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ano dez | nº 61 | março / abril 2018 R$ 10,00
AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE w w w. p l u r a l e . c o m . b r
ARTIGOS INÉDITOS
FOTO DE LUCIANA TANCREDO/ PLURALE – FLOR DE SÍTIO DO BREJAL (PETRÓPOLIS/RJ)
PLURALE É PREMIADA PELA ABERJE
PANTANAL, JUAZEIRO DO NORTE E ENERGIA SOLAR NO PIAUÍ
DIVULGAÇÃO/ABERJE
Contexto
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Plurale conquista o Prêmio Aberje de Mídias 2017 como Revista Segmentada
40.
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em um creme fitoterápico como tratamento alternativo para tratar Leishmaniose,
por Solange Beatriz Palheiro Mendes, César Benjamin e Rodrigo Almeida
Pesquisadores do Inpa apostam
por Luciana
Bezerra
DIVULGAÇÃO/SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
ARTIGOS INÉDITOS,
NOVA OLINDA (PI) - DIVULGAÇÃO – ENEL
Bazar ético
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O sertão do Piauí vira um “mar” de placas de energia fotovoltaica, Sônia Apolinário, de Nova Olinda (PI) por
Sustentabilidade na Caatinga cearense, por Andréa Goldschmidt
FOTO DE GUSTAVO PEDRO
54 Coluna Ecoturismo, por Isabella Araripe
60 Cinema verde, por Isabel Capaverde
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46.
Um “rebanho” de abelhas no Pantanal, por Gustavo Pedro
E ditorial LUCIANA TANCREDO/PLURALE
DIVULGAÇÃO/ABERJE
JOÃO VICTOR ARARIPE/ PLURALE
CIDINHA ARARIPE/ FUNDAÇÃO OSCAR ARARIPE
Vitórias para serem comemoradas no aniversário de 10 anos de Plurale Por Sônia Araripe, Editora de Plurale
Uma edição de revista ou de site precisa contar com boa dose de planejamento, correndo o risco de não ser possível concluir a tarefa. Quem é do ramo sabe que uma matéria pode “cair” de última hora ou uma temática perde a importância diante da urgência de outra manchete. Mas, além do planejamento, o bom jornalismo não pode esquecer de também manter boa dose de adrenalina e novidade. No começo de 2017, quando começamos a planejar o aniversário de 10 anos de Plurale, sabíamos que teríamos um bom trabalho pela frente, mas também seria preciso contar com sorte e estrela. E não é que tivemos sorte? Ao longo do ano, conseguimos realizar um belíssimo evento comemorativo – ancorado pelos relevantes amigos
André Trigueiro, Alfredo Sirkis e Sergio Besserman Vianna. Um trio digno de Oscar! E ainda contamos com cases incríveis de sustentabilidade como propósito. Além disso, ficamos para lá de felizes ao sermos brindados com três premiações: recebemos a Medalha da Comenda da Resistência Cidadã da Associação dos ex-alunos da Faculdade Nacional de Direito, a Alumni - FND em novembro; o conjunto de Medalhas de Mérito Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro no começo de dezembro e o Prêmio Aberje de Mídia na categoria revista segmentada. Agradecemos tantas honras!!! Nem sabemos se merecemos tanto. O nosso muito obrigada a todos que participaram destes 10 anos de histórias, nos apoiaram torceram por nós. Sem vocês, nada disso seria possível! Nesta edição tão especial con-
tamos como foram estas homenagens. Trazemos também artigos inéditos de Solange Beatriz Palheiro Mendes, César Benjamin e Rodrigo Almeida; relato sobre a pujança da energia solar no sertão do Piauí, pela jornalista Sônia Apolinário; um Ensaio Especial do Pantanal como celeiro para abelhas, do fotógrafo Gustavo Pedro; fotos lindas também de Juazeiro, terra de Padre Cícero, por Andréa Goldschmidt; biocosméticos, por Ana Carolina Maia; a pesquisa que promete revolucionar a cura da Leishmaniose, por Luciana Bezerra , as colunas de Isabel Capaverde, Isabella Araripe e muito mais. Porque Plurale é assim: procuramos sempre inovar e trazer novidades sobre sustentabilidade para você....por você. Plural e com propósito. Um 2018 de muita harmonia para todos nós!
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Quem faz
Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter e no facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Amaro Prado e Amaro Junior Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília Gianotti, Nícia Ribas e Paulo Lima. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição: Ana Carolina Maia, Andrea Goldschmidt, César Benjamin, Eny Miranda, Gustavo Pedro, Luciana Bezerra, Ricardo Machado (IHU On-Line), Rodrigo Almeida, Solange Beatriz Palheiro Mendes, Sônia Apolinário e Soraia Zonta Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
Impressa com tinta à base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: WalPrint
Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais.
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Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932
0,77 tCO2e Fevereiro de 2018
Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista
Cartas “À Sua Excelência o Senhor Vereador Jorge Felippe, Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Assunto: Outorga do Conjunto de Medalhas de Mérito Pedro Ernesto à Jornalista Sônia Araripe,
cc a a r tr at a s s @@ pp l ul u r ar a l el e . c. c oo mm . b. b r r
“Caraanos Sônia, à frente da dez É sempre grata conRevista uma Plurale, satisfação tribuindoreceber paraesta levar publicação que há a milhares deoitopesanos abre espaço para o soas informações diálogo entre empresas, de qualidade, que especialistas e a incentivam a protesociedade, com o objetivo ção do patrimônio de promover os bons natural brasileiro.” exemplos de preservação Malu Nunes, do meio ambiente. Diretora-ExecuParabéns a todos os tiva da Fundação profissionais envolvidos e Grupo Boticário votos de uma vida longa e de Proteção sustentável à Pluraleàem Natureza, de revista.” Curitiba, por e-mail
Senhor Presidente, Parabenizo essa instituição e o Vereador Zico pela Outorga do Conjunto de Medalhas de Mérito Pedro Er- Miguel Krigsner – Fundador do Grupo nesto à Jornalista Sônia Araripe Boticário “Parabéns, amiga Sônia e da Fundação Grupo Araripe pelos seus 33 anos de jornalismo Boticário pelas conquistas nosda 10Natureza, anos de de Preservação relevante, sendo os 10 últimos Curitiba Plurale. Você enche de orgu(PR), por nos e-mail anos à frente de Plurale em revis- lho” ta, importante veículo de divulga- “Em Vicente Nunes, Jornalista nome da Associação dos Analistas e ção de ações sustentáveis. Aten- Profissionais do Correio Braziliense, de de de Investimento do Mercado Capitais (Apimecpelo SP), parabenizo toda a ciosamente, Brasília, Facebook Hélder Barbalho, Ministro de equipe de Plurale por seus oitos anos de e, acima de tudo, pela seriedade e Estado de Integração Nacio- atividades “Querida Sônia, felicito-a por ter qualidade do serviço prestadocom à sociedade, nal, por carta sido homenageada a conaocessão tratar de temas tão relevantes quanto da Medalha Pedro Ernese meiode ambiente. Que “Senhora Diretora Sônia Araripe, sustentabilidade to pela Câmara Vereadores do muitos outros anos!” pude comAcuso o recebimento e agradeço venham Rio de Janeiro.Não Tadeu Martinsporque , Presidente a gentileza do envio do exemplar Ricardo parecer ao evento estava Apimec SP, São Paulo (SP), por da publicação edição nº 60 de datrabalhando, mas fiquei orgulhoe-mail “Plurale em revista”. Parabéns sa de você ter o seu valor recopela reportagem e belíssimas nhecido pelos representantes da a natureza da Serra do Cipó , fotos. Na oportunidade, reitero “Deslumbrante nossa cidade. Parabéns!” retratada pela Ana Cecília e Artur Vidaurre, na manifestações de distinta consi- edição Rosa Cass, Jornalista Eco49 desta prestigiosa revista que deração.” nômica, do Rio de Janeiro, recentemente conheci. Parabéns à toda Antonio Oliveira Santos, pelo equipe deFacebook Plurale! Como mineiro nunca havia Presidente da Confederação dado a devida importância, apesar de ter visto Nacional do Comércio de “Parabéns, queridanos Sônia!! falar em aulas de geografia anos 60Você sobre Bens, Serviços e Turismo, /Vocês merecem pelo esse parque ambiental; como temostrabalho belezas por carta maravilhoso que fazem. Muito naturais em nosso país e desconhecemos, aprendemos comresgatada a PLURALE! situação que está sendo por esta“ “Agradeço a gentileza da remes- revista Maria Cristina da dedicada ao meioMoura ambiente e ecologia. sa da “nossa” Plurale. Parabéns Parabéns Costa, de NYC, porprofessora abraçarem tão nobre missão e pelos 8 anos de edição e sucesso. pelos dez anos de história.” pelo Facebook Bernardo Cabral, Consultor Agradecido por vislumbrar tão bela revista. ” da Presidência da Confede“Uma beleza a matéria e ensaio Aride Lisboa, engenheiro, ração Nacional do Comércio Benedito de fotos Luciana TancredoSão na dos Campos (SP), por e-maildas de Bens, Serviços e Turismo, José Edição 60 – “Prosa cortante por telegrama Gerais”. Luciana sempre faz fo“Letícia Spiller tornou-se a “embaixadora” da tos precisas e preciosas. É como Desmatamento do Desta “Há 27 anos, a Fundação investe campanha se fossem pintadasZero, à mão. Em o entrevista Edição esforços para que a conservação Greenpeace vez ela Brasil. juntou texto.naSimples, de Pluraleeemlevezinha, revista, comemorativa de da natureza seja priorizada pelos 50direta a jornalista a atriz revelou sua preocupação diversos setores do país; e, nes- oitofoianos, saborosa nasque palavras. Tanto as causas ambientais é antiga.de Ela queie se desafio de promover a cau- com quanto aquele pedaço outras atrizes e atores falam sobre o sa na sociedade, profissionais jo fresco com goiabada-cascão. nas causas sociais e ambientais. de comunicação como Sônia engajamento Todos vão querer mais!” Parabéns à querida Sônia Araripe e equipe Araripe têm papel fundamental. pela Nélson Tucci, Jornalista, de matéria e pelos oito anos de Plurale!” Parabenizamos Sônia por seus São Paulo, pelo site
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VIDAS a u d á v e l Alimentos bons para as articulações Quem corre ou faz muito exercício volta e meia sente aquela dorzinha indeseja no joelho ou em outra articulação. Pois saiba que alguns alimentos podem ajudar a evitar este tipo de problema indesejado. Como o azeite de oliva, iogurte e leite fermentado, laranja, salmão e cúrcuma. O salmão, por exemplo, é uma ótima fonte de gordura ômega-3. Estudos com suplementação de ômega-3 mostram que essa gordura desencadeia uma série de reações que levam a uma menor inflamação das articulações, especialmente para as pessoas que sofrem de artrite. E ainda é possível encontrar ômega-3 na linhaça e na chia. Já a laranja, o efeito está associado aos bioflavonoides do citrino. Uma dica: A camada branca que fica abaixo das cascas das frutas cítricas é uma boa fonte. Use laranjas inteiras em smoothies para obter teor máximo de bioflavonoides.
“Dieta antissal”: guia detalhado baseado na mudança de hábitos, capaz de acabar com o temido “efeito sanfona” Tammy Lakatos Shames e Lyssie Lakatos são os nomes por trás da dieta de várias celebridades da rede de TV americana NBC. Nutricionistas e personal trainers, as gêmeas perceberam que a origem da frustração de manter uma rotina de dieta e exercícios sem resultados na balança podia estar em algo bem pequeno, que normalmente passa despercebido. Elas defendem que o verdadeiro vilão das dietas tem apenas três letras: sal. A maioria das pessoas ingere, sem saber, 75% de sal através de alimentos prontos, não do saleiro. Muitas comidas tidas como “saudáveis” ou “com baixo teor de gordura” também apresentam grande quantidade de sal. Um estudo publicado na Obesity Research mostra que dietas ricas em sal estão diretamente associadas ao aumento das células de gordura no corpo. Ele ainda é o responsável por reter liquido e danificar o coração, cérebro, rins e artérias. Em “Dieta antissal”, as irmãs estabelecem um guia detalhado baseado na mudança de hábitos, capaz de acabar com o temido “efeito sanfona”. Elas ensinam como incorporar à dieta alimentos-chaves, classificados como anti-inchaço, limpadores e emagrecedores. Substituir uma garrafa de chá gelado industrializado por um chá verde, por exemplo, equivale a 16 dias de sódio a menos na dieta ou nove quilos evitados em um ano. As gêmeas ainda dão dicas de receitas de baixo sódio e disponibilizam um diário alimentar para organizar a nova rotina.
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PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2018
SÔNIA ARARIPE
Compostagem doméstica: fácil e sustentável De Curitiba - A compostagem é o processo de reaproveitamento da matéria orgânica encontrada no lixo, na intenção de transformá-la em uma fonte de nutrientes que quando misturada a terra funciona como fertilizante. A técnica muito utilizada em grande escala na agricultura também pode ser reproduzida domesticamente e aplicada em plantas, hortas e jardins. Para Bruno José Esperança, diretor geral da Esalflores, maior floricultura e Garden Center do Sul do país, o processo de compostar é um grande aliado no cuidado com o meio ambiente, pois colabora com a redução dos resíduos orgânicos produzidos em residências. “A compostagem permite que restos de alimentos e outros tipos de sobras orgânicas sejam reaproveitadas contribuindo com a diminuição do volume de compostos descartados em lixões. Além de evitar a utilização de fertilizantes sintéticos”, explica Bruno. O especialista ainda alerta que é preciso ter cuidado com os resíduos utilizados. “Nem todos os restos orgânicos podem ser utilizado na compostagem. Lixo comum, restos de carne, laticínios e óleos não são indicados. Já restos de verduras e legumes, cascas de frutas, borras de café, cascas de ovos e serragem são ideais”, detalha. Veja como fazer compostagem em matéria de Plurale em site - http://twixar.me/ZQn3
Pesquisa avalia biodiversidade de peixes do Pantanal na fabricação de alimentos Por Nicoli Dichoff , Embrapa Pantanal
Um projeto realizado por meio de uma parceria entre Embrapa Pantanal, Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) avaliou durante quatro anos o uso de diferentes espécies de peixes do Pantanal na fabricação de alimentos processados de pescado como quibes, patês, hambúrgueres, nuggets, marinados e defumados. Com o encerramento do projeto, as instituições finalizam as formulações desenvolvidas especificamente para as espécies locais. “Nosso objetivo era conhecer a realidade dos pescadores. Desenvolvemos trabalhos com o barbado, piavuçu, curimbatá e outros peixes de menor escala conforme a demanda”, explica o chefe-geral e pesquisador da Embrapa Pantanal, Jorge Lara. Ele conta que os integrantes do projeto decidiram dar preferência ao uso de espécies menos procuradas pelos consumidores, mas que produzissem carnes de qualidade e pudessem ser pescadas em quantidade satisfatória durante o ano, com uma oferta de matéria-prima regular. “Além desses peixes, outros com os quais nós também fizemos vários produtos são o palmito e o jaú. Essas cinco espécies são pescadas normalmente – mas os pescadores, às vezes, não têm interesse nesses peixes porque se paga menos por eles no mercado, que exige espécies como a piranha. O volume de demanda para pintado e pacu também é muito grande, por exemplo. Produtos de qualidade feitos com os peixes menos consumidos são uma forma de agregar valor à produção”.
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Realização
Organização e Promoção
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Entrevista
A CEGUEIRA ESTRATÉGICA NA POLÍTICA INDUSTRIAL BRASILEIRA DIANTE DA REVOLUÇÃO 4.0 Marco Antonio Rocha, economista Por Ricardo Machado, da IHU On-Line Foto: Arquivo Pessoal
Um dos mais recorrentes discursos empresariais, sobretudo os relacionados à competitividade da economia brasileira, é o da necessidade de se reduzir o chamado “risco Brasil”. A retórica vem na esteira do debate sobre a redução de garantias constitucionais relacionadas à seguridade social e à legislação trabalhista. Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, o professor e pesquisador da Unicamp Marco Antonio Rocha ressalta que esta perspectiva sobre o projeto de industrialização brasileiro revela a absoluta “falta de uma visão estratégica sobre desenvolvimento nacional”. “Não há país de dimensões como as do Brasil que tenha se desenvolvido somente a partir de sua inserção internacional; pelo contrário, historicamente os grandes países em geral utilizaram o potencial de seu mercado interno para fortalecer sua estrutura industrial e ganhar competitividade para disputar mercados externos – como a China”, explica Rocha. Outro problema estrutural da política industrial no Brasil é que, sequer entramos consistentemente na Terceira Revolução Industrial, e estamos postos frente a frente com os desafios da Revolução 4.0. “Estamos perdendo alguns mecanismos responsáveis pela difusão de tecnologias da manufatura 4.0. Muitas dessas tecnologias terão um forte impacto negativo na capacidade de geração de emprego de alguns setores no Brasil”, frisa. Atento às complexidades contemporâneas e à necessidade de superar os desafios da redução de postos de tra-
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balho devido à automação industrial, Rocha alerta que é necessário ao país “encontrar ocupação para toda essa gente. No entanto isso será um problema não só brasileiro, mas atingirá o mundo inteiro. Isso reforça a ideia de que uma coisa fundamental a ser feita é reconstruir o sistema industrial brasileiro como uma forma de atenuar esse problema”, pontua. “A questão central é que precisamos construir nos próximos anos uma política de desenvolvimento produtivo de grande porte e isso não se fará sem contar com o
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2018
amplo apoio da população a este projeto”, complementa. Marco Antonio Rocha é graduado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizou mestrado, doutorado e estágio pós-doutoral na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Atualmente, é professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia NEIT-IE/Unicamp. Confira a entrevista. IHU On-Line – Muito das discussões que visam retirar direitos e
ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL
garantias constitucionais no Brasil, como, por exemplo, as reformas trabalhista e da previdência, sustenta-se em um discurso sobre a diminuição do “risco Brasil”. O que isso revela sobre a noção de desenvolvimento que norteia a política industrial? Marco Antonio Rocha – Isso na verdade revela a falta de uma visão estratégica sobre desenvolvimento nacional. O debate foi tomado pelo curto-prazismo em dar respostas. Mesmo a política industrial posterior à crise internacional teve um forte caráter reativo. O que se fez foi reagir ao agravamento da perda de competitividade de alguns setores e ao aumento da utilização de insumos importados pela indústria brasileira de modo geral. Mas, atualmente, o discurso que parece nortear essas ações é que seria possível competir em custos com um conjunto de países que ou começaram sua industrialização posteriormente ao Brasil ou são meros enclaves de produção de multinacionais. Esse tipo de competição pela atração de investimentos estrangeiros está baseado, em geral, em uma série de mitos acerca dos efeitos positivos desses investimentos sobre emprego e renda. Além do fato de crer que seria possível equiparar os custos – sobretudo salariais – com países com grau de urbanização bem inferiores ao Brasil. Não há país de dimensões como as do Brasil que tenha se desenvolvido somente a partir de sua inserção internacional; pelo contrário, historicamente os grandes países em geral utilizaram o potencial de seu mercado interno para fortalecer sua estrutura industrial e ganhar competitividade para disputar mercados externos – como a China. Nenhum país de dimensões continentais abre mão de fortalecer seu mercado interno em prol de ganhar competitividade em custos. IHU On-Line – Por que as políticas de industrialização no Brasil têm pouco apoio popular? Marco Antonio Rocha – Veja, nem sempre foi assim. Durante quase todo
o século XX, industrialização e questão nacional eram praticamente sinônimos para boa parte da opinião pública. Esse fenômeno está ligado a uma série de questões que no fundo são consequências das mudanças na indústria mundial a partir dos anos 1990. Mas, no caso específico do Brasil, isso ganhou muita força no período recente, e aí foi um dos efeitos colaterais da tal Operação Lava Jato, que serviu para espalhar uma ideia comum de que política industrial – que é algo absolutamente imprescindível no mundo atual – é uma forma institucionalizada
Muitos dos problemas relacionados à política industrial no Brasil estão relacionados à dificuldade de se cobrar contrapartidas e impor indicadores e em garantir a continuidade das políticas de promoção. A criação de um arranjo institucional voltado à resolução de problemas sociais concretos talvez possibilitasse lidar com esses velhos problemas.”
