R$ 15.00
DESIGN: BRASIL INGLATERRA
Nº 45 QUADRIFOGLIO EDITORA
ARC DESIGN
Nº 45
2005
2005
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
PORTUGAL FRANÇA SUÉCIA ARQUITETURA: BIENAL, SP
Designer e artista plástica, Maria Regina Marques é também terapeuta ocupacional. Seu trabalho se desenvolve nessas duas vertentes paralelas, que se complementam. Podemos defini-la como uma estudiosa e, ao mesmo tempo, uma pesquisadora, tantos são os seus títulos e cursos, e tamanha é a sua vocação para inovar na tecelagem. Em 1989, funda o Atelier Bricoleur, instituição destinada a receber e trabalhar com psicóticos com a prioridade de introduzi-los no universo artístico e expressivo. Participou de diversos espetáculos dirigidos Acervo ARC DESIGN
por Ivaldo Bertazzo, além de exposições e premiações em concursos de artes plásticas e design. Seu percurso têxtil, iniciado em 1989, inclui a tecelagem de tapeçarias em tear de quadro liço e a formação em tear de pedal sueco, este com a finlandesa Maj Britt, concentrando-se em padronagem. Hoje, Maria Regina trabalha com tear de quadro, pesquisando fios e outros materiais, com destaque para os fios de papel. “Minha pesquisa não se restringiu ao uso do fio de papel na tecelagem manual, mas se estendeu. E esticar este limite significou poder explorar e ampliar as utilizações para os tecidos e tramas de papel que fui obtendo, tanto do ponto de vista da arte têxtil, como no que diz respeito às possíveis aplicações desse material”, explica. Hoje a tecelã designer cria objetos para os tecidos de papel. DeseZé Deboni
nha móveis – biombos, bancos, mesas, luminárias, bolsas, roupas – além da escultura, na qual o trabalho têxtil é o ponto de partida. A riqueza de seu trabalho também está no uso de materiais nunca pensados, como resíduos sólidos da indústria automobilística (mangueiras de ar e de água), fios e fitas de PVC, e um repertório formal que resulta de pesquisas sobre trançagem e cestaria indígena da Península Ibérica, da América Latina e, em especial, das tribos indígenas
vo
brasileiras.
Acer
Maria Regina Marques
No alto da pá gi na, ima gem da capa: ta pe te tra ma do em fel tro de lã. Aci ma, ta pe te em fio de pa pel kraft tra ba lha do em tear ma nual com bor das em ca mur ça de cou ro de por co. Abai xo, de ta lhe de te ci do exe cu ta do com material de ve da ção da por ta tra sei ra de au to mó vel e fio “es pa gue te” de PVC fle xí vel. À direita, es tu do re a li za do com “es pa gue te” de PVC fle xí vel e fio de al go dão
O de sign bra si lei ro con fron ta o pro je to in ter na ci o nal. Fei ras e ex po si çõ es em Por tu gal, na In gla ter ra e na Fran ça, mos tra su e ca em São Pau lo, de sign bra si lei ro do sé cu lo XX e do sé cu lo XXI es tão pre sen tes nes ta edi ção. Ele men tos Su e cos é um tí tu lo sig ni fi ca ti vo para uma ex po si ção do de sign su e co con tem po râ neo, dei xan do trans pa re cer que o pro du to bem de se nha do, que traz me lho ria à já ex ce len te qua li da de de vida do país, é um ele men to co ti di a no nor mal. 100% De sign, que en glo ba a se ma na lon dri na do de sign, é vi bra ção, re vi ta li za ção; são idéi as que des pon tam e que, al gu mas, sem dú vi da irão nor te ar o fu tu ro do de sign. Por tu gal re a li za a cada dois anos o Ex pe ri men ta De sign – que não é uma fei ra, mas um mo men to de en con tro para dis cus sõ es te má ti cas. Este ano, o ar gu men to es co lhi do, “O meio é a ma té ria”, reu niu no mes fa mo sos da te o ria e da prá ti ca do de sign. Bra sil: mos tra mos o vin ta ge real (não có pi as), que aten de pelo nome de mo der na ri a to, e o re sul ta do do Prê mio De sign Mu seu da Casa Bra si lei ra. Ape sar de to dos os seus “ví ci os” ou de sen fo ques, este é o úni co con cur so de de sign que se man tém vivo ao lon go de 19 edi çõ es anu ais. Este ano, de le ga mos a ou tros de sig ners e pen sa do res a ta re fa de fa lar so bre o pro je to e o ofí cio do de sig ner. Pa re ceu-nos mais útil, ou apro pri a do. Vi si te co nos co a 6ª Bi e nal In ter na ci o nal de Ar qui te tu ra. En ten da o sig ni fi ca do dos pro je tos mais im por tan tes, es pan te-se com os avan ços da tec no lo gia, prin ci pal men te com aque les en de re ça dos à pre ser va ção do pla ne ta. A Cor na Ar qui te tu ra, com exem plos con tem po râ ne os, mos tra que a cor tan to pode es tar in cor po ra da à cons tru ção, quan to ser o re sul ta do do uso de ma te ri ais de re ves ti men to de for te im pac to vi su al, re fle tin do seu en tor no. O 4º Prê mio Max Fef fer, este ano com nú me ro re cor de de ins cri tos, mos trou a qua li da de do de sign grá fi co bra si lei ro e o sur gi men to de uma nova ge ra ção de pro fis si o nais. Mu i tas no vas idéi as es tão no ar – é só co lhê-las e trans for má-las. Ma ria He le na Es tra da Edi to ra
Quer conhecer os sinais emergentes no design? Visite a feira 100% Design e outras manifestações da semana do design inglês, como Designersblock, 100% Garanteed, 100% East, e muito mais. O que falta em produção industrial sobra em inventividade
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O que é, e o que se espera do design contemporâneo? Como ele se desenvolve? O que temos no Brasil? O XIX Prêmio Design Museu da Casa Brasileira é visto por seus produtos e pelo pensamento de designers e teóricos internacionais. Compa re com suas próprias opiniões
MAISON & OBJET
Winnie Bastian
Winnie Bastian
DESIGN EM QUATRO ELEMENTOS
EM TORNO AO DESIGN
Da Redação
LONDRES: ONDE GERMINA O DESIGN
Maria Helena Estrada
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Qualidade de vida é a palavra-chave para compreender o design sueco. Seja com tecnologia de ponta ou baixa tecnologia, o resultado é sempre um de sign necessá rio, am biental mente correto... e muito bonito. Veja a mostra realizada junto à Bienal Internacional de Arquitetura, São Paulo
A França é um celeiro de novos desig ners. Sua fei ra mais fa mo sa é hoje também um cenário privilegiado para desig ners brasi lei ros que apostam na internacionalização de seus projetos. Conheça a edição do outono 2005
NEWS
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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
SALÃO DESIGN MOVELSUL NEWS
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nº 45, dezembro 2005
ORIGINAIS: UMA COLEÇÃO DE MODERNARIATO
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Bienal de design de Lisboa, a Experimenta 2005 teve como tema “O Meio é a Matéria”, ou o design da comunicação. Excelente arena de debates, permitiu também uma visão panorâmica do design por tuguês. Conheça os temas do debate contemporâneo e os produtos do design por tuguês
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Cor pró pria ou reflexa? Estes são os dois par tidos para o uso da cor na ar qui te tu ra. Re ves ti mentos ou tintas coloridas ce dem lugar a materiais tec noló gi cos capa zes de refle tir cores e for mas, na ar qui te tu ra contemporâ nea
Visite conosco a 6ª BIA e entenda as transformações da cidade contemporâ nea. Proje tos apresentados pela Alemanha, França, China, Cingapura, México, Por tugal, Suíça, EUA e Brasil abordam a sustentabilidade, os avanços tecnológicos e também a vida sem tecnologia
EXPEDIENTE
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ENDEREÇOS
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*
ENGLISH VERSION
4º PRÊMIO MAX FEFFER
Juliana Mariz
6ª BIA: REALIDADE E UTOPIA
Winnie Bastian
CORES DA ARQUITETURA
Valentina Figuerola
EXPERIMENTA DESIGN 2005
Redigido por Rita Monte
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Três tipos de papel, sete categorias – e muita criatividade. Estes foram alguns ingredientes que fizeram o 4º Prêmio Max Feffer de Design Gráfico. Conheça os vencedores e finalistas
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CALCULADORA VERDE Trezentas e oito ár vores equivalem à vida média de um ser humano? Esta questão está em aberto, uma vez que tal cálculo não foi comprovado, mas já ser ve para dar uma idéia de quanto o planeta é consumido. Pensando nisso, a Fundação SOS Mata Atlântica, por meio do projeto “Florestas do Futuro”, desenvolveu uma ferramenta que calcula a quantidade de ár vores que cada cidadão consome, de acordo com sua emissão de gás carbônico. A idéia do projeto, além de conscientizar as pessoas sobre o consumo das fontes naturais do planeta, é captar recursos para promover o reflorestamento de áreas próximas a rios e lagos. Faça seus cálculos e reflita: www.florestasdofuturo.org.br
TAPEÇARIA Novos materiais e a combinação entre tradicional e moderno pontuam os lançamentos em tapeçaria no Brasil. A By Kamy traz as coleções “American Primitive” e “Out of India”, de Teddy Sumner, cuja pesquisa
LUMINÁRIA ECONÔMICA
baseou-se nas tradições oriental (especialmente indiana) e indígena
Criação do designer André Wagner, as luminárias
da América do Norte, resultando em peças conceituais ricas em for-
de piso e de mesa “Bird” têm desenho enxuto e dis-
mas geométricas e cores que remetem aos tons da natureza. Na li-
creto. Refletor em aço inox polido, hastes articuladas
nha “materiais”, a Avanti apresenta inovações com a coleção “Touch
em alumínio pintado e acabamento cromado nas articu-
of Class” – tapetes com a tecnologia “nylon soft”, ainda inédita no
lações. Utiliza lâmpada halógena de 12 volts, tipo
Brasil. A fibra proporciona o “toque da seda” por sua composição em
pino de 20 Watts e, como solução eficaz, tem o
filamentos finíssimos que, em grande quantidade, resultam em ma-
transformador de 110 volts já incluso no plugue. Economia
ciez e textura inovadoras. Já a Interface utiliza o amido de milho, ma-
aliada à beleza. www.lalampe.com.br
téria-prima renovável e reciclável, como base para o fio PLA, presente na nova coleção de carpetes da loja. www.tapetes.com (By Kamy); www.interface-brasil.com e www.avanti-carpet.com.br
ABRE FÁCIL Funcionalidade, precisão e beleza. Esses são adjetivos que acompa-
CAMPANE DI CAMPANA
nham perfeitamente o sistema
Numa incursão por novos materiais – o vidro foi o eleito –,
Flap, um dos diferentes mecanis-
surgiu o mais recente trabalho dos Irmãos Campana.
mos de abertura de portas utiliza-
“Campane di Campana”, ou “os sinos do sino”, numa
dos pela marca de mobiliário plane-
tradução literal do italiano, é fruto da temporada dos
jado S.C.A. A abertura opera vertical-
designers em Venini, tradicional casa italiana referên-
mente – a porta se posiciona acima
cia no design de cristais soprados, em sua sede de Murano – ilha vizi-
da linha superior – e possui siste-
nha a Veneza. Propostas “subversivas” dos irmãos se fizeram presen-
ma de amortecimento ocultado na própria estrutura do móvel.
tes em algumas peças, que unem “bugigangas” encontradas em
O sistema Flap é indicado para armários superiores horizon-
qualquer loja veneziana ao apuro e à delicadeza dos tradicionais cris-
tais, sendo uma boa solução para cozinhas. www.sca.com.br
tais, resultando em sinos belos e inusitados, como “Papelino” (acima).
ITÁLIA NO BRA SIL I A conceituada rede internacional de desenvolvimento e gestão de marcas, InArea, plantou raízes no Brasil – na cidade do Rio de Janeiro, mais exatamente –, sendo coordenada pelos publicitários Raimundo Favacho e Patrícia Ebner. A rede é responsável por projetos gráficos de identidade organizacional de diversos grupos espalhados pelo mundo, embora mais concentrados na Europa. Dentre os trabalhos mais significativos estão o design da tocha olímpica das Olimpíadas de Atenas, em 2004, a identidade corporativa da marca RAI – Rede Nacional de Comunicação Italiana, e o calendário anual da própria InArea, um desafio de criatividade no design gráfico. www.inarea.com.br
DESIGN ÚTIL As duas novas criações do designer Maurício Trentin seguem a linha do desenho racional e belo, cujo material ganha evidência
ITÁLIA NO BRASIL II
– e se transforma no próprio objeto. Trata-se da luminária
Enfim, os brasileiros poderão adquirir, na loja da própria marca, mó-
“Ôca”, executada a partir de duas lâminas, uma de polipropile-
veis e utilitários domésticos da Kartell: a empresa italiana acaba de
no e outra de E.V.A, fixadas por um anel de alumínio, e do revis-
chegar a São Paulo. Famosa por lançar produtos em plástico de últi-
teiro “Fly”, em duas placas encaixadas, que podem ser unica-
ma geração, a Kartell disponibilizará no mercado brasileiro as mes-
mente de madeira (imbuia ou sucupira) ou mescladas com
mas peças que sua matriz na Itália, inclusive as que compõem a
acrílico. Os objetos foram desenvolvidos para a Intro Design e
nova coleção – que inclui criações de Philippe Starck, Antonio Citterio,
estão à venda em todas as lojas da Zona D, em São Paulo.
Vico Magistretti, Piero Lissoni, Ferrucio Laviani, Ron Arad e Patricia
www.introdesign.com.br
Urquiola. São da Kartell alguns dos objetos mais cobiçados no mercado de decoração, como a cadeira Louis Ghost e os sofás Bubble Blub, de Starck; a cadeira Spoon, de Citterio e Toan Nguyen; e a poltrona
ESTÚDIO-MUSEU ACHILLE CASTIGLIONI
Maui, de Magistretti. Kartell: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2.138, São
Achille Castiglioni, o mais impor tante e admirado designer
Paulo. www.kartell.com
italiano do século XX, agora terá sua obra reunida, organizada, conser vada – e acessível ao público. A Coleção Permanente de Design Italiano, por meio da fundação Trienal de Milão, está em via de abrir o Museu do Design, de cujo acer vo fará par te o estúdio de Castiglioni, a ser conser vado no estado em que se encontra. Como uma homenagem póstuma – Achille Castiglioni faleceu em 2002 –, a Trienal se propõe a catalogar, ordenar, arquivar, sistematizar e proteger desenhos, fotografias, protótipos, filmes, conferências, publicações, os objetos criados pelo designer e as dezenas de objetos anônimos que ele recolheu ao longo da vida. Mais informações sobre o museu no site da Trienal: www.triennale.it
1º CONCURSO ARTEFACTO/UBV DE DESIGN Com o objetivo de produzir e editar o trabalho de novos designers, não apenas descobrir seus talentos, nasceu o “Concurso Ar tefacto/UBV de Design”. Em andamento desde o segundo semestre do ano passado, sua primeira edição chegou ao fim, com mais de mil trabalhos inscritos, premiando designers de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A iniciativa do prêmio é no mínimo audaciosa – e por si só inovadora – ao inver ter o paradigma da maioria das premiações brasileiras: as boas idéias, mesmo aquelas sem viabilidade de produção industrial, foram o nor te para o julgamento das propostas. Para dar sustentação ao ideal do concurso, a Ar tefacto assumiu a responsabilidade de produzir as propostas selecionadas, em um trabalho conjunto com outras empresas nacionais e estrangeiras. O prêmio contemplou projetos em mobiliário, utilitários e vidro impresso, além de realizar uma premiação especial por par te dos patrocinadores. Os três primeiros lugares foram ocupados, respectivamente, por “Mesa e Banqueta MLD Roda”, executada a par tir de rodas de bicicleta, com tampos em MDF – design Eduardo Dias Sachmith (Joinville, SC) e Luciano Kuduavicz (Curitiba, PR); “Cadeira Pitágoras” (abaixo), produzida em aço inoxidável e junco – design Eduardo Barone (Rio de Janeiro, RJ); e “Bandeja Air” (no alto), em madeira moldada sob pressão, com aplicação de poli u re ta no – design Lu iza Pittela (São Paulo, SP) e Isabela Vale (Belo Horizonte, MG). Catálogo disponível em www.ar tefacto.com.br
DE SIGN E ARTE DEMOCRÁTICOS Operários da construção civil provam o gosto da autoria de uma obra – e são incentivados a ter essa experiência. Durante os inter valos da jornada de trabalho ou depois do expediente, deixam de lado a força física para exercitar outro poder: a criatividade. É disso que trata “Mestres da Obra”, projeto social do arquiteto Arthur Pugliese e do educador ambiental Daniel Cywinski, impulsionado pela idéia de aproximar o fazer artístico da realidade dos profissionais da construção. Um ateliê é instalado dentro do canteiro de obras para ser o local onde acontecem as “aulas” e a produção em artes plásticas e design. Os alunos – ser ventes, pedreiros, mestres de obra, carpinteiros – trabalham em grupos para criar e executar suas propostas, aproveitando o material descartado pela própria obra. Dentre os canteiros que já receberam o “Mestres” estão o da Escola Parque de Arte e Ciência, em Santo André (projeto de Paulo Mendes da Rocha) e o da penitenciária Carandiru, em que os operários interpretaram desenhos das celas para criar suas peças de arte. www.mestresdaobra.com.br
DEPOIS DO CUBISMO
BRA SIL ARQUITE TURA
Chega ao Brasil, pela Cosac Naify, a
A obra de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz foi compilada em um li-
edição traduzida de “Depois do Cu-
vro, apresentando a trajetória profissional de 26 anos de parceria no
bismo”, livro escrito pelo arquiteto
escritório Brasil Arquitetura. Com textos críticos de Cecília Rodrigues
franco-suíço Le Corbusier e pelo pin-
e Vasco Caldeira, apresentação do professor Max Risselada (Delft/Ho-
tor e escultor Amedée Ozenfant, em
landa) e do arquiteto João Figueiras Lima (Lelé), o livro mostra pro-
1918. Incrementando a literatura
jetos residenciais do escritório e posiciona a Brasil Arquitetura como
em língua portuguesa sobre o perío-
referência em recuperação, adaptação e inter venção, especialmente
do de constituição e afirmação de
em espaços culturais como o Museu Afro-Brasil, em São Paulo, e o
arte e arquitetura modernas, a obra se abre em manifesto por
Bairro Amarelo, em Berlim. A
uma nova doutrina estética, que mais tarde se firmou como o
seleção publicada destaca,
purismo – mostras de que a ambição foi mais além da mera
além da arquitetura, mobiliário e
oposição ao movimento cubista. Segundo o arquiteto Carlos
objetos desenvolvidos por Fer-
A. Ferreira Martins, que assina a introdução da edição brasi-
raz e Fanucci desde 1986 em
leira, “a leitura desse manifesto de fundação do purismo,
sua marcenaria, a Baraúna.
mais de 80 anos depois de sua publicação, oferece ao leitor
“Francisco Fanucci – Marcelo
interessado na aventura da arquitetura moderna algumas
Ferraz – Brasil Arquitetura” foi
chaves para a compreensão adequada das propostas, dos
lançado pela Cosac Naify.
textos e das obras de Le Corbusier. Por extensão, auxilia a
www.cosacnaify.com.br
compreender melhor os desafios, os dilemas e as contradições; o alcance, em uma palavra, da arquitetura moderna”. www.cosacnaify.com.br
ENCON TROS UR BA NOS DIS CU TEM A VIDA NA CIDA DE DE SÃO PAU LO Entre debates, palestras e bate-papos diversos que surgem a cada dia na cidade, um deles faz paralelo à Bienal de Arquitetura discutindo a vida nas metrópoles, especialmente em São Paulo. Esse evento,
INTERIORES: RESIDÊNCIAS
sionais de outros segmentos para expor e debater como cada um
Boas novas para designers e
pode contribuir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, seja
arquitetos de interiores. Lança-
residindo, seja trabalhando ou ambos. Um poeta, uma médica, uma
mento da Viana & Mosley, o li-
executiva, um astrólogo, um psicólogo, uma fotógrafa, um artista
vro “Interiores – Residências”
plástico, entre outros, trouxeram ao público suas experiências e pro-
reúne 25 escritórios de arqui-
postas. O gerente de marketing do Conjunto Cultural da Caixa, Élcio
tetura que apresentam alguns
Mendes de Paiva, e a idealizadora do projeto, Raquel Lucat, fazem
de seus trabalhos em design
coro: “Essa é uma oportunidade para incentivar ações de cidadania e
de interiores. A seleção traz
motivar a reflexão acerca das soluções, evitando o círculo vicioso das
projetos assinados por Janete Costa, Gustavo Penna, Márcio
reclamações sobre os problemas recorrentes da cidade, mas propon-
Kogan, Paulo Jacobsen, Arthur Casas e Thiago Bernardes, en-
do a tomada de atitudes. É um começo”.
tre outros, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
O conteúdo das palestras será reproduzido em um livro editado pela
Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Bahia e Ceará.
