatamento por meio de imagens de satélite quase em tempo real que servem de referência para o mundo
tropical. Porém, medir sua situação social é ainda um grande desafio. A frequência de atualização dos dados é baixa e há limitações na abrangência geográfica de alguns indicadores. Além disso, até recentemente, o desempenho social da Amazônia era avaliado somente por índices que sofrem forte influência da economia. Com a criação do Índice de Progresso Social (IPS) em 2013, tornou-se possível avaliar o progresso social da região considerando apenas indicadores sociais e ambientais que são realmente importantes para a qualidade vida das pessoas.
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P e lo B rasi l
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Do Rio de Janeiro
goleiro do Flamengo, Felipe, esteve no dia 17/10, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, para apoiar os cerca de 300 funcionários da Telefônica Vivo que dedicavam-se ao Dia do Voluntário na ONG Casa Frei Gaspar. Felipe autografou bolas e camisas e fez a festa das 140 crianças e adolescentes em vulnerabilidade social atendidas pela instituição. Visivelmente emocionado com a ação, o atleta posou para fotos e fez questão de conversar com os voluntários que se revezavam entre pintar paredes, reformar móveis, consertar portas e janelas, arrumar estantes e cuidar do jardim da Casa. Essa foi a nona edição do Dia dos Voluntários Telefônica, uma iniciativa de caráter global que acontece nos 34 paí-
ses de atuação do Grupo Telefônica. Neste ano, a campanha global envolveu cerca dos 27 mil colaboradores e, só no Brasil – país com maior engajamento-, aproximadamente 25 mil pessoas serão beneficiadas por meio das 43 ONGs associadas. “Além da responsabilidade social, a ação voluntária contribui para a construção profissional dos colaboradores”, disse Luciene Dias, diretora regional da Telefônica Vivo. Segundo ela, o voluntariado corporativo é visto como uma prática que permite desenvol-
Evelyne Figueiredo/ Divulgação/ Vivo
Emoção e solidariedade no Dia dos Voluntários da Vivo
ver competências essenciais nas pessoas, além de melhorar o clima no ambiente de trabalho. “A atividade costuma tirar os profissionais da zona de conforto, exigindo uma escuta ativa e empatia com os demais colegas de trabalho”, afirmou a executiva.
Relatório Planeta Vivo 2014: América Latina passa por grande perda de biodiversidade, mas busca soluções para reverter cenário
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Da WWF Brasil
América Latina está atravessando o maior declínio regional com uma crítica diminuição das populações de vida selvagem. É o que aponta o Relatório Planeta Vivo 2014 (Living Planet Report), lançado a cada dois anos pela Rede WWF. Por outro lado, a região abriga diversos programas para reverter a perda da biodiversidade, segundo a publicação internacional lançada hoje. Em média, 83% das populações de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis foi extinta na América Latina nos últimos 40 anos. A diminuição da vida selvagem da região é maior do que o declínio global de 52% no mesmo período. O Relatório Planeta Vivo 2014 aponta ainda que a Pegada Ecológica - medida da demanda da humanidade sobre a natureza - continua a aumentar. A combinação de perda de biodiversidade e Pegada Ecológica insustentável ameaça os sistemas naturais e o bem-estar humano, porém, também nos leva a ações para reverter a tendência atual.
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“Biodiversidade é uma parte fundamental dos sistemas que sustentam a vida no planeta e um termômetro para saber como estamos cuidando do planeta, que é a nossa única casa. Necessitamos urgentemente de uma ação global em todos os setores da sociedade para construir um futuro mais sustentável”, afirma o diretor geral do WWF, Marco Lambertini. Nesse declínio observado na América Latina se destaca a pressão intensa sofrida pelas espécies tropicais. Entre as milhares de espécies estudadas no Relatório, os trópicos mostraram 56% de perda em população comparado com 36% nas zonas temperadas. “O Relatório Planeta Vivo traz dados e indicadores importantes para pautar ações e estratégias a nível global e também regional, como no caso da América Latina. Segundo a edição 2014, as maiores ameaças registradas para a biodiversidade são a perda e degradação do habitat natural, pesca predatória, caça e as mudanças climáticas. Todos esses são alvos conside-
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rados nas estratégias de conservação do WWF-Brasil. O nosso País tem um papel relevante em termos de biodiversidade para todo o mundo. Isso é, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade”, diz a Secretária Geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.
Nobel da Paz sai para a paquistanesa Malala e o indiano Kailash Satyarth Agência Efe
A Malala Yousafzai
paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi venceram em 10 de outubro o Prêmio Nobel da Paz, anunciou a Academia Sueca. A ativista paquistanesa era a mais jovem entre os favoritos a receber o prêmio. Kailash Satyarthi, 50 anos, é um indiano que luta contra o trabalho infantil. Malala tornou-se um símbolo reconhecido internacionalmente de resistência aos esforços dos talibãs em negar educação e outros direitos às mulheres.A ativista paquistanesa era a mais jovem entre os favoritos a receber o prêmio. Kailash Satyarthi, 50 anos, é um indiano que luta contra o trabalho infantil. Kailash Satyarthi é um dos promotores da Marcha contra o Trabalho Infantil e já resgatou mais de 60 mil crianças trabalhadoras e também adultos mantidos sob regime de escravidão. “As crianças devem ir à escola e não serem exploradas financeiramente”, disse o presidente do Comitê do Prêmio Nobel,
Kailash Satyarthi
Especial Alimentação
José D’Ambrosio
Gastronomia Sustentável
Receita Arroz Integral Orgânico com Salmão e Brócolis
Por Lilia Gianotti e Cecília Corrêa, Especial para Plurale em revista Do Rio de Janeiro)
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Alta culinária sem desperdícios, capacitação em comunidades, alimentos orgânicos, aproveitamento integral e muito mais. Projetos e movimentos consistentes mostram que é possível sim repensar a gastronomia com viés socioambiental
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planeta já abriga 7 bilhões de pessoas e segundo estimativas da Organização das Nações Unidas - ONU a população mundial deverá chegar a 9 bilhões em 2050, um crescimento que traz como desafios a produção e a distribuição de alimentos. Mas aumentar a produtividade para alimentar toda essa gente é tão importante quanto mudar as relações de consumo de alimentos da atual sociedade. Neste sentido, há uma verdadeira corrente do bem que envolve produtores, chefes de cozinha, ONGs, nutricionistas, setor privado e consumidores que já praticam a chamada gastronomia responsável. Banco de Alimentos, Menu Sustentável, Gastronomia Responsável, Mesa Brasil, Projeto Ecozinha e Instituto Maniva são alguns destes movimentos que estão por aí, provocando verdadeiras transformações sociais. A equipe da Plurale em Revista foi atrás desse cardápio de iniciativas para compartilhá-las nestas páginas. Há 33 anos, em 16 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Alimentação, uma data marcada pela criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). “Mais de 150 países se engajam em ações de combate à fome e da garantia de acesso à alimentação pelo maior número de pessoas. Essa é a nossa luta também”, diz a economista Luciana Quintão, presidente e fundadora da ONG Banco de Alimentos – a OBA.
Criada em 1998, a OBA atua em três vertentes: (1) por meio da colheita urbana, para minimizar os efeitos da fome e combatendo ao desperdício de alimentos; (2) através de ações educacionais voltadas às comunidades atendidas, em convênio com faculdades de nutrição e (3) levando ações e conhecimento para fora das áreas onde existe o problema da fome, incentivando o fim da cultura do desperdício e promovendo a cidadania consciente. Diariamente, a ONG distribui alimentos a mais de 21 mil pessoas, possibilitando a complementação alimentar a pessoas assistidas pelas 43 instituições cadastradas no projeto. Entre janeiro de 1999 e maio de 2014, a OBA arrecadou 5.434.171,38 quilos de alimentos, base para 51.102.524 refeições que beneficiaram por dia mais de 21 mil pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos, evitando um grande desperdício. Luciana afirma que todos podem ajudar. “O desperdício de alimentos tem que ser combatido dentro do sistema produtivo, desde a plantação até o armazenamento e posterior escoamento, assim como no comércio e na casa de todos nós”. A economista convida os brasileiros a fazerem parte desse combate: “o desafio é começar a fazer as refeições de forma consciente, usando integralmente todos os alimentos”.
Dica
Dica de leitura: o livro “EntreCascas e Temperos” traz receitas criadas pela equipe de nutricionistas da ONG Banco de Alimentos, todas desenvolvidas com base no conceito de aproveitamento integral dos alimentos. O conceito prega que cascas e talos, que normalmente são descartados, podem ser utilizados no preparo de pratos saborosos.
Banco de Alimentos
Também neste moldes, outras iniciativas são realizadas Brasil afora, como o Programa Mesa Brasil Sesc do Rio Grande do Sul, o Banco Sesc RJ de Alimentos, que anualmente abre inscrições (pelo telefone 0800-022-2026) para que instituições como orfanatos, abrigos, projetos sociais e asilos possam se candidatar a receber alimentos, e a rede de supermercados Walmart, que em 2013 doou mais de 900 toneladas de alimentos. Ecozinha: de Curitiba para Portugal
Ecozinha: idealizado por Karen de Fátima
O recém criado projeto Ecozinha é um coletivo de cozinheiras luso-brasileiras com uma proposta de ser “ecológico, vegetariano, libertário, horizontal e aberto”. Idealizado pela historiadora curitibana Karine de Fátima Mazarão, prega o aproveitamento integral dos alimentos para combater o desperdício e a criação de pratos saudáveis. “A ideia veio de um namoro antigo com o mundo vegetariano e por conta do engajamento ideológico contra o sistema alimentício atual, cheio de agrotóxicos, produtos industrializados e químicos”. Em março de 2014, Fátima convidou Daniela Carvalho para juntas tocarem o projeto que utiliza alimentos orgânicos comprados em feiras ou cedidos do excedente da produção caseira. O coletivo de culinária vegetariana iniciou os trabalhos no Brasil e já tem um braço em Portugal. Atendendo sob encomenda, as cozinheiras produzem eventos e jantares colaborativos.
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Especial Alimentação No Brasil, a Ecozinha aceita encomendas de marmitas, lanches e têm prestado serviços de coffee-break e catering. O cardápio oferecido contempla a entrada, uma sopa, o prato principal e a sobremesa. Cada pessoa paga somente o quanto acha que vale o prato. Daí a ideia de coletivo e libertário, pois a Ecozinha faz a roda social girar, sem necessariamente depender de grandes fornecedores ou terceirizados. As brasileira Clara Alvim e Cuka Link tocam o Ecozinha em Portugal. O sistema luso é um pouco diferente: as cozinheiras recebem o excedente de produção de um agricultor de orgânicos de Vila Nova de Gaia, na região metropolitana do Porto. Elas enviam o cardápio para os clientes por Gisele Koprowski
Bolo de Fubá - Ecozinha
e-mail, que fazem suas encomendas e, em seguida, entregam o pedido. As entregas são feitas via transporte público ou bicicleta. Empresa engajada Mais de 40 chefs de restaurantes de várias regiões do país mudaram o funcionamento de suas cozinhas e criam pratos que unem alta gastronomia e conservação da natureza. A proposta é o projeto Gastronomia Responsável, idealizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e que, segundo a diretora executiva, Malu Nunes, tem um processo dinâmico de sensibilização e de engajamento: “o chef que chega até o projeto tem paixão pela conservação da natureza e simpatiza com movimentos como o nosso. Em outros momentos, nós mesmos identificamos parceiros potenciais que tenham essas características e convidamos à aderir ao movimento”.
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Malu Nunes
O chef que chega até o Projeto Gastronomia Responsável tem paixão pela conservação da natureza e simpatiza com movimentos como o nosso. Em outros momentos, nós mesmos identificamos parceiros potenciais que tenham essas características e convidamos à aderir ao movimento Malu Nunes
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Alta gastronomia para todos Reduzir o lixo no restaurante, aproveitar todo o alimento sem desperdício, usar produtos regionais ou orgânicos, além de alimentos da estação ou ainda produzir os pratos sem qualquer utilização de água. Essas foram as regras para os restaurantes que participaram do projeto “Menu Sustentável”, realizado em agosto e setembro de 2014. Organizado pelos mesmos criadores da Restaurant Week, o evento envolveu mais de 100 restaurantes de São Paulo e Brasília, que criaram menus especiais. Ao valor da conta foi acrescido R$ 1, verba destinada à Gastromotiva, uma organização da sociedade
civil que, segundo seus criadores, promove transformação social por meio da gastronomia. A ONG Gastromotiva nasceu da iniciativa do chef David Hertz. Mas como funciona o projeto? “A gente seleciona talentos nas comunidades de baixa renda e em favelas e esses jovens são capacitados, passam por cursos de qualificação profissional e são encaminhados para o mercado, para trabalhar em bares e restaurantes. Também incentivamos aqueles que são empreendedores para que eles levem um modelo de negócio sustentável para suas comunidades”, diz Hertz. Os selecionados recebem treinamento gratuito, com parte teórica e prática
Muita gente quer ajudar a melhorar o país e não sabe como. “O setor de alimentos têm um imenso potencial de transformação: movimenta 9,3% do PIB brasileiro, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, é um dos maiores empregadores dos grandes centros, além de ser um universo rico para o desenvolvimento humano. Então, por que não usar o poder da gastronomia, a comida e todos os seus elementos para transformar a sociedade, unir as
pessoas e ajudar a diminuir a desigualdade social?”, diz o chef. A Gastromotiva atua em São Paulo desde 2006 e chegou ao Rio de Janeiro em 2013 e já tem planos de expandir para outras cidades do Brasil e da América Latina. A iniciativa ajudou a criar o Movimento da Gastronomia Social no Brasil, que hoje conta com o apoio do mercado gastronômico e de investidores sociais, empresas, fundações, institutos e pessoas que acreditam que a gastronomia pode transformar vidas.
