Revista Arc Design - edição 77

Page 1

design • arquitetura • inovação • sustentabilidade

Arc Design + ApexBrasil Edição Especial IV Bienal Brasileira de Design

Nº 77 2013 R$ 24,50

Tudo sobre a IV Bienal Brasileira de Design: exposições + seminários + eventos paralelos


Faça o seu produto se tornar moda no exterior. EXPORTAR É INOVAR. Your production becoming fashion abroad. EXPORTING IS INNOVATING.

São Paulo Criatividade, sustentabilidade, tecnologia e inovação são produtos de exportação do Brasil. O país se torna mais competitivo a cada dia e gera oportunidades para as empresas brasileiras conquistarem mercados no mundo inteiro. Com o apoio da Apex-Brasil e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Rhodia exporta para Itália e França o inovador Emana, um fio têxtil inteligente de poliamida capaz de promover o bem-estar, o conforto e melhorar o desempenho das roupas que ajudam a combater a celulite e a fadiga muscular. Exportar também pode ser o melhor negócio para a sua empresa. Aproveite o bom momento do Brasil no exterior e leve a sua micro, pequena, média ou grande empresa para outros países. Acesse www.apexbrasil.com.br. Creativity, sustainability, technology and innovation are some of the products exported by Brazil. The country is becoming more and more competitive, generating opportunities for the Brazilian corporations to win markets all over the world. Supported by Apex-Brasil and the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade, Rhodia exports to Italy and France the innovative Emana – a smart polyamide textile thread capable of promoting wellbeing, comfort and improving the performance of clothes that fighting cellulites and muscle fatigue. Exporting can also be the best deal for your company. Take advantage of this nice moment of Brazil abroad, and take your micro, small, medium or big size corporation to other countries. Access www.apexbrasil.com.br.


Roma


Editorial


Esta edição especial da revista ARC DESIGN é dedicada à IV Bienal Brasileira de Design, realizada em Belo Horizonte, de 19 de setembro a 31 de outubro de 2012. Convidada como curadora, procurei traduzir os conceitos básicos expressos pelos proponentes da Bienal, principalmente aquele básico: diversidade, que também traduz a realidade brasileira. Diversidade cultural, étnica, geográfica. Também diversidade de pensamento, leituras e tendências. Procuramos abranger o maior número possível de visões e temas, alargando os limites desta iniciativa graças à contribuição dada por estudiosos e especialistas em cada segmento abordado. Esta foi uma Bienal nacional, em suas mostras; e também internacional, pelo aporte trazido por seminários e seus temas, e pelos conferencistas convidados. Ao longo desta edição especial de Arc Design será possível ver e/ou rever a Bienal e a contribuição trazida para nossa cultura. Foi também uma Bienal que, por diversas razões, contou com dois blocos de eventos paralelos: o corpo da Bienal com ações programadas em seu projeto inicial, e as ações que fizeram parte do Tempo do Design em Minas, recebendo participações externas que serviram para enriquecer o projeto como um todo. Já sabemos que não é possível sermos globais sem antes sermos locais. Esta é uma importante afirmação de muitos estudiosos das diversas culturas ocidentais, sobretudo em relação aos objetos que habitam nosso cotidiano. Obedecendo a esta verdade, uma das mostras da Bienal tem início com exemplos de obras de artistas populares ou primitivos, e apresenta, em sua última sala, a mais avançada tecnologia para a produção de objetos – a da produção em 3D. Esta é uma forma avançada não apenas de construir produtos cotidianos em pequenas tiragens mas, e sobretudo, de aplicações na medicina, nos esportes, na arquitetura. Na Bienal foram exibidos moldes personalizados de proteção para esportistas profissionais e realidades brasileiras, como o estudo da casa do João-de-Barro e do cupinzeiro – exemplos curiosos que podem ser aplicados às premissas da arquitetura. Nas diversas mostras era possível ver a riqueza do solo mineiro, com seus minerais e pedras; as pesquisas, evolução e qualidade de nossa indústria automobilística na bela mostra realizada pela FIAT; o momento atual do design, no resultado dos diversos concursos; a profunda reflexão sobre o ensino do design, nos seminários organizados pelo curador adjunto e reitor da UEMG, Dijon de Moraes, e naquele proposto pelo SEBRAE-MG; a irreverência e fantasia na mostra de Ronaldo Fraga; e muito mais. A Semana Apex-Brasil, sintonizada com os principais objetivos da instituição, que são a promoção dos produtos e serviços brasileiros no exterior e a atração de investimentos diretos, trouxe formadores de opinião estrangeiros para o evento no âmbito do Projeto Imagem, abordou a relação entre design e moda em um simpósio internacional com um panorama da indústria do setor no Brasil e no mundo; e realizou ainda o Projeto Comprador, com a vinda de importadores para conhecer a produção local. Em suas diversas vertentes, a Bienal foi vista por um público nacional e internacional de mais de 70 mil visitantes, reunindo empresários, designers, professores e pessoas interessadas e curiosas por entender o que significa o “fenômeno design”. Esta edição é uma iniciativa conjunta com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), órgão que efetivamente tem contribuído para a expansão de nossa visibilidade e de novos mercados para o produto brasileiro, além de grande incentivadora desta Bienal. ARC DESIGN assumiu, desde sua primeira edição, o papel de uma publicação cujo objetivo era o de veicular a história e trajetória, o significado, o futuro, a inovação e o aprofundamento dos temas contemporâneos, no âmbito do design. Nada mais natural do que a realização desta parceria para deixar registrado o momento do design brasileiro e internacional até 2012, representado na IV Bienal Brasileira de Design, e para vislumbrar os sinais, alguns ainda fracos, da grande evolução que começa a acontecer no universo da produção brasileira. Maria Helena Estrada


This special edition of ARC DESIGN magazine is devoted to the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, held in Belo Horizonte, from September 19 to October 31, 2012. Invited as a curator, I sought to translate the concepts expressed by the proponents of this Biennial, especially that basic one: diversity, which also reflects the cultural, ethnic and geographical Brazilian reality. Also diversity, of thought, reading and trends. The largest possible number of view points and themes were approached, extending the boundaries of this initiative thanks to the contribution given by scholars and experts in each addressed segment. In 2012, the exhibition expanded its international scope not only due to the participation of foreign journalists and opinion leaders, but also because of the support given by the seminars’ guest speakers. Throughout this special edition of Arc Design it will be possible to view and/or review the 4th Design Biennial Exhibition and the contribution brought to our culture. This Biennial, for several reasons, was also an exhibition that had two kinds of concurrent events: the Biennial Exhibition featuring initiatives planned in its initial project and what was called Time for Design in Minas with foreign participants that enriched the project as a whole. We already know that it’s impossible to be global without first being local and this applies especially to the objects that furnish our everyday lives. Based on this truth, one of the shows at the exhibition featured examples of popular artists’ works and, in its last space, leading-edge technology for the production of objects – 3D production – which can be used to build everyday items and be applied to medicine, sports and architecture. Its application versatility was showcased in the exhibition through customized molds to protect professional sportsmen and the studies on João de Barro’s houses and termite mounds - intriguing examples found in nature that can be applied to architecture. A varied number of exhibtions displayed the richness of the soil in Minas Gerais and its industry with jewels made out of precious stones and the research, development and quality of our automotive industry in a beautiful show held by FIAT. The current status of design was shown with the result of several competitions held during the exhibition, including IDEA/Brasil and the irreverence and fantasy at Ronaldo Fraga’s show. It was also possible to reflect on the teaching of design in seminars organized by the associate curator and dean of UEMG, Dijon de Moraes and by SEBRAE MG. The Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (APEX-Brasil) organized the Apex-Brasil Week to enhance the importance of design for business competitiveness. The Agency brought foreign journalists and opinion leaders to the exhibition, addressed the relationship between design and fashion at an international symposium and held the Buyer’s Project, which brought importers to get to know the local production. In its various forms, the Design Biennial exhibition was attended by more than 70.000 visitors including Brazilian and foreign entrepreneurs, designers, university students and people interested and eager to better understand design. This edition is a joint initiative with the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (APEX-Brasil), a great promoter of this event that has effectively contributed to the expansion of our visibility abroad and the opening of new markets for Brazilian products. The mission of the Agency is to develop the competitiveness of Brazilian companies, promoting the internationalization of their business and the attraction of direct foreign investments. ARC DESIGN has taken on, since its first edition, the role of a publication whose goal is to convey the history and trajectory of design, its meaning, its future, the innovation and the deepening of contemporary issues. This perfec partnership has provided an insight into the status of the Brazilian and international design until 2012, as it was represented at the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, in addition to a glimpse of the signs of the great evolution that has begun in the Brazilian production process. Maria Helena Estrada



Índice 22

10.

ARTIGOS / articles O design e a competitividade no exterior Design and competitiveness abroad Mauricio Borges

12.

Excelência e criatividade Excellence and creativity Dorothea Werneck

13.

Desafios contemporâneos Contemporary challenges Eliane Parreiras

14.

A ferramenta do design The design tool Heloisa Menezes

15.

Pelo impulso local e por um novo ensino do design On the local drive and a new design education Dijon de Moraes

56

18.

Palestra Inaugural / conference Havaianas, marca (inter)nacional Havaianas, an (inter)national brand Angela tamiko hirata

32.

40.

Simpósio / symposium Inovação e competitividade para o design brasileiro Innovation and competitiveness for Brazilian design ENTREVISTA / interview De olho no mundo With an eye on the world Marco Aurélio Lobo

66

4.

110.

112.

114.

Editorial

Bienal em números

Ficha técnica

Expediente


22.

Mostras / exhibitions Da Mão à Máquina From hands to machine

44.

Objetivo? Exportação Main goal? To export

50.

A importância do mobiliário na sociedade Take a seat and... think!

56.

Moda fabulosa Fabulous Fashion

60.

Marca italiana, design brasileiro Italian brand, Brazilian design

66.

O valor de uma boa ideia The value of a good idea

76.

Incentivo ao novo Incentive to the innovation

86.

Joias: do histórico ao contemporâneo Jewels: from historical pieces to contemporary ones

72.

72

60

Congresso e Seminários / congresses A escola reflete, repensa e fala de si The school reflects, rethinks and speaks about itself

82.

Economia criativa e design Creative economy and design

90.

Design e tecnologia em pauta Design and technology

identidade visual e cenografia / visual identity and scenography 100. D + D = B Gustavo Greco

106.

44

Paisagens cenográficas Minas on the scene Marko Brajovic e Carmela Rocha

100


O design e a competitividade no exterior Mauricio Borges

No concorrido mercado global, design, inovação e sustentabilidade são a chave para as empresas se diferenciarem e conquistarem espaço na preferência dos consumidores. Para nós, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), é muito evidente a função estratégica desses três itens para a competitividade das indústrias.

Nosso objetivo é que, cada vez mais, o Brasil esteja nas principais vitrines do mundo com produtos modernos e inovadores, que geram tendências e atraem os consumidores. Assim, criamos, no ano passado, as Unidades de Inovação e Design e de Sustentabilidade, que têm a função de desenvolver ações transversais junto aos nossos projetos setoriais de promoção de exportação, mantidos em parceria com 83 entidades empresariais.

Por isso, temos trabalhado em diversas frentes com o objetivo de sensibilizar as empresas brasileiras para a importância desses temas. O nosso apoio à Bienal Brasileira de Design, realizada em 2012, em Belo Horizonte (MG), trouxe resultados efetivos dentro da nossa estratégia de apresentar a importância do tema para as empresas e para a própria sociedade brasileira.

Além de ações de sensibilização e capacitação, traçamos programas para promover de forma direta a incorporação do design ao produto, como o Design Export, que irá apoiar o desenvolvimento de inovações em 70 empresas; e o Design Embala, com foco na melhoria das embalagens.

Ao mesmo tempo, quando trouxemos compradores e formadores de opinião estrangeiros para participar da Bienal, atuamos para promover no exterior o grande desenvolvimento que o design do nosso país vem experimentando nos últimos anos.

10

É nítido que, como parte do processo de fortalecimento da economia do país, as empresas vêm investindo cada vez mais na incorporação do design a seu processo produtivo. Ao mesmo tempo, há um grande desenvolvimento dos profissionais brasileiros que atuam na área. A força e a maturidade do nosso design vêm sendo promovidos pela Agência em diversos eventos também fora do Brasil – como o Brazil S/A, exposição realizada durante a Semana de Design de Milão (Itália).

Há um grande interesse, no mundo todo, pelo que o Brasil pode oferecer de inovador ao consumidor. Nosso país está despertando atenção e vem respondendo de forma muito positiva a essas expectativas, demonstrando que pode criar tendências e se destacar, não só no design, mas também na moda, nas artes e em diversos segmentos da chamada economia criativa. Um número cada vez maior de jovens designers vem seguindo o caminho da inovação e da criatividade. A diversidade cultural e o rico artesanato brasileiro servem como fonte de inspiração, enquanto a nossa biodiversidade possibilita o emprego de uma ampla variedade de matérias-primas, utilizadas de forma sustentável. Essas características criam produtos únicos e que se diferenciam no mercado internacional. Vamos contar essas histórias em todo o mundo e trabalhar para que elas sejam cada vez mais comuns!


Mauricio Borges é Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) / president of the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil)

Design and competitiveness abroad In the competitive global market, design, innovation and sustainability are the key factors that allow companies to gain a competitive advantage and space in the consumer preference. For those who work at the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil), it is clearly evident that these three items play a strategic role in the competitiveness of enterprises. Therefore, we have been working on several fronts in order to sensitize Brazilian companies to the importance of these issues. Our support to the Biennial Brazilian Design Exhibition, held in 2012 in Belo Horizonte (MG), produced effective results within our strategy to present the significance of the topic to companies and the Brazilian society. At the same time, when we brought buyers and foreign opinion makers to attend the Biennial event, we worked to promote abroad the great development that design has been experiencing in our country in recent years. It is clear that, as part of the process of strengthening the country’s economy, companies are increasingly investing in the incorporation of design into their production process. At the same time, there has been a great development of Brazilian professionals who work in the area.

The strength and maturity of our design have been promoted by the Agency in several events outside Brazil, including Brazil S/A, an exhibition held during the Design Week in Milan (Italy). Our goal is to see more and more Brazilian products in the world’s leading showcases with modern and innovative features that generate trends and attract consumers. Thus, last year we created the Innovation, Design and Sustainability Units, which aim to develop action plans for our sector-based projects to promote exports, held in partnership with 83 business organizations. In addition to raising awareness and improving qualification, we have built programs to directly promote the incorporation of design into products, such as the Design Export, which will support the development of innovations in 70 companies, and the Design Embala (Design Packs), focused on improving packaging. There is great interest all over the world in the innovative products that Brazil can offer to consumers. Our country has been attracting attention and responding very positively to these expectations, demonstrating that we can create trends and stand out not only in the design field but also in fashion, arts and various segments of the so called creative economy. 11

A growing number of young designers have followed the path of innovation and creativity. The Brazilian cultural diversity and skillful craftsmanship serve as a source of inspiration, while our biodiversity enables the sustainable use of a wide variety of raw materials. These characteristics create unique products that stand out in the international market. Let’s tell these stories around the world and work so that they become commonplace!


Excelência e criatividade Dorothea Werneck

Dorothea Werneck é Secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais / Secretary of Economic Development of Minas Gerais

O design brasileiro tem obtido cada vez mais visibilidade no mundo inteiro e se destaca por sua excelência e criatividade. O processo de inserção no mercado externo se beneficia de importantes iniciativas de suporte adotadas por diversas instituições privadas e públicas, tais como a Apex-Brasil. A valorização do design nas nossas exportações vem permitindo que os produtos made in Brazil obtenham sucesso em mercados nos quais atributos associados ao design, como a qualidade, a funcionalidade e a beleza, são essenciais para os consumidores. Em Minas Gerais, além das ações das empresas que investem no setor, é importante destacar a atuação das nossas escolas de design, especialmente a da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Um exemplo do bom trabalho desenvolvido pela instituição foi a premiação dada, no ano passado, para a aluna da Escola de Design da UEMG Priscila Ariane Loschi, como a grande vencedora do 26° Prêmio Jovem Cientista na categoria Ensino Superior. 12

Para completar o quadro de apoio ao design em Minas Gerais, o governo do Estado atua por meio de parcerias consolidadas com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), com o Sebrae e com a Associação Objeto Brasil, que atuam para desenvolver e promover o design brasileiro no Brasil e no exterior. Em outubro do ano passado Minas Gerais recebeu de braços abertos a IV Bienal Brasileira do Design. O sucesso do evento só ajuda a consolidar a percepção de que estamos no caminho certo.

Excellence and creativity Brazilian design has gained increasing visibility worldwide and stands out for its excellence and creativity. The process of entering the foreign market benefits from important support initiatives adopted by many private and public institutions, such as Apex-Brasil. The enhancement of design in our exports has enabled products made in Brazil to succeed in markets where attributes associated with design, quality, functionality and beauty are essential to consumers. In Minas Gerais, in addition to actions taken by companies that invest in the sector, it is important to highlight the performance of our design schools, especially at the State University of Minas Gerais (UEMG). An example of the good work done by the institution was the award received last year by Priscilla Ariane Loschi, a student of the School of Design at UEMG who won the 26th Young Scientist Award in the Higher Education category. To complete the design support structure in Minas Gerais, the state government established partnerships with the Industry Federation of Minas Gerais (Fiemg), with Sebrae and with the Objeto Brasil Association, working to develop and promote Brazilian design nationally and abroad. In October 2012 Minas Gerais welcomed the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition. The success of the event helps us come to the realization that we are on right track.


Desafios contemporâneos Eliane parreiras

Eliane Parreiras é Secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais / State Secretary of Culture of Minas Gerais

Foi uma grande alegria para Minas Gerais realizar a IV Bienal Brasileira de Design 2012, um evento que coloca em foco todo o potencial inovador e criativo que a cultura brasileira oferece ao público e ao mercado. Sem dúvida, o Brasil é um grande celeiro de talentos em todas as áreas da chamada “economia criativa”, demonstrando vocação em diversas áreas, como o design, a moda, a arquitetura, o artesanato, as artes visuais, entre tantas outras. Assim como Minas, que também esteve brilhantemente representada pelos artistas e profissionais mineiros do design, que expuseram seu trabalho nos diversos espaços em que a Bienal foi realizada. Ficamos felizes em participar dessa importante iniciativa, que tanto contribuiu para a troca de ideias em torno de um tema que leva, em sua essência, a busca por soluções inovadoras para desafios contemporâneos. E um novo olhar sobre a realidade só é oferecido por meio de um investimento em Cultura e criatividade. Esse é, inclusive, um pensamento que o Governo de Minas transformou em diretriz de trabalho. O estímulo à economia criativa reflete-se em inúmeros benefícios, como reconhecimento e valorização de nossa identidade cultural, estímulo ao trabalho de nossos artistas, geração de emprego e renda de qualidade, requalificação da relação do cidadão com o ambiente urbano, entre tantos outros. A IV Bienal Brasileira de Design reforçou o que se confirma em tantas oportunidades: Minas e o Brasil encontram na Cultura uma de suas maiores riquezas e forças geradoras de desenvolvimento.

Contemporary challenges It was a great pleasure for Minas Gerais to host the 4th Brazilian Design Exhibition Biennial 2012, an event that focuses on all the innovative and creative potential that the Brazilian culture offers to customers and the market. Undoubtedly, Brazil is a rich source of talented people in all areas of the so called Creative Economy, demonstrating our vocation in several fields, including design, fashion, architecture, crafts and visual arts. Minas Gerais was also brilliantly represented by local artists and designers, who exhibited their work in the various spaces where the Biennial Exhibition was held. We were happy to take part in this important initiative, which has contributed greatly to the exchange of ideas about a topic that has in its essence the search for innovative solutions for contemporary challenges. A new perspective of reality is only offered through investment in culture and creativity. This is a thought that the State Government turned into working guideline. Encouraging a Creative Economy results in several benefits, including the recognition and appreciation of our cultural identity, the encouragement of our artists’ work, the creation of high-quality jobs and income, and the improvement of the relationship between citizens and the urban environment. The 4th Brazilian Design Biennial Exhibition enhanced what has been confirmed in many occasions: culture is one of the greatest assets and driving forces of development in Minas Gerais and Brazil.

13


A ferramenta do design Heloisa Menezes

A Bienal Brasileira de Design, iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), se insere no contexto do Programa Brasileiro de Design (PBD), criado em 1995, com o objetivo de promover o desenvolvimento do design no Brasil com foco na consolidação da marca Brasil no mercado internacional. Design é ferramenta de competitividade em qualquer lugar do mundo, mas no Brasil as potencialidades são imensas se considerarmos nossa capacidade criativa, que é internacionalmente conhecida. Boas ideias, porém, não bastam. Precisamos atuar para que nossa criatividade se converta em projetos úteis e de interesse à sociedade. A IV Bienal Brasileira de Design, realizada em Belo Horizonte, em 2012, com o tema Diversidade Brasileira, mostrou essa grande capacidade brasileira de inovar, criar e transformar em realidade ideias geniais. O evento também se converteu em um sucesso de público. Só a mostra principal, Da Mão à Máquina, realizada no Palácio das Artes, recebeu 30 mil participantes. A mostra principal reuniu a produção brasileira dos últimos dois anos a partir do artesanato, chegando à indústria. Nela, estavam presentes diversos segmentos ligados ao mobiliário, aos utensílios para a casa, à moda, às joias, chegando a alguns meios de transporte e à impressão 3D. A Bienal se distanciou um pouco dos três eventos anteriores na medida em que o design, nestes últimos anos, se redirecionou e também ampliou seus focos de interesse. Inovações foram apresentadas, debates e pensamentos, revisitados, e ideias novas, colocadas em pauta. O evento se mostrou um êxito, como comprova a grande visitação. Várias iniciativas no sentido de promover o design vêm sendo colocadas em prática pelo governo, nos últimos anos. O conceito de economia criativa tem se difundido cada vez mais e facilitado a atuação do governo e da iniciativa privada em ações de promoção do design como negócio de grande potencial, capaz de gerar empregos e divisas para o país.

14

The design tool The Brazilian Design Biennial Exhibition, an initiative of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), is part of the Brazilian Design Program (PBD), established in 1995, aiming to promote the development of design in Brazil focusing on the consolidation of Brazil as a brand in the international market.

Heloisa Menezes é Secretária de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) / Secretary of Production Development at the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC)

Although design is a tool for competitiveness anywhere in the world, in Brazil it has enormous potential considering our creative capacity, which is internationally known. Good ideas, however, are not enough. We must work so that our creativity turns into useful projects that serve the interest of society Having Brazilian Diversity as the central theme, the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, held in Belo Horizonte in 2012, showed the Brazilian great capacity to innovate, create and turning brilliant ideas into reality. The event also attracted large attendance. The main show alone, From Hands to Machine, held at the Palácio das Artes, received 30,000 participants. The main show featured the Brazilian production in the last two years including crafts and industrial products. This exhibit showcased several segments connected to furniture, household utensils, fashion, jewelry, in addition to some means of transportation and 3D printing. The biennial exhibition was slightly different from the three previous events as design in recent years has also expanded and redirected its focus of interest. Innovations were presented, discussions and thoughts revisited, and new ideas placed on the agenda. The event proved a success, as evidenced by the large attendance. Several initiatives to promote design have been undertaken by the government in recent years. The concept of creative economy has become increasingly widespread facilitating the work of the government and the private sector in action plans to promote design as a business with great potential, capable of creating jobs and generate income for the country.


Pelo impulso local e um novo ensino de design Dijon De Moraes

Dijon De Moraes é reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e foi curador convidado das ações acadêmicas desenvolvidas na IV Bienal Brasileira de Design / Dean of the State of Minas Gerais University and was invited as curator for the academic actions at the IV Brazilian Design Biennial

Recebi do Governo de Minas a missão de coordenar a Bienal Brasileira de Design, cuja edição 2012 ocorreu em Belo Horizonte; e, da Curadora Geral, Maria Helena Estrada, o gentil convite para ser o curador das ações acadêmicas desse importante evento nacional. Muitos são os fatores que justificam a realização de uma Bienal, o primeiro dos quais o impacto positivo que um evento dessa proporção arrasta consigo. É uma oportunidade em que empresários e empreendedores atestam, por meio da diferenciação pelo design, os efeitos que um produto com conteúdos inovadores pode trazer para uma empresa, região ou um país. Desde o inicio, era nossa intenção que os efeitos da Bienal em Minas fossem fator de impulso à cadeia produtiva local. Que a Bienal trouxesse como resultado um linkage comercial, isto é: que os efeitos das suas ações, por meio de mostras, cursos, seminários, palestras, workshops e demais atividades, nos servissem como húmus rico e fértil para a expansão e consolidação da prática do design nas nossas empresas. O design, por ser uma atividade transversal, apresenta essa capacidade de integrar diversas áreas do conhecimento, conjugando as ciências aplicadas, a tecnologia produtiva, a economia de mercado, o conhecimento e a cultura, além de diversas outras disciplinas das áreas humanas e sociais. Uma tarefa complexa como a realização de uma bienal de design cria oportunidade de um rico diálogo e interação com os diferentes parceiros que a compõem. Destaco, aqui, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE) e a Secretaria de Cultura (SEC), que, juntamente com a Federação das Indústrias de Estado de Minas Gerais (FIEMG), a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e o Centro Minas Design (CMD), não mediram esforços para levar adiante o desafio do nobre propósito do Governo de Minas em realizar a IV Bienal Brasileira de Design em território mineiro.

O papel do ensino: teoria e prática Há tempos venho me debruçando sobre as grandes transformações nos âmbitos conceituais, estéticos e formais inerentes às disciplinas de cunho projetual, especialmente no que se refere à arquitetura e ao design. As escolas e correntes tradicionais encontram-se, atualmente, no dúbio dilema entre inovar ou permanecer com métodos cartesianos e racionais para a prática em design. Já se percebe, no entanto, que novas práticas em design se alinham com as novas e diversas formas de inovação existentes, ora se aproximando da alta tecnologia – esta muitas vezes distante do ensino em design – ora se voltando ao artesanato ou à arte, vale dizer, do “não projeto”. Essa realidade coloca também em xeque a capacidade do projeto racional-funcionalista moderno em continuar sendo o modelo preponderante para o design e a arquitetura contemporâneos. Assistimos hoje, de igual forma, a uma das maiores transformações de cunho comportamental, ético e social já vistas, primeiramente por meio da popularização das tecnologias

15


digitais e virtuais até o processo de globalização, que colocou em xeque a velha dicotomia entre Centro-Periferia, agora denominada de eixo NorteSul. Com este novo cenário que se prefigura, o mundo deixa de ser dividido em espaços visivelmente delimitados entre ricos e pobres, cultos e ignorantes, civilizados e bárbaros. É como se os contêineres, uma vez rígidos e protegidos, fossem abertos e seus conteúdos misturados entre si. O mundo, em consequência, ficou rapidamente muito mais complexo. O design, nesse contexto, repensa seu percurso e novos desafios lhe são postos: a questão do alinhamento socioeconômico-ambiental, que interessa tanto aos países ricos quanto aos países pobres; e a questão da identidade local, que passa a ter valor percebido por preservar estilos de vida ameaçados pelo processo de aculturamento e pela massificação global. Os valores antes tidos como intangíveis e imateriais ganham novos espaços junto às disciplinas projetuais e chegam mesmo a superar os valores técnicos e objetivos por meio das relações cognitivas e dos fatores sensoriais. Novos modelos surgem como linhas guia para a cultura do projeto, em que o velho briefing deixa de ser uma certeza, com suas demandas precisas e respostas exatas, para ceder lugar ao modelo metaprojetual. Este indica caminhos possíveis, mas não aponta rotas definidas dentro da complexidade estabelecida. O ensino do design ainda se ressente da queda do método racional-funcionalista como modelo exato e preciso. Busca respostas para as novas perguntas que os jovens estudantes fazem hoje nas faculdades de design. Claro que essas perguntas e respostas não são mais objetivas e racionais, extrapolando, muitas vezes, o âmbito das escolas de design: podem estar nas disciplinas antropológicas, sociológicas, psicológicas e tantas outras das áreas humanas, artísticas e sociais, com mais ou menos afinidade e aproximação com o design. Recentemente, fui surpreendido por interessante palestra de um colega em um congresso internacional de design denominado O Design Inspirado na Ciência. Nele, apresentou suas experiências em design de superfície aplicadas em animais de estimação: o cliente poderia escolher um coelho com o desenho do pelo igual ao de um leopardo, ou um cachorro com pelo de zebra, numa grande demonstração da amplitude de horizontes da profissão e sua interface com áreas do conhecimento até então inimagináveis.

