REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
MUTI RANDOLPH interiores
BABA VACARO, EM2, TÓTORA
R$ 16.50
PISOS E PAREDES lançamentos
NORBERTO “LELÉ” CHAMMA design gráfico
2008
Nº 59
2008
design BR
FACHADAS TECNOLÓGICAS
Nº 59
ARC DESIGN
sustentabilidade
MECANOO, HOLANDA arquitetura
April 10, 2008
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14/4/08
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Page 1
“Meus cumprimentos pela melhor (e mais duradoura!) revista de design publicada no Brasil.” ARC DESIGN não tem por hábito divulgar cartas dos leitores, mas esta dedicatória escrita pelo arquiteto Sergio Teperman, em seu livro “As Cidades Vivas, Viva a Cidade”, nos tocou. Não havíamos acordado para a realidade que, realmente, uma revista de design no Brasil nunca viveu por 10 anos. Se a edição anterior, a 58, foi bastante internacional em seu conteúdo, esta é bem brasileira. Uma nova geração de designers “made in Brazil” começa a se impor no mercado. Alguns com uma trajetória já confirmada, outros que aparecem com os primeiros produtos, quase todos muito jovens. Nesta edição, falamos de alguns, tomando como referência peças apresentadas nas feiras de objetos realizadas em São Paulo, e também nos dois mais recentes concursos de design. Uma feira importante, a Revestir, dedicada a um dos setores de maior significação para o Brasil, em termos de produção e exportação – os revestimentos cerâmicos –, mereceu toda nossa atenção. O Caderno SUSTENTAÇÃO introduz o novo conceito de fachadas – úteis e sustentáveis –, que devem servir para a economia de energia. Este tema, objeto de um seminário promovido pela AsBEA-SP, trouxe o arquiteto alemão e grande especialista no assunto, Dieter Bartenbach. Leiam seu depoimento. Temos também reportagem com o designer Domingos Tótora e uma nova seção, “No Caminho Certo”, que aponta as empresas – pequenas ou grandes – que atuam a favor do meio ambiente. Na arquitetura, o mais recente projeto do escritório de arquitetura holandês Mecanoo, o Da Vinci College, na Holanda, além de uma seção de notícias do mundo todo. Muti Randolph, o senhor das “metamorfoses ambulantes”, mostra uma resenha de seus projetos de locais noturnos e cenografias, além de uma tecnologia que desenvolveu para grandes espetáculos de luz e som. Beleza pura!
Maria Helena Estrada Editora
Na capa, ambiente da casa noturna Club 69, no Rio de Janeiro, criação de Muti Randolph e seus impactantes efeitos de luz
ARC DESIGN
editorial 59 Final:editorial 57 Final
Múltiplo, mutante, multifacetado... o designer gráfico carioca Muti Randolph é um criador que percor re diversas ver tentes para dar vazão a seu talento. Da cenografia à arquitetura tecnológica, um apanhado da obra desse mestre da experiência sensorial, vivenciada por meio de luzes, sons e puro arrebatamento
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A recente edição da feira Revestir mostrou que a indústria de revestimentos começa a encampar a idéia do ”design de super fície”. Produtos com conceito, pesquisa, tecnologia, acabamentos sofisticados e outros voltados à questão ambiental revelam uma evolução já visível em pisos, paredes e, felizmente, em lojas especializadas
Eles são jovens, criativos e ousados o suficiente para pretender apontar caminhos, e não seguí-los. Assim é a dupla Mariana Betting Ferrarezi e Rober to Hercowitz, designers da marca EM2, que lança sua primeira coleção de objetos, de olho no regate da nossa identidade, no meio ambiente e no elo, nada perdido, entre design e artesanato
REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
NEWS
nº 59, abril/maio 2008
HOTEL BUTIQUE
NOVIDADE PARA SEMPRE
Cristina Teixeira Duarte
OBJETOS COMO PROTAGONISTAS
Cristina Teixeira Duarte
FINALMENTE, O DESIGN DE SUPERFÍCIE
Da Redação
ESSA METAMORFOSE AMBULANTE
Cristina Teixeira Duarte
MARCA REGISTRADA: MUTI RANDOLPH
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A St. James, marca brasileira do mercado premium, faz do design o grande trunfo para rejuvenescer a imagem sem abdicar de suas tradições. A nova coleção de peças de prata tem a assinatura da designer Baba Vacaro, dire tora de criação de empresas como Dpot, Dominici e Avanti, que superou com sucesso o desafio de conceber pela primeira vez uma linha de objetos
6 58
Evento da AsBEA colocou em debate a impor tância das fachadas enquanto invólucro das edificações, capazes de melhorar o desempenho das estruturas sustentáveis. Ainda nesta edição, destaque para o trabalho de Domingos Tótora, designer-artesão que faz maravilhas com resíduos de papel; e uma nova seção, No Caminho Certo, traz o relato de empresas rumo à produção ecológica
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A revis ta ARC DESIGN empres ta seu olhar para uma seleção dos melhores objetos apresentados em dois recentes concursos de design: o do Salão Design Movelsul e o da empresa Artefacto. Veja por que fizemos esta avaliação paralela, na qual con cordân cias e diferenças apontam para o mesmo – e bom – caminho: o crescimento do design enquanto instrumento de qualidade para a indústria nacional
O designer gráfico Norberto Chamma, mais conhecido como "Lelé", conta em entrevista sua vitoriosa trajetória à frente do Und Corporate Design, escritório de criação e gestão de marcas emblemáticas como Casa Santa Luzia, Casa do Pão de Queijo e Droga Raia, entre outras. E revela ainda alguns segredos, excelências, ”causos e cases” publicados no livro “Marcas & Sinalização – Práticas em Design Corporativo”, escrito em parceria com o sócio Pedro Pastorelo
EXPEDIENTE
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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)
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ENGLISH VERSION
CADERNO DE ARQUITETURA
Carine Portela
NORBERTO “LELÉ” CHAMMA
Mariana Lacerda
ENTREVISTA:
Maria Helena Estrada
NÓS ELEGEMOS
CADERNO SUSTENTAÇÃO
Mariana Lacerda
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Um passeio pela arquitetura mundial mostra o Da Vinci College, do escritório holandês Mecanoo, com ousadias e contrastes erguidos em nove edifícios. A moda vai à obra, com o contêi ner de expo si ções Chanel Art Móbile, enquanto a sustentabilidade dita rumos irreversíveis: no Rio de Janeiro um prédio abandonado do Incra inspira projeto coletivo inovador para atender às necessidades da população carente
www.arcdesign.com.br
Conheça os novos talentos do mercado.
1º Lugar Mesa Delta Wellington Luk
2º Lugar MESA DE CENTRO MODULAR SEM FIM Bernardo Senna Marques da Silva
Estamos muito orgulhosos por ter promovido o 2º Concurso Artefacto de Design. Tínhamos como objetivo descobrir novos talentos neste imenso território nacional, e o alcançamos ao apresentar ao mercado 4 jovens profissionais criativos, ousados e inovadores e seus projetos que comprovam que o design pode ser aplicado a inúmeras matérias primas. À todos que acreditaram, apoiaram, participaram e prestigiaram o 2º Concurso Artefacto de Design o nosso muito obrigado !
3º Lugar BANCO BÊBADO Ricardo Hachiya
Realização:
4º Lugar POLTRONA TRAMA Zanini de Zanine Caldas
Patrocínio:
Apoio:
Apoio Cultural:
5º Lugar CADEIRA AZTECA Bernardo Senna Marques da Silva
An_Acdesign_03_04.indd 4-5
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Conheça os novos talentos do mercado.
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Estamos muito orgulhosos por ter promovido o 2º Concurso Artefacto de Design. Tínhamos como objetivo descobrir novos talentos neste imenso território nacional, e o alcançamos ao apresentar ao mercado 4 jovens profissionais criativos, ousados e inovadores e seus projetos que comprovam que o design pode ser aplicado a inúmeras matérias primas. À todos que acreditaram, apoiaram, participaram e prestigiaram o 2º Concurso Artefacto de Design o nosso muito obrigado !
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LUZ DO FUTURO Nem só de hits dos quatro cantos do mundo vive a Wall Lamps. Sob a inspiração de Mônica Ferro, a marca tem no design brasileiro uma aposta certeira, investindo em talentos como o designer Wagner Archela em seus recentes lançamentos. Com o pendente de acrílico Lumière, versões em branco, prata, dourado (estes na foto, com 35 e 50 cm de diâmetro), o designer se une a um time estrelado da Prandina, Nemo, Belux, Metalarte, da mineira Iluminar, além do mestre Ingo Maurer. (11) 3064-8395, www.wallamps.com.br
BIENAL DE DESIGN De 8 de outubro a 5 de novembro, Brasília sediará a 2ª Bienal Brasileira de Design, realização do MBC, Movimento Brasil Competitivo, e do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com o apoio de diversas outras entidades. Com exposições, workshops, laboratórios, seminários, o evento focará o design em
ARQUITETURA ÍNTIMA
grande escala para a indústria, e também a produção em menor
Sob a máxima de que “o sapato é a menor e mais íntima
escala, com ênfase na qualidade, além do design artesanal e de
forma de arquitetura”, a Ciao Mao faz desse acessório um
jóias. Tudo para fortalecer a Marca Brasil dentro e fora do país.
acontecimento. A construção dos pares leva em conta design
www.bienalbrasileiradedesign.org.br/bienal
elaborado, conforto ergonômico, estética customizada e sem modismos, além de materiais e processos ecológicos: couro natural, palmilha conformada, solado de borracha e saltos mais baixos. O pulo-do-gato fica por conta de adornos e fivelas avulsos, que podem ser trocados para montar um novo par. (11) 3819-1768, www.ciaomao.com.br
SALÃO DE MILÃO POR ARC DESIGN: AGUARDEM! Como sempre, Milão foi uma festa com seus quilômetros de novidades. O menu completo estará na próxima edição, em matéria especialíssima sobre o Salão de Milão, este grande evento de design de móveis. Por enquanto, degustem estes deliciosos aperitivos lúcidos. A empresa Moooi, criada pelo designer holandês Marcel Wanders, apresentará o protótipo da luminária Sofa Lamp (na foto à direita), que ainda se encontra em desenvolvimento. Mais uma extravagância – muito chique – de Wanders. A poltrona Sacco, de Gatti, Paolini e Teodoro, designers de Turim, Itália, faz 40 anos. E a Zanotta comemora essas quatro décadas de produção ininterrupta com o lançamento de edições limitadas e a instalação “Commedia del Sacco”. A poltrona Água-pé (fotos abaixo), de Fernando e Humberto Campana, da Edra, mostra todo o charme brasileiro. As mesinhas Marabù (ao pé da página, à direita), design Alessandro Loschiavo, em madeira, com pernas que formam um ângulo obtuso, homenageiam a Meret Oppenheim. Em 1933, ela criou a “Table with Birds Legs”, produzida nos anos 1970 pela empresa Simon, sob curadoria de Dino Gavina.