Marco Pomarico
Malu não tem dúvida de que é possível aliar gastronomia e conservação da natureza e diz que é mais simples do que parece: “basta que o chef tome alguns cuidados para que o preparo dos pratos seja menos impactante à natureza. Para ajudar, definimos quatro princípios. Não se pode utilizar espécies que estejam ameaçadas de extinção para garantir o equilíbrio da biodiversidade. Também deve-se usar os alimentos orgânicos para evitar a contaminação por agrotóxicos. É necessário utilizar integralmente os alimentos para evitar o desperdício e a geração excessiva de lixo, e trabalhar com fornecedores regionais para incentivar o comércio local e reduzir a emissão de CO2 proveniente do transporte”.
Curso de Capacitação
que combinam aulas de gastronomia, de cidadania e trabalho em grupo. Os jovens formados recebem um desafio: passar adiante o que aprenderam para outras pessoas das comunidades onde moram. Eles se tornam multiplicadores do conhecimento e essa rede não para de crescer. O segredo do sucesso desse projeto que já formou centenas de jovens profissionais e multiplicadores, com cerca de 90% de empregabilidade é, segundo Herz “a paixão pela cozinha e pelas pessoas.
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Especial Alimentação
Robertson Luz
C. La Vie
Maniva: mais de 3 mil crianças descobrem a mandioca “Comida é afeto, é cultura, é memória” este é um mantra repetido e praticado pela chef Teresa Corção, à frente do restaurante O Navegador, no Rio de Janeiro, e fundadora do Instituto Maniva, uma associação sem fins lucrativos que usa a gastronomia como ferramenta de transformação social. Membro do movimento Slow Food, em 2002, Teresa participou de um festival gastronômico em Pernambuco e ali descobriu o mundo da mandioca, que apesar de ser o produto de maior culti-
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vo de agricultores familiares no Brasil, era considerada “comida de pobre”. Desde então, Teresa percebeu que seu trabalho como chef poderia influenciar a sobrevivência da atividade dos agricultores e de seus produtos alimentares. Plantou assim a semente do Instituto Maniva, iniciando um projeto de Oficinas de Tapioca, para crianças do ensino público no Rio de Janeiro. Ao longo de oito anos 3 mil crianças aprenderam a importância da mandioca, lenda, música e fazer a tapioca, base alimentar dos índios antes da colonização europeia. Em 2006, alguns chefs se interessaram pelo projeto e se uniram ao Maniva, formando o grupo Ecochefs,
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cozinheiros com responsabilidade socioambiental com a missão de fazer a ponte, de forma sustentável, na cadeia produtiva do alimento, unindo quem produz a quem consome. Entre os Ecochefs estão Claude Troisgros e o filho Thomas Troisgros, o belga Frederic de Mayer, responsável pelo restaurante Eça, Kátia Barbosa, à frente do Aconchego Carioca, além de Rafa Costa e Silva, que concedeu a entrevista a seguir.
ENTREVISTA
“
Rafa Costa
e Silva,
um chef engajado na causa
O
carioca Rafa Costa e Silva cursou administração com a ideia de abrir um restaurante, mas como gestor, não como chef. Nos dois últimos anos da faculdade, achou que seria importante saber o básico sobre cozinha para então comandar o seu negócio. De dia era executivo e de noite vestia a dólmã para ir à escola de gastronomia. Rafa se formou cozinheiro no Culinary Institute of America, de Nova York, e também estudou por anos na Espanha, onde trabalhou no Mugaritz, restaurante basco eleito o terceiro melhor do mundo no último ranking da revista “The Restaurant”. Com 34 anos, elegeu o Rio para seguir carreira e, num sobrado de 1902 no bairro carioca de Botafogo, Rafa instalou seu primeiro restaurante, batizado de Lasai – pa-
lavra que significa tranquilo, em basco. O chef conta à Plurale em Revista quais são os ingredientes dessa onda conhecida como gastronomia sustentável. Quais são os benefícios de se trabalhar com produtores locais? Eu basicamente trabalho com produtos vindos da minha horta e de produtores orgânicos. Produtos em temporada geralmente são mais baratos, sempre são mais frescos e a oferta é mais abundante. Comprando esses alimentos você incentiva produtores locais a continuar no campo, o que hoje é um grande problema não enfrentado pela nossa sociedade, porque quase ninguém mais quer trabalhar no campo. Qual é a base de sua cozinha? Minha cozinha é baseada no produto. É o que manda aqui no restaurante. Os peixes, por exemplo, só usamos os oriundos de pescas sustentáveis, jamais usaremos peixes que venham de arrasto. Esta modalidade de pesca é a mais devastadora e cruel que existe no mundo. A pesca mais sustentável retira das águas os peixes de melhor qualidade. São os barcos de anzol, pesca artesanal para venda local e a de pesca submarina “esportiva”. Interessante que a pesca submarina seja proibida de comercializar os peixes caçados no dia. O pescador olha para o peixe, escolhe o tamanho a espécie e qual peixe vai sacrificar e isto é proibido comercializar. Enquanto os arrastos não escolhem tamanho, espécie, ou qualquer outra coisa e é permitido. Como pode?
O valor ao produto é você que define, não é o preço que você paga que define se o produto é bom ou não, se é valioso ou não para a sua cozinha. Uma dica é sempre utilizar na totalidade os produtos, o que não for usado na elaboração dos pratos comercializados pode ser passado para a comida dos funcionários. Também é preciso usar os alimentos de forma menos torneada e mais formas naturais, sabendo sempre como utilizar e tirar o máximo de cada produto
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Os alimentos usados em seu restaurante são de produção própria? A maioria sim. Minhas hortas são localizadas no Vale das Videiras, em Petrópolis, e no Itanhangá. Esta é uma horta pequena, com apenas 700 m2, que usamos mais para testes, estufa e outros experimentos. Já no Vale das Videiras temos uma horta com mais de 10 mil m2 e lá plantamos tudo o que não encontramos nas feiras orgânicas, como cenouras de cores diferentes, milho preto, cinco tipos distintos de beterrabas, acelgas, pastinaga, pimentas e romesco. De fato, é possível aliar alta gastronomia e gastronomia responsável? Quais são as dicas? Possível não, é necessário. Aqui temos o mesmo respeito a peixes fresco que chegam no Rigor Mortis, a um alho fresco ou a uma carne Wagyu. O valor ao produto é você que define, não é o preço que você paga que define se o produto é bom ou não, se é valioso ou não para a sua cozinha. Uma dica é sempre utilizar na totalidade os produtos, o que não for usado na elaboração dos pratos comercializados pode ser passado para a comida dos funcionários. Também é preciso usar os alimentos de forma menos torneada e mais formas naturais, sabendo sempre como utilizar e tirar o máximo de cada produto.
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Social
A
Era da a ç r ão o b a l o C
Fenômenos como crowdsourcing e crowdfunding subvertem a forma como se cria projetos; movimento pode ser divisor de águas para organizações sociais homenagem a Ivan Lins. A meta, de R$ 15 mil, já estava com 54% alcançados (R$ 8.145) no dia em que a Plurale visitou o site.
Por Elis Monteiro, Especial para Plurale em revista Do Rio de Janeiro
P
eter Diamandis, co-fundador e atual presidente da Singularity University (Universidade Google/NASA), em recente passagem pelo Brasil surpreendeu ao afirmar que estamos vivendo o melhor momento da história. Foi ainda mais otimista: em sua opinião, o mundo caminha para um futuro melhor. O motivo? Disse ele que, durante sua evolução, além da maior atenção para aspectos negativos, o ser humano desenvolveu uma forma de pensamento linear, voltado para as questões locais e para o ambiente que o cerca. “Hoje, no entanto, o mundo é tudo, menos linear e local. O mundo é global e exponencial. Se algo acontece do outro lado do mundo, você fica sabendo em poucos segundos”, disse Diamandis. As afirmações do futurista têm como uma de suas bases o crescimento da internet e seu papel primordial nessa nova fase da humanidade. A rede mundial de computadores suscitou o nascimento de novas formas de produção e consumo. Parte do
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processo de inovação do futuro passa, acredita Diamandis, pelo chamado Crowdsource Genius (Genialidade Crowdsource), a inovação propiciada pela união de conhecimentos em prol do desenvolvimento de projetos, produtos e, principalmente, de soluções para questões locais e globais. O fenômeno já chegou ao Brasil e transformar problemas em soluções por meio de projetos coletivos é a missão de organizações como Benfeitoria, Catarse e Meu Rio, dentre outras. O crowdfunding e o crowdsourcing começam a impactar a forma como instituições trabalham e buscam recursos e podem ser um divisor de águas para o universo dos projetos sociais. Em vez de apenas correrem atrás da ajuda financeira de empresas, entidades do terceiro setor e até empreendedores individuais têm buscado ajuda direto à sociedade. Os frutos já estão aparecendo. Uma visita ao site da Benfeitoria revela uma diversidade de projetos em busca de recursos, sejam financeiros ou intelectuais - material de divulgação, horas de trabalho, conhecimento etc. Uma das propostas inscritas era para lançamento de um CD de João Senise em
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Benfeitores: orgulho de participar de um projeto desde o início O retorno dado aos benfeitores que topem ingressar nos projetos pode vir sob a forma de produto (no caso, o CD depois de pronto), de agradecimentos especiais ou simplesmente de orgulho por ter feito parte da concepção do projeto. Na era da consciência global, a certeza de “ter feito parte” é moeda valiosa. Um dos melhores exemplos de trabalho colaborativo é o Legendas.TV, comunidade de criação de legendas na qual ninguém ganha dinheiro com o trabalho, apenas o reconhecimento dentro da comunidade e por parte dos usuários do serviço - todos que baixam séries de TV/filmes e decidem adicionar legendas ao arquivo. Quem já usa o serviço sabe que poucas horas depois de disponíveis para download os episódios já podem receber legendas, uma ajuda preciosa que nem sempre é percebida por quem a utiliza. O Legendas.TV funciona de forma profissional. Os internautas que porventura desejem trabalhar para a comunidade devem se inscrever, preencher um formulário e comprovar conhecimento no idioma com o qual vão trabalhar. Depois de selecionado, o trabalho é acompanhado pelos participantes da comunidade.
Em um comunicado oficial, a Darkside, uma das comunidades que abastece o Legendas.TV, avisa: “Com pouca hierarquia, muita amizade e criatividade para desenvolver soluções inovadoras, a Darkside mostra um crescimento exponencial nas suas atividades. Deveras orgulhosos de demonstrar que profissionalismo e amadorismo só se diferem nos lucros”.
Crowdfundind e o “capitalismo das multidões” O crowdfunding tem sido visto como uma nova forma de capitalismo, batizada de “capitalismo de multidões” e pode ser o segredo para a concretização de projetos que, antes, dependiam única e exclusivamente da boa vontade das empresas. Um dos projetos criados pela Benfeitoria, o Rio+, canal de prototipação de soluções inovadoras para a cidade do Rio de Janeiro, recebeu nada menos que 1.692 ideias. Todas foram analisadas e passaram por uma banca de especialistas, responsáveis pelo estudo de viabilidade. Passada esta fase, o público pôde votar nas melhores, que foram implementadas este ano, sob a supervisão e mensuração da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Muitas dessas ideias podem se transformar em profundas melhorias para a sociedade. Outras podem, a exemplo do que ocorreu com o aplicativo Waze, passar a habitar nossos celulares - o Waze é o exemplo clássico do crowdsourcing, um aplicativo de trabalho colaborativo no qual cada motorista passa a ser a fonte do outro em prol de um trânsito melhor e uma maior qualidade de vida. Para Duda Mattar, especialista em terceiro setor e coordenadora do projeto “Tudo de cor pra você”, da Coral, sediado no Morro Santa Marta, no Rio, não só a internet mas as tecnologias de comunicação de maneira geral têm expandido cada vez mais nossas possibilidades de nos comunicar. E essa é a chave para o sucesso de iniciativas de mobilização. - Primeiro, porque
nos permite conhecer melhor e mais rápido as demandas. Se você não sabe que um problema ou uma necessidade existem, não pode fazer algo para mudar ou ajudar. Se ao longo da história a gente sempre pediu ajuda pra família ou pro vizinho, a internet coloca todo mundo “na vizinhança” ou nos dá mais “familiares” pra quem pedir ajuda lembra ela. Duda acredita ainda que além de facilitar a comunicação com quem já está interessado em ajudar, a grande vitrine das redes sociais ajuda a expor para os amigos e conhecidos os bons exemplos e, com isso, nutre novas consciências, desperta novas solidariedades. - Postar foto, fazer check-in, filmar um vídeo do que fazemos de bom - descontando aqueles que fazem apenas por exibicionismo, claro – ajuda a semear nos outros a cultura de e o impulso de sermos versões melhores de nós mesmos. Uma nova fase para as organizações sociais Em 2013, a The Skoll Foundation lançou o maior desafio internacional de Crowdfunding: o Skoll Foundation Social Entrepreneurs Challenge, que convidou 57 ONGs no mundo inteiro a alcançar o máximo de doações possíveis através da plataforma de crowdfunding Crowdrise. A Skoll Foundation se comprometeu a doar US$ 1 milhão, sendo que US$ 250 mil foram repartidos entre as três instituições que mais arrecadaram e, US$ 750 mil, divididos entre as 57 organizações sociais que atingissem as metas dos desafios semanais. O brasileiríssimo Comitê para Democratização da Informática (CDI), ONG criada e presidida pelo empreendedor social Rodrigo Baggio, entrou no desafio com três estratégias principais: 1) Mobilizar a sua própria rede nacional e internacional; 2) Utilizar celebridades e artistas para que mobilizassem os seus fãs; e 3) Fazer parcerias com empresas locais para que mobilizassem seus funcionários. A atriz Maitê Proença e o comediante Fabio Porchat elaboraram vídeos curtos falando sobre o CDI e o seu trabalho. Além disso, o artista plástico brasileiro Vik Muniz doou 20 obras fotográficas no valor total de US$ 100 mil. Empresas como a Generali Brasil Seguros, a Renaissance Executive Forum e a Nasajon Sistemas conseguiram mobilizar significativos recursos para a campanha.
