Revista ARC DESIGN Edição 66

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REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO

DESIGN BRASILEIRO NO MUSEU, NAS LOJAS

TOP XXI 2009 R$ 18.00

ARQUITETURA

Nº 66

2009

PRAÇA DAS ARTES

ROMA EDITORA

ARC DESIGN

Nº 66

2009

O GRANDE PRÊMIO DO DESIGN

SALÃO DO MÓVEL, MILÃO POR CRISTINA MOROZZI

EUROLUCE POR BABA VACARO



Aqueles que lerem – ou apenas folhearem – esta edição de ARC DESIGN terão um panorama do que há de inovador e atual na produção brasileira e internacional do design. Não apenas descrever, mas aprofundar a visão, apontar os novos caminhos – sem perder o olhar crítico – é nosso objetivo. ARC DESIGN traz uma preciosidade para aqueles que não foram – e também para os que visitaram – o Salão do Móvel e a Euroluce. A visão dos novos conceitos em relação ao projeto, principalmente nos estofados – e a “tradução”, com argúcia e clareza, da Semana do Design, analisada pela jornalista italiana Cristina Morozzi. “Sem a necessidade de inventar uma roda a cada ano” e “sem o frenesi das formas, de anos anteriores” no campo das luminárias, estas economizam tecnologia e se aproximam do fazer semi-artesanal, constatou a designer Baba Vacaro, nossa convidada para escrever sobre a Euroluce. Um olhar ao qual não faltou a observação do que aflorava, em termos de tendências, como o design que hoje se aproxima – muito – da moda. O design brasileiro é visto em prismas diversos, que não permitem mais a pergunta “para onde vai o design?”. Nesta edição damos uma boa amostra de “para onde vão os designers”. Como exemplos, a loja Novo Desenho, do Rio de Janeiro, a Tok & Stok e a Dominici. A mostra Design Brasileiro – Fronteiras, com curadoria de Adélia Borges, completa o panorama apresentando ótimos exemplos de nossa produção do ano 2000 até hoje, reunindo as principais obras e profissionais nos diversos segmentos do design. Na arquitetura o “Horizonte Ampliado” é aquele de uma nova geração de profissionais, como os do escritório FGMF, que já ultrapassaram fronteiras com mostras e premiações. A Holcim merece nossa homenagem pela constância e qualidade de seu Global Holcim Awards. Veja aqui os resultados da última edição deste prêmio. TOP XXI – Prêmio Mercado Design, cuja cerimônia de premiação mostramos agora, é nossa contribuição para provar que sem inovação não há design, assim como sem mercado e sem o apoio de instituições ligadas à área, este também não existe. Perdoem a falta de modéstia, mas esta edição está imperdível!

Maria Helena Estrada Editora


20

26

DESIGN BRASILEIRO

Cristina Teixeira Duarte

Maria Helena Estrada

DESIGN BRASILEIRO HOJE: FRONTEIRAS OU TANGENTES?

PLEASE ME, PLEASE

Baba Vacaro

EUROLUCE 2009

Cristina Morozzi

COM O DESIGN É SEM PRE DOMIN GO

SEMANA DO DESIGN, MILÃO

12

30

design internacional

design internacional

mostras

design brasileiro

O design internacional e a nova ordem mundial: a jornalista e crítica de design italiana Cristina Morozzi traça sua visão do Salão do Móvel 2009 e salienta os caminhos possíveis, hoje, como a filosofia do descarte e a produção semi-industrial, vista no “design de alfaiataria”

A Euroluce, Milão 2009, pelo olhar da designer brasileira Baba Vacaro mostra “a infinita possibilidade de rearranjar ideias”, em um momento – de maior simplicidade e serenidade – onde há a necessidade de economia dos recursos industriais. Como destaque, a aproximação entre design e moda e o uso de materiais e componentes low tech

Mostra em cartaz até 28 de junho, no MAM-SP, encontra no olhar da curadora Adélia Borges um recorte da produção brasileira atual, além de expor ao debate a tênue fronteira entre as muitas expressões figurativas do design. Do produto utilitário à expressão gráfica, passando pelo fashion design, os mais importantes profissionais brasileiros estão representados

Reunião de três artigos, ou aspectos da produção brasileira, últimos lançamentos de mobiliário e iluminação. Dominici, com a coleção Dress to Impress, de Baba Vacaro; o design carioca, na coleção da loja Novo Desenho, no Rio de Janeiro; Projeto Tok & Stok: 30 produtos, em tiragem limitada, 30 designers, 30 anos de atividades

REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO

nº 66, maio/junho 2009

Na capa, mostra de Ingo Maurer no Espaço Krizia. Em primeiro plano, o ovo, referência recorrente na obra de Maurer; nas laterais, “Oh Man, it’s a Ray”, que retoma ideia de Man Ray no uso de simples cabides em seus móbiles. Foto: Tom Vack / © Ingo Maurer GmbH


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O PILAR QUE FALTAVA

Ana Weiss

HORIZONTE AMPLIADO

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Ana Weiss

A GRANDE NOITE DO DESIGN

Julia Garcez

Da Redação

BRAND YOURSELF O PERFIL DO NOVO CONSUMIDOR

36

62

entrevista

em foco

marca registrada

sustentação

Entrevista com o sociólogo e escritor italiano Francesco Morace, que par ticipou do seminário Macro Tendên cias, rea lizado em São Paulo, explica os conceitos sobre o novo consu midor, que ele defi ne como “consum autore”

A cerimônia de premiação do TOP XXI – Prêmio Mercado Design, realizada no Istituto Europeo di Design reuniu a comunidade de arquitetos, designers e público interessado nos rumos do design no Brasil. Além da premiação do júri, houve o voto popular. Apresentamos aqui os vencedores das melhores frases ou opiniões sobre os produtos selecionados

Autores de projetos marcados pelo uso substantivo de materiais e pela apropriação inesperada do espaço, Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz inscrevem-se na arquitetura paulista com uma direção bem-definida: o futuro. Formados há menos de dez anos, eles representaram o Brasil na Bienal Latino-Americana de Arquitetura, na Espanha

O segundo ciclo da premiação promovida pela Holcim Foundation mostra uma tendência das iniciativas em prol da sustentabilidade, o viés social. Os três primeiros prêmios elencaram projetos em que o bem-estar e a cultura são matéria de preser vação da mesma forma que o ambiente natural e seus recursos

news

6

sustentação NO CAMINHO CERTO

70

universo EXTRAVAGANTES DIGITAL VEM POR AÍ

38 40 42

design e comunicação PROJETANDO O AUTOMÁTICO

72

leitura

76

como encontrar

80

arquitetura UMA PRAÇA PARA A MÚSICA

58




CARA NOVA A empresa gaúcha <OU> propõe uma nova versão para o porta-talheres. Desenvolvido pela Uaná Design, este clássico Jar

dim

dos utilitários ganha formato de bandeja e acomoda quatro Pa u

lo

separadores individuais e destacáveis: na horizontal, eles acomodam os talheres para organizar o armazenamento; na vertical podem ser levados à mesa para o ser viço à americana ou à pia como escorredor. A peça é feita em plástico translúcido e em cinco opções de cores. (54) 2101 9090, www.ou.ind.br

DIVERSIDADE GRÁFICA Depois de uma temporada carioca de sucesso, chega a São Paulo a exposição "Rico Lins: Uma Gráfica de Fronteira". Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra traz uma seleção da vasta obra do designer gráfico, que vai além do portfólio e expõe toda a complexidade de um trabalho que percorre técnicas e linguagens diversas, da xilogravura e da tipografia clássicas a recursos gráficos de última geração. O resultado é uma poética que mostra com clareza o estado mais puro do universo gráfico do artista. A conferir até 12 de julho, no Instituto Tomie Ohtake. (11) 3675 3507, www.ins ti tu to to mieoh ta ke.org.br, rico@ricolins.com

FACHADAS MULTICOLORIDAS A Resin Floor, empresa conhecida por seus pisos em resina de poliuretano – brancos, pretos ou coloridos –, acaba de lançar uma inovação no mercado. Inaugurada com o “remake” das fachadas do hotel Maksoud, a primeira interpretação da aplicação vertical da resina coloriu os 1.920 brises de madeira e se transformou em um cartão-postal da cidade. De acordo com a designer Adriana Adam, este foi o primeiro passo para a aplicação da resina em projetos de arquitetura. (11) 3822 0858, www.resinfloor.com.br


A Zona D inaugurou nova loja com o lançamento da Coleção Cli-

CARNAVAL DE CHITA

ma, de móveis e objetos sustentáveis, produzidos no Progra-

A chita invade, desta

ma Floresta Móbile, do Conselho Euro-Brasileiro de Desenvol-

vez em nova leitu-

vimento Sustentável (Eubra). Um dos destaques é a luminária

ra, A CASA – Mu-

Cocar, criada pelo designer Jum Nakao e feita por artesãos

seu do Objeto Bra-

com sobras de madeiras e vidro, usando LEDs alimentados

sileiro. Uma exposição

por energia solar ou corrente alternada. Da rua Harmonia, 21, a

relembra o desfile da escola

coleção seguiu para Milão, onde se destacou por conta de seu

de samba carioca Está-

conceito, em sintonia fina com o design proposto por Nakao: a

cio de Sá, que neste

humanização dos objetos, antes e acima do consumo. (11)

ano apresentou o en-

CONCEITO E HUMANIZAÇÃO DOS OBJETOS

3816 0001, www.zonad.com.br. (85) 3242 5441, www.eubra.org

redo “Que Chita Bacana”, de Cid Car valho. A exposição mostra os figurinos do desfile, que retomam a história do tecido, complementados por vídeos, desenhos e fotografias. “Que Chita Bacana, o Enredo” pode ser visitada desde 18 de maio, das 10h às 19h. Rua Cunha Gago, 807, São Paulo. (11) 3184 9711

MAIS DESIGNERS, MAIS DESIGN Cada vez mais envolvida com o design autoral, a Saccaro traz na coleção outono-inverno 2009 peças inéditas e nomes já consagrados. Zanini de Zanine, Pedro Useche, Fabíola Bergamo, Verônica Rodrigues e Mario Santos assinam estofados, cadeiras, móveis de apoio e objetos, incluindo a série limitada que homenageia o mestre Sergio Rodrigues. E, claro, as criações do Studio Saccaro, aqui muito bem representadas pela linha Pietra, de mesas laterais em louro-freijó em vários tamanhos, com formas orgânicas e arredondadas para lembrar os seixos dos rios. 0800 5411199, www.saccaro.com.br


Irimias Balazs / sxc.hu

DELICADEZA ILUMINADA Conhecida por sua atuação no desenho industrial hi-tech, Ângela Carvalho decidiu provar que design pode ter outras soluções além da massificação dos objetos. Percorrendo comunidades de artesanato, bebeu na fonte dos saberes populares para desenvolver criações que contrapõem memória atávica e tecnologia. Caso de suas luminárias produzidas pela Ledpoint e expostas no recente Salão de Milão: uma recebe frutos do jequitibá pontuados por LEDs; a outra, manga de vidro vestida por manta esgarçada da planta paraense tururi. Pura delicadeza! (21) 2541 4083, www.mcsdesign.com.br

ARQUITETURA DE RESISTÊNCIA Ao ser informado de que era o ganhador do Prêmio Pritzker deste ano, o suíço Peter Zumthor declarou se sentir emocionado pelo reconhecimento de um trabalho “tão pequeno quanto o seu”. O que chama de pequeno é um conjunto de projetos selecionado a dedo e executados com traço elegante e tratamento minimalista em países como Alemanha, Áustria, Holanda, Inglaterra, Espanha, Noruega, Finlândia e Estados Unidos. O mais conhecido deles, entretanto, está em sua terra natal, as termas da cidade suíça de Vals (na foto acima). Marceneiro de profissão – ofício herdado do pai –, Zumthor se formou também em design. Atuante como professor e autor, é conhecido por recusar pedidos de entrevistas e projetos que o desviem de seu ideal essencialista. “Em uma sociedade que celebra o não-essencial, a arquitetura pode colocar uma resistência, agir contra o desperdício de formas e significados, e falar sua própria língua”, defende.

