cooperativa de pesca e mariscagem giulia fioravanti padovani | TFG 2021
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cooperativa de pesca e mariscagem Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação | 2021 Giulia Fioravanti Padovani Orientador Fábio Boretti Netto de Araújo
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Direitos Autorais Marina Silva Salvador / Bahia 2015 marinnasilva@gmail.com
agradecimentos Ao iniciar o trabalho final de graduação não imaginava o impacto que ele teria sobre minhas concepções do fazer arquitetônico. Esse projeto é fruto de muita dedicação e vontade de compreender algo que é tão longínquo às minhas vivências. Portanto, agradeço à cidade de Salvador e sua população que, neste estudo, me fez adentrar a São João do Cabrito com muito respeito e me apresentou uma possibilidade de atuação sobre um território de extrema complexidade e pluralidade. Em primeiro lugar, agradeço à minha família que aguentou o peso da saudade, me apoiando desde o início até a conclusão dessa etapa, me dando todo o suporte e confiança para que fosse possível. Aos meus amigos, que me ensinaram tanto sobre a vida ao longo desses anos, e se tornaram parte desse processo que foi a graduação. Obrigada por serem como uma família pra mim. Às integrantes da equipe deste Trabalho Final de Graduação que, sem as quais, seria impossível realizar um trabalho tão respeitoso e atento às particularidades da Enseada. Particularmente, devo agradecer Julhia Bernardo Araújo pelo companheirismo durante essa etapa e por encarar comigo esse desafio que foi a coautoria do projeto do Centro da Sardinha. Ao meu orientador, Fábio Boretti Netto de Araújo, quem tive a honra de ter como professor, me incentivando desde o início a sempre buscar a solução mais coerente e as formas mais respeitosas de intervenção no território sobre o qual esse estudo se debruça. Aos professores Caio de Souza Ferreira e Leandro Rodolfo Schenk pelos comentários cuidadosos e pertinentes ao longo do processo de concepção do projeto. Ao corpo docente dessa instituição que nos abrem caminhos e possibilidades de atuação, sempre atentos à função social da Arquitetura e Urbanismo.
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índice introdução 09 retomada do plano urbano 10-15
são joão do cabrito projeto rede propostas urbanas do centro da sardinha
implantação centro da sardinha justificativa do programa e pilares teóricos conceito e partido programa plantas cortes, elevações e relações espaciais materiais e técnicas Cooperativa de Pesca e Mariscagem referências bibliográficas
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introdução Este memorial compreende a proposta de programa que se desenvolve a partir do Projeto Rede, plano urbano realizado no primeiro semestre de 2021, pedaço de terra que toca o mar dentro da Baía de Todos os Santos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, Bahia. O plano fundamenta o trabalho final de graduação e é oriundo de um projeto realizado em equipe na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Sob orientação do professor Fábio Boretti Netto de Araújo, o grupo é integrado por Ana Luisa Rodrigues Guimarães, Carolina Mescollotto Moretti, Fernanda de Almeida Farche, Giulia Fioravanti Padovani, Helena Bonfante dal Bianco e Julhia Bernardo Araújo. O projeto da Cooperativa de Pesca e Mariscagem originase de diretrizes urbanas que, com respeito à toda préexistêcia, visam revitalizar a Enseada do Cabrito por meio de intervenções pontuais, trazendo usos essenciais e infraestruturas reoganizadoras do sistema urbano que, através de eixos de mudanças interligados, geram uma rede de transformação em todo o território. Em cada laço dessa rede, existem nós conectores, que miram na Orla do Cabrito, com o intuíto de desenvolvê-la e potencializála, gerando uma nova centralidade ao território, pedaço que hoje é quase que renegado pelos habitantes. Por isso, na rede se recorta à temática e se costura com os projetos, através da economia pesqueira e mariscagem, do bem estar dos moradores, lar, saúde e educação, e meio ambiente. Fazendo com que, os moradores, pescadores e marisqueiras possam usufruir da potêncialidade existente nesse território e ter um pouco mais de dignidade em seu lugar, e que a rede, além do mar, esteja também na terra. “ P a r a c o n h e c e r a s c o i s a s , h á q u e d a r- l h e s a v o l t a , d a r- l h e s a v o l t a t o d a . ” José Saramago 9
recorte 1
Av. Afrânio Peixoto Av. Beira Mar Rua dos Ferroviários Linha de Trem - Novo VLP Ciclovias Pontos de Ônibus Terminal Marítimo da Plataforma
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contextualização São João do Cabrito São João do Cabrito faz fronteira com o Parque São Bartolomeu (uma das principais reservas naturais e remanescentes de mata atlântica em área urbana do país, um lugar de forte importância ambiental, histórica e religiosa), e com um trecho da Av. Afrânio Peixoto, popularmente conhecida como Suburbana. O bairro possui uma forte conexão com o mar, já que o mesmo possui um importante apelo cultural e socioeconômico dada sua relação de dependência com pescadores e marisqueiras, que extraem sua renda desse patrimônio natural. Ademais, a constante presença do mar no visual do bairro faz com que a região seja envolta de uma paisagem privilegiada e abundância de recursos naturais. Ainda assim, a Enseada apresenta um alto índice de vulnerabilidade socioambiental. De acordo com Cardoso (2009) e em estudos publicados ao longo dos anos, documenta-se que o bairro teve, no decorrer de sua história, um desenvolvimento precário com ocupações em palafitas à margem da enseada. As ocupações começaram como uma alternativa acessível à população marginalizada, que se organizaram em comunidade e construíram sobre a água seus barracos, amarrados uns aos outros, como um esforço coletivo de construção do próprio território, conhecido como Novos Alagados. Após intervenção, as palafitas foram removidas e a área passou por um processo de requalificação urbana e ambiental. No entanto, a comunidade de São João do Cabrito segue enfrentando evidentes hiatos socioeconômicos, de acesso a serviços, e possui uma infraestrutura precária de esgotamento sanitário, alagamentos, deslizamentos de terra e problemas habitacionais.
