Revista ARC DESIGN Edição 48

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

ESTÁDIO ALLIANZ ARENA

Nº 48 ARC DESIGN

R$ 15.00 QUADRIFOGLIO EDITORA

Nº 48

2006

2006

CONHE ÇA, POR DEN TRO E POR FORA, O CENÁRIO DA ABER TU RA DA COPA DO MUN DO

SALÃO DO MÓVEL DE MILÃO INFORMAÇÕES EXCLUSIVAS SOBRE AS TENDÊNCIAS EM DESIGN

MODA BRANCO E RENDA: DUAS TENDÊNCIAS SE FUNDEM EM ROUPAS E ACESSÓRIOS

INTERIORES OUSADIA E DESPO JAMENTO NA NOVA CASA DO DE SIGNER FERNANDO CAMPANA

CASA COR 2006 DE TALHES FAZEM A DIFERENÇA NA PER SONALIZAÇÃO DOS AMBIENTES

LIGHT & BUILDING A FEIRA ALEMÃ MOSTRA COMO O USO DA LUZ PODE DESPER TAR EMOÇÕES

MADEIRA CER TIFICADA MÓVEIS QUE NÃO AGRIDEM A NATURE ZA

JÓIAS NOVOS MATERIAIS EM CRIAÇÕES DE DESIGNERS CHINE SES, ITALIANOS E BRA SILEIROS

tendências





Tendências. Assunto central desta edição. O que acontece, ou está prestes a acontecer no design, na arquitetura, na moda, no comportamento? Como nos orientarmos nesse mundo de mil caminhos e informações? Falamos de tendências no Brasil – país que seguia fielmente as normas ditadas pelo hemisfério norte – e hoje se torna, ele mesmo, um criador de tendências e hits internacionais. Criadores, produtores e consumidores têm de acompanhar a tendência nas cores, nas formas, nos hábitos. Há quem as dite e quem as siga – mas é impossível ignorá-las no universo “business”. O design, em todas as suas facetas, envolve hoje somas vultosas – não se pode errar. É necessária uma escolha certeira, que atinja o consumidor. E falar em tendência também é assunto na moda. Mas eis a contrapartida: ao seguir esquemas rígidos, não se corre o risco de empobrecer o universo da criação, de anular a individualidade? ARC DESIGN, nesta edição especial sobre tendências, traça um rumo, expõe o que vai pelo mundo sem esquecer de apontar aqueles sinais que serão tendências futuras. Falamos aqui de assuntos que interessam profissionais e leigos: arquitetura e design de interiores, design de produtos brasileiros e internacionais, o fashion design, o light design, estão todos presentes, a mostrar o fluxo do tempo. E, como diria Vinicius de Moraes, “o tempo é quando”. Maria Helena Estrada


30

38

44

MATÉRIA E EMOÇÃO

Baba Vacaro

Marcelo Lima

SIMPLES DETALHES. MAS QUE FAZEM TODA A DIFERENÇA

Helena Montanarini

O BRANCO NA MODA: A RENDA EM DESTAQUE

JÓIAS: ITÁLIA, CHINA, BRASIL

Da Redação

Maria Helena Estrada

SINALIZANDO TENDÊNCIAS

20

52

DESIGN INTERNACIONAL

JÓIAS

MODA

DECORAÇÃO

ILUMINAÇÃO

O design em seus diversos aspectos – decorativo, lúdico, ex peri mental, ligado à moda, anunciando tendências. Acompanhe conosco o panorama geral do Salão e dos eventos paralelos em Milão

Precioso não é o material mas o design, o resultado criativo. Confira e admire os materiais alternativos, reaproveitados, reelaborados que são usados nas novas jóias da mulher antenada

Falar em tendências é falar em fashion design, em moda. Nesta edição abrimos um novo espaço – a moda – procurando sempre entender e analisar as grandes modas e os modismos, o que nos ditam e o que nasce de nossa própria cultura

O espetáculo máximo da decoração no Brasil renasce nessa edi ção da Casa Cor com um olhar voltado para soluções práticas do viver moderno. Veja conosco as respostas contemporâneas sugeridas por diversos designers de interiores

A última Light and Building, uma das mais impor tantes feiras de iluminação do circuito internacional, confirma o poder transformador da luz e seu uso como elemento de humanização dos espaços, da casa à cidade. Confira

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

NEWS

10

nº 48, junho 2006

15ª MOSTRA ARTEFACTO DE DESIGN

84


62

LOUCOS POR DESIGN

74

Da Redação

A PELE NA ARQUITETURA

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Winnie Bastian

Marcelo Lima

ARQUEOLOGIA URBANA

RECICLO BEM-SUCEDIDO

Winnie Bastian

DESIGN QUE VALORIZA A FLORESTA

Maria Helena Estrada

58

90

DESIGN BRASILEIRO

MATERIAIS

INTERIORES

ARQUITETURA

COMPORTAMENTO

Consciência ambiental, respeito, técnica, amor à natureza – que são retribuídos pela madeira em forma de poesia, beleza, sensualidade. Assim trabalham os modernos “marceneiros”, ar tistas da madeira

Um designer da Argentina escolhe o material de descar te, cria a ferramenta para trabalhá-lo, desenha as peças e forma os ar tesãos que irão produzi-las. Sua fama já cruzou fronteiras

Como vive o arquiteto e designer Fernando Campa na? Uma pequena inter venção no espaço respeitando os traços da arquitetura original, resultou em amplidão e luminosidade. Visite conosco a nova casa do designer, que restaura o clássico e é habitada pelo moderno

Mais do que um belo invólucro, as peles dos edifícios contemporâneos têm o papel de comunicar. Veja alguns exemplos de edifícios nos quais a pele é o protagonista, como o está dio Allianz Arena, cenário da aber tura da Copa do Mundo

Uma idéia nascida para uma exposição, agora se transforma em seção fixa na revista. A cada edição você vai acompanhar as escolhas de quem é “louco por design”

EXPEDIENTE

88

COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)

92

ENGLISH VERSION

www.arcdesign.com.br


Osram 6-7

08/06/2006

19:11

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Há bilhões de anos, tudo mudou com uma luz que veio do céu. Há 100, tudo mudou com uma que veio da Terra.


08/06/2006

19:11

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RINO

Osram 6-7

A maior e melhor empresa de lâmpadas e sistemas de iluminação do mundo completa um século de existência. São 100 anos sendo a primeira escolha graças às mais modernas e duráveis lâmpadas do mercado. Todo esse tempo respeitando o meio ambiente e sendo referência de qualidade absoluta. OSRAM. A luz que faz história. www.osram.com.br


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5/31/06

11:41 AM

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Projeto: Arq. Edgar Casagranda | Foto: Roali Majola

www.sca.com.br

cozinha em MDF laminado branco | porta prima branca porta com perfil de alumínio e fechamento em vidro grafite | sistema de abertura push | tampo e cuba em aço inox | tampo em madeira teca | gaveta tandembox

Mais de 140 lojas no Brasil e exterior


Arq design dupla_2

5/31/06

11:43 AM

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Fรกbrica: Tel.[54] 2102 2200 | Vale dos Vinhedos | Bento Gonรงalves | RS


SANTOS DUMONT, DESIGNER

O MELHOR SOM

Empenhado em comemorar o centenário do vôo do 14-Bis, o

Apesar de pequena, a nova caixa acústica BeoLab 4,

Museu da Casa Brasileira conseguiu recriar, com a exposição

da Bang & Olufsen, garante ótima amplitude de som.

“Santos=Dumont Designer”, a genialidade e inventividade de

Isso porque seu formato piramidal permite propagar

Santos Dumont. O artista Guto Lacaz concebeu e foi respon-

o som pelas três faces da peça. Além do design inovador,

sável pela montagem de toda a cenografia, na qual modelos

ela encanta pela funcionalidade. Pode ser usada como cai-

em escala dos aviões 14-Bis e Demoiselle aparecem voando

xa traseira para home theater, ou caixa acústica para PC e

dentro de dois túneis de vento. O jardim de 6.600 metros

também para sonorizar qualquer ambiente, desde que es-

quadrados do museu transformou-se no Campo de Bagatelle,

teja ligada a um equipamento de áudio ou vídeo da marca.

em Paris. Duas vezes por dia são feitas demonstrações me-

Conta também com a tecnologia Icepower, que garante

cânicas dos vôos do 14-Bis, nas quais um modelo em escala

qualidade máxima de som. Preparem os ouvidos...

corre em trilhos. A idéia é recriar o dia em que, pela manhã,

Bang & Olufsen: Rua Bela Cintra, 2.122, São Paulo. Tel: (11)

Dumont não conseguiu fazer com que o avião voasse e, à tar-

3082-8277. www.bang-olufsen.com.br

de, em uma segunda tentativa, venceu a prova voando 60 metros. Na mostra, um modelo do Dirigível n. 6 pode ser visto próximo à Torre Eiffel estilizada, assim como os trajes de Santos Dumont e a mesa multifuncional que ele próprio projetou para trabalhar, além de muitos outros produtos de sua criação. Para Adélia Borges, diretora do museu, Dumont era um designer na mais completa acepção da palavra: “O seu senso de elegância fez com que ele se distinguisse também pelas formas”, analisa. A mostra acontece até 2 de julho. As pesquisas iniciais de Guto Lacaz foram publicadas em ARC DESIGN n. 3, na matéria “Santos Dumont, Designer”.

NOVO DESIGN PARA MAÇANETAS E PUXADORES A nova linha de maçanetas e puxadores da Papaiz revela a consolidação do novo posicionamento da marca, voltado para a valorização do design e o reforço do conceito “seu mundo bem guardado”. Os produtos, indicados para áreas externas e internas, foram desenvolvidos pelo escritório de arquitetura e design Indio da Costa, consagrado pelo desenvolvimento de produtos inovadores. Discretos e sem volume, praticamente embutidos na porta, apresentam uma mistura de metal, borracha e acrílico fosco. Outra vantagem: podem ser colocados tanto na posição vertical quanto na horizontal. www.papaiz.com.br


PRIMEIRA TUPIGRAFIA REEDITADA Quem não teve a chance de comprar a primeira – e concorridíssima – edição da revista Tupigrafia pode se alegrar. Ela está de volta, revista e ampliada pelos editores Claudio Rocha e Tony de Marco, atendendo ao pedido dos leitores que desejavam completar sua coleção. “O papel é melhor, a impressão também e todos os erros, como os de digitação, foram corrigidos”, conta Tony. As matérias – como a de capa, sobre street art – também ficaram maiores com a retirada de algumas propagandas. A Tupigrafia n. 1 está focada em fotografia, tipografia vernacular, fontes brasileiras, caligrafia chinesa, poesia e trabalhos de alguns artistas como Jasper Johns e Luciano Cardinali. Os pedidos podem ser feitos pelo e-mail vendas@tupigrafia.com.br

H. STERN INAUGURA LOJA-CONCEITO NO RIO Levar bem-estar aos clientes foi o objetivo que nor teou a H. Stern a criar um SPA urbano integrado à sua loja no Shopping Rio Design Barra. A empresa é a primeira joalheria internacional a oferecer esse tipo de ser viço, que ocupa uma área de 700 metros quadrados, distribuídos por dois andares com móveis e paredes de madeiras claras e acabamentos em vidro e metal. Nas salas para banho e massagem, destaque para a presença de elementos do mundo da joalheria, como cremes com pó de pérola e pedras de prata com um diamante (aquecidas para a massagem). Há também uma exposição permanente de jóias inspiradas em elementos da Natureza, remetendo aos poderes místicos. A joalheria ainda explora o apelo aos sentidos, com aromas no ar, chás exóticos e até massagem nas mãos. A empresa conta com a parceria da marca francesa L’Occitane, que presta consultoria para a operação do espaço e, claro, tem exclusividade nos produtos utilizados. Um luxo! www.hstern.com.br


ES COVAS RE VISITADAS Luminária, cachecol, garfo, vaso para flores... Esses foram alguns dos dez projetos apresentados por alunos da Ecole Cantonale d’Art de

DESIGN ASSINADO PARA BEBÊS

Lausanne (Ecal) na última International Contemporary Furniture Fair

A Fleur vil le, empresa especia lizada em

(ICFF), realizada entre 20 e 23 de maio em N. York. Entre todos os

produtos de luxo para bebês, da Califór-

produtos, um denominador comum: cerdas naturais ou sintéticas.

nia, acaba de lançar a cadeira alta Calla,

Os produtos foram criados por estudantes do segundo ano, em um

criada pelo designer Yves Béhar. Sua for-

workshop dirigido pela designer francesa Florence Doléac e realizado

ma inclinada permite que a criança fique mais pró-

em parceria com a empresa Alco, especializada na fabricação de esco-

xima do prato, facilitando o ato de comer. Além dis-

vas. Dentre os produtos finais, destacamos uma vassoura luminosa,

so, é possível encontrar assentos para as

na qual as cerdas atuam como difusoras da luz, um canivete suíço com

idades de 4 a 12 meses e de 12 meses

novas funções (abaixo), um puxador formado apenas por cerdas, uma

a 2 anos, o que garante o uso

echarpe com franjas de cerdas e um carro de brinquedo, cuja carroce-

da cadeira por bastante tempo. Com bandeja removível e rodízios embuti-

ria de cerdas pode adquirir qualquer forma ao ser cortada com tesoura. As imagens de todos os produtos estão no site www.ecal.ch

dos em poliuretano, a cadeira alta Calla reúne beleza e funcionalidade.

