Ministério do Turismo apresenta
JARDINS IMAGINÁRIOS
livro para inspirar e colorir DELPHINE LACROIX ELZA FORTE DA SILVA CARNEIRO ilustrador por ANDRÉ MENDES colorido por
2ª EDIÇÃO
patrocínio
instituição beneficiada realização
português / français / english CURITIBA 2022
CARTA AO LEITOR
Passou-se um tempo desde a primeira publicação de Jardins Imaginários, em 2017. Nesses pouco mais de cinco anos contados no calendário, aventuramonos coletivamente pelos dilemas humanos. Eis que chegou um vírus de repente e, de majestade, de coroa e tudo, fez até os jardins dos tempos pararem, boquiabertos, para olhar. Os questionamentos existenciais de viver e morrer ou das razões pelas quais fazemos o que fazemos levaram uma surra e ganharam outra dimensão. Voltamos ao básico do existir: a luta pela vida que, a depender de estarmos aqui ou acolá, foi mais ou menos solitária e espinhosa. Talvez existam reflexões que só ganhem espaço nesses momentos, em que o invisível aos olhos se esbugalha e convoca a nossa presença em carne e osso.
Até a COVID-19, quase acreditávamos estar imunes a algo parecido, tamanha a soberba e a crença de que, enfim, tínhamos alcançado o ápice do domínio sobre as coisas que há na Terra. Mas não. A pandemia atropelou a todos, impôs-se soberana; o mundo inteiro – ou pelo menos os humanos do mundo todo – foram obrigados a se recolher, esperar, acreditar. E as nossas diferenças, dissimuladamente empurradas goela abaixo por décadas, foram vomitadas, gritadas a plenos pulmões, com olhos em lágrima, pelo coração e por todas as partes do corpo e da alma - por todas as gentes do mundo. Escancarou-se tudo, sem vergonha na cara, sem misericórdia.
As distâncias se relativizaram. O lugar mais longe do mundo virou o espaço de um abraço que tínhamos todos os dias. O cômodo de uma casa compartilhada passou a ser planeta inabitável em conjunto. Uma quadra ficou mais distante do que o outro lado do mundo. Nossos jardins internos passaram a ser regados por pequenos rituais nas varandas, nas janelas, e até nos vasos de plantas a nos lembrar da simplicidade da vida; a importância do verde em nossas histórias ficou mais evidente. Os hospitais e os centros de pesquisa voltaram ao seu devido lugar, às vezes esquecido por nós, de jardins da vida. E, assim, foram meses de cantorias com vizinhos desconhecidos, de mais amores por quem estava perto, de luto por cada um que se foi – até mesmo por aqueles que nunca pudemos conhecer. Doemos juntos.
Da janela de casa o mundo viu animais silvestres se aprochegando às cidades. As plantas, sem dilemas ou podas, dominaram as paisagens construídas – que certamente desafiaram os conhecimentos da arquitetura e da engenharia, mas que nunca poderiam desafiar a natureza desconcertante e primordial do viver por viver. A obra humana se curvou à divindade indomável da natureza.
Miseravelmente, é preciso constatar que, ao mesmo tempo, e de forma tão contraditória e desvairada, nossos jardins naturais escorrem pelas mãos. A Floresta Amazônica, maior paisagem natural do planeta, perdeu, entre 2020 e 2021, mais de 13 mil quilômetros quadrados de extensão. E o Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, foi devastado em mais de oito mil e quinhentos
quilômetros quadrados. A destruição dessas áreas dos dois biomas citados equivale a aproximadamente 16 cidades do Rio de Janeiro. A quase completa destruição da Mata Atlântica nos deixou com menos de 15% de sua extensão e exuberância. Vida virando insumo, pasto e tudo mais o que puder dar notícia de que continuamos acreditando poder arbitrar sobre todas as formas de existir. A insensatez humana parece desentender o recado que a pandemia nos enviou.
A vida tem misturas que não esperamos, que não queremos, ou que são inconvenientes. Mas, da mesma força que vem o grito, vem a vida. É uma amálgama curiosa, essa. Em 2022, é inequívoco concluir de novo, e depois de tudo isso pelo que ainda passamos, que nos alimentamos de nossos jardins imaginários. Embora a fortaleza do invisível viva no que toca o coração, o dom da invisibilidade também é dado para o essencial: sem os pulmões verdes do mundo, nenhum de nós sobreviverá.
Cuidamos do jardim de nossas infâncias, do jardim da juventude, do jardim da sabedoria. Celebramos os jardins da ciência e respeitamos o mistério do invisível. Colorimos o viver com um monte de coisas de que gostamos, embora seja justo dizer que reinventamos os jeitos e certos gostos. Também é justo dizer que nunca nos coube reinventar o florescer da vida e que nunca tivemos tamanha sensação da sacralidade do amor.
Por isso, reeditar Jardins me fez mergulhar nas palavras de Saint-Exupéry: a natureza é ora uma divindade sombria, ora o lugar da renovação.
(...) Tem-se tempo perto de ti. Se é por um segundo, 'tem-se tempo' por um segundo. Tu estás presente no aperto de mão, no bom dia, ou mesmo no adeus. Tu não tens pressa a não ser quando estás entre as coisas Sem dar-te conta, tu caminhas com o passo lento de um jardim. O passo verdadeiro, eu acho isso tão precioso. (...).
SAINT-EXUPÉRY, A. Lettre au docteur Georges Pélissier, [Oujda, juin 1943], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 1003. (tradução livre)
Há algo de sublime em compartilhar a vida. Tê-lo e tê-la aqui conosco, leitor e leitora, sentar conosco, consigo, ou com as gentes da sua vida, pela infinitude dos minutos da sua presença, traz a verdade do milagre das relações humanas. Então, boas-vindas novamente a todas as gentes!
Viva a arte, viva a ciência e viva o Hospital Pequeno Príncipe, guardião de tantas crianças-sementes. Boa leitura, bom colorir!
Elza Forte da Silva CarneiroSempre gostei de jardins. Nem tanto daquele microcosmo perfeito, que não deixa de ser encantador aos olhos que querem esquecer a censura e desatinos da vida. Muito mais das pequenas folhas carcomidas pelos insetos, da beleza da pétala mais curva e desalinhada à paleta de cores das demais, da joaninha – nem sempre vermelha – que pousa na mão, dos galhos dos cedros que teimaram e, apesar do tolhimento humano, cresceram tortos – e livres!
As mudanças do tempo vêm, às vezes, como um soco, às vezes com todos os avisos sussurrantes da mudança de estação. Nós vivemos de florescer. Carcomidos, imperfeitos, tortos, retalhados, com folhas caducas, outras espinhentas e firmes, que ali estão contando as nossas histórias.
A natureza humana é, em si, efêmera. Enquanto tudo que temos é o agora – nosso único momento real, que não passa de um fio de cabelo entre passado e futuro –, o jardim é um templo da série dos tempos. É um labirinto do passadiço dos anos, dos séculos, dos segundos, que os entrelaça de formiga a formiga, de fio a fio da aranha, do germinar ao desabrochar da flor. É a trama, tessitura da vida, de cipó com rosa, mangueira com jerivá e dos olhares de um mundo que já se foi com interferências do que agora somos.
No passado, já furei o dedo tentando colher uma rosa e tive a mão inchada porque insisti em mexer na abelha que queria meu sorvete. Isso aconteceu numa época em que eu observava tudo com olhos de criança, para quem as coisas são realmente gigantes. Cresci e, voltando a alguns jardins da minha infância, percebi que não eram tão grandes em medida, mas eram na minha lembrança.
Hoje sei que todos os jardins são, por natureza, imaginados – arquitetados para que sejam de uma determinada forma. Mas, nos labirintos do tempo, os jardins também são a projeção dos nossos mais íntimos imaginários. Cada um enxerga em seus jardins um universo pessoal carregado por memórias e expectativas. E todo jardim existente carrega isso também, mas vive da incessante força da perenidade e do sopro do momento – é o zumbido, o cheiro, o coaxo do sapo. Eles nos servem como espelhos da subjetividade humana ali retratada pela magnífica força da natureza que insiste e que continua.
Assim é o jardim para um jovem piloto francês que, no deserto, conheceu um pequeno príncipe que contou a ele o cuidado que tinha para com a sua rosa.
É assim também para as milhares de crianças que passam diariamente pelo Hospital Pequeno Príncipe, instituição beneficiada por este projeto de publicação. Maior complexo pediátrico do Brasil, o hospital ganhou esse nome por ser um lugar que cultiva a vida, onde os jardins da imaginação entrelaçam o reinventar e o renascer.
Texto: Delphine Lacroix e Elza Forte da Silva Carneiro
Ilustração: André Mendes
Coordenação geral Segunda Edição: Ety da Conceição Gonçalves Forte
Coordenação editorial: Taís Mainardes
Pesquisa: Luciana Patrícia de Morais
Tradução: Laura Solange Pereira (Francês) e Martha Dias Schlemm (Inglês)
Projeto gráfico e arte final: D-Lab Revisão: Toda Letra - Ana Paula Mira (português) Dennis Warren (inglês) Viviane Ribeiro (francês)
Impressão: Midiograf
Tiragem: 3 mil exemplares
Depósito legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei nº 10.994 de 14 de dezembro de 2004
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária responsável: Luzia Glinski Kintopp - CRB/9 – 1535 Index Consultoria em Informação e Serviços Ltda Curitiba - PR
Carneiro, Elza Forte da Silva
C289 Jardins imaginários : livro para inspirar e colorir / Elza Forte da Silva Carneiro e Delphine Lacroix; tradução Laura Solange Pereira e Martha Dias Schlemm; ilustrações André Mendes; coordenação geral de projeto Ety da Conceição Gonçalves Forte. — 2. ed. — Curitiba : Ed. da Autora, 2022. 80 p. : il. ; 29 x 42 cm.
Texto também em Francês e Inglês ISBN 978-65-00-50800-0
1. Humanidades. 2. Jardins - Brasil - História. 3. Jardins - França - História. 4. Jardins - Patrimônio histórico. 5. Livros para colorir. I. Lacroix, Delphine. II. Pereira, Laura Solange. III. Schlemm, Martha Dias. IV. Mendes, André. V. Forte, Ety da Conceição Gonçalves. VI. Título.
CDD: 712.5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
UM PASSEIO POR JARDINS BRASILEIROS E FRANCESES
por Elza Forte da Silva Carneiro
Jardim Botânico do Rio de Janeiro 13
Parque de Bagatelle 17
O jardim de Maria Antonieta 19
Jardins da Casa de Rui Barbosa 21
Parque de Nassau 23
Jardim das Cactáceas 25
Jardim de Monet 27
O jardim da Maison George Sand 29
ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY –DO JARDIM DA INFÂNCIA AO JARDIM DA SABEDORIA por Delphine Lacroix
JARDINS DA INFÂNCIA E DA MEMÓRIA
O reino de Saint-Maurice 33
O Oásis das Princesas de Concórdia 33 “Sinto falta do verde” 39
O feudo do Cavaleiro Aklin 39
O jardim-estrela e o jardim-perspectiva 39
OS JARDINS DOS SINAIS
O lago de Punta Arenat 43
A macieira celeste 43
O jardim mineral e o “brilho misterioso da areia” 48
O jardim em miniatura, a borboleta verde e as duas libélulas 48
JARDINS SECRETOS E DA SABEDORIA
O jardim da amizade 53 Da flor à rosa 57
Estrelas-guizos e estrelas-fontes 57
O homem-árvore e a árvore-geração 61
A sabedoria dos jardineiros 61
English 65 Français 75
SOBRE AS AUTORAS 84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 86
Foi por conta de uma árvore e de sua importância comercial que o Brasil foi batizado.
Ao conhecerem a madeira dura que exibia tons vivos de vermelho e de laranja, os portugueses encontraram na longínqua colônia o primeiro produto que explorariam. Era a Caesalpinia echinata, conhecida popularmente como Pau-de-Pernambuco ou, principalmente, como Pau-Brasil. Madeira boa para fazer móveis e instrumentos musicais, de sua cepa também se extraía um co rante muito usado pela indústria de tecidos. A escolha do nome de uma planta para um território dominado revela muito sobre a relação que se estabeleceu entre o Brasil Colônia e Portugal. Essa mesma decisão manifesta também o espírito do mundo ocidental no início do século XVI.
Em plena Era dos Descobrimentos, inaugurou-se uma nova forma de fazer jardins, e isso se manifestou nos tipos clássicos de jardim: o inglês, o italiano e o francês. Nessa época, os jardins refletiam o desejo de materializar o conhecimento científico sobre a natureza e as qualidades das plantas. Jardins eram bibliotecas de demonstração viva de estética, poder, produção e deten ção de conhecimento.
Os jardins franceses, por exemplo, foram marcados pelo antropocentris mo característico do Renascimento. Suas linhas muito definidas e simétricas tinham o propósito de demonstrar o domínio do homem sobre a natureza, e seu aspecto grandioso era intencional.
É justamente nesse período que surgem as primeiras referências aos jar dins botânicos ocidentais, cuja finalidade, além de signo de soberania, era se mear, compreender e melhorar o cultivo e uso de plantas exóticas e medicinais. Neles, as propriedades das espécies eram estudadas e catalogadas de modo a identificar seus usos e comprová-los a partir da prática. A pesquisa botânica foi o mote para a criação desses jardins, que eram grandes coleções de plantas.
A mesma intenção de pesquisa orientou, no século XVIII, o interesse da Coroa Portuguesa pela implantação de jardins botânicos no Brasil e em outras das suas colônias. O desbravamento desses novos territórios para os europeus passou também pelo conhecimento de sua flora, catalogação e experimenta ção de suas formas de cultivo para a exploração comercial. Em terra brasileira, testavam, além das espécies nativas, a aclimatação e cultivo de espécies euro peias e orientais.
Muito antes dos interesses que motivaram as grandes navegações, desde civilizações muito antigas, os jardins e suas histórias povoam os contos e as tradições humanas, sendo um retrato vivo de como os homens projetaram um ‘dever-ser’ do seu mundo, conforme seu tempo, seu ambiente, seus valores e seus desejos. Esses microcosmos tornam tangível o pensamento humano e traduzem o espírito das épocas em que foram concebidos. Carregam traços do passado no presente e, ao mesmo tempo, como monumentos que respiram, portam o ciclo de vida e morte que caracteriza a natureza. Legado em constan te mutação, lembram, a cada semente germinada, que a cultura, assim como a natureza, é dinâmica.
Formalmente reconhecidos como patrimônio no fim do século XX, os jardins históricos são uma categoria específica do patrimônio cultural. Eles ajudam a contar a história de um povo através do espaço e do tempo e traduzem mentalidades, preocupações, valores e crenças. São memória viva.
Em “Jardins Imaginários”, escrevemos sobre os jardins imaginários que a obra do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry nos permite ideali zar e sobre alguns jardins simbólicos e encantadores, franceses e brasileiros. Reconhecidos pelo seu significado histórico, cada um desses jardins reais, a seu modo e com suas especificidades, oferece pistas para o entendimento da história das duas nações.
Se cada um enxerga seus jardins a partir do que se é, neste livro queremos que cada jardim – real ou imaginário –seja um convite à sua reflexão. Por isso, ele foi feito para colorir: coloque nos traços as cores que a sua imaginação quiser.