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centro base projeto coral vila dos pescadores
centro da sardinha
recorte 1
complexo manguezal
contextualização Projeto Rede Após o “diagnóstico” do território, que se entende como uma análise crua da região, e de realizar então um “prognóstico”, que seria nossa compreensão dos principais pontos de fragilidades e potencialidades de São João do Cabrito, passamos a pensar em diretrizes físicas e sociais, e programas específicos a serem implantados que, como rede, pudessem transformar o território de acordo as demandas constatadas no estudo. Diversas foram as diretrizes desenvolvidas para a potencialização do território, mas entre elas destaca-se, para a elaboração do projeto do Centro da Sardinha, a que diz respeito ao desenvolvimento da economia solidária, empreendedorismo local e turismo sustentável, que visa legitimar e favorecer o uso misto na Avenida Beira Mar, alterando o zoneamento dessa área e, ao mesmo tempo, congelando o gabarito de altura para limitar que ocorra um processo de gentrificação do território. Associado a isso, propõe-se a requalificação da área do Porto da Sardinha, com a implantação de um Mercado e um Terminal Intermodal de VLP (modal que está em processo de construção, substituindo a antiga linha férrea do Subúrbio Ferroviário), e a reestruturação do ponto de comercialização dos pescados e mariscos, associado diretamente à Cooperativa de Pesca, que busca otimizar as condições de trabalho e infraestrutura de processamento e venda dos produtos da comunidade pesqueira local e fortalecer essa atividade que carrega valores ancestrais, culturais e socioeconômicos.
Porto das Sardinhas Direitos Autorais Anderson Simplício @belezas.suburbio
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porto das sardinhas
Conexão viária Domicílioa a serem desapropriados Linha de Trem - Novo VLP Ciclovia Novo ponto de ônibus
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contextualização Propostas Urbanas do Centro da Sardinha A proposta do Centro da Sardinha se localiza no Recorte 1 de intervenção do Projeto Rede, na ponta esquerda da Enseada do Cabrito. Atualmente, é uma área marcada por muitos vazios urbanos, habitações em condições precárias e é onde se desenvolve a venda dos produtos oriundos da pesca e mariscagem, local conhecido como Porto da Sardinha. Na faixa de areia que beira o mar, é onde se realiza o descarregamento, beneficiamento e venda desses produtos de forma insalubre e sem infraestrutura. A proposta é criar um centro pesqueiro para a comunidade, visando a otimização dessa cadeia produtiva e ampliação da cultura local, implantando os novos programas em uma área que tenha relação direta com o mar, com o VLP e com a Avenida Beira Mar, conformando uma rede de mobilidade que se conecte com o entorno e promova um fluxo urbano que amplifique o uso e seja atrativo para esse novo ponto comercial. Os lotes demarcados em laranja encontram-se em condições de alta precariedade, conforme o levantamento realizado no plano urbano. Portanto, estes seriam desapropriados para a implantação dos equipamentos propostos e reimplantados novamente no mesmo recorte de atuação, mas dessa vez com melhor qualidade construtiva. Além disso, para proporcionar a conexão entre a Rua dos Ferroviários e a Av. Beira Mar, visando melhorar a continuidade do fluxo no sistema de mobilidade e proporcionar o acesso do transporte público na Av. Beira Mar, propusemos o redesenho viário e a instalação de um ponto de ônibus nesse trecho. Por fim, criamos pontos de embarque e desembarque de produtos e pessoas por via marítima, com o intuito de reforçar o fluxo intermodal relacionado ao projeto e gerar espaços públicos de convivência integrados aos programas propostos.
