REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
CONCEITUAL E TECNOLÓGICO MOSTRA NO MUSEU VITRA
R$ 16.50
VIVER SUSTENTÁVEL MAIS PERTO DO CONSUMO
Nº 55 ARC DESIGN
QUADRIFOGLIO EDITORA
Nº 55
2007
2007
TOM DIXON NO BRASIL
TRANSPLASTIC BY CAMPANA
DESIGN URBANO & FORK
ARQUITETURA EM FOCO BRASILEIRA E INTERNACIONAL
des durante sua formação, entre elas a Uni-
Lorenz Cugini
Thomas Dix
Jur gen Ma yer pas sou por vá ri as fa cul da -
versidade de Stuttgart, a Cooper Union e a Princeton University, as últimas em N. York. Fundou a J. Mayer H., em 1996, focando seu trabalho em in ter ven çõ es ar qui te tô ni cas, co mu ni ca ção e no vas tec no lo gias. Seu tra ba lho já foi pu bli ca do e exi bi do pelo mun do todo, como ex po si çõ es no MoMA de N. York e no SFMO MA, em São Fran cis co. Seus pro je tos mais re cen tes in clu em o cen tro de estudantes da Universidade de Karlsruhe, na Alemanha, e a reconstrução da Plaza de la Encarnacion, em Sevilha, Espanha. Já deu aulas em inúmeras faculdades norte-americanas, como Princeton, University of Arts e Harvard. Atualmente leciona na Metropolis University, em Barcelona.
Pela interessante combinação de formações em filosofia e arquitetura, Greg Lynn sempre esteve envolvido em reunir as realidades do design e da construção com o lado especulativo, teórico e experimental. Essas áreas se complementam de uma forma única, dando-lhe uma visão ampla dos projetos em que participa. Ele é autor de seis livros que envolAci ma, “Heat Seat”, chai se-lon gue de Jurgen Ma yer, um ob je to cuja su per fí cie é sen sí vel à tem pe ra tu ra; pro du zi do pela Ar chi lab, per ten ce à co le ção do SFMOMA, de São Fran cis co. À di rei ta, ca dei ra Ravi o li, de Greg Lynn, presente no es pa ço “Ro bo Li ving” e lan ça mento da Vitra no Sa lão do Mó vel de Mi lão de 2007
vem seu interesse na cultura contemporânea e popular, com os ri go res da ar qui te tu ra e his tó ria, como “In tri cacy” (2003) “Ani mate Form” (1998), “Folds, Bodies and Blobs: Collected Essays” (1998), “Folding in Architecture” (1993). Greg leciona nas escolas norte-americanas UCLA,
Marc
Eggim
ann
em Los Angeles, e em Yale, e acredita que ser professor o mantém sempre criativo e ligado às novas tendências.
Peter Bennetts
Aci ma, imagem da capa, insta la ção “Hou se war ming”, de Jurgen Ma yer, na mostra MyHo me, em car taz no Mu seu Vitra. Ao fundo, o es pa ço “Ro bo Li ving”, cria do pelo ar quite to Greg Lynn
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Tom Dixon, Campana, Hella Jongerius, Jurgen Bey, Greg Lynn, Jurgen Mayer, Jerszy Seymour, Ronan & Erwan Bouroullec, Guto Indio da Costa, Marcelo Moletta, Fred Mafra, Ronaldo Shinohara, José Ricardo Basiches, Elizabeth Diller, Ricardo Scofidio, Charles Renfro, Matthias Aron, Simon Heijdens, Jeroen e Joep Verhoeven, Xavier Lust, Lambert Kamps, Anika Perez, Brice Genre, Michaël Bihain, Cédric Callewaert, todos arquitetos e designers presentes nesta edição de ARC DESIGN. Arquitetura, interiores, sustentabilidade, ecologia, design conceitual, novos produtos, mostras e concursos. O design não fala, necessariamente, de frivolidades. Muito pelo contrário. O livro “&Fork” publica, entre produtos de todo o mundo, um número considerável de projetos sobre design urbano. O que vemos? O desejo de humanização das cidades – idéias simples ou mais elaboradas, que nos fazem sorrir, ou refletir. De sign Con cei tu al. Aque le que vai além do ex pe ri men tal, que pro cu ra um sen ti do e um significado para a criação presente e futura. A mostra “MyHouse”, no Museu Vitra, responde a questões muitas vezes ainda não formuladas, mas já latentes em nossas preocupações. “Transplastic”, dos irmãos Campana, é também território de pesquisa – e de surpresa – na criação de um corajoso universo híbrido. O design considerado na vanguarda nos mostra hoje – bem além da forma – a conquista de novos significados, e de valores ampliados pela ausência de pré-conceitos. O design brasileiro influencia a Europa, a fusão do industrial com o artesanal cria outras possibilidades, e é a emergência de propostas para melhor qualidade de vida que está na base da criação. Os Cadernos de Arquitetura estão de volta à ARC DESIGN, com projetistas brasileiros e internacionais e uma resenha de notícias da atualidade e de projetos futuros. Um novo assunto, vital, passa também a fazer parte da pauta de ARC DESIGN – a sustentabilidade. Nesta edição, a cidade sustentável e os selos ambientais que permitem orientar nosso consumo. Reportagens sobre interiores, produtos, lojas fora do Brasil, a seção Loucos por Design deixam entrever que, se o design não necessita ser frívolo, um pouco de frescor também é salutar. A escolha é possível. Boa leitura! Maria Helena Estrada Editora
ARC DESIGN
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Exemplos publicados no livro &Fork, como uma árvore feita de luz projetada na fachada de um edifício, e o resultado de um concurso na Bélgica, com peças instaladas em um jardim de Bruxelas, mostram a importância e o desejo de humanização nos equipamentos públicos
Maria Helena Estrada
TO TENS SEM TA BUS
Maria Helena Estrada
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SALÃO DESIGN CASA BRASIL
9:04 AM
Maria Helena Estrada
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TECNOLÓGICOS E CON CEI TU AIS
Daniel Paronetto
DE SIGN UR BA NO: NO VOS HO RI ZON TES
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Na mostra “MyHome – Sete Experiências para a Vida Contemporânea”, em cartaz no Vitra Design Museum – projeto de Frank Gehry –, há um entrelaçar de caminhos entre o high e o low tech, na criação de instalações puramente conceituais. Bouroullec, Campana, Seymour, Lynn, Jongerius, Bey, Mayer e Arnio
A primeira edição da CASA BRASIL apresenta o Salão Design. Entre os premiados do concurso: sistema Carrapixo, do escritório Indio da Costa Design; torneira Lumina, de Juliesse Gamba e Daniel Jorge Tasca; e luminária PET (foto acima), de Leandro Feliciano
As mais recentes incursões dos irmãos Campana, na Europa: a Vitória Régia em tamanho gigante junto a uma instalação em bambu, nos jardins do Victoria & Albert Museum; e a coleção Transplastic na Galeria Albion, situada em um prédio do arquiteto Norman Foster. Ambas em Londres
NEWS
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REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
ENTREVISTA: MARCELO MOLETTA
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nº 55, setembro 2007
107, RUE DE RIVOLI, PARIS
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Conheça Tom Dixon e suas idéias sobre design. Na mais nova coleção, predomina o uso do cobre, alumínio, aço inox, bronze e aço galvanizado, em uma grande diversidade de processos de fabricação, da velha fundição até o trabalho de habilidosos artesãos hindus
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Uma casa noturna em Belo Horizonte, a Roxy, projeto do arquiteto Fred Mafra, tem fachada minimalista em contraste com o interior, onde a iluminação cênica e as formas orgânicas acentuadas pelo uso da resina de poliuretano eliminam os limites entre a arquitetura e o mobiliário
O novo Caderno de Arquitetura traz projetos brasileiros e internacionais e as últimas notícias do setor. Conheçam o Institute of Contemporary Arts (ICA), em Boston, e uma casa no litoral paulista, projeto do arquiteto José Ricardo Basiches. Panorâmica, uma nova seção, traz atualidades sobre o que existe e o que está por “ganhar corpo” na arquitetura
Mariana Lacerda
CADERNO SUSTENTAÇÃO
Winnie Bastian
CA DER NO DE AR QUI TE TU RA
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Ana Sant’Anna
9:04 AM
PER CEP ÇÃO APU RA DA
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RADIOGRAFIA DE UM PROJETO
Daniel Paronetto
TOM DI XON
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ARC DESIGN terá como pauta permanente a sustentabilidade, em todas as suas áreas de abrangência. Nesta edição: cidades sustentáveis, critérios básicos na escolha de materiais para uma construção saudável e entrevista com Vanderley John. E mais seção de notas e resenha de livro
A ECOLOGIA COMO CONCEITO
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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)
LOUCOS POR DESIGN: MARIA HELENA CABRAL
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ENGLISH VERSION
64 www.arcdesign.com.br
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DESIGN EXCELLENCE BRAZIL O Design Excellence, que tem encaminhado projetos brasileiros ao Prêmio IF, muda sua estrutura. Por iniciativa da APEX-Brasil, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Design Excellence Brazil tem o objetivo de promover o reconhecimento internacional do design de produtos e serviços desenvolvidos no país. Sua organização passa a ser realizada pelo Centro de Design Paraná. Nesta primeira edição inscreveu produtos brasileiros no IF Design Award, prêmio alemão de maior relevância no mercado europeu, e no IDEA, importante premiação norte-americana de desenho industrial. As categorias premiáveis são: áudio/vídeo, telecomunicações, computadores, iluminação, mobiliário/casa, utensílios domésticos, estilo de vida/lazer, construção e indústria, medicina e cuidados com a saúde, escritório/negócios, design público/design de interiores, transporte, estudos avançados, embalagens. www.designbrazil.org.br
EXPOSIÇÃO ABRE EVENTO NO SENAC A mostra Amor Líquido – Laboratório de Desenho Experimental com Descartes abre a 3ª edição do evento Design Essencial 2007. A instalação no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, é composta por peças criadas pelos alunos do Senac São Paulo, com orientação do designer Alejandro Sarmiento e da jornalista especializada em design Lujan Cambarieri, de Buenos Aires. Realizada pelo laboratório de desenho experimental com descartes Satorilab, em parceria com a Natura, a exposição fica aberta de 25 de setembro a 14 de outubro. O tema: o descarte presente no universo de objetos em que estamos imersos e nas relações humanas. www.mcb.sp.gov.br, www.sp.senac.br
TRÊS FACES DE UM SOFÁ Sofá com braços largos, apoios móveis ou pufes acoplados? Todas as alternativas estão corretas. O modelo Cê – inspirado na forma da letra – apresenta várias faces. Tem assento e encosto com medidas variáveis (1,60 m ou 1,90 m, para o sofá de dois lugares; e 2,20 m ou 2,40 m para a versão de três lugares) e laterais (54 cm x 60 cm) que, estruturadas sobre rodízios, se movimentam conforme a necessidade do usuário: de simples braços a apoios para bandejas ou pufes. Produzido pela Nada se Leva, www.nadaseleva.com.br, está à venda em diversas lojas do país. Entre elas: Brentwood, Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.130, São Paulo, SP, tel. (11) 30828577; e Emily Interiores, Av. Getúlio Vargas, 757, Cuiabá, MT, tel. (65) 3615-7000.
6º PRÊMIO MAX FEFFER Com o objetivo de reconhecer o talento de profissionais que agregam valor ao papel e destacar trabalhos desenvolvidos em Reciclato, papelcartão Supremo Duo Design e Supremo Alta Alvura, a Suzano Papel e Celulose criou o Prêmio Max Feffer de Design Gráfico. A novidade do ano é a categoria Estudantes, que concorre a um Macintosh, um tablet e um equipamento fotográfico. Os três primeiros colocados de cada uma das outras quatro categorias (Embalagem, Promocional, Editorial e Miscelânea) e as respectivas gráficas receberão prêmios em dinheiro. Já o autor da Peça Destaque ganhará uma viagem internacional. Ao todo serão premiados os 15 melhores produtos inscritos, e a Peça Destaque. Inscrições gratuitas, abertas de 16 de julho a 31 de outubro no site www.suzano.com.br/premiomaxfeffer. Premiação: 22 de novembro.
0ARA A (ERMAN -ILLER A CONCEP ÎO DE NOVAS FORMAS Ï UM PROCESSO NATURAL 0OR TODA SUA HISTØRIA NO DESENVOLVIMENTO DE MØVEIS COMO AS TRADICIONAIS E SOlSTICADAS CADEIRAS JÉ CONHECIDAS NO "RASIL OS PRODUTOS (ERMAN -ILLER ALCAN ARAM O RECONHECIMENTO MUNDIAL
%PIGRAM
! LUMINÉRIA ,EAF SINTETIZA TODAS AS QUALIDADES QUE lZERAM DESTA MARCA UMA REFERÐNCIA EM DESIGN LEVANDO A FUSÎO ENTRE TECNOLOGIA E ARTE PARA SUA CASA OU ESCRITØRIO %STA NOVIDADE QUE A (ERMAN -ILLER TRAZ AGORA AO "RASIL PROPORCIONA UMA EXPERIÐNCIA ÞNICA COM FORMAS ORGÊNICAS QUE RESPONDEM AO SIMPLES TOQUE DE SEUS DEDOS
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INDIRETA E DIRETA: LUZ Vencedora dos mais importantes concursos nacionais e internacionais de design, só neste ano a luminária Bossa recebeu os prêmios máximos no IF (IF Gold Award) e no Red Dot Design Award (Best of the Best), ambos na Alemanha, além do Good Design Awards nos Estados Unidos. Assinada pelo designer Fernando Prado, a luminária em alumínio permite o controle de intensidade e o tipo de efeito de luz por meio da movimentação do seu refletor. "À medida que o usuário move a peça para cima e para baixo, sua luz é alterada de direta para indireta, tornando assim a luminária mais versátil e seu desenho diferenciado", diz o designer. Pendente e própria para lâmpada incandescente de até 150W ou halógena tipo Halolux até 150W, possui
TAPETE VERSÁTIL
controle de ofuscamento através de um anteparo posicionado na sua
Um novo produto da Resinfloor foi lançado no Espaço da FIESP
parte inferior. Nas versões pequena (34 cm de diâmetro) e grande
durante o Prêmio Top Design XXI, promovido por ARC DESIGN,
(50 cm de diâmetro), seu acabamento é texturizado, em branco ou
com três tapetes de 9 m x 3 m, fundo vermelho, cores vibran-
preto, e também titânio. À venda na Lumini, Al. Gabriel Monteiro da
tes e forma irregular, compondo o ambiente da exposição.
Silva, 1.441, tel. (11) 3898-0222, www.lumini.com.br
O produto, executado pela Resinfloor, com desenho de Fernando Siena, foi desenvolvido em resina de poliuretano flexível podendo ter seu tamanho, desenho e formato conforme especificação do cliente. Possui ainda proteção UV, impedindo o desbotamento, possibilitando sua utilização em áreas de grande intensidade de luz solar. Os tapetes Resinfloor proNelson Kon
porcionam inúmeras possibilidades de customização, uma idéia nova, que permite versatilidade na decoração das casas contemporâneas. Tel. (11) 3666-9629, www.resinfloor.com.br
MÁQUINA + GENTE
TECNOLOGIA A TODA A PROVA
Base produzida industrialmente, em larga escala, e assento e en-
O suporte para TV e monitores é mais um dos tantos acessó-
costo feitos manualmente, um a um. A cadeira Flórida, criação do
rios criados para as camas Auping. O fabricante holandês de-
designer Estevão Toledo, foi concebida justamente com a intenção
senvolveu um sistema próprio para acomodar telas planas –
de unir as vantagens da produção em escala industrial à artesanal.