Caixa, patrocinadora exclusiva do evento, que conta com o apoio da
www.vmeditora.com.br
ARC DESIGN. www.caixa.gov.br
porém, incluiu palestras não apenas de arquitetos, mas de profis-
PUBLI EDITORIAL
SALÃO DESIGN MOVELSUL NEWS
MOVELSUL BRASIL 2006 - 10ª edição Bento Gonçalves, RS www.movelsul.com.br
Chega ao final da primeira etapa o Concurso Design Movelsul 2006, com o julgamento dos projetos inscritos. Nes ta pri mei ra fase, são ana li sa dos os de se nhos téc ni cos e fo tos, e se le ci o na dos aque les que par ti ci pa rão do jul ga men to fi nal, em 27 de ja nei ro, quan do tam bém será de ci di do qual em pre sa re ce be rá o prê mio para a in dús tria. São incríveis o sucesso e a expectativa em torno das premiações, cujos vencedores, além de receber um prêmio em dinheiro, participarão do Salão Design, durante a feira Movelsul, em março de 2006. Os 1.080 projetos inscritos abrangem, no Brasil, as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Norte, num total de 742 projetos de 19 Estados concorrentes. O di re tor do Sa lão, Gus ta vo Ber to li ni, en ten de que esta ex pres si va pre sen ça seja o re sul ta do não ape nas da tra di ção do pró prio Sa lão, mas tam bém do tra ba lho re a li za do para a sua di vul ga ção. A diretoria do Salão apresentou o concurso em diversas capitais brasileiras e da América Latina, sempre aproveitando eventos para designers ou feiras setoriais da indústria moveleira; realizou também uma forte divulgação por meio de mídia em revistas especializadas em design, além do envio de folders, teasers e boletins eletrônicos. “A cada edição, o Salão cresce e se supera, pois as diretorias organizadoras estão sempre trabalhando para alcançar novas metas e fortalecer o design junto ao setor de móveis”, completa Bertolini. A comissão julgadora da atual edição do prêmio é composta pelos designers Ivens Fontoura, PR; Eduardo Naso, Argentina; Daniel Domingues, Uruguai; Paulo Muller, RS; e José Merege, SP. O décimo Salão Design Movelsul oferecerá 60 mil reais em prêmios aos vencedores. Além disso, os projetos destaca dos fica rão expostos em local privilegiado em um estande de 900 metros quadrados, na Movelsul Brasil, que se realizará de 13 a 17 de março de 2006, em Bento Gonçalves, RS. "Os projetos enviados para esta edição tem, na sua grande maio ria, a pre o cu pa ção com as pos si bi li da des pro du ti vas. Os con cor ren tes co me çam a en ten der que os or ga ni za do res são mo veleiros e seus objetivos, práticos. Isto é bastante positivo. Dessa forma, o profissional de design tem sua valorização asse gura da dentro das empresas, pois é isto que os empresários querem: criativida de e via bilida de de produção", afirma o professor Eduardo Naso.
NÚMERO DE INSCRITOS EM 2005 PROJETOS INSCRITOS POR ESTADO BR ASILEIRO Rio Grande do Sul
161
São Paulo
159
Rio de Janeiro
131
Paraná
78
Santa Catarina
54
Minas Gerais
44
Distrito Federal
19
Espírito Santo
18
Goiás
14
Paraíba
12
Bahia
10
Pará
8
Maranhão
8
Acre
7
Pernambuco
7
Alagoas
4
Mato Grosso
3
Amazonas
3
Ceará
2
PROJETOS INSCRITOS POR PAÍS DA AMÉRICA L ATINA Argentina
122
Chile
74
Colômbia
51
Uruguai
41
México
31
El Salvador
12
Peru
5
Bolívia
1
Equador
1
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LONDRES: ONDE GERMINA O DESIGN A Se ma na do De sign em Lon dres, li de ra da pela fei ra 100% De sign, re a li za da de 22 a 25 de se tem bro, é um es tí mu lo para a re no va ção, uma aber tu ra de men tes para quem vive no “mundo do design”
Maria Helena Estrada Criatividade, sinônimo de liberdade e re-
mobiliário e à iluminação.
beldia, se esparrama pelas ruas, invade as
O caminho para os jovens? Alta sabedoria e bai-
lojas, passeia de “riksha” pelo Soho. Em
xa tecnologia. E a proposta de novas formas de
Londres, quem é “cool” se traveste, cria
vida – cada vez mais livres e criativas. Como no Brasil,
produções fantásticas sobre o próprio
muito polipropileno e muita ironia.
corpo, individualiza sua conduta. E
Tendências? O material de eleição, cortado a laser ou com
esse misto multicultural de rebeldia,
tesoura, moldado, é o feltro – do tapete às bolsas e ao mo-
de re-enfoque do mundo e da vida, se re-
biliário. Outra tendência visível é a tentativa de transfor-
flete no design. Primeiro, nos projetos dos jovens, que
mar o velho, pesadão sofá, em estruturas cada vez mais
aos poucos são assimilados pela indústria.
leves. Cores? Sim, mas discretas. E um certo minimalis-
Aspirantes a designers, de todo o mundo, vêm estudar
mo no desenho continua se contrapondo ao móvel e às
na GB, e é aqui mesmo que germina o novo design, do
luminárias cenográficas, de forte presença formal.
“product” ao “fashion”.
A surpresa? Uma nova cadeira de Ron Arad, imaginem
100% De sign e suas ra mi fi ca çõ es – 100% De tail,
vocês, em madeira! O mestre da tecnologia com mate-
Designersblock, 100% East – na paralela com 100%
riais artificiais trabalha com o laminado curvado. O mo-
Garanteed, em lojas e galerias, dão vida à semana lon-
delo é aquele que vem repetindo-se nas suas versões
drina do design. Semana de céu azul permitiu a per-
em aço, em fibra de vidro, em Corian... Muda-se o ma-
formance de Tom Dixon em Trafalgar Square, onde o
terial, não a forma, que passa a ser consequência da
designer preencheu a praça e alinhou, de forma con-
natureza da matéria utilizada.
tínua e sinuosa, bancos em percintas elásticas azuis,
A grande mola propulsora nos caminhos do design – e
em referência às suas novas cadeiras.
não apenas na Inglaterra? O projeto “jovem” em contra-
Não é a indústria britânica a responsável pela fama
posição àquele institucionalizado, das indústrias de
crescente do design inglês, mas seus profissionais.
maior porte. Mas mesmo este é gradativamen-
Além de Dixon, Ron Arad e Ross Lovegrove são os “great
te contaminado pelas novas idéias, pelos no-
brits”, seguidos de Bergne, Irvine, Hilton, Morrison, Os-
vos viveres, pelas novas sementes do
gerby, Young, entre outros, que desenham para empre-
jovem design, ou seja, do futuro
sas em toda a Europa. Mathmos, SCP, Inflate, Modus
e suas prementes, emer-
são algumas das raras indústrias inglesas dedicadas ao
gentes necessidades.
No alto da pá gi na, ca dei ra Blue Rib bon, de Tom Di xon, em per cin tas elás ti cas. Aci ma, à es quer da, ven ce do ra do prê mio Blu e print 2005, a ban que ta Mi u ra, de Kons tan tin Grcic para a Plank, em po li pro pi le no re for ça do. No pé da pá gi na, pol tro na Three Skin Chair, de Ron Arad, em ma dei ra la mi na da cur va da, no es tan de da Mo ro so. Tom Di xon, na página ao lado, foi a es tre la da se ma na lon dri na do design. Em alu são à ca dei ra Blue Ribbon (no alto desta página, à direita), fo ram insta la das deze nas de assentos contí nu os na Tra falgar Squa re, no centro de Lon dres
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Gideon Hart
19 ARC DESIGN
Baba Vacaro Baba Vacaro
Aci ma, à es quer da, Su per na tu ral Chair, de Ross Love grove, na co le ção Mo ro so, uti li za tec no lo gia de pon ta. Na sequência, es tan de ce no grá fi co da Mo ro so de li mita do pe las ca dei ras/pufe Oso rom, de Grcic na mostra 100% East. Abai xo, lustre feito com deze nas de pe que nos obje tos em plásti co, design Stuart Hay garth, na mos tra Desig ners block
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Baba Vacaro
Fi bra óti ca, vi dro so pra do, aço po li do, nylon, po lí me ros, vi dros di croi cos e fi nas te las me tá li cas são o ma te rial de tra ba lho da desig ner in glesa Sha ron Mars ton. O lus tre Ple at (aci ma, à es quer da) uti li za tra mas de nylon, fi la men tos bri lhan tes e fi bra óti ca. Na sequência, a meio ca mi nho entre o ar tesa nal e o in dustrial, pro je to do estú dio inglês CO/EX, lu mi ná ria Wal king Ali Ba Ba, em fio elé tri co re vestido de algo dão e resi na. Abai xo, a lu mi ná ria que res pi ra, So lar ple xus, design John Wis chhu sen na Desig ners block, em duas con fi gu ra çõ es, e ao lado, o “pul mão” Bre a the
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A idéia de visitar a 100% Design exerce um certo fascínio, especialmente ao se pensar na contribuição britânica sobre o tema ao longo do século 20. Afinal, foi lá que tudo começou. Lá, o primeiro país com capitalistas e proletariado, apareceram as primeiras fábricas e os primeiros designers. Lá também se viu florescer o design da experimentação depois da Segunda Guerra Mundial, a proposta da mobília de baixo custo, as primeiras butiques de estilo de vida de Terence Conran e Mary Quant nos anos 1960. A partir de Londres, movimentos vindos das ruas invadiram todas as esferas da criatividade. Isso faz pensar na influência que o modo de vida exerce sobre o resultado, sobre os produtos, sobre a inspiração do designer inglês. No London Design Festival, o melhor de tudo que se vê tem um forte caráter vivo, experimental. Perante um mundo tão pasteurizado fica claro que o especial interesse em se visitar o evento é mergulhar nesse universo multicultural, sentindo-o penetrar nos poros feito a umidade do ar londrino. Shoreditch é o lugar certo para abrigar exposições como 100% East, Designersblock, Design UK. Mais que um simples caldeirão de etnias e influências, uma mistura de passado e futuro, representado pela visão da efervescente Brick Lane, tendo ao fundo a sóbria City com seu Norman Foster estalando de novo. Contraste que não poderia estar melhor em nenhum outro lugar do mundo. Lá a globalização não pasteuriza nem achata. Apenas existe. Baba Vacaro
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Abaixo, banqueta e ca dei ra Évo ra, es tru tu ra em alu mí nio, re ves ti da com lâ mi nas de cor ti ça e es pu ma “zo te fo am”, ma te ri al eco ló gi co, design do es tú dio in glês Dois trin ta, de Si mon Mount e Mi guel Cu nha. No pé da página, pro je tos do es tú dio Hive: ca dei ra Cir cu la ti on “es to fa da” com seg men tos cir cu la res de fel tro en cai xa dos em uma es tru tu ra em for ma de ni nho de abe lhas; ca pas de fel tro para ca der nos que po dem ser car re ga dos como bol sas
Acima, lu mi ná ria Eclip se, da Math mos, em duas versõ es: Eclip se So lar, que re fle te todo o es pec tro do po ente; e Eclip se Lu nar, que captu ra as co res do céu no tur no e as re frac ta em tons fri os em vol ta da es fe ra de vidro pra ta. Uti li za LEDs e, de pen den do do ângu lo, pro duz eclip se to tal. Ao lado, na ga le ria Ra bin Hage, va sos tra ba lha dos com gar ra fas va zias de cham pa nhe e vi nho, design Tord Bo ont je e Emma Wof fen den, de 1997, foram re to ma dos e estão sen do pro du zidos por uma co mu nida de na Gua te ma la. Gra dua da em 2005, Ja net te Mat thews se es pe cia li zou em Te cidos Mul ti mí dia. Abaixo, te cidos cor ta dos a la ser e ma ni pu la dos para pro du zir su per fí ci es tridi men si o nais. No pé da página, bol sas em fel tro in dustrial em di fe rentes den sida des e es pessu ras, cor ta das à mão
Baba Vacaro, Marcos Sancowski, Olivier Raffaelli e Maria Helena Estrada, editora de ARC DESIGN, visitaram a London Design Week a convite do Consulado Britânico em São Paulo
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Nelson Kon Nelson Kon
Acima e ao lado, luminária pendente Bossa, 1º lugar na categoria Iluminação. Para lâmpada incandescente até 100W ou halógena até 150W, possui refletor com acabamento interno em branco e controle de ofuscamento ob tido por meio de um anteparo posicionado na par te inferior da luminária, o qual atua como contrapeso, permitindo diferentes efeitos de luz (direta ou difusa) conforme o refletor é deslocado para cima ou para baixo. Acabamento ex terno em branco fosco, titânio ou preto. Design Fernando Prado (São Paulo) para a Lumini, 2005
19º PRÊ MIO DE SIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA
EM TOR NO AO DE SIGN Nesta edição, em vez de escrevermos uma crítica sobre o 19º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, escolhemos reproduzir algumas definições, algumas reflexões sobre o design internacional que, acreditamos, poderão trazer maior clareza à essência, aos objetivos e às responsabilidades do design contemporâneo Da Redação
“Todo pensamento digno desse nome precisa, de agora em diante, ser ecológico.” Lewis Mumford, citado por Victor Papanek em “The Birth of a New Aesthetic”, artigo publicado no catálogo da mostra Re(f)use (Arango Foundation, 1996) Ao lado, esta ção mó vel para check-out de va rejo, 1º lugar na ca te go ria Equi pa mentos Ele tro e le trô ni cos. Mó vel in de pen dente, com ro dí zi os, pode ser aci o na do e co lo ca do para fun ci o nar com ra pidez em mo mentos de su per lo ta ção do va rejo, evitan do engar ra fa mento nas ope ra çõ es. A versão mais com ple ta in clui dis play touch-scre en para o ope ra dor; dis play de vi sua li za ção para o con su midor; PIN-pad para dé bito ele trô ni co; im presso ra fis cal; im presso ra para che ques; scan ner em bu tido (tam bém dis po ní vel na versão de mão); por ta sa cos e em ba la dor; re co nhe ci mento do ope ra dor via im pressão digital; es pa ço para pu bli cida de; gave ta para di nhei ro com co fre; re gu la gem de al tu ra ele trô ni ca. Uti li za tec no lo gia wi re less para co mu ni ca ção com a worksta ti on. Design Guto In dio da Costa, Ca mi la Fix e Fe lippe Bi cu do (Rio de Ja nei ro) para a Itau tec
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Acima, caixa para correspondência Boas Novas, 2º lugar na categoria Novas Idéias / Conceitos. Em polipropileno translúcido (permite a visão do interior sem a necessidade de abrir), possui uma por ta que facilita a retirada da correspondência e pode ser fixada em todos os tipos de por tões existentes no mercado. Design André de Andrade Peluchi e Emanuele de Cássia Azevedo (São Paulo), 2005
“A cu ri o si da de é o ins tru men to prin ci pal de nos so tra ba lho. Todo o res to vem de pois.” Pao lo Uli an, no li vro “Sale Fino: nu o vi sa po ri dal de sign ita li a no” (Edi to ra Abi ta re Se ges ta, Mi lão, 2005)
Aci ma, gra va dor de Hol ter di gi tal Car di o Light, 2º lu gar na ca te go ria Equi pa mentos Ele tro e le trô ni cos. Uti li za car tão de me mó ria Se cu re Di gi tal, do ta ma nho de um selo de cor reio, o que re presen ta um sal to tec no ló gi co em re la ção aos apa re lhos ana ló gi cos. A au sên cia de par tes me câ ni cas mó veis per mi te di mi nu i ção de ta ma nho e me lho ra da qua li da de da grava ção. O Car di o Light reú ne avan ços ele trô ni cos que per mi tem ob ter alta pre ci são dos re gis tros ele tro car di o grá fi cos num grava dor de Hol ter de design ergo nô mi co, mais con for tá vel para quem deve car re gá-lo por 24 ho ras. Design Ja cob Breur, Mar ce lo Fa bia ni e Fa bio Puc ca de Avel lar Pi res (São Pau lo) para a Car dio Sis te mas, 2005
“Talvez o design seja apenas uma questão de permeabilidade em relação ao que nos circunda: deixar escorrer, não procurar imediatamente respostas, não estabelecer definições, não reconduzir a totalidade a esquemas prefixados. Não utilizar palavras velhas para descrever o que é novo.” Giu lio Ia chet ti e Mat teo Rag ni, no li vro “Sale Fino: nu o vi sa po ri dal de sign ita li a no” (Edi tri ce Abi ta re Se ges ta, Mi lão, 2005)
“O im por tan te não é a na tu re za das re gras do de sign, por que es tas mu dam com o tem po, mas o va lor da idéia por trás do de sign.” Renny Ramakers & Gijs Bakker, no livro “Droog Design, Spirit of the Nineties” (010 Publishers, Rotterdam, 1998)
À direita, estante para Dia na B., 1º lugar na ca te go ria Mo bi li á rio. Pra te lei ras em MDF cer ti fi ca do, en ca be ça do com teca ma ci ça cer ti fi ca da, de re flo resta mento, e fo lhea do em teca. Se pa ra do res estru tu rais em aço inox ma ci ço. Cin co pés com sa pa tas re gu lá veis. Design Álvaro Wol mer (São Pau lo) para a Casa 21, 2005
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Aci ma, te cido ter mo-resistente, 2º lugar na ca te go ria Têx teis e Re vesti mentos. Ur dido e te cido em tela pla na. Ur didu ra em PVC es pe cial (105ºC), tra ma com fitas de ce le ron (150ºC) e tu bos de fe no lite (150ºC). Feito com ma te riais iso lantes elé tri cos e iso lantes tér mi cos, o te cido pode ser uti li za do como manta para lu mi ná rias e para re vesti mentos, com pro te ção ter moelé tri ca que resiste até 105ºC. Design Ma ria Re gi na Mar ques (São Pau lo)
“Não es ta mos pro cu ran do es ti lis mos – o mun do se move ape nas quan do so mos ca pa zes de mu dar o sig ni fi ca do de nos so en tor no.” Mar cel Wan ders, no li vro “Wan ders Won ders, De sign for a New Age” (010 Pu blis hers, Rot ter dam, 1999)
“Ao de sign ca be rá a ta re fa de evi tar igual men te a pe nú ria e o des per dí cio, a in su fi ci ên cia e a re dun dân cia da in for ma ção.” Giulio Carlo Argan, no livro “História da Arte como História da Cidade” (Editora Martins Fontes, São Paulo, 2005)
PREMIADOS NO 19º PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA CATEGORIA MOBILIÁRIO 1º lugar: Estante para Diana B., design Álvaro Wolmer (São Paulo), produção Casa 21 2º lugar: cadeira Terceira, design Luciana Martins e Gerson de Oliveira (São Paulo), produção Ovo Menção honrosa: poltrona Mandacaru, design Baba Vacaro (São Paulo), produção Dpot Menção honrosa: cadeira Minas, design Ivar Siewers (Belo Horizonte, MG), produção Steel Inox CATEGORIA UTENSÍLIOS 1º lugar: Huevos Revueltos, design Luciana Martins e Gerson de Oliveira (São Paulo), produção Ovo 2º lugar: cabideiro Giro, design Alfio Lisi (Leme, SP), produção Artífice Arte Design Mobiliário Menção honrosa: Box in the Box, design Luciana Martins e Gerson de Oliveira (São Paulo), produção Ovo Menção honrosa: organizador para espaguete e arroz Bi, design Renato
Solio e Roque Frizzo / Uaná Projetos e Inovações (Caxias do Sul, RS), produção Martiplast CATEGORIA ILUMINAÇÃO 1º lugar: luminária Bossa, design Fernando Prado (São Paulo), produção Lumini Menção honrosa: luminária Zech, design Freusa Zechmeister (Belo Horizonte, MG), produção Iluminar Menção honrosa: luminária Coluna Terrazza, design Cíntia Palenzuela, Fernando Pastana e Raquel Farias (São Paulo), produção Ella Design em Iluminação Ltda. CATEGORIA TÊXTEIS E REVESTIMENTOS 1º lugar: Coleção Mallarmé, design Isabela Vecci (Belo Horizonte, MG), produção Terra Revestimentos Ltda. 2º lugar: Tecido Termo-resistente, design Maria Regina Marques (São Paulo), produção MR Arte Têxtil & Design Menção honrosa: tapete de feltro em lã natural, design Maria Regina Marques (São Paulo), produção MR Arte Têxtil & Design
À esquerda, ca bi dei ro Giro, 2º lu gar na ca te go ria Uten sí li os. Com pos to por fi xa dor para teto ou pa re de, cor dão de po li és ter, bra ços me tá li cos cur vos, re gu la dor de al tu ra para os bra ços e pên du lo me tá li co. Para ins ta lar, pren de-se o fi xa dor com bu chas e pa ra fu sos e re gu la-se a al tu ra do cor dão, cor tan do-o e dan do um nó em cada pon ta para que o pên du lo fi que sem to car o chão. De pois, é só des li zar os bra ços pelo cor dão até a al tu ra dese ja da e aper tar o pa ra fu so do re gu la dor de al tu ra. Para a uti li za ção sem o pên du lo, pren de-se o fi xa dor de solo com bu chas e pa ra fu sos no chão. Design Al fio Lisi (Leme, SP). Abaixo, ca bidei ro Hue vos Re vu el tos, 1º lugar na ca te go ria Uten sí li os. O pro je to, de 2000, par te do con ceito de des lo ca mento da fun ção das bo las de bi lhar de seu contex to origi nal, al te ran do seu ta ma nho e pla no de apoio. Design Lu cia na Mar tins e Gerson de Oli vei ra (São Pau lo)
“Ca ros ca pi tães da in dús tria, vol tem a ar ris car e a so nhar, abrin do as por tas às no vas in te li gên ci as, às no vas tem pe ra tu ras va ri á veis do mun do. (...) O que fal ta é aque la co ra gem e aque la pai xão.” Bep pe Fi nes se, no li vro “Sale Fino: nu o vi sa po ri dal de sign ita li a no” (Edi tri ce Abi ta re Se ges ta, Mi lão, 2005)
CATEGORIA EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS 1º lugar: Check-out Sta ti on, de sign Guto In dio da Cos ta, Ca mi la Fix e Fe lip pe Bi cu do – In dio da Cos ta De sign (Rio de Ja nei ro), pro du ção Itau tec 2º lugar: Holter CardioLight, design Jacob Breur, Marcelo Fabiani e Fabio Pucca de Avellar Pires – DI Design Industrial (São Paulo), produção Cardio Sistemas Menção honrosa: Brastemp You, design Mario Fioretti e equipe de design da Multibrás (São Paulo), produção Multibrás CATEGORIA EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO 1º lugar: válvula Duo Flux, design Regis de Carvalho Romera e Laércio Oliveira de Figueiredo (São Paulo), produção Deca Menção honrosa: tanque Tigre, design Gustavo Chelles e Romy Hayashi, com a colaboração de Bruno Kimura Castanha e Felipe Ferreira Martins – Chelles & Hayashi Design (São Paulo), produção Tigre Menção honrosa: válvula Slim, design Regis de Carvalho Romera e Ana Lúcia de Lima Pontes Orlovitz (São Paulo), produção Deca
CATEGORIA NOVAS IDÉIAS/CONCEITOS 1º lu gar: li xei ra para co le ta se le ti va de re sí du os só li dos, de sign Adri a no Car va lho (Belo Ho ri zon te, MG), pro du ção 3E In dús tria de Uten sí li os 2º lugar: caixa para correspondências Boas Novas, design André de Andrade Peluchi e Emanuele de Cássia Azevedo (São Paulo) Menção honrosa: rodas Scorro S-171, design Questto Design (São Paulo), produção Rodas Scorro Indústria e Comércio Ltda. CATEGORIA TRABALHOS ESCRITOS 1º lu gar: “O design brasileiro antes do design: aspectos da história gráfica, 1870-1960”, de Rafael Cardoso (org.), editado pela Cosac Naify 2º lugar: “Mobiliário na habitação popular: propostas para apartamentos produzidos em larga escala pelo poder público no Estado de São Paulo”, de Renato Santomauro Menção honrosa: “Entre a razão e o senso comum: uma análise morfológica do espaço da arquitetura moderna através do discurso de quem habita”, de Sérgio Sudsilowsky
DESIGN EM QUATRO ELEMENTOS Terra, água, fogo e ar. Os quatro
Winnie Bastian “A natureza é um tema muito próximo ao espírito sueco, e
elementos da natureza foram o tema da
os designers se inspiram nela.” A afirmação é da designer industrial colombiana Margarita Matiz Bergfeldt, radica-
mostra “Elementos Suecos”, apresentada pela Embaixada da Suécia e
da há sete anos na Suécia. Foi a partir da veneração que os suecos têm pela natureza que Margarita, curadora da exposição itinerante “Elementos Suecos”, teve a idéia de
pelo Swedish Institute na 6ª Bienal
estruturar a mostra, que conta com 84 produtos, a partir dos quatro elementos: terra, fogo, água e ar.