Ecal/Milo Keller

www.fleur ville.com

TANGERINA EM PRODUÇÃO

ESTILO BURTONIANO

O ban co Tangeri na, do

A Editora Viena & Mosley acaba de

desig ner Marcos Jun ker,

lançar um livro sobre a obra do

premiado no con cur so da

designer gráfico Victor Burton. No

Masi sa e publi cado em

livro, a autora Isabella Perrotta,

ARC DE SIGN N. 33, já está

que trabalhou como assistente de

em fase de pro du ção.

Bur ton nos anos 1980, faz uma

Quem assumiu a respon-

introdução ao trabalho do designer

sabilidade foi a Marcena-

desde o final dos anos 1970, quan-

ria Top Mobilar, de Blume-

do voltou de Milão para o Brasil,

nau, SC. Os interessados

para assumir a direção de arte da

podem comprar o móvel pelos telefones (47) 3037-4308

Editora Nova Fronteira. Perrota descreve as diversas características

ou 9982-7266.

do “estilo burtoniano”, que por meio de mais de 2 mil capas e 200 projetos de miolo de livros se tornou referência para as novas gerações de designers. www.vmeditora.com.br


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5/30/06

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Lembre-se: o conhecimento é o seu verdadeiro cartão de visitas. O Centro Universitário Senac é uma instituição sólida, que acredita em um ensino contemporâneo, inovador, unindo tecnologia e pesquisa à intuição e habilidades individuais. Com uma metodologia moderna e atual, nossos professores levam a experiência do mercado de trabalho e o conhecimento transformador para a sala de aula. A solidez que você procura para se tornar uma referência na sua profissão está no Senac.

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May 30, 2006


MÚLTIPLAS OPÇÕES Versátil e simpática, a luminária Bob, da designer Baba Vacaro, foi criada para se adaptar a diversas situações, como o momento da leitura. Lançamento da Dominici, a peça pode ficar apoiada no piso e proporcionar uma iluminação auxiliar confortável e discreta. Quando usada com seu supor te de parede, se torna uma arandela ideal para uso so-

VENCEDORES DO HOLCIM AWARDS

bre superfícies de trabalho, com grande confor to visual. Sua cabe-

Os vencedores do primeiro concurso mundial sobre constru-

ça refletora é pintada, em diversas opções de cores, com acabamen-

ção sustentável, idealizado pela Holcim Foundation, foram

to brilhante na face externa e fosco na face interna. Articula-se por

anunciados após cinco concursos regionais, com mais de 3

meio de um eixo e duas hastes em latão cromado.

mil participantes de 118 países. Dois projetos receberam o

www.dominici.com.br

prêmio de ouro durante a cerimônia em Bancoque, Tailândia, em abril. O primeiro, do escritório Proyectos Arqui 5 CA, prode San Rafael-Unido, em Caracas, Venezuela, enquanto o

BI E NAL BRA SI LEI RA DE DE SIGN GRÁFICO

segundo premiado (acima) foi o projeto de uma estação

Até o dia 23 de julho, os 309 tra-

ferroviária em Stuttgart, Alemanha, desenvolvido pelo escri-

balhos selecionados para a 8ª

tório Ingenhoven und Partner Architeckten. O prêmio de

Bienal Brasileira de Design Grá-

prata ficou com o plano diretor regional para o Vale Mulini,

fico estarão expostos no Memo-

na Itália, criado por Luigi Centola, do escritório Centola &

rial da América Latina, em São

Associati e Mariagiovanna Riitano, da Universidade de Salerno.

Paulo. A mostra está dividida

Já o prêmio de bronze foi atribuído ao L'Office de L'Eclectisme

em 12 núcleos de tendências –

Urbain et Fonctionnel (L’OEUF), do Canadá, com um projeto de

e não por categorias, como nos

renovação urbana e habitacional de baixo custo em Montreal.

outros anos –, como “Amplian-

Mais informações no site www.holcimfoundation.org

do o moderno”, “Rearticulando

punha a modernização da infra-estrutura urbana na favela

objetos” e “Investigando o Brasil”. “Acreditamos que este conceito

GYOTOKU PERMITE DOWNLOAD DE MANUAL

possibilite uma visão crítica do design brasileiro atual e revele

O Manual Técnico sobre Sistemas Construtivos e Revestimen-

para o público, com mais eficácia, os aspectos marcantes de nos-

tos, lançado pela Gyotoku, está disponível para download

sa produção”, explica o designer Marco Aurelio Kato, um dos cura-

gratuito no site da empresa. De forma técnica e didática, os

dores. Outra novidade é a par ticipação de estudantes – um dos

assuntos abordados vão desde o correto assentamento da

núcleos, “Pensando o design”, é dedicado a trabalhos como livros,

argamassa até a melhor forma de otimizar a metodologia

publicações e teses de doutorado. Realizada há 16 anos pela ADG

construtiva. O conteúdo da obra, que foi coordenada pelo

Brasil, a mostra conta ainda com programação paralela de palestras

professor Otávio Luiz Nascimento, do FUMEC-MG, pode ser

e workshops e lançamento do catálogo Index ADG Brasil 2006, com

adquirido também no formato tradicional, impresso, seguindo

as melhores produções dos últimos dois anos. A entrada é gratuita.

as instruções do site. www.gyotoku.com.br

Outras informações: www.adg.org.br


foto: Erwin Olaf

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6/8/06 2:49:23 PM


na casa intitulada “Casa para um casal”, em uma pousada em Campos de Jordão, SP, e foram premiados em segundo lugar. Em terceiro, uma casa localizada em meio à Mata Atlântica de Parati, RJ, com uma arquitetura orgânica e o uso de materiais aparentes, também dos arquitetos Ana Vidal e Silvio Sant’Anna. Os três primeiros colocados em cada uma das categorias receberam prêmios em dinheiro e uma viagem aos Estados Unidos. “Esse tipo de iniciativa é de grande valor não apenas para divulgar as novas técnicas construtivas, mas principalmente para valorizar os novos talentos da arquitetura”, afirma João Suplicy Neto, presidente do IAB-PR. O Prêmio Masisa de Arquitetura será um evento bienal com o lançamento da próxima edição no segundo semestre de 2007. A premiação ocorrerá no segundo semestre de 2008.

PRÊMIO MA SISA DI VULGA OS VENCEDORES

Mais informações em www.masisa.com.br

Projetos que utilizam o Oriented Strand Board (OSB) de forma inovadora são os vencedores do Prêmio Masisa, criado para promover o uso do OSB, material que começou a ser utilizado em grande escala no Brasil em 2002. “Queremos divulgar a vasta gama de aplicações do produto, que compõe ótimas soluções

VIDROS PROTEGIDOS

não apenas no segmento de construção seca, independente de

A 3M acaba de lançar no Brasil quatro novas linhas de películas

estilo arquitetônico”, comenta o arquiteto Solon Cassal, gerente

para vidro, para diferentes finalidades: Prestige, 3M Fasara,

de projetos da Masisa do Brasil.

Scotchshield e Scotchtint. As linhas Prestige e Scotchtint atuam

O concurso foi realizado em parceria com o IAB/PR, sob o tema

na redução da entrada de calor, mas a primeira é totalmente

“Um olhar para o futuro”, e os trabalhos inscritos foram organi-

transparente e retém até 90% dos raios infravermelhos. Já a 3M

zados em duas categorias: Projeto e Obra. Relevância técnica,

Fasara (abaixo) traz padrões decorativos, é resistente à água e

artística, social e cultural foram os principais critérios na esco-

tem função antibactericida, o que diminui a fixação de marcas

lha dos vencedores.

de dedos nos vidros. A Scotchshield é uma película de seguran-

Na categoria Projeto, Reinaldo Morganti Ferreira e César Tadao

ça, capaz de conter estilhaços de vidro, mesmo em caso de ex-

Fuzihara classificaram-se em primeiro lugar com a proposta de

plosão.

uma casa inspirada nas construções dos anos 1940, com pátios

www.3m.com.br

internos. O projeto de uma residência construída com elementos estruturais pré-fabricados (acima), de Ailton Cabral Moraes e Igor Soares Campos, ficou em segundo lugar. E, em terceiro, o projeto do Centro Tecnológico Digital, uma construção que pode ser ampliada por meio da repetição de um módulo-base, com 25 metros quadrados de área, projetado por Felipe de Paula Campolina. A categoria Obra premiou a ampliação de uma escola de educação infantil, dos arquitetos Juliana Fiorini e José Ovídio Ramos. André Hornos, Ana Vidal e Silvio Sant’Anna optaram por manter o OSB aparente, sem revestimento interno ou externo,


Rev Arc Design DPOT

6/8/06

5:19 PM

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MÚLTIPLO DE SIGN BRA SILEIRO

RUMO AO MERCADO INTERNACIONAL

O livro “Análise do Design

O Catálogo Design Excellence

Brasileiro: entre Mimese e

Brazil revela os produtos bra-

Mestiçagem”, de Dijon De

sileiros vencedores do Prêmio

Moraes, é um desdobra-

iF Design, uma das iniciativas

mento da sua tese de dou-

do projeto que leva o mesmo

torado, que analisou de

nome dessa publicação, e é

forma crítica e analítica a

resultado da parceria entre a

produção industrial e a cultura material do design brasilei-

Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil)

ro sob a luz da globalização. Recém-publicada pela Editora

e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A

Edgard Blücher, esta obra faz um mapeamento do design

intenção é mostrar a criatividade e a qualidade do design brasileiro, o

instituído em nosso país entre os anos 1960 e 2005, para

sucesso dos empresários e dos produtos premiados e, dessa forma,

poder comparar o modelo brasileiro com o global. Sua pes-

estimular outros empreendedores e designers a participarem dessa

quisa revela que a diversidade de culturas e povos sempre

ação. Uma ótima forma de conquistar a permanência no mercado in-

presente no Brasil formou um design de sentidos múlti-

ternacional. Empresas e indústrias nacionais de design podem solici-

plos, contrastantes e em constante mutação.

tar uma cópia pelos telefones (61) 2109-7000 ou 3426-0202.

www.blucher.com.br

SALÃO DESIGN

CORREÇÃO 1

Ivens Fontoura é designer,

Na seção “Na Moda”, publicada em ARC

crítico de design e museó-

DESIGN n. 47, incluímos um cachecol pro-

grafo. Além de ser mestre

duzido pelo projeto Lã Pura, coordenado

em Design Industrial e fun-

pelo designer Renato Imbroisi. Gostaría-

dador do curso de Design

mos de mencionar outros integrantes do

da Universidade Federal do

projeto, que não foram citados na ocasião:

Paraná, participou do júri

Liana Bloisi, Lui Lo Pumo e Tina Azevedo Moura (designers), Lu-

do Salão do Design em sete

cas Moura e Fabio del Re (fotógrafos) e Adriane Colleto Reichert

edições, tendo sido home-

(consultora em gestão). A designer Lui Lo Pumo também par tici-

nageado em 2004. Portanto, ninguém melhor para escre-

pou do Projeto Marajó, publicado na edição 46 de ARC DESIGN, na

ver o livro “Uma Visão do Design Moveleiro Latino-america-

matéria “De Marajó a Moçambique”.

no”, editado pelo Salão Design Movelsul. Seus comentários a respeito das dez edições do Salão Design passeiam pela ficha técnica e descrição dos produtos premiados,

CORREÇÃO 2

inclusive destaques e menções honrosas. Na introdução,

Por problemas técnicos, o crédi-

ele relata a evolução da imigração italiana no nordeste

to de uma das imagens divulga-

do Rio Grande do Sul, a implantação das colônias e a fase

das na matéria “Design + provo-

de industrialização do município de Bento Gonçalves.

cação + inteligência = Droog”,

www.movelsul.com.br

publicada na edição 46, ficou em local pouco visível. A foto em questão (à esquerda) foi clicada pelo fotógrafo Cadi Busatto, de Curitiba. www.cadibusatto.com.br


an premio 21x28-2

6/2/06

4:26 PM

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UM OLHAR PARA O FUTURO Concurso premia projetos que utilizam Masisa OSB de forma inovadora

PROJETO: 1º LUGAR: CASA OSB. AUTORES: REINALDO MORGANTI FERREIRA E CÉSAR TADAO FUZIHARA (SP)