16

Muitas das nossas escolas ainda apresentam dificuldades em aceitar as mudanças ocorridas, por ser mais fácil repetir o que é facilmente repetível e gerir o que for de mais fácil gestão. Os novos estudantes de design tendem a completar suas aprendizagens longe dos bancos escolares, em locais como os museus de arte contemporânea, nos filmes cult, nas músicas experimentais, nas viagens para destinos exóticos. Isto não apresenta nenhum demérito à academia, que deve justamente contar com a nova realidade prefigurada como modelo de autogestão do conhecimento. Não será tarefa fácil, hoje, para nenhuma escola de design, querer preencher todos os requisitos que se fazem

necessários para essa formação. A nova escola de design deve ser aberta, fluida, dinâmica e indutora, deixando para trás a pretensão de um único modelo formativo em design. A nova escola tende a ser múltipla, como múltiplo é o modelo de globalização; deve ser transversal e “atravessável”; deve fornecer conteúdos culturais, históricos, críticos e reflexivos em maior escala; incorporar valores mais humanistas que tecnicistas e com mais conteúdos experimentais que previsíveis. Somente assim a nova escola de design poderá preparar os alunos para as mudanças que ocorrem de maneira frenética neste terceiro milênio apenas iniciado. Podemos então intuir que as relações do design com o homem do futuro estarão centradas em novos estilos de vida, novas experiências de consumo e novas percepções éticas e estéticas, tendo como base a felicidade. Por acreditar nesta nova realidade é que propusemos a inserção de um “espaço próprio” dentro da IV Bienal Brasileira de Design que refletisse e repensasse o destino do ensino do design e a importância de sua aplicabilidade em produtos e serviços frente aos novos cenários e realidades instituídas. Várias ações dentro deste âmbito, sob a minha curadoria, foram realizadas.

On the local drive and a new design education The General Curator at the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition, Maria Helena Estrada gave me the pleasant invitation to be the curator of the academic initiatives for this important national event, and from the Government of the state of Minas Gerais, I received the mission of coordinating the 2012 edition, which took place in Belo Horizonte There are many factors that justify organizing a Biennial Exhibition, the first one being the positive impact that an event of this scale brings about. It is an opportunity in which business people and entrepreneurs attest, through design, the effects that a product with innovative contents can bring to a company, region or country. Since the beginning our intentions have been that the effects of the Biennial Exhibition taking place in the state of Minas Gerais would bring a surge factor to the local productive chain. In addition to this, that the Biennial Exhibition brought along as a result a commercial linkage, that is: the effects of its initiatives, through shows, courses, seminars, lectures, workshops and other activities, could serve us as rich and fertile material to expand and consolidate design practices in our companies.


Design, being a transversal activity, presents the capacity of integrating several areas of knowledge, combining applied sciences, productive technology, market economy, knowledge and culture, alongside various other disciplines of social and human areas. Such a complex task, as the making of a Design Biennial Exhibition, gives opportunity to rich dialog and interaction with different partners that are part of it. Some of the partners that can be highlighted include the State Secretary of Science, Technology and Further Education – SECTES -, The State Secretary of Economic Development – SEDE -, The Secretary of Culture – SEC – which, together with the Federation of Industries of the State of Minas Gerais – FIEMG -, the University of the State of Minas Gerais – UEMG - and the Minas Design Center – CMD – which have spared no efforts to take up the challenge from the Government of Minas Gerais, of holding the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition in the state.

The role of teaching design – theory and practice I have noticed great transformations in conceptual, esthetic and formal scopes related to project disciplines in terms of architecture and design for a long time. Traditional schools and chains are currently in a dilemma of either innovating or remaining in the Cartesian and rational methods for design practices. It is possible to perceive, though, that new design practices align with new and various forms of existing innovations, at times getting closer to high technology, which was distant from design teaching, at times aimed at handcraft or art, that is a “non-project”. This reality puts in check the capacity of modern rational-functioning projects to continue being a preponderant model for contemporary design and architecture. Today we can observe, in the same way, one of the greatest transformations of behavioral, ethical and social nature ever seen, firstly through the popularization of digital and virtual technologies until the globalization process put in check the old dichotomy between Center-Periphery, now named North-South axis. Looking at this new scenario, the world ceases being divided into spaces visibly delimited between rich and poor, cultured and ignorant, civilized and barbarians. It is as if containers, once rigid and protected, would be opened and their contents mixed amongst one another. The world, consequently, quickly became much more complex. Design, in this context rethinks its path and new challenges are proposed: the question of social-economic alignment, which is of interest to both rich and poor countries, the question of local identity, which starts to acquire value for preserving life styles threatened by the acculturation process and by the global massification. Values, before taken as intangible and immaterial, gain new spaces alongside project disciplines and have even overcome technical and objective values through cognitive relations and sensorial factors. New models appear as guidelines for the culture of project in which the old briefing is no longer a certainty, with precise demands

and exact answers, to give place to a metaprojectual model indicating possible paths, but which does not points towards defined itineraries within the established complexity. Design teaching still resents the fall of the rational functional method as the exact and precise model. It searches for answers for new questions young students ask these days at design colleges. Obviously, such questions and answers are no longer objective and rational, extrapolating, in many cases, the scope of design schools: they can be found in anthropological, sociological, psychological disciplines, amongst many others in the human, art and social areas with more or less affinity and closeness to design. I have been recently surprised by an interesting lecture by a colleague in an international congress of design, named “Design Inspired on Science”, in which he presented his experiences in surface design applying surfaces to pets: the client could choose a rabbit with the same hair of a leopard, or a dog with zebra hair, in a huge demonstration of amplitude of horizons in the profession and its interface with areas of knowledge not thought of until then. Many of our schools still encounter difficulties in accepting changes that have occurred, as it is easier to repeat what is easily repeated and it is easier to administer. New design students tend to complete their learning far from school desks, in places such as contemporary art museums, in cult films, in experimental music, in exotic destinations, and such choices do not imply any demerit to the academy, which should really get with this new reality that poses as a self-administering model of knowledge. Today this will not be an easy task for any design school to fulfill all requirements necessary for this formation. The new design school should be open, smooth, dynamic and inducing, leaving behind the pretension of a single formative model in design. The new school tends to be multiple as multiple is the globalization model; it should be transversal and crossable; it should supply cultural, historical, critical and reflexive contents on a larger scale; incorporate more humanist rather than technical values and with more experimental than predictable content. Only this way can the new design school prepare students for the changes that happen in a frenetic manner in this recently started third millennium. We can, thus, intuit that design relations with the man of the future will be centered on new lifestyles, new consumption experiences and new ethical and esthetical perceptions having happiness as its base. As we believe in this new reality, we have proposed the insertion of a “special space” within the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, which could reflect and rethink the destiny of design teaching and the importance of its applicability in products and services before new instituted scenarios and realities. Several initiatives within this scope, under my curatorship, have been accomplished. I begin to refer to such initiatives sequentially, as they happened during the forty-five days of the Brazilian Design Biennial Exhibition in Minas Gerais.

17


Havaianas, marca (inter) nacional A histĂłria das sandĂĄlias brasileiras de borracha que conquistaram o mundo foi abordada na palestra magna da Bienal. Confira um resumo do conteĂşdo proferido pela consultora da Alpargatas, fabricante do produto The history of the Brazilian rubber sandals, a worldwide success, was approached in the keynote lecture of the biennial exhibition. Check out the contents delivered by the consultant of the product manufacturer, the well known Alpargatas company Angela Tamiko Hirata


O desejo de consumo do brasileiro pela Havaianas derivou, inicialmente, da percepção de conforto no uso do produto. Com o posicionamento da marca no mercado internacional e um forte trabalho de comunicação, as sandálias passaram a ser valorizadas e se tornaram um acessório fashion genuinamente brasileiro. Atualmente, este é um dos produtos e das marcas mais democráticos do Brasil.

Nestas páginas e na próxima, diferentes modelos de sandálias Havaianas On these pages and the next one, different models of Havaiana sandals

O caso de Havaianas é inédito, já que, desde a sua criação, o produto tinha o objetivo de atingir todas as classes sociais. E foi assim nos primórdios da história da marca, mas durante um bom período o maior consumo ficou por conta da classe trabalhadora. Nos anos 1990, a empresa fabricante, Alpargatas, iniciou um trabalho de reposicionamento da marca e, a partir daí, o produto passou a estar novamente na lista de compras de todos os segmentos da população. Esse processo de reposicionamento foi realizado paralelamente às mudanças no design do produto, com várias novas estampas e novos modelos, incluindo versões com salto alto, customizações com as bandeiras de vários países e até mesmo com cristais Swarovski. Tudo isso sem perder a identidade da marca. Depois de conquistar as classes A e B no Brasil, a Alpargatas começou o trabalho para que as Havaianas ganhassem o mundo. Em 2001, a empresa criou um departamento de comércio exterior e começou a trabalhar para internacionalizar o produto, consciente de que havia muitos riscos no processo – mas também grandes oportunidades. Assim, a empresa escolheu países formadores de opinião no mundo da moda – como França e Itália – para lançar o produto e transmitir a imagem de uma sandália made in Brazil. A marca sempre valorizou sua origem e os atributos positivos da imagem de nosso país no mundo. O objetivo da Alpargatas era posicionar a marca Havaianas no exterior dentro do mercado high-end (ou do topo da pirâmide de consumo). Para isso, foram realizadas ações de marketing em eventos escolhidos criteriosamente, considerando sempre a agregação de valor à marca. Outro diferencial da empresa foi contar com uma equipe de traders disposta a percorrer o mundo e, ainda, com distribuidores muito bem-selecionados, que atuam como uma extensão da empresa em cada país. Para manter a liderança de mercado, acredito que toda empresa precisa buscar criar produtos que atendam ao desejo do consumidor e resistam ao impacto negativo de quem faz apenas cópias. Geralmente, as cópias não têm sustentação no mercado, já que lhes falta identidade. Os verdadeiros concorrentes são as empresas que se tornam referenciais e, inclusive, nos incentivam a inovar, a criar novos produtos e a nos diferenciar. É bom lembrar que a inovação não passa só pelo produto, mas também deve envolver a comunicação com o cliente. Atualmente, a Havaianas já conquistou uma liderança e o próximo desafio da marca é a manutenção efetiva da presença nos mercados dos cinco continentes e a constante busca de novos mercados.

19


Havaianas, an (inter) national brand The actual Brazilians’ desire to consume Havaianas derived initially from the perception of comfort when wearing the product. With the positioning of the brand in the international market and strong communication work of the brand, the sandals started to be valued and have become a genuinely Brazilian fashion accessory. Currently, this is one of the most democratic products and brands in Brazil. Havaianas case study is unprecedented because, since its creation, the product has been intended to reach all social classes. This was the case in the early history of the brand, but for a long period the consumption was higher by the working class. In the 1990s, Alpargatas, the manufacturing company, began a process to reposition the brand and, from then on, the product began to be once again on the shopping list of all segments of the population. This repositioning process was carried out along with the changes in the product design, which was given several different patterns and new models, including high heeled versions, customization with the flags of various countries and even Swarovsksi crystals. All these options, without losing the brand identity. After conquering A and B social classes in Brazil, Alpargatas began to work so that Havaianas got into the international market. In 2001, the company set up a foreign trade department to internationalize the product, aware that there would be many risks in the process, but also great opportunities. As a result, the company chose trendsetting countries in the fashion world - like France and Italy – to launch the product and convey the image of a sandal made in Brazil. The brand has always valued its origin and the positive attributes of the image of Brazil in the world. The goal of Alpargatas was to position the Havaianas brand abroad within the high-end market (or at the top of the consumption pyramid). For this, marketing campaigns were conducted in wisely chosen events, always aiming to add value to the brand. Another distinguishing feature of the company is having a team of traders willing to travel around the world and also qualified distributors, who work as an extension of the company in each country.

20

To maintain market leadership, I believe that every company must seek the creation of products that meet consumers’ desire and resist the negative impact of those who only make copies. Generally, copies do not last in the market, since they lack identity. The real competitors are the companies that become references and even encourage us to innovate, to create new products and to differentiate ourselves. It is good to remember that innovation is not only product related, but it should also involve the communication with the customer. Havaianas has already achieved leadership and thebrand’s next challenge is to maintain its effective presence in markets of the five continents and to constantly search for new markets.

Angela Tamiko Hirata é Ex-Diretora Executiva de Comércio Internacional da Alpargatas S.A. Desde 2005, é Consultora da Presidência e da Diretoria da empresa. Também é sócia-proprietária da Suriana, empresa de consultoria e desenvolvimento de mercado internacional / former Executive Director of International Trade at Alpargatas S.A. Since 2005, she is an Advisor to the Presidency of the Board of the company. She is also a partner-owner of Suriana, international market development and consulting firm



Foto Anna FTG

À esq., cesto de palha de carnaúba, da coleção Toca – A Gente Transforma, desenvolvido por Marcelo Rosenbaum com a comunidade de Várzea Queimada (PI); e escultura feita com tronco descartado, obra do sergipano Véio. Ao centro, poltrona (anos 1950) de Flávio de Carvalho; e, acima, a Bowl (1951), de Lina Bo Bardi On the left, carnauba straw basket, part of the Toca – We Transform collection, developed by Marcelo Rosenbaum together with a community from Várzea Queimada (PI), and the sculpture made from a discarded tree trunk by Véio from Sergipe. In the middle, armchair (1950’s) by Flávio de Carvalho, and above, Bowl (1951), by Lina Bo Bardi


DA MÃO À MÁQUINA

Realizada para a IV Bienal Brasileira de Design, Da Mão à Máquina foi a mais representativa das mostras, no âmbito da cultura e do design brasileiros. Seu conceito partiu de uma verdade indiscutível: para termos um real ponto de partida e avançarmos na produção dos artefatos e utilitários que representam o repertório material de um país, é necessário conhecer suas raízes culturais, seu patrimônio e tradições Held during the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, From Hands to Machine was the most representative show in terms of Brazilian culture and design. Its concept derived from an unquestionable truth: to have a real starting point and move towards the production of handicrafts and utilitarian products that represent the material options of a country, it is essential to know its cultural roots, its heritage and traditions maria Helena estrada

23


24

Foto Anna FTG


À esq. outro ângulo exibe, em primeiro plano, mesa e luminária da coleção Híbridos, de José Marton para Allê Design. Abaixo, banco Terrão, design Domingos Tótora, e, à dir., cadeira Corallo, de Fernando e Humberto Campana para Edra

On the left, in the foreground, table and lamp that are part of the Híbridos collection, by José Marton for Allê Design. Below, Terrão bench, designed by Domingos Tótora. On the right, Corallo chair by Fernando and Humberto Campana for Edra

Com essa diretriz como guia, nossa primeira abordagem para a elaboração do repertório de produtos a ser incluído na IV Bienal partiu da reflexão sobre o momento presente, as projeções para o futuro e a procura das raízes nacionais que orientam os caminhos do design. Na base dessas considerações, a certeza de que não chegaremos a ser globais, que não lograremos o reconhecimento e a valorização por parte do mercado internacional, se não lançarmos um olhar atento à nossa cultura original.

Rodrigues. Quatro magníficos criadores, os quais a Bienal não poderia ignorar. Se nem todos viram seus produtos valorizados na época em que foram criados (décadas de 1940 e 1950 para Lina, Flávio e Paulo), todos têm hoje seus móveis comercializados com sucesso no Brasil e no exterior; sobretudo Sergio Rodrigues, cuja produção ininterrupta começa na década de 1950!

A mostra traça um percurso – nem sempre linear – que tem início com exemplos da cultura popular, segue com o artesanato de diversas regiões brasileiras e seus materiais característicos, apresenta peças semi-industriais e industriais. Uma evolução que, além de mostrar a qualidade e a variedade da produção brasileira, deixa claro o percurso que parte da peça única, alcança a produção seriada e, agora, traz as novas tecnologias que permitem a produção de pequenas séries. Tecnologias que estendem seus braços a todas as formas de conhecimento, da medicina à engenharia e à arquitetura e, claro, ao design.

Por outro lado, se a IV Bienal brasileira realizada em 2012 ainda foi capaz de traçar um percurso produtivo linear, no qual nota-se grande preocupação formal e ainda a insistência no uso da madeira, os rumos do design internacional indicam uma diversificação e expansão radical nos caminhos do projeto. Assumem menor importância a simples estética e são ressaltados os valores funcionais, e os sustentáveis, a durabilidade do produto e a relação amigável com o fruidor. Até a palavra “consumidor” começa a ser evitada para deslocar, de certo modo, o significado do novo design. Cresce a complexidade e a responsabilidade deste universo já tão rico e populoso.

Não pensamos em uma exposição histórica, em uma linha do tempo, mas em trazer os exemplos mais significativos da produção brasileira, em suas diversas tipologias, com ênfase no mobiliário – opção frequente dos designers em todo o mundo. Uma leitura que destaca quatro nomes: Lina Bo Bardi, Flávio de Carvalho, Paulo Mendes da Rocha e Sergio

Se o artesanato contemporâneo – hoje muito valorizado, com destaque para o Brasil – representa a cultura e as especificidades de um país, é com a produção de larga escala e com o conhecimento de todas as vertentes nas quais o design pode atuar que um país será capaz de se inserir e se tornar competitivo no mercado global.

25


Vimos nesta Bienal o uso do plástico verde, da borracha, das fibras, dos tecidos e couro tecnológicos, entre outros. Mas estamos longe de alcançar a realidade dos países com maior desenvolvimento tecnológico, com uma disponibilidade infinitamente maior de recursos. É, infelizmente, um círculo vicioso ou uma linha de mão dupla. Enquanto não atingirmos um grande mercado, local ou exportador, as indústrias não terão a capacidade (ou a coragem), de investir em maquinário, materiais e tecnologias inovadoras; enquanto não fizermos uso de uma tecnologia avançada, que permita a larga escala (e consequente melhoria da qualidade e redução de preços), não alcançaremos nossos objetivos de internacionalização.

26

Bela exceção foi vista com a montagem de uma sala exclusiva, criada pelo designer e pesquisador Jorge Lopes, e dedicada às novas tecnologias em 3D, as Emergent Technologies e, com a introdução dos novos materiais já disponíveis no país, foi possível vislumbrar o infindável campo de pesquisas que temos pela frente. Ainda com o uso das máquinas de produção em 3D, a Bienal apresentou a cadeira Nóize, de Guto Requena, que faz alusão à cadeira Girafa de Lina Bardi, e tem seu assento configurado de acordo com os ruídos das ruas de


Foto Anna FTG

Acima, vasos Continente, de Jacqueline Terpins. À dir., luminária Siricutico, de Guto Requena e Maurício Arruda para Bertolucci. Na pág. ao lado, acima, à dir., armário Cidades, design Isabela Vecci, e, ao centro, cabideiro Tribal, criação da Quadrante Design

Above, Continente vases by Jacqueline Terpins. Below, on the right, Siricutico lamp by Guto Requena and Maurício Arruda for Bertolucci. On the other page, Cidades cabinet, designed by Isabela Vecci, and Tribal hanger, created by Quadrant Design

São Paulo, que movem e direcionam a pequena máquina capaz de realizar semelhante façanha. O objetivo primordial desta Bienal, de acordo com seus propositores, era o de tornar visíveis os temas da diversidade, da inclusão social, das questões ambientais e do valor agregado aos produtos por meio do design, em diversos segmentos. A seleção das peças, que partiu do uso da mão, com o artesanato, e chegou à máquina, com exemplos de um bem desenvolvido desenho industrial, trouxe exemplos da indústria automotiva, náutica, eletroeletrônica e ainda equipamentos médico hospitalares – e mesmo de mobiliário, como a cadeira IC 01, nova criação de Guto Índio da Costa. 27

Acreditamos que a mostra Da Mão à Máquina tenha cumprido uma dupla função: tornar conhecido o melhor repertório do design brasileiro contemporâneo e trazer para nossa realidade, para o conhecimento de órgãos do governo, de empresários, designers e público a evolução que ocorre em diversos segmentos de nossa produção industrial. Inovações que o futuro próximo já anuncia – e com grande velocidade.


À esq., poltrona Chifruda (1962), de Sergio Rodrigues. Abaixo, sofá Vimeiro, criação de Eulália de Souza Anselmo On the left, Chifruda armchair (1962) by Sergio Rodrigues. Below, Vimeiro sofá designed by Eulália de Souza Anselmo

Foto Anna FTG

28


À esq., estante Facetas, design José Marton. Abaixo, fruteira de cerâmica produzida por Elisabeth Fonseca On the left, Facetas bookcase, designed by José Marton. Below, ceramic fruit bowl made by Elisabeth Fonseca

From hands to machine Therefore, our first approach to plan the range of products to be included in the 4th BBD exhibition was based on the reflection about the present moment, the projections for the future and the search for the national roots that underlie the design history. On the basis of these considerations is the certainty that we will not achieve global recognition and respect in the international market, if we do not pay close attention to our cultural roots. The exhibition outlines a journey - not always with a linear structure - that begins with examples from the popular culture, followed by handicrafts from various Brazilian regions and their characteristic materials, and features semi-industrial and industrial products. It made possible to trace the evolution that - in addition to showing the quality and variety of the Brazilian production - also clearly portrays the history that starts with single pieces handcrafted production, develops to mass production, and now uses new technologies that enable the manufacture of small series. Those are the 3D technologies that open their arms to all forms of knowledge, from medicine to engineering and architecture and, of course, to design too.

On the other hand, even though the exhibition held in 2012 was still able to follow a linear production structure, where there is great formal concern and the insistence on using wood, the international design approach points to diversification and radical expansion in the future of the project. While less importance is given to simple aesthetic appeal, functional and sustainable values are enhanced along with product durability and a more friendly elation with the user. Even the word “consumer” has started to be avoided to change, in a certain way, the meaning of the new design. There is a growing complexity and responsibility in this already so rich and populated design universe. If contemporary handicrafts - now highly valued, especially in Brazil - represent the culture and the particularities of a country, it is the large scale production and knowledge of all aspects where design can be used that will determine whether a country will be able to enter and become competitive in a global market.

The plan was not to have a historical exhibition that follows a timeline, but to showcase the most significant examples of Brazilian production in its various typologies, with emphasis on furniture - a frequent choice of designers worldwide. An interpretation that highlights four names: Lina Bo Bardi, Flavio de Carvalho, Paulo Mendes da Rocha and Sergio Rodrigues: four outstanding creators that the biennial exhibition could not ignore. Although not all of them saw their products being appreciated at the time they were created (in the 1940s and 1950s for Lina, Flavio and Paulo), today they all have their furniture successfully marketed in Brazil and abroad, especially Sergio Rodrigues, whose uninterrupted production began in the 1950’s!

This biennial exhibition showed all kinds of materials such as green plastic, rubber, fibers, fabrics and technological leather, among others. However, we are far from achieving the levels found in countries with greater technological development, with a far greater availability of resources. It is, unfortunately, a vicious circle or a two-way process. Only when we will be able to reach a large local or international market, manufacturing companies will have the possibility (or courage) to invest in machinery, materials and innovative technologies. And, unless we use advanced technology, which allows large-scale production (and consequently improving quality and reducing prices), we will not achieve our goal of internationalization.

29


Acima, cadeira Paulistano (1957), de Paulo Mendes da Rocha. À dir., cadeira Moeda, design Zanini de Zanine. Abaixo, à dir., cadeira Nóize, de Guto Requena Above, Paulistano chair (1957), by Paulo Mendes da Rocha. On the right, Moeda chair, designed by Zanini de Zanine. Below, on the right, Nóize chair, by Guto Requena

A notable exception was seen in the exclusive room created by designer and researcher Jorge Lopes and dedicated to technologies in 3D, the “Emergent Technologies” and with the introduction of the new materials already available in the country, it was possible to envision the endless field of research ahead of us. Products featured at the exhibition manufactured with 3D technology included the Noize Chair by Guto Requena,. Making an allusion to the Girafa chair by Lina Bardi, this chair has a seat designed to represent the noise of the streets in São Paulo, which move and drive the small machine that is able to perform a similar feat. The primary objective of this biennial exhibition, according to its organizers, was to call attention to the following topics: diversity, social inclusion, environmental issues and products that have an added value through design, in various segments. The products selection, from handicrafts to well-developed industrial design, brought examples of the automotive, marine and electronic industries in addition to medical and hospital equipment, and even furniture by displaying IC 01chair, Guto Indio da Costa’s new project. 30

We believe that the “From Hands to Machine” exhibition has fulfilled a dual function: to promote the best repertoire of Brazilian contemporary design and bring to our reality, to the knowledge of government agencies, entrepreneurs, designers and public in general, developments taking place in various segments of our industrial production. Innovations that the near future is already announcing – in high speed.


Foto Anna FTG

Above, in the foreground, Amarelinha by Flávia Pagotti Silva. Below, a study of joão-de-barro’s house made by designer Jorge Lopes, who presented examples of 3D printing

Foto Jorge Lopes

Acima, em primeiro plano, Amarelinha, de Flávia Pagotti Silva. Abaixo, estudo sobre a casa do pássaro joão-de-barro feito pelo designer Jorge Lopes, que apresentou exemplos de impressão 3D

31


Inovação e competitividade

32

para o design brasileiro


A inovação e o design como fatores de competitividade das empresas brasileiras foram os grandes temas que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) colocou em debate durante a Bienal Brasileira de Design 2012. Iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e do Movimento Brasil Competitivo, a Bienal foi organizada pelo governo do Estado de Minas Gerais e pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), com o apoio da Apex-Brasil. Durante a Semana Apex-Brasil, realizada de 22 a 24 de outubro em diversos pontos da capital mineira, o Simpósio sobre Design e Moda, o Projeto Comprador e o Projeto Imagem propiciaram à comunidade de produtores uma oportunidade para tratar de temas relacionados ao mercado e às novas oportunidades de negócios internacionais para os designers brasileiros. “O design é Instrumento fundamental para aumentar a competitividade das empresas brasileiras, tanto no mercado internacional quanto no mercado interno, e a programação da Semana Apex-Brasil foi pensada para sensibilizar e motivar as empresas em relação ao tema”, destaca a Diretora de Gestão e Planejamento da Apex-Brasil, Regina Silverio. A executiva ressalta que a Apex-Brasil tem, entre seus objetivos, incentivar as empresas brasileiras a trabalhar com design, inovação e sustentabilidade. A realização da Semana Apex-Brasil contou com o apoio e parceria do Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil), desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) em parceria com a Agência (veja texto do gerente do projeto à página 38).

