Nº 54 ARC DESIGN
R$ 16.50 QUADRIFOGLIO EDITORA
Nº 54
2007
2007
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
SALÃO DO MÓVEL E EUROLUCE TODAS AS LUZES DE MILÃO
ARQUITETURA REVISITADA O MEIO AMBIENTE AGRADECE
CASA FATIA PROJETO INGLÊS, CASA GAÚCHA
CLARICE LISPECTOR E O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
Baba Vacaro
Na Itália chamam-na de “Terremoto Urquiola”. Patricia Urquiola nasceu em 1961 em Oviedo, Espanha. Meta de bas ca, e me ta de aus trí a ca, o que pa re ce de fi nir sua per so na li da de. Es tu dou na Fa cul da de de Ar qui te tu ra de Ma dri e for -
O jantar vai receber elogios antes mesmo de sair do forno.
mou-se no Po li téc ni co de Mi lão em 1989, com tese ori en ta da por Achil le Cas ti gli o ni. Ini ci ou sua car rei ra na De Pa do va, no de par ta men to Acima, imagem da capa, Luminária Chasen, em chapa única de aço, recortada por processo de erosão química. Lâm pa da in can des cen te, com emis são de luz de acor do com a po si ção da cha pa: é pos sí vel alon gá-la ou en cur tá-la, bas tan do ajus tar a tam pa me ca ni ca men te. Coleção Flos, representada pela Dominici
de de sen vol vi men to de pro du to, em se gui da trans fe riu-se para o es tú dio de Vico Ma gis tret ti. Tra ba lhou ain da com Pi e ro Lis so ni e com Cas ti gli o ni. Me lhor es co la im pos sí vel! Des de 2001 tem es tú dio pró prio. Co la bo ra, en tre ou tras, com as em pre sas Mo ro so, B&B, Dri a de, Kar tell, Cas si na, Ales si, Por ro, De Pa do va, Mol te ni, Cap pel li ni e,
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Fogão Digital GE. O máximo em sofisticação, design
ago ra, com a Flos.
e também em tecnologia: tem timer digital que
Seus pro je tos têm sem pre um to que ines pe ra do no que corta o gás no caso de a chama se apagar.
diz res pei to às su per fí ci es. Ela gos ta do sin té ti co e do Aci ma, chai se-lon gue An ti bo di, para a Mo ro so, apre sentada no show-room Valentino, no Salão do Móvel de Milão, 2006. Revestimento inspirado nas roupas do estilista. Abaixo, Volant, para a Moroso. Estofado com estrutura em aço tubular e revestimento em tecido duplo
in dus tri al, e per ce beu o quan to as pes so as gos tam do seu tra ba lho quan do se apro xi mam, quan do os to cam e sen tem von ta de de aca ri ciá-los. Na ver da de, Pa tri cia Ur quio la pas sou a fa zer par te, em pou co tem po, do gru po dos top de sig ners in ter na ci o nais.
Ao lado, ca dei ra Flo, para a Dri a de. Em fi bra na tu ral tran ça da com es tru tu ra em aço en ver ni za do
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8:13 AM
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ARC DESIGN inova. Dividimos em dois “suportes” a Semana do Design, Milão. A Euroluce, com um artigo de Baba Vacaro, e uma introdução ao Salão do Móvel abrem esta edição; o Salão do Móvel Essencial está em nosso site, com suas belas fotos, organizado de modo a tornar a atual multiplicidade de tendências um assunto inteligível. Pre ser va ção e o de se nho = pro je to bra si lei ro. Em Be lém do Pará o de sig ner Car los Al can ta ri no inau gu ra uma nova for ma de in te gra ção de po pu la çõ es po bres, ri bei ri nhas, na pos si bi li da de de be le za dos ob je tos co ti di a nos. A arquitetura e o design de interiores estão bem representados: uma casa em Porto Alegre, projeto do escritório inglês Procter & Rihl que pela sua configuração recebeu o nome de “Casa Fatia”; as duas novas e inovadoras livrarias de São Paulo – a Livraria da Vila, projeto de Isay Weinfeld, e a Livraria Cultura, do arquiteto Fernando Brandão. O mercado se movimenta, lançamentos e exposições se sucedem. A ASBEA, Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, participa de seminário sobre sustentabilidade em Buenos Aires, a Ornare lança um novo conceito em cozinhas. E o Museu da Língua Portuguesa nos traz de volta Clarice Lispector, pelas mãos e toda a sensibilidade de Daniela Thomas e Felipe Tassara. Também nesta edição, o designer Thomaz Bondioli inaugura uma série de entrevistas com a nova ge ra ção de cri a do res bra si lei ros que já fir mam seu nome no mer ca do. E, cla ro, não po de ria fal tar: pu bli ca mos a mos tra e a fes ta de pre mi a ção do Prê mio Mer cado Design Top XXI, uma iniciativa ARC DESIGN, realizada na FIESP, São Paulo. O momento é de ebulição. Sintonizem-se!
Maria Helena Estrada Editora
ARC DESIGN
2ªcapa editorial54 Final:2ªcapa editorial54 Final
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Sa lão do Mó vel, Mi lão 2007, em uma bre ve re se nha que anun cia a gran de ma té ria Sa lão do Mó vel Es sen ci al, en con tra da no site www.arcdesign.com.br. Na foto, pol tro na Pana, de To ku jin Yas hio ka
Mariana Lacerda
FAVOR TOCAR
Da Redação
FESTA PARA O DESIGN BRASILEIRO
PRÊMIO MERCADO DESIGN TOP XXI
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Baba Vacaro
10:04 PM
DESIGN EXPRESSIONISTA
6/20/07
EUROLUCE, MILÃO
Maria Helena Estrada
AS MÚLTIPLAS TENDÊNCIAS
SEMANA DO DESIGN, MILÃO
6868-INDICE FINAL:indice 54 Final2
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A Euroluce 2007 analisada pela designer Baba Vacaro mostra a diversidade e a liberdade de tendências e estilos no design contemporâneo. O mundo subjetivo da luz e os designers que “buscam uma resposta além dos limites da matéria”
Uma re por ta gem so bre a fes ta de entrega dos prêmios, a exposição, o público presente, os vitoriosos e o resultado da votação popular pela internet. É a homenagem de ARC DESIGN aos profissionais brasileiros e às indústrias que os acompanham
A se gun da mos tra do Mu seu da Lín gua Por tu gue sa ele geu Cla ri ce Lispector como tema. Daniela Thomas e Fe li pe Tas sa ra in ter pre ta ram o uni ver so oní ri co, má gi co, des sa grande artífice da língua portuguesa. Favor tocar... e ser tocado
NEWS
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REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
HUMOR E IRONIA NA CASA COR
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nº 54, junho 2007
COZINHAS? NEM PARECE!
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Como cons tru ir sus ten tá vel? A per gun ta é a pau ta mais re cor ren te en tre os ar qui te tos. Tra ta-se da hora e da vez de tra zer de vol ta a boa arquitetura ao centro do debate e, claro, às cidades
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Gil ber to Paim e Eli sa beth Fon se ca, ar te sãos ar tis tas, exer cem o ofí cio da ce râ mi ca em toda sua ex ten são e eta pas. For mas des po ja das, tex tu ras e co res que di a lo gam com o mo vi men to mo der no da ce râ mi ca
Dois novos espaços em São Paulo, a Livraria da Vila e a Livraria Cultura, reforçam a idéia do quanto é prazeroso descobrir livros
Mariana Lacerda
Da Redação
OLHAR ESTRANGEIRO
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JANELAS PARA O MUNDO
10:04 PM
Ethel Leon
6/20/07
A CERÂMICA, DO COM BA TE À APA TIA
Mariana Lacerda
ARQUITETURA REVISITADA
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Um filete de terra. Da contingência nasce um projeto inusitado do escritório inglês Procter & Rihl, que tira partido das condições do terreno, e onde uma piscina transparente serve de teto à sala, criando reflexos e luminosidades
ENTREVISTA: THOMAZ BONDIOLI
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LOUCOS POR DESIGN: RENATA MELLÃO
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EXPERIÊNCIA DESIGN
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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)
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DESIGN EM N. YORK
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ENGLISH VERSION
www.arcdesign.com.br
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Alexandre Perroca
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INOVAÇÃO Os ônibus da empresa Carris, que atendem a população de Porto Alegre, agora circulam com uma novidade: o Télo, o primeiro telefone público veicular brasileiro. Com design de Guto Indio da Costa e Rafaela Macedo, foi criado a pedido da empresa PV Inova, que desenvolve produtos e serviços para transportes públicos. Em policarbonato, tem leitura de cartão telefônico. Utilizado por passageiros que estejam sentados ou em pé, o Télo gira em torno da barra de fixação por meio de uma alça integrada ao formato do aparelho. PV Inova: (21) 2249-9658
O RATO ROEU A ROUPA... “Revolver”, uma instalação multidisciplinar tomou conta do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, focalizando o “olho de Niemeyer”, que de elemento arquitetônico se transforma em cenário. No espaço, manequins vestidos com roupas em papel, diversas instalações e a grande maquete. A idéia inicial de Jum Nakao, Kiko Araújo e Julio Dojcsar foi a de criar uma obra que interagisse com o público, estimulando questionamentos. Há uma ação real que acontece dentro da maquete do olho – e onde está o rato – e uma ação virtual, com as cenas e o movimento. O título da mos-
Alexandre Perroca
tra? “O Rato Roeu a Roupa do Rei de Roma”. É a conexão com o que o visitante encontrará no final do caminho. Re-
100% BORRACHA
mete ao desfile de Jum Nakao em 2004. Desta vez, a idéia
A bor ra cha da Ama zô nia ins pi rou a de sig ner bra si li en se de
é que os vestidos podem ser roídos. O mesmo conceito é
aces só ri os Fla via Ama deu a cri ar a co le ção ba ti za da de “Jói as
proposto agora de forma cenográfica e radical, “a imersão
Or gâ ni cas”. O ma te ri al é pro ces sa do pelo La bo ra tó rio de Tec no -
do público em fragmentos de coisas que conhecem, na
lo gia Quí mica, da Universidade de Brasília, que exclui a etapa de
busca de novos significados”.
