Revista Arquitetura & Aço nº 52

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& ARQUITETURA AÇO Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 52 novembro de 2018

SUL PIONEIRISMO, QUALIDADE DE PROJETOS E BELAS OBRAS MARCAM A TRAJETÓRIA E A FORÇA DA CONSTRUÇÃO EM AÇO NA REGIÃO


O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!

Principais ações do CBCA

Cursos online e presenciais

Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e os manuais de construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site

Pesquisas anuais junto aos fabricantes do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no País

Promoção de palestras e Road Shows por diversas cidades brasileiras

Realização dos Concursos CBCA para Estudantes de Arquitetura e de Engenharia, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura e engenharia de todo o Brasil

Acesse o site

www.cbca-acobrasil.org.br e descubra tudo que o CBCA tem a oferecer!


EDITORIAL

TRAJETÓRIA BEM CONSTRUÍDA Vem do início do século XX a presença da construção em aço na região Sul do Brasil. O crescimento do mercado, contudo, toma impulso apenas a partir do período desenvolvimentista iniciado nos anos 1950. A demanda, a princípio concentrada em obras de infraestrutura e instalações industriais e para o agronegócio, gradativamente avançou para outros segmentos e atualmente é bastante diversificada, como comprovamos nesta edição especial dedicada à região. Uma obra pioneira, a bela ponte Hercílio Luz, inaugurada em 1926 em Florianópolis (SC), passa, agora, por uma grande reforma para poder continuar servindo às necessidades da população. Outro marco na trajetória da construção em aço no Sul é o edifício Santa Cruz, em Porto Alegre (RS), um arranha-céu erguido com estrutura inteiramente em aço no início dos anos 1960 e que permanece, até hoje, como o prédio mais alto da cidade. Muitos outros exemplos demonstram a variedade e a qualidade dos projetos executados em aço no Sul. Começamos pelo Paraná, onde quatro obras na região metropolitana de Curitiba, idealizadas para finalidades bastante distintas, tiraram proveito da plasticidade e flexibilidade do material, conferindo forte identidade visual às instalações de uma indústria, de um escritório de projetos, de um complexo esportivo e, também, à sede corporativa de uma construtora. De Santa Catarina, destacamos a leveza e elegância da cobertura instalada no prédio do Mercado de Florianópolis, construção tombada que integra o Patrimônio Histórico Municipal. Além de um hotel e uma residência, ambos construídos à beira-mar, que revelam soluções criativas, bonitas e funcionais. Em Porto Alegre (RS), apresentamos um edifício que explora muito bem as possibilidades da estrutura em aço, a tal ponto que foi batizado com o nome de Centro Empresarial DNA do Aço. Ainda na capital gaúcha, mostramos uma área às margens do Rio Guaíba que passou por um amplo programa de requalificação, tendo o aço como aliado para ressaltar a beleza da paisagem e criar espaços de contemplação e lazer para a população. Por fim, uma seleção de outras 14 belas e interessantes obras – todas já publicadas em edições anteriores da revista – amplia este panorama regional, reunindo diferentes soluções construtivas em aço para atender às mais variadas necessidades na construção civil. Em sintonia com o avanço da demanda, uma sólida e qualificada cadeia de fornecedores de insumos e serviços garante a força do mercado regional. Algumas das principais empresas fabricantes de estruturas em aço no país estão instaladas nos estados do Sul. Também há boas universidades e muitos profissionais qualificados. O futuro, sem dúvida, é muito promissor para a construção em aço na região. Confira!

ARQUITETURA&AÇO

1


Silvio Aurichio

04.

08.

12.

25.

28.

32.

sumário Arquitetura & Aço nº 52 novembro 2018

ENTREVISTA

34

Emerson Vidigal, arquiteto do Estúdio 41 Arquitetura, fala sobre sua experiência com projetos estruturados em aço e sobre o mercado na região Sul do Brasil REFERÊNCIAS

46

Estruturas metálicas são destaques em 14 obras no Sul, já publicadas por Arquitetura & Aço em edições anteriores. Confira! ACONTECE

Foto da capa: Edifício OXI, Curitiba (PR)

54

Projeto da nova sede da Fecomércio, em Porto Alegre, RS, vence concurso nacional e empregará 1 mil toneladas de aço em sua construção CONTATOS

56


16.

19.

36.

40.

22.

44.

04. Clube de Pádel, Curitiba, PR: estrutura em aço dá forma a novo complexo esportivo 08. NGC do Brasil, São José dos Pinhais, PR: identidade visual de impacto e estruturas em aço transmitem imagem de modernidade e tecnologia 12. Construtora Triunfo, São José dos Pinhais, PR: design arrojado busca expressar valores corporativos na sede do conselho da empresa

16. Edifício OXI, Curitiba, PR: permeabilidade visual destaca estruturas em aço e revela atuação dos ocupantes do escritório 19. Ponte Hercílio Luz, Florianópolis, SC: reforma e novos elementos em aço para melhor servir à população 22. Cobertura do Mercado Público, Florianópolis, SC: intervenção em aço confere roupagem moderna e conforto ao local 25. Pousada Parador, Balneário de Camburiú, SC: à beira-mar, em aço e com desenho inspirado em ambiente naval 28. "Container", Itajaí, SC: escritório de arquitetura tira partido de contêineres em aço para configurar sua nova sede 32. Casa na praia, Florianópolis, SC: funcional e elegante, construção modular feita em aço pode ser desmontada e realocada em qualquer lugar 36. DNA do Aço, Porto Alegre, RS: centro empresarial explora vantagens da construção em aço e obtém grau máximo em certificação internacional de sustentabilidade

40. Revitalização da Orla do Rio Guaíba, Porto Alegre, RS: intervenção transforma região e cria importante espaço de lazer e turismo na cidade 44. Edifício Santa Cruz, Porto Alegre, RS: edifício construído com estruturas em aço nos anos 1960 ainda é o mais alto da cidade


AÇO, LUZ E ESPORTE! Aço confere arrojo arquitetônico e assegura economia à construção de complexo esportivo em clube curitibano

SEMELHANTE AO TÊNIS, disputado com

Pérgola metálica, que também atua como regulador de escala na área de convivência, auxilia o travamento lateral da estrutura

duas raquetes e uma bola, o pádel está em

ascensão no Brasil, especialmente na região Sul do país. Em Curitiba, a modalidade ganhou um impulso no final de 2017 com a inauguração do novo complexo do Clube Curitibano. Instalada no bairro de Parolin, a estrutura foi projetada pelo escritório Saboia+Ruiz Arquitetos visando ser um centro de referência nacional para as competições deste esporte. Para viabilizar a construção, os projetos de arquitetura e estrutural tiveram de solucionar alguns desafios. O primeiro deles foi a necessidade de compatibilizar a instalação de quatro quadras de 10 x 20 m e de eventuais arquibancadas provisórias, sem a interferência visual de elementos estruturais. Estabelecer uma relação positiva com o entorno urbano e a paisagem era outra premissa. O terreno onde se localiza o complexo de pádel é separado da sede de tênis do clube por uma rua perimetral. A condição serviu de estímulo aos arquitetos, que buscaram um contraponto às construções da região, cercadas por muros altos. Por fim, houve a necessidade de garantir uma obra de impacto visual, mas que não extrapolasse a previsão de custos do projeto, que teve o aço como principal aliado. “Somente uma estrutura em aço poderia nos dar um resultado formal e economicamente adequado”, afirma o arquiSegundo ele, o partido arquitetônico exigia uma estrutura que permitisse poucos pontos de apoio e grandes balanços para responder às exigências de visualização dos jogos e estabelecer uma relação correta com a paisagem, e por isso optou-se pelo aço. 4

ARQUITETURA&AÇO

Alexandre Kenji Okabaiasse

teto Alexandre Ruiz.


Para melhorar a interação entre o complexo de pádel e a vizinhança, o projeto se aproveitou da declividade expressiva do terreno para criar um pódio em sua cota mais elevada. Nesse local, foram construídas quatro quadras e um terraço com vista para a cidade. O espaço também Fotos Alexandre Kenji Okabaiasse

foi calculado com sobrecarga para acomodar, quando necessário, a instalação de arquibancadas provisórias. Além disso, um estacionamento em rampa foi projetado na cota inferior do terreno para minimizar o impacto visual gerado pelos veículos em relação às quadras, que contam com superfícies em vidro temperado e venezianas em policarbonato leitoso.

ARQUITETURA&AÇO

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O fechamento permitiu a incidência de luz

comprimento e os mesmos 6m de altura. Essa

natural difusa no interior da construção e, ao

"caixa" treliçada serve de suporte para a estru-

mesmo tempo, assegurou ventilação natural abundante. Na cobertura, telhas de aço com isolamento termoacústico foram adotadas.

das quadras e permitem balanços de até 12 m

ASTM A36

nas extremidades, enfatizando a leveza do con-

(ABNT NBR 7007 MR250)

junto. A solução arrojada, combinada com os

e perfis laminados ASTM

Para atender ao projeto arquitetônico propos-

fechamentos translúcidos e com a iluminação

A572 GR50 (ABNT NBR

to e, ao mesmo tempo, respeitar o patamar de

com LED, dá um efeito de caixa flutuante à

7007 AR 345)

custos estabelecido para a obra, vários estu-

construção. Celso Thá explica que a estrutura

>

Volume de aço: 100 t

dos foram executados, segundo o engenheiro

tubular foi especialmente interessante nesse

>

Projeto estrutural:

Celso Antônio Thá, da Tecmetal, até que se che-

caso ao permitir uma inércia excelente, sem

gasse à opção pela solução estrutural basea-

adicionar muito peso e, ainda, respeitando a

da no uso de perfis tubulares em aço.

limitação de custos.

Estrutura tubular

>

Projeto arquitetônico: Saboia+Ruiz Arquitetos

tura de cobertura e para os pergolados. As treli-

>

Área construída: 1.580 m²

ças principais vencem um vão de 22 m no centro

>

Aço empregado: perfis tubulares

Eng. Ricardo Henrique Dias e Eng. Norimasa Ishikawa >

Fornecimento da estrutura

Assim, a estrutura principal do complexo

Para auxiliar no travamento lateral da

possui oito pilares tubulares circulares posicio-

estrutura, foi instalada uma pérgola metálica,

executivo: Tecmetal Estruturas

nados nas laterais da construção, quatro de cada

que também atua para regular a escala na área

Metálicas - Eng. Celso Antônio Thá

lado, que servem de apoio para vigas de tran-

de convivência.

metálica e Projeto estrutural

>

Execução da obra: VCCON

sição treliçadas com 50 m de comprimento e

Outra solução original foi o uso de uma

6 m de altura. Nas extremidades dessas vigas

pequena treliça deitada para realizar o trava-

>

Local: Curitiba, PR

são apoiadas vigas treliçadas com 24m de

mento no banzo inferior das treliças maiores.

