Plurale em Revista ed 35

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2013


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Editorial

baé EDIÇ ÇÃO MEEIO O AMBIENTE TRAZ ARTIGOS INÉDITOS, ECOTURISM MO O E EDUCAÇÃO Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista

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ensagens e comentários de nossos leitores têm nos ajudado a confirmar se estamos na direção certa e a encontrar o tom correto de cada edição. Felizmente, os leitores de Plurale em revista e Plurale em site são muito participativos e sempre nos “abastecem” de informações e opiniões. Sempre selecionamos algumas e publicamos na revista e no site. Foi o caso do e-mail enviado por Nilzete Benedicto, graduanda de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo Baiano. Moradora de Santo Amaro da Purificação (BA). Nilzete leu Plurale em revista, Edição 34, Especial Água e se encantou, especialmente, com o artigo do Colunista Edmilson de Oliveira. No artigo, Edmilson, um conterrâneo de Nilzete, conta, de forma poética, sua dor de ver o Rio Subaé, que corta Santo Amaro, agonizando. Nilzete viu o artigo a partir de nosso esforço de compartilhar gratuitamente cada edição com Bibliotecas públicas de diferentes escolas, ONGs e Universidades. Como a Edição falava de Santo Amaro, enviamos uma boa leva para diferentes

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pontos. E foi assim, que Nilzete chegou ao artigo de Edmilson. Vejam que bela mensagem: “Caro Edmílson, li o seu artigo e fiquei como que encantada. As palavras que fluíam soltas me carregaram, lançando-me ao passado, na vã tentativa de viver/ vivenciar/saborear, nem que por um instantinho qualquer, a delícia dos que viveram ao banhar-se nas águas, do hoje tão sofrido, Rio Subaé. O que se há de fazer? Como fazê-lo reviver? O rio, assim como as pessoas, está contaminado e morrendo a cada dia. Quem é você? Nunca soube da sua existência. Parabéns pelo artigo. Saudações”. Nilzete, você ainda não conhecia Edmilson, mas nós já o conhecemos e seu talento há anos. Jornalista especializado em Ciências e Saúde, conhece os caminhos e descaminhos nestas vastas áreas. Fez reportagens espetaculares e hoje integra – com muito orgulho - nosso seleto time de Colunistas colaboradores de Plurale. Obrigada, Nilzete! Nós agradecemos imensamente sua generosa mensagem e o carinho. Ficamos aqui, com a sensação que estamos também fazendo nossa par-

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te. Chegando nos mais diversos recantos deste Brasil tão continental. Esta luta pela vida do Rio Subaé e recuperação da qualidade de vida em Santo Amaro também é nossa! Vamos juntos nesta caminhada! Nesta edição podemos conferir o Especial sobre Meio Ambiente. Marina Guedes apresenta a nova “moda” em ecoturismo na Amazônia: remar em pranchas pelos rios. Artigos inéditos e muitas notícias recheiam esta edição. Nícia Ribas esteve na Rocinha e conferiu a grandiosidade do Projeto Educacional Gente. Aline Gatto Boueri, correspondente de Plurale na Argentina, mostra como funciona um site colaborativo que ajuda ciclistas em Buenos Aires. Isabel Capaverde oferece mais um número de sua coluna Cinema Verde, além dos correspondentes Vivian Simonato e Wilberto Lima que trazem novidades. Aline Brandão mostra a ligação direta entre saneamento e saúde. Já Luciana Tancredo e Isabella Araripe nos brindam com belos ensaios de fotos de pássaros e de Florianópolis e temos ainda a entrevista em destaque do jornalista Washington Novaes. Boa leitura!


TransparĂŞncia. Qualidade de vida. Respeito. ConsciĂŞncia. Responsabilidade. Mas pode chamar de

Sustentabilidade.

Rio

www.unimedrio.com.br/sustentabilidade nimedrio com br/sustentab

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PROJETO GENTE: EDUCAÇÃO DIFERENCIADA POR NÍCIA RIBAS

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32.

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

AVENTURA NA AMAZÔNIA A REMO

ENTREVISTA COM O JORNALISTA WASHINGTON NOVAES

13.

POR MARINA GUEDES

16.

BAZAR ÉTICO

ART ARTIGOS INÉDITOS INÉ D

AG AMELIA GONZALEZ, FLAVIA FR FRANGETTO RU UDO HÖHN E RUDOLF

ECOTURISMO

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42.

PELAS EMPRESAS

52 POR ALINE BRANDÃO

54 CINEMA VERDE

POR ISABEL CAPAVERDE

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Foto: Isabella Araripe

SANEAMENTO E SAÚDE

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FLORIPA, DESTINO DO SOL E DO VERDE POR ISABELLA ARARIPE

Foto: Alex Pazuello

28.

Foto: Nícia Ribas

Conte xto



Quem faz

Cartas

Edição 34, Especial Água Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter e no facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte SeeDesign Marcos Gomes e Marcelo Tristão Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação

Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Geraldo Samor, Isabel Capaverde, Isabella Araripe (estagiária), Nícia Ribas, Paulo Lima e Sérgio Lutz

Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Alex Pazuello, Aline Brandão, Amelia Gonzalez, Edmilson Oliveira, Flavia Frangetto, João Victor Araripe, Haroldo Palo Jr (Foto da Fundação Grupo Boticário), Marcello Casal Jr (Agência Brasil), Marcello Vitorino, Maria Helena Malta, Marina Guedes, Nilzete Benedicto, Raquel Ribeiro, Rodrigo Baleia (Greenpeace BR), Romildo Guerrante, Rudolf Höhn, Tatiana Felix (Adital), Thaís Leitão (Agência Brasil) e Washington Novaes.. Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda (CNPJ 04980792/0001-69) Impressão: WalPrint

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932

Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista

“Prezados Editores da Plurale, A Edição 34 de Plurale em revista, Especial Água, ficou ótima! Uma revista feita como deve ser, cheia de esclarecimentos e bons exemplos. Parabéns. A matéria “Minicisternas como forma sustentável de reutilização da água da chuva”, pela jornalista Janaína Salles, ficou muito boa, destacando um cidadão com consciência e conhecimento histórico sobre o consumo de água em sua região. Com muita lucidez, ele deixa claro a necessidade de fazermos melhor uso da água que chega até nós vinda gratuitamente do céu. E ainda nessa matéria é possível encontrar fonte (site) para obter informações gratuitas de como montar a minicisterna. Estão de parabéns por publicarem essa matéria. Acredito que vá ajudar muita gente, além de ser uma gotinha a mais para a preservação do meio ambiente.” Edison Urbano, São Paulo (SP) “Caros Amigos Plurale. Foi uma alegria imensa receber a Edição 34 de Plurale em revista por intermédio da jornalista Janaína Salles na nossa PermaCasa. Esta edição só vem a contribuir com aqueles que, como Edison Urbano, pensam no futuro das próximas sete gerações. Nós, do PermaRio, e Edison só tentamos ser uma gotinha dessa chuva imensa de criatividade, que vai tomar o mundo e transformá-lo em um lugar mais justo e mais sustentável pra se viver. Armazenar água da chuva não deixa de ser um gesto de amor com a mãe- natureza e com o céu e nós somos apaixonados por eles. Parabéns a todos de Plurale, ao nosso professor Edison e todos que ainda estão, solitariamente, no seu cotidiano, fazendo, e não só falando, um mundo de respeito e harmonia com as pessoas e meio ambiente.” Téo Cordeiro, permacultor, PermaRio, Rio de Janeiro (RJ) “Cara Sônia, Ficou muito boa a edição da entrevista que concedi para você na Edição 34, Especial Água, de Plurale em revista. Muito obrigado. Não disse nenhuma novidade, pelo menos para quem usa dois neurônios e tem consciência que vivemos todos numa colônia de exploração em

pleno século XXI. Sou adepto da legião c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r de fãs do Star Wars e nessa guerra sou da Aliança Rebelde na luta contra os Siths e seu império. Não sou Jedi, não tenho as qualidades necessárias, mas acredito na Força e nos seus desígnios. Ela me fortalece nessa guerra entre os que destroem o planeta e os que tentam protegê-lo de alguma forma. Cada um pode e deve fazer sua parte nessa guerra que está sendo travada nesse exato momento.” Mário Moscatelli, biólogo, Rio de Janeiro (RJ) “Querida Sônia, Plurale em revista é realmente um primor. Parabéns pelos cinco anos e que venham mais 50!” Dayse Rego, Curitiba (PR) Plurale em site Bela matéria! Quissamã é uma cidade encantadora. A matéria de Romildo Guerrante (O fado negro de Quissamã) valoriza essa riqueza cultural escondida.” Terezinha Costa, jornalista, Rio de Janeiro , pelo site “Parabéns pelo artigo de Nélson Tucci. Leva a refletir sobre uma questão: O Brasil deve objetivar quantidade ou qualidade?” César Burti, São Paulo, SP , pelo site “Prezado Nelson: o problema vai muito além do trânsito. Passa pelo consumo de água, energia elétrica, leitos hospitalares, vagas em creche. Enfim, falta de planejamento não executada em tempos passados impacta nos dias de hoje? Solução? Construir o termômetro e medir a febre ao mesmo tempo. No caso específico do trânsito, transporte público de qualidade e acessível ajudaria a diminuir a quantidade de veículos nas ruas. No caso do Grande ABC, a chegada do metrô pode ajudar, mas está longe de resolver. Com a aposentadoria chegando, vou embora pro sítio. Só lá fico livre desse problema. Pelo menos por enquanto.” Arquimedes Pessoni, São Caetano do Sul (SP), pelo site “O livro “Merenda Vegetariana”, de Raquel Ribeiro, tem linguagem simples e receitas fáceis: feijoada, lasanha, torta salgada, nuggets, hamburguer, sorvetes, tudo livre de derivados animais. Boa parte do livro traz dicas valiosíssimas sobre nutrição, como abrir o apetite de crianças etc. Super vale a pena!” Laura Kim, pelo site


0303e 04 e 04dedejulho julhodede2013 2013 Local Localdederealização: realização: Fecomercio Fecomercio– –SĂŁoSĂŁoPaulo/SP Paulo/SP

EstĂŁoEstĂŁo abertas abertas as inscriçþes as inscriçþes parapara o maior o maior evento evento da ĂĄrea da ĂĄrea de RIdee RIMercado e Mercado de Capitais de Capitais da AmĂŠrica da AmĂŠrica Latina. Latina. As vagas As vagas sĂŁo sĂŁo limitadas, limitadas, façafaça jĂĄ jĂĄ sua sua inscrição. inscrição. O maior O maior encontro encontro do mercado do mercado de capitais de capitais brasileiro brasileiro e daeAmĂŠrica da AmĂŠrica Latina, Latina, em Relaçþes em Relaçþes comcom Investidores, Investidores, jĂĄ tem jĂĄ tem datadata marcada: marcada: diasdias 03 03 e 04ede04julho de julho prĂłximos. prĂłximos. UmaUma vez mais vez mais a capital a capital de SĂŁo de SĂŁo PauloPaulo sediarĂĄ sediarĂĄ o Encontro o Encontro Nacional Nacional de Relaçþes de Relaçþes comcom Investidores Investidores e Mercado e Mercado de de Capitais, Capitais, promovido promovido conjuntamente conjuntamente entreentre a ABRASCA a ABRASCA – Associação – Associação Brasileira Brasileira das das Companhias Companhias Abertas Abertas e o IBRI e o IBRI – Instituto – Instituto Brasileiro Brasileiro de de Relaçþes Relaçþes comcom Investidores. Investidores. O 15ÂşO Encontro 15Âş Encontro Nacional Nacional de Relaçþes de Relaçþes comcom Investidores Investidores e Mercado e Mercado de Capitais de Capitais ĂŠ parte ĂŠ parte do calendĂĄrio do calendĂĄrio de eventos de eventos das das principais principais compancompanhiashias abertas, abertas, agentes agentes reguladores, reguladores, dirigentes dirigentes de entidades, de entidades, analistas analistas e proďŹ ssionais e proďŹ ssionais de investimentos, de investimentos, bembem comocomo advogados, advogados, auditores auditores e especialistas e especialistas em relaçþes em relaçþes comcom investidores investidores de todo de todo o Continente. o Continente. Como Como acontece acontece todostodos os anos, os anos, representantes representantes de companhias de companhias abertas, abertas, bolsas bolsas de valores de valores estrangeiras, estrangeiras, consultorias consultorias internacionais internacionais e e companhias companhias listadas listadas no exterior no exterior deverĂŁo deverĂŁo passar passar pelopelo evento, evento, que que reĂşne reĂşne pĂşblico pĂşblico superior superior a 700a 700 pessoas pessoas em seus em seus doisdois diasdias de realização. de realização.

Paralelamente Paralelamente aos aos painĂŠis painĂŠis da programação da programação oďŹ cial, oďŹ cial, haverĂĄ haverĂĄ umauma exposição exposição de serviços de serviços composta composta de estandes de estandes ondeonde as empresas as empresas e e instituiçþes instituiçþes expĂľem expĂľem seusseus produtos produtos e serviços e serviços pra um pra pĂşblico um pĂşblico customizado, customizado, tornando-se tornando-se tambĂŠm tambĂŠm um oportuno um oportuno ponto ponto de encontro de encontro de todo de todo o mercado. o mercado.

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Entrevista

Washington

Divulgação

NOVAES, Jornalista “Falta ao Brasil a consciência da gravidade e de como são imediatos nossos problemas ambientais, como a questão da falta de saneamento e da poluição nas cidades.”

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista

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om a experiência de quem acompanha de perto o debate sobre meio ambiente, o jornalista Washington Novaes tem credenciais para fazer um alerta. “Falta ao Brasil a consciência da gravidade e de como são imediatos nos-

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sos problemas ambientais, como a questão da falta de saneamento e da poluição nas cidades”, afirma, em entrevista para Plurale em revista. Se alguns segmentos estão atrasados no envolvimento com a solução destes graves problemas, há pontos positivos a

serem destacados. Como a mobilização da sociedade, destaca Novaes. O jornalista se anima ao falar sobre o Brasil, defendendo que o país ocupe o papel de protagonista nesta transição para a chamada novíssima economia. Acompanhe, a seguir, esta entrevista.

Plurale em revista - Como você vê a questão do meio ambiente no Brasil hoje? Este não tem sido um debate partido, com ambientalistas de um lado, governo de outro, empresas também defendendo seus interesses prioritariamente? Washington Novaes - Eu acho que a questão avançou bastante no Brasil nas últimas décadas em termos de consci-

ência ambiental da sociedade. Mas acho que avançou muito menos em termos práticos, em termos concretos. Há várias razões. Em primeiro lugar há a questão de se considerar que meio ambiente é uma coisa separada, apartada da área econômica, política, social, cultural, quando não é assim. Tudo o que o ser humano faz impacta no meio ambiente. É preciso se considerar isso. Porém,

este é um capítulo muito difícil, porque exige envolvimento das áreas econômica, industrial e comercial, em todas as áreas. Inclusive, nas áreas públicas e nos projetos públicos. É muito difícil, porque quando chega essa hora que cada empresa vai pensar, aí pensa primeiro nos seus interesses particulares, nos seus custos, o mesmo no caso dos governos. E cada pessoa também irá pensar no que isso vai

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Foto Arquivo Agência Brasil - Marcello Casal Jr

representar. Portanto, a distância entre a consciência teórica e a nossa prática cotidiana é muito grande. Plurale em revista – Mas algumas ações concretas estão sendo tomadas por todos estes agentes citados. Governo, empresas, pessoas. Estão na direção correta ou são mais ações de marketing, o chamado greenwashing? Washington Novaes – Há sim muitas coisas concretas, e muitas coisas que estão apenas no terreno da intenção, ou apenas digamos, na seara do marketing. Mas, não há dúvida: existem sim muitas ações concretas sendo realizadas. A chamada questão ambiental ainda não é prioridade absoluta nos projetos de governo e nos projetos da sociedade de modo geral, como precisaria ser. A questão é muito grave no mundo, no Brasil, então precisaríamos correr com isso. Ainda estamos muito longe. Plurale em revista – Na ordem do dia, há diversos problemas aí apresentados: do clima, da água, da desigualdade social, da energia, etc. Quais são, na sua opinião, os problemas mais graves?

“A nossa situação em matéria de saneamento é vergonhosa: 40% dos municípios brasileiro quase não estão conectados à rede de esgoto e 70% não têm o esgoto tratado, sendo despejado in natura, nos rios e no mar” Washington Novaes - Certamente as questões do clima são gravíssimas. Nós temos ouvido as advertências seguidas da ONU, do Secretário-Geral da ONU, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Já estamos vivendo desastres extremamente graves, inclusive o Brasil. O Brasil é um dos países mais atingidos por desastres climáticos, então, esta certamente é uma grande questão, e nossas políticas são muito atrasadas quanto a isso. Eu creio também que os setores de água ganharam uma prioridade muito forte. Recentemente, a Agência Nacional de Águas trouxe um estudo demonstrando que em 2015, quase 50% dos municípios brasileiros terão problemas graves. Nós temos também nesta área outros diagnósticos, como a poluição das bacias brasileiras, da Bahia até o extremo Sul do país. A nossa situação em matéria de saneamento é vergonhosa: 40% dos municípios brasileiro quase não estão conectados à rede de esgoto e 70% não têm o esgoto tratado, sendo despejado in natura, nos rios e no mar. Esta é a principal causa da poluição das águas no brasil.

A poluição do ar nas grandes cidades brasileiras também é muito grave. Portanto, temos questões muito sérias nos problemas mais básicos. Plurale em revista - Com problemas ambientais assim tão graves O que está, então, faltando? Vontade política? Mobilização da sociedade? Washington Novaes - Acho que falta a consciência da gravidade e de como são imediatos estes problemas, que precisam de solução imediata. Lamento que sejam tratados como algo que pode esperar, que pode levar tempo para resolver. Agora mesmo, estava lendo um artigo no qual dizia que o Ministério das Cidades pretende anunciar em junho, um plano que se for executado, levará mais 20 anos para se universalizar a questão da água e do esgoto no Brasil. Isto é um absurdo! Vai levar mais 20 anos, isto se for executado! Isto é um absurdo, porque, em geral, o que se destina para esta área, apenas se concretiza uma parcela pequena, e, ao mesmo tempo, a falta de prioridade nesta questão é demonstrada no orçamento do Meio Ambiente, de apenas 0,5% do orçamento geral.

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Entrevista

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tem quase 13% da água que corre sobre a superfície da Terra - isto é um privilegio fenomenal, além dos aqüíferos subterrâneos gigantescos, como o Guarani, o Alter do Chão. E nós temos, no mínimo, 15% da biodiversidade mundial, e esta é a grande riqueza do futuro, porque esta biodiversidade vem nos novos alimentos, nos novos medicamentos, nos novos materiais para substituir, os que se esgotarem. O Brasil, além de tudo isso, ainda tem a possibilidade de uma matriz energética limpa e renovável. O mundo inteiro sonha com isso. O Brasil pode fazer energia além da hidroeletricidade, pode ter energia solar, energia eólica, energia de marés - que já se começa a

“O Brasil é um país muito privilegiado, tem tudo o que o mundo sonha: tem um território continental, que permite plantar e colher durante o ano inteiro; tem quase 13% da água que corre sobre a superfície da terra, além dos aquíferos subterrâneos gigantescos como o Guarani, e temos, no minimo, 15% da biodiversidade mundial.”

falar em uma primeira usina -, energia geotérmica e energia das biomassas. Então, penso é que tudo isso deveria ser o centro da estratégia brasileira, porque este é o futuro. O Brasil deveria fazer disso o centro de sua estratégia, mas não faz. São coisas tratadas isoladamente e de forma insuficiente. Plurale em revista – Qual seu ponto de vista quanto ao futuro do Brasil? Você, neste cenário, é otimista ou pessimista? Washington Novaes - Não sei. Tento não ser nem otimista, nem pessimista. Tento ser realista, tento enxergar a

realidade como ela é, e, na medida das minhas possibilidades, me esforçar para que ela mude, para que se transforme, para que se adote políticas adequadas práticas, as práticas adequadas. Isso tem riscos, porque se plantar muito destas questões, corre o risco de ser chamado de pessimista, de profeta do apocalipse, este tipo de coisa. Mas não adianta, não tem como fugir disto. Isso está dentro dos nossos olhos e nós temos nossas obrigações com nossos filhos e netos. Costumo sempre citar que em 2002, na chamada Rio + 10, o então primeiroministro francês, Jacques Chirac fez um pronunciamento célebre. Ele terminou dizendo que as futuras gerações vão nos

Foto: © Greenpeace/Rodrigo Baleia

Plurale em revista – Você acompanha o debate sobre estes temas ambientais há muitos anos. O que destacaria como ponto positivo? A mobilização e engajamento da sociedade brasileira? Washington Novaes – Sem dúvida, a conscientização da sociedade é um avanço. Há avanços de diferentes lados, porém, não têm sido permanente. Há avanços e recuos, como, por exemplo, na questão do desmatamento e na perda da biodiversidade. O que eu tenho dito e escrito muito é que o Brasil é um país muito privilegiado, o Brasil tem tudo o que o mundo sonha: tem um território continental, que permite plantar e colher durante o ano inteiro;

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responsabilizar. Não podemos correr o risco das futuras gerações nos culparem pelo o que foi feito do Planeta. Os jovens hoje têm mais acesso às informações que nós tivemos. A minha dúvida é se também têm ação. Isto é um reflexo de nossa sociedade atual. Reclama-se muito, mas se faz muito pouco. A maioria está sempre esperando que alguém vá agir por ela, esperando passivamente. É preciso que esta massa também aprenda a se organizar e a pedir e reivindicar o que deseja. Quando consegue, são ações relevantes, como no caso da Lei da Ficha Limpa, por exemplo.