Design e moda O Simpósio sobre Design e Moda, estruturado em um conjunto de palestras, apresentou a designers, empresários e gestores públicos as boas práticas nos setores empresariais e público, além de apontar as principais tendências do mercado internacional. Nomes como o de Pascale Mussard, diretora criativa e sócia da Hermès, somaram-se aos de um grupo de professores de importantes instituições de design do mundo, como: Yoko Takagi, do Bunka Fashion College (Japão); Jordi Montaña e Isa Moll, do Esade (Espanha); Isabel Roig, do

A Semana Apex-Brasil, parte da programação oficial da Bienal, reuniu a produção local e os grandes nomes do design internacional. A Apex-Brasil atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros a setores estratégicos da economia brasileira Apex-Brasil Week, part of the official program of the biennale exhibition, brought together local products and the big names in the international design field. Apex-Brasil strives to promote Brazilian products and services abroad and attract direct foreign investment to strategic sectors of the Brazilian economy

Yoko Takagi, do renomado Bunka Fashion College, no Japão, apresenta sua palestra Yoko Takagi, of the renowned Bunka Fashion College in Japan, presents his lecture

33


Centro de Design de Barcelona (Espanha); Sass Brown, do Instituto de Tecnologia de Moda de Nova York (EUA); Arturo Dell´Acqua, do Instituto Politécnico de Milão (Itália); Hugh Musik, do Instituto de Tecnologia de Illinois (Estados Unidos); e Fracesc Aragall Clavé, do Design for All (Espanha). Pascale Mussard falou sobre a “petit h”, marca sustentável da Hermès baseada no aproveitamento do material que seria descartado, para a produção de novas peças, quase sempre artesanais. Hugh Musick falou sobre a metodologia desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia de Illinois para apontar tendências e questões que serão destaque, pelos próximos vinte anos, no desenho de produtos e serviços de determinados setores. Isabel Roig apresentou a publicação Design for Growth and Prosperity e abordou a política pública de design para a Comunidade Europeia, que prevê seis áreas estratégicas para desenvolvimento de diversas ações relacionadas ao tema. Jordi Montaña e Isa Moll relataram a trajetória de desenvolvimento da política espanhola para o design, com destaque para os investimentos e resultados obtidos com as Olimpíadas de Barcelona, em 1992. Abaixo, a compradora chilena Valeska Cecilia Meeder Molina. Na pág. ao lado, acima, o grupo de convidados visita o ateliê do artista Augusto dos Anjos. Abaixo, o instituto Inhotim, na cidade mineira de Brumadinho Below, Chilean buyer Valeska Cecilia Meeder Molina. On the opposite page, above, the group of guests visiting artist Augusto dos Anjos’ studio and, below, the Inhotim Institute, located in Brumadinho – Minas Gerais

Já Francesc Aragall Clavé explicou a proposta da Design for All para que o design seja sempre acessível a todas as pessoas, tanto do ponto de vista do desenvolvimento de produtos e serviços, quanto como política pública. Em relação à moda, Yoko Takagi mostrou como a tradição dos quimonos japoneses mantém até hoje grande influência no universo fashion japonês. Essas peças são exemplos de reutilização de produtos, já que, quando o traje é descartado, o tecido é transformado em casacos, panos para limpar a casa e até fraldas. Sass Brown também destacou a importância da sustentabilidade na indústria de moda e mostrou diversos exemplos de designers que atuam no movimento eco fashion, inclusive na moda de luxo. Por fim, Arturo Dell’Acqua apresentou um relato sobre as mudanças e adaptações ocorridas na moda italiana recentemente, em função da crise econômica vivida pelo país nos últimos anos. O simpósio contou, ainda, com uma palestra do presidente da empresa Alpargatas, Márcio Utsch, que discorreu sobre a trajetória da Havaianas no mercado internacional e sobre

a importância do design e da inovação como fatores de sucesso da marca.

Projetos e estudos Para o Projeto Comprador, a Apex-Brasil convidou representantes de grandes redes de lojas, como a Muji, do Japão; a Stylewest, dos Estados Unidos; e a Bon Marché, da França. Os convidados conheceram produtos e serviços presentes na Bienal e na cidade de Belo Horizonte, além de empresas das áreas de design, moda, decoração, mobiliário, iluminação, joalheria e artesanato. Produtos artesanais e tradicionais mineiros, como panelas de barro e utensílios domésticos, interessaram à empresa japonesa Muji, que deve fazer um teste no mercado japonês nos próximos 12 meses. Já o Projeto Imagem convidou jornalistas de veículos especializados do Japão, da França e do Chile para acompanharem a Bienal, com o objetivo de divulgar o design e os produtos e serviços brasileiros. Os 23 convidados internacionais da Semana Apex-Brasil visitaram diferentes locais de Belo Horizonte, em uma programação proposta pela estilista e consultora Tereza Santos. “A ideia foi criar uma agenda que mostrasse Belo Horizonte e Minas Gerais para além do barroco, indo a pontos turísticos como a Igreja da Pampulha, o Mercado Central e até o instituto Inhotim”, explica ela. A recepção inicial aos convidados se deu na Galeria CMafra, dedicada a fotografias de arte, que tem uma arquitetura arrojada. “Para a galeria, essa recepção só agregou valor”, considera o fotógrafo e galerista Cícero Mafra.“Os visitantes e formadores de opinião, brasileiros e estrangeiros, mostraram-se interessados em futuros negócios com a galeria. Além disso, foi uma oportunidade para divulgar o nosso trabalho”, afirma. No âmbito da Semana Apex-Brasil, foi apresentado o estudo Design nas Cidades da Copa 2014: Oportunidades de Negócios. Realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) com o apoio da Apex-Brasil, o estudo foi conduzido pela consultoria espanhola Competitiveness. De acordo com o trabalho, haverá um impacto de R$ 86 bilhões no PIB brasileiro com as oportunidades geradas pela Copa nos setores de construção civil, infraestrutura, mídia, tecnologia de informação, turismo e segurança. Dentre as atividades que terão maior impacto sobre o PIB estão construção civil e infraestrutura (R$ 53,4 bilhões), turismo (R$ 6,8 bilhões), mídia (R$ 6,5 bilhões) e tecnologia de informação (R$ 5,3 bilhões).


“O design ĂŠ instrumento fundamental para aumentar a competitividade das empresas brasileiras, tanto no mercado internacional quanto no mercado internoâ€?

35


Innovation and competitiveness for Brazilian design

Acima, da esq. para a dir., Alexandre Comin, do MDIC; Dorothea Werneck, Secretária de Desenvolvimento Econômico do Governo de Minas Gerais; Regina Silverio, Diretora de Gestão e Planejamento da Apex-Brasil; Pascale Mussard, da Hermès, Paris; e Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit. Ao lado, destaque para Pascale Mussard, diretora criativa da Petit h, braço da Hermès que produz peças artesanais com as sobras de materiais usados pela empresa

36

Above, from left to right, Alexandre Comin, of MDIC, Dorothea Werneck, Secretary of Economic Development of Minas Gerais, Regina Silverio, Management and Planning Director of Apex-Brasil, Pascale Mussard, of Hermès, Paris and Aguinaldo Diniz Filho, president of Abit. On the opposite page, Pascale Mussard, creative director of Petiti h, a branch of Hèrmes that produces handmade pieces from discarded materials by the company

Innovation and design as factors of competitiveness for Brazilian companies were the major themes addressed by the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil) during the Biennial Brazilian Design Exhibition 2012. An initiative of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC) and the Competitive Brazil Movement, the exhibition was organized by the government of the State of Minas Gerais and the Federation of Industries of the State of Minas Gerais (FIEMG), with the support of Apex-Brasil. During Apex-Brasil Week, held from October 22 – 24 in various parts of the state capital of Minas Gerais, the Symposium on Design and Fashion, the Buyer’s Project and the Image Project gave the community of manufacturers the opportunity to address issues related to the market and new international business opportunities to Brazilian designers. “Design is a fundamental tool to increase the competitiveness of Brazilian companies, both in the international and domestic markets, and the Apex-Brasil Week program was designed to raise awareness of companies and motivate them to consider the issue,” says the Management and Planning Director of Apex-Bras, Regina Silverio. The executive points out that the goals of Apex-Brasil include to encourage Brazilian companies to work on design concepts, innovation and sustainability.

Apex-Brasil Week was supported by the Brazilian Fashion Industry Export Program (Texbrasil), developed by the Brazilian Textile and Apparel Industry Association (Abit) in partnership with the Agency (see the text by the project manager, Rafael Cervone, page 39).

Design and Fashion The Symposium on Design and Fashion, featuring a series of lectures, presented to designers, entrepreneurs and public administrators the best practices in corporate and public sectors, while pointing out the main trends in the international market. Names such as Pascale Mussard, creative director and a partner at Hermès, joined a group of professors of important design institutions in the world, including Yoko Takagi of Bunka Fashion College (Japan), Jordi Montaña and Isa Moll of Esade (Spain), Isabel Roig of the Design Centre of Barcelona (Spain), Sass Brown of the Fashion Institute of Technology in New York (USA), Arturo Dell’Acqua of the Polytechnic Institute of Milan (Italy), Hugh Musik of the Illinois Institute of Technology (United States), and Fracesc Aragall Clavé of the Design for All (Spain). Pascale Mussard talked about the “petit h” a sustainable brand of Hermès based on the use of material that


would be disposed of to produce new handmade pieces in most cases. Hugh Musick spoke about the methodology developed by the Illinois Institute of Technology to detect trends and issues that will emerge within the next 20 years regarding product design and services in certain sectors. Isabel Roig presented the Design for Growth and Prosperity publication and addressed the public policy on design for the European Community, which encompasses six strategic areas for the development of various activities related to the theme. Jordi Montaña and Isa Molle of Esade reported the development of the Spanish policy on design, with emphasis on the investments and results of the Barcelona Olympics in 1992 Francesc Aragall Clavé explained that the goal of the Design for All is to make design always accessible to everyone, from the point of view of both the product and service development and public policy. Regarding fashion, Yoko Takagi of Bunka Fashion College showed how the tradition of Japanese kimonos still have a great influence on the Japanese fashion universe. These pieces are examples of product reuse since, when the garment is discarded, the fabric is transformed into coats and other pieces. Sass Brown of the Fashion Institute of Technology in New York also highlighted the importance of sustainability, suggesting that designers should develop products and contribute to the sustainability of the industry in addition to showing several examples of designers who work in the eco-fashion movement, including luxury fashion. Finally, Arturo Dell’Acqua of the Polytechnic Institute of Milan presented a report on changes and adjustments made in the Italian fashion lately due to the economic crisis experienced by the country in recent years. The symposium also featured a lecture by the President of Alpargatas, Márcio Utsch, who spoke about the history of Havaianas in the international market and the importance of design and innovation as key drivers for the brand success.

Projects, visits and studies For the Buyer’s Project, Apex-Brasil invited representatives of major retail chains such as Muji from Japan, Stylewest from the United States, and Bon Marché from France. The guests got to know the products and services showcased at the exhibition and in the city of Belo Horizonte, in addition to companies working in the field of design, fashion, decor, furniture, lighting, jewelry and crafts. Traditional handmade products made in Minas Gerais, including clay pots and household items, called the attention of Muji, a Japanese company that will be testing the products on the Japanese market within the next 12 months. The Image Project invited journalists from specialized Japanese, French and Chilean publications to cover the biennial exhibition, aiming to promote the Brazilian design, products and services.

Design is a fundamental tool to increase the competitiveness of Brazilian companies, both in the international and domestic markets” The 23 international guests that attended the Apex-Brasil Week visited different places in Belo Horizonte, following a schedule planned by the consultant and stylist Tereza Santos. “The idea was to create a schedule that showed more than just the baroque style in Belo Horizonte and Minas Gerais visiting tourist attractions like the Pampulha Church, Mercado Central and the Inhotim Institute,” she says. The guests were welcomed at Galeria CMafra, a gallery dedicated to art photography featuring bold architecture. “This reception certainly added value to the gallery”, said the art gallery owner and photographer Cicero Mafra. “Brazilian and foreign visitors and opinion formers became interested in doing business with the gallery in the future. Moreover, it was an opportunity to promote our work.” Apex-Brasil Week also presented the study on the Design in the host cities for the 2014 World Cup: Business opportunities. Organized by the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC) with the support of ApexBrasil, the study was carried out by Competitiveness, a Spanish consulting firm. According to the study, the business opportunities created by the World Cup will generate an impact of R$ 86 billion on the Brazilian GDP in the following sectors: construction, infrastructure, media, information technology, tourism and security. The economic activities that will have the greatest impact on the GDP include infrastructure and construction business (R$ 53.4 billion), tourism (R$ 6.8 billion), media (R$ 6.5 billion) and information technology (R$ 5.3 billion).

37


a mesma costura para moda, inovação, design e sustentabilidade Rafael Cervone

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), representante de 30 mil indústrias desse segmento, apoia e desenvolve ações que contribuem para o desenvolvimento das marcas brasileiras em diversas áreas, nos mercados nacional e internacional. Uma das ações mais importantes para a inserção das empresas no processo de internacionalização se deu em 2000, quando a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) criou, em parceria com a Abit, o Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil).

38

Rafael Cervone é diretor executivo do Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil), desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) / Executive director of the Brazilian Fashion Industry Export Program developed by the Brazilian Association of Textile and Apparel Industry (Abit) in partnership with the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil)

Ao longo de 12 anos, o Programa Texbrasil sempre preocupou-se em preparar as empresas brasileiras para que o processo exportador seja parte intrínseca e relevante da estratégia da empresa, considerando fatores fundamentais como a capacidade de entrega, o posicionamento dos produtos brasileiros no exterior e sua agregação de valor, a partir dos atributos reconhecidos do Brasil no exterior: produtos autênticos, vibrantes, sustentáveis, originais, que transferem à nossa moda a diversidade e o estilo de vida brasileiros, nossa versatilidade e nossa alegria características. Além das bem-sucedidas ações nas áreas de promoção comercial, inteligência competitiva e comunicação e imagem, o Texbrasil criou, em 2012, dois novos núcleos: Moda/Design e Inovação/ Sustentabilidade, para dar suporte estratégico e

capacitar as empresas em ações que envolvem essas áreas. No primeiro caso, o objetivo é pensar o design não apenas como estética, mas como estratégia de criação e de imagem no mercado internacional. Já o segundo oferece ferramentas de capacitação, inspiração para mudança comportamental e certificação às empresas, quando o assunto é inovação e sustentabilidade. Por acreditar na importância dos aspectos acima mencionados, a Abit, por meio do Programa Texbrasil, apoiou e desenvolveu importantes ações durante a quarta edição da Bienal Brasileira de Design. O tema do evento, perfeitamente alinhado com a estratégia que o programa ajuda a construir, mostrou para o público nacional e internacional a criatividade e a inspiração multicultural brasileira e a importância cada vez maior do design na cultura das pessoas, bem como das empresas. E que o Brasil entra definitivamente no calendário internacional do design de forma séria e consistente. Por esse motivo, o Texbrasil, com a ApexBrasil, trouxe ao evento oito convidados internacionais, entre compradores e jornalistas, além de 14 palestrantes internacionais. Além da participação no ciclo de palestras da Semana Apex-Brasil, todos os convidados visitaram exposições da Bienal Brasileira de Design e fizeram uma agenda paralela que incluiu visitas a marcas, designers e estilistas de Belo Horizonte.


Cenografias produzidas para evento do Programa Texbrasil, da Abit Settings created for an event of the Textbrasil Program, of Abit

A common thread running within fashion, innovation, design and sustainability The Brazilian Textile and Apparel Industry Association (Abit), representing 30,000 companies in this segment, supports and develops initiatives that contribute to the development of Brazilian brands in various areas in the national and international markets. One of the most important actions for the integration of companies in the internationalization process happened in 2000, when the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil) in partnership with Abit created the Brazilian Fashion Industry Export Program (Texbrasil). For 12 years, the Texbrasil Program has been focused on preparing Brazilian companies so that the export process becomes an important and intrinsic part of companies’ strategy, taking into account key factors such as delivery capacity, the positioning of Brazilian products abroad and their added value, based on internationally recognized Brazilian attributes: authentic, vibrant, sustainable, unique products that transfer the Brazilian lifestyle, our characteristic joy and versatility to our fashion. In addition to the successful initiatives in the trade promotion areas, competitive intelligence, communication and image, Texbrasil created in 2012 two new centers: Fashion/Design and Innovation/Sustainability, to give strategic support and to qualify businesses in initiatives that involve these areas. In the first case, the goal is to think of design not just as aesthetics, but as a strategy for creation and for the image in the international market. The second provides tools for qualification, inspiration for behavioral change and certification to companies, when it comes to innovation and sustainability. As Abit believes in the importance of the above mentioned aspects, it supported and developed important action plans during the fourth Biennial Brazilian Design Exhibition through the Texbrasil program. The theme of the event, perfectly aligned with the strategy that the program helps to build, showed to the national and international public the multicultural Brazilian creativity and inspiration and how important design has become for the culture of people and businesses. Brazil has definitely entered the international calendar of design seriously and consistently. That is why Texbrasil, together with Apex-Brasil, invited to the event eight international buyers and journalists, besides 14 international lecturers. In addition to participating in the series of lectures held during Apex-Brasil Week, all the guests visited shows at the Biennial Brazilian Design Exhibition and paid visits to brands, designers and stylists in Belo Horizonte.

39


De olho no mundo Em entrevista exclusiva, o gerente da Unidade de Inovação e Design da Apex-Brasil, Marco Aurélio Lobo, aborda as diversas iniciativas da Agência para fortalecer a presença de produtos brasileiros no mercado internacional. Ainda revela que, no segundo semestre de 2013, a Agência organizará eventos que marcarão o Ano da Inovação e Design da Apex-Brasil In an exclusive interview, the manager of the Innovation and Design Unit at Apex-Brasil, Marco Aurélio Lobo, discusses several initiatives of the Agency to strengthen the presence of Brazilian products in the international market. He also says that in the second half of 2013, the Agency will organize events that will mark the Year of Innovation and Design at Apex-Brasil

Quais são as linhas de atuação da Apex-Brasil no suporte ao design brasileiro e como se desenvolvem?

40

A Apex-Brasil considera o design uma ferramenta fundamental para a competitividade das empresas brasileiras, assim como a inovação e a sustentabilidade. Por isso, em junho do ano passado, como resultado do nosso Planejamento Estratégico, decidimos criar uma área que apoiasse a inovação e o design de forma transversal, ou seja, beneficiando a todos os 83 segmentos da economia com os quais temos projetos de promoção de exportações. A partir daí, passamos a desenvolver diversas iniciativas. Uma delas é a criação de núcleos de inovação e design dentro das entidades setoriais parceiras da Agência, em parceria com universidades ou centros de pesquisa. Nosso objetivo é que, dessa forma, as entidades possam apoiar o desenvolvimento do design nas empresas, ao promover uma aproximação entre a indústria e a academia. Outra ação importante é o programa Design Export, que está sendo executado em parceria com o

Centro Brasil Design. O programa está selecionando 70 empresas com potencial exportador e bons projetos de inovação e prestará a elas consultoria e apoio financeiro para a contratação de escritórios de design e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores. Também há o projeto Design Embala, executado em parceria com a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). O seu objetivo principal é agregar valor aos produtos brasileiros por meio do design de embalagem e, dessa forma, conquistar novos mercados. O Brasil já se destaca em diversas premiações internacionais de design por seus produtos e embalagens. Mas, em muitas indústrias, é possível investir mais na embalagem, de forma a atender às particularidades e aos hábitos de compra dos consumidores de cada mercado. O projeto prevê ações de sensibilização e capacitação da empresa e, ainda, iniciativas para promoção da imagem do Brasil neste segmento. Além desses programas, trabalhamos em ações de capacitação das empresas, como workshops e seminários, e apoiamos eventos que disseminam, para empresas e sociedade, a importância do design. Entre eles, estão


vivemos um momento em que o design é, cada vez mais, parte da vida cotidiana das pessoas e, por isso, precisa ser amplamente discutido por empresas e pela sociedade. Acha que as empresas brasileiras vão aproveitar positivamente os eventos Copa e Olimpíada para alargar sua atuação no mercado externo? Sem dúvida. A realização desses eventos no Brasil será um incentivo para o incremento da competitividade das empresas nacionais, seja pela maior visibilidade que o país e seus produtos e serviços terão, seja pelo nível de excelência que passará a ser demandado pelos turistas estrangeiros e por órgãos como a Fifa e o Comitê Olímpico. O estudo Design nas Cidades da Copa 2014: Oportunidades de Negócios, contratado pelo MDIC com apoio da Apex-Brasil, aponta inúmeras oportunidades de desenvolvimento para as empresas brasileiras. O estudo avalia que o impacto econômico da realização da Copa do Mundo de 2014 no país é da ordem de R$ 86 bilhões. São investimentos em obras, mídia, turismo, segurança, saúde, transporte, mobiliário, máquinas, moda e tecnologia da informação – e o design permeia todas essas atividades econômicas. Portanto, haverá espaço para o crescimento de escritórios de design e de pequenas e médias empresas que investem em design. O gerente da Unidade de Inovação e Design da ApexBrasil, Marco Aurélio Lobo The manager of the Innovation and Design Unit of ApexBrasil, Marco Aurélio Lobo

a Bienal Brasileira de Design, realizada em 2012 em Belo Horizonte, e a São Paulo Design Weekend, lançada no ano passado e que terá a segunda edição em agosto deste ano. Além disso, apoiamos eventos que apresentem o melhor do design brasileiro ao mundo, como a própria Bienal e o Brazil S/A, exposição de design e decoração que é realizada no âmbito da Semana de Design de Milão, na Itália. De agosto a novembro deste ano, a Agência promoverá diversas exposições e eventos que comporão o Ano da Inovação e Design da Apex-Brasil e serão anunciados no próximo mês de agosto. De toda a programação feita especialmente para a Bienal de Design, no ano passado, quais foram os principais resultados do ponto de vista da Apex-Brasil? Acredito que a programação desenvolvida pela Apex-Brasil e o nosso apoio ao evento contribuíram para dar à Bienal um caráter mais internacional e mais voltado à indústria e aos negócios, mostrando a importância do design para a competitividade empresarial. Até então, as Bienais enfocavam os aspectos acadêmicos, artísticos e culturais do design. Atualmente,

Quando se fala em design brasileiro com presença internacional, o primeiro nome que vem à lembrança são os irmãos Campana, que atingem o mercado externo por meio de seu desenho e inventividade, mas parte de sua produção fica a cargo de indústrias estrangeiras. A produção brasileira feita inteiramente no Brasil chega ao mercado estrangeiro? Sim. Temos inúmeros casos de empresas brasileiras que já vêm se diferenciando no mercado internacional por conta da aplicação de design – desenvolvido no Brasil – em seus produtos e serviços. Sabemos que o mercado internacional é extremamente competitivo e só conquistam espaços as empresas que incluem design, inovação e sustentabilidade em suas estratégias. Temos tido resultados muito positivos. Em 2012, por exemplo, as empresas apoiadas pela Apex-Brasil (são 12.414, de 83 setores da economia) exportaram US$ 40,84 bilhões, valor equivalente a 16,84% das exportações brasileiras. Ressalto que nós só apoiamos exportações de empresas de indústrias e serviços, ou seja, esse número não inclui commodities. Vemos, hoje, muitas marcas brasileiras que

41


já se consolidaram como empresas multinacionais, como Embraer, Natura, Alpargatas, Weg, Marcopolo. São companhias que passaram por um processo de fortalecimento – incluindo questões de design, inovação, marketing, gestão – e souberam aproveitar bem as oportunidades que surgiram no mercado. É claro que há ainda espaço para ampliar muito a presença brasileira no exterior, e a Apex-Brasil trabalha sempre com esse objetivo. Para isso, apoiamos as empresas em todo esse trajeto: da sensibilização para a importância de estar no mercado internacional até a efetiva internacionalização dos negócios e consolidação das marcas no exterior. Quais outras iniciativas são promovidas pela Apex-Brasil? Além das ações voltadas especificamente aos temas do design e inovação, temos diversas iniciativas que beneficiam os setores em seu desenvolvimento e inserção no mercado internacional. É o caso de capacitação para as empresas que têm potencial exportador e de um grande número de ações de promoção comercial, que atendem aos diversos perfis das empresas e dos setores. Nossa atuação inclui, ainda, iniciativas relacionadas à inteligência comercial (realização de estudos e pesquisas sobre mercados e setores que auxiliam na definição da estratégia de inserção comercial) e ações de posicionamento e imagem dos setores brasileiros no mundo.

Our goal is that, in this way, the organizations can support the development of design in companies by promoting a closer relationship between the industry and the academia. Another important initiative is the Design Export program, which is being run in partnership with the Brazil Design Center. The program is selecting 70 companies with export potential and good innovation projects to provide them with advice and financial support for hiring design offices and for the development of innovative products and services. There is also the Design Embala project run in partnership with the Brazilian Packaging Association (ABRE).

What are Apex-Brasil lines of action to support the Brazilian design and how are they developed?

Its main goal is to add value to Brazilian products through packaging design to enter new markets. Brazil has already received several international design awards for products and packaging. However many companies could invest more in packaging in order to meet the particularities and the consumers’ buying habits in each market. The project includes initiatives that raise companies’ awareness and improve their qualification in addition to promoting the image of Brazil in this segment. Besides these programs, we provide corporate training activities, such as workshops and seminars, and we support events that point out the importance of design to companies and the society.

Apex-Brasil considers design as a fundamental tool for the Brazilian companies’ competitiveness, as well as innovation and sustainability. That is why in June last year, as a result of our strategic planning, we decided to create a department that supports innovation and design transversely, that is, benefiting all 83 segments of the economy that we have export promotion projects with. From there, we began to develop various initiatives. One of them is the creation of innovation and design centers within the sector-based organizations that are partner of the Agency, in partnership with universities or research centers.

They include the Biennial Brazilian Design Exhibition, held in Belo Horizonte in 2012, and the São Paulo Design Weekend, launched last year and which will happenfor the second time in August this year. Furthermore, we support events that showcase the best of the Brazilian design to the world, like the Biennial Design Exhibition and Brazil S/A, a decoration and design exhibition held during the Design Week in Milan, Italy. From August to November this year, the Agency will organize various exhibitions and events as part of the Year of Innovation and Design of ApexBrasil which will be announced next August.

With an eye on the world

42

Haverá espaço para o crescimento de escritórios de design e de pequenas e médias empresas que investem em design


Considering the entire program made especially for the Biennial Design Exhibition last year, what were the main results from the point of view of Apex-Brasil? I believe that the program developed by Apex-Brasil and our support to the event helped to give the biennial exhibition a more international feature that is more aimed at companies and trade, showing the importance of design to business competitiveness. Until then, the biennial exhibitions focused on the academic, cultural and artistic aspects of design. Currently, we live in a time when design has increasingly become a part of people’s everyday lives and, therefore, needs to be discussed by companies and society. Do you think that Brazilian companies will take advantage of the World Cup and the Olympics to expand their operations in foreign markets? Without a shadow of a doubt. These events held in Brazil will be an incentive to boost the domestic companies’ competitiveness, due to the increased visibility that the country and its products and services will have and also because of the levels of excellence that will be required by foreign tourists and bodies like FIFA and the Olympic Committee. The study on Design in the host cities for the 2014 World Cup: Business opportunities, requested by MDIC with the support of Apex-Brasil, shows many opportunities for the development of Brazilian companies. The study indicates the generation of approximately R$ 86 billion as a result of the economic impact for holding the 2014 World Cup in the country. The investment areas include construction, media, tourism, health, security, transportation, furniture, machines, fashion and information technology – and design permeates all these economic activities. Therefore, there is room for the growth of design offices and small and medium-sized businesses that invest in design.

There is room for the growth of design offices and small and medium-sized businesses that invest in design

When it comes to Brazilian design with an international presence, the first name that comes to our minds is the Campana brothers. Although they get into the foreign market through their design and inventiveness, foreign companies are in charge of part of their production. Is the Brazilian production made entirely in Brazil able to break into the foreign market? Yes. There are numerous cases of Brazilian companies that have already stood out in the international market due to the use of design - developed in Brazil - in their products and services. It is common knowledge that the international market is extremely competitive and it can only be entered by companies that include design, innovation and sustainability in their strategies. We have had very positive results. In 2012, for example, companies supported by Apex-Brasil (a total of 12,414 in 83 sectors of the economy) exported US$ 40.84 billion, accounting for 16.84% of the Brazilian exports. I’d like to point out that we only support exports from manufacturing companies and service providers, that is, this number does not include commodities. Today many Brazilian brands are consolidated as multinational companies such as Embraer, Natura, Alpargatas, Weg and Marcopolo. These are companies that have gone through a strengthening process – including issues of design, innovation, marketing, management – and were able to take advantage of the opportunities that have emerged in the market. Of course there is still room to significantly expand the Brazilian presence abroad, and Apex-Brasil always works with this goal. For this reason we support companies throughout the process: from raising awareness of the importance of being in the international market to the effective internationalization of the business and consolidation of the brands abroad. What other initiatives are developed by Apex-Brasil? In addition to the action plans aimed at design and innovation issues, we have several initiatives that benefit the sectors to develop and integrate into the international market. This is the case when we help companies with export potential to build capacity and offer a large number of trade promotion activities, which meet the needs of companies and sectors with different profiles. Our work also includes initiatives related to business intelligence (studies and research on markets and sectors that help define the strategy for commercial insertion) and initiatives to position and promote the image of Brazilian sectors in the world.