INVESTINDO EM DESIGN Rosenbaum para Mannes 2009 é a linha de estofados que o designer e arquiteto Marcelo Rosenbaum criou para a empresa catarinense de espumas, colchões e estofados, com atuação no mercado nacional e em mais de dez países. São quatro modelos de sofás e poltronas – Goma, Libra, Capa e Coroa (foto) –, produzidos com o alto padrão de qualidade da marca. Todas as versões são encontradas em linho, couro, algodão e neoprene, em várias opções de cores, materiais e acabamentos. A coleção, que será apresentada em agosto na Feira CASA BRASIL, em Bento Gonçalves (RS), é prova da mudança de mentalidade das empresas do sul do país, que abandonam a tradição e buscam nos profissionais do design a atualização de seus produtos. (47) 3373 9200, www.mannes.com.br



ESPÍRITO EXPERIMENTAL A coleção 2009 do designer Sérgio Fahrer chega por sua nova marca, a Meccane, que tem como maior atrativo materiais e técnicas construtivas inéditas. Sem dar ênfase aos aspectos formais, o alvo do seu espírito experimental é o alumínio reciclado de aviões desativados, que empresta inspiração também à forma das peças e ao sistema construtivo batizado de “Nervura Estrutural”, já em processo de patente. A técnica evoca o princípio das asas dos aviões, estáveis graças à semelhança entre desenho e estruturação, resultando em peças leves, de traçado contínuo e firmes o bastante para sustentar móveis com bases de apenas 4 mm de espessura. Disponíveis com exclusividade na Brentwood. (11) 3822 0584, www.meccane.com.br

PROPAGAÇÃO DA LUZ Depois da filial alemã, a paulista Lumini abre loja no CasaShopping do Rio de Janeiro, a fim de levar ao mercado carioca peças importantes do design internacional e as premiadas criações do seu designer, Fernando Prado. Caso da Lift, luminária de piso apoiada à parede, lançada na recente edição da Euroluce. Outro destaque do novo endereço é a chamada Sala de Efeitos, onde acontecem simulações de iluminação para vários ambientes da casa e também de obras de arte, demonstrando as inesgotáveis possibilidades e efeitos que a luz pode oferecer. (21) 3325 4959, www.lumini.com.br

MILÃO COMEÇA A CHEGAR O melhor da mais recente edição do Salão do Móvel está apor tando no Brasil. Coube à Montenapoleone a exclusividade da poltrona Lótus, assinada por René Holten para a holandesa Artifort. Além do formato em concha, a peça chama atenção pela nova matéria-prima empregada, o Cristalplant, composto inédito de minerais naturais e acrílicos de elevada pureza. Com o material, a poltrona ganha suavidade ao toque, facilidade de manutenção e resistência até a queimaduras de cigarro. (11) 3083 2300, www.montenapoleone.com.br


poltrona aguapĂŠ edra fernando e humberto campana

al. gabriel monteiro da silva, 1487 jd. paulistano sp sĂŁo paulo * 11 3068 0377 www.firmacasa.com.br


SeMAnA do deSign, Milão

CoM o deSign é SeMpre doMingo Ao abordar o Salão do Móvel, Cristina Morozzi traça um perfil realista do design internacional e seus novos caminhos. Um projeto que não tem como foco principal a criação de novas formas, mas incorpora as inovações tecnológicas e a filosofia do descarte que levam, diretamente, aos aspectos formais

No alto, cen tro de mesa Na za reth, design Fer nan do e Humberto Campana: es cul tu ra em Limo ges com aca ba men to em bron ze, rea li za da pa ra Ber nar daud, com per nas e bra ços de bone cas de ce lu lói de usa das como molde, no qual é “cola do” o cao lim. À es quer da, Sofá Cipria, tam bém dos irmãos Campana para a Edra, reves ti do em pelú cia, tem as cores deli ca das da infân cia

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Cristina Morozzi Falar de números é obrigatório. Testemunham a confirma-

ca, se torna difí cil isolar exemplos

ção de um sucesso anunciado. As cifras, em sí ntese, são:

válidos, tendo em conta (como dizem

na Feira de rho pero, 31.385 visitantes e 2.723 exposi-

os números), que em sete

tores. na Zona Tortona, 4 quilômetros de circuito e 90

dias de design ocor-

espaços expositivos, 107.809 pessoas registradas, 22,5%

reu uma indigestão.

a mais que o ano passado.

Convém então argu-

o design derrotou a crise, ou ao menos o seu medo. lotou

mentar partindo de

a cidade e invadiu as vitrines da moda, materializando a

antemão do pressu-

contaminação – há muito evocada – entre disciplinas.

posto que devemos

parece que este tenha se tornado um antí doto aos males

ser positivos. A grande

do mundo. de resto, o design em sua acepção original de-

quantidade de apresentações (algumas de gosto duvido-

veria ser “aquela coisa” que pode melhorar a qualidade da

so), um sinal inequí voco nos dá: não faltou a fantasia. e

vida. A pergunta que se impõe, então, poderia ser: qual

a fantasia já é, por si só, uma boa resposta à crise. o

design? responder em ní vel teórico não é difí cil. Há muito

filósofo giorgio Agamben sustenta que “pertence verda-

tempo se tem desejo de projetos éticos, sustentáveis,

deiramente a seu tempo, é realmente contemporâneo o

responsáveis, nascidos de processos e ideias inovadoras,

que não coincide perfeitamente com este, nem se adapta

duráveis, funcionais, acessí veis, esteticamente dignos.

às suas suposições e é, portanto, em um certo sentido,

Mas como se viu “de tudo e demais”, como disse, a pro-

desatualizado; mas, próprio graças a esse descartar e a

pósito de “que coisa é o design”, remo Butti, professor

esse anacronismo, é que se torna capaz de pertencer ao

de Composição Arquitetônica na Universidade de Florença

próprio tempo” (Che cosa è il contemporâneo, i sassi-

(parola di designer, editrice Abitare Segesta), na práti-

nottetempo, 2008).

No alto, Soft Parcel, esto fa do apresen ta do no Spa zio Rossa na Orlandi, nada mais que blo cos qua dra dos de poliu re ta no macio, empa co ta dos com arte em um tecido espalmado branco. Acima, Amici, design Gaetano Pesce para Meritalia: poltronas com grandes animais que “nascem da recordação de meus sonhos infantis: eu mal chegava à altura dos joelhos desses bichos e as suas dimensões fora escala me presenteavam generosamente bondade e ami zade”

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À esquerda, Tokujin Yoshioka dá con ti nui da de à sua obra poé ti ca com o sofá Cloud, ins pi ra do na leve za e nos con tor nos esfu ma ça dos das nuvens. Coleção Mo ro so. Abaixo, sofá Quilt, de Renan e Erwan Bouroullec, para Stabblished & Sons. Pele em ninho de abe lha reco ber ta por um teci do elástico, com inser ções de espu ma, é apoia da so bre uma con cha envol ven te em fibra de vidro. O ninho de abe lha, resul ta do de um pro cesso mate má ti co, esto fa do casu lo por casu lo, dá ao sofá um con for to espe cial e uma esté ti ca ma cia, quase espu mo sa, que se soma à per cep ção de aco lhi men to

no “descarte” há coragem e inventividade, me agrada por isso falar da semana do design seguindo esse “fio vermelho”.

adquirindo uma imagem anticonvencional. Continuando nos estofados, merece menção de honra Cloud, de

pertencem a essa categoria os projetos de Fernando e

Tokujin Yoshioka para a Moroso. Tokujin narra

Humberto Campana, como o centro de mesa em porcela-

por imagens seu projeto de observação das nuvens. e de

na de limoges, realizado para Bernardaud, com pernas e

uma nuvem tem a leveza e os contornos esfumaçados. é

braços de bonecas de celulóide (que são o molde no qual

um projeto puro, alinhado à poética deste sensí vel e sor-

é colado o caolim); o sofá Cipria, da edra, grande super-

ridente designer que transforma materiais improváveis

fí cie em pelúcia, pródiga de gratificações emotivas, e di-

com o paciente trabalho das mãos.

verso de todos os outros sofás burgueses e de bom tom.

gaetano pesce, “desde sempre não adequado às pretensões

Convém também citar outro estofado, Sack, de Marc

de seu tempo” e sempre exuberante nas ideias e nas formas,

Sadler para a Skitsch, a nova marca que é distribuí da

escolheu a dimensão da brincadeira para sua coleção de

diretamente ao público e que abriu seu primeiro ponto-

estofados “Amici”, para Meritalia: poltronas constituí das

de-venda em Milão na Via Monte di pietà. Sack é uma

por pares de grandes animais pintados. “Amici”, declara

coberta estofada, com tirantes reguláveis que a mode-

gaetano, “nasce da recordação de meus sonhos infantis: eu

lam sobre mantas de poliuretano, sem qualquer elemen-

mal chegava à altura de seus joelhos e essas dimensões fora

to estrutural rí gido. o conforto retorna às suas origens,

escala me presenteavam generosamente bondade e amizade”.


Danny Lane retor na ao design e a Milão e apresenta na Dilmos a sé rie Compression, com uma cole ção de mesas e obje tos, sem pre em vidro. Na foto, Venus and Hermes e a mesa I Love You Pink


Doppio Gioco, design do estú dio fran cês 5.5 para a Coincasa, é um con jun to de mesi nhas nas quais a ter cei ra perna muda o des ti no da peça, trans for man do-a em gaio la de pássa ros ou em lâm pa da, ou em vaso de flo res, ou porta-revis tas

Luminária Cau, de Marti Guixé para a Danese, é uma lâm pa da de obras, liga da a um clás si co que bra-luz cir cu lar e amar ra da com fio elé tri co ver me lho

pertencem ao “descarte” os assentos “Soft parcel”, seme-

taria, que vira do avesso o processo tradicional do pro-

lhantes a pacotes, do estúdio sueco Taf, apresentados no

jeto: o desenho não diz respeito à estrutura do produto,

Spazio rossana orlandi, nada mais que blocos quadrados

mas à pele que, modelada sobre ela, não apenas a reves-

de poliuretano macio, empacotados com arte em um teci-

te, mas define a forma. nesse âmbito, ocupam um posto

do liso, branco. Fazem também parte desse universo o

de destaque ronan e erwan Bouroullec com a poltrona

sofá da designer belga Christiane Hoegner, quase uma

Quilt, uma peça corajosa que inverte o método clássico de

obra situacionista, constituí do por uma sobreposição de

construção dos estofados. o objeto do projeto é o

almofadas brancas, e proposto na coletiva les Belges, e

revestimento: uma pele em ninho de abelha recoberta por

o banco macio “Button Up”, de ditte Hammerstrom para

um tecido elástico, com inserções de espuma, é apoiada

Skitsch, uma forma básica, ligeiramente estofada e “ves-

sobre uma concha envolvente de fibra de vidro. o ninho

tida com uma técnica de alfaiataria de ‘ moulage’ ”: um te-

de abelha, resultado de um processo matemático, esto-

cido abundante e drapeado o recobre com pregas macias,

fado casulo por casulo, dá à poltrona um conforto espe-

presas com botões e lacinhos.

cial e uma estética macia, quase espumosa, que se soma

é lí cito, a este ponto, abrir o

à percepção de acolhimento. São também de “moulage” os

capí tulo do “design sar-

projetos de ingá Sempé para a nova empresa francesa

toriale”, ou de alfaia-

Moustache: a lâmpada de mesa e a de teto, Vapeur, em

À esquer da, assen tos para a Ikea da desig ner sueca Maria Vinka, que usa tra ma dos com casca de bana nas e outros mate riais natu rais. Na pági na ao lado, sofá Sack, de Marc Sadler, é uma cober ta esto fa da, com tiran tes regu lá veis que a mode lam sobre o poliu re ta no, sem qual quer ele men to estru tu ral rígi do. À venda na nova loja mila nesa Skitsch

16 ARC DESIGN


Acima, showroom Moroso com a cole ção 2009, basea da na cul tu ra afri ca na e, no deta lhe, as pol tro nas Binta, de Philippe Bestenheider

Tyvek plissa-

nas, semelhantes às clássicas japonesas Cho-Chin, cria-

do, sustenta-

das pelo estúdio nendo, que se inflam com ar quente,

do por um exí guo esqueleto em

quase como se fosse vidro soprado, graças à fibra

metal pregueado, e “l’ Armoire”,

Smash, um tecido não tecido em poliéster, dotado de alta

leve, uma estrutura em madei-

elasticidade à compressão.

ra, vestida com paredes em

pertence ainda à mesma linguagem do descarte a tipo-

tecido plissado. o plissado não tem finalidade decorati-

logia dos hí bridos, projetos nascidos da contaminação e

va, mas é funcional em relação à abertura e ao fecha-

enxertados, resultado de uma investida sensí vel ao reuso

mento das laterais.

e ao enobrecimento de objetos standard. entre estes,

As potencialidades das fibras têxteis mais inovadoras fo-

assinalamos “doppio gioco”, do jovem grupo francês 5.5

ram consagradas na Trienal, na mostra Senseware, com

para Coincasa: mesinha que, ao se colocar a terceira

curadoria de Kenya Hara e promovida pela Tokyo Fiber

perna, se transforma em gaiola de pássaros ou lâmpa-

2009. do binômio fibra-designer nasceram objetos sur-

da, ou vaso de flores, ou porta-revistas. e também a

preendentes, como o pano de chão automático Fukitori-

luminária de teto Cau, bricolagem criativa de Marti guixé

mushi, em nanofront, que se move evitando os obstácu-

para danese: lâmpada de obras, ligada a um clássico

los, para recolher até o pozinho mais fino; ou as lanter-

quebra-luz circular com fio elétrico vermelho.

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Acima, o relu zen te estan de da Edra com, em pri mei ro pla no, duas ver sões de cores do sofá Cipria, dos irmãos Cam pa na, que têm ainda, à esquer da da foto, o armá rio Segreto (ver me lho) e, ao fundo os armá rios da série Paesaggio Ita lia no, de Mas si mo Morozzi

os hí bridos de bricolagem nos transportam às lições insu-

e o designer/artista luigi Serafini, que deu espaço a fan-

peráveis de Achille Castiglioni e a suas peças, como

tasmagorias decorativas. na Feira, era teatral e alegre a

Mezzadro, da Zanotta, o assento de trator que se trans-

cenografia inventada por Ferruccio laviani para festejar –

forma em banqueta. e não é por acaso que o design italia-

sem se levar muito a sério – os 60 anos da Kartell. era

no, com sua carga de inovação, nasce no pós-guerra. Tra-

um caleidoscópio de reflexos cintilantes o estande da

zia fantasia ao cotidiano e convidava a recomeçar, reno-

edra, orquestrado por Massimo Morozzi. Até a ikea, para

vando o próprio entorno. A crise pode, então, servir de sa-

celebrar seus 20 anos na itália, escolheu os objetos mais

lutar estí mulo, sugerindo projetos capazes, como escreve

fantasiosos, privilegiando o design assinado.

