Associação Brasileira do Aço Inoxidável
39
Janeiro/Março de 2012
ENTREVISTA
EMMANUEL MELO DO STUDIO-INO: REDE HOTELEIRA ALAVANCA O INOX
ESTÁDIOS
INOX ESCALADO PARA A COPA DAS CONFEDERAÇÕES
100 anos de aço inox NO BRASIL E NO MUNDO
sumário
39
6 Sofia Mattos
artigo .......................... 10
entrevista ................................................................. 6
Design com inox ganha prêmio O designer Emmanuel Melo, do Studio-Ino, que ganhou o prêmio Museu da Casa Brasileira com o projeto de um fogão de indução para a Unilever, comenta a relação entre desenho e produto
10
A deterioração prematura das estruturas Um problema sério em todo o mundo, provocado pela corrosão do aço de armaduras para concreto armado, tem solução: o vergalhão de aço inoxidável
OS NOVOS PADRÕES DOS SERVIÇOS Nos próximos anos, os megaeventos esportivos, culturais e religiosos vão continuar movimentando uma parte considerável da cadeia de investimentos públicos e privados. Para dar um exemplo, só na rede hoteleira do Rio de Janeiro serão dez mil novos quartos para atender à demanda dos futuros turistas. Se confirmada a presença de chefes de estado e comitivas para a realização da Rio+20, em junho desse ano, não haverá leitos suficientes para abrigar os exigentes visitantes. Há poucas semanas, Porto Alegre divulgou um plano ambicioso de construção de hotéis. E a revista Inox vai continuar dedicando páginas a esses setores que mais consomem inox para ajudar o leitor a identificar oportunidades de negócios que devem surgir com a gigantesca procura por equipamentos e produtos voltados para os megaeventos. Já falamos de cozinhas, estádios e vamos abordar lavanderias de hotéis, obras de infraestrutura e mobilidade urbana, arquitetura, petróleo e gás natural, biocombustíveis, setor sucroalcooleiro, alimentos e bebidas. Existem planos até de implantar no Brasil os estacionamentos robotizados. Em inox, claro. Tudo depende do design, das especificações dos arquitetos, da criatividade e confiança dos empresários, das decisões claras dos governantes. Por isso, nesta edição trouxemos a opinião de um expert premiado, um criador de equipamentos para cozinhas, o designer Emmanuel Melo, diretor do Studio-Ino. Na imagem que abre a matéria desta edição que rememora o centenário do aço inox na história mundial, alguns
leitores ficarão surpresos com a imagem de um avião da Azul. Fabricado pela paulista Embraer, o modelo 195 que ilustra a reportagem de capa, carrega na fuselagem e na cabine variadas ligas de aço inox. Uma respeitável evidência de que o material ainda nos reserva outras inovações. Quem faz parte dos 100 anos com mais de 40 como o maior consumidor industrial de inox, merece uma lembrança pelo brilho. Clóvis Tramontina, presidente do Conselho de Administração da gaúcha Tramontina, registra o depoimento de quem vibrou com o sucesso da matéria-prima que começou a aparecer em talheres e baixelas, por volta de 1971. Depois vieram as panelas, outra novidade “que embelezava as cozinhas brasileiras”, como ele lembra. No passado, a empresa chegou a importar aço inox do Japão. Espécie de evento teste para a Copa do Mundo de 2014, a Copa das Confederações da Fifa mobiliza quatro das futuras 12 sedes do futebol mundial: Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte. Dessas quatro, três “escalaram” o aço inox para atuar em obras de reformas do Maracanã, Mineirão e Castelão, em Fortaleza, o que está em estágio mais avançado nas obras. Quando os arquitetos discutem as vantagens do material em obras de arenas esportivas, só quem conhece estádios de fora – como Europa, Oriente Médio e Estados Unidos – entende que a nobreza do inox responde a um novo padrão de serviços em estádios, até então desconhecido no Brasil. Boa leitura! Conselho editorial
39 Fernandes Arq. Assoc.
14 centenário
..........................................
14
20
estádios............................................................................... 20 O metal é titular O inox nas arenas da Copa das Confederações de 2013: Fortaleza, Brasília e Rio de Janeiro escolheram o material até pela sustentabilidade
28
Sotkon
Mude
100 anos de aço inox Seria difícil chegar a um consenso sobre o pioneiro detentor do “DNA” do aço inox mas se aceita o ano de 1912 como o da descoberta; no Brasil o material chegou na década de 40 do século passado
aplicação............ 24
24 JAN / MAR 2012
Lixeiras subterrâneas organizam o visual Um sistema de lixeira em inox, com contêineres enterrados que a portuguesa Sotkon está trazendo ao Brasil, pode mudar o visual urbano
seção......................................................................... 28
Notícias Inox Novos expositores na Feinox; Conferência no Rio reúne expositores da América Latina; bicicletários em inox embelezam Ipanema e Leblon
Publicação da Associação Brasileira do Aço Inoxidável – Núcleo Inox Av. Brigadeiro Faria Lima, 1234 cjto. 141 – Cep 01451-913 São Paulo/SP – Fone (11) 3813-0969 – Fax (11) 3813-1064 nucleoinox@nucleoinox.org.br; www.nucleoinox.org.br Conselho Editorial: Celso Barbosa, Francisco Martins, Osmar Donizete José e Renata Souza Coordenação: Arturo Chao Maceiras (Diretor Executivo) Circulação/distribuição: Liliana Becker Edição e redação: Ateliê de Textos – Assessoria de Comunicação Rua Desembargador Euclides de Campos, 20, CEP 05030-050, São Paulo-SP, Telefax (11) 3675-0809; atelie@ateliedetextos.com.br; www.ateliedetextos.com.br Diretora de redação e jornalista responsável: Alzira Hisgail (MTb 12326) Editor: Renato Schroeder
Repórteres: Adilson Melendez, Heloísa Medeiros e Renata Rosa Comercialização: Sticker MKT Propaganda Ltda. Al. Araguai, 1293, cj. 701 Centro Empresarial Alphaville – Barueri - SP – Cep 06455-000 www.sticker.com.br; sticker@sticker.com.br Diretor: Antonio Carlos Pereira - caio@sticker.com.br Publicidade: Josias Nery Junior (11) 9178-0930 - junior@sticker.com.br Salvador E. Giammusso Filho - (11) 9137-2516 - sticker@sticker.com.br Para anunciar: Tels.: (11) 4208-4447 / 4133-0415 - Dulce (11) 9178-0930 - Junior; (11) 9137-2516 - Salvador Edição de arte e diagramação: Vinicius Gomes Rocha (Act Design Gráfico) Impressão: Van Moorsel Capa: ilustração digital de Gustavo Dourado A reprodução de textos é livre, desde que citada a fonte.