de corrupção. Isso talvez requeira a reconstrução da legitimidade de alguns instrumentos da política industrial, principalmente no que tange a seu financiamento e as chamadas políticas pelo lado da demanda, como compras governamentais e reservas de mercado em geral. IHU On-Line – De que forma a crise estrutural da indústria no Brasil ampliou o gap tecnológico da indústria? Marco Antonio Rocha – Se levarmos em conta que o último ciclo de investimento em máquinas e equipamentos se encerrou pouco depois da crise internacional, em breve vai se completar quase uma década sem grandes investimentos por parte da indústria de transformação. Com um mercado interno pouco dinâmico, novos investimentos são pouco atrativos, processos de modernização ocorrem de forma mais lenta e, em muitos casos, a produção nacional é simplesmente substituída pelo insumo importado. Nesse caso, há uma perda de capacitações pela indústria nacional, ela perde empresas especializadas, além da baixa incorporação de tecnologia no estoque de capital fixo. A prolongada crise por que passa a indústria nacional acaba minando a capacidade dessa estrutura em responder aos estímulos da política industrial. A política industrial depende da estrutura empresarial para qual ela é dirigida. Se não temos atores importantes em uma série de setores que difundem tecnologia, fica difícil fazer políticas de incentivo, assim como é bem mais difícil impor condições e cobrar contrapartidas às empresas estrangeiras. A próxima política industrial neces-
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Entrevista
sariamente terá que lidar com essas questões. IHU On-Line – De que maneira a esquerda reproduz velhas concepções de industrialização? Marco Antonio Rocha – Obviamente, o título [do artigo “A esquerda deve superar velhas concepções de ‘industrialização’ e política industrial]” contém uma dose de provocação, mas está ligada à questão anterior de certa forma. Em termos de discurso, a questão da industrialização por si só é pouco atrativa. Mesmo o emprego industrial tem pouca atratividade para os jovens. A questão não é abrir mão da ideia de que o desenvolvimento se faz com a transformação da estrutura produtiva, mas começar a ampliar os mecanismos de comunicação e debate com a população sobre o sentido desse desenvolvimento produtivo. Uma forma prática seria atrelando parte da política industrial a objetivos claros ligados ao fornecimento de um estoque de infraestrutura social de que o Brasil é simplesmente carente. IHU On-Line – As portas da revolução 4.0 já foram abertas, mas parece que o modelo mental que orienta a política industrial no Brasil ainda está calcado na segunda revolução industrial. Quais são os desafios para superar essa concepção tradicional de industrialização? Marco Antonio Rocha – Creio que a questão não seja nem essa. Passamos por mais um período de perda do controle nacional sobre um conjunto de empresas de média e alta tecnologia e pela redução da participação dos setores intensivos em tecnologia na produção manufatureira brasileira. Estamos perdendo alguns mecanismos responsáveis pela difusão de tecnologias da manufatura 4.0, além de termos debilmente entrado na Terceira Revolução Industrial. Muitas dessas tecnologias terão um forte impacto negativo na capacidade de geração de emprego de alguns setores no Brasil – como demonstrou uma recente pesquisa
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Teremos pouca capacidade de assimilar as tecnologias da manufatura 4.0 da CNI/UFRJ/Unicamp – e teremos pouca capacidade de assimilar essas tecnologias. Junte a isso o fato de que países como Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, China e Índia estão promovendo ambiciosos planos de política industrial. O cenário requer que o Brasil repense um plano em grande escala, e em uma conjuntura política particularmente adversa. A questão central talvez seja traduzir para a opinião pública o tamanho desse desafio, de forma a garantir sua sustentação política. IHU On-Line – Como pensar uma política industrial a partir da noção de “investimento social”? Do que se trata exatamente? Marco Antonio Rocha – Essa ideia não é exatamente nova. Temos no Brasil alguns grupos pensando nesse sentido, tanto na Unicamp como, por exemplo, na Fiocruz, com o Dr. Carlos Gadelha. Mas vale pensar em algumas questões-chaves sobre essa proposta. Primeiramente, isso não quer dizer que os alvos não serão setores já conhecidos pelo seu potencial de geradores de inovação, capacidade de encadeamento e geração de emprego, mas que é possível fazer convergir políticas de promoção de setores estratégicos com políticas que pelo lado da demanda contemplem o provimento de bens públicos. Isso possibilitaria a criação de demanda para garantir alguma escala produtiva e avançar nas curvas de aprendizado. Por outro lado, há uma gama considerável de tecnologias que podem ser embarcadas na infraestrutura social, isso poderia ser vinculado às atividades de inovação ligadas a
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setores específicos, como dispositivos médicos, eletrônicos e equipamentos de transporte. Além disso, muitos desses investimentos podem contemplar inovações incrementais em tecnologias de conservação ambiental. Ao mesmo tempo, isso geraria contrapartidas observáveis no curto e médio prazo pela população, o que permitiria pensar em uma maior continuidade dessas políticas através do envolvimento mais amplo da sociedade civil. Muitos dos problemas relacionados à política industrial no Brasil estão relacionados à dificuldade de se cobrar contrapartidas e impor indicadores e em garantir a continuidade das políticas de promoção. A criação de um arranjo institucional voltado à resolução de problemas sociais concretos talvez possibilitasse lidar com esses velhos problemas. IHU On-Line – Como esse rearranjo da política industrial no Brasil pode ajudar no desenvolvimento da indústria mais alinhado às especificidades das diferentes regiões do país? Marco Antonio Rocha – A ideia de construir essa proposta em torno de missões específicas visa de certo modo tentar atrelar esse investimento social também a problemas regionais concretos. O objetivo disso é principalmente tentar utilizar a política produtiva e tecnológica para dar um norte e coesão a uma infraestrutura para o desenvolvimento regional criada recentemente. Refiro-me aos Institutos Técnicos Federais e aos novos campi de universidades públicas criadas no Brasil. Isso possibilitaria dar maior envergadura à política de desenvolvimento regional como uma forma de se fazer a promo-
ção de setores e atividades inovativas. Para que essa infraestrutura construída seja plenamente utilizada, a política industrial deve estar de certa forma, também, preocupada em promover respostas tecnológicas voltadas aos problemas de cada região através da utilização desses instrumentos. IHU On-Line – Ainda levando em conta a revolução 4.0, como superar o desafio da redução dos postos de trabalho frente à progressão da automação industrial? Marco Antonio Rocha – O desafio será encontrar ocupação para toda essa gente. No entanto isso será um problema não só brasileiro, mas atingirá o mundo inteiro. Isso reforça a ideia de que uma coisa fundamental a ser feita é reconstruir o sistema industrial brasileiro como uma forma de atenuar esse problema. Depois precisamos criar algumas capacitações para absorver e utilizar parte da tecnologia que será empregada na manufatura 4.0. Uma base produtiva sólida é condição necessária inclusive para ter um setor de serviços robusto e com alguma sofisticação. Outra forma de tentar reduzir o problema é fortalecer a base de pequenas e médias empresas, por isso também é necessário pensar em formas de expandir a capacidade do sistema brasileiro de gerar pequenas e médias empresas de base tecnológica em nível re-
É fundamental reconstruir o sistema industrial brasileiro como uma forma de atenuar a redução dos postos de trabalho.” gional. Isso só se faz através de política pública que procure conectar a política científica e tecnológica ao desenvolvimento regional. Por isso a importância de utilizarmos a infraestrutura para o desenvolvimento regional que foi parcialmente instalada. Além disso, fortalecer a demanda interna por bens e serviços, que é o contrário do que está sendo feito nesse momento. IHU On-Line – Diante do atual contexto, qual a importância de se pensar a política industrial em perspectiva com políticas de garantia de bem-estar social? Marco Antonio Rocha – A questão central é que precisamos construir nos próximos anos uma política de
desenvolvimento produtivo de grande porte e isso não se fará sem contar com o amplo apoio da população a este projeto. Por isso, cremos que há também a necessidade de se pensar o desenho dessa política e a sua comunicação. Atrelar os mecanismos de intervenção direta do Estado a contrapartidas diretas à população tem o potencial de facilitar a comunicação, o envolvimento e o controle da sociedade civil sobre o que está sendo feito. Creio ainda que isso permitiria ampliar a discussão com a sociedade sobre a finalidade e importância dos investimentos públicos em ciência e tecnologia. Ao mesmo tempo, há a necessidade de se resolver pelo menos parte dos problemas que atingem a população brasileira, e na verdade o Estado estaria atuando diretamente em questões relacionadas à própria cidadania. IHU On-Line – Como democratizar o debate sobre a política industrial diante do lobby de empresas e macrossetores econômicos da indústria? Marco Antonio Rocha – Esse é um ponto importante. Parte significativa dos investimentos públicos e da política industrial no passado recente se dava através das grandes construtoras; nesse período elas se agigantaram ainda mais, diversificaram-se e se tornaram espécies de conglomerados brasileiros. De certa forma, a falência desse modelo abre a oportunidade de discutir as bases e atores novamente da política industrial. Talvez a possibilidade de construir canais de políticas produtivas que promovam articulações entre instituições públicas e empresas de menor porte, com um maior protagonismo das empresas e bancos públicos na gestão de alguns projetos. Os mecanismos de execução dos investimentos públicos e de transferência tecnológica de certos setores terão que ser repensados. Isso pode ser também uma possibilidade para se repensar a organização da política industrial no Brasil.
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Artigo
SUSTENTABILIDADE E OS PLANOS DE SAÚDE: A BUSCA DO EQUILÍBRIO
DIVULGAÇÃO/ FENASAÚDE
Por Solange Beatriz Palheiro Mendes
E
xiste uma relação entre o conceito de sustentabilidade e o setor de Saúde Suplementar. Seja pelos aspectos econômicos, seja pelo viés da preservação da qualidade da saúde. Nunca se discutiu tanto o desenvolvimento sustentável do setor de Saúde Suplementar – segmento privado e complementar ao sistema público. Atualmente, cerca de 47 milhões de brasileiros têm planos de saúde – esse número já foi superior a 50 milhões. Terceiro item de maior desejo da sociedade brasileira, atrás apenas de casa própria e educação, o plano de saúde é sinônimo de segurança, conforto e cuidado, ainda mais diante das deficiências apresentadas pelo Sistema Único de Saúde. No Brasil, temos acesso a uma medicina de primeiro mundo e a tecnologias médicas cada vez mais avançadas e, consequentemente, mais caras. E todo mundo quer desfrutar do que há de mais moderno e eficiente. Tanto a população quanto os profissionais médicos buscam procedimentos de ultima geração, mas tudo isso tem um custo e, atualmente esse custo está cada vez mais descontrolado. Frequentemente, um dos temas que mais impacta a relação entre as operadoras e os beneficiários
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é o reajuste das mensalidades dos planos de saúde. A reclamação geral é que os reajustes estão muito acima da inflação. E é verdade. Mas, o que pouca gente sabe é que esse reajuste é calculado pela composição do preço do procedimento (consulta, exame, internação) e o numero de vezes que o procedimento é utilizado. Há um incentivo à realização excessiva de exames e procedi-
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2018
mentos médicos com alta tecnologia, muitas vezes, de forma desnecessária. Na visão do cidadão, há o entendimento equivocado que quantos mais exames e consultas, melhor. Exemplo disso é o crescimento da quantidade, por beneficiário, de exames complementares, como tomografia computadorizada (21%) e ressonância magnética (25,2%) em dois anos, apesar da perda acentuada de con-
sumidores do serviço. Resultado: o aumento das despesas assistências pressiona a inflação médica, que pesa no cálculo dos reajustes das mensalidades dos planos. Portanto, esse modelo comportamental de cuidado se volta contra a saúde financeira do consumidor, sem necessariamente promover seu bem-estar. Por outro lado, o que não é conhecido é que a remuneração dos serviços médicos incentiva a utilização, visto que a principal forma de pagamento é o chamado fee for service (pagamento por volume de procedimentos realizados). Predominante na Saúde Suplementar, esse modelo vem sofrendo uma série de críticas por estimular a superutilização dos recursos da medicina e a migração para materiais cada vez mais caros, mesmo que não façam diferença no resultado e, muitas das vezes, sem a real necessidade clínica comprovada. Na outra vertente, a indústria de materiais e medicamentos também estimula a espiral inflacionária, a partir do comportamento social. A influência da indústria acontece na sociedade que privilegia o consumo, o inédito, a última técnica e o mais caro, sem evidências de melhores resultados comprovados; há uma confusão proposital entre quantidade e preço, e qualidade e resultado. Soma-se a esse cenário um fenômeno conhecido como Judicialização da saúde, onde, em alguns casos, contratos que estabelecem a cobertura de procedimentos e eventos em saúde são desrespeitados por determinação judicial, o que também eleva as despesas financiadas pelas empresas de planos de saúde, além de desconsiderar o direito coletivo, prestigiando somente aquele individuo que recorreu ao Judiciário. Outros fatores são relevan-
No Brasil, temos acesso a uma medicina de primeiro mundo e a tecnologias médicas cada vez mais avançadas e, consequentemente, mais caras. E todo mundo quer desfrutar do que há de mais moderno e eficiente. Tanto a população quanto os profissionais médicos buscam procedimentos de ultima geração, mas tudo isso tem um custo e, atualmente esse custo está cada vez mais descontrolado. tes para essa escalada dos custos, como o padrão de morbidade, o qual deixou de ter como causa doenças infectocontagiosas e agora a prevalência é de doenças crônicas como diabetes e hipertensão. São doenças que não têm cura e suas complicações levam ao óbito, mas os tratamentos disponíveis prolongam a vida com qualidade e bem-estar. Mais do que nunca, precisamos dar ênfase em atitudes e programas voltados para a prevenção de doenças e promoção da saúde. De acordo o Instituto Nacional do Câncer, aproximadamente um terço das ocorrências seriam preve-
nidas com bons hábitos. Ou seja, em cada 10 casos de câncer, três estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam e hábitos como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e a exposição excessiva ao sol. Diante desse quadro, é fácil perceber que a evolução das despesas com saúde não vai acompanhar a capacidade de pagamento da população. A variação desses gastos vem aumentando acentuadamente nos últimos anos, quando comparada com os índices de inflação. Entre 2008 e 2016, o IPCA variou 65,2% contra custos na ordem de 142,8% - medido pelas despesas assistenciais per capita médico-hospitalares. Nesse período, o reajuste autorizado pela ANS foi de 104,2%. Essa conta não fecha nem para as operadoras, nem para os beneficiários e nem para as empresas contratantes de planos de saúde. É preciso buscar o equilíbrio para ser sustentável. Nessa direção, o consumidor de planos de saúde tem papel vital nessa transformação de paradigma. Para tanto, ele precisa ser parte da discussão e ter informações sobre as consequências de suas ações, o que resultará em uma mudança cultural sobre a forma de cuidar da saúde. O modelo atual de atenção à saúde prestigia o tratamento da doença, e não o cuidado, a prevenção e a promoção da saúde. Enfim, a solução não é simples nem única. Envolve diversos atores do segmento de saúde e da sociedade. Manter o mercado sustentável passa por um processo de diálogo com responsabilidade, onde discursos, por vezes encantadores, não serão capazes de mudar a realidade. *Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde – Federação Nacional de Saúde Suplementar.
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Artigo
LER, ESCREVER E CALCULAR Por César Benjamin
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ão devem passar despercebidos dois artigos publicados na Folha de São Paulo, em 2010. Em “Repetência e alfabetização”, João Batista Araújo e Oliveira apresentou resultados de um teste aplicado em 338 mil alunos do segundo ao quinto ano em 350 municípios brasileiros espalhados por 25 Estados, uma amostra muito representativa. Nada menos de 70% dos avaliados foram considerados analfabetos, e 50% dos estudantes do quinto ano foram classificados assim. A Folha também noticiou o desempenho de alunos da rede municipal de São Paulo em matemática. Não me estenderei. Ocimar Alavarse, da USP, avaliou o resultado como “escandaloso”. Um teste semelhante, em escala nacional, mostraria resultado igual ou pior. Tais avaliações mostram que o Brasil ainda recusa à maioria dos seus filhos a possibilidade de participar das potencialidades da civilização contemporânea. Estamos diante de um problema grave, antigo, estrutural, que envolve todos os níveis de governo e a sociedade. Mas não conseguimos reagir. Há íntima relação entre a capacidade formal de expressão e os conteúdos que se deseja ex-
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pressar. Em um dos Seminários de Zollikon, Heidegger pergunta: “Por que os animais não falam?”. Ele mesmo responde, de maneira simples e muito perspicaz: “Porque não têm o que dizer”. Quando depois se refere ao homem como “o animal falante”, talvez possamos ler “o animal que tem o que dizer”. Os homens sempre tiveram muito a dizer. Todas as sociedades, das mais primitivas às mais avançadas, separadas por dezenas de milhares de anos, criaram lín-
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guas que apresentam grau semelhante de complexidade, a ponto de até hoje não ter sido possível construir uma teoria evolutiva da linguagem, esse grande enigma humano. Pois é de uma linguagem criativa que se trata, o que nos diferencia. Adquirimos na infância a misteriosa capacidade de construir e entender um número indefinido de sentenças que jamais ouvimos e que talvez jamais tenham sido enunciadas, enquanto os sistemas de comunicação usa-
FOTOS: DIVULGAÇÃO/ SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
dos por outras espécies só permitem a transmissão de um pequeno conjunto de mensagens cujo significado é fixo. Assim, além das funções de expressão pessoal e de comunicação imediata, que compartilhamos com os animais, nossa linguagem possui funções superiores que lhe são específicas, como descrição, conceitualização e argumentação. Graças a elas, podemos desenvolver, por exemplo, padrões de crítica, a ideia de verdade, o conceito de razão. Popper é enfático: “É ao desenvolvimento das funções superiores da linguagem que devemos a nossa humanidade, a nossa razão, pois nossos poderes de raciocínio nada mais são do que poderes de argumentação crítica”. A capacidade de abstração, a formulação de explicações, a compreensão de objetos complexos -tudo isso exige o cultivo das funções superiores da linguagem, que, no mundo contemporâneo, implica o domínio pleno da lei-
Nenhuma sociedade poderá se manter à tona, no século 21, sem disseminar essas capacidades em suas populações. Isso exige que as crianças aprendam a ler, escrever e calcular, com proficiência, na idade adequada. É a base do que vem depois. Se isso não for obtido no tempo certo, toda a estrutura educacional do país permanecerá comprometida.
tura e da escrita, além de fundamentos de lógica que nos são transmitidos, principalmente, pela matemática. Nenhuma sociedade poderá se manter à tona, no século 21, sem disseminar essas capacidades em suas populações. Isso exige que as crianças aprendam a ler, escrever e calcular, com proficiência, na idade adequada. É a base do que vem depois. Se isso não for obtido no tempo certo, toda a estrutura educacional do país permanecerá comprometida. Eis um grande tema para a campanha presidencial, se ela quiser ser mais que uma pantomima. *César Benjamin, secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, que tem como meta estratégica “fechar a torneira” do analfabetismo funcional logo nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental. Entra em campo, em 2018, 2.500 professores-alfabetizadores.