O CDI terminou o desafio em terceiro lugar geral, com um valor total captado de US$ 227.945,00. Um feito e tanto! Além disso, recebeu um prêmio adicional de US $ 30 mil da Skoll Foundation. Para Rodrigo Baggio, o desafio da Skoll Foundation serviu para mostrar que há novos caminhos para as organizações sociais, que incluem a internet com o crowdsourcing mas também a reinvenção da forma de captação das ONGs. - As ONGs precisam ser mais eficientes, mais focadas em resultados, precisam diversificar sua estratégia de captação de recursos, criar soluções de negócios sociais, um caminho importante para gerar sustentabilidade - diz ele. Para Baggio, ainda há importantes discussões para a reinvenção do terceiro setor. Uma das propostas é a criação de um Marco Civil para o Terceiro Setor, que poderia fomentar novas iniciativas e incentivar uma nova abordagem de trabalho da área. - É preciso pensar num terceiro setor com mais independência e mais forte, que funcione de verdade. Hoje, o Brasil tem 290 mil ONGs que poderiam, segundo o modelo sugerido por Bill Drayton (fundador da Ashoka), adotar o modelo de “empreendedorismo Sinapsis”, com alianças inter-organizacionais” - indica Baggio. Uma nova fase com caminhos múltiplos - o terceiro setor tem, enfim, motivos para comemorar. A tecnologia e a modernidade são aliados do trabalho social.
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Botando para Girar o Projeto Favela Mais Limpa
Divulgação
Reciclagem
Por Fernanda Cubiaco (*)
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onheci, não por acaso, em abril de 2014, o projeto Favela Mais Limpa, no complexo do Pavão, Pavãozinho e Cantagalo encampado por Leandro Abrantes e Nivaldo Cavalcante. Há muito queria o desafio de elaborar um plano de ação de uma cooperativa de reciclagem, levando em consideração a minha fixação por ressignificar o sentido da palavra lixo visando à adesão das pessoas para a coleta seletiva. Para isso conheci o mercado e a CoopQuitungo, da Carminha, lá em Brás de Pina foi a primeira cooperativa que tive vontade de me envolver, principalmente porque ela é formada por 18 com idade entre 18 e 65 anos, Mas a distância e o investimento que teria que fazer para me deslocar, inviabilizou minha proposta de apoiá-las para a transformação da Cooperativa. Daí, quando conheci a dupla da Associação Favela Mais, que lançou o projeto Favela Mais Limpa em 2012, manifestei na mesma hora minha vontade de trabalharmos juntos. Contei havia criado o Bota para Girar comunicação, consultoria e treinamentos e que o Favela Mais Limpa me possibilitaria pensar globalmente,
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agir localmente, atuando no perímetro onde moro e trabalho, o Posto 6. Estamos trabalhando há quatro meses. As muitas ações programadas visam aproveitar o aumento da geração de resíduos que acontece no fim do ano e no verão, estabelecendo uma logística reversa com os recicláveis gerados na comunidade e no perímetro urbano onde o Projeto está inserido. Mas o principal desafio é o projeto de financiamento coletivo que será apresentado na segunda quinzena de outubro e Plurale em site irá noticiar. Como o projeto Favela Mais Limpa é coordenado por uma Associação os editais não o contemplam. Logo, para conquistar melhoria na infraestrutura do Ecoponto, com a compra de uma balança de até 300kg, uma prensa, um pequeno caminhãozinho, dois triciclos e um burrinho sem rabo para coletar as doações
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dos condomínios, restaurantes, escolas e demais estabelecimentos que serão prospectados vamos contar com a sociedade nesse crowdfunding . Estruturados, vamos comprovar que o plano microrregional de gestão de resíduos em desenvolvimento, utilizando soluções integradas com logística, participação de pessoas físicas de baixa renda – os catadores -, comunicação e educação ambiental, vai transformar em sustentável todo o nosso perímetro urbano. Fernanda Cubiaco - jornalista ambiental, com pós-graduação em Marketing e Gestão Ambiental, representante da ABLM Rio de Janeiro, bota para girar comunicação, consultoria e treinamentos para um estilo de vida mais sustentável.
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Bazar ético
POR ISABEL CAPAVERDE, DE PLURALE
Empreendedoras ligadas em Rede Elas formam a Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras dos Morros da Zona Sul e Grande Tijuca no Rio de Janeiro, criada a partir do Projeto Mulheres em Rede, desenvolvido pela ASPLANDE com parceiros e patrocinado pela Petrobras. O Projeto visa apoiar iniciativas protagonizadas por mulheres moradoras de comunidades que tenham recebido as UPPs – Unidades de Polícia Pacificadora, estimulando o desenvolvimento dessas regiões referendado na economia solidária. “O Projeto capacita as empreendedoras, faz o acompanhamento através de assessoria e estimula que elas estejam em rede, que é muito mais do que simplesmente fazer reuniões periódicas com as mulheres. É facilitar a criação de arranjos, a articulação, a troca. Por exemplo, uma empreendedora produz trufas e a outra tem um salão de beleza. Em média, as clientes ficam de duas a três horas no salão, então, porque não oferecer além da água e do cafezinho habituais, algo mais como trufas? Nesse caso, as trufas são deixadas em consignação no salão”, conta Dayse Valença, da ASPLANDE. São empreendedoras das mais diversas áreas de atuação: alimentação, artesanato, beleza e estética, costura e confecção, festas e eventos, hotelaria, limpeza, livros, moda, papelaria, pequeno varejo, além de saúde e bem-estar.
Para adquirir produtos ou serviços da Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras dos Morros da Zona Sul e Grande Tijuca fora das feiras e eventos de que participam pela cidade, basta acessar na Internet, o Guia Comercial Local: www.asplande.org.br/tecendocooperacao/
Este espaço é destinado à divulgação voluntária de produtos étnicos e de comércio solidário de empresas, cooperativas, instituições e ONGs.
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Ecoturismo
ISABELLA ARARIPE
azônia Divulgação/ Eme Am
Passeio de balcão encanta turistas no Acre Os encantos e segredos do Acre agora podem ser vistos sob um novo ângulo através do voo de balão. Realizado nas proximidades da capital Rio Branco, o balonismo é praticado a 300 metros do solo. Do alto, os turistas podem observar os geoglifos, formações no solo em formatos geométricos, como quadrados, círculos, linhas e espirais, descobertos na década de 1970, na região. Atualmente os voos têm duração entre 40 a 60 minutos e podem ser feitos em dois tipos de balões: um com capacidades para dois passageiros e outro com espaço para oito pessoas, além do piloto. Segundo diretor da EME Amazônia, empresa que oferece o passeio, e também piloto Cassiano Oliveira, para voar é preciso acordar bem cedo. Toda a experiência é filmada e os participantes recebem um DVD com as imagens no final da aventura, além de um certificado do curso de introdução no balonismo. As reservas podem ser feitas no email: contato@emeamazonia.com.br ou (68) 3222-8838.
Reserva Biológica de Comboios fecha para reformas A Reserva Biológica de Comboios, no Espírito Santo está fechada ao público para reformas. Estão em obras: os tanques das tartarugas, banheiros, salas de trabalho, alojamentos, centro de visitante, garagens e galpões. A previsão é que os trabalhos terminem até dezembro. O centro de visitantes também vai oferecer novas atrações ao público. “Além de melhorar as atrações antigas, ligadas às tartarugas marinhas, vamos trabalhar com as preguiças de coleira, gato marisco e aves migratórias. Temos uma fauna muito diversa”, explicou a analista ambiental Cristiane Aguiar Redling.
Melhor época para observar baleias no litoral brasileiro Para quem nunca viu baleias está é a época certa de praticar o “whalewhatching” (turismo de observação das baleias). As baleias Franca e Jubarte estão em período reprodutivo em toda a costa brasileira. A temporada começou em julho e vai até novembro, mas pode se estender até janeiro de 2015. O fenômeno acontece porque as baleias procuram águas quentes para acasalar. As baleias franca são mais comuns no litoral do centro sul, que vai de Santa Catarina até Rio Grande do Sul. A baleia Jubarte, por outro lado, ocorre em todo o litoral brasileiro, mas concentra-se mais no Banco dos Abrolhos, sul da Bahia.
Quatro praias e marinas do país são candidatas à Bandeira Azul A Praia do Tombo (Guarujá, SP), Prainha (Rio de Janeiro, RJ), Marina Costabella (Angra dos Reis, RJ) e Marinas Nacionais (Guarujá, SP) são candidatas a Bandeira Azul para a temporada 2014/2015. A certificação é a mais alta garantia de que praias e marinas de todo o mundo cumprem determinações de legislação ambiental, qualidade da água, segurança de equipamentos e gestão. Para ser certificada, a praia ou marina deve passar por três instâncias de avaliação, inicialmente pelo Operador Nacional do Programa, em seguida pelo Júri Nacional e finalmente pelo Júri Internacional. A temporada 2014/2015 começará oficialmente a partir do dia 1 de Novembro e as bandeiras devem ser hasteadas até no máximo dia 15 de Dezembro.
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Maragogi (AL), por ISABELLA ARARIPE
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Serra da Bocaina por SÉRGIO LUTZ Machu Picchu / Peru por NÍCIA RIBAS
Fernando de Noronha por ISMAR INGBER 38
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Queimada Amazônia (AC) por LUCIANA TANCREDO
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os sete anos de vida, Plurale trouxe para seus leitores Ensaios de fotos de diferentes lugares. Experiências não só visuais, mas também de conhecimento de biodiversidades distintas. Cerrado, mata atlântica, floresta Amazônia e por aí vai. Viagens que marcaram a nossa trajetória. Trazemos aqui algumas destas lembranças divididas pelos quatro elementos – água, fogo, terra e ar. Imagens incríveis de ADRIANA BOSCOV, FERNANDO GONÇALVES, ISABELLA ARARIPE, JOÃO PEDRO SOUZA ALVES, LUCIANA TANCREDO, NÍCIA RIBAS, SERGIO LUTZ, SIDNEY GOUVÊA, VIRGÍNIO SANCHES e muitos outros. Que venham muitos outros ensaios para curtirmos juntos a riqueza deste planeta!
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Povo Maasai (Quênia) por VIRGÍNIO SANCHES
Fornos de carvão ilegal (MG) da SOS MATA ATLÂNTICA 39
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RPPN Sesc Pantanal (MT) por LUCIANA TANCREDO
Macaco-guigテウ no Refテコgio de Vida Silvestre Mata do Junco (SE) por JOテグ PEDRO SOUZA ALVES
Morro Pai Inテ。cio / Chapada Diamantina por SIDNEY GOUVEIA
Pedra Furada, no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) por ISABELLA ARARIPE
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Praia de Ipanema por FERNANDO GONÇALVES
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Cachoeira do Segredo, Chapada dos Veadeiros (GO) por ADRIANA BOSCOV
Rio Ganges (Índia) por CAROLINA ARARIPE
Parque Nacional de Lanin, Patagônia (Argentina) por LUCIANA TANCREDO 41
P e las Em pr esas
ISABELLA ARARIPE
Grupo Boticário aumenta capacidade de produção em 50% com nova fábrica na Bahia A nova fábrica de produtos cosméticos e perfumaria do Grupo Boticário no município baiano de Camaçari, a 40 quilômetros da capital Salvador, foi inaugurada em 16 de setembro. O evento contou com a presença de mais de 500 pessoas, entre colaboradores, autoridades, convidados e imprensa. A entrega marca o maior investimento em um empreendimento já feito pela empresa. Foram aplicados R$ 380 milhões na unidade, que já emprega 320 pessoas e tem previsão de 390 empregos diretos até o fim de 2014. A fábrica pode
produzir até 150 milhões de itens por ano, elevando a capacidade produtiva do grupo em 50%, dos 315 milhões de itens por ano, que é a capacidade atual da fábrica de São José dos Pinhais (PR), para até 465 milhões de itens por ano. “Hoje a Bahia amanheceu ainda mais perfumada. Com a nova fábrica, estamos preparados para atender a demanda do mercado pelos próximos 10 anos. Levamos investimentos de alto valor agregado, contribuindo com o desenvolvimento da região e do país. Vamos dar mais fluidez à
Para representar os colaboradores de Camaçari, subiram ao palco os auxiliares de Produção Maria Nildes, Patrícia Pereira e Uelliton Rosário. Eles receberam placas do Presidente do Boticário, Artur Grynbaum.
produção e distribuição dos nossos produtos para os estados do Norte e Nordeste, onde o nosso mercado mais cresce, e parte do Centro-Oeste”, afirmou o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum.
