REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA
N º 57 ARC DESIGN
R$ 16.50 QUADRIFOGLIO EDITORA
Nº 57
2007
2007
PRÊMIOS E CONCURSOS 2007 DESIGN SOCIAL E CONSCIENTE JANETE COSTA ESCOLAS DE DESIGN
“O mo men to em que o olhar nas ce”, es cre ve o ar qui te to fran cês Port zam pac em ar ti go so bre Ni e me yer (Fo lha de S.Pau lo, 10.12.2007). É o ins tan te do des lum bra men to, aque le no qual se des co bre o mun do, nes te caso, por meio de uma obra ar qui te tô ni ca. Um pe da ço de fra se que tra duz, de cer ta ma nei ra, a in ten ção ex plí ci ta des ta edi ção de ARC DE SIGN. Na abor da gem de suas di ver sas ma té ri as, pode-se des co brir esse mo men to em que o olhar nas ce, em uma bre ve e ho nes ta re fle xão so bre o pa pel do pro je to e dos pro je tis tas, hoje, no mun do. A mos tra fran ce sa na VIA, os di ver sos con cur sos de de sign des te fi nal de ano, a Bi e nal de Ar qui te tu ra, a ex po si ção Uru bu-Rei e a pri mei ra de uma sé rie de ar ti gos so bre as es co las de de sign no Bra sil, to dos, de uma for ma ou de ou tra, nos le vam a re fle tir no des ti no do am bi en te em que vi ve mos. Re fle xõ es que são en fa ti za das no ca der no Sus ten ta bi li da de. A Marca Registrada, destinada aos interiores de casas e espaços públicos e institucionais, traz a obra da arquiteta Janete Costa que, podemos dizer, já nasceu com a maravilha no olhar. O Bra sil e sua cul tu ra po pu lar es tão pre sen tes, des de sem pre, em cada es pa ço que de se nha. Uma for ma um pou qui nho di fe ren te, no de sign ou na ar qui te tu ra, já não tem mais a mes ma im por tân cia, em bo ra agra de e se du za. É pre ci so mos trar no vos ser vi ços para o ob je to já exis ten te... ou no vas for mas de olhar. O luxo, ah! o luxo, quan tos “pe ca dos” são co me ti dos em seu nome. Os pro fis si o nais, com as atu ais exi gên ci as do pro je to, ga nham um novo es tí mu lo e di men são, mais ex ci tan te, como “agen tes que pos si bi li tam as trans for ma çõ es”, se gun do John Thac ka ra, em re cen te se mi ná rio em São Pau lo. São ar qui te tos e de sig ners que, con fron ta dos com nos sos imen sos pro ble mas am bi en tais e so ci ais, têm um novo de sa fio – gra ti fi can te – pela fren te. Você concorda? Ma ria He le na Es tra da Edi to ra
Na capa, Mu seu Ro din, Ba hia, pro je to do es cri tó rio Bra sil Ar qui te tu ra, dos arquitetos Fran cis co Fa nuc ci e Mar ce lo Fer raz. Foto Nel son Kon
Dois ar tigos sobre concursos que estimulam o uso de um material específico – laminados de madeira e plásticos. O primeiro tem o mérito de propor como tema projetos para famílias de baixa renda; o segundo, o uso do plástico, iniciativa bem-vinda. O do Museu da Casa Brasileira, amplo, geral e irrestrito, chega com seu regulamento intocado à 21ª edição
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Iniciamos nesta edição uma série de apresentações sobre o ensino de design nas diversas escolas existentes em nosso país. Pretendemos traçar um panorama para os futuros alunos, dando a palavra aos professores sobre os conceitos com os quais trabalham as instituições de ensino
O que faz um concurso para estudantes dar bom resultado? O acompanhamento, em todas as fases, dos professores e orientadores. É com esse estímulo, com o envolvimento das escolas, além da proximidade entre designer e mercado, que o Concurso Tok & Stok se diferencia e traz projetos capazes de fazer par te de sua coleção
REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
NEWS
nº 57, dezembro 2007
PARA VER E COMPRAR
JANETE COSTA
Ana Sant’Anna
MARCA REGISTRADA
ES TU DAN TES CRI AM PARA O MER CA DO
Da Redação
ENSINO DE DE SIGN NO BRA SIL
Ana Sant’Anna e Daniel Paronetto
Maria Helena Estrada
CON CUR SOS DE DE SIGN
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Conheça a trajetória de Janete Costa, a primeira arquiteta brasileira a obser var com olhos atentos a arte popular e a incluí-la em todos os seus projetos de interiores. Desde hotéis como o Ceasar Park, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e o Pergamon, em São Paulo, a inúmeras residências em todo o país. Suas diversas mostras sobre cultura e arte popular enriquecem nosso conhecimento do Brasil
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O I Fórum Internacional de Design Social, em São Paulo, nos fala do ar tesanato e da opor tunidade de termos uma indús tria que va lori ze, resgate e apri more a di ver sidade cultural latino-americana. A economia de energia no ambiente de trabalho é tratada por arquitetos, especialistas no setor. Uma exposição francesa traz o design ecológico e inusitado. Novidades sobre o construir e o morar na seção de notas
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Tex to de Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci sobre o Museu Rodin, projeto premiado na Exposição Geral dos Arquitetos, 7ªBienal. Convivência, matéria-prima brasileira em um mundo de intolerância, é o ideário-guia do projeto. Dois edifícios, separados por uma distância de 100 anos, e um jardim tropical que os une, reforçam o for te caráter e a tensão que existe entre eles. A presença de Rodin nos espaços internos e no jardim propicia o maravilhamento e a contemplação
EXPEDIENTE
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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)
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Ciro Pirondi traça um perfil da arquitetura brasileira e mostra o quanto ela, hoje, está viva. De Niemeyer aos jovens projetistas, um século de boa arquitetura. Veja por que ele afirma que estamos vivendo rotas mais seguras, sem as vãs pretensões e os “ismos” de décadas passadas. A Exposição Geral de Arquitetos, com proje tos contemporâ neos, “mostra que vivemos um momento novo em nossa arquitetura”
ENGLISH VERSION
Carine Portela
ESPETÁCULO GLOBAL
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO
PENSAMENTO CRÍTICO E REFLEXÕES
Ciro Pirondi
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO
ARQUITETURA DE CONVIVÊNCIA
Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO
Mariana Lacerda
CA DER NO SUS TEN TA ÇÃO
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17 arquitetos estrangeiros, de 20 países. Destaque para a qualidade conceitual das propostas, e o debate sobre a interação entre o público e o privado. O japonês Shuhei Endo e o surpreendente experimentalismo asiático; Vicente Guallart, com seus diversos projetos para Valencia, baseados no tripé – sociedade, natu reza, tec nologia; ar ra nha-céu horizontal de Steven Holl; uma casamochila de Stefan Eberstadt
www.arcdesign.com.br
6º PRÊMIO MAX FEFFER A Suzano Papel e Celulose anunciou os 15 vencedores e o destaque da 6ª edição do Prêmio Max Feffer de Design Gráfico. Este ano, a premiação passou a incluir também a categoria Estudante. O prêmio foi criado com o objetivo de reconhecer o talento dos profissionais brasileiros e valorizar trabalhos desenvolvidos em Reciclato®, papel-cartão Supremo Duo Design® e Supremo Alta Alvura®. Os três primeiros colocados de cada uma das quatro categorias tradicionais (Embalagens, Promocional,
ALTERO NA GABRIEL
Editorial e Miscelânea) receberam prêmios em dinheiro de R$
O arquiteto Olegário de Sá é o responsável pelo projeto da
15.000,00; os segundos, de R$ 7.000,00; e R$ 3.000 para os tercei-
nova loja da Altero. Especializada em acessórios e metais
ros lugares. O autor da “Peça Destaque” (à esquerda)
para casa, a marca acaba de inaugurar um novo espaço. Qua-
ganhou uma viagem internacional para
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se sem pilares, a loja se distribui em 600 m de vão livre.
participar de um evento do mercado
Para expor os acessórios de banho, o arquiteto criou uma ex-
de design gráfico. Já o primeiro coloca-
tensa parede abaulada, feita de madeira na cor “apricot”. Já
do na categoria Estudante (livro acima)
as duchas automáticas – que funcionam normalmente aos
foi premiado com um computador da
olhos do cliente – ficam expostas dentro de boxes de vidro.
Apple; o segundo lugar levou uma Tablet;
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.442, tel. (11) 3085-0096.
e o terceiro, uma câmera digital.
www.altero.com.br
www.suzano.com.br/premiomaxfeffer
JÓIA-ES CULTURA CELEBRAÇÃO DO PAÍS
Feitas não necessariamente para se vestir, elas se
“O Brasil na Visualidade Popular” reúne diferentes manifes-
expandem além dos limites do corpo e com-
tações espontâneas do povo brasileiro em suas mais sur-
preendem determinado ritual na sua execu-
preendentes formas. Feita a partir de pesquisas realizadas
ção. Esse é o conceito das peças apre-
durante décadas, a mostra – com concepção e curadoria do
sentadas no Projeto Novas Jóias. Esses
artista plástico e pesquisador José Alberto Nemer – é como
adereços, que nas civilizações antigas já tive-
um auto-retrato do Brasil, construído por mãos anônimas de
ram funções mágicas de celebração, são re-
cada cidadão, levado pelo desejo de expressar uma idéia de
visitados aqui – por Salma Nasser (foto),
país e com ele se identificar. São bandeiras, paisagens, san-
Elizabeth Franco e Lúcia Abdenur – com um
tos e alvoradas, muitas
olhar contemporâneo. Salma coletou e combi-
vezes representadas em
nou objetos que sugerem novas interpretações, idéias
mitos nacionais. Até 30
e possibilidades. Elizabeth optou por retomar as formas femininas en-
de dezembro. Caixa Cultu-
contradas em silhuetas e frascos de perfumes e óleos antigos. E Lú-
ral RJ, Av. Chile, 230, Anexo,
cia valorizou os rituais que celebram encontros e experiências pes-
Centro, tel. (21) 2262-5483. www.caixacultural.com.br
soais. Em exposição e à venda na Zona D, tel. (11) 3088-0399. www.zonad.com.br
MILANO: BUON GUSTO, BUON DE SIGN! O evento, que apresenta o show-room da MACEF - Salão Internacional da Casa, uma das maiores feiras mundiais de negócios para o segmento de decoração e utensílios domésticos, e a inusitada mostra “Oggetti Esistibili – Objetos Possíveis”, criada por publicitários italianos, acontece pela primeira vez no Brasil. Promovido pela Câmara do Comércio de Milão, em parceria com o D&D (Decoração e Design Center) e o IED (Istituto Europeo di Design), “Milano: Buon Gusto, Buon Design!” tem o objetivo de promover a aproximação entre os dois países por meio de diversas atividades para a apresentação do trabalho desenvolvido por toda a Lombardia (região italiana, cuja capital é Milão) e para a criação de oportunidades de negócios entre empresas.
MAIS 290 M2, MAIS NOVIDADES
No D&D, até 21 de dezembro. Av.
A Conceito: FirmaCasa cresceu. Passou por uma reforma e agora
das Nações Unidas, 12.555, São
está com 510 m2. Além disso, até 4 de janeiro de 2008, mantém em
Paulo, SP, tel. (11) 3043-9000.
cartaz a exposição “Toy Art Chrysler”. A mostra apresenta réplicas
www.dedshopping.com.br
do automóvel PT Cruiser assinadas por personagens paulistanos como o arquiteto Marcelo Rosenbaum, o artista plástico Ricky Castro, a designer Elisa Stecca, a consultora Isabella Prata, o VJ Spetto, a stylist Chiara Gadaleta, o fotógrafo Renato De Cara, a Galeria Melissa, os DJs Igor Cavalera e Mau Mau, entre outros. O objetivo é revelar o design inovador do carro sob a ótica de expoentes da cena contemporânea.