Sofia Mattos
entrevista
O inox com design ganha prêmio Emmanuel Melo, diretor do Studio-Ino, fala sobre o prêmio Museu da Casa Brasileira, conquistado com o projeto de design da ilha de cocção do Studio Gourmet Unilever, fabricada pela Macom (publicada na Inox 38). Para ele, o inox é a principal matéria-prima quando o assunto for durabilidade, resistência à corrosão e sanitização. E como o setor de food service nunca deixa de crescer, a utilização do inox tende a acompanhar essa tendência. O design é fundamental para a competitividade das empresas hoje em dia, segundo Melo. E o primeiro benefício que a empresa tem quando passa a usar design é o da integração, pois a disciplina tem como função fazer a ponte entre a engenharia e o marketing. Segundo Melo, o design faz a tradução técnica das necessidades do usuário e padroniza diversidades. 6 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
O Studio-Ino presta quais tipos de serviços? Nós trabalhamos com projetos técnicos de arquitetura para food service e design de equipamentos e produtos para cozinhas. Isso nos possibilita atuar com uma gama ampla de clientes, desde hotéis, administradoras de restaurantes corporativos, grupos de empresas de alimentação e cadeias de fast food. Na área de design de produtos, atuamos com os fabricantes, como a Aços Macom, por exemplo, com quem temos parceria há bastante tempo. Como vem evoluindo o uso do aço inox nas cozinhas profissionais? O inox é a principal matéria-prima utilizada nos equipamentos e cozinhas profissionais pelas qualidades do material, tais como a durabilidade, resistência à corrosão, pelo fato de favorecer a sanitização e limpeza, de ser resistente às solicitações de temperaturas quente ou fria, entre outras propriedades. Além disso, a oferta do aço inox melhorou nos últimos anos, com várias ligas, preços e utilizações. Tudo isso tornou possível a elaboração de projetos inteligentes, com a utilização de ligas específicas para cada uma das diversas necessidades de aplicação. E, como o setor de food service nunca deixa de crescer – em alguns momentos, apenas, tem ritmo de crescimento menor –, a utilização do inox tende a seguir essa tendência. Para o brasileiro, comer fora de casa tornou-se um processo irreversível pois a população urbana tem cresci-
“Muito se perde pela falta de diálogo entre o marketing e a engenharia. O design se posiciona ali pois entende de materiais e processos, conta com a informação técnica e a visão do ser humano” do cada vez mais. A demanda por alimentação em empresas, escolas, lojas de fast food, centros de eventos, restaurantes, shopping centers e em hotelaria, setores em franco desenvolvimento, vem aumentando. O crescimento da economia e da renda nacional também tem impacto positivo no setor? Sim. Além disso, há um processo de construção da infraestrutura e um clima geral de confiança, que gera mais investimentos. Por exemplo, a rede hoteleira tem de ser ampliada e isso acaba puxando o setor de restaurantes. Vamos ter um afluxo grande de pessoas durante os eventos esportivos da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Será necessário aumentar a oferta de restaurantes, bares, lanchonetes e lojas de fast food. Por outro lado, as indústrias e empresas em geral também estão interessadas em melhorar as condições de conforto dos funcionários, a fim de reter talentos. Antes, a alimentação nas empresas era vista como uma obrigação, uma coisa sem graça, industrial, com bandejões. Hoje é encarada como investimento, com o intuito de ofeDesign do Studio-Ino: o inox é a principal matéria-prima
Studio-Ino
Como o Studio-Ino conquistou o primeiro lugar no 25o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, em 2011, com a ilha de cocção em inox? Conquistamos a premiação com o projeto de design da ilha de cocção do Studio Gourmet Unilever, fabricada pela Macom. Trata-se de um equipamento para preparo e cozimento de alimentos, com a função de treinar funcionários e chefs da empresa na elaboração de receitas com os produtos da marca. A ilha tem uma cuba auxiliar com bica móvel e seis fogões de indução, totalizando doze bocas, que permitem o trabalho em equipe e promovem a integração entre os participantes dos eventos e treinamentos. Pelo fato de sermos uma empresa de projeto e consultoria em arquitetura e design dirigida a cozinhas profissionais, as premiações são uma forma de mostrar a qualidade dos serviços do Studio-Ino.
JANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 7
recer boas condições de trabalho e, até, de atrair novos funcionários. A alimentação acaba sendo mais um benefício. O que mudou nos restaurantes das empresas? Percebemos uma tendência de buscar inspiração nos restaurantes comerciais, onde o cliente só volta se for bom. O restaurante corporativo tem uma característica forte que é a conveniência pois está próximo do funcionário e, às vezes, é a única alternativa de alimentação para os empregados. Agora que as empresas querem conquistar os clientes internos, contratam as grandes administradoras de serviços de alimentação, que fazem todos os investimentos necessários para a implantação do serviço. Antes, montavam os próprios restaurantes por autogestão mas essa tendência foi se reduzindo, por não ser a atividade fim e para evitar enfrentar a complexidade inerente à oferta de uma boa alimentação.