Marco Antonio Rossi, presidente da CNseg, é eleito personalidade institucional de 2014 O presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) Marco Antonio Rossi, acaba de ser eleito “Personalidade Institucional” de 2014 pelo Clube Vida em Grupo do Rio de Janeiro (CVG-RJ). No hall de premiados, a Confederação também foi premiada com o selo de “Entidade Institucional” do ano. Segundo o executivo, o prêmio é o reconhecimento de um trabalho que vem sendo feito ao longo dos anos visando o crescimento do setor e das operações. “O mercado de seguros tem a capacidade de transformar a vida das pessoas, oferecendo proteção financeira e auxiliando a prevenir riscos. É uma honra fazer parte da história dessa indústria que tanto tem contribuído para o desenvolvimento do Brasil”, comentou Rossi.
Coca-Cola lança 4ª edição do Prêmio Pemberton A Coca-Cola Brasil lançou no dia 26 de setembro a 4ª edição do Prêmio Pemberton, durante o jantar de encerramento do XVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia, em São Paulo. O objetivo da premiação, criada em 2008, é incentivar o desenvolvimento de pesquisas científicas com foco no estilo de vida saudável e reconhecer o trabalho de pesquisadores de todo o país com atuação na área de Saúde. Os
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inscritos concorrem a R$ 110 mil em premiação, além de uma viagem a Atlanta, EUA, para conhecer a sede global da empresa para os primeiros lugares e uma visita ao laboratório de pesquisa e desenvolvimento da Coca-Cola Brasil, no Rio de Janeiro, para os segundos e terceiros colocados. As inscrições podem ser feitas até 10 de maio de 2015 no site: http://www.premiopemberton.com.br
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Tetra Pak lança embalagem produzida com 100% de matérias-primas renováveis A Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos, anuncia o lançamento da primeira embalagem cartonada produzida inteiramente com matérias-primas renováveis. A nova Tetra Rex utiliza polietileno de baixa densidade nas camadas e polietileno de alta densidade nas tampas, ambos proveniente da cana-de-açúcar, além do papel certificado pelo FSC® (Forest Stewardship Council).
De acordo com Charles Brand, Vice-presidente de Marketing e Gestão de Produtos da Tetra Pak, excelência ambiental é um dos pilares estratégicos da empresa e uma diretriz para o desenvolvimento de novos produtos. “Atuando com fornecedores, clientes e parceiros estamos liderando a indústria na busca de embalagens 100% renováveis. Além disso, acreditamos que a utilização de matérias-
-primas renováveis em nossas embalagens não é só positiva para o meio ambiente, mas também representa uma vantagem competitiva para os nossos clientes, quando se trata do perfil ambiental de seus produtos”, afirma Charles.
Maior congresso sobre mobilidade urbana do Brasil A Fetranspor realiza, entre os dias 5 e 7 de novembro, no Riocentro, no Rio de Janeiro, o 16º Etransport, maior congresso brasileiro sobre mobilidade urbana do país. Visitas técnicas aos novos corredores BRT da cidade e ao seu Centro de Controle Operacional (CCO), apresentação de novas tecnologias veiculares e de informação aos consumidores e debates sobre novas fontes de recursos para o transporte público e sobre transporte sustentável, com foco nos ônibus elétricos, são algumas das atrações do evento. Merece destaque ainda a presença do professor Robert Cervero, da Uni-
versidade da Califórnia, Phd em planejamento urbano e um dos principais especialistas mundiais no tema da transformação das metrópoles, com ênfase na construção de eixos de transporte coletivo. Este ano, além da tradicional feira de fornecedores de empresas de ônibus – a Fetransrio, em sua 10ª edição – o evento abrigará a 8ª Conferência Internacional sobre Ônibus da União Internacional do Transporte Pú-
blico (UITP), que se realiza pela primeira vez na América Latina. Para conhecer a programação, fazer a inscrição ou obter mais informações, visite o site: http://www.etransport.com.br/
Journées d’études à la Sorbonne 2014 - Liderança Sustentável para uma Nova Economia O programa Journées d’études à la Sorbonne 2014 – Liderança Sustentável para uma nova economia é uma cocriação entre a Plataforma Liderança Sustentável e o Instituto Toposofia que ocorrerá na Universidade de Paris-Sorbonne entre os dias 27 de outubro e 02 de novembro de 2014. O projeto foi concebido para proporcionar uma semana de imersão e um espaço de estudo e reflexão sobre os grandes temas que impactam a forma de liderar na nova economia. O obje-
tivo é reunir um grupo de 20 líderes brasileiros comprometidos com a agenda da sustentabilidade para que possam conviver e dialogar com grandes pensadores da modernidade, com visitas técnicas a empresas francesas que estão inserindo a sustentabilidade em sua estratégia. Mais informações no link: http://www.ideiasustentavel.com.br/ lideres/wp-content/uploads/2014/07/ Informa%C3%A7%C3%B5es_Sorbonne_jul14.pdf
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ESTUDO DE CASO CNseg/ Divulgação
Prova disso foi a iniciativa de construir uma matriz de materialidade de sustentabilidade e elaborar um plano de engajamento do mercado de seguros com seus stakeholders. O projeto é fruto de um convênio entre a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e a Resultante Consultoria Estratégica, e visa identificar as questões ambientais, sociais e de governança, conhecidas como ASG, com impactos mais relevantes na indústria de seguros. Mais do que mitigar riscos, a matriz auxiliará na identificação de novas oportunidades de negócios e aperfeiçoamento do compliance das empresas. Uma diversidade de temas está em pauta: as mudanças climáticas, o envelhecimento da população, o risco regulatório, a inclusão financeira da população são alguns dos campos afetados pela sustentabilidade. Estes riscos intangíveis afetam diretamente as seguradoras, geram perdas patrimoniais e financeiras e precisam ser incluídas no modelo de negócios, em busca do crescimento sustentável. A ex-
Inovação e sustentabilidade Solange Beatriz Palheiro Mendes (*)
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indústria de seguros brasileira tem se engajado cada vez mais na implantação de práticas sustentáveis a fim de enquadrar as operações de seguros dentro de uma nova dinâmica mundial. Nos últimos anos, a sustentabilidade se disseminou como uma das novas palavras de ordem em todos os
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segmentos da sociedade e no setor de seguros não é diferente. Especialistas em gerenciar todos os tipos de riscos, instituições do setor, seguradoras e resseguradoras estão não só atentas à movimentação em prol do sustentável, mas têm implantado ações que fortalecem essa ideia.
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Criado em 2011, o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros busca reconhecer o trabalho dos securitários e corretores que contribuem para a inovação no mercado.
pectativa é que, juntas, as ações traçadas pela matriz impulsionem grandes práticas sustentáveis, com benefícios diretos e indiretos para toda a sociedade. Esta é apenas uma das iniciativas do mercado de seguros. As discussões em torno da sustentabilidade se intensificaram com a criação de uma comissão no âmbito institucional da CNseg. A ideia era reunir representantes do mercado de seguros para a troca de experiências e na criação de um plano estratégico para a adoção de ações sustentáveis pelas empresas do segmento. Mas a iniciativa resultou em um compromisso maior do que um simples debate, e aproximou o Brasil da experiência internacional. A adesão aos Princípios para a Sustentabilidade em Seguros (PSI), da UNEP Finance Initiative (UNEP FI), da Organização das Nações Unidas (ONU) foi um grande passo em prol do sustentável. O compromisso com esses Princípios despertou uma maior consciência sobre os conceitos de sustentabilidade adotados em todo o mundo. Nesse cenário, com a adesão aos PSI, o mercado segurador formou o compromisso público de inserir nos processos de tomada de decisão as questões ambientais, sociais e de governança que sejam relevantes para a atividade em seguros. Outra iniciativa, a adesão ao Protocolo Verde, firmado com o Ministério do Meio Ambiente, trouxe novas diretrizes para a implantação de ações de responsabilidade socioambiental, reforçando o comprometimento do setor de seguros. Não foram apenas debates e experiências que incentivaram a sustentabilidade no mercado de seguros. Para disseminar ainda mais o tema, a CNseg criou o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Sustentabilidade em Seguros, com o objetivo de premiar a adoção de práticas sustentáveis por empresas socialmente responsáveis, seguindo a tendência mundial de valorização dessas companhias. A partir daí, foi possível verificar que as seguradoras já desenvolviam, isoladamente, ações bem-sucedidas voltadas para o crescimento sustentável. Isso
reforça como foi positiva a implantação dessa ideia, que acabou incentivando o nascimento de muitas outras delas. Quando ideias inovadoras são reconhecidas e adotadas, sempre há um estímulo
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Ao longo dos anos, muitas lições foram aprendidas e experiências compartilhadas. O resultado é positivo e claro: os PSI ajudaram a ampliar a compreensão, a prevenir e a reduzir os riscos ambientais, sociais e de governança, contribuindo para a qualidade da proteção contra riscos. Hoje, a necessidade de repensar a dinâmica de mercado nos fez evoluir de diversas maneiras – não só no plano das ideias, mas também nas iniciativas. Esse cenário é uma oportunidade de redefinir os padrões do próprio mercado de seguros, fortalecendo-o ainda mais como agente de desenvolvimento socioeconômico do País.
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para a percepção de novas oportunidades e para a reavaliação dos processos de trabalho já estabelecidos. A iniciativa veio também para demonstrar como o setor de seguros pode se engajar com a sua própria manutenção e na geração de valor para o consumidor
e a sociedade em geral. Este ano, o Prêmio chega a sua quarta edição com um novo conceito: inovação. Ficou claro que respeitar os limites do planeta significa, antes de tudo, redefinir os padrões de produção e consumo em vigor no âmbito mundial. A inovação é uma transformação que tem como objetivo evoluir, em transformar boas ideias em melhores práticas e produtos que beneficiem a sociedade em longo prazo. É preciso que haja inovação para que o desenvolvimento sustentável seja conquistado. E a sociedade também precisa ter essa consciência. Por isso, a CNseg investiu na criação de um hotsite sobre o tema, que atualmente reúne relatórios e estudos internacionais, notícias sobre ações sustentáveis, entrevistas, entre outros temas. Esta foi mais uma das ferramentas implantadas para disseminar conhecimento sobre o sustentável e aproximá-lo do consumidor e das empresas que atuam no mercado. Ao longo dos anos, muitas lições foram aprendidas e experiências compartilhadas. O resultado é positivo e claro: os PSI ajudaram a ampliar a compreensão, a prevenir e a reduzir os riscos ambientais, sociais e de governança, contribuindo para a qualidade da proteção contra riscos. Hoje, a necessidade de repensar a dinâmica de mercado nos fez evoluir de diversas maneiras – não só no plano das ideias, mas também nas iniciativas. Esse cenário é uma oportunidade de redefinir os padrões do próprio mercado de seguros, fortalecendo-o ainda mais como agente de desenvolvimento socioeconômico do País. E para impulsionar ainda mais esse movimento, ideias transformadoras devem ser incentivadas, replicadas e premiadas. Não há mais tempo e nem possibilidades de negar à sociedade o que ela mais aspira: o crescimento sustentável em todas as suas nuances. A experiência já nos deu a fórmula de sucesso: uma ideia simples pode trazer grandes mudanças. O diferencial é dar um passo à frente e implantá-la.
* Solange Beatriz Palheiro Mendes é diretora executiva da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg).
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ENERGIA & CARBONO FOTOVOLTAICA CRESCE FORTE GLOBALMENTE NO QUARTO TRIMESTRE Por Sérgio Abranches, Editor do Portal Ecopolítica http://www.ecopolitica.com.br/
Instalações de energia solar estão crescendo muito forte neste quarto trimestre. A capacidade instalada deve chegar a 200 mil megawatts, praticamente tudo que se instalou em 2010. Os preços em queda, inovação tecnológica e novos arranjos financeiros explicam essa onda. A China vai aumentar em 10% sua capacidade instalada, mais que o crescimento do PIB. Estados
Unidos e Japão serão responsáveis por 70% das novas instalações. Estamos falando de usinas e instalações prediais, comerciais e residenciais. O Brasil se prepara para fazer o primeiro leilão de energia solar. Talvez aproveite os preços em queda. Conversei com um instalador brasileiro de sistemas prediais, que me disse que os pedidos de instalação estão crescendo como ele nunca havia visto. Saiba mais sobre o tema no Portal Ecopolítica.
BVRIO LANÇA GUIA SIMPLIFICADO DO CÓDIGO FLORESTAL PARA PRODUTORES E PROPRIETÁRIOS RURAIS Do BVRio
A Bolsa de Valores Ambientais BVRio lançou em outubro um Guia Simplificado do Código Florestal para produtores e proprietários rurais. O Guia é uma linha do tempo com os prazos vigentes da legislação florestal, alertando sobre a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR), os prazos para conversão de multas, a aquisição de créditos agrícolas e muito mais. De fácil entendimento, o guia é separado em duas partes. Na parte superior, em verde, é apresentado o “caminho para a regularização”, com um passo-a-passo para o cumprimento dos prazos do Código Florestal. Na parte inferior, em laranja, são apresentados os “riscos a evitar”, dando uma ideia das ameaças que o produtor rural pode sofrer com o descumprimento da lei.
