ano dez | nº 59 | setembro / outubro 2017 R$ 10,00
AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE
ARTIGOS INÉDITOS, ESPECIAL VEGETARIANO E SARDENHA
PELAS ESTRADAS DO ARIZONA,
UM POUCO DA AMÉRICA PROFUNDA
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GRUPO BOTICÁRIO. BELEZA É CONSTRUIR O FUTURO TODOS OS DIAS.
Tão importante quanto desenvolver, produzir e distribuir produtos de qualidade é trabalhar para que cada um desses processos se torne cada vez mais sustentável. Por isso, nós do Grupo Boticário implementamos práticas que visam promover o crescimento contínuo do negócio, o desenvolvimento da sociedade e a redução do nosso impacto no meio ambiente. Aplicadas em nossos produtos, operações e canais de venda, essas práticas reforçam nossa crença de que pensar no futuro é agir no presente.
FOTO DE LUCIANA TANCREDO - ARIZONA (EUA)
Contexto
NÍCIA RIBAS
44. 36.
Porto Belo, um paraíso ameaçado, por
Nícia Ribas
Sardenha : desfrutar sem estragar
Pelas estradas do Arizona, por Luciana Tancredo
DIVULGAÇÃO/PARCEIROS VOLUNTÁRIOS
14. ARTIGOS INÉDITOS: Maria Elena Pereira Johannpeter e Christian Travassos
BÁRBARA PEREIRA/ DIVULGAÇÃO
52
30.
México encantador, por Cristina Mafra de Mello
56
Culinária amazônica é destaque em Alter do Chão (PA), por Ana
Ecoturismo, por Isabella Araripe
60 Cinema verde, por Isabel Capaverde
62
24.
ESPECIAL VEGETARIANO E A BELEZA DE CAMPOS DE JORDÃO (SP), por Raquel Ribeiro e Jean Pierre Verdaguer
Carolina Maia
JEAN PIERRE VERDAGUER
E ditorial
Plurale, 10 anos – Uma edição muito especial Vegetarianos convictos, outro casal, Raquel Ribeiro e Jean Pierre Verdaguer, foi conferir as novidades nesta filosofia de vida no maior evento de vegetarianismo do Brasil, o VI Vegfest, realizado, este ano, na bucólica Campos de Jordão (SP). Aproveitaram e conferiram também as belas atrações da serra. Da Amazônia, a jovem Ana Carolina Maia revela o sucesso da culinária local em Alter do Chão, paraíso em Santarém (PA). O entrevistado especial desta edição é ninguém menos do que o climatologista e professor Paulo Artaxo, considerado um dos maiores especialistas no tema de aquecimento global, que conversou com o repórter Hélio Rocha por e-mail. Também artigos inéditos de Maria Elena Pereira Johannpeter (ONG Parceiros Voluntários) e do economista Christian Travassos são destaque nas próximas páginas. As tradicionais colunas de Ecoturismo, por Isabella Araripe e Cinema verde, por Isabel Capaverde, ajudam a completar esta edição tão variada. Esperamos que possamos comemorar outros tantos anos juntos. Por você, pelo planeta e pela democratização de informações que podem ajudar na migração para uma economia de baixo carbono, mais justa e solidária. Muito obrigada a todos que nos ajudaram a chegar até aqui e que nos apoiam nesta trilha tão desafiadora quanto recompensadora! Juntos, em rede, somos mais fortes. Boa leitura!
(cHiLe) do atacama
nº 41
s, deserto FLamenco
mai / JUn 2014
–
EspEcial E: MEio aMbiEnt e
naturaL Los s na reserVa - FLamingo
PLUraLe em
reVista
–
Ceará Deserto Do ataCama EntrEvista
tancredo
Leitão
Foto de Luciana
Com mÍriam artigos inéDitos
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AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE
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ALTA COSTURA VERDE
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SEMINÁRIO 6 ANOS DE PLURALE REÚNE ESPECIALISTAS E LEITO RES
TANCREDO/ BLUE
STAR SPRINGS, PISCINA
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PLURALE EM REVISTA
–
NOV / DEZ 2013
YELLOWSTONE E ÁFRICA DO SUL: ECOTURISMO
NACIONAL DE YELLOWSTONE
–
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Nº 38
ano sete | nº 38 | novembro / dezembro
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pecial •
ENSAIOS CIDADE : AS BELEZAS MARAVIL DA HOSA
RIO+20 DEPOIME OS FILHONTOS: S DA EC O92
ano quatro | nº 27 | janeiro / fevereiro 2012
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Nº 27 FOTO DE LUCIANA
MARIANA, MEMÓRIAS DA TRAGÉDIA ARTIGOS INÉDITOS ILHAS VANUTA E MÉXICO
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MORRO DO PAI
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MAI / JUN – EM REVI PLURALE
SET / OUT – REVISTA PLURALE EM
ÁFRICA:
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A INCRÍVEL CHAPADA A DIAMANTIN
JAN / FEV 2012 –
51 | março /
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EDIÇÃO ESPECIALS DE 5 ANO
DIAMANTINA
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ARTIGOS INÉDITOS
2012
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Nº 31
ECOTURISMO ESPORTES E CINEMA
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bro / outub nº 31 | setem
TANCREDO –
ANIA AÇÃO | CIDAD ano cinco |
o | nº 29 | maio / junho
(BA)
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AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE ano sete | nº 42 | julho / agosto 2014 | R$ 10,00
ESPECIAL ECOTURISMO
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no Parque nacionaL da Serra da canaStra (mG)
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ARTIGOS INÉDITOS
A FORÇA DO VOLUNTARIADO
Serra da CanaStra: bIOdIVERSIdAdE PRESERVAdA NA TERRA ONdE NASCE O “VELhO ChICO” NATAL, EqUAdOR E ALEMANhA ARTIGOS INédITOS E CASE SUSTENTáVEL
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Foto de Luciana tancredo – tamanduá-bandeira e FiLhote
NIA | AMBIENTE AÇÃO | CIDADA m.br 41 | maio / junho ano sete | nº
Nº 42
FOTO DE GEISE ASSIS
JA
–
TURISMO:
BAHIA, GRANADA E CAMBO
JUL / AGO 2014
MASCARENHAS/ CASARIO
DE PARATY
PARATY E A CULINÁRIA SUSTENTÁVEL
–
– JAN / FEV 2014 – PLURALE EM REVISTA
DIVERSIDADE EM QUESTÃO
PLURALE EM REVISTA
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Nº 39
ano sete | nº 39 | janeiro / fevereiro 2014 | R$ 10,00
Queremos compartilhar com cada um de vocês – leitores, apoiadores e parceiros – a alegria de chegarmos à simbólica data de 10 anos de edições ininterruptas de Plurale. Viva! Esta é uma edição para lá de especial. Procuramos trazer assuntos bem atuais, artigos inéditos, entrevista e ensaios especiais, com fotos incríveis. Nossa Editora de Fotografia, Luciana Tancredo, esteve com o marido, José Luiz Farani Moura, no Arizona, de férias, e aproveitou para produzir um Especial incrível de um recorte da chamada “América profunda”. Cruzaram parte da famosa rota 66 de moto, visitaram paisagens que parecem saídas de um filme, como desertos, montanhas nevadas, cavernas, cânions e clicaram também os animais da região. Contam e compartilham detalhes desta aventura inesquecível. Não é só. A repórter especial Nícia Ribas traz duas realidades maravilhosas – Sardenha e seu ecoturismo preservado com a ajuda decisiva de moradores locais e Porto Belo, joia encrustrada no litoral de Santa Catarina, que também está sendo defendida por seus moradores e por Procuradores do Ministério Público, preocupados com os riscos com a construção de um resort. Do México, Cristina Mafra de Mello e Mônica Meyer mostram a diversidade e a riqueza cultural por onde passaram.
FOTO DE RAQUEL RIBEIRO - BROMÉLIA EM UBATUBA (SP)
Por Sônia Araripe, Diretora de Plurale
Mudanças Climáticas – Rumo à precificação Por Dominic Schmal* Próximo de completar dois anos, o Acordo de Paris foi considerado um avanço e, ao mesmo tempo, um desafio para quase 200 nações que firmaram o tratado – diante das necessidades de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e os respectivos impactos negativos causados pelas mudanças climáticas. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas definiu como meta limitar a elevação da temperatura do planeta em 2 graus Celsius até o fim do século, com relação aos níveis de emissões de gases de efeito estufa do período pré-industrial. Para isso, existe um orçamento da diminuição das emissões de carbono – a descarbonzação. Segundo o estudo “The Low Carbon Economy Index”, da PwC, o mundo deveria estar descarbonizando a economia em 6,5% ao ano, para não ultrapassar os 2 graus da meta até 2100, mas só vem diminuindo as emissões em 1,3% por ano. Há um desafio a ser alcançado. O Brasil, diante desse desafio, assumiu o compromisso voluntário de reduzir em 37% as emissões até 2020, com base nas emissões de 1990. O país que sempre foi considerado protagonista dos principais debates sobre mudanças climáticas nas convenções do clima, não pode ficar de fora desse compromisso. Será necessário um engajamento de que envolve governo, empresas e sociedade.
Incentivos institucionais não faltam. Há o reforço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, com metas específicas de medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos. Além disso, já existem regulações e ações voluntárias de diversos países que podem inspirar o Brasil no caminho. Países como Suécia e Finlândia almejam ser os primeiros países neutros em carbono até 2045.
Rumo à precificação Com as metas de reduções de emissões acordadas por quase todos países (apenas Nicarágua e Síria não aderiram ao Acordo), o desafio é saber de que forma as nações conseguirão reduzir as emissões. Há um diálogo já iniciado pelo mercado que inclui instrumentos de precificação das emissões de gases estufa e a tributação sobre o carbono. O estado da Califórnia, o Canadá e o Chile, por exemplo, já estabeleceram mecanismos internos voltados à precificação.
A precificação do carbono promete reformular a funcionalidade do mercado e a percepção de investidores com a expectativa de trazer um novo paradigma para os riscos e retorno sobre os investimentos. Há uma expectativa de mudanças no mercado de investimentos no futuro. Seu risco promete ser incorporado no dia a dia e na tomada de decisão dos investidores.
Criado em 2015, o PDC (Portfolio Decarbonization Coalition - Coalizão para a descarbonização das carteiras de investimento), por exemplo, tem como objetivo apoiar cortes nas emissões de gases por meio do engajamento institucional dos investidores comprometidos com a descarbonização das suas carteiras de investimento.
O Brasil ainda não ingressou com iniciativas relevantes diante da precificação de carbono. Dada a urgência de descarbonização da economia mundial e as metas instituídas pelo governo brasileiro, a comunidade empresarial tem um papel fundamental de apresentar programas que possam ajudar no atingimento da meta e no desenvolvimento de negócios sustentáveis. * Dominic Schmal é especialista da área de Sustentabilidade da PwC Brasil
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Quem faz
Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter e no facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Amaro Prado e Amaro Junior Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília Gianotti, Nícia Ribas e Paulo Lima. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição: Alex Fisberg (de Alter do Chão/ PA), Ana Carolina Maia, Bárbara Pereira, Christian Travassos, Cristina Mafra de Mello, Flávio Luiz Cerqueira, Hélio Mello, Hélio Rocha, José Luiz Farani Moura, Maria Elena Pereira Johannpeter, Mônica Meyer, Raquel Ribeiro e Jean Pierre Verdaguer (de Campos de Jordão/SP) , Lucas Paixão e Tomaz Silva (Agência Brasil). Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
Impressa com tinta à base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: WalPrint
Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista
Cartas “Senhora Diretora, Acuso o recebimento e agradeço a gentileza do envio do exemplar da publicação edição nº 58 de Plurale em revista, que traz a matéria especial sobre os 20 anos do Sesc Pantanal. Parabéns pela reportagem e belíssimas fotos. Na oportunidade, reitero manifestações de distinta consideração.” Antonio Oliveira Santos, Presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Rio de Janeiro, por e-mail “Prezada Sônia Araripe, Meus parabéns pela última edição da revista Plurale, com o retrato do Pantanal traduzido em textos primorosos. Atenciosamente, Ernane Galvêas, Consultor Econômico da Presidência da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Rio de Janeiro, por e-mail “Foi um prazer abrir a Plurale em sua edição comemorativa de 10 anos e se deparar com a linda homenagem às belezas do Pantanal e ao trabalho socioambiental realizado pelo Sesc Pantanal na região. Foi um presente nesse nosso aniversário de 20 anos de atuação pela conservação da biodiversidade, educação ambiental, turismo ecológico e ação social. E aproveito para parabenizar toda a equipe da revista pelo brilhante trabalho em prol da sustentabilidade.” Christiane Caetano, Diretora do Sesc Pantanal, Várzea Grande (MT), por e-mail
cc a a r tr at a s s @@ pp l ul u r ar a l el e . c. c oo mm . b. b r r
“Cara Sônia, “Os jovens É sempre uma grata satisfação cariocas receber esta publicação que nessa peshá oito anos abre quisa citada espaço para pelo artigoo diálogo entre do Professor empresas, Dario Meneespecialistas ea zes mostrasociedade, com ram quede têm o objetivo promover os uma certa bons exemplosa informação de preservação respeito. Podo meio rém é triste ambiente. quando declaram que não fazeme Parabéns a todos os profissionais envolvidos consumo consciente. Temosà Plurale ainda votos de uma vida longa e sustentável emmuito revista.”a caminhar.”
Nanete Neves, pelo site
Miguel Krigsner – Fundador do Grupo Boticário e daHélio Fundação “Parabéns, Araújo!Grupo Emocionante, Boticário de Preservação datravessia Natureza, inspirador o texto sobre a do Curitiba (PR), por e-mail
Caminho Português, publicado na Edição 58 de Plurale. Torço muito para que “Em nome da Associação dos Analistas e um dia eudepossa fazer esta travessia. Profissionais Investimento do Mercado de Parabéns também para a nossa Capitais (Apimec SP), parabenizo toda aSônia, pelade nova revista. Estáoitos ótima.” equipe Plurale por seus anos de atividades acima deroteirista, tudo, pela seriedade Sylviae,Palma, do Rio ede qualidade do serviço prestado à sociedade, Janeiro, pelo site ao tratar de temas tão relevantes quanto sustentabilidade e meio ambiente. Que “Sônia, adorei a Edição 58 de Pluvenham muitos outros anos!” rale emTadeu revista. Temas interessantes Ricardo Martins , Presidente importantes, leitura gostosa. daeApimec SP, São Paulo (SP), Hélio por Araújo, ler o que você escreveu sobre e-mail
o Caminho de Santiago só me fez te
“Deslumbrante a natureza da Serra dopassar Cipó , admirar mais. Você conseguiu retratada pela Ana Cecília e Artur Vidaurre, na a emoção e a superação da travessia edição 49 desta prestigiosa revista que em um breve relato apenas. Que o seu recentemente conheci. Parabéns à toda próximo desafio – omineiro Caminho francês equipe de Plurale! Como nunca havia seja um sucesso!” dado a devida importância, apesar de ter visto jornalista, dosobre Rio falarMônica em aulasBulcão, de geografia nos anos 60 esse ambiental; deparque Janeiro, pelocomo site temos belezas naturais em nosso país e desconhecemos, situação queaestá sendosobre resgatada por esta “Ao ler matéria o Caminho revista dedicada ao meio ambiente e ecologia. “Sonia, querida, obrigado. de Santiago de Compostela, pela Parabéns por abraçarem tão nobre missão e Vi meu livro em primeiro lugar na pelos Jornalista 8 anos deVivian edição Simonato, e sucesso. na EdiEstante. Li as reportagens sobre o Agradecido ção 58 de em deixei por Plurale vislumbrar tãorevista, bela revista. ”
Caminho de Santiago e o Pantanal, com as fotos que me trouxeram à lembrança dias inesquecíveis de minha vida. Gostei muito de ver a página sobre o destaque da Plurale. Que prazer. Parabéns novamente! Roberto Saturnino Braga, Jornalista e Escritor, Ex-Senador Constitutinte, do Rio de Janeiro, por e-mail,
aflorar algumas emoções adorme-
cidas em Percebi que somos Benedito Arimim. Lisboa, engenheiro, São José dos Campos por e-mail capazes de criar(SP), coragem para as adversidades da vida, entender
“Letícia tornou-se a “embaixadora” que Spiller o desconhecido é motivadorda campanha Desmatamento Zero, do e encontrar a beleza nos pequeniGreenpeace Brasil. Em entrevista na Edição nosPlurale detalhes da natureza. Passei 50 de em revista, comemorativa de a o mundo com olhos oitoenxergar anos, a atriz revelou que suaoutros preocupação desde então. Cordialmente, “ e com as causas ambientais é antiga. Ela outras atrizesCastro, e atores falam sobre o do Rio Ravine por e-mail, engajamento nas causas sociais e ambientais. de Janeiro (RJ)
GABRIELA ONOFRE, DIRETORA DE MARKETING PARA CUIDADOS FEMININOS DA JOHNSON & JOHNSON.
p a ra n d a m e n ta l “A A B A é fu dos. o s a tu a li z a rm te n a m s no o, e u p a rt ic ip s o n a á h o P o r is s , te n d ê n c ia s d e b a te n d o s x p e ri ê n c ia tr o c a n d o e n to c o n h e c im e e le va n d o o r o m e rcc a d a d ju a ra a p d o.” o m o u m to a e v o lu ir c
. a t n e s e r p e r e m A B A A . A B A a o t n e s e r p e r Eu it o b ra ç o d ir e “A A B A é o ia n te s ju n to dos anunc e. à s o c ie d a d e o rn e v o ao g ssos d e fe n d e n o m e u q la e É i c o n fi o e s e u E . s e s s in te re e de com qu d a s e ri e d a .” lh o é fe it o e s s e tr a b a
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Entrevista
“VÁCUO NA LEI PÕE METAS DE REDUÇÃO DE GASES E PRESERVAÇÃO DA AMAZÔNIA NO PAPEL” Paulo Artaxo, climatologista da Universidade de São Paulo (USP) e docente convidado da Universidade Harvard ACERVO DA USP
Por Hélio Rocha, Especial para Plurale Fotos: Acervo USP, Agência Brasil, Governo de SP e Greenpeace Brasil
Q Y
ual o futuro dos recursos naturais no nosso planeta? O aquecimento global é uma real ameaça para a espécie humana no século XXI? O que tem sido feito para que se cuide da Terra nos próximos 50 anos? Plurale em Revista conversou, por email, com o professor Paulo Artaxo, climatologista da Universidade de São Paulo (USP) e docente convidado da Universidade Harvard. Suas avaliações para o atual momento da luta por um planeta mais limpo e responsável ecologicamente são otimistas, ao contrário do que é apregoado por muitos de seus colegas e pela grande mídia. Entretanto, o professor, considerado um dos maiores especialistas no tema, faz uma ressalva sobre o alto índice de desmatamento na Amazônia, o que torna um tanto ineficaz a parte dos países latino-americanos neste enfrentamento. Sobre a saída dos Estados Unidos dos acordos da COP 21, tema recente e polêmico, Artaxo é tranquilizador: “O acordo está mantido por todos os países desenvolvidos, à exceção do Governo norte-americano, mas mesmo neste país, os principais estados já garantiram que vão seguir a risca os preceitos internacionais.” Confira a entrevista a seguir.