defuma ção e pu tre fa ção do lá tex, tor nan do seu pro ces so pro du ti vo mais eco ló gi co. “Pro po nho gra fis mos e es cul tu ras no cor po, que po dem ser ves ti dos de di ver sas ma nei ras pelo usu á rio”, ex pli ca Ama deu. Como a bor ra cha oxi da com o tem po e fica es bran qui ça da, as pe ças são ven di das com um pote de si li co ne que de vol ve a cor e o bri lho ao pro du to. À venda na loja RGstro Urbano: Brasília Shopping – Quadra 5 bloco A, Brasília ou com a designer, pelo telefone (64) 8453-7490
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ALÇAS DIFERENTES A designer gráfica e ceramista Mônica Soffiatti aproveitou a plasticidade da cerâmica para criar oito tipos diferentes de alças para jarras, xícaras e bowls. “As inspirações vieram a partir de desenhos, acidentes no torno ou simplesmente observando seu uso no dia-a-dia”, explica Soffiatti. As diferentes maneiras com que podem ser manuseadas resgatam características lúdicas, poéticas e sensuais dos objetos. A designer batizou a linha de “Família” porque todas as peças são criadas a partir da mesma origem, porém com detalhes individuais. À venda no ateliê: Rua Tavares Bastos, 21, casa
NOSSOS PÉS AGRADECEM
34, Rio de Janeiro. Ou pelo telefone (21) 2205-8664
A Crocs acaba de aportar no Brasil, com fábrica e pontos-de-venda. Seus sapatos foram originalmente concebidos para velejadores, mas acabou atraindo um público mais amplo. Feitos com uma resina chamada Croslite – célula fechada com características antimicrobianas e resistente ao odor –, pesam apenas 170 gramas, têm elementos vazados que facilitam a circulação do ar, solado antiderrapante e design para não reter água ou areia dentro. Quem se interessar pode encontrar a lista completa de lojas no site www.crocsbrasil.com.br
Nos dias 22 e 23 haverá na feira Casa Brasil, em Bento Gonçalves, RS, um seminário com Tom Dixon, Adriano Design (dos irmãos Davide e Gabriele), Guto Indio da Costa e Enrico Morteo, que discutirão o tema “As várias faces do design”. O evento incluirá diversas mostras e a premiação do Salão Design Casa Brasil, promovido pelo Sindmóveis, com exposição dos trabalhos vencedores. A feira será realizada de 21 a 25 de agosto de 2007. Informações pelo site: www.casabrasil.com.br
DESIGN E ARTE Um cubo de concreto projetado pelo arquiteto Marcio Kogan foi erguido no novo espaço da loja MiCasa, em São Paulo. Os muitos projetos da empresa pediam um lugar maior para eventos. A intenção é a de, também, receber a Vitra, que a MiCasa representa com exclusividade no Brasil. “Traremos parte da produção da Vitra, mas todas as peças do catálogo estarão disponíveis por encomenda”, explica Houssein Jarouche, proprietário da empresa. A coleção Vitra inclui móveis para escritórios, casas e áreas públicas com assinatura de designers como Verner Panton (na foto, poltrona Amoebe, 1970), Philippe Starck, Jasper Morrison e Ron Arad. Volume B: Rua Estados Unidos, 2.087, São Paulo Andreas Sütterlin
CASA BRASIL
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2Oº PRÊMIO TOK & STOK DE DE SIGN UNIVERSITÁRIO Criar um produto sob o tema “Sentar” é o foco da segunda
Luis Calazans Luz
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AMPLA ILUMINAÇÃO Com 50 cm de diâmetro e 16 cm de altura, a luminária Domus, da La Lam-
edição do Prêmio Tok & Stok de Design Universitário. Se-
pe, é indicada para lugares que exi-
gundo Ademir Bueno, gerente de tendências da Tok & Stok,
gem ampla iluminação, como cozi-
o objetivo “é estimular os futuros profissionais a pensarem
nhas e garagens. Assinada por Ivana
em alternativas para o que as pessoas fazem no quarto,
Rosa, designer da empresa, o embuti-
sala, cozinha, banheiro, área de serviço, enfim, todos os es-
do de teto tem design inspirado nas
paços”. O projeto deve apresentar as seguintes característi-
clarabóias de luz natural. A estrutura
cas: utilizar no máximo três matérias-primas na sua constru-
é em alumínio e o difusor em acrílico,
ção e se adequar à filosofia da empresa: contemporaneidade,
por onde se tem acesso às lâmpadas (são quatro fluorescentes re-
jovialidade, minimalismo, custo final adequado ao público-
movíveis). La Lampe: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1.258.
alvo e condições de entrega. Os trabalhos devem ser envia-
www.lalampe.com.br
dos até o dia 10 de agosto. A premiação expandiu a participação de estudantes de cursos superiores para 56 instituições localizadas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás.
PRÊMIO ALCOA
Mais informações pelo site www.tokstok.com.br
Estudantes universitários, alunos de pós-graduação e profissionais – que atuam com projetos e planejamento de gestão e negócios – de arquitetura, design, engenharia e áreas afins podem se inscrever no 6º Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio. Na categoria “Projeto”, o tema é livre e concorrem apresentações de novos produtos e aplicações em alumínio. Em “Planejamento em Gestão”, as propostas devem focar a reciclagem do alumínio. Segundo Franklin Feder, presidente da Alcoa América Latina, o concurso é uma iniciativa já consolidada no meio acadêmico e que contribuiu para estreitar a parceria entre empresa e universidade, por meio do estímulo à criatividade e às práticas de sustentabilidade. As inscrições devem ser feitas até 16 de julho, pelo site www.alcoa.com.br. A entrega dos trabalhos tem prazo final no dia 31 de agosto. Os nomes dos finalistas serão divulgados em novembro e o estudante ou a equipe campeã receberá R$ 9 mil. Para a instituição de ensino a que pertencer o premiado serão doados R$ 5 mil em equipamentos didáticos. Já os profissionais vencedores terão um prêmio no valor de R$ 11 mil, em ambas categorias.
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7:42 AM
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& FORK, VALE QUANTO PESA Acaba de ser lançado pela inglesa Phaidon o enorme livro “& Fork”, uma coletânea de 110 designers internacionais. A editora convidou dez curadores de diversos países, para que cada um selecionasse dez designers ainda não consagrados, e mais um, para o capítulo dos dez mestres. Tom Dixon (Inglaterra), Guta Moura Guedes (Portugal), Francesca Picchi (Itália), foram alguns dos convidados. A parte dedicada ao Brasil teve curadoria de
PARA TODOS
Maria Helena Estrada, editora
Um novo brinquedo do Parque Villa-Lobos, em São Paulo, tem
de ARC DESIGN.
chamado a atenção dos visitantes. Trata-se de uma gangorra
www.phaidon.com
em forma de partitura musical, desenvolvida especialmente para usuários de cadeiras de rodas. “Todas as crianças podem interagir num mesmo ambiente de brincadeira”, explica o designer Lao Napolitano, idealizador da peça. Com 6 metros
ANÁLISE: DE SIGN E SO CI E DA DE
de comprimento e um de largura, funciona com um sistema
Em “Objetos de Desejo”, do autor Adrian
de contrapeso que é acionado com as mãos ao girar e soltar a
Forty, revê a produção da cultura ma-
direção, instalada no lado direito. As proteções laterais lem-
terial e suas articulações com a socie-
bram pautas musicais, com claves de sol e fá, e o apoio central
dade e os negócios, desde 1750 até a
assemelha-se a um metrônomo – instrumento que indica o
década de 1980, quando o livro foi
compasso da música. O design da peça é uma homenagem
lançado em sua primeira edição. Forty
ao compositor Heitor Villa-Lobos, que deu nome ao parque.
decifra o design analisando os obje-
Par que Vil la-Lo bos: Av. Pro fes sor Fon se ca Ro dri gues,
tos face à sociedade que foi capaz de
1.655, São Paulo
concebê-los e produzi-los. Recémlançado pela Editora Cosac & Naify, traz uma introdução inédita para a edição brasileira. Uma surpresa: o leitor pode montar a própria capa
TECNOLOGIA E CONFORTO Uma luminária que permite ao usuário ter novas experiências com a luz. Trata-se da Leaf (assim batizada
com uma cartela de adesivos (como estes ao lado), que podem ser destacados e colados. www.cosacnaify.com.br
devido ao seu design em forma de folha), criada por Yver Béhar para a Herman Miller. Um comando de toque na base da luminária provoca a graduação da luz de quente a fria. E muda também a
ERRATA
intensidade da cor: branco azulado ao branco amarelado. As lâ-
Ao contrário do que foi publicado na edição 53 de ARC DESIGN, na
minas superior e inferior são ajustáveis e permitem que a lu-
matéria Prêmio Mercado Design Top XXI, a designer Paula Dib não é
minosidade seja dirigida para um ponto específico.
carioca, mas paulistana. A empresa D4C Design está instalada em
www.leaflight.info
Florianópolis, e não em São Paulo, como publicado.
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Charles e Ray Eames, pioneiros no uso do laminado curvado, nos anos 1940, são os autores do Elephant (à esquerda), design de 1945, lançado agora pela Vitra em edição limitada
Móveis e design. Ou móveis e mercado? As tendências falam cada vez mais forte. Ditadas por quem, por quais razões? É um assunto complexo, que muitas vezes nos faz trilhar rotas estranhas. E nos fez
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AS MÚLTIPLAS TENDÊNCIAS
SEMANA DO DESIGN, MILÃO
optar por mostrar o Salão e as exposições paralelas de forma analítica e organizada, virtual. E com a rapidez na notícia que os tempos exigem. Em nosso site vocês encontrarão os lançamentos de 2007 agrupados por tendências, ou seja, o preto, o extravagante, o sustentável, o design-arte, as releituras, a desmaterialização, o metal – que retorna, sem revestimentos –, o design brasileiro em Milão, o que virá de Milão para o Brasil. É o essencial do Salão, ou o Salão essencial Maria Helena Estrada
A Ver me lha trans mu tou-se em pre ta para en trar na moda (abaixo). Cri a ção dos ir mãos Cam pa na rein ter pre ta da pela Edra, é um dos best-sel lers da em pre sa. À direita, Miss Lacy, ca dei ra em aço re cor ta do a la ser para a Dria de, uma das inu me rá veis cri a çõ es de Phi lip pe Starck nes te Sa lão do Mó vel
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À esquerda, bom exem plo de re du ção ma té ri ca, tes tan do a re sis tên cia do ma te ri al. Ca dei ra It Got It in the Way, de sign Matt Sin dall no es pa ço VIA
Acima, vaso Sci a mi (en xa me), de An drea Bran zi, que usou o ple xi glass para ex pres sar seus va sos po é ti cos em uma bela mos tra, Trans pa rent Art
“40 Anos 40 De sig ners”, mos tra de ob je tos e mó veis em Co ri an. Smo king, No Smo king (à di rei ta), de sign India Mah da vi. Abai xo, Skin, sofá sus pen so, em cou ro du pla face mol da do, com re cor tes a la ser. De sign Jean Nou vel para a Mol te ni
Tudo no site www.arc de sign.com.br
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EUROLUCE, MILÃO
DESIGN EXPRESSIONISTA Nos seis longos dias da Design Week, mais de 270 mil visitantes (impressi o nan tes 40% a mais em re la ção a 2005) ti ve ram à dis po si ção tam bém a Eu ro lu ce, sa lão bi e nal es pe ci a li za do em ilu mi na ção, hoje com mais de 500 ex po si to res e 50 mil me tros qua dra dos. As sim como os nú me ros, tudo em Mi lão tem di men sõ es so bre na tu rais. O design é tam bém ex pres são des ses ex ces sos