>

Conclusão da obra: 2017

Fotos Alexandre Kenji Okabaiasse

Engenharia

Treliças em aço vencem vão de 22 m no centro das quadras e permitem balanços de até 12 m nas extremidades, conferindo leveza ao conjunto

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ARQUITETURA&AÇO


Fotos Alexandre Ruiz

“Utilizamos esse recurso como alternativa à mão-francesa, que poderia criar alguma interferência indesejada no jogo realizado nas quadras”, conta o engenheiro. Para garantir máxima durabilidade e minimizar custos com manutenção, a estrutura foi protegida contra a corrosão por um sistema de proteção composto por jateamento de granalha padrão SA 2.1/2, pintura epóxi e pintura de acabamento poliuretano. A estrutura do Complexo de Pádel de Curitiba foi montada em apenas 60 dias com o apoio de um guindaste, de forma parafusada, eliminando a necessidade de soldas no canteiro. Como seria inviável transportar as treliças Venezianas em policarbonato leitoso e fechamentos em vidro favorecem a iluminação e ventilação naturais no interior da construção estruturada em aço

de 50 m em caminhões, elas foram divididas na indústria em quatro tramos. Uma vez no canteiro, essas partes foram unidas por meio de parafusos ASTM A 325. (J.N.) M ARQUITETURA&AÇO

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ARQUITETURA&AÇO

MATERIALIZAÇÃO DA CONFLUÊNCIA entre

que de certa forma foi um grande desafio e,

projeto arquitetônico e estrutural, a sede da

ao mesmo tempo, uma grande oportunidade

NGC do Brasil, em São José dos Pinhais, Região

para a boa arquitetura”, explica Luiz Volpato,

Metropolitana de Curitiba (PR), tem design

arquiteto responsável pelo projeto.

arrojado e nuances tecnológicas evidencia-

A sede da NGC abriga as áreas adminis-

dos pelo uso do aço. A escolha pelo material,

trativas, de engenharia e de produção em um

entretanto, não foi casual, já que a indústria é

grande bloco metálico. “Como o setor de fábri-

conhecida por desenvolver soluções tecnoló-

ca e de projetos estão em constante diálogo,

gicas inovadoras para os setores automotivo,

optamos por condensar as atividades em um

aeronáutico e agrícola. “O cliente, com visão

mesmo bloco”, descreve Volpato. Para denotar

ousada, nos incentivou a propor uma arqui-

os diferentes usos, completa o arquiteto, cria-se

tetura diferenciada para o ramo industrial, o

uma linha tênue entre as duas porções, perce-


MODULAR E INDUSTRIAL

Silvio Aurichio

Edifício estruturado em aço confere forte identidade visual à sede de indústria em São José dos Pinhais

bida na edificação por meio de uma grande

“O modelo estrutural é composto por pór-

subtração na área administrativa – causando

ticos de vigas e colunas de alma cheia. As lajes

uma significativa distinção visual.

steel deck são ancoradas às vigas metálicas por

Alojados na porção frontal da construção,

meio de conectores de cisalhamento do tipo

os escritórios têm fechamento externo em

stud bolt. Trabalhamos com vãos maiores do

grandes fachadas envidraçadas. A recepção,

que aqueles usualmente utilizados, e elemen-

com pé-direito duplo, permite a visão de todo o

tos metálicos inteiramente visíveis, incluindo

espaço, incluindo as salas de reuniões ao fundo,

escadas de aço”, conta Jeferson Luiz Andrade,

que conectam o saguão às áreas de engenha-

diretor técnico da Andrade Rezende Engenha-

ria. O módulo de escritórios foi projetado em

ria, responsável pelo projeto estrutural. Os

estrutura metálica, com pilares e vigas em aço,

fechamentos contam com painéis termoacús-

além de lajes steel deck.

ticos e brises em seu acabamento.

Painéis em aço foram adotados para os fechamentos externos, conferindo visual moderno à sede da NGC, empresa conhecida por desenvolver soluções tecnológicas inovadoras para indústrias dos setores automotivo, aeronáutico e agrícola

ARQUITETURA&AÇO

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>

Projeto arquitetônico: Luiz Volpato Arquitetura

>

Área construída: 9.019 m² (primeira fase) e 9.000 m² (ampliações)

>

Aços empregados: perfis laminados ASTM A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR 345); perfis laminados, barras redondas e chapas (E<12.5 mm) ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250); chapas (E>=12.5mm) CIVIL300 - ASTM A572 GR42; tubos ASTM A500 GR; parafusos A325 e A307

>

Volume de aço: 700 t

>

Projeto estrutural: Andrade e Rezende Engenharia de Projetos

>

Fornecimento da estrutura de aço: Tecmetal Estruturas Metálicas

>

Execução: Nakid Construções Civil Ltda.

>

Local: São José dos Pinhais, PR

>

Conclusão da obra: 2013

A área de escritórios tem dois pavimentos. O superior é destinado às áreas diretivas da empresa e setores administrativos. No térreo, há salas de reuniões moduláveis. “Internamente, buscou-se estabilidade visual com poucos revestimentos, trazendo a força dos elementos estruturais em aço e uma comunicação visual acentuada”, afirma Volpato.

Galpão industrial

O módulo fabril é um galpão com duas naves principais e vãos livres de 25 m. O esquema estrutural baseia-se em pórticos constituídos de colunas treliçadas e vigas de alma cheia tipo I. “Sobre essas colunas treliçadas, que suportam duas pontes rolantes nas bordas e no eixo central, subimos uma coluneta que apoia treliças de cobertura”, descreve Andrade. Os pórticos formados por esse conjunto de pilares, baionetas e treliças de cobertura formam um sistema contraventado por meio de tirantes, os quais suportam terças e longarinas de fechamento. “Sobre elas, foram instalados painéis de fechamento lateral e telhas em aço, com isolamento termoacústico”, detalha Andrade. 10 ARQUITETURA&AÇO


Concluída em 2013, a obra teve execução acelerada, com a fabricação da estrutura em aço quase concomitantemente à montagem em canteiro. Os pilares e as vigas em aço do módulo de escritórios, em sua maioria, apresentam dimensões de 200 x 200 mm nos pilares e 200 x 150 mm nas vigas. No galpão industrial, sobressaem-se os pilares e vigas treliçadas. “Usamos primordialmente perfis laminados parafusados para pilares e vigas”, Nenhuma intervenção foi feita no prédio original, mas foram realizadas, nos últimos dois anos, três novas ampliações, chegando a uma área total construída de mais de 18.000 m2, com 700 toneladas de aço utilizadas. (E.C.L.) M

Fotos Silvio Aurichio

aponta Volpato.

O aço está presente em todos os setores da edificação. Na área da fábrica, colunas treliçadas e vigas de alma cheia de perfil tipo I, todas em aço, são destaques. Os escritórios, além de pilares e vigas em aço, receberam lajes steel deck. Acima, escadas em aço atendem à circulação vertical

ARQUITETURA&AÇO

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IDENTIDADE REFORÇADA Estrutura e fechamentos em aço conferem visual moderno a edifício corporativo em Curitiba

12 ARQUITETURA&AÇO


Fotos Silvio Aurichio

Edifício com estrutura mista tem quatro andares e fechamentos em vidro no primeiro andar e em chapas perfuradas, formando grandes brises, nos demais. Automatizados, os brises móveis têm acionamento individualizado

O EDIFÍCIO QUE ABRIGA A NOVA SEDE do

conselho da construtora Triunfo, em Curitiba (PR), foi erguido em um terreno já ocupado por outros dois prédios. O projeto arquitetônico precisava demonstrar harmonia com as outras edificações e, ao mesmo tempo, expressar valores importan-

tes para a companhia, como modernidade e solidez. Para tanto, lançou mão de estruturas e outros elementos em aço para assegurar flexibilidade e visual arrojado ao conjunto. Com quatro pavimentos, o prédio tem estrutura mista, contando com um núcleo rígido de concreto armado, no qual foram instalados os elevadores, que confere estabilidade horizontal à edificação. Pilares e vigas em aço combinam-se a lajes steel deck e completam o modelo estrutural. “O projeto revela as estruturas metálicas e traz acabamentos em concreto aparente e vidro”, explica o arquiteto Luiz Volpato. Os fechamentos, conforme descreve, promovem um arranjo orgânico com os detalhes aparentes da estrutura. “O primeiro pavimento é envolto por uma membrana de vidro serigrafado, fixada em sistema spider. Os demais têm uma segunda pele de revestimento com chapas perfuradas e automatizadas, funcionando como brises móveis e com acionamento individual por ambiente – o que resulta em diferentes aspectos estéticos, conforme suas regulagens.” O primeiro andar abriga a recepção, o centro de controle de operações do grupo e salas de reuniões moduláveis. Nos três pavimentos superiores ficam as salas dos conselheiros, salas de reuniões e um café. “Nessa área, forma-se um bloco que se projeta em balanço, de forma a enfatizar a entrada principal do novo edifício”, aponta Volpato. ARQUITETURA&AÇO

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Prédio com quatro pavimentos foi executado em estrutura mista. Construção leva pilares e vigas metálicas, além de lajes steel deck. A montagem das estruturas ficou pronta em apenas 90 dias

O balanço, que suporta os três pavimentos superiores, cobre a escada de acesso principal ao edifício, apresentando-se como elemento arqui-

>

Projeto arquitetônico: Luiz Volpato Arquitetura

tetônico de destaque. Do ponto de vista da enge-

>

Área construída: 1.552 m²

nharia estrutural, também foi o balanço o princi-

>

Aços empregados: perfis laminados ASTM A572 GR50

pal desafio dos projetistas. Conforme explica o engenheiro estrutural

(ABNT NBR 7007 AR 345); perfis laminados, chapas

>

e chumbadores ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250);

Jeferson Rezende, se o projeto tivesse lançado

chapas CIVIL 300 - ASTM A572 GR42;tubos ASTM A500 GR

mão de um modelo de estrutura aporticada, o

e parafusos A325 e A307

balanço precisaria ser sustentado por vigas, que

Volume de aço: 125 t

necessariamente teriam dimensões muito gran-

Projeto estrutural: Andrade e Rezende

des. “Isso não seria compatível com a identidade

Engenharia de Projetos

proposta para o edifício corporativo, além de ser

>

Fornecimento do aço: Perfilados Pinhais

uma solução mais cara”, argumenta.

>

Execução: Nakid Construções

>

Local: São José dos Pinhais, PR

pontos de vista arquitetônico e estrutural, além

>

Conclusão da obra: 2015

de ser a mais vantajosa financeiramente, foi a de

>

A alternativa considerada mais adequada, dos

A

Treliças nas duas laterais do último pavimento funcionam como tirantes para estruturar os grandes balanços dos pavimentos abaixo delas

14 ARQUITETURA&AÇO

B

C

D

E


trabalhar com tirantes no suporte do balanço. “Nas duas laterais do edifício, criamos uma grande treliça, cujos banzos estão nos níveis das últimas lajes, na altura dos pisos. Os banzos são intercalados com cabos de aço, que se ligam a rótulas articuladas nas extremidades. Cria-se, desse modo, um sistema aparente e mais elegante, do ponto de vista arquitetônico”, descreve Rezende. Durante a execução, foi necessário planejar um sistema de montagem para que o balanço ficasse escorado até que fossem instalados os tirantes. “Utilizamos escoramentos com vigas metálicas, que depois de retiradas puderam ser reaproveitadas em fábrica”, lembra Rezende. As etapas de fabricação e montagem da estrutura levaram cerca de 90 dias. Foram empregados perfis de aço laminados parafusados para compor os pilares, com dimensão de 400 x 300 mm e vigas com 300 x 150 mm. Outros detalhes arquitetônicos também mereceram atenção especial. É o caso dos brises automatizados, projetados especialmente por Volpato para o edifício e desenvolvidos em uma serralheria de pequeno porte. Eles foram executados em chapas galvanizadas perfuradas a laser. “As chapas de aço galvanizadas e perfuradas permitem o completo controle da incidência solar e mantêm a possibilidade de múltiplas vistas do skyline de Curitiba, a oeste, e da Serra do Mar, a leste, mesmo quando

Fotos Silvio Aurichio

totalmente fechados”, conclui Volpato. (E.C.L.) M

ARQUITETURA&AÇO

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VOCAÇÃO EVIDENTE Estruturas metálicas asseguram grandes vãos e permeabilidade visual à edificação que abriga escritórios em Curitiba

16 ARQUITETURA&AÇO


UM BOM PROJETO ARQUITETÔNICO deve

Leveza estrutural

zado para abrigar um escritório de arquitetura

se a criação de grandes vãos, o projeto foi idea-

e outros dois especializados em projetos estru-

lizado com pilares e vigas em aço com dimen-

turais deve ser ainda mais. No edifício OXI, em

sões variáveis, predominando o uso de per-

Curitiba (PR), a premissa fica evidente. No pré-

fis de 200 x 200 mm nos pilares e de 200 x

dio, concebido pelo arquiteto Luiz Volpato, os

150 mm nas vigas. “Usamos perfis laminados

elementos estruturais contribuem para a cria-

parafusados para pilares e vigas. Os fecha-

ção de uma identidade marcante que reflete o

mentos laterais foram feitos com chapas de

DNA das empresas em seu interior.

aço patinável”, destaca o arquiteto.

ser naturalmente inspirador. E quando ideali-

Para obter uma estrutura leve e que viabilizas-

Na obra, dois blocos idênticos e parale-

As lajes de cada pavimento, simulando

los, implantados respeitando a característica

borda infinita, foram fechadas com vidro

longilínea do terreno, dão o tom da constru-

laminado 8 + 8 mm do piso ao teto, permi-

ção, que conta com estrutura em aço, lajes em

tindo o diálogo dos ambientes internos com

concreto e vedações em chapas de aço e vidro.

o exterior.