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Plurale – Vamos começar pelo tema quente. Como o senhor vê a situação da saída dos Estados Unidos dos acordos da COP 21, por decisão do Governo Trump? Paulo Artaxo – Questão quente nem tanto, já que, hoje, os Estados Unidos e seu governo, conduzido pelo Donald Trump, não têm mais esse protagonismo todo. A Europa e a China se comprometeram, inclusive, a reduzir ainda mais a suas emissões de gases-estufa, a fim de compensar a saída dos Estados Unidos. É claro que, em todos os casos, estamos falando do segundo
PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2017
maior emissor desses gases em todo o planeta, atrás apenas da China. Entretanto, mesmo aqui muitos estados importantes na produção e na economia, como Massachussets e Califórnia, comprometeram-se a manter as disposições dos acordos de Paris. E sabe-se que aqui nos Estados Unidos a autonomia dos estados frente ao Governo federal é muito grande. Portanto, estamos falando num impacto relativo nos planos para redução da emissão de gases-estufa para o futuro, mas o projeto está de pé e deve se confirmar nas próximas décadas, com importantes mudanças
GREENPEACE BRASIL
na Europa e nos países do Oriente. Plurale – O senhor acabou de dissociar o Governo americano de seus estados. E quanto a população? Como os americanos receberam essa decisão do Governo Trump? Paulo Artaxo – Os americanos estão profundamente divididos, o que se revela no índice de 60% da população que não aprova o Governo Trump. A maioria das pessoas e até muitos setores produtivos querem que o país se empenhe na redução dos gases-estufa e na construção de um futuro mais sustentável, mas isso esbarra, hoje, principalmente no setor conservador carvoeiro dos Estados Unidos, que fica localizado principalmente nos estados de Ohio e Virgínia, assim como na indústria automobilística, que são muito fortes na economia norte-americana. O polo tecnológico da Califórnia, por outro lado, está a favor das mudanças. Plurale – Diante de tudo isso, o senhor vislumbra um futuro de redução da emissão de gases e de economia mais sustentável? Paulo Artaxo – Tudo indica que sim. Há um movimento global de redução das emissões de gases-estufa, que advém da constatação de que eventos climáticos extremos vêm decorrendo dessas formas de produção pouco sustentáveis, o que tem impactos socioeconômicos muito grandes. Recentemente a Suécia aprovou legislação prevendo que até 2040 o país esta-
rá completamente livre da emissão de CO², chegando a índice zero. Outros países caminham na mesma direção, como Dinamarca e Noruega. Ou seja, há um esforço internacional na busca de formas de produção mais inteligentes e menos agressivas ao planeta. Plurale – Quais seriam, então, os setores econômicos que estão na contramão dessa tendência? Paulo Artaxo – São principalmente os ligados à produção de energia por queima de carvão, ao que podemos acrescentar a siderurgia e parte da indústria automobilística. São setores produtivos que estão agarrados a preceitos de cem anos atrás, que têm um mercado consolidado e, por isso, se abstêm de investir em novas tecnologias e olhar para o futuro. Se você consegue manter um mercado sem gastar com inovação, será vantajoso no curto prazo. No caso da indústria automobilística, porém, nem toda ela pensa assim. As marcas japonesas, coreanas e chinesas têm apostado nas tecnologias limpas e estão ganhando mercado. Plurale – Inclusive as chinesas? Porque a China é famosa por emitir gases-estufa, sendo a primeira colocada hoje no mundo nesse ranking. Paulo Artaxo – Mas também caminha no sentido da geração de energias limpas. É o país que mais inova na expansão de tecnologias alternativas. Espera-se que em cinco, dez, 15 anos a China reduza drasticamente
os níveis de emissão de gases e uso do carvão como matéria-prima para geração de energia, acompanhando a tendência mundial. Plurale – Qual o papel dos Governos nessa busca por formas de geração de energia e produção mais limpas? Recentemente a Alemanha aprovou legislação que promete acabar, em algumas décadas, com a produção de carros a combustão. O senhor acredita ser boa essa intervenção governamental na iniciativa privada, visando à sustentabilidade? Paulo Artaxo – Regulamentar é fundamental. Sem políticas públicas, não há qualquer desses avanços que nós discutimos. O papel da legislação é essencial na construção de uma economia global de baixo carbono e sustentável. Haja vista o exemplo da Suécia, que eu já mencionei, que, também por meio de seu parlamento, estabeleceu metas a serem cumpridas no sentido de, até 2040, atingir o nível zero na emissão de CO². Plurale – Nesse cenário global, como se insere o Brasil e a América Latina? Paulo Artaxo – O problema no Brasil é quanto a reduzir o desmatamento, o que nós até hoje não conseguimos efetivamente implementar, por diversas razões políticas e econômicas. Pelo contrário: os índices crescem nos últimos quatro anos. A cada ano, 8 mil km2 são desmatados na Amazônia, o que tem de ser reduzido urgentemente. Quanto ao restante da América Latina, há três grandes emissores de gases-estufa: Brasil, México e Argentina. E temos também o problema da dificuldade em quantificar os índices de desmatamento. É possível que a Amazônia também seja desmatada no Peru, na Colômbia e na Bolívia, mas não temos como mensurar isso em números, o que dificulta o estabelecimento de metas e a fiscalização. Temos também o problema de haver aqui uma adesão voluntária dos países, mas pouca regulamentação das metas ambientais a serem cumpridas. Se agentes públicos ou privados não
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GOVERNO DE SP
Entrevista
cumprirem com o que está estabelecido nos acordos ambientais, nesses países, que tipo de penalidade será aplicada? Esse vácuo na lei ainda põe as metas de redução na emissão de gases e de preservação da Amazônia muito no papel. Plurale – O senhor citou Brasil, Argentina e México como os principais emissores de gases-estufa da América Latina. Como está o Brasil em comparação com esses dois países? Paulo Artaxo – A situação é parecida, com questões diferentes para cada país. Como similitude entre essas nações, está o protagonismo do setor de geração de energia elétrica por queima de carvão, nas termelétricas, e do agronegócio como fator preponderante na emissão de gases, aliado à questão do desmatamento, como agravante entre os países da bacia Amazônica. Vale ressalvar que qualificar esses países é algo que ainda depende do intervalo de cinco anos estabelecido pelos acordos de Paris, em que, ao término do período de avaliação dos países, poderá haver conclusão sobre a real situação dessas nações no esforço pela redução do
aquecimento global. Plurale - Esse intervalo de avaliação, no caso, vale para todos os países. Paulo Artaxo – Sim. Para todas as nações signatárias, está estabelecido o prazo de cinco anos para que haja uma conclusão a respeito. Plurale – O que decorrerá dessas conclusões, visto que a adesão, país por país, é voluntária e não prevê qualquer punição na maioria dos países? Paulo Artaxo – Eis aí o grande desafio das próximas décadas. O mundo como um todo tem a tare-
fa de organizar essa estrutura que nasce dos primeiros anos do século XXI, no sentido construir mecanismos de governança global, a fim de garantir o cumprimento do que foi estabelecido nos acordos de Paris e em quaisquer encontros que venham a acontecer. Isso tem que deixar de ser “país por país” e passar à gerência de um órgão de governança, nos moldes da Organização das Nações Unidas (ONU), ou parte dela, com voz de autoridade perante as nações. No final da Segunda Guerra Mundial, quando foi criada a ONU, a demanda global era pela gerência de conflitos dentro dos países e entre os mesmos países, no sentido de propor a paz e evitar genocídios como ocorreram no princípio do século XX. Ainda não se propunha a agenda da economia sustentável e do combate ao aquecimento global, mas em seu propósito inicial a ONU foi muito bem-sucedida. O desafio, no século XXI, é trazer essa governança mundial para o âmbito do cuidado com o planeta.
Pela defesa da Amazônia Em seu perfil do Facebook, Paulo Artaxo se posicionou quanto à Reserva Nacional do Cobre e Associados, cuja extensão territorial abrange área equivalente ao Espírito Santo ou à Dinamarca e que atravessou o mês de agosto sob ameaça de extinção por decreto do Governo federal. “Amazônia sendo atacada de novo: empresas de mineração ganham área
maior que o estado de Sergipe para ‘exploração’. Região estava preservada desde a época do regime militar, mas o atual desgoverno resolveu dar de presente para exploração de ouro, cobre e outros minerais. Caro que em troca de muito dinheiro e ‘favores’ políticos para se manter no poder...”, postou o professor em seu perfil desta mídia social.
Vantagens do uso do etanol para o meio ambiente Em pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), vários climatologistas, entre eles o professor Paulo Artaxo, constataram que o uso de etanol reduz a emissão de gases-estufa e, portanto, colabora para evitar o aquecimento global. Analisando o clima na grande São Paulo, os cientis-
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tas concluíram que nas regiões onde os postos abastecem mais com gasolina, o índice de poluentes jogados na atmosfera chega a ser 30% maior. A notícia foi ao ar no dia 28 de julho, no Jornal Nacional. “Esses dados novos mostram que é muito importante que o governo brasi-
PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2017
leiro dê maior apoio aos biocombustíveis pois a queima de etanol, além de reduzir a emissão de gás de efeito estufa, também reduz a concentração de nanopartículas na atmosfera, que tem um dano muito forte sobre a saúde da população”, disse Artaxo ao JN.
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Colunista Christian Travassos
AGÊNCIA BRASIL
DEPOIS DA TEMPESTADE
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crise política complica a análise do dia a dia da economia. Temos nos acostumado a ouvir essa frase e suas variantes. Se os meios para alcançar os fins estão em consensos das Ciências Econômicas, é no vai e vem da maré em Brasília que se dão as decisões que de fato contam. E os reveses nesse território nunca foram tantos, nem tão intensos – não no mandato de determinado presidente ou em um ano específico, mas a cada mês, a cada semana, a cada dia. Em meio a tamanho grau de incerteza, resta-nos levantar um pouco
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a cabeça e tentar enxergar um pouco mais adiante, para além dos efeitos imediatos da tempestade. O que podemos esperar nesse horizonte mais amplo? Claro que se tratam de dimensões, de focos diferentes, mas sabemos também que o país se acostumou a priorizar o curto prazo. É importante ir além do imediatismo. O que nos espera no médio/longo prazo? Em primeiro lugar, a população brasileira terá passado por uma transformação sem precedentes. Segundo o IBGE, a taxa de fecundidade no país era de 2,4 filhos por mulher no ano 2000, passou a 1,8, em 2013, e deve chegar a 1,5 em 2030. A população
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acima de 65 anos já apontou aumento de 73% desde 2000. Nos próximos 40 anos, o número de idosos vai mais do que triplicar no país: passará de 19,6 milhões (10% dos brasileiros), em 2010, para 66,5 milhões, em 2050 (29,3%). A previsão é de inversão do perfil populacional em torno do ano 2030 – os brasileiros com 60 anos ou mais serão mais numerosos que os menores de 14 anos. Esse perfil populacional demandará mais e melhores serviços. A participação do setor na economia cresce no mundo. No Brasil, não é e não será diferente. A despeito da contração do consumo das famílias nas leituras mais
recentes do IBGE, o setor de serviços girou na casa dos 73% em 2016, ante 67% dez anos antes. A tendência é de geração de oportunidades em áreas como educação e saúde, mas não apenas. O Instituto estima em 6 milhões o número de trabalhadores domésticos no país, categoria que abarca cuidadores e acompanhantes de idosos. O Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento estima em 7 milhões o número de cuidadores, entre familiares e profissionais, necessários hoje para o cuidado adequado dessa parcela da população. Para o futuro, dado o cenário, há de se prever demanda ainda mais significativa e exigente. Em paralelo à mudança populacional, avançará no país a conectividade. O IBGE estima que 95% do varejo nacional ainda aconteçam em estabelecimentos físicos, mas as vendas online têm crescido acima da média do setor. Entre 2007 e 2014, o instituto estima crescimento do comércio em geral de 87%, enquanto as vendas virtuais avançaram nada menos que 290%. Em 2017, não obstante a tempestade, o e-commerce deve crescer 12% em rela-
ção ao ano passado e faturar R$ 60 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico. Entre os serviços que crescem na esteira digital estão os de transporte – entrega em domicílio – e os ligados à estatística – Big Data. Estes, aliás, servem de hub a um sem número de áreas, como marketing, jurídica, compliance e político-eleitoral. No cenário prospectivo doméstico, encontra-se ainda decerto a expansão do agronegócio. O Ministério da Agricultura prevê aumento de 30% na produção de grãos na próxima década, com avanço de 15% na área plantada. O país reforçará seu protagonismo na produção de alimentos mundial, mas precisará também fortalecer a preservação de recursos – já que detém 22% das terras cultiváveis do planeta, 13% da água doce e biodiversidade incomparável, cada vez mais valorizada no mercado internacional. Algumas conquistas nessa área estão em curso. A Agência Nacional de Energia Elétrica calcula em 1,2 milhão o número de geradores de energia solar a serem instalados em empresas e MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
residências brasileiras até 2024. A participação dessa fonte de energia tende a se aproximar dos 25% da matriz até 2030, com investimentos superiores a R$ 100 bilhões – sem falar nos parques eólicos. Não é difícil imaginar que esse avanço no campo e no tocante ao tratamento mais eficiente dos recursos naturais trará consigo o conjunto da economia, com externalidades positivas para comércio, serviços e indústria, sem falar na formação de profissionais habilitados a novos - ou renovados - ofícios. Ainda assim, o país será mais urbano do que nunca. Mais de 90% de sua população viverá em cidades em 2030, segundo previsão do Programa da ONU para os Assentamentos Humanos – ONU-Habitat. Algumas regiões metropolitanas terão avanço populacional de até 145% até 2025. Florianópolis (SC), Brasília (DF) e Natal (RN) encabeçam o ranking dessa expansão. Aqui se desenha a oportunidade de o país crescer de forma mais homogênea, menos concentrada no eixo Rio x São Paulo. É verdade que são muitas as dúvidas, mas, além de debater soluções para o presente, cabe olhar também para o futuro, que nos chega a uma velocidade cada vez maior. Se você gosta de economia, com certeza tem lido ensaios sobre como tirar o país do imbróglio, medidas bem embasadas tecnicamente, consagradas na Academia. Todas, dependentes do bom senso de lideranças políticas capazes de colocar o interesse público acima da visão simplista de curto prazo, território de afago às bases, no compasso do calendário político eleitoral. A ideia aqui foi abordar alguns pontos que, independente do looping nosso de cada dia, parecem compor nosso cenário de médio e longo prazos. (*) Christian Travassos é Colunista de Plurale. É economista (PUC-Rio) e mestre em Ciências Sociais (CPDA/UFRRJ)
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Colunista Maria Elena Pereira Johannpeter
A FORÇA ECONÔMICA DO SOCIAL
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mportante relembrarmos marcos da história nacional e também internacional, para percebermos o crescimento participativo das Sociedades por intermédio daquele que é chamado de “Terceiro Setor”. Entre os anos de 1964 e 1985, o Brasil viveu sob o regime de uma ditadura militar de cunho conservador. Nesse período, o Estado, hipertrofiado, ocupou campos próprios da iniciativa cidadã ou a reprimiu com violência. Nesse período, os espaços de ação e iniciativa da sociedade civil eram escassos. A Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, tornou-se então no novo marco regulatório da sociedade brasileira, uma sociedade baseada no Estado de Direito, na livre iniciativa privada e democrática. O sucesso da Rio-92, virou sinônimo de conferência global bem-sucedida quando se discute o futuro da Humanidade. A Rio+20 reafirmou a participação e responsabilidade dos líderes dos países em relação ao desenvolvimento sustentável do Planeta. Foi, portanto, uma segunda etapa da Cúpula da Terra Eco-92. No ano de 2000, a ONU convidou as sociedades e os governos a olharem com atenção os desafios que o mundo enfrentava e convidou todos a se engajarem em prol dos ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: metas a serem atingidas até o ano de 2015. Em 2005, o cientista político Robert Putnam trouxe o conceito de Capital Social’ como um processo de desenvolvimento de confiança e de cooperação recíproca entre os cidadãos e as instituições para buscar soluções de problemas que exigem ação coletiva. A agenda 2030 está construída sobre o legado dos ODM e concluirá o que estes não conseguiram alcançar. Ela defende a igualdade de direitos humanos, de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas. Os ODS são integrados e