A pol tro na Sacco, da Zanotta à venda na Firma Casa, completa 40 anos de pro du ção ininter rupta e rece be home na gem com novas interpretações de revestimento. À direita, os modelos Paradiso Terrestre (verde) e Kiss, Kiss, Bang, Bang (laranja)
SABOR MENTA Primeiro foram as caixas de fósforo, agora é a vez da mesa Chicletes. E em vários sabores! Uma criação dos irmãos Reis, que desenvolvem peças especiais para impregnar o cotidiano de humor e também de produtos de memória afetiva. Um resgate da antiga embalagem do Adams de 12 unidades, já fora de circulação, e a de dois, que mudou. Felipe e Ângelo optaram pelo MDF com rodízio, e já transportam as mesas para as lojas Ota Design e Benedixt, onde estarão disponíveis. (11) 89322929, www.felipereis.com.br
FOLHA AO VENTO Com know-how norte-americano no processamento de Corian, a Brascor Countertops especializou-se em peças diferenciadas de design feitas com o material. O criador é Ricardo Antônio, carioca que já passou pelo escritório de Oscar Niemeyer e sabe tirar o máximo
PURA DELICADE ZA
partido da versatilidade do produto. Folha, sobreposta a uma banca-
Quem diria que essas translúcidas cerâmicas (foto) são con-
da de eucalipto reflorestado, é uma cuba sinuosa e instigante de
feccionadas a partir da reciclagem de argila e papel? Tal deli-
Corian (900 x 480 x 160 mm), que inaugura as coleções da marca.
cadeza chama-se Paperclay e traz a assinatura de Cynthia
(48) 3622-3964, www.brascor.net
Gavião, artista-designer que resgatou essa técnica ancestral com uma formatação para lá de atual. Como celebradas cerâmicas tipo casca-de-ovo, de fina espessura e extremamente resistentes, as ousadias de Gavião materializam-se em
TIRAGEM LIMITADA
vasos, bolws, lanternas e recipientes sofisticados e exclusi-
Caio Medeiros e Daniela Scorza são os
vos. (11) 3063-2759, www.cynthiagaviao.com.br
nomes por trás do estúdio Manus, ateliê de criação que promove um mix instigante entre arte e design, novo e antigo, nacional e estrangeiro, popular e acadêmico. O resultado dessa pesquisa aparece em móveis e objetos conceituais, com gosto de peça única e tiragem limitada. Caso da luminária Hmong, com bocal de porcelana e néon com motivo floral. O nome remete à minoria étnica vietnamita, com quem os designers desenvolveram experimentos têxteis presentes na base da peça. (11) 3032-0679, www.estudiomanus.art.br
SONHO (GOURMET) DE CONSUMO Especializada em sistemas para cozinhas personalizadas, a marca suíça Franke fabrica em Joinville, SC, cubas, coifas, fornos, cooktops e outros equipamentos com design e tecnologia italianas. E acaba de trazer de lá a coifa Swift, que se destaca pelo desempenho inovador. Com acionamento digital e por controle remoto, desodoriza o ambiente full-time, tem função turbo para frituras, regula potência de luz e sucção e, puro charme, abre e fecha a face frontal em elegante vidro preto e aço inox. (11) 3063-6141, www.franke.com.br
CONTRAPONTO HARMONIOSO
Arthur de Mattos Casas conquistou para a Riva o cobiçado
Lirismo, tradição e natureza traduzidos com muita tecnologia. Esse é
prêmio alemão Red Dot Award de 2008, categoria Design de
o conceito da coleção 2008 que a designer Cristiana Bertolucci
Produtos. Faqueiro, bandeja e sopeira (foto) são inspirados
desenvolveu para a marca que leva seu sobrenome. E que faz desse
na geometria da cobra jararaca, em traço moderno e brasilei-
contraponto o instrumento sob medida para alcançar equilíbrio e
ríssimo que agradou ao júri internacional. As
interação. O resultado surge em mais de 20 modelos, entre penden-
peças foram selecionadas entre
tes, colunas, abajures, arandelas e plafons, que surpreendem com
mais de 3 mil criações de 51
criações como a luminária Urucum, em três versões de cobre enver-
países e ganham o selo de qua-
nizado (16 x 63 cm, 60 e 26 cm) que remetem à semente da planta.
lidade da premiação, a ser entre-
(11) 3873-2879, www.bertolucci.com.br
gue em junho próximo, no Aalto Opera House, na Alemanha. (54) 3227-1200. www.riva.com.br
DOIS CONTINENTES A Decameron lançou sua coleção 2008, que traz a assinatura do titular da marca, Marcus Ferreira (sofá Sky, na foto), ao lado de jovens designers como Rodrigo Ferreira, Roberta Rampazzo, Nó Design e SOB (Será o Benedito). Há também a par ticipação dos italianos Francesco Lucchese, Fabio Azzolina e Carlo Tamborini na criação de estofados fabricados com exclusividade, que integram as 15 novas linhas de móveis, entre sofás, poltronas, chaises, pufes e mesas. (11) 3097-9344, www.decamerondesign.com.br
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MARCA REGISTRADA: MUTI RANDOLPH
ESSA METAMORFOSE AMBULANTE
Talento de muitas faces, o designer cario ca vem cons truin do uma obra auto ral que per cor re vários seg men tos e sur preen de cada vez mais a nós, per so na gens de suas múl ti plas via gens sen so riais
Cristina Teixeira Duarte Embora conhecido e reconhecido como designer gráfico, Muti Randolph não pode ser limitado a uma única definição. Seus talentos superam os rótulos e justificam o apelido profético que ele, nascido Carlos Eduardo, ganhou do irmão ainda menino. Muti é um prefixo pontual para mutante, múltiplo, multifacetado, atributos eloquentes para um criador como ele. Seus cenários, materiais gráficos, softwares, ilustrações, instalações, animação e arquitetura experimental revelam um novo olhar para eternos dilemas humanos, traduzidos pela mais revolucionária ferramenta das artes visuais, o computador. Só essa tecnologia do nosso tempo compensa a nostalgia do artista carioca pelos anos 1960, década que não viveu, mas domina com imensa propriedade: 12 ARC DESIGN
DESFILE DA COLCCI, FASHION RIO ‘Abrem-se as águas do mar’ para a passa gem de La Bündchen e da Colcci, com sua cole ção de Verão 2007. A marca cata ri nen se apos tou nessa atmos fe ra praia na para simu lar um ocea no ceno grá fi co em movi men to. ‘Ondas’ fatia das em dife ren tes recor tes e altu ras rece be ram efei tos de luz que reme tiam ao esplen dor do sol pela manhã, ao cair da tarde e à penum bra de um luau à noite
14 ARC DESIGN
CASA NOTURNA U-TURN, SP
CENÁRIOS PARA MTV, SP
Primeira experiência tridimensional de sua carreira, a boate U-Turn (na página ao lado) foi concebida em 1999, sob inspiração da estética psicodélica. Viagem pelos sentidos e vibração pura com grafismos como os da pista de dan ça, que res ga tam con ceitos do dina mar quês Verner Panton
Os estú dios da emisso ra (acima) ganham perso na lida de com recursos sin gu la res para pro vo car ação e rea ção em fun ção de in ter fe rên cias pon tuais de cores e for mas
ESTAÇÃO VIVO GÁVEA, RJ No saguão e nas cinco salas de cine ma do Shopping Gávea distri buemse 12 escul tu ras de LED e alu mí nio. Trata-se de um inova dor mé to do constru ti vo, que cres ce orga ni ca mente pelas pare des, como plantas
nos conceitos, no vigor de cores e formas, na alegria de viver. Tanto que cita como inspiração Eero Saarinen e o seu terminal da TWA, os espaços de Verner Panton, as instalações de Dan Flavin. Figuras emblemáticas que ele acessou na faculdade de Desenho Industrial da PUC-RJ e aprofundou em grandes agências de publicidade e em estudos de seu autodidatismo incansável. Apesar dessas referências, Muti Randolph constrói a cada proposta uma obra singular e extremamente autoral, sem qualquer paralelo. A gênese da assinatura talvez esteja na diversidade de seus interesses. Apaixonado por ciência, filho de musicista (a pianista Clara Sverner), entusiasta da arquitetura enquanto organização espacial e da engenharia pela racionalização de processos, Muti encara cada projeto como um organismo de maior ou menor complexidade, formado por diversos sistemas, cada qual com órgãos distintos, estes com tecidos e células variados. Todos, finalmente, unidos pelo mesmo DNA que a tudo identifica. Surgem, assim, criações em que as partes, interligadas e interdependentes, formam o todo e vice-versa. Especialmente no design tridimensional para cenários de espetáculos, Rogerio Randolph
15 ARC DESIGN
Fotos Romulo Fialdini
CASA NOTURNA CLUB 69, RJ
CASA NOTURNA D-EDGE, SP
Sua mais recen te incur são no gêne ro, este bada la do ende re ço de músi ca ele trô ni ca em Ipanema (abaixo) tem sis te ma de ilu mi na ção inte ra ti vo, desen vol vi do pelo desig ner e basea do em pro je ções sobre telas bas cu lan tes. A pista fica ilu mi na da por pai nel gigan tes co, com gra fis mos emi ti dos por retro pro je tor e refle ti dos em espe lhos
De 2003, a D-Edge (fotos acima) é referência mundial em casas noturnas: está no livro “Night Fever Interior Design for Bars and Clubs”, da revista holandesa Frame, e no Top 50 Clubs 2007, da revista inglesa DJ Mag. Como uma grande caixa preta iluminada por luzes coloridas e interligadas ao ritmo da música, faz do underground uma experiência minimalista
eventos e casas noturnas, que viram verdadeiros desenhos animados para a interação com o público. Graças a um software por ele desenvolvido, o lúdico emerge da relação entre as luzes e o ritmo musical, estabelecendo um mundo à parte, feito de espaços multissensoriais e em permanente transformação para que os utilizemos como personagens. É a linha tênue entre arte e design, em que ambos contribuem para proporcionar uma experiência real, muito além da obra contemplativa. Essas premissas identificam também as logomarcas que criou para Coca-Cola e IBest, vinhetas para a Rede Globo e Multishow, projetos da boate D-Edge e da loja-galeria Melissa, além de espetáculos musicais, montagem de óperas, desfiles, festas, premiações e, mais recentemente, disco e show de Djavan, além da concepção da Club 69 e do cinema Estação Vivo Gávea, novos points da vida cultural carioca. Muti Randolph pretende agora levar esses conceitos para novas experiências, que vão de linhas de objetos para o cotidiano até inéditos espetáculos multimídia, passando por um playground para o delírio da criançada. Encomenda sob medida para concretizar todo o potencial mágico desse mestre da experiência sensorial. i
FESTA DA AUDI, SP Acima e abaixo, tecnologia na festa de lan ça men to do mode lo Audi TT. A ceno gra fia nas ceu de pro je ções sin cro ni za das de ima gens em telas G-Lec, que são tubos com pixels de LEDs. Eles são afas ta dos uns dos outros para per mi tir visi bi li da de do que vai além, exi bin do gra fis mos ins ti gan tes que dis pen sam ilu mi na ção tra di cio nal
17 ARC DESIGN
Romulo Fialdini
18 ARC DESIGN
GALERIA MELISSA, SP
ÓPERA I CAPULETI E I MONTECHI, RJ
Depois dos loun ges da Melissa na SPFW, o desig ner pro je tou a pri mei ra con cept store da marca (acima). Um espa ço que pro põe vivên cias por meio de for mas orgâ ni cas de plás ti co. Dentro e fora da loja-gale ria, a uni da de de ele men tos mutan tes, como a facha da com mate rial adesi vo, per mi te novas rou pa gens a cada tem po ra da
A obra de Bellini ence na da em 2006, no Teatro Municipal, RJ (abaixo), te ve di re ção de Ana Kfouri, figu ri no de Alice Tapajós e pro du ção de Lynn Plan beck. Usando exclu si vos recursos cêni cos, Muti Ran dolph le va tec no lo gia ao uni verso eru dito, com impo nentes pro je ções e movi mentos de ima gem defi nidos por luzes, som e pelas vozes dos canto res líri cos
Arc_Design_Dez_Casamatriz.indd 1
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FINALMENTE, O DESIGN DE SUPERFÍCIE