Bazar ético Bordados N’atividade: talento e determinação Por Isabella Araripe P

A apresentação do grupo não poderia ser m mais clara. “Somos, em primeiro lugar, mulherres determinadas e talentosas: Transformamos ccom nosso talento uma antiga tradição em belos pprodutos artesanais à venda em muitas lojas pelo B Brasil afora”, contam Vânia Mendonça e Alcione V Vieira, coordenadoras da Cooperativa Bordados N’Atividade. A pequena cidade de Natividade, ao noroeste do Estado do Rio de Janeiro, ajudou a dar nome à cooperativa e também embalar o nascimen nascimento de um sonho que tornou-se realidade e tr ans transformou as vidas de cerca de 50 mulheres. V Vâni Vânia explica que a maioria aprendeu o bordado ccom as mães, avós. “Nem imaginávamos tornar eest este aprendizado em um negócio em janeiro de 20 2010, quando formalmente nasceu a Cooperati va” lembra Alcione. A cidade entrou Cooperativa”, no circuito do artesanato pelas mãos delicadas destas bord dad bordadeiras que colorem produtos com técnicas de po ponto cheio, ponto corrente, ponto haste e out tros tantos. São almofadas, carteiras, outros tiaras, cintoss e outros acessórios de moda e objetos de dec cor decoração. O artesanato produzido pelas mulhere mulheress dda Bordados N`Atividade já esteve presente em m ddiversas feiras brasileiras e internacionais. “Alé ém dos consumidores nacionais, fran“Além ceses, america ceses amer americanos e até japoneses adoram e já compraram no nossas criações”, cita Vânia. Recente reconhecimento veio da conquista, em junho de 2012, do Prêmio Sebastião Camargo de Empreendedorismo, na categoria “Empreendimento Urbano”, concedido pelo Instituto Camargo Corrêa. Os ppre preços dos produtos variam de acordo com a pe eça As bordadeiras aceitam encomendas não peça. só dde ccompradores eventuais, como também de brind des para empresas e lojas. brindes

Serviço: Endereço: En der Rua Deputado Norberto Marques, 11, Centro, Natividade (RJ), CEP 28380-000 s Tel.: (22) 3841 3823 s (22) 9867 5196 (Alcione Vieira) s ((22) 9927 8945 (Vânia Mendonça) bordadosnatividade@gmail.com

Este espaço é destinado à divulgação voluntária de produtos étnicos e de comércio solidário de empresas, cooperativas, instituições e ONGs.

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Frases “A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável.” JEAN JACQUES ROUSSEAU

A COLUNA DESTA EDIÇÃO TRAZ FRASES SOBRE O MEIO AMBIENTE.

“Não devemos ter medo de inventar seja o que for. Tudo o que existe em nós existe também na natureza, pois fazemos parte dela.

PABLO PICASSO

“É mais fácil mudar a natureza do plutônio do que mudar a natureza maldosa do homem.” ALBERT EINSTEIN

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“É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.” VICTOR HUGO

O que nós somos é o que fazemos, e o que fazemos é o que o ambiente nos faz fazer.

“A prova de que a natureza é sábia é que ela nem sabia que iríamos usar óculos e notem como colocou nossas orelhas”

Jamais se desespere em meio às sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.

JONH WATSON

JÔ SOARES

PROVÉRBIO CHINÊS

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Os principais temas que impactam as Relações com Investidores, você encontra em uma só revista: na RI

Também disponível no tablet! www.revistaRI.com.br


Artigo

Amelia Gonzalez

dito O pelo não dito?

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e empresas e governos tivessem se organizado, verdadeiramente, para se adaptarem ao aquecimento global anunciado por cientistas, já teriam que contratar especialistas para repensar seus cálculos agora. Isso, caso decidissem levar em conta a nova leva de informações que nos chegou pela “The Economist” da última semana de março. Segundo uma reportagem publicada pela revista britâ-

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nica, estudos mostram que já há indícios de que a ameaça de aquecimento não é tão grave como se imaginava. Isso quer dizer que o setor industrial, que segundo outros cálculos contribuiu para elevar em 50% as emissões de carbono desde 1997, pode continuar a soltar fumaça pelas suas chaminés? O texto da reportagem diz que “as temperaturas da superfície da Terra estão mais baixas levando em conta 20 modelos

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climáticos.” Se continuar assim, afirmam os analistas ouvidos pela revista, estaremos diante de um dos maiores enigmas da ciência do clima. Mas isso, segundo alertam, não significa que o aquecimento global é uma ilusão. Sim, as temperaturas na primeira década do século 21 permanecem quase um grau centígrado acima do nível na primeira década do século 20. Pronto, caro leitor. Aqui termino minha função como papagaia, a repetir conclusões tiradas de estudos que não fiz nem tenho chance nenhuma de fazer porque não sou cientista e não sei como medir temperaturas, a não ser a minha própria quando sinto febre. Na reportagem há uma série de explicações para o tal enigma. Pode ter havido uma defasagem temporal entre a elevação das emissões de carbono e de tempera-


turas mais elevadas de 2000 a 2010. Ou pode ser que a década de 1990, quando as temperaturas estavam subindo rápido, foi um período anômalo. Pode ser ainda que o clima tenha condições de responder às emissões de maneira que nunca foi bem entendida. Essa possibilidade, alerta a reportagem, “poderia ter um significado profundo, tanto para a ciência do clima como para a política ambiental e social.” Mas, ora, dirão vocês, o que resta a nós, cidadãos comuns que nunca usamos a prancheta para tais cálculos, diante de tantas dúvidas? Acreditar agora que tudo aquilo em que passamos a acreditar era um exagero? Ou continuar acreditando que tudo aquilo que ouvimos sobre a possibilidade de a Terra aquecer é verdadeiro? Fica o dito pelo não dito?

Durante a Rio+20, evento que atraiu novamente para a grande mídia a questão do aquecimento global, criouse a expressão “céticos do clima” para caracterizar aqueles que não acreditam. Ou que acreditavam antes e passaram a desacreditar. James Lovelock, famoso cientista que nos anos 70 foi chamado de “Pai do Movimento Verde”, deu entrevista se auto proclamando um alarmista. Tenho aqui na estante seu último livro, “Gaia: Alerta Final” que, como o próprio título diz, foi escrito para chamar atenção dos habitantes do planeta de que os problemas ambientais do século XXI eram muito maiores do que ele havia denunciado no primeiro livro, “A vingança de Gaia”. Mas agora Lovelock se desculpa: não era bem isso. E virou um “cético do clima”.

“O que resta a nós, cidadãos comuns que nunca usamos a prancheta para tais cálculos, diante de tantas dúvidas? Acreditar agora que tudo aquilo em que passamos a acreditar era um exagero? Ou continuar acreditando que tudo aquilo que ouvimos sobre a possibilidade de a Terra aquecer é verdadeiro?”

O convite que faço a vocês, caros leitores, é para refletir. Em nossa era, o que não falta é informação. E o que falta é tempo para sentir (eu disse sentir) de que maneira somos atingidos por cada mensagem. Nesse caso específico, do aquecimento global, às vezes fica difícil decidir “em que lado estamos”. Para mim, nada pior do que essa ou qualquer escolha que envolva só dois lados. Radicalizo: prefiro ir sentindo. Tudo, menos culpa. Não quero sair de um banho prolongado mais descansada e com um peso nos ombros por ter gastado muita água. Mas quero estar atenta, informar-me sobre tudo o que as indústrias fazem para reusar a água que consomem, a eletricidade que usam... Sim, as indústrias gastam muito mais do que eu e, quando não são responsáveis, precisam que os governos exerçam sobre elas mecanismos de controle. É isso. Vou sentindo e escolhendo de quem compro, o que compro, o que consumo, de quem consumo. Quando posso, compro tudo o mais perto de casa possível, porque sei que isso evita muitos gastos. Quando posso, vou à feira de orgânicos torcendo para que um dia esses produtos possam ser vendidos em escala e fiquem mais baratos. Quando não posso, vou ao grande supermercado, ao grande centro de compras. Nessa hora me valho da informação que me interessa, que escolhi obter, sobre os produtos expostos nas gôndolas, nas vitrines. Sei que ali há grandes gargalos ambientais. O transporte dos produtos, por exemplo, emite gases poluentes, não dá para evitar. Faço contato com o exterior mas, na hora de tomar decisões, escolho as informações que verdadeiramente vão me afetar e contribuir para minha saúde, respeitando minha singularidade. Sem apostar na conservação de modelos impostos nem na simplificação de respostas que, supostamente, nos tiram da tensão mas que servem para direcionar uma consciência. E é essa a minha visão de um meio ambiente saudável. (*) Amelia Gonzalez (ameliagonzalez848@ gmail.com) é Jornalista do blog Nova Ética Social: http://g1.globo.com/nova-etica-social/platb/

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Colunista

Rudolf Höhn

A empresa e o meio ambiente

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ão tantas as preocupações que afligem o cotidiano dos executivos das empresas nos dias de hoje que cabe a reflexão sobre qual deveria ser a importância dada por eles à questão do meio ambiente, tanto do ponto de vista de relevância ao seu negócio no que tange a seu faturamento, seus custos e despesas, bem como ao que diz respeito aos benefícios presentes e futuros a serem auferidos pela empresa. É claro que não escapa da preocupação de qualquer executivo as questões político-econômicas que hoje afetam economias importantes como a Europa, onde a convivência com o Euro tornou-se um desafio importantíssimo frente à crise que assola vários países partícipes dessa comunidade, e a dos Estados Unidos, onde o equacionamento da dívida interna

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tornou-se um fardo de difícil solução e com consequências futuras hoje imprevisíveis. As questões que certamente se impõem são: Quais serão as consequências para o nosso negócio? O que posso fazer para minimizar os riscos? Além destas, somam-se as questões locais que infelizmente em nada contribuem para melhoria da competitividade do País e por consequência o da sua empresa. Somam-se a todas estas questões externas aquelas internas inerentes à operação e ao negócio propriamente dito da sua empresa. As questões de curto prazo, bem como as de longo prazo e o equacionamento de ambas através do estabelecimento das prioridades corretas. Dentro desta emaranhado como fica a questão do meio ambiente? Qual a sua importância no curto, médio e longo prazo para o futuro da Empresa? É claro que a


resposta a estas perguntas exigiria uma análise muito mais profunda do que aquela possível nos limites deste artigo. No entanto, aproveitarei esta oportunidade para explorar algumas reflexões que considero importantes a respeito deste assunto e que poderão eventualmente servir de insumo para uma exploração mais profunda sobre o tema. Partindo-se da premissa de que o Meio Ambiente é uma questão de sobrevivência para a humanidade e também que, a medida em que o tempo passa, estaremos vivenciando, por um lado as consequências cada vez mais graves dos problemas decorrentes dos maus tratos que, em nome do progresso, damos ao meio ambiente até o dia de hoje (aquecimento global, poluição, abastecimento de água, energia, etc. etc.) Por outro, e em contrapartida, estaremos vivenciando cada vez mais uma conscientização de um maior número de pessoas em geral e de dirigentes, líderes políticos e pesquisadores em particular, preocupados não somente em tentar contrabalançar o que já foi feito com ações cabíveis como também em formular alternativas para um progresso futuro mais sustentável. SUPONDO-SE QUE A PREMISSA DESCRITA ACIMA SEJA ACEITÁVEL, COMO FICA ENTÃO A SITUAÇÃO DA EMPRESA RELATIVAMENTE A ESTA QUESTÃO? No meu entender existem dois aspectos a serem considerados. O primeiro é o da questão do meio ambiente como um fator de diferenciação competitiva, algo que já está ocorrendo, muito embora incipiente. Ora, se por um lado as consequências decorrentes dos maus tratos que temos dado ao meio ambiente aumentam, e por outro a conscientização das pessoas para isto também aumenta, é claro que as empresas que não tratarem o meio ambiente de forma adequada serão gradualmente rejeitadas pelos seus clientes. Isto de certa forma já está acontecendo em alguns segmentos mas em níveis muito aquém do que seria adequado. Na medida em que o consumidor passar a dar preferencia para aquele produto ou serviço porque a empresa que o produz o fez de uma forma sustentável, ou seja, de forma neutra ou positiva em relação ao efeito da sua produção no meio ambiente, aí sim ele passou a ser um fator de diferenciação competitiva. E o custo envolvido, quem paga? Interessante esta pergunta, pois ela me leva à época na qual a qualidade dos produtos e serviços estava na pauta da diferenciação competitiva. A mesma pergunta era feita pelos empresários. Ora, se o custo é definitivamente um dos mais importantes fatores de diferenciação competitiva e a qualidade representa aumento de custos, quem paga a conta? Pois bem, a partir do momento em que o consumidor passou a optar pela qualidade e ela se tornou o diferencial competitivo, assim como o custo, ambos foram equacionados no processo e hoje ninguém admite comprar algo que não esteja conforme com suas especificações ou seja, que

tenha qualidade. Assim, na minha opinião, ocorrerá com os custos eventualmente incorridos com o aumento de cuidado da empresa com o meio ambiente. Ao final todos terão que fazê-lo ou ficarão de fora. Quem fizer melhor e de forma inovadora ganhará do seu concorrente. As questões da inovação e da tecnologia serão fundamentais para a solução dos desafios que certamente teremos que enfrentar na área da sustentabilidade do meio ambiente e consequentemente da vida das pessoas e das empresas neste nosso planeta. O equacionamento de questões tais como: • O abastecimento de água ser através de processos economicamente viáveis de dessalinização da água do mar, da reconstituição das matas ciliares, do aproveitamento da água da chuva, da despoluição das bacias e outros. • A produção sustentável de alimentos saudáveis. • A produção de energia limpa. • A reciclagem do lixo apenas para citar algumas das mais importantes, terão que passar por um processo onde a conscientização das pessoas e a consequente mudança do seu comportamento é necessário e fundamental, porém não suficiente. Vai ser preciso que, além disso, a motivação da força motriz que move a economia passe a incorporar o meio ambiente como peça fundamental. Aí sim, neste ambiente, as empresas, além de terem que se tornar competitivas com este novo fator de diferenciação – o trato do meio ambiente – terão também que disputar a liderança através do quanto serão capazes de agregar valor através do seu desempenho, inovação e utilização da tecnologia na solução dos enormes desafios a serem vencidos, tanto na área ambiental como na social, em seu próprio benefício e no de todos. Rudolf Höhn (rhohn@globo.com) é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre sustentabilidade. É Sócio-Diretor da I-Hunter. Foi presidente da IBM Brasil.

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Colunista

Flavia Frangetto

Desenvolvimento para a Sustentabilidade: atitudes políticas, normativas e tecnológicas trazendo mudanças simples e eficientes para a evolução das cidades

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olocamo-nos, insistentemente, essa pergunta: É possível conciliar desenvolvimento com sustentabilidade? Outro dia, eu circulava pelo bairro da Vila Madalena em São Paulo, artificialmente cercado de bares e bistrôs cheios de pessoas bebericando e papeando.. Observei haver mais táxi nas ruas do que veículos particulares. Só podia ter uma explicação: a lei que restringe o uso de álcool à tolerância zero para motoristas estava vigorando e já sendo capaz de produzir efeitos positivos. Estava decretado o fim dos preços exorbitantes nos estacionamentos, pois a demanda por guardar os carros diminuiu. Eis uma externalidade positiva decorrente da superveniência de uma legislação mais rigorosa em prol da segurança coletiva no espaço urbano.

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A regulação normativa de temas atinentes à segurança na cidade tem essa aptidão de contribuir para a melhoria da qualidade de vida à medida que organiza a sociedade a fim de induzi-la a um comportamento mais apropriado aos novos tempos. Consta que a geração Y já não é mais tão dependente de carros particulares. Talvez isso represente a preferência por opções de transporte mais sustentáveis, e mesmo signifique transitar com mais rapidez do que enfrentar o engarrafamento. Mas, certamente, como efeito de uma geração mais consciente, as políticas públicas terão que despertar para corrigir as calçadas esburacadas para os pedestres circularem, estender as ciclovias e, até, criar túneis aéreos apropriados para elas evitando-se as vias perigosas como as marginais.

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As transformações para essas pequenas melhorias são lentas, como também dificilmente perceptíveis face à poluição e à quantidade de problemas urbanos ligados a ela. Porém, ainda que em pequena escala, o fato é que essas transformações já existem. É crescente a inteligência na gestão das questões que chegaram ao Século XXI. Insuficiente, contudo? De novo, sim, certamente é preciso mais investimento em solucionar as crises ambientais do nosso tempo. A evolução da sociedade nas cidades subentende necessidade de multiplicação das boas iniciativas. Eis um papel importantíssimo dos governos, legisladores e sociedade civil organizada: renovar as dinâmicas das fontes potencialmente poluentes, para que, no lugar de impactos negativos, as intervenções das empresas e dos indivíduos no meio ambiente sejam positivas.


Novidades como a instituição, pelo governo britânico, da nova empresa “Future Cities Catapult” precisam ser replicadas. Nela, para o momento, chefiada pelo renomado Sir David King, o setor privado aliado ao setor público terá sua participação. Entre suas missões está tornar as cidades adequadas para a vida saudável e mais humana. Informações adicionais podem ser encontradas em https://connect.innovateuk.org/web/ future-cities-special-interest-group/articles/-/blogs/future-cities-catapult-to-behosted-in-london. Espera-se que investimentos como esses no meio ambiente aconteçam nos países em desenvolvimento como o Brasil, auxiliando-nos a sanar as mazelas dos nossos centros urbanos também com investimentos tupiniquins intensificados destinados a arrumarmos a própria casa. Como se vê, o desenvolvimento rumo à sustentabilidade começa graças a uma atitude política de reverter processos anti-desesenvolvimento sustentável por meio de induções normativas a comportamentos mais saudáveis. O passo seguinte compete ao apoio tecnológico concedido aos agentes sociais para que tenham as condições físicas proporcionadoras de uma influência positiva no ambiente. Nesse sentido, vale ser mencionada a iniciativa, desta vez do próprio governo brasileiro em reflexo a práticas estrangeiras eficazes, de promoção da individualização das tecnologias limpas. Seja na área de fontes energéticas, seja nos instrumentos de controle e de medição de empenhos ambientais, as tecnologias limpas são as máquinas de melhoria do Planeta. Em geral, elas são usadas em grandes empresas, grandes empreendimentos, grandes estruturas – tudo mega –, e são tomadas como inviáveis para a população ou para pequenos estabelecimentos ou operações, sobretudo nas cidades. Ocorre que a popularização das tecnologias limpas nos espaços urbanos pode significar o próprio alastramento da sustentabilidade. Por isso, as ferramentas da Tecnologia da Informação

Verde (TI-Verde) merecem ser bem incentivadas como fator de desenvolvimento hábil para o alcança da sustentabilidade. A TI-Verde tem, sem dúvida alguma, a importante função de promover o desenvolvimento sustentável. O número de turbinas minieólicas (de 1 a 100 KW) e painéis solares instalados em condomínios e mesmo em casas está aumentando. Paulo Nogueira-Neto, primeiro Ministro de Meio Ambiente do Brasil e membro da Comissão Brundtland, afirmou recentemente que “a ideia de poder individualizar a produção de energia é extremamente interessante”. Com isso, a individualização ambiental mostra-se excelente, tratando-se de multiplicar comportamentos sustentáveis. Somos sustentáveis, sim, se estivermos munidos das tecnologias verdes. Assim como o celular é quase uma extensão de nossos corpos, as ferramentas da TI-Verde são capazes de trazer o conforto de minimizarmos nossos impactos ambientais no cotidiano. É preciso aprender e divulgar o que se enquadra na categoria de ferramentas de TI-Verde. Para visualizá-las, é válido imaginar o caso simples de uma residência equipada de sensores de luz, que diminuem o gasto com a energia, na medida em que as lâmpadas se acendem ou apagam em reflexo ao movimento. Esta já é uma ferramenta habitual no hall de elevadores e garagens de edifícios, mas a estendamos às novas maneiras de gastar menos, de impactar menos o meio ambiente. Relógios de medição do consumo de energia, agora, já podem ser, no Brasil, digitais e, assim, podem informar a geração por fontes renováveis de energia, seguindo-se a prática comum de países desenvolvidos em distribuir na rede produções individualizadas de energia limpa em favor da coletividade e, simultaneamente, com ganhos para o gerador limpo. Poderia ser ilusão achar que essas tecnologias podem ser massificadas, mas não o é. Trata-se de uma inteligência no manejo dos bens ambientais. Das reflexões da ação humana sobre o ar, o

solo, a água e outros recursos naturais, o resultado pode ser facilmente capaz de impactar menos negativamente e mais positivamente o ambiente. A medição desses impactos mostra a vantagem de apurar os níveis de qualidade ambiental. Convém fomentar que as empresas e os indivíduos tenham perto de si, naturalmente, os meios de serem mais limpos, ambientalmente corretos, com vistas à universalização da tecnologia da informação que possa resultar em benefícios para a economia e o meio ambiente. Em 2009, foi criado, no âmbito do Conselho Superior do Meio Ambiente (GT-COSEMA) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, o Grupo de Trabalho de TIVerde. Naquela época, já se entendia como grande contribuição promover a inovação tecnológica voltada para o meio ambiente. Agora, a atualidade nos exige fomentar que as empresas e os indivíduos tenham perto de si, naturalmente, os meios de serem mais limpos, ambientalmente corretos, com vistas à universalização da tecnologia da informação que possa resultar em benefícios para a economia e o meio ambiente. Deseja-se que iniciativas como essa, de ordem política, governamental e institucional, sejam catalisadoras de maior número de usuários das tecnologias limpas em suas atividades, do âmbito da construção ao dia-a-dia, continuadamente das indústrias, mas também dos escritórios, condomínios, residências e estabelecimentos em geral. Casadas, as atitudes políticas com as soluções normativas e tecnológicas, provocam mudanças simples e eficientes para a evolução das cidades. Queremos todos viver para usufruir a qualidade de vida que essas cidades do futuro proporcionarão. E com cidades melhores, a pressão sobre o campo será menor, podendo-se preserválo da artificialização. (*) Flavia Frangetto (flavia@frangetto.com) é conselheira do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Fiesp e proprietária da Frangetto Assessoria e Consultoria Ambiental.