Internacional de Arquitetura, em São Paulo
A idéia era expor peças de diferentes naturezas e conce-
Nas duas páginas, produtos vinculados ao elemento “fogo”. Aci ma, à es quer da, te cido ter mossen sí vel: a estam pa muda con for me a tem pe ra tu ra, inte ra gin do com o usu á rio; design Lin da Wor bin. Na se quên cia, o pro tó ti po de equi pa mento para pi que ni que Togo com bi na re frige ra dor (na par te in fe ri or) e grill (em cima, sob a tam pa), tendo ain da es pa ço para pra tos e ta lhe res. Abai xo, Fi reste el, emite uma faís ca de 3000 oC, su fi ci ente para ge rar fogo em qual quer tem pe ra tu ra ou al titu de – des de que asso cia do a ma te riais in fla má veis, como pa pel pi ca do ou ser ra gem. Tra ba lha com a mes ma eficiência quando molhado e pode ser usado como sinal de emergência graças ao alto brilho de sua faísca. No pé das duas páginas, luminária Flamma, design Carl Öjers tam para a rede Ikea. No cen tro da pá gi na ao lado, Melt, ob je to em vi dro com múl ti plas fun çõ es: vaso, cas ti çal, re ci pi en te para pe tis cos, centro de mesa; design Marga rita Ma tiz Berg felt. No alto, vista ge ral da ex po si ção na 6ª BIA, com a bar rei ra Noaq em pri mei ro pla no
bidas para públicos bastante diversos, de modo a mostrar o design sueco da forma mais ampla possível, incluindo desde produtos artesanais a outros altamente industrializados, passando até mesmo por obras de arte. Móveis, equipamentos de segurança, ferramentas, objetos decorativos, embalagens, equipamentos esportivos, tecidos, meios de transporte, equipamentos para reabilitação: o contraste entre os produtos – unificados pela temática dos quatro elementos – fazia parte da estratégia para mostrar o poder do design sueco, e também
Nesta página, itens relacionados ao elemento “ar”. Acima, selos comemorati vos ao ano do design na Suécia reproduzem, de forma estilizada, ícones do design nacional; projeto de Lars Sjöblom. Abaixo, à esquerda, caixa de alimentos desenvol vida por Margarita Matiz Bergfeldt para a Agência Espacial Européia (ESA): além de ex tremamente leve (cada quilo enviado ao espaço tem alto custo), reproduz figuras lúdicas com a intenção de humanizar o cotidiano dos astronautas. À direita, aspirador Oxy3, design Esbjörn Svantensson para a Electrolux: devolve o ar aspirado ao ambiente, após purificá-lo em 99%
ressaltar como o design está incorporado ao cotidiano dos ha bi tan tes da que le país, não se res trin gin do a se to res es pe cí fi cos ou a ex tra tos so ci ais pri vi le gia dos. A importância do design na Suécia é reforçada pela promoção, em 2005, do Ano do Design, iniciativa do governo que busca aumentar a consciência, por parte da população, da contribuição que o design pode dar à sociedade. ❉ Para mais detalhes sobre a exposição, visite o site: http://www.nopicnic.com/elementos/Elementos_Suecos.html
Acima, Noaq, barreira temporária contra inundações, inventada por Sigurd Melin. Trata-se de um tubo inflável, feito em plástico refor çado, e que possui, em toda a sua ex tensão, uma “saia” que impede a água de avançar. À medida que o nível da água começa a subir, a saia é pressionada firmemente contra o solo, ancorando o tubo. É o que o fabricante chama de “princípio do aparador de li vros” (ele dá supor te aos li vros, mas é mantido no lugar pelo peso dos mesmos). Nas ex tremidades do tubo, zíperes permitem a conexão entre módulos para formar uma cadeia, até atingir o comprimento necessário. O produto recebeu o prêmio SKAPA, distribuído anualmente às três principais invenções suecas
Acima, E/S Orcelle, protótipo de navio ecológico para transpor te de carros, apresentado na World Expo 2005, em Aichi, Japão: uma combinação de energia eólica, solar e obtida a par tir das ondas dão energia à embarcação; design No Picnic para Wallenius Wilhelmsen. À esquerda, britadeira hidráulica Cobra MK1, de Björn Dahlström para Atlas Copco, recebeu diversos prêmios por seu design ergonômico (reduz drasticamente o nível de vibração) e ambientalmente correto (não utiliza ligas metálicas pesadas e todos os componentes possuem informação sobre os procedimentos de reciclagem). Abaixo, Balansplatta, acessório para reabilitação física: o usuário coloca a plataforma sobre o chão e, ao equilibrar-se sobre ela, exercita músculos e tendões; design No Picnic para Otto Bock Scandinavia AB
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MAISON & OBJET
Nes ta pá gi na, lu mi ná rias da co le ção En tre li nhas, design José Mar ton. Exe cu ta das em lâ mi nas de me ta cri la to jus ta pos tas, as pe ças possu em uma de li ca da téc ni ca de fa bri ca ção, que vem sen do aper fei çoa da pelo desig ner há cer ca de qua tro anos
O mais im por tan te even to fran cês do cir cu i to do de sign in ter na ci o nal acon te ceu en tre 2 e 6 de se tem bro. Na vi si ta à fei ra, des ta ca mos a pre sen ça de pro fis si o nais bra si lei ros es pe ci al men te con vi da dos e uma nova em pre sa bel ga que apos ta em pro du tos com fina iro nia
Winnie Bastian Nesta edição da Maison & Objet, a mostra “Talents a la Carte” elegeu como tema o design brasileiro: Bernando Senna, Domingos Tótora, Estúdio Manus, José Marton, Rogério Rykovsky e Rô Thibau foram os representantes do design nacional, e fizeram bonito. Além de chamarem a atenção dos visitantes, os produtos – e designers – atraíram o olhar da mídia especializada. Marton foi um deles, com a coleção Entrelinhas, executada por um processo delicado e exclusivo de aperfeiçoamento contínuo. O designer paulistano concedeu entrevistas a revistas da França (12!), da Bélgica, da Inglaterra e do Japão. Uma excelente oportunidade para a difusão do bom design brasileiro. O trabalho de Domingos Tótora também merece destaque. Instalado na pequena cidade de Maria da Fé (MG), Tótora desenvolve suas peças “inspirado pela natureza” e escolheu o papel reciclado como material, seja ele Kraft, jornal, papelão ou mesmo sacos de ci© Craig Pinneau
mento. Seu trabalho criativo transforma a matéria “pobre” em objetos valiosos. O outro destaque escolhido por ARC DESIGN é a jovem empresa Vlaemsch, fundada recentemente pelo designer Casimir, um dos mais destacados profissionais belgas de sua geração. Humor, simplicidade, solidez e qualidade produtiva estão entre os princípios da Vlaemsch, que edita produtos de designers de qualquer lugar do mundo, “desde que coerentes com a nossa filosofia”, explica Casimir. Atenção nele... ❉
Aci ma, centro de mesa Fri so, cria ção de Do mingos Tó to ra em jor nal e pa pel Kraft re ci cla dos. No centro, a pra te lei ra Brac kets In clu ded, edita da pela Vlaemsch, na qual a “mão francesa” já é incorporada à peça: “Eu queria criar um efeito de fusão entre a prateleira e o seu apoio, mas mantendo os traços deste pro cesso”, ex pli ca o desig ner Sylvain Wil lenz, au tor da peça. No alto, bol sa Bo ot bag, cria da pela jovem desig ner belga Sas kia Mar cot ti e tam bém lan ça da pela Vlaemsch: “o mí ni mo de es for ço com o má xi mo de efeito”
33 ARC DESIGN
EXPERIMENTA DESIGN 2005 O papel do design como meio (e matéria) de comunicação foi o tema da terceira Bienal de Lisboa, a Experimenta Design (EXD), que aconteceu entre 15 de setembro e 30 de outubro. Durante esse período, o que era para ser somente tema – “O Meio é a Matéria” – tomou as ruas, envolveu as pessoas em suas relações comunicativas e inverteu papéis: a EXD passou a olhar o público como se este fosse o repositório a partir do qual toda a programação da bienal pudesse se erguer. A experiência do design – mais que sua simples observação – esteve ao alcance de quem passasse por Lisboa 34 ARC DESIGN
Na pá gi na ao lado, no alto, car taz da Ex pe ri men ta Design, ex plo ran do efei tos óti cos com a so bre po si ção de tra mas (moi ré), cria ção de Nuno Luz; no pé da pá gi na, sa lei ros e pi men tei ros fei tos de gar ra fas re ci cla das e cor ti ça; design João Sa bi no. Nes ta pá gi na, “Pro jec to La.Ga”, design Jorge Moi ta e Da ni e la Pais: acima, bol sa em Tyvek, ma te rial com fi bras de po li e ti le no de alta den si da de, e que com bi na pro pri e da des do pa pel, do fil me plás ti co e do te ci do. Abai xo, ilus tra çõ es mos tram al gu mas possi bi li da des de es tam pas na bol sa
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Fotos acervo ARC DESIGN
Aci ma, mesa-li vro, integrante de exposição paralela organizada por Fernando Brízio, Miguel Vieira Batista e galeria Cristina Guerra; design Miguel Vieira Batista. Abai xo, su ti le za no es pre me dor du plo de fru tas, em faian ça: o sumo se con cen tra na de pressão e es cor re suave men te até o copo; cria ção do co le ti vo por tu guês Da sein. No pé da pá gi na, a “sub ver são” do bal di nho de plás ti co pelo uso da porcelana e das al ças de cou ro: bal de “chi que”, da Cal Design
Redigido por Rita Monte a partir de informações fornecidas por Fernanda Sarmento Esta edição da bienal foi protagonizada pelo design de comunicação. Não por acaso, uma das mais interessantes exposições foi a Catalysts, que compreende este segmento do design como elemento catalisador do sucesso no processo comunicativo – veja na próxima edição de ARC DESIGN matéria sobre o evento. Quatro exposições somaram-se à Catalysts para compor um quadro multiangular de design e arquitetura contemporâneos: [P], uma coletânea da produção do design português – produto, gráfico, editorial, de moda; S´Cool Ibérica, uma seleção do que há de bom e novo na produção acadêmica de Portugal e Espanha; Casa Portuguesa, que apresentou novas propostas em habitação feitas por escritórios de arquitetura nacionais; e “My World, New Crafts”, responsável por abordar o diálogo possível entre artesanato e produção industrial no design. A reflexão proposta pela EXD foi reforçada pelos debates ocorridos nas conferências e “open talks”, logo nos primeiros dias da programação. Profissionais renomados conduziram a parte “verbal” da Bienal de Design, mostrando seus trabalhos: Rudy Vanderlans, designer gráfico holandês, co-fundador da revista Emigre; Stefan Sagmeister, designer gráfico austríaco radicado em 36 ARC DESIGN
Acima, à esquerda, aplicação do feltro, material que caiu no gosto dos europeus, revestindo um banco; design Miguel Vieira Batista, da ex po si ção “My World, New Crafts”. Na se quên cia, re leitu ra da cai xa de cor reio – antes que vire peça de mu seu: em cha pa de aço e po li car bo na to, a “Mail box Mail Me” foi desen vol vi da na Fabrica, escola da Be net ton: design Rita João e Pe dro Fer rei ra, fa zia par te de [P]
N. York, onde fundou a Sagmeister Inc. e produziu diversos trabalhos na área de encarte de LPs e CDs para bandas como Rolling Stones e Talking Heads; Renny Ramakers, designer e historiadora do design, co-fundou a Droog Design, empresa aberta aos recém-formados; Massimiliano Fuksas, arquiteto italiano, vencedor de diversos prêmios, entre eles o “Vitruvio International a la Trayectoria”; Eduardo Souto de Moura, premiado arquiteto português; Philippe Starck, francês, designer de produto que também atua na arquitetura, tendo realizado projetos para empresas como Alessi e Microsoft; e John Thackara, teórico inglês autor do livro “In the Bubble: Designing in a Complex World”.
“Pro jec to 01” é a pro posta da em presa Atlantis para desig ners por tu gueses e es tran gei ros cria rem pro du tos em cris tal sob o tema “Qua lity for Every day Li ving” (qua li da de para a vida co tidia na): aci ma, a sa la dei ra cria da por Al fre do Ha ber li reser va es pa ço para o mo lho; abai xo, po tes de vá rias di men sõ es, ex plo ran do di fe ren tes possi bi li da des de texturas e de aca ba men tos do cris tal; design Hel la Jon ge ri us
Segundo os organizadores, o enfoque de design que o evento adotou foi o de “disciplina operativa e metodologia de trabalho que, equacionando vertentes tão distintas quanto a economia, a estética, a tecnologia, a sociologia e o desenvolvimento sustentável, se encarrega de produzir as mais adequadas respostas às necessidades da sociedade contemporânea”. Multidisciplinar por princípio, a EXD 2005 concluiu um ciclo temático iniciado com “Modus Operandi”, em 2001 – que abordou as diferentes formas de produção cultural no design, na arte e na arquitetura –, e “Muito Além do Consumo”, em 2003 – quando discutiu o papel interlocutor do designer (consumidor, espectador e utilizador). Um dos méritos da bienal foi o de dar destaque à produção nacional. O design português, um tanto desconhecido por aqui, surgiu com a força e o frescor das 37 ARC DESIGN
Foto © Maria Machado / Experimenta
O design grá fi co é bem re presen ta do nes ta pá gi na pela ti po gra fia e pelo edi to rial. Aci ma, à es quer da, sis te ma ti po grá fi co Pro jec to Morgan, cria do em 2001 para a edi to ra Fe li cia no Type Foundry, inclui 91 tipos de letras; design Ma rio Fe li ciano (Se cre to nix). À direita, capa da re vis ta Oce a nos nº 16, pu bli ca ção tri mes tral da Co missão Na ci o nal para a Co me mo ra ção dos Des co bri men tos Por tu gueses, design Luís Mo rei ra (TVM Desig ners). Abai xo, à esquerda, ca tá lo go “6=0”, do Mu seu de Ser ral ves, cria do pela R2 Design. Na sequência, abaixo, al guns mo men tos da EXD: vis ta ge ral de [P], mos tra do design por tu guês de 1990 a 2005; design da ex po si ção e do ca tá lo go de Hen ri que Ca yat te. No pé da outra página, à esquerda, en tra da da ex po si ção S´Cool Ibé ri ca, com tra ba lhos de es tu dan tes por tu gueses e es pa nhóis; à di rei ta, am bi en te de “My World, New Crafts”, com ob je tos de Fer nan do Brí zio
PRINCIPAIS EVENTOS
boas idéias. A tradição do vidro, da cortiça e da porcelana compareceu renovada no design de produto lusi-
EXPOSIÇÕES
tano em [P] – e surpreendeu. O design gráfico – excluin-
Catalysts! A força cultural do design de comunicação
do-se o webdesign e a ilustração autônoma, que não compuseram [P] – mostrou correção no uso de técni-
[P] Design de Portugal 1990-2005
cas, cores e na criatividade. ARC DESIGN aproveita a iniciativa da EXD e se permite uma “seleção da seleção”
Casa Portuguesa Modelos globais para casas locais
sobre a produção portuguesa em design gráfico e de produto, de 1990 a 2005, ilustrada nestas páginas.
S´Cool Ibérica Design emergente de Portugal e Espanha
A história e a economia em Portugal determinaram um desenvolvimento tardio do design: 48 anos de ditadu-
My World, New Crafts Autonomia e identidade no design contemporâneo
ra entravaram avanços industriais, tecnológicos, avanços na própria liberdade de expressão. No design de produtos, apesar de iniciativas pioneiras nas décadas
CONFERÊNCIAS E CICLOS
de 1930 e 1940 – que ainda mantinham a tradição do
Conferências de Lisboa e Open Talks Debates sobre design de comunicação, industrial e arquitetura
decorativismo, como no design de Daciano da Costa –,
Designmatography Ciclo de Cinema Culturgest
a produção portuguesa só ganhou maior impulso a partir dos anos 1980, quando o país aderiu à Comunidade Européia. O mesmo aconteceu com o design gráfico, que nasceu pobre em suas raízes tipográficas e sustentado
INTERVENÇÕES
pelos valores do regime de Salazar, mas progressiva-
Lounging Space Espaço de apresentação de alguns projetos tangenciais, com café, livraria, centro de informações, música e projeções
mente se abriu a influências estrangeiras, o que ocasionou maior desenvolvimento do design de comunicação.