LCD ou plasma – de até 17 polegadas. Encaixado à base me-
Ou seja, segundo o designer: "Agilidade na fabri-
tálica da cama, o suporte de aço com pintura de alumínio
cação e linguagem diferenciada no desenho".
anodizado gira para a esquerda e para a direita em 110 graus
Fabricada em eucalipto certificado pelo Forest
e ainda pode ser inclinado para cima e para baixo em 20
Stewardship Council (FSC), a Flórida guarda
graus para melhor ajuste da posi-
outra característica importante: foi inspirada
ção. Aguenta no máximo 15
nas bolachas-do-mar. Seu assento e encosto
kg. A versão com pés se
têm furos cavados à mão.
adapta a outros tipos
Tel. (11) 6694-2404.
de cama. Collectania: www.collectania.com.br
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LEITURA ILUSTRADA
DESIGN NO BANHO
Três títulos acabam de ser lançados.
Desenho italiano e fabricação brasi-
“Interiores – Lojas e Restaurantes”,
leira dão forma à ducha Quadro, lan-
da Viana & Mosley, tem texto do ar-
çamento da Altero. A peça (21 cm x
quiteto e designer Ivan Rezende e
21 cm) permite instalações mono-
obras dos mais importantes arquite-
comando ou com dois registros e
tos brasileiros. Entre eles: Paulo Men-
tem acabamento cromado. Um trata-
des da Rocha, Isay Weinfeld, Marcio
mento anticalcário, em seu interior –
Kogan, David Bastos, Esther Giobbi e Sergio Rodrigues. Já “O
uma borracha que evita o entupimento da saída de água – mantém o
Livro e o Designer II – Como Criar e Produzir Livros” e “Lingua-
jato sempre uniforme. Garantia de 12 anos.
gens do Design: Compreendendo o Design Gráfico”, ambos da
À venda na Altero, tel. (51) 3559-1000, www.altero.com.br
Edições Rosari, abordam o projeto gráfico. No primeiro, o autor Andrew Haslam tirou par-
CURSOS DE FORMAÇÃO AVANÇADA
tido de ilustrações, fotografi-
A instituição de ensino internacional Istituto Europeo di Design
as e diagramas para condu-
(IED) abre inscrições para os seus cursos máster de formação
zir o leitor por todas as eta-
avançada. Para graduados e profissionais que buscam aprimoramen-
pas que envolvem o design
to e atualização, os cursos têm duração de 15 meses e carga horária
de livros: da interpretação de
de 360 horas. As aulas são das 19h às 22h. Algumas das opções no
um briefing de projeto à
segmento: Design Estratégico, Interior Design e Industrial Design.
construção de grades, pas-
Há também cursos relacionados à moda, além dos que abordam a
sando pelo design de capas
comunicação visual, como o Design Editorial: Gestão e Direção de
e pela compreensão do processo de produção, incluindo re-
Arte e o Graphic Design. Tel. (11) 3660-8000, www.iedbrasil.com.br
produção, impressão e encadernação. Na obra “Linguagens do Design: Compreendendo o
LUIS CALAZANS LUZ
Design Gráfico”, Steven Heller
Excelente fotógrafo, amigo, colaborador.
preferiu examinar uma grande
Suas fotos contribuíram para o sucesso de
variedade de objetos clássicos e
ARC DESIGN desde as primeiras edições da
contemporâneos em todo o tipo
revista. Destacou-se, sempre, por seu ca-
de mídia, enfocando seu signifi-
ráter e talento impecáveis.
cado em contextos históricos
Em sua homenagem reproduzimos a úl-
mais amplos – tanto do design
tima capa fotografada para nós.
gráfico quanto da cultura popular –, em vez de apenas realizar estudos de casos convencionais. Viana & Mosley Editora: tel. (21) 2111-9206, vmeditora@globo.com; Edições Rosari: tel. (11) 5063-2467. www.rosari.com.br, vendas@rosari.com.br
ERRATA Na edição 54 de ARC DESIGN, divulgamos, na seção News, uma nota sobre o Prêmio Tok & Stok de Design Universitário. Ao contrário do que publicamos no título da nota, o prêmio não está em sua 20ª edição e sim em sua 2ª. Diferentemente do que publicamos na seção News da última edição, o telefone de contato da designer brasiliense Flavia Amadeu – que assina a coleção “Jóias Orgânicas” – é (61) 8453-7490.
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Para que serve o design urbano? Conforto, beleza, soluções ambientais, poesia, humanização, segurança, emoção. Publicamos duas abor da gens do tema: pro du tos apresentados no livro &Fork, com designers de diversas partes do mundo; projetos para um concurso em Bruxelas. Nos dois casos, vemos surgir o design conceitual, utópico ou não, que se move no mundo das idéias, ou da intenção Daniel Paronetto
© Matthias Aron Megyeri
www.phaidon.com
DESIGN URBANO: NOVOS HORIZONTES
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Aci ma, um dos pro du tos da li nha Swe et Dre ams Se cu rity™ pro je to de Mat thias Aron, Lon dres. Uma in ves ti ga ção a res pei to da pa ra nóia em re la ção à se gu ran ça e sua re la ção com a mo ti va ção do con su mi dor
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Nesta página, trabalho de Simon Heijdens, usa projeções de luz, som e animação para interagir com o movimento da rua. Uma folha da árvore “cai” a cada pedestre que passa e as folhas, também projetadas, se movem de acordo com o som. No detalhe, projeção de uma planta dentro de casa: sua vida é recriada e “cresce” em direção ao sol, obedecendo aos movimentos da natureza
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Raoul Kramer e Bas Helbers
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Aci ma, pro je to dos gê me os ho lan de ses Je ro en e Joep Ve rho e ven que transforma um produto de utilidade urbana em um objeto de beleza. Abaixo, projeto Banc-vélo de Xavier Lust produzido com uma placa de aço que, ao ser dobrada, toma a forma final aproveitando ao máximo seu material. Na página ao lado, pon te in flá vel de Lam bert Kamps, Ho lan da, brin ca com as sen sa çõ es dos usu á ri os ao pro je tar um pro du to fun ci o nal, fa cil men te fi xá vel, e que tam bém de sa fia a co ra gem
Dizem que todo italiano é artista porque desde bem pequenos, ainda no carrinho, tudo que vêem em volta, na rua, nas praças, é bonito. Essa talvez seja uma das funções – e a mais simples – do design urbano: tornar a cidade bonita. No entanto, seu desafio é outro: é o de moldar um espaço físico pesquisando as necessidades do local e de quem o utiliza, imaginando como as pessoas vão interagir com os equipamentos, trazendo soluções para problemas ambientais, de trânsito, de segurança, estéticos, ou outros. Essa é uma área bastante abrangente e complexa do design, que pode ir desde a concepção do traçado de uma cidade inteira, como Washington, Canberra e, mais próximo de nós, Brasília, até a produção de móveis ou equipamento para espaços públicos. Hoje, os grandes desafios dizem respeito ao retorno à humanização das cidades, tornando-as sustentáveis e, ainda, com projetos que facilitem a vida e aliem um “toque artístico”, ou emocional. Chama a atenção, nos exemplos encontrados em
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Elixir Sprl
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&Fork, a unanimidade de soluções de caráter subjetivo. O design conceitual torna-se importante por lançar uma luz sobre futuros caminhos do design. É a tentativa de alguns profissionais empenhados em criar soluções, mesmo ainda utópicas no momento, de resgatar e de propor respostas para problemas emergentes ou, muitas vezes, cruciais. Um ótimo exemplo é o projeto Tree, do holandês Simon Heijdens, que trabalha com luz e som para interagir com os habitantes. Consiste em projetar uma árvore na fachada de um edifício e, a cada pessoa que passa, deixar cair uma folha, o que dá início a um balé de folhas projetadas no chão e sons de vento vindos de alto-falantes, escondidos, e devidamente posicionados. Além da beleza, o projeto tem a função de iluminar as ruas da cidade. Neste caso, a foto é da mostra em uma rua de Milão. A agressividade evidente no desenho de grades e cercas de segurança também é minimizada por respostas simples e divertidas, como nos projetos publicados em &Fork. 13 ARC DESIGN
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Nesta página, pro du tos con ce bi dos para o con cur so Parck de sign em Bru xe las. Aci ma, Dé jeu ner sur l’om bre, de Ani ka Pe rez e Bri ce Gen re, Fran ça, uma in ter pre ta ção da na tu re za re cri a da. Abai xo, On di ne, pro je to de Mi chaël Bi hain e Cé dric Cal le waert, Bélgi ca, com três mó du los idên ti cos que, ao se en cai xarem, for mam uma uni da de de des can so
Muitas vezes ainda empírica, quando se trata de resolver os grandes problemas das cidades, a temática do design urbano tem promovido concursos com temas dos mais variados: economia energética, racionalização da água, projetos de espaços públicos e, ilustrados aqui, os equipamentos para um parque em Bruxelas. O design urbano ultrapassa as próprias fronteiras quando atua com recursos da informática. Já existe um projeto em andamento na Irlanda de equipar uma cidade inteira com uma rede wireless pública, possibilitando o acesso à internet em qualquer local. Outro exemplo fala de uma cidade na Coréia chamada New Songdo City. Este projeto é chamado U-Life e pretende testar novas tecnologias, como nas moradias para pessoas idosas, onde um chão com sensores de pressão detecta qualquer acidente doméstico enviando um alerta para uma central de atendimento. O projeto da U-Life visa identificar como as pessoas gostam e pretendem se relacionar com as altíssimas tecnologias existentes hoje. ❉ 14 ARC DESIGN
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TECNOLÓGICOS E CONCEITUAIS Agu çar nos sos sen ti dos. Esta é a pri mei ra im pres são trans mi ti da pe las ins ta la çõ es pro je ta das para a mos tra “MyHo me – Sete Ex pe ri ên ci as para a Vida Con tem po râ nea”, em car taz no Vi tra De sign Mu seum. Jur gen Bey, ir mãos Bou roul lec, Hel la Jon ge ri us, Greg Lynn, Jur gen Ma yer, Jerszy Sey mour e os ir mãos Cam pa na, com pro je tos pu ra men te con cei tu ais, apre sen tam as idéi as que nor tei am suas es tra té gias de cri a ção: ino va çõ es tec no ló gi cas, co res e tex tu ras em evi dên cia, ma te ri ais já co nhe ci dos uti li za dos de ma nei ra nãousu al e o de sen vol vi men to de in te ri o res mó veis. De sign, arte e ar qui te tu ra, ago ra sem fron tei ras Maria Helena Estrada / Fotos Thomas Dix 16 ARC DESIGN
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Na pá gi na ao lado, fa cha da e en tra da do Mu seu Vi tra du ran te a mos tra “MyHo me”, com ins ta la ção de Fer nan do e Hum ber to Cam pa na em rá fia. Aci ma, es pa ço do ar qui te to Greg Lynn com pol tro nas Ra vi ó li, lu mi ná ri as Nu mi nous Flo wers e mais uma im pres so ra pro gra ma da para pro du zir mu ta çõ es em vo lu mes ar qui te tô ni cos. Abai xo, a co le ção de “mons tri nhos” do ar qui te to e o robô aspirador de pó
Desde a fachada, com a instalação em fibra de ráfia, que se estende até o hall de entrada, os irmãos Campana dessacralizam o rigor da arquitetura de Frank Gehry, autor do projeto do Museu Vitra, situado em Weil am Rhein, Alemanha, e nos preparam para esse espetáculo de sensibilidade e tecnologia. Nos espaços internos, mais seis instalações, a começar por Jurgen Bey (Holanda), com “Ferramentas para um Escritório em Casa”, uma sala desmontável, construída em pele sintética semelhante ao papel. Nela, um local de trabalho simula uma cabana e, como uma plataforma, permite o isolamento. Esse conceito de reclusão, de autoproteção, já havia inspirado a poltrona Earchair, de Bey, com suas “orelhas”, agigantadas. Outro tema abordado na mostra é a sensorialidade, que vemos na instalação “Inside Colours”, do Jongeriuslab (Holanda), criadores de uma palheta 17 ARC DESIGN
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Aci ma, ins ta la ção de Jur gen Ma yer, cujo de se nho de piso e pa re des se gue o des cons tru ti vis mo de Frank Gehry com pin tu ra ter mossen si ti va e o uso da cor e da mí dia ele trô ni ca para cri ar dis tin tas áre as es pa ci ais. Abai xo, do es tú dio Mak kink e Bey, par te de sua pes qui sa que ex plo ra as con di çõ es de tra ba lho no es cri tó rio atu al
tridimensional de cores e texturas com os tecidos da coleção Vitra. Neste cenário há ainda a versão em miniatura da cadeira Pastilli, de Eero Arnio, em 100 diferentes tons. A intenção do trabalho de Hella Jongerius não é o de estimular o uso de mais cores, mas de um consumo mais consciente da cor. Ainda no terreno da pesquisa com a cor e a forma, Jurgen Mayer (Berlim) criou a instalação “Housewarming”, na qual se inspira no desconstrutivismo de Frank Gehry. O espaço, pintado com tinta termossensível, permite deixar traços da passagem dos visitantes. E uma corrente elétrica, aplicada com intervalos, faz com que as cores desapareçam pouco a pouco, quando a temperatura esfria ao máximo. Ao fundo deste espaço, o arquiteto norte-americano Greg Lynn (Los Angeles) criou o “Robot Living”, uma habitação para seres robóticos. Da idéia à execução, vê-se o pioneirismo de Lynn, já observado em sua arquitetura. Neste espaço, de inspiração na cultura Pop, ele coloca personagens de sua 18 ARC DESIGN
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Aci ma, do Jon ge ri us lab, te ci dos em di fe ren tes co res, nu an ces e tex tu ras são fo to gra fa dos em seu cons tan te mo vi men to, o que ser vi rá co mo base para o desenvol vi mento de uma nova gama de co res para a Vitra. Abai xo, ca dei ra em plás ti co bi o de gra dá vel pro du zi da a par tir de ba ta tas e re a li za da com mol des pri mi ti vos em sua pró pria casa. Mé to dos pré-in dus tri ais e ins tru men tos rús ti cos pro pi ci am a au to no mia do pro je to
coleção particular como alienígenas, dinossauros, figuras japonesas e pequenos aspiradores de pó robotizados, que passeiam pelo espaço. A poltrona Ravióli, partiu de um quadrado em três dimensões, no qual a parte superior foi moldada para formar um encosto e, da inferior, extraíram-se os quatro pés. A luminária Numinous Flowers, assim como a poltrona, utilizou o processo CNC e foi produzida em fibra de vidro. Os irmãos franceses Ronan e Erwan Bouroullec exploram as qualidades acústicas e táteis do espaço em sua “Stitch Room”, com paredes modulares em tecido. O designer canadense Jerszy Seymour alugou uma sala vazia em Berlim, cidade onde nasceu e agora vive e, durante semanas, mobiliou e equipou o espaço com objetos feitos por ele em plástico biodegradável. Primeiro usou apenas batatas e moldes abertos feitos de areia e barro para experimentar uma vida auto-suficiente e autônoma. Para a mostra “MyHome”, o laboratório foi totalmente transferido para a sede do museu. ❉
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SALÃO DESIGN CASA BRASIL A pri mei ra edi ção da fei ra CASA BRA SIL apre sen tou o seu Sa lão De sign, um con cur so que inclui toda a Amé ri ca La ti na. Her dei ro do su ces so do Sa lão De sign Mo vel sul, tam bém pro mo vi do pelo Sind mó veis de Ben to Gon çal ves, o Sa lão De sign, uma das mos tras da CASA BRA SIL, ino va na va ri e da de de ti po lo gias que abran ge do mo bi li á rio e lu mi ná rias aos aces só ri os para ba nhei ros e co zi nhas, e todo o uni ver so da casa Maria Helena Estrada
Leandro Feliciano
Aci ma, Lu mi na, 1° lu gar na ca te go ria In dús tria: duas pe que nas tur bi nas na par te in ter na da tor nei ra fun ci o nam com a for ça da água e acionam os leds que a iluminam nas cores azul, vermelha ou lilás. Design Juliesse Gamba e Daniel Jorge Tasca. Produção: Me ta lúr gi ca Me ber Ltda., Ben to Gon çal ves, RS. Abai xo, 2° co lo ca do na mo da li da de Pro fis si o nal, Fo gão Du plo For no. De sign Ju lio E. Ber to la, Elec tro lux do Bra sil, Curitiba, PR
Aci ma, 2° lu gar da ca te go ria Es tu dan te, Lu mi ná ria Lu mi nous PET: ar te sa nal, uti li za so bras de gar ra fas PET re cor ta das, do bra das e en cai xa das. De sign Le an dro da Sil va Fe li ci a no; Fun da ção Uni ver si da de Re gio nal de Blu me nau, SC
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Mario Grisolli
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Nes ta pá gi na, 1º lu gar do Prê mio Pro fis si o nal, Sis te ma Car ra pi xxxo. Pro je ta do a par tir de semi-es fe ras em alu mí nio in je ta do, pre sas a uma pa re de ou pai nel e ati ran ta das com cor do a lhas de aço, per mi tem to das as con fi gu ra çõ es, de tam pos de mesa a ar má ri os. Criação Indio da Costa Design, Rio de Ja nei ro
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Carlos Alberto Ben
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À esquerda, Menção Honrosa da categoria Indústria, Sistema de Armários Evviva. Conceito flexível em móveis planejados, visando nova forma de projetar e vender modulados: oferecer peças de armários componíveis em vez do móvel já completo. Design Gustavo Bertolini, José I. Ferro, Diogo F. Pinheiro e Janir de Bona. Produção: Bertolini S/A, Bento Gonçalves, RS
momento e da evolução – ou não – em que se encon-
com mais de 1.000 inscrições! Mas apenas alguns apre-
tra o design latino-americano. E a conclusão, se avaliar-
sentam diferenciais significativos. Com relação aos
mos os resultados com o critério e o rigor – que ao
projetos dos candidatos às premiações, mesmo com
menos o design brasileiro já merece –, o conjunto
prêmios nada desprezíveis, o grau de inovação, sempre
ainda deixa a desejar. O primeiro prêmio para Profis-
aguardado, continua baixo. Como sempre, exceções,
sionais coube a Guto Indio da Costa com o sistema
principalmente entre os profissionais e as empresas.