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1. mercado parque 2. cooperativa de pesca e mariscagem 3. pier de embarcação 4. piscina de marés 5. ponto de descarregamento e atracação 6. rampa de embarcações 7. horta urbana 8. realocação dos domicílios removidos 9. via compartilhada
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implantação Centro da Sardinha O Centro da Sardinha é composto por duas propostas de intervenção: O Mercado Parque, projeto realizado por Julhia Bernardo, e a Cooperativa de Pesca e Mariscagem, realizada por mim e sobre a qual esse memorial se trata. Os dois projetos coexistem em um desenho estruturado por algumas preexistências do território: a linha do VLP, a Av. Beira Mar, e a Enseada. A partir delas, criamos um aterro que se delimita, em sua face oeste, por uma via compartilhada proposta para dar acesso às quadras habitacionais que carecem dessa infraestrutura. Simultaneamente, essa nova rua possibilita o fluxo de carga e descarga do Mercado e permite o estacionamento dos automóveis de visitantes que venham de áreas mais afastadas. O desenho de implantação desses dois novos usos se faz priorizando o eixo de mobilidade idealizado nas propostas urbanas, que interliga os modais de via marítima, através das docas públicas de embarque e desembarque de pessoas associado ao parque linear, os pontos de atracação de embarcações pesqueiras para descarregamento dos produtos com acesso direto à cooperativa, o terminal de embarque e desembarque do VLP e o ponto de ônibus proposto na Av. beira mar. Além disso, estendemos a ciclovia existente na avenida da orla para favorecer a conexão desse modal com outras partes da cidades, que segue para o bairro de Plataforma beirando o mar. E, por fim, associada à cooperativa, propusemos uma rampa de acesso ao mar, facilitando a subida e descida de barcos. Ainda no que diz respeito à conexão de modais, a ideia de reforçarmos este eixo de mobilidade, é que ele estivesse presente também no desenho paisagístico, de maneira sistêmica, partindo do início da quadra, alinhado à faixa elevada com acesso ao ponto de ônibus proposto do outro lado da rua, margeando a cooperativa em direção ao mercado, chegando até ao acesso da rampa que interliga mercado e parque linear, dando continuidade através de uma escadaria disposta em patamares maiores
que se alternam chegando até o nível do parque voltado para a Baía de Todos os Santos, estendendo-se até o final do píer de embarcações. Em toda esta faixa que permeia os projetos, ao longo da quadra, utilizamos a pedra portuguesa vermelha, a fim de restabelecer diálogo com outros importantes espaços públicos da cidade de Salvador, como o Pelourinho; e em sua continuidade que chega ao mar, optamos pelo uso de um deck flutuante em madeira, linguagem utilizada em ambas as docas (do Mercado e Cooperativa). E para os demais calçamentos dessa área, a utilização da pedra portuguesa branca. O mar, como elemento de grande importância nesse projeto, símbolo da economia local, onde se desenvolve a atividade da pesca e mariscagem, fonte de renda de inúmeras famílias da região e parte constante da paisagem urbana do bairro; foi pensado para o projeto, de maneira a conectar-se com ambos programas, tanto à Cooperativa como ao Mercado, através de um desenho que conformasse uma piscina de marés, com patamares organizados em desníveis sutis, que proporcionam acesso ao mar, além de diferentes experiências sensoriais aos usuários, sendo ora uma praça seca, ora molhada, de acordo com a altura das marés. Conforme mencionado nas propostas urbanas desse recorte, fizemos a realocação dos 23 domicílios removidos em uma área de 467m², divididos em 3 blocos de 3 pavimentos. Cada um dos blocos abrigarão 9 unidades habitacionais de aproximadamente 50m², totalizados em 27 novos domicílios de HIS. Além disso, como forma de garantir a subsistência parcial da população, tanto com segurança alimentar quanto com uma possível atividade econômica desenvolvida coletivamente, propusemos uma horta urbana de uso público que ocupasse o espaço vazio da quadra, tendo conexão direta ao parque linear e à via compartilhada.
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“A onda do mar leva A onda do mar traz Quem vem pra beira da praia, meu bem Não volta nunca mais” Dorival Caymmi
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a cooperativa Como já foi dito anteriormente, a atividade pesqueira desenvolvida no local é artesanal, passada de geração a geração e possui uma forte relevância socioeconômica e cultural para o território estudado, dado que hoje representa a única fonte de sustento para maior parte da comunidade de pescadores e marisqueiras da região. Atualmente essa atividade se desenvolve tanto no Porto das Sardinhas quanto na Cooperativa de Pesca da Baía de Todos os Santos (COOPESBAS) existente no Recorte 2 do plano urbano. Porém, a falta de infraestrutura de qualidade no ponto onde se comercializa os pescados prejudica o bom funcionamento dessa cadeia produtiva, além de provocar a perda de clientes e oportunidades para os pescadores. Um dos fatores que intensifica essa falta de infraestrutura é a atual distância entre o porto e a cooperativa, que acarreta em problemas sanitários nos locais de manipulação de alimentos. Por isso, é importante a implementação de melhorias no processo de beneficiamento e comercialização dos produtos, com a intenção de que o Porto das Sardinhas continue sendo reduto dessa atividade que beneficia a população de baixa renda do Subúrbio Ferroviário. Dessa forma, o projeto busca remanejar a atual COOPESBAS existente no Recorte 2 para o Recorte 1, onde se encontra a proposta do Centro da Sardinha.
pilares teóricos O objetivo é que o programa seja complementado e otimizado, melhorando as condições de trabalho e manejo de recursos dos pescadores associados.
preço justo. Assim, “práticas tradicionais de solidariedade se transformam em instrumentos de emancipação.” (Singuer, 2002, p. 122)
Para a realização desse trabalho, foi necessário estabelecer pilares teóricos que me guiaram e me forneceram embasamento para ter um ponto de partida lógico e prático de concepção projetual.