Tanto os materiais empregados como o layout

A estrutura da cobertura também é em

do edifício, com vãos em exposição, foram

aço; porém, a laje foi executada em concre-

importantes para assegurar a permeabilidade

to pré-moldado com capa de solidarização de

visual sem deixar de lado o conforto térmico.

7 cm. Os brises frontais foram executados com

“Os vãos permitem uma compreensão clara

barras de aço do tipo vergalhão em seis cama-

do corpo do edifício, contribuindo para uma

das, amarradas com arame recozido entre si e

obra atemporal”, diz Volpato.

finalizadas com perfis cartola nas bordas.

Fotos Silvio Aurichio

Estruturas metálicas aparentes aliadas ao uso do vidro conferem transparência ao edifício. Abaixo, segunda pele feita de chapas perfuradas é destaque na fachada

ARQUITETURA&AÇO

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>

Projeto arquitetônico: Luiz Volpato Arquitetura

>

Área construída: 2.341 m²

>

Aço empregado: perfis laminados ASTM A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR 345); perfis laminados ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250)

>

Volume de aço: 160 t

>

Projeto estrutural: Andrade Rezende Engenharia de Projetos

>

Fornecimento da estrutura: Perfilados Pinhais

>

Execução da obra: PJ Engenharia

>

Local: Curitiba, PR

>

Conclusão da obra: 2011

Ao lado, visão geral do conjunto que conta com fachadas em chapas de aço patinável. Abaixo, detalhe da estrutura. O partido arquitetônico usou de contraventamento da estrutura como um forte elemento visual na fachada

A definição pelo uso do aço no projeto foi decorrência – além das características do material – de uma preferência pessoal do autor pelo resultado estético que o material

Gustavo Oliveira/Site Oficial do CAP

Divulgação

confere ao produto acabado.

Escolha sustentável

A atenção com a sustentabilidade pautou diversos aspectos do projeto, a começar pela escolha de materiais que dispensam o uso de acabamentos, como o aço, o concreto lapidado, a madeira de demolição e o vidro. “Não usamos tintas e também nos preocupamos com o consumo de energia. Criamos ambientes que dispensam luz artificial durante o dia, usamos brises para minimizar o uso de ar-condicionado e, ainda, lançamos mão de sistemas de aproveitamento de água e contenção de cheias.” Essas estratégias combinadas foram essenciais para, na visão do arquiteto, ajudar a reduzir as exigências de processos de manutenção no edifício, colaborando para ampliar sua resistência à ação do tempo. (G.C.) M

18 ARQUITETURA&AÇO


CARTÃO-POSTAL RESTAURADO Obra de recuperação utiliza aço de ultrarresistência para capacitar a ponte Hercílio Luz a atender às demandas atuais

EM ANDAMENTO há mais de uma déca-

E não só isso. Também dará maior sobrevida ao sistema viário da região. Uma vez

Florianópolis (SC), é um dos projetos de mobi-

restaurada, espera-se que absorva até 20%

lidade mais importantes para a população da

do trânsito de outras duas pontes que atu-

região. A reabilitação da via, inaugurada em

almente conectam o continente à ilha de

1926, devolverá à cidade um importante equi-

Santa Catarina. “Além da sua importância,

pamento, tombado como Patrimônio Histórico,

esta é uma obra de muita complexidade

Artístico e Arquitetônico do município

técnica”, diz o engenheiro responsável pela

Daniel Wiedemann

da, a restauração da Ponte Hercílio Luz, em

ARQUITETURA&AÇO

19


fiscalização dos trabalhos, Wenceslau Diotalle-

Sustentada por duas torres de 74 m de

vy, do Departamento Estadual de Infraestrutu-

altura e 12 torres secundárias, tem altura de

Robinson & Steinman

ra – Deinfra-SC.

vão – em relação ao nível de maré média – de

(projeto original)

>

Projeto arquitetônico:

Segundo o profissional, a intervenção foi

quase 31 m, além de carga total nas cadeias

necessária não apenas para recuperar a estru-

de barras de olhal de 4 mil toneladas-força.

tura metálica dos efeitos do tempo, mas para

Seu vão central faz da Hercílio Luz uma das

>

Área construída: 821 m

adaptar a ponte ao aumento de carga e aos

maiores pontes pênseis – e a última com bar-

>

Aço empregado: aço de

veículos que hoje transitam pelo local, em

ras de olhal incorporada à treliça – do mundo.

quantidade muito superior à estimada no iní-

Para o seu restauro, foram previstos a

cio do século passado.

Alta complexidade

Projeto de restauro: RMG Engenharia

ultraresistência, da classe de 100 kgf/mm² de limite de

substituição de aparelhos de apoio das torres

resistência

principais, reforço e recuperação de funda-

>

Volume de aço: 2.000 t

ções, além da reabilitação da estrutura metá-

>

Fornecimento do aço:

A obra em Florianópolis tornou-se ainda mais

lica e substituição de barras de olhal, celas e

desafiadora em função de características

pendurais. A troca do tabuleiro, inicialmente

específicas do projeto original. A Hercílio Luz

construído com longarinas metálicas e pran-

é uma ponte pênsil de 5 mil toneladas, sustentada por um sistema de barras de olhal. Tem comprimento total de 819,5 m, sendo 259 m de

especificada no projeto, que, segundo Diotal-

viaduto insular, 339,5 m de vão central e 221 m

levy, teve na troca das barras de olhal o seu

de viaduto continental.

principal desafio.

20 ARQUITETURA&AÇO

>

Usiminas Mecânica >

Execução: Construtora Teixeira Duarte

chas de madeira, por outro confeccionado

>

Local: Florianópolis, SC

com placas ortotrópicas de aço, também foi

>

Conclusão da obra: 2018


Fotos Deinfra/Paulo Knoll

Para viabilizar o serviço, foi preciso rea-

limite de resistência. Produzido pela técnica

lizar a transferência de carga de todo o vão

de resfriamento acelerado Continuous Online

central para uma estrutura provisória, com-

Control (CLC), trata-se de um dos aços mais

posta por cinco treliças de aço com bases

nobres obtidos por um método de produção

apoiadas em fundações independentes.

de chapas grossas, de acordo com o especialis-

A estrutura provisória foi transportada de

ta de produto da Usiminas Mecânica, Leonar-

balsa até a ponte e içada por cabos com a

do de Oliveira Turani. “Com o método, foi pos-

ajuda de macacos hidráulicos. Toda a ope-

sível desenvolver um aço capaz de apresentar,

ração foi monitorada por meio de levanta-

simultaneamente, alta resistência mecânica e

mentos topográficos e dados coletados de

elevada tenacidade, além de um desempenho

sensores posicionados na estrutura.

superior no que diz respeito à soldabilidade.”

Outro ponto crítico foi garantir que as

Em função de todas as particularidades da

barras de olhal fossem confeccionadas com

ponte, o trabalho de restauração foi praticamen-

material capaz de atender às necessidades

te artesanal. “Os rebites de ferro, por exemplo,

de alta resistência mecânica e durabilidade,

precisaram ser retirados um a um para serem,

uma vez que realizar serviços de reparos no

posteriormente, substituídos por elementos

local é extremamente complicado.

equivalentes em aço”, explica Diotallevy. Somen-

Por essa razão, foi necessária a especificação

te no vão central a estimativa é que 200 mil rebi-

de um novo aço de ultrarresistência mecânica para o projeto, com 980 MPa (100kgf/mm2) de

tes sejam trocados por peças equivalentes e de

Transferência de carga do vão central para uma estrutura provisória com cinco treliças de aço apoiadas em fundações independentes foi necessária para não sobrecarregar a estrutura existente durante os trabalhos de recuperação da ponte

maior resistência à corrosão. (J.N.) M ARQUITETURA&AÇO

21


INTERVENÇÃO SOB MEDIDA Aço confere roupagem moderna ao Mercado de Florianópolis, instalado em um edifício tombado pelo Patrimônio Histórico PROJETADA PELA DUPLA de arquite-

deveria ser instalada rápida e eficientemente.

tos Gustavo Correia Utrabo e Pedro Lass

Nesse sentido, o uso do aço colaborou para

Duschenes, a cobertura do vão central do

minimizar o efeito da intervenção. Segundo

Mercado Público de Florianópolis (SC) tem o

Duschenes, a escolha de outro sistema até

aço como protagonista. Presente nas colunas

poderia trazer ganhos de altura, mas elimi-

de apoio, na viga principal e nas vigas secun-

naria a leveza necessária ao novo elemen-

dárias, o sistema foi decisivo para superar o

to construtivo, que deveria ser inserido sem

desafio de vencer um grande vão de 57 m com

interferir na edificação já existente, tombada

a menor seção possível, o que conferiu agilida-

pelo Patrimônio Cultural Municipal.

de e leveza à obra.

A proposta de criação da nova estrutura

Para que fosse executada com o mercado

com interferência mínima nas antigas insta-

funcionando a pleno vapor, a nova cobertura

lações garantiu aos sócios do escritório Aleph

22 ARQUITETURA&AÇO

Para vencer um vão de 57 m sem alterar a estrutura já existente, o aço foi especificado nas colunas de apoio e nas vigas principais e secundárias do projeto


nacional promovido pelo Instituto de Planejamento Urbano (Ipuf), em 2013, em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil de Santa Catarina (IAB-SC) para reconfigurar o vão cen-

Fotos Felipe Russo

Zero, criado em 2012, o prêmio do concurso

tral do Mercado Público de Florianópolis.

Impacto mínimo

Além de manter a integridade dos edifícios, os autores tiveram a preocupação de criar uma estrutura que causasse o menor impacto possível nas fundações já existentes. A nova cobertura retrátil se apoia em apenas duas colunas de aço, dispostas de modo alinhado com as colunas existentes, que já orientavam a circulação de acesso ao vão central, hoje ocupado por restaurantes. ARQUITETURA&AÇO

23


>

Projeto arquitetônico:

A solução evitou que as novas fundações

Aleph Zero Arquitetura

interferissem perigosamente no embasa-

>

Área construída: 1.015 m²

mento dos edifícios. “Foi uma solução muito

>

Aço empregado: ASTM A588

apropriada, pois durante a execução encon-

(ABNT NBR 7007 AR 350COR)

tramos uma cisterna enterrada nas proximi-

>

Volume de aço: 72 t

dades de um dos apoios propostos”, relembra

>

Projeto estrutural: Andrade Rezende

Duschenes. Sobre as duas grandes colunas de apoio,

Engenharia de Projetos >

Execução da obra: Esphera Sul

distantes 22,8 m entre si, apoia-se a grande

>

Local: Florianópolis, SC

viga longitudinal de 57 m, que sustenta as

>

Conclusão da obra: 2016

vigas transversais em formato V. Felipe Russo

Outro destaque do projeto da dupla Utrabo e Duschenes é o uso de um sistema de membranas opacas brancas de poliéster retráteis no lugar das telhas tradicionais. Além de garantir graus diversos de luminosidade e conforto térmico, o elemento pode ser retraído a partir de um sistema automatizado, permitindo a visualização desobstruída do céu quando desejado.