Carrapixxxo. Excelente qualidade projetual e uma per-
Nas categorias para Estudantes, surge uma dúvida:
feita engenharia de produção, que só confirma o pres-
será que as escolas estão cumprindo seu papel... ou
tígio já alcançado por esse escritório de design. O siste-
foram os estudantes que erraram de carreira?
ma é composto por semi-esferas em alumínio injetado,
Neste concurso, uma análise dos projetos premiados
fixadas em paredes ou painéis, em intervalos regula-
e das menções honrosas nas categorias Profissional,
res, as quais sustentam uma série de módulos, em
Estudante e Indústria nos fornece um panorama do
MDF, variando em tipo, formato e cores diversas. Mini-
À es quer da, Car ri nho de Lim pe za Do més ti ca, em ABS. De sign Pa trí cia Caseragh, Universidade Tuiuti do Paraná. À direita, Lámpara Multiuso: em policarbonato, formado por três lâminas que deslizam quan do pre sas ao teto, mu dan do sua con fi gu ra ção. De sign Is mael Que sa da Chow, Ins ti tu to Su pe ri or de De se nho, Ma dru ga, Cuba. Am bos re ce be ram Men çõ es Hon ro sas na mo da li da de Es tu dan te
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Carlos Alberto Ben
Carlos Alberto Ben
Os concursos se multiplicam no Brasil e, muitas vezes,
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Studioleco
Carlos Alberto Ben
Acima, Menção Honrosa na modalidade Indústria, faqueiro, design Arthur Casas: desenho minimalista, “inspirado na geometria da cobra jararaca”. Versões em aço inox e prata. Produção: Riva. Ao lado, Mamma, enorme luminária, Menção Honrosa na modalidade Profissional. Design Ronaldo Mafra, Yrurá Garcia Júnior e Eduardo B. Lopes. Iluminar, Nova Lima, MG
malismo formal e matérico, respeito ao meio ambiente.
riência utilizando o bambu como elemento estrutural
A primeira colocação para as indústrias coube à Meber,
de um rack de trabalho. Projeto de um estudante da
com uma torneira que sinaliza a temperatura da água
Universidade Tuiuti do Paraná, contou com apoio e
por meio das cores azul, vermelha ou lilás. Desenvolvi-
orientação dos professores – condições essenciais
mento brasileiro de um projeto internacional. Boa pre-
para a boa conclusão do projeto. No campo experi-
miação também para a Riva, que investe em design bra-
mental, uma peça de artesanato se destacou pelo uso
sileiro e qualidade de produção.
do material reciclado, pela facilidade de construção,
O júri reitera a opinião de ARC DESIGN ao afirmar
que pode ser realizada por comunidades. A luminária
que “dos estudantes esperava-se mais ousadia, con-
PET, projeto de um estudante da Fundação Universi-
ceituação, experimentação: com os materiais e com
dade Regional de Blumenau, construída em dobradu-
as próprias idéias. Essa é uma sinalização do júri,
ras de PET utilizado em garrafas, é “um produto de
não negativa, mas de desafio”.
uma linha que se vê hoje como um dos caminhos que
Dentre as “ousadias” louváveis ressaltamos uma expe-
o design está tomando”, afirma o júri. ❉
À es quer da, E-bam bu, Menção Honrosa na categoria Es tu dante. Es ta ção de tra ba lho es tru tu ra da por três has tes de bam bu. De sign Ever ton Has sel mann, Uni ver si da de Tu i u ti do Pa ra ná. À di rei ta, Sofá Cine, com as sen to de fu ton. De sign Mar cus Fer rei ra, 3 COM Co mér cio de Mó veis Ltda., São Pau lo. Men ção Hon ro sa na ca te go ria Pro fis si o nal
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TOTENS SEM TABUS A Vitória Régia em tamanho gigante junto a uma instalação em bam-
Ed Reeve
bu, nos jardins do Victoria & Albert Museum, que comemora 150 anos. A coleção Transplastic apresentada na Galeria Albion, situada em um prédio do arquiteto Norman Foster. São duas das recentes incursões na Europa dos designers brasileiros Fernando e Humberto Campana Maria Helena Estrada
Ed Reeve
Fe r
nan
do
Las
zlo
Acima, Bi bli o te ca com Ca dei ra, na qual o plás ti co é “en go li do” pelo vime. À direita, o iní cio da “vi a gem”, ca dei ra Café, uma ca dei ra banal, em plás ti co, en vol vi da pelo vime. Abai xo, lu mi ná ria Ilha (de piso) e Me te o ro (de pa re de) nas quais os globos de plás ti co apa re cem como fon tes de luz
Transplastic ou, como define Marco Romanelli (Abitare 467), “infectar o sintético com próteses naturais”. Primeiro o “cheiro”, a informação visual e tátil, a fisicidade do material. Depois as mãos, o gesto descuidado de quem procura entender o que diz aquela matéria, do que ela é capaz, quais transmutações poderão ocorrer. O processo de criação dessas peças? Como em outros projetos, aconteceu mais ou menos assim: Humberto colecionava galões de plástico, à espera de uma idéia que lhes desse outra utilidade. Havia também a vontade dos dois irmãos de trabalhar o vime, elemento natural substituído pelo plástico. Material que se acreditava ter seu potencial de inovação esgotado. Desse possível acos-
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Ed Reeve
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Aci ma, vis ta ge ral da mos tra na Galeria Albion, com di ver sas mor fo lo gias da lu mi ná ria Ga lão. À di rei ta, o gran de to tem Trans Block, ma ni fes to de um de sign con cei tu al
tamento nascia, no entanto, de forma espontânea, um
cadeira, que é envolta na trama
processo de hibridação. E os objetos iam surgindo aos
do vime e, camuflada, desapare-
poucos. Sem papel, lápis ou teclas.
ce. É o início de um novo universo, ago-
Como conectar os dois materiais? O primeiro produto
ra pleno de significados. Embora seja
foi a luminária de galões empilhados e conectados por
sempre o resultado de um trançado que se
tramas em vime. Cada galão é furado em uma lateral e
avoluma, que transcende os limites da cadei-
por esses furos inicia-se a tecer a malha.
ra e também das fontes de luz, Ilhas, Meteoros
Nos anos 1970, 1980, surgiu o vime de plástico e, de-
e Nuvens transmitem, como primeiro impacto, a
pois, começaram a ser reproduzidas as velhas cadeiras
imagem de uma rocha escavada, ou mesmo de uma
de vime, que hoje saltam como “bolachinhas”, de uma
ruína pré-histórica, de paredes corroídas. As cadei-
simples máquina injetora. O plástico engoliu o vime e,
ras perdem seu volume, reduzidas a pequenos coad-
agora, pelas mãos de Fernando e Humberto, o vime, li-
juvantes de um novo cenário.
teralmente, engole o plástico.
Uma vez finalizados os protótipos, toda a coleção é
A coleção começa a se desenvolver a partir de uma só
produzida no Brasil, pela Cerello, e, bipartidos, voam 25 ARC DESIGN
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Fernando Campana
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V&A images
Luis Calazans Luz
Victoria & Albert Museum, Londres, comemora 150 anos com a Vitória Régia em seu jardim, onde também os irmãos Campana instalaram um percurso em bambu
para Londres, onde são montados. Apenas a “caverninha”, biblioteca autoportante, seguiu inteira. Todas as luminárias e quase todos os outros modelos foram vendidos nos primeiros dias da exposição. O olhar estrangeiro muitas vezes enxerga melhor e mais longe! Design conceitual que, no universo do design europeu, alarga seu poder e se expressa como território de pesquisas, de novos significados, contaminando fronteiras – é este o terreno onde atua esta dupla brasileira. Sem discursos, sem alardear bandeiras, criando o novo a partir do olhar sobre o próprio entorno, do quase nada. “Cada objeto tem um novo significado, próprio, e é também o registro de uma época. Se não for assim, qual o sentido de se fazer uma nova cadeira?”, comentam os irmãos. ❉
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Músico e motociclista, numa tarde foi aprender a consertar sua moto na oficina de solda de um amigo. Bingo! A maleabilidade do metal despertou-lhe a alma de designer. Nascido na Tunísia, Tom Dixon cresceu na Inglaterra, onde se tor nou um dos íco nes do de sign mun di al. Visionário do empreendedorismo, ele acre di ta na pro fis são como fer ra men ta para me lho ria da so ci e da de, como diz nes ta en tre vis ta concedida a ARC DESIGN
TOM DIXON
Daniel Paronetto
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Hain
sley
Brow
n
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Nes ta pá gi na, lu mi ná ri as Beat Lights, ins pi ra das nos recipientes de trans por te de água usa dos so bre a ca be ça pe los in di a nos e manufaturados na Índia. Na pá gi na ao lado, aci ma, ou tra pers pec ti va das Beat Lights; e abai xo, a S Chair, um dos pro du tos mais fa mo sos de Tom Di xon, para Cap pel li ni
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ARC DESIGN – Des cre va sua carrei ra des de seu iní cio, onde
estudou e quais foram as habilidades que teve que lapidar antes de abrir sua empresa de design? TOM DIXON – Minha carreira de designer começou em torno de
1984 enquanto ainda estava envolvido no ramo da música. Trabalhava de noite e passava os dias fazendo objetos para meu próprio divertimento. Esses objetos eram rapidamente vendidos e desde então eu procuro métodos de produzir, distribuir e criar novas peças. Tudo o que aprendi até hoje foi no trabalho e vai muito além do design. Ganhei muito conhecimento em logística, distribuição, marketing, varejo e, é claro, design e produção. AD – Qual é a sua vi são glo bal do de sign? Para onde você o vê
cres cer nos pró xi mos anos? TD – Acre di to que ve re mos uma evo lu ção de nos sa pro fis são
para to das as áre as. Ve re mos o de sign e a pro du ção se tor na rem cada vez mais di gi ta li za dos e as pes so as te rão a opor tu ni da de de cri ar seus ob je tos em for ma de “mi croin dús tri as”. Será uma re vo lu ção mu i to pa re ci da com a que hou ve com a im pres são ca sei ra. AD – Com a ex pan são do de sign para no vos lu ga res, como Xan gai
e Seul, qual é o im pac to que isso pode ter em futu ras ten dên ci as? TD – Vejo uma gran de opor tu ni da de para em pre sas de de sign
conquistarem um alcance global. No entanto, também vejo que é necessário que elas mantenham sua identidade local e pessoal. AD – Des de a Re vo lu ção In dus tri al, a In gla ter ra sem pre es te ve à
fren te quan do o as sun to é tec no lo gia in dus tri al. Quais são as ca rac te rís ti cas que fa zem o de sign britâ ni co “ser bri tâ ni co”? TD – O de sign bri tâ ni co sem pre foi mu i to di fí cil de se ca te go ri -
zar, tendo em vista sua dimensão internacional. Gosto de vê-lo Acima, cadeira Wire Chair: com estrutura em aço inox, tem como ins pi ra ção um sim ples clips. No topo da pá gi na, as es cul tu rais Cop per Sha de. Pro du zi das em co bre, elas des ta cam o uso di nâ mi co e fle xí vel do ma te ri al
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como algo que se preocupa menos com estilo e pensamentos conceituais do que os outros países e que carrega em si um tipo de inovação robusta.
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À es quer da, Fresh Fat Bowl, fru tei ra pro du zi da por fios de plás ti co ex tru da dos, per mi tin do o ma nu seio en quan to quen te. Pro du tos ex clu si vos e úni cos com um ma te ri al as so ci a do à pro du ção em lar ga es ca la
AD – O de sign está se tor nan do o pró xi mo gê ne ro cri a ti vo, ul tra -
pas san do em im por tân cia a in dús tria da moda. Você acredi ta que isto contra diz os valo res que hoje estão re gen do o de sign, como os cri té ri os da sus ten ta bi li da de? TD – Eu acredito que esse interesse extra dentro do design tem seu
valor, mas concordo que, no momento, os valores, como também os resultados, estão um pouco superficiais. Cabe a nós, os designers, assumir essa postura de criar soluções úteis e usar esse lado do glamour para evidenciar com vigor a necessidade de projetos sustentáveis. AD – De sig ners são pe nsa do res cri a ti vos e in tu i ti vos. O que, por
de fi ni ção, é um bom desig ner e qual o seu valor para a soci e da de? TD – Um de sig ner tem que es tar en vol vi do na evo lu ção e me lho -
ria de objetos. Ele traz para a sociedade métodos mais econômicos e inteligentes de produção, melhorias nas funções dos objetos como também no modo de interagir com eles, e sempre busca
Aci ma, as me sas Slab Din ning Ta ble e Low Slab, de ma deira. Abai xo, sofá Ser pen ti ne: com posto por três módulos per mi te inú me ras con fi gu ra çõ es
cores e formas adequadas. AD – Em quais pro je tos você está fo ca do atu al men te? TD – Es tou tra ba lhan do na fei ra lon dri na 100% De sign como
di re tor cri a ti vo e, na Ar tek, o foco está no con cei to de an ti de sign. Tam bém es tou en vol vi do no pro je to de uma bo a te na co ber tu ra de um ar ra nha-céu de Lon dres e, fi nal men te, de di co um tem po para meu apar ta men to, tam bém em Lon dres. AD – No jor nal da fei ra ICFF, N. York, você pro mo veu uma “mi ni -
en tre vis ta” com pro fis si o nais da área e ago ra é a sua chan ce de res pon der à sua per gun ta: o de sign pode sal var o mun do? TD – Ele tem que tentar. ❉
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ENTREVISTA:
MARCELO MOLETTA Morador do Leblon, no Rio de Janeiro, e surfista nas horas vagas. Formado em Desenho Industrial pela PUC, em 2003, Marcelo Moletta desponta como talento do design nacional com criações de objetos que, em comum, são portáteis, leves e de baixo custo. Não poderia ser para menos, uma vez que sua principal inspiração vem da observação da vida a seu redor Mariana Lacerda / Fotos Rudy Hühold
ARC DESIGN – Como nas cem suas idéi as de ob je tos? Como se dá
AD – A ca dei ra En ve lo pe tam bém nas ceu de uma neces si da de?
essa inclinação para criar coisas práticas, portáteis?