Michel Maffesoli em seu recente artigo “Apocalypse”, de

eram emblemáticas como exemplo de sobriedade – com-

“fazer de cada dia um domingo” (CnrS ed., paris, 2009).

preendida como declinação da excelência executiva em

era uma festa tribal a apresentação M’ Afrique no show-

produtos de perfil tranquilizante – muitas propostas das

room Moroso; uma explosão pirotécnica a instalação na

empresas históricas: bons produtos, sem descartes, ra-

dilmos, de danny lane, que retorna a Milão, no mesmo

zoáveis, mais que emocionais, pensados para serem du-

espaço, depois de 20 anos, com a mesma, pura, energia

ráveis, também do ponto de vista estético.

criativa. Foi uma pausa mí stico/dessacralizante a mos-

os dois temas, fantasia e sobriedade, não escapam do

tra do estúdio Job, no mosteiro de San Simpliciano; uma

risco. o primeiro tende a degenerar no excesso; o segun-

viagem fantasiosa pela excelência do fazer no projeto de

do, na banalidade. excessos e banalidades

paola navone para Taste (pittimmagine) e richard ginori

não faltaram. Mas convém olhar a face

no pavilhão Visconti, na via Tortona; uma experiência irô-

positiva da medalha e considerar a edi-

nica/surreal a ambientação do showroom de Margiela,

ção do Salão de Milão 2009 como um

com móveis e objetos recuperados e transformados. ingo

ato de fé que pode

Maurer comoveu com “as suas lágrimas do pescador”,

“fazer de cada dia

tendo como hóspedes, no teatrinho de Krizia, Borek Sipek

um domingo”.

i

Acima, cadei ra Front, da Ikea, muda seu visual ao se vi ra rem as pági nas. À es quer da, Cushioned Sofa, de Chris tiane Hoegner, es tru tu ra do ape nas com almo fa das bran cas, como se fos sem sacos empi lha dos. Ex pos to na cole ti va Les Belges


LL_Andre_Piva_Arc_Design_2.ai

09.04.09

11:25:36


EUROLUCE 2009

PLEASE ME, PLEASE A cada ano a feira de Milão chega prometendo muitas surpresas. Os núme ros da bie nal Euroluce não cres ce ram como na edi ção ante rior, mas per ma ne cem expres si vos. Este ano, em espe cial, o even to che gou envol to numa nuvem de incer te zas e por isso já dava sinais de que ofe re ce ria solu ções cria ti vas para dri blar o mer ca do em crise

Fotos © Molo

Baba Vacaro

Nesta pági na, clássi cas dobra du ras asso cia das a LEDs com põem desde peque nas lumi ná rias até ver da dei ras pare des lumi no sas. Criações da desig ner Stephanie Forsythe para Molo



Tom Vack © Ingo Maurer GmbH

Baba Vacaro Albi Serfaty

Acima, luminárias Zufall, de Ingo Maurer, com corpo fle xí vel em sili co ne. Na versão pen dente, regu la-se a altu ra sim ples mente por meio de um nó. À esquer da, no al to, lumi ná rias Totem, design Burkhard Dammer e Ma ri vi Calvo, em exi bi ção no Fuo ri salone. Abaixo, deta lhe das lumi ná rias Apa ya, em mohair e seda, design Ayala Serfaty

Volto da Itália. Para entrar no fuso e no clima não resisto e primeiro coloco em dia a leitura, começando por um artigo de Daniel Piza. Nele encontro as palavras que me faltam: “pequenas variações podem causar grandes efeitos, e experimentar esse infinito rearranjo é uma receita de boa existência”. E mais: “Hoje vivemos um tempo em que se faz todo o possível para rimar conhecimento com entretenimento, mas a maior vítima é o silêncio, sem o qual não há muita concentração”. Pronto, é isso. Obrigada, Daniel. Se em momentos de bonança já parecia desnecessário inventar uma nova roda a cada ano, em momentos de crise as infinitas possibilidades de rearranjar ideias são mais que apenas solução, são a verdadeira salvação. As enormes restrições impostas pela crise mundial nos fizeram chegar a um esperado momento de simplicidade, de colocar um fim aos excessos. E é nesta hora que a criatividade e a sensibilidade dos designers tornam real a preciosa transformação de pedra em leite.


Fotos Baba Vacaro

Acima, Spazio Rossana Orlandi, uma das melho res opções fuo ri sa lo ne, que neste ano apresen tou Talent Milano, uma sele ção de 21 jovens desig ners prove nien tes de 11 paí ses. A ini cia ti va é da Designhuis, orga ni za ção holan desa gera da no impor tan te polo de design e inova ção que é a Academia de Design de Eindhoven

As peças do desig ner holan dês Piet Hein Eek, de pro du ção sem pre limi ta da a peque nas tira gens, mis tu ram as fron tei ras entre arte, design, arte sa na to e indús tria. Na foto à direi ta, as lumi ná rias Necktie Lamps, de estru tu ra bas tan te sim ples, uti li zam como difu so res diver sos teci dos de gra va ta ria, garim pa dos no pró prio espa ço Rossana Orlandi

Se na edição anterior da Euroluce via-se nos produtos

e leves é o principal raciocínio que os designers de

algo de obsessivo, dramático, um frenesi de formas ner-

moda emprestam ao design dos objetos para casa.

vosas e cores irreais, há neste ano o alívio da serenidade.

Dessa experimentação com recortes, dobras, franzidos

Passou a tempestade e chegou a bonança. Como sempre

e plissados surgem principalmente produtos de base

imitando a arte, é como se passássemos de Pollock a

artesanal, materiais e componentes low tech e soluções

Morandi neste espaço de dois anos; sem prejuízo da

simples baseadas no puro casamento entre tecnologia

expressividade, passamos da ação à contemplação, de

e sensibilidade. Exemplos não faltam.

objetos ruidosos a objetos silenciosos e espontâneos que

Para começar muito bem, temos as novas luminárias

nos dão a sensação de que estamos diante de algo único,

Apaya, de Ayala Serfaty, este ano em grande instalação

cuja existência vai além da simples aparência.

no hotel Nhow, na zona Tortona. A designer israelen-

Neste momento fica cada vez mais visível a aproxima-

se – cujas grandes luminárias em seda plissada são

ção entre design e moda. E felizmente essa aproxima-

conhecidas por sua força expressiva – como sempre

ção não é mais apenas maquiagem, artifício da indús-

surpreende com os resultados de sua experimentação

tria para explorar as necessidades de consumo do

em novos materiais (neste caso, a mistura de seda e

mundo moderno ou uma simples subversão decorativa

mohair) e formas escultóricas trabalhadas à mão.

dos objetos. A partir da necessidade de se economiza-

A francesa Inga Sempé visita o universo da moda com

rem recursos industriais, parte-se para a experimenta-

sua luminária Vapeur, um balão de Tyvek (não tecido

ção com outras técnicas e novos repertórios. A cons-

que une as melhores características do tecido e do

trução de formas tridimensionais e estruturas rígidas a

papel), que também utiliza as propriedades mecânicas

partir do bidimensional e dos materiais planos, fluidos

e estruturais do plissado. 23 ARC DESIGN


Š David Trubridge


À esquer da e abai xo, Paul Cocksedge apresen ta para Flos sua lumi ná ria Life, que com bi na luz, água e vida sob a apa rên cia de um vaso de cris tal trans pa ren te. Como numa natu re za-morta, aqui a ideia é esti mu lar o silên cio e a con tem pla ção. A haste da flor age como con du tor da ele tri ci da de, ati van do um LED ins ta la do na base do vaso. Conforme a flor vai mor ren do, a luz vai dimi nuin do até apa gar. No pé da pági na, lumi ná ria de mesa Nevo, de Arturo Alvarez

Na página ao lado, duas instalações de grande poesia durante a Euroluce, experimentos com reflexão e texturas e sua intervenção no espaço: à esquerda, Cosmic Leafs, de Ross Lovegrove para Artemide; à direita, detalhe da Três Cestos do Conhecimento, de David Trubridge, no Superstudio Più da via Tortona. Mente, corpo e espírito traduzidos em três diferentes materiais (bambu, alumínio e PETG)

As técnicas da modelagem ainda estão presentes nas

nova dimensão poética da iluminação. Nesta edição, a

novas luminárias Geo e Nevo, do designer espanhol

simplicidade e a elegância de seu traço, combinados ao

Arturo Alvarez. São formas espontâneas, criadas a par-

inteligente uso da tecnologia, exibiram-se nas luminá-

tir de dobraduras e franzidos em telas metálicas, sobre

rias da série Cosmic para Artemide, em especial as

as quais é aplicada uma fina camada de silicone.

escultóricas Leaf, grandes folhas em policarbonato

Papel e dobraduras clássicas encontram-se com os

que, suspensas ou apoiadas, eram a mais perfeita tra-

modernos LEDs nas luminárias da canadense Molo,

dução da leveza.

criações de Stephanie Forsythe. São estruturas a um só

Paul Cocksedge, cuja trajetória incluiu passagem pelo

tempo simples e complexas, que vão de pequenas

estúdio de Ingo Maurer, continua sua pesquisa com

luminárias a verdadeiras paredes luminosas.

elementos fluidos, natureza e luz. Para Yamagiwa, a

Há ainda outras experiências poéticas e únicas que

sé rie Swell mo di fi ca-se de

merecem destaque nesta edição da Euroluce. Os Três

acordo com o aque-

Cestos do Conhecimento, instalação de David Trubridge

cimento do líquido

baseada na mitologia Maori, da Nova Zelândia, consti-

no difu sor; na

tuiram-se no mais belo espaço do Superstudio Più. Pro-

luminária

mover ideias em vez de produtos e a crença de que o

Life,

design deve alimentar mente, corpo e espírito são uma

men to

constante no trabalho do designer.

da luz é a vida.

Ross Lovegrove já é um dos maiores expoentes dessa

Enquanto há vida, há luz. ❉

o

ele con du tor

25 ARC DESIGN


Rochelle Costi ARC DESIGN

no MAM, SP, um recorte da produção brasileira contemporânea e aborda o tema da existência ou não de fronteiras rígidas entre as diversas manifestações da criação figurativa

Acima, vista geral da mostra Design Hoje – Fronteiras, rea li za da no MAM São Paulo, com cu ra do ria de Adélia Borges. Sobre o tabla do, em pri mei ro plano, sa pa tos da Ciao Mao, Havaianas e Cam pa na para Melissa; mais ao fundo pe ça em cerâ mi ca de Máximo Soalheiro

Maria Helena Estrada Em texto de catálogo distribuído pelo MAM, Adelia Borges afirma que “esta exposição apresenta exemplos de vários campos de atuação no design, revelando a

Ev er to n B al la rd in

FRONTEIRAS OU TANGENTES?

DESIGN BRA SI LEI RO HOJE: 26

Adelia Borges apresenta, em mostra realizada

capacidade criativa dos brasileiros”. É uma verdade ressaltada a cada dia. Nossos produtos alcançam maior qualidade e sua repercussão internacional tem sido multiplicada graças a ações do governo, por meio da APEX, ou mesmo das empresas que apostam no potencial de nossos profissionais. E isso é novo no mercado brasileiro. Mas as fronteiras persistem, ainda que sutis, como indica o título da mostra? O design de produto, aquele de moda, o design gráfico, a arquitetura são, já há algum tempo, consideradas ver-

“A tatuagem é a roupa do índio”, comentário de um representante indígena que ser viu de mote para o Fórum Social Mundial 2009, em Belém do Pará e para a Havaianas (acima) criadas pelas designers gráficas Fernanda Mar tins e Sâmia Batista


Tátil Design de Idéias

No alto da página, Fred Gelli tra ba lhou com ins cri ções e corte a laser em folhas secas caí das nas ruas, no con vi te para o works hop “Designing Naturally”, no Festival de Publicidade de Cannes: “baixo impac to ambien tal / alto impac to sen so rial”. Acima, de Ana Starling e equi pe, vinhe ta usa autorretra to de Frida Kahlo e pin tu ra de Diego Rivera. Ao lado, colar Mandala de Mana Bernardes feito com pet

tentes de um mesmo discurso, como no exemplo de mobiliário e moda, cujos conceitos muitas vezes se entrecruzam. Um bom exemplo é o dos irmãos Campana, cujo emaranhar de fios já se tornou marca registrada, das poltronas e vasos aos sapatos e bolsas. Talvez a única fronteira visível seja aquela temporal, ou seja, a relutância de alguns profissionais em aceitar nosso já não tão novo século XXI, que pede economia de materiais (principalmente da madeira), processos produtivos não poluentes, etc. Falta-nos tecnologia de vanguarda, o que está claro nos exemplos da mostra.

design de raiz artesanal, nas tecnologias de baixo custo, como se vê na pesquisa realizada pela Fibra Design

Mauro Cury

Mas, por outro lado, somos precursores e mestres no

27 ARC DESIGN


Acima, capa e índi ce da revis ta ARC DESIGN, pro je to grá fi co da desig ner Fernanda Sarmento. A ima gem da capa desta edi ção é cria ção do artis ta plás ti co José Spaniol, foto gra fa da por Luis Calazans Luz. Abaixo, "O Livro da Gráfica", da edi to ra Ro sari, com auto ria do desig ner Carlos Ferlauto e Heloisa Jahn

Sustentável, cujo exemplo é o skate. Leitura transversal, o recorte da mostra são os projetos recentes, do

Everton Ballardin

século XXI e, se o século XX foi o período de plantio do design em solo brasileiro, o século XXI será o da colheita. “A mostra, com 95 participantes de todo o país, não tem a pretensão de fazer um ranking dos melhores, muito menos de traçar um panorama exaustivo de uma produção que é vasta e plural”, avalia Adélia Borges. No cenário internacional, há um crescente reconhecimento e penetração do design brasileiro, sua inventividade e suas características culturais peculiares e marcantes. A itinerância desta mostra servirá para enfatizar a competência multidisciplinar de nossa atual geração de designers. ❉

Realização: Museu de Arte Moderna de São Paulo Curadoria e textos: Adélia Borges Direção de design: André Stolarski (Tecnopop) Em cartaz até 28 de junho, no MAM-SP, Parque do Ibirapuera, portão 3

Tecnopo p

Acima, car taz-folder criado por Rico Lins por encomenda do centro de arte e tecnologia alemão ZKM para o pré-lançamento de uma ópera multimídia sobre a Amazônia. Há uma integração visual entre imagens de satélite e experiências xamânicas e yanomamis. Abaixo, catálogo e embalagem para a mostra Krajcberg, criados pelo estúdio Tecnopop, de André Stolarski e equi pe. O pro je to apropria-se da temá ti ca de Krajc berg ao criar invó lu cro que mime ti za um tron co quei mado


PAG 13 IED

12/3/08

10:56 AM

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entre os con su mi do res de todas as clas ses e or ça men tos, a Tok & Stok cele bra três déca das de ações ousa das, crescimento e acer vo cui da do so, um con cei to que faz do design algo pos sí vel e demo crá ti co

30 ANOS,

30 DESIGNERS,

30 PRODUTOS

Uma das mar cas de maior suces so

30 ARC DESIGN

Lars Mathiesen, do escri tó rio dina mar quês Pelikan Design, assi na a estan te Mir (acima), um pro du to modu lar e resis ten te, con fec cio na do em MDF, lami na do mela ní mi co e bor das de PVC. A peça vai da casa ao escri tó rio sem cons tran gi men to, muito segu ra de suas ousa dias ao variar entre ver me lho e preto os deta lhes de aca ba men to No alto da pági na, a linha Pitanga, de Alain Blatché, faz da fruta ho mô ni ma sua fonte de ins pi ra ção, mis tu ran do for mas arre don da das e simé tri cas. Além da cadei ra, há a mesa, tam bém em madei ra ma ci ça e pin ta da em tons pastel


Cristina Teixeira Duarte Quando o casal francês Regis e Ghislaine Dubrule percebeu que, no Brasil, não havia nenhum endereço de móveis prêt-à-porter, teve a ideia de implantar em São Paulo um conceito de venda criativo e já consagrado na Europa. O ano era 1978 e o sistema seria o da loja Tok & Stok, que se tornou conhecida e reconhecida por oferecer móveis e acessórios para casa e escritório, em que design, contemporaneidade, preço possível e pronta entrega são os grandes diferenciais. A ideia foi incorporada à cultura do nosso consumiA cadeira Lina, homenagem do mineiro Porfírio Valadares a Lina Bo Bardi, tem desenho leve e compacto e uma boa flexibilidade do encosto, em compensado multilaminado de freijó

dor, que tem hoje nessa marca um referencial permanente por novidades em decoração. Afinal, quem já não comprou uma peça que seja em uma de suas 27 lojas, distribuídas em 11 Estados? Ou mesmo compôs ambientes ou projetos inteiros com suas sugestões?