Revestimentos tal qual os conhecíamos são memórias do passado. Materiais inéditos e alta tecnologia trazem conceito a pisos e paredes. É a estratégica revolução deflagrada por nossa indústria a revelar o quanto pesquisa, investimento e design podem fazer pela identidade dos produtos brasileiros Da Redação
Impossível ficar indiferente aos conceitos maduros e bem construídos dos recentes lançamentos da indústria brasileira de revestimentos, que embutem a idéia de praticidade, de intenção pela sustentabilidade e um alto padrão de acabamento. Formatação alcançada com recursos técnicos de ponta e novas práticas de fabricação, em coleções que vão do básico àquelas impregnadas de atitude. Nessa temporada, as lajotas metalizadas chamam atenção, feitas com liga de metal (ouro, platina, inox), microcristais e efeitos perolados que se modificam sob focos de luz. Eles remetem à prata e ao dourado das passarelas da moda, influência presente em coleções com painéis florais, motivos xadrezes e até nostálgicas reedições de grafismos dos anos 1960 e 1970. Propostas sensoriais aguçam os sentidos, com destaque para superfícies de imperceptíveis microfibras de carbono, que proporcionam a sensação de uma trama quente e macia ao toque. Usos diferenciados de materiais oferecem novas possibilidades para pisos e paredes, a exemplo de placas, azulejos e pastilhas de vidro, de aço natural e colorido, bem como kits com Leds para incrementar o assentamento com ares hi-tech. Além das aplicações inéditas, cimento e concreto viabilizam outra alternativa de força, a estética urbana, mostrada em cerâmica e diversas matérias-primas (pedras brasileiras variadas, madeira, metais e sintéticos) recortadas e compostas com texturas rústicas e cores para evocar o cadinho cultural das metrópoles. Vale
Metalizados são atra ções entre os lan ça men tos da tem po ra da. Há ver sões com super fí cies que lem bram metal, como a da Eliane, na pági na ao lado, enquanto outras mar cas, caso da Mozarte, acima, usam reta lhos bri lhan tes e espe lha dos para com por linhas con cei tuais. Desta que tam bém para peças de puro aço, como as da Mozaik, abai xo
destacar as coleções do “parece, mas não é”, estrelas de muitas marcas, que, na busca de imitações, pretendem poupar recursos ao meio ambiente. Madeiras rústicas e tratadas, pedras naturais, polidas e mesmo oxidadas pelo tempo surgem, com impressionante fidelidade, em cimento, cerâmica e sintéticos. Os sustentáveis trazem opções de matérias-primas naturais e reaproveitáveis, incluindo porcelanatos feitos quase 100% com resíduos de sua própria fabricação. Aliás, porcelanatos de grandes dimensões são as estrelas da temporada, com versões de 80 x 80 cm, 60 x 120 cm e até 180 x 120 cm! 21 ARC DESIGN
Ao fundo desta pági na, padrão da Itagres evoca a tex tu ra da pedra bruta. A linha Oxyden (abaixo), da Castellato, ins pi ra-se na natureza sujeita à ação do tempo. O cimen to, maté ria-prima da marca, ganha o efei to da pedra alte ra da por metais oxi da dos
Na foto acima, cerâ mi ca da Itagres repro duz a superfície do már mo re tipo traver ti no, dei xan do para a cerâ mi ca Lepri (abai xo) a lem bran ça de autên ti cos sei xos de rio
22 ARC DESIGN
Nova opção em pai néis deco ra ti vos, Vivere, da Portinari, traz estam pas impressas em cerâ mi ca, além de iné di to san duí che de teci do, acima, entre dois gran des vidros
Parecem, mas não são: de baixo para cima, a Fademac pro põe pisos vinílicos em PVC da linha Ambienta, em réguas de 18,4 X 95 cm que imi tam madei ra. A Fórmica traz Fantasia, com padro na gens de gra ni to e a cerâmica, tal qual madei ra, é a opção da Ecowood, da Portobello, que repro duz tábuas para decks
23 ARC DESIGN
Ardósia, à esquerda, ganha novo tra ta men to nas cole ções da Mosarte, aqui com a linha Magma Grigio, em pla cas de 30 x 30 cm. Já a Bambu Carbono Zero, abaixo, vai da plan ta ção às lojas, com pla cas de 20 x 20 cm e 40 x 40 cm em diver sas tipo lo gias de produto
A Ekobe (vida em tupi) posi cio na-se como marca sus ten tá vel ao rea pro vei tar mate riais da natu re za em seus pas ti lha dos de semen te de baba çu, casca de coco e, acima, de casca de arroz
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A linha C12, da Portinari, ao fundo desta pági na, traz um por ce la na to sen so rial, com micro fi bras de car bo no para um toque macio
O pio nei ro mosai co da Vidrotil ganhou a ver são Transições, abai xo, que mis tu ra mais de uma cor na fabri ca ção, ofe re cen do varia ções de mati zes em cada lote pro du zi do sob enco men da
À esquerda, linha Craft, assi na tu ra de Heloísa Crocco para a Solarium, com dese nhos que simulam os veios das árvo res. Acima, a inova ção no uso de mate riais, com cria ção da Mosarte: pas ti lhas de madre pé ro la em pla cas de 31,7 x 31,7 cm para reves ti men to de pare de
OBJETOS COMO PRO TA GO NIS TAS Achar o elo entre artesanato e design, resgatar nossa identidade cultural, preservar a natureza são alguns recursos que os designers Mariana Betting Ferrarezi e Roberto Hercowitz utilizam para tirar do anonimato os objetos do dia-a-dia
Pé-quen te é um apoio de pra tos dife ren te. Esferas de aço cro ma do (17 x 19 x 19 mm), sol tas e com uma face plana, fun cio nam como base para pane las e travessas. Lúdico e mini mal, vem acon di cio na do em prá ti co tubo ros quea do. Ainda nesta pági na, o vaso Invisível (185 x 210 x 100 mm), tam bém de aço, que bra para dig mas por ape nas suge rir o corpo da peça, dei xan do que cada obser va dor dese nhe sua própria ver são do aces só rio
28 ARC DESIGN
Cristina Teixeira Duarte Mariana Betting Ferrarezi e Roberto Hercowitz são a alma da EM2 Design, estúdio que encontra identidade na experimentação de formas, materiais e tecnologia. Uma empresa criada em Barcelona, em 2004, quando os designers paulistas se pós-graduavam nas boas escolas da cidade espanhola: Roberto em Eco-design pela Elisava, e Mariana, em Design de Móveis e Interiores pelo IED. Desde então, os parceiros desenvolveram produtos que têm como alvo a estreita interação, funcional e afetiva, entre peça e usuário. Essa opção estética e conceitual se sustenta nas raízes da cultura e do artesanato brasileiros, e na necessidade de desenvolver objetos de menor impacto ambiental. Um cuidado que nasce já na prancheta, ao especificarem materiais e soluções construtivas o mais essencial possível, com a leveza dos artefatos populares e o mínimo de geração de resíduos. Incluindo o uso de mão-de-obra social, como a da comunidade Amarril de Bariri, que executa o acabamento em macramé da premiada espreguiçadeira Hamaca, feita de couro, em interferência inovadora de Roberto e Mariana. Depois de uma bem-sucedida temporada na Europa, onde foram observados por publicações importantes e participaram da cenografia de exposições como Verso y Reverso (Pamplona), Mano a Mano (Madri) e Pelé Station (Berlim) – todas do curador e diretor Marcello Dantas –, os designers estão no Rio de Janeiro, lugar que escolheram para reencontrar o Brasil. Eles terceirizam sua produção, já chancelada por grifes como Schuster e Habitart, e estão presentes em lojas do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Ousados e ambiciosos, a dupla pretende apontar caminhos, não segui-los. E manifestam essa intenção em sua primeira coleção de objetos, a Black & White, mostradas aqui, que exalta os contrastes entre preto e branco, vazado e cheio, liso e fibroso, novo e reciclado para evocar a tolerância e a convivência entre as diferenças. ❉
A bandeja Michelin (10 x 450 x 300 mm; 10 x 350 x 350 mm), no alto, é fei ta de aço, vidro e ines pe ra das alças de pneu, aqui rea pro vei ta do em sua parte mais fibro sa, cuja tex tu ra trans mi te a impres são de uma espé cie de couro. A idéia de reuso da maté ria-prima está tam bém nos vasos Pneu, ao lado, con ce bi dos a par tir de par tes lisas e fibro sas da bor ra cha para for mar lis tras na super fí cie
29 ARC DESIGN
Baba Vacaro
NOVIDADE PARA SEMPRE
Baba Vacaro lança uma nova coleção de objetos de prata para a marca brasileira St. James, em que o design é o grande recurso para rejuvenescer a imagem da empresa sem abdicar da tradição de um produto feito para durar Cristina Teixeira Duarte
A designer Baba Vacaro apresentou a nova coleção da St. James, tradicional marca brasileira do mercado premium, que tem no talento do artífice o maior trunfo para estabelecer o elo perfeito entre beleza e utilidade. Talvez o último recurso para minimizar a voracidade de um consumo ávido por novidades cada vez mais descartáveis. Uma premissa que costuma nortear os projetos de gestão de produtos que Baba Vacaro desenvolve como diretora de criação de empresas do porte da Dpot, Dominici e Avanti. Aqui, o conceito ganha ainda mais peso ao reforçar o caráter perene dos utilitários, acessórios e ornamentos em metal prateado, feitos para durar uma vida inteira. São 30 peças entre jarras, bandejas, baldes, saladeiras, vasos e centros de mesa, embriões de um amplo trabalho de rejuvenescimento da marca, que passará pela implantação de novas técnicas de acabamento, de comunicação visual e até de displays nos pontos de venda. Sempre alinhadas à vocação da St. James, essas ações exaltam não só a habilidade do artesão, mas também a boa técnica de execução e tradição em design das criações assinadas pela empresa. “Minha proposta é preservar esse lastro, é dar à St. James a cara da St. James”, afirma a designer. “Martelar, cinzelar, fundir, tornear transformam o metal em objetos humanos, resgatando também o valor simbólico e ritualístico que envolve o uso da prata.” i
30 ARC DESIGN
“Pequenos Luxos Cotidianos” é o nome da nova coleção da St James, com 30 itens divididas em duas linhas: a Spin, de peças ranhuradas; e Orbit, esta de prata lisa, que reproduz as formas dos astros. Para além do conceito, Baba Vacaro deparou-se com o delicioso desafio de criar objetos de mesa posta, inéditos em seu portfolio, o que demandou novas pesqui sas e apren di za dos sobre es ca las pre ci sas, for mas ideais e materiais afeitos a tais funções
POR QUE INVESTIR EM DESIGN Apostar no design enquan to ins tru men to de negó cios é um desa fio que se impõe à indús tria nacio nal. Feliz mente, mui tos empre sá rios cons cien tes já bus cam o know-how de pro fis sio nais do seg men to para recriar pro du tos, encam par ten dên cias, repo si cio nar mar cas. É o caso da St. James, que expor ta para três con ti nen tes e marca pre sen ça em lojas cobi ça das e ende re ços emble má ti cos, como a Casa Branca. Os dire to res Ricardo e Waldir Saad têm a dimen são exata do papel do desig ner no pro ces so de qua li da de, pre fe rin do desde sem pre as linhas bem resol vi das ao anti go rebus ca men to dos obje tos de prata. Sobre a par ce ria com Baba Vacaro, o empre sá rio é enfá ti co ao elo giar a desig ner e os bene fí cios que o inves ti men to trou xe para a marca. “Ela é extre ma men te obje ti va e soube cap tar o espí ri to da St. James, tra du zin do tudo isso em dese nho sim ples, boni to e fácil de pro du zir. Até por isso, pre ten de mos con cre ti zar mui tas cole ções com esse cui da do no design, pois os resul ta dos indi cam que é de longe o me lhor cami nho”, diz Waldir Saad. 31 ARC DESIGN