Desafios estruturais

De acordo com Jeferson Luiz Andrade, diretor técnico da Andrade Rezende, a tipologia da estrutura deveria atender não apenas à forma plástica escolhida pelos arquitetos, como também aos esforços solicitantes. “Como se trata de uma estrutura do tipo asa, os esforços de vento eram muito significativos e não poderiam produzir deformações excessivas e incompatíveis com o sistema de membrana retrátil utilizada”, observa Andrade. A viga central de perfil caixão, lembra o diretor, foi o elemento fundamental para controlar a deformação dos balanços laterais. Ao todo, a estrutura consumiu 72 toneladas de aço patinável ASTM A588, resistente à corrosão atmosférica e com alta resistência mecânica. O sistema aplicado sobre a estrutura é composto por uma caixilharia leve de alumínio, membranas retráteis e mecanismo motorizado de abertura. (G.C.) M

Cobertura com membranas opacas brancas de poliéster retráteis favoreceu a luminosidade e trouxe conforto térmico adicional à edificação

24 ARQUITETURA&AÇO


INSPIRAÇÃO NAVAL

Acima, visão da pousada estruturada em aço. Abaixo, pilares tubulares em aço conferem identidade visual à pousada localizada na praia do Estalerinho, próximo ao Balneário Camboriú

Fotos Arquivo pessoal PJ Engenharia

Estrutura metálica confere caráter moderno e diferenciado a uma pousada em Santa Catarina

EXECUTADO NO INÍCIO dos anos 2000, o

projeto do arquiteto Hugo Nieto desafiou a cultura local da construção civil ao usar o aço na estrutura de uma pousada erguida na praia do Estalerinho, próximo ao Balneário Camboriú (SC). A proposta, recebida com entusiasmo pelo proprietário do local, atendeu à exigência de transparência visual além de conferir rapidez

de execução e, sobretudo, arrojo estético ao empreendimento. Com os blocos de apartamentos e do restaurante separados, o projetista apostou em um desenho que remete a um ambiente naval, com grandes vãos livres, pilares inclinados, estais tubulares e deques de madeira. ARQUITETURA&AÇO

25


Na pousada, estruturas em aço recriam ambiente naval, com grandes vãos livres, pilares inclinados, estais tubulares e deques de madeira

O ineditismo do uso dos elementos metálicos à beira-mar exigiu, da equipe respon-

Navio fora do mar

Estes perfis permitiram a construção de vigas

sável pelo projeto estrutural, atenção espe-

customizadas, facilitando o projeto e otimi-

cial na seleção de materiais e tratamentos

zando o peso. Para evitar que houvesse qual-

específicos para garantir a proteção contra a

quer comprometimento à proteção anticor-

corrosão agressiva da névoa salina. A solução,

rosiva que seria aplicada, foram removidos

segundo Marcos Antonio Polli, sócio-diretor

pontos de irregularidade no cordão de solda

da PJ Engenharia, empresa responsável pelo

das peças, as quais foram tratadas com jatea-

projeto estrutural, foi usar o aço patinável,

mento de granalha de aço para remover suji-

jateado e pintado. “Na época, os perfis em aço

dades ou outros resíduos. Receberam, ainda,

laminados ainda não estavam disponíveis no

pintura com shop primer (técnica provisória

mercado, por isso utilizamos os perfis eletros-

para a proteção das superfícies jateadas) e

soldados”, conta o engenheiro.

aplicação de um selante de poliuretano sobre a região da solda, de modo que as camadas subsequentes de pintura encontrassem um substrato uniforme nesta região. O projeto estrutural levou em conta não apenas as características do aço escolhido, mas também o comportamento solidário de materiais tão diferentes como madeira, vidro, concreto, lajes steel deck e telhas metálicas com materiais termoisolantes. Esses elementos seriam combinados em um projeto pouco convencional, com pilares inclinados, vigas de seção variável e formas orgânicas em algumas paredes. “Quando o projeto foi concebido, os softwares de cálculo estrutural eram ainda desen-

Arquivo pessoal PJ Engenharia

volvidos em linguagem DOS, nem sempre se

26 ARQUITETURA&AÇO

comunicando diretamente com os softwares de desenho, o que acarretava muitas horas de interação entre as atividades de cálculo e de desenho. Qualquer alteração, natural no desenvolvimento de obras complexas, demandava muitas noites em frente aos computadores”, relembra Polli.


Projeto arquitetônico: Hugo Nieto

>

Área construída: 2.400 m²

>

Aço empregado: ASTM A588 (ABNT NBR 7007 AR 350COR)

>

Volume de aço: 84 t

>

Projeto Estrutural: PJ Engenharia

>

Fornecimento da estrutura: PJ Engenharia

>

Execução da obra: PJ Engenharia

>

Local: Balneário Camboriú, SC

>

Conclusão da obra: 2002-2003

Fotos Arquivo pessoal PJ Engenharia

>

Pronta entrega

A fabricação dos componentes da estrutura foi planejada em sintonia com o cronograma de montagem, onde cada lote fabricado – equivalente a uma carreta rodoviária – era enviado imediatamente para o tratamento e, posteriormente, para a obra. O procedimento minimizou o espaço de estoque e permitiu que a fabricação fosse totalmente feita na oficina da PJ Engenharia. A estrutura foi montada em campo com o auxílio de serviços de topografia para garantir que a geometria projetada fosse alcançada e que os elementos estruturais pré-fabricados se encaixassem perfeitamente. (G.C.) M ARQUITETURA&AÇO

27


REFERÊNCIA LOCAL Projeto premiado da região portuária de Itajaí, em Santa Catarina, busca inspiração no entorno para sua concepção

A DEGRADAÇÃO URBANA frequentemen-

toda a sua economia e história estruturada

te observada em regiões portuárias do país

pelo seu rio principal e pelo porto de cargas.

representa um grande desafio para arquite-

O uso de módulos contêineres incorporou um

tos e urbanistas. Muitos projetos nessas áreas

resgate afetivo na discussão da importância

buscam a revitalização arquitetônica pelo res-

‘do que se vivencia’ dentro desses espaços”,

gate das construções originais; outros, pela

afirma o arquiteto.

implantação da estética contemporânea. Já o

A construção utilizou quatro unidades de

arquiteto Rodrigo Kirck buscou inspiração em

contêineres reciclados de aço de alta resistên-

um dos elementos plásticos mais caracterís-

cia à corrosão para compor sua modulação,

ticos dos portos – os contêineres – para criar,

conectados por perfis tubulares em aço e, tam-

em 2016, a sede do seu escritório. O projeto foi

bém, perfis laminados. São dois volumes para-

eleito a melhor obra da categoria Arquitetura

lelos, cada um com dois contêineres sobrepos-

Pré-Fabricada no

5th

Architizer A+Awards no

ano seguinte. Apelidado de “Container”, o projeto procu-

tos, ligados por um sistema de abertura zenital, que “afasta” os volumes, abriga as circulações verticais e reduz o uso de iluminação artificial.

rou atingir uma série de objetivos: apresentar

A equipe de Rodrigo Kirck respondeu por

um modelo conceitual, interagir com as ques-

todas as etapas do projeto: do desenho arqui-

tões da sustentabilidade, propor uma cons-

tetônico, passando pelos cálculos estruturais

trução modular industrializada e possibilitar

e projetos executivos até a execução da obra.

um resultado estético de impacto e com forte

Em todas elas, o viés da sustentabilidade figu-

expressão. “O projeto tem como base concei-

rou como meta. “Buscamos desenvolver um

tual o resgate da simbologia que o módulo

projeto modular, ecológico e pré-fabricado,

contêiner representa para a cidade, que tem

com zero de desperdício na fase construtiva”,

28 ARQUITETURA&AÇO

Construção que abriga escritório de arquitetura foi idealizada a partir de quatro contêineres em aço, conectados por perfis metálicos


ARQUITETURA&AÇO

29

Fotos Alexandre Zelinski


afirma. Após o dimensionamento, os perfis foram encomendados à empresa que forneceu as estruturas em aço, muitas delas cortadas a laser. As instalações foram feitas in loco por mão de obra especializada, com

Acima, escada em aço instalada no vão entre os contêineres confere identidade visual ao projeto, que conta com perfis metálicos também no segundo pavimento para melhor divisão das áreas de trabalho

nivelamentos em três dimensões e soldas de alto desempenho. O principal desafio do projeto, segundo o

>

arquiteto, foi de ordem dimensional, dada a

Projeto arquitetônico: Rodrigo Kirck Arquitetura

modulação em contêineres. “Ficamos limita-

>

Área construída: 135 m²

dos ao uso de espaços com larguras inferiores

>

Aço empregado: aço de alta

a 2,4 m, o que restringe as opções para o layout

resistência à corrosão e

interno”. A montagem também exigiu atenção

perfis estruturais ASTM A36

especial, com a instalação de algumas estru-

(ABNT NBR 7007 MR 250);

turas não convencionais, como uma escada

perfis em barras chatas e

pendurada no vão entre os contêineres.

tubulares retangulares

O espaço do escritório foi concebido com

>

Volume do aço: 16 t

dois pavimentos: o térreo abriga sala de reu-

>

Projeto estrutural: Rodrigo

niões, lavabos, biblioteca, sala técnica, copa e varanda externa; o superior foi destinado à

Kirck Arquitetura >

sala de produção, em sistema open plan, sobre a qual foi instalado um terraço jardim. “Ini-

Fornecimento da estrutura de aço: Megaço

>

cialmente, teríamos um terraço jardim sobre

Execução da obra: Rodrigo Kirck Arquitetura

os contêineres, com uso de forração gramínea

>

Local: Itajaí, SC

simples. Porém, durante a obra, percebemos

>

Conclusão da obra: 2016

30 ARQUITETURA&AÇO

Módulos foram içados e instalados aos pares no térreo e no segundo pavimento. A luminosidade e a ventilação naturais foram asseguradas por uma abertura zenital entre os volumes


que estávamos circundados por diversas edificações de grande altura, que nos olhavam diariamente de cima, o que nos levou a projetar um jardim mais complexo, com sistema de iluminação noturna, para ser mais agradável e fomentar a qualidade dos espaços nos nossos vizinhos”, comenta o arquiteto. Os “telhados-jardins” cumprem, ainda, as funções de reduzir o impacto da radiação solar, captar a água da chuva para reuso e servir de reservatório de águas pluviais, diminuindo o impacto no sistema de coleta pública. “Vejo o ‘Container’ como um laboratório. foram divididas memórias com uma equipe de arquitetos e somadas experiências com outros profissionais de criação em design, fotografia e arte, em um processo de coworking. O resultado é uma verdadeira multiplicação de inspirações”, analisa o arquiteto. (A.L.) M

Fotos Alexandre Zelinski

Um espaço repleto de significados, em que

ARQUITETURA&AÇO

31


Casa modular em aço foi projetada para ser rapidamente desmontada e reconstruída em outro local

UMA RESIDÊNCIA COM ESTRUTURA METÁLICA e fecha-

A definição de que a casa seria montada posteriormente

mento de painéis em vidro, que pode ser montada e desmon-

em áreas costeiras, onde estaria sujeita a agressões de uma

tada em até três semanas e realojada em qualquer outro ter-

atmosfera salina e ventos intensos, foi importante para a

reno. Essa foi a proposta dos arquitetos Abreu Junior e Beatriz

escolha dos materiais. Para a execução, perfis em aço de alta

Kubelka para a casa, montada na mostra de arquitetura Casa

resistência à corrosão foram empregados. No piso, a opção foi por painéis de 4 cm em fibrocimento

Nova 2008, e remontada no Morro das Pedras, no litoral de O uso do aço como elemento estético e funcional foi a

Externamente, deques de madeira modulares contornam a

solução construtiva para garantir flexibilidade ao conjunto. “O

residência. Na cobertura, foram utilizadas telhas térmicas

conceito era de que a casa pudesse ser realocada em outro ter-

sem emendas no sentido transversal, com miolo de EPS 30

reno, e por isso sua estrutura, cobertura e piso foram pensados

mm. As calhas e demais vedações foram embutidas em um

para a situação”, diz Marcos Antonio Polli, sócio-diretor da PJ

perfil de acabamento aplicado no perímetro, que ajudaram a

Engenharia, responsável pelo projeto estrutural.

manter o layout retilíneo sem interrupções.

Arquivo pessoal PJ Engenharia

e recheio em madeira autoclavada na área interna da casa.

Felipe Arruda

Florianópolis (SC).

32 ARQUITETURA&AÇO

Felipe Arruda

MONTA E DESMONTA


Leveza estrutural

Os fechamentos em vidro precisavam de perfis resistentes a deformações. Considerando as áreas de piso e cobertura, a taxa de consumo de aço da estrutura foi de 27 Kgf/m2, índice semelhante ao de mezaninos comerciais. "Esta taxa de consumo de aço, mais tarde também verificada em outras obras, demonstra que a construção residencial em aço é tão competitiva quanto a convencional, mas quando idealizada para esta finalidade”, diz Polli. Como vantagem adicional, o baixo peso da construção implicou em cargas reduzidas para as fundações. A proteção das estruturas também exigiu atenção. Apesar da utilização do aço patinável, caracterizado por sua alta resistência à corrosão, a presença de cloretos e demais compostos iônicos transportados pela névoa salina demandou tratamento diferenciado à construção. Na casa, os perfis foram tratados por jato abrasivo até a completa remoção da carepa de laminação para, posteriormente, serem protegidos com primer epóxi até atingirem a espessura recomendada pelo fabricante.