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Págs 22 – Anúncio / permuta permuta CI (já mandei, favor adaptar para nosso formato)

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Economia

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Fórum Nacional: 25 anos de pensamento estratégico do Brasil de hoje e do futuro Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista

m um país marcado pela visão de curto prazo, poucos fóruns de pensamento foram capazes de pensar e projetar o Brasil de hoje e do futuro como o Fórum Nacional, criado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso há 25 anos. Com habilidade de conciliador, e perseverança religiosa, Reis Velloso conseguiu “costurar” e ajudou a formatar a transformação do Brasil de economia fechada e monotemática para a pujante e diversificada pauta atual. O Fórum Nacional foi pensado no estilo americano, de “think thank”, ou seja, de formação de pensamento com visão estratégica. Mantido por diferentes empresas – privadas e estatais – este centro de saber publicou livros e relevantes estudos, os chamados papers, sobre os mais diversos temas. A pluralidade de interlocutores e de assuntos sempre marcaram estes 25 anos de intenso trabalho. Muito antes dos partidos de oposição – como o PT, o PSB ou o PC do B – alçarem o poder, já tinham voz e espaço cativo nas rodas de diálogo organizadas por Reis Velloso.

Lula, Eduardo Suplicy, Roberto Freire e várias outras lideranças políticas estiveram presentes diversas vezes em rodadas do Fórum. Assim como diversos empresários, economistas brasileiros e internacionais. Convidados ilustres, como Prêmios Nobel e nomes que marcaram a economia global. Aos 84 anos, o ex-ministro - de estatura franzina e que até hoje mantém as raízes do Piauí, um verdadeiro “gigante” na bagagem intelectual - sempre preservou a humildade de franciscano, dedicado às causas sociais, dos mais necessitados: foi um dos pioneiros a incluir o diálogo sobre como incluir as comunidades, as favelas à cidade. Outra marca forte do Fórum foi trazer livros célebres para a temática dos diálogos, como Euclydes Cunha e “Os sertões” ou Stefan Zweig e “Brasil, o País do futuro” . A XXV edição do Fórum Nacional, realizada em maio, marcou o lançamento de cinco livros, com propostas e alternativas para enfrentar os desafios em comunidades carentes, biodiversidade e novas fronteiras econômicas. Saiba mais em www.forumnacional.org,.br

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P e lo B rasi l funcionalidade esperada do produto. Usamos a mesma fragrância em diferentes intensidades e a embalagem é única e que permite o uso até a última gota, sem corantes”, explicou a diretora de Sustentabilidade da Natura. Vários ouros cases foram apresentados, como o da Brasil Kirin (holding que abraça a marca Nova Schin), Itaú Unibanco, Coca-Cola, HP e Braskem apenas para citar alguns. O CEO da Brasil Kirin, Gino Di Domenico, lembrou como se deu esta transformação no grupo, que está construindo um novo posicionamento no setor de bebidas, procurando se conectar cada vez mais com os consumidores. Domenico ainda anunciou investimentos para fornecer cerca de 1/3 da energia necessária pra todas as fábricas de bebidas do grupo no Brasil. A diretora de Negócios Sociais da Coca-Cola Brasil e diretora-superintendente do Instituto CocaCola, Cláudia Lorenzo, recebeu aplausos ao falar e apresentar um estudante apoiado por curso do Coletivo, programa voltado para formação de jovens em busca pelo primeiro emprego. O diretor-executivo de Marketing do Itaú, Fernando Chacon, mostrou a plataforma que, em recente campanha de mídia, foi batizada de #issomudaomundo: plataforma de educação, social, ações em prol de cidades sustentáveis (como patrocínio de aluguel de bicicletas em grandes centros) e também iniciativas no uso do crédito consciente. E a superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, Denise Hills, complementou na sua palestra comparando este engajamento com “o jogo de rugby. “É você empurrar as fronteiras para a frente sempre que possível e, se não der, se recusar a voltar atrás”.

Marcas sustentáveis: desafio e compromissos

Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista Pela primeira vez foi realizado no Brasil o evento Sustainable Brands (Link: http:// www.reportsustentabilidade.com.br/sustainablebrands/) – comunidade internacional de aprendizagem que procura compreender e alavancar o papel da marca na construção da nova sociedade sustentável. O evento, realizado recentemente no Rio de Janeiro, nos últimos dias 8 e 9 de maio, reuniu público especializado e trouxe luz à questões relevantes. Afinal, podem as marcas realmente serem sustentáveis? De que forma isso acontece dentro das corporações? O que é realmente estratégico e o que pode parecer apenas uma ação de marketing sem sustentação na prática? Estes temas foram objeto de amplo diálogo – por favor, vamos sempre usar aqui o termo diálogo, porque discussão não pressupõe a lógica da comunicação aberta e franca – que prendeu a atenção dos ouvintes. Estiveram por lá dirigentes e executivos de diversos grupos empresariais, consultores e professores. Vários cases foram apresentados ilustrando como acontece, na vida real, esta transformação. Ficou claro que este é um

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longo caminho a ser trilhado, com percalços e que a liderança pode contribuir – e muito – para ajudar a motivar e encorajar a todos a acreditar na viabilidade do processo de transformação da corporação, refletida em sua marca, em uma empresa sustentável de verdade. Denise Alves, diretora de Sustentabilidade da Natura, contou como aconteceu este processo na empresa, lembrando que o lançamento da marca Ekos, em 2000, com foco na biodiversidade brasileira, impulsionou toda a companhia na direção do que eles chama de “bem estar bem”. Esta linha levou o grupo a procurar matérias-primas mais naturais e a chamada vegetalização de fórmulas. Não foi só um processo mecânico: envolveu muita tecnologia, contou Denise, e também aculturamento. A sustentabilidade foi se entranhando na Natura a ponto de chegar ao lançamento agora de uma nova linha, que reflete todo este pensamento, chamada de “Sou”. Tudo foi pensado para reduzir o impacto no meio ambiente: emissões menores (de 60% do CO2), embalagens com menos plástico (70% de redução) recicláveis e por aí vai. “A proposta é utilizar o mínimo necessário de matérias-primas para proporcionar a

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Por Isabel Capaverde, de Plurale em revista Descoberto pelo mundo como fisiculturista (foi Mister Universo), ele virou ator de filmes de ação de Hollywood (quem não conhece a saga do “Exterminador do Futuro”) e governador da Califórnia por dois mandatos. Hoje Arnold Schwarzenegger se define como um homem em uma cruzada verde. “Depois de mais de 40 anos lutando numa cruzada fitness, me apaixonei pela causa ambiental e estou travando uma cruzada verde pelo mundo”. Sorridente, ele foi recebido, no fim de abril, por uma profusão de flashes em evento de muitas assinaturas de parcerias entre governos, empresas, ONGs e instituição de ensino e sucessivos discursos políticos que aconteceu nas dependências da Fundação Dom Cabral, no Rio de Janeiro, com o objetivo de promover a economia sustentável. O ator-político-ativista fundou o seu próprio Instituto em 2012, o Instituto USC Schwarzenegger que tem como missão avançar no pós-partidarismo, onde os líderes colocam as pessoas acima dos partidos políticos e trabalham juntos para encontrar as melhores soluções que beneficiem a sociedade de forma global. Atua em cinco áreas: educação, energia e meio ambiente, política fiscal e econômica e reforma política. Não satisfeito, Schwarzenegger fundou também uma ONG, a R20 (Regions of Climate Action) que com apoio da ONU quer ajudar estados, regiões e governos ao redor do mundo a desenvolver, implementar e compartilhar projetos de desenvolvimento econômico de baixo carbono e resistência climática, as melhores políticas e práticas. O carisma do fundador já conseguiu agregar 24 membros, 43 parceiros e dois observadores, conectando mais de 560 governos estaduais e locais pelo mundo. Nada mal. Foi no papel de fundador da R20 que ele estava no evento para assinar

Divulgação

Arnold Schwarzenegger em cruzada verde no Rio

Wagner Furtado Veloso, presidente da Fundação Dom Cabral e Arnold Shwarzenegger uma série de memorandos de entendimento envolvendo a Fundação Dom Cabral – escola de excelência para formação de executivos -, Eletrobras, ONU, Grupo Pisa, Banco de Tóquio, Instituto USC Schwarzenegger, além de dois municípios do Pará e dois de São Paulo. Foi recebido pelo presidente da Fundação Dom Cabral, Wagner Furtado Veloso. Em seu discurso Schwarzenegger bateu na tecla do “faça você mesmo”. Disse que não é preciso esperar os tratados internacionais, as deliberações da ONU, as decisões dos governos para começar as mudanças. Cada um de nós deve tomar para si a responsabilidade de diminuir a pegada de carbono, reverter o aquecimento climático, salvar o planeta. Fez elogios ao Brasil por já usar a algumas décadas os biocombustíveis, chamando o país de visionário. Disse ainda que temos grandes ideias que o mundo deveria imitar. É claro que o Rio de Janeiro teve destaque em sua fala. Mesmo porque,

na ocasião foi entregue ao governo estadual um certificado de membro da R20 e um Estudo de Viabilidade de Iluminação Pública da Cidade do Rio de Janeiro com tecnologia LED, elaborado pela R20 em conjunto com a Secretaria de Conservação e a Rio Luz. A ideia é que em 2016 o Rio tenha pelo menos a ponte Rio-Niteroi com iluminação LED. Schwarzenegger contou que há cerca de dois anos conversou pela primeira vez com o prefeito do Rio de Janeiro e sentiu que a cidade tem esse caráter de inovadora. A conversão dos mais de 400 mil pontos de iluminação de rua traria uma economia de cerca de R$ 60 milhões por ano para a cidade. Como hoje o Brasil não tem uma indústria de lâmpadas LED, seria preciso importar. Como a Califórnia é uma das produtoras mundiais, Schwarzenegger foi rápido em dizer que o objetivo é construir fábricas com a melhor tecnologia no Brasil. Vamos acreditar nas boas intenções.

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Foto: Marcello Casal Jr/ ABr

P e lo B rasi l Brasil adere à campanha para incentivar denúncias de tráfico de pessoas Thais Leitão Repórter da Agência Brasil Brasília - O Ministério da Justiça quer reforçar as ações de prevenção ao tráfico de pessoas, incentivando a população a denunciar esses casos e ajudar o Estado a reprimir o crime e proteger as vítimas. Para isso, lançou no último dia 9 de maio a versão brasileira da campanha Coração Azul, em parceria com o Escritório das Nações unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). Relatórios oficiais mostram que há mais de 2 milhões de vítimas traficadas no mundo. Por meio da campanha, cujo slogan é “Liberdade não se compra. Dignidade não se vende. Denuncie o tráfico de pessoas”, o Brasil se compromete a disponibilizar meios de divulgação e mobilização da sociedade voltados ao combate a esse tipo de crime. Um site e uma página na rede social Facebook foram criados com esse objetivos. Também serão distribuídos panfletos e cartazes nos núcleos e postos da rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas em todo o país. De acordo com o Ministério da Justiça, o coração azul, símbolo da mobilização, representa o sofrimento das vítimas e lembra a insensibilidade dos que compram e vendem seres humanos. Implementada até agora em dez países, a campanha, no Brasil, conta também com o apoio das secretarias de Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres. O diretor executivo do Unodc, Yury Fedotov, lembrou que o tráfico de pessoas explora mulheres, crianças e homens e que as vítimas são submetidas a trabalho forçado, à exploração sexual e têm órgãos roubados. As autoridades estimam que na Europa o tráfico de pessoas movimente 2,5 bilhões de euros anualmente. Fedotov ressaltou a importância da mobilização de vários setores da sociedade e do fortalecimento de cooperações

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internacionais para enfrentar o que chamou de “desafio do século 21”. “Trata-se de um crime hediondo, que não tem fronteiras. Nenhum país está livre desse crime”, disse ele, lembrando que, apesar dos desafios, houve avanços nos últimos anos, na medida em que essa ação foi criminalizada internacionalmente a partir da Convenção de Palermo. Escolhida como embaixadora da campanha no Brasil, a cantora Ivete Sangalo disse ser “inadmissível” nos tempos atuais ainda ocorrerem “movimentos tão radicais e desumanos como a escravidão e o tráfico de pessoas”. Durante o evento, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou a importância da conscientização da população para denunciar os casos como forma de obter resultados mais efetivos no combate a esse crime. Segundo ele, não há nada mais “odioso do que fazer com que pessoas sejam violentadas e percam sua dignidade”. “Ou a sociedade se une para enfrentar essa questão ou vamos continuar com um magnífico plano e ótimas intenções, mas com baixos resultados na efetividade do que queremos, com poucos presos e condenados e as quadrilhas continuando a agir”, disse, lembrando que muitas vezes os crimes deixam de ser denunciados por vergonha e medo. “Crime não denunciado é crime oculto. E crime oculto é crime não punido”, acrescentou. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário, enfatizou que o combate a esse crime está

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sendo tratado com “prioridade total” pelo governo federal. Ela reconheceu que isso significa combater grupos poderosos que têm ampla lucratividade, “transformando seres humanos em mercadorias”. “Estamos determinados, como nação, a enfrentar esse crime em toda a sua extensão e resgatar a dignidade humana de brasileiras e brasileiros que são traficados para fora e também de quem é trazido ao Brasil como vítima desse crime”, disse. “O Brasil não aceita ser destino de pessoas traficadas de qualquer lugar do mundo”, enfatizou. A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, lamentou o fato de mulheres e crianças serem as principais vítimas desse crime “hediondo, invisível e silencioso” e que “só será punido se houver denúncia”. No Brasil, entre 2005 e 2011, foram investigadas 514 denúncias desse crime, sendo a maior parte (344) dos inquéritos relacionada ao trabalho escravo. Os dados apontam que 157 são de tráfico internacional e 13 de tráfico interno, modalidade em que o índice de denúncias é considerado muito baixo. Ao todo, 381 suspeitos foram indiciados nesse período e 158, presos. A rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas, disponibilizada pelo governo brasileiro, inclui núcleos e postos estaduais e municipais, rede consular de apoio no exterior, os serviços Disque 100, da SDH e o Ligue 180, da SPM. As denúncias também podem ser encaminhadas à Polícia Federal.


Foto: Haroldo Palo Jr - Fundação Grupo Boticário

Novo guia sobre aves da Mata Atlântica é lançado no Brasil, com organização da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza Da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza Você já parou para observar os pássaros? Consegue diferenciar uma ave de outra, apenas observando-as ou ouvindoas na natureza? Essa atividade, conhecida como birdwatching (observação de aves, em português), tem crescido muito no Brasil. Para os praticantes desse hobby e principalmente para os interessados em iniciá-lo, foi lançado o “Guia do Observador de Aves: Reserva Natural Salto Morato” – livro que serve como uma ferramenta introdutória à observação de aves. A publicação, organizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, foi lançada durante a 8ª edição do Avistar Brasil, maior e mais tradicional feira de observação de aves da América Latina, que aconteceu em maio na capital paulista. O Guia apresenta 100 espécies de aves que ocorrem na Reserva Natural Salto Morato, unidade de conservação mantida pela instituição e que está localizada em Guaraqueçaba (PR), dentro do maior trecho contínuo preservado de Mata Atlântica do Brasil. Assinam os textos da obra três reconhecidos ornitólogos brasileiros: Fernando Straube, Leonardo Deconto e Marcelo Vallejos. “Ao avaliar quais aves seriam apresentadas no Guia, optamos por incluir algumas espécies de fácil visualização na Reserva e também aquelas que ali ocorrem, mas que são difíceis de serem observadas em outros locais”, explica Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário. A seleção conta com espécies importantes da avifauna brasileira: as aves incluídas no Guia estão entre as 324 espécies que ocorrem na Reserva Natural Salto Morato, sendo que lá ocorrem 43% das espécies de aves registradas no Paraná e 18% das espécies brasileiras.

Segundo pesquisa realizada pelo Avistar em 2011, a existência de uma lista das aves que podem ser vistas em um local de interesse é importante para 38,4% dos observadores de aves. Para atender esse público, o “Guia do Observador de Aves: Reserva Natural Salto Morato” apresenta as espécies divididas em quatro ambientes da floresta onde elas podem ocorrer: borda, que é o contorno externo da mata; piso, seu ‘andar térreo’; sub-bosque, ‘seu andar intermediário’; e copa, o ‘andar mais alto’. Em cada uma dessas áreas, 25 espécies são apresentadas de acordo com sua probabilidade de ocorrência, com fotos, status de conservação e detalhes sobre sua aparência e biologia. Com as informações apresentadas de forma leve e de fácil entendimento, sem linguagem excessivamente técnica, o Guia também é principalmente indicado aos iniciantes na atividade de birdwatching e aos interessados em começar a se aventurar no mundo das aves. Para esses públicos, o livro traz informações sobre como identificar diferentes aves, lista de equipamentos necessários para a atividade, comportamentos de um bom observador, além de dicas de horários e locais mais adequados para a prática. UM PAÍS DE MUITAS AVES Podendo ser consideradas “dinossauros vivos” que representam o ponto culminante de bilhões de anos de evolução, as aves estão presentes na natureza e no imaginário popular: elas são símbolos de países (como a águia-de-cabeça-branca, que representa os Estados Unidos), crenças (a pomba representa o Espírito Santo na Igreja Católica e é símbolo de paz em todo o mundo), times (caso do Flamengo, representado por um urubu) e até mesmo de causas, como

a jacutinga (Aburria jacutinga). Essa ave ameaçada de extinção na Mata Atlântica foi escolhida como uma das espécies-bandeira de Salto Morato, por representar bem como o desequilíbrio entre homem e natureza pode prejudicar a vida no planeta. No Brasil, não faltam lugares para observar esses importantes animais, que muitas vezes desempenham papel fundamental na manutenção de áreas naturais, ao promoverem a dispersão de sementes de diversas plantas. No contexto mundial, o país é considerado o segundo com maior riqueza de avifauna, com 1.832 espécies, sendo que a Mata Atlântica é um dos biomas com maior diversidade de aves. Por abrigar uma parcela significativa dessa biodiversidade, a Reserva Natural Salto Morato foi indicada pelo Avistar em 2010 como sítio adequado para a prática do birdwatching. Entre as espécies que podem ser vistas no local está o pula-pula-ribeirinho (Phaeothlypis rivularis), cuja coloração verde-oliva pode ser difícil de ser observada em virtude de seus hábitos inquietos. O pulapula-ribeirinho está sempre em movimento e frequenta a beira de riachos, onde também é possível avistar o macuco (Tinamus solitarius), ave solitária que passa a maior parte de seu dia caminhando.

SERVIÇO: Guia do Observador de Aves: Reserva Natural Salto Morato Editora: Editora da Universidade Federal do Paraná Preço: R$50 Compras no site: http://www.editora.ufpr.br

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Educação

UMA MUDANÇA RADICAL NA ESCOLA BÁSICA Iniciativa na Rocinha chama a atenção por bons resultados alcançados

“ Os professores do Gente não só ensinam; eles fazem a gente pensar.” Tamara Araújo, 13 anos. Texto e fotos: Nícia Ribas, de Plurale em revista Do Rio de Janeiro (RJ)

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Gente – Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais -começou a funcionar há pouco mais de três meses e já mostrou a que veio: fazer pensar. A menina Tamara completou o 6º ano em 2012 numa escola tradicional da rede do município do Rio de Janeiro e hoje integra o grupo de 180 alunos da Escola Municipal André Urani, na Rocinha, onde está sendo implantado o Projeto Gente. Curtindo a mudança, ela enumera as principais diferenças entre a escola antiga e a nova: 1) mais organização; 2) mais conforto; 3) professores que deixam a gente decidir e descobrir o que mais gostamos de estudar.

