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ano doze | nº 69 | março / abril 2020 R$ 10,00
AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE w w w. p l u r a l e . c o m . b r
FOTO DE LUCIANA TANCREDO – PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA (MG)
BOTSUANA, PARAÍSO SELVAGEM CONSERVADO BRUMADINHO, UM ANO DEPOIS
ESPECIAL ÁGUA:
ARTIGOS INÉDITOS E IBITIPOCA
DIVULGAÇÃO
JOVENS DESENVOLVEM MANIFESTO SOBRE SEGURANÇA ONLINE E SAÚDE MENTAL EM AÇÃO DO INSTITUTO CLARO
14. 30.
ARTIGOS INÉDITOS: Iene Christie Figueiredo, Renato Atanazio e Rodrigo Brito.
44.
50.
BOTSUANA, DORMINDO SOB AS ESTRELAS NA SAVANA AFRICANA, por Paula Martinelli
DIVULGAÇÃO
CARINHO ECO GREEN, BOM EXEMPLO DE ECONOMIA CIRCULAR
FOTO DE LUCIANA TANCREDO - PLURALE
O INCRÍVEL PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA, por Luciana Tancredo
FOTO DE PAULA MARTINELLI – BOTSUANA
36.
FOTO DE TÂNIA RÊGO – AGÊNCIA BRASIL
Contexto
FOTO DE GIANE GATTI – BRUMADINHO (MG) FOTO DE RENATA MONDELO – SALTA (ARGENTINA)
56.
SALTA, DESTINO A SER DESVENDADO NA ARGENTINA, por Renata Mondelo
24.
BRUMADINHO, UM ANO DEPOIS, por Hélio Rocha
E ditorial Luciana Tancredo
Paula Martinelli
Repórteres em ação – Plurale adora ir para onde a notícia estiver. Seja aqui no Brasil ou em diferentes pontos deste vasto planeta. Nesta edição, trazemos uma seleção e tanto de reportagens incríveis. Luciana Tancredo esteve na Serra do Ibitipoca, em Minas Gerais, e nos brindou com a reportagem de capa. Paula Martinelli visitou Botsuana, na África e nos relata a natureza ainda bem conservada. A catarinense Nícia Ribas chegou à Bacia de Arcachon, na França, e viu correlação com a sua região natal. Renata Mondelo conheceu Salta, novo destino a ser explorado na Argentina. E, de São Paulo, a nossa Editora Sônia Araripe vivenciou a experiência de evento pensando para ser sustentável do começo ao fim.
Nicia Ribas
Sônia Araripe
Renata Mondelo
Ibitipoca, Botsuana, Salta, segurança para jovens na rede, papel baseado na economia circular e muito mais
A
Por Sônia Araripe, Editora de Plurale
recente crise da água na Região Metropolitana do Rio de Janeiro deixou a ferida aberta de anos de ausência de investimentos mais do que urgentes em saneamento e abastecimento. Sem água potável não sobrevivemos. E vivemos também o caos urbano em grandes centros por conta das fortes chuvas. Esta Edição dialoga sobre estes dilemas em artigos inéditos e entrevista exclusiva. Traz o alívio na forma de reportagem de capa da incrível e conservada Serra do Parque Estadual do Ibitipoca, em Minas Gerais, por Luciana Tancredo, nossa Editora de Fotografia. Não é só. Paula Martinelli, colaboradora de Plurale e autora do Blog Paulapinstheplanet, adora viajar por destinos bem diferentes dos tradicionais. Aqui conta para os nossos leitores a delícia de dormir acampada no alto do carro, sob a luz das estrelas na
Reserva Central de Kalahari e o Delta do Okavango, em Botsuana. De outra região, nossa sempre ativa Nícia Ribas encontrou muitas semelhanças das ostras da Bacia de Arcachon, na França, com o litoral de sua Santa Catarina das melhores lembranças. Já Renata Mondelo descobriu os encantos de novo destino a ser desbravado na Argentina – Salta. Artigos inéditos também são destaques neste número: da Professora da Escola Politécnica da UFRJ, Iene Christie Figueiredo, especialista em Saneamento Ambiental; de Renato Atanazio Coordenador de Soluções baseadas na Natureza da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e Rodrigo Brito, Empreendedor, Gerente de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, Cofundador e Conselheiro da Aliança Empreendedora e Emerge Brasil. O repórter Hélio Rocha voltou à cidade de Brumadinho, Minas, um ano após a tragédia provocada pelo rompimento de Barragem do Córre-
go do Feijão, da Vale, que provocou a morte de 259 pessoas e 11 desaparecidos. Em relato emocionante, o repórter nos conta em que ponto está o processo na Justiça e traz também a dor e sofrimento de parentes dos atingidos. Eu estive em evento de lançamento de novo papel higiênico – o Carinho Eco Green, baseado no conceito de Economia Circular. Também acompanhei o intenso trabalho para também seguir o mesmo conceito da sustentabilidade do começo ao fim em evento Bradesco – o WG2020, realizado em São Paulo, voltado para 14 mil gerentes de agências dos mais variados pontos do Brasil. Conto ainda como foi a conversa de jovens para jovens, nos Diálogos Transformadores, do Instituto Claro. Artigos inéditos, colunas – como Cinema Verde, de Isabel Capaverde e Ecoturismo, por Isabella Araripe - e fotos completam nosso “leque” variado desta Edição. Esperamos que gostem! Boa leitura!
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/ VADELATA
/ VADELATA
O MAIOR BLOCO DE RUA DA TERRA ACABA DE SE TORNAR O MAIS SUSTENTÁVEL DO MUNDO O movimento #VADELATA, da Ball, maior fabricante de latas de alumínio do mundo, e a Liga da Reciclagem, da Novelis, se uniram para cuidar de todo material descartado durante o desfile do Galo da Madrugada em Recife e São Paulo. O resultado: nota dez em sustentabilidade.
14 toneladas de resíduos coletados. 400 trabalhadores envolvidos, gerando renda para centenas de famílias.
Economia de mais de 180mil litros de água, que equivalem a uma média de 310 horas de banho.
26 barris de petróleo econimizados, o equivalente a uma
viagem de carro de ida e volta entre São Paulo e Recife.
70 MWh de energia poupada, o suficiente
para abastecer uma residência média no Brasil por 37 anos.
Por um al
Cainrfinnitaamventeel v a t n e st u S
Cartas
Quem faz
Diretora e Editora-Chefe Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Fundadores Carlos Franco e Sônia Araripe Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter, facebook e instragram: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale @revistaplurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Amaro Prado e Amaro Junior Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Felipe Araripe (Estagiário), Hélio Rocha, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília Gianotti e Nícia Ribas. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição: Giane Gatti, Iene Christie Figueiredo, Paula Martinelli, Renata Mondelo, Renato Atanazio , Rodrigo Brito, Tãnia Rego (Agência Brasil) e Washington Fajardo. Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
Impressa com tinta à base de soja Plurale é uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: Imprimindo Conhecimento Editora e Gráfica
Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos e®outras fontes controladas certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista
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c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r
“Parabéns pelo Seminário Plurale 12 anos, realizado em novembro de 2019, no Rio de Janeiro.” David Grinberg, VP de Comunicação Corporativa & Relações com Investidores para a América Latina & Caribe da Arcos Dorados, de Buenos Aires, por e-mail “Quantas ações foram realizadas no Evento 12 anos de Plurale. Sucesso!” Antonietta Varlese, VP de Comunicação, Relações Institucionais e Responsabilidade Social da Accor, de São Paulo, por e-mail “Feliz por podermos caminhar juntas nessa jornada pelo tema da sustentabilidade. Parabéns!” Daniely Gomiero, Diretora de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Claro e Vice-Presidente do Instituto Claro “Parabéns pelos 12 anos de Plurale! Evento relevante com abordagens de temas importantes para a sustentabilidade.“ Estevão Braga, Responsável pela Área de Sustentabilidade da Ball Embalagens para Bebidas América do Sul, do Rio de Janeiro, por e-mail “Adorei acompanhar no Rio o Evento Plurale. Palestras ótimas e conteúdo importante. Excelente evento, marcando a trajetória relevante de Plurale nestes 12 anos como mídia sustentável.” Sonia Favaretto, Presidente do Conselho Consultivo da GRI, de São Paulo, por e-mail “Cara amiga Sônia Araripe, Gostaria de cumprimentar-lhe – assim como equipe de repórteres - pelos 12 anos de Plurale em Revista, uma referência na mídia, em termos de Responsabilidade Social, destacando-se na área re-
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2020
ferente ao meio ambiente, mas, preocupando-se, também, em incentivar a divulgação do setor social. As reportagens da Revista Plurale relativas aos seus 12 anos estão excelentes, destacando-se a própria cerimônia no IBEF, com a presença de importantes personalidades como o jornalista e ambientalista André Trigueiro. Outras reportagens, também, estão ótimas, como a do Bradesco, com o seu Presidente do Conselho de Administração, Luiz Carlos Trabuco. Desejo à Plurale em Revista e à Plurale em site contínuo sucesso, sob sua proficiente direção. Um abraço, Gilberto Esmeraldo, Conselheiro da Transpetro, do Rio de Janeiro, por email “Aniversário da Plurale está virando encontro anual da galera do bem. Parabéns pelo belo evento.” Malu Fernandes, jornalista, pelo site “Foi incrível o pouquíssimo lixo que foi gerado após o evento Plurale 12 anos! Planejamento e realização assertivos. Adoramos fazer parte”.” Ana Cecília Vidaurre, Organizadora de Eventos, pelo Instagram
Estante Pablo e o Ciclo da Água, por Raquel Ribeiro (texto) e Andréia Vieira (ilustrações), Editora Bambolê, 40 páginas. À venda nas livrarias Blooks do Rio de Janeiro e de São Paulo; e na Letraria, em Florianópolis, R$ 40,00. Pablo é um boneco de neve que vive sozinho na montanha, até que um trio de garotas sapecas faz dois amigos para ele: Miró e Pilar. Os três se divertem no inverno e, ao chegar a primavera, se deixam levar pela aventura da mudança de estado – físico e emocional. A jornada dos amigos inspira admiração pela riqueza das águas e reverência por sua capacidade de transformação – e incentiva o leitor a se conectar com nosso Planeta Azul.
Uma história de conservação: a Mata Atlântica e o mico-leão-dourado, por Cristina Serra (Texto) e Haroldo Palo Jr. (fotos), Editora Andréa Jakobsson, R$ 70,00 O livro conta uma história de conservação tendo por base o mico-leão-dourado. Desde a chegada dos europeus, animais brasileiros, dentre os quais o pequenino mico, foram exportados em grande quantidade e seus hábitats sofreram profundas alterações que levaram muitas espécies à extinção. Reduzida a apenas 7% de sua área original, a Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro é em grande parte composta por fragmentos que inviabilizam a sobrevivência do mico-leão-dourado, cuja importância reside no fato de ser um crucial dispersor de sementes de espécies arbóreas. Estas constituem as matas ciliares que protegem os mananciais que atendem a todas as populações animais e humanas. A partir da década de 1980, os esforços para salvar os últimos 200 micos da extinção geraram resultados que impactaram de forma positiva as comunidades da região de Silva Jardim e Casimiro de Abreu, que hoje atuam em conjunto para conectar fragmentos de floresta, restaurar as matas nativas, desenvolver atividades econômicas sustentáveis, entre outras o ecoturismo para o avistamento do animalzinho, que se tornou um símbolo de solidariedade e respeito à natureza. As fotos de Haroldo Palo Jr merecem um destaque. Um dos maiores fotógrafos de natureza do Brasil, o naturalista cedeu mais de 200 imagens à Associação Mico-Leão-Dourado antes de sua morte, fulminado por um enfarto aos 64 anos, em 2017. Seus registros reforçam a importância do primata para o desenvolvimento da região, já que se trata de um excelente disseminador de sementes e que, com o esforço pela conservação ambiental da região do Poço das Antas, ajuda reflorestar áreas degradadas, gerar água, empregos e oferecer qualidade de vida ao entorno.
POR FELIPE ARARIPE
Baleia, por Sérgio Campante, Editora Voo, 33 páginas, R$ 49,00. De acordo relatório realizado em 2019 pela organização ambiental World Wildlife Fund (WWF), por ano cerca de 10 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos. Além de formar enormes “manchas” de lixo no mar, esses fragmentos são responsáveis pela morte de golfinhos, tartarugas, pássaros, entre outros animais. Outro dado que assusta é o da Organização das Nações Unidas (ONU): se a poluição continuar desta forma, em 2050 haverá mais plástico do que peixes no mar. Foi inspirado nesta causa tão importante que o autor Sérgio Campante criou o livro “Baleia”, obra da Editora Voo, publicada pelo selo infantil Vooinho. O livro conta a história de um garoto que, certo dia brincando na praia, se depara com um pedido de socorro dentro de uma garrafa. De repente, um cachorro aparece para ser seu companheiro na busca por quem está em apuros. O livro é acompanhado de um saquinho feito de rede de pesca retirada dos oceanos e ressignificada pelas mãos da artesã Nara Guichon em parceria com a Positiv.a, empresa de produtos de limpeza biodegradáveis. Para completar a proposta sustentável do projeto, a impressão do livro foi feita em papel pedra, um tipo inovador de material que não utiliza madeira e fibras vegetais e dispensa processamento químico na produção.
Meu querido Brasil, Por Roberto Saturnino Braga, Editora Alameda, 122 páginas, R$ 52,00 Minhas memórias de Getúlio, JK, Lula, Dilma e outros democratas Por Frei Betto Este é um livro escrito com amor visceral ao Brasil. Seu autor procede de uma família de políticos e, ao longo de sua brilhante carreira, se elegeu vereador, deputado federal, três vezes senador, e prefeito do Rio. Foi o primeiro prefeito carioca eleito pelo voto direto. E teve a ousadia de implantar os Conselhos Governo-Comunidade, modelo revolucionário de democracia participativa e direta. A descrição que Saturnino Braga faz aqui de sua trajetória, que abarca as décadas de 1940 a 2010, mapeia sentimentalmente o Brasil. Seu relato autobiográfico, que abrange desde a vida familiar a momentos fortes da conjuntura política do nosso país, é uma aula magistral de história e coerência de princípios. Em linguagem direta, quase épica, o autor enfatiza a urgência de um Projeto Nacional que sinalize o Brasil que queremos. E narra episódios candentes, como o da tia-avó que, pela ousadia de ser dona de seu nariz em uma cultura patriarcal e machista, padece 12 anos de internação como louca... Se a política nos privou de apreciar o promissor talento de Saturnino Braga para o canto, fomos recompensados, entretanto, pelo testemunho de sua ética, de fidelidade aos anseios de nosso povo mais pobre, que agora estas páginas nos dão a conhecer em riqueza de detalhes no relato de um autor cuja razão se mescla com o coração.
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Entrevista
A MELHOR CIDADE QUE EXISTE É A CIDADE QUE EXISTE’’ Por Sônia Araripe, Editora de Plurale Fotos de André Vieira/ Divulgação
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ão devemos esperar das cidades que sejam diferentes do que são. “A melhor cidade que existe é a cidade que
existe. Esta é a principal mensagem que o arquiteto e urbanista Washington Fajardo nos deixa. Paulista de nascimento – com alma de carioca, mas com raízes também em Cabo Frio (RJ) – ele é, acima de tudo, uma pessoa simples e descomplicada, bem distante do verniz que muitos intelectuais gostam de se impor. Mas não confunda simplicidade com falta de conteúdo: Fajardo é hoje um dos principais nomes na análise nacional – e global – de tudo o que envolve os grandes centros, a preservação de sua história através de prédios e aparelhos culturais e formas de trazer mais sustentabilidade para o lugar onde vivem mais da metade da população mundial. Aos 47 anos, casado com a também arquiteta Patrícia Fendt, quatro filhos, Fajardo vive há cerca de um ano nos Estados Unidos, selecionado como Loeb Fellow na Escola de Arquitetura de Harvard, a conceituadíssima Gratuate School of Design (GSD). Este programa de fellowship está comemo-
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rando 50 anos esse ano, selecionando profissionais com experiência prática significativa em áreas críticas do ambiente construído e de interesse público: urbanismo, patrimônio cultural, habitação social, meio ambiente, arte pública, desenvolvimento comunitário, ativismo, jornalismo urbano. Fajardo é o terceiro brasileiro em todo este tempo. Além disso, nos contou, nesta entrevista por e-mail, que também está envolvido com o David Rockefeller Center for Latin American Studies, o DRCLAS, investigando políticas habitacionais e desenvolvimento comunitário durante a década de 80 nos EUA. “Quero saber como eles saíram daquela grande crise urbana que viveram e que muita gente acha que foi resolvida pelo crescimento econômico, mas não foi só isso. Houve reconhecimento de que associações de bairro e moradores sabiam mais o que fazer do que o governo”, exlicou. Até o fim de 2020 estará completando este período de estudos no exterior. Perguntamos também se o arquiteto e urbanista poderia seguir carreira pública, quem sabe até tentando a corrida à Prefeitura do Rio, como chegou a ser veiculado na imprensa. Ele admitu que gostaria, mas que não será desta vez. “Precisamos ter candidaturas independentes no Brasil. Os partidos são mais clubes que agremiações de pensamento ou de ideologia. Acredito
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2020
FOTO DE ANDRÉ VIEIRA – ARQUIVO PESSOAL
WASHINGTON FAJARDO
que poderia oferecer uma condução mais técnica para a cidade que é muito necessário neste momento. Política é fundamental.” Na entrevista falamos de muitos dos temas prementes para a sustentabilidade das cidades, como a questão das mudanças climáticas, a política habitacional (ou a ausência desta), sobre mobilidade urbana e também a questão do patrimônio histórico. Confira os principais pontos desta conversa. Plurale - Em artigos tem defendido que não há cidadania plena sem cidades. O que isso significa? Washington Fajardo - Como somos um país em desenvolvimento, com muitas desigualdades e injustiças, e sempre tentando entrar no círculo restrito de nações desenvolvidas, isso criou um certo controle da ideia de nação pelos economistas. Economia é obviamente fundamental. Mas não explica tudo. Não resolve tudo. Cidades por exemplo têm muitas falhas de mercado. Se um bairro fica bom, ele se valoriza e os preços dos imóveis e do aluguel sobem, não é? Esta é a regra clássica da oferta e da procura, certo? Mas se o seu salário de trabalhador não consegue pagar um aluguel ou um financiamento, você será excluído daquele bairro. Logo, o trabalhador irá para um bairro mais longe. E pela lógica econômica isso é normal. Mas no nosso caso, isso implica em morrer, pois morar longe é morar absurdamente longe e não ter saneamento, não ter casa e não ter segurança pública. No Brasil procuramos resolver isso exclusivamente pelo crescimento econômico como modo de atenuar as discrepâncias sociais e territoriais. Não está dando certo há mais de cem anos. Mas ainda repetimos essa falácia. Nas cidades dos países ricos, que não eram ricos antes, houve sempre a perseguição da coesão social como princípio. Não foi e não é perfeito, mas resolveram muitas coisas. Planejamento urbano mais eficiente e especialmente políticas habitacionais. As pessoas não sabem, mas tem controle de aluguel em Nova York, por exemplo. E olha
que não concordo com isso, mas não há desenvolvimento pleno sem políticas habitacionais. Os EUA têm voucher de aluguel há muitas décadas, tem zoneamento inclusivo, tem apartamentos para locação social, tem incentivos e mais incentivos para cooperativas habitacionais. Canadá é igual. Na Europa, são inúmeras e diversas as políticas de moradia. Não há cidadania sem ter acesso equânime aos benefícios da urbanidade. E o que é isso? É o espaço público e seus encontros, o convívio no transporte público e o uso compartilhado da cidade. Ainda reproduzimos modelos racistas e segregacionistas de classe nas cidades brasileiras. Plurale – Em sua recente atuação no setor público, o senhor desenvolveu um trabalho intenso pela recuperação do Centro Histórico do Rio. Qual foi a tônica deste trabalho? Washington Fajardo - O objetivo foi mostrar que a melhor cidade que existe é a cidade que existe. Isto quer dizer que não precisamos expandir a cidade para abrigar todo mundo, que reciclar cidade, que reusar prédios é base de uma economia de baixo carbono, e, principalmente, que o Centro
Há falta de conexão entre instituições cariocas. É difícil unir agendas no Rio atualmente. Isso é fruto do desespero. É muito ruim o que está acontecendo e creio que a cidade perde perspectivas de desenvolvimento. Insisto que a resposta não está na política tradicional neste momento. É necessário ousar e ser criativo.”
