R$ 18.00 Nº 61
ARC DESIGN
2008
Nº 61
2008
REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
ZAHA HADID EM ZARAGOZA
COZINHAS: ITÁLIA X BRASIL
ARQUITETURA FEITA DE ÁGUA
AMAZÔNIA INDÍGENA
HUMBERTO CAMPANA EM CASA
BRASIL: DESIGN EM CANNES
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BLACK YELLOW MAGENTA CYAN
21.07.2008 18:13
Artesanato da melhor qualidade: são os povos indígenas da Amazônia ganhando evidência. Não falamos de arte indígena, mas de objetos cotidianos ou ritualísticos, produzidos agora – e iguais a sempre. Em contrapartida, objetos e móveis como nunca se fez – é a mostra do holandês Maarten Baas, na Galeria Rossana Orlandi, Milão. Outra beleza desta edição é a Expo Zaragoza 2008, com ponte de acesso e pavilhão assinados por Zaha Hadid; a água, tema do evento, é parede e estrutura do Digital Water Pavilion. Inacreditável! Humberto Campana, desta vez sem Fernando, nos mostra sua casa. É nova – no sentido amplo da palavra –, divertida, original. Bem, é Campana. Betty Birger também nos define a arquitetura de interiores e a Marca Registrada traz a obra de David Bastos, um baiano do mundo. Dedicadas a nossos “leitores consumidores”, as cozinhas e seus apetrechos, das européias às brasileiras, ganham destaque. E mais: um universo de objetos cotidianos, da moda ao esporte, com direito a certa futurologia. Ah! O futuro. Ele não existirá sem tomarmos consciência de que é responsabilidade nossa. Destacamos a conferência da arquiteta finlandesa Kaarin Taipale sobre construções sustentáveis e notícias breves sobre empresas que, se ainda não chegaram lá, estão “no caminho certo”. Design e Comunicação é uma nova rubrica, que vai além do design gráfico e traz o resultado da estréia dessa categoria no Festival Internacional de Publicidade em Cannes. “Um gosto de quero mais”, crítica elogiosa ao projeto Babaçu, de Heloisa Crocco e equipe. É também pretexto, não propriamente uma crítica ao nosso design de raiz artesanal – mas o desejo de ver projetos mais ambiciosos e diversificados nas abordagens. Aproveitamos para deixar no ar uma questão e um desafio. Desafio aos designers e aos apoiadores do desenvolvimento de nosso artesanato. Leiam, reflitam, concordem ou não, e mandem-nos suas observações. Vamos estabelecer um diálogo, um debate e também torná-lo público? ARC DESIGN agradece a adesão. Maria Helena Estrada Editora
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SÓ O VERDE NÃÕ BASTA
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Julia Garcez
Cristina Teixeira Duarte
DIFERENCIAL PELO DESIGN
Redação e Maria Cristina Moura
NOUVELLE CUISINE
Maria Helena Estrada
AMAZÔNIA NA VITRINE
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design brasileiro
em foco
design e inovação
sustentAção
O desenho indígena, ótimo, em uma seleção confiável. Viste a GaleriAmazônica, inaugu rada em Ma naus e destinada a promover e comercializar os produtos de comunidades indígenas e outras culturas “primitivas” do nor te do Brasil
Uma seleção da Eurocucina, Milão, e a evolução das cozinhas brasileiras. Qual o papel hoje deste antigo cantinho da casa, na utilização, distribuição e decoração dos ambientes? E mais: um variado repertório dos modernos utilitários oferecidos pelo mercado
O design de superfície chegou para ficar, e uma das empresas que mais tem contribuído para estabelecer esse diferencial é a catarinense Portinari, do grupo Cecrisa, que aposta no design para a consolidação de conceito e identidade da marca
Resumo da conferência da arquiteta finlandesa Kaarin Taipale, uma das maiores especialistas em construções sustentáveis no mundo, durante a recente Conferência Internacional de Empresas e Responsabilidade Social do Instituto Ethos, em São Paulo
capa
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ZAHA HADID, BRIDGE PAVILION
REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO
Relação simbiótica entre engenharia e arquitetura na construção da ponte-pavilhão para a Expo Zaragoza 2008, uma das raras pontes habitáveis no mundo, hospeda a mostra “Water, Unique Resource”
nº 61, agosto 2008
Foto da capa: Luke Hayes
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Julia Garcez
O PODER DAS IDÉIAS
À BASE DE ÁGUA
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Julia Garcez
SOTEROCOSMOPOLITANO
Cristina Teixeira Duarte
A TOCA DO ALQUIMISTA
Cristina Teixeira Duarte
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radiografia de um projeto
marca registrada
arquitetura
design e comunicação
Um espaço Campana – desta vez para morar. Arquitetura despojada, livre para receber uma incrível estante e as constantes mutações de um inquieto designer. É o novo apê de Humberto Campana
Um panorama da arquitetura de David Bastos, que sabe conferir universalidade às suas referên cias baia nas, em obra que transcende os regionalismos. Leveza, descontração e, principalmente, identidade própria
Destaque da Expo Zaragoza 2008 é o Digital Water Pavilion, projetado por arquitetos de Turim, cujas paredes são cortinas líquidas. Absolutamente inusitado, o projeto cria espaço interativo, reconfigurável, com amplas possibilidades de uso
Estreante no Festival Internacional de Publicidade de Cannes, Design Lions, com número surpreendente de inscrições, reconhece a impor tância do design para a indústria de comunicação e premia três trabalhos do Brasil
news
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A CASA ITALIANA UMA NOVA ESTÉTICA
design brasileiro A CRIATIVIDADE PEDE PASSAGEM SABOR DE QUERO MAIS
mostras
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sustentAção NO CAMINHO CERTO
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universo FASHION-HITS ESPORTIVO MATERIAIS VEM POR AÍ
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arquitetura REARQUITETURA DE INTERIORES
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como encontrar
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LIMITE ENTRE FORMA E TEX TURA Esse é o questionamento da linha de vasos de porcelana Plissan, em que forma e textura se fundem no desenho de Aleverson Ecker, Henrique Serbena e Luiz Pellanda para a paranaense Holaria Cerâmica. O trabalho, juntamente com as linhas Gelo e Ópticos, foi às finais do 8th International Ceramics Competition Mino, no Japão, importante premiação do segmento. E será lançado por aqui este mês, na XIX Mostra Marco 500. (11) 3662 5530, www.holaria.com.br
MILÃO COM MANGÁ Antes do design de objetos, Vera Souto foi estilista, um atributo a mais para identificar na moda, no décor e na cena cultural os vários tratamentos dados à temática oriental neste centenário da imigração japonesa. Entre as referências criativas, surge a linguagem do mangá (histórias em quadrinhos japonesas) em versões surpreendentes. Aqui, os desenhos são impressos digitalmente em tecido criado por Vera para a mesa Milão, que tem acabamento de resina e está disponível na Esencial. (11) 3168 5601, www.esencial.com.br
BOM DESENHO Design autoral é uma prerrogativa da Montenapoleone, que desenvolve linhas próprias e mantém parceria com importantes empresas internacionais. Seu showroom oferece estofados, mesas e acessórios da Tekno, da exemplar Giorgetti, da Ememobili e também da Flexform, que produz a cadeira Hollywood, de Antonio Citterio. Uma peça em níquel cromado ou polido, e couro nas cores preta, marrom e branca. (11) 3083 2300, www.montenapoleone.com.br
METÁFORA DE LUZ Depois de brilhar mais uma vez com sua cenografia nas semanas de moda do eixo Rio-São Paulo, José Marton voltase para outra paixão, a criação de objetos. Versátil, o designer e artista plástico desenvolveu pela Marton + Marton para a Dominici o pendente Xifópago, em alumínio, com cubos de acrílico e lâmpada halógena. Metáfora sobre os seres vivos, interligados pela mesma luz e energia. (11) 3087 7788, www.dominici.com.br
LOJA-ESTAÇÃO DE DESIGN Instalada no shopping curitibano Palladium, a Imprima Fácil é uma loja futurista para gráfica digital, que oferece em área de apenas 30 m2 ser viço de impressão sob demanda (cartões, papéis timbrados, envelopes, etc). “A referência é a linguagem internacional do retrofit dos lofts, com exposição total das tubulações de infra-estrutura, decoração arrojada e mobiliário moderno”, diz a arquiteta Mariana Man-
B&B ITALIA STORE
zoni, do Studio MG2, que assina este projeto capaz de acomodar ma-
A Atrium acaba de instalar em seu showroom paulistano
quinário, materiais e usuários com eficiência, estética e praticidade.
uma flagship da B&B Italia Store. Ali estarão os melhores
www.imprimafacil.com.br
produtos da marca, incluindo lançamentos simultâneos aos seus endereços internacionais. São móveis e objetos assinados por um time de peso, como Patricia Urquiola, Antonio Citterio, Zaha Hadid e Jeffrey Bernett, designer norte-americano que esteve presente à inauguração, trazendo, além da Landscape (foto), edição especial de nove peças de sua famosa poltrona Tulip. (11) 3061 3885
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Composite
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LUZ COM ESTILO Tudo o que reluz é ouro, aço e cristal na coleção 2008 da Scatto Lampadário, que propõe um jogo lúdico entre luz, cor e forma. Nas muitas influências que a designer Rita Valladares pontua em seus novos modelos está o design vintage, inspiração para as arandelas Disco (20 x 60 cm). Uma instigante armação de alumínio folheado a ouro, prata ou cobre, em que a sobreposição de materiais resulta em agradável iluminação indireta. (11) 3061 2262, (31) 3377 8642, www.scatto.com.br
TOP FOR BUSINESS A revista Wallpaper cita o WTC paulista como um dos lugares top no mundo para se hospedar em viagens de negócios. E destaca a suíte Milky, do arquiteto Maurício Queiroz, eleita em 2007 a melhor versão do Casa Hotel, mostra de ambientações para hotelaria. Por seu sucesso e conceito, o espaço estará aberto à hospedagem por todo o ano de 2008. O predomínio do branco exorta à paz, neutraliza o excesso de informações da metrópole e explora formas orgânicas pela luz. Tudo
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com muito design e tecnologia. (11) 3088 5211, www.wtchotel.com.br
BRILHANDO LÁ FORA Foi um sucesso a exposição dos ceramistas Elizabeth Fon-
ELEGÂNCIA CONFORTÁVEL
Arts de Bath, Inglaterra. As 48
São muitas as opções indoors da Casual Móveis, que, além
peças expostas foram adquiri-
de linhas próprias desenvolvidas por seu estúdio de criação,
das por colecionadores de arte
representa as marcas italianas Gervasoni e Flexform. É
e pela própria galeria, que passa
desta última o sofá Resort (3 x 1 m), vestido de Lux, um teci-
a representar os artistas naquele
do exclusivo composto por linho, viscose e poliéster. Em
país. Lá estavam os vasos “redon-
cores variadas, ele pode envolver todo o estofado ou receber
do com trilhas” (25 cm) e “oval com trama
braços de couro, como nesta versão que ambientou o Home
irregular” (38 cm), ambos com variações de marrom e de vinho, tons
Theater de Olegário Sá e Gil Cioni, em Casa Cor SP 2008. (11)
que têm sido alvo de experimentos pela dupla. (22) 2523 9329,
3815 0632, www.casualmoveis.com.br
www.gilbertoeelizabeth.com.br
seca e Gilberto Paim na Beaux
s e t r A s o a l a t e B quis n co no
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Para mais informações www.projetouana.com.br
belasartes.br
VERAMENTE BELA Verona nasceu do desejo de Vladimir Rigoletto de criar para a Addentro poltronas giratórias próprias para living. O designer retirou os tradicionais pés metálicos dessa tipologia de móveis, a fim de obter plasticidade sem prejuízo do melhor movimento. E chegou lá. Sua versão para a peça, marchetada e vestida de camurça, gira por mecanismos de alta precisão, elegantemente construídos em madeira maciça. (11) 5093 5841, www.addentro.com.br
SEMPRE SURPREENDENDO São muitas as novidades do Empório Beraldin. Além de trazer a marca inglesa Designers Guild com exclusividade, sua coleção 2008, In-Fluências, reúne mais de 200 itens que privilegiam como sempre a matéria-prima natural. Entre revestimentos, móveis e objetos, destaque para os tecidos feitos com a milenar técnica do Ikat, em que os fios são coloridos antes de passar pelo tear, criando sutilezas de tons e desenhos em inéditas versões para sedas, linhos e algodões. (11) 3512 7300, (21) 3512 7800, www.beraldin.com.br
EM GRANDE ESTILO Wagner Archela continua sua jornada rumo a uma carreira consistente. Depois de expor no Salão Satélite de Milão (eleito uma das melhores participações dos dez anos da mostra) e de ser alvo de várias publicações estrangeiras (capa da Interior Design com a cadeira Pazzeto), o designer lança sua nova coleção de móveis. Será em setembro, na loja Firma Casa, e tem como convidados Marva Griffin, curadora do Salone Satellite, o designer Ricardo Bello Dias e a jornalista Taissa Buescu. Apresenta peças em acrílico, E.V.A e Corian (mesa Mangue, foto), que define como “contemporâneas com memória”: atuais, mas com certo ar retrô tão discreto quanto ele próprio. (11) 3068 0377, www.firmacasa.com.br
MODERNARIATO Conceito ainda pouco difundido por aqui, o modernariato é a busca por peças modernas que se tornaram clássicas. E permeia parte do acer vo da Legado Arte, loja que expandiu esse foco em função do boom dos designers brasileiros no cenário internacional. Criações dos anos 1950-60 de anônimos, de instituições como o Liceu de Artes e Ofício e de grandes mestres são hoje cobiçadas por colecionadores. A exemplo deste banco em jacarandá, feito por Jorge Zalszupin para a L'Atelier. (11) 3061 5441, www.legadoarte.com.br