Ilha de cocção do Studio Gourmet Unilever: ganhou o prêmio de design do Museu da Casa Brasileira
8 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
Studio-Ino
Quais são os serviços oferecidos pelas administradoras de restaurantes empresariais? Se uma empresa tem 500 funcionários, chama uma empresa de alimentação. A administradora faz o investimento necessário, incluindo projeto, especificação e compra de equipamentos. Depois de montar o restaurante, há um contrato de administração durante um determinado tempo. As administradoras
“A partir da análise mais profunda de cada aplicação, passou-se a utilizar outras ligas com preço mais competitivo. É necessário analisar a aplicação para não desperdiçar recursos e tornar o projeto inviável.” trabalham até a amortização do investimento, como em uma concessão. Os funcionários dão retorno do grau de satisfação em relação aos serviços prestados. Se a administradora não atende a essas necessidades, ao final do contrato, pode ser substituída. Isso cria uma concorrência saudável, motivando a oferta de um melhor serviço para manter a concessão. As administradoras têm até uma diretoria de retenção de clientes pois os contratos são de dois a cinco anos. Isso melhora o serviço tanto em relação à qualidade dos alimentos, sabor e apresentação dos pratos (o bandejão vem caindo em desuso). O ambiente também tem de ser agradável, com uma boa decoração, eliminando clima empresarial no restaurante, oferecendo um ambiente de relaxamento e descontração para os funcionários, uma quebra na rotina desgastante do trabalho. Qual a importância do design nesse segmento em relação às questões de funcionalidade, racionalização e praticidade? O design é uma disciplina que existe desde a revolução industrial mas só agora começa a ser integrada a outras disciplinas. As empresas e indústria em geral trabalham com profissionais de engenharia, de marketing, de comunicação, administradores e o designer ficou relacionado apenas com a questão do luxo e estética, durante muito tempo. A estética é importante nos produtos pois é a parte visível do design. Mas o design vai além disso pois enxerga as pessoas. Um projeto de design é centrado no ser humano e, a partir daí, vai buscar a identificação das necessidades e anseios, dimensões físicas, intelectuais e também as necessidades psicológicas daquele ser humano, compatibilizando tudo isso com
Quais os benefícios do design para as empresas? As empresas que estão se utilizando do design têm obtido resultados impressionantes. Um exemplo bastante conhecido é o da Apple, que investiu em design e tornou os produtos irresistíveis do ponto de vista estético mas, também, funcionais e úteis. A cada lançamento de versões do iPad e do iPhone, as pessoas fazem filas de madrugada para serem as primeiras a adquirir os gadgets. Design, então, é fundamental para a competitividade? O primeiro benefício que a empresa tem quando passa a usar design é o da integração. As áreas de engenharia e marketing não costumam ter um bom entendimento. O marketing tem como objetivo diversificar, oferecer opções, criar produtos customizados. A engenharia, ao contrário, quer reduzir o número de itens a serem produzidos, implantar a repetitividade, a racionalização e a produção em escala. Muito se perde, nas empresas, pela falta de diálogo entre o marketing e a engenharia. O design se posiciona ali pois conta com a informação técnica, entende de materiais e processos, além da lógica de produção, e tem a visão do ser humano. O design vai fazer uma tradução técnica das necessidades do usuário. Padronizar diversidades. Pode organizar, por exemplo, um grupo de consumidores e perceber várias formas de utilização de um produto. Pode conceber um produto com 80% de plataforma fixa e 20% passíveis de customização, fabricando peças repetitivas, com ganho para a engenharia, e a possibilidade de customização, com ganho para o marketing. A cadeia de fornecimento e distribuição de inox está preparada para atender o setor de food service? Nós, da área de projeto e design, somos os especificadores e os fabricantes, nossos clientes, são os conformadores e compradores da matéria-prima. Te-
Sofia Mattos
a tecnologia, os materiais e as formas. Temos uma abordagem diferente da engenharia e do marketing e isso faz com que a nossa disciplina seja complementar. Não enxergamos como concorrentes ou inimigos. Nosso papel é integrar o design à engenharia, ao marketing e à gestão da empresa.
mos uma relação direta com eles e acompanhamos o processo todo. O que se coloca é que o aço inox precisaria ser disponibilizado de acordo com as necessidades dos compradores e, às vezes, isso não acontece. Também há os importadores que suprem essa demanda. As empresas vão se abastecer nos distribuidores e têm questões de preços e quantidades nem sempre atendidas. Existe uma oportunidade de aperfeiçoar essa distribuição atendendo melhor o mercado. Discutimos isso no último Coninox, em 2010, ocasião em que destacamos que o segmento de cozinhas profissionais é importante no consumo de aço inox, apesar de muito pulverizado. Como fica a especificação diante da ampla gama de ligas do inox? Quais são indicadas para as diferentes situações? O inox 304 é a liga utilizada em food service. Tem propriedades adequadas para o uso em cozinhas e equipamentos, permite que seja soldado, dobrado, curvado ou estampado. Mas possui, na composição, um alto teor de níquel (8%), metal que sofreu uma forte variação de preços nos últimos anos e ficou muito caro. O aço inox 304 é muito bom para soldar, fazer estampagem profunda ou ser curvado. Mas se vou fazer uma dobra simples, não necessito dessas características do 304. A partir da análise mais profunda de cada aplicação, passou-se a utilizar outras ligas com preço mais competitivo, como os ferríticos, as séries 400, a 430, 444 e outras, com bons resultados. É necessário analisar a aplicação para não desperdiçar recursos e tornar o projeto inviável. Heloisa Medeiros JANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 9
Fotos: divulgação Aperam
artigo
VERGALHÃO DE AÇO INOX PARA EVITAR ACIDENTES ESTRUTURAIS as últimas três décadas, a deterioração prematura das estruturas tornou-se um problema sério em todo o mundo devido à corrosão do aço utilizado em armaduras para cimento armado. O custo estimado de reparos excede os 550 bilhões de dólares e as estruturas mais afetadas são aquelas localizadas em ambientes marinhos ou pontes de rodovias onde é aplicado sal de degelo no inverno. Em várias cidades brasileiras, milhares de marquises sem manutenção periódica colocam em risco ou causam acidentes por desabamento de estrutura. A corrosão do aço começa quando o íon cloreto do sal (cloreto de sódio) é filtrado através do concreto até atingir o reforço de aço que, então, sofre um ataque por contato. A solução adotada pelas autoridades rodoviárias na Europa e na América do Norte, depois de estudar um grande número de materiais e soluções de projeto alternativas, não poderia ser 10 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