MM – Acho que sim. Todas essas idéias são da época da fa-
MARCELO MOLETTA – Sempre penso no jeito que eu gostaria
culdade. No caso da cadeira Envelope, sua construção é bem
que os objetos tivessem. Normalmente, minhas idéias nascem
simples, e por isto comecei por ela. É o mesmo processo usa-
a partir das necessidades que tenho. Costumo fazer coisas
do para fazer uma caixa de papelão. Vou à fábrica, encomen-
pensando naquilo que eu sinto falta de encontrar no mundo,
do o material. Tenho todas as ferramentas, as facas para cor-
geralmente algo que eu gostaria que existisse. Por enquanto,
tar. Depois, com a prensa, eu mesmo corto e monto a cadei-
esse tem sido o ponto de partida. Depois, penso no material,
ra. Também criei uma cama que pode ser de casal ou de sol-
na viabilidade, no custo.
teiro. São duas camas de solteiro, uma em cima da outra, com um mecanismo que permite que se transformem em
AD – Al gum exem plo?
cama de casal. No meio não há batentes: um colchão
MM – A cadeira de
fica ao lado do outro, no mesmo nível, sem nenhum ele-
praia. Ela é completa-
mento que impeça o conforto. Chama-se cama Sutra.
mente dobrável, a ponto de caber numa bolsinha,
AD – De que forma você acha que essas criações
própria para ser carrega-
respondem ao momento atual da sociedade?
da, até mesmo no ônibus ou na bicicleta. Chama-se cadeira Carioca. 32 ARC DESIGN
MM – Acho que toda criação deve
ser um reflexo do seu meio, sua cidade, seu tempo. Por
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Na pรกgina ao lado, embaixo, a pasta e as folhas de po li propile no (com 2 mm de espessura), em ba la gem e pe รงas da ca dei ra En ve lo pe. Nesta pรกgina, a En ve lo pe jรก mon ta da
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exemplo: um carregador de celular que
professor, o Carlos Pogge, muito bom, a
funcione à energia solar. Por que não?
fazer esculturas de isopor. Trabalhei também,
Fazê-lo foi quase como uma brincadeira,
em 2005, no escritório de design Indústria Nacional.
que inventei para aprender como funcionava a tecnologia e,
Desde o ano passado, estou no ateliê do artista plástico e ce-
assim, poder usar de outras formas. Tenho o protótipo, mas
nógrafo Ernesto Neto, com quem estou aprendendo muito: tra-
ainda não foi fabricado. É o único projeto meu que precisaria
balho com esculturas de tecido, com instalações, salas, a par-
ser vendido para alguma indústria, para sua fabricação. Acho
tir dos desenhos, que coloco na escala certa, e os entrego às
ainda que toda a criação reflete a forma como você lida com
costureiras. Às vezes também desenho, projeto na parede, faço
o mundo, com as pessoas.
moldes. Vejo ainda as questões estruturais, como as peças serão erguidas, colocadas nas salas. O Ernesto Neto, cada vez
AD – Suas cri a çõ es são da época da facul da de?
mais, identifica e coloca as pessoas bacanas para fazer as
MM – Sim. Na faculdade, você tem liberdade e tempo disponí-
coisas legais.
vel para fazer o que quiser. Se você está trabalhando em um escritório, de alguma forma está amarrado com as demandas
AD – Como se dá essa in ter fa ce entre de sign e arte?
do cliente.
MM – É uma ex pe ri ên cia in te res san te, por que ge ral men te
meus trabalhos são simétricos, geométricos, ligados à forma, AD – E após a fa cul da de, o que foi fa zer?
à precisão, enquanto o trabalho do Ernesto Neto é muito or-
MM – Ain da na fa cul da de, co me cei a tra ba lhar com es co las
gânico. Isso está me fazendo descobrir que posso chegar a
de samba, na Unidos da Tijuca e
um equilíbrio, sem demasiada preocupação com a simetria.
na Mocidade. Eu ajudava um
Muito inspirador! ❉
No alto da pá gi na, ca dei ra Ca ri o ca, em alu mí nio e lona, to tal men te do brá vel, e a bolsa para trans por tá-la. Ao lado, car re ga dor de ce lu lar (13,5 cm x 9,5 cm) que fun ci o na a ener gia so lar. Ain da em pro tó ti po, aguar da uma in dús tria que o pro du za em in je ção de plás ti co
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RADIOGRAFIA DE UM PROJETO
PERCEPÇÃO APURADA A bo a te as si na da pelo ar qui te to Fred Ma fra, de Belo Ho ri zon te, guar da con cei tos mul ti fa ce ta dos. Par te da ar qui te tu ra, o mo bi li á rio per mi te ao usu á rio in te ra gir de for ma li vre com o ce ná rio. Já a ilu mi na ção con fe re per cep çõ es óti cas di fe ren ci a das Ana Sant’Anna / Fo tos Jo mar Bra gan ça
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Aci ma, à es quer da, a fa cha da exi be lu zes azu is e rosa, quan do a casa no tur na fun ci o na como Roxy. Nos dias em que abre com o nome Jo se fi ne, as lu zes ficam laranja e roxo. Na se quên cia, a pis ta de dan ça lo ca li za da no piso in fe ri or. Abai xo, a ou tra pis ta, no an dar su pe ri or, comporta 200 pes so as e tem o mes mo nú me ro de pon tos de luz
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Múltiplas funções, sentidos aguçados. No cenário cria-
teto. Isso graças à resina autonivelante, usada como
do pelo arquiteto Fred Mafra para esta casa noturna,
revestimento. O material, além de resistente, confere
em Belo Horizonte, tudo parece mudar, adquirir novas
efeito contínuo e sensação tátil agradável. “Queria que
cores e usos a cada instante. A começar pela fachada,
os elementos adquirissem um caráter multifuncional e
que tem efeitos de luz rosa e azul às quartas e sextas-
os usuários interagissem de forma livre”, explica Fred.
feiras – quando funciona a boate Roxy – e laranja e roxo
Outra característica marcante do projeto é a ilumina-
às quintas, sábados e domingos – dias em que fica aber-
ção cênica que, programada por meio de um sistema
to o Club Josefine –, todos os elementos arquitetônicos
de automação, permite não só modificações nas tonali-
revelam conceitos multifacetados. Na área externa da
dades dos revestimentos e mobiliário, mas também
construção, panos de vidro espelhado revestidos por
percepções óticas diferenciadas – como piscas-piscas
películas brancas conferem uma expressão minimalista
alternados, olas e mais peripécias luminotécnicas. Isso
ao conjunto. Na concepção do arquiteto: “Quase um
ocorre não só nas duas pistas de dança, uma no piso
presente para o caos urbano”. Já no interior da casa,
inferior, outra no superior, mas também nos dois loun-
com 850 metros quadrados, formas orgânicas e carre-
ges, cinco bares e espaços de circulação. Além disso,
gadas de cor – que remetem à década de 1970 – elimi-
espalhadas pelos ambientes, gigantescas cúpulas de
nam os limites entre arquitetura e mobiliário. Bancos
pergaminho abraçam os pilares de sustentação. “São
assumem ares de janelas, degraus ou até mesmo apoios,
todos recursos que transformam o local em espaço de
enquanto balcões se fundem ao piso, às paredes e ao
inúmeras percepções”, conclui Fred. ❉
Abai xo, este loun ge exi be pa re des com re si na em to na li da des de ver de, que se fun dem com piso, teto e mo bi li á rio. Bem à es quer da da foto, o bal cão ar re don da do faz as ve zes de bar. Ao fun do, as se me lha do a uma ja ne la es cu ra, um gran de ni cho es to fa do tem fun ção de as sen to
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Acima, re si na de po li u re ta no au to ni ve lan te (Re sin flo or) uni fi ca ban cos, bal cão, pa re de e teto. Os ni chos, tam bém em linhas or gâ ni cas, são es to fa dos e, afastados da parede, ficam iluminados. Abaixo, bar de 12 me tros de com pri men to, pis ta de dan ça e loun ge do ba nhei ro
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107, RUE DE RIVOLI, PARIS Uma loja de museu sempre desperta atenção – de quem ama desbravar o desconhecido ou penetrar no mundo do “cult de sign”. Na rue de Rivo li, no mes mo pré dio do Mu sée des Ar ts Dé co ra ti fs, no Lou vre, este es pa ço é im per dí vel. Lá se encontra uma seleção de objetos de todo o mundo, sempre renovada, escolhida com faro certeiro. Para pinçar do Thomas Bertrand
utilitário ao decorativo, dos livros às jóias – sejam peças de alguns mestres do design ou a mais absoluta vanguarda –, este é o endereço certo
Acima, o escritório Suz, de Osaka, Japão, expõe na fachada da loja o que é possível fazer com seus Re:mo Blocks. À esquerda, os simpáticos animais produzidos pela D-torso, design Yuki Matsuoka, em papelão
Abai xo, à es quer da, co lar em po li car bo na to, do Ate li er Vers trae ten, Bru xe las. Na se quên cia, lu mi ná ria em pi lhá vel, do es cri tó rio bra si lei ro OVO. À di rei ta, pra tos e tra ves sas sem or na men tos, Hom broich, re me tem à me mó ria do de sign es can di na vo, ao mi ni ma lis mo e à pra ti ci da de
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www.skinbag.net
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Aci ma, in te ri or da loja 107 Ri vo li, em Pa ris, par te do Mu sée des Ar ts Dé co ra tifs. Com 300m 2, con tém aces só ri os de moda, jo gos, li vros, jói as e ar ti gos de de sign. À es quer da, as Skin Bags, de Oli vi er Gou let, que, se gun do o de sig ner, re pre sen tam uma ex ten são do cor po. De pele sin té ti ca, “al guns as acham re pul si vas”, diz o au tor, mas são ca ti van tes
Abaixo, à esquerda, a estante Diamond, edição limitada da arquiteta, designer e cenógrafa Índia Mahdavi. Na sequência, as jóias Octopus, Masako Ban, feitas de espuma expandida e recortadas a laser. À direita, luminária Lotus, da designer Janne Kyttanen, produzida pelo processo de estereolitografia
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A ECOLOGIA COMO CONCEITO
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Antes de o mundo acordar para a necessidade do uso de materiais ecológicos, os irmãos Ari e Zeco Be ral din inves ti ram na pro du ção sus ten tá vel de te ci dos e re ves ti men tos. Co nhe ça esta his tória e os acasos e fatores da trajetória do Empório Beraldin
No alto das duas páginas, bichos-da-seda e casulos; seleção manual dos ca su los que, des fi a dos, dão ori gem ao fio. Por fim, se ca gem do pro du to
Cacá Bratke
Mariana Lacerda O trabalho excessivo na adolescência nunca deixou
ferroviária, iniciaram a produção de fios. Em seguida
Zeco Beraldin estudar. “Não tive tempo”, diz ele. Descen-
compraram teares, aprenderam o ofício e começaram
dente de imigrantes vênetos, crescido em terras para-
a produzir os primeiros tecidos de seda do Brasil usa-
naenses, Zeco conta que começou cedo trabalhando ao
dos na decoração.
lado do pai e do irmão Ari. Produziam tapetes e, mais
A necessidade de uma produção ambientalmente cor-
tarde, chegaram a importar sedas que serviam para re-
reta era clara para Zeco Beraldin, que já havia inaugu-
vestimento de almofadas, sofás, feitura de cortinas.
rado seu Empório. Vieram então os testes com pigmen-
“Até que percebemos que no Brasil não se tinha notícia
tos naturais, derivados da semente de urucum, folhas
da produção de tecidos de seda para uso na decoração
de índigo, raiz da curcuma e da madeira beneficiada da
da casa.” E lá se vão 20 anos. Foi aí que começou a doce
região. Depois, surgiu a possibilidade de produzir tam-
ciranda dos encontros fortuitos que ajudaram a erguer
bém tecidos em algodão e lã utilizando processos eco-
o que hoje é conhecido no país como Empório Beraldin.
lógicos de extração e beneficiamento de matéria-prima
Guiados pelas circunstâncias e pela convicção de que
que resultaram em produtos sustentáveis, os quais ge-
abriam novos espaços na produção brasileira, os ir-
ram hoje empregos na região e muita vida aos galpões
mãos Beraldin conheceram, em Americana, no interior
antes esquecidos.
paulista, um japonês que criava o bicho-da-seda e pro-
O caminho da produção de peças para decoração com o
duzia seus fios. Foi ele quem lhes ensinou tudo sobre
uso de ma te ri ais na tu rais, ou com subpro du tos
a criação dos insetos e a produção dos fios. O segun-
de ou tras in dús tri as, tem
do passo, diz Zeco, foi comprar então galpões abando-
ori en ta do a fi lo so fia do
nados na cidadezinha de Gália, nos arredores de Ame-
Em pó rio Be ral -
ricana. Ali, nas antigas instalações de uma extinta via
d i n .Sempre
Na página ao lado, se das rús ti cas Sa ran di. Em co res va ri a das, têm lar gu ra de 1,4 me tro. À direita, fios tin gi dos com pig men tos na tu rais de ri va dos da se men te de uru cum, fo lhas de ín di go, raiz da cur cu ma e da ma dei ra be ne fi ci a da da re gião de Gá lia, em São Pau lo
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Fotos Cacá Bratke
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Ao lado, col méia pen den te. Com pos ta por lâ mi nas trans lú ci das de chi fre mar rom, medem 0,56 cm x 0,31 cm. Abai xo, ca dei ra Ma dra em ma dei ra eba ni za da, re ves ti da em cou ro
atento e em busca de novas idéias para seguir neste
acreditou-se que ecológica seria apenas a matéria-prima
caminho, Zeco nos conta que conheceu no interior do
que não tivesse origem animal. “Não é bem essa a ques-
Rio de Janeiro um artesão que desenvolvia pastilhas
tão”. Basta lembrar que o couro sintético, conhecido no
feitas de casca de coco. “Investi no trabalho dele”, diz.
mercado como “couro ecológico”, tem na sua produção
Em Alagoas, encontraram a matéria-prima em abun-
maquinários e processos não necessariamente genero-
dância: o subproduto da indústria de leite de coco
sos ao meio ambiente. E que o couro, o chifre e o osso
que, antes, era destinado ao lixo. Depois da casca de coco, veio o beneficiamento do
são subprodutos da indústria da carne bovina que, se não aproveitados, como faziam nossos antepassados
osso e do chifre, igualmente como resultado de en-
para se proteger do frio, vão também parar no lixo.
contro com artesãos. E, ainda, o uso do couro de
Graças a essa filosofia pioneira, hoje a Empório Beral-
boi para revestimentos e tapetes.
din trabalha com fornecedores e artesãos em várias
Era a possibilidade do uso de novos
partes do Brasil. Exporta tecidos para o Egito, Estados
materiais, com tudo isso, geração
Unidos, México e França. Resultado de uma história
de trabalho e renda para diversas
iniciada há 20 anos e que teve na clareza de visão do
comunidades e centros produtores.
casal Zeco e Valéria Beraldin o desenrolar feliz que to-
Por muito tempo, destaca Zeco,
dos conhecemos. ❉
Abai xo, à es quer da, al mo fa da Tri ân gu lo em cou ro com cor te a la ser; man ta Car va lho, em seda te ci da em tear manu al. Na se quên cia, tam bo re te em cro co com efei to me ta li za do e al mo fa das em cou ro tra ba lha do a la ser, com de se nhos ge o mé tri cos
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CADERNO DE ARQUITETURA
Institute of Contemporary Art, Boston
DS+R
Residência Acapulco, Guarujá
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ICA BOS TON
CON DU ZIN DO O OLHAR Um convite à contemplação – ora da paisagem, ora das obras de arte – o Institute of Contemporary Art de Boston é o primeiro museu a ser inaugurado na cidade nos últimos 100 anos. A espera foi recompensada...