Cooperativismo - Pesca Artesanal em Salvador
Economia Solidária - Cooperativismo O primeiro pilar teórico é o da economia solidária, que consiste em um tipo de produção que prioriza a associação igualitária e solidária entre membros de uma organização ao invés do contrato entre desiguais. O modelo capitalista é o que rege a economia global. Nesse sistema, “ganhadores acumulam vantagens e perdedores acumulam desvantagens” (Singuer, 2002, p. 8) gerando sociedades profundamente desiguais. Para que pudéssemos ter uma sociedade predominantemente igualitária, seria necessário desenvolver uma economia que, ao invés de fomentar a competição pelo capital e promover o abismo socioeconômico, incentivasse a solidariedade e a cooperação entre os membros de uma atividade econômica. Dessa forma, esse sistema teria que ser autogestionado, cada um dos participantes teriam que ter o mesmo peso de fala, e as decisões seriam tomadas democraticamente com um objetivo em comum, que é a geração de renda e desenvolvimento igualitário da sociedade, priorizando as pessoas e não o capital. “A economia solidária é outro modo de produção, cujos princípios básicos são a propriedade coletiva ou associada do capital e o direito à liberdade individual. A aplicação desses princípios une todos os que produzem numa única classe de trabalhadores que são possuidores de capital por igual em cada cooperativa ou sociedade econômica. O resultado natural é a solidariedade e a igualdade [...]” (Singuer, 2002, p. 10)
O modelo do cooperativismo incentiva a produção, o saber local, o artesão, a memória, a tradição e fornece oportunidades de inserção de pequenos produtores no mercado com um
O segundo pilar teórico do projeto foi compreender o sistema do cooperativismo no viés da pesca artesanal. Esse referencial teórico sobre esse modelo de produção na cidade de Salvador, proporcionou ferramentas para assimilar o escopo desse trabalho, podendo assim entender as necessidades reais da comunidade para a qual esse projeto se destina. De acordo com Silva (2013), os pescadores artesanais são os profissionais do mar donos de seus instrumentos de trabalho, que usufruem de tecnologias simples na atividade pesqueira, e que exercem a pesca com baixo custo de produção e com referenciais de parentesco ou com a união de associados. “o que caracteriza o pescador artesanal não é somente o viver da pesca, mas, sobretudo a apropriação real dos meios de produção; o controle do como pescar e do que pescar, em suma, a arte de pescar.” (Silva, 2013)
Os pescadores artesanais formam uma classe de trabalhadores que ainda sofrem extrema desigualdade no sistema econômico atual, e veem no cooperativismo uma possibilidade de inclusão social e garantia de renda para a subsistência de suas famílias. “Na medida em que são bem sucedidas, as cooperativas processam mudanças sociais que transcendem ao seu próprio corpo associativo, atingindo toda uma comunidade, na busca da correção social pelo fator econômico.” (Maldonado; dos Santos, 2006)
Uma característica muito importante dessa região da Enseada do Cabrito é a forte presença de marisqueiras que são majoritariamente mulheres, e que foram acolhidas pela Cooperativa de Pesca da Baía de Todos os Santos (COOPESBAS), a qual garantiu os direitos dessas trabalhadoras. Portanto, este projeto também se destina à uma comunidade que é, segundo Silva (2013), 70% composta por mulheres.
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croquis de desenvolvimento
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conceito e partido Com base nisso, foram feitos alguns questionamentos que nortearam o conceito e a construção do partido arquitetônico do projeto: Qual é o espaço que abriga o cooperativismo? Como deve ser o dia-a-dia de trabalho dos associados? Qual é o espaço físico do trabalho? Nesse sentido, a ideia foi promover uma organização espacial que permitisse a convivência entre todos os setores, a fim de promover uma linha produtiva cooperada, que aconteceria em um espaço aberto público e de livre circulação. Um espaço que promovesse um ambiente democrático, transparente e permeável. Que funcionasse em uma lógica simples e que concedesse uma rápida e descomplicada compreensão espacial. Uma das referências projetuais que fundamentaram a concepção da cooperativa foi a organização espacial da FAUUSP, de Villanova Artigas. O edifício é reduto de uma arquitetura que deseja incentivar a vida comunitária através de valores cívicos e democráticos. Porém, diferentemente do salão caramelo, espaço de grande escala delimitado por “edifícios” e idealizado como uma praça de caráter urbano, onde as trocas e manifestações acontecem livremente, a cooperativa incorpora desse projeto a ideia de uma planta que permite um circuito fluido e que conforma, por meio de cheios e vazios, espaços coletivos de troca; a não hierarquização do espaço, marcado pela horizontalidade do edifício; e a concepção de um programa subdividido em partes, com funções específicas, que o compõem. Outro ponto de partida foi prever o mínimo impacto e bloqueio visual da paisagem, que fosse um projeto que priorizasse a integração com o mar e o entorno imediato, estabelecendo limites brandos no espaço e conformando um edifício que não fosse fechado e voltado a si mesmo, mas que se integrasse à paisagem permitindo a livre circulação entre o que é interno e externo à ele.
