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ano quatorze | nº 74 | junho / julho 2021 R$ 10,00
AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE
A FORÇA DA MEDITAÇÃO E TRILHA NA ITÁLIA
ARTIGOS INÉDITOS
S G: E ESPECIAL SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
ESTUDOS DE CASOS
FOTO DE LUCIANA TANCREDO – PLURALE - JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO (RJ)
w w w. p l u r a l e . c o m . b r
LUCIANA TANCREDO - PLURALE
Contexto
44.
Ensaio de fotos – A metáfora das Árvores, por Luciana Tancredo
24.
16.
Especial ESG – Estudos de casos e Artigos, Por Sônia Araripe
Artigos inéditos, Por Giuliana Preziosi e Luiz Antônio Gaulia FOTO ARQUIVO PESSOAL – AMANDA PINHEIRO
Relógio de Manaus, Por Luciana Bezerra
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FOTO DE MARINA GUEDES, ITÁLIA
Ecoturismo, Por Isabella Araripe
62 Cinema Verde, Por Isabel Capaverde
63 Pelas Empresas, Por Felipe Araripe
64
58.
Trilha para castelo medieval na Itália, Por Marina Guedes
50.
Aumenta a prática da meditação, por Nícia Ribas
E ditorial
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
Especial ESG com estudos de casos; ensaio de Luciana Tancredo nos reforça a metáfora e a poesia das árvores; reportagem sobre o aumento da prática de meditação por Nícia Ribas e ainda trilha na Itália por Marina Guedes.
Especial ESG, artigos inéditos, ensaio de árvores, meditação e muito mais
A
Por Sônia Araripe, Editora de Plurale
o planejarmos esta Edição - Especial ESG, com estudos de casos - nosso objetivo foi trazer para o mundo real estas práticas. Porque não há nada de difícil ou distante em pensar a sociedade e seus valores com uma visão holística e integrada. A sigla que parece ter ganho “vida própria”, ESG – do inglês Environmental ou Ambiental, Social e Governança - vai bem além de uma nova forma de chamar sustentabilidade. Há quem também some mais um E, o de Economia nesta sigla, chegando ao EESG. Sociedades, organizações, empresas e pessoas que não perceberem isso podem estar perdendo uma chance única de migrar – e se engajar – no movimento que está revolucionando as relações. Agora, todos os especialistas ouvidos são muito claros: é preciso ser verdadeiro. Não adianta, simplesmente, plantar algu-
mas árvores ou cuidar de um projeto social para acreditar que alguma ação isolada vai levar a empresa diretamente para este novo patamar. Nesta edição histórica – que marca também o mês do Meio Ambiente – trazemos artigos e experiências de empresas comprometidas com os pilares ESG. São experiências marcantes, contadas por dirigentes e executivos, ou com o nosso olhar de jornalistas especializados. O objetivo é inspirar e multiplicar boas experiências. Para que esta nova abordagem vá muito além e realmente traga benefícios para empresas, acionistas, investidores, consumidores e sociedade, de uma maneira geral. Artigos inéditos de Giuliana Preziosi e Luiz Antônio Gaulia ajudam a entender este cenário. Impactante ensaio de fotos de nossa editora Luciana Tancredo dá forma e colore esta abordagem: são árvores de diferentes biomas, do Brasil e de outros países, sempre lembrando que, sem raízes, não há como esperar que estes pilares se-
jam sólidos. Plurale, 74 também traz matéria de Nícia Ribas sobre meditação, que teve um crescimento de praticantes nestes tempos de pandemia. Respire e não pire parece ser o lema de um ano e meio de isolamento, perdas tão sentidas e uma overdose de notícias e sentimentos. A repórter Luciana Bezerra conta a história do Relógio Municipal de Manaus, que marca os principais acontecimentos da cidade, inclusive a tragédia de tantos mortos pela Covid-19. Da Itália, a intrépida repórter e fotógrafa Marina Guedes – após dois anos rodando o planeta a bordo de um veleiro - apresenta linda trilha para um castelo medieval em região bem próxima de Roma. Temos também colunas por Isabella Araripe, Isabel Capaverde e Felipe Araripe. Para fechar esta edição tão especial, uma homenagem da fotógrafa Rafaela Cassiano à nossa diva Ruth de Souza, que completaria 100 anos se ainda estivesse neste plano. Boa leitura!
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Quem faz
Cartas
Diretora e Editora-Chefe Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Fundadores Carlos Franco e Sônia Araripe Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter, facebook e instragram: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale @revistaplurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Amaro Prado e Amaro Junior Fotografia Fotografia Luciana Tancredo (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Felipe Araripe (Estagiário), Hélio Rocha, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, João Victor Araripe, Lília Gianotti e Nícia Ribas. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Elisabeth Cattapan Reuter (Hamburgo/Alemanha), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição: Fernanda Baldioti, Fernando Alvarus, Marina Cohen e Rodrigo Peixoto (Colabora Marcas), Josué Fontana (Blog O Biólogo), Giuliana Preziosi, Glaucimar Peticov (Bradesco), Luiz Antônio Gaulia, Marcio Coriolano (CNseg), Marina Guedes, Maurette Brandt (revisão), Rafaela Cassiano (foto) e Renata Koga (Neoenergia). Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
“Ótima Edição 73 de Plurale em revista, reportagens muito bem escritas e editadas, com lindas fotos. Acabei de ler o Especial sobre o Havaí e fiquei encantada. Parabéns também pelos incríveis artigos e colunistas. Estão todos de parabéns” Márcia Faver, do Rio de Janeiro/ RJ, por e-mail “Muito bom o artigo de Maria Elena Pereira Johannpeter, publicado na Edição 73 de Plurale em revista. Descreve, de forma clara, o que os novos tempos exigem para o exercício da liderança: acima de tudo, propósito. Entretanto, o novo não é necessariamente novo. São descobertas muitas vezes do óbvio oculto na caverna de Platão. Como exemplo, a afirmação: "Ao novo Líder, cabe ser um facilitador para o desenvolvimento de Seres Humanos em sua plenitude e não apenas, de Colaboradores." Líderes e gestores - com as exceções que justificam a regra - ainda não perceberam que, para a formação de equipe eficiente e eficaz precisam contar com seres humanos plenos. Parabéns, Maria Elena e Plurale pela análise tão relevante. A Edição 73 como um todo - está excelente!” Luiz Fernando de Almeida Bello, economista, de Niterói/ RJ, pelo site
Impressa com tinta à base de soja Plurale é uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: Imprimindo Conhecimento Editora e Gráfica
Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos e®outras fontes controladas certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista
“Plurale, a cada Edição, se supera. Parabéns a todos! Maria Elena, belo texto. Intenso e reflexivo! Gostei de ver o indivíduo profissional tendo como desafio se tornar líder inspirador e também gestor de pessoas, além de um cidadão mais livre. Meu livro teria como título: "O Ser Real". Espero que o "novo novo" não bloqueie o potencial humano individual e a liberdade de criar, amar e fazer acontecer. Gratidão pelo seu artigo!” Luiz Antônio Gaulia, Especialista em Comunicação Empresarial, do Rio de Janeiro, RJ, pelo site
c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r
“Plurale aborda questões muito importantes para o cenário empresarial e esta pauta ajuda a conscientizar os novos gestores para uma prática, cada vez mais 'obrigatória', no campo da transparência. Que bom termos esta publicação para ampliar o diálogo. Deixo aqui um comentário sobre o relevante artigo dos Professores Marcus Quintella e Mariana Lessa, da FGV. É lindo falar em compliance. Mas, sugiro aos autores um artigo complementar a este, no qual foram descritas as normativas, regras e definições teóricas. É necessário apresentar um exemplo prático. Que empresa adotou um compliance de forma realmente eficaz e transformador, especialmente na área ambiental? Como a empresa agia e como passou a atuar a partir da adoção de um compliance na área ambiental? O que mudou para a empresa? Quais os resultados práticos? Quais os números que comprovam isso? Um artigo descrevendo, na prática, este trabalho será de grande valia para nós, leitores da Plurale. Muito obrigado pela atenção.” Paulo Gramado, jornalista, Rio de Janeiro/RJ, pelo site “Gostei muito da Edição 73 de Plurale em revista. Ótima entrevista com a Dra. Margareth Dalcolmo e artigo sobre ESG – do Professor Dário Menezes, tirando um pouco do glamour que ronda o termo. Linda homenagem ao Seu Joaquim, pai da Sônia Araripe. Certeza que está nos ajudando a cuidar ainda mais do planeta!” . Keli Vasconcelos, jornalista, São Paulo, SP – pelo twitter “Excelente a entrevista com a Dra. Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, por Sônia Araripe na Edição 73 de Plurale em revista. Muito bom “reencontrar” – mesmo que virtualmente – esta querida companheira de trabalho sempre comprometida com a causa da saúde pública. Parabéns para todo o time Plurale pelas excelentes publicações." Maria Alice Lima, enfermeira aposentada, do Rio de Janeiro/ RJ, por e-mail
Estante Sítio Roberto Burle Marx, Organização: Claudia Maria P. Storino e Vera Beatriz Siqueira. Projeto gráfico: Dupla Design. 309 págs. Edição: Intermuseus e Sítio Roberto Burle Marx/ Iphan. Informações sobre o livro impresso: visitas. srbm@iphan.gov.br, E-book para download gratuito: linktr.ee/livro.sitio.burle.marx Localizado em Barra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), o Centro Cultural Sítio Roberto Burle Marx (SRBM) – onde o paisagista morou entre 1973 e 1994 – é um espaço singular. Unidade especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o monumento dispõe de um acervo botânico com mais de 3.500 espécies, além de diversas obras de arte de Burle Marx e outros artistas. Pinturas, gravuras, cerâmicas, tapeçarias, murais, painéis de azulejos e mobiliário compõem a coleção. Esse espaço exuberante está sintetizado no livro Sítio Roberto Burle Marx, que além de vasto material fotográfico, inclui artigos de especialistas em arquitetura, paisagismo e artes visuais. A obra foi lançada no dia 08 de abril. Os textos analisam aspectos da biografia de Burle Marx, bem como de sua produção como artista e paisagista. Além disso, a história do processo de tombamento do Sítio é recontada na publicação. Ganham destaque também as apresentações dos jardins, viveiros e do conjunto edificado, como a casa de Burle Marx.
Pimentinha e seu novo amiguinho, por Adriana Rodrigues Vieira - com ilustrações de Luana Chinaglia, à venda no site jardimdadrika.com.br por R$ 35,00, já com frete incluso. Pimentinha era uma garotinha levada, sapeca, que não parava quieta. Até que um dia... Pimentinha sumiu! Nada de Pimentinha! Onde foi parar essa menina? Onde se escondeu? E finalmente Pimentinha apareceu! O que será que aconteceu? Foi observando os passarinhos que pousam na jabuticabeira de seu quintal, que Adriana se inspirou para escrever Pimentinha e seu novo amiguinho. E ninguém melhor do que Luana Chinaglia, com suas apaixonantes ilustrações, para compor essa bela parceria. Pimentinha e seu novo amiguinho - Um livro alegre e colorido, de fácil leitura, escrito por Adriana Rodrigues Vieira e ilustrado com muito amor e carinho, por Luana Chinaglia, para os pequenos de três a seis anos.
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PLURALE EM REVISTA | Junho / Julho 2021
POR FELIPE ARARIPE
Fict-Essays e contos mais leves, por Bert Jr. Editora Labrador, R$ 39,90 (versão impresso) e R$ 19,90 (e-book) Inteligente, leve e bem-humorado. Esses são alguns dos adjetivos que ilustram muito bem o conteúdo de Fict-Essays e contos mais leves, livro de estreia de Bert Jr., escrito em apenas dois meses, durante a quarentena causada pela pandemia do novo coronavírus. Lançado em novembro de 2020, pela Editora Labrador, o livro está disponível nas versões impressa e digital, trazendo sete contos instigantes sobre vários temas contemporâneos. Gaúcho de Porto Alegre, Bert Jr. tem 58 anos, é graduado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e em Diplomacia pelo Instituto Rio Branco. A arte sempre esteve presente em sua trajetória. Além de escrever poesia, é violonista amador, compositor e letrista. Aos 18 anos, dois de seus poemas foram premiados em um concurso do qual faziam parte do júri Mário Quintana e Lya Luft. Lançar um livro de poesias, aliás, é um dos planos do escritor para o futuro. Recentemente, a paixão pelas palavras resultou, além do primeiro livro de contos, em um projeto desenvolvido no canal Bert Jr., no Youtube: a série "Fora da Cartilha", que apresenta uma visão pessoal do autor sobre temas relacionados ao universo literário.
A (des)educação do negro, por Carter G. Woodson. Prefácio de Emicida. Editora Edipro, 128 págs, R$ 31,90 Oito décadas. Este é o tempo que separa o momento atual dos ensinamentos do historiador negro Carter G. Woodson, trazidos na obra-prima A (des)educação do negro. Publicado em 1933, o épico manual antirracista, que prepara o negro para cumprir sua sina de pária social, segue relevante e atual. Para que não seja esquecida, a Editora Edipro relança a obra icônica com prefácio assinado pelo rapper e escritor Emicida, que incorpora ao debate coletivo suas experiências pessoais. Carter G. Woodson é considerado o pai da história negra americana. Filho de escravos, trabalhou em minas de carvão antes de se graduar na Universidade de Chicago. O autor foi o segundo negro dos EUA a obter um PhD pela Universidade de Harvard, na qual também lecionou. A obra de Carter demonstra que o sistema não prepara o estudante negro para o sucesso e o impede de ter uma identidade própria, doutrinando-o para que assuma uma posição de submissão social.
A Via é pioneira nas práticas ESG e vem liderando o tema no varejo brasileiro. Conheça nossas principais iniciativas em 2020 por um mundo melhor.
Ambientais
E
Logística reversa
O número de coletores de eletroeletrônicos usados que são descartados nas lojas da Via foi triplicado, chegando a um total de 400 no ano.
Energia solar
Eficiência logística
Reciclagem
Digitalizamos até o crediário da Casas Bahia
A Via contratou duas usinas solares que gerarão energia elétrica para 57 filiais no estado do Rio de Janeiro a partir de 2021. Elas se somarão às 79 lojas de Minas Gerais que hoje são 100% abastecidas pela energia gerada pela usina solar mantida pela Companhia no estado.
Por meio do programa REVIVA, foram enviadas mais de 5 mil toneladas de materiais para reciclagem, beneficiando 250 famílias de 11 cooperativas parceiras.
Sociais S Foco na diversidade
Implementamos o Manifesto Seja Antirracista, campanha de comprometimento público de pessoas e empresas que apoiam práticas antirracistas em todos os ambientes, e o Selo Sim à Igualdade Racial, movimento de transformação cultural no ambiente corporativo por meio de ações de inclusão e diversidade racial. Ambas as iniciativas são lideradas pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR).
Programa de Trainee com foco na Diversidade
O Programa Trainee Via 2021 foi desenvolvido com o objetivo de identificar talentos para contribuir com a jornada de transformação da Companhia, com base nos valores de diversidade e individualidade.
A Companhia aumentou a integração da sua malha logística, com a ampliação no número de mini-hubs, no serviço Retira Rápido e na atuação da ASAP Log como solução para a etapa final da entrega (última milha), agilizando as entregas para o consumidor, reduzindo custos e gerando menos emissões.
Digitalizamos todo o processo, da concessão à cobrança por qualquer meio físico ou digital. Deixamos de imprimir toneladas de papel nas lojas.
60 anos de Fundação em 2020
No ano de 2020, a Fundação Casas Bahia registrou o maior investimento da sua história, com um valor 74% superior ao do ano anterior, adaptando sua forma de atuação para atender às necessidades emergenciais, geradas pela pandemia de Covid-19, das comunidades em todo o território nacional.
Inclusão digital e financeira
A Companhia criou ferramentas para atender seus clientes, como a iniciativa de vendas Me Chama no Zap e o crediário digital, além de expandir o Marketplace e os serviços oferecidos pelo banQi, promovendo a inclusão digital e financeira de milhares de pessoas.
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Ciência
VACINA COVID-19: FIOCRUZ RECEBE BANCOS DE CÉLULAS E DE VÍRUS PARA PRODUZIR IFA NACIONAL Da Agência Fiocruz Foto de Pedro Paulo/ Fiocruz
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Fiocruz recebeu, no último dia 2 de junho, dois bancos, um de células e outro de vírus, para a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional da vacina Covid-19 Fiocruz. O material, vindo dos Estados Unidos, desembarcou no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão), às 8h03, e, após desembaraço aduaneiro, seguiu para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), onde o imunizante será produzido. O banco de células foi enviado em nitrogênio líquido, mantidos a uma temperatura de aproximadamente -150ºC, e o banco de vírus em gelo seco, a aproximadamente -80ºC. Os dois componentes compõem a base para a produção do IFA. Considerados o coração da tecno-
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logia para a produção da vacina, os bancos de células e de vírus concretizam a transferência de tecnologia, que teve contrato assinado na terça-feira 1/6 entre a Fiocruz e a AstraZeneca. Trata-se de um marco para a produção da vacina no Brasil e a segunda etapa do projeto estratégico da Fiocruz para a incorporação tecnológica da vacina Covid-19. A primeira etapa ocorreu em setembro de 2020, com a assinatura do contrato de Encomenda Tecnológica, que garante o fornecimento de IFA importado para a produção de 100,4 milhões de doses. Agora, com a chegada do banco de células e de vírus à Fiocruz, será possível iniciar a produção de uma vacina 100% nacional. Em Bio-Manguinhos/Fiocruz, os profissionais farão, inicialmente, a implementação da etapa de descongelamento. O banco de células e o de vírus passarão, assim, pelo processo produtivo de descongelamento e seguirão para
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as demais etapas de produção do IFA: expansão celular, biorreação, rompimento celular e tratamento enzimático, clarificação, purificação, concentração e condicionamento, formulação do IFA, filtração final, congelamento e controle de qualidade do IFA. A produção do IFA nacional passa por uma série de etapas que podem durar alguns meses. Serão produzidos dois lotes de pré-validação e três de validação, que passarão por testes de comparabilidade pela AstraZeneca. Paralelamente, na modalidade de submissão contínua junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), serão enviadas as documentações necessárias para solicitar a alteração no registro da vacina, incluindo o novo local de fabricação do IFA, condição necessária para entrega do produto ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). A previsão é que as primeiras doses 100% nacionais sejam entregues em outubro.