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FOTOS DO ACERVO DA ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS/ DIVULGAÇÃO
indivisíveis e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. É um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também busca fortalecer a paz universal com mais liberdade. Reconhece que a erradicação da pobreza, em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável do Planeta. A Lei 13.019/14, no Brasil, mais conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, é a consolidação de normas para regular de forma clara e objetiva a relação e os procedimentos decorrentes das parcerias voluntárias entre o Estado e as organizações da sociedade civil. Tudo o que foi dito até aqui demonstra a enorme participação do Terceiro Setor na evolução de temas globais e o quanto ele tem influência e alto significado ECONÔMICO. O Terceiro Setor não é somente o social,
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o bonzinho. Ele impacta de forma decisiva a economia do Brasil. Cito como exemplo a ONG Parceiros Voluntários, que em 20 anos, construiu a sua história com o propósito de “Vivermos em uma sociedade sustentável, tendo por base pessoas éticas e participativas”. E tem cumprido essa Visão por intermédio da sua Missão: “Qualificar pessoas e instituições, por meio de tecnologias sociais e do voluntariado, visando comunidades proativas e solidárias”. Foi a partir da prática persistente e enriquecedora de competências que construiu uma teia social, que vem beneficiando cerca de 7 milhões de pessoas, por meio de uma grande rede colaborativa nacional, formada por mais de 400 mil voluntários que prestam serviços em quase três mil organizações sociais da sociedade civil e também por suas publicações lançadas. São mais de 2,1 mil instituições de ensino, públicas e privadas, mobilizadas, 3 mil educadores qualificados,
4,5 mil jovens capacitados e mais 130 mil estudantes protagonistas ativos na Tecnologia Social Tribos nas Trilhas da Cidadania. As 2.632 empresas engajadas participam do movimento com seus recursos humanos voluntários, recursos financeiros e com a força de suas marcas. O RESULTADO desses 20 anos, além da formação e fortalecimento do CAPITAL SOCIAL, está fundamentado nos ensinamentos do guru da Administração, Peter Drucker, que diz: quando o governo controla, regula e cumpre a sua função, as políticas públicas são eficazes; quando as empresas cumprem o seu papel, os stakeholders ficam satisfeitos. O produto das instituições sem fins lucrativos, porém, não é um par de sapatos, nem um regulamento eficaz. Seu produto é um ser humano mudado positivamente. As instituições sem fins lucrativos são agentes de mudança. Para demonstrar o grande impacto econômico do voluntariado na economia, há uma equação simples. Se con-
siderarmos apenas como voluntários permanentes 40% dos 400 mil voluntários mencionados acima temos este cálculo: 165.200 voluntários x 3h/mês x 12 meses = 5.947.200 h/ano x R$ 20,00 = R$ 118.944.000,00. No resultado deste cálculo, foi considerado que o voluntário disponibilizou 3 horas do seu tempo por semana pelo valor de R$ 20/h. E, vale ressaltar, que o valor/hora de uma boa parte desses voluntários custa 10 vezes mais. Se o Estado tivesse que utilizar o mesmo número de horas para prestar os serviços sociais que o Terceiro Setor presta para cobrir o déficit social do País, e se ainda consideramos os custos adicionais de CLT, verifica-se que esse trabalho voluntário teria um fabuloso impacto econômico na comunidade. Como sempre dizemos aqui na Parceiros Voluntários: é a comunidade cuidando da própria comunidade. Além do valor econômico, há o valor intangível. Há no voluntário a esponta-
neidade, o impulso emocional, o sentimento de pertencimento e desenvolvimento humano de ambos os lados. Uma das Crenças que norteiam a Parceiros Voluntários, diz: todo trabalho voluntário traz retorno para a comunidade e para as pessoas que o realizam. Por ser a fundadora da ONG Parceiros Voluntários, eu sou uma idealista e entusiasmada! Vejo que o entusiasmo é diferente do otimismo. Otimismo significa acreditar que uma coisa vai dar certo. Talvez até torcer para que ela dê certo. A pessoa entusiasmada é aquela que acredita na sua capacidade de transformação, de fazer dar certo. É a pessoa que acredita em si e nos outros. Acredita na força que as pessoas têm de mudar o mundo e a própria realidade. Só há uma maneira de ser entusiasmado: é agir entusiasticamente! (*) Maria Elena Pereira Johannpeter é Colunista colaboradora de Plurale. É Fundadora (Voluntária) da ONG Parceiros Voluntários.
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Estante Retratos Culturais do Arco e Flecha, Por Virgílio Viana e Sérgio Adeodato, Fundação Amazonas Sustentável, 124 págs, R$ 110,00 O livro “Retratos Culturais do Arco e Flecha no Amazonas: uma ponte entre a tradição e a modernidade” acaba de ser lançado em São Paulo. A obra, de autoria do ativista Virgílio Viana e jornalista Sérgio Adeodato, destaca a história dos povos tradicionais do Amazonas das etnias Baniwa, Kambeba e Karapãna, por meio de uma imersão em comunidades indígenas do Rio Negro. Produzido a partir de jornadas em comunidades indígenas do alto e baixo Rio Negro, no Amazonas, a obra apresenta ao leitor um olhar ampliado sobre o arco e flecha indígena no Amazonas, convidando para um mergulho na relação entre o moderno tiro com arco e a cultura tradicional Baniwa. O livro celebra o encontro dessa prática milenar com a modernidade, proporcionado pelo Projeto Arquearia Indígena no Amazonas, que desde 2013 oportuniza a quatro atletas indígenas do Amazonas treinamento de alto rendimento visando competições internacionais.
Os Rios Voadores (infantil), Por Yana Marull, 24 págs O Acaba de ser lançado o livro infantil “Os Rios Voadores”, com pesquisa, texto e ilustrações de Yana Marull, que foi correspondente internacional na América do Sul por duas décadas com veículos como a Agência France Presse (AFP), a revista Processo de México e a BBC. No livro, a jornalista aborda dois temas cruciais do momento atual no Brasil e com os quais crianças brasileiras se deparam diariamente nas escolas: Água e Amazônia. Com belas ilustrações da autora, que percorreu a floresta em inúmeras viagens para pesquisa e reportagens, o livro (Outubro Edições), além de uma leitura lúdica e didática, apresenta informações básicas sobre o bioma amazônico e também explica a importância das árvores e da água. “Só teremos a água que precisamos, nas nossas casas, se conseguimos preservar as árvores e a floresta”, explica a autora. No site www.yanamarull.com pode ser adquirido e também listará lugares de venda.
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Na ponta da língua, do Chef Renato Caleffi, Editora Pandorga, 318 págs, R$ 49,90 Muito conhecido pelos pratos funcionais – e muito gostosos! – o Chef Renato Caleffi explica em seu lançamento, o livro Na ponta da língua publicado pela Editora Pandorga, todos os benefícios da incrível Biomassa de Banana Verde. A matéria é a assinatura de boa parte de seus pratos, os quais estão com as receitas completas na obra também. Segundo o próprio Renato: “A Bioamassa é prebiótica, ou seja, melhora o funcionamento do intestino, mas também está relacionada à absorção de nutrientes como o cálcio, antioxidantes, reduz o colesterol, fortalece a imunidade, é rica em vitaminas A, B1, B2, melhora a performance gastronômica, não contém glúten, nem lactose ou caseína.” Ainda assim, ele explica que o principal elemento benéfico da Banana Verde é o amido resistente. “O maior responsável pelo sucesso dos efeitos da banana verde na saúde é o amido resistente. Ele está presente na polpa e na casca da banana verde, não é digerido, mas é absorvido no intestino delgado, podendo ser fermentado no intestino grosso, produzindo substâncias que servem como fonte de energia para produção das bactérias benéficas do intestino.”
A Tartaruga-Gigante, Por Fernando Rebouças, Editora Oiarte Os quadrinhos do Oi! O Tucano Ecologista alegram e conscientizam a respeito das questões ecológicas e culturais da atualidade. O novo livro em quadrinhos “A Tartaruga-Gigante”, segundo livro da coleção “Histórias Ecológicas”, foi lançado em julho de 2017. Há muitos anos, os oceanos do planeta Terra sofrem com a poluição causada, principalmente, pelo lixo oriundo de embarcações, redes de esgoto e cidades. Esse processo poluidor em nossos oceanos está colocando em risco a vida de diversas espécies marinhas, especialmente, a tartaruga-gigante, retratada na história principal deste livro. Para entender o que inspirou o desenhista Fernando Rebouças a desenhar esta história, leia o desabafo do artista em seu blog: https://reboucasblog.wordpress.com/2017/07/01/tartaruga-marinha-inspira-novo-livro-do-oi-o-tucano-ecologista/
24 de outubro de 2017 B3 – Rua XV de Novembro, 275, Centro 1º Andar, São Paulo/SP
A Conferência é uma realização conjunta da Apimec - Associação dos Analistas e Proossionais de Investimento do Mercado de Capitais com o PRI - Principles for Responsible Investment, voltada para proossionais de investimentos e demais participantes ou interessados no tema, que tem por objetivo a discussão dos critérios Ambiental, Social e de Governança Corporativa (ASG/ESG) nas análises e decisões de investimento. O tema deste ano busca a discussão sobre o dever duciário, focado nas responsabilidades e oportunidades referentes a integração destes critérios, principalmente no momento em que o cenário atual demonstra a correta tendência de alocação de capital responsável e com entendimento de seus impactos. Este evento concederá 2 créditos para o PEC – Programa de Educação Continuada da APIMEC Informações e inscrições:
Dever duciário dos investidores institucionais
Telefone: 11 3104-1491
Responsabilidade da informação -
E-mail: contato@esglatam.com.br
Comunicando informações ESG ao mercado Integração ESG à análise e gestão de ativos
Patrocinador Diamante
Patrocinador Prata
Apoio
Apoio de divulgação
Apoio Institucional ABRAPP | ABRASCA | ABVCAP | AMEC | ANBIMA | ANEFAC | CDP | CODIM | FEA USP | IBRI | RESULTANTE | SITAWI
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Pelo Brasil Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza apoiará financeiramente 17 novos projetos de conservação da natureza em todo o Brasil Dentre as propostas selecionadas no Brasil por meio de edital público, três delas são focadas na conservação da natureza fluminense HAROLDO PALO JR – FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO
No mês de agosto, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza apoiará financeiramente 17 novos projetos de conservação da natureza em todo o Brasil - que foram selecionados por meio de editais públicos lançados no início de 2017. No total, serão doados R$ 2,3 milhões para iniciativas a serem realizadas em todos os biomas brasileiros e nos ecossistemas costeiro e marinho. No estado do Rio de Janeiro são três os projetos que receberão apoio financeiro e que, juntos, somam R$ 647 mil. O projeto “O ameaçado que virou ameaça: a remoção dos últimos micos-leões-de-cara-dourada invasores na área de ocorrência do mico-leão-dourado”, do Instituto Primatas para a Conservação da Biodiversidade é um dos selecionados. O objetivo será capturar os últimos grupos de mico-leão-de-cara-dourada (MLCD) que se inseriram no Parque Estadual da Serra da Tiririca após um morador de Niterói (RJ) ter soltado dois ou três casais no local, em 1994. A área está localizada na região de distribuição do mico-leão-dourado (MLD) e os grupos de MLCD introduzidos podem ocupar os territórios e expulsar os MLD nativos através da competição direta e/ou introduzindo doenças. O projeto visa percorrer toda a área para ter certeza de que todos os MLCD invasores foram removidos e translocados para uma floresta na Bahia, dentro da área de distribuição original da espécie, pois a permanência de apenas um casal permite que a espécie invada a floresta novamente. O programa “Papagaios do Brasil: Integração e articulação das ações do PAN Papagaios” tem o propósito de
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proteger cinco espécies de papagaios, a partir do combate a suas principais ameaças, como o comércio ilegal dessas aves e a destruição de hábitat – ações essas previstas no Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica. O programa articula esforços de instituições que atuam há duas décadas na conservação de papagaios, como a paranaense Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), a mato-grossense Fundação Neotrópica e a gaúcha Associação Amigos do Meio Ambiente, além do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE) que é uma unidade descentralizada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além do Rio de Janeiro, a iniciativa é realizada no Distrito Federal e nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, onde as espécies estudadas ocorrem. Nos litorais fluminense, capixaba, paulista, catarinense e gaúcho, a ini-
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ciativa da ONG KAOSA, “Conectividade populacional de uma espécie ameaçada de Garoupa (Epinephelus marginatus) ao longo de sua distribuição na costa brasileira”, visa avaliar o padrão de conectividade da garoupa-verdadeira ao longo de sua distribuição na costa brasileira, por meio de marcadores genéticos. A espécie-alvo é um peixe marinho de grande porte, com lenta taxa de crescimento e de complexo ciclo reprodutivo, que tem sido fortemente explorada pela pesca, sendo mundialmente classificada como ‘Em Perigo’ de extinção e nacionalmente como ‘Vulnerável’. No âmbito social, o projeto prevê ações de educomunicação visando conscientizar estudantes e formadores de opinião sobre a importância da conservação da garoupa-verdadeira e dos ecossistemas marinhos. Para conferir a lista completa dos projetos selecionados no primeiro semestre deste ano, acesse http:// www.fundacaogrupoboticario.org.br/ pt/o-que-fazemos/editais/pages/ apoio-projetos-linhas.aspx
Niterói se destaca no tratamento de resíduos Niterói, no Rio de Janeiro, é a segunda cidade do país com a melhor gestão de resíduos sólidos entre municípios com mais de 250 mil habitantes. Os dados são da segunda edição da pesquisa do Índice de Sustentabilidade de Limpeza Urbana (ISLU), elaborado pelo Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana) e pela PwC Brasil e estará disponível para acesso público após o evento de lançamento, no dia 31 de agosto. O índice utiliza dados disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) e avalia a limpeza urbana nos municípios a partir do grau de cumprimento das normas estabelecidas pelo PNRS, com uma pontuação que varia de zero a um (quanto mais próximo de 1, mais aderente à Política Nacional de Resíduos Sólidos o município está).
Os resultados do estudo indicam que a cidade de Niterói atingiu, neste ano, uma pontuação de 0,742 (classificação B), ante 0,622 (classificação C) no estudo anterior, registrando uma das mais altas variações positivas entre as cidades pesquisadas. A nova pesquisa analisou 3.049 municípios, ante 1.729 no ano passado. “O aumento do número de municípios participantes mostra a relevância do ISLU, que é uma ferramenta valiosa para mensurarmos a adesão dos municípios à Política Nacional de Resíduos Sólidos”, diz Federico Servideo, sócio da PwC Brasil. O ISLU leva em conta quatro aspectos: engajamento do município (população atendida e população total); sustentabilidade financeira (se há arrecadação específica para a coleta de lixo); recuperação dos recursos
ONU/MARCO DORMINO
coletados (material reciclável recuperado sobre total coletado); e, por fim, impacto ambiental (quantidade destinada incorretamente sobre a população atendida).