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programas e setores Após essa primeira limpeza, o produto é levado à segunda parte do processo e última do beneficiamento, que é onde acontece o filetamento, pesagem e embalagem dos produtos. Esse espaço se posiciona em um nível intermediário (cota 0,75m), e as bancadas de trabalho estão associadas à câmara frigorífica de estocagem (6), e ao depósito de equipamentos e fábrica de gelo (5). Esses últimos espaços descritos são importantes para a cooperativa pois, de acordo com Silva (2013), minimizam as despesas da cadeia produtiva dos pescadores associados, já que o gelo é subsidiado pela cooperativa e a câmara fria “garante aos pescadores que seus pescados terão local de armazenamento adequado, visto que o peixe é um produto perecível e precisa de boas condições de armazenamento”.
setor de beneficiamento bruto (321m²) setor de beneficiamento leve (107,5m²) setor de venda (386,5m²)
Após o beneficiamento, o produto vai para as bancadas de venda (7), posicionadas no nível geral da quadra, na cota 1m. Esse espaço tem amplo acesso e se conecta diretamente à “prainha” (piscina de marés), ao deck de descanso e ao mar.
ilhas de apoio técnico (157,5m²) 1. bancada de triagem e controle de qualidade 2. bancadas de manipulação e evisceração 3. câmara fria de lixo (12,5m²) 4. bancadas de filetamento, pesagem e embalagem (81,5m²) 5. depósito (12,5m²) 6. câmara fria de estocagem (12,5m²) 7. bancadas de venda 8. vestiários e sanitários (99m²) 9. administração (36m²) 10. depósito de aviamentos de pesca (10m²)
A partir disso, o projeto se organiza em um raciocínio cronológico do funcionamento do programa, desde a chegada do pescado até a sua venda, respondendo à demanda de cada parte do processamento do produto na cooperativa. Isso não foi pensado dessa forma para a separação dos setores, mas sim para a melhor integração entre eles.
A área de venda é importante tanto para as marisqueiras quanto para os pescadores. As primeiras completam a cadeia produtiva (comercializam os produtos para os consumidores finais), mas realizam o beneficiamento em suas residências, sem um ponto específico de venda, por isso acabam vendendo por um valor mais barato.
O processamento se divide em três partes, que se organizam em três níveis, em uma linha de produção contínua e com uma transição fluida entre as áreas, que acompanham o caminho do pescado gradualmente do espaço mais sujo para o espaço mais limpo do projeto.
Já os pescadores não conseguem realizar a finalização do ciclo produtivo por falta de infraestrutura adequada para beneficiamento e pela perecibilidade dos pescados, por isso vendem para intermediários por preços muito baixos, e deixam de gerar o lucro adequado pelo valor de seu trabalho. Portanto, essa cadeia produtiva se completa na cooperativa, amparando as necessidades e demandas das marisqueiras e pescadores artesanais, fornecendo a justa inserção no mercado, a inclusão social e o fortalecimento dessa comunidade.
A parte mais suja do processo se concentra, rebaixada meio metro do nível da quadra, na área de chegada e da primeira limpeza do produto, e está associada à Av. Beira Mar (que é a infraestrutura que faz a coleta dos resíduos da produção) e às docas de atracação das embarcações e de descarregamento dos produtos. Essa área é onde acontece a limpeza e tratamento bruto dos pescados, incluindo: a bancada para a triagem do pescado recém chegado (1); as bancadas para manipulação e evisceração dos produtos (2); e a câmara frigorífica de lixo (3).
O projeto também é constituído por ilhas de apoio, associadas aos espaços de trabalho, que abrigam os sanitários e vestiários (8), a administração (9) e o depósito de aviamentos de pesca (10), dando suporte ao funcionamento da cooperativa e facilitando o acesso aos recursos demandados por cada parte do programa. 25
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planta Nível Térreo O acesso ao prédio acontece de forma livre, sem haver qualquer bloqueio ou “portas de entrada”. Dessa forma, existem diversas maneiras de circular pelos diferentes níveis do projeto, mas os principais elementos de circulação vertical são: uma larga escada compostas por poucos degraus, que dá acesso ao nível geral do térreo (cota 1m) e se localiza na parte onde se realiza a primeira manipulação do pescado (cota 0,5m); e através de uma rampa que permeia os três níveis na parte central do edifício. A ideia foi promover múltiplas possibilidades de circuitos para que houvesse múltiplas percepções do espaço e de sua relação com a paisagem. A organização espacial das ilhas de apoio configuram praças internas e espaços abertos de uso coletivo. Esses núcleos de apoio, junto com a disposição das bancadas de trabalho, favorecem os eixos de fluxo e visadas em direção ao mar ao entorno imediato do projeto, garantindo a integração entre o espaço interior e exterior da cooperativa.