43


Fotos Petrônio Amaral

À esq., jardim suspenso Assanga (Rechonchudo), design Alessandra Clark e Nuno F. Sousa, da Mameluca Design. Na pág. ao lado, luminária Desdobramentos, de José Marton On the left, Assanga hanging garden (Rechonchudo), designed by Alessandra Clark and Nuno F. Sousa, of Mameluca Design. On the opposite page, Desdobramentos lamp, by José Marton

Objetivo? exportação A mostra Geração Casa Brasil exibiu, na Bienal, trabalhos concebidos por designers filiados ao programa Orchestra Brasil, projeto do Sindmóveis em parceria com a Apex-Brasil. Esta, entre outras, é um exemplo de propostas que têm obtido sucesso no mercado externo The Casa Brasil Generation show exhibited at the Biennial event works developed by member designers of the Orchestra Brasil program, a project carried out by Sindmóveis in partnership with Apex-Brasil. This exhibition,, among others, is an example of proposals that have been successful in foreign markets


45


Fotos Fabio Del Re

Foto Petrônio Amaral

Criatividade, originalidade e sustentabilidade são os diferenciais competitivos que permitirão às marcas brasileiras se posicionarem no mercado

Mais de vinte designers participantes do projeto Orchestra Brasil integraram, com suas criações, a exposição Geração Casa Brasil, pertencente à programação oficial da IV Bienal Brasileira de Design. O projeto é uma parceria entre o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para a promoção de exportações de insumos, componentes, tecnologia e serviços de design para a indústria do mobiliário. Realizada de 19 a 28 de outubro de 2012, no Museu de Minas e Metais, em Belo Horizonte, a mostra, com curadoria de Maria Helena Estrada, teve a participação de empresas associadas ao Orchestra Brasil. O ponto de partida foi o uso de cores selecionadas na cartela do Caderno +B, colaboração do Sindmóveis com a Associação Brasileira de Estilistas (Abest). A proposta da parceria é unir mobiliário e moda para o fortalecimento integral do design brasileiro. “A iniciativa faz parte dos esforços permanentes para potencializar o uso do design como ferramenta de competitividade da indústria, garantindo a permanência das empresas brasileiras no mercado global”, afirma a presidente do Sindmóveis, Cátia Scarton. O Orchestra Brasil trouxe três jornalistas da América do Sul para o evento, como forma de posicionar o design brasileiro nesse mercado. Já a gestora do programa na Apex-Brasil, Adriana Rodrigues, afirma: “O design é o fator de inovação e competitividade para que a indústria do mobiliário possa avançar nos mercados brasileiro e internacional. É o diferencial competitivo que permitirá às marcas brasileiras posicionarem-se com criatividade, estilo e sustentabilidade. Por isso, buscamos apoiar as iniciativas do setor, tais como a que ocorreu durante a Bienal”.

Produção relevante 46

Alguns dos principais estúdios de design do país estiveram representados na mostra Geração Casa Brasil. Entre os destaques, estão os trabalhos das irmãs e arquitetas gaúchas Maria Cristina de Azevedo Moura e Ana Luísa Lo Pumo, Tina e Lui. A dupla apresentou o sofá Linha Colombina e produz peças focadas principalmente no conforto, sempre com a utilização de detalhes artesanais. Além disso, as arquitetas trabalham com


Fotos Petrônio Amaral

Foto Petrônio Amaral

Acima, um ângulo da exposição. À dir., pendente Zig, de Flávia Pagotti Silva e Camila Fix para DL Iluminação; e, abaixo, poltrona Amaná (Envolver), da Mameluca Design. Na pág. ao lado, acima, peças da linha Colombina, de Maria Cristina de Azevedo Moura (Tina) e Ana Luisa Cuervo Lo Pumo (Lui) para Dresch Móveis; e pranchas de surfe Caxirama, de Heloisa Crocco Above, a view of the exhibition. On the right, Zig lamp, by Flávia Pagotti Silva and Camila Fix for DL Iluminação, and below, Amaná armchair (Envolver), of Mameluca Design. On the other page, above, items of the Colombina line, by Maria Cristina de Azevedo Moura (Tina) and Ana Luisa Cuervo Lo Pumo (Lui) for Dresch Móveis, and Caxirama surfboards, by Heloisa Crocco

projetos sociais em programas de artesanato para geração de renda em comunidades, como as que integram o projeto Mão Gaúcha. Com mais de 15 anos de atividade, o estúdio Marton+Marton divulgou na mostra a luminária Desdobramentos, da linha m ao quadrado. Produzida em MDF e laminado ecológico de PET, a parte externa da peça é preta e a interna colorida, permitindo várias nuances de cores no ambiente com a incidência da luz. O módulos podem ser conectados infinitamente. Outros estúdios e designers destacados foram Bernardo Senna, Carlos Alcantarino, Em2 Design, Estudiobola, Eulália Anselmo, Faro Design, Fix Design, Flávia Pagotti Silva, Girona Design, Heloísa Crocco, Lattoog Design, Llussá Marcenaria, Luiz Pedrazzi, Mameluca Design, Oficina Ethos, Porfírio Valladares, Projeto 3 Design, Regis Padilha Designer e UNT Design. A mostra foi também apresentada, em dezembro do ano passado, na feira Design Miami, nos Estados Unidos, com alguns dos trabalhos expostos na Bienal.

47


The main goal? To export Over twenty member designers of the Orchestra Brasil project exhibited their creations at the Casa Brasil Generation show, which was part of the official program of the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition. The project is organized by the Furniture Industry Association of Bento Gonçalves (Sindmóveis) in partnership with the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil) to boost exports of supplies, components, technology and design services for the furniture industry. Held from October 19-28, 2012 at the Museum of Mining and Metals in Belo Horizonte, the exhibition, curated by Maria Helena Estrada, was attended by the member companies of Orchestra Brasil. The starting point was the use of colors chosen from the color chart of the Caderno +B (an Abest publication), and the Orchestra Brasil decision to use the indicated color tendencies. and the Brazilian Association of Fashion Designers (Abest), The purpose of the partnership is to combine fashion and furniture to further strengthen Brazilian design.

48

Acima, mesa Corda, design Ilse Lang, da Faro Design

“The initiative is part of the constant efforts to enhance the use of design as a competitive tool for manufacturing businesses, ensuring the permanence of Brazilian companies in the global market,” says the president of Sindmóveis, Cátia Scarton. The Orchestra Brasil project brought three reporters from South America to the event, in order to position the Brazilian design in this market. The manager of the program at Apex-Brasil, Adriana Rodrigues, says: “Design is the innovative and competitive factor that enables the furniture industry to move forward in the Brazilian and international markets. Criativity, originality and sustainability are the competitive tools that will allow the Brazilian brands to compete in the global market. Therefore, we seek to support initiatives developed by the sector, like the one held during the biennial exhibition.”

Above Corda table, designed by Ilse Lang, of Faro Design

Relevant Production

Criativity, style and sustainability are the competitive advantage that will allow Brazilian brands to position themselves in the market

Some of the major Brazilian design studios were represented at the Casa Brasil Generation exhibition. The highlights included the work of the architects from Rio Grande do Sul Maria Cristina de Azevedo Moura and Ana Luísa Lo Pumo, Tina and Lui, who showed the Linha Colombina sofa. They produce pieces primarily focused on comfort and always featuring handcrafted details. Moreover, the architects work with social projects in craft programs for the generation of income in communities, like the ones that are part of the Mão Gaucha project. Having been in business for over 15 years, Marton+Marton studio exhibited Luminária Desdobramento (lighting), of the m ao quadrado line. Made from MDF and environment-friendly PET laminate, the outer part of the piece is black and the inner part is colorful, producing various shades of color in the environment depending on the incidence of light rays. The modules can be connected endlessly. Other highlighted studios and designers were Bernardo Senna, Carlos Alcantarino, Em2 Design, Estudiobola, Eulália Anselmo, Faro Design, Fix Design, Flávia Pagotti Silva, Girona Design, Heloísa Crocco, Lattoog Design, Llussá Marcenaria, Luiz Pedrazzi, Mameluca Design, Oficina Ethos, Porfírio Valladares, Projeto 3 Design, Regis Padilha Designer and UNT Design. The show was also presented in December last year at the Design Miami fair in the United States, featuring some of the works exhibited at the Brazilian biennial event. The show was also presented in December last year at the Design Miami fair in the United States, featuring some of the works exhibited at the Brazilian biennial event.

Fonte: assessoria de comunicação do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) / Source: Press office of the Furniture Industry Association of Bento Gonçalves (Sindmóveis)



A importância do mobiliário na sociedade A mostra 1 Pessoa 10 cadeiras parte do projeto Tempos de Design em Minas, abordou o passado, o presente e o futuro dos assentos – e, por extensão, de todo o mobiliário. A ênfase foi para a relação entre o homem e esses elementos fundamentais ao nosso cotidiano The 1 Person 10 Chairs exhibition, run concurrent with the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition, approached the past, present and future of seating – and, by extension, all kinds of furniture. Emphasis was given to the relationship between men and the essential daily life elements

50

Foto cedida pela Fiemg

Foto cedida pela Fiemg

Foto cedida pela Fiemg

da redaçÃo


Em sentido horário, a partir da dir.: Sala Interativa, com intervenções; cadeira Leveme, do escritório mineiro LAB Design; diferentes leituras para um mesmo modelo de assento; peças de cortiça da empresa portuguesa Corque Design; a sala interativa, desta vez, toda branca; e detalhe de desenho feito por um visitante

Foto Anna Ftg

Foto Anna Ftg

Foto Anna Ftg

Clockwise from the right: Interactive Room with interventions; Leve-me chair, of the Mineiro LAB Design office; different approaches to the same seat model; pieces made with natural cork by Corque Design, a Portuguese company; the interactive room, this time, completely white, and a detail of the drawing made by a visitor

51


Foto cedida pela Fiemg

Eles estão em casa, na praça, no metrô, no consultório do dentista... Diferentes tipos de assento fazem parte da vida dos indivíduos. Tanto que, baseado em uma pesquisa desenvolvida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curador e designer Sérgio Lourenço concebeu a mostra 1 Pessoa 10 Cadeiras, paralela à IV Bienal Brasileira de Design. “Há ao menos 10 assentos disponíveis para as pessoas em seu dia a dia”, explica ele, que é Superintendente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). A exposição foi realizada entre 4 e 23 de outubro de 2012, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, estruturada em dez áreas expositivas. Durante o período, houve também, no local, palestras e mesas-redondas. O objetivo, segundo o curador, foi incentivar a discussão acerca da importância do mobiliário na sociedade. Da parte ao todo, usou-se a cadeira – mais emblemática peça de mobiliário, para não dizer do design em geral – como elemento-chave para refletir sobre a produção de móveis. O primeiro espaço, denominado Linha do Tempo, apresentou a evolução social no século 20 e, consequentemente, das cadeiras, apontando sua transformação quanto a materiais, formas e estilos. Essa parte da exposição foi produzida em parceria com a Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), por meio do Laboratório de Design Gráfico. Teve coordenação de Mariana Misk e curadoria de Giselle Hissa Safar, além da participação do professor convidado Alencar Ferreira e do aluno Fernando Dias. Com o mesmo título da mostra, a área 1 Pessoa 10 Cadeiras proporcionou a interação do público com 170 cadeiras, poltronas e bancos de tipos variados – como os de mobiliário urbano, de cinema e avião, peças típicas de parques de diversões e exemplares do passado. Ao “experimentar” os assentos, o público percebeu, por exemplo, diferentes relações ergonômicas e de bem-estar. Também houve manifestações emocionais. “Uma visitante ficou comovida ao identificar uma peça igual a que existia na casa de sua avó”, conta o curador.

Consumo e atualidade Da Madeira à Cadeira foi o terceiro campo, desenvolvido pelo SENAI e pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Madeira e do Mobiliário (CEDETEM). Peças produzidas por alunos dessa unidade do SENAI juntavam-se a painéis com informações sobre a mesma, além da marcenaria. Integrada ao local, estava a apresentação da pesquisa referente ao consumo de mobiliário pela classe C brasileira, desenvolvida pela rede SENAI, que gerou o livro Biomas do Consumo – Referenciais do Mobiliário, editado pela entidade.

52

Acima, espaço Linha do Tempo, com a cronologia da sociedade e do mobiliário do século 20. Na pág. ao lado, cadeira Amor Próprio, assinada pelo designer Geraldo Coelho, exposta no setor Intervenção Artística Above, Timeline space featuring the chronology of the 20th century society and furniture. On the opposite page, Amor Próprio chair, designed by Geraldo Coelho, exhibited in the Artistic Intervention sector

O Mobiliário Atual também fazia parte da mostra. O arquiteto Cioli Stancioli expôs móveis que representam a produção atual de 13 empresas, caso de Giroflex-Forma, Prima Linea e Móveis Brum. Além disso, abordou-se a inovação dos assentos na área Novos Conceitos, dividida em três segmentos: propostas da indústria que incorporam sustentabilidade, acessibilidade e trabalho social; novidades apresentadas por designers brasileiros; e a exibição de produtos da empresa portuguesa Corque Design, ponto alto da mostra. Sua proposta recupera o uso da cortiça no mobiliário e tem à frente a designer Ana Mestre. Seus produtos revelam acabamento impecável, além de design original e peculiar em um viés sustentável. “Há outra questão bastante atual, que é o relacionamento entre arte e design: o que é o designer e o que é o artista”, comenta Lourenço. “Por isso, criamos o espaço Intervenção Artística”. Para compô-lo, 29 cadeiras idênticas, de um modelo básico de madeira lixada, foram destinadas a 29 artistas, como grafiteiros, escultores e designers de moda. Cada qual deu sua identidade à peça, em intervenções que exploravam abordagens diversas, da semântica à funcional.


Foto Anna Ftg

Com a mostra, o público pôde refletir a respeito de como o mobiliário faz parte do cotidiano, observando diferentes vertentes do design: do industrial ao design art

Indicações para o porvir Na saída da exposição, a Sala Interativa, toda branca e com representações volumétricas de móveis, apresentava ambientes de uma casa. “Depois de ter refletido sobre o passado e presente, cada visitante preencheu-a com frases e desenhos que traduzem expectativas em relação ao futuro do mobiliário”, conta Lourenço. O público respondeu ainda a um questionário digital a respeito do uso atual e destino dos móveis. O quesito mais valorizado, por exemplo, foi estilo (com 30% das respostas), e multifuncionalidade (41%), o atributo mais indicado para uma residência do futuro. A mostra foi uma iniciativa do SENAI Minas por meio do CEDETEM, em conjunto com o Sindicato das Indústrias do Mobiliário e Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (SINDIMOV-MG), com apoio do SENAI nacional.

Take a seat and... think! They are at home, in the square, in the subway, in the dentist’s office ... Different types of seats are part of people’s lives. Based on a survey developed by the National Service for Industrial Apprenticeship (Senai), curator Sérgio Lourenço conceived the 1 Person 10 Chairs show. “There are at least 10 seats available for people in their daily lives,” explains the designer and Superintendent of Business Development at the Industry Federation of the State of Minas Gerais (FIEMG). The event, held from October 4-23, 2012, at Serraria Souza Pinto, in Belo Horizonte, had ten exhibition areas. During this period, there were also on-site lectures and round-table meetings. According to the curator, the show aimed to encourage the discussion about the importance of furniture in society. From the part to the whole, a chair - the most iconic piece of furniture, not to mention of design in general - was used as a key element to reflect on the production of furniture. The first space, called Timeline, presented the social evolution in the 20th century and, consequently, of the chairs, pointing out their transformation in terms of the materials, shapes and styles. This part of the exhibition was produced in partnership with the University of Minas Gerais School of Design, through the Laboratory of Graphic Design. It was coordinated by Mariana Misk, and curated by Giselle Hissa Safar, with the participation of Professor Alencar Ferreira and student Fernando Dias. With the same title of the exhibition, the 1 Person 10 Chairs area gave visitors the opportunity to interact with 170 chairs, armchairs and benches of different types - including urban items, furniture for cinemas and airplanes, typical elements of amusement parks and models of the past. By “trying” the seats, attendees noticed, for example, different ergonomic relations concerns regarding comfort. There were also emotional manifestations. “A visitor was moved when she identified a piece that looked like the one found in her grandmother’s house,” says the curator.

Consumption and current overview 53

The third area, From Wood to Chair, was developed by SENAI with the Wood and Furniture Technological Development Center (CEDETEM). Pieces produced by students of this SENAI unit were displayed together with panels containing information about both woodworking and CEDETEM. Additionally, a survey was presented on the consumption of furniture by the Brazilian middle class, carried out by SENAI network, which was the base for the book Biomas do Consumo – Referenciais do Mobiliário (Consumption Biomes – Benchmarks for Furniture), edited by the organization.


Modern Furniture was also part of the show. Architect Cioli Stancioli exhibited furniture that represents the current production of 13 companies, including Giroflex-Forma, Prima Linea and Móveis Brum. Seat innovation was also addressed in the New Concepts area, divided into three segments: industry proposals that incorporate sustainability, accessibility and social work; new ideas developed by Brazilian designers; and the exhibition of products made by the Portuguese company Corque Design, the highlight of the show, which portrays the use of cork in furniture and is led by designer Ana Mestre. The furniture has flawless finish, original design and a sustainable bias. “Another very current issue is the relationship between art and design: what the designer is and what the artist is”, says Lourenço. “That is the reason why we created the Artistic Intervention area.” It consisted of 29 identical chairs, featuring a basic model of sanded wood, that were given to 29 artists, including graffiti artists, sculptors and fashion designers. Each one of them gave their own identity to the chair by exploring different approaches, from semantic to functional.

Indications for the future On the way out, the white Interactive Room had volumetric representations of furniture and the rooms in a house. “After reflecting on the past and present, each visitor filled it with sentences and drawings that express their expectations for the future of furniture,” says the curator. The public also completed a digital questionnaire on the current use and the destination of furniture. The most valued item was, for example, style (with 30% of the responses) and multi functionality (41%) was the most chosen attribute for a future home. The exhibition was set up on the initiative of SENAI Minas through CEDETEM, together with the Association of the Furniture and Wood Products Industry of the State of Minas Gerais (MG-SINDIMOV). It was supported by the national SENAI. Below, Prima Linea tables, on the foreground, were exhibited at the Mobiliário Atual space, which showcased products made by 13 companies

Foto cedida pela Fiemg

Abaixo, as mesas da Prima Linea, em primeiro plano, integraram o espaço Mobiliário Atual, em que se exibiu a produção de 13 empresas

With the show, participants were able to reflect on how furniture is part of our everyday life, observing different aspects of design: from industrial to art design

54


Fotos Anna FTG

Ações educativas complementam mostra Palestras e mesas-redondas discutiram assuntos relativos ao setor de mobiliário Lectures and roundtable meetings discussed issues related to the furniture industry No alto, na foto maior, da esq. para a dir., participantes da mesa-redonda Design Essencial: o moderador Alonso Lamy, o designer Paulo Foggiato e o professor Eduardo Romeiro, além da designer portuguesa Ana Mestre. Ao lado dela, o público do evento e a professora Giselle Safar, que abordou história do design e mobiliário At the top, from left to right, the larger picture shows participants of the Essential Design roundtable: moderator Alonso Lamy, designer Paulo Foggiato, Professor Eduardo Romeiro, and Portuguese designer Ana Mestre. Next to her, visitors to the event and Professor Giselle Safar, who addressed the history of design and furniture

O auditório localizado no mezanino da Serraria Souza Pinto foi palco de sete palestras e quatro mesas-redondas, com mediação do engenheiro arquiteto e professor Alonso Lamy, organizadas em paralelo à mostra 1 Pessoa 10 Cadeiras. Participaram 20 profissionais renomados. É o caso da curadora Adélia Borges, dos designers Paulo Foggiato e Aristeu Pires, do professor Dijon de Moraes, reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), além da designer e consultora portuguesa Ana Mestre, da Corque Design. Os eventos abordaram temas variados: a história do design de móveis no Brasil, sua essência, a relação entre mobiliário e cultura, aplicações de teorias semióticas no segmento, questões ergonômicas, um case de design de produto, perfis de consumo e os horizontes do mobiliário.

Educational initiatives complement the show The auditorium located on the mezzanine floor of Serraria Souza Pinto featured seven lectures and four round-table meetings, under the mediation of architect, engineer and professor Alonso Lamy, held concurrently with 1 Person 10 Chairs show. Twenty renowned professionals took part in the events including curator Adélia Borges, designers Paulo Foggiato and Aristeu Pires, dean of the University of Minas Gerais (UEMG), Dijon de Moraes, and the Portuguese designer and consultant Ana Mestre, of Corque Design. The events addressed various topics: the history of furniture design in Brazil, its essence, the relationship between furniture and culture, applications of semiotic theories in the segment, ergonomic issues, a product design study case, consumption profiles and the future of furniture.

55


Fotos Fernanda Nasser

Moda fabulosa O fashion star Ronaldo Fraga assinou a mostra paralela Caderno de Roupas, Memórias e Croquis, no espaço da futura Casa Fiat de Cultura. Com ares de fábula, a narrativa característica das criações do estilista reinou na antológica exposição The fashion star Ronaldo Fraga has designed the parallel exposition Caderno de Roupas, Memórias e Croquis (Notebook of Clothes, Memories and Sketches), in the building where will be installed the future Casa Fiat de Cultura. With fable’s atmosphere, the characteristic narrative of the stylist’s creations reigned in his anthological exhibition Cristina Morozzi


Acima, espaço Costela de Adão, dedicado a uma coleção que completa 10 anos, inspirada na cerâmica do Vale do Jequetinhonha. Na pág. ao lado, detalhe do mesmo segmento

Dotado de um talento especial para o desenho, o grande contador de histórias Ronaldo Fraga, estilista eclético, com bigodes de Salvador Dalí, narrou um convite à descoberta de suas exuberantes coleções na variada mostra Caderno de Roupas, Memórias e Croquis. Concebida como uma viagem através da memória, e por ele projetada, a exposição teve as criações organizadas como uma espécie de país das maravilhas. Na sala de entrada, entre véus de tule, balançavam moldes em papel-cartão e, a partir daí, em um cintilar de espelhos, descobriam-se vestidos de fábulas. Seus desfiles a cada estação, muitas vezes com a alegria de cores brilhantes, estavam representados em um grande livro digital que se folheava lentamente, assim como um gigantesco Ipad. No primeiro andar, uma

Above, Costela de Adão space, dedicated to a 10-year-old collection, inspired by Vale do Jequitinhonha ceramics. On the opposite page, a detail of the same segment

série de velhas valises abertas, montadas sobre cavaletes, continham seus instrumentos de trabalho: agulhas, linhas, alfinetes, fitas métricas, cadernos de rascunhos, velhas fotografias... Então, em uma sala imersa em luz rosada, de pôr de sol tropical, dançavam sobre moldes em papel-cartão, desenhados por Ronaldo, frescos vestidos de verão, prodígios de bordados e patchworks. Na intenção de Ronaldo, a mostra é uma narração da moda, criada por imagens, entendida como apropriação cultural. “A moda é interpretação do contexto cultural; a moda é técnica, construção, cor, tecido e negócio”, afirma. “Mas é, antes de tudo, a transformação da música, da literatura, da cultura brasileira contemporânea no desenho de roupas, capaz de narrar o presente e as memórias locais”. E prossegue: “Narrar uma história é um ato de gentileza dirigido ao público. Eu narro com minhas criações”.

57


Lápis e fantasia

Suas roupas, construídas com os cuidados da alta-costura e modelados com sabedoria, possuem um ingênuo frescor, hoje estranho às grandes firmas do fashion system. Dão-nos a ilusão, vestindo-as, de podermos ainda nos transformar em princesas. Em Belo Horizonte, na rua Fernandes Tourinho, há uma butique da marca, onde é reconhecível o toque decorativo de Ronaldo. Velhas cadeiras de cinema, bancos de madeira com a silhueta de gazelas, balançando, painéis decorativos ilustrados com rolos de peças de tecido nas gradações do vermelho e, ao longo da vitrine, um florir de plantas tropicais. Com poucos elementos, Ronaldo criou uma moldura ideal, luminosa e mágica para a sua moda. Nas originais fantasias, nos elaborados bordados e nas cores intensas, ela evoca a exuberância da natureza da região dos minérios de Minas Gerais, com sua terra cor de tijolo, onde Oscar Niemeyer edificou seus primeiros projetos de arquitetura.

58

Fotos Fernanda Nasser

Desde seus 6 anos, Ronaldo desenha roupas. Ama o desenho porque é uma atividade solitária. Para ele, lápis e pincel são uma espécie de droga. “Me enamoro de meus desenhos”, confessa. “Cheiro o perfume do caderno que sempre me acompanha. O desenho é como um bordado feito com o pincel. Desenhar é, para mim, uma espécie de exercício psíquico: serve para descarregar as tensões e explorar minhas memórias. O lápis guia a minha fantasia. Minha ambição é narrar uma nova história do vestir”. Há, em suas criações, a felicidade de quem escolheu ser livre da ditadura das tendências para seguir sua própria poética.

Acima, representação de árvores da infância do estilista que geraram desenhos e roupas. Abaixo, miniloja com produtos assinados por ele. Na pág. ao lado, espaço que remete à desconstrução de personagens – uma função da moda, para Fraga

Above, a representation of trees from the designer’s childhood which generated drawings and clothes. Below, a small store showcasing some of his products. On the other page, a space reminding us of the deconstruction of characters – a role played by fashion according to Fraga


Fabulous Fashion Gifted with a special talent for drawing, the great storyteller Ronaldo Fraga, eclectic stylist, with Salvador Dalí mustaches, narrated an invitation to the discovery of his exuberant collections in the varied exposition Caderno de Roupas, Memórias e Croquis (Notebook of Clothes, Memories and Sketches). Conceived as a journey through memory, and designed by him, the exhibition creations were organized as a kind of wonderland. At the entrance hall, among tulle veils, cardstocks molds swinging and, from there on, in sparkling mirrors, fable dresses can be found. His fashion shows, each season, often with the joy of bright colors, were represented in a large digital book that could be flipped slowly, like a gigantic Ipad. On first floor a lot of old suitcases opened, mounted on easels, containing his tools: needles, thread, pins, measuring tapes, sketchbooks, old photographs ... So, in a room immersed in rosy light from the tropical sunset, cardstocks molds danced on, designed by Ronaldo, cool summer dresses, embroidery and patchwork wonders. In Ronaldo’s intention, the exposition is a narrative fashion, created by images, understood as cultural appropriation. “Fashion is interpretation of cultural context; fashion is art, building, color, fabric and business,” he says. “But it is, above all, the transformation of music, literature, contemporary Brazilian culture in the design of clothes, able to narrate the present and local memories”. He continues: “Telling a story is an act of kindness directed to the public. I narrate with my creations”.