CHUVAS DO PASSADO Por Salvador Nogueira, da Revista Pesquisa Fapesp
A seca pela qual está passando o Estado de São Paulo em 2014 surpreendeu a todos e está colocando em risco o abastecimento de água na capital paulista e nos municípios vizinhos. Prevista com mais antecedência, talvez permitisse adotar medidas para manter os reservatórios mais bem abastecidos. O trabalho de um grupo internacional de pesquisadoras pode, no futuro, ajudar a calcular com maior precisão variações de chuva e umidade na
América do Sul e auxiliar a agir mais cedo. O estudo, publicado em junho na Scientific Reports, combinou estimativas de temperatura no passado e modelagem matemática para reconstruir a temperatura da superfície do Atlântico Sul nos últimos 12 mil anos. Além de estabelecer com maior precisão o clima no período, o trabalho pode ajudar a compreender a dinâmica entre as temperaturas no oceano e a umidade no continente. Saiba mais na Sala de Energia do Portal Plurale.
AGENDA BRASIL SUSTENTÁVEL PROPÕE AÇÕES ACERCA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS Por Ludmila do Prado, da Envolverde
Composta por organizações como Ethos, Greenpeace, Fundación Avina, World Wide Fund for Nature (WWF), Envolverde e outras 58 entidades, a Agenda Brasil Sustentável se propõe a incentivar e provocar a adesão dos futuros líderes nacionais, nas esferas estaduais e federal, a implantar as ações orientadas pela
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Política Nacional das Mudanças Climáticas. No documento divulgado, consta proposta de compromisso para os candidatos à eleição de outubro próximo: “Qualquer governante que seja eleito, a partir de janeiro de 2015 precisará assumir uma posição pró-ativa no enfrentamento dos problemas climáticos”. A proposição está embasada
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em sete eixos estratégicos: respeito aos limites do planeta, garantia de direitos com redução das desigualdades, integridade e transparência, economia para sustentabilidade, reforma política e fortalecimento da democracia, valorização do trabalho e gestão pública. Cada um dos eixos possui seus respectivos desdobramentos.
Estante HERÁCLITO FONTOURA SOBRAL PINTO: TODA LIBERDADE É ÍNGREME Por Márcio Scalercio, Editado por Coriolano Gatto, da Insight Comunicação, 336 págs, E-book gratuito no site da FGV Editora HYPERLINK “http://www.editora.fgv.br” Com base em uma vasta pesquisa em milhares de documentos distribuídos por mais de dez centros de documentação e acervos pessoais, o livro Heráclito Fontoura Sobral Pinto: Toda Liberdade é Íngreme, do historiador Márcio Scalercio, traça uma biografia detalhada de um dos mais importantes brasileiros do século passado. Editado pela Insight Comunicação (336 páginas), a obra, fundamentada em dezenas de entrevistas, descreve Sobral Pinto (1893-1991) como um advogado que jamais hesitou em combater interferências do Estado, abusos de poder e excessos da própria Justiça. A FGV Editora fez o e-book, que é gratuito. Ficou célebre por assumir causas conflitantes com os ideais que professava, por entender que a defesa dos direitos individuais estava acima de qualquer corrente de pensamento. A consciência era a sua Carta Magna.
EVANDRO TEIXEIRA - UM CERTO OLHAR Por Silvana Moreira, Editora 7 Letras, 302 págs, R$ 35,00 Evandro Teixeira – Um Certo Olhar. Esse é o título do livro de autoria da estudante do curso de Jornalismo em Multimeios do Campus III da UNEB, em Juazeiro, Silvana Moreira, uma biografia do fotojornalista Evandro Teixeira. As aventuras fotográficas vivenciadas pelo fotojornalista ao longo da sua carreira e depoimentos de amigos são alguns dos pontos fortes do livro, que leva o selo da Editora 7 Letras, do Rio de Janeiro. A obra traz a história de vida de um nome que é sinônimo de fotojornalismo. Ao longe de quase 5 décadas, as lentes de Evandro captaram como poucas um pedaço de nossa história. Unindo informação, criatividade e poesia, o artista criou imagens únicas, como a célebre foto de uma libélula pousada numa baioneta, tirada durante um desfile em pleno regime militar. de Carlos Fonseca.
SUJEITO OCULTO Por Cristiane Costa, Editora Aeroplano,156 págs, R$ 25,00 Plágio. Remix. Apropriação. Qualquer que seja a palavra usada, o tema subjacente a este romance premiado com a Bolsa Petrobras de Produção Literária é roubo. Com todas as letras. Construído a partir de um corta e cola de palavras e frases subtraídas de outros livros, num processo de montagem explicitado pelo ousado projeto gráfico, Sujeito oculto , da jornalista e professora universitária Cristiane Costa, cria um jogo de espelhos infinitamente recuado em que o autor nunca é quem parece ser. Afinal, quem seria o autor deste romance senão mais um personagem, que apenas não sabe que está participando do jogo literário? Tecido a partir de citações, frases feitas e ideias de segunda mão, Sujeito oculto embaralha deliberadamente conceitos como autenticidade e originalidade, mesclando gêneros como ficção, biografia e crítica literária.
APARECIDA Por Rodrigo Alvarez, Editora Globo, 256 págs, R$ 29,90 Aparecida é o livro mais completo sobre o maior símbolo da fé católica brasileira. Fruto de pesquisas realizadas no Brasil e no exterior pelo jornalista Rodrigo Alvarez, correspondente da TV Globo em Jerusalém, traz três séculos de história sobre a padroeira do país. Narra, por exemplo, a noite em 1978 em que um homem atormentado invadiu a basílica de Nossa Senhora Aparecida e destruiu a imagem da santa - atentado que se desdobrou em uma sequência de acontecimentos cheios de mistérios, como numa trama cinematográfica. Este é apenas um dos eventos que cercam Aparecida e, à medida que se desenrolam, vão se confundindo com a própria História do país.
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Clóvis Fabiano / Instituto Ethos
Evento
Conferência Ethos 360º comprova que a sustentabilidade é transversal e inovadora Sônia Araripe, Editora de Plurale De São Paulo
A
caba de ser realizada, nos dias 24 e 25 de setembro, em São Paulo, a Conferência Ethos 360º, um dos principais eventos de Sustentabilidade. Tradicional, na sua 16ª edição, a Conferência tornou-se já um marco na agenda de quem acompanha o tema. A cada ano, o evento procura inovar nas abordagens, convidados (muitos internacionais) e formato. Dentre as muitas inovações deste ano, a principal foi, sem dúvida, o modelo: o nome já indicava o que estava por vir. Uma Conferência 360 º. Muitos inscritos se surpreenderam com a dinâmica da Conferência já ao entrar no recinto. Fones de ouvido – normalmente utilizados apenas para traduções simultâneas - eram indispensáveis. O evento aconteceu no grande salão do World Trade Center (WTC), uma gigantesca área que abrigou todos os debates simultaneamente. A cada período - manhã, tarde e fim de tarde - eram até sete mesas de diálogo acontecendo ao mesmo tempo. Assim, quem quisesse assistir um evento e depois passar para outro, bastava dar alguns passos e trocar de canal. Cada palestrante falava em microfones diretamente para o sistema de áudio captar.
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“Não devem atender só os interesses dos acionistas, mas de todos os stakeholders (partes interessadas)” Pavan Sukhdev Telões imensos e parafernália eletrônica complementavam a estrutura, contando com um drone (aquele objeto voador que filma) e até mesmo um pequeno dirigível. O curioso é que todo o ambiente era silencioso e mais para escuro, uma experiência inusitada e intimista. Mas, além da forma, o conteúdo também foi inovador? Sem dúvida. Cerca de 1.100 pessoas participaram da Conferência 360º, que apresentou 120 palestras. Uma verdadeira “maratona” de ideias e cases. Um dos principais destaques do evento foi o economista indiano Pavan Sukhdev, autor do best-seller “Corporação 2020”, que falou sobre a relevância das empresas para a tão sonhada migração para a economia verde, já que 74,3% dos empregos vêm do setor priva-
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do, alertando que o foco deve ser sempre o bem-estar humano, social e ambiental. “Não devem atender só os interesses dos acionistas, mas de todos os stakeholders (partes interessadas)”, afirmou Sukhdev. Vários palestrantes brasileiros também se apresentaram no evento, como jovens empreendedores convidados do Centro Sebrae de Sustentabilidade (com sede em Cuiabá) e o educador Tião Rocha, do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, nascido na pequena Araçuaí (norte de Minas), mas agora também com ramificações no Maranhão e outros estados. Temas atuais, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos; Consumo ético; Inovação; a sustentabilidade nas pequenas e médias empresas; Direitos Humanos; Clima e energia e muitos outros foram apresentados. A Conferência Ethos mostrou que a sustentabilidade é realmente um tema transversal que precisa ter um diálogo intenso e múltiplo. Acompanhe alguns dos melhores momentos da Conferência no Portal Plurale (www.plurale.com.br) e no site do evento (http://www3.ethos. org.br/ce2014/)
Os principais temas que impactam as Relações com Investidores, você encontra em uma só revista: na RI
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CINEMA
Verde
ISABEL CAPAVERDE
i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r
Documentário denuncia o maior desastre ambiental do país
Através das obras da artista plástica Bia Doria, o documentário Raízes do Brasil retrata o desastre da Usina Hidrelétrica de Balbina, a maior tragédia ambiental do Brasil. Localizada no rio Uatumã, a 200 quilômetros de Manaus, a represa alagou áreas muito extensas de floresta para gerar relativamente pouca energia. A decomposição das árvores que ficaram submersas fez a represa emitir um volume de gazes do efeito estufa ainda maior do que uma termoelétrica de mesma capacidade, deixando a água ácida e sem vida. O documentário foi produzido pela CINE, de Raul Doria, e dirigido por Wal Tamagno. Além de Bia, reconhecida por suas obras de temática ambiental, o documentário ouviu artistas como Franz Krajcberg e Romero Britto, além de Joe Berardo, um dos maiores colecionadores de arte do mundo.
Festival com entrada gratuita mostra curtas sobre Direitos Humanos
Lenda famosa da Amazônia premiada em Cannes
O curta-metragem “Matinta”, do cineasta paraense Fernando Segtowick, é uma livre adaptação da lenda muito comum em diversas regiões do norte e localidades do Pará. No filme, homem que vive uma tragédia pessoal, tem que lidar com o assédio da vizinha que parece receber influências sobrenaturais. A vizinha é interpretada pela atriz Dira Paes e o filme foi premiado em Cannes. O roteiro mistura suspense, jogos de poder, amor e forte misticismo. Para assistir acesse: https:// www.youtube.com/watch?v=_ohH_tn2CsU&feature=youtu.be
A Lei da Água
O ENTRETODOS 7 - Festival de Curtas Metragens de Direitos Humanos que acontece em São Paulo, de 03 a 07 de novembro em 50 pontos de cultura e educação da cidade de São Paulo, terá como tema “Cidadania Cultural”. Os filmes exibidos concorrerão a prêmios de Melhor Curta-Metragem escolhido pelo Júri, Melhor Roteiro, Melhor Curta-Metragem escolhido pelo público, além dos prêmios “Cidadania Cultural”, “Visão Social” e “Educação em Direitos Humanos”.
Florianópolis ganha festival de cinema focado nos problemas do planeta Com o slogan “Mude o seu Olhar. Descubra a Terra” está sendo realizada na capital de Santa Catarina, a primeira edição do Festival Internacional de Cinema Socioambiental – Planeta.Doc. O projeto segue até o final de novembro com a proposta de unir cinema, educação e sustentabilidade. As ações iniciaram com o lançamento do concurso audiovisual Meu Mundo Mais Vivo, direcionado a estudantes de ensino fundamental, médio e universitário do estado. O objetivo é fomentar a reflexão de jovens sobre a destruição da natureza e revelar ações que vêm contribuindo para a sua preservação. Os filmes devem ter até um minuto e podem ser gravados com qualquer dispositivo eletrônico. Inscrições podem ser feitas na sessão Meu Mundo Mais Vivo do site do festival: www.planetadoc.com. Até 31 de outubro.