Alan Nielsen
DE SIGN + TECNOLOGIA Parceria entre a BMW Design-
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.522, tel. (11) 3068-0380. www.conceitofirmacasa.com.br
works USA e a Pado aliam biometria, design e ergonomia à segurança e funcionalidade. As empresas acabam de lançar maçanetas e puxadores. São três opções: a linha
LUZ DIFUSA
Contemporânea, a Tradicional e a Yacht. A primeira
A marca Accenda!, do grupo Studioluce, apresenta ao mercado
é produzida em alumínio, com acabamento cromado escova-
sete novas coleções de luminárias. A Tenda (foto) é uma delas.
do, opções de quatro modelos de maçanetas e complemen-
Nas versões grande (98,5 cm de diâmetro x 51 cm de altura) e
tos de roseta ou espelho e um puxador. A linha Tradicional se-
pequena (60 cm de diâmetro x 30 cm de altura), o pendente tem
gue as mesmas características da Contemporânea – só muda
altura regulável – para se adaptar à necessidade de cada ambi-
o desenho. Já a Yacht conta com maçanetas em aço inoxidá-
ente. A cúpula tem estrutura em alumínio e vidro, e acabamento
vel polido ou escovado. Composta de um puxador e quatro
de fita de tafetá, nas cores palha, cinza, branca e verme-
modelos de maçanetas, com roseta ou espelho, essa última
lha. Luz: difusa. Lâmpada: incandescente ou fluo-
tem como diferencial o tratamento resistente à maresia, o que torna o produto ideal para barcos e regiões litorâneas. Tel. 0800-701-4224. www.pado.com.br
rescente compacta eletrônica. Os outros lançamentos da marca: Fiori, Enzo, Polar, Otto, Sher e Blaze. www.accendabystudio.com.br
A ÁFRICA ESTÁ VIVA... Para comemorar os três anos do Museu Afro Brasil: “Benin Está Vivo ainda lá – Ancestralidade e Contemporaneidade”. A exposição, em cartaz até 27 de janeiro de 2008, conta com obras de nove artistas contemporâneos do país africano, sendo acompanhada de mesa-redonda, ciclo de filmes e oficinas de arte-educação. Promovida pela Petrobras, Associação Museu Afro Brasil e a Prefeitura da Cidade de São Paulo, a mostra internacional dá ênfase ao aspecto da tradição e da contemporaneidade beninense. Entre os trabalhos apresentados: fotografia, pintura, escultura, instalação e artesanato. Tel. (11) 55798542, Parque do Ibirapuera. www.museuafrobrasil.com.br
INOVAÇÃO EM TALHERES Além de atrair a atenção do mundo todo com arranha-céus e projetos arrojados, como a rampa de esqui em Innsbruck, na Áustria; e o Centro Rosenthal de Arte Contemporânea, em Cincinatti, nos Estados Unidos; a arquiteta iraquiana Zaha Hadid desenvolve móveis e outros produtos. O conjunto de talheres Zaha, com cinco peças, é uma das mais recentes criações nessa linha. É fabricado em aço inox pela WMF – uma das maiores empresas européias no segmento – e está à venda na Spicy. Tel. 0800-168-388. www.spicy.com.br
PREMIAÇÃO INTERNACIONAL Os interessados em partici-
LE VINHO, LE VINHO!
par do Prêmio Red Dot, uma
Chega ao mercado o LG LYNX (MG370b), o novo
das principais competições
celular da LG. O modelo – de apenas 68 g –
de design internacional, de-
tem design simples e compacto, campainha
vem se inscrever até 18 de
polifônica de 16 tons e rádio FM, além do re-
janeiro de 2008. Nesta edição há 60 em vez de 13 categorias
curso gravador de voz, economia de energia,
de produtos. Foram acrescentados: Kitchen (cozinha), Gar-
agenda telefônica de até 500 contatos (quatro entradas –
den (jardim), Automobiles (automóveis), Transport & Cara-
nome, mobile, home e office). Ainda oferece SMS (envio
vans (transportes e trailers) e Communication (comunicação).
de mensagem de texto), plataforma de jogos JAVA, discagem rápida,
A premiação dos vencedores será em 23 de junho de 2008.
conversor de unidade, horário mundial, calendário, calculadora, três ti-
O Museu do Red Dot irá apresentar os ganhadores numa
pos de alarme e opção de idioma português, inglês e espanhol. O apa-
exibição de 24 de junho a 27 de julho. Seguindo esse acon-
relho dispõe de display interno de 65 mil cores e memória de 450 KB.
tecimento, os produtos vencedores serão expostos por pelo
Pode ser encontrado nas cores preta com prata. Medidas: 85 mm x 45
menos um ano. Mais informações: team@red-dot-award.com,
mm x 20 mm. Tel. 0800-707-5454. www.lge.com.br
www.red-dot.de/registration
513874_21x28_ARC_DESINGN_324.pdf
December 3, 2007
16:35:40
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COOK TOP PORTÁTIL Cozinhar e interagir com seus convidados é a grande vantagem de quem opta pelo Cooktop Portátil, da Electrolux. O eletrodoméstico é acionado por um mecanismo digital e funciona à base de indutores eletromagnéticos que promovem o aquecimento somente da panela – o que facilita o preparo dos alimentos à mesa. O sistema de indução permite grande precisão no cozimento, além de maior segurança e conforto, uma vez que a mesa vitrocerâmica não emana calor, nem tem chama, tampouco exala cheiro de gás. Tel. 0800-728-8778. www.electrolux.com.br
CAR TAZES... EM CAR TAZ Um dos maiores designers gráficos da Europa expõe seus cartazes pela primeira vez na América Latina. A mostra “Pierre Mendell, Cartazes” apresenta mais de 50 obras do artista alemão que, atuando desde 1961, já recebeu a medalha de ouro do Art Directors Club de Nova York e da Alemanha, além do primeiro prêmio da Bienal Internacional do Cartaz de Teatro, na Polônia. Com o uso de técnicas como recorte e colagem, fotografia e lettering no computador, poucas cores e tipografia concentrada, Mendell aposta no pragmatismo e em obras que possam ser inseridas no cotidiano. Até 13 de janeiro de 2008. Mais informações: tel. (11) 3321-4400, www.caixacultural.com.br, www.pierremendell.com.br
PONTE ENTRE A BAHIA E BENIN Um singular retrato das raízes da Bahia no coração da África. “Impressões de Carybé nas suas Visitas ao Benin 1969 e 1987” é um verdadeiro diário de Hector Julio Paride Bernabó, conhecido e rebatizado como Carybé – o mais baiano dos argentinos. Realizado em parceria com o Museu Afro Brasil, o título retrata, em 67 páginas, obser vações coletadas pelo autor em suas duas viagens ao continente africano, com seu amigo, o antropólogo e fotógrafo Pierre Verger. São 50 expressivos desenhos com anotações manuscritas reunidas em montagem gráfica da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Venda pelo site www. imprensaoficial.com.br/livraria
ERRATA Ao contrário do que informamos na matéria “Projeto Olimpíadas 2012” (pág. 16, da separata da edição 56 de ARC DESIGN), o escritório que colaborou com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha é o Piratininga Arquitetos Associados e a arquiteta entrevistada, Renata Semin, tel. (11) 32567077.
CONCURSOS DE DESIGN 16 ARC DESIGN
Fi nal de ano, épo ca de dis tri bu i ção de prê mi os. Pu bli ca mos nes ta edi ção de ARC DE SIGN os re sul ta dos dos mais pres ti gia dos con cur sos na área de de sign de pro du tos. Des de aque les que se dis tin guem por ti po lo gias ou ma te ri ais es pe cí fi cos, até os mais ge né ri cos. Ve ja os di fe ren ci ais – e os re sul ta dos – en tre os con cur sos da Ma si sa, da Abi plast e do Mu seu da Casa Bra si lei ra Maria Helena Estrada
Nes ta pá gi na, mó vel Mul ti u so, ver sá til, seu en cos to é fa cil men te des lo ca do, for man do uma cama de casal. Gaveteiros encaixados na base ser vem também como acabamento. Fácil de construir, pode ser montado pelo usuá rio. Projeto de Laís Cor teletti, da Uni versidade do Vale dos Sinos, Novo Hamburgo, RS. Fabricante: Placacentro Placa Sul. Terceiro coloca do
CONCURSO DE DESIGN PARA ESTUDANTES MASISA
FOCO NO OBJETIVO Começamos pelo Concurso Latino-americano de Design Masisa, inovador este ano ao propor aos candidatos – apenas estudantes – projetos de móveis para casas de habitantes de baixa renda. Esta nos parece uma decisão corajosa e necessária, em tempos que não permitem que se perpetue o “mais do mesmo”, ou seja, apenas a repetição, sem acrescentar novas funções ou tecnologias – nem cuidados com as questões ambientais – de objetos já existentes. No Concurso Masisa, a faixa de renda das futuras famílias que utilizarão o mobiliário foi estipulada, no Brasil, em um e meio salário mínimo. Assim, a idéia inicial, o projeto, a matéria prima básica (MDF e OSB Masisa) e as formas construtivas deveriam se submeter a um critério absoluto de preço. Em sua fase internacional o concurso julgou, em 16 de novembro, trabalhos de estudantes da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México Peru e Venezuela. O júri reu ni do em Bu e nos Ai res, na Casa FOA, des ti nou os prê mi os, do pri mei ro ao ter cei ro, res pec ti va men te, ao Chi le, à Ar gen ti na e ao Bra sil.
No alto, à direita, Mó du lo Estú dio, mesa-ar má rio que pode ser uti li za da por duas crian ças, para estu do ou ou tros fins. Pro je to de Alejan dro Mon te ro, Juan Pa blo Vi ey ra, Javi er Ra mi rez e Ju li án Vig no lo, da Uni ver si dad Ma yor, Chi le. Fa bri can te: Di mad. Pri mei ro co lo ca do
Aci ma e à es quer da, “Tri ple”, be li che trí pli ce que pode ser con fi gu ra do co lo can do-se uma cama so bre a ou tra. Por meio de um me ca nis mo pi vo tan te, elas po dem ser gi ra das, como na foto ao lado, ou usa das de for ma se pa ra da. Pro je to de Mar co An to nio Va nel la Go di no, da Uni ver si dad Em presa rial Si glo XXI, Cór do ba, Argen ti na. Fa bri can te: Dash – Sergio Much nik & Design Team. Se gun do co lo ca do
17 ARC DESIGN
Acima, finalistas do Concurso de Desenho Masisa para Estudantes e a diretoria da empresa. Repare no painel feito com as chapas de madeira Masisa, que ser vem de fundo para a exposição dos produtos selecionados.
A primeira fase deste concurso bienal julga os projetos de cada país, e o júri final escolhe os melhores entre os primeiros colocados desses países.
Abai xo, à es quer da, Prac ti ca ma. Mo du lar, fá cil de pro du zir e de lo co mover, tem um jogo de orga ni za do res na par te in fe ri or que per mi te guar dar uten sí li os es co la res, rou pas e sa pa tos. Pro je to de Si mon Jo sué Pe rez Car re ro, da Uni ver si dad de los An des, Ve ne zu e la. Fa bri can te: Kia’s Mu e bles. Abai xo, à di rei ta, Mu e ble Sim si, cria do para oti mi zar es pa ços re du zi dos. Assu me a fun ção de es tan te, de mesa de cen tro ou, ain da, de pol tro na. Pro je to de Hil da Ma les An ran go, da Uni ver sidad de las Amé ri cas, Equador. Fa bri can te: Fa del
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“O objetivo do Concurso de Design Masisa para Estudantes é potencializar a gestão do futuro profissional e o desenvolvimento da indústria do mobiliário, incentivando a criatividade e a inovação tecnológica por meio do design”, comenta Jaime Valenzuela, diretor da Masisa Argentina. i
Cursos de Formação Cursos de Curta Duração Cursos Master
www.escola-panamericana.com.br
Wave Light, de Vic tor Hen ri que Fa gun des. Pro du to inova dor, si mu la lu zes di ver sas pa ra di fe ren tes am bi en tes, oca si õ es e fi na li da des. Ven ce dor na ca te go ria pro fissi o nal (no pé da pá gi na al guns exem plos)
PRÊMIO ABIPLAST DESIGN
PLÁSTICOS? SIM, POR FAVOR Outro concurso dirigido à utilização de matéria prima específica é o Prêmio Abiplast. Iniciativa pela qual ARC DESIGN tem grande apreço por permitir o exercício do design com materiais artificiais, diversificando nosso repertório e estimulando o desenvolvimento de tecnologias específicas
20 ARC DESIGN
Em sua terceira edição, o Prêmio Abiplast Design consolida-se pela ênfase dada aos materiais artificiais e à sua tecnologia. Resultado de uma iniciativa da Associação Brasileira de Plásticos e do Sindicato da Indústria de Resinas Plásticas (SIRESP), recebe também o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). “Além do design, há uma preocupação cada vez maior com questões de responsabilidade socioambiental e preservação do meio ambiente”, afirma José Ricardo Roriz Coelho, presidente do SIRESP. Segundo ele, “nesta edição do prêmio serão analisados, além dos aspectos formais, funcionais e criativos dos projetos, a responsabilidade social e o compromisso ambiental”. Destinado a profissionais e a estudantes, é natural a diferença de amadurecimento demonstrada nos projetos classificados. Mas, se compararmos com as edições anteriores, percebemos com prazer que o desenho industrial e a tecnologia necessária ao uso dos plásticos também se desenvolvem no Brasil. MHE
O gran de prê mio foi dado à em presa In dio da Cos ta Design Ltda e aos desig ners Ra fae la Ma ce do e Ni co lai Rut ke vich. Te le fo ne pú bli co vei cu lar, Télo (nas duas fo tos à di rei ta), tem como ca rac te rís ti cas a ro bus tez, a pra ti ci da de, a se gu ran ça e o con for to em vá rias con di çõ es de uso. Pro du to já ins ta la do em li nhas de ôni bus de Por to Ale gre (RS)
Acima, Pack-Ball, fi nal mente uma em ba la gem origi nal: prá ti ca, sim ples e bo ni ta, para bo las es por ti vas. Pro je to fi na lis ta da es tu dan te Clau dia Lei din ger. À esquerda, Sis te ma de Mó du los Ba ca na, design Vi ni ci us Re bel lo Lima, fa bri ca do em ABS in je tá vel, foi fi na lis ta na ca te go ria pro fissi o nal
21º PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA
O MAIS TRADICIONAL DOS CONCURSOS Depois de dois concursos totalmente focados, abordamos outro, “amplo, geral e irrestrito”, o mais tradicional, aquele realizado pelo Museu da Casa Brasileira, este ano em sua 21ª edição! O cartaz escolhido serve de “link” às considerações abaixo, que questionam o formalismo como elemento
Paula Sertório e Victor Paixão
primordial no design