Alterações estruturais

Na realocação das estruturas para o litoral, os pilares em aço foram apoiados sobre bases de concreto para elevar a casa e a ampliar o horizonte visual a partir das varandas. A estratégia possibilitou, ainda, a criação de espaço para a garagem. O deque externo, que contorna a residência, também foi ampliado para receber ofurô e área de lazer. A desmontagem na Mostra Casa Nova 2008 foi feita em apenas três dias. Já a montagem da residência no Morro das Pedras foi concluída em 15 dias. “As fases de projeto estrutural, aquisição de materiais, fabricação e tratamento consumiram mais tempo, cerca de 30 dias”, relembra Polli. (G.C.) M

Projeto arquitetônico: Abreu Junior Arquitetura Eireli

>

Área construída: 112 m²

>

Aço empregado: perfis em aço de maior resistência à corrosão ASTM A588 (ABNT NBR 7007 AR 350COR)

>

Volume de aço: 6 t

>

Projeto estrutural: PJ Engenharia

>

Fornecimento da estrutura de aço: PJ Engenharia

>

Execução da obra: PJ Engenharia

>

Local: Florianópolis, SC

>

Conclusão da obra: 2008

Montagem das vigas e pilares em aço, que compõem toda a estrutura da casa, foi concluída em apenas 15 dias no litoral de Santa Catarina Fotos Arquivo pessoal PJ Engenharia

>

ARQUITETURA&AÇO

33


Acervo pessoal

AÇO E CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Emerson Vidigal é arquiteto do Estúdio 41 Arquitetura, escritório de Curitiba (PR) formado por profissionais interessados na solução dos desafios arquitetônicos das cidades. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), é doutor em Projeto de Edificações pela USP (Universidade de São Paulo) e também professor da disciplina de Projeto de Arquitetura na UFPR. Autor de inúmeras obras premiadas, assina, entre outras, o projeto da Estação Antártica Comandante Ferraz e da Sede da Fecomércio do Rio Grande do Sul, ainda em execução e que deve ficar pronta até o fim deste ano.

Arquitetura&Aço – O Estúdio 41 tem uma trajetória de sucesso

Imaginamos que essa será uma das maiores estruturas deste

dos para concursos nacionais e internacionais. Quais motivos

Ferraz é, de fato, emblemático. Um edifício que marca a presença

na criação de projetos contemporâneos, muitos deles pensaos levaram a apostar nesse tipo de atuação?

tipo no Brasil. Já o projeto da Estação Antártica Comandante brasileira na região antártica, dentro de um espaço geopolítico

Emerson Vidigal – Acreditamos nos concursos de arquitetu-

importante. As condições adversas do local foram inspiradoras

ra como uma forma democrática de atuação, pois facilitam o

para a concepção do projeto: optamos por uma estrutura em aço

acesso de jovens profissionais ao mercado de trabalho. Nosso

de alta resistência mecânica para resistir a ventos de 200 km/h e

ingresso – meu e de outros sócios do escritório – nos concursos

temperaturas que podem chegar a -30ºC no inverno. Era essencial

começou ainda na universidade e continuou no início da nossa

garantir proteção e conforto para os ocupantes, com o menor

vida profissional. Já participei de incontáveis competições dessa

impacto ambiental possível. O isolamento do restante do mundo

natureza. Venci em 12 ocasiões, sete delas pelo Estúdio 41.

também impunha condições especiais para a execução; enfim, uma situação que não se encontra em qualquer momento.

AA – Considerando apenas os projetos estruturados em aço, quantos foram concebidos nesse sistema construtivo?

AA – Pensando na adoção da construção em aço na região Sul

aço. A maioria para concursos de arquitetura. Estão em execu-

EV – No Sul do país, estamos começando a trilhar um caminho

EV – Idealizamos por volta de 15 projetos com estruturas em ção atualmente o da Estação Antártica Comandante Ferraz e o

do Brasil, como avalia a aceitação desse sistema?

em que a industrialização e a pré-fabricação são parte do voca-

do Centro de Convivência da nova sede da Fecomércio do Rio

bulário arquitetônico do dia a dia. Ainda é um movimento lento,

Grande do Sul.

como tudo que cerca a ideia de construção, mas acreditamos no potencial desse processo de fabricar antes e montar no cantei-

AA – Quais aspectos destacaria nesses projetos?

ro. O uso do aço já é bastante presente em projetos industriais

EV – Os dois têm peculiaridades interessantes. O Centro de Con-

e de infraestrutura; aos poucos, essa tecnologia está entrando

vivência da Fecomércio tem uma estrutura em dupla treliça,

também nas edificações de outros segmentos, como hotelaria e

com vão de 70 m e balanço de 30 m em uma das extremidades.

centros comerciais. O modelo de negócio do empreendimento é

34 ARQUITETURA&AÇO


importante contar com maior rapidez na execução da obra para reduzir o prazo de retorno do investimento, a opção pelo uso do aço é favorecida. AA – Além da velocidade construtiva, quais os principais bene-

fícios percebidos na adoção da construção em aço e quais as

barreiras para ampliar sua participação no mercado da região? EV – Como comentei, alguns clientes entendem as vantagens de construir com o aço e sua aceitação é natural. Questões rela-

tivas ao ciclo de vida do edifício, ao processo de montagem e desmontagem e à possibilidade de se evitar desperdícios sempre ajudam na argumentação da escolha pelo sistema construtivo. Mas creio que ainda é necessário reforçar o conhecimento e criar uma cultura junto à população da região para que sejam melhor

“ Entendo que o tempo que se ganha, a leveza do material e a eliminação de desperdício são as vantagens mais relevantes da construção em aço

uma variável determinante nas decisões. Em situações em que é

percebidas as situações em que a construção em aço propicia benefícios interessantes se comparada às demais tecnologias. Também precisamos lidar com o fato de que o preço do material sempre será importante na tomada de decisão de projeto. Se o preço não é tão favorável em algumas situações – uma vez que se trata de uma commodity com cotação definida no mercado internacional –, o argumento de construir em aço deve levar em conta outras vantagens que o tornam competitivo. Entendo que

A reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira que foi parcialmente destruída em um incêndio em 2012, foi projetada com elementos pré-fabricados em aço de alta resistência à corrosão atmosférica para minimizar a necessidadede de manutenção e suportar as condições da ambientais da região

as mais relevantes são o tempo que se ganha, a leveza do material e a eliminação de desperdício. AA – Em sua opinião, a cadeia de fornecedores está preparada para atender adequadamente à demanda por obras em aço na região Sul, considerando a disponibilidade de serviços e materiais?

EV – Acredito que o mercado esteja preparado para atender à demanda, caso esta realmente se imponha.

AA – Baseado em sua atividade acadêmica, como avalia a

formação de novos profissionais para projetar em aço nas universidades brasileiras? O que poderia ser melhorado neste quesito?

EV – Temos cada vez mais estudantes trabalhando com esse material. Os concursos do CBCA são um grande incentivo nessa direção. Contudo, ainda precisamos trabalhar mais com as noções de concepção estrutural. Temos poucos profissionais capacitados para o cálculo e dimensionamento de projetos em aço, mas temos ainda menos gente capacitada para compreender e conceber sistemas estruturais de forma adequada. A concepção, nesse sentido, é parte fundamental da decisão da estratégia projetual. Se não conseguimos entender isso, continuaremos repetindo modelos desgastados à exaustão. (E.Q.) M ARQUITETURA&AÇO

35


DNA DE AÇO Executado inteiramente em aço, centro empresarial é o único edifício da região Sul a contar com a certificação LEED Platinum CONSTRUÍDO EM AÇO pela Associação do

responsável pelo projeto e pelo gerenciamen-

Aço do Rio Grande do Sul (AARS), em Porto

to da obra. Desta forma, diferentemente do

Alegre, o centro empresarial DNA do Aço é

modelo estrutural que vem sendo empregado

mais uma prova de que não existem barreiras

em muitas edificações multiandares, que com-

técnicas ou econômicas para a utilização do

bina núcleo rígido em concreto com estruturas

material em qualquer tipo de edificação.

metálicas, neste caso tanto o núcleo como as

O edifício, que tem 13 andares, foi concebido, desde o início, para ser uma referência para

demais estruturas são inteiramente em aço. Nos pavimentos com área de 356 m2, até

o setor. “Sua elaboração começou em 2014, fun-

mesmo a estrutura da fachada é comple-

damentada no princípio de que os elementos

mentada por pilares em aço de contraventa-

metálicos seriam empregados não só na estru-

mento, que se repetem em pontos internos

tura, mas em todos os sistemas possíveis da

da construção. “A obra recebeu perfis soldados

edificação”, diz a arquiteta Maria Bernadete

NBR 7007 AR 350 e laminados A572 GR50 (AR

Sinhorelli, da JMBS Arquitetura e Construções,

350)”, detalha Eduardo Giacomello, gerente de

36 ARQUITETURA&AÇO

As estruturas em aço foram expostas ao máximo na fachada para reforçarem a identidade pretendida e contribuírem com a estética da obra, conferindo maior leveza ao edifício


Fotos JMBS

ARQUITETURA&AÇO

37


contratos da Medabil, empresa que respon-

fotovoltaicas – já que o edifício tem capacidade

de pelo projeto estrutural do edifício. Foram

de geração de energia.

utilizadas lajes steel deck, o que colaborou na produtividade da obra.

Beleza e aproveitamento interno

>

Projeto arquitetônico: JMBS Arquitetura e

Segundo Giacomello, a execução não pode-

Construções Ltda.

ria ter sido concluída em um prazo melhor:

>

Área construída: 7.091 m²

toda a estrutura do edifício foi entregue em

>

Aço empregado: perfis

apenas quatro meses graças a um planeja-

estruturais ASTM A572

A utilização de pilares e vigas exclusiva-

mento minucioso de logística e montagem,

GR50 (ABNT NBR 7007

mente em aço garantiu um melhor apro-

que garantiu a quase inexistência do cantei-

AR345) e ASTM A653 GR40;

veitamento do espaço interno e possibilitou

ro de obras. “Trabalhamos com o conceito de

tubos de aço ASTM A618I;

flexibilidade de layouts. As estruturas em

construção just in time. Os caminhões chega-

aço também foram importantes para conferir esbeltez e leveza ao edifício. “Fizemos o maior número possível de exposições da

necessário”, explica Sinhorelli. O processo de

estrutura em diferentes áreas da fachada.

engenharia e fabricação foi dividido em lotes,

Os contraventamentos, por exemplo, foram

de acordo com o plano de montagem. Cada

todos evidenciados para que pudessem ser

lote compreendia três pavimentos, que, uma

vistos do lado de fora, através da pele de

vez montados e finalizados, eram liberados

vidro do edifício”, aponta Sinhorelli.

para a execução dos demais trabalhos civis.

Para alcançar esse propósito, uma série de estudos foram contemplados com o intuito de identificar o vidro que apresentasse desem-

vam com as peças necessárias para a monta-

Volume de aço: 528 t

gem do dia de acordo com o sequenciamento

>

Projeto estrutural: Medabil

Custos controlados

rentes sistemas foi mais efetiva, uma vez que

“Também previmos o uso de um material que

a estruturação em aço trouxe a possibilidade

não trouxesse problemas de reflexividade ou

de adaptação a diversos materiais, o que gerou

transparência excessiva”, completa.

significativa redução de custos e de desperdício

do tipo bandeja de luz e duas linhas de placas

Soluções Construtivas >

Fornecimento de aço: Medabil Soluções Construtivas

>

Execução: JMBS Arquitetura e Construções Ltda.

>

Local: Porto Alegre, RS

>

Conclusão da obra: 2017

A compatibilização entre os projetos dos dife-

penho térmico e acústico mais adequado.

A fachada é composta, ainda, por brises

chapas de aço pré-pintadas >

de insumos. Não por acaso, o edifício foi contemplado com a certificação LEED Platinum.