ILUMINANDO O FUTURO Led Light é uma empresa que pretende alavancar a criação
OPÇÃO RACIONAL
de luminárias exclusivamente com leds. Sob inspiração de
Conhecida pelo sistema de aquecimento de
Regina Arantes, a empresa desenvolve linhas completas para
ambientes por meio da circulação de água
iluminação, assinadas por designers brasileiros especializa-
sob pisos e paredes, a Emmeti lança agora
dos. Enquanto isso, oferece modelos no mesmo conceito da
toalheiro que seca até quatro peças em 10
marca belga Led Design Inovation, a exemplo de Barry, uma
minutos. Tubos de alumínio no interior da
esfera iluminada em alumínio anodizado. (11) 8346 6487,
peça conduzem água na temperatura de 50º
www.ledligth.com.br
a 60ºC, aquecida em caldeira que pode integrar um sistema tanto solar quanto à gás, economizando energia. O modelo disponível é o Canova, nas versões média (72 x 60 cm, 476 watts) e grande (174 x 60 cm, 1.142 watts). 0800 7700 383, www.emmeti.com.br
OBJETO DE DESEJO Design ergonômico e atual, produzido com rigorosos processos ambientais, faz das cadeiras Herman Miller o sonho de consumo – e de conforto – de muitos executivos. Caso da Aeron, Mirra e Celle (foto), esta criada pelo designer Jerome Caruso com o inovador sistema patenteado de células interligadas, flexível o suficiente para moldar sua estrutura ao usuário. A Herman Miller é a única representante oficial no Brasil da coleção Charles & Ray Eames. (11) 3049 3055, www.hermanmiller.com
Alberto César de Souza Araújo / ISA
design brasileiro Acima, facha da da gale ria e canoa da etnia Waimiri Atroari. Ao lado, tamanduá em madeira molon gó, com tin gi men to natu ral. Etnia Tikuna, Alto Rio So li mões, AM. Abaixo, expositor em papelão, design Nido Campolongo e cola res de Tucum das mulhe res do Alto Rio Negro, etnias varia das
Gustavo Tosello Pinheiro / ISA
AMAZÔNIA NA VITRINE ... um lugar de expo si ção e ven das para o arte sa na to indí ge na e a pro du ção ri bei ri nha, capaz de esta be le cer uma apro xi ma ção entre o tra di cio nal e o con tem po râ neo. Belo, útil, bem rea li za do, o arte sa na to indí ge na é per fei to. Não há que tocá-lo, atua li zar sua lin gua gem ou diver si fi car tipo lo gias. Ele é pu ro e forte, não sofreu influên cias, nas ceu com o Brasil – ou melhor, antes do Brasil 14 ARC DESIGN
Alberto César de Souza Araújo / ISA
Alberto César de Souza Araújo / ISA
Alberto César de Souza Araújo / ISA
Acima, vista geral dos nichos com produtos indígenas. À direita, Tucumarte, cesta ria em fibra de Tu cu mã, co mu nidade ribei ri nha de Urucureá, Rio Ara piuns (afluente do Tapajós), Santarém, PA; to tem em madei ra, etnia Tikuna, Alto Rio Solimões, AM
Maria Helena Estrada Por um estranho descaso, só agora começam a ser reu-
galeria é um espaço destinado à valorização da diversi-
nidos e comercializados artefatos indígenas produzidos
dade socioambiental da Amazônia.
hoje. Não a arte plumária, que está nos museus, mas
Os representantes do ISA e da Associação Comuni-
objetos de uso cotidiano ou mesmo ritualísticos.
dade Waimiri Atroari (norte do Amazonas e sul de
Foi inaugurada em Manaus a primeira loja/galeria dedi-
Roraima) pensaram o projeto com ênfase na exposi-
cada ao artesanato indígena e àquele das comunidades
ção dos trabalhos produzidos pelas etnias da Região
à margem dos rios. Chega-se à GaleriAmazônica pelo
Amazônica, ressaltando a diferença do processo arte-
mesmo piso do passeio – já famoso – que contorna todo
sanal de cada reserva, sua história e costumes, classi-
o centro histórico. Inaugurada no mês de abril, com
ficando as peças por etnias.
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200m de área em construção tombada, no Largo do
O projeto foi realizado pelo escritório paulistano Sao Ar-
Teatro, ocupa o mesmo prédio da sede do Instituto So-
quitetura e pelo designer Nido Campolongo. Os arquite-
cioambiental (ISA), entidade idealizadora do projeto, em
tos Simone Carneiro e Alexandre Skaff assinam a refor-
colaboração com a etnia indígena Waimiri Atroari. A
ma do galpão, a ambientação e locação dos equipamentos 15 ARC DESIGN
Gustavo Tosello Pinheiro / ISA
Ao lado, Roda de Maruanã, é feita com uma raiz tubu lar, sapo pe na, da samau mei ra, ati vi da de mas cu li na, geralmente cole ti va. Depois de cor ta da e des bas ta da com ter ça do, a roda é car bo ni za da em uma das faces por meio de len ta com bus tão de folhas secas de baca ba çu. Quando esfria, os pa drões são mar ca dos com faca a par tir de mol des recor ta dos em folhas de soro ro ca. O disco é pin ta do com tin tas mine rais e pin céis de cabe lo hu ma no. Pa ra es ta arte, as mulhe res são con vo ca das. A colo ca ção da ma rua nã na casa ce ri mo nial deve ser ritua li za da. Caso contrário, as pes soas que a fize ram, assim como o chefe da aldeia, serão agre di das pela visão de um ser sobre na tu ral. É utilizada para arrematar a cober tu ra inter na da tuku xi pan, casa cerimonial. Sua pin tu ra repre sen ta seres sobre na tu rais. Acima da cobertura pro je ta-se um longo mas tro, onde são in tro du zi das duas ou três vasi lhas de cerâ mi ca, embor ca das, pa ra a água da chuva não molhar a roda. Na ponta do mas tro, uma figu ra de argi la repre sen ta pete, “pomba tro cal” com um vaso nas cos tas
Abaixo, máscaras rituais Tikuna, Alto Rio Solimões, AM. Em molongó e casca de árvo re turu ri, pinta das com co rantes natu rais e uti li za das em rituais, representam ani mais, que tam bém são “gente”, assim como os homens são ani mais, sendo que cada um habita seu “mundo”
16 ARC DESIGN
Alberto César de Souza Araújo / ISA
Alberto César de Souza Araújo / ISA
e mobiliário, que foram desenvolvidos por Campolongo. São módulos expositores e anéis suspensos, executados em papelão rígido, onde as peças são colocadas. Totens cilíndricos também exibem artefatos de adorno, usados por cada comunidade. Peças de Campolongo, como a Banqueta X (agora executada em madeira, em
Abaixo, suporte de cuia, etnia Tukano, Alto Rio Ne gro, AM. Produzido com talas de paxiú ba e cipó titi ca ou wambé, serve para apoiar a cuia com o Ipa du (pó pro du zido a par tir de folhas de co ca e cinzas de fo lha de am baúba mace ra das e con su midas em rituais). Simboliza que, ao su por tar a cuia como o ho mem, assu me a representa ção do pró prio ho mem
Alberto César de Souza Araújo / ISA
Acima, Jamãxi (mochi la) Waimiri Atroari com fle chas de caça; escul tu ras em madei ra des car ta da pela indús tria naval de Novo Airão e utili za das pela Fundação Almerinda Malaquias, AM; tipi ti em Arumã dos Waimiri Atroa ri; rede em Tucum, Waimiri Atroari; ces ta ria em Arumã do Projeto Ar te Ba niwa; ao fundo, qua dro de Nido Campolongo
parceria com a Fundação Almerinda Malaquias), integram esse universo feito em látex, papelão, madeira residual e couro vegetal da Amazônia. Ter “alma amazônica”. Esse é o critério de escolha dos produtos e exposições. O repertório da GaleriAmazônica inclui a arte tradicional e contemporânea da região e está aberta à participação de artistas com trabalhos comprometidos com o tema e a região. O objetivo, além de estimular a visitação pública, é incentivar a venda e encontrar representantes para a produção das associações e das comunidades. Transparência nas relações e princípios de sustentabilidade preestabelecidos são os pilares sobre os quais foi erguido o 17 ARC DESIGN
novo espaço: valorização da diversidade socioambiental da Amazônia; compromisso com o uso sustentável dos recursos naturais, com a manutenção da floresta e com a geração de renda para produtores e suas associações; relações de longo prazo com os parceiros-fornecedores e os clientes; controle de qualidade com origem identificada. Idealizada pelo ISA, a partir de projetos de alternativas econômicas desenvolvidos nos últimos 15 anos em parceria com a FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), e associações e comunidades indígenas do Alto Rio Negro, a galeria começou a ganhar forma e força com a participação da ACWA. A GaleriAmazônica comercializa hoje peças das marcas Arte Baniwa, Waimiri-Atroari, Kumurô Banco Tukano, Wariró, Fundação Almerinda Malaquias e Hutukara
Acima, xotó em cipó e tangas de contas, etnia Yanomami, oeste de Roraima e Venezuela. Os xotós, feitos dos cipós Titica, Wambé e Jacitara, muito resistentes, ser vem para guardar utensílios e transpor tar a produção dos roçados para suas comu ni da des. As can gas, pro du zi das com semen tes ou con tas, são uti li za das como “tapasexo”. Ao lado e abai xo, minia tu ras em bala ta (bor ra cha natu ral extraí da de uma espé cie de serin guei ra), Associação Crescer, RR
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Fotos Alberto César de Souza Araújo / ISA
Associação Yanomami, entre outros. i
by
Francesco Lucchese
Produto licenciado
Rua Aspicuelta, 145
Vila Madalena Fone: 11 3097 9344
3097 8994
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A CRIATIVIDADE PEDE PASSAGEM Um perfil de Abup Show, Craft Design e Paralela Gift. Essas mostras de design, objetos e acessórios decorativos mobilizam o universo casa para expor lan ça men tos, apon tar cami nhos e redi men sio nar a própria dinâmica de criação Da Redação
Há quase uma década, profissionais e lojistas de todo o Brasil vêm a São Paulo para uma pequena maratona: visitar Abup Show, Craft Design e Paralela Gift, mostras que acontecem simultaneamente em março e agosto de cada ano, a fim de reabastecer o mercado com as novas criações de ateliês, estúdios, designers, indústrias e lojas. Uma movimentação que gera negócios, recicla idéias e tem muito de sua força sedimentada no design. Com ele, o objeto vai além da função para expressar idéias, cuja cumplicidade com o cotidiano é o maior atrativo. São peças que ocupam a cena doméstica e exploram diferentes estilos por meio de formas funcionais, muitas vezes lúdicas e até comprometidas com valores éticos e sociais. A busca pelo aprofundamento dessa abordagem permeia a Paralela Gift e o olhar de Marisa Ota, especialista em design e curadora da feira. Ela privilegia a criação autoral, definida pela coerência nas propostas de cada um e pela originalidade de soluções. Critérios que, segundo Ota, resultam num acervo plural e consistente o bastante para surpreender os visitantes. Mais que isso, para identificar um jeito brasileiro de fazer design, o Sugestões para montar: brin que do decorativo para gente gran de, acima, feito de acrí li co pelo escritó rio de design Troyart e em exi bição na Craft; ao alto, escor re dor de pra tos for ma dos por pinos colo ridos de ABS, mate rial que retém menos lí quido, com até 36 peças encai xá veis. Criação da Silla apresentada na Abup
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que gerou apoio do evento ao 1º Prêmio Objeto Brasileiro, criação de Renata Mellão e o seu A Casa (Museu do Objeto Brasileiro). Conceitualmente semelhante, a Craft Design também tem sua premiação e exalta a relação entre criador e criatura,
As fei ras reú nem itens iné ditos de arte, acessó rios, uti litá rios e pe que nos mó veis. A par tir de cima e em sentido horá rio, kit artesa nal para ser vir sa quê e qua dro assi na do pelo mestre da cola gem Tide Hellmeister, am bos ex po sito res da Paralela; cria ção de De nise Bahia, módu los com po ní veis de madei ra pa ra todo o tipo de uso (mesa, banco, estante) estão na Craft, en quanto a pe ça de vidro colo rido é assi na da pela dupla de desig ners Elizabeth e Eduardo Prado para a Abup
mais atenta, porém, aos jovens talentos. Tanto que inaugura na
De 13 a 17 de agosto 17ª Abup Show – Centro de Convenções Frei Caneca www.abup.com.br 13ª Craft Design – Centro de Eventos São Luis www.craftdesign.com.br 14ª Paralela Gift – Instituto Tomie Ohtake www.paralelagift.com.br
próxima edição o Espaço+, área acessível para um primeiro contato de estreantes com lojistas. Suas mentoras, as designers Daniela Cecchini e Elaine Landulfo, enfatizam a produção sustentável, valorizando concepções ligadas ao menor impacto ambiental, à responsabilidade social e ainda à viabilidade de produção e reuso. Em outra vertente, mas sob o mesmo espírito inovador e qualitativo, a Abup Show procura estabelecer uma simbiose entre negócio e conceito, ao buscar o que há de mais exclusivo tanto em produtos seriados quanto aqueles importados por grandes empresas, como Riva, M. Cassab, Casa Bonita, Vista Alegre, entre outras. Começou com nove expositores e hoje conta com 86, pretendendo chegar – e parar – em uma centena. A presidente da comissão organizadora, Maria Cecília Rima, avisa que em 2009 a Abup ocupará um prédio inteiro, já em construção em frente ao Shopping Frei Caneca. O projeto
evidencia
que, mesmo tendo crescido em espaço, negócios e expositores, o evento permanecerá fiel a esse perfil de "poucos e bons”. i 21 ARC DESIGN
SABOR DE QUERO MAIS Heloisa Crocco é designer e artista, prática e teórica, com projetos sempre bem emba sa dos. Quan do atua junto a comu ni da des que devem trans for mar em pro du tos as rique zas natu rais da re gião, suas idéias ino vam e tra zem para o vo ca bu lá rio con tem po râ neo um even tual fazer ar cai co. Um belo projeto estruturado pelo Sebrae Tocantins Maria Helena Estrada / Fotos Fabio Del Re
Mas queremos discutir aqui outra questão. A da repetição
O que poderia acontecer para a elevação da
de soluções simples, elementares, similares, qualquer
qualidade dos produtos propostos – seja do ponto
que seja o material ou a mão-de-obra com que se trabalhe.