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DOMINGOS TÓTORA DESIGN COMO TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
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NO CAMINHO CERTO EMPRESAS RUMO À PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
Quem investe em SustentAção:
Domingos TóTora
Porque a viDa é Transformar Primeiro ficamos fascinados com a beleza. Depois entendemos que esta beleza é o resultado de um trabalho de reaproveitamento sustentável em todos os níveis – da matéria-prima aos aspectos sociais e econômicos. Mais que isso, porém, é uma profissão de fé, um caminho de vida. Idealista e factível Mariana Lacerda
Aqui, Domingos Tótora tra ba lha o papel kraft, sua maté ria-prima por exce lên cia. Reciclado, vira mate rial deco ra ti vo em forma de ver da dei ras obras de arte. São vasos, gar ra fas, cache pôs, cen tros de mesa, pufes, man da las, ban cos e outros itens que já con quis ta ram as melho res lojas e os olha res mais exi gen tes, no Brasil e exte rior
Uma cidade de 15 mil habitantes. Uma comunidade no interior de Minas Gerais, aos pés da Serra da Mantiqueira, Maria da Fé. Ali, um grupo de pessoas faz a diferença para o lugar, o meio ambiente, a economia local e, sobretudo, para a reflexão sobre criação e produção de objetos. Trata-se do estúdio de Domingos Tótora, onde o designer mineiro desenvolve um trabalho autoral de grande beleza, que tem despertado admiração e interesse aqui e no exterior. Nascido e criado em Maria da Fé, ele deixou a cidade para estudar artes plásticas em São Paulo. Viajou o mundo e, por fim, voltou convicto para sua aldeia. Aos 20 e poucos anos, já tinha a certeza que ali era o lugar onde queria trabalhar, onde estavam as pessoas com quem poderia desenvolver suas idéias. E mais: em Maria da Fé encontra-se, além de raízes e laços afetivos, sua principal fonte de inspiração, a natureza. Nos 20 anos seguintes, Tótora dedicou-se a desenvolver projetos e meios de produção. Movido pela estética, pelo respeito à natureza e pela solidariedade, organizou os conterrâneos em torno da arte, que tem no
Massa de papel machê feita com pape lão reci cla do. A par tir da mis tu ra, são escul pi das peças como os Vasos Orgânicos, abaixo. “A ins pi ra ção sem pre vem da natu re za”, diz Tótora, que desenvolve pro tó ti pos para a Oficina Gente de Fibra, uma das mui tas coo pe ra ti vas de Maria da Fé, hoje impor tan te pólo de pro du tos artesa nais e reci cla dos
A mesa Água, um sim ples pano de vidro sobre posto a sei xos escul pidos com pape lão reci cla do. Ela inte gra a nova cole ção de obje tos do Domingos Tótora Estúdio de Arte e Design, onde ele e seus 12 artesãos con tra ta dos desen vol vem o tra ba lho auto ral do desig ner, de grande impacto esté ti co, eco nô mi co e social
36 ARC DESIGN
Abaixo, banco Zoe, for ma do por fatias jus ta pos tas e mol da das uma a uma. Cada placa é ligei ra men te dife ren te da outra, provo can do, assim, uma sutil irre gu la ri da de entre elas. "Gosto da imper fei ção", diz o desig ner-artesão
papel kraft a matéria-prima por excelência. Qualificou
designer. São vasos, cachepôs, bowls, centros de mesa,
artesãos locais em torno da Oficina Gente de Fibra, que
pufes e bancos sempre inspirados nas formas orgâni-
faz do estúdio de Tótora uma espécie de escola para a
cas e nos movimentos da natureza. Produtos exempla-
formação e o aperfeiçoamento de uma entidade ainda
res do melhor conceito de sustentabilidade: desenvolvi-
maior na qual todos se inserem: a Cooperativa Ma-
mento social e econômico, com respeito ao meio
riense de Artesanato, com cerca de 85 cooperados uni-
ambiente, acrescido, é claro, de muita criatividade, fun-
dos pela produção de objetos nos mais diversos tipos de
cionalidade e beleza. i
fibra, com destaque para a da bananeira. São inúmeras famílias e pessoas que mudaram suas vidas a partir da atuação de Domingos Tótora, mestre em transformar materiais e, principalmente, pessoas. Quanto ao conceito, explica que “sustentabilidade é o que se faz e não o que se diz”. Ele enfatiza que concepção e execução andam juntas e se complementam na produção sustentável. Motivo pelo qual, desde o início, elegeu os acessíveis papel e papelão como material a ser manipulado. São quilos e quilos vindos da cidade vizinha de Itajubá, com suas lojas de departamento e embalagens para móveis e eletrodomésticos. A captação chega a 6 mil toneladas anuais! O material vem de caminhão para ser triturado e misturado com cola especial, desenvolvida por Tótora, virando a massa de papel machê a ser modelada pelos artesãos a partir de protótipos criados pelo 37 ARC DESIGN
TEIA
O trabalho, de aparência simples, envolve 20 famílias de comunidades rurais da cidade de Itanhandu, na Serra da Mantiqueira, ao sul de Minhas Gerais. Na região, as artesãs, acompanhadas pela designer Virgínia Rodrigues Pinto, são as responsáveis pelo cultivo do milho, colheita e estocagem. São elas também quem tingem a matéria-prima, a palha do milho, quando necessário. Os fios são trabalhados manualmente e, à medida que são fiados, são tramados junto aos retalhos de chita. Essa teia é concebida, por sua vez, sobre uma estrutura de aço inoxidável. O final revela-se nesta namoradeira, um dos objetos da coleção Chita Mineira, lançamento da Oficina de Tramas, projeto do instituto mineiro Feito Fibra, responsável por todo
A palavra “straat” significa, em holandês, “rua” ou “caminho”. Caminhos levam, inevita-
DESIGN E MER CA DO
velmente, a encontros. Com essa inspiração, a artista plástica Silvia Sasaoka e o administrador Anton van Dort criaram, em 2004, uma consultoria em design social que articula o trabalho entre comunidades, produtores, criadores, com o seu público final, o mercado. Uma das iniciativas é o projeto Straat Bambu, concebido especialmente para a Tok & Stok. A iniciativa já promoveu o intercâmbio entre profissionais da Design Acadamey Eindhoven, na Holanda, e alunos de design da FAU/USP. Durante seis semanas, os estudantes trabalharam na oficina de bambu Kotybambu, de Cotia, na região metropolitana de São Paulo, por meio do Programa Sebrae de Artesanato. Um dos resultados desses encontros é este cabide, projeto de Takeshi Sumi, feito de bambu, e à venda na rede de lojas da Tok & Stok. www.straat.com.br
GRAMÍNEA PARA TODA A OBRA
esse processo saudável e ecologicamente correto de produção. www.feitofibra.com.br
Assim, Paulo Bustamante define o bambu, matériaprima dos objetos de design desenvolvidos para a sua Bambuzeira com a versão gigante da gramínea. Há vasos, centros de mesa, cabideiros, acessórios de banheiro e uma vasta linha de luminárias. E mais: além de consultoria para o plantio em comunidades de artesanato, o designer prepara com Raphael Vasconcellos a primeira coleção de móveis da marca, mesclados a aço, latão, alumínio, acrílico, policarbonato. (35) 9113-9807, www.bambubrasileiro.com
BAN DEIRA VERDE
Em toda criação em design, é possível a orientação pela otimização dos processos produtivos (incluindo seu transporte, embalagem e venda), escolha de materiais renováveis, ou ainda reciclados e recicláveis. Tudo isso resulta, por fim, em iniciativas para que sejam minimizadas as emissões de CO2 na atmosfera, princiuma postura de trabalho – e não, necessariamente, uma ação pontual de grupos de pessoas ou empresas. Esse é o compromisso dos signatários do Designers Accord. Trata-se de um tratado internacional cujos participantes, incluindo o escritório brasileiro Nó Design, o primeiro do país a aderir à lista, devem comprometer-se a utilizar práticas sustentáveis em seus processos de trabalho. Outra regra importante do documento: a de dividir o conhecimento entre seus pares, uma vez que a disseminação de informações é chave imprescindível para acelerar a
REFÚGIO ECO LÓ GI CO
pal causador do efeito estufa. E deve, portanto, tornar-se Inspirada nas aventuras de Robson Crusoé, a Lao Engenharia Sustentável criou Crusoé, uma casinha suspensa e, melhor, correta. Com 2,90 x 1,90 m, ela pode ser adaptada a necessidades específicas, tem paredes de compensado naval com stain (hidrorrepelente que protege contra raios UV e fungos), estrutura de toras de eucalipto autoclavadas, piso de itaúba e escadinha com troncos também de eucalipto. A Lao é uma empresa especializada em brinquedos ecológicos para áreas de lazer residenciais e públicas. (11) 4617-3400, www.laoengenharia.com.br
criação e a produção de objetos que não agridam o meio ambiente.
LAÇOS
www.designersaccord.org
Qualificar e melhorar o artesanato, para torná-lo uma atividade economicamente viável. Pode não parecer, mas é isso o que está por trás do objeto à direita. Trata-se do trabalho do grupo Oferenda que, junto aos profissionais da Cooperativa dos Artesãos do Rio Grande do Sul (Cooparigs), trabalha na criação de tapetes, cachepôs, luminárias, com o intuito de, por meio do design, proporcionar uma melhoria na condição de vida dos artesãos gaúchos e suas famílias. Restos de lycra, resíduos de algodão e MDF são alguns dos materiais escolhidos, sempre trabalhados à mão. Na imagem, o Vaso Mole: 20 cm de diâmetro e 40 cm de altura, em crochê feito com cordão de algodão. www.oferenda.net
Noosfera Projetos Especiais
Mariana Lacerda
40 ARC DESIGN
A fachada de um edifício desempenha papel fundamen-
ta representam critérios que devem definir a arquitetu-
tal na paisagem em que se situa. O que não está apa-
ra de uma edificação sustentável”, diz a arquiteta Joana
rente, contudo, é que as soluções em fachadas são fun-
Gonçalves, pesquisadora do Laboratório de Conforto
damentais para o bom funcionamento de um prédio e
Ambiental e Eficiência Energética (Labaut), do Depar-
tornaram-se chave imprescindível no momento de pro-
tamento de Tecnologia da FAU/USP.
jetar construções que, ao longo de sua história, operem
Os projetos são distintos, as soluções, portanto, va-
com eficiência energética satisfatória.
riadas. Algumas regras, contudo, servem como baliza
Qual a fachada que almeja potencializar a luz natural e
para toda e qualquer construção que se almeja sus-
ao mesmo tempo controlar os efeitos indesejados da
tentável, sobretudo para edifícios corporativos – con-
radiação solar incidente? “As respostas a essa pergun-
sumidores máximos de energia, é a eles que se dirige
Faces de uma edificação, as fachadas são determinantes para a economia de energia. Evento promovido pela AsBEA, Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, em São Paulo, trouxe ao centro do debate sobre sustentabilidade em edifícios a matemática pertinente entre projetos e materiais para melhor desempenho dos invólucros das edificações
Nas duas páginas, imagens do novo prédio do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento Humano-computador para a Amazônia (Labcog), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Projeto do arquiteto paulista José Wagner Garcia, do escritório Noosfera, tem, em algumas faces, dispositi vos de sombreamento que permitem a entrada da luz natural difusa, não comprometendo o desempenho energético do edifício. As fachadas são duplas, com espaçamentos inter nos de 40 cm – que criam uma câmara de ar que reduz o calor causado pela incidência solar
a maior preocupação quando o assunto é garantia de
que, para o nosso clima, o mais apropriado é a prote-
eficiência energética.