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Entrevista
“A EXPRESSÃO MAIS GRAVE E MAIS DRÁSTICA DAS DESIGUALDADES SOCIAIS É A FOME.” RENATA MOTTA, SOCIÓLOGA ARQUIVO PESSOAL
Por Patricia Fachin e Ricardo Machado, da IHU On-Line Foto de Arquivo Pessoal e Projeto Sem Fome (Rio de Janeiro) Artes – IHU e Pesquisa
H
á oito anos, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura - FAO (na sigla em inglês) declarou que o Brasil, pela primeira vez na série histórica, havia eliminado a fome. O índice leva em conta nações em que menos de 5% da população vivem em situação de insegurança alimentar grave. A pesquisa “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil” revela, no entanto, que a atual situação é, além de grave, inaceitável. “Nosso principal resultado é que 59,9% dos domicílios entrevistados declararam estar em uma situação de insegurança alimentar. Esse percentual pode ser dividido em três grupos, sendo que 31,7% estão em insegurança alimentar leve, 12,7% moderada e 15% grave. Esta é a média nacional”, explica a pesquisadora e uma das autoras do estudo, Renata Motta, em entrevista por telefone ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU. “Sim, podemos falar que a fome voltou ao Brasil e, mais do que isso, essa fome tem consequências irreversíveis para a saúde”, assevera. A escala que classifica os diferentes níveis de restrição alimentar a que a população vulnerável está submetida é dividida em: “leve”, quando há uma preocupação ou incerteza de se ter alimentação no futuro, que afeta as escolhas presentes, como a qualidade dos alimentos, a fim de não comprometer sua quantidade; a insegurança alimen-
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tar é “moderada” quando há redução de alimentos entre os adultos e “grave” quando essa restrição atinge todos os membros do domicílio. “Estamos vendo as consequências de escolhas sociais, da opção de eleger representantes no Congresso Nacional e no poder Executivo que não têm nenhuma agenda social e não estão comprometidos com nenhuma agenda de promoção da renda, de promoção do direito à alimentação”, critica a entrevistada. “A política mais urgente de que precisamos agora é o Auxílio Emergencial, em valores adequados para suprir as necessidades das famílias”, propõe. Renata Motta é professora de sociologia no Instituto de Estudos Latino-americanos na Freie Universität Berlin e, atualmente, líder do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia. Possui doutorado em sociologia pela Freie Universität Berlim. É graduada em Relações Internacionais pela PUC-MG, e Mestre em Ciências Sociais pelo CEPPAC/UnB. Confira a entrevista. IHU On-Line – Como foi feito o estudo do qual a senhora participou, segundo o qual seis em cada dez casas brasileiras vivem em insegurança alimentar? Renata Motta – O estudo é uma pesquisa representativa da opinião pública brasileira. Ela foi feita por meio de uma coleta entre os dias 21 de novembro e 19 de dezembro de 2020. A amostra foi delimitada com base nas estatísticas atuais do eleitorado, segundo o Tribunal Superior Eleitoral - TSE, usando cálculo de confiança e margem de erro de 2%. Foram analisadas respostas de duas mil pessoas, que foram coletadas
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por telefone em função das necessidades de distanciamento social na pandemia. Para esse trabalho, utilizamos um banco de dados que nos permite fazer uma seleção aleatória estratificada. É interessante que esta amostra incluiu telefones fixos e móveis para refletir a realidade brasileira. Utilizamos uma plataforma que permite discagem automática e registra o gerenciamento do projeto. O mais importante a se dizer é que se tratava de um questionário cuja aplicação média durava 29 minutos, com 73 perguntas que nossa equipe, junto com os parceiros, preparou. Havia vários blocos de questões: o primeiro incluía características sociodemográficas e econômicas; o segundo, os impactos da pandemia na alimentação;
o terceiro, os efeitos da pandemia sobre trabalho e renda; o quarto, trabalhos domésticos e de cuidados no contexto da pandemia; o quinto, o número de infectados com Covid-19 no domicílio e na vizinhança; o sexto, sobre a participação social em ação de enfrentamento da Covid-19; e o sétimo, opinião política sobre a pandemia. É importante ressaltar que esta amostra foi estratificada, buscando os perfis que mais interessavam à nossa análise. São eles: gênero, raça ou cor, idade, escolaridade, situação territorial (o que incluía analisar se era urbana ou rural, mas também as cinco regiões do país). IHU On-Line – Qual o panorama sobre a situação de insegurança alimentar no país? Em quais regiões brasileiras o quadro é mais preocupante? Renata Motta – Nosso principal resultado é que 59,9% dos domicílios entrevistados declararam estar em uma situação de insegurança alimentar. Esse percentual pode ser dividido em três grupos, sendo que 31,7% estão em insegurança alimentar leve, 12,7% moderada e 15% grave. Esta é a média nacional. Outro fator relevante é que todos esses dados sofrerão variações segundo os marcadores de desigualdades que selecionamos. Nesse sentido, é importante explicar como se diferenciam os níveis de insegurança alimentar. Há um parâmetro chamado Escala Brasileira de Insegurança Alimentar - Ebia, que mensura a vivência e a percepção de insegurança alimentar no nível familiar. Esta escala dimensiona não somente a dificuldade de acesso aos alimentos, mas as dimensões psicológicas e sociais. Segurança alimentar é quando a família tem acesso permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficientes, sem comprometer as necessidades essenciais. A insegurança alimentar leve é quando há uma preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos suficientes no futuro. Isso leva à qualidade inadequada dos alimentos, visando a não comprometer a quantidade de alimentos, ou seja, a pessoa faz escolhas de modo que não falte alimento no fi-
nal do mês. Pode ser que a pessoa compre alimentos mais baratos e deixe, por exemplo, de comer carne. A insegurança alimentar moderada é quando há uma redução significativa de alimentos entre os adultos ou uma ruptura nos padrões de alimentação, cortando ou pulando refeições devido à falta de alimentos. A insegurança alimentar grave é quando isso atinge as crianças, isto é, elas vão comer menos quantidade e pular refeições. Muitas vezes se considera que só existe fome quando falta alimentação para todas as pessoas do domicílio, mas a Ebia é mais completa, pois mostra a fome entre os adultos na insegurança alimentar moderada, e na leve ficam evidenciadas as estratégias que as pessoas desenvolvem para não passar fome, mas que, no fundo, prejudicam uma alimentação adequada. Essa escala é complexa, pois consegue envolver mais do que a fome propriamente dita. Entre os nossos principais resultados, vimos, por exemplo, como a fome se comporta nas diferentes regiões do país. No Nordeste, por exemplo, a média nacional de 59,9% passa para 73% e no Norte para 67%, ao passo que no Centro-Oeste, Sudeste e Sul cai, em comparação com a média nacional.
Desigualdade brutal Da mesma forma, temos uma desigualdade brutal entre as áreas rurais e urbanas. A média nacional para as regiões urbanas é de 55,7% e nas áreas rurais é de 75%; ou seja, há uma diferença de quase vinte pontos percentuais. Outro resultado muito importante aponta que, se o único responsável pelo domicílio é uma mulher, o número (em relação à média nacional) sobe para 74%. Ainda, se a pessoa se identificar racialmente como preta, sobe para 68%, e se parda, para 67%. Ou seja, o recorte de gênero e raça tem um impacto muito grande na vida desses domicílios, no que toca à insegurança alimentar. Os domicílios que têm crianças e adolescentes sofrem mais insegurança alimentar do que aqueles que não possuem. Ainda que a média nacional seja de 59,9%, nos domicílios com crianças de até quatro anos esse número salta para 71%. Em 63% dos domicílios com crianças entre 5 anos e adolescentes até 17 anos, há insegurança alimentar. Outro indicador importante é que esta situação é impactada pela renda. As famílias que têm renda per capita de até R$ 500 possuem um grau muito maior de insegurança alimentar. Quando a renda média vai para R$ 1 mil por pessoa, o
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Entrevista percentual baixa para 26%. O tipo de renda que a pessoa tem também influencia, pois naquelas famílias com aposentadoria, que é um valor muito mais alto e robusto, o percentual de insegurança alimentar é de 56%. Isso demonstra a importância da aposentadoria e de ela estar vinculada ao salário mínimo. Nos lares em que a renda decorria do Auxílio Emergencial, a insegurança alimentar era de 74%. Já nas famílias que recebem Bolsa Família, a insegurança alimentar chega a 88%. A vulnerabilidade das pessoas que recebem o Bolsa Família é mais alta; o Cadastro Único é realmente eficiente para identificar esta vulnerabilidade, e o Auxílio emergencial foi fundamental para impedir uma situação ainda pior. Há um contingente imenso de famílias vulneráveis, não somente pela pandemia, mas previamente à pandemia, pois sabemos que o Bolsa Família não estava dando conta do contingente de pessoas que deveria receber o benefício. Daí veio a pandemia e o Auxílio Emergencial aliviou em parte, mas somente em parte, porque o valor é insuficiente para cobrir as necessidades básicas com alimentação. IHU On-Line – Quais são as principais causas associadas ao retorno da insegurança alimentar no país? Renata Motta – Essa é uma pergunta fundamental porque a imprensa tende a reportar os dados, mas deixa de fora a explicação de como eles foram construídos. Esta situação, é importante salientar, vem de antes da pandemia, que, por sua vez, agrava um quadro que já era gravíssimo. Desde a série histórica, medida a partir de 2004, com os dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad, o Brasil chegou aos patamares mais baixos da história em 2013/2014, que o percentual de famílias em situação de insegurança alimentar grave foi de menos de 5%. A FAO considerou, então, que o Brasil saiu do Mapa da Fome. A Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, de 2017-2018, mostrou, ao contrário, uma tendência de queda na segurança alimentar. A insegurança alimentar, que em 2013 tinha sido
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“A política mais urgente de que precisamos agora é o Auxílio Emergencial em valores adequados para suprir as necessidades das famílias.” medida em 23%, passou para 37% em 2017-2018. O dado da nossa pesquisa mostra, então, outro salto, de 37% para 59,9%. Embora a comparação precise levar em conta que a metodologia de análise é diferente, o retrato que trazemos mostra o agravamento da série histórica e isso está relacionado a vários fatores. IHU On-Line – Alguns pesquisadores também chamam a atenção para o retorno da fome no país. A pesquisa indica algo nesse sentido? Renata Motta – Sim. A pesquisa mostra uma mudança no perfil da alimentação brasileira com restrição à quantidade, mas também à qualidade de comida de verdade, como arroz, feijão, carne, verduras, hortaliças, tubérculos, inhame. A insegurança alimentar grave, que é a fome entre todas as pessoas do domicílio, apresenta dados alarmantes, bem como a insegurança alimentar moderada. Juntando esses dois dados, ultrapassa 28%. Para a FAO, se mais de 5% da população está em situação de insegurança alimentar grave, já é considerado um país com fome. Sim, podemos falar que a fome voltou ao Brasil e, mais do que isso, essa fome tem consequências irreversíveis para a saúde, pois há a redução de consumo de alimentos saudáveis e o aumento expressivo do consumo de alimentos industrializados. IHU On-Line - Como a senhora interpreta o quadro de insegurança alimentar evidenciado na pesquisa à
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luz da atual crise que o país enfrenta? Quais são os efeitos disso para a sociedade como um todo? Renata Motta – Estamos vendo as consequências de escolhas sociais, da opção de eleger representantes no Congresso Nacional e no Poder Executivo que não têm nenhuma agenda social e não estão comprometidos com nenhuma agenda de promoção da renda, de promoção do direito à alimentação e à educação. A sociedade brasileira tinha evoluído na década de 1990, quando a fome era um problema constante. Naquela época, tínhamos muitas ações assistencialistas e a sociedade evoluiu no sentido de superar essas ações para construir uma política robusta de promoção do direito alimentar, quando foi eleita uma agenda política de combate à fome e de promoção do direito à alimentação. Essa agenda gerou resultados, mas houve uma reversão de agendas desde a polarização política e social que se seguiu às Jornadas de Junho de 2013. A polarização se intensificou a partir de 2014, 2015, depois houve o golpe contra a ex-presidente Dilma em 2016 e, desde então, ocorreu uma radical mudança de rumo no país, com a adoção clara de uma política de austeridade, do teto de gastos, e o descompromisso com a redução das desigualdades sociais. A expressão mais grave e mais drástica das desigualdades sociais é a fome. Estamos vendo muitas iniciativas de solidariedade, que são extremamente necessárias e urgentes neste momento. Mas elas não substituem o papel de uma política de enfrentamento desse problema, uma política da valorização da cultura alimentar brasileira e de promoção do acesso à comida de verdade para todos que moram no campo e na cidade. Os movimentos sociais e a sociedade civil organizada nunca deixaram de defender essa bandeira, que não se vê refletida no poder Executivo e no Congresso Nacional. As consequências disso são muito graves, o que significa, para uma geração de crianças em desenvolvimento, que elas passarão uma parte deste período em situação de alimentação inadequada e fome. Isso tem
FOTO DO PROJETO SEM FOME
impactos no desenvolvimento delas. Estamos vendo um retrocesso não só nesses indicadores, mas nos conceitos sociais: que tipo de sociedade queremos, em que tipo de políticas votamos? Estamos vendo as consequências do Estado mínimo. IHU On-Line - Que tipo de política pública seria urgente para enfrentar o atual quadro de insegurança alimentar? Renata Motta – Temos um grande leque de políticas públicas construídas ao longo de mais de uma década entre gestores públicos e a sociedade civil organizada. A política mais urgente de que precisamos agora é o Auxílio Emergencial, em valores adequados para suprir as necessidades das famílias. Ou seja, teria de ser um valor muito superior ao que estamos vendo. Nossos dados mostram que, nos lares em que a renda per capita é de até R$ 500 mensais, a insegurança alimentar atinge 71%. Ela só se reduz significativamente para 44% entre aqueles que recebem entre R$ 500 e 1 mil por mês. A partir de R$ 1 mil mensais per capita, a insegurança cai para 26,5%. Mas é necessário considerar que as famílias também precisam pagar aluguel, transporte e têm outros gastos. Considerando os preços dos alimen-
tos e as obrigações das famílias, o Auxílio Emergencial per capita deveria ser de no mínimo R$ 600. Os nossos dados mostram que inclusive nos lares que receberam essa parcela, a maioria, 74%, estava vivendo em situação de insegurança alimentar. Do ponto de vista emergencial, o auxílio precisa ser consistente enquanto durar a pandemia para poder permitir o isolamento social e o combate à Covid-19. Essa política não pode ser intermitente; ela tem que durar enquanto estivermos passando por este momento, para as famílias poderem se planejar e fazer suas escolhas. Do ponto de vista do médio prazo, vemos que a insegurança alimentar é significativamente maior nas áreas rurais, por vários motivos. Um deles é que a população rural tem menos acesso à renda, o que é fundamental para a aquisição de alimentos. Além disso, os agricultores viram o acesso aos seus mercados serem altamente prejudicados [na pandemia]. Quem se beneficiou com a pandemia foram os grandes conglomerados, supermercados, hipermercados, que vendem cestas básicas, enquanto os agricultores que produzem e vendem comidas frescas tiveram dificuldades de escoar sua produção. Além de um auxílio emergencial, existem as políticas de agricultura familiar e camponesa, a política de aquisição de alimentos e a Política Nacional de Alimentação Escolar, que precisam ser retomadas. Temos o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - Consea, que assessora o governo na promoção do direito à alimentação e precisamos que ele seja restituído nos moldes anteriores, para que as conferências sejam convocadas, de modo que possamos, juntos, reconstruir uma política robus-
ta de alimentação adequada. Existem vários mecanismos de promoção da alimentação de verdade, uma política de estoques para regular o preço dos alimentos, mas não existe uma política de promoção da renda e do trabalho. Ao contrário, existe uma política de flexibilização das leis trabalhistas, do trabalho, dos direitos, e isso afeta diretamente o acesso à alimentação adequada. IHU On-Line - Que cenário vislumbra para o país nos próximos meses, considerando o quadro de insegurança apresentado na pesquisa e também a redução do benefício do Auxílio Emergencial? Renata Motta – Não consigo, neste momento, responder de uma forma otimista, porque os números da nossa pesquisa foram, inclusive, distorcidos pelo presidente, o qual disse que é o isolamento social o responsável pelo aumento da fome. É muito importante a comunicação responsável da ciência em mostrar que esta situação que estamos vivendo hoje é resultante de anos de mudanças estruturais, e não um efeito imediato da pandemia. É resultado da redução da renda da população em conjunto com a falta de outras políticas estruturantes de acesso aos alimentos saudáveis. Tivemos um ataque do governo atual ao Guia Alimentar para a População Brasileira, ou seja, não há otimismo na sensibilidade do atual governo para a agenda da promoção do direito à alimentação saudável e para a promoção de uma política de renda e de valorização do salário. Com a agenda neoliberal do governo não há motivos para se esperar um cenário melhor. A esperança que temos é o Congresso Nacional – que aprovou o Auxílio Emergencial de R$ 600 no ano passado – ou o Poder Judiciário agirem para remediar a situação de forma mais imediata, e a sociedade brasileira tomar suas decisões, no momento de fazer as escolhas políticas, baseadas em agendas que valorizem a vida e o direito à alimentação adequada.
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Colunista Luiz Antônio Gaulia
ESG: AIRBAG DA REPUTAÇÃO
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sigla ESG vem do inglês Environmental, Social and Governance e ganha, a cada ano, maior relevância e atenção entre as lideranças empresariais. Podemos dizer que foi em 2004 que o conceito ESG começou a conquistar a atenção geral das empresas, a partir do lançamento de um relatório das Nações Unidas cujo título, bastante inspirador, era “Who Cares Wins”. Numa livre tradução, algo como “Quem Cuida, Ganha”. O líder dessa iniciativa foi Kofi Annan, Secretário-Geral da ONU, que havia convidado os CEOs das 50 maiores instituições financeiras mundiais (apenas 21 participaram de fato) para criar um guia prático e capaz de integrar diretrizes e recomendações de critérios ambientais, sociais e de governança aos mercados de capitais. A proposta também iria contribuir para preencher a percepção negativa do gap existente entre investidores, o setor financeiro e as questões ambientais, sociais e de governança. Se a iniciativa de construir uma imagem positiva pode ser considerada uma forma de gerar valor e capitalizar a marca de uma empresa, propor soluções para problemas ambientais e sociais, bem como ter uma governança corporativa mais transparente e confiável, facilitaria olhar para bancos e financeiras com mais simpatia.
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Grandes instituições financeiras passaram, assim, a integrar fatores ESG materialmente relevantes no monitoramento de desempenho e de medição de sistemas de incentivos para analistas e gestores de fundos. O dinheiro deveria ser empregado em corporações e negócios que fossem mais responsáveis diante de questões sociais, ambientais e até mesmo de honestidade e prestação de contas. Através dessa lupa da ESG, os financiadores e bancos de investimentos ao redor do mundo teriam critérios mais seguros para
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empregar o capital. A ESG reduziria riscos e crises potenciais no futuro. Faz sentido para você? Assim, diante de uma preocupação crescente de cidadãos, empregados, fornecedores, ONGs, governos e comunidades com as pessoas e o planeta, bem como das empresas e dos acionistas com os lucros, as diretrizes de uma boa gestão baseada na criação de valor para os acionistas e nos princípios ESG destacam vantagens competitivas, como1: • Identificação precoce de riscos em potencial, bem como ameaças ou
FOTOS DE DIVULGAÇÃO – SUZANO/ TERMINAL DE CONTÊINERES/ B3 E GERDAU
economia e o dinheiro são as molas que impulsionam investimentos sustentáveis. Quando recursos financeiros são dilapidados, os riscos sociais se ampliam exponencialmente - e, com eles, os riscos ao meio ambiente também crescem. Se a ESG é o airbag da reputação, a EESG, com o E de “economics”, é a combinação para a prosperidade e para o progresso de povos e nações.
possíveis falhas de gestão; • Novas oportunidades de negócios oriundas da análise de riscos e oportunidades; • A satisfação e a fidelidade de clientes em diferentes tipos de mercado; • A reputação da marca como ativo de atração e admiração; • Novas alianças e parcerias de negócios; • Redução da intervenção regulatória e de multas; • Redução de custos em geral, além de menor custo de acesso ao capital; • Mais simpatia de comunidades para receber investimentos e aprovar a chamada “licença social para operar”2. Ao propor caminhos para investimentos em empresas sustentáveis, as instituições financeiras privadas de grande influência no mundo em-
presarial, estavam criando um novo modelo de garantia para seus investimentos e empréstimos. O fato é que as questões envolvendo ESG servem como uma espécie de airbag para proteger a reputação das empresas, uma vez, que ao conhecer melhor variáveis econômicas, ambientais, sociais e de governança corporativa, coloca luz sobre pontos fracos e fortes, temas relevantes e potenciais gerados de lucros ou prejuízos. Um colchão reputacional pode ser criado quando entendemos o negócio com uma visão mais sistêmica, ampla e mais cuidadosa sobre os temas que podem se tornar grandes dores de cabeça para gestores. A pergunta que fica, em tempos de pandemia e de abalos profundos nas economias dos países, é saber se mais um “E” ganha mais força quando pensamos nas letrinhas ESG. A
(*) Luiz Antônio Gaulia é Colunista de Plurale. É Mestre em Comunicação e Sustentabilidade pela PUC-Rio, especialista em Comunicação Empresarial. Trabalhou com marcas e empresas de grande porte como CSN, Light, Votorantim, Alunorte, Vale, O Boticário e Ajinomoto e Norsul. 1. Estas diretrizes estão baseadas nas diretrizes presentes no documento Who Cares Wins. Connecting Financial Markets to a Changing World, acessível em:http://documents1.worldbank.org/curated/en/280911488968799581/ pdf/113237-WP-WhoCaresWins-2004.pdf 2. A chamada “licença social para operar” não é uma obrigação legal ou exigência regulatória. Na verdade, é uma espécie de aceitação da comunidade para receber um novo investimento no território no qual uma usina, uma refinaria, um porto ou uma mineração pode iniciar novas operações. A comunicação neste sentido também é fundamental para o sucesso de um empreendimento no início de sua instalação e ao longo de suas obras e funcionamento.