Histórico do Rio contém respostas para nossas perguntas sobre o futuro. Podemos ali nos misturar novamente e prosperar juntos. Fizemos muito mas sempre há mais por fazer. Plurale - Por que, mesmo após este trabalho, estamos vivenciando um grande abandono de sítios históricos no Rio? Washington Fajardo - Não houve continuidade. Inúmeras políticas foram interrompidas. Iniciativas sem custo, mas que dependem de colocar esforço de gestão e de pessoal. Só isso. O Edital Pro-APAC, depende um pouco de recurso, mas pode funcionar com um pouquinho todo ano. Parou. O Centro Para Todos, que era um ordenamento integrado do território central, parou. O apoio aos Negócios Tradicionais parou. A própria ideia de um patrimônio cultural mais ativo e energético parou. O atual prefeito, Marcelo Crivella, é um político antiquado, daqueles que destrói o que o anterior fez somente para se provar certo. Deu errado, contudo. É uma gestão fracassada pois oprimiu a população e faz com ela pague a conta. Ele aposta na divisão da cidade ao governar apenas para os seus. É uma estratégia muito comum no Brasil hoje e que ele tenta atenuar ao se apresentar como homem de fim, mas sinaliza com isso uma brutalidade e violência fatal. Ele aposta no julgamento moral da cidade como redenção. É muito arcaico. Há também falta de conexão entre instituições cariocas. É difícil unir agendas no Rio atualmente. Isso é fruto do desespero. É muito ruim o que está acontecendo e creio que a cidade perde perspectivas de desenvolvimento. Insisto que a resposta não está na política tradicional neste momento. É necessário ousar e ser criativo. Plurale - As grandes cidades brasileiras (em geral) estão, de cerca forma, “morrendo”... perdendo a identidade...sucumbindo apenas para o novo, sem garantir a sua História. Sinal apenas da falta de recursos, de falta de gestão do patrimônio...de um combinado de vários fatores. O que precisa ser feito?
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Entrevista
Washington Fajardo - O Brasil padece de uma estética do desenvolvimento. Uma ideia muito representada por Brasília, seu urbanismo e arquitetura. É um ideário nacional que apregoa que podemos ser felizes se expandirmos as cidades, se ocuparmos a natureza, se construirmos desenfreadamente. Claro que precisamos de infraestrutura e de uma rede logística mais eficiente no país, mas não sabemos mais como cuidar do que já existe. Não sabemos reocupar os Centros Históricos e temos os mais bonitos do mundo aqui. Penso que as políticas urbanas estão muito estagnadas, paradas nesse momento ideológico da guerra fria que ainda organiza a vida política nacional. Veja, perdemos o bonde da industrialização. Fomos confusos e não reduzimos desigualdade. Temos uma elite econômica muito mal-acostumada. Muito viciada em Estado. E quando começamos a focar na desigualdade eles vêm falar em Estado mínimo. É muita cara de pau. Agora estamos perdendo o bonde da era digital e da informação que depende de capital humano. Não aproveitamos nossa capacidade humana. A saída me parece concentrar nossos esforços numa mentalidade nova, mas ambiental e urbana, mais cultural e de serviços. Poderíamos ter uma evolução aí. Para tanto, derrubar os muros invisíveis das cidades é fundamental. Acabar com um urbanismo de condomínios e de pensamentos em gueto. É viável. Plurale - Qual será o Rio do futuro - daqui a 20 anos, por exemplo dos seus filhos? O dos sonhos e o do mundo real. Washington Fajardo Tenho muita apreensão com o esvaziamento econômico do Rio e o desafio geográfico da cidade. O Rio é uma retângulo com três lados de água. A Baía de Guanabara, o Oceano Atlântico e a Baía de Sepetiba. E temos apenas lado “terrestre” onde a logística pode funcionar plenamente. Assim precisamos ter uma visão metropolitana e cuidar também dos municípios da baixada para poder prosperar o Rio. Se em dez anos, até 2030, o Rio não se acertar, não se
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“Sobre a questão das cidades alagadas e atingidas por chuvas, há ações de curto, médio e longo prazo. De curtíssimo prazo: unir o que se sabe ao que se deve fazer. Sabe-se muito bem onde alaga, e com que frequência, logo a manutenção precisa ser constante nestes locais. Sabe-se onde há risco em encostas. Deve-se reassentar essas famílias. E investir em contenções. E criar uma cultura de segurança. Definir áreas de encontro em situações de risco. Locais onde a população saiba para onde ir. Definir protocolos para o trânsito. Veja, vai chover cada vez mais e vai alagar. Inevitável. Logo precisamos mudar comportamentos. Usar mais tecnologia, melhorar comunicação pública. A chuva é a nossa neve. Nunca cessará.” acertará mais. Virará uma cidade disfuncional com um território turístico protegido. Mas será uma bolha prestes a explodir. Não estou tranquilo não. Cariocas parecem não se importar com a economia da cidade, da metrópole e do Estado. São muito lenientes com políticos e práticas ruins do cotidiano. A sociedade precisa amadurecer também. Plurale - As chuvas mostraram sua força. Cidades como Belo Horizonte, São Paulo e Rio sofreram imensamente. Concreto e asfalto cobriram antigos córregos...como solucionar este drama? Washington Fajardo Tem ações de curto, médio e longo prazo. De curtíssimo prazo: unir o que se sabe ao que se deve fazer. Sabe-se muito bem onde alaga, e com que frequência, logo a manutenção precisa ser constante nestes locais. Sabe-se onde há risco em encostas. Deve-se reassentar essas famílias. E investir em contenções. E criar uma cultura de segurança. Definir áreas de encontro em situações de risco. Locais onde a população saiba para onde ir. Definir protocolos para o trânsito. Veja, vai chover cada
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2020
vez mais e vai alagar. Inevitável. Logo precisamos mudar comportamentos. Usar mais tecnologia, melhorar comunicação pública. A chuva é a nossa neve. Nunca cessará. De médio prazo: é necessário mudar o padrão da urbanização sempre baseada em concreto e asfalto. Fazer intervenções urbanas corretivas. Planejar a cidade pelas sub-bacias dos rios e não pelos bairros e áreas de planejamento apenas. Incentivar e premiar prédios mais verdes e sistemas de captura e retenção de águas pluviais. Implantar jardins de chuva. E reflorestar, reflorestar, reflorestar. Deveria ser um mantra no Rio. Reduzir as ilhas de calor é fundamental para a cidade. De longo prazo: mudar padrões construtivos onde alaga sempre. Dar mais liberdade arquitetônica nestes lugares. Incentivar veículos elétricos. E controlar e desadensar as ocupações em encostas. Bem feito, em dez anos perceberíamos. Em vinte anos teríamos outro tipo de experiência com as chuvas. Plurale - A crise hídrica no Grande Rio mostrou que água, saneamento e cidades estão umbilicalmente conectados. Mas - como já diriam
FOTO DO ARQUIVO DA AGÊNCIA BRASIL
políticos históricos - saneamento não dá voto porque os canos correm por debaixo do solo. Estamos pagando o preço alto por uma falta de gestão política nesta área? Washington Fajardo Saneamento dá voto sim. Mas corrupção elege mais. São coisas distintas e ligadas. Se não tivermos uma ação mais integrada sobre a cidade, combatendo modelos de setores de atuação - meio ambiente, urbanismo, trânsito, etc - não veremos mudança. Claro que é preciso – administrativamente - separar, mas sem unir mais, sem coordenar mais, será sempre assim. O ciclo da água é um conhecimento do ensino fundamental, mas ele não existe pela ótica da administração pública e dos políticos. Por isso digo que precisamos de mais racionalidade técnica ao governar a cidade. Plurale - Habitação é um problema sério no Brasil. No Rio - e em outros grandes centros - o trabalhador não consegue morar perto de onde trabalha ... acaba aceitando condições insalubres ou mesmo em áreas de risco. No Rio, este caldeirão se mistura com a ocupação de territórios por grupos armados. Existe um
caminho para solucionar esta crise habitacional? Washington Fajardo - Existe sim. Precisamos criar um sistema municipal de habitação. Mas é algo que precisará ser feito praticamente do zero pois este assunto é ignorado no Brasil. Para mim é nosso maior atraso e a bola de ferro no pé de todos, dos pobres e dos ricos. Todos se prejudicam com uma cidade organizada em guetos. Os ricos não estão protegidos. Eles pensam que estão, mas não marcados pela desigualdade também. Sua prosperidade é limitada também. E digo mais: o mundo não quer saber mais das confusões e do atraso brasileiro. Sinto um certo cansaço com o Brasil. Já ouvi “como pode um país tão belo e com tanto potencial cometer tantos erros?” A culpa não é dos clichês. Não é do imperialismo, ou da história, ou da direita ou da esquerda. A responsabilidade é de todos nós. Plurale- De que forma a sociedade civil organizada poderia se mobilizar para enfrentar os efeitos da gravíssima crise climática que só piora? Washington Fajardo - Pelos bairros. bairros! É a saída! Organize-se no seu bairro. Na sua comunidade. Plurale - Temos que arborizar
mais as cidades, mas o que vemos são árvores centenárias sendo cortadas. No Rio, a desculpa é que poderiam desabar...mas será que é esta mesmo a solução? Washington Fajardo - Deveríamos reflorestar e ter um horto ativo como infraestrutura urbana essencial. As arvores centenárias caem pois sucessivas podas tiram o equilíbrio de forças entre copa e raízes e elas desabam. Eles caem porque não sabemos mais cuidar. A ocupação política gananciosa na fundação parques e jardins também tem responsabilidade. Plurale - Pedestres, ciclistas, idosos, mães e carrinhos e bebês ...as cidades hoje parecem feitas apenas para carros e coletivos. Como voltar a debater este assunto da “walkability”? O Primeiro Mundo está se debruçando sobre esta questão e no Brasil há pouco diálogo sobre este assunto tão urgente. Washington Fajardo - Não falamos sobre muitos assuntos urbanos críticos pois estamos sempre pensando em ir para um lugar melhor que nunca é aqui e agora. Portanto caminhar não é valor urbano ou mental ou espiritual importante. Mas é a base da humanidade e da origem das cidades.
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Artigo Iene Christie Figueiredo
NÃO É POSSÍVEL VIVER SEM ÁGUA, ÁGUA DE QUALIDADE, ÁGUA BOA PARA BEBER!
O
cias – não desejáveis em águas de consumo - também podem ser liberadas nessas condições ambientais. Essa passa a ser uma importante questão: se hoje temos geosmina, sem risco sanitário efetivo, a que outros contaminantes poderemos estar expostos em situação similar? A pertinente preocupação dos usuários, dos técnicos e da mídia, nos dá oportunidade de discutir o tema Saneamento de forma coletiva. Apesar da compreensão de sua importância, historicamente esta não tem sido uma questão prioritária no planejamento das cidades. Pesquisas confirmam essa mesma percepção, uma vez que a sociedade acaba por eleger outras demandas urgentes - todas reais e justas – como o combate à corrupção, ao desemprego e melhorias na saúde. Isso pode indicar, por um lado, que os serviços de saneamento
FOTO – AGÊNCIA BRASIL
ano de 2020 começou para o Rio de Janeiro com a nova palavra da moda, assumindo inclusive o posto de vedete do Carnaval: Geosmina. A água potável, que normalmente chegava em nossas torneiras de forma anônima, agora é veículo dessa substância que apresenta características tão peculiares – gosto e odor de terra. Os motivos da ocorrência da geosmina têm sido muito discutidos nos últimos dias, e todos convergem para a mesma causa: foi o aporte de esgoto sanitário sem tratamento nos rios que afluem para a captação do Guandu, riquíssimos em nutrientes, associado à radiação solar que propiciou o crescimento exagerado de algas, responsáveis pela liberação deste resíduo metabólico. Assim como a geosmina, outras substân-
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prestados até o momento cumprem com o mínimo esperado mas, por outro, que diante do caos vivido pelos cariocas o Saneamento passa a ser dos males o menor. Mas a geosmina veio ressuscitar o que tínhamos desprezado: não é possível viver sem água, água de qualidade, água boa para beber! Para falar de saneamento precisamos resgatar nossa Política Nacional de Saneamento Básico - Lei 11.445 - que, após anos de discussão, foi aprovada em 2007. Nela se vislumbra a universalização dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e manejo dos resíduos sólidos num prazo de 30 anos (Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB). As ferramentas fundamentais para garantir a desejada universalização são: o planejamento das ações, feito a partir dos Planos Municipais de Saneamento a serem elaborados pelos municípios; a regulação, executada órgão independente para aferir o cumprimento do planejamento; e o controle social, permitindo a participação da sociedade na definição e reorientação de ações. Tendo 2033 como prazo limite para universalização destes serviços, apenas cerca da metade dos municípios brasileiros apresentaram seus planos municipais. Com isso, os indicadores de saneamento continuam tímidos - apenas 46%
FOTO – PORTAL DO MPRJ
dos esgotos sanitários gerados no território nacional são tratados. Quando avaliamos a realidade do Rio de Janeiro, as condições são desanimadoras: apenas 31% do esgoto gerado é tratado. Para os municípios que contribuem para a captação do Guandu, identificamos percentuais de tratamento do esgoto sanitário ainda mais limitados: 4% em Nova Iguaçu, 18% em Seropédica e, pasmem, 0% em Queimados – todos esses municípios operados sob concessão da CEDAE. Esses dados trazem a certeza de que sem planejamento não há serviço a ser regulado, e assim nos mantemos parados no tempo, sem avançar em ações que garantam a melhoria dos indicadores de qualidade e culminem na qualidade de vida da população. Este evento de alteração da qualidade da água potável não é uma condição típica apenas para a região metropolitana do Rio de Janeiro. O país, com algumas exceções, está suscetível, em maior ou menor intensidade, a desastres sanitários como este (#somostodosgeosmina). A ciência e a tecnologia são capazes de mitigá-los, pelo menos por enquanto, mas a ação só será efetiva se atuarmos na causa, impedindo sua ocorrência. Surge a privatização como solução, e te-
mos exemplos de sucesso, mas precisamos entender que Saneamento (agora evidente sinônimo de saúde) vai além de um bom negócio. Ele é social, cidadão e humano. E o que fazer com aqueles municípios sem o ‘atrativo’ da arrecadação? Como garantir a eles o direito aos serviços de saneamento? Precisamos ser inclusivos ao pensar na
Surge a privatização como solução, e temos exemplos de sucesso, mas precisamos entender que Saneamento (agora evidente sinônimo de saúde) vai além de um bom negócio. Ele é social, cidadão e humano. E o que fazer com aqueles municípios sem o ‘atrativo’ da arrecadação? Como garantir a eles o direito aos serviços de saneamento?