mais simples: uma vez que o aço carbono padece com a corrosão, seria necessário usar um aço que tem demonstrado uma alta resistência ao ataque pelo íon cloreto: o aço inoxidável. A barra com superfície nervurada, obtida por laminação a quente de tarugos de lingotamento contínuo de aço inoxidável, mais resistente do que o de aço carbono, fabricado em uma série de diâmetros que variam de 3 mm a 50 mm segue as normas europeias, britânicas e americanas. A aplicação tem sido incluída na Normativa Oficial de projetos de pontes em rodovias, publicada pela Highways Agency [Authority] inglesa. O uso de vergalhão de aço inoxidável oferece as seguintes vantagens: aumento significativo da durabilidade; redução nos custos de reparos e manutenção; períodos de inatividade e custos de manutenção de rotina mais baixos; menor espessura da camada de concreto; aumento de 50% na largura das frestas que podem
G. Dourado
chegar até 0,3 mm; eliminação dos agentes de vedação do concreto (por exemplo, silanos). Embora mais caro do que o aço carbono, o aço inoxidável não sofre corrosão e garante ao projeto uma durabilidade de 120 anos, no caso de pontes em rodovias. Como resultado, a redução dos custos de reparos e manutenção de rotina se mostra expressiva. Em termos ambientais, a redução do tempo de inatividade necessário para a manutenção e reparos tem menor impacto sobre o fluxo do tráfego, o que torna a utilização de aço inoxidável bastante atrativa. CUSTOS VIÁVEIS? Apenas uma pequena porcentagem do vergalhão precisa ser de aço inoxidável para alcançar um aumento considerável na durabilidade. Nada impede que o aço inoxidável seja utilizado junto com o reforço de concreto convencional de aço carbono sem causar corrosão galvânica. O aço inoxidável apresenta vantagens quando combinado com elementos da estrutura com alto risco de corrosão do aço carbono (com o aço carbono empregado como reforço do resto da estrutura) ou onde o reparo é caro e difícil.
As aplicações típicas de vergalhão de aço inoxidável para reforço à compressão incluem pontes em rodovias para atravessar rios; passagens subterrâneas e túneis em rodovias; paredes e defesas em cais e estruturas costeiras. Usando o vergalhão de reforço de aço inoxidável, a mistura de concreto pode ser simplificada, uma vez que não seria necessário fornecer a passividade ao aço, na proteção contra corrosão. Existem vários tipos de vergalhão de aço inoxidável. A escolha adequada para cada aplicação garante um custo viável. Mais informações: Abinox, Associação Brasileira do Aço Inox (www.abinox.org.br) e outras associações de desenvolvimento do aço inoxidável (www.worldstainless.org)
Arturo Chao Maceiras É engenheiro e diretor executivo da Associação Brasileira do Aço Inoxidável – Abinox, nova denominação do Núcleo Inox, entidade sem fins lucrativos formada por empresas e profissionais que integram toda a cadeia produtiva do aço inox JANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 11
Embraer
centenário
Aço inoxidável aeronáutico em avião da Embraer: nos primórdios essa imagem era inimaginável
No Brasil, o material entrou no mercado pelas mãos dos fabricantes de artigos de cutelaria e talheres e hoje está nos aviões da Embraer
14 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
INOX COMPLETA CENTENÁRIO lexandre Leon Guillet, Albert Marcel Portevin, W. Giesen, Philipp Monnartz, William Borchers, Frederick M. Becket e Christian Dantsizen, Eduard Maurer, Benno Strauss e Harry Brearley. É pouco provável que alguém responda, de imediato, o que essas pessoas têm em comum. Também é difícil vincular o nome de uma delas a alguma grande invenção. Os fatos que as aproximam, porém, referem-se a uma importante descoberta: todos trabalharam nas investigações e pesquisas que culminaram com o surgimento do aço inoxidável.
Guillet, por exemplo, publicou, entre 1904 e 1911, trabalhos científicos relacionados às ligas de ferro, cromo e níquel – não conseguiu, no entanto, descrever a formação da camada passiva, considerada a mais importante característica do aço inox. O trabalho do pesquisador foi assumido, em 1909, pela dupla Portevin e Giesen, que, mais uma vez, não teve êxito na descrição da camada passiva. Os alemães Monnartz e Borchers conseguiram obter a patente do aço inoxidável, enquanto a dupla Becket e Dantsizen é considerada a descobridora dos aços inoxidáveis ferríticos. O ano de 1912 foi marcante para a
COMEMORAÇÃO DOS CEM ANOS Como ocorre com outras grandes invenções seria difícil se chegar a consenso sobre o pioneiro detentor do “DNA” do aço inox mas se aceita o ano de 1912 como o da descoberta, estando, portanto, o material completando o primeiro século. Para comemorar a data, alguns eventos estão sendo programados como uma exposição (com início marcado para o dia 15 de maio, no St. Regis Hotel de Pequim, na China) que pretende mostrar algumas das incontáveis possibilidades de aplicação do aço inoxidável.
Com uma trajetória de 100 anos, o aço inox ganha site comemorativo com linha do tempo e exposição que vai percorrer o mundo
International Stainless Steel Forum
história do inox porque, enquanto trabalhavam para o grupo Krupp, na Alemanha, Eduardo Maurer e Benno Strauss, após muito esforço, conseguiram registrar a patente de dois tipos de aços inoxidáveis. No mesmo ano, o inglês Harry Brearley recebeu a incumbência de um fabricante de peças de armas de fogo para investigar uma liga que apresentasse maior resistência ao desgaste no interior metálico dos canos. Brearley era então o pesquisador chefe dos laboratórios Brown Firth. O objetivo do aço mais resistente ao desgaste não foi alcançado, mas o inglês descobriu uma liga metálica que impedia a corrosão: o aço inoxidável. Em algumas publicações consta ter sido em agosto de 1913 que o inglês deu por encerrado o trabalho que considerou como sendo o primeiro aço inoxidável. Há controvérsias, porém, se, antes deles, os alemães (que trabalhavam na Krupp) não teriam aplicado um aço com a liga de cromo e níquel no casco de um iate e também se o americano Elwood Haynes não o teria precedido – irritado com a ferrugem que tomava conta do barbeador, o metalurgista Haynes se propôs a criar um aço resistente à corrosão e teria atingido o objetivo em 1911 – Haynes registrou a patente do aço inoxidável martensítico em 1919.