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Baba Vacaro Desconte-se o clichê, mas não resisto a dizer que o design imita a arte. E, como na arte, por trás dos produtos há algo de obsessivo, subjetivo e dramático. Desenhos nervosos e angulosos juntam-se a cores irreais que dão forma ou deformam produtos, dando-lhes um caráter individual, interior, psicológico. O design torna-se a manifestação exterior de uma necessidade interna, subjetiva, certamente relacionada à angústia de nosso tempo. A razão dá lugar ao instinto, que passa a mover a criação. O bom design desde sempre foi visto como a expressão da forma necessária, adequada à indústria; a razão nos trouxe as formas puras, não impregnadas de referências. Assim, a prática do design refletiu o conhecimento de necessidades reais. Hoje está claro que as necessidades vão muito além do real. As demandas subjetivas e efêmeras do mundo contemporâneo são o casamento perfeito para a oferta da nova indústria, recheada de novas tecnologias, por meio das quais o design pode levar a quaisquer lugares. Muitas dessas tecnologias são as grandes responsáveis por um quase frenesi formal, que transforma produtos em representações oníricas, em narrações literais de uma natureza reverenciada ou no mais autêntico expressionismo abstrato. Na iluminação, aparece ainda um agente facilitador: além do suporte tecnológico, a luz em si atua como catalisador do subjetivo no design – seu grande poder expressivo e simbólico faz transcender os limites da forma. Isso já é mais que suficiente para incitar os designers a buscar respostas muito além dos limites da matéria. Em alguns casos, impressionantes instalações banhadas em multicolorida luz dramática junto a objetos luminosos quase indecifráveis causavam efeitos transformadores, hipnóticos, incômodos. Avantgarde, de Hani Rashid para Zumtobel, instalada no hall de entrada da tradicional Sawaya&Moroni, era o exemplo perfeito do frenesi que a luz pode causar nas lentes mais aflitas: como congelar e capturar o efêmero? Ross Lovegrove também trata de hipnotizar quem passa por sua mais nova criação para Artemide, a série de luminárias Mercury. Uma fonte luminosa projeta luz sobre uma série de elementos flutuantes espelhados, como gotas de mercúrio a refletir raios de luz. Com efeito, tais seixos voadores improváveis, fluidos e quase líquidos, eram corpos impalpáveis causando efeito sobre água. O poeta da luz, Ingo Maurer, também não perde a chance de usar a luz como expressão, em seu já bastante tradicional evento
Nas duas páginas, a sé rie Soma, cri a da pela is rae len se Aya la Ser fa ti, em ex po si ção na ga le ria Lo ren zel li. Ex pres sões ma te ri ais e sim bó li cas de so li dez e fra gi li da de, es sas es cul tu ras de luz são fei tas a par tir de fi nís si mos ca pi la res de vi dro, que, uni dos pelo fogo (aci ma), cri am uma teia, um es que le to eté reo so bre o qual são pul ve ri za dos filamentos de polímero transparente, que se transfor mam em uma rí gi da mem bra na trans lú ci da (abaixo)
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Fotos Baba Vacaro
Acima, ins ta la ção da em pre sa Fos ca ri ni na via Tor to na. Abai xo, len tes e cli ques na ten ta ti va de cap tu rar o efei to fu gaz que a luz cau sa va so bre as su per fí ci es bri lhan tes e ir re gu la res das lu mi ná ri as LQ, de Hani Ras hid, mar can do a en tra da da em pre sa Zum to bel no mer ca do re si den ci al
no espaço Krizia. Voltando um pouco às origens de seu trabalho, diverte com a retomada do uso de materiais cotidianos no lustre feito de tubos de pasta de dente, TU-BE (em parceria com Ron Arad), associados aos modernos LEDs. Pelas paredes, os mesmos LEDs poeticamente transformam-se em roseirais, verdadeiras tapeçarias digitais. É deles que partem também os esguios raios de luz que atravessam pequenas gaiolas douradas, homens e ratos presos na irônica “Vision of Lights”. Já faz alguns anos que a luz feita de poesia ganhou uma nova representante: Ayala Serfati. Para sua Acqua Creations, a designer tem produzido há 15 anos grandes luminárias em seda plissada, instalações de grande vigor e força expressiva, em verdadeira luta contra o universo minimalista que se impõe a seu redor. Envolvida 16 ARC DESIGN
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Acima, homens e ratos nas gaiolas douradas de Ingo Maurer, em sua “Visions of Lights”. Abaixo à esquerda, a luminária Mikado, da espanhola Luzifer, brin ca com os re cor tes. Na sequência, Pa tri cia Ur quio la leva os re cor tes a sé rio e apre sen ta a sé rie Cha sen (Flos). Le ve za, for ma e fun ci o na li da de
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À esquerda, Skygar den, jar dim sus pen so de Mar cel Wan ders para a ita li a na Flos. De li ca dos re le vos num pan te ão. Abai xo, Beat Lights, de Tom Di xon, em exi bi ção no Su pers tu dio Più. Fa bri ca das na Índia a par tir de téc ni cas tra di ci o nais, cú pu las em di fe ren tes for ma tos, em la tão ba ti do com aca ba men to em pá ti na fos ca na face ex ter na
18 ARC DESIGN
Baba Vacaro
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Abaixo, a hipnótica luminária Mercury, de Ross Lovegrove para Artemide, é um corpo líquido, quase impalpável. A fantasia criada pelo material e pela luz exer ce gran de fas cí nio. Embaixo, téc ni cas e ma te ri ais tra di ci o nais, da Su é cia para o Sa lão Sa té li te. Tra ba lhos das de sig ners têx teis Ul ri ka Mar tens son e Ul ri ka Elovs sin
nos últimos dois anos na pesquisa com moldagem de finíssimos capilares de vidro – trabalho mais na fronteira da arte que do design –, trouxe este ano a Milão o resultado: a bela série Soma, exibida com status de arte. Mais que qualquer outro desenvolvimento tecnológico, o recorte por processo computadorizado chega agora ao limite. Toda sorte de experiências feitas com todos os tipos de materiais, cortados, recortados, retalhados, revirados, entremeados de outros. Como resultado, tapetes, cúpulas, mesas, tecidos, luminárias e um semnúmero de texturas e efeitos multiplicados. Inteligente, Patricia Urquiola se utiliza dessa técnica e dá um passo adiante (ou talvez um passo atrás?). Sua luminária Chasen, para Flos, traz a forma mais simples que se poderia criar a partir do recorte: linhas. Nela, o recorte não ornamenta, funciona. Mas ao mesmo tempo que a técnica serve ao racional, serve ao emocional, pois dá ao produto a sensação de leveza de uma lanterna de papel, feita à mão. Se no passado a sofisticação e a tecnologia davam aos produtos um aspecto severo, asséptico, hoje o resultado é totalmente inverso. Design e tecnologia trabalham a favor de objetos mais humanos, imperfeitos. Chega-se ao topo do desenvolvimento e busca-se a negação, reflexo da necessidade de retorno às origens do homem, aos objetos únicos. Essa necessidade parece ter deixado de ser uma sensação e se transformado em uma certeza. ❉
Baba Vacaro
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PRÊMIO MERCADO DESIGN TOP XXI
Fernanda Sarmento
FESTA PARA O DESIGN BRASILEIRO
O resultado do Prêmio Mercado Design Top XXI mostrou o que o Brasil tem de melhor em design de produtos e projetos em uma exposição das criações selecionadas. Mais do que uma entrega de prêmios, o evento se consolida como uma festa de confraternização e homenagem a toda a comunidade do design brasileiro
Da Redação Salão lotado. Mais de mil pessoas se reuniram na noite de 3 de maio no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em plena Avenida Paulista, para conhecer os vencedores do Prêmio Mercado Design Top XXI, promovido por ARC DESIGN. Para cada uma das 17 categorias foram selecionados três
foi proporcionar destaque e visibilidade ao design nacional, trazendo reconhecimento a seus criadores e mapeando o estágio de desenvolvimento do design no país”, diz Maria Helena Estrada, editora de ARC 20 ARC DESIGN
Fernanda Sarmento
premiados, um vencedor e dois finalistas. “O objetivo
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Abaixo, produtos expostos durante premiação. No primeiro plano, Prendedor de Roupas Multiuso, vencedor na categoria Utensílio Doméstico; seguido do Guarda-Sol Revolution, finalista na mesma categoria. Ao fundo, Banheira Smarthydro, finalista em Equipamento de Banheiro. Na pá gi na ao lado, outra vista da exposição: ta pe te Re sin Flo or com de se nho de Fer nan do Si e na; ban co Vi tó ria-Ré gia e ca dei ra Mul ti dão, de sign Ir mãos Cam pa na
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Marina Malheiros
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Aci ma, à esquerda, refrigeradores Brastemp You, vencedor na categoria Equipamento de Cozinha. Na sequência, Per fu me do Bra sil, da Natura, ven ce dor na ca te go ria Em ba la gem. Abaixo, à esquerda, troféu entregue aos finalistas, design Luiz Pedrazzi, em cristal Ebony Diamond Guardian, e espelho Diamond Guardian, de alta resistência a manchas e riscos
DESIGN e curadora do Prêmio.
que toda a platéia pudesse assisti-la, foram instala-
O apresentador da cerimônia foi o designer
das oito TVs de plasma no espaço expositivo. Ceno-
Marcelo Rosenbaum, que deu à noite um
grafia de Eliane Guglielme, que também atuou na
simpático toque de descontração. Lincoln
produção e montagem.
Seragini, Julio Katinsky, Guto Lacaz, Rober-
Os produtos premiados foram dispostos em pallets de
to Dimbério, Elizabeth Abbdush, Betty Birger, Solon
madeira crua que se sucediam, intercalados por algu-
Cassal, Fernando e Humberto Campana e Maria He-
mas vitrines para as peças menores.
lena Estrada fizeram a entrega dos troféus. E para
“É muito gratificante ver o interesse das pessoas em
Abai xo, da es quer da para a di rei ta: Muti Ran dolph, ven ce dor na ca te go ria In te ri o res Loja; Clau dia Mo rei ra Sal les e Car los Mot ta, fi na lis tas na ca te go ria De sign Sus ten tá vel; Mar ce lo Ro sen baum, mestre-de-cerimônias da pre mi a ção; Fer nan do Pra do, ven ce dor na ca te go ria Ilu mi na ção
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Marina Malheiros
Fernanda Sarmento
Acima, à esquerda, jóias de Mana Bernardes, finalista na categoria Acessório de Moda, e chaise-longue Joaquim, design Porfírio Valladares, finalista na categoria Mobiliário. Na sequência, produtos do projeto Mulher-Peixe, vencedor na categoria Design Sustentável, projeto Renato Imbroisi e equipe
saber como o produto foi desenvolvido”, diz Manuel
e de qualidade, merece ser mais valorizada”, diz Cris-
Bandeira, designer da cadeira Levita, vencedora na ca-
tiano Barata, diretor de marketing de ARC DESIGN e
tegoria Mobiliário. Três dos nossos mais consagrados
um dos idealizadores do Prêmio.
designers, Sergio Rodrigues e Fernando e Humberto
O Prêmio Mercado Design Top XXI será realizado
Campana, considerados “hors-concours”, também ti-
anualmente, incluindo outras vertentes, do industrial
veram algumas de suas peças expostas na mostra.