UM PASSEIO POR JARDINS BRASILEIROS E FRANCESES
por Elza Forte da Silva CarneiroJARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro, Brasil
Em 1808, logo após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, foi criado o Jardim de Aclimação – primeira denominação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Como o nome sugere, a intenção era introduzir e aclimatar na colônia as especiarias do Oriente, já que os saberes em torno do cultivo das plantas eram valiosos e estavam associados a interesses políticos, científicos e econômicos da Coroa.
Desde a criação do Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa, no ano de 1768, foi formada uma rede de fomento e orientação à pesquisa de produtos economicamente viáveis em Portugal e suas capitanias. É nesse contexto que surge o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, bem como o desembarque, em 1814, de centenas de chineses destinados a cultivar chá nesse terreno – inicia tiva de vanguarda no fomento a técnicas de produção agrícola.
Antes disso, logo que o horto foi criado, uma das primeiras espécies exóticas plantadas por lá foi presente, vindo das Ilhas Maurício, de Luiz de Abreu Vieira e Silva a D. João. Era uma palmeira, plantada pelas próprias mãos do Príncipe Regente, que recebeu o nome de “Palma Mater”. A partir daí, a Roystonea oleracea recebeu o nome popular de Palmeira Imperial. Há até uma história em torno de sua disseminação pelo território brasileiro: diz-se que, quando a palmeira cresceu e começou a florescer, a direção do Jardim Botâ nico mandou queimar seus frutos a fim de monopolizar a espécie, mas alguns escravos subiam na árvore à noite, colhiam e vendiam.
Para além do cunho científico, o sítio foi aberto à visitação pública em 1822 e passou a ser utilizado para lazer da população e pompa da corte, que podia exibir aos visitantes as áreas aterradas e a força e exuberância da natu reza do Brasil. O lugar recebe visitantes ilustres até os dias atuais. Em 1925, por exemplo, recebeu o grande físico alemão Albert Einstein que, encantado, conta-se, chegou a abraçar e beijar o gigantesco Jequitibá Rosa.
Crescido em beleza, o Jardim Botânico do rei português resguarda a me mória de seus diversos tempos, com espécimes que testemunham sua trajetó ria desde a criação do Jardim de Aclimação junto à fábrica de pólvora até os dias atuais, conservando a vocação histórica dos jardins botânicos: a pesquisa.
PARQUE DE BAGATELLE
Paris, França
Conhecido por abrigar um dos mais antigos roseirais da França, o Par que de Bagatelle é enorme e compõe o repertório dos jardins botânicos de Pa ris. Embora as rosas tenham sido plantadas no início do século XX, quando a área privada foi comprada pela prefeitura de Paris, sua história começou antes. Bagatelle traz consigo passagens memoráveis com algumas das figuras mais controversas (e reconhecidas) da história da França.
Conta-se que, em 1720, o Duque d’Etrèes recebeu a propriedade e, que rendo agradar sua esposa, gastou inestimável fortuna para a melhoria e obra naquelas terras. Não é à toa que a ironia do nome do jardim se popularizou. A tradução do nome do espaço para o português contém a mesma chacota: o parque bagatela.
A história é ainda muito mais interessante. Em 1775, Bagatelle passou às mãos do irmão do Rei Luís XVI, o Conde D’Artois. Naquela época, o lugar estava jogado às traças e foi então que a célebre rainha Maria Antonieta lançou um desafio ao cunhado: ele deveria levantar um castelo no local e transformar os jardins para recebê-la em 60 dias. A aposta da rainha seria mais uma baga tela orçamentária e, dessa vez, também de tempo. Ele quase conseguiu. Dizem que tudo ficou pronto em 64 dias e uma grande festa com toda a pompa e opulência dignas de Maria Antonieta foi realizada.
Além de rosas, árvores gigantes, cavernas, espelhos d’água e da famosa anedota que colocou Bagatelle na História, outra grande aposta torna esse jar dim famoso.
Mais ou menos na mesma época em que as primeiras roseiras foram plantadas, um homem acreditou que pudesse fazer voar um objeto muitas ve zes mais pesado que o vento. Em 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont de colou com seu conhecido avião 14 Bis dos campos de Bagatelle e fez milhares de pessoas testemunhas de um feito que mudaria os caminhos da humanidade.
O JARDIM DE MARIA ANTONIETA
Versalhes, França
Afastado das grandiosas estruturas geométricas e ritmadas dos jardins do Palácio de Versalhes, encontra-se um jardim secreto – um lugar de reco lhimento – conhecido como Aldeia da Rainha ou, simplesmente, Jardim de Maria Antonieta.
Famosa por seu apreço ao luxo e mania de ostentação, a Rainha Maria Antonieta tinha um gosto incondicional por jardins e dedicou-se ao seu jar dim particular até ser julgada, condenada por traição e guilhotinada no dia 16 de outubro de 1793, quando tinha apenas 37 anos de idade.
Mas a história desse jardim começa antes. O pequeno palácio Trianon foi construído como apêndice da corte de Versalhes; um presente do Rei Luís XV para sua adorada “amante nomeada”, a censurada, influente e emblemática Madame de Pompadour. A localização do pequeno palácio, considerado uma obra-prima da arquitetura neoclássica, aproximava o rei de seus jardins e lhe permitia a devoção à sua paixão pela botânica. Após a morte de Luís XV, seu neto e sucessor, Luís XVI, concedeu parte da propriedade de Trianon e arre dores para Maria Antonieta, sua esposa, que enfrentava dificuldades de adap tação na corte francesa. Por lá, a rainha criou um jardim bucólico, com formas irregulares e inspiração anglo-oriental, com um lago e um grande rochedo que lembravam as paisagens alpinas da sua infância na Áustria, onde nasceu.
Para a rainha, a estética proporcionava a incorporação de diversas perso nagens, e o vestir-se era, também, um ato simbólico. Assim, ao longo dos anos, de diferentes trajes e momentos de refúgio em seu pequenino reino de Trianon, retornou a vários tempos do mundo e da própria vida. Às vezes vestida com musseline e chapéu de palha – à moda “camponesa” –, soube criar belezas novas e inusitadas, nascidas da sua fantasia e, também, do gosto da sua época.
Pelas mãos de seu fiel botanicista, Antoine Richard, e de seu arquiteto de confiança, Antoine Mique, Maria Antonieta criou seu jardim da vida e seus espaços do mundo da fantasia. Criou vacas, ovelhas, carneiros e galinhas, mas também criou um paraíso renovado e aberto para mudas vindas de todos os cantos do mundo.
Em 1867, mais de sete décadas após Maria Antonieta ser condenada à guilhotina, a última imperatriz dos franceses, Eugénia, transformou o peque no Trianon em um museu dedicado à memória de Maria Antonieta.
JARDINS DA CASA DE RUI BARBOSA
Rio de Janeiro, Brasil
Você sabia que Rui Barbosa, o jornalista e intelectual conhecido pelo seu poder de retórica, grande jurista, político e fundador da Academia Brasileira de Letras, também cultivava diversas plantas? Dizem que, no jardim de sua casa, chegou a ter mais de 300 espécies diferentes e que tinha um apreço espe cial por rosas. É, talvez ele também tenha nascido para ser um florista!
Além de rosas, Rui Barbosa cultivava, podava e colhia outras flores e frutos nos jardins da casa que habitou por 28 anos no bairro Botafogo, no Rio de Janeiro. Em 1895, por exemplo, plantou um pé de lichia (fruta originária da China) que ainda hoje sombreia as brincadeiras das crianças que se divertem por ali. Trinta e cinco anos depois, a residência se tornou o primeiro museu -casa do Brasil.
Antes de Rui Barbosa, a casa e os jardins ganharam os primeiros con tornos quando o imóvel pertencia a Bernardino Casimiro de Freitas – o Barão da Lagoa. Posteriormente, quando passou às mãos da família do Comendador Albino de Oliveira Guimarães, o jardim foi reorganizado, seguindo o modelo romântico inglês.
Mas foi Rui Barbosa quem dispensou cuidado singular ao canteiro de rosas. O conjunto formado pela casa e pelos jardins traduz valores e formas de viver no Rio de Janeiro em diferentes tempos – é bonito só de imaginar.
O dom da oratória e o gosto de Rui Barbosa pelo seu quintal-jardim se misturam em uma famosa anedota. Diz-se que, certa vez ao chegar em casa, ele teria ouvido um estranho barulho vindo do quintal e, em seu jardim, de parou-se com um ladrão tentando roubar seus patos de estimação. Surpreen deu o indivíduo antes que este pulasse o muro com as aves e proferiu em tom catedrático:
– Bucéfalo, não é pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes e sim pelo ato vil e sorrateiro de galgares os profanos de minha residência. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares de minha alta prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica no alto de tua sinagoga que te reduzirá à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada. Diante disso, o ladrão perguntou: – Senhor, eu levo ou deixo os patos?
PARQUE DE NASSAU
Rio de Janeiro, Brasil
Diz a lenda que foram transportados 2 mil coqueiros para a construção do Jardim de Friburgo, na Ilha de Antônio Vaz, atual bairro de Santo Antônio, no Recife. Conhecido também como Jardim de Vrijburg, Horto Zoobotânico ou ainda Parque de Nassau, era banhado pela confluência dos rios Capibaribe e Beberibe e foi o precursor dos jardins botânicos no Brasil, reunindo grande diversidade de elementos da flora e fauna tropicais, além de espécies exóticas aclimatadas.
Tudo começou quando, na década de 1630, a Capitania de Pernambu co, considerada então a mais rica possessão portuguesa, foi conquistada pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Até que Portugal retomasse o controle da região, passaram-se 24 anos e, durante boa parte desse período, o governante foi Maurício de Nassau, nome pelo qual ficou popularmente co nhecido o nobre e militar de origem germânica e holandesa que realizou a em preitada. Humanista, profundo conhecedor de Arquitetura, História e Artes Plásticas, o Conde de Nassau construiu em seu governo o Palácio e o Jardim de Friburgo como sede e residência do governante.
O palácio, que passou por um processo de degradação desde que Portu gal expulsou os holandeses em 1654, foi definitivamente destruído em 1769. Sem seu palácio original, o local passou a ser chamado por vezes de campo, por vezes de praça, recebendo diversas alcunhas, de acordo com a função so cial e histórica de cada período. Por exemplo, depois que, em 1859, Dom Pedro II e a família real se hospedaram no Palácio Novo, que deu lugar ao edifício demolido, o lugar passou a ser chamado de Campo das Princesas.
Em meados da década de 1930, o Jardim do Campo das Princesas re cebeu novo projeto de ajardinamento, feito pelo ilustre arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx. Hoje, tantas intervenções depois, o horto idealizado pelo Conde é um jardim imaginário. A memória do Parque de Nassau permanece na iconografia e na imaginação de quem conhece sua história. Seu significado e resgate histórico permanecem relevantes já que, apenas depois de mais de um século de sua construção, a Coroa Portuguesa emitiu ordens para a im plantação de jardins botânicos no Brasil, estimulando a busca do conhecimen to da vegetação nativa e exótica para usos econômicos e científicos.
JARDIM DAS CACTÁCEAS
Recife, Brasil
Dizem que foi na cidade do Recife que o grande paisagista brasileiro Roberto Burle Marx começou a projetar jardins públicos. Burle Marx foi um artista multifacetado, que percorreu as trilhas do desenho, da pintura, da cerâ mica, da litografia, da arquitetura, da tapeçaria e firmou-se como um paisagis ta que fazia de suas obras narrativas de tempos e lugares diversos.
A Praça Euclides da Cunha, por exemplo, concebida por ele em 1935, levou ao litoral pernambucano a vegetação típica da caatinga, em uma home nagem à obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha.
Originalmente, o jardim, também conhecido por Jardim das Cactáceas ou Cactário da Madalena, foi assentado em blocos de pedra. No centro, aco modavam-se exemplares de macambira, mandacaru, xique-xique e outras cactáceas. Em torno dos cactos, um caminho de árvores sertanejas de grande porte, como o oitizeiro, o pau-ferro e o juazeiro.
O projeto foi vanguarda, rompendo com os padrões estéticos e culturais da época, e tornou-se um marco simbólico na paisagem urbana. Para alguns, ao fugir dos padrões europeus de composição de jardins e criar jardins tropi cais, Burle Marx teria inaugurado um segundo momento da tradição paisa gística, consolidando as raízes da atividade no Brasil. Nasceu, assim, o jardim moderno no país.
JARDIM DE MONET
Giverny, França
A cidade de Giverny guarda o olhar de um homem que revolucionou a arte. Em 1883, Claude Monet, ícone da pintura impressionista, encantou-se a tal ponto com a natureza, as cores e a luz da pequena Giverny que decidiu mu dar-se para lá com a família. Sua nova morada era inspiradora para a pintura e foi onde Monet se tornou jardineiro também, orientando cuidadosamente a composição da paisagem que cercava a casa no pequeno vilarejo próximo à sua cidade natal, Paris.
Seu encanto pelos jardins cresceu e Monet foi fazendo crescer ao longo dos anos a propriedade que o fascinava cada vez mais. Adquiriu terras vizinhas e formou um verdadeiro paraíso, onde podem ser encontrados bambus, ma cieiras, azaleias, framboesas, íris, tulipas, limoeiros, miosótis, dálias, girassóis e muito mais.
As paisagens e as cenas no Jardim de Giverny, mundialmente conhecido como o Jardim de Monet, foram tema recorrente nas obras do "pintor-jardi neiro". O lago central, o jardim floral, o jardim aquático japonês – assim como a luz e o movimento – nos permitem percorrer, na imaginação, pedacinhos do lugar onde ele viveu.
Aos 72 anos, Monet recebeu o diagnóstico de catarata. Sua visão foi sen do gradualmente obstruída e isso afetou de forma significativa seu trabalho. Mas ele continuou pintando, e como pintou as mesmas paisagens muitas ve zes, é possível perceber que seus cenários vão aos poucos se tornando mais turvos e opacos. Passo a passo, a luz e as cores de seus olhos se ofuscavam: Monet começou a pincelar “memórias” e os contrastes ganharam novos tons.
Enquanto em diversos museus do mundo as obras do artista nos fazem passear por seus jardins, perfumes e cores, visitar Giverny é como estar dentro de um dos seus quadros.
O JARDIM DA MAISON GEORGE SAND
Nohant, França
Amandine Aurore Lucile Dupin, a baronesa Dudevant, foi uma aclama da romancista e memorialista francesa. Reconhecida como um dos maiores nomes da literatura do país, deixou um legado literário de mais de cem obras – entre novelas, contos, peças de teatro e textos políticos. Ela viveu durante o século XIX e, além de escrever, era ativista política e se posicionava claramente contra a monarquia e a favor da emancipação civil. Por isso, e para garantir a possibilidade de se expressar, assumiu o codinome de um homem – George Sand.
Em 1832, lançou seu primeiro livro: “Indiana”. Com uma trama erótica e psicológica, foi considerado um verdadeiro protesto contra as convenções sociais que cerceavam as liberdades da mulher.