No alto da pá gi na, car taz ven ce dor em 2007, pro je to grá fi co de Da ni lo To le do, SP. Aci ma, a boa sur presa da es tu dan te Pau la Ser tó rio na ca te go ria Novas Idéias/Con ceitos, com a ca dei ra Atia ti (gai vo ta gran de, em tupi-gua ra ni). Estru tu ra formada por quatro arcos estruturais idênticos, ligados dois a dois e que, em vir tude de suas larguras diferentes, o assento e o encosto podem ser encaixados. Recebeu menção honrosa
222 ARC DESIGN
Fotos Nelson Kon
Nesta página, pri mei ro prê mio na ca te go ria Ilu mi na ção, para o desig ner Fer nan do Pra do, SP, com a li nha de ba li za do res Cut, em di ver sas ver sõ es. Um pro du to Lu mi ni, em aço inox com o uso de Leds de alto ren di men to
3 ARC DESIGN
Acima, capa do li vro “O Design Brasileiro na Ór bita da I Exposição Nacional de Arte Concreta: 1948-1966”, de André Stolarski, RJ, edição MAM, SP. Vencedor na categoria Trabalhos Escritos. Abaixo, banco Canoe, design Marcelo Ligieri, BH, com estrutura metálica e assento em fibra natural ou sintética. Selecionado para a mostra
Acima, lava do ra semi-au to má ti ca Duppla, pro je to de Guto In dio da Costa, Fe lippe Bi cu do, Ado Aze ve do, Ma nu e la Vi la se ca, An dré Lobo e Gustavo Russi, RJ, pro du zida pela Arno. Sua inova ção? Lava, de modo se pa ra do, rou pas mais resistentes e pe que nas pe ças de li ca das, gra ças ao com par ti mento Pro tè ge. Ven ce dor na ca te go ria Equi pa mentos Ele trô ni cos. Abaixo, ta lher Inova, design Ri car do Ta ke da, RS, pro du ção Di Sol le Cu te la ria. Bom pro je to que pri vi le gia com o dese nho de seu cabo a possi bi li da de do ta lher não to car na mesa. Pro du to se le ci o na do para a mos tra
Moresco Studio Foto
Muito se tem falado e escrito sobre este concurso. Ele é um dos mais conceituados e o de maior duração ininterrupta. Mas de seu início até hoje o design mudou – e muito. Podemos dizer que seus conceitos, critérios e objetivos viraram “de cabeça para baixo”. Se em seus primórdios o design postulava que “a forma segue a função”, nos anos 1960 Ettore Sottsass dava o primeiro grito de liberdade com “form follows fiasco”. Desafiava o papel da função, mas a forma ainda reinava soberana. Hoje a mudança é muito mais radical e o designer tem que estar disposto a atuar com a nítida consciência de que nosso planeta, e nós mesmos, estamos “a perigo”. A noção de sustentabilidade, de perspectivas sociais e ambientais é um argumento transversal que abrange todas as atividades, principalmente a do criador de artefatos. O Museu da Casa Brasileira, como sempre, apresenta projetos que até hoje eram considerados corretos, alguns com boas qualidades formais, outros inovando nos materiais e na tecnologia. Mas sentimos falta de um reposicionamento, de um olhar crítico e criativo que contribua para a saúde do planeta. Assim, como solução possível, pensamos: por que não re24 ARC DESIGN
Cli
ck
ver, radicalmente, o regulamento deste concurso? Os critérios
Car los Emi lio
da sustentabilidade, como dissemos, são transversais e absolutos. Não se pode hoje pensar o
O ca ni ve te é um obje to ar que tí pi co, re me te à me mó ria. Neste, dos “mestres car pintei ros”, os desig ners ca ri o cas Fer nan do Men des de Al meida e Ro ber to Hirth, da Men des & Hirth, a be leza do Ta lis man está no rigor de seu dese nho. Pro du to se le ci o na do para a mos tra
Jorge Ito
Aci ma, se le ci o na da para a mos tra, a lu mi ná ria Essa ya ge tem es tru tu ra em ara me de aço e di fu sor em “não-te ci do” (com pos to de fi la men tos de po li e ti le no). Uma re gu la gem no cabo permite modificar a forma da cú pu la. Design Baba Va ca ro para a Do mi ni ci. Abai xo, jipe Stark, pro je to Ques tto Design, SP, men ção hon ro sa na ca te go ria Novas Idéias/Con ceitos. Constru í do pela TAC, Tec no lo gia Au to mo ti va Ca ta ri nen se, em com pó si tos, tem es tru tu ra tu bu lar es pa cial
projeto sem considerar, ao menos, suas premissas básicas para que se alcancem os objetivos necessários. O design, visto em seus aspectos apenas formais, perde o interesse. Em seu lugar, outros valores são considerados. Acreditamos que o Museu da Casa Brasileira, para agregar valor a um concurso que se realiza há anos sem grandes novidades, poderia adequar-se, por meio de seu regulamento, à nova realidade mundial. Este ano o júri foi severo, criterioso, e algumas categorias não foram contempladas. Um cuidado louvável. Vamos, com o auxílio de membros dos diversos júris nos últimos anos, discutir as questões pertinentes ao nosso mais tradicional concurso? ARC DESIGN se propõe a divulgar as mais interessantes propostas para depois, com a colaboração de profissionais interessados, submetê-las à direção do Museu da Casa Brasileira. ❉ MHE 25 ARC DESIGN
Jomar Bragança
PREMIADOS NO 21º PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS Menção honrosa: lavadora semi-automática Duppla, design Guto Indio da Costa, Felippe Bicudo, Ado Azevedo, Manuela Vilaseca, André Lobo e Gustavo Russi (Rio de Janeiro, RJ), produção Arno CATEGORIA ILUMINAÇÃO 1º lugar: linha de balizadores Cut, design Fernando Prado (São Paulo, SP), produção Lumini Menção honrosa: lu mi ná ria pen den te Do bra, de sign Mar ce lo Si korski (São Paulo, SP), produção TYG Menção honrosa: lu mi ná ria pen den te Rail, de sign Mar ce lo Si korski (São Paulo, SP), produção TYG
Acima, na foto mai or, Kalls cre ek, e nas me no res, da es quer da para a di rei ta, Yel lows to ne e Da kar, da co le ção Na tu re za Ur ba na, design Be a triz Let ti é re e Már cia Berg mann, RJ. Na sequência, os tapetes Pai nel e JK, da desig ner Na ta cha Rena, MG, são da co le ção Mo der no. Todos se le ci o na dos para a ex po si ção
CATEGORIA MOBILIÁRIO 1º lugar: poltrona Gisele, design Aristeu Pires (Gramado, RS), produção Aristeu Pires & Cia Menção honrosa: cadeira de balanço Verão, design Fernando Mendes de Almeida e Roberto Hirth (Rio de Janeiro, RJ), produção Mendes-Hirth CATEGORIA NOVAS IDÉIAS / CONCEITOS Menção honrosa: cadeira Atiati, design Paula Sertório (São Paulo, SP) Menção honrosa: jipe Stark, criação Questto Design (São Paulo, SP), produção Tecnologia Automotiva Catarinense (TAC) CATEGORIA TRABALHOS ESCRITOS 1º lugar: “O Design Brasileiro na Órbita da I Exposição Nacional de Arte Concreta: 1948-1966”, autor André Stolarski (Rio de Janeiro, RJ), edição Museu de Arte Moderna de São Paulo
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CATEGORIA UTENSÍLIOS 1º lugar: faqueiro 130 peças Arthur Casas, design Arthur Casas (Caxias do Sul, RS), produção Riva Menção honrosa: vaso Rei das Flo res, de sign Me ga box De sign – Agui lar Se lhorst Ju ni or, Fe li pe Lo ca tel li, Vi ní ci us Lu bel e Wag ner Nono (Curitiba, PR), pro du ção ABC Indústria de Plásticos
À esquerda, primeiro prêmio na categoria Móveis, poltrona Gisele, design Aris teu Pi res, de Gra ma do, RS. Es tru tu ra em je qui ti bá, ma dei ra cer ti fi ca da, aca ba men to em ver niz à base de água, assen to e en cos to em fios de al go dão ou cou ro (pa ra béns!), tem cons tru ção ar tesa nal e uti li za en cai xes, es pi gas e cavi lhas
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December 3, 2007
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Maureen Bisilliat
O Memorial da América Latina tem como uma de suas diretoras a fotógrafa, e estudiosa da cultura latino-americana, Maureen Bisilliat. Quando esta mulher luminosa se une a Renato Imbroisi, o resultado só poderia ser um encanto para o olhar
Fabio Del Re
No alto da página, vista geral da “alojiinha”, com ar tesanato indígena e peças de Taubaté (SP). Aci ma, co lar de ba ga ço de cana pin tado com pigmentos de barro. Acima, à direita, fruteira feita com a mesma técnica. Ambos são da coleção Palavras Bem Ditas, produ zida em Limeira do Oeste (MG)
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PARA VER E COMPRAR
Fa b i
l Re o De
Da Redação Uma exposição – Urubu-Rei – celebra o encontro entre Minas Gerais (Brasil) e Moçambique (África). E não por acaso.
Em Minas, Renato Imbroisi começou a bordar, a tecer tramas, a fazer crochê, sempre em contato com as artesãs locais, aprendendo com elas. Na África, ele completa um percurso de mais de 20 anos, nos quais fez nascer o mais belo repertório da cultura popular contemporânea no Brasil. ARC DESIGN publica sempre os trabalhos das equipes coordenadas por Imbroisi. Para nós, são irresistíveis! “Por que surgiu a idéia de unir Minas Gerais e Moçambique? Pois foi em Minas que tudo aprendi, a arte do fazer, o empreendedorismo necessário. Foram estas as ferramentas que me permitiram trabalhar com o Sebrae e descobrir cada canto do Brasil onde houvesse a possibilidade de criar uma nova linguagem e dar suporte econômico, ambiental e social a comunidades miseráveis, mas potencialmente capazes”, afirma Renato, que completa “a África foi a oportunidade de levar para outro continente designers, artesãos e empreendedores sociais, dando início a um trabalho semelhante.” Por outro lado, é difícil a comercialização do artesanato de
Lucas Moura
Nes ta pá gi na, de ta lhe da ex po si ção Uru bu-Rei. Te ci dos tra ma dos no tear ma nu al, al mo fa das de fu xi co e cor ti na de cro chê, de Mu quém (MG). Os bu quês de flo res do Cer ra do, ar ran ja dos no piso da vi tri ne, são de Mon te Car me lo (MG)
Fotos Lucas Moura
Aci ma, exem pla res do tra ba lho das co mu ni da des ao nor te de Mo çam bi que, na provín cia de Cabo Del ga do. As bol sas são de pa lha; os co la res, à di rei ta, de ma dei ra; e as ce nas do co ti dia no, abai xo, es cul pi das em ma dei ra ma fru ei ra, também do Senegal. Re pa re: há um ce ná rio de praia, um de hos pi tal, um de mer ca do e ou tro de ate liê de cos tu ra. Abai xo, vis ta ge ral da ex po si ção
qualidade no Brasil. Um problema que começa a ser solucionado por Maureen, com sua “alojiinha”, inaugurada no Memorial da América Latina. É lá que se poderá encontrar Renato (em seus raros “pousos” em São Paulo), e onde estarão à venda os produtos resultantes das diversas equipes de trabalho, em todo o Brasil, além de outros achados de Maureen. Um dos artigos encontrados na “alojiinha” é o Alfabeto, parte da coleção Palavras Bem Ditas, ainda não divulgado. Feito em Limeira do Oeste (MG), com massa do bagaço de cana e pintura em barro. Um projeto bonito do princípio ao fim. O método de Renato, nos parece, dá resultado porque é iniciado com a inclusão das pessoas da comunidade. Não há uma orientação, mas uma integração de idéias e saberes. No caso do Alfabeto, “a brincadeira começou com todos os integrantes do grupo rolando no barro dos pés à cabeça. Era o início da integração com a matéria-prima e as 90 cores e tonalidades do barro da região”. Por que Urubu-Rei como nome da mostra? “Esta ave de rapina voa muito e vai limpando toda a sujeira que encontra à sua volta. É mais ou menos o que fazemos”, conclui Renato. i
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DP_Cantu_ARC.ai
26.11.07
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ENSINO DE DESIGN NO BRASIL Iniciamos a publicação de uma série de “radiografias” sobre o ensino de design no Brasil, com depoimentos de representantes de várias escolas. A cada edição de ARC DESIGN pretendemos abordar aspectos do panorama acadêmico em nosso país. Neste número: programas, atividades e pontos de vista da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), RJ; Instituto Europeu de Design (IED), SP; Centro Universitário Belas Artes, SP e SENAC, SP. É a nossa contribuição para divulgar e incentivar as boas práticas acadêmicas, e assim contarmos, no futuro, com profissionais competentes, curiosos e conscientes de seu papel na sociedade Ana Sant’Anna e Daniel Paronetto
Fru to da par ce ria en tre duas em pre sas pré-in cu ba das na ESDI, Hab to e Fi bra, o mó du lo ARCO® é fei to com MDF e Ba na na plac, pai nel la mi na do com pos to por fi bras de ba na nei ra e resi na de ori gem ve ge tal
PROFESSOR AMILTON ARRUDA, IED Por suas considerações abrangentes, começamos com o que nos diz Amilton Arruda, professor e coordenador do programa de formação avançada em design estratégico, do Instituto Europeu de Design (IED). “Os cursos de design no Brasil, atualmente, se dividem em duas grandes áreas: as escolas acadêmicas (universidades públicas, privadas e centros universitários) e as escolas técnico-profissionais (faculdades isoladas, faculdades tecnológicas e CEFETs).” ... “Acredito hoje que, em função dos novos rumos da economia, da globalização da competitividade industrial, nosso papel como educador seja aquele de voltar nossos conhecimentos e capacidades para ajudar nossas empresas, nossas cidades, nosso país, rumo ao desenvolvimento coerente e sustentável.” São idéias que surgem graças às transformações, cada vez mais frequentes, do próprio conceito de design, que não pode perder sua identidade, a visão real de mercado e, principalmente hoje, sua responsabilidade com os aspectos sociais e ambientais. “Traduzindo para o âmbito das escolas, isto significa que devemos estar atentos às disciplinas transversais e aos novos conteúdos, como: as áreas ambiental e sustentável, aquelas de conteúdos e estudos de economia, e também a de marketing estratégico, sem esquecer dos novos materiais e a área de estudos e pesquisas mercadológicas, entre outras.” ... “Penso que devemos”, enfatiza Amilton, “cada vez mais agir localmente com uma mentalidade global, e acredito que seja correto dizer que o designer do presente e também aquele de um futuro próximo seja GLOCAL [global + local].” “Creio que, atualmente, são poucas as escolas no Brasil que têm uma preocupação com o jovem designer que sai de um curso superior. Este é um assunto que serviria a uma reflexão e debate. Um ponto que eu gostaria de ressaltar é o compromisso social que uma empresa na área da educação, seja ela pública ou privada, tem com seus estudantes e futuros profissionais.”