ao manufaturado. ❉
“A realização deste evento fortalece a divulgação da
O Prê mio es te ve aber to à vo ta ção po pu lar pelo site de ARC DE SIGN. Co nhe ça os ven ce do res no box da pá gi na seguinte
produção do design brasileiro que, apesar de ser ampla
Abai xo, Guto In dio da Cos ta re ce be de Lin coln Se ra gi ni o tro féu de ven ce dor na ca te go ria Des ta que Pro fis si o nal; Ma rio Fi o ret ti, re pre sen tan do a equi pe Mul ti brás, ven ce do ra na ca te go ria Equi pa men to de Co zi nha; as ir mãs Cris ti na e Ma nu e la Zat ti, pro pri e tá ri as da Coza, empresa ven ce do ra na ca te go ria Des ta que Em pre sa; equi pe Nó De sign, ven ce do ra na ca te go ria No vos Ta len tos Fotos Marina Malheiros
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VENCEDORES PRÊMIO MERCADO DESIGN TOP XXI CATEGORIA
VENCEDORES JÚRI
VENCEDORES VOTO POPULAR
MOBILIÁRIO
Cadeira Levita
Chaise Joaquim
ILUMINAÇÃO
Luminária Luna
Luminária Luna
EQUIPAMENTO DE COZINHA
Refrigerador Brastemp You
Refrigerador Brastemp You
EQUIPAMENTO DE BANHEIRO
Válvula Duo Flux
Banheira Smarthydro
UTENSÍLIO DOMÉSTICO
Prendedor de Roupas Multiuso
Clipcopo
DESIGN SUSTENTÁVEL
Mulher-Peixe
Poltrona Astúrias
ACESSÓRIO DE MODA
Melissa Glam + Alexandre Herchcovich
Melissa Glam + Alexandre Herchcovich
EMBALAGEM
Perfume do Brasil
Perfume do Brasil
INOVAÇÃO
Lavadora Superpop
Celular Blob
INTERIORES: LOJA
Galeria Melissa, SP
Livraria Cultura Market Place, SP
INTERIORES: CORPORATIVO
Agência Neogama BBH, SP
Ing Bank, SP
Forneria, RJ
Forneria, RJ
Praça dos Três Poderes, DF
Igreja de S. Francisco de Assis, MG
Guto Indio da Costa
Guto Indio da Costa
DESTAQUE: NOVOS TALENTOS
Nó Design
Paula Dib
DESTAQUE: EMPRESA
Coza
Coza
APOIO AO DESIGN BRASILEIRO
SEBRAE
Museu da Casa Brasileira
INTERIORES: BAR/RESTAURANTE LUMINOTÉCNICA DESTAQUE: PROFISSIONAL
Total de votações recebidas: 1.811 Tro féu cri a do pe los Ir mãos Cam pa na para os ven ce do res – bonequinhos de pano, produzidos pela comunidade de Esperança, na Paraíba, receberam um banho de prata
FICHA TÉCNICA
Marina Malheiros
Projeto cenográfico, produção e montagem: Eliane Guglielme Cenotecnia: Ícaro Hueza Vídeos, iluminação e sonorização: Autoraf Arte e Tecnologia Tapetes: Resin Floor com desenhos de Fernando Siena Troféu vencedores: Irmãos Campana / produção Estúdio Campana Troféu finalistas: Luiz Pedrazzi / produção Linha Diamond Guard
24 ARC DESIGN
Patrocinio: Masisa, S.C.A., SEBRAE, SENAC Apoio: Salão Design Movelsul, Casa Brasil, Multi Pallet, Diamond Guard Parceiros: Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), Associação de Designers de Produto (ADP), Centro de Design Paraná, Centro São Paulo Design (CSPD), Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) – Núcleo de Estudos da Embalagem, SENAC Apoio Institucional: FIESP
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Ser gio Ro dri gues não com pa re ceu. Mas está pre sen te nes ta pá gi na com seu auto-re tra to e saudações. Aproveitamos para agradecer a todos os que nos man da ram men sa gens de pa ra béns pela ini ci a ti va e pela fes ta
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HUMOR E IRONIA NA CASA COR Uma grande copa/cozinha, como nas antigas fazendas, um espaço ideal para o designer Marcelo Rosenbaum se divertir. Com seriedade, competência e humor nas doses certas, seus am bi en tes e ce no gra fi as sem pre atraem a aten ção. Bus car ob je tos inu si ta dos, trans for má-los, su ge rir no vas lei tu ras e reu nir, com har mo nia, pe ças to tal men te he te ro gê ne as Maria Helena Estrada / Fotos Douglas Garcia
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À esquerda, as tra di ci o nais ca dei ras com es tru tu ra em fer ro em ver são com as sen to/en cos to em cro chê; lus tres com es tru tu ra em fer ro oxi da do e pen den tes em vi dro, com de sign Beth e Edu ar do Pra do; na pa re de ao fun do, fo tos das pes so as que par ti ci pa ram do pro je to em mol du ras en con tra das em an ti quá ri os. Abai xo, pra tos e fru tei ras em ce râ mi ca bor da da com mo ti vos flo rais, de sign Chris tus Nó bre ga, PB. Na pá gi na ao lado, no alto, peça re ves ti da em cro chê. Abai xo, ca dei ra Fid ji, em plás ti co, da Tok & Stok, com intervenção de Rodrigo Almeida – por meio de 200 furos e 60 metros de espaguete transparente incolor entrelaçado, criou um novo assento; piso Pa vi flex, Fa de mac, em três tons; pa pel de pa re de cri a do por Mar ce lo Ro sen baum, com de se nho ins pi ra do em pi xels e na ren da la bi rin to
A Casa Cor 2007 acentua uma tendência que começou há uns dois anos, bem de leve, e hoje domina os ambientes. A consciência de que já chegamos ao século XX, ou melhor, ao XXI, e que o passado longínquo não tem mais seu público cativo. Isto é suficiente para tornar um prazer a visita a seus inúmeros ambientes e belos jardins. Dentre todos, ARC DESIGN destaca a criação de Marcelo Rosenbaum, prazeroso à primeira vista, logo à entrada, e plena de achados, de detalhes, de fragmentos de história pontuados por ótimas peças de artesanato, algumas na fronteira da arte. A longa mesa de jantar reúne a cerâmica bordada – brasileira e bem anterior a criações semelhantes de Hella Jongerius – e as cadeiras de Rodrigo Almeida, uma interferência simpática e confortável nas populares cadeiras de plástico. Falando em cadeiras de baixo custo, a mais comum, encontrada em todas as varandas de casas Brasil afora, é também “remoçada” por um novo olhar. Marcelo brinca com nossa memória afetiva, introduz conceitos do design contemporâneo, e não se leva excessivamente a sério. O que nos parece fundamental. ❉ 31 ARC DESIGN
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CO ZI NHAS? NEM PARECE! Já dizia o velho Mies, que “Deus está nos detalhes”. Acredite, é verdade. Veja o que a Linah, nova marca da família Ornare, foi capaz de criar Keila Bis / Fotos Tuca Reinés A cozinha, durante muito tempo, foi espaço voltado exclusivamente ao ato de cozinhar. No entanto, os conceitos mudaram, elas tornaram-se áreas mais sofisticadas. Há quem tenha, até mesmo, uma cozinha para o dia-a-dia e outra gourmet, para ocasiões mais especiais. Pensando neste contexto, uma nova marca surgiu para mostrar que esse é um lugar de bem-estar. “Por isso, as cozinhas Linah são organizadas, têm acessórios para que tudo tenha lugar próprio, permitindo que as pessoas interajam sem obstáculos, porque nós, assim como os primatas da pré-história, procuramos ficar perto do fogo, que acolhe”. Quem fala é Esther Schattan, sócia-proprietária da Ornare. As opções de acessórios chegam a mais de 130: sistema de tomadas embutidas na bancada que levantam com um simples toque; bandeja em Corian com balança digital integrada; dispenser em inox para coleta 28 ARC DESIGN
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Acima, cozinha da linha Laelia, em madeira certificada e aço inox, com iluminação embutida no armário com portas em vidro. Abaixo, gaveta gourmet, onde os utensílios do chef ficam sempre arrumados, e puxador único (fechando-se a gaveta superior, as de baixo aparecem sucessivamente). Na pá gi na ao lado, no alto, co zi nha da li nha Saty ri um, em aço inox e ar má ri os em ma dei ra cer ti fi ca da com por tas des li zan tes; abai xo, ca nal equi pa do para aco mo dar lou ças, ta lhe res, ma te ri ais de lim pe za e tá bu as para cor te; no pé da pá gi na, ban ca da e tam po em Co ri an. O tam po é des li zan te e tem fu ros para es cor rer a água na pia no mo men to da la va gem dos ali men tos
seletiva de lixo; porta-garrafas e suporte removível para pão, por exemplo. As linhas têm assinatura do designer italiano Carlo Colombo e do Studio Ornare. Cada uma delas foi batizada com nomes de orquídeas – Ada, Satyrium, Stelis, Laelia, Vanila, Eria e Cattleya. “Assim como as orquídeas, as cozinhas Linah são sofisticadas e híbridas”, explica Schattan. Híbridas porque componentes de determinada linha podem ser usados em outra. O próprio nome “Linah” surgiu para exibir suas principais características: liberdade, inovação, natureza, amor e harmonia. A escolha dos materiais sustentou-se na preocupação ecológica e utiliza vidro, alumínio e Corian, que podem ser reciclados. “E a madeira é certificada. Aquelas descartadas durante o processo são doadas para ONGs”, revela Schattan. As cozinhas estão instaladas no showroom da Ornare em São Paulo. Em breve estarão em outras capitais. Logo, todos irão concluir: os detalhes fazem toda a diferença. 29 ARC DESIGN
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Nes ta pá gi na, am bi en tes de Esther Giobbi na Casa Cor. Aci ma, co zi nha da li nha Saty ri um, cu jos ar má ri os re ce be ram uma pin tu ra em pre to de alto bri lho, po li da, com se ca gem ul travi o le ta. De ta lhe para o piso em la dri lhos hi dráu li cos, de sign Fla vio de Car va lho. Abai xo, co zi nha da li nha Ste lis, com ar má ri os em fo lha de ze bra no na tu ral. O Co ri an está pre sen te em to das as su per fí ci es ho ri zon tais, e, nos armários de am bas as linhas, os puxadores têm desenho exclusivo
Os projetos de Carlo Colombo para a Ornare tiveram lançamento imediato na Casa Cor. No espaço da arquiteta Esther Giobbi, estabeleceu-se a harmonia passado-presente, com o piso em ladrilhos hidráulicos desenhados por Flavio de Carvalho (1889-1973) e o projeto de Carlo Colombo, expressão da moderna tecnologia. É interessante notar o contraste com a “cozinha de fazenda”, de Marcelo Rosenbaum, instalação privilegiando detalhes que expressam a fantasia de seu criador, e a tradução rigorosa da realidade, nesta cozinha ideal, “pronta para o uso”. Na verdade, o espaço de Esther Giobbi reúne dois modelos da nova coleção Ornare, a Satyrium e a Stelis. Importante designer italiano, Colombo inova não apenas na espacialidade, como nos detalhes dos puxadores e nos acabamentos. Um ambiente século XXI com aquele toque de memória nos ladrilhos do piso. ❉ 30 ARC DESIGN
An Dominici DOJum
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ENTREVISTA:
Norberto Isnenghi
THOMAZ BONDIOLI Nosso trabalho reflete o que somos? Quando se trata do designer Thomaz Bondioli e sua incontestável curiosidade, sim. Suas criações fazem as pessoas pensarem: que material é esse? Qual a sua resistência? Bondioli prioriza a interação entre consumidor e produto, para que essa relação não seja somente a do simples consumo. Busca sempre descobrir novos materiais e processos de execução. Com 26 anos, já teve produtos selecionados e premiados em concursos como IF Design Award e Museu da Casa Brasileira
Valeria Paglioli
Valeria Paglioli
Keila Bis
Acima, pol tro na Trio, em es tru tu ra de inox e cor po em MDF usi na do. Pos sui ras gos lon gi tu di nais no en cos to, onde uma cin ta elás ti ca pas sa internamente. Aca ba men to em laca e tin gi men to fos co
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Norberto Isnenghi
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Acima, mesa Tibet feita em uma única chapa de aço carbono de 3 mm calandrada, com pintura eletrostática. Abaixo, camiseta com estampa (ampliada para visualização) da cadeira Mimo faz parte da primeira coleção da marca Sobretom, criação do designer
ARC DESIGN – Por que você es co lheu essa pro fis são? THOMAZ BONDIOLI – Trabalhar com design é algo sensorial,
AD – Quais características você procura imprimir em seus produtos?
perceptivo. É preciso ser uma pessoa extremamente sensível
TB – Eu des cre ve ria mi nhas cri a -
em vários aspectos. Acredito, portanto, ser essa uma das
çõ es como sen do cla ras e in te ra -
bases para a minha escolha profissional. Além disso, me
ti vas. Acre di to que um pro du to
atraiu a vontade de dedicar-me a algo dinâmico, que envol-
fun ci o nal é como um ser vivo. Ele
vesse o emocional das pessoas e suas vivências.
ne ces si ta des sa re la ção en tre o ob je to e o ser hu ma no para ser com ple to. Sin to que essa in te ra ção é fun da men tal para
AD – Qual a sua tra je tó ria como desig ner?
per mi tir que o con su mi dor se re co nhe ça e re co nhe ça o
TB – Durante a faculdade, trabalhei com os irmãos Campana. Foi
mun do a seu re dor.
muito bom para entender o outro lado do design: o manual, o artesanal, o cognitivo. O experimental e o sentimental, que contra-
AD – Com quais ma te ri ais você gos ta de tra ba lhar?
punha a todos os conceitos de base de uma faculdade de design.