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Colunista Rodrigo Almeida
A OXFAM E A DESIGUALDADE: A POLÊMICA CERTA COM OS MOTIVOS ARQUIVO DA AGÊNCIA BRASIL
Por Rodrigo de Almeida
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oi a polêmica do ano – ou do mês. Como praxe nessas questões, o relatório da Oxfam sobre desigualdade global, divulgado em janeiro, acendeu a fogueira dos debates, emitiu alertas, difundiu (falsos) mitos, realimentou cizânias. Pelo modo como o estudo foi divulgado ou pelo vício das leituras jornalísticas, alguns dados se sobressaíram: a) 82% da riqueza mundial gerada em 2017 ficou nas mãos do 1% mais rico, enquanto absolutamente nada ficou com os 50% mais pobres ao redor do planeta; b) Cinco brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre do país; c) Houve um aumento histórico no número de bilionários em 2017. Para quem pensa em temas como desenvolvimento sustentável, desigualdade e democracia, o estudo inspira debates relevantes – mas, neste caso, deflagrou polêmicas pelos motivos errados. A instituição tem razão ao apontar o dedo contra um sistema que assegura um estoque constante de bens baratos, aumenta extraordinariamente os lucros de empresas e de investidores bilionários e restringem milhões de pessoas à condição de exploradas. Um limite para o poder e para a riqueza concentrada nas mãos de tão poucos é algo mais do que aceitável e desejado. É necessário. O elogio para aí. Primeiro, revelou-se um enorme equívoco emitir comparações entre os “cinco brasi-
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leiros bilionários” e o universo majoritário e dos pobres, como uma evidência da obscena desigualdade do país. Ignorou-se, por exemplo, que Jorge Paulo Lemann, Joseph Safra, Marcel Hermann Telles, Carlos Alberto Sicupira e Eduardo Saverin exigem riquezas internacionalizadas. Lemann, Telles e Sicupira (o trio 3G) até começaram a ficar ricos no Brasil, mas se tornaram bilionários como investidores na arena global. Safra é um prestigiado banqueiro com conexões em praças financeiras internacionais, como Suíça e EUA. Fez sua fortuna no exterior. Dispensável dizer algo sobre a territorialidade da fortuna de Saverin, o sócio bastardo do Facebook. Todos têm domicílio fiscal
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longe do Brasil. A gravidade maior está no risco mais danoso em debates do gênero: a construção de visões de mundo binárias, um olhar simplista da desigualdade de renda e a crença num falso trade-off – debates assim terminam por sugerir, de maneira equivocada, que mais riqueza para bilionários significa menos riqueza para nós, cidadãos ordinários, estejamos cadastrados na pasta da classe média (velha ou nova), dos pobres ou dos miseráveis. Os liberais mais empedernidos dirão que é o contrário, do que convém discordar também: não necessariamente os ventos auspiciosos do mercado livre geram simultaneamente acumulação de riquezas de
uns com preenchimento de desejos e necessidades de outros. Erram os radicais livres de todos os lados. Há uma premissa equivocada de que a reprodução social das desigualdades contribui para o aprofundamento da pobreza – algo dito pela própria Oxfam. De novo, não necessariamente. Na verdade, a história econômica e as estatísticas contemporâneas confirmam o contrário: a combinação entre menor taxa de desigualdade e maiores taxas de miséria, ou o seu inverso (redução da pobreza e da miséria e elevação da desigualdade). Mesmo nos países escandinavos – historicamente os únicos a contrariar a tese acima – precisaram rever sua rede de proteção social no processo de recuperação da crise de 2008 para restabelecer o dinamismo regressivo da renda. Em termos globais, o relatório da Oxfam ignorou o fato relevantíssimo de que, pela primeira vez na história, menos de 10% da população mundial são pobres. Isto mesmo: a pobreza despencou na última década a níveis inéditos. Dos anos 2000 até o início da década seguinte, o Brasil assistiu a uma notável redução dos índices de miséria e pobreza – sem, no entanto, reduzir na mesma medida os indicadores de desigualdade. Pobres e miseráveis viram crescer sua renda, mas ricos cresceram sua renda muito mais. A partir de 2015, infelizmente, a curva ascendente da renda dos miseráveis e pobres começou a mudar de forma. A extrema pobreza avançou de 2,5%, em 2014, para 4,9%, em 2016, segundo cálculos da ex-ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. Retrocedemos ao patamar de dez anos antes. Falando em termos bastante simplistas: não será preferível ver milionários e bilionários em número cada vez maior, se simultaneamente conseguirmos reduzir cada vez mais o número de pobres e miseráveis?
Reconhecendo a baixa capacidade da democracia de combater a miséria sem aumentar a desigualdade, é fundamental ao Brasil ter em mente a sustentabilidade de suas escolhas do ponto de vista do desenvolvimento. Um desenvolvimento sustentável vai muito além do na riqueza e na renda. Requer o reconhecimento de que ganhos (ou redução das disparidades) de renda não significarão avanços na estratificação social da sociedade.“
Reconhecendo a baixa capacidade da democracia de combater a miséria sem aumentar a desigualdade, é fundamental ao Brasil ter em mente a sustentabilidade de suas escolhas do ponto de vista do desenvolvimento. Um desenvolvimento sustentável vai muito além do na riqueza e na renda. Requer o reconhecimento de que ga-
nhos (ou redução das disparidades) de renda não significarão avanços na estratificação social da sociedade. Exemplo: o mais famoso torneiro mecânico do ABC paulista, com formação escolar profissionalizante, receberia nos anos 2000 dez vezes mais do que recebia em 1980. Teria assim progredido na escala estatística de renda, mas continuaria a ser um torneiro mecânico de escolaridade profissionalizante na estratificação social. Seu filho, se também fosse um torneiro mecânico com escolarização profissional, obteria seu primeiro emprego com o salário que custara ao pai 20 anos de trabalho. Mas também ingressaria na mesma posição da estratificação social. Em outras palavras: mudanças nas classes de renda, mesmo se notáveis, não equivalem a mobilidade social. Progresso no nível educacional, maior qualificação ocupacional e substituição do trabalho anterior por ocupação mais nobre são requisitos mais relevantes e precisos para identificar ganhos de longo prazo – um desenvolvimento que se mede entre sucessivas gerações e que se mantém vencidas as intermitentes oscilações nos níveis de renda. Eis, aí sim, um debate real, capaz de ir além de polêmicas do mês e comparações midiáticas que rendem muitas manchetes, mas em nada iluminam o entendimento do que a democracia pode fazer pelo desenvolvimento e contra a desigualdade. (*) Rodrigo de Almeida é jornalista e cientista político. Foi visiting-scholar da New School for Social Research, em Nova York, e pesquisador do Núcleo de Estudos do Empresariado, Instituições e Capitalismo do IESP/Uerj. Autor de À sombra do poder: bastidores da crise que derrubouDilmaRousseff(LeYa/2016)
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Bazar ético |
ISA
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
ajuda o fortalecimento de gestão de territórios
O
projeto Territórios da Diversidade Socioambiental do Instituto Sociambiental (ISA) tem a missão de fortalecer uma nova economia florestal com povos indígenas, quilombolas e extrativistas. Vem sendo desenvolvido pelo ISA e seus parceiros locais desde o início de 2017 com apoio da União Europeia. Os programas do ISA envolvidos nesse projeto são Xingu, Rio Negro, Yanomami e Vale do Ribeira. Dos extrativistas das Reservas Extrativistas da Terra do Meio (PA), na Bacia do Xingu, vêm produtos da floresta, como a farinha de babaçu, a borracha e a castanha, para citar só alguns. Dos indígenas do Parque Indígena do Xingu (MT) vêm as pimentas cultivadas por diferentes etnias, o mel dos índios do Xingu, o óleo de pequi e as sementes florestais utilizadas no reflorestamento de áreas degradadas, entre outros. Dos povos indígenas do Rio Negro, no noroeste amazônico, vêm a pimenta baniwa. Dos índios Yanomami (RR e AM) vêm os cogumelos comestíveis Sanöma, sólidos e em pó. Dos quilombolas do Vale do Ribeira (SP) vem a taiada (mistura de rapadura, farinha de mandioca e gengibre), a rapadura, a farinha de mandioca e a banana chips, entre outros. Esses produtos têm origem no que o ISA chama de Territórios da Diversidade Socioambiental e foram apresentados ao público em evento realizado em agosto de 2017, no mercado de Pinheiros, em São Paulo, chamado “O que é que a floresta tem”. Estão à venda no Box Amazônia e Mata Atlântica, no próprio mercado paulistano, resultado de uma parceria entre o ISA, o Instituto ATÀ e o Instituto Auá. Quem esteve no evento em agosto descobriu um pouco do que é que a floresta tem e fez um passeio sensorial por
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novos produtos e sabores dos Territórios da Diversidade Socioambiental, que teve mesas de degustação com alguns deles. O público experimentou o mingau de babaçu com cacau, feito com a farinha de mesocarpo de babaçu dos extrativistas da Terra do Meio, assistiu a uma apresentação de fandango dos quilombolas do Morro Seco, de Iguape (SP), provou um caldo de cogumelos Yanomami (Sanöma) com Pimenta Baniwa e pode conhecer a origem e histórias dos produtos do Xingu através do Selo Origens Brasil. Outras novidades estão ainda em desenvolvimento como o tucupi preto, a castanha uará, a banana pacovã desidratada, as barras de frutos da floresta e a semente aromática do puxuri. O ISA trabalha há mais de uma década no apoio à estruturação das cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade. O objetivo é fortalecer a gestão dos Territórios da Diversidade Socioambiental através da estruturação de relações sólidas com o mercado e de melhorias na qualidade e gestão dos diferentes arranjos produtivos organizados por povos indígenas e comunidades traEste espaço é dicionais. destinado à divulgação voluntária (Por Maria Ines Zanchetta, do ISA) Como comprar: https://loja.socioambiental.org/
de produtos de cooperativas e ONGs vendidos no comércio justo, ético e solidário.
O Programa Amigo do Clima é uma iniciativa voluntária, voltada para a compensação de emissões de gases de efeito estufa (GEE). A plataforma conecta projetos de compensação brasileiros a empresas, eventos e pessoas, garantindo transparência e rastreabilidade na comercialização
de
créditos
de
carbono.
Conheça e compense a sua pegada climática! O planeta agradece.
O mundo traz desafios. A WayCarbon, respostas. 21
Pelo Brasil IX CBUC abre inscrições para participantes Interessados podem acessar o site do evento e se inscrever até 19 de julho De Curitiba
O IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, acaba de abrir as inscrições para o público interessado em participar do evento. Até 19 de julho o cadastramento estará disponível no site - https://eventos.fundacaogrupoboticario.org.br/IXCBUC Realizado periodicamente desde 1997, é um dos mais importantes fóruns da América Latina sobre áreas protegidas, seus desafios e sua importância para a sociedade. Em suas oito edições realizadas desde 1997, produziu diversos resultados positivos para a conservação da natureza, como a criação, ampliação e gestão eficiente de unidades de conservação. A nona edição acontecerá entre 31 de julho a 2 de agosto de 2018, em Florianópolis (SC).
“Nesta edição de 2018, O CBUC terá uma programação abrangente, que inclui conferências, palestras e simpósios, além de mostras que possibilitam ao público presente ter contato com iniciativas e projetos inovadores”, analisa a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes. Jason Clay, vice-presidente sênior de Mercados e Alimentação do WWF dos Estados Unidos; e John Amos, geólogo e presidente da organização não governamental SkyTruth são alguns dos palestrantes confirmados. Além deles, também estarão presentes Paula Saldanha, jornalista e ambientalista brasileira; Maurizélia de Brito Silva, gestora da Reserva Biológica Atol das Rocas; Marcos Da-Ré, diretor executivo do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI; e Pedro Paulo Diniz,
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Fundador e CEO da Fazenda da Toca Orgânicos e ex-piloto de Fórmula1. Os valores da inscrição são de R$ 600 (inteira) e R$ 300 (meia-entrada); até 15 de maio; e entre 15 de maio e 19 de julho os valores passam para R$ 800 (inteira) e R$ 400 (meia-entrada). No dia do evento as inscrições serão R$ 1.000 (inteira) e R$ 500 (meia-entrada), mediante disponibilidade de vagas. As categorias válidas para meia-entrada são: estudantes, idosos, portadores de deficiência, jovens carentes de 15 a 29 anos, doadores de sangue; funcionários públicos de órgãos ambientais; profissionais de ONGs; e proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). A programação preliminar do IX CBUC está disponível no site www.fundacaogrupoboticario. org.br/cbuc.
Mutirão marcou 18 anos do Mangue Vivo: resposta ao desastre na Baía de Guanabara DIVULGAÇÃO – PROJETO MANGUE VIVO/ INSTITUTO ONDAZUL
Do Rio
No dia 27 de janeiro, cerca de 150 voluntários participaram do primeiro mutirão de limpeza do Manguezal da Praia de Mauá, em Magé. Essa é uma das regiões mais afetadas pelo derramamento de óleo que atingiu a Baía de Guanabara, ainda nos primeiros dias do ano de 2000. O mutirão foi não só de alerta para o desastre ambiental, que completa 18 anos este mês, mas principalmente uma comemoração por esta área ter sido recuperada, ter virado Unidade de Conservação e por faltar tão pouco para se tornar um parque público ecológico. O evento foi uma iniciativa do projeto Mangue Vivo, do Instituto OndAzul – que já foi presidido por Gilberto Gil e que hoje tem à frente o ambientalista Alfredo Sirkis. O Mangue Vivo já plantou 177 mil mudas de mangue e recuperou 67,7 hectares, hoje considerada uma das maiores áreas de manguezais em recuperação no Brasil. A região recebe mais de 1500 visitantes por ano, número que certamente crescerá muito assim que virar oficialmente Parque Natural Municipal Barão de Mauá. Acidente ambiental: 18 anos Em 18 de janeiro de 2000, um duto da Petrobras que ligava a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao terminal Ilha d’Água, na Ilha do Governador, rompeu-se, provocando um vazamento de 1,3 milhões de litros de óleo combustível nas águas da Baía de Guanabara. A mancha se espalhou por 50km², atingindo 23 praias. O episódio entrou para a história como um dos maiores acidentes ambientais do Brasil. O vazamento
afetou famílias que viviam da pesca. Mais de 600 pescadores e catadores de caranguejo ficaram por um longo período sem poder exercer suas atividades. Também destruiu por completo a área de manguezal da região e transformou a área de manguezal em um deserto compactado, com presença de muito lixo. Especialistas do IBAMA que avaliaram o caos pós-desastre desenganaram a região. Parecia mesmo que a vida não voltaria ao mangue. Contrariando todas as previsões, no ano seguinte, foi iniciado um lento e penoso trabalho de recuperação do manguezal – batizado de projeto Mangue Vivo. Finalmente, o Parque! Quase duas décadas da saga do mangue, o Parque Natural Municipal Barão de Mauá já tem data para ser entregue à comunidade: 2019. Situado na divisa dos Muni-
cípios de Magé e Duque de Caxias, o Parque será público, aberto à comunidade, um espaço não apenas de visitação, mas de educação ambiental, conscientização e preservação de um ecossistema de suma importância para o Rio de Janeiro. Desde o ano passado, um recurso do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) operado pelo FUNBIO, no âmbito do Fundo da Mata Atlântica, vem garantindo a construção de uma torre de observação e de passarelas suspensas para facilitar os acessos dentro do mangue, a recuperação de mais quinze hectares de mangue, com construção de viveiro, preparação e plantio de mudas, além da realização de um plano de manejo (o primeiro que será feito para uma das quatro Unidades de Conservação da região), instrumento fundamental para planejar a gestão e o uso sustentável dos recursos naturais do novo Parque.
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Pelo Brasil
Especial
São Paulo vai sediar o único evento oficial sobre cidades inteligentes da América Latina São Paulo (SP)
A cidade de São Paulo é um dos municípios mais inteligentes do Brasil, em mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. Esse destaque por si só credenciam São Paulo a sediar o Smart City Business America Congress & Expo (SCBAC&E), o único evento oficial sobre cidades inteligentes da América Latina, que será realizado entre os dias 16 e 18 de abril. O evento reunirá os principais líderes dos setores público e privado, além de especialistas em soluções tecnológicas, planejamento, gestão pública, segurança, mobilidade, conectividade e sustentabilidade, criando um ambiente propositivo de negócios e de diálogo sobre o desenvolvimento das metrópoles. O SCBAC&E 2018 terá um espaço de 6000m2 para exposição e 200m2 na praça da tecnologia, além das áreas dos eventos paralelos. Mais de 70 empresas vão apresentar soluções tecnológicas para atender às demandas das smart cities com qualidade e segurança. Também contará com um congresso com mais de 50 painéis, nos quais profissionais, pesquisadores, empresários e representantes do poder público, nacionais e internacionais, vão apresentar suas ideias e discutir os principais pontos em torno das cidades inteligentes, de modo a criar o mercado de Smart Cities. A evolução digital, a conectividade, inteligência artificial e a segurança da informação serão abordados nos painéis. O planejamento e a gestão das cidades inteligentes, a partir do Marco Regulatório para Smart Cities é outro ponto essen-
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cial. O tema abrange a eficiência logística com a integração dos modais de transporte e a conectividade da informação entre a população, o prestador de serviços de transporte e o poder público; também engloba a sustentabilidade, em discussões sobre uso racional de recursos, destinação de resíduos, eficiência energética, alternativas ao transporte à combustão, arquitetura inteligente e construção sustentável, entre ouros. Porém, tudo do ponto de vista da proposição, com uma visão centrada na realização de negócios. As possibilidades de desenvolvimento econômico e social das cidades inteligentes e modelos como o Cooperativismo, a Economia Circular, a Economia Criativa, entre outros, estarão em pauta, assim como o desenvolvimento das pessoas, que será analisado do ponto de vista da educação e da capacitação tecnológica da população. Por fim, a longevidade será outro destaque. O evento vai abordar a qualidade de vida e a saúde (os avanços da tecnologia para o setor e a gestão da saúde pública) e, mais do que isso, vai mostrar cases de cidades que são exemplos na melho-
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ria da vida das pessoas, sejam elas mais jovens ou da melhor idade. O SCBAC&E 2018 contará, também com fóruns temáticos e ilhas de reuniões estratégicas, além da 6ª edição do Prêmio InovaCidade, no qual serão reconhecidos os projetos e iniciativas que tenham causado impactos positivos, mensuráveis e reconhecidos pela sociedade, realizados pela administração pública, iniciativa privada ou pela sociedade. O Smart City Business America Congress & Expo é um evento do Instituto Smart City Business America (SCBA), entidade sem fins lucrativos que promove o avanço das discussões relacionadas às cidades inteligentes no continente americano. Segundo Leopoldo Albuquerque, presidente do Instituto, o evento é um catalisador de novas tecnologias e discussões sobre os avanços que já são vistos em cases de sucesso de smart cities. “Atuamos para reunir os principais players de gestão de cidades, fornecedores de soluções, pesquisadores e especialistas, no intuito de apontar caminhos para o desenvolvimento integrado das metrópoles”, afirma o executivo.