Em abril deste ano, foi divulgado o resultado do Prêmio Masisa de Arquitetura: “Um Olhar para o Futuro”. Promovido pelo IAB/PR em conjunto com a Masisa do Brasil, o evento, que aconteceu na Casa Vilanova Artigas, em Curitiba (PR), selecionou os melhores projetos desenvolvidos com o painel OSB (Oriented Strand Board). A utilização sustentável dos recursos naturais na fabricação do Masisa OSB, produzido exclusivamente com pinus, madeira de reflorestamento, foi apenas uma das razões que fizeram os arquitetos Juliana Fiorini e José Ovídio Ramos optarem pelo produto na construção do “Anexo para Escola de Ensino Fundamental”, em São Paulo. Vencedor da categoria Obra Construída, o trabalho faz um uso “criativo” do painel na estrutura de cobertura, de acordo com o júri do concurso, composto pelos arquitetos Marcos Acayaba (SP), Abílio Guerra (SP), Leonardo Tossiaki Oba (PR), José Hermeto Palma Sanchonete (PR) e pelo engenheiro Hélio Olga (SP). O arquiteto Irã Taborda Dudeque foi o consultor do concurso. A ocupação engenhosa do terreno estreito, a rapidez da obra e leveza da construção - que aliviou a fundação e evitou interferências nos terrenos lindeiros - também agradou à comissão julgadora. Juliana e Ramos mantiveram o acabamento natural do produto, que foi empregado no forro e nas almas das vigas que vencem

até 7 m de vão. Fabricado a partir de tiras de madeira distribuídas em forma de camadas cruzadas, unidas por resina fenólica aplicada em alta pressão e temperatura, Masisa OSB tem desemOBRA CONSTRUÍDA: 1º LUGAR: ANEXO PARA penho mecânico e rigidez ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL. superiores ao compensaAUTORA: JULIANA FIORINI (SP. do e aglomerado. Sua aplicação na indústria da construção civil é vasta, sendo indicado, inclusive, para fins estruturais. Juliana explica que o forro de OSB, associado à lã de rocha e cobertura de telhas metálicas, compõe um sistema construtivo de melhor desempenho termo-acústico se comparado às tradicionais telhas metálicas tipo sanduíche. “Essa qualidade, aliada ao custo competitivo, foi decisiva na escolha do material”, justifica a ganhadora. A Casa OSB, vencedora do 1º prêmio da categoria Projeto, foi criada pelos arquitetos Reinaldo Morganti Ferreira e César Tadao Fuzihara. “Nos inspiramos na composição típica da casas-pátio do arquiteto Rino Levi, muito difundida na década de 40”, justifica Ferreira. Projetada em steel framing, a residência é formada por perfis de aço zincado e vedação de OSB. Na planta “simples e organizada” (opinião do júri), dois blocos idênticos são conectados por um pátio, espaço intermediário que estabelece relação com o terreno. Forro, piso e paredes da habitação também são compostos por OSB aparente. “A textura do material nos agrada muito”, finalizam os arquitetos. Para maiores informações sobre os projetos vencedores e o Masisa OSB, acesse: www.masisa.com.br | www.iabpr.org.br www.portalosb.com.br | www.vitruvius.com.br.


design internacional

jóias

moda

decoração

iluminação

SALÃO DO MÓVEL, MILÃO

SINALIZANDO

TENDÊNCIAS

As ofertas aparecem em profusão. O que escolher? Como se manter atualizado? Para onde caminhar com o projeto individual? Aqueles que desejam estar em sintonia com o próprio tempo sabem o que ditam as tendências, e não só, também intuem por sinais sutis aquilo que está por acontecer. Esta é a grande importância do Salão do Móvel de Milão, o melhor sinalizador do que acontece no design. Caminhamos nesse emaranhado de tendências “classificando” os produtos pelo seu ponto de força. Acompanhe conosco esse giro pela feira e arredores Maria Helena Estrada

Edland Man

Acima, à esquerda, jóia de Arik Levy na coleção MGX, da Materialise, produ zida pelo método de prototipagem rápida; na sequência, também da MGX, e com o mesmo processo de fabricação, Polyvase, vaso de Dan Yeffet; abaixo, de Marcel Wanders para a Mo o oi, sofá e ves ti do com o mes mo te ci do

20 ARC DESIGN

d


design brasileiro materiais interiores arquitetura comportamento

DESIGN & MODA Design e moda, duas áreas que se contaminam, gerando novos ângulos de interpretação e vários desdobramentos. Neste Salão ficaram evidentes os processos. A roupa que veste a cadeira, reunindo dois grandes nomes – Ron Arad e Issey Miyake; a tecnologia mais avançada na produção contemporânea usada por Arik Levy no desenho de jóias; o tecido para vestidos e estofados de Marcel Wanders; e os vasos decorados de Tord Boontje. O branco, este entrou triunfal com a poltrona Pane, publicada em nossa edição anterior. Tudo no rigor da moda.

Nesta página, cadeira Ripples, de Ron Arad para a Moroso, com revestimentos que se trans vestem em roupas, numa criação de Issey Miyake

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DESIGN & TENDÊNCIAS O “global design” chegou para ficar. Designers de todo o mundo desenham e produzem nos mais diversos paí ses, empresas espalham suas fábricas procurando uma produção mais econômica. Isto, como é natural, gera uma rede contí nua de influências que tornam a linguagem do design cada vez mais eclética, variada, multidirecionada, global. As empresas tendem a formar grandes conglomerados, seja na moda ou no mobiliário. Os investimentos são grandes – não se pode errar. Esses são alguns dos fatores que tornaram o estudo, o diagnóstico e a previsão de tendências armas poderosas. Nessa vertente, selecionamos alguns produtos que ilustram aquelas muito próximas, as “da presente estação”. Aci ma, de Pa luc co e Ri vi er para De Pa dova, mesa com ge o me tria va ri á vel, em um jogo in te li gen te de for mas

Todas as feiras convergem para Milão. Embora cada uma tenha suas especificidades – as feiras de Paris dão ênfase à decoração, as de Colônia são consideradas as mais comerciais e as de Frankfurt, como a Tendence Lifestyle, reúnem um maior número de tipologias – , o mobiliário de qualidade comparece em peso a Milão. Nesse “mundo, mundo, vasto mundo”, falar em uma tendência é cancelar a multiplicidade global. Vamos falar em vertentes, que vão da moda à tecnologia, do Acima, mesa de es pe lhos Bra sí lia, em ver são co lo ri da, dos ir mãos Cam pa na para a Edra; abai xo, da Ba le ri, design Jeff Mil ler, mesa Big Bend, em ma dei ra la mi na da e cur va da, uti li za tec no lo gia de pon ta em sua pro du ção

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lúdico ao luxo, do revival à decoração, das tendências emergentes ao design assinado pelos “monstros sagrados”, como Vico Magistretti, sem esquecer o


Acima, a B&B re for ça a tendência do uso do branco com a nova versão da estante Shelf (à esquerda), design Naoto Fukusawa, em resina acrílica branca, e Shift (à direita), de Patri zia Ur quiola, com elementos em “C”, em alumínio, que podem ser compostos de di versos modos

design experimental, a ecologia e o design brasileiro. A tendência e a realidade de nosso tempo são, sem dúvida, o ecletismo, a liberdade, a normalidade e o casamento do design com a moda. Assim, o branco e preto, no mobiliário e nas roupas, estão no auge da moda. Mas, atenção, o branco total já se anuncia como absoluto vencedor. Este, digamos, é um dos aspectos fugazes do design. Na paralela da vertente “product design = fashion design”, o projeto dos equipamentos para casa, escritório, cozinhas e banheiros se desenvolve de acordo com as mudanças nos estilos de vida e

Acima, va so com estam pa de Tord Bo ont je. À es quer da, a ten dência revi val em sua acepção mais completa, nas cadeiras de Tobia Scarpa, da década de 1960, reeditadas na coleção Adele Cassina. Abaixo, reafirmação da tendência anunciada em 2005, com as mesas T-Ta ble, design Pa tri zia Ur quio la para a Kar tell

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DESIGN LÚDICO Essa é uma tendência fadada a não desaparecer. Quanto mais o mundo endurece e se torna violento, mais nós, adultos, precisamos nos contrapor a essa realidade. E brincadeira de adulto não tem hora – é um estado de espí rito. A Campeggi inova com um móvel-academia, ou seja, tenha na sua sala a academia de ginástica; Ron Arad nos traz a idéia simples e lógica – uma banqueta saca-rolha; Karim Rashid é sempre lúdico, e brinca com as cores; a Inkuku Chair e a mesa e cadeira de Charles Kaisin nos remetem ao Brasil – a primeira usa uma variante do fuxico, em plástico; e a segunda

Fabrizio Bergamo

brinca com o papel picotado ou recortado e colado.

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Aci ma, à es quer da, De li ri um Yum, design Ingo Mau rer e Se bastian Hep ting: um cam po mag né ti co move a haste até o fun do do tubo, ge ran do um redemoinho. Na sequência, armário Fossili Moder ni, de Massimiliano Ada mi em ma dei ra e Ela flex co lo ri do e mol da do em um blo co úni co; pro je to com jovens desig ners, “ca pi ta ne a do” por Gae ta no Pes ce para a Me ri ta lia. Abai xo, à es quer da, ca dei ra In ku ku, de Ryan Frank para a Hidden Art. Na sequência, Hairy Table e Newspaper Chair, design Charles Kaisin, expostos na Galeria Rossana Orlandi, em papel de jor nal. Influências bra si lei ras à vista?

com as novas possibilidades oferecidas pelos novos materiais e tecnologias. Este ano no Salão do Móvel, no entanto, predominava o mobiliário discreto, correto, vendável, sem grandes arroubos tecnológicos. Uma estratégia para recuperar as finanças de um setor que vem sofrendo, como todos, com a invasão chinesa. Mas Milão é sempre o grande mundo de surpresas, de ele-

Na página ao lado, no alto, ban que ta Kant, de Ka rim Ras hid para a Ca sa ma nia; no centro, ban que ta Screw, de Ron Arad para a Dri a de e em bai xo, Sne a ker, es fe ra para exer cí ci os e cama elás ti ca, design Giovan ni Le van ti para a Cam peg gi

gância, de talento e, olhando aqui e ali, descobrem-se novidades reais, nomes que já despontaram na Europa e que começam a propor novas maneiras de gozar o mundo.

i

Tatiana Uzlova

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DESIGN & DECORAÇÃO Decoração hoje é sinônimo de design – design de interiores. Livres da tendência ao decorativismo, de outros tempos e de influência francesa, a casa se torna o reflexo de seu morador. Ela é funcional e equipadí ssima com eletrônicos, tende ao “clean”, privilegia o conforto. O sofá, grande protagonista, que já foi muito macio, hoje se torna mais fino, “sequinho”, pois se descobriu que o “grande fofo” produzia dores na coluna. Muito formal ou mais descontraí da, a casa com certeza

PeterFotograf

terá ao menos uma peça de bom design contemporâneo.

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Na pá gi na ao lado, no alto, novas versõ es do ar má rio Mo dern, da Por ro, con juga fun ci o na lida de e equi lí brio; no centro, à es quer da, na co le ção Hay, pol tro na Blow, cuja estru tu ra é pre en chida por es pu ma in je tá vel, design Fo ersom & Hiort-Lo renzen; à di reita, sofá de Nao to Fu ku sa wa para a B&B; no pé da pá gi na, ain da em tons de roxo, em alta na moda, sofá Or bit, de Eero Koi visto para a Of fect

Aci ma, con junto esto fa do com estru tu ra em es pu ma e re vesti mento re moví vel, design Ma kio Ha su i ke (o desig ner por trás da mar ca MH), para a Co rinto; abai xo, de Tom Di xon, que de no mi na sua co le ção de ex pressi o nista, sofá Slouch, com pa dro na gens que se re pe tem tam bém em mesi nhas au xi lia res

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DESIGN EXPERIMENTAL O VIA, órgão francês para o desenvolvimento e promoção do design, apresentou, entre outros, uma série de produtos inovadores em sua função e relacionados com a qualidade do meio ambiente. Durante 25 anos de atividades, o VIA financiou 390 projetos e atribuiu 62 bolsas de pesquisa. Uma de suas ações é a “Carte Blanche”, recebida por designers que se distinguem © VIA / Fillioux & Fillioux

pela originalidade e maturidade de suas criações. O processo de desenvolvimento dos produtos é acompanhado por diversos consultores, seja no que diz respeito à produção e à comercialização, entre outros. Já receberam a “Carte Blanche” quase todas as atuais estrelas – e são muitas - do design francês. Este ano, a distinção coube a Mathieu Lehanneur.