PROFESSOR RODOLFO CAPETO, ESDI “A explosão de cursos de design no Brasil nos últimos anos nos coloca diante da responsabilidade de repensar o modelo de ensino no país e o quanto efetivamente ele se sustentará nos moldes atuais”, nos diz o professor Capeto, vicediretor da Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ (ESDI). Em sua opinião, “o mercado existe (embora, por ironia, os seus próprios agentes nem sempre tenham, ainda, a consciência disso), a necessidade humana de design permanece, mas o modo como o ensino tem respondido a este contexto deve ser objeto de uma reflexão crítica.”
Copo para mar ti ni da alu na Vi vi a ne Spa co, do IED. Se gun do lu gar no con cur so na ci o nal pro mo vi do pela Bom bay Sap phi re
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No caso da ESDI, é importante lembrar que ela foi criada no início dos anos 1960, na esteira do projeto desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek. Ao longo destas décadas a economia e as mudanças nas perspectivas do país foram notáveis, influenciando, naturalmente, o design e seu ensino. Mas há aspectos permanentes. “Na ESDI queremos valorizar o espírito crítico, a capacidade de pensar os problemas sob ângulos novos, repropô-los, redefinilos. O fundamental é ter o espírito de permanente reavaliação e revisão do ensino. Do momento que pensamos o design como instrumento permanente de inovação, deveríamos também aplicar esse princípio ao seu ensino”, afirma o professor Capeto, que conclui, “alguns acham necessária uma faculdade que adestre o estudante no atendimento às mais imediatas necessidades do mercado. Na ESDI preferimos pensar num egresso com uma formação mais holística, aliando a competência técnica a um espírito humanístico e uma visão cultural mais completa. Daqui a alguns anos, o mercado e suas necessidades já serão diferentes, e queremos formar profissionais que não só acompanhem essas mudanças, como possam estar entre aqueles que as formulem.” Na ESDI, escola que recebeu a nota máxima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes do Ministério da Educação (ENADE), e foi o curso de graduação em design mais bem avaliado entre todos os 131 que participaram do exame, destacamos uma atividade fundamental, sobre a qual voltaremos em uma próxima edição de ARC DESIGN: as incubadoras, que têm dado excelentes resultados. Além delas, uma parceria com algumas indústrias, como a Electrolux, Microsoft, Motorola e Embraer, tem aberto várias possibilidades.
PROFESSORA CYNTIA MALAGUTI, SENAC E BELAS ARTES Para falar sobre a orientação seguida pelo Centro Universitário Senac e do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, SP, ouvimos a opinião de Cyntia Malaguti. Fazendo referência ao modo de pensar de algumas escolas, ela afirma que “há uma pressão pelo pragmatismo, muitas vezes associado ao domínio de softwares, a receitas para resultados rápidos, em detrimento de disciplinas de formação de repertório, do aprofundamento da visão crítica, da problematização, e também da experimentação, fundamentais na formação do designer, como procuramos orientar o ensino no SENAC. É preciso lembrar que muita coisa mudou, até mesmo os contextos histórico, econômico e social do país”, comenta essa “expert” em ensino e em design. “No início tínhamos modelos transplantados de fora, sobretudo da Alemanha; hoje já se procura adequar os cursos à nossa realidade, mas ainda no âmbito de uma economia e, também, de uma concorrência globalizada. Temos referências de projetos, designers e histórias locais; começamos a ter uma produção Acima: Hab to e a Fi bra, em presas in cu ba das na ESDI, pro du zem a ca dei ra de ba lan ço do brá vel ZEN. Feita com la mi na do de bam bu, é leve e resistente
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acadêmica própria. Os diferentes setores produtivos, indústria, comércio e serviços já possuem uma visão do que é design, ainda que, muitas vezes, limitada e deturpada. Mas há uma demanda.”
Uma boa notícia apontada por Cyntia é que já começa a existir massa crítica a respeito do assunto, em vários níveis e segmentos, e até diversas iniciativas governamentais e afins, que objetivam apoiar o desenvolvimento do design, ainda que com deficiências. “Há uma tendência comum às diversas áreas do design de, cada vez mais, se aproximarem, dialogarem entre si, como moda, interiores e produto, por exemplo. Dessa forma, a base da formação do profissional deve ampliar o repertório relacionado a estilos de vida, comportamento, movimentos sociais, assim como de dinâmica de mercados”, afirma. A profissão designer é hoje das mais complexas e os escritórios de design são multidisciplinares. Não basta executar bem um projeto a partir de uma demanda ou por conta própria; “é preciso fortalecer sua visão no campo de negócios, se antecipar às demandas, identificar oportunidades, ser pró-ativo. Em resumo, entender também de gestão de negócios”. “Por outro lado”, enfatiza Cyntia, “fala-se muito e propõe-se muito a tal da interdisciplinaridade, ou transdisciplinaridade, porque o aluno muitas vezes ainda não percebe como as disciplinas se articulam umas com as outras, nem alguns professores... Mas fazer acontecer de fato vi muito poucas vezes. O que quero dizer com isso é que não basta acrescentar algo mais no conteúdo programático, mas fazê-lo ser aproveitado melhor, seria fundamental.” “A formação relativa a materiais e processos de fabricação também sofreu grande impacto em função do enorme e contínuo avanço ocorrido nesse campo e dos se gre dos in dus tri ais envolvidos, o que dificulta muito o acompanhamento das faculdades e a atualização dos equipamentos de suas oficinas. O que me parece um bom caminho é a parceria com algumas empresas de setores de ponta, para prestação de serviços de pesquisa e desenvolvimento de projetos especiais, remunerados à
À esquerda e acima, o pro je to Co pan dos es tu dan tes do SE NAC, Éri ka Bla sel bau er e Fa bio Bra zil. Des ta que para o des cas ca dor de fru tas e le gu mes e para a tesou ra, que, sem mola, evi ta fer ru gem, mau fun ci o na men to e acú mu lo de su jei ra. Dois des tes pro du tos, o bo le a dor e a tesou ra, fo ram classi fi ca dos para o IF
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base de permutas que auxiliem as faculdades a superarem esse ‘gap’ tecnológico.” “Outra discussão que acompanho diz respeito ao tema do design para sustentabilidade. Alguns cursos adotaram uma disciplina específica para tratar do assunto; outros consideram uma questão tão transversal que todos os projetos devem adotar, assim como todos os professores. Dessa forma, retarda-se todo um processo de formação mais específica na área; não se sai nunca das soluções apoiadas no uso de materiais recicláveis, reciclados ou renováveis, como se sustentabilidade se limitasse a isso! E, finalmente, um profissional de design hoje deve ter em mente que seu processo de aprendizagem deverá ser contínuo, se quiser ter sucesso. As transformações do mundo estão muito aceleradas e ainda, considerando-se os riscos socioambientais que vivemos hoje, muitas novas competências precisarão ser desenvolvidas; sobretudo as que nos permitem fazer “mais com menos”, como já dizia Wright, há tanto tempo.”
PROFESSOR EDY, BELAS ARTES E FAAP Auresnede Pires Stephan, ou o professor Edy, como todos o conhecem, tem uma longa bagagem no campo universitário. Hoje ele ensina na graduação e pós-graduação da FAAP e é assessor de desenvolvimento educacional na Escola de Belas Artes. Como uma das funções dessa assessoria ele realiza todas as articulações necessárias no núcleo de design, que conta com cursos de design de produto, design gráfico, moda e interiores. Segundo o prof. Edy, analisar os cursos de design existentes hoje no Brasil é uma tarefa quase impossível. Temos escolas desde Rondônia até Santa Maria, no Rio Grande do Sul; de Mato Grosso até Vitória, no Espírito Santo. São de 400 a 450 cursos, segundo o Guia do Estudante. “Observando esses levantamentos, achei interessante o caso de uma escola que tem nove cursos tecnológicos de produto! E além dos bacharelados, há os cursos sequenciais, os tecnológicos. Assim, é um diagnóstico muito complicado, dificilmente uma palavra ou uma posição seria muito clara, o que podemos fazer são prognósticos.” “A verdade é que tudo mudou muito, desde que iniciei minha carreira no magistério: dos conteúdos e significados do design até a forma de apresentação dos trabalhos, com a informática.” “Os problemas são os mais diversos, a velocidade de expansão dos cursos geEs tu dan tes do Cen tro Uni versitá rio Be las Ar tes, Em ma nu el Melo e Kátia Nakamoto, conquistaram menção honrosa no Prêmio ABIPLAST 2007, com a cozinha móvel Celebratio (fotos acima): compac ta di versos utilitários relacionados ao espaço gourmet com a mais nova tecnologia de cocção
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rou a necessidade de mais professores, e é difícil encontrar os que estão sintonizados com um conceito acadêmico. Mas acredito que isso seja uma fase de transição.” As universidades, na opinião do prof. Edy, precisam de mais flexibilidade nas estruturas curriculares, conteúdos mais dinâmicos. “Precisamos pensar em acabar com a grade curricular e ter um grau de flexibilidade capaz de atender a todas as demandas do mercado.” ❉
DO_Essay_ARC.ai
26.11.07
18:35:11
2º PRÊMIO TOK & STOK DE DESIGN UNIVERSITÁRIO
ESTUDANTES CRIAM PARA O MERCADO A empresa Tok & Stok apresenta o resultado de seu segundo concurso de design para estudantes. Este ano tínhamos medo do resultado, porque a empresa foi direto na tipologia (ou atividade) mais difícil no design: o sentar. Vejamos o que e como pensam os jovens projetistas diante deste desafio
Da Redação A aposta foi alta: assentos. É fato notório que o desejo secreto, ambicionado por cada arquiteto ou designer é desenhar uma cadeira. Simples assim: o primeiro homem que sentou em uma pedra inventou a cadeira. Mas este, parece, é o objeto mais complexo para ser desenhado. E a história, através dos séculos, complica cada vez mais este elementar objeto. Dos tronos ricamente elaborados aos postulaNes ta pá gi na, pri mei ro prê mio do Con cur so Tok & Stok, o pufe Me xe ri quei ra, design Le tí cia Ve lo so Bar ros, da Fa cul da de UEMG (BH)
dos da ergonomia, o que parecia muito simples se tornou uma ciência – e das bem complicadas. Em nossa memória afetiva, em meio a esta babel de formas e materiais, despontam nosso banquinho rural, de três pés e assento, e também o arquétipo da cadeira, belo, com seus simples quatro pés, e um “L” para sentar e recostar. É a nossa cadeira caipira ou, em sua versão mais sofisticada, a cadeira de taboa. Simples demais para nossos dias, de tantas exigências. A primeira delas: passar o dia, e boa parte da noite, sentados. Outra, contemporânea: as diversíssimas for-
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Rogerio Pallatta
Acima, banco Orisu, segundo colocado, em papelão dobrado, projeto de Débora Lika Yakushiji, aluna da FAU/USP (SP). Abaixo, cadeira Ioio, terceiro prêmio do concurso, design Alexandre Dor neles, da UTESC (SC), “vestida” para o verão
mas de sentar, sendo que aquela tradicional é hoje a menos interessante (a não ser para o operário do teclado). Também despertando atenção, podemos pensar na mobilidade, ou nos inúmeros locais para onde queremos transportar um assento, da praia aos eventos públicos. Mas, cadeiras à parte, uma fundamental importância do concurso promovido pela Tok & Stok é a proximidade com a empresa, no caso, editora e distribuidora. Também outra realidade: ela não promove concursos como simples ferramenta de marketing, mas procura produtos e profissionais quando reúne estudantes em torno de um tema. O primeiro, realizado em 2006, com o conceito “guardar”, trouxe duas novas designers para o time de desenvolvimento de produtos, chefiado por Ademir Bueno. Essa inserção de jovens talentos no mercado de trabalho talvez seja o maior prêmio deste concurso. Sem esquecer, é claro, que os protótipos vencedores, a cada ano, serão testados para fazer parte da coleção Tok & Stok. O tema para 2008 é “Estudar”. ❉ 39 ARC DESIGN
MARCA REGISTRADA
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HOTEL CAESAR PARK BUSINESS VILA OLÍMPIA, SP
HOTEL CAESAR PARK VILA OLÍMPIA, SP
Aci ma, na obra exe cu ta da em 2004: in ter ven ção to tal. Ja ne te de fi niu des de a cor das pa re des até os ob je tos a se rem uti li za dos. Des ta que para as lu mi ná rias de piso dese nha das por ela e a tra ma com con tas de ma dei ra da ar tis ta plás ti ca e desig ner He loí sa Croc co
Abai xo, um de ta lhe do lu xu o so ho tel pau lis ta no que, pe las mãos da ar qui te ta per nam bu ca na, exi be para o mun do a nossa arte po pu lar. As ár vo res es cul pi das em ma dei ra são do ar tis ta José Ben to e a mesa ma ci ça, dese nha da pelo seu ma ri do e ar qui te to Acá cio Gil Bor soi
HOTEL CAESAR PARK, RJ Não é di fí cil iden ti fi car a assi na tu ra de Ja ne te nes ta obra ca ri o ca. O jei to de ar ran jar as ca be ças de bar ro do ar tis ta plás ti co Mau rí cio Sil va com provam que a ar qui te ta sabe “es co lher os vo lu mes dos ob je tos em suas ana lo gias de for ma, or de nan do e agru pan do-os de ma nei ra rít mi ca”, como dis se, cer ta vez, o pai sa gis ta Bur le Marx. O re cur so usado para va lo ri zar a re pe ti ção das pe ças: uti li zar ni chos re cor ta dos na pa re de. Des ta que para as lu mi ná rias de piso, de Acá cio Gil Bor soi
JANETE COSTA O que hoje é moda começou há décadas com critério e convicção pelo olhar dessa pernambucana de Guaranhuns. Janete Costa, que desde criança conviveu com o imaginário popular, com as figuras feitas em barro ou madeira, foi a primeira arquiteta no Brasil a observar com olhos atentos a arte popular e a especificar, em seus
Marcelo Correa
projetos, obras de artesãos brasileiros. Imperativa e ao mesmo tempo dona de uma generosidade sem fim, ela faz isso como ninguém Ana Sant’Anna / Fotos MCA Estúdio 41 ARC DESIGN
RESIDÊNCIA EM PORTO DE GALINHAS, PE
HOTEL SHERATON BARRA, RJ
Aci ma, nesta casa de 900 m 2, so lu çõ es re gio nais se mistu ram a ma te riais de origem in dustrial. Ob ser ve: con vi vem per feita mente as pe ças de arte po pu lar ar ran ja das no jar dim inter no e a es ca da me tá li ca com de graus de gra nito. A pa re de ver me lha dá ex pressão à sala de estar
Abai xo, no pavi lhão de aces so – que faz a li ga ção en tre as duas tor res do ho tel –, se con cen tram o lobby, a re cep ção, as lo jas, o bar, o res tau ran te, as sa las de con ven çõ es e ser vi ços. Pró xi mo à en tra da, pol tro nas e me sas fei tas no in te ri or de Ala go as com raiz de co quei ro
Pense na imagem de um arquiteto entrando em contato com um espaço vazio a ser projetado. A atitude mais provável num primeiro momento: lançar mão da sua trena, tirar as medidas dos ambientes, desenhar tudo em escala e, só então, procurar soluções arquitetônicas para a obra em questão. Nos 50 anos de carreira de Janete Costa, isso jamais ocorreu. O processo criativo da arquiteta pernambucana é bastante peculiar e passa bem longe de metodologias convencionais. Ela costuma dizer que primeiro faz, depois pensa. Para quem nunca participou da sua trajetória profissional, talvez isso seja de difícil entendimento. Mas, para os que convivem com essa senhorinha porreta, nascida em Garanhuns, o real sentido de suas palavras se resume em rapidez de pensamento, amor pela profissão e extrema generosidade com todos os que estão a seu 42 ARC DESIGN
RESIDÊNCIA NA PRAIA DE ICARAÍ, RJ A re for ma des te apar ta men to pri o ri zou ma te riais na tu rais. Lo ca li za da em Ni te rói, a resi dên cia de 300 m 2 con ta com qua tro su í tes. O pro je to in clu iu des de dese nhos de mó veis até de ta lhes, como a es co lha de ob je tos. Aci ma, à es quer da, por ta fei ta com ma dei ra de de mo li ção. Cria ção de Eu des Mota. Para com por a sala de TV, aci ma, à di rei ta, a ar qui te ta op tou por um buf fet de ma dei ra eba ni za da, que con tras ta com a to na li da de cla ra da obra de arte, na pa re de, assi na da por He loí sa Croc co
redor. “Ela tem o poder de transformar o nada em
rânea é, sem dúvida, uma forte característica da arqui-
belo”, afirma Eliane Guglielme, sua produtora. “Olha
teta. Muito antes de o artesanato virar moda, Janete já
um espaço vazio e inexpressivo e, quase que instanta-
utilizava a expressão popular – principalmente em ho-
neamente, concretiza a obra final na sua cabeça. Defi-
téis – afim de apresentar esse nosso Brasil ao mundo e
ne desde um nicho a ser feito na parede até quais ar-
também como incentivo social. Não é à toa que, pelas
tistas plásticos e artesãos pretende chamar para com-
mãos da nossa arquiteta – mais recente ganhadora do
por a ambientação”, diz.
