Sem Querer ou A Vida de Íris

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Coordenação editorial Paulo Verano

Projeto Gráfico Carla Irusta Revisão Adriana Tulio Baggio Produção Elisa Cordeiro Brito Administrativo Tania Campos

Depósito legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei n0 10.994 de 14 de dezembro de 2004. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária responsável: Luzia G. Kintopp - CRB/9-1535. Curitiba - PR

Hofstaetter, Isadora H713 Sem querer ou A vida de Íris / Isadora Hofstaetter e Carla Irusta. — Curitiba : Entre Arte e Cultura, 2022.

32 p. : il. ; 22 cm.

ISBN 978-65-997213-0-4

1. Literatura infantojuvenil. I. Irusta, Carla. II. Título.

CDD: 808.899282

IMPRESSO NO BRASIL/PRINTED IN BRAZIL

Isadora Hofstaetter Carla Irusta

ministério do turismo apresenta ENTRE arte e cultura

Na maternidade, a bebê parou de chorar no momento exato. Quase ninguém percebeu, mas o silêncio abriu espaço para a mãe ouvir outros sons. Trombadas de uma formiguinha se batendo. Uma torneira cansada de pingar. O leve roçar de dedos em cafuné. Também viu a chuva cessar e, ao olhar pela janela, um arco multicor formado pelo resto de sol.

Certa do sinal, a bebê ganhou nome: Íris.

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Desde que Íris era pequena, sua vida sempre pareceu seguir o destino. Tudo tão natural, como se fosse sem querer. Íris cresceu com longas tardes no parque que a alimentavam da alegria dos encontros: unia pedrinhas rodopiantes com o lago; pipocas com sabiás-laranjeiras; cachorrinhos perdidos com seus donos e até flores com abelhas pareciam se encontrar por ação da menina. Unia sortes, naturezas, histórias.

Como se fosse sem querer.

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Passado um tempo, Íris começou a unir letras. Usava de invencionices e vivia em um mundo próprio, quase mágico. Nesse lugar, nas manhãs ela era colecionadora de nuvens, às tardes arquivista de cheiros. Pela noite, aprimorava seus saberes como eletricista de estrelas. Tudo sem deixar de lado sua melhor função: costureira de histórias. Seus pontos, exclamações e ideias surgiam fáceis.

Como se fos se sem querer.
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Nos amores, sempre certeira! Ainda miúda, na escola, ao esbarrar numa montanha de livros correndo de sabe-deus-o-quê, Íris fez com que dois professores finalmente trocassem o primeiro toque. Tímidos, foi só na briga e na recolha da travessura da menina que seus olhos finalmente se encorajaram a revelar um amor guardado. E sorriram.

Como se foss e sem querer.

Aconteceu também quando Íris voltou da aula de dança muito animada.

Eufórica, contou para sua tia a alegria que era ver a professora dançar.

Linda, leve, era como um pássaro!

Daí para o encantamento entre elas foi um pulo. Como se fosse sem querer.

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E quando Íris se viu diante do seu primeiro amor?

Radiante. Contava detalhes da relação para a amiga-irmã.

Coisas de quem mora junto e divide a vida. Mas nem esses laços foram capazes de segurar o destino: a amiga-irmã e o primeiro amor estavam predestinados a ficar juntos – e mais um casal feliz se fez.

C o m o s e f o s se sem querer.

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Assim a sina de Íris seguiu.

Apresentou uma amiga para outra amiga.

Viraram melhores amigas!

Os números da loteria para o vizinho.

E um milionário se fez.

O irmão para a aula de acrobacia.

E não é que ele montou um circo?

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T udo, comose fo sse sem qu e rer.

Íris participou de muitos acontecimentos, mas seguia sentindo soltas as pontas que diziam sobre ela mesma. Só o que a acalmava era a poesia.

Virou noites e noites escrevendo sem parar, musicando dores que sentia.

Imaginava aqui, lembrava ali, anotava impressões.

Nutria seus dias com suas rimas.

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Do nó voltou a fazer verso, da dúvida canção, da saudade romance.

No papel, suas emoções ganhavam força e escape. Ali tudo era querido, uma letra depois da outra. Como se fossem seus primeiros passos.

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Ao se ver impressa, a não mais menina pôde parar de procurar.

Sem querer, Íris acabou por achar o que queria.

O seu querer.

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Isadora Hofstaetter

É brasileira e admira livros desde que sua memória a deixa lembrar. Hoje trabalha fazendo livros e outros projetos que permitem que artistas façam cinema, música, fotografia, dança. E na plateia desses projetos, normalmente encontramos crianças de todas as idades. Gosta de pipoca, ficar de pé descalço e de pular na cama elástica. Tem ao lado da mesa onde escreve suas histórias uma foto de quando era pequenina. Sem querer ou a vida de Íris é seu primeiro livro infantil.

Carla Irusta

É brasileira e argentina. Trabalha fazendo livros, inventando jogos, contando histórias e desenhando tudo. Junto com a Isadora já fez muita coisa legal pra crianças e adultos. Gosta de mato, gato e cachorro. É mãe do pequeno Silvestre e adora contar, inventar e desenhar histórias. Coleciona tesouros e besouros e acredita que os livros transformam o mundo.

(Para melhor, é claro!)

Este livro foi impresso em Curitiba no inverno de 2022. Composto nas tipografias Gill Sans Nova e Ruddy, e impresso em papel Alta Alvura 120 g na gráfica Papel Ouro. Sabemos que depois do inverno, vem sempre a primavera <3

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