solução estrutural que escolheremos. Fica claro que somente o planejamento, já instituído pela Lei 11.445/2007, e política pública de longo prazo comprometidos com a solução do problema trarão benefícios econômicos, sanitários e ambientais para a população. Quando revisamos tudo que foi dito pelos especialistas, chegamos a seguinte conclusão: somos hoje o futuro que temíamos há 30 anos atrás. Quando naquele momento não priorizamos o saneamento básico optamos por colocar em risco a saúde pública; por expor a população às enchentes e deslizamentos, como vimos nos últimos eventos climáticos. Perdem-se vidas, propriedades, dignidade e confiança. Precisamos nos posicionar como consumidores exigentes, como cidadãos atentos, como técnicos e pesquisadores dedicados, como fiscais responsáveis e ativos, e governantes comprometidos. Que a geosmina seja mais que sabor e odor. Que ela a grande indutora da mudança... para que daqui 20 anos possamos beber simplesmente e tranquilamente água. (*) Iene Christine Figueiredo, Especialista em Saneamento Ambiental e Professora da Escola Politécnica da UFRJ
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Artigo Renato Atanazio
SOLUÇÕES PARA A
INSEGURANÇA HÍDRICA
O
Brasil é o país com maior disponibilidade de água doce do mundo. Razão pela qual carrega grande responsabilidade em relação à segurança hídrica. No entanto, o que temos acompanhado historicamente é uma severa dificuldade na implementação de políticas públicas para o manejo da água e sua integração sustentável com as dinâmicas e necessidades dos centros urbanos. Temos testemunhado diversos exemplos dessa situação. Neste começo de ano, as graves enchentes em São Paulo e Belo Horizonte tomaram conta do noticiário nacional. No Rio de Janeiro, a população da região metropolitana convive com a baixa qualidade da água que sai das torneiras de suas casas. Em 2014, os paulistas sofreram com a maior crise hídrica de sua história, que se estendeu
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NO BRASIL por dois anos. No Nordeste, a seca é um quadro crônico. A água é um dos bens naturais mais importantes para a sobrevivência e para o desenvolvimento. Deve ser distribuída de forma equânime e correta para a sociedade. De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), um bilhão de pessoas não têm acesso adequado à água – o que para o órgão significa a distância máxima de mil metros entre uma pessoa e uma fonte que possa fornecer no mínimo 20 litros de água por dia. A rápida expansão das metrópoles e a falta de planejamento urbano fizeram com que os gestores públicos se apoiassem quase que exclusivamente em infraestrutura cinza (canos e obras em geral) para o saneamento e a multiplicação de fontes de água para a população. Embora seja indispensável para dar escala à oferta de serviços básicos, é essencial
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que a infraestrutura cinza seja aplicada conjuntamente com a chamada infraestrutura verde – Soluções baseadas na Natureza para proteger as bacias hidrográficas ao mesmo tempo que possibilitam o uso sustentável de seus recursos. Por muitos anos, acreditamos ser possível domar a natureza em nome do desenvolvimento. Nos últimos 50 anos, o processo de degradação dos ecossistemas foi o mais rápido quando comparado a qualquer outro período da história da humanidade. Com isso, convivemos hoje com nossos recursos hídricos intensamente afetados, gerados a partir de estratégias que desconsideraram o desenho natural dos territórios e os limites das bacias hidrográficas. Como resposta a esses desafios de gestão territorial, avançam no País e no mundo experiências que se baseiam em soluções que têm a natureza como base. Este mostra-se como um caminho para a resolução de problemas atuais e uma forma de demonstrar que a adoção de medidas de conservação da natureza não representa entrave ao desenvolvimento econômico, mas sim condição essencial para sua efetividade. No Peru, a legislação exige que as empresas fornecedoras de água destinem parte de suas receitas para o investimento em infraestrutura natural, como o reflorestamento de áreas e a aplicação de agricultura sustentável próximo a rios e mananciais. Na China – um dos países mais avançados na conciliação entre infraestruturas cinza e verde –, mais de 250 municípios têm seguido o modelo de cidades-esponjas com o objetivo de
FOTO DE TÂNIA REGO – ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL
drenar a água da chuva e preparar-se para o novo contexto provocado pela crise climática. Entre outras iniciativas, elas estimulam a criação de parques alagáveis (como já existe em Curitiba há décadas), prédios com jardins suspensos, calçadas permeáveis e praças-piscinas, que podem ficar totalmente submersas em dias de chuva intensa. A experiência de Nova York também vale ser citada. A maior metrópole do planeta tem uma das águas mais puras do mundo. Lá, o poder público descobriu que cuidar dos recursos naturais é essencial não apenas para garantir acesso à água de qualidade, mas também uma excelente estratégia para os cofres públicos, uma vez que investir em redução da poluição é significativamente mais barato do que tratar a água já poluída. Esse foi um dos objetivos do Oásis Lab Baía de Guanabara, realizado pela Fundação Grupo Boticário, Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) entre agosto e novembro de 2019. A iniciativa reuniu representantes de mais de 50 instituições, empresas, indústrias, OSCs e órgãos públicos para desenvolver ideias e soluções que garantam a segurança hídrica e a resiliência costeiro-marinha na região. Obviamente que não se trata de tarefa simples, afinal, o tratamento dado por décadas à Baía de Guanabara a transformou em um dos corpos hídricos mais poluídos do Brasil, em
contraste com a sua importância e com sua localização em um dos mais belos cartões postais do País. O diálogo com tantos atores tem sido essencial para que o Oásis Lab traga resultados práticos e de impacto positivo para a população fluminense. Conforme anunciado em 18 de fevereiro, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o Ministério Público do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) e a Petrobras prevê que a estatal terá de investir em projetos de conservação ambiental nas áreas afetadas pelo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Entre esses projetos, dois foram elaborados dentro do Oásis Lab. Essas iniciativas irão colaborar para o avanço em segurança hídrica na medida em que aumentam a cobertura florestal nativa em áreas estratégicas para a Bacia de Guanabara e a promoção da agricultura sustentável entre os produtores da região. Esses são exemplos de infraestrutura verde que servem como espinha dorsal para os problemas enfrentados atualmente pela Grande Rio de Janeiro. A infraestrutura natural, por garantir a conservação da vegetação em regiões estratégicas para a qualidade dos recursos hídricos, é capaz de filtrar sedimentos, nutrientes e resíduos sólidos, impedindo que eles cheguem aos cursos d’água e barateando o custo de tratamento. Em suma, cria-se um cenário
para a oferta de água de melhor qualidade, além de potencializar a resiliência das regiões hidrográficas. Outro exemplo que também está sendo colocado em prática é o movimento Viva Água, que tem entre seus objetivos contribuir com a segurança hídrica a partir da restauração da vegetação em áreas estratégicas de bacias hidrográficas e do incentivo a atividades socioeconômicas de impacto positivo na natureza. O movimento é mais uma iniciativa idealizada pela Fundação Grupo Boticário que, na Bacia do Rio Miringuava, em São José dos Pinhais (PR), tem entre os principais parceiros a prefeitura do município e Sanepar, a companhia de abastecimento do Paraná, demonstrando a importância de ações multisetoriais para buscar soluções que trazem benefícios para toda a sociedade. É preciso disseminar a ideia de que é, sim, possível uma bacia hidrográfica incorporar atividades econômicas compatíveis com sua conservação, estimulando atividades como a agricultura sustentável e o turismo rural. Assim, será possível construir um caminho harmônico para a preservação do nosso patrimônio natural, para a resiliência das cidades e para o bem-estar da população. (*) Renato Atanazio é Coordenador de Soluções Baseadas na Natureza da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
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Artigo Rodrigo Brito
INTRAEMPREENDEDORISMO
E
E O COMPROMISSO PARA O ACESSO À ÁGUA POTÁVEL
ra janeiro de 2017, eu havia acabado de me mudar para um Rio de Janeiro que marcava 40° nos termômetros. Para quem morava em São Paulo e nasceu no frio de Curitiba era como sentir que tudo derretia. Além da temperatura, outro clima era muito novo para mim, era a primeira vez que eu tinha um crachá corporativo, uma mesa com cadeira ergonômica e um ramal telefônico. Estava começando uma história que já dura 3 anos junto a uma das empresas mais admiradas do mundo! O desafio consistia em elaborar e implantar um novo programa voltado a ampliar o acesso à água para populações e comunidades de baixa renda em todo o país, um direito que ainda não é realidade para 35 milhões de brasileiros. Nesta época, a Coca-Cola Brasil já era referência em eficiência hídrica em fábricas e já devolvia para o meio ambiente 100% da água que utiliza para suas bebidas, por meio de projetos de conservação ambiental e reflorestamento. Atuar com acesso à água para comunidades com ampla escala e de forma sustentável era o próximo passo e missão. Lançado em 22 de março de 2017, no Dia Mundial da Água, o Água+ Acesso iniciou com o compromisso da Coca-Cola Brasil de investir dez milhões de reais nesta causa até 2020. Se em 2017 o programa beneficiava 15 comunidades de 3 estados, três anos depois chegamos a mais de quinze milhões de reais investidos, 348 comunidades impactadas em 8 estados, 15 organizações parceiras e
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88 mil pessoas diretamente beneficiadas em diversas regiões do país. O mais interessante é que o programa foi todo baseado em duas premissas chave que garantem a sua continuidade independente do investimento da Coca-Cola: Integrar e fortalecer organizações da sociedade civil que já atuam no tema, e apoiar e investir apenas em iniciativas localmente autossustentáveis financeiramente através de modelos de gestão comunitária da água onde as próprias comunidades atuam na operação e manutenção dos sistemas de acesso e tratamento. Mesmo que já esteja mais do que claro que “empreender” vai muito além de criar negócios e diz respeito a um conjunto de comportamentos e habilidades para idealizar e realizar iniciativas, sinto
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que ainda existe pouco conteúdo sobre casos e experiências de empreendedores em grandes empresas. Por este motivo e a partir destes 3 anos de minha 1° experiência como “intraempreendedor” na Coca-Cola Brasil, compartilho aqui um conjunto de aprendizados sobre este processo e jornada. Para intraempreendedores: A primeira grande lição e boa surpresa que tive foi de perceber o quão errados estavam meus receios de que grandes empresas são lentas, burocráticas ou conservadoras. Pelo contrário, só tive o prazer de trabalhar com gente empolgada, cheia de sonhos e energia, em uma empresa que valoriza o empoderamento, a curiosidade, a inclusão e a agilidade, que são exatamente a essência
do empreender. Aprendi que, assim como um empreendedor precisa articular muitos parceiros, fornecedores, clientes e atores externos para tirar suas ideias do papel, em grandes empresas este esforço é tanto quanto necessário também internamente. Se por um lado a quantidade de alinhamentos e processos de aprovação pode frustrar ou apavorar empreendedores ansiosos, por outro cada projeto ou proposta de iniciativa fica muito mais rica e robusta por contar com sugestões e visões tão diversas. O desafio aqui é não deixar este processo consumir muito tempo ou dedicação apenas em aprovações internas. Outra grande vantagem desta experiência tem sido a bagagem e aprendizado em tantos temas relacionados à gestão, marketing, operações, engenharia e negócios. Conhecer e me relacionar, diariamente, com tantas equipes de distintas marcas e mercados tem gerado um repertório incrível de conhecimento totalmente aplicáveis aos objetivos. Articular, engajar e contar com a participação ativa de pessoas com enorme know how em água, comunicação, gestão e relação com governos, por exemplo, foram aspectos cruciais para o sucesso do Água+ Acesso. Para empresas: Acredito que, para as grandes empresas, atrair ou estimular a formação de intraempreendedores traz uma série de vantagens e desafios. Se por um lado empreendedores estão acostumados a fazer muito com pouco, lidar com limitações,
riscos e montanhas russas emocionais, por outro, não lidam bem com muitos alinhamentos prévios e aprovações, um processo que requer tempo, flexibilidade e adequações de ambos os lados. Outro aspecto importante para empresas considerarem é que empreendedores(as) se empolgam e são motivados a conceber e se dedicar a grandes missões e desafios que gerem grande impacto e realização pessoal. Se por um lado esta característica traz muita energia e performance para novos projetos e negócios, por outro pode desestimular empreendedores se os ambientes forem de muitas rotinas, ambições tímidas ou escopos muito limitados. Atrair empreendedores para grandes empresas agrega redes de contatos e repertórios diferentes daqueles usualmente desenvolvidos pelas companhias, tornando sua percepção mais refinada e estratégias mais robustas perante atores chave de outros setores, startups, governos, imprensa, academia ou ONGs. No caso do Água+ Acesso, além da força da marca e expertise da empresa e do Instituto Coca-Cola Brasil, trouxe todo meu know how, rede de relacionamentos e reputação como empreendedor construída para formar e expandir o programa evitando riscos desnecessários. De lá para cá, meu interesse e curiosidade em aprender e impactar ainda mais através do negócio me levaram a uma transição do Instituto para a área de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, onde desde o último trimestre de 2019 passei e ser responsável pelo tema de água como
um todo e co-responsável pelo processo de desenvolvimento das cadeias de valor da empresa. Pela água: Água é a principal matéria prima da Coca-Cola no Brasil e no mundo e, como nada a substituiu, a água é por si só um tema prioritário tanto por riscos como por oportunidades relacionadas a aspectos ambientais, reputacionais e de negócios. Se há vinte anos a empresa tinha como foco e prioridade ampliar a eficiência hídrica em suas fábricas, índice que melhorou em mais de 35%, desde então cada vez mais colaboradores e intraempreendedores de diversas áreas tem atuado para ir além, atuar em parceria e gerar impactos positivos em suas comunidades, cadeias de valor e nas bacias hidrográficas que abastecem as plantas por todo o Brasil e mundo afora. Termos o 22 de Março como Dia Mundial da Água é uma oportunidade de anualmente celebrarmos os esforços de todas as pessoas e organizações dedicadas à cuidar deste elemento tão central à vida, como também é um lembrete e chamado à consciência e responsabilidade para fazermos ainda mais e melhor para que todos tenhamos sempre a disponibilidade e acesso à este direito humano e bem tão precioso. (*) Rodrigo Brito – Empreendedor, é Gerente de Sustentabilidade da Coca- -Cola Brasil, Cofundador e Conselheiro da Aliança Empreendedora e Emerge Brasil.
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Pelo Brasil Projeto coleta mais de 14 toneladas em 16 horas de desfiles do Galo da Madrugada Ação “Por um carnaval infinitamente sustentável” realizou a gestão de resíduos recicláveis do maior bloco da terra e gerou uma economia de energia suficiente para abastecer uma residência por 37 anos Em uma ação histórica, o #VADELATA, movimento da Ball Corporation, e a “Liga da Reciclagem”, inciativa da Novelis, coletaram para reciclagem mais de 14 toneladas de resíduos em 16 horas de desfiles do Galo da Madrugada, o maior bloco da terra. A ação, executada pelo projeto “Do meu lixo cuido eu”, atuou em Recife e em São Paulo, nos dias 22 e 25 de fevereiro, e representa o maior quantitativo já reciclado no bloco. No primeiro dia de desfiles, catadores de materiais recicláveis que trabalharam no projeto emocionaram o público abrindo o Carnaval com a “Ala dos Catadores” e trazendo mensagens sobre sustentabilidade. Segundo o Placar da Reciclagem – tecnologia que mostra o quantitativo coletado e o quanto a reciclagem destes materiais deixa de impactar no meio ambiente – a ação poupou cerca de 70 MWh de energia, o suficiente para abastecer uma residência média no Brasil por 37 anos. Além disso, economizou mais de 180 mil litros de água e 26 barris de petróleo, o equivalente a uma viagem de carro de ida e volta entre São Paulo e Recife, gerando um grande ganho ambiental. Para engajar foliões, o Placar da Reciclagem foi instalado durante o Carnaval nas duas cidades: em frente à sede do Galo da Madrugada, em Recife, e no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. “Esse resultado comprova que conseguimos deixar um legado no maior bloco do mundo, o que é muito gratificante, pois, além de produzirmos a embalagem mais amiga do meio ambiente, estamos promovendo uma reflexão sobre sustentabilidade ambiental em pleno carnaval, um dos grandes picos de consumo no ano”, explica Es-
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FOTO DE DIVULGAÇÃO
tevão Braga, Head de Sustentabilidade Ball América do Sul, maior fabricante de latas para bebidas do mundo. As latas de alumínio corresponderam a 65% do material coletado, mais de 9 toneladas. A embalagem é campeã em reciclagem no Brasil, com uma taxa de 97,3% só no Brasil, subsidiando, inclusive, a coleta de outros materiais, como o vidro e o PET. Além de ser 100% e infinitamente reciclável, a latinha, quando descartada corretamente, volta ao mercado em apenas 60 dias após ser consumida e, por isso, é considerada a embalagem mais amiga do meio ambiente. Durante a ação, cerca de 3,5 toneladas de plástico e 1,5 toneladas de papel foram coletadas para reciclagem também. “Fazer parte dessa iniciativa é uma grande honra, para todos nós. A Novelis tem a sustentabilidade como pilar essencial, e o sucesso dessa ação no carnaval contribuiu ainda mais para a mensagem que buscamos passar com o nosso modelo de negócio. Além dos impactos positivos para o meio ambiente, também foi possível conscien-
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tizar a sociedade sobre a importância da reciclagem como ferramenta de inclusão social, geração de renda para a inúmeras famílias e a possibilidade de criar modelos de atuação mais inteligentes, baseados na economia circular”, completa Eunice Lima, diretora de Comunicação e Relações Governamentais da Novelis. Segundo dados da Prefeitura de Recife, no ano passado, sem a atuação da ação “Por um carnaval infinitamente sustentável”, foram recolhidas 3 toneladas de lixo no percurso do Galo da Madrugada, o que comprova a importância da ação deste ano. Ao todo, a iniciativa contou com cerca de 400 trabalhadores envolvidos, gerando renda para centenas de famílias de catadores. Além disso, realizou um trabalho de educação ambiental entre os foliões, distribuindo sacolas recicláveis e fornecendo orientações sobre como descartar corretamente os materiais durante a festa. Após a coleta, os resíduos foram levados para ecopontos próximos aos blocos, onde foram separados, tratados e encaminhados à destinação correta.
HENRIQUE SVERZUT, ENGENHEIRO FLORESTAL DO SESC PANTANAL (MT)
Maior águia do país é avistada no Parque Sesc Serra Azul, em MT De Cuiabá (MT)
Maior águia do país, que está na lista de animais ameaçados de extinção, a harpia, também conhecida como gavião-real, foi avistada pela primeira vez no Parque Sesc Serra Azul, em Rosário Oeste (MT), em fevereiro. A perda de habitat pelo desmatamento, caça e captura para criação em cativeiro são alguns dos fatores que colocam a ave na categoria vulnerável no país. A presença dela no parque, que faz parte do polo socioambiental Sesc Pantanal, é um indicador que o predador é capaz de se sustentar na região. Com 5 mil hectares, a área onde a ave foi avistada está na transição do Cerrado com a Amazônia e é cercada por fazendas de gado e áreas de agricultura extensiva. De acordo com o engenheiro florestal do
Sesc Pantanal, Henrique Sverzut, o registro feito no dia 26 de fevereiro é inédito. “Ele estava sozinho e ainda vamos acompanhar se está usando a área para transição ou se irá permanecer. Nosso desejo é que ele prospere, encontre sua parceira e procrie. A área onde hoje é o Parque Sesc Serra Azul também já foi fazenda de gado, serviu de plantação de arroz e até garimpo. Mas, hoje, a área em processo de regeneração, tem suas ações voltadas ao ecoturismo e é local seguro para todo tipo de vida animal, cumprindo a missão do Sesc Pantanal de conservar a biodiversidade”, diz ele. Pesquisador do Museu Nacional/ UFRJ, Luiz Flamarion Oliveira destaca a relevância da presença do gavião-real na área do Sesc Pantanal, que foi destinada à conservação pelo Sesc Pantanal há apenas 9 anos. “A aparição da harpia é um
evento muito importante. Isso mostra a qualidade da área. Acho que o mundo no Serra Azul está completo. Desde os voadores aos pintados terrestres”, diz ele, se referindo a onça-pintada, rara no Cerrado, e que também já foi vista algumas vezes no parque. Conforme o “Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção’, as aves são o segundo grupo de vertebrados mais diversos no Brasil, perdendo apenas para os peixes, com um total de 1.903 espécies reconhecidas até 2014. São encontradas em todos os biomas brasileiros e no ambiente marinho-costeiro, sendo a Amazônia o bioma com maior número de espécies, que inclui a harpia.
Uma das aves mais raras do Brasil reaparece no Sul da Bahia Ameaçado de extinção, o uiraçu foi registrado na RPPN Estação Veracel De Porto Seguro (BA)
Um exemplar raro de ave foi visto recentemente na RPPN Estação Veracel, em Porto Seguro. Trata-se de um uiraçu (Morphnus guianensis), ave de rapina ameaçada de extinção. O pássaro foi encontrado por observadores noruegueses e, posteriormente, identificado como sendo um uiraçu pela equipe do Observatório de Aves da reserva, que realizava um trabalho de monitoramento próximo ao grupo. Estas aparições podem ser um indicativo da existência de uma população da espécie na Costa do Descobrimento. “Embora não seja possível precisar se é o mesmo indivíduo encontrado em março de 2019, esse segundo registro em poucos meses é muito importante, pois demonstra que, de fato, a espécie habita regularmente a área da RPPN”, explica o ornitólogo coor-
FOTO DE JAÍLSON SOUZA
denador do Observatório de Aves da Estação Veracel, Luciano Lima. O uiraçu foi observado pela primeira vez em áreas da Veracel em 2012, em outra Área de Alto Valor de Conservação (AAVC) localizada em Belmonte, também no Sul da Bahia, totalizando três ocorrências até hoje. Ocorrências da ave - Afetado pela
destruição de seu habitat natural e pela caça ilegal, o uiraçu é uma das seis espécies de ave de rapina oficialmente ameaçadas de extinção no Brasil. No passado, vivia em florestas úmidas do extremo sul do México até o sudeste da Argentina, porém desapareceu na maior parte destas áreas. No território brasileiro, pode ser encontrado com mais frequência na Amazônia, além de outros casos raros e recentes em São Paulo e no Rio Grande do Sul. O registro feito na Mata Atlântica do Sul da Bahia, onde a Estação Veracel está localizada, qualifica a saúde e biodiversidade da floresta. “Por ser uma ave de rapina de grande porte, pode ser considerada um predador de topo. Sua presença indica que a floresta está saudável, pois confirma a disponibilidade de presas de pequeno porte e de grandes árvores, onde pode construir seu ninho”, afirma o ornitólogo.
Pelo Brasil Cadeia da carne bovina recebeu mais de 123 bilhões de reais de dinheiro público e gera forte impacto ambiental Estudo do Escolhas mostra que, com média anual, 12,3 bi, o valor representa 79% da arrecadação de impostos na cadeia, resultado que aponta a necessidade de discutir a sustentabilidade econômica dos aportes dos Governos Estaduais e Federal A presença dos subsídios no quilo de carne bovina que chegou à mesa do consumidor brasileiro, entre os anos de 2008 e 2017, totalizou a cifra de R$ 123 bilhões de reais nestes dez anos. O percentual dos subsídios por ano, R$ 12,3 bilhões, corresponde a 79% do que foi arrecadado em impostos na cadeia da carne bovina nesse período, R$ 15,1 bilhões. A cadeia produtiva também deixa marcas ambientais: a pegada de carbono é 143 kgCO2 e na Amazônia Legal e de 183 kgCO2 e nos estados de Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia, nos quais está a região do Matopiba, o que demonstra o impacto do desmatamento, enquanto a média nacional é de 78 quilos de CO2e. A pegada hídrica é de 64 litros de água em cada quilo de carne bovina. Estes são os principais resultados do estudo “Do pasto ao prato: subsídios e pegada ambiental da carne bovina”, idealizado pelo Instituto Escolhas, que traz à tona o montante de subsídios
concedidos para a carne bovina pelos Governos Estaduais e Federal. Para conhecer a pegada ambiental da carne bovina foram analisadas as emissões de gases de efeito estufa, de acordo com a região, o tipo de pastagem e o sistema de manejo, e avaliado o consumo de recursos hídricos em todo país e por tipo de manejo. O trabalho foi lançado nesta quinta (30/01), no seminário de mesmo nome, realizado em parceria com o jornal Folha de S. Paulo. Ao apresentar, de forma inédita, os impactos econômicos e ambientais na trajetória do produto em todo o Brasil, do nascimento do bezerro até a mesa do consumidor, o estudo permite uma leitura conjunta dos resultados, que provoca algumas reflexões. Como, por exemplo, se o montante de dinheiro público destinado ao setor é aplicado de forma eficiente, se estimula o aumento da produtividade do setor e se os subsídios concedidos influenciam no aumento dos impactos ambientais,
como o desmatamento, ou de que forma podem auxiliar na mitigação desses impactos. O diretor executivo do Instituto Escolhas, Sergio Leitão, destaca a necessidade de discutir a sustentabilidade do setor. “Os resultados do estudo mostram que o país tem que discutir seriamente a viabilidade de continuar mantendo uma parcela dos produtores brasileiros, que possivelmente se mantem ativos por serem subsidiados pelos governos estaduais e Federal e que não teriam condições de competir em condições normais de mercado em razão da sua ineficiência”.
15 anos do assassinato de irmã Dorothy No último dia 12 de fevereiro, completaram-se 15 anos do assassinato da missionária norte-americana, irmã Dorothy Stang. Religiosa naturalizada brasileira, Dorothy pertencia à Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namur. A freira, que fazia parte da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Anapu, no Pará, foi executada com seis tiros no lote 55 do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) – Esperança, em 2005. O assassinato foi encomendado por dois fazendeiros, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, em decorrência de disputa por terras que pertencem à União. Mesmo ameaçada de morte, Dorothy nunca fraquejou diante da missão da sua vida, lutar pelos pobres da terra, para que esses tivessem seus direitos garantidos e uma vida digna. De 2005 a 2019, de acordo com dados de Centro de Documenta-
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ção da CPT Dom Tomás Balduino, foram 23 assassinatos em conflitos no campo no município de Anapu (PA), Em 1966, irmã Dorothy iniciou seu ministério, no Brasil, na cidade de Coroatá, no Maranhão. Nos anos 1970, passou a atuar junto aos trabalhadores rurais da região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da Rodovia Transamazônica. Ela também lutava pela redução dos conflitos agrários na região. Incansável, Dorothy atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, a cerca de 700 quilômetros de Belém, capital do esta-
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do. A ação de Stang ganhou reconhecimento nacional e internacional. A religiosa fazia parte da CPT desde a fundação da organização, há 45 anos, e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Defensora de uma reforma agrária justa e ampla, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas. Dentre suas inúmeras iniciativas em favor dos mais empobrecidos, Irmã Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de formação de professores na Rodovia Transamazônica, que corta ao meio a pequena Anapu. Era a Escola Brasil Grande.