Brasil encerra atividade militar no Haiti De São Paulo
No fim de agosto, as tropas brasileiras se despediram oficialmente da missão da Organização das Nações Unidas no Haiti depois de 13 anos. Foi realizada na no dia 31 de agosto, em Porto Príncipe, a cerimônia que marcou o encerramento das atividades militares do Brasil na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Desde a decisão do Conselho de Segurança de extinguir a missão, o contingente tem se reduzido gradualmente até a retirada completa, prevista para 15 de outubro de 2017.
cional Interina, estabelecida apenas dois meses antes (26/02/2004) pela Resolução 1529. A Missão foi autorizada a mobilizar no Haiti até 6.700 militares, 1.622 policiais, 550 funcionários civis internacionais, 150 voluntários das Nações Unidas e cerca de 1 mil funcionários civis locais. Desde sua implementação, a MINUSTAH tem seu braço militar sob o comando do Brasil no trabalho para colocar fim à violência e à instabilidade política no Haiti. No total, 37.500 militares brasileiros — sendo 213 mulheres — atua-
ram no Haiti, possibilitando que o país testasse equipamentos militares em condições operacionais reais, uma experiência concreta para toda uma geração de soldados. Além do contingente brasileiro, integraram a MINUSTAH 550 militares de Japão, Chile, Nepal, Jordânia, Uruguai, Paraguai, Coreia do Sul, Sri Lanka, Argentina, Bolívia, Guatemala, Peru, Filipinas e Equador. Canadá, Estados Unidos e França prestaram apoio estrutural. O Brasil encerra sua atuação no Haiti com 981 militares. Desses, 767 são do Exército, 182 da Marinha e 32 da Força Aérea. ONU/MARCO DORMINO
MINUSTAH e o comando brasileiro MINUSTAH é a sigla em francês que se refere à Missão criada em 30 de abril de 2004 pela Resolução 1542 do Conselho de Segurança da ONU, e implementada efetivamente em 1º de junho do mesmo ano. A Missão foi criada para suceder de maneira mais estruturada a Força Multina-
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Pelo Brasil
Especial
ABA anuncia propósito e estratégia de atuação para os próximos anos De São Paulo
Com o conceito “ABA. Com você, a gente faz diferença”, a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) lançou, em 1º de setembro, campanha institucional, que marca uma nova visão, positiva e protagonista, no mercado da comunicação e do marketing.Esse movimento é resultado do projeto ABA 2020, criado para definir os rumos futuros da Associação, produzindo uma agenda estratégica e de impacto que envolve questões críticas dos negócios, e também da sociedade, de forma interligada. Para isso, a entidade foi ouvir seus associados e principais stakeholders sobre suas expectativas e desafios, para que pudesse liderar e atender às demandas determinadas pelos novos modelos de negócios. Durante sete meses, realizou pesquisas quali e quanti, reuniões, calls e depoimentos online para geração de insights e construção do propósito, para, a partir daí, desenvolver a estratégia e planos de ação. A ABA definiu sua causa, o motivo pela qual ela existe, para assim definir seu propósito: “Mobilizar o Marketing para Transformar os Negócios e a Sociedade”. A ABA entendeu que tinha um espaço na sociedade que só ela podia assumir, e que uma lideran-
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ça transformadora seria a única maneira de construir um futuro de possibilidades e prosperidade, pois é onde se cria diariamente referenciais acerca das melhores práticas e do estado da arte do marketing e da comunicação. Além de ser reconhecida pelo mercado e governo pelas discussões de temas críticos para a liberdade de expressão no que tange o consumo responsável, a ABA reúne profissionais e líderes de marketing de grandes empresas, que constituem a riqueza de um conjunto multissetorial. “Nossos esforços, a partir desse momento, estarão voltados ao alcance do novo propósito, através da mobilização do mercado para promover um ambiente de negócios livre e responsável; da construção de uma agenda propositiva que alinhe todos os atores do mercado da comunicação; da promoção das melhores práticas
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globais em marketing, regulatório e desenvolvimento de talentos; e da pavimentação dos caminhos do futuro da comunicação e do marketing de forma coletiva”, afirma Sandra Martinelli, presidente executiva da ABA. A parceira da ABA para o desenvolvimento do projeto estratégico e para as pesquisas qualitativas foi a Consultoria Amélie, de Olga Martinez e Anne Hamon, e a campanha é assinada pela agência Heads, que engloba o novo logo, peças publicitárias, spots para rádio e anúncios on e offline, e coordena ainda a mudança visual dos materiais gráficos. A pesquisa quantitativa foi feita pela Ideafix, de Suzel Figueiredo, e algumas das quali pela Perception Fly Frog. A ABA também reformulou toda a sua plataforma digital - Portal, LinkedIn, Twitter, Instagram e Facebook - alinhando-os ao seu propósito.
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Especial Vegetariano
Verdes Campos Ilustre pela música erudita, boa cerveja e clima europeu, a serrana Campos do Jordão recebeu no início do setembro o maior evento vegetariano do Brasil, o VI VegFest, realizado no Hotel Serra da Estrela Por Raquel Ribeiro, de Campos de Jordão (SP) Fotos Jean Pierre Verdaguer (*)
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or quatro dias, a paulista Campos do Jordão se tornou a meca do vegetarianismo ao sediar o VI VegFest Brasil, congresso que reúne grandes nomes de defesa animal, ativistas vegetarianos, nutricionistas, cozinheiros e outros especialistas que limam todas as carnes de seus cardápios. Promovido pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), o encontro deu continuidade a congressos realizados desde 2006 e foi rebatizado para dar um ar mais festivo e convidativo à comunidade. A escolha do local não poderia ser mais apropriada, já que o simpático Hotel Serra da Estrela se tornou um case de hotelaria ao
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A pizza vegana do restaurante Alquimia, no Hotel Serra da Estrela, prova que o reino dos “queijos” é mais amplo do que se imaginava.
passar a oferecer um café da manhã 95% vegano (pois esta refeição ainda contém iogurte e outros itens de origem animal para agradar a todos os hóspedes). e abrir um restaurante que não usa ne-
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nhum ingrediente de origem animal, o Alquimia. Sua proprietária, Denise Bernardino, vegana desde 2014, decidiu mudar o perfil gastronômico do seu estabelecimento em 2015 e vem fazendo um “traba-
Vista geral de Campos de Jordão. DIVULGAÇÃO
Hotel Serra da Estrela.
lho de formiguinha” para atrair um público a priori onívoro. Ser a sede do VI VegFest foi, para ela, a cereja do bolo. Um bolo sem leite, ovos ou manteiga, claro; assim como as mil delícias servidas na farta mesa do Serra da Estrela. “Pão de queijo” de mandioquinha, “requeijão” de inhame, “omelete” de grão de bico, “presunto” de fécula de trigo e castanha, leite de arroz e de amêndoa são exemplos de como se mostra cada dia mais rico esse mundo culinário. Enquanto o lançamento de produtos sem origem animal revela o crescimento do vegetarianismo no Brasil, youtubers e blogueiros das redes sociais atiçam, envolvem e atraem novos adeptos com milha-
Fábio Chaves - “O sangue novo e brilho nos olhos dessa juventude são promissores”, comemora o idealizador e dono do portal Vista-se.
res de receitas, gaiatas demonstrações culinárias e bilhares de vídeos e posts diários sobre o tema. Segundo um expert no assunto, Fábio Chaves, é tão intenso o surgimento de sites, blogues, páginas no Facebook e instagram, que muitos estudantes de jornalismo optaram por escrever seu TCC sobre o tema. “O sangue novo e brilho nos olhos dessa juventude são
promissores”, comemora o idealizador e dono do portal Vista-se. Sim, havia jovens no VegFest. E coroas. E idosos. Uns bem arrumados, outros mais informais. Tinha gente rica; outras nem tanto. Em suma, o público era bem variado. Ponto para o vegetarianismo, como prova o carismático Dan Mathews, vice-presidente da ONG global PET
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Especial Vegetariano
Feira Vegana, na entrada do Hotel Serra da Estrela, atraiu o público em geral com várias novidades.
Dan Mathews, vice-presidente da Peta, com Plurale - Na palestra da Animal Equality, imagens que revelam a crueldade com os animais criados para abate e produção de leite/ovos chocaram a plateia. A ONG usa esse recurso no lobby político em vários países, promovendo, assim, mudanças consideráveis.
(People for the Ethical Treatament of Animals). Há mais de três décadas, ele comanda ações ousadas mundo afora para chamar a atenção sobre o que acontece atrás das grades da indústria das carnes. Para Dan, que é historiador e estudou a evolução dos movimentos sociais nas últimas décadas, a luta pelos direitos animais tem chance de crescer a ponto de se tornar tão significante globalmente como o movimento negro, o gay e o das mulheres: “Nos Estados Unidos, isso já começou! As novas gerações estão revolucionando isso; e tudo está acontecendo muito rápido com o incentivo de personalidades públicas do mundo do show business”. Há um fator positivo que impulsiona isso tudo: “Ao contrário de outros movimentos, este não é caracterizado de esquerda; nele militam pessoas de todas as vertentes ideológicas possíveis”. Para agradar os diversos paladares
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culturais, o VI VegFest trouxe desde representantes do PETA e Animal Equality até esportistas olímpicos e estrelas das redes sociais – foi o toque egotrip com longos depoimentos de famosos dourando a própria pílula. Algo que para os veteranos, beira o ridículo, mas que agrada a geração-selfie. O fato é que o movimento vegetariano tem mesmo muitas facetas e “precisamos focar nos que nos une”, como enfatizou Nina Rosa. Ela, que é uma das primeiras militantes dos diretos animais no Brasil, clamou para que cada um seja um multiplicador e que sua atuação seja a mais ampla possível, em prol da preservação do planeta: “Vamos cuidar das águas, das florestas e do lixo que produzimos. Vamos nos unir! A pessoa que resgata animais de rua e não é vegana, também está na luta. Ninguém é melhor do que ninguém por ser vegano”.
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Nina resumiu o futuro do movimento – ser cada vez mais plural, abarcando todas as lutas e bandeiras. Não importa se o que move é proteger o planeta, os animais ou a própria saúde; nem se o ativista é vegano, vegetariano ou onívoro. Exagero? Pois se Leonardo DiCaprio, ator, ambientalista e produtor de documentários que apontam a relação direta entre a criação de animais para consumo e a destruição do planeta, coloca ou não um bife no prato faz diferença? Muito além do PVT A oportunidade de ouvir os ativistas veteranos e ver (ou rever) as dramáticas imagens da indústria da carne criaram um clima de irmandade entre todos os presentes, facilitado também pelos eventos paralelos às palestras. Houve demonstrações culinárias, encontros zen à beira da piscina e a simpática Feira Vegana na entrada do Hotel Serra da Estrela. A última era aberta aos que passeavam por Campos e muitos se surpreenderam com a qualidade de produtos cosméticos, aptos a garantir uma beleza vegana
FOTOS DE JEAN PIERRE VERDAGUER
Cozishow – atração do VI Vegfest com receitas práticas e saborosas.
da cabeça aos pés, e com os “queijos”, “manteigas”, “iogurtes”, “embutidos” e “carnes”. Sem dúvida, a área que mais cresce no planeta veg é a culinária: o mercado se esmera nos substitutos das carnes e laticínios. Quem acha que a proteína de soja (PVT) ainda reina no menu, terá uma grata surpresa ao experimentar um hambúrguer de feijão ou um quibe de carne de jaca. Thiago Medeiros foi um dos cozinheiros didáticos, que deu ideias rápidas e fáceis para quem está mudando de dieta. Mostrou a rica gama de pastinhas e como elas ajudam a “limpar a geladeira”. Deu a dica de bater no liquidificador aquelas porções que estavam “sobrando” (brócolis e beterraba, por exemplo, dão cor e sabor à uma pasta baseada em tofu). Agora, quem uniu gregos e troianos criando fila na porta do hotel e lotou o auditório foi Eric Slywitch, médico nutrólogo. O tema da palestra, Carbofobia e Proteínomania, seguiu a linha de recentes estudos apontados no documentário What The Health, que relaciona consumo de carnes a doenças como diabetes e câncer. O médico confirma a teoria de que uma dieta com baixo teor de gordura e elevado teor de carboidratos complexos traz vários benefícios à saúde: ocorre redução expressiva de peso, de colesterol, de pressão arterial e de glicemia. É importante ressaltar, porém, a grande diferença entre carboidrato simples,
como o açúcar branco; e o complexo, que é rico em fibras e nutrientes, como massas, arroz e pão integrais, feijão, lentilha e grão de bico. “Segundo Eric, carboidrato complexo não é vilão para a saúde! Gordura saturada, sim!”. SVB lança campanha Na mesma onda, foi lançada, pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), a campanha Vegetarianismo contra o Câncer, doença que se espalha na mesma proporção que nossos maus hábitos: consumo de bebidas alcóolicas, alimentos industrializados, sedentarismo e quetais. Igualmente disposto a alertar as pessoas a tomarem a rédea da própria saúde, Alberto Peribanez lançou Cirurgia verde, livro saboroso, repleto de boas tiradas. Numa dela, o médico conta que, em 1991, ganhou uma bolsa para estudar na Alemanha, ficou hospedado na casa de um professor e, no primeiro dia, pegou sua bicicleta para dar uma volta. O pneu furou e, constrangido, voltou para a casa do anfitrião. Mostrou o estrago, o homem observou o problema, pegou as ferramentas e calmamente consertou a bicicleta. O gesto simples e sábio se revelou uma aula de medicina ao estudante, que décadas mais tarde escreveu: “Saúde e algo que começa dentro de nós, e a saúde do planeta depende da saúde de cada ser vivo. Enquanto não entendermos isso, continuaremos a nos deixar consertar pelos médicos, seus remédios e
O público fez fila para assistir a palestra do médico e nutrólogo Eric Slywitch.
suas engenhocas”. Uma dieta balanceada sem leite, carne e derivados é comprovadamente benéfica à saúde e à vida – seja do homem, do animal ou do planeta. Ela não interessa, porém, às grandes corporações. “Há aumento no número de vegetarianos no Brasil e menos resistência da mídia, mas o cenário mundial é desfavorável: segundo a ONU, a expectativa da indústria da carne é que até 2050 duplique o consumo”, alerta a presidente da Internacional Vegetarian Union (IVU) e fundadora da SVB, Marly Winckler. Por isso
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Especial Vegetariano
Parque Tarundu tem várias atrações como a torre para observação e arborismo.
Em defesa da causa do vegetarianismo: Marly Winckler, presidente da International Vegetarian Union, Denise Bernardino, do Hotel Serra da Estrela e Nina Rosa.
a campanha Segunda Sem Carne é tão importante: é grande a chance de a pessoa que experimenta não comer carne uma vez por semana, sentir o benefício e repetir a dose a ponto de limá-la do cardápio. Capivari: um pouco além da truta Artéria pulsante das atrações gastronômicas de Campos do Jordão, Capivari é deveras charmoso com sua arquitetura de inspiração germânica e jardins bem cuidados. Boa cerveja, mesas na calçada e... fartura de carnes! Apesar do reinante aroma de churrascaria, onze restaurantes do bairro surpreenderam os organizadores do VegFest ao aceitarem o convite de, durante o evento, oferecerem opções veganas. Ideia ótima de partilha, abertura e cooperação, criando oportunidade de troca en-
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tre as tribos. Fora de Capivari, um único restaurante entrou no circuito, o Dona Chica, dentro do Horto Florestal, um espaço aprazível com varandona, brinquedos feitos de pneu usado e por frases inspiradoras como essa: “não mate nada além do tempo”. A sintaxe poderia estar na blusa panfletária de um abolicionista, termo usado para identificar aquele que busca a libertação animal e, em geral, se opõe ao bem-estarista, militante mais pragmático, que trabalha para vencer batalhas paulatinamente, até a eliminação completa das jaulas. Parque Tarundu tem várias atrações Ah, liberdade! Quem não gosta de sentir o vento no rosto? Pois no parque Tarundu, há uma torre de 70 metros (altura de um prédio de vin-
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FOTOS DE JEAN PIERRE VERDAGUER
Horto florestal: viveiros, cachoeira, trilha bem cuidada na mata e araucárias centenárias. O borboletário, a caminho do parque, é um espaço de educação ambiental e cultivo do silêncio e do respeito.
te andares), de onde divertidamente se desce de tirolesa. O verde que envolve essa e outras construções neste centro de lazer que reúne 30 atividades é cem por cento de reflorestamento. Ricardo Lenz, idealizador e proprietário do lugar, está investindo em soluções sustentáveis – como o tratamento de efluentes –, tem interesse em investir na separação dos resíduos e, talvez, em incorporar opções vegetarianas no cardápio. O Tarundu ainda gera um impacto positivo na comunidade ao trazer alunos de escolas públicas locais para desfrutar os brinquedos hi-tech do parque e ainda almoçar – um programa bacana distante da realidade financeira dessas crianças. Campos, um lugar que cresceu com a fama de promover saúde por conta de seus bons ares, ainda hoje
pode (e deve!) ser visitada com esse olhar. Basta seguir os caminhos verdes do mapa, como o Parque Estadual de Campos do Jordão (mais conhecido por Horto Florestal), que ocupa 30% do município e preserva araucárias centenárias; o borboletário, local que reverencia o silêncio e o amor aos pequenos seres da natureza ou a imponente Pedra do Baú, um desses lugares onde a gente se sente pequeno e forte ao mesmo tempo. Bom para seguir uma das frases citadas no congresso: “Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso”. (Edward Everett Hale) (*) Equipe de Plurale esteve no VI VegFest a convite do Hotel Serra da Estrela e da SVB.