Fotos JMBS

Além do uso racional de recursos construtivos e da limpeza do canteiro, o prédio atende a uma variada gama de demandas ambientais, como a certificação dos materiais utilizados, reaproveitamento de água da chuva nos sanitários e telhado verde, sendo, atualmente, o único da região Sul a contar com esta certificação. O centro empresarial também conta com áreas de estacionamento no subsolo, segundo e terceiro andares, além de um centro de convenções, com auditório e salas de reunião para uso dos condôminos. A AARS está sediada no quarto pavimento – os demais, até o 12º andar, foram projetados para acomodar divisão em até quatro conjuntos independentes, conforme a necessidade. No 13º andar, há ainda uma área de convivência com vista panorâmica da cidade de Porto Alegre, assim como equipamentos técnicos. (E.C.L.) M 38 ARQUITETURA&AÇO

A fachada incorpora equipamentos que contribuem para a sustentabilidade do edifício, como os brises em aço e placas fotovoltaicas. Prédio é o único da região Sul a receber a certficação LEED Platinum


ARQUITETURA&AÇO

39


ORLA RENOVADA Intervenção na margem do Guaíba, em Porto Alegre, combina estruturas em aço com madeira, concreto e vidro em busca de durabilidade, leveza e harmonia

UM CONJUNTO DE INTERVENÇÕES arquitetônicas e urbanís-

ticas transformou a orla do Rio Guaíba, na região central de Porto Alegre (RS), em um dos pontos de lazer e turismo mais importantes da cidade. Mirando na durabilidade e na baixa necessidade de manutenção, os arquitetos responsáveis privilegiaram o uso de materiais sem revestimento, dando ao aço um papel especial no projeto do novo parque urbano. A intervenção foi feita em uma área de 56,7 ha, ao longo de 1,5 km da margem do Guaíba. Além da recomposição ambiental e paisagística, a intervenção incluiu equipamentos como passarelas, um ancoradouro, áreas esportivas, cafés, bares e sanitários. “Queríamos que a obra fosse discreta e que os ângulos e paisagens, conforme se caminha, não fossem molestados. Ela não é protagonista, o protagonista é a paisagem”, define Fernando Canalli, coordenador de projetos e acompanhamento de obras do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados. Como explica Canalli, os quatro materiais empregados nos equipamentos – aço, concreto, madeira e vidro – não tiveram nenhum tipo de revestimento ou pintura, de forma que será muito menor a necessidade de manutenções periódicas. “O aço tem elevadíssima resistência à corrosão, mas para adquirir ainda mais longevidade foi galvanizado a fogo. Nos elementos aparentes, tiramos partido das propriedades e da estética do aço patinado”, acrescenta Jeferson Andrade, projetista de estruturas metálicas. De acordo com Andrade, a própria natureza dos equipamentos e estruturas instaladas conduziu à escolha do aço. “As passarelas metálicas, que avançam rio adentro, deveriam ser esbeltas e ter transparência, de forma que optamos pelo piso grade. Essa leveza é natural das estruturas metálicas”, avalia.


Leonardo Finotti

Aรงo tem papel de destaque no projeto do novo parque urbano, que conta com passarelas, ancoradouro, รกreas para esporte, ciclovia, restaurante, bares e sanitรกrios

ARQUITETURA&Aร O

41


Fotos Leonardo Finotti

Os postes de iluminação receberam uma inclinação para ampliar o alcance da luminosidade. Foram instalados 46 postes em aço, trazendo um belo resultado estético ao conjunto

A versatilidade do aço e a rapidez e simplicidade no processo construtivo que ele possibilita, aponta o arquiteto Canalli, também contribuíram para que fosse adotado no projeto. “Toda a estrutura metálica foi fabricada na indústria, com precisão rigorosa nas furações e comprimentos. A maioria das vigas foi parafusada, ocorrendo pouquíssimas soldagens”, recorda. As estruturas metálicas também aparecem no deque do ancoradouro de embarcações. Estruturado com tubulões de concreto aparente e vigamento de aço, ele foi recoberto com madeira >

Projeto arquitetônico: Jaime

>

Lerner Arquitetos Associados >

Área construída: 56,7 ha

>

Aço empregado: perfis laminados

>

ASTM A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR 345); ASTM A36

>

(ABNT NBR 7007 MR 250) e ASTM A588 (ABNT NBR 7007

>

Projeto estrutural: Andrade

de alta resistência. Os bancos distribuídos por

Rezende Engenharia

todo o parque seguiram a mesma combinação:

de Estruturas

estrutura em aço e cobertura com pranchas de

Fornecimento da estrutura

madeira. O aço ainda tem presença importante

de aço: SH Estruturas Metálicas

nos 46 postes metálicos que fazem a iluminação

Execução da obra: Consórcio Orla

da orla. Com luz de LED, os postes são inclinados

Mais Alegre – Procon Construções

para permitir maior alcance da luminosidade.

e Sadenco Sul Americana

O projeto incluiu, ainda, um restaurante

AR 350COR)

>

Local: Porto Alegre, RS

“flutuante”, batizado de Quase Meia Noite por

Volume de aço: 840 t

>

Conclusão da obra: 2018

Jaime Lerner – e que recebeu do operador o nome

42 ARQUITETURA&AÇO


comercial de Orla 360. “Um núcleo de concreto suporta a estrutura radial de aço, com 12 vigas, em alusão a um relógio. O piso de vidro permite a visualização das águas do Guaíba. Os fechamentos laterais são igualmente em painéis de vidro”,

Fotos Leonardo Finotti

O restaurante panorâmico, inicialmente batizado por Jaime Lerner como “Quase Meia Noite”, tem estrutura radial em aço, com 12 vigas metálicas que lembram um relógio. O piso em vidro possibilita a visão das águas do Rio Guaíba

descreve Andrade. Para o projetista, a intervenção foi uma oportunidade de trabalhar com estruturas em aço em um contexto pouco usual. “Ao contrário das estruturas com que trabalhamos tradicionalmente, como um edifício, um galpão ou uma fábrica, este foi um projeto com magnitude e impacto para uma sociedade inteira”, avalia. O parque, inaugurado em agosto de 2018, abriu novas perspectivas para a visualização de edificações do patrimônio histórico porto-alegrense, como o Gasômetro. “Foram anos de trabalho para entregar uma obra com qualidade para a população, em todos os aspectos. Temos o desejo de que, daqui a 50 anos, possamos voltar lá e constatar que tudo está do mesmo jeito”, conclui Canalli. (E.C.L.) M ARQUITETURA&AÇO

43


PIONEIRO DOS PAMPAS PRIMEIRA CONSTRUÇÃO EM AÇO de Porto

do arquiteto Carlos Alberto de Holanda Men-

Alegre (RS), o edifício Santa Cruz, em plena

donça consagrou-se vencedor, propondo uma

região central da cidade, é um testemunho

expressão arquitetônica que visava disseminar

arquitetônico da onda desenvolvimentista

a cartilha moderna no Sul do país: uma constru-

sobre a qual o país surfava nas décadas de 1950

ção marcada pelo racionalismo, funcionalismo

e 1960. Rodeado pelo espírito de criação de um

e pela composição em ângulos retos. Com três

Brasil moderno, industrial e urbano, instalou-

recuos nas fachadas de acesso, graduando os

-se na capital gaúcha um marco referencial,

volumes, o projeto inicial sugeriu 30 pavimen-

pioneiro na introdução das estruturas metáli-

tos, além de dois subsolos que acomodariam

cas no Rio Grande do Sul, o que também con-

os equipamentos de infraestrutura (geradores

tribuiu para a difusão da tecnologia da cons-

e medidores de energia, casa de máquinas e

trução em aço por todo o território nacional.

bombas d’água), cofre para depósito de valores

Desde a concepção original até a efetiva

e postos de guarda. Previa, ainda, o tratamento

inauguração do edifício passaram-se dez anos.

das fachadas principais em grelha, um tramado

Em 1955, o Banco Agrícola Mercantil patrocinou

com predominância de elementos horizontais.

um concurso fechado para avaliar anteprojetos

A aprovação da nova construção pela Pre-

para a sua sede em Porto Alegre. O trabalho

feitura da capital gaúcha data de 27 de junho

44 ARQUITETURA&AÇO

Geovani Lemos

Edifício Santa Cruz, inaugurado em 1965, é precursor na construção em aço e o mais alto da capital gaúcha


MEMÓRIA

Fotos cedidas pelo Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo / Autores: Léo Guerreiro e Pedro Flores

Fotos acervo Dalton Nectoux

de 1956. Precisamente um mês depois, faleceu

tria da construção em aço no Brasil. A obra foi

o arquiteto vencedor do concurso. Eu seu lugar

executada pela Construtora Ernest Woedcker. O

assumiu o arquiteto Jayme Luna dos Santos, que

edifício foi composto por dois blocos unificados,

se viu obrigado a provocar profunda revisão do

estruturados em aço desde as fundações, com

projeto, devido à incorporação de dois lotes con-

placas de base e grelhas de apoio assentadas

tíguos ao terreno, de propriedade das empresas

sobre sapatas de concreto armado, nas quais

Somovil e Banco de Crédito Real, que também

foram fixados os pilares em aço. Em sua maioria,

passariam a se estabelecer no edifício. Ao pro-

as vigas são constituídas por perfis I laminados,

grama, foram incluídos quatro pavimentos, um

variando de 6” a 18”. Na montagem, as vigas

restaurante, sala de conferências e apartamen-

foram unidas, por processo de rebites, nos pila-

tos residenciais do 26º ao 34º andares, em grupos

res de seção H. Em menor quantidade, também

de quatro unidades por andar. Em substituição

foram utilizadas vigas compostas por chapas,

ao tratamento das fachadas em grelha de Men-

perfis U e cantoneiras nos vigamentos do 2°, 24°

donça, o novo projeto optou por panos de vidro.

e 31° pavimentos.

Nas fachadas laterais, o edifício passou a apre-

Símbolo máximo do processo da vertica-

sentar grande variação de fechamentos, em uma

lização porto-alegrense, o edifício Santa Cruz

expressão que remete ao neoplasticismo.

reina, ainda hoje, como o mais alto da capital,

A montagem da estrutura foi executada em

atendendo a um extenso programa de necessi-

duas etapas: a primeira, entre 1960 e 1961; a

dades e incorporando o emprego de tecnologias

segunda, de 1962 a 1963. Toda estrutura metáli-

inovadoras para a sua época, em um contexto

ca utilizada no prédio de 107 m acima do solo e

marcado pela alteração do referencial arquite-

14 m abaixo dele foi fornecida e montada pela

tônico da cidade: a revalorização de referências

Fábrica de Estruturas Metálica (FEM), empresa

ligadas às vanguardas do início do século XX

criada especialmente para impulsionar a indús-

e ao alcunhado “Estilo Internacional”. (A.L.) M

Edifício inteiramete estruturado em aço conta com pilares e vigas de aço em perfis laminados de 6” a 18”. Na montagem, as vigas foram unidas por processo de rebites aos pilares de seção H

ARQUITETURA&AÇO

45


ESPECIAL: REFERÊNCIAS CRIATIVAS

AÇO PARA TODA OBRA

Fotos Brafer

A construção em aço está presente no Sul há bastante tempo e, hoje, conta com um amplo e consolidado parque de fornecedores qualificados na região: de fabricantes de estruturas a prestadores de serviços, de revendas a profissionais especializados. É possível concretizar todo tipo de obra na região. E a reposta aparece prontamente. Com projetos de qualidade e em tipologias cada vez mais diversificadas, o aço avança e ocupa seu espaço no mercado da construção no Sul do país. Confira alguns exemplos de obras realizadas e já publicadas em edições anteriores de Arquitetura & Aço.

Arena da Baixada, Curitiba, PR EDIÇÃO 37

> Projeto arquitetônico: Carlos Arcos Arquitetura • Área construída: 124 mil m² • Conclusão da obra: 2014 Para receber jogos da Copa do Mundo de 2014, a Arena da Baixada passou por uma reforma que adicionou um novo setor, com áreas de imprensa, de alimentação e camarotes, além da grandiosa cobertura da arena, projetada com estruturas em aço pela Andrade Rezende Engenharia. Na cobertura, mais de 4.880 toneladas do material foram empregadas. A estrutura cobre um vão livre central de 196 m e inclui arquibancadas e gramado. É composta por duas vigas treliçadas de perfis soldados, com altura de 10 m e largura de 4,5 m. As duas vigas principais suportam um sistema de treliças secundárias, espaçadas a 9,80 m, com vãos laterais de 42 m e central de 68 m. “Arcos de aço sobre as treliças secundárias recebem a cobertura em chapas de policarbonato”, detalha Ângela Mariani dos Santos, gerente de contratos da Brafer, empresa que forneceu as estruturas.