Por fim, e como já citado anteriormente, o mar é um elemento importante no projeto do Centro da Sardinha, pois possui um forte simbolismo para a comunidade local e é parte constante da paisagem urbana do bairro. Com base nisso, criou-se um espelho d’água como forma de inserir no projeto um elemento representativo do local de trabalho dos associados e que, ao mesmo tempo, oferecesse a eles um objeto de conforto, descanso e identidade. Esse elemento tem como referência, de maneira respeitosa, o olhar poético e antropológico que Lina Bo Bardi teve ao conceber, recortando o piso do SESC Pompeia, o espelho d’água que faz tributo ao Rio São Francisco. A menção ao mar e a evocação ao descanso aparece no projeto não apenas no espelho d’água, mas também nos patamares que quase chegam no nível do mar, no deck e na piscina de marés (a prainha do Centro da Sardinha).
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planta Cobertura A cobertura, composta por três águas que caem na mesma direção, se assoma ao projeto como abrigo das atividades e favorece a impressão de unidade interna do programa. Cada uma de suas águas delimita as diferentes partes do programa e seus diferentes usos, sem dissociar a fluidez na circulação e bloquear a continuidade interna. Seu material é de telha metálica termoacústica, sendo que duas das três partes da cobertura possuem uma inclinação de 14%, e a última, como forma de desacelerar a queda d’água, uma inclinação de 5%. Além disso, a praça interna associada à administração é descoberta, favorecendo a entrada de luz e ventilação dessa área, portanto a cobertura é “recortada” nessa posição.
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” Ve n t o q u e d á n a v e l a Ve l a q u e l e v a o b a r c o Barco que leva a gente Gente que leva o peixe Peixe que dá dinheiro, Curimã” Dorival Caymmi 31
cortes, elevações e relações espaciais Os cortes e elevações mostram os eixos, visadas e o caráter permeável do projeto que permite uma circulação livre. O deslocamento das águas da cobertura proporciona dinamismo ao espaço com a variação do pé direito, por meio dos desníveis, e com a entrada de luz nos espaços de trabalho.
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setor de beneficiamento bruto
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COBERTURA ALTA - 7,50m beiral de desaceleração da queda d’água COBERTURA BAIXA - 5,40m
TÉRREO - 1,00m 0
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caixa d’água
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corte cc
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administração
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elevação sul
piscina de marés (prainha)
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“Minha jangada vai sair pro mar V o u t r a b a l h a r, m e u b e m q u e r e r Se Deus quiser quando eu voltar do mar U m p e i x e b o m e u v o u t r a z e r. ” Dorival Caymmi 43
Vigas Terças de travamento
Tirantes Metálicos (contraventamento) Tirantes Metálicos (contraventamento)
Pilares
materiais e técnicas Levando em consideração fatores como a localização; o clima; as técnicas construtivas locais; o menor impacto visual e ambiental; e as novas tecnologias aplicáveis ao contexto, foi adotado o uso da estrutura em Madeira Laminada Colada (MLC) para a estruturação da cobertura e a alvenaria de tijolo cerâmico para os núcleos de apoio. Madeira Laminada Colada (MLC) Dado o contexto em que o projeto se situa, se fez necessário o uso de uma estrutura que não sofresse interferência da maresia. Nesse caso, há duas alternativas mais usuais: o uso do concreto armado, ou da madeira maciça ou engenheirada. Posto que a Cooperativa é pensada como um espaço amplo e aberto, a escolha da madeira engenheirada ao invés da maciça possibilitou um desenho com maiores vãos. O MLC trabalha muito bem a tração e compressão com resistência muito alta, por isso permite grandes vãos e balanços com peças pequenas. Dessa forma, esse tipo de estrutura garante grande liberdade projetual e permite um desenho que tenha leveza e menor impacto visual. A modulação da estrutura é de 10x5m, em um sistema composto por pilares, vigas, terças de travamento e contraventamento em tirantes metálicos. Por fim, as conexões são todas rotuladas para garantir maior esbeltez dos elementos estruturais.