prêmio As Mulheres Mais Influentes do Brasil, no seg-
Em suas mais de 400 obras – incluindo bibliotecas, ci-
mento Arquitetura & Decoração –, muitos artistas nor-
nemas, auditórios, galerias, halls, salões, lojas, museus,
destinos e de outros Estados brasileiros têm suas obras
restaurantes, teatros, escritórios, residências e cerca de
expostas em luxuosos hotéis e que, como consequên-
60 hotéis e 44 exposições – a arquiteta se dedica com a
cia, ascenderam socialmente. Isso, é claro, faz com que
mesma intensidade. “Já cheguei a tocar mais de 40
ela conquiste muitos admiradores. Mas a verdade é que
obras ao mesmo tempo”, conta, faceira. E todas, como
Janete não arranca elogios apenas dos mais humildes
se diz, colocando a mão na massa, fugindo de fórmulas
ou menos abastados. Intelectuais, como o paisagista
preestabelecidas e buscando novas maneiras de repre-
Roberto Burle Marx (1909-1994), também parecem ter
sentação. Combinar peças artesanais e arte contempo-
fortes motivos para admirá-la. “Desde que a conheci, 43 ARC DESIGN
HOTEL PERGAMON, SP Fi na li za do em 1999, é con si de ra do o pri mei ro ho tel-design. Seus 123 apar ta men tos, re cep ção, lobby, res tau ran te, bar, sa lõ es de som, in for má ti ca, te le fo nia e con ven çõ es, se guem a pre missa Chic & Che ap. No lobby, aci ma, à es quer da, os mó veis le vam a assi na tu ra de Ja ne te. A es cul tu ra na pa re de é de Ema no el Araú jo. Na re cep ção, aci ma, à di rei ta, o piso de már mo re ita lia no con tras ta com a es cul tu ra de Mar ce lo Sil vei ra. Abai xo, uma nova idéia, na épo ca: in cor po rar a bi bli o te ca ao res tau ran te
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MARABÁ HOTEL, SP Qua se na es qui na da Ave ni da São João com a Ipi ran ga, o ho tel foi in tei ra men te re mo de la do em 2006 – in clu in do seus 95 apar ta men tos, bi bli o te ca, lo cal de acesso à in ter net, sau na e sala de gi nás ti ca. Os es pa ços mis tu ram o tra ba lho de desig ners pro fissi o nais e de ar tesãos au to di da tas. No pe que no lobby, aci ma, à es quer da, lu mi ná rias dese nha das pelo ar qui te to Acá cio Gil Bor soi. Aci ma, à di rei ta, em uma das pa re des do res tau ran te, es cul tu ras de fer ro e ce râ mi ca assi na das pelo ar tesão José Pau lo
não houve um momento que a banalidade a dominou”,
paisagista, isso ela faz como ninguém. “A repetição dá
expressou, certa vez. Em outra oportunidade: “Ela sabe
força à unidade”, explica Janete. É a pura verdade. Veja
utilizar a cor em função de outra cor, escolher os volu-
só as cabeças enfileiradas nos nichos iluminados do Ho-
mes dos objetos em suas analogias de forma, ordenan-
tel Caesar Park, no Rio de Janeiro; as pequenas árvores
do e agrupando-os de maneira rítmica”. E deixa isso evi-
arranjadas de maneira compassada com as frestas de
dente em diversas obras, como uma espécie de assina-
luz do painel de madeira do Caesar Park Vila Olímpia, as
tura. Tons quentes que denotam personalidade são
esculturas de ferro e cerâmica no restaurante do Hotel
seus prediletos. A escolha por algumas paredes e mó-
Marabá, ou ainda as peças alinhadas em uma das pare-
veis vermelhos no Hotel Caesar Park Business, no bair-
des do Hotel Pergamon, todos em São Paulo.
ro da Vila Olímpia, em São Paulo; e na residência em
As escolhas parecem partes independentes envoltas
Porto de Galinhas, na praia de Toquinho, em Pernambu-
em certa fragilidade, que, unidas com maestria, ga-
co, são exemplos disso. Quanto à forma de arranjar ob-
nham força e luz. Imagine só se a arquiteta pensasse
jetos e peças artesanais de um jeito ritmado, citada pelo
antes de fazer! ❉ 45 ARC DESIGN
Depois do sucesso da primeira edição, você pode esperar muito mais em 2008 Novas categorias de premiação: maior abrangência Cresce o número de parceiros: mais representatividade Uma grande festa para o design brasileiro: mais visibilidade E você também pode participar, indicando os produtos, projetos e profissionais de sua preferência para concorrer ao Prêmio
Acesse, confira e participe!
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Troféu para os vencedores, criação Fernando e Humberto Campana
46 ARC DESIGN
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SUSTENT A ÇÃO SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA, DESIGN E CONSTRUÇÃO CIVIL
FÓRUM INTERNACIONAL DE DESIGN SOCIAL OS BONS EXEMPLOS DA AMÉRICA LATINA
SUSTENTABILIDADE NO LOCAL DE TRABALHO ECONOMIA DE LUZ EM AMBIENTES CORPORATIVOS
MATERIAIS CULTIVÁVEIS MOSTRA EM PARIS: RESPEITO AO MEIO AMBIENTE
Quem investe em SustentAção:
I FÓRUM INTERNACIONAL DE DESIGN SOCIAL
Designers de diversos países da América do Sul reuniram-se em São Paulo para expor e discutir as questões relativas aos desafios de seus ofícios, em um de seus aspectos fundamentais: como valorizar o artesanato e, por meio do design, fazê-lo chegar ao mercado, preservando a sua identidade e a tradição de povos e lugares
Mariana Lacerda Trata-se do I Fórum Internacional de Design Social, organizado pelo designer Eduardo Barroso e o Instituto d´Amanhã e realizado em 5 de novembro no Centro de Convenções do World Trade Center, São Paulo. O evento reuniu nomes como Indrassen Vencatachellum, coordenador, na Unesco, da Rede de Design Social – Design 21; Laura Novik, da Raiz Design, no Chile; Ignácio Urbina Polo, do Ministério da Cultura Venezuelano; Diego Garcia Reyes, criador do primeiro laboratório Colombiano de Design para o Artesanato; Cristina Piñeda, tida como embaixatriz da cultura mexicana; e Adélia Borges, como representante do Brasil. O momento se mostra oportuno para que aconteça o que a designer Laura Novik chamou de “a revolução silenciosa do artesanato”. E são vários os motivos, sobretudo no que concerne ao Brasil. O primeiro deles, explica Eduardo Barroso, são os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os quais mostram que, em um universo de 100 mil empresas brasileiras, apenas 1,6% delas investe em inovação e design como estratégia de crescimento e lucros. Essa minoria, contudo, detém 26% do PIB industrial brasileiro. Outro número interessante: investimentos em design e inovação equivalem, em média,
PIÑEDA COVALÍN O patrimônio cultural mexicano e toda sua herança de arte préhispânica, além do trabalho de artistas contemporâneos, estão sendo resgatados e divulgados pela marca mexicana Piñeda Covalín. Iniciativa de Cristina Piñeda e Ricardo Covalín, produz tecidos, bolsas, gravatas, sapatos, visando integrar o design de produtos à arte mexicana, aliando sua produção às iniciativas e idéias de designers e artistas nacionais, assim como às propostas de instituições como o Instituto Nacional de Antropologia e História do México e o Conselho de Promoção Turística. “A intenção do trabalho em conjunto é resgatar e preservar o nosso patrimônio histórico, pois é único e o que temos de mais rico”, disse Cristina Piñeda, em sua palestra no I Fórum Internacional de Design Social. Criada em 1995, a Piñeda Covalín tornou-se uma espécie de embaixatriz da cultura mexicana mundo afora e conquistou mercados não somente latinos, mas também o norteamericano e o europeu, com presença em espaços como o Chicago Museum, Harvard Museum of Boston, Natural History Museum of New York, além do Musée d'Orsay, Musée du Louvre e, mais recentemente, o Musée du Quai Branly, também em Paris.
GOÓC Em 1979, um petroleiro brasilei-
ao total de 1% de custos de uma empresa.
ro encontrou um barco de pesca em
Por outro lado, torna-se cada vez mais evidente uma
alto-mar, no Sudeste Asiático. Nele, estava o vietnamita Thai
tendência iniciada há alguns anos, em todo o mun-
Quang Nghia, que aos 21 anos fugia do regime comunista do seu
do: a de que procuramos objetos não somente úteis,
país. Passados 27 anos, naturalizado brasileiro, Quang Nghia
nem apenas belos, mas que também estejam car-
está à frente da Goóc, uma empresa que chega a vender mais
regados de outros significados – símbolos da me-
de 2,5 milhões de sapatos e sandálias em lojas espalhadas em todo o Brasil. Além da particularidade dessa história de aventura, há outro detalhe interessante, e que a inclui num exemplo de
mória de um lugar, de um grupo de pessoas. São valores intangíveis, exemplos de um saber-fazer único, preservado pela tradição, repassado e me-
êxito de design social: a Goóc desenha seus produtos para que lhorado a cada geração. Como dizia o arquiteto
utilizem materiais reciclados e recicláveis, a exemplo de pneus Antoni Gaudí, “a originalidade é voltar à origem”.
descartados e lonas usadas em coberturas. Estima-se que mais de um milhão de pneus já tenha sido reciclado pela empresa, o que corresponde a aproximadamente 500 km deles enfileirados. Além disso, o desafio da empresa foi aliar design à cultura
54 ARC DESIGN
Inovação e design, portanto, representam investimentos em produtos e meios de produção que valorizem a nossa cultura. Uma visão, vale a lembrança,
da reciclagem, reduzindo preços de produção para que
defendida a ferro e a fogo pela arquiteta Lina Bo Bar-
seus produtos fossem acessíveis a todas as camadas
di, que, italiana, ao chegar ao Brasil em 1946, enxer-
sociais. Pois, como diz um dos slogans
gou a oportunidade de se construir um país cujo de-
da marca, apresentada durante o
senvolvimento estivesse calcado em nossas refe-
evento, “Você quer criar o
rências culturais. Em outras palavras, como disse
luxo ou diminuir o lixo?”
certa vez Darcy Ribeiro sobre o trabalho de Bo Bar-
Vale a reflexão.