de vista formal ou de maestria na execução?
Não temos visto crescimento do potencial criativo no
Mais uma vez, cabe ao designer repensar
campo do design de raiz artesanal. São ainda produtos
e dar esta volta por cima. Como? Respon-
vendidos a preços bastante reduzidos e que, pela sua
dam-me vocês. Eu apenas constato.
repetição, começam a se tornar folclóricos.
A coleção Babaçu, que faz parte do Projeto Artenorte, é
Sei que a crítica é bastante dura, visto que só temos a lou-
boa, bonita, ingênua, fiel à própria cultura. Exigiu gran-
var o que foi realizado até agora – e que sempre encon-
de esforço da equipe coordenada por Heloisa Crocco,
tra as páginas de ARC DESIGN ansiosas e prontas a aco-
trouxe mais qualidade de vida para as mulheres da re-
lher o repertório do design de raiz artesanal.
gião do Tocantins, no Bico do Papagaio, permitiu o apro-
As razões para a atual estagnação, sabemos, são múlti-
veitamento de uma riqueza natural. Mas, me perdoem,
plas. Falta de estruturas e de maior capacitação da mão-
são propostas e objetivos repetitivos. Os atuais projetos
de-obra, inexistência de formas de escoar a produção,
de valorização do artesanato nos deixam hoje com um
pontos-de-venda e, importante, a política do Sebrae, inte-
gostinho de quero mais. Patrocinada pelo Sebrae, a ini-
ressada não exatamente no design, mas apenas na assis-
ciativa tem o mérito fundamental de mapear o que existe
tência às comunidades de baixa renda. O que temos até
no Brasil, e o que poderá vir a existir. Agora, amigos
agora – em termos de design – é resultado da persistência
designers, vamos partir para uma segunda etapa, mais
e talento de alguns profissionais. Agora queremos mais.
ambiciosa? Contamos com vocês. ❉
Heloisa Crocco e a con sul to ra Sonia Korte orien ta ram os artesãos no desen vol vi men to das peças. Acima, a semen te do babaçu cor ta da ao meio. À direita, as sur presas da natu re za e o olhar da desig ner na bela com po si ção do colar feito com a semen te da planta. Estas e outras cria ções estão à venda na Tok & Stok e na feira Craft Design (13 a 17/08), onde o Sebrae divul ga rá o pro je to
Do baba çu nada se perde: folhas para tran ça dos, as amên doas para jóias, óleo para diver sos fins. No alto da pági na ao lado, deta lhe de es tei ra; mais abai xo, logo ti po do pro je to, cria ção Marcelo Drummond. Na mesma pági na, colar com as semen tes recor ta das e as mãos habi li do sas da artesã do pro je to Artenorte, no Estado de Tocantins
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Fotos Gionata Xerra
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De coração – quente – da casa, com seu fogão à lenha e quitutes, a cozinha passou muitos anos renegada, segregada, humilhada, na área de serviços. Lugar onde criança não entrava – visitas, muito menos. Mas eis agora a cozinha reconduzida a seu lugar de honra, como parte do living. É lugar cheiroso, com todos os seus temperos. Tem quase sempre um bar agregado. É lugar-design, do fogão aos utensílios. E, melhor ainda, muito espírito! Tudo isto graças às novas tecnologias e aos novos modos, menos formais, de ser. Interiores multifuncionais, recursos de ponta, produtos acessíveis e bom desenho transformam a cozinha num dos lugares mais concorridos da casa. Por ser bonito e agradável, permitir a invenção de alquimias gastronômicas, reunir amigos. Estes são privilégios que contam com equipamentos para todos os estilos e orçamentos. Aqui, algumas dessas opções, apresentadas na Eurocucina, importante feira italiana do segmento, Lignum et Lapis, do designer Antonio Citterio para a Arclinea, é um sistema que agrega componentes para formar a cozinha. Destaque para a coifa, com inusitada tecnologia de exaustão, para a discrição da máquina de lavar pratos e para um pequeno luxo: a miniestufa onde se pode cultivar ervas e especiarias
além de sugestões oferecidas por nossas indústrias e lojas especializadas Da Redação
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O modelo Uni, de Duccio Grassi e Alberto Minotti, foi apresentado pela italiana Minotti na Eurocucina 2008. Uma versão em madeira, aço e cerâmica, elaborada em módulos e compartimentos para racionalização de espaço e organização interna
IMPRESSÕES SUBJETIVAS A cozinha italiana já se instalou, com todo o conforto, na sala de estar. Escondida em armários ou bem à vista, retoma a sua vocação social. Na última Eurocucina dominou o luxo nos materiais, nas soluções e nos acabamentos. Fora essa ausência de fronteiras, não há uma tendência única. Podemos encontrar grandes espaços livres, com todo o equipamento concentrado em bancadas retilíneas; mesas centrais instalando a sala na cozinha, e não o contrário; móveis semicirculares integrando todos os elementos em um só conjunto. Os italianos, claro, dão o maior valor a seu “laboratório” preferido, onde executam seus rituais sagrados – “mangia che te fa bene!” Objeto de constante evolução, a cozinha exerce hoje o mesmo fascínio dos velhos tempos, onde a reunião aconteAcessórios pontuais e elegantes. Acima, moscardino de plástico para sessões de degustação; ao lado, garfo e faca descartáveis e recicláveis, feitos em madeira colorida e encontrados na Galeria milanesa Rossana Orlandi. No alto da página, cozinha da marca Dada
cia ao pé do fogão à lenha, lá no fundo, junto ao quintal. Muda o desenho, permanece o rito ancestral. Maria Cristina Moura A arquiteta Maria Cristina Moura visitou a Eurocucina com a equipe de ARC DESIGN
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De cima para baixo, provador de Sebastian Bergne para a Authentics: o alimento escorre higienicamente da colher que vai à panela até a extremidade que vai à boca. A outra colher de plástico é de Achille Castiglione, feita sob encomenda por uma empresa de alimentos para tirar maionese dos cantinhos das embalagens de vidro. Bem resolvido, o produto depois integrou as linhas seriais da Alessi, mesma marca que fabrica o abridor de Philippe Starck, ao lado
Ao lado, jogo para sushi da coleção OrienTales, design de Stefano Gionannoni com a colaboração de Rumiko Takeda e acabamento artesanal. Um produto da Alessi, que chega ao Brasil pela loja Benedixt. Acima, modelo Acropolis, da Snaidero, um dos muitos hits da Eurocucina 2008. Outra cozinha que brilhou na mostra milanesa foi a versão hi-tech, abaixo, também da Alessi
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Da coleção Cocine, a cozinha Mita, ao lado, é assinada pela arquiteta Letícia Nobell para a Segatto. Tem bancada de madeira Teka natural e banquetas da linha Flex; da mesma marca, misturador Rubinetto’s Italiano e forno da Falmec. Abaixo, duas linhas de panelas Tramontina: Trix, evolução das tradicionais caçarolas com tripla camada de inox, alumínio e cobre, e Lyon, colorida e com tecnologia antiaderente Starflon High Performance
Ao lado, jogo francês de porcelana, com 20 peças, assinado pelo designer Philipe Deshoulieres e disponível na Zona D. Abaixo, cozinha da linha Comportamentos S.C.A., uma gourmeterie em madeira de demolição, vidro colorido e perfis de alumínio, além de Corian no tampo e na parede por trás da coifa. As portas se abrem no sentido vertical Roali Majola
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Stúdio Majola
Acima, Cozinha Platinum, da arquiteta Márcia Balestro para a Coleção Natural Tech Todeschini, com acabamentos recicláveis – alumínio nas portas e paredes, e MDF de eucalipto reflorestado. Da Favo, abaixo, esta despensa integra qualquer projeto de cozinha em diferentes cores e puxadores. Em lacato poliéster, tem 2,40 m, gavetas de 1,20 m, prateleiras de vidro e portas deslizantes. Ao lado, cozinha Gourmet, lançamento da Kitchens, minimalista e de acentuada horizontalidade para tudo estar à mão. Bancada de Corian, prateleiras deslizantes e portas de correr em vidro pintado e laminado castanho
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Acima, a cozinha da Evviva Bertolini mescla materiais como vidro colorido, MDF, granito e aço. Tem gavetas de canto, coluna com aramado para porta-temperos e forno elétrico embutido. Ao lado, tábua para temperos Kyoto, da Forma Inox, criação em lyptus da designer Gértri Bodini, com faca Mezzaluna e acabamento com sobras industriais de aço inox
Acima, jarra de vidro e inox Kult, com recipiente interno para gelo, que mantém a temperatura da bebida; chaleira Cântaro, em inox escovado, dispõe de botão na alça para facilitar o manuseio. Ambas da WMF, importadas pela M. Cassab. Abaixo, cooktop portátil por indução, da Electrolux, com um queimador, controle eletrônico, vai à mesa com total segurança, pois transmite calor só para as panelas
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Acima, modelo Nox, da Dell Anno, com versáteis painéis-prateleiras que funcionam como bancada ou revestimento de parede. Dispõe ainda de gavetas para porta-objetos, porta-panelas, divisores de talheres e de mantimentos. Abaixo, cozinha Castagno, da linha contemporânea da Bontempo, de formas limpas, cores neutras e laminado que reproduz a elegância da madeira
A premiada linha de facas Master Selection, da WMF, acima, tem modelos disponíveis na Raul’s para vegetais, pão, carne, chef e utilitária. Abaixo, peças multifuncionais em plástico colorido da Coza, que integram a linha Retrô. Oferece cumbucas para cereais, sopas, caldos, saladas e petiscos
Letícia Remião
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Toj fise rnvisd viesnv dsivhs ifvnam snfeiuhbv fd nvjn vieyf dkjfsdfdkf dfdks fdjf efns dvnuefu webkdfvn; xioh k djfi sernv isd vies nvds iv hsifvna msnfeiuhbv fdn vjn viey fe fn sdv nuef uw ebkdfvn; xioh k djf iser n visd vie snvd sivhsif vn amsnfeiuhbv fdn vjnv ie yfe fnsd vnue fu web kdfvn;xioh kdjf Toj fise rnvisd Cozinha Florense, da Coleção Style, projeto de Sany Marques e Ana San Martin, que destaca gavetões com acabamento branco, puxadores Gola e exclusiva madeira EW (European Wood) na bancada e nos painéis. Os armários aéreos têm portas Sotille, de alumínio e vidro fosco. Cadeiras Florense Dub Alain Brugier
A xícara Oca conquistou o prêmio “Uma Xícara Brasileira de Cerâmica para Café”, iniciativa da Associação Brasileira de Cerâmica (Abceram); o vencedor na categoria estudante, Fernando Queiroz Deusdará, é aluno da Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), Belo Horizonte, MG. À direita, jogo de chá e café Paola, com seis peças em aço inox, que integra a linha Empório Riva, da Riva
A Franke propõe este modelo de cooktop, acima, da linha Gourmet, série Ópera. Uma versão híbrida com queimador vitrocerâmico elétrico e quatro bocas a gás, a maior com tripla chama. Ao lado, da esquerda para a direita, pratos da linha Titanium, produzidos pela Oxford com formato ovalado e acabamento metalizado. Na sequência, acessórios de luxo, em aço, da marca alemã Zwilling J.A. Henckels, a exemplo dos utilitários Twin Select, com vários itens como concha para espaguete, espátula e descascador de batatas
DIFERENCIAL PELO DESIGN Um revestimento cerâmico não é mais só um reves-
Observar pessoas, ler os fatos do mundo, andar pelas ruas, ver vitrines são ações quase compulsórias na rotina de Ruth Fingerhut, designer especializada em co-
timento. O design de su-
municação visual, conceito e tendência, que desde
perfície chegou para ficar, e uma das empre-
2006 coordena a concepção do que chama de coleções
sas que mais têm contribuído para estabelecer
– e não mais de linhas – da Cerâmica Portinari. Tal nomenclatura já indica uma nova dinâmica no processo
esse diferencial é a catarinense Portinari, do
criativo da marca, que é a produção coerente, com base
grupo Cecrisa, que aposta no design como ins-
no design. Mais que isso, um projeto com caráter bra-
trumento eficaz e inovador para criar conceito
sileiro, que vai além das previsíveis referências européias, para conferir identidade própria e conceito aos
e reforçar a identidade da marca Cristina Teixeira Duarte
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seus produtos. A Portinari tem se diferenciado no mercado por essa postura propositiva: não procura
tendências apenas nas feiras internacionais, mas
excelência de seus revestimentos seriais para atender
passa a exibir o resultado de suas próprias concep-
aos sonhos do consumidor, que vê no acabamento que-
ções. O diretor-presidente do Grupo Cecrisa, Rogério
sito essencial para personalizar a casa. E desvendar os
Arns Sampaio, investe no design como uma das prin-
desejos desse consumidor leva ao maior de todos os de-
cipais estratégias para o reposicionamento de merca-
safios: como identificar tais anseios num mundo em
do da empresa. Preparou suas equipes para isso e
transformação acelerada, voraz e ininterrupta?