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técnica construtiva
CALHA
Detalhamentos
COBERTURA
DET. 2 - ENCAIXES DET. 1 - BEIRAL
DET. 5 - MÃO FRANCESA
DET. 3 - ESPELHO D’ÁGUA DET. 4 - FIXAÇÃO
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0,31
0,62
1,25m
TÉRREO
MAR
m
TELHA METÁLICA TERMOACÚSTICA BRANCA
CALHA 20x10cm
PILAR MLC 20X20cm
NÚCLEO ISOLANTE DE POLIURETANO
TELHA METÁLICA TERMOACÚSTICA BRANCA
CANTONEIRA METÁLICA
Cobertura Baixo
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5,40
150
CANTONEIRA METÁLICA
PINO LISO 5/16"X140mm
VIGA MLC 12X52cm
VIGA MLC 12X52cm
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ESPAÇAMENTO DE DILATAÇÃO
DET 4. Conexão Viga - Pilar
Detalhe Conexão Terça - Viga e Cobertura TERÇA MLC 12x27cm Esc 5% : 1 : 25 250
PILAR MLC 20X20cm
3
14%
Cobertura Baixo
DET. 1 - BEIRAL
38,5
45
30
5%
39
15
onexão Terça - Viga ura
VIGA MLC 12X52cm
3,5
27,4
3
alhe Conexão Viga - Pilar : 1 : 25 5 10 CALHA
Cob
PARAFUSO SEXTAVADO 1/2"x80mm PARAFUSO SEXTAVADO 1/2"x80mm
5,40
14%
RUFO METÁLICO COM PIGADEIRA
TERÇA MLC 12x27cm
5%
5%
TERÇA MLC 12x27cm
39,8
RUFO METÁLICO COM PIGADEIRA
TERÇA MLC 12x27cm
5%
DUTO DE QUEDA D'ÁGUA Ø10cm
32,96 °
ESPAÇAMENTO DE DILATAÇÃO
2 16
° ,00 60
MÃO FRANCESADUTO MLCDE QUEDA D'ÁGUA 12X12cm Ø10cm PILAR MLC 20X20cm
14%
0
DET. 2 - ENCAIXE Cobertura Baixo
20
CANTONEIRA METÁLICA
40
80cm PINO LISO 5/16"X140mm
5,40
CALHA 20x10cm
DET 3. Mão Francesa
RUFO METÁLICO COM PIGADEIRA
TERÇA MLC 12x27cm PARAFUSO SEXTAVADO 1/2"x80mm
VIGA MLC 12X52cm
3
PILAR MLC 20X20cm
3
3 12X12cm
ESPAÇAMENTO DE DILATAÇÃO
DET. 5 - MÃO FRANCESA
alhe Estrutura Cachorro : 1 : 50
16 2
CALHA
DET 5. Conexão Terça - Viga Cobertura e Cobertura Baixo 5,40
2 16 2
APARELHO MATÁLICO DE APOIO
45
38,5
45
39
VIGA MLC 12X52cm
PINO LISO MÃO FRANCESA MLC 5/16"X140mm
PILAR MLC 20x20cm
3,5
PARAFUSO SEXTAVADO 1/2"x80mm
DET 2. Espelho d'água
4 Térreo
PREENCHIMENTO EM ARGAMASSA (GRAUTE)
1,00
PISO REGULARIZAÇÃO
° 00
, DETCANTONEIRA 1. Conexão 60 METÁLICA Fundação - Pilar 2 16
PARAFUSO AUTOPERFURANTE
REVESTIM 14%
CANTONEIR CHUMBAD NO PIS
DECK D MADEIR
PESCOÇO DE CONCRETO
DET 4. Conexã VigaIMPERMEAB - Pilar
CONTRAPISO
Mar 0,00
REGULARIZA
FUNDAÇÃO
DUTO DE QUEDA D'ÁGUA CANTONEIRA Ø10cm METÁLICA PINO LISO PILAR MLC 5/16"X140mm 20X20cm
5% NICHO DE CHUMBAMENTO
11,5
5%
14%
1
5,40
TELHA METÁLICA TERMOACÚSTICA BRANCA
32,96 °
Baixo
Detalhe Conexão Viga - Pilar Esc : 1 : 25
DET. 4 - FIXAÇÃO
1
0
20
40
DET 3. Mão Francesa
80cm
Detalhe Conexão Fundação - Pilar Esc : 1 : 20
2
47
De Es
Baixo 5,40
PILAR MLC 20x20cm
REVESTIMENTO
APARELHO MATÁLICO DE APOIO
NICHO DE CHUMBAMENTO
PONTE
150 2
124
DECK DE MADEIRA
PESCOÇO DE CONCRETO
CONTRAPISO
Mar 0,00
FUNDAÇÃO
2 1 10
LADRÃO - DUTO QUE NIVELA O ESPELHO DÁGUA E DESAGUA NO MAR
IMPERMEABILIZAÇÃO
34
1
PISO REGULARIZAÇÃO
11,5
PREENCHIMENTO EM ARGAMASSA (GRAUTE)
1,00
CANTONEIRA CHUMBADA NO PISO
4
Térreo
PARAFUSO AUTOPERFURANTE
38
2 16 2
REGULARIZAÇÃO
DUTO DE ÀGUA PLUVIAL PROVENINETE DO SISTEMA DE CALHAS
DET. 3 - ESPELHO D’ÁGUA
1
Detalhe Conexão Fundação - Pilar Esc : 1 : 20
2
Detalhe Espelho d'água Esc : 1 : 20
49
A trama usada na cooperativa se inspira no projeto do Conjunto de Viviendas Pa´í Ñu, do Grupo Culata Jovái. O projeto se localiza na cidade de Nemby, no Paraguai.
materiais e técnicas Alvenaria de Tijolo Cerâmico A alvenaria é uma técnica construtiva descomplicada, barata e adequada ao contexto urbano em que o projeto se insere. De caráter local, ela é simples de ser construída e manipulada, podendo ser levantada inclusive em esquema de mutirão. Na cooperativa, as paredes de alvenaria são compostas por tijolo cerâmico e são utilizadas nos núcleos de apoio do programa. Na maioria dos casos ela assume o papel de vedação, sendo uma parede de ½ tijolo com 11cm de espessura. A alvenaria estrutural é aplicada em uma parte do banheiro inferior (para receber os esforços da laje que sustenta a caixa d’água) e na administração (que sustenta sua própria cobertura), sendo portanto uma parede de 1 tijolo com 24cm de espessura. Além disso, algumas paredes de alvenaria de vedação possuem uma variação na trama que permite a articulação dos espaços e a definição de ritmo nas fachadas. No caso das ilhas de apoio localizadas nas fachadas leste e oeste, esse plano vazado de alvenaria serve como uma pele de proteção térmica, ventilação e iluminação dos espaços internos.