Ma thieu Le han neur, ven ce dor este ano da “Car te Blan che”, cri ou Ele ments. Acima, O, um “pul mão do més ti co”, di fu sor de oxi gê nio com es pi ru li na. À di rei ta, Q, para ser co lo ca do per to da por ta de en tra da, de tec ta pre sen ças e li be ra Quin ton, pro te tor con tra mi cró bi os e bac té rias

© VIA / V. huyghe

© VIA / V. huyghe

Aci ma e ao lado, ta pe te/tam bo re te Du Fil e Une Ai guil le (Agu lha e Li nha), de Gre gory La coua, me re ce dor da dis tin ção “Aide à Pro jet”, que se le ci o na tra ba lhos de es tu dan tes. Le coua es tu da no ENS CI – Les Ate li ers, e uti li za, além de uma cha pa de ma dei ra, es pu ma de bor ra cha e ma lha tec no ló gi ca em fi bra de po li és ter, in flá veis


© VIA / V. huyghe © VIA / V. huyghe

Acima, à esquerda, Co (de Cel si us), um ra dar tér mi co in te li gen te para es quen tar pessoas ou par tes do cor po que se en con tram pró xi mas; na sequência, dB (de de ci bel), apa re lho que gira pela casa, por onde hou ver ru í dos mu i to al tos, e pro duz o “ru í do bran co”, ca paz de criar uma bar rei ra so no ra. Abaixo, pro tó ti po de um desig ner co re a no, Chai se à Jar di ner, no pro je to Home Bé ton, mo bi li á rio para áre as ex ter nas ou in te ri o res, com ve ge ta ção na tu ral


design internacional

jóias

moda

decoração

Jóias ITÁLIA, CHINA, BRASIL Precioso não é o material – mas o valor da inspiração e do design. Pela sua linguagem tornam possível uma leitura única, um denominador comum para culturas diversas e distantes entre si

Nas duas páginas, coleção SH, design Stephan Hamel e Roberta Bini. Acima, quadro de Van Dyck e colar em “goldstone”, plástico e pedrinhas de vidro; no alto da página, peça em feltro, ametista e pedrinhas de vidro

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iluminação

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materiais design brasileiro interiores arquitetura comportamento

No alto da página, colar em plástico, coral e pérolas; acima, discos de plástico, água-marinha e safira d’água

Acima, colar em cashmere e pedra-dalua; à direita, a combinação do plástico com jade africana, quartzo cinza e o fecho com a marca SH

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Fotos to mazgvel lo

Da Redação Acima, à esquerda e na página ao lado, jóias em pelica da Shaoo, “designed and produced in China”, recortadas a laser

A tendência ao uso de materiais alternativos nas jóias – e no design de modo geral – não é só brasileira. A Itália, sempre voltada para a arte e a cultura, encontra uma fonte de inspiração culta e tradicional no quadro “Retrato de Mulher”, do pintor holandês Antoon Van Dyck. A inspiração é medieval, mas os materiais são ultramodernos. Stephan Hamel e Roberta Bini lançaram

Abaixo, de Mana Bernardes, designer do Rio de Janeiro, colares em pastilhas de plástico – o mesmo modelo com diferentes combinações de cores

em Milão as peças da SH, cuja matéria-prima principal é o descarte da produção da Edra, empresa que edita os irmãos Campana. Na China, duas jovens designers, com formação em estilismo em Paris, criaram a marca Shaoo e introduziram a pelica em prata e ouro, cortada a laser, em seus colares, pulseiras e brincos. O desenho recortado na pelica não é aleatório, sua fonte de inspiração é o teatro chinês das sombras. As designers reproduziram o desenho das sombras formadas pela projeção de grandes diamantes e depois laquearam a pelica em ouro e prata. Inspiração na cultura tradicional traduzida em linguagem contemporânea.


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Acervo ARC DESIGN

Pura delicadeza oriental, sem dúvida. Na introdução ao catálogo das peças SH, Ilse Crawford, designer inglesa especializada em tendências, descreve o espírito da coleção “pensem em um retrato de uma dama do século XVI e sua intrincada gola, nas delicadas membranas que envolvem as sementes brilhantes de uma romã; pensem na sensação do feltro compacto e das pedras lisas combinadas à matéria plástica, fria. (...) São colares contemporâneos que transmitem uma imagem ritualizada do passado”. Também utilizando o plástico, além de pedras, sementes e fibras naturais, as jóias brasileiras expressam nossa inconfundível linguagem, já reconhecida em

Acervo ARC DESIGN

Acima e abaixo colares de Deborah Laruccia (Amazônia). Acima, produzido com sementes e, abaixo, em jarina preta. À direita, no alto e no pé da página, duas peças de Virginia Scotti (Brasília). No alto, colar em prata com silicone e acrílico, que pode ser usado de diversas formas; abaixo, anel em ouro com sisal

todo o mundo. São três designers, três pontos longínquos no mapa e três culturas diversas – Rio de Janeiro, Brasília, Amazônia. As designers e joalheiras Mana Bernardes, Virginia Scotti e Deborah Laruccia mostram diversos recortes de um mesmo país. ❉



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8/6/06

10:55

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Delights

&Dreams D&D. Onde seus sonhos de decoração e design se tornam realidade.

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June 8, 2006


PUBLI EDITORIAL

anuncio casa brasil

08/06/2006

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CASA BRASIL O NOVO ACONTECE AQUI!

Acima, ambientes criados pelas arquitetas Tina e Lui para o lançamento da Casa Brasil, durante a última edição da Movelsul, realizada em março de 2006

Bento Gonçalves, cidade onde trabalho e prazeroso tu-

recionada ao mobiliário e ao viver contemporâneos”,

rismo se encontram, já se prepara para a primeira edi-

destaca, e acrescenta: “Esta feira vem suprir duas lacu-

ção de sua nova feira: Casa Brasil – Móveis, Decoração

nas – a segmentação e a alternativa para o uso do de-

e Complementos, que acontecerá de 21 a 25 de agosto

sign e da tecnologia de ponta”.

de 2007, no Parque de Eventos da cidade.

Durante a Casa Brasil serão realizados projetos espe-

Arquitetura, design e decoração estarão presentes na

ciais, tais como workshops, mostra de design, de arte-

Casa Brasil, com as últimas novidades no segmento de

sanato e de matérias-primas brasileiras, recortes de

linha alta em design. Os últimos lançamentos em mó-

feiras internacionais e o Salão Design Casa Brasil, con-

veis, planejados, iluminação, acessórios e complemen-

curso de design de produtos para o hábitat, criados ou

tos para decoração, para ambientes residenciais e cor-

produzidos a partir de 2005.

porativos estarão presentes. Estima-se que cerca de 15

O Salão tem como objetivo incentivar a criatividade, o

mil profissionais visitem a feira, que promete ser uma

empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio

das maiores da América Latina.

do design, além de destacar a capacidade e o talento de

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do

profissionais, estudantes e indústrias do setor. “Traba-

Mobiliário (Sindmóveis) e também da Casa Brasil, Vol-

lharemos para que o Salão Design Casa Brasil tenha im-

nei Benini, a feira surgiu da necessidade de se criar algo

portância semelhante ao Salão Design Movelsul, que

novo, com um verdadeiro diferencial. “Existem muitas

muito tem auxiliado no desenvolvimento do setor mo-

mostras voltadas para decoração, para móveis e para

veleiro”, ressalta Volnei Benini.

interiores, mas nenhuma que seja verdadeiramente di-

Conheça o novo, acesse o site: www.casabrasil.com.br


O branco total foi adotado como cor para o próximo verão no hemisfério norte (leia-se: centros formadores de tendência). O trabalho feito à mão é um dos pontos fortes observados nas coleções internacionais, com destaque para a renda, a protagonista da estação Helena Montanarini

Arquivo Dolce & Gabbana

0 BRANCO NA MODA: A RENDA EM DESTAQUE

arquitetura comportamento design internacional jóias moda


decoração iluminação

design brasileiro materiais interiores

Sofia Sanchez e Mauro Mongiello

Stefan o Guinda ni

Aci ma, bol sa Dior em for ma to sela, com apli ca ção de cordão em couro cru. Abai xo, ves ti do Lou is Vou it ton em ren da, com ins pi ra ção em Cour rè ges

Aci ma, blu sa de ba ba dos e ber mu da de An to nio Be rar di: des ta que para de ta lhes em ren da ri che li eu fei ta à mão. Na pá gi na ao lado, ves ti do cor se let Dol ce & Gab ba na com ba ba dos ins pi ra do na lin ge rie ro mân ti ca

39 ARC DESIGN


Não só as vi tri nes de moda e as re vis tas es pe ci a li za das en dos sa ram o bran co, mas tam bém ou tros seg men tos, como a de co ra ção e o de sign. A re fe rên cia ao ar te sa na to pode ser sen ti da em di ver sos mo de los que ex plo ram o uso de ba ba dos, ren das, ma cra mé e pon to ri che li eu

Aci ma, sa lei ro em por ce la na com de ta lhe de asas,

Acervo ARC DESIGN

cria ção do Ate li er Ma nus. À es quer da, vestido em po pe li ne stretch – uma re leitu ra auste ra do uni for me es co lar – e mala de via gem em cou ro bran co, am bos da Pra da. Abaixo, bol sa tran ça da em ma cra mé fei ta à mão com de ta lhes em me tal; cria ção de Ali ne Pra do e Yumi Reis, da Ate li er Ur ba no

OUTRAS INSPIRAÇÕES DA ESTAÇÃO •

Branco austero e romântico com toque de saudosismo

Detalhes de jabots, babados, rendas do 1700

Cintura marcada e decote valorizando o colo. Inspiração na

Prada

corte francesa?

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A linha austera e pura dos uniformes escolares

Silhueta mediterrânea sensual, relembrando os filmes de Fellini

Releitura do começo do século XX, linha reta e cintura baixa

Courrèges e Pierre Cardin revisitados


Marcio Madeira

Ste fan o Gu ind an i

Arquivo Dolce & Gabbana

Aci ma, si lhue ta ro mân ti ca e sexy no ves ti do “près du corp”, de Dol ce & Gab ba na. À di rei ta, ves ti do in gê nuo no es ti lo ca mi sa ria e saia ro da da com ba ba dos em ren da, de An to nio Be rar di

Aci ma, al ças em cou ro per fu ra do dão efeito ren da do à san dá lia Sal va to re Fer ra ga mo. No alto, efei to patch work de ren das, te ci dos e cou ro re cor ta do va lo ri zam a cria ção de Car los Mi e le


© Fendi

Nes ta pá gi na, em sen ti do ho rá rio: o bran co mar ca pre sen ça nos ócu los Dior; uma peça de ren da é a ori gem do re le vo es tam pa do no cen tro de mesa cri a do por Ca ro li ne Ha ra ri; o ves ti do Fen di pro va que um bá si co ad qui re nova lei tu ra com a apli ca ção de de ta lhes em ren da; re cém-lan ça do pela Me lis sa, o tê nis de se nha do por Ka rim Ras hid re for ça a ten dên cia do bran co puro, mes mo em sa pa tos de in ver no. Na pá gi na ao lado, a ri que za da ves ti men ta de nos sas tra di ci o nais bai a nas, re fe rên cia quan do o as sun to é ren das e ba ba dos

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Arlete Andrade Soares

DE SI GN Ac er vo AR C


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design internacional

jóias

moda

decoração

iluminação

SIMPLES DETALHES MAS QUE FAZEM TODA A DIFERENÇA Em sua 20ª edição, a Casa Cor São Paulo opta por uma volta às suas origens. Da elegância da sede – o antigo ambulatório do Jockey pau lis ta no, na Ci da de Jar dim –, com di men sõ es mais com pac tas e ape nas 63 am bi en tes, tudo na atu al mos tra pa re ce con du zir a uma abor da gem mais ri go ro sa e ex clu si va dos pro je tos. Muito diferente do caráter de “megaexposição” de produtos e tendências que caracterizou o evento nos últimos anos, e acabava por colocar em segundo plano o estilo e a originalidade das propostas apresentadas por arquitetos e decoradores

Divulgação

Marcelo Lima / Fotos Luis Calazans Luz

Aci ma, Ga le ria de Som bra e Luz, pro je to Ana Ma ria e Ca mi la Vi ei ra San tos, no qual enor mes “pa nos” de vidro tra zem a pai sa gem do Joc key para dentro da casa. Na pá gi na ao lado, Fu moir, de Sid ney Quinte la, uma sala qua se vir tual, tec no ló gi ca, onde a na tu reza surge em flas hes de pai sa gens pro je ta das so bre as pol tro nas Qua tro, em vi dro, de Jac que li ne Ter pins

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materiais design brasileiro interiores arquitetura comportamento

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Divulgação

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Divulgação

Casa-cubo, por tá til, de João Ar men ta no, para es pa ços re du zi dos e para os nô ma des ur ba nos de hoje: uma cai xa de 6 metros quadrados, em MDF, pro du zi da pela Or na re, na qual to dos os am bi en tes se abrem a par tir das la te rais do cubo. Aci ma, em sen ti do ho rá rio: ma que te do pro je to, ca dei ra Prin ce da co le ção For ma, co zi nha equi pa da com ele tro do més ti cos Bosch. Na pá gi na ao lado, no alto, vis ta ge ral do am bi en te a par tir da sala de jan tar, que tam bém pode ser rein se ri da no cubo; em bai xo, de ta lhe do dor mi tó rio, com col chão em ro los de es pu ma, e o ba nhei ro


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Da consciência ecológica, marcada pela profusão de madeiras recicladas, à ênfase na valorização do aspecto sensorial ligado a móveis e objetos de uso cotidiano – quase um contraponto à invasão high-tech –, a preocupação com detalhes capazes de personalizar os ambientes aparece como a tônica da maioria dos projetos. Não por acaso, luz e cor assumem papel de protagonistas na construção dos espaços. Explorada em seus recursos cênicos – do jogo de sombras ao brilho explícito – ou evidenciada por meio de luminárias e lustres de forte presença espacial, a luz ganha papel definitivo na composição da maioria das salas, onde, ao lado de sofás de proporções cada vez mais generosas, disputa o centro das atenções de moradores e convidados. Composições quase inteiramente monocromáticas, em tonalidades vibrantes e de alto impacto, começam a se insinuar nas áreas da casa reservadas à convivência e ao lazer: um sopro de renovação mais que bem-vindo em um território ainda quase totalmente dominado pela sobriedade da dupla bege-marrom e pela onipresença das fibras naturais. Propostas inovadoras ganham terreno também no desenho dos quartos, que aparecem mais sinuosos e abertos à experimentação. Dignas de nota, a ausência de continuidade visual entre seus diversos componentes – da cama ao closet – e a maior translucidez dos armários, que investem em cores e em arestas menos vivas.