2020
programando para você em 2020 19 de março
25 de março
06 de maio
ABA Eletromidia Marketing em Brasília
Posse da Diretoria Nacional
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27 de outubro
10 de novembro
ABA Summit 2020, em São Paulo
Lançamento livro “Reputação”
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Mineração
Crime ambiental de Brumadinho está nas mãos da Justiça Por Hélio Rocha, Especial para Plurale De Brumadinho, MG Fotos da Agência Brasil , Corpo de Bombeiros de MG , Giane Gatti e Divulgação do Projeto A Arte Abraça Brumadinho
Familiares das vítimas e moradores ainda convivem com a lembrança do dia 25, que, conforme relatam, “é vivido todos os dias”. Medo da não reparação segue latente FOTOS DO CORPO DE BOMBEIROS DE MINAS GERAIS
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esde que, no fim de janeiro, um ano se cumpriu do maior crime ambiental da mineração brasileira, o rompimento da barragem de rejeitos de minério do Córrego do Feijão, administrada pela Vale, a efeméride fez andarem medidas na Justiça que vinham se arrastando desde janeiro de 2019. No dia 14 de fevereiro, o Judiciário acatou a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra 16 funcionários das empresas Vale e Tüv Süd, além das próprias empresas como pessoas jurídicas, que responderão por 270 homicídios duplamente qualificados, em nome de cada uma das 259 pessoas mortas e 11 desaparecidas no incidente. Entre os denunciados está Fábio Schvartsman, presidente da Vale. De acordo com investigações do MP e da Polícia Civil de Minas Gerais, constatou-se que ambas as companhias se associaram no crime de ocultar as reais condições de segurança da barragem, o que resultou na morte cruel de 270 pessoas, daí a indiciação por homicídio e a dupla qualificação aceita pelo Judiciário. A medida vem para dar um pri-
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meiro passo num longo caminho por punição aos culpados e reparação aos cidadãos atingidos direta ou indiretamente pelo crime de 2019, o que envolve desde pessoas com familiares mortos até agricultores que tiveram suas terras inutilizadas devido à contaminação dos córregos afluentes do Rio Paraopeba e do Rio das Velhas, que compõem a bacia hidrográfica local. Os atingidos indiretos do desastre da Vale são de contagem imprecisa, mas podem fazer os números totais atingirem a casa do milhar, somados aos 270 mortos. Punição e reparação - Familiares, amigos e outras centenas de ci-
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dadãos se unem pedindo não só a punição aos responsáveis (diga-se, iniciada, mas ainda não consumada), mas a reparação aos atingidos. Aí incluídas não somente as famílias das vítimas fatais e desaparecidos, mais às milhares de pessoas que foram afetadas economicamente e perderam o meio de viver. Todos os fatos se desenlaçam num roteiro muito parecido com aquele de Mariana, em 2015, quando um número muito menor de fatalidades (19), mas proporções sociais e ambientais maiores, com a contaminação do Rio Doce, não foram suficientes para que medidas punitivas e reparado-
FOTO DA AGÊNCIA BRASIL / ARQUIVO – JANEIRO 2019
ras adequadas fossem adotadas. A Samarco, empresa responsável pelo desastre naquela ocasião (e que, indiretamente, pertence à Vale), não teve dirigentes julgados e as vítimas seguem com reparação incipiente. Na memória - Em Brumadinho, a sensação é de tristeza, mas, sobretudo, insegurança. Segundo os moradores, parece que jamais o dia 25 de janeiro de 2019 sairá de suas rotinas. No relato dos moradores, sobretudo dos atingidos, fica uma insistente e indignada afirmação “aquele dia 25 a gente vive todos os dias”, ou seja, completa-se um ano sem que as dores e angústias daquela tarde saiam da cabeça das pessoas e, portanto, do dia a dia de Brumadinho e áreas rurais próximas. Desde então, projetos culturais foram lançados para dar apoio aos cidadãos locais, principalmente os familiares e amigos das vítimas. Movimentos de nego-
ciação com a Vale, pedindo reparação pelos danos sociais, ambientais e econômicos causados, foram estabelecidos, mas diversos moradores seguem sem receber o que foi prometido. Mais uma vez, Mariana se repete. Um homem que preferiu apenas se identificar como Jefferson, parente e amigo de várias pessoas mortas no rompimento da barragem, afirma a Plurale que várias preocupações, ansiedades e revoltas permeiam o imaginário dos moradores de Brumadinho e áreas rurais próximas. “A barragem rompeu ao meio dia e vinte e oito, do dia 25 de janeiro do ano passado. Desde aquela hora, a gente acorda, almoça, trabalha, janta e dorme o dia 25. As reparações são poucas, e tem coisas que revoltam. A Vale paga um valor maior às vidas que se perderam dentro da sua área, como se vida pudesse medir valor.
Ao mesmo tempo, paga pra uns e não pra outros, tem gente indiretamente atingida que já recebeu, outras vítimas diretas que não. E sempre menos do que deveria”, protesta Jefferson. Outra preocupação apontada por Jefferson é quanto à contaminação das águas e do ar na região. “Até hoje não foi emitido nenhum laudo de segurança sobre a água e o solo, pelos resíduos deixados, e do ar, pela poeira que se vê até hoje nas áreas atingidas”. A narrativa de Jefferson vai ao encontro daquela do agricultor Rogério Resende, 33, que conversou com Plurale e relatou o drama dos trabalhadores rurais que dependem da água do Rio Paraopeba, contaminado pelo Córrego do Feijão, e estão proibidos de usá-la. “Eu não posso mais trabalhar no meu terreno, porque estou proibido de usar a água do rio para irrigar minhas plantas. A Vale não se manifestou nem tomou nenhuma providência em relação aos meus prejuízos financeiros. Ligo e nunca tenho retornos”. Enquanto isso, Rogério relata que vive de pequenos trabalhos. “Preciso de uma luz no fim do túnel, se vou ter uma resposta sobre quando vou poder retomar o meu trabalho.” Romaria - Na data de um ano da tragédia, a cidade se mobilizou em homenagem às vítimas. na Primeira Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho.O Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Walmor, levou
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Mineração FOTO DE GIANE GATTI – BRUMADINHO
seu apoio às famílias das 272 vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale, participando junto com o povo de Brumadinho da Missa presidida pelo bispo auxiliar para a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), Dom Vicente Ferreira. Para além das orações e palavras de conforto, o Arcebispo destacou que a Arquidiocese de Belo Horizonte “quer iluminar o caminho de nossas vidas com o Evangelho, que é luz. E, assim, fazer de todos nós aprendizes dessas lições, muitas delas surgidas dessa tragédia-crime ocorrida em Brumadinho, um ano atrás. Portanto, o convite é para sermos aprendizes, pois há muito a se fazer , embora se diga que muito está está se fazendo. Mas tudo isso é uma gota d’água no oceano, diante das urgentes mudanças que nós precisamos operar na nossa sociedade brasileira, particularmente pensando aqui em Minas Gerais, mas também em outros lugares do Brasil, quanto ao modo de fazer a mineração. Não podermos continuar como está”. Dom Walmor reconheceu que houve alguns avanços, mas sublinhou que é preciso maior velocidade, “para que nós não sejamos vítimas, como tantas pessoas aqui foram vítimas, como tantas famílias que carregam um grande luto. É preciso um novo tempo”. O Arcebispo lembrou que ainda não se fez o que era preciso, por parte de governos, de instituições e, sobretudo, para corrigir a impunidade que continua. “Aqueles que cometeram crime precisam ser punidos adequadamente, para que um novo rumo seja construído na sociedade brasileira. E nós queremos iluminar tudo isso com a luz do Evangelho e a força do amor de Deus. Essa luta abrirá a sociedade brasileira para um novo tempo”.
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Denúncias aceitas pela Justiça Além da Vale e Tüv Süd, 16 funcionários se tornaram réus. Funcionários da Vale: Fabio Schvartsman (Diretor-presidente); Silmar Magalhães Silva (Diretor do Corredor Sudeste); Lúcio Flavo Gallon Cavalli (Diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão); Joaquim Pedro de Toledo (Gerente-executivo de Planejamento, Programação e Gestão do Corredor Sudeste); Alexandre de Paula Campanha (Gerente-executivo de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina); Renzo Albieri Guimarães de Carvalho (Gerente operacional de Geotecnia do Corredor Sudeste); Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo (Gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas); César Augusto Paulino Grandchamp (Especialista técnico em Geotecnia do Corredor Sudeste); Cristina Heloíza da Silva Malheiros (Engenheira sênior junto à Gerência de Geotecnia Operacional); Washington Pirete da Silva (Engenheiro especialista da Gerência Executiva de Governança em Geo-
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FOTO DA AGÊNCIA BRASIL / ARQUIVO – FEVEREIRO 2019
tecnia e Fechamento de Mina); Felipe Figueiredo Rocha (Engenheiro civil, atuava na Gerência de Gestão de Estruturas Geotécnicas). Funcionários da Tüv Süd: Chris-Peter Meier (gerente-geral da empresa); Arsênio Negro Júnior (consultor técnico); André Jum Yassuda (consultor técnico); Makoto Namba (coordenador); Marlísio Oliveira Cecílio Júnior (especialista técnico).
FOTO DE TATIANA RIBEIRO – DIVULGAÇÃO/ A ARTE ABRAÇA BRUMADINHO
Apoio importante dos trabalhadores da cultura Além de cidade mineradora, Brumadinho sempre foi conhecida por sua identificação com a Cultura, desde a abertura do espaço Inhotim, que mistura conservação ambiental com arte contemporânea para formar um dos maiores museus a céu aberto do mundo. O evento “A Arte abraça Brumadinho” vem ocorrendo desde os primeiros meses após a tragédia, e em dezembro celebrou sua 5ª edição, já tendo contado com a participação de renomados artistas brasileiros, como o maestro João
Carlos Martins, o violinista Marcus Viana e o cantor Sérgio Pererê. Uma das estrelas do evento de dezembro foi Mariana Nascimento, menina de 13 anos que perdeu o pai, Denilson Silva, na lama da Vale. O pai era músico, sambista, e a tristeza se apossou da família, que possivelmente não veria mais seus acordes nos domingos à tarde. A garota, no entanto, enfrentou a dor para seguir os passos do pai e se apresentar no festival, cantando com a companhia do violino de Marcus Vianna.
“Junto com a ação de cantar me vem um sentimento de alegria. De felicidade. Eu me sinto bem cantando”, diz Mariana, à organização do evento. A mãe, Claudiana, explicou também à organização como a música tem transformado a relação de Mariana com a tragédia. “Mariana nasceu no berço da música. Eu quero que ela sirva de exemplo, como tem sido, que a música pode salvar, transformar. Que a música pode dar alegria para as pessoas e eu sinto a alegria da minha filha cantando.”
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Mineração
Entrevista - Maestro João Carlos Martins FOTO DE TATIANA RIBEIRO – DIVULGAÇÃO/ A ARTE ABRAÇA BRUMADINHO
Durante o evento “A Arte abraça Brumadinho” - de solidariedade aos atingidos e à população de Brumadinho - um dos pontos mais importantes foi a participação do maestro João Carlos Martins, conhecido por sua trajetória de superação que, ainda que não comparável à perda de familiares, conta a história de alguém que perdeu muito do que tinha na vida e soube reencontrar os caminhos para viver e fazer o que ama. Um dos maiores pianistas do mundo, durante a juventude, Martins foi acometido por doenças que vitimaram seu controle sobre as mãos, impossibilitando-o de trabalhar. Anos mais tarde, redirecionou sua carreira para a regência, vencendo as limitações e as dores para voltar a figurar entre os maiores da música erudita, agora como maestro. Aos 80 anos, ele se mostra feliz de ter sua história recontada como motivador para os atingidos de Brumadinho. Plurale: Que importância o senhor pensa que a participação no projeto “A arte abraça Brumadinho” teve para a cidade e os atingidos? Maestro: Para responder a essa e outras perguntas parecidas, sempre recorro a uma frase que me emocionou muito, dita pelo comandante do Corpo de Bombeiros e pelos outros soldados. Eles me disseram: “uma frase do senhor é marcante e é inspiração pra gente, quando o senhor disse que a pior coisa que aconteceu na sua vida foi perder os movimentos das mãos, e que a melhor coisa da sua vida também foi perder os movimentos das mãos. Porque é exatamente assim que nós sentimos o nosso crescimento como seres humanos, em primeiro lugar, e como bombeiros”. Eu já nem lembro quando disse essa frase pela primeira vez, de tanto que ela faz parte da minha vida,
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mas nunca ia imaginar que ela seria inspiração para centenas de pessoas, bombeiros ou não, que sofreram com essa catástrofe que causou tanto sofrimento. Me emocionou perceber o quanto, cá dos meus 80 anos de idade e 60 de profissão, eu posso ajudar as pessoas. Plurale: O evento correspondeu ao que o senhor esperava, mesmo sabendo que seria um tipo de catarse do sofrimento de quase um ano antes? Maestro: Eu imaginava uma praça vazia, com talvez apenas pessoas do Poder Público, policiais, bombeiros, pessoas da cultura e das universidades, em tese mais conscientes e engajadas na causa de Brumadinho. Acreditava que as vítimas não iriam. Mas foram. E assim como elas, muitos, milhares de moradores. É que eu, que sofri também uma dor pessoal muito grande, tenho uma ideia sobre isso: primeiro o sofrimento vem com a dor do fato, no meu caso os incidentes e doenças que traumatizaram minhas mãos, no de Brumadinho a morte de centenas
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de pessoas e a destruição de uma área imensa, deixando órfãos, viúvas, desabrigados, todas essas vítimas. Porém, depois o sofrimento vem da lembrança do sofrimento. É quando a gente o transforma em força para lutar, ressignificar, seguir em frente. Foi o que eu vi em Brumadinho. E é assim que eu lidei com a minha dor pessoal, faz muitos anos. Então, me surpreendi e fiquei um pouco mais realizado como o velho músico que sou. Plurale: O senhor acha que a sua arte tem o poder de transformar a vida dessas pessoas? Maestro: Primeiro, as pessoas têm esse poder, de transformar as próprias vidas, principalmente vencendo a dor. Nesse primeiro nível, pouco importa se é a arte, o conhecimento, a religião. Depois, sim, a arte é dotada desse poder de transformação, porque mexe com os sentimentos, permite que demos vazão ao que está preso dentro de nós, e é aí que está o sofrimento que pode se tornar força para seguir em frente. Por fim, a música nesse contexto exerce seu papel
FOTO DE GIANE GATTI – BRUMADINHO
particular, porque é pura expressão, toca o coração das pessoas, como numa trilha sonora. Isso a gente sentiu naquelas pessoas que acompanharam o concerto. Plurale: Aquele foi um concerto marcante para o senhor? Maestro: Certamente os olhos desse velho maestro nunca tinham visto algo parecido. Mesmo com meus longos 80 anos de idade e 60 de profissão, como eu disse, indo e vindo pelo mundo, nos teatros e festivais mais consagrados da música, nunca um recado tão humano me foi passado por um público aberto, de origem popular, de muita força interna que me fez me identificar rapidamente. Deixar o sofrimento para transformar-se em algo ainda mais belo e tocante que antes, já que agora está acompanhado de uma história, torna um ser humano e um povo mais maravilhosos. Olhando para cada pessoa de Brumadinho eu percebi uma história, como eu, da minha idade e com todos os fatos que vivi, também tenho a minha e me alegro muito. Isso foi o mais importante. Plurale: O senhor pretende regressar a Brumadinho para rever esse público? Maestro: Brumadinho já estava, antes, no mapa de todos os artistas brasileiros, graças à importância do Instituto Inhotim para as artes nesse país. Já tinha ido muitas vezes à cidade, mas confesso que sem perceber o seu povo. E ele é incrível. Hoje, Brumadinho não é mais apenas a cidade do Inhotim, mas uma referência no país em lutar pela vida e pela reconstrução. Serve de exemplo para o próprio Brasil, mas também para cada um de nós, como indivíduo. Eu certamente voltarei a Brumadinho, tanto como este velho maestro, quanto como um cidadão que quer continuar a oferecer e aprender.
Vale, Tüv Süd e Justiça foram procuradas por Plurale Schvartsman lamentou a aceitação da denúncia pela Justiça, afirmando que, como presidente da empresa Vale, recebia disposições gerais sobre o estado de segurança das barragens. “Todas as informações que chegaram ao então presidente eram de caráter geral, divulgadas na empresa por intermédio das áreas técnicas responsáveis pela manutenção e monitoramento das barragens, e davam conta de que todas as barragens estavam estáveis e em perfeito estado de conservação”, afirma nota de seus advogados. A Vale argumenta, por meio de seus advogados, que é leviano afirmar que a empresa agiu, verticalmente em coordenação com a Tüv Süd, para matar 270 pessoas, conforme depreende-se da denúncia aceita por homicídio doloso duplamente qualificado. Considera “impensável uma acusação que imputa dolo de forma verticalizada, desde os primeiros níveis operacionais até o presidente da companhia, como se todos, agindo com
vontade única, atuassem direcionados a deliberadamente fazerem ou deixarem a barragem se romper”. Procurada por Plurale em janeiro, argumentou manter ajudas, acordo e indenizações que beneficiaram milhares de pessoas. Também disse que vem desenvolvendo um amplo projeto de recuperação ambiental da área atingida. A Tüv Süd emitiu nota dizendo que recebe com responsabilidade a aceitação da denúncia pela Justiça, entendo como passo necessário para o esclarecimento do incidente. Diz que, até que se cumpram as investigações, prefere não fornecer mais informações sobre o processo e sobre os laudos emitidos. Frisou estar colaborando com a Justiça para melhor compreender quais foram os erros cometidos pela empresa. Plurale também tentou contato com o MPMG para posicionamento quanto a essas respostas, mas não obteve retorno.