apostou no know-how da consultora Ruth Fingerhut e de seus parceiros nesta empreitada permeada de suti-
ROMPER PARADIGMAS
lezas. Entre eles, Marilene Dal Toe, gerente de produ-
Para a equipe multidisciplinar da Portinari (criação, pro-
tos da empresa e responsável pelo apuro técnico da
dução, marketing, vendas), tudo é objeto de análise na
produção, e o também consultor de design Giorgio
captura do que acontece e vai acontecer nas manifesta-
Boggi, este atento aos movimentos da indústria cerâ-
ções mundo afora. Muitas dessas descobertas são de-
mica no exterior. A idéia é ir além da reconhecida
batidas com psicólogos,
“Tenho um pro je to de cons tru ção de idéias em con jun to com arqui te tos e pro fis sio nais do segmento. Acredito na troca de experiências entre grupos e no imenso potencial que as pessoas têm para, jun tas, iden ti fi car o novo”
Ruth Fingerhut
sociólogos e antropólogos que, na troca de idéias, enri-
apesar da força de nossa indústria cerâmica – hoje a
quecem avaliações comportamentais e desvendam
quarta exportadora e terceira produtora no ranking
mensagens subliminares. “Também leio livros, até gi-
mundial –, é recente a busca de uma identidade brasi-
bis, assino dezenas de revistas, visito e fotografo lojas,
leira, o que recomenda iniciativas sólidas, mas cautelo-
exposições, projetos arquitetônicos, assisto a filmes,
sas, para sua consolidação. Ainda são prematuras
espetáculos, palestras, além de participar de eventos
ousadias como a contratação de institutos internacio-
como as semanas de moda”, revela Ruth Fingerhut, que
nais de pesquisas, de altíssimo custo, que fundamen-
vê no mundo fashion uma rápida assimilação e tradu-
tam o lançamento de tendências. Por ora, a idéia é iden-
ção das inovações e inquietações de nossos dias. Esse
tificar e incorporar o existente e o que virá – o que já
minucioso levantamento tem o cuidado de não perder
representa um divisor de águas na atual realidade da
de vista outros segmentos, a fim de evitar o distancia-
produção brasileira de cerâmica.
mento mercadológico de atividades complementares. Mas por que, então, não formular as tendências e ditá-
TRADUZIR CONCEITO
las aos seus pares? A consultora Fingerhut explica que,
A Portinari, assim, prefere construir caminho próprio.
As pes qui sas de esti lo da Cerâmica Portinari incluem todas as ex pres sões da socie da de con tem po râ nea. Com tec no lo gia de ponta, o novo se rá im pres so nos reves ti men tos cerâ mi cos sob ins pi ra ção do que vai na mo da, ar qui te tu ra, na cul tu ra local, pela glo ba li za ção, em no vos com por ta men tos...
Uma escolha que exige tecnologia de ponta, fator
sapatos, são referências para desenhos de outras cole-
essencial quando se fala em design, conceito, identida-
ções; estudos sobre a incidência da luz em materiais
de. Isto se traduz em investimentos no parque indus-
inspiram efeitos emocionais, enquanto texturas “ma-
trial, qualificação de mão-de-obra, pesquisa de novos
cias” buscam intimismo para estimular os sentidos. E
materiais e apoio de consultorias de estilo para traduzir
para 2009 o tema não poderia ser outro: a sustentabili-
idéias em revestimentos inusitados, geralmente dividi-
dade, em criações gráficas que exaltam terra e água
dos em temas ligados às análises comportamentais e
para suscitar reflexões sobre o assunto. Seja qual for o
mercadológicas apuradas. A habitual imitação de mate-
tema e a técnica, porém, Ruth Fingerhut acredita que o
riais da natureza, como pedras e madeiras, que há anos
sucesso de um bom design de superfície está na emo-
dominam a cerâmica mundial, hoje dá lugar a aborda-
ção que ele é capaz de transmitir. Na reação do consu-
gens inéditas. Caso da Matrix, coleção urbana da
midor está a medida mais precisa de que tendência e
Portinari, que nasce de imagens aéreas da metrópole
conceito foram realmente identificados, traduzidos e
transformadas em texturas para os porcelanatos; for-
compreendidos por todos os envolvidos nesse fasci-
mas arquitetônicas, que vão de edifícios aos saltos de
nante ciclo de produção. i
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A cada edição, ARC DESIGN trará um repertório de objetos destinados a diversos segmentos, em que a melhor performance é garantida por desenho funcional, plasticidade, tecnologia... e muita originalidade
L il o
Carle
to
A designer Ivete Cattani desenvolveu para as artesãs do Vale do Jarí, AP-PA, a coleção de acessórios Palmae, com fios de couro e ponteiras de semente de palmeira e prata, que podem ganhar nó, formato de cachecol, dar voltas, serem usadas como lenço... (11) 3081 2942
Lilo Carleto
A coleção X’Lite, de malas, mochilas e frasqueiras da Samsonite, inclui agora versão dourada com a glamourosa Gold Spinner. Seu sistema Travel Sentry dispõe de tranca lateral ultra-segura, que pode ser aberta, se necessário, com chave-mestra universal. (11) 3021 8630, www.samsonite.com.br
Sucesso neste inverno, acessórios de cabeça serão hits também no verão 2009. O atual fetiche por chapéus, arranjos, fitas, laços e fivelas foi captado por Simone Nunes no mais recente SPFW, em sua coleção swimwear, que esbanjou criatividade nas variações de nós de marinheiro para adereços para lá de autorais. www.simonenunes.com.br
Mais que nunca, brasilidade, materiais naturais e criatividade têm pontuado a criação de jóias dos nossos designers. Bernardo Krengiel que o diga. Escolheu madeira, prata e pérola para compor esta peça, que salta aos olhos nos mostruários da Esencial. (11) 3168 5601, www.esencial.com.br
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Apreciadores de charutos têm na Lenat opções exclusivas para tabacaria. Caso da linha P’3600, do Porsche Studio Design, com charuteira de cromo alemão e isqueiro de alumínio com detalhe emborrachado, que promete maçarico impecável. (11) 3082 5062, www.lenat.com.br
Nos 100 anos da imigração japonesa, a estilista sansei Erika Ikezili repaginou o look oriental em sua coleção primaveraverão 2009 da SPFW. A influência de outras culturas sobre imigrantes e descendentes revelouse em estampas, patchworks, shape de kimono, sobreposições e, claro, irresistíveis dobraduras. www.erikaikezili.com.br
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A coleção verão 2009 da Melissa reserva surpresas para vários estilos e gostos. Entre nomes estrelados do design e modelos exclusivos em plásticos multicores está também Melissa Sugar, assinada por Alexandre Herchcovitch. Anatômica, livre e doce, como gosta de definir o estilista. www.melissa.com.br
Damier Graphite revisita seu histórico tecido Damier, que há 120 anos identifica a marca Louis Vuitton. Os pequenos quadrados ganharam tons masculinos e urbanos no acabamento de sapatos, jóias e acessórios “pour homme”, a exemplo desta mala para capacete de motocicleta. (11) 3897 7700, www.louisvuitton.com
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Praticidade com esta maleta de golfe, trazida dos Estados Unidos pela Le Paquet. A peça de alumínio (31 x 17 x 8 cm) acondiciona duas bolas de golfe, um buraco de madeira e um taco desmontado em quatro par tes, que chega a 86 cm. (11) 3062 1510, www.lepaquet.com.br
Nos 110 anos da Caloi, a marca relança a Caloi 10 com design especial e em edição limitada. Trata-se de uma réplica sofisticada da simbólica bike dos anos 1970, com for mas e pintu ra re trô, alumínio no quadro, pedais e sistema de freios, 12 marchas além de aros de parede dupla. 0800 701 8022, www.caloi.com Jaakko Tammela e Marco Maia assinam para a Sincrodesign o premiado projeto 372, uma capa para pranchas de surfe. De plástico ABS, poliuretano e tecido, ele substitui as tradicionais capas de tecido, facilitando a proteção e o transpor te de até três pranchas de tamanho 7.2. Daí o nome da peça, agora produzida pela Skell. (21) 3205 4667, www.sincrodesign.com
O design do Triciclo Zoom, da Chicco, detém o sistema Zoom Trike, que dobra o brinquedo para ser guardado ou transpor tado no saco Zoombag. E mais: tem pega extensível, assento e guidão reguláveis, bloqueio automático dos pedais e cinto de segurança. (11) 2246 2129, www.chicco.com.br
Dois óculos de sol Oakley, o Radar, unissex, e o Enduring, para anatomia feminina. Ambos trocam as lentes, que têm revestimento hidrofóbico para repelir água e resíduos, e exibem arquitetura de armação leve, com fluxo refrescante de ar e encaixe nasal ajustável ao usuário. (11) 4003 7822, www.oakley.com
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Cana, quem diria, pode virar plástico! O polie ti leno verde, desenvol vido pela Braskem a par tir do etanol, tem as mesmas aplicações do plástico tradicional, com a vantagem de usar matérias-primas reno vá veis e, assim, di mi nuir a emissão de CO2 na atmosfera. O polietileno verde ainda não é produzido em escala industrial, mas a petroquí mica e a marca Estrela acabam de lançar em parceria brinquedos feitos com o material. Oferecem na estréia uma versão sustentável para o tradicional jogo Banco Imobiliário. www.braskem.com.br
Quem não gostaria de ver através das paredes? Pois o concreto translúcido já permite realizar este desejo. Desenvolvido na Hungria pela empresa LiTraCon, é composto por uma mistura de 5% de fibras óticas e 95% de concreto, o que favorece a transparência sem prejuízo da solidez do material. O fabricante garante, inclusive, que o concreto translúcido é dez vezes mais resistente que o tradicional. www.litracon.hu
Inspirada na fotossíntese, uma linha de tintas produzida na Alemanha promete dar jeito no mau cheiro, eliminando substâncias que contaminam o ar, como cigarro, mofo ou frituras. As tintas de parede StoClimasan (interiores) e StoPhotosan (exteriores) utilizam dióxido de titânio, um pigmento que captura energia das radiações solares e que teve sua estrutura modificada para reagir mesmo sob luminosidade baixa ou luz artificial. Em contato com o ar, o pigmento promove reações químicas que anulam as moléculas nocivas. www.sto.de (em alemão)
Para operar com maior eficiência o aproveitamento dos resí duos da flo res ta, a Orsa Florestal não poderia ter escolhido melhor parceiro. Pedro Emílio Petry, pioneiro na descober ta, valorização e utilização do rejeito dos rejeitos da natureza, irá implantar unidade de produção em área de 545 mil hecta res de manejo cer ti fi cado em Monte Dourado, no Pará. Nela, o designer-artesão pretende capacitar mão-de-obra local para o traba lho arte sa nal, com noções de design, em toras refugadas e em resíduos de serraria da empresa. O local tem 640 espécies de árvores – apenas 50 delas comercialmente conhecidas – e é segundo Petry um “universo fantástico de pesquisa”. O início das atividades está previsto para setembro, e a meta é que em janeiro a unidade tenha atingido 40% de sua capacidade pro du ti va. (11) 4025 9184 www.pedropetry.com.br
