R$ 15.00 Nº 49 QUADRIFOGLIO EDITORA
ARC DESIGN
Nº 49
2006
2006
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
CAMPER SAPATOS E MUITO MAIS
SPFW MODA, CENOGRAFIA E DESIGN SE ENCONTRAM
SP DESIGN WEEK SÃO PAULO GANHA A SUA SEMANA DO DESIGN
OS NOVOS CELULARES DESIGN E TECNOLOGIA CAMINHAM JUNTOS
JAPÃO ARQUITETURA HOJE
REVISTA EMIGRE E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O DESIGN GRÁFICO
Foto cenário: Luis Calazans Luz / Foto modelo: Fernanda Calfat
O casal Daniela Thomas, cenógrafa, e Felipe Tassara, arquiteto, desenvolve há quase dez anos projetos de design de exposições no Brasil e em outros países. Dentre eles, destacamos “Brésil Indien” (Grand Palais, Paris, 2005); “Fashion Passion” (São Paulo, 2004), com 600 obras de fotógrafos e estilistas; os espaços públicos da São Paulo Fashion Week nas temporadas de 2004 a 2006; “Picasso na Oca” (São Paulo, 2004); “China: os Guerreiros de Xi’an e os Tesouros da Cidade Proibida” (São Paulo, 2003); “50 Anos de Arte Britânica na Tate” (São Paulo, 2003), com acervo da Tate Gallery; “500 Anos de Arte Russa” (São Paulo, 2002); “De Picasso a Barceló” (Buenos Aires, 2001).
Acervo ARC DESIGN
Acima, imagem da capa: ao fundo, o mosaico tridimensional criado por Daniela Thomas e Felipe Tassara. As cores e os grafismos utili zados remetem à África, foco da edição deste ano. Abaixo, um dos modelos de “lambe-lambe” criados por Daniela Thomas e utilizados na de mar ca ção das por tas e ou tros ele mentos. Na modelo, vestido de Jefferson Kulig
Daniela Thomas é também cineasta. Realizou os longas “Terra Estrangeira” e “O Primeiro Dia”, em parceria com o diretor Walter Salles. Seu trabalho como cenógrafa de teatro é extenso e já recebeu inúmeros prêmios. O arquiteto Felipe Tassara foi responsável pelo design de um grande número de exposições no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo e no Museu Niemeyer em Curitiba, entre outros.
A vontade de passar mensagens, apontar em uma direção, exprimir uma idéia de transformação pelos próximos, digamos, dez anos, tem sido o ideal perseguido por Paulo Borges, idealizador e organizador da São Paulo Fashion Week. Com Daniela e Felipe introduziuse o princípio do cenário em papelão, dobrado como caixas (janeiro 2006), em dobraduras de origami, na cor original ou em cores e desenhos encontrados na África, onde foram pesquisar (junho 2006). Transformação é a palavra-chave desde 2005. Em janeiro de 2006 os cenógrafos criaram uma poesia cinética e, aproveitando as duas
Nelson Kon
Abaixo, vista da ce no gra fia cria da para a SPFW de janeiro de 2006. Formas sólidas, paralelepípedos com fendas, se encaixam uns aos outros, resultando em super fícies retas e cur vas, seguindo as linhas de Niemeyer. Para o cor te das peças, dois tipos de faca foram desenhados especialmente, conforme a superfície final (reta ou cur va). Uma repetição geométrica, como nos ladrilhos de Athos Bulcão
vistas que o cenário permitia, escreveram, em uma das faces, palavras como “formação”, “fusão”, “mutação”; em outra, lia-se apenas “trans” e, caminhando, as palavras se uniam, formando “(trans)fusão”, “(trans)mutação”, “(trans)formação”, etc. A cenografia de junho de 2006 foi pensada depois de uma incursão da equipe do SPFW à África do Sul. A idéia dos cenógrafos não foi a de reproduzir esses símbolos ao pé da letra, mas de “samplear” sensações, pois visitando tribos, além das favelas ou guetos, percebe-se um grande sincretismo cultural nessas regiões da África. Um último dado a acrescentar: o papelão, na arquitetura efêmera, permite uma obra limpa, de custo menor, e não deixa resíduos. Terminada sua vida útil, todo o material é entregue para reciclo. Ou seja, uma cenografia sustentável.
Nes ta edi ção pre do mi na a moda – em sen ti do am plo: moda nas rou pas, ce ná ri os para a moda, am bi en tes na moda. São Pau lo Fas hion Week em sua vi são to tal, apoi a da em uma ico no gra fia que foi bus car ins pi ra ção na África do Sul. Mais que moda, com por ta men to – é a Cam per che gan do ao Bra sil. Por en quan to, os sa pa tos que, em si, já são um novo modo de vida, ale gre. Uma di ta du ra – po si ti va – do con for to. Você sabe qual o ce lu lar que lhe con vém nes sa “flo res ta” que se re no va e avan ça ve loz, pres ta ção x com pli ca ção? Ain da exis tem aque les que de se jam ape nas um te le fo ne mó vel, mas en tre os mais an te na dos, há quem ame brin car nos jo gui nhos, quem com pul si va men te do cu men te tudo o que vê, seja em foto ou gra va ção, quem faz do ce lu lar sua in te ra ção com o mun do. Es co lha o seu – está tudo ex pli ca do... até hoje. No design e arquitetura internacionais temos a maravilhosa Charlotte Perriand, que atraves sou o século com seu olhar agudo e moderno e, em contraposição, a jovem arquitetura japonesa. Emi gre, nome fa mi li ar para o uni ver so do de sign grá fi co, é uma re vis ta que já in ter rom peu sua car rei ra. Vale o olhar e a lei tu ra des sa pa no râ mi ca so bre a mais im por tan te pu bli ca ção nor te-ame ri ca na no campo do design gráfico ao lon go de 21 anos e 69 edi çõ es. O evento SP Design Week foi realizado pela primeira vez este ano. Uma iniciativa de ARC DESIGN, que “abraçou” os diversos eventos de arquitetura e design que aconteciam na mesma data. Casa Cor; Museu da Casa Brasileira com a mostra sobre Santos Dumont e as homenagens a Pau lo Men des da Ro cha – Prê mio Pritz ker 2006; Bi e nal Bra si lei ra de De sign e Bi e nal de De sign Grá fi co. Fo ca dos no even to, ARC DE SIGN, em par ce ria com a ABD, or ga ni za ram o se mi ná rio De sign Hoje, que con tou com a par ti ci pa ção do ar qui te to e crí ti co de de sign ita li a no En ri co Mor teo, além de Mar ce lo Ro sen baum, Ri car do Scura e os ir mãos Cam pa na. O tra di ci o nal Ro tei ro do De sign mos trou os mais des ta ca dos show-ro oms de São Pau lo, com a con vi vên cia har mô ni ca en tre o de sign bra si lei ro e o in ter na ci o nal. Nas úl ti mas pá gi nas, a se ção Lou cos por De sign, que, ao lon go das edi çõ es, mos tra rá quais os ob je tos que mar ca ram e mar cam nos so tem po. Bom di ver ti men to! Ma ria He le na Es tra da Edi to ra
Em sintonia com as coleções apresentadas, murais, lounges, passarelas e cenários da última São Paulo Fashion Week mostram que moda e design caminham juntos – e fazem um belo par!
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Mesmo com a grande diversidade de abordagens e conceito, muitas coleções apresentadas na São Paulo Fashion Week apresentavam um elemento comum: a exploração da geometria, dos recor tes às dobraduras nipônicas, das pregas aos bordados. Acompanhe conosco
Tirar fotos, fazer filmes, tocar música digital, navegar na internet, contar calorias... Novas funções adquiridas pelo celular que em nada lembram sua obrigação inicial: fazer e receber chamadas. Confira os últimos lançamentos
Maria Helena Estrada
ORA DIREIS... SIMPLES SAPATOS?
DESIGN PARA A MOBILIDADE
Winnie Bastian
LIÇÃO DE GEOMETRIA
Camila Lima
Marcelo Lima
OS ESPAÇOS DA MODA
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Com design, cores e modelos muito próprios, a marca espanhola de calçados Camper chega ao Brasil, mais exatamente a São Paulo, para atender um público ávido de peças originais e únicas. Conheça também o perfil do hotel e do espaço gastronômico da marca
NEWS
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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
ABRE-TE, SÉSAMO!
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nº 49, agosto/setembro 2006
UM MATERIAL DESCARTADO...
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Um evento que nasceu para fazer par te do ca lendá rio pau lista no: a São Paulo Design Week, organizada por ARC DESIGN, reuniu profissionais da área em diversas atividades coordenadas
EMIGRE: A (R)EVOLUÇÃO DA TIPOGRAFIA
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A trajetória da designer que inventou um novo conceito de habitar por meio de suas obras e criações de móveis, equipamentos e objetos para casa, desde 1927 (quando fazia par te da equipe de Le Corbusier) até o final de sua vida, em 1999
Tecnologia e tradição, sensibilidade e apuro construtivo: essas e outras características da ar quite tu ra japonesa contemporânea podem ser obser vadas no livro “Architecture in Japan”, lançado pela Taschen, que reúne obras dos principais arquitetos desse país
David Cabianca
ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA JAPONESA
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Winnie Bastian
CHARLOTTE PERRIAND: UMA ARTE DE VIVER
Maria Helena Estrada
SÃO PAULO DESIGN WEEK
Da Redação
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Uma amostra do caminho trilhado pela revista Emigre durante seus 21 anos de exis tên cia. Vanguardis ta por prin cí pio, a publi cação teve grande impacto no design gráfico nor te-americano
EXPEDIENTE
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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)
LOUCOS POR DESIGN
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ENGLISH VERSION
76 www.arcdesign.com.br
Grendene 4-5
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Arq design dupla_3
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4:05 PM
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Projeto: Arq. Edgar Casagranda | Foto: Roali Majola
www.sca.com.br
cozinha em MDF laminado branco | abertura em perfil de alumínio com TS bege alto brilho | frentes de gaveta em laminado alumínio | escada deslizante em alumínio anetto | tampo em Silestone
Mais de 140 lojas no Brasil e exterior
Arq design dupla_2
7/20/06
4:04 PM
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Fรกbrica: Tel.[54] 2102 2200 | Vale dos Vinhedos | Bento Gonรงalves | RS
TokStok 8-9
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DM9 É DDB
Não se prenda aos seus móveis velhos.
w 0
TokStok 8-9
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Com o seu tok e o nosso stok, você renova sua casa e sua vida. Tok&Stok tem: Design assinado Projeto de decoração Entrega e montagem Serviço pós-venda Garantia de 2 anos Ponto vermelho Lista de casamento Loja virtual
www.tokstok.com.br 0800 70 10 161
25 lojas no Brasil
IDADE: 15 ANOS Além da função, os produtos têm que ter emoção. É assim que a Imaginarium cria seus produtos desde que foi registrada com esse nome, em 1991. Até então era conhecida como Christimas by Karin, uma loja que vendia artigos para Natal confeccionados pelos próprios donos, um médico e uma arquiteta. Hoje, além de peças para casa e decoração, a marca vende também camisetas, pijamas, bijuterias, cremes para o corpo... Este ano, a Imaginarium completa 15 anos com 70 lojas espalhadas pelo país, de Por to Alegre a Ma-
INOVAÇÃO FORMAL E FUNCIONAL Um ventilador de teto sem as tradicionais lâmpadas no centro e com as pás iluminadas é o novo modelo lançado pela empresa alemã Serien Lighting. O nível da luz, que provém de uma lâmpada incandescente halógena, e a velocidade de
naus, e chega a lançar em média 30 novos produtos por mês. Todos baseados no conceito “fundesign”, que valoriza a emoção com irreverência e alegria. Ao lado, revisteiro Pêndulo. www.imaginarium.com.br
rotação podem ser regulados independentemente, por meio de um controle remoto. Criado pelo designer israelense Yaacov Kaufman, o Propeller também pode ser lavado, pois é
“IO-IÔ” COM LUZ?
feito de alumínio escovado, aço e tecido stretch. Pelo que se
Um aparelho estranho, porém
vê, além de circulador de ar, o ventilador ganhou uma nova
tão funcional e charmoso que
função: difusor de luz. www.serien.com
deve fazer sucesso. O Dot-it, lançamento mundial da Osram, é uma fonte de luz auxiliar. Para acendê-lo, basta tocar o centro e uma forte luz branca, fornecida por três LEDs, é acio-
DE UMA VEZ SÓ
nada. Uma poderosa fita ade-
Um banco dobrável, cujas ar ti-
siva em sua base permite que
culações estão todas ocultas pela
o Dot-it seja colado e descolado até 20 vezes, em diversos tipos de
estrutura de poliamida. Assim é o One
superfície. Como é pequeno e portátil (funciona com três pilhas AAA),
Shot, criado pelo designer francês Pa-
pode ser utilizado em várias situações, conforme a necessidade e a
trick Jouin e produzido pela em-
imaginação do usuário. Algumas dicas: um
presa belga Materialise. Executa-
cantinho da casa onde não haja luz; barra-
do com a técnica de prototipagem
cas de camping; bolsas; porta-luvas; vitri-
rápida Selective Laser Sintering, o pro-
nes e espaços para exposição. Para os
duto sai da máquina em sua forma final, já com eixos, pa-
mais corajosos, pode ser usado até mesmo
rafusos, molas e dobradiças.