Winnie Bastian Um grande filtro, que orienta a atenção do visitante e dirige o seu olhar. Foi dessa forma que os arquitetos Elizabeth Diller, Ricardo Scofidio e Charles Renfro, do escritório nova-iorquino Diller Scofidio + Renfro (DS+R), conceberam a nova sede do Institute of Contemporary Art (ICA), em Boston. Com cerca de 20 mil m2 de área construída, o prédio possui quase 5.500 m2 de galerias, além de um teatro para 325 lugares, restaurante, livraria, escritórios administrativos, midiateca, salas para funções educativas e um estúdio para a criação de obras de arte digitais. O desafio era equilibrar os dois objetivos do projeto, concorrentes e complementares: “Atuar como um edifício cívico dinâmico, preenchido com atividades públicas e sociais e, ao mesmo tempo, como uma atmosfera controlada e contemplativa para os indivíduos interagirem com a arte contemporânea”, explicam os arquitetos. Assim, a opção foi conceber o edifício “público” a partir
À di rei ta, vis ta das fa cha das nor te e les te do ICA. Com ex ce ção das ga le ri as, no 4º an dar, o edi fí cio or ga ni za-se em duas par tes dis tin tas: na ala leste (à esquerda, na mesma foto) se concentram as funções admi nistrati vas e de ser vi ço e; na ala oes te, as ati vi da des vol ta das ao pú bli co. No tér reo, des ta que para a pra ça for ma da pela ex ten são do pas seio: co ber ta e em des ní vel, con vi da à per ma nên cia e à con tem pla ção
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Iwan Baan
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Peter Vanderwarker
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Ne ga da nas ga le ri as expositivas, a vis ta da ci da de sur ge es can ca ra da na ga le ria nor te (à esquerda) e no te a tro (no pé da pá gi na ao lado). A au sên cia de co lu nas nas galerias (no alto da pá gi na ao lado) fle xi bi li za o es pa ço, que pode ser di vi di do con for me as ne ces si da des de cada mostra; a ilu mi na ção ze ni tal pro ve ni en te das cla ra bói as é di fun di da por um te ci do es ti ca do que faz as ve zes de for ro
do chão em direção ao alto e o edifício “privado”, do céu em direção ao solo. Livraria e restaurante ocupam o piso térreo. Por meio de um grande elevador envidraçado, os visitantes podem ter acesso a uma sala educativa multiuso, no 2º pavimento, ao teatro, no 3º, ou às galerias e à midiateca, no 4º. As funções de apoio e serviço foram concentradas na ala leste do edifício (exceção feita apenas ao 4º pavimento, que é ocupado pelas galerias). O ICA situa-se às margens do Porto de Boston e do Harborwalk, um passeio costeiro com 75 km de extensão (parcialmente concluído) que interligará diversos bairros da cidade. Conectando o prédio ao espaço urbano, o Harborwalk se estende simbolicamente ao novo edifício e desdobra-se de modo a definir os principais espaços da nova construção e atuar como o elemento de conexão entre as áreas públicas e as semipúblicas. As tábuas que revestem o passeio fluem em direção ao ICA, dando origem a uma grande praça (coberta pelo próprio edifício) com arquibancadas que se voltam para a água. O deck da praça, então, assume um caráter maleável, curvando-se e “escalando” o edifício para formar o piso do palco, que se eleva diagonalmente para suportar os assentos do teatro, curva-se a 90 graus para se transformar em parede, e novamente se Iwan Baan
dobra para criar o piso das galerias do 4º pavimento.
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Iwan Baan
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Iwan Baan
Aci ma, vis ta da fa cha da les te: a ilu mi na ção des ta ca as ga le ri as, pon to fo cal do edi fí cio, que flu tu am so bre a pra ça e o por to. Abai xo, cor te evi den cia a “fita” que se de sen ro la con ti nu a men te pelo edi fí cio a par tir da pra ça em des ní vel, dan do ori gem ao te a tro e, pos te ri or men te, às ga le ri as
As galerias são o foco principal do ICA, a forma do edifício foi definida em função delas. Como o desejo da direção do museu era de que, para garantir flexibilidade máxima de uso, o espaço expositivo ocupasse um 9
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único andar, os arquitetos retraíram a planta do edifí-
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cio ao nível do solo na fachada norte, voltada para o porto, e ampliaram a planta do 4º pavimento na mesma direção. O resultado é uma caixa translúcida, que,
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graças a um balanço de quase 25 metros, flutua de forma dramática sobre o Harborwalk em direção à água. Livre de colunas e com pé-direito de 4,8 metros, o espaço expositivo se divide em duas galerias (leste e oeste), conectadas por uma longa passagem envidraçada, que abarca toda a extensão da fachada nor-
1. LOBBY
6. TEATRO (platéia)
2. LIVRARIA
7. ACESSO AO TEATRO
3. PASSEIO
8. GALERIA OESTE
jetual adotada por Diller, Scofidio e Renfro: ao sele-
4. PRAÇA COBERTA
9. GALERIA NORTE
cionar a exibição de determinadas vistas em mo-
5. TEATRO (palco)
10. MIDIATECA
mentos específicos, evita-se que o visitante divida sua
te. Esse gran de mi ran te é par te da es tra té gia pro -
atenção entre as obras expostas e a vista exuberante. As galerias expositivas, por essa razão, são caixas 50 ARC DESIGN
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Iwan Baan
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fechadas, sem qualquer abertura para o exterior. A paisagem volta a aparecer com força no teatro, que é
Nic Lehoux
Acima, a midiateca: o escalonamento do piso permite que todos os ocupantes tenham a vista da água, que assume o papel de um elemento abstrato. Abai xo, vis ta da fa cha da oes te: o per cur so con tí nuo da fai xa de ma dei ra, que se ini cia no Har bor walk, trans pa re ce cla ra men te nas fa cha das la te rais
totalmente envidraçado nas fachadas norte e oeste, permitindo que a água e o horizonte se tornem um cenário para o palco. A presença da vista pode ser controlada conforme as necessidades das apresentações. Mas a forma mais surpreendente de interação com o entorno acontece na midiateca, uma pequena sala acessada pelo 4º andar, onde os visitantes podem pesquisar a coleção do museu. Inclinada em direção ao mar, a midiateca se desenvolve em patamares, permitindo que todos seus ocupantes possam contemplar a água, que, emoldurada pelas paredes da própria sala, se transforma em uma “obra de arte abstrata”, cuja cor e textura permanecem em constante mutação. Assim, ao planejarem o edifício para guiar o olhar do visitante em diversas situações, Diller, Scofidio e Renfro produzem uma obra que encanta e intriga seus visitantes, mas sempre mantendo o respeito à sua função primeira: a de valorizar as obras de arte nela expostas. ❉
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LIVRE DE EXCESSOS
Na página ao lado, fa cha da prin ci pal da residência: os pai néis de ma dei ra com põ em por tas do tipo ca ma rão que, quan do es tão fe cha das, fi cam ni ve la das e se trans for mam em um ele men to úni co; na ex tre mi da de di rei ta da casa, um pai nel ver ti cal pi vo tan te com o mes mo aca ba men to con fi gu ra o aces so prin ci pal da re si dên cia. À esquerda, de ta lhe da fa cha da pos te ri or, com o pai nel de aces so aber to
Neutra no emprego dos materiais, simples e clara na sua volumetria. Assim poderia ser descrita a Residência de Acapulco, localizada em um condomínio fechado no Guarujá (SP). O projeto, assinado pelo arquiteto José Ricardo Basiches com a coautoria de Ronaldo Shinohara, privilegia os es pa ços am plos, in te gra dos e bem dis tri bu í dos. As for mas si mé tri cas e a plan ta fun ci o nal agra da ram ao júri do 8º Prê mio Jo vens Ar qui te tos que, em ju nho des te ano, con ce deu men ção hon ro sa à obra Valentina Figuerola / Fotos Graziela Widman
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Desde que foi construída, no início deste ano, a Resi-
uma configuração geométrica de formas depuradas,
dência Acapulco passou a chamar a atenção daqueles
uma característica do trabalho de Basiches, que se for-
que transitam pelo condomínio residencial de mesmo
mou em arquitetura e urbanismo pela Faculdade de Be-
nome, no Guarujá, onde foi implantada. Aparentemen-
las Artes de São Paulo, em 1997. Já o espaço gourmet,
te fechada para o exterior, a construção passou a ser
plenamente integrado ao jardim, foi erguido com estru-
conhecida nas redondezas como a “Caixa Branca”, uma
tura metálica aparente.
referência clara à linguagem minimalista da obra. A ho-
Na Residência Acapulco, o projeto reúne materiais na-
rizontalidade do volume arquitetônico é acentuada pelos
turais e neutros com uma volumetria simples e clara.
painéis de madeira freijó que percorrem a extensa fa-
Um exemplo é a parede revestida com mosaico portu-
chada, com 37 metros de comprimento.
guês que serve como pano de fundo para a sala de estar,
Fechados, os painéis ocultam a caixilharia dos quartos
ao mesmo tempo que compõe a garagem, na fachada
e garantem uma fachada sóbria, sem excessos. Trans-
principal. À noite, sua superfície irregular ganha vida
mitem a impressão de que a casa não tem aberturas
ao ser iluminada tangencialmente por fachos de luz
para o exterior. “Procuro fazer uma arquitetura limpa,
concentrados, emitidos pelo piso ou teto.
correta e bem planejada nos detalhes”, justifica o autor
O partido arquitetônico adotado foge da solução con-
do projeto. Prova disso são os banheiros das suítes,
vencional de implantar a casa no centro do lote, com
que recebem iluminação e ventilação zenital. Assim,
recuos laterais. Em vez disso, ocupa as porções extre-
dispensam aberturas que poderiam “poluir” o exterior
mas do terreno – frente e fundo – de forma a reservar
da construção.
uma generosa parcela central do lote para as áreas de
No volume principal da casa e na edícula, alvenaria e
lazer descobertas. “Segui conceitos como simetria,
concreto constroem o espaço tridimensional a partir de
amplitude dos espaços e integração entre interior e 53 ARC DESIGN
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exterior”, conta Basiches. Ele revela que um dos maiores desafios do projeto foi atender a um programa de necessidades extenso, criado para uma família numerosa, sem comprometer a qualidade das áreas comuns e descobertas. Por dentro, a residência surpreende pelos espaços vastos e integrados, com destaque para a sala de estar com lareira e pé-direito duplo, localizada entre o living e a sala de jantar. A escada revestida com madeira de demolição escura se destaca em meio a um mobiliário e revestimentos de tons claros, como o piso cimentício branco e o acabamento em travertino romano bruto da lareira. Na parede de mosaico português, nenhum quadro ou enfeite, apenas a iluminação que valoriza a textura rústica do material. “Não havia a necessidade de nenhuma informação além desta”, conclui Basiches. ❉
Aci ma, vis ta da sala de es tar com pé-di rei to du plo; ao fun do, o li ving. Abai xo, co e ren te com a ar qui te tu ra pura e lim pa da casa, a pis ci na com bor da in fi ni ta no mes mo ní vel do piso ex ter no apa ren ta ser um es pe lho d’água que se pro lon ga até a fa cha da. Fa chos de luz con cen tra dos va lo ri zam as tex tu ras de al gu mas pa re des
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Nes ta re si dên cia e na mai o ria dos seus tra ba lhos, o ar qui te to apos ta nos ma te ri ais neu tros e na tu rais para re ves tir pi sos e pa re des. Aci ma, a pa re de em mo sai co por tu guês ser ve como pano de fun do para a sala de es tar, ao mes mo tem po que com põe a fa cha da prin ci pal da casa. Abai xo, a ocu pa ção não-con ven ci o nal do ter re no li be ra áre as li vres ge ne ro sas nos fun dos do lote
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Nelson Kon
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BRASIL PREMIADO NA HOLANDA Um importante prêmio para a arquitetura brasileira. O projeto “Vazios de Água”, do escritório MMBB Arquitetos, foi o grande vencedor do prêmio realizado pela 3ª Bienal de Roterdã, cujo tema é “Poder: Produzindo a Cidade Contemporânea”. A proposta criada pelo MMBB não só venceu o prêmio de melhor projeto internacional como também acumulou o título de Best Entry, dado ao melhor projeto da exposição. A proposta do MMBB busca transformar os piscinões em “lugares adequados à vida urbana e que configurem imagens referenciais na paisagem, contribuindo para a formação de uma relação afetiva dos habitantes com a cidade”, explicam os arquitetos. “O pressuposto é conferir aos piscinões o ‘poder’ de construir urbanidade onde, até então, só se aportam valores funcionais”, completam. Essa intervenção relativamente simples colocaria uma parcela significativa da cidade à disposição dos habitantes, em particular àqueles que vivem nas favelas. O júri elogiou a proposta por seu realismo e pela forma inteligente como liga a infra-estrutura oficial ao problema da cidade informal. Esperamos que também os governantes de São Paulo reconheçam o potencial da proposta e implantem-na. O projeto pode ser conhecido em detalhes no site dos arquitetos: www.mmbb.com.br. Bienal de Roterdã: www.biennalerotterdam.nl
INICIAM-SE AS OBRAS NA BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE As obras de re for ma da Bi bli o te ca Má rio de An dra de já começaram. In fil tra ções, rachaduras, danos na rede elétrica e acervo mal-conservado são alguns dos problemas que atingiam a segunda maior biblioteca do país, considerada um marco da arquitetura art déco em São Paulo. O projeto desenvolvido por José Armênio de Brito Cruz e Renata Semin, do Piratininga Arquitetos Associados, envolve a recuperação, a ampliação e a modernização do edifício projetado por Jacques Pillon, em 1935. A proposta envolve o restauro do mobiliário original e da fachada, a impermeabilização das lajes, a implantação de novas cabines para pesquisa, o retorno do setor de empréstimos (hoje situado em outro local) e a adaptação do edifício a portadores de necessidades especiais. Em uma segunda etapa, a Biblioteca deverá ser integrada ao prédio vizinho do Instituto de Previdência do Estado (IPESP), em projeto também realizado pelo Piratininga. Esse anexo abrigará os laboratórios de microfilmagem e o arquivo de jornais e revistas, liberando espaço no edifício original para o acervo de livros e para a sala de consulta de obras raras. A Biblioteca ficará fechada para visitação durante as obras, que têm duração prevista de um ano e meio. www.piratininga.com.br Bebete Viegas
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OSCAR NIEMEYER 1
Nelson Kon
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Em dezembro, Oscar Niemeyer completará 100 anos de vida e, em sua homenagem, o Instituto de Arquitetos do Brasil e o Instituto Tomie Othake promovem a exposição itinerante “Oscar Niemeyer – Arquiteto, Brasileiro, Cidadão”. A exposição, que tem curadoria de Marcus Lontra e coordenação de Ricardo Ohtake e Kadu Niemeyer, já está acontecendo em Belo Horizonte, onde ocupa o Palácio das Artes e o Museu da Pampulha até 16 e 23 de setembro de 2007, respectivamente. No Palácio das Artes, textos, fotografias, desenhos e maquetes retraçam a trajetória de Niemeyer, organizando sua obra em fases: “Pampulha: o Berço da Arquitetura Moderna Brasileira” (1940-1943), “Forma Livre e Organicidade” (19431953), “Brasília: Modernidade, Magia e Eternidade” (1953-1965), “Vivendo os Anos de Chumbo no Exterior e A Caminho de uma Arquitetura Social” (1965-1989) e “O Museu Pessoal e o Museu do Homem” (1989 até hoje). O Museu de Arte da Pampulha, por sua vez, concentra os aspectos poéticos da obra do arquiteto: maquetes em grande escala exploram as curvas do Edifício Copan e as colunas do Palácio do Planalto, por exemplo. Completando este módulo, a mostra estabelece o diálogo dessas obras com a produção de artistas plásticos brasileiros. Após Belo Horizonte, a mostra seguirá para o Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília. www.palaciodasartes.com.br
OSCAR NIEMEYER 2 Também em comemoração ao centésimo aniversário do arquiteto, a Comissão para as Comemorações Niemeyer 100 Anos Funchal – Madeira, de Portugal, promove um concurso internacional de fotografia, cujas inscrições estão abertas até 30 de outubro de 2007. Podem participar fotógrafos profissionais ou amadores de qualquer nacionalidade e as obras fotografadas – da autoria de Niemeyer, evidentemente – podem estar localizadas em qualquer país. Não há limite de fotos por participante, mas a imagens devem ser inéditas. Cada uma das duas fotos vencedoras receberá 3 mil euros e uma viagem ao Funchal, com acompanhante e hospedagem, para a cerimônia de premiação. Mais informações e o regulamento completo estão disponíveis no site www.niemeyer-madeira.com
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MUSEU DO IPIRANGA DEVE SER AMPLIADO Construído no final do século XIX e tombado pelo Patrimônio Histórico, o Museu Paulista da Universidade de São Paulo – mais conhecido como Museu do Ipiranga – receberá melhorias e terá sua área atual quadruplicada. Na proposta dos arquitetos Eduardo Colonelli e Silvio Oksman, do Escritório Paulistano de Arquitetura, duas novas torres envidraçadas, externas ao edifício antigo, concentrarão elevadores e escadas de emergência. As áreas administrativas, didáticas e de pesquisa serão transferidas para um novo prédio, que será construído no terreno hoje ocupado pelo Corpo de Bombeiros, com acesso pela Avenida Nazareth, lado oposto à entrada principal do museu. Para ligar o prédio antigo e o novo, serão construídos dois subsolos, preservando o desenho do Parque da Independência e minimizando a interferência nas fachadas históricas. As áreas subterrâneas abrigarão espaços para exposições, auditório, loja e café; o destaque fica por conta da clarabóia de cobertura, que será disposta a 80 centímetros do nível do chão. O projeto está em fase de aprovação nos órgãos competentes da Prefeitura de São Paulo.