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Colunista Plurale Giuliana Preziosi
O DESAFIO DAS EMPRESAS PARA ENGAJAR A GERAÇÃO Z
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ascensão da tecnologia, o mundo globalizado e em rede fazem com que todos tenham acesso fácil e rápido a qualquer tipo de informação, tornando decisões e escolhas cada vez mais difíceis de serem tomadas. O trabalho das empresas em atrair e reter funcionários se torna mais desafiador. Aparecem questões como: “em qual empresa trabalhar?”, ou “em qual empresa não quero trabalhar?”, “o que esta empresa está fazendo em relação a determinado assunto?”, “como é o ambiente de trabalho?”. Ser funcionário de uma empresa passa a ser mais do que receber um salário por fazer um serviço. E neste contexto surge a necessidade de falar em engajamento. Segundo a Gallup, empresa global que avalia engajamento, apenas 30% dos funcionários, em média, se sentem engajados no trabalho, considerando os últimos 18 anos de pesquisa. De acordo com a pesquisa Panorama Engajamento Brasil, feita em 2018, 64% dos entrevistados afirmaram existir um projeto (ou grupo de ações) para aumentar o engajamento dos colaboradores em suas empresas. No entanto, ao atribuírem uma nota de 1 a 10 para a eficácia deste projeto de engajamento, a média geral foi 6,76. O baixo nível de engajamento no trabalho pode ser considerado um dos problemas econômicos globais mais alarmantes, pois é um fenômeno que reduz performance. Mas, se conduzido de forma assertiva, pode se constituir numa grande vantagem
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FOTOS DO BANCO DE IMAGENS UNSPLASH
competitiva, trazendo aumento de produtividade, melhoria de clima organizacional e muitos outros benefícios. Tudo isso fica ainda mais desafiador quando olhamos para a geração Z, jovens que estão começando suas carreiras. Há muitas divergências em relação aos recortes específicos de cada geração; no entanto, pode-se dizer que a Geração Z compreende as pessoas nascidas a partir de 1995, atualmente com idade entre 18 a 26 anos. Mas o que esta geração tem de especial? É a primeira geração que nasceu no mundo da tecnologia, com acesso à internet. Já imaginou o impacto disso? São jovens questionadores justamente por terem acesso fácil a informações sobre qualquer assunto. Eles querem se sentir ouvidos e valorizados. Buscam prazer no que fazem, tanto na vida pessoal quanto
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na profissional. Trabalhar, para essa galera, tem que trazer algum sentido para suas vidas - e por isso deve haver conexão com seus valores. São jovens muito mais conscientes dos problemas globais que enfrentamos: mudanças climáticas, escassez de recursos naturais, desigualdades sociais, preconceito e discriminação, entre vários outros. Podem não saber com detalhes, mas têm consciência destes desafios. E por isso não querem trabalhar em empresas que, na sua visão, provoquem algum impacto negativo na sociedade. Isso gera um desafio enorme para o mundo corporativo, principalmente ao considerar o futuro do trabalho. Reter esses jovens não é tarefa simples, porque eles não têm medo de mudança e vão atrás de sentido, de realização e de propósito. Uma visão estratégica de sustentabilidade para os negócios traz va-
•Programa de Qualidade de Vida e maior flexibilidade no trabalho O equilíbrio entre vida profissional e pessoal é fundamental, além de ter maior flexibilidade no trabalho, são práticas importantes para que esse jovem permaneça na empresa.
lores para a cultura organizacional. Valores estes que são percebidos por este jovem que querem atuar em organizações que causem impacto positivo de dentro para fora e de fora para dentro dos muros da empresa. Dessa forma, ter uma gestão para sustentabilidade pode ser crucial para uma visão de longo prazo de qualquer organização. Além disso, é muito importante para o jovem da geração Z poder ser ele mesmo. E a empresa deve não só dar abertura para isso, mas valorizar e promover um ambiente corporativo aberto e de troca. Para tal, é preciso falar em Diversidade e em Inclusão. O jovem de hoje entende o mundo diverso e cobra uma postura aberta e inclusiva das organizações. Pautas como racismo, equidade de gênero, homofobia e acessibilidade, entre outras, precisam ser discutidas e encaminhadas. Outro ponto é a própria questão intergeracional. Com o aumento da expectativa de vida, temos quatro gerações convivendo no mercado de trabalho, cada uma com características marcantes, porque viveram períodos históricos muito diferentes. É preciso haver um olhar focado nas potencialidades de cada geração, e não nos problemas. A troca intergeracional pode trazer ganhos muito expressivos, se houver uma gestão apropriada. Mas não basta um posiciona-
mento de marketing raso, sem ações efetivas que comprovem a geração de valor para diferentes partes interessadas. Valores institucionais concretos são percebidos - e não apenas escritos em uma folha de papel. Após uma ampla revisão de artigos na literatura acadêmica e também de entrevistas com grandes empresas brasileiras que figuram tanto no Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 quanto no ranking das Melhores Empresas para Começar a Carreira da Você SA, foi possível elencar algumas práticas que exercem grande influência na relação entre sustentabilidade e o engajamento da geração Z no trabalho. •Programa de Diversidade e Inclusão A Geração Z enxerga a Diversidade como algo natural e característico do mundo atual - e isto precisa estar refletido no ambiente corporativo. Poder ser você mesmo é essencial! •Treinamento e capacitação O jovem valoriza a aprendizagem, seja de questões relacionadas à sustentabilidade ou de maneira mais geral. •Programa de Voluntariado Corporativo O voluntariado pode ser uma incrível oportunidade para uma atuação protagonista que gere impacto positivo na sociedade.
•Ações de impacto positivo para a sociedade São várias as possibilidades! Cabe um mergulho no tão falado ASG, promovendo ações com foco Ambiental, Social e de Governança. Precisa ser estratégico e trazer uma relação de ganha-ganha para as diferentes partes interessadas. •Ações de fomento à inovação e tecnologia A inovação é importante e está tanto na forma de fazer - através de metodologias ágeis, grupos de trabalho multidisciplinares e estratégias de colaboração - quanto na entrega de produtos e serviços diferenciados. Sustentabilidade passa a ser requisito para a sobrevivência de muitas empresas; caso contrário, podem ter dificuldade de lidar com uma geração que está entrando no mercado de trabalho disposta a contribuir com soluções - e não aumentar os problemas já existentes. O desafio para as empresas está em canalizar essa energia dos jovens para promover inovação, potencializar uma troca intergeracional, gerar mudanças e conectar pessoas. Sustentabilidade entra como motor transversal, que gera valor de longo prazo e direção para uma estratégia mais colaborativa, coletivista e inclusiva. (*) Giuliana Preziosi é Colunista de Plurale, Sócia na Conexão Trabalho Consultoria e Mestre em Gestão para Sustentabilidade. Este artigo apresenta parte dos resultados de seu trabalho de mestrado “A Influência da Sustentabilidade no engajamento da Geração Z no trabalho”.
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Pelo Brasil Al Gore: uma voz muito conveniente em tempos de incertezas
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Por Sônia Araripe, Editora de Plurale
estes tempos de tantas incertezas, nada melhor do que ouvir a "voz da experiência". A palestra virtual realizada em 25 de maio foi com Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, hoje totalmente dedicado ao tema sustentabilidade e às mudanças climáticas. Um líder inspirador. Al Gore é co-fundador e presidente da Generation Investment Management, além de fundador e presidente do The Climate Reality Project, uma organização sem fins lucrativos dedicada a resolver a crise climática. Ele também é sócio sênior da Kleiner Perkins Caufield & Byers e membro do conselho de diretores da Apple Inc. Em 2007, Gore recebeu o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, por “informar o mundo dos perigos representados pelas mudanças climáticas”. O evento "Cidadão Global 2021" foi patrocinado pelo Santander Brasil e e pelo jornal Valor Econômico. A palestra foi muito interessante, com Al Gore
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fazendo análise sobre o cenário global atual, falou também sobre o papel dos EUA neste diálogo, agora com Biden, e teceu comentários até chegar ao Brasil. "Sou otimista, acredito em uma revolução sustentável, ainda mais impactante do que a industrial", afirmou, essa revolução terá como consequências positivas a geração de empregos verdes e a redução de pobreza e de desigualdades para os mais vulneráveis. O autor do documentário "Uma verdade inconveniente" (2006) falou sobre as vantagens comparativas do Brasil neste quadro, como energia eólica e solar com baixos custos - assim como a possibilidade de ter uma agricultura sustentável, que não provoque o desmatamento. Fez, no entanto, importante alerta que a "Amazônia corre o risco de se transformar em savana", se nada for feito para evitar mais desmatamento. Citou relatório da Swiss Re para advertir que, se o Brasil continuar na trajetória atual de política ambiental, "pode perder 17% de seu PIB até 2048". O ex-vice-presidente dos EUA também citou a relevante participação das comunidades indígenas na preservação da biodiversidade e aconselhou governantes brasileiros e de todo o
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mundo a ouvir essa parcela da população no desenvolvimento das políticas climática e de biodiversidade. “Elas protegem a biodiversidade mundial há gerações, então garantir que sejam consideradas é importante para proteger a Amazônia”, completou. Destacou o papel de empresas privadas, governos e consumidores nesta migração para a economia de baixo carbono. Falou sobre os pilares ESG, mas alertou para o "perigoso" caminho fácil do greenwashing". O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, reforçou que o sistema financeiro brasileiro tem o compromisso e o desafio de auxiliar e financiar esta transformação para a economia de baixo carbono. E frisou os desafios para as empresas privadas e para a sociedade. Na abertura, José Roberto Marinho, Vice-presidente do Grupo Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho, falou sobre o papel da educação para a sustentabilidade. E também sobre o papel dos povos indígenas e da Amazônia para a humanidade - e citou a líder indígena de Roraima, Sineia do Vale. A palestra completa está disponível no Youtube.
REPRODUÇÃO DA LIVE CIDADÃO GLOBAL
FOTOS DE ARQUIVO DAS FAMÍLIAS DE VILMAR BERNA E RENÉ CAPRILES
Jornalismo ambiental perde Vilmar Berna e René Capriles Do Rio
O jornalismo ambiental perdeu em 2021 os relevantes Vilmar Berna e René Capriles. Ambos foram precursores neste segmento e inspiraram muitos que vieram depois, como nós, de Plurale. O trabalho de Vilmar Berna pelo desenvolvimento sustentável foi reconhecido pela ONU, tendo recebido o Prêmio Global 500 das mãos do imperador Akihito, do Japão. Apenas outros dois brasileiros receberam tal honraria: o seringueiro e ambientalista Chico Mendes e o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Berna fundou a Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental, que atuou incansavelmente pela educação ambiental com livros e diversas ações. René Capriles era editor, ao lado da esposa, a também jornalista Lúcia
Chayb, da revista Eco 21. Escritor e ambientalista, conseguiu agregar pensadores diversos – de vários países – para escrever na publicação.
Deixa também um legado relevante. Nos solidarizamos com familiares e legião de amigos. Sigam na luz, companheiros.
Ilhas Cagarras têm importância reconhecida: monumento natural é nomeado o mais novo “hope spot” do mundo Por Josué Fontana, do Blog O Biólogo
Em 2021, o Projeto Ilhas do Rio completa 10 anos de pesquisas dedicadas ao Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras), a primeira Unidade de Conservação (UC) marinha federal de proteção integral do litoral carioca, localizada a 5 km da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Foram tantas descobertas, tantos tesouros encontrados nessas pequenas porções de terra e seu entorno, que a região passa a integrar agora a seleta lista de Hope Spots, composta por aproximadamente 130 locais em todo o mundo, ao lado de Galápagos (Equador) e da Grande Barreira de Coral (Austrália).
O anúncio oficial da nomeação foi feito em abril pela Mission Blue, aliança internacional para conserva-
ção marinha liderada pela Dra. Sylvia Earle, responsável pelo reconhecimento desses importantes locais.
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Pelo Brasil União Estável homoafetiva completa 10 anos no Brasil, com quase 3 mil atos realizados no Rio de Janeiro Do Rio de Janeiro
Um dos mais emblemáticos dias para a garantia dos direitos LGBT no Brasil completou 10 anos. Há uma década, no dia 5 de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecia, por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Desde então já foram quase 3 mil uniões homoafetivas realizadas no Estado que, desde agora, também permite que o ato seja feito online, pela plataforma oficial e-Notariado (htpp://www.e-notoriado.org.br). Num voto histórico, o ministro Ayres Britto, relator das ações, argumentou que o artigo 3º, inciso IV, da CF veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual; e que, portanto, seria necessário excluir qualquer significado do artigo 1.723 do Código Civil que impedisse o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. "O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica", observou o magistrado, para concluir que qualquer depreciação da união estável homoafetiva colidia com o inciso IV do artigo 3º da CF. De acordo com os dados do Colégio Notarial do Brasil - Seção Rio de Janeiro (CNB/RJ), desde a decisão do STF mais de 2,8 mil escrituras de uniões estáveis entre casais do mesmo sexo já foram realizadas por Cartórios de Notas do Rio de Janeiro, sendo 358 em 2020, ano da pandemia. O ano de 2018, véspera do início do mandato do atual
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presidente da República, marca também o recorde da década, com 460 atos realizados. Dezembro foi o mês mais escolhido para a realização do ato, com uma média de 100 uniões realizadas no período a cada ano. A decisão é considerada também um marco para o Direito de Família. O pleito abriu um debate importante na sociedade, que resultou, em 2013, na Resolução nº 175 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que permitiu aos cartórios registar casamentos homoafetivos. O presidente do CNB/RJ, José Renato Vilarnovo, ressalta que os atos realizados nos Tabelionatos de Notas representam uma grande e importante ferramenta de segurança jurídica aos casais. "A escritura pública de União Estável é um dos mais importantes passos que o País deu em relação à garantia dos direitos de homossexuais e tão recente. É extremamente necessário reforçar o tratamento igualitário aos casais que buscam comprovar e assegurar sua relação, planos de saúde e, até mesmo, garantir que o companheiro seja considerado como tal ao receber a herança em
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caso de morte do outro", explica o presidente. União Estável Online Desde junho do ano passado, o ato pode ser realizado de forma online, pela plataforma e-Notariado. Para realizá-la, o cidadão precisa de um Certificado Digital Notariado, emitido gratuitamente pelos Cartórios de Notas cadastrados, ou possuir um certificado padrão ICP-Brasil, o mesmo utilizado para envio do Imposto de Renda de Pessoa Física. Com o certificado digital, o cidadão deve entrar em contato com o Cartório de Notas de sua preferência e solicitar o ato. Um link para a videoconferência será enviado para o e-mail indicado pelo usuário. Após a vídeo-chamada, na qual é realizada a identificação das pessoas e a coleta de sua vontade, o cidadão pode assinar seu documento pelo computador ou celular com um simples clique. No Brasil, desde a decisão do STF, mais de 21,6 mil escrituras de uniões estáveis entre casais do mesmo sexo já foram realizadas por Cartórios de Notas de todo o País, sendo 2.125 em 2020, ano da pandemia.
Parque Dois Irmãos/RJ é renomeado como Alfredo Sirkis em homenagem ao ambientalista Do Rio de Janeiro
O Parque Natural Penhasco Dois Irmãos no Rio de Janeiro/RJ foi rebatizado de Parque Municipal Natural Alfredo Sirkis, no dia 30 de abril. O ambientalista, jornalista e escritor – um dos fundadores do Partido Verde - morreu em um acidente de carro em 2020. Sirkis teve uma ligação forte com o espaço; foi responsável por reflorestar a área e barrar a construção de um hotel no local, junto com a arquiteta, editora e esposa Ana Borelli. “Alfredo tinha muito orgulho do Parque. Ele dizia: ‘Gostava de fazer campanha no Leblon’, porque
quando perguntavam o que ele tinha feito, respondia: ‘Eu reflorestei’, e apontava [para o Parque]”, relembra a viúva do jornalista. O ambientalista foi responsável pela criação da Secretaria do Meio Ambiente do Rio de Janeiro/RJ, em 1992. Dentre as ações como secretário, estava a formação do Parque Natural, em 1993. “Ele criou uma série de áreas ambientais na cidade e uma série de parques urbanos, inclusive, esse do [Parque] Dois Irmãos. Nada mais justo do que essa homenagem da Secretaria do Meio Ambiente e da Prefeitura do Rio ao Alfredo”, explica o dirigente do PV/RJ e presi-
dente da Fundação Parques e Jardins, Fabiano Carnevale. A arquiteta disse que a ideia veio após jogar as cinzas do marido no espaço criado também em homenagem a Sirkis, o Bosque da Amizade, no Parque Dois Irmãos. E o objetivo, é que o espaço entre no roteiro turístico da cidade, mas com uma função social, já que ao lado existe a comunidade Chácara do Céu, que usa o local como acesso. “[Ter] atividades e serviços para gerar economia para a comunidade. Melhorar o que precisa, [ter] restaurante, sinalização, segurança, horta e espaço de educação ambiental”, afirma a criadora do projeto.
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
ESG: Um caminho sem volta Por Sônia Araripe, Editora de Plurale Fotos de Divulgação
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ma sigla formada por três letras tem tomado conta do noticiário sobre sustentabilidade: ESG, do inglês Environmental (Ambiental), Social e Governance (Governança), ou, já em português, ASG. Corporações em diferentes pontos do planeta perceberam que este é um caminho sem volta e - não há atalhos. A gestão ESG é o novo mindset, alertam especialistas. Em tempos hipermidiáticos, empresas, governos e organizações estão sob constante pressão e necessitam – mais do que nunca – comprovar seus propósitos. Muito mais do que palavras bonitas em relatórios coloridos, chegou a hora e a vez de mostrar propósito e compromisso nas ações. Consumidores, investidores e acionistas ainda mais exigentes estão cobrando das corporações uma atitude de liderança. Esta Edição Especial ESG de Plurale- Estudos de Casos tem como objetivo ajudar a ampliar o diálogo sobre este assunto tão relevante e trazer exemplos ancorados nos pilares ambiental, social e governança, para inspirar e serem replicados. Boas práticas ajudam a acelerar o processo irreversível de corporações na direção de
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Boas práticas ajudam a acelerar o processo irreversível de corporações na direção de uma economia de baixo carbono e de uma sociedade mais justa e igualitária. Especial Plurale sobre ESG traz artigos e estudos de casos baseados nos pilares ambiental, social e de governança para inspirar e serem replicados uma economia de baixo carbono e de uma sociedade mais justa e igualitária. Estudos de casos - Fazem parte deste Especial ESG – Estudos de Casos algumas das maiores corporações do Brasil em diferentes setores: Arcos Dorados (Operadora McDonald´s na América Latina), Ball, Bradesco, CNseg, Coca-Cola Brasil, Gerdau, Instituto Claro, Klabin, Neoenergia, Nespresso, Shell e Via (marcas Casas Bahia e Ponto). Poderíamos editar um livro com diversos outros nomes graduados, mas foi preciso limitar e concentrar os holofotes em alguns dos mais representativos exemplos em cada ramo de atividade. Outras tantas referências estão disponíveis em nosso Portal todos os dias. Com a nossa curadoria de estudiosos do tema, em parceria com cada corporação, foram selecionados alguns estudos de caso, que compartilhamos aqui com os leitores de Plurale. Oportunidade única de conhecer de perto quem tem feito diferença nesta jornada ESG. Há dife-
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rentes cases: alguns envolvendo os três pilares (ambiental, social e de governança), outros com foco maior em um ou mais eixos. Em comum, são relevantes e corajosas ações na busca por novos posicionamentos. “Todo o movimento ESG - que não é novo, mas ganhou muita visibilidade a partir de 2020 - cria para as empresas enormes oportunidades de novos negócios, posicionamento e competitividade. Há, no entanto, que ter consistência e propósito nessa atuação. Bons exemplos de práticas empresariais são valiosos recursos nesse caminho”, frisa Sonia Consiglio Favaretto, especialista em sustentabilidade, uma referência em ESG, Conselheira de Administração e SDG Pioneer pelo Pacto Global das Nações Unidas. Governança Corporativa - Criamos, há um ano, no Portal Plurale (https:// www.plurale.com.br), um espaço especial para destacar as notícias, estudos e artigos sobre ESG. Recomendamos a leitura diária. Publicamos recente pesquisa do GNDI (Global Network of Directors
ARTE PLURALE COM FOTOS DE DIVULGAÇÃO DAS EMPRESAS/ ALGUMAS TIRADAS ANTES DA PANDEMIA
Institute), do qual o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é membro, destacando que em todo o mundo, a preocupação com as questões ESG está presente (e deverão estar ainda mais, de agora em diante) na agenda dos líderes empresariais. Não foi diferente nos dados do Brasil, pelos quais, inclusive, o IBGC foi responsável: um foco maior em questões ESG, de sustentabilidade e de geração de valor para os stakeholders surgiu como a questão mais relevante para o pós-pandemia. A íntegra do estudo está em nosso Portal. “Estamos em um momento de transição, que passa por uma transformação cultural profunda, tanto de empresas quanto da sociedade, com a qual ainda estamos aprendendo a lidar. Provavelmente, há empresas se aproveitando do ESG apenas como modismo e ferramenta de marketing, mas muitas outras estão tratando o tema de maneira séria, comprometida e estratégica. De qualquer forma, administrar impactos sociais e ambientais tornou-se um imperativo moral e uma questão de sobrevivência para as empresas, seja para quem já está mais avançado ou apenas começando a levar o assunto a sério. Para corresponder às expectativas de toda uma nova geração de investidores e consumidores, que esperam que as empresas assumam cada vez mais responsabilidades na resolução dos desafios da nossa sociedade, será preciso mudar”, recomenda Henrique Luz, membro independente de Conselhos de Administração e membro do Conselho de Administração do IBGC.
ISE da B3 - O que antes ainda parecia ser algo teórico e pouco palpável, passou a pesar no bolso e a impactar diretamente a reputação das companhias. Seguir padrões ESG deixou de ser não apenas mais um diferencial para acionistas, bancos e grandes fundos investidores por dois pontos passou a ser decisivo. Prova disso é o maior interesse de muitas empresas abertas em tentar fazer parte da seleta carteira do ISE B3, índice de sustentabilidade da Bolsa de São Paulo: o ISE, criado em 2005, é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na B3 sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, com base em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Ana Buchaim, diretora executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação e Sustentabilidade da B3, lembra que, ao longo dos anos, o ISE B3 passou por mudanças; agora, além de expandir o universo de empresas convidadas - as detentoras das 200 ações mais líquidas da Bolsa, não mais as 100 - vai trabalhar em mudanças na metodologia para acompanhar tendências locais e internacionais, de modo que o ISE B3, também reflita a sofisticação dessa agenda no mercado brasileiro e se torne ainda mais aderente às necessidades do mercado. Houve um aumento expressivo de participantes: pela primeira vez na história do ISE B3 foram 78 empresas inscritas em 2021, contra 46 em 2019. “Há avanços e um ganho crescente de maturidade. Sabemos o quanto mudou o entendimento dos investidores, consumidores e da sociedade de que as questões
relacionadas à transparência, à boa gestão, à responsabilidade social e à questão ambiental são fundamentais para o crescimento sustentável de qualquer companhia ou negócio. Se antes a visão sobre função social de uma companhia era garantir o lucro de seu acionista, hoje uma companhia precisa, além do lucro, cuidar do planeta, cuidar das pessoas, cuidar das relações e da forma como faz negócios. O que motiva uma companhia a olhar sua jornada ESG vai passar pela crescente demanda do investidor e do consumidor, pelo risco operacional, pelos avanços regulatórios e pelo custo de capital. Incluir os fatores ESG na gestão da companhia ajuda sua gestão de riscos”, analisa Ana Buchaim. Especialistas advertem que há desafios imensos nesta jornada ESG. Todo cuidado é pouco, advertem: a reputação e o futuro de empresas está em jogo, se optarem pelo "ESGwashing" - ou seja, apenas maquiar para fingir que estão sendo verdadeiras. A jornalista Anatrícia Borges, considerada uma das maiores especialistas em storytelling do país, alerta: esta narrativa, em tempos disruptivos como os atuais, “precisa ser feita com muita transparência, autenticidade, integridade e afetividade, gerando reputação.” O professor Dario Menezes observa que “focar em questões ESG é cada vez mais fundamental para as organizações, porém, a comunicação deve ser pautada por fatos, e não por propaganda das boas intenções”, reforça Menezes. Acompanhe a seguir o Especial ESG – Artigos e Estudo de Casos. Boa leitura e boa inspiração.