como acessório.
www.materialise-mgx.com
www.osram.com.br
GRANDE FINAL EM LONDRES A designer Paula Dib foi escolhida por um time de seis especialistas brasileiros para concorrer à premiação International Young Design Entrepeneurs 2006, em Londres, cujo prêmio inclui uma apresentação na feira. O evento faz parte das atividades da 100% Design, que este ano, em parceria com o British Council, ofereceu a oportunidade a dez jovens designers de concorrerem ao prêmio, que terá apenas um vencedor. Paula, de 29 anos, trabalha com comunidades carentes do sul da Bahia ensinando-as a reaproveitar sobras de eucalipto, fibras de coco e outros materiais e a transformá-las em peças de decoração (como os bowls abaixo) – e geração de renda. Foi essa sua vocação para o empreendedorismo que levou o júri a selecioná-la para representar o Brasil. A premiação acontece em setembro e o vencedor receberá 7.500 euros, que deverão ser investidos em um projeto que tenha ligação com o Reino Unido. Agora é só torcer e aguardar pelo resultado, que será anun ciado nos sites www.britis hcoun cil.org.br e www.100percentdesign.co.uk
SEM LÂMPADA, MAS COM LUZ Poste sem lâmpada faz sentido? Pois é o que a Zidesign e a Eneltec estão tentando provar com o desenvolvimento da ZipLux. A “mágica” só é possível porque o projeto é baseado no sistema de fibra ótica. A idéia é trazer o ponto de luz para baixo, ao contrário da iluminação pública tradicional, para facilitar a manutenção e reduzir a interferência no trânsito ocasionada pelos grandes equipamentos utilizados na hora da troca das lâmpadas convencionais – apenas um técnico, em uma moto, é o suficiente. Outros pontos positivos são a redução da emissão de raios ultravioleta e a eficiência energética de aproximadamente 30%, o mesmo percentual de dispersão nos postes convencionais. O projeto está em fase de desenvolvimento do protótipo para testes finais e as empresas buscam parceiros para a fabricação em escala. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (21) 2613-3641. inc@inc.coppe.ufrj.br
SOBRE O DE SIGN... MANUAIS PARA ARQUITE TOS
O livro “História, Teoria e Prática do Design
A AsBEA criou duas ferramentas, verdadeiros manuais, para
de Produtos” ganhou uma nova versão, re-
ajudar profissionais de escritórios de arquitetura a planeja-
vista e atualizada pelo autor Bernhard E.
rem melhor as suas atuações no mercado. São elas: Planilha
Bürdek. Lançada pela Editora Edgard Blü-
de Cálculo de Custo de Projeto e Manual de Escopo de Contra-
cher, a obra aborda a história e os cami-
tação de Projetos e Ser viços para a Indústria Imobiliária. As
nhos que o design de produtos está toman-
duas se complementam, pois enquanto a primeira objetiva
do, além de relatar suas principais teorias e metodologias. Descreve
organizar de forma clara o valor cobrado por cada fase do pro-
também a evolução do design em países da Europa, Américas e Ásia,
jeto, a segunda detalha o conteúdo e a metodologia de traba-
com exemplos que vão desde a prática e o desenvolvimento do
lho. O manual já está disponível para download no site da as-
design corporativo e estratégico atual até chegar ao humano.
sociação: www.asbea.org.br.
www.blucher.com.br
SUS TEN TA BI LI DA DE EM DIS CUS SÃO
ARTE POPULAR EM CARTÕES-POSTAIS
Inovações, notícias e reflexão
Uma viagem ao Nepal inspirou o
sobre a sustentabilidade das
designer Gringo Cardia a criar o Proje-
cidades são os temas de Sus-
to Ambulantes do Design, em parceria
tentAção, nova revista da
com a empresária Andrea Fasanello e o
Quadrifoglio Editora – que
apoio do Instituto Telemar. Segundo
também publica ARC DESIGN.
ele, as crianças nepalenses desen-
“Nosso foco é o viveiro urba-
havam, em papel, fragmentos do seu
no, o ambiente, a energia, o transporte, a habitação, a arqui-
país e vendiam aos turistas. No projeto, essa idéia foi adequada com
tetura, o design, o bem-estar, o consumo inteligente e a cul-
a produção de cartões-postais feitos e pintados em madeira com
tura promotora do equilíbrio entre crescimento, meio ambien-
temas que revelam a arte popular carioca. Os autores dos trabalhos
te e progresso social”, sintetiza o editor Ricardo Arnt.
são cerca de 40 pessoas, entre adultos e adolescentes da periferia do
Com projeto gráfico assinado por Fernanda Sarmento e im-
Rio de Janeiro que, durante quatro meses, participaram de aulas
pressa totalmente em papel reciclado, a primeira edição da
diárias de História da Arte, História do Rio de Janeiro, Design e
revista combina a divulgação de práticas sustentáveis, como
Desenho Industrial e também de workshops com novos talentos,
a revitalização urbana e o reciclo, à discussão de questões
como Mana Bernardes e Fernando Felicius dos Santos. Os postais
polêmicas e importantes, como o desenvolvimento de um
serão vendidos em carrocinhas iguais as dos pipoqueiros. “A idéia de
novo modelo de exploração madeireira no Brasil.
ser ambulante é a que permeia a autonomia de todo vendedor de rua
Os interessados em receber SustentAção poderão se cadas-
que põe sua mercadoria no carrinho, na cabeça, ou seja lá onde for, e
trar pelo e-mail sustentacao@arcdesign.com.br
ganha o mundo com seu produto”, explica Gringo. Mais informações pelo telefone (21) 8112-2992, com Andrea Fasanello ou pelo e-mail ambulantesdodesign@yahoo.com.br
PROFIS SÃO: DE SIGNER GRÁFICO
CORIAN PROMOVE CONCUR SO
A Editora Rosari lança o livro “A
tão convidados a participar do Concurso Internacional de Design The
Prática do Design Gráfico – uma
Skin of Corian, promovido pela DuPont e pelo portal Designboom. O
Metodologia Criativa”. Baseado
desafio é criar projetos para ambientes internos, residenciais ou co-
em suas experiências como do-
merciais, com novas idéias de efeitos decorativos, tratamento ou
cente e mais de 30 anos traba-
acabamento da superfície do material fabricado pela DuPont. Os ins-
lhando na área, autor – o fotó-
critos devem explorar as características do material e usar soluções
grafo e designer gráfico uruguaio Rodolfo Fuentes – situa o
e técnicas como translucidez, impressão por sublimação (transfer a
designer principiante no campo do trabalho cotidiano e traça
quente) e litografia. É possível participar individualmente ou em
parâmetros para a construção de uma linguagem própria.
grupos, em duas categorias: Conceito e Projeto Executado. Os traba-
“Apesar de temas puramente técnicos, minha intenção pri-
lhos serão julgados por arquitetos de diferentes países, e o valor do
mordial é abrir um espaço didático elementar e acessível so-
prêmio é de 2.500 euros para cada categoria.
bre o que considero fundamental e atemporal nessa ativida-
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.design-
de”, explica. O livro pode ser encontrado em diversas livrarias;
boom.com/corian2006.html até o dia 15 de setembro; regulamento
confira a relação completa no site www.rosari.com.br
e outras informações estão disponíveis no site www.corian.com.br
Estudantes, profissionais e amantes do design do mundo todo es-
INTERIORES CONTEMPORÂNÊOS E SOB MEDIDA As arquitetas Ligia Meirelles e Julia Maksoud acabam de inaugurar em São Paulo a loja Catallogo, cujo foco está em produtos adequados a projetos contemporâneos e com flexibilidade de medidas. Apesar de especializada em móveis para decoração de interiores, a loja também vende acessórios e móveis para áreas externas em vários materiais, como madeira, vidro, acrílico e ferro. A maioria das peças, como o banco Teris (abaixo), é assinada pela dupla, que já comanda o escritório Meirelles e Maksoud Arquitetura desde 2001, mas também há produções de outros designers, como Arthur Casas – aliás, foi no escritório dele que Ligia e Julia se conheceram e iniciaram a parceria. Catallogo: Rua Lisboa, 500, São Paulo. Tel.: (11) 3061-0870. www.catallogo.com.br
HORA DO BALANÇO Em 2003, o Design Excellence Brazil foi criado pela APEX-Brasil, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a Câmara Brasil-Alemanha, para promover o reconhecimento internacional do design de produtos e serviços desenvolvidos no Brasil. Agora, após três anos de trabalho, há muitas razões para comemorar. Durante esse período, 800 cadastros foram realizados e 405 selecionados para apoio e inscrições em premiações internacionais. Dos inscritos no IF Product Design Award – que acontece anualmente em Hannover, na Alemanha –, 326 chegaram à fase final e 61 foram premiados. “Pela primeira vez, quatro projetos brasileiros receberam o Troféu IF Silver e Gold, a conquista máxima dessa premiação. Acima, bebedouro Liz, um dos premiados na última edição do IF. Além disso, o Brasil esteve entre os seis mais premiados, ficando atrás apenas da Alemanha, EUA, Japão, Itália e Coréia”, conta Paula Marques, coordenadora do Design Excellence Brazil. A instituição aproveita também para fazer um balanço do perfil das empresas inscritas nesses três anos: 67% concentram-se na Região Sudeste e 30% na Região Sul. Com relação ao porte das empresas participantes, 35% são micro, 28% pequenas e 25% médias – entre elas, as pequenas e médias se sobressaíram nas premiações. www.debrazil.com.br
CORREÇÃO Na edição 48 de ARC DESIGN, divulgamos, na seção News, os vencedores do Prêmio Masisa. Diferentemente do que foi publicado, o projeto “Casa para um casal”, premiado com o segundo lugar na categoria Obra Construída, é de autoria exclusiva do arquiteto André Hornos Eisenlohr, do Estúdio Célula. O partido do projeto, de integração com o entorno, é expressado em diversos aspectos, como nas aberturas generosas e no uso da estrutura aparente, composta por pilares de eucalipto e vigas de muiracatiara. Respondendo às baixas temperaturas do local, o arquiteto usou duas placas de 15 mm de OSB no fechamento das paredes, com um colchão de ar de 5 centímetros entre elas, aumentando o isolamento térmico. Na parte externa, o OSB foi protegido com verniz Cetol especial que valorizou a textura original e aumentou sua durabilidade e impermeabilidade. Como a casa ocupa um terreno com declive acentuado, foram utilizadas técnicas de alpinismo e montanhismo durante a construção – como a redução de pesos com cordas e polias. www.estudiocelula.com.br
Fotos Luis Calazans Luz
OS ES PA ÇOS DA MODA Design e moda já viveram um longo noivado. Agora decidiram casar. Até quando? Bem, parece um enlace duradouro e rico, a julgar pelo que foi visto na última São Paulo Fashion Week, realizada no mês de julho. Uma semana da moda vibrante, colocando novas idéias no ar – em sintonia com o mundo Marcelo Lima 16 ARC DESIGN
Fernanda Calfat
Aci ma, vis tas ge rais do Pavi lhão da Bi e nal, de co ra do com os ori ga mis de Da ni e la Tho mas (veja 2ª capa). À es quer da, si lhue ta equi li bra da no jogo de for mas pro pos to por Jef fer son Ku lig: a par te de bai xo do cor po ga nha vo lu me, com saias-ba lões e suas di ver sas ca ma das de tule, em con tra pon to aos tops mais se cos e re tos