CONPRESP TOMBA IMÓVEIS NA MOOCA Tradicional bairro paulistano, a Mooca está no centro de um debate
de 18 mil m2, vão recorrer da decisão na Justiça. No local, planejam
sobre o destino de antigas construções que remontam à fase de in-
construir um condomínio residencial com 4 torres de 20 andares,
dustrialização da cidade. Para preservar a história arquitetônica da
mas a proposta é doar parte do terreno (2.700 m2) para uso público.
região, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico
Segundo o arquiteto Gianfranco Vannucchi, autor do projeto, estu-
(Conpresp) aprovou recentemente o tombamento de antigas fábri-
dos técnicos foram realizados para assegurar a preservação arqui-
cas e galpões ferroviários situados ao longo da Rua Borges de Figuei-
tetônica da região. “O Moinho será restaurado e toda a área do entor-
redo. Um dos imóveis protegidos é o antigo Moinho Santo Antonio,
no ganhará com a revitalização das calçadas e a construção de uma
hoje Moinho Eventos, projetado entre 1909 e 1938. As incorporadoras
praça para a população, dando vida à região”, afirma. Após o restau-
Stan e Quality Desenvolvimento Imobiliário, proprietárias do terreno
ro, o Moinho será doado à prefeitura, informam as incorporadoras.
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A ARQUITETURA E O DESIGN DE ZAHA HADID Uma grande exposição sobre a obra de Zaha Hadid acontece até 25 de novembro no Design Museum, em Londres. A arquiteta iraquiana,
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Zaha Hadid Architects
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que tem escritório na capital londrina, possui projetos em execução em diversos países, como um centro para artes performáticas em Abu Dhabi, um museu em Roma e um conjunto de arranha-céus em Dubai. No ano passado, inaugurou dois edifícios importantes na Alemanha: uma fábrica de carros para a BMW, em Leipzig, e o Centro de Ciências Phaeno, em Wolfsburg, que foi indicado recentemente ao Prêmio Stirling, promovido pelo Royal Institute of British Architects. Além disso, seus móveis e produtos para a casa atraem a atenção de colecionadores e críticos de design em todo o mundo. A exposição se inicia com uma introdução a alguns projetos já concluídos de Hadid, como o Centro Rosenthal de Arte Contemporânea, em Cincinatti (EUA), e os já citados Phaeno e BMW. Diversas maquetes, plantas e perspectivas demonstram sua capacidade em construir um novo vocabulário para a arquitetura. O processo projetual é examinado com uma análise profunda do Centro Maxxi de Arte Contemporânea, em Roma. Fechando a parte de arquitetura, uma visão de futuro é apresentada em uma “cidade de maquetes” dos edifícios ainda não-concluídos. Um blog montado especialmente para a exposição – e atualizado constantemente – traz mais informações sobre a mostra e a arquiteta: www.zahahadidblog.com
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA “Arquitetura: o Público e o Privado” é o tema da 7ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que acontecerá de 11 de novembro a 16 de dezembro, no Pavilhão da Bienal, Parque do Ibirapuera. Trata-se, essencialmente, de discutir a relação entre espaços públicos e privados. “Não existe uma simplória bipolaridade entre o público e o privado; esse conceito de domínio é relativo, em função de um conjunto de atributos espaciais que, com diferenças graduais, estabelecem ‘infinitas’ possibilidades de propostas para esses espaços arquitetônicos. Portanto, nos interessa considerar nesse debate aquelas situações que representem a riqueza de relações humanas do nosso mundo real e multicultural”, informa o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), entidade organizadora do evento. A programação, a exemplo das edições anteriores, incluirá a Exposição Geral de Arquitetos, Mostras Especiais nacionais e internacionais, Fórum de Debates e o Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura. A divergência de pontos de vista entre o IAB e a Fundação Bienal fez com que a realização da 7ª BIA só se confirmasse tardiamente, sendo anunciada oficialmente somente no final de julho. “A 7ª BIA quase foi adiada, mas o grande empenho do IAB tornou-a viável, embora com um prazo de elaboração muito curto em função dos problemas ocorridos”, diz Gilberto Belleza, presidente do IAB. O esforço se justifica, pois a Bienal é um importante momento de discussão da arquitetura brasileira e internacional. Até o fechamento desta edição não havia uma relação das exposições e dos debates programados. Mais informações em breve nos sites www.iab.org.br e www.iabsp.org.br
AnArcDesign
20.08.07
14:29
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fotos: Paulinho Silva
arquitetura da gula
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Expediente55 final:Expediente55 final
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Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN nº 55, setembro 2007
Apoio:
Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata
Apoio Institucional:
Diretora de Arte Fernanda Sarmento REDAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Redatoras Ana Sant’Anna Mariana Lacerda Assistente de Redação Daniel Paronetto Revisora Jô A. Santucci ARTE Chefe de Arte Betina Hakim Designer Ana Beatriz Avolio Designer Assistente Renata Lauletta Participaram desta Edição Giovanny Gerolla Isabel Silvares Nelson Aguilar Valentina Figuerola Winnie Bastian (coordenadora do Caderno Arquitetura) Comercial e Marketing Cristiano Barata Bruna Lazarini (estagiária) Circulação e Assinaturas Lúcia Martins Pereira Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DESIGN para assuntos internacionais Pré-impressão e Impressão Eskenazi Indústria Gráfica Distribuição Nacional Fernando Chinaglia Distribuidora S/A
ARC DESIGN – endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: + 55 (11) 6808-6000 Fax: + 55 (11) 6808-6026 E-mails Administração administracao@arcdesign.com.br Assinaturas assinatura@arcdesign.com.br Direção de Arte arte@arcdesign.com.br Editora mh@arcdesign.com.br editora@arcdesign.com.br Marketing cbarata@arcdesign.com.br Publicidade publi@arcdesign.com.br publi1@arcdesign.com.br Redação redacao@arcdesign.com.br
Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos.
www.arcdesign.com.br
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LOUCOS POR DESIGN Maria Helena Cabral, sem ser uma designer, tem sua vida enredada no design e na cultura material, do Brasil e de diversos povos, principalmente os asiáticos. Isto sem esquecer de lançar olhares para Paris, Londres, Milão e de detectar, descobrir, aquelas peças que só um olhar bem treinado sabe reconhecer Da Redação / Fotos Nelson Aguilar
Ma ria He le na Ca bral jun to à lu mi ná ria So fia, 2003, de Os wal do Mel lo ne. Co lu na e base re sul tam de uma mes ma do bra du ra do aço, com o gran de de sa fio de en con trar o pon to de equi lí brio da peça. Ao fundo, pintura em pólvora da São Paulo antiga
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Aci ma, à es quer da, lu mi ná ria Au ro ra Bo re al, de sign El len Bou tang, em pa pel ve ge tal chi nês; à di rei ta, re cipi en te para ofe ren das (fechado e aberto), Bir mâ nia, fi nal do sé cu lo XIX, em bam bu, ma dei ra, lâ mi na me tá li ca, laca e fo lha de ouro, é com pos to por di versos pra tos para uso nas ce ri mô ni as. No pé da página, ca dei ra do ar qui te to Cris ti án Val dés (veja ARC DE SIGN 43), pre cur sor do de sign no Chi le e mes tre no tra to da ma dei ra, da qual ex plo ra os li mi tes, com es pes su ras e rai os de cur va tu ra me di dos em mi lí me tros
ARC DESIGN – Quan do e com qual ob je to sua aten ção foi des -
no México. Não é pela numerologia, a razão da escrita errada,
pertada para o design?
mas para ter o mesmo nome nas duas cidades. Começamos
MARIA HELENA CABRAL – A resposta pode parecer meio ma-
assim nossa coleção “casa e corpo”, sempre seguindo a intui-
cabra, mas é divertida. Eu tinha uns 10 anos quando meu pai
ção, ou nosso próprio modo de ver cada cultura.
quis que desenhássemos, juntos, um caixão de defunto para ele. Um caixão que lhe permitisse ser colocado sentado. E não
AD – Você é ca sa da com um de sig ner, mas es co lheu pe ças de vá -
apenas: também precisava ser ventilado, ter uma sirene e oxi-
rios designers e de diversas partes do mundo como suas prefe-
gênio, para o caso em que ele não estivesse realmente morto.
ridas. Falando em design brasileiro, quem você ci ta ria como
Foi assim que descobri que as coisas são, antes de se torna-
des ta que? Por quê?
rem reais, desenhadas.
MHC – Bem, por todas as razões, objetivas e subjetivas, Oswal-
AD – A que você dá mais aten ção, na es co lha de um ob je to, seja
críticas no jornal Gazeta Mercantil onde, no artigo “Muito Além
ele uma roupa, um vaso ou um ventilador: à forma, ao material
da Superfície”, ressaltava o valor de Oswaldo Mellone, sempre
de que é feito, ou à sua utilidade?
com engenheiros em sua equipe, para garantir que os concei-
MHC – À forma. Desenho desde pequena, não tenho formação
tos do design não fossem deturpados ao longo do
universitária, mas fiz cursos de desenho livre e arquitetônico.
processo de industrialização. “Para mim, a fase
Hoje sou uma artista plástica que decidiu, há sete anos, inau-
principal de um projeto é, sem
gurar uma loja conceitual, a Esencial.
dúvida, o conceito”, afirma o
Divulgação
do Mellone. As objetivas? Cito Adélia Borges em uma de suas
designer a Adélia Borges, que AD – Qual o con cei to des ta loja que des per ta ad mi ra ção e es -
com ple ta, “os pro je tos de
panto, a começar pelo nome, “escrito errado”?
Mel lo ne são de mons tra çõ es
MHC – Sempre viajei muito e procurava, antes de partir, me
exemplares do poder do design
inteirar das culturas que iria conhecer. Foi assim com a Tai-
quando acompanhado do adje -
lândia, a China, a Índia. Em um dado momento, em parceria
ti vo ‘industrial’”. As subjetivas?
com uma amiga, abrimos duas lojas, uma São Paulo e outra
Bem, vocês já adivinharam. ❉ 63 ARC DESIGN
COMO ENCONTRAR
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9/14/07
10:33 AM
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DE SIGN UR BA NO: NO VOS HO RI ZON TES
Victoria & Albert Museum www.vam.ac.uk
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100% Design 100percentdesign.co.uk
CI DA DES BRA SI LEI RAS: COMO SE DESENVOLVEM?
Jeroen Verhoeven e Joep Verhoeven www.demakersvan.com
Artek www.artek.fi
Lambert Kamps www.lambertkamps.com
Cappellini www.cappellini.it
Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) www.abrava.com.br
Matthias Aron Megyeri www.sweetdreamssecurity.com
Habitat www.habitat.net/uk
Simon Heijdens www.simonheijdens.com
Tom Dixon www.tomdixon.net
TECNOLÓGICOS E CON CEI TU AIS
ENTREVISTA: MARCELO MOLETTA
Frank Gehry www.foga.com
Marcelo Moletta www.marcelomoletta.com
Greg Lynn www.glform.com
PER CEP ÇÃO APU RA DA
Hella Jongerius www.jongeriuslab.com Jerszy Seymour www.jerszyseymour.com Jurgen Bey www.jurgenbey.nl Jurgen Mayer www.jmayerh.de Ronan Bouroullec e Erwan Bouroullec www.bouroullec.com Vitra Design Museum www.design-museum.de
Fred Mafra www.fredmafra.com.br Resinfloor www.resinfloor.com.br
107, RUE DE RI VO LI, PA RIS 107 Rivoli www.lesartsdecoratifs.fr
A ECO LO GIA COMO CON CEI TO Empório Beraldin www.emporioberaldin.com.br
SALÃO DESIGN CASA BRASIL
ICA BOS TON: CON DU ZIN DO O OLHAR
Salão Design www.salaodesign.com.br
Diller Scofidio Renfro www.dillerscofidio.com
TOTENS SEM TA BUS
LI VRE DE EX CES SOS
Fernando e Humberto Campana www.campanas.com.br
José Ricardo Basiches www.josericardobasiches.com.br
LOU COS POR DE SIGN Esencial www.esencial.com.br
Instituto Polis www.polis.org.br Cidades Solares do Brasil www.cidadessolares.org.br Conselho Brasileiro de Construção Sustentável www.cbcs.org.br Secretaria para América Latina e Caribe dos Governos Locais para a Sustentabilidade www.iclei.org WWF www.wwf.org.br
MA TE RI AIS CRI TE RI O SOS ABNT www.abnt.org.br Forest Stewardship Council www.fsc.org Idhea www.idhea.com.br Imaflora www.imaflora.org ISO www.iso.org Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat www.cidades.gov.br
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10:43 AM
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SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA, CONSTRUÇÃO CIVIL, URBANISMO
CIDADES BRASILEIRAS COMO SE DESENVOLVEM?