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Sua colega, Ingrid Santos Silva, 12 anos, intervém para lembrar que os professores do Gente sempre incentivam a leitura e nunca oferecem respostas prontas: “eles nos orientam na busca das respostas.” Quem também ajuda a reportagem a entender a escola nova é a aluna Júlia de Andrade Vicente, 14 anos: “Aqui não temos turmas, temos times de 18 alunos e cada um tem o seu computador”. Pelos depoimentos entusiasmados dos alunos, dá para perceber que o Gente está dando certo. “Nosso objetivo é ganhar em escala, estendendo o novo modelo educacional, que coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem, para outras escolas”, diz o idealizador do projeto, Rafael Parente, subsecretário de novas tecnologias educacionais da Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro.

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Com visual bonito e alegre, criado pelo designer Jair de Souza e o Grupo do Rio, a escola nova é totalmente diferente da tradicional. Ao invés de uma sala de aula para cada série, vê-se salões amplos, bem iluminados, cada um dotado de um “carrinho” – armário onde os alunos guardam e carregam seus computadores. Os grupos de 18 alunos, de idades e níveis de aprendizagem diferentes, acomodados em mesas redondas ou em almofadões, cada um com seu laptop, interagem sob a orientação de um professor/mentor. Tudo junto e misturado nos três últimos anos do ensino fundamental, que vai da 7ª à 9ª séries. Assim, os mais jovens pedem ajuda aos mais velhos antes de chamar o professor/ mentor do seu grupo. São, ao todo, 10 mentores, um para cada grupo, além de mais seis específicos para inglês, artes e


Idades e níveis diferentes nos grupos de 18 alunos.

educação física. “Os alunos mais adiantados ficam muito orgulhosos ao tirar dúvidas dos colegas mais moços”, explica a coordenadora do Projeto Gente, Alice Ribeiro. COMO SURGIU A IDEIA

Ambiente colorido e alegre.

Três experiências nas escolas públicas do Rio já apresentavam bons resultados. A Educopédia, uma plataforma de conteúdos digitais disponível para toda a rede, com jogos digitais, vídeos e testes; o Ginásio Experimental Carioca, funcionando em 29 escolas em tempo integral e com professores polivalentes – que podem ensinar matemática, mas também Geografia e História; e a Escola do Amanhã, que vem melhorando o aprendizado e reduzindo a evasão escolar em 155 escolas das comunidades mais vulneráveis da cidade. O Projeto Gente reuniu tudo isso numa escola piloto e está apostando na inovação. “O que buscamos é reinventar a escola, aproveitando as ferramentas modernas de que dispomos hoje”, diz Rafael Parente. Eles têm o apoio de fundações, institutos e empresas, como Instituto Natura, Fundação Telefônica Vivo, Mind Lab, Microsoft, Sapienti, Cultura Inglesa, Evobooks, Cisco, Pete e Geekie. Para promover a integração da escola com as famílias, entra em ação a ong Bairro Educador, com projetos para aproximação e participação efetiva dos pais dos alunos. E para fazer o transcurso dos professores da rede pública, preparando-os para atuar no Gente, foi chamada uma empresa especializada em novas metodologias de ensino, a Tamboro. COMO FUNCIONA Não houve pré-seleção para ingressar no Gente. Todos os alunos que já estudavam na Escola André Urani permanecem

lá. No início do período, eles passaram por exames diagnósticos para identificar possíveis deficiências de aprendizagem. “Encontramos muitos analfabetos funcionais, com dificuldade para interpretar um texto ou para resolver questões básicas de matemática, por exemplo, e já saindo do 6º ano”, revela Rafael Parente. Com base nos diagnósticos, foi traçado o Mapa de Habilidades e o Itinerário Formativo de cada aluno, informando as atividades da Educopédia que cobrem cada habilidade. Com todas essas informações e a orientação dos professores/mentores, cada aluno parte para a elaboração do seu projeto de vida. Eles ainda podem escolher atividades eletivas, como robótica e mecatrônicas, construção de blogs, inteligência artificial, programação básica ou webdesign. De manhã, ao chegar na Escola, os alunos têm meia hora de acolhimento, e um lanche matinal, enquanto botam os assuntos em dia. Em seguida, têm 2h10m de estudo, intervalo, mais 2h10 de estudo e intervalo de 1h30m para o almoço na própria escola. À tarde, têm mais um período de 2h10 de estudo. Toda segunda-feira cada aluno recebe em seu computador as metas semanais, que devem ser atingidas até quinta-feira, pois sexta-feira é dia de reforço. “Eles têm autonomia, mas também têm muita pressão, diz a coordenadora Alice Ribeiro. À medida em que vão atingindo etapas, apresentam-se para os testes. E a cada bimestre são submetidos às mesmas provas de toda a rede municipal. A Máquina de Testes, sistema digital de avaliação dos alunos, cobrirá, a médio prazo, todas as disciplinas, de 1º ao 9º anos. Desde fevereiro, o sistema já tem provas de Português, Matemática e Ciências, do 5º ao 9º anos. Através de um banco de questões de múltipla escolha preparadas por 100 professores da rede municipal, os alunos fazem provas em ambiente digital e têm resultado imediato. Para as colegas Tamara e Ingrid, o professor Wagner, de Artes, é o melhor que já conheceram em toda sua vida escolar. “Ele faz com que a gente leia muito, interprete personagens e descubra nosso próprio talento.” Para dar uma ideia do ambiente da escola, onde os alunos aprendem de maneira prazerosa, com professores polivalentes, a diretora da André Urani, Márcia Roberto da Silva, relatou uma aula recente do professor Wagner: “Ele tocou no violão uma música de Vinicius de Moraes, cantando junto com os alunos e depois fez com que eles

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Educação compreendessem a letra, trecho por trecho; e no final, sugeriu a interpretação teatral da música, fazendo com que todos participassem das cenas, até os mais tímidos.” A Diretora escolheu a escola da Rocinha para trabalhar, mesmo morando muito distante, em Abolição, por razões ideológicas. Ela acreditou no Projeto Gente desde o princípio e hoje constata: “Está superando as minhas expectativas porque aqui os professores conhecem bem as dificuldades de cada aluno, podem por em prática a aprendizagem personalizada, e assumem um papel diferente daquele antigo “dono do saber”. Estão previstos mais cinco Gentes para 2014. A escolha da Escola André Urani não poderia ser uma coincidência mais feliz. Para quem não teve o prazer de conhecer a história do “pai” de batismo do colégio da Rocinha, Urani – falecido precocemente

em dezembro de 2011, aos 51 anos, após lutar contra um câncer - foi um dos mais capacitados e habilidosos economistas de sua geração. Nascido na Itália, na verdade, Urani tinha sangue genuinamente carioca nas veias. Também tinha um olhar especial nas questões sociais e deixou história por sua ação em prol principalmente da população do Rio de Janeiro, especialmente os moradores de comunidades e favelas. Acreditava que era possível reescrever a história da Cidade uma vez chamada de Partida pelo escritor e jornalista Zuenir Ventura, por um Rio forte e próspero, com oportunidades e esperança para todos. André Urani fundou o Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (IETS) e estudou de perto como reduzir as desigualdades sociais e assegurar uma vida digna para a população. Deixou obra farta e relevante para ser conhecida. Quem quiser conhecer

Criança lendo livros no Instituto Natura

Bom exemplo de parceria entre público e privado O velho ditado “a união faz a força” está sendo comprovado pela Secretaria Municipal de Educação e diversas empresas, fundações e institutos, através de parcerias de sucesso. “O subsecretário Rafael Parente veio até nós e apresentou o Gente, que se encaixa perfeitamente nas nossas diretrizes estratégicas”, diz Lucila Ricci, coordenadora de projetos educacionais e inovadores do Instituto Natura, um dos apoiadores do Gente. Desde 1990, a Natura vem investindo em projetos capazes de melhorar a qualidade do ensino público no Brasil e na América Latina. Criado em 2010, o Instituto Natura tem expandido essa atuação. Só em 2012, investiu

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cerca de R$ 15 milhões em 16 projetos voltados para a gestão pública da educação, inovação em tecnologias educacionais e transformação educacional e social a partir da educação. Os recursos destinados a esses projetos vêm da venda exclusiva dos produtos da linha Crer para Ver, divulgada de forma voluntária pelos Consultores Natura. “Todo o lucro com as vendas dessa linha de produtos é revertido para projetos de educação”, informa Lucila, citando outros exemplos de apoio, como o projeto de formação de professores na Chapada Diamantina, em 1997, que acabou originando o Instituto chapada de Educação e conta até hoje com o apoio do Natura. Ao todo, segundo Lucila, são 180 projetos com foco na educação pública, com potencial para virar política pública. O Projeto Trilhas, por exemplo, apoia a alfabetização através da doação de material - cadernos de orientação do professor, jogos educativos, cartelas para atividades, além de 20 títulos de Literatura Infantil para 72 mil escolas em 3.300 municípios em todo Brasil. A transformação educacional e social é perseguida pelo Instituto Natura também através das comunidades de aprendizagem

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As amigas Ingrid (à esquerda) e Tamara estão felizes com a escola.

um pouco mais de seu trabalho e seu pensamento, pode acessar pelo site Plurale, na videoteca, vídeo gravado em encontro do TEDX no Rio. Um pouco da garra e brilho do economista.

(CAs), trabalhando a gestão da escola com a participação de professores, familiares, representantes do governo, funcionários, alunos e moradores do bairro. As CAs surgiram de experiências bem sucedidas nos Estados Unidos e na Espanha, em resposta à ineficácia do ensino tradicional e na busca da superação das dificuldades de aprendizado. No Brasil, começaram a ser difundidas em 2002 pelo Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (NIASE), da Universidade Federal de São Carlos. Psicóloga com experiência em educação, Lucila acredita na melhoria da escola básica através da personalização do ensino, que se torna possível graças ao advento das novas tecnologias. “Os computadores já vinham sendo utilizados nas escolas, mas o modelo pedagógico continuava o mesmo.” Na sua visão, o projeto Gente está colocando em prática uma nova escola, em que o aluno é atendido em suas necessidades particulares e a aprendizagem se torna prazerosa.


A Internet transmite informações, o professor facilita a aprendizagem Com as novas tecnologias de comunicação, a profissão de professor exercida há mais de cinco mil anos está passando por uma grande transformação: “de transmissor de conhecimentos para facilitador de aprendizagem”, no dizer de um especialista no assunto, o inglês David Albury, coordenador do Programa Global de Líderes da Educação (GELP). Ele participou do VII Encontro Internacional de Educação, realizado pela Fundação Telefônica/Vivo, no Rio de Janeiro, nos dias 2 e 3 de abril, ao lado do moçambicano Fernando Almeida, doutor em filosofia da Educação e de Ferran Ruiz, presidente do Conselho Escolar da Cataluña. Na opinião de Albury, o Brasil está no topo da lista para ser o primeiro país a adotar a Educação do Século XXI, por dois motivos: “a paixão pelo tema, como prova este encontro ao vivo com mais de 800 educadores; e a má avaliação da sua educação no Século XX, o que faz com que tenha menos bagagem para desfazer”. Ele elogiou o entusiasmo e determinação da secretária municipal de Educação, Claudia Costin, que apresentou um quadro da realidade do ensino básico carioca, destacando o Projeto Gente, criado pelo seu subsecretário de novas tecnologias educacionais, Rafael Parente.

Mentora atende cada aluno individualmente.

“Nesta construção da educação do século XXI, temos que ir além do discurso, formando redes dentro das salas e desenvolvendo modelos de aprendizagem; um trabalho que só é possível em colaboração com os alunos e envolvimento dos pais”, disse Albury. Para ir além, segundo o professor, é preciso estar inconformado com o presente. A secretária de Educação Básica do MEC, Mônica Gardelli Franco, apresentou o trabalho do Ministério, com programas voltados para todo o País. Com o tema “Como liderar as mudanças nos centros educativos”, o Encontro que aconteceu no Vivo Rio contou ainda com a participa-

Nesta construção da educação do século XXI, temos que ir além do discurso, formando redes dentro das salas e desenvolvendo modelos de aprendizagem; um trabalho que só é possível em colaboração com os alunos e envolvimento dos pais” David Albury

Rafael Parente, idealizador do Gente.

ção do professor Eduardo Chaves, da Unicamp, e da diretora da Intel, Martina Roth. Trata-se de um evento iniciado em abril do ano passado, em Buenos Aires, que deverá terminar em outubro próximo, em Madri. Mais de 50 mil pessoas participam das atividades presenciais e virtuais. Foi com orgulho e emoção que a presidente da Fundação Telefônica, Françoise Trapenard, falou sobre a importância do Encontro, nesta fase brasileira de construção de uma democracia e desenvolvimento social, proporcionando uma discussão de alto nível com educadores de diversos países: “Considero a educação ponto de partida para esta construção”.

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Ecoturismo

m e g a i V esporitosivdaa pelos r

Amazonia Por Marina Guedes Especial para Plurale em revista

FOTOS:

ALEX PAZUELLO

julgar pelo nome do meio de transporte pelo qual o projeto SUP TRIP na Amazônia será executado, a ideia já nasceu vencedora. Isso porque é a bordo do luxuoso barco batizado de Winner (campeão, em Português) que os turistas poderão desfrutar de uma experiência única: viajar pela maior floresta tropical e praticar um dos esportes aquáticos que mais crescem em todo mundo: o stand up paddle. Para quem ainda hoje “não foi apresentado” a esta atividade, stand up paddle (que em alguns locais também é conhecido como SUP) consiste em ficar de pé em cima de uma prancha um pouco maior que as de surfe e se deslocar pela água com o auxílio de um remo. Ou seja, um esporte perfeito para regiões marcadas pela intensa presença de rios e cursos d´água como é o caso da Amazônia.

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O empresário e idealizador do SUP TRIP na Amazônia, Mauricio Barbosa, conta que as primeiras saídas estão previstas para o início do verão, em meados de junho. Verão, como assim? Aos leitores de Plurale que não são de Manaus, no Amazonas, vale esclarecer que o verão amazônico, diferentemente do resto do Brasil, inicia em meados de junho, quando as chuvas diminuem e, consequentemente, os rios têm significativa redução no volume. “Em recente evento internacional nos EUA que reuniu donos de marcas de pranchas e equipamentos para esportes

aquáticos como kite e windsurfe, todos os empresários apontaram o crescimento do SUP em escala mundial. Aqui na Região Norte, pela intensa presença das águas, também temos certeza de que o stand up paddle chegou para ficar”, afirma Mauricio. Não é difícil constatar o crescimento deste esporte nos arredores da capital amazonense. Aos finais de semana, dezenas de pessoas são vistas remando pelas águas do Rio Negro e afluentes em cima de coloridas pranchas. Em razão da crescente demanda pelo esporte, Mauricio Barbosa antecipa que também abrirá, neste ano, uma escola de SUP em

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Aventura SOBRE O SUP TRIP NA AMAZÔNIA O SUP TRIP na Amazônia, conforme explica Mauricio Barbosa, terá como base o barco Winner e as pranchas de SUP que fazem parte do acervo de sua empresa, a Amazônia Wind Kite & SUP. “As pranchas serão transportadas no próprio barco durante os passeios. A cada destino em que chegarmos, os passageiros poderão desfrutar de locais paradisíacos em contato direto com a natureza para remar”, conta Mauricio. Nos arredores de Manaus, por exemplo, praias como Escondidinho e do Tupé já estão no roteiro. “Nossas viagens também serão para locais mais distantes em estados da Amazônia, como Alter do Chão, no Pará e outras praias que são ideais para o SUP”, completa Barbosa. “O turista que comprar um de nossos pacotes terá a vantagem de navegar com todo o conforto de uma embarcação de alto nível, com climatização nos camarotes e cardápio selecionado. O maior diferencial deste projeto é agregar o turismo ao esporte de forma que o meio ambiente seja sempre preservado”, finaliza Mauricio Barbosa.

SERVIÇO: Onde Onde On de age gend gend ndar ndar ar os pa pass pass ssei ssei eiios eios os e com os ompr ompr prar prar ar equi equi eq uipa uipa pame pame ment ment ntos ntos os de SU SUP: SUP Amaz Amaz Am maz azôn azôn ônia ônia ia Win in ind nd d Ki Kite Kite te & SUP UP Cont Cont Co ntat ntat ato - Ma ato Maur Maur uric uric icio cio io Bar arbo arbo bosa bosa sa (92 92) 81 92) 8138 8138 38-4 38-4 -449 -449 496 496 Emai Emai Em ail: ail: l: mau auri uri rici rici ciow ciow owin owin in ind nd d@gm gmai mai ail. ail. l.co l.co com com As via As iage iage gens gens ns par ara o pr ara proj proj ojjet ojet eto SU eto et SUP TR SUP TRIP TRIP IP na Amaz Amaz Am azôn azôn ônia ônia ia tam ambé ambé bém po bém pode pode dem se dem ser er ag agen agen enda end enda dada dada das das as pe pela pela la pági pági pá gina gina na da em empr empr mpr pres pres res esa no esa no fac aceb aceb eboo eboo ook: ook http http ht tps: tps: s:// s:// //ww //ww www. www. w.fa w.fa face face cebo cebo book book ok.c ok.c .com .com om/a om/a /ama /ama mazo mazo zoni zoni niaw niaw iaw awin awin indk indk dkit dkit ites ites tes esup sup up

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ELES PASSARÃO, ELA PASSARINHA

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m “Poema do contra”, o genial poeta Mário Quintana marcou ; “Eles passarão ... eu passarinho”. Vamos parafrasear o escritor gaúcho para apresentar este belo ensaio da Editora de Fotografia de Plurale, LUCIANA TANCREDO. Ao longo dos últimos 10 anos, Luciana, em suas inúmeras viagens para contemplar a exuberância da natureza, tem “colecionado” fotos de pássaros. “Eles sempre me atraíram muito, afinal, voam, algo que sempre despertou grande curiosidade e até um pouco de inveja em nós humanos. Voar é um privilégio de poucos animais... E vê-los riscando os céus, exibindo essa liberdade única, é simplesmente fantástico”, conta a fotógrafa. Para quem está ainda começando com este hobby, aí vai uma dica da experiente profissional: fotografar pássaros não é fácil. Exige MUITA paciência. “Eles, normalmente, são muito ariscos e estão sempre alerta. Para conseguir uma boa foto, muitas vezes, é preciso ficar parado e em silêncio, por horas”, lembra Luciana. Apesar de não ser uma especialista em fotos de aves – como alguns grandes fotógrafos de natureza – ela conta que já conseguiu verdadeiras “preciosidades”, como um beija-flor no ninho, um pica-pau no cacho de bananas e um periquito comendo, calmamente, um coquinho. Neste ensaio, Especial Meio Ambiente, há fotos tiradas em diferentes biomas brasileiros, como na RPPN SESC Pantanal (MT), no Cerrado baiano ou em área remanescente de Mata Atlântica na Serra Fluminense. Como as araras azuis, tucanos, sabiás, saíras, galo de campino ou o alma de gato. Confira o seu clique preferido e poste no site Plurale uma mensagem para Luciana.

