REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
MARAJÓ / MOÇAMBIQUE
Nº 46
R$ 15.00 Nº 46 QUADRIFOGLIO EDITORA
ARC DESIGN
DROOG DESIGN 10 ANOS EM MOSTRA NO BRASIL
CATALYSTS, ALÉM DA CRIAÇÃO 2006
2006
EXPORTANDO KNOW-HOW
DESIGN GRÁFICO INTERNACIONAL
NINHO SEGURO COMO O DESIGN PODE CONTRIBUIR?
IF DESIGN VITRINE BRASILEIRA NA ALEMANHA
ATOMIUM NOVO BRILHO, NOVAS LUZES
Fabio Del Re
Preservada por sua geografia e sua história, a Ilha de Marajó guarda segredos. Um deles? A Varinha da Conquista. Conta a lenda – segredo de uma só família, transmitida de geração em geração – que se alguém estiver no caritó (sem um amor), apanha uma Varinha da Conquista e toca na pessoa desejada. O resultado é rápido e infalível! É o que nos relata Heloisa Crocco, e acrescenta que a Varinha traz também sorte nos negócios, transmite energia, retira maus fluidos. Fonte de sobrevivência até hoje da família Rocha e Silva, residente
Fabio Del Re
Pro du tos con fec ci o na dos na Ilha de Ma ra jó, du ran te o Pro je to Fa ber, co or de na do pelo La bo ra tó rio Pi ra ce ma de Design com apoio do Se brae-Pará. Aci ma, ima gem da capa: Va ri nha da Con quis ta, tra di ção na Ilha, com dese nhos na ma dei ra “grava dos” com uma fa qui nha. Abai xo, co lar ins pi ra do nas re des de pes ca; no pé da pá gi na, à es quer da, san dá lias em cou ro de bú fa lo, na co le ção com pássa ros da fau na lo cal (pro je to ori en ta do por Re na to Im broi si) e, à di rei ta, cai xa em ma dei ra com de ta lhes de di ver sas Va ri nhas da Con quis ta, assi na da por He loi sa Croc co
na cidade de Soure, a Varinha vem da árvore Santa Clara, também conhecida como Taquari. De porte pequeno, normalmente com seis varas, é encontrada nas caatingas da região. É resistente, pois a extração das varas não extingue a planta – deixa-se o toco, que volta a brotar. Quando a Varinha está verde, no momento em que está sendo “bordada” (ou seja, desenhada com o uso de uma faquinha), ela chora, segundo dizem as artesãs. Suas lágrimas são um líquido branco que irá servir como cola no próprio bordado. Além de ser um bálsamo para as mãos delicadas e ágeis dessas “bordadeiras”.
drão gráfico geométrico, o que se lê são séculos – alguns dizem milênios – de cultura marajoara, agora reformulados pelo diálogo bem-sucedido entre design e artesanato. A Varinha é um exemplar de uma sé rie de ob je tos pro du zi dos pelo pro je to Fa ber: “Vi vência em Marajó”, conduzido pelo Laboratório Pi ra ce ma de De sign com o
Del R e
apoio do Se brae-Pará.
Fa b i o
Lucas Moura
A Varinha da Conquista é toda história: desde sua função até o pa-
A releitura de nos sa própria cultura material amplia-se cada vez mais, definindo caminhos – enriquecendo e alargando fronteiras além-Brasil. Veja nesta edição dois projetos, um na Ilha de Marajó e outro em Moçambique, na África, e entenda por que nos sentimos tão orgulhosos. Numa li nha que tem se me lhan ça com o de sign bra si lei ro de raiz ar te sa nal, vi mos no Mu seu Os car Ni e me yer, de Cu ri ti ba, os “10+1” anos de pro du ção do gru po ho lan dês Dro og De sign. Dro og, que sig ni fi ca seco, traz uma nova abor da gem para o de sign, que não tem iní cio no tra ço, na for ma, mas na ra zão de ser do novo ob je to e no que ele pode tra zer como mu dan ça de há bi tos de vida. É tam bém uma pro du ção semi-ar te sa nal, em toda a sua apa ren te se cu ra. Ou tras atra çõ es? Um me gae ven to in ter na ci o nal – mos tra, se mi ná rio, ins ta la ção e works hop – re a li za do no Rio de Ja nei ro com de sig ners in ter na ci o nais lado a lado com pro fis si o nais bra si lei ros. O Ato mi um – lem bram-se? – ago ra é re-vis to, rei nau gu ra do, com o alto bri lho do aço inox re sis ten te às in tem pé ri es, e ilu mi na do por Ingo Mau rer! Na pro du ção bra si lei ra, nova co le ção na Or na re, re e di çõ es de Ser gio Ro dri gues na Dpot, e uma fa mo sa te ce lã com sua tex tu ra de fios inu si ta dos. Con cur sos? Os ju ra dos do IF Pro duct De sign Award, de Ha no ver, com 19 pre mi a çõ es para o pro du to bra si lei ro, têm in cen ti va do cada vez mais nos sos de sig ners. Nes ta edi ção, tam bém tra ze mos o re sul ta do de dois con cur sos para es tu dan tes: o Con cur so De sign Ma si sa e ou tro, de cu nho so ci al, di ri gi do a equi pa men tos para ca ta do res de lixo e para mo bi li á rio ur ba no em ci da des his tó ri cas. Além des tes, a mos tra so bre no vos ma te ri ais, re a li za da pelo Cen tro São Pau lo De sign. Na Ra di o gra fia de um Pro je to des ta edi ção, da mos iní cio a uma sé rie de ma té ri as com jo vens ta len tos do de sign de in te ri o res. Con fi ra a co e rên cia do pro je to de ilu mi na ção de Mar cio Mi cha luá, que ba se ou suas es co lhas em pro du tos de uma só co le ção. Ca talysts, em Lis boa, uma ex po si ção ex traor di ná ria, re a li za da du ran te a Bi e nal de De sign Ex pe ri men ta. Uma re se nha im per dí vel! Re ga lem-se! Ma ria He le na Es tra da Edi to ra
A releitura do ar tesanato brasileiro de raiz e os produtos resultantes, rea lizados por profissionais brasi lei ros, já ganharam fama no mundo. Agora, a nova metodologia aplicada a esse trabalho chega à Ilha de Marajó, com o Laboratório Piracema de Design, e à África, com uma equipe liderada por Renato Im broi si. Vale conferir os resultados
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O Museu Niemeyer, em Curitiba, abrigou a mostra dos holandeses da Droog Design. Uma retrospectiva de seus 11 anos de existência, com toda a coleção, que nos fez “mergulhar” no conceito do “design seco”, ou melhor, do design a ser viço de novas – e mais práticas – formas de vida
BRASILIDADE A TODA PROVA
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Projeto realizado no Rio de Janeiro, com temática inspirada na mostra “Safe: Design Takes on Risk”, organizada pelo MoMA, N. York, constou de workshop, seminário e mostra com designers brasileiros e internacionais, como Matali Crasset, Diana Cabeza, Hella Jongerius, entre muitos outros. Parece que entramos, de verdade, no circuito internacional!
O arquiteto e designer Sergio Rodrigues foi homenageado com uma exposição no show-room Dpot. Personagem famoso entre os intelectuais cariocas, Sergio Rodrigues além de ex por algu mas reedi çõ es de seus mó veis, trou xe fo to gra fias, de senhos e caricaturas de obras suas, feitas por Millôr Fernandes, Juarez Machado e outros impor tantes ar tistas brasileiros
NEWS REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
nº 46, fevereiro 2006
Da Redação
Maria Helena Estrada
NINHO SEGURO
Winnie Bastian
DESIGN + PROVOCAÇÃO + INTELIGÊNCIA = DROOG
DE MARAJÓ A MOÇAMBIQUE
Maria Helena Estrada
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CONCURSO DE DESIGN MASISA
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DESIGN SOCIAL E DESIGN URBANO
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Designers brasileiros são selecionados, em número cada vez maior, para concorrer à premiação do IF Design Award, na feira de Hannover. Veja e analise os produtos que têm agradado aos europeus
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A combinação precisa entre materiais e ilu mi nação dá o tom do proje to de Mar cio Mi cha luá para um es cri tó rio de ad vo cacia em São Pau lo. Conhe ça conos co
Um dos símbolos da Bélgica, o Atomium acaba de ser restaurado. Confira a nova “pele” e o projeto luminotécnico que trouxeram novo fôlego ao edifício criado para a Expo 58
COMUNICAÇÃO E OLHO CRÍTICO
Texto e legendas extraídos do material de divulgação da mostra Catalysts
AUDÁCIA RENOVADA
Winnie Bastian
Da Redação
OPOSTOS EM HARMONIA
RADIOGRAFIA DE UM PROJETO
PRÊMIO IF: DESIGN EM DISCUSSÃO
Rita Monte
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A Experimenta, Bienal de Design de Lisboa, apresentou a mostra Catalysts, seis núcleos expositivos com curadoria de Max Bruinsma. Design gráfico e tipográfico, design anônimo e grafite. Manifestos políticos, críticos, mordazes. Excelente. Não perca!
MATERIAIS E PROCESSOS: A CHAVE PARA A INOVAÇÃO
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NA MODA
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A UNIÃO NA DIVERSIDADE
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TECENDO... FIOS, METAIS, FANTASIA, MODERNIDADE
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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)
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ENGLISH VERSION
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Projeto: Arq. Edgar Casagranda | Foto: Roali Majola
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suíte casal | armário em TS maple | portas deslizantes em alumínio e vidro chocolate | puxadores em inox escovado painel de cabeceira com tampos tamburados maple prateleiras internas de alumínio e vidro com iluminação.
Mais de 140 lojas no Brasil e exterior
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Fรกbrica: Tel.[54] 2102 2200 | Vale dos Vinhedos | Bento Gonรงalves | RS
Resin Floor recebe prêmio Material Excellence 2003 por desenvolvimento de materiais e tecnologia conferido pela Material Connexion N. York
Loja Lucy in the Sky
Espaço Nike – Authentic Feet
Foto Levi Mendes Jr.
Studio Sucre, designers Karina Schrappe Sucre e Eduardo Sucre
Projetos personalizados, com design e tecnologia
poliuretano de alta resistência acabamento fosco ou brilhante desenhos personalizados e sem emendas isolante termo acústico
Espaço Nike – Authentic Feet
Agência de Publicidade Dado Macedo Produções
Desenho do artista plástico José Roberto Aguilar / Foto Levi Mendes Jr.
hotéis, restaurantes, hospitais, lojas e show-rooms av. angélica 580 8ºp sp adriana adam tel/fax 11 3666.9629 3822.0858 resinfloor@uol.com.br www.resinfloor.com.br
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Desenho do artista plástico José Roberto Aguilar / Foto Levi Mendes Jr.
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OUSADIA NA PINTURA Mais cores nas paredes, sem medo de errar. A Suvinil lança o Suvinil ColorTest, criado para que o usuário possa testar diferentes tons sem precisar comprar uma grande lata de tinta colorida – e correr o risco de não gostar do resultado. O ColorTest é a menor embalagem de tinta no mercado, com apenas 202,5 ml. Seu preço é mais acessível: fica entre 5 e 10 reais, conforme a cor escolhida e o revendedor. Segundo Renato Freire, gerente de produto responsável pelo lançamento, a menor embalagem no mercado até então continha 900 ml e custava entre 15 e 25 reais. O Suvinil ColorTest integra-se ao sistema tintométrico Suvinil SelfColor. A lata contém apenas uma base, ainda não misturada aos colorantes; o consumidor é quem escolhe a cor que quer levar, e uma dispensadora automática faz a mistura no próprio local de compra. www.suvinil.com.br
VIDRO SEM RISCOS Um vidro à prova de arranhões é o mais recente lançamento da Guardian. O cristal DiamondGuard tem uma camada com alto grau de en-
CHÃO DE PEDRAS
durecimento sobre uma das faces, o que garante resistência dez ve-
Aparência de pedras e a maciez da lã. Um dos novos produtos
zes maior a riscos se comparado a um vidro comum. O produto é reco-
artesanais da Avanti é o tapete Pedras, que, usando diferen-
mendado para tampos de mesa, prateleiras, aparadores ou bancadas.
tes tons de marrom e cinza, cria a ilusão de estar coberto de
A empresa ressalva que o DiamondGuard não é totalmente imune
seixos de vários tamanhos. Feito à mão, em lã e polipropile-
a marcas. Ele pode ser danificado se materiais pontiagudos e du-
no, o artigo faz parte da coleção Trama Contemporânea, que
ros, como diamante, aço temperado ou cerâmica rústica, forem
explora traçados inspirados em diferentes culturas. Os tape-
arrastados com força sobre ele. Mas os riscos provocados pela
tes da coleção adaptam-se tanto a ambientes formais quan-
maioria dos objetos não ameaçam o novo cristal.
to casuais, e usam materiais naturais e ecologicamente cor-
O vidro protegido pode ser
retos. O modelo Pedras vem nas cores castor e marrom.
encontrado com espessura
www.avanti-carpet.com.br
de 12, 15 ou 19 mm. Mais informações sobre o produto e uma relação dos revendedores cer tificados em www.diamondguard.com.br
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O design é capaz de levar ao passado e ao futuro. No presente, nada melhor que fazer sua inscrição no Senac.