MATERIAIS CRITERIOSOS RUMOS DA CERTIFICAÇÃO
VANDERLEY JOHN DEBATE OS IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Quem investe em SustentAção:
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8:34 AM
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Ao incluir em suas páginas o caderno SustentAção, ARC DESIGN tem como propósito apresentar e debater as oportunidades que o tema sustentabilidade desperta, além de mostrar iniciativas, caminhos e soluções. Conceitos, idéias exemplares no Brasil e no mundo – da pesquisa em materiais, ao projeto e produção de objetos, do construir ao morar, do consumo ao descarte, além das múltiplas relações da vida na cidade, e que possibilitem a melhoria de condições do planeta – são assuntos dessas páginas. Nesta edição, duas matérias e uma entrevista ilustram a idéia central de SustentAção. A primeira traz exemplos de medidas que, aos poucos, estão transformando as cidades brasileiras em territórios mais amigáveis. O texto a seguir, Materiais Criteriosos, aborda as certificações enquanto garantia de compras socialmente justas. A entrevista com professor da Escola Politécnica da USP Vanderley John nos situa sobre os desafios da construção civil no Brasil e no mundo. São exemplos que, somados à seção Ambiente, com notícias breves, apontam rumos e soluções para a consolidação de habitats sustentáveis. E referenciam aquilo a que o caderno SustentAção se propõe: mostrar iniciativas em prol da sustentabilidade, como novidades em fontes de energia, reciclagem, biodiversidade e soluções em construção e urbanismo, desenvolvimento e preservação dos territórios habitados, sempre apresentados como temas fundamentais à vida contemporânea. Mariana Lacerda Coordenadora do Caderno SustentAção
Na foto da capa, de ta lhe da tex tu ra da cha pa de Re ci plac. Exem plo de ma te ri al sus ten tá vel, é fei ta a par tir de em ba la gens Lon ga Vida re ci cla das e pode ser usa da para com por pai néis, mó veis e di vi só ri as
Cidades Final:Cidades Final
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Uso de energias renováveis, como a solar e a eólica, o estímulo ao uso de biocombustíveis, as discussões sobre novas políticas públicas. A sociedade se organiza para fazer dos lugares habitados espaços que funcionem sem agredir a natureza, nem a nós mesmos. Embora muito ainda esteja por ser feito, iniciativas mostram que o Brasil já saiu da inércia para a criação de territórios que sejam social e ambientalmente justos
Mariana Lacerda “Criar cidades sustentáveis é uma questão já reconhecida pela sociedade, tem solução e pode ser economicamente viável.” A frase é da arquiteta Laura Valente de Macedo, diretora regional em São Paulo da Secretaria para América Latina e Caribe dos Governos Locais para a Sustentabilidade. Ela se refere às ações que pouco a pouco estão tornando os territórios habitados mais saudáveis. Pois, nos últimos relatórios da ONU sobre mudanças climáticas, as cidades aparecem como consumidoras de 75% da energia produzida, e emissoras de 80% dos gases que provocam o efeito estufa. No Brasil, os edifícios consomem cerca de 50% da energia elétrica do país. Não é preciso ir muito longe nos jornais diários para saber que os problemas de nossas cidades não são apenas ambientais, mas, também, sociais. E são eles, os problemas que, feliz ou infelizmente, nos alertam para a necessidade de mudança. “Geram oportunidades”, disse o arquiteto Siegbert Zanettini durante o seminário “Cidades Sustentáveis”, em julho deste ano, na FAU/USP, São Paulo. Pequenas e grandes, algumas de nossas cidades se mobilizam para te-
Ao lado, uma das prin ci pais vias da ca pi tal pau lis ta, a ave ni da 23 de Maio, que liga as zo nas nor te e sul da ci da de. Com 5,3 qui lô me tros de ex ten são, por ela tra fe gam mais de 1.200 mo tos e 230 mil veí cu los, di a ri a men te
2 68 ARC DESIGN
Cidades Final:Cidades Final
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Afonso Lima
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Joe Zlomek
www.portalunica.com.br
Cidades Final:Cidades Final
Aci ma, à esquerda, usi na de ál co ol, bi o com bus tí vel que abas te ce rá os cer ca de 5 mi lhõ es de car ros que de vem cir cu lar em ruas bra si lei ras até 2013. Na se quên cia, pai néis so la res: eles po dem ser a saí da para as 12 mi lhõ es de pes so as que, no país, ain da não têm aces so à ener gia elé tri ca
rem infra-estruturas sustentáveis, que garantam a vida
e Varginha (MG), uma das primeiras na obrigatorieda-
agora e também no futuro. Embora muito ainda esteja
de do uso de aquecedores solares.
para ser feito, especialistas concordam que, ao menos,
Avançamos? Sim. Há dois anos, conta o engenheiro
saímos da inércia em prol da construção de territórios
Carlos Faria, coordenador da organização Cidades So-
saudáveis. São ações que visam desde o uso racional
lares do Brasil, apenas duas cidades do Brasil, Vargi-
de recursos naturais no momento de construir – e na
nha e Campina Grande (PB), tinham projetos de lei para
forma de morar – até um planejamento mais justo do
uso de energia solar. “Hoje são mais de 50 municípios
ponto de vista social das metrópoles.
discutindo projetos de lei que propiciem formas de morar sustentáveis”, diz ele.
ENER GIA SO LAR
70 ARC DESIGN
A prefeitura de São Paulo, por exemplo, sancionou em
ENER GIA EÓLICA
julho uma lei que obriga novas edificações da capital
Os exemplos vão além e não dizem respeito apenas ao
a instalarem sistemas de aquecimento por meio da
uso da energia vinda do sol, tão abundante, diga-se, em
energia solar. “É um avanço que mexe na principal
nosso país. Um programa do governo federal de incen-
matriz energética do país”, diz Laura Macedo, se refe-
tivo às energias alternativas assegura ao investidor
rindo às usinas hidrelétricas. Segundo a Associação
em energia eólica a compra de equipamentos com fi-
Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventila-
nanciamento em até 20 anos. Com uma linha de crédito
ção e Aquecimento (Abrava), ainda este ano devem
do BNDES, estima-se que sejam investidos 700 milhões
ser instalados 40 mil metros quadrados de coletores
de dólares em energia eólica no Ceará. A previsão é
solares na capital paulista. A Abrava acredita que,
que, até 2008, 30% da matriz energética do Estado te-
com a nova lei, São Paulo tenha pela frente uma pers-
nha origem no vento. Em comum, iniciativas assim têm
pectiva de 40% a 80% na redução do consumo de ener-
como meta atingir a eficiência energética, que pode pro-
gia elétrica ou a gás para o aquecimento de água. A ca-
porcionar uma redução do consumo em até 39%, segun-
pital paulista vem atrás dos municípios de Birigui (SP)
do o estudo da organização não-governamental WWF.
Cidades Final:Cidades Final
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Aci ma, par que eó li co no Ce a rá, Es ta do que mais in ves te em ener gia eó li ca no Bra sil e que conta com ao menos 34 aerogeradores. Os ca ta-ven tos mo der nos, estruturas com até 60 metros de altura, pro du zem, inin ter rup ta men te, ener gia lim pa e ines go tá vel
NO VOS COMBUSTÍVEIS
perder o sentido se as próprias estruturas urbanas não
Muito se avançou também, no Brasil, em relação aos
corresponderem ao que todos nós almejamos por con-
combustíveis. O etanol e o hidrogênio, menos poluen-
siderarmos boas. Afinal, “sustentabilidade não se res-
tes, são cada vez mais utilizados. Ônibus urbanos mo-
tringe apenas a uma questão ambiental. Ela é também
vidos a biodiesel derivado do óleo vegetal – utilizado
sociopolítica”, diz o urbanista Kazuo Nakano, do Insti-
em restaurantes e reciclado – já circulam no Rio de Ja-
tuto Polis. Para ele, avanços também foram feitos no
neiro. “De alguma forma, são iniciativas que indicam o
sentido de envolver cidadãos no exercício saudável
quanto a sociedade já comprou a idéia da sustentabili-
de se pensar a cidade. Como exemplo, o urbanista cita
dade”, diz o engenheiro Marcelo Takaoka, diretor-pre-
a própria criação, em 2003, do Ministério da Cidade.
sidente do Conselho Brasileiro de Construção Susten-
Dentre as iniciativas do novo ministério há, segundo
tável, entidade que reúne 90 associados de vários seto-
Nakano, o apoio à implementação das determinações do
res da construção civil e tem por objetivo, nas palavras
Estatuto da Cidade e à realização de Conferências das
de Takaoka, “ser fonte de conhecimento das boas prá-
Cidades. Esta última, uma ferramenta premiada pela
ticas de construção civil”. Para ele, as cidades e seus
Organização das Nações Unidas, a ONU – que estimula a
governos “têm que dar o exemplo”. Pensando nisso, o
sociedade civil a discutir as soluções urbanas desejadas.
município de São Paulo está elaborando o projeto de lei
Pois os territórios em que vivemos são como pergami-
Compras Públicas Sustentáveis, que deve instituir que
nhos cujas escrituras vão sendo apagadas, corrigidas
toda compra de produtos ou serviços considere o me-
e transformadas para dar lugar a outras que, espera-
nor impacto ambiental possível. “Em médio prazo, isso
mos, sejam melhores. A questão, agora, é que estamos
irá criar outros mercados e estimular o surgimento de
aprendendo – com erros como os dos loteamentos in-
novas tecnologias”, diz Laura Macedo.
discriminados junto a aeroportos, ou até mesmo com as alarmantes notícias do aquecimento global – que
POLÍTICAS SO CI AIS
devemos construir espaços sustentáveis e contar his-
Iniciativas como essas são bem-vindas, mas arriscam
tórias melhores no futuro. ❉ 71 ARC DESIGN
Materiais Final:Materiais Final
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O Brasil, por meio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), está elaborando, com a entidade suíça International Standards Organization, os parâmetros da certificação ISO 26.000. Com previsão de conclusão em 2008, a nova ISO poderá ser concedida às empresas no mundo que atuem com responsabilidade social. A nova certificação será uma ferramenta para quem deseja construir com materiais sustentáveis, uma equação que também considera projeto preciso e localização da obra
Giovanny Gerolla
Randy Mckown
Na prática, com a ISO 26.000, a procedência de produ-
certifica diversos materiais em toda a Europa. “Impor-
tos sustentáveis estará assegurada por uma certifica-
tante salientar que certificações dizem se o ciclo de vida
ção, indicada em selo. Enquanto a ISO 26.000 não é edi-
do material está sendo avaliado por técnicos que não
tada, o mercado dispõe de outras ferramentas que aju-
são subvencionados pela indústria, atendendo a quesi-
dam a identificar o quanto um produto é sustentável. No
tos técnicos, ambientais e sociais”, aponta Márcio Au-
Brasil, o único selo verde ainda é o da madeira, emitido
gusto Araújo, consultor do Instituto para o Desenvolvi-
pelo representante nacional, o Imaflora, do Forest
mento da Habitação Ecológica (Idhea), em São Paulo.
Stewardship Council (FSC). Na Alemanha, o
A certificação ISO 14.000 também é uma referência a
conhecido “Anjo Azul”
empresas que declaram os impactos ambientais de seus produtos, os recursos naturais utilizados e o destino adequado aos descartes. Restaria ao consumidor perceber se a empresa é idônea ou não. Vale ainda lembrar que, segundo o Programa Brasileiro da Qualidade e Pro du ti vi da -
Materiais Final:Materiais Final
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Aci ma, à esquerda, lote com selo do Fo rest Ste wards hip Coun cil, ates tan do que a ma dei ra pro vém de uma das 60 flo res tas ma ne ja das do país. Na se quên cia, pai néis me la ní mi cos e OSB, da Ma si sa, que uti li za ma dei ra tam bém cer ti fi ca da
de do Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades, há
fera – podem ser alternativas sustentáveis, desde que o
para cada categoria de material de construção uma lis-
fornecedor e o aplicador sejam bem selecionados. “O
ta, disponível na internet, de empresas não-conformes,
material tem de apresentar durabilidade elevada ou
o que significa que não atendem às normas técnicas
maior que a de seus concorrentes na determinada apli-
de desempenho do produto.
cação em questão”, explica John.
Segundo o engenheiro do setor de certificação da
“A durabilidade do material não é somente proprieda-
ABNT, Alexandre Muniz, a ABNT NBR 16.001 também pode
de sua, mas sim consequência de seu uso”, aponta
direcionar quem busca materiais sustentáveis: “É uma
Vanderley John. “Se você usar madeira em ambiente
norma de responsabilidade social e que, inclusive, está
exposto à umidade, ela vai apodrecer, mesmo que te-
servindo de base para a criação da ISO 26.000”, expli-
nha o selo verde!” É preciso pensar, também em pro-
ca. A diferença, diz Muniz, “é que ela terá força interna-
jeto, na possibilidade de manutenção e limpeza, já
cional, no que diz respeito ao sistema de gestão de res-
avaliando esses processos como parte do ciclo de
ponsabilidade social das empresas”.
vida do material.
Comprar produtos cujos selos indiquem a procedência
Por fim, cabe ao consumidor avaliar todas as variantes,
é importante, mas não é tudo. “Considerar a disponibi-
dos certificados de garantia à localização da obra, na
lidade de materiais na localidade evitam custos com
hora de escolher os materiais que serão utilizados. Um
transporte, emissão de gases e gastos energéticos”,
projeto “bem amarrado”, com a quantidade exata de
lembra Márcio Augusto Araújo.
materiais que se vai utilizar, é imprescindível, mas do-
Também é importante levar em conta que “o material
ses de criatividade também. O arquiteto paulista Marce-
sustentável é aquele que melhor exerce sua função no
lo Rosenbaum, por exemplo, tem como uma de suas
projeto, em menores quantidades”, diz o professor da
marcas transformar madeiras, entre ripas, restos de
Escola Politécnica da USP e membro do Conselho Bra-
móveis ou de forros, encontradas nos lixos da cidade
sileiro da Construção Sustentável Vanderley John. Para
em novos móveis e revestimentos para paredes. É um
ele, mesmo o gesso, o PVC e o cimento – este último
exemplo do quanto a sustentabilidade pode ser tam-
2
responsável por enormes descargas de CO na atmos-
bém uma filosofia de vida. ❉
73 ARC DESIGN
entrevista vanderley final:entrevista vanderley final
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11:18 AM
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ENTREVISTA :
VANDERLEY JOHN Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e um dos fundadores do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Vanderley John é também um dos autores da Agenda 21 de Construção Sustentável para os países em desenvolvimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Voz forte no país quando o assunto diz respeito aos problemas ambientais causados pelo impacto na construção civil, John é pouco otimista e vê como é urgente a revisão, do ensino às políticas públicas, dos modos de erguer e habitar qualquer área construída, como diz nesta entrevista à ARC DESIGN Mariana Lacerda
ARC DESIGN – No mundo, sabe-se que a cons tru ção ci vil con so -
além de pontes, aeroportos, escolas. Precisamos recuperar edi-
me de 30 a 75% dos recursos naturais do planeta. São dados
fícios degradados, especialmente os públicos. No mundo inteiro,
que também cabem para o Brasil?
a qualidade de vida de uma pessoa é muito determinada pelo am-
VANDERLEY JOHN – Temos um problema crônico de falta de
biente de que ela dispõe. Então, temos que ampliar o que temos.
dados. Precisamos começar a gerá-los para determinar quais são as prioridades do setor. Hoje, a construção civil é respon-
AD – Mas re al men te te mos que am pli ar, ou po de rí a mos re cu pe -
sável por pouco menos que 9% do PIB nacional. Mas não sa-
rar o que temos?
bemos o quanto dos nossos recursos naturais acabam na
VJ – O que temos não é suficiente. Não temos como não am-
construção civil brasileira.
pliar. Na cidade de São Paulo existem 5 mil quilômetros de ruas que não estão pavimentadas.