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
ARTIGO
A INOVAÇÃO É UM DESTINO DE CAMINHOS PLURAIS
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Por Glaucimar Peticov*
o decorrer da história passamos por grandes períodos de transformações, mas nenhum momento refletiu a agilidade que temos agora. Movimentos sociais, tecnologia, comunicação, tudo ganha velocidade exponencial. Mesmo antes da crise da Covid-19, que também marcou a aceleração de futuros, o mundo já se transformava em ritmo veloz. No início dos anos 2000, o futurista e cofundador da Singularity University, Ray Kurzweil, previu que o século XXI teria o impacto de 20 mil anos em relação ao progresso humano. Enquanto o ritmo aumenta, empresas buscam processos de inovação cada vez mais ágeis e conectados com as novas dinâmicas da sociedade. A resposta para essas demandas tem uma ligação direta com a diversidade e a inclusão: não é mais possível avançar excluindo parte da sociedade. É preciso romper com a lógica limitante de que um único modelo é suficiente para enxergar diferentes perspectivas e inovar para toda a sociedade. Afinal, quando se trata de diversidade no Brasil, estamos nos referindo a uma grande parcela da população. Os números mostram o quanto precisamos retirar esse véu da invisibilidade. Um dos passos que considero fundamental nessa caminhada é saber distinguir a diversidade da inclusão. Diz-se que diversidade é convidar todo mundo para uma festa; já a inclusão é quando você tira os convidados para dançar. Por isso, é importante se perguntar: tenho promovido igualdade de oportunidades? O questionamento não é por acaso. Durante décadas, assistimos lideranças optarem pelos iguais. Times
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homogêneos fazem parte da história corporativa. É fato que seres humanos se confortam com a igualdade, mas é na diversidade que aprendemos. No exercício da troca, de olhar por outras lentes, é que alcançamos resultados diferentes. Esse avanço em torno do tema não acontece apenas em nosso país - o mundo está discutindo a relevância e a urgência de ações de inclusão. Ano passado tive a oportunidade de participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, onde autoridades de todo o mundo debateram a importância da sustentabilidade, do fortalecimento feminino, de preconceito de raça e gênero, entre outras questões de diversidade. Na ocasião, o debate levantou o ESG (do inglês Ambiental, Social e Governança) como tema de prioridade global. É chegada a hora de reservar um
PLURALE EM REVISTA | Junho / Julho 2021
“É chegada a hora de reservar um espaço generoso às discussões em torno dos preceitos do ESG. Seguramente esse é um dos mais importantes temas das corporações atentas aos desafios que estão por vir, entre eles o da própria viabilidade e sobrevivência econômica. Apesar das exigências de mercados sempre mais dinâmicos, competitivos e conectados, é cada vez mais expressivo o número de empresas sinalizando sua disposição de atuar para criar um contexto de negócios mais sustentáveis. Neste cenário, uma atitude responsável em relação ao meio ambiente e o respeito aos princípios sociais e de governança se combinam para dar forma a um novo direcionamento de boas práticas, projetando a criação de um mundo mais equilibrado.” GLAUCIMAR PETICOV Diretora-Executiva do Bradesco
FOTO DE DIVULGAÇÃO – BRADESCO
Bradesco abordou assédio contra mulheres em campanha publicitária: as respostas da Inteligência Artificial, a BIA, ficaram mais contundentes frente a agressões.
espaço generoso às discussões em torno dos preceitos do ESG. Este é, seguramente um dos mais importantes temas das corporações atentas aos desafios que estão por vir, entre eles o da própria viabilidade e da sobrevivência econômica. Apesar das exigências de mercados sempre mais dinâmicos, competitivos e conectados, é cada vez mais expressivo o número de empresas sinalizando sua disposição de atuar para criar um contexto de negócios mais sustentáveis. Neste cenário, uma atitude responsável em relação ao meio ambiente e o respeito aos princípios sociais e de governança se combinam para dar forma a um novo direcionamento de boas práticas, projetando a criação de um mundo mais equilibrado. É um movimento sem volta e que, aos poucos, “ganha tração”, como dizem os economistas, atentos frequentadores dos encontros de Davos. A pauta ambiental conquista relevância na estratégia de negócios de longo prazo. Ao mesmo tempo, a agenda social exibe sinais de que a vida em comunidade se transforma e se posiciona contra situações com raízes na história, reforçando assim a lição de que “o preconceito é opinião sem conhecimento”, conforme disse Voltaire, o filósofo iluminista francês. Em resumo: é tempo não só de pensar, mas também de agir! Para o Bradesco, é um compromisso tão importante que faz parte do Código de Conduta Ética, na Política de Gerenciamento de Recursos Humanos. Cada iniciativa do banco explica em boa medida nossa presença em rankings como o “Bloomberg Gender Equality Index” (Índice de Igualdade de Gênero – GEI) e o “Melhores Empresas
da Diversidade”, criado pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, entre outros reconhecimentos. Integramos o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, um amplo movimento empresarial estruturado em torno dos compromissos de respeito e promoção de direitos humanos. Acompanho com entusiasmo esse momento de quebra de paradigmas que estamos vivendo. Caminhamos para a compreensão de que a diversidade não é conflito, não é divergência, mas sim uma forma de estimular a inovação, o diálogo e a construção de um futuro realmente com responsabilidade. Como sou otimista, por gosto e vocação, me arrisco a dizer que podemos fazer muito mais, sermos agentes e inspiração de um processo de mudança mais acelerado, com espaço para empatia, solidariedade e resultados. Partindo da compreensão de que a cultura da diversidade autêntica cria espaço e oportunidades, é preciso ir além dos programas para atrair talentos diversos. As portas da inclusão só são verdadeiramente abertas com políticas que permitam a participação com reais oportunidades e plano de carreira, além de ambientes seguros de escuta, onde os profissionais possam apresentar seu potencial e sua melhor versão. Espaços plurais geram inovações e, nesse sentido, cabe a nós a responsabilidade imediata de ser verdadeiros líderes que inspiram, que são exemplos e íntegros em suas ações e reações. Outro ponto fundamental é suprir a desigualdade educacional. Quando uma empresa seleciona talentos que ampliam o pensamento, gera um movimento que move as estruturas da sociedade. É importante, porém, que
a organização ofereça oportunidades igualitárias, respeitosas e que invista na capacitação e no desenvolvimento de seu capital humano. No Bradesco, a Universidade Corporativa – Unibrad desempenha um papel importante e contínuo para elevar as perspectivas de carreira de todos os profissionais da organização. Além dela, temos a Fundação Bradesco, com 40 escolas em nosso país, que formam mais de 90 mil alunos anualmente. Para atravessar esse período de intensas transformações e incertezas, habilidades como ter flexibilidade para lidar com questões inesperadas são diferenciais competitivos relevantes. Investir nessas capacidades intrinsecamente humanas deve ser algo contínuo, da mesma forma que ocorrem com as habilidades técnicas. Profissionais que trabalham em equipes diversificadas já saem na frente no quesito soft skills, pois tendem a estar mais preparados para enfrentar situações desafiadoras com um otimismo responsável, abertos a colaborações produtivas e que incentivam a inovação de maneira sistêmica. Na década mais volátil que já vivemos, nunca se fez tão necessária a construção de perspectivas plurais para promoção da retomada de uma economia mais resiliente e sustentável. Essas questões sensíveis precisam e devem ser abraçadas coletivamente, para que o impacto seja real e significativo. As mudanças começam de dentro para fora, sempre entendendo que a nossa humanidade passa pelo reconhecimento da humanidade do outro. Políticas de governança e uma agenda consistente no board da organização são essenciais nessa jornada. As manifestações a esses compromissos são corporativas e individuais e precisam se multiplicar, independentemente da área e do segmento de atuação. Finalizo citando José Saramago: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”. (*) Glaucimar Peticov é Diretora-Executiva do Bradesco.
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
ARTIGO
Questões climáticas, sociais e ambientais passam a ser exigidas no gerenciamento de risco das instituições financeiras ASG: Banco Central e Susep divulgam novas normas DIVULGAÇÃO/ CNSEG
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Por Marcio Coriolano*
m 7 de abril o Banco Central abriu consulta pública sobre as formas de aprimorar o gerenciamento de riscos sociais, ambientais, e ainda riscos climáticos físicos e riscos climáticos de transição, estes últimos relacionados ao processo de uma economia de baixo carbono. É um grande passo para avançar na direção de novos modelos que incorporem a agenda ASG nas organizações. A proposta inclui estes riscos no gerenciamento dos demais, já tradicionais do Sistema Financeiro Nacional: riscos de crédito, de mercado, de liquidez e operacionais. A consulta fica aberta até 5 de junho. A nova Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC) está prevista para execução em duas fases – divulgação ao público externo e fortalecimento da estrutura de governança - e traz, entre outras inovações, o monitoramento da reputação das instituições reguladas pelo BC, exigindo novas estruturas de governança específicas ao tema. Outro fator a ser medido será o impacto da concentração em setores econômicos ou regiões geográficas mais suscetíveis aos danos relacionados.
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"A elaboração de uma Política de Responsabilidade Socioambiental para o setor de seguros e de normativos voltados para o aprimoramento da gestão de riscos ASG (Ambiental, Social e Governança) fazem parte do plano de regulação da autarquia ainda para 2021. A expectativa é que as empresas passem a incorporar essas dimensões no planejamento estratégico de longo prazo, evidenciando perante seus stakeholders – comunidade interna, fornecedores, clientes, entre outros - a sua contribuição para a agenda de desenvolvimento sustentável." MARCIO CORIOLANO presidente da Confederação Nacional das Seguradoras - CNseg
A revisão de normativos que considerem esses aspectos nas operações é tendência internacional de reguladores do sistema financeiro, inclusive da Susep. A elaboração de uma Política de Responsabilidade Socioambiental para o setor de seguros e de normativos voltados para o aprimoramento da gestão de riscos ASG (Ambiental, Social e Governança) faz parte do plano de regulação da autarquia ainda para 2021. A expectativa é que as empresas passem a incorporar
essas dimensões no planejamento estratégico de longo prazo, evidenciando perante a seus stakeholders – comunidade interna, fornecedores, clientes, entre outros - a sua contribuição para a agenda de desenvolvimento sustentável. A recente modernização do marco regulatório de microsseguros, proposta pela Susep, está alinhada a uma política internacional muito difundida entre supervisores do sistema financeiro. Além de tornar o modelo de negócios mais
atrativo, incentivando as empresas do setor a se debruçar sobre esse segmento, o novo marco regulatório reitera o peso que a contribuição do microsseguro tem para o aspecto Social da tríade ASG, sobretudo em tempos de pandemia como os que estamos vivendo. Segundo informações da rede de especialistas internacionais, Microinsurance Network – MiN, “imprevistos”, como eventos catastróficos decorrentes de mudanças climáticas, passarão a ser cada vez mais frequentes nos próximos anos. O impacto financeiro desses eventos será mais severo em países emergentes e crítico para a população economicamente vulnerável desses países. Num plano mais restrito, um imprevisto como a perda de bens materiais decorrente de incêndios ou alagamentos, por exemplo, causa desequilíbrio nas contas das famílias de menor renda. O papel do microsseguro é suprir a lacuna, contribuindo para o equilíbrio e para a organização financeira, uma vez que essa parcela da sociedade é a mais impactada com esses imprevistos. (*) Marcio Coriolano é Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras - CNseg
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
CASE NEOENERGIA
ESG É REAL! FOTOS DA NEOENERGIA / DIVULGAÇÃO
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Por Renata Koga
á mais de 15 anos, dedico minha carreira profissional para a promoção do desenvolvimento sustentável e, hoje, estou vivenciando um momento histórico, em que o tema é reconhecido no Brasil como um componente que agrega valor para as companhias. A sustentabilidade ganhou ainda mais relevância a partir do movimento do mercado financeiro que a designou com a nomenclatura ESG – sigla em inglês para ambiental, social e governança. O mercado passou a reconhecer o valor de uma empresa que transforma a sua governança visando integrar em sua estratégia a gestão dos riscos socioambientais e, portanto, proporcionar um retorno financeiro para a companhia e acionistas com benefício para o meio ambiente e para a sociedade. A mudança do clima e a pandemia deixaram ainda mais claro que é preciso rever as nossas escolhas com relação ao cuidado com o meio ambiente e com a sociedade. Neste contexto de crise sanitária, que elimina barreiras geográficas ou sociais, entendemos que os diferentes agentes sociais podem dedicar esforços em prol de um objetivo semelhante em que, sim, todos sairão ganhando. A partir desta lógica, o conceito ESG ganhou ainda mais relevância. Se não cuidarmos do nosso planeta e de todos os seres que o habitam, todos serão prejudicados. Por outro lado, se cuidarmos, todos serão beneficiados. Entendo que a segunda opção faz mais sentido em uma sociedade onde queremos viver cada vez mais e melhor. E o capital funciona a partir desta mesma lógica. Por isso, investidores reconhecem que empresas que cui-
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Na Neoenergia o movimento ESG também está em evolução. A transição energética e a mudança climática estão no DNA do negócio, um caminho em coerência com o propósito da companhia de “continuar construindo, a cada dia de forma colaborativa, um modelo de energia elétrica mais saudável e acessível” RENATA KOGA Gerente de Inovação e Sustentabilidade da Neoenergia
dam do meio ambiente e da sociedade, baseada em uma governança ética, íntegra e sólida, serão capazes de se sustentar no longo prazo e performar melhor frente às adversidades. Logo, trarão mais retorno para seus investimentos com menor risco. Sendo assim, se existe a opção de escolher onde o seu recurso será aportado, certamente, a escolha será feita em direção a empresas cuja estratégia está alinhada com um propósito de desenvolvimento sustentável. Hoje, estudos revelam que empresas preocupadas com uma gestão sustentável e que vão além do retorno financeiro, performam melhor.
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Os investidores já exigem de empresas o compromisso em relação ao clima. Por exemplo, a Blackrock mantém em seu portfólio empresas que estejam alinhadas à sua estratégia ESG. Este movimento é uma realidade que se comprova com o aumento de investidores signatários do PRI (Principles for Responsible Investment). Os consumidores, visto que são parte dessa sociedade, também estão fazendo a sua escolha e optando por marcas alinhadas com o seu propósito, atentas às suas externalidades positivas e negativas. Somado a isso, os governos estabelecem metas como o European Green Deal para combater as mudanças climáticas, dentre elas, zerar as emissões de gases de efeito estufa na União Europeia até 2050. Na Neoenergia o movimento ESG também está em evolução. A transição energética e a mudança climática
Corredor Verde no Nordeste brasileiro também é aposta da empresa para descarbonização e eletrificação da economia. Projeto integra Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Neoenergia, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ligará seis capitais, de Salvador até Natal, em aproximadamente 1.200 quilômetros de vias.
Montagem dos aerogeradores do Complexo Eólico Chafariz (PB). Empreendimento será composto por 136 equipamentos em 15 parques, sendo um dos maiores do Brasil
estão no DNA do negócio, um caminho em coerência com o propósito da companhia de “continuar construindo, a cada dia de forma colaborativa, um modelo de energia elétrica mais saudável e acessível”. Para isso, os investimentos vão em direção à geração de energia renovável (hoje, 86,8% é renovável e alcançará 90% em 2022), à transmissão e distribuição da energia para mais de 34 milhões de pessoas pelo Brasil e à comercialização. O Brasil tem vantagens comparativas por conta da sua matriz energética limpa – sendo 93% renovável - e pode ser um líder da descarbonização da economia e bioeconomia. O setor de energia brasileiro tem um papel importante no processo de descarbonização por meio da eletrificação da economia. Neste cenário, a Neoenergia
assumiu o compromisso de ser neutra em carbono em 2050 e segue evoluindo constantemente em decisões para evitar as emissões de carbono. Dentre as ações, podemos destacar o investimento em energia eólica e solar, o Corredor Verde para veículos elétricos com mais de 1.100 km de extensão e 18 pontos de recarga, digitalização do atendimento ao cliente, iniciativas de preservação da biodiversidade, projetos de eficiência energética e outros de inovação, como armazenamento de energia em baterias, caminhão elétrico e medidores inteligentes. Com relação à sociedade, em 2020, a companhia investiu mais de R$322.576 milhões entre projetos sociais do Instituto Neoenergia, projetos de leis de incentivo e investimentos no “Luz para Todos” (programa de
universalização da energia na área rural da Bahia). Para melhor atender o nosso cliente, que está no centro dos negócios, foi fortalecido o programa “o cliente é tudo para a gente” que engloba iniciativas para melhor atender o consumidor que visa Simplificar/ Inovar, Dialogar e Comprometer. Nosso principal valor é a segurança de nossos colaboradores, terceiros e comunidade. Temos como prioridade: “Acima de tudo, a vida!”. Para sustentar no longo prazo a estratégia de desenvolvimento sustentável da companhia, a Neoenergia possui também um sistema de governança corporativo que segue as orientações do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e as regras do Novo Mercado. A integridade é um valor que permeia o Grupo e, como confirmação, em 2020 a certificação do Sistema de Gestão Antissuborno (ISO 37001) foi revalidada e a companhia conquistou pela terceira vez consecutiva do Selo de Empresa Pró-Ética da Controladoria-Geral da União. Evoluímos na agenda ESG e aprimoramos a estratégia para assumir compromissos ainda mais robustos, definindo indicadores de acompanhamento que nos permitam gerir as boas práticas e reportar de maneira cada vez mais eficiente junto aos nossos stakeholders. Para isso, o engajamento da alta liderança e do Conselho de Administração é chave para a internalização do ESG na estratégia da companhia. A internalização desta agenda junto a todos os colaboradores da companhia também está na nossa rotina. Entendemos que estamos no caminho certo e consolidamos este percurso com a estreia da Neoenergia na carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, após um ano e meio de abertura de capital. Com essa energia, seguiremos eletrificando e descarbonizando o Brasil para contribuir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. (*)Renata Koga é Gerente de Inovação e Sustentabilidade da Neoenergia
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ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
CASE COCA-COLA BRASIL
Adeus, economia linear. Bem-vinda, economia circular RODRIGO PEIXOTO
Fernanda Baldioti e Marina Cohen Foto e Ilustrações - Coca-Cola Brasil
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m 2050, espera-se que o mundo gere 3,40 bilhões de toneladas de resíduos, de acordo com dados do Banco Mundial — o que representa um aumento de 70% na comparação com 2016. Está evidente que um dos maiores desafios desta geração é a redução e a gestão correta dos resíduos, para que seja possível alcançar um desenvolvimento econômico sustentável e com menor extração de recursos da natureza. Há uma ferramenta essencial para essa mudança de chave: a economia circular. Segundo o pensamento circular, tudo, quando chega ao fim, deve voltar ao começo. É importante já iniciar o processo sabendo o que será feito desse bem quando sua vida acabar. O conceito é baseado na extensão de vida útil dos bens (produtos), intensificando o seu uso e incluindo sua reutilização. Sua função pode ou não ser alterada pós-uso — o que pode envolver sua ressignificação. Dessa forma, a produção a partir de “materiais virgens” seria reduzida. E o que isso representa? Diluir a chamada “pegada ambiental”, minimizando o uso de energia e reduzindo também as emissões dos gases do efeito estufa. Em sentido oposto ao da economia linear tradicional, a economia circular extrai o valor máximo de cada material e produto enquanto puderem ser utilizados; depois disso," são recuperados e regenerados. Para tanto, é preciso uma mudança completa de “mindset”: repensar os sistemas, redesenhar e reavaliar a produção, e reconsiderar a vida útil. Tudo isso significa investimento em inovação e bom gerenciamento de recursos.