46 ARQUITETURA&AÇO


PARANÁ

Passarela do Shopping Mueller, Curitiba, PR

Construída em aço e vidro, a passarela suspensa entre o edifício-garagem e o Shopping Mueller, em Curitiba (PR), conduz os consumidores às áreas de cinema e compras. De aspecto futurista, a obra cruza o espaço aéreo da Rua Mateus Leme e contrasta com a antiga construção tombada pelo Patrimônio Histórico. A passagem suspensa a 8,50 m de altura, tem 61 m de comprimento e é sustentada por delgados tubos de aço em suas extremidades – os quais foram projetados para não atrapalhar o trânsito da região. A estrutura, que consumiu 53 toneladas de aço para sua execução, conta, ainda com fechamentos em vidro e esteiras rolantes para permitir a contemplação da rua e o conforto dos pedestres em seu interior.

Fotos Carlos Gueller

EDIÇÃO 5

> Projeto arquitetônico: Adolfo Sakaguti Área construída: 61 m • Conclusão da obra: 2003

ARQUITETURA&AÇO

47


ESPECIAL: REFERÊNCIAS CRIATIVAS

Centro Universitário Positivo, Curitiba, PR

"Previsto para ser implantado em etapas, mas de forma contínua, combinando elementos construídos in loco e o uso de estruturas metálicas, em técnicas diversas e prazos curtíssimos", como explica o arquiteto Manoel Coelho, o Centro Universitário Positivo é um complexo com mais de 100 mil m2 de área construída, dedicados ao estudo, ao lazer e até à meditação. As peças em aço estão presentes em diversos setores do campus, como na Biblioteca Central, onde o aço contribui para vencer vãos de até 45 m. No Centro Esportivo, o material contribuiu para a criação de amplos espaços, sendo utilizado, inclusive, na estrutura da grande cobertura, que vence vãos de 58,6 m e contém um módulo retrátil na área central da piscina. Já na praça de alimentação, com 1.000 m2, o aço surge no vão livre formado por uma grelha metálica, com cobertura sustentada por pórticos de aço. E, ainda, em brises, marquises de acesso e escadas dos blocos do setor acadêmico, além do Templo da Paz, a capela construída sobre o lago, com estrutura totalmente em aço.

Sérgio Sade

EDIÇÃO 25

> Projeto arquitetônico: Manoel Coelho e Antonio Abrão • Área construída: 100 mil m² • Conclusão da obra: 2010

Aeroporto Internacional Afonso Pena, Curitiba, PR

EDIÇÃO 45

Infraero/Divulgação

Consórcio IQS/PJJ

Consórcio IQS/PJJ

> Projeto arquitetônico: PJJ Malucelli Arquitetura e Engenharia • Área construída: 77 mil m² • Conclusão da obra: 2016

Para que pudesse ser modernizado e ampliado, o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região da Grande Curitiba, passou por uma intervenção que teve o aço como protagonista. Empregada nos fechamentos laterais, coberturas e pontes de embarque, as estruturas metálicas ajudaram a conferir versatilidade, leveza e resistência à obra. Os perfis de aço tubulares curvos, que formam a estrutura de sustentação da cobertura, bem como os fechamentos laterais, feitos em perfis de aço, também foram importantes para trazer um diferencial arquitetônico. “As cores adotadas nas chapas metálicas pré-pintadas, que revestem a fachada, compõem um grande mosaico, permitindo uma leitura contemporânea. O projeto também ganhou destaque e contraste junto às pontes de embarque, pintadas em vermelho”, explica o arquiteto Paulo José Malucelli.

48 ARQUITETURA&AÇO


PARANÁ

Shopping Pátio Batel, Curitiba, PR

A fachada e a cobertura, ambas transparentes e estruturadas em aço, são o destaque no projeto do arquiteto Antonio Paulo Cordeiro. Para que a fachada, de 20 m de altura, por 44 m de extensão, fosse esbelta, leve e ao mesmo tempo transparente, foram considerados ligações especiais e tirantes de aço associados a vigas de vidro. A cobertura, por sua vez, formada por figuras geométricas irregulares, demandou precisão e detalhamento além do usual. “A estrutura forma um grande arco irregular, onde as faces laterais são uma continuidade da cobertura em si”, explica Cordeiro. A área destinada ao cinema conta com um vão livre de 41 m e pé-direito de 13 m. “A estrutura atende aos requisitos para a implantação do que há de mais moderno em projeção, com cargas que diferem do normal. Também atende à plástica requerida pela arquitetura, sendo visível por quem observa o shopping do lado de fora”. No total, 1.639 toneladas de aço foram utilizadas na obra.

Fotos Divulgação

EDIÇÃO 34

> Projeto arquitetônico: Antônio Paulo Cordeiro • Área construída: 110 mil m² • Conclusão da obra: 2013

Ibis, Maringá, PR A concepção do Hotel Ibis Maringá, construído em terreno de pequenas dimensões e idealizado com dez andares, exigia rapidez na sua execução. O primeiro edifício de múltiplos andares da rede hoteleira no Paraná foi executado totalmente em aço e em apenas três meses. “A decisão pela estrutura em aço foi fundamental para cumprir o nosso prazo”, afirma o arquiteto Waldeny Fiuza, do escritório Dória Lopes Fiuza Arquitetos Associados, responsável pelo projeto. A estrutura consumiu 280 toneladas de aço ASTM A36. O layout interno do edifício conta com divisórias em drywall para assegurar a maior flexibilidade dos espaços destinados aos hóspedes.

Fotos Divulgação

EDIÇÃO 33

> Projeto arquitetônico: Dória Lopes Fiuza Arquitetos Associados • Área construída: 5.600 m² • Conclusão da obra: 2002

ARQUITETURA&AÇO

49


SANTA CATARINA

Supermercado Angeloni, Criciúma, SC

EDIÇÃO 32

Fotos Cinara Piccolo

> Projeto arquitetônico: Douglas Piccolo • Área construída: 37.400 m² • Conclusão da obra: 2011

Uma grande reforma, em 2011, transformou o supermercado Angeloni, de Criciúma (SC) , acrescentando mais de 26.000 m2 de área ao local. A opção pelas estruturas em aço permitiu que as obras fossem executadas sem necessidade de interromper as operações do mercado. Ao todo, foram utilizadas 494 toneladas de aço, com a estrutura deixada aparente, tirando-se partido estético dos seus elementos. Para reforçar a contemporaneidade do projeto, foi criada uma marquise com formas geométricas inspiradas em elipse. “Com o aço, conseguimos um visual mais leve e elegante, além de uma obra rápida e limpa, na qual a perda de materiais foi praticamente zero”, comenta o arquiteto Douglas Piccolo.

Centro de Exposições Vila Germânica, Blumenau, SC

EDIÇÃO 12

Dagnese

A + C Arquitetura

> Projeto arquitetônico: A+C Arquitetura • Área construída: 25.554 m² • Conclusão da obra: 2006

Construído em tempo recorde, em apenas cinco meses, o Centro de Exposições Vila Germânica,em Blumenau (SC), teve cobertura e fechamentos laterais estruturados em aço. Além da velocidade que imprimiu ao projeto, a escolha pelo material foi importante para que o espaço pudesse abrigar diferentes eventos em seu interior. “A flexibilidade de usos era um dos pré-requisitos do complexo, que deveria sediar eventos de pequeno, médio e grande portes, dos mais diversos segmentos, como feiras, congressos, festas e shows”, explica o arquiteto Alfredo Lindner, autor do projeto. A necessidade de uma obra de aparente leveza e bom custo-benefício também foi importante. “A concepção dos apoios atirantados externos permitiu uma excelente relação custo-benefício, reduzindo o peso total da estrutura, trazendo também ganhos na execução.”

50 ARQUITETURA&AÇO


RIO GRANDE DO SUL

Refúgio São Chico, São Francisco de Paula, RS EDIÇÃO 19

> Projeto arquitetônico: Studio Paralelo • Área construída: 82 m² • Conclusão da obra: 2007

Exemplo de arquitetura moderna e industrializada, a casa de linhas retas, localizada numa pequena cidade a 100 km de Porto Alegre (RS), foi concebida no sistema construtivo light steel frame.

Fotos Divulgação

Perfis de aço galvanizado compõem a estrutura, formando paredes e vigas, nas quais são fixadas placas de OSB para fechamento. O revestimento externo, em lambris de pinus autoclavados e telhas onduladas galvanizadas, confere beleza e identidade à construção, que estabelece perfeito diálogo com a mata do entorno e garante o conforto térmico indispensável ao inverno rigoroso da região. “O aço é a melhor opção quando pensamos em pré-fabricação, agilidade construtiva e redução de desperdício”, diz o arquiteto Luciano Andrades, do escritório de arquitetura que assina o projeto. Depois de executadas as fundações e a laje de concreto armado, a casa foi erguida em pouco mais de duas semanas.

Estação Liberdade do Metrô, Porto Alegre, RS

A estação Liberdade faz parte da expansão da Linha 1 do metrô de Porto Alegre (RS), ligando o centro da capital a cidades da região metropolitana, como Canoas, Esteio, São Leopoldo e outras, somando 21 estações em 44 km. Dividida em dois pavimentos e elevada do solo – bem como todo o trajeto da expansão –, a estação tem cobertura em estrutura em aço, formada por segmentos de arcos e telhas metálicas galvanizadas do tipo sanduíche, com 170 m de comprimento, por 17 m de largura. Os acessos, constituídos de pórticos metálicos, também têm estrutura em aço, com fechamento em painéis pré-fabricados de concreto. O projeto enfatiza, ainda, o uso da iluminação zenital. “A definição estrutural visou fazer um uso inteligente da tecnologia, proporcionando estruturas seguras, confortáveis e duradouras”, diz o engenheiro Martin Beier, projetista da obra, na qual 250 toneladas de aço foram empregadas.

EDIÇÃO 24

Fotos Robson Nunes / Prefeitura Novo Hamburgo

> Projeto arquitetônico: Deltacon Engenharia / Debiagi Arquitetura • Área construída: 4.881 m² • Conclusão da obra: 2012

ARQUITETURA&AÇO

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ESPECIAL: REFERÊNCIAS CRIATIVAS

Ibis, Canoas, RS

A construção do Hotel Ibis em Canoas (RS) superou as expectativas dos construtores e investidores. Finalizada em apenas 67 dias, com sete pavimentos e 4.500 m², a obra foi executada em sistema misto de aço e concreto. “Caso não tivesse sido adotado este tipo de tecnologia, o prazo para execução da estrutura e fachada seria de oito a dez meses”, estima o engenheiro Eduardo Giacomello, da Medabil. Composta por pilares em aço preenchidos por concreto, com vigas principais e secundárias também em aço, a estrutura do hotel conta com lajes em steel deck, além de fachadas e vedações em steel framing. Segundo Giacomello, a adoção do sistema foi essencial para garantir maior segurança, limpeza e precisão ao empreendimento.

Bruning Tecnometal, Panambi, RS

Principal matéria-prima dos produtos fabricados pela Bruning Tecnometal, o aço foi plenamente incorporado ao projeto da nova sede da empresa. Em uma proposta que reflete o nível tecnológico atingido pela companhia, foram utilizadas 83 toneladas do material, que funciona como o principal elemento estrutural e estético. Com dimensão de 850 m, a cobertura recebeu telhas metálicas trapezoidais em aço galvanizado, pré-pintadas e fixadas nas terças em aço com parafusos autoperfurantes, com beiral frontal de 65 cm e lateral de 150 cm.

52 ARQUITETURA&AÇO

Divulgação

EDIÇÃO 16

> Projeto arquitetônico: Oscar Escher Arquitetos e Urbanistas S/S Ltda • Área construída: 761,41 m² • Conclusão da obra: 2007

EDIÇÃO 33

Fotos Vinícius Costa/Medabil

> Projeto arquitetônico: Michaelis Arquitetos • Área construída: 4.200 m² • Conclusão da obra: 2012


RIO GRANDE DO SUL

Santander Cultural, Porto Alegre, RS

A reforma e restauro do Santander Cultural, em Porto Alegre (RS), contou com um importante aliado: o aço. “Ele estabelece a ligação entre o passado e o presente da construção”, diz o arquiteto Roberto Loeb, referindo-se à grelha metálica do piso e às chapas brancas de tela perfurada que revestem lateralmente o ambiente. No átrio, o revestimento metálico e a vedação em vidro estão fixados em uma estrutura composta por perfis e montantes pintados em branco. Uma cobertura com arcos em aço e vidros planos transparentes também chama a atenção no local, garantindo luminosidade ao ambiente. A adoção de sistemas em aço conferiu agilidade à obra, que foi concluída em apenas quatro meses. “O aço facilitou a montagem, reduziu o peso da estrutura e garantiu peças mais esbeltas, favorecendo, ainda, a transparência do piso e da cobertura do átrio”, diz Heloisa Maringoni, responsável pelo cálculo estrutural.