Things I have Learned in my Life so far n.10 Intervenção urbana do designer gráfico Stefan Sagmeister
De 1980 para 2005, a produção portuguesa deu grandes saltos de qualidade. Exemplos não faltam, como a bolsa
Set it Up Instalação feita pelo designer Filipe Alarcão para a IKEA
LA.GA., em Tyvek, um não-tecido maleável e resistente – design Jorge Moita e Daniela Pais, de 2002 e Projecto Morgan, uma família de fontes tipográficas criada por
PROJETOS TANGENCIAIS Agentes culturais independentes dialogam com a Experimenta Design e contribuem para transformar Lisboa num laboratório de novos valores criativos e práticas artísticas
Mário Feliciano, em 2001. ❉
Fotos © Maria Machado / Experimenta
ARC DESIGN visitou a Experimenta Design a convite da organização do evento
ORIGINAIS: UMA COLEÇÃO DE MODERNARIATO Qual a condição básica para se dar a um móvel a designação de original? Essa resposta se encontra na mostra “Originais”, que estará até o final do ano na loja Benedixt. Um repertório de peças criadas na metade do século XX, recolhidas por Marcos Sancowsky. Reproduzimos aqui o texto de introdução ao catálogo da exposição
Maria Helena Estrada / Fotos Pergolato & Kusuki Existem cadeiras para sentar... e outras para olhar. Era isto que se dizia, por volta dos anos 1970, sobre vários modelos de mobiliário criados durante a Bauhaus, tempos da pré-ergonomia. Hoje podemos dizer que há também cadeiras para colecionar. Uma idéia que tem sua raiz e definição no conceito de modernariato. São consideradas modernas, e objeto de coleção, peças criadas desde o início do século XX, quando se instituiu o direito de autor, e os móveis passaram a ter nome e sobrenome. Permanecem na história os mais belos e significativos, seja do ponto de vista físico ou formal. O nome desta coleção, “Originais”, usa o termo em sua acepção mais ampla, com um duplo sentido: são móveis originais porque foram produzidos na época em que foram projetados (seja por seus próprios autores, seja sob a sua supervisão); são também peças originais porque, ao longo do século XX, cada uma introduziu uma inovação, ou originalidade. Tenreiro, Zanine, Sergio Rodrigues, Michel Arnoult, Lina Bo Bardi, para citar alguns nomes, propuseram uma nova estética, contaminaram e foram contaminados, criando uma linha de leitura que identifica esse mobiliário como o melhor do repertório moderno brasileiro. Joaquim Tenreiro afirmava, “Defendi o artesanato com ardor, contra a industrialização que aviltava os móveis. (...) O que fiz foi reformular a dimensão dos móveis 40 ARC DESIGN
Acima, à esquerda, cadeira cur va com varetas, em jacarandá, design Joaquim Tenreiro, 1960; na sequência, estrutura da poltrona Ouro Preto, design Michel Arnoult, anos 1960. No pé da página, banqueta anônima, uma das peças de autor desconhecido, mas de época reconhecível. Na página ao lado, no alto, poltrona Mole, design Sergio Rodrigues, 1957; embaixo, laterais de cadeiras da série Z, design José Zanine Caldas, anos 1950
usados no Brasil, porque eles eram muito desconfortá-
ao laminado, o que foi depois interrompido.
veis.” Fez muito mais. Criou, a partir da década de
Michel Arnoult, atuante até há pouco tempo, defendia
1940, a base sobre a qual se desenvolveu a estética do
uma estética de sabor levemente escandinavo e tentou
móvel brasileiro do século XX. Além do jacarandá e do
lançar no Brasil o costume do “pegue e leve”, de móveis
pau-marfim, recuperou a palhinha (que passou a ser
desmontados, mas sem muito sucesso naquele mo-
característica do móvel brasileiro), deu leveza ao mobi-
mento. Arnoult era um idealista e foi precursor de
liário. Mas atenção, esta é uma história do século XX!
muitas das idéias que hoje encontram receptividade,
Presença obrigatória, a arquiteta Lina Bo Bardi defendia
como a introdução de conceitos e materiais da estética
a vertente “pobre”, o móvel acessível a todos, e que uti-
contemporânea em móveis populares. O Peg & Lev fa-
lizava – além da madeira – estruturas tubulares, couro -
zia parte dessa mesma idéia de redução de custos, edu-
sola e lona de caminhão. O exemplar incluído na cole-
cação do consumo e ampliação do mercado.
ção “Originais” foge, no entanto, a esse filão: é a poltro-
Sergio Rodrigues, grande admirador de Tenreiro, ao
na Bowl, capa premiada da revista norte-americana
contrário deste produzia móveis mais robustos, com
Interiors em 1953, e reproposta por vários designers
sólidas estruturas. Sergio atravessa o tempo, se reno-
de forma bastante similar, mesmo na Itália. Em seus úl-
va sem que seus projetos de 1950 percam a atualida-
timos anos, Lina renegava o design, que havia, segundo
de, o sabor da modernidade brasileira – um arquiteto e
ela, se transformado em instrumento da burguesia. “O
designer que jamais se curvou às tendências européias.
móvel também tem sua moralidade e razão de ser na
A poltrona Mole é hoje símbolo do
sua própria época”, afirmava a arquiteta.
design brasileiro do século XX, e
Também da década de 1950 – época de ouro da arqui-
a cadeira Xikilin, uma releitura atuali-
tetura e do design brasileiros – é José Zanine Cal-
zada, mais leve, da poltrona Mole.
das. Autodidata, foi um dos introdutores no Brasil do
Além desses, Jorge Salszupin, Gru-
uso da madeira laminada, ou compensada. Seus mó-
po Branco & Preto, Geraldo de
veis da coleção Z eram rudimentares na construção,
Barros, e muitos outros que opta-
econômicos, e foram muito copiados. Isto acarretou a
ram pela modernidade e qualidade, criaram
tradição de um vocabulário brasileiro expresso graças
as peças do modernariato brasileiro. ❉
Ana Müller
INCORPORADAS OU REFLETIDAS? As fachadas dos edifícios quase sempre assumem as tonalidades dos materi ais de que são fei tas. Con tu do, além da de ci são téc ni ca que o re ves ti men to in cor po ra, sua cor car re ga um for te sim bo lis mo, seja no bran co do Movimento Moderno ou nos reflexos multicoloridos de obras recentes. Apesar da complexidade e abrangência do assunto, é possível pontuar momentos e obras na história da arquitetura contemporânea em que a cor assume um papel de destaque – ou discrição – no projeto Valentina Figuerola
Aci ma, de ta lhe do Mu seu Gug ge nheim de Bil bao, co nhe ci do pro je to de Frank Gehry: o re ves ti men to em ti tâ nio faz com que o edi fí cio re fli ta a luz do sol e mude de cor ao lon go do dia e das es ta çõ es do ano. Na pá gi na ao lado, am pli a ção do Mu seu Rei na So fia, em Ma drid, pro je to do ar qui te to Jean Nou vel: a su per fí cie ver me lha e bri lhan te con tras ta com a so bri e da de do edi fí cio ori gi nal, pro je ta do no sé cu lo XVI II
42 ARC DESIGN
Joaquin Cortés
www.sxc.hu
CORES DA ARQUITETURA:
Riccardo Caliban
Riccardo Caliban
Aci ma, Tor re Ag bar, pro je ta da por Jean Nou vel para a com pa nhia de águas de Bar ce lo na, Es pa nha, e inau gu ra da em se tem bro; à di rei ta, de ta lhe da fa cha da do edi fí cio, com pos ta por duas “pe les”: a pri mei ra, mais pró xi ma do es que le to em con cre to, é for ma da por cha pas de alu mí nio la quea do em di ver sos tons, en quan to a se gun da pele é for ma da por lâ mi nas de vi dro
44 ARC DESIGN
Desde que foi inaugurado, em 1997, o Museu Guggen-
escritório holandês MVRDV como exemplos de arquite-
heim de Bilbao, na Espanha, passou a ser considerado
tura “mimética”. “Eles fazem parte de uma vertente da
pelos críticos como uma das maiores obras do milênio.
arquitetura contemporânea em que os edifícios são dis-
Projetado pelo arquiteto canadense Frank Gehry, o edifí-
simulados na paisagem”, diz Guerra. Mas há exceções
cio surpreende pelas superfícies irregulares de titânio po-
– e estas certamente deveriam vir do México. O arqui-
lido que refletem as luzes, formas e cores do entorno. Em
teto Ricardo Legorreta usa e abusa das tintas em seus
dias ensolarados, ganha um tom dourado intenso. À me-
projetos, valorizando as formas com cores intensas, luz
dida que o sol se põe, matizes rosas e alaranjados tomam
e texturas. Apegado a uma palheta cromática telúrica, é
conta das formas orgânicas do edifício. Mas o que esse
considerado por muitos como o “herdeiro” de Luis Bar-
museu pode dizer sobre o uso da cor na arquitetura?
ragán, maior arquiteto mexicano do século XX. Em
Diz muito. Para o arquiteto Affonso Orciuoli, professor
uma de suas obras, a Cuadra San Cristóbal, usa pig-
da Escola Técnica Superior D’Arquitectura da Universi-
mentos derivados do rosa e azul misturados na massa
tat Internacional de Calalunya (Esarq-UIC), a arquitetu-
cimentícia para criar uma paisagem pictórica, marcada
ra, salvo exceções, vive um período em que o uso da
por muros e superfícies planas e coloridas. “Barragán
cor acontece de forma discreta. “Hoje, a cor normal-
usava as cores da tradição colonial mexicana”, explica
mente é conferida pelos materiais de revestimento”,
Roberto Segre, historiador e crítico de arquitetura.
afirma Orciuoli. “Mesmo que a forma se destaque do
A aplicação de cor por meio de pigmentos em fachadas
entorno, como é o caso do Guggenheim de Bilbao, a cor
vem de tempos remotos. Nos templos da Grécia Antiga,
se funde à paisagem”, explica.
sementes, terra e animais serviam como matéria-prima
Questionado sobre o papel discreto da cor na arquite-
para a criação de pigmentos que, no entanto, se degra-
tura contemporânea, o arquiteto e historiador Abílio
daram com o passar dos anos. Mas há registros de que
Guerra menciona os trabalhos de Emílio Ambasz, ar-
a cor servia como meio de comunicação e o homem
quiteto argentino radicado nos Estados Unidos, e do
pré-histórico já fazia uso de sangue de animais e óxido
Aci ma, sa ca da de su í te do ho tel She ra ton de Bil bao, Es pa nha, pro je ta do pe los ar qui te tos me xi ca nos Ri car do e Vic tor Le gor re ta. Mar ca re gis tra da das cria çõ es “Le gor re ta”, as co res vi bran tes tam bém mar cam presen ça nes ta obra, va lo ri zan do as for mas do edi fí cio
de ferro mineral, na forma de terra, para pintar o inte-
ram associadas à elite. Na fase pré-guerra do Movimen-
rior de cavernas.
to Moderno, Le Corbusier privilegiava o branco nos vo-
No século XX, a descoberta de aditivos valorizou a per-
lumes puros das casas cubistas (1920 / 1930). “Eram
formance técnica das tintas, sobretudo aquelas indicadas
casas de veraneio destinadas a uma elite intelectual”,
para exteriores. Cartão-postal de São Paulo, o Museu de
explica o arquiteto e professor de história da arquitetu-
Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp, projeta-
ra da FAU-USP, Paulo Bruna. Um exemplo clássico é a
do por Lina Bo Bardi, que ainda impressiona com seu vão
Villa Savoye, projeto de Le Corbusier (1929).
livre de 74 metros, somente em 1990 teve seus pilares e
No período pós-guerra do modernismo, afirma Bruna,
as vigas pintadas de vermelho, dando ao edifício uma
a coloração era dada mais pelos materiais do que pela
nova percepção na paisagem urbana. A cor havia sido de-
pintura: tijolos, concreto, madeira e pedra coloriam dis-
finida pela arquiteta na época em que realizou o projeto.
cretamente as fachadas de obras de arquitetos impor-
Na arquitetura – assim como na pintura –, a cor adquire
tantes, como Frank Lloyd Wright.
significado e dimensão simbólica de acordo com o ob-
Rietveld, que pertencia à escola holandesa De Stijl, e o
servador, o contexto e o momento histórico específicos.
catalão Gaudi foram mestres no uso da cor. O primei-
Na Roma Antiga, por exemplo, a cor púrpura, obtida de
ro, de forma discreta, e o segundo de forma acentuada,
um tipo de molusco do Mar Mediterrâneo, compunha as
em explosões cromáticas.
fachadas das construções militares e imperiais. “No pas-
Em arquitetura, muitas vezes, idéias do passado ser-
sado, a cor era considerada um artigo de luxo”, afirma a
vem de inspiração para o presente. É o caso da Torre
arquiteta Lílian Ried Miller Barros, especializada em teo-
Agbar, projeto recente do arquiteto francês Jean Nou-
rias da cor. Ela explica que, na Idade Média e na Renas-
vel para Barcelona, onde são claras as reminiscências
cença, os pigmentos, assim como as especiarias, costu-
da torre – não construída – que Gaudí projetou para
mavam vir do Oriente e eram muito caros.
Manhattan. Polêmica, pela forma fálica e pela ruptura
Mas a história mostra que nem sempre as cores estive-
que produz no tecido urbano, a obra de Jean Nouvel 45 ARC DESIGN
Nelson Kon
Aci ma, o Mu seu de Arte de São Pau lo e sua es tru tu ra ver me lha se des ta cam na mas sa ur ba na; pro je to da ar qui te ta Lina Bo Bar di. Abai xo, ca sas da fave la He li ó po lis, em São Pau lo, an tes e de pois da in ter ven ção cro má ti ca do ar qui te to Ruy Oh ta ke
pretende homenagear o mestre catalão com um espetáculo cromático produzido por placas de alumínio e lâminas de vidro em diferentes inclinações. Cores intensas, como as de Gaudí, mas mutantes, surpreendentemente conferidas por materiais incolores. Nouvel também é autor do projeto de reforma do Museu Reina Sofia, em Madri. Desta vez, o arquiteto rompe com a estética opaca do edifício original, projetado no século XVIII por Francisco Sabatinni, ao criar três edifícios envidraçados unidos por uma praça urbana coberta. Em um deles, destinado ao auditório, o arquiteto optou pelo monocromatismo ao especificar um revestimento de fibra de vidro e poliéster num tom avermelhado bastante peculiar. A conclusão? A cor é elemento fundamental na arquitetura – mesmo que esta cor seja o branco total –, e pode ser aplicada de acordo com dois partidos diversos: a expressão cromática dada pela pintura, como na arquitetura caipira brasileira, ou na recente intervenção do arquiteto Ruy Ohtake na favela Heliópolis, ou ser o resultado do reflexo propiciado por materiais como o aço, o vidro e o alumínio, próprios do vocabulário contemporâneo. ❉ 46 ARC DESIGN
UM OLHAR PARA O FUTURO
O Prêmio Masisa OSB tem como objetivo ampliar o repertório técnico dos profissionais da construção, premiando os melhores projetos de arquitetura que contemplem os painéis OSB como um elemento diferencial.
A excelente qualidade físico-mecânica e seu aspecto inconfundível, são os grandes diferenciais do OSB como matéria-prima para arquitetos, engenheiros
REGULAMENTO E FICHA DE INSCRIÇÃO DISPONÍVEIS NOS SITES: www.masisa.com.br www.iabpr.org.br www.portalosb.com.br www.vitruvius.com.br
e construtores. Nada melhor que um prêmio para incentivar as melhores aplicações para um dos melhores produtos para a construção civil.
Realização:
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6ª BIA: REALIDADE E UTOPIA A arquitetura sob múltiplos pontos de vista. A organização da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo conseguiu reunir, na 6ª edição da mostra, projetos das mais diversas naturezas, assim como arquitetos com orientações bastante distintas. Uma iniciativa apropriada à complexidade do tema “Viver na Cidade”. Quase mil projetos foram expostos, com as mais diversas escalas e propostas, de residências unifamiliares a intervenções na escala urbana, de construções concebidas para elites a projetos de interesse social, de obras que se caracterizam pela utilização de altíssima tecnologia construtiva a projetos baseados no uso de materiais alternativos e “pobres”. Graças ao grande número de maquetes e à inclusão de formas interativas de exposição (como filmes e apresentações multimídia), essa bienal se abre ainda mais para o público não-iniciado, o que não significa qualquer prejuízo, em termos de conteúdo, para os profissionais e estudantes de arquitetura. O desejo de “mostrar que a arquitetura não é exclusividade das elites, mas um serviço que está ao alcance de todos” transparece com mais força em algumas salas, como a que apresentava os projetos do norte-americano Rural Studio. Confira os destaques desta edição da bienal, na seleção de ARC DESIGN. Winnie Bastian
O ar quiteto alemão é um pioneiro na ar quitetura ecologicamente correta e sustentável. Em 1982, propôs um conjunto habitacional para Munique baseado nos princípios da ar quitetura solar moder na. Outras obras marcantes de sua autoria são um centro de exposições em Linz (Áustria), de 1993 – cujo sistema construti vo da fachada permitia o uso da luz solar sem o superaquecimento do edifício –, e uma cober tura oscilante de alta eficiência energética lançada em 1999 na feira de Hannover. Dentre seus projetos apresentados na 6ª BIA, destacamos a Solar City (página ao lado), em Linz, proposta em 1995 e executada em 2001. Trata-se de uma iniciati va da pre feitura que, em parceria com empresas construtoras sem fins lucrati vos, financiou e planejou um conjunto de 630 casas construídas com baixo uso de energia. O nome “Solar City” surgiu da premissa de utilizar a energia solar, seja diretamente, para promover o confor to térmico das edificações, seja como fonte de energia. Um método compacto de construção, fachadas com alto poder isolante, iluminação e ventilação naturais e o armazenamento de calor são características das construções. Os conceitos básicos para os edifícios foram desenvol vidos em conjunto pelos escritórios Her zog und Partner, Foster and Partners
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e Richard Rogers Partnership, e consistem em ob ter a máxima densidade permitida, variedade espacial e usos mistos, com baixo custo construti vo, de acordo com os parâmetros da habitação popular. O plano de desenvol vimento ur banístico, desenvol vido por Roland Rainer, organi za a cidade em di versos “nós ur banos” ao redor de um núcleo central que concentra a infra-estrutura educacional e de ser viços. A distância das habitações até este núcleo, e também à conexão com o transpor te público (ônibus ou bondes), não ultrapassa 300 metros, o que incenti va os moradores a andarem a pé e utili zarem transpor te público. Dentro da Solar City há principalmente ciclovias e calçadas, os carros são “banidos” para os estacionamentos sub terrâneos. Her zog ficou responsável pelo projeto das habitações de dois “nós ur banos”: leste e oeste, imediatamente vi zinhos ao centro da Solar City. Os blocos a oeste do centro, aqui publicados, possuem 13 metros de comprimento e concentram, cada um, seis habitações de diferentes tamanhos (dois a quatro quar tos). A proposta de Her zog explora diretamente o uso da energia solar, redu zindo ainda mais o baixo padrão de energia necessária para o confor to térmico do edifício, uma das solicitações iniciais do projeto.
Verena Herzog-Loibl
THO MAS HER ZOG: ENER GIA EFI CI EN TE E RENOVÁVEL
ESTADOS UNIDOS Casa Lucy
Fotos Timothy Hursley / Reproduções fotográficas Juan Guerra
SA MU EL MOCK BEE E O RU RAL STU DIO
50 ARC DESIGN
Nas ci do no Mississip pi, o ar qui te to Sa mu el Mock bee es tu dou e vi veu no Ala ba ma, onde co nhe ceu a po bre za dos ha bi tan tes do sul dos Es ta dos Uni dos. Em 1993, Mock bee fun da o Ru ral Stu dio, com uma pro pos ta in co mum: os es tu dan tes da Au burn Uni ver sity fi cam imer sos na co mu ni da de para en ten der o con tex to e a cul tu ra lo cais e, lon ge dos ha bi tuais es cri tó ri os com ar con di ci o na do e com pu ta do res po ten tes, pro je tam ha bi ta çõ es que uti li zam di ver sos ti pos de ma te rial re ci cla do e des car ta do, como pneus, cai xas de pa pe lão, feno, gar ra fas e até mes mo car pe te. As ca sas são cons tru í das em co la bo ra ção en tre os es tu dan tes e os mo ra do res da co mu ni da de, com o fi nan cia men to de uma em presa de ele tri ci da de lo cal. Um exem plo da ar quite tu ra não-con ven ci o nal e in venti va do Ru ral Stu dio é a Capela de Pneus Yancey (1994-1995), cu jas pa re des são for ma das por 900 pneus (pre en chidos com lama e re bo ca dos com con cre to),
a estru tu ra do te lha do é rea proveita da (res ga ta da de uma casa aban do na da) e o piso, re vestido com pe dras ex traí das do des fi la dei ro vi zi nho. Ain da mais in só li ta é a casa Lucy, cu jas pa re des resul tam de 72 mil la dri lhos de car pe te (so bras do pro cesso de fa bri ca ção de uma gran de fá bri ca na ci o nal) em pi lha dos e com pri mi dos por uma pesa da trave ane lar de ma dei ra. Uma sala de es tar em con cre to ar ma do ser ve como abri go de tor na dos e, aci ma dela, um vo lu me an gu lo so abri ga o quar to de ca sal, “com es pe ta cu lar vis ta da Es tre la Po lar”. A ar quite tu ra do Ru ral Stu dio “ele va o es pí rito e constrói um sen so de co mu nida de para os ha bitantes do Con da do de Hale, no Ala ba ma”, nas pa lavras de An drew Gold berg, do Ame ri can Institu te of Ar chitects (AIA). Mock bee, que mor reu em 2001, re ce beu a Gold Me dal, a mais alta hon ra do AIA, em 2004. Atual men te, o Ru ral Stu dio con ti nua seu tra ba lho sob a di re ção de An drew Fre e ar e Bru ce Lind sey.