E n s a i o

Saíra Azul - Brejal, Região Serrana - RJ

Periquito Rico - Pantanal - MT

FOTOS:

LUCIANA TANCREDO Galo da Campina - Bahia

Mergulhão

Martim-Pescador – RPPN SESC Pantanal - MT

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Beija-Flor gigante - Cumuruxatiba - Bahia

Beija-flor do papo branco - Brejal – Região Serrana - RJ

Pica-pau Carijó ou Verde Barrado - Brejal – Região Serrana - RJ

Viuvinha ou Lavadeira Mascarada - Brejal – Região Serrana - RJ

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Coruja buraqueira - Brejal, Região Serrana- RJ


Garça branca - Guaratiba - RJ

Alma de Gato - Brejal, Região Serrana - RJ

Tucano-de-bico-preto - Floresta da Tijuca - RJ

Gaúcho ou Japu - Reserva Natural de Xapurí - Acre

Gaivota

Araras azuis - RPPN-SESC Pantanal - MT

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Seguros

Mercado segurador: melhores práticas sustentáveis CNSeg realiza várias ações para ressaltar para às empresas sobre a relevância de tratar a sustentabilidade como parte da estratégia dos negócios e é reconhecida em carta do Príncipe Charles Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista

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Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), que reúne as principais empresas destes segmentos, tem incentivado a adoção de melhores práticas sustentáveis. Um conjunto de ações, lançadas desde a Rio + 20, tem marcado este posicionamento. Recentemente, no fim de maio, foi realizado, no Rio, Seminário com foco na Política Nacional de Resíduos Sólidos no mercado segurador reuniu público especializado no Rio. Especialistas debateram o tema e mostraram que será inexorável para o mercado se preparar para esta nova realidade que exige o cuidado com produtos e serviços desde o início até o fim de seu ciclo de vida. Como lembrou a diretora executiva da CNseg, Solange Beatriz, a partir da entrada em vigor da Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a preocupação com o tema no mercado segurador deixa de ser facultativa, passando a ser obrigatória, devido à questão da responsabilidade compartilhada. “Diante disso, quais as práticas que podem ser incentivadas?”, questiona. “Todos nós temos comprometimento, responsabilidade e podemos ser cobrados por isso”, disse ainda. Após exibir números do setor, mostrando sua importância econômica, Solange Beatriz destacou algumas ações da CNseg em prol da sustentabilidade, como a assinatura do Protocolo Verde com o

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Ministério do Meio Ambiente e a adesão, junto à ONU, aos Princípios de Sustentabilidade em Seguros. Fabian Pons, diretor do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi), da Argentina, apresentou o case bem-sucedido sobre a reciclagem de automóveis e autopeças. Pons afirmou que a legislação argentina que trata da reciclagem de peças automotivas trouxe vários benefícios não só para o mercado de seguros daquele país, como para toda a sociedade. Além de reduzir drasticamente a taxa de roubo e furto de veículos, ao cortar o principal mecanismo de alimentação da indústria de desmanche ilegal, fez cair uma das principais causas de homicídios na Argentina- já que 30% das mortes ocorriam durante assaltos aos motoristas. De quebra, a reciclagem barateou os preços do seguro e deu uma destinação aos resíduos sólidos, ainda que o objetivo principal da legislação aprovada em 2003 tivesse como alvo o combate à fraude na carteira de automóvel e menos os benefícios ambientais, reconheceu Fabián Pons, diretor CESVI Argentina. Cambridge e Carta Real - Em parceria com a Escola Nacional de Seguros (Funenseg), a CNSEG ofereceu aos membros do seu Conselho Diretor o Seminário Executivo do Programa de Liderança em Sustentabilidade com a renomada Universidade de Cambridge (CPSL, sigla em inglês). O curso aconteceu em março, no Rio, com a participação dos principais dirigentes das empresas seguradoras brasileiras. A proposta da

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CNseg foi proporcionar aos membros do seu Conselho Diretor esse encontro de alto nível no Brasil, sem custo para as empresas participantes, pois entende que o engajamento do setor agregará valor à instituição de seguro, previdência privada complementar aberta e capitalização. E ninguém menos do que o Príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, enviou carta ao ex-presidente da CNseg, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, enaltecendo as ações de sustentabilidade realizadas pela Confederação. O príncipe cumprimentou-o pelos esforços da CNseg em prol da sustentabilidade e do combate ao aquecimento global, por meio da participação da Confederação na ClimateWise, entidade da qual o príncipe é patrono. “Quando líderes seniores da indústria de seguros se reuniram há cinco anos a meu convite, e anuíram na criação dos Princípios ClimateWise, enxerguei uma oportunidade para que a indústria utilizasse sua expertise técnica em riscos para assinalar os custos dos riscos climáticos para a economia. Muito foi feito desde então”, afirma o Príncipe Charles na carta. Na mensagem, ele também adverte para os efeitos drásticos das mudanças no clima no desgelo do Ártico e na Amazônia, conclamando o mercado segurador a ter papel de liderança no combate aos efeitos drásticos do aquecimento global. A Superintendente de Relações com o Mercado da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Maria Elena Bidino, destaca a relevância destes fatos. “Tanto o Programa de Liderança da Universidade de Cambridge, como também o envolvimento do mercado no trabalho dos riscos climáticos, o que resultou na mensagem do Príncipe Charles, confirmam nosso compromisso em praticar a sustentabilidade no dia-a-dia”, afirma Maria Elena. Novo treinamento - Ela lembra que fortes empresas e governos já participaram deste Programa de Liderança em Sustentabilidade da Universidade de Cambridge como o Banco Mundial, Lloyds Banking Group, Nestlé e o Governo chinês. E que a parceria com a Universidade de Cambridge, customizada para a realidade brasileira, será desdobrada em nova turma, no segundo semestre deste ano, voltada para a média gerência de toas as áreas do mercado. Este treinamento deverá acontecer ao longo de um mês, com carga de 30 horas. “É muito importante que estes executivos tenham uma reserva de conhecimento sobre o que há de mais avançado no diálogo sobre sus-

A CNseg lançou um hot site, dentro de seu portal, voltado para a sustentabilidade.

tentabilidade. Este é um processo ainda muito novo, em construção. Pode até ser que alguns nem venham a utilizar imediatamente estes conhecimentos no dia-a-dia. Mas uma semente já terá sido lançada para avançar na mudança”, frisa Maria Elena. A expectativa da Superintendente de Relações com o Mercado da CNseg é que o mercado segurador trilhe experiência tão rica e relevante na construção e prática da sustentabilidade como parte do planejamento estratégico assim como o mercado bancário. “O programa Princípios para Investimento Responsável, o chamado PRI, é um exemplo para ser estudado. O mercado segurador está muito empenhado na implantação do PSI, o Programa nesta mesma linha voltado para nossa atividade. Precisamos estar preparados para estes novos tempos”, reforça Maria Elena. Rio +20, IIS e PSI - Na Rio + 20 foram lançados os Princípios para Sustentabilidade em Seguros e houve a realização do 48º Seminário da International Insurance Society (IIS) no Rio. Foram grandes marcos, que agora estão sendo definidos em grupos de trabalho. Entre estes comitês estão o de Educação e Comunicação; Legislação Ambiental; de Mudanças Climáticas; de Materialidades e o de Planejamento Estratégico. As reuniões já começaram e a expectativa é que, ao longo de 2013 e nos próximos anos, seja possível avançar bastante neste trabalho. O Brasil tem exercido papel de liderança no Conselho do PSI. Foi criada a Rede

Brasileira PSI, atualmente formada por seis seguradoras (Bradesco Seguros, Itaú Seguros, Mongeral-Aegon, Porto Seguro, Seguradora Líder e SulAmérica), uma resseguradora (Terra Brasilis) e a Confederação Nacional das Empresas de Seguro (CNseg) como signatária observadora. Esta rede já se reuniu duas vezes e vem discutindo a melhor forma de relatar os avanços do PSI em suas companhias para a publicação que deve acontecer um ano após a formalização da inclusão da empresa e quais iniciativas locais o setor pode desenvolver para atender os princípios. Site e Game - A CNseg lançou também um hot site dentro de seu portal voltado para a sustentabilidade e uma destas ações é um game, chamado “Caminhoneiro seguro”, dirigido aos jovens. O lançamento aconteceu no fim de 2012, em cerimônia de entrega do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga, que destacou ações sustentáveis no dia-a-dia das seguradoras. O jogo, voltado para o público infanto-juvenil, tem feito sucesso. O projeto foi desenvolvido pela Guanabara Games durante seis meses, tem cenário 3D e conta com três fases representando estradas brasileiras. Duas estações do jogo foram instaladas na comunidade Santa Marta, na Zona Sul do Rio, e podem ser jogadas gratuitamente por crianças e jovens. O objetivo é democratizar e disseminar as informações de forma lúdica, como se fossem curiosidades.

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Alimentação

Campanha “Segunda sem Carne” e livro “Merenda Vegetariana” propõem uma vida mais saudável Por Tatiana Félix, Jornalista da Adital

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azendo parte da campanha Segunda Sem Carne (SSC), em execução desde 2009, o livro Merenda Vegetariana, produzido pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), traz mais de 100 receitas saudáveis com base em legumes e vegetais, incentivando as pessoas a descobrirem novos sabores. O lançamento oficial será em junho, em São Paulo (SP), durante a Virada Sustentável, mas a obra já está disponível pela web. Para saber mais sobre a campanha e as dicas que o livro traz para uma alimentação mais saudável, a ADITAL conversou com a jornalista Raquel Ribeiro, editora da obra , coordenadora do departamento de publicações da SVB e colaboradora de Plurale.

Adital – Além das receitas vegetarianas, quais outras formas de conscientização ssobre os malefícios do consumo de carne e b benefícios enefícios do en dos vegetais o livro “Merenda Vegetariana” traz? Raquel Ribeiro - Em todos os textos de apoio procuramos valorizar os vegetais; desde o cuidado no preparo (sugerindo, por exemplo, cozinhar al dente e usar temperos sem medo) até as informações sobre os alimentos. Ressaltamos a importância do consumo de folhas verdes para garan-

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tir ferro e cálcio; assim como lembramos que a dupla arroz-com-feijão proporciona nossa dose diária de proteínas. Buscamos dar um enfoque positivo ao livro, evitando falar em “malefícios da carne” – apesar de seu consumo de fato aumentar o risco de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e outras doenças. Preferimos chamar a atenção para o consumo excessivo de um quarteto perigoso: sal, açúcar, gordura e farinha branca, pois no uso destes as merendeiras costumam “pesar a mão”. O livro “Merenda Vegetariana” vai servir de subsídio para expandir a campanha Segunda Sem Carne (SSC). De que forma isso vai acontecer? As cidades ou municípios que adotam a campanha SSC determinam – em princípio – que, toda segunda-feira, as refeições oferecidas pelo serviço público não devem conter ingredientes de origem animal. Se você simplesmente tira a carne do cardápio, a pessoa fica com a sensação de que vai comer menos e que essa proteína vai fazer falta. Em termos proteicos isso é um mito, pois a dieta do brasileiro contém bem mais proteína do que o organismo absorve – e esse excesso acaba virando em gordura. Para não dar a impressão de que a campanha tira algo do prato, enfatizamos o slogan “descubra novos sabores”. Ou seja, em vez da carne, pode ser servido um nugget de inhame, uma tapioca recheada de couve-flor, um estrogonofe de legumes ou um bolinho de lentilha. É ai que entra o livro de receitas. O hábito de comer carnes vermelhas e brancas e derivados animais está profundamente enraizado na população brasileira, que é muito ampla e diversa. Como mudar esse hábito? Hábitos vão mudando com a evolução da sociedade. Antes, o brasileiro pouco usava cinto de segurança: a adoção da multa,

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somada a campanhas educativas mostrando que o uso do cinto evita mortes, levaram, aos poucos, as pessoas a usá-lo. Acho que, passando a informação com sabedoria, mostramos que o hábito de comer carne traz vários impactos negativos para a saúde da pessoa, para os animais e para o meio ambiente. Em termos práticos, a campanha tem sido eficaz: tem gente que se sente mais leve após um dia sem carne – e se dá conta que isso foi bom; tem gente que, após conhecer a campanha, passa a contabilizar a “pegada da carne”; ou seja, o impacto ambiental da sua produção e comercialização; e tem gente que, ao se informar sobre o sofrimento que a indústria da carne (e do leite) provoca aos animais, passa a ver o bife com outros olhos. Penso que a campanha é mais um passo no longo processo de conscientização da humanidade. A adoção de uma alimentação vegetariana requer a aquisição de alimentos diferentes ou de difícil acesso e preços elevados? Em principio, não, já que o maior gasto do vegetariano costuma ser na feira. Nossa dieta inclui maior quantidade de legumes, frutas e cereais (como, aliás, preconiza o Guia Alimentar do Ministério da Saúde), que são os mesmos ingredientes que o não-vegetariano compra. Como não gastamos com a compra de carne, leite e queijos, podemos nos dar ao luxo de consumir castanhas, cogumelos, alcachofra... Agora, alguns ingredientes, como o tofu e os leites vegetais são, de fato, mais difíceis de encontrar. Por isso explicamos no livro como prepará-los em casa. O lançamento do livro será na Virada Sustentável, em junho, em São Paulo. Como as pessoas poderão adquiri-lo? Vamos aproveitar o gancho da Virada, mas o lançamento na web já foi feito. E as encomendas podem ser feitas pelo e-mail loja@svb.org,br. Há quanto tempo existe a campanha Segunda Sem Carne e onde ela tem sido mais difundida? Em 2009, a Segunda Sem Carne foi lançada no Brasil pela Sociedade Vegetariana Brasileira, em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. Sampa foi a segunda cidade no mundo a apoiar uma campanha do tipo Um Dia Sem Carne. Desde então, outras cidades e estados aderiram, como Niterói (RJ), Curitiba (PR), Osasco (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Estamos muito otimistas!


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Apoio:

Colágeno também na comida

Com a chegada do inverno, medidas simples podem colaborar para melhorar a qualidade de vida nos dias mais frios e fazem toda a diferença para prevenir problemas de saúde, sobretudo os respiratórios. “Nas temperaturas mais baixas, a tendência é de maior concentração de pessoas em ambientes fechados, o que favorece a circulação de vírus e bactérias, provocando alergias, resfriados, asma e gripe”, afirma Dra. Valéria Brion, especialista em gestão de medicina preventiva da Unimed-Rio. Confira cuidados importantes: • Fique atento às variações de temperatura e agasalhe-se antes de sair de ambientes fechados; • Ingerir líquidos quentes ao longo do dia ajuda a manter o corpo aquecido, mas deve-se evitar o exagero; • Mantenha a higiene doméstica, evitando o acúmulo de poeira; • Evite banhos com água muito quente, que provocam ressecamento da pele; • Evite exposição prolongada a ambientes com ar condicionado, quente ou frio;

Sabe o colágeno que costumamos conhecer dos potes de cremes de beleza? Pois a última novidade é usar este item, na forma em pó, também nas receitas culinárias. Composto por aproximadamente 30% de toda a proteína do organismo humano, o colágeno é substância essencial para garantir o funcionamento e saúde das articulações. A rede Let`s Wok, franquia de alimentação saudável com lojas em São José dos Campos, Santos e Taubaté (SP), resolveu inovar e passou a disponibilizar em seus pratos a opção do colágeno em pó, como forma de repor a proteína no organismo.

• As pessoas com alergia devem substituir cobertores com pelos por mantas de tecido sintético ou algodão; • As alergias também podem ser reduzidas lavando e secando ao sol mantas, cobertores e blusas de lã guardadas por muito tempo em armários; • Mesmo com o frio, é importante manter o cuidado com o sol, utilizando protetores; • Tome muito cuidado com o acesso de crianças pequenas à cozinha. Evite que brinquem neste ambiente, atraídas pelo calor.

Orgânicos na Copa das Confederações Nem só o futebol marcará presença na Copa das Confederações, a ser realizada em junho. Produtos orgânicos brasileiros serão apresentados pela agência Apex-Brasil, uma das patrocinadoras oficiais da Copa do Mundo da FIFA 2014. A Apex-Brasil criou o Projeto Copa do Mundo da FIFA 2014 para proporcionar um espaço de relacionamento entre empresas e um motivo para uma agenda local de trabalho. A Agência apoia cerca de 13 mil empresas brasileiras de 81 setores da economia, todos de produtos e serviços de médio e alto valor agregado. Juntos, eles foram responsáveis por 15,46%do total exportado pelo Brasil para mais de 200 mercados em 2011.

APAE de São Paulo lança Divina Dieta A APAE de São Paulo comemorou seu 52º aniversário em abril com novidade: o lançamento da sua marca de alimentos Divina Dieta. São produtos desenvolvidos pela Cozinha Especial da Organização que visa atender pessoas que precisam seguir dietas restritivas em decorrência de doenças metabólicas. Os produtos têm baixo teor de proteínas, são isentos de lactose e glúten e, por isso, recomendados para casos de fenilcetonúria, homocistinúria, leucinose, acidemia isovalérica, acidemia propiônica, acidemia metilmalônica e defeitos do ciclo de ureia, que se não tratadas adequadamente, podem ter como consequência a Deficiência Intelectual, além de beneficiar pessoas com intolerância à lactose, alergia a proteína do leite de vaca e doença celíaca. Para conhecer mais sobre a APAE de São Paulo, acesse o site www.apaesp.org.br

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Vista da Avenida Beira-Mar de Floripa

Floripa:

harmonia entre o verde e a boa qualidade de vida E n s a i o

Praia da Joaquina

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FOTOS:

ISABELLA ARARIPE


Catedral de Florianópolis

Pôr do sol de Santo Antônio de Lisboa

Mole, Jurerê, Canasvieiras, dos Ingleses e Pântano do Sul. Estas são apenas algumas das mais famosas praias da irresistível Florianópolis. Ao todo chegam a 100 espalhadas pela Ilha colonizada por açorianos: desde as mais calmas até as repletas de ondas perfeitas para surfistas. Para quem não sabe, Floripa – como é mais conhecida - é considerada a capital brasileira com melhor qualidade de vida do país. Não é por acaso que paulistas, argentinos e outros “estrangeiros” adotaram a cidade como seu endereço. Conhecida como Ilha da Magia, a capital de Santa Catarina, têm áreas destinadas à preservação permanente que ocupam 47% da ilha. Além de atrair turistas, é também a maior produtora de ostras em cativeiro do Brasil e tem crescido em investimentos de tecnologia de ponta e energia renovável, apoiados por centros universitários de alto nível. O projeto de “cidade inteligente” ainda esbarra em algumas dificuldades típicas de todo grande centro, como a rede de transportes públicos ainda insuficiente e crescimento imobiliário desordenado. Mas, perto de

Ponte Hercílio Luz


outras metrópoles absolutamente caóticas, Floripa ainda preserva um jeito de balneário despojado, com o charme e encanto de badalado centro internacional. Além das praias, os principais pontos turísticos de Floripa são: a Lagoa da Conceição, a ponte Hercílio Luz, o Forte de São José da Ponta Grossa, o Centro Histórico e os núcleos açorianos - Santo Antônio de Lisboa e Ribeirão da Ilha. A exuberância da natureza, aliada à culinária de nível e o povo hospitaleiro garantem dias muito agradáveis de lazer. Confira as belas fotos de ISABELLA ARARIPE em sua recente viagem à cidade. Se ainda não conhece Floripa, agende uma visita em breve.

A cidade convida para esportes ao ar livre

Tartaruga do Projeto Tamar

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Ecoturismo

Riqueza arqueológica no Piauí

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PPar arqque ue N Nac aciiiona onal Cab Cabbañe aññero ros: s: recanto ntto de beleza na Espanha O parque é hoje um dos cantos protegidos mais valiosos dos Montes de Toledo, em Castilla-La Mancha na Espanha. Com 1.000 espécies de plantas vasculares catalogadas, o parque é um refúgio para as aves de rapina, cegonhas pretas e muitas outras espécies ameaçadas de extinção. Com 40.856 hectares, o Parque Nacional de Cabañeros possui esse nome devido as cabanas feitas a base de lenha tradicionalmente utilizadas pelos pastores como abrigo temporário para o trabalho no campo.

Foto: Isabella Araripe

Situado no sudeste do Estado do Piauí e com 129 mil hectares, o Parque Nacional Serra da Capivara possui a maior concentração de sítios arqueológicos atualmente conhecida nas Américas, com mais de mil sítios arqueológicos pré-históricos cadastrados, muitos deles com pinturas rupestres. Devido a seu valor histórico e cultural, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi declarado pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade. Os ingressos para visitar o parque custam R$ 22, com desconto de 50% para os brasileiros – R$ 11. A guiagem (obrigatória) é paga a parte para os condutores locais que são cadastrados e treinados pelo ICMBio e pela Fumdham.

ISABELLA ARARIPE

JJuure rerrêêê,, recanto to ddee bbeellez lezaa em Florianópolis

ampullhhaa comemora 70 anos PPam e ganha Circuito Verde Um dos principais cartões postais de Belo Horizonte, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, projetado por Oscar Niemeyer, a pedido do então prefeito Juscelino Kubitschek, comemorou no dia 16 de maio 70 anos e ganhou uma nova sinalização, com 68 placas. Um novo roteiro turístico ainda está sendo formatado pela Belotur e será segmentado em circuitos. Um deles será o Circuito Verde, integrado pelo Zoológico, Aquário da Bacia do Rio São Francisco e o Parque Guanabara que promete atrair muitos visitantes.

Jurerê Internacional foi a primeira praia da América do Sul a receber o selo de qualidade Bandeira Azul. Apesar de ter perdido o selo no ano passado, a praia continua sendo um lugar de referência em sustentabilidade. Localizada no Norte da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, a praia faz parte do projeto Nova Onda que busca conscientizar e estimular as pessoas a terem atitudes positivas, a cuidarem e otimizarem cada vez mais da área pública e natura. Para ajudar na conservação da faixa de marinha (33m) na orla de Jurerê Internacional, foram implantadas passarelas de acesso de pedestres à praia, preservando a fauna e flora e, consequentemente, o lençol freático.

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Poesia

Aninha, que virou poeta,

que virou Coralina Texto e Fotos: Romildo Guerrante, Especial para Plurale em revista, De Goiás Velho (GO)

A

na Lins dos Guimarães Peixoto Bretas era uma menina feia, tímida e desajeitada, que vivia caindo com suas pernas moles e se queixava em silêncio da quase tirania dos mais velhos com as crianças. Cresceu assim na casa da ponte, uma das primeiras construídas em Vila Boa, depois Cidade de Goiás, que ficou conhecida como Goiás Velho – o que desagrada os nativos - quando a capital do estado se mudou para a moderna Goiânia, em 1935. A casa de cuja janela observou ainda menina: “A rua. A ponte. Gente que passava, o rio mesmo, correndo debaixo da janela, eu via por um vidro quebrado, da vidraça empanada.” Aninha fazia poesia em silêncio, poucos sabiam que a arte que aprendera com a mãe, de fazer doces, não era o que a sustentava espiritualmente. Estudou até

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a terceira série, mas devorava poesia em segredo. Pouco a pouco se juntou aos que tinham a mesma paixão. Deixou a casa da ponte para viver com o marido no interior de São Paulo. Em sua poesia, descobre-se que não era feliz. Viveu mais feliz depois que, viúva, tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos. A poesia, que começara a escrever aos 14 anos, tomou um novo alento. Vivia com pouco, mas se sentia melhor.

inseguranças. Era uma doceira requisitada, de volta à casa comprada pelo avô em meados do século 19, a casa debruçada sobre o Rio Vermelho onde se sentiu plena e criativa. A filha mais nova, Vicência Brêtas Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia, disse em entrevista após a morte da mãe, em 1985, que ela tinha a mente aberta e passou aos filhos uma “lição de coragem e otimismo.”