Pencil and fantasy Since his six years, Ronaldo draws clothes. Love the design because it is a solitary activity. For him, pencil and brush are a kind of drug. “I fall in love for my drawings,” he confesses. “Smell the perfume of the notebook which always follows me. The drawing is like embroidery done with the brush. Drawing is for me a kind of psychic exercise: serves to discharge tensions and explore my memories. The pencil guides my fantasy. My ambition is to tell a new story of the wearing”. There is, in his creations, the happiness of those who chose to be free from the dictatorship of the trends to follow his own poetics. His clothes, built with haute couture care and modeled with wisdom, possess naïve freshness, today odd to large firms from fashion system. Give us the illusion, by wearing them, that we can still turn us into princesses. At Belo Horizonte, in Fernandes Tourinho street, there is a brand boutique, where is recognizable the decorative touch of Ronaldo. Old cinema chairs, wooden benches with the silhouette of gazelles, swinging, and decorative panels illustrated with rolls of fabric pieces in shades of red and along the showcase a blooming of tropical plants. With few elements, Ronaldo created an ideal frame, brightly and magic to his fashion. In the original costumes, the elaborated embroidery and the intense colors, it evokes the exuberant nature of the minerals from the region of Minas Gerais, with his earth-colored brick, where Oscar Niemeyer built his first architecture projects.

Cristina Morozzi, italiana, é jornalista e crítica de design, professora de moda e arte, além de curadora de mostras internacionais / Italian, is a journalist, design, fashion and art critic, and curator of international exhibitions

59


60

A linha do tempo da indústria automotiva no Brasil integrou a exposição A timeline of the car industry in Brazil was part of the exhibition


MARCA ITALIANA,

DESIGN BRASIlEIRO

Fiat revela a história dos automóveis no país, processos de criação e a relação deles com a arte na mostra Design de Carros no Brasil – Rupturas e Inovações, realizada na Casa Fiat de Cultura. Destaque para pesquisas e plataformas abertas ao público que direcionam novos projetos da empresa Fiat shows the car history in Brazil, creation processes and their relationship with art in the concurrent exhibition called Car Design in Brazil - Ruptures and Innovations, held at Casa Fiat de Cultura. The highlight was the survey and the platforms opened to the public that drive the company’s new projects Da redacão

61


A Fiat Automóveis abriu seu escritório de design para o público, exibiu a evolução histórica do projeto de carros no Brasil, promoveu palestras sobre inovação e revelou as influências e relações entre a cultura inerente a esse segmento e a arte em uma exposição pertencente à programação oficial da IV Bienal Brasileira de Design. Na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, a mostra Design de Carros no Brasil – Rupturas e Inovações apresentou como a empresa aprimora seus processos de trabalho, levando em conta as necessidades do consumidor com o uso de pesquisas e plataformas abertas. “Todo mundo tem curiosidade de saber como é feito um carro”, avalia o curador Paulo Nakamura, designer chefe do Fiat Design Center para a América Latina, LATAM, único centro de desenvolvimento de design da montadora fora da Itália. “Acho que o público ficou satisfeito com a programação”.

“No projeto do Novo Uno, por exemplo, usamos uma nova forma de trabalho”, conta Nakamura. “Fomos até os clientes com pesquisas de rua”. Essas pesquisas são feitas como o que se chama hoje de “invasão”. São realizadas em locais públicos onde há grupos de pessoas conversando. Os pesquisadores se aproximam e propõem conversas sobre carros. “Recebíamos essas informações e dávamos feedback”, conta o designer industrial. Ele coordena as áreas de design externo, interno, cor e design gráfico no centro de estilo da empresa, onde trabalha há 20 anos.

Mio, um carro inteligente Outro exemplo apresentado no evento foi o projeto de design do carro Fiat Mio, experiência pioneira da empresa com design aberto. Urbano, compacto, fácil de estacionar, não poluente, o projeto foi concebido por meio de uma plataforma colaborativa na internet. Além dessas características sintonizadas com o modo de vida contemporâneo, o carro conceito materializa e exemplifica a visão do design como processo aberto e transparente, que tem o designer

Abaixo, o Novo Uno Way, com design desenvolvido pela equipe brasileira da Fiat. Na pág. ao lado, imagem virtual do Fiat Mio Below, Novo Uno Way, featuring design developed by Fiat’s Brazilian team. On the opposite page, a virtual image of Fiat Mio

Fotos Anna Ftg

Na exposição, uma linha do tempo ilustrada revelou a evolução do automóvel no Brasil, do ponto de vista do design, desde o primeiro exemplar trazido ao país por Santos Dumont (1873-1932), ainda no século XIX, até hoje. Além disso, trabalhos dos artistas Regina Silveira, Chris Bierrenbach, Cao Guimarães e Maximo Soalheiro foram selecionados para refletir sobre as influências do automóvel nas artes plásticas e suas conexões.

Outra parte revelava processos e detalhes de projetos dos automóveis Novo Uno, do carro conceito Mio, do Uno Ecology e do Palio grafitado.

62


como condutor dos anseios dos usuários. O design aberto constitui um laboratório permanente de ideias que podem vir a ser aplicadas na produção de modelos futuros. O projeto do Mio foi lançado em 2009 pela internet. Criou-se uma plataforma online por meio da qual os internautas indicavam ideias de design para o modelo. Opinaram sobre desenho, materiais, recursos, equipamentos, dimensões e funcionalidade. A síntese está em um carro bonito, moderno e desejável, com projeto modular e configurações passíveis de alteração. Econômico e não poluente, emprega materiais ecológicos. Ainda oferece excelente visibilidade, reconhecimento do usuário e comunicação por celular, além de possuir tela de controles touchscreen, media player, GPS, outros gadgets, e sistema operacional próprio.

Mio dentro dos preceitos desse processo”, explica ele. A empresa ressalta o caráter inovador e a transparência do projeto. Para o gerente do centro de estilo Fiat para a América Latina, Peter Fassbender, trata-se de uma quebra de paradigma na indústria automotiva, onde o segredo é a alma do negócio. A exposição foi promovida pela Fiat em parceria com o Governo de Minas Gerais, a LIRA, a Base7 Projetos Culturais e a APPA.

A equipe de criação dividiu o trabalho em duas linhas de design: Precision e Sense. Na primeira, escalaram-se formas consideradas futuristas; na outra, formas mais livres e orgânicas. Um exemplar do Mio Precision foi apresentado no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em 2010. Internautas discutiram as soluções e a equipe da Fiat testou as ideias. O processo colaborativo influenciou também o modo de trabalho da empresa, provocando maior sinergia entre setores de produção, de engenharia, produto, estilo e marketing. Durante o desenvolvimento do projeto, seu site publicou textos e vídeos que enfocaram os sketches e a digitalização em 3D, protótipos e soluções de engenharia. Até a finalização feita para aquele salão, cerca de 2 milhões de pessoas, de 150 países, acessaram o endereço eletrônico. Foram depositadas 10 mil sugestões, 65% vindas do Brasil. Houve também contribuições dos Estados Unidos, da Alemanha, do Japão, México, Peru e Vietnã. A plataforma ainda está aberta. O projeto final foi registrado com licenças compartilhadas do sistema Creative Commons, que reserva apenas parte dos direitos à propriedade intelectual. Segundo o diretor de publicidade e marketing de relacionamento da Fiat na América Latina, João Batista Ciaco, a opção pelo modelo aberto foi o caminho natural, dada a natureza do projeto. “Por congregar opiniões tão diversas e gerais, e para permitir a correta utilização de uma criação coletiva, fomos buscar a homologação dos Creative Commons, o que vai permitir que qualquer pessoa, marca ou empresa venha a utilizar as ideias coletivas originadas no Fiat

O design aberto constitui um laboratório permanente de ideias que podem vir a ser aplicadas na produção de modelos futuros

63


Fotos Anna Ftg

Italian brand, Brazilian design Fiat Automóveis opened its design office to the public, exhibited the historical evolution of car design in Brazil, promoted lectures on innovation and showcased the influences and relationships between the culture inherent in this segment and art in an exhibition concurrent with the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition. Casa Fiat de Cultura hosted in Belo Horizonte the show called Car Design in Brazil - Ruptures and Innovation, presenting how the company improves its work processes, taking into account consumers’ needs through research and open platforms. “Everyone is curious to know how a car is made”, says curator Paulo Nakamura, chief designer of the Fiat Design Center for Latin America, LATAM, the only design development center owned by the car company outside Italy. “I think visitors were pleased with the program”. 64

During the exhibition, an illustrated timeline showed the car evolution in Brazil from the design point of view, including the model brought to the country by Santos Dumont (1873-1932), in the 19th century, and today’s models. Moreover, the works of artists Regina Silveira, Chris Bierrenbach, Cao Guimarães and Maximo Soalheiro were selected to reflect on the influence of

the automobile in the plastic arts and their connections. Another part featured processes and details of the following cars: Novo Uno, Mio concept car, Uno Ecology and Palio covered in graffiti. “In the project of Novo Uno, for example, we used a new working system”, says Nakamura. “We surveyed customers on the streets”. These surveys are carried out using what is now called an “invasion” method. They are conducted in public places where there are groups of people chatting. The researchers approach them and start talking about cars. “We received this information and gave feedback”, says the industrial designer. He coordinates the areas of external and internal design, color and graphic design in the style center of the company, where he has been working for 20 years.

Mio, a concept car Another example presented at the event was the design project for Fiat Mio car, a pioneering experience of the company with open design on the internet. Urban, compact, easy to park, non-polluting, its design project was

Acima, monitores exibem fases de desenvolvimento do carro-conceito Mio. Na pág. ao lado, Fiat Palio grafitado no Projeto Árvore da Vida Above, monitors display the development stages of Mio concept car. On the opposite page, Fiat Palio covered in graffiti in the Árvore da Vida Project


planned on the worldwide web. In addition to these features attuned to the contemporary way of life, the concept car embodies and exemplifies the vision of design as an open and transparent process, which sees the designer as the conductor of users’ desires. The open design is a permanent laboratory of ideas that may be applied in the production of future models. The Mio project was launched in 2009 on the internet. An online platform was created so that Internet users could give design ideas for the model. They gave their opinion about design, materials, resources, equipment, dimensions and functionality. These were then synthesized into a beautiful, modern and desirable car, with modular design and configurations subject to change. Economical and non-polluting, it uses environmentally friendly materials. Moreover, it offers excellent visibility, user recognition and mobile phone integration, besides featuring touch-screen controls, media player, GPS, other gadgets, and its own operating system. The creative team divided the work into two design lines: Precision and Sense: the first with futuristic shapes and the other with more fluid and organic forms. A model of Mio Precision was presented at the Sao Paulo International Motor Show, in 2010. Internet users discussed the solutions and the company’s staff tested the ideas. The collaborative process has also changed the working system of the company, resulting in synergy among the production, engineering, product, style and marketing sectors.

During the development of the project, the website published texts and videos that focused on the sketches and 3D scanning, prototypes and engineering solutions. Until the completion made for that show, approximately 2 million people, from 150 countries, had accessed the website. Of the 10,000 suggestions posted, 65% were from Brazil. There were also contributions from the United States, Germany, Japan, Mexico, Peru and Vietnam. The platform is still open. The final project was submitted under the Creative Commons license, which reserves only part of the intellectual property rights. According to the director of advertising and relationship marketing of Fiat in Latin America, João Batista Ciaco, the option for an open model was a natural choice, given the nature of the project. “By bringing together such diverse and general opinions, and to allow the correct use of a collective creation, we sought the approval of Creative Commons, which will allow any person, brand or company to use the collective ideas originated from Fiat Mio within this process precepts”, he says. The company emphasizes the innovative nature and transparency of the project. According to the manager of the Fiat style center for Latin America, Peter Fassbender, this is a paradigm shift in the automotive industry, where secrecy is the soul of business.

The open design is a permanent laboratory of ideas that may be applied in the production of future models

The exhibition was organized by Fiat in partnership with the Government of Minas Gerais, LIRA, Base7 Projetos Culturais and APPA.

65


O valor de uma

boa ideia Em paralelo à Bienal, a quinta edição do IDEA/Brasil premiou 111 trabalhos. O público pôde conferir uma exposição com os projetos contemplados, que convidam a refletir sobre a atual produção brasileira

Parallel to the Biennial Brazilian Design Exhibition, the fourth edition of IDEA/Brasil handed awards to 111 works in Belo Horizonte. The awarded projects were exhibited to the public, inviting reflection on the current status of the Brazilian production da redação A premiação do IDEA/Brasil – versão brasileira do norte-americano IDEA Awards – migrou sua quinta edição, em 2012, de São Paulo para Belo Horizonte. Ali, integrou o Tempo de Design em Minas, série de eventos paralelos à programação oficial da IV Bienal Brasileira de Design. Também foram organizadas, na cidade, a exposição dos 111 trabalhos laureados em 20 categorias e a IV Conferência Internacional MOB Design, com o tema Design: do Material ao Digital. “O prêmio nos dá, todos os anos, um termômetro do design brasileiro, que mostra importantes passos em seu desenvolvimento”, considera a curadora Joice Joppert Leal, diretora-executiva e fundadora da Associação Objeto Brasil, além de organizadora da premiação. Realizada em 27 de setembro de 2012, na Casa Fiat de Cultura, a cerimônia contou com a presença dos premiados, da Secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea Werneck, de autoridades do governo federal e de lideranças empresarias. 66

Prêmios de design têm o mérito de identificar inovações propostas por designers autônomos, escritórios especializados ou pela indústria e dar-lhes uma relevância tal que impulsione outros trabalhos e novos negócios. No IDEA/Brasil, não é diferente. Um dos aspectos importantes da premiação, segundo

a curadora, é levar em conta o conceito de que o design pode – e deve – auxiliar na questão social, ao gerar emprego e renda. Para tanto, é essencial que siga o tripé da sustentabilidade: o projeto deve ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. “Com o investimento, vem a necessidade de contratar mão de obra”, analisa Joice. A mais recente edição do prêmio revelou um dado interessante: o número significativo de inscrições de produtos feitas diretamente pelas indústrias. “Ficaram entre 30% e 35%”, indica a organizadora. Isso apontaria a adesão cada vez maior dessas indústrias à cultura do design, postura fundamental para reforçar a identidade do design industrial brasileiro.

Acima, da Papaiz, o cadeado Node, design de Alessandro Vassallo, Luz Romero e Juliana Callia, do escritório VRD Research, levou Ouro na categoria Acessórios Pessoais Above, Node padlock of Papaiz, a gold award winner in the Personal Accessories category, designed by Alessandro Vassallo, Luz Romero and Juliana Callia, of VRD Research office


endoscopia 100% brasileiro, criação de Marcos Rocha e da equipe do escritório Design Connection para a empresa MMOptics, foi Prata na categoria médicos e científicos. A mesma premiação Prata foi destinada à poltrona Arraia, da Saccaro, na categoria sala de estar e quartos. O design é assinado por Felipe Bicudo e Guto Indio da Costa, do escritório Indio da Costa A.U.D.T.

A exposição dos projetos merecedores dos prêmios Ouro, Prata e Bronze estendeu-se de 28 de setembro a 31 de outubro de 2012, na Galeria Casa Fiat de Cultura. O cadeado Node, novidade da Papaiz desenhada por Alessandro Vassallo, Luz Romero e Juliana Callia, do escritório VRD Research, levou Ouro. Seu trunfo é a haste flexível, que pode prender diferentes itens. O primeiro aparelho de

A premiação e exposição IDEA/Brasil 2012 e a IV Conferecial Internacional MOB Design foram resultado de uma parceria entre a Associação Objeto Brasil e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Os patrocínios foram da Fiat, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Acima, o Caminhão Agrale 2012, desenhado por Questto|Nó, mereceu a premiação Ouro na categoria Transporte. Abaixo, em primeiro plano, os coloridos eletrodomésticos da Linha Retrô, da Brastemp, que ficou com Bronze na categoria Cozinha Above, Agrale 2012 truck, designed by Questto|Nó, a Gold award winner in the Transport category. Below, in the foreground, colorful household appliances of Brastemp Retrô Line that received Bronze in the Kitchen category

Foto Anna Ftg

As categorias que compuseram o IDEA/Brasil 2012 foram: acessórios pessoais; ambientes; banheiros, spas & bem-estar; comerciais e industriais; comunicação; cozinhas; design de impacto social; embalagens; escritório; esportes; estratégia de design; estudantes; informática; joias; lazer e recreação; médicos e científicos; pesquisa; sala de estar e quartos; têxtil; e transportes.

67


Foto divulgação

Foto Anna Ftg

The value of a good idea The IDEA/Brasil awards – the Brazilian version of the North American IDEA Awards – migrated from São Paulo to Belo Horizonte in its fifth edition in 2012, as part of Time for Design in Minas, a series of events parallel to the official program of the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition. In addition to the exhibition of the winning works in 20 categories, the 4th International Conference MOB Design took place in the city, with the theme From Material to Digital. “Every year, this prize works as an indication of the Brazilian design status, showcasing important steps in its development”, says the curator Joice Joppert Leal, executive director and founder of the Associação Objeto Brasil. The ceremony, held on September 27, 2012 at Casa Fiat de Cultura, included the presence of the award winners, the State Secretary of Economic Development of Minas Gerais, Dorothea Werneck, federal government dignitaries and business leaders.

68

Design awards have the role to identify innovations entered by self-employed designers, studios or by manufacturing companies, thereby lending them relevance and bolstering other works and new businesses. At IDEA/Brasil, it is not different. According to the curator, one of the important aspects of the award is the concept that design can – and should – aid social issues, whilst generating employment and revenue. It therefore becomes paramount to follow the sustainability triad: the project should be economically viable, socially fair and environmentally friendly. “With investment comes the demand for labor”, says Joice. The latest award ceremony revealed very interesting data: a significant number of the entries were submitted directly by manufacturing companies. “Between 30% and 35%”, quoted the organizer. This points towards

an increasing number of companies concerned with the design culture, a fundamental attitude to reinforce the Brazilian industrial design identity. Categories comprising IDEA/Brasil 2012 were: personal accessories; living spaces; bathrooms, spas and well-being; commercial and industrial; communication; kitchens, social impact design; packaging; office; sports; design strategies; students; computing; jewelry; leisure and recreation; medicine and scientific; research; living rooms and bedrooms; textile; and transport. The exhibition of the Gold, Silver and Bronze award winning entries took place from September 28 to October 31, 2012. During the exhibition, the Gold award winner Node padlock was demonstrated, a novelty from Papaiz designed by Alessandro Vassalo, Luz Romero and Juliana Callia from the VRD Research office. The shackle of the padlock consists of a flexible stem, which can be twisted to hold different items. Another exhibited product was the first 100% Brazilian endoscopy equipment. It was created by Marcos Rocha and the team from Design Connection office for the company MMOptics and was awarded Silver in the medicine and scientific category. The same award was given to the Arraia armchair, of Saccaro in the living room and bedroom category. The design is signed by Felipe Bicudo and Guto Indio da Costa, from Indio da Costa A.U.D.T office. The IDEA/Brasil 2012 award and exhibition, alongside the seminar, were the result of a partnership between the Associação Objeto Brazil and the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil). The event was sponsored by Fiat, the Brazilian Service of Support for Micro and Small Enterprises (Sebrae) and the Brazilian Agency for Industrial Design (ABDI).

Da Saccaro, a poltrona Arraia tem design de Felipe Bicudo e Guto Indio da Costa, do escritório Indio da Costa A.U.D.T. Foi Prata na categoria sala de estar e quartos By Saccaro, Arraia armchair designed by Felipe Bicudo and Guto Indio da Costa, of the Indio da Costa A.U.D.T. office. Silver award winner in the living room and bedroom category


Design em discussão A MOB Design abordou diferentes possibilidade do design, entre o material e o digital The 4th International MOB Design Conference approached different possibilities in design, ranging from material to digital

Guta Moura Guedes

Com o tema Design: do Material ao Digital, a IV Conferência Internacional MOB Design foi realizada nos mesmos dia e local da premiação IDEA/Brasil 2012. O presidente da Associação dos Designers de Produto (ADP), Carlos Scheliga, e a arquiteta e jornalista italiana Patrizia Piccioli mediaram a conferência. Conheça os palestrantes e um pouco do que abordaram. Guta Moura Guedes, cofundadora e presidente da bienalportuguesa ExperimentaDesign. Discorreu sobre a mudança na cultura das empresas portuguesas, que passam a ter um olhar atento sobre o design. “O ideal é chegar às pessoas de maneira transformadora. Não podemos mostrar mais do mesmo, por isso investimos muito na criação e no desenvolvimento de uma plataforma tendo em vista o mercado global. Não há dúvida de que a cultura é fator-chave para o crescimento socioeconômico. A criatividade estimula a autoestima, ajuda a resolver problemas urbanos. O design ainda é percebido de maneira muito restrita. É necessário pensá-lo de forma abrangente, pois a indústria criativa, em que o design está inserido, é altamente catalisadora e tem impacto internacional”.

A criatividade estimula a autoestima, ajuda a resolver problemas urbanos Rama Chorpas

Rama Chorpas, designer, diretor do curso de design na norte-americana Parsons New School for Design. Acredita que educação é uma experiência renovadora e não se pode negligenciar a experiência manual. “A tecnologia não pode ser encarada como uma única resposta”. Além disso, o designer ressaltou que o Brasil está em foco porque os Estados Unidos perderam grande parte de sua capacidade manufatureira. “O Brasil está com a faca e o queijo na mão para dominar essas variáveis de valores e tecnologia. Mas é preciso se centrar no projeto voltando-se ao usuário e levando em conta toda a cadeia de suprimentos. A tecnologia pode ser encarada como produto, mas também como ferramenta”. Stephan Clambaneva, presidente da Industrial Designers Society of America (IDSA). Relatou que o compromisso atual da entidade é contemplar, entre outros assuntos, a questão do formato digital sob diversas perspectivas. “É preciso pensar na intangibilidade das experiências, no desenvolvimento de produtos que deem suporte a uma relação mais ampla com o design, social e industrial, acrescidos de experiência. Nessa explosão nas mídias sociais, o que se conhece, o que se filtra, ensina como otimizar produtos para criar processos de design”. Tucker Viemeister, designer, criador dos escritórios Frog Design e Smart Design. Afirmou que as tecnologias digitais estão acrescentando novas capacidades de criar coisas inteligentes. “Espero o dia em que, mesmo o que é comum, tenha tecnologia para nos facilitar a vida. Uma vez que tudo o que pode ser digital um dia o será, é preciso acompanhar os novos tempos. Tudo será digital porque essa tecnologia cria modelos de negócios mais rápidos, baratos e inteligentes”. 69

Valentina Croci, arquiteta italiana com doutorado em ciências do design industrial. Trouxe exemplos de designers que se destacam por seus projetos e de como a imaterialidade das ideias pode ajudar em tempos menos prósperos. “Na Europa, muitas indústrias estão passando por sérios problemas porque o consumo diminuiu. Estão enfrentando crises porque não pensaram seus produtos para um mercado mais global – muitas vezes intangível – e que reflitam a tradição e a cultura locais”.


Stephan Clambaneva

Design in discussion With the theme Design: from Material to Digital, the 4th International MOB Design Conference took place on the same day as the IDEA/Brasil 2102 awards, on September 27 at Casa Fiat de Cultura. Mediation came by way of the Product Designers Association (ADP) president, Carlos Schelia, and from the Italian architect and journalist Patrizia Piccioli. Get to know the lecturers and some of the points they discussed.

Tucker Viemeister

Guta Moura Guedes, co-founder and president of the Portuguese Biennial ExperimentaDesign Exhibition. She approached the subject of the change in culture at Portuguese companies, which have started to pay close attention to design. “Ideally, people should be approached in a transforming manner. We cannot show more of the same, that is the reason why we invest a great deal in the creation and development of a platform, aiming the global market. There is no doubt that culture is the key factor for social economic growth. Creativity stimulates self-esteem, helps to solve urban problems. Design is still seen in a very strict manner. It is necessary to have a broader view of it, since the creative industry, which encompasses design, is highly changeable and has an international impact”. Rama Chorpash, designer, director of the design course at Parsons New School for Design, with an office in São Paulo specialized in product development. He believes that education is a renewing experience and manual experience cannot be neglected. “Technology cannot be tackled with a single answer”. He also highlighted that Brazil is in the eye of the storm because the United States lost a great part of its manufacturing capacity and regretted it. “Brazil has all it needs to dominate these value and technology variables. But it is necessary to focus on what is being projected, aimed at users and taking into consideration the whole supply chain. Technology can be seen as a product, but also as a tool”.

Creativity stimulates self-esteem, helps to solve urban problems Valentina Croci

70

Stephan Clambaneva, president of the Industrial Designers Society of America (IDSA). He reported that the current goal of IDSA is to address, amongst other subjects, the digital format issues under several perspectives. “It is necessary to think about the intangibility of experiences, product development that can support a wider relation with social and industrial design, incorporating experience. In this social media explosion, what we know, what is filtered, teaches us how to optimize products to create design processes”. Tucker Viemeister, designer, founder of Frog Design and Smart Design offices. He affirmed that digital technologies are adding new capacities to create intelligent things. “I hope for the day when even everyday items have technology to facilitate our lives. Everything that can be digital, eventually will be, so it is necessary to keep up with these new times. Everything will be digital because technology creates faster, cheaper and more intelligent business models. Valentina Croci, Italian architect with a doctoral degree in industrial design sciences. She brought examples of both designers who became known for their projects and how immateriality of ideas can help in less prosperous times. “In Europe, many manufacturing companies are going through serious problems because consumption has dropped. They are undergoing a crisis because they did not plan products for a global market – many times intangible – and that reflect local culture and tradition”.

Fonte: revista Innovation, ano 5, 2012, editada pela Associação Objeto Brasil / Source: Innovation Magazine, year 5, 2012, edited by Associação Objeto Brasil



A escola reflete, repensa e fala de si O curador das ações acadêmicas para a Bienal resume os quatro eventos desenvolvidos. Estiveram em pauta a produção em países de língua latina, a relação entre design e emoção, trabalhos de estudantes e ações de instituições de ensino para interagir com a comunidade The academic activities curator for the biennial exhibition summarizes the four events developed in the occasion. The agenda included the production in countries that speak Latin languages, the relationship between design and emotion, works developed by students and initiatives organized by educational institutions to interact with the community Dijon De Moraes A primeira ação acadêmica na IV Bienal Brasileira de Design, em Belo Horizonte, foi o 4° Fórum Internacional de Design como Processo, em que se abordou o tema Design & Humanismos. O fórum foi mais um encontro temático e científico da Rede Latina de Design, instituída em 2008, durante o congresso internacional Changing the Change, no Politécnico de Turim, como parte da programação da cidade-sede do World Design Capital. O evento buscou averiguar a existência de um fio condutor no design praticado em países de língua e cultura latinas, caso de Itália, França, Portugal, Espanha, Brasil, Argentina, México, Cuba, Chile, Colômbia, Venezuela e Angola. A questão que se coloca, portanto, é se haveria uma identidade comum

entre os países de cultura latina na prática do design. Haveria ícones e signos próprios que os identificassem como sendo um design de origem e cultura latinas? Quais seriam eles e até onde se poderiam delimitar seus contornos próprios para a identificação desse design como sendo de origem latina? Essas foram algumas das questões colocadas durante os encontros da Rede, que foram acolhidos pela Bienal e realizados no auditório da Escola de Arte Guignard, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), entre os dias 20 e 22 de setembro de 2012, em colaboração com o Humanities Design Lab, do Politécnico de Milão, e o Mestrado em Design da Escola de Design da UEMG.