Casa Lucy
Capela de Pneus Yancey
CHINA Bi bli o te ca da Aca de mia Chi ne sa de Ci ên ci as
TECNOLOGIA INCORPORADA A Chi na passa por uma ur ba ni za ção ace le ra da e sem pre ce den tes. Jun ta men te com a glo ba li za ção, esse fe nô me no está trans for man do suas ci da des, sua na tu re za e a pró pria cul tu ra chi nesa. Por ou tro lado, os ar qui te tos chi neses passa ram a tra ba lhar em todo o mun do, em pro je tos dos mais di ver sos ti pos. A re presen ta ção na ci o nal da Chi na nes ta bi e nal reú ne sete es cri tó ri os que dão um pa no ra ma da ar qui te tu ra con tem po râ nea desen vol vi da no país. A tec no lo gia é um ele men to ine ren te aos edi fí ci os chi neses con tem po râ ne os, e é ex plo ra da de for ma bas tan te di ver sa. Na Bi bli o te ca da Aca de mia Chi nesa de Ci ên cias, os ar qui te tos do Ins ti tu te of Ar chi tec tu ral Design & Rese arch ti ram par ti do da alta tec no lo gia construtiva para ex pressar o es pí ri to da ar qui te tu ra tra di ci o nal do país. Da pra ça (pú bli co) à es ca da ria (sa gra do), à co lu na ta (cul tu ral), ao
pá tio in ter no (tra di ci o nal), ao átrio (sim bó li co), e fi nal men te à sala de lei tu ra (fun ci o nal), os es pa ços são apresen ta dos na mes ma se quên cia do es pa ço chi nês tra di ci o nal. No edi fí cio Di gi tal Bei jing, por ou tro lado, a tec no lo gia assu me o pa pel de des ta que. O edi fí cio, com cer ca de 100 mil me tros qua dra dos, será o cen tro de con tro le de da dos das Olim pí a das de 2008. Após esse pe rí o do, o pré dio irá aco mo dar um mu seu vir tual das Olim pí a das e um cen tro ex po si ti vo para fa bri can tes de pro du tos di gi tais. “O conceito surgiu a par tir da reflexão sobre a arquitetura contemporânea na era da informação”, explicam os arquitetos do Urbanus, responsável pelo projeto ao lado do Studio Zhu-Pei. Linhas e pontos iluminados emergirão de uma superfície “revestida” por água, criando um desenho similar ao de um microchip. O objetivo é tornar o edifício um símbolo da era da informação.
Maquete eletrônica do edifício Di gi tal Bei jing
51 ARC DESIGN
Jörg Hempel
ALEMANHA Edi fí cio de es cri tó ri os Ber li ner Bo gen
MO DER NIS MO RE FLE TI VO
MÉXICO
A ex po si ção “New Ger man Ar chitec tu re: a Re flec ti ve Mo der nism”, re presenta ção na ci o nal ale mã na 6ª BIA, apresentou tra ba lhos desen vol vidos após 1990 e a reu ni fi ca ção da Ale ma nha. Além disso, apresentou dez es critó ri os que contri bu í ram de for ma sig ni fi ca ti va para a ar quite tu ra do país des de 1960. Em co mum entre as obras ex postas, a pre o cu pa ção com o contex to de cada pro je to. “Não é mais possível estabelecer se a ar quitetura é progressista ou retrógrada, mais ou menos moder na, somente a par tir de sua forma e estilo: a ar quitetura hoje pode e deve ser moder na em um contex to social – ou não é mo der na”, afir ma Ull rich Schwarz, cu ra dor da ex po si ção. A inte gra ção inte ligente à pai sa gem e a eco no mia dos re cursos na tu rais tam bém são as pec tos ob ser va dos com fre quên cia, como no edi fí cio de es critó ri os Ber li ner Bo gen, pro je to do estú dio BRT Ar chitek ten (2001). Como o edi fí cio lo ca li za-se so bre uma cister na sub ter râ nea, par te do siste ma de dre na gem de Ham burgo, os ar quite tos opta ram por uma es-
ÁGUA: FON TE ES SEN CI AL E PRO DU TI VA Nos tempos pré-hispânicos, os habitantes da região de Xochimilco (28 quilômetros ao sul da Cidade do México) mantinham balsas cober tas com terra – as “chinampas” – no Lago Xochimilco, e nelas cultivavam vegetais e flores que eram depois enviados à Cidade do México pelos diversos canais que entrecor tam a região. Com o passar do tempo, as balsas se arraigaram ao fundo do lago, formando ilhas ar tificiais. Hoje, esses canais também são percorridos por turistas, que visitam a região graças à sua beleza natural. A par tir da tradição local, os ar quitetos Julio Gaeta e Luby Springall desen-
Corte longitudinal da “Casa-chi nam pa”
52 ARC DESIGN
tru tu ra em ar cos me tá li cos para ven cer o vão sem a ne cessida de de fun da çõ es su ba quá ti cas. Onze ar cos tu bu la res em aço, fi xa dos nas margens do ca nal e atingin do 36 me tros de al tu ra, su por tam a estru tu ra. A par tir da origem, cada arco se bi fur ca em di re ção ao alto, onde se en contra com o arco vi zi nho, for man do uma rede de ar cos do iní cio ao fim da co ber tu ra. As oito la jes do edi fí cio são sus pen sas a par tir dos ar cos, o que gera an da res li vres da existên cia de co lu nas. O projeto incorpora uma série de medidas para redução de uso de energia, a começar pela cober tura, cuja pele dupla de vidro possui efeito isolante térmico. A existência de seis jardins internos, visíveis a par tir de 1.200 estações de trabalho e também da rua, facilita a ventilação, o resfriamento e o aquecimento do edifício. Além disso, a capacidade de armazenamento de temperatura da super fície exposta de concreto facilita a regulação térmica no interior da construção. O desenho da cober tura, por sua vez, capta a água da chu va, redirecionando-a diretamente ao canal.
vol veram uma nova tipologia: a “casa-chinampa”, que vem ao encontro de duas necessidades atuais: habitação e produção. Na cober tura da edificação, são plantados vegetais e flores, enquanto a par te inferior é destinada à criação de peixes. Os ar quitetos propõem a construção de 12 mil casas, número correspondente à demanda mais imediata de habitações na região. Gaeta e Springall desenvol veram este projeto especialmente para a 6ª BIA e agora irão apresentá-lo a instituições públicas e pri vadas do México, no intuito de viabilizar sua execução.
PORTUGAL Daniel Malhão
Cen tro de Co or de na ção e Con tro le do Trá fe go Ma rí ti mo do Por to de Lis boa
CONCEITO, REFLEXÃO E MATERIALIDADE Insta la da em uma das saí das de emergên cia do pavi lhão da Bi e nal, a re presenta ção ofi cial por tuguesa assu miu essa lo ca li za ção como a opor tu nida de para trans mitir sua men sa gem. “As saí das de emergên cia são, su posta mente, a liga ção mais cur ta entre ‘inte ri or’ e ‘ex te ri or’, o que no contex to da bi e nal po de rá en fa ti zar a am bi ção de apro xi mar a ‘uto pia’ da ‘re a lida de’ ou a ‘re a lida de’ da ‘uto pia’ (de pen den do do sentido da liga ção)”, afir ma o ar quite to Pe dro Ban dei ra, res pon sá vel pela insta la ção “Entra da de Emergên cia”. Nesse gesto me ta fó ri co, Ban dei ra des lo ca ter ra do ex te ri or para o inte ri or do pré dio, di mi nu in do a distân cia entre a cida de e a ex po si ção, entre o lugar da ação e o das idéias, entre a re a lida de e a uto pia. Por tugal ain da par ti ci pa da 6ª BIA com a apresenta ção in di vidual dos ar quite tos Gon ça lo Byrne e Eduar do Sou to de Mou ra. Sob o tí tu lo “Ge o gra fias Crista li za das”, Byrne apresentou seis pro je tos, dentre eles o Centro de Co or de na ção e Contro le do Trá fe go Ma rí ti mo do Por to de Lis boa, con clu í do em 2001. O edi fí cio, cujo pro je to foi es co lhido em um con curso fe cha do, é o mais mo der no centro de contro le costei ro de toda a Eu ro pa e desti na-se ao ge ren cia mento de uma vasta área ma rí ti ma e flu vial. Inclinando-se sobre o Rio Tejo, a estrutura solitária de 38 metros de altura destaca-se no skyline de Lisboa e assume a função alegórica de uma “por ta monumental” (o Rio Tejo visto como um ponto de ingresso na cidade). A torre projetada por Byrne é uma evolução dos faróis clássicos, que apenas proporcionam orientação. Esse “farol ati vo” possui, além dos escritórios,
dois simuladores e di versas salas de conferência para treinamento dos funcionários. O inovador sistema VTS (Vessel Traffic Ser vice), um misto de radar, VHF e GPS, permite controle absoluto do tráfego marinho. A tor re, de nove an da res, é substan cial mente di vidida em três par tes, de acor do com a fun ção; essa di vi são se re fle te nos ma te riais de re vesti mento, que se al ter nam vi san do à pro gressi va des ma te ria li za ção do edi fí cio – re curso que ate nua a apa rên cia ma ci ça cau sa da pela for ma rí gida e si mé tri ca da tor re. Um rodapé em pedra branca, com a altura de um pavimento, “ancora” o edifício ao solo e abriga o hall, a garagem para barcos e um centro de exposições. Em direção ao alto, a pele do edifício muda: por cinco andares é revestido com chapas de cobre, cuja oxidação natural faz com que as paredes inclinadas e as perpendiculares mantenham um discreto jogo cromático que varia entre o verde-claro e o marrom. Os três últimos andares da torre, destinados aos escritórios, apresentam paredes inteiramente envidraçadas e protegidas por um sistema de brise-soleil em cobre. Além de um im por tante mar co vi sual, o “fa rol ati vo” de Byrne é um re gistro das tra di çõ es em nave ga ção e ex plo ra ção que fa zem par te da histó ria de Por tugal. Sou to de Mou ra, por sua vez, apresenta os pro je tos de 22 ca sas, pro pon do uma re fle xão so bre a sua obra a par tir de uma re fe rên cia – o ha bitar. “A de ci são de se le ção só com ca sas uni fa mi lia res é a que con side ro mais co e rente, pois é o la bo ra tó rio onde é possí vel ‘ex pe ri mentar’ ti po lo gias, lingua gens e ma te riais”, afir ma o ar quite to.
Juan Guerra
Ins ta la ção “En tra da de Emer gên cia”
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CINGAPURA
Cortesia Housing & Development Board, Cingapura
CI DA DE-JAR DIM VER TI CA LI ZA DA Um país em uma ilha. Com 4,2 milhões de habitantes e apenas 699,1 quilômetros quadrados de área, Cingapura está configurada como uma grande cidade: não há “interior”, os limites entre cidade e subúr bio são bastante diluídos. Em vir tude da carência de área, o governo desenvol veu, após a independência, em 1965, conjuntos habitacionais para acomodar a população em rápido crescimento. Blocos de inspiração cor busiana, de 12 a 25 pavimentos, foram construídos. Após alguma hesitação inicial, as pessoas aderiram aos apar tamentos e um longo caminho evoluti vo foi percorrido desde então. Hoje, o governo aposta em uma estratégia de habitação ver ticali zada de altíssima densidade (com prédios entre 40 e 70 andares!). Essa tipologia aparentemente opressi va tem a aprovação da grande maioria dos moradores devido a iniciati vas paralelas específicas, como o planejamento voltado para a geração de um for te senso de comunidade e identidade (os blocos de apar tamentos, por exemplo, são organi zados ao redor de uma área verde comum) e a mescla entre altos edifícios e áreas de baixa densidade e baixo gabarito (“borrowed space”), como par ques, rios e casas. Outro fator relevante é o investimento intensi vo do setor público em áreas verdes – Cingapura tem 280 par ques, e suas florestas primárias e pântanos estão preser vados –, uma forma de compensar a falta de espaços verdes pri vados em vir tude da ver ticali zação (90% da população vive em apar tamentos). A saudável “obsessão pelo verde” dá origem a soluções criativas: “ligando todos os par ques com conexões verdes, eles se tornam um enorme par que maciço”, conclui o narrador no filme apresentado na 6ª BIA. Ao lado, o edifício Pinnacle@Dux ton, desenvol vido pelos escritórios Arc Studio Architecture + Ur banism e RSP Architects & Engineers para o Housing & Development Board de Cingapura exemplifica com clareza a estratégia de intercalar vegetação e massa construída.
Maquete eletrônica do Pinnacle @ Duxton
SWISCITY
Ers tfeld: ao centro, a situação atual
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“VI SÕ ES PARA O TERRITÓRIO UR BA NO” A proposta conceitual do escritório suíço Jessenvollenweider Architektur, produ zida em conjunto com o estúdio Ottoni Ar quitetos, de São Paulo, é pro fundamente vinculada ao sub tema dessa 6ª Bienal: “realidade e utopia”. Swis city é uma es pé cie de in ves ti ga ção vi sual so bre o fu tu ro da Su í ça. Fo ram se le ci o na dos, a par tir de di ver sas lo ca çõ es por todo o país, nove lu ga res tí pi cos e fo ram pro pos tas al ter na ti vas de trans for ma ção gra dual para cada sí tio, que va riam do presen te para um fu tu ro ra di cal men te ur ba no ou ex pli ci ta men te na tu ral. “A uto pia pro pos ta não é es ta be le ci da como uma vi são fe cha da, mas como um cam po aber to às dis tin tas pos si bi li da des e opor tu ni da des”, ex pli cam os ar qui te tos. As “es tó ri as vi su ais” de cada sí tio são cons tru í das (a par tir de fu são di gi tal) com base nas ca rac te rís ti cas es pa ci ais e ar qui te tô ni cas atu ais, as sim como nos ce ná ri os fu tu ros so ci ais e eco nô mi cos dis cu ti dos pela mí dia e pela po pu la ção. Por exem plo, Swis city faz re fe rên cia à tese su por ta da por um gru po de ge ó gra fos que afir ma que am plas áre as nas mon ta nhas su í ças – onde hoje o go ver no da Su í ça sub si dia o cul ti vo agrí co la da ter ra – po de rão ser aban do na das pelo ho mem e “de vol vi das” à na tu re za. Um exem plo é Ers tfeld, aqui pu bli ca da, cuja his tó ria está for te men te li ga da ao de sen vol vi men to da fer ro via su í ça mo der na no sé cu lo XIX. Com o novo sis te ma de trans por te al pi no (em cons tru ção), os trens de alta ve lo ci da de não pas sa rão mais por Ers tfeld. As sim, a es ta ção exis ten te, com seu de pó si to e seu pá tio de ma no bras, será de sa ti va da. A tra di ção in dus tri al do lu gar apon ta para um fu tu ro ur ba no na for ma de um cam pus al pi no para o tra ba lho e o co nhe ci men to. Na hi pó te se de não exis tir a von ta de ne ces sá ria para pre ser var essa tra di ção, o fe cha men to da es ta ção gera uma vi são na tu ral na for ma de uma flo res ta em toda a sua in te gra li da de.
FRANÇA J. M. Monthiers
Pas sa re la so bre o Rio Reno
Show-room da Ci tro ën em Paris
“A CI DA DE PRO JE TA DA” Uma exposição de peso, organi zada em conjunto pelo Ministério da Cultura e da Comunicação e pela Associação Francesa de Ação Ar tística, mostrou o trabalho de 56 escritórios. Os projetos, bastante representati vos da ar quitetura contemporânea francesa, foram organi zados em oito temas pela curadora Madeleine Houbart: Paisagens da Cidade, Mobilidades, Prédios Inteligentes, Habitar, Cru zamentos do Saber, Locais de Cultura, Vetores de Imagem e Novo Sopro. A proposta de Manuelle Gautrand para o novo show-room da Citroën na Champs Elysées, Paris, se destaca por tirar par tido da acentuada ver ticalidade da fachada. Um percurso contínuo e em espiral conduz o visitante ao redor das sete plataformas rotati vas que expõem os automóveis. A ar quiteta também explora os símbolos no desenvol vimento de seu par tido: a cor vermelha, símbolo da Citroën, e o brasão da marca (em relevo) são elementos marcantes na fachada. O projeto de Gautrand foi selecionado em um concurso em 2002; a obra está em andamento e deverá ser concluída em outubro de 2006. Também merece destaque, já em outra escala projetual, a passarela criada pelo arquiteto-engenheiro Marc Mimram sobre o Rio Reno, um projeto de forte carga simbólica. Em 2004, as cidades de Strasbourg (França) e Kehl (Alemanha) formaram uma ligação simbólica, criando um jardim com cerca de 60 hec tares que se desenvol ve ao longo das margens do Rio Reno, fronteira natural entre as duas cidades. A passarela criada pelo ar quiteto Marc Mimram é formada por duas peças que se unem no centro e dão origem a um espaço para rela xamento e um novo ponto de vista para o Reno. Ao oferecer múltiplos percursos e permitir que pedestres e ciclistas acessem facilmente as duas margens do rio, a passarela inscreve-se totalmente na proposta para o jardim. Além disso, a leveza aparente da estrutura e o sofisticado jogo de cur vas criado por Mimram estabelecem um diálogo harmônico entre o rio (centro focal do projeto) e a passarela. Com esta, o rio passa a ser percebido não mais como um di visor, mas como um indutor da continuidade física e cultural entre os dois povos, que permaneceram inimigos por um longo tempo.
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BRASIL Corte longitudinal da proposta para a Biblioteca de Guadalajara
HECTOR VIGLIECCA O ar quiteto uruguaio, radicado em São Paulo desde 1975, alterna projetos comerciais com a par ticipação em concursos nacionais e internacionais, nos quais costuma se destacar pela inovação conceitual de suas propostas. Recentemente, Vigliecca e equipe par ticiparam do concurso para a Nova Biblioteca Pública do Estado de Jalisco, em Guadalajara, México. Na sua visão, uma biblioteca para o século XXI deve ser um “espaço de imagem pública reconhecível, onde cada indi víduo possa construir o próprio hiper-
tex to”. Assim, o edifício proposto por Vigliecca é formado essencialmente por dois planos: no inferior, uma grande praça de leitura com condições acústicas adequadas permite máxima interação entre os usuários e possibilita di versos “modos de convi vência”: leitura indi vidual, grupos de estudos coleti vos, salas de estar e pequenos auditórios. O piso superior concentra todas as coleções, sinalizadas por “condições visuais ex tremamente didáticas”, de forma a permitir que cada pessoa faça suas próprias conexões.
ROSA GRENA KLIASS
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Um dos no mes mais im por tantes do pai sa gis mo bra si lei ro, Rosa Kliass já re a li zou, ao longo de cin co dé ca das de ati vida de, mais de 300 tra ba lhos em todo o país. As es ca las e ti po lo gias são as mais di versas: de pe que nos jar dins a pla nos de or de na mento pai sa gísti co e dese nho ur ba no, passan do por par ques, pra ças e áre as de re cre a ção. A preser va ção dos as pec tos na tu rais do sí tio é um dos prin cí pi os que nor teiam o tra ba lho da ar quite ta-pai sa gista. No Par que das Es cul tu ras, em Sal va dor (1996), essa es co lha fica bastante cla ra. Con ce bido como área de ex po si çõ es ao ar li vre do Mu seu de Arte Mo der na da
Ba hia, o par que de ve ria si tu ar-se em área vi zi nha ao So lar do Unhão, a sede do MAM-BA. O ter re no con sis tia em uma en cos ta es trei ta e bas tan te ín gre me (des ní vel de 18 me tros), li mi ta da aci ma pela Ave ni da do Con tor no e, abai xo, pela Baía de To dos os San tos. Res pei tan do as pe cu lia ri da des do sí tio, Kliass re mo de lou-o de for ma a per mi tir o uso ge ne ro so do es pa ço. “O exer cí cio da po ten cia li za ção má xi ma dos ele men tos da pai sa gem per mi tiu a in ven ção de um novo lu gar. Da en cos ta ín gre me se con for ma um sur pre en den te es pa ço ur ba no”, afir ma a ar qui te ta, sin te ti zan do sua atua ção.
Acesso ao Parque das Esculturas – Av. do Contorno
Vista parcial do Parque
BRASIL Reproduções fotográfica Juan Guerra
Biblioteca da Universidade Federal de Uberlândia
PAULO ZIMBRES For ma do pela FAU-USP em 1960, o pau lista Pau lo Zim bres trans fe re-se para Bra sí lia em 1968, onde con so lida sua car rei ra. Em bo ra sua raiz esteja liga da ao mo der no, a obra de Zim bres desta ca-se por seu ca rá ter úni co: a par tir dos ele mentos téc ni cos e for mais do mo der nis mo, o ar quite to cria uma lingua gem pró pria, e com cla ra evo lu ção ao longo do tem po. As bi bli o te cas pro je ta das com Luiz Antô nio Al meida Reis para a
Uni versida de Fe de ral de Uber lân dia, em 1990, são um bom exem plo. In cor po ran do ele mentos da ar quite tu ra mo der na, como os pi lo tis e a co ber tu ra em ma lha de con cre to ner vu ra da, os ar quite tos inovam no uso de um bri se ce râ mi co “ren di lha do”, efeito que se deve à ex plo ra ção plásti ca dos blo cos va za dos, ele mentos am pla mente liga dos ao modo bra si lei ro de constru ir.