ção externa, a exemplo do uso de brises. Alternativa
O uso do vidro parece ser a preferência máxima no
que ainda encontra resistência entre os arquitetos,
Brasil e no exterior, faz sentido. Garante o contato visual
uma vez que interfere diretamente na linguagem da
com as áreas externas (conforto psicológico) e a passa-
fachada; e entre construtoras e administradoras de edi-
gem de luz natural (economia de energia). Nas regiões
fícios, por ter difícil manutenção (limpeza).
de clima tropical como o Brasil, no entanto, a passagem
Há, no entanto, um bom motivo para se refletir sobre o
da luz natural significa entrada de calor, potencializan-
uso de brises: a regulamentação do Programa Nacional
do a necessidade do ar condicionado. No clima frio, por
de Conservação de Energia Elétrica (Procel), do Minis-
sua vez, o vidro deixa esvair o calor interno. Qual a
tério de Minas e Energia (e elaborada pelo Laboratório
matemática para garantir conforto térmico e lumínico?
de Eficiência Energética em Edificações, da Univer-
“A área transparente de uma fachada deve correspon-
sidade Federal de Santa Catarina). Com previsão de se
der de 40% a 50% de sua área total”, diz o engenheiro
tornar lei nacional ainda este ano (veja ARC DESIGN
Fernando Westphal, do Centro de Tecnologia de Edifi-
56), a regulamentação orienta os edifícios a atingirem
cações, o CTE, em São Paulo. O tipo do vidro também
níveis satisfatórios de economia de energia e recomen-
pode influenciar no seu desempenho energético.
da, para tanto, o uso de brises e protetores solares nos
“Quanto mais baixo o fator solar do material, melhor o
edifícios corporativos.
seu desempenho térmico.”
Como a arquitetura irá reinserir o uso de brises? Como
A escolha correta do tipo de vidro, porém, ainda não
os condomínios vão lidar com a questão da manuten-
garante que a entrada de calor seja evitada. Por isso
ção? “Esse é o momento de refletirmos sobre isso”, diz
mesmo, especialistas do país são unânimes ao afirmar
Joana Gonçalves. Ela vai além: “necessitamos de novos 41 ARC DESIGN
paradigmas arquitetônicos que respondam a melhores desempenhos energéticos em nossas edificações. Precisamos realmente apenas de vidro? Teremos apenas torres de vidro? Será que não conseguimos pensar algo diferente disso?”, questiona. Em tempo: a grande parte das discussões referentes à economia de energia em edificações diz respeito aos edifícios altos. “O futuro do desenvolvimento sustentável, contudo, não está nos edifícios altos, assim como o urbanismo sustentável também não está nos edifícios altos”, diz Gonçalves. Mas em algumas cidades, a exemplo de São Paulo, eles são uma tipologia inevitável.
Ao lado, ilustra ção de Luciano Dutra, do livro “Eficiência Energética na Arquitetura”. O esque ma mostra o fluxo de calor em jane las. Na outra pági na, edi fí cio Eldorado Tower Center. Recém-cons truí do em São Paulo, empre ga persia nas auto má ti cas contro la das pela incidên cia do sol, pro te gen do os ambientes do calor
Fachadas úteis e sustentáveis
42 ARC DESIGN
Edifícios tradicionais limitam sua inovação ao projeto
a eficiência energética de um edifício.
da fachada. Suas áreas mais “atrativas” se encontram
No decorrer do tempo, os processos de trabalho se
próximas à fachada devido à vista e ao eventual apro-
modificaram radicalmente e os edifícios convencionais,
veitamento da luz natural. Nos períodos de insolação,
de modo geral, não reagiram às mudanças.
no entanto, as fachadas são geralmente vedadas por
Apesar de a tecnologia de controle e a redução da pene-
necessidades climáticas, eliminando ou reduzindo a
tração de energia solar pelas fachadas, nos edifícios,
sua atratividade.
estarem bastante exploradas, existe ainda um potencial
Nossa visão é mais abrangente, e considera a fachada
na ordem de 30% para futuras otimizações, como o uso
como algo que pode interagir com a vida das pessoas,
dos sistemas prismáticos.
como reflexo da qualidade dos espaços de trabalho e
Dessa forma, nos detemos na concepção de áreas de
Noosfera Projetos Especiais
Dieter Bartenbach, especialista em iluminação da Prozessorierte Lichtberatung (Áustria), que esteve no Brasil para participar de um seminário da AsBEA, faz uma breve reflexão sobre o conforto e a economia de energia nos escritórios, graças aos novos conceitos sobre as fachadas. O arquiteto Guinter Parchalk, a pedido de ARC DESIGN, conversou com Bartenbach
trabalho e na transferência da “atratividade” desses
ral, na qualidade e no aumento da densidade ocupa-
locais para as áreas intermediárias, chegando até o
cional do edifício.
núcleo central do edifício. Por meio do estudo das
Esse princípio torna-se economicamente interessante
superfícies arquitetônicas e do seu deslocamento, é
em regiões com elevado índice de insolação e tempe-
possível iluminar um edifício basicamente com luz
ratura ambiente. i
natural, com pouca necessidade de luz artificial e elevar a qualidade das condições ambientais dos locais de trabalho em aproximadamente 80%. Assim, a densidade de ocupação poderia aumentar em 40%. A rentabilidade desse conceito reside na iluminação natu-
Dieter Bartenbach é especialista em iluminação da Prozessorierte Lichtberatung (Áustria). No Fórum Expo Fachadas, promovido pela AsBEA, Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, em março, em São Paulo, ele falou sobre “Fachadas Ecologicamente Sustentáveis” 43 ARC DESIGN
Por muito tempo, José Goldemberg foi um físico tradicional, dos que ficam pesquisando horas e horas em busca de respostas sobre o funcionamento da natureza. Poderia ter se contentado com isso. Mas, por se opor ao Programa Nuclear Brasileiro, se tornou referência no Brasil na discussão sobre as energias alternativas de que o país dispunha. Ocupou cargos públicos, foi reitor da USP, secretário estadual, ministro brasileiro. Conduziu a Rio-92. Numa tarde do verão de São Paulo, Goldemberg falou para uma platéia concisa de arquitetos – foi o presente do escritório de arquitetura Orbi Projetos para comemorar o seu quinto ano de funcionamento na cidade paulista, em março
Mariana Lacerda José Goldemberg nunca foi ambientalista de carteirinha. Mas suas palavras, carregadas de experiência, têm eco no Brasil. “No século 20, a força do homem se igualou à força da natureza”, disse. Falava que nós humanos colocamos em cheque nossas cidades e casas tanto quanto enchentes, dilúvios e tempestades o fazem. Assustador? Sim. Goldemberg diz que basta nos darmos conta do seguinte dado: em média, anualmente, cada habitante do planeta desloca, de um lado para o outro, oito toneladas de recursos. Pode parecer estranho, mas é real. Na sua conta entram combustível, alimentos, água, etc. Tanto esforço fez e faz exaurir os recursos da Terra. A área de energia, portanto aquela na qual o ex-ministro se sente mais confortável para falar, causa espanto. “Estima-se que o petróleo do Oriente Médio não dure mais do que 60 anos”, disse. Como sair disso? Goldemberg parece otimista e vê que países em desenvolvimento como o Brasil podem “pular etapas”. Ou, em outras palavras, não repetir os erros de outras nações (“A Inglaterra já desmatou suas florestas”) e aproveitar as tecnologias saudáveis já existentes. Não é de hoje, por exemplo, que a Europa adota sistemas de energias renováveis, uma resposta às crises energéticas iniciadas na década de 1970. Haverá tempo para construirmos um mundo mais sustentável? Talvez sim. Nesse sentido, José Goldemberg lembrou que, cada vez mais, a humanidade apresenta com maior velocidade soluções tecnológicas em prol de uma vida melhor. O advento das ferrovias, do aço e do telefone, por exemplo, se deu em aproximadamente 125 anos (1750 a 1900). O rádio e a aviação surgiram em menos de 50 anos (1900-
Jeffe rson Mou ra
1950). Entre 1950 e 1975, foram inventados a internet e o computador. E em menos de 25 anos, tivemos o telefone móvel. “A idéia é que sejamos rápidos, para saltarmos na frente, a fim de que possamos encontrar soluções para o planeta.” i
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USINA SOLAR TÉRMICA Ela é prática, compacta e pode ser facilmente instalada em canteiros de obras, indústrias, prédios, clínicas, academias, hotéis, hospitais, clubes. Assim é a Usina Solar Térmica da e2Solar, empresa especializada em sistemas de energia solar, que desenvolve e fabrica essa unidade modular para aquecimento de água. O sistema dispõe de coletores solares e reservatórios com capacidade para 2.500 litros de água, podendo chegar a 4.000 litros, auxiliando a racionalização de custos com energia. (11) 4161-8899, www.e2solar.com.br
CONSTRUÇÃO INTELIGENTE Mic Single é o novo conceito de moradia da construtora Micura Steel Frame. Uma casa para solteiros, que elimina o desperdício de materiais, dinamiza a obra e poupa recursos ao meio ambiente. Conhecido como construção a seco, o sistema surgiu no pós-Guerra e hoje oferece por aqui um imóvel de 40 m2, com quarto, cozinha e banheiro, em 5 dias, a um custo perto de 40 mil reais. Utiliza perfis de aço galvanizado, placas cimentícias, chapas de gesso acartonado e lã de ro-
A CERÂMICA DO FUTURO
cha, em estrutura que garante durabilidade, isolamento termoacústi-
A evolução das cerâmicas caminha para um lado saudável: a
co, execução modular e uso de energias limpas.
implementação em sua superfície de células fotovoltaicas –
(11) 4727-6857. www.casamicura.com
material que tem condições de gerar energia elétrica a partir da captação da radiação solar. O desenvolvimento das pesquisas sobre essa tecnologia foi apresentado no Brasil pelo diretor do Centro Cerâmico de Bolonha, Arturo Salomoni, em palestra promovida pela Tecnargilla Brasil, na edição anual da Feira Revestir. O evento soou tímido diante dos tamanhos superlativos da maior feira de revestimentos da América Latina. O tema, contudo, tem pertinência e apontou a aplicação de cerâmicas com propriedades fotovoltaicas como uma tendência futura que deve abrir “interessantes perspectivas para os fabricantes de azulejos”. Num país luminoso como o Brasil, a nova tecnologia para azulejos, cujo protótipo foi apresentado pela primeira vez em 2007, na Itália, deveria ser de especial interesse. www.cencerbo.it
PLANTA BAIXA
01 - Sala de Estar 02 - Cozinha 03 - Área de Serviço
04 - Quarto 05 - Banheiro
ECOLOGIA CONCRE TA A indústria do cimento responde por 7% da emissão na atmosfera de CO2, um dos principais gases causadores do aquecimento global. Assim, pesquisadores do Programa de Engenharia Civil da UFRJ desenvolveram o “concreto ecológico”, que pode substituir em até 40% a quantidade de cimento na preparação do concreto e foi aprovado na construção da Casa Ecológica, na Cidade Universitária. As matérias-primas testadas para tanto incluem cinzas do bagaço da cana, casca de arroz e resíduos cerâmicos. Se forem empregadas em larga escala, essas alternativas, segundo a UFRJ, podem reduzir em até 2.3% a emissão anual de CO2 pela indústria do cimento.