Acima, o desig ner Guto Lacaz criou o revistei ro Zig Zag, uma pe ça tão fun cio nal quanto lúdi ca, em chapa de aço pinta do em epó xi, que reme te a uma telha for ma ta da para aco mo dar livros e revistas

Essa ideia de sucesso completa 30 anos, com aproximadamente 1.000 fornecedores, 2.500 funcionários, 10 mil itens no acervo, lançamento médio de 12 produtos por dia e venda mensal de 500 mil unidades por mês! Além de iniciativas que vão de disputados prêmios ao talento universitário até uma gama de serviços pontuais para os clientes. Multiplicidade confirmada por números eloquentes, celebrados agora pelo Projeto 30 Anos, que reúne a tiragem limi-

Abaixo, impos sí vel não vis lum brar uma estru tu ra arqui te tô ni ca na estan te Topo, do escri tó rio Proc ter_Rihl, cria da pela dupla anglo-bra si lei ra Chistofer Procter e Fernando Rihl. Chapas de MDF reves ti das de lami na do uti li zam sis te ma de encai xe e suge rem movi men to por suas ines pe ra das bor das recor ta das

tada de 30 produtos, assinados por 30 designers convidados, entre parceiros e profissionais do design – Pedro Useche, Carlos Motta, Guto Lacaz, Marcelo Rosenbaum e outros nomes de peso. Cada qual desenvolveu uma peça sob o conceito que norteia desde sempre a produção da Tok & Stok, resultando em criações contemporâneas, harmoniosas, acessíveis e, claro, bem projetadas. O Parceiro da Tok & Stok, tanto no trabalho quanto nas ideias, Mar celo Rosenbaum propõe a mesa la teral Seis (acima). Uma peça re vestida de laminado em tons suaves, cuja angulação hexagonal permite diversas compos i ções: podem estar justapostas ou em formato de colmeia

acervo comemorativo tem em comum a busca de tendências, a pesquisa de materiais e a meta permanente de levar design a todas as pessoas e lugares, premissa que fez da marca uma alegre revolução no universo do bem morar. ❉ 31 ARC DESIGN


DESIGN CARIOCA Ser cario ca, ou baia no, ou gaú cho, como diz o di ta do... é um esta do de espí ri to. Que se tra duz no de sign da moda e tam bém dos obje tos. Pen san do no design cario ca en con tra mos tra di ção e com pe tên cia, tudo em ba la do com muito bom humor

Acima e à direita, Ledeggs, a menor lumi ná ria do mundo, com lâm pa das LEDs dentro da casca de um ovo. Acima, a gar ra fa é a emba la gem da lumi ná ria. Design Levi Domingos

Maria Helena Estrada Foi no Rio de Janeiro que surgiram os primeiros grandes talentos no design, de Tenreiro e Zanine a Sergio Rodrigues, sem esquecer o grande designer gráfico Aluízio Magalhães. É também do Rio a primeira escola de design brasileira, a ESDI, Escola Superior de Desenho Industrial, bem viva até hoje. Falamos de 30 ou 40 anos atrás. Depois a cidade aquietou-se, para ressurgir com personalidade e competência, com todo seu espírito leve, brincalhão ou, ao contrário, com toda a seriedade que se espera de um escritório de desenho industrial, como o

À esquerda, de Chico Fortunato, o banco Descanso do Chefe, usa obje tos de cozi nha, como tábua de carne, rolos de massa e pilão, sem pre em madei ra. Além da loja Novo Desenho, o banco é encon tra do em São Paulo na Conceito Firma Casa

32 ARC DESIGN


de Guto Indio da Costa. Onde encontramos a nova ge ra ção de de signers cariocas? Já chegando a São Paulo (o Descanso do Chefe está na Firma Casa), a coleção mais completa, no entanto, está na loja Novo Desenho, no espaço do Museu de Arte Moderna, RJ. Uma loja pequena, mas digna de toda a confiança. Túlio Mariante, com dedo certeiro e faro fino, reúne o melhor. E não falta ninguém, no que diz respeito a mobiliário, luzes, objetos. A coleção, que vai da madeira – e como não? – às bolinhas de gude, às botas de açougueiro, aos “ovos” com LEDs e ao mais comportado metacrilato, tudo o talento carioca transforma em bom desenho. Foi lá que descobrimos Carlos Simões, eremita que vive no meio da Mata Atlântica. É lá que se reúnem os profissionais que animam e revitalizam o que eles próprios denominam – de forma bem bairrista – design carioca. E quem são esses novos personagens? Bom, além de Sergio Rodrigues – que não envelhece, como um bom vinho – e reafirma a cada dia seu talento, agora em âmbito internacional, temos Zanini de Zanine (herdeiro da primeira geração), Mendes & Hirth (também descendente – Hirth – de um tradicionalíssimo marceneiro de luxo carioca), Mana Bernardes, neta do arquiteto Sergio Bernardes. Tradição é o que não falta! Mas o espírito está longe de ser saudosista. ❉

No alto da pági na, rigo ro sa sim pli ci da de na cadei ra Nexus, de Carlos Simas, desig ner que esco lheu as pro fun de zas da Mata Atlântica para viver e tra ba lhar. Usa madei ra 100% sus ten tá vel, tem as peças encai xa das sem o uso de para fu sos, pre gos ou cola

Acima, lumi ná ria Maria Ri ta, design Levi Domin gos, cons truí da com papel. Abaixo, de Ber nar do Senna, Sublimação do Açougueiro, luminária que usa botas de borracha, como as usadas nos açougues


Dress to Impress, coleção de luminárias assinadas por Baba Vacaro para a Dominici, busca na linguagem fluida e efêmera da moda o repertório ideal para

VESTIDA DE LUZ

desconstruir padrões e repensar estruturas Cristina Teixeira Duarte Cada vez mais interligadas, moda e decoração são duas expressões que vêm consolidando parcerias criativas. As passarelas vão às casas e o design de objetos invade os ateliês, em simbiose plena de surpresas e de possibilidades. Esse duo de sucesso está em Dress to Impress, coleção de luminárias da Dominici concebida a partir de técnicas de costura. Franzidos, pregas, dobras, plissês, godês e balonês compõem verdadeiras saias-cúpulas, confeccionadas em puro algodão com tingimento natural. Prontas para vestir e iluminar! Longe de endossar a tese de que a superficialidade da moda subverte a vocação duradoura do objeto de design, a autora, Baba Vacaro, que também é diretora de criação da marca, vê essa aproximação como um canal para a ruptura de paradigmas. “A busca pela desconstrução é um dos principais fatores que movem o design em direção à moda, porque envolve a experimentação de novas formas, técnicas e materiais”, explica. Batizadas – à francesa – de Babette, Charlotte e Juliette, as peças se apresentam como luminárias de teto e recebem diferentes bases para abajures e colunas. Versões que


Na Dominici, o encon tro entre design e moda, segun do o olhar agu ça do da desig ner Baba Vacaro, tam bém dire to ra de cria ção da marca. São saias-cúpu las em puro algo dão para lumi ná rias de mesa, de pé ou pen den tes, que uti li zam téc ni cas da cos tu ra tra di cio nal, entre plis sa dos, dobra du ras, pre gas, godês e balo nês

esbanjam leveza graças ao uso pontual do repertório da moda, capaz de transformar “pequenas saias” em difusores de luz. Na definição da designer, como “estruturas semirrígidas que vestem, abrigam e modelam corpos invisíveis de luz”. A coleção verão 2009 – termo próprio do universo fashion – chega junto com as mudanças no showroom da Dominici, projeto do arquiteto Kiko Salomão, responsável também pelo projeto original da loja. Mais amplitude e tecnologia dão modernidade ao espaço, dotado de recursos não menos experimentais, como iluminação que utiliza tecnologia avançada, efeitos cênicos e sistemas de automação à disposição do manuseio de visitantes e clientes. O novo mobiliário destaca o acervo em exposição, enquanto telões de plasma exibem as peças ambientadas, a fim de facilitar sua visualização e escolha. Entre dezenas de sugestões estão o pendente Ping, lançamento, assim como as luminárias de mesa Timebeam, que projetam na parede ou no teto a imagem de um relógio analógico em movimento, e Gloom, esta também em versão de parede para iluminação indireta. ❉ 35 ARC DESIGN


BRAND YOUR SELF O PER FIL DO NOVO CON SU MI DOR Francesco Morace define nesta entrevista a possível relação entre o novo consumo e a fruição pessoal. “A perspectiva que o 'consumautore' permite”, afirma, “é aquela de uma vida em primeira pessoa, que se abre em um horizonte que é possível definir em muitas sociedades (não em todas), como a época do pós-consumo”. Morace, autor do livro “Consumo Autoral: as Gerações como Empresas Criativas”, participou do Fórum Mega Tendências, em São Paulo Entrevista exclusiva concedida à ARC DESIGN

ARC DESIGN – O senhor é um dos mais impor tan tes estu dio sos de

cada vez mais, por um pensamento único – o do consumo

atitudes e hábitos do novo consumidor, o qual define como “con-

igual para todos – e marcadas por experiências homologan-

sum-autore”, ou autor do próprio consumo, das próprias esco-

tes: os números, de fato, demonstram o contrário. O tecido

lhas. Quais os sinais ainda fracos e quais as evidências marcan-

conectivo da nossa experiência comum continua a diversifi-

tes desse novo comportamento, mola propulsora para a compra?

car-se, nossa subjetividade se exprime de maneiras diversas

O que mudou nos últimos anos?

pulando, por exemplo, de um network social a um outro, como

FRANCESCO MORACE – A primeira evidência seria o sucesso dos

demonstra de modo brilhante Chris Anderson em seu famoso

networks sociais, que se baseiam em uma ideia muito clara: a

livro “La Coda Lunga” (a Cauda Longa), no qual explica – com

de que “a estandardização de massa” é um conceito que

um pragmatismo bem norte-americano – o quanto o merca-

começa a se esfiapar pelas bordas. São poucos os que conti-

do cultural que usa a rede como canal de distribuição se dire-

nuam a pensar que nossas vidas sejam ainda dominadas, e

ciona para uma diversificação absoluta.


AD – Em sua opi nião, como se opera essa tran si ção e como se

reflexão, e fechando o círculo da total sobreposição entre a in-

manifestam as novas formas de consumo?

timidade e a socialização. E é natural que isto revolucione as re-

FM – Poderíamos chamar de sinais ainda sutis, ou pouco perce-

gras da distribuição comercial. A previsão é que, no futuro, se-

bidos pela maioria, o fato dos best-sellers serem muito limita-

rá necessário governar essa forma de liberdade utilizando novos

dos, enquanto as escolhas pessoais e únicas proliferam em mo-

parâmetros e novas estratégias, nas quais o caráter prevalece

do exponencial. A subjetividade plasma-se sobre um imaginário

sobre a diversificação: serão os próprios clientes a diversificar.

esgarçado e múltiplo que combina os “hits do mainstream” com os nichos “undeground”. A fragmentação cultural e a das ima-

AD – Gostaríamos que o senhor nos desse uma chave de lei tu ra

gens atravessam o mundo comercial para além das fronteiras já

e alguns exemplos para a compreensão dessa nova realidade.

conhecidas. A distinção entre fenômenos e produtos de massa,

FM – Para melhor compreender os fenômenos que acontecem

e entre produtos únicos ou de nichos, acabou para sempre.

em relação ao consumo, neste momento, é útil consultar ou reler um dos fundadores dos estudos sobre a felicidade –

AD – Quais as carac te rís ti cas e os ins tru men tos que assi na lam

Tibor Scitossky – autor do ensaio “Joyless Economy”, publica-

este novo horizonte?

do em 1976. Sua teoria baseia-se na distinção entre os bens

FM – O sucesso imediato do Facebook, ao criar a possibilidade

de conforto e os bens de criatividade, os quais nesses últimos

de estabelecer e nutrir redes afetivas, partilhando emoções e

anos plasmaram nossa experiência cotidiana. Os bens de con-

experiências, e anulando os confins entre subjetividade e socia-

forto proporcionam um estímulo imediato, sensações agradá-

lização. A marca deixa de ser tão importante, porque "a marca

veis de breve duração, e nos dão segurança. Os bens de cria-

sou eu". Minha própria identidade biográfica irá nutrir meus

tividade, ao contrário, são relacionais, culturais, estimulantes,

sonhos futuros e a qualidade da minha relação com o mundo.

e tendem a durar no tempo, mas requerem experimentação e

O único verdadeiro luxo é a personalidade, o novo slogan é

energia pessoal para serem apreciados. De um lado, temos a

“brand yourself”, ou seja, promova a você mesmo. Utilizando as

banheira de hidromassagem, do outro, a leitura de um bom

relações, os afetos, os ex-companheiros de escola, aqueles que

livro; de uma parte, a visita a museus com amigos e, da outra,

de improviso se tornam "os amigos", ou os amigos dos amigos.

a compra de um par de sapatos. O único verdadeiro luxo é a subjetividade: “brand yourself”, mas

AD – Qual será o com por ta men to do mer ca do, das redes de dis -

com o cuidado de não cair na armadilha de Bauman, velho so-

tribuição diante dessa nova realidade anunciada?

ciólogo polonês, que afirma: “a subjetividade, e grande parte do

FM – É na verdade uma nova situação, um novo horizonte de re-

que essa subjetividade consente obter, é baseada em um esfor-

lações entrelaçadas que se abre, fornecendo matéria viva para

ço sem fim para ser e permanecer um produto vendável”. ❉

Imagens cedidas pela Future Concept Lab

Na página ao lado, o sociólogo e escritor Francesco Morace e a capa de seu livro “Consumo Autoral”. Abaixo, os novos “personagens”, autores do próprio consumo, exemplificando uma “street fashion” muito pessoal


Em resina preta, a fruteira de Still Life, da Seletti, foge totalmente dos padrões tradicionais. Ironia fashion com materiais contemporâneos. Na Conceito: firmacasa. (11) 3068 0380, www.conceitofirmacasa.com.br

Lançamento da Bernardaud, o porta-velas criado pelos irmãos Campana faz parte da coleção Nazareth, que utiliza fragmentos de bonecas para moldar na porcelana Limoges. Acabamento em banho de bronze. www.campanas.com.br

Coloridas, sur preen den tes, impac tan tes... Essas peças em vidro, cerâmica, resina e porcelana são ousadia pura. A extravagância é o “hit” do momento. Coragem. Vamos assumir?