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Ecoturismo
Parque Estadual do
IBITIPOCA:
encontro da água com paisagens incríveis O parque é dividido em três circuitos: Circuito das Águas, Circuito Janela do Céu e Circuito do Pião. Em todos, as trilhas são estruturadas para facilitar o acesso aos atrativos e contribui para a conservação e manutenção das áreas naturais. O Circuito das Águas é o mais acessível Texto e Fotos de Luciana Tancredo, Plurale De Conceição de Ibitipoca (MG)
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oucos lugares são mais preciosos para “descobrir” o curso da água do que o belíssimo Parque Estadual do Ibitipoca, no Sudeste de Minas Gerais. Para um visitante desavisado, pode parecer que estão escuras demais. Mas é apenas um sinal a mais da natureza mostrando toda a exuberância deste verdadeiro paraíso ainda tão bem preservado. O Parque protege 48 cachoeiras e 74 grutas formadas em quartzito, um mineral raro no mundo. Localizado na Serra do Ibitipoca, uma ramificação da Serra da Mantiqueira, o Parque do Ibitipoca foi criado em 4 de julho de 1973 e é administrado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais. O ingresso no parque é pago, mas a visita mais do que vale a distância e o clima bem rústico. Lembramos que o acesso é controlado e limitado: não recomendamos visitas em feriados prolongados, como Réveillon e Carnaval. O parque tem um número limitado de visitantes por dia e não é raro ser barrado nas datas citadas e perder a viagem. Estivemos lá pouco antes do
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Carnaval, comemorando aniversário. Melhor presente não poderia haver! Em tempos de crise hídrica no Grande Rio, foi uma dádiva poder desfrutar do que a natureza pode nos brindar. Para quem não sabe,‘Ibitipoca’ é uma palavra tupi-guarani que significa “Serra que estoura” ou “Serra estourada”, devido à grande incidência de descargas elétricas (raios) ou, também, à grande quantidade de grutas. O Parque Estadual do Ibitipoca é um dos parques de Minas mais visitados no Estado e um dos mais reconhecidos do Brasil e uma das principais atrações turís ticas da região. As trilhas do Parque são bem sinalizadas e de fácil acesso, algumas mais curtas e outras que duram o dia todo. Antes de começar a caminhada, recomendamos que passe no Centro de Apoio ao Turista, onde tem mapas dos principais circuitos disponíveis aos visitantes e explicações das principais atrações do parque. Outra alternativa é contratar agências e guias locais, acostumados com a região e podendo encontrar melhores opções para cada viajante. Orquídeas - O Parque é divisor das águas das bacias dos Rios Gran-
de e Paraíba do Sul e possui uma vegetação composta por Mata Atlântica, pelos campos rupestres em afloramentos rochosos e matas ciliares ao longo dos cursos d’água. Cactos, bromélias, orquídeas, samambaias e liquens são característicos da Serra do Ibitipoca. As candeias existem em abundância, quase sempre cobertas com um líquen esverdeado chamado barba-de-velho. O Parque possui vários córregos e riachos que formam atrativos como piscinas naturais e cachoeiras. A correnteza forte chega a fazer escavações que formam passagens subterrâneas, como por exemplo, a Ponte de Pedra. As grutas formadas em rochas quarzíticas integram a paisagem do Parque. Águas escuras - As águas de lá são escuras, de longe parece até refrigerante. Isto acontece porque nas nascentes dos rios existem turfas que que agregam grande matéria orgânica em quantidade que vai sendo liberada nas águas. Além disso a água também é um pouco ferruginosa. A fauna é rica, com a presença de espécies ameaçadas de extinção, como a onça parda, o lobo gua-
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Ecoturismo
rá. algumas espécies de macaco, o papagaio-do-peito roxo, o coati, o andorinhão-de-coleira falha. Dentre os anfíbios, encontra-se uma espécie de perereca que foi identificada pela primeira vez na região, a Hyla ibitipoca. Serviço - Dentro do parque tem um centro de visitantes, estacionamento, trilhas estruturadas e sinalizadas em português e inglês, área de camping, churrasqueiras e quiosques, vestiários, restaurante e lanchonete até uma lojinha de souvenires. Ele abre as 7h e fecha às 18h. O valor da entrada é R$20,00 durante a semana (seg. a sex.), e R$ 25,00 aos finais de semana e feriados. O valor cobrado pelo estacionamento é R$20,00 para motocicletas, R$ 25,00 para veículos com até 7 pessoas e R$ 65,00 para veículos para mais de 7 pessoas (como vans
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e ônibus). Para camping o valor é de R$ 60,00 por pessoa por diária. Atenção - não é permitida a entrada de animais de estimação no Parque e é probida a prática de esportes radicais dentro da Reserva. Mais informações no site oficial do Parque (http://ief.mg.gov.br/component/content/192?task=view/ ) Três circuitos - O parque é dividido em três circuitos: Circuito das Águas, Circuito Janela do Céu e Circuito do Pião. Em todos, as trilhas são estruturadas para facilitar o acesso aos atrativos e contribui para a conservação e manutenção das áreas naturais. O Circuito das Aguas é o mais acessível, qualquer pessoa , mesmo a mais sedentária , idosos ou até crianças pequenas podem fazer sem problema. Mal sai do estacionamento e você já dá de cara com uma linda
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cachoeira e uma prainha deliciosa. E é desse ponto que partem todos os circuitos, basta escolher o que mais lhe agrada. No circuito do Peão, foi inaugurada esse ano uma trilha com mais 3 novas atrações, cachoeiras da Pedra Furada, do Encanto e ao Poço do Campari. As principais atrações desse circuito são Lago das Miragens, Ponte de Pedra, Paredão de Santo Antônio, Cachoeira dos Espelhos e Cachoeira dos Macacos. Conceição de Ibitipoca - A cidade de Conceição de Ibitipoca, é a porta de entrada para esse paraíso, é um povoado rústico, que ainda preserva ruas de terra e calçadas em pedra. Mas isso não significa que não há conforto, boa mesa e agito por lá. Desde a criação do Parque Estadual, a vila ganhou pousadas charmosas, bons restaurantes e bares que capri-
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cham na programação musical. Sem contar os Festivais de Jazz (julho) e Blues (agosto), que lotam a serra no inverno. O calendário ganhou ainda um evento de gastronomia, que acontece em outubro - o Sabores da Serra. Para quem ama natureza, um pouco de aventura e boas caminhadas, essa é uma ótima opção de viagem... Sugerimos que antes de partir busque nos sites as opções de diferentes pousadas, agências e guias de turismo especializados e melhores épocas para a visita. Um dos mais antigos povoados mineiros, Conceição do Ibitipoca já era citado pelos Bandeirantes, no ano de 1692. Foi fundado por volta do século XVII, supostamente por Borba Gato, Anhanguera ou Antônio Rodrigues de Arzão. O antigo arraial foi palco, segundo registros históricos
FOTOS DE LUCIANA TANCREDO, PLURALE DO PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA (MG)
apontados por Alexandre Miranda Delgado, de algumas execuções por enforcamento na centenária árvore do centro da vila, de revoltosos envolvidos com a Inconfidência Mineira, movimento pró-libertação contra o jugo português em 1789. Como chegar - Para quem vai do Rio de Janeiro, ou de Belo Horizonte, pode pegar a BR-040, antes de Juiz de Fora acessar o trevo para a BR 267 seguindo para Lima Duarte. De Lima Duarte, seguir para o Distrito de Conceição de Ibitipoca por 26 km em estrada não-pavimentada. Do Distrito de Conceição de Ibitipoca ao parque são mais 3km de estrada calçada. - Existe outro acesso que é feito também pela BR 040, seguindo até o trevo de Barbacena. Seguir pela MG-338 sentido Ibertioga e, após
esta cidade, continuar por 45 Km em estrada não pavimentada passando por Santa Rita do Ibitipoca até o trevo entre o Parque e Conceição do Ibitipoca. Atenção à sinalização neste trecho pois existem muitos cruzamentos. - Atenção - a sinalização para o parque existe a partir de Lima Duarte e na BR 267 - Para quem vai de avião, é possível pousar tanto em São Paulo, como no Rio. De ambas as cidades saem ônibus que vão até Lima Duarte e onde será possível fazer o trajeto final com o transporte local até Ibitipoca. Se você mora em estados próximos e sabe dirigir, pode ser uma boa saída alugar um carro e realizar esse percurso por conta própria. Do Rio de Janeiro até a região são cerca de 260 km e a viagem dura, em média, quatro horas.
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Ecoturismo
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FOTOS DE LUCIANA TANCREDO, PLURALE DO PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA (MG)
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Educação
Daniely Gomiero, Diretora de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Claro e Vice-Presidente do Instituto Claro e alguns dos jovens que participaram da criação do manifesto #diálogostransformadores 2020.
com a apresentação do manifesto pelos jovens, aplaudidos pelo público, que lotou o Teatro Claro, no Rio. Esta é a quarta rodada do evento realizado anualmente, que também marca a formatura de jovens do programa Dupla Escola, iniciativa do Instituto Claro em parceria com a Secretaria Estadual do Rio de Janeiro, que oferece ensino médio integrado ao curso técnico-profissionalizante em telecomunicações para adolescentes de Pedra de Guaratiba (RJ). Três estudantes – Giulia Costa Meirelles (18 anos), Isabelle Silva (16 anos) e Ellen de Oliveira Nunes (17 anos) – representaram o grupo dos 25 jovens dialogando no palco com a diretora de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Claro e vice-presidente do Instituto Claro, Daniely Gomiero, e o chefe de desenvolvimento de adolescentes do Unicef, Mário Volpi. A moderação foi do ator Lázaro Ramos. “É de extrema importância trazer esses jovens cada vez mais perto de discussões como
Jovens desenvolvem manifesto sobre segurança online e saúde mental em ação do Instituto Claro Documento criado por estudantes foi apresentado durante o evento “Diálogos Transformadores: para o Novo que Queremos” no Rio de Janeiro Do Rio Fotos do Instituto Claro/ Divulgação
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ovens dialogando com jovens – com a moderação de especialistas e facilitadores - sobre temas relevantes: segurança online e saúde mental. Este foi o resumo do evento “Diálogos Transformadores: para o Novo que Queremos”, realizado pelo Instituto Claro, em fevereiro. A dinâmica foi divida em três
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dias. No dia 17 de fevereiro, oito jovens que já tinham participado do evento semelhante do Instituto Claro, no ano passado, foram capacitados como facilitadores. No dia 18 de fevereiro, 25 estudantes - que participam hoje de projetos apoiados pelo Instituto Claro e filhos de colaboradores da Claro – criaram, em processo colaborativo, um manifesto, com a ajuda dos especialistas e facilitadores. E, no dia 19 de fevereiro, foi a vez do evento para os convidados,
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Mário Volpi, chefe de desenvolvimento de adolescentes do Unicef
Da esq para a dir: as estudantes Isabelle Silva, Ellen Nunes e Giulia Costa relataram no palco sobre como foi a criação colaborativa do manifesto com a Diretora de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Claro e Vice-Presidente do Instituto Claro, Daniely Gomiero
Daniely Gomiero, do Instituto Claro “É de extrema importância trazer esses jovens cada vez mais perto de discussões como essas, para que no futuro eles possam ter sua própria voz e serem representantes ativos dentro da sociedade moderna.”
essas, para que no futuro eles possam ter sua própria voz e serem representantes ativos dentro da sociedade”, afirmou Daniely Gomiero. Mário Volpi atraiu a atenção da garotada ao fazer um desafio em forma de rap defendendo a segurança na rede e também a dos pais – presentes no evento para aplaudir os filhos. “Não é fácil dizer não. Por isso, muitos pais acabam cedendo e deixando o uso da tecnologia cada vez mais cedo.” Volpi apresentou dados e mostrou que esta conexão com a rede tanto pode ter um lado positivo, como também gerar problemas sérios como depressão e nos casos mais graves até suicídio de adolescentes, vítimas de cyberbullyng e trolls. Ele chamou a atenção para dados alarmantes: o Brasil, segundo o Instituto Ipsos, é o segundo país onde mais se pratica cyberbullying contra crianças, adolescentes e jovens. Tudo isso, um ano depois do marco civil da internet. Facilitadores - Estudantes que participaram do evento do ano passado – e já tiveram várias oportunidades oferecidas pelo Instituto Claro, como participar de eventos e visitar a ONU no Rio - foram convidados de honra nesta rodada para atuarem como facilitadores e contribuírem na cobertura para as mídias do
Instituto, como as universitárias Luma Moura e Mariana Assis. “Uma experiência e tanto”, resumiu Luma Moura, entre uma entrevista e outra, contanto com a companhia da Mariana, que também participou em 2019 e estuda Jornalismo. “Tivemos muitas oportunidades ao participar dos Diálogos. É incrível poder compartilhar o que temos vivenciado com esta turma.” O estudante de Música, Olavo John, também foi outro facilitador. “Participamos das dinâmicas para que esta turma pudesse preparar o seu manifesto.” Plurale acompanhou a versão anterior do evento, em 2019. Criação do manifesto - O processo de criação do manifesto 2020 foi realizado com a moderação da Global Attitude, especializada na preparação de jovens para participar de eventos de porte, como Assembleia da ONU em Nova York e conferências do clima. Os 25 jovens participaram de um dia de imersão que antecedeu o evento e contou com a presença de diversos especialistas. Com o apoio de oito facilitadores - que participaram da rodada anterior deste evento, o Diálogos Gigantes, de 2019, e foram capacitados ao longo de um dia pela Global Attitude - os adolescentes puderam discutir diferentes abordagens
e ideias a partir de subtemas – como segurança digital, privacidade e liberdade; alfabetização midiática e fake news; tecnologia e saúde mental: o impacto nos jovens e cyberbullying, trolls e outros perigos digitais – que os auxiliaram a desenvolver o manifesto para a apresentação. O documento mostrou ainda que a juventude também está atenta e preocupada com questões importantes apontadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pelo Estatuto da Juventude. As jovens – Vitória Rodrigues e Brenda Gonçalves – leram o manifesto em voz alta, no meio da plateia. Foi emocionante. A íntegra pode ser conferida logo à frente. Além do Dupla Escola, os jovens fazem parte de outras ações promovidas e apoiadas pelo Instituto Claro, como Campus Mobile - concurso de inovação e soluções mobile para melhorias da sociedade por meio do empreendedorismo; fundações parceiras do Unicef, Fundação Gol de Letra e também o Ação Social pela Música – projeto voltado à inclusão social por meio do ensino da música clássica para crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social - que encerrou o evento com um show incrível.
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Educação
Protagonistas relevantes e donas de suas próprias histórias Por Sônia Araripe, Editora de Plurale
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á aquelas situações nas quais o Jornalismo alia também outros papéis simultâneos. Ser mãe de três jovens – com expectativas e ansiedades parecidas com a de quaisquer outros da mesma idade – ajuda a conduzir a conversa com três protagonistas que ajudaram a produzir o manifesto “Diálogos Transformadores: para o Novo que Queremos”, em ação do Instituto Claro. Conduzir a conversa é a forma de dizer. Na verdade, as jovens é que pareciam conduzir este diálogo. “Foram dois dias de muito diálogo e discussões em torno de problemas que enfrentamos no dia-a-dia, como o
combate ao cyberbullying e também problemas ligados à saúde mental”, explicou a jovem Isabelle Silva, a “caçula” do trio, mas que se destacou nas suas falas. Aluna de escola pública, moradora do Santo Cristo (região Central do Rio), ganhou bolsa integral em um dos colégios particulares mais renomados do Rio. “Está tudo bem não estar bem”, resumiu, confessando sofrer com transtornos mentais. Ela conta que tem assistência médica e de psicólogos. Assim, um pouco a cada dia, está superando a ansiedade. “Gosto de me doar. Espero poder fazer diferença também aqui”, resume. Já atuou em grupos para combater o cyberbullying e também para traduzir em libras material escolar. Ellen de Oliveira Nunes, 17 anos, é moradora do Caju, região portuária do Rio, e participa desde pequena da Fun-
Ellen Nunes, Giulia Costa e Isabelle Silva foram escolhidas pelo grupo de participantes do evento #diálogostransformadores, realizado pelo Instituto Claro em parceria com o Unicef Brasil. Elas participam de ações promovidas e apoiadas pelo Instituto Claro. Representaram, na roda de diálogo no palco os 25 jovens que redigiram o Manifesto 2020 com foco em saúde mental e segurança online.
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dação Gol de Letra, apoiada pelo Instituto Claro. Hoje é monitora de outras crianças. “Nosso bairro não tem muitas oportunidades. Já vi muitos jovens se perderem na vida. Não é fácil ser da periferia e ter pouco acesso à cultura. A Fundação é a porta da esperança para um mundo de melhores oportunidades.” Foi indicada para participar de um dia de processo colaborativo com outros jovens de diferentes regiões do Rio e ficou encantada. “É uma troca incrível.” Lembra que as redes sociais muitas vezes mostram um mundo colorido, que nem sempre é assim. “Sou uma adolescente diferente. Minha mãe quis que eu estudasse mesmo e controlou o uso da Internet. Foi até bom. Uso a rede sim, mas não nesta loucura de muita gente por aí.” Filha de um colaborador da Claro, Giulia Costa Meirelles, 18 anos, diz que terminou o Ensino Médio em 2017 e está estudando para tentar uma vaga no Enem para Medicina ou Enfermagem. Este é o primeiro ano que a iniciativa do Instituto Claro passou a selecionar também filho de colaborador. “Nem acreditei. Fiquei muito feliz por poder participar. Achei que seria só um bate-papo. Não sabia que iria me impactar tanto.” Giulia ficou ainda mais emocionada porque ao longo do processo de diálogo, a escolha de quem iria para o palco partiu do próprio grupo. “A gente fica um pouco nervosa, né? Mas estamos lá para representar o grupo. Temos que segurar.” Foi emocionante – mesmo para esta vivida repórter - acompanhar a desenvoltura do trio no palco, estrelas da noite tão especial. Demonstraram serem donas e protagonistas de suas próprias histórias.
Conheça o “Manifesto Diálogos Transformadores 2020”
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ós, crianças, adolescentes e jovens do brasil, temos direitos garantidos pela Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Estatuto da Juventude. Entretanto, quando estes instrumentos foram ratificados, ainda não estavam contemplados todos os desafios decorrentes da internet. Segurança digital, privacidade e liberdade Vivemos em tempos onde a evolução digital é constante, influenciando o acesso de crianças e adolescentes aos meios de comunicação. De acordo com a pesquisa Tic Kids de 2016, do centro de estudos sobre as tecnologias da informação e da comunicação (Cetic), 80% das crianças de 9 a 17 anos utilizam a internet. Porém, mesmo apresentando benefícios – tais como a socialização multicultural, a inspiração de jovens para construção de um futuro melhor e o estímulo do mecanismo de acesso ao conhecimento – nem sempre a internet é um local seguro para crianças, adolescentes e jovens. Cyberbullying, trolls e outros perigos digitais O acesso de crianças e jovens à internet pode torná-los vulneráveis à diferentes formas de abuso, o que evidencia as lacunas em uma legislação que efetivamente deveria ampará-las. O cyberbullying, por exemplo, atinge um em cada dez estu-
crianças, adolescentes e jovens brasileiros, ter acesso a estes serviços de forma gratuita e igualitária, sem deixar ninguém para trás. Acreditamos que iniciativas voltadas para a segurança e integridade do usuário nas mídias sociais são essenciais, assim como o respeito e o comprometimento dos provedores das plataformas com o cumprimento das leis estabelecidas pelo programa de combate à intimidação sistemática e o próprio marco civil da internet.
Alfabetização midiática e fake news “A juventude é a que mais propadantes, segundo relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudan- ga fake news (notícias falsas) e menos tes (Pisa), publicado pela Organização procura informações na internet”. Será que isso é mesmo verdade? para a Cooperação e Desenvolvimento O acesso e a disseminação de mecaEconômico (OCDE) e apresentado pelo Ministério da Educação, em 2015. Essa nismos de verificação de informações prática é um reflexo das mazelas sociais e notícias são necessários. Nossa saúde mental, integridade moral e física deconvencionais na era da internet. E o Brasil, segundo o Instituto Ipsos, pendem disso e poderíamos evitar casos é o segundo país onde mais se prati- como o de Fabiane maria de jesus assasca cyberbullying contra crianças, adoles- sinada em 2014, após ser confundida centes e jovens. Tudo isso, um ano depois com praticante de magia oculta com crianças, na cidade de São Paulo, deixando marco civil da internet. Por ocorrer em ambiente de gran- do seus dois filhos sem mãe. Para evitar casos como esse, a alfabede pressão social, uma vítima de tização midiática, por exemplo, é fundacyberbulling pode sofrer danos psicológimental para a proteção de usuários que cos muitas vezes irreversíveis, como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico e, estão imersos no mundo da tecnologia. Os meios de comunicação digital são em casos mais extremos, cometer suicídio, um canal para a propagação de notícias que segundo a OMS (Organização Munfalsas. O seu uso em excesso pode gerar dial da Saúde), é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos. E me- vícios e atrapalhar o desenvolvimento de tade de todos os problemas de saúde men- crianças e adolescentes, podendo afetar tal começam aos 14 anos, mas não são de- as relações interpessoais, personalidade, criatividade, e principalmente o desentectados e nem tratados adequadamente. volvimento educacional. Podemos utilizar a tecnologia para Tecnologia e saúde mental: o imdesmistificar o tratamento psicológico pacto nos jovens e conscientizar sobre as ações e serviços Consideramos imprescindível o investimento em educação e acompanha- propostos pelo Sistema Único de Saúde mento de profissionais da saúde compe- (SUS). Além disso, é interessante para tentes e comprometidos, fazendo uso de a conscientização em massa, o acesso a linguagens acessíveis, trazendo seriedade conteúdos, como filmes e séries, que ree consistência para a prevenção das fo- tratem essas temáticas. Exigimos que nossas vozes sejam ouvibias sociais, contribuindo, assim, para a das. E que esse manifesto possa ser dissemiredução do número de suicídios. nado em todos os cantos do Brasil e mundo. Almejamos, portanto, enquanto
SOBRE O INSTITUTO CLARO A área de Responsabilidade So- cimento. Desta forma, realiza e apoia cial da Claro investe continuamente projetos como o Campus Mobile, o em ações relacionadas à Educação Educonex@o, o Programa Dupla Ese à Cidadania, por meio do Insti- cola, entre outros. O Instituto Claro tuto Claro, com o objetivo de atu- é qualificado como Organização da ar em frentes sociais que integram Sociedade Civil de Interesse Público a tecnologia e a informação como (OSCIP) pelo Ministério da Justiça, e fonte de desenvolvimento e conhe- é reconhecido pelo Departamento de
Informação Pública das Nações Unidas (DPI/ONU) como uma organização não governamental corporativa que promove os ideais e princípios sustentados pela Carta das Nações Unidas. Conheça outras realizações no site do Instituto: https://www.institutoclaro.org.br/
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Evento Sustentável
Workshop de Gerentes Bradesco #WG2020 reuniu cerca de 14 mil gerentes de todo o Brasil e teve alinhamento estratégico para evitar desperdícios de comida, reaproveitar material, usar energia renovável e gerar o mínimo de lixo
Por Sônia Araripe, Editora de Plurale De São Paulo (*) Fotos de Maurino Borges e Claudemir de Santi / Departamento de Marketing do Bradesco - Divulgação
FOTOS DE CLAUDEMIR DE SANTI / DIVULGAÇÃO - BRADESCO
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e tem um segmento que gera muito lixo e desperdício mas muito mesmo - é o de eventos. Acostumado a realizar ações temporárias, de apenas um dia ou alguns dias, o mais prático e barato é preparar estruturas e trabalhar com materiais descartáveis, que possam ser facilmente montados e depois, literalmente, jogados no lixo. Esta realidade tem começado a mudar. Para tentar quebrar este paradigma, e acelerar o processo em curso, o Bradesco começou há cerca de um ano a pensar um evento interno realizado ao longo de janeiro e fevereiro - voltado para 14 mil gerentes de agências de todo o Brasil - para que fosse o mais sustentável possível. “Queremos mostrar ser possível mudar uma prática de anos no setor de eventos, tentar conscientizar e inspirar. Dá trabalho, infelizmente, ainda é mais caro, mas compensa demais não só para a corporação, mas pelo planeta”, resume Glaucimar Peticov, Diretora-Executiva do Bradesco, responsável pelo Marketing, Comunicação e RH, esperando que, com mais e mais eventos sustentáveis, ganhando escala, os custos vão cair e ganhar escala. Segundo a executiva, não é de hoje que a sustentabilidade faz parte de manuais e de processos licitatórios do banco, incluindo, é claro, eventos. Lembra que duas ações externas - com foco em mulheres - o #mulheresprafrente -, realizadas ao longo de 2019, foram
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Glaucimar Peticov, Diretora-Executiva do Bradesco - “Queremos mostrar ser possível mudar uma prática de anos no setor de eventos, tentar conscientizar e inspirar. Dá trabalho, infelizmente, ainda é mais caro, mas compensa demais não só para a corporação, mas pelo planeta.”