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Realizado ao longo de 16 meses, o documentário A Lei da Água (Novo Código Florestal) trata da polêmica sobre as mudanças na legislação que prevê o que deve ser conservado e pode ser desmatado nas propriedades rurais e cidades brasileiras. O impacto que isso acarretará sobre a capacidade da floresta de proteger mananciais de água e, assim, prevenir futuras crises de abastecimento. Foram entrevistados ambientalistas, cientistas, ruralistas e agricultores, pessoas que acompanharam de perto a controversa tramitação da nova lei no Congresso e opinam sobre seus impactos, trazendo perspectivas diversas e discordantes sobre o tema. Dirigido por André D´Elia, o filme tem produção executiva de Fernando Meirelles. A obra é uma parceria do Instituto Socioambiental (ISA), Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e Bem-Te-Vi Diversidade. Confira o trailer acessando: https://www.youtube.com/watch?v=n3wZxYgRyWQ
Data: 27 de novembro de 2014 Local: BM&FBOVESPA End.: Praça Antonio Prado, 48 – 3º andar – São Paulo/SP
16º PRÊMIO ABRASCA RELATÓRIO ANUAL
| PROGRAMA | | 10:00 horas | Recepção e credenciamento dos convidados | | 10:30 horas | Abertura | | Dr.Antonio Duarte Carvalho de Castro, Presidente da Abrasca | | 10:40 horas | Pronunciamento da Professora Lucy Sousa, Presidente da Comissão Julgadora do Prêmio Abrasca – Melhor Relatório Anual | | 10:50 horas | Palestra “Que Relatório vamos Fazer?” Lélio Lauretti, ex-presidente da comissão julgadora do Prêmio ABRASCA Melhor Relatório Anual e especialista na área em conjunto com Fabiane Goldstein e Rubens Marçal | | 11:30 horas | Entrega das Menções Honrosas e pronunciamento dos vencedores nas categorias | | Análise econômico-financeira | | Aspectos sócio-ambientais | | Estratégia | | Gestão de Risco | | Governança Corporativa | | 11:45 horas | Entrega do prêmio para a vencedora da categoria Organização não Empresarial e pronunciamento da vencedora | | Entrega dos prêmios para as empresas fechadas vencedoras das categorias 1 e 2 e pronunciamento dos premiados | | Entrega do prêmios para as companhias abertas Vencedoras das categorias 1 e 2 e pronunciamento das premiadas | | 12:00 horas | Encerramento do evento e brunch |
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES ABRASCA – Tel.: [11] 3107.5557 nilsonjunior@abrasca.org.br
Realização
Patrocínio
Apoio Promocional
Apoio Institucional
Organização
Cinema
O
homem
por trás das lentes Por Isabel Capaverde, de Plurale em Revistarevista
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im Wenders, o cineasta alemão, viu uma foto numa galeria da Europa e impactado com a imagem, quis saber quem era o autor. Assim ele foi apresentado ao trabalho de Sebastião Salgado, de quem comprou duas fotos e se tornou amigo anos depois. Admiração e amizade que o fizeram codirigir com o filho de Sebastião, Juliano Ribeiro Salgado, o documentário “O Sal da Terra”, sobre a vida e obra do fotógrafo mineiro. O
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filme conquistou o prêmio especial na mostra “Um Certo Olhar” no Festival de Cannes deste ano e foi escolhido para abrir o Festival do Rio 2014. O documentário é quase todo em preto e branco, como são as fotos de Sebastião Salgado que denunciam a miséria humana provocada por guerras, disputas políticas e a ganância sem limites, registradas nas longas temporadas em que acompanhou a busca pelo ouro em Serra Pelada, o genocídio em Ruanda e a seca em Sahel, ambas regiões da África, ou os poços de petróleo em chamas no Kuwait. A força das imagens e a narrativa de Sebastião, com intervenções de Wim Wenders e de Juliano, contam a história do homem de 70 anos que há 40 decidiu largar a vida de economista para virar fotógrafo. O talento e a sensibilidade da obra do fotógrafo devem muito a Lélia, sua mulher e parceira nos projetos. Foi Lélia quem comprou a primeira câmera para fotografar seus próprios trabalhos na faculdade de Arquitetura e o equipamento acabou nas mãos do marido. Foi Lélia que durante todos os projetos - como chamam os temas que o levam a viajar pelos mais diferentes cantos do mundo contando histórias em
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cliques - ajudou na organização e manteve a rotina da casa e criou os filhos, enquanto ele ficava anos mergulhado em suas narrativas sociais. Foi Lélia que deu novo gás a Sebastião e o fez olhar o mundo sob outro ângulo, quando ele voltou para casa, cansado e doente de registrar a história dos homens que definiu como uma história de guerras. Sebastião e Lélia formam mais que um casal. Formam uma equipe. O filme também é um encontro entre pai e filho, já que Juliano cresceu longe do fotógrafo. Documentar a vida de Sebastião foi uma oportunidade de conhecer e entender o pai e estar ao lado dele num de seus projetos, no projeto “Gênesis” transformado em livro e exposição que ano passado percorreu as principais cidades do Brasil. Apesar das imagens chocantes das fotos tiradas por Sebastião, o filme termina com uma mensagem positiva, mostrando que assim como o homem pode se reinventar, o mundo também pode ser reconstruído como foi a fazenda da família do fotógrafo, no Vale do Rio Doce, em Minas, hoje uma área replantada com Mata Atlântica transformada em parque com visitação aberta ao público.
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Champagne: Pelo Mundo
Uma visita à região francesa da bebida que agora tem novas normas ambientais do processo
Texto e Fotos: Vivian Simonato, Correspondente de Plurale em revista na União Europeia De Champagne, França
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iante de uma suntuosa porta marrom, um túnel com uma escadaria de pedra se revela à nossa frente, levando para algum ponto desconhecido, mais abaixo do nível da rua. Estou na Maison Vranken-Pommery, conhecida fabricante de champanhe localizada em Reims e fundada em 1858. Desço os degraus desgastados e lisos rumo às celas de champanhe segurando firmemente no corrimão. A iluminação é pouca e de cor amarelada. Impossível não ser transportada para outro tempo e pensar nas inúmeras vidas que já se dedicaram à fabricação dessa bebida que é sinônimo de celebração.
Distinto terroir Engana-se, porém, quem pensa que a indústria de champanhe como conhecemos hoje surgiu da noite para o dia. Registros de vinhedos datam do século I. No entanto, foram os romanos, grandes apreciadores, produtores e especialistas em vinhos, que reconheceram o potencial do terroir e deixarem sua marca na região. Eles sabiam identificar como poucos as encostas mais adequadas para cultivo, a escolha de terrenos bem drenados, com boa exposição ao sol e vinhas capazes de suportar os rigorosos clima do norte. Mais tarde, foram os bispos, grandes proprietários de vinhas eclesiásticas, e monges que desenvolveram importantes métodos de cultivo e aperfeiçoamento do processo de vinificação. O monge Dom Pérignon, por exemplo, foi um dos pioneiros em uma série de inovações na produção desse vinho espumante. Acredita-se que ele foi o primeiro a misturar uvas de forma a melhorar a qualidade do vinho. É crédito também de Dom Pérignon o aperfeiçoamento da arte de produzir vinhos brancos claros de uvas pretas por manipulação inteligente das prensas. O monge também foi um dos primeiros a usar rolhas (em vez de madeira) e garrafas mais grossas. As rolhas eram presas às garrafas com cordas de linho embebido em óleo para manter os
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vinhos frescos e espumantes, e evitar surpresas, já que o champanhe era conhecido como “vinho do diabo” pois sempre acontecia das garrafas explodirem ou as rolhas saltarem. Nessa época, os vinhos de Champagne tinham uma qualidade ligeiramente efervescente devido a um processo de fermentação incompleta, que criava pequenas bolhas de dióxido de carbono nas garrafas. Estes eram os vinhos tintos, quase claros na cor e já bem distintos por serem leves, crocantes e secos, característica inconfundível de suas origens do norte da França e subsolos calcários da região. No entanto, o champanhe conhecido atualmente, cuja indústria emprega diretamente 30 mil pessoas (sem contar trabalhadores temporários na época de colheita), é exportado para mais de 190 países e representa 13% do volume total de vinhos espumantes, é resultado de técnicas aperfeiçoadas ao longo do século XIX e sofreu percalços até virar um ícone mundial protegido legalmente.
Se no final do século XVII os produtos já eram conhecidos coletivamente como “vinhos de champanhe”, foi nessa mesma época que a técnica de “champanhização” se espalhava por outras àreas do país e até Suíça e Alemanha. No final do século XIX, o método “Champenoise” já tinha ganhado o mundo e fabricantes em países como Rússia, Hungria, Itália e Estados Unidos já produziam seus próprios champanhes.
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proteger o patrimônio coletivo. Assim, produtores de uva e casas de Champanhe uniram foças e fundaram, em 1898, a Associação Viticole Champenoise (AVC - Associação dos Vinhateiros de Champagne). O objetivo da AVC era combater a filorexa; reconstruir as vinhas; realizar pesquisas, testes e treinar produtores de uvas em novas técnicas. Tendo percebido que todas as vinhas doentes teriam de ser substituídas por vinhas enxertadas, a AVC aproveitou a oportunidade também para fazer melhorias. O plantio que antes era aleatório foi substituído por vinhas treinadas, efetivamente reduzindo a densidade do plantio de videiras de 40 mil para 8 mil por hectare. Um novo método de poda juntamente com novas formas de crescimento em treliça foram introduzidos para erradicar a filoxera. No entanto, o processo de combate à praga nos vinhedos somou-se aos estragos causados pela Primeira Guerra Mundial, e, em 1919, a região que antes abrigava 60 mil hectares de vinhas havia sido reduzida a um punhado de sites selecionados, cobrindo apenas 12 mil hectares. Appellation d’Origine Contrôlée (AOC) Ao mesmo tempo em que produtores e casas de Champagne trabalhavam para recuperar os vinhedos, outra batalha seguia em paralelo para delimitação e reconhecimento da apelação de origem do território de fabricação de champanhe. Se no final do século XVII os produtos já eram conhecidos coletivamente como “vinhos de champanhe”, foi nessa mesma época que a técnica de “champanhização” se espalhava por outras àreas do país e até Suíça e Alemanha. No final do século XIX, o méto-
Mestres em superar desafios Olhando hoje as lindas vinhas enfileiradas é difícil imaginar que entre o final do século XIX e início do século XX a situação em Champanhe era outra. Por volta de 1894 a filoxera chegava à região. A praga, causada por um inseto minúsculo que resulta na murchidão das videiras, assolou o mundo por quase meio século. A tragédia fez com que viticultores começassem a trabalhar juntos no replantio das videiras e isso gerou uma crescente consciência da necessidade de
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Pelo Mundo et de la Qualité “, mas manteve sua sigla original. E, finalmente em 29 de junho de 1936, Champagne teve decretada sua Denominação de Origem Controlada (AOC) com claras regras de fabricação estabelecidas, como: - Utilização de apenas três variedades de uva: Chardonnay, Pinot Noir, Pinot Meunier - Poda curta da vinha (Cordon de Royat, Chablis e poda Guyot) - Produção de uvas por hectare - Extração de suco limitada estritamente a 102 litros por cada 160 quilos de uvas - Específico teor alcoólico em volume - O nome do elaborador - Uso do processo natural de elaboração denominado “Méthode Champenoise” - Mínimo de 15 meses de armazenamento das garrafas antes da expedição - No Brasil, o Instituto Nacional da Proprie dade Industrial (INPI) reconheceu a AOC de Champagne em dezembro de 2012. do “Champenoise já tinha ganhado o mundo e fabricantes em países como Rússia, Hungria, Itália e Estados Unidos já produziam seus próprios champanhes. Insatisfeitos com a situação, em 1905 viticultores da região começaram a articular com Ministério da Agricultura da França a delimitação oficial da área de produção de Champagne. Caso aprovada essa medida, o nome Champagne seria estritamente reservado para vinhos exclusivamente provenientes e produzidos nessa área. Vinte e dois anos depois, em 22 de Julho de 1927, foi aprovada a lei que delimitava a área oficial de produção de Champagne, que compreende cerca de 34 mil, assim como e as primeiras normas a serem seguidas. Mas, a verdadeira batalha pela qualidade veio alguns anos mais tarde, no período 19311935. Com vinhedos em crise em toda a França, as associações vitícolas francesas pediram ao Governo para apoiar a sua unidade de regulamentar e desenvolver certas denominações, monitorar a produção e processar casos de fraude, que ainda aconteciam frquentemente. Essas demandas deram origem aos princípios da Appellation d’Origine Contrôlée (AOC - Denominação de Origem Controlada) e do Institut National des denominações d’Origine (INAO), formados em 30 de julho 1935. O INAO, desde então, foi rebatizado de ‘Institut National de l’Origine
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Champagne e novas normas ambientais Recentemente, o Comitê Interprofessional do Vinho de Champagne (CIVC - Comité Interprofessionnel du Vin de Champagne) lançou o Haut Valeur Environnementale (HVE). Este representa um passo importante pra região, pois o HVE trata de um conjunto de 125 normas ambientais que visam reforçar os deveres sustentáveis de Champagne. Para se credenciar, os cerca de 20 mil produtores precisarão obedecer aos critérios estabelecidos, cujos principais são: Proteger a paisagem da região, importante considerando a candidatura de Champagne junto à UNESCO em busca do reconhecimento como Patrimônio Mundial da Humanidade. - Encorajar a biodiversidade. - Reduzir o descarte de resíduos e o uso de pesticidas. Os produtores passam a ter um limite de 30% de sua receita para ser gasto em pesticidas e combustíveis. - Reduzir a emissão de carbono. Produtores e casas de Champanhe já seguem muitas normas estabelecidas, mas o objetivo é ter total adesão. Por exemplo, após implementar rigorosas medidas as maisons Vranken-Pommery e
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Moet&Chandon conseguiram reduzir, respectivamente, o consumo de água em 47% (entre 2005 e 2010) e 35% (entre 2001 e 2011). A Moët & Chandon também já diminuiu o uso de inseticidas (-75% entre 2003 e 2011); herbicidas (-45% entre 2004 e 2011) e fungicidas (-50% entre 2008 e 2011). Já é fim de tarde. A temperatura está quente e minha visita à região de Champagne vai terminando. Sentada num agradável jardim, onde já passaram figuras ilustres da História, admiro uma árvore grandiosa, com mais de 200 anos, enquanto minha primeira taça de champanhe é servida. Dou um pequeno gole. Sinto as borbulhas finíssimas e refrescantes aguçando meu paladar. O sabor seco, mas muito delicado, realmente combina com qualquer celebração. Estou na maison Moet&Chandon, em Epernay, conversando com nossa guia Lucile depois da visita às belíssimas caves. Descubro que esse lugar que estamos foi muito frequentado por Napoleão Bonaparte, que era fan desse vinho espumante. Imediatamente
lembro de sua célebre frase sobre champanhe: “Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário”... Penso nas novas normas ambientais e sei que o caminho em frente é longo. Mas, felizmente, as iniciativas e vontade em buscar um futuro mais sustentável é latente, e por hora o champanhe é mais que merecido e celebra, sim, as vitórias dessa notável região. Com informações do The Comité Champagne - www.champagne.com Agradecimentos especiais: Fabricio Bezerra e Roberta Barreto Bezerra; Joelle Lefreve and Lucile Bocahu, Moët&Chandon, Epernay.