NA LATA Você ainda tem alguma dúvida sobre a importância da reciclagem de latinhas de bebidas no planeta? Então acesse o site
EVOLUÇÃO INDUSTRIAL
www.alcoa.com/recycling e saiba por que a reciclagem do alu-
Indústrias criativas são aquelas que aliam cultura e conhecimento tra-
mínio ainda é mais vantajosa do que a do vidro e a do plástico.
dicional ao uso intensivo da tecnologia. Estão na sua base, por exemplo,
No site, um vídeo mostra o que acontece quando uma delas é
a música, o design e o artesanato.
jogada no lixo de recicláveis: em menos de 60 dias, pode vol-
Uma pesquisa da Unctad, Conferência das Nações Unidas sobre
tar renovada às prateleiras do supermercado. A criação do site,
Comércio e Desenvolvimento, mostrou que as indústrias criativas
de origem norte-americana, é iniciativa da Alcoa e tem a inten-
estão entre os setores emergentes mais dinâmicos no comércio
ção de mudar a visão dos norte-americanos quanto à necessi-
mundial. Durante o período de 2000 e 2005, o comércio de bens e
dade da reciclagem do alumínio. Enquanto no Brasil o índice de
ser viços criativos aumentou à média anual sem precedentes de
reuso de latas é um dos mais elevados do mundo, nos Estados
8,7%. Mas os números em relação aos países em desenvolvimento
Unidos está entre os mais baixos, apesar de os norte-america-
como o Brasil ainda são tímidos, apesar de sua potência em
nos liderarem o consumo de latas produzidas com o metal.
manifestações culturais. A recomendação da Unctad, em texto divulgado pela instituição e assinado pelo seu secretário-geral, Supachai Panitchpakdi, é que países em desenvolvimento (ele cita o exemplo da África) melhorem a qualidade em toda a cadeia produ ti va de valores. Também é impor tante “estabelecer meca nis mos institucionais e financeiros para apoiar artistas e criadores”, além da “associação entre os setores público e privado”, que necessitará ser promovida. No Brasil, iniciativas do Sebrae para valoração do artesanato são desenvolvidas nesse sentido e seguem com uma única certeza: o caminho, apesar de longo, já começou a ser trilhado.
dbild.com.br
NÓS ELEGEMOS Algumas vezes de acor do com o júri, outras nem tanto, ARC DESIGN ele geu alguns produtos apresentados nos dois mais recentes concursos de design realizados no Brasil – aquele promovido pela empresa Artefacto e o Salão Design Movelsul Maria Helena Estrada
Um concurso tradicional, tendo iniciado em 1988, em
Bem, concordamos, mas com as devidas ressalvas.
Bento Gonçalves, RS, e outro ainda quase estreante, em
Quais os critérios adotados por ARC DESIGN para ele-
sua segunda edição. Os dois com um ponto em
ger seus preferidos? Sem prioridades, podemos falar
comum, condição esta que agrega um grande valor aos
de um primeiro impacto favorável, quase uma atração
mesmos: são realizados junto às indústrias.
pelo produto, o que pode ser traduzido por design ami-
É no resultado de concursos que os empresários vão
gável. Outras considerações são hoje universais: res-
buscar os profissionais para seus produ-
peito ao meio ambiente, sustentabilidade, uso respon-
tos – visto que todos já se cons-
sável dos materiais, originalidade e a possibilidade de
cientizaram que o design é
prestação de novos serviços. Podemos acrescentar que
bom para a eco no mia da
nos parece sempre louvável um projeto que revele sua
empresa. Além do mais, hoje
origem, ou seja, que traga referências, ainda que míni-
é voz corrente: se o design
mas, ao local ou à cultura onde foi gerado.
não vende, ele não é bom.
No Salão Design Movelsul, promovido pelo Sindmóveis
Nesta pági na, pro du tos apre sen ta dos no con cur so Salão Design Movelsul. No alto da pági na, mesa Ofício, pri mei ro lugar na cate go ria Estudante, no pro je to de Luiza Almeida Barroso e Quentin Vaulot, tem tampo em MDF com peque nos pla nos incli na dos e um porta-objetos na par te inferior. À esquerda, prêmio Mérito Social, cadeira Rollitos, em tótora, design Ricardo Pimati, Peru. À direita, Desde Adentro, design Carlo Nicola e Agustín Menini, do Uruguai, menção na categoria Estudante
50 ARC DESIGN
Nesta pági na, alguns resul ta dos do con cur so Artefacto. Acima, mesa Delta, design Wellington Luk, pro je to ven ce dor, em Cristal Diamond Guard apoia do sobre três esfe ras de alu mí nio. À direi ta, cadei ra Azteca, de Bernardo Senna, 5º lugar, é pro du zi da em bar ras redon das de aço, dobra das, sobre pos tas, sol da das e pin ta das
de Bento Gonçalves, destacamos uma cadeira criada
chamou a atenção – a poltroninha Desde
por designer peruano, que utiliza a “tótora”, uma espé-
Adentro, pela perfeita adequação da forma ao uso a que
cie de taboa encontrada no lago Titicaca, que forma
se destina.
ilhas flutuantes, onde habita uma população indígena
O concurso promovido pela Artefacto, empresa que
muito pobre, em casas também de “tótora”, a qual se
começa a investir com força no design, abrangia mó-
desloca em pequenos barcos do mesmo material. Ain-
veis e objetos. Destacamos as cadeiras Azteca e Trama,
da na categoria Estudantes, elegemos a mesa Ofício,
pela leveza e simplicidade construtiva; os copos Dedos,
realizada por uma aluna brasileira, da Unisul, SC, em
que, com uma solução simples, inovam e agregam con-
cooperação com a escola francesa ENSCI.
forto no uso; a mesa Delta, pela plasticidade e essencia-
Projeto profissional, com elementos que remetem a
lidade de seu desenho.
uma cultura local, destacou-se a espreguiçadeira
Nasce uma nova geração de bons designers. Profis-
Hamaca, que utiliza um belo macramé de couro.
sionais conscientes do que desejam criar, e que vieram
Um produto uruguaio, muito simples, essencial, nos
para ficar. O que muito nos alegra. i
À esquer da, o 4º lugar, pol tro na Trama, design Zanini de Zanine Caldas, em metal e fibra, mate riais cons tan tes em seu tra ba lho. Acima, Dedos, pro du to sele cio na do, de Felipe Zanardi, em vidro in je ta do, tem seu dife ren cial na alça vaza da na área inter na do copo
51 ARC DESIGN
NORBERTO “LELÉ” CHAMMA
ENTREVISTA: ENTREVISTA:
Ele fundou a Und Corporate Design em 1978, em São Paulo. Naquele período, colocar para moer um escritório de design era, no mínimo, desafiador. Passados exatos 30 anos, Lelé, criador de mais de 500 logomarcas, resolve compartilhar sua experiência no simpático livro “Marcas e Sinalização – Práticas em Design Corporativo”. Amante da narrativa e fascinado pelos “causos” do design, Lelé, junto com o seu sócio Pedro D. Pastorelo, revela ao público a sua larga experiência. Seu intuito: ajudar estudantes e profissionais a trilhar caminhos cada vez melhores e (por que não?) mais prazerosos na profissão Mariana Mariana Lacerda Lacerda
Roberta Dabdab
52 ARC DESIGN
ARC DESIGN – Por que con tar tudo agora?
cedimentos que resumem a maneira como nos posicionamos.
LELÉ – Um amigo psiquiatra comentou que publicar livro de
Eu apenas alonguei esse formato.
experiências é bem típico de quem faz 60 anos. Ou seja: chega uma hora em que é preciso prestar contas. Acho que é isso,
AD – Há uma gene ro si da de na forma em que você trans mi te e
porém há um pouco mais. Muito do que aprendi sobre comu-
aconselha os leitores a como agir ou se posicionar face à pro-
nicação visual se deu conversando com os professores após
fissão e ao mercado.
as aulas, nos corredores da USP. Acredito muito na troca de
LELÉ – Em nosso escritório, não temos escrito na sala de
experiências enquanto aprendizado e foi isso que resolvi fazer
entrada, em uma bela placa, algo como “nossa missão é...”.
com a publicação do livro: compartilhar. Além disso, quando
Porque temos imbuído em cada um de nós que a nossa mis-
eu tinha tempo livre, gostava de escrever sobre os “causos” de
são é fazer bem-feito, trabalhando com diversão, sinceridade,
design. Contar coisas, por exemplo, sobre como é acompanhar
companheirismo. É uma forma que combina conosco e que
um cliente em Serra Pelada para criar a sinalização de um
também com os nossos clientes. Já vi muita gente ser explo-
supermercado na região. Então, sempre tive dezenas de pilhas
rada profissionalmente, garotada recém-formada e fazendo
de papel com registros de experiências como essa. Mas não
trabalho de graça, sem contrato, sem idéia de quanto cobrar
imaginava publicar isso. Publicação custa dinheiro e sempre
ou dimensionar os contratos. Percebi que os es-
fui dono pobre de escritório rico. Até um dia em que um
tudantes saem da faculdade e não sabem fazer
amigo propôs fazer o livro pela Editora Senac, que aceitou a
uma proposta. Por isso dedico um pouco do
idéia. Optamos em mostrar práticas, embora as teorias este-
livro ao tema. Escola e mercado parecem
jam por trás. Por isso o livro tem uma estrutura didática. Foi
ser dois mundos à parte. Outra coisa: no
simples montá-lo porque no escritório trabalhamos com pro-
escritório, nos ajudamos sempre, inclusive
O pro je to para a nova iden ti da de visual da Casa Santa Luzia, feito pela Und em 1999, foi fiel ao conceito de soli dez que a empresa con quis tou ao longo dos anos. Foi cria do tam bém um mono gra ma (ao la do), ícone comum à tradição da socie da de pau lis ta na. No alto, à di rei ta, o novo logo ti po, com as li nhas que remetem à anti ga marca de 1949, usadas nas sa co las plás ti cas. Já na saco la de papel kraft, aci ma, fo ram re cu pe ra dos os arcos da marca ori gi nal
53 ARC DESIGN
Acima, à esquerda, Gregório Gruber, artista plástico, e Lelé, trabalham no pro jeto dos v i trais da Casa Santa Luzia, colocados após a reforma em 2002. Na sequência, outro registro histórico: manual de identidade visual da marca São Martinho (1986), feita no processo de paste-up, com a utilização de letraset, como se trabalhava na era pré-computador
em outros trabalhos que não sejam necessariamente nossos,
Após 15 dias, eu saí correndo desse lugar, porque percebi que
como um free-lances que algum colega esteja envolvido. Nos
nos ambientes onde existem lógicas fortes de hierarquia e
anos 1970, quando eu saí da faculdade, existiam muitos con-
burocracia simplesmente as coisas não funcionam. Menos ain-
cursos de arquitetura. E como eu fazia comunicação visual,
da se houver qualquer forma de agressividade. Na nossa área,
sempre ajudava meus colegas a dar um molho na apresenta-
a diferença entre o “apenas bom” e o “excepcional” está liga-
ção dos projetos. Ia de escritório em escritório e ajudava,
da ao quanto você coloca de paixão em um projeto. Quando
fazia café para quem estava varando a noite para participar
você faz apenas por obrigação, você faz de um jeito simples-
de concursos. Éramos menos competitivos e mais solidários.
mente “ok”. Quando você faz porque deseja aprender, estudar,
Eu conservei esse espírito. Conversávamos, éramos abertos,
descobrir e criar, rende muito mais. Isso só acontece em um
livres. Mantive isso na minha forma de trabalhar e falo desses
ambiente onde a troca é possível. Outra coisa importante:
aspectos no livro.