Desenhado pelos irmãos Campana para a Edra, o espelho de parede Miraggio, que reflete e desconstroi a imagem. Na Firma Casa. (11) 3068 0377, www.firmacasa.com.br

De Vera Souto, os vasos Ibiza Pequim e Espanha Pequim levam o Oriente para a sala. Em cerâmica, as peças são revestidas com tecidos inspirados em quimonos. Na Benedixt. (11) 3081 5606, www.benedixt.com.br


Chrysallis, do designer Angus Hutcheson, é um difusor inspirado na natureza. A arandela tem dezenas de casulos de seda unidos por finas hastes em aço inox. Na Dominici. (11) 3087 7788, www.dominici.com.br

A mão-luminária de Evelyn Tannus, em cerâmica pintada, espanta os olhares “clá ssicos”. A lâmpada tem em seu interior uma delicada flor. Na Esencial. (11) 3168 5601, www.esencial.com.br

Os vasos de Gaetano Pesce fazem parte da coleção Fish Design e são feitos em resina de poliuretano flexível, com moldes elementares e acabamento à mão. www.gaetanopesce.com

Outro pro du to Campana para a Edra, Segreto tem um corpo estruturado que funciona como armário. Em acrílico cor tado a laser e couro colorido, ele tem gavetas e compar timentos em seu interior. Na Firma Casa. (11) 3068 0377


Em alumínio vermelho, o sinal onipresente da arroba vira um apoio para livros. Na Benedixt. www.benedixt.com.br

Semelhante ao ícone de do cu mento do Word, o bloco da Atypyk não deixa você perder suas anotações. www.atypyk.com

Os ícones da informática saltam da tela do computador e se transfor-

O “My envelope”, do designer Marcos Breder, deixa sua correspondência mais diver tida. Dê adeus ao velho modelo pardo e aposte em uma versão amarelíssima, idêntica às pastas do seu desktop. www.bazardesign.com

mam em luvas, móveis, utensílios... Qual é o seu preferido?

Na luva Clicking, o designer mineiro Anderson Horta leva para a cozinha um dos ícones mais emblemáticos da inter net – a famo sa “mãozi nha” que remete a um link. www.andersonhor ta.blogspot.com

Na forma de uma tecla de computador, o banco do Normal Design expressa só um comando: sente-se! A peça é comercia lizada pela Duende. www.duende.jp

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Em neoprene ou poliéster, a capa para laptop da Imaginarium imita um teclado com muito humor. A peça tem “teclas de atalho” com mensagens personalizadas, como “Go home” (“Vá pra casa”) ou “Coffee Break” (”Pausa para o café”). www.imaginarium.com.br


Mamma | Design R. Mafra | Foto CMafra

Luz Ă flor da pele www.iluminar.com.br


Para os fãs incondicionais de emoticons, chegou o Bajca, keypad desenhado pelo estú dio ita lia no Adriano Design para Progind. Com uma simples conexão USB, o produto incorpora 16 novos “smileys” ao computador, cada um representando uma emoção diferente. Os emoticons também podem ser usados para criar colares, pulseiras e outros adereços. www.bajca.com

O novo modelo de fil ma do ra digi tal da Sam sung, – SMX C14 – cha ma a atenção pelo desenho ergo nô mi co, de for mas arre don da das. Com tela LCD de 2,7 polegadas, o equi pa mento tem progra ma de edi ção de imagens e per mite fazer uploads de vídeos di re ta mente para o you tube. www.samsung.com

Está mais para uma car tei ra ou obje to fas hion, mas é o laptop Digital Clutch, da HP. Com estampa de peô nias, ele pesa apenas 1,134 kg, tem 1 GB de memó ria e pro ces sador Intel Atom. Im pos sí vel re sis tir! www.hp.com

42 ARC DESIGN

O desig ner Philippe Starck amplia ainda mais o número de tipologias nas quais atua com os alto-falantes Zikmu, fabri ca dos pela fran cesa Parrot. Com ampli ficador digital, o equi pa mento é acoplado com WiFi e Blue tooth, o que per mite receber mú sicas de ou tros dispositi vos sem pre ci sar de cabos. www.par rot.com

Desenhada pelo norteamericano Adam Hammerman, a lumi ná ria de mesa Lux Fiore se baseia no compor ta mento das plantas. As flo res aco pladas à peça se “abrem” durante o dia ou quando estão em uso e se fecham quando a luminária é desligada ou está escuro – quase como as flores de verdade! www.coroflot.com/aham73


B E L AS ART ES

Projeto do aluno Gabriel Oliveira D’Orazio, segundo colocado na categoria “Exterior” do “Segundo Desafio Plascar de Design Automotivo”.

Aluno: Gabriel Oliveira D’Orazio A estrutura compacta e aerodinâmica do minicarro, com formas inspiradas em uma joaninha, possibilita o máximo de aproveitamento interno do veículo. O projeto foi o segundo colocado na categoria “Exterior” do “Segundo Desafio Plascar de Design Automotivo”.

O Núcleo de Design do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo reúne os cursos de Design Gráfico, de Interiores, de Moda e de Produto em um espaço para estudo e pesquisa. O talento de nossos alunos, aliado a esta infraestrutura exclusiva, já tem mostrado resultados expressivos. São diversos alunos reconhecidos e premiados em concursos como Bombay Sapphire, Desafio Plascar de Design Automotivo, Embala Ideias, IDEA/Brasil, Tok&Stok, ABIPLAST, entre outros. Núcleo de Design Belas Artes. A resposta ao seu desafio pode estar aqui.

Design Design Design Design

de Interiores de Moda Gráfico de Produto

www.belasartes.br

DvCom

núcleo d e d e si g n


A GRANDE NOITE DO DESIGN Mais um prêmio, dentre os tantos que há hoje? Não, uma premiação bem diferente. Porque é brasileira e abrange todas as categorias do design, incluindo entidades e instituições. É essa a essência do TOP XXI – PRÊMIO MERCADO DESIGN, que reuniu grandes nomes do design e da arquitetura, além de destacar entidades e empresas que valorizam nossa produção

Marcelo Salvador

Julia Garcez / Fotos Denise Andrade


Uma cerimônia no Istituto Europeo di Design revelou,

tesanato e pela indústria, sem esquecer a arquitetura

no dia 16 de abril, os ganhadores do Top XXI – Prêmio

de interiores. Tudo em uma bela mostra no IED, nosso

Mercado Design. O clima era de alegria e confraterniza-

parceiro na premiação de 2009.

ção, reunindo as estrelas do mercado e os profissionais

Em sua segunda edição, o prêmio segue confirmando

iniciantes, os empresários e as entidades que dão seu

a maturidade do design nacional, como aponta o críti-

apoio ao produto nacional, como SEBRAE e APEX.

co de design Marcelo Lima. “A seleção do que merecia

Iniciativa da revista ARC DESIGN, o TOP XXI aproxi-

ser premiado foi feita pelo próprio setor – com um cri-

mou o design do mercado, os designers de seu público,

tério de qualidade sem paralelo em premiações seme-

e elegeu o melhor da produção, a partir de 2005, em 15

lhantes”, afirma. A partir da indicação e análise de pro-

categorias: do produto à embalagem, passando pelo ar-

fissionais e entidades setoriais, foram escolhidos três

Abaixo, os produtos finalistas nas categorias Mobiliário e Design Sustentável em exposição no Istituto Europeo di Design. Na página ao lado, os principais nomes do design e da arquitetura compareceram à cerimônia de premiação na sede do IED. No detalhe, o troféu desenhado pelos irmãos Campana


“Fico feliz em ver que mais orga ni za ções en ten dem design e ino va ção como fator deter mi nan te de cres ci men to – ARC DESIGN e o PRÊ MIO TOP XXI cami nham nessa dire ção. Que re mos que as empre sas sem pre pen sem em como ino var” Paulo Sérgio Franzosi, gerente do escritório regional SEBRAE/SP na Baixada Santista

Acima, o colo ri do das peças da Linha Brasil para Oxford Louças, dese nha das por Marcelo Rosenbaum, fina lis tas na cate go ria Utensílio Doméstico. À esquer da, Maria Helena Estra da, diretora-editora de ARC DESIGN, entre ga prê mio ao arqui te to Isay Weinfeld, ven ce dor na cate go ria Espaço Comer cial, pela pro je to da Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim, São Paulo

“Esta edição transmitiu a sensação de um momento de vivacidade do design brasileiro e de ótimas perspectivas futuras, pois muitos projetos foram realizados por jovens designers e coletivos multidisciplinares de profissionais” Mauro Ponzè, diretor do IED

À esquerda, Mauro Ponzè, diretor do IED com os premiados na ca te goria Iluminação, com a linha de luminarias Krisalide, Andrea Cer re telli e Fabiana de Andrade


À esquerda, os sapa tos da Ciao Mao, vencedores na ca te go ria Aces sório de Moda. Abaixo, à esquerda, Roberto Hirth, da Mendes-Hirth Mar ce naria, do Rio de Janeiro, finalista na categoria Acessório de Moda, pela bengala Erlan ger. A seu lado, Ilse Lang, designer gaúcha vencedora na cate go ria Mobiliário, com a mesa Lotus

Abaixo, Cristiano Barata, dire tor de Mar keting de ARC DESIGN, com os finalistas na categoria Apoio ao Design Bra si lei ro: Christiano Braga, representando a APEX; Dulce Pro có pio de Car va lho, do Governo do Estado do RJ / Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços; e Edson Fermann, ge ren te de Ino va ção do SEBRAE Nacional, Brasília

finalistas por categoria. Ao Júri Final, formado por

mento, como o designer Zanini de Zanine, vencedor

nomes de destaque do cenário cultural (ver encarte

na categoria Novos Talentos. “O TOP XXI foi um dos

anexo), coube escolher os vencedores.

prêmios mais importantes de minha carreira, por

Além da estatueta, design irmãos Campana, entregue

causa do prestígio e da seriedade de ARC DESIGN”,

aos vencedores, todos os finalistas receberam o tro-

afirma ele. “Com certeza ele me abrirá portas para

féu criado por Ramsés Marçal e equipe do Hangar 44.

novos trabalhos.”

Entre os campeões encontramos empresas e profis-

Definindo o prêmio, Maria Helena Estrada, diretora-

sionais consolidados no mercado, como o arquiteto

editora de ARC DESIGN, ressalta seu caráter e critérios

Isay Weinfeld, vencedor na categoria Espaço Comer-

genuinamente brasileiros. “É a primeira vez que se

cial com o projeto da Livraria da Vila; o designer

associa um prêmio ao design a seu comportamento no

Domingos Tótora, vencedor na categoria Design Sus-

mercado”, afirma: “Não basta apenas criar e desenvol-

tentável; e a Grendene/Melissa, ganhadora nas cate-

ver um bom projeto – é preciso que ele seja produzido,

gorias Design em Plástico e Destaque Empresa. Mas

ambientalmente correto, acessível ao público e bom de

não faltou espaço para jovens que despontam no seg-

vendas. E é isso que procuramos destacar”. 47 ARC DESIGN


À esquer da, o casal Mariana Betting e Roberto Hercowitz, cria do res da espre gui ça dei ra Hamaca, fina lis ta na cate go ria Mobiliário. Abaixo, Luciano Deos, pre si den te da ABEDESIGN, entre ga tro féu a Domingos Tótora, ven ce dor na cate go ria Design Sustentável

Abaixo, da esquerda para a direita, Maria Helena Estrada e os fina listas na cate go ria Espaço Corporativo: Damiano Leite e Luis Capote, do Roberto Loeb e Associados; Guillaume Sibaud, do Triptyque; Roberto Loeb, do escritó rio homô ni mo; Gregory Bousquet, Carolina Bueno e Olivier Raffaeli, do Triptyque; e Jaime Cunha e Renata Bontempo, da Bernardes & Jacobsen Arquitetura. Finalistas têm em mãos o troféu desenvolvido pelo Hangar 44

48 ARC DESIGN


VOTO POPULAR Os leitores de ARC DESIGN também elegeram o

“[Os profissionais da Fogo Design] transformam

melhor do melhor, no Concurso Cultural TOP XXI.