Precursora do feminismo no país, nasceu em um castelo no vilarejo de Nohant e lá desenvolveu seu gosto pelas plantas, que colhia nos campos e cul tivava em seu herbário. Criou, em sua casa, um jardim de transformações e expressões de seu ser e de seus amores.
Conta-se que teve uma vida amorosa agitada, incluindo um divórcio –escandaloso à época – e, posteriormente, um relacionamento de nove anos com o músico Frédéric Chopin.
Seu jardim hoje não é mais povoado pelas plantas que cultivou, mas, ao ressurgir como museu, trouxe de volta Amandine e, também, George Sand. O local foi redesenhado pelo paisagista Gilles Clément que, a partir da obra da autora, seus diários e correspondências, levantou as espécies mencionadas por ela e construiu um jardim romântico. Aberta à visitação pública, a casa se tornou, para muito além de um lindo de lugar, um espaço de expressão da literatura e, justiça seja feita, da vida da primeira mulher da história que viveu dos frutos do direito de escrever.
ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRYDO JARDIM DA INFÂNCIA AO JARDIM DA
SABEDORIA
por Delphine LacroixPara Alban, pela aurora renovada, e para Hortense, que no crepúsculo murmura Then rose...
Em 30 de julho de 1944, na véspera do seu desaparecimento no Mar Me diterrâneo, Antoine de Saint-Exupéry, então com 44 anos, escrevia a seu ami go Pierre Dalloz: “Eu nasci para ser jardineiro”1. Piloto, escritor, jardineiro...
Sua obra se nutriu de imagens em que a natureza, através de suas paisagens, seus elementos, seus habitantes e seus sinais, oferece um significado simbóli co. Saint-Exupéry inventou uma topografia jardineira, um jardim imaginário onde se revela o “jardineiro de um jardim de sinais”2, evocado em “Cidadela”.
O parque de Saint-Maurice foi um reino de devaneio e de despertar para as cinco crianças Saint-Exupéry. Antoine partiu do jardim fechado das suas origens para conquistar novos jardins, novas imagens, novos rostos. Ele ima ginou lugares onde reinam a rosa e a árvore, onde brilham as ondulações da areia sob a lua e as estrelas. Nos jardins que perfumam, pode-se sonhar. Neles, degustamos a doçura dos frutos que amadurecem lentamente e contempla mos a rosa, essa “festa um pouco melancólica”3
Sábio é o jardineiro que poda as suas roseiras e cuida da sua horta. Saint-Exupéry nos leva a passear no território da esperança. Ele desenha um lugar ideal para se viver, desde o “país da infância” a jardins utópicos. O jardim é fonte de serenidade e representa a busca máxima. A arte dos jardins, como a criança, ensina uma arte de viver.
1. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Pierre Dalloz, [Corse, 30 juillet 1944], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 1051.
2. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 763.
3. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Nelly de Voguë, [Orconte, décembre 1939], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 939
JARDINS DA INFÂNCIA E DA MEMÓRIA
O REINO DE SAINT-MAURICE
Marie, a mãe generosa de Antoine, transmite aos seus filhos a contem plação das belezas simples da natureza e das “humildes criaturas de Deus”, segundo o exemplo de São Francisco de Assis, o santo patrono da família. A filha mais velha, Marie-Madeleine, apelidada de Gazela, fala com os pássaros e Simone, a mais nova, escreve um livro que conta a vida das crianças em Saint-Maurice, enquanto Gabrielle, chamada de Didi, vive em simbiose com a natureza. Antoine lembra em “Correio do Sul”: “Porque tu eras uma fada. Eu me lembro. [...] Cada árvore, cada relva, cada junco tinha vida. [...] Então tu nos tomavas pelas mãos e nos dizias para escutar, porque eram os sons da terra, reconfortantes e bons. Tu estavas tão bem abrigada por esta casa e, ao teu redor, por esta roupagem viva da terra. Tu tinhas feito tantos pactos com as tílias, com os carvalhos, com os rebanhos, que nós te nomeamos sua princesa. [...] Tu nos parecias eterna por estar tão conectada às coisas, tão segura das coisas, dos teus pensamentos, do teu futuro. Tu reinavas... [...] Tu, repentina mente, sentias a tua vida tão segura, como uma jovem árvore se sentiria cres cer e desenvolver a semente ao sol. Não era nada além do necessário.”4 Ligadas à dimensão universal, as crianças adoravam passear dentro do grande parque fechado e luminoso de Saint-Maurice, e gostavam de contar estórias “em com panhia de fadas, reis, rainhas e animais que falam”5. Ele é, contudo, um lugar onde os raios de sol não penetram, abrigando um lago escuro que revela um mistério negro como a noite. Na entrada desse jardim de água e de sombra, Antoine e seu irmão mais novo, François, imaginavam o que as suas irmãs não ouviam: o murmúrio do mar, o chamado vindo de longe, “o sabor de todos os ventos”. “Atrás do portão, adormecido, havia um lago que nós dizíamos estar imóvel há mil anos. [...] Minúsculas folhas arredondadas o revestiam com um tecido verde. [...] A pedrinha que havíamos lançado iniciava o seu percurso, como um astro, porque, para nós, este lago não tinha fundo. [...] Estávamos perdidos nos confins do mundo, porque já sabíamos que viajar é, antes de mais nada, trocar de pele. Aqui, é o inverso das coisas. [...] Fugir”6. Antoine sonhava com outro lugar. Ele percebia o chamado da aurora dourada “como o jardineiro espera pela primavera”. Por detrás das aparências da “residência da família, toda ordenada”, “desta visão unida” onde “nenhuma ameaça, nenhu ma cisão” se manifesta, está esboçada a perspectiva de uma outra vida.
O OÁSIS DAS PRINCESAS DE CONCÓRDIA
Saint-Exupéry descreve uma cena em “Terra dos Homens” que o faz mergulhar novamente no universo das cumplicidades fraternais de Saint-Maurice, quando, em uma escala na Argentina, ele se encontra dentro de “uma casa estranha” onde duas “fadas” exercem sua “realeza” sobre a natu reza. É hora da refeição: “As duas jovens ressurgiram de forma misteriosa e si lenciosa, tal como tinham desaparecido. Sentaram-se à mesa com um ar grave. Tinham, certamente, alimentado os seus cães e os seus pássaros, tinham aberto as suas janelas na noite clara e apreciado o odor das plantas na brisa noturna. [...] Elas tinham também uma iguana, um mangusto, uma raposa, um cisne e abelhas. Todos vivendo juntos, entendendo-se às mil maravilhas, compondo um novo paraíso terrestre. Elas reinavam sobre todos os animais da criação, atraindo-os com as suas mãozinhas, alimentando-os, dando-lhes de beber e lhes contando estórias que, desde o mangusto até as abelhas, to dos escutavam”7. Assim como Didi ou o pequeno príncipe, as “princesas da Argentina” têm “algo de universal”. Seus corações são um “jardim selvagem”, um “reino sem limites”. A analogia entre o “parque escuro e dourado” “povoa do por deuses” de Saint-Maurice e o paraíso das jovens brincalhonas renova a lembrança de “uma civilização fechada, onde os passos tinham um sabor, onde as coisas tinham um sentido”8
4. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 53-55. 5. SAINT-EXUPÉRY, Simone de. Cinq enfants dans un parc, Les Cahiers de la NRF, n° 5, Gallimard, 2000. 6. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 93. 7. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 211-212. 8. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 236.
“SINTO FALTA DO VERDE”
O que resta do “país da infância” uma vez que, “tendo nos tornado ho mens, vivemos em outros climas, em novas regiões”?9 Em sua primeira viagem ao Marrocos, Saint-Exupéry descobre as imensas extensões desérticas com postas por “treze pedras e dez tufos de grama”. Longe do seu país, brota-lhe um sentimento profundo de saudade. Ele confessa à sua mãe: “Quando eu encontro um arbusto, arranco algumas folhas e as coloco no meu bolso. Depois, no quarto, eu as olho com amor, eu as remexo suave mente. Isto me faz bem. Eu gostaria de rever o teu país, onde tudo é verde”. E acrescenta: “Mamãezinha, senta-te embaixo de uma macieira em flor, pois nos dizem que elas estão florescendo na França. E olhes bem ao teu redor por mim. Deve estar verde e belo, e há relva”. Enfim, conclui: “Sinto falta do verde, o verde alimenta o espírito, o verde mantém a doçura das boas maneiras e a quietude da alma”, “tu não imaginas o que há de ternura num simples campo”10
Saint-Exupéry sente o poder simbólico do verde. Confiante em suas emoções, a mãe reaviva as suas “ternuras longínquas” e o jardim verde, lem brança da terra natal, torna-se alimento para o espírito. Ele perde toda a ilusão de um possível retorno ao jardim fechado original e isso é para ele “um estra nho exílio, estar exilado da sua infância”11. Entretanto, esse desencantamento abre uma brecha: a memória toma vida. Um movimento se desenha entre os polos do íntimo e do universal, do próximo e do distante, da presença e da au sência, do passado e do futuro, esses “dois oceanos terríveis”12. Saint-Exupéry apreendeu a realidade na sua dimensão simbólica e criou analogias. Os jardins da memória se compõem, ao mesmo tempo, de emoções e do imaginário, de esperanças e de medos, de fantasia e de sonho. Nascidos dos sonhos, eles se recompõem e exprimem poeticamente os laços que se desvendam no âmago de uma dinâmica de vida, fonte de mistério. Os jardins imaginários ampliam o campo de visão.
O FEUDO DO CAVALEIRO AKLIN
Em “Piloto de Guerra”, Saint-Exupéry evoca um jogo nascido da ima ginação das crianças: o “cavaleiro Aklin” que “era a brincadeira dos dias de grandes tempestades”. As crianças corriam para o fundo do parque em direção à casa, na esperança de evitar a gota fatal. “O último sobrevivente se revelava assim, o protegido dos deuses, invulnerável! Tinha direito, até a próxima tem pestade, de se intitular cavaleiro Aklin”13. Um lugar “oculto” unia as crianças à tempestade: “Corríamos muito rápido, cada vez mais rápido, porque se tratava de [...] uma perseguição misteriosa entre a tempestade em formação e nós”14 Durante a guerra, em uma missão “sacrificada”, Saint-Exupéry entra no vamente no jogo. No centro da ação perigosa, quando a sua vida e a da sua tri pulação estão seriamente ameaçadas, ele se sente “sujeito a leis esquecidas” e reproduz a lenda “a fim de reencontrar o sentimento de uma proteção sobera na”. A tempestade e a natureza são então invocadas como divindades. O gran de parque protetor desempenha o seu papel simbólico. Saint-Exupéry corre, como outrora, em direção ao seu “castelo de fogo” e se reapropria do presente: “Estou em um país que me toca o coração. [...] Nos contos de fadas da infância, o cavaleiro enfrentava provas terríveis, indo em direção a um castelo
misterioso e encantado. Ele escalava geleiras, atravessava precipícios, frustrava traições. Enfim, o castelo surgia diante dele, no centro de uma planície azula da, macia ao galope como um gramado”15
Sua memória, força vital, recompõe essa “matéria bruta” que ligava as crian ças ao mundo. O cavaleiro Aklin, viajante legendário de coração puro, é o sobera no de um “reino lendário adormecido sob as águas” e leva “no fundo do coração uma lembrança que não se pode contar, ‘cor de lua’, ‘cor de tempo’16.” O tempo está suspenso entre um passado fabuloso e um presente sublimado, salvador.
O JARDIM-ESTRELA E O JARDIM-PERSPECTIVA
A casa e o parque de Saint-Maurice são capazes de fornecer “provisões invisíveis”17 e escondem um “maciço obscuro de onde nascem, como as águas da fonte, os sonhos...”18. Saint-Exupéry lembra-se maravilhado do seu grande parque, cuja virtude permite ligar um homem ao tempo: “Era, de alguma maneira, um parque repleto de pinheiros negros e tí lias, com uma velha casa que eu amava. Pouco importava se estava distante ou próxima, se podia ou não me aquecer em minha cadeira, ou me abrigar, reduzida aqui ao papel de sonho: era suficiente que existisse para preencher a minha noite com a sua presença. Eu não era mais esse corpo que foi dar em uma praia, eu me orientava, eu era a criança daquela casa, cheio de lembran ças dos seus odores, cheio de frescor dos seus vestíbulos, cheio de vozes que lhe davam vida. Até mesmo o canto das rãs do banhado vinha ao meu encon tro. Eu precisava dessas milhares de referências para me reconhecer como eu mesmo [...]”19
No coração do deserto, Saint-Exupéry revê o parque em sonho e com preende que é no fundo de si mesmo que o deve buscar. O deserto é um jar dim de areia repleto de lembranças da infância. Há uma estrela a ser seguida, que indica uma direção para onde orientar o pensamento, porque as estrelas “medem para nós as verdadeiras distâncias”. “A vida tranquila, o amor fiel, a amiga que cremos querer, é novamente a estrela polar que os baliza”20
O autor nos convida a desenhar o nosso próprio jardim-perspectiva, constelação de estrelas e de direções. As lembranças se metamorfoseiam em jardim da memória e criam a perspectiva. “É agora que ela se torna doce, a infância. Não apenas a infância, mas toda a vida pregressa. Eu a vejo em sua perspectiva, como um campo. E me parece que sou um ser uno”21. Do nasci mento à morte, o jardim-perspectiva é um lugar simbólico que ilumina a cur va do tempo, e do tempo ao espaço e do espaço ao tempo, a presença perdura. “A infância, este grande território de onde viemos. De onde sou? Sou da minha infância como de um país”22. No jardim fechado e imutável da idade de ouro, é a felicidade das utopias onde tudo tem um sabor de eternidade. A infância torna-se um “país de contos de fadas”, um território a ser reconquis tado, um patrimônio a ser construído. “Estou no interior das coisas. Dispo nho de todas as minhas recordações e de todas as provisões que fiz, e de todos os meus amores. Disponho da minha infância que se perde na noite como uma raiz”23
9. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Casablanca, 1921, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 710.
10. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Casablanca, 1921, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 714.
11. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Buenos Aires, 1930, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 783.
12. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 92.
13. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 185.
14. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 37.
15. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 184.
16. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 96. 17. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 208. 18. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 209.
19. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 207.
20. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 107.
21. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 181.
22. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 158.
23. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 184.
OS JARDINS DOS SINAIS
Longe do jardim original, Saint-Exupéry se abre à descoberta do mundo e da natureza selvagem. O avião lhe revela “a verdadeira face da terra”24: “Nós, habitantes da Via Láctea”25, “Habitantes de um mesmo planeta, passageiros de um mesmo navio”26, “Habitamos um planeta errante”27. A humanidade está embarcada num jardim planetário cercado de sinais que revelam “mensagens misteriosas de outro mundo”.
O LAGO DE PUNTA ARENAS
Em “Terra dos Homens”, Saint-Exupéry narra o seu voo sobre vulcões antigos “envoltos numa relva dourada”: “Tão perto das lavas negras, sente-se muito bem o milagre do homem! Um estranho encontro! Não sabemos como, nem por quê, esse passageiro visita esses jardins preparados, habitáveis por um tempo tão curto, uma época geológica, um dia abençoado entre os dias”28 Saint-Exupéry aterrissa e cruza com moças que representam o “mistério humano”. Nos confins do mundo, ele se sente próximo a uma jovem que lhe parece “meio divina”, uma flor engastada nos flancos de uma colina que se tornou, após tantos anos de metamorfose, habitável.