Pós-graduação em: • Design de Interiores • Paisagismo • Design para Movelaria • Design Gráfico Graduação em: • Design de Multimídia • Design com habilitação em Comunicação Visual • Design com habilitação em Interface Digital • Design com habilitação em Design Industrial Cursos de extensão Cursos técnicos Cursos de aperfeiçoamento
pense design
Saiba mais: 0800 883 2000 www.sp.senac.br
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February 10, 2006
ELECTROLUX DESIGN LAB
CALIBRE 360
Desenhar eletrodomésticos para a casa de 2020: esse é o de-
Cronometrar com alta precisão não é mais função exclusiva de reló-
safio proposto todos os anos pelo “Electrolux Design Lab”,
gios digitais: a tradicional fábrica suíça TAG Heuer criou um cronógra-
prêmio dirigido aos estudantes de design. A terceira edição,
fo de pulso capaz de marcar os centésimos de segundo. É o Conceito
de 2005, recebeu 3.058 inscrições de mais de 88 países.
Calibre 360, que consegue esse resultado graças à alta rotação de
Desses, apenas 12 finalistas foram selecionados para execu-
sua roda de balanço – a peça responsável pela marcação do tempo
tar seus projetos e exibi-los na conferência “Future Design
nos relógios mecânicos, equivalente ao pêndulo nos relógios mais
Days”, em Estocolmo, onde as três equipes vencedoras – to-
antigos. Nesse modelo, ela oscila 360 mil vezes por hora, um valor
das de países asiáticos – foram anunciadas.
dez vezes superior ao dos outros cronógrafos.
Quem levou o primeiro lugar foi uma dupla de Cingapura: Ga-
O novo relógio – cujo design recebeu o prêmio Red Dot 2006 – é fei-
briel Tan e Wendy Chua, criadores da Air wash (acima, à es-
to em titânio Ti5, um material leve e resistente, e tem pulseira de
querda), que lava roupas a seco sem usar água ou produtos
borracha com fecho desdobrável. Seu desenho tem inspiração nos
químicos. O segundo ficou com a Flavour of Sunshine, uma
carros de corrida. O modelo, ainda em protótipo, foi projetado em
lavadora e secadora projetada por um grupo de estudantes
conjunto com o piloto de F1 Juan Pablo Montoya, que também co-
chineses, que simula a luz do sol no processo de secagem.
leciona relógios. No Brasil, o revendedor exclusivo da TAG Heuer é a
O terceiro prêmio foi para os coreanos Sang Hoon e Kim Jong
H. Stern (0800-227442).
Hyun pelo aparelho Happy Feet (à direita), que limpa, elimi-
www.tagheuer.com
na os odores e esteriliza sapatos e tênis. www.designlab.electrolux.com
CELULAR COM ESTILO CUR SO “PANORAMA DO DE SIGN”
A Motorola aproveitou o ambiente da São Paulo
A designer Marieta Ferber ministra, a partir de 14/3 o curso
Fashion Week para fazer o lançamento do celular
“Panorama do Design – Design no Século XX”, no Instituto To-
MotoPEBL, que une moda e tecnologia. O aparelho
mie Ohtake. São três meses de aulas semanais. Com aulas
tem câmera fotográfica e captura de vídeo, disca-
teóricas e práticas, o curso aborda os principais designers
gem ativada por voz e tecnologia sem fio Bluetooth.
do século, mostrando obras nas áreas de mobiliário, objetos,
A novidade é o mecanismo automático de abertura, aciona-
cenários e design gráfico. www.institutotomieohtake.org.br
do com um toque no flip. www.motorola.com.br
PRÊMIO DE SIGN.RS É tempo de inscrições para o 1º Prêmio Design.RS, promovido pela Rede Gaúcha de Design. Serão premiadas as empresas gaúchas (divididas entre indústria, comércio ou ser viço) que tenham feito melhor uso do design como ferramenta estratégica. Há duas modalidades: “design gráfico e de comunicação visual” ou “design de produtos”. Os projetos devem ter sido implantados entre 01/01/2002 e 15/03/2006. Os ganhadores levam troféu, diploma e um selo que menciona a premiação e pode ser utilizado para a divulgação promocional da empresa. As inscrições, que custam entre 50 e 100 reais, vão até 15 de março. Regulamento e outras informações em www.rgd.org.br/premio__design.
IDE AL HOUSES 2006 Novidades na Feira Internacional de Móveis de Colônia, cuja última edição terminou dia 22 de janeiro. A mostra agora ocupa um novo centro de exibições, elogiado pelos participantes por encurtar as distâncias e tornar o espaço central da feira mais atraente. Mas a maior trans for mação ficou com o Ideal Houses, em que desig ners convidados expõem suas visões de como devem ser os Andrés Otero
lares do futuro. O evento reuniu, para fazer uma das casas, três jo-
MISTURA ESPERTA Palha, carvão, feno, metal, flor de alfazema, papel e plástico são a matéria-prima das últimas criações de Tetê Knecht. Misturados com cola, látex, silicone ou resina, esses materiais dão origem a móveis e objetos de textura e visual inusitados. A linha é resultado do projeto Tactile, desenvolvido por Knecht durante a pós-graduação na École Cantonale d’Art de Lausanne (Ecal), na Suíça, com orientação do designer francês Ronan Bouroullec. Depois de testar os efeitos obtidos com as diferentes combinações entre os materiais – avaliando, por exemplo, a resistência, a elasticidade e a aparência das misturas –, a designer desenvolveu uma mesa de centro de feno com cola, vasos de carvão com silicone, além de pufes, almofadas e sapatos confeccionados em palha com látex. Os três últimos artigos foram para a vitrine da galeria francesa Kreo e ficaram entre os nove melhores objetos de design da Suíça, segundo a Fundação Raymond Loewy. www.ecal.ch
vens designers, representativos das principais correntes do design atual: o holandês Joris Laarman, o alemão Stefan Diez e a dinamarquesa Astrid Krogh. É a primeira vez que uma turma de designers trabalha no mesmo projeto. Do outro lado estava ninguém menos que Dieter Rams, que foi chefe de design de produtos na Braun e deu vida a uma vasta obra minimalista. As diferentes visões da casa ideal renderam ao público da feira uma viva discussão – e provocar esse debate é justamente o objetivo do Ideal Houses. www.immcologne.com
AnĂşncio Final.indd 1
19/12/2005 17:27:13
ATRATIVOS DA SEMANA DO DESIGN, MILÃO
A inspiração para muitos designers foi o mobiliário urbano, pendendo
O Salão do Móvel de Milão é o grande ponto de convergência
para manifestações artísticas. É o caso de Arad, que criou “Rocker”,
do design internacional e a Trienal de Milão hoje se coloca
uma reinterpretação da cadeira de balanço em plástico, lançada pela
como sede dos principais eventos paralelos ao Salão. Este
Driade, agora executada em tubos de aço inox curvados, com acaba-
ano a Trienal abrigará as mostras “Il Diavolo Del Focolare”,
mento espelhado. Toyo Ito, por sua vez, concebeu “Ripples”, baseado
instalação de Matali Crasset; “Mini Design World”; “Good De-
nas ondas circulares formadas na superfície da água atingida por uma
sign Giappone”; “Mundus Vivendi”, entre outras. Nos jardins,
pedra, por exemplo. A idéia é repetição da que fundamentou o banco
haverá a reconstrução de um grande galpão de Le Corbusier.
de mesmo nome criado por Ito para a Horm, vencedor do prêmio Com-
Os exaustos visitantes da Semana do Design, que este ano
passo d’Oro ADI 2004. Jean-Marie Massaud apresentou duas poltro-
vai de 5 a 10 de abril, já contam com um belíssimo bar, com
nas Flower Power (acima, à direita), criadas para a Poltrona Frau, e
vista para o jardim, com drinques para repor as energias
colocadas sobre um tapete de flores, remetendo à importância da na-
(acima, à esquerda). Os visitantes da Trienal poderão tam-
tureza na vida cotidiana. Gaetano Pesce fez sua contribuição ao jardim
bém aproveitar o próprio jardim. Durante o Salão do Móvel de
com “Le Signore”, um grupo de três poltronas e apoios para pés em
Milão de 2005, a revista Interni celebrou de modo aberto e
bronze, cujas formas são as da poltrona “Donna”, de 1969. Ettore
criativo seus 50 anos de existência: reuniu dez dos mais im-
Sottsass criou “Sassi nel Parco”, as pedras no parque, compostas por
portantes designers da cena internacional para “mobiliar”
cinco pequenos bancos artesanais dispostos ao redor de uma árvore.
com modelos já existentes ou novos, quase sempre em
Quanto às demais criações... só visitando o jardim.
grandes dimensões, os jardins da Triennale di Milano. A mostra desses “objetos-esculturas”, “OpenAirDesign”, atraiu todo o público visitante do Salão do Móvel de Milão, além de curiosos pelos desenhos e até preguiçosos – que buscavam nos assentos do jardim um furtivo cochilo. O “Jardim das Esculturas” (à direita) dá acesso às obras de Ron Arad, Aldo Cibic, Toyo Ito, Toshiyuki Kita, Piero Lissoni, JeanMarie Massaud, Francesco & Alessandro Mendini, Fabio Novembre, Ettore Sottsass e Gaetano Pesce. Os móveis criados especialmente para a mostra permanecem no jardim, mesmo depois de encerrado o evento: as criações foram doadas à Trienal e, agora, fazem parte da paisagem externa do prédio.
DE MARAJÓ A MOÇAMBIQUE Sim, estamos exportando maestria na releitura do
Maria Helena Estrada Fotos Lucas Moura e Fabio Del Re
artesanato tradicional. É uma honra e alegria saber que designers brasileiros são contratados pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade,
na África, visando revitalizar o artesanato em comunidades de todo carentes; que já existe e está sendo posta em prática em diversas regiões do Brasil a metodologia criada para orientar a interferência do designer no artesanato, o Laboratório Piracema de Design 16 ARC DESIGN
Re cu pe ra ção ico no grá fi ca e sim bo lis mos em um projeto orientado pelo Laboratório Piracema de Design. Ao lado, o lo go ti po do pro je to. Aci ma e na pá gi na ao lado, os ga lhos do man gue zal e a san dá lia resul tan te, no pro je to Ma ra jó
ILHA DE MARAJÓ, BRASIL
Aci ma, ca sas po pu la res da ilha e suas cer cas, que lem bram os dese nhos da an ti ga ce râ mi ca ma ra joa ra. Abai xo, à es quer da, co lar em se men tes; à di rei ta, ain da to man do como re fe rên cia os tra ça dos ma ra joa ras, co lar em cro chê
Ilha de Marajó, uma das nossas maiores riquezas intoca-
Os objetos que têm surgido no mercado – seja em ca-
das – repertório de maravilhas que nos foram reveladas
pim dourado, couro, chita, barro, palha, ou com bor-
na mostra Brasil 500 Anos, realizada na Oca, SP, em 2000.
dados –, do legado europeu e nordestino à bombacha
Marajó, ilha de população paupérrima, cuja única ri-
gaúcha –, são o resultado de ações semelhantes, são
queza, hoje, é a criação de búfalos.
uma demonstração de que o design de raiz artesanal
2005, o Laboratório Piracema de Design, em conjunto
é um caminho viável e dos mais interessantes para o
com os designers Renato Imbroisi e Lucas Moura, re-
desenvolvimento de um vernáculo brasileiro. E um ca-
descobre Marajó a partir de sua vegetação, de seus
minho de grande sucesso internacional nesse mo-
manguezais, dos adornos nas casinhas de madeira, dos
mento. Por que vocês acham que “o Brasil está na
desenhos majestosos da cerâmica pré-cabralina.