TB – Com qual quer ma te ri al que me atraia por al gu ma ca -
Quando recém-formado, trabalhei com o designer Lars Diede-
rac te rís ti ca sin gu lar, seja a tex tu ra ou a ma le a bi li da de. As
richsen em diversos projetos e, logo depois, no estúdio USO,
ba ses para eu de sen vol ver um pro du to são: o fim para qual
criando peças e auxiliando na área gráfica. Após dois anos de
irei uti li zar o ma te ri al e quais sen ti men tos e sen sa çõ es
formado, comecei a produzir e a comercializar meus produtos. Foi
pre ten do trans mi tir. A pos si bi li da de de tes tar o li mi te dos
então que surgiu a minha peça mais conhecida, a cadeira Mimo.
ma te ri ais sem pre me fas ci nou. 35 ARC DESIGN
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Norberto Isnenghi
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Aci ma, mesa Otto, para Quick plast, em po li es ti re no, pode ser mon ta da sem qual quer fer ra men ta, ape nas com o uso de uma mo e da. Abai xo, mesa Meia Vol ta, Vol ta e In tei ra, com pés em aço cro ma do que fa zem o tra va men to da mesa. Tam po em MDF com duas ver sõ es de aca ba men to: fór mi ca bran ca e su cu pi ra ou qual quer ou tro tipo de fo lha e pin tu ra
Thomaz Bondioli
AD – Os materiais são a fonte de sua inspi-
fisticação e beleza em algo que é visto como pue-
ração para criar?
ril na sociedade. Fabio Righetto, pela sua capaci-
TB – Essa é uma das muitas premissas
dade de síntese e pesquisa em cada um dos seus
para se desenvolver um produto. Mas aqui citarei
projetos. E Ron Arad, pela maestria, que consegue
um caso em que o material foi a base conceitual do projeto.
circular tão bem entre o artesanal e o industrial.
A Mimo nasceu do pedido de um cliente, que desejava algo ousado estética, estrutural e conceitualmente; que fosse com-
AD – O de sig ner Bon di o li como se au to de fi ne?
pacto e que dialogasse com outras peças (como o biombo em
TB – Al guém que ain da tem mu i to a apren der e gos ta ria de
papelão dos irmãos Campana). Eu esta va fas ci na do pelo ma -
saber mais. Acredito que um bom designer deve possuir
te ri al EVA e, ten do ele como base, aca bei criando algo leve,
consciência para entender e analisar seu meio, e saber como
que transmite no “MíniMO” de linhas a estética e o conforto de
trabalhar essa análise para tirar o melhor partido da situa-
uma poltrona. Foi também como surgiu o nome Mimo.
ção em que se encontra, seja no micro ou macroambiente. Vale lembrar que, se o processo de evolução humana é dita-
AD – Quais pro ces sos de pro du ção al ter na ti vos você uti li za em
do pelos objetos que utiliza, sua capacidade de transforma-
seus trabalhos?
ção está diretamente ligada à conscientização do papel do
TB – Ul ti ma men te te nho uti li za do mu i to o CNC e o cor te a la -
designer na sociedade.
ser. Am bos me per mi tem tra ba lhar con cei tos de for ma mu i to am pla e, ao mes mo tem po, es trei tar as re la çõ es en tre as
AD – O que você faz atu al men te?
di ver sas áre as nas quais o de sig ner pode atu ar: moda, mo -
TB – De sen vol vo pro je tos com o de sig ner Ser gio Ca bral em
bi li á rio, vi tri nis mo e ar qui te tu ra.
nos so es tú dio LOTA! De sign. Uma par ce ria que nas ceu há um ano e que visa atu ar nas di ver sas áre as do de sign, como
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AD – Com quais de sig ners você se identi fi ca?
mo bi li á rio, moda e ar qui te tu ra. Além dis so, tra ba lho com o
TB – Com o Sergio Cabral, pela habilidade em transmitir so-
ar qui te to Mar ce lo Afla lo, da Uni vers De sign. ❉
Acervo Clarice Lispector / Fundação Casa de Rui Barbosa
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FAVOR TOCAR
“Você há de me perguntar por que tomo conta do mundo. É que nasci incumbida”
Abra os ar qui vos, puxe as ga ve tas. Ne les es tão a in ti mi da de de uma das mais ter nas es tre las da li te ra tu ra bra si lei ra, Cla ri ce Lis pec tor. Em mos tra no Museu da Lín gua Por tu gue sa, São Pau lo
Mariana Lacerda Fotos FazerArte / Lia Lubambo Gavetas são esconderijos onde sonhadores encerram seus segredos. Dentro delas, a organização é apenas a geometria de espaço contido. Onde se concentra a bagunça particular, protegida da ordem (ou desordem) do restante da casa. São caixas de lembranças (poucas gavetas são cotidianas) que conservam o passado, as memórias, ali guardados para, num gesto, fazer-se presente. Por isso mesmo ninguém abre uma gaveta que não lhe pertence sem antes estremecer. É assim que acontece na montagem da mostra “Clarice Lispector, a Hora da Estrela”, uma homenagem aos 30 anos de morte da escritora. Em documentos pessoais e profissionais emprestados pela Fundação Casa de Rui Barbosa, ao se abrir caixinhas, há uma boa chance de conhecer papéis que, até outro dia, estavam apenas ao alcance de pesquisadores.
Aci ma, pri mei ra sala da ex po si ção: fotos da es cri to ra se al ter nam com tre chos de ro man ces e con tos. Ao lado, a penúltima sala, com as gavetas. Nelas, escondem-se os originais de livros, documentos e papéis. Na mesma foto, abaixo, sua máquina Olympia: “leve o bastante para o meu estranho hábito: o de escrever com a máquina no colo”
38 ARC DESIGN
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“Escrevo-te em desordem, bem sei. Mas é como vivo. Eu só
Aci ma, a se gun da sala da mos tra. Um cubo de vi dro es pe lha do que, sob efei to da luz, al ter na o re fle xo com fra ses de Cla ri ce e uma li nha do tem po. Nela, es tão tra ça dos os lu ga res onde mo rou, como a Ucrâ nia (onde nas ceu), Re ci fe e Rio de Ja nei ro. Abaixo, carta de Drummond para Clarice
40 ARC DESIGN
Concebida pela dupla Daniela Thomas e Felipe Tassa-
de João Ca bral de Mel lo
ra, a instalação é guiada pela palavra (!) de Clarice. Elas
Neto, que es cre ve so bre
estão, por exemplo, nas cartas para seus filhos (“meu
seus planos – frustrados – de
querido pernilongo, como vai o meu amor de filho?”),
inaugurar sua tipografia artesa-
originais de livros (“Água Viva”, com seu primeiro títu-
nal com uma obra de Clarice.
lo: “Objeto Gritante”), listas de afazeres (“1- viver me-
Em outras partes da mostra, as frases
lhor as 24h do dia – ter mais tempo; 2 - tinturaria cabe-
de Clarice – “ver é a pura loucura do
lo; 4 - vestido preto; 5 - dar paz ao rosto”). Que estão ali,
corpo” – se mesclam às fotografias,
nas gavetas, prontos para serem descobertos em suas
impressas em tecido (filó) ou em Polaroid que margeiam
ranhuras originais, letras pontiagudas e incertas, mar-
a trajetória desta brasileira nascida na Ucrânia e que
cações, incorreções, rabiscos, rasuras. “A assinatura do
viveu parte da infância no Recife. Em tempo: a curado-
erro em papéis que, é bom lembrar, em tempos de com-
ria, Ferreira Gullar e Júlia Peregrino, deixa claro, no
putadores, já não temos mais”, diz Daniela Thomas.
catálogo da exposição, que não houve a intenção de ex-
Abrindo gavetas, cabe ao visitante percorrê-las. E ainda
plicar a obra de Clarice. Que assim seja, pois, como ela
olhar de perto a letra redonda e linear, em caneta azul,
mesma escreveu: “não se perde por não entender”. ❉
Acervo Clarice Lispector / Fundação Casa de Rui Barbosa
“... a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio“
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trabalho com achados e perdidos”
Aci ma, a Pra ça da Lín gua, es pa ço per ma nen te do Mu seu da Lín gua Por tu gue sa. Jo gos de lu zes pro du zem tre chos de po e mas e ro man ces dos mais con sa gra dos es cri to res bra si lei ros. No es pa ço mul ti mí dia, as pa la vras são pro je ta das no teto e piso a par tir de pro je to lu mi no téc ni co dos ar qui te tos Gil ber to Fran co e Car los For te
O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA No Bairro da Luz, centro de São Paulo, o prédio da Estação da Luz é um dos mais im por tan tes mar cos his tó ri cos da ci da de. A es ta ção foi cons tru í da em 1901, na fase áu rea do ci clo do café, como forte ponto de apoio para transportar a produção da lavoura até o Porto de Santos – para onde seguia rumo ao mercado europeu. Hoje, a parte que era reservada à administração da Estação da Luz abriga as instalações do Museu da Língua Portuguesa. Para recebê-lo, o antigo prédio foi adaptado pelos arquitetos Paulo e Pedro Mendes da Rocha. Os acessos ao museu acontecem por dois pátios simétricos, com cobertura de aço e vidro, a única intervenção visível na face externa da construção. Toda a fachada da Es ta ção da Luz foi evi den ci a da pela ilu mi na ção pro pos ta por Gilberto Franco e Carlos Forte, premiados na categoria “Estruturas Monumentais/Espaços Públicos”, da 24ª edição do “Annual IALD International Lighting Design Award”. 41 ARC DESIGN
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O cha ma do aos ar qui te tos por uma ar qui te tu ra sus ten tá vel evidencia o va lor do bom projeto ar qui te tô ni co. A diferença, agora, é o reforço vindo pela disponibilidade de novas tecnologias aliadas a recursos institucionais que pressionem e sensibilizem clientes e mercados da construção civil
Cortesia National Building Museum
ARQUITETURA REVISITADA
6868-ARQUITETURA REVISITADA:6868-ARQUITETURA REVISITADA
Mariana Lacerda Em eventos de arquitetura em que o assunto é sustentabilidade alguns números simplesmente despencam do ar! São eles: as estatísticas oficiais norte-americanas mostram que as edificações urbanas são responsáveis por 65% do consumo de energia elétrica, 30% das emissões de gases que agravam o efeito estufa e 30% do desperdício de materiais no planeta. Mais uma vez, a “numeralha” pavorosa saiu da cartola, e dessa vez do engenheiro canadense Claude Ouimet. Gerente-geral para a América Latina da Interface, empresa norte-americana que produz carpete de forma sustentável, Ouimet se tornou uma espécie de discípulo de Al Gore. Ou seja, celebridade quando o assunto é desenvolvimento sustentável. Claude Ouimet esteve no Brasil, em São Paulo, no iníNo alto da página, pro je to 3D-Gar den, do es cri tó rio ho lan dês MVRDV. Va ran das avan çam além da fa cha da do edi fí cio. A ve ge ta ção aju da a man ter os am bi en tes mais fres cos, fil tra o ar po lu í do e ain da re tar da a ab sor ção das águas das chu vas pelo sis te ma de co le ta
42 ARC DESIGN
cio de junho, a convite da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, a AsBEA. Sua presença entre nós só prova o quanto o tema sustentabilidade se encontra no topo das discussões da arquitetura.