Depois, há o lago de Punta Arenas, que o autor interpreta como “o sinal sombrio”: “humilde como um charco no terreiro de uma fazenda, [o lago] está, inexplicavelmente, sujeito às marés. [...] ele obedece a outras leis. Sob a superfície uniforme, [...] a energia da lua opera. Os turbilhões marinhos traba lham, nas profundezas, com essa massa negra [...] sob a camada fina de relva e flores. Este lago de cem metros de diâmetro [...] devidamente estabelecido na terra dos homens, segue o ritmo do mar”29
O lago está ligado ao mar e à lua pelas marés. Sinal de estabilidade, ele revela o reverso das coisas, em que as “civilizações não são senão douraduras frágeis” que um vulcão “apaga”. O que são as civilizações na escala do tempo cósmico, senão efêmeras? “Nascida ontem de vulcões, da relva ou da maresia”, a jovem está em comunhão com a condição universal e leva, a passos lentos, os seus segredos. O milagre do homem é poder entender os sinais e compreender as ligações invisíveis que interagem entre a terra, os seres humanos e o movi mento dos astros.
A MACIEIRA CELESTE
Com seu avião pousado em um planalto de areia, enorme pilar solitário que mostra os “vestígios da placa que desabou” ao redor, Saint-Exupéry sen te uma “impressão de extensão de silêncio extraordinária”30. Essa “extensão imaculada”, por onde o homem jamais caminhou, revela pouco a pouco o seu mistério. Ali, Saint-Exupéry descobre uma estranha “pedra negra” “do tama nho de um punho cerrado”. Ele dá o seu testemunho: “Eu erguia a cabeça para ver a macieira que perdia as suas pedras, e como a noite caía e as estrelas cintilavam, compreendi imediatamente, sem esforço e com a evidência que impunha esta pedra perdida sobre trezentos metros de espessura de conchas jamais contaminadas, que se tratava de um aerólito, e que havia lá, sob meus pés, trezentos metros de espessura de prova. Milhares de toneladas de documentos reunidos para provar que esta única pedrinha não era uma estrela desgarrada, uma estrela apagada. E também, naturalmente, eu pensava que sob essa macieira com braços celestes deveria haver outras maçãs”31
“Uma toalha estendida sob a macieira só pode receber maçãs, uma toa lha estendida sob as estrelas só pode receber poeira dos astros: jamais algum aerólito havia mostrado com tal evidência a sua origem”. “E eu assistia, assim, num atalho encantador, do alto de meu pluviômetro de estrelas, a essa lenta chuva de fogo”32
Saint-Exupéry decifra “facilmente” os indícios de estrelas corroídas pelo fogo, “êxtase de tesouro encontrado”, sinais da nossa condição. Nós somos, de fato, ligados ao cosmo, poeira de estrelas, filhos da terra e do céu estrelado. O jardim da macieira celeste oferece os frutos que dão sentido e alegria à exis tência: “Eu sentia melhor a minha solidão, mas também o meu calor e o ba timento do meu coração, a minha vida”33. O jardim dos sinais brinca com as estrelas.
24. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 200. 25. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Carnets, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 508. 26. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre au général Z, Alger, juillet 1944, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 356. 27. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 204. 28. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 202.
29. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 203-204. 30. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 47. 31. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 49. 32. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 206. 33. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 50.
No deserto, jardim mineral, a vida se revela frágil e austera. Saint- Exupéry tenta “compreender o deserto”, sua simbologia. Ele conta uma revelação que ocorreu depois de uma travessia de navio para Nova York: “O Saara oferece, a perder de vista, somente uma areia uniforme. [...] Nela nos banhamos permanentemente em condições de tédio. E, contudo, divindades invisíveis lhe constroem uma rede de direções, de inclinações e sinais, uma musculatura secreta e viva. Não há mais uniformidade. Tudo se orienta. Um silêncio não se parece com outro silêncio. [...] Tudo se polariza. Cada estrela fixa uma direção verdadeira. São todas estrelas dos reis magos. [...] E a areia que te separa do oásis é relva de contos de fadas. [...] Enfim, polos quase que irreais imantam este deserto de muito longe: uma casa da infân cia que permanece viva dentro da lembrança. Um amigo sobre quem nada se sabe, a não ser que é amigo. Assim, tu te sentes tenso e vivificado pelo campo de forças que te puxam ou te empurram, te solicitam ou te resistem. Tu es tás aqui, devidamente ancorado, bem determinado e bem instalado no centro dos pontos cardeais. E como o deserto não oferece nenhuma riqueza tangível, como não há nada para ver ou ouvir no deserto, somos forçados a reconhecer, visto que a vida interior longe de adormecer se fortifica, que o homem é ani mado primeiramente pelas solicitações invisíveis. O homem é governado pelo Espírito. Eu valho, no deserto, o que valem as minhas divindades”34
Passagem sublime em que Saint-Exupéry se revela a si mesmo. “Perdido no deserto e ameaçado, nu entre a areia e as estrelas, afastado dos polos de sua vida por demasiado silêncio”, ele medita sobre a sua condição e sente o seu desnudamento para melhor reencontrar as riquezas da sua “vida interior”. “Aqui, eu não possuía mais nada no mundo. Eu não era mais do que um mor tal perdido entre a areia e as estrelas, consciente da doçura única de respirar”35 O jardim mineral, sob a sua aparente vacuidade, permite que se perceba a grandeza do homem. “O deserto para nós? Era o que nós aprendíamos sobre nós mesmos”.
É ainda no deserto em que o piloto encontra o pequeno príncipe. Juntos, eles observam a sua extensão silenciosa. Para o pequeno príncipe, “o deserto é belo”.
“E é verdade. Eu sempre amei o deserto. A gente se senta numa duna de areia. Não se vê nada. Não se escuta nada. E, no entanto, alguma coisa brilha em silêncio.
- O que torna belo o deserto, diz o pequeno príncipe, é que ele esconde um poço em algum lugar...
Eu me surpreendi por compreender, subitamente, esse misterioso brilho da areia. Quando eu era menino, morava numa casa antiga, e a lenda dizia que um tesouro tinha sido enterrado ali. Claro, ninguém jamais o descobriu, e talvez nem ao menos o tenha procurado. Mas ele tornava a casa encantada. Minha casa escondia um segredo no fundo do seu coração...
- Sim, disse ao pequeno príncipe, seja a casa, as estrelas ou o deserto, o que os torna belos é invisível!”.
O “misterioso brilho da areia” é o tesouro simbólico: ele está na casa, invisível, no meio do deserto, escondido, no fundo do banhado e do lago, sem fundo, no coração do jardim, secreto. Às vezes é poço, às vezes fonte, cordão que liga ao ser vivo. Não se desvenda na coisa em si, e sim na nossa “ação”, na nossa capacidade de encontrar o verdadeiro sentido das coisas, a nossa relação com elas. Entrar no jardim mineral não é “visitar o oásis, é fazer de uma fonte a nossa religião”36, é imaginar o “inacessível” oásis que perfuma a areia. A be leza invisível do jardim só pode ser sentida com o coração.
O JARDIM EM MINIATURA, A BORBOLETA VERDE E AS DUAS LIBÉLULAS
Existem também os sinais ínfimos cuja revelação é essencial. Saint-Exupéry descobre em pleno deserto o jardim em miniatura de um velho capitão. Dentro de uma caixa de terra vinda da França “crescem três folhas verdes” que são acariciadas “com o dedo como joias”. O capitão, quando fala delas, diz: “É meu parque”.
Criar esse pequeno jardim em pleno deserto como símbolo de vida é um ato poético, em que um jogo sutil se estabelece entre o micro e o macro cosmo. O jardim em miniatura é esse pedacinho de utopia que proporciona a sensação da extensão. Outra revelação, ainda no coração do deserto, graças às delicadas libélulas e à borboleta verde, mensagens frágeis provenientes de uma longa viagem:
“No deserto reina um grande silêncio de casa em ordem. Mas, subita mente, uma borboleta verde e duas libélulas batem contra a minha lâmpada. [...] Nem o céu nem a areia me fizeram nenhum sinal, mas sim duas libélulas. [...] Assim esses insetos me mostram que uma tempestade de areia está a ca minho. [...] O que me proporciona uma alegria feroz é ter compreendido em meias palavras uma linguagem secreta, é ter farejado um rastro como um ser primitivo, no qual todo o futuro se anuncia através de fracos rumores, é de ter lido essa cólera no bater de asas de uma libélula37”.
O caçador de sinais pode ligar os fenômenos entre si e interpretá-los. Saint-Exupéry sente então “um instinto de nômade que lê os presságios”38. O sinal estabelece relações que permitem conectar a libélula à tempestade, três folhas verdes à imensidão do deserto, do infinitamente pequeno ao infinita mente grande. Os jardins de sinais se revelam na sua densidade enigmática e o escritor, iniciado a decifrá-los, busca uma linguagem para revelar a sua beleza. Ler a “cólera no bater de asas de uma libélula” é criar uma imagem.
34. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à un otage, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 94.
35. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 207.
36. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 215.
37. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 220.
38. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Yvonne de Lestrange, Port-Étienne, septembre [1931], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 904
JARDINS SECRETOS E DA SABEDORIA
O JARDIM DA AMIZADE
A natureza é ora percebida como uma “divindade sombria”, ora como um lugar de renovação. Saint-Exupéry tem “necessidade de amigos que seriam os jardins onde repousar”39. Em uma carta à sua amiga Yvonne de Rose, ele passeia numa carta-jardim e sonha com um jardim que seria tal como a vida.
“Eu te agradeço, cara Yvonne, por muitas coisas. Não sei dizer quais (as coisas importantes são invisíveis...). [...] Não se agradece a um jardim. E eu sempre dividi a humanidade em duas partes. Há os seres-jardim e os seres -quintal. Estes levam os seus quintais com eles, e os sufocam entre seus quatro muros. [...] Mas nos jardins a gente passeia. Podemos nos calar e respirar. Es tamos à vontade. E as surpresas felizes simplesmente aparecem à nossa frente. Não há nada a procurar. Uma borboleta, um besouro, uma minhoca reluzente se mostram. [...] E, depois, a borboleta. Quando ela pousa numa grande flor, dizemos: para ela é como se pousasse num terraço da Babilônia, num jardim suspenso que balança...[...]
Simplesmente, tenho vontade de passear mais uma vez na tua casa. Também pensei numa outra coisa. Tem gente-rodovia e gente-trilhas. As pessoas-rodovia me entediam. Fico entediado no macadame entre as in dicações de quilometragem. Essas pessoas caminham em direção a uma coisa bem precisa. Um ganho, uma ambição. Ao longo das trilhas, em lugar das indicações de quilometragem, há avelaneiras. E passeamos para comer as ave lãs. Estamos ali por estar. A cada passo estamos ali por estar ali e em nenhum outro lugar. [...]
Yvonne, cara Yvonne, os homens desta época vivem trancados em casa. A civilização do telefone é intolerável. Uma caricatura de presença substitui a verdadeira presença. [...] Não nos fechamos mais em nada, não estamos mais em lugar nenhum. Detesto esta humanidade solúvel. Ali onde estou, estou por toda a eternidade. Tenho direito ao meu banco, a cinco minutos de eternidade. [...] É muito curioso, tem-se tempo perto de ti. Se é por um segundo, “tem-se tempo” por um segundo. Tu estás presente no aperto de mão, no bom dia, ou mesmo no adeus. Tu não tens pressa a não ser quando estás entre as coisas. Sem dar-te conta, tu caminhas com o passo lento de um jardim. O passo verdadeiro, eu acho isso tão precioso. [...]
Eu vim apenas sentar-me, por cinco minutos de eternidade, na amizade”
Saint-Exupéry degusta o presente como um tempo eterno. Descreveu várias vezes esses lugares de amizade em que cada momento torna-se mag nífico. Tal como na “estranha aula de geografia”40 ministrada por Guillaumet ou no encontro com Léon Werth, no Café de “La Marine”, às margens do Rio Saona, ou no “vilarejo de homens” em pleno deserto iluminado por uma sim ples vela. O sorriso entre amigos se torna símbolo e manifestação da qualidade dos homens, sinal de vida e de paz. Para além das linguagens, ele cria o “rosto”. Esses momentos sagrados da amizade proporcionam o bom “sabor do pão partido”41. Os amigos são uma “festa” e criam a troca. Eles participam de um estranho enigma, aquele das “relações humanas”, o único “luxo verdadei ro”. O humanismo de Saint-Exupéry desabrocha integralmente na poética do laço visando “tomar consciência de uma meta que nos une uns aos outros”42, já que o homem nada mais é do que um “emaranhado de relações”. É em “Car ta a um Refém” que ele aborda o imenso valor da amizade: “Nós experimenta mos, nas horas de milagre, uma certa qualidade das relações humanas: aí está para nós a verdade”43
39. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre au docteur Georges Pélissier, [Oujda, juin 1943], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 1003. 40. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 176. 41. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 280. 42. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 280. 43. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à un otage, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 102.
DA FLOR À ROSA
As verdades reveladas na narração do “Pequeno Príncipe” transitam por encontros provenientes dos mundos vegetal e animal. O pequeno herói dialo ga com uma rosa, uma serpente e uma raposa. O principezinho leva uma “vi dinha melancólica” e a sua única distração é a contemplação “dos pores do sol” cuja “doçura” é consolo para a solidão. Todos os dias, depois de lavar-se, ele lava o seu planeta: ele limpa os seus vulcões e arranca as mudinhas de baobá.
Um belo dia, ele observa um botão de flor enorme que, “no abrigo do seu quarto verde”, prepara-se para vir ao mundo. A flor escolhe com cuidado as suas cores e veste-se lentamente ajustando as suas pétalas uma a uma, até que a “aparição miraculosa” se mostra na “plena irradiação da sua beleza”44 Mas a flor é muito exigente e ele logo duvida dela. Ele decide partir.
Durante a sua viagem, ele visita planetas habitados por pessoas gran des muito “bizarras”. Ao chegar a Terra, na África, ele encontra uma serpente enigmática, “cor de lua”, com a qual estabelece um pacto tácito: ela o ajudará a retornar para perto da sua rosa. No seu périplo, ele penetra num jardim onde desabrocham milhares de rosas muito belas e acredita que a sua rosa não passa de uma rosa comum. Ele se sente muito triste e se põe a chorar. É nesse momento que aparece a raposa e lhe ensina o que significa “cativar”. Ele com preende então que ama a sua rosa: “eu acho que ela me cativou…”45. Assim, o verdadeiro “segredo da vida do pequeno príncipe” é o seu amor por uma flor. A flor demanda cuidado e proteção, tornando-se a “sua rosa”, pois ele lhe dedica o seu tempo, a sua atenção e os seus cuidados. Nós estamos ligados somente por aquilo que damos. “Criar laços” com aqueles que amamos é habituar-se lenta mente à sua presença e, enfim, desejá-los.