O Cine bistrô, no Capivari, incorporou novas opções vegs ao seu cardápio de inspiração cinematográfica.
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Gastronomia
Entrada Espaço Gastronômico
Culinária Amazônica
– rica em cores, temperos e aromas – conquista o Brasil Por Ana Carolina Maia, Especial para Plurale De Alter do Chão (PA) Fotos de Bárbara Pereira (Divulgação) e Alex Fisberg (Foto Aérea de Alter do Chão)
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região norte do país é conhecida por deter uma grande biodiversidade, rios caudalosos e belezas estonteantes que encantam a todos que por lá passam. A Amazônia consegue surpreender também pela culinária, que une ingredientes indígenas únicos juntamente com herança portuguesa e escrava. O resultado dessa alquimia é uma explosão de sabores com um gostinho de quero mais.
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No município de Santarém, no oeste do Pará, exatamente na vila balneária de Alter do Chão, um restaurante tem chamado a atenção de turistas e moradores. O motivo? O cardápio é exclusivamente dedicado à culinária amazônica, utiliza elementos da cozinha de raiz em paralelo com a gastronomia contemporânea. A região é rica em temperos, cheiros e aromas e o diferencial é justamente esse resgate do modo ribeirinho de preparar a comida, que é peculiar e profundo. Pato no tucupi, jambu, tacacá, maniçoba são apenas alguns pratos da gastronomia Amazônica que tem ganhado inúmeros apreciadores Brasil a fora.
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Juana Calcagno Galvão é a proprietária do Espaço Gastronômico Alter do Chão
FOTOS DE BÁRBARA PEREIRA/DIVULGAÇÃO
Coxinha de Jambu
Ceviche Tropical de Pirarucu
Bolinho de Piracuí
Com a exibição da novela “A Força do Querer”, pela rede Globo no horário das 21h, a culinária do estado do Pará ficou em evidência em várias cenas em que a atriz Zezé Polessa aparece degustando uma caldeirada de peixe.A imagem deixou os telespectadores com vontade de experimentar o tempero paraense. Já imaginou estar em plena floresta Amazônica e se deliciar com um Ceviche Tropical? A iguaria é originária do Peru, mas recebeu um toque regional, é feito Preparado com pirarucu e ervas. Quem provou garante que o sabor é inigualável. O mineiro Lucas Welter aprovou “É muito saboroso e exótico. Casa muito bem com o clima daqui, além de ser leve e refrescante”, elogia. O cardápio do restaurante “Espaço Gastronômico Alter do Chão” não é estático, todo tempo há novos pratos sendo montados, novas receitas são testadas.A assinatura do menu é feita por vários chefs.È uma espécie de cozinha autoral e inovação é a palavra chave. Ingredientes como mandioca, pimenta-de-cheiro, peixes da bacia Amazônica como tucunaré, pirarucu,
tambaqui não podem faltar. A responsável por trazer esses sabores à mesa de visitantes, turistas, moradores e amantes da boa gastronomia éa empresária Juana Galvão. Para ela o ato de comer é como fazer sensorial no universo de temperos, cheiros, aromas. “Tudo isso são sabores inigualáveis. É uma união entre percepção e sensações que desconstroem qualquer paladar e conceito”, afirma Juana. Esse é o motivo pelo qual a gastronomia amazônica é um sucesso. È exótica, especial e única. Quem come se apaixona pela singularidade dos ingredientes e principalmente pelo sabor.
tativas ao mastigá-la. Seu sabor é levemente ácido e picante. “A coxinha leva frango, folha e jambu e um toque especial da casa que é a manteiga de jambu. A pegada da coxinha é o clichê de um lanche rápido muito tradicional do brasileiro e que passou por uma releitura tipicamente paraense” diz Juana Galvão. Há ainda quem diga que a planta possui propriedades afrodisíacas.
Coxinha “treme-treme” Não há quem resista a uma boa coxinha, o salgado é a preferência nacional de 9 em cada 10 brasileiros.Imagina essa delícia recheada não só com o frango, mas com um ingrediente especial: o jambu, erva tipicamente do norte do país.O sabor dessa coxinha é uma sensação única. O jambu tem como característica principal é dar uma leve dormência nos lábios e nas papilas gusALEX FISBERG
Cachaça de Açaí Quem conhece o açaí sabe que a fruta tem um sabor bem característico, a cor roxa e vibrante chama a atenção. A novidade é já existe uma cachaça de açaí batizada de “Cachaçaí”. A proposta da aguardente é manter evidente o sabor do açaí e demais propriedades, bem como o teor energético. A bebida é produzida de forma artesanal, os ingredientes utilizados na fabricação da cachaça são de origem orgânica e envelhecidos em barris de carvalho. O processo é feito manualmente. A “Cachacaí” preza pela qualidade do produto desde a colheita do fruto até a despolpa. Alter do Chão Considerada pelo jornal inglês “The Guardian” a praia de água doce mais bonita do Brasil, a vila de Alter do Chão está localizada na margem direita do Tapajós, A praia fica cerca de 35 km de Santarém. O acesso é pela rodovia estadual PA-457. Os visitantes também podem chegar até a vila de barco. O acesso por via fluvial leva cerca de 3 horas, pelo rio Tapajós. As praias de águas doces e cristalina são um deleite para os olhos de quem visita o local.
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Mobilidade Urbana
Um projeto em construção ARTE GRÁFICA: CID VIEIRA
Especial da Agência Brasil Reportagem: Fabíola Sinimbú Edição de texto: Lídia Neves e Noelle Oliveira
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ouco mais de um mês após a abertura, pelo Ministério das Cidades, de linha de financiamento para elaboração de planos de mobilidade urbana, apenas 87 municípios tiveram propostas aprovadas até o dia 10 de agosto, dentre os mais de 1,6 mil que pertencem à faixa contemplada. No dia 17 de agosto, o ministério informou que o número de cadastros aprovados subiu para 142. O financiamento do Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana (Pró-Transporte) foi lançado em 12 de julho, para municípios de até 250 mil habitantes. Não há uma data-limite para o envio das propostas. A pasta não soube informar, no entanto, quantos municípios dentre os aprovados foram contemplados para financiar especificamente o plano de mobilidade, para investir de forma planejada para melhorar a locomoção nas cidades. Pelo programa, além dos planos, é possível financiar também sistemas de transporte público coletivo, qualificação viária, transporte não motorizado, estudos e projetos. A baixa eficiência no uso do espaço urbano em transporte, ou seja, a escolha que as pessoas fazem para se deslocar, é um dos principais aspectos que impactam a mobilidade. Segundo o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), enquanto uma pessoa, ao caminhar, ocupa 0,8m², ela pode chegar a ocupar 60m², se optar por fazer deslocamento similar em um automóvel particular. A decisão sobre qual transporte usar leva em consideração os fatores segurança, disponibilidade de informação, custo e comodidade, além
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da disponibilidade e infraestrutura adequada de transporte, segundo o coordenador do Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes da UnB, Pastor Willy Gonzales. Para ele, todos os elementos que compõem o sistema de mobilidade devem funcionar em conjunto. “Um sistema de mobilidade urbana refere-se à infraestrutura, à parte normativa, aos vários elementos que possibilitam às pessoas deslocar no espaço urbano, dentro deles o transporte público e o transporte privado”, afirmou. Plano de mobilidade O plano de mobilidade foi instituído em 2012, por meio da lei
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que criou a Política Nacional de Mobilidade Urbana. Após tramitar por 17 anos, a lei nº 12.587/2012 estipulava o prazo de três anos para que os mais de 1,7 mil municípios com população superior a 20 mil habitantes entregassem seus planos. Em 2015, apenas 500 prefeituras conseguiram cumprir o primeiro prazo estabelecido, que foi posteriormente alterado pela lei 13.406/2016. Com a mudança, além do limite de entrega ter sido estendido para abril de 2018, os planos de mobilidade terão de ser compatibilizados com os planos diretores municipais. Segundo a gerente de projetos do Ministério das Cidades, Martha
ALF RIBEIRO/ ISTOCK
Municípios com mais de 20 mil habitantes têm até abril de 2018 para concluir seus planos de mobilidade.
Martorelli, a mudança impactou diretamente no andamento dos planos de mobilidade: muitos municípios suspenderam a elaboração do plano e atuam sem uma programação. “Um grande gargalo seriam essas obras e empreendimentos e intervenções sem planejamento, porque na mobilidade urbana isso se esgota rapidamente. Então, fazer o plano de mobilidade urbana é fundamental. Porque a partir daí, qualquer investimento vai ser mais efetivo para a sociedade”, disse Martha Martorelli. De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, os municípios não conseguirão cumprir o novo prazo para a entrega dos planos. A expectativa é que haja um avanço de cerca de 5% no que já foi entregue. “Os municípios não têm estrutura de engenheiros de obras para poder elaborar os documentos. Não temos estrutura técnica, nem financeira, para fazer”, afirmou. Em busca de recursos Para Paulo Ziulkoski, a viabilidade dos planos aumentaria caso os municípios se organizassem em consórcios para a realização de um plano regional. Ainda assim, ele considera que as cidades teriam dificuldade em executar o planejamento por falta de orçamento, uma das principais barreiras identificadas para elaboração.“O Brasil vive uma crise e logicamen-
te que ela atingiu os municípios”, afirmou. Desde a criação da política de mobilidade, os municípios pleiteiam recursos para viabilizar a elaboração dos planos. Uma minoria deles foi financiada por meio de emendas parlamentares. Segundo o presidente da CNM, os municípios não têm como pegar empréstimos, já que muitos estão endividados atualmente. Como solução, Ziulkoski propõe o repasse direto do Orçamento Geral da União a fundo perdido. “Não adianta querer apertar o prefeito ou município que não tem como fazer. Primeiro, quem tem que dizer como fazer é a União, que fez a lei. Se ela tem vontade de terminar com o analfabetismo no Brasil, tem que dizer como é que vai terminar e como é que ela vai ajudar. Não é criar a lei e dizer: ‘nós vamos ajudar técnica e financeiramente’”, argumenta. Recentemente, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, anunciou o lançamento do programa Avançar Cidades Mobilidade, que prevê R$ 3,7 bilhões para financiamentos de ações no setor. A gerente de projetos Martha Martorelli explica que os municípios com mais de 100 mil habitantes que ainda não têm o plano de mobilidade urbana e que apresentarem proposta de empreendimento terão que solicitar empréstimo para a elaboração do plano, no qual o projeto deverá ser inserido. “Assim a gente ga-
rante que esses recursos que eles vão utilizar sejam mais efetivos e surtam mais efeito”. Cumprimento de metas O Brasil e outros 192 países se comprometeram a tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Este é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas para 2030. Para alcançar esses objetivos, foram descritas 169 metas – muitas envolvendo a mobilidade urbana. Mas, assim como em outros lugares no mundo, os municípios brasileiros ainda têm grandes desafios para atingir essas metas. O professor Gonzales considera que, embora o Brasil já tenha diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de Mobilidade Urbana, falta implementá-las, para que as cidades se aproximem das metas. “As ações que permitem implementar as diretrizes é o que está falhando. Existe uma espécie de vácuo, como se a ponte entre um lugar e outro tivesse caído, ou é fictícia, e não permite que se implemente a lei. Embora existam algumas ações interessantes, mas também muito pontuais”, diz. Biocombustíveis: um caminho em busca da redução do impacto ambiental Diminuir os impactos ambientais é um dos desafios de quem pensa a mobilidade, contando com novas tecnologias e pesquisas para ampliar o uso de combustíveis sustentáveis. O setor do transporte foi a segunda maior causa de emissões de dióxido de carbono (CO ) no Brasil: repre² sentou 11% do total bruto de 1.927 bilhões de toneladas, ficando atrás apenas do setor agropecuário, segundo pesquisa realizada pelo Observatório do Clima. Atualmente os biocombustíveis representam 38% da matriz energética brasileira, sendo a maior parte sucroenergético (álcool, açúcar e biomassa da
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Mobilidade Urbana
ELZA FIÚZA / ARQUIVO / AGÊNCIA BRASIL
Pesquisas estudam substituir a cana-de-açúcar pela cana-energia, mais eficiente para a produção de etanol.
cana) ou proveniente das oleoginosas, como soja, dendê, girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão-manso. Outros combustíveis, como o biodiesel de resíduos da indústria de alimentos e o biometano, têm ganhado espaço, ainda de forma discreta. “A biomassa residual, os resíduos agrícolas, os resíduos dos matadouros e resíduos sólidos urbanos têm grande potencial”, diz o coordenador geral de tecnologias setoriais do Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Eduardo Soriano. Em todo o país, diversas pesquisas estão em andamento com o objetivo de implementar o uso de combustíveis sustentáveis. Na área de produção de etanol, pesquisas indicam que o uso da espécie cana energia aumenta consideravelmente a média de produtividade nas plantações. “A média de produtividade de cana-de-açúcar, por exemplo no Centro-Sul, é 140 toneladas por hectare. Nós estamos produzindo a cana-energia, hoje em dia, em forma de pesquisa, já está chegando a 200 toneladas por hectare e
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pode chegar a 300 toneladas por hectare, ou seja, o Brasil pode aumentar e muito a sua produção de etanol sem usar um hectare a mais de terra”, afirma Soriano. A produção de biodiesel a partir de microalgas é outra pesquisa em andamento, já que esses pequenos organismos são oleoginosas de rápido crescimento, que não competem com a produção de alimentos, pois podem ser produzidos em áreas não propícias para
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a agricultura. “Isso é uma tecnologia nova que ainda está em laboratórios, o mundo inteiro ainda está pesquisando”, diz o representante do MCTIC. Combustível para aviação Mas a grande novidade na área de pesquisa para combustíveis aplicados ao transporte não diz respeito às emissões de transportes terrestres, mas sim no combustível renovável para aviação, com pesquisas no Brasil para uso
DIVULGAÇÃO
Pesquisas estudam ampliar o percentual de bioquerosene de aviação no abastecimento de aeronaves.
REPRODUÇÃO/ AGÊNCIA BRASIL
de energia elétrica e de bioquerosene. A primeira é a rota de síntese, que usa a energia elétrica para separar o hidrogênio e o oxigênio da água para produzir o gás de síntese. Esse gás se mistura a outros gases para formar um combustível adequado para a aviação. No final do mês de junho, Brasil e Alemanha firmaram um acordo para a construção de uma planta piloto no Brasil para desenvolver pesquisas com o novo combustível nos próximos cinco anos, que possam ser produzidos em diversos locais. “A ideia é produzir em pequena escala, porque as grandes refinarias produzem em larga escala, então, você precisa de uma infraestrutura muito grande e gasta mais combustível para transportar o querosene até lugares distantes, como a Amazônia, igual ocorre com o diesel nas térmicas. Queremos, no futuro, criar uma rota tecnológica, um novo padrão para ser replicado em lugares mais distantes”, explica Soriano. A outra linha de pesquisa é a biológica, já em estudo há alguns anos no Brasil, com testes bem-sucedidos do uso do bioquerosene de aviação (BioQAV) produzido a partir de oleoginosas. Em novembro de 2010, uma companhia aérea brasileira realizou o primeiro voo com um Airbus A320 abastecido com uma mistura de 50% do combustível sustentável. A aeronave sobrevoou por 45 minutos o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, companhias aéreas brasileiras adotaram cerca de 4% de adição do BioQAV no combustível. Os líderes mundiais no uso de biocombustíveis nos transportes aéreos e nas pesquisas no setor são Estados Unidos e Portugal. “O Brasil, como líder mundial em biocombustível, não pode perder essa corrida, estamos empenhados em desenvolver os bioquerosenes de aviação”, diz Soriano.
A trabalhadora doméstica Maria Sales trabalha a 34 quilômetros de sua casa.