di, “ela defendia um Brasil que tivesse uma indústria
TOK & STOK Cestaria da etnia Baniwa, do Alto do Rio Negro (veja ARC DESIGN 29), na Amazônoa; Galinhas e móbiles em argila, vindas de São Gonçalo, em Mato Grosso; cestinhas e cabides de bambu, produzidos pela comunidade de Cruzeiro do Sul, em Cajueiro, Alagoas; cestaria de bananeira, diretamente do projeto Mão Gaúcha, de Porto Alegre; bancos indígenas em madeira maciça, originários de comunidades ribeirinhas dos afluentes do Rio Negro, na Amazônia. Histórias de vários cantos longínquos do Brasil, feitos com materiais singulares, resultam nesses objetos que alcançam as grandes metrópoles brasileiras por meio das 25 lojas da Tok & Stok espalhadas no país. Exemplos de design social, os produtos levam o selo Tok & Stok Eco Social, uma indicação de que a sua produção se insere em parâmetros sustentáveis e que as comunidades, detentoras de técnicas tradicionais de desenho e produção, são assistidas por ONGs como o Instituto Socioambiental (ISA) e órgãos como o Sebrae.
baseada nas habilidades do povo (...), com talheres, pra-
rais, cujas
tos, camisas, sapatos, enfim, o mundo de consumo em
consequências apontam para algo de necessário e per-
ressonância com nosso coração”, disse.
tinente: trabalho e renda para mestres artesãos e suas
Foram diversas as experiências apresentadas durante o
famílias, mantendo vivas – porém não paradas no tem-
I Fórum Internacional de Design Social. Todos os
po, mas adequadas às demandas contemporâneas – as
exemplos, contudo, têm algo em comum: a criação de
antigas tradições de suas comunidades.
produtos cujo conceito esteja associado à preservação
Digno de nota: a escolha do World Trade Center como
da memória e da cultura, desenvolvimento social e,
palco do I Fórum Internacional de Design Social. A
como não poderia deixar de ser, sustentabilidade. Reu-
preocupação, conta Eduardo Barroso, foi a de sediar o
nindo dessa forma o que Eduardo Barroso define como
evento em um lugar comercial e não em universida-
sendo “os três pilares” do design social. Este inclui tam-
des ou entidades culturais, geralmente palcos de de-
bém o desafio de fazer o artesanato sair de seus interes-
bates acerca do design. Qual a razão? Para que em-
santes, mas pequenos e longínquos lugares – cujas paisa-
presários interessados em investir em inovação e de-
gens, lendas, histórias e fazeres são a base de linguagens
sign pudessem ter idéia da pequena, porém forte,
e materiais –, e alcançar a indústria e o mercado. Sem
evolução que acontece em lugares da América Latina –
deixar de dar atenção à sua originalidade, identidades
cujos problemas se assemelham aos do Brasil. Em-
de suas histórias, e mesmo o cuidado de resgatá-las
bora ainda de forma incipiente, o país cada vez mais
quando, por algum motivo, esses traços se perderam no
discute as questões acerca de uma produção de ob-
tempo – a exemplo do trabalho de Cristina Piñeda, do
jetos e geração de lucros calcada em tradições. O II
México, apresentado durante o evento.
Fórum Internacional de Design Social já está agen-
Enfim, a valorização do artesanato e referências cultu-
dado, 5 de novembro de 2008. i
Imagens Aflalo & Gasperini Arquitetos Associados
Res pon sá veis pelo con su mo de mais de 50% da ener gia ge ra da no país, os edi fí ci os co -
Mariana Lacerda No início do século 20, apenas 20% dos profissionais trabalhavam em escritórios, ou ambientes comerciais.
mer ci ais de vem con ter as so lu çõ es ide ais
O restante, em fábricas. Hoje, esse número se inverteu. E fez com que mais de 50% da energia consumi-
para mi ni mi zar o con su mo
da no Brasil esteja destinada ao consumo de nossas estações de trabalho. Os números foram apresentados durante o 2º Design Fórum, ocorrido no final de outubro, em São Paulo, cujo tema foi “Inovação com Sustentabilidade”. No Brasil, a geração de energia é a terceira maior responsável por emissões de gases de efeito estufa, atrás apenas do uso da terra (com queimadas e agricultura) e transportes, segundo dados da Eletrobrás. Minimizar o gasto com energia elétrica deve ser, portanto, uma das preocupações da arquitetura, com especial atenção para os prédios que terão uso comercial. O ideal é que a economia energética esteja prevista já na concepção do projeto, ferramenta que vai definir aquilo que a arquiteta Milene Abla, responsável pela
56 ARC DESIGN
Na pá gi na ao lado, à es quer da, si mu la ção de uma tor re de es cri tó ri os, cuja cons tru ção (in cor po ra do ra Pros pe ri tas) de ve rá ser con clu í da no fi nal de 2009 na Ave ni da Ber ri ni, em São Pau lo. Abai xo, ao lado, co ber tu ra do edi fí cio, que terá ilu mi na ção ze ni tal. Aci ma, vis ta do hall de en tra da do mes mo pro je to, assi na do pelo es cri tó rio Afla lo e Gas pe ri ni Asso cia dos, de São Pau lo
área de sustentabilidade do escritório Aflalo e Gaspe-
micas (e acessíveis) ainda são as fluorescentes, que,
rini Associados, em São Paulo, chama de “a situação
além de baixo consumo, diz a light designer Esther
ideal”. Essa seria, por sua vez, a possibilidade de di-
Stiller, “impulsionam o metabolismo e, portanto, aju-
mensionar o projeto, desde a orientação do prédio,
dam a nos manter em estado de alerta”, diz Stiller.
aos seus revestimentos, no que diz respeito à minimi-
Orientação do prédio, dimensionamento dos espaços
zação do consumo de energia.
e uso consciente das luzes natural e artificial são um
Alguns pontos devem ser pensados, a exemplo do uso
conjunto de fatores que convergem para um objetivo
da iluminação natural, aclamado como a solução para
ideal: que a potência do gasto de energia (com ilumi-
a economia de energia. Mas isso gera outro problema:
nação) por metro quadrado de um edifício atinja a mé-
a entrada de calor. Para que não aqueça os ambien-
dia de 11 W, conforme prevê o Leadership in Energy
tes, o aproveitamento da luz natural deve estar aliado
and Environmental Design, o Leed. Sem perder as re-
ao tratamento escolhido para as fachadas e, principal-
ferências de conforto ambiental em locais de trabalho,
mente, as janelas. É comum o emprego do vidro, mas
que é a de se ter um ambiente com 500 lux – a medi-
este deve filtrar a luz e diminuir a entrada de calor. O
da que indica a luminosidade. Um exemplo sobre um
uso de persianas reguláveis, que direcionem a quanti-
dos pontos mais importantes no que diz respeito à ar-
dade de luz necessária para o interior do edifício, tem
quitetura sustentável: o trabalho multidisciplinar en-
sido um recurso em novos projetos.
tre arquitetos e light designers que deve ser iniciado
Conta ainda a favor o planejamento de espaços que
na concepção do projeto. Em tempo: medidas assim
comportem reatores, luminárias e lâmpadas que eco-
podem diminuir em até 50% o uso de energia gasta
nomizem energia. Entre as lâmpadas, as mais econô-
com a iluminação de um edifício. i 57 ARC DESIGN
O que é a VIA, agência francesa para a valorização e inovação no design, acho que todos os leitores de ARC DESIGN sabem, tantos foram os projetos desta entidade já publicados. Em 12 de janeiro 2008 a VIA inaugura a mostra “Matières à Cultiver” (materiais para cultivar), que apresenta alguns campos possíveis de utilização dos materiais renováveis
Maria Helena Estrada O que primeiro nos chama a atenção na proposta dessa exposição é o papel de destaque que ocupa a madeira, entre os materiais renováveis. É preciso cortar as árvores, renovar as florestas, para aumentar o estoque de CO2 da atmosfera. Uma atitude – correta, quando corretamente aplicada – que no Brasil ainda nos assusta. Por razões óbvias. Na mostra, um alerta: ecologia, respeito ao meio ambiente, desenvolvimento sustentável são temas que, se não tratados com seriedade, arriscariam se tornar lugar-comum ou modismo. Mas isso não poderá acontecer, tamanha é a sua importância para a vida, presente e futura, na terra Os responsáveis pela nova qualidade de vida? Cada vez mais, os profissionais do design. É deles a opção por não criar “mais do mesmo”, mas direcionar seus projetos para a solução de problemas, para agregar novos serviços a produtos já existentes, sempre lembrando de selecionar materiais ecologicamente corretos e usá-los com parcimônia. O que não é pouco! Madeira, multiestratos, papel e fibras compostas de origem vegetal são os materiais sugeridos. A coleção vai do poético, na luminária de Elen
Ao lado, chai se longue, design Si xi xis Stu dio, é pro du zida ma nual mente em car va lho inglês, por ar tesãos da Cor nua lha (GB). No alto da página, chai se longue Oyster Day bed (cama di ur na ostra), design Nigel Coa tes e Lloyd Loom, em pa pel tor ci do for man do ti ras
58 ARC DESIGN
Yves André
Acima, Lu mi ná ria Tomi, em pa pel, cri a ção do Ate liê OÏ. Abaixo, de sign do ca li for ni a no Rick Lee, uma das mesas da série CNC, em bam bu la mi na do re cor ta do a la ser, que sim bo li zam as qua tro es ta çõ es
Boutang (veja ARC DESIGN 55) ao estranhíssimo caixão para enterros Ecopod, em “papier maché”. Boutang constrói esculturas etéreas, luminárias que se assemelham a vasos, sem-
Acima, ces to para fru tos em bam bu e cor da, design Dou glas Legg Eno. Abaixo, ca sa co em te ci do pro du zi do 100% com fi bras na tu rais, no caso, cas cas de ár vo res, cria do por Su san ne Duar te Pin to
pre em fino papel vegetal. Ainda com o papel, Hazel Selina, designer inglesa, nos sugere que este é o material ideal para os caixões: é leve, barato, usa descartes e reciclo e pode ser facilmente personalizado. O bambu, abundante e de boa qualidade no Brasil, nos parece ser o grande material a ser explorado – tanto na arquitetura quanto no design. Ryck Lee, designer da Califórnia, trabalha com o bambu laminado, recortado a laser, uma técnica inovadora de belo resultado formal. Restos de vegetais, frutas, café e chá, prensados, são a matéria-prima de pratos e tigelas biodegradáveis. E a madeira marca presença na chaise longue em carvalho verde, inglês, leve e curvado. Stefan Gibhard
Projetistas de todo o mundo, cada dia mais atentos e conscientes, poderão colaborar para a salvação do planeta? Já é uma esperança! ❉ A mostra “Matières à Cultiver” acontece entre 12 de janeiro e 16 de março de 2008
Ao lado, Eco pod, cai xão para de funtos, pro je to da in gle sa Ha zel Se li na, que uti li za ape nas “pa pi er ma ché”, é o resul ta do de estu dos so bre o Egi to an ti go e seus ri tuais. É eco ló gi ca, leve, ami gá vel e per so na li zá vel
59 ARC DESIGN
MATE RI AIS
APROVEITAMENTO TOTAL Já não é exatamente novidade que o Brasil apresentou ao mercado revestimentos em pastilhas feitas a par tir da casca do coco. Além da originalidade do produto, idéia do designer paranaense Eduardo Queiroz, foi uma boa solução para o destino das cascas descartadas pela indústria de leite e óleo de coco. A boa notícia, contudo, é que a Ekobe, empresa alagoana que desenvolve as pastilhas de coco, lançou cinco novos produtos, totalizando 13 variedades de revestimentos para pisos, paredes e móveis, feitos a par tir do beneficiamento da casca do coco. Entre eles está a linha Vino, foto abaixo. www.ekobebrasil.com.br
ECONOMIA DE ESPAÇO E TEMPO Um dos pontos fortes da Masisa é a sua preocupação em desenvolver painéis em madeira (para móveis e arquitetura de interiores) considerando os parâmetros sustentáveis de produção. Todas as suas florestas, por exemplo, são manejadas em conformidade com o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. Agora, a empresa optou por investir em painéis cujo ganho está na leveza (economia de matéria-prima) e na praticidade, reduzindo custos com transporte, montagem e também embalagem. Trata-se do Masisa Nature Tamburato, um painel formado por duas placas em MDF 5,5 mm e estruturado por uma camada de papelão alveolar em papel reciclado. A placa, disponível nos padrões Fresno Blanco, Fresno Claro, Fresno Negro e
VALOR INESTIMÁVEL
Fresno Oscuro, com espessuras de 40 mm, 50 mm e 60 mm,
Excelente notícia para as empresas que investem ou desejam inves-
conta ainda com uma régua central longitudinal, que propor-
tir em design como ferramenta de inovação e crescimento. O Banco
ciona maior flexibilidade de corte e adequa-
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve, a
ção do painel ao projeto do móvel.
partir de 2008, levar em conta os bens não-materiais de uma empresa no momento de avaliar a concessão de créditos. Entre os bens intangíveis está o design. A metodologia para avaliação de um bem não-material está sendo desenvolvida pela Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A iniciativa poderá abrir novas oportunidades para designers junto a setores produtivos e deve terminar por incluir o design na política estratégica das empresas.
www.masisa.com.br
A CASA DO FUTURO Daqui até o ano 2020 o tempo passará rápido. Você mal sentiria se não fosse pela mudança urgente de novos padrões de produção e consumo e que garantam a sustentabilidade do planeta. Os objetos de nossas casas estão de mais a mais espelhando essa tendência. Por isso, a quarta edição do Concurso Electrolux Design 2007 trouxe como tema a criação de utensílios ecologicamente corretos para a casa do ano 2020. Aberto para estudantes de graduação e pós-graduação em design de todo o mundo, a iniciativa estimulou a criação de eletrodomésticos cujo conceito transcendesse a economia de energia e de água e sugerisse a ado-
SOS ÁGUA
ção de comportamentos sustentáveis. Este ano, os cerca de mil par-
Atualmente, um bilhão de pessoas no mundo não têm aces-
ticipantes contaram com os votos de um júri formado por Céline
so à água potável. Nos próximos 25 anos a situação tende a
Cousteau, bisneta do oceanógrafo e à frente de atividades ligadas à
se agravar, principalmente nas cidades dos chamados países
preser vação marítima; Jason Bradbury, apresentador do The Gadget
em desenvolvimento. No Brasil, a situação da capital paulista
Show, da TV britânica; além dos designers Alfredo Häberli, que mora
chama particular atenção. A região metropolitana de São Pau-
em Zurique; e a francesa Matali Crasset. A idéia é que os protótipos
lo tem um nível de disponibilidade hídrica por habitante con-
apresentados sejam desenvolvidos e, em breve, cheguem às prate-
siderado crítico pela ONU. Para agravar a situação, suas fon-
leiras para o consumidor final. Espera-se! Uma vez que, só em 2005,
tes de água encontram-se cada vez mais poluídas e os índi-
a Electrolux vendeu 129 bilhões de produtos em todas as suas unida-
ces de desperdício ainda são altos: 40% das águas vindas dos
des. Imagine se todos eles estimulassem a adoção de padrões de
mananciais se perdem antes de chegarem ao consumidor.
vida mais sustentáveis?