“Algo só é impossível até que alguém duvide e resolva provar o contrário”. Albert Einstein
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Internacionais
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Vipa ssa na Bem-estar
M e d i t a ç ã o
Um pouco do muito aprendido em 10 dias de silêncio Texto e fotos de Carolina Araripe, do Blog Garota de Projetos Link: http://garotadeprojetos.wordpress.com/
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uita gente já me perguntou por que eu fui parar lá do outro lado do mundo, justamente na Índia. Além da busca por um cenário totalmente diferente e da vontade de ser ejetada da minha zona de conforto, eu não posso negar que, lá no fundo, havia uma certa busca por espiritualidade. Principalmente porque em 2012, ano em que a vontade de mudar se acendeu nas minhas ideias, eu havia feito um curso de meditação no Rio de Janeiro, que começou a abrir meus olhos e a minha cabeça, me levando para um caminho de uma vida mais leve. Então, como era preciso escolher um país onde eu fosse fazer um intercâmbio profissional, decidi-me pela Índia devido ao desafio profissional e pessoal que eu enfrentaria, pelo fato de ser uma terra a explorar, já que eu pouco sabia sobre ela e sua cultura, e, é cla-
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ro, pela espiritualidade que poderia vir ao meu encontro em um momento oportuno. A meditação e a espiritualidade vieram sim, mas isso custou a acontecer e só fui ter uma experiência muito intensa mesmo durante meu retiro de meditação Vipassana, dez meses depois de ter saído do Brasil. Conheci este tipo de meditação já na Índia, por meio de amigos que haviam passado por retiros e que me contaram muitos dos benefícios que sentiram. Defini para mim que não voltaria para casa sem antes passar por mais essa experiência e, assim, agendei
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meu período de reclusão para meu último mês na Índia, na cidade de Jodhpur. Pouco sabia no dia em que cheguei ao retiro. Na apresentação inicial, fomos introduzidos às regras e à rotina que enfrentaríamos pelos próximos dias e também tivemos um espaço para tirar dúvidas. Depois desse momento, passamos a ficar em silêncio e assim continuaríamos até o último dia de retiro, que duraria dez dias. Poderíamos apenas solicitar ajuda da equipe de voluntários e, mesmo assim, apenas para questões de infraestrutura. Cada um dos participantes do curso tinha um quarto individual. O quarto era simples, sem muito conforto, mas apropriado para a experiência. A manutenção da limpeza e da ordem dos quartos era de responsabilidade de cada participante. Dentro dele só era possível manter itens de uso pessoal, como roupas, itens de higiene e remédios de uso contínuo. Os demais pertences, como câmera fotográfica, laptop, livros, cadernos e até mesmo canetas, tinham de ser
entregues aos voluntários no primeiro dia de reclusão e recebidos apenas no momento de saída, no décimo dia, ou antes, no caso de desistência. A rotina era superpesada, com a primeira sessão de meditação acontecendo antes mesmo do dia raiar, às quatro e meia da manhã. Durante o dia, mais sessões de meditação, pausas para alimentação, alguns momentos de descanso e o longo dia tinha fim às nove e meia da noite, hora de deitar e dormir. Acordar tão cedo assim era ainda mais difícil, pois já era inverno na Índia e àquela hora fazia muito frio na área desértica onde estáva-
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O tempo passou e agora tenho mais do que comprovado, para mim que é bom, sim, relembrar passagens vividas e planejar nosso futuro, mas que não é bom nos apegarmos a planos, sem estarmos abertos a ajustes ou mudanças ao longo dos nossos caminhos
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nos menus de um dia para o outro, mas nada demais. Quase todo dia também havia frutas. Nada de carne nem nada que, de acordo com a organização, pudesse sobrecarregar o nosso sistema digestivo durante o período do retiro. Não há dúvidas de que, para muitos, essa dieta restrita é ou seria um desafio, mas certamente esse não deve ser o motivo da não participação de uma pessoa em um curso tão rico. Um dos ensimentos mais fortes do curso é o de que temos que nos concentrar no momento presente. Inevitavelmente a cabeça de quem participa vai e volta no que já se viveu e no que ainda há a ser
sessões de autoconhecimento durante os dias de confinamento. Há, entretanto, uma política entre as pessoas que já participaram do curso para que não sejam divulgados muitos detalhes a respeito dessa experiência e dos ensinamentos. A escassez de conhecimento deixará o elemento surpresa para os futuros participantes permitindo, assim, que cada um deles tenha uma experiência única. Por isso, deixo nessas páginas apenas um gostinho sobre o retiro Vipassana e os seus ensinamentos, para motivar os interessados a mergulhar fundo nessa descoberta.
Carolina e duas colegas indianas no retiro
Carolina Araripe
mos alojados. Os momentos de descanso eram usados também para arrumar o quarto, refletir sobre os ensinamentos, lavar roupas e pegar um pouquinho de sol. Além de não ser permitido conversar durante os dias de retiro, também não era permitido interagir, nem mesmo por contato visual com os outros participantes. A razão principal disso era fazer com que cada participante tivesse uma experiência particular nas meditações e que impressões não fossem compartilhadas. Ao cruzar com colegas de meditação ou vizinhos de quarto, era necessário abaixar o olhar e desestimular qualquer tipo de empatia ou interação. A alimentação era muito regrada, baseada em uma dieta vegetariana. Ensopados de legumes, sopas, saladas, arroz, pão indiano e chá faziam parte do menu principal. Algumas surpresas e variações
vivido, mas é muito importante ter a concentração no momento presente de nossas vidas a fim de absorver o máximo e nos dedicarmos cem porcento a momentos como esse. Para mim, essa foi a minha maior dificuldade devido a tudo que eu havia vivido no último ano e a tudo que eu estaria prestes a viver no meu retorno ao Brasil. O tempo passou e agora tenho mais do que comprovado, para mim que é bom, sim, relembrar passagens vividas e planejar nosso futuro, mas que não é bom nos apegarmos a planos, sem estarmos abertos a ajustes ou mudanças ao longo dos nossos caminhos. Muitas vezes, inclusive, as mudanças em nossos caminhos podem ser positivas, mas, se não o forem, cabe a nós enxergá-las e aceitá-las da melhor maneira. Foram muitos os ensinamentos aprendidos no meu retiro, com inúmeras
Informativo: Para chegar até o retiro Vipassana de Jodhpur, Carolina, que já estava na Índia, foi de ônibus da cidade de Ahmedabad à cidade de Jodhpur. Chegando à estação de ônibus, pegou um rickshaw (táxi indiano) até o retiro, que fica bem afastado da cidade. A meditação Vipassana é uma das mais antigas técnicas de meditação da Índia e é ensinada em cursos internos durante retiros de dez dias. Todas as despesas são pagas através de doações de pessoas que fazem o curso, experimentam seus benefícios e desejam dar a oportunidade para que outras pessoas também tenham esta experiência. Os cursos estão disponíveis em todos os continentes do globo, estando presentes também no Brasil. Para maiores informações: www.dhamma.org
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VIDA Saud ável Freeke, o hit do momento
A cada estação a indústria de produtos naturais – e seus clientes – acabam elegendo um hit do momento. O “queridinho” da vez é o trigo freeke, um alimento que está longe de ser uma novidade já que vem sendo consumido há milhares de anos. Sua origem vem de países árabes, sendo muito utilizado principalmente para substituir o arroz. O produto é importado e pode ser encontrado nas principais lojas de de produtos naturais. Segundo nutricionistas, este tipo de trigo é muito rico em fibras e tem propriedades anti-oxidantes por conta da luteína e zeaxantina, dois carotenoides. Esses dois carotenoides também são os únicos presentes na mácula do olho. Sua função deles é de filtrar a luz azul, que poderia causar danos aos fotorreceptores da retina. Diversas pesquisas indicaram que o consumo destes carotenoides está associado a um menor risco de degeneração macular com a idade.
Biscoitos e cosméticos de resíduos do maracujá Da Embrapa Agroindústria de Alimentos Resultado de parceria público-privado, a indústria Extrair Óleos Naturais utiliza as sementes de maracujá, provenientes de resíduos de indústrias de sucos e polpas do Norte Fluminense, para extração de óleo de alta qualidade. Recentemente, a indústria recebeu o Prêmio CREA-RJ de Meio Ambiente 2014, em reconhecimento pelo trabalho ligado à sustentabilidade da cadeia produtiva do maracujá no Rio de Janeiro. Também aprovou mais um projeto de inovação junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) para ampliação e automatização de sua linha de produção, visando o aproveitamento de outro resíduo: o farelo derivado da prensagem da semente, resultante da extração do óleo. Esse farelo desengordurado possui alto valor nutricional, podendo ser utilizado na fabricação de pães, biscoitos, sorvetes, caldas e recheios na indústria alimentícia. Como cerca de 70% do maracujá é composto por casca e semente, estima-se que a indústria fluminense possa gerar um desperdício e um impacto ambiental de cerca de 40 mil toneladas por ano, caso esses resíduos não sejam aproveitados.
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Guia de alimentação saudável no Rio
Um diagnóstico elaborado pela iniciativa Rio Alimentação Sustentável traçou o perfil de abastecimento de alimentos saudáveis e sustentáveis no Brasil, em especial no território carioca, com o objetivo de orientar os passos que garantirão a oferta dos alimentos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.A iniciativa é formada por uma aliança entre 26 organizações coordenadas pela Conservação Internacional – Brasil (CI-Brasil) e WWF-Brasil. O Diagnóstico para a Oferta de Alimentos Saudáveis e Sustentáveis nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 foi apresentado ontem no Rio durante a assinatura de um memorando de entendimento entre a iniciativa Rio Alimentação Sustentável Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 visando garantir alimentos saudáveis e sustentáveis durante as competições. Foram analisadas 15 cadeias produtivas, entre as quais carne, cereais, frutas, hortaliças, peixes, leite e derivados. A ideia é que esse diagnóstico se torne um guia para o país na formulação de políticas públicas para alimentação. O documento está disponível no site da iniciativa: http://www.rio-alimentacaosustentavel.org.br
Apoio para orgânicos para a Amazônia Da TV NBR Foi assinado no último dia 14 de outubro o primeiro convênio do Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Ecoforte) da região Norte. Mais de R$ 1,2 milhão foi liberado para o programa, cujo objetivo é popularizar e aprofundar os conhecimentos acumulados nas comunidades sobre os biomas das florestas, rios e lagos da grande bacia amazônica. O Ecoforte visa fortalecer as redes de agroextrativismo e produção agroecológica e orgânica, com foco em produtores familiares, extrativistas, povos e comunidades tradicionais, dando ênfase na inclusão das mulheres e juventudes, explicou Conceição Gurgel, da Fundação Banco do Brasil. Vai ampliar o trabalho que as redes desenvolvem nos territórios com a produção de base agroecológica e identificar práticas e instrumentos que fortaleçam essas unidades, complementou.
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Artigo Danilo Vivan
Wilson Dias/Agência Brasil
A cultura das bikes
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uita coisa mudou desde que resolvi pedalar pela primeira vez pelas ruas e avenidas de São Paulo. Era 2004 e não se falava de ciclovia, ciclofaixa, nada. Eu era repórter do Estadão e resolvi aceitar a sugestão de um colega de redação que já pedalava. Se hoje os neófitos ainda se assustam com o risco de encarar a cidade a bordo de uma bicicleta, imaginem 10 anos atrás. Só com alguns parafusos a menos. Talvez porque tenha crescido no Interior e fosse todo dia de bicicleta pro colégio, não vi muitos riscos.
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Cinco quilômetros e vários desafios me separavam do jornal: (1) uma ponte e um viaduto sem acostamento nem qualquer proteção pra pedestres e ciclistas; (2) o comportamento dos motoristas nem sempre previsível e amistoso com meios alternativos de transporte, como pude comprovar trocando o transporte público pela bicicleta; (3) os ônibus, cujos motoristas muitas vezes simplesmente não percebem a presença dos ciclistas. Por fim, havia o desafio de conseguir um estacionamento e uma forma de me arrumar para chegar à redação minima-
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mente alinhado. Muita gente, aliás, não pensa nesse detalhe ao adotar a bicicleta. A solução foi prender precariamente minha magrela nas grades que separavam o estacionamento do jornal da rua. Para me arrumar, consegui acesso aos chuveiros dos funcionários da gráfica, que dispunham dessa facilidade - essa situação pioraria anos depois, quando mudei de emprego e tive de encarar um banheiro imundo destinado aos funcionários do estacionamento do escritório, que contava com somente um chuveiro de água gelada e por onde, às vezes, circulavam baratas.