O tempo que nos “satisfaz” é um tempo que “acrescenta”; o oposto da quele que “se estende” ou daquele que “escoa”. Assim, o tempo que poderíamos imaginar “perdido” é, na realidade, um tempo ganho, e cada ser se torna único e necessário. As rosas do jardim são “belas” porém “vazias”, enquanto que a sua rosa é diferente, já que ele cuida dela e lhe dedica tempo, e como lhe disse a raposa: “É o tempo que tu perdestes com a tua rosa que torna a tua rosa tão importante” e “Tu te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cati vas. Tu és responsável pela tua rosa…”, “cativar” é amar e, consequentemente, sentir-se “responsável”. O laço de responsabilidade cria a verdadeira dimensão do amor e da amizade. São as figuras da rosa e da raposa que nos fazem des cobrir essa verdade da condição humana.
A rosa, símbolo frágil e precioso, é, ao mesmo tempo, efêmera no seu jardim e permanente nas estrelas. Para Saint-Exupéry, ela é uma direção e uma luz que orientam o seu repouso. Ele sonha em caminhar “na direção dessa ima gem, na direção dessa paz do aconchego, na direção dessa felicidade tranqui la”… “Mas acabei me ferindo na roseira, ao colher uma rosa”, diz Saint-Exupéry, que não conhecerá essa “paz do coração” sem a qual ele não pode “nem ser e nem cria”. O jardim secreto do coração é, às vezes, bastante árido: “Os contos de fadas são assim. Uma manhã a gente desperta. Dizem: ‘era só um conto de fadas…’, sorriem de si mesmos. Mas, no fundo, é um sorriso apagado. Sabem muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida”46
ESTRELAS-GUIZOS E ESTRELAS-FONTES
Diante da melancolia de uma ausência subsiste o poder da imagem e da sua transposição simbólica. “Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas”47. O amor é, exa tamente, esse sentimento essencial e invisível graças ao qual “as estrelas são belas, por causa de uma flor que não se vê …”48
Na hora do adeus, a raposa já sabe que vai chorar pela partida do seu amigo. Por essa razão, ela cria uma lembrança: “Mas tu tens cabelos de ouro. […] O trigo, que é dourado, me fará lembrar de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...”49. O consolo para a sua separação encontrará a sua forma num símbolo luminoso, numa imagem concreta – o trigo – e num pensa mento espiritual. Do mesmo modo, quando o pequeno príncipe deixa o seu amigo piloto, ele o consola e lhe dá o seu presente: “Minha estrela será para ti qualquer uma das estrelas. Assim, gostarás de olhar todas elas… Serão, todas, tuas amigas. […] Quando olhares para o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem. E tu terás estrelas que sabem sorrir! […] Será como se eu te houvesse dado, ao invés de estrelas, montões de guizos que riem...”. E, para consolar-se a si próprio, o pequeno príncipe também olhará as estrelas: “Todas as estrelas serão poços. […] Todas as estrelas me darão de beber … […] Será tão diver tido! Tu terás quinhentos milhões de guizos, eu terei quinhentos milhões de fontes…”50
As estrelas são as mesmas e, contudo, são diferentes, são figuras que comportam ausência e presença. Para um, elas são guizos, para outros, fontes, para os dois elas proporcionam prazer, abrem a mente e expandem o coração.
A aparência está cativa, pois os campos de trigo e as estrelas na noite têm o poder de semear os seres e de lhes entregar as suas “provisões de doçura”. Há “condições misteriosas que nos fertilizam”51. Ninguém duvida que essas figu ras engrandecem o homem. E o piloto recebe esse segredo da criança.
É por essa razão que o próprio piloto escreve as lembranças do seu en contro com o pequeno príncipe, a fim de compartilhá-lo com os seus leitores.
44. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 257. 45. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 294. 46. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettres à l’inconnue, Gallimard, 2008, p. 21. 47. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 312. 48. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 303.
O seu último desenho consiste em dois traços que sustentam uma estrela. “A mais bela e a mais triste paisagem do mundo”52 é a expressão mais simples da representação do horizonte e de seu infinito. Os vincos na areia deixam solta a imaginação do leitor, o qual pode, assim, sonhar com a sua própria relação com o pequeno príncipe. 49. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 295. 50. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 315. 51. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. « La Paix ou la Guerre », OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 359. 52. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 321.
Arraigada na terra, a árvore sorve as forças vivas do solo e, pelos seus galhos e folhas, capta a energia do sol. A sua seiva é lenta e avança em direção à luz. Terrestre e aérea, permeada e nutrida pela água, a árvore é unidade e se torna “o caminho da troca entre as estrelas e nós”53. As árvores seculares de Saint-Maurice, as árvores frutíferas e o “cedro” solitário de “Cidadela”, todas as árvores de Saint-Exupéry exprimem a luta pela permanência. Elas repre sentam a vida no seu dinamismo, no seu desabrochar, na sua realização e na sua perfeição. Modelo de crescimento, de concentração e de superação, elas encarnam a potência criadora. Plantar uma árvore é imaginar a “floresta que, lentamente e ao longo dos séculos, deambula”54. A árvore é também “via e passagem” para as “sementes aladas”55, sementes que se disseminam. Seu vigor é fervor no coração do homem.
A humanidade também se encontra na natureza da árvore e transcende os destinos individuais. A estrutura da árvore reúne a comunidade dos ho mens e conserva a diversidade no cerne da unidade. Os homens caem como as folhas, enquanto nascem novos brotos. O tronco da árvore, “atado pelo amor”, atravessa as estações. “De geração em geração, com o lento progresso de um crescimento de árvore”56, a vida se transmite. A analogia entre a árvore, o ho mem e a humanidade se fundamenta tanto pelo indivíduo que desabrocha no tempo e se metamorfoseia – da semente à flor e ao fruto –, como pelo tronco comum que se compõe numa fraternidade solidária – pelas suas raízes, pelo seu tronco e pelos seus galhos –. A flor murcha e se transforma em fruto, e o fruto forma a semente. A árvore está, assim, adormecida na semente que se dissemina ou se aconchega nas profundezas da terra.
A imagem da árvore está, enfim, associada à criança. Ela representa a evolução do “menino da selva” que desabrocha e é “a cada instante aquilo que deveria ser”. A árvore-criança é essa semente adormecida, e se torna a “potên cia que, lentamente, alcança o céu”57. Crescer tal como uma árvore é atar-se profundamente e esperar aquilo que perdura para além de si próprio.
A SABEDORIA DOS JARDINEIROS
A figura do jardineiro percorre a obra de Saint-Exupéry. Em “Voo No turno”, o jardineiro exerce “somente com as suas mãos” um “combate perpé tuo”, “vencendo a floresta primitiva”58. Em “Terra dos Homens”, o escritor dá o exemplo de um velho jardineiro preocupado com o futuro: “Quem podará as minhas árvores? Quem semeará as minhas flores?”. “Ele tinha laços de amor com todas as terras e todas as árvores da terra”59. Em “Cidadela”, o jardineiro é um sábio, modesto e generoso. Ele é grande, pois é “fiel ao jardim”. Saint-Exu péry disse não ter conhecido “jardineiro que seja vaidoso por, simplesmente, amar o seu jardim”60. A humildade, a generosidade e a responsabilidade do jardineiro diante de uma ”rosa nova” são formas supremas de uma sabedoria que consiste numa lenta reconciliação com o mundo, com a vida, com a mor te. Assim, Saint-Exupéry é esse “jardineiro que caminha a passos lentos em direção às suas árvores”61:
“Eu me dirijo ao jardim. […] O jardim se oferece para mim. […] Para mim que sei, tudo conserva um significado. […] Aqueles que não sabem, de modo algum, esperar, não compreenderão nenhum poema, pois têm como inimigo o tempo que restaura o desejo, reveste a flor ou amadurece o fruto. […] Eu vou, vou e vou. E quando aqui estou, no jardim que é para mim uma pátria de odores, sento-me num banco. Eu olho. Há folhas que voam e flores que murcham. Sinto tudo o que morre e se recompõe. Não tenho nenhum sentimento de perda. […] Nós vamos, meu jardim e eu, das flores aos frutos. Mas, através dos frutos, vamos em direção às sementes. E através das semen tes, vamos em direção às flores do próximo ano”62
A promessa não é outra senão o prazer da caminhada, o desejo de oásis nos confins das areias ou de ilha ao largo dos mares. No jardim, o que perfu ma e se renova é o invisível símbolo que se lê através das flores ou das árvores aromáticas. “A hora do jardim ou da esposa”63 são os passos que, lentamente, nos conduzem à fonte. Assim, a caminhada fértil é criação e o jardineiro vai ao encontro do poeta.
As últimas páginas de “Cidadela” terminam com o poema de dois jardi neiros cuja amizade se expressa no amor que têm em comum pelos seus ro seirais. Separados por anos de ausência e por uma longa distância, um recebe uma carta do outro: “Nesta manhã, podei as minhas roseiras”. Três anos mais tarde, ele lhe enviou a seguinte resposta: “Nesta manhã, eu também podei as minhas roseiras”. O príncipe, por sua vez, testemunha da relação e da profun da amizade que une os dois jardineiros, diz o seguinte: “Por julgar feliz o jardineiro que se comunica com o seu amigo, surgeme, às vezes, o desejo de ligar-me assim, segundo o seu deus, aos jardinei ros do meu império. E vejo-me descendo a passos lentos, um pouco antes da aurora, os degraus do meu palácio em direção ao jardim. […] Depois, […] digo simplesmente, do fundo do coração, a fim de encontrá-los por um único caminho que seja eficaz, a todos os jardineiros vivos e mortos ‘Eu também, nesta manhã, podei as minhas roseiras’. E pouco importa se essa mensagem levará muito tempo para ser encaminhada e se chegará a alguém. Este não é, de forma alguma, o objeto da mensagem. Para encontrar os meus jardineiros, eu simplesmente saudei o seu deus, que é o roseiral ao nascer do dia”64
A busca de sabedoria em Saint-Exupéry está encarnada na figura do jardineiro que poda cotidianamente as suas roseiras. A sua ação é simples, silenciosa e livre. “Isola-se a rosa, cultiva-se a rosa, faz-se de modo a favore cê-la”65 e todos os jardineiros se emocionam com isso. Uma verdade vem à luz, a saber: “Os homens habitam e o sentido das coisas muda para eles em função do sentido de morada. E o caminho, o campo de cevada e a curva da colina serão diferentes para o homem em função do fato de comporem, ou não, uma propriedade. Pois surge, de súbito, essa matéria desigual que se junta e pesa no coração. […] Pois é bom que não nos pareça, de forma alguma, que o tempo que escoa está nos desgastando e nos perdendo, como um punhado de areia, mas sim que ele está nos fazendo desabrochar”66. Os ritos, a morada e a amplidão criam o cerimonial. Eles são criação, linguagem poética e beleza, em busca de símbolos que falam ao coração. “Aquele que habita” sabe que “a amplidão é fruto da mente, e não dos olhos”67
Nos jardins da sabedoria, as palavras são discretas e as flores “represen tam no mundo o amor pela paz”. Trazemos em nós um jardim secreto no qual sentimos a beleza, a universalidade, a fragilidade e a potência da vida. “Eu, diz Saint-Exupéry, construí a alma do homem e lhe ergui fronteiras e limites, e eu lhe desenho jardins para o culto da criança e para que haja um sentido no coração”68. O jardim da sabedoria simboliza o lugar de renovação e o tempo reencontrado, onde tudo “lentamente, se cativa para a eternidade”69
Numa passagem suprimida de “Pequeno Príncipe”, o menino era o jar dineiro de uma horta: “Ele tinha problemas também por causa das sementes. Pois ele tinha uma horta para se alimentar. Havia sementes de rabanete, de to mate, de batata e de vagem. Mas o pequeno príncipe não podia comer frutos. Como são demasiadamente grandes, as árvores frutíferas teriam danificado o seu planeta”70. O pequeno príncipe é esse menino, esse modesto jardineiro de uma horta. Essa sabedoria vai ao encontro daquela de Saint-Exupéry: “Eu queria ser um jardineiro em meio aos legumes”71. O jardim da sabedoria é aceitação, simplicidade, modéstia e doçura. Fonte de vida, ele representa o amor pela doação. O pequeno príncipe é como “a criança que beijamos antes de dormir e que resume o mundo”72. A sabedoria máxima do jardineiro que cuida da sua horta é saber que “o menino não é senão aquele que te pega pela mão para te ensinar”73
O homem-árvore e a árvore-geração 53. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 401. 54. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 752. 55. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 751. 56. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 282. 57. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 371. 58. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Vol de nuit, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 141.
59. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 197.
60. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 567.
61. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 808.
62. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 740.
63. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 739.64. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, Œuvres complètes,
64. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 833.
65. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 284. 66. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 375-376. 67. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 161. 68. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 558. 69. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Vol de nuit, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 114.
70. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le manuscrit du Petit Prince, Fac-similé et transcription, Gallimard, 2013, p. CIV.
71. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Nelly de Voguë, [Alger 1943-1944], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 963.
72. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 370. 73. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 553..
LETTER TO THE READER
It has been a while since the first publication of “Imaginary Gardens” in 2017. In these little more than five years, as counted in the calendar, we have ventured collectively through many human dilemmas. It so happens that, suddenly, there came a virus, and with a majesty, crown and all, that caused even the gardens of times to stop and gaze, astounded. The existential questions of living and dying, or the reasons why we do what we do, have taken a beating and gained another dimension. We returned to the basics of existence: the struggle for life that, regardless of where we were, was solitary and thorny. Perhaps there are reflections that only gain space in these moments, when what´s normally invisible to the eye stands out and summons our full presence, in the flesh.
Until COVID-19, we almost believed that we were immune to anything like this; such is our pride and belief that, at last, we have gained the ultimate power over things on Earth. But no. The pandemic hit all, imposed its supremacy; the whole world, or at least humans all over the world, was forced to withdraw, wait, believe. And our differences, slyly swallowed and pushed down for decades, were vomited, screaming at the top of their lungs, eyes tearful, with heart and soul, emanating through our bodies – by all the people of the world. Everything was thrown open, shamelessly, and without mercy.
Distances became relative. The farthest place in the world became the space of the hug we enjoyed every day. The room in a shared house became a jointly uninhabitable planet. A neighborhood block stretched further away than the other side of the world. Our inner gardens began to be watered by small rituals on balconies, windows, and even in potted plants, reminding us of the simplicity of life; the importance of green in our histories became more evident. At times forgotten by us, hospitals and research centers returned to their rightful place as gardens of life. And thus, there were months of singing with unknown neighbors, of more love for those who were close, of mourning for those who passed away – even those we had never known. We hurt together.
From our windows, the world witnessed wild animals approaching the cities. Plants, in the absence of dilemma or pruning, dominated the built landscapes – which certainly challenged the knowledge of architecture and engineering, but which could never challenge the bewildering, primordial nature of living for the sake of living. Human work bowed to nature's indomitable divinity.