“Espaço é estar dentro de uma coisa, não distinta do próprio corpo. Alguma coisa de penetrável e sensual que comporta uma experiência humana e erótica.” Sob o prisma da moda, as palavras do designer italiano Gaetano Pesce para contextualizar o espaço expositivo de sua última retrospectiva internacional não causam estranheza. Muito pelo contrário. 17 ARC DESIGN
Luis Calazans Luz Caroline Bittencourt
Caroline Bittencourt
Aci ma, nas duas pá gi nas, vistas do lounge da Me lissa, pro je to de Mar ce lo Ro sen baum. As pe ças desta “flo resta sinté ti ca” foram apresenta das em pe que nos “aquá ri os” que contex tua li zavam as cria çõ es – qua se uma mi cro pai sa gem –, di re ci o nan do o olhar para de ta lhes do obje to
Acima e ao lado, duas vis tas do loun ge da Tim, com um in te res san te tra ba lho de ico no gra fia afro-bra si lei ra, pon tu a do por ele men tos con tem po râ ne os: à es quer da, es to fa dos Strips, de Cini Bo e ri, con tra ce nam com as pa re des re ves ti das com las cas de mó veis; acima, ca dei ras de Phi lip pe Starck, em alu mí nio, con tras tam com o ca lor da pa re de ver me lha
18 ARC DESIGN
Luis Calazans Luz
À direita, cri a ção dos ca ri o cas do Oes tu dio, que brin ca ram com es tam pas pi xe la das em lon gos ves ti dos de ma lha e t-shirts
Na moda, por ser mais aberta à sensorialidade, à fantasia e a uma percepção direta, menos racional do produto, a idéia de associar intimamente local e obra nunca soou estranha, seja no ateliê, na passarela ou nas lojas. Para todos os efeitos, no vocabulário fashion, comunicar (e, por que não, vender?) pode ser bem traduzido por assegurar a maior continuidade e coerência possíveis. Mestres incontestes das poderosas técnicas do “allestimento” – termo que inclui a atmosfera do espaço expositivo e sua dimensão não perceptível –, os italianos, há muito conscientes do diferencial que o enfoque cenográfico pode trazer aos olhos de um consumidor antenado, não se cansam de encantar o mundo com inspiradas produções. Esta edição da São Paulo Fashion Week acaba de dar
sociável, a começar pelo “murais” de Daniela Thomas, pelo desenho dos “lounges”, espaços exclusivos dos patrocinadores e dos muitos clientes de passagem –
Márcia Fasoli
mostras de plena vitalidade, construindo um todo indis-
que se transformaram em pontos de encontro obrigatório para quem pretendia fugir do burburinho do evento, 19 ARC DESIGN
Luis Calazans Luz
ou entrar de cabeça nele. A depender do “mood”. “É um dos trabalhos que mais me estimulam. Existe, sim, uma série de parâmetros que condicionam o projeto, como boas condições de circulação, iluminação e mobiliário adequado. Mas também uma enorme abertura para a imaginação, para a fantasia”, declara o arquiteto Marcelo Rosenbaum, o mais bem cotado no ranking dos profissionais da área, e que nesta edição assinou dois concorridos lounges. Destinado a seduzir um público de idade ou vocação jovem, o espaço Melissa teve como tema a exuberância tropical. Quase uma floresta sintética, na qual o arquiteto não economizou em cores e formatos vibrantes para apresentar, em plástico, toda a coleção de sapatos e sandálias lançados pela empresa e que levam a assinatura de Alexandre Herchcovitch, Fernando e Humberto Campana e Acima e na página ao lado, lounge do WGSN: em sintonia com a temporada, o mai or site inter na ci o nal do seg mento de moda in vestiu em uma at mos fe ra re trô. Pra tos, xí ca ras e pi res de por ce la na estam pa dos, da Ox ford, com pu nham o am bi en te cria do Mar ce lo Ro sen baum. Abai xo, ves ti do Os klen com bo tõ es re ves ti dos de lá tex da Ama zô nia; ma ca cõ es e ma ca qui nhos tam bém exi biam o ma te rial, nas al ças
Karim Rashid. Também de sabor deliciosamente pop, paredes inteiramente revestidas com pratos, iluminadas por dois monumentais lustres construídos a partir de xícaras de chá (coleção da Oxford) foram os ingredientes empregados no espaço do WGSN – para embalar seus convidados. Moda e design também se entrelaçaram no enorme estande da Tim, com móveis da Forma, de Mies a Starck. Espaço mutável, o desenho da passarela, por definição aberta à somatória aleatória de imagens, sem referências temporais ou históricas – além das sugeridas pelos estilistas a cada estação –, também insinua permanente renovação a cada temporada. Este ano, de marcada influência geométrica e ortogonal, ela fez da arquitetura sua referência básica. “Não vejo nenhum exagero em reconhecer em meu trabalho traços de arquitetura. Na verdade, convivo com as mesmas preocupações de ordem plástica e estrutural. O que muda mesmo é o tempo de construção: por aqui, é mais reduzido ainda...”, declara o designer José Marton. Não por acaso, fragmentos e elementos arquitetônicos aparecem também em todos os outros cenários que levaram sua assinatura: nas escadarias iluminadas de Herch-
Fernanda Calfat
covitch, nas imensas plataformas da Neon ou ainda nos vitrais em acrílico desenhados para a Vide Bula. “Arquitetura efêmera, é pena, fadada a desaparecer no mesmo instante. Mas fazer o quê?”, pergunta. É, digamos que são coisas da vida. Ou melhor, coisas da moda. ❉ 20 ARC DESIGN
21 ARC DESIGN
Mais do que África ou qualquer outra tendência, por trás de todas as estampas e tecidos ultratecnológicos da 21ª edição da SPFW, a moda mostra suas bases. Deixando de lado os prints felinos e todo
Márcia Fasoli e Zé Takahashi
LIÇÃO DE GEOMETRIA o per fu me ét ni co que de co ra e re me te ao an ti go con ti nen te, al guns es ti lis tas se pre o cu pa ram an tes de tudo com a for ma. Re cor tes, pregas e dobraduras foram alguns dos recursos utilizados, ao lado de formas geométricas básicas, como triângulos e trapézios. Confira Camila Lima
22 ARC DESIGN
À es quer da e abai xo, pe ças da co le ção de Éri ka Ike zi li: ori ga mis, em ver sõ es mega, vi ra ram flo res, que se trans for ma ram em ves ti dos ou ser vi ram de apli ca ção para ou tras pe ças. “Ins pi rei-me nos frac tais flo rais, for mas ge o mé tri cas que fo gem das de fi ni çõ es ma te má ti cas con ven ci o nais. Eles são di vi di dos em pe da ços se me lhan tes aos do ob je to ori gi nal, mas com um nú me ro in fi ni to de pe que nos de ta lhes”, ex pli ca
Fernanda Calfat
Fernanda Calfat
À direita, Ra quel Davi do wicz, da Uma, tra çou um pa ra le lo en tre o punk e o ge o mé tri co, e apli cou re cor tes es tra té gi cos so bre ma té rias-pri mas flu i das, va lo ri zan do a pró pria pele como um com po nen te do look
Márcio Madeira
Fernanda Calfat
À di rei ta, Ale xan dre Herch covitch apresen tou es tam pa tra ba lha da, bor da da por mi nús cu los ca nu ti lhos e re ple ta de re fe rên cias vi suais. A ge o me tria tam bém foi o tema de sua passa re la, acima, pro je ta da pelo desig ner José Mar ton. Abai xo, da li ga ção en tre o uni ver so ci en tí fi co e a pes qui sa de ma té rias-pri mas al ter na ti vas nas ce a nova co le ção de Jef fer son Ku lig. Os tops ga nha ram mou la ge em fi bra de tu ru ri e de ta lhes assi mé tri cos, ora no bar ra do, ora nas go las
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Márcio Madeira
Márcio Madeira
Aci ma, a es tam pa ria afro-bra si lei ra, de sen vol vi da por Goya Lo pes e ins pi ra da nos ín di os Ka di wéu, foi uma das prin ci pais apos tas de Rita Com pa ra to e Dudu Ber tho li ni, da Neon. Nova men te a ge o me tria é o mote do ce ná rio em três ní veis, cria do por José Mar ton, que ex plo rou a su ti le za por meio do uso de tex tu ras es tria das e da ilu mi na ção em bu ti da
Ao lado e no pé da página, à direita, Pedro Lourenço abusou das minipro por çõ es e da si lhue ta frag men ta da, com es pa ço para co le tes com maxigolas de tule, vestidos com cintura marcada e saias volumosas. Destaque para o alto-relevo das peças, com tex turas de couro que remetiam às escamas dos peixes
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Márcio Madeira
Márcio Madeira
Aci ma, ângu los e pla nos são os ingre di entes da passa re la mi ni ma lista – um píer em ma dei ra – tam bém cria da por José Mar ton para a Ió di ce. Abai xo, Gló ria Co e lho tra ba lhou os vo lu mes e usou sai o tes engo ma dos para dar cor po a saias pa la cia nas. So bre po si çõ es ain da brin ca ram com as for mas da si lhue ta fe mi ni na e com ple menta ram o des fi le. À di reita, Rei naldo Lou ren ço in vestiu na for ma tra pé zio e em flo res de organza como aca ba mento, dan do às saias um efeito translúcido e remetendo a bor boletas, tema central da coleção
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maria bonita
maria bonita
Aci ma, apresenta ção de Karl la Gi rot to: mais do que um des fi le, uma per for man ce de moda ao ar li vre. Desta vez, as mo de los fo ram substitu í das por ba lõ es bran cos, su por te de vestidos vo lu mo sos, com mu itas saias go dês e vá rias ca ma das de pano e nes gas. O am plo se con fir ma como a gran de aposta da tem po ra da. Abai xo, à es quer da, a arte de pi co tar fez par te das no vi da des da Raia de Go e ye, de Pau la Raia e Fer nan da de Go e ye. Lo sân gos, tri ân gu los e semicír cu los va za dos, ar re ma ta dos por imen sas fi ve las, ilho ses e ou tras es tru tu ras de me tal mar ca ram pre sen ça em qua se to das as pe ças. As cur vas do ma te las sê e dos mi cro co le tes com gola al tís si ma com ple men ta ram a alma grá fi ca e ele gan te da co le ção. Na se quên cia, dois lo oks Ma ria Bo ni ta, de Da ni el le Jen sen: no cen tro, es tam pas me ta li za das (uma das for tes apos tas da es ta ção) co or de na das com ou tras pe ças de mo ti vos grá fi cos; à di rei ta, uma brin ca dei ra en tre trans pa rên ci as, com ro le tês, pas san tes e cos tu ras apa ren tes de se nhan do as pe ças
Fernando Louza
Márcio Madeira
Márcio Madeira
Acervo ARC DESIGN
raia de goye
Anuncio e-news 43
21/07/2005
19:50
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E-NEWS
Ágil. Instigante. Informativo. Opinativo.
JUM NAKAO É DESTAQUE NO SÃO PAULO FASHION WEEK Na passarela, a cor branca sobressaia nos corpos cobertos
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por um colante preto. As “paper dolls” – produzidas com maquiagem carregada e peruca estilo Playmobil – exibiam
DESIGN E-news, informativo eletrônico com
peças elaboradas, inspiradas em trajes do fim do século 19: vestidos perfeccionistas, saias de construção volumétrica e blusas com mangas bufantes – modelagens confeccionadas
notícias indispensáveis de todo o mundo
com quase uma tonelada de papel vegetal e “costuradas” com fita crepe. Para o efeito admirável da estamparia, das
sobre design, arquitetura, moda, cultura
rendas e dos babados, utilizou-se a tecnologia dos cortes a laser. Um trabalho de excelência, aniquilado ferozmente pe-
material, exposições e matérias especiais.