pilotos para testar a viabilidade da busca por um novo modelo para executar seminários, encontros e workshops. E além da forma, a ideia é tentar mudar a forma de pensar. “Ninguém muda a partir de uma palestra ou de um evento. Mas estamos oferecendo experiências colaborativas com o objetivo que cada gerente possa sair daqui e repensar o seu dia-a-dia em casa e a rotina de trabalho. Cada um de nós sabe o que pode mudar para contribuir com uma sociedade mais sustentável”, reforça Glaucimar. Carbono neutro - Não por acaso, exatamente nesta semana do evento foi
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anunciado que o Bradesco é carbono neutro. Até o final de 2020, as operações do Bradesco serão abastecidas por energia de fontes renováveis e terão 100% de suas emissões de carbono neutralizadas. O Workshop de Gerentes Bradesco - #wg2020 - transformou um dos principais hubs de eventos da capital paulista - o Expo Transamérica - para tornar-se o mais próximo do sustentável. Cada detalhe foi pensado na direção do ser menos agressivo ao meio ambiente, mais inclusivo e com a menor geração de resíduos. O evento é carbono neutro e uma série de ações
Marcio Parizotto, Diretor de Marketing do Bradesco - “Sustentabilidade é um atributo mais do que relevante.”
foi desenhada para que o impacto fosse reduzido, com destinação certa. “É uma mudança de mindset da sociedade. O propósito faz parte de nosso DNA, com a Fundação Bradesco, desde o início e depois com diversas outras ações sustentáveis. Mas sempre achamos que não se poderia falar antes de fazer e praticar. Agora, com várias ações consistentes a serem apresentadas, queremos escancaram o nosso propósito”, destaca Marcio Parizotto, Diretor de Marketing do Bradesco, lembrando que todo este movimento se soma à marca. “Pesquisa recente indica que 69% dos consumidores brasileiros deixam de comprar uma marca se não for aderente aos seus propósitos. Sustentabilidade é um atributo mais do que relevante.” O que já vinha em curso, ficou ainda mais claro com a ida dos principais dirigentes ao Fórum de Davos, na Suiça, onde se reúne a nata-da-nata dos pensadores globais - sejam governantes, empresários, executivos financeiros, filósofos, escritores, ativistas e até artistas. Ali, em coro, oradores - de diferentes países e matizes - reiteraram que a urgência da crise climática exige esforços ainda muito mais urgentes. “Temos que acelerar o processo na direção das ações sustentáveis”, frisa Márcio. Destino certo - No ano passado, os organizadores se depararam com várias camisetas (o ingresso do evento) no check-out dos convidados nos quartos dos hoteis. Neste ano, ao ganhar a camiseta, veio também uma etiqueta
explicando que quem quiser poderá doá-la para ser transformada em cobertores para ONG de idosos. E assim, cada item terá um destino certo. O lixo orgânico está sendo transformado em adubo doado para comunidade. Bolinhas vão para creche e lonas serão transformadas em futuras ecobags por cooperativas de mulheres artesãs. Foram instalados pontos de energia solar para carregar celulares na área externa; descartáveis de plástico foram banidos e substituídos por talheres biodegradáveis, acompanhando potinhos de papel no lugar de pratos. Heras e samambaias (verdadeiras, claro) formavam “jardins” nos pavilhões e squee-
zes podiam ser reabastecidos em fontes de água pura. Os estandes foram montados com materiais sustentáveis e o mobiliário foi alugado para que possa ser reutilizado. O casting de recepcionistas foi bem diverso e inclusivo. O serviço de alimentação teve foco na culinária brasileira saudável e uma verdadeira operação de guerra foi montada para evitar desperdício de comida, aproveitando - sob a rigorosa supervisão de nutricionistas e com equipe separando e lacrando alimentos intactos - o que não foi consumido para ser degustado imediatamente pela equipe da segurança e limpeza. Até agora, quase meia tonelada - 430 quilos de alimentos do lanche servido nos intervalos deixaram de ir para o lixo. Além das refeições deles, os serventes e seguranças também podem experimentar o que os convidados - bem atendidos pela fartura de refeições - acabaram nem tocando. Já na fase da concorrência do evento - o maior de endomarketing do Bradesco, com foco no público dos gerentes de agências bancárias de Norte a Sul, Leste a Oeste do Brasil - ficou estabelecido que quem ganhasse não levaria só pelo preço, mas também pela capacitação para seguir várias regras tornando a ação o mais sustentável FOTO DE MAURINO BORGES/ DIVULGAÇÃO - BRADESCO
Chef Morena Leite, do Capim Santo, ofereceu cardápio saudável bem brasileiro e combateu desperdício com a ajuda do Comida Invisível
Evento Sustentável FOTOS DE MAURINO BORGES/ DIVULGAÇÃO - BRADESCO
Camila Leite (do Comida Invisível) e Fábio Miranda (Instituto Favela da Paz) ajudaram a viabilizar a logística do combate ao desperdício de alimentos.
possível. E assim foi. A TV1 - parceira de outros eventos do Bradesco (tendo realizado o evento piloto #mulheresprafrente) - venceu a concorrência e começou uma verdadeira “operação de guerra” para dar conta de seguir todo o detalhamento necessário. “Fomos nos detalhes mesmo. Cruzamos normas e manuais com as ISOs, buscamos soluções as mais sustentáveis e inclusivas possíveis para cada situação”, conta a consultora Cláudia Lemme, Diretora de Marketing da Sustentech, que trabalhou com a produção da TV1 na concepção sustentável do evento. Menos é mais - A Chef Morena Leite , do Buffet Capim Santo, foi peça decisiva neste xadrez. Teve como desafio manter a sua linha de servir comida brasileira saudável mas com um pilar decisivo - evitar desperdício. “Não é fácil, mas é um desafio incrível. Servimos sete refeições por dia. Nunca sabemos se os convidados estão com fome, se tomaram café da manhã no hotel, por exemplo. Procuramos servir em menores quantidades e em menores espaços, podendo repor se faltar”, explica Morena. A qualquer momento, para aquela fome fora de hora, geladeiras oferecem saladas, carrocinhas têm opções regionais de picolé e bancas coloridas, como a de feiras, convidam para saborear diferentes frutas. Se em
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anos anteriores havia sempre um prato regional, agora o “mimo” ficou por conta de um sorvete bem típico de opção de sobremesa. O que acontecia antes, lembra Morena, é que o grupo do Norte era recebido com comida regional, mas, na sequência poderia ser um grupo de gerentes do Sul , que poderia não receber bem o peixe amazônico filhote. O combate ao desperdício alterou o menu e a dinâmica. “O Brasil teve por muito tempo a cultura da fartura como referência. Isso não tem mais espaço. Menos é mais”, afirma Morena Leite. O negócio social Comida Invisível,
liderado pela advogada especializada no combate ao desperdício de alimentos, Daniela Leite , cuida da logística com duas nutricionistas de plantão por turno e equipe de separadoras de alimentos da comunidade do Jardim Angela, qualificadas pelo Instituto Favela da Paz, liderado por Fábio Miranda. “Há muito mito sobre a questão do alimento a ser reaproveitado ou não descartado. Sou advogada, especialista no assunto, participo de vários fóruns. Temos que agir. Não podemos aceitar que o Brasil seja um dos recordistas mundiais em desperdício de alimentos com 263 milhões de toneladas/ano”, alerta Daniela. Fábio complementa: “A alegria de poder combater o desperdício e fazer a inclusão contagia.” A auxiliar de limpeza Juliana Pereira da Silva, 26 anos, e a sua supervisora, Maria Aparecida dos Santos, 43 anos, funcionárias da empresa de limpeza concessionária do Transamérica Expo nunca tinham passado pela experiência atual de poder aproveitar parte da comida - sem ter sido consumida e criteriosamente selecionada por nutricionistas e equipe - que iria simplesmente para o lixo. Os produtos são separados, etiquetados - indicando se é para geladeira ou não - pesados e imediatamente consumidos. “A gente nunca poderia provar o que os convidados estão comendo”, acaba revelando a tímida Juliana. Mais desenvolta, Maria Aparecida, ou simplesmente
Juliana Pereira (E) e Maria Aparecida dos Santos (D) trabalham na limpeza do evento: pela primeira vez, puderem degustar o que não foi consumido no café.
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Os gerentes Thiago Pereira (E) e Vilmar Ferreira da Silva (D) vão procurar seguir dicas de sustentabilidade no dia-a-dia.
Diversidade e inclusão na escolha de recepcionistas: plus size, trans, PCD e mais maduras. Ivy Granelli (sentada, à esq) e Eva Rocha (em pé, à dir) e outras recepcionistas trabalharam no workshop.
Cida, diz que os quitutes dos cafés são muito bem apreciados pela equipe de serviço. “Todos têm suas refeições. Mas é uma experiência nova poder provar o que vem do salão. É comida boa que sobrou. Isso é um presente mesmo.” No evento, o combate ao desperdício foi firme, mas nem toda a comida pode ser reaproveitada. Os organizadores explicam que a meta, para próximos eventos, é chegar o mais próximo do reaproveitamento máximo. Reação dos convidados - Os números e ações do #wg2020 impressionam. Foram eliminados 95 mil copos e garrafas com o uso de squeezes e fontes de abastecimento. Ao todo serão servidas 150 mil refeições até o término do Workshop. Desde 31 de janeiro, ao longo de quatro semanas, são recebidas 14 mil pessoas, em grupos de 1,5 mil funcionários a cada três dias (que chamam de “ondas”) por regiões: gerentes de varejo, atacado e área administrativa passam por uma “imersão” de palestras, experiências e shows. Todos participam de games com conteúdo - jogos com foco em diferentes temáticas, como sustentabilidade e negócios - e vão somando pontos acumulados em pulseira, que depois podem ser trocados por produtos (como canetas ou bolsas) ou por experiências. A mais disputada é a possibilidade da “premiação” para os primeiros coloados trocarem produtos por um encontro especial com o presidente e principais executivos do Bradesco. A cantora
Ivete Sangalo é a “cereja do bolo” em três dias de atividades que tem agenda de trabalho intensa de 7h até 21h. O experiente Vilmar Ferreira da Silva, 53 anos, 34 dos quais como funcionário do Bradesco, gerente do Prime em Altamira (PA), estava encantado. “O conteúdo é sensacional. Mais ainda é a possibilidade de tentar replicar o que estou vendo aqui de sustentável na minha agência e na minha casa.” Ao seu lado, o jovem gerente Thiago Pereira, 33 anos e 15 de banco, de São Luís (MA), também aponta a sustentabilidade como um dos pontos mais relevantes. “Cada detalhe pode ser pensado com este olhar sustentável. Vou doar minha camiseta para ser transformada em cobertor e se já tinha a sustentabilidade no radar, saio daqui ainda muito mais engajado.” Diversidade e inclusão - Dois conceitos estiveram norteando o #wg2020: diversidade e inclusão. Tanto na temática, como na organização. No time de recepcionistas, por exemplo, tinham moças plus-size, mais maduras, PCDs e trans. Como Eva Rocha, 45 anos, feliz por representar “mulheres mais maduras”, como ela mesma define, ou Ivy Granelli, 26 anos, realizada com o seu novo nome social e a oportunidade de trabalho. “Estamos aqui por nossa capacidade profissional”, disse. A bailarina Mel Reis, 34 anos, que perdeu sofreu grave acidente de moto aos 17 anos, é outro destaque do evento. Depois de passar por 38 cirurgias e
FOTOS DE MAURINO BORGES/ DIVULGAÇÃO - BRADESCO
ter sofrido com doença, dor e limitações, ela tomou a decisão mais difícil de sua vida - amputar metade da perna em 2014. Não abandonou, porém, os sonhos. “Sempre dancei, mas a vida me levou para outros caminhos. Me reencontrei como bailarina e criei, com um especialista, uma prótese de sapatilha de ponta . Sou novamente feliz.” Vê-la dançando no palco, em meio a outros bailarinos com alguns instrumentos feitos a partir de material reciclável marcou o encerramento. A plateia, em êxtase, aplaudiu entusiasmada. O futuro sustentável pode ser também o futuro possível.
A bailarina Mel Reis foi um dos destaques do evento de encerramento.
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Economia Circular
Novo papel higiênico sustentável em todo o ciclo de vida ABNT certifica o novo Carinho Eco Green, da Copapa. Desenvolvimento do produto pensou em todos os detalhes para que seja um produto baseado na economia circular: o plástico é feito de milho e o tubete, com cola à base de fécula de mandioca, pode ser compostado Por Sônia Araripe, Editora de Plurale Fotos de Divulgação
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m papel higiênico 100% sustentável, desenvolvido com base na economia circular. Esta é a proposta do recém-lançado Carinho Eco Green, fabricado pela Copapa (Companhia Paduana de Papeis), com sede na cidade fluminense de Santo Antônio de Pádua. A verificação de cada etapa do processo de produção - como a embalagem, o uso de 50% de energia renovável, melhor uso para os resíduos, etc - garantiu o rótulo ecológico ABNT AMBIENTAL, que certifica a sustentabilidade dos produtos nas fases de extração de recursos, fabricação, distribuição e descarte. Esta foi a primeira empresa deste segmento tissue - de papeis higiênicos, papel tolalha e de lenço de papel - a receber esta certificação no Brasil. O lançamento foi realizado no dia 29 de janeiro de 2020 - no Museu do Amanhã – em festa comemorando também os 60 anos da empresa. “Há 11 anos, em viagem à Europa, tinha visto um produto parecido na Itá-
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lia, mas não era sustentável em todo o seu ciclo. Então, em 2009, começamos as pesquisas para que fosse possível produzir um papel realmente sustentável do começo ao fim do ciclo de vida”, contou Fernando Pinheiro, Diretor-Presidente da Copapa, em entrevista para Plurale. Pesquisas internas e também em parceria com Universidades próximas da sede da fábrica - Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e a Universidade de Viçosa - ajudaram a garantir que todo o ciclo de vida fosse eco. A UENF ajudou a garantir que 100% dos resíduos fossem destinados a indústrias fabricantes de tijolos, mais leves e sustentáveis. A Universidade mineira de Viçosa também colaborou na parte de pesquisas sobre resíduos. Foram investidos em pesquisa de R$10.2 milhões e cerca de R$ 47 milhões em maquinário. “Sabemos que nosso modelo de desenvolvimento entrou em colapso e as velhas práticas já não servem mais. Para continuarmos existindo e sendo relevantes como empresa, é preciso reinventar a maneira como atuamos até aqui. Por isso, estamos adotando
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O Diretor-Presidente da Copapa, Fernando Pinheiro e a ativista ambiental e influenciadora, Fê Cortez na festa de lançamento do Carinho Eco Green, no Museu do Amanhã.
incessantemente práticas inovadoras e sustentáveis ao longo do ciclo de vida do produto, desde a extração da matéria-prima, passando pela produção, até consumo e o pós-consumo”, destacou Fernando Pinheiro. Evento de lançamento – O lança-
O novo Carinho Eco Green, o primeiro papel higiênico sustentável em todo ciclo de vida no Brasil – o primeiro a receber o rótulo ecológico ABNT Ambiental, o que confirma que o produto é sustentável em cada uma cada uma das etapas: antes, durante e pós consumo.
O Diretor-Presidente da Copapa, Fernando Pinheiro, explicou para o público sobre o propósito do novo Carinho Eco Green, na festa de lançamento, realizada no Museu do Amanhã, que também comemorou os 60 anos da Companhia Paduana de Papeis.
mento foi feito em grande estilo, sem esquecer a “pegada” sustentável. Contou com a participação da ativista ambiental e influenciadora Fê Cortez e a presença de diversos ambientalistas. Antônio Carlos Barros de Oliveira, diretor adjunto de Certificação da ABNT, também esteve presente na festa realizada no Museu do Amanhã, Centro do Rio de Janeiro, que também comemorou os 60 anos da fabricante Copapa. “O Rótulo Ecológico ABNT é uma importante ferramenta que comunica aos consumidores que o produto certificado atendeu a diversos requisitos
Carinho Eco Green recebeu o certificado de empresa e evento carbono neutro, pela Prima Carbono Zero, SOS Mata Atlântica e ABNT.
ambientais, sociais e de desempenho, garantindo à sociedade que irá causar um impacto menor, contribuindo para a sustentabilidade das futuras gerações”, explicou Guy Ladvocat, gerente de certificação de sistemas da ABNT. Para obter a certificação, a Copapa comprovou resultados inéditos em cada uma das etapas. Pesquisas - Pesquisas de campo e pesquisas de mercado também. Será que o consumidor pagará e se interessará por um produto sustentável? Esta foi uma dúvida do fabricante até que o Eco Green chegasse hoje às prateleiras dos supermercados. “As pesquisas nos
indicaram que, em geral, produtos sustentáveis têm alguns fatores influenciando, como a percepção que costumam ser mais caros; não há muita informação na embalagem e nos pontos de venda sobre porque é sustentável e também que costuma ter uma apresentação mais feia, digamos assim. Trabalhamos cada um destes aspectos até chegarmos ao papel que está sendo lançado”, relatou Fernando Pinheiro. O propósito da Copapa é atender aos anseios dos consumidores conscientes, que buscam alternativas de produtos mais sustentáveis. Segundo pesquisa de 2019 da Nielsen - empresa global de
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Economia Circular
Sede da Copapa, localizada em Santo Antônio de Pádua, no noroeste fluminense. A empresa está completando 60 anos.
gestão de informação que proporciona uma visão completa sobre mercados e consumidores - esse público já representa 42% do mercado brasileiro. As embalagens coloridas trazem todas as informações detalhadas sobre porque o papel é sustentável. Mas não é só: o plástico é feito de milho e o tubete com cola à base de fécula de mandioca, pode ser compostado junto a resíduos orgânicos. “E teremos preço competitivo para o segmento premium”, assegurou o Diretor-Presidente da Copapa. Comercialização - O novo papel será vendido nos mercados que a Copapa já atua - Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo. “Ainda não temos uma distribuição nacional, mas estamos avançando”, disse
Fernando. A depender da disposição dele - executivo contratado no mercado para tocar a gestão da empresa familiar de 60 anos - e de equipe especializada, o plano de negócios soa consistente. O negócio familiar pequeno prosperou e tornou-se um grande projeto. “Implantamos a Governança Corporativa, Conselhos de Administração e Fiscal, auditoria externa independente, e o faturamento/ano saltou de R$ 80 milhões em 2008 para R$ 315 milhões em 2019. A margem Ebitda deu um salto expressivo, mesmo com este cenário da economia.” Está previsto um IPO, de lançamento de ações em bolsa, para 2023, revelou à Plurale o executivo. Sobre a Copapa - A Copapa (Companhia Paduana de Papéis), localizada
em Santo Antônio de Pádua (RJ), foi criada em 1960 e se tornou a maior produtora de papel para fins sanitários do Rio de Janeiro, com capacidade instalada de aproximadamente 58 mil toneladas/ano. Ao longo da última década, a empresa vem investindo no fortalecimento de sua governança, na modernização de processos e na promoção de uma gestão comprometida com o crescimento dos negócios, com responsabilidade socioambiental. A Copapa opera de forma rigorosa em relação às legislações ambientais e tem como propósito criar soluções sustentáveis no presente para assegurar o futuro, adotando práticas inovadoras ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos.