24
11
11
24
Alvenaria em vista tijolo cerâmico 5,311x24cm rejunte 1cm Alvenaria de vedação de tijolo cerâmico
- parede de ½ tijolo
3 5, 11
1
Alvenaria estrutural de tijolo cerâmico - parede de 1 tijolo
Alvenaria de vedação deem tijolo Alvenaria tramada com tijolo cerâmico na vertical, 45° cerâmico e 315°
- parede com variação na trama 51
24
24
14,5
telha metálica termoacústica i = 5%
11
rufo metálico calha
laje pré-moldada beta 12 H=16cm
6,1
16
parede dupla autoportante de bloco cerâmico 5,3x11x24cm
12 4
31,5
parede tramada com bloco cerâmico 5,3x11x24cm
Platibanda 4,27
Laje 3,95
Forro 3,70
elemento de preenchimento EPS H=12cm
forro de gesso porta de correr
11 11,2
5,3
273
22
11
porta pivotante
Térreo soleira desague
0
20
40
80cm
1,00
rufo metálic
calh
parede dupl autoportante d bloco cerâmic 5,3x11x24cm
Isométrica Alvenaria
porta pivotante
Isométrica Alvenaria Parede Dupla 2 Perspectiva Esc :
1 Det Esc 53
“Nas sacadas dos sobrados Da velha São Salvador Há lembranças de donzelas, D o t e m p o d o I m p e r a d o r. Tu d o , t u d o n a B a h i a Faz a gente querer bem A Bahia tem um jeito, Que nenhuma terra tem! Lá tem vatapá, Então vá! Lá tem caruru, Então vá! Lá tem munguzá, Então vá! Se “quiser sambar” Então vá!” Dorival Caymmi
55
57
referências bibliográficas ANTICOLI, Audrey Migliani Anticoli; ALMEIDA, Eneida de. O olhar antropológico de Lina Bo Bardi na obra do Brasil Arquitetura. Arq.Urb, núm. 15, pp. 26-38, 2016. CARDOSO, Maria de Fátima. Fomento ao desenvolvimento social em áreas urbanas: o caso do Programa Ribeira Azul em Salvador. 2009. Dissertação (mestrado) – Universidade Católica do Salvador. Superintendência de Pesquisa e Pósgraduação, 2009. FERREIRA, Teresa Cunha; FANTINI, Eleonara; BARBOSA, Frederico. Gli Effetti Dell’acqua in Ambiente Costiero: Il caso delle Piscinas das Marés di Álvaro Siza a Porto. 36° convegno internazionale Scienza e Beni Culturali - Collana Scienza e Beni Culturali, volume.2020, pp. 269-278, 2020. KEFALAS, Henrique Callori. Cooperativas em Comunidades Tradicionais Pesqueiras: dois estudos de caso. 2016. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental - Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2016. MALDONADO, Fabiana; DOS SANTOS, Antônio Carlos. Cooperativas de pescadores artesanais: uma análise sob a perspectiva teórica. Organizações Rurais & Agroindustriais, vol. 8, núm. 3, 2006, pp. 323-333 Universidade Federal de Lavras Minas Gerais, Brasil, 2006. O edificio da FAU-USP de Vilanova Artigas / Organização de Antônio Carlos Barrosi. - São Paulo: Editora da Cidade, 2016. 208 p. : il. ; 18 cm. (Obras Fundamentais; v2). SANTOS, Raissa Evangelista dos. Arte da pesca no Porto das Sardinhas e sua relevância socioeconômica para os moradores do Subúrbio Ferroviário. Caleidoscópio, núm. 6, ano IV, pp. 25-29, 2018. SILVA, Leidisangela Santos da. A economia pesqueira artesanal no município de Salvador-BA: da organização produtiva a comercialização nas colônias de pescadores. 2013. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia - Faculdade de Economia. Salvador, 2013.
SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. – 1ª ed. – São Paulo : Editora Fundação Perseu Abramo, 2002. VAZQUEZ, Elena. A Grammar of Perforated Masonry Walls: A formal analysis of brick walls used for shading and ventilation in Paraguay. The Pennsylvania State University. SIGraDi 2017, XXI Congreso de la Sociedad Ibero-americana de Gráfica Digital, 22 -24 November, 2017 – Concepción, Chile.
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Pontifícia Universidade Católica de Campinas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Tr a b a l h o F i n a l d e G r a d u a ç ã o 2021 Giulia Fioravanti Padovani