Sustentabilidade urbana A necessidade de se deslocar diariamente para cumprir tarefas corriqueiras é muitas vezes um desafio para quem vive nas cidades. Desafio que se impõe também aos gestores que precisam planejar um sistema integrado, sustentável e capaz de atender à demanda da mobilidade dos habitantes. A trabalhadora doméstica Maria Sales é uma dessas milhares de pessoas que conhecem bem os problemas no sistema de mobilidade urbana. A reportagem da Agência Brasil acompanhou a rotina da trabalhadora. Atualmente, ela passa a maior parte da semana morando na casa onde trabalha. Se precisasse sair de casa todos dias para ir ao trabalho, teria que percorrer diariamente cerca de 34 quilômetros para se deslocar da cidade de Santo Antônio do Descoberto (GO) até o trabalho, em Águas Claras (DF). Ao longo desse percurso, Maria enfrenta pelo menos uma vez por semana quase duas horas de deslocamento, com cerca de um quilômetro de caminhada e mais dois trechos de ônibus. Ela explica que, assim como outros moradores da região, precisa acordar por volta das 4h, pois o primeiro ônibus que pega passa somente uma vez por dia. “Quando a gente perde o ônibus aqui tem que subir para a rodoviária, aí você imagina essa ladeirinha maravilhosa todos os dias”, diz, mostrando uma subida de
mais de um quilômetro. Para chegar ao trabalho, Maria precisa pagar passagem de R$ 4,75 e outra no valor de R$ 3,50. Ida e volta significaria um custo diário de R$ 16,50. Segundo ela, o alto valor do transporte acaba sendo uma barreira para arrumar emprego, já que os patrões preferem contratar alguém que more mais perto e tenha que pagar menos pelo transporte. “A maioria do povo ali de Santo Antônio está desempregada por causa da passagem, porque os patrões não estão tendo condições, ainda mais para quem pega dois ônibus. O meu irmão mesmo foi mandado embora porque a empresa não estava aguentando pagar as passagens”. Para a trabalhadora doméstica, se houvesse mais opções que otimizassem o deslocamento, sobraria tempo para estudar e melhorar de vida. “Ultimamente, estou trabalhando em casa de família, trabalho aqui em Águas Claras, trabalho há 20 anos com o mesmo pessoal, mas o meu sonho mesmo era fazer uma faculdade de gastronomia e mexer com coisa que eu gosto que é cozinha. Eu amo cozinhar, então, para mim seria uma glória se eu conseguisse né? Então assim não dá, mesmo se eu quisesse não daria, além do horário que eu chego que demora demais e as condições também, porque fica muito difícil”, conta.
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Preservação
Porto Belo, Santa Catarina: Ilha corre risco Texto e fotos de Nícia Ribas, de Plurale De Porto Belo (SC)
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oradores da região, ambientalistas, veranistas e integrantes da ONG Porto Ambiental estão confiantes e se mantêm firmes na luta pela preservação da Ilha João da Cunha, a 900 metros da praia de Porto Belo, litoral norte de Santa Catarina. Empresários que se dizem donos da
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ilha tentam construir um resort em plena área de relevante interesse ecológico. Após a última audiência pública, ocorrida em 12 de julho, a Porto Ambiental enviou um documento ao Ministério Público Federal, propondo a criação da Unidade de Conservação Federal Ilha João da Cunha, que, segundo eles, poderá contar com a participação da Marinha do Brasil, do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de uni-
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versidades e da comunidade local através de um Conselho Gestor. “A exploração econômica da Ilha João da Cunha por empresa privada, com atividade turística ou hoteleira, contraria as previsões constitucionais de uso de bem público. A empresa que vem explorando atividades náuticas e gastronômicas na Ilha está tentando se apropriar de mais de 400 mil metros quadrados de propriedade da União para instalar o seu resort. Além de se tratar de área da Mata Atlântica em alto grau de regeneração com sítios arqueológicos e pré-históricos, a Ilha de Porto Belo é um monumento natural componente de paisagem cênica, possuindo características que justificam seu tombamento nacional pelo IPHAN”, explica a urbanista Mirian Melim, integrante da Porto Ambiental. Com flora nativa surpreendente e um patrimônio arqueológico com inscrições rupestres que datam de quatro mil anos, a Ilha é rica em vegetação da Mata Atlân-
tica e deve ser preservada. Sua fauna inclui espécies em extinção e ela está localizada dentro dos limites da zona de amortecimento da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, que possui normas e restrições específicas. A audiência pública convocada pelo promotor Darlan Dias, do Ministério Público Federal, no âmbito de duas ações civis públicas, sensibilizou a todos com os argumentos apresentados. Localizada na chamada Costa Esmeralda, a Ilha João da Cunha
costuma receber turistas que chegam em pequenas embarcações e aproveitam para fazer a trilha existente no local e conhecer as inscrições rupestres. A Ilha é o principal destino dos barcos dos pescadores nativos, reunidos em cooperativa, que transportam turistas durante todo o ano. “No verão, o movimento é bem maior, mas durante o ano todo recebemos turistas”, diz o pescador Mauri José, nascido no Araçá, a poucos metros da Ilha. Ele teme perder seu emprego, caso seja construí-
do o resort, que tem no seu plano transporte marítimo próprio. Segundo o morador Luiz Alberto Bayer, que vive do cultivo de ostras em frente à Ilha, ela está bem preservada: “Não vejo porque aceitar a construção de um resort tendo como contrapartida a limpeza do local, uma vez que o local já está limpo”. Graças ao esforço da comunidade, dos ambientalistas que veraneiam em Porto Belo e à ação contínua das ONGs e associações existentes na região, Porto Belo se mantém um oásis de paz e sossego entre praias congestionadas, que mais parecem paliteiros de arranha-céus, como as vizinhas Meia Praia, Perequê, Itapema, Bombas e Bombinhas. Apelo ao MPF Em correspondência enviada ao Procurador da Justiça, citando as ações civis públicas n° 500203286.2016.4.04.7208 e n° 500203711.2016.4.04.7208, que tratam do caso, a ONG expõe dados con-
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Preservação
tidos no RIMA do projeto do resort: “Está prevista a supressão de 44 mil m² de vegetação de médio e grande porte da Mata Atlântica”. Em seguida, o documento esclarece que se trata de uma pequena ilha costeira com cerca de 500 mil m², pertencente à União, com dois sítios arqueológicos e fauna com espécies ameaçadas de extinção. E vislumbra a possibilidade de tornar a ilha João da Cunha uma Unidade de Conservação com proteção integral, como Monumento Natural. O documento lembra ainda que o Brasil vem propondo a integração de áreas protegidas da América Latina e do Caribe, formando um corredor ecológico, conforme dados apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente na COP 13 (Conferência das Partes) sobre diversidade biológica. Seria essa a maneira mais segura de garantir a sustentabilidade da região. Como afirmou recentemente o ministro Sarney Filho, do MMA, os corredores ecológicos também geram oportunidades de desenvolvimento econômico. Como se trata de tema muito recente, que tramita agora no Congresso, faz-se necessário o envolvimento de vários setores da sociedade. Na conclusão, cita como exemplo de sucesso o programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA),
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no qual já foram investidos 250 milhões de dólares, com o objetivo de contribuir para a proteção dos recursos naturais bem como de seu capital natural, incluindo
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sua capacidade de prover serviços ambientais imprescindíveis para a vida do país e do planeta, bem como para a manutenção da qualidade de vida de toda a população.
18/10 Renaissance São Paulo Hotel Teatro Piso E1 Al. Santos, 2233 São Paulo - SP
Estão abertas as inscrições para o 7º Encontro de Contabilidade e Auditoria para Companhias Abertas e Sociedades de Grande Porte, promovido pela ABRASCA e pelo IBRACON. O evento, cujas edições anteriores obtiveram grande sucesso em termos de público e de avaliação, contará com renomados palestrantes. Os participantes com CRC estão sujeitos a obter 07 pontos para o Programa de Educação Profissional Continuada do CFC - Conselho Federal de Contabilidade. Público Alvo: Auditores, Contabilistas, Diretores e Gerentes de Companhias Abertas, além de autoridades, Dirigentes de Entidades e demais profissionais ligados ao mercado financeiro e de capitais. Patrocinadores Ouro:
Apoiadores de Mídia:
Patrocinadores Prata:
Mais informações:
Apoio Ins tucional:
Organização:
ABRAPP | ABVCAP | ANCORD | ANEFAC APIMEC NACIONAL | APIMEC SP | CODIM FACPC | IBEF | IBGC | IBRADEMP
39
Especial
A
Plurale, 10 anos:
Por Sônia Araripe, Editora de Plurale
s estatísticas indicam que cerca da metade dos pequenos e médios negócios no Brasil não costuma passar do terceiro ano. Alguns sobrevivem e seguem adiante. Não sabemos se por sorte, perseverança ou por teimosia, entramos para o lado feliz dos indicadores e chegamos aos 10 anos. Não foi um caminho fácil, mas hoje, estamos certos, colecionamos muitas boas histórias para contar aos leitores e conquistas para serem compartilhadas. Quando começamos a formatar o projeto Plurale, em meados de 2007, tínhamos várias dúvidas e uma certeza. A ideia só daria certo se fosse tão plural e forte quanto o nome de batismo. Seria preciso perseverar, insistir, não desistir. E atuar em rede, contar com a colaboração e parceria de todos que também acreditassem ser possível sim fazer Jornalismo independente e plural. Chegamos ao significativo número 59 da revista impressa, com 4.012 páginas e o portal (atualizado diariamente) consolidou-se como um dos principais do segmento, além de participação ativa também nas mídias sociais. Sempre procurando inovar, trazendo o que há de mais atual em termos de Sustentabilidade em multiplataformas. Avançamos nas alianças, construímos pontes e procuramos sempre entregar o melhor produto para você, leitor. Apenas para citar algumas destas alianças, Plurale é parceira da ABA, da ABERJE, da ABRASCA, da APIMEC-Rio e de várias ONGs e movimentos, como o de Defesa da Amazônia, da Mata Atlântica, do Cerrado, do Pantanal, dos Povos Indígenas, a Causa do Vegetarianismo, LGBT, das Mulheres, dos Negros e tantas outras. Voluntariamente temos ajudado a dar voz para ações relevantes destes parceiros. Gostaríamos de registrar que nada teria sido possível se não tivéssemos a imensa sorte de termos uma competente e aguerrida equipe, colaboradores, colunistas do melhor naipe e empresas patrocinadoras que acreditaram, desde o início, na revista e no portal. Cumprimentamos também os colegas da Mídia Sustentável, parceiros nesta jornada. Gostaríamos de citar nominalmente um
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muitas histórias e conquistas para serem compartilhadas ENTREVISTAS
Sônia Araripe participou em agosto do programa Conexão Futura, do Canal Futura, dialogando sobre Consumo Consciente, com a jornalista e apresentadora Lísia Palombini (ao centro) e Carol Guedes, do Quintal de Trocas
Participação no Programa Painel da Manhã, da Rádio Roquette Pinto, em julho, sobre Economia Circular: com os apresentadores Jorge Ramos e Fabiano Albergaria, produção de Alice Silveira. Sônia Araripe na companhia da analista de Meio Ambiente da Firjan, Mariana Maia; do consultor Luiz Antônio Gaulia e da jornalista Sônia Apolinário.
Entrevista para a jornalista Fátima Medeiros, Programa em questão, sobre Sustentabilidade e Mídias Sociais – Fase TV – Petrópolis – Julho 2017
a um, mas, como a lista é grande, e evitando esquecer algum nome, sintam-se, por favor, todos, sinceramente, homenageados. Não foi fácil, admitimos. Mas tentamos sempre perseverar e acreditar que dias melhores ainda estão por vir. Que há sempre algo mais incrível para ser contado e compartilhado em Plurale. Que novos apoiadores irão se juntar à causa, na intenção de formar melhores cidadãos. Temos colecionado muitas entrevistas, viagens, participado dos
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mais importantes eventos do segmento, de manifestações, tudo para levar a você, parceiro e leitor, informação de qualidade. Procuramos focar, azeitar o projeto, regar as ideias. Sempre somando, trazendo para a grande Rede Plurale mais e mais nomes, conteúdo de relevância para compartilhar. Esta, acreditamos, foi a grande vitória, que não é nossa, mas de todos, do coletivo. Plural, Plurale. Além dos assinantes cativos, temos compartilhado Plurale em rede: com universidades, escolas, bibliotecas,
EQUIPE
LANÇAMENTO Lançamento em São Paulo com Manoel Carlos
Luciana Tancredo
Plurale número 1
No Rio de Janeiro com Saturnino Braga e esposa e Arnaldo Cezar Coelho
PRÊMIOS
Prêmio Abraciclo Em 2008
Isabel Capaverde, Isabella Araripe e Nícia Ribas
Certificação - Prêmio IBEF de Sustentabilidade. 2014-2015
Os 100 mais Admirados A Jornalista Sônia Araripe, Editora da Plurale, recebe prêmio em dezembro 2014
Certificao IBEF em 2011
Vivian Simonato
EVENTOS Evento de dois anos na ESPM-Rio
Raquel Ribeiro
com ONGs, diversos eventos, etc. Os leitores enviam mensagens dos mais diferentes pontos – do Brasil e até mesmo do exterior – nos incentivando, comentando, criticando. Nos ajudando a construir um novo número, a ter sempre uma visão que possa ser conjugada na primeira pessoa do plural. Que não seja apenas a nossa. Mas a da maioria. Pelos 10 anos estivemos nos últimos meses em vários programas de rádio, TV, sites e jornais, falando sobre sustentabilidade e sobre a jornada de
Plurale. Como voluntários, temos compartilhado estas experiências com outros colegas que estão começando a trilhar seus caminhos e com jovens estudantes de Comunicação em busca de uma luz. Recentemente, apenas para citar algumas destas participações, estivemos no Canal Futura, na Rádio Roquette Pinto, na Rádio MEC AM e na TV Fase. Muito obrigado a todos pelo espaço! Agradecemos a generosidade e dedicação de cada um da equipe, aos leitores sempre participativos (nossa
André Trigueiro no Evento de 6 anos da Plurale
principal razão de existir), aos colunistas e, especialmente, aos patrocinadores que nos permitiram chegar até aqui. Conquistamos vários prêmios e ainda pudemos realizar dois eventos com a marca Plurale – um ao completar dois anos e o outro no aniversário de seis anos. Outros virão, aguardem! Esperamos poder comemorar juntos outras realizações nos próximos anos. Continuaremos tentando perseverar. Que possamos continuar a trilhar esta estrada. Por vocês, pelo planeta.
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Frases “A pobreza, a baixa escolaridade, a violência só são combatidos combatidos com a soma de esforços.”poetaecologista Tom Jobim. DRA. ZILDA ARNS NEUMANN, fundadora da Pastoral da Criança, falecida em janeiro de 2010 no terremoto que assolou o Haiti, em entrevista para Sônia Araripe na Edição 1 “Hoje o risco não é mais a elite. O sábio é a elite.” ISRAEL KLABIN, presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentatável (FBDS), Edição 6 “Vi a semente desta árvore ser plantada, pequena e frágil, enriquecida pelos parceiros. Virou árvore e foi cuidada pela comunidade. Os frutos dançam, tocam, cantam e encantam!” SEU BENÉ, um dos moradores mais antigos da comunidade Jardim Teresópolis, em Betim (MG), em entrevista para Isabel paverde, comemorando a inauguração da Associação de moradores em parceria com a Fiat Brasil e ONGs, Edição 25 “A maior deficiência do ser humano é o mau humor.” Manuel dos Anjos, cego desde 1985, vítima de acidente de trânsito, em entrevista para Nícia Ribas, Edição 23 “Quero aprender a escrever para mandar muitas cartas.” LUIZ GONZAGA DE AGUIAR, ribeirinho da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã (AM), com projetos em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável, sonhando com a perspectiva de ser alfabetizado – Edição 11 42
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Ecoturismo
Texto e fotos de Luciana Tancredo, de Plurale Colaboração de José Luiz Farani Moura Do Arizona (EUA)
U
m estado no sudoeste dos Estados Unidos cheio de história e muita coisa bonita para ser vista. Juntando desertos, vulcões, cachoeiras, rios e canyons. Além é claro de um belo trecho da lendária Route 66, fazem do Arizona o cenário perfeito para filmes de faroeste ou até mesmo os mais futuristas. Conhecer um lugar, não é só passear por ele, é viver ele. E no Arizona, vivemos e conhecemos um pouco da chamada América Profunda, onde os hábitos são simples e os costumes muitas vezes quase provincianos. Conhecemos também um pouco da história dos índios Navajos, que viveram lá por muito tempo até serem dizimados pela colonização, travando batalhas épicas com os europeus que chegaram nas Américas. Visitamos paisagens fantásticas como as do gigante Grand Canyon, que ocupa boa parte do território do estado, a Horse Shoe famosa curva do Rio Colorado e a charmosa cidade de Sedona, cercada de montanhas alaranjadas por todos os lados. Também estivemos na surreal floresta petrificada, junto ao Deserto Pintado com seu colorido em tons de vermelho e no incrível Antilope Canyon, um caminho por entre fendas feitas pela ação das águas durante milênios dentro da reserva indígena Navaja, explorado turisticamente pela população indígena que ainda vive por lá. Passamos pelo Parque do Vulcão Sunset e visitamos as várias ruinas indígenas Wupatki, todas
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PELAS ESTRADAS DO
ARIZONA Parque Nacional do Grand Canyon
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Horseshoe Bend , a famosa curva do Rio Colorado.