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Na cidade em que os congestionamentos ganham contornos de catástrofe cada vez que chove, tudo fica mais simples a bordo de uma bicicleta. Confesso que sentimos um certo prazer quando nos deslocamos no mesmíssimo ritmo de todos os dias em meio a carros praticamente estacionados e motoristas à beira de um ataque de nervos
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Voltemos a 2004. Naquela época, o Código de Trânsito já estava em vigor havia sete anos, tratando de temas como bicicletários e ciclovias e estabelecendo a distância mínima a ser observada pelos motoristas ao ultrapassar um ciclista, 1,5 metro. Mas, no país das leis que não pegam, havia uma distância enorme entre a letra da lei e a realidade das ruas. O viaduto Pacaembu, por exemplo, que fica na avenida que termina no famoso estádio e que cruza uma linha férrea, não dispunha sequer de calçada. “São Paulo não foi feita pra pedestres nem pra bicicletas”, pensei em minha primeira pe-
dalada ao trabalho. Só com muitos parafusos a menos pra encarar aquilo. Foram necessários uma década e o surgimento do que chamo de uma cultura das bicicletas para que a cidade chegasse ao estágio atual, minimamente amigável aos pedalantes. As coisas começaram a mudar lá pelo final da década de 2000, quando surgiram a Ciclofaixa de Lazer, a Ciclovia do Rio Pinheiros e movimentos organizados pró-bicicleta, como o Bike Anjo, o Ciclocidade, a Oficina Mão na Roda e o site Vá de Bike. A Ciclofaixa, aberta aos domingos, começou tímida em 2009. Fez tanto sucesso que já foi ampliada cinco vezes e hoje recebe cerca de 100 mil pessoas por final de semana. Seu mérito está em trazer novos adeptos para o mundo das bicicletas, criando uma opção de lazer de baixo custo. Pedalar aos domingos é ver São Paulo com outros olhos, sentir a liberdade sem os riscos do trânsito. A inspiração vem de Bogotá, onde esse modelo existe desde 1974. Já os movimentos pró-bike vêm desempenhando um importante papel institucional, seja cobrando do poder público melhorias na estrutura cicloviária, seja estimulando as pessoas a pedalar. O Ciclocidade, por exemplo, realiza sistematicamente contagens do número de ciclistas na avenida Eliseu de Almeida, na zona oeste – o total aumentou de 561 ciclistas em 2010 para 580 em 2012, chegando a 648 em 2014. Levantamentos como esse servem de apoio na definição de políticas para o uso de bicicletas. Já o Bike Anjo oferece orientação gratuita para quem quer ir de bike pro trabalho ou mesmo para aqueles que querem apenas aprender a pedalar. Por fim, mais recentemente, vimos o surgimento do sistema de empréstimos de bicicletas Bike Sampa (as laranjinhas, do Itaú, em 2012), de estabelecimentos voltados para os ciclistas (como o café temático Aro 27) e de serviços especializados em instalação de estacionamentos, caso da Ciclomídia. Atentas à nova realidade e a novas leis obrigando a instalação de bicicletários, empresas investem para se tornar mais bike friendly. O prédio em que trabalho atualmente, por exemplo, dispõe de bicicletário, armários e chuveiro. Essa estrutura, aliada
às novas ciclovias, facilita demais o dia-dia. Quem critica o aumento das ciclovias alegando não são adequadas para os ciclistas nunca levou uma fechada de ônibus. Mas afinal, por que ir de bicicleta ao trabalho? A resposta é simples: a cidade ganha outra cara quando se está sobre duas rodas movimentadas pelo próprio esforço. Prédios históricos, por exemplo, podem ser apreciados com mais calma, mesmo a caminho do trabalho. Outros ciclistas não são vistos como inimigos como pra quem está num carro, mas como colegas. É comum se cumprimentar na rua, trocar dicas sobre caminhos. Gastos com estacionamento? Nem pensar. Multas por excesso de velocidade? Esqueça. Sol, chuva, vento, frio? Hoje em dia, há excelentes trajes tecnológicos, como capas de chuva, que permitem tirar tudo de letra. Mas a relação com os elementos da natureza ganha outro gosto. Voltamos às nossas mais remotas origens humanas, sentindo o peso gelado das gostas de chuva, o vento frio e o sol forte, longe dos ambientes estéreis dos ares condicionados. Na cidade em que os congestionamentos ganham contornos de catástrofe cada vez que chove, tudo fica mais simples a bordo de uma bicicleta. Confesso que sentimos um certo prazer quando nos deslocamos no mesmíssimo ritmo de todos os dias em meio a carros praticamente estacionados e motoristas à beira de um ataque de nervos. O avanço da estrutura cicloviária em São Paulo (78,3 quilômetros na atual gestão) tem gerado críticas e suscitado o debate a respeito do futuro desse meio de transporte. É difícil prever o que acontecerá. Mas uma coisa é certa: as bikes vieram para ficar. Danilo Vivan é jornalista, tendo atuado por cinco anos no jornal O Estado de S. Paulo e gerente de Relações Públicas na área financeira. Consultor de Comunicação dos circuitos Haka Race, Troféu SP e Terra da Aventura. Utiliza a bike como meio de transporte, quase todos os dias, mas não vê problema em às vezes ir ao trabalho de carro.
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Negócios Sociais
Prêmio Empreendedor Sustentável, de 1 Papo Reto: uma justa homenagem aos heróis do dia-a-dia Por Rosenildo Gomes Ferreira
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agenda socioambiental faz parte dos temas que gozam de unanimidade no Brasil. E não poderia ser diferente. Afinal, quem é que pode ser contrário à ampliação de áreas verdes, à gestão mais eficiente de recursos naturais, à melhoria da qualidade do ar, à promoção de tecnologias que ajudem à produção e os serviços serem mais eficientes. Especialmente quando este conjunto de iniciativas tem um impacto positivo na geração de empregos. Difícil, né?! Mas o diabo, como bem sabemos, mora nos detalhes. E são os detalhes que acabam impedindo que essa “unanimidade” saia da cabeça e das planilhas das pessoas e se constitua em iniciativas reais. Mas, para ficarmos ainda no terreno dos aforismos, podemos dizer que toda regra tem exceção. Uma não. Várias. É que, apesar da dificuldade em vencer o ceticismo de muitos, em conseguir recursos e assumir uma postura revolucionária, de fato, muitas pessoas ao redor do planeta vêm fazendo a diferença em suas áreas de atuação. E foi exatamente para celebrar esta coragem em nome da mudança, com criatividade e sustentabilidade, que a equipe de 1 Papo Reto decidiu criar o Prêmio Empreendedor Sustentável. Trata-se de uma iniciativa que acontece em três frentes. Primeiro, tratamos de levantar 50 iniciativas exitosas, no Brasil e no exterior, envolvendo as áreas de ciência, meio ambiente, tecnologia e negócios. Depois, convidados um time de jurados de primeiríssima linha, com competências técnicas e histórias de vida diversas, além de rara sensibilidade e olhar aguçado. (Falaremos mais deles ao final deste texto.) Por fim, começamos a série de entrevistas (pessoalmente, por telefone ou por email). Estes bate-papos, aliados a uma vasta pesquisa, estão servindo de base para a preparação dos miniperfis publicados em uma seção específica do site: http://paporeto.net.br/premioempreendedor/ Com isso, esperamos não apenas homenagear estas pessoas, como também disseminar boas práticas, fazendo parte de uma cultura baseada no ganha-ganha. Afinal, uma boa iniciativa pode inspirar ações semelhantes em outros locais, além de servirem de estímulo para empreendedores, dos quatro cantos do mundo. Para nós, tão importante quanto Bill Gates, fundador da Microsoft, e o financista Warren Buffett, que doaram, em vida, metade de suas fortunas para causas sociais, é aquele sujeito que, por meio da observação conseguiu criar uma tecnologia social capaz de promover o desenvolvimento da comunidade aonde vive. Ou seja, cada um ao seu modo pode ser tão revolucionário quanto Steve Jobs, fundador da Apple, e tão inspirador quanto Mahatma Gandhi, o líder da independência da Índia, expoente da revolução pacífica. Mas para ser constituir em uma seleção dentro da filosofia de 1 Papo Reto, o trabalho teria de além do óbvio e privilegiar outros elementos igualmente importantes quanto os milhões envolvidos e a grandiloquência. E aqui gostaria de resevar um espaço para uma crítica construtiva. Muitas vezes, as premiações do gênero se tornam reféns de personagens e iniciativas mais fáceis de assimilar e àquelas que, digamos, reduzem a margem de potenciais críticas e conflitos.
Carolina Stanisci e Rosenildo Ferreira fundaram 1 Papo Reto e lançaram o Prêmio Empreendedor Sustentável
Esse não é, e nunca será o nosso mister! Muito pelo contrário. A sustentabilidade, de fato, não pode prescindir do bom conflito, nem do bom combate propiciado pela troca de ideias. No consenso pelo consenso, a sociedade não evolui. Estagna-se. Por isso, incluímos nesta seleção de 50 nomes e iniciativas, personagens controversos, inovadores e até alguns medalhões. A lista vai desde o banqueiro Leonardo Letelier, criador da Sitawi – Finanças do Bem, o jovem baiano Enderson Silva, líder do coletivo Mídia Periférica, a gaúcha Maria Elena Pereira Johannpeter, especialista em programas de voluntariado e gestão de ONGs, e o potiguar Herbert Senzano, mestrando em engenharia química, premiado em um concurso mundial da Honeywell. O empreendedorismo de raiz, que é a essência do “black money”, por exemplo, também está presente por meio do perfil de Adriana Barbosa. Igualmente, lançamos luzes sobre sonhadores abnegados como o “pai” do carro elétrico brasileiro, João Alfredo Dresch, e o paulista José Vicente, criador da Faculdade Zumbi dos Palmares. Último, mas não menos importante, entrevistamos o americano Tom Szaky, criador da TerraCycle, empresa que revolucionou a forma de as grandes corporações de produtos de consumo gerir SUS resíduos. Em entrevista exclusiva a 1 Papo Reto, ele falou sobre as dificuldades de empreender e da satisfação em batalhar por um mundo melhor.
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Para nós, tão importante quanto Bill Gates, fundador da Microsoft, e o financista Warren Buffett, que doaram, em vida, metade de suas fortunas para causas sociais, é aquele sujeito que, por meio da observação conseguiu criar uma tecnologia social capaz de promover o desenvolvimento da comunidade aonde vive
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É claro que, ao usarmos o nome Prêmio, existe sempre a expectativa de que seja entregue uma medalha, um troféu ou mesmo um diploma aos autores das ideias e iniciativas consideradas mais bacanas. Foi neste contexto que resolvi recrutar amigos de longa data, algumas fontes da minha lida como jornalista de negócios e sustentabilidade para ajudar na tarefa de selecionar 20 dos 50 nomes para uma cerimônia, que acontece em São Paulo, na segunda-feira 24 de novembro. A lista dos jurados, que atuam de forma voluntária e terão a difícil missão
de escolher 20 dos seguintes personagens, pode ser conferida abaixo: Antonio Jacinto Matias: consultor especializado em educação e sustentabilidade. Foi vice-presidente de MKT do Itaú e presidente da Fundação Itaú Social. Fábio Coelho: sócio-fundador da Barong Creative, idealizadora do Festival Internacional de Músicos de Metrô, provavelmente o evento musical mais sustentável do mercado. Além de agitador cultural é professor de capoeira. Giovanni Harvey: ativista social, militante do movimento negro e fundador da Incubadora Afro Brasileira (IA), no Rio de Janeiro, seu trabalho virou referência na capacitação para o empreendedorismo. Hoje ocupa o posto de secretário-executivo da SEPPIR. Heloísa Omine: sócia fundadora da R2E by Shopfitting, especialista em MKT de varejo e professora da Pós-Graduação da ESPM-SP e mestranda do PPGCOM da ESPM - SP. Janine Saponara: jornalista com Master em Formação de Lideranças Inovadoras em Sustentabilidade pelo MIT, fundou a Lead Comunicação há 18 anos, sendo pioneira na divulgação dos temas da sustentabilidade no Brasil. Marco Antonio Rossi: empresário da comunicação, sócio-fundador da Mega Brasil Comunicação, plataforma de comunicação que engloba portal de internet, rádio, o Jornal da Comunicação Corporativa e o Prêmio Mega Brasil. Renato Meirelles: sócio-fundador da consultoria DATA POPULAR, especializada em classe C e oráculo de empresários e políticos quando o assunto é consumo e comportamento socioeconômico. Renê Garcia: doutor em Economia, dirigiu a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e é sócio-fundador da RGAssociados. Sônia Araripe: jornalista com 30 anos de experiência em várias redações, como a do Jornal do Brasil, do qual foi Editora de Economia e Editora-Executiva. Há sete anos é sócia-fundadora de Plurale em revista e Plurale em site, especializados em sustentabilidade. (*) Rosenildo Gomes Ferreira é fundador de 1 Papo Reto com Carolina Stanisci, especializado em negócios e sustentabilidade, acaba de ser eleito um dos 100 mais admirados jornalistas brasileiros.
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I m a g e m Fotos:
LUCIANA TANCREDO
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or conta da longa estiagem que assola diferentes regiões do país, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ) tem sofrido com frequentes queimadas. Apesar de todos os esforços dos bombeiros e brigadas de incêndio, o impacto é assustador. A nossa editora de fotografia, LUCIANA TANCREDO, que costuma se refugiar nas horas de descanso na região, ficou impressionada com o efeito devastador para a biodiversidade local. Fotos feitas no Brejal, parte do distrito da Posse, no município de Petrópolis.
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PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2014
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