FIEMA Brasil confirma sua oitava edição em abril De Bento Gonçalves (RS)
Em um contexto de crescente preocupação acerca da saúde dos negócios – especialmente no que se refere ao seu poder competitivo – buscar soluções de produção sustentável é exercício permanente para indústrias que querem seus nomes associados às práticas reconhecidas pela eficiência. A Fiema Brasil, amiga desse conceito, renova tal compromisso e anuncia sua oitava edição para 2018. De 10 a 12 de abril, a feira de negócios, tecnologia e conhecimento em meio ambiente vai apresentar e discutir pesquisas e tecnologias nessa área para quem visitar o Parque de Eventos de Bento Gonçalves. A disseminação de conhecimento é um dos propósitos do encontro e trunfo no desafio de construir um mundo melhor para as pesso-
as e pessoas melhores para ele – um dos ideais de atuação da entidade promotora da feira, a Fundação Proamb. “Incentivamos as empresas a refazerem sua visão do futuro, tendo a gestão ambiental como foco. A criação científica, para a qual a Fiema é uma vitrine, com trabalhos acadêmicos mostrados e premiados, ajuda a desenvolver o setor de negócios ambientais no país, que tem muito mercado a ser explorado”, observa o presidente da Proamb, Neri Basso. O Fiemacon é um dos destaques da programação, com seus congressos, seminários e palestras. O Meeting Empresarial, painel com importantes líderes em gestão ambiental, também renova o desafio de revitalizar os conceitos de gestão sustentável junto aos empreendedores. Em breve o público poderá conhecer detalhes dessas atrações, com temas, palestrantes e horá-
rios confirmados. Nesta edição, a coordenação da atividade está à cargo da empresária Maristela Cusin Longhi. Expectativa de repetir bons resultados Os resultados conquistados em 2016, quando a Fiema recebeu 130 expositores de 10 países, e um público de mais de 8 mil pessoas, fortalecem a crença da pauta ambiental na sociedade como geração de negócios e forma de prolongar os recursos naturais da Terra. “Temos um público qualificado que leva as boas práticas da Fiema não só para as empresas que trabalham, mas para a sociedade em que vivem. O ingresso de novos expositores, com práticas ambientais de acordo com suas necessidades, enriquece o debate e deixam a feira mais plural, potencializando novos negócios”, diz Jones Favretto, presidente da Fiema Brasil 2018.
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Especial
Plurale recebe o Prêmio Aberje 2017 de Mídia na categoria Revista Segmentada Solenidade também comemorou os 50 anos da entidade que representa a Comunicação Empresarial Equipe Plurale, de São Paulo Fotos da Aberje/ Divulgação
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ma festa dentro da festa. Foi assim a solenidade de entrega do Prêmio Aberje 2017, que também celebrou os 50 anos da associação que é o principal celeiro de pensamento, cursos e atividades em Comunicação Empresarial. O evento foi realizado no belíssimo foyer da Sala São Paulo, local que abriga também estação de trem histórica do Centro Paulista. Plurale recebeu o Prêmio Mídias do Ano na categoria Revista Segmentada, justamente quando comemora os seus 10 anos de história. Plurale foi escolhida por seu importante trabalho na divulgação de ações sustentáveis de empresas e do Terceiro Setor. “Gratidão. Uma honra para nós de Plurale, que é mídia independente e fala de transformação e sustentabilidade. Queremos reforçar que neste momento tão delicado do País, dois valores nunca foram tão importantes para as empresas e os comuni-
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cadores, principalmente - propósito e ética. Estes valores, a Aberje tem defendido ao longo de 50 anos de relevante história”, disse a jornalista Sôna Araripe, Diretora de Plurale ao receber a premiação. Cerca de 500 convidados compareceram para aplaudir os premiados da noite. Jurados especializados tiveram dificuldade para chegar aos finalistas de cada uma das categorias. Neste ano, foram inscritos mais de 200 cases nas 17 categorias do Prêmio. Foram anunciadas também as premiações especiais de Mídias do Ano, reconhecimento conferido anualmente a veículos e empreendimentos de mídia que se destacaram em sua esfera de atuação; e Comunicadores do Ano, para os profissionais que se destacaram dentro e fora de suas organizações. A solenidade foi iniciada por Gislaine Rossetti, presidente do Conselho Deliberativo da Aberje e diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Latam. “O Prêmio Aberje tem como objetivo reforçar a importância da comunicação para potencializar os negócios e intensificar a força
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institucional das organizações, seus valores, seus propósitos e suas marcas”, disse Gislaine. Em sua 43º Edição, o Prêmio tem como objetivo reconhecer a excelência da comunicação organizacional no Brasil por meio do incentivo e difusão das melhores práticas do setor, valorizando a imagem institucional e o próprio negócio. O Diretor-Presidente da Aberje e professor titular da USP, Paulo Nassar subiu ao palco para deixar um recado sobre o que reservam os próximos 50 anos da Associação. “Cada vez mais a Aberje vai defender a comunicação como cultura e vai advogar para que a comunicação pú-
FOTOS DA ABERJE/ DIVULGAÇÃO
blica seja cada vez mais republicana.” O Diretor-Geral da Aberje, Hamildon dos Santos, destacou os feitos ao longo dos 50 anos e falou também de ações futuras. O jornalista Milton Jung, da CBN, foi o mestre de Cerimônias da Premiação. Mídias do Ano - Além dos premiados nas 17 categorias, a Aberje também promovou a premiação Mídias do Ano, conferida anualmente pelo Prêmio Aberje a veículos e empreendimentos de mídia que se destacaram em sua esfera de atuação. A distinção é definida por um júri integrado pelos diretores e membros dos Conselhos Deliberativo e Consultivo e pela Diretoria Executiva da Aberje. Outras importantes mídias também foram premiadas, como o Infoglobo, Folha de S. Paulo, Media Lab Estadão, Jornalistas &Cia, Jota e Vice . O Grupo Globo foi escolhido o vencedor de 2017 do prêmio “Mídia do Ano” con-
cedido pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial). A conquista deu-se na categoria “Informação” pelo conjunto da obra, principalmente pelo furo da delação do empresário Joesley Batista, da JBS, dado pelo jornal O Globo, pela palestra com o ex-presidente Barack Obama organizada pelo jornal Valor Econômico e pelo investimento nos meios digitais e produção de conteúdo analítico para edições impressas. O fundador e Diretor do Jornalistas & Cia, Eduardo Cesário Ribeiro, comemorou a premiação, quando o veículo completa 21 anos. “Em tempos de mudanças, de transformações, manter a chama acesa, a motivação em alta, o horizonte aberto é um grande desafio, uma instigando aventura profissional. Ganhar um prêmio com a qualificação do Prêmio Aberje é um tremendo estímulo para continuar e acreditar. E nós acreditamos em dias melhores.” “Este prêmio é uma validação impor-
tante para o Jota. Desde a criação da empresa, nos preparamos para inovar. Não paramos de pesquisar novas maneiras de potencializar o nosso jornalismo, que é técnico, imparcial e ágil”, afirma o CEO da empresa Jota, Marc Sangarné. O Jota, por meio de seu jornalismo, conta Marc, quer enfrentar importantes desafios da sociedade, como a questão da transparência do poder público, e também casos concretos de mercados, indústrias e empresas que sofrem com a falta de previsibilidade do quadro jurídico, regulatório e institucional. Para Daniel Conti, general manager da Vice Brasil a empresa ficou muito feliz com a notícia do Prêmio ABERJE em Conteúdo de Marca. “Ele tem um valor inestimável porque ele é dado por profissionais de comunicação empresarial, jornalismo, PR, o que reforça nosso zelo e qualidade no tocante a este trabalho. Quando temos esta avaliação vinda não somente de profissionais de marketing ou de agências, isso nos motiva a seguir tendo a certeza que estamos construindo um caminho não só efetivo em termos de resultado, mas responsável e de qualidade”.
CONFIRA A LISTA DOS VENCEDORES DO PRÊMIO ABERJE Comunicação de Marca: B3 – BRASIL BOLSA BALCÃO Comunicação de Marketing: GOCIL SEGURANÇA E SERVIÇOS Comunicação de Programas Voltados à Sustentabilidade Empresarial: FIBRIA e NEOENERGIA Comunicação de Programas, Projetos e Ações Culturais: ARTERIS Comunicação de Programas, Projetos e Ações Esportivas: COCA-COLA BRASIL Comunicação e Organização de Eventos: COMPANHIA SIDERÚRGICA DO PECEM – CSP Comunicação e Relacionamento com a Imprensa: HOSPITAL OSWALDO CRUZ e AJINOMOTO Comunicação e Relacionamento
com a Sociedade: ROCHE Comunicação e Relacionamento com o Consumidor: COLÉGIOS E UNIDADES SOCIAIS DA REDE MARISTA Comunicação e Relacionamento com o Público Interno: IBM DO BRASIL Comunicação e Relacionamento com Organizações Governamentais: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Comunicação Integrada: COELBA Responsabilidade Histórica e Memória Empresarial: INSTITUTO EMBRAER Mídia Digital: TELEFÔNICA VIVO Mídia Audiovisual: GRUPO MARISTA Mídia Impressa:
COLÉGIOS E UNIDADES SOCIAIS DA REDE MARISTA Publicação Especial: SAP BRASIL Confira a lista das Mídias do Ano Informação: Grupo Globo De Publicações Editoriais/Opinião: Folha De S. Paulo Revista Segmentada: Plurale Segmentada Digital: Jornalistas & Cia Mídia Digital Especializada: JOTA Conteúdo de marca/Branded Content: VICE e Media Lab Estadão Confira a lista dos dez Comunicadores do Ano Adriana Lutfi (Mercado Livre)
Adriano Stringhini (Sabesp) – *2º lugar na votação pela audiência David Grinberg (McDonald’s) – *1º lugar na votação pela audiência Fábio Caldas (CPFL) Mauro Segura (IBM) – *3º lugar na votação pela audiência Mirka Schreck (Vale) Neivia Justa (Johnson & Johnson) Othon de Villefort Maia (AngloGold Ashanti) Paulo Pereira (Bayer) Roberto Baraldi (Fiat Chrysler Automobiles) Trajetória em Comunicação Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural Educador do Ano Diego Wander, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Empresa do Ano Coca-Cola Brasil
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Especial
3ª Festa Nacional da Liberdade: diversas autoridades são homenageadas com a Comenda da Resistência Cidadã, dentre as quais jornalistas Anna Ramalho, Heloísa Magalhães, Sônia Araripe, Bete Pacheco, Cristina Aragão e George Vidor Juristas, funcionários da Faculdade de Direito da UFRJ, professores, escritores, jornalistas e lideranças da sociedade civil receberam a medalha em homenagem aos 271 anos do nascimento de Tiradentes em cerimônia emocionante FOTOS DE CIDINHA ARARIPE/ FUNDAÇÃO OSCAR ARARIPE
Da Equipe Plurale, do Rio Fotos de Cidinha Araripe/ Fundação Oscar Araripe
O
local reverenciava a memória dos que por ali passaram e os que ali estavam. A cerimônia da 3ª Festa Nacional da Liberdade foi realizada na sede da então Faculdade Nacional de Direito - hoje Faculdade de Direito da UFRJ, onde está situado o histórico Centro Acadêmico Cândido de Oliveira - CACO (resistência histórica nos anos de Ditadura) e que foi, por anos, o Senado Federal da República. O evento - organizado pela Associação dos ex-alunos da Faculdade, a Alumni - FND, no último dia 27 de novembro, celebrava alguns fatos relevantes, como: o Dia Nacional da Liberdade Nascimento de Tiradentes (12 de Novembro), os 101 anos do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira – CACO, os 271 anos do nascimento de Tiradentes, os 16 anos da Alumni - FND e os 10 anos da Fundação Oscar Araripe. A solene cerimônia foi aberta pelo Dr. Paulo Horn, Presidente da Alumni - FND, acompanhado na mesa de ilustres representantes do mundo jurídico e da Faculdade: Oscar Araripe, Paulo Horn, presidente da Alumni-FND; Desembargador Afrânio Vilela, do Tribunal de Justiça de Minas
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A Editora de Plurale, jornalista Sônia Araripe, recebe a comenda do também condecorado jornalista George Vidor, acompanhado de Denise Batista, Diretora da Alumni e de Oscar Araripe, da Fundação Oscar Araripe.
Gerais; Professor Carlos Alberto Bolonha, Diretor da Faculdade Nacional de Direito; presidente do CACO e Dra. Raquel Braga, Juiza do Trabalho. Cada homenageado recebeu Diploma e a Medalha da Comenda da Resistência Cidadã. Este foi o terceiro ano consecutivo que a Alumni - FND selecionou relevantes nomes para serem reverenciados, cada um com importante história, de juristas, professores e jornalistas, escritores, lideranças em causas sociais e ex-funcionário da Faculdade, Um momento, sem dúvida, igualitário e de justiça, como Tiradentes e os mártires da Inconfidência pregaram e pagaram com suas próprias vidas. Entre os jornalistas
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agraciados estavam Heloísa Magalhães, Diretora da Sucursal do Valor Econômico no Rio de Janeiro; Cristina Aragão, Editora e Comentarista de Artes da Globonews: Bete Pacheco, Jornalista e Comentarista do Em Pauta da Globonews em São Paulo; Sônia Araripe, Editora e Diretora de Plurale e George Vidor, Jornalista Econômico. Foi exibido, em avant-première, do documentário “Os Tiradentes de Oscar Araripe”, do Diretor Marinho Antunes. A história dos painéis, sua concepção e entronização nas escadarias da Faculdade Nacional de Direito (versão Rio) e no hall principal do Palácio da Justiça do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (versão Ouro Preto). Depoi-
Alguns dos homenageados com as Medalhas Comenda da Resistência Cidadã, que homenageia os 271 anos do nascimento de Tiradentes
HOMENAGEADOS 2017
Abertura do evento – Dr. Afrânio Vilela, presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais discursa
Jornalistas-Comendadores (da esq para a direita): George Vidor, Heloísa Magalhães, Sônia Araripe, Cristina Aragão e os anfitriões do evento, o casal Oscar e Cidinha Araripe, da Fundação Oscar Araripe.
mentos de personalidades do Direito, da Arte e da Cultura. Realização da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais / CAA-vanguarda e da Confraria Filmes. Apoio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e da Alumni-FND. O evento também prestou Homenagem in memoriam, com chamamento nominal, 1 minuto de silêncio e calorosa salva de palmas aos seguintes antigos e saudosos alunos, mestres e servidores da Faculdade Nacional de Direito. Os organizadores da 3ª Festa Nacional da Liberdade agradeceram também aos patrocinadores e apoiadores : ACAA Vanguarda, Associação Alumni FND,
Confraria filmes, Conselho de Minerva, Fundação Oscar Araripe, Galpão Aplauso, Instituto dos Advogados Brasileiros, OAB MG, RJ e Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro. Livro do artista plástico, escritor e jornalista Oscar Araripe sobre Tiradentes.
Defensor Público Roberto Vitagliano Deputado Tadeu Alencar Desembargador Camilo Ribeiro Rulière Desembargador Herbert José Almeida Carneiro Desembargador José Muiños Piñeiro Filho Desembargador José Nascimento Araújo Netto Desembargador Milton Fernandes de Souza Desembargador Rogério Lucas Martins Desembargadora Giselle Bondim Lopes Ribeiro Diretor Teatral Amir Haddad Dr. Daniel Homem de Carvalho Dr. Gustavo Tepedino Dr. Jose Antônio Galvão Dr. José Frejat Dr. Marcelo Séllos Ribeiro Dr. Marcio Leal de Meirelles Dr. Nicola Mana Piraino Dr. Nuredin Ahmad Allan Dr. Roberto Dantas de Araújo Dr. Rogerio Alvaro Serra de Castro Dr. Ronaldo Armond Dr. Sergio Batalha Mendes Dr. Sérgio Ricardo Martins de Almeida Dra. Maíra Fernandes Dra. Maria Margarida Ellenbogen Pressburger Escritor José Roberto Alencar Moreira Jornalista Anna Maria Ramalho Jornalista Cristina Aragão Jornalista Elisabete Pacheco Jornalista George Vidor Jornalista Gisele Kato Jornalista Heloisa Magalhães Jornalista Jorge Sanglard Jornalista Sônia Araripe Juíza Cristiana Cordeiro Juíza Daniella Vale Müller Ministro Carlos Ayres Britto Ministro Herman Benjamin Ministro Marco Aurélio Mello Procurador Fábio Goulart Vilella Procuradora Lisyane Chaves Motta Professor Carlos Alberto Pereira das Neves Bolonha Professora Caroline Proner Professora Juliana Neuenschwander Magalhães Professora Mariana Trotta Dallalana Quintans Professora Sayonara Grillo Coutinho da Silva Professora Vanessa Oliveira Batista Berner Promotora Márcia Oliveira Raul Córdula Filho Sr. Jorge Gomes
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Especial
Medalha Pedro Ernesto é entregue à Sônia Araripe Com 30 anos de profissão, jornalista já tem 10 anos à frente de Plurale, seu mais corajoso empreendimento, discutindo com qualidade questões sociais e ambientais FOTOS DE LUCIANA TANCREDO/ PLURALE
Por Hélio Rocha, Especial para Plurale Fotos de Luciana Tancredo, de Plurale
Num momento de extrema importância para o jornalismo independente e as lutas social e ambiental no Brasil, a jornalista Sônia Araripe, editora e fundadora de Plurale em Revista, recebeu no último mês de dezembro a medalha Pedro Ernesto, principal honraria concedida pelo município do Rio de Janeiro, por ato da Câmara Municipal a pedido do vereador Zico (PTB). A solenidade ocorreu na sede do Legislativo municipal e contou com a presença de nomes importantes da história do jornalismo, da economia e da política carioca, como o jornalista Hélio Araújo, os economistas Renê Garcia Jr., Ricardo Nogueira e Luiz Fernando Bello, e o ex-prefeito e senador Saturnino Braga. De acordo com a jornalista, em seu discurso de agradecimento, a honraria vem coroar dez anos de trabalho independente com Plurale, e mais de 30 como profissional. “Percebemos que o que gostamos de fazer é contar histórias de transformação, de um Rio que dá certo, de um Brasil tão plural quanto diverso. Uma alegria, vereador Zico, que estejamos sendo homenageados quando completamos não só 33 anos de jornalismo, mas 10 anos com Plurale”, sintetizou Sônia. Para Zico, Sônia faz um trabalho que aparece ao grande público por meio de sua revista, mas começa na base, com sua atuação junto a entidades formadoras de opinião e, principalmente, escolas. “Essa parte do trabalho, muitas vezes invisível, faz toda a diferença. É por meio dela que vemos a seriedade e o caráter de todo um projeto.” Hélio Araújo, velho companheiro de jornalismo, salienta a dificuldade de empreender no ramo da comunicação. “Inclusive com o tema que não é fácil, a susten-
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Vereador Zico entrega conjunto de medalhas para a Jornalista Sônia Araripe
tabilidade. É muito ‘queridinho’ por muita gente, mas a situação não é tão fácil na hora de confluir interesses e tornar um projeto viável. Se ela conseguiu, todo o mérito e nada mais justo que, hoje, a Casa conceda essa honraria, que é a principal da cidade do Rio de Janeiro.” Outra convidada, a ambientalista e subsecretária de Planejamento e Gestão Governamental do Rio de Janeiro, Aspásia Camargo, ressaltou o “risco de criar seu próprio empreendimento e ter nele sucesso, pautando questões essenciais para nossa sociedade, como o desastre de Mariana, que deve sempre ser lembrado.” Uma conquista para a mídia democrática Um dos convidados mais ilustres do evento, o ex-prefeito do Rio entre 1985 e 1988, Saturnino Braga, destacou os muitos anos de seu apoio a Plurale e o papel central da revista e de seu site no agendamento de questões que não circulam na mídia corpo-
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rativa, enfatizando o papel das mídias independentes na pluralidade da comunicação social no país. “Mais importante, hoje, que a liberdade de imprensa em nosso país, é a pluralidade na imprensa, que está tão escassa. Plurale cumpre muito bem com este papel, levando ao seu público questões sobre sustentabilidade e desenvolvimento social que, muitas vezes, a gente não vê nos veículos tradicionais”. Ele ainda ressaltou que é fundamental a outorga da medalha Pedro Ernesto a alguém que tem o mérito para recebê-la. “A sua ação para preservação do meio ambiente, educativa, pedagógica, para a população em geral tomar consciência da importância dessa ação preservacional, torna o ato meritório. É um trabalho que justifica plenamente a homenagem.” Colegas da economia prestigiam o evento Sônia, apesar de ser hoje referência em
Sônia Araripe, ao centro, com os oradores da solenidade (da esq para a dir): Economista Renê Garcia Jr., Senador Roberto Saturnino Braga, Engenheiro Newton Victor Meyohas, Vereador Zico, Jornalista Isabella Araripe e Jornalista Hélio Araújo.
questões ambientais, iniciou seu trabalho cobrindo economia e mercado financeiro para grandes jornais da imprensa brasileira, como Jornal do Brasil (JB) e O Dia. Deste período, muitas de suas fontes (no jargão do jornalismo, profissionais do ramo de economia que lhe passavam as informações sobre o mercado), estiveram presentes à Câmara Municipal. Entre eles, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Renê Garcia Jr. e os economistas Luiz Fernando Bello e Ricardo Pinto Nogueira.