Regrettably, it must be noted that, at the same time, and in a contradictory and frantic manner, our natural gardens are slipping through our hands. The Amazon Forest, the largest natural landscape on the planet, has lost, between 2020 and 2021, more than 13 thousand square
kilometers. And the Cerrado, the second biome of South America, was devastated across more than eight thousand and five hundred square kilometers. The destruction of the area in these biomes is equivalent to approximately 16 cities the size of Rio de Janeiro. The almost complete destruction of the Atlantic Forest has left us with less than 15% of its extension and exuberance. Life becoming supplies, pasture, and suchlike lets us know that we continue to believe that we can arbitrate on all forms of existence. Human folly seems to misunderstand the message that the pandemic has sent us.
Life has mixtures that we do not expect, that we do not want, or that are inconvenient. But from the same force that comes the cry, comes life. It is a curious amalgam, this. In 2022, it is unequivocal to conclude again, and after all that we still go through, that we feed on our imaginary gardens. While the strength of the invisible lives on in what touches the heart, the gift of invisibility is also given to the essentials: without the world's green lungs, none of us will survive.
We take care of the garden of our childhood, the garden of youth, the garden of wisdom. We celebrate the gardens of science and respect the mystery of the invisible. We color living with many things we like, although it is fair to say that we reinvent its ways and tastes. It is also fair to say that it was never up to us to reinvent the flowering of life and that we have never had such a sense of the sacredness of love.
Therefore, reissuing “Imaginary Gardens” has taken me deep into the words of Saint Exupéry: nature is sometimes a gloomy deity, sometimes the place of renewal.
(...) there is time all around you. If it is for a second, you ‘have time’ for a second. You are present at the handshake, in the good morning, or even in the goodbye. You are in no hurry except when you are in between things. Without realizing it, you walk with the slow step of a garden. The true step, I find this so precious. (...). *note 39 Imaginary Gardens p. 51. St. Ex.
There is something sublime about sharing life. Having it, and having you here with us, dear reader, sitting with us, by yourself, or with the people in your life, for the infinite minutes of your presence, brings the truth of the miracle of human relationships.
So, welcome back to all!
Long live art, long live science, and long live Hospital Pequeno Príncipe, the guardian of so many seed-children.
Happy reading, happy coloring!
IMAGINARY GARDENS
I have always loved gardens. Less so that perfect microcosm, however charming to those who want to forget the censorship and the follies of life. Much more so, the tiny leaves eaten away by insects, the beauty of the petal that is more curled than and not so much in line with the color palette of the others, the ladybug – not always red – that lands on our hand, the cedar branches that stubbornly, and in spite of human will, grew crooked – and free!
The changes of time come, sometimes, a like a punch, sometimes will all the whispering notices of a change of season. We exist to flourish. Even if eaten away, imperfect, crooked, torn, with deciduous leaves, others thorny and firm that are there to tell our histories.
Human nature is, in itself, ephemeral. While all we have is the here and now – our only real moment that is nothing but a thin thread separating past and future – the garden is a temple of the elapsing of time. It is a labyrinth created by the passing of time, of centuries, of seconds that interweaves them with garden creatures, ant by ant, spider web by spider web, from the germination of flowers to their blooming. It weaves the fabric of life – lianas with roses, mango trees with queen palms, the gaze of a world long gone with the interferences of what we are now.
In the past, I had my finger pricked while trying to pick a rose and a swollen hand for having insisted on touching a bee that wanted some of my ice cream. This happened at a time when I watched everything with a child’s eyes, for whom things are actually gigantic. I grew up and, revisiting some of the gardens of my childhood, I realized they were not actually that big in size, although they were very much so in my memory.
Today I know that all gardens are, by nature, figments – designed to conform to a certain shape. But in the labyrinths of time, gardens are also projections of our most intimate imagination. And that each of us sees in our gardens a personal universe impregnated with memories and expectations. And that all the existing gardens carry that too, but they also exist thanks to the relentless force of continuity and to the breath of the moment – in a buzz, a smell, the croaking of a toad. They serve us as mirrors to our human subjectivity, turning real images into meaning, portrayed there by the magnificent force of nature that insists and persists.
And this is what a garden is for the young French pilot who, in the desert, met a little prince that told him how he cared for his rose.
The same is true for the thousands of children who spend time in Pequeno Principe Hospital, the institution benefitting from this publication project. The largest pediatric complex in Brazil, the hospital was named Pequeno Príncipe for being a place that nurtures life, where imaginary gardens interweave reinvention and rebirth.
INTRODUCTION
It was on account of a tree and its commercial importance that Brazil was thus baptized. When they came across the hardwood that displayed bright tones of red and orange color, the Portuguese had actually found in their newly founded colony the first product to exploit. It was the Caesalpinia echinata, popularly known as “pau-de-Pernambuco”, or mainly as “pau Brazil”. Particularly good for making furniture and musical instruments, this wood strain was also good for extracting dye, which was widely used in the textile industry. Choosing to name a dominated territory after a plant says a lot about the relationship established between colonial Brazil and Portugal. This very decision also tells a lot about the spirit of the Western world in the early sixteenth century.
At the climax of the Age of Discovery, a new way of creating gardens was inaugurated, which was manifested in the classical-type garden: English, Italian, and French. At the time, gardens were beginning to reflect the desire to materialize scientific knowledge about nature and the qualities of plants. Gardens were living libraries that displayed the esthetics, power, production, and detention of knowledge.
French gardens, for example, were marked by anthropocentrism, a strong feature of the Renaissance. Their very well-defined and symmetrical lines were meant to demonstrate man’s upper hand over nature, and their grand appearance was intentional.
It was precisely at that time that the first references to Western botanical gardens appeared, designed as they were not only to be a sign of sovereignty, but also as a venue to plant, understand and improve growing techniques, and to advance the use of exotic and medicinal plants. In them, the properties of the species were studied and cataloged in order to identify their uses and to prove them good based on practice. Botanical research was the driver for the creation of those gardens, which were basically large collections of plants.
The same research purpose guided, in the eighteenth century, the interest of the Portuguese crown in implementing botanical gardens in Brazil and in other colonies. Further exploration into these new territories by Europeans also represented more knowledge about their flora, cataloguing, and experimentation of ways to cultivate them for commercial purposes. On the Brazilian territory, in addition to the native species, the acclimatization and cultivation of European and Oriental species were also tested.
Long before the interests that motivated the great voyages, from the time of very ancient civilizations, gardens and their stories have been part of human lore and tradition, providing a living picture of how men thought their world “must
be” like, in keeping with their time, environment, values, and desires. These microcosms make human thought tangible and reflect the spirit of the times in which they were conceived. They carry traces from the past into the present and, at the same time – much like breathing monuments – they hold inside the cycle of life and death that characterizes nature. An ever-changing legacy, they remind us that with every germinated seed, culture, like nature, is dynamic.
Formally recognized as heritage sites in the late twentieth century, historical gardens are a specific feature of the cultural heritage that helps to tell the story of a people in space and time, while reflecting attitudes, concerns, values, and beliefs. They are living memory.
In “Imaginary Gardens”, we write about imaginary gardens that the work of French writer, Antoine de Saint-Exupéry allowed us to romanticize, and also about some symbolic and lovely gardens, both French and Brazilian. Renowned for their historical significance, each one of these real gardens, in their own special way and with their own specific features, provides clues to understanding the history of the two nations.
But if each nation sees its gardens from their own perspective, in this book we would like for every garden – real or imaginary – to be an invitation to reflection. This is why it was conceived as a coloring book: you can color it in any way your imagination goes.
A TOUR OF BRAZILIAN AND FRENCH GARDENS
por Elza Forte da Silva CarneiroBOTANICAL GARDEN OF RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro, Brazil
In 1808, shortly after the arrival of the Portuguese royal family in Brazil, the Acclimatization Garden was created – the first name of the Botanical Garden of Rio de Janeiro. As the name suggests, the intention was to introduce and acclimatize Eastern spices to the colony, since knowledge about the cultivation of plants was valuable and was linked with the political, scientific, and economic interests of the Crown.
Since the creation of the Botanical Garden of Ajuda, in Lisbon, in 1768, a research development and guidance network for economically viable products in Portugal and its captaincies was formed. It is in this context that the Botanical Garden of Rio de Janeiro was conceived, including the arrival, in 1814, of hundreds of Chinese brought in to grow tea in this area – a cutting-edge initiative in the fostering agricultural production techniques.
Before that, immediately after the garden was created, one of the first exotic species planted there was a gift from the Mauritius Islands, offered by Luiz de Abreu Vieira e Silva to King John. It was a palm tree, planted by the Prince Regent himself and named Palma Mater. From then on, the Roystonea oleracea received the popular name of Imperial Palm Tree. There is a story about how it spread throughout Brazil: it is said that when the first palm tree grew and began to flourish, the director of the Botanical Garden had its fruits burned in order to monopolize the species, but some slaves climbed the tree at night, harvested its fruits and sold them.
In addition to its scientific calling, the garden was opened to the public, in 1822, and began to be used for recreation by the general population and the pompous court, which managed to flaunt to visitors the grounded areas and the power and exuberance of nature in Brazil. The place has received distinguished visitors until the present day and, in 1925, for example, it welcomed the great German physicist Albert Einstein who, moved by sheer delight, hugged and kissed the giant Jequitibá rosa tree – so the story goes. Growing in beauty, the Botanical Garden of the Portuguese king safeguards the memory of its several phases, protecting species that have witnessed its history since its creation as Acclimatization Garden near the gunpowder factory, until the present day, maintaining the historical vocation of botanical gardens: research.
BAGATELLE PARK
Paris, France
Known for housing one of the oldest rose gardens in France, Bagatelle Park is huge, and is part of the range of botanic gardens in Paris. Even though the roses were planted in the early twentieth century, when the area was purchased by the city of
Paris, its history actually started long before that. Bagatelle embodies memorable stories about some of the most controversial (and renowned) figures of French history.
It is said that in the 1720s, the Duke of Etrèes inherited the property and that, wishing to please his wife, he spent an inestimable fortune on improvements and works on those lands. No wonder the irony of its name became so popular. The name of the place translated into Portuguese conveys the same mockery: the bagatela (trifle) park.
The story becomes even more interesting. In 1775, Bagatelle passed into the hands of King Louis XVI´s brother, the Count of Artois. At that time, the place was abandoned until the famous queen, Marie Antoinette, challenged her brother-in-law: he was to build a castle and redesign the gardens to receive her in 60 days. The queen´s challenge would be another budget trifle, and this time, in terms of time too. He almost succeeded. It is said that everything was ready in 64 days and that a big party with all the pomp and opulence worthy of Marie Antoinette was thrown.
In addition to roses, giant trees, caves, water ponds and the famous anecdote that made Bagatelle historically famous, it was the setting for another big challenge.
At about the same time the first rose bushes were planted, a man believed he could make something many times heavier than air fly. In 1906, the Brazilian Alberto Santos Dumont took off from the Bagatelle fields on his 14-bis aircraft, a feat witnessed by thousands of people, which would change the paths of humanity.
MARIE ANTOINETTE’S GARDEN
Versailles, France
Far from the grand geometric and rhythmic structures of the Palace of Versailles´s gardens, lies a secret garden – a place for contemplation –known as the Queen’s Village, or simply as Marie Antoinette’s Garden.
Famous worldwide for her love of luxury and her penchant for ostentation, Queen Marie Antoinette had an unconditional love for gardens and devoted herself to her private garden until she was tried, convicted of treason and guillotined on October 16, 1793, when she was only 37 years old.
But the history of that garden starts before that. The Petit Trianon palace was built as an extension to the court of Versailles; a gift of King Louis XV to his beloved “chosen lover”, the censored, influent, and emblematic Madame de Pompadour. The location of the small palace, considered a chef d´oeuvre of neoclassical architecture, took the king closer to his gardens and allowed him to devote more time to his passion for botanic. After the death of Louis XV, his grandson and successor, Louis XVI, gave part of the Trianon property and its surroundings to Marie Antoinette, his wife, who
was having a difficult time adjusting to the French court. There, the queen created a bucolic garden with irregular shapes of Anglo-oriental inspiration, with a pond and a large rock reminiscent of the alpine landscapes of her childhood in Austria, where she was born.
For the queen, esthetics made it possible to incorporate several characters, and wearing costumes was also a symbolic act. Thus, throughout her life, by wearing different costumes and enjoying moments spent in refuge in her small Trianon kingdom, she went back to different epochs of world history and of her own life. Sometimes dressed in mousseline and a straw hat – “peasant” style – she was able to create new and unusual beauty, born out of her fantasy and much to the taste of her time.
Through the hands of her faithful botanist, Antoine Richard, and her trusted architect, Antoine Mique, Marie Antoinette created her garden of life and fantasy world spaces. She raised cows, sheep, and chickens, but also designed a renewed and open earthly paradise for seedlings from all corners of the world.
In 1867, more than seven decades after Marie Antoinette´s condemnation to the guillotine, the last empress of the French, Eugénie, changed the Petit Trianon into a museum dedicated to the memory or Marie Antoinette.
GARDENS OF RUI BARBOSA’S HOUSE
Rio de Janeiro, Brazil
Did you know that Rui Barbosa, a journalist and scholar known for his powerful rhetoric, a great jurist, politician and founder of the Brazilian Academy of Letters also cultivated quite a few plants? It is said that in the garden of his house he had almost 300 different species and that he had a special penchant for roses. Yes, maybe he too was born to be a florist!
Besides roses, Rui Barbosa cultivated, pruned, and harvested fruits and other flowers in the gardens of the house where he lived for 28 years in Botafogo, Rio de Janeiro. In 1895, for example, he planted a litchi plant (a fruit from China) which still provides shade for the children who have fun playing there. Thirty-five years later, the residence became the first house museum in Brazil.
Before Rui Barbosa, the house and the gardens got their first contours at the time they belonged to Bernardino Casimiro de Freitas – Baron of Lagoa. Later, when it changed hands and became a property of the family of Comendador Albino de Oliveira Guimarães, the garden was reorganized, having the romantic English garden as a model.
But it was Rui Barbosa who dedicated special care to the rose beds. The setting formed by the house and the gardens translates values and ways of living in Rio de Janeiro at different times – it is beautiful just to imagine it.
The gift of oratory and Rui Barbosa’s fondness for his backyard-garden blend in with a famous anecdote. It is said that one day he arrived home and heard a strange noise coming from the backyard and, in his garden, he came across a thief trying to steal their pet ducks. Barbosa caught the guy by surprise before he could jump over the fence with the birds in his hands and uttered in a learned tone: – Oh, anachronous Bucephalus, it is not about the intrinsic value of the palmiped bipeds, but about the vile and sneaky act of having you desecrate the intimacy of my residence. If you do it out of necessity, I agree; but if it is to mock my high prosopopoeia as a decent and honorable citizen, I will strike you with my phosphoric cane on the top of your synagogue, which will reduce you to the fiftieth power that the populace calls nothing. Having heard this, the thief asked: – Mister, should I take or leave the ducks?
NASSAU PARK Recife, Brazil
Legend has it that 2,000 coconut trees were moved for the construction of Freiburg Garden on the island of Antonio Vaz, currently the Santo Antonio district, in Recife. Also known as Vrijburg Garden, Zoo-botanical garden, or Nassau Park, it was bathed by the confluence of the Capibaribe and Beberibe rivers and it was the precursor to all botanical gardens in Brazil, bringing together great diversity of elements of the tropical flora and fauna, in addition to acclimated exotic species.