las 15 modelos no término do desfile. Valendo-se da arte conceitual, a pretensão do autor foi atingida. A coleção “Desejos” ignorou o aspecto comercial e provocou reflexões importantes acerca do universo da moda. “O que eu queria era exatamente isto: levar emoção, fazer as pessoas
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pensarem, entenderem que a moda é transitória. Quis abordar ainda a questão do inatingível; as roupas rasgadas representam a inevitabilidade da perda, geram a falta, criam
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o vazio”, argumenta o criador, Jum Nakao. Veja matéria completa no site
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DESIGN PARA A MOBILIDADE
Concentrando um número cada vez maior de funções, os telefones celulares assumem importância incontestável em nos so co ti di a no e mo di fi cam há bi tos, nas mais di ver sas es feras. Ao que tudo indica, em breve inventaremos outra palavra para nomear esse aparelho, já que telefonar é, cada vez mais, apenas um detalhe... Re cém-lan ça do no Bra sil, o No kia N93 é um apa re lho mul ti mí dia: além de MP3 pla yer e rá dio*, possui câ me ra de 3.2 MP com lentes Carl Zeiss e zoom ópti co de 3x, captu ran do ví deo em até 30 fps com siste ma de esta bi li za ção. Possui vi sor gi ra tó rio de 2,4” e, con for me o modo como é aber to, ati va as fun çõ es de captu ra de ima gens (aci ma), vi sua li za ção (abai xo, à direita) e con versa ção (abai xo, no centro). Possui te clas de di ca das para o uso da câ me ra, slot para car tõ es de me mó ria e saí da para TV, além de wi-fi, blu e to oth e saí da USB. Além disso, su por ta TV di gi tal* e per mi te o re ce bi men to de e-mails com ar qui vos ane xos
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Nes ta pá gi na, três mo de los que ex plo ram o as pec to “fas hion” do ce lu lar e apos tam na di fe ren cia ção for mal. Aci ma, à es quer da, LG MX 800, com aber tu ra sli de e te cla do ul tra-sen sí vel, possui co man dos ex ter nos para as fun çõ es de mú si ca e pesa ape nas 88 gra mas. Na se quên cia, PEBL em ver são co lo ri da, apresen ta do pela Mo to ro la na úl ti ma São Pau lo Fas hion Week: com aca ba men to em bor ra cha do, abre com um to que suave no flip. Am bos possu em MP3 pla yer, câ me ra, blu e to oth e per mi tem acesso à in ter net
Winnie Bastian “Uma significativa parcela da população brasileira vai ter acesso à internet pela primeira vez no celular e não no PC.” A frase, dita por Vinton Cerf, um dos “pais” da internet e atual “Evangelista-Chefe” do Google, em recente visita ao Brasil, chama atenção para uma nova realidade. Não é exagero dizer que um abismo separa os primeiros celulares, grandes e desajeitados, surgidos há pouco mais de dez anos (!), dos modelos atuais, de tamanho mínimo e design sedutor. Além da evolução física e formal, esses aparelhos estão assumindo uma nova personalidade ao concentrar diversas funções além da simples conversação: a maioria hoje é capaz de tirar fotos, fazer filmes, tocar música digital e navegar na internet. Mas as “1001 utilidades” podem ir muito além: alguns modelos oferecem contador de calorias, medidor de taxa de glicose e até bafômetro! Essa concentração de funções, na onda da convergência digital, ampliou enormemente a mobilidade de pessoas e informações, refletindo-se em mudanças comportamentais e de estilo de vida. Os smartphones incorporam recursos antes exclusivos dos computadores, com uma diferença fundamental: a mobilidade absoluta, já que os celulares,
Aci ma, o RAZR V3i Dol ce & Gab ba na: o co nhe ci do apa re lho da Mo to ro la ga nhou ver são de luxo, cria da em par ce ria com a du pla ita lia na. Possui MP3 pla yer (iTu nes), câ me ra de 1,2 MP, slot para car tão de me mó ria, blu e to oth, saí da USB e per mi te acesso à in ter net e sin cro ni za ção da agen da de com pro missos e con ta tos com o Ou tlo ok
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pequenos e ágeis, acompanham seu dono o dia todo, do cinema ao supermercado, do carro ao banheiro. Assim, não surpreende que tenham se firmado como um gadget básico – a velocidade de comunicação é crescente e a conectividade, cada vez mais valorizada, não custa lembrar. O uso de celulares é maciço em todo o mundo e os números impressionam: no Brasil, a base de assinantes em maio de 2006 era, segundo a Anatel, de 92,4 milhões, o que corresponde a mais de um celular para cada duas pessoas. A difusão e o uso constante elevaram-no à condição de objeto pessoal: nele, há uma espécie de registro da vida do usuário: suas músicas preferidas, mensagens trocadas, fotos e endereços dos amigos... Nesse contexto, a personalização é uma tendência crescente, seja no próprio aparelho, nos acessórios ou mesmo nos aplicativos. Um exemplo é a coleção de protetores de tela desenhada por Alexandre Herchcovitch para a Motorola, lançada durante a 15ª São Paulo Fashion Week.
Aci ma, Sam sung X820, o ce lu lar mais fino do mun do, com ape nas 6,9 mi lí me tros de es pessu ra e 66 gra mas. Ain da assim, ofe re ce di versas fun çõ es, como câ me ra de 2 me ga pi xels, MP3 pla yer, blu e to oth e acesso à inter net. Tal pro eza é resul ta do da Smart Sur fa ce Moun ting Tech no logy (SSMT), que per mi te que os com po nen tes se jam “com pri mi dos” no in te ri or da con cha. Ain da não é co mer cia li za do no Bra sil
O LG KP3400, aci ma, in cor po ra fun çõ es não-con ven ci o nais, mas bastante úteis: é ca paz de me dir as ta xas de gli co se e de gor du ra do usu á rio, assim como seu ní vel de estresse! Tam bém ofe re ce re cur sos “nor mais”, como câ me ra de 1,3 MP e MP3 pla yer. Já o LP5500 (à es quer da), tam bém da LG, se des ta ca pela câ me ra de 5 MP, com de fi ni ção mu i tís si mo su pe ri or à mé dia en con tra da nos ce lu la res. Além dis so, pos sui MP3 pla yer, slot para car tão de me mó ria e saí da para TV. Os dois mo de los ain da não têm pre vi são de lan ça men to no Bra sil
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A forma dos novos aparelhos é determinada por dois fatores principais: a busca de conexão emocional com o usuário – explorada principalmente pelo uso de cores e texturas que despertem sensações e lembranças – e a concentração de novas funções, como acontece no Nokia 3250, cuja rotação de parte do corpo aciona o funcionamento da câmera digital. No caso do Q-fi EF 51 da BenQ Si e mens e do MX 800, da LG, as fun çõ es de mú si ca (MP3 pla yer) es tão se pa ra das fi si ca men te das de mais exis ten tes no te le fo ne, fa ci li tan do o aces so aos co man dos e tam bém ge ran do di fe ren ci a ção for mal. En quan to nos pri mei ros mo de los os re cur sos de áu dio eram aces sa dos pelo mes mo te cla do do te le fo ne, os atu ais ten dem cada vez mais a mi grar es tes co man dos para o ex te ri or do apa re lho, fa ci li tan do o uso. Confira os modelos selecionados por ARC DESIGN dentre os lançamentos das empresas no Brasil e no mundo. ❉
O smart phone P990i, da Sony Ericsson, acima, concentra funções que permitem produtividade em qualquer lugar. Além de acessar a internet (também por wi-fi) e possuir programas específicos para receber e-mails, editar textos, planilhas e apresentações, digitaliza e armazena cartões de visita e suporta videoconferência (possui duas câmeras digitais, uma posicionada especialmente para esse fim). Também inova ao permitir que o usuário escolha se quer ou não usar o flip que oculta o teclado completo e contém as teclas tradicionais; nesse caso, as ligações são feitas por comando de voz. Ainda não está disponível no Brasil
Acima, Kyo ce ra Stro be. Criado para o pú bli co teen, traz um te cla do com ple to em seu in te ri or, ide al para com por men sa gens de tex to (a forma de comunicação mais uti li za da pe los ado les cen tes. segundo pesquisas). Para os pais, dois atra ti vos: o pre ço (resul ta do da au sên cia de re cur sos so fis ti ca dos) e o lo ca li za dor por GPS*. O Ming, à direita, é o smart pho ne mais avan ça do da Mo to ro la. Ba se a do no sis te ma Li nux, per mi te a vi su a li za ção de do cu men tos, re ce be e-mails com ane xos e di gi ta li za e ar ma ze na car tõ es de vi si ta. A tela sen sí vel ao to que tem re co nhe ci men to de es cri ta (OCR), mas ape nas em chi nês (por en quan to, o Ming só é ven di do na Chi na). Tam bém pos sui câ me ra de 2 MP, rá dio*, MP3, blu e to oth e slot para ex pan são de me mó ria. Gra ças ao flip trans pa ren te, ano ta çõ es e com pro mis sos po dem ser vis tos com o te le fo ne fe cha do
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O No kia 3250 cha ma aten ção pela sua con cep ção “twist”: as fun çõ es de áu dio e a câ me ra são aci o na das com a ro ta ção da base do apa re lho. Possui MP3, câ me ra de 2 MP (faz fo tos pa no râ mi cas), blu e to oth, slot para car tão de me mó ria, co man do de voz, viva-voz, grava dor e te clas de di ca das para contro le do áu dio (no verso da base)
En tre te ni men to é o foco no Q-fi EF51 (aci ma), da Benq Si e mens, e seu design é um re fle xo disso: além de mi grar para fora do apa re lho, ocu pan do um lu gar à par te, os con tro les de áu dio re me tem aos bo tõ es dos apa re lhos tra di ci o nais, com os mes mos sím bo los, fa ci li tan do sua identi fi ca ção e o uso. Com pac to, possui, além do MP3, rá dio*, slot para car tão de me mó ria, câ me ra de 1,3 MP, blu e to oth e acesso à inter net
Abai xo, Sony Ericsson W710i: per mi te me dir a ve lo ci da de da cor ri da, a dis tân cia e o tem po per cor ri dos ou ape nas con tar o nú me ro de passos ca mi nha dos. As apli ca çõ es fit ness e as fun çõ es de áu dio po dem ser con tro la das pelo dis play ex ter no e aci o na das com as te clas de acesso rá pi do, fa ci li tan do seu uso em movi men to. Tam bém possui MP3, rá dio*, câ me ra 2 MP, blu e to oth, slot para car tão de me mó ria e acesso à in ter net
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O FUTURO DO CELULAR O cenário anunciado por Vinton Cerf para o Brasil já é
possível no final deste ano. A TV móvel, de sinal digital,
realidade no Japão: no início de julho, uma pesquisa do
também já está em testes em outros países, e deve che-
governo japonês revelou que o número de usuários de
gar ao Brasil até 2008. E as perspectivas são bastante
internet que acessam a rede pelo celular havia excedi-
otimistas. A Philips holandesa estima que dentro de dez
do, já em 2005, aqueles que navegavam a partir de
anos os telefones móveis substituirão as televisões; Leon
computadores. E a diferença era considerável: mais de
Husson, executivo da empresa, prevê que 50% dos apa-
3 milhões de pessoas!
relhos celulares virão habilitados para TV até 2013.
Outro indicador do sucesso do acesso à internet pelo
O pa ga men to mó vel é uma das apli ca çõ es emer gen tes
celular é o correio do Google, que desde o início de ju-
dos ce lu la res que tem sido mais aguar da da, po den do
lho oferece interfaces criadas especialmente para se-
subs ti tu ir os atu ais car tõ es de dé bi to. Com o uso da
rem exibidas em pequenas telas, como as dos celulares
tec no lo gia NFC (Near Fi eld Com mu ni ca ti on), bas ta que
e as dos micros de mão. Já os serviços mais sofistica-
o usu á rio mo vi men te o ce lu lar pró xi mo ao ter mi nal de
dos, como o Google Maps e o Google Earth, ainda devem
pa ga men to. O mes mo sis te ma ain da pode ser usa do
demorar algum tempo para chegar às telinhas, devido à
como uma cha ve ele trô ni ca para aces sar a casa, o es -
complexidade do redesenho das interfaces exigido para
cri tó rio ou o car ro, ou ain da para aces sar trans por te
essa adaptação.
pú bli co. Há qua tro ti pos de ope ra ção, con for me a fun -
Outras novidades podem ser esperadas no universo dos
ção a ser exe cu ta da: “touch and go”, “touch and con -
celulares a curto e médio prazos, devendo torná-los
firm”, “touch and con nect” e “touch and ex plo re”. O
ainda mais imprescindíveis. No Reino Unido, por exem-
sis te ma ain da está em de sen vol vi men to, com pro je tos
plo, comprar música diretamente do celular (escutar na
pi lo tos sen do re a li za dos em al gu mas ci da des, como
rádio digital e depois comprar o arquivo MP3) já será
Xi a men (Chi na) e Ams ter dã (Ho lan da).
Abai xo, Sony Ericsson W950i: com im pressi o nan tes 4 GB de me mó ria in ter na, per mi te o ar ma ze na men to de até 4 mil mú si cas. Sua tela sen sí vel ao to que e o uso do stylus (ca ne ta es pe cial para es cri ta na tela) agi li zam a nave ga ção na in ter net; tam bém possui re co nhe ci men to de es cri ta (OCR), fa ci li tan do a in ser ção de da dos. Além do MP3 pla yer, possui rá dio* e blu e to oth
*Funções sujeitas à disponibilidade da operadora
33 ARC DESIGN
ABRE-TE SÉSAMO!