metáforas em objetos e objetos em metáforas. São

Uma votação popular, feita por meio do site da

poeticamente objetivos. Olhar aguçado e atento

revista, mobilizou mais de 2 mil internautas, que

para com as coisas banais”

escolheram seus trabalhos preferidos e registra-

Eleonora Fabre Miranda, 1º lugar no Concurso Cultural

ram suas impressões sobre os concorrentes e sobre o próprio prêmio. Os cinco melhores comen-

[A Fibra Design Sustentável] tem um trabalho fan-

tários foram premiados. Elonora Fabre Miranda,

tástico, e deixa claro que o design sustentável não

com suas observações sobre a Fogo Design e Mo-

significa somente o casamento design/artesanato;

nica Puoli, com o comentário sobre a Fibra Design

é um novo modo de projetar e olhar o mundo”

Sus ten tá vel – pri mei ra e segun da colo ca das –

Mônica Puoli, 2º lugar no Concurso Cultural

receberam bolsas de estudo do IED. Do terceiro ao quinto lugar foram selecionadas as opiniões de

[Os talheres Inova] são para mim a tradução per-

Inês Galvão, Silvia Sasaoka e Bárbara Bea triz

feita de um design com valor agregado! Uma solu-

Chevalier. Todas as cinco autoras das frases esco-

ção simples, daquelas que pensamos: “Como ainda

lhidas receberam uma assinatura de ARC DESIGN

não tinham inventado?” Inês Galvão, 3º lugar no Concurso Cultural

“Marcelo [Rosenbaum] cria diálogos entre objetos, épocas, estilos e dá de presente uma linguagem para seus clientes” Sílvia Sasaoka, 4º lugar no Concurso Cultural

“A [mesa] Fita me remeteu à ginástica olímpica. A qualquer momento achei que o movimento ia mudar. É leve” Bárbara Beatriz Chevalier, 5º lugar no Concurso Cultural


VENCEDORES DO PRÊMIO MERCADO DESIGN TOP XXI 2009 CATEGORIA

VENCEDORES JÚRI

VENCEDORES VOTO POPULAR

MOBILIÁRIO

Mesa Lotus

Mesa Fita

LUMINÁRIA

Krisalide

Led It Be

UTENSÍLIO DOMÉSTICO

Linha Trix Edição Alex Atala

Linha Brasil para Oxford Louças

EQUIPAMENTO ELETROELETRÔNICO

Secador Taiff Deva Sun Dryer

Telefone Motorola W6

ACESSÓRIO DE MODA

Ciao Mao

Bengala Erlanger

DESIGN SUSTENTÁVEL

Domingos Tótora

Fibra Design Sustentável

INOVAÇÃO

Télo, Telefone Público Veicular

Poste de Luz Urbano

EMBALAGEM

Embalagem de Pizza Packostakis

Embalagem de Pizza Packostakis

DESIGN EM PLÁSTICO

Coleções Melissa

Coleções Melissa

ESPAÇO COMERCIAL

Livraria da Vila (Shop. Cidade Jardim)

Livraria da Vila (Shop. Cidade Jardim)

ESPAÇO CORPORATIVO

Loducca Publicidade, SP

Loducca Publicidade, SP

DESTAQUE: NOVOS TALENTOS

Zanini de Zanine

Zanini de Zanine

DESTAQUE: PROFISSIONAL

Questto Design

Marcelo Rosenbaum

DESTAQUE: EMPRESAS

Grendene / Melissa

Grendene / Melissa

APOIO AO DESIGN BRASILEIRO

SEBRAE

SEBRAE

Circula com esta edição, o catálogo completo do TOP XXI – PRÊMIO MERCADO DESIGN 2009, que apresenta os finalistas em todas as categorias, os membros do Júri Final, apoiadores e parceiros 50 ARC DESIGN


DP_Mata_Atlantica_Arc_Design_2.ai

4/9/09

11:40:13 AM


HORIZONTE AMPLIADO Formados há menos de uma déca da, Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz acumulam prêmios e propostas com uma arquitetura que testa os limites dos materiais e desa fia o senso comum na ocu pa ção e fun ção dos espa ços cons truí dos Ana Weiss Eles ainda se cruzavam nas rampas da faculdade quando receberam a encomenda de Haruo Ishii, fundador do KAZE Hair Studio, para criar a primeira sede própria da rede de cabeleireiros em São Paulo. Nascia um projeto seminal na história da sociedade entre os arquitetos, então colegas da FAU-USP e fundadores do Forte, Gi-

Marcelo Scandarolli

menes & Marcondes Ferraz Arquitetos (FGMF), repre-

52 ARC DESIGN

sentantes do Brasil na I Bienal de Arquitetura LatinoAmericana, realizada em Pamplona, Espanha. O salão do bairro da Mooca, finalizado em 2003, contém elementos que podem ser reconhecidos como uma


Nas duas pági nas, sus pen sa sobre o vale e encai xa da no morro, a Casa Grelha con su miu 68 tone la das de aço. O mate rial foi uti li za do prin ci pal mente para a con fec ção das vigas-vagão, que via bi li za ram a cria ção de vãos de até 11 metros sobre o ter re no, e tam bém em dis po siti vos desen vol vidos para encai xar as peças de madei ra e pedra que com põem a imen sa grade que deu estru tu ra e nome ao pro je to

Fotos Alexandre Schneider

assinatura da produção do trio em muitos de seus premiados projetos que vieram nos anos seguintes: o protagonismo dos materiais, o desempenho noturno do edifício na paisagem, a criação de espaços intermediários e a apropriação do entorno pela área construída do projeto. “Era importante que a marca que traz a palavra ‘vento’ como título tivesse um sistema de troca de ar que mantivesse naturalmente o ambiente fresco, por isso desenvolvemos um, aproveitando o jardim e um espaço semiinterno entre os janelões e o gradil de aço”, diz Fernando Forte. “Não havia meta de redução de energia, as 53 ARC DESIGN


À esquer da, vista aérea do Sesc Escola, no Rio de Janeiro. O ter re no loca li za do na Barra da Tijuca era ori gi nal men te pan ta no so e teve de rece ber a cober tu ra de uma manta geo têx til para poder supor tar o pro je to de quase 60 mil metros qua dra dos. A ins ti tui ção, em fun cio na men to desde o ano passa do, ofe re ce ati vi da des e mora dia para 500 alu nos do ensi no médio

Do Sesc, o escri tó rio assi na a cria ção de parte dos edi fí cios e de sua loca li za ção. A biblio te ca, com capa ci da de para 40 mil livros (abai xo e na pági na ao lado), foi loca li za da entre as salas de aula e as áreas de lazer, tor nan do-se com isso parte natu ral do trân si to dos estu dan tes. O tea tro, com pla teia de 600 luga res, é liga do à rua, tra zen do públi co para os espe tá cu los. Também foram pro je ta dos pelo grupo o giná sio, as pis ci nas e as qua dras espor ti vas (à direi ta)

Fotos Pedro Kok


soluções de sustentabilidade não eram uma exigência como hoje, mas já a olhávamos como uma das obrigações do projeto.”

ESCALADA SOBRE A MANTIQUEIRA O KAZE rendeu os três primeiros prêmios do escritório (Jovens Arquitetos e Edifício Comercial Construído, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, em 2004, além do primeiro lugar no Congresso Latino-Americano da Construção Metálica, em 2006). Mais importante que isso, serviu de laboratório para a experimentação de questões para uma escalada de projetos literalmente maiores, como a Casa Grelha, residência na Serra da Mantiqueira erguida entre 2005 e 2007 e um dos destaques na exposição espanhola. “Little darling” do portfólio e considerada melhor projeto habitacional pelo IAB em 2006, a casa foi uma experiência de carta branca para a criatividade do grupo. “É projeto que só vai ficar pronto daqui a cinco, seis anos”, observa Lourenço Gimenes. Isso porque uma


Marcelo Scandarolli

Acima, Projeto Viver, em São Paulo, ganhou men ção hon ro sa na Bienal de Arquitetura de Brasília e prê mio de pro je to de inte resse social do IAB pela pro pos ta de con vi vên cia atra ti va para mora do res de uma fave la. Abaixo, KAZE, tam bém na capi tal pau lis ta, foi enco men da do quan do os sócios ainda estavam na facul da de; pro je to con tém ele men tos que o grupo desen vol ve ria em esca las maio res nos anos seguin tes

das premissas – a incorporação da paisagem pelo projeto e do projeto pela paisagem – incluiu o replantio de mudas de vegetação local, que ainda crescem através de elementos vazados da construção. A casa foi o primeiro grande desafio do grupo em terreno difícil. Eles receberam uma área acidentada de 22 alqueires, dos quais apenas 65 mil metros eram livres de mata protegida, mas tinham a cobertura pontuada por rochas e outras plantas nativas da Mata Atlântica, que os proprietários queriam preservar. O desejo dos donos era ter uma casa térrea e os arquitetos tinham pela frente um terreno úmido e dividido em pelo menos três níveis. A saída foi uma solução de encaixe, uma grande estrutura composta por quadrados de madeira com 5,5 metros de lado que, juntos, compõem a grelha que dá nome à casa. A imensa grade – horizontalizada como uma ponte ferroviária – foi encaixada no morro e suspensa sobre o vale. Módulos completamente vazados (pelos quais se desenvolve a mata nativa que nasce sob a casa) convi-


Arq3d

Acima, a Casa das Duas Paredes, resi dên cia em São Carlos, inte rior paulista. A com bi na ção das super fí cies para le las e de um espe lho-d’água sob a caixa cen tral tem como fun ção criar um ambien te fres co e agra dá vel em local de mui tos ven tos e tem pe ra tu ras ele va das. Também aqui os sócios inte gra ram o rele vo difí cil do ter re no ao dese nho da cons tru ção

vem com módulos fechados ou semi-abertos, por onde

O terreno localizado na Barra da Tijuca teve de ser

transitam os moradores. Esses espaços de ocupação

refeito para abrigar a moradia e as atividades de 500

são organizados em residências independentes, crian-

alunos e seus professores. “O solo era praticamente

do fachadas internas e interligadas. À noite, ilumina-

um pântano e recebeu uma manta geotêxtil para poder

dos, assumem a função de farol da trilha que atravessa

suportar o projeto”, diz Rodrigo Ferraz. Uma biblioteca

a casa por baixo.

com capacidade para 40 mil livros e um teatro pronto

“Essa obra usou todos os materiais do mundo”, exagera

para receber 600 pessoas são duas importantes parti-

Fernando Forte, que passou muitas noites dos dois anos

cipações do escritório no projeto pioneiro de campus

de obra acampado no meio das araucárias para acompa-

para o ensino médio no Brasil.

nhar a construção. Foram utilizadas pedras do terreno,

Em perspectiva, o FGMF tem em andamento o desen-

concreto, madeira e 68 toneladas de aço, destinado prin-

volvimento de um prédio de escritórios para a cons-

cipalmente para a confecção das vigas-vagão que torna-

trutora Idea! Zarvos, que tem realizado uma série de

ram possível a criação de vãos livres de até 11 metros.

propostas comerciais e habitacionais assinados por

A encomenda da Grelha alcançou o grupo já íntimo de

arquitetos considerados inovadores, em bairros pau-

solos hostis. Um ano antes do início das obras, o FGMF

listanos. O projeto do escritório é um edifício horizon-

fora convidado pelo escritório de Luiz Eduardo e Guto

talizado, com áreas de convivência abertas e muitas

Indio da Costa para a concorrência do projeto de quase

varandas. “Acreditamos que o mercado tem se torna-

60 mil metros quadrados para o primeiro Sesc Escola

do mais sensível às questões antes consideradas idea-

do Brasil, escola residência, em funcionamento desde o

listas. O bem-estar e o poder escolher são elementos

ano passado no Rio de Janeiro.

que precisam cada vez mais ser atendidos.” ❉ 57 ARC DESIGN


UMA PRAÇA PARA A MÚSICA Orçado em 100 milhões de reais, projeto do escritório Brasil Arquitetura sobre plano original de Marcos Cartum vai transformar a Quadra 27 em polo cultural da cidade com imensos blocos em concreto aparente que abrigarão salas com padrões internacionais de acústica e acomodação

Ana Weiss

58 ARC DESIGN

Conhecido como Quadra 27, o quarteirão formado

da cidade”, diz Francisco Fanucci, sócio da Brasil Arqui-

pelas ruas Conselheiro Crispiniano e Formosa, avenida

tetura. “Só na faculdade eu participei de pelo menos

São João e praça Ramos de Azevedo passará por uma

três bancas de projetos para a região, que é importan-

transformação que mudará radicalmente o aspecto e a

tíssima do ponto de vista cultural e estava em condi-

ocupação da área central da capital paulista. O quadri-

ções precárias até para o trânsito de pedestres.”

látero receberá 28 mil metros quadrados de equipa-

O quarteirão guarda hoje um único edifício próximo, de

mentos culturais que funcionarão como suporte de

apoio para as atividades do Teatro Municipal, o Conser-

todas as atividades do Teatro Municipal de São Paulo.

vatório Dramático Musical, em funcionamento no local

As obras da Praça das Artes, projeto da prefeitura com

desde 1909. O prédio abriga as aulas da Escola Muni-

o escritório Brasil Arquitetura, terão início agora em

cipal de Música e uma das bibliotecas musicais mais

junho e devem ficar prontas em três anos.

importantes do país. “Não encontramos no Brasil parâ-

“Essa quadra é uma preocupação antiga de arquitetos

metros para realizar tratamento adequado no edifício,


À esquerda, em ver me lho, a área de mais de 28 mil metros qua dra dos que ocu pa rá a “Quadra 27”. Só os cor pos está veis de dança e músi ca terão 6.800 metros qua dra dos para cria ção e ensaio, com espa ços com pé-direito tri plo, idênti co ao do palco do Teatro Municipal

Com dife rentes tér reos por conta do des ní vel do ter re no, o con junto vai fun cio nar como uma imen sa lanter na na área da avenida São João, gra ças à luz que extrava sa rá de dentro dos edi fí cios em con cre to apa rente, per fu ra dos como par titu ras musi cais para aproveitar a luz do dia e ilu mi nar o local à noite

que já foi referência em termos de acústica no passado”, diz Fanucci. Com consultoria de José Augusto Nepomuceno (Sala São Paulo e Auditório Ibirapuera), o projeto prevê um envelopamento acústico que não consiste apenas em isolar a sala da entrada de ruídos externos, mas também “cuida” da performance interna, “domando” inclusive o movimento de ar do ambiente. Outro desafio do projeto, desenvolvido sobre a proposta inicial do arquiteto Marcos Cartum, era a reconexão entre as atividades do Teatro Municipal. Pertencem hoje ao teatro a Orquestra Sinfônica Municipal, a Experimental de Repertório, os Corais Lírico e Paulistano, o 59 ARC DESIGN


Acima, pro posta para a sala de ensaio do Balé da Cidade, que hoje não tem espa ço com altu ra sufi ciente para a exe cu ção plena das coreo gra fias. Abai xo, o espa ço do quar tei rão é pla neja do para rece ber cafés, restau rantes e postos de ser vi ço, com a fina lida de de atrair o públi co para o local

Balé da Cidade, o Quarteto de Cordas e as Escolas Mu-

xar a luz natural entrar e a luz interna sair, iluminando

nicipal de Bailado e de Música. O palco do teatro é o

o quarteirão à noite.