Para Renê, mais do que à pessoa, é uma homenagem à profissão de jornalista. “Sônia tem passagem pelos grandes veículos de jornalismo do Rio de Janeiro, e marcou época, principalmente no JB, onde foi editora. E com Plurale, é um exemplo de tenacidade e tem uma década de luta por um jornalismo de qualidade, responsável, e de um tema que se insere cada vez mais no contexto da vida das pessoas. O meio ambiente como solução, não como problema, apontando caminhos para formas de resolver questões cruciais sobre nosso futuro.” Nogueira, que foi diretor de operações das bolsas do Rio de Janeiro e de São Paulo, afirma que a relação do economista com um bom jornalista é delicada e, por isso, valoriza o trabalho de Sônia Araripe. “Ela se destacava por ser muito participativa, comparecia muito à bolsa, e ia atrás da elaboração das matérias. Hoje, no ramo da sustentabilidade, ela tem tratado com
seriedade um assunto ao qual a economia tem dedicado atenção, com índices de reconhecimento em todas as bolsas do mundo, incentivando as empresas a investir nesse segmento, o que torna a informação sobre este tema ainda mais importante.” Bello, consultor de empresas, lembra que ela sempre foi uma repórter de confiança dos principais operadores da bolsa, por contar com apuração e texto que jamais distorceram informações e declarações. “Foi um prazer imenso ver a carreira dela evoluir cada vez mais, graças ao mérito de ela ser extremamente confiável. Sempre teve uma capacidade de redação incrível, de traduzir temas complexos e torná-los compreensíveis para o leitor comum.” O desafio de conciliar trabalho e família Sônia é casada com Newton Victor Meyohas e mãe de três filhos, Isabella, João Victor e Felipe. Os três, ao que tudo indica,
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Especial
Newton Victor falou como marido e como incentivador da carreira da esposa
serão jornalistas. Isabella e João Victor já são formados, este último tendo largado a faculdade de Relações Internacionais para se dedicar à profissão da mãe, e Felipe se formou no ano passado no Ensino Médio e pretende seguir na profissão. Para a primogênita, o longo e persistente trabalho da mãe “é inspiração na vida de seus filhos”. A filha mais velha foi uma das que compôs a mesa durante a cerimônia. Segundo o marido, o que Sônia confirmaria em sua palavra de agradecimento, o dia a dia da profissão de jornalista muitas vezes põe em risco a relação do profissional com sua família, visto que os fechamentos de jornal, os imprevistos da profissão, impõem a repórteres e editores uma rotina em que a redação se torna uma segunda casa. “Neste momento, busquei estar presente e fazer a parte que me cabia na educação dos filhos e dando o sustento de que Sônia precisava para cumprir com sua missão.” Os pais de Sônia, muito idosos, não puderam comparecer, mas ela os recordou afirmando que, do pai, herdou “não só a morenice, mas também o gosto por viagens, conhecer gente e apreciar este Brasil tão continental quanto desigual”, e da mãe “o gosto por livros, pelo ensino e pelo senso de Jus-
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tiça”. Sônia também fez questão de lembrar seu tio José Reis, que durante sua juventude era um renomado jornalista do Jornal do Brasil, e foi o grande padrinho e incentivador de sua carreira. Deste período da vida de Sônia, estiveram presentes as tias CArmilde Araripe, Isaura Meyohas, Angela Reis, Maria Alice Lima e Graziela Godinho. Encerramento Após uma hora de solenidade, a jornalista recebeu os colegas na sala de recepções do Palácio do Legislativo, que leva o mesmo nome da medalha, de um importante ex-prefeito do Rio de Janeiro, responsável por inúmeras reformas na estrutura municipal, sobretudo na área de saúde, nos anos 1930, e que teve no educador Anísio Teixeira um de seus braços direitos. “Um dos mais revolucionários e empreendedores políticos que essa Casa já teve”, afirmou Sônia sobre o tambem ex-vereador, durante seu discurso. Os convidados confraternizaram, por algumas horas, encerrando uma manhã que aponta para um futuro promissor para Plurale em Revista. “São dez anos! Um feito a ser comemorado. Mas muito mais vem pela frente”, sintetizou a amiga Aspásia Camargo.
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Um médico dedicado aos mais necessitados
Saturnino Braga, Hélio Araújo e Renê Garcia Jr. destacaram em seus discursos as multifunções de Sônia, como jornalista, empreendedora, liderança social e voluntária em boas causas
Isabella Araripe seguiu a carreira da mãe como jornalista e emocionou os convidados com a sua fala em nome dos irmãos – João Victor e Felipe, também estudantes de Jornalismo
A medalha Pedro Ernesto laureia, a cada ano, um carioca que exerce um trabalho notável para seu município, mas a memória que está imortalizada na condecoração é a de um dos principais prefeitos do Rio de Janeiro: Pedro Ernesto Rego Batista. Até hoje, é o único político declaradamente comunista a alcançar o Executivo da capital federal, visto que o feito não se repetiu no Rio até 1960, nem em Brasília, nos anos seguintes até nossos dias. Como o Partido Comunista Brasileiro, de Luís Carlos Prestes, operava na ilegalidade nos anos 1930, Pedro Ernesto, aliado de primeira hora do Governo Vargas, filiou-se ao Partido Autonomista e, após vitória por larga margem desta legenda para a Câmara Municipal, foi aclamado pelo Legislativo prefeito do Rio, em 1934. A partir daí, iniciou um trabalho que seria lembrado, nas décadas seguintes, como uma das principais administrações municipais que a então capital federal conheceu. Fez reformas na saúde pública e na estrutura sanitária do Centro e, principalmente, da periferia carioca, enfatizando a importância das ações preventivas para evitar crises na saúde do município. No campo da educação e da cultura, notabilizou-se por promover a secretário de Educação o então jovem acadêmico Anísio Teixeira, que mais tarde seria um dos mestres da pedagogia no Brasil, propositor do ensino integral nas escolas públicas. Pedro Ernesto também foi grande incentivador das escolas de samba, num período em que a identidade nacional tomava forma e o Governo Vargas incentivava manifestações culturais que unificassem o imenso território nacional. Os dois, em tabelinha, permitiram que o gênero
musical das nossas comunidades africanas se tornasse finalmente a música nacional, em vez de uma expressão artística perseguida dos guetos cariocas. No entanto, sob suspeitas de colaborar com a Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento que, sob a batuta de Prestes, culminou na Intentona Comunista de 1935, Pedro Ernesto foi cassado em 1936 e preso pelo mesmo regime Vargas que ajudara a levar ao poder e do qual fora parceiro à frente da Prefeitura. O Governo, já recrudescido, instauraria a ditadura do Estado Novo em 1937, mesmo ano em que o agora ex-prefeito trabalhou, sem sucesso, pela eleição de Armando Sales de Oliveira à presidência da República, pretensão frustrada pelo Golpe que instalou o regime autoritário de 1937-1945. Pedro Ernesto se afastou da política neste ano e não tornaria a ver a democracia no Brasil. Morreu em 1942.
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Energia renovável
Mar de placas fotovoltaicas inunda o sertão do Piauí e cria a maior usina solar em operação na América do Sul Por Sônia Apolinário, Especial para Plurale De Nova Olinda, Piauí Fotos de ENEL Brasil / Divulgação
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á 400 mil anos, a área que forma o estado do Piauí era mar. Hoje, aos poucos, o mar volta a ocupar o território. É um mar um pouco diferente do “original”. Visto de cima, tem cor azul escuro. De perto, o azul é mais claro, mas ainda assim, mais escuro que o céu constantemente ensolarado da região. Recentemente, esse novo mar do Piauí cresceu mais um pouco – avançou por 690 hectares de terras áridas. É um mar formado por 930 mil placas fotovoltaicas que recebeu o nome de Nova Olinda, na verdade, um parque energético. Ao ser inaugurado no dia 28 de novembro do ano passado, pela empresa italiana
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Enel, se tornou a maior usina solar em operação na América do Sul, encravada na cidade de Ribeira do Piauí, em pleno sertão brasileiro. Os números relacionados à Nova Olinda são superlativos: 292 MW de capacidade instalada, que permite produzir 600 GWH por ano – o que representa a necessidade de consumo de 300 mil lares brasileiros. O investimento foi de U$ 300 milhões. Parte desse recurso foi obtido por intermédio de empréstimo concedido pelo Banco do Nordeste, que a empresa - que tem como subsidiária de energia renovável a Enel Green Power Brasil - informou ter sido de “longo prazo”. Além do mar de placas fotovoltaicas, faz parte do parque solar Nova Olinda uma subestação de 500 KV. Como um girassol metálico, a placa se movimenta para acompanhar o sol. A
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energia captada segue por cabos subterrâneos até a subestação do parque. De lá, segue por 47 km de linhas de transmissão até a subestação de Chesf de São João do Piauí, quando é lançada no sistema elétrico. O parque solar Nova Olinda é apoiado por um acordo de compra de energia (Power Purchase Agreement, PPA sigla em inglês) de 20 anos com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A expectativa de retorno financeiro, segundo Antonio Cammisecra, responsável Global da Enel Green Power, é de dez anos. Porém, há outros planos de negócios em mente para Nova Olinda. O executivo italiano admitiu que aceitará abrir os negócios da empresa no Brasil para “investidores de longo prazo”, como a Enel já faz nos Estados Unidos e no México.
“Por que não fazer isso? Depois de concretizarmos nosso objetivo, podemos oferecer a possibilidade de vendermos porcentagem importante para investidores de longo prazo cujo negócio é de natureza diferente da nossa. É uma forma de abrir o Brasil para investidores”, comentou Cammisecra, em entrevista, após a cerimônia de inauguração do parque energético, que contou com a presença dos principais executivos italianos e brasileiros do projeto. Nova Olinda foi a terceira usina solar inaugurada pela Enel em 2017. Exatamente um mês antes, em 28 de outubro, a empresa colocou em operação o parque solar Lapa, em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, com capacidade instalada total de 158 MW. No mesmo estado, em setembro, a empresa inaugurou o seu primeiro parque solar no país, Ituverava, quase tão grande quanto Nova Olinda. O parque de Ituverava fica no município de Tabocas do Brejo Velho. É composto por 850 mil paineis solares que ocupam uma área de 579 hectares, com capacidade de produção de 254 MW. A quarta e última inauguração prevista é a usina solar Horizonte, ao lado de Ituverava, com capacidade de 103 MW. Ao todo, os investimentos em energia solar da Enel no Brasil somam U$ 1 bilhão. Luigi Parisi, responsável pela linha de Energias Renováveis no Brasil e Uruguai da ENEL, informou que, nos últimos anos, o grupo “ampliou fortemente” a presença no mercado de geração de energia renovável no Brasil: “Nos tornamos o maior produtor de energia solar e o terceiro maior em energia eólica do país, contribuindo
muito para a diversificação das fontes de geração de energia, uma conquista importante para o país”. Segundo ele, a Enel é responsável, atualmente, por cerca de 24% de participação no mercado de geração solar no Brasil. No total, as usinas da empresa serão capazes de gerar energia para atender 840 mil lares brasileiros, “evitando a emissão de quase um milhão de toneladas de CO² na atmosfera a cada ano”, segundo informou Luigi Parisi. No Brasil, com sede em Niterói (RJ), o Grupo Enel, através de suas subsidiárias EGPB e Enel Brasil, tem uma capacidade instalada total em renováveis de cerca de 2.276 MW, dos quais 670 MW de energia eólica, 716 MW de energia solar e 890 MW de energia hidrelétrica, bem como cerca de 275 MW de capacidade atualmente em construção, dos quais 172 MW eólicos e 103 MW solares. Além disso, a Enel está integrando a usina hidrelétrica Volta Grande, de 380 MW, conquistada recentemente em leilão. Carlo Zorzoli, presidente da Enel no Brasil, destacou que Nova Olinda “está contribuindo para a geração de valor” e para a construção de uma “nova história” no Piauí. Segundo ele, quem sai ganhando não é apenas a empresa, “mas a população beneficiada com projetos sociais locais, os governos com a arrecadação de impostos, além de todo o Nordeste e o Brasil, que se tornam mais competitivos e menos dependentes dos recursos hídricos”. “Estamos diversificando a forma de gerar energia limpa, reduzindo a dependência dos recursos hídricos cada vez mais escassos no País”, observou
Zorzoli Sobre próximos passos da empresa no Brasil, Antonio Cammisecra disse que o “mais lógico” é ampliar o que a empresa já tem, dentro da filosofia de atuar “em todas as tecnologias”: “Construimos Nova Olinda em 15 meses, um recorde que vai durar pouco tempo. No Brasil, queremos construir mais usinas, maiores e com mais tecnologia. Também vamos em breve atuar em baterias eletrotérmicas que vamos juntar com nossos investimentos em solar e eólica”, informou o executivo. De acordo com Tommaso Quadrini, gerente do projeto de Nova Olinda, o cronograma do projeto foi “desafiador”: “Ganhamos o leilão em agosto de 2015. Tínhamos dois anos para concluir e tivemos uma velocidade de instalação de 20 MW por mês. Nova Olinda gerou 1.700 empregos diretos e 5 mil indiretos”, afirmou. Agora, porém, para manter a usina em funcionamento, permanecerão cera de 50 funcionários. Em breve, outros serão “contratados” para fazer o trabalho de limpeza das placas fotovoltaicas “made in China” e cortar a grama ao redor delas - caberá a robôs desempenhar essas tarefas. Sobre o uso de placas solares chinesas em Nova Olinda, Antonio Cammisecra observou que os preços praticados por aquele país são imbatíveis, o que ajudou a baratear, de uma maneira geral, o investimento para implantação de usinas solares. Ele informou que as placas, atualmente, representam 30% dos custos de um projeto, mas até bem pouco tempo, elas consumiam 90% do orçamento. Presente em mais de 30 países em quatro continentes, a Enel tem capacidade instalada total de 84GW, com uma rede de distribuição de energia e gás de cerca de 1,9 milhões de quilômetros. Com cerca de 61 milhões de clientes residenciais e empresariais pelo mundo, tem a maior carteira de clientes de energia entre seus principais concorrentes na Europa. No Brasil, a Enel comprou as distribuidoras Ampla (RJ), Coelce (CE) e Celg (GO). A empresa tem
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Energia renovável FOTOS DE ENEL BRASIL / DIVULGAÇÃO
planos de ampliar seu portfólio nesse segmento, em 2018. No momento, a energia solar representa 1% do total de geração de eletricidade no Brasil. Na cerimônia de inauguração de Nova Olinda, o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Fabio Alves, afirmou que há “perspectiva de forte crescimento” da participação desse tipo de energia, no país. Segundo ele, o planejamento para 2026 prevê crescimento de cerca de 50 mil MW na capacidade de geração de energia no país, dos quais metade será de fontes eólica ou solar. Cerimônia de inauguração A convite da Enel, cuja sede no Brasil fica em Niterói (RJ), Plurale integrou uma comitiva formada por jornalistas do Rio de Janeiro que participou da solenidade de inauguração de Nova Olinda, ao lado de um grupo de jornalistas de Teresina (PI). O evento levou da Itália para Ribeira do Piaui os principais executivos da empresa, que tem como subsidiária de energia renovável a Enel Green Power Brasil. Para a cerimônia, a Enel providenciou um cenográfico auditório refrigerado de 300 metros quadrados, que
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isolou os cerca de mil convidados do calor de 43 graus e o constante vento quente que sopra no parque. A Enel informou que o evento foi “carbono zero”. A empresa estimou as emissões em 10 toneladas de CO², oriundas principalmente pelo uso de energia e deslocamento terrestre e aéreo da organização do evento. A operação de neutralização, com a compra de créditos de carbono, ficou a cargo da empresa especializada Neutralize Carbono. Além disso, a lona utilizada na “construção” do auditório do evento foi doada para a comunidade quilombola local Marrecas. Segundo informou a Enel, esse material será utilizado para reforço de telhados e também forração das cisternas utilizada pela comunidade para o reservatório de água. Da cerimônia de inauguração de Nova Olinda também participaram o governador do Piauí, Wellington Dias, e os prefeitos dos municípios vizinhos de Ribeira do Piauí e São João do Piauí, respectivamente, Arnaldo Pereira da Costa e Gil Carlos Modesto Alves. (*) A repórter viajou em grupo de jornalistas a convite da ENEL Brasil.
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A energia da sustentabilidade que gera capacitação profissional e autoestima Qual a relação entre fomentar a polinocultura entre pequenos produtores rurais e a construção de uma usina solar? Toda, se esses produtores estão estabelecidos em distritos rurais, no entorno de um parque energético. “Essa atividade não faz queimadas, o que é bom para o meu negócio”, explicou Débora Pinho, responsável por Projetos de Sustentabilidade em Geração e Transmissão da Enel. Apoiar produtores locais para alavancar suas atividades, promover capacitação profissional, fomentar a cultura do território, quebrar resistências e desconfianças. Esse é o trabalho de Débora cujo principal objetivo é fazer da palavra sustentabilidade algo inserido no cotidiano das comunidades impactadas pelas obras da empresa. Ou, na linguagem da Enel, criar “valor compartilhado”. No caso de Nova Olinda, muita atenção foi voltada para a comunidade quilombola estabelecida na região de São João do Piauí. Uma comunidade que mantém um estreito relacionamento com a terra em que vive. “Quando a Enel vence uma licitação, vamos a campo fazer uma análise da região. Basicamente, ouvimos as pessoas para entender suas necessidades”, explicou Débora. Segundo ela, Nova Olinda ocupou uma área, em Ribeira do Piauí, onde existiam fazendas sem atividades agrícolas. Porém, com presença de assentamentos e comunidades quilombolas no entorno.