Co zi nha de es tar, pro je to de Lia Car bo na ri, com ar má ri os Flo ren se e, no cen tro, uma coi fa fu tu ris ta que se desen vol ve en tre o piso e o teto, com am pla cur va tu ra. Aci ma, à es quer da, de ta lhe do dese nho com Cos te las de Adão re a li za das em Vi dro til; e, à di rei ta, o mes mo mo ti vo cri a do pela ar qui te ta é re pro du zi do na lou ça. Na pá gi na ao lado, em pri mei ro pla no, ca dei ras em cou ro da Li nea Casa, tam po de mesa em vi dro, sus pen so por rol da nas, ten do abai xo la rei ra (for no e es tu fa) com cha mas à vis ta, piso com ara bes cos em Vi dro til e, ao fun do, coi fa cur va e pa re des de co ra das

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49 ARC DESIGN


Evocativas de códigos afetivos, a julgar pelos projetos apresentados, começa a ganhar corpo entre arquitetos e decoradores um conceito mais complexo de cozinhas: o de lugar multifuncional, onde a preocupação dedicada à preparação e ao consumo de alimentos vem se juntar à exigência de instalações voltadas para a socialização e a convivência. Um espaço do qual se espera não apenas eficiência, mas, sobretudo, que seja dinâmico e convidativo e onde, apesar de a tecnologia desempenhar função-chave, se abre para novos materiais capazes de se contraporem à limpeza formal e abstrata do aço e do vidro. Por fim, em perfeita sintonia com as tendências internacionais, banheiros e lavabos ganham ares cada vez mais conceituais. Quase uma microarquitetura embutida dentro da própria casa, marcada por linhas bem-definidas e proporções rigorosas – modernamente clássicas – e onde o ato de se banhar adquire ares reverenciais.

Divulgação

Acompanhe ARC DESIGN nesta visita. ❉

Nas duas pá gi nas, de ta lhes de am bi en tes. Aci ma, res tau ran te de De ni se Bar ret to com mo bi li á rio Ar te fac to, ven do-se pa re de e piso com gra fis mos de se nha dos ou re sul tan tes de efei tos lu mi no sos. Na pá gi na ao lado, em sen ti do ho rá rio: lava bo de Pa trí cia Mar ti nez, com lu mi ná ria Co ral (Do mi ni ci), de sign David Tru brid ge; pa re de re ves ti da em cou ro re cor ta do a la ser e lu mi ná ria de Ver ner Pan ton (Do mi ni ci), na copa de Ca ro li na Sza bò; lava bo de Si mo ne Got cher, em Vi dro til, com ro da pés ar re don da dos; quar to de cri an ça de Ma ri lia de Cam pos Vei ga com ta pe te da Re sin Flo or

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Divulgação


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LIGHT & BUILDING, FRANKFURT

MATÉRIA E EMOÇÃO O po der trans for ma dor que a luz pode exer cer em qual quer am bi en te fica evi den te du ran te um even to como a Light+Bu il ding. Frank furt é uma ci da de fria e cin zen ta, de pro por çõ es pouco humanas, com seus arranha-céus de vidro e aço a abrigar megainstituições financeiras. Durante a semana da feira, a cidade se transforma, deixa-se banhar em luz e cor, transpirar emoção. A luz humaniza a cidade

Baba Vacaro

Abaixo, a luz como protagonista em todos os eventos da Luminale: teto de luz sobre a Kaiserstrasse, ligando a estação central ao centro financeiro da cidade, projeto de Wolf gang Rang, com A&O Ligh ting Technology e Bar tenbach Lich tlabor. Na página ao lado, lu mi ná ria Me ta co lor, da ita lia na Ar te mi de, em presa pi o nei ra no uso da tec no lo gia RGB e lâm pa das flu o res cen tes em lu mi ná rias resi den ciais. Fa bri ca da em me ta cri la to opa li no bran co. Na base, uma pe que na fon te de luz azul des ta ca a peça e cria uma at mos fe ra lu mi no sa. Design Er nes to Gis mon di

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design brasileiro materiais interiores arquitetura comportamento

53 ARC DESIGN


Baba Vacaro

Acima, lâm pa das flu o res cen tes de úl ti ma ge ra ção com a tec no lo gia RGB (red, gre en and blue) co lor chan ging per mi tem a cria ção de mi lha res de nuan ces de cor por meio de con tro les di gi tais: a tec no lo gia a favor de novos es tí mu los sen so riais.

Baba Vacaro

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Luminale, evento de iluminação urbana, acontece du-

a grande distância. Criado pelo ateliê Wolfgang Rang,

rante a feira Light+Building, e conta com a participação

com A&O Lighting Technology, em parceria com Bar-

de todos os segmentos do setor, demonstrando na prá-

tenbach Lichtlabor, esse facho acentuava seu significa-

tica suas mais recentes inovações. O crescimento em

do urbano e fazia uma ponte virtual entre a porta de en-

relação aos anos anteriores é considerável, e comprova

trada e o centro financeiro, coração da cidade.

o fascínio cada vez maior que a luz exerce sobre as

Logo depois de uma primeira caminhada pela feira e

pessoas, e a indústria, o varejo, lighting designers, ar-

pela cidade iluminada, fica evidente que a luz é prota-

quitetos e artistas montam por toda a cidade um espe-

gonista, não os objetos. Por isso o momento pede uma

táculo para celebrar a luz. Designers renomados apre-

reflexão sobre comportamento, muito mais que uma

sentam inovações ao lado de estudantes e jovens pro-

prosa sobre simples tendências ou produtos.

fissionais, que têm a oportunidade de colocar em práti-

Sabemos que o poder expressivo da luz é enorme e fas-

ca suas idéias pela primeira vez. O envolvimento não é

cinante. Ela é imaterial, mas sua capacidade de simbo-

só da indústria especializada, mas também de institui-

logia e comunicação é tão grande que transcende for-

ções culturais, prefeituras, associações e também do

ma e matéria. Múltiplas interpretações e emoções po-

público final. Para citar apenas um exemplo, era incrí-

dem ser atribuídas a ela, pois está intimamente ligada à

vel o impacto e o magnetismo causado pelo teto de luz

nossa cultura, religião, status, estilo de vida, posição

que se estendia desde a estação central de trens, de

geográfica. A luz traz o mundo à vida, e a busca pelas

onde partiam imensos fachos de luz sobre a Kaisers-

boas sensações é o fato motivador das novas necessi-

trasse, importante via central da cidade, iluminando de

dades psicológicas de consumo.

modo quase surreal o European Central Bank, situado

Hoje, a lógica do consumo baseia-se cada vez mais em


Acima, luminária pendente Alistair, design Edward van Vliet para a empresa holandesa Quasar. Seu intencional aspec to oriental em versão moder na se dá pelo uso da luz colorida por dentro de um retângulo construído em peças ar tesanais de cristal. Abaixo, luminárias do espanhol Ar turo Al varez: signos de diferenciação na escolha dos materiais.

critérios individuais, emotivos, hedonistas, colocando sempre em primeiro plano as sensações. Assim, projetos de design e arquitetura perseguem soluções multissensoriais, carregadas de conteúdo emocional. Em muitos casos, idéias são emprestadas do mundo do entretenimento, transformando espaços comuns em veículos de sugestionamento e emoção, nos quais varia-se a luz de modo dinâmico, para que o visitante possa interagir com o ambiente. Há quem diga tratar-se de modismo, mas a realidade é que esse raciocínio vai ao encontro dos novos estilos de vida ligados a um profundo personalismo, e também para suprir a sensação de isolamento em que hoje nos colocamos. Os arquitetos transformam-se em cenógrafos para nós, os atores principais, experimentarmos novas emoções e sensações. Buscam nos avanços tecnológicos suas ferramentas, com soluções inovadoras e extremadas. Essa teatralização torna-se afinal uma ferramenta do hedonismo contemporâneo. Para suprir as necessidades de consumo baseadas no 55 ARC DESIGN


Baba Vacaro Baba Vacaro

Acima, Shadys ha de, de Tom Pa wlofsky e Mi chael Haas: lu mi ná rias de gran des for ma tos, com apa rên cia ar tesa nal, cria das a par tir de pa péis de alta tec no lo gia cor ta dos e do bra dos através de softwa res em CNC

novo luxo emocional, os espaços de convívio tornaram-se extremamente sensoriais, gratificantes, comoventes, confortáveis, hipertecnológicos, com atmosferas providas de luzes e aromas. A palavra-chave é customização. Hoje tudo já pode ser feito a gosto do freguês. Dos tênis Nike às tatuagens, tudo se transforma de acordo com o humor e o desejo dos protagonistas. Aqui não é diferente, e a tecnologia joga a favor. Essa nova concepção de luz dinâmica está baseada nos LEDs, nas fluorescentes de última geração e na tecnologia RGB color-changing. Os LEDs são hoje considerados a luz do futuro. Associados a controles digitais sequenciais, permitem a criação de grandes superfícies iluminadas e imagens dinâmicas de qualquer tipo e cor. O uso de um único LED ou a combinação de três LEDs coloridos – vermelho, verde e azul (RGB) ou âmbar, branco e azul (AWB) – torna possível qualquer mistura Acima, lu mi ná ria Itis, design Nao to Fu ka sa wa para a Ar te mi de. Du pla men te ar ti cu la da, per mi te an gu lar base e has te de 0 a 90 graus, e a ca be ça em ro ta ção de 180 graus. O uso dos LEDs nas lu mi ná rias de lei tu ra ga ran te efi ci ên cia alia da a bai xíssi mo con su mo de energia

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de cores. Hoje já se podem presenciar os avanços em eficiência, durabilidade e confiabilidade nessa tecnologia, que promete abrir as fronteiras a novas aplicações


Acima, à es quer da, Ku brik, pen dente inte ra ti vo de Anto ni Aro la para Santa&Cole, tem estru tu ra re ti cu lar em aço, na qual se ar ti cu lam 36 pe ças em plásti co ABS. À di reita, lu mi ná ria Ma don na, da ho lan desa Qua sar, que nos úl ti mos anos está se tor nan do es pe cia lista em lu mi ná rias de co ra ti vas que tran sitam entre fri vo lida de e alta tec no lo gia

num futuro próximo. Os sistemas de sequências de tro-

mas o aspecto tecnologia tende a ficar totalmente ocul-

ca de cor baseados na tecnologia RGB também foram

to. Quer seja por casualidade ou intenção, o imperfei-

desenvolvidos para a criação tanto de grandes panos

to humano vem à tona, disfarçando a tecnologia de

de luz e cor, como para quebrar a monotonia da luz

modo surpreendente. Cada produto parece ter sido fa-

monocromática por meio de pequenos aparelhos que

bricado exclusivamente para o cliente, e em cada um

proporcionam efeitos de cor no espaço, em superfícies

nota-se uma irregularidade proposital, com aspectos

ou em detalhes de arquitetura, ou ainda para gerar

artesanais bastante presentes, assim como o uso de

áreas de interesse, sugestão e ênfase. Os controles di-

materiais diferenciados.

gitais dos aparelhos são baseados em softwares com o

O prazer da exclusividade e da personalização fará de

protocolo DALI (digital addressable lighting interface),

cada usuário o grande protagonista das cenas dos pró-

criado para garantir liberdade e controle criativo do de-

ximos capítulos. Por isso, os movimentos de comporta-

senho da luz na arquitetura e nos aparelhos. Há ainda

mento da sociedade tornam-se a cada dia mais interes-

inovações em outras tecnologias, novas lâmpadas

santes e dignos de nota que os próprios produtos. ❉

mais eficientes e econômicas, com maior vida, em versões cada vez menores e acompanhadas de aparelhos mais compactos e com maior variedade de aplicações. Nas luminárias decorativas, à primeira vista o resultado parece bastante diferente, mas a idéia por trás da criação é a mesma. Nelas, os signos aparentes são também personalização, diferenciação e identidade,

O cres ci men to da pi ra ta ria fez com que a Mes se Frank furt elaborasse uma cartilha sobre os aspectos le gais da pro pri e da de in te lec tu al e in dus tri al e proi bi sse o uso de câ me ras fo to grá fi cas em to dos os pa vi lhõ es da fei ra, inclusive pela imprensa (!). Grandes empresas como a Zumtobel não disponibilizaram nem sequer press releases em seus estandes, disponibilizando-os mediante registro apenas no web site da empresa 57 ARC DESIGN


DESIGN QUE VALORIZA A FLORESTA

design internacional jóias moda decoração design brasileiro ARC DE SIGN tem sem pre tri lha do os ca mi nhos da ma dei ra com mu i to cu i da do e cons ci ên cia. Até hoje não tí nha mos pu bli ca do o re per tó rio do mo bi li á rio bra si lei ro con tem po râ neo em ma dei ra por dú vi da quan to à sua pro ce dên cia. O as sun to ago ra está mais cla ro, sabe-se o que é e como con se guir a ma dei ra cer ti fi ca da e a ma dei ra le gal, quais os pro du to res que as uti li zam em seu mo bi li á rio