Os pai néis de eco-resi na 3form, da Hunter Douglas, são mais uma opção sustentá vel para arquite tu ra e decoração. Com diver sas possi bi lidades de cor, desenho, tex tu ra e espessu ra, são pro duzidos a par tir de materiais reciclados e com emissão reduzida de CO 2 duran te o pro ces so. As pla cas trans lú cidas de eco-resi na encap su lam ou tros materiais – a exemplo de con chas, pe dri nhas ou folhas secas –, que proporcionam for te efeito estético em aplicações como forros, divisórias, persianas, mesas e balcão de bar. 0800 147148, www.3-form.com
O Ecotess é um tecido 100% reciclado e reciclável, que aumenta a vida de um produto de descar te sem controle: as garrafas pet. Desenvolvido pela Fivebras, fabricante de embalagens especiais, o Ecotess é totalmente confeccionado por fio obtido a par tir da reciclagem das garrafas, sem nenhuma outra fibra. Esta sacola já é uma realidade, e a Fivebras estuda novas aplicações, como bolsas, mochilas e nécessaires. (11) 3207 9444, www.fivebras.com.br
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Dar cara nova aos aparelhos de informática é a idéia dos italianos Roberto Giacomucci e Nicola Cerasa. Na coleção LightWare, eles “vestem” de forma inusitada diversos equipamentos, entre monitores, CPUs, CDs e DVDs player. Assim, um disco rígido vira tanque de combustível (foto) e o monitor pode ser revestido de madeira para evocar os antigos aparelhos de televisão. E, definitivamente, sair do lugar-comum. 0039 071 2071514
O exclusivo televisor XEL-1, da Sony, introduz novos conceitos de design. Ultracompacto, o aparelho tem tela de 11” e mínimos 3 mm de espessura! E mais,é o primeiro a usar a Oled (Diodo Orgânico Emissor de Luz, em inglês), tecnologia já presente em alguns celulares e que, pela primeira vez, vai às telas de TV, garantindo altíssima fidelidade, economia de energia e um salto evolutivo em relação aos modelos de plasma e LCD. www.sony.com
Imagine um vestido sensível à poluição, capaz de inflar quando a qualidade do ar é duvidosa, ou ainda um modelito que gera energia a par tir dos movimentos do corpo. Mais que isso, que tal um computador usá vel como roupa? Tudo isso e muito mais está na Second Skin: Imaginative Designs in Digital & Analog Clothing, mostra que promove mix inusitado entre moda, ciência e tecnologia. E que reúne até setembro, em São Francisco, EUA, trabalhos transformadores e insólitos de criadores do mundo inteiro. www.exploratorium.edu/2ndskin
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Que tal usar o concreto de um jeito diferente? É a proposta do 22 Design Studio, de Taiwan, que lançou uma bela coleção de anéis com o material montado em estrutura de aço inox. Feitas à mão, as inusitadas jóias têm design arrojado, vários tamanhos e levam mais de 20 dias para ficarem prontas. www.designboom.com.br
Criado pelo americano Hank Miller, o tênis Inchworm vai fazer a alegria da garotada. E, principalmente, dos pais! O calçado acompanha o ritmo dos pés, que não param de crescer, e pode aumentar até três tamanhos apenas com o acionamento de um botão lateral. Com modelos diver tidos para meninos e meninas, o fabricante garante que eles duram até seis meses mais do que os conven cio nais. www.inchwormshoes.com
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NEWS
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O Salão do Móvel acontece neste momento e todos, cada vez mais, perguntam: quais as tendências? O que vai mudar?
E mais: agenda de eventos e matérias especiais.
Podemos afirmar que se há uma tendência irreversível, é a de respeito, cuidado e atenção ao planeta. No mais, em nosso múltiplo universo, tudo convive, do racional ao barroco, da velha madeira aos plásticos de última geração, da normalidade à extravagância. Impossível definir uma reta bem traçada, somos múltiplos, sempre mais livres para assumir nossas diferenças.
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Na agitada Milão tenta-se recriar o mundo – ou modificá-lo um pouquinho – em nome do mercado, ou mesmo, ainda do design. Conseguirão?
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A CASA ITALIANA Mudou a Itália? Mudaram estética, usos, costumes? Qual a influência do luxo – agora em voga – nos projetos contemporâneos? Rigor e coerência, palavras-chave do milênio passado, foram definitivamente banidas? E qual a diferença entre tendência = moda passageira e tendência como um passo à frente, acompanhando ou Acima, uma verdadeira sala de banho, que se traduz em luxo e conforto. Banheiras Arne, design do estúdio Soda Design para a Rapsel
antecipando novas expressões da cultura? Maria Helena Estrada / Fotos Roberto Silva
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São inúmeras as perguntas suscitadas pela mostra La Casa Italiana, promovida pelo Instituto de Comércio Exterior da Itália em parceria com a feira Abitare il Tempo, de Verona. Curadoria e cenografia do arquiteto Simone Micheli, que afirma: “os meus espaços, impregnados de arte e tecnologia, pretendem tornar-se uma linha-guia aberta para futuras intervenções, pedras milenares capazes de declarar uma precisa posição de conteúdo e de linguagem para o hoje e o amanhã, com o desejo de que não se transformem em regra.” A exposição, marco inusitado da presença italiana no Brasil, dispunha os móveis nos cenários específicos de uma casa, mas ao mesmo tempo acrescentava leveza na
Acima, living, com modernos estofados de Simone Micheli, produção Gervasoni. Na página ao lado, espaço ambiente anexo à cozinha, com mesa Jazz, produzida pela Presotto e poltronas Shell, na coleção Adrenalina, um conjunto com design Micheli. Ao fundo, o “armário cozinha” Vênus, design Pininfarina para a Snaidero
delimitação dos espaços, com fluidos painéis em tecido transparente. Diversos exemplos de tecnologia doméstica avançada também estavam presentes na porta blindada da Oikos; no detector de escape de gás com comando iluminado por leds, da Gewiss; e outras modernas soluções. Simone Micheli, além de curador, é o designer de diversos móveis incluídos na mostra, como sofás, poltronas e vasos. Dentre os destaques, sobre um pavimento em grés cerâmico da Graniti Fiandre, a cozinha embutida da Snaidero, desenho de Pininfarina. Com todos os equipamentos colocados em um armário contínuo, ela dava um novo toque de leveza a este ambiente que, via de regra, acaba tornando-se elemento poluidor, quando integrado à sala. Um novo “espírito” para a tradicional casa italiana? Para Micheli, assim como para Starck, hoje, os elementos importantes são a sensorialidade e a emoção. ❉
LA CASA ITALIANA é uma realização do Instituto Italiano para o Comércio Exterior, órgão do Ministério do Desenvolvimento Econômico, em colaboração com o Ente Autônomo para as Feiras de Verona / Abitare il Tempo. Participaram 23 empresas italianas de diversos setores dedicados à casa, sob a direção e curadoria do arquiteto Simone Micheli
Acima, mesa cen tral Smoke, móveis, lumi ná rias e vas sou ra da cole ção Clay. À direi ta, escri va ni nha Sculpt, em aço, que pode ter dife ren tes aca ba men tos. Abaixo, ven ti la dor da série Clay, dis po ní vel em diver sos tama nhos
UMA NOVA ESTÉTICA Maarten Baas, designer holandês, desponta como um dos principais personagens da nova geração européia. Hoje com 30 anos, formou-se na Design Academy Eindhoven e estudou na Domus Academy, Milão. Museus, galerias e colecionadores já estão antenados! Maria Helena Estrada / Fotos Tatiana Uzlova Uma das vertentes atuais – de novo – do
Maarten Baas inova a estética da não-perfeição na
design é aquela vizinha à arte. O sucesso das
Clay Collection, peças com esqueleto em metal reves-
peças criadas em séries mínimas ou únicas é fato
tido com barro sintético, modelado à mão.
comprovado pelos preços que alcançam em lei-
O que faz com que certos criadores alcancem aceitação
lões, como os da Sothebys, e em galerias.
imediata, por mais inusitadas que possam parecer suas
Exemplo? A chaise longue de Marc Newson,
peças? Talvez a verdade contida nelas. A estética de Ba-
dos anos 1980, foi vendida a 968 mil libras!
as, com mesas, cadeiras, estantes e um lindo ventilador,
As peças de Maarten Baas são executadas,
é sempre tortuosa: foge de qualquer alinhamento racio-
ou acabadas à mão. Em sua primeira cole-
nal. Não nos parece o resultado de uma atitude pensada,
ção de sucesso, a Smoke, Baas “carboni-
de fora para dentro. Respira poesia e espontaneidade.
za” peças famosas, de Rietveld, Gaudi,
A mais recente criação do designer é a série The Sculpt
Eames e também Campana, que já foram
(esculturas), que nascem a partir de modelos em minia-
incorporadas à galeria Moos em N. York,
tura, primitivos, que apenas mudam material e escala,
com a mostra “Where There’s Smoke”.
conservando seu caráter rudimentar. i
SUSTENT A ÇÃO SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA, DESIGN E URBANISMO
CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS: MUITO ALÉM DO VERDE
NO CAMINHO CERTO: PROPOSTAS PARA UM MUNDO NOVO
Quem investe em SustentAção:
Projetos de sustentabilidade bem-sucedidos
Afinal, será que a presença de áreas verdes em abundância e serviços econômicos de água ou energia são
não podem ficar restritos apenas às questões ambientais. Kaarin Taipale, coordenadora da
suficientes para classificar uma construção como sustentável? Para a arquiteta finlandesa Kaarin Taipale, uma das maiores especialistas do mundo nesse assun-
Força-Tarefa Marrakech, defende a formulação de propostas que incluam também aspec-
to, a resposta é “não”. Coordenadora da Força-Tarefa Marrakech de Edifícios e Construções Sustentáveis, ela visitou o Brasil em maio, como palestrante da Con-
tos sociais e eco nô mi cos. Ela este ve no Brasil
ferência Internacional de Empresas e Responsabilidade Social do Instituto Ethos. Durante quatro dias, o even-
como pales tran te da Conferência Inter na cio nal de Empresas e Res pon sabilidade So cial do
to reuniu especialistas do Brasil e do exterior em torno do tema “Mercado Socialmente Responsável: uma Nova Ética para o Desenvolvimento”. Em uma mesa
Instituto Ethos
sobre gestão sustentável da construção civil, Kaarin Julia Garcez
50 ARC DESIGN
afirmou que só o verde não basta. É necessário apostar
Fotos © Holcim Foundation for Sustainable Construction
A Fundação Holcim para Construção Sustentável orga ni za com pe ti ções glo bais e regio nais que con tem plam boas ini cia ti vas nessa área. Ganhador da meda lha de ouro na pre mia ção glo bal de 2006, o pro je to “San Rafael-Unido, Urban Reitegration Project” foi con ce bi do pela Proyectos Arq5 CA para uma gran de fave la de Caracas, na Venezuela. As ações apro vei tam a geo gra fia do local e levam em conta as neces si da des dos mora do res
em edificações que, além de não agredirem a natureza,
potencial de redução de gases do efeito estufa, quando
dialoguem com o cenário em que estão inseridas e com
comparado a outros integrantes da cadeia produtiva,
quem está ao redor.
como indústria, transporte e agricultura.