Atraídas pelo instigante debate, cerca de 300 pessoas de vários países e procedências se inscreveram e 80 foram selecionadas por um comitê científico internacional para apresentarem seus trabalhos, pesquisas e reflexões sobre o tema proposto. Para o coordenador geral da Rede Latina de Design, professor Flaviano Celaschi, do Politécnico de Milão, essa edição propôs debater o plano “cultural” dos processos de design. A ideia foi identificar, na relação específica entre design e humanismo (arte, antropologia, estética, neurociência, semiótica, sociologia, história, psicologia do conhecimento e da percepção), uma hipótese promissora a ser ainda consolidada como dimensão inovadora no plano dos conteúdos do projeto e de seus instrumentos cognitivos e operacionais. Entre os keynote speakers, estiveram presentes conceituados estudiosos do Brasil e do exterior. É o caso de Gui Bonsiepe (Universidade de Ciências Aplicadas de Colônia, Alemanha, e Universidade das Américas Puebla, México); Deborah Philips (School of Humanities da Universidade de Brighton, Inglaterra); Silvia Fernandez (Universidade Nacional de La Plata, Argentina); Lucy Niemeyer (ESDI-UERJ/PUC-Rio) e Maria Cecília Loschiavo dos Santos (FAU-USP). Eles levaram aos participantes uma rica reflexão, cada um dentro do seu âmbito de atuação, estudo e pesquisa. Foram seis as seções temáticas que deram suporte ao encontro:

1

Design e Humanismos: uma Confrontação Disciplinar. O design visto como disciplina humana por excelência, cuja dimensão é elemento capaz de contaminar suas práticas e processos.

2

Para um Design Humanístico: Projetar na Diversidade. Experiências de projetos em contextos e temáticas com elevado conteúdo cultural e/ou em que o processo se serviu de uma abordagem humanista.

3

Humanismo Centrado na Inovação. Caminhos e trajetórias para uma melhor integração entre diferentes disciplinas ao longo da cadeia de valor do projeto, por meio de exemplos concretos e pesquisas nos quais as ciências humanas e sociais interceptaram os sistemas de produção e uso.

Design e emoção A segunda ação foi o Seminário Internacional Design e Emoção, em 26 de outubro de 2012, na UEMG. O evento integrou a série de seminários promovidos pelo Centro de Estudos em Teoria, Cultura e Pesquisa em Design – T&C Design, da própria universidade. Todos os anos, o centro publica os resultados de seus encontros em edições bilíngues dos Cadernos de Estudos Avançados em Design. A proposta dos seminários e encontros temáticos, de periodicidade anual, é unir, em torno da trilogia teoria, pesquisa e cultura em design. Grupos de docentes, estudantes, pesquisadores e estudiosos contribuem para o avanço da pesquisa em design, à luz de sua abrangente forma de expressão como cultura material. O objetivo é também promover, adquirir e disseminar conhecimentos em forma de atividade contínua, necessários à pesquisa avançada e ao incremento de novas soluções para o desenvolvimento e debate sobre a cultura material e a pesquisa teórica em design no Brasil e exterior. O tema da última edição, Design e Emoção, formatada exclusivamente para a Bienal, reuniu renomados pesquisadores e estudiosos para refletir sobre essa complexa questão ainda não consolidada no âmbito do design. Para o seminário, em formato de mesa-redonda, foram convidados a jornalista e crítica de design Cristina Morozzi (Fundação Altagamma, Itália), o professor Marco Maiocchi (Politécnico de Milão), a professora Vera Damásio (PUC-Rio), a artista YoungJu Oh (Studio DAdO, Seul /Milão), a consultora Rose Andrade (Associação Brasileira de Estilistas – Abest) e, representando os estudantes, Anderson Horta (Mestrado em Design pela Ed-UEMG). Os palestrantes apresentaram seus estudos e pesquisas, tendo como escopo os fenômenos e as transformações de cenários inerentes à atividade de design, finalizando por aplicar os resultados à prática projetual. Foi dado especial destaque às questões inerentes ao binômio design & emoção – como afetividade, usabilidade, interface, valor de estima e qualidade percebida – dentre vários outros temas que enriqueceram as apresentações para uma plateia sempre curiosa e atenta.

O frescor da produção jovem

4

O Designer Humanista e o Humanista Designer. Análise sobre a existência de perfis profissionais oriundos da hibridação de diferentes práticas, por meio de reflexões de natureza histórico-crítica.

5

esign e Humanismos: a Diversidade Como Identidade. Os D humanistas definem cenários e valores que descrevem os contextos socioculturais, e os projetistas os utilizam como fontes que, à sua vez, influenciam o projeto.

A terceira ação foi a mostra Jovens Designers 2012, coordenada pelo professor Auresnede “Eddy” Pires Stephan e realizada no hall da Escola de Arte Guignard. Foram selecionados os melhores projetos acadêmicos do concurso patrocinado pela FIAT, oriundos de escolas de design presentes do Norte ao Sul do Brasil, desenvolvidos em Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Essas produções demonstram a riqueza e a diversidade de soluções e estética do estudante brasileiro, além de estimularem a formação de novos talentos.

6

Escola Fala de Si Mesma. Dedicada às experiências e pesquisas A da escola anfitriã, a Escola de Design da UEMG, de modo a dar visibilidade a seus conteúdos e criar diálogos com os representantes das comunidades internacionais presentes.

O projeto Open School foi a quarta ação acadêmica. Propôs abrir as portas de várias instituições de ensino de design em Belo Horizonte, entre 10 e 28 de outubro, em busca da interação entre elas e também com a comunidade. Cada uma das instituições de ensino demonstrou suas

73


especificidades e experiências de ensino por meio de workshops, palestras, oficinas e cursos, em um verdadeiro laboratório livre e experimental. Para as coordenadoras do evento, as professoras Bernadete Teixeira e Cristina Abijaode, “os produtos resultantes deram um panorama do olhar das escolas sobre o tema proposto: Universatilidade – Nômades Urbanos”. Trata-se de uma abordagem do design no cotidiano das cidades, na vida e no movimento das tribos urbanas, como diferentes tendências e estilos de vida. As instituições participantes foram a tradicional Escola de Design da UEMG (segunda instituição mais antiga do Brasil), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), FUMEC, UNIBH, Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, Instituto de Arte e Projeto – INAP, Estácio de Sá e UMA. Elas abriram suas portas para alunos e professores viverem uma experiência inédita e inovadora diante da vocação e expertise de cada uma das participantes. Foram oferecidas oficinas criativas de joalheria, mobiliário e moda, mesas-redondas, cursos livres de design de superfície e vários workshops temáticos, além de outras diferentes ações. Entre as palestras que tiveram destaque no projeto, estão as dos designers Flavia de Souza e Marco Zanini, com o tema Cadeiras e Chaleiras, que ocorreram na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes. Os resultados foram apresentados no espaço de mostra e cinemas do Ponteio Lar Shopping, um dos patrocinadores dessa ação. O shopping também abordou as experiências em suas publicações sobre design, em uma perfeita demonstração da importância da busca da necessária interação entre academia, produção e mercado. Pelas parcerias institucionais firmadas, pelas valiosas contribuições dos profissionais inscritos e convidados oriundos de diversas regiões e países, pela presença de estudantes das mais diferentes escolas do Brasil, pelo interesse gerado na comunidade e, particularmente, pelas grandes questões levantadas e discutidas, não estaria exagerando dizer que as ações acadêmicas presentes na IV Bienal Brasileira de Design constituíram-se, sem dúvida, em um marco representativo da evolução das nossas bienais e do próprio design brasileiro.

Design Capital. The event aimed to assess whether there is a common thread in design developed in countries with Latin language and culture, including Italy, France, Portugal, Spain, Brazil, Argentina, Mexico, Cuba, Chile, Colombia, Venezuela and Angola. The question that arises, therefore, is whether there is a common identity among the countries with Latin culture in terms of design practice. Would there be icons and signs that can identify them as design of Latin culture and origin? What are they and where are their boundaries to identify such design as being of Latin origin? These were some of the issues raised during the Design Network meetings, held during the biennial exhibition at the auditorium of the Guignard School of Art, University of Minas Gerais (UEMG), from September 20-22, 2012, in collaboration with the Humanities Design Lab, of the Milan Polytechnic Institute and a Master Course in Design of the Design School of UEMG. Attracted by the instigating debate, approximately 300 people from various countries and origins enrolled and 80 were selected by an international scientific committee to present their work, research and reflections on the theme. According to the general coordinator of the Latin Design Network, Professor Flaviano Celaschi, of the Milan,Polytechnic Institute this edition aimed to discuss the “cultural” plan of the design process. The idea was to identify within the specific relationship between design and humanity (art, anthropology, aesthetics, neuroscience, semiotics, sociology, history, psychology of knowledge and perception), a promising hypothesis to be further consolidated as an innovative dimension in terms of the project content and its cognitive and operational instruments. The keynote speakers included renowned scholars from Brazil and abroad: Gui Bonsiepe (University of Applied Sciences in Cologne, Germany, and University of the Americas Puebla, Mexico); Deborah Philips (School of Humanities, University of Brighton, England); Silvia Fernandez (Universidad Nacional de La Plata, Argentina) , Lucy Niemeyer (ESDI-UERJ/PUC-Rio) and Maria Cecilia Loschiavo dos Santos (FAU-USP). They encouraged the participants to have deep reflection, within their own scope of work, study and research. Six theme sections supported the meeting:

74

The school reflects, 1 rethinks and speaks about itself 2 The first academic initiative at the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition in Belo Horizonte was the 4th International Forum on Design as a Process, which approached Design & Humanities topics. The forum was more than a thematic and scientific event of the Latin Design Network, established in 2008, during the Changing the Change international conference, at Turim Polytechnic Institute, as part of the program of the host city for the World

3

esign and humanisms: A disciplinary confrontation. Design seen as a D human discipline par excellence, whose dimension is an element capable of influencing practices and processes F or an humanistic design: Designing in diversity. Experiments with projects in contexts or with themes featuring high cultural content and/or when the process was based on a humanistic approach umanism centered on innovation. Paths and trajectories for greater H integration between different disciplines throughout the value chain of the project through concrete examples and research in which human and social sciences intercept the use and production systems


4

T he humanist designer and the designer humanist. Analysis of the existence of professional profiles derived from the hybridization of different practices, through historical and critical reflections

5

esign and humanism: Diversity as an identity. Humanists define sceD narios and values that describe socio-cultural contexts, and designers use them as sources that, in turn, influence the project

6

T he school speaks about itself. Dedicated to the experiments and research of the host school, the School of Design at UEMG, in order to give visibility to its content and engage in dialogues with representatives of the international community present at the event.

Design and emotion The second initiative was the International Seminar on Design and Emotion, held on October 26, 2012, at UEMG. The event was part of a series of seminars organized by the Center of Theory, Culture and Research on Studies of Design – T&C Design, held in the university. Every year the center publishes the results of the meetings in bilingual editions of the Supplement of Advanced Studies on Design. The seminars and theme-based meetings held annually aim to unite the trilogy: theory, research and culture of design. Groups of teachers, students, researchers and scholars contribute to the advancement of design research in the light of its comprehensive form of expression as material culture. They also have the goal to promote, acquire and disseminate knowledge as a continuous activity, necessary for advanced research and the creation of new solutions for the development and debate on the material culture and theoretical research on design in Brazil and abroad. The last edition theme – Design and Emotion – devised exclusively for the biennial exhibition, brought together renowned researchers and scholars to reflect on this complex issue not yet consolidated within the scope of design. Guests invited to the round-table seminar included journalist, teacher and design critic Cristina Morozzi (Altagamma Foundation, Italy), Professor Marco Maiocchi (Milan Polytechnic Institute), Professor Vera Damásio (PUCRio), artist YounJu Oh (Studio DAdO, Seoul / Milan), consultant Rose Andrade (Brazilian Association of Fashion Designers – Abest) and representing students, Anderson Horta (Master in Design from Ed-UEMG). The speakers presented their studies and research, within the scope of the phenomena and transformations of scenarios inherent in the design field, finalizing by applying the results to the design practices. Special emphasis was given to issues related to the design & emotion binomial – including affection, usability, interface, esteem value and perceived quality – among many other topics that enriched the presentations for genuinely curious and attentive attendees.

The freshness of the production by the young The third initiative was the 2012 Young Designers show, coordinated by Professor Auresnede Pires Stephan and held in the hall of the Guignard School of Art. The best academic projects of design schools from north to south of Brazil, that took part in this competition sponsored by FIAT, were developed during the Final Course Paper (TCC). These papers show the wealth and diversity of solutions and aesthetics of Brazilian students, in addition to encouraging the development of new talents. The Open School project was the fourth academic initiative. It aimed to open the doors of various teaching institutions of design in Belo Horizonte, from October 10-28, seeking interaction among the schools and also with the community. Each teaching institution showed their specificities and teaching experiences through workshops, lectures and courses in a truly free and experimental laboratory. For the event coordinators, professors Bernadete Teixeira and Cristina Abijaode, “the resulting products provided an overview of how the schools see the theme: Universality – Urban Nomads”. It is an approach to design in cities on a daily basis, in the life and the movement of urban tribes as different trends and lifestyles. The participating institutions were the traditional School of Design of UEMG (second oldest institution in Brazil), Federal University of Minas Gerais (UFMG), FUMEC, UNIBH, Izabela Hendrix Methodist University, Institute of Art and Design – INAP, Estácio de Sá and UMA. They opened their doors so that students and teachers could have a new innovative experience provided by the vocation and expertise of each institution. Creative workshops were offered on jewelry, furniture and fashion, roundtables, free courses on surface design and various theme-based workshops, and several other activities. The keynote lectures in the project were given by designers Flavia de Souza and Marco Zanini, featuring the Chairs and Kettles theme, held at Sala Juvenal Dias at Palácio das Artes. The results were presented at Ponteio Lar Shopping movie theater, one of the sponsors of this initiative. Ponteio Lar Shopping also approached the experiences in its publications on design in a perfect demonstration of how important it is to pursue a quest for the interaction among academies, production and market. Thanks to the institutional partnerships established, the valuable contributions by the enrolled professionals and guests from different regions and countries, the presence of students from different schools in Brazil, the interest generated in the community, and particularly thanks to the big issues raised and discussed, it is no exaggeration to say that the academic initiatives developed during the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition represented undoubtedly a landmark in the evolution of our biennial exhibitions and the Brazilian design itself.

Dijon De Moraes é reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e foi curador convidado para as ações acadêmicas desenvolvidas na IV Bienal Brasileira de Design / Dean of the University of Minas Gerais (UEMG) and was the guest curator for the academic initiatives developed during the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition

75


Incentivo ao novo Foto Anna Ftg

Cerimônia integrante da Bienal, a entrega do III Prêmio SEBRAE Minas Design revelou projetos criativos e viáveis, de profissionais e estudantes, concebidos a partir de seis temas propostos The Ceremony for the III Prize SEBRAE Minas Design, showed viable and creative projects, from professionals and students, conceived from six proposed themes.

Os troféus da premiação The award trophies


O bom design melhora produtos, processos e serviços. Ao inovar, desenvolver cada vez mais sua funcionalidade e adotar preceitos sustentáveis, cria diferencial. Esta é uma palavra estratégica para as empresas enfrentarem o mercado competitivo de hoje, procurando corresponder aos anseios do consumidor, em uma relação ainda mais estreita com ele. Além disso, a aplicação do design estimula as vendas, refletindo no faturamento. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) em Minas Gerais procura disseminar conceitos como os citados junto aos empresários alvo no estado, tendo em vista mantê-los atualizados sobre essa realidade. Uma de suas ações é o Prêmio Sebrae Minas Design, de periodicidade bienal, que chegou à terceira edição em 2012. O anúncio dos vencedores foi realizado no dia 20 de setembro, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, como parte da programação da IV Bienal Brasileira de Design. A partir de um total de 285 trabalhos inscritos, foram premiados 12 dos 45 finalistas selecionados entre 97 projetos classificados. Outra realização da entidade durante o período da Bienal foi o Seminário Internacional de Economia Criativa e Design (veja texto na pág. 82).

Aberta a participantes de todo o país, mas com foco no mercado mineiro, a premiação teve seis temas propostos: Embalagem para Mel; Brindes e Materiais Esportivos; Design Social (Aço); Utensílios para Café; Resíduos; e APLs (Arranjos Produtivos Locais) de Minas Gerais. “É um prêmio jovem, mas pode-se dizer que, nesse caminho, temos encontrado muitos projetos criativos que podem ser viabilizados”, afirma a coordenadora da premiação e analista de Inovação e Sustentabilidade do SEBRAE em Minas Gerais, Andréa Tristão. Exemplos? A miniusina portátil de energia elétrica, a embalagem para mel inspirada na geometria típica do abdômen das abelhas e ainda práticas pazinhas envoltas em café solúvel com notas de especiarias. O júri foi composto pela jornalista Adélia Borges, pelo professor Auresnede Pires Stephan e pelos designers Fábio Mestriner, Ivens Fontoura e Marco Zanini. Eles avaliaram originalidade, concepção formal, inovação tecnológica, adequação ao mercado, viabilidade industrial e impacto ambiental dos projetos. Os trabalhos finalistas foram exibidos, até o final de outubro, em uma mostra virtual do prêmio, na Galeria Arlinda Corrêa Lima, no Palácio das Artes.

Incentive to the innovation Good design improves products, processes and services and, innovation tends to develop more and more its functionality and adopt sustainable principles, creating a differential. This is a strategic word for companies facing today’s competitive market, looking match the desires of consumers in an even closer relationship with him. Furthermore, application of the design encourages sales, reflecting on billing. The Support Service for Micro and Small Enterprises (Sebrae) in Minas Gerais seeks to disseminate concepts as cited to the target-businessmen in the state, in order to keep them updated on this reality. One of its actions is the SEBRAE Minas Design Prize, biennial, which reached its third edition in 2012. The announcement of the winners was held on September 20 at the Palácio das Artes in Belo Horizonte, as part the schedule of the IV Bienal Brasileira de Design. From a total of 285 submissions, 12 of the 45 finalists selected from 97 projects ranked were awarded. The Sebrae MG also realized the International Seminar on Design and Creative Economy. (see text on page 82).

Open to participants from all over the country, but focusing on the Minas Gerais market, the award had proposed six themes: Packing for honey; Gifts and Sporting Goods; Social Design (Steel); Coffee Utensils; Residues; and LPAs (Local Productive Arrangements) of Minas Gerais. “It is a still young award, but it can be said that in the way, we have found many creative and viable projects,” said award coordinator, the Innovation and Sustainability Analyst of SEBRAE in Minas Gerais, Andréa Tristão. Examples? The mini portable electric power station, the package for honey inspired by the typical geometry of the abdomen of honey bees and practices paddles still shrouded in soluble coffee with hints of spices. The jury was composed by the journalist Adelia Borges, by the professor Auresnede Pires Stephan and by the designers Fabio Mestriner, Ivens Fontoura and Marco Zanini. They evaluated originality, formal design, technological innovation, market relevance, industrial viability and environmental impact of the projects. The finalists were displayed until the end of October, in a virtual exhibition, in Galeria Arlinda Corrêa Lima, at Palácio das Artes.

77


Conheça os 11 trabalhos premiados Learn about the 11 winning works CATEGORIA PROFISSIONAL PROFESSIONAL CATEGORY

APLs de Minas (cerâmica vermelha) Cobogós do Cerrado/LPAs from Minas (red ceramics) Cobogós do Cerrado (Cobogós from Cerrado) Iara Aguiar Mol (Belo Horizonte, MG) Elementos vazados, feitos de cerâmica, apresentam padrões baseados na região do cerrado brasileiro. Ceramic hollow elements feature patterns based on the Brazilian “cerrado” region.

Brindes e Materiais Esportivos/ Gifts and Sporting Goods Panoletos Amanda Moreira, Camila Fortes e Denise Schwenck (Belo Horizonte, MG) 78

Com diferentes cores, texturas e padronagens, os amuletos de pano em forma de bicho – produzidos artesanalmente – traduzem a diversidade da fauna brasileira. With different colors, textures and patterns, the amulets cloths in animal shape – handmade – reflect the diversity of the Brazilian faunabrasileira.


Resíduos (madeira) Painel Regen/Regen Panels Bernardo Senna (Rio de Janeiro, RJ) Restos de painéis de madeira de diferentes tamanhos e cores transformam-se em painéis modulares empregados na fabricação de móveis e em decoração. Pequenas cooperativas podem produzi-los.

Remains of wooden panels of different sizes and colors are transformed into modular panels used in the manufacture of furniture and decoration. Small cooperatives can produce them.

Design Social (Aço)/social design Energia Portátil/Portable Power Eduardo Campos Moreira e Belisa Murta (Belo Horizonte, MG) Proposta verde, a miniusina portátil é composta de placas fotovoltaicas, que transformam luz solar em energia elétrica. Green proposal, the mini portable power station is composed of photovoltaic panels, which convert sunlight into electricity.

Utensílios para Café/Coffee Flavors Linha CafeZen/CafeZen collection Ivan Mota Santos (Belo Horizonte, MG) Peças de cerâmica para café, cujos acabamentos, pigmentos e texturas podem variar. Ceramic pieces for coffee, whose finishes, pigments and textures may vary.

79


CATEGORIA ESTUDANTE STUDENT CATEGORY

APLs de Minas MOD – Mobiliário Multifuncional / Multifunctional Furniture) Fernando Henrique Moraes Borges (Turvolândia, MG) Móvel versátil de madeira. Com acessórios, pode ser usado como mesa de jantar, penteadeira, rack, aparador e cabeceira de cama. Wooden versatile furniture. Can be used as dining table, dressing table, rack, dresser or headboard, when using its accessories.

Design Social (aço)/social design Movida Juliana Maria Moreira Soares (São Sebastião, SP) Rampa móvel que pode ser levada por cadeirantes ou seus acompanhantes para possibilitar o alcance a locais de difícil acesso. Wooden versatile furniture. Can be used as dining table, dressing table, rack, dresser or headboard, when using its accessories.

Brindes e Materiais Esportivos/Gifts and Sporting Goods P. monha Hugo Hissashi Hayashi Hisamatsu (Tupã, SP) 80

Carteira produzida a partir de um retângulo de tecido que, dobrado, passa a compor os compartimentos do acessório. Remete à singeleza e brasilidade da embalagem. Wallet produced from a rectangle of fabric, that folded, becomes part of the accessory compartments. Refers to the simplicity and Brazilianness of “pamonha” (Brazilian sweet made from corn).


Utensílios para Café Café Sabores da Colônia/Coffee Flavors from the Colonial Times Ana Carolina de Assis Ribeiro e Fabiana Bergamaschine Giovani (Belo Horizonte, MG) Café solúvel, produzido em Minas Gerais e com notas de especiarias, é apresentado em pequenas pás. A referência foi o período colonial. Soluble coffee, produced in Minas Gerais and with spice flavors, is presented in small paddles. The reference was the colonial period.

Embalagem para Mel/ Honey Package Buzzz... Klivisson Dennison Campelo dos Santos (Campina Grande, PB) Embalagem com estética inspirada na anatomia do abdômen da abelha. Visa a analogia entre o mel e o inseto. Package with aesthetic inspired in the anatomy of the bee’s abdomen. Aims to the analogy between the bees and their product.

Resíduos Brick Samuel Fonseca de Matos (Belo Horizonte, MG) Blocos construtivos encaixados entre si, no sentido horizontal e vertical, que dispensam acabamento. O material é de cerâmica vermelha misturada com resíduos da construção civil. Construction blocks slotted together in horizontal and vertical, which dispenses finishing. The material is a mix of red ceramics and residues from building construction.

81


Economia criativa e design

82

Seminário organizado pelo SEBRAE-MG explora as potencialidades da economia criativa unida ao design. A meta é o desenvolvimento e transformação das empresas Seminar organized by SEBRAE-MG explores the potential of the creative economy linked to design. The goal is the development and transformation of the enterprises


A criatividade é capaz de mudar o mundo. E é isso que propõe a economia criativa. Ela compõe-se de setores com viés cultural e intelectual: literatura e cinema, moda e música, comunicação e publicidade, projetos arquitetônicos e até jogos eletrônicos. E também design. Como este e aquela interagem? Para procurar responder à pergunta, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) em Minas Gerais promoveu o Seminário Internacional de Economia Criativa e Design. Parte da programação da IV Bienal Brasileira de Design, o evento realizou-se em 22 e 23 de outubro de 2012, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte. A palestra de abertura, intitulada O Design Como Poesia Universal, foi proferida pelo designer industrial indiano Satyendra Pakhalé – que considera a profissão de designer “uma expressão do verdadeiro otimismo humano”. No dia seguinte, foram organizadas quatro mesas de discussão com a participação de especialistas do Brasil e do exterior (conheça os participantes no quadro da pág. 85). “Entre outros aspectos, a economia criativa traz benefícios para além dos econômicos, podendo até dialogar com o contexto urbano”, afirma a economista e urbanista Ana Carla Fonseca, curadora do evento. Ela diz ter privilegiado a exposição de exemplos práticos de relações entre design, cultura, empreendedorismo e negócios. A analista do SEBRAE-MG Regina Vieira completa: “Discutimos como o design impacta os negócios criativos, apontando sua formação, a possibilidade de desenvolvimento de iniciativas locais e a diferenciação de produtos”.

O fomento de Blair Foi com o então primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair, empossado em 1997, que o termo economia criativa ganhou força. Durante os 10 anos em que ocupou o cargo, o político adotou medidas para incentivar os diferentes segmentos que compõem esse modelo. Desde então, esse termo espalhou-se pelos cinco continentes. No Brasil, estima-se que a economia criativa é responsável por 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Significa o movimento de cerca de R$ 110 bilhões por ano, de acordo com o Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Além disso, seu mercado formal de trabalho é de 810 mil profissionais no país, equivalente a 1,7% do total de trabalhadores. Há 243 mil empresas nacionais inseridas na economia criativa. Um dos destaques do seminário, o diretor do Design Museum, em Londres, Deyan Sudjic, considera que “o design é um instrumento social e favorece a igualdade entre as pessoas”. Afirma que, ao mesmo tempo, o design pode ser símbolo de luxo e demonstração de status. Já o diretor de Indústrias Criativas e Comércio Exterior de Buenos Aires, Enrique Avogadro, abordou, entre outros assuntos, a implantação dos Distritos Criativos na capital portenha. São bairros onde se fomentam os setores da economia criativa, como o Distrito da Tecnologia. “O que queremos e planejamos é isso: um ambiente diferenciado e inovador, em que os cidadãos se arrisquem a realizar seu potencial”, afirmou ele. O público acompanhou as palestras no auditório da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa Visitors attended lectures at the Luiz de Bessa State Public Library

Do Uruguai, veio a lição da organização sem fins lucrativos Manos Del Uruguay, criada em 1968. Cerca de 280 artesãs trabalham em áreas rurais, gerando renda por meio de trabalhos com lã de ovelha, matéria-prima regional. “A principal contribuição é criar alternativas para que essa população permaneça em seu local de origem, sem precisar migrar”, disse a represetnante da entidade, Elisabeth Sosa.

83


Fotos Ronaldo Guimarães

Creative economy and design Creativity is capable of changing the world. And that is which proposes the creative economy. It is composed of sectors with a cultural and intellectual bias: literature and cinema, fashion and music, communication and advertising, architectural designs and even video games. Also design. And how this and that interact? Trying to answer this question, the Support Service for Micro and Small Enterprises (Sebrae) in Minas Gerais promoted the International Seminar on Design and Creative Economy. The event was held on October 22nd and 23rd, 2012, iat the Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Belo Horizonte. The opening lecture, entitled Design as Universal Poetry was rendered by the Indian industrial designer Satyendra Pakhalé – which considers the design profession “an expression of true human optimism.” The next day, were held four roundtables with the participation of experts from Brazil and abroad (conferencists page. 85).

Foi com o então primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair, empossado em 1997, que o termo economia criativa ganhou força “Among other aspects, the creative economy has benefits beyond the purely economic and can even talk to the urban context,” says the economist and urban planner Ana Carla Fonseca, curator of the event. She claims to have privileged exposure to practical examples of relationships between design, culture, entrepreneurship and business. The analyst from SEBRAE-MG Regina Vieira added: “We discuss how design impacts the creative business, pointing its formation, the possibility of developing local initiatives and product differentiation.”