Piauí que logo se interessou em trabalhar na construção de Nova Olinda. Ele permanece na empresa, mesmo com o término das obras. “Nossa cidade evoluiu com a usina porque teve mais trabalho. No pico da obra, 2 mil moradores trabalharam em Nova Olinda. Sabíamos que o emprego era temporário. Mesmo assim, quando a obra acaba, fica o legado”, comenta ele que participou da cerimônia de inauguração do parque solar. Na sua opinião, o principal legado foi a capacitação profissional que todos tiveram ao trabalhar em Nova Olinda. No caso dele, o novo emprego, como assistente administrativo, lhe rendeu uma formação em técnico em eletrotécnica que ele se interessou em cursar “para entender melhor como tudo funcionava”. Pai de dois filhos, Kina, como Valdir é mais conhecido, conta que, pela sua formação em gestão ambiental, seu sonho era trabalhar “com algo sustentável”. Ele reconhece que grandes obras causam impactos ambientais. Porém, acredita que “pela grandiosidade da obra” de Nova Olinda, o impacto na região “foi pequeno”. Ele informa que a empresa fez uma reparação do desmatamento com o plantio de mudas nativas e que foi dada “assessoria” para atuar junto às comunidades mais afetadas com as obras. Agora, conta orgulhoso que o filho mais velho, Alexandre, de 18 anos, também já é técnico em agropecuária e também se preocupa com questões como sustentabilidade, um assunto muito debatido na sua cidade por conta da chegada de Nova Olinda. “Hoje, São João do Piauí produz energia de fonte renovável, o que é bom para a cidade e para o mundo”, afirmou.
SÔNIA APOLINÁRIO/ PLURALE
Dentre as ações da Enel para a região, 40 moradores de distritos rurais receberam orientações para melhorar suas atividades. É aí que entra a polinocultura, quando várias espécies são cultivadas em uma pequena quantidade de terra. Outras 342 pessoas foram capacitadas para trabalhar na construção da usina. Em outra frente, 73 professores de 14 escolas dos municípios de Ribeira do Piauí e São João do Piauí, com um total de 1.825 alunos, participaram do projeto Play Energy, criado pela Enel há três anos. “Promovemos uma capacitação para ajudar os professores a criar, junto com os alunos, projetos de soluções sustentáveis para o território em que vivem. Fazemos parcerias com as secretarias de educação. No final, promovemos um concurso para escolher os melhores projetos. O Play Energy estimula o empreendedorismo, desperta para os estudos e a inovação. É uma semente que a gente planta. Abre o olhar das pessoas para outras possibilidades e acaba por aumentar a autoestima. Deixamos como legado o conhecimento e o crescimento econômico”, explica Débora. Mas não somente isso. Residuos da construção de Nova Olinda como pallets e bobinas foram transformados em mobiliário para escolas em oficinas de reciclagem e uma grande parte foi utilizada para construir uma praça batizada com o nome de Dona Maria de Lourdes, matriarca da comunidade quilombola Estreito e Eliezer, que fica a 25 quilômetros do parque solar. Empregos Técnico em agropecuária e gestor ambiental, Valdir de Souza, de 35 anos, foi um dos moradores de São João do
Valdir de Souza, o Kina
Lazer Junto com as obras de Nova Olinda, chegaram a São João do Piauí duas vans grafitadas que logo chamaram a atenção dos moradores. Com elas, uma nova opção de lazer. Elas transportam os equipamentos do Cinesolar, um cinema itinerante, que roda pelo Brasil, movido a energia solar. O projeto está na estrada há quatro anos e, desde 2016, conta com a parceria da Enel. Foi por conta dessa parceria que não apenas os moradores, mas os trabalhadores que estavam nos canteiros de obra de Nova Olinda puderam assistir alguns filmes. Por onde passa, o Cinesolar promove também oficinas artísticas. O interior das vans é uma atração à parte. Equipadas com cabine de DJ com sistema de som para acompanhar as atividades, estação móvel de cinema e estúdio de TV, promove workshops de audiovisual e realiza produções com mão-de-obra local. Tudo movido à energia solar, que também é tema de oficinas, principalmente para crianças. “As oficinas são voltadas principalmente para crianças de 8 a 12 anos. Em cada cidade que chegamos, produzimos um curta-metragem que exibimos à noite, na praça.É muito legal ver a reação das pessoas ao se verem na tela”, conta Cynthia Alario, uma das idealizadoras do projeto. É ela quem fornece alguns números do Cinesolar: em quatro anos, 1171kW economizados; 70147 pessoas atingidas; 444 sessões realizadas. Equipadas com placas fotovoltaicas, geram 800 Watts. (Por Sônia Apolinário/ Plurale)
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Energia renovável
DIVULGAÇÃO/ ENEL
ISABELLA ARARIPE/ PLURALE – SERRA DA CAPIVARA (PI)
O passado preservado por Nova Olinda Potes de cerâmica e instrumentos de pedra lascada e polida que podem datar de dois a três mil anos. Essas são algumas das cinco mil peças encontradas durante as obras de construção da usina solar de Nova Olinda, em Ribeira do Piauí (PI). Os objetos fazem parte de 23 sítios arqueológicos descobertos quando iniciaram os estudos de impacto ambiental para o licenciamento da obra, em 2016. Nova Olinda é a maior usina solar em operação na América do Sul. Com 930 mil painéis “plantados” em 690 hectares de terras áridas, tem 292 MW de capacidade instalada, que permite produzir 600 GWH por ano – o que representa a necessidade de consumo de 300 mil lares brasileiros. Dentre os sítios identificados, 20 apresentam ferramentas de pedra associadas a povos indígenas. Em três sítios foram encontrados potes de barro, louças, vidros e estruturas construtivas. Esses objetos estão as-
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sociados a ocupações indígenas mais recentes, propriedades rurais e populações africanas e afro-brasileiras. Todo o material recolhido foi encaminhado ao Museu de Arqueologia e Paleontologia da Universidade Federal do Piaui, em Teresina. A descoberta de sítios arqueológicos na região não chega a ser uma surpresa. O Piauí é um dos estados do Brasil com a maior concentração de arte rupestre das Américas. Vestígios dessa arte já foram encontrados em 70 cidades. Próximo da usina de Nova Olinda se encontra o mais famoso cenário brasileiro com indícios da pré-história do homem americano: o Parque Nacional da Serra da Capivara. Distante cerca de uma hora de carro de São João do Piauí está o município de Coronel José Dias, porta de entrada do parque da Serra da Capivara. Criado em 1979, tem 129 mil hectares e sua área abrange também os municípios de São Raimundo Nonato, João Costa e rejo do Piauí, no
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sudeste do estado. Declarado pela Unesco Patrimônio Cultural da Humanidade em 1991, o Parque da Serra da Capivara abriga 1335 sítios, sendo 940 deles com pinturas. Ao todo, 1.100 pinturas rupestres já foram encontradas no local, ao longo de dez anos de escavações. Estimam-se que foram feitas entre 6 mil e 12 mil anos. As 150 estruturas de fogueiras encontradas na região permitiram aos arqueólogos levantarem a hipótese de o local ter tido uma ocupação entre 5mil até 60 mil anos atrás, o que coloca o local como berço da pré-história. Uma visita ao Parque Nacional da Serra da Capivara, distante 530 Km de Teresina, fez parte da programação do grupo de jornalistas do Rio de Janeiro convidados pela Enel para a solenidade de inauguração de Nova Olinda. (Por Sônia Apolinário/ Plurale)
Piauí: de ‘patinho feio’ a ‘cisne’ quando o assunto é energia renovável De estado mais atrasado do Brasil em energia elétrica à referência em energia renovável. Assim o governador do Piauí, Wellington Dias, descreveu seu estado, ao participar da cerimônia de inauguração de Nova Olinda. Ele lembrou que foi por conta da precariedade energética do Estado que o programa do Governo Federal “Luz para todos” foi lançado no Piauí. “Agora, com a seca dos últimos cinco anos, foi o nordeste que segurou a onda, com energia renovável e o Piauí teve papel importante nisso”, comentou. O Piauí é o quarto produtor nacional de energia renovável, com uma produção de 1.085 MW. No momento, cinco usinas eólicas estão em implantação no Estado, que se somarão a outras seis em operação. Quando todas estiverem produzindo juntas, o Piauí vai gerar 1,22 GW e, em quatro anos, pode vir a ocupar o posto de maior produtor de energia eólica da América Latina. Quanto à energia solar, 393 projetos estão credenciados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPA). No próprio município de São João do Piauí há um outro projeto em andamento, dessa vez desenvolvido pela Celeo Redes- Elecnor – um investimento de R$ 1,1 bilhão com capacidade de gerar 210 Mw. Um segundo projeto está em fase de implantação, em João Costa pela GPG-Gransolar (60 Mw). O Estado aderiu à resolução 16.2015 do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que estimula a micro e mini
geração de energia. Assim, atualmente, mais de 1 mil micro produtores estão em operação no estado. Para eles, há linhas de crédito de até 12 anos para pagamento, com financiamento de até 100% do valor do investimento. Municípios piauienses como Lagoa do Barro, Queimada Nova e São Gonçalo do Gurguéia são possíveis palcos futuros de produção de energia renovável no estado. Ao todo, o Governo do Piauí forneceu R$ 80 milhões em incentivos fiscais para atrair esse tipo de investimento. “Nossa meta é promover leilões de energia integrados que utilizem ao mesmo tempo o sol, o vento e os pontos de conexão”, informou o governador. “O sol forte e o calor do Piauí já foram vistos como os fatores que provocavam o atraso do Estado. Agora, estamos mostrando que é o contrário. Nosso sol é uma valiosa fonte de energia para todo o país”. Marca histórica Menos de um mês depois da inauguração de Nova Olinda, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) informou que o Brasil atingira a marca histórica de 150 MW de potência instalada acumulada em sistemas de microgeração e minigeração distribuída solar fotovoltaica instalados em residências, comércios, indústrias, edifícios públicos e na zona rural. De acordo com a instituição, a energia solar fotovoltaica representa 75,5% do total da
potência instalada da microgeração e minigeração distribuída que, em dezembro de 2017, chegou a 200 MW. Segundo mapeamento da ABSOLAR, a fonte solar fotovoltaica, baseada na conversão direta da radiação solar em energia elétrica de forma renovável, limpa e sustentável, lidera com folga o segmento de microgeração e minigeração distribuída, com 99% das instalações do País. Ainda segundo a Associação, o Brasil possui atualmente 18.214 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, o que representa economia e engajamento ambiental a 20.518 unidades consumidoras. Ao todo, o segmento foi alvo de mais de R$ 1,33 bilhão em investimentos acumulado, desde 2012, distribuídos por todas as regiões do País. Os consumidores residenciais lideram o uso da energia solar fotovoltaica, representando 42% da potência instalada no País, seguidos por empresas dos setores de comércio e serviços (39%), indústrias (9%), sistemas localizados na zona rural (5%), edificações e serviços do poder público (5%), como escolas, hospitais, tribunais e iluminação pública. Fundada em 2013, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) congrega empresas e profissionais de toda a cadeia produtiva do setor solar fotovoltaico com atuação no Brasil, tanto nas áreas de geração distribuída quanto de geração centralizada. (Sônia Apolinário/ Plurale)
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Amazônia
Pesquisadores do Inpa apostam em um creme fitoterápico como tratamento alternativo para tratar Leishmaniose Por Luciana Bezerra, Especial para Plurale Fotos de Luciene Pedrosa/ Ascom Inpa De Manaus
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esquisadores do Inpa Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) apostam em um creme fitoterápico à base de Jucá, árvore amazônica (Libidibia ferrea), como tratamento alternativo para substituir as dolorosas injeções do tratamento contra a Leishmaniose. A formulação farmacêutica desenvolvida na pesquisa é para o tratamento da Leishmaniose Tegumentar (LT). A proposta da pesquisa foi desenvolver um medicamento alternativo eficaz, de uso tópico e, com uma logística de distribuição simplificada para auxiliar os pacientes que moram em áreas de difícil acesso. O Jucá é utilizado em forma de chá pelos ribeirinhos da região Amazônica como remédio caseiro para diversas enfermidades e pode ser transformado em um novo medicamento alternativo, com as recomendações de profissionais habilitados, associado à medicação preconizada pelo Ministério da Saúde, o Glucantime, utilizado a mais de meio século,para agir como coadjuvante no tratamento da Leishmaniose Tegumentar. A planta também conhecida como pau-ferro está em estudo no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC). Árvore nativa do Brasil, o Jucá é amplamente distribuída nas regiões Norte e Nordeste, possui entre outras comprovadas propriedades terapêuticas ações antissépticas, antienvelhecimento, antioxidante e antipigmentação. Também atua como adstringente, antidiarreica, cicatrizante, sedativa, tônica, antiinflamatória, expectorante e afrodisíaca. A Organização Mundial da Saúde
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(OMS) estima que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco da doença, com registro aproximado de dois milhões de novos casos das diferentes formas clínicas ao ano, no mundo. Apesar do Ministério da Saúde manter controle da infecção, no Brasil, estima-se que quase 3 mil pessoas são contaminadas pela leishmaniose anualmente. Anteriormente restrita às áreas de floresta e zonas rurais, a leishmaniose tem avançado nas cidades, em função do desmatamento e da migração das famílias para os centros urbanos. Contudo, as regiões Norte e Nordeste ainda são áreas de risco com maior número de registro da enfermidade. Existem dois tipos de leishmaniose: a visceral (LV), conhecida como calazar, e a leishmaniose tegumentar (LT). Ambas são consideradas doenças infecciosas e são transmitidas por flebotomíneos infectados de espécies distintas. A LV é caracterizada, principalmente, por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, além de perda de peso acentuada e pode levar a óbito em 90% caso não seja tratada adequadamente. Já a LT provoca úlceras na pele e mucosas. Em dez anos, o número de casos de LV no Brasil reduziu 9%, passando de 3.597 casos, em 2005, para 3.289 casos, em 2015. Com relação à LT, nesse período houve uma redução de 27%, passando de 26.685 casos em 2005 para 19.395 casos em 2015. Em 2015, a região Nordeste registrou o maior número de casos de LV (1.806); seguida pelas regiões Sudeste (538); Nor-
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Árvore do Jucá (Inpa)
te (469); Centro-Oeste (157); e Sul (5). Em relação à LT, a região Norte registrou o maior número de casos (8.939) dessa doença; seguida do Nordeste (5.152); Centro-Oeste (2.937); Sudeste (1.762); e Sul (493). A OMS estima que entre 20 e 40 mil pessoas morrem, por ano, no mundo, vítimas da doença. No Brasil, ocorreram mais de 2,7 mil mortes entre 2000 e 2011. Os maiores índices de mortalidade foram registrados no Pará, no Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, em São Paulo, na Bahia e em Minas Gerais. Números, no entanto, ainda não foram suficientes para tirar a leishmaniose da lista de doenças negligenciadas no mundo. Apesar do tratamento gratuito, a eliminação ou simples redução de casos no país esbarra em gargalos. O diagnóstico é limitado. Tanto a população quanto os profissionais de saúde têm dificuldade em identificar os sintomas. De acordo com o farmacêutico e responsável pela pesquisa, Bruno Jensen, o experimento ainda está restrito a roedo-
Antonia Franco (Inpa), Claudia Dantas e Bruno Jensen
TRANSMISSÃO
res. Contudo, o resultado obtido foi satisfatório. Ou seja, o grupo de roedores que não recebeu tratamento apresentou uma evolução clínica das lesões cutâneas de 300% (aquelas que dão origem às primeiras infecções). Já o grupo controle que recebeu tratamento das lesões com a formulação farmacêunicaincorporada com a fração de diclorometano (substância encontrada no Jucá) obteveum crescimento de apenas 25% das lesões. Na comparação entre os grupos tratados - um com a microemulsão (creme fitoterápico) e o outro com o Glucantime - medicação preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) como primeira escolha para o tratamento da leishmaniose -, foi possível observar que não houve diferença estatística quanto à evolução das lesões. Segundo Jensen, isto significa um aspecto bastante positivo, pois o tratamento da leishmaniose poderia ser complementado com o produto microemulsionado (creme fitoterápico), à base de jucá, aumentando a eficácia do tratamento e reduzindo os efeitos colateriais apresentados a partir da administração da medicação única indicada pelo MS. “A partir daí surge à necessidade de novas alternativas para buscar um medicamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais”, alerta o farmacêutico. O farmacêutico ressalta ainda que conforme o resultado final foi possível constatar um controle do crescimento Vagem do jucá que tem potencial contra a leishmaniose
das lesões dos animais de experimentação que estavam infectados, comparado com outro grupo que não recebeu nenhum tipo de tratamento. A Pesquisa Durante um ano de experimentação (2016/2017), a pesquisa foi objeto de mestrado do farmacêutico Bruno Jensen. O grupo de pesquisa do Laboratório de Leishmaniose e Doenças de Chagas/Inpa vem investigando os estudos de frações da árvore do jucá que já tinham apresentado bons resultados. Agora, a pesquisa prossegue no doutorado em Inovação Farmacêutica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) pelo farmacêutico Bruno Jensen, com orientação da pesquisadora do Inpa, Antonia Maria Ramos Franco. Com base nos pontos positivos quando a formulação da microemulsão, foram desenvolvidas quatro frações. Ainda de acordo com Jensen, resolveu-se incorporar a fração diclorometano encontrada no Jucá - que em ensaios in vitro e in vivo na emulsão desenvolvida na tese de doutorado da Dra. Claudia Dantas, demonstrou ter um grande potencial de atividade - e aplicar numa microemulsão (creme fitoterápico), que foi objeto de estudo de seu mestrado. Jensen destaca também que a pesquisa ainda não foi publicada em revista ciêntifica pelo fato do estudoaguardar o pedido de patente, que de acordo com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão legislador por este processo de tramitação, deve cumpir com o prazo estabelecido em Lei. “Como a pesquisa é recente e o processo de patente geralmente leva de 18 a 36 meses para ser finalizado, ainda não podemos publicá-la. Tão logo este prazo termine, o artigo será divulgado com certeza”, finaliza.
A leishmaniose é uma doença grave que pode ser causada por várias espécies de protozoários do gênero Leishmania e é transmitida ao homem pela picada do insetoFlebótomo, popularmente chamados de“birigui”, “mosquito-palha” ou “cangalhinha”. Além disso Nas áreas urbanas, os cachorros, gatos e ratos são as maiores fontes de infecção.Já nas zonas rurais os agentes transmissores são animais silvestres como: raposas, gambás e tamanduás. Ao contrário do Aedes aegypti, que transmite a dengue, chikungunya e zika, não é fácil localizar os criadouros dos mosquitos flebótomos. Para evitar os riscos de transmissão, algumas medidas preventivas de ambientesindividuais ou coletivos devem ser estimuladas, tais como: • Manter a casa limpa e a área externa livre de criadores e insetos. • Uso de mosquiteiros, bem como telagem de janelas e portas para evitar a entrada de mosquitos e insetos. • Uso de repelentes quando exposto a ambientes onde os vetores habitualmente possam ser encontrados. • Limpeza periódica dos abrigos de animais domésticos. Além, de estar em dia com a saúde deles. • Poda de árvores, a fim de diminuir o sombreamento do solo e evitar as condições favoráveis ao desenvolvimento de larvas dos insetos. • Destino adequado do lixo orgânico, para impedir a aproximação de animais domésticos e silvestres, prováveis fontes de infecção. (Fonte: (Inpa/MCTIC) e Ministério da Saúde).