cada pessoa se enquadra num jeito, num estilo. É preciso olhar com muita sinceridade para cada pessoa com quem se
AD – Já teve dúvida de que era essa a melhor forma de se trabalhar?
trabalha, para extrair o melhor que ela tem a dar. Ambientes
LELÉ – Quando me formei, fui trabalhar em um escritório.
burocráticos e hierarquizados impedem isso. Trabalhamos,
Parte do pro cesso de con cep ção da sina li za ção do Senac. Foram uti li za das refe rên cias da ar te Pop (Va sa rely, abai xo), bus can do uma ima gem jovem e atual. A forma elíp ti ca do lo go ti po da ins ti tui ção e as cores vibrantes tam bém foram re fe rên cias pa ra o dese nho dos prin ci pais su por tes pa ra si na li za ção. Na pá gi na ao lado, pro je to con cluído
54 ARC DESIGN
Logotipo e siste ma de sina li za ção para a Rodovia Nova Dutra, implanta dos após sua pri va ti za ção, em 1995. O desa fio era criar um siste ma fle xível que se ade quasse às mais diversas apli ca ções, co mo sina li za ção, frota, uni for mes, cabi nes de pedá gio. E que, acima de tu do, con quistasse a cre di bi lida de entre os mais de 100 mil usuá rios diários, a maio ria ca mi nho nei ros. O resultado é um siste ma que uti li za co res vibrantes, dando vida a esta rodovia
então, de forma diferente, comprometidos com o trabalho,
Por outro lado, existe um ponto em comum entre todos os
com o jeito de cada um, valorizando o melhor de cada um e
nossos clientes: são empresas nacionais, com as quais a gente
não penalizando os outros pelas suas falhas. Praticamos isso
fala com o dono. Não trabalhamos com multinacionais. Nada
de coração. E tem funcionado.
contra, mas porque, simplesmente, não sei com quem eu estou falando e quais são os mecanismos de decisão de uma multi-
AD – Você tra ba lha sem pre com um uni ver so de clien tes dife -
nacional. Em nosso escritório, prezamos em falar diretamente
ren tes entre si. Como é se rela cio nar com a dife ren ça, a
com quem decide.
diver si da de? LELÉ – Esse é o fascínio, aí é que estão a diversão e o enten-
AD – Como nasce a idéia de uma logo mar ca?
dimento de que cada projeto é um aprendizado. Por exemplo,
LELÉ – Vou res pon der citan do um exem plo. A pri mei ra estra -
estou desenvolvendo um trabalho que envolve a criação da
da con ces sio na da no Brasil foi a Nova Dutra (entre Rio de
identidade visual de uma rede de revenda de motocicletas. Fui,
Janeiro e São Paulo) e teve lin gua gem visual cria da em
então, andar nas ruas para ver lojas de peças. Ou seja, fui
nosso escri tó rio. Para desen vol vê-la, fomos per cor rer a
observar de perto como é esse mundo e como ele funciona.
estra da. E o que vimos foi uma forte lição de so cio lo gia. Um
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Acima, evolução do logotipo da Droga Raia. À esquerda, marcas originais da empresa, de 1984 e 1986. Na sequência, redesenhos da logomarca feitos pela Und: em 1991 (inclusão da cruz e moder ni zação da tipografia; e em 1999, marca usada até hoje. Na ocasião foram criadas assi na tu ras para ser vi ços e pro cu rou-se uma padro ni za ção da rede
Abaixo, à esquerda, lo go ti po da Amil, clien te da Und desde 1988. O escritório participa de to da a co municação vi sual da empresa, incluindo agências, hospitais, apli ca ções gráficas e até si na lização de helicópteros. Repare no trabalhoso processo de re desenho da marca
dia, está va mos fazen do uma via gem e pas sa mos num lugar onde havia um cami nhão de carne tom ba do. Em vol ta do cami nhão, vimos mui tas pes soas com faca, caça ro la, saco plás ti co, para rou bar carne. E, do outro lado, uma guar da arma da fazen do a segu ran ça. A carne, por sua vez, esta va sen do reco lhi da por um cami nhão-caçam ba, des ses de se trans por tar terra. Um enge nhei ro da estra da comen tou comi go: “você não tem idéia das pes soas que vivem das des gra ças da Dutra”. Isso é socio lo gia pura. Uma frase como essa te mos tra o país em que esta mos. Como se uti li zar esse tipo de in for ma ção no tra ba lho, na cria ção de uma pro pos ta de de sign? Nós per ce be mos que a pai sa gem e a vida na Dutra são cin za. Dessa forma, pro pu se mos uma marca colo ri da e gene ro sa. AD – Para con tras tar com a rea li da de da estra da? LELÉ – Não só isso. Você tem que ser inte li gí vel para o
À direi ta, marca de 1982 cria da para a casa de shows Palace, desen vol vi da bus can do um “clima Broadway anos 1930”. No pé da pági na ao lado, pro je to para os Hipermercados Extra (1989), cujo con cei to adota o triân gu lo em todas as mani fes ta ções visuais da empresa. Na sequên cia, lo go ti po para o Hospital Sírio Libanês, que recu pe rou o selo da marca ori gi nal, alian do tra di ção e moder ni da de. A Und assi na tam bém a sina li za ção inter na do hos pi tal
56 ARC DESIGN
Lelé acompanha de perto a pintura de barco em Por tugal. O escritório criou a comunicação visual do barco de Paul Gaser para a competição Power boat, a Fórmula 1 da motonáutica
usuá rio e dar sem pre um pouco a mais. Não
AD – Um exem plo? LELÉ – O projeto de sinalização das escolas do SENAC.
precisa dar uma res pos ta que se -
Certa vez, um amigo comentou: “o SENAC é pop”. Aí eu come-
ja um pouco mais do que o usuá rio está
cei a pesquisar sobre esse conceito. E o projeto inteiro aca-
que ren do ou pre ci san do. O que não quer dizer que o pro -
bou sendo baseado nisso. Acumulei muitas informações sobre
je to seja her mé ti co.
o universo pop e cruzei com as informações que tinha sobre o SENAC. Acho que funcionou. De toda forma, ainda conside-
AD – Percebo que você parte sem pre de uma gran de pes -
rando que cada caso seja particular, seguimos algumas regras
qui sa para criar.
básicas nos projetos de sinalização: mais de quatro informa-
LELÉ – Acho que isso serve para toda pro fis são. Você
ções na mesma placa é difícil de o usuário apreender. Quando
cria um rotei ro, como de um filme, para o dese nho que
fizemos o projeto de sinalização da Rodoviária Tietê, encontra-
pre ten de ela bo rar. Esse rotei ro, por sua vez, nasce a
mos uma placa com 16 informações. As pessoas ficavam para-
par tir de um mer gu lho na rea li da de do clien te. A inten -
das durante horas para entender aquilo. Tudo deve estar claro,
ção é sa ber em que mundo o clien te está viven do e se
legível, sem modas, para que o usuário possa ler corretamen-
comu ni ca. Você abre um leque de mil pos si bi li da des, mas
te e rápido. Fontes altamente legíveis. Não estamos aqui para
é a par tir dele que encon tra o ângu lo certo. No final, tu -
sermos professores. Mas sim para dizer que acreditamos que
do é apren di za do.
esse é um processo que pode funcionar. i
57 ARC DESIGN
HOTEL BUTIQUE Casa Hotel pro põe o pio nei ro con cei to de hotel- design, ins ta la do no WCT em for ma to de mos tra per ma nen te. Decoradas com os mais recen tes lan ça men tos do mer ca do, suas suí tes agora estão aber tas à hos pe da gem para quem gosta de assi na tu ras de peso e muita exclu si vi da de Da Redação
Eduardo Girão
Um evento voltado ao mercado hoteleiro nacional, que oferece propostas exclusivas e assinadas para hospedagem. Com esse perfil, Casa Hotel chega à sua 2ª edição no WCT paulistano, que disponibilizou dois de seus andares para se transformar em um inédito hotel-design. Nos moldes da mostra de decoração Casa Cor, marca que organiza o evento, 44 arquitetos, decoradores, designers e paisagistas conceberam 36 ambientações de quartos, suítes e áreas comuns de hotéis. A diferença essencial do evento-matriz e do seu desdobramento é o fato de este ser permanente. Enquanto Casa Cor pretende trazer conceitos em espaços quase cênicos e desmontáveis, as propostas do Casa Hotel são feitas para ficar. Um diferencial capaz de conferir personalidade aos hotéis. Casa Hotel esteve aberto à visitação no quinto andar do WCT, com 20 suítes simples e quatro duplas, e no 16º andar, onde foi instalada uma suíte presidencial de 510 metros quadrados, além das concepções do lobby de 700 metros quadrados e de um SPA na área de lazer do hotel. Nomes como Fernando Piva, João Armentano, Esther Giobbi e Marina Linhares, entre outros tradicionais participantes da Casa Cor, marcaram presença ao lado de cinco profissionais das edições do evento no Panamá, Peru e Suécia. Chamaram atenção propostas inusitadas, como uma releitura das lúdicas casas de árvore com madeiras da Tora Brasil e acessórios em fibras naturais do Empório 58 ARC DESIGN
João Ribeiro
Na pági na ao lado, lumi ná ria de Fernando Piva, pro du zi da pela Bertolucci e presen te na suíte da perua na Mari Cooper (nº 521), além da arro ja da, mas, inti mis ta suíte do arqui te to Francisco Cálio (nº 1603-05). Nesta pági na, duas ver sões in ter na cio nais: a sus ten tá vel (ao lado), de Thomas Herrs tröm e Jo nathan Kim, para a sueca Narrativ (nº 515), e a con cei tual, das pana me nhas Gladys Escoffery M., Nelba Gávez A. e Ana bella de Celis (nº 516)
João Ribeiro
59 ARC DESIGN
João Ribeiro
Beraldin. A Guardian levou espelhos, cristal transparente e o negro Ebony, todos da linha DiamondGuard, a 60% dos ambientes, enquanto a Cinex apresentou Dolomiti, porta de correr de vidro e alumínio que integrava espaços contíguos. A Corian surpreendeu nas áreas molhadas, assim como o LG Hi-Macs, lançamento da LG Interiores, um composto de minerais e polímeros acrílicos ultraflexível, que foi aplicado na criação de estruturas construtivas de forte impacto visual. Nos acabamentos, destaque para novidades como interruptores, tomadas e comandos elétricos das linhas Living e Light, da BTicino. A placa Argento Lúcido dispõe de acionamento inteligente para controle de luzes, persianas e eletrodomésticos, entre outras comodidades. i
Com ambien ta ções em dife ren tes esti los, a suíte presi den cial rece be a assi na tu ra de dez pro fissio nais reno ma dos: Camila Vieira Santos, Bebel Alves de Lima, Marí Aní Oglouyan, Mara Chap Chap, Marta Sá Oliveira, Ni de Barros Barreto e Marcelo Novaes, Marina Linhares ( living e bar, acima), Esther Giobbi (suíte 1, abai xo) e Gustavo Motta (hall e lava bo, pági na ao lado, abai xo) Demian Golovaty
60 ARC DESIGN
João Armentano assi na a suíte nº 1606/08, acima, no mais puro esti lo loft. O arqui te to uti li za trans pa rên cias para dar ver sa ti li da de às áreas, to das de altíssi mo pé-direi to, sem divi só rias ou bar rei ras visuais. Ela inte gra dor mi tó rio, estar, local de tra ba lho, banhei ra envol ta por vidros e uma varan da da suíte ori gi nal, rea ti va da para criar um sola rium e brin dar o hós pe de com o skyli ne da cidade Eduardo Girão
61 ARC DESIGN
CADERNO DE ARQUITETURA
MECANOO Ousadia colorida no Da Vinci College
CHIC DA SILVA Arquitetura social e coletiva
VILA SANTA THEREZA
Christian Richters
Revitalização em Bagé
Vinci College de Dordrecht foi concebido a partir de jogos de contrastes entre materiais, formas e arranjos. O resultado é um conjunto heterogêneo de nove edi fí cios, defi ni do por seus cria do res como “uma cida de den tro da cida de” Carine Portela / Fotos Christian Richters
O CÓDIGO MECANOO
Projeto emblemático do escritório holandês mais inventivo da atualidade, o Da
À esquer da, exem plo de mis tu ra de mate riais no refei tó rio prin ci pal: aço cor ten para os ele men tos estru tu rais, madei ra para os bri ses e vi dro para os pai néis de fecha men to. Na foto maior e no deta lhe aci ma, duas visões do inte rior do "Icon": facha da envi dra ça da e cafe te ria. No pré dio cen tral, todos os ambien tes seguem a mesma lin gua gem cro má ti ca
Combinar idéias, encaixar elementos, misturar matérias-primas. Assim, como se fosse uma brincadeira, o time de arquitetos holandeses do Mecanoo define os princípios fundamentais de seu “modus operandi”. O nome do escritório deixa ainda mais explícita a estreita relação com o lúdico: trata-se de uma referência ao Mecanoo, o famoso brinquedo inglês de construir, considerado o precursor do Lego. Uma das mais recentes criações da equipe, o Da Vinci College, em Dordrecht, Holanda, parece seguir à risca essa filosofia. Em cada um dos nove edifícios que compõem o complexo educacional de 22 mil metros quadrados, revela-se uma nova linguagem arquitetônica, pontuada por traços, cores e composições completamente distintas. 68 ARC DESIGN
Não por acaso batizado de “Icon”, o prédio central é a
espaço se destina: artes, economia, marketing, engenha-
peça fundamental do conjunto. Suas curvas – ora côn-
ria e estética são apenas algumas das opções oferecidas.