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Aci ma, ma que te ele trô ni ca do Cen pes II, am pli a ção do Cen tro de Pes qui sas da Pe tro bras. Com pro je to do ar qui te to Si eg bert Za net ti ni em con jun to com José Wag ner Gar cia, foi ven ce dor do con cur so pú bli co re a li za do pela em pre sa em 2004. Con cep ção que alia fun ci o na li da de e cons ci ên cia am bi en tal, o Cen pes II é um exem plo de uma excelente arquitetura
Tanto quanto é consenso de que a resposta que a ar-
exemplo de dispositivos economizadores de água ou
quitetura poderá dar aos problemas ambientais é, a
placas fotovoltaicas para captação e conversão da ener-
princípio, bem simples: “trata-se de voltar a fazermos
gia solar em elétrica.
aquilo que aprendemos nas disciplinas da faculdade”,
A favor da boa arquitetura surgem também os instru-
diz o arquiteto Siegbert Zanettini. Ou seja, projetos que
mentos institucionais. O exemplo mais conhecido
tiram partido da luz e dos ventos em prol do ganho
ainda é o Leadership in Energy and Environmental
energético, que utilizam tecnologias limpas e de exce-
Design, o Leed, sigla presente em qualquer debate
lência local e que, claro, não causam impacto social,
sobre edificações sustentáveis. Trata-se da certifica-
ambiental e, tampouco, imobiliza o seu entorno.
ção verde norte-americana para prédios e que leva
Para Zanettini, também professor da Faculdade de Ar-
em consideração parâmetros referentes à qualidade
quitetura da USP, o chamado aos arquitetos visando
do ambiente interno, consumo de energia, economia
uma arquitetura sustentável nada mais é que uma “ex-
e reutilização de água, materiais utilizados e resíduos
celente oportunidade” para fazer voltar a boa arquite-
produzidos, além da implantação.
tura ao mercado. “O fato novo é que agora se tornou
No rastro do Leed, o Brasil, através do seu Conselho
uma necessidade.”
Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), também
Que vem acompanhada de recursos não apenas tecno-
cria suas bases para lançar o seu selo verde para a
lógicos, como a inserção cada vez maior de materiais e
construção civil. O nosso, no entanto, ao contrário do
produtos sustentáveis (que respeitam o meio ambiente
Leed, deve incluir uma premissa considerada básica: “a
desde o seu
orientação da edificação”, diz a pesquisadora Vanessa
processo produtivo até o uso final), a
43 ARC DESIGN
Cortesia National Building Museum
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Ao lado, jar dim cen tral do novo edi fí cio do par la men to in glês. Pro je to do es cri tó rio Mi chael Hop kins and Part ners, uti li za ma te ri ais re ci cla dos e sis te mas mo du la dos. Na se quên cia, pro je to me xi ca no da “CasaChi nam pa”, dos ar qui te tos Ju lio Gae ta e Luby Sprin gall. O te lha do ver de ame ni za as tem pe ra tu ras quen tes, além de pro du zir áre as ver des nas ci da des. No pé da página, casa na baía do por to de Mel bour ne, na Aus trá lia. De se nha da por Pe ter e Cocks Car mi chael e in te gra da à re gião his tó ri ca, cap ta o ar fres co pela par te mais alta da casa, onde as cor ren tes de ven to es tão me nos ex pos tas à po lu i ção
Gomes, coordenadora do Centro de Pesquisa em Construção Civil e Meio Ambiente, da Unicamp. Em elaboração, o selo verde brasileiro resultará, como qualquer outro existente no mundo, em uma “das formas de se reconhecer o esforço e diferenciação no mercado. Um instrumento, mas não o único”, diz Vanessa Gomes. Enquanto isso, a AsBEA, por meio do seu Grupo de Trabalho de Sustentabilidade, também elaborou um documento com os princípios ditos “mínimos” a serem seguidos por arquitetos, construtoras e clientes. Tratase do Guia de Recomendações Básicas de Sustentabilidade para Projetos de Arquitetura. Ele começa pelo conceito do construir sustentável: “prudência ecológiDerek Swalwell / National Building Museum
ca, equidade social e eficiência econômica”. Com esse norte, parte-se para uma receita de muitos ingredientes, mas que tem por base o trabalho em rede (conhecimento interdisciplinar), durabilidade e flexibilidade da construção e do projeto, orientação da edificação e uso de materiais que privilegiem a racionalização de energia, captação, armazenamento e reutilização de água, menor produção possível de resíduos. Custo para se cumprir as exigências mínimas de uma construção sustentável? “Apenas o de fazer o exercício da boa arquitetura”, diz Zanettini. Afinal, como disse Claude Ouimet, questionar o valor de um edifício sustentável não é exatamente a questão, pois no final das contas, “não é o custo de fazer que deve ser considerado, mas sim o de não fazer”. ❉ 44 ARC DESIGN
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A CERÂMICA, DO COM BA TE À APA TIA As ce râ mi cas de Gil ber to Paim e Eli sa beth Fon se ca se alinham a poucas outras, feitas por criadores de cerâmica artesanal contemporânea no Brasil. Nelas percebemos o gesto certeiro, o controle da mão, a segurança da forma, dificilmente demonstrada por aqueles que se iniciam no ofício Ethel Leon / Fotos Rômulo Fialdini
Um trabalho que dialoga fundamentalmente com o tempo. São pratos, vasos, tigelas, potes de porcelana, de poucas variações, o que permite distinguir as linhas de pesquisa adotadas, a procura obsessiva pelas formas, pelas texturas desejadas, pelos ornamentos. Gilberto Paim e Elisabeth Fonseca mantêm ateliê cerâmico há mais de 20 anos na cidade serrana de Nova Friburgo, no Estado do Rio. Revendem suas peças com exclusividade nas lojas Interni, do Rio e de São Paulo, e para compradores avulsos, dentro e fora do Brasil. Seu trabalho encontra eco junto àqueles que não abrem mão do ofício, duramente aprendido junto a mestres que trabalham, eles próprios, com as mesmas dificuldades. São artesãos artistas muito qualificados, que precisam de
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Aci ma, pi õ es em por ce la na: pin tu ra de en go be com tra ma fina ir re gu lar em es gra fi to. Abai xo, trio de va sos em grés pig men ta do com man ga nês, tra ba lho em bai xo re le vo. Na pá gi na ao lado, no alto, gar ra fas em por ce la na com 45 cm de al tu ra, pin tu ra de en go bes vi nho e mar rom es cu ro com tra ma fina ir re gu lar em es gra fi to. No pé da pá gi na, pra to em por ce la na com ra nhu ras
um público abastado e culto para sobreviver, o que, no
Suspeita”, onde discute as concepções de ornamento
Brasil, se torna cada vez mais raro.
de John Ruskin, Adolf Loos, Henry van de Velde, Le
Também se distinguem da cerâmica como passatempo
Corbusier, entre outros, e também do ceramista mo-
terapêutico. E, principalmente, dos chamados designers
derno Bernard Leach. No livro, o debate sobre orna-
de cerâmicas – pessoas que não sabem trabalhar
mento é pulsante e se afasta das simplificações de “or-
nem para a indústria nem fabricando artesanalmente
namento é crime”, “menos é mais” ou “forma segue
suas peças. Estes proliferaram nos últimos anos e
função”. O ornamento surge em alguns de seus
vivem às custas de oleiros malpagos, que executam
textos como momento de autonomia do trabalha-
suas quimeras.
dor, capaz de imprimir significados aos objetos
Gilberto e Elisabeth nunca abriram mão de exercer
que transformem sua posse e uso em experiên-
o ofício em toda a sua extensão. E atingem resul-
cias de fato e não apenas em rápidas possessões
tados de grande riqueza formal,
de peças descartáveis.
di a lo gan do com o mo vi men to
A obra de Gilberto e Elisabeth atualiza essa dis-
moderno da cerâmica e com os
cussão. Em suas cerâmicas pode-se per-
objetos modernos de forma geral,
ceber nitidamente o giro do torno pa-
embora nada tenham de doutriná-
ciente e firme; os diversos estados da
rios ou sectários.
matéria nas fases pré e pós-cozimen-
Gilberto é autor do livro “A Beleza sob
to; as alegorias da criação manual e 47 ARC DESIGN
6868-CERAMICAS:ceramicas paim Final
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Aci ma, da esquerda para a direita, ti ge la em por ce la na com vi dra do li lás e bor da pre ta; vaso e ca che pot em por cela na com bai xo re le vo ge o mé tri co, com 30 cm e 24 cm de al tu ra res pec ti va men te. Abaixo, à esquerda, vaso em por ce la na com 40 cm de al tu ra, pin tu ra de en go be e tra ma fina ir re gu lar em es gra fi to e alça de bam bu na tu ral men te pre to
seu movimento que, embora segu-
vres, Meissen, às de Faenza; diante de tantas indus-
ro, deixa margem à instabilidade
trializadas na China e no Japão que inundam os mer-
de tudo o que não é mecânico.
cados mundiais, qual o sentido de continuar produ-
Essa cerâmica especial nega as
zindo artesanalmente?
divisões entre arte e arte apli-
Independentemente da grande atração exercida por
cada, ao primar pela experi-
essa atividade que lida com os quatro elementos da na-
mentação, pelos temas de tra-
tureza – terra, água, ar e fogo –, há também a postura
balho, sempre retomados (co-
defendida por Gilberto e Elisabeth, da procura de uma
mo os piões de Gilberto), pelo
visualidade “tátil”, produto da intimidade do artesão e
ri gor do fa zer. As co res e os
de seu material. Eles procuram também demonstrar
de senhos emergem da massa de
como a produção artesanal pode ser vital para a indús-
pin tu ras
tria. Que o digam as oficinas de prototipagem rápida e
acrescentadas à porcelana; são
os laboratórios artesanais das grandes fábricas. As pe-
também ascéticos, variações míni-
ças cerâmicas de Elisabeth e Gilberto são uma espécie
mas e produtos de pesquisa de óxi-
de ato de resistência contra a passividade serial que nos
dos e pigmentos. Resultam do velho
toma diante dos objetos cotidianos e do que há por trás
método do aprender fazendo... e errando.
deles, os gestos humanos mais vis ou mais valiosos. ❉
ma te ri ais,
não
são
E, diante da indústria da porcelana, de Sé-
Ethel Leon é jor na lis ta e pro fes so ra de his tó ria do de sign
An Eb Luminaria Arc
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SALÃO DO MÓVEL DE MILÃO Novo local para o Salão do Móvel de Milão, que acontece de 5 a 10 de abril de 2006: a exposição passa ocupar o pólo de Rho-
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Pero, projetado pelo arquiteto Massimiliano Fuksas. O novo complexo é composto por oito edifícios organizados a partir de
notícias indispensáveis de todo o mundo
um eixo linear, que é coberto por uma estrutura ondulada em metal e vidro. Fuksas sintetiza: “a idéia é tornar a ligação entre os diversos pavilhões, o eixo cen-
sobre design, arquitetura, moda, cultura
tral e os acessos um percurso rico de arquitetura. A grande cobertura mo-
material, exposições e matérias especiais.
difica, varia e define os espaços”. É nesta “paisagem construída” que acontecerão, além da feira principal, o Salão Complemento (acessórios de decoração) e três exibições bienais: a 16ª Eurocucina (móveis de cozinha), a 13ª Eimu (móveis de escritório) e o novo Salão Internacional do Banho.