“...Que eu possa agradecer a Vós, minha cama estreita, minhas coisinhas pobres, minha casa de chão, pedras e tábuas remontadas. E ter sempre um feixe de lenha debaixo do meu fogão de taipa, e acender, eu mesma, o fogo alegre da minha casa na manhã de um novo dia que começa.”

“...É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça. O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”

A viuvez e a luta para sobreviver a fezz perder o medo da vida, desapareceram as

Mas essa bela poesia ela considerava coisa menor que os próprios doces. Mini-

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mizava seu saber poético passado a lápis em folhas de caderno escolar. E a vida foi tocando, de vez em quando publicava uma poesia num jornal de pequena circulação. Continuava restrito seu conhecimento ao rol dos amigos e colegas poetas que a cultuavam. “Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende!”

Foi poetando assim até o início dos anos 60, quando conseguiu publicar seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Aí o pseudônimo Cora Coralina virou nome. Aninha começou a ficar conhecida. Mas só 20 anos depois, dois anos antes de morrer, veio a consagração ao ganhar o Prêmio Juca Pato, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha. O livro sepulta Aninha e consolida Cora Coralina. Tinha aprendido datilografia aos 70 anos para ajudar na preparação de seus textos e encaminhá-los aos editores. “Gente Gente que passa indiferente, olha de longe, na dobra das esquinas, as traves que despencam. - Que vale para eles o sobrado?...” Esse poema está num painel em frente à casa da ponte, que conheci em 1962. Dela ficou na minha memória, além da ponte, a grande mesa de doces

armada na sala. Aninha vivia disso. Poesia não dava dinheiro. Continua não dando. Ficou conhecida nacionalmente já quase no final da vida. Glória? Não buscava. Os que a conheceram mais de perto se lembram de sua altivez, que a muitos parecia arrogância, e de seu senso de liberdade. “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que ccorre, olhar que acaricia, desejo que sac sacia, amor que promove. E isso não é co coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vvida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto dur durar. Feliz aquele qque transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

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Literatura esquecimento, recém-lançado pela editora carioca Foz. No apartamento do cunhado, basta subir uma velha escada de ferro, em forma de caracol, para Ludo chegar ao terraço, cultivar o jardim ou deliciar-se com a vista de boa parte da cidade, suas praias e o céu que considera “esmagador”. “Penso em Orlando. Odiei-o ao princípio. Depois comecei a apreciá-lo. Ele podia ser muito sedutor. Um homem e duas mulheres sob o mesmo teto - conjunção perigosa...”

Medo & ito e c n o c e r P Resenha do novo livro de José Eduardo Agualusa – “Teoria geral do esquecimento”

Maria Helena Malta, Especial para Plurale em Revista

O que se passa, Ludo? Tens medo de cair entre as estrelas?” É assim, com carinho e humor, que Odete provoca Ludovica, a Ludo, por seus terrores noturnos, sobretudo o de encarar o imenso céu africano, ainda que filtrado pela vidraça.

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Sempre agarrada às saias da irmã, Ludo acabara trocando a casa de Aveiro, em Portugal, pela cobertura de Luanda, no luxuoso Prédio dos Invejados, no despertar da Independência, logo após o casamento de Odete com Orlando, um engenheiro angolano. Assim, pouco antes do espocar da violência, começa a fascinante narrativa do novo livro de José Eduardo Agualusa, Teoria geral do

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Mas os dias de tranquilidade duram pouco. Mesmo para quem se mantém enclausurada, a guerra civil é assustadora: parece entrar pelas frestas do apartamento, com seus ruídos de manifestações e protestos, os tiroteios esparsos, as pancadas na porta em plena madrugada. Até Odete havia ficado assustada e convencera Orlando de que a melhor escolha seria o retorno a Portugal. Na última noite, porém, eles não conseguiriam voltar de uma das inúmeras festas de despedida, já que a maioria dos amigos estrangeiros decidira partir. Em casa, ansiosa, Ludo vê as horas passarem, o telefone emudecer ou começar a cuspir ameaças, e nada de ouvir o barulhinho familiar do retorno do casal. Tudo leva a crer que, como muitos outros luandenses - vítimas das facções em luta ou mesmo de corruptos e ladrões oportunistas, alguns deles ex-torturadores -, a irmã e o cunhado tenham sumido misteriosamente. A mulher inicia uma jornada quase solitária, acompanhada apenas pelas obras de arte, os livros da imensa biblioteca de Orlando, os LPs de Jacques Brel ou Charles Aznavour, que rodam no “gira-discos”, e pelo carinho de Fantasma - um raro pastor alemão albino, que cresce alegre e fiel, dono de um “olhar tão intensamente humano” que ela nunca vira em um único homem. Após uma série de sustos, que envolvem pancadas e confusões no meio da noite, Ludo, apavorada, aproveita os restos da obra da piscina e ergue uma sólida parede de cimento e tijolos, separando o apartamento do resto do prédio e do resto do mundo. “Sou estrangeira a tudo, como uma ave caída na correnteza de um rio. Não compreendo as línguas


que me chegam lá de fora (...) nem sequer quando parecem falar português, porque esse português que falam já não é o meu” Assim como a prosa é entrecortada de versos e, às vezes, de uma ou outra palavra das tribos africanas, a trajetória da personagem central se vê cortada por histórias que soam de início desconexas, envolvendo inúmeras outras criaturas - como Jeremias Carrasco; o ex-exilado guitarrista Papy Bolingô, recém-chegado de Paris; o jornalista independente Daniel Benchimol, “colecionador de desaparecimentos”; e seu perseguidor, o ambíguo e perigoso “camarada” Monte. E há também o curioso Arnaldo Cruz, conhecido como Pequeno Soba, que sai da cadeia para a clandestinidade nas ruas da cidade, sempre se fazendo de louco e dormindo pela metade. “Uma parte de você vigia, a outra vagueia”, ensina ele. Tão interessante quanto Soba só mesmo o garoto apelidado de Baiacu, que gosta de contar casos espantosos a quem quer que se aproxime. “Um homem com uma boa história é quase um rei”, acredita. A ligação de todo este leque de personagens locais com o drama da portuguesa-luandense será descoberta aos poucos pelo leitor, quando aquilo que parece pesadelo assumir sua forma real e suas explicações precedentes. Entre elas, a causa dos medos de Ludo - localizada na adolescência - e da passagem dos pombos que ela caça no terraço para comer e que, às vezes, trazem estranhas mensagens amorosas, colocadas num cilindro de plástico amarrado à pata direita: “Amanhã, seis horas, lugar habitual. Amo-te”. Como almoçar um pombo assim? Como cortar o fio entre os amantes? Ou, ainda mais grave, quando os bichos escondem na barriga diamantes roubados. Um mistério que só aumentará a ansiedade e os riscos de Ludovica. O terraço da cobertura, que também tem horta, serve de arquibancada pessoal para assistir à chegada das tropas cubanas que apoiam o governo e a do exército sulafricano, auxiliado por mercenários portugueses, ingleses e norte-americanos, que engrossam as fileiras da oposição. Ludo também é testemunha da “ressuscitação da lagoa” e do regresso de pelo menos um hipopótamo. Nas 176 páginas de Teoria geral do esquecimento, com suas histórias frag-

mentadas, Agualusa é essencialmente contemporâneo, ao tentar dialogar com a tradição e com o futuro, em meio às violentas mudanças. Como diz o professor e escritor Karl Erik Scholhammer, diretor do Departamento de Letras da PUC-Rio, tais autores “parecem estar motivados por uma grande urgência em se relacionar com a realidade histórica, estando conscientes, entretanto, da impossibilidade de captá-la na sua especificidade atual, em seu presente. (...) No contemporâneo, o tempo não se dirige mais em direção ao futuro ou a um fim a ser realizado pelo progresso ou pela emancipação subjetiva; agora, o tempo volta-se em direção à catástrofe que interrompeu o passado.” “Penso na mulher esperando o pombo. Não confia nos correios - ou já não haverá correios? Não confia nos telefones - ou os telefones terão, entretanto, deixado de funcionar? Não confia nas pessoas, isso é certo. A humanidade nunca funcionou muito bem.” Logo após a independência, Ludo assiste ao esvaziamento dos prédios vizinhos, ao fechamento de fábricas e lojas, a inúmeras prisões e até a fuzilamentos eventuais no meio da rua. Além disso, começa a enfrentar a falta de eletricidade, gás e água, e decide usar a chuva acumulada na piscina. Mais: é obrigada a queimar pedaços de móveis e até alguns livros para cozinhar o que aparece. “Sentira, enquanto ia queimando os livros, depois de ter feito arder todos os móveis, as portas, tacos do soalho, que perdia a liberdade. Era como se estivesse ateando fogo ao planeta. Ao queimar Jorge Amado deixara de poder revisitar Ilhéus. (...) Queimando Ulisses, de Joyce, perdera Dublin. Desfazendo-se de Três tristes tigres, vira arder a velha Havana”, relata o autor angolano. Do alto da varanda, para entreter-se, ela comenta as tragédias com uma frondosa mulemba (árvore da família do fícus thonningli) ou com Fantasma, o cachorro. Ou então escreve versos em seu diário, que logo passará do papel para as próprias paredes do apartamento, e da caneta para um toco de carvão.

(*)“ palavras são legiões de demônios expulsos corto advérbios pronomes poupo os pulsos.”

O professor Alexandre Montaury, doutor em Letras (PUC-Rio) e um apaixonado pelas literaturas portuguesa e africana, ressalta a importância de Agualusa, que “surgiu na cena literária do final dos anos oitenta, com uma voz narrativa que se identificava com certa reorientação dos projetos literários concebidos por gerações anteriores de escritores angolanos”. Em sua obra, segundo Alexandre, “o autor inscreve uma poética que apreende, de modo particular, as questões modernas e coloniais, dando a elas um tratamento literário e narrativo que dá a ver a experiência do contemporâneo. Com sua vasta produção, essa apreensão e esse tratamento específicos alcançaram grande circulação, expondo e problematizando alguns impasses políticos da contemporaneidade. Nesse sentido, a obra de José Eduardo Agualusa é um capítulo ainda em curso que já se mostra decisivo na historiografia literária angolana. E mais até do que isto, na da língua portuguesa.” De fato, a protagonista de Teoria geral do esquecimento vive na fronteira: no dia em que recorda sua cidade, Aveiro, ela compreende que já não se sente portuguesa. “Não pertence a lado nenhum”, escreve Agualusa. Mas tudo que Ludo deseja é esquecer, como ela mesma diz. Dia após dia, vê apenas o cenário emoldurado pelas plantas do terraço e é também dali, muitos anos depois, que percebe as primeiras pistas de que a guerra vai dando lugar, lentamente, a uma frágil paz. Como em outros livros do autor angolano, o medo e o absurdo aparecem em vários momentos, assim como a denúncia da hipocrisia, do ódio e do preconceito em relação ao outro, seja do branco contra o negro ou do negro contra o mulato e vice-versa. Uma coisa é certa, porém: mesmo contemporâneo, o estilo esconde, aqui e ali, algo do que Roland Barthes (Inéditos) chamou de “desejo de utopia” - um fragmento da utopia de outrora, que, furtiva e ambivalente, às vezes “inventa felicidades” e assim sobrevive até os dias de hoje. (*) Trecho de Exorcismo, da poetisa brasileira Christiana Nóvoa, criado a pedido de Agualusa. Os outros fragmentos poéticos citados como entretítulos são do próprio autor.

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Estante José Eli da Veiga A DESGOVERNANÇA MUNDIAL DA SUSTENTABILIDADE

A DESGOVERNANÇA MUNDIAL DA SUSTENTABILIDADE S Por José Eli da Veiga, Editora 34, 152 1 páginas, R$ 36,00

A legitimação da sustentabilidade ccomo um novo valor é um processo que está, em muitos aspectos, apeq nas engatinhando — no entanto, ele jjá possui uma história de mais de q quatro décadas. Traçar um roteiro preciso dessa história, indicando seus avanços e recuos, bem como as armadilhas que têm impedido a construção de uma governança global do desenvolvimento sustentável, é uma das tarefas a que se propõe este livro. Em A desgovernança mundial da sustentabilidade, José Eli da Veiga, professor titular da USP e autor de diversos livros sobre o tema, ilumina o complexo tabuleiro da política internacional no tocante à temerária atitude global em relação às bases naturais das quais depende o seu desenvolvimento. Mobilizando um vasto número de dados e informações, o autor cruza diversas fronteiras disciplinares, detendo-se no exame das Relações Internacionais e na análise de suas principais correntes teóricas.

EXPEDIÇÃOCERRADO BAIANO Por Fernanda Aguiar, 121 páginas, Encomendas: (0xx77) 3628-3800 ou pelo email: fernandaaguiarw@gmail.com Jovem, bonita, inteligente e apaixonada pelo Cerrado Baiano, a advogada Fernanda d Aguiar, atual secretária de Meio Ambiente do município de Luis Eduardo Magalhães (BA), reuniu um grupo de amigos e, durante um ano, fez uma Expedição, que virou livro. Expedição Cerrado Baiano abrange 12 comunidades ribeirinhas, seus valores, seus costumes, suas crenças, a convivência com os rios e a sobrevivência no Cerrado. “Nosso sonho é mostrar ao Brasil a importância do Cerrado e a necessidade de sua preservação”, diz ela. Nessa aventura os expedicionários acabaram descobrindo novas espécies da flora, que ainda não estavam catalogadas por falta de investimentos em pesquisas. O livro de Fernanda foi entregue à Secretaria de Educação de Luís Eduardo Magalhães para ser distribuído nas escolas públicas. “Não me acho no direito de vender a história das pessoas que entrevistei. O que espero é conscientizar as crianças do Cerrado sobre a riqueza da sua Região e incentivar a preservação do ambiente.”, diz Fernanda. PLURALE EM EM REVISTA REVISTA || Maio Maio // Junho Junho 2013 2013 50 50 PLURALE

Carlos Franco - Editor de Plurale em revista

V VENTO NO ROSTO Instituto Promundo e Save tthe Children, Distribuição gratuita V Vento no Rosto é um livro inffantil, criado por crianças, mas dedicado a adultos. A história de Lucas, personagem central, foi inventada por 12 meninos e meninas da comunidade da Maré, entre 6 e 13 anos, através de um projeto do Instituto Promundo, em parceria com a Save the Children. Seu objetivo é dar voz aos pequenos sobre como pensam que poderiam ser educados sem o uso da violência. O projeto é parte dos esforços do Instituto para estimular o debate sobre alternativas à educação sem o uso de castigos físicos e humilhantes. O livro foi criado por 12 meninos e meninas, entre 6 e 13 anos, da comunidade da Maré, participantes do projeto Esporte, Cultura e Cidadania da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O livro será distribuído gratuitamente para escolas e bibliotecas comunitárias. Os interessados podem entrar em contato com o Instituto através do site: http://www.promundo.org.br/ ou pelo tel (21) 2544-3114.

COLEÇÃO DE 5 LIVROS COM FOTOS SOBRE NATUREZA, por Haroldo Palo Jr, Editora Neotrópica A apuração do repórter ffotográfico ambiental Haroldo Palo Jr sobre ecossistemas e biologia dos animais e plantas mais ameaçados de extinção está consolidada numa impressionante coleção de imagens que a Editora Neotropica lança em cinco volumes. Cada um dos cinco volumes tem mais de 100 fotografias que abordam diferentes temas: Aves, Fauna em geral, Flora, Paisagens-Retratos e Preto e Branco. Neste trabalho extenso e completo, é possível notar a versatilidade de Palo Jr., que, se obteve notoriedade no registro da fauna brasileira, tem, na verdade, um trabalho fotográfico muito mais abrangente - e todo ele de notável qualidade.


O R E CO N H E C I M E N TO Q U E G E R A VA LO R

Jurados envolvidos

64

191

Cases apresentados na Audiência Pública Brasil

Participantes na Audiência Pública Brasil

350

364

Projetos inscritos

166

Profissionais envolvidos na produção

400

5 Regiões 16 Categorias

Empresas

ETAPAS 01. Auditoria

04. Audiência Pública Brasil *dados referentes ao Prêmio Aberje 2012

02. Triagem

03. Etapa Premiatória

05. Cerimônia de Premiação Consulte o regulamento e inscreva-se em

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P e las Em ppr esas

ISABELLA ARARIPE

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Tetra Pak: (Re)ciclo de Cinema completa sete anos de sucesso A Tetra Pak iniciou em abril a sétima edição do Projeto (Re)ciclo de Cinema, evento itinerante que promove a exibição gratuita de filmes em praça pública. Com o objetivo de levar cultura e conscientização a comunidades de todo o Brasil, o programa cria e fomenta debates entre o poder público e a população sobre a questão da reciclagem e dos resíduos sólidos. Nestes sete anos de atuação, o projeto já passou por diversas cidades de todas as regiões do país e visitou mais de 500 escolas públicas. Estima-se que mais de 800 mil pessoas já foram impactadas com o programa, que além da exibição de filmes e promoção de palestras, também distribui em salas de aula material didático sobre coleta seletiva e kits para demonstração da reciclagem das embalagens da Tetra Pak. “Além do entretenimento cultural, as comunidades também são beneficiadas por palestras sobre o meio ambiente. Essas atividades ajudam a ampliar o conhecimento das pessoas sobre este tema, que hoje é de fundamental importância para o mundo”, afirma Fernando von Zuben, Diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak Brasil, que ainda ressalta: “educar e conscientizar a população sobre estes assuntos faz parte da missão da companhia”.

Coca-Cola Brasil mobiliza consumidores na Semana Otimismo que Transforma O Sistema Coca-Cola Brasil realizou, de 19 a 26 de maio, a 7ª edição da Semana Otimismo que Transforma, durante a qual parte da venda de cada produto do portfólio da empresa irá para o Instituto Coca-Cola Brasil (ICCB). A partir do próximo domingo, os mais de 150 produtos, incluindo águas, chás, refrigerantes, néctares, energéticos, isotônicos e lácteos, serão usados para mobilizar o consumidor a colaborar com a iniciativa, que tem como objetivo gerar desenvolvimento econômico, social e ambiental. A expectativa para este ano é ultrapassar a marca dos R$ 6 milhões alcançados em 2012. A campanha, assinada pela agência

DPZ, teve como tema o futebol com o slogan “Tá todo mundo convocado para a Semana Otimismo que Transforma”. Segundo Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, a iniciativa abre caminhos para incrementar programas que geram aumento de renda e de capacitação profissional em grande escala. “Queremos contribuir com aquilo que nossa empresa faz de melhor: a gestão de organizações e programas. Nosso objetivo é elevar a cada ano o patamar de qualidade de todos os projetos apoiados pela Coca-Cola Brasil”, diz ele.

Brasil Kirin aposta no transporte aquaviário A Brasil Kirin, uma das maiores empresas de bebidas do País, migra seu frete modal rodoviário para o aquaviário, com o objetivo de atingir economia e eliminação das avarias das cargas causadas, muitas vezes, pelas condições das rodovias. Além disso, a iniciativa tem um importante papel socioambiental, pois visa a redução do CO2 emitido na atmosfera e da frota rodoviária auxiliando, também, na melhoria do trânsito. “Hoje, a Brasil Kirin já está presente em mais de 600 mil pontos de vendas em todo o País. Nossa inteligência logística vem se aprimorando, a cada dia, para garantir o crescimento de vendas da empresa. Estar em todos os lugares que nossos consumidores estão é nosso foco. Além disso, sabemos que este crescimento tem que ser sustentável, por isso hoje desenvolver ações que reduzam os impactos ambientais é um dos nortes estratégicos da Brasil Kirin”, afirma André Simmons – Coordenador de Transportes.

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Foto: Bruno Namorato SM2 Fotografia

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Itaú: Bike Sampa completa um ano em São Paulo

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As “magrelas” caíram de vez no gosto do paulistano. Completando um ano de atividade no último dia 24 de maio, o Bike Sampa – projeto de compartilhamento de bicicletas realizado pela Prefeitura de São Paulo através da Secretaria Municipal de Transportes, em parceria com o Itaú Unibanco e com a Samba/Serttel – já contabilizou mais de 250 mil viagens e cerca de 155 mil usuários cadastrados. A estação mais procurada para a retirada das laranjinhas do Itaú Unibanco é a do Portão 6 do Parque do Ibirapuera, seguida pelas do Parque do Povo e da Rua João Cachoeira. A partir de junho, a cidade ganhará mais 100 estações, todas com leitor do Bilhete Único, contemplando bairros como Bela Vista, Consolação, Luz, Pinheiros, Vila Madalena e Mooca, entre outros. Ao todo, mais mil bikes serão dispo-

nibilizadas, totalizando duas mil bicicletas em 200 estações até o final deste ano. A ideia é que, até 2014, estejam disponíveis três mil laranjinhas em 300 estações, até a Zona Leste.