Motivos mais que suficientes que levaram o Instituto Socioambiental, o ISA, a lançar a campanha “De Olhos nos Mananciais”, que prevê atos públicos em prol do consumo consciente de água e da preser vação dos mananciais. Informação é um dos pontos fortes da iniciativa: dados sobre o abastecimento da Grande São Paulo, além de dicas sobre e como gastar menos água, estão no www.mananciais.org.br
LIVRO
ENTREVISTA
PARA ENTENDER O BRASIL Historicamente, moradores
AÇÃO SUSTENTÁVEL: ALDEMAR MACIEL, GESTOR DO PROGRAMA COMPRADOR
das grandes metrópoles cos-
Pelo segundo ano consecutivo, o Programa Ar tesanato do Acre pro-
tumam enxergar homem e na-
moveu, nos dias 10 e 11 de dezembro, o Projeto Comprador, uma
tureza dissociados. Ao contrá-
feira de negócios para aproximar ar tesãos do mercado consumidor
rio de populações de índios, quilombolas e ribeirinhos, cuja
Qual a idéia central do Projeto Comprador?
noção de vida tem muito a nos
O Acre está muito distante de todas as grandes metrópoles brasilei-
ensinar. Comunidades tradicio-
ras e fica muito difícil para nossos artesãos participarem das feiras
nais costumam ver a natureza
no Brasil. Entretanto, temos um artesanato forte. Convidamos então
como algo intrinsecamente
empresários a conhecer o que está sendo feito no Estado.
vinculado à existência humana. É isso o que mostra o capítulo Diversidade Socioambiental, do “Almanaque Brasil Socio-
Qual o retorno para os ar tesãos?
ambiental”. A sabedoria desses grupos é a causa de vários
Ano passado, preparamos 12 grupos de artesãos. Quatro empresas
ecossistemas brasileiros ainda estarem relativamente pre-
compraram o total de 4.774 produtos, gerando uma receita de 27 mil
ser vados. E o desafio do Almanaque é justamente apresentar
reais. Neste ano, contamos com a participação de 33 artesãos, apre-
onde seja possível resgatar esse princípio, de que somos os
sentando mais de 100 produtos diferentes a 16 lojistas brasileiros. É
responsáveis sobre a relação entre desenvolvimento e pre-
importante ressaltar que acompanha esse trabalho a realização de
ser vação do meio ambiente. O “Almanaque Brasil Socioambi-
oficinas sobre gestão, identidade local
ental 2007” é a segunda edição da publicação lançada em
e design de produtos. Para que
2005. Mas agora a iniciativa, uma contribuição do Instituto
possamos assim valorizar nosso
Socioambiental (ISA), ganha força maior, renovada face à
ar tesanato, fazê-lo chegar ao
consciência de todos nós sobre os modelos insustentáveis
mercado, mas sem perder a
de transportes, moradia, produção e consumo. Ao todo, são
nossa identidade.
85 verbetes, distribuídos em 11 capítulos temáticos (zona costeira, pantanal, caatinga, transportes, saneamento bási-
www.artesanatoacreano.com.br
co, acordos internacionais etc.). Além disso, curiosidades, Matinelli, Roberto Linsker, Sebastião Salgado, Geyson Magno, entre outros) terminam por compor um panorama da biodiversidade do Brasil e do mundo, e, sobretudo, os desafios que temos para preser vá-la. O material resulta do trabalho conjunto de 112 colaboradores, entre jornalistas e especialistas das diferentes áreas que a publicação abraça. “Almanaque Brasil Socioambiental”; Instituto Socioambiental, São Paulo, 2007
Fotos Jivago Nolli
referências bibliográficas e dez ensaios fotográficos (Pedro
EB_sofa_ARC_curva.ai
26.11.07
18:40:06
DvCM
BIENAL INTERNACIONAL
ARQUITETURA
o público e o privado
arquitetura
e urbanismo belas artes A única instituição de ensino superior entre os patrocinadores do mais importante evento de arquitetura do país, organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil.
0800 772 5010
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ARQUITETURA DE CONVIVÊNCIA
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO
O Museu Rodin Bahia, projeto dos arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, é o primeiro museu internacional do Brasil e a primeira filial do Museu Rodin de Paris. Implantado no Palacete Comendador Catharino, em Salvador, recebeu o grande prêmio da Exposição Geral de Arquitetos, na 7ª BIA. Seus autores relatam detalhes do projeto Fotos Fotos Nelson Nelson Kon Kon
Convivência é a palavra que melhor expressa o ideárioguia do projeto de arquitetura do museu. Convivência de dois edifícios com diferença de idade de um século. Ambos com personalidade própria, envolvidos por um jardim tropical que os une sem tirar o forte caráter, ou mesmo, a forte tensão. Os salões do Palacete e seu jardim se destinam às obras do mestre francês, enquanto as exposições temporárias ocupam um novo bloco. O Palacete recebeu intervenções delicadas e pontuais, necessárias para prepará-lo para sua nova vida. Foi acrescentado mais um lance à escadaria original, abrindo acesso ao surpreendente espaço do sótão, agora um pequeno auditório. Seus pavimentos principais (1º e 2º pisos) são dedicados à exposição da coleção Rodin e o andar térreo abriga as atividades educativas e o acolhimento. A necessidade de criar outro sistema de circulação vertical ágil e eficiente no Palacete direcionou uma implantação na
Na pá gi na anterior, de ta lhe do Pa la ce te restau ra do e, em pri mei ro pla no, o pré dio novo com fa cha da em tre li ça de ma dei ra, vidro e con cre to, e tam bém a ponte, uma lâ mi na de con cre to com 3,20 m de al tu ra, que ser ve como liga ção entre os pré di os e a co ber tu ra para quem está no ní vel do solo
68 ARC DESIGN
parte posterior da edificação, justamente no centro geo-
vidro e treliças de madeira. O núcleo do bloco novo é
métrico de todo o conjunto. Um volume de concreto
seu salão central, com pé-direito duplo e iluminação ze-
aparente, amalgamado ao edifício histórico e contendo
nital natural controlada.
escada e elevador, liga seus três pavimentos principais
O tratamento dado ao jardim valoriza os caminhos atra-
e anuncia o bloco novo, construído sem tocar nas cen-
vés de um piso modulado de pedra portuguesa. Ao lon-
tenárias árvores do jardim nem competir com a presen-
go desse percurso, as obras de Rodin em meio à rica
ça dominante da construção histórica.
vegetação tropical, a leitura à sombra de uma manguei-
Uma lâmina de concreto liga os dois blocos, como co-
ra, a simples contemplação, o nada fazer... Inspiração
bertura para quem caminha no nível do solo e como
primeira de todo o projeto, esse jardim é o principal
passarela, a 3,20 metros de altura. Essa lâmina de con-
apelo à convivência, hoje obrigatória em um museu
creto penetra a nova construção ou a abraça exterior-
que assume também a função de um centro de encon-
mente, procurando se aproximar e oferecer um ponto
tro por meio da arte e da cultura. Encontro dos habitan-
privilegiado de observação da “Porta do Inferno”, insta-
tes da Bahia e de todos os que por ali passarem.
lada no espaço livre aberto entre as duas construções.
Convivência tem sido matéria-prima brasileira em um
Pelo térreo ou pela passarela, é possível acessar o novo
mundo de intolerância, e especialidade da Bahia de To-
edifício por vários pontos. Seu volume é constituído
dos os Santos. Neste novo museu, com a bênção do
pela associação de grandes planos de concreto aparente,
mestre Rodin. ❉
Na pá gi na ao lado, acima, a pro xi mi da de en tre as duas construções e a pon te que as en vol ve. Abaixo, vis ta do pré dio novo com de ta lhe do jar dim. Nes ta pá gi na, abaixo, o edifício novo, des ta can do-se os mu ros em con cre to e tre li ça de ma dei ra, e a pon te de li ga ção en tre as construções
69 ARC DESIGN
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO
PENSAMENTO CRÍTICO E REFLEXÕES As civilizações consistem em continuar o mesmo veio dos bons trabalhos que nos antecederam. As Bienais ressaltam essas produções construindo memórias para as futuras gerações
Arquiteto Ciro Pirondi / Fotos Gian Spina
70 ARC DESIGN
A 7ª Bienal Internacional de Arquitetura, inaugurada no
uma quantidade considerável de bons trabalhos.
último dia 11 de novembro no Pavilhão Ciccilo Matarazzo
Desde a 2ª BIA em 1993, quando assinamos com a pre-
no Parque do Ibirapuera em São Paulo, é um trabalho gi-
sidência da Fundação Bienal em um almoço na presen-
gantesco realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil
ça de todos os representantes nacionais e internacio-
(IAB). Todas as críticas são possíveis, desde que sejam re-
nais o convênio IAB/Bienal, sempre se cumpriu a expo-
flexões e não julgamentos, muitas vezes feitos a priori.
sição internacional de arquitetura.
Podemos aprimorá-la, talvez devêssemos estabelecer
O belo desenho da mostra feito pelos arquitetos André
um corpo de curadores isentos do IAB, mas respeitan-
Vainer e Guilherme Paoliello, utilizando material doado
do o princípio de exposição da produção nacional e
para a confecção dos suportes, propiciou transparência
atendidas as curadorias internacionais.
e leveza ao espaço, favorecendo a visitação.
Se compararmos com a Bienal Internacional de Artes, a
As exposições de Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da
crise atual sem precedentes, inviabilizando provavel-
Rocha revelam a produção incessante destes dois mes-
mente sua realização ou buscando artifícios retóricos
tres da arquitetura mundial.
para avalizar a incompetência, a Bienal de Arquitetura,
A mesa contínua com desenhos intercalados com ma-
ao contrário, está aí, viva, com um grande público e
quetes dá a sensação de visita ao escritório de Paulo
Na pá gi na ao lado, en tra da do Au di tó rio Ibi ra pu e ra, pro je to de Os car Ni e me yer inau gu ra do em São Pau lo em ou tu bro de 2005. Nes ta pá gi na, aci ma e abai xo, de ta lhes de ma que tes do pro je to de Pau lo Men des da Ro cha com a colaboração do escritório Piratininga Arquitetos Associados. Ex pos tas na 7ª BIA, nos tra zem a sen sa ção de que es ta mos no es cri tó rio do ar qui te to
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Aci ma, de ta lhe de ma que te de Pau lo Hen ri que Pa ra nhos. Um dos ar qui te tos con vi da dos a par ti ci par da 7ª BIA, apre sen ta o pro je to do Es tá dio Nil ton San tos, em Bra sí lia, e outros. Abai xo, de ta lhe de ma que te do Ins ti tu to Ber lar ge, da Ho lan da, para re si dên ci as uni fa mi li a res no Pla no Pi lo to do Dis tri to Fe de ral: vi são es té ti ca e ge o grá fi ca das pos si bi li da des de ex pan são da ci da de
Mendes. Os croquis de Niemeyer e o gentil texto do prof. Rodrigo Queiroz, conjuntamente com a exposição na marquise, dão o sentido “popular” da obra do nosso sublime arquiteto. A sala de Paulo Henrique Paranhos é de uma sensibilidade marcante, com poucos recursos, ilumina a Bienal e a produção recente da arquitetura brasileira. O percurso da Exposição Geral dos Arquitetos, desta vez feita com curadoria, elevou os projetos apresentados e indica caminhos possíveis para a seleção da próxima BIA. Caminhando vemos um pensamento crítico na maioria dos trabalhos. Estamos nos libertando das modas elegantes, dos “ismos” desnecessários e vivendo rotas mais seguras, as quais não desprezam a contribuição dos antepassados. A Exposição Geral nos faz pensar que vivemos um novo momento de nossa produção. O olhar respeitoso ao passado já nos permite dizer que temos uma jovem, elegante e íntegra produção atual, capaz de representar o Brasil em qualquer mostra internacional. Destaco o Museu Rodin de Francisco Fanucci e Marcelo 72 ARC DESIGN
Aci ma, ma que te do pro je to Ocu pa ção de Fave la. Tra ba lho dos alu nos do cur so de Ar qui te tu ra da Uni ver si da de Fe de ral de Mi nas Ge rais, ter ce iro co lo ca do no Con cur so In ter na ci o nal de Es co las, pro mo vi do pelo Ins ti tu to de Ar qui te tos do Bra sil
Ferraz como resultado de anos de trabalho de um es-
sempre possível, devido a interesses mercantilistas.
critório com identidade própria, capaz de realizar uma
Uma Bienal é também prospectiva. Uma espécie de
obra complexa de restauro e anexo novo, com integri-
educação sentimental, um certo olhar preciso, mas in-
dade e beleza, tendo recebido do júri o primeiro prêmio
fiel sobre a realidade.
na Exposição Geral dos Arquitetos.