Abai xo, ma ça ne ta Wave, design Lu cia no De vià para a Pa paiz. Exe cu ta da em Za mack (alu mí nio com resis tên cia à ma resia), está dis po ní vel com aca ba men tos em cro mo fos co, cro ma do, oxi da do, ano di za do na tu ral e ano di za do ouro. Acom pa nha ro se ta re don da
Até há pouco tempo, quem quisesse comprar maçanetas com desenho diferenciado deveria procurar as importadas. Hoje, os fabricantes brasileiros investem em design – chegando, em alguns casos, a contratar profissionais famosos – e apre sen tam di ver sos mo de los, au men tan do as op çõ es à dis po si ção de pro fis si o nais e con su mi do res. E, é cla ro, res pei tan do a er go no mia
Aci ma, mo de lo Stel la, design Sil va no Ba si glio para a Al te ro. Pro du zi da em Za mack, nas ver sõ es cro mo es cova do, cro mo ace ti na do, ouro, ouro es cova do e an ti que brass. Acom pa nha ro se ta re don da
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A ma ça ne ta Vou gue, da Pado, foi desen vol vi da pela equi pe in ter na da em presa. Exe cu ta da em alu mí nio cro ma do, vem acom pa nha da de ro se ta re don da em aço ino xi dá vel
Assi na da pelo desig ner Den nis Ka rassa wa, a Vo la re, da Pa paiz, é exe cu ta da em Za mack, com aca ba mento em cro mo fos co, cro ma do ou oxida do. Acom pa nha ro se ta re don da
Dis po ní vel com os aca ba men tos cro mo es co va do, cro mo ace ti na do, ou ro, ouro es cova do e an ti que brass, a ma ça ne ta Luna (MA118), da Al te ro, é fei ta em Za mack e foi cria da pelo de sig ner ita li a no Sil va no Ba si glio. Acom pa nha ro se ta re don da
A li nha Bam boo, cri a da pelo ar qui te to Jef fer son Sil vei ra para a Pa paiz, é exe cu ta da em Za mack e pode ter aca ba men to em cro mo fos co, cro ma do ou oxi da do. Acom pa nha ro se ta qua dra da
Ma ça ne ta Ecco, em Za mack, cria da pelo desig ner ita lia no Sil va no Ba si glio para a Al te ro. Pode ter aca ba men to em cro mo es cova do, cro mo ace ti na do, ouro, ouro es cova do ou an ti que brass. Acom pa nha ro se ta re don da
Da La Fonte, modelo Inova 242 desenvol vido pelo designer Márcio Mussi, disponível nos acabamentos cromado, cromado perola do, anti que brass e pinta do pre to fos co epó xi (PPF). Acom pa nha ro se ta re don da
Ma ça ne ta Mal ba, fa bri ca da pela IMAB e com de sen vol vi mento interno da em pre sa. Pode ser ad qui ri da em la tão ou Za mack, com aca ba men to cro ma do, cro mo ace ti na do ou an ti que brass. Ro se ta qua dra da opcional
Da Al te ro, mo de lo Luna (MA108) cria do pelo desig ner ita lia no Sil va no Ba si glio. Pro du zi do em Za mack, com op çõ es de aca ba men to em cro mo es cova do, cro mo ace ti na do, ouro, ouro es cova do e an ti que brass. Acom pa nha ro se ta qua dra da
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adCC08_2128.ai
18/8/2006
14:30:39
Mobiliário Integrado.
Ambiente: Escritório da Casa Urbana - Casa Cor 2005 São Paulo Arquiteta: Marília Brunetti Fotografia: Rogério Dipold
Contato Visual
A versatilidade do drywall em perfeito equilíbrio com o design de interiores.
Com Gypsum Drywall você não constrói apenas paredes e forros. Sua utilização em conjunto com a madeira, laminados e chapas mistas, permite uma infinita gama de aplicações na integração entre a arquitetura e o design de interiores. Associado a um bom projeto de iluminação, a versatilidade do Gypsum Drywall permite que você construa, num piscar de olhos, ambientes diferenciados e fascinantes. Acrescente a isso, todo o carinho e experiência de uma empresa que é a líder sulamericana em drywall e o resultado poderá ser somente um: integral satisfação.
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L
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UM MATERIAL DESCARTADO... ...que, com a sensibilidade de uma designer, se transforma no principal componente formal de uma bela coleção de objetos
Keila Bis / Fotos Studioleco “Não fui eu que achei os retalhos, eles me acharam.” Quem fala é a designer Jacqueline Terpins, descrevendo o momento em que visitava a fábrica da Riva, em Caxias do Sul (RS) e encontrou o material que orientou a concepção da linha lançada pela empresa. A história começou quando a designer foi convidada pelo proprietário, Rubens Simões, a desenvolver uma coleção de 30 utilitários para mesa, com liberdade total para criação. “A Jacqueline trabalha com vidro, um material que usamos muito em nossas linhas, e eu sempre me identifiquei com as características das suas criações, simples e contemporâneas”, explica.
Nas duas pá gi nas, pro du tos da li nha Tra ma, design Jac que li ne Ter pins para a Riva. Nesta pá gi na, à es quer da, sa la dei ra re don da; no alto, bule de chá. Os de ta lhes ge o mé tri cos de am bos têm origens em re ta lhos de aço inox, “res ga ta dos” com su cesso pela desig ner
Os retalhos de aço
moldes precisaram ser criados. Os retalhos vazados po-
vazado que foram encon-
deriam enroscar, por exemplo, na hora do polimento.
trados empilhados eram sobras da produção de ou-
No entanto, todo o investimento nessa nova criação não
tras linhas e logo seriam revendidos para a Acesita,
foi perdido. “As peças são compostas por 50% de tramas
mesma indústria onde o material é comprado. “Mas
(os tais “retalhos”) e a outra metade constitui a matriz.
eu me encantei pelo desenho delicado e pelas novas
Portanto, sem a trama nós podemos usar o molde em
espessuras dos filetes geométricos”, conta. A partir
outras linhas”, explica Rubens. Para os artesãos, todo
daí, as tramas foram a base de todo o projeto. Ao ver
esse processo também foi um grande desafio, pois tive-
o material, a designer imediatamente associou-o à
ram que desenvolver um novo método de trabalho –
prataria portuguesa, com suas formas “rendadas”. As-
essa é a primeira vez que uma artista do vidro desenha
sim, buscou criar peças que combinassem a geome-
uma linha para a empresa e também o primeiro mo-
tria a essa referência lusitana, bastante presente no
mento em que se utiliza o material que seria descarta-
Brasil. Além disso, os produtos deveriam ser simples,
do. A coleção, lançada em agosto na feira Abup, rece-
permitindo à matéria falar por si mesma.
beu o nome, apropriado, de Trama e está disponível
Para que as peças pudessem ser desenvolvidas, novos
em aço inox e em prata. ❉
Os de ta lhes va za dos – com fun ção es tru tu ral ou ape nas de co ra ti va – pro por ci o nam le ve za e movi men to às pe ças da co le ção. À direita, su por te para travessas; acima, cen tro de mesa oval; no alto da página, ban de ja re tan gu lar
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ORA DIREIS...SIMPLES SAPATOS? Um sucesso internacional chega a São Paulo. Desta vez não é uma grife de luxo – mas um universo de conforto, design, humor... e outros valores da modernidade. Razões para seu enorme sucesso? A força da marca, baseada Miguel Czernikovski
na coerência encontrada em cada detalhe – dos sapatos ao food design, ao hotel. Quando o design se pasteuriza e todos imitam todos, é sem dúvida a originalidade aliada à força da A co mu ni ca ção da mar ca Cam per tam bém é tra ta da com mu i to cu ida do. No alto da pá gi na, pôsteres pro mo ci o nais – con side ra dos mar cos para o dese nho grá fi co contem po râ neo es pa nhol; aci ma, mo de los de sa co las com men sa gens e dese nhos so bre li ber da de e inova ção
marca que faz a diferença. O que é ser original? É ser o primeiro a pensar aquilo que depois todos irão copiar Maria Helena Estrada
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Aci ma, à es quer da, Cam per Food Ball, em Bar ce lo na, um es pa ço para ali men ta ção sem mesas ou ca dei ras, mas com ex ten sos ban cos – de graus com al mo fa das de onde se assis tem a ví de os com ima gens da na tu re za; na se quên cia, duas vis tas do hall de en tra da do ho tel Casa Cam per, em Bar ce lo na, com bi ci cle tas pen du ra das no teto para uso dos hós pe des. Abai xo, um dos lo cais para es co lher e ser vir-se dos ali men tos
O mo de lo Wabi, em si li co ne, tem pal mi lha de fi bras de coco, que atuam como re gu la dor tĂŠr mi co. Pode ser usa do com ou sem a meia im per me ĂĄ vel, ven di da se pa ra da men te
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Simplesmente andar – esta é a idéia que orientou o desenvolvimento da Camper, marca espanhola de calçados, com 170 anos de tradição. “Walk, don’t run”, tornou-se slogan publicitário, símbolo dessa nova onda. “Very, very cool.” Camper é sinônimo de contemporâneo avançado. Sintetiza bem-estar, bem vestir e bem caminhar. Quem são os “descobridores” do conceito, os criadores dos sapatos? Uma família de Marbella, Espanha, que conta com a própria tradição e com aquela, bem famosa, das “espadrillas” de Barcelona, em corda e lona, com fitas coloridas para amarrar. Para que público se destina a Camper? Sem dúvida para os modernos, mulheres que abominam o salto agulha, homens muito chiques e esportivos. Suas lojas estão hoje espalhadas por mais de 60 países e São Paulo acaba de receber o primeiro espaço brasileiro, que mantém sua identidade também no layout das lojas, com grandes bancadas nas quais são expostos os modelos e, ao mesmo tempo, são ocupadas por finas almofadas, redondas, em palha trançada. Como a Camper é, a bem dizer, sinônimo de uma nova forma, natural e sadia, de viver, a consequência lógica foi a criação de um espaço gastronômico – um food design – com interiores e comidas desenhadas pelo catalão Marti Guixè. Barcelona e Berlim já têm seu Food Ball. “Da terra à mesa”, dos alimentos às almofadas, iguais às das lojas, nos degraus, do conceito de bioconstrução para o espaço aos pratos e talheres biodegradáveis, tudo faz parte da mesma filosofia. O que se come no Food Ball? Bolinhas de arroz integral recheadas de frango, de ervilhas, de algas, de anchovas, alguns molhinhos, e ainda sopas, frutas, tâmaras, sucos, cerveja de cânhamo... O que mais faltaria como demonstração da extrema preo-
Aci ma, ou tro mo de lo da li nha Wabi; abai xo, Twins, li nha cria da para apro xi mar a mar ca do mun do da arte. Cada pé tem per so na li da de pró pria, ex pressa da por di versos mo ti vos de pintu ra e até mes mo de fo to gra fia
cupação com o conforto nesse viver descontraído? Um hotel, a Casa Camper. Os diferenciais? A fachada quase imperceptível dá entrada para um hall que mais parece uma galeria de arte ou loja de bicicletas – há dez bicicletas penduradas no teto, disponíveis para os hóspedes. Um bar self-service “com tudo dentro”, grátis, aberto 24 horas por dia. Cada quarto tem dois aposentos, separados pelo corredor de circulação: um para dormir, voltado para uma rua silenciosa e de frente para um jardim vertical; o outro, em frente, é o espaço de estar, totalmente equipado para o trabalho e o lazer! Isto sem contar os 43 ARC DESIGN
Aci ma, li nha Right: sua cria ção foi ins pi ra da no mun do das bai la ri nas e das gi nas tas tan to no as pec to quan to no con for to. No pé da página, exemplos do uso de gra fis mos nas so las, um re cur so bas tan te ex plo ra do nos sa pa tos da mar ca
Acima, modelo Peu – pé, em catalão – da coleção feminina, desenvolvido para se adequar ao pé, e não o contrário. É produzido por meio de molde com o formato exato de um pé; versões em pelica com cadarço de elástico
Presente em todas as coleções da marca, o modelo Pelotas Ásia tem grande durabilidade, podendo ser usado de cinco a oito anos. Feito em couro, possui sola em poliuretano com saliências na forma de bolas que massageiam os pés
Acima, outro modelo da linha Right, cuja palmilha anatômica absorve os impactos do caminhar; abaixo, mais um modelo da linha Wabi feito manualmente com fibras de juta de Bangladesh
chinelinhos e todas as invenções possíveis para o máximo conforto dos hóspedes. Mas vamos aos sapatos. A coleção exemplifica o bom design, onde um pequeno detalhe faz toda a diferença. Os solados são em poliuretano, finos, antiderrapantes. Alguns modelos são sóbrios, quase clássicos, outros são divertidos, há os irônicos, os lúdicos, os unissex, aqueles totalmente em borracha com o suporte das palmilhas em raspa de coco, e um grande sucesso é aquele a meio caminho entre o sapato e a sandália... uma infinidade de pequenas idéias. Uso de tendências da moda? De leve, bem de leve. As coleções são cheias de surpresas e a sensação de bem-estar é maior do que andar de pé no chão. Mas, sereno e em paz, “walk, don’t run”. ❉ 45 ARC DESIGN
SP DESIGN WEEK O design em suas diversas vertentes se une em São Paulo, no mês de junho, em uma grande semana: é a São Paulo Design Week, uma série de manifestações em torno ao design de produtos, design de interiores, design gráfico, com exposições em museus, seminários... e festas
Da Redação Design Week é hoje um evento internacional presente em quase todas as capitais européias. É um momento de sinergia, que envolve a cidade, os profissionais e o público “louco por design”. É a oportunidade para cada empresa mostrar sua produção anual, as escolhas internacionais e os caminhos da atualidade nos diversos campos do design. É também uma ocasião para entender e discutir o “design hoje”, e por que não, uma boa hora para festejar. ARC DESIGN percebeu tal sinergia e “reuniu” todas as manifestações do mês de junho, criando a Semana do Design – agora um evento anual no calendário da cidade. Em parceria com a Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD), o Núcleo de Decoração e o Shopping D&D, a revista promoveu um seminário internacional e um circuito interligando as lojas e show-rooms especializados na região dos Jardins. O arquiteto e jornalista italiano Enrico Morteo foi o convidado especial do seminário “Design Hoje”,
Abai xo, al guns mo men tos do se mi ná rio re a li za do no WTC Ho tel: à es quer da, vis ta do au di tó rio; ao cen tro, da esquerda para a direita, Ma ria He le na Es tra da, Ri car do Scu ra, En ri co Mor teo, Fer nan do Cam pa na, Hum ber to Cam pa na e Bru ne te Frac ca ro li du ran te o se mi ná rio; à di rei ta, Mar ce lo Ro sen baum du ran te sua apresen ta ção
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Nes ta pรก gi na, flas hes da fes ta co me mo ra ti va da SP Design Week, re a li za da na Oca. Aci ma, os con vi tes cria dos para os even tos; abai xo, da es quer da para a di rei ta: vis ta geral da fes ta; Cris tia no Ba ra ta e Mar cos Weinstock; Mauro Gonรงalves, Baba Vacaro e Marton; Fer nan da Sar men to, Tadeu Jungle e Marieta Ferber
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realizado em parceria com a ABD, que reuniu ainda o arquiteto Marcelo Rosenbaum e os designers Ricardo Scura e Fernando e Humberto Campana. Sucesso de público, o seminário teve mais de 400 participantes e os textos das conferências estarão, em breve, disponíveis no site www.arcdesign.com.br. Junho é o mês da Casa Cor, manifestação que acontece há 20 anos em São Paulo, e está cada vez mais afinada com o viver contemporâneo. Também na Casa Cor se realizou um seminário que discutiu a evolução do morar nas duas últimas décadas e a expectativa do mercado para os próximos 20 anos. Outro evento que integrou a Design Week foi a 1ª Bienal Brasileira de Design, promovida pelo Movimento Brasil Competitivo com apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Com curadoria do professor Fabio Magalhães, a mostra O tour pe las prin ci pais lo jas de design e de co ra ção da ci da de movi men tou São Pau lo. Aci ma, o Mu seu da Casa Bra si lei ra, pon to de par ti da das vans, e al guns dos mo ni to res que acom pa nha ram os passei os. Abai xo, nas duas pá gi nas, as lo jas par ti ci pan tes
A Lot Of
Artefacto
Auping
Benedixt
Dominici
Dpot
Etel Interiores
Firma Casa
Ornare
Puntoluce
Rimadesio
Safira Sedas
foi realizada na Oca, espaço também escolhido por ARC DESIGN para comemorar a SP Design Week, com uma grande festa. No campo do design gráfico, aconteceu a 8ª Bienal Brasileira de Design Gráfico, promovida pela ADG Brasil. A presença do Museu da Casa Brasileira, sede consagrada do design em São Paulo, não poderia faltar. Na ocasião, o Museu exibia a incrível mostra de Guto Lacaz sobre nosso primeiro designer – Santos Dumont – e, para completar, festejava-se o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, vencedor do Prêmio Pritzker 2006. Era também do Museu da Casa Brasileira e da Casa Cor que partiam as vans para o “circuito da decoração”, o prestigiado “tour” pelas mais importantes lojas de São Paulo. Aguardem a São Paulo Design Week 2007! ❉ Agradecemos aos patrocinadores que nos apoiaram nesta primeira edição: Casa Brasil, S.C.A., Shopping D&D, Suzano Papel e Celulose e Tok & Stok A vi sita ori enta da e a tro ca de ex pe ri ên cias entre os pro fissi o nais ga ranti ram o su cesso do tour. Aci ma, a pro pri e tá ria da loja Col lec ta nia, Li lia na Tu neu (em primeiro plano, à esquerda), con versa com os ar quite tos e desig ners de inte ri o res du rante uma das pa ra das
Bom Clima
Breton Actual
Casa 21
Conceito: Firma Casa
Forma
Futon Company
La Lampe
Manufatura
S.C.A .