Reflorestamento em parceria com a SOS Mata Atlântica Segundo dados do ano de 2016 da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Rio de Janeiro (SEAS-RJ), a região noroeste fluminense detinha apenas 2,8% da cobertura original de Mata Atlântica. Dentre os muitos malefícios da redução da cobertura vegetal estão a diminuição das espécies nativas da flora e fauna, bem como, agravamento das condições climáticas da região, perdas significativas em sua rede hidrográfica e altas taxas de degradação do solo. Por este motivo a Copapa firmou de forma voluntária, parceria com a Prefeitura Municipal para restauração ecológi-
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ca das áreas degradadas que compõem o Parque Natural da Mata Atlântica do Município de Santo Antônio de Pádua, cuja área total compreende 738.000 m². A Fase 1 do projeto tem como objetivo a restauração do chamado Núcleo 2 – Bela Vista (coordenadas: 21°32’53.11”S; 42° 10’ 53.’17”O) de 147.000 m² de extensão. A restauração ecológica tem como objetivo a recuperação e conservação da flora e fauna regional, a proteção das suas encostas, a melhoria do microclima local, a regularização hidrológica, melhorando a rede de drenagem com isso evitando processos erosivos. Serão plantadas mais de 5.000 mudas neste local a fim de com-
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plementar a área de mata existente. Além deste projeto a Copapa é parceira do Projeto SOS Mata Atlântica por meio do Carinho Eco Green, com o objetivo de realizar a conservação e restauração do bioma, da biodiversidade e proteção dos corpos de água e ambientes marinhos. Como meta para 2023, teremos a Floresta Carinho, a qual será resultado das ações de neutralização e negativação de carbono do produto ao longo dos anos. Desta forma, quanto maior as vendas de Carinho Eco Green, mais rapidamente contribuímos para a recuperação da Mata Atlântica.
Economia circular na prática A qualidade é assegurada, diz o Diretor-Presidente: o papel possui folha dupla, é suave ao toque e possui alto grau de absorção. O propósito da Copapa é atender aos anseios dos consumidores conscientes, que buscam alternativas de produtos mais sustentáveis. Na extração da matéria prima, a celulose selecionada para produzir o Carinho Eco Green é 100% virgem e certificada pela FSC® (Forest Stewardship Council), uma organização internacional independente, não governamental, sem fins lucrativos, criada para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo. O selo FSC® garante que a celulose é proveniente de florestas plantadas, extraída em conformidade com as leis ambientais internacionais, sem desmatamento de matas virgens, com respeito ao ecossistema e garantia da preservação da floresta para as futuras gerações.
Ciclo de vida do Carinho Eco Green
A produção do Carinho Eco Green é feita com produtos químicos de baixo impacto ambiental. Não leva alvejantes adicionais em sua composição, ao contrário do que a maioria das marcas do segmento fazem para deixar o papel ainda mais branco. A Copapa pratica reuso de água no processo produtivo, e emite cerca de 25% menos de toneladas de carbono equivalente em seu processo de fabricação, em comparação à fabricação de um produto de qualidade
As embalagens coloridas trazem informações detalhadas sobre porque o papel é sustentável
similar. Além disso, todo carbono emitido na fabricação é neutralizado com plantio de árvores, realizado em parceria com a ONG SOS Mata Atlântica. A marca é certificada pelo selo PRIMA neutro em carbono. Na distribuição, a Copapa também neutraliza toda emissão de carbono da logística com plantio de árvores, em parceria com a ONG SOS Mata Atlântica. Além disso, tem a meta de substituir combustível fóssil por energia renovável na distribuição. No prazo de três anos, além de adotar empilhadeiras elétricas em seus processos, a companhia substituirá a frota atual para transporte rodoviário por veículos híbridos ou 100% elétricos. No descarte, o Carinho Eco Green inova ao embalar o produto com plástico feito com polímero compostável, feito à base de milho. Se descartado com resíduos orgânicos em plantas de compostagem, em até 180 dias o material vira adubo. O tubete do rolo é feito com cola à base de fécula de mandioca e sem utilização de químicos que poluem, por isso também pode ser compostado. Já o plástico que embala os fardos que chegam aos pontos de venda são feitos com matéria prima renovável (cana-de-açúcar) e são destinados à reciclagem por meio de logística reversa. Para garantir a reciclagem do mesmo volume de plástico que utilizou, se necessário, a empresa destina o equivalente à Cooperativa de Catadores de Santo Antônio de Pádua. A Copapa também participa do programa de logística reversa em parceria com o programa de geração de renda “Dê a mão para o futuro”, da ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.
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Ecoturismo
CHICO BALA/DIVULGAÇÃO MTUR
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ISABELLA ARARIPE
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Turismo acessível em Ibitipoca No fim de janeiro, o Parque Estadual da Ibitipoca, em Minas Gerais, inaugurou duas cadeiras chamadas “Juliettis”, que serão utilizadas para que pessoas portadoras de deficiência possam aproveitar as belezas que o circuito Janela do Céu, Roteiro das Águas e Pico do Pião proporcionam. As cadeiras são frutos de uma iniciativa proposta pela ONG “Montanha Para Todos”, que está presente em cerca de 26 destinos de 14 estados do país.
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ONG MONTANHA PARA TODOS/DIVULGAÇÃO
Praia brasileira é eleita a melhor do mundo Turistas do mundo todo elegeram a Baía de Sancho, em Fernando de Noronha, como a melhor praia do mundo. A informação é do Travellers’Choice 2019, prêmio realizado anualmente pelo site de viagem Trip Advisor. A pesquisa levou em consideração as avaliações dos viajantes que visitaram destinos, brasileiros e estrangeiros, no ano passado. As Prainhas do Pontal do Atalaia, em Arraial do Cabo, também ficaram bem posicionadas no ranking. O local ficou em quinto lugar como mais bem avaliado pelos turistas que utilizam a plataforma. LUCIANA TANCREDO - PLURALE
Reserva paulista é opção para curtir o verão O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, em Miracatu (SP), está com uma programação especial para o período de verão. O local fica a duas horas de São Paulo capital. As atividades iniciaram em janeiro e vão até o fim de março. Entre as atrações tem canoagem e a Trilha Cachoeira Dezembro, que tem uma cachoeira com piscinas naturais, ideais para banhos. Confira a programação em: http://legadodasaguas.com.br/agenda/
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Parque Nacional da Tijuca é o mais visitado do País O Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, manteve a sua posição de Parque mais visitado do país no ano de 2019, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Foram 2.959.444 turistas recebidos durante todo o ano passado, com 202.236 pessoas a mais que em 2018, quando o total foi de 2.757.208 visitantes. Dividido em três setores de visitação - Floresta, Serra da Carioca e Pedra Bonita/Pedra da Gávea - o parque tem opções de programas para todos os públicos: desde áreas para piquenique e churrascos até voo livre, escalada, trilhas e outras atividades. LUÍOLA VILELLA/ MTUR
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África
Botsuana
dormindo sob as estrelas no safári africano
Texto e Fotos de Paula Martinelli, Especial para Plurale De Botsuana, África
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uando foi a última vez que você se permitiu diminuir o ritmo e apenas observar as estrelas? Longe das cidades e de qualquer interferência da poluição visual e das luzes dos grandes centros, no meio de um dos melhores safáris africanos, fica o céu de um dos países menos populosos da África, oferecendo um infinito de estrelas. Durante dez dias eu dormi sob as estrelas de Botsuana, acampando nas mais remotas áreas no meio do safári, e dividindo o mesmo espaço com vários animais selvagens como hienas e leões africanos. Quem já acampou um dia sabe que acampar é uma maneira incrível de se conectar com a natureza, respirar ar fresco, acender uma fogueira e admirar o céu. Acampar no meio do safári oferece um misto perfeito de aventuras e experiências inéditas. Mas pensando em ter apenas uma lona que divide você de animais selvagens, dá um certo frio na barriga. Entretanto o mais importante é que quando optamos por uma aventura fora do convencional, devemos sempre priorizar a segurança em primeiro lugar, não nos arriscar e respeitar o fato que estamos no
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habitat natural dos animais. Portanto, alguns cuidados têm que ser redobrados, como nunca sair de sua barraca no meio da noite ou sair correndo quando você se depara com elefante curioso que resolve te visitar. Delta do Okavango - Botsuana, é um destino incrível, com uma vida selvagem abundante e parte disso se dá pelo fato do deserto e o delta se encontrarem,
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oferecendo infinitas possibilidades para explorar as maravilhas naturais e uma das mais surpreendentes diversidades da vida selvagem do planeta. Três quartos do país é um deserto, porém bem no meio deste deserto se encontra uma região conhecida como Delta do Okavango, uma área que abrange 16.000 quilômetros quadrados inundados, tornando-o o maior delta do mundo. Ele é alimentado
pelas chuvas de verão produzindo um espetáculo diferente de qualquer outro no nosso planeta. Esse mosaico mágico de canais sinuosos, várzeas e ilhas é o último deserto úmido da África: um fenômeno visível do espaço de tirar o fôlego. As paisagens únicas de quatro áreas de safáris em Botsuana são o Parque Nacional Chobe, Linyanti, a Reserva Central de Kalahari e o Delta do Okavango, e permitem que os viajantes desfrutem de três tipos diferentes de safáris - em terra, na água e no deserto. Aqui você pode se familiarizar com os Big Fives (cinco grandes): - leão, leopardo, elefante, rinoceronte e búfalo - e dar uma espiada em chitas, suricatos, hi-
popótamos, crocodilos do Nilo e até um animal quase extinto da natureza e raro de se ver, os cães selvagens. Sem falar nos milhares de outros animais como grupos enormes de zebras, girafas, gnus, hipopótamos e diversos tipos de antílopes podem ser vistos a todo instante. Outro fato incrível, é que Botsuana é a Capital Mundial dos Elefantes onde encontram-se mais de 150.000 indivíduos, mais do que qualquer outro país do mundo. Aventuras e surpresas - Durante os meus 10 dias acampando nas áreas mais remotas dos safáris de Botsuana, não faltaram aventuras e inúmeras surpresas no meio do percurso. A área onde visitei e acampei é tão
isolada que durante todo o tempo eu me senti como se estivesse sozinha com apenas a natureza. Acesso à internet? Não há. Estradas asfaltadas? Estão bem longe dali. Lojas e Caixa eletrônico? Seria preciso uma viagem de horas. Mas quem está preocupado com estes “hábitos urbanos” tendo tanto a desfrutar da natureza verdadeira? Para quem se empolgar e também se sentir inspirado para acampar no meio dos safáris remotos de Botsuana, é preciso se preparar. Ter um bom cálculo de quantidade de comida, água potável e gasolina que serão utilizados durante os dias em que estiver isolado. Você não terá acesso a cidades, e, portanto, sem opções de supermercados ou postos de gasolina. Veículo apropriado e motorista experiente - Outro fator obrigatório para essa aventura é ter o veículo apropriado e um motorista bastante experiente com as noções básicas de mecânica e uma certa expertise em desatolar carros. Eu aluguei um carro 4x4, totalmente equipado com tração nas quatro rodas, pois os terrenos para se dirigir são os mais difíceis, variando de areia fofa, a lama e até atravessar lagos para que possa chegar de um local para o outro. O carro também vem com uma barraca no topo, a carroceria é equipada com uma pequena geladeira com freezer, um fogareiro a gás e alguns utensílios de cozinha básicos para sobrevivência. Além do carro ter dois steps extras, dois tanques de gasolina e duas baterias. Tudo pensando nas longas distâncias que temos que dirigir, e
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África
também, dos longos períodos em lugares isolados e sem acesso. Passei por um momento onde calculei mal a quantidade de água potável que tinha comigo, e como acabou antes do previsto, foi preciso ferver água do Okavango Delta para poder beber. Um típico dia começa bem cedo. Por volta de 5 horas da manhã o sol no verão africano já brilha com força e essa é a melhor hora para avistar os animais. Os momentos mais fascinantes dessa minha experiência aconteceram bem cedo, antes das 7 horas da manhã. Primeiro, observei um leão macho saboreando o seu café da manhã– um filhote de gnu que ele havia caçado durante a noite. E outro momento, foi quando por mais de uma hora eu fiquei lado a lado com duas leoas e seus 9 filhotes, tomando o primeiro sol da manhã. Mesmo sabendo que os leões estão no topo da cadeia alimentar, essa família não mudou sua rotina com a minha presença, e poder observá-los assim, de tão perto, foi uma experiência incrível. Calor escaldante - Durante o forte sol do meio dia os animais, se protegem do calor escaldante, em baixo de arbustos e árvores, e fica muito difícil poder observá-los. Esse é um bom momento do dia para poder tirar uma pausa e descansar um pouco do longo dia dirigindo nas difíceis condições de off-road, onde não há estradas nem trilhas, é realmente muito cansativo e um trabalho muito braçal. Mas quando a noite cai e o céu estrelado é a única coisa que ajuda a clarear a noite, é quando as coisas realmente acontecem. Os animais, e especialmente os predadores, ficam mais ativos e é possível ouvi-los e vê-los durante toda a noite. Aprendi a reconhecer a distância do rugido do leão, que os hipopótamos são animais mais barulhentos a noite, e aprendi até a identificar quantas hienas estavam no bando. Um encontro muito próximo foi com uma hiena no meio da noite, eu escutei o barulho do lado de fora da minha barraca, e lá estava ela, me espionando, e o mais engraçado? Com o meu tênis na boca, que ela também, resolveu levar com ela quando saiu correndo no meio
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da noite. Mas você se lembra da regra de segurança que citei no início? “NUNCA saia da barraca no meio da noite”. O que a hiena fez com o meu tênis? Até hoje eu penso nessa cena e me divirto só imaginando. Cada momento vivido em Botsuana foi único e carregarei para sempre em minha bagagem como memórias vivas. Manada de elefantes - Outra experiência aconteceu em uma tarde, quando estava no meu acampamento preparando o almoço e de repente recebi a visita de uma família de elefantes que encontraram uma sombra fresca para se abrigar no meio do calor do meio-dia, por sinal, a mesma árvore que eu estava usando para fugir do sol e cozinhar. Tenho que admitir que os números de Botsuana às vezes surpreendem a imaginação. Tente imaginar uma manada de uns 200 elefantes, pesando entre
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três ou quatro toneladas cercando o seu carro, sendo que alguns deles resolvem te encarar e pedir licença para passar. Na minha visita ao Parque Nacional de Chobe, onde tem a maior concentração de elefantes do mundo eu passei por essa experiência e foi simplesmente indescritível. Poder observar esses animais majestosos em seu habitat natural, e aprender como eles se organizam em sociedade é também incrível. As matriarcas da manada e também as maiores e mais velhas, exibem orgulhosamente presas imensas, machos controlam seus rebanhos com uma concentração implacável e bebês pequenos são adorados e protegidos pelos maiores. Acampar nas áreas remotas do safári africano pode ser uma experiência desafiadora e até mesmo desconfortável. Porém quando você se vê cercado e imerso com a vida selvagem, mara-
TEXTO E FOTOS DE PAULA MARTINELLI DE BOTSUANA, ÁFRICA
E n s a i o vilhado com animais que raramente veem outros seres humanos, você até se esquece das dificuldades de dirigir nos terrenos mais inacessíveis, de ficar isolado sem comunicação com o resto do mundo por dias e de ter que dormir em uma barraca sem poder sair até que o os primeiros raios de sol apareçam. Caça é polêmica - Botsuana tem uma das mais altas taxas de conservação da África, com mais de 25% da área reservada para parques nacionais e reservas de proteção. A política de turismo de baixo volume e de alto custo, foi bem-sucedida. Mas infelizmente as práticas de caça esportiva e também ilegal ainda acontecem em muitos países da África, incluindo Botsuana. Esta questão é polêmica no caso deste país: como alguns bandos de elefantes chegaram a matar camponeses em aldeias no interior de Botsuana, há muitos habitantes que apoiam a caça a estes animais. Durante a minha visita ao Paraíso dos Elefantes, o Parque Nacional de Chobe eu estava dentro do meu carro trocando as lentes da minha câmera, quando esse guarda-florestal bateu no vidro do meu carro com sua arma pesada, me perguntou o que eu estava fazendo. Mostrei minha câmera a ele e expliquei que estava ali apenas admirando e fotografando a maravilhosa vida selvagem de Chobe. Eu nunca imaginei ficar tão feliz por ser abordada por um guarda fortemente armado, e aquela abordagem me
deu um sopro de esperança, de que o governo local investe em áreas de proteção ambiental e preservação dos animais. Para quem busca um turismo sustentável e ético, Botsuana é um excelente exemplo por ser mundialmente conhecido por suas políticas progressivas de conservação, com parques nacionais e reservas representando cerca de 38% da área do país. Seus ecossistemas se fundem e interagem formando enormes faixas de natureza selvagem intocada
que definem essa experiência. Botsuana ainda é um destino pouco visitado por turistas, pois o turismo local foca nas experiências de safári mais autênticas e remotas e no baixo número de turistas e alta qualidade de serviços. Além de sua baixa popularidade no turismo, Botsuana é um destino perfeito, com infinitas possibilidades para explorar as incríveis maravilhas naturais que este país oferece, e com uma das mais surpreendentes diversidades da vida selvagem do planeta.
SERVIÇO Pesquise e veja a melhor opção (custo/serviço) de companhia aérea. Uma alternativa saindo do Brasil pode ser até a África do Sul e de lá para Botsuana. - Faça o roteiro com todos os detalhes. Há vários portais e blogs de pessoas que já estiveram na África – e, especificamente em Botsuana – com dicas perfeitas. Leia bastante antes de partir. Recomendo que conheçam também o portal da organização Wild Wonderful World (https:// wildwonderfulworld.com/) , que faz um trabalho sério. Caso não queira se aventurar e dirigir o seu próprio carro e acampar em sua própria barraca, a opção mais tradicional para visitar Botsuana é
também bastante cara: em muitas das áreas de safári é muito difícil de se locomover fazendo com que os meios mais convencionais de se explorar as áreas remotas e alagadas seja fechando um pacote diretamente com os lodges. - Os serviços (e preços) de luxo incluem safáris personalizados, translados da cidade até o lodge com avião particular para áreas onde só é possível chegar por meios aéreos. •Blog: Paula Pins the Planet •Website: https://www.paulapinstheplanet.com/ •Paula Pins the Planet é um blog de viagens focado em experiências autênticas nos lugares menos explorados do Planeta, priorizando um turismo sustentável e viagens éticas.