Alusa Engenharia é premiada

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A Alusa Engenharia foi premiada, em maio, pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil por projeto que envolve o uso de energia renovável na Unidade de Recife (Rnest). Trata-se de uma iniciativa conduzida pela Diretoria de óleo e Gás da Alusa Engenharia, Obra CAFOR RENEST –, Construção e Montagem da Casa de Força da Refinaria Abreu e Lima. O case premiado marca o comprometimento da Alusa Engenharia com o desenvolvimento socioambiental. Foram instalados 10 postes movidos à energia limpa e renovável na área de estacionamento e acesso ao canteiro CAFOR-I. O sistema de iluminação híbrido é alimentado por geração de energia elétrica limpa e renovável através de fontes eólica (aerogeradores) e solar (painéis fotovoltaicos). A energia é armazenada em banco de baterias que alimentam as luminárias a LED, acionadas por foto- sensores. A autonomia do sistema independente é de 36 horas, suficientes para a iluminação de três noites. Por ser um sistema 100% autônomo, não depende da rede de alimentação de energia elétrica existente.

Projetos sociais marcam presença em Congresso Médico da Unimed-Rio A Unimed-Rio realizou, entre os dias 2 e 4 de maio, o VI Congresso Médico - evento voltado para os seus mais de 5.400 cooperados. Além de palestras e debates sobre diferentes temas e especialidades, a programação contou com a participação de Apresentação de hip hop feita por jovens do projeto Arte integrantes de projetos sociais é o Melhor Remédio contagia o público no Congresso apoiados pela cooperativa. Jovens do “Arte é o Melhor Remédio” fizeram uma apresentação de hip hop que contagiou o público. Já o nadador formado pelo “Nadando Contra a Corrente” e atleta paralímpico Caio Amorim falou aos presentes sobre o início de sua trajetória de sucesso.

Ambos os projetos são apoiados pela Unimed-Rio por meio do “Receita do Bem”, programa de recursos incentivados em que o médico cooperado tem a opção de escolher onde aplicar parte do Imposto de Renda de Pessoa Física e contribuir com o desenvolvimento social e cultural da cidade do Rio de Janeiro. A empresa montou um estande do Receita do Bem no Congresso, onde os médicos podiam assinar o termo de adesão.

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Saúde

Texto: Aline Lima Brandão Especial para Plurale em revista Fotos: Divulgação

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oz Águas 5, concessionária que atende 21 bairros da Zona Oeste, investe no diálogo com a população para mostrar os benefícios da coleta e do tratamento de esgoto Ficar frente a frente com Ludogério Antonio da Silva é ter uma aula sobre o funcionamento da cidade do Rio de Janeiro e do sistema de saúde. Ele atua desde a década de 60 com mobilização social e é um personagem-chave quando o assunto é Saúde na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Silva é presidente do Conselho Distrital de Saúde (CODS) 5.1 – que contempla os bairros de Deodoro, Magalhães Bastos, Realengo, Padre Miguel, Campo dos Afonsos, Jardim Sulacap e Senador Camará – e participa das atividades da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio), órgão que ajudou a criar e por meio do qual apoiou a formação de várias

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Associações de Moradores na região. Com 70 anos, Silva é um homem de opiniões fortes e defensor ferrenho da participação social nas deliberações de políticas públicas. “Como sempre estive vinculado à organização comunitária percebi que a maior reivindicação dos moradores é na área de saúde. A sociedade deve estar organizada para reivindicar. É preciso conhecer as propostas, estar atento às promessas e verificar o que foi cumprido pelos governantes e pelas empresas. O povo precisar participar da vida pública.”, explica. Com 41 membros, o CODS é formado por profissionais da saúde, gestores e representantes da sociedade. O Conselho tem reuniões periódicas para tratar diversos assuntos. Em 5 de abril, o tema em pauta foi o saneamento básico. Representantes da concessionária Foz Águas 5, que desde maio de 2012 é a responsável pelo esgotamento sanitá-

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rio de 21 bairros da Zona Oeste, região conhecida como Área de Planejamento 5 (AP-5), estiveram no auditório do Posto de Saúde Waldyr Franco, em Bangu, para apresentar o projeto de expansão das redes de coleta e tratamento de esgoto. O encontro faz parte da estratégia da concessionária de apresentar às lideranças locais o trabalho que está sendo desenvolvido e o que será feito para ampliação das redes de coleta e tratamento de esgoto nos bairros atendidos. Tratase de um dos maiores investimentos em esgoto do país. Última fronteira da expansão da cidade, a AP-5 conta com 50% de coleta de esgoto e 12% de tratamento. Reverter esses índices é a missão da Foz Águas 5 que, no primeiro ano de atuação, focou suas atividades no planejamento e estruturação de projetos. Ao longo do período de concessão de 30 anos, o consórcio, formado pelos grupos Odebrecht Ambiental (Foz)


A reforma dos tanques de aeração da ETE de Deodoro permitiu a ampliação da capacidade de tratamento de esgoto. De 12 mil passou a beneficiar 44 mil pessoas

e Águas do Brasil, investirá R$ 2.6 bilhões na coleta e no tratamento de esgoto da região. O contrato firmado junto à Prefeitura prevê a construção de 2.100 quilômetros de rede coletora, equivalente à distância do Rio de Janeiro a Fortaleza, 142 elevatórias e 10 novas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Com isso, a Foz Águas 5 vai garantir 100% de tratamento para 85% do total de esgoto coletado. Durante a reunião no CODS, o diretor de Engenharia e Operações da concessionária, Leonardo Righetto, explicou como será feita a implantação do sistema de esgotamento sanitário. “No passado, o sistema de coleta e tratamento existente foi implantado de forma pulverizada, com a construção de pequenas estações de tratamento, solucionando os problemas localmente. A ampliação que faremos está ancorada em uma concepção sistêmica e integrada. Estamos planejando a expansão dos serviços com estações maiores e mais modernas, cujo princípio é beneficiar vários bairros de uma só vez e um número maior de pessoas”, explica. O encontro contribuiu para fomentar as discussões sobre saneamento básico. Silva é taxativo sobre a importância dos investimentos para a Zona Oeste. “Saúde passa pelo meio ambiente. Como vamos ter saúde se não houver saneamento?”, questiona. Ele tem razão. A Organização Mundial de

Memorial Constantino Arruda Pessôa é uma homenagem ao idealizador da ETE

Saúde afirma que para cada R$ 1 investido em saúde economiza-se R$ 4 em saúde pública. Doenças de veiculação hídrica como diarreia, dengue, hepatite ainda possuem uma alta incidência na região. A gerente de Sustentabilidade, Relações Sociais e Comunicação da Foz Águas 5, Milena Brant, explica o objetivo das reuniões de aproximação com lideranças comunitárias. “Meio ambiente saudável é condição fundamental para uma vida salubre. O investimento em coleta e tratamento de esgoto vai trazer mais saúde para a população e mais cuidado com o meio ambiente. A nossa missão é levar informação e sensibilizar as pessoas, contribuindo para valorização da prestação dos serviços de esgotamento sanitário”, destaca. O desafio é grande. Os bairros atendidos - Bangu, Barra de Guaratiba,

Campo Grande, Campo dos Afonsos, Cosmos, Deodoro, Gericinó, Guaratiba, Inhoaíba, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Paciência, Padre Miguel, Pedra de Guaratiba, Realengo, Santa Cruz, Santíssimo, Senador Camará, Senador Vasconcelos, Sepetiba e Vila Militar - reúnem 1.7 milhão de pessoas e totalizam 48% do território do município. De acordo com a concessionária, as obras para ampliação das redes de coleta e tratamento de esgoto estão sendo planejadas para atingir mais pessoas em menos tempo. “Os benefícios poderão ser percebidos nos primeiros anos. Em 2017, a concessionária vai concluir a primeira etapa de investimentos, tratando os esgotos produzidos por 585 mil pessoas. Tão importante quanto prestar o serviço é garantir que a população reconheça o legado dos investimen-

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Saúde co mais sobre a história do saneamento no Brasil, além do ciclo completo da água. A parte mais aguardada é a visita ao tanque de aeração, a última etapa do tratamento em que o esgoto se transforma em um efluente limpo e pronto para voltar à natureza. Depois as crianças participam de diversas brincadeiras educativas para fixar os conhecimentos aprendidos. A Escola Condessa Pereira Carneiro, de Deodoro, foi a primeira a participar do programa de visitação. A diretora, Tânia Regina Alves, de 49 anos, avaliou positivamente a experiência. “A tarde foi excelente. Recomendo esta visita para todas as escolas da Zona Oeste do

Equipe de Operação da concessionária recebe orientações sobre segurança do trabalho

tos. Por isso, também investiremos em projetos de educação socioambiental e estamos apostando no diálogo com a população”, destaca o presidente da Foz Águas 5, Armando Goes. Uma das iniciativas já desenvolvidas pela concessionária neste sentido é o programa de visitas guiadas à Estação de Tratamento Esgoto Constantino Arruda Pessôa, em Deodoro. Reformada pela Foz Águas 5 e reinaugurada em junho do ano de 2012, a unidade, que anteriormente tratava o esgoto de 12 mil pessoas, passou a beneficiar 44 mil moradores com a modernização das instalações. O espaço também foi adequado para receber a garotada. Voltada para alunos da rede municipal de ensino entre o 4º e 6º ano, a visita aposta em atividades lúdicas para atrair a atenção das crianças. Ao chegar à ETE, os alunos recebem orientações sobre normas de segurança dentro da unidade, como o uso obrigatório de óculos, luva e capacete. Na sequência, assistem a uma palestra sobre a importância da coleta e do tratamento do esgoto e visitam o memorial construído em homenagem ao engenheiro sanitarista Constantino Arruda Pessôa, idealizador na década de 70

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Ludogério Antonio da Silva aposta na organização comunitária para resolver os problemas da região

da estação de tratamento de Deodoro. Desta forma, podem conhecer um pou-

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Rio de Janeiro. A parte pedagógica foi ótima para as crianças. Eles com certeza vão ter mais atenção ao meio ambiente.”, afirmou. Em 2013, a expectativa é que cerca de dois mil alunos de 52 escolas da AP-5 visitem a ETE. “A agenda de visitas foi fechada com apenas dois dias após a abertura das inscrições e já temos fila de espera para Visita guiada com alunos da Escola 2014”, afirma Municipal Condessa Pereira Carneiro. Milena Brant.


ENERGIA & CARBONO SÔNIA ARARIPE, EDITORA DE PLURALE EM REVISTA

TELEFÔNICA VIVO ASSINA ACORDO PARA AJUDAR A INCREMENTAR O SISTEMA DE MONITORAMENTO DE RISCOS E ALERTAS CLIMÁTICOS DO BRASIL

Divulgação

A Telefônica Vivo assinou no dia 23 de maio, em Brasília, acordo de cooperação técnica com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e com o Centro Nacional de Monitoramento

e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden – para a implantação de uma rede de coleta de dados, visando a melhoria do monitoramento de eventos extremos de origem meteorológica. O sistema estará particularmente voltado para a ocorrência de cheias, inundações, deslizamentos de terra, secas e estiagens. No total, 1.500 pluviômetros serão instalados em edifícios do governo federal e em ERBs - Estações Rádio Base (torres de celular). Esses equipamentos serão ligados à rede de telefonia móvel da Vivo (SMP) existente próximo às áreas de risco selecionadas pelo Cemaden. As informações coletadas pelos pluviômetros serão enviadas por meio da tecnologia 3G/GPRS à plataforma M2M (Máquina a Máquina) da empresa, denominada Vivo Clima, para armazenamento e gestão de dados, bem como à plataforma de monitoramento do Cemaden.

GREENPEACE LANÇA SITE PARA ACOMPANHAR OS RISCOS DA EXPLORAÇÃO DO PRÉ-SAL Do Greenpeace Brasil

Anunciado como uma nova fonte de riquezas para o país, o pré-sal está longe de ser um pote de ouro do outro lado do arco-íris. As dificuldades técnicas para extrair óleo a uma profundidade de sete quilômetros abaixo do nível do mar tornam a operação altamente arriscada. Mesmo assim, o governo entrou nessa empreitada com tecnologia do passado. Aproximadamente uma a cada três plataformas atualmente em operação no Brasil foram construídas há 30 anos ou mais e representam maior probabilidade de vazamentos. Dos 102 acidentes registrados

no Brasil desde o ano 2000 na exploração petrolífera offshore, 62% aconteceram nas plataformas mais velhas. Essas são algumas das informações que o site “Lataria”, lançado em maio pelo Greenpeace Brasil, traz a público para romper a falta de transparência peculiar da indústria do petróleo. A proposta do site é monitorar as ocorrências nas plataformas mais velhas do pré-sal, facilitando a interpretação de dados sobre os acidentes. O site pode ser acessado por meio do link: http://www.greenpeace.org.br/lataria.

INSTITUTO AÇO BRASIL PUBLICA RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE PELO OITAVO ANO O Instituto Aço B Brasil acaba de p publicar relatórrio com dados ssetoriais consolid dados referentes aao desempenho d das empresas p produtoras de aaço no país nas d dimensões econômica, ambiental e social. Para o Instituto Aço Brasil, a transparência e a divulgação de uma imagem realista do setor do aço é essencial para o melhor entendimento de sua importância no contexto nacional e do seu compromisso em atuar de forma compatível com os princípios do desenvolvimento sustentável.

EXPANSÃO DA REDE DE TRANSMISSÃO PERMITIRÁ CONTRATAR 6.000 MW DE EÓLICAS A Empresa de Pesquisa Energética – EPE encaminhou ao Ministério de Minas e Energia os estudos de expansão da Rede Básica de transmissão que permitirão a contratação de parques eólicos nos próximos leilões de comercialização de energia elétrica. Os estados que receberão as obras de reforço são o Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. Elaborados com base no cadastro de projetos eólicos que participaram dos antigos certames, esses estudos de expansão contemplam cerca de R$ 2,5 bilhões em novos investimentos. Está prevista, nos quatro estados, a construção de 1.765 quilômetros de linhas de transmissão em 500 quilovolts (kV) de tensão, além de quatro novas subestações. Essa expansão na malha permitirá viabilizar a contratação de aproximadamente 6.000 megawatts (MW) de parques eólicos.

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WalPrint adquire sua primeira máquina de impressão em LED

Portal BreakPointBR inova com notícias sobre tênis

Empresa pretende diminuir o tempo de produção e entrega de material

Além de artigos, colunistas e ranking, site também terá coluna sobre projetos sociais do esporte

A WalPrint, gráfica carioca com mais de dez anos de experiência no mercado, acaba de adquirir a máquina de LED RYOBI 928. A Walter Barbosa (esq), Jânio Coelho e Elaine Almeida. proposta é reduzir o tempo de produção em até três horas para cada pedido, tendo em vista que o processo de secagem da tinta é realizado pela própria máquina. Isso faz a produção ser mais ágil, pois o material pode ser cortado e encadernado, logo após terminar a impressão, e isso, faz com que reduza o preço para o cliente final. Além disso, a secagem em LED faz com que as cores impressas sejam fiéis ao planejado. A Wal Print tem impresso – com grande qualidade gráfica - várias revistas, entre as quais, Plurale em revista.

Os irmãos Isabella Araripe e João Victor Araripe acabam de lançar o portal BreakPointBR, especializado em tênis. O site traz notícias sobre torneios internacionais e nacionais, dicas, colunas e muito mais. “Logo tênis há muitos anos e adoro o esporte. Comecei com um blog há três anos, joguei como federado, acompanhei torneios nacionais e internacionais e percebi que havia espaço para um portal jovem, informativo e de opinião sobre tênis”, conta João Victor. Ele tem coberto os principais eventos de tênis no Brasil, como as recentes visitas de Roger Federer, Novak Djokovic e

Rafael Nadal, além dos ídolos nacionais Guga Kuerten e o veterano Thomas Koch. Isabella é jornalista com foco em esportes e gosta não só de editar e produzir textos, mas também de fotografar. Na estreia, entrevista exclusiva com a tcheca Petra Kvitova, campeã de Wimbledon e ainda promoção exclusiva do autógrafo de Nadal. Outra novidade é a opinião de colunistas que também amam e “vivem” o tênis no dia-a-dia. BreakPointBR trará ainda uma coluna mensal sobre projetos sociais ligados ao esporte. Confira em: www.breakpointbr.com.br

GOSTA DE TÊNIS?

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AS, PRINCIPAIS NOTÍCI ACOMPANHE AS OS AS E COMENTÁRI N LU CO S, O IG RT A L BREAKPOINTBR NO NOVO PORTA pointbr.com.br http://www.break


Mobilidade Urbana

Centro de Serviços Ambientais da Fetranspor: Assessoria gratuita para empresas associadas Iniciativa pioneira tem sido premiada Divulgação

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Federação da dass Empresas Empr Em pres esas as de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), através do seu Centro de Serviços Ambientais (CSA), criado em 2009, vem incentivando a adequação ambiental das empresas filiadas e a implantação de sistemas de gestão ambiental. Este tem sido um importante instrumento gerencial para capacitação e criação de condições de competitividade para as empresas. A adesão aos serviços do CSA tem caráter voluntário e gratuito e tem produzido bons resultados através da sensibilização de empresários e funcionários do setor de transporte sobre a importância da busca permanente da melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho nas empresas. O CSA atendeu 97 empresas no ano de 2012. Atualmente o serviço mais demandado é o de Atendimento Legal, que inclui o apoio ao licenciamento ambiental das garagens, a articulação com os órgãos ambientais e assessoria técnica em infrações. Estes serviços contemplam a realização de auditorias nas garagens, emissão de relatórios nos quais são apontadas detalhadamente as adequações físicas e documentações necessárias à garagem para atendimento da legislação ambiental aplicável. Com o objetivo de conscientização ambiental, têm sido elaboradas publicações periódicas que buscam esclarecer dúvidas técnicas, de forma clara, precisa e fácil, para auxiliar na gestão ambiental das empresas. O material é distribuído em meio físico nos eventos e conforme demanda das empresas, além de estar disponível para download no site da Fetranspor.

Na busca por ecoeficiência, o CSA também tem dado consultoria para as empresas filiadas para implementação de programas e projetos de uso de novas tecnologias e combustíveis alternativos. Assim como consultoria em Ecoeficiência Energética, para uso de tecnologias e produtos que visam melhorar a eficiência energética da frota e das garagens. Também incentiva o controle das emissões, através de várias ações, como o Programa Despoluir e o Programa Economizar, que fazem o monitoramento dos níveis de emissões de gases poluentes (opacidade) e ações de educação ambiental no setor de transportes. Foi lançado o Selo Verde, em parceria com a Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e o ConpetPetrobras, que dá apoio técnico e realiza emissão de opacidade visando o atendimento à Diretriz DZ-572.

O Programa Economizar dá apoio técnico para redução do consumo de combustível por meio de monitoramento dos níveis de emissão de gases poluentes, gestão do recebimento e abastecimento e uso racional do óleo diesel. Houve a redução de aproximadamente 200.000 toneladas de CO2, redução de 4.500 toneladas de material particulado e economia de 75 milhões de litros de diesel, somente no ano de 2012. O CSA realiza ainda treinamentos para as empresas filiadas abrangendo diversos temas na área ambiental. São realizadas em média 90 horas de treinamentos por ano. Além dos cursos promovidos em parceria com a Universidade Corporativa de Transporte. A Fetranspor – com o case do CSA – foi agraciada com vários prêmios como da Câmara de Comércio Americana (Amcham-Rio), em 2011 e da Bienal ANTP de Marketing (2012).


P e lo Mundo Irlanda lança nova política para o Desenvolvimento Internacional Por Vivian Simonato, de Dublin (Irlanda) Correspondente de Plurale na Comunidade Europeia

O aumento dos preços de alimentos e energia, as alterações climáticas e a crise econômica global aumentam os desafios para o combate à fome e à pobreza. A combinação desses fatores impacta diretamente na vida de cerca de 1 bilhão de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, sendo que 870 milhões delas não têm comida suficiente. Dentro desse contexto, a Irlanda, por meio do seu programa de ajuda, Irish

Aid, anunciou em maio sua nova política de desenvolvimento entitulada “Um Mundo, Um Futuro”. O novo documento está mais alinhado às necessidades atuais, já que até aqui as principais áreas de atuação do programa haviam sido estabelecidas no White Paper de 2006. No entanto, em mais de seis anos da produção do White Paper, o cenário global mudou consideravelmente e agora a Irish Aid visa não somente prover fundos para ajudar a erradicar a pobreza e fome em países em desenvolvimento, mas também ir além. Melhorar a habilidade de pessoas, comunidades e países a suportar contratempos como eventos

One World, One Future

climáticos extremos, enchentes, por exemplo, em locais vulneráveis é uma das novidades incorporadas à política para Desenvolvimento Internacional. Assim, o documento atual está focado em três objetivos principais: • Reduzir a fome e melhorar a resiliência em relação a desastres naturais • Promover o desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico inclusivo • Melhorar governança, direitos humanos e prestação de contas

Ecoturismo de tubarões pode dobrar nos próximos vinte anos, diz estudo De Washington, Da PRNewswire

De acordo com uma nova análise global, liderada por pesquisadores da Universidade de British Columbia e outros cientistas, a observação de tubarão é um importante impulsionador econômico para dezenas de países, gerando US$ 314 milhões anualmente. Citando projeções do estudo que o turismo relacionado com tubarão pode mais do que dobrar em 20 anos, gerando mais de US$ 780 milhões anualmente, The Pew Charitable Trusts está pedindo uma maior proteção para os tubarões com a designação de santuários ao redor do mundo. O turismo relacionado com tubarão é um negócio em crescimento em todo o mundo, com operações estabelecidas em pelo menos 83 localidades em 29 países. Apesar de lugares como África do Sul, Estados Unidos e Austrália terem tradicionalmente dominado este setor, o ecoturismo de tubarão está se tornando uma vantagem econômica para países em todo o Oceano

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Índico e regiões do Oceano Pacífico. O estudo constata que a observação de tubarões atrai 590.000 turistas e suporta mais de 10.000 postos de trabalho a cada ano. O aumento do ecoturismo de tubarão e seu valor econômico podem levar ao interesse em estabelecer santuários de tubarões, que desempenham um papel crítico na saúde dos sistemas marinhos. Nos últimos anos, nove países - (http://www.pewenvironment.org/news-room/press-releases/ pew-commends-first-internationalshark-sanctuary-announced-by-pacific-island-nation-of-palau-at-unitednations-general-assembly-8589935451) Palau, Ilhas Maldivas, Honduras, Tokelau, Bahamas, (http://www.pewenvironment.org/news-room/press-releases/ worlds-largest-shark-sanctuary-declared-in-central-pacific-85899364555) Ilhas Marshall, Ilhas Cook, Polinésia Francesa e Nova Caledônia, criaram santuários proibindo a pesca comercial de tubarão para proteger os animais em su as águas.