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7:53 AM
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JANELAS PARA O MUNDO Duas no vas li vra ri as em São Pau lo de vol vem aos lei to res o pra zer de en con trar li vros em pi lha dos, em pro je tos que fa zem dos es pa ços lu ga res de des co ber tas in te res san tes
Abai xo, área in fan til da Li vra ria da Vila. No alto da página, fa cha da da loja, si tu a da na Ala me da Lo re na, em São Pau lo
Da Redação Deixar-se seduzir por pilhas e pilhas de livros: a descoberta de mundos, levar-se por eles. É essa a idéia de toda biblioteca que, quando usada, tem uma desarrumação, que é, ao mesmo tempo, organizada. Organizada porque todo leitor sabe encontrar certeiramente seus volumes, muito embora eles possam estar embaralhados numa pilha mal-arrumada, num canto qualquer ao alcance da vista. É essa a idéia que norteia os projetos das novas Livraria da Vila e Livraria Cultura. Partidos distintos dos arquitetos Isay Weinfeld e Fernando Brandão, respectivamente, em comum eles devolvem aos leitores o gosto de serem surpreendidos pelos livros que parecem estar ali jogados, porém prontos para serem encontrados. Primeira livraria projetada por Weinfeld, a loja na Alameda Lorena buscou soluções que permitissem ao cliente estar entre os livros como quem circula em sua casa. Para o arquiteto, esse conforto traduz-se nos ambientes de pé-direto baixo, na escolha de tons 52 ARC DESIGN
Fotos Leonardo Finotti
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Aci ma, tí tu los cu i da do sa men te de sor ga ni za dos com põ em a am bi en ta ção que, por to dos os la dos, é com pos ta de li vros. Na foto abai xo, um dos pon tos for tes do pro je to, as “por tas-vi tri nes-es tan tes pi vo tan tes”, nas palavras do arquiteto Isay Weinfeld
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Fotos Fran Parente
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Aci ma, pri mei ro pa vi men to da Li vra ria Cul tu ra do Con jun to Na ci o nal: ma dei ra nos re ves ti men tos se gue a lin gua gem das lo jas da rede no país. Abai xo, uma nova ram pa acessa o primeiro pavimento
escuros – mais envolventes – e iluminação indireta. “E estantes intermináveis, cuidadosamente desarrumadas”, diz Weinfeld. O conceito de ambientação da Livraria Cultura também teve a mesma premissa: que a loja tivesse ares de biblioteca, ou de sebo. O projeto partiu, ainda, de outra necessidade: sua integração ao prédio do Conjunto Nacional, hoje tombado pelo Patrimônio Histórico, desenho de David Libeskind, construído em 1956, na Avenida Paulista. Em seus 4 mil metros quadrados, foi preservado, ainda bem, o hábito de muitos paulistanos de subir a rampa, a mesma que levava ao Cine Astor – inaugurado em 1960 e um dos maiores de São Paulo. Manter a memória do cinema, na rampa e na inclinação do piso da Livraria Cultura, é a confirmação de como se constrói a história de São Paulo: a cada dia reinventando novos espaços, para outros usos. Em tempo, um registro: que dádiva que o Astor não tenha sido transformado em 54 ARC DESIGN
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Aci ma, um de ta lhe: in cli na ção do piso do an ti go Cine As tor, man ti da como re fe rên cia à me mó ria do lu gar. Abai xo, vis ta geral da Li vra ria Cultura. No pé da página, o fa mo so dra gão que mar ca a ala in fan til da loja
alguma igreja ou mesmo em bingo, como aconteceu a tantas salas de cinemas das capitais brasileiras. Afinal, uma livraria, como uma sala de cinema, também é uma janela para o mundo. ❉ FICHA TÉCNICA LIVRARIA CULTURA Projeto Arquitetônico Fernando Brandão Arquitetura+Design Área construída: 4.200 m2 Cálculo estrutural: Monteiro & Linardi Execução da obra: Carlos Matuck Local: São Paulo, SP Data do projeto: 2006 Conclusão da obra: 2007 LIVRARIA DA VILA Projeto arquitetônico: Isay Weinfeld Área construída: 790 m2 Cálculo estrutural: Stec do Brasil Engenharia Execução da obra: Construtora Fairbanks & Pilnik Projeto paisagístico: Isabel Duprat Local: São Paulo, SP Data do projeto: 2006 Conclusão da obra: 2007 55 ARC DESIGN
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Leonardo Finotti
Leonardo Finotti
6868-casa fatia Final:casa fatia Final
OLHAR ESTRANGEIRO A Casa Fatia, em Porto Alegre, projeto do escritório londrino Procter-Rihl, faz referência à arquitetura moderna brasileira e mostra como o olhar distanciado, ou de estrangeiro, é capaz de fazer transparecer a mais simples história que um lugar pode contar Mariana Lacerda
Aci ma, a Casa Fa tia. Sim pli ci da de na es co lha dos ma te ri ais: con cre to ar ma do na la te ral – mar ge a da por es pé ci es de plan tas bra si lei ras. A pis ci na (pá gi na ao lado), com uma parede de vi dro, aden tra a sala de es tar – e su ge re va ri a çõ es de lu mi no si da de nos am bi en tes
56 ARC DESIGN
6868-casa fatia Final:casa fatia Final
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Fotos Leonardo Finotti
6868-casa fatia Final:casa fatia Final
Aci ma, à es quer da, vo lu me do jar dim in ter no, que atra ves sa a casa ver ti cal men te. Na sequência, o bal cão da co zi nha: em aço pin ta do com tin ta au to mo ti va, foi pro je ta do pelo es cri tó rio Proc ter-Rihl e tam bém pode ser usa da como mesa de jan tar. O concreto (polido) aparece também no piso da Casa Fatia
58 ARC DESIGN
Aquele que não é do lugar, quem acaba de chegar, é
e materiais, esta é uma das marcas da arquitetura de
capaz de ver e de viver histórias originais. Ao contrário
Fernando Rihl e Christopher Procter, do escritório lon-
daqueles que, acostumados com seu meio, podem não
drino Procter-Rihl, e que se encerra na Casa Fatia.
perceber ali narrativas possíveis. Quem tem o olhar de
O projeto também partiu de uma premissa espacial in-
estrangeiro observa os detalhes, deixa as coisas apare-
teressante, o terreno: um lote que sobrou, um filete de
cerem como elas são. Há ainda quem, após deixar o
terra numa esquina, uma “fatia” exígua com 3,7 metros
seu lugar de origem, volta com o olhar distanciado
de largura e 38,5 metros de comprimento que por pou-
para dele resgatar identidades e assim poder, com ou-
co não foi posto a leilão pela Prefeitura de Porto Alegre.
tras tintas, compor histórias simples.
Antes disso, a historiadora Neusa Oliveira consultou
A Casa Fatia, em Porto Alegre, é a prova disso. Surge
os arquitetos sobre a possibilidade de, num trecho de
de um jeito de olhar que, atento ao país, buscou con-
terra tão esquisito, se erguer uma casa. “Eles me disse-
tar uma história usando o vocabulário da arquitetura
ram que ‘sim’”, conta ela que, de posse dos primeiros
moderna brasileira dos anos 1970. Aquela que apro-
traços de sua futura casa, comprou o terreno.
veita a luz e o clima dos trópicos. E utiliza recursos de
E os primeiros traços indicaram uma casa cuja lingua-
excelência local, a exemplo do concreto armado.
gem segue a geometria de um prisma. São linhas e pla-
Tirar proveito do lugar em que se está presente, obser-
nos diagonais, em níveis alternados, “como uma suces-
var seus jeitos, incidência de luz e ventilação, tecnologia
são de dobraduras de papel”, diz o arquiteto Fernando
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Marcelo Nunes
6868-casa fatia Final:casa fatia Final
Rihl, gaúcho que, há 16 anos, mora em Londres. A sensação produzida é a de que, de forma alguma, se está em uma casa “tubular”, que ocupa um longo corredor.
Marcelo Nunes
Aci ma, vis ta da pis ci na, a par tir do quar to de hós pe des – re ver sí vel em sala de es tar. As li nhas in cli na das fo ram a ins pi ra ção da casa: um pris ma ou “do bra du ras de pa pel”. Elas de ter mi na ram a mol du ra ir re gu lar da pai sa gem vis ta a par tir da área da pis ci na. Abai xo, vo lu me do jar dim de in ver no da Casa Fa tia
O espaço, por fim, transmite a idéia de que ele é bem mais generoso do que sua metragem desencontrada e sem proporções. Vem da mesma concepção, a de criar ilusões, a piscina mergulhada, ela mesma, na sala de estar – como parte da ambientação. Os feixes de luz polarizados, e vindos de um sol ainda nascente, incidem entre os ambientes em sucessivos tons de azul, que se modificam conforme o passar dos períodos dos anos, das horas e dos ventos. “Os quais, mexendo a água, produzem frações de luminosidade que lembram sonhos”, diz Fernando Rihl, que concebeu a Casa Fatia para Neusa, que, em seus 70 anos, tem a percepção e grande abertura para a vida, agora refletida em sua nova morada. ❉ 59 ARC DESIGN
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Sue Barr
6868-casa fatia Final:casa fatia Final
Aci ma, vis ta aé rea da casa, ocu pan do um ter re no com ape nas 3,7 me tros de lar gu ra e 38,5 me tros de com pri men to. Abai xo, pro je to da casa: pla nos di a go nais, em ní veis al ter na dos, evi ta ram que seus es pa ços se tor nas sem um exí guo “cor re dor”
1
2 7
3
4
5
8
6
10 CORTE LONGITUDINAL
0
1m
2m
1. PISCINA 2. QUARTO HÓSPEDES 3. SALA DE ESTAR 4. SALA DE JANTAR 5. COZINHA 6. JARDIM 7. DORMITÓRIO 8. CLOSET 9. HALL 10. GARAGEM 11. PÁTIO
4m
9 1
7
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PLANTA PAVIMENTO SUPERIOR
N
6
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PLANTA TÉRREO
60 ARC DESIGN
0
1m 2m
4m
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cozinha em MDF branca e ebony legno | vidro argentato bronze | sistema deslizante | bancada em inox | abertura de portas com sistema push | gaveta tandembox
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EXPERIÊNCIA DESIGN Oc táv io Ca rdo so
Fernanda Sarmento
6868-ALCANTARINO:alcantarino final2
Uma balsa flutuante, de 600 metros de comprimento, ancorada na Estação das Docas, em Belém do Pará, é
Octávio Cardoso
sede de exposição inédita, que reúne a obra do designer Carlos Alcantarino e oficinas de artesanato com estudantes da rede pú bli ca es ta du al que realizaram suas primeiras experiências com o design artesanal
Octávio Cardoso
Acima, estudante constrói seu projeto. No alto, à direita, e na página ao lado, no centro, resultados das oficinas. Abaixo, a balsa com um lounge – todo montado com materiais reciclados –, espaços para a mostra Alcantarino e as oficinas
2 ARC DESIGN
6/15/07
3:04 PM
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Maria Helena Estrada
senvolvimento sustentável para a região. E foram estas
“No Brasil o design está sempre associado à elite, mas
as idéias que nortearam a exposição.