moda”? Certamente não por seu desenho industrial,
O levantamento iconográfico é o ponto de partida
seu avanço tecnológico ou por suas descobertas cientí-
para uma coleção de objetos, ricos em sua pureza e
ficas. Sem detrimento do que tem sido alcançado pelos
despretensão, sedutores.
designers industriais que, graças à sua competência,
Acima, a par tir da esquerda, exemplo de planta típica de Marajó; teto tramado em palha e casinha de palafita construída com os materiais do entor no. Abai xo, à es quer da, san dá lia em cou ro-sola com um dos vá ri os mo ti vos de ani mais da co le ção; à di reita, jogo ame ri ca no e cai xi nha em ma dei ra e pa lha, cria ção He loi sa Croc co
já vencem a resistência dos empresários, é bom lembrar
etapa, que, além do despertar de uma consciência brasi-
que a tão desejada “marca Brasil” necessita de produtos
leira, trouxe tantos e tão bons produtos ao mercado, é
originais para ser criada, exige um vocabulário local –
hora de um novo e necessário vôo – e muito mais am-
não aquele global.
bicioso. Um vôo que inclua um universo muito maior
Isto, o mundo todo já sabe.
de bons pesquisadores e designers, que resulte em um
Acreditamos que a primeira fase, experimental, desse
repertório diversificado, rico. Queremos produtos com
processo de transposição da cultura popular para uma
um alto valor agregado – como é o artesanato tailandês
linguagem contemporânea já tenha sido alcançada. É
em palha – e, como lá, com um forte apoio governamental
possível, sim, criar bons produtos com elementos lo-
para que se consiga padronização e volume, capazes de
cais e mão-de-obra pouco qualificada – mas extrema-
sustentar uma política exportadora.
mente sensível, como são os caipiras, as tecelãs, as bor-
Falamos em vôos maiores?
dadeiras, as trançadoras de palha e muitos mais.
Renato Imbroisi é hoje um designer têxtil e coordena-
Mas queremos um vôo maior. Vencida essa primeira
dor de projetos trabalhando no Brasil e na África. Com
MAPUTO, MOÇAMBIQUE, ÁFRICA
Acima, no pro je to re a li za do em Ma pu to, amos tras de te ci do se can do no va ral, com pa drõ es e tin gi men tos que surgi ram da ins pi ra ção dos par ti ci pantes e do que se po dia en contrar no entor no da co mu nida de. Abai xo, mantas usan do os pro cessos de tingi mento shi bo ri (raiz ja po nesa) e ba ti que (raiz java nesa), apli ca dos no pro je to Ma cie ne
seu know-how adquirido em diversos projetos no Brasil, criou em Moçambique a primeira coleção de tecidos e roupas – locais. Ninguém imaginaria que até hoje os belos e coloridos panos usados pela população das cidades africanas são – em sua maioria – tecidos e tingidos na Holanda! E importados! Nessa região extremamente pobre onde os brasileiros atuaram com a comunidade local, eles começaram do zero: fiar, tecer, buscar tingimentos na vegetação ao redor, ressuscitar a iconografia, imprimir os tecidos, desenhar as roupas. O resultado? Uma exposição em Maputo, capital de Moçambique, outra na Cidade do
Aci ma, a fe li ci da de no sor ri so de quem já pode pro du zir seus te ci dos, te cer e cos tu rar suas rou pas, e exi bir sua pró pria iden ti da de
Cabo e o convite para outros projetos em comunidades
tos significativos no design, até agora dispersos na di-
carentes. O próximo será em São Tomé e Príncipe.
nâmica cultural. É irradiador na medida em que se
Cabe aqui um resumo do que é o Laboratório Piracema
propõe a estudá-los, tratá-los e relançá-los, científica
de Design, cuja metodologia vem sendo implantada
e criativamente.
em diversos projetos. De acordo com seus fundado-
A criação do laboratório vem ao encontro de uma de-
res, a designer gaúcha Heloisa Crocco; José Alberto
manda do mercado por produtos com design brasileiro.
Nemer, mineiro, doutor em artes plásticas; e Marcelo
Seu objetivo também é o de formar profissionais e pres-
Drummond, mineiro, designer gráfico, o Piracema é um
tar serviços para melhoria dos produtos.
centro de pesquisas.
“Beber na fonte da tradição e transpirar contemporanei-
Seu objetivo? A especulação da cultura material brasi-
dade é o que o laboratório reconhece como a melhor
leira, servindo como catalisador e irradiador de nossa
forma de dinamizar o panorama cultural, contribuir
experiência, sob uma ótica plural e diversificada. O
para o setor e fazer emergir o brilho renovador da iden-
projeto inclui a pesquisa e a reunião de acontecimen-
tidade cultural brasileira”, afirma Heloisa Crocco. ❉ 21 ARC DESIGN
MAPUTO, MOÇAMBIQUE, ÁFRICA Aci ma, no sentido horário: fi bra de ba na nei ra e pre pa ro da massa para a pro du ção de pa pel; pneu ve lho e os fios fi níssi mos – de alta resistên cia – re cor ta dos para uso na te ce la gem; capu la na tramada em tear com fios de pneu; pas tas e en ve lo pes em pa pel de ba na nei ra com tin gi men tos na tu rais – item de gran de su cesso: a Fun da ção Nel son Man de la en co men dou, du ran te a ex po si ção, 3 mil pas tas! No pé da pá gi na, à es quer da, te cido ins pi ra do na téc ni ca shi bo ri, ja po nesa, que pro duz tingi mentos ir re gu la res; à di reita, te cidos entre me a dos por fios de bor ra cha. Na página ao lado, uma África mais hu ma na: to dos os pro du tos, como as bol sas e a rou pa da foto, fi ze ram par te de uma ex po si ção/fei ra em Ma pu to, ca pi tal de Mo çam bi que, e, de pois, na Cidade do Cabo
22 ARC DESIGN
Cadi Busatto
Acervo ARC DESIGN
DESIGN + PROVOCAÇÃO + INTELIGÊNCIA = DROOG
Aci ma, vis ta da área “Design Aber to”. A ca dei ra de bebê cria da por Maart je Ste en kamp (2003), em pri mei ro pla no, di mi nui à me dida que a crian ça cres ce: um ser ro te acom pa nha o pro du to, para que as per nas sejam apa ra das sem pre que ne cessá rio. Ao fun do, o ca bide de rou pas trans for ma-se em lu mi ná ria e o tipo de ilu mi na ção e a at mos fe ra resul tante de pen dem das rou pas do pro pri e tá rio; design Hec tor Ser ra no (2002)
Winnie Bastian
Reuso, simplicidade, exploração dos sentidos, pesquisa, ironia: são múltiplas as facetas do Droog Design. Desde sua primeira “aparição”, no Sa lão do Mó vel de 1993, o gru po ho lan dês atraiu aten ção mundial, graças ao frescor e caráter provocativo de suas pro pos tas. A ex po si ção iti ne ran te que ce le bra seus “10+1” anos de su ces so veio ao Mu seu Os car Ni e me yer, no Bra sil. Vi si te co nos co!
Aci ma, vista ge ral da ex po si ção no Mu seu Os car Ni e me yer. No pé da pá gi na ao lado, um exem plo da iro nia presente nos tra ba lhos do Dro og: pro je to Ouse Desrotular (2003). Pediu-se aos proprietários de roupas de grifes famosas que trocassem suas etiquetas por uma “não-etiqueta”; as etiquetas originais foram emendadas e deram origem a um vestido. A intenção da designer Claudia Linders era questionar a influência das marcas e o critério de escolha dos consumidores
Trazer uma nova mentalidade para o cenário do design
na Holanda e na Bélgica. Em 1993, ela encontrou o
internacional. Esta era a intenção de Renny Ramakers
designer Gijs Bakker, que estava organizando uma
e Gijs Bakker ao fundarem o Droog Design em 1993.
apresentação do mesmo tipo para o Salão do Móvel de
Diferentemente dos produtos minimalistas que domi-
Milão. Da colaboração entre ambos nascia o Droog. A
navam o design no início dos anos 1990, aqueles apre-
apresentação foi um sucesso imediato, e muitos dos
sentados por Droog utilizavam o humor para estabele-
participantes, como Hella Jongerius e Marcel Wanders,
cer uma ligação emocional com o usuário, enquanto
vieram a se tornar figuras importantes do design con-
compartilhavam a simplicidade do minimalismo e seus
temporâneo mundial.
cuidados na escolha dos materiais.
Hoje a Droog conta com mais de 100 colaboradores e
A história do grupo remonta a 1991, quando Ramakers,
sua coleção possui cerca de 180 produtos. Seu princi-
então editora da revista Industrieel Ontwerpen, reuniu
pal objetivo é estimular o design por meio da criação,
produtos interessantes criados por jovens designers
da inovação e do debate. “Quando adicionamos produ-
holandeses e apresentou-os em pequenas exposições
tos à coleção, não nos preocupamos com a produção 25 ARC DESIGN
Acervo ARC DESIGN
Aci ma, vis ta do se tor “Hi bri di za ção”. À es quer da, fru tei ra e to a lha de mesa são in te gra das em uma úni ca peça de po li u re ta no fle xí vel; de sign Saar Oos te rhof (1998). À di rei ta, a “in sí pi da” cer ca se trans for ma em ob je to de la zer e in te gra ção en tre vi zi nhos; de sign Nex t Ar chi tects (2001)
26 ARC DESIGN
ou as possibilidades de venda”, afirma Ramakers. Pro-
A mostra “Simply Droog” apresenta, de forma lúdica e
va disso é que apenas um terço dos produtos da cole-
bastante didática, os conceitos e a trajetória do grupo. A
ção Droog é adequado para produção em série: os de-
primeira parte da exposição – que tem cenografia do
mais são produzidos em pequenas edições ou perma-
Studio Jurgen Bey – traz os móveis e objetos distribuí-
necem protótipos.
dos sobre plantas-baixas de dez residências e espaços
O que importa é que os móveis e objetos resultantes do
holandeses existentes, reproduzidas no piso em escala
processo atendam a duas premissas essenciais. A pri-
1:1. As peças são agrupadas por temas que expressam
meira delas é servir às necessidades práticas do usuá-
o conceito de projeto, como: “Familiar – nem tão Fami-
rio – a usabilidade é condição fundamental dos produ-
liar” (novos objetos surgem da combinação do familiar
tos Droog. A segunda exigência é que o produto induza
e do inesperado), “Ironia”, “Use Novamente” (objetos
ao questionamento e à reflexão, e a ironia é parte fun-
preexistentes aparecem de forma totalmente nova e ines-
damental nesse processo.
perada), “Simplicidade” e “Hibridização” (ao buscarem
Fendry Ekel
Aci ma, o se tor “Fa mi liar, nem tão Fa mi liar” traz clássi cos Dro og, como a lu mi ná ria de gar ra fas de lei te cria da por Tejo Remy (1991) e a co zi nha cu jos azu lejos in cor po ram to das as fun çõ es ne cessá rias, des de os quei ma do res do fo gão até os ele mentos hidráu li cos, passan do por acessó ri os como es cor re dor de lou ça, va sos para tem pe ros e por ta-ta lhe res (abai xo); de sign Ar nout Vis ser, Erik Jan Kwak kel e Pe ter van der Jagt (2001)
Acervo ARC DESIGN
Acervo ARC DESIGN
No alto, à es quer da, vaso sa nitá rio e bidê com re vesti mento em si li co ne, design Ar nout Visser e Erik Jan Kwak kel (2000), ex posto no se tor “Tac ti lida de”. Na sequência, a luminária Wallpaper se apropria do papel de parede: a par te do revestimento utili zada na cúpula permanece visível; design Jaap van Ar kel (2000), em “Hi bridi za ção”. Aci ma, à es quer da, ban co para jar di na gem com ca çam ba para ex tru são, design Jurgen Bey (1999), em “A for ma de cor rente do pro cesso”: gra ma cor ta da e fo lhas se cas são a prin ci pal ma té ria-pri ma deste “mó vel pe re cí vel”, que pode ter com pri mento ili mita do. Na se quên cia, des can sa-pés, de No ri ko Ya su da (2002), ide al para massa gem re la xante ao fi nal do dia; em “Tac ti lida de”
novas idéias, formas e tipologias, os designers reúnem
principal crença do Droog Design parecia ser a de que
funções de modo totalmente inusitado).