cavas, ora convexas – foram criadas a partir de peles de
Além de criar um visual impactante, a personalização
vidro de um colorido vibrante. A leveza e transparência
ajudou a dimensionar o colégio à escala humana. Para
da fachada, no entanto, contrastam com o peso e a opa-
o time do Mecanoo, nada mais lógico: “adotar formas
cidade dos elementos cônicos de concreto, instalados na
repetitivas, em um espaço projetado para receber 5 mil
base do edifício. “É exatamente por meio da tensão de
alunos, poderia transformar facilmente a obra em uma
materiais opostos que criamos composições fortes”, de-
estrutura sufocante”.
clara Francine Houben, arquiteta-diretora do Mecanoo.
Com a configuração escolhida, o Da Vinci College ins-
Nos outros edifícios, matérias-primas tão diferentes
pira liberdade. Os pavilhões independentes conectam-
quanto aço corten, zinco, estuque, alvenaria e alumínio
se por quarteirões, ruelas, praças e pátios, por onde os
se combinam para criar o efeito desejado por Francine.
estudantes transitam como se realmente estivessem
O design de interiores também é único em cada sala de
em “uma cidade dentro da cidade”. Nessa urbe contem-
aula, relacionando-se com a área de interesse a que o
porânea, ainda há lugar para um moderno complexo 69 ARC DESIGN
Acima, pátio de cir cu la ção: nessa área, passa re las e cor re do res ga rantem a comu ni ca ção entre as dife rentes salas de aula. Abaixo, exem plo de centro de trei na mento, com mobi liá rio cria do pelos alu nos
esportivo, diversas lojas, lanchonetes e restaurantes. Durante a construção, os princípios filosóficos da escola, que busca preparar os alunos para o mercado de trabalho, foram colocados em prática. A convite dos profissionais do Mecanoo, os estudantes tornaram-se parceiros na elaboração do projeto, ajudando a criar o mobiliário e o sistema de segurança dos prédios. Incentivar os clientes a participar ativamente de todas as fases da concepção arquitetônica, aliás, é uma característica marcante do escritório holandês. A estratégia foi utilizada em projetos importantes do portfólio Mecanoo, como a biblioteca da Universidade de Delft (1997), o National Heritage Museum de Arnhem (1995) e o World Trade Center de Roterdã (2003). i 70 ARC DESIGN
Cortesia Office for Metropolitan Architecture (OMA)
O PARAÍ SO ARTIFI CIAL DE REM KOOLHAAS
Cortesia Office for Metropolitan Architecture (OMA)
O provocativo arquiteto holandês que, há mais de uma década, desenvolveu o conceito de “cidade genérica”, uma crítica radical à falta de identidade das metrópoles contemporâneas, agora tem a chance de mostrar ao mundo o seu ideal de espaço urbano. Tratase de Waterfront City, uma ilha artificial de 1.300 metros quadrados entre Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. O plano-diretor criado por Koolhaas e sua equipe do OMA, Office for Metropolitan Architecture, divide a ilha em 25 quarteirões idênticos, mas propõe, para cada um deles, a implantação de edifícios singulares: um arranha-céu espiralado, de 82 andares, traz à mente as formas da Mesquita de Samarra, cartão-postal iraquiano; uma esfera colossal, de 44 andares, exibe traços que, segundo o jornal New York Times, podem ser comparados aos do arquiteto francês Étienne-Louis Boullée, do século 18; já as torres inclinadas que se unem no topo, formando uma figura geométrica vazada, parecem uma nova versão da sede da TV estatal chinesa, em Pequim, criação do OMA. Para Koolhaas, o uso de idéias “genéricas” em seu paraíso não se trata de uma contradição, mas sim de “buscar uma perspectiva otimista, diante do inevitável”. www.oma.eu
72 ARC DESIGN
Benny Chan
Os clientes queriam uma casa que partisse de idéias sustentáveis, valorizasse o terreno e, ainda, pudesse ser construída com poucos recursos financeiros. A missão foi encomendada ao arquiteto norte-americano Hagy Belzberg, pupilo de Frank Gehry, que respondeu com o projeto da Skyline Residence, uma casa com traços – e uma vista – de tirar o fôlego: as colinas de Hollywood. No meio de tantos vidros emoldurados por linhas de pura geometria, as atenções dos moradores e visitantes ficam mesmo divididas entre a paisagem, as ousadias estruturais de Belzberg e o home theater ao ar livre, que faz referência aos tradicionais drive-in norte-americanos. Para reduzir custos, a opção foi utilizar apenas materiais produzidos localmente, o que ainda diminuiu os gastos com transporte e, como consequência, a taxa de gás carbônico enviada à atmosfera. Para geração de energia, a casa ganhou painéis solares e turbinas eólicas. www.belzbergarchitects.com
Benny Chan
Benny Chan
UM PROJETO DE CINEMA
73 ARC DESIGN
Virgile Simon Bertrand
ARTE, MODA E ARQUITETURA
74 ARC DESIGN
ÁREAS PEQUENAS? Camas para cima! Essa é a proposta do Bed UP, projeto de mobiliário da Decadrages, empresa parisiense que inventou e fabrica, entre outros móveis, camas que abrem espaço em lugares apertados. Quando suspenso, o móvel libera até 4 metros no ambiente. E tudo de maneira bem fácil – basta elevar ou abaixar a cama com uma barra de ferro ou, simplesmente, apertar um botão (caso de projetos automatizados). Em diversos tamanhos e materiais, as camas ainda podem ser personalizadas com acessórios extras, como pezinhos, spots de luz e criados-mudos. O custo, por enquanto, é bastante elevado (cerca de 2.300 euros) e a novidade ainda não chegou ao Brasil, mas já virou febre na Europa. www.bedup.fr
Julien Clapot
Julien Clapot
Uma parceria afinada entre o estilista Karl Lagerfeld e a arquiteta Zaha Hadid deu origem ao Chanel Art Mobile, um contêiner de exposições que vai viajar o mundo – passando pela Ásia, Europa e América do Norte – até 2010. Dentro da cápsula cur vilínea desenhada pela arquiteta iraquiana, serão expostos instalações, esculturas, fotografias e vídeos de arte. Assinados por 20 artistas contemporâneos, entre eles Yoko Ono, todos os trabalhos foram inspirados em um dos maiores ícones da moda: a bolsa pespontada que é marca registrada da Chanel. Inaugurado no início de março, em Hong Kong, o museu itinerante agora segue rumo a Tóquio, e já tem passagem marcada para N. York, Londres, Moscou e Paris – o destino final. www.chanel-mobileart.com
A GRAN DE PIRÂ MIDE-MEMO RIAL
Flávio Kiefer
Relacionar arquitetura e morte não é uma idéia nova – o conceito foi abordado em todas as civilizações de que se tem notícia. Na nossa, um plano audacioso pretende, mais uma vez, revolucionar a questão. The Great Pyramid é o projeto alemão de um cemitério pós-moderno, que propõe guardar, em cada pedra de sua estrutura, uma cápsula com cinzas e memórias de quem desejar deixar sua marca para a posteridade. Segundo seus idealizadores, a obra será erguida “pedra a pedra” podendo crescer indefinidamente, até se tornar “a maior construção do planeta”. O projeto final será escolhido a partir de um concurso internacional, lançado em setembro de 2007. O local de implantação ainda não foi definido, mas quem quiser reser var uma pedrinha com seu nome já pode inscrever-se no site oficial do empreendimento. www.thegreatpyramid.org
REVITALIZAÇÃO EM BAGÉ A Vila de Santa Thereza, a 6 quilômetros do centro de Bagé, no Rio Grande do Sul, terá seu patrimônio resgatado a partir de um projeto de revitalização comandado pelo arquiteto gaúcho Flávio Kiefer. Ícone da economia do charque, que dominou a planície platina no início do século 20, a vila conta com um rico conjunto de edificações que vêm degradando-se pouco a pouco. Para recuperar o sítio, o projeto prevê a restauração da capela e seu entorno, a construção de uma casa de espetáculos contemporânea sobre as fundações do antigo teatro e a transformação de um casarão clássico em museu regional. Segundo Kiefer, o objetivo é produzir “um ciclo virtuoso de recuperação urbanística e incentivo econômico”, estimulando o turismo e devolvendo à região seu valor histórico e cultural. www.kiefer.com.br
75 ARC DESIGN
ARQUITETURA SOCIAL PRE MIADA Da vontade de levar arquitetura àqueles que não têm acesso ao arquiteto, nasceu o Chiq da Silva, projeto coletivo para a reforma do edifício Chiquinha Gonzaga, no Rio de Janeiro. O prédio pertencente ao INCRA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, foi abandonado há mais de 30 anos e, em 2004, ocupado por 64 famílias. O foco da proposta, que deve sair do papel ainda em 2008, é promover a sustentabilidade social e garantir condições para que os ocupantes – muitos deles ex-moradores de rua – possam se reinserir na sociedade. Além de novas plantas e fachada, o edifício ganhará creche, biblioteca e salas de inclusão digital. Depois de se destacar na 7ª Bienal de São Paulo, a iniciativa dos arquitetos Carol Rezende, Daniel Wagner, Gilberto Rocha e Thais Meireles foi premiada pelo IAB/RJ como melhor projeto de 2007 na categoria “edifícios residenciais”. www.chiqdasilva.com
76 ARC DESIGN
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Apoio Institucional: REDAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Chefe de Redação Cristina Teixeira Duarte Revisora Jô A. Santucci
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