The stimulus from Blair

84

It was with the Prime Minister in office of the UK Tony Blair, who assumed the position in 1997, that the term creative economy gained strength. During the 10 years that he held office, the Minister adopted measures to encourage the various segments that make up this model. Since then, the term has spread across the five continents. In Brazil, it is estimated that the creative economy accounts for 2.7% of Gross Domestic Product (GDP). Means the movement of approximately R$ 110 billion per year, according to FIRJAN, Federation of Industries of the State of Rio de Janeiro. Moreover, its formal labor market is of 810 thousand professionals in the country, equivalent to 1.7% of the total workforce. There are 243.000 companies incorporated in the national creative economy. One of the highlights of the seminar, the director of the London Design Museum, Deyan Sudjic, believes that “design is a social instrument and promotes equality among people.” He states


that, at the same time, the design can be a symbol of luxury and status statement. The director of Creative Industries and Foreign Trade of Buenos Aires, Enrique Avogadro, addressed, among other issues, the implementation of Creative Districts in Argentina’s capital Buenos Aires. The neighborhoods are the places where they stimulate the creative sectors of the economy, as the District of Technology. “What we want and plan is a differentiated and innovative environment, where citizens take the chance to realize their potential,” he said. From Uruguay came the lesson from the nonprofit organization Manos Del Uruguay, established in 1968. About 280 artisans work in rural areas, generating income working with sheep wool, regional raw material. “The main contribution is to create alternatives for this population to remain in their place of origin, without migrating,” said a representative of the entity, Elisabeth Sosa.

A palestra de Rasmus Wiinstedt Tscherning. Na pág. ao lado, de cima para baixo, Ana Carla Fonseca, Deyan Sudjic e Waldick Jatobá Lecture delivered by Rasmus Wiinstedt Tscherning. On the other page, from top to bottom, Ana Carla Fonseca, Deyan Sudjic and Waldick Jatobá

CONHEÇA TODOS OS PALESTRANTES • Ana Carla Fonseca, Curadora, da empresa

Garimpo de Soluções/Curator, from Garimpo de Soluções • Deyan Sudjic, Diretor do Design Museum, em Londres/Director of the London Design Museum • Dijon de Moraes, Reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)/Dean of the Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) • Eliane Parreiras, Secretária de Estado da Cultura/Secretary of the State for Culture • Elisabeth Sosa, Presidente da organização Manos del Uruguay, no Uruguai/President of Manos del Uruguay, Uruguay • Enrique Avogadro, Diretor de Indústrias Criativas e Comercio Exterior de Buenos Aires/ Director of Creative Industries and Foreign Trade of Buenos Aires • Gisela Schulzinger, Diretora de Capacitação Empresarial da Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign)/Director of corporate training of the Brazilian Association of Design Companies (Abedesign) (moderação/moderation) • Kelly Berman, Gerente do evento sul-africano Design Indaba/Manager of the event South African Design, Indaba. • Luiz Márcio Pereira, Diretor Técnico do Sebrae-MG /Technical Director of Sebrae-MG

It was with the Prime Minister in office of the UK Tony Blair, who assumed the position in 1997, that the term creative economy gained strength Fonte: assessoria de comunicação do SEBRAE-MG/Source: press office of SEBRAE-MG

• Marco Antônio Cunha Rodrigues, Subsecretário da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico/Secretary of the State Department for Economic Development (moderação/moderation) • Marie Pok, Diretora do Centro de Imagens Grande Hornu, na Bélgica/Director of imaging Gran Hornu in Belgium •M ax Reichel, Proprietário da empresa Oppa Móveis /Owner of the Brazilian company Oppa Móveis • Oriol Pibernat, Diretor e Professor do Centro Universitário de Design e Arte de Barcelona/ Director and Professor of the University Center for Design and Art, Barcelona

85


joias:

do histórico ao contemporâneo Com o nome advindo da união de petra e aurum – pedra e ouro em latim –, a mostra paralela PetrAurum apresentou 200 joias nacionais e de outros países. O objetivo foi discutir sobre a construção de uma identidade brasileira para o design do segmento With a name that resulted from joining petra and aurum – stone and gold in Latin – the concurrent PetrAurum show exhibited 200 national and international pieces of jewelry, aiming to discuss the construction of a Brazilian identity for this design segment da redacão

O ouro, a prata e as pedras preciosas fazem parte da história do Brasil desde as origens. Sua exploração começou na época do Brasil Colônia, desenhando estradas de descoberta. Hoje, o país tornou-se um dos maiores produtores de pedras preciosas do mundo em quantidade, variedade e qualidade. É rico em diamante, opala, água-marinha, esmeralda, alexandrita, ametista, ágata, citrino, topázio e turmalina. O design de joias vem explorando de forma inventiva essa abundância, como foi possível observar na mostra PetrAurum – A construção de uma Identidade para a Joia Brasileira, durante a IV Bienal Brasileira de Design, realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. Com a curadoria do reconhecido joalheiro Manoel Bernardes, baseado em Minas Gerais, o evento mostrou uma retrospectiva histórica do acervo de joias do Instituto Brasileiro de Gemas & Metais Preciosos (IBGM), desde os anos 1990. Além disso, foram expostas peças estrangeiras e brasileiras

premiadas pelo concurso AuDITIONS, promovido pela mineradora AngloGold Ashanti no país desde 2000. O total contabilizou 200 trabalhos. A mostra foi organizada em quatro vertentes agrupadas por salas. Na primeira, Brasileiro da Gema, exibiu-se uma seleção de trabalhos de participantes do prêmio IBGM de Design, divididos em três grupos: formas contemporâneas, decisivas como fator de aprovação internacional; harmonia das cores, combinando a exuberante variedade de gemas no Brasil; e a natureza como fonte inspiradora. Na sala Desafio e Ousadia, o destaque foi para o prêmio AuDITIONS. “A sensualidade revela-se como tema, um elogio explícito à mulher como meio de expressão da joia em forma de vestimenta”, ressaltou o curador. “A partir dos estereótipos brasileiros, a premiação evoluiu para uma proposta mais cosmopolita, retratando questões relevantes da

Na pág. ao lado, no alto, par de anéis Prece, de Lídia Mara Pereira Abrahim. No centro, imagens do colar Kaxinawa, de Juliana Faria, e do anel Acapu, de Cláudia Matandos. Abaixo, Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, onde ocorreu a mostra On the next page, at the top, a pair of Prece rings by Lídia Mara Pereira Abrahim. On the center, Kaxinawa necklace by Juliana Faria, and Acapu ring by Cláudia Matandos. Below, Museu de Artes e Ofícios in Belo Horizonte, where the show was held


Fotos Alberto Wu

sociedade, estimulando a inovação de linguagens e tecnologia e permitindo a projeção do país em nível mundial, contribuindo com a construção de nossa identidade”. A terceira sala foi dedicada aos Diálogos com África do Sul, China e Índia, onde o AuDITIONS também é realizado. Revelaram-se projetos vencedores nesses países. “Cada joia é talento individual e também fruto da expressão coletiva. Promover um diálogo entre peças vencedoras de cada um desses concursos permite reconhecer a força da identidade de cada cultura, a maior ou menor influência do passado e das tradições, além de perceber o quanto as linguagens são distintas e cosmopolitas”, escreveu Bernardes. A última sala abordou o desafio da construção da identidade brasileira no segmento, com a incorporação de influências das culturas fundadoras do país e a inserção no ambiente global contemporâneo. “A construção da identidade do design brasileiro passa por questões abrangentes. Ao contribuir para esse processo, o design de joias precisa transpor o desafio da reprodução de nossas riquezas, do uso meramente estético das referências culturais europeias e criar uma nova perspectiva para promover nossa inserção no mundo, sem perder nossa alma”, escreveu o curador. “Minerais na terra e na alma. Ouro e gemas fazem parte da história e ajudaram a moldar a cultura de Minas. As de reconhecimento mundial e as raras, particularmente pedra-sabão e topázio imperial. De tanto fazer do bruto, arte, aprendemos o mistério da síntese”.

87


Jewels: from historical pieces to contemporary ones With a name that resulted from joining petra and aurum – stone and gold in Latin – the concurrent PetrAurum show exhibited 200 national and international pieces of jewelry, aiming to discuss the construction of a Brazilian identity for this design segment. Gold, silver and precious stones have been part of the history of Brazil since its origins. They began to be extracted during the Brazil Colônia period, paving the roads of discovery. Today, the country is one of the largest producers of gemstones in the world in quantity, variety and quality. It is rich in diamond, opal, aquamarine, emerald, alexandrite, amethyst, agate, citrine, topaz and tourmaline. Jewelry design has been exploring this abundance inventively, as observed in the PetrAurum show – The construction of an identity for the Brazilian Jewelry, during the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition held at the Museum of Arts and Crafts in Belo Horizonte. Curated by the renowned jeweler Manoel Bernardes, based in Minas Gerais, the event showed a historical retrospective of the jewel collection owned by the Brazilian Institute of Gems & Precious Metals (IBGM) since the 1990s. Additionally, there was an exhibition of 200 foreign and Brazilian award winning pieces of the AuDITIONS competition, organized by AngloGold Ashanti mining company in Brazil since 2000.

Fotos Alberto Wu

The exhibition was divided into four groups in different rooms. The first, the Brazilian Gem, showed a selection of works designed by participants in the IBGM de Design award, divided into three groups: contemporary forms, a decisive factor for international approval; harmony of colors, combining the exuberant variety of gemstones from Brazil; and nature as a source of inspiration.

The Challenge and Dare room highlighted the AuDITIONS award. “Sensuality is revealed as a theme, paying women a compliment as a means of expression of the jewel shaped as apparel”, said the curator. “Based on Brazilian stereotypes, the award evolved into a cosmopolitan proposal, depicting relevant issues of society, stimulating the innovation of languages and technology and allowing the promotion of the country at a global level, contributing to the construction of our identity”. The third room was dedicated to the Dialogues with South Africa, China and India, where the AuDITIONS competition was also held, showcasing winning projects in these countries. “Each piece of jewelry is an individual talent and also the fruit of collective expression. The promotion of a dialogue between winning pieces from each of these competitions allows us to recognize the strength of the identity of each culture, the greater or lesser influence of the past and traditions, and also realize how languages are distinct and cosmopolitan”, wrote Bernardes. The last room focused on the challenge of building the Brazilian identity in the segment, with the incorporation of influences from the founding cultures of the country and the insertion into the contemporary global scope “The construction of the Brazilian design identity involves comprehensive issues. When contributing to this process, the jewelry design needs to overcome both the challenge of reproducing our wealth and the merely aesthetic use of European cultural references while creating a new perspective to promote our inclusion in the world, without losing our soul”, wrote the curator. “Minerals in the land and soul. Gold and gems are part of history and have helped shape the culture of Minas Gerais. Those worldwide recognized and those rare stones, especially soapstone and imperial topaz. By transforming the crude into art, we learned the mystery of synthesis”.

À esq., colar criado por Baldassare Peixoto; mais à esq., colar Beija-flor do Pantanal, de Cláudia Lamassa, e anel Pérola Mágica de um Tesouro Naufragado, design Mauro Turbuk On the left, necklace created by Baldassare Peixoto, further to the left, Beija-flor do Pantanal necklace, by Claudia Lamassa, and Pérola Mágica de um Tesouro Naufragado ring, designed by Mauro Turbuk

88


Fotos Alberto Wu

Bustiês A Teia da Vida; à esq., de Renata Bessa, e Caso de Amor, ao centro, de Fernanda Barcellos; além do bolero Kilimanjaro, concebido por Fernando H. Sá Motta A Teia da Vida bustier, by Renata Bessa and Caso de Amor, in the middle, by Fernanda Barcellos, and Kilimanjaro bolero, designed by Fernando H. Sá Motta

Pulseiras Ortilla, ao fundo, à esq., de Caroline Galvão, e COSMOpolitan, de Paulo Armando; além do colar desenhado por Dulce Goëttems e dos brincos Dritrysia, de Caroline Galvão Ortilla bracelets, in the background to the left, by Caroline Galvão, and COSMOpolitan, by Paulo Armando, in addition to the necklace designed by Dulce Goettems and Dritrysia earrings, by Caroline Galvão

89


Design e tecnologia em pauta


Quem buscava informações antenadas na IV Bienal Brasileira de Design encontrou-as no seminário Design e Tecnologia, realizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. A partir do tema Diversidade Brasileira, renomados profissionais revelaram seus pensamentos acerca dos caminhos do design e artesanato. A série foi uma extensão da mostra principal, Da Mão à Máquina, com curadoria de Maria Helena Estrada. Acompanhe o resumo das apresentações Those seeking up-to-date information during the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition found it at the Design and Technology seminar, held at Palácio das Artes in Belo Horizonte. Based on the Brazilian Diversity theme, renowned professionals revealed their thoughts about forms of design and crafts. The series was an extension of the main show, From Hands to Machine, curated by Maria Helena Estrada. Below you can find the summary of some presentations da redação

91


Fotos Jorge Lopes

Acima, à dir., elementos produzidos a partir de impressão 3D. Na pág. anterior, um equipamento similar

Above on the right, elements produced with 3D printing. On the previous page, similar equipment

O futuro presente da impressão 3D

The present future of 3D printing

Com visão de vanguarda, o designer carioca Jorge Lopes enfocou Emergent Technologies, caso da impressão 3D. Ele mostrou como qualquer pessoa pode, por meio dela, reproduzir o que quiser, de eletrodomésticos a carros. Mais empregados no exterior, esses equipamentos constroem objetos depositando sucessivas camadas de materiais como plástico, cerâmica e metal. Isso possibilita o desenvolvimento de produtos finais de forma prática e acelerada, além de protótipos. Estes são empregados por empresas dos segmentos de calçados e embalagens, de eletrônicos e veículos, entre outros.

With a vanguard vision, designer Jorge Lopes from Rio de Janeiro focused on Emergent Technologies, which included 3D printing. He showed how it is possible to reproduce anything by using this technology, from home appliances to cars. More used abroad, this kind of equipment builds objects by depositing successive layers of materials such as plastic, ceramic and metal. This enables the development of final products and prototypes in a practical and fast manner. These products are used by manufacturers of footwear, packaging, electronics, and vehicles.

92

“Uma das novidades nesse mercado são as ‘fábricas particulares’”, comentou Lopes. Com elas, o consumidor pode imprimir produtos como bijuterias, luminárias e relógios. “Já existem impressoras de baixo custo, com as quais, por exemplo, crianças podem criar seus próprios brinquedos”. À primeira vista, parece cena de ficção científica, mas não: trata-se de uma revolução em marcha.

“A new feature in this market is the ‘private factories’”, said Lopes. With them, the consumer can print products such as jewelry, lamps and watches. “There are printers available at low cost, which can be used by children to create their own toys”. At first glance, it seems a science fiction scene, but it is not the case: it is a revolution underway.


Design and crafts: a combination that bears fruit Despite the globalization of the world, traditions of regional cultures still endure. Crafts, for example, are a rich expression of the identity of a people. Aiming to combine them with design, designer Renato Imbroisi and architects Tina and Lui (respectively, Maria Cristina de Azevedo Moura and Ana Luisa Lo Pumo) presented the Drawing Fibers project. The initiative enhances the work of artisans in different Brazilian and foreign regions, enabling them to have financial autonomy and to highlight their local production.

Design e artesanato: encontro que dá frutos Apesar do mundo globalizado, a tradição das culturas regionais resiste ao tempo. O artesanato, por exemplo, é uma rica manifestação da identidade de um povo. Com a proposta de uni-lo ao design, o designer Renato Imbroisi e as arquitetas Tina e Lui (respectivamente, Maria Cristina de Azevedo Moura e Ana Luísa Lo Pumo) apresentaram o projeto Desenho de Fibras. A iniciativa valoriza o trabalho de artesãos em diferentes regiões do país e também no exterior, permitindo-lhes ter autonomia financeira e destacar o fazer local. O êxito dessa produção no Brasil resultou em convites para os designers aplicarem e disseminarem ação semelhante em cidades de Moçambique e São Tomé e Príncipe, na África. A proposta partiu das fundações Lumumba e Aga Kahr. A capacitação das comunidades africanas intersecionou processos de design e diferentes técnicas: tecelagem, renda, cestaria, bordado, estamparia e crochê. Peças de vestuário e bijuterias, cestos e móveis, entre outros itens, empregaram matérias-primas locais, como fibras de coqueiro e bananeira, além de prata, madeira e até restos de pneus. Outro exemplo foi a criação de brinquedos, a partir de resíduos encontrados na savana, para crianças da cidade moçambicana de Pemba, que mal tinham acesso a peças lúdicas. De volta à realidade nacional, o design brasileiro, segundo Lui, está arraigado no artesanato. “A questão é que o artesanato foi mal interpretado no passado, mas, hoje, a visão do profissional já observa o potencial da cultura regionalista”, analisou ela.

As a result of this successful production in Brazil, the designers were invited to implement and disseminate similar initiatives in cities in Mozambique and Sao Tome and Principe, Africa. The proposal came from Lumumba and Aga Kahr foundations. The qualification of the African communities combined design processes and different techniques: weaving, lacework, basketry, embroidery, printing and crocheting. Clothes, costume jewelry, baskets and furniture, among other items, were made from local raw materials such as coconut fiber and banana tree fiber, in addition to silver, wood and even scraps of tires. Another example was the creation of toys made from residues found in the savannah, for children living in Pemba, Mozambique, who barely had access to any plaything. Back to the national reality, according to Lui, Brazilian design is rooted in crafts. “The point is that crafts were misunderstood in the past, but today, professionals can see the potential of regionalist cultures”, she said.

Peças artesanais desenvolvidas pelas arquitetas Tina e Lui com comunidades de artesãos

Handicrafts designed by architects Tina Lui and a set produced together with artisan communities

93


A marca das The brand of sensações, a força sensations, the da natureza force of nature Inspirar, emocionar, superar desafios, atingir diversos públicos, quebrar paradigmas e entrar para a história dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Assim o designer Fred Gelli, da Tátil Design de Ideias, definiu o briefing da construção das marcas para os eventos esportivos que ocorrerão no Rio de Janeiro, em 2016.

Inspiring, exciting, overcoming challenges, reaching diverse audiences, breaking paradigms and going down in history of the Olympic Games and Paralympic Games. That is how designer Fred Gelli, of “Tátil Design de Ideia”s, defined the briefing on building brands for the sports events that will take place in Rio de Janeiro in 2016.

A disputa para a elaboração das marcas foi bastante concorrida. Das 139 agências de design e publicidade, oito foram finalistas. “A empresa venceu porque inovou em marcas com volumes, texturas e sons”, considerou Gelli. “Sendo universais, puderam ser experimentadas, despertando sensações”. Ele reforçou que o trabalho para as Olimpíadas foi pensado como um enorme abraço dos povos, atletas e culturas, traduzindo ainda o jeito de ser carioca, além da paixão e transformação de um país inteiro. “É um símbolo para inspirar as pessoas”. Com relação à marca dos Jogos Paraolímpicos, o conceito foi desenvolvido para simbolizar o espírito em movimento, traçando uma trajetória evolutiva e cíclica. A inspiração veio de um coração pulsante, que representa a igualdade entre todos.

The race for their development was quite tough. Eight out of 139 advertising and design agencies were finalists. “The company won because it innovated with brands in terms of volumes, textures and sounds”, said Gelli. “Being universal, they could be experienced, producing sensations.” He pointed out that the work for the Olympics was thought of as a huge embrace of peoples, athletes and cultures, also translating the Carioca way of being, in addition to the passion and transformation of an entire country. “It is a symbol to inspire people.” The concept of the Paralympic Games brand was developed to symbolize the spirit in motion, tracing an evolutionary and cyclical trajectory. The inspiration came from a beating heart, which represents equality among all people.

Em seguida, o profissional abordou um tema que, cada vez mais, ganha destaque na área do design: a biomimética. Trata-se da disciplina que transpõe processos inteligentes identificados na natureza para produtos e serviços. Sua essência está em olhar para diferentes formas de vida e aprender com sua sabedoria. “A evolução natural aperfeiçoou soluções para atrair, embalar, proteger, e economizar energia, entre outras capacidades”, analisa Gelli. É ótima inspiração, portanto, para designers desenvolverem projetos variados, do esporte ao bionegócio, da arquitetura ao design.

Then Gelli discussed a topic that is growing in importance in the design field: biomimetics. It is the discipline that implements intelligent processes identified in nature into products and services. Its essence consists of analyzing different ways of life and learning from their wisdom. “The natural evolution perfected solutions to attract, pack, protect, and save energy, among other capabilities”, says Gelli. Therefore it is a great inspiration to designers to develop different projects, from biobusiness to sports, from architecture to design.

Marcas das Olimpíadas 2016 e dos Jogos Paraolímpicos, criação de Fred Gelli com sua empresa, a Tátil Design 2016 Olympic and Paralympic Games brands, created by Fred Gelli at his company, Tátil Design

94


À dir, ventilador Spirit e, abaixo, carteira escolar inclusiva, projetos de Guto Indio da Costa

Below, a school desk that can be used by both wheelchair users and children without special needs designed by Guto Indio da Costa

Some stories on innovation Carioca designer Guto Indio da Costa showed in The Transformation Challenges of the Brazilian Industry how he used innovation as an advantage in his projects. One of his first products to receive international awards was Spirit, a ceiling fan. “The work was developed for a manufacturer who wanted to diversify his business of VCR tapes, which were obsolete at the time”, he explained. With two blades and innovative design, the production of the fan reduced the use of raw material and sold more than 250,000 pieces. The designer exhibited other award winning products designed by his office – Indio da Costa A.U.D.T: Aladdin thermos bottle; the furniture and urbanization project on the shores of Rio de Janeiro, with kiosks in seven beaches; home appliances for Dako brand; Carrapixxxo bookshelves and modular system; and a school desk that can be used by both wheelchair users and children without special needs. These examples show the transformation of a small agency into one of the most renowned design firms in the country.

Histórias de inovação O designer carioca Guto Índio da Costa mostrou, em Os Desafios da Transformação da Indústria Brasileira, como fez da inovação o trunfo de seus projetos. Um dos primeiros a ter premiações internacionais foi o ventilador de teto Spirit. “O trabalho foi para uma fabricante de fitas de videocassete, então em desuso, que desejava diversificar”, explicou. Com duas pás e design diferente do encontrado no mercado, o produto, que reduziu o emprego de matéria-prima, vendeu mais de 250 mil peças. O designer expôs outras criações premiadas de seu escritório, o Indio da Costa A.U.D.T: a garrafa térmica da Aladdin; o projeto de urbanização e mobiliário da orla carioca, com quiosques em sete praias; os eletrodomésticos para a marca Dako; o sistema de módulos e estantes Carrapixxxo; e uma carteira escolar inclusiva, que pode ser usada tanto por cadeirantes como por crianças sem necessidades especiais. São exemplos que apontam a transformação de uma pequena agência em um dos mais conceituados escritórios de design do país.

95


Design para tudo, para todos

Design for everything, for everyone

Designer que atua segundo os conceitos do Design For All (design para todos), a designer italiana Avrill Accola apresentou esse conceito: “o objetivo do Design for All é o de atender e dar respostas à diversidade humana, sobretudo no que diz respeito à inclusão social e à igualdade”.

Director of Design for All in Italy, Avril Accola, designer, presented the DfA concept: “It is the intervention in the environment, products and services so that everyone can participate in the construction of society, regardless of sex, age, ability or culture, including future generations.

O projeto visa a diversidade humana, inclusão social e a igualdade, tendo em vista o envolvimento dos usuários finais em cada estágio do processo de design para traçar estratégias e vencer obstáculos.

The project is aimed at human diversity, social inclusion and equality, in view of the involvement of end users at every stage in the design process to plan a series of actions and overcome obstacles.

Essa abordagem holística e inovadora constitui, segundo Accola, um desafio criativo e ético para urbanistas, designers, empresários, administradores e líderes políticos. “O ambiente construído, os objetos do cotidiano, serviços, a cultura e informação – tudo o que é projetado e feito por pessoas para ser usado por pessoas – devem ser acessíveis e convenientes para todos”, completou.

This holistic innovative approach is, according to Accola, a creative and ethical challenge for town planners, designers, entrepreneurs, administrators and political leaders. “The built environment, everyday objects, services, culture and information – everything that is designed and made by people to be used by people – must be accessible and convenient for everyone”, she said.

“O design é o ponto de encontro entre visão, tecnologia e criatividade. E no impulso global em direção a uma economia criativa adquire, cada vez mais, responabilidade. Designer. Não é apenas uma profissão” Rodrigo Rodriquez “Design is the crossing point between vision, technology and creativity. And in the global drive towards a creative economy it takes on greater responsibility. Designer. Not only a profession.” R. Rodriquez

96

A meta de estar na frente

The goal of being at the forefront

Em Gestão para a Liderança em Empresas Design Oriented, o empresário italiano Rodrigo Rodriquez trouxe a debate as novas exigências do mercado para construir uma empresa competitiva. Ele é vice-presidente da Flos, membro da entidade italiana Cofindustria, presidente da Material ConneXion Italia e expert em gestão de design. Uma necessidade premente, segundo Rodriquez, é obter uma liderança interna de qualidade – pré-requisito para o aumento da capacidade criativa dos funcionários e a melhora no rendimento.

The Management for the Leadership in Design-Oriented Companies lecture by the Italian businessman Rodrigo Rodriquez debated on the new market requirements to build a competitive company. He is the vice-president of Flos, member of Confindustria, Confederation of Italian Industries, president of Material ConneXion Italia and an expert in design management. A pressing need, according to Rodriquez, is to obtain qualified internal leadership – a prerequisite for increasing the creative capacity of employees and improving performance

“O desenvolvimento de habilidades e o estímulo a um ambiente saudável e inventivo trazem resultados positivos para lucrar com a produtividade individual”, analisou. Para competir no mercado, sobretudo o de design, é preciso saber lidar com um cenário de mudanças e liderar pessoas.

“The development of skills and the encouragement to a healthy and inventive environment produce positive results to profit from individual productivity”, he said. To compete in the market, especially in the design field, we need to be able to cope with a changing scenario and to lead people.


O papel da reciclagem é fundamental O paulistano Nido Campolongo, referência em trabalhos com papel, apresentou a palestra Redesign e Sustentabilidade. O designer, cenógrafo e artista abordou sua trajetória, iniciada na tipografia do pai e baseada em uma produção a partir da reciclagem do papel. Nos anos 1970, passou a pensar em soluções para aplacar uma crise por que a empresa passava, explorando novas formas de uso do papel – como a elaboração de sacolas para a Satori. Nos anos 1990, investiu no universo do design, ao projetar interiores. Na década seguinte, realizou trabalhos na América do Sul e Europa, além de estabelecer parcerias com empresas como Natura, Unilever, Klabin e Banco Itaú. Depois desse sucesso, o designer começou a trabalhar com projetos sociais em presídios, produzindo, por exemplo, sacolas feitas de papelão industrial descartado. O forte apelo estético e a qualidade das sacolas levaram a Natura a adotá-las em alguns de seus segmentos de cosméticos. Diante das inúmeras possibilidades, o designer enveredou ainda na criação de tramas com resíduos para compor tecidos, forros, móveis e instalações. Nido considera o papel não somente um material facilmente renovável, mas um elemento da própria identidade brasileira. Para ele, o design nacional é essencialmente artesanal. “Quando existe, a relação do designer com o artesão deve ser mais bem conduzida, evitando a imposição”, advertiu. “É importante que todo projeto tenha confluência entre os envolvidos para que haja um bom resultado”.

Acima, poltrona Cantoneiras (2001) e, abaixo, à esq., mesa Cone (2008), criações de Nido Campolongo

Above, Cantoneiras armchair (2001) and below, on the right, Cone table (2008), designed by Nido Campolongo

The role of recycling is essential Nido Campolongo, from São Paulo, well-known for his paper work, presented a lecture on Redesign and Sustainability. The designer, scenographer and artist approached his career, which began at his father’s typography business and was based on producing from recycled paper. In the 1970’s, he started to look for solutions to ease a crisis the company was going through, exploring new ways to use paper – such as manufacturing bags for Satori. In the 1990’s he invested in the world of interior design. In the following decade, he worked in South America and Europe, and established partnerships with some companies including Natura, Unilever, Klabin and Banco Itaú. Due to the success of his work, the designer began to work with social projects in prisons, producing, for example, bags made from discarded cardboard. Because of the strong aesthetic appeal and the quality of the bags, Natura adopted them for some of its cosmetics divisions. Given the numerous possibilities, the designer also embarked on weaving residues to form fabrics, linings, furnishings. 97

Nido considers paper not only an easily renewable material, but also an element of the Brazilian identity. For him, Brazilian design is essentially handmade. “When there is a relationship between the designer and the artisan, it should be better developed, avoiding imposition”, he said. “It is important to establish a good rapport among the people involved in each project so there is a good result.”