o design não era uma questão de fazer mais objetos,
Complementando esta seção temática, a segunda parte
usar mais materiais, ou mesmo de inventar novas idéias
da exposição traz uma “linha do tempo” que destaca os
e soluções para os problemas que encontramos em
principais projetos do Droog e retraça sua trajetória.
nosso dia-a-dia, mas sim de encontrar novas formas de
Onze anos depois de seu surgimento, a filosofia do
vivenciar, explorar e expandir as possibilidades dos
Droog continua válida. “Conceitos incomuns para coi-
objetos, imagens, espaços e idéias existentes”.
sas comuns”, como eles próprios definem. O arquiteto
Trata-se do reuso não apenas de materiais, mas tam-
Aaron Betsky, diretor do Netherlands Architecture
bém de idéias e conceitos, para gerar novas relações
Institute, vai além ao sintetizar o trabalho do grupo: “A
entre o produto e seu usuário. ❉
No Brasil, a mostra aconteceu no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, de 9 de dezembro a 5 de fevereiro. Seu próximo destino é a galeria GrandHornu Images, em Hornu, Bélgica, de 23 de abril a 23 de julho. Para mais informações, visite o site www.droogdesign.nl 28 ARC DESIGN
NINHO SEGURO O que esta ex pres são lhe su ge re? Abri go an ti aé reo, au to mó vel blin da do, um abra ço pro te tor? Na pers pec ti va do de sign, ni nhos se gu ros são os no vos ar te fa tos – prá ti cos ou utó pi cos – que aju dam a nos sa so bre vi vên cia, ou as nos sas aven tu ras, em um mun do de sa fi a dor, agres si vo e as sus ta dor
Fabio Scrugli
Maria Helena Estrada Em novembro de 2005 realizou-se no Rio de Janeiro uma exposição, um workshop e um seminário – internacionais, no tema e no conteúdo. Nicola Goretti e Paola Antonelli foram os curadores da versão brasileira da mostra com tema semelhante à realizada pela arquiteta no MoMA, N. York. Antonelli, curadora do MoMA, reuniu na exposição “Safe: Design Takes on Risk” designers de diversos países, que deram a visão do que seria necessário à segurança – do mundo, do homem, de seu entorno, na vida doméstica, nos esportes, na guerra e na paz. A versão brasileira, “Panorama Internacional do Design: ‘safety nest’ – o ninho seguro”, apresentou dez instalações que abordavam o tema em sua relação com o ambiente doméstico. O seminário, por outro lado, “abriu o leque”, mostrando não apenas a experiência pessoal de diversos designers presentes na mostra, como universos paralelos ao design, com a visão de jornalistas e críticos sobre o tema proposto. Argumento não explicitado, mas subjacente às duas mostras, Aci ma, ins ta la ção Gre en Trans por ta ti on, o jar dim de Ma ta li Cras set ins ta la do no Cen tro Cul tu ral Te le mar (RJ)
é a questão do limite entre segurança e liberdade. Onde termina o perigo e começa a paranóia? Por outro lado, “os conceitos de emergência e segurança cotidiana tornam-se cada dia mais próximos”, escreve John Habich, na crítica à mostra norte-americana, publicada na revista ID, em dezembro de 2005. Tema obsessivo para os norte-americanos desde o “11 de setembro”, no Brasil a segurança teve seu foco alterado e diluído, trazendo as propostas para um âmbito mais próximo a nossos problemas, e para a esfera doméstica. As instalações, expostas no Centro Cultural dos Correios, foram criadas por Ezri Tarazi, Israel (móveis suspensos em cabos de aço para emergências em inundações); Diana Cabeza,
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Fabio Scrugli
Ao lado e abai xo, resul ta do do works hop ori en ta do por Ma ta li Crasset com alu nos de design e ar qui te tu ra e com a ONG Spe ta cu lu, Es co la Fรก bri ca de Es pe tรก cu los, no qual to dos os ma te riais eram de re ci clo
Acervo ARC DESIGN
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Acervo ARC DESIGN
Aci ma, exem plo do “food design” de Si mo ne Mat tar, lu mi ná rias cu jos pen den tes eram bis coi tos: no fi nal da noi te de inau gu ra ção res tava ape nas a es tru tu ra. Abai xo, pol tro na Mole, de Sergio Ro dri gues “pro te gen do” o mo du lor. No pé da pá gi na, Ni dos Ur ba nos, pro je tos de Dia na Ca be za para mo ra do res de rua
Argentina (abrigos para sem-teto); Alejandro Sarmiento, Argentina (abrigos infláveis); Ana Mir, Espanha (barraca com produtos imaginários da marca “Safe”); Irene Maldi-
Acervo Arc Design
ni e Fabiana Ardao, Uruguai (uma casa móvel para lembrar os exilados de seu país); Hella Jongerius, Holanda (roupas como escudo “soft”). Matali Crasset, França, orientou o workshop e realizou uma instalação externa, um “jardim”, no Centro Cultural Telemar. Do Brasil, havia Sergio Rodrigues (um “modulor” era protegido pelos braços da poltrona Mole) e Jacqueline Terpins (visões infinitas em uma caixa de espelhos paralelos). Simone Mattar, responsável pelo “food design”, criou luminárias de
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Fabio Scrugli
Fabio Scrugli
Fabio Scrugli
Acima, do israelense Ezri Tarazi, Mabool (dilúvio), esto fados prontos para resistir a inundações. Abaixo, a visão amigável de Hella Jongerius, com Soft Shield. No pé da pá gi na, à es quer da, de Jac que li ne Ter pins, Mil Fo lhas, la bi rinto de vidros es pe lha dos so bre um chão in cer to, mole, um per curso “uterino”, para se rever e ser visto; à direita, In Situ, de Irene Maldini e Fabiana Ardao, uma casa transpor tável, em homenagem aos exilados de seu país
gelatina e lustres de biscoito para a noite da inauguração.
Fabio Scrugli
Projeto ambicioso, esse Panorama Internacional do Design, embora tenha “importado” a temática, insere o Brasil no roteiro das grandes mostras. Para tanto, a direção do evento convidou a editora da revista francesa Intramuros, Chantal Hamaide, e a jornalista Francesca Picchi, da Domus, Itália, bem como Marva Griffin, responsável pelo Salão Satélite de Milão, o que valeu um convite à Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), do Rio de Janeiro, para expor os projetos de seus alunos no próximo Salão do Móvel de Milão. Saldo positivo! ❉
Robson Curvello
A exposição “Safety Nest/Ninho Seguro” está em cartaz em São Paulo, no SESC Pinheiros, de 21/2 a 30/4, e no SESC Santo André, de 15/3 a 14/5. Mais informações em www.sescsp.com.br
Fabio Scrugli
BRASILIDADE A TODA A PROVA “Tenho vários projetos novos engatilhados; não posso parar de criar, senão estaria debaixo da terra, fazendo conferência para os bichos.” Essa fra se não po de ria ter vin do de ou tro per so na gem que não do ir reverente Sergio Rodrigues. Seus mais de 50 anos de produção em mo bi li á rio, tra du zi dos em cer ca de 1.500 pe ças di fe ren tes, fo ram comemorados com uma exposição, “Visões de Sergio Rodrigues”, realizada pela Dpot, em São Paulo
Da Redação
Para celebrar a reedição de móveis produzidos para a Dpot, “Visões de Sergio Rodrigues” reuniu grandes nomes do mundo das artes e do cartoon, cada um com sua visão sobre a obra do designer: Alberto Renault, João Pedrosa, Juarez Machado, Miguel Paiva, Millôr Fernandes e Rômulo Fialdini. Na inauguração da mostra, Adélia Borges autografou seu novo livro sobre a obra do designer, lançado pela Editora Viana e Mosley. A trajetória profissional dessa referência no design de móveis funde-se à história da própria arquitetura moderna. É pela necessidade de adequação aos espaços criados nos anos 1940 e 1950 que se inicia a produção do chamado mobiliário moderno brasileiro – que encontra em Rodrigues um de seus principais personagens. O grande diferencial desse designer está na busca pelo móvel genuinamente brasileiro, seja por meio do material usado, seja pelo traço, que inspira brasilidade. Sergio Rodrigues encontrou esse elemento brasileiro constante, e foi reconhecido mundialmente quando lançou a poltrona Mole, premiada em 1961 na bienal de Cantù, Itália, e transformada em símbolo do design de mobiliário nacional. A partir de então, o prestígio de Sergio Rodrigues fez com que suas peças fossem amplamente absorvidas pelo mercado consumidor, além de posicionar o designer como referência para o trabalho de futuras gerações: “Algumas peças, de todas as que já criei, eu gosto mais; as considero como uma colaboração ao designer brasileiro que está em busca da brasilidade”, afirma. Baba Vacaro, diretora de criação da Dpot, comenta: “os produtos de Sergio vencem o tempo e jamais perdem a modernidade porque são autênticos, originais e sempre buscam a expressão do design e da cultura genuinamente brasileiros. Por isso, cada reedição é tão esperada”. ❉
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Rômulo Fialdini
Acima, à esquerda, composição fotográfica de Rômulo Fialdini sobre as poltronas Mole (1957) e Diz (2002/2003); à direita, o conhecido personagem de Miguel Pai va, Ga tão de Meia-Ida de, des can san do na pol tro na Mole. Na pá gi na ao lado, foto de Sergio Ro drigues e capa do li vro de Adé lia Borges so bre seu mo bi li á rio, um ver da dei ro ma nual de ini cia ção à obra do desig ner
Separados por quase 40 anos, os dois móveis mantêm os traços que distinguem sua autoria. Acima, “Cômoda Bianca”, de 1993, possui estru tu ra em ma dei ra ma ci ça – prove ni ente de área de ma nejo – la queada em preto com sistema de fixação em aço inox; à esquerda, “Estrado Mucki”, de 1958, originalmente em jacarandá, hoje em Taua ri, ma dei ra tam bém re ti ra da de área de ma ne jo sus ten tá vel
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PRÊMIO IF: DESIGN EM DISCUSSÃO 36 ARC DESIGN
Um retorno ao design. Assim podemos interpretar a postura do corpo de jurados do IF Product Design Award 2006 ao premiar as melhores peças, segundo a idéia de que o sucesso comercial de um produto deve-se antes ao bom design do que a estratégias de marketing
Rita Monte Apesar de o selo do IF Design Award agir como uma grande mola propulsora de vendas – compondo até mesmo uma estratégia de marketing –, “Design, not marketing” foi o lema do IF Product Design Award 2006, uma das mais reconhecidas premiações em design no mundo. Contabilizando 1.952 inscrições, de 37 países, o prêmio – parte integrante do International Forum Design Hannover, na Alemanha – concedeu seu selo a 688 produtos, sendo 14 brasileiros. O corpo de jurados para esta edição foi composto por designers, empresários e estudiosos como Per Börjesson (Electrolux/Home Products Italy, Itália), Stefano Giovannoni (Giovannoni Design, Itália), Carl G. Magnusson (Knoll International, EUA) e Achim Nagel (TWO design, Alemanha). Fritz Frenkler, presidente do júri, comenta a principal orientação dos jurados para a seleção: “seria bom para o design reclamar sua verdadeira área de ‘expertise’. Cada vez mais, o marketing tem assumido posição e tomado os créditos”. Todos os produtos brasileiros contemplados pelo iF Product Design Award tinham uma qualidade projetual suficiente para essa premiação internacional? O júri final respondeu de modo afirmativo. Em seu conjunto – mesmo que bastante desigual – de suporte para xícaras a jóias, de pimenteiro a bebedouro, de guarda-sol a embalagem promocional, mostramos do que já somos capazes. É um bom início. ❉
Acima e ao lado, anéis de Antônio Bernardo, respectivamente, “Puzzle” e “Balanço”. O primeiro é composto por partes simétricas duas a duas, que se encaixam, e por uma peça única, que funciona como chave, atravessando o anel de um lado ao outro. O segundo possui aro com uma série de lâminas móveis que, em sua par te su pe ri or, for mam a mesa. A peça só “se trans for ma” em anel quan do vestida. Na pá gi na ao lado, “Co lar Tentá cu los”, design Ive te Cattani. Um fio de pedras de ága tas inter ca la das por argo las em pra ta estru tu ra o co lar. Nas argolas são amar ra dos 49 fios de si li co ne de 8 centí me tros de com pri mento cada
Aci ma, Em ba la gem Es pe cial Cla ro, com pos ta por base em po li es ti re no alto im pac to in je ta do e tam pa em po li es ti re no cris tal, tam bém in je ta do. O ce lu lar fica pro te gi do por duas pe ças in ter nas ter mo for ma das em PET; design Le o nar do Araú jo e Le an dra Sal da nha, GAD Design
Aci ma, “JG sa lei ro e pi men tei ro Qua dra dos”, em aço inox da Riva; design Ru bens Si mõ es Neto. Abai xo, por ta-copo café “Loop”, de Chris tian Ma cha do, To bias e Pau lo Ber tussi, para a Martiplast. O aces só rio, em po li pro pi le no in je ta do, é des car tá vel – mas quem o jo ga rá fora?