O Instituto Berlage, da Holanda, indica esse vetor com
Com maquetes semelhantes a uma obra de arte em ma-
sua sala sobre Brasília e seu entorno. Uma provocativa
deira, a sala da Faculdade de Arquitetura de São Carlos,
visão estética e geográfica das possibilidades de expan-
com as vilas de Andréa Palladio e suas relações geomé-
são da cidade. Uma memória poética da proposta origi-
tricas constituem uma aula de arquitetura e parada
nal de Rino Levi para o concurso do plano piloto.
obrigatória, principalmente para os estudantes. Le Cor-
Muitas vezes em debates e simpósios ouvimos afirma-
busier referia-se a Palladio como o arquiteto fundamen-
ções sobre a morte da arquitetura ou a excelência da
tal na passagem do mundo antigo para o moderno. Pro-
produção brasileira apenas entre os anos 1930 e 1970,
vavelmente suas vilas inspiraram Corbusier nas casas
nos restando hoje estudá-los ou desistir.
brancas, na Vila Savoay, na Vila Stein: volumes puros,
A 7ª BIA é a prova real da ausência de realidade de tais
geometrias variáveis e sobrepostas.
afirmações. Para o bem das cidades brasileiras, existem
O termômetro de nossa produção também pode ser me-
ótimos jovens e “velhos” arquitetos na ativa, pois a arte
dido na boa qualidade dos trabalhos apresentados pelas
não é e nunca será qualificada pela idade de seus pro-
escolas. Temas variados, a maioria com preocupação ur-
dutores e sim pela sua condição de indicar caminhos
bana e ambiental, indicando que nossos professores e
para as civilizações na construção de outras formas
estudantes buscam a melhor qualidade do ensino, nem
mais fraternas de vida. ❉ 73 ARC DESIGN
Fotos Yos hi ha ru Mat su mu ra
ESPETÁCULO GLOBAL
7ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO
Ro of tec tu re S, a casa me tá li ca pen du ra da em um pe nhas co, do ar qui te to ja po nês Shu hei Endo, é exem plo das ex pe ri ên ci as com no vas tec no lo gias cons tru ti vas apre sen ta das na 7ª BIA
Do Japão à África do Sul, da Inglaterra aos Estados Unidos, da Noruega à Venezuela. Em sua 7ª edição, a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo reuniu projetos de 17 arquitetos estrangeiros convidados, 13 representações nacionais e obras originárias de mais de 20 países, erguidas nos quatro cantos do globo. Quem visitou o evento pôde se lançar em uma inspiradora volta ao mundo, a partir dos traços vanguardistas e das idéias inquietantes de alguns dos maiores nomes da arquitetura contemporânea, como o norte-americano Steven Holl e o japonês Shuhei Endo. Cada um à sua maneira, eles levaram à exposição o que há de melhor em sua produção atual e enriqueceram o debate sobre as interações e intersecções entre os espaços públicos e privados. Mais do que formas surpreendentes, o destaque ficou por conta da qualidade conceitual das propostas, que revelam os novos rumos da arquitetura e do urbanismo no século 21: de modelos urbanos revolucionários a pequenas – e brilhantes – soluções para a superlotação das metrópoles. Um espetáculo, sim, mas com conteúdo Carine Portela
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Yos hi ha ru Mat su mu ra
SHU HEI ENDO: EX PE RI MEN TA LIS MO ASI Á TI CO
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Yos hi ha ru Mat su mu ra
na 7ª BIA, está a Ro of tec tu re S, uma casa, li te ral men te, pen du ra da em um pe nhas co. Suas me di das, assim como o vi sual, se guem a li nha mi nimalista: construída em Kobe, Japão, a residência não tem mais de 4 me tros de largu ra e 50 me tros qua dra dos. Ou tro des ta que da ex po si ção é a Bub ble tec tu re M, uma es co la in fan til em Mai ha ra, na re gião me tro po li ta na de Osa ka. Sua es tru tu ra con sis te em uma se quên cia de cai xas de con cre to co ber tas por um ex pressi vo te lha do de ma dei ra. Esse ele men to, por sua vez, é com pos to por cen te nas de su per fí ci es trian gu la res que, uni das, criam o as pec to de uma gran de bo lha ge o mé tri ca, es pa lhan do-se pela cons tru ção. Se gun do Endo, sua obra é em ble má ti ca quanto à im por tân cia de se pro je tar es pa ços de qua lida de para crian ças: “os tra ços fo ram pen sa dos exa ta mente para esti mu lar a ima gi na ção e o pro cesso cria ti vo”, afir ma.
Yos hi ha ru Mat su mu ra
Dese nhos ou sa dos e es tru tu ras au da ci o sas mar cam o es ti lo ex pe ri men tal do ar qui te to ja po nês Shu hei Endo. Seus pro je tos in ves ti gam novas al ter na ti vas de tran si ção en tre o es pa ço ex ter no e in ter no, pro pon do for mas flu i das e ele gan tes, ge ral men te cria das a par tir de so lu çõ es cons tru ti vas inova do ras. Ven ce dor de vá rias pre mia çõ es, en tre as quais a mos tra es pe cial da 9ª Bi e nal In ter na ci o nal de Ve ne za, Endo é co nhe ci do como o “ar qui te to do aço”, jus ta men te pe las inu si ta das possi bi li da des que con fe re ao ma te rial. Sua sé rie Ro of tec tu re, com pos ta por mais de dez edi fí ci os para di fe ren tes usos – de fá bri cas a lo jas de veí cu los, passan do por um ba nhei ro pú bli co e um es ta ci o na men to de bi ci cle tas –, reú ne es pa ços ar qui te tô ni cos cria dos a par tir de um úni co ele men to me tá li co, que assu me múl ti plas fun çõ es: es tru tu ra, pa re des e te lha do. Em des ta que
STE VEN HOLL: AR RA NHA-CÉU HO RI ZON TAL Ar qui te tos do mun do in tei ro par ti ci pam de uma ver da dei ra cor ri da ma lu ca em bus ca de pré di os cada vez mais al tos. Na con tra mão des ta ten dên cia, o nor te-ame ri ca no Ste ven Holl pro cu ra al ter na ti vas para erguer edi fí ci os de gran des pro por çõ es, sem des res pei tar pai sa gens lo cais ou des va lo ri zar as re la çõ es hu ma nas. Na 7ª BIA, o des ta que da sua ex po si ção é uma amos tra exem plar des ta li nha de tra ba lho. Tra ta-se do Van ke Cen ter, um edi fí cio de uso mis to com mais de 320 mil me tros qua dra dos, que está sen do cons tru í do em Shen zen, na Chi na, e abri ga rá ho tel, cen tro de con fe rên cia, es cri tó ri os e re si dên ci as. Se gun do o pró prio ar qui te to, a obra pode ser de fi ni da como um “ar ra nha-céu ho ri zon tal”, que in cor po ra inú me ros con cei tos de sus ten ta bi li da de e, a par tir de uma es tru tu ra au da ci o sa, pa re ce flu tu ar su ave men te, a cer ca de 10 me tros do chão. Através de seu ge ne ro so
vão, se des cor ti na uma vis ta im pres si o nan te, que pode ser di re ci o na da para a ci da de ou para o oce a no. Holl, que ga nhou os prê mi os Pro gres si ve Ar chi tec tu re (1996), Na ti o nal AIA De sign e Me da lha Al var Aal to (am bos em 1998), afir ma que bus cou ins pi ra ção na cul tu ra chi ne sa ao de se nhar o pré dio, com bi nan do tra di ção com mo der ni da de. Daí nas ceu a vo lu me tria ir re ve ren te do com ple xo, se me lhan te a um “dra gão cu bis ta vo a dor”. Entre as so lu çõ es eco ló gi cas ado ta das, desta cam-se um te lha do ver de que co la bo ra para a ma nu ten ção da tem pe ra tu ra inter na, siste ma de aproveita mento de energia so lar e fa cha das re vestidas por pai néis de vidro de alta per for man ce, que contro lam a in cidên cia dos rai os so la res e po dem ser re po si ci o na dos de acor do com o cli ma, pro por ci o nan do venti la ção na tu ral ou pro te gen do o edi fí cio de ci clo nes e fu ra cõ es.
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VI CEN TE GUAL LART: O INÍ CIO DE UMA RE VO LU ÇÃO Novos tem pos pe dem uma nova ar qui te tu ra. Vi cen te Gual lart, um dos mais in flu en tes ar qui te tos es pa nhóis da atua li da de, se gue essa fi lo so fia à ris ca. Seu tra ba lho, ba se a do no tri pé so ci e da de, na tu re za e tec no lo gia, pro põe uma ver da dei ra re vo lu ção no que diz res pei to aos atuais mo de los de cria ção ar qui te tô ni ca e desen vol vi men to ur ba no. Em ima gens e ma que tes de um co lo ri do vi bran te, seus pro je tos apresen ta dos na 7ª BIA são exem plos de como esses con cei tos po dem ser co lo ca dos em prá ti ca. “So ci ó po lis”, en co men da do pela pre fei tu ra de Va lên cia, é um pla no di re tor em que uni da des resi den ciais e equi pa men tos mul ti fun ci o nais se in te gram à zona agrí co la si tua da no en tor no. Sha ring To wer, em cons tru ção na mes ma ci da de, é uma pro pos ta de co mu ni da de ver ti cal ali nha da às ne cessi da des dos novos tem pos: um edi fí cio mul ti fun ci o nal que abri ga rá apar ta men tos resi den ciais, cen tros de arte e de tec no lo gia. Já o Par que Cul tu ral de De nia, em Ali can te, foi con ce bi do a par tir da re cons tru ção de um an ti go cas te lo mou ro e tem como ob je ti vo res ga tar o va lor his tó ri co da re gião. Em to dos os pro je tos do es pa nhol está presen te o viés re vo lu ci o ná rio: sua bus ca cons tan te é por novas e efi ci en tes es tra té gias para a re nova ção da re la ção en tre o es pa ço pú bli co e a co mu ni da de. “O essen cial é res pon der às ne cessi da des so ciais, eco nô mi cas, tec no ló gi cas e cul tu rais do sé cu lo 21, sem dei xar de lado a in te gra ção e a pro te ção dos ele men tos que cons ti tu em a pai sa gem na tu ral e ge o grá fi ca, bem como seu desen vol vi men to”, resu me Gual lart. “O pla no di re tor de So ci ó po lis, por exem plo, é uma gran de opor tu ni da de de inova ção ur ba na. É si mul ta ne a men te lo cal e glo bal. Pode ser se gui do em qual quer lu gar do mun do, em mai or ou me nor es ca la”, acon se lha o ar qui te to.
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Hana Schä fer
O pú bli co e o pri va do, a arte e a ar qui te tu ra: nes te pro je to do ale mão Ste fan Ebers tadt, ba ti za do de Ruck sack Haus (em por tu guês, casa-mo chi la), esses con cei tos se re la ci o nam em um di á lo go provo ca dor, van guar dis ta e, so bre tu do, per ti nen te. Cria da para pessoas que an seiam por mais es pa ço, a cai xa de 2,5 m x 3,6 m x 2,5 m pode ser an co ra da na es tru tu ra de qual quer edi fí cio, por meio de ca bos de aço. Ini cial men te, Ebers tadt, que mi nis tra au las na Aca demy of Fine Arts, em Mu ni que, con ce beu o pro je to como uma es cul tu ra ar qui te tô ni ca pós-mo der na: “por que um pré dio deve aca bar onde as pa re des ter mi nam? Nossa per cep ção ba se a da no sen so co mum pre ci sa ser desa fia da. En tão, que tal in ter rom per uma fa cha da pla na com um vo lu me sur pre en den te, que con fun de o li mi te en tre a rua e a cons tru ção?”, ques ti o na o ar qui te to. Mas, lon ge de ser ins pi ra da ape nas em uma re fle xão con cei tu al, a idéia da Ruck sack Haus res pon de a uma ne ces si da de bem con cre ta: o apro vei ta men to in te li gen te dos exí guos es pa ços de gran des me tró po les. “Vivi em con di çõ es claus tro fó bi cas em ci da des como Lon dres ou N. York, pe que nos apar ta men tos que às ve zes ti nham ape nas uma ja ne la para o mun do ex te ri or”, con ta Ebers tadt, lem bran do que sua ex pe ri ên cia pessoal foi de ter mi nan te para a cria ção da pro pos ta. Em bo ra ra di cal, a so lu ção ofe re ci da por ele é sim ples e rá pi da. A ins ta la ção leva pou cas ho ras e re quer ape nas uma grua para erguer e fi xar o mó du lo. Nas ima gens ex pos tas na Bi e nal, o vi si tan te pôde con fe rir uma casamo chi la co lo ca da em prá ti ca: o exem plar foi ane xa do em se tem bro de 2004 à fa cha da de um edi fí cio resi den cial na ci da de ale mã de Leip zig e, des de en tão, está aber to à vi si ta ção pú bli ca – pa ra do xal men te, como uma es tru tu ra provi só ria em ex po si ção per ma nen te.
Hana Schä fer
STE FAN EBERS TADT: A CASA-MO CHI LA
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Apoio:
Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata
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Br as i l i a:s h o p p i n gc a s a p a r k , l o j a2 3 0t e l ( 6 1 )3 4 6 2 1 2 3 3Cur i t i ba:r u af e r n a n d os i ma s , 2 7-p ç ae s p a n h a-b a t e l t e l ( 4 1 )3 0 2 7 5 2 5 1F or t al e z a: a v .b a r ã od es t u d a r t , 7 1 5-me i r e l e s-t e l ( 8 5 )3 2 6 1 6 7 1 3SãoPaul o:p ç ab e n e d i t oc a l i x t o , 1 0 3t e l( 1 1 )3 0 8 60 7 8 2| r u ah a d d o c kl o b o , 1 5 8 4t e l ( 1 1 ) 3 0 8 15 6 0 6| p ç ad o so ma g u á s , 1 0 0t e l ( 1 1 ) 3 8 1 74 0 6 8| Vi t or i a: s h o p p i n gv i t ó r i al j 4 5 9-2 °p i s o-a v . a mé r i c ob u a i z , 2 0 0-t e l ( 2 7 )3 3 4 5 0 3 6 1 www. be ne di x t . c o m. br
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