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Beleza
Produtos de beleza e higiene pessoal
100% NATURAL extraídos da Floresta Amazônica e livres de substâncias nocivas ao homem e ao meio ambiente
A pegada ecologicamente correta está ganhando milhares de adeptos e despertando o interesse para o uso de produtos sustentáveis e biodegradáveis feitos a partir de matérias-primas orgânicas Por Ana Carolina Maia, Especial para Purale Fotos: Divulgação
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pegada ecologicamente correta ganha milhares de adeptos e desperta cada vez mais o interesse em relação a produtos sustentáveis e biodegradáveis produzidos a partir de materiais orgânicos. Eles têm poder altamente nutritivo, regenerador e, sobretudo, não intoxicam o organismo como fazem os produtos tradicionais. A revolução verde começou! Biocosmético, Cosmético Verde ou Cosmético Vegano são produtos compostos essencialmente por matérias-primas naturais. Não possuem corantes, fragrâncias artificiais e compostos sintéticos potencialmente tóxicos, tais como parabenos, chumbo e derivados do petróleo. Alternativa Diariamente, o organismo humano é bombardeado por milhares de toxinas como chumbo, alumínio, sulfatos e outras substâncias. São vilões presentes no cotidiano da população: creme dental, protetor solar, maquiagens, desodorantes, xampus, sabonetes. Alguns com alto potencial cancerígeno. Pesquisas de universidades nacionais e internacionais apontam que o
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arsenal químico utilizado na indústria cosmética é prejudicial aos seres humanos e principalmente ao meio ambiente. No Brasil, algumas empresas do ramo de cosméticos e higiene pessoal estão fabricando produtos naturais de forma sustentável, sem agredir o meio ambiente e o organismo humano. A Plurale conheceu a empresa Ekilibre, genuinamente brasileira, com os pés fincados na Amazônia. Os produtos não contaminam o solo, os lençóis freáticos e os rios. Todos os bioativos, como os óleos de buriti, a manteiga de cupuaçu, o óleo de açaí, o óleo de andiroba e a resina de copaíba são extraídos de forma sustentável da floresta Amazônica. A Ekilibre surgiu há seis anos na vila balneária de Alter do Chão, no Pará. O local foi escolhido pelo fundador, Kairos Canavarro, por possuir o
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maior aqüífero do mundo. “Pensamos num lugar com água pura e potável, e Alter preencheu esse requisito”, disse. A empresa é pequena, os cosméticos são todos feitos de forma artesanal, embalados a mão um por um, com muito amor e cuidado, por pessoas que gostam do que fazem. O empreendedor acredita que as pessoas estão se tornando mais conscientes em relação aos produtos industrializados e seus malefícios. Poder que vem da floresta A Amazônia é uma floresta tropical úmida que ocupa uma área de aproximadamente 6,7 milhões de quilômetros quadrados. Trata-se da maior reserva natural do Planeta, com uma rica diversidade em recursos. De acordo com o Instituto de Pesquisas da Ama-
zônia (IPAM), cerca de cinco milhões de brasileiros “vivem da floresta” atuando na extração sustentável de produtos não madeireiros como resinas, óleos, borracha, ervas e frutos, o que gera renda para milhares de famílias. Na indústria sustentável do cosmético verde, a lógica é a mesma. Os produtos são extraídos de maneira responsável e muitas das plantações são áreas reflorestadas. Ocultivo é feito por famílias, e a base é a agricultura familiar. Na Amazônia, o conhecimento tradicional é comum entre as comunidades ribeirinhas, e os valores costumam passar de geração para geração. Esse conhecimento carrega informações preciosas sobre o poder de cura e regeneração das plantas amazônicas como o cupuaçu, murumuru, andiroba, açaí, copaíba entre outros são fontes de manteigas (gorduras), com propriedades emolientes que aumentam a hidratação da pele. A Andiroba, Castanha-do-Pará e copaíba são fontes de óleos fixos com propriedades hidratantes, emolientes, cicatrizantes e anti-inflamatórias. Os frutos dessas plantas apresentam uma classe de substâncias com propriedades antioxidantes e por isso são utilizados em cosméticos antienvelhecimento da pele, para prevenir a formação de rugas. Óleo de urucum é utilizado em cosméticos bronzeadores. As cascas dos frutos do açaí são ricos em antocianinas, substâncias antioxidantes com capacidade corante, podendo ser utilizadas na pigmentação de batons e outros cosméticos em vez de pigmentos a base de metais pesados.
Armas silenciosas De acordo com o pesquisador e professor do curso de Farmácia da UFRJ, Leopoldo Baratto, a maioria dos pigmentos advém de corante sintético derivado de metais pesados como chumbo, níquel, cromo, mercúrio e cádmio. Os metais pesados se acumulam nos órgão e tecidos, o que, em longo prazo, pode provocar problemas graves à saúde. “O chumbo pode causar desde alterações neurológicas, hematológicas, hormonais, renais, no sistema reprodutivo, cardiovasculares e gastrintestinais, até mesmo câncer”, afirma Baratto. Uma questão de equilíbrio O pesquisador defende que todo o processo de produção de cosméticos seja sustentável, desde o plantio, manejo e coleta, que inclui também a valorização dos raizeiros e pequenos produtores. “A floresta precisa ser respeitada para retirarmos dela todos esses benefícios das plantas e dar ao consumidor um produto de qualidade, eficaz e seguro, e ao mesmo tempo dentro das normas de proteção ambiental e ecológicas”, Produtos “Não realizamos testes em animais. Nossos produtos são animal-friendly e cruelty-free. Os produtos são isentos de corantes, fragrâncias artificiais e compostos sintéticos potencialmente tóxicos, como parabenos e derivados do petróleo”, enfatiza o dono da marca.
“Quem compra os produtos da Ekilbre está levando pra casa um combo de segurança, bem estar, leveza, saúde, cura, qualidade e estilo de vida harmônico, Beleza. Além do aguçamento dos sentidos, intuição”, destaca Kairos. Óleos e manteigas da Amazônia shampoo em barra, shampoo líquido, sabonetes naturais, repelente natural, anti-idade cupuaçu, disciplina fios, leave in e kit para presente são produzidos pela empresa. Consumidores com consciência ambiental Daniel Gutierrez, fotógrafo, conta que a vida dele mudou quando decidiu aderir a produtos naturais. “Eu comecei a usar cosméticos mais naturais quando eu passei a conhecer pessoas que eram adeptos de cosméticos veganos e fui pesquisar sobre os efeitos dos componentes dos produtos químicos em nossa pele e resolvi parar de usar na hora!!A gente não sente agora, mas daqui a alguns anos vamos estar com câncer, com milhões de doenças,além de contribuir com a degradação ambiental. Na minha casa a gente não usa creme dental tradicional, nem repelente e nem desodorante, tudo é vegano e eu ainda contribuo com a preservação da Amazônia. “Espero que um dia seja proibido e o modelo biocosmético deverá ser substituído pelo natural. A fábrica é na Amazônia, movimenta a economia local”, afirma.
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Cosméticos
Bioart: empreendedora catarinense conta sua trajetória de sucesso ao investir em negócio inovador de maquiagens ecológicas Autenticidade, inovação, qualidade, simplicidade, sustentabilidade, rastreabilidade, cuidados com a pele e a alma são palavras que guiam o propósito da marca FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Q De Florianópolis
uem disse que os problemas não servem para um aprendizado? A empreendedora Soraia Zonta, de Florianópolis, descobriu um nicho de negócio a partir de forte alergia sua pele. “A busca por uma beleza mais saudável, natural, orgânica e vegana surgiu em minha vida devido a um problema de pele que adquiri. Por ter uma pele extremamente sensível e alérgica, contrai uma disfunção chamada alergia de contato, ocasionada pelas toxinas de cosméticos convencionais, como filtros solares químicos e maquiagens sintéticas”, conta a linda catarinense que tem marcado presença em feiras nacionais e internacionais, eventos e premiações. Assim, em 2010, nascia a Bioart Biocosmetics, empresa pioneira no desenvolvimento de maquiagens naturais e ecológicas, que tratam a pele com ingredientes multifuncionais naturais, evitando o uso de corantes sintéticos e ingredientes tóxicos em toda a cadeia produtiva. No lugar de diferentes produtos químicos, são utilizados produtos que dificilmente poderíamos imaginar em cosméticos, como tapioca, chás frutas e argilas. Soraia é o principal cartão-de-visita da marca, sempre parecendo estar naturalmente maquiada e bem cuidada. “Como sempre gostei de cuidar da minha pele, mas por falta de opção mais saudáveis utilizava cosméticos com componentes alergênicos, ao passar dos anos a alergia se intensificou. O que ocasionou coceira,
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manchas, vermelhidões e pequenas inflamações em todo o meu rosto que, por vezes, acreditei serem espinhas. Por não encontrar uma solução adequada para esse problema, decidi transformar uma necessidade pessoal em um negócio inovador e ecologicamente correto.”
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Os biocosméticos e as eco make-ups da Bioart são livres de parabenos, glúten, corantes sintéticos, fragrâncias sintéticas ou qualquer ingrediente prejudicial à saúde. Além disso é considerada cruelty free pelas principais organizações contra testes em animais.
Principais características e diferenciais da Bioart são: •Empresa com propósito e produto inovador •100% Vegana •Incentiva o consumo consciente •Promove reuso de embalagens e rastreabilidade de ingredientes •Reconhecida Sustentabilidade ambiental e social •Certificada Ecocert •Focada no modelo Slow Beauty •Incentiva a produção local •Referência de liderança feminina
Conheça um pouco mais sobre Soraia Zonta Graduada em Turismo e Hotelaria com ênfase em gestão e projetos de Spas Naturalistas, e especializada em Desenvolvimento e Produção de Cosméticos pela Associação Brasileira de Cosmetologia em parceria com a Universidade Anhembi Morumbi, possui MBA em Marketing na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Desde de 2010 comanda a Bioart Biocosmetics sendo reconhecida e premiada pela atuação inovadora no mercado brasileiro de cosméticos. •Prêmio Top Of Business: Prêmio Criação de Negócio Inovador
pela Revista Top Of Business - 2014 •Prêmio Sebrae Mulher de Negócios: Prêmio Categoria Ouro - Ano 2015 •Prêmio Top International Business: Prêmio Empreendedor pela Revista Top Of Business - 2015 •“Homenagem Jovem Empreendedora Beleza Sustentável” pelo Prêmio Ecoera Revista Vogue Brasil - 2015
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Biodiversidade
Uma rebanho de
ABELHAS Texto e fotos de Gustavo Pedro, de Poconé (MT), do Pantanal
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comitiva passa tocando o gado em uma das maiores extensões alagadas do mundo, e com dinâmica do regime de vazantes de água os animais de criação extensiva geralmente precisam ser deslocados para áreas secas, e isso faz do bioma Pantanal único no Brasil em termos ambientais e culturais. O gado foi introdu-
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zido no Brasil no século 16, mas aqui já existiam muitas abelhas nativas, que conjuntamente com outros insetos desempenham o papel ecológico de polinizar as flores garantindo a reprodução de 90% das árvores que compõem a paisagem pantaneira. Daí a relevância das abelhas para o ambiente natural, e aliadas ao manejo a apicultura vem se tornando uma alternativa sustentável para manutenção das florestas. Alguns empreendedores viram nesta aliança uma oportunidade
de negócio, e a produção de mel vem crescendo no Pantanal. As colmeias de abelha precisam da proteção da floresta, e com ecossistemas que garantem floradas de vegetação nativa durante todo o ano, como Cambará, Aroeira e muitas outras árvores e plantas, clima estável e rica biodiversidade animal, garantem as abelhas do Pantanal muita saúde já que seus predadores geralmente não migram daquele ambiente equilibrado e controlam o crescimento desordenados dos enxames.
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Biodiversidade
A principal produtora de mel é a abelha hibrida Apis africanizada, mas no Pantanal ocorrem mais de 180 espécies diferentes. Algumas espécies de abelhas nativas ainda nem foram descritas pela ciência, e existem pesquisas em andamento buscando fazer a catalogação de espécies e o efeito das cheias na população de abelhas. O apicultor precisa trabalhar tanto quanto as abelhas, assim o fazendeiro Antonio Satyro acorda cedo rodando pelas mesmas estradas empoeiradas das comitivas de gado de Poconé-MT, visitando as caixas que aguardam atrair abelhas, para, checa se foi invadida por algum intruso, já que é co-
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mum cuícas se aproveitarem das caixas instaladas para fazer ninho, e isso pode impedir que a abelhas se instalem, assim segue uma rotina de limpeza até se estabelecer um enxame saudável, vigiando seu rebanho de trabalhadoras. Segue manejando o local entre caixas com enxames capturados, trabalho que precisa ser feito anoite para evitar que existam muitas perdas entre abelhas no calor do dia, já que a agitação pode superaquecer e levar a morte das trabalhadoras com asas, bem como se recolherem nas colmeias de noite. Anoite o risco aumenta para o apicultor, com o problema que foi a introdução do búfalo na re-
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Gustavo Pedro, de Poconé (MT)
gião, já que se abrigam na floresta e com tanta agressividade até mesmo onças evitam o mesmo território deste gigantes. A introdução de alguns animais exóticos no Pantanal pode ser muito nociva para o equilíbrio ambiental, e o manejo de algumas espécies de abelhas exóticas como europeias e africanas pode vir a causar impacto ambiental positivo, já que o apicultor captura enxames que poderiam competir com abelhas nativas por ocos e outros lugares na paisagem natural. A pratica
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Biodiversidade
da apicultura moderna também evita o uso do fogo na vegetação natural para afastar as abelhas das colméias, assim se evita incêndios pela ação humana. Em sua ampla maioria fêmeas, as abelhas fazem uma verdadeira revolução na paisagem, e na época das Piúvas pode se escutar o zumbido entre a exuberante floração rosa. Geralmente após três meses do enxame estabelecido o mel já pode ser colhido, a florada nativa garante o sabor peculiar do mel que o torna especial. Em 2015 o
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Gustavo Pedro, de Poconé (MT)
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) emitiu a certificação de Indicação Geográfica (IG) para o Mel do Pantanal, o que garante maior controle de qualidade do produto e maior aceitação no mercado nacional e internacional, haja vista que passa a ter controle de origem. Geralmente as florestas estão nas Reservas Legais das fazendas, assim as abelhas se tornam guardiãs destes ambientes, garantindo que este uso indireto dos recursos naturais permita a conservação do Pantanal.
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Marketing
ABA anuncia nova chapa para a gestão 2018-2020
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De São Paulo / Da ABA
Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) encontra-se em constante transformação, por uma decisão estratégica de sua diretoria e conselho, desde 2014, atuando fortemente no desenvolvimento da comunicação e marketing de um mercado cada vez mais livre e responsável, apontando caminhos e tendências inovadoras e de melhores práticas, determinantes na geração de resultados relevantes para os associados e a sociedade. Segundo Sandra Martinelli, presidente-executiva da entidade, “a partir da Agenda ABA 2020, projeto criado em 2017 para definir os rumos futuros da associação, e seu propósito de atuação: “Mobilizar o Marketing para Transformar os Ne-
gócios e a Sociedade”, existe a oportunidade de gerarmos uma agenda propositiva, proativa e positiva, que envolva todos os atores do mercado da comunicação. Está clara a nossa vontade de fazer isso acontecer, por meio da abertura, disponibilidade e vontade de nossos dirigentes para mobilizar os debates e alinhamentos necessários para edificar uma visão transformadora de futuro”. Assim, a ABA anuncia sua chapa única para o processo eletivo do Conselho Superior e Diretoria Nacional, para a gestão do biênio 2018-2020, como estabelecido em seu Estatuto Social, que sofreu alguns ajustes, de maneira a permitir a participação de um maior número de líderes de empresas associadas na gestão da ABA. “São todos executivos reconhecidos no mercado e que representam im-
portantes marcas e setores. Vamos juntos, construir, de forma corresponsável, um mercado de comunicação robusto, transparente e que mobilize o marketing para transformar os negócios e a sociedade”, complementa Sandra Martinelli. As chapas são compostas por membros do Conselho Superior (1 Presidente, 1 Co-Presidente e 14 Conselheiros), da Diretoria Nacional (1 Presidente, um 1º. VP, 6 Vice Presidentes e 18 Diretores), do Conselho Fiscal (3 Conselheiros), além da Presidente da ABA Capítulo Rio de Janeiro. A Assembleia Geral Ordinária – AGO - da ABA, na qual haverá a eleição dessa chapa, acontece em 22 de março e a posse em 24 de abril.