ele pode – e deve – ser acessível a todos”, afirma Alcan-
O resultado dessa iniciativa pioneira – parte do projeto
tarino, idealizador da mostra “Experiência Design”. A
Cultura Pará – ultrapassou as expectativas, como sali-
própria idéia da balsa flutuante, deslocando a exposi-
enta a diretoria da Cia. Vale do Rio Doce, patrocinado-
ção dos centros culturais, galerias e museus, e trazen-
ra do evento. Exposição e oficinas mostraram uma
do-a para uma área pública e turística de Belém, é uma
nova realidade, a de inclusão e conscientização do
forma de facilitar esse acesso.
homem ribeirinho e de oportunidade
Qual a ambição de Experiência Design? Dizer, com
para jovens estudantes da rede pública,
exemplos, que o design, ou o desenho e criação dos ob-
que verão seus trabalhos expostos. ❉
jetos de uso cotidiano podem trazer melhoria para a
Projeto: Carlos Alcantarino Curadoria: Tereza Ventura e Jair de Souza
qualidade de vida e mostrar possibilidades de um de-
Fernanda Sarmento
Octávio Cardoso
Fernanda Sarmento
6868-ALCANTARINO:alcantarino final2
Octávio Cardoso
Acima, à esquerda, a oficina orientada pelo designer e onde estão os projetos de cunho social e ambiental. Na sequência, a sala preta, cujas peças em vidro e resina, de Alcantarino, ganham transparência e brilho pelo efeito da luz. Abaixo, a sala branca com trabalhos do designer em metal e madeira
3 ARC DESIGN
6868-moss Final:moss Final
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DESIGN EM N. YORK Moss, a mais famosa galeria e show-room de design de N. York, representa a vanguarda na cidade. Design internacional, lançamentos e mostras exclusivas, como os
Fotos Davies and Starr
sinos em cristal Venini, com design Campana. É também na Moss que encontramos Gaetano Pesce, Hella Jongerius e outros designers internacionais. Na loja estão à venda de móveis a jóias e também gadgets
No alto da pá gi na, vi tri ne da ga le ria Moss, no Soho. Ao lado, ca dei ra Ban que te com Pan das cri a da e pro du zi da por Fer nan do e Hum ber to Cam pa na. Ex clu si vi da de Moss, edi ção li mi ta da a 25 peças. Acima, cadeira Clay Furniture, de sign Maar ten Baas. Em ar gi la in dus tri al, é mo de la da ma nu al men te em es que le tos de moldagem criados por Baas e depois laqueados
64 ARC DESIGN
6868-moss Final:moss Final
6/22/07
8:01 AM
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Aci ma, ga bi ne te Cre pax Kad ho ma, cri a ção Giu sep pe Ca ne ve se, em MDF po li do bran co na fren te e la quea do pre to atrás. De se nhos de Gui do Cre pax (1933-2003), in flu en te na In gla ter ra no de sen vol vi men to da arte em qua dri nhos. Ao lado, Bol le Bot tles, de sign Ta pio Wirk ka la. Pro du ção Ve ni ni em vi dro Mu ra no e téc ni ca “In cal mo”, em cada peça dois vi dros são tra ba lha dos se pa ra da men te e fun di dos para for mar um ob je to úni co
Aci ma, ca dei ra CU29, cri a ção Tom Di xon. Po li es ti re no ex pan di do e re ves ti do com uma ca ma da de co bre puro. Peça ex clu si va e li mi ta da em so men te oito uni da des, cada uma é nu me ra da e as si na da, tor nan do-as úni cas. À es quer da, con jun to de seis fa cas cri a das por For ge de La guio le, com es tru tu ra em aço inox e ca bos em acrí li co com seis co res fluo res cen tes
65 ARC DESIGN
6868-EXPEDIENTE:Expediente54 Final
6/12/07
3:30 PM
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Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN nº 54, junho 2007
Apoio:
Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata Diretora de Arte Fernanda Sarmento
Apoio Institucional:
REDAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Redatoras Keila Bis Mariana Lacerda Estagiária Ignez Melo do Prado
ARC DESIGN – endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP
Revisora Jô A. Santucci
Telefones Tronco-chave: + 55 (11) 6808-6000 Fax: + 55 (11) 6808-6026
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Administração administracao@arcdesign.com.br
Designer Ana Beatriz Avolio
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Designer Assistente Renata Lauletta Participaram desta edição Baba Vacaro Ethel Leon Leonardo Finotti Nelson Aguilar Marketing Bruna Lazarini Circulação e Assinaturas Lúcia Martins Pereira Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DESIGN para assuntos internacionais Pré-impressão e Impressão Eskenazi Indústria Gráfica
Direção de Arte arte@arcdesign.com.br Editora mh@arcdesign.com.br editora@arcdesign.com.br Marketing mkt@arcdesign.com.br Publicidade comercial@arcdesign.com.br Redação redacao@arcdesign.com.br
Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.
Papel: Suzano Papel capa: Supremo Duo Design 250g/m2 miolo: Couché Suzano Silk L2 130g/m2
Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos.
Distribuição nacional Fernando Chinaglia Distribuidora S/A
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fit Sistema modular para iluminação direta e/ou indireta. Utiliza lâmpadas fluorescentes ou halógenas e proporciona uma grande variedade de efeitos e combinações Para mais informações www.lumini.com.br/fit Design Studio Lumini
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LOUCOS POR DESIGN
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Há dez anos, Renata Mellão fez de sua morada, em São Paulo, um museu dedicado ao objeto brasileiro. O espaço A Casa tornou-se virtual, uma janela para o mundo, com as criações de artesãos do Brasil afora. As peças escolhidas por Renata para ilustrar estas páginas mostram que o país é muito maior do que se imagina Da Redação / Fotos Nelson Aguilar
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ARC DESIGN – Quan do e com qual ob je to sua aten ção foi des -
pertada para o design? RENATA MELLÃO – Eu era garota já com uns 12 anos e me ofe-
receram uma bala da qual nunca esqueci a surpresa. Era um drops Dulcora, pastilhas quadradas embrulhadas numa transparência. Um pouco depois, surgiu um sofá de espuma que, para nós, crianças, era uma cama elástica, uma delícia. Porém, acho que a noção de design mesmo apareceu quando me deparei com o espremedor de limão criado por Philippe Starck. AD – De onde vem seu in te res se pelo ar te sa na to? E qual a im -
por tân cia de um mu seu de di ca do à pro du ção do ar te sa na to bra si lei ro? RM – Sempre pensei em aproximar mundos distintos. O Brasil é um país de diversos mundos. O Museu Virtual A Casa surge dessa idéia, de tornar a produção de artesanato brasileira conhecida, valorizada por todos. Para tanto, trabalhamos com informação. Por exemplo, estamos levantando a produção artesanal do Brasil inteiro, para no futuro disponibilizar para o mundo. Iniciativas assim alimentam o Museu, tornando-o um espaço de referência, de consulta sobre a cultura brasileira. AD – Quan do es co lhe um ob je to, o que você dá mais atenção: à
forma, à utilidade ou ao material do qual o objeto é feito? RM – Acho que depende da minha intenção. Começa quando procuro um objeto que devo utilizar, isto é, pela sua utilidade. Se, porém, aparece algo que me desperta pelo inusitado, então isso sempre me envolve, seja pela cor, escala, forma ou material. Quando isso ocorre, o design está bem próximo da arte.
Na pá gi na ao lado, Re na ta Mel lão em fren te à sua casa, pro je ta da em 1983 por Edu ar do Lon go. Aci ma, as vi tri nes de A Casa. De se nha das por Pau la Dib e Emi le Ba dran, elas tam bém são cai xas para trans por te da co le ção de ar te sa na to, que pode ser uma ex po si ção iti ne ran te. Na foto abai xo, a Con ver sa dei ra em ma dei ra bru ta, de Za ni ne. No pé da pá gi na, ban qui nho em ma dei ra re ves ti do com chi ta, te ci do e es tam pa sím bo los da Re gião Nor des te do Bra sil
AD – O que mo ti vou a es co lha das pe ças aqui pu bli ca das? RM – A chita é o tecido usado nos quatro cantos do Nordeste
e que, portanto, sempre me despertou ternura e respeito. É a cara do brasileiro. A Conversadeira é uma criação do Zanine, uma idéia que não seria crível se não fosse tão presente, robusta e pesada. E gosto especialmente dos objetos expostos em A Casa, vindos cada um de cantos bem diferentes do Brasil. AD – Con si de rando o mo men to atu al do de sign, qual pro fis si o nal
você citaria como destaque? RM – Gos to de sen tir nos pro fis si o nais a co e rên cia e ob ser var que o design se impõe aos desafios e apresenta resultados. No momento, é impossível não associar o produto de design com meio ambiente. Daria destaque àqueles que, saindo pelo mundo ou Brasil afora, colaboraram para que a relação entre designer e produção artesanal se tornasse sustentável, a exemplo do Renato Imbroisi e da Paula Dib. ❉ 71 ARC DESIGN
COMO ENCONTRAR
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LOU COS POR DE SIGN FA VOR TO CAR Museu da Língua Portuguesa www.museudalinguaportuguesa.org.br
AR QUI TE TU RA RE VI SI TA DA AsBEA www.asbea.org.br Interface www.interfacesustainability.com
Renata Mellão www.acasa.org.br
Baba Vacaro
Na Itália chamam-na de “Terremoto Urquiola”. Patricia Urquiola nasceu em 1961 em Oviedo, Espanha. Meta de bas ca, e me ta de aus trí a ca, o que pa re ce de fi nir sua per so na li da de. Es tu dou na Fa cul da de de Ar qui te tu ra de Ma dri e for -
O jantar vai receber elogios antes mesmo de sair do forno.
mou-se no Po li téc ni co de Mi lão em 1989, com tese ori en ta da por Achil le Cas ti gli o ni. Ini ci ou sua car rei ra na De Pa do va, no de par ta men to Acima, imagem da capa, Luminária Chasen, em chapa única de aço, recortada por processo de erosão química. Lâm pa da in can des cen te, com emis são de luz de acor do com a po si ção da cha pa: é pos sí vel alon gá-la ou en cur tá-la, bas tan do ajus tar a tam pa me ca ni ca men te. Coleção Flos, representada pela Dominici
de de sen vol vi men to de pro du to, em se gui da trans fe riu-se para o es tú dio de Vico Ma gis tret ti. Tra ba lhou ain da com Pi e ro Lis so ni e com Cas ti gli o ni. Me lhor es co la im pos sí vel! Des de 2001 tem es tú dio pró prio. Co la bo ra, en tre ou tras, com as em pre sas Mo ro so, B&B, Dri a de, Kar tell, Cas si na, Ales si, Por ro, De Pa do va, Mol te ni, Cap pel li ni e,
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Fogão Digital GE. O máximo em sofisticação, design
ago ra, com a Flos.
e também em tecnologia: tem timer digital que
Seus pro je tos têm sem pre um to que ines pe ra do no que corta o gás no caso de a chama se apagar.
diz res pei to às su per fí ci es. Ela gos ta do sin té ti co e do Aci ma, chai se-lon gue An ti bo di, para a Mo ro so, apre sentada no show-room Valentino, no Salão do Móvel de Milão, 2006. Revestimento inspirado nas roupas do estilista. Abaixo, Volant, para a Moroso. Estofado com estrutura em aço tubular e revestimento em tecido duplo
in dus tri al, e per ce beu o quan to as pes so as gos tam do seu tra ba lho quan do se apro xi mam, quan do os to cam e sen tem von ta de de aca ri ciá-los. Na ver da de, Pa tri cia Ur quio la pas sou a fa zer par te, em pou co tem po, do gru po dos top de sig ners in ter na ci o nais.
Ao lado, ca dei ra Flo, para a Dri a de. Em fi bra na tu ral tran ça da com es tru tu ra em aço en ver ni za do
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