CRISTIANO MASCARO Famoso por seus registros das cidades e da ar quitetura brasileira, Cristiano Mascaro é um dos mais impor tantes fotógrafos do Brasil. A cidade e seus assuntos lhe atraem desde criança, moti vo que o levou a estudar ar quitetura na FAU-USP. “Da Avenida São João vêm as primeiras lembranças de meu encantamento. Caminhava olhando para o alto, obser vando os edi fí ci os e em tor no de mim, acom pa nhan do o movi mento das pessoas nas calçadas”, afirma. A opção de finiti va pela fotografia aconteceu há cerca de 30 anos. “Entre uma aula e outra na biblioteca da faculdade, acabei folheando um li vro com as fotos de Henri Car tier-Bresson que me arrebataram. Jamais havia imaginado que se pudesse en xergar o mundo
daquela maneira, revelando as coisas invisíveis que nos cercam. E tudo ali, sobre um simples pedaço de papel”, revela. A mostra “Brasil XYZ” tem curadoria de Álvaro Razuk e reúne 37 fotografias em preto-e-branco, dentre elas imagens inéditas, de cidades de todo o Brasil. “Nestes últimos 30 anos, tenho percorrido as mais diversas regiões do Brasil e não me canso de caminhar, como no tempo de criança, pelas ruas, avenidas e praças de nossas cidades, cer to de que elas são as mais relevantes testemunhas das transformações do país, o cenário mais amplo e diversificado por onde se movimenta e se manifesta o brasileiro. Enfim, o retrato mais fiel de nosso caráter”, sintetiza o fotógrafo-arquiteto.
Fotos Cristiano Mascaro
Duas visões do Rio de Janeiro (1986)
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BRASIL
JOAN VILLÀ A sala es pe ci al so bre Joan Vil là apre sen tou seus di ver sos pro je tos de cons tru ção in dus tri a li za da “in loco”, de sen vol vi dos des de 1985. A con ci li a ção en tre téc ni ca e es té ti ca – de sen vol vi men to de um sis te ma cons tru ti vo que agi li za a exe cu ção da obra e ain da re sul ta em uma nova lin gua gem – é o gran de di fe ren ci al do tra ba lho de Vil là. En sai os e obras ex pe ri men tais eram exe cu ta dos com dois fo cos: o cons tru ti vo e o com po si ti vo, na bus ca, con for me afir ma o pró prio ar qui te to, “de uma ex pres são po é ti ca bra si lei ra com pro me ti da com as con di çõ es re ais do país”. O Ate li er do La bo ra tó rio de Ha bi ta ção da Uni ver si da de de Cam pi nas (1990), aqui pu bli ca do, e a com po si ção har mô ni ca da es tru tu ra préfa bri ca da (con cre to com blo cos ce râ mi cos) re ve lam a pre o cu pa ção de Vil là com a plas ti ci da de resul tan te da nova téc ni ca.
Atelier do Laboratório de Habitação da Unicamp
ODILÉA TOSCANO Arquiteta de formação, Odiléa Toscano destacou-se como ar tista gráfica e ilustradora, tendo também colaborado com diversas publicações, dentre elas a revista Senhor, um ícone do design gráfico nacional, e a mundialmente famosa Graphis, entre as décadas de 1960 e 1980. No entanto, seu trabalho é “praticamente desconhecido pelas novas gerações de designers”, como afirma Wilson Jorge Filho, no tex to que acompanha a mostra na 6ª BIA, a qual se concentra em três trabalhos da arquiteta-ar tista e deve estimular a curiosidade dos jovens designers em relação à sua obra completa. Nesta bienal, ilustrações realizadas para capas de livros da Editora Brasiliense, na década de 1960, foram expostas juntamente com estampas geométricas para ladrilhos hidráulicos, criadas para duas residências, em 1957. Também foi apresentada “A Cidade Contemporânea na Visão de Piranesi”, tese de doutorado finalizada em 1988, na qual, inspirada pelo gravurista neoclássico italiano, Odiléa desenvol ve uma nova linguagem para seus desenhos, enfocando a cidade e sua expressão.
Nelson Kon
Ladrilho criado para a Residência Rezende
EDUARDO DE ALMEIDA O ar quite to pau lista no apresentou, du rante a sexta edição da bi e nal, oito ca sas desen vol vidas em épo cas distintas ao longo de seus 45 anos de car rei ra. A sim pli ci da de da obra aca ba da é um dos ob je ti vos per se gui dos por Al mei da du ran te o pro cesso pro je tual. “Se eu con se guisse uma ar qui te tu ra qua se im per cep tí vel, fei ta de sen sa çõ es agra dá veis, fi ca ria ma ravi lha do. Por que quem ha bi tasse aque les es pa ços, se jam quais fossem – casa, hos pi tal, ci da de –, de ve ria en con trar ali possi bi li da de de um con ví vio dig no e fra ter nal”, afir ma. Seu pro je to para uma casa no bair ro do Bu tan tã, em São Pau lo (2004), re fle te essa in ten ção. A neu tra li da de da es tru tu ra me tá li ca en xu ta e a le ve za dos ele men tos com ple men ta res – como es ca das e aber tu ras – con tri bu em de for ma de fi ni ti va para essa “ar qui te tu ra im per cep tí vel” al me ja da pelo ar qui te to.
Casa no Butantã
OS NÚ ME ROS DA BI E NAL:
13 países convidados 17 escritórios brasileiros convidados 12 escritórios estrangeiros convidados
14 mostras especiais nacionais 6 mostras especiais internacionais 200 mil visitantes (estimativa)
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4º PRÊMIO MAX FEFFER
Em seu quarto ano, o Prêmio Max Feffer de Design Gráfico teve recorde de inscritos, trazendo para a competição obras de todo o Brasil. Homogeneidade e qualidade no nível dos trabalhos marcaram esta edição do concurso, organizado em sete categorias, baseadas no uso de três tipos de papel produzidos pela Companhia Suzano Papel e Celulose
Juliana Mariz Batizado em homenagem ao empresário que revolucionou a produção de celulose na década de 1950, o Prêmio Max Feffer, promovido pela Suzano Papel e Celulose, é um concurso que premia o design gráfico de projetos de todo o país. Em sua quarta edição, o evento tem o objetivo de valorizar os profissionais envolvidos na criação de trabalhos impressos em algumas linhas de papéis da empresa. Este ano, foram registrados 780 participantes, um recorde comparado às demais edições. Em 2004 o número foi de 630 e, no ano anterior, 450. Só foram aceitas peças feitas com os papéis Reciclato, Papel-cartão Supremo Duo Design e Supremo Alta Alvura.
À es quer da, se gun do lugar da ca te go ria Re ci cla to Pro mo ci o nal, a peça “Postais Ofi ci nas”, con ce bida por Ruth Lima e Christia ne Cae ta no, de AS DU AS Pro du ção e Cria ção de Arte (RJ), para o Gru po Tea tro de Anô ni mo. Na página ao lado, “Ex presso 2222”, de João Dó ria, da Tec no pop (RJ), primeiro colocado na mesma ca te go ria
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Acima, da esquerda para a direita: re la tó rio am bi ental para a In frae ro, design Vi cenzo Scar pel li ni (SP), pri mei ro lugar na ca te go ria Re ci cla to Cor po ra ti vo. Na sequência, capa e páginas internas do re la tó rio Anual da E-Con sul ting, de autoria de El cio Kudo, da Be (SP), se gun do lugar na categoria
“Fiquei surpreso com a quantidade de inscrições, o que prova que o prêmio está ganhando visibilidade. Interessante também notar que os trabalhos exprimem claramente o que cada região do país está fazendo, mostra nossa brasilidade”, declarou o designer Gilberto Strunck, curador do prêmio. Três renomados profissionais, Victor Burton (RJ), João Roberto Peixe (PE) e Francisco Homem de Melo (SP), selecionaram as três melhores peças em sete categorias: Promocional e Editorial (Papel-cartão Supremo Duo Design); Embalagem (Papel-cartão Supremo Aci ma, ca tá lo go do Pro je to Ma ri qui nhas, gru po de bor da dei ras da pe ri fe ria de Belo Ho ri zon te, de Pao la Me ne zes, fi na lis ta do Re ci cla to Cor po ra ti vo
Duo Design e/ou Supremo Alta Alvura); Promocional, Editorial e Corporativo (Reciclato); e Miscelânea (Pa-
Abai xo, capa e pá gi nas internas do li vro “Arte Re ci cla da”, cri a do por Pau lo Gus ta vo de Je sus Du ar te para a pre fei tu ra de João Pes soa (PB), so bre a ex tin ção de um li xão na ci da de, primeiro lugar na categoria Reciclato Editorial
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Aci ma, o ter cei ro lu gar em Re ci cla to Cor po ra ti vo, que foi dado a Sô nia Bar re to e An dré Lima (RJ), pelo Ba lan ço So ci al 2004 da El Paso. Abai xo, à di rei ta, ca tá lo go do ar tis ta plás ti co Gon ça lo Ivo, re a li za do por Fe li pe Ta bor da e Ana For tes (RJ), fi na lis tas na ca te go ria Re ci cla to Edi to rial
pel-cartão Duo Design e/ou Reciclato). Esta última categoria englobava projetos que não se encaixam exatamente nas demais. O primeiro lugar foi premiado com 13 mil reais, o segundo com 5.500 reais e o terceiro, com 2 mil reais. O tra ba lho des ta que des sa edi ção foi a em ba la gem de sa bo ne te ve ge tal Est, fei ta por Ciro Gi rard. Se gun do Vic tor Bur ton, um dos ju ra dos, o atri bu to des se pro je to está na boa uti li za ção da es sên cia do de sign grá fi co: ti po gra fia e cor. “Esse seg men to mu i tas ve zes re cor re a al guns cli chês es té ti cos, o que não ocor re no tra ba lho de Ciro.” O au tor fi cou sur pre so com a es co lha. “Não ha via pre o cu pa ção
Abaixo, à esquerda, o jornal da Bullet, concebido por Mentor Muniz Neto, da agência de mesmo nome (SP); na sequência, o catálogo Ser Natura Colaborador, criado por Wilson Spinardi Júnior, da Modernsign (SP), respectivamente, segundo e terceiro lugares da categoria Reciclato Editorial
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Acima, à es quer da, ca tá lo go de uma ex po si ção de Krajc berg re a li za do por Ruth Frei hof (RJ), que re ce beu o ter cei ro lu gar na ca te go ria Duo Design Edi to rial. Na sequência, o pri mei ro lu gar, dado a Fá bio Pra ta e Flá via Na lon (SP) pelo im pres so do FILE, Fes ti val In ter na ci o nal de Lin gua gem Ele trô ni ca
co mer ci al, por tan to, ti nha li ber da de para cri ar. Foi um gran de apren di za do ou vir dos ou tros que meu tra ba lho faz sen ti do”, diz Ciro. À esquerda, catálogo para exposição de arte “Cruzamentos”, composto por car tões contendo, de um lado, as obras dos ar tistas e, do outro, trechos do mapa da cidade de São Paulo, formando um quebra-cabeças. Finalista na categoria Supremo Duo Design Editorial, design Fábio Prata e Flávia Nalon (SP). No pé da página, catálogo para a artista Sônia Gomes, design Gustavo Greco Lisita (MG), terceiro lugar da categoria Supremo Duo Design Promocional
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Os jurados são unânimes em afirmar que se surpreenderam com a qua li da de dos tra ba lhos. Para Fran cis co Ho mem de Melo, os pro je tos ti nham uma ho mo ge nei da de em pa ta mar ele va do de qua li da de. “Isso mos tra a con so li da ção do de sign bra si lei ro.” Homem de Melo des ta ca ain da a ju ven tu de dos ven ce do res. “A me lhor no tí cia des se prê mio é como os jo vens têm tra ba lhos se gu ros e de qua li da de.” ❉
Acima, à esquerda, catálogo da mostra de cinema Glauber e Pasolini, criado por Marisi de Chirico (SP), segundo lugar na categoria Duo Design Editorial. Na sequência, brinde da Blu Comunicação, primeiro lugar na categoria Duo Design Promocional, de Rafael Higino da Sil veira (PR)
Acima, finalista na categoria Duo Design Promocional: brinde desenvol vido por Fer nando Dranger (SP). À esquerda, o Brandbook de Marcelo Tomaz, da Commgroup (SP), que ficou com o segundo lugar na mesma categoria. Abaixo, capa e página inter na do release da coleção de verão da Lei Básica, por Paola Menezes e Fabiana Ferraresi (MG), primeiro lugar na categoria Miscelânea
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Acima, capa e páginas internas de ca tá lo go de moda da mar ca Zil, de Már cio Ri bas (SP), ter cei ro lu gar na ca te go ria Re ci cla to Pro mo ci o nal. Abai xo, ter cei ro lu gar na ca te go ria Mis ce lâ nea, mos tru á rio da Belt me dia, design Eduar do Len (SP)
Aci ma, as em ba la gens de sa bo ne te ve ge tal Est, de Ciro Gi rard (SP), pri mei ro lugar na ca te go ria Duo Design Em ba la gem e desta que dessa edi ção do prê mio. Abai xo, capa e páginas internas da pu bli ca ção “Sob o sol, a ga roa e a fu ma ça”, de Ce ci lia Con so lo e Lu cia no Car di na li (SP), fi na lista na ca te go ria Mis ce lâ nea
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Aci ma, à esquerda, Agen da das Esta çõ es, peça assi na da por Flá via Sa kai e Éri ka Ko ba yas hi (SP), fi na listas da ca te go ria Re ci cla to Pro mo ci o nal. Na sequência, capa do CD “Tem Arte na Bar bea ria”, de Ri car do Luiz Gou veia de Melo (PE), se gun do lugar na Mis ce lâ nea. Ao lado, embalagem para a Gráfica Aqua rela, design Nas ha Gil (SP), fi na lista na categoria Duo Design Em ba la gem
Abai xo, premiados na ca te go ria Duo De sign Em ba la gem. À es quer da, LP Bis coi to em Bo la cha, por Ruth Frei hof, da Pas sa re do De sign (RJ), conquistou o terceiro lugar. Na se quên cia, CD da Ban da Paud’água, com em ba la gem em for ma to de vi nil, de Gui lher me de Al mei da Val ver de (SP), ob te ve o segundo lugar
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Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 45, Dezembro 2005 / December 2005
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EDITORIAL
LONDON: WHERE DESIGN SPROUTS – page 18
Brazilian design confronts international project. Fairs and exhibitions in Portugal, England and France, a Swedish exhibition in São Paulo and Brazilian design from the twentieth and twenty-first centuries are present in this issue. “Swedish Elements” is a meaningful title for an exhibition of contemporary Swedish design, making it clear that the well-designed product, which enhances the already-excellent quality of life in the country, is a normal usual element. 100% Design, comprising the London Design Week, is vibration, revitalization; outstanding ideas of which some will undoubtedly guide the future of design. Portugal carries out every two years Experimenta Design – which is not a fair, but a meeting event for thematic discussions. This year, the chosen argument, “The medium is the matter”, combined famous names of design theory and practice. Brazil: we display the real vintage (not copies), which goes by the name of modernariato, and the outcome of the Museu da Casa Brasileira Design Award. Despite its “addictions” or lack of focus, this is the only design competition that remains alive throughout nineteen annual editions. This year, we have delegated to other designers and thinkers the task of talking about the project and practice of designers. It seemed more useful, or appropriate, to us. Visit with us the Sixth Biennial Exhibition of Architecture. Understand the meaning of the most important projects; amaze yourself with technology advancements, especially those devoted to preserving the planet. Color in Architecture, with contemporary examples, shows that color can either be incorporated in the construction, or be the result of the use of coating materials with high visual impact, reflecting its surroundings. The Fourth Max Feffer Prize, this year with a record number of entries, showed the quality of Brazilian graphic design and the emerging of a new professional generation. Many new ideas are in the air – just collect and transform them. Maria Helena Estrada Publisher
The Design Week in London, led by the exhibition 100% Design, carried out from 22 to 25 September, is a stimulus to renovation, a mind opener for inhabitants of the “world of design”
By the Editorial Staff The 2006 Movelsul Design Competition reaches its end, with the judgment of the registered projects. During this first phase, technical designs and photographs are analyzed and selected to participate in the final judgment, on 27 January 2006, when they will also decide which company will receive the industry prize. The success and expectation regarding the awards are incredible; the winners, besides receiving a money prize, will take part of Salão Design, during the Movelsul fair, in March 2006. The 1,080 registered projects comprise, from Brazil, the Southern, Southeastern, Middle-Eastern and Northern regions, in a total of 742 projects from 19 competitor States. Both Bolivia and El Salvador did not participate in 2004 but were present now for the 2006 fair, with one and twelve projects, respectively. The director of the fair, Gustavo Bertolini, understands that this expressive presence is a result of not only the fair’s tradition, but also the work performed for its announcement. The fair’s management presented the competition in several Brazilian capitals and in Latin America, always taking advantage of events for designers or sectorial fairs of the furniture industry; it also performed a strong announcement through the media in specialized design magazines, besides folders, teasers and electronic newsletters. “Each edition, the fair grows and overcomes itself, as the organizers are always working to reach new goals and strengthen design along with the furniture field”, adds Bertolini. The judging commission of the current Award edition is composed by designers Ivens Fontoura, from Paraná; Eduardo Naso, from Argentina; Daniel Domingues, from Uruguay; Paulo Muller, from Rio Grande do Sul; and José Merege, from São Paulo. The tenth Movelsul Design Fair will offer R$ 60,000.00 in prizes to the winners. Furthermore, the highlighted projects will be exhibited at a privileged location on a 900-square-meter stand at Movelsul Brasil, which will be held from 13 to 17 March 2006, in Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul.
Baba Vacaro The idea of visiting 100% Design has a certain fascination, especially when it comes to the British contribution about the theme along the twentieth century. After all, it was there where everything started. There, the first country with capitalists and proletariats, the first factories and designers came up. It was also there where experiment design flourished after WWII, as well as the low-cost furniture and the first life-style boutiques by Terence Conran and Mary Quant in the 1960’s. Beginning in London, movements from the streets invaded all creativity spheres. This recalls the influence performed by the way of life on the outcome; the products and the British designer’s inspiration. At the London Design Festival, the best of all has a strong lively, experimental, character. In such pasteurized world it becomes clear that the special interest in visiting the event is to plunge into this multicultural universe, feeling it penetrating the pores as the humidity of the air in London. Shoreditch is the right place to hold exhibitions like 100% East, Designersblock and Design UK. It is more than a single melting pot of cultures and influences, a mixture of past and future, represented by the display of the exciting Brick Lane and its background, the calm City with Norman Foster, outstanding as always. A contrast that could not be better placed. There, globalization does not pasteurize or downgrade anything. It simply exists.
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MOVELSUL DESIGN AWARD - NEWS – page 17
Maria Helena Estrada Creativity, synonymous to freedom and rebellion, spreads throughout the streets, invades the shops, and travels by “ricksha” in Soho. In London, one who is “cool” travesties and creates fantastic productions on one’s own body, and individualizes one’s conduct. And this multicultural rebel mix, of the world and life’s re-focalization, is reflected on design. Firstly, on the young people’s projects, which are slowly assimilated by the industry. Aspiring to become designers, individuals from the entire world come to study in Great Britain, which is exactly where the new design sprouts, from product to fashion. 100% Design and its ramifications – 100% Detail, Designersblock, 100% East – parallel with 100% Guaranteed, in shops and galleries, give life to the London Design Week. The blue sky throughout the week allowed Tom Dixon’s performance at Trafalgar Square, which the designer fulfilled with aligned seats - in a continuous and sinuous way - made of blue rubber bands, referring to his new chairs. It is not the British industry the one responsible for the growing fame of the English design, but its professionals. Besides Dixon, Ron Arad and Ross Lovegrove are the “great Brits”, followed by Sebastian Bergne, James Irvine, Matthew Hilton, Jasper Morrison, Barber Osgerby, Michael Young, among others, who design for companies all over Europe. Mathmos, SCP, Inflate and Modus are some of the rare British industries devoted to furniture and lighting. The stores Conran and Habitat “educate” the still conservative clients about the acceptance of the new design. The direction for the young professionals? High knowledge and low technology. And the proposal of new ways of life – more and more creative and independent. As in Brazil, much polypropylene and much irony. Trends? The choice material, laser-cut or scissors-cut and molded, is the felt – from carpets to bags and furniture. Another visible trend is the attempt to transform the old heavy couch in lighter and lighter structures. Colors? Yes, but discrete. And a certain minimalism in design continues to oppose itself to furniture and scenographic lamps, of which formal presence is strong. The surprise? A new chair by Ron Arad, just imagine, made of wood! The master of technology with artificial materials works with curved laminates. The model is the same pattern that has been repeated in the steel versions, in fiberglass, in Corian… The material changes, not the shape, which becomes a consequence of the nature of the utilized material. What about he great lever in the directions of design – and not only in England? The “young” project in opposition to the institutionalized one, from large industries. Though even this one is gradually contaminated by the new ideas, new ways of life and new seeds of the young design, that is, the future and its utmost emerging needs.