Maria Helena Estrada O jornal Folha de S. Paulo de 23 de abril estampa a seguinte manchete “Certificação de madeira cresce 154%”. O assunto madeira – e nossas florestas – faz parte do noticiário de cada dia. E no setor do design e do mobiliário? Encontramos, entre São Paulo e Rio de Janeiro, diversas empresas e designers conscientes da seriedade da questão – e são deles os exemplos publicados. Falamos com Etel Carmona, proprietária da loja Etel Interiores e uma das pioneiras no uso da madeira certificada, que define sua coleção como o “conceito Etel”. “Não vendo apenas um móvel”, afirma, “mas um conceito em qualidade, em design, em responsabilidade ambiental e social.” Etel nos explica também as condições necessárias para que a madeira seja certificada pelo (FSC) Forest Stewardship Council. A certificação envolve o manejo correto da floresta, ou seja, colhe-se o que é mais abundante. Mapeia-se a floresta, que é dividida em 30 lotes ou talhões, com cada árvore identificada e marcada. Só as árvores com mais de 50 centímetros de diâmetro podem ser abatidas, e elas devem ter por perto suas “filhas” e “netas”. Cada talhão só pode ser manejado de 30 em 30 anos – e a floresta é auditada a cada seis meses. A madeira legal é aquela extraída e transportada com autorização federal. Carlos Motta, arquiteto e designer, por sua vez, trabalha quase sempre com madeiras de demolição, em um processo de reutilização. “Foi sempre tão grande o uso da madeira no Brasil que é fácil encon-

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iluminação materiais interiores arquitetura comportamento

Nesta página, poltrona, carrinho de bebidas e aparador de Isay Weinfeld, produzidos pela Etel Interiores. Na poltrona em ipê, destaque para a forma inusitada de uso das almo fadas; o carrinho, cubo de madeira revestido em aço inox, com rodízios, é composto por caixas de freijó, cedro, timbaúba, tauari e ipê; o aparador é fixado à parede, utili za cedro, ipê e tauari e seus pu xadores embutidos são banhados a ouro. Na página ao lado, coleção de facas e cadeira de balanço Mader, com estrutura em imbuia, assento e encosto em laminado moldado, da Mendes-Hirth, que utiliza antigos lotes de madeiras


Fabio Ferraz

trar peças para serem reutilizadas”, afirma. A Mendes-Hirth Marcenaria, do Rio de Janeiro, vem de uma longa tradição. O avô de Roberto Hirth era um dos donos da famosa Laubish-Hirth, que nos anos 1950 fez os móveis do Itamaraty, em Brasília. Hoje, Roberto e Fernando Mendes de Almeida, ambos designers, dirigem a empresa e criam as peças. “Ao analisar um móvel ou objeto de madeira, não utilize apenas os olhos”, aconselham os designers, “toque a madeira, acaricie-a. Como num passe de mágica, a madeira parece macia, transmite sensualidade, calor. Verifique os encaixes, a solidez, os veios da madeira. Quando se aprecia com cuidado um produto de marcenaria, não se vê apenas o objeto, mas como ele foi feito.” No alto da pá gi na, mesa e es tan te de Ma ri e ta Fer ber; no cen tro, es tan te da Fu ton Com pany; abai xo, ca dei ra e ban que ta de Ivar Si e wers, para a Dpot, em com pen sa do so bre es tru tu ra em aço inox

60 ARC DESIGN


Entrevistando esses “marceneiros”, notamos que para eles o trabalho com a madeira é uma experiência quase religiosa, sagrada. Reveste-se de respeito, amor pela natureza, carisma. Madeira, uma tradição que se perpetua no Brasil, de Tenreiro a Sergio Rodrigues, sem falar nos tempos coloniais. Etel Carmona começou com uma marcenaria em Campinas, SP. Obcecada por perfeição, suas peças se destacaram imediatamente no mercado. A partir de Campinas, Etel montou uma fábrica no Acre, e agora, em um projeto bastante ambicioso, faz parte do Grupo Orsa, no Jari. “Por que decidi essa mudança? São 300 mil hectares de florestas, sendo 465 já certificados. É preciso agregar valor a essas florestas!” i

Fernando Laszlo

No alto, à es quer da, mesa Ira ce ma, de Clau dia Mo rei ra Sal les para a Etel In te ri o res, em ca breú va e lou ro faia; na se quên cia, ca dei ra Sa qua re ma, de Car los Mot ta, em ma dei ra de de mo li ção. No centro da pá gi na, mesi nhas Tango, em teca re flo resta da, de De lia Beru, na Casa 21. Abai xo, ar má rio Ri pa do, de Etel Car mo na, em su cu pi ra, com a fren te tra ba lha da em mi nu ci o so ge o me tris mo, tam bém na Etel In te ri o res

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RECICLO BEM-SUCEDIDO

decoração iluminação

62 ARC DESIGN

design brasileiro materiais interiores A criação a partir de materiais alternativos sempre esteve presente na prática projetual de Alejandro Sarmiento. O designer argentino é um dos pioneiros no design com matériaprima de descarte, uma prática hoje não exclusiva aos países em desenvolvimento, mas que também vem ganhando força em diversas regiões da Europa


arquitetura comportamento design internacional jóias moda Winnie Bastian “Hoje o mundo está descartável demais. Computadores, telefones, tudo é descartável com uma velocidade tremenda. Estamos gerando um lixo que não tem possibilidade de ser reinserido.” A frase, dita pelo designer Alejandro Sarmiento, reflete a realidade e alerta para a importância de os designers desenvolverem a consciência ambiental. Sarmiento já fez – e ainda está fazendo – a

Aci ma, pufe cria do a par tir da jun ção de uma bola e de um cilindro de borracha (descar te da indústria de caminhões). Quando di versos pufes são colocados lado a lado, o usuário pode deitar so bre eles e rolá-los, massa ge an do as cos tas. Além de seu uso do més ti co, essa peça é bas tan te pro cu ra da por clí ni cas de fi si o te ra pia

Abaixo, par tes de farol de caminhão adquirem nova identidade na luminária Miniufo, criada por encomenda de um restaurante de Buenos Aires. Na página ao lado, a borracha (reaproveitada de câmaras de ar) tor na-se o centro das atenções nas cadeiras Rubier ta Iron, cujo nome é uma brincadeira com os materiais utili zados – borracha (rubber) e ferro (iron)

63 ARC DESIGN


sua parte: trabalha desde o final dos anos 1980 com materiais alternativos, hoje presentes em cerca de 90% de sua produção. As peças desenvolvidas pelo designer argentino podem ser divididas em dois grupos: as criadas a partir de componentes ou produtos “standard”, presentes no mercado, e aquelas construídas com material de descarte doméstico e industrial, como PET e borrachas de câmaras de ar. No primeiro caso, Sarmiento investiga a natureza do produto/material, para descobrir sua essência, que será preservada na nova peça. “Não troco a essência do material; dou-lhe outra possibilidade, a partir do design”, explica. É o caso das luminárias Araña – criadas a partir de peças de um açucareiro – e Miniufo – construída com partes de um farol de caminhão. Fora de seu contexto original e refuncionalizadas, as peças adquirem nova identidade: é difícil reconhecer sua origem ao ver o produto final. O mesmo acontece com os produtos criados com material de descarte, principalmente quando a matéria-prima em questão é o PET. Inspirado na técnica utilizada pelos gaúchos para cortar couro, Sarmiento desenvolveu uma ferramenta simples, que permite transformar No alto da pá gi na, lu mi ná ria Blan da, feita a par tir de uma tela uti li za da ori gi nal men te na em ba la gem de vi nhos, como pro te ção antiim pac to. Aci ma, bol sa com tra ma do em fitas de PET, resul ta do do Pro je to Conte nido N e to. Abai xo, nada se per de: as par tes su pe ri o res das gar ra fas se trans for mam em “car re téis” para as fitas de PET. Na pá gi na ao lado, no alto, jogo ame ri ca no cria do pela ONG Trans For ma. Em bai xo, de ta lhe de fios fi níssi mos: cada gar ra fa pode ren der até 160 me tros de fio, de acor do com a es pessu ra, que va ria entre 0,5 e 8 mm

as garrafas plásticas em fitas de diversas espessuras, com excelente acabamento. O resultado são produtos das tipologias mais variadas, da cadeira à bolsa, passando pelo jogo americano. A partir dessa técnica, o designer criou o Projeto Contenido Neto, em 1992, quando retornava a Buenos Aires após uma temporada em N. York. “Quando fui morar fora, todas as garrafas do meu país eram retornáveis. Ao voltar para a Argentina, todas as garrafas eram descartáveis. Era preciso fazer algo”, diz. Na época, contudo, o projeto não teve a acolhida esperada, e foi arquivado por Sarmiento. Com a crise que se abateu sobre a Argentina em 2001, a prefeitura de Buenos Aires se interessou em realizar uma exposição que mostrasse à população as potencialidades do material, e o projeto foi reativado. A partir de 2003, após obter o apoio da Coca-Cola (“responsável pela colocação desse lixo na rua”, segundo Sarmiento), o designer associou-se a uma ONG e iniciou a

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65 ARC DESIGN


capacitação de jovens para a fabricação de produtos cuja matéria-prima principal era a fita de PET. A Coca-Cola, por sua vez, era responsável pela capacitação dos jovens para fazer negócios. O projeto começou com 30 adolescentes, e hoje está se repetindo em diferentes cooperativas, espalhadas pela cidade de Buenos Aires. No início dos trabalhos, cada cooperativa recebe o projeto de quatro peças únicas, criadas especificamente para elas. “Assim evitamos que os produtos das cooperativas se ‘encontrem’ no mercado, concorrendo entre si”, explica Sarmiento. Há também a preocupação em Aci ma, po e sia e sim pli ci da de na lu mi ná ria que “re me te à ór bi ta dos in se tos em tor no da luz”, como ex pli ca o de sig ner. Abai xo, ca dei ra com es tru tu ra em fer ro do bra do à mão e sem sol das (a es tru tu ra é es ta bi li za da pe las pró pri as fi tas de PET). No pé da pá gi na, se quên cia mos tra a ter mo for ma gem da fita, que pode ad qui rir di ver sas for mas com a sim ples uti li za ção de água quen te

fomentar a criação pelos jovens participantes do projeto. Por isso, cada cooperativa tem a supervisão constante de um capacitador, que normalmente é aluno de Sarmiento – o designer leciona na Universidade de Palermo, em Buenos Aires. Embora o Projeto Contenido Neto tenha grande relevância social, uma vez que ensina um ofício e incentiva o empreendedorismo ao mesmo tempo que dá destino ao lixo urbano, a qualidade dos produtos é essencial para o sucesso do projeto. Este é outro ponto de atuação do capacitador. “Nós controlamos a qualidade das peças, para que elas possam ser vendidas em uma loja ‘design’, em pé de igualdade com os outros produtos. Eles (os jovens treinados pelo projeto) precisam entender da qualidade dos objetos, se querem comercializá-los.” Ao explorar as possibilidades dos materiais alternativos e dar valor aos materiais de descarte por meio de produtos criativos e com ótima reposta formal, Alejandro Sarmiento é um dos profissionais que colocam a América Latina na vanguarda do design mundial. ❉

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design internacional

jóias

moda

decoração

iluminação

UMA ARQUEOLOGIA

Em um verdadeiro trabalho de recuperação das características de um prédio dos anos 1940, Fernando Campana traz à luz, em seu apartamento, uma arquitetura perdida, projeto de Jacques Pilon. Desenhando a nova casa, um amplo painel da produção do designer, intercalado por momentos do mais puro minimalismo. "Da non perdere" Marcelo Lima / Fotos Luis Calazans Luz 68 ARC DESIGN


design brasileiro materiais interiores arquitetura comportamento

URBANA

Na página ao lado, à esquerda, vis ta da Av. An gé li ca, a par tir do li ving e, em pri mei ro pla no, ca dei ra Ver me lha, o pri mei ro best-sel ler eu ro peu dos ir mãos Cam pa na, e pro tó ti po do sofá Ja ca ré Kai man. Abaixo, nas duas pá gi nas, ou tro ângu lo do li ving, com vis ta para a co zi nha in te gra da e, na sala, mesa Ta too, ca dei ras e ar má rio Ce lia, em OSB Cam pa na, lus tre dos anos 1960, da Do mi ni ci; so bre o bal cão da co zi nha, lu mi ná ria de Lyn Go dley e Lloyd Schwan

69 ARC DESIGN


À es quer da, pro tó ti po da es tan te La bi rin to, em aço naval. No pé da pá gi na, a co zi nha com piso de par quet, in te gra da à sala; pa re des em la dri lho Azul Na val, da Eli a ne, e sofá Pa pel, em pa pe lão cor ru ga do. Na pá gi na ao lado, no alto, sofá Kai man e ban que tas da co le ção Vitó riaRé gia. Em bai xo, o ras go em for ma de cruz ho ri zon tal dei xa en tre ver o in te ri or da co zi nha