Ary Diesendruck

EDIÇÃO 11

> Projeto arquitetônico: Roberto Loeb e Associados Área construída: 10 mil m² • Conclusão da obra: 2001

Condomínio Terrara, Porto Alegre, RS

EDIÇÃO 47

Fotos Divulgação

> Projeto arquitetônico: Roseli Melnick • Área construída: 26.392,28 mil m² • Conclusão da obra: 2017

Estruturados em light steel framing, os sótãos de 178 casas no condomínio Terrara, em Porto Alegre (RS), foram produzidos e parcialmente montados em fábrica, transportados por 40 km, finalizados em canteiro e colocados sobre os sobrados em alvenaria para agilizar e conferir melhor custo-benefício ao empreendimento. A tecnologia, batizada como “Sótãos Voadores”, trouxe agilidade. Enquanto o processo convencional exigiria 35 dias para montar uma dupla de casas, o método adotado consumiu apenas cinco dias. “O sistema trouxe ganhos como redução em despesas indiretas, vantagens em termos de mão de obra e, também, sustentabilidade, já que não foi preciso nenhuma gota de água para concluir 50 m² de área construída em cada conjunto”, diz engenheiro Willians Amaral, da Melnick Even.

ARQUITETURA&AÇO

53


CASA NOVA Imagens divulgação

Com espaços dedicados à edução, cultura e convivência, nova sede da Fecomércio tira partido estético e funcional das estruturas em aço

Idealizada pelo arquiteto Emerson José Vidigal, do Estúdio 41 Arquitetura e ainda em execução em Porto Alegre, a nova sede do sistema Fecomércio no Rio Grande do Sul só deve ficar pronta a partir do próximo ano, mas já deixa clara a sua importância para a região. O projeto foi escolhido em um concurso nacional e ocupa uma área de 150 mil m², com edifício da sede administrativa, centro educacional, espaço de eventos e outros prédios. No complexo, que está localizado às margens da Freeway – como é conhecida a principal rodovia de acesso a Porto Alegre –, tudo foi pensado para trazer um impacto positivo à região e, principalmente, garantir qualidade de vida aos profissionais e à população que frequentarão o local. Para evitar que as águas do Rio Gravataí afetassem a área durante as cheias, Vidigal lançou mão de uma topografia diferenciada para o empreendimento. O edifício-garagem, que serve de apoio para as demais construções, foi construído na cota de 3 m, evitando que seja atingido 54 ARQUITETURA&AÇO

pelas águas e favorecendo a contemplação da área verde local. Acima dele, em cota de 8 m, o destaque fica por conta de um centro de convivência inteiramente estruturado em aço. Em formato linear, atravessando todo o conjunto, o centro funciona como uma espécie de antessala que conecta as diferentes edificações. “No centro de convivência, duas grandes treliças em aço compõem a estrutura, com extensão de 125 m. No projeto, foram previstos vãos de até 70 m e balanços de 30 m”, detalha o arquiteto. A estrutura escolhida foi importante, ainda, para trazer leveza à edificação. “Com ela, tivemos peças relativamente pequenas e mais leves, se comparadas à opção em concreto.” Além das treliças principais, tanto as passarelas como os deques, os suportes dos brises, as escadas e a cobertura do auditório têm estruturas em aço. Perfis soldados foram utilizados nos elementos das treliças principais – banzo superior, banzo inferior e diagonais –, bem como nas vigas transversais de conexão entre as duas

O centro de convivência que atravessa todo o conjunto e conecta os diferentes espaços é inteiramente estruturado em aço >

Projeto arquitetônico: Estúdio 41

>

Área construída: 44 mil m²

>

Aço empregado: perfis ASTM A572 GR50 (ABNT NBR 7007 AR 345); ASTM A36 (ABNT NBR 7007 MR 250); ASTM A588 (ABNT NBR 7007 AR 350COR) e CIVIL 350

> >

Volume de aço: 1.092 t Projeto estrutural: Vanguarda Engenharia

>

Fornecimento da estrutura de aço: Nova JVA

>

Execução da obra: Construtora JL

>

Local: Porto Alegre, RS

>

Conclusão da obra: 2019


ACONTECE

“Com o aço, foram viabilizados vãos com até 70 m de comprimento e balanços de 30 m

treliças. Já as terças das coberturas são em perfis de aço laminado e os contraventamentos e outras estruturas foram executados com perfis formados a frio. Os elementos da treliça principal têm dimensões de seção H externas médias de 50 cm, com espessuras de chapas variando entre 16 mm e 20 mm. “Na primeira fase de obras, também está sendo construído o edifício que corresponde à administração, diretorias e presidência, parte funcional que será acomodada nos pavimentos-tipo da torre. O embasamento é composto por restaurantes e um grande auditório de múltiplo uso, com planta flexível e capacidade para comportar até mil pessoas”, detalha Vidigal, que apostou em uma arquitetura contemporânea para atender ao programa em questão. “A arquitetura proposta para o complexo buscou dar respostas diretas a questões técnicas, aplicando materiais e sistemas construtivos industrializados e explorando a capacidade estrutural do aço para criação de espaços flexíveis por conta dos grandes vãos. O sistema pré-fabricado também foi determinante para uma obra mais rápida e limpa.” Os elementos estruturais foram evidenciados não apenas por opção estética, mas também por questões funcionais, colaborando para a luminosidade e ventilação naturais no interior das construções. (E.Q.) M

Acima, visão geral do complexo que conta com núcleos administrativo, educacional e de eventos, além de um centro de convivência inteiramente em aço. Abaixo, detalhe das grandes treliças que compõem a estrutura do centro de convivência

ARQUITETURA&AÇO

55


CONTATOS >E SCRITÓRIOS

Rodrigo Kirck Arquitetura

Vanguarda Engenharia

> EXECUÇÃO DA OBRA

Abreu Junior Arquitetura Eireli

>P ROJETO ESTRUTURAL

> ESTRUTURA METÁLICA

www.construtorajl.com

Aleph Zero Arquitetura

Andrade Rezende Engenharia de Projetos

www.medabil.com.br

Medabil Soluções Construtivas

Consórcio Orla Mais Alegre – Procon Construções

DE ARQUITETURA

abreujr@me.com

www.rodrigokirck.com.br

www.alephzero.arq.br

www.andraderezende.com.br

Estúdio 41

Celso Antônio Thá

www.estudio41.com.br

www.tecmetal.ind.br

Hugo Nieto

Medabil Soluções Construtivas

www.facebook.com/nietoarquitetos

www.medabil.com.br

Jaime Lerner Arquitetos Associados

Norimasa Ishikawa

www.jaimelerner.com.br

norimasa.ishikawa@hotmail.com

JMBS Arquitetura

PJ Engenharia

www.jmbsarquitetura.com.br

www.pjengenharia.com.br

Luiz Volpato Arq

Ricardo Henrique Dias

www.luizvolpato.com

richdias@uol.com.br

Saboia+Ruiz Arquitetos

RMG Engenharia

www.saboiaruiz.com.br

www.rmg.com.br

vanguardaengenharia.com.br

Construtora JL

www.proconc.com.br

Megaço

www.megaco.com.br

Construtora Teixeira Duarte www.teixeiraduarte.com.br

Nova JVA

www.novajva.com.br

Esphera Sul

www.espherasul.com.br

PJ Engenharia

www.pjengenharia.com.br

Nakid Construções Civil Ltda. www.nakid.com.br

SH Estruturas Metálicas www.shestruturas.com.br

PJ Engenharia

Tecmetal Estruturas Metálicas www.tecmetal.ind.br

Usiminas Mecânica

www.usiminas.com/mecanica

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Racional Engenharia

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Sadenco Sul Americana www.sadenco.com.br

VCCON Engenharia www.vccon.com.br

EXPEDIENTE Revista Arquitetura & Aço é uma publicação trimestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora CBCA: Rua do Mercado, 11 – 18º andar, Centro 20010-120 – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br

Roma Editora Rua Barão de Capanema, 343, 6º andar CEP 01411-011 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3061-5778 cbca@arcdesign.com.br

GESTOR: INSTITUTO AÇO BRASIL

Coordenação Editorial Eliane Quinalia

Conselho Editorial Carolina Fonseca – CBCA Cleber Jose Pereira Junior – Gerdau Humberto Bellei – Usiminas Luciano Molina – CSN Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão

Redação André Larcher, Eduardo Campos Lima, Eliane Quinalia, Gisele Cichinelli e Juliana Nakamura

Revisão Geral Rosane Bevilaqua Publicidade Ricardo Werneck: (21) 3445-6332

Direção Cristiano S. Barata

Revisão Ortográfica Deborah Peleias Edição de Arte Cibele Cipola

Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA Rua do Mercado, 11 – 18º andar, Centro 20010-120 – Rio de Janeiro/RJ Tiragem: 5.000 exemplares Distribuídos para os principais escritórios de engenharia e arquitetura do país, construtoras, bibliotecas de universidades, professores de engenharia e arquitetura, prefeituras, associações ligadas ao segmento da construção e associados do CBCA. É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte. É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autorização expressa do autor.

Agradecemos a todos aqueles que contribuiram para a produção desta edição, fornecendo imagens, informações e comentários sobre as obras publicadas e os processos construtivos.

NÚMEROS ANTERIORES Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br A&A nº 01 - Edifícios Educacionais A&A nº 02 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 03 - Terminais de Passageiros A&A nº 04 - Shopping Centers e Centros Comerciais A&A nº 05 - Pontes e Passarelas A&A nº 06 - Residências A&A nº 07 - Hospitais e Clínicas A&A nº 08 - Indústrias A&A nº 09 - Edificações para o Esporte A&A nº 10 - Instalações Comerciais A&A nº 11 - Retrofit e Outras Intervenções A&A nº 12 - Lazer e Cultura A&A nº 13 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 14 - Equipamentos Urbanos A&A nº 15 - Marquises e Escadas A&A nº 16 - Coberturas A&A nº 17 - Instituições de Ensino II A&A nº 18 - Envelope

56 ARQUITETURA&AÇO

A&A nº 19 - Residências II A&A nº 20 - Indústrias II A&A Especial - Copa do Mundo 2014 A&A nº 21 - Aeroportos A&A nº 22 - Copa 2010 A&A nº 23 - Habitações de Interesse Social A&A nº 24 - Metrô A&A nº 25 - Instituições de Ensino III A&A nº 26 - Mobilidade Urbana A&A nº 27 - Soluções Rápidas A&A nº 28 - Edifícios Corporativos A&A Especial - E stação Intermodal de Transporte Terrestre de Passageiros A&A nº 29 - Lazer e Cultura A&A nº 30 - Construção Sustentável A&A nº 31 - Construções para Olimpíadas A&A nº 32 - Instalações Comerciais II A&A nº 33 - Hotéis

A&A nº 34 - Shopping Centers A&A nº 35 - Hospitais e Edificações para a Saúde A&A nº 36 - Pontes e passarelas A&A nº 37 - Estádios da Copa 2014 A&A nº 38 - Mobilidade Urbana A&A nº 39 - Varandas, Mezaninos e Escadas A&A nº 40 - Residências A&A nº 41 - Centros de Pesquisa e Tecnologia A&A nº 42 - Especial 10 anos A&A nº 43 - Edifícios Multiandares A&A nº 44 - Centros de Distribuição e Logística A&A nº 45 - Aeroportos A&A nº 46 - Jogos Olímpicos Rio 2016 A&A nº 47 - Light Steel Framing A&A nº 48 - Porto Maravilha A&A nº 49 - Região Nordeste A&A nº 50 - Região Centro-Oeste A&A nº 51 - Região Sudeste


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