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Alavancar a economia circular é um dos passos rumo a um compromisso assumido globalmente pela Coca-Cola Company em 2018, batizado de Mundo Sem Resíduos. Isto é: dar o destino correto (coletar, reaproveitar ou reciclar) para o equivalente a 100% das embalagens que a empresa coloca no mercado, até 2030. Outra meta é a incorporação até 2025 de 50% de material reciclado nas embalagens PET utilizadas pela Coca-Cola Company no mundo inteiro. Sem desperdícios Mas para que a economia circular funcione, não basta promover a gestão de resíduos. São necessárias ações em três frentes: design, coleta e parcerias. Manter os recursos em uso pelo maior tempo possível é um dos objetivos principais do novo conceito, assim como redesenhar a produção para minimizar seu descarte, usá-los da maneira mais eficiente possível e regenerar os materiais em todo o seu ciclo de vida útil. Trata-se de um modelo que não exige apenas mudanças técnicas; requer alterações profundas em nosso comportamento. Garrafas retornáveis são opção inteligente para o planeta e para o bolso Em 2020, indo ao encontro dessa tendência, as embalagens retornáveis repre-
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sentaram 27% das vendas da Coca-Cola América Latina, onde o crescimento do formato foi acelerado em 2018 e 2019. Esse é justamente o chamado que a companhia tem feito, com a intenção de incentivar as pessoas a incorporar a compra de embalagens retornáveis às suas rotinas, como um hábito sustentável. É uma opção inteligente tanto para o planeta como para o bolso. O incentivo ao uso desse tipo de recipiente é um dos compromissos assumidos para que as embalagens não acabem no lugar errado. Em 2020, o uso de embalagens retornáveis da Coca-Cola Company cresceu 9,9%, em comparação com o ano anterior. Um caso de sucesso Em 2018, a Coca-Cola Brasil investiu US$ 25 milhões para projetar e criar uma garrafa retornável com design universal, que pudesse ser utilizada em várias marcas diferentes de bebidas. Aplicou outros US$ 400 milhões em instalações de limpeza e de recarga que permitem que as garrafas sejam devolvidas, limpas e recarregadas. O ciclo de vida de uma garrafa retornável é de até 25 idas e vindas; ao final da vida útil, ela é encaminhada para a reciclagem. Como resultado desse empenho, no Brasil, todas as embalagens de 2 litros das marcas Coca-Cola, Fanta e Sprite são garrafas de mesma cor, formato e tamanho, o que aumenta a eficiência de coleta, limpeza e envase. Há também garrafas da marca de sucos Del Valle nesse modelo. A inovação agora está disponível em oito países: Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Chile, México, Guatemala e Panamá. O modelo de garrafa retornável é uma parte importante da estratégia em muitos outros mercados. Em mais de 20 deles, as retornáveis representam metade ou mais das vendas; em mais de 40 países, re-
INFOGRÁFICOS DE FERNANDO ALVARUS
presentam 25% ou mais das transações. No Chile, por exemplo, foi firmada uma parceria com a Petrobras para lançar um projeto-piloto de venda de garrafas retornáveis em lojas de conveniência. Design de embalagens Hoje, mais de 95% das embalagens da Coca-Cola Company são recicláveis, em comparação com 85% em 2017; e esse percentual está crescendo globalmente. A companhia está repensando radicalmente a forma como produz, recicla e reutiliza as embalagens — e até mesmo como o modo fornece os produtos aos consumidores. Numa média global, ao final de 2020, as garrafas fabricadas na América Latina continham mais de 21% de plástico PET reciclado; esse percentual era maior (a frase continua na próxima coluna em regiões com uma infraestrutura de coleta e reciclagem bem estabelecida e com
políticas que permitem o uso de materiais reciclados em embalagens. Ter 50% de materiais reciclados nas garrafas levará tempo e exigirá mudanças nas políticas locais e de tecnologia, além do trabalho árduo que está sendo feito para ajudar a realizar essas mudanças. Como resultado dos esforços constantes, o relatório de 2020 da companhia apresentou um novo objetivo: reduzir , nos próximos cinco anos, o uso de plástico virgem derivado de fontes não renováveis em 3 milhões de toneladas métricas acumuladas. As embalagens da companhia, hoje contêm 22% de material reciclado, considerando a média global no ano de 2020. E também já são oferecidas garrafas feitas de PET 100% reciclado em aproximadamente 30 mercados em todo o mundo, dos quais seis na América Latina. O avanço dos esforços de coleta numa perspectiva global Em 2020, o equivalente a 60% de todas as embalagens que a Coca-Cola Company colocou no mercado mundial foram coletadas e recicladas. Ainda assim, há mais trabalho a fazer. Contribuir para fechar essa lacuna de
40% na coleta de embalagens é desafiador. Embora a Coca-Cola Company seja uma empresa global, a operação é feita em nível local — e é assim que está sendo encarado o desafio de aumentar as taxas de reciclagem em todo o mundo. A companhia está envolvida em operações locais de coleta em mais de 35 mercados pelo mundo - e tem mais de 40 anos de experiência nesses sistemas. No Brasil, por exemplo, 221 cooperativas de reciclagem são apoiadas pela empresa, em 132 cidades de 23 estados. Em 2020, algo em torno de R$ 5 milhões foram investidos em um auxílio emergencial para catadores. Desde 2017, o programa Reciclar pelo Brasil já processou 330 mil toneladas de resíduos - e as cooperativas faturaram R$ 167 milhões. Parceiros nos ajudam a crescer Essa é uma caminhada que não pode ser feita de maneira solitária. A jornada é trilhada em parceria com engarrafadores, organizações não governamentais, colegas da indústria, governos, varejistas e outras partes interessadas, para reduzir drasticamente o impacto dos resíduos de embalagens no meio ambiente. Simplesmente não há tempo a perder. No intuito de agir com urgência, no sentido de acelerar a transição para uma economia circular de plástico, a Coca-Cola Company juntou-se a iniciativas de economia circular lideradas por organizações como WWF, Ellen MacArthur Foundation e agências das Nações Unidas. O desafio de reduzir drasticamente o desperdício de embalagens, embora seja um objetivo global, deve ser enfrentado localmente, trabalhando em conjunto com as comunidades, o que torna necessário verificar o avanço dos números e reajustar continuamente a abordagem. Apesar dos grandes desafios, como a pandemia COVID-19, continuamos com nosso objetivo de longo prazo. O que conecta a Coca-Cola Company às pessoas em todo o mundo é o desejo de incentivar uma economia circular, preservar os recursos naturais e ajudar a construir um futuro sustentável.
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ESG SOCIAL
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CASE VIA – DONA DAS MARCAS CASAS BAHIA E PONTO
A Via foca em Sustentabilidade FOTOS DE DIVULGAÇÃO - VIA
“Queremos transformar o conceito de varejo no Brasil e ser a companhia mais sustentável do setor. Nesse sentido, nossos esforços agora estão direcionados para a definição de metas para todos os pilares de atuação do ESG” Roberto Fulcherberguer, CEO da Via
Energia Renovável Ainda em 2021, duas usinas solares entrarão em operação no estado do Rio de Janeiro. As usinas atenderão o consumo de energia de mais de 50 filiais da companhia no estado; assim o Rio de Janeiro se junta a outra usina solar em operação desde 2018, localizada em Minas Gerais, que atende mais de 70 filiais no estado. A Via planeja adquirir outras usinas ainda este ano para atender os demais estados da federação, ampliando assim seu portfólio de energia renovável. Como meta até 2025, a companhia terá 90% do seu consumo total adquirido através de fontes renováveis, seja através de fontes incentivadas no Mercado Livre de Energia ou de Geração Distribuída. “Este é um dos resultados alcançados a partir da constante busca por iniciativas e projetos que objetivam o uso consciente dos recursos energéticos e hídricos, além da otimização dos custos de aquisição”, afirma Hélio Muniz, diretor de Comunicação Corporativa, ESG e Relações Institucionais da Via. Nos últimos anos, a companhia vem implantando uma série de iniciativas para redução do consumo de energia nas lojas com a modernização do sisteIniciativas com foco ambiental ma de iluminação, substituição de lâmNo aspecto ambiental, a Via tem três padas obsoletas por modelos mais efipilares de atuação: energia renovável, cientes e econômicos, com maior vida economia circular e de baixo carbono. útil, proporcionando a redução do con-
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sumo de energia e aumentando o nível de iluminação. Já foi concluída a substituição do sistema de iluminação do centro de distribuição em Jundiaí, com a troca de, aproximadamente, 10.500 lâmpadas e luminárias, além da implantação de um sistema de automação, que proporciona redução de 65% no consumo dos sistemas de iluminação. Além do CD de Jundiaí, a modernização do sistema de iluminação também foi realizada no CD de Camaçari e na sede da companhia. A iniciativa de otimização e gestão de recursos teve início quando a companhia começou o processo de migração de suas unidades consumidoras (lojas e Centros de Distribuição) para o Mercado Livre de Energia; mas, assim como as demais ações, foi ainda mais acelerada com reestruturação na gestão da Via, realizada em 2019. Economia circular Na frente de economia circular, um dos destaques é o Reviva, programa de responsável pela reciclagem de resíduos das operações de toda a empresa há mais de uma década. Somente em 2020 foram enviados mais de 5 mil toneladas de materiais recicláveis gerados nos escritórios, Hoje, a Via possui o maior programa de coletores de eletroeletrônicos do varejo: são 400 pontos de coleta, que, em 2020, somaram 3 toneladas de materiais para o descarte correto, que inclui telefones, pilhas, peças e cabos de impressoras, computadores, televisores e cafeteiras, entre outros eletrônicos e eletroportáteis de pequeno e médio porte. FOTO DE DIVULGAÇÃO/ TIRADA ANTES DA PANDEMIA
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s critérios ESG sempre estiveram no DNA da Via, dona das marcas Casas Bahia e Ponto e, neste momento, seguem cada vez mais presentes no desenvolvimento de novas políticas e iniciativas, com o intuito de tornar a empresa ainda mais sustentável. Esses movimentos auxiliam não apenas na captação de novos investidores, mas diminuem os impactos ambientais e promovem um desenvolvimento social mais justo. Na governança, vale destacar a reestruturação na gestão feita em 2019, liderada por Roberto Fulcherberguer, e os resultados consistentes alcançados desde então. Com a nova administração, a agenda ESG foi priorizada e ficou ainda mais evidente na organização. Um dos primeiros movimentos foi deixar a área com uma atuação transversal, para que o tema permeie todos os setores da empresa. A Diretoria de ESG está ligada ao CEO, que participa ativamente dessa agenda. “Queremos transformar o conceito de varejo no Brasil e ser a companhia mais sustentável do setor. Nesse sentido, nossos esforços agora estão direcionados para a definição de metas para todos os pilares de atuação do ESG”, destaca Roberto Fulcherberguer, CEO da Via. No ambiental, a companhia assumiu o compromisso de incorporar os conceitos de economia circular em suas operações, além de buscar o uso de energias renováveis e de reduzir continuamente suas emissões de CO2. E, no social, por meio da Fundação Casas Bahia, promove programas de gestão de colaboradores e ações de fortalecimento das comunidades locais, com foco na formação e no desenvolvimento de empreendedores. Outro destaque nesse aspecto social é a atuação da empresa com a Diversidade e a Inclusão.
FOTO DE DIVULGAÇÃO/ TIRADA ANTES DA PANDEMIA
nas lojas, nos centros de distribuição e nas casas dos clientes (que voltam para a empresa pela logística reversa), e que beneficiam 250 famílias ligadas às 11 cooperativas parceiras que promovem a reciclagem desses materiais. Nessa frente também, existe a logística reversa dos coletores de eletroeletrônicos nas lojas. Hoje a Via possui o maior programa de coletores de eletroeletrônicos do varejo; são 400 pontos de coleta, que, em 2020 somaram 3 toneladas de materiais para o descarte correto, o que inclui telefones, pilhas, peças e cabos de impressoras, computadores, televisores e cafeteiras, entre outros eletrônicos e eletroportáteis de pequeno e médio porte. Ainda esse ano, a meta é chegar a 500 pontos. Essa iniciativa, especificamente, é fruto de uma parceria com a Green Eletron, organização especializada nesse tipo de produto. Economia de baixo carbono Na frente de baixo carbono, a Companhia aumentou a integração da sua malha logística com a ampliação no número de mini-hubs no serviço Retira Rápido e na atuação da ASAPLog como solução para a etapa final da entrega Em abril, foram incluídos 10 veículos elétricos na frota logística da Via. Assim como feito no pilar de energia, está sendo elaborada uma meta para a redução de emissões de CO2.
(última milha), o que agiliza as entregas para o consumidor, reduz custos e gera menos emissões. Em abril, dez veículos elétricos foram incluídos na frota logística da empresa. Assim como foi feito no pilar de Energia, está sendo elaborada uma meta para a redução de emissões de CO2. 60 anos da Fundação Casas Bahia Neste mais de meio século - e com o propósito de fortalecer comunidades, por meio de iniciativas de formação profissionalizante e de estímulo à geração de trabalho e renda para jovens e microempreendedores - a Fundação Casas Bahia, que é a expressão social do ecossistema da Via Varejo, comemora seus 60 anos de atuação com uma série de iniciativas que acontecerão ao longo do ano. “Esses 60 anos foram marcados por parcerias de impacto com instituições como CUFA, Aliança Empreendedora, Instituto PROA, Junior Achievement RJ, Empreende Aí, Yunus Negócios Sociais, A Banca e tantas outras, que dividiram conosco os desafios enfrentados e nos permitiram auxiliar em seus objetivos”, conta Hélio Muniz, que responde como Diretor-presidente da Fundação Casas Bahia. Dentre as atividades pensadas para a data estão o lançamento do Relatório de Atividades de 2020 e do Desafio Fundação Casas Bahia - realizado em parceria com a Junior Achievement RJ, para capacitar 3 mil jovens em uma Trilha de Inovação. Ao longo do ano, a Fundação investirá R$ 9 milhões em ações sociais, dos quais R$ 4 milhões serão destinados a apoiar instituições no combate à fome. Em 2020 a FCB: • Realizou investimento social 74% superior a 2019, para minimizar os
impactos causados pela pandemia. No total, mais de 114 mil pessoas foram beneficiadas diretamente pelas ações da Fundação e puderam ir além neste ano desafiador para todos. • Auxiliou 2 mil empreendedoras, por meio do Fundo Emergencial Mulher Empreendedora (F.E.M.E.), em parceria com a Aliança Empreendedora. Apoiou o programa Mães de Favela ON, idealizado pela Central Única das Favelas (CUFA), realizando a doação de 5 mil chips de celular com acesso ilimitado à internet por seis meses. • Em parceria com o Instituto PROA, atuou na criação de oportunidades de desenvolvimento profissional para jovens de baixa renda. Frente de ajuda humanitária Já no início de 2021, diversas ações foram apoiadas pela Fundação, para minimizar os impactos da pandemia no Brasil. Entre elas estão a doação de R$ 4 milhões para ações de combate à fome; mais de R$ 300 mil em ajuda humanitária para os Estados do Amazonas e Pará, para a aquisição de 6 usinas de oxigênio, em parceria com a União BR; e a doação de itens de necessidade básica e hospitalar para a CUFA (AM) e para a UNICEF (PA). Além disso, a Fundação também contribuiu, com a doação de R$ 1 milhão, para a construção da nova fábrica do Instituto Butantan, para produzir a Coronavac no Brasil, em parceria com a Comunitas BR e a InvestSP. Diversidade e inclusão A diversidade tem se tornado um pilar determinante dentro da companhia; dessa forma, desde junho de 2019, quando a Via anunciou sua nova direção, a companhia vêm desenvolvendo iniciativas com foco em Diversidade e Inclusão. A companhia acredita que deve ser um retrato da sociedade em que está inserida e reafirma seu compromisso de refletir essa realidade no seu quadro de colaboradores. Para reforçar o protagonismo da Via com os temas relacionados à diversidade e à inclusão, além dos treinamentos e das campanhas de sensibilização para todos os colaboradores, foram intensificados os grupos de afinidades: Baobá (equidade racial), Via Prisma (LGBTI+), Talentos sem Limites (Pessoas com deficiência) e Viiabiliza (Grupo de gênero).
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
CASE BALL
Equidade de gênero: Fábrica da Ball em Frutal iniciará suas atividades com 48% de mulheres na produção
Seguindo metas de Diversidade e Inclusão, a Companhia capacitou mulheres do município gratuitamente para preencher cargos técnicos
O
s empregos das mulheres foram os mais atingidos pela pandemia de COVID-19: segundo o IBGE, a participação feminina no mercado de trabalho chega ao seu menor índice em 30 anos (46,3%) - e retorna aos números da década de 1990. Diante desse cenário, a Ball, líder mundial em embalagens sustentáveis de alumínio, vem trabalhando para contribuir com a construção de uma indústria mais igualitária. A Companhia, que possui 10 fábricas no Brasil, inaugura sua 11ª unidade em Frutal (MG), com uma importante novidade: dos quase 110 colaboradores contratados, 80 são focados em atividades de produção - e, desse total, 48% são mulheres. Alocadas diretamente na operação, as novas colaboradoras ocuparão posições como Mecânica de Produção, Mantenedora de Produção, Inspetora de Qualidade e Técnica Química. A nova fábrica iniciará as atividades no segundo semestre deste ano, com uma capacidade produtiva de 1.5 bilhões de latas por ano e um investimento inicial de US$ 90 milhões. Para possibilitar as contratações, a Ball utilizou o caminho inverso do mercado: ao invés de buscar profissionais prontas, com todos os atributos técnicos necessários, investiu em capacitar a população local. Em parceria com o SENAI, ofereceu, em abril deste ano, uma formação técnica de 180 ho-
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FOTOS DE DIVULGAÇÃO - BALL SOUTH AMERICA - FRUTAL (MG)
Brigada de incêndio feminina da fábrica da Ball em Extrema (MG)
ras, gratuita e exclusiva para mulheres. As oportunidades foram divididas em três turmas: Operadoras de Máquina, Controle de Qualidade e Técnicas de Impressão. Mais de 500 inscrições foram realizadas e, das 75 vagas oferecidas, 32 alunas foram contratadas para a nova operação. “A Ball estabeleceu fortes metas de Diversidade e Inclusão para 2021. Dentre elas, assumimos o compro-
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misso de aumentar o percentual de mulheres em posições técnicas. Frutal é o nosso primeiro grande case – e se buscamos uma mão de obra feminina qualificada, devemos investir em capacitação para esse público. E foi isso que fizemos em parceria com o SENAI”, conta Suellen Moraes, Gerente de Diversidade e Inclusão da Ball América do Sul Com dez anos de trajetória na
Fábrica da Ball em Frutal, também em Minas Gerais, que está em construção.
Companhia, a nova Gerente de D&I assumiu o posto em 2020, com o desafio de implementar políticas de RH e atingir os indicadores em uma área estratégica da Ball. Nesse sentido, o Plano de Diversidade e Inclusão da empresa tem três eixos fundamentais: gerar uma força de trabalho mais diversa, treinar e conscientizar os funcionários em todos os níveis hierárquicos e criar um ambiente de trabalho mais inclusivo. O programa da Ball aponta para o cumprimento de metas concretas na América do Sul: • Ampliação de mulheres em posições de liderança sênior; • Aumento do número de mulheres em posições de direção; • Ampliação de mulheres em cargos técnicos nas plantas da Ball; • Aumento do número de mulheres no planejamento da sucessão (vice-presidente e diretoras); • Mais de mil horas de formação para os líderes da América do Sul nas temáticas de diversidade e inclusão. A nova fábrica em Frutal destaca-se por ser a mais inclusiva do país, já que será inaugurada dentro das metas de inclusão da Companhia.
“O sucesso no longo prazo tem como base a nossa capacidade de adotar a diversidade e de promover um ambiente inclusivo, onde os funcionários possam prosperar. A diversidade entre os indivíduos e as equipes ajuda a revelar ideias e estimula a inovação, que promove o crescimento e o valor em toda a nossa organização, globalmente. Estou muito animada com os desafios que temos pela frente”, comemora Suellen Moraes. As colaboradoras que já trabalham em outras unidades da Ball celebram as novas diretrizes e reafirmam como é empoderador fazer parte da linha de produção da multinacional. “Todos os dias acordo animada para ir trabalhar; sempre que consigo deixar uma máquina pronta para funcionar, sinto que venço a causa da inclusão de mulheres dentro da área de manutenção, onde é mais comum ter homens. A Ball oferece um ambiente de trabalho muito acolhedor, onde tenho uma grande parceria com meus colegas. Somos um time, compartilhamos conhecimento e nos ajudamos”, relata Mariany Barbosa da Silva, primeira Técnica Eletrônica da planta de latas de Extrema, Minas Gerais.
Durante todo o ano de 2021, a Ball colocará seu plano de ação em prática e continuará realizando iniciativas, como capacitações exclusivas em outras regiões em que opera no País, programa de empoderamento para sua liderança feminina e treinamentos de vieses inconscientes e liderança inclusiva para mais de 300 líderes. No Brasil desde 2016, a empresa esforça-se para contribuir com uma indústria mais inclusiva e diversa, principalmente nas áreas técnicas, majoritariamente dominadas por homens. Sobre a Ball Corporation A Ball fornece soluções inovadoras e sustentáveis de embalagens de alumínio para clientes de bebidas, cuidados pessoais e produtos domésticos, assim como produtos para o segmento aeroespacial e outras tecnologias e serviços, principalmente para o governo dos EUA. A companhia e suas subsidiárias empregam 21.500 pessoas em todo o mundo e registraram vendas líquidas de US$ 11,8 bilhões em 2020. Para mais informações, acesse www.ball. com e siga o VADELATA – movimento em prol da lata de alumínio, a embalagem mais amiga do meio ambiente – no Instagram e no Facebook.
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
CASE INSTITUTO CLARO
2021 marca 20 anos do Instituto Claro e atuação no combate à pandemia
E
m 2021, o Instituto Claro comemora 20 anos de existência e aproveita a oportunidade para celebrar o sucesso de suas diversas iniciativas nas áreas de educação e cidadania espalhadas por todo o País. Fruto do compromisso da Claro com a sustentabilidade, a organização, que nasceu com o objetivo de conectar as pessoas a um futuro melhor, já impactou, ao longo de sua trajetória, 80 mil alunos em projetos educacionais, teve mais de 30 mil participações voluntárias em ações que apoiou e reciclou 126 toneladas de resíduos eletrônicos. Neste ano, o trabalho do instituto ganhou amplitude, funcionando como uma espécie de catalisador em iniciativas para minimizar os impactos causados pela pandemia em comunidades em situação de vulnerabilidade. Para Daniely Gomiero, Diretora de Responsabilidade Social e Comunicação Corporativa da Claro e vice-presidente de projetos do Instituto Claro, este ano não só simboliza um ciclo de realizações, como também representa um período em que o Instituto pôde demonstrar a sua força. “Celebrar os 20 anos em meio à pandemia é bastante significativo. Nossa história é marcada pelo trabalho focado na conexão entre as pessoas e a transformação social e, no último ano, tivemos a oportunidade de levar essa união a outro nível”, afirma Daniely, referindo-se às diversas ações que juntaram colaboradores voluntários, clientes e parceiros. Em um cenário de desafios sociais e econômicos, projetos e parcerias que promovem a capacitação, como o Dupla Escola, que já formou mais de 600 alunos como técnicos em telecomunicações em conjunto com o estado do Rio de Janeiro, e o Educonx@o, que, desde 2011, já capacitou mais de 2,9 mil professores para usar a tecnologia em sala de aula e disponibilizou conexão para 1,8 mil escolas em 19 estados brasileiros, desempenham um papel fundamental para a integração social.