No entendimento da especialista, construções susten-
“Os dados do IPCC foram um dos grandes sinais para
táveis não são fáceis de definir – menos ainda de erigir.
o setor de construção civil”, afirma a arquiteta. “O seg-
Entretanto, elas vêm conquistando espaço na agenda
mento até então era quase uma ‘Bela Adormecida’, e
global, e por ótimas razões. O setor de construção civil
acho que precisa participar mais ativamente das dis-
está diretamente relacionado às mudanças climáticas,
cussões.” Desde a década de 1970, a construção civil é
assunto que encabeça a lista de preocupações relativas
um dos aspectos discutidos nas conferências ambien-
ao meio ambiente. O segmento consome nada menos
tais organizadas pela ONU. A instituição encampa
que 40% de toda a energia gerada no mundo – a maior
vários programas e grupos de trabalho sobre o assun-
parte gasta ao longo da vida útil dos edifícios. Segundo
to – como a própria Força-Tarefa Marrakech – e, na
dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Conferência do Clima, promoveu mesa de discussão
Climáticas (IPCC), apresentados na Conferência do
sobre construções sustentáveis, que reuniu diversos
Clima, em Bali, a construção civil também tem o maior
stakeholders do segmento. 51 ARC DESIGN
Acima, pro je to de amplia ção do cam pus do Colégio Cruzeiro, no Rio de Janeiro, prata na pre mia ção regio nal da América Latina em 2005. Desenvolvido por DDG Arquitetura e INTER LAC, a ini cia ti va apos ta na efi ciên cia energé ti ca e reto ma con cei tos bási cos de arqui te tu ra, como facha da mais bem orienta da e pro te ção contra inso la ção dire ta. Reaproveitamento de água, ilu mi na ção e venti la ção natu ral tam bém são favo re cidos. Abaixo, ”Air Suit – Housing Renovation”, pro je to de Kazuhide Doi para um pré dio resi den cial em Hiroshima, Japão. A pro pos ta – que aca bou sendo inter rom pi da – renova com ple ta men te o edi fí cio ao reves ti-lo com uma espé cie de “enve lo pe” feito de mate riais leves
52 ARC DESIGN
Acima, “Waterpower – Renewal Strategy for the Mulini Valley, Amalfi & Scala”, da Itália, prata na pre mia ção glo bal de 2006. Tendo a água como tema cen tral, a ini cia ti va pro põe medi das que pre ser vam as cons tru ções his tó ri cas e man têm o equi lí brio esté ti co entre novas e anti gas estru tu ras exis ten tes na região. A auto ria é de Luigi Centola, do escri tó rio Centola & Associati, em par ce ria com Mariagiovanna Ritano, da Universidade de Salermo
COMO FAZER
blemas ambientais ou sociais será resolvido.”
Embora a busca pela sustentabilidade ganhe cada vez
E quais são as características de uma construção sus-
mais apelo no âmbito da construção civil, Kaarin res-
tentável? Uma premiação mundial da Fundação
salta que talvez ainda não haja um "entendimento
Holcim para Construção Sustentável – da qual a arqui-
comum" sobre o assunto, apesar de muito se ter discu-
teta já fez parte do júri – propõe alguns atributos inte-
tido e guias de boas práticas terem sido publicados,
ressantes: desempenho econômico, ecoeficiência, ade-
pela própria Força-Tarefa Marrakech e outros grupos.
quação estética, desenvolvimento social e ético e, prin-
“Casas com jardins na frente ou prédios de alto pa-
cipalmente, capacidade de transferência para outros
drão, para poucos, com piscinas e sistemas inteligen-
locais, com as devidas adaptações. “Os melhores pro-
tes de energia, enquanto o resto da cidade fica do
jetos são aqueles que podem ser aproveitados por um
outro lado do portão, podem ser chamados de susten-
número grande de pessoas”, afirma Kaarin. Em tem-
táveis? Não”, enfatiza ela. O mesmo vale para a tenta-
pos de aquecimento global, além dos edifícios “ver-
tiva de erradicar favelas, construindo apartamentos
des”, é preciso mesmo investir em iniciativas mais am-
massificados no lugar. “Do ponto de vista econômico,
biciosas, e encontrar novas formas de construir, habi-
pode até ser um bom negócio, mas nenhum dos pro-
tar e conservar. i 53 ARC DESIGN
ESTILO SUSTENTÁVEL A preocupação com a ecologia sempre fez parte da vida da designer carioca Tati Guimarães. Radicada em Barcelona, ela fundou, em 2001, a Ciclus Design Sustentável, que produz acessórios e bijuterias a partir de materiais inusitados (Tetrapak, pet, fotolito). As bolsas, por exemplo, são feitas com embalagens Tetrapak. Já o colar Flyer tem 80% de materiais de reuso com acabamento prata. tati@ciclus.com, www.ciclus.com
BELEZA NATURAL Ao desenhar seus móveis, a premiada designer Julia Krantz valoriza as formas e a beleza natural da madeira, sem esquecer do meio ambiente. Ela só trabalha com materiais obtidos por manejo sustentável, tanto que sua empresa detém certificação do selo FSC. A mesa de centro Radial (140 x 45 cm), uma de suas criações, é produzida com cuidados artesanais em sucupira maciça e sucupira laminada, técnica de pleno domínio da designer. (11) 3865 7724, www.juliakrantz.com.br
TUDO SE TRANSFORMA
Criação da designer Silvia Girão, da Acti Design, e do light designer Widimar Ligeiro, a luminária Valentino (30 x 30 cm) reaproveita restos de molduras para quadros e é fácil de movimentar. A idéia surgiu no evento Interferências Casashopping, RJ, quando a loja de molduras Valentino convidou a designer, conhecida pela reutilização de materiais, a desenvolver uma peça que reaproveitasse as sobras de seus produtos. (21) 3201 1388, acti@actidesign.com.br 54 ARC DESIGN
Ucha Aratangy
LUZ EMOLDURADA
Há 26 anos o atelier Helizart faz peças criativas com materiais reutilizados. Os sapinhos são feitos com sobras do cristal tcheco Preciosa, sobre estrutura de lata de óleo para carro, cortada à mão e banhada com cobre. A preocupação ecológica norteia o trabalho do atelier, e o uso de materiais certificados, orgânicos ou livres de qualquer substância nociva é regra para toda a produção. (31) 3227 9613, helizart@helizart.com.br
CENA DIVERTIDA
IMPACTO VISUAL
Bom humor na coleção Toy’n Block, que o designer Alberto Pretel assina para a OIO Design. São objetos decorativos e painéis de parede cheios de estilo, com temática inspirada, entre outras, nos pin-ups dos anos 1950 e no estilo glam rock da década de 1970. Em consonância com os princípios da OIO, envolvida no reaproveitamento e desenvolvimento de produtos e materiais sustentáveis, a coleção utiliza retalhos de compensado cer tificado, descar tados pela indústria moveleira. (11) 4226 5107, www.oio.com.br
O designer e artista plástico Paulo Werneck, do Galpão Contemporâneo, trabalha o eucalipto citriodora de maneira marcante, que revela a inter venção autoral do designer na peça. Prova disso é o banco Cogumelo (45 x 48 cm), de grande impacto visual por unir as toras a partir de suas partes cur vas. O trabalho de Werneck tem forte apelo artesanal e prefere as madeiras de reflorestamento, oriundas de empresas cadastradas pelo Ibama ou de sobras reser vadas para lenha. (11) 4013 4865, www.galpaoctp.com.br
DA MESA PARA O CHÃO TRADIÇÃO RES GATADA Na vila de Manuarum, Amapá, um grupo de louceiras descendentes de quilombolas passam de geração para geração as técnicas cerâmicas que seus antepassados aprenderam com os índios. O Projeto Oficina Nômade, dos designers Christian Ullmann e Tania de Paula, foi escolhido pelos programas Via Design e Artesanato, do Sebrae-AP, para prestar consultoria às tecelãs, além de revitalizar e diversificar sua produção sem a interferência da tecnologia moderna. Este balizador de jardim é um exemplo das novas criações. (11) 3672 3371, oficinanomade@uol.com.br
Muitas das criações da designer têxtil Cláudia Araújo utilizam resíduos sintéticos, materiais de maior durabilidade, fácil manutenção e descartados indiscriminadamente no meio ambiente. O taPET, umas de suas mais recentes criações, é feito a partir de garrafas plásticas recicladas, confeccionado com fio PET em tear manual. Uma peça ideal para áreas molhadas e que promete vida longa, considerando que uma garrafa PET leva mais de 100 anos para se decompor. (11) 5539 7429, www.claudiaaraujo.com.br
TRAÇO REDESCOBERTO Na loja Trapiche Carioca, só entra madeira de demolição. Recuperado de antigas fazendas e casarões, o material permite restaurar ou criar móveis com peças do passado, como conta o proprietário Jorge Garcia. Produzida com sucupira redescoberta, a linha de cadeiras e espreguiçadeiras é uma opção para espaços pequenos. Dobráveis, elas têm acabamento em verniz naval, que promete boa durabilidade. (21) 2263 1759, www.trapichecarioca.com.br 55 ARC DESIGN
A TOCA DO ALQUIMISTA Só uma arquitetura despojada, limpa e o mais li vre pos sí vel seria capaz de com por tar a vida e obra do desig ner Humberto Campana, um cria dor em per ma nen te trans for ma ção Cristina Teixeira Duarte / Fotos Maíra Acayaba 58 ARC DESIGN
Acima, con fi gu ra ção da sala – sem pre mutan te – no dia da foto: sofás Boa e Kaiman, cadei ra Vermelha (Edra); cachor ri nho de Eero Aarnio (Magis), pro tó ti po da novís si ma lumi ná ria Campana e a estan te Favela, cria da espe cial men te para esse espa ço
Foi um trabalho a muitas mãos. Mas quatro delas foram
Sensível a esse apelo, Lula propôs o que chamou de
determinantes para repaginar este apartamento, em al-
“tela em branco” para que Humberto a pintasse como
tíssimo andar no bairro paulistano de Higienópolis.
quisesse. Uma arquitetura, aliás, que deveria “desapa-
Juntos, o designer Humberto Campana e o arquiteto e
recer” em favor da liberdade criativa do seu ocupante,
engenheiro Lula Gouveia, do Super Limão Studio, al-
abrindo espaço para mudanças nas disposições inter-
cançaram uma sinergia na medida certa para conceber
nas. Prevendo o mínimo de informações em cada am-
pano de fundo e cenografia de um espaço mutante por
biente, paredes vieram abaixo, o branco dominou os
natureza. Afinal, seu morador tem como ofício a cria-
revestimentos e um resgate da arquitetura original do
ção e transformação de idéias e objetos, o que exigia
prédio, de meados dos anos 1950, norteou a reforma.
projeto versátil para receber suas intervenções.