único local de ensaio para a maior parte dos corpos mu-

Outra proposta do projeto é trazer o público para o lo-

sicais – o que limita a capacidade de receber espetácu-

cal, que terá vários térreos permeados pela rua, com

los e exige um revezamento entre as companhias profis-

restaurantes, postos bancários, cafés e áreas livres de

sionais. Ao mesmo tempo, as atividades estão quase to-

convivência. A fachada do antigo Cine Cairo foi incor-

das dispersas em endereços diferentes da cidade, muitas

porada pelo projeto e passa a ser uma das entradas pa-

delas em locais insuficientes para sua realização, como a

ra a praça que recupera a ocupação cultural do quar-

escola de dança, hoje sediada sob o Viaduto do Chá.

teirão, há mais de um século passagem obrigatória pa-

Tanto as escolas como os corpos estáveis passarão a

ra artistas, pesquisadores, público e frequentadores

ter seus próprios edifícios, grandes caixas de concreto

das escolas públicas de dança e música, como, por

aparente “perfurado” como partituras, de maneira a dei-

exemplo, o escritor e ex-aluno Mário de Andrade. ❉


AF_anuncio_arc_design_CVS.pdf 1 26/5/2009 14:53:36

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O PILAR QUE FALTAVA Desde que se tornou palavra de ordem nas decisões mundiais, a sustentabilidade alcançou repercussão em escala geométrica entre as mobilizações ambientais e foi logo capitalizada pelas forças econômicas – hoje o mercado da sustentabilidade se mede, inclusive, pelos índices oficiais das bolsas de valores do mundo. O tripé que sustenta esse conceito ficou, entretanto, por muitos anos manco das questões sociais, muito provavelmente porque a desigualdade entre os homens é bem anterior a qualquer devastação florestal sobre o planeta. A premiação mundial da Holcim foi buscar o pé que faltava e elencou quatro grandes projetos que, entre si, tem em comum decisões e estratégias em prol da sociedade e da cultura que marca posi ti va men te a pre sen ça huma na sobre o pla ne ta Ana Weiss

62 ARC DESIGN


Acima e abaixo, a proposta de restauração do rio que atravessa a principal medina de Fez, vencedora do primeiro prêmio, prevê a recuperação dos cur tu mes que con ser vam téc ni cas mile na res de tra ba lho em couro. Além disso, serão cria dos espa ços públi cos e mantidas as áreas de bio di versidade

63 ARC DESIGN


64 ARC DESIGN

A cidade de Fez é considerada patrimônio da humanida-

de 300 mil dólares para a equipe do arquiteto marro-

de pela UNESCO e conserva a maior e mais complexa

quino Aziza Chaouni e do urbanista norte-americano

medina do mundo árabe. O projeto de recuperação do

Takako Tajima. Além da recuperação do rio, hoje ex-

rio que corta a medina da cidade marroquina foi o pri-

tremamente poluído, o projeto prevê intervenções

meiro colocado (prêmio Gold) do Global Holcim Awards,

para reforma de curtumes que conservam técnicas

que neste segundo ciclo deu atenção especial a projetos

milenares de trabalho em couro, a criação de espaços

com soluções para questões sociais e urbanísticas.

públicos, de zonas para pedestres e restauração de

O segundo e o terceiro premiados (Silver e Bronze) fo-

áreas de biodiversidade.

ram concedidos a um projeto de campus universitário

O Global Holcim Awards Silver, com um prêmio em di-

em área verde no Vietnã e uma proposta de planeja-

nheiro de 200 mil dólares, foi atribuído ao novo campus

mento rural na China, respectivamente. Na categoria

da Universidade de Arquitetura na Cidade de Ho Chi

“Innovation”, a escolha do júri foi o projeto para abrigos

Minh, do arquiteto japonês Kazuhiro Kojima em parce-

destinados a trabalhadores diaristas, na cidade de São

ria com Daisuke Sanuki e Trong Nghia Vo. O projeto

Francisco, nos Estados Unidos.

preserva arrozais inundados e mangues, dos ventos e

A proposta de restauração do rio que atravessa a

variações sazonais, sem lançar mão do uso de obras

construção labiríntica do século IX, valeu um prêmio

maciças de aterro nesta ilha no Delta do Mekong.


Nas duas pági nas, o pro je to da Universidade de Arquitetura na Cidade de Ho Chi Minh, do arqui te to japo nês Kazuhiro Kojima, ficou com o segun do prêmio, com uma pro pos ta que preser va arro zais inun da dos e man gues, dos ven tos e varia ções sazo nais da ilha do Delta do Mekong

65 ARC DESIGN


Um projeto para o planejamento rural de um vilarejo

A proposta é que as moradias temporárias tenham

nos subúrbios de Pequim, China, obteve o Global Hol-

espaços coletivos como um jardim, a ser mantido pelos

cim Awards Bronze e 100 mil dólares, pela preservação

próprios trabalhadores quando não estiverem em horá-

do patrimônio, conhecimentos tradicionais, materiais

rio de trabalho. Uma das premissas dos arquitetos é

locais, tecnologia moderna e gestão de projeto profis-

que a vida comunitária entre trabalhadores na mesma

sional. A estratégia de planejamento urbano de Yue

situação, ainda que temporária, diminui a vulnerabilida-

Zhang e Feng Ni atende importantes metas ambientais

de social causada pela pobreza e pela violência. Os au-

e de redução do consumo de energia, ao mesmo tempo

tores descrevem o projeto como uma proposta de inter-

que melhora a logística e os serviços públicos.

venção urbana mínima, para um ganho social máximo.

O “Innovation”, no valor de 50 mil dólares, foi atribuído

O terceiro ciclo do concurso Holcim Awards abre as

a um projeto de abrigos informais que podem ser usa-

próximas inscrições em 1º de julho do ano que vem. O

dos por trabalhadores temporários. De autoria de Liz

concurso Holcim Awards for Sustainable Construction

Ogbu (EUA) e John Peterson (EUA), da Public Architec-

é organizado pela Holcim Foundation, sediada na Suíça,

ture, as estruturas flexíveis oferecem abrigo, bancos de

oferece prêmios em dinheiro no valor de 2 milhões de

assento, banheiros, uma cozinha e um espaço de for-

dólares por ciclo de três anos e é patrocinado pela

mação e treinamento, executados com materiais de bai-

Holcim Ltd e as empresas do seu grupo, localizadas em

xo impacto ambiental e econômico.

mais de 70 países. ❉

Voltado para a melhoria da logística e serviços públicos, o planejamento rural de um vilarejo nos subúrbios de Pequim, China (abaixo), obteve o Global Holcim Awards Bronze pela preservação do patrimônio, conhecimentos tradicionais e uso de materiais locais, tecnologia moderna e gestão de projeto profissional. A estratégia dos arquitetos Yue Zhang e Feng Ni atende a importantes metas de redução do consumo de energia

66 ARC DESIGN


Acima e abaixo, pro je to de abri gos para tra ba lha do res tem po rá rios da ONG norte-ame ri ca na Public Architecture, que ficou com o prê mio “Innovation”. Uma das pre missas dos auto res é que a vida comu ni tá ria, ainda que tem po rá ria, dimi nui a vul ne ra bi li da de cau sa da pela pobre za e pela vio lên cia


Acima e ao lado, o pro je to da Midiateca da PUC-Rio. A proposta se ali nha com a dire ção social desta edi ção do Holcim Awards e apresenta estra té gias de baixo impac to energé ti co para a preser va ção de docu mentos, livros e mate rial digital, que serão con sul ta dos por estu dantes da uni versida de e mora do res da Favela da Rocinha

O BRASIL NO HOLCIM AWARDS O país concorreu com dois projetos na etapa mundial do Holcim Awards. A proposta para a Midiateca da PUC-Rio, do SPBR arquitetos, e o projeto de uma torre compacta, que coleta ao mesmo tempo em que guarda e aquece a água da chuva, de Maria Andrea Triana, Roberto Lamberts e Marcio Antonio Andrade – da UFSC –, ficaram, respectivamente, com o segundo e o terceiro lugares na seleção latino-americana do prêmio. O projeto da Midiateca alinha-se com a direção social desta edição do prêmio, com premissas ambientais como o baixo consumo energético, apesar da necessidade da preservação de documentos, livros e material digital. O local deve se tornar de acesso natural para estudantes da PUC e moradores da Favela da Rocinha. Para o júri, o projeto é uma resposta para um dos maiores problemas do Brasil, a falta de acesso à informação.

68 ARC DESIGN

Abaixo, o pro je to de uma torre com pac ta, que cole ta ao mesmo tempo em que guarda e aquece a água da chuva. De autoria de Maria Andrea Triana, Rober to Lamberts e Marcio Antonio Andrade – da Uni ver sidade Federal de San ta Cata rina – foi um dos ven ce do res da etapa lati no-ame ri ca na da pre mia ção, anun cia da em outu bro, no México


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Š Futon Company 2009

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RECICLÁVEL DE ROUPA NOVA A DuPont lançou na última Kitchen & Bath novas cores de Corian®, ampliando as possibilidades de uso do composto aprovado pelo SCS – Scientific Certification Systems – como material de composi ção reciclada. Também conta pontos para a cer tificação LEED. Um dos usos mais divertidos é esta pia, o modelo “Degree” da OML, produzido na cor mandarim. Além do fundo com desenho personalizado, a peça possui uma prática bandeja retrátil. 0800 171715, www.corian.com.br

MOTOROLA CARBON FREE Chegou ao Brasil o MOTO W233 Eco. Resultado de uma parceria entre Motorola, Wal-Mart e Claro, o aparelho é feito em plástico reciclado, a bateria tem maior vida útil e permite até nove horas de conversação. Todo o carbono emitido na fabricação e distribuição será compensado com investimentos em projetos ambientais, o que garantiu o selo CarbonFree, outorgado pela CarbonFund.org. O aparelho será vendido com exclusividade nos hipermercados Wal-Mart, BIG e HiperBompreço, por 199 reais. www.motorola.com.br

CAMINHO DAS PEDRAS A Itaarte colocou no mercado nova coleção de criações em pedras semipreciosas obtidas por um modelo de extração otimizada. Além de apoiar as comunidades extrativistas, a empresa passou a aproveitar em suas peças matéria-prima antes destinada ao descar te. O trabalho assume as emendas do aproveitamento das sobras e é realizado por artesãs da pedreira de Ônix, na Cordilheira dos Andes, na fronteira entre Argentina e Chile. (11) 4781 1939, www.itaar te.com.br

HIPERVERDE Após unidade pioneira aber ta no Rio de Janeiro em 2008, a rede Wal-Mart inaugurou, em abril, no Morumbi, a primeira loja ecoeficiente na capital paulista. A loja terá mais de 60 inovações na área, com economia de 40% de água e 25% de energia e gestão responsável de resíduos. Além disso, a unidade no Morumbi foi construída com materiais reciclados ou cer tificados, tem iluminação natural e áreas verdes, vagas especiais de estacionamento, pessoal especialmente treinado e gôndolas com produtos orgânicos ou ambientalmente corretos. Todas as novas lojas serão ecoeficientes – desde 2005 a rede varejista participa de iniciativas nesse sentido. Av. Francisco Matarazzo, 2.585. www.walmart.com.br 70 ARC DESIGN


VERDE, DA ESTRUTURA AO ACABAMENTO A C&C – Casa e Construção inaugurou em São Paulo o primeiro home-center de materiais de construção sustentáveis do país. Com investimento de 20 milhões de reais, a nova loja oferece apenas produtos ecoeficientes além de orientação gratuita sobre soluções que ajudem a minimizar os danos à natureza. Av. Presidente Castelo Branco, 4.925. www.cec.com.br

A cadeira Bambu#5 é fabricada utilizando bambu multilaminado. Sua estrutura de MDF é recoberta nos dois lados por tiras e lâminas do vegetal. A escolha diminui o impacto ambiental da fabricação, uma vez que, segundo o fabricante, o bambu libera 30% mais de oxigênio do que a madeira em geral, além de absor ver três vezes mais gás carbônico. A cadeira acaba de receber o prêmio do Salão Design 2009 e estará exposta em agosto na feira Casa Brasil, Bento Gonçalves, RS. (41) 30779012, www.orebrasil.com.br

PLÁSTICO QUE VEM DA NATUREZA LAVADORA ECOLÓGICA Novidade da GE Eletrodomésticos, a lavadora Ecosensor evita o desperdício de água e energia. Ela possui um sensor com leitura infravermelha que indica o tempo, a quantidade e a temperatura da água, ideais para lavagem. Além disso, o sensor faz um “diagnóstico de sujeira”, que verifica se a água precisa ser trocada ou se pode ser reutilizada. 4004 0114, www.gedako.com.br

A Braskem lançou em Triunfo (RS) a pedra fundamental da primeira fábrica no mundo que produzirá em larga escala o polietileno verde. A nova unidade deve estar pronta até o final de 2010 e receberá investimentos de 500 milhões de reais. O polietileno verde é produzido a partir de uma resina sintetizada do etanol e permite a fabricação de diversos produtos. Atualmente, o único produto comercializado com o material desenvolvido pela Braskem é o jogo Banco Imobiliário Sustentável, da Estrela. www.braskem.com.br