Estrada do Arizona a caminho da cidade de Page.
Antelope Cavern São formações rochosas esculpidas pela passagem da água no passado.
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Ecoturismo Cenários da Route 66.
muito bem preservadas. Chegamos ao imenso Lake Powell, cheio de canais navegáveis no meio dos canyons e finalizamos com um passeio de moto na indescritível Rota 66. Para conhecer todos esses lugares ficamos 15 dias rodando de carro pelas ótimas estradas do estado e mais quatro dias de moto pela Rota 66. Sem um roteiro predefinido, partimos de Las Vegas rumo ao Grand Canyon parte Sul, fizemos um circulo completo pelo Arizona, chegando em Las Vegas novamente pelo norte do estado. Como estávamos no final do inverno, em alguns lugares, como as montanhas próximas a Flagstaff, chegou a nevar bastante, mas na maior parte do tempo o sol sem-
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pre esteve presente para esquentar o frio do sudoeste americano. Em algumas cidades que ficamos, como eram pequenas demais, a melhor opção foi passar num supermercado e comprar comida para comer no hotel. Os hotéis americanos geralmente são equipados com microondas, cafeteira e frigobar. Porque procurar um bom restaurante não era uma tarefa fácil e viver de fastfood não dá. Uma boa dica para quem vai visitar alguns dos Parques Nacionais Americanos é, em vez de pagar entrada em cada parque, compre um passe anual no primeiro que você chegar, por que se você visitar mais de dois em uma mesma viagem, já vai ser mais barato do que se for comprando em cada lugar que chegar. Boa viagem!
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José Luiz Farani Moura (foto) e Luciana Tancredo cruzeram parte da incrível Rota 66: quatro dias de motocicleta e outros 15 de carro.
E n s a i o
FOTOS:
LUCIANA TANCREDO, DO ARIZONA (EUA)
47 47
Ecoturismo Parque Nacional do Grand Canyon.
FOTOS:
E n s a i o
LUCIANA TANCREDO, DO ARIZONA (EUA) Parque Nacional do Grand Canyon.
Lake Powel. Lake Powel.
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Cactus na paisagem de Sedona - Red Rock State Park.
Uma árvore solitária que nasceu na lava do Vulcão Sunset.
O Deserto Pintado - Painted Desert ocupa uma parte do Petrified Forest National Park.
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Ecoturismo Red Rock State Park em Sedona.
Uma árvore gigante petrificada no Petrified Forest National Park. Ruínas indígenas dentro do Parque Nacional do Grand Canyon.
Rio Colorado.
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Fêmeas de Alce passeando.
E n s a i o
FOTOS:
LUCIANA TANCREDO, DO ARIZONA (EUA) O belo Blue Jay (pássaro comum nos EUA ).
Cervo comendo.
Corvo.
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Pelo mundo
Capo Caccia
SARDENHA: Eles conseguem desfrutar sem sujar Texto e fotos de Nícia Ribas, de Plurale, Da Sardenha, Itália
L
impa e selvagem, a segunda maior ilha da Itália faz por merecer o respeito dos ambientalistas, que lá realizam bienalmente o seminário Ecos da Sardenha. Banhada pelo Mediterrâneo, a Sardenha tem dois mil quilômetros de litoral, com falésias, fiordes e grutas, emoldurando praias e pequenas baías, chamadas calas. Tudo imaculadamente limpo e sem construções à beira mar. Em algumas praias, condomínios foram erguidos à distância
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do mar, conforme a lei, e camuflados na vegetação, sem agredir a paisagem. Mas nem só de praias paradisíacas vive a Sardenha. Nas campagnas, a vida é diferente da costa. O terreno rochoso e montanhoso obriga os sardos a andar bastante e talvez por isso tenham fama de saudáveis e longevos. No interior da ilha, muitos são pastores de ovelhas, cuidam da terra e do vinhedo. Sabem que dependem da natureza para sobreviver e a respeitam. Donos de uma sabedoria nata, eles têm consciência do verdadeiro valor da vida e costumam repetir, orgulhosamente: “Grazie a
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Dio, io sono sardo;”. E como se não bastasse, a Sardenha tem história e cultura. Mantém até hoje mais de sete mil nuragues espalhados por toda a ilha. Um deles, chamado Su Nuraxi, foi declarado patrimônio mundial pela UNESCO em 1997. São construções de pedras, em forma de um cone incompleto, sem nenhum tipo de mistura de materiais para uni-las. Datam do neolítico, quando os homens perceberam que as áreas mais favoráveis à sobrevivência ficavam próximas aos grandes rios, com suas cheias e vazantes regulares fertilizando o solo. Nessa época, a descoberta do fogo e
Calas do Golfo di Orosei
Nuraghe
Gruta de Netuno
do metal permitiu maior controle da natureza. Por tudo isso, o homem pré-histórico começou a abandonar as cavernas e a construir suas próprias moradias, os nuragues. A partir do século XVI ou XV a.C., as aldeias eram erguidas em volta das muralhas dos nuragues. Os limites dos territórios tribais eram defendidos por nuragues menores em colinas com vista sobre os vizinhos. Mestres do bem viver Os irmãos Mastino, Andrea e Marco, nascidos em Bosa, pequena e encantadora cidade banhada por rio e com uma rica bagagem de tradições, representam bem o espírito sardo, levando a vida com simplicidade e alegria. Ferroviário e enfermeiro, hoje aposentados, valorizam cada minuto da vida. Andrea, casado há 10 anos com uma brasileira, Heloisa Cortes Gallotti Peixoto, costuma passar boas temporadas no sul do Brasil e viajar para pontos
Heloisa e Andrea
turísticos, como Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Lençóis Maranhenses. “Vocês têm belezas naturais invejáveis”, diz ele, apenas lamentando a falta de cuidado com a natureza nas praias. Marco não perde uma chance de conviver com amigos e fazer piadas. Sua mulher, Giuly, tem vo-
cação para alegrar ambientes, preparar delícias da culinária local e, como se não bastasse, cantar belas canções italianas. No interior da Ilha, em Bortigiadas, o casal Gavina Dettoi e Martino Cossu, vivem o cotidiano de la campagna, criando animais, plantando
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Pelo mundo
Gavina e Martino
Castelsardo
seus legumes e a uva para fazer seu próprio vinho. Ele também faz grapa, mata porco e prepara salames e presuntos. É trabalho que não acaba mais, porém o fazem com alegria e orgulho. Em seu fogão à lenha, Gavina prepara pratos sardos, típicos do campo, como a zuppa galluresa e o porcheto. Eles se conheceram aos 14 e 16 anos, mas tiveram que esperar os 21 dela para se casar, conforme a lei do campo. Beleza inebriante Da comuna de Dorgali, província de Nuoro, saem os barcos para Cala Luna, Cala Mariolu e Cala Gorotzi, enseadas com águas azuis transparentes e praias de areia branca ou pedrinhas arredondadas. Afortunados de toda a Itália e do mundo refugiam-se nesses lugares durante as férias, principalmente no mês de agosto. Existem três aeroportos na Sardenha. Vizinha de Dorgali, a comuna de Orgosolo, é conhecida pelos seus murais de pintores famosos, que registram um passado difícil de protestos e lutas. Monumentos de pedra, como a Roccia dell’Elefante, o Vale da Lua e Capo Testa, assim como antigos palácios, como o Castelsardo, deixam os nativos orgulhosos e os visitantes boquiabertos. Em Castelsardo, artesãos como Luisella Secchi, sua filha e neta
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oferecem cestas e bandejas feitas de rafia natural e fieno marino. Praias como Stintino, Balai e Santa Teresa de Gallura estão entre as mais bonitas da Ilha e se mantêm selvagens e imaculadas apesar do turismo intenso. Cada grupo garante seu sustento, levando isopor com bebidas geladas, frutas e os famo-
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sos panini, preparados em casa com presunto de parma e seus queijos conhecidos no mundo todo: pecorino, gorgonzola, parmigiano, reggiano, grana padano, taleggio, caciocavallo e mozzarela. Antes de voltar para casa, todo o lixo é recolhido e no dia seguinte, o paraíso está lá, intacto, para novos momentos de bem viver.
Artesãs de Castelsardo
Serviço • Como chegar: Há voos da Alitalia partindo do Rio e São Paulo para Roma, com conexão para Alghero, num total de aproximadamente R$ 4 mil, ida e volta, em 10parcelas.
• Hotéis em Alghero ou Sassari, cidades próximas aos principais atrativos da Ilha, podem ser encontrados a R$ 8 mil, de alto luxo, até os B&B, a R$ 200,00.
• Tour de barco até as calas, a partir de Dorgali: R$ 90,00, ida e volta. Os barcos passam de hora em hora para deixar e buscar visitantes.
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Cultura
1
Mexico
Explosão de cores, cheiros e sabores Fachada do Palácio de Bellas Artes Parque Alameda Central
Saguão principal do Palácio de Bellas Artes
Por Cristina Mafra de Mello, Especial para Plurale em revista Fotos de Mônica Meyer, Especial para Plurale em revista
O
México é uma explosão de cores, cheiros e sabores. Tudo no México tem uma tendência ao exagero: das pimentas utilizadas nas comidas – e até nas frutas consumidas in natura, aos “ sombreros”, típicos chapéus mexicanos, que são, na verdade, pouco utilizados no dia a dia e mais um ícone da identidade nacional . As gigantescas
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pinturas murais nos principais prédios públicos da capital estão lá para nos lembrar da cultura e das raízes do povo mexicano. A quantidade de oferta de comida nas barracas de ruas também surpreende pela alta frequência das pessoas e pelo aroma constante de milho e pimenta. A cidade do México, com mais de 20 milhões de habitantes possui um grande eixo leste-oeste. No lado leste situa-se o centro histórico, a praça “Alameda” com o imponente Palácio de Bellas Artes, que possui uma extensa programação cultural de concertos, dança, teatro e exposi-
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ção de arte . A praça possui grandes monumentos e chafarizes que se iluminam à noite e é muito frequentada. Seguindo em direção leste, surge o Zócalo que é a grande praça central onde estão a Catedral, o Palácio do Governo e outros prédios históricos. Bem próximo encontram-se as ruínas astecas do “El Tiemplo Mayor”. A sede do poder político e religioso dos astecas se localizava na cidade do México. O Templo Mayor é apenas uma pequena amostra do que foi a civilização asteca, antes da chegada dos espanhóis, em 1519. O mais curioso é a questão geográfica da cidade e como se processou a ocupação do solo. No passado, onde hoje está a capital mexicana, havia um grande lago de pouca profundidade, com pequenas ilhas. Os astecas construíram
Teotihuacán - vista do sítio arqueológico, com a Pirâmide da Lua ao fundo.
Diego Rivera, detalhe do painel A grande cidade de Tenochtitlan, 1945, Palácio Nacional.
Ballet Folklórico de México - Palácio Bellas Artes
diversos acessos - pontes rudimentares, interligando as ilhas e outros ligando as ilhas às margens do lago. Quase tudo foi aterrado. Sobraram apenas alguns canais na periferia da cidade, como os de Xochimilco, onde se cultivam flores e hortaliças em canteiros flutuantes. O local é muito frequentado pelas famílias mexicanas e pelos turistas que alugam as tradicionais “trajineras” – pequenos barcos de madeira coloridos e puxados à mão pelo barqueiro por uma longa vara, que faz o papel de um remo. É um passeio que retrata a alma mexicana, com comidas, bebidas e a música dos mariachis sendo oferecidas ao longo do trajeto. No lado oeste estão os bairros mais modernos, o bosque de Chapultepec – o maior parque da ci-
Guerreiro Águia- escultura de argila , representando a elite dos guerreiros astecas. Museo del Templo Mayor
dade, a zona chique residencial e o Museu Nacional de Antropologia e outros museus importantes. A visita ao Museu de Antropologia – de no mínimo um dia inteiro, é uma viagem ao passado longínquo da civilização mexicana. As várias salas de exposição mostram a arte, a sabedoria, os mitos, as crenças, a vida e, sobretudo, o orgulho da população mexicana de ser “ mexicas” ou astecas. As origens teotihuacanas , zapotecas, toltecas, maias e tantas outras estão lá como um espelho para reafirmar a cultura, a coragem e a autoafirmação mexicana.
Diego Rivera pintou mais de uma centena de murais na Secretaria de Educação
Diego Rivera - detalhe do mural ‘A história do México’. Palácio Nacional, 1929-1935
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Cultura
Igreja de San Jacinto, San Ángel
Jardim e fachada interna da casa de Tróstky- Museo Léon Trostky
Teotihuacán A visita a Teotihuacán é um dos pontos altos da viagem, mas precisa ser planejada e ter preparo físico para andar por todo o sítio arqueológico e subir as escadarias de pedras irregulares que levam às Pirâmides do Sol e da Lua. Localizada a 47 km a NE da cidade do México, apesar da pouca distância, leva-se muito tempo para chegar às pirâmides devido ao intenso tráfego rodoviário. Reserve toda uma manhã, ou uma tarde – se tiver disposto a se expor ao sol forte e pouca sombra. Teotihuacán foi fundada no ano 100 a.C. e chegou a ter 200 mil habitantes em seu auge no ano 650 d.C. Os habitantes de Teotihuacán já possuíam amplo conhecimento astronômico para a época e já dispunham de um sistema de canalização de água e de sanea-
Xochimilco
mento na principal avenida que vai do templo da Lua à chamada ‘Cidadela’. Foi o centro comercial e político da região durante muitos anos. A civilização desapareceu por volta do ano 700 d.C. Não se sabe exatamente o porquê da extinção da civilização teotihuacana. Há várias hipóteses, mas nenhuma forte o suficiente para explicar tal fato. Mas o legado da civilização humana está lá, representado pelas pirâmides e grandes obras de arte, monumento universal. De preferência, contrate uma excursão para visitar as Pirâmides com um guia preparado. Há muita informação e registros históricos que merecem mais atenção. Coyacán e San Angél O bairro de Coyacán é o berço da cultura de Frida Kahlo. Foi lá que ela nasceu e morreu. Sua casa hoje é um museu muito visitado por turistas. O estilo de vida de Frida Kahlo, artista, revolucionária, sempre a frente do seu tempo, casada com Diego Rivera, tornou-a conhecida mundialmente. Frida Kahlo é uma marca que representa os valores hoje tão cultuados de diversidade e de igualdade de gêneros. Frida quebrou tabus e rompeu as regras sociais da época. Próximo à casa de Frida Khalo, situa-se o Museu Léon Trotsky. É uma visita imper-
dível, pura história, principalmente para quem leu o livro “O homem que amava os cachorros”, do cubano Leonardo Padura. O livro conta a saga de Trotsky em fuga pelo mundo até chegar a cidade do México onde foi recebido por Diego Rivera e Frida Kahlo, que mais tarde tornou-se sua amante. A casa/museu onde Trotsky morou e foi brutalmente assassinado está lá do jeito como foi descrita no livro por Padura. Próximo a Coyacán situa-se o bairro de San Angél. Todo sábado, o bairro abriga uma grande feira de arte e de artesanato na praça San Jacinto cercada por boutiques, bares e restaurantes charmosos. Prepare-se para as compras. Há muito o que ver e comprar. Cidade do México A capital do México é uma mistura da tradição asteca com modernos equipamentos urbanos e infraestrutura adequada, como em toda grande cidade. Há excelentes bares e restaurantes para todas as tribos e gostos a preços razoáveis e farta oferta de acomodação para turistas. O centro histórico oferece uma certa segurança com a presença ostensiva de policiais, mas como aqui, é preciso ter cuidado com os pertences e evitar taxis que não sejam de cooperativas. A cidade situa-se a uma altitude de 2 mil e 200 metros, e o ar, infelizmente muito poluído. O trânsito também
FOTOS DE MÔNICA MEYER
Parque Alameda Central
costuma ser caótico. Coyacán Comece o passeio pela praça Hidalgo. Visite o mercado de artesanato que fica em frente a praça. Depois, faça uma caminhada de poucos metros até o tradicional mercado de Coyacán que vende comida, roupas, utensílios para casa, brinquedos, artesanatos, dezenas de tipos de pimentas, frutas e tudo mais que você possa imaginar. Repare nas cores e nos cheiros. É uma experiência sensorial. De lá, siga para a Rua Londres, para o Museu Frida Kahlo e, em seguida, a poucas quadras de distância, o Museu León Trotsky.