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“É claro que os tubarões contribuem para um ambiente marinho saudável, o que é fundamental em longo prazo para o bem-estar social, cultural e financeiro de milhões de pessoas ao redor do mundo”, diz Jill Hepp, diretor de conservação de tubarões global da Pew. “Muitos países têm um incentivo financeiro significativo para conservar os tubarões e os lugares onde vivem.” Em contraste com o crescente setor do ecoturismo, o valor das capturas de tubarões globais tem diminuído, em grande parte como resultado da sobrepesca. Cerca de 100 milhões de tubarões são mortos todos os anos, principalmente pelas suas barbatanas, que são usadas para fazer sopa de barbatana de tubarão, um prato popular na Ásia. A pesquisa da Universidade de British Columbia, apoiada pela Pew, foi publicada hoje na revista acadêmica Oryx.


Filantropia e Responsabilidade Social Uma visão norte-americana Por Wilberto Lima Jr., de Boston Correspondente de Plurale nos EUA

Os Estados Unidos sempre foram marcados pela atitude filantrópica e solidária de seus cidadãos. Uma nação poderosa como esta, certamente, tem facetas diversas que a distingue pela forma como é vista. Um fato, entretanto, é que muita pessoas não conhecem Alguns fatos nos últimos anos tornaram mais visível esta faceta. Como a atitude do casal Gates Melinda e Bill Gates - em conjunto com Warren Buffett, que fizeram um apelo aos milionários americanos para que doem pelo menos metade das suas fortunas, em uma clara demonstração da força filantrópica e do comprometimento deles com a solução dos problemas que afligem seu país. Problemas, como por exemplo, a de uma só instituição, a Feeding America, com 200 locais, os chamados Food Banks (literalmente bancos de comida), que distribuem alimentos para 37 milhões de americanos. Trago à tona, a discussão que existe sobre filantropia e responsabilidade social. Muitas pessoas não veem a relação integrada entre os dois conceitos. Apesar da sua importância, a percepção mais generalizada é de que essa seria uma “saída” para minimizar os efeitos do imposto de renda sobre as fortunas. A visão crítica, entretanto, tem sido rebatida à medida que informações vão surgindo. A visão da Responsabilidade Social na construção de uma sociedade sustentável tem ganhado força. Uma forma de comprovar isso é examinar a lista dos cinco maiores doadores americanos em 2012 e a destinação daqueles recursos. No ano, somente eles cinco doaram ou comprometeram US$ 4,5 bilhões. No topo da lista, está Warren Buffet, que doou US$ 3,1 bilhões à diversas fundações americanas, com propósitos diversos. Ele, sem dúvida, dá o exemplo quando faz o apelo para que os milioná-

rios americanos “abram seus cofres” para o bem da sociedade. No segundo lugar, aparecem o famoso Mark Zuckerberg (dono do Facebook) e sua esposa, a pediatra, Priscilla Chan. Sua doação foi de R$ 498 milhões. Todo esse valor foi destinado a uma única entidade, a Silico Valley Community Foundation, cujo objetivo é dar suporte a programas de educação e saúde. No terceiro posto, está o casal John e Laura Arnold, relativamente desconhecido no Brasil. Através da fundação, que leva o nome de ambos, os dois doaram US$ 423,4 milhões. Neste ponto, faço um destaque merecedor pela história inovadora e marcante que os envolve. Ele, John, aos 39 anos, é um desses gênios do mercado financeiro. No ano passado encerrou suas atividades no ramo, aposentando-se e passou a atuar somente na fundação deles, após ter acumulado uma fortuna de US$ 4 bilhões. Sua esposa, Laura, advogada, comunga com o marido, da ideia de administrar e doar toda essa fortuna para programas “transformadores” da sociedade americana. Para isso, estão realmente envolvidos na condução, em parceria, da fundação que criaram. O enfoque de atuação é em problemas sistêmicos da sociedade e que não tem respostas fáceis. A decisão deles, desde cedo, é a de não escolher o que chamam de “frutos prontos para colher” na filantropia. Buscam atuar predominantemente, em questões de políticas públicas. Decisão difícil. Vale lembrar que nos EUA, os cidadãos e suas entidades conseguem atuar e influenciar essas políticas. Definiram que vão dedicar a maior parte do seu tempo em pesquisa e análise de dados para que possam, então, dedicar-se aos projetos e/ou programas escolhidos. Também um destaque aqui, pois mesmo que eles apresentem riscos substanciais isso não será um impeditivo para sua condução. A grande maioria das fundações é avessa aos chamados riscos substanciais, que podem comprometer seu capital. Um estudo recente do Bank

John e Laura Arnold

i mostrou que desses d i i off A America capitais filantrópicos, 2% assumem riscos substanciais e 19% riscos acima da media. Vale para o casal, a experiência bem sucedida dele como “trader” de mercado. Não temem riscos. Segundo Steven Levitt, co-autor do famoso livro “Freakonomics” , normalmente, os doadores vêm o benefício acontecendo quando doam o dinheiro e não exatamente com a solução dos problemas tratados, o que para ele, caracteriza-se como retrocesso. O casal Arnold, a través da sua fundação, já está envolvido com: • um amplo estudo sobre a obesidade; • um projeto para analisar (com o uso de dados) e melhorar o sistema de justiça criminal; • de estudo da reforma de pensões; • de um sistema mais rigoroso de avaliação de educadores. Nenhuma missão fácil, como aliás pode ser atestado quando o sindicato de professores de Houston os considerou “ Inimigos Públicos número 1”. Os dois últimos itens acima, suportam essa atitude, certos ou errados. Ambos sabem e reconhecem que parte de seus projetos pode fracassar, mas pretendem usar todas as informações obtidas para uma continuada busca de soluções. Efetivamente, não são imediatistas e querem alcançar resultados duradouros e não paliativos. A postura deles na filantropia está chamando a atenção do País. Cá entre nós, a intenção declarada deles em usar toda a sua fortuna de US$ 4 bilhões é, no mínimo, desafiadora. Enfim, creio que os leitores, tanto quanto eu, podem avaliar se atitudes como estas representam um papel importante na Responsabilidade Social, um dos eixos da Sustentabilidade.

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Mobilidade Urbana

Ciclistas de Buenos Aires fazem mapa colaborativo e estimulam uso de bicicleta

no parece ser grande e convencer qualquer um de que o melhor a fazer é deixar o carro na garagem e sair pedalando rumo a nossos compromissos diários. Então, por que não emplaca de forma massiva em algumas cidades? Buenos Aires é um exemCiclismo urbano cresce na plo de como, mesmo com as condições dadas, o cicapital argentina e ganha mapa clismo cresce, mas não feito por quem usa a bicicleta aparece. A capital argenpara quem quer usar tina tem, segundo o governo da cidade, 100km de ciclovias. É toda plaTexto Aline Gatto Boueri na, tem um sistema público – com previCorrespondente de Plura- são de ser privatizado - de transporte em le na Argentina bicicleta e o clima favorece, mesmo no De Buenos Aires inverno, a pedalada: não neva, o calor só chega a ser extremo em janeiro e foi uraos no trânsito, falta de banizada em formato de tabuleiro, o que confiança no transporte ajuda o ciclista que se perde a encontrar público, toneladas de CO 2 rapidamente o caminho certo. emitidos por queima de Mesmo assim, a magrela não é o meio combustível. E é só o co- de transporte preferencial dos portemeço. A lista de motivos para usar a bi- nhos. “Eu diria que Buenos Aires é cada cicleta como meio de transporte urba- vez mais amigável com as bicicletas. Mas

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ainda há mais por fazer do que o que já está feito”, opina Matías Kalwill, idealizador do La Vida em Bici (http://lavidaenbici.com/), um mapa colaborativo para o ciclista urbano. DE BLOG A MAPA O La Vida em Bici nasceu em 2010 como um blog onde Matías compartilhava experiências da vida sobre duas rodas em cidades. Como o tema ganhou espaço na mídia e no cotidiano dos moradores de Buenos Aires, principalmente a partir de 2009 com o início das obras de ciclovias, Matías sentiu que era preciso ir além. Em dezembro de 2012 o blog virou um mapa colaborativo do ciclismo urbano em Buenos Aires. Desenhado por usuários de bicicleta, a ferramenta vai muito além das informações burocráticas e indica não apenas as ciclovias, mas a rota mais segura – com alerta para ruas não recomendadas, estações de trem - o que é útil, porque os trens em Buenos Aires têm vagões especiais para as magrelas - túneis, pontes e os pontos de interesse como universidades e bicicletarias. “A ideia é criar ferramentas que fa-


pal meio de transporte do mundo e fazer com que 51% da locomoção urbana seja sobre duas rodas até 2030. Ainda em fase de desenvolvimento, o Bikestorming pretende ser uma ferramenta similar ao mapa colaborativo, mas com capacidade de incidência em políticas públicas. “Desenhamos um plano estratégico para mudanças a curto, médio e longo prazo cujo princípio é que ferramentas digitais em mãos de cidadãos e do setor público podem fazer com que essas mudanças aconteçam”, avalia Matías. “Para que a maioria das pessoas escolha a bicicleta é preciso que seja um transporte seguro, eficiente, acessível e atraente. As condições para que isso aconteça variam de acordo com as cidades e por isso queremos gerar um diagnóstico colaborativo específico para cada caso. Essa é a ideia do Bikestorming”, conclui Matías. A possibilidade real de que as grandes cidades latino-americanas tenham um modelo de transporte sustentável surgirá de uma experiência digital? Veremos o que Buenos Aires nos reserva. La vida em bici

em São Paulo ou em La Paz? “O que as cidades latino-americanas têm em comum em relação ao ciclismo urbano é que em todas elas ele está nascendo, não há muita experiência. No entanto, a bicicleta é usada por muitos e há muito anos como forma de transporte”, indica Matías. Para ele, diferente da Europa, na América Latina existe pouca tradição de políticas públicas de incentivo ao uso de bicicletas. “Nesse sentido, na nossa reDE BUENOS AIRES PARA A gião é muito importante a participação AMÉRICA LATINA cidadã para que esse tipo de política Mar del Plata, na Argentina, e a capital surja”, acredita. uruguaia Motevidéu também já têm mapas iniciais de ciclismo urbano, mas o La Vida BIKESTORMING em Bici não quer ficar só por aí (ou por aqui). A participação cidadã é o eixo cenMatías contou à Plurale que o projeto está tral do projeto de Matías. A ideia deu em fase de expansão e que atualmente está tão certo em Buenos Aires que durante se reunindo com interessados de outras 15 o Rio+20 ele apresentou o Bikestorcidades – duas delas no Brasil – para cons- ming (http://www.bikestorming.org/ truir ferramentas similares. Ele não adianta - http://www.bikestorming.org/), quais, mas garante que todas têm algo em uma iniciativa mundial que nasce “da necessidade de reinventar a o jeito de se comum: estão a América Latina. Mas será que o que funciona para um locomover nas cidades.” O objetivo é amciclista em Buenos Aires pode funcionar bicioso: transformar a bicicleta no princicilitem o crescimento do ciclismo urbano e que vão além de infraestrutura. A infraestrutura é importante, a ciclovia é algo positivo, mas sozinha não é suficiente”, aponta Matías. “O La Vida em Bici traz informações sobre o uso cotidiano da bicicleta, é feito por quem usa e para quem usa a bicicleta como meio de transporte.”

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Cinema

PARE E PENSE: “DOMÉSTICA”, O DOCUMENTÁRIO Por Isabel Capaverde, de Plurale em revista

Divulgação

Ao sair da sessão de “Doméstica”, documentário de 75 minutos dirigido por Gabriel Mascaro a gente para, pensa e lembra do clássico “Casa-Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, leitura obrigatória no antigo segundo grau, batizado hoje de ensino médio. O cerne das relações entre empregadas domésticas e patrões está toda lá, na obra escrita em 1933 retratando nossa formação sociocultural oriunda de um Brasil colônia. Ainda se mistura submissão e afetividade, autoritarismo e cumplicidade numa relação onde o trabalho doméstico ganha o eufemismo de “ajuda nas tarefas da casa” e que depois da “PEC das Domésticas”, equiparando os direitos dessas trabalhadoras as demais regidas pela CLT, sofreu um forte abalo. Nada mais oportuno do que a estreia de “Doméstica” ter acontecido no recente 1º de maio, Dia do Trabalhador, nos cinemas do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A grande sacada do diretor foi colocar a câmera nas mãos de sete adolescentes com idades na faixa dos 16 anos e de realidades sociais bem diferentes, dando liberdade para que registrassem uma semana na vida das empregadas domésticas de suas casas. Em cidades como São Paulo, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Manaus e Brasília eles nos mos-

tram uma semana na vida de Dilma dos Santos Souza, Flávia Santos Silva, Helena Araújo, Lucimar Roza, Maria das Graças Almeida, Sérgio de Jesus e Vanuza de Oliveira. Apesar do título no feminino, há entre os registros a história de um homem que virou empregado doméstico depois de ser abandonado pela família já com uma certa idade. Aliás, histórias tristes é um traço comum. Marcadas por

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infâncias difíceis, falta de oportunidade, desamores, agressões domésticas, filho envolvido com drogas e outro assassinado, dramas que vão sendo desfiados pelas domésticas na frente das lentes digitais dos adolescentes que enquadram de forma intuitiva e por vezes muita criativa. Tudo bastante cru e sem técnica, costurado pelo diretor que interfere de forma subjetiva na edição. Se algumas se exibem e teatralizam, outras parecem ter receio do que po-

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9 dem ou não falar. Medo de perder o emprego ou, quem sabe, vergonha da sua condição. Relatam jornadas de trabalho exaustivas como se fosse normal e acham seus pequenos quartos confortáveis. Existe uma resignação e por vezes gratidão nos depoimentos. E durante os 75 minutos do documentário nunca se ouve as palavras remuneração ou salário. Em particular uma das histórias chama atenção, pois patroa e doméstica foram amigas na infância. A hoje doméstica outrora vivia na fazenda da avó da patroa, era filha de um dos empregados. Passavam as férias juntas, eram inseparáveis como comprovam as fotos num amarelado álbum de família. O tempo passou, elas cresceram e as realidades mudaram. Uma precisava de trabalho e outra de alguém que a “ajudasse” nas tarefas da casa. E a amiga de infância virou a doméstica de uniforme. Gabriel Mascaro ao mostrar as setes histórias das empregadas domésticas inseridas de formas diferentes no cotidiano afetivo das famílias brasileiras, documenta uma relação que está com os dias contados, mesmo que a “PEC” ainda sofra alterações. Com delicadeza ele denuncia uma herança que precisamos deixar para trás.


CINEMA

Verde

ISABEL CAPAVERDE

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

Brasil e Turquia estão em documentário sobre as lutas contra Belo Monte e Ilisu

Muito além das telenovelas, Brasil e Turquia são palcos de dois grandes desastres humanitários e ambientais orquestrados por seus respectivos governos com a construção das hidrelétricas de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará e da hidrelétrica de Ilisu, no rio Tigre. A história da resistência contra essas obras é o tema do documentário Damocracy, dirigido pelo canadense Todd Southgate e produzido pela organização turca Doga Denergi, com apoio das ONGs International Rivers e Amazon Watch e do Movimento Xingu Vivo para Sempre. O filme traça um paralelo sobre o impacto dos dois projetos nas populações locais e no meio ambiente e colocam em discussão a hidroeletricidade como fonte de energia limpa. Assim como Belo Monte, o barramento do Rio Tigre na região de Ilisu é alvo de uma intensa batalha judicial, desde a década de 1980. O documentário mostra imagens e depoimentos impressionantes. O filme está disponível na Internet acessando o link www.youtube. com/DamocracyTV (em inglês).

Raça em circuito nacional Depois de ser aplaudido durante sua apresentação no último Festival de Cinema do Rio, o documentário Raça, uma coprodução Brasil e Estados Unidos dirigido por Joel Zito Araújo e Megan Mylan, entrou em circuito nacional. Filmado entre 2005 e 2011 o documentário acompanha três personalidade negras e sua luta por igualdade. Capta cenas inéditas dos bastidores do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal na aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, apresenta a luta de uma neta de africanos escravizados pelo respeito as tradições e pela propriedade da terra de uma comunidade quilombola e trajetória de um cantor e apresentador na criação de uma canal de TV com programação voltado para os negros e com uma equipe de profissionais majoritariamente negra. O filme uqre promover uma reflexão nacional sobre a desigualdade racial e a identidade racial do pais. Trailer pode ser visto na internet no link www.youtube.com/T3oJiv98x24

Da série “boas iniciativas” No caso é uma boa iniciativa no fomento a cultura através do patrocínio do cinema e que merece nota. A animação nacional “Uma História de Amor e Fúria”, que tem como pano de fundo a importância da água para o futuro do planeta, foi patrocinado pela Sabesp. Vale ressaltar que desde 2004 quando decidiu incentivar a produção cinematográfica brasileira, a companhia de água e esgotos de São Paulo já patrocinou mais de 120 filmes. Ela é uma das três maiores incentivadores do setor em todo país. Também dentro de sua política de incentivo cultural, a empresa oferece a população uma sala de cinema, o Cine Sabesp, no bairro de Pinheiros, na capital paulista. Além de exibir filmes do circuito regular, o espaço realiza projetos de inclusão social com sessões gratuitas para estudantes da rede de escolas públicas e projeções especiais para deficientes visuais.

A inspiradora Chapada Diamantina

O Vale do Capão está escondido a 1000 metros de altitude, na região da Chapada Diamantina, centro da Bahia, onde pessoas de diferentes nacionalidades buscaram refúgio, deixando grandes centros urbanos para uma ruptura radical com a sociedade de consumo. Eles transformaram o local em um centro de experimentação, diversidade e conflitos ideológicos, que ao mesmo tempo encantam, ameaçam e questionam o futuro da comunidade. Tudo isso está no documentário Pra Lá do Mundo do diretor Roberto Stuart. Nativos e alternativos vivem experiências comunitárias de educação e trabalho, de saúde, lazer, cultura e proteção ao meio ambiente, buscando superar o ainda baixo índice de desenvolvimento humano e tentando abolir os incêndios criminosos cada vez mais frequentes na região.

Para acabar com a falta de jeito Com depoimentos e cenas vividas entre pessoas com e sem deficiência, o curta- metragem Dicas de Convivência aborda situações corriqueiras que poderiam ser bem mais simples e assim minimizar o preconceito. Produzido pelo Instituto Mara Gabrilli (IMG), parte do filme é composto por quatro vídeos da campanha “Dê uma ajudinha a si mesmo, reveja seus conceitos”. Dicas de Convivência é um filme com roteiro elaborado a partir de relatos de pessoas com deficiência - física, visual, auditiva e intelectual - e cidadãos brasileiros comuns que querem ajudar, mas não sabem exatamente como e ficam sem jeito ao lidar com o deficiente.

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I m a g e m Foto: Marcello

Vitorino

DESTINOS FLUTUANTES

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fotógrafo Marcello Vitorino e equipe “mergulharam” na proposta de mostrar o que é morar sobre palafitas, se deslocar em barcos e estar sempre à mercê das chuvas e da umidade da Região Amazônica. Percorreram cerca de 1 mil quilômetros e o resultado está sendo apresentado no belíssimo livro-arte “Destinos Flutuantes”, com 115 fotografias em preto-e-branco, editadas em 144 páginas. O texto que costura as imagens é apresentado nas versões em português, inglês, espanhol e até chinês. Duas empresas paranaenses – Branco e Magnetron – apoiaram o projeto, produzido pela Bureau de Fatos, que recebeu incentivo da Lei Rouanet. Confira esta bela foto clicada por Marcelo mostrando uma criança brincando na Ilha de Cumbú, no Pará, em frente à Belém. O livro será enviado para bibliotecas, Embaixadas, empresas e instituições de arte de vários países.

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ALUSA ENGENHARIA:

Gerando Energia Renovável

O GRUPO ALUSA ENGENHARIA, através da Greenluce Soluções Energéticas, está utilizando, pioneiramente, em alguns canteiros de obras, o novo sistema híbrido que produz energia solar e eólica ao mesmo tempo. Tecnologia de ponta a serviço da sustentabilidade. Saiba mais no site: www.greenluce.com.br.

Há 50 anos trabalhando em soluções em infraestrutura sustentável.



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