Ao contrário do design, a maior parte dos projetos de interiores atuais parece se recusar a olhar para a frente. Limitados por padrões cristalizados pela tradição, não são muitos os que se aventuram a ir além das poucas turbulentas águas do passado. O arquiteto Fernando Campana, em seu novo apartamento, prefere navegar outros mares: habitar uma arquitetura reduzida ao essencial, onde ele possa viver no seu ritmo e na companhia de suas criações, desenhadas em parceria com o irmão Humberto, em seus quase 20 anos de atividade, da simplicidade gráfica dos tapetes da coleção Números à expressividade acentuada do Jacaré Kaiman, que ocupa o centro da sala. “Na verdade, trata-se do protótipo do sofá lançado pela Edra este ano, mas que, na minha opinião, acabou ficando melhor que o modelo finalizado”, brinca o designer. “Ao conhecer o apartamento, logo detectei traços de proporção e volume típicos da melhor arquitetura produzida na época. Percebi que eliminar os excessos acumulados pelos antigos habitantes, como arcos decorativos, paredes e divisórias, era quase a única intervenção necessária para fazer reviver o espaço. No mais, procurei recuperar os pórticos, os batentes e o




Aci ma, à es quer da, dor mi tó rio prin ci pal, ten do em pri mei ro pla no ta pe te da co le ção Nú me ros e ar má ri os sem por tas para agi li zar o faz-e-des faz das ma las; à di rei ta, sala de TV com pro tó ti po do sofá No vel lo, ca dei ra Cone e lu mi ná ria em tela an ti der ra pan te. Na pá gi na ao lado, de ta lhe do quar to, com ca dei ra Anê mo na, lu mi ná ria Es te la e pe que no ora tó rio, que já ha via no apar ta men to

assoalho, que foi expandido até a cozinha", explica.

discurso narrativo orientando escolhas: uma opção

Preservado em sua configuração original, dotar o imó-

minimalista, que em nada limitou a coexistência com o

vel de amplas aberturas e de boas condições de lumino-

depurado ornamentalismo característico da produção

sidade foram os próximos passos. Com balcão rebaixa-

dos designers.

do, por exemplo, copa e cozinha receberam abertura

Impossível, no entanto, ignorar a sensação de se estar

para sala a partir de um rasgo na parede, em formato

em uma verdadeira retrospectiva, com alguns dos gran-

de cruz deitada. Um desenho de forte impacto gráfico,

des momentos da dupla, em termos de forma e conteú-

realçado ainda mais pelo revestimento de azulejos e

do: de clássicos como a estante Labirinto e o sofá Papel,

pela iluminação em tons de azul.

em papelão, ao novíssimo Kaiman. Justificando suas

A área de serviço deu origem a uma unidade habitacio-

escolhas, diante da riqueza do acervo disponível, Fer-

nal completa e independente, com entrada privativa.

nando aponta o potencial de utilização de cada peça

Tudo para receber os frequentes hóspedes.

como critério básico. “Nunca foi minha preocupação sa-

O quarto, ampliado pela eliminação de dois closets, ga-

ber se as coisas combinavam entre si, mas se eram real-

nhou armários sem portas para as roupas. “Mais do

mente úteis naquele lugar. É o caso do Kaiman, uma

que uma proposta estética, uma exigência de uso, dian-

almofada gigante, que, além de funcionar como sofá na

te da frequência das viagens e do pouco tempo para a

sala, pode desmembrar-se em diversas peças e circular

arrumação de malas”, comenta Fernando.

pela casa”, explica.

Com exceção de um pequeno oratório com o santo

Menos soluções indiferenciadas e mais fluidez, cor e

protetor do designer – peça já existente no imóvel –,

luz. Um lugar construído sob medida para o designer, e

nada na ambientação remete ao passado. O ritmo da

que reflete seu tempo. Além de uma beleza não neces-

ocupação espacial segue a naturalidade do simples, do

sariamente explicável. Mas facilmente perceptível. ❉ 73 ARC DESIGN


arquitetura comportamento design internacional jóias moda

A PELE NA ARQUITETURA A valorização da superfície tem se revelado uma tendência bastante explorada na arquitetura contemporânea. Remontando à conhecida frase de Paul Valéry – “a pele é o mais profundo” –, o invólucro dos edifícios passa a ser um importante veículo para expressar valores ou transmitir mensagens, como no caso do estádio Allianz Arena, cenário da abertura desta Copa do Mundo

Fotos © Allianz Arena


decoração

iluminação

design brasileiro materiais interiores

No Al lianz Are na, a es tru tu ra é ocul ta da em favor da pele, for ma da por 2.784 cé lu las trans lú ci das in flá veis. Esta pele é ilu mi na da por 100 mil LEDs in di vi du ais, o mai or dis play de LEDs da Eu ro pa. “A ca rac te ri za ção do es tá dio como um ‘cor po lu mi no so’ tam bém bus cava for ta le cer seu pa pel de mo nu men to ur ba no”, ex pli cam os arquitetos Jacques Herzog e Pierre de Meuron, autores do projeto


Fotos © Allianz Arena

À es quer da, de cima para bai xo, a pele em di fe ren tes mo men tos: na co ber tu ra (vis ta a par tir do alto), com uma par te trans pa ren te e ou tra bran ca; na fa cha da ilu mi na da em ver me lho; em bran co, vis ta a par tir das ga ra gens. Na pá gi na ao lado, no alto, área de tran si ção en tre as pol tro nas e salas tipo loun ge: o es pa ço do es tá dio tor na-se mais ver sá til e pas sí vel de uso por mais tem po; em bai xo, vis ta ge ral do cam po a par tir das pol tro nas. Nos dois ca sos, a ilu mi na ção da fa cha da é vi sí vel no in te ri or do es tá dio

Winnie Bastian Translúcidas, iridescentes, digitais, mecânicas, mutantes, com memória... São muitas as características das “peles” dos edifícios contemporâneos. A diversidade de materiais e tecnologias disponíveis permite que a pele assuma a identidade desejada e atue como interface entre a natureza do edifício e o observador. Um exemplo é o Estádio Allianz Arena, em Munique, projeto do escritório suíço Herzog & de Meuron. Criado para abrigar dois times, o Bayern Munich e o TSV 1860, o estádio foi inaugurado em meados de 2005 e foi o palco do jogo de abertura da Copa do Mundo deste ano. O edifício é revestido por 2.874 “almofadas”, elementos infláveis em forma de losango. Um sofisticado sistema de iluminação digital permite que cada almofada possa ser iluminada separadamente em vermelho, azul ou branco. Em uma instalação compartilhada por dois times, esse artifício foi fundamental para manter a identidade de cada um. A equipe que utiliza o estádio é anunciada aos torcedores conforme as cores exibidas na fachada: azul e branca para o TSV, azul e vermelha para o Bayern. Os elementos infláveis são executados em etileno-tetrafluoroetileno (ETFE), um plástico de alta performance e, segundo os arquitetos, não poderiam ter sido executados em outro material. Finíssimo (0,2 milímetros de espessura), o filme de ETFE é resistente ao frio, ao calor, ao vento, é autolimpante (com a chuva) e não-inflamável, tendo vida útil estimada em 25 76 ARC DESIGN



Fotos © Allianz Arena

Nas duas pá gi nas, es pa ços que com ple men tam a es tru tu ra do Al li anz Are na. A pre sen ça da pele é sen ti da em to dos os am bi en tes des ta pá gi na: no bar (aci ma, à di rei ta), na área de cir cu la ção (aci ma, à es quer da), ou no res tau ran te (abai xo). As mu dan ças na ilu mi na ção da pele, por tan to, aca bam por re fle tir na at mos fe ra de cada es pa ço


Aci ma, à es quer da, loja com ar ti gos es por ti vos e sou ver nirs dos ti mes da casa, Ba yern Mu nich e TSV 1860. Na se quên cia, um dos ves ti á ri os. Abai xo, de ta lhe da pele ilu mi na da: a trans lu ci dez dos ele men tos in flá veis de ri va da es pes su ra mí ni ma (0,2 mm) do ma te ri al uti li za do – ETFE, um plás ti co de alta per for man ce


anos. Nos cantos do estádio, bombas mantêm a pres-

Design”: “a translucidez e a mutabilidade substituíram

são do ar dentro das células plásticas.

a transparência e a permanência. O invólucro se sepa-

É interessante a forma como a pele se espalha por todo

rou do volume interno”.

o edifício, unificando fachada e cobertura – a diferença

Somado a isso, acontece a simplificação do volume em

concentra-se em um detalhe: enquanto a fachada é

contraponto à sofisticação da pele, de forma a reforçar

branca translúcida, a cobertura é transparente.

sua importância. E esse recurso é de grande valia quan-

A translucidez também é explorada no projeto de Ber-

do a pele assume a função de comunicar.

nard Tschumi para uma sala de concertos em Limoges,

É o que acontece na Galleria Hall West, em Seul, Coréia.

França. O edifício proposto pelo arquiteto francês é for-

Em 2004, os arquitetos Ben van Berkel e Caroline Bos,

mado por dois invólucros: o externo é composto de ar-

do escritório holandês UN Studio, foram convidados

cos de madeira e policarbonato rígido, enquanto o inter-

para remodelar a fachada do edifício, que deveria re-

no é totalmente de madeira. O espaço entre essas duas

fletir o novo posicionamento da marca: “mais luxuosa,

camadas é utilizado para o desenvolvimento de duas

mas ainda ‘na última moda’ e única”.

rampas, que conduzem às filas inferiores e superiores.

Os arquitetos buscaram traduzir o luxo e a persona-

A translucidez do policarbonato foi escolhida como for-

lização em “uma fachada viva que fascine, atraia e

ma de filtrar a luz que penetra no interior do edifício.

sempre pareça diferente, conforme o ponto de vista

O projeto de Tschumi remete às afirmações de Ellen

do espectador, a hora do dia e a época do ano”.

Lupton em seu livro “Skin: Surface, Substance and

Para isso, criaram um sistema com 4.330 discos de

80 ARC DESIGN

Christian Richters

Christian Richters

“Es ca mas” de vi dro com pe lí cu la iri des cen te for mam a pele do edi fí cio da Gal le ria Hall West, em Seul, Co réia. Re mo de la da, a fa cha da da loja in for ma o novo po si ci o na men to da em pre sa: luxo e per so na li za ção. Pro je to dos ar qui te tos Ben van Ber kel e Ca ro li ne Bos, do es cri tó rio ho lan dês UN Stu dio



vidro, fixados na fachada original (de concreto) por meio de uma subestrutura metálica. Os discos são tratados com uma folha iridescente especial, o que gera mudanças constantes na percepção da fachada. À noite, um sistema de iluminação desenhado em conjunto com o escritório Arup Lighting “acende” o edifício, refletindo a dinâmica das condições climáticas que ocorreram durante o dia. Atrás de cada disco de vidro há um LED e cada um é controlado individualmente, permitindo formas quase infinitas de manipulação da cor e da emissão de luz. Com a implantação desses e outros artifícios semelhantes, a arquitetura transforma-se em mais um veículo de comunicação, tanto de mensagens objetivas como subjetivas. E se integra ao “pequeno arsenal” que povoa nosso cotidiano: internet, telefone celular, handheld, edifício... i

A trans lu ci dez é a ca rac te rís ti ca ex plo ra da por Ber nard Tschu mi no pro je to para o Li mo ges Con cert Hall (abai xo). Aci ma, es que ma evi den cia as ca ma das que com põ em o fe cha men to do edi fí cio: ar cos de ma dei ra e po li car bo na to com 5 cm de es pessu ra no in vó lu cro ex ter no, se gui dos por uma es tru tu ra cir cu lar tre li ça da em ma dei ra



design internacional

jóias

moda

decoração

iluminação

15ª MOSTRA ARTEFACTO DE DESIGN Pro pos tas bas tan te va ri a das mos tram a cri a ti vi da de dos ar qui te tos e de co ra do res pau lis ta nos, que tran si tam por es ti los di ver sos, des de os mais clás si cos até os mais ir re ve ren tes. Con fi ra al guns des ta ques

Da Redação

84 ARC DESIGN

A Artefacto acaba de inaugurar a 15ª edição de sua

Piva, a neutralidade dá o tom, com um toque especial:

tradicional mostra de design, na loja da Rua Haddock

folhas de bananeira revestiam a parede. Denise Bar-

Lobo, em São Paulo. No ano em que a empresa come-

retto aposta no humor no quarto de casal com estar,

mora seu 30º aniversário, a novidade é a linha Arte-

“povoado” por diversos bonecos ergonômicos. No

facto Experience, na qual os produtos buscam des-

loft de Paulo Marcelo e Eurico Guedes, a harmonia é

pertar os cinco sentidos do consumidor. Nesta edição

obtida pelo contraste entre tons claros e escuros.

da mostra, 29 profissionais criaram 22 ambientes

Oriente e Ocidente encontram-se na family room de

com produtos Artefacto – a coleção da empresa é

Beto Galvez e Norea de Vitto, que combinam, de for-

composta por 450 itens e mais de 300 tipos de tecido.

ma harmônica, móveis ocidentais contemporâneos e

Lucas Alvarez e Reinaldo Salim propõem uma ciber-

abajures chineses.

biblioteca com atmosfera “ao mesmo tempo antiga e

Estes são apenas alguns exemplos... A mostra pode

futurista”. No home theater criado por Fernando

ser visitada até o final deste ano. Aproveite! ❉


design brasileiro materiais interiores arquitetura comportamento

Aci ma, à es quer da, a ci ber bi bli o te ca de Lu cas Al va rez e Rei nal do Sa lim, com a pol tro na gi ra tó ria Theo, um dos lan ça men tos da li nha 2006; na se quên cia, o loft pro pos to por Pau lo Mar ce lo e Eu ri co Gue des. Abai xo, vis ta par cial do quar to de ca sal com es tar, pro je to de De ni se Bar ret to. Na pá gi na ao lado, home the a ter cria do por Fer nan do Piva; des ta que para as chai se-lon gues Nou vel, ou tra novi da de da Ar te fac to

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ARC DESIGN

E-NEWS

Ágil. Instigante. Informativo. Opinativo.