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“Celebrar os 20 anos em meio à pandemia é bastante significativo. Nossa história é marcada pelo trabalho focado na conexão entre as pessoas e na transformação social e, no último ano, tivemos a oportunidade de levar essa união a outro nível”. Daniely Gomiero - diretora de Comunicação e Responsabilidade Social da Claro e vice-presidente de projetos do Instituto Claro
“Temos um carinho muito grande por esses dois projetos. Vários alunos do Dupla Escola foram contratados pela Claro e o Educonx@o nos permite usar as ferramentas e os serviços da Claro em prol de um tema muito valioso para a empresa, que é a educação”, explica Daniely. A educação como base de tudo Presente em seu DNA, a educação foi tema do primeiro projeto implementado pelo Instituto Claro. Lançada em 2002, em parceria com a Fundação Biblioteca Nacional, a Biblioteca Digital Multimídia viabilizava o acesso à internet para cerca de 90 bibliotecas no País e marcou o início da organização. Ao longo dos anos, o Instituto consolidou sua atuação no segmento, ofe-
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recendo conhecimento, ferramentas, soluções e serviços para alunos, pais e docentes, tornando-se referência em iniciativas educacionais. Em parceria com o UNICEF, lançou o programa Trajetórias de Sucesso Escolar que, anualmente, mapeia as condições de estudo de alunos de todo o Brasil e levanta indicadores que permitem realizar um diagnóstico amplo da distorção idade-série para apoiar o desenvolvimento de políticas educacionais que promovam o acesso, permanência e aprendizagem desses estudantes. Outro projeto de destaque, foi a parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro para a criação das Naves do Conhecimento, espaços com computadores e conexão à internet com o objetivo de democratizar o acesso à tecnologia entre a população de comunidades periféricas. Daniely ressalta que um dos diferenciais do Instituto é utilizar “o acesso, a conexão, e esse core da empresa Claro para a atuação do Instituto Claro. Assim, os projetos ganham mais força e velocidade”. O próprio portal da organização é uma plataforma repleta de conteúdo para a formação de professores e ferramentas para ampliar o conhecimento e reforçar o aprendizado para a população em geral. Outra iniciativa que sintetiza muito bem o Instituto Claro é o Campus Mobile, concurso voltado para o desenvolvimento de soluções mobile por universitários e recém-formados, que já vai para a décima edição. Ao longo dos anos, o programa, que une educação, tecnologia e consciência social, além de incentivar a inovação voltada para a transformação da sociedade, contou com a participação de mais de 2.600 jovens, resultando em 1.915 equipes inscritas e 88 soluções premiadas. Foco no cidadão para gerar impacto social Outra vertente bastante presente no dia a dia do Instituto Claro e refletida em todas as ações é a cidadania. “Este
FOTO DE DIVULGAÇÃO
Alunos do projeto Dupla Escola, Rio de Janeiro (RJ) (Foto tirada antes da pandemia)
Voluntários distribuindo doações arrecadadas pelo Conexão Voluntária, em Santos (SP).
é um tema que está em tudo o que fazemos, mas que ganha destaque, principalmente, quando falamos das iniciativas desenvolvidas pela Claro com o apoio do Instituto Claro, como os projetos do Conexão Voluntária, grupo de colaboradores voluntários da empresa, e as doações viabilizadas pela companhia”, explica Daniely. Neste ano, por conta da pandemia, os projetos com foco em cidadania ganharam protagonismo, mobilizando colaboradores, clientes e parceiros em torno de um objetivo comum: transformar vidas. O Conexão Voluntária, programa que acumula mais de 30 mil participações voluntárias ao longo de sua existência, acionou seus comitês em todo o País para identificar as necessidades de cada região e viabilizar doações. Outras duas ações levantaram fundos para levar alimentos às comunidades em situação de vulnerabilidade. O Conexão Contra a Fome reverteu as doações em cestas básicas distribuídas para instituições indicadas pelos voluntários em todo o Brasil. Enquanto a parceria com programa Mães da Favela, organizado pela CUFA – Central Única das Favelas, entregou vales-compras que puderam ser usados pelas famílias para a compra de alimentos e ajudaram a movimentar a economia das comunidades. “O Conexão Voluntária funciona como um ‘hub do bem’, que conecta as necessidades de organizações sociais às habilidades e disponibilidade dos colaboradores da empresa, que são muito engajados em nossos propósitos”, afirma Daniely, revelando que a empresa conquistou recentemente o prêmio Eco Brasil 2021, da AMCHAM – Câmara de Comércio Americana, como reconhecimento pelo trabalho realizado em prol da sustentabilidade e das ações de enfrentamento à pandemia.
da companhia, a sustentabilidade faz parte dos processos de inovação da Claro. Um exemplo disso é o ‘Energia da Claro’, o maior programa de Geração Distribuída de energia do País, segundo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). A iniciativa já conta com 52 usinas próprias em operação, gerando energia limpa equivalente ao consumo de 240 mil residências, o suficiente para atender uma cidade como Araras (SP) ou Valinhos (SP). Juntas, as usinas abastecem 20 mil unidades consumidoras (antenas, rede e lojas) da empresa. Na região Centro-Oeste, por exemplo, o consumo de energia de toda operação de telecom é renovável, obtida através de geração própria e de contratos de compra de energia limpa no Mercado Livre. Além disso, a empresa apoia iniciativas de preservação ambiental, como o projeto Pé-de-Pincha, uma parceria entre o Instituto Claro e a SEMA, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Comunidade do Ramal do Mamori e entorno e Universidade Federal do Amazonas (UFAM) para a conservação das populações de que-
lônios em municípios do Amazonas, que foi responsável pela soltura de mais de 30 mil tracajás.
Conexão com a sustentabilidade Parte fundamental da estratégia
Semana presencial da 8 edição do Campus Mobile, em São Paulo (SP). (Foto tirada antes da pandemia)
Olhar para o futuro Com trabalho pautado no aprendizado constante, o Instituto Claro está sempre atento aos movimentos e mudanças de cenário sociais, assim como em busca de novas soluções e iniciativas que possam transformar a vida das pessoas. Recentemente, a pandemia contribuiu para evidenciar desafios como a desigualdade de acesso à internet e à tecnologia no País, com fortes impactos na educação. “O Instituto está em um caminho, investindo em projetos de qualidade, coerência e muita consistência, com todos os ingredientes para a continuidade dessa transformação social. Nosso desafio, no médio e longo prazo, é minimizar a desigualdade social de acesso à tecnologia e conectividade, potencializando as ações promovidas hoje e nas ações futuras”, conclui Daniely. Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pelo Instituto Claro, acesse: https://www.institutoclaro.org.br/ FOTO DE DIVULGAÇÃO
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
CASE ARCOS DORADOS
Como a operadora do McDonald's na América Latina removeu 40% do plástico de um só uso de seus restaurantes A empresa lança seu Relatório de Impacto Social e Desenvolvimento Sustentável 2020, com detalhes da estratégia de ESG
S
ão Paulo - A Arcos Dorados, franquia independente do McDonald's responsável pela operação dos restaurantes da rede na América Latina e Caribe, lança seu Relatório de Impacto Social e Desenvolvimento Sustentável 2020, no qual apresenta os avanços de suas iniciativas e políticas nas esferas ambiental, social e de governança corporativa, que são guiadas por sua plataforma de atuação, Receita do Futuro. Entre os destaques do relatório está o empenho da companhia pela eliminação dos plásticos de um só uso, trazendo resultados do programa que teve início em 2018 e já gerou a redução de 40% do material nas operações da rede em apenas três anos, o que representa 1.400 toneladas de plástico fora de circulação. O programa reúne diversas iniciativas presentes em alguns mercados, dentre as quais: • Campanha “canudos a pedido”, quando os restaurantes pararam de oferecer os canudos para bebidas proativamente; • Eliminação das tampas das bebidas e substituição dos copos de plástico; • Substituição de saladeiras de plástico e recipientes de café da manhã por outros similares, feitos com papelão
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100% biodegradável; • Reformulação dos talheres para redução em até 40% do teor de plástico por unidade ou, em alguns casos, substituição por materiais à base de fibra. “O uso consciente do plástico é um dos maiores desafios da humanidade. Somos uma companhia totalmente comprometida com o meio ambiente e em buscar soluções inovadoras para reduzir o impacto de nossas operações e melhorar o mundo à nossa volta”, comenta Paulo Camargo, Presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados. Iniciativas da Arcos Dorados no Brasil No Brasil, o relatório traz um anexo específico sobre as iniciativas desenvolvidas pela companhia no país, que inclui as ações realizadas frente à pandemia, avanços nos programas de Capacitação & Desenvolvimento e Diversidade & Inclusão da empresa e
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as campanhas beneficentes em prol da comunidade, além de resultados dos projetos de economia circular e gestão consciente de recursos, promovidos nacionalmente. Entre os destaques do recorte nacional, estão os avanços da parceria da Arcos Dorados com a UBQ, startup israelense que desenvolveu um processo inovador e patenteado para conversão de resíduos domiciliares em um termoplástico sustentável. O primeiro resultado da parceria é a substituição das bandejas usadas para servir os pedidos aos clientes nos salões do McDonald’s. A matéria-prima da UBQ é utilizada na composição das bandejas que são produzidas pela empresa brasileira Semaza, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, onde 18 mil unidades do item já foram fabricadas. Como benefício do uso do material UBQ, temos: • Redução estimada de emissão de
3.713 kg de dióxido de carbono; • 1.221 kg de resíduos que deixaram de ir para aterros. Outra preocupação da rede é com as embalagens utilizadas para seus produtos, em sua maioria com base em fibra de celulose. Neste sentido, a companhia busca garantir que seus fornecedores tenham processos sustentáveis. No Brasil, 100% das embalagens provenientes de fibra de celulose já contam com certificação FSC ou PEFC. “Além das iniciativas que conduzimos, também estamos realizando, continuamente, um trabalho importante para promover a educação do consumidor e orientá-lo para a separação de resíduos em nossos restaurantes, o que acaba se ampliando para seu dia-a-dia. Consideramos que a educação para o Desenvolvimento Sustentável é fundamental e, por meio do nosso Programa Desenvolvimento Sustentável em Foco, aberto a todos, já tivemos a participação de mais de 5 mil pessoas, entre funcionários da companhia e público em geral”, comenta Leonardo Lima, Diretor Corporativo de Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável da Arcos Dorados. Mais resultados do Relatório América Latina e Caribe Como um importante passo no compromisso da companhia em reduzir o impacto de gases de efeito estufa provenientes de suas operações, a rede passa a divulgar em seu Relatório a medição das emissões de tCO2e (toneladas de CO2 equivalentes) diretas e indiretas. Em termos globais, a rede tem a meta de reduzir em 31% as emissões de GEE de toda sua cadeia de valor até 2030, em colaboração com seus parceiros e fornecedores. Entre as ações da companhia em torno das mudanças climáticas está o reaproveitamento de água por meio do Programa Natal, que reutiliza água do sistema de condicionadores de ar para tarefas como rega do jardim e lavagem do Drive-Thru. • Mais de 90 milhões de litros economizados em 2020; • Mais de 500 restaurantes da rede participantes. Para ver o Relatório completo, visite www.receitadofuturo.com.br.
Indicadores ESG são incluídos em remuneração variável de seus executivos FOTO DE DIVULGAÇÃO/ TIRADA ANTES DA PANDEMIA
A Arcos Dorados anunciou, em março que, a partir de 2021, a política de remuneração variável de seus executivos* incluirá indicadores ESG (Environmental, Social & Governance). Trata-se da primeira companhia do setor na região a adotar a medida, que tem o objetivo de reforçar a importância do tema internamente e compartilhar a responsabilidade pelo cumprimento dos compromissos sociais e ambientais estabelecidos. “Um dos nossos propósitos é contribuir com as comunidades onde operamos. E como líderes na região, temos a responsabilidade de ser um agente de mudança da sociedade latino-americana, por meio de nossa Receita do Futuro”, afirma Woods Staton, Chairman Executivo da Arcos Dorados. Staton também destaca que, “apesar de apenas 30% das empresas do setor de consumo discricional em todo o mundo incluírem indicadores ESG em seus
programas internos de compensação, segundo pesquisas de consultorias especializadas em remuneração, estamos convictos de que este é um passo importante para garantir um impacto positivo em temas como emprego juvenil, abastecimento sustentável, reciclagem, mudança climática, e bem-estar familiar.” Para conhecer as iniciativas em mais detalhes, visite o site https:// www.receitadofuturo.com.br (*) funcionários elegíveis ao programa de remuneração variável da companhia.
Compromissos com o bem-estar animal O compromisso da Arcos Dorados com o bem-estar animal acaba de ser reconhecido pela Mercy for Animals. A ONG publica, anualmente, o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA), que analisa o comprometimento e a transparência de empresas da América Latina em relação ao tema. A edição de 2020 do Monitor concentra-se na questão do confinamento de galinhas poedeiras. Desde 2016, quando anunciou o compromisso da compra de ovos de sistemas produtivos livres de gaiolas (Cage Free Eggs), esta prática vem sendo tratada com prioridade pela Companhia. Essa atuação fez com que a Arcos Dorados fosse a única empresa do setor classificada na categoria
bronze – dedicada a organizações que apresentam progresso, transparência e influenciam sua cadeia. Permanecem firmes os compromissos de, até 2025, ter 100% da compra de ovos no sistema Cage Free e de usar sua escala para gerar impacto positivo na sociedade.
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ESPECIAL ESG
ESG SOCIAL
ENVIRONMENTAL
GOVERNANCE
CASE GERDAU
Gerdau é a maior recicladora da América Latina A Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo, é também a maior recicladora da América Latina. Comprometida com a economia circular, a empresa compreende que seu papel vai além da geração de valor para seus stakeholders e, por isso, busca ser parte das soluções aos desafios ambientais. Todo ano, a companhia recicla 13 milhões de toneladas de sucata em suas usinas no Brasil e nas Américas - ao todo, 73% do aço produzido pela Gerdau tem como matéria-
-prima a sucata ferrosa reciclada. Para alcançar esses números, a Gerdau vem aprofundando sua atuação junto ao varejo de sucata, se aproximando-se dos pequenos coletores nas cidades onde atua para capilarizar sua rede de fornecedores. Além disso, mantém parcerias com órgãos regionais de trânsito para reciclar veículos abandonados ou descartados. O movimento, além de fazer sentido do ponto de vista do negócio e estar alinhado às melhores práticas de sustentabilidade, tem impacto social importante ao garantir renda regular aos coletores e gerar centenas de empregos.
FOTO DE DIVULGAÇÃO/ GERDAU
CASE NESPRESSO
Programa de reciclagem da Nespresso completa 10 anos com impactos sociais e ambientais positivos Acaba de completar 10 anos o Programa de Reciclagem da Nespresso, marca líder em cafés porcionados de alta qualidade sustentável e pioneira na reciclagem de cápsulas. Desde 2011, a Nespresso recebe as cápsulas de café usadas e faz a separação do pó de café do alumínio sem a utilização de água. Atualmente, a marca possui um Centro de Reciclagem em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. No processo de economia circular, o alumínio é infinitamente reciclável - ou seja, volta para o seu ciclo de vida em formas variadas, como bicicletas e canetas, enquanto o pó de café é compostado e se torna adubo orgânico. O Centro também é o marco da celebração de 15 anos de operação da companhia no país e reforça o compromisso da organização em ser uma empresa carbono neutro até 2022. A Nespresso investe mais de R$ 5 milhões de reais por ano em ações ligadas à reciclagem e vem aumen-
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tando os pontos de coleta de cápsulas usadas por todo o Brasil, além de oferecer orientação aos clientes que não estão saindo de casa. “Ao longo desses 10 anos de atuação, já reciclamos milhares de toneladas de cápsulas vindas de todos os cantos do Brasil”, comemora Cecilia Seravalli, Gerente de Sustentabilidade da Nespresso no Brasil. “Com a pandemia nossos esforços têm sido redobrados, incentivando ainda mais a separação dos resíduos (pó de café e alumínio) em casa e recomendando a melhor forma de descarte. Vale ressaltar que a Nespresso oferece a 100% dos consumidores pelo menos uma solução para reciclagem de cápsulas usadas; nossa meta é chegar a 20% de reciclagem efetiva até o fim de 2021 e 50% até 2025”. Em relação à linha profissional, 100% dos clientes das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro participam do programa de reciclagem por logística reversa. Até o final de 2020, a marca
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FOTO DE DIVULGAÇÃO/ NESPRESSO
vai oferecer uma solução para todos os clientes do país. “A sustentabilidade é uma responsabilidade encadeada e compartilhada. Estamos em uma jornada constante de melhoria que inclui ações de engajamento com o consumidor, junto ao objetivo de aumentar a taxa efetiva de reciclagem”, acrescenta Cecilia Seravalli.
CASE SHELL BRASIL
Shell Brasil apoia projeto que combate à fome A pandemia trouxe vários reflexos para a sociedade; e um dos mais dramáticos foi a piora do quadro da fome em diferentes pontos do país. Várias empresas se engajaram na causa; dentre elas está a Shell Brasil, uma das maiores empresas de energia integrada do país. Em 2020, ainda no começo da pandemia, a empresa começou a apoiar um programa de combate à fome e de empoderamento do pequeno comércio comunitário, coordenado pelo Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS). O programa “Pessoas e Negócios Sustentáveis” já serviu 131 mil refeições desde o ano passado para pessoas mais vulneráveis no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Ceará. Além da Shell, outras empresas também apoiaram: Ins-
tituto Neoenergia, Instituto C&A e Instituto Unibanco. “Este ano estamos apoiando no Rio o Morro da Providência (no Centro) e a Colônia de Pescadores Z-10, na Ilha do Governador”, explica Vandré Brilhante, fundador e diretor-presidente do CIEDS. A partir de um mapeamento, são selecionadas cozinhas de comunidades – que são capacitadas e aceleradas pelo programa - para fornecer 100 quentinhas por dia aos mais necessitados: as compras de mantimentos são feitas em pequenos comércios locais, gerando renda. No segundo semestre, com o decisivo apoio da Shell Brasil, também passarão a ser apoiadas 21 comunidades de quilombolas do Norte do Estado do Rio e ainda comunidades de pescadores, afetadas pela pesca industrial e pela escassez de peixes. A meta é che-
FOTO DE DIVULGAÇÃO/ CIEDS
gar a 350 mil refeições, combatendo a fome e comprando alimentos de comerciantes. Vandré destaca o importante papel do Terceiro Setor para que esta rede funcione. “É o ESG na prática, adaptado à necessidade local.”
CASE KLABIN
Klabin e Embrapa desenvolvem pesquisa que une produção de celulose e "carne baixo carbono" A Klabin e a Embrapa firmaram uma parceria inédita para a criação e a validação de diretrizes de um sistema silvipastoril (integração pecuáriafloresta - ILPF) que permite o uso integral da floresta plantada para a produção de celulose e papel, ao mesmo tempo em que o produtor cria gado de corte. Os sistemas silvipastoris podem ser usados para mitigar ou neutralizar os gases de efeito estufa emitidos pelo gado. Com a pesquisa que está sendo realizada, espera-se criar diretrizes para que os produtores rurais possam, além de acessar o mercado sustentável da carne baixo carbono, vender os plantios florestais em sua totalidade para a indústria de celulose e papel e, assim ter uma fonte adicional de renda. O protocolo de carne baixo carbono refere-se, atualmente, à integra-
ção entre lavoura e pecuária. Outro protocolo, o de carne carbono neutro, refere-se a sistemas com árvores voltadas para o mercado de toras/serrarias. O projeto vai estabelecer as diretrizes para a validação desse sistema voltado para a produção de celulose, visando à mitigação da emissão dos gases de efeito estufa dos bovinos por meio do sequestro de gás carbônico (CO2) pelas árvores - incluindo as raízes, outro diferencial desse estudo. "Este potencial de armazenamento e por quanto tempo o carbono fica armazenado ainda não são conhecidos no caso de sistemas silvipastoris com árvores voltadas para a produção de celulose e papel - que têm modelagens diferentes dos plantios voltados para a produção de madeira para serraria, por exemplo - que é atualmente o produto utilizado
FOTO DE LEANDRO PEDROSO
no protocolo "Carne Carbono Neutro", explica o pesquisador Vanderley Porfírio-da-Silva, que coordena o projeto pela Embrapa Florestas. A iniciativa está ligada ao programa de parcerias "Plante com a Klabin" e terá duração de sete anos. Nesse período, serão realizados os estudos e a coleta de dados nas propriedades que já estão participando, que se tornarão unidades experimentais com o sistema silvipastoril.