A Gente Transforma: ações sociais O designer paulista Marcelo Rosenbaum apresentou o projeto social A Gente Transforma, que inicialmente promoveu a requalificação urbana do Parque Santo Antônio, bairro periférico de São Paulo. A iniciativa de sua autoria alinha-se com o conceito do morar para além do espaço físico e da estética do objeto. O habitar e o design são interpretados sob um recorte dos valores de brasilidade, autoestima, cultura popular, memória e inclusão. “O A Gente Transforma mergulha nas culturas que formam o Brasil, na mistura de raças, nas raízes ancestrais”, explicou. A ação foi iniciada em meados de 2010. A partir desse período, o designer passou seis meses em busca de entidades públicas e privadas para multiplicar o projeto Brasil afora. Conseguiu. O alvo da segunda iniciativa foi uma comunidade de Várzea Queimada, no sertão do Piauí. Conhecida como um dos lugares mais áridos do país, com nove meses de seca por ano, a cidade apresenta poucas oportunidades de trabalho à população. Essa comunidade, escolhida por Rosenbaum, passou por uma revolução. O projeto apostou no acervo

98

de técnicas artesanais que estavam esquecidas. Antigos saberes foram resgatados e serviram de inspiração para criar uma coleção exclusiva, esteticamente avançada e produzida em parceria com as artesãs e artesãos locais. Peças produzidas com palha de carnaúba são uma atividade tipicamente feminina. Os homens lidam com a borracha, reciclando pneus e, agora, criam joias e peças de decoração com o material. Segundo Rosenbaum, a distância entre Várzea Queimada e uma cidade moderna não pode ser medida em quilômetros, porque se trata de uma “separação de tempo”. Intitulada Toca, a coleção de peças desenvolvidas no lugar ganhou o Brasil e foi lançada internacionalmente em 2012, na exposição Fronteiras, em Milão, no período do Salão Internacional do Móvel. Também foi tema da edição primavera verão 2012/2013 do São Paulo Fashion Week, maior evento da moda nacional. “Tudo foi feito para desmistificar o trabalho de artesanato brasileiro e mostrar a importância e o valor dessa produção”, finalizou Rosenbaum.


Fotos Tatiana Cardeal

Rosário com bolas de borracha reciclada de pneus, desenvolvido no programa A Gente Transforma (AGT), de Marcelo Rosenbaum, com comunidade de Várzea Grande (PI)

Rosary with beads made from recycled tires, developed in the We Transform (AGT) program by Marcelo Rosenbaum and a Várzea Grande (PI) community

We transform: social initiatives Architect and designer Marcelo Rosenbaum, from São Paulo, presented the “AGT – We Transform”, a social project that enhanced the urban redevelopment of Parque Santo Antônio, a suburb of São Paulo. Rosenbaum’s initiative aligns with the concept of living beyond the physical space and the aesthetics of the object. Dwelling and design are interpreted taking into account the following values: Brazilianness, self-esteem, popular culture, memory and inclusion. ‘We Transform’ delves into the cultures that make up Brazil, the mixture of races, the ancestral roots”, he explained. The project was initiated in mid-2010. Then, the designer spent six months looking for public and private bodies to multiply the project throughout Brazil. He succeeded. The second initiative targeted a community in Várzea Queimada, in the Piauiense hinterlands. Known as one of the most arid places in the country, featuring eight months of drought per year, the city offers the population few job opportunities. This community, chosen by Rosenbaum, underwent

a revolution. The project invested in a number of artisanal techniques that had been forgotten. Ancient knowledge was brought back and provided inspiration for the creation of an exclusive aesthetically advanced collection, which was produced in partnership with local artisans. Making pieces from carnauba straw is a typical female activity. Men work with rubber, recycling tires, and now they create jewelry and decorative pieces using this material. According to Rosenbaum, the distance that separate Várzea Queimada from a modern city cannot be measured in miles, because there is a “gap in time”. Labeled Toca (Burrow), the collection of objects developed locally was successful throughout Brazil and was launched internationally in 2012, in the Frontiers exhibition in Milan during the Salone Internazionale del Mobile. It was also the theme of the 2012/2013 spring-summer edition of the São Paulo Fashion Week, a leading event of the Brazilian fashion industry. “Everything was done to demystify the work of Brazilian handicraft and to show the importance and value of this production”, added Rosenbaum.

99


seção / section

d+D=B Ao observar a soma acima, fica fácil entender a lógica da marca desenvolvida para a quarta edição da Bienal: sobrepostas e com tipografias variadas, duas letras D – de design e diversidade – resultam em diferentes letras B. Elas remetem à característica plural do evento

100

By observing the above sum it is easy to understand the logic of the brand developed for the fourth edition of the biennial exhibition: overlapping and with varied typography, two letters D – for design and diversity – result in different letters B. They refer to the plural feature of the event gustavo greco


seção / section 101

As diferentes logomarcas da Bienal The various Brazilian biennial exhibition logos


Design de Carros no Brasil Automobile Design in Brazil

102

Petraurum Petraurum

O tema da IV Bienal Brasileira de Design foi Diversidade Brasileira. Para a criação da marca dessa edição, foram tomadas como ponto de partida, pela Greco Design, questões relativas ao tema: diversidade dos recursos naturais, produção industrial/artesanal, diferentes ângulos de visão ou abordagem. Era fundamental, portanto, que a marca fosse tão flexível quanto às infinitas possibilidades de manifestações do homem no registro de seu tempo por meio do design. O resultado foi a criação de uma identidade variável, na qual duas letras “D” (uma representando o design, e a outra, a diversidade), de tipos distintos, sobrepunham-se e alternavam-se, formando sempre um “B” (de Bienal). Assim, as escolhas tipográficas representaram os diversos recortes apresentados nas mostras, como joias, mobilidade, trabalho manual, mobiliário e indústria, entre outros, enfatizando a temática. A Bienal teve como objetivo ampliar as referências nacionais e internacionais sobre design e disseminar sua utilização nos meios produtivos

Jovens Designers Young Designers

1 Pessoa 10 Cadeiras 1 Person 10 Chairs

O esquema de formação da logomarca principal e outras quatro destinadas a diversas exposições (também na pág. ao lado)

The development of the main logo and four others aimed at various exhibitions (also on the opposite page)

como ferramenta estratégica para ganho de competitividade e melhoria da imagem da marca Brasil. Deu sequência às discussões das três primeiras edições (São Paulo, Brasília e Curitiba), tendo em vista a ampliação dos focos de atuação de design nos últimos anos. O grande destaque foi a mostra Da Mão à Máquina, um percurso contemporâneo do artesanato à produção industrial. A escolha da serigrafia para impressão do material promocional (pôster e programação) e o uso de papéis especiais resgatam a memória da presença do homem no processo de produção e reforça o tema daquela exposição. Todo esse processo de produção deveria refletir a principal questão levantada pela curadoria: o processo manual e industrial na relação do homem com seus objetos. Após o desenvolvimento da marca e suas variações, era fundamental que o material de comunicação estivesse em consonância com a dimensão do projeto, a ocupação dos espaços expositivos e a cidade de Belo Horizonte como sede do evento.


The theme of the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition was the Brazilian Diversity. For the creation of the brand in this edition, Greco Design took as a starting point issues related to the theme: diversity of natural resources, industrial/handmade production, different angles of view or approach. It was therefore essential that the brand was as flexible as the endless possibilities of manifestations of man throughout the history of design. This resulted in the creation of a variable identity, where two letters “D” (one representing design and the other diversity) in different type, overlapped and alternated, always forming a “B” (standing for Biennial). Thus, the typographic choices represented the various clippings presented in the shows, which included jewelry, mobility, handwork, furniture and industry, emphasizing the theme. The biennial exhibition aimed to expand the frame of national and international references for design and to disseminate its use in productive means

as a strategic tool to gain competitiveness and to improve Brazil brand image. It continued the discussions held during the first three editions (São Paulo, Brasilia and Curitiba), with a view to broadening the focus of activity of design in recent years. The highlight was the From Hand to Machine exhibition, a contemporary journey from handicraft to industrial production. The choice of silkscreen for printing promotional materials (poster and program) and the use of special paper bring back memories of man’s presence in the production process and reinforce the theme of that exhibition. This entire production process should reflect the main issue raised by the curators: the manual and industrial process in the relationship between men and their objects. After the development of the brand and its variations, it was essential that the communication materials were in line with the dimension of the project, the occupation of the exhibition spaces and the city of Belo Horizonte as the host of the event.

103


Para a divulgação e sinalização urbanas, construíram-se os totens “B”, com estrutura de perfil metálico e revestimentos de MDF. Os “Bs” (1,40 x 1,40 x 2,40 m), além de funcionarem como sinalização, pontuavam um percurso na cidade, revelando os locais de exposição da Bienal. Além disso, ao se misturarem com a paisagem urbana, os totens reforçaram a ideia do design presente no cotidiano das pessoas.

104

For the urban signaling and promotion, B-shaped totems were built using a structure with metal profiles and MDF coating. In addition to being used as signs, the “Bs” (1.40 m x 1.40 m x 2.40 m) indicated a route in the city that showed the location where the biennial exhibition was taking place. Moreover, the idea of design present in our daily life was enhanced by mixing the totems with the urban landscape.

Durante o período da IV Bienal Brasileira de Design, totens demarcaram o percurso do design pela cidade de Belo Horizonte


No último dia do evento, a equipe da empresa promoveu um workshop na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes. Uma máquina de serigrafia foi instalada no palco, para que o público tivesse a oportunidade de conhecer de perto a técnica utilizada para a confecção do material gráfico. Alguns participantes foram sorteados para imprimir o próprio cartaz, escolhendo sua combinação de “Ds”, que formava o “B” particular. Com isso, cada um deles pôde interpretar sua representação gráfica da Bienal.

On the last day of the event, the company’s staff held a workshop at Sala Juvenal Dias – Palácio das Artes. A screen printing machine was installed on the stage so that visitors had the opportunity to have a close look at the technique used for the preparation of the graphic material. Some participants were randomly selected to print their own poster, choosing a combination of “Ds” to form a “B”. With this, each one them could interpret their own graphic representation of the biennial exhibition.

Acima e à esq., o workshop realizado no último dia do evento. Abaixo e na pág. ao lado, totens que pontuaram Belo Horizonte

Above, on the left, workshop held on the last day of the event. Below and on the opposite page, totems signaling the locations of the event in Belo Horizonte

105


Na pág. ao lado, uma das cenografias da Bienal, em que fios de juta pendem do teto On the other page, one of the settings at the biennial exhibition, with pieces of jute yarn hanging from the ceiling

paisagens

cenográficas As paisagens de Minas Gerais foram ponto de partida para a cenografia desenvolvida em diferentes mostras que integraram a Bienal. Para traduzir esse visual, empregou-se um material pouco explorado: a juta típica das sacarias de café Minas Gerais landscape was the starting point for the setting developed in different shows that were part of the biennial exhibition. An unexplored material was used to translate this set: typical sack jute for coffee grains Por Marko Brajovic e Carmela Rocha

Pensar a cenografia de uma bienal de design deveria ir muito além de pensar fluxos, materialidades, cores, espacialidades, formas para expor objetos em um espaço predeterminado. Deveria resumir nosso entendimento do fazer design e comunicar nossa atitude como designers perante o mundo. Uma bienal brasileira e uma mostra denominada Da Mão à Máquina deveria ter sua cenografia como amálgama deste conceito e transmitir o mais essencial do design: o processo. Como premissa, deveríamos ter um gesto único que traduzisse todas aquelas questões. A escolha da paisagem como tema, em especial a paisagem modificada pelo homem, em um processo de industrialização, foi

um caminho natural ao entender a importância da cafeicultura para o país e, em especial, para o estado de Minas Gerais, onde a Bienal foi realizada. As paisagens mineiras são, em muito, desenhadas pela cafeicultura, produção que impulsionou o desenvolvimento da industrialização de uma matéria-prima pouco explorada: a juta. Ela é a principal planta utilizada na indústria de sacaria, principalmente para o café. Minas Gerais é um dos principais estados consumidores da sacaria de juta, que, produzida no norte do país, criou uma rota comercial estabelecida entre as duas regiões, produção economicamente importante para estados como Pará e Amazonas.


Foto Jorge Lopes

Escolhemos, então, trabalhar com um material único e forte, que desenha o espaço criando paisagens transcritas do entorno de Belo Horizonte ocupado, com intervenções do homem ou não. O material escolhido, a juta, traz consigo o significado do processo de produção, “da mão à máquina”, desde o plantio até sua industrialização. Material de fácil, mas não óbvia, identificação, a juta da sacaria do café, rústica, foi transformada em design. Design como processo e não somente resultado. Como estratégia de projeto, implementamos um segundo layer de informação que soma-se à materialidade escolhida: transcrevemos a topografia “natural” do entorno de Belo Horizonte para dentro do Palácio das Artes, onde estavam as mostras. Empregamos esta nova camada de informação como base para criar paisagens artificiais que configurariam percursos, espaços, elementos expositivos, em suma, o projeto expográfico. Muitos estudos de ocupação do espaço, com diferentes produtos e subprodutos da juta. foram feitos, como a ocupação da sala com fardos, rolos ou fios. Ao final, na busca de otimização do projeto e necessidade de unificação da linguagem de todo o Palácio, optou-se por trabalhar somente com os fios da juta. Foram criadas quatro estratégias de desenho para quatro situações. Para a mostra Da Mão à Máquina, uma topografia desenhada por fios conectavam os produtos expostos e desenhavam duas paisagens: o Pico da Bandeira e o Rio Jequitinhonha. Fios pendentes completavam a

instalação, trazendo a sinalização dos produtos, integrados à paisagem como se fossem pingos de chuva. Para a mostra Novas Tecnologias, recriamos, por meio de um processo de desenho paramétrico, a Gruta de Maquiné. Fios de juta, transformados em pontos, formaram uma caverna imersiva esculpida no ar para receber a exposição. Luz e som terminavam por desenhar o espaço, convidando o visitante a uma experiência multissensorial. O mesmo conceito de imersão foi trabalhado para a exposição Prêmio Sebrae Minas Design: um túnel construído de fios iluminados, solto no espaço, convidava os visitantes a imergirem no mundo do design e conhecerem os premiados. Uma estrutura solta que remete ao formato de pedras e estruturas da natureza e toma forma pela desconstrução formal de um túnel reto. Por fim, para o palco da premiação Sebrae Minas Design, agregou-se ao mesmo material um processo digital de desenho, estudando visuais e efeitos ópticos, na busca de recriar uma nova percepção. Um furacão de fios, com geometria marcada, dilui-se no jogo de luzes e reflexos gerados pela forma. Na frente da cenografia, uma tela de projeção dialogava com a cenografia, em que as imagens eram projetadas no ar, soltas e integradas a uma coreografia de formas e cores. Imaginário, Identidade, processo produtivo, plantas que geram fios transformados em superfícies complexas, narrativas e, ao mesmo tempo, abstratas.

107


Foto Jorge Lopes

production process, “from hands to machine”, from the planting to the industrialization process. An easily but not obviously identified material, the rustic jute from coffee sacks was transformed into design. Design as a process and not only a result.

Acima, a presença da juta também marcou uma sala destinada a novas tecnologias na mostra Da Mão à Máquina Above, jute was also used in a room displaying new technologies during the From Hands to Machine show

Minas on the scene Planning the setting for a design exhibition should go beyond the plan for flows, materialities, colors, spatialities, ways to exhibit objects in a predetermined space. It should summarize our understanding of how to create design and communicate our attitude as designers to the world. A Brazilian biennial exhibition and a show called From Hands to Machine should have its setting as an amalgam of this concept and convey the key element of design: the process. As a design strategy, a second layer on information is added to the materiality of the project: we transcribe the “natural” topography of the Belo Horizonte surrounding inside the Palacio das Artes, where is located the exhibition. We use that new layer of topographic information to create artificial landscapes that define the circulation, space, exhibition elements and finally the character of the whole exhibition project.

108

Marko Brajovic é designer e cenógráfo. Carmela Rocha é arquiteta e diretora de produção do Atelier Marko Brajovic / Marko Brajovic is an architect, designer and scenographer. Carmela Rocha is an architect and production director at Atelier Marko Brajovic

The landscape in Minas Gerais is very much dominated by the coffee industry, a production that fostered the industrialization process of a raw material that is not often explored: jute. This is the main plant used by the sack industry, especially for coffee. Minas Gerais state is one of the major consumers of jute sacks, which has created a trade route between the northern and southeastern regions in Brazil – an economically important production for some states such as Pará and Amazonas. We therefore chose to use a strong unique material that creates landscapes into the space based on Belo Horizonte surroundings either with human intervention or not. The chosen material, jute, carries the meaning of the

As a design-based strategy, a second layer was added to the chosen materiality: the more “natural” topography that surrounds Belo Horizonte was brought into Palácio das Artes, where the shows were held. It was used as a base to create artificial landscapes which would constitute pathways, spaces, exhibit elements, in short, the exhibition project. Many studies were carried out on space occupation using different jute products and by-products, including filling in the room with bales, rolls or yarn. In the end, aiming to optimize the project and fulfill the need to unify the language used throughout Palácio das Artes, our choice was jute yarn. Four design strategies were created for four situations. For the From Hands to Machine, a topography designed with yarn connected the products being exhibited and formed two landscapes: the Pico da Bandeira (mountain) and Rio Jequitinhonha (river). Hanging pieces of yarn completed the installation, signaling products, integrated into the landscape as if they were raindrops. For the New Technologies show, Gruta de Maquiné (cave) was reproduced through a parametric drawing process. Jute yarn, transformed into points, formed an immersive cave carved in the air to host the exhibition. Light and sound complemented the space, welcoming visitors with a multisensory experience. The same immersion concept was developed for the Sebrae Minas Design Award: a freestanding tunnel constructed from illuminated yarn, invited visitors to immerse themselves in the world of design and get to know the award winners. A freestanding structure, based on the shape of rocks and structures of nature, was built through the formal deconstruction of a straight tunnel. Finally, the stage of the Sebrae Minas Design Award featured the same material with a digital drawing process, studying visual and optical effects, seeking to recreate a new perception. A yarn hurricane, with pronounced geometry, merges into the lighting system and the reflections generated by its shape. In front of the setting, a projection screen interacted with the setting, where images were projected into the air forming choreography of shapes and colors. Imagery, identity, productive process, plants that generate yarn transformed into complex surfaces, which are descriptive and, at the same time, abstract.


Fotografia Desenho Curadoria História da Arte Filosofia Pintura Cenografia

Inscrições cursos@mam.org.br

O MAM fica no Parque Ibirapuera.

:: www.mam.org.br

Parque Ibirapuera, portão 3

:: redes sociais /mamoficial

+55 11 5085-1312

:: google art project

cursos@mam.org.br

Faça parte do programa de Sócios MAM e tenha desconto.


Bienal

em números Confira um apanhado quantitativo do evento Check out a quantitative overview of the event

• As mostras contabilizaram 76.866 visitantes • Foram expostos 730 produtos • 2.510 participantes nas ações acadêmicas • 1.067 participantes nas ações de negócios. 25 empresários atendidos pelo Projeto Comprador, da Apex-Brasil • Nas ações educativas, 1.917 estudantes de 43 escolas públicas visitaram as mostras • Eventos paralelos registraram 19.700 visitantes

•A mostra virtual do 3º Prêmio Sebrae Minas Design teve 59.786 visitantes

•O Simpósio sobre Design e Moda, da Apex-Brasil, teve 500 participantes

•3 .500 visitantes conferiram a exposição dos projetos vencedores do 5º Prêmio IDEA/BRASIL

•O 4º Fórum Internacional Design como Processo contou com 1.500 participantes

•A mostra Design de Carros no Brasil – Rupturas e Inovações contou com 3.500 visitas •2 .300 visitantes estiveram na mostra 1 Pessoa 10 Cadeiras

• 10 países estiveram representados por palestrantes no evento

•3 .300 visitantes na exposição PetrAurum – A construção de uma Identidade para a Joia Brasileira

• 59.786 pessoas visitaram a mostra Da Mão à Máquina

•A mostra Geração Casa Brasil recebeu 3.500 visitantes

•F oram 500 os participantes do Seminário Internacional Design e Emoção •O seminário Design e Tecnologia, teve 1.650 participantes •M esas-redondas e palestras paralelas à mostra 1 Pessoa 10 Cadeiras registraram 480 participantes • 500 participantes teve o Seminário Internacional de Economia Criativa e Design


Biennial exhibition in numbers

•1 0 countries were represented by lecturers during the event

• The exhibitions attracted 76,866 visitors

•T he virtual show of the 3rd SEBRAE Minas Design Award had 59,786 visitors

• 730 products were showed • There were 2.510 participants in academic initiatives • Business initiatives were attended by 1,067 participants. 25 entrepreneurs were visited by international buyers • During the educational initiatives, 1,917 students from 43 public schools visited the shows • Parallel events were attended by 19,700 visitors

• 59,786 people visited the From Hands to Machine exhibition

• 3,500 attendees visited the exhibition of the winnings of the 5th IDEA/ BRASIL Award • The Car Design in Brazil – Ruptures and Innovation show attracted 3,500 visitors

•T he Generation Casa Brasil show had 3,500 visitors •T he Symposium on Design and Fashion organized by Apex-Brasil attracted 500 participants •T he 4th International Forum on Design as a Process was attended by 1,500 participants •5 00 people attended the International Seminar on Design and Emotion •T he seminar Design and Technology had 1,650 participants

•2 ,300 visitors attended the 1 Person 10 Chairs show

•R oundtables and lectures held concurrently with the 1 Person 10 Chairs show attracted 480 participants

•P etrAurum – The construction of an identity for the Brazilian Jewelry received 3,300 visitors

•5 00 people attended the International Seminar on Ceative Economy and Design

111


ARCDESIGN + ApexBrasil Edição Especial IV Bienal Brasileira de Design Special Edition 4th Biennial Brazilian Design Exhibition Publicação da Roma Editora / Published by Roma Editora Diretores / Directors Maria Helena Estrada, diretora editora Cristiano Barata, publisher

Editora / Editor Maria Helena Estrada (mh@arcdesign.com.br)

Editor adjunto / Associate editor Roberto Abolafio Junior

Redação / Editorial office Mara Gama, Roberto Abolafio Junior e Vinícius Ferreira Magalhães

Projeto gráfico / Graphic design

Distribuição nacional / National distribution

Greco Design

FC Comercial e Distribuidora S.A.

Edição de arte, design e produção gráfica / Art edition, design and graphic production

Roma Editora, Projetos de Marketing Eireli

Cibele Cipola (editora) e Emílio Fim (estagiário)

Participaram desta edição / Contributors Angela Tamiko Hirata, Carmela Rocha, Cristina Morozzi, Dijon de Moraes, Dorothea Werneck, Eliane Parreiras, Gustavo Greco, Heloisa Menezes, Marco Aurélio Lobo, Marco Brajovic, Mauricio Borges e Rafael Cervone.

Tradução / Translation 112

Colmeia – Estúdio de Ideias e Interlínguas

Revisão / Proofreading Colmeia – Estúdio de Ideias

Assinaturas e Circulação / Subscriptions Rita Cuzzuol (assinatura@arcdesign.com.br)

Rua Simão Álvares. 356, cj. 12, Pinheiros São Paulo, SP CEP 05417-020 Tel. / Phone (11) 3061-5778 As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou pelos profissionais referidos nos textos. A reprodução de toda e qualquer parte da publicação só é permitida mediante autorização prévia dos editores, por escrito. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não correspondem, necessariamente, à opinião da editora. The published photos were provided by the companies, institutions or professionals mentioned in the texts. Reproduction of the whole or any part of this publication is permitted only with prior written authorization of the publishers. Signed articles are the responsibility of the authors and do not necessarily represent the views of the publisher.


Indispensável! 113

para comprar: www.arcdesign.com.br Realização Parceria

Patrocínio


REALIZAÇÃO /

ORGANIZED BY

» Governo do Estado de Minas Gerais » Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais—FIEMG

IV Bienal Brasileira de Design CORREALIZAÇÃO /

CO-ORGANIZED BY

» Sebrae

PROMOÇÃO / Ficha técnica / Technical sheet » Ministério do Desenvolvimento, PROMOTED BY

Indústria e Comércio Exterior—MDIC

REALIZAÇÃO /

COORDENAÇÃO GERAL LOCAL / LOCAL GENERAL COORDINATION

ORGANIZED BY

» Governo do Estado de Minas Gerais » Ministério da Cultura—MinC

» Dijon De Moraes » Federação dasda Indústrias Estado » Ministério Ciência,do Tecnologia de Minas Gerais—FIEMG e Inovação—MCTI

CORREALIZAÇÃO / CO-ORGANIZED BY » Movimento Brasil Competitivo—MBC » Sebrae » Programa Brasileiro de Design—PBD PROMOÇÃO /

PROMOTED BY

» Ministério Desenvolvimento, » Centrodo Minas Design—CMD Indústria e Comércio Exterior—MDIC

PATROCÍNIO /

SPONSORED BY

» Ministério da Brasileira Cultura—MinC » Agência de Promoção de Exportações e Investimentos » Ministério da Ciência, Tecnologia Apex-Brasil e Inovação—MCTI » FIAT » Movimento Brasil Competitivo—MBC » Agência Brasileira de » Programa Brasileiro de Design—PBD Desenvolvimento Industrial—ABDI » Centro Minas Design—CMD

PATROCÍNIO /

SPONSORED BY

» Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos Apex-Brasil » FIAT » Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial—ABDI

CURADORA GERAL /

NÚCLEO EXECUTIVO /

EXECUTIVE BOARD

» Ana Luiza Amaral » Cristina Nunes » Enil Almeida Brescia » Lakshmi Resende COORDENAÇÃO » Nádia Pontelo GERAL LOCAL / LOCAL » Simone PortoGENERAL COORDINATION » Dijon De Moraes » Viviane Rocha

CURADORA / GENERAL CURATOR NÚCLEO GERAL DE COMUNICAÇÃO /

» Maria Helena Estrada COMMUNICATION STAFF » Wanderley Lima NÚCLEO EXECUTIVO / EXECUTIVE BOARD » Vinicius Magalhães » Ana Luiza Amaral » Raquel Massote » Cristina NunesFélix » Idamaris » Enil» Almeida Brescia Priscila Gomes » Lakshmi Resende » Nádia Pontelo GRÁFICO / GRAPHIC PROJECT PROJETO » Simone Porto » Greco Design » Viviane Rocha

CENOGRAFIA / SET DESIGN NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO / » Atelie Marko Brajovick COMMUNICATION STAFF

» Wanderley Lima PRODUTORA / PRODUCER » Vinicius Magalhães » Bangalô Produções » Raquel Massote » Idamaris Félix MONTADORA / INSTALLATION COMPANY » Priscila Gomes »

PROJETO GRÁFICO /

APOIO / SUPPORTED BY

GENERAL CURATOR

» Maria Helena Estrada

GRAPHIC PROJECT

» Greco Design

CENOGRAFIA / SET DESIGN » Atelie Marko Brajovick

PRODUTORA / PRODUCER » Bangalô Produções

MONTADORA /

INSTALLATION COMPANY

»

PROMOÇÃO / PROMOTED BY

114

PATROCÍNIO

correalização

REALIZAÇÃO

SPONSORED BY

co-organized BY

organized BY




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.