Os tacos foram restaurados, inclusive para o piso da 59 ARC DESIGN
Detalhe da estan te Favela, concepção orgânica que pode ser ampliada com a chegada de novos objetos do uni ver so afe ti vo de Humberto Cam pa na; o ban qui nho, inédito, é feito de madei ra com assento de barro, e o piso ori gi nal foi recons ti tuído
Acima, deta lhe da cozi nha, sepa ra da da área de ser vi ço pelo biom bo Zig Zag (Edra). O piso deste espaço – em par quet de madei ra – é exten são da sala, a ban ca da da pia foi feita em alvenaria com epóxi e os armá rios são aber tos. Abaixo, cadei ras Jenette (Edra) e mesa “ves ti da” com peda ços de pele bran ca, cos tu ra das e sem recor tes no aca ba mento
cozinha, restrita à bancada de alvenaria, prateleiras abertas e sofá. O granilite dos corredores do edifício entrou nas áreas de serviço com paginação ousada, enquanto o jogo de cores da fachada inspirou os novos banheiros pintados com tinta epóxi – um azul e o outro verde. Integrados aos quartos por paredes vazadas, esses ambientes atuam como verdadeiras caixas de luz colorida, com soluções para lá de exclusivas: metais e tubulação aparentes, feitos de inox usado pela indústria farmacêutica, além de pias, vasos e banheiras revitalizados ou redescobertos em museus de louças. O grande destaque fica por conta da Favela, versão para estante da famosa cadeira dos irmãos Campana, móvel montado in loco e de forma orgânica, para que possa continuar a crescer e crescer. Ela domina a enorme parede da sala, deixando o espaço livre para o mobiliário se espalhar aleatoriamente – sofás Boa e Kaiman, poltrona Banquete, mesa Brasília e cadeiras Jenette, além da mesa de jantar, “vestida” por uma colcha de retalhos de couro, inspirada na poltrona Leatherworks, também de Fernando e do morador, Humberto Campana. ❉ 61 ARC DESIGN
Acima, deta lhe do quar to, com pare de vaza da para o banhei ro. Em pri mei ro plano deta lhe da pol tro na Transplastic, ainda não lan ça da no Brasil, e cabi de sus pen so, prático e lúdico. O piso ele va do tem aber tu ras com espa ço inter no para peque nos guar da dos. Abaixo, verde e azul, os dois banhei ros da casa, pin ta dos com tinta epóxi bri lhan te; ban que ta Zig Zag, recor tes de espe lho no teto, enca na men to apa ren te... e uma cole ção de bichi nhos
62 ARC DESIGN
DAVID BASTOS
SOTEROCOSMOPOLITANO Investido do bem-viver que traduz a alma baiana, David Bastos exalta em sua arquitetura o melhor do ser humano e de sua aventura existen-
Tarso Figueira
cial, numa obra que, ao transcender os regionalismos, alcança o universal com leveza, descontração e, principalmente, identidade própria Cristina Teixeira Duarte
Tuca Reinés
Das pare des de alve na ria pin ta da ao piso de már mo re pigues, o bran co do mi na este apar ta men to de ins pi ra ção mini ma lis ta, onde arte e design dão o tom defi ni ti vo às con cep ções. Para o escritó rio, ao lado, pol tro na da Diagrama e obras de Ascânio e Caribé. Na pági na oposta, acima, a sala de estar é valo ri za da por peças de peso: tela de Amílcar de Castro e escul tu ra de Bruno Giorgi, ilu mi na da pela Arco, de Achille Castiglioni, da Dominici. Abaixo, o home thea ter rece be pol tro na Radar, de James Irvine para a B&B, e móveis de apoio da Brumol
64 ARC DESIGN
Fotos Tuca Reinés
Nesta pági na, o contem po râ neo per mea do por toques neo bar ro cos e design con sa gra do: tela de Daniel Senise e A Cabeça, do escul tor Mário Cravo; logo abai xo, pró xi mas à La Chaise, de Charles Eames, fotos em p&b do filho do artista, tam bém de nome Mário Cravo. Na pági na ao lado, outro pro je to que desta ca áreas inte gra das e cir cu la ção favo re cida pelo piso contí nuo em limes to ne. Na sala de jan tar, mesa da Porro, cadei ras da Cassina e a arte do fran cês Robert Combass. No ambien te de estar, sofá e pol tro nas da Flexform, mesas em már mo re da Pavimenti e lus tre de época de Caloula Filho Antiguidades
Racionalidade, disciplina, praticidade. E alma, muita alma. É assim que David Bastos constrói sua arquitetura de estruturas bem resolvidas, a fim de atender a quem realmente importa: o ser humano, inspiração maior do arquiteto baiano. Um princípio tão arraigado em seu ideário que, terminado o curso de Arquitetura na Universidade Federal da Bahia, início dos anos 1980, escolheu atuar nos sistemas de habitação popular em várias áreas de Salvador. Em Alagados, por exemplo, modificou as moradias das populações carentes sob o signo possível do conforto, ciente de que a casa, seja ela qual for, é o espaço de acolhimento de cada um; e que o homem é o centro do universo. Assim como Álvaro Siza, Jean Nouvel, Leonardo da Vinci e outros mestres referenciais para ele, o homem é o ente para o qual tudo deve convergir, especialmente o bem-estar. Nenhum criador, porém, influenciou mais o seu pensamento do que Oscar Niemeyer, de quem se sente quase um discípulo. Encantam-lhe a própria maneira de ser do grande arquiteto, refletida na simplicidade eloquente de seus projetos, nas formas que sugerem movimentos sedutores, na liberdade da ocupação espacial. É de todas essas personagens e visões que David Bastos extrai o espírito da obra, pontuada por uma linguagem própria, que sabe traduzir as raízes baianas com um caráter perene e universal. As casas, apartamentos, restaurantes, escritórios e lojas que assina poderiam frequentar qualquer lugar do planeta, sem abdicar jamais daquela atávica sensação de acolhimento característica dos baianos. Mais que isso, são 66 ARC DESIGN
Fotos Tuca Reinés
Fotos Tarso Figueira
67 ARC DESIGN
construções plenas da versatilidade daquela cultura, algo sagrada, algo profana, forjada pela mistura de raças e saberes. Daí a naturalidade com que o arquiteto percorre de edificações rústicas às composições minimalistas, passando por estilos contemporâneos que revelam íntima cumplicidade com o que vai – e com o que virá – pelo mundo. A percepção surge de um trabalho minucioso de observação das artes, da moda, do design e, claro, da arquitetura, por ele e por sua equipe frequentemente convocada para avaliar temas sob pontos de vista mais e mais ricos e diversos. Essas descobertas diárias passam pelo fio condutor da sua arquitetura, presente nos projetos que concebe, cada
Fotos Tarso Figueira
qual com o viés do cliente, seus costumes familiares ou
68 ARC DESIGN
finalidades comerciais. São centenas de casas de praia, vários apartamentos, hotéis na orla litorânea e dezenas de restaurantes em diversas cidades do Brasil e do exterior, como Londres, Miami, Porto e Dubai. i
Fotos Tarso Figueira
Divulgação
Acima, res tau ran te Soho Recife, uma caixa tra pe zoi dal fecha da por bri ses de madei ra, que favo re cem a ven ti la ção e a pro te ção para o sol nor des ti no. Nos inte rio res, um meza ni no amplia o espa ço e racio na li za sua ocu pa ção. Ao lado e abai xo, casa lito râ nea de ele gan te rus ti ci da de em Trancoso, BA, que explo ra a bela pai sa gem a par tir de módu los sol tos. Aqui, eles se inter li gam por passa re las e decks ao redor da pis ci na, que pare ce emergir por debai xo dessas estru tu ras
Na pági na ao lado, a casa dian te do mar da Bahia exal ta linhas simé tri cas, com pac tas e atuais, em volu me trias que res pei tam as exi gên cias da natu re za, desde a topo gra fia até a inso la ção. E faz das trans pa rên cias,dos espa ços amplos e do con cre to, alia dos a mate riais da natu re za, os trun fos para uma arqui te tu ra de liber dade
69 ARC DESIGN
Uma das prin ci pais atra ções da Expo Zaragoza 2008, o Digital Water Pavilion tem “pare des de água” com fluxo con tro la do por com pu ta dor, que geram um ambien te flui do e sen so rial. Próximo da ponte dese nha da por Zaha Hadid, ele é uma das prin ci pais atra ções da expo si ção
Claudio Bonicco
Walter Nicolino
À BASE DE ÁGUA Desenhado por arquitetos italianos a partir de um projeto do MIT, pavilhão da Expo Zaragoza 2008 cria um ambiente fluido e sensorial. Em vez das paredes tradicionais, o espaço – um dos grandes sucessos do evento – tem cortinas feitas de “água digital”. Obra propõe reflexão e aponta novos caminhos para a arquitetura
Julia Garcez Já imaginou passear por um ambiente estruturado pela água? E que tenha também configurações espaciais variáveis, possa ser montado das mais diferentes maneiras e aparecer ou desaparecer quando mais conveniente for? Pois a edição de 2008 da Exposição Internacional – que ocorre em Zaragoza, na Espanha, e já apresentou ao mundo ícones como o Palácio de Cristal de Londres (1851) – mostra algo que alguns anos atrás só seria possível em enredos de ficção científica: o Digital Water Pavilion (Pavilhão de Água Digital). Desenhado pelo escritório italiano carlorattiassociatti, a partir de um projeto do Massachussets Institute of Technology (MIT) – no qual o sócio Carlo Ratti é professor e coordena o laboratório SENSEable City –, o DWP tem paredes de água e organização espacial flexível. Inteligentes, as paredes possuem sensores que detectam a aproximação de pessoas e são capazes de exibir textos e imagens em sua superfície, criando um espaço reconfigurável, interativo e intercambiável. Tudo isso é possível pela combinação entre tecnologia e arquitetura. 71 ARC DESIGN
Abaixo, diversos padrões de ima gens podem ser cria dos e exi bi dos. Inteligentes, as pare des de água se adap tam às varia ções de ilu mi na ção que ocor rem ao longo do dia
72 ARC DESIGN
Walter Nicolino
Ramak Fazel
Max Tomasinelli
O sistema que coloca o painel em ação é composto por uma fileira de milhares de válvulas de solenóide, dispostas ao longo de uma estrutura tubular suspensa. Essas válvulas podem abrir ou fechar em elevada frequência graças ao computador. Isso produz uma cortina de água em queda ininterrupta, que segue padrões de impulsão para formar as imagens e sensações desejadas – um padrão de pixels criado a partir de ar e água, e não a partir de pontos iluminados em um uma tela. “A superfície inteira se transforma em um grande display digital de um bit de profundidade, que mostra imagens se movendo para baixo de maneira contínua”, afirma Carlo Ratti, do carlorattiassociatti. Mais do que uma edificação, o DWP pode ser definido como uma máquina – não por acaso, sua execução ficou a cargo da Siemens. “O sonho da arquitetura digital sempre foi erguer construções reconfiguráveis”, diz Ratti. “Não é possível obter esse efeito quando se lida com concreto, tijolos e cimento. No entanto, isso é possível quando lidamos com água controlada digitalmente – um elemento realmente fluido e dinâmico, que pode aparecer e desaparecer. O futuro da arquitetura deveria envolver ambientes digitalmente constituídos, nos quais bits e átomos coexistissem.” Integrante do “Milla Digital – Digital Mille”, próximo grande projeto de desenvolvimento urbano de Zaragoza, o DPW continuará em atividade após o final da Exposição – que, neste ano, teve as questões relativas à água e ao desenvolvimento sustentável como temas centrais. O DPW servirá como espaço de apoio para quem chegar à cidade pelos trens de alta velocidade e como mostruário de informações sobre o projeto Milla Digital. i
Acima, as “pare des de água” for mam uma gran de tela, na qual as ima gens pro je ta das movem-se con ti nua men te para baixo. Sensores espe ciais fa zem do pavi lhão um espa ço recon fi gu rá vel e inte ra ti vo. Eles inter rom pem o fluxo da água para uma pessoa passar, o que per mi te entrar ou sair do pavi lhão por qual quer ponto da pare de. Os sen so res possi bi li tam tam bém que os visi tan tes mani pu lem as ima gens pro je ta das e pro gra mem o pavi lhão de acor do com suas pre fe rên cias, des fru tan do de um meio intei ra men te novo
Ramak Fazel
73 ARC DESIGN
Ramak Fazel
Walter Nicolino
A estru tu ra do pavi lhão arma ze na mais de 3 mil vál vu las sole nói de digi tal men te con tro la das, 12 pis tões hidráu li cos, várias bom bas e um softwa re de con tro le que, junto com vários outros equi pa men tos, per mi tem bom bear 15 mil litros d’água para for mar as cor ti nas líqui das. O teto é cober to por uma cama da de água, pode se movi men tar para baixo ou para cima e fica no nível do chão após o fecha men to do pavi lhão
SISTEMA DE CIRCULAÇÃO DE ÁGUA
O dese nho à esquer da resu me as três fa ses do “ciclo da água”. Tudo come ça no sub so lo, de onde a água é trans fe ri da para os inje to res loca li za dos na parte supe rior do pavi lhão. Em segui da, a “queda-d’água” é exi bi da ao pú bli co. Por fim, um sis te ma de dre na gem per mi te que o líqui do seja reco lhi do e reu ti li zado
74 ARC DESIGN
Fernando Guerra
ZAHA HADID, BRIDGE PAVILION Um prédio, um sofá, um sapato – e agora uma ponte. Sem temer as diferenças de escala. O Bridge Pavilion, porta de entrada da mostra “Boa Administração da Água”, inaugurada em junho em Zaragoza, Espanha, mostra o arrojo da arquitetura de Hadid e a inteligência de suas soluções
76 ARC DESIGN
Luke Hayes
Fernando Guerra Fernando Guerra
Na pági na ao lado, no alto, a estru tu ra em aço e a super fí cie exter na com pai néis super postos lem bran do esca mas de ba leia, que têm como fun ção criar um mi croclima no inte rior; a ponte tem 260 metros de com pri mento e se te mil metros qua dra dos de área, com altu ra entre 15 e 30 me tros. Embaixo, espa ço inte rior de di ca do às mostras. À esquer da, entra da da ponte; à direita, deta lhe da estru tu ra inter na. Construída na margem do rio, suas 2.200 tone la das fo ram depois des lo ca das para a posição defi ni tiva