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Flamboyant Vermelho florido - Sertão da Bahia
A metáfora e a
poesia das árvores Araucária - Paraná
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S
em poder viajar há um ano, respeitando todas as recomendações necessárias da Ciência para evitar o contágio do coronavírus, sabíamos que não poderíamos contar agora com um novo ensaio incrível de novas fotos de nossa LUCIANA TANCREDO para Plurale. Tivemos, então, a ideia de fazer uma viagem virtual, revisitando o incrível acervo digital de muitas aventuras da fotógrafa por roteiros espetaculares, somado a fotos recentes em torno do sítio no qual vive, em Brejal (PossePetrópolis, região serrana do Rio). Pensamos em um tema; surgiram alguns, mas um deles se destacou: a metáfora e a poesia das árvores! Para ilustrar este Especial de práticas ESG, nada melhor do que apresentar árvores e não apenas pelo lado ambiental, mas porque sem a
Eucalipto – Brejal, Petrópolis Região Serrana do Rio de Janeiro
E n s a i o biodiversidade em torno destas diversas espécies fica difícil sobreviver neste planeta. E mostrar a interconexão mais do que evidente entre todos os elos desta teia. Sem falar que árvores, como aprendemos nas aulas de Ciência e Biologia, são um completo e complexo sistema integrado de sementes, raízes, caules, folhas, etc. Possibilitam a fotossíntese e nos proporcionam enorme bem-estar: além da sombra, ajudam a reduzir as ilhas de calor nos grandes centros, evitam a erosão, ajudam a regular as chuvas etc. Luciana nos traz um amplo leque de espécies: não só do Brasil, em seus variados biomas, mas também de outras regiões, como do Sul da Argentina e do Chile, das florestas norte-americanas e por aí, mundo afora. Uma relação muito especial de conexão com a natureza.
Cambarazal – Sesc Pantanal (MT)
FOTOS DE
LUCIANA TANCREDO “As árvores fazem parte do meu mundo, desde que me entendo por gente. Bem pequena ainda, no sítio dos meus pais em Miguel Pereira (RJ), as árvores já eram um objeto de desejo. Eu vivia subindo nas goiabeiras, para comer a fruta no pé. Tivemos a alegria de crescer rodeados de pés de carambola, tangerina e nêspera”, relembra a fotógrafa. Luciana conta que o tempo passou e ela continuou apaixonada pelas árvores. “Hoje, como fotógrafa, com olhar treinado, em cada lugar por onde passo, nas minhas viagens ou mesmo aqui em casa (sítio no Brejal/ Região Serrana do Rio), nas minhas caminhadas, elas continuam sendo as estrelas principais.” Esperamos que você também “viaje” neste passeio da ressignificação.
Palmeira Búzios/ RJ
Floresta amazônica
E n s a i o
Estrada de eucaliptos – Brejal, Petrópolis/ RJ
Árvores Secas – Pôr-do-sol em tons de rosa no Sesc Pantanal (MT)
FOTOS DE
LUCIANA TANCREDO Cerejeiras japonesas em flor - Brejal / RJ
Encontro de árvoresMinas Gerais
Jardim Botânico do Rio de Janeiro/ RJ Açaí às margens do Rio Guamá (Pará)
Mata AtlânticaFloresta de Tijuca, Rio de Janeiro/ RJ
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Bétulas, Utah / EUA
Álamos e Oliveiras - Mendoza/ Argentina
Palmeiras Gigantes – Miami, EUA
Árvores resistentes ao frio das Cordilheiras/ Chile
Árvore laranja Interior do Chile
E n s a i o
FOTOS DE
LUCIANA TANCREDO
Álamos no Outono - Barreal /Argentina
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Bem-estar
Mahavir Thury
HAJA MEDITAÇÃO Por Nícia Ribas, de Plurale Fotos de Arquivo Pessoal
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ma avalanche de más notícias está perturbando os terráqueos nos últimos tempos. Derrubada das florestas, poluição dos mares, pobreza, fome e, para completar, a pandemia e governantes irresponsáveis. “Se a humanidade continuar no ritmo predatório em que vive, entrará na lista de espécies em extinção”, diz o líder indígena Ailton Krenak. Direto da Suécia, a jovem ativista Greta Thunberg defende a proteção do Planeta, responsabiliza o presidente do Brasil pela morte de milhares de pessoas por Covid 19 e pede vacina para todos, ricos e pobres. Todos os dias a mídia leva para dentro dos lares a dor e o sofrimento dos que lidam com a doença e dos que estão
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PARA LIDAR COM DTUDO ISSO! com a geladeira vazia. Ao mesmo tempo, mostra o descaso dos governantes que só pensam em si mesmos e em sua permanência no poder. Por trás de tudo isso está um modelo econômico devastador, chamado por Krenak de “máquina de devorar mundo”. Esse conjunto de fatos assustadores exige uma mudança radical no modo de vida dos humanos. Como se adaptar a esse novo mundo? Isoladas em suas casas, muitas pessoas tentam sobreviver ao vírus e manter a sanidade mental.
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Ao olhar para dentro de si mesmas em busca de novos valores, tentam se desapegar dos atrativos do capitalismo exacerbado, entranhado nos humanos desde a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII. Parece que chegamos ao limiar de uma nova era. É hora da virada! Somos parte do Universo “Com a prática regular da meditação, é possível vivenciar o momento presente intencionalmente e alcan-
çar um estado de atenção que permite administrar a situação atual”, diz a instrutora de mindfulness Amanda Pinheiro, certificada pela Unifesp e pós-graduanda em Cultivo do Equilíbrio Emocional pelo Instituto Albert Einstein. Amanda já trabalhava com mindfulness antes da pandemia, mas em março de 2020 viu crescer bastante o número de praticantes. “Nosso trabalho é incentivar a prática continuada da meditação e da atenção plena, difundindo conhecimentos que já existem há milênios, mas são pouco conhecidos. ” Para ela, as pessoas que mais sofrem com a situação atual de imprevisibilidade são aquelas que gostam de controlar tudo e, de repente, não conseguem: “Temos que viver melhor com o entorno, somos parte do universo”, disse ela a Plurale e lembra o Dalai Lama: “Precisamos de mais compaixão em relação a nós mesmos e aos outros”. Amanda preparou vai oferecer, em breve, um programa de cinco semanas, com inscrições pelo Instagram @_modoser. Estar em harmonia, o bem maior Mestre de vinyasa, yoga e pratican-
te de meditação desde 1997, Mahavir Thury tem mais de 11 mil seguidores no Instagram. Com a chegada da pandemia, Mahavir viu crescer os participantes de sua live de meditação, mas ele diz que antes as pessoas já apresentavam muito estresse e depressão: “o consumo de bens materiais não satisfaz suas necessidades e um vazio enorme leva à busca de novos valores”, disse a Plurale. Mahavir acredita que essa situação atual escancarou a distorção de valores: “Essa lama sempre existiu e agora estamos numa era de extremos, com a luz entrando e mostrando o racismo, a corrupção, a exploração da natureza. Não existe iluminação sem se deparar com a própria sombra; caminho fácil é ilusão”. Ele compartilha essa visão otimista com seu mestre espiritual. Para eles, tudo tem uma função. Uma mente racional pode não entender, mas está havendo uma forte mudança de valores, uma purificação: “a dor própria faz abrir os olhos para a dor do próximo.” Para conhecer melhor e experimentar suas lives curtinhas às terças e quintas, 19 horas, vá pelo Instagram: mahavir_thury. Gratuito. Taíssa Lima
Tadashi Kadomoto
Foco na respiração Entre os diferentes tipos de meditação, alguns ligados à espiritualidade, há pontos em comum: prestar atenção ao corpo e à respiração. O foco é buscar tranquilidade mental, emocional, espiritual e física, em contraponto a uma rotina cansativa e à angústia trazida pela pandemia. Muitas pessoas se queixam do isolamento social, do medo e pensamentos negativos em relação ao futuro, que muitas vezes causam até dores físicas. Daí a necessidade de novas posturas. A inteligência emocional ensina que, quando perduram o estresse e o pessimismo, é hora de reprogramar a mente. Com meditação. “O Brasil é o segundo país onde há mais pessoas ansiosas. E a ansiedade tem sido considerada o mal do século”, alerta o terapeuta transpessoal Tadashi Kadomoto. Em quase 30 anos de atuação, milhares de pessoas já participaram de suas aulas, palestras e vivências profissionais. Ele está à frente do Instituto Tadashi Kadomoto, em Campinas (SP). Atualmente, Tadashi faz seus seguidores dormir com uma live diária às 21:30. De graça. A paz interior Que tal meditar na Índia? Este sonho foi realizado pela jornalista Giane Gatti, aluna há 11 anos da escola de meditação e qualidade de vida
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Bem-estar
Brahma Kumaris (BK). Ela esteve na sede da Brahma Kumaris no Mount Abu, na Índia. “A lista de benefícios de meditar é enorme. Ao entender a importância de criar momentos diários de silêncio, de ir “para dentro”, entro em contato com a minha verdadeira natureza; fica mais fácil lidar com as situações difíceis, com os imprevistos e também com pessoas difíceis”, diz. Nesse período de pandemia, os cursos e palestras online foram intensificados. Há vasto material também no site, além do aplicativo Medita BK, com áudios de meditação guiada e mensagens positivas. “Precisamos estar atentos para manter nosso estoque de energia alto e ter pensamentos positivos, para vivermos mais felizes e em paz. Minha vida tem claramente um marco: antes e depois de eu começar a meditar. E a meditação é uma jornada diária de desenvolvimento do nosso potencial como seres humanos, de autotransformação”, conta Giane. A nutricionista Taíssa Lima, 41 anos, é “apaixonada” pela Vinyasa flow ioga by Adriana Camargo. Suas fotos no instagram encantam a leBianca Bley
gião de seguidores. Taíssa conta que nunca tinha pensado na yoga, mas que essa prática jamais sairá da sua vida. “Sempre fui bem serelepe, integrante da natureza; minha maior diversão sempre foi subir em árvore, comer frutos no pé, cuidar dos bichinhos em liberdade… nunca poderia me imaginar sentadinha como Buda (rs)… No início, confesso que fugi… Para praticar o desapEGO, depois que nos moldamos para o mundo, é preciso CORagem.” Taíssa diz que “a prática do ioga me trouxe uma certa magia de viver no tempo presente. Os asanas (posturas) fortaleceram e tonificaram o meu corpo; senti efeitos sutis sobre a mente, como , por exemplo, persistência, segurança, flexibilidade, força, aceitação… Um fluir de energia e uma maior sintonia com a natureza divina. Taíssa pratica yoga todo santo dia e, durante o isolamento, intensificou a prática com aulas online em grupos fechados pelo Instagram (adrianacamargo_yogapersonal e adrianacamargo_yogaexclusive). Quem faz, gosta muito Logo no início do isolamento, sozinha em casa, a jornalista Vânia Beatriz Furtuna, que desde sempre cuidou do físico com alimentação saudável e ginástica diária, começou a sentir os efeitos da falta de contato com as pessoas e buscou ajuda para o equilíbrio mental e espiritual. Grupo de risco, passou a meditar online, com os instrutores Tadashi Kadomoto e Mahavir Thury: “Dedicar uns minutos do dia para relaxar, refletir, prestar atenção na respiração, esvaziar a mente é algo que me ajuda a suportar o isolamento com mais equilíbrio. Saio da meditação mais forte para enfrentar o medo e a angústia trazidos pelo momento que vivemos e me dá oportunidade de refletir sobre o que realmente importa. Acho que todo mundo deveria tentar.” Já a publicitária Gisela Camargo, que mora em Florianópolis com
Vânia Furtuna
seu filho Gabriel, de oito anos, diz: “Desde agosto tenho me esforçado e geralmente consigo meditar todos os dias ao acordar. Só assim me sinto mais equilibrada emocionalmente e minha concentração fica muito melhor.” A jovem engenheira agrônoma Bianca Bley, que trabalhou nove anos na COFCO, uma trading global de agronegócio, quatro deles em Singapura, decidiu trocar o mundo dos valores da bolsa por outro tipo de valores. Durante um ano sabático (2019) em que viajou pelo mundo, incluindo vários países do Oriente, ampliou sua visão sobre a vida humana no planeta. Hoje morando em Curitiba, onde nasceu, pratica yoga diariamente, meditando em clima apropriado, com vela acesa e cristais nas mãos: “Eu me esforço para meditar 30 minutos todo dia, o que me traz calma, paz
interior e me ajuda a alinhar meus três corpos: físico, mental e espiritual. Isso me ajuda também a ter mais sensibilidade para entender pequenos sinais que a vida me dá - e que fazem toda a diferença nas minhas escolhas”. Bianca sonha em aproveitar seus conhecimentos de agronomia para contribuir com um novo modelo de negócios, menos agressivo ao meio ambiente: “O planeta é um ser vivo, composto por seres vivos - e cada um de nós tem um papel, desde os vírus até os elefantes. Nos últimos anos, com o avanço da população humana e seu jeito de viver cada vez mais distante da natureza, exaurindo os recursos que ela nos oferece, enfrentamos problemas com o clima, como falta de chuvas, calor, frio. Além deste desequilíbrio, também prejudicamos nossa saúde com a tal da vida moderna, que nos faz correr para tudo, com a obrigação de estar sintonizados, comer o que comer o que estiver na nossa frente ou for mais fácil, pois falta tempo. Esquecemos que nossa saúde física, mental e espiritual depende do que comemos e de como vivemos. Para que então tudo isso? A natureza já nos dá o que mais precisamos: comida, água e ar. Muitas pessoas nesta pandemia sentiram isso na pele e estão mudando para viver em harmonia com a natureza.” Há um ano e meio, Bianca conheceu a permacultura, que considera uma das melhores formas de se viver: “Permacultura é perceber tudo o que se tem em volta e trabalhar com, e não contra. Vai montar uma casa? Observe o que tem ao seu redor para utilizar o que a natureza lhe oferece. Estude a melhor maneira de extrair sua comida, reutilizar a água, faça seu adubo. Toda esta natureza em volta faz parte da sua casa, viva o dia-dia com ela sempre lembrando que estamos num sistema complexo no planeta, onde tudo está interligado”.
Dicas da Amanda Pinheiro
1.
Procure não sofrer por antecipação: Na maioria das vezes, o que nos causa ansiedade e, consequentemente, estresse, é pensar em como lidar com situações que projetamos, mas que ainda não existem de fato. Tente resolver os problemas na medida em que surgem. Momento a momento.
2.
Observe seu corpo: Esteja atento aos sinais que o seu corpo dá. Um desconforto, uma mudança de temperatura ou rubor no rosto podem antecipar emoções. Quando estamos no piloto automático, o corpo torna-se apenas um veículo que nos leva de lá para cá e nem percebemos que ele “conversa” conosco.
3.
Reconheça e acolha suas emoções: Não importa se são emoções agradáveis ou desagradáveis, observe o que você sente, procure reconhecer a emoção (às vezes achamos que é uma emoção, mas quando observamos com atenção, é
outra) e simplesmente acolha, procurando não se julgar ou se culpar.
4.
Pratique a escuta atenta: Procure conversar com as pessoas ouvindo de fato o que elas têm para dizer, antes de interromper e falar. Já pensou quantos mal-entendidos podemos evitar apenas prestando atenção de verdade nos outros?
5.
Faça pausas: Quando observar que está estressado, procure um lugar reservado onde você possa se manter quieto por uns três minutinhos. Feche os olhos, perceba suas emoções no momento, e tente fazer 5 ciclos de respirações conscientes, isto é, prestando atenção nos movimentos de inspiração e expiração. Ao terminar, o motivo do seu estresse pode continuar lá onde está, mas há boas chances de você voltar diferente a experiência.
6.
Cultive a compaixão: Seja gentil com você e com os outros. Todos queremos fazer a coisa certa e ser felizes.
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Relógio Municipal de Manaus atravessa gerações e marca as mudanças dos manauaras FOTOS DE LUCIANA BEZERRA - MANAUS (AM)
Texto e Fotos de Luciana Bezerra - Especial para a Plurale de Manaus (AM)
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m dos símbolos e cartões-postais de Manaus é o Relógio Municipal da Matriz, localizado no Centro Histórico da cidade. Além de lembrar um passado importante, como o fim do ciclo da borracha e a implantação da Zona Franca, no período da Ditadura Militar, o Relógio Municipal marca também o crescimento e as mudanças de Manaus há gerações. O monumento célebre da capital do Amazonas foi originalmente inaugurado em 1927 no início do século XX, na Avenida Eduardo Ribeiro. Projetado por Coriolano Durand, em estilo neoclássico, seu maquinário foi importado da Suíça e montado em base de pedra pelos antigos ourives da cidade, conhecidos como Pelosi e Roberti, ambos de origem Italiana. Passou a compor, assim, a paisagem arquitetônica da Praça XV de Novembro, mais conhecida como praça da Matriz, nas proximidades da Catedral Nossa Senhora da Conceição, popularmente chamada pelos fiéis de Igreja da Matriz. O primeiro administrador do monumento, o relojoeiro Faeiz Isaac Sahdo, só foi escolhido em 1945, por meio de um edital da Prefeitura de Manaus. Além de administrador, Sahdo atuou no local com sua barraca de conserto de relógios e também se responsabilizou pela manutenção do maquinário suíço. Ali se iniciava a longa relação da família Sahdo
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com o Relógio. De acordo com Fausto Sahdo, herdeiro e atual administrador do Relógio Municipal de Manaus, foi um orgulho assumir a missão delegada por seu pai, em 2012, após seu falecimento. “Olhar para o Relógio é lembrar do meu pai e recordar toda a minha infância. Meu pai morreu falando desse relógio e me pediu que, quando ele se fosse, eu assumisse a missão a que ele tanto se dedicou em vida. E aqui estou”, disse emocionado Fausto Sahdo. Fausto ressaltou ainda que o relógio é composto por 101 peças e que participou pessoalmente das obras de restauração do monumento, durante o período de revitalização da estrutura, que durou aproximadamente quatro anos (2014-2018), período em que o relógio ficou fechado á visitação pública. “O restauro completo dessa máquina foi feito por mim com todo
amor e carinho. Cada peça restaurada tem um pedaço importante da história de Manaus e me sinto lisonjeado em participar de tudo”, conclui Sahdo. Para o coordenador do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) Cidades Históricas, Rafael Assayag, o restauro representa a reconstrução de um novo tempo e de novos ares para a cidade. “Restaurar o Relógio Municipal de Manaus marca o início de uma retomada econômica, um novo ciclo de crescimento para a cidade e, acima de tudo, organização urbana e qualidade de vida aos manauaras”, completou Assayag. O Relógio Municipal de Manaus possui uma frase em latim gravada em volta do mostrador – “vulnerant omnes, ultma necat”, cuja tradução em português é: “todas ferem, a última mata”, significando que para tudo há um tempo de acabar, até mesmo a vida. As palavras lembram
que um dia todos enfrentarão um momento crucial, para o qual nunca se está preparado, porque não há como saber a data exata de tudo. Tradição O Relógio Municipal de Manaus é um dos símbolos do Patrimônio Histórico Estadual do Amazonas, tombado pelo Decreto 11.197, de 14 de junho de 1988. A obra possui, aproximadamente, cinco metros de altura e uma base quadrangular. Há registros de que a primeira tentativa de construir um medidor de horas na cidade data de 1854, quando o presidente da Província, Herculano Ferreira Pena, em pronunciamento à Assembleia Legislativa Provincial, expôs a necessidade da existência de um relógio público, em Manaus. No entanto, segundo dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Amazonas (Iphan AM), somente em 1926
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FOTOS DE LUCIANA BEZERRA - MANAUS (AM)
foram dados os primeiros passos para a edificação do relógio, quando o então prefeito Araújo Lima, em Mensagem Anual à Intendência Municipal da cidade, falou sobre a aquisição de um “magnífico cronômetro alemão”, que deveria ser instalado em um local público da capital do Amazonas. Para o historiador manauense Rafael Oliveira, 37 anos, o monumento tem uma relação importante com o período áureo do Ciclo da Borracha, que simboliza prosperidade e crescimento para a cidade. “A importância do monumento está diretamente relacionada ao Ciclo da Borracha, quando todo o lucro da exportação do insumo servia para financiar a urbanização de cidades como Manaus e Belém, no período conhecido como Belle-Époque amazônica. É importante destacar, também, o processo de desenvolvimento estrutural que transformou Manaus na Paris dos Trópicos. O Relógio Municipal simboliza um período de prosperidade que faz parte da história de Manaus, juntamente com o Mercado Municipal, o Porto de Manaus, o Teatro Amazonas e os demais monumentos históricos do período. Esse sistema de urbanização e impulso econômico foi tratado como um processo de modernização da região”.
em menos de um mês a contaminação por Covid-19, em Manaus, se tornou comunitária. A doença chegou rapidamente aos povos indígenas e a outros municípios do Amazonas. De lá para cá, a população de Manaus passou por períodos difíceis e tortuosos. Segundo dados da Fundação em Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), o primeiro O registro da pandemia em Manaus pico da pandemia aconteceu no mês O Relógio Municipal da Matriz, de maio de 2020, com 36.123 casos acostumado a marcar inúmeras de Coronavírus ou 1,2 mil por dia. mudanças na cidade, ao longo de Em um mês morreram 1.627 pesmais de nove décadas de existên- soas. Sem regras rígidas, as medidas cia, jamais imaginaria que teria de de isolamento não foram suficientes registrar mais um marco histórico para deter a transmissão do vírus. da cidade: dessa vez, a pandemia do Os casos, que em agosto começaram Coronavírus, que atingiu Manaus a diminuir, foram aumentando nos meses de novembro e dezembro de dolorosamente. Em 13 de março de 2020, o Go- 2020. O Amazonas entrou em 2021 verno do Amazonas confirmou o enfrentando uma nova onda da panprimeiro caso de Covid-19 no Es- demia e o extremo da negligência tado. A paciente era uma mulher pública no Estado. de 39 anos, com um histórico de O mês de janeiro de 2021 foi, sem viagem para a Europa. No entan- dúvida, o mais árduo para os mato, sem regras de isolamento so- nauaras, quando a crise de oxigênio cial por parte dos governos locais, foi deflagrada. Naquele mês foram
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notificados 66.381 casos de Coronavírus – 2,1 mil por dia, conforme dados da FVS-AM. Na véspera do colapso de oxigênio, em 13 de janeiro, Manaus registrou 198 sepultamentos, sendo 87 mortes atribuídas à Covid-19, além de sete casos suspeitos. Um dia depois, foram registrados 186 sepultamentos, sendo 87 por Covid-19, além de um caso suspeito. No dia 15, o número saltou para 213 sepultamentos em uma cidade que, antes da pandemia, registrava uma média de 30 enterros diários. Dos 213 sepultamentos, 102 foram declarados por Covid-19, e ainda houve sete casos suspeitos. Em todo o Amazonas, 2.823 pessoas perderam a vida por conta da doença somente no mês de janeiro, superando até então, o recorde de 1.627 óbitos pela doença, registrado em maio de 2020. No começo de maio deste ano, o Estado se encontrava na fase laranja, que corresponde à classificação de risco moderado para transmissão de Covid-19.