CONSELHO SUPERIOR: Presidente do Conselho Superior João Campos PepsiCo Alimentos Co-Presidente do Conselho Superior Sérgio Pompílio Johnson & Johnson Conselheiros Alexandre Bouza Grupo Boticário Danielle Bibas Avon Delano Valentim Banco do Brasil
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Eraldo Carneiro Petrobras
Maria Elena Lioi BRF
Eric Albanese Oi
Rodrigo Tedesco Mars Brasil
Fernando Bomfiglio Souza Cruz
Sarah Buchwitz Mastercard
Francesco Cibò Coca-Cola
William Malfati Grupo Fleury
Hermann Mahnke GM
Presidente da Diretoria Nacional João Branco McDonald’s
João Ciaco FCA Luiz Serafim 3M
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1º Vice-Presidente da Diretoria Nacional Nelcina Tropardi Heineken
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Cultura
Sustentabilidade
na Caatinga cearense
Fotos de Andrea Goldschmidt, Especial para Plurale De Juazeiro do Norte (CE)
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erca de 150 anos atrás, um homem criou uma lista de sugestões de como os agricultores da Caatinga cearense podiam minimizar os efeitos das estiagens prolongadas na região. Seu nome era Cícero Romão Batista. Ele chegou à Vila de Tabuleiro Grande como padre, em 1871, apenas para celebrar a missa de Natal. Um sonho o fez decidir permanecer ali: ele dormia numa rede quando viu Jesus entrando em seu quarto e pedindo que ficasse para cuidar daqueles agricultores humildes que lutavam para sobreviver em uma região super árida e judiada pela seca. Depois de analisar os maiores problemas do entorno, ele criou uma lista de 10 mandamentos que, até hoje, são seria considerada super moderna e pertinente. O Padre Cícero Romão Batista (com sua compreensão intuitiva dos conceitos de sustentabilidade) foi um personagem que mudou a cara daquela vila, hoje conhecida como Juazeiro do Norte, a 3a maior cidade do Estado do Ceará. Padre Cícero teve uma história complicada, mas muito interessante. Alguns anos depois de se estabelecer na Vila, foi acusado pelo Bispo de estar forjando milagres e tornando a região um centro de peregrinação e fanatismo religioso. Acabou proibido pela Igreja de pregar, confessar e orientar os fiéis. Só que as pessoas continuaram vindo em massa para se encontrar com ele e receber seus conselhos. O padre começou então a atender os fiéis
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OS DEZ MANDAMENTOS PARA O AGRICULTOR •Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau; •Não toque fogo no roçado nem na caatinga; •Não cace mais e deixe os bichos viverem; •Não crie boi nem bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer; •Não plante em serra acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza; •Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água da chuva;
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•Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedras soltas; •Plante cada dia pelo menos um pé de algarroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer até que o sertão seja uma mata só; •Aprenda a tirar proveito das plantas da Caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar você a conviver com a seca; •Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer; mas se não obedecer, dentro em pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.
em sua própria residência. Passou a ser chamado de padrinho (Padim) pelos romeiros, que o consideravam um protetor, alguém que olhava por eles. Alguns anos depois, transformou-se em prefeito do novo município de Juazeiro do Norte, que se emancipou do município do Crato por influencia de um movimento também criado por ele. Deixou de ser um líder religioso e passou as ser um líder político. Padre Cícero viveu até os 90 anos e, mesmo tanto tempo depois da sua morte (que aconteceu em 1934), sua influência continua sendo muito forte. Moradores de toda a região da Caatinga (que abrange parte dos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e Minas Gerais) vêm em peregrinação para Juazeiro do Norte todos os anos no dia de Finados para homenagear esse homem que tanto contribuiu para o desenvolvimento da região e para o conforto de seus habitantes. Pessoas que nem sequer chegaram
a conhecê-lo pessoalmente, deslocam-se muitos e muitos quilômetros para visitar seu túmulo no dia dos mortos, prestar uma homenagem e demonstrar a sua gratidão. Padim Ciço - como é carinhosamente chamado pelos devotos - segue sendo uma figura muito forte e seus mandamentos continuam sendo disseminados, na esperança de criar condições mais amenas de vida nessa que é a região mais árida do Brasil. Eu já fui duas vezes para Juazeiro do
Norte fotografar a Romaria de Finados, como parte do meu projeto de conhecer e registrar as principais festas populares brasileiras. Das 33 festas que fotografei desde 2014, quando iniciei esse projeto, essa é uma das minhas preferidas, porque une impressionantes demonstrações de fé com atividades de lazer e de confraternização que mobilizam toda uma região. A região continua sendo árida, claro. O sol continua castigando as lavouras. É
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Cultura
praticamente impossível encontrar uma sombra nos meses de estiagem, quando apenas os pés de juá (os juazeiros!) mantêm suas folhas, mas a população foi aprendendo a lidar com os rigores do clima, a cidade foi crescendo em função das romarias e se tornou um importante centro comercial para toda a região da Caatinga brasileira. Juazeiro do Norte é um lugar especial e visitar a cidade nos dias da Romaria de Finados e poder viver de perto toda a fé que o povo brasileiro tem no seu padrinho Padim Ciço é uma experiência realmente muito emocionante. Alguns rituais são obrigatórios durante essa viagem: escrever seu nome (ou daqueles que precisam da ajuda do Padim) na base da estátua do Padre, dar três voltas em seu cajado, visitar o museu dos ex-votos para testemunhar a quantidade impressionante de milagres atribuídos a ele, fazer a trilha do Santo Sepulcro (um caminho de cerca de 6 km, mas bastante desafiador especialmente em função do clima), visitar as capelas onde estão enterrados beatos e beatas que foram contemporâneos do padre Cícero, passar nas fendas das rochas, assistir a uma missa e, claro, visitar o túmulo do Padre Cícero. É interessante notar que, para os romeiros, quanto maiores forem os sacrifícios realizados para homenagear o padrinho, melhor! Já presenciei pessoas reclamando da proibição dos paus-
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-de-arara, não porque não pudessem ir à cidade usando outros meios de transporte, mas porque consideram que ir a Juazeiro em um ônibus com ar condicionado tem muito menos valor! Da mesma maneira, é comum ver pessoas fazendo a trilha do Santo Sepulcro descalças e carregando pesadas pedras, que aumentam a dificuldade do percurso e, por isso mesmo, representam uma prova da gratidão que têm. Para esse povo agricultor, a aplicação de conceitos de sustentabilidade é uma questão de sobrevivência e, numa região tão castigada pelo clima, os sacrifícios parecem ser sempre pequenos quando o objetivo é homenagear o homem que fez tanto para tornar viável a permanência nessa região.
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Sobre Andrea Goldschmidt Andrea Goldschmidt é uma fotógrafa brasileira que atua no registro de festas populares de todo o país. Filha e neta de brasileiros, Andrea construiu uma relação de mais de três décadas com temáticas de sustentabilidade, valorização da cultura e respeito ao meio ambiente. Assim, disseminar o conhecimento sobre a cultura brasileira a partir do registro de festas populares foi o caminho mais natural rumo a uma jornada empolgante e de constantes descobertas, e que faz questão de compartilhar com o maior número de pessoas. Para mais informações, acesse: www.festasbrasileiras.com.br
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Andrea Goldschmidt, de Juazeiro do Norte (CE)
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Andrea Goldschmidt, de Juazeiro do Norte (CE)
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Ecoturismo
Mais tempo para curtir as dunas do Jalapão EMBRATUR/ DIVULGAÇÃO
Desde o dia 19 de fevereiro, as dunas do Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins, poderão ser visitadas já no início da tarde. A abertura do atrativo começará mais cedo: às 14h. Os últimos visitantes deverão ingressar na área protegida, até no máximo às 17h30, uma hora antes do término da visitação. Das 6h às 12h, só será permitido o acesso, com agendamento prévio, para grupos institucionais; para fins de uso de imagens comerciais; pesquisas científicas e aulas de campo. O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) considerou o volume intenso de visitação diária para direcionar os monitores que controlam o acesso dos visitantes ao longo do dia. As dunas do Jalapão, de coloração dourada ao pôr do sol, lembram um deserto e são o principal atrativo do local. Para mais informações, o Naturatins disponibiliza contatos por telefone (63) 3534-1072 ou por e-mail: pejalapao@naturatins.to.gov.br.
Parque Nacional no Piauí ganha novo atrativo O Parque Nacional de Sete Cidades, localizado no Piauí, inaugurou mais um atrativo para os visitantes: o Mirante Vale das Pedras. O local tem capacidade para 20 pessoas e fica situado a quase 40 metros de altura para que o turista tenha uma vista ampla dos diferentes grupos de formações rochosas, que, separados entre si, parecerem formar pequenas “cidades”. O Parque, que foi criado em 8 de junho de 1961, fica no município de Piracuruca, no norte do Piauí, e protege cerca de 7 mil hectares de Caatinga. : ICMBIO/DIVULGAÇÃO
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Brasil: melhor país para se aventurar
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O Brasil foi eleito o melhor país para se aventurar. O título concedido pelo terceiro ano consecutivo faz parte de um levantamento feito pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, por meio de sua plataforma “Best Coutries”. Entre as atrações levantadas pela publicação estão as praias brasileiras, o carnaval do Rio de Janeiro, intitulada umas das maiores festas do mundo e que mostra como a dança e música fazem parte da cultura nacional. Para garantir a primeira colocação, o Brasil conseguiu nota 10. Itália e Espanha aparecem, respectivamente, na segunda e terceira colocações. DIVULGAÇÃO
Paraty é candidata a Patrimônio Mundial da Unesco A cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, teve sua candidatura a Patrimônio Mundial aceita pelo Centro do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Elaborado em parceria entre Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura, e o Ministério do Meio Ambiente, o dossiê apresenta Paraty como sítio misto, por seu excepcional valor cultural e natural. Caso aprovado, será o primeiro sítio misto brasileiro a ser inscrito na Lista do Patrimônio Mundial. Os limites do sítio incluem os territórios de áreas protegidas além do centro histórico de Paraty, como o Parque Nacional da Serra da Bocaina e o Parque Estadual da Ilha Grande. Em setembro, a cidade irá receber a Missão de Avaliação de especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítos (Icomos), órgão assessor da Unesco. A expectativa é que Paraty seja reconhecida pelo Comitê do Patrimônio Mundial em 2019. ISABELLA ARARIPE
CINEMA
Verde
ISABEL CAPAVERDE
i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r
Curtas no 8º Fórum Mundial da Água
Documentário mostra a Amazônia paraense
Durante o 8º Fórum Mundial da Água, que será realizado em Brasília de 18 a 23 de março, acontece o festival de curtas-metragens “A Voz dos Cidadãos”. Entre as 171 produções inscritas, foram selecionados 110 filmes de 26 países. Apenas seis serão premiados, escolhidos por votação popular. Todos os filmes podem ser assistidos na página do festival, por onde também será feita a votação que encerra no dia 20 de março aberta desde já. Os resultados estarão no site no dia 23 de março. Os filmes premiados receberão de US$ 400 dólares cada, sendo que o Ministério do Meio Ambiente do Governo da Coreia do Sul, país sede da sétima edição do Fórum, também vai conceder um prêmio de US$ 500 dólares para quatro produções na categoria especial “Melhores soluções para compartilhamento de água”, na qual concorrem os mesmos vídeos.
Era para ser apenas um vídeo de uma música do projeto musical BRAZA e virou um documentário. Do videomaker Marcio Isensee e Sá, “Moldado em Água - Uma viagem Pelo Baixo Tapajós” busca sublinhar a importância dos conhecimentos e valores tradicionais, dando visibilidade e voz a uma região de riquezas naturais, tradições culturais e sociais importantes que vem sofrendo com a ganância e a cegueira ecológica e social de modelos econômicos nada sustentáveis. Com depoimentos de Domingos dos Santos (Cacique Munduruku de Bragança), Mestre Chico Malta (Compositor, Violão e Voz) e Cláudio Matias (Percussão) do Grupo Cobra Grande Carimbó, Maria Margarete (Líder da Associação de Moradores do Bairro Vista Alegre do Joá), Luiz Antônio Melo (Comunidade Ribeirinha São Domingos), Manoel Pires (Representante da Associação de Moradores do Bairro Maracanã) e Giuliana Henriques e Felipe Garcia (paulistas residentes há 10 anos, pesquisadores da região e produtores locais do documentário), o filme está disponível no You Tube: https://youtu.be/ XGoec6fI-aw
Eram os gladiadores vegetarianos? O documentário “The game changers”, do diretor Louie Psihoyos, quer acabar com o mito do consumo de proteínas animais por atletas. Para isso, o documentário ouviu esportistas de elite, todos vencedores com uma dieta vegetariana como os corredores Carl Lewis, Scott Jurek e Morgan Mitchell, o nadador Murray Rose, o levantador de pesos Kendrick Farris e o famoso Patrik Baboumian, capaz de levantar mais de 500 kg. Segundo pesquisas baseadas em estudos feitos em ossos de lutadores romanos, o diretor afirma que os gladiadores eram vegetarianos.
Inscrições abertas para o próximo Anima Mundi Já estão abertas as inscrições para a 26ª edição do Festival Internacional do Brasil! O Anima Mundi 2018 acontecerá em julho no Rio de Janeiro e agosto em São Paulo. Como bem descrevem em seu site, o Anima Mundi é “uma festa que celebra intensamente a linguagem que cria novos sonhos e projeta realidades ainda não imaginadas para o ser humano: a Animação.”
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Filme com nova abordagem sobre bullying O assunto envolve inclusão e tolerância com o diferente. Portanto, merece nossa atenção. “Bullies” é um filme com uma proposta diferente dos outros já produzidos sobre o tema. Ele tem como público principal, os jovens e crianças que sofrem e praticam o bullying. Daniel Bydlowski, o diretor do filme, também conduz a campanha Mais Entretenimento, Menos Bullying para que outros jovens saibam que há apoio para o que eles estão passando, além de incentivar a educação contra esse tipo de agressão. No filme, Eugene é um garoto normal que sofre todos os dias bullying de um grupo de valentões. Em uma das fugas para evitar o sofrimento, ele encontra um esconderijo. Para continuar nesse lugar, ele precisa desistir de outras coisas, como a sua família e as histórias em quadrinhos de que tanto gosta. Assim, Daniel de forma lúdica, fala dos conflitos causados pelo bullying. “Bullies” pretende mostrar para as crianças, que muitas vezes escondem o trauma, que não estão sozinhas e que podem contar com apoio de outros.
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Pelas Empresas
ISABELLA ARARIPE
Pesquisa da PwC aponta que 39% dos CEOs brasileiros esperam crescimento de receitas em 12 meses
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s líderes empresariais brasileiros são os mais otimistas do mundo em relação à recuperação econômica: 80% acreditam na melhora da economia global nos próximos 12 meses. O otimismo, no entanto, não se reflete na mesma medida para as expectativas de faturamento de suas empresas, com apenas 39% dos executivos confiantes num aumento das receitas em curto prazo. Para os próximos três anos, as expectativas são melhores: 54% preveem crescimento das receitas. No cenário internacional, os três países que, na
opinião dos CEOs, serão mais estratégicos para os negócios das empresas brasileiras são Estados Unidos, China e Argentina, respectivamente. Os números foram revelados pela 21ª Pesquisa global com CEOs da PwC (21st Annual Global CEO Survey), que ouviu quase 1.300 líderes de empresas em 85 países. Em todo o mundo, 57% dos CEOs acreditam na melhora no cenário econômico nos próximos 12 meses e
42% preveem crescimento nas receitas das empresas nos próximos 12 meses.
Elektro e Multiplus vencem o Prêmio Abrasca Relatório Anual A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) anunciou no fim de 2017 os vencedores do 19º Prêmio Abrasca Relatório Anual, destinado aos melhores relatórios anuais do ano base 2016. O evento acontecerá no Auditório da B3, em São Paulo. A Elektro Redes S/A venceu na Categoria Companhia Aberta - Grupo 1 (empresas com receita líquida igual ou acima de R$ 3 bilhões); e a Multiplus no Grupo 2 (empresas com receita líquida abaixo de
R$ 3 bilhões). Neste ano o número de inscritos foi 10% maior que o anterior, com 78 relatórios disputando o tradicional prêmio do mercado de capitais. Já a Categoria Companhias Fechadas teve a Votorantim S/A no Grupo 1 (empresas com receita líquida igual ou acima de R$ 1 bilhão) e o Grupo Sabemi venceu no Grupo 2 (empresas com receita líquida abaixo de R$ 1 bilhão). A categoria Organização Não-Empresarial teve como vencedor o Es-
porte Clube Pinheiros. A Comissão Julgadora ainda premiou com Menções Honrosas as seguintes companhias e categorias: Análise Econômico-financeira: EDP Energias do Brasil; Aspectos Socioambientais: Duratex; Estratégia e Investimentos: AES Tietê Energia; Gestão de Riscos: Itaú Unibanco e Governança Corporativa: Lojas Renner.
Telefônica Brasil ocupa o 15° lugar em ranking que analisa a transparência organizacional e as práticas anticorrupção das companhias que atuam no País A Telefônica Brasil está entre as 15 empresas mais bem avaliadas da primeira edição da pesquisa “As 100 Maiores Empresas e os 10 Maiores Bancos Brasileiros”, da ONG Transparency International. Para o ranking das 100 empresas, o estudo levou em consideração três aspectos de cada uma das companhias avaliadas: adoção de práticas anticorrupção, clareza da estrutura organizacional e transparência na divulgação de informações financeiras.
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“A empresa, que aparece na 15ª colocação, atribui o bom resultado principalmente ao engajamento da alta liderança para o tema e a consolidação e evolução do nosso programa de compliance, reforçando nossa missão de ser referência em melhores práticas e ética empresarial”, destaca Roberta Pêgas, Chief Compliance Officer da Telefônica. destaca Roberta Pêgas, Chief Compliance Officer da Telefônica.
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Grupo Boticário é a Empresa do Ano no Prêmio ABIHPEC Beleza Brasil 2017 DIVULGAÇÃO
A tecnologia inovadora Pele 3D, desenvolvida como alternativa para testes de produtos cosméticos deu ao Grupo Boticário o título de Empresa do Ano no Prêmio ABIHPEC Beleza Brasil 2017, o reconhecimento mais importante do setor de cosméticos, perfumaria e cuidados pessoais no Brasil. A cerimônia de premiação aconteceu em outubro, em São Paulo, e reuniu as maiores empresas e profissionais do mercado de beleza. “Enquanto o mundo ainda busca alternativas para deixar de fazer testes em animais, o Grupo Boticário extinguiu esse modelo há 17 anos e investiu nas mais avançadas tecnologias para testes de produtos cosméticos”, como a Pele 3D, comentou o Gerente de Pesquisa Biomolecular do Grupo Boticário, Márcio Lorencini.
Coca-Cola Brasil anuncia investimento de R$ 1,6 bilhão para novo compromisso de embalagens A The Coca-Cola Company anunciou sua nova política de embalagens, com um objetivo ambicioso: ajudar a recolher o equivalente a 100% das embalagens que coloca no mercado, até 2030. O compromisso é o mesmo para todos os países onde atua. Aqui no Brasil, a empresa vai chegar ao fim de cinco anos (2016-2020) com investimento de R$1,6 bilhão para garantir a entrega desse objetivo, com ações em três frentes: design, coleta e parceria. Hoje, a Coca-Cola Brasil já garante a destinação correta para 51% das embalagens produzidas e trabalha para chegar a 66% até 2020. Em 2016, esse percentual
era de 36%. Esse avanço se deu graças ao aumento de participação de embalagens retornáveis, uso de resina reciclada para a confecção de novas garrafas (Bottle to Bottle) e apoio a mais de 200 cooperativas de reciclagem em todo o país. “Os números mostram que temos trabalhado de forma consistente, o que nos dá confiança e estímulo para alcançarmos, aqui no Brasil, o objetivo de termos 100% das nossas embalagens destinadas corretamente em 2030. Temos que fazer isso porque é o certo e é o que as pessoas esperam de uma empresa líder como a nossa”, afirma o presidente da Coca-Cola Brasil, Henrique Braun. DIVULGAÇÃO
10º Congresso Gife será realizado em abril Em 2018 o Congresso GIFE chega a sua 10ª edição. Bianual, o evento é referência sobre o tema do investimento social privado e ao longo desses 20 anos reuniu mais de 5 mil pessoas de todos os estados do Brasil e de fora do país para ouvirem e debaterem sobre temas de relevância do setor. O congresso do GIFE se consagrou como um importante espaço de aprendizado, diálogo e troca entre as principais lideranças de investidores sociais do país, dirigentes de organizações da sociedade civil, acadêmicos, consultores e representantes de governos. O 10º Congresso GIFE “Brasil, democracia e desenvolvimento sustentável” acontece de 4 a 6 de abril de 2018 na Fecomércio de São Paulo – cidade onde se concentra a maior parte dos investidores sociais do Brasil. Serão três dias de programação, sendo esperados quase 1 mil participantes para pensar quais as contribuições do investimento social privado para a formação de novas agendas e convergências no país.
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I m a g e m FOTO DE ENY MIRANDA
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oucos lugares representam mais o jeito carioca de ser do que o Arpoador e sua gente. A fotógrafa ENY MIRANDA é uma verdadeira “especialista” nesta região do Rio, encravada em um dos melhores points da Zona Sul, entre Ipanema e o Forte de Copacabana. “Gosto de fotografar a paisagem e as pessoas. O Arpoador é ideal para curtir o Rio, no melhor do Rio. Seja no por do sol, ver as pessoas, passear com Amy, comer e beber ou só estar lá”, conta Eny, mineira de nascimento, nascida em São João del Rey, com alma de carioca desde que desembarcou por aqui com máquinas e lentes para trabalhar com fotografia. Sua fiel escudeira Amy, ou Fiapinho para os mais íntimos, é uma linda yorkshire terrier que nada, corre e curte também os passeios por este canto carioca. Eny trabalhou nas principais redações de jornais cariocas, cobriu campanhas políticas e tornou-se amiga de artistas em coberturas de eventos. O Arpex, como os cariocas chamam o Arpoador, está muito bem representado aqui por uma linda morena carioca e seus cabelos coloridos.
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