Depois de Pequim, a exposição seguirá para outros países e deve desembarcar no Brasil no final de outubro desse ano, coincidindo com o período de realização da Feinox – Feira de Tecnologia de Transformação do Aço Inoxidável (programada para São Paulo entre os dias 23 e 25 de outubro). A ideia da exposição, organizada pela International Stainless Steel Forum (ISSF), entidade que congrega a comunidade global do aço inoxidável surgiu como um desdobramento do portal (www.stainlessste elcentenary.info) criado pela instituição em reconhecimento à centenária história do material. Arturo Chao Maceiras, diretor executivo da Associação Brasileira do Aço Inoxidável – Abinox, informa que está em entendimento com o ISSF para trazer a exposição ao Brasil. Antes da exposição real, os interessados poderão fazer uma viagem “virtual” na história e no universo do material. A expansão no consumo é, de fato, notável. De acordo com o ISSF, o volume de 31 milhões de toneladas, produzido em 2011, representa um recorde. “Esse crescimento só é suscetível de aumentar se os benefícios da sustentabilidade de aço inoxidável tornarem-se mais conhecidos. A baixa pegada de carbono e
A exposição internacional estará no Brasil no segundo semestre de 2012, durante a Feinox. As primeiras experiências locais na fabricação do material datam da década de 40
JANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 15
Tramontina
Fábrica da Tramontina no Rio Grande do Sul: inox na fachada
A panela de inox era uma grande novidade porque o mercado não conhecia esse tipo de aplicação. As peças embelezavam as cozinhas brasileiras
16 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
o índice 100% de reciclagem garantem que o material terá um papel importante em um mundo futuro sustentável”, avaliza o ISSF. PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NOS CEM ANOS Como importante produtor de aço inox, o Brasil é personagem dessa centenária história. As primeiras experiências com a fabricação do material no país datam da década de 40 do século passado – a Siderúrgica Villares (atual Villares Metals) foi a primeira a produzir em território nacional. A partir da instalação, em 1941, de uma prensa de 500 t, construída no Brasil, a empresa conseguiu desbastar lingotes redondos que, após esmerilhamento e inspeção, eram transformados em barras por forjamento em martelo a vapor. Foi esse o roteiro de produção industrial das primeiras barras forjadas de aços especiais, incluindo o aço inoxidável 18-8 (AISI 304) e o aço inoxidável para cutelaria (AISI 410 e 420). Uma parte dessa trajetória foi também trilhada pelo engenheiro Celso Barbosa, atual
diretor de tecnologia e P&D, da Villares Metals, hoje sob controle do grupo austríaco Voest Alpine. O material inseriuse na carreira de Barbosa, na metade da década de 70 – o primeiro trabalho com o inox foi estudar o processo de fabricação à quente dos aços inoxidáveis austeníticos. Na época, a antiga Aços Villares fabricava o material mas não conseguia um rendimento satisfatório, devido a ocorrência de trincas durante a fabricação. “Os estudos permitiram entender os fatores que agiam na trabalhabilidade a quente como o balanceamento composicional e o efeito de residuais. Nessa década, o grande avanço foi o uso do processo ASEA-SKF de desgaseificação que permitiu a fabricação dos graus baixo carbono, L, com ganho de rendimento e qualidade. Nesse período, publicamos o primeiro trabalho técnico no Congresso da Associação Brasileira de Metalurgia, tratando do efeito da fase sigma na fragilização dos aços inoxidáveis duplex”, relata Barbosa. Naquele momento, recorda o engenheiro, os principais clientes das barras
NA DÉCADA DE 1970, O INOX PLANO O ingresso do Brasil na produção dos aços inoxidáveis planos é mais recente: ocorreu na década de 70 – e o pioneirismo nesse segmento foi da Aços Especiais Itabira – Acesita (atual Aperam South America). O engenheiro Frederico Meyer, hoje com 76 anos, era então funcionário da siderúrgica, quando se deram as primeiras experiências com a produção do material. Naquela época, relata Meyer, a Acesita fabricava aços planos ao silício – utilizado na fabricação de motores elétricos. “Eu trabalhava à frente da siderúrgica quando houve a expansão da capacidade de produção, na qual se inseria a linha de inoxidáveis planos”, recorda. Preparar a usina para a produção, acompanhar a implantação do projeto, supervisionar a preparação do pessoal para assimilar e operar as instalações com as novas tecnologias foram algumas das tarefas às quais ele fora incumbido. “Foram contratadas empresas estrangeiras com tradição em aços inoxidáveis, como a americana Armco Steel”, conta o engenheiro. “Com larga experiência na fabricação, a Armco foi responsável por nos transmitir o ‘como fazer’”, explica. Em paralelo, a Acesita iniciou um programa de formação de engenheiros, em convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais, para criar o grupo que seria responsável por aprimorar os processos e incorporar os novos produtos à linha de produção. A primeira aproximação de Meyer com
TRAMONTINA E INOX: QUATRO DÉCADAS NO CENTENÁRIO A fundação do grupo Tramontina, maior consumidor industrial de inox, ocorre quando surge esse material: o grupo completou um século, no ano passado. Parte significativa dessa trajetória foi “pavimentada” com aço inox. O material “ingressou” no grupo no início da década de 70. “A Tramontina de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, uma de nossas unidades, surgiu em 1971 para fabricar produtos em aço inoxidável, matéria-prima que começava a aparecer em artigos como os talheres e baixelas”, recorda Clóvis Tramontina, presidente do conselho de administração do grupo, em depoimento à revista Inox. “A adoção da matéria-prima foi um sucesso pois, desde o início, explorou-se as possibilidades do material para produzir itens com formas e designs diferentes. E o mercado mostrou uma receptividade excelente, pelo alto brilho”, conta ele. Sete anos depois, a Tramontina Farroupilha começou também a fabricar panelas de aço inox. “Era uma grande novidade porque o mercado não tinha conhecimento desse tipo de aplicação. Peças com excelente resistência e com alto brilho, davam um aspecto inovador e ao mesmo tempo embelezavam as cozinhas brasileiras”, relata o empresário. Ao longo de quatro décadas, a Tramontina Farroupilha manteve-se fiel à matéria prima. “Até hoje essa é uma característica marcante da fábrica, mostrando que o inox é um material versátil que permite fabricar uma vasta gama de produtos”, afirma Tramontina. Hoje, outras empresas do grupo também adotam o material nas linhas de produtos. “Como a Tramontina produz itens que ficam em contato com alimentos, o inox tem papel importante pelas características de higiene e resistência, permitindo oferecer ao consumidor itens de qualidade e fáceis de usar”, acrescenta. No início das atividades, a unidade de Farroupilha importava o aço inox do Japão. Quando a Acesita começou a fabricação no Brasil, a Tramontina tornou-se uma das parceiras. “Desenvolvemos muitos projetos juntos, pesquisando as melhores características do material para obter peças com formas difíceis, uma vez que o material produzido aqui tem qualidade comparável com a de qualquer fornecedor internacional e materiais exclusivos em determinados tipos de aço, o que permite uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes” conclui Clóvis Tramontina.