It all started in the 1630s, when the Captaincy of Pernambuco, considered the richest Portuguese possession, was conquered by the Dutch West India Company. It took Portugal 24 years to regain control of the region and, during much of that period, the ruler was Maurice of Nassau, the abbreviated name by which the noble and military man of German and Dutch origin who accomplished the deed became widely known. A humanist, a deep connoisseur of architecture, history and art, during his administration Count of Nassau built the Freiburg Palace and Garden to be the ruler’s headquarters and residence.
The palace, which underwent a process of degradation since Portugal expelled the Dutch, in 1654, was finally destroyed in 1769. Without its original palace, the place came to be called sometimes field, sometimes square, receiving several nicknames, according to its social and historical function in each period. For example, in 1859, after Dom Pedro II and the royal family stayed in the New Palace, which substituted the demolished building, the place came to be called the Field of the Princesses.
In the mid-1930s, the Field of the Princesses Garden received a new landscaping project by renowned landscape architect Roberto Burle Marx and today, many interventions later, the garden designed by the Count is but an imaginary
garden. The memory of Nassau Park remains in the iconography and imagination of those who know its history. Its meaning and historical recovery remain relevant since only after more than a century after its construction, the Portuguese Crown issued orders for the implementation of botanical gardens in Brazil, stimulating the search for knowledge about the native and exotic vegetation for economic and scientific purposes.
GARDEN OF CACTUS
Recife, Brazil
It is said that it was in Recife that the great Brazilian landscape architect, Roberto Burle Marx, began to design public gardens. Burle Marx was a multifaceted artist who traveled the paths of drawing, painting, ceramics, lithography, architecture, tapestry and established itself as a landscape artist that turned his works into narratives of different times and places.
Euclides da Cunha Square, for example, designed by him in 1935, brought to the coast of Pernambuco the typical vegetation of the savanna, in a tribute to the book “Os Sertões” (Rebellion in the Backlands) by Euclides da Cunha.
Originally the garden, also known as the Garden of Cacti or Cactário Madalena, was set on boulders. In the center, there were “macambira”, “mandacaru”, “xique-xique” and other cactuses. Surrounding the cactuses, a path with large trees from the backlands, like licania, ironwood and jujube.
The project was cutting edge, breaking with the aesthetic and cultural standards of the time, and became a landmark in urban landscaping. For some, by moving away from European gardencomposition standards, and by creating tropical gardens, Burle Marx opened a second phase in the landscape tradition, consolidating the roots of this activity in Brazil. This is how the modern garden was born in the country
MONET’S GARDEN Giverny, France
Giverny reflects the gaze of a man that revolutionized art. In 1883, Claude Monet, icon of Impressionist painting, was so enchanted by nature, the colors and the light of the small Giverny town, that he decided to move there with his family. His new home was very inspiring for painting, and it was where Monet also became a gardener, carefully guiding the landscape composition that surrounded the house in the small village near his hometown, Paris.
His enchantment with gardens grew and, over the years, Monet went on expanding the property that increasingly fascinated him. He purchased neighboring land and created a true paradise, where bamboos, apple trees, azaleas, raspberries, iris, tulips, lemon, forget-me-nots, dahlias, sunflowers and more can be seen.
The landscaping and the scenes of Giverny Garden, known worldwide as Monet’s Garden, were recurring themes in the works of the paintergardener. The central lake, the flower garden, the Japanese water garden – just like light and movement – allow us to wander, in our imagination, tiny pieces of the place where he lived.
At 72, Monet was diagnosed with cataracts. His vision became more clouded, which significantly affected his work. But he continued to paint, and because he painted the same landscapes over and over again, one can see that his settings gradually become more turbid and opaque. Little by little, light and colors become muddled: Monet began to paint ‘memories’ and the contrasts gained new shades.
While the artist´s works in several museums around the world take us on a walk through his gardens, perfumes and colors, visiting Giverny is like being inside one of his paintings.
MAISON GEORGE SAND’S GARDEN Nohant, France
Amantine Aurore Lucile Dupin, Dudevant Baroness, was an acclaimed French novelist and memoirist. Recognized as one of the country’s biggest literary names, she left a literary legacy of more than 100 works – including novels, short stories, plays, and political texts. In order to accomplish that, she was obliged to take up a man’s name – George Sand. She lived in the nineteenth century and, in addition to writing, she was also a political activist and was clearly positioned against the monarchy and in favor of civil emancipation.
In 1832, she released her first book: “Indiana”. With an erotic and psychological plot, it was considered a real protest against the social conventions that restricted women’s freedoms.
A precursor of feminism in her country, she was born in a castle in the Nohant village and there she developed her taste for plants, which she gathered in the fields and cultivated in her herbarium. In her house she created a garden of transformations and expressions of her being as well as her loves. It is said that she led a hectic love life, including a divorce – outrageous at the time – and, later, a nine-year relationship with musician Frederic Chopin.
Her garden is no longer populated by the plants she cultivated, but rising again as a museum, it also brought back Amantine and George Sand. It was redesigned by landscape architect Gilles Clément who, based on the author’s work, her diaries and correspondence, surveyed the species mentioned by her and designed a romantic garden. Open to the public, the house became much more than just a beautiful place; it is a space for the expression of the literature and, justice be done, of the life of the first woman in history to live off the rewards of the right to write.
ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRYFROM KINDERGARTEN TO THE GARDEN OF WISDOM
by Delphine LacroixTO ALBAN, FOR THE RENEWED DAWN AND TO HORTENSE, WHO AT DUSK MURMURS
THEN ROSE
On July 30, 1944, on the eve of his disappearance in the Mediterranean Sea, Antoine de Saint-Exupéry, then 44, wrote to his friend Pierre Dalloz: “I was born to be a gardener.”1 Pilot, writer, gardener... His work was nurtured by images, where nature, thanks to its landscapes, elements, inhabitants and signs, provides a symbolic meaning.
Saint-Exupéry invented a garden topography, an imaginary garden where the “gardener of a garden of signs”2 is revealed, as evoked in “The Wisdom of the Sands” (Citadelle). Saint-Maurice park was a kingdom for daydreaming and for awakening for the five Saint-Exupéry children. Antoine left the enclosed garden of his origins to conquer new gardens, new images, new faces. He imagined places where the rose and the tree reign, where sand ripples glow under the moon and the stars. In gardens that perfume the air, one can dream. In them we taste the sweetness of the fruit that ripen slowly and contemplate the rose, this “rather melancholy party.”3
Wise is the gardener that prunes his rose bushes and cares for his garden. Saint-Exupéry takes us on a stroll in the territory of hope. He drafts an ideal place to live in, from the “childhood country” to Utopian gardens. The garden is a source of serenity and represents the maximum search. The art of gardens, like the child, teaches the art of living.
GARDENS OF CHILDHOOD AND OF MEMORY
THE KINGDOM OF SAINT-MAURICE
Marie, Antoine’s generous mother, taught her children to contemplate the simple beauty of nature and of the “humble creatures of God,” following the example of St. Francis of Assisi, the patron saint of the family. The eldest daughter, Marie-Madeleine, nicknamed Gazelle, talked to birds and Simone, the youngest, wrote a book about the lives of the children in Saint-Maurice, while Gabrielle, called Didi, lived in symbiosis with nature. Antoine remembers in “Southern Mail”:
“Because you were a fairy. I remember. [...] Every tree, every grass, every reed was alive. [...] So you took us by the hand and you asked us to listen, because they were the sounds of the earth, comforting and good. You were so comfortably
sheltered by this house, and all around you, by this living garment of land. You had made so many pacts with the lindens, the oaks, the flocks that we named you their princess. [...] You seemed eternal to us for being so connected with things, so sure of things, of your thoughts, of your future. You reigned... [...] Suddenly, you felt your life so safe, like a young tree would feel growing and developing its seed in the sun. It was nothing more than the necessary.”4
Connected with the universal dimension, the children loved promenading inside the large, enclosed, and luminous Saint-Maurice park, and loved to tell stories “in the company of fairies, kings, queens and talking animals.” It is, however, a place where sunrays do not penetrate, which harbors a dark lake that reveals a mystery as black as night. At the entrance of this garden of water and shade, Antoine and his younger brother, Francois, imagined that his sisters could not hear: the murmur of the sea, the call coming from far away, “the taste of all the winds.”
“Behind the gate, asleep, there was a lake we said had been standing still for a thousand years. [...] Tiny rounded leaves covered it with a green cloth [...] The pebble we had thrown in it began its journey like a star, because for us, this lake was bottomless. [...] We were lost in the confines of the world, because we already knew that traveling is, first of all, changing skin. Here, it is the reverse of things. [...] Running away”.6
Antoine dreamed of another place. He perceived the call of the golden dawn “like the gardener waiting for spring.” Behind the appearances of “family residence, fully organized”, “from this united vision” where “no threat, no split” is manifest, is sketched out the prospect of another life.
THE OASIS OF THE CONCORDIA PRINCESSES
Saint-Exupéry describes a scene in “Land of Men” that has him dive back into the universe of the fraternal complicity of Saint-Maurice. Making a stopover in Argentina, he finds himself inside a “strange house”, where two “fairies” exercise their “royalty” over nature. It is meal time:
“The two young ladies reappeared mysteriously and silently, just as they had disappeared. They sat at the table with a somber air. They had certainly fed their dogs and their birds, had opened their windows onto the clear night and enjoyed the smell of plants in the evening breeze. [...] They also had an iguana, a mongoose, a fox, a swan, and bees. They all lived together, understood each other wonderfully, making up a new earthly paradise. They ruled over all the animals of creation, attracting them with her little hands, feeding them, giving them water and telling them
stories which, from the mongoose to the bees, everyone listened to.”7
Like Didi, or the little prince, the “Argentinian princesses” have “something universal.” Their hearts are a “wild garden,” a “boundless kingdom.” The analogy between the “dark and golden park” “populated by gods” of Saint-Maurice and the paradise of the playful young ladies renews the memory of “a closed civilization, where steps had a flavor, where things had a meaning.”8
“I MISS THE GREEN”
What remains from the “childhood country” since, “having grown to be men, we live in other climates, in new regions?” On his first trip to Morocco, Saint-Exupéry discovered the immense desert expanses made up of “thirteen stones and ten tufts of grass.”9 Away from his country, there springs inside him a deep sense of longing. He confesses to his mother:
“When I find a bush, I pluck a few leaves and tuck them in my pocket. Then, in my room, I look at them lovingly, I fumble them gently. It makes me feel good. I would like to see your country once again, where everything is green.” He adds: “Mommie, sit under an apple tree in bloom, because they tell us that they are in bloom in France. And take a good look around you for me. It should be green and beautiful, and there is grass.” Finally, he concludes: “I miss the green, green nurtures the spirit, green maintains the sweetness of manners and the stillness of the soul”, “you cannot imagine all the tenderness there is in a plain field.”10
Saint-Exupéry felt the symbolic power of the green. Confident of his emotions, the mother revives his “distant tenderness” and the green garden, a remembrance of his mother land, becomes food for the spirit. He had lost all illusion of a possible return to the original enclosed garden and this is for him “a strange exile, to be exiled from one’s own childhood.”11 However, this disenchantment opens a gap. The memory comes alive. A movement is drawn between the poles of the intimate and the universal, the near and the far, presence and absence, past and future, these “two terrible oceans.”12 Saint-Exupéry grasped reality in its symbolic dimension and created analogies. The memory gardens are composed, simultaneously, of emotions and imagination, of hopes and fears, of fantasy and dream. Born of dreams, they reestablish and poetically express the ties that are revealed at the heart of a dynamic life, source of mystery. Imaginary gardens expand the field of vision.
AKLIN KNIGHT’S FIEFDOM
In “War Pilot,” Saint-Exupéry evokes a game born from the imagination of the children: “Aklin, the knight” which “was the game played in stormy weather.” The children would run from the deep end of the park towards the house, hoping to avoid being touched by the fatal raindrops. “The one who survived the longest was acknowledged the darling of the gods, the invulnerable! He or she had the right, until the next storm, to be called Aklin Knight.”13 A “hidden” place united the children to the storm: “We ran very fast, faster and faster, because it was [...] a mysterious chase between the gathering storm and us.”14
During the war, on a “sacrificed” mission, Saint-Exupéry rejoins the game. At the center of the dangerous action, when his life and his crew’s was seriously endangered, he felt “subjected to forgotten laws” and reproduced the legend “to rediscover the sense of a sovereign protection.” The storm and nature are then invoked as deities. The great protector park plays out its symbolic role. Saint-Exupéry runs, as before, towards his “fire castle” and re-appropriates the present:
“I’m in a country that touches my heart. [...] In his childhood’s fairy tales, the knight faced terrible trials, moving towards a mysterious and enchanted castle. He climbed glaciers, crossed precipices, frustrated betrayals. At last, the castle appeared before him at the center of a blue plain, as soft to the gallop as a lawn.”15
His memory, a vital force, rebuilds this “raw material” that linked the children to the world. Aklin Knight, a legendary traveler with a pure heart, is the sovereign of a “legendary kingdom asleep under the waters” and carries “in the bottom of his heart a reminiscence that cannot be revealed, ‘moon color’, ‘the color of time’.”16 Time is suspended between a fabulous past and a sublimated, savior present.
THE STAR GARDEN AND THE PERSPECTIVE GARDEN
The house and the park in Saint-Maurice provide “invisible provisions”17 and hide a “dark range from which, as waters from a spring, are born our dreams...”18. Fascinated, Saint-Exupéry remembers his large park, whose virtue allows connecting a man to time:
“Somewhere there was a park dark with firs and lindens trees and an old house that I loved. It mattered little that it was far away, that it could or not warm me in my flesh, nor shelter me, reduced here to a dreamlike role: it was enough that it existed to fill my night with its presence. I was no longer this body flung up on a shore, I oriented myself, I was the child of this house, filled with memories of the smells, of the freshness of its
vestibules, of the voices that gave it life. Even the chanting of the frogs in the pond came to me. I needed these thousands references to recognize me as myself [...]”19
In the middle of the desert, Saint-Exupéry sees the park once again in a dream and understands that it is deep inside that one must search. The desert is a sand garden filled with childhood memories. There is a star to follow, which indicates a direction that guides your thinking, because the stars “measure for us the true distances.” “The quiet life, faithful love, the girlfriend we believe we want, it is once again the polar star that is their reference point...”20
The author invites us to design our own perspective garden, a constellation of stars and directions. Memories metamorphose into the garden of memory and create the perspective. “It is now that childhood becomes sweet, and not only childhood, but all past life. I see it from its perspective, like a field. And it seems to me that I am a unified being.”21 From birth to death, the perspective garden is a symbolic place that illuminates the curve of time, and from time to space and from space to time, the presence endures.
“Childhood, this huge territory where we came from. Where am I from? I am from my childhood like I am from a country.”22 In the closed and unchanging garden of the golden age, the happiness of utopias where everything has a taste of eternity. Childhood becomes a “country of fairy tales”, a territory to be reconquered, a heritage to be built. “I am inside things. I have full access to all my memories and all the provisions I made, and of all my loves. I have access to my childhood that gets lost in the night like a root.”23
THE GARDENS OF SIGNS
Far from the original garden, Saint-Exupéry opened himself up to the discovery of the world and wild nature. The airplane reveals to him “the true face of the earth:”24 “We, the inhabitants of the Milky Way,”25 “inhabitants of the same planet, of the same passenger ship,”26 we “inhabit a wandering planet.”27 Humanity is aboard a planetary garden surrounded by signs that reveal “mysterious messages from another world.”