JUM NAKAO É DESTAQUE NO SÃO PAULO FASHION WEEK Na passarela, a cor branca sobressaia nos corpos cobertos

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por um colante preto. As “paper dolls” – produzidas com maquiagem carregada e peruca estilo Playmobil – exibiam

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peças elaboradas, inspiradas em trajes do fim do século 19: vestidos perfeccionistas, saias de construção volumétrica e blusas com mangas bufantes – modelagens confeccionadas

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com quase uma tonelada de papel vegetal e “costuradas” com fita crepe. Para o efeito admirável da estamparia, das

sobre design, arquitetura, moda, cultura

rendas e dos babados, utilizou-se a tecnologia dos cortes a laser. Um trabalho de excelência, aniquilado ferozmente pe-

material, exposições e matérias especiais.

las 15 modelos no término do desfile. Valendo-se da arte conceitual, a pretensão do autor foi atingida. A coleção “Desejos” ignorou o aspecto comercial e provocou reflexões importantes acerca do universo da moda. “O que eu queria era exatamente isto: levar emoção, fazer as pessoas

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pensarem, entenderem que a moda é transitória. Quis abordar ainda a questão do inatingível; as roupas rasgadas representam a inevitabilidade da perda, geram a falta, criam

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o vazio”, argumenta o criador, Jum Nakao. Veja matéria completa no site

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Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 48, junho 2006

Apoio:

Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata Diretora de Arte Fernanda Sarmento RE DAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico Fernanda Sarmento Chefe de Redação Winnie Bastian Redatora Keila Bis Revisora Jô A. Santucci ARTE Designers Ana Beatriz Avolio Betina Hakim Participaram desta edição Anny Magalhães Baba Vacaro Christian Richters Helena Montanarini Luis Calazans Luz Marcelo Lima Departamento Administrativo Silvia Rosa Silva Departamento de Marketing Lívia Sinkovits, Guilherme Vilela Departamento de Publicidade Diretora de Publicidade: Ana Serra Executivos de Negócios: Carla Mastrangelo, Luis Castro e Neusi Briganó Departamento de Circulação e Assinaturas Cristiane Aparecida Barboza Schiavon Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DE SIGN para assuntos internacionais Pré-impressão Cantadori Artes Gráficas Ltda. Impressão Eskenazi Indústria Gráfica Papel: Suzano Papel capa: Supremo Duo Design 250g/m2 miolo: Couché Suzano Matte L2 130g/m2 Distribuição Nacional Fernando Chinaglia Distribuidora S/A

Apoio Institucional:

ARC DESIGN – endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: (11) 6808-6000 Fax: (11) 3898-2854 E-mails Administração administracao@arcdesign.com.br Assinaturas assinatura@arcdesign.com.br Direção de Arte arte@arcdesign.com.br Editora editora@arcdesign.com.br Marketing mkt@arcdesign.com.br Publicidade comercial@arcdesign.com.br Redação redacao@arcdesign.com.br

Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos.

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LOUCOS POR DESIGN Loucos por Design, nome da exposição realizada por ARC DESIGN no MuBE, no final de 2004, agora se transforma em uma seção fixa na revista. Acompanhe conosco o repertório internacional do design com peças escolhidas por nomes ligados à estética, às artes e à comunicação. Nesta edição, a presença de Gabriel Zellmeister, publicitário Da Redação / Fotos Nelson Aguilar


design brasileiro materiais interiores arquitetura comportamento arc design – Quan do e com qual ob je to sua aten ção foi des per ta da para Foto Divulgação

o de sign? gaBrieL ZeLLMeisTer – Sem pre ado rei de se nhar. Aos 8 anos re sol vi que

iria tra ba lhar em algo que en vol ves se de se nhar, pro je tar, cri ar e, aos 12, re sol vi que de di ca ria mi nha vida a apren der a olhar. Para sem pre e inin ter rup ta men te apren der a olhar. Mas não foram objetos que me despertaram para a criação, o design e a arte. Ain da ga ro to, fas ci na vam-me al gu mas cons tru çõ es, to das pró xi mas de mi nha casa, que fi ca va numa tra ves sa da Av. San to Ama ro, ao lado do cór re go do sa pa tei ro, atu al Av. Jus ce li no Ku bits chek. No fi nal dos anos 1950, an tes de com ple tar 10 anos, eu ia às es con di das, de bi ci cle ta, ao Par que do Ibi ra pu e ra. Ado ra va prin ci pal men te aque les jar dins que eram a pró pria na tu re za ele gan te men te re ar ran ja da ao jei to do ho mem. Du ran te a ado les cên cia, fa zia ou tro pas seio ci clís ti co, ao cam pus da USP, onde acom pa nhei, fas ci na do, a cons tru ção do edi fí cio da FAU. Na mes ma épo ca, apai xo nei-me pela ele gân cia de um pré dio re si den ci al que es ta va sen do cons tru í do na Av. Nove de Ju lho qua se es qui na com a Av. São Ga bri el. De mo rei al guns anos para sa ber que es ta va ad mi ran do obras de Bur le Marx, Vil la no va Ar ti gas e Rino Levi. Um cer to tem po de pois, eu pas sa va pela Rua Had dock Lobo para ver su bir o Edi fí cio Guaim bê. Mas aí eu já ti nha sido co op ta do, e sa bia que aque le era um pro je to de Pau lo Men des da Ro cha. ad – A que você dá mais aten ção: à for ma, ao ma te ri al, de que o ob je to é fei to ou à uti li da de? gZ – Con for me o que co men tei an tes, me fas ci na vam as obras que ti nham na pró pria es tru tu ra o ele men to do mi nan te. Es tru tu ras que eram fun ci o nais e ao mes mo tem po ma te ri a li za vam so nhos po é ti cos, lí ri cos em sua ela bo ra da sim pli ci da de. Para não fa lar ape nas de edi fi ca çõ es, lem bro que na que le tem po tam bém tive uma re la ção de amor à pri mei ra vis ta com a in te li gen te le ve za dos mó veis do luso-bra si lei ro Jo a quim Ten rei ro. Mis tu ran do es sas pri mei ras pai xõ es com ar tes plás ti cas, fo to gra fia e li te ra tu ra, meu uni ver so de in te res se es té ti co am pli ou-se mais um pou co. Mas até hoje con ti nuo ir re mo vi vel men te fiel à de ci são, to ma da qua tro dé ca das atrás, de sem pre con ti nu ar apren den do a olhar.

Na pá gi na ao lado, Ga bri el Zell meis ter e a ca dei ra Ban que te, de Fer nan do e Hum ber to Cam pa na. Aci ma, lu mi ná ria Eclat Jo yeux, de Ingo Mau rer. Abai xo, Flying Co lors, pin tu ra de Cal der para avi ão da Bra niff. Cal der mor reu an tes de fi na li zar este tra ba lho

ad – O que mo ti vou sua es co lha das pe ças aqui pu bli ca das? gZ – Uma ae ro na ve, uma lu mi ná ria, uma ca dei ra. Cada uma de las é aque -

le ob je to rein ven ta do, de ma nei ra úni ca. Por Cal der, Mau rer e Cam pa na. Para di zer pou co, os Flying Co lors, de Cal der, a Por ca Mi sé ria (ou Eclat Jo yeux), de Mau rer, e a Ban que te, dos Cam pa na, fas ci nam, sur pre en dem, di ver tem e fun ci o nam. ad – Que de sig ner bra si lei ro você ci ta ria como des ta que? Por qual ra zão? gZ – Como vejo os gran des de sig ners lado a lado com ar tis tas, ar qui te tos,

cu ra do res, fo tó gra fos (…), não me sin to à von ta de para ci tar só um ou al guns; e acho co var de es con der-me debai xo da que les que já se fo ram. ❉ 91 ARC DESIGN


COMO ENCONTRAR

SINA LI ZAN DO TENDÊNCIAS Adele Cassina www.adelecassina.it

Benedixt (Caroline Harari) Praça Benedito Calixto, 103, São Paulo www.benedixt.com.br Dior www.dior.com

Atrium (B&B, Porro) Al. Gabriel Monteiro da Silva, 650, São Paulo www.bebitalia.it; www.porro.com; marcio@gruppoatrium.com.br

Dolce & Gabbana www.dolcegabbana.it

Campeggi www.campeggisrl.it

Estúdio Manus: Rua Girassol, 310, São Paulo www.estudiomanus.art.br

Casamania www.casamania.it

Fendi www.fendi.com

Charles Kaisin www.charleskaisin.com

Galeria Melissa: Rua Oscar Freire, 827, São Paulo www.melissa.com.br

De Padova www.depadova.it

Louis Vuitton www.louisvuitton.com

Driade www.driade.com

Prada www.prada.com

Firma Casa (Moooi) Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487, São Paulo www.firmacasa.com.br; www.moooi.nl

Sal vatore Ferragamo www.salvatoreferragamo.it

Forma (Hay): Av. Cidade Jardim, 924, São Paulo www.forma.com.br; www.hay.dk

SIM PLES DE TA LHES. MAS QUE FA ZEM TODA A DIFE RENÇA

Hidden Art www.hiddenart.com

Ana Maria Vieira Santos www.anamariavieirasantos.com.br

FAS (Ingo Maurer) Rua Joaquim Antunes, 190, São Paulo www.fastrade.com.br; www.ingo-maurer.com

Denise Barretto www.denisebarretto.com.br

Kar tell Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2.138, São Paulo www.kartell.it; info@kartellbr.com.br Materialise www.materialise-mgx.com Meritalia www.meritalia.it Moroso www.moroso.it Offecct www.offecct.se Tom Dixon www.tomdixon.net VIA www.via.asso.fr

JÓIAS: ITÁLIA, CHINA, BRA SIL Deborah Laruccia delaruccia@uol.com.br Esencial (Mana Bernardes e Shaoo) Rua Araçari, 246, São Paulo www.esencial.com.br

Dominici Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.768, São Paulo www.dominici.com.br Forma: Av. Cidade Jardim, 924, São Paulo www.forma.com.br Jac queline Terpins www.terpins.com João Armentano www.joaoarmentano.com Lia Carbonari contato@liacarbonari.com

Quasar www.quasar.nl Santa&Cole www.santacole.com Shadyshade www.shadyshade.com Wolf gang Rang www.atelier-rang.de

DE SIGN QUE VA LO RI ZA A FLO RES TA Carlos Motta: Rua Aspicuelta, 121, São Paulo www.carlosmotta.com.br Casa 21: Av. Europa, 385, São Paulo www.casa21.com.br Dpot Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.250, São Paulo www.dpot.com.br Etel Interiores: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.834, São Paulo www.etelinteriores.com.br Futon Company: Rua Mateus Grou, 370, São Paulo www.futon-company.com.br Mendes-Hirth Marcenaria: Rua Mal. Mascarenhas de Moraes, 180, Rio de Janeiro www.specialevents.com.br/mh/ Teto (Marieta Ferber) Praça Benedito Calixto, 94-96, São Paulo www.tetomc.com.br

RE CICLO BEM-SU CE DIDO Alejandro Sarmiento www.alejandrosarmiento.com.ar

AR QUEOLO GIA UR BA NA Campana Design www.campanas.com.br

Marilia Brunetti de Campos Veiga www.mariliaveiga.com.br

Firma Casa (Edra): Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487, São Paulo www.firmacasa.com.br; www.edra.com

Ornare Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.101, São Paulo www.ornare.com.br

A PELE NA AR QUI TE TU RA

Resin Floor www.resinfloor.com.br Sidney Quintela www.sidneyquintela.com.br Simone Goltcher www.simonegoltcher.com.br

Allianz Arena www.allianz-arena.de Bernard Tschumi www.tschumi.com UN Studio www.unstudio.com

MATÉ RIA E EMO ÇÃO

15ª MOS TRA AR TE FAC TO

SH www.sh-jewels.com

A&O Ligh ting www.ao-lighting.de

Ar te fac to: Rua Haddock Lobo, 1.450, São Paulo www.artefacto.com.br

Virginia Scotti www.virginiascotti.com

La Lampe (Ar temide) Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.258, São Paulo www.lalampe.com.br; www.artemide.com

Beto Gal vez e Norea de Vitto beto@bninteriores.com.br mauricio@bninteriores.com.br

O BRANCO NA MODA: A REN DA EM DES TA QUE

Ar turo Al varez www.arturo-alvarez.com

Denise Barretto dbarrett@denisebarretto.com.br

Antonio Berardi www.antonioberardi.com

Bar tenbach Lich tlabor www.bartenbach.com

Fernando Piva fernandopiva@fernandopiva.com.br

Atelier Urbano: Rua Mello Palheta, 165, São Paulo www.atelierurbano.com.br

Light+Building www.light-building.messefrankfurt.com

Lucas Al varez e Reinaldo Salim lbalvarez@ajato.com.br

Carlos Miele www.carlosmiele.com.br

Luminale www.luminale.de

Paulo Marcelo e Eurico Guedes pmguedes@uol.com.br




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