Tramontina
de aço inoxidável eram os fabricantes de artigos de cutelaria e de talheres. “Tínhamos, ainda, como um importante segmento o de máquinas para bebidas que deixaram de ser fabricadas no Brasil. Outro setor que engatinhava no Brasil era o de consumíveis para solda e esse contou com a Villares para a nacionalização”, rememora.
o material se deu com uma visita a algumas das instalações da Armco nos Estados Unidos – “similares às nossas, então em implantação” – para discutir particularidades do processo de fabricação e conhecer, em plena operação, quais seriam os futuros equipamentos. De acordo com Meyer, naquele momento, o aço inoxidável era muito utilizado na indústria de cutelaria e na produção de moedas. Daquela época, o engenheiro tem boas e más lembranças. “A boa foi ver nossos produtos em substituição aos que eram, até então, importados. A recordação ruim refere-se às dificuldades enfrentadas para poder produzir o inox. JANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 17
Fotos: Villares
Produção de barras no laminador e instrumentos para implantes cirúrgicos
O objetivo era desenvolver o mercado para esse metal numa época em que o consumo per capita mal alcançava meio quilo por habitante
18 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
Tivemos que empregar materiais nacionais de má qualidade como, por exemplo, tijolos refratários, por absoluta impossibilidade de importar similares de ótima qualidade, uma imposição governamental”, informa. VOOS MARCANTES E SUPREENDENTES Barbosa, da Villares Metals, considera a criação, em meados da década de 80, do Comitê do Níquel no Instituto de Metais não Ferrosos (ICZ), como um dos marcos mais importantes na história local do inox. “O objetivo era desenvolver o mercado para esse metal e, como decorrência dessa atividade, o inox entrou em evidência por consumir a maior parte da produção mundial do níquel. Desenvolver o uso do inox tornou-se uma das prioridades do comitê, quando o consumo per capita mal alcançava meio quilo por habitante”, afirma. O comitê foi também o embrião do Núcleo Inox, atual Abinox. No duradouro relacionamento que mantém com o material, o engenheiro se surpreende com as possibilidades de uso como nos aviões fabricados pela Embraer. “Isso era inimaginável algumas décadas atrás, quando o Brasil não fabricava aviões e muito menos aços inoxidáveis aeronáu-
ticos, como os aços PH, endurecíveis por precipitação. A Villares foi pioneira na produção dessa classe de aços e hoje fornece 100% da demanda da Embraer para fabricar, entre outros, os aviões da série 190 e 195”, informa. Como personagem da história do aço inoxidável no país, Barbosa destaca como fatos marcantes na trajetória de mais de 60 anos desse material no Brasil, a criação da Acesita para a produção pioneira de chapas no Brasil e as primeiras barras produzidas pela Villares ainda nos anos 40. “Do ponto de vista tecnológico, os destaques foram os processos AOD e VOD adotados pela antiga Acesita e pela Villares que possibilitou a entrada dessas empresas no mundo moderno dos aços inoxidáveis”, aponta. Meyer diz ter satisfação em constatar, hoje, a diversidade de empregos do material na arquitetura. E aponta como fato marcante no capítulo brasileiro na história do centenário do inox a mudança da posição de país que importava tudo o que consumia para a de exportador. “Não só do produto mas como fornecedor de tecnologia para outros países, inclusive alguns tradicionais fabricantes”, destaca. Adilson Melendez
estádios
AÇO INOX É TITULAR NA COPA DAS CONFEDERAÇÕES
20 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
Castro Mello
Estádio Nacional de Brasília (Castro Mello): inox nos perfis de fixação dos vidros, peitoris das arquibancadas, gradis e peças da cobertura tensionada
o jargão futebolístico, partidas preliminares são aquelas que antecedem o jogo principal. Por analogia, a Copa das Confederações da Fifa, competição que será travada no Brasil em 2013, será uma espécie de preliminar da Copa do Mundo de Futebol que o país irá sediar, no ano seguinte. A Copa das Confederações também se destina a avaliar as condições dos estádios e de mobilidade urbana de algumas das capitais que irão receber as competições do torneio mais importante. No país, quatro cidades – Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte – estão definidas como sedes da Copa das Confederações. Deixar pronto os palcos para a festa faz parte da tarefa da qual participam os autores dos projetos dos estádios que vão receber os jogos. A qualidade técnica das partidas dependerá dos atletas que ainda serão selecionados mas a “convocação” dos materiais que estarão nos estádios encontra-se em fase adiantada e o aço inoxidável foi “escalado” em três desses projetos: no Estádio Nacional de Brasília, projeto do escritório Castro Mello; no Maracanã, do Fernandes Arquitetos, e Plácido Castelo (Castelão), em Fortaleza, do Vigliecca & Associados. PRESENÇA EM TRÊS ESTÁDIOS Em Brasília, as exuberantes formas arquitetônicas do complexo esportivo e arena terão a contribuição do aço inoxidável nos perfis de fixação dos vidros de segurança, tipo Sentryglass, nos peitoris da arquibancada, em gradis e em peças especiais da cobertura tensionada. “Temos a ideia de viabilizar o material nas bacias sanitárias e nos mictórios”, informa o arquiteto Vicente Castro Mello, sócio do estúdio. Mello diz que recorreu ao inox em razão da alta confiabilidade. “O material atende não só as questões de segurança como as de estética e manutenção”, afirma. De acordo com o arquiteto, a especificação do aço inox tem sido respeitada, mas ele salienta que o preço ainda costuma ser empecilho para a adoção mais frequente do material. “Não é muito fácil encontrar fornecedores dispostos a investir em peças alternaJANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 21
Castelão de Fortaleza (Vigliecca): inox nas áreas VIP e de hospitalidade, nas bancadas e mictórios; arquitetos estudam usar o metal na fachada
22 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
Vigliecca & Assoc.