ILUMINAÇÃO ECONÔMICA Novidade da Osram, a lâmpada halógena Energy Savver Classic permite um consumo de energia até 30% menor do que as lâmpadas incandescentes. O produto está disponível em versões de 42W e 70W, que equivalem, em luminosidade, a incandescentes de 60W e 100W, respectivamente. 0800 55 7084, www.osram.com.br

Ma jol a Pro Víd eo

CADEIRA PREMIADA


O designer de interface projeta o que usuários enxergam na tela dos dispositivos eletrônicos, e deixa sua utilização o mais simples e intuitiva possível. O merca-

PROJETANDO O AUTOMÁTICO

do para esses profissionais está em expansão no Brasil, e telefonia móvel é um dos segmentos mais promissores Julia Garcez

Acima, inter fa ces desen vol vi das pela Nokia. Canais de comu ni ca ção entre os usuá rios e os pro du tos, as inter fa ces pre ci sam ser muito cla ras e autoexpli ca ti vas, para que o apa re lho possa ser mane jan do intui ti va men te

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Quando você digita um texto, faz um saque no caixa automático ou procura um contato na agenda do celular, está estabelecido o diálogo homem-máquina. Um diálogo cheio de mistérios. Essa interação se dá por meio da interface, conjunto de características com o qual os usuários interagem com toda a parafernália contemporânea Abaixo: celu lar da Sony Ericsson. Na sequência, inter fa ce do apa re lho Motorkr W6. Desenvolvido pe la equi pe bra si lei ra da Motorola, o apa re lho é ideal para os pra ti can tes de espor te: per mi te inse rir infor ma ções co mo peso e al tu ra, e ajuda a ela bo rar um pro gra ma per so na li za do de trei na men to

de comunicação, dos computadores aos telefones e outros dispositivos eletrônicos. Em outras palavras, interface é aquilo que o usuário enxerga na tela dos dispositivos eletrônicos que usa diariamente. Mediar essa interação homem-máquina e encontrar o equilíbrio ideal entre imagem e conteúdo, para que os usuários cheguem com facilidade àquilo que desejam, é uma das atribuições do designer de interfaces digitais, profissional estratégico na sociedade da informação. “O designer de interfaces pensa na diversidade de pessoas que usarão um dispositivo, entende como uma mesma informação se manifesta em diferentes meios e a projeta para aparecer de forma inteligível”, afirma Alécio Rossi, coordenador de novos bacharelados do Senac. Após o início da revolução digital e a inclusão da internet no nicho de mídias a serem exploradas, o escopo de atuação para esses profissionais aumentou, e o segmento de telefonia móvel é um dos mais promissores. No Brasil, segundo a Anatel, 135,33 milhões de pessoas possuem um telefone celular. E “bolar” interfaces para esses aparelhos exige flexibilidade e visão macro de projeto. O processo de criação passa por muitas etapas, todas direcionadas à usabilidade: análise de requisitos, protótipos, testes, feedbacks, definição de gráficos, refinamento do feedback. “Fazemos menus inteligentes, com foco no usuário, totalmente voltados para a ação e com aplicativos interligados”, diz Mariana Dourado de Castro, gerente de design de interface da Motorola. “Tudo para proporcionar a melhor experiência com cada aparelho.” Ao desenhar interfaces para um dispositivo com display reduzido, menos é sempre mais. “É necessário um enorme conhecimento do complexo para se chegar ao simples”, diz Charles Bezerra, diretor-executivo do Gad’

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Ao lado, o MOTO ID, mais uma criação dos designers de inter face brasileiros da Motorola. Vencedor do prêmio IDEA Brasil, o aplicati vo manda para o celular informações sobre músicas que estejam tocando em qualquer alto-falante. Abaixo, o iPhone. Com sua inova do ra touch screen, ele re vo lu cio nou o design de inter fa ces pa ra dis po siti vos móveis

Innovation. “O designer de interfaces precisa saber como deixar tudo o mais natural possível, e projetar sistemas digitais que possam ser operados intuitivamente.” A formação de um designer de interfaces digitais é diversificada e requer profissionais pro-ativos e atentos ao que está à sua volta. “Os melhores são, antes de tudo, investigadores, em sintonia com tudo o que há de novo, e não ficam restritos a uma tecnologia específica”, afirma Rachel Zuanon, coordenadora do curso de Design Digital da Universidade Anhembi Morumbi. E como anda o desempenho dos designers de interface no Brasil? Tem sido bom, embora, para Mariana Castro, ainda falte um pouco de espaço para os grandes talentos mostrarem seu trabalho. No entanto, algumas empresas – como a Nokia e a própria Motorola – já instalaram centros de desenvolvimento e apostam no potencial do país para criar interfaces de apelo global, como o MOTO ID. “O profissional brasileiro pensa em várias frentes e se coloca a teste o tempo inteiro. E, para atingir a inovação, é indispensável esse espírito crítico”, afirma Charles Bezerra. ❉

WEB QUE ANDA Dos 135,5 milhões de usuários de telefone celular, cerca de 16 milhões devem acessar a internet por meio do aparelho em 2009. E quem navega pela rede em movimento precisa de um conteúdo adequado – nada de transpor para o telefone a mesma página feita para o computador. “O mais importante é que este tipo de site agregue funcionalidades específicas que fazem ainda mais sentido em aparelhos móveis”, explica Cesar S. Cesar, diretor de estratégia e marketing da Hands, empresa especializada em mobile advertising. “Quando planejamos um site móvel para celulares touch é importante saber a forma como o usuário o utiliza: provavelmente ele está andando, carregando o celular em uma das mãos.”

Portanto, não faz sentido ver um site com muitas barras de rolagem ou mesmo com textos longos. É interessante associar funcionalidades específicas do mobile, como a localização e a proximidade com outras pessoas. A maior dificuldade com a web móvel é, segundo Cesar, lidar com a enorme quantidade de combinações entre telas. “Nos celulares temos diversos sistemas operacionais, tamanhos de tela e navegadores, às vezes planejados para um único modelo”, afirma. “É preciso ter um ótimo conhecimento técnico para proporcionar uma boa experiência ao usuário, independentemente do aparelho com o qual ele acesse o site móvel.” É necessário utilizar plataformas compatíveis com vários tipos de aparelho.


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O Salão do Móvel acontece neste momento e todos, cada vez mais, perguntam: quais as tendências? O que vai mudar?

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Podemos afirmar que se há uma tendência irreversível, é a de respeito, cuidado e atenção ao planeta. No mais, em nosso múltiplo universo, tudo convive, do racional ao barroco, da velha madeira aos plásticos de última geração, da normalidade à extravagância. Impossível definir uma reta bem traçada, somos múltiplos, sempre mais livres para assumir nossas diferenças.

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INQUIETAÇÃO TEÓRICA E PROJETUAL NA OBRA DE OITO ARQUITETOS CONTEMPORÂNEOS A devoção de Rafael Moneo pela arquitetura esteve ligada desde a origem ao seu envolvimento com o ensino do ofício. Não por outra razão, seu novo livro, lançado no Brasil pela editora Cosac Naify, traz o melhor entendimento do arquiteto espanhol sobre a sua profissão, por meio da análise da obra de oito colegas considerados por ele os mais influentes da atualidade, ou “aqueles que em algum momento do último quarto do século XX monopolizaram a atenção dos estudantes nas escolas; aqueles cuja obra tem sido Richard Bryant-Arcaid

mais amplamente discutida”, nas suas palavras. São objetos das reflexões de Moneo a produção de James Stirling, Robert Venturi & Denise Scott Brown, Aldo Rossi, Peter Eisenman, Álvaro Siza, Frank Gehry, Rem Koolhaas e Herzog & De Meuron. Os textos nasceram de discussões nas salas da Graduate School of Design de Harvard, realizadas a partir de 1992, quando o arquiteto deixou a cadeira de chefe de departamento da universidade para participar do boom de projetos daquele ano na Espanha, como a cons-

Richard Einzig

trução do aeroporto San Pablo, em Sevilha, de sua autoria. Suas aulas, então anuais, passaram a figurar entre as mais disputadas da história do departamento. O livro, com mais de 600 ilustrações, deixa claro o porquê. Tradução: Flávio Coddou; editora: Cosac Naify; páginas: 368; ilustrado, p&b; formato: 17 x 24 cm

No alto da página, o arquiteto Rafael Moneo. À esquerda, Centro de Trei na men to Olivetti, obra de James Stirling, con si de ra do por Mo neo her dei ro da lin guís ti ca de van guar da. Acima, Vitra Design Museum, de Frank O. Ghery, que, de acor do com o autor, ao se dis tan ciar do con tex to, tor nou-se a gran de refe rên cia dos anos 1980

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GRANDE ATLANTE DEL DESIGN – DAL 1850 A OGGI O arquiteto e crítico de arte italiano Enrico Morteo traça um panorama amplo da história do design, do século XIX até a atualidade. O livro traz mais de 600 produtos, paradigmas de bom desenho em várias épo cas. Autor: Enrico Morteo; editora: Electa; páginas 422; ilustrado, colorido; formato: 19 x 21,3 cm

DACORMAGENTA – UM TRATADO SOBRE O FENÔMENO DA COR E SUAS APLICAÇÕES O livro aborda a importância da cor – e sua natureza, linguagem, dimensões e variações – no século XXI. Tudo de forma simples, direta e colorida. Autor: Rê Fernandes; editora: Synergia; páginas: 143; ilustrado, colorido; formato: 22 x 20 cm

MEMÓRIAS DO DESIGN BRASILEIRO Reunião de 12 perfis de pioneiros do design no Brasil, pesquisados e escritos pela jornalista, professora e curadora de mostras de design Ethel Leon. Os tex tos trazem informações sobre os projetos, experiên cias e contri bui ções para o design brasileiro. Autora: Ethel Leon; editora: Senac São Paulo; páginas: 200; ilustrado, colorido; formato: 23 x 23 cm

A INTERAÇÃO DA COR Clássico relançado pela Martins Fontes, o livro registra uma forma experi mental de estudar e ensi nar a cor, e expande o modo como ela é uti lizada e per cebida na arte, na arqui te tu ra, na pro du ção visual e outras ati vidades. Autor: Josef Albers; editora: Martins Fontes; páginas: 292; ilustrado, colorido; formato: 15 x 20,5 cm

ISTO SIGNIFICA ISSO. ISSO SIGNIFICA AQUILO: GUIA DE SEMIÓTICA PARA INICIANTES O livro apresenta, para iniciantes, 75 conceitos básicos de semiótica. Para desmistificar a aura de mistério que ronda o tema, o autor utiliza exemplos visuais, e não somente teoria abstrata. Autor: Sean Hall; editora: Edições Rosari; páginas: 176; ilustrado, colorido; formato: 18,5 x 26 cm

FACES DO DESIGN 2 Coletânea com panorama de posições sobre di ferentes prá ti cas no de sign, com o intuito de ajudar o leitor a compreender melhor a impor tância deste assunto. Orga nização: Mônica Moura; editora: Rosari; páginas: 180; ilustrado, p&b; formato: 14 x 21 cm


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Roma Editora, Projetos de Marketing Ltda.

Apoio:

Diretoria Maria Helena Estrada Cristiano Barata Fernanda Sarmento REDAÇÃO

Apoio Institucional:

Editora Geral Maria Helena Estrada Chefe de Redação Cristina Teixeira Duarte Redatora Julia Garcez Revisora Jô A. Santucci

ARTE Projeto Gráfico Fernanda Sarmento Editora de Arte Betina Hakim Designer Mariana Amaral Estagiária Maysa Leandro Participaram desta edição Ana Weiss (Editora de Arquitetura) Baba Vacaro Cristina Morozzi Comercial e Marketing Cristiano Barata Publicidade Sandra Pantarotto Circulação e Assinaturas Carmem Lúcia Madalosso Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DE SIGN para assuntos internacionais

ARC DESIGN Rua Lisboa, 493 – CEP 05413 000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: + 55 (11) 2808 6000 Fax: + 55 (11) 2808 6026

Editora mh@arcdesign.com.br Redação editora@arcdesign.com.br redacao@arcdesign.com.br Arte arte@arcdesign.com.br Marketing cbarata@arcdesign.com.br Publicidade publi@arcdesign.com.br Assinaturas assinatura@arcdesign.com.br

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Recuperação de rio e projeto de desenvolvimento urbano em Fez, Marrocos. Projeto centrado na recuperação do rio que atravessa a medina de Fez (Patrimônio Mundial da Unesco).

Autor principal: Aziza Chaouni Extramuro Fez, Marrocos

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Campus universitário de baixo impacto, na cidade de Ho Chi Minh, Vietnã.

Planejamento sustentável para comunidade rural, em Beijing, China.

O projeto evita obras maciças de aterro numa ilha no Delta do Mekong e visa uma harmonia com todos os elementos do ecossistema circundante: arrozais inundados, mangues, ventos e variações sazonais.

O projeto apresenta uma combinação eficaz de preservação do patrimônio, conhecimentos tradicionais, materiais locais, tecnologia moderna e gestão de projeto profissional.

Autor principal: Kazuhiro Kojima Coelacanth and Associates Tóquio, Japão

Autor principal: Yue Zhang Tsinghua University Beijing, China

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Um prêmio de reconhecimento mundial para projetos que apresentam um forte elemento de criatividade e inovação. Abrigo para trabalhadores temporários em São Francisco, EUA. Um projeto que cria abrigos informais onde trabalhadores temporários podem se encontrar e esperar por trabalho avulso. Autor principal: Liz Ogbu Public Architecture São Francisco, EUA

A construção de um mundo sustentável para a Holcim vai muito além das iniciativas voltadas para o desenvolvimento harmonioso, responsável e integrado de suas operações e das comunidades onde a empresa está presente. Ela alcança, literalmente, a própria construção do futuro. Uma prova disso é o Holcim Awards for Sustainable Construction, uma premiação internacional que destaca projetos inovadores e viáveis voltados para a construção sustentável e que tem mobilizado corações e mentes de arquitetos do mundo inteiro.

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