Acima, o inu si ta do, po rém ló gi co: guar da-sol “Spi rit”, design Cel so M. San tos e Chris tian Al ba nese, do Es tú dio Rio 21 Design. “Em caso de ven to for te, todo guar da-sol vira ao con trá rio, não é? En tão, por que não pro du zi-lo as sim?”, ques ti o nam os de sig ners. A fi xa ção do pro du to à areia é ga ran ti da por um he li cói de, cria do es pe cial men te para o guar da-sol. Abaixo, be be dou ro de gar ra fão “Liz”, de Mar co Maia, Jaak ko Tam me la e Ju lia Gos tkor ze wicz, Mi o lo Design In te li gen te. O gar ra fão fica com a boca para o alto, ao con trá rio dos be be dou ros co muns: “Liz” pos sui bom ba de água elé tri ca para ele var o lí qui do até o reser va tó rio
ARC Design
2/17/06
5:47 PM
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PROJETO & PRODUÇÃO UM CONCURSO BEM TEMPERADO O Brasil estará junto à Argentina, Colômbia, Chile, Equador, México, Peru e Venezuela, na premiação do Concurso de Design Masisa para Estudantes. Competição bienal, já teve seus projetos classificados expostos no Salão Satélite de Milão em 2004. Em março deste ano, saberemos quais os novos vencedores
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Na pá gi na ao lado, os ven ce do res, Di o go Lage Sou za e Edu ar do Cro nem berger de Fa ria, da ESDI, RJ, com a mesa Arco, já cur va da e trava da. Aci ma, à es quer da, de Vic tor Hen ri que Fa gun des, da Uni cenp, Cu riti ba, vá rias versõ es do Cu bi nho; à di reita, o ter cei ro co lo ca do, Mar ce lo Ma ria ni Pel li zon, alu no do IED, SP, com o sis te ma Ge mi ni
Da Redação
riani Pellizon, do Istituto Europeo di Design (IED), de São
Uma chapa de madeira pode ser curvada? Diogo Lage
Paulo, com protótipo executado pela Bertolini. Projeto de
Souza e Eduardo Cronemberger de Faria, da Escola Su-
grande plasticidade formal, mas na opinião do júri – visto
perior de Desenho Industrial (ESDI) do Rio de Janeiro,
que a forma é uma resultante natural do material escolhi-
provaram que sim.
do – este se adaptaria melhor à produção em plástico.
Fazendo apelo à releitura de uma técnica artesanal de
Segundo o diretor de marketing da Masisa, Andrés Arms-
curvar painéis, usada em marcenarias, a mesa Arco foi
trong, o principal objetivo da iniciativa é promover maior
a primeira colocada entre os 12 projetos pré-seleciona-
contato entre o meio acadêmico e a indústria, incentivan-
dos do concurso Masisa 2005. Produzida pela empresa
do a criatividade e a inovação tecnológica. “Criado no
Lacca S/A, do Rio de Janeiro, o protótipo apresentado,
Chile há dez anos, o concurso, a cada nova edição, refor-
além do acabamento primoroso, mereceu o prêmio
ça a certeza de que estamos no caminho certo”, afirma.
pelo partido escolhido em sua construção.
“Ser premiado nesse concurso, pela sua seriedade, era
“Nossa intenção foi valorizar a técnica, permitindo que
para mim uma meta”, afirma Fagundes, que participou
se visualizassem os cortes para a curvatura do painel.
da iniciativa pela segunda vez. “Foi muito importante a
Um móvel fácil de montar e de transportar, e com o
experiência no ‘chão de fábrica”, afirma. Lage Souza,
qual o usuário pode interagir”, explica Faria. São dois
um dos vencedores, concorda: “essa experiência nos
painéis planos que assumem a forma de “C”, quando
ensinou muito. Aprendemos a pensar em função da
unidos por uma ferragem de fixação.
matéria-prima e das características do processo de pro-
O segundo prêmio foi dado ao Cubinho, projetado por
dução, sempre levando em conta a experimentação”.
Victor Henrique Fagundes, estudante do último ano de
Na primeira quinzena de março de 2006, o projeto irá
Desenho Industrial do Unicenp, de Curitiba, e executa-
concorrer com os vencedores de cada país partici-
do pela Flexiv. Uma tipologia já conhecida, mas desen-
pante, e os prêmios serão passagens aéreas para vi-
volvida com grande atenção aos detalhes, garantiu a
sitar o Salão do Móvel de Milão 2006 e uma bolsa de
classificação do projeto.
estudos de seis meses em uma das sedes do IED, no
Em terceiro lugar ficou o sistema Gemini, de Marcelo Ma-
Brasil ou na Europa. ❉ 43 ARC DESIGN
DESIGN SOCIAL E DESIGN URBANO Harmonizar o mobiliário urbano com o patrimônio histórico e trazer agilidade e conforto a catadores de papel: são esses os primeiros desafios lançados pelo concurso que busca promover o design social e deve ser repetido a cada ano, com outros temas
Acima e ao lado, o carrinho da Uni versidade Nor te do Paraná (Unopar), classificado em primeiro lugar, propõe uma nova – e prática – forma de trabalho para os catadores: rebocado por uma Kombi, leva quatro carrinhos menores para serem pu xados pelos coletores. Tudo é feito em aço baixo e car bono soldado, o que garante leveza e resistência. No alto da página, o carrinho do Centro Uni versitário Positi vo (Unicenp), de Curitiba, que levou o segundo lugar, se destaca pela ergonomia: a for ça de tração fica concentrada na altura dos quadris. Além disso, a caçamba pi votante facilita o transpor te e o descarregamento dos recicláveis
44 ARC DESIGN
Aci ma, o pro je to ven ce dor na categoria mobiliário urbano pro põe equipamento mo du la do e per mi te fle xi bi li da de na mon ta gem e bai xo cus to de fa bri ca ção. Abai xo, o trabalho classificado em se gun do lu gar uti li za Po li cog – ma te rial sin té ti co eco ló gi co e du rá vel
Diana Pellegrini Qualidade de vida, mudança social e design: essa tríade
foram desenhados em universidades paranaenses.
se tornou mais real no Concurso de Design de Caráter
O desafio na segunda categoria era criar floreiras, lixei-
Social, encerrado em 30 de novembro. Com a meta de
ras, bancos, mesas e orelhões que não conflitassem
valorizar a função social dos projetos de design, essa pri-
com o patrimônio de cidades históricas. O projeto ven-
meira edição explorou o tema “Comunidades Urbanas”,
cedor, desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB),
traduzido em duas modalidades: criação de veículo para
foi concebido para harmonizar as superquadras da ci-
coleta de recicláveis e desenho de mobiliário urbano
dade. Em segundo lugar, ficou um projeto dos alunos
para municípios históricos. O concurso, voltado para es-
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
tudantes, é uma iniciativa do Ministério do Desenvolvi-
(PUC-RJ) para o Palácio do Catete, na mesma cidade.
mento, por meio do Programa Brasileiro de Design (PBD)
Os impactos do concurso são animadores. O PBD arti-
e será repetido a cada ano, escolhendo-se outros temas.
cula agora a implantação dos trabalhos premiados, nas
Os projetos foram elaborados com as comunidades que
duas modalidades. Além disso, todos os projetos inscri-
eram alvo da idéia. Na primeira categoria, conversas
tos foram reunidos numa publicação, disponível no Mi-
com catadores de papel apontaram a necessidade de um
nistério do Desenvolvimento. E a próxima edição do
veículo barato, ágil e ergonômico. Os dois vencedores,
prêmio já está sendo planejada para este ano. Para mais
que solucionaram de forma criativa essas necessidades,
informações, o telefone do PBD é (61) 2109-7858. ❉
MATERIAIS E PROCESSOS: A CHAVE PARA A INOVAÇÃO
“Em um mun do que se des ma te ri a li za, pa ra do xal men te, cresce em lar ga es ca la a im por tân cia dos ma te ri ais, mas de ma te ri ais que pos sam dar for ma a ob je tos de re le vân cia so ci o cul tu ral e an tro po ló gi ca, e ao Nes ta pá gi na, mesa Ma ria Fa ri nha, design Gui lher me Wi ed man, com tam po em la mi na do de bam bu (Ins ti tu to do Bam bu), com pos to de ri pas com es pessu ras en tre 5 e 25 mi lí me tros, co la das ho ri zon tal ou ver ti cal men te. O ma te rial com bi na ape lo es té ti co e resis tên cia me câ ni ca, além de re ce ber tra ta men to con tra in se tos
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mes mo tem po ter a pos si bi li da de de ge rar no vas gran des per for man ces” Ste fa no Mar za no
Aci ma, à es quer da, cou ro de tam ba qui, pei xe tí pi co da cu li ná ria da Ama zô nia, cu jas pe les eram des per di ça das até pou co tem po. Hoje são trans for ma das em mantas de gran des di men sõ es (Pei xam Le a ther) através de um novo pro cesso de solda gem. Na se quên cia, ta pe te Je ans, exe cu ta do com fio 100% algodão tinto em índigo (ao lado): após finali zada, a peça é lavada industrialmente para apresentar desbote semelhante ao do jeans; design Cláu dia Sae ger (Agavee Bra sil). Abai xo, à es quer da, po lí me ros na tu rais mo di fi ca dos Bio Plast (RES Bra sil): de ri va dos de amido, são cer ti fi ca dos mun dial mente para con ta to com ali men tos e para bi o de gra da bi li da de e com pos ta bi li da de; na se quên cia, sa co la exe cu ta da com o Bio Plast
Da Redação / Fotos Eduardo Rodrigues A importância dos materiais no processo de inovação
uso. A exposição foi acompanhada
do design é substancial e indiscutível. Conscientes
de um catálogo, uma importante
disso, indústrias do mundo todo têm investido em
ferramenta para o desenvolvimen-
pesquisa de forma crescente, e o resultado são maté-
to do design nacional, uma vez que
rias-primas com vantagens formais, performáticas e
leva novos materiais ao conhecimento de designers e
até mesmo ecológicas.
micro e pequenas empresas.