AD – Como cal cu lar o im pac to am bi en tal cau sa do? VJ – Os Es ta dos Uni dos usam um mé to do cha ma do “Ma te ri al
AD – E como a re fle xão so bre a sus ten ta bi li da de pode aju dar a
Flows”, que trabalha com os fluxos econômicos, bases de da-
resolver esses problemas?
dos governamentais, taxas de impostos. Calcular isso é uma
VJ – Estamos num momento em que a economia cresce, a
tarefa que também temos que cumprir. Mas, num país onde a
construção cresce. Temos fatores governamentais e também
informalidade é muito grande, este será um trabalho difícil.
capital externo para que isso aconteça. Assim, alguns concei-
De toda a forma, não há, em nenhum país, outro setor da
tos da sustentabilidade são fundamentais. Primeiro, é muito
economia que consuma tantos recursos naturais quanto a
comum as grandes obras causarem impactos ambientais, que
construção civil.
depois são remediados. Estraga-se para depois recuperar. Esse conceito tem que ser revisto. Porque, quando você repa-
74 ARC DESIGN
AD – No Bra sil, a cons tru ção ci vil está em cres ci men to (este
ra, o ambiente jamais volta ao seu estado original. É preciso
ano, a taxa foi de 7,2% do PIB do setor). Como avaliar o im-
economizar recursos. O segundo conceito que precisa ser le-
pacto que irá causar num futuro próximo?
vado em consideração é o da durabilidade dos materiais. As
VJ – A construção impacta a natureza para fornecer infra-estru-
obras públicas brasileiras, por exemplo, têm um problema
tura para a sociedade. Temos 6 milhões de casas por construir,
crônico de baixa durabilidade e de exigência de grande inves-
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Dioscoro Dioticio
entrevista vanderley final:entrevista vanderley final
timento em manutenção. Isto produz prejuízo ambiental, econômico e social. Uma obra sustentável é durável. Na área de moradia social, a durabilidade está associada à possibilidade que os residentes vão ter de melhorar suas casas. Muitos prédios sociais, particularmente na Europa do pós-guerra, foram demolidos porque não puderam ser melhorados. Já as casas permaneceram, porque são flexíveis. Este é outro lado da sustentabilidade, a flexibilidade. AD – Os pro je tos, en tão, pre ci sam ser fle xí veis? VJ – Sim. Uma escola pode perder a sua função com o tempo,
mas, se tiver um projeto flexível, poderá ser transformada para outra finalidade. Mas essa escola, por sua vez, deve ser construída de forma a durar no tempo. Evita-se assim sua demolição e possibilita a instalação de um centro de saúde, por exemplo. O que vai certamente diminuir os custos de reposição de estoques, de manutenção, de impacto ambiental. No final, até o custo Brasil, do qual todos nós falamos tanto, ou uma parte dele, vai diminuir. AD – Mas o que ga ran te a du ra bi li da de de um ma te ri al? VJ – A questão da durabilidade tem duas dimensões. Uma é
aquela relativa à degradação e isso depende do projeto e da forma de se construir. Hoje, temos uma deficiência crônica de projetos. Falo em projetos num sentido amplo, arquitetura, engenharia e mesmo na área do design. Na Europa, e também em mu i tas em pre sas do Bra sil, por exem plo, os ob je tos são fa bricados após testes em máquinas que simulam a sua durabilidade. Mas nós ainda somos um país que não tem a visão de futuro. Estamos pensando no hoje. AD – Você acre di ta que já en ten de mos o pro ble ma e a ur gên cia
da construção sustentável no Brasil? VJ – As pessoas ainda têm muita dificuldade em entender a di-
mensão social da sustentabilidade. Em um recente concurso da Holcim, menos de 30% dos candidatos declararam em seus projetos alguma medida visando a sustentabilidade social, muito embora fosse uma exigência do edital. Ou seja, tiveram a chance e não a utilizaram, talvez porque não entenderam. A questão social no Brasil tem também múltiplas dimensões. O fato é que os trabalhadores da construção são muito pobres e, por si só, isto não é sustentável. Tem implicações em qualidade, produtividade, estabilidade social. Se o setor conseguisse 75 ARC DESIGN
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aumentar o salário dos operários da construção civil, poderí-
teis, uma vez que ajudam a formar cultura. O que vai salvar o
amos modificar a situação de pobreza de 10% da população
planeta, contudo, são modificações em grande escala.
economicamente ativa no Brasil. Como fazer isso? Aumentando a produtividade, que depende de estratégias industriais,
AD – O Bra sil é um país di ver so, de inú me ras re a li da des. Qual
projetos, visões. Outra questão é a da informalidade, que tal-
seria um ponto em comum para a sustentabilidade na constru-
vez seja o principal desafio brasileiro para a sustentabilidade.
ção civil? Alguns preceitos mínimos a serem considerados para
Temos informalidade fiscal, desrespeito às leis ambientais, in-
um construir sustentável?
formalidade nas relações trabalhistas e, até, no uso da terra.
VJ – Temos que trabalhar com mecanismos capilares. Por
O caso da madeira explicita bem as implicações ambientais da
exemplo, o poder de compra do Estado, ou iniciativas como a
informalidade. A sociedade ainda não relacionou o que a in-
do Banco Real (ver nota pg. 75), são importantes. Temos que
formalidade tem a ver com a sustentabilidade.
ter políticas industriais de desenvolvimento limpo para diferentes setores, políticas educacionais para mudar a forma de
AD – Cer ti fi ca çõ es como a Leed po dem aju dar a cons tru ção ci -
pensar de arquitetos e engenheiros. As pessoas precisam per-
vil a melhorar o seu nível de sustentabilidade?
ceber que muitas vezes uma pequena decisão em um projeto
VJ – A Leed está focada em energia, e foi pensada para os Es-
simples não vai ter custo nenhum e por trás dela existe uma
tados Unidos – um país onde o governo não investe em sus-
resposta ambiental interessante.
campeão mundial de emissão de gases que causam o efeito
AD – Por exem plo?
estufa. Assim como a certificação francesa, a HQE, atende às
VJ – Selecionar um fornecedor socialmente responsável ou
necessidades da França, está pensada para as articulações,
comprar madeiras certificadas, que está ao alcance de qual-
políticas e formas de operar do mercado francês, e seus pro-
quer obra. Fornecer segurança aos operários, também. Não
blemas ambientais. Essas certificações não atendem à neces-
existe sustentabilidade se os operários correm riscos de vida.
sidade do Brasil. Elas não incluem, por exemplo, a dimensão
Os arquitetos, por sua vez, não podem pensar que ou ele faz
social e, muito menos, a questão da informalidade. Porque na
um edifício certificado ou ele não faz nada. É preciso fazer
Europa ou nos Estados Unidos a informalidade existe em um ní-
sempre alguma coisa. A sustentabilidade está em todas as
vel muito baixo. Os esquemas da certificação miram (exceto na
ações que tomamos. Se abandonarmos a fachada de vidro, por
Inglaterra onde são mais amplos) edifícios corporativos, insti-
exemplo, estaremos dando uma contribuição para gerações
tucionais ou comerciais. Estas, no entanto, também precisam
futuras, um serviço para a humanidade. Porque a fachada de
ser pensadas do ponto de vista da grande escala. No Brasil,
vidro, num país com tanto sol como o nosso, é um coletor so-
talvez 70% das habitações são feitas pelo proprietário ou pelo
lar e a retenção de calor vai ser grande. Ela foi inventada para
arquiteto que contrata sua equipe e constrói. Os modelos de
o Canadá, não para os trópicos. A sustentabilidade é uma
certificação só vão funcionar se incluírem todas essas formas
questão muito maior que a certificação e só vai funcionar se
de construir e morar. Não existe nenhuma prova, em nenhum
a obra comum se tornar sustentável. Tudo isso é um processo
lugar do mundo, que mostre que a certificação tenha grande
que começamos agora. Os dados e as tecnologias estão sur-
impacto no mercado. Mas não estou dizendo que elas são inú-
gindo e tendem a aumentar e melhorar nos próximos anos. ❉
Alena Yakusheva
tentabilidade, tem a pior matriz energética do mundo e é
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Construindo um futuro sustentável
Recente pesquisa entre arquitetos em todo mundo indicou o aço como o material de construção mais sustentável para o século XXI Apoio:
Visite o site: www.cbca-ibs.org.br
www.ibs.org.br
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CAPITAL SOCIAL Quando ocupações urbanas são legalizadas, podem ter serviços básicos: rede de água e luz, e também creches, escolas, bibliotecas. Quando existem esses espaços, a convivência entre moradores é mais pacífica, pois está criado um capital social que ajuda a combater a violência. É essa a experiência da cidade de Bogotá que, com a regularização fundiária, conseguiu reduzir 84% das taxas de homicídio, em nove anos de trabalho. O exemplo da capital colombiana agora está sendo replicado no Rio de Janeiro, nas favelas da Rocinha e Vidigal. O Projeto Segurança Cidadã, dos ministérios da Justiça e das Cidades, pretende, até o final deste ano, dar a posse definitiva dos terrenos a 7.500 famílias das duas comunidades. E, assim, reduzir os alarmantes números da violência da capital carioca.
CIDADE DO FUTURO Por ironia, no paraíso do petróleo, cuja combustão é um dos principais vilões da liberação de gás carbônico na atmosfera, há de surgir a primeira cidade com zero emissão de poluição do mundo. O escritório londrino Foster + Partners, o mesmo que criou, em Londres, a emblemática sede verde da seguradora Swiss Re, está à frente da chamada “Masdar Iniciative”. Trata-se de uma cidade murada dentro de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Com 6 milhões de metros quaJulio Babin
drados, o ambicioso projeto tem a intenção de ser um laboratório de conhecimentos sobre como viver numa metrópole sem poluir. A intenção é, a partir da experiência, contribuir para a viabilidade de cidades sustentáveis no mundo. Sem carros, Masdar terá uma rede de ruas pitorescas e curtas,
TRILHOS LIMPOS
para incentivar a caminhada. O transporte público, movido a
Desde junho, o tema preservação ambiental invade as 17 estações
energias renováveis, será rápido. Estima-se que o projeto
do metrô gaúcho – que atendem cinco municípios da Região Metro-
seja concluído em 2009. É esperar para ver!
politana de Porto Alegre – e as dependências da Trensurb. Foi implementada a campanha de coleta seletiva do lixo, batizada de Trem Ambiental. Funciona assim: o lixo, distribuído nas estações em lixeiras adequadas, é recolhido pelo Trem Ambiental depois do encerramento das operações comerciais. O material coletado é encaminhado para um galpão, no pátio da Trensurb – onde é feita a triagem –, depois recolhido pelo Departamento de Limpeza Urbana de Porto Alegre (DMLU), que repassa o lixo para cooperativas de reciclagem conveniadas. O resultado é promissor: em apenas um mês de implantação, já foram coletados 2.562 kg de lixo reciclável.
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FLORESTA MAPEADA Sabe qual a extensão das florestas no Brasil? De acordo com levantamento do Serviço Florestal Brasileiro, há 193,8 milhões de hectares se somadas as florestas federais em áreas públicas, terras indígenas e assentamentos do Incra – e sem contar as matas pertencentes aos Estados e aos municípios. O Amazonas, por exemplo, abriga a maior área de floresta federal: são cerca de 73,5 milhões de hectares. Já o Rio Grande do Norte é a unidade da Federação com menor área: 1.500 hectares. O cadastro contém 1.391 florestas públicas, localizadas em 825 cidades. Embora os dados sejam iniciais, o mapeamento publicado em julho pelo Ibama é importante, já que por meio dele será possível fazer o planejamento da gestão florestal, o processo de destinação de áreas públicas, além de aprimorar a fiscalização contra invasões ou grilagens das áreas de florestas pertencentes à União.
CRÉDITO SUSTENTÁVEL O Banco Real deu um passo à frente em sua política de crédito imobiliário. No dia 13 de agosto, o banco lançou o Programa Obra Sustentável. Com uma carteira de crédito imobiliário Luiz da Motta / Serviço Florestal Brasileiro
no país na ordem de 2,5 bilhões, a partir de agora as novas adesões terão que atender aos requisitos de construção sustentável no momento da aprovação. As obras que estiverem em conformidade serão identificadas com uma placa de reconhecimento do programa. A medida alinha-se à política do Banco que, desde 2004, avalia os riscos sócioambientais dos negócios antes de conceder créditos. É coerente, ainda, com as crenças que o Banco exibe: recentemente, uma de suas agências (na Granja Viana, em Cotia, Região Metropoli-
DESIGN ECOEFICIENTE
tana de São Paulo) obteve a certificação Leed. Trata-se da pri-
Uma tonelada de papel. Esse é o gasto mensal da operação brasileira
meira construção no país a receber o selo. Uso de tijolos reci-
da HP, uma das maiores fabricantes de impressoras do mundo, para
clados, tintas e massa corrida sem solventes, assoalho e mó-
realizar testes nas cerca de 10 mil impressoras fabricadas no Brasil
veis de madeira certificada, além de um sistema de ar condi-
todos os meses. Durante alguns anos, esse montante teve como des-
cionado que não emprega gases nocivos à camada de ozô-
tino a reciclagem. Mas após dois anos de estudos em design, a mon-
nio, entre outros detalhes, renderam à obra o selo.
tanha de papel passou a ter outro destino: fabricação dos protetores para as embalagens das impressoras. Com isso, a HP reduziu o uso do isopor, material derivado do petróleo e de difícil reciclagem, e obteve economia de 10% nos custos de embalagem, transporte e armazenamento. Num exemplo de que reduzir custos financeiros se alia a fechar ciclos produtivos, seguindo conceitos de ecoeficiência. Em tempo: o protetor da embalagem também pode ser reciclado.
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PE LAS CONS TRU ÇÕ ES SUS TEN TÁ VEIS
AÇÃO SUSTENTÁVEL: ELOISE AMADO
Já parou para pensar que quase to-
grar o Green Building Council. A criação do Green
das as nossas atividades cotidia-
Building Council Brazil, o GBCB, foi firmada em To-
nas exigem um ambiente construí-
ronto, Canadá, em julho de 2007
O Brasil é o primeiro país da América do Sul a inte-
do? Fornecer esse ambiente, entre prédios, casas, vias de acesso – enfim, a maioria dos lugares
O que muda?
onde colocamos os pés –, é papel da construção civil, setor
A idéia é viabilizar a sustentabilidade no setor da construção civil. O
que é o maior responsável por causar impactos ambientais
Green Building Council é o responsável mundial pela emissão dos se-
ao planeta. Estima-se, por exemplo, que cerca da metade dos
los Leed, que atestam as edificações sustentáveis. Agora, temos um
recursos extraídos da natureza seja consumida pelo setor.
representante brasileiro no conselho para acompanhar e entusias-
Outro dado importante: a construção de um novo edifício,
mar as empresas e os arquitetos. Estamos, por fim, dentro de uma
por exemplo, gera um custo inicial financeiro que será pago
rede para troca de experiências e conhecimentos.
pelos seus compradores. Mas o custo ambiental de um empreendimento, como o impacto na vida em seu entorno, gastos de água e energia elétrica, será sentido por toda a sociedade, ao longo de sua vida útil. Por estes e outros motivos, o governo inglês elegeu a construção civil como sendo a área
Quais são as atribuições do GBCB? A certificação Leed mundial não traduz necessariamente a realidade brasileira. Um dos trabalhos do GBCB será a adaptação da certificação para a nossa realidade. Para isso, vamos trabalhar em parceria com o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável.
mais estratégica de seu país para induzir a sociedade em direção à sustentabilidade. Reflexões e exemplos como estes foram citados no lançamento oficial do Conselho Brasileiro
Eloise Amado é coordenadora do Grupo de Sustentabilidade da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, a AsBea
de Construção Sustentável (CBCS), instituído no início de agosto, em São Paulo. Prever e reduzir o impacto de uma
LIVROS: CAMINHAR PELA CIDADE
construção, do projeto ao material empregado, do lugar que
Um imenso “arquivo de signos”, ou “nota por nota”,
ocupará até os recursos que utilizará em sua vida útil, são
como em uma partitura musical. Assim é uma cida-
as preocupações centrais do CBCS. Com 90 associados, o
de, com todos os seus elementos. São territórios
conselho deve trabalhar articulando ações e reunindo infor-
que, como na música, sobressaem ou sobrepõem-
mações e experiências no setor, com o objetivo de estimular
se e, não raro, uma nota ou uma letra engole a outra.
o mercado e seus clientes diversos, debatendo inclusive po-
Foi somente a partir dos anos 1970 que os urbanis-
líticas públicas, modelos de certificação (embora não seja
tas desistiram da missão de entender os espaços urbanos afogando-
seu papel certificar) e ensino nas universidades, em prol de
se em números e voltaram os olhos para as cidades, vivendo-a, pé
construções de cidades com estruturas sustentáveis.
ante pé, para entender todas suas notas, os seus percalços. As diversas correntes dessa ciência, concordâncias e discordâncias entre as linhas teóricas aparecem no livro “Primeira Lição de Urbanismo”, que a Editora Perspectiva lançou recentemente. Escrito por Bernardo Secchi, autor italiano de obras que refletem a formação dos territórios habitados, o texto percorre a história dessa disciplina. E tem um caminho que termina por descortinar outras áreas do conhecimento. E nem poderia ser diferente, pois, como o próprio autor afirma, “o urbanismo finca suas raízes na história de nossa cultura e no tempo que a alimentou”.
510524_Arc Design_326.pdf
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O Mestrado em Design do Centro Universitário Senac tem como objetivo principal formar pesquisadores na área de design,aprofundando competências e aprimorando o domínio de técnicas de investigação. Esses profissionais poderão atuar como professores em instituições de ensino superior,ou em setores de pesquisa e desenvolvimento de empresas públicas ou privadas,e prosseguir seus estudos em cursos de doutorado no país ou no exterior.
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