Santa Mônica
Sartoria Italiana Armadi
Zona D
Imagens © Arquivo Charlotte Perriand
CHARLOTTE PERRIAND
UMA ARTE DE VIVER Um “bar sob o telhado”, mansarda na Paris de 1927, lança aquela que, resoluta e com o pensamento sempre voltado para o futuro, abriria novos caminhos na forma de habitar do século XX. Arquiteta, designer, colaboradora de Le Corbusier, Charlotte Perriand percorreu o século, de 1925, data de seu primeiro projeto, aos 22 anos, até 27 de outubro de 1999, quando morreu, um ano após publicar sua autobiografia
No alto da pá gi na, Char lot te Per riand e sua doce ale gria, nos Al pes que amava. Aci ma, um dos pri mei ros exem pla res da chai se-lon gue de re gu la gem con tí nua, com a jovem Char lot te. Abai xo, ver são da chai se-lon gue como exem plo da trans po si ção para o bam bu de uma téc ni ca cria da para o aço, re a li za da no Ja pão
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Aci ma, “bar sous le toit”, em aço cro ma do e alu mí nio ano di za do, na man sar da onde Char lot te Per riand ha bitava, ex posto no Sa lão do Ou to no, Pa ris, 1927. Abaixo, mo de lo origi nal da pol tro na Grand Con fort. No pé da página, com estru tu ra em tu bos cro ma dos, sala de jantar com mesa ex ten sí vel (o tam po “es cor re ga” para dentro da base pró xi ma à pa re de) e ca dei ras gi ra tó rias. Sa lão dos Ar tistas De co ra do res, Pa ris, 1928
Maria Helena Estrada “Mulher de seu tempo, avançando sempre, sem jamais
A mulher, vital, esportista,
perder seu norte”, escreve Elisabeth Vedrenne no livro
vanguardista também em seu
“Charlotte Perriand” (Ed. Assouline, Paris, 2005). Pionei-
modo de viver, de vestir e
ra do modernismo, ela repensa e projeta, antes mesmo
comportar-se, sintetizava a
do encontro com Le Corbusier, o que seria o início de
própria noção da casa contem-
um novo conceito de habitar.
porânea ao afirmar que “mais vale passar um dia ao
Sua aventura criativa começa quando, ainda estudante,
sol do que a tirar o pó de objetos inúteis”.
participa do Salão de Artes Decorativas, Paris, em 1925.
Em 1927 ingressa na equipe de Le Corbusier, encarre-
Dois anos depois comparece ao “Salon d’Automne”
gada dos projetos de móveis e equipamentos e, mes-
com o “bar sous le toit”, agora reproduzido na mostra
mo hoje, é difícil dizer até que ponto recebeu influên-
sobre sua obra, em exibição na Bienal Brasileira de
cia ou influenciou o mestre na criação de sua famosa
Design, edição 2006, na Oca, São Paulo.
coleção de mobiliário.
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Com uma forte consciência política e social, talvez um dos motivos de seu afastamento de Le Corbusier, ela perseguiu toda sua vida o ideal de criação de habitações para o maior número possível de pessoas e “a construção do alojamento do homem, não a partir da fachada, mas de seu gesto, de seu corpo”, escreve Marie-Laure Jousset, conservadora e chefe da coleção Design no Pompidou, na introdução ao catálogo da mostra. Em sintonia com seu pensamento, o Japão foi decisivo para a obra de Perriand. No início de 1940, recebe convite para atuar como conselheira para o design junto ao Ministério do Comércio do Japão. Sua função seria a de criar obras de arte decorativa, ou seja, móveis e objetos. Contratada por um ano, Perriand é retida pela guerra, transfere-se em 1943 para a Indochina, onde se casa e, em 1946, é repatriada para a França. No Japão, já havia travado conhecimento com artesãos e todas as suas técnicas; em Hanói, organiza uma grande exposição de artesanato. São dessa época, e com forte influência oriental, alguns dos móveis agora reeditados pela Cassina e presentes na mostra, como a mesa Éventail, além da versão da chaiselongue em madeira e bambu. Gestos, formas e técnica, é assim que ela define sua passagem pelo Japão, onde reforça sua percepção de volumetria do espaço e a noção de vazio. Toda a sua obra é pontuada pelo estudo das condições do habitar, do mínimo
© Tommaso Sartori / Cassina
necessário capaz de permitir o vazio. Entre 1946 e 1949, volta a colaborar com Le Corbusier, convidada a projetar os equipamentos para a célula-tipo das Unidades de Habitação de Marselha, França. Entre 1962 e 1968, Charlotte Perriand vem diversas vezes ao Brasil, primeiro para a realização de um projeto em parceria com Ana Maria Niemeyer. “Se eu pensava aproveitar peças e soluções já aprovadas, logo compreendi que só se projeta bem no próprio local da obra. O Brasil não é o Japão e o Rio não é Paris. A natureza é exuberante e uma sólida arte barroca marcou o país.” Charlotte Perriand “mergulhou” nas treliças de bambu, nos azulejos, nas redes, no jacarandá. Na década de 1980, Perriand vem a São Paulo para inaugurar uma exposição sobre sua obra, no IAB. Fala para centenas de pessoas aglomeradas no auditório, dentre as quais Pietro Maria Bardi e um comovido arquiteto, Julio Katinsky. É nessa oportunidade que visita Lina Bo Bardi, encontro emocionante de duas grandes mulheres que se 52 ARC DESIGN
Acima, quar to de estudante, Maison de la Tunisie, na cidade uni versitária, Paris, 1952: um dos muitos ambientes compac tos estudados por Charlotte Perriand, nos quais era mestra em racionali zar espaços. Abaixo, um dos últimos grandes projetos de Perriand com o ar quiteto Gaston Regairaz: fachada nor te do primeiro hotel-residência na estação de esqui Les Arcs, um conjunto de três grandes prédios, cada um a uma cota de altitude: 1.600, 1.800 e 2.000 metros, com um total de 30 mil leitos. Perriand dirigiu a equipe de ar quitetos e engenheiros e trabalhou no projeto por 16 anos, de 1967 a 1982. Na pá gi na ao lado, no alto, pro tó ti po de 1950, de co zi nha-bar para as uni da des ha bi ta ci o nais de Mar se lha, fa mo so pro je to ar qui te tô ni co de Le Cor bu si er; no cen tro, ba nhei ro com pac to, de 1952; embai xo, mesa Éven tail, re a li za da no Ja pão e re e di ta da em 2005 pela Cas si na, Itá lia
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Acima, Casa de Chá concebida para o Festi val Cultural do Japão na Unesco (1993): construída no centro de um bambu zal, sua estrutura também é feita com bam bus presos ao chão, “apri si o na dos” na co roa de ma dei ra, e se cur vam sob o peso do guar da sol em “mylar”
admiravam, mas jamais haviam se encontrado.
é a volta à normalidade, ou ao “supernormal”, como de-
É também nessa década que a arquiteta inaugura sua
claram Jasper Morrison e Naoto Fukasawa ao enunciar
última grande obra, a esplêndida estação de esqui, Les
o novo conceito. Objetos simples, em sintonia com o uso
Arcs, em Tarentaise, nos Alpes franceses, da qual faz
cotidiano, de vida longa. E originais em sua concepção.
parte uma residência-hotel com 30 mil quartos.
“Copiar é roubar.” Era com essa frase que Charlotte
Um século de arquitetura e design. A partir do início do
Perriand iniciava suas conferências. ❉
século XX, quando “nasce” o design, este já se espelhou na arte, traduziu seu tempo, já passou por grandes invenções, por geniais criações, até cair no atual marasmo dos revivals e cópias. O que estará para acontecer? Uma retomada da ordem natural, tendência emergente, 54 ARC DESIGN
BIBLIOGRAFIA VÉDRENNE, Elisabeth. Charlotte Perriand. Assouline: Paris, 2005 Charlotte Perriand. Centre Pompidou: Paris, 2005 Charlotte Perriand – Un Art de Vivre. Musée des Arts Décoratifs / Flammarion: Paris, 1985
in ven ti vi da de de seus cri a do res po dem ser con fe ri das num dos mais re cen tes lan ça men tos da Tas chen, o li vro “Ar chi tec tu re in Ja pan”, que reú ne tra ba lhos re cen tes de 17 es cri tó ri os ja po ne ses. Es cri to por Phi lip Jo di dio, que por mais de duas dé ca das foi edi tor da re vis ta fran ce sa Co nais san ce des Arts, o li vro traz um pa no ra ma da ar qui te tu ra ja po ne sa con tem po râ nea, for ma da por edi fí ci os de na tu re zas va ri a das, mas com um de no mi na dor co mum: a alta qua li da de cons tru ti va, seja nos edi fí ci os high-tech, cons tru í dos com ma te ri ais de pon ta, ou na que les exe cu ta dos com téc ni cas tra di ci o nais, como o con cre to e a ma dei ra Winnie Bastian
Nas duas pá gi nas, Lou is Vu it ton Rop pon gi Hills, pro je to de Jun Aoki em par ce ria com os ar qui te tos Eric Carl son (da Louis Vu it ton) e Au re lio Cle men ti. A fa cha da é com pos ta por inú me ros ci lin dros de vidro com 10 centí me tros de di â me tro e 30 de com pri mento. Ao mes mo tem po que gera um inte ressan te efei to de frag men ta ção da pai sa gem para quem está no in te ri or da loja, este re cur so per mi te que a fa cha da os ten te o lo go ti po da em presa em gran des pro por çõ es sem agressão ao en tor no
Fotos Reprodução
ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA JAPONESA
A di ver si da de da ar qui te tu ra ja po ne sa e a
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Jodidio introduz o tema levantando questões fundamentais para a compreensão da arquitetura japonesa, como a alta densidade populacional urbana (fenômeno que se intensificou sensivelmente após a Segunda Guerra Mundial) e a “noção de fragilidade perene”, resultado das catástrofes que atingiram o país. “Os sucessivos desastres, alguns naturais e outros por ação do homem, moldaram, por exemplo, a face contemporânea de Tóquio”, afirma. O autor também menciona a influência que arquitetos ocidentais exerceram na arquitetura do país, desde o século XIX, com o inglês Thomas Waters (responsável pela reconstrução da ala sudeste do Palácio Imperial de Meiji, destruída em um incêndio), até tempos recentes, com Frank Lloyd Wright (autor do Hotel Imperial, em Tóquio, finalizado em 1922 e demolido em 1967) e Le Corbusier (com o projeto do Museu Nacional de Arte Ocidental, em Tóquio, 1959).