No Brasil, um importante trabalho de “rastreio” desses no-
A iniciativa é na verdade imprescindível, sobretudo por
vos materiais tem sido feito pelo Centro São Paulo Design
despertar a atenção de designers e produtores para a
(CSPD). O objetivo é abrir novas possibilidades aos desig-
crescente importância do desenvolvimento de novos
ners, com materiais disponíveis no mercado brasileiro.
materiais. “Desenhar a matéria para depois desenhar o
O CSPD realizou recentemente a segunda edição da
produto” já é voz corrente. Talvez precisemos apenas
mostra onde são apresentados diversos materiais com
de um bom estímulo financeiro para melhorar a quali-
suas especificações e os produtos resultantes de seu
dade de ambos. ❉
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RADIOGRAFIA DE UM PROJETO
OPOSTOS EM HARMONIA Conciliar nobreza e modernidade foi o desafio assumido pelo arquiteto Marcio Michaluá, ao de sen vol ver o pro je to para um es cri tó rio de advocacia na cidade de São Paulo. Utilizando-se de recursos como a escolha criteriosa dos materiais e da iluminação, o arquiteto transformou o desejo do cliente, aparentemente contraditório, em um projeto harmônico e equilibrado
Da Redação / Fotos Luis Calazans Poucos componentes e linguagem marcante são características do trabalho do arquiteto Marcio Michaluá. Uma de suas obras mais recentes, um escritório de advocacia, segue a linha projetual do arquiteto, mas também incorpora elementos que inspiram sobriedade, característica bastante valorizada no meio jurídico. “O cliente desejava um espaço sofisticado e moderno, que traduzisse a imagem e o trabalho do escritório nessa e nas demais filiais a serem implementadas em todo o Brasil”, revela Michaluá. A escolha das cores e dos materiais foi um recurso determinante para a obtenção do aspecto sóbrio: madeiras escuras (mogno e pau-ferro) combinam-se a outros móveis pretos. “Não quis utilizar madeiras muito escuras para que o ambiente não ficasse pesado. Por isso,
Ao lado, vis ta ge ral dos ni chos de tra ba lho: a luz in di re ta ge ra da pelo mó du lo re tan gu lar de em bu tir favo re ce a pro du ti vi da de, pois não gera fa di ga vi su al; de sign Stu dio MIB para a La Lam pe. O uso de trans pa rên ci as nas di vi só ri as das es ta çõ es e da sala da di re to ria (ao fun do) pro por ci o na agra dá vel sen sa ção de am pli tu de
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optei pelo mogno (para o mobiliário) e o pau-ferro (para
muita atenção à iluminação e também levo em conside-
o painel da recepção). Este possui um desenho nobre,
ração a iluminação natural. Como o prédio possui jane-
com veios bem demarcados, e seu tom compõe muito
las contínuas, e, em alguns casos, os caixilhos vão do
bem com o do mogno”, explica o arquiteto.
chão ao forro, quis explorar a iluminação natural, equi-
Outra característica que se destaca no projeto é o uso
librando-a com a artificial, para trazer o máximo de
intensivo da transparência, que vem ao encontro da
conforto ao usuário”, diz o arquiteto.
busca pela leveza e neutraliza o eventual “peso” do mo-
O projeto luminotécnico caracteriza-se pelo emprego
biliário escuro. Além disso, integra visualmente todos
de dois tipos distintos de fonte de luz: direta e indi-
os espaços e proporciona uma sensação de amplitude
reta. A iluminação indireta percorre todos os ambi-
à sala de cerca de 150 metros quadrados.
entes, enquanto spots com lâmpadas dicróicas sur-
Localizado no 11º andar de um edifício na Avenida Pau-
gem em ocasiões determinadas, atraindo o olhar
lista, o escritório possui janelas amplas e uma impo-
para pontos específicos. “Utilizamos iluminação pon-
nente vista da avenida, que também foi valorizada: as
tual para valorizar a circulação e, principalmente, os
duas salas principais – de reuniões e da diretoria – ocu-
acabamentos e o trabalho de mar ce na ria: com o
param essas áreas.
foco di re ci o na do aos ma te ri ais, es tes se acen dem”,
A generosidade das aberturas também significa abun-
jus ti fi ca o ar qui te to.
dância de luz natural. “Em meus trabalhos, sempre dou
Nas áreas de trabalho, a iluminação indireta, não-
Abaixo, à esquerda, vista parcial da recepção: o painel em pau-ferro, à esquerda, e o quadro de José Rober to Aguilar, ao fundo, são valori zados pela ilu minação pontual do miniembutido orientável (lâmpada dicróica), design Studio La Lampe. Na sequência, nicho combina micro embutido fixo branco (lâmpada bipino de 20w), design Studio MIB para a La Lampe, e abajur Dioscuri em vidro opalino soprado, design Michele de Lucchi para a Ar temide
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ofuscante, se traduz em maior conforto e funcionalidade. Michaluá optou pelo uso de uma mesma luminária em todos os ambientes (sala de reuniões, diretoria e estações de trabalho). Além da unidade conferida aos espaços, a escolha se justifica também por fatores práticos, como relata o arquiteto: “essa peça gera uma iluminação muito agradável, porque reflete a luz e a joga para baixo. Além disso, tem uma característica muito interessante: sua dimensão permite o encaixe preciso nas placas acústicas do forro, sem exigir que estas sejam cortadas”. Assim, luz, cor e matéria trabalham juntas na composição de um espaço com todas as qualidades desejadas pelo cliente, mas com o traço característico de seu autor, o arquiteto Marcio Michaluá. Além disso, transparece uma coerência estética, na escolha de luminárias provenientes, em sua maioria, de uma só coleção. ❉
Acima, a luminária de embutir reaparece na sala de reuniões, gerando iluminação uniforme; a sobriedade do ambiente, dominado pela mesa em car valho ebani zado, é suavi zada pela tela de Ofra Grinfeder e pelo toucheiro Orion, design Marco Ficarra (Studio La Lampe). Abaixo, na sala da diretoria, amplas aber turas pedem iluminação suave, pontuada pelo abajur Melampo, em alumínio com cúpula de tecido, design Adrien Gardère para a Ar temide
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AUDÁCIA RENOVADA A “Torre Eiffel da Bélgica” acaba de ser restaurada. O Atomium, construído para a Exposição Mundial de Bruxelas (Expo 58), de construção efêmera tornou-se o símbolo da cidade e, para muitos, do país. Mudanças estéticas e estruturais recuperam
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Rossenfoss
a nobreza deste ícone da modernidade
TWS
© M. Detiffe
Aci ma, vis ta ge ral do Ato mi um após a re nova ção; em pri mei ro pla no, uma das “per nas” que pro por ci o nam es ta bi li da de ao con jun to e abri gam as es ca das de saí da. Na se quên cia, vis ta in ter na de um dos tu bos que co nec tam as es fe ras. Na pá gi na ao lado, em des ta que, uma das es fe ras com o novo re ves ti men to em aço inox (fornecido pela Arcelor), que res ga ta o alto bri lho que o edi fí cio possu ía na épo ca de sua inau gu ra ção (no alto)
Winnie Bastian A molécula cristalizada do metal foi a inspiração do en-
restaurante e um mirante – em apenas 23 segundos.
genheiro belga André Waterkeyn ao projetar o Atomium
Toda essa engenhosidade e a audácia projetual trans-
em 1955. No sistema cristalino, os átomos se localizam
formaram o Atomium em uma atração turística muito
nos vértices de um cubo, e um átomo ocupa o centro.
popular, de modo que o edifício se tornou um marco no
No Atomium, os átomos são representados por nove
skyline de Bruxelas. Contudo, como não foi planejado
grandes esferas, e as forças que os mantêm unidos são
para sobreviver à Expo 58, sua construção inicial pedia
representadas por tubos. Com 102 metros de altura, a
uma obra de restauração e renovação que lhe devolves-
estrutura é feita inteiramente em aço e suportada por
se suas características estéticas e estruturais.
três enormes “pernas”.
Assim, o revestimento original em alumínio foi substi-
Waterkeyn, por razões estéticas, escolheu apoiar o con-
tuído por uma “pele” de aço inox, mais resistente à
junto em uma das esferas e, para garantir a estabilida-
corrosão, com alto brilho e facilidade de manutenção.
de da estrutura, propôs as três “pernas” que suportam
Essas características, inerentes ao material, foram
as três esferas inferiores e funcionam como suporte das
acentuadas pelo polimento eletrolítico, um processo
escadas para saída do público, que acessa o Atomium
que proporciona acabamento espelhado e uma super-
pela esfera da base.
fície ultralisa, menos sujeita aos efeitos da poluição.
Por questões funcionais, apenas seis esferas são aber-
Um brilho intenso que permanecerá por um longo tem-
tas ao público: a da base, as três inferiores, a esfera
po nos céus de Bruxelas.
central e a do topo. Cada uma delas possui dois andares
A renovação do Atomium inclui, ainda, um novo e au-
principais e um andar inferior de serviço. Os tubos de
dacioso projeto luminotécnico, realizado – lógico – por
ligação abrigam escadas rolantes que permitem o fácil
Ingo Maurer, que também desenvolveu “objetos lumi-
deslocamento dos visitantes, tendo capacidade para
nosos” especialmente para o edifício.
transportar até 3 mil pessoas por hora. A única exce-
“Quando vi o Atomium pela primeira vez, fiquei sem pa-
ção é o tubo vertical, no qual um elevador conduz até
lavras”, relata o designer. “Ao entrar, tive um sentimen-
22 pessoas à esfera superior – onde funcionam um
to de desorientação, de estar delirando, uma impressão 53 ARC DESIGN
Nes ta pá gi na, YUU 420, um dos gran des ob je tos lu mi no sos cri a dos por Ingo Mau rer e equi pe para o Ato mi um: em fi bra de vi dro e alu mí nio, sua for ma e seus de ta lhes re me tem a um Óvni e à vida no es pa ço. O YUU 420 será ins ta la do nos dois ní veis mais es pa ço sos das es fe ras para ex po si çõ es tem po rá ri as e usos múl ti plos
de uma espaçonave russa desenhada há décadas. Tudo parece se mexer e flutuar.” Com base nessa experiência, Maurer e sua equipe projetaram dois grandes objetos luminosos, além de uma instalação que utiliza diversas unidades de dois produtos criados recentemente pelo designer. Imagens de estações espaciais, Óvnis e vida no espaço, com influência do cinema, foram incorporados de forma lúdica ao novo projeto luminotécnico do Atomium. “Fontes luminosas adicionais colocam ênfase na impressionante percepção do espaço e atraem o olhar dos visitantes para a estrutura e o método construtivo”, explica o designer. ❉ A renovação do Atomium teve início em 2004 e a reinauguração do edifício aconteceu em 18 de fevereiro de 2006 54 ARC DESIGN
A UNIÃO NA DIVERSIDADE O design de mobiliário como ponto de convergência. Dois conhecidos arquitetos brasileiros – um que se destaca pelo projeto de prédios para os mais diversos usos e outra cujo trabalho se concentra especialmente em interiores – assinam peças da coleção Anima, recém-lançada pela Ornare Da Redação Os arquitetos Gianfranco Vannucchi, do escritório paulistano Königsberger Vannucchi, e Patrícia Anastassiadis foram convidados para desenhar algumas peças da nova coleção da Ornare. A parceria foi bem-sucedida. As linhas “Tempo”, de Vannucchi, “Pelle”, “Lumina” e “Corpore”, de Anastassiadis, dialogam com fluência, atribuindo sentido e equilíbrio à nova coleção da marca.
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A linha “Tempo” é composta por três elementos: armário, cama e estante (esta última ainda não entrou em produção). A idéia fundamental do armário é a de conter – literalmente – uma cômoda, dispensando a porta para o acesso às gavetas. Vannucchi comenta: “A palavra
No alto da página e acima, cama “Stacatto”, de Gianfranco Vannucchi, em dois momentos: croqui e a cama fabricada. “As pessoas ficam curiosas quando olham para essa cama... Ela é tão fina, parece flutuar”, diz o ar quiteto
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‘cômoda’ vem de ‘cômodo’; as pessoas buscam comodidade nos móveis. Apresentei a idéia e Murilo Schattan,
diretor da empresa, gostou. Ele já estava pensando em explorar texturas, em sair um pouco do “clean”, do branco, do liso. A Patrícia se concentrou no trabalho com o couro e elementos da natureza, e eu e ele pesquisamos pinturas”, diz. A frente das gavetas ganhou cobertura de
Aci ma, à es quer da, pu xa dor da li nha “Lu mi na”, dese nha do por Pa trí cia Anastassia dis, cada um craveja do por qua tro cristais Swa rovs ki. Para Anima, a ar quiteta criou pu xadores e demais acessórios, como cabides. Abaixo, armário para a linha “Tempo”, de Vannucchi, con ce bido se gun do a idéia de deixar as gave tas à mos tra; aci ma, em desta que, gave ta com re vesti mento frontal em ouro oxida do
uma camada de ouro envelhecido: “Acho interessante utilizar o ouro por ser um metal que sofre oxidação, algo que não se controla. Ele também abre a possibilidade de customização, porque é impossível repetir a oxidação de cada peça”, explica o arquiteto. Para o projeto da cama, Vannucchi se inspirou numa sensação que ele denomina “estranhamento”: queria inquietar o público com um móvel não apenas diferente, mas que gerasse uma ilusão de ótica: “Parece que a cama está flutuando. Ela é como uma folha dobrada, tem apenas 7 milímetros de espessura. Fica praticamente no ar”, afirma. Para as linhas “Pelle”, “Lumina” e “Corpore”, compostas por puxadores, Patrícia Anastassiadis afirma ter busca-
cutados a partir de matérias-primas como couro, osso, chifre e cristal. As peças desenhadas pela arquiteta complementam “Tempo”, fazendo de Anima uma das mais charmosas coleções da Ornare. ❉
Gianfranco Vannucchi
do elementos femininos para criar os acessórios – exe-
nizada com a colaboração de designers do mundo todo. Seu tema: a relevância e o impacto do design de comunicação na cultura contemporânea. Cerca de 3 mil mensagens são lançadas para o espaço público a cada dia! Pu bli ci da de, pai néis de si na li za ção, avi sos de obri ga ção e proi bi ção, ori en ta çõ es, comunicações institucionais e públicas têm um único objetivo: levar-nos a acreditar no que dizem. Numa sociedade aberta e democrática, é crucial que de sig ners e ci da dãos man te nham o es pí ri to crí ti co. Em vez de se rem me ros seguidores ou crentes, poderão atuar como participantes maduros e visualmente letrados. Os designers tornam-se catalisadores quando auxiliam o público a lançar um segundo olhar crítico para além da mera aceitação ou rejeição das mensagens que o rodeiam. Para dar conta de toda a sua abrangência, Catalysts foi dividida em seis núcleos expositivos: Acredita, Seduz, Informa, Compromete-te, Pânico Moral e Cronologia. A curadoria geral é de Max Bruinsma
Max Bruinsma
COMUNICAÇÃO E OLHO CRÍTICO 60 ARC DESIGN
Parte da ExperimentaDesign (Bienal de Lisboa), a exposição Catalysts foi orga-
Acima, instalação “Believe” na entrada da exposição, design Ed Annik. Na página ao lado, Fontes “Draylon / Nylon”, design de Jonathan Barnbrook, Londres, 1997. O design tipográfico como comentário histórico-cultural. O Nylon baseia-se nos formatos de letra presentes nas pinturas dos séculos XIII-XVI, cujas formas têm pouco a ver com o ideal clássico. O Draylon é um conjunto de caracteres mais contido, baseado nos formatos de letra dos séculos XVII-XVIII. Imagem de fundo: trecho de Lifecycles, design Erik Adigard / M-A-D, 2004. Esse ensaio visual expressa a interdependência das forças que moldam nosso modo de vida: afetamos e somos afetados pela mídia, por finanças, política, educação, crimes, guerra, etc.