Vigliecca & Assoc./Cortesia Portal 2014
tivas, usando o aço inox”, acrescenta, destacando, porém, o aspecto de sustentabilidade do material. “Um dos itens mais importantes na sustentabilidade é a questão da manutenção e vida útil ao longo do tempo. E o aço inox tem essas grandes vantagens: a durabilidade e a reciclagem”, observa. O estádio Mário Filho (nome oficial do estádio do Maracanã), no Rio de Janeiro, não sofrerá grandes alterações na plástica externa mas as mudanças interiores serão significativas. A modernização do mais famoso estádio do Brasil contará com a participação do aço inoxidável em corrimãos,
guarda-corpos e em algumas barreiras. “Além dessas peças, as novas rampas receberão fechamento em malhas de aço inox”, revela o arquiteto Daniel Fernandes, do Fernandes Arquitetos. Os banheiros públicos também terão mictórios e bancadas de pias em inox. A durabilidade e o fato de possuir um aspecto final excelente, sem a necessidade de aplicar outros acabamentos, foram características do material que levaram Fernandes a optar por essa especificação no estádio carioca. Num primeiro momento, argumenta Fernandes, o custo (mais alto) do material foi colocado à mesa e frente a alternativas mais baratas. “Porém, para determinadas situações, acaba-se chegando à conclusão de que o custo-benefício vale a pena”, explica. A análise do aspecto sustentável do material, feito por Fernandes, se assemelha à do arquiteto e autor do projeto do estádio de Brasília. “Sempre que pensamos em materiais que são duráveis e que dispensam manutenção, proteção ou substituição, significa que são sustentáveis. Além disso, o aço inox é 100% reciclável”, avalia Fernandes. Dos estádios selecionados para a Copa das Confederações, o Castelão é o que está com as obras em estágio mais avançado. Nessa arena, vai exis-
Fernandes Arq. Assoc.
tir a presença do aço inoxidável em guarda-corpos e corrimãos das áreas de hospitalidade e VIP, além das fechaduras – o escritório Vigliecca & Associados também determinou o uso do metal nas bancadas e mictórios dos sanitários – com design realizado para levar em consideração as particularidades do inox. “Estamos analisando a viabilidade de se fazer toda a fachada do estádio com chapa expandida de aço inox”, antecipa o arquiteto Ronald Fiedler, sócio do escritório. O fator durabilidade foi o que mais contou para a especificação do material nas áreas de uso intenso mas também foi considerada a aparência mais nobre para a aplicação nas áreas de hospitalidade. Na fachada – área considerada crítica – a aplicação foi avalizada pela resistência à corrosão. “Desde o início, estamos trabalhando em estreita colaboração com o consórcio construtor para especificar a melhor solução para cada caso e nossas especificações estão sendo seguidas”, assegura Fiedler. O arquiteto diz desconhecer se a adoção do aço inoxidável implica em acúmulo de pontos para pleitear os certificados que atestam a sustentabilidade do complexo, uma exigência da Fifa. “Porém, a utilização do aço inox se traduz em um uso mais racional de insumos, já que não é necessária a substituição
por um período muito maior do que outras soluções, além de gastos menores com manutenção e pintura”, conclui. No Brasil, a Copa das Confederações reunirá os vencedores de títulos continentais de cada uma das seis confederações internacionais filiadas à Fifa, além da Espanha, atual campeã mundial, e o Brasil, anfitrião da Copa do Mundo de 2014. Japão, México e Uruguai também estão classificados. Faltam definir os campeões da Oceania, África e Europa.