“Um sub ma ri no, cuja tor re é o pe ris có pio.” Assim os ar qui te tos Ta ka ha ru e Yui Te zu ka des cre vem seu pro je to para o Mu seu de Ci ên cias Na tu rais de Matsu no ya ma. O edi fí cio, “sub mer so” em neve du ran te boa par te do ano, é um gran de tubo de aço cor ten que ser pen teia por 111 me tros se guin do a to po gra fia do ter re no, e foi pro je ta do para res pon der à di la ta ção que so fre no ve rão. A tor re de ob ser va ção, com 34 me tros de al tu ra, é o úni co ele men to do pro je to com fun da çõ es nor mais
O livro apresenta ao leitor os principais arquitetos japo-
elementos, as outras duas têm seu ponto de partida
neses, classificados em três grupos: os mundialmente
na relação com a natureza.
consagrados (Arata Isozaki, Yoshio Taniguchi, Fumihi-
Projeto de Jun Aoki, a loja Louis Vuitton de Roppongi
ko Maki, Hiroshi Hara, Tadao Ando e Toyo Ito), os pro-
Hills (2002-2006) foi concebida como “uma coleção de
fissionais em ascensão (Kazuyo Sejima & Ryue Nishi-
unidades circulares simples com 10 centímetros de
zawa, Kengo Kuma, Shigeru Ban, Shuhei Endo, Jun
diâmetro, tanto no interior como no exterior”, explica
Aoki e Makoto Watanabe) e aqueles promissores (Ma-
o arquiteto. A fachada é composta por mais de 28 mil
saki Endoh, Makoto Yokomizo, Takaharu & Yui Tezuka
tubos de vidro transparente encaixados em dois pai-
e Hitoshi Abe). Cada obra é acompanhada por um texto
néis refletores de aço inox, perfurados para o encaixe
de apresentação (também em português) e os dados do
dos tubos. “Esses elementos, que fazem lembrar um
escritório, como endereço e website.
olho composto, provocam efeitos difusos e captam as
Os projetos aqui publicados são uma pequena amos-
luzes e as cores mais próximas, mudando sutilmente
tra das obras que ilustram o livro, selecionadas para
de aspecto”, revela Aoki.
demonstrar diferentes abordagens da arquitetura e,
Também seguindo a lógica do acúmulo, mas de maneira
assim, resultados também diversos. Curiosamente,
bastante distinta, o Museu de Arte Contemporânea do
podemos verificar uma certa proximidade entre elas:
século XXI (2002-2004), em Kanazawa, projetado pelo
enquanto duas são concebidas a partir do acúmulo de
escritório Sanaa, de Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa,
Qua tro am plas ja ne las de Pers pex (com 75 mi lí me tros de es pessu ra) em pon tos es tra té gi cos per mi tem a en tra da da luz (abai xo), em gran de par te do ano fil tra da por uma den sa ca ma da de neve: com sen si bi li da de, os ar qui te tos ti ram par ti do das con di çõ es na tu rais do lu gar, per mi tin do que os vi si tan tes ob ser vem a mu dan ça da luz e das co res re fle ti das pela neve, seja den tro do mu seu, sob a neve, ou a par tir da tor re de ob ser va ção, com a vi são de todo o con jun to co ber to de bran co
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foi construído a partir da junção de peças de formas e tamanhos diversos, unificadas por um grande círculo. Ao combinar galerias de várias proporções e condições de iluminação – de espaços com clarabóias até outros sem qualquer luz natural, com pé-direito oscilando entre 4 e 12 metros –, esse conceito permite grande variedade na qualidade dos espaços, comportando exposições dos mais diversos tipos. Ainda buscando a flexibilidade de usos, as áreas de circulação foram projetadas para poderem ser utilizadas como espaços de exposição adicionais. Toyo Ito, por sua vez, buscou inspiração na natureza para conceber o edifício da Tod’s (2002-2004) em Omotesando, famoso distrito da moda em Tóquio. As paredes externas, em concreto e vidro, foram criadas a partir da sobreposição das silhuetas de nove árvores zelkova, espécie característica das ruas locais. Além de seu impacto estético – o edifício destaca-se do entorno, povoado por outras construções assinadas por arquitetos famosos –, as árvores de Ito atuam estruturalmente,
Aci ma e abai xo, fa cha da e in te ri or de um dos pavi men tos da Tod’s Omo tesan do, pro je to de Toyo Ito. Num en tor no re ple to de edi fí ci os assi na dos por ar qui te tos mun dial men te fa mo sos, o edi fí cio se so bressai gra ças às “ár vo res” de con cre to da fa cha da. Cria das a par tir da so bre po si ção das si lhue tas de nove zel kovas, as ár vo res de Ito tam bém atuam es tru tu ral men te, per mi tin do que os pavi men tos fi quem li vres de co lu nas
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direcionando as cargas para as fundações do edifício. O próprio arquiteto, normalmente bastante reservado, afirmou que o edifício “incorpora conceitos e técnicas na vanguarda da arquitetura contemporânea”. A natureza também foi determinante no projeto do escritório Tezuka Architects para o Museu de Ciências Naturais de Matsunoyama (2002-2004). Situado em uma região onde as nevascas são frequentes, o museu foi construído sem fundações profundas, uma vez que o edifício sofre uma dilatação de 20 centímetros durante o verão. Assim, os arquitetos Takaharu e Yui Tezuka projetaram um grande tubo de aço corten, fechado com chapas de 6 milímetros de espessura, capaz de suportar até 2 mil toneladas de neve. Aberturas estratégicas permitem que os visitantes “sintam a luz e as cores sob diferentes alturas de neve, desde os 4 metros de profundidade até 30 metros acima do nível do solo”, explicam os arquitetos, mostrando que a tradicional sensibilidade japonesa também se faz presente nos edifícios contemporâneos. ❉
Nesta página, Museu de Arte Contemporânea do Século 21, projeto de Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa: todos os ambientes foram “encaixados” em um cír cu lo de 112,5 me tros de di â me tro. Os vi sitantes são sur pre en didos por um pá tio inter no com obras de arte per ma nentes, como a pis ci na fal sa de Leandro Erlich, na qual uma lâmina d’água cobre uma folha de vidro, enquanto a piscina sob o vidro permanece vazia, e pode ser acessada pelos visitantes
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EMIGRE: A (R)EVOLUÇÃO DA TIPOGRAFIA 62 ARC DESIGN
Durante 21 anos e 69 edições, a revista Emigre foi a protagonista da vanguarda do design gráfico, definindo – e depois redefinindo – a trajetória do design gráfico exercido nos Estados Unidos. Um grande feito para uma revista que é desconhecida por muitas pessoas. A primeira edição da Emigre foi publicada em 1984 por Rudy VanderLans (e por outros dois holandeses, Menno Meyies e Marc Susan, que deixaram a revista a partir da quarta edição. Seu editor e designer, VanderLans, utilizou-a como um veículo para a exploração da cultura holandesa em um contexto norte-americano. No entanto, no começo da segunda edição, a revista se tornou uma vitrine para as fontes criadas por Zuzana Licko (esposa e sócia de Rudy), que esteve entre os primeiros designers a usar o então recentemente lançado computador Apple Macintosh
David Cabianca Inicialmente disponíveis em 1985, as primeiras fontes desenhadas por Licko – Emperor, Universal, Oakland e Emigre – exploraram as oportunidades dadas pela nova tecnologia das telas bitmap de resolução grosseira e impressoras matriciais para criar o que agora chamamos de fontes pixeladas ou “FlashTM”. Hoje achamos seus contornos serrilhados rudimentares, mas eles foram acréscimos bem-vindos para o que era um universo bastante limitado naquela época. O objetivo de Licko era moldar a tecnologia ao desenho das fontes tradicionais, o que criou belos resultados. VanderLans utilizou as novas fontes na tipografia da revista e elas logo se tornaram populares, atraindo compradores – o que levou VanderLans e Licko a concluírem que eles poderiam funcionar como uma oficina de fontes digitais e ter lucro com as vendas das mesmas. Com o fluxo corrente de novas letras desenhadas por Licko e outros designers, a revista tornou-se uma vitrine para idéias e um parque de diversões para o design gráfico.
No alto da pá gi na, Rudy Van der Lans ao lado da co le ção com ple ta da re vis ta Emi gre. Ao fun do, sob o tex to, exem plos da fon te di gi tal Emi gre, uma das pri mei ras dese nha das por Zu za na Lic ko, cria da ini cial men te como fon te bit map – para ser usa da so men te na tela de com pu ta dor, a 72dpi – an tes do surgi men to das fon tes de alta reso lu ção para im pressão
Nesta página, capas de Emigre no formato tablóide 285 x 425 mm. Em sentido horário: edição n. 1 (1984), que mostra a perspectiva dos profissionais que vivem ou viveram fora do seu país de origem e sua contribuição às duas culturas; edição n. 11 (1989), que aborda questões ligadas às mudanças no mundo do design gráfico provocadas a par tir do lançamento do computador Macintosh; edição n. 30 (1994), que discute o ensaio “O Culto do Feio”, de Steven Heller; edição n. 14 (1990), que aborda questões de design gráfico através do olhar de designers suíços de destaque
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THE TROU WITH TPE Aci ma, edi çõ es 46 (1998) e 42 (1997): a pri mei ra tra ta de fan zi nes e desig ners que criam as pró prias pu bli ca çõ es, en quan to a se gun da dis cu te a in flu ên cia do custo e da ti ra gem no al can ce da re vista – a par tir desta edi ção, a Emigre abriu es pa ço para anun ciantes e passou a ser gra tu ita para o pú bli co for ma dor de opi ni ão. Abai xo, capa e pá gi nas inter nas da edi ção n. 49 (1999), que re pu bli cou o “First Things First”, um ma ni festo aos desig ners, com ar ti gos e en tre vis tas de vá ri os crí ti cos da cul tu ra de con su mo, como Kal le Lasn e Chris Di xon, res pec ti va men te edi tor e di re tor de arte da re vis ta Ad bus ters
UBLE E Aci ma, pá gi nas in ter nas da edi ção n. 43 (1997), onde foi uti li za da a fon te Base (c.1995), cria da por Zu za na Lic ko. Ao cen tro, no fun do da pá gi na, va ria çõ es da fonte Mo du la (c.1995), tam bém dese nha da por Lic ko. À di rei ta, exem plo da fon te Zeit Guys (c.1994), com pos ta por ilus tra çõ es, design Eric Do ne lan e Bob Au ful dish para a Emi gre. Abai xo, à es quer da, pá gi nas inter nas da edi ção n. 61 (2001), a se gun da de uma sé rie de di ca da a ex por a mú si ca al ter na ti va e co nec tá-la ao design grá fi co; na se quên cia, capa da edi ção 64 (2003), já no for ma to de li vro de bol so, na qual a Emigre desa fia os jovens desig ners a desen vol ve rem uma atitu de crí ti ca em re la ção ao pró prio tra ba lho
Aci ma, tre cho de con to de John Fan te, de 1939, re e di ta do pela Emi gre Gra phics em 2001 na fon te Dal li an ce (2000), de sign Frank Hei ne. No pé da pá gi na, Tem pla te Go thic (c.1990), de sign Barry Deck, ou tro exem plo de fon te do ca tá lo go da Emi gre que se tor nou bas tan te po pu lar. Na pá gi na ao lado, ao fun do, exem plo da fon te Ma trix Script (c.1992), design Zu za na Lic ko
Combinando teoria e prática, a revista tornou-se um veí-
decoro? Quando o design gráfico acontece? Por que ele
culo para exibir novas fontes (trocadas constantemente)
tem a aparência que tem? Como alguém pode definir
em textos que desafiaram as bases do design gráfico. Os
“beleza”? Qual a importância dos diferentes modos de
anos de 1980 e 1990 foram tempos férteis e turbulentos
exercê-lo? Como o design gráfico pode resistir à mera
para o design. O impacto causado pela introdução do
função de “empacotar” a informação e vir a participar
computador pessoal e das impressoras domésticas reor-
ativamente em análises críticas? Emigre não procurou
ganizou a prática do design de uma forma nunca vista
responder perguntas, mas provocar uma resposta: as-
desde a vanguarda histórica dos anos de 1920: de re-
sim como orgulhosamente proclamava em suas primei-
pente, qualquer pessoa com um computador e uma im-
ras edições, era “uma revista que ignorava fronteiras”.