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Aci ma, à es quer da e no cen tro, “The Bub ble Pro ject”, de Ji Lee: “Im pri mi 30 mil adesi vos em for ma de ba lão zi nho de his tó rias em qua dri nhos. Saio pe las ruas de N.York e os co lo co so bre os car ta zes de pro pa gan da. As pessoas os pre en chem e eu vol to para ti rar fo tos dos resul ta dos. É uma ma nei ra de trans for mar a pro pa gan da cha ta e ofen si va que in va de cada vez mais o es pa ço pú bli co em uma di ver são cria ti va. O mo nó lo go cor po ra ti vo é ins tan ta ne a men te trans for ma do em di á lo go pú bli co”, co men ta o desig ner. Na se quên cia, “Lon don Un derground Map”, de Harry Beck, 1933. Ins pi ra do no dese nho dos es que mas dos cir cu i tos elé tri cos, Beck dese nhou, em 1933, um novo mapa do me trô de Lon dres. Cons ti tu í ram ca rac te rís ti cas inova do ras o aban do no da pre ci são ge o grá fi ca e a re presen ta ção das li nhas ape nas como re tas ho ri zon tais, ver ti cais ou dia go nais. O mapa ra pi da men te tor nou-se um clássi co do design por sua cla re za e fa ci li da de de uti li za ção
Mal acaba de ser concebida, a informação é interpretada,
na história e identidade culturais do meio ambiente. A se-
tornando-se, assim, subjetiva. Até mesmo os símbolos
ção “Informa” mostra um amplo leque de designers que
mais “ob je ti vos” – as le tras – po dem tor nar-se íco nes
utilizam as linguagens visuais do design de informação:
culturais de direito próprio, quando concebidas com uma
gráficos, diagramas, pictogramas, etc. A mensagem prin-
intenção cultural específica. Do mesmo modo, uma ima-
cipal desses trabalhos, porém, não é necessariamente a
gética aparentemente neutra, como a dos painéis de si-
informação, mas o modo como ela foi estruturada en-
nalização das ruas, poderá fundamentar-se visualmente
quanto expressão cultural
INFORMA
Abaixo, adesivos criados por True em 1994, um pro je to de ini cia ti va pró pria para o me trô de N. York. Con ce bi dos para co piar cu i da do sa men te os for ma tos da si na lé ti ca con ven ci o nal da Me tro po li tan Tran sit Au tho rity, esses adesi vos fo ram apli ca dos nos va gõ es do me trô por toda a ci da de. Uma crí ti ca po é ti ca ao design de in for ma ção si na lé ti ca. Na pá gi na ao lado, al fa be to “Li ne ar Kons trukt”, de Max Kis man, para a re vis ta de ti po grá fi ca ex pe ri men tal Fuse #2 (1991), edi ta da por Jon Wo zen craft e Ne vil le Brody e pu bli ca da por Fonts hop In ter na ti o nal, Ale ma nha. Cons ti tui um co men tá rio à fun ci o na li da de da má le gi bi li da de: brin can do com re fe rên cias for mais ao gra fi te e aos sub có di gos cul tu rais ur ba nos, resu me si mul ta ne a men te to das as re la çõ es cul tu rais em cin co pa lavras-chave: In for ma ção, Co mu ni ca ção, Mo di fi ca ção, Re co nhe ci men to, Iden ti fi ca ção. O ter mo cen tral nes te en saio vi sual con ci so so bre a lin gua gem é: “Merge” (fun dir)
Acima, “Azu le jos Me dia” (En ga ge Ti le wall), de Erik Adi gard, 2005. Os azu le jos são um pro cesso tra di ci o nal uti li za do em Por tu gal para ador nar pa re des com pa drõ es de co ra ti vos e com ima gens co me mo ra ti vas. Nas ci da des de hoje, essas de co ra çõ es são desa fia das por gra fi te, pin tu ras a spray e car ta zes ile gais. As duas for mas, mu i tas ve zes an ta gô ni cas, fo ram alia das em “azu le jos me dia” – ex pressõ es grá fi cas de bai xa reso lu ção, como as que tantas vezes en contra mos na inter net, efe tua das por desig ners e estu dantes de design e, em se guida, im pressas digital mente so bre o ve lho su por te por tu guês, o azu le jo. "Essa ins ta la ção é for ma da por 251 azu le jos de 10 X 10 cen tí me tros, mon ta dos so bre uma pa re de cin za. Os desenhos são de Erik Adi gard e de 78 de sig ners dos qua tro con ti nen tes. “Pedi para ex pres sa rem suas pre o cu pa çõ es e opi ni õ es so bre as re la çõ es inter na ci o nais. Elas po de riam ser emo ci o nais, cul tu rais, eco ló gi cas, etc. En fim, con ce bi um siste ma de mo sai cos que po dem es cre ver qual quer pa lavra”, afir ma o desig ner. Abai xo, “Turn the Tide”, 1999, de John Lang don. Resu min do a essên cia de Ca talysts, Lang don co men ta o po ten cial ocul to de um lo go ti po mu i to co nhe ci do, a mar ca nor te-ame ri ca na de de tergen te Tide
digos visuais que os designers desenvolveram. Também a
de um cliente; é essencialmente uma crítica ao conteúdo
cultura popular expressa-se cada vez mais pelos códigos
para o qual foi produzido. Na seção “Compromete-te” são
gráficos. A maneira mais direta de comunicar nosso com-
mostradas peças de design que exprimem essa posição
prometimento para com o mundo é mobilizar as suas
crítica. São trabalhos que tecem comentários sobre a
linguagens gráficas nativas – todas as pessoas podem,
cultura e a sociedade, recorrendo às imagens e aos có-
então, conceber e publicar as suas próprias mensagens
COMPROMETE-TE
Um bom design não é uma resposta neutra à solicitação
© 1999 John Lang don
No alto da pá gi na ao lado, "iRaq", de sign anô ni mo. A sé rie de pôs te res iRaq apro pria-se da cam pa nha iPod, subs ti tu in do as si lhue tas de jo vens dan çan do pe las ima gens de pri si o nei ros ira quia nos sen do tor tu ra dos. O de sig ner co lo cou es ses pôs te res en tre os da iPod, o que oca si o nou um efei to sur pre en den te e po de ro so. Essa sé rie de pôs te res foi es pa lha da por toda Los An ge les em 2004. À di rei ta, pôs ter anun ci a um even to te a tral no Stads schouw burg, Ams ter dã; design Hans Mei bo om, 2005. O de ba te so bre os ide ais en tre o co mu nis mo e o con su mis mo en con tra-se cla ra men te re su mi do na fu são de dois íco nes opos tos, Che Gue va ra e Mic key Mou se. No pé da pá gi na, dois pôs te res criados pelo de sig ner Chaz Mavi ya ne-Davi es, du ran te a cam pa nha elei to ral em seu país na tal, o Zim bá bue, numa ten ta ti va de aju dar a evi tar a re e lei ção do di ta dor Ro bert Mu ga be. Os pôs te res ci tam di ta dos zim ba bu en ses e re cor rem à ima gé ti ca po pu lar para es ti mu lar os elei to res a le van ta rem a voz
SEDUZ
À es quer da, Ad busters, EUA, anos 1990: pôster em que se com pa ram, por sa pa to pro du zido, os ren di mentos da Nike e os dos tra ba lha do res que, se gun do de nún cias, são por ela ex plo ra dos. No centro, Ad busters, Ca na dá, anos 1990: ilustra ção da cam pa nha contra o abu so do ál co ol, pi ra te an do a sé rie de ce le brida des do design da Ab so lut Vod ka, com um dese nho a giz do contor no de uma ví ti ma de acidente de carro
Comunicação é sinônimo de sedução. Uma peça de design grá fi co ra ra men te co mu ni ca uma in for ma ção de for ma neu tra; ela ten ta se du zir-nos a ler a men sa gem e a re a gir po si ti va men te ao seu con teú do. Mas a sedução pode não se limitar a dizer “compra-me, por favor”. As peças de design na seção “Seduz” conquistam o público ao abordá-lo como leitor inteligente de informação cultural. Ao despertarem as preocupações sociais do seu público, ao desafiarem os poderes associativos, ao contrariarem preconceitos, os designers atuam como catalisadores culturais. Além da mensagem que transporta, o design seduz-nos a relacioná-la com as nossas próprias cultura e sociedade, ajudando-nos, desse modo, a criar uma ponte entre o conteúdo das mensagens e nós próprios
À direita, ilustração criada por Ste fan Sagmeister, 2003. A linguagem pode ser uma arma, é o que diz o revól ver de Sagmeister feito com o entrelinhamento tipográfico e uma após tro fe. “Este pôs ter foi par te de uma sé rie de si nais de pon tua ção, em que cada si nal foi ce le bra do em um pôs ter cria do por um desig ner di fe ren te. Aca ba mos fi can do com a após tro fe, cuja ta re fa é eli mi nar uma le tra, por isso a arma”, ex pli ca o desig ner. À es quer da, pôster da Lons da le, criado em 2004. A tra di ci o nal em presa de ves tu á rio es por ti vo, se dia da em Lon dres, é cada vez mais asso cia da, na Ho lan da e na Ale ma nha, à cul tu ra da ju ven tu de ne o fas cis ta. Numa ten ta ti va de sal var a mar ca de fi car ex clu si va men te li ga da às ide o lo gias ra cis tas e xe nó fo bas, a Lons da le con tra-ata ca com uma cam pa nha co lo ri da
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Acima, car taz gigante financiado pela Adbusters em que se recorre a uma afirmação do falecido Tibor Kalman para lembrar os 3 mil designers gráficos nor te-americanos presentes no congresso bienal da AIGA, em Las Vegas, de que devem “manter distância das empresas que querem que eles mintam por elas”; design Jonathan Barnbrook, 1999
Oli vi e ro Tos ca ni e Lu cia no Be net ton desen vol ve ram nas suas cam pa nhas não só uma es tra té gia de mar ke ting, mas essen cial men te um pro gra ma para a mar ca: o con fron to en tre o bem e o mal, o céu e a ter ra, à se me lhan ça dos ma ni fes tos pic tó ri cos do ca to li cis mo na épo ca me di e val. Com as cam pa nhas da Be net ton, Tos ca ni re vo lu ci o nou não só o design da co mu ni ca ção em si, mas a for ma como a pu bli ci da de pode ser usa da, in tro du zin do o ele men to da se du ção através do com pro misso das mar cas com pre o cu pa çõ es e pro ble mas co muns par ti lha dos por to dos. À di rei ta, no alto, a ima gem clássi ca que mu dou o ca rá ter da pu bli ci da de, na cam pa nha de 1992. A fo to gra fia, de au to ria de Thé rè se Fra re, em que a fi gu ra David Kirby, ati vis ta da AIDS, ro de a do pela fa mí lia em seu lei to de mor te, re vo lu ci o nou o “es ti lo de cam pa nha con tex tual” uti li za do por Tos ca ni. Na se quên cia, car taz Ara me Far pa do, de 1995. No pé da pá gi na, Sol da do Bós nio, 1994: as rou pas man cha das do sol da do Ma rin ko Ga gro, mor to du ran te a guer ra ci vil na an ti ga Iu gos lá via, fo ram en via das para a Be net ton por seu pai, com uma car ta que di zia: “Eu, Go ji ko Ga gro, pai do fa le ci do Ma rin ko, que ro que tudo o que te nha res ta do do meu fi lho seja usa do para pro mover a paz e aca bar com a guer ra”. Esta fra se foi im pressa, não tra du zida, no topo do outdo or, trans for man do-o em um sím bo lo contra as atro cida des e um ele mento crí ti co à fra ca e tar dia res posta do Ocidente
CRÉDITOS: Curadoria: Max Bruinsma Concepção da montagem dos módulos temáticos: Ed Annink (Acredita); Fernando Brizio (Seduz); Pierre di Sciullo (Informa), Erik Adigard (Com pro me te-te); Jan van To orn (Li nha do Tem po); Rob Schro der (ví deo Pâ ni co Mo ral) Design e texto do catálogo: Ed Annink Textos e legendas foram extraídos do material de divulgação da Catalysts Confira a relação de sites dos designers na seção Como Encontrar
Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 46, fevereiro 2006
Apoio:
Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata Diretora de Arte Fernanda Sarmento
Apoio Institucional:
REDAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico Fernanda Sarmento Chefe de Redação Winnie Bastian Redatoras Diana Pellegrini Rita Monte Revisora Jô A. Santucci ARTE Designers Betina Hakim Ana Beatriz Avolio Participaram desta edição Cadi Busatto Juliana Mariz Departamento Administrativo Silvia Regina Rosa Silva Departamento de Marketing Lívia Sinkovits Departamento de Publicidade Carla Mastrangelo Departamento de Circulação e Assinaturas Cristiane Aparecida Barboza Schiavon Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DESIGN para assuntos internacionais Pré-impressão Cantadori Artes Gráficas Ltda. Impressão Prol Papel: Suzano Papel capa: Supremo Duo Design 250g/m2 miolo: Couché Suzano Matte L2 130g/m2
ARC DESIGN – endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: (11) 6808-6000 FAX: (11) 3898-2854 E-mails Administração administracao@arcdesign.com.br Assinaturas assinatura@arcdesign.com.br Direção de Arte arte@arcdesign.com.br Editora editora@arcdesign.com.br Marketing mkt@arcdesign.com.br Publicidade comercial@arcdesign.com.br publicidade@arcdesign.com.br Redação redacao@arcdesign.com.br
Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos.