Da Redação “Gostamos de projetos estruturalmente ambiciosos e acho que o Bridge Pavilion ilustra a excelente e simbiótica relação que temos com os engenheiros.” Uma exposição focada na água. Para nela penetrar, atravessa-se a ponte criada por Hadid sobre o rio Ebro. Construída em diagonal, com um ponto de apoio em uma pequena ilha na parte central do rio, é uma das únicas pontes habitáveis no mundo. O Bridge Pavilion hospeda a mostra “Water, a Unique Resource”. Estrutura em aço, com painéis superpostos, capazes de criar um microclima em seu interior, o pavilhão é organizado em torno a quatro elementos principais, com função estrutural e também de “delimitadores” de áreas, cada uma criando espaços específicos. Famosa por extrair o potencial máximo de avanços estruturais e técnicas inovadoras, essa obra é o resultado de 30 anos de pesquisas e observações da arquiteta em torno do design de pontes. O tema predominante da exposição foi interpretado por Hadid e sua equipe em diferentes níveis, desde a performance do próprio prédio até a sensação experimentada pelo visitante ao percorrer a mostra. Um espetáculo multimídia, criado pelo arquiteto norte-americano Ralph Appelbaum, explora e enfatiza a crise da água e suas possíveis soluções. i 77 ARC DESIGN
REARQUITETURA DE INTERIORES Um edifício de 70 anos, no coração da São Paulo de hoje, com mais de dois mil funcionários de um gigante empresarial. Para adaptar suas instalações a essa nova realidade, a arquiteta Betty Birger desenvolveu um projeto de retrofit que transformou os interiores da arquitetura original, implantando soluções estruturais e funcionais que dinamizam os espaços, acolhem as atuais demandas tecnológicas e humanizam áreas comuns em nome do bem-estar e do convívio
Cristina Teixeira Duarte / Fotos Gal Oppido Eram praticamente duas torres com entradas independentes, unidas ao centro por uma espécie de fosso e por uma área obsoleta, onde ficava o museu do Grupo Ultra, sólida empresa brasileira do setor petroquímico, que detém, entre outras, as marcas Ultragaz e Ipiranga. A maior ousadia da proposta estava na eliminação das barreiras físicas em favor de um amplo espaço único, ligando as entradas principais. Era necessário também aproveitar a luminosidade do fosso, antes fechado, e gerar áreas comuns para a integração dos funcionários. Betty Birger, assim, simulou um autêntico boulevard, organizado a partir de um espaço de convivência sob a luz natural, ao redor do qual se distribuem opções de bem-estar e serviços 78 ARC DESIGN
A refor mu la ção do anti go piso tér reo do edi fí cio exi giu ela bo ra da reen ge nha ria para criar um único espa ço inte gra do e ins pi ra do na leve za de um bou le vard. Nele, dois ele men tos cha mam aten ção, o espa ço de con vi vên cia ins ta la do sob lumi no si da de natu ral ali exis ten te e suba pro vei ta da, e o espa ço mul tiu so, ins ti gan te estru tu ra semi cir cu lar, con ce bi da com fle xi bi li da de sufi cien te para aco lher os mais diver sos usos e even tos
devidamente sinalizados pela comunicação visual da Len: restaurante, cafeteria, cozinha experimental, banco, centro de saúde e um espaço multiuso, o coringa da concepção. Trata-se de um impactante semicírculo, com divisórias retráteis de policarbonato estampando imagens da empresa, que se abrem e fecham sobre trilhos de alumínio para a realização de apresentações, workshops e exposições. Para implantar o projeto, foi preciso superar limitações importantes da arquitetura original, com a derrubada e abertura de paredes, o aproveitamento das colunas estruturais como elementos da revitalização e o uso farto de transparências em portas pivotantes, panos e tijolos de vidro, trabalho que teve a finalização da Lock Engenharia. Diante dos exíguos 2,5 m de pé-direito, o forro foi rebaixado em apenas 5 cm para embutir tubulações elétricas, hidráulicas, spots e uma das luminárias previstas, caixas de inox e acrílico leitoso, que se projetam do forro. A base do projeto luminotécnico ficou por conta de arandelas da Lumini, presentes em pontos estratégicos dos ambientes. Reforçando a amplitude, um resistente porcelanato branco unifica o piso, ritmado por desenhos em dois tipos de granito – revestimentos fornecidos pela Montblanc. Aqui e ali, recantos agradáveis com mobiliário contemporâneo da Forma – sofás Strips, mesas Bonte e Saarinen, poltronas Bertoia, além da poltrona 12, da Giroflex – e paisagismo com ares de alameda, executado pela Agathis com vasos de fícus bola e bambu mossô. Reformulado, o sistema de segurança ganhou novos acessos e recepções, com balcões esculturais e acessibilidade a portadores de necessidades especiais, enquanto o museu se torna vivo por meio de painéis expostos nas paredes para narrar, década a década, os fatos marcantes da jornada do Grupo Ultra. ❉
Repare nas ilus tra ções abaixo, as alte ra ções exe cu ta das no piso tér reo. Barreiras visuais, baixo pé-direi to e ins ta la ções obso le tas foram alguns dos mui tos desa fios ven ci dos no pro je to de retro fit. As duas anti gas entra das prin ci pais (uma delas, na foto abai xo) foram refei tas para se comu ni ca rem visual men te e ofe re ce rem total segu ran ça aos usuá rios
ANTIGO LOBBY E RECEPÇÃO ÁREA QUE NÃO FOI MODIFICADA
MAPA ILUSTRATIVO
ÁREA DE INTERVENÇÃO DO PROJETO
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Divulgação
Novas aber tu ras, trans pa rên cias e aca ba men tos em cores cla ras favo re cem a ampli tu de e a inte gra ção entre as áreas de con ví vio e ser vi ços para os fun cio ná rios. A atmos fe ra de bem-estar é reforçada por móveis con tem po râ neos e um pai sa gis mo dis cre to soube dri blar as limi ta ções es pa ciais do lugar. Balcões escul tu rais nas recep ções aten dem às exi gên cias de acessi bi li da de e cul mi nam em curva que simu la uma gua ri ta. O museu agora vive nas pare des, com pai néis didá ti cos sobre a tra je tó ria da empresa
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O PODER DAS IDÉIAS Na 55ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, design vira categoria e se consolida como ferramenta estratégica de comunicação. Criatividade e capacidade de pensar em boas soluções favorecem trabalhos do Brasil, que levou três prêmios na estréia do Design Lions Julia Garcez
Em junho, o 55º Festival Internacional de Publicidade de
inscritos, a maior parte desenvolvida por agências de
Cannes estreou a categoria Design Lions e esta decisão
publicidade, e não estúdios de design. A premiação
sinalizou o modo mais atento com que toda a indústria
apontou tendências que devem acentuar-se no futuro,
da comunicação – e não apenas da publicidade – olha
como a transdisciplinaridade – o design dialoga com
para a área do design. "A indústria amplia-se e procura
outras áreas do conhecimento –, e a simplicidade, com
formas diferenciadas de contato com o consumidor, e o
peças que se impõem pelas boas idéias e pela limpeza,
design faz parte dessa busca", diz Ana Lúcia Lupinacci,
sem bombardear com estímulos. Há também o “ecode-
diretora nacional do curso de Design da Escola Superior
sign” e a forte preocupação com o meio ambiente e a
de Propaganda e Marketing (ESPM). "Hoje, a maioria das
sustentabilidade, evidentes em diversos vencedores.
grandes companhias tem uma estratégia de design, pois
“Hoje, vivemos em meio a uma escassez de recursos
se trata de uma ferramenta que ajuda a construir a
ambientais, e cada vez mais será preciso fazer muito
expressão da marca e consolidar o posicionamento de
com pouco”, diz Gelli. “E tudo isso passa pela mão do
mercado", completa Fred Gelli, sócio e diretor de criação
designer.” Para ele, no futuro, o design terá obrigatoria-
da Tátil Design. “O surgimento da categoria formalizou a
mente de ser “eco”, e o impacto ambiental deve inclusi-
inserção do design no segmento de comunicação”, afir-
ve se tornar uma premissa básica para julgar trabalhos
ma ele, único latino-americano integrante do júri.
no festival. “Levei essa questão para o júri, e considera-
O Design Lions teve surpreendentes 1.126 trabalhos
mos esse aspecto em nossas avaliações.”
As cate go rias da pre mia ção incluem Design de Embalagens, Iden ti fi ca ção de Marca e Desenho Ambiental. Na pági na ao lado, “Identidade Coca-Cola”, cria ção da norte-ame ri ca na Tur ner Duckworth, ven ce do ra do Grand Prix. O tra ba lho des cons trói o signo mun dial men te conhe ci do e, por meio do design, mos tra toda a força da marca. Acima, peça da JWT – Índia para a Rolling Stone, Leão de Bronze –, que usa téc ni cas fol cló ri cas do país para retra tar ído los pop, como Madonna
Acima, Leão de Prata do Brasil, a cam pa nha “Cigarro Mata Mais” é cria ção da F/Nazca S&S para a Unimed/RJ, e mos tra ima gens de assassi nos em massa, como Osama Bin Laden e Adolf Hitler, total men te fei tas por cigar ros. A cam pa nha tem uma forma mais leve de abor dar uma ques tão séria – as mor tes provo ca das pelo cigar ro –, con se gue resul ta dos tão con tun den tes como quan do se adota uma linha mais agressi va e expli ci ta sobre a posi ção do clien te em rela ção ao taba gis mo. À esquer da, “15 Below Emergency Blanquet Poster”, Leão de Prata da Taxi Canadá. O pôs ter mos tra como fun cio na a jaque ta 15 Below, um aga sa lho leve feito para pro te ger mora do res de rua do rigo ro so inver no cana dense
A agên cia japo ne sa Yomiko Advertising trans for mou um ca len dá rio numa peça sus ten tá vel e inte ra ti va (ao lado). O calen dá rio “Mottainai” (“Não Des perdice”), é feito com papel reci cla do e per mi te que suas folhas, ao final do mês, sejam des ta ca das e usa das para ano ta ções. A capa vira um portapapéis, como mos tra a figu ra abai xo. Con templado com um Leão de Bron ze, o calen dá rio reto ma o espí ri to fru gal e eco nô mi co que anti ga men te exis tia no Japão
GRANDE CAM PEÃO O Brasil conquistou três prêmios no Design Lions, com as peças "Cigarro Mata Mais" (Prata, da F/Nazca S&S para a Unimed/RJ), "Salada Pronta” (Prata, da Indústria Nacional) e Diálogo Design para Hortifruti” e “Flyer de Promoção” (Bronze, da Leo Burnett para o Instituto Akatu para o Consumo Responsável). Os três têm, segundo Gelli, “um toque de design muito evidente” e mostram o potencial do país nesse segmento. “Foi um desempenho muito bom para a estréia da categoria”, diz Ana Lúcia Lupinacci. “O design Criada pela Indústria Nacional e Diálogo Design para a rede Hor tifruti, a emba la gem “Salada Pron ta” ren deu mais um Leão de Pra ta ao Brasil. Em con so nân cia com os prin cí pios da rede, que apre goa a ali men ta ção sau dá vel, vem com garfo e faca e faci li ta a vi da de quem está fora de casa e quer comer uma boa sala da. Atraen te, a emba la gem valo ri za o pro du to e pode ser usada em qual quer lugar
brasileiro é competitivo e bem visto, transita pelo internacional sem ser pasteurizado.” Flexibilidade e criatividade são outros atributos nacionais que contam pontos importantes. “Se em áreas que envolvem tecnologia a competição é mais difícil, quando o importante são as boas idéias e o olhar lúdico, brigamos em igualdade de condições com os grandes nomes internacionais”, aponta Gelli. “Fazemos muito com pouco, transformamos o ordinário em extraordinário, usamos o problema para falar da solução. Em tempos de poucos insumos, isso é importante estrategicamente.” Gelli e Ana Lúcia acreditam que o país tem possibilidade de ser “um grande campeão” no Design Lions. “Com criatividade e idéias originais, somos capazes de fazer muito, e eu acredito nessa força das idéias”, afirma ele. ❉
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Ao lado, Leão de Ouro, “Fragile” (“Frágil”), é cria ção da JWT de Singapura para a trans por ta do ra Crown Relocations. Distri buí da em lojas de mó veis, para embru lhar pro du tos deli ca dos, a peça usa o plásti co-bolha para enfa ti zar os cuida dos da empresa. Abaixo, a agên cia Dentsu, de Tóquio, criou um belo visual para o Manju no Shikuzu (“Essência da Longe vida de”), suple mento à base de papaia verde. A emba la gem ficou mais leve, com cores que reme tem a um ca rá ter casei ro e natu ral. Leão de Prata
Acima, estra té gia da Ogilvy Frankfurt para pro mover a loja alemã da IKEA, gigan te do seg men to de móveis de baixo custo. A agên cia lite ral men te “fan ta siou” as saca das de um pré dio como ver sões gigan tes dos pro du tos comer cia li za dos pela empresa, atrain do a aten ção geral. À esquerda, o livro “So li dary Rou te to Mau ri ta nia”, que re la ta uma expe di ção hu ma ni tá ria ao país afri ca no. O tra ba lho, da agên cia es pa nho la DFRAILE, ga nhou um Leão de Bron ze
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Diretoria Maria Helena Estrada Cristiano Barata Fernanda Sarmento
Apoio Institucional: REDAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Chefe de Redação Cristina Teixeira Duarte Redatora Julia Garcez Revisora Jô A. Santucci
ARTE Projeto Gráfico Fernanda Sarmento Editora de Arte Betina Hakim Designer Ana Beatriz Avolio Estagiária Maysa Leandro Produtor Gráfico Mario Rayel Participaram desta Edição Maíra Acayaba Maria Cristina Moura Comercial e Marketing Cristiano Barata Bruna Lazarini (estagiária) Publicidade Christiane de Almeida Sandra Pantarotto Circulação e Assinaturas Lívia Sinkovits Carmem Lúcia Madalosso Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DE SIGN para assuntos internacionais Pré-impressão Cantadori Impressão IBEP Distribuição Nacional Fernando Chinaglia Distribuidora S/A
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