Maracanã carioca (Fernandes): inox nos corrimãos, guarda-corpos, barreiras e malhas das rampas
Adilson Melendez JANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 23
Sotkon
LIXEIRAS SUBTERRÂNEAS DE INOX MELHORAM COLETA E VISUAL URBANO cidade de Paulínia, no interior de São Paulo, é a primeira do Brasil a receber coletores de resíduos instalados nos subsolos das calçadas. Desenvolvido pela empresa portuguesa Sotkon, do grupo Allegro, o sistema foi eleito por revistas especializadas da Europa, como o mais eficiente de coleta e como o de melhor custo e benefício, tanto operacional como estético. Existem cerca de 20 mil unidades instaladas em vários países, como Portugal, Espanha, França e Alemanha. O sistema, composto por uma cuba de concreto, agrega um contêiner de plástico, com tampa e uma lixeira de aço inox com o fundo falso. De acordo com Sérgio Machado, diretor da Sotkon no Brasil, o aço inoxidável oferece vantagens por ser mais higiênico, ergonômico, resistente à corrosão e pela facilidade de limpeza e manutenção. Em Paulinía, foram implantados 50 recipientes 24 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
de aço inox ligados a depósitos subterrâneos com capacidade para três mil litros de resíduos cada um. No final do dia, caminhões da prefeitura, munidos de pequenas gruas hidráulicas, fazem a coleta dos resíduos separados por tipo, reciclável (plástico, papel, metal) ou orgânico. Segundo o fabricante, o sistema pretende reduzir os custos de coleta em até 30%, utilizando menos mão de obra, deslocamento de veículos e energia. Esse conceito de coleta nasceu na Espanha em 1995 e se espalhou para outras regiões graças à simplicidade. O sistema permite e estimula a separação de lixo desde a origem, incentivando a reciclagem e a diminuição de resíduos a serem enviados para o aterro. “A conteinerização tem sido discutida em todo o mundo e existem várias alternativas possíveis, todas com grande avanço para as metrópoles, como
JANEIRO/MARÇO 2012 • INOX 25
Fotos: Sotkon
Sistema de lixeiras subterrâneas com caçamba embutida evita o entupimento de bueiros e o ataque de vândalos ou animais
a cidade de São Paulo, que está sujeita a inundações periódicas. Porém, as conteinerizações subterrâneas são as que mais trazem benefícios, em termos de saúde e higiene”, afirma Machado. Segundo o diretor, o sistema da Sotkon elimina o risco de que o lixo seja jogado de um lado para o outro, nas épocas de chuvas, evitando o entupimento de bueiros. Além disso, inibe a ação de eventuais depredações e corte das embalagens tradicionais (sacos de lixo) por vândalos e animais que espalham os dejetos pela cidade, reduzindo a proliferação de pestes. Machado conta que a Europa e outras regiões no mundo estão abandonando o armazenamento tradicional do lixo para o modelo subterrâneo. “O sistema modifica o que existe hoje, deixando o visual das cidades mais limpas, preservando o meio ambiente da poluição, com incentivo à coleta seletiva. Essa pode ser uma grande solução para as cidades e para os condomínios residenciais e empresariais”. Segundo a empresa, essa novidade também será testada em São Paulo ainda em 2012. Renata Rosa
26 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
notícias inox Feinox quer atrair novos expositores Arturo Chao Maceiras, diretor da Abinox. Junto com o evento, será realizado o V Coninox – Congresso do Aço Inoxidável, que trará painéis setoriais e palestras que devem gerar oportunidades de negócios, como o de petróleo e gás natural, biocombustíveis, construção civil, obras de infraestrutura, alimentos e bebidas. No mesmo período da Feinox, a Abinox realizará a 11a edição do Seminário Brasileiro do Aço Inoxidável, no Centro de Exposições Imigrantes. O seminário trará, além dos temas relacionados à aplicação, metalurgia e tecnologia de fabricação do aço inoxidável, as inovações realizadas por pequenas e médias empresas que atuam no setor. Com isso, pretendemos apresentar cases deste segmento e incentivar a utilização do produto neste mercado”, diz Maceiras. Arquivo Abinox
De 23 a 25 de outubro, a Associação Brasileira do Aço Inoxidável – Abinox, em parceria com o grupo Cipa, realizará a quinta edição da Feinox, Feira de Tecnologia de Transformação do Aço Inoxidável. Pelo segundo ano consecutivo, a feira irá ocupar as dependências do Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Consagrado como o maior evento do setor na América do Sul, a Feinox, o principal fórum para troca de informações técnicas e mercadológicas da cadeia brasileira do aço inoxidável, representa um excelente canal para criar condições para o desenvolvimento de negócios nas diversas áreas de aplicação do material. Neste ano, além do aumento expressivo de visitantes, um dos objetivos da Abinox e dos organizadores é
atrair novos expositores, como fabricantes de equipamentos e insumos. “Com isso, pretendemos criar condições para o aumento da capacitação e competitividade das empresas que atuam nessas áreas, além de atender a demanda por produtos e serviços em diversos setores industriais no país com grandes expectativas de crescimento nos próximos anos”, diz
Rio de Janeiro abriga a primeira Conferência Brasileira e Latino-Americana de Aço Inoxidável e as Ligas No período de 5 a 6 de junho, no Sheraton Rio Hotel, será realizada a primeira Conferência Latino-Americana de Aço Inoxidável e as Ligas. Na ocasião, profissionais do setor apresentarão os principais players da cadeia de abastecimento da região, a partir de produtores de matérias-primas e de aço inoxidável até distribuidores e processadores. Serão discutidos temas de interesse para a indústria do aço inoxidável, bem como as perspectivas do mercado brasileiro e latino-americano para os próximos anos. A América Latina é uma das maio28 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
res bacias de crescimento do mundo. O consumo de aço inoxidável na região cresceu em média 8,5% nos últimos dez anos. Em 2012, o consumo deve chegar a 600 mil toneladas e o Brasil responde por cerca de 400 mil toneladas dessa fatia. O Brasil se tornou um microcosmo de indústrias consumidoras de aço inoxidável. Tem uma gama diversificada de
consumidores, que incluem o automotivo, de bens de consumo duráveis, química e petroquímica, energia e geração de energia, produtores de petróleo e gás natural. No entanto, existem países latino-americanos, como Argentina, Colômbia e Chile que consomem cada um mais de 30 mil toneladas por ano. Além da demanda crescente, o que torna a região ainda mais interessante é a riqueza de matérias-primas, incluindo níquel, cromo, nióbio (colômbio) e projetos de molibdênio que são críticas para a produção de aço inoxidável.
notícias inox Famosa no Rio de Janeiro por implantar equipamentos de ginástica e alongamento ao ar livre, a Mude (antiga Muscle Beach) acaba de instalar bicicletários nos canteiros centrais de Ipanema e do Leblon. Segundo Marcus Moraes Correia, engenheiro de produção e diretor da empresa de mobiliários urbanos desportivos, algumas prefeituras têm procurado a Mude para viabilizar a implantação desses equipamentos em várias cidades do estado fluminense. Com design de Guto Índio da Costa, os bicicletários são fabricados pela Mude com aço 304 microfundido nas curvas e vidro temperado de 10 mm. A um preço de 9 mil reais, a capital carioca tem 20 bicicletários em funcionamento. A Mude inaugura, nos próximos dias, seis mesas de pingue-pongue também desenhadas por Índio da Costa.
30 INOX • JANEIRO/MARÇO 2012
Mude
Bicicletários de inox embelezam orla carioca