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21/02/2006
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Foto: Ronaldo Ceravolo/FotoAgência
Just beautiful! by Beto Silva Amica: Rua Estados Unidos, 2152 – Tel.: (11) 3085-8999
Make-up: Olívia Tartufari
Em foco: Ana Maria Vieira Santos
COMO ENCONTRAR
DE MARAJÓ A MOÇAMBIQUE – p. 16 Laboratório Piracema de Design heloisa.crocco@piracemadesign.com.br pedro@piracemadesign.com.br www.renatoimbroisi.com.br
DESIGN + PROVOCAÇÃO + INTELIGÊNCIA = DROOG – p. 24 Droog Design www.droogdesign.nl Museu Oscar Niemeyer www.museuoscarniemeyer.org.br
NINHO SEGURO – p. 30 Alejandro Sarmiento www.alejandrosarmiento.com.ar Ana Mir emiliana@emilianadesign.com Diana Cabeza www.estudiocabeza.com Ezri Tarazi info@tarazistudio.com Fabiana Ardao fardao@montevideo.com.uy Hella Jongerius www.jongeriuslab.com
Riva www.riva.com.br
PROJETO E PRODUÇÃO: UM CONCURSO BEM TEMPERADO – p. 42 ESDI – Escola Superior de Design Industrial www.esdi.uerj.br IED – Istituto Europeo di Design www.ied.it Masisa www.masisa.com.br
Ornare www.ornare.com.br Patrícia Anastassiadis www.anastassiadis.com.br
COMUNICAÇÃO E OLHO CRÍTICO – p. 60 Catalysts www.culturecatalysts.org Chaz Maviyane-Davies www.maviyane.com Ed Annink www.edannink.com
DESIGN SOCIAL E DESIGN URBANO – p. 44
Erik Adigard www.madxs.com
Programa Brasileiro de Design – Ministério do Desenvolvimento www.designbrasil.org.br
Fabrica www.fabrica.it www.benneton.com
PUC-RJ – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro www.puc-rio.br
Ji Lee www.thebubbleproject.com
UnB – Universidade de Brasília www.unb.br Unicenp – Centro Universitário Positivo www.unicenp.edu.br Unopar – Universidade Norte do Paraná www.unopar.br
John Langdon www.johnlangdon.net Jonathan Barnbrook www.barnbrook.net Max Bruinsma www.maxbruinsma.nl Max Kisman www.maxkisman.com
Irene Maldini irene@designinverso.com.br
MATERIAIS E PROCESSOS: A CHAVE PARA A INOVAÇÃO – p. 46
Pierre di Sciullo www.quiresiste.com
Jacqueline Terpins www.terpins.com
Agavee Brasil www.agaveebrasil.com.br
Stefan Sagmeister www.sagmeister.com
Matali Crasset www.matalicrasset.com
Centro São Paulo Design www.cspd.com.br
True www.trueart.biz
Panorama Internacional do Design www.panoramadesign.net
Couro Exótico/Peixam Leather www.couroexotico.com.br
Safe: Design Takes on Risk www.moma.org/exhibitions/2005/safe
Instituto do Bambu www.institutodobambu.org.br
Simone Mattar www.mattardesign.com.br
Panda Ecodesign pandaecodesign@gmail.com
BRASILIDADE A TODA A PROVA – p. 34
RES Brasil www.degradavel.com.br
Atrium Al. Gabriel Monteiro da Silva, 650 – São Paulo Tel.: +55 (11) 3061-3885
Dpot www.dpot.com.br
OPOSTOS EM HARMONIA – p. 48
Sergio Rodrigues www.sergiorodrigues.com.br
Baccarat R. Oscar Freire, 849 – São Paulo Tel.: +55 (11) 3064-4427
Marcio Michaluá www.marciomichalua.com.br
DESIGN EM DISCUSSÃO NO PRÊMIO IF – p. 36 Antônio Bernardo www.antoniobernardo.com.br GAD Design www.gad.com.br Ivete Cattani www.ivetecattani.com
La Lampe www.lalampe.com.br
AUDÁCIA RENOVADA – p. 52 Atomium www.atomium.be
NA MODA – p. 74 Alfa Marketing R. Sócrates, 758 – São Paulo Tel.: +55 (11) 7853-6065
Conceito Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.522 – São Paulo Tel.: +55 (11) 3068-0380 Firma Casa Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.497– São Paulo Tel.: +55 (11) 3068-0377 Tok&Stok Marginal do Tietê, 1.250 – São Paulo Tel.: +55 (11) 6901-8400
Ingo Maurer www.ingo-maurer.com
TECENDO... FIOS, METAIS, FANTASIA, MODERNIDADE – p. 76
Miolo Design Inteligente www.miolodesign.com.br
A UNIÃO NA DIVERSIDADE – p. 58
Rio 21 Design www.rio21design.com.br
Gianfranco Vannuchi www.kvarch.com
Rossana Cilento www.rossanacilento.com.br
Tord Boontje
O que transforma uma idéia em moda? Que poder de previsão têm os designers que fazem de um só produto uma tendência, um filão estético? Terá a ver com o inconsciente coletivo, com desejos ocultos, ainda não aflorados? Qualquer que seja a razão – não se preocupe –, apenas mergulhe na tendência. Decore-se – é moda. É o auge da moda – pas sa gei ra, como to das, mas bem di ver ti da. Vaso da li nha Po e tic Gar den, do ate liê fran cês LZC. Em cris tal, com dese nhos apli ca dos por es mal ta ção. Na Bac ca rat, por 1.720 re ais
Veja os objetos “desenhados” e aplique decorações em sua casa, sua loja, suas paredes, seu corpo. E alegre-se com essa nova moda
Pai nel Al gues, de Ro nan e Er wan Bou roul lec. Em po li pro pi le no in je ta do. Com sua ven da sus pen sa no mo men to, é fa bri ca do pela Vi tra, re presen ta da no Bra sil pela Atri um
Ronan Bouroullec
Ra dia dor mo du lar Heat Wave, de Jo ris Laar man. Em con cre to, alu mí nio e fi bra de vi dro. Na Dro og Design. Pre ço sob con sul ta
74 ARC DESIGN
Painel decorati vo Trees. Em policar bonato flexível, com ganchos em metal. Na Tok&Stok, por 84 reais o conjunto com seis módulos
Lu mi ná ria Mid sum mer Light, de Tord Bo ont je. Em Tyvek (pa pel sin té ti co resis ten te) cor ta do a la ser. Na Con cei to, por 387 re ais cada
* Confira os endereços na seção Como Encontrar
Vi tri ne da loja For ma, design de Ra phael Ben vi nis te so bre mo ti vo da ca dei ra Prin ce Chair. Im presso em vi nil com re cor te ele trô ni co, fa bri ca do pela Alfa Mar ke ting, por 250 re ais o me tro qua dra do apli ca do
Raphael Benviniste
Mesi nha Luc ci o lo, de Ila ria Ma rel li e Dia na Eu ge ni. Em me ta cri la to trans pa ren te de co ra do a la ser. Na Fir ma Casa, por 1.987 dó la res
75 ARC DESIGN
TE CEN DO... FIOS, ME TAIS, FAN TA SIA, MO DER NI DA DE Rossana Cilento “explora” a tecelagem há 28 anos. Nome famoso no mercado da moda e da decoração, em todo esse tempo de manuseio dos teares mostra-nos, a cada estação, o resultado audacioso e inovador de suas criações
Da Redação Elaborado (Adj): criado, produzido, montado a partir de elementos mais simples (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). É a própria definição do trabalho da designer e consultora têxtil Rossana Cilento. Utilizando duas técnicas bastante simples, tear pente liço e tricô, ambas manuais, seu universo torna-se imenso graças à liberdade no uso da matéria-prima. As li mi ta çõ es que es ses pro ce di men tos apresentam, especialmente em termos de variedade no resultado final de seus produtos, parecem ser um estímulo para a designer, pois imprimir a originalidade, a inovação e a beleza em suas peças – sem esquecer os ditames da moda – são suas características. O xale é a peça-destaque do repertório de Rossana: “Fabrico xales há quase 20 anos. Sou fascinada por eles”, comenta. Mas descobrimos Rossana graças a um modelo de casaco/xale, ou seja, um xale com mangas – grande sucesso de São Paulo a Milão. Este modelo, para o verão, é tramado com pontos mais abertos, fios leves ao toque e ao olhar, como a seda, de suave brilho e maciez. Projeto simples na aparência, mas complexo para uma tricoteira, seu resultado – e seu sucesso – é espantoso. A coleção outono/inverno já foi entregue a lojas que revendem suas peças, como a Alcaçuz, em São Paulo. Com quais fios e tramas a designer nos aquecerá no próximo inverno? ❉
Aci ma e ao lado, de ta lhes dos ca sa cos/xale: seda, algo dão Thaiti e po lia mida, sem pre da me lhor qua li da de, rei nam nas tra mas desta co le ção
6ª BI E NAL IN TER NA CI O NAL DE AR QUI TE TU RA FÓRUM DE DEBATES E ENCONTRO COM ARQUITETOS Integrando a programação da 6ª BIA, realizou-se o Fórum de Debates, com palestras de ar qui te tos con vi da dos do Bra sil e do ex te ri or. ARC DE SIGN acom pa nhou to das as conferências e, ago ra, dis po ni bi li za a seus lei to res o me lhor do que foi apre sen ta do Realização
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