Baba Vacaro, Marcos Sancowski, Olivier Raffaelli and Maria Helena Estrada, Arc Design’s publisher, visited the London Design Week on invitation by the British Council in São Paulo
SURROUNDING DESIGN – page 24 In this issue, instead of criticizing the 19th Museu da Casa Brasileira Design Award, we have chosen to reproduce some definitions or reflections about international design that, we believe, can clarify the essence, objectives and responsibilities of contemporary design By the Editorial Staff “To design is given the task of equally avoiding penury and waste, the lack and redundancy of information.” Giulio Carlo Argan, in the book “Art History as City History” (Editora Martins Fontes, São Paulo, 2005). “Curiosity is the main tool of our work. The rest comes later.” Paolo Ulian, in the book “Sale Fino: nuovi sapori dal design italiano” (Editrice Abitare Segesta, Milan, 2005). “Perhaps design is simply a matter of permeability in relation to what surrounds us: letting it flow, not looking immediately for answers, not establishing definitions, not reconducting totality towards prefixed schemes. Not using old words to describe what is new.” Giulio Iachetti + Matteo Ragni, in the book “Sale Fino: nuovi sapori dal design italiano” (Editrice Abitare Segesta, Milan, 2005). “We are not looking for styles – the world only moves when we are capable of changing the meaning of our surroundings.” Marcel Wanders, in the book “Wanders Wonders, Design for a New Age” (010 Publishers, Rotterdam, 1999). “Important is not the nature of design rules, because these change along time, but the value of the idea behind design.” Renny Ramakers & Gijs Bakker, in the book “Droog Design, Spirit of the Nineties” (010 Publishers, Rotterdam, 1998). “All thinking worthy of the name now must be ecological.” Lewis Mumford, cited by Victor Papanek in “The Birth of a New Aesthetic”, article published in the catalogue of the Re(f)use exhibition (Arango Foundation, 1996). “Dear industrial leaders, risk and dream once again, opening the doors to the new intelligences and variable temperatures of the world. (...) What’s missing are that courage and that passion.” Beppe Finesse, in the book “Sale Fino: nuovi sapori dal design italiano” (Editrice Abitare Segesta, Milan, 2005).
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DESIGN IN FOUR ELEMENTS – page 28 Earth, water, fire and air. The four elements of nature were the theme of the exhibition “Elementos Suecos” (Swedish Elements), presented by the Swedish Embassy and the Swedish Institute at the Sixth International Biennial Exhibition of Architecture, in São Paulo Winnie Bastian “Nature is a theme very close to the Swedish spirit, and designers are inspired by it.” This statement is from Colombian industrial designer Margarita Matiz Bergfeldt, who has been living in Sweden for seven years. It was from the veneration the Swedish have for nature that Margarita, curator of “Swedish Elements”, had the idea of structuring the exhibition – with eighty-four products – centralizing the four elements: earth, fire, water and air. The idea was to exhibit pieces of different natures and conceived to a very diverse public, in a way to show Swedish design as widely as possible, from handcrafted
products to highly industrialized ones, including even art works. Furniture, security equipment, tools, decorative objects, packages, sport gear, fabrics, means of transportation and rehabilitation equipment: the contrast among the products – unified by the thematic “four elements” – made part of the strategy to show the power of Swedish design and to stress how design is incorporated in the daily life of the country’s inhabitants, not restricted to specific sectors or privileged social extracts. The importance of design in Sweden is reinforced by the promotion, in 2005, of the Year of Design, a governmental initiative which seeks to achieve the population’s consciousness of the contribution design can make to society. For more details about the exhibition, visit the website: http://www.nopicnic.com/elementos/Elementos_Suecos.html
MAISON & OBJET – page 32 The most important French event of the international design cycle took place between 2 and 6 September. During our visit to the fair, we highlighted the presence of Brazilian professionals, especially invited, and a new Belgian company that believes in the success of products with fine irony Winnie Bastian In this edition of Maison & Objet, the exhibition “Talents a la Carte” elected Brazilian design as a theme: Bernando Senna, Domingos Tótora, Estúdio Manus, José Marton, Rogério Rykovsky and Rô Thibau were the representatives of the national design, and did it well. Besides calling the attention of visitors, the products – and designers – attracted the specialized media. Marton was one of them, with the Entrelinhas collection, executed through a delicate and exclusive process of continuous improvement. The designer from São Paulo was interviewed by magazines from France (12!), Belgium, England and Japan. An excellent opportunity for the diffusion of the good Brazilian design. The work of Domingos Tótora also deserves highlight. Resident in the small city of Maria da Fé (Minas Gerais), Tótora develops his pieces “inspired by nature” and chose recycled paper as material, be it Kraft, newspaper, cardboard or even cement sack paper. His creative work transforms the “poor” matter in valuable objects. Another highlight chosen by ARC DESIGN is the new company Vlaemsch, recently founded by designer Casimir, one of the most outstanding Belgian professionals of his generation. Humor, simplicity, firmness and productive quality are among the principles of Vlaemsch, which edits products of designers from all around the world, “as long as they are coherent with our philosophy”, explains Casimir. Pay attention to him…
EXPERIMENTA DESIGN 2005 – page 34 The role of design as a medium (and matter) of communication was the theme of the third Lisbon Biennale: Experimenta Design (EXD), carried out from 15 September to 30 October 2005. During this period, what was supposed to be simply a theme – “The Medium is the Matter” – took over the streets, involved people in their communicative relationships and inverted roles: EXD looked at the public as if it were the repertoire through which the whole program of the biennale could be built. Among exhibitions, conferences with renowned people in the world of design, urban interventions and tangible projects, experiencing design – more than just observing it – was within reach of whoever would pass by Lisbon. Needless to say, communication design was the driving force of this biennale’s edition. Not by coincidence, one of the most interesting exhibitions – Catalysts – was devoted to this segment, raising communication design to the position of catalyst-element of the communicative process success. Four exhibitions were added to Catalysts to compose a multi-angular picture of contemporary design and architecture: [P], a collection of the production of Portuguese design – product, graphics, editorial, fashion; S´Cool Ibérica, a selection of what is good and new in the academic production from Portugal and Spain; Casa Portuguesa, which presented new habitation proposals performed by national architecture offices and My World, New Crafts, responsible for approaching the possible dialogue between handicraft and industrial production in design
ORIGINAIS: A COLLECTION OF MODERNARIATO – page 40 What is the basic condition to designate furniture as original? The answer is found at the “Originais” (Originals) Exhibition, presented until the end of this year at the Benedixt store. A repertoire of pieces created during the first half of the twentieth century, compiled by Marcos Sancowsky. Here we reproduce the introductory text of the exhibition catalogue Maria Helena Estrada There are chairs to sit on... and chairs to look at. This is what they said in the 1970’s, about various furniture models created during the Bauhaus period of preergonomics. Today we can say that there are also chairs to collect. An idea born and defined from the concept of “modernariato” (term originated in Italy to describe something new and previously non-existent). Modern pieces considered objects of collection have been created since the beginning of the twentieth century, when authorship rights were instituted and furniture started having names and surnames. The most beautiful and significant objects remain in history, be it from the physical or formal point of view. The name of this collection, “Originais”, makes use of the term in its widest sense, with double meaning: the pieces are original because they were produced in the
same period they were designed (be it by their own authors or under their supervision); they are original also because, along the twentieth century, each piece introduced an innovative or original aspect. Tenreiro, Zanine, Sergio Rodrigues, Michel Arnoult, Lina Bo Bardi, just to cite some names, proposed a new aesthetics, contaminated and were also influenced, creating an interpretation line that identifies this type of furniture as the best of the Brazilian repertoire. Joaquim Tenreiro said: “I defended handicraft with passion, against the industrialization degrading furniture. (…) What I did was to reformulate the dimension of furniture used in Brazil, as they were quite uncomfortable.” He actually did much more than that. He created, from the 1940’s on, the fundament of the Brazilian furniture aesthetics from the twentieth century. Besides jacaranda and ivorywood, he recovered the use of straw (which became the characteristic of Brazilian furniture) and added lightness to furniture. But, lo, this is the story of the twentieth century! A mandatory figure, architect Lina Bo Bardi, defended the “poor” solution, that is, furniture accessible to everyone, and made use of, besides wood, tubular structures, sole leather and truck canvas. The model included in the “Originals” collection, however, does not fit these standards: it is the Bowl armchair, worthy of an award-winning cover on the North-American magazine “Interiors” in 1953 and re-proposed by several designers in a very similar way, even in Italy. In her last years, Lina denied design, which, according to her, had become an instrument of the bourgeoisie. “A piece of furniture also has its morality raison d’être in its own time,” the architect affirmed. Also from the 1950’s – golden age of Brazilian architecture and design – is José Zanine Caldas. Autodidactic, he was one of the introducers of laminated wood, or plywood, in Brazil. His Z furniture collection was rudimental in its construction, economic, and copied extensively. This caused the tradition of a Brazilian vocabulary - expressed thanks to laminates - which was interrupted later on. Michel Arnoult, still practicing not too long ago, defended a slightly Scandinavian aesthetics and attempted to launch in Brazil the cash-and-carry custom, of disassembled furniture, though not much successful at that time. Arnoult was an idealist and a forerunner of many ideas that find receptivity today, such as the introduction of concepts and materials of contemporary aesthetics in popular furniture. The cash-and-carry concept was part of the same idea of cost reduction, consumption education and market enlargement. Sergio Rodrigues, unlike Tenreiro, whom he admired greatly, produced more robust furniture, with solid structures. Sergio goes beyond time and renews without letting his projects from 1950 lose actuality, the flavor of Brazilian modernity; he is an architect and designer who has never given in to European trends. The Poltrona Mole (“Soft Armchair”) today is a symbol of the twentieth-century Brazilian design, and the Xikilin chair is its slighter, updated, reinterpretation. Besides those, Jorge Salszupin, Grupo Branco & Preto, Geraldo de Barros and many others who opted for modernity and quality created the pieces of Brazilian modernariato.
ARCHITECTURE COLORS: REFLECTED? – page 42
INCORPORATED
OR
Building façades often assume the color tones of the materials they are made of. Nevertheless, besides the technical decision incorporated by the coating, their color carries a strong symbolism, be it in the white of the Modern Movement or in the multi-colorful reflexes of recent buildings. Despite the complexity and range of the subject, it is possible to mark moments and buildings in the history of contemporary architecture, in which color assumes an outstanding role – or discreetness – in the project. Valentina Figuerola Since its inauguration in 1997, the Guggenheim Museum in Bilbao, Spain, was considered by the critics as one of the most important buildings of the millennium. Designed by Canadian architect Frank Gehry, it is surprising for its irregular surfaces made of polished titanium reflecting the lights, forms and colors of the surroundings. On sunny days, it gains an intense golden tone. As the sun sets, pink and orange shades overrule its organic forms. But what can this museum tell us about the use of color in architecture? Quite a lot. For architect Affonso Orciuoli, professor at the Escola Técnica Superior
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Written by Rita Monte (information provided by Fernanda Sarmento) The reflection proposed by EXD was reinforced by conference debates and “open talks”, right on the first days of the program: Rudy Vanderlans, Stefan Sagmeister, Renny Ramakers, Massimiliano Fuksas, Eduardo Souto de Moura, Philippe Starck and John Thackara conducted the “verbal” part of the Design Biennale, interpreting and translating information that could be missed by less-attentive visitors. According to the organizers, the design focus adopted by the event was on the “discipline and work methodology which, through the analysis of distinct fields such as economy, aesthetics, technology, sociology and sustainability, can produce the most adequate responses to the needs of contemporary society”. Multidisciplinary by principle, EXD 2005 concluded a thematic cycle initiated with “Modus Operandi”, in 2001 – which addressed the different ways of cultural production in design, art and architecture -, and “Beyond Consumption”, in 2003 – which discussed the designer’s interlocutory role (consumer, spectator and user). One of the Biennale’s merits was to highlight the national production. Portuguese design, quite unknown in Brazil, emerged with the strength and freshness of good ideas. The tradition of glass, cork and porcelain was renewed by the Lusitanian product design at [P] – and it was remarkable. Graphic design – excluding web design and independent illustration, which did not compose the [P] exhibition – showed correction in the use of techniques, colors and creativity. ARC DESIGN takes advantage of EXD’s initiative and consents a “selection of the selection” on the Portuguese production in graphic and product design, from 1990 to 2005, illustrated on these pages. The Portuguese history and economy determined a late development of design: forty-eight years of dictatorship hindered industrial and technological progress in the very freedom of expression. In product design, despite pioneering initiatives from the 1930’s and 1940’s – which still kept the decorativism tradition, such as Daciano da Costa’s design – , the Portuguese production only gained greater impulse from the 1980’s on, when the country adhered to the European Union. The same happened to graphic design, which was born poor in its typographic roots and sustained by the values of Salazar’s regime, though it progressively accepted foreign influences, which caused a transition from graphic to communication design. From 1980 to 2005, the Portuguese production increased its quality immensely. There are enough examples, such as the LA.GA. bag, made of soft resistant fiber – designed by Jorge Moita and Daniela Pais, in 2002; the variations of finishes in crystal pieces, designed by Hella Jongerius for Projeto 01 and initiated by the Portuguese company Atlantis in 2001; Projeto Morgan, a typographic system created by Mário Feliciano for Feliciano Type Foudry in 2001, and the series of stamps for the European Year of People with Disabilities, designed by Eduardo Aires for the Portuguese Post Offices in 2003. ARC DESIGN visited Experimenta Design on invitation of the event’s organization committee.
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D’Arquitetura (Esarq), International University of Catalonia (UIC), architecture, exceptions excluded, lives up a period in which the use of color happens in a discrete way. “Nowadays, colors are normally verified by the coating materials”, affirms Orciuoli. “Even if the form stands out from the surroundings, which is the case of the Guggenheim Museum, the color merges with the landscape”, he explains. Questioned about the discrete role of color in contemporary architecture, historian and architect Abílio Guerra mentions the works of Emílio Ambasz, Argentinean architect living in the United States, and of the Dutch office MVRDV, as examples of “mimetic” architecture. “They make part of a direction in contemporary architecture in which the buildings are dissimulated on the landscape”, says Guerra. But there are exceptions – which should certainly come from Mexico. Architect Ricardo Legorreta makes good use of paints in his projects, valuing shapes with intense colors, light and textures. Attached to a telluric chromatic pallet, he is considered by many as Luis Barragán’s heir, greatest Mexican architect from the twentieth century. In one of his projects, the Cuadra San Cristóbal, Barragán uses pigments derived from pink and blue mixed with cement in order to create a pictorial landscape, marked by great walls and plain colorful surfaces. “Barragán used the colors of the Mexican colonial tradition”, explains Roberto Segre, historian and architecture critic. The application of color through pigments on façades comes from remote times. The temples of Ancient Greece. Seeds, earth and animals worked as raw materials for the creation of pigments that, nonetheless, deteriorated along the years. But there are records that color worked as a means of communication and that prehistoric men already used animal blood and oxide of mineral iron, in the form of soil, to paint the interior of caves. In the twentieth century, the discovery of additives valued the technical performance of paints, especially those devoted to exteriors. The São Paulo Art Museum Assis Chateaubriand, MASP, postcard of the capital, designed by Lina Bo Bardi, which is still impressive with its free space of 74 meters, had its pillars and beams painted in red only in 1990, adding to the building a new perception on the urban landscape. The architect defined the color in the period the project was accomplished. In architecture – as well as in painting – colors acquire meaning and symbolic dimension according to the specific observer, context and historical moment. In Acient Rome, for instance, purple, obtained from a type of mollusk from the Mediterranean Sea, composed the façades of military and imperial constructions. “In the past, color was considered a luxury”, affirms architect Lilian Ried Miller Barros, specialized in color theories. She explains that, in the Middle Age and in Renaissance, pigments, as well as spices, came from the Orient and were very expensive. But history shows that colors have not always been associated to the elite. In the pre-war period of the Modern Movement, Le Corbusier privileged white in the pure volumes of cubist houses (1920 / 1930). “They were summer houses devoted to an intellectual elite,” explains Paulo Bruna, architect and professor of architecture history at the School of Architecture FAU-USP (University of São Paulo). A classic example is Villa Savoye, designed by Le Corbusier in 1929. In the post-war period of Modernism, according to Bruna, coloration was mostly provided by materials rather than the painting: bricks, concrete, wood and stone discretely colored the façades of buildings designed by important architects, such as Frank Lloyd Wright. Both Rietveld, who belonged to the Dutch school De Stijl, and Catalan Gaudi mastered the use of color. The former did it discretely and the latter in an accentuated way, in chromatic explosions. In architecture, many times, ideas from the past work as inspirations for the present. It is the case of the Agbar tower, a recent project by French Jean Nouvel for Barcelona, where the reminiscences are clearly of the non-constructed tower designed by Gaudi for Manhattan. Polemic, for its phallic form and the rupture it produces in the urban tissue, Nouvel’s construction intends to pay homage to the Catalan master with a chromatic show produced by aluminum plates and glass sheets in different inclinations. Intense colors, such as Gaudi’s, though changeable, surprisingly obtained by colorless materials. Nouvel is also the author of the extension project for the Reina Sofia Museum, in Madrid. This time, the architect breaks the opaque aesthetics of the original building – designed by Francisco Sabatinni in the eighteenth century – by creating three glazed buildings arranged around a roofed courtyard. In one of the buildings, devoted to the auditorium, the architect opted for a monochromatic look to
specify a cladding made of fiberglass and polyester in a peculiar red tone. The conclusion? Color is the essential element in architecture – even if it is totally white – and can be applied according to two diverse parties: the chromatic expression provided by the coloring, such as in the Brazilian countryside architecture, or in the recent intervention of Ruy Ohtake in the Heliópolis slums, or being the result of the reflex caused by materials like steel, glass and aluminum, typical of the contemporary vocabulary.
SIXTH BIA: REALITY AND UTOPIA – page 48 Architecture from multiple points of view. The organization of the São Paulo International Biennale of Architecture comprised, in its sixth edition, the most diverse projects, as well as architects with quite distinct orientations. An appropriate initiative to the complexity of the theme “Living in the City” Nearly one thousand projects were exhibited, with different scales and proposals, from single-family residences to interventions on the urban scale, from constructions built for the elite to projects of social interest, from buildings characterized by the use of high constructive technology to projects based on the use of alternative and “poor” materials. Due to the great quantity of models and the inclusion of interactive exhibition resources (such as movies and multimedia presentations), this Biennale opened itself even more widely to the non-initiated public, which does not cause any damages to the contents for architecture professionals and students. The wish to “show that architecture is not an elite exclusiveness, but a service within everyone’s reach” becomes more visible in some rooms, like in the exhibition of the projects by the North-American Rural Studio. Check out the highlights of this Biennale’s edition, in ARC DESIGN’s selection. Winnie Bastian
UNITED STATES SAMUEL MOCKBEE AND THE RURAL STUDIO Born in Mississippi, architect Samuel Mockbee studied and lived in Alabama, where he learnt the poverty of the southern inhabitants from the United States. In 1993, Mockbee founded Rural Studio, with an unusual proposal: the students from the Auburn University stay immerse in the community in order to understand the local context and culture and, far from the usual offices with air conditioning and potent computers, design dwellings that make use of several types of recycled and disposable material, such as tires, cardboard boxes, hay, bottles and even carpets. Houses are constructed in collaboration with students and community members, financed by a local electricity company. An example of the non-conventional and inventive architecture by Rural Studio is the Yancey Tire Chapel (1994-1995). Its walls are formed by 900 tires (filled with dirt and plastered with concrete), the roof structure is reused (from an abandoned house) and stones extracted from surrounding ravine cover the floors. Even more unusual is the Lucy house, with walls built of 72 thousand carpet tiles (remains from the manufacturing process of a large national factory) piled up and compressed by a heavy ring-shaped wooden beam. A living room in reinforced concrete works as a bunker against tornados and, right above it, an angular structure shelters the master bedroom, “with a spectacular view of the Polar Star.” The architecture by Rural Studio “cheers one up and constructs a sense of community to the inhabitants of Hale County, in Alabama,” as stated by Andrew Goldberg, from the American Institute of Architects (AIA). Mockbee, who died in 2001, received the Gold Medal, AIA’s highest honor, in 2004. Currently, Rural Studio continues his work, directed by Andrew Freear and Bruce Lindsey.
FRANCE “DESIGNED CITY” An important exhibition, organized in collaboration with the Ministry of Culture and Communication and the French Association for Artistic Action, displayed the projects of 56 offices. The projects, quite representative of the French contemporary architecture, were organized in eight themes by curator Madeleine Houbart: City Landscapes, Mobilities, Intelligent Buildings, Habitat, Knowledge Crossings, Culture Sites, Image Vectors and New Blow.