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ร frica
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TEXTO E FOTOS DE PAULA MARTINELLI DE BOTSUANA, ÁFRICA
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Pelo mundo
Salta comigo? Texto e Fotos de Renata Mondelo Especial para Plurale De Salta, Argentina
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ideia veio de última hora e, em menos de 20 minutos, o destino já estava decidido: Salta. Desejo antigo guardado no armário das muitas viagens que ainda pretendo e preciso fazer. Um cantinho de imensa beleza natural que mistura as culturas andina e indígena, com paisagens cinematográficas de tirar o fôlego. Muitas, inclusive, serviram de cenário para filmes como Taras Bulba com Yul Bryner e Relatos Selvagens com Ricardo Darín. Justamente o que eu precisava para a virada de 2020: recarregar as energias e descansar de um ano que foi bastante puxado. Descansar? Bom... “Sí, pero no mucho”. Curto muito a Argentina por ser um país pequeno e rápido para se deslocar, mas que mesmo assim é repleto de contrastes, diferentes climas, paisagens fascinantes e tem vinho de gente grande. Um país que se encaixa perfeitamente na categoria dos “destinos certeiros”. Mas vamos falar de Salta. Situada no noroeste argentino (NOA), a província faz fronteira com o Chile e a Bolívia. Por isso, muitos que estão na região aproveitam para explorar os três países de uma só vez. Também está bem próxima do deserto do Atacama e vem daí a influência do clima seco. Em questão de minutos, vamos de picos andinos nevados, mesmo em pleno verão, a regiões desérticas nas quais nem os cactos (cardones) conseguem sobreviver. Quem curte roteiros exóticos vai desfrutar muito. Salta é convite a um mergulho em heranças culturais e arquitetônicas
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singulares e nosso ponto de partida para visitar os principais atrativos da região. Capital da província que leva o mesmo nome, é um lugar que tem enorme importância para a história do país. Construída pelo império espanhol para servir como parada de descanso na rota que ligava Buenos Aires à Lima, foi base para a Guerra da Libertação do povo argentino contra seus colonizadores. Seu povo é simpático e orgulhoso de cada aresta da cidade e recebe o turista com afeto, alegria e um humor próprio bem característico. Conhecida como “Salta, la linda”, a cidade possui arquitetura em estilo colonial e construções conservadas. São mais de 2000 históricas varandas (balcones) espalhadas pela cidade, muitas com mais de 400 anos. A parada obrigatória e contemplativa é a Plaza 9 de Julio, local que concentra a Catedral Basílica, a Igreja de São Francisco de
Assis e o Museu Arqueológico de Alta Montanha, principal atração da cidade que conserva três múmias congeladas de crianças encontradas no alto do vulcão Llullaillaca. Por uma questão de conservação, as três múmias nunca são exibidas simultaneamente. La Niña del Rayo, La Doncella e El Niño foram usadas como sacrifícios por seus pais. Prática inca típica do povo na época. A economia local está baseada na agricultura e no turismo orgânico que vem encantado turistas de todo o planeta pelas paisagens fora do comum e boas opções gastronômicas. A culinária rica e saborosa é pautada nas carnes e na viciante empanada saltenha. Não deixe de prová-la. É impossível comer uma só! Comecei a viagem visitando o Cerro San Bernardo. De lá é possível ter uma visão total dessa que é a terceira maior da cidade da Argentina. Recomendo ir no final da tarde para poder
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Pelo mundo
ver o sol indo embora enquanto deixa a cidade toda na cor laranja. Mais tarde, saí para conhecer a intensa Rua Balcarce. São dezenas de restaurantes, bares e peñas folclóricas que se encarregam de não deixar a noite acabar. Pena não poder ficar até mais tarde porque, no dia seguinte, tinha que acordar bem cedo. No segundo dia segui, animadíssima, em direção ao Valle de Cachi para conhecer a Reserva Nacional de Cardones. Um parque de cactos de três a quatro metros de altura, que sobrevivem apenas em regiões que se encontram entre 2.000m a 3.500m acima do mar. Um passeio tão surpreendente que não fui capaz de expressar nenhuma palavra durante o percurso. A sensação é de estar em um filme do Velho Oeste. Cachi está as margens da rota
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40, estrada que liga o norte ao sul da Argentina. Novo dia, novo destino. Dessa vez rumo ao norte pela Rota 68 para conhecer Cafayate. Cidade conhecida pelo enoturismo de qualidade e pelas paisagens espetaculares. Pelo caminho de estradas sinuosas, uma vista de montanhas coloridas que iam de verdes a avermelhadas. As formações geológicas da região são, com certeza, das mais bonitas que já vi. Uma ótima rota para viajar de moto ou de carro. A primeira parada foi a Garganta del Diablo, um dos lugares mais emblemáticos do Parque Natural da Quebrada de las Conchas. Uma sequência de rochas sedimentárias compostas por materiais que se acumularam por 90 milhões de anos. O lugar é impressionan-
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te! E como Cafayate é um destino conhecido pelo enoturismo, depois de algumas caminhadas, foi hora de trocar de marcha e conhecer a produção de vinhos da região. Visitei a vinícola familiar Domingo Molina que surgiu da união de três irmãos da família Domingo que buscavam reunir as incríveis particularidades das uvas de alta altitude com instalações e tecnologias de última geração. Percorri 60 hectares de vinhedos localizados de 1.600 a 2.300 metros acima do nível do mar. O dia estava bastante quente. O clima da região tem mais de 300 dias de sol intenso por ano e pouca chuva. A visita e a degustação custaram 230 pesos por pessoa, mas caso o turista faça compras no local, não é cobrada. Achei bem justo.
TEXTO E FOTOS DE RENATA MONDELO DE SALTA - ARGENTINA
E n s a i o Apesar de querer (muito) visitar outras vinícolas tinha que voltar para Salta e deixei as próximas degustações para um possível retorno. Quem sabe? Esse é o ônus das viagens curtas. Pouco tempo para ficar e aproveitar ao máximo o que alguns locais podem oferecer. Entrando na contagem regressiva, reservei o último dia do ano, propositalmente, para conhecer Salinas Grandes, que fica na província de Jujuy. É o segundo maior deserto de sal do mundo e de lá são exportados cerca de 1 milhão de toneladas de sal por ano. Como boa parte dos desertos de sal pelo mundo, as Salinas foram um grande lago de água salgada há mais ou menos 10 milhões de anos atrás. A evaporação levou a água embora, mas a camada de sal de 30cm permaneceu deixando de presente uma paisagem única e deslumbrante. Além do visual, a graça é achar
as fotos mais criativas por conta da ilusão de ótica que o lugar nos proporciona. Dia seguinte, ano novo! E hora de voltar pra casa. Mas se o objetivo da viagem era me desconectar das redes e estabelecer conexão direta com a natureza, a meta foi 100% cumprida.
Salta fica na memória e no coração. Um lugar aonde o tempo é o senhor e a natureza deixa bem claro que é que dá as ordens. Deixar as epidemias da ansiedade de lado foi a melhor escolha para começar um ano que promete outras viagens e muitos sonhos a realizar.
SERVIÇO Convento de São Bernardo Este é um dos edifícios mais antigos de Salta, mas o acesso é proibido. Vale a pena visitar esse edifício histórico, nem que seja para admirar a porta de madeira. Museu de Arqueologia de Alta Montanha(MAAM) É o maior atrativo da cidade, onde estão expostos elementos de
um Santuário Inca, incluindo as múmias de Llullaillaco, uma das descobertas mais importantes dos últimos tempos. Melhor época para ir A melhor época para ir a Salta é entre o fim de fevereiro e a metade de maio, quando a temperatura fica mais amena e há pouca previsão de chuva, garantindo o melhor tempo para passear nas montanhas.
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Pelo mundo
Camponês do mar cultiva ostras no litoral francês Texto e Fotos de Nícia Ribas Da Bacia de Arcachon, França
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m se tratando de cultivo de ostras, a Bacia de Arcachon, a 70 quilômetros de Bordeaux, está para a França assim como a Ilha de Santa Catarina está para o Brasil. Durante todo o ano, ambas mantêm hortas de bivalves de alta qualidade. Os cardápios de alguns restaurantes do Rio e São Paulo oferecem ostras e mariscos de Florianópolis, já os de Paris exibem com orgulho os de Arcachon. Na capital francesa, as ostras
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são muito apreciadas e consumidas principalmente no Natal. O ostricultor Jonathan Gonzalez Garcia contou à Plurale que antigamente eles tinham uma cooperativa, mas com a evolução dos transportes, passaram a trabalhar individualmente. Eles agora vendem diretamente ao mercado. Para incrementar a renda familiar, ele e sua mulher, Aurélie Gonzalez abriram uma casa de degustação – La Cabane du Pirelon em La Teste de Buch. Rico em minerais e vitaminas, o molusco bivalve é comido cru com limão e uma taça de vinho
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branco, no próprio ambiente de trabalho dos ostricultores. Da mesa, pode-se apreciar o movimento de barcos (chamados plates) chegando após um dia de labuta na Bacia de Arcachon, um programa que atrai turistas e garante a sobrevivência da família de “camponeses do mar”, com seus três filhos. Ali tudo gira em torno das ostras: criação, coleta, venda, cuidado com as embarcações e com os equipamentos. Uma grande vantagem na vida dos ostricultores de Arcachon é a paisagem espetacular, com direito às dunas de Pilat, Cap Ferret, a
Ilha dos Pássaros e as praias de areia branca. Arcachon é o sexto parque natural marítimo da França. Saboreadas desde os tempos dos romanos, as ostras da Bacia de Arcachon, , tornaram-se famosas a partir do século XIX. Hoje funcionam ali 26 portos de cultivo e cerca de 700 hectares de plantação de ostras, que produzem entre oito e 10 mil toneladas por ano. Ao todo são quatro terroirs de criação. Todos os anos são realizados festivais de ostras nas margens da Bacia de Arcachon, geralmente no mês de agosto. A aldeia de Jonathan e Aurélie fica no Port de la Test. “Tenho paixão pelas ostras, trabalho no que gosto”, diz Jonathan, com um sorriso sublinhando seus olhos da cor do oceano. Conhecedor das marés, que mudam rapidamente – 30 minutos a 1 hora, variando de três a cinco metros, ele parece orgulhoso do seu trabalho e fica feliz em dar entrevista à revista do Brasil.
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CINEMA
Verde
ISABEL CAPAVERDE
i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r FOTOS DE DIVULGAÇÃO
Trekking pelos cânions gaúchos Produzido pela Cine Travel, o documentário “Trekking Terra dos Cânions: Expedição São José dos Ausentes”, mostra a jornada de cinco pessoas que fazem uma expedição no estilo trekking (caminhada por montanhas e trilhas de difícil acesso) em São José dos Ausentes, conhecida como a cidade mais fria e de maior altitude do Rio Grande do Sul. Entre os seus paraísos naturais estão oito cânions, cenário que foi escolhido pela equipe formada por Camila Jasper, Lucas Jasper – que dirige o filme - Josemar Contesini, Andrews Mohr e Cleber Pazini para percorrer a pé 70 quilômetros durante cinco dias, enfrentando as adversidades do tempo e presenciando inúmeros milagres da natureza. O filme recebeu o Prêmio Box Brazil de licenciamento em 2019, no Concurso Interativo do Gramado Film Market, premiação paralela do Festival de Gramado. O documentário está sendo exibido pelo Travel Box Brazil, canal oferecido por algumas operadoras de TV por assinatura.
Desenhos animados japoneses no ensino de química Um dos maiores desafios da educação atual é prender a atenção do estudante em meio a um mundo com tantos avanços tecnológicos, estímulos visuais e excesso de informação. Pois um projeto da UFF – Universidade Federal Fluminense de Volta Redonda tem usado os desenhos animados japoneses nas aulas de química em colégios da cidade, aproveitando o gosto dos adolescentes por esse tipo de animação. A coordenadora do projeto é a professora do Departamento de Química de Volta Redonda, Andréa Aparecida Ribeiro Alves, que passou a usar essas animações como recurso para aplicar um método de ensino alternativo da disciplina. Onde o projeto foi aplicado o índice de acertos nas provas de química comprovou o sucesso do método.
Série infantil com heróis que defendem a natureza
Conectados pelas pedras portuguesas “No Caminho das Pedras”, documentário dirigido por Marco Antonio Campos Pereira e roteiro de Sylvia Palma, percorre a história das famosas calçadas de pedra portuguesa, desde o seu surgimento em Lisboa, na metade do século XIX, até chegarem ao Rio de Janeiro. O filme revela a nossa conexão com Portugal, através da arte sob os pés e sua influência na urbanização da capital carioca. Imagens são intercaladas com depoimentos de músicos, poetas e artistas plásticos do Brasil e de Portugal. O trailer está disponível no link: www.urbanofilmes.com/pt/filmes/no-caminho-das-pedras/
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Estamos falando dos Animáximos: Eva e seus amigos Jack, Beca, Leo, Tom e Cati, personagens de uma série infantil produzida para ser exibida no You Tube. A série, destinada a crianças de 5 a 11 anos de idade, terá dois episódios mensais com três minutos de duração. A cada capítulo eles se envolverão em aventuras protegendo a fauna, a flora e os oceanos, abordando temas como o futuro da sustentabilidade num planeta em que os mares estão poluídos, os corais doentes e as florestas sofrem com queimadas. O QG da turma é o Parque das Palmeiras, mas as histórias acontecem nos ecossistemas brasileiros e nas cidades. Acesse: www.youtube.com.br/animaximos
Quer dar um up no seu currículo? A Escola Aberje de Comunicação está sempre atualizada e focada nas grandes tendências em comunicação. Oferece cursos livres e treinamentos in-company, além de programas internacionais, avançados e MBA. Formando os melhores comunicadores há mais de 50 anos!
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Pelas Empresas
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Do Rio de Janeiro
egros são 55,8% da população brasileira. Essa proporção, no entanto, não se reflete no mercado de trabalho e, consequentemente, no ambiente corporativo, como mostra pesquisa do IBGE divulgada neste mês: atualmente, pretos e pardos representam 64,2% dos brasileiros em busca de emprego. Contribuir para a transformação dessa realidade é uma agenda urgente das empresas, especialmente para as signatárias da Iniciativa Empresarial pela Igualdade, entre elas a Coca-Cola Brasil. Afinal, dados do Instituto Ethos de 2016 apontam que apenas 34% dos funcionários das maiores empresas do país são negros; menos de 10% destes estão em altos postos hierárquicos. E entre os executivos, apenas 0,4% são mulheres negras. Se as práticas empresariais não se modificarem, só alcançaremos a equidade em 150 anos.
FELIPE ARARIPE
Coca-Cola Brasil convida seus funcionários a dialogar sobre equidade racial FOTO DE DIVULGAÇÃO
Diante desse cenário, os funcionários negros da Coca-Cola Brasil formaram um grupo de Inclusão Racial, parte do Comitê de Diversidade da empresa. Segundo a líder do grupo, Helena Bertho, gerente de Comunicação, as empresas precisam transformar discurso em práticas corporativas. “É urgente que sejam planejadas e executadas ações de curto, médio e longo
Rede colaborativa de informação Fleekus é lançada no Brasil e EUA com um diferencial: um poderoso algoritmo que é capaz de detectar possíveis “fake news”
prazo, que olhem para quem está na universidade e também no mercado, para aceleração das carreiras”, afirma Helena. O grupo, que hoje conta com 29 integrantes, tem meta de fazer a Coca-Cola Brasil refletir o mercado em que está inserida, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo, com oportunidades de crescimento pessoal e profissional para todos.
Mercure Maceió engajado na causa LGBT+
Do Rio de Janeiro
De Maceió (AL)
Idealizada pelo publicitário e empresário brasileiro Márcio Escudeiro, Fleekus acaba de ser lançada no Brasil e nos Estados Unidos. Mais do que uma rede social, Fleekus é uma plataforma colaborativa de conteúdo onde os usuários são os próprios editores e curadores das informações (matérias, notas, dicas, opiniões, histórias, e tudo mais que seja interessante.). Além de ajudar a impulsionar as publicações, Fleekus também colabora para identificar de forma muito eficaz, responsável e séria conteúdos inapropriados, ofensivos, e pornográficos. Outra novidade e certamente o gran-
A garçonete trans Lorena trabalha há três meses no Mercure Maceió e recebeu uma missão importante. A colaboradora foi representando o hotel como uma das convidadas para compor o painel de debate “Vivências e Desafios no Mercado de Trabalho”, que ocorreu no dia 8 de fevereiro, na I Feira do Empreendedor LGBTQIA+ de Maceió. O evento, organizado pelo projeto Valoriza, teve como palco o Shopping Parque Maceió e foi formado por diversas discussões e expositores com o objetivo de empoderar e dar visibilidade a comunidade LGBTQIA+ de Alagoas. No início de fevereiro, o hotel Mercure Maceió sediou palestras
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de diferencial é o poderoso e eficaz algoritmo que usa inteligência artificial, cruzamento de dados e, uma série de cálculos, para ajudar a identificar as “fake news”. Em tempos de redes sociais quentes, polarizadas e com cada vez mais importância nas nossas vidas, Fleekus surge para dar voz a todos e combater a divulgação das notícias falsas.
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2020
Do Rio de Janeiro
O Instituto Doméstica Legal (IDL) lançou em 3 de fevereiro a Campanha “Volta dedução INSS do empregador doméstico” acessada pela #VOLTADEDUÇÃOINSS. A ação tem como objetivo recuperar o benefício importante para o empregador doméstico, que deve ser valorizado como gerador de renda para milhões de empregados domésticos. Em 2019 a ONG lutou para que o Projeto de Lei 1766/2019, do Senador Reguffe, fosse aprovado. Ele prorrogava a dedução do INSS no Imposto de Renda por mais cinco anos. A batalha foi ganha no Senado, mas a Câmara dos Deputa-
dos não colocou o projeto em pauta no período devido e infelizmente milhares de patrões foram prejudicados. A campanha é a continuidade da já existente “Mais formalidade no emprego doméstico” que teve a adesão de 13.000 cidadãos. Agora, o Instituto pretende arrecadar ainda mais assinaturas pelo site www.domesticalegal.org.br. “A luta pela aprovação do Projeto de Lei 1766/2019 continua e ainda existe a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro atender o pedido do IDL e editar uma Medida Provisória mantendo este benefício ainda este ano” alerta Mario Avelino, Presidente do Doméstica Legal. Para Avelino, idealizador da campanha, a mesma será mantida até a vitória final, que é ter de volta a dedução do INSS e a participação popular é muito importante para se alcançar esta meta. FOTO DE DIVULGAÇÃO
Lorena (à dir. de amarelo), garçonete trans no hotel Mercure Maceió, convidada para participar da I Feira do Empreendedor LGBTQIA+ de Maceió
sobre marketing e empreendedorismo, com presença 100% do público LGBTQIA+, também em parceria com o projeto Valoriza, ação sem fins lucrativos que tem como objetivo de empoderar e viabilizar a comunidade LGBTQIA+ de Alagoas para mudar a realidade de um dos estados mais violentos para a comunidade no Brasil. “O hotel está muito engajado nesse movimento e nossa participação nesses eventos só reforça o compromisso da Accor com a diversidade e inclusão”, afirma Thais Pradella, gerente ge-
ral do Mercure Maceió. A Accor é uma empresa inclusiva e a diversidade é um de seus ativos. E, com essa premissa, a empresa tornou público o seu compromisso com a diversidade com a causa LGBT+, promovendo o respeito pelo tratamento individual e igualitário de seus colaboradores e com todos os públicos com os quais se relaciona. Ao longo de 2018 e 2019, a Accor e os hoteis operados pela empresa marcaram presença com apoio e patrocínio à diversos eventos voltados para a causa LGBT+.
FOTO DE DIVULGAÇÃO
Instituto Doméstica Legal (IDL) lançou a campanha pela volta da dedução do INSS do empregador doméstico
Rozália Del Gáudio - Divisão Brasil da Arcos Dorados - recebeu a premiação em nome da empresa
Divisão Brasil da Arcos Dorados recebe a certificação Top Employers Brasil 2020 De São Paulo
A Arcos Dorados, maior franquia independente do McDonald’s no mundo, é reconhecida no Brasil como uma das empresas Top Employers 2020, certificação mundialmente aplicada pelo Top Employers Institute, que tem sede na Holanda e atua em 119 países, em todos os continentes. O resultado veio após uma profunda análise das políticas de RH da companhia, na qual foram avaliados quesitos como remuneração e benefícios, cultura, aprendizado e desenvolvimento. Essa certificação ressalta a relevância de construir uma estratégia sólida de engajamento interno. Nos últimos anos, a companhia instituiu uma nova Cooltura de Serviços, que estimula os funcionários a serem eles mesmos para criar um ambiente mais gentil nos restaurantes. Além disso, a companhia investe mais de R$ 40 milhões todos os anos em capacitação de seus colaboradores, proporcionando um desenvolvimento pessoal e profissional. Para ser certificada como Top Employers, a empresa passou por um rigoroso processo de pesquisa para atingir o alto padrão exigido pelo instituto. Todas as respostas foram auditadas independentemente para garantir a validade do processo e as excelentes condições de carreira da companhia. Em sua oitava edição, o Top Employers Institute certificou 44 empresas no Brasil.
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I m a g e m FOTO DE EVANDRO TEIXEIRA
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ivemos a sorte de correr na rua – como dizemos no jargão jornalístico – com o mito do fotojornalismo brasileiro, EVANDRO TEIXEIRA, nos melhores tempos do Jornal do Brasil. Baiano da pequena cidade de Santa Inês (ou Irajuba). Seu olhar crítico e irreverência garantiram algumas das mais geniais fotos da crónica brasileira dos últimos 50 anos, nos anos de chumbo da Ditadura, na Cultura, nas diversas Olimpíadas que cobriu e em exposições temáticas, como de Canudos. Seu acervo agora faz parte do Instituto Moreira Salles, ao lado de outros grandes nomes da fotografia. Esta foto – da Batalha de Clóvis, no Centro do Rio, nesta Carnaval de 2020 - mostra a disposição deste “garoto”. Aos 85 anos, com disposição juvenil, mantém a alegria de registrar em suas lentes um pouco do retrato deste Brasil plural: seja na formatura da neta em Jornalismo ou nas ruas, onde mais ama estar. Vida longa, Mestre! Gratidão por tudo! 66
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2020
Confira as tendências e perspectivas do mercado REALIZAÇÃO
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