Coordenação editorial Paulo Verano
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Hofstaetter, Isadora H713 Sem querer ou A vida de Íris / Isadora Hofstaetter e Carla Irusta. — Curitiba : Entre Arte e Cultura, 2022.
32 p. : il. ; 22 cm.
ISBN 978-65-997213-0-4
1. Literatura infantojuvenil. I. Irusta, Carla. II. Título.
CDD: 808.899282
IMPRESSO NO BRASIL/PRINTED IN BRAZIL
Isadora Hofstaetter Carla Irusta
ministério do turismo apresenta ENTRE arte e cultura
Na maternidade, a bebê parou de chorar no momento exato. Quase ninguém percebeu, mas o silêncio abriu espaço para a mãe ouvir outros sons. Trombadas de uma formiguinha se batendo. Uma torneira cansada de pingar. O leve roçar de dedos em cafuné. Também viu a chuva cessar e, ao olhar pela janela, um arco multicor formado pelo resto de sol.
Certa do sinal, a bebê ganhou nome: Íris.
Desde que Íris era pequena, sua vida sempre pareceu seguir o destino. Tudo tão natural, como se fosse sem querer. Íris cresceu com longas tardes no parque que a alimentavam da alegria dos encontros: unia pedrinhas rodopiantes com o lago; pipocas com sabiás-laranjeiras; cachorrinhos perdidos com seus donos e até flores com abelhas pareciam se encontrar por ação da menina. Unia sortes, naturezas, histórias.
Como se fosse sem querer.
Passado um tempo, Íris começou a unir letras. Usava de invencionices e vivia em um mundo próprio, quase mágico. Nesse lugar, nas manhãs ela era colecionadora de nuvens, às tardes arquivista de cheiros. Pela noite, aprimorava seus saberes como eletricista de estrelas. Tudo sem deixar de lado sua melhor função: costureira de histórias. Seus pontos, exclamações e ideias surgiam fáceis.
Como se fos se sem querer.
Nos amores, sempre certeira! Ainda miúda, na escola, ao esbarrar numa montanha de livros correndo de sabe-deus-o-quê, Íris fez com que dois professores finalmente trocassem o primeiro toque. Tímidos, foi só na briga e na recolha da travessura da menina que seus olhos finalmente se encorajaram a revelar um amor guardado. E sorriram.
Como se foss e sem querer.
Aconteceu também quando Íris voltou da aula de dança muito animada.
Eufórica, contou para sua tia a alegria que era ver a professora dançar.
Linda, leve, era como um pássaro!
Daí para o encantamento entre elas foi um pulo. Como se fosse sem querer.
E quando Íris se viu diante do seu primeiro amor?
Radiante. Contava detalhes da relação para a amiga-irmã.
Coisas de quem mora junto e divide a vida. Mas nem esses laços foram capazes de segurar o destino: a amiga-irmã e o primeiro amor estavam predestinados a ficar juntos – e mais um casal feliz se fez.