MEXICO WATER: ESSENTIAL AND PRODUCTIVE SOURCE In the pre-Hispanic times, the inhabitants of the Xochimilco region (28 km to the south of Mexico City) used platforms covered with soil – the “chinampas” – in Lake Xochimilco, where they cultivated vegetables and flowers, which were sent to Mexico City through the several intersecting canals in the region. Throughout the years, the platforms rooted at the bottom of the lake, forming artificial islands. Today, those canals are also visited by tourists, who travel to the region for its natural beauty. From the local tradition, architects Julio Gaeta and Luby Springall developed a new typology: the “chinampa-house”, which combines intensive agriculture and fish breeding. This proposal meets two local needs: dwelling and agricultural soil. On the top of the building flowers and vegetables are planted, whilst on the lower floor there is fish breeding. The architects propose the construction of twelve thousand houses, corresponding to the most immediate demand in the region. Gaeta and Springall developed this project especially for the sixth BIA and will now present it to the public and private institutions in Mexico, with the intention of making its execution feasible.
THOMAS HERZOG EFFICIENT AND RENEWABLE ENERGY The German architect is a pioneer of ecologically correct and sustainable architecture. In 1982, he proposed a housing complex in Munich based on the principles of modern solar architecture. Other remarkable projects are an exhibition center in Linz (Austria), from 1993 – whose façade allows the use of solar light without overheating the building – and a highly energetic oscillating roof launched in 1999 at the Hannover fair. Among his projects presented at the sixth BIA, we highlight Solar City, in Linz, proposed in 1995 and executed in 2001. It is an initiative by the city hall which, in partnership with non-profitable constructing companies, financed and planned a complex of 630 houses constructed with low energy use. The name “Solar City” came from the premise of using solar energy, either directly, to provide thermal comfort to the buildings, or as a source of energy. A compact method of construction, highly isolating façades, natural lighting and ventilation, and heating storage are characteristics of the buildings. The basic concepts of the buildings were developed by the offices Herzog und Partner, Foster and Partners, and Richard Rogers Partnership, and consist of obtaining maximum permissible density, spatial variety and mixed uses, with low constructive costs, as according to the public housing parameters. The urbanistic development plan, developed by Roland Rainer, organizes the city in several “urban nodes” around a center concentrating educational and facility infrastructure. The distance from the houses to this center, and also to the connection with public transportation (bus or tram) is roughly 300 meters, which
motivates the inhabitants to walk to reach public transportation. In Solar City there are mainly cycle lanes and sidewalks; the cars are “banned” to the underground parking areas. Herzog was responsible for the housing projects of two “urban nodes”: east and west, direct neighbors to the center of Solar City. The western blocks, published here, are 13 meters deep and each concentrate six different-sized dwellings (2-4 rooms). Herzog’s proposal directly explores the use of solar energy, reducing even more the low energy necessary for the thermal comfort of the building, one of the project’s initial requests.
SWISCITY VIEWS FOR THE URBAN TERRITORY The conceptual project by Swiss office Jessenvollenweider Architektur, produced in collaboration with studio Ottoni Arquitetos, from São Paulo, is strongly linked to the sub-theme of this sixth Biennale: “reality and utopia”. Swiscity is a type of visual investigation into the future of Switzerland. From several locations throughout Switzerland, nine typical places were selected and alternatives of gradual transformation were proposed to each site, varying from the present to a radically urban or explicitly natural future. “The proposed utopia is not established as a closed view, but as an open field to different possibilities and opportunities,” explain the architects. The “visual stories” of each site are constructed (through digital fusion) based on the current spatial and architectural characteristics, just like the future social and economic sceneries discussed by the media and population. For example, Swiscity refers to the thesis supported by a group of geographers who affirm that the wide areas on the Swiss mountains – where now the Swiss government subsidizes the agricultural cultivation – can be abandoned by men and returned to nature. An example is Erstfeld, published in this issue, whose history is strongly linked to the development of the modern Swiss railway from the nineteenth century. With the new Alpine transport system (in construction), high-speed trains will no longer travel through Erstfeld. Therefore, the existing station, with its warehouse and train yard, will be deactivated. The industrial tradition of the place points towards an urban future in the form of an Alpine campus for work and knowledge. In the event of not existing the necessary will to preserve this tradition, the station’s shutdown generates a natural view in the form of a forest throughout its integrity.
CHINA INCORPORATED TECHNOLOGY China is undergoing unprecedented and rapid urbanization. Together with globalization, this movement is changing its cities, nature and Chinese culture itself. On the other hand, Chinese architects are taking the largest number of design projects worldwide. The national representation of China in this biennale comprises seven architecture offices presenting a panorama of the contemporary architecture developed in the country. Technology is inherent to contemporary Chinese buildings and is explored in many ways. At the China Academy of Science Library, the architects at the Institute of Architectural Design & Research apply modern constructive technology to demonstrate the spirit of the country’s traditional architecture. From the square (public) to the steps (sacred), to the colonnade (cultural), to the cortile (traditional), to the atrium (symbolical), and finally to the reading hall (functional), a series of spaces are presented as the sequence of traditional Chinese space. In the Digital Beijing Building, however, technology assumes the main role. The nearly 100 thousand-square meter building will serve as the data control center of Beijing Olympics in 2008. After this period, it will accommodate a virtual museum of Digital Olympics and an exhibition center for manufacturers of digital products. “The concept was developed from the reflection on contemporary architecture in the information era,” explain the Urbanus architects, responsible for the project together with Studio Zhu-Pei. Illuminated lines and dots will emerge from a water surface, creating a design similar to the form of a microchip. The objective is to transform the building in a symbol of the information era.
PORTUGAL CONCEPT, REFLECTION AND MATERIALITY Established at one of the emergency exits of the Biennale’s pavilion, the official
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Manuelle Gautrand’s proposal for the new Citroën showroom at Champs Elysées, Paris, stands out for taking advantage of the façade’s intense verticality. A continuous spiral path conducts visitors around the seven rotating platforms exhibiting the cars. The architect also explores the symbols in the development of her proposal: the red color, Citroën’s symbol, and its logo (in relief) are remarkable elements in the façade. Gautrand’s project was selected in a competition in 2002; the building is in progress and should be concluded in October 2006. On another projective scale, the pedestrian bridge created by architect-engineer Marc Mimram above the River Rhine also deserves highlight, a project of strong symbolic meaning. In 2004, the cities of Strasbourg (France) and Kehl (Germany) formed a symbolic link creating a garden extended about 60 hectares along the Rhine’s banks, as a natural border between the two cities. The pedestrian bridge created by architect Marc Mimram is formed by two centrally joined parts and originate a relaxing spot and a new panoramic view over the Rhine. By offering multiple paths and allowing pedestrians and cyclists to easily access the two margins of the river, the bridge fits completely in the proposal for the garden. Furthermore, the apparent lightness of the structure and the sophisticated play of curves created by Mimram establish a harmonious dialogue between the river (focal center of the project) and the bridge. With it, the river is noticed not as a divisor anymore, but as an inductor of the physical and cultural continuity between the two peoples, which remained enemies for a long time.
Portuguese representation considered this location as an opportunity to transmit its message. “Emergency exits are, supposedly, the shortest link between ‘interior’ and ‘exterior’, which, in the Biennale’s context, can emphasize the ambition of approaching the ‘utopia’ of ‘reality’ or the ‘reality’ of ‘utopia’ (depending on the direction of the link),” explains architect Pedro Bandeira, responsible for the installation of “Entrada de Emergência” (“Emergency Entrance”). With this metaphoric gesture, Bandeira dislocates soil from the exterior to the interior of the building, diminishing the distance between the city and the exhibition, between action and ideas, between reality and utopia. Portugal also participates in the sixth Biennale with individual exhibitions by architects Gonçalo Byrne and Eduardo Souto de Moura. Under the title of “Geografias Cristalizadas” (“Crystallized Geographies”), Byrne presented six projects, such as the Center of Coordination and Control of Maritime Traffic in the Lisbon harbor, concluded in 2001. The project for the building was chosen in a closed competition, is the most modern coastal control center in Europe and devotes to the management of a wide fluvial and maritime area. Inclined over the River Tagus, the 38-meter single structure stands out from the skyline of Lisbon and works allegorically as a “monumental door” (the river seen as an entrance to the city). The tower designed by Byrne is an evolution of classic lighthouses, which only provide orientation. This “active lighthouse” has, besides staff offices, two simulators and several conference rooms for employee training. The innovative VTS system (Vessel Traffic Service), a mixture of radar, VHF and GPS, allows complete control of maritime traffic. The nine-floor tower is substantially divided in three parts, according to the function; this division is reflected by the coating materials, which alternate aiming at the progressive dematerialization of the building – a resource that attenuates the massive appearance caused by the rigid and asymmetric form of the tower. A skirting board made of white stone, as high as an entire floor level, “anchors” the building to the ground and encompasses the hall, the boat parking area and an exhibition center. Towards the top, the building skin changes: for five floors it is covered by copper plates, of which natural oxidation makes the inclined and perpendicular walls maintain a discrete chromatic play ranging from lightgreen to brown. The three top floors of the tower, devoted to the offices, present entirely glazed walls protected by a copper brise-soleil system. Besides being an important landmark, Byrne’s “active lighthouse” is also a record of the traditions in navigation and exploration that make part of the Portuguese history. Souto de Moura, in turn, presents the projects of 22 houses, proposing a reflection on his work from a reference point – dwelling. “The decision of exhibiting only single-family houses is the most coherent in my opinion, for it is the laboratory where it is possible to ‘experiment’ typologies, languages and materials,” says the architect.
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GERMANY REFLECTIVE MODERNISM The national exhibition “New German Architecture: a Reflective Modernism”, Germany’s representation at the sixth BIA, presented examples of current German architecture since 1990 and the reunification of Germany. It also presented ten architecture practices that have made major contributions to German architecture since 1960. What the exhibited works had in common was the concern with the context of each project. “It is no longer possible to establish whether architecture is progressive or retrograde, more or less modern, simply from its form and style: today’s architecture can and must be modern in a social sense – or it is not modern at all,” affirms Ullrich Schwarz, curator of the exhibition. The intelligent integration to the landscape and the economy of natural resources are also aspects observed frequently, such as in the office building Berliner Bogen, designed by studio BRT Architekten (2001). As the building is located above an underground cistern, part of Hamburg’s draining system, the architects opted for a structure in metallic arches in order to cover the span without the need of underwater foundations. Eleven steel tubular arches, fixed on the banks of the canal and reaching 35 meters high, support the structure. From its origin, each arch bifurcates upwards, where it meets another arch, forming a chain of arches throughout the roof. The eight cement slabs of the build-
ing are suspended from the arches, generating floors without columns. The project incorporates a series of measures for reducing the use of energy, starting with the roof, whose double glazed skin causes an isolating thermal effect. The existence of six indoor gardens, visible from 1,200 work stations and also from the street, facilitates ventilation, air conditioning and heating. Additionally, the capacity of temperature isolation of the exposed concrete surface facilitates thermal regulation inside the building. The roof design, in turn, captures rain and redirects the water straight to the canal.
SINGAPORE VERTICALIZED GARDEN-CITY This country is an island. With 4.2 million inhabitants and only 699.1 square kilometers, Singapore is configured as a large city: there is no “interior”, the limits between the city and the suburbs have almost disappeared. Due to the lack of space, the government developed, after the country’s independence, in 1965, housing complexes to accommodate the growing population. Corbusierian blocks, with 12 to 25 floors, were constructed. After some initial hesitation, people adhered to the apartments and a long evolving path was followed since then. Today, governmental organs invest in a strategy of high-density verticalized housing (the currently constructed buildings have 40 to 70 floors!). This apparently oppressive typology is approved by most inhabitants due to specific parallel initiatives, such as the oriented planning for generating a strong sense of community and identity (the apartment complexes, for instance, are organized around a common green area) and “borrowed space” (the alternation between buildings and low-density areas, such as parks, rivers and houses). Another relevant aspect in this context is the intensive investment of the public sector in green areas – Singapore has 280 parks, and its primary forests and swamps are preserved – which compensates the lack of private green areas due to the verticalization policy (90% of the population lives in apartments). The healthy “green obsession” originates creative solutions, which control the spaceshortage issues: “by linking all the parks with green connections, they become an enormous massive park,” concludes the narrator of the film presented at the Sixth BIA. The building Pinnacle@Duxton, developed by the architecture offices Arc Studio Architecture + Urbanism and RSP Architects & Engineers for the Singapore Housing & Development Board clearly exemplifies the strategy of combining vegetation with constructed mass.
BRAZIL CRISTIANO MASCARO Famous for his records of cities and Brazilian architecture, Cristiano Mascaro is one of the most important photographers in Brazil. Cities and their related subjects attract him since his childhood, which is the reason why he studied architecture at FAU-USP (School of Architecture - University of São Paulo). “The first memories of my enchantment for them come from São João. I used to walk looking up, observing the buildings around me, following people’s movements on the sidewalks,” he says. The definite choice for photography was made about thirty years ago. “Between one class and another at the school’s library, I happened to leaf through a book with photographs by Henri CartierBresson which strongly caught my attention. I had never imagined I could see the world in such way, revealing the invisible things that surround us. And everything was there, on a simple piece of paper,” he states. The exhibition “Brasil XYZ”, curated by Álvaro Razuk, comprised 37 black-andwhite photographs (some inedited) of cities from all around Brazil. “In the last thirty years, I have traveled through the most diverse Brazilian regions, and I do not get tired of walking, as in my childhood, along the streets, avenues and plazas of our cities, certain that they are the most relevant witnesses of the transformations in the country, the widest and most diverse scenery through which Brazilians move and are manifested. In sum, the most loyal portrait of our character,” summarizes the photographer-architect. PAULO ZIMBRES Graduated from FAU-USP in 1960, Paulo Zimbres moved from São Paulo to Brasília in 1968, where he consolidated his career. Although his roots are linked to modernity, Zimbres’ work stands out for its unique character: from the technical and formal elements of modernism, the architect creates a specific language,
JOAN VILLÀ The special room about Joan Villà exhibited his several projects of “in loco” industrialized construction, developed since 1985. The technical and aesthetical conciliation – the development of a constructive system that speeds up the building execution and even results into a new language – is the great differential of Villà’s work. Essays and experimental constructions were executed with two focuses: the constructive and the composing one, in search of – in the words of the architect – “a Brazilian poetic expression committed with the country’s real conditions.” The Studio of the Habitation Laboratory at the University of Campinas (1990), published in this issue, and the harmonic composition of the pre-manufactured structure (concrete with ceramic blocks) reveal Villà’s preoccupation with the plasticity resulting from the new technique. ROSA GRENA KLIASS One of the most important names of Brazilian landscaping, Rosa Kliass, has already accomplished, along five decades of activity, over three hundred projects all over the country. The scales and typologies are diverse: from small gardens to landscapes and urban design, through parks, plazas and leisure areas. The preservation of the site’s natural aspects is one of the guiding principles of the landscapist-architect’s work. In the Parque das Esculturas (Park of Sculptures), in Salvador (1996), this choice becomes quite clear. Conceived as an outdoor exhibition area at the Museum of Modern Art in Bahia (MAM-BA), the park should be located in a neighboring area of Solar do Unhão, the headquarters of MAM-BA. The terrain was on an 18-meter abrupt hillside, limited on the top by Avenida do Contorno and, on the bottom, by the sea of the famous bay Baía de Todos os Santos. Respecting the site’s peculiarities, Kliass remodeled it in a way to allow a generous use of the space. “The exercise of maximum potentialization of the landscape’s elements provided the invention of a new place. From the steep hill a surprising urban space was conformed,” affirms the architect, summarizing her performance. HECTOR VIGLIECCA The Uruguayan architect, living in São Paulo since 1975, alternates commercial projects with his participation in national and international competitions, in which he is used to stand out for the level of conceptual innovations of his proposals. Recently, Vigliecca and his team have participated in the competition for the New Public Library of the State of Jalisco, in Guadalajara, Mexico. According to the architect, a library for the twenty-first century must have a “space of recognizable public image, source of knowledge, where each individual can construct his own hypertext.” In this manner, the building proposed by Vigliecca for Guadalajara is essentially composed of two floors. On the lower floor, a large reading plaza with suitable acoustic conditions provides maximum interaction among the users and several “ways of being together”: individual reading, collective group studies, living rooms and small auditoriums. The upper floor comprises all collections, classified and marked by “extremely didactic visual conditions,” allowing each person to make their own connections. EDUARDO DE ALMEIDA The architect from São Paulo presented, during the Biennale, eight houses developed in different periods along his 45-year career. The simplicity of the finalized work is one of the objectives pursued by Almeida during the projective process. “If I accomplished a barely imperceptible architecture, made of pleasant sensations, it would be wonderful. Because whoever would inhabit those places, whichever they were – a house, a hospital or a city –. would find the possibility of a worthy and fraternal living,” he affirms. His project for a house in the district of Butantã, in São Paulo (2004) reflects this intention. The neutrality of the solid metallic structure and the lightness of the complementary elements – such as the stairs and the openings – contribute in a definite way to this “imperceptible architecture” desired by the architect.
ODILÉA TOSCANO Graduated in architecture, Odiléa Toscano stood out as a graphic artist and illustrator, having also contributed to several publications, such as the Senhor magazine, an icon for national graphic design, and the world-famous Graphis magazine, between 1960 and 1980. Nevertheless, her work is “practically unknown by the new generation of designers,” as Wilson Jorge Filho affirmed, in the text of the exhibition at the sixth BIA, which focused on three projects designed by the artistarchitect and should stimulate young designers’ curiosity in relation to her complete work. In this Biennale, illustrations developed for Editora Brasiliense book covers in the 1960’s were exhibited together with geometric patterns for hydraulic floor tiles, created for two homes, in 1957. Another presentation was “A Cidade Contemporânea na Visão Piranesi” (“The Contemporary City in Piranesi’s View”), a PhD thesis finalized in 1988, in which, inspired by the neoclassic Italian engraver, Odiléa developed a new language for her designs, focusing on the city and its expression.
The Biennale’s figures: - 13 invited countries - 17 Brazilian offices invited - 12 foreign countries invited
- 14 national special exhibitions - 6 international special exhibitions - 200,000.00 visitors (estimated)
MAX FEFFER PRIZE – page 60 In its fourth edition, the Max Feffer Prize of Graphic Design beat its record of entries, bringing to the competition projects from all around Brazil. Homogeneity and quality in the projects marked this year’s competition, organized in seven categories, all based on the use of only three types of paper produced by Companhia Suzano Papel e Celulose Juliana Mariz Named after the businessman who revolutionized the production of cellulose in the 1950’s, the Max Feffer Prize, promoted by Suzano Papel e Celulose, is a competition that awards graphic design projects from the entire country. The event’s fourth edition has the objective of valuing professionals involved in the creation of projects printed on some paper lines of the company. This year, 780 participants were registered, which is a record compared to the previous editions. In 2004 there were 630 entries and in 2003 there were 450. Only pieces made of the following types of paper were accepted: Reciclato, Papelcartão Supremo Duo Design and Supremo Alta Alvura. “I was surprised at the quantity of entries, which proves that the prize is gaining visibility. It is also interesting to note that the projects clearly express the practices of each region, which reinforces our nationality,” stated designer Gilberto Strunck, curator of the prize. Three renowned professionals, Victor Burton (from Rio de Janeiro), João Roberto Peixe (from Pernambuco) and Francisco Homem de Melo (from São Paulo), selected the three best pieces in seven categories: Promotional and Editorial (Papelcartão Supremo Duo Design); Packaging (Papel-cartão Supremo Duo Design and/or Supremo Alta Alvura); Promotional, Editorial and Corporative (Reciclato); and Miscellaneous (Papel-cartão Duo Design and/or Reciclato). This last category comprised projects that do not fit into the other categories. The first place was awarded with R$ 13,000.00, the second with R$ 5,500.00 and the third with R$ 2,000.00. The highlight of this edition was the Est vegetable soap packaging designed by Ciro Girard. According to Victor Burton, one of the judges, this project’s attribute is the good use of graphic design essence: typography and color. “This aspect constantly recurs to some aesthetic clichés, which does not apply to Ciro’s work.” The author was surprised with the choice. “There was no commercial concern, so I had freedom to create. It was a great learning to listen from others that my work makes sense,” says Ciro. The judges are unanimous when affirming that they were surprised at the quality of the projects. In Francisco Homem de Melo’s opinion, the works had a highquality homogeneity. “This shows the consolidation of Brazilian design.” Homem de Melo also emphasizes the youth of the winners. “This prize’s best news is the way young professionals perform safe and qualified projects.”
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which clearly evolves along time. The libraries designed in collaboration with Luiz Antônio Almeida Reis for the Federal University of Uberlândia, in 1990, are a good example. Incorporating elements of modern architecture, such as the pilotis and the ribbed concrete roof, the architects innovated the use of a ceramic brisesoleil of which “lacy” effect is due to the plastic explorations of the perforated blocks, elements highly linked to the Brazilian construction style.
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