Dicas •Assista a uma apresentação do ballet Folklórico de México, de Amália Hernández, no Palácio Bellas Artes. Verifique os dias e horários disponíveis. •Reserve o final de uma tarde/ início da noite para visitar a Praça Garibaldi e ver o ouvir as dezenas de grupos de Mariachis em ação. •Prove a tequila, a bebida nacional feita de agave azul. Há várias formas de fazê-lo, pura, acompanhada de um suco de tomate com sal e pimenta – a “sangrita” , ou batida com frutas variadas, parecida com nossa caipiri-
Movimento Muralista O movimento de pintura muralista teve início em 1922, há quase 100 anos. O México, recém-saído de uma revolução, que visava, entre outros aspectos a reforma agrária e a revalorização da cultura indígena, incentivou, por meio das autoridades públicas constituídas, a contratação de artistas plásticos para realizar a pintura dos prédios públicos com grandes murais que contassem a história do México, com um olhar político e social e ideais comunistas. Entre os principais artistas muralistas destacam-
nha, e ainda vários outras formas de preparos de drinques. •O Desayuno – café da manhã do mexicano é praticamente uma refeição e é servido durante toda a manhã, nos principais restaurantes da cidade. Programe um dia para tomar o café da manhã no restaurante Sanborns, na Casa de los Azulejos, no Centro Histórico. •Além do Palácio do Governo, não deixe de apreciar os murais da Secretaria de Educação e do antigo Colégio de San Ildefonso. •Planeje visitar o Museu de An-
Pátio interno do Museo Frida Kahlo
-se Clemente Orozco, David Siqueiros e Diego Rivera. Este último tornou-se mais conhecido não só pelo seu traço como pelo forte conteúdo político e de contestação social. No mural pintado nas paredes da escadaria principal do Palácio do Governo no final da década de 20 – “Epopeia do Povo mexicano”, Rivera retrata a história do México em detalhes com os requintes que caracterizam a civilização humana, de domínio, submissão, lutas e conquistas. Mais do que a história do México, Rivera conta a história universal da civilização.
tropologia antes das Pirâmides. O aproveitamento das informações e o entendimento da linha do tempo dos acontecimentos serão melhor absorvidos. •Se houver disponibilidade de tempo, não deixe de visitar outras cidades, como Puebla, a 132Km, e Oaxaca, a 490Km de distância da capital. Ambas diferem muito da Cidade do México: são menores, mais tranquilas e acolhedoras. Além de possuírem um rico patrimônio arquitetônico colonial, as áreas urbanas convivem harmonicamente com a influência espanhola e as fortes manifestações da cultura indígena.
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Ecoturismo
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ISABELLA ARARIPE
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DIVULGAÇÃO
Observação de aves em alta no Brasil
E
S
Vinte anos do Parque Nacional de Ilha Grande
O Brasil é apontado pelo Fórum Econômico Mundial como o primeiro país do mundo em atrativos naturais. A diversidade da fauna e flora é um dos atrativos para estrangeiros e brasileiros que buscam o ecoturismo. No Brasil, a observação de aves, ou birdwatching, como é conhecida, motiva viagens para dezenas de destinos nacionais de norte a sul do país. E se as aves atraem visitantes, o turismo de observação gera dinheiro na rota dos pássaros. Estima-se que, no Brasil, a atividade atraia cerca de 30 mil observadores. DIVULGAÇÃO
O Parque Nacional de Ilha Grande, unidade de conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, vai completar 20 anos no dia 30 de setembro. Será um mês de festa. A abertura oficial dos festejos começou no dia 1° de setembro. A programação completa pode ser encontrada em: http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/PRO GR AMA%C3%87%C3%83O_ ANIVERS%C3%81RIO_PNIG.pdf DIVULGAÇÃO
Acre ganha nova trilha ecológica A Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, foi a anfitriã da 5ª travessia do projeto “10 picos, 10 travessias”, comemorativo do aniversário de 10 anos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A reserva ganhou um novo atrativo: a Trilha Chico Mendes. Com cerca de 90 quilômetros, o percurso atravessa as belezas da Floresta Amazônica e mostra de perto a realidade de quem vive dentro da reserva extrativista. Durante o trajeto é possível contemplar a natureza, ver de perto a exuberante flora da Amazônia e, com olhar atento, flagrar espécies da fauna nativa.
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PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2017
Ópera na Serra da Capivara O Parque Nacional da Serra da Capivara, no sul do Piauí, abriga um verdadeiro tesouro. Além da preservação da fauna e da flora da caatinga, o local guarda mais de mil sítios arqueológicos já catalogados e uma infinidade de pinturas rupestres que retratam o dia a dia dos povos primitivos que por ali passaram. No final de julho, o festival Ópera da Serra da Capivara recebeu mais de mil espectadores, por noite, para as apresentações do espetáculo “Ancestral”. O anfiteatro da Pedra Furada, no coração do parque, recebeu dezenas de músicos, cantores e bailarinos para a encenação ao ar livre. Às apresentações de música, dança, teatro e orquestras (sinfônica e sanfônica), somaram-se imagens projetadas no paredão. Os efeitos visuais e sonoros realçaram para o público a grandiosidade do espetáculo. DIVULGAÇÃO
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CINEMA
Verde
ISABEL CAPAVERDE
i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r
Estranhas Formas de Viver produção portuguesa na web
Ecovilas: uma mudança de paradigma viável
São muitas as produções interessantes disponibilizadas gratuitamente na web. É o caso do documentário português “Estranhas Formas de Viver”, de Pedro Serra que aborda formas de vida paralelas à sociedade convencional, que podem ser enquadradas como estranhas. Pedro acompanha de perto a vivência na eco-aldeia de Cabrum, comunidade no norte de Portugal, a Cooperativa Integral Catalana, em Barcelona, que pratica a autogestão com moeda própria – o Eco, e a comunidade de Tamera, no Sudoeste de Portugal, com quase 20 anos de existência, centro de pesquisa para a paz, com filosofia de amor livre e em busca da autossuficiência. Interessados podem assistir acessando o link: https://pensologosou.pt/video/documentarios/que-estranha-forma-de-vida-documentario/
O documentário “Ecovilas Brasil – Caminhando para a Sustentabilidade do Ser”, dirigido por Rafael Togashi e Ilana Majerowicz, produzido de forma colaborativa com recursos captados através de uma plataforma de crowdfunding (a vaquinha virtual), visitou 10 lugares para entender quais aspectos e valores as Ecovilas estão trazendo para a humanidade e como estes podem colaborar para uma mudança de paradigma do nosso modelo civilizatório. O documentário aborda uma visão de sustentabilidade integral, em seu aspecto econômico, ecológico, social. Passando por temas como permacultura, formas de governança, tomadas de decisões, liderança, economia compartilhada e resolução de conflitos. Desmistifica e esclarece muitos aspectos da vida em comunidade, através de depoimentos daqueles que vivem essa experiência. Desde 1998, as ecovilas foram nomeadas oficialmente pela ONU como uma entre as 100 melhores práticas para o Desenvolvimento Sustentável. O documentário está disponível no You Tube no link: https://www.youtube.com/watch?v=5WdRf8jj4Ls
Festival de Direitos Humanos abre inscrições O Entretodos - Festival de Curtas Metragens de Direitos Humanos, está com as inscrições gratuitas abertas até o dia 01 de outubro, através do site www.entretodos.com.br. Em sua 10° edição, recebe inscrições de curtas em qualquer formato, incluindo vídeos e animações feitos por câmeras de celulares, digitais ou película, realizados em qualquer data, mas que não tenham sido premiados ou participado em edições anteriores do evento. Durante todos esses anos o festival tem buscado dar visibilidade a produções de filmes nacionais e internacionais capazes de sensibilizar e provocar debates sobre questões sociais, raciais, cidadania e de identidade de forma lúdica e participativa. O Entretodos acontece em São Paulo, de 20 a 24 de novembro, nas salas do circuito Spcine entre os espaços estão Centro Cultural São Paulo, Cine Olido, Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes e CEUs, além de espaços parceiros do festival divulgados nas mídias do festival.
Mais de 10 mil km rodados para fazer documentário Foram mais de 10 mil km rodados para contar uma história inédita das 11 subdivisões do Pantanal, sendo 13 municípios selecionados como sets e percorridos de voadeiras, chalana, balsa de carro, com tomadas área feitas de voo de avião bimotor, drones e imagens subaquáticas. Tudo para o documentário “Pantanais do Pantanal” do casal de sócios da Código Solar Produções, Marcelo de Paula (direção, fotografia e roteiro) e Carla Mendes (edição e produção). Foram registrados mais de 25 depoimentos para o filme com temas como Cavalos Pantaneiros, Pesca, Gado Caracu e Nelore, Guerra do Paraguai, ecoturismo, Estação Ecológica de Taiamã, chapéu Karandá, construção da Transpantaneira e da Estrada Parque Pantanal, ocupação humana no Pantanal, Pesquisas Científicas etc. Uma produção caprichada com trilha sonora original.
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Na tela um concerto ecológico com galhos de árvore e motoserras Idealizado pelo compositor Rodrigo Reis e dirigido pela documentarista independente Tania Campos, o longa “ECO – Cantos da Terra”, com duração de 90 minutos, registra a pesquisa e do processo composicional do concerto “ECO”, apresentado em 2016 no Instituto de Artes (IA) da UNESP, na capital paulista. Na obra composta para ensemble, Reis utilizou elementos como galho de árvore, apitos ornitológicos e motosserra e levou para a sala de concerto o ativismo ecológico, onde fez uma dura crítica às políticas ambientais vigentes. Além disso, investiu na linguagem da performance corporal e vocal para expressar e dar visibilidade a valores eco-ético-estéticos, compondo uma ode musical ao conceito de Ecosofia de Félix Guattari. Segundo o compositor, sua principal motivação para produzir o vídeo-documentário, foi compartilhar com o público o cotidiano de trabalho e os problemas de um compositor contemporâneo durante um processo criativo. O que as pessoas vão ver no filme, que contém a íntegra do concerto, é a culminância artística de uma trajetória de duas décadas dedicadas à música, à filosofia da diferença e à ecologia.
As mudanças ambientais globais desafiam os negócios a se prepararem para atuar em um novo contexto. O nosso Modelo de Avaliação de Vulnerabilidades Climáticas (MOVE) examina o presente e lança um olhar sobre o futuro, antevendo os impactos da mudança do clima. O nosso desafio? Avaliar riscos ambientais e transformá-los em oportunidades. Conheça:
O mundo traz desafios. A WayCarbon, respostas.
Pelas Empresas
ISABELLA ARARIPE
Coca-Cola seleciona projetos inovadores para acesso à água
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DIVULGAÇÃO
Instituto Coca-Cola Brasil e os parceiros da aliança Água+ Acesso anunciam os selecionados do edital que irá viabilizar pilotos com soluções inovadoras para o acesso e tratamento de água em comunidades de baixa renda. Seis novos pilotos serão implantados até o fim de outubro em sete comunidades dos estados do Ceará, Pará e Amazonas, com investimento total de R$ 600 mil e beneficiando diretamente mais de 800 famílias e 3.200 pessoas.
A iniciativa faz parte do programa e aliança Água+ Acesso, lançado em março e fomentado pelo Instituto Coca-Cola Brasil, em parceria com Banco do Nordeste, Fundación Avina, Instituto Trata Brasil, WTT (World-Transforming Technologies) e algumas das principais organizações de acesso à água no Brasil como SISAR Ceará, Projeto Saúde e Alegria e Fundação Amazonas Sustentável. Juntas estas entidades atuam em mais de duas mil comunidades e beneficiam cerca de 600 mil no Brasil. O resultado completo pode ser conferido no site http:// aguamaisacesso.com.br/
Denise Hills, executiva do Itaú Unibanco, é a nova presidente da Rede Brasil do Pacto Global da ONU DIVULGAÇÃO
Denise Hills, Superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, tomou posse no dia 9 de agosto como presidente da Rede Brasil do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas). Fundado em 2000, o Pacto Global da ONU é uma iniciativa idealizada pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção de valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Criada em 2003, a Rede Brasil do Pacto Global é hoje a 4ª maior rede do mundo, com mais de 700 organizações signatárias, e atua em parceria com o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil). O
período de mandato vai até 2019, quando a diretoria da Rede Brasil do Pacto Global – incluindo a presidência – será submetida à nova eleição. “É um orgulho muito grande receber esta atribuição, por entender a importância da agenda para disseminar o assunto entre as empresas e, em um mundo cada vez mais focado em diversidade, por ser a primeira mulher a assumir essa função no Brasil. Agradeço muito pela confiança e reforço o compromisso em manter esta conversa sempre em pauta, unindo forças para aumentar ainda mais a parceria entre setor privado que unido ao setor público e sociedade civil, fará seu papel para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030”, disse Denise.
B2W divulga Relatório Anual e de Sustentabilidade pelo terceiro ano consecutivo Pelo terceiro ano consecutivo, a B2W apresentou o Relatório Anual e de Sustentabilidade com informações consolidadas do cenário econômico, social e ambiental da B2W Digital, considerando o período entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2017. O
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relatório mais recente apresentado havia sido em 2016, tomando como referência o ano de 2015. [G4-28] [G4-29] O relato segue a metodologia e as diretrizes propostas pela versão G4 da Global Reporting Initiative (GRI), na
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opção “de acordo” Essencial e correlacionando os indicadores com os princípios do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual somos signatários. O ciclo de emissão de relatórios é anual [G4-30, G4-32].
DIVULGAÇÃO
Grupo Boticário fala sobre sustentabilidade em suas operações na 8ª Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo Comprometido com um futuro cada vez mais sustentável, o Grupo Boticário pratica ações de ecoeficiência em suas unidades operacionais e em seus canais de vendas, garantindo soluções com melhores impactos sociais e ambientais. Recentemente, empreendimentos da empresa receberam a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o mais importante reconhecimento mundial para construções sustentáveis. Os resultados desses projetos foram apresentados pelo Grupo amanhã, em agosto, na 8ª Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo, principal evento de construção sustentável da América Latina, realizado em São Paulo. “Acreditamos que é possível alcançar o crescimento econômico em equilíbrio com a sociedade e o meio am-
biente. Por isso, nossos empreendimentos foram construídos considerando soluções sociais e ambientais, unindo o bem-estar de nossos colaboradores, ações para a comunidade e redução ou eliminação dos impactos junto ao meio ambiente”, conta Omar Rodrigues, coordenador de Sustentabilidade do Grupo Boticário. Na Bahia, a fábrica de Camaçari tornou-se a primeira do Brasil no setor de cosméticos a obter o selo no ano passado. Inaugurada em 2014, ela foi construída contemplando tecnologias e práticas inovadoras que a fazem uma das mais sustentáveis do país, com sistemas de eficiência energética, redução de consumo de água e reaproveitamento de materiais. Possui potencial de redução do consumo de energia de 18%. Além de ter uma estação de trata-
mento e reúso de águas, com potencial de redução de 75% do consumo de água nas áreas administrativas. Cerca de 75% dos resíduos de obra da fábrica também foram reciclados ou reutilizados. O Centro de Distribuição em São Gonçalo dos Campos (BA), certificado em 2015, foi o primeiro da região Norte e Nordeste a obter a certificação. O espaço possui um potencial de reduzir até 23% do consumo de energia e 80% do consumo de água, à medida que a iluminação natural e a água de chuvas são reaproveitadas. Em relação aos resíduos de obra 83,06% foram reciclados.
ENEL inicia operação do Parque Eólico Delfina na Bahia DIVULGAÇÃO
A Enel, por meio de sua subsidiária brasileira de energia renovável Enel Green Power Brasil Participações (“EGPB”), iniciou a operação do parque eólico Delfina, que tem capacidade instalada total de 180 MW. O empreendimento está localizado no município de Campo Formoso, no estado da Bahia. “A entrada em operação de Delfina, maior parque eólico da Enel no Brasil, é uma prova da habilidade da nossa equipe de construir e comissionar de forma rápida e eficiente nossos projetos, tornando o Brasil um dos principais contribuidores para o crescimento do Grupo em energias renováveis”, afirmou Carlo Zorzoli, Country Manager da Enel no Brasil. “O início da operação de Delfina reforça nosso compromisso com o crescente setor de energias renováveis do Brasil. Graças às iniciativas sustentáveis que estamos implementando nas áreas no
entorno da planta, estamos contribuindo para a biodiversidade local e para o desenvolvimento das comunidades vizinhas.” O Grupo investiu aproximadamente US$ 400 milhões na construção de Delfina, como parte dos inves-
timentos previstos no plano estratégico da companhia e que serão financiados por meio de recursos próprios do Grupo, assim como por um empréstimo concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).
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I m a g e m TOMAZ SILVA – AGÊNCIA BRASIL
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s números impressionam – até o fim de agosto de 2017, 100 policiais militares foram mortos em combate no Rio de Janeiro. Mais do que estatísticas, são histórias de famílias divididas pela violência urbana. E, infelizmente, a contagem não para de crescer, com novas vítimas atingidas. Representantes da Polícia Militar do Rio e da sociedade civil se perguntam – “até quando?”, “como enfrentar esta questão tão urgente?” e “quem será a próxima vítima?”. A ONG Rio de Paz colocou 133 fitas pretas na Lagoa Rodrigo de Freitas no dia 17 de agosto em referência aos 97 policiais militares assassinados até aquela data e às 36 crianças vítimas de balas perdidas na capital fluminense. Foto de TOMAZ SILVA, da Agência Brasil.
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