pressora poderia se tornar um designer gráfico! A tec-
O fato que Emigre estava escrevendo novas “regras”
nologia libertou o design gráfico dos limites da escala,
tanto quanto estava quebrando as antigas atraiu seus
do grid ortogonal e facilitou a manipulação das ima-
leitores. Cada edição era única. Em suas páginas, en-
gens. O computador permitiu transparência, sobreposi-
contravam-se debates sobre legibilidade, feiúra, experi-
ção de camadas e, em geral, uma sede por experimen-
mentação e os papéis da teoria, história e crítica, edu-
tação. Mas design e divertimento são trabalhos sérios e
cação, design, arte, tecnologia e autoria, para nomear
muitas questões deveriam ser discutidas. O que era
apenas alguns dos tópicos abordados. Emigre era a re-
essa coisa chamada “design gráfico” que requeria tanto
belde nas bancas de revista. Uma linha comum por trás
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ 123456789®©Œ†¥Øƃ∂ßÅǵ¡™£¢¶ªº 66 ARC DESIGN
Acima, fonte Blue Eye Shadow (c.1995), da família Apollo Program, criada por Elliott Peter Earls. No pé da página, a fonte Filoso fia na versão unicase, com uma única altura para todos os carac teres – que normalmente seriam diferenciados em caixa alta e caixa baixa. Com a transformação da Emigre em uma re vista cada vez mais te ó ri ca, Zu za na Lic ko sentiu a ne cessida de de ti pos que per mitissem boa leitu ra em tex tos longos. Na fonte Filoso fia (c.1996), Lic ko fez uma inter pre ta ção pessoal da Bo do ni, com me nos contraste entre as hastes para fa ci litar a leitu ra em cor pos pe que nos
da direção editorial de VanderLans foi sua disposição
de uma forma imediata: eles seguravam um trabalho
para publicar as vozes de “jovens indignados” que esta-
de design gráfico na palma de suas mãos. Os layouts
vam descontentes com o “status quo”. Esses escritores
eram audaciosos, autorais e altamente não-ortodoxos,
eram normalmente jovens designers, estudantes e pro-
em face do design sério do modernismo corporativo
fessores recém-saídos da escola, que estavam desiludi-
dos anos 1970 e 1980. Emigre não somente pregou um
dos com o domínio da ortodoxia mantida por uma velha
sistema de valores de experimentação radical como
guarda conservadora e defensiva. De fato, diversas das
também o praticou. Sua disposição para desafiar a tra-
primeiras edições foram devotadas ao trabalho de estu-
dição preparou o caminho para designers como David
dantes de duas escolas que se tornariam conhecidas por
Carson e a revista Ray Gun popularizarem uma sofisti-
emigr
seu caráter experimental: Cranbrook Academy of Art,
cação visual que se tornaria conhecida como estética
em Detroit; e California Institute of the Arts, em Los An-
“desconstruída” no design gráfico e, no fim, o caminho
geles. Até hoje, o compromisso de VanderLans de apos-
que ela havia forjado não era mais “radical”, mas cons-
tar em vozes desconhecidas do design gráfico é sem pa-
tituía uma tendência.
ralelo no mercado editorial.
Em constante evolução, a partir da edição 33, a revis-
Com a revista Emigre, os leitores não eram apenas ca-
ta teve seu tamanho reduzido de um enorme tablóide
tivados pelo conteúdo teórico e crítico, frequentemente
de 285 x 425 mm para um formato mais convencional
provocativo, mas puderam também vivenciar os textos
de 216 x 280 mm e o conteúdo tornou-se mais auto-
67 ARC DESIGN
Aci ma, à es quer da, fon te Hip no pae dia (c.1997), com pos ta por sím bo los cria dos a par tir da re pe ti ção e ro ta ção de le tras do ca tá lo go da Emi gre: os ca rac te res po dem ser agru pa dos crian do estam pas; design Zu za na Lic ko. Na se quên cia, capa da Emigre n. 24 (1992), que comenta os bastidores da famosa revista Ray Gun, feita pelo designer gráfico David Carson. Abai xo, no fun do do tex to, ou tro exem plo da fonte Mo du la e, no pé da pá gi na, exem plo de “flou ris hes” da fonte Dal lian ce. Esses flo rei os po dem ser com bi na dos de vá rias ma nei ras e tam bém liga dos ao iní cio ou fi nal de le tras. Na pá gi na ao lado, a fon te Ke edy Sans (c.1989), design Jef fery Ke edy para a Emi gre
reflexivo. Durante essa fase, teoria e crítica tornaram-
revista. A presença da internet e o fato de todo web blog
se mais proeminentes. Isso, por sua vez, foi seguido
ser capaz de dar vazão à crítica, ou mais corretamente,
por um número de edições que incluíram CDs do selo
“opinião comum” – não importa quão banal e secundá-
de música da Emigre e, finalmente, uma nova redução
ria –, fez a escrita coletiva de Emigre parecer, para al-
do formato para um livro de bolso, fortemente textual.
guns, acadêmica e de difícil compreensão. Então depois
Dentro das páginas havia escritos de críticos emergen-
de 21 anos, a revista Emigre chegou ao fim. Mas Emi-
tes e designers incluindo Lorraine Wild, Andrew Blau-
gre, a empresa de design, continua: Rudy VanderLans é
velt, Kali Nikitas, Anne Burdick, Jeffrey Keedy, Denise
também um talentoso fotógrafo e Zuzana Licko conti-
Gonzales Crisp, Diane Gromala, Kathy McCoy, Louise
nua a produzir fontes originais. Estamos todos esperan-
Sandhaus, Kenneth Fitzgerald e muitos outros. Rudy
do para ver até onde eles levarão o design gráfico. ❉
também desenvolveu um estilo de entrevistar que parecia casual para o leitor, mas era cuidadosamente criado para enfatizar linhas de pensamento que poderiam passar desapercebidas para um editor menos atento. As entrevistas incluem nomes como Ed Fella, David Carson, Steven Heller e Nick Bell. Ironicamente, talvez o sucesso da Emigre em difundir teoria e crítica tenha contribuído para o fechamento da 68 ARC DESIGN
David Cabianca ensina design gráfico na York University em Toronto, Canadá. Ele recebeu títulos da University of Reading, Cranbrook Academy of Art e a Master of Architecture da Princeton University
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Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 49, agosto/setembro 2006
Apoio:
Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata Diretora de Arte Fernanda Sarmento
Apoio Institucional:
RE DAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico Fernanda Sarmento Chefe de Redação Winnie Bastian Redatora Keila Bis Revisora Jô A. Santucci ARTE Designers Ana Beatriz Avolio Betina Hakim Estagiário Danilo Costabile Participaram desta edição Camila Lima David Cabianca Luis Calazans Luz Marcelo Lima Nelson Aguilar Departamento Administrativo-Financeiro Silvia Rosa Silva Departamento de Marketing Ana Thereza Gil, Guilherme Vilela Departamento de Circulação e Assinaturas Bernardete Jabra Tavares, Lúcia Martins Pereira Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais Pré-impressão Cantadori Artes Gráficas Ltda. Impressão Prol Papel: Suzano Papel capa: Supremo Duo Design 250g/m2 miolo: Couché Suzano Silk L2 130g/m2 Distribuição nacional Fernando Chinaglia Distribuidora S/A
ARC DESIGN – endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: (11) 6808-6000 Fax: (11) 3898-2854 E-mails Administração administracao@arcdesign.com.br Assinaturas assinatura@arcdesign.com.br Direção de Arte arte@arcdesign.com.br Editora editora@arcdesign.com.br Marketing mkt@arcdesign.com.br Publicidade comercial@arcdesign.com.br Redação redacao@arcdesign.com.br
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Projetos personalizados, com design e tecnologia: hotéis, restaurantes, Resin Floor recebe prêmio Material Excellence 2003 por desenvolvimento de materiais e tecnologia conferido pela Material Connexion N. York
hospitais, lojas e show-rooms
Loja Lucy in the Sky
Espaço Nike – Authentic Feet
Foto Levi Mendes Jr.
Projeto e fotos: Studio Sucre, designers Karina Schrappe Sucre e Eduardo Sucre
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an sustentacao
22/08/2006
20:35
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sustentação : A nova revista da Quadrifoglio Editora Para saber mais acesse
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LOUCOS POR DESIGN
Haron Cohen é o segundo convidado da série Loucos por Design. Acompanhe as escolhas do arquiteto, famoso pela qualidade de seu trabalho, tanto em arquitetura quanto em cenografia – é
arc design – Quan do e com qual ob je to sua aten ção foi des per ta da para o de sign? Haron coHen – Os ob je tos que pri mei ro me cha ma ram a aten ção fo ram os de
gastronomia, com formas incrivelmente diferenciadas, que chegavam a modificar nossa maneira de fazer e comer. Isso aconteceu quando cursei a faculdade de arquitetura, e explodiu alguns poucos anos após minha ida para um congresso de arquitetura em Helsinke, na Finlândia, onde os objetos com design fazem parte do cotidiano e da cultura. Foram meus primeiros objetos adquiridos.
de sua autoria o projeto expositivo da 1ª Bienal Brasileira de Design, que aconteceu entre junho e agosto na Oca, em São Paulo Da Redação / Fotos Nelson Aguilar
ad – A que você dá mais aten ção: à for ma, à uti li da de ou ao ma te ri al de que o
ob je to é fei to? Hc – Nes sa área do de sign, pa re ce-me que o pri mor di al é a fun ção. Mas, na ver da de, os três ele men tos são igual men te im por tan tes. Só en tão um ob je to será con si de ra do óti mo, sem pre que acres ci do de uma gran de dose de emo ção e sen ti men to. Para mim, a re fle xão so bre a es té ti ca de qual quer ob je to só é pos sí vel quan do so fre uma aná li se so bre es ses três ele men tos, pos si bi li tan do uma lei tu ra de sín te se, sem a qual não há his tó ria. ad – O que mo ti vou a es co lha das pe ças aqui pu bli ca das? Hc – A pol tro na Sin bad, cri a da por Vico Ma gis tret ti, na dé ca da de 1980, é uma
experiência fantástica e notável de conforto e bem-estar, talvez a poltrona mais bem-re sol vi da que en con trei. Com seus bra ços lar gos, en cos to alto e ge ne ro so e pro fun di da de ade qua da, ajus ta-se per fei ta men te ao cor po. Er go no mi ca men te “sen ta-se” e “sen te-se” uma nova pos tu ra de es tar. A luminária Tizio, de Richard Sapper, tem importância histórica, pois causou uma transformação na maneira de projetar os objetos de iluminação. Coloca-se de for ma de li ca da e es bel ta no am bi en te e pon tua uma luz trans pa ren te e con fi na da ao que se quer ilu mi nar. Suas três ar ti cu la çõ es per mi tem uma in fi ni da de de com bi na çõ es e, as sim, di ver sas ma nei ras de ilu mi nar. Quan to aos ta lhe res de Tsu ba me Shin ko, im põ em uma nova e su til ma nei ra no co mer, che gan do ao li mi te mí ni mo do uso e mos tran do que qual quer acrés ci mo em po bre ce ria o ob je to. Acima, talheres japoneses Tsubame Shinko, prêmio IF Design 1993. Abai xo, lu mi ná ria Ti zio, design Ri chard Sapper. Na pá gina ao lado, Haron Cohen posa com a poltrona Sinbad, de Magistretti e, ao fundo, painel de José Roberto Aguilar
ad – Qual de sig ner bra si lei ro você ci ta ria como des ta que? Por quê? Hc – Gos to sem pre de ci tar pro fis si o nais que ti ve ram uma re la ção de sig ner-
empresa. A partir da década de 1960, dois deles fizeram essa relação com muita acu i da de: Ser gio Ro dri gues (OCA) e Mi chel Ar noult (Mo bí lia Con tem po râ nea). Joaquim Tenreiro é outro designer que admiro. Na atualidade, citaria Fernando Prado, um jovem sério e talentoso, também ligado à indústria. Seu trabalho experimental na Lumini lhe rendeu vários prêmios no país e no exterior. ad – E quanto aos designers internacionais, há algum que você admire mais? Por quê? Hc – Nomes importantes da Bauhaus, como Mies van der Rohe, Gropius e Breuer,
além de Aalto e Perriand. A partir da década de 1960, Magistretti – uma paixão, em qualquer proposta sua vislumbra-se algo de novo – e Arne Jacobsen – inovador na área do mobiliário e principalmente na área dos produtos em aço inox. Também Achille Castiglioni e Joe Colombo. São tantos... Dos atuais, citaria Ron Arad e a cadeira empilhável Tom Vac, perfeito casamento entre forma e função.
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