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Natureza e
ruínas medievais
Por Marina Guedes (*) De Rieti, Itália Especial para Plurale
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final de semana começou cedo. Céu limpo e, pela primeira vez desde o início da primavera no hemisfério norte, a temperatura ultrapassava os 26 °C. Em outras palavras, condições ideais para uma trilha na montanha. O ponto de encontro do grupo era o pequeno vilarejo de Roccantica, situado a aproximadamente, 70 quilômetros da capital, Roma. Antes de continuar este texto, peço licença aos leitores de Plurale. Afinal, falar de turismo, nos dias de hoje, pode soar como falta de preocupação ou descaso com a pandemia que enfrentamos. As atividades ao ar livre estão, aos poucos, voltando a fazer parte do cotidiano dos moradores aqui na Itália. Assim, esclareço que a proposta é que esta narrativa seja útil e inspiradora para quando as fronteiras internacionais
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estiverem sem qualquer tipo de restrição, e as viagens forem possíveis e seguras, novamente. Voltando ao passeio, era curioso pensar que Roccantica, com seus pouco mais de 500 habitantes, situa-se na segunda região mais populosa do País, o Lácio. Principalmente quando o dia escolhido para a visita era um domingo de manhã, com quase nenhum morador fora de casa. Aos poucos, a rua principal ia sendo ocupada por aventureiros felizes, como eu, por estarem, após um longo período de confinamento domiciliar, outra vez perto da natureza. Novas regras Em razão da pandemia, algumas regras para as atividades de turismo mudaram. A primeira é que, ao chegar, todos os participantes da caminhada assinam um termo em que declaram não ter sintomas e tampouco ter testado positivo para Covid. Além disso, a temperatura corporal é medida com uma espécie de “revólver de plástico” apontado para
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o rosto de cada um. Máscaras no rosto somente antes da caminhada, quando as vinte pessoas organizaram-se ao redor dos dois guias, Daniele Cecilia e Giada Santarelli, que passaram as recomendações e distribuíram as sacolas, de papel reciclável, com o kit para nosso almoço. A instrução era manter a distância de mínima 1 metro entre cada um de nós. Natureza e história Algumas pessoas usavam bastões para auxiliar no deslocamento. De nível fácil e com baixa elevação, pouco mais de 300 metros, a trilha pode ser tranquilamente feita sem este acessório. Apenas calçados de montanha são recomendados, já que o terreno é irregular e, por vezes, escorregadio. Até o meio da tarde, percorremos pouco mais de 6 quilômetros, com direito a paradas em interessantes pontos históricos e naturais. O primeiro, um moinho medieval de pedras. Perto dali, uma linda
cachoeira que forma uma espécie de piscina natural. Talvez na próxima visita eu arrisque molhar os pés, já que naquele dia, o calor não era suficiente para compensar a gelada água cristalina. Do moinho, subimos por pouco mais de quinze minutos até o Revotano, um impressionante abismo rodeado por paredes rochosas. “Diz a lenda que foi formado em razão das maldades dos habitantes que viviam por ali. Restaram apenas uma mulher, loira, e seu filho. Os demais, afundaram junto com o terreno”, revelaram os guias, Daniele e Giada. Daí o nome, que faz referência à revolta, ou a derrubada do povoado. De volta à trilha, os assuntos que dominavam as conversas do grupo eram receitas culinárias. Confesso que sou iniciante na língua italiana, mas sinto facilidade em entender temas como gastronomia, principalmente quando os ponteiros do relógio marcam a hora do almoço. Acho que se não fizéssemos uma pausa, talvez presenciaria uma nova
“revolta” na montanha. Felizmente, a próxima atividade foi saborear o sanduíche de pernil, seguido de frutas e bombom de chocolate, sob uma agradável sombra, perto do moinho. Reforçados - e com algumas calorias a mais - seguimos para o último ponto histórico, uma caverna. No período medieval, era ocupada por eremitas, pessoas que buscavam isolamento social por razões diversas: penitência, religiosidade ou vontade de estar perto da natureza. Denominado Eremitério de São Leonardo, data do período entre os séculos VIII-IX. O nome é homenagem a um dos mais populares santos da Europa central, Leonardo de Noblac. Segundo a literatura, é conhecido como padroeiro dos prisioneiros e, sobretudo, das parturientes, para que tenham um parto indolor. O cenário do trekking foi inspirador, com o vale Sabini e a singular arquitetura de vilarejos medievais. Construções com paredes altas, posicionadas no alto dos morros insti-
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gam a curiosidade. Para quem vier à região, também vale a pena uma visita à cidade de Rieti. É a sede da província de mesmo nome, da qual fazem parte Roccantica e outros 72 locais. Há diversas alternativas de passeios, que incluem destinos históricos ou focados na pura contemplação da natureza. Durante o inverno, aos que apreciam aventuras na neve, Rieti possui outra montanha, Terminillo, verdadeiro espetáculo de paisagem. (*)Marina Guedes é jornalista e fotógrafa. Depois de passar quatro anos em um veleiro no Atlântico e Pacífico Sul, hoje vive na Itália, onde produz o podcast Maré Sonora. As conversas podem ser escutadas em todos os reprodutores de áudio, como Spotify, Google ou Apple Podcasts. Lançados sempre às segundas-feiras, os episódios abordam navegação, ciência, fotografia e conservação. Confira tudo através do site: www.podcastmaresonora.com
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FOTOS DE
MARINA GUEDES, RIETI, ITÁLIA
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Ecoturismo
N
ISABELLA ARARIPE
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Paraíso no litoral sul baiano Quem já se vacinou, está podendo voltar a viajar em segurança, curtindo novamente a sensação de liberdade ao ar livre. Um dos destinos a ser explorado é a Praia do Espelho, em Curuípe, paraíso no litoral sul da Bahia. O aeroporto mais próximo é o de Porto Seguro, de lá para a região, é uma agradável viagem de duas horas no máximo, em carro alugado ou transfer. Há várias opções de pousadas, mas recomendamos a Pousada Enseada do Espelho (http://www.enseadadoespelho.com.br/site/pt/). A Pousada Enseada do Espelho manteve em sua arquitetura a integração com a vegetação natural e, na decoração, utiliza mobiliário e objetos que refletem a identidade local, além da preocupação com a coleta seletiva do lixo e aquecimento solar.
Livro sobre o Rio é lançado Acaba de ser lançado o livro "Mania de Fotografar o Rio", de Bayard Do Coutto Boiteux, jornalista, professor de Turismo e vice-presidente da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ. Não é um guia turístico. “É um livro de fotos e de inspiração”, explica o autor. Ou seja, uma grande “viagem” virtual nestes tempos de isolamento. Bayard almeja que cada uma das pessoas, ao abrir as páginas, fique motivada a visitar os locais e maravilhada, com o que conseguir transmitir com as imagens. "Contempla todo o Estado do Rio de Janeiro, apresenta os principais produtos do estado e, sobretudo, os que mais me atraem. Fazem eu me sentir bem. As fotos foram clicadas nos últimos três anos e com uma característica em comum: produzidas durante passeios memoráveis". Para a compra do livro, basta acessar o portal da Editora CVR (https://www.editoracrv.com.br/). O livro está sendo vendido em promoção pelo lançamento por R$ 128,90 (impresso) e R$ 104,23 (digital).
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Ilha da Madeira: paraíso português preparado para a alta temporada Quando estivermos todos vacinados e tudo passar – e vai passar – uma boa opção para considerar nas férias futuras é a Ilha da Madeira, destino português localizado em meio ao Atlântico, com cenários magníficos de montanhas, falésias e piscinas naturais, e que tem o turismo como um dos seus principais pilares econômicos. Considerado o ‘Melhor Destino Insular do Mundo’, o Arquipélago da Madeira reabriu suas portas ao turismo em julho de 2020. Desde então, a região autônoma de Portugal não deixou de receber seus viajantes e apostou em estratégias focadas em se manter como um destino seguro com relação ao Covid-19, tomando várias medidas. De origem vulcânica, sua localização privilegiada proporciona clima ameno e mar com temperatura agradável o ano inteiro, além de impressionantes cenários de montanhas, vales e penhascos, todos cobertos pela exuberante vegetação Laurissilva, nomeada Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.
Brotas (SP) é uma boa opção de destino Para as famílias que gostam de natureza, Brotas (SP) é o lugar certo. A cidade fica a apenas três horas da Grande São Paulo e tem inúmeras atividades, como trilhas, cachoeiras e rios. A água é cristalina, as trilhas são sinalizadas, e o nível é fácil. É um parque natural para os pequenos. Opções para arborismo, trilhas, esportes aquáticos e muito mais.
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CINEMA
Verde
ISABEL CAPAVERDE
i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r
Gisele Bündchen é produtora de documentário-denúncia Todos sabem que Gisele há muito deixou de ser apenas uma das maiores supermodelos do mundo, que se aposentou das passarelas ainda no auge de sua forma. A gaúcha é também uma ativista em prol do meio ambiente; é produtora executiva do documentário Solo Fértil (Kiss the Ground, em inglês), disponível para os assinantes do serviço de streaming Netflix. O filme, narrado pelo ator Woody Harrelson, faz uma denúncia da agricultura química e industrial e da pecuária de confinamento, que degradam os solos e aceleram a emissão de gases de efeito estufa, agravando o fenômeno do aquecimento global. Mas não só denuncia, como apresenta uma solução: a agricultura regenerativa, prática ética projetada para restaurar terras degradadas e facilitar a retirada de carbono. Prova de que é possível produzir alimentos de forma sustentável sim!
Ganhador do Oscar 2021 na sua categoria A narrativa de “Favela É Moda”, documentário de Emílio Rodrigues, segue o dia-a-dia de jovens modelos em sua árdua batalha na luta contra preconceitos e dificuldades de ordem financeira, social, familiar, afetiva e psicológica. E mostra que, apesar da dura realidade em que vivem, eles ainda sonham com as passarelas internacionais. O filme acompanha também o surgimento de agências de modelos nas comunidades, empresas que pensam a cultura da juventude como um negócio que venha a gerar retorno financeiro, além de visibilidade e reconhecimento a seus locais de origem. Produção da Espiral e da Osmose Filmes, viabilizada pelo Curta, através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o filme venceu o Prêmio de Melhor Documentário pelo voto popular no Festival do Rio 2019 e de Melhor Longa Metragem do XIII Prêmio Pierre Verger. “Favela É Moda” está disponível na plataforma Curta!On, o novo clube de documentários do NOW, da Claro NET.
Somos todos um - O novo normal O diretor Rick Nogueira, da Ideias Ideais, está captando e preparando, com sua equipe mais uma produção. “Somos todos um – O novo normal” é um documentário independente que mostra o mundo repensando sua interação com a natureza - e o que cada um pode fazer para evitar o aquecimento global e os impactos da humanidade no planeta. A jornalista Maria Paula Carvalho e os documentaristas Bruno Veiga Valentim e Rodrigo Junqueira fizeram aquilo de que mais gostam e acreditam: saíram a campo para mapear o problema e buscar soluções. O projeto está em fase de captação de empresas patrocinadoras e também de financiamento coletivo. Saiba mais em http://www.ideiasideais.com.br/somostodosum
Alô, professores!!! Professores, educadores e instituições de ensino que desejam utilizar o cinema como ferramenta para discutir questões socioambientais contemporâneas em sala de aula, já podem contar com a Ecofalante Play, nova plataforma de streaming totalmente gratuita e exclusiva. Lançada pela Ecofalante, organização da sociedade civil que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade, a Ecofalante Play conta com um acervo de mais de 130 filmes brasileiros e internacionais que abordam temas como emergência climática, consumo, cidades, energia, conservação, economia, trabalho e saúde. Acesse: https://play.ecofalante.org.br/
14ª edição do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul Com o objetivo de difundir e promover os filmes, além de fomentar o intercâmbio entre pessoas realizadoras do audiovisual afro-brasileiro, africano, caribenho e da diáspora negra, o Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: Brasil, África, Caribe e Outras Diásporas acontece de 29 de setembro a 8 de outubro de 2021. Assim como na edição do ano passado, o Encontro seguirá atendendo aos protocolos sanitários de distanciamento e isolamento social, em virtude do coronavírus, e por isso será realizado online, pela plataforma Todes Play: https:// todesplay.com.br/ Fique atento.
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Pelas Empresas
FELIPE ARARIPE
Bradesco está entre destaques no “The Sustainability Yearbook” da S&P Global, por seu desempenho em sustentabilidade
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De São Paulo
ela terceira edição consecutiva, o Bradesco entrou na categoria Prata do Sustainability Yearbook Award da S&P Global, o que posiciona a instituição financeira como o único banco brasileiro entre os 5% melhores do setor, de acordo com a avaliação da agência. “Isso é resultado do nosso compro-
misso e do crescente avanço na implementação das melhores práticas ESG no Bradesco”, destaca Marcelo Sarno Pasquini, Superintendente-Executivo do Bradesco. O banco também tem incentivado que clientes avancem
nesta busca por práticas sustentáveis. “Estamos com linha específica para financiamento de compra de painéis para geração de energia solar”, reforça Guilherme de Melo Silva, Gerente de Sustentabilidade.
Colaboradores da Neoenergia doam 43 toneladas de alimentos FOTO DE DIVULGAÇÃO
Do Rio
O Programa de Voluntariado da Neoenergia, formado pelo time de voluntários da empresa, fez uma grande mobilização para arrecadação de alimentos na ação "Operação Quilo". A iniciativa irá beneficiar nove estados brasileiros onde a empresa possui operações: Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. Juntos, os colaboradores arrecada-
ram mais de 43 toneladas de alimentos para beneficiar famílias em situação de vulnerabilidade, atendidas por 102 instituições e ONGs beneficentes, em
mais de 80 cidades do país. Ao todo, mais de 17 mil pessoas que são atendidas pelas instituições serão impactadas diretamente pelos donativos.
Coca-Cola lança “Por Todas as Mesas” para apoiar a campanha Brasil Sem Fome FOTO DE DIVULGAÇÃO
Do Rio
A Coca-Cola lançou em maio a iniciativa Por Todas as Mesas, que visa a alcançar a doação de 2,5 milhões de refeições com bebida para a Rede Ação da Cidadania, no prazo de dois meses. Para isso, a Coca-Cola Brasil vai doar 50 centavos para cada pedido que contenha produtos de seu portfólio, feito nas plataformas de delivery – iFood, Rappi, Uber Eats, Aiqfome e Wabi. “Estamos usando o poder convocató-
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rio da marca Coca-Cola, aliada à capilaridade da cadeia de varejo do Sistema Coca-Cola Brasil, para convidar as pes-
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soas a se juntarem a nós nessa agenda tão urgente de auxílio aos mais vulneráveis”, afirma Silmara Olívio, head de Relações Corporativas da Coca-Cola. Além disso, a marca Coca-Cola disponibilizará R$ 1 milhão em vouchers de R$ 5, para pedidos realizados em pequenos restaurantes cadastrados no iFood que estejam participando da campanha.
Setor segurador encerra primeiro trimestre com alta de dois dígitos 8,9% acima do mesmo mês do ano passado.O desempenho do primeiro trimestre do ano, embora importante, permanece abaixo do registrado no quarto trimestre de 2020 (-6,2%) e do mesmo trimestre de 2019 (-3,5%), este último antes da pandemia do novo coronavírus. “A despeito dessa recuperação, o setor de seguros ainda não conseguiu obter o mesmo resultado do trimestre antecedente, o último de 2020, estando R$ 4,7 bilhões (6,2%) distante dele. O mesmo se observa na comparação com o último trimestre pré-pandemia do coronavírus – o 4º trimestre de 2019, desta vez a distância sendo menor, de R$ 2,6 bilhões (3,5%)”, escreve o Presidente da CNseg, Marcio Coriolano, no editorial da Conjuntura 43.
Do Rio
A arrecadação do setor segurador expandiu 10,3% no primeiro trimestre do ano, se comparado com o mesmo período de 2020, totalizando R$ 71,2 bilhões, sem saúde e sem DPVAT. O resultado foi influenciado pela forte demanda dos segmento de Danos e Responsabilidades, com alta de 12,8% (na comparação dos trimestres), e de Vida e Previdência, com incremento de 10,2%. A Capitalização cresceu 3,3% no comparativo dos primeiros trimestres de 2020 e 2021. Os dados constam da nova edição da Conjuntura CNseg (nº 43), publicação da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg. As provisões técnicas somaram R$ 1,206 trilhão em março,
FOTO DE DIVULGAÇÃO
Suellen Moraes é a nova Gerente de Diversidade e Inclusão da Ball para a América do Sul De São José dos Campos (SP)
Com dez anos de trajetória na companhia, Suellen Moraes foi nomeada Gerente de Diversidade e Inclusão da Ball para a América do Sul. Em sua nova posição, a profissional assumirá o desafio de implementar políticas de RH e alcançar indicadores em uma área estratégica da Ball. Nesse sentido, o plano de Diversidade e Inclusão tem três eixos fundamentais: gerar uma força de trabalho mais diversa; treinar e conscientizar os funcionários em todos os níveis hierárquicos; e criar
um ambiente de trabalho mais inclusivo. O programa da Ball aponta para o cumprimento de metas concretas na América do Sul: •Ampliação de mulheres em posições de liderança sênior; •Aumento do número de mulheres em posições de direção; •Ampliação de mulheres em cargos técnicos nas plantas da Ball; •Aumento do número de mulheres no planejamento da sucessão (vice-presidente e diretoras); •Mais de mil horas de formação para os líderes da América do Sul nas temáticas de diversidade e inclusão.
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I m a g e m FOTO DE RAFAELA CASSIANO
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m maio deste ano, a atriz RUTH DE SOUZA, falecida em 2019, faria 100 anos. Eternizada em diversos papéis em telenovelas, cinema e teatro, Ruth deixa um legado inesquecível. A fotógrafa RAFAELA CASSIANO a conheceu trabalhando e, desde então, não se separaram mais. “Rutinha, como nós a chamávamos, era sempre muito presente. Adorava comentar os trabalhos e homenagens dos quais participava”, conta Rafaela a Plurale. Sempre rodeada de amigos, apreciadora de chá de morango, só ficava zangada se lhe perguntassem a sua idade. “Que falta ela nos faz. E usava um truque para sempre sorrir natural nas fotos, falando a palavra alface”, recorda a fotógrafa. Vaidosa, a atriz fazia questão de selecionar, ela mesma, as fotos que mais gostava. Esta aqui, feita em cerimônia de homenagem a mulheres negras na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, era uma das que mais apreciava. Clicada pela amiga Rafaela Cassiano e gentilmente compartilhada com Plurale, como homenagem à nossa diva.
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27 e 28 de setembro
Confira as tendências e perspectivas do mercado REALIZAÇÃO
ORGANIZAÇÃO
PATROCINADORES DIAMANTE
PATROCINADORES OURO
PATROCINADORES PRATA
PATROCINADOR APOIO E PARTICIPAÇÃO
PARCEIROS DE MÍDIA
ENTIDADES APOIADORAS ABRAPP | ANBIMA | ANCORD | CODIM | APIMEC NACIONAL APIMEC SÃO PAULO | IBRACON | IBRADEMP
Informações e inscrições (11) 3107-5557 nilsonjunior@abrasca.org.br www.encontroderi.com.br
Jornada ESG Talks!
A gestão ESG é o novo mindset. Empresas, organizações e governos estão sob mais pressão da sociedade que apresenta novos propósitos e reivindicações, num mundo cada vez mais hipermidiático. Essa jornada evolutiva nos negócios traz inúmeros desafios às lideranças na transformação da gestão. Exige entender seus riscos e oportunidades, e como contar esse novo storytelling com transparência, autenticidade, integridade e afetividade, gerindo sua reputação.
Ap res ent a m o s :
Jornada ESG Talks: Um Novo Mindset
ESG _ Araripe _Borges TALKS! _Menezes
Dario Menezes, Sônia Araripe e Anatricia Borges. Três reconhecidos especialistas em ESG/ Reputação, Sustentabilidade e Storytelling, se unem na apresentação do Talks Training - Jornada ESG: Um Novo Mindset. Um workshop/treinamento dirigido a lideranças executivas para ajudá-las a melhor trilhar essa jornada.
Informações: jornadaesg@dosto.com.br