THE PUNTA ARENAS´ LAKE
In “Land of Men”, Saint-Exupéry describes his flight over ancient volcanoes “wrapped in golden grass”: “So close to the black lava, one clearly feels the miracle of man! A strange encounter! We do not know how, or why, this passenger visits these prepared gardens, livable for such a short time, a geological epoch, a blessed day among days.”28
Saint-Exupéry lands and meets girls that represent the “human mystery.” At the confines of the world, he feels close to a young woman that seems to him “somewhat divine” a flower embedded on the flanks of a hill that became, after many years of metamorphosis, habitable.
Then, there is the lake of Punta Arenas, which the author interprets as “the somber signal”: “Humble like a pool in the yard of a farm, [the lake] is, inexplicably, subjected to the tides. [...] it obeys other laws. Under the uniform surface, [...] the energy of the moon operates. Marine vortices work, deep within, with this black mass [...] under the thin layer of grass and flowers. This lake a hundred meters in diameter [...] properly established in the land of men, follows the rhythm of the sea.”29
The lake is connected to the sea and the moon through the tides. A sign of stability, it reveals the other side of things, where “civilizations are but fragile gilding” that a volcano “erases”. What are civilizations on the scale of cosmic time, if not ephemeral? “Born yesterday from volcanoes, from grass or salt air,” the young woman is in communion with the universal condition and takes with her, at a slow pace, its secrets. Man’s miracle is being capable of understanding the signs and understanding the invisible links that interact with the earth, human beings, and the movement of the stars.
THE CELESTIAL APPLE TREE
His plane landed on a sandy plateau, a huge solitary pillar showing “traces of the plate that collapsed” around it, Saint-Exupery feels an “extraordinary impression of silence extension.”30 This “immaculate extension”, where man has never walked before, reveals its mystery little by little. There, Saint-Exupery discovers a strange “black stone” “the size of a clenched fist.” He gives his testimony:
“I raised my head to see the apple tree that lost its stones, and as night fell and the stars twinkled, I understood immediately, effortlessly and with the evidence imposed by this lost rock on a three hundred-meter thick layer of uncontaminated shells, that it was a meteorite, and that there was there, under my feet, three hundred meters of proof. Thousands of tons of documents gathered to prove that this single pebble was not a stray star, a faded star. And also, of course, I thought that under this apple tree with celestial arms there might be other apples.”31
“An extended towel under the apple tree can only catch apples, an extended towel under the stars can only catch stardust: never before had any meteorite shown its origin with this much evidence.” “And I watched, thus, in a charming shortcut, from the top of my star rain gauge, this slow rain of fire.”32
Saint-Exupéry “easily” deciphers the signs of stars corroded by fire, “ecstasy of a treasury found” signs of our condition. We are, in fact, connected to the cosmos, star dust, sons of the earth and the starry sky. The heavenly apple garden offers the fruits that give meaning and joy to existence: “I felt my loneliness better, but also my heat and the beating of my heart, my life.”33 The garden of signs plays with the stars.
THE MINERAL GARDEN AND THE “MYSTERIOUS GLOW OF THE SAND”
In the desert, this mineral garden, life is revealed as fragile and austere. Saint-Exupéry tries to “understand the desert”, its symbology. He describes an epiphany he had after a ship crossing to New York:
“The Sahara offers, as far as the eye can see, only uniform sand [...] In it we bathe continuously in boredom conditions. And yet invisible deities build you a network of directions, of slopes and signs, a secret and living musculature. There is no longer uniformity. Everything is oriented. One silence does not look like another silence. [...] Everything is polarized. Each star shows a real direction. They are all Magi´s stars. [...] And the sand between you and the oasis is a lawn in a fairy tale. [...] Lastly, this desert is magnetized from afar by two unreal poles: a childhood home, remaining alive in the memory. A friend we know nothing about, except that he exists. So you feel strained and enlivened by the field of forces which attract and repel you, entreat or resist you. There you are, well-founded, welldetermined and wellestablished in the center of the cardinal directions. And as the desert offers no tangible riches, as there is nothing to see or hear in the desert, we are compelled to acknowledge, since the inner life, far from falling asleep, is fortified, that man is first animated by invisible solicitations. Man is ruled by the Spirit. In the desert I am worth what my divinities are worth.”34
Sublime passage where Saint-Exupéry reveals himself. “Lost in the desert and in danger, naked between sky and sand, withdrawn by too much silence from the poles of [his] life,” he meditates on his condition and feels his nakedness to better rediscover the riches of his “inner life.” “Here, I possessed nothing in the world. I was no more than a mortal strayed between sand and stars, conscious of the single blessing of breathing.”35 The mineral garden, under its apparent emptiness, allows you to realize the greatness of man. “The desert for us? It was what we learned about ourselves.”
It is in the desert that the pilot meets the little prince. Together, they watch its silent extension. For the little prince, “the desert is beautiful.”
“And it’s true. I always loved the desert. You sit on a sand dune. You do not see anything. Do not hear anything. And, nevertheless, something shines in silence.
- What makes the desert beautiful, said the little prince, is that it hides a well somewhere... I was surprised to understand, suddenly, that mysterious glow of the sand. When I was a child, I lived in an old house, and legend has it that a treasure was buried there. Of course, no one ever found it, and perhaps no one ever looked for it. But it made the house enchanted. My home held a secret in the bottom of its heart...
- Yes, said the little prince, be it the house, the stars, or the desert, what makes them beautiful is invisible!” The “mysterious glow of the sand,” is the symbolic treasure: it is in the house, invisible, in the desert, hidden, in the bottom of the pond and the lake, bottomless, in the heart of the garden, secret. Sometimes it is a well, sometimes a source, a cord that connects it to the living being. It does not reveal itself in the thing itself, but in our “action” in our ability to find the true meaning of things, in our relationship with them. Entering a mineral garden is not “visiting the oasis, it is making a spring our religion,”36 it is imagining the “inaccessible” oasis that perfumes the sand. The invisible beauty of the garden can only be felt with the heart.
THE MINIATURE GARDEN, THE GREEN BUTTERFLY, AND THE TWO DRAGONFLIES
There are also the tiny signs whose disclosure is essential. Saint-Exupéry finds in the desert the miniature garden of an old captain. Inside a box with earth brought from France “grow three green leaves” that are caressed “with the finger like jewels.” The captain, when he talks about them says: “It is my park.” Creating this small garden in the middle of the desert as a symbol of life is a poetic act, and a subtle game is established between micro and macrocosm. The miniature garden is this little piece of utopia that gives the feeling of extension. Another revelation, still in the middle of the desert, thanks to the delicate dragonflies and the green butterfly, fragile messages from a long journey: “In the desert reigns the great silence of a house in order. But suddenly, a green butterfly and two dragonflies crash against my lamp. [...] Neither the sky nor the sand gave me any warning signs, but instead, two dragonflies. [...] So these insects show me that a sandstorm is on the way. [...] what filled me with a barbaric joy was that I had understood a murmured monosyllable of this secret language, had sniffed the air and known what was coming, like one of those primitive men to whom the future is revealed in such faint rustlings; it was that I had
been able to read the anger of the desert in the beating wings of a dragonfly.”37 The sign hunter is able to piece together the phenomena and interpret them. Saint-Exupéry feels “a nomadic instinct that reads omens.”38 The sign establishes relationships that allow him to link the dragonfly to the storm, three green leaves to the vastness of the desert, the infinitely small to the infinitely large. The gardens of signs are revealed in their enigmatic density and the writer, an initiated in decipher them, searches for a language to reveal their beauty. Reading the “anger in the beating wings of a dragonfly,” is creating an image.
SECRET GARDENS AND GARDENS OF WISDOM
THE FRIENDSHIP GARDEN
Nature is either perceived as a “dark deity,” or as a place of renewal. Saint-Exupéry “needs friends who would be gardens in which to rest.”39 In a letter to his friend Yvonne Rose, he takes a walk around a garden-letter and dreams of a garden that would be like life.
“I thank you, dear Yvonne, for many things. I do not know what (the important things are invisible...) [...] One does not thank a garden. And I have always divided humanity into two parts. There are garden beings and backyard beings. They take their backyards with them and suffocate them within their four walls. [...] But in gardens we wander. We can be silent and breathe. We are at ease. And the happy surprises simply appear in front of us. There is nothing to look for. A butterfly, a beetle, a shiny earthworm reveal themselves. [...] And then, the butterfly. When it lands on a big flower, we say: for it, it is as if it were landing on a Babylon terrace, on a hanging garden that sways... [...]
Simply stated, I want to walk around in your house once again.
I also thought about something else. There are road people and trail people. Road people bore me. I’m bored on macadam among mileage signs. These people walk towards something that is very precise. A profit, an ambition. On the trails, instead of mileage signs, there are hazelnuts. And we walk to eat hazelnuts. We are there just to be there. At every step of the way we are there to be there and nowhere else [...]
Yvonne, dear Yvonne, men of this age spend their lives locked at home. The telephone, civilization is intolerable. A caricature of presence replaces real presence. [...] We are no longer closed inside anything, we are no longer anywhere. I hate
this soluble humanity. Wherever I am, I am for all eternity. I am entitled to my bench, to five minutes of eternity. [...] It is very curious, there is time near you. If only for a second, “we have time” for a second. You are present in the hand grip, in the good-morning, or even in the good-bye. There is no hurry, unless you are among things. Without noticing it, you walk at the same slow pace as if you were walking in a garden. The true step, I find it so precious. [...] I just came to sit down for five minutes of eternity, in friendship.” Saint-Exupéry tastes the present as if it were eternal time. SaintExupery described those friendly places many times, where every moment becomes magnificent. Much like in the “strange geography lesson”40 taught by Guillaumet or in his encounter with Léon Werth at Café de “La Marine”, on the banks of the Saône River or in the “village of men” in plain desert lit by a simple candle. The smile between friends becomes symbol and manifestation of the quality of men, a sign of life and peace. Beyond the languages, it creates the “face”. These sacred friendship moments provide the good “flavor of shared bread.”41 Friends are a “party” and create exchange. They participate in a strange puzzle, that of “human relations”, the only “true luxury”. SaintExupéry’s humanism fully blossoms in the poetics of ties, aimed at “becoming aware of a goal that ties us to each other”42, since man is nothing but an “entanglement of relationships.” It is in “Letter to a Hostage” that he addresses the immense value of friendship: “We experience, in times of miracle, a certain quality of human relationships: that is where truth lies for us.”43
FROM THE FLOWER TO THE ROSE
The truths revealed in the story of “The Little Prince” derive from encounters between the plant and animal worlds. The little hero exchanges ideas with a rose, a snake, and a fox. The little prince leads “a melancholy little life” and his only distraction is contemplating “sunsets” whose “sweetness” is consolation for his loneliness. Every day, after washing, he washes his planet: he cleans its volcanoes and plucks out baobab seedlings.
One day, he notices a huge flower bud that “sheltered inside its green room,” prepares to come out into the world. The flower chooses its colors carefully and dresses up slowly adjusting its petals one by one, until the “miraculous apparition” is revealed in the “full radiance of its beauty.”44 But the flower is very demanding and he soon comes to doubt it. He decides to leave.
During his trip, he visits planets inhabited by big and very “bizarre” people. Upon reaching Earth, in Africa, he meets an enigmatic snake, “moon color” with which he makes a tacit deal: he will help him to go back close to his rose. In
his journey, he enters a garden where thousands of very beautiful roses bloom and he believes that his rose is nothing but a common rose. He feels very sad and starts to cry. It is at this point that the fox appears and teaches him what it means to “tame”. He realizes then that he loves his rose: “I think she has tamed me...”45 So the real “secret of the little prince’s life” is his love for a flower. The flower demands care and protection, becoming “his rose” because he devotes it his time, his attention and his care. We are only bound by what we give. “Creating bonds” with those we love is getting used to their presence slowly, and ultimately, wanting it.
The time that “satisfies” us is a time that “adds”; the opposite of that which “extends” or that which “drains”. So the time we might imagine “lost” is actually a time gained, and every being becomes unique and necessary. The roses in the garden are “beautiful” but “empty”, while his rose is different, since he takes care of it and dedicates his time to it, and as stated by the fox: “It is the time you spent with your rose that makes your rose so important” and “You become responsible, forever, for all that you have tamed. You are responsible for your rose...” “Taming” is loving and consequently, feeling “responsible”. The responsibility bond creates the true dimension of love and friendship. It is the rose and the fox figures that lead us to the discovery of this truth about the human condition. The rose, a fragile and precious symbol, is at the same time ephemeral in its garden and permanent in the stars. For Saint-Exupéry, it is a direction and a light that guide his rest. He dreams of walking “in the direction of this image, towards this peaceful coziness, toward this quiet happiness...” “But I ended up by hurting myself in the rose bush, as I was picking a rose” says SaintExupéry, who will not know this “peace of heart” without which he can “neither be nor create.” The secret garden of the heart is, sometimes, very arid: “Fairy tales are like that. One morning we wake up and say: ‘It was only a fairy tale...’ and we put a smile on our face, but deep inside, it is a faint smile. We know very well that fairy tales are the only truth in life.”46
BELL STARS AND FOUNTAIN STARS
Given the melancholy of absence there subsists the power of the image and its symbolic transposition. “If you love a flower that is in a star, it is sweet, at night, to look at the sky. All the stars are blossoming”.47 Love is precisely this essential and invisible feeling thanks to which “the stars are beautiful, because of a flower you cannot see...”.48
When it comes the time to say goodbye, the fox already knows that it will cry due to the departure of its friend. For this reason, it creates a memory: “But you have golden hair. [...] The wheat,
which is golden, will remind me of you. And I will love the wind in the wheat...”49 “Consolation for their separation will take the form of a luminous symbol, in a concrete image – wheat – and in a spiritual thought.
Similarly, when the little prince leaves his pilot friend, he comforts him and gives him a gift: “My star will be for you any one of all the stars. So you will enjoy looking at all of them ... they will be, all of them, your friends. [...] When you look at the night sky, because I will inhabit one of them, because in one of them I will be laughing, then it will be as if all the stars were laughing at you. And you will have stars that know how to smile! [...] It will be as if I had given you, instead of stars, millions of bells that laugh...” “And to comfort himself, the little prince will also look at the stars: “All the stars will be wells [...] All the stars will give me water to drink... [...] It will be fun! You will have five hundred million little bells, I’ll have five hundred million fountains...”50
The stars are the same, yet different, they are figures that contain absence and presence. For some, they are bells, for others, fountains, for both they provide pleasure, open the mind and expand the heart. The appearance is captive because the wheat fields and the stars at night have the power to sow beings and give them their “provisions of sweetness.” There are “mysterious conditions that fertilize us.”51 No one doubts that these figures uplift man. And the pilot receives this secret from the child.
For this reason, the pilot writes the memories of his encounter with the little prince, in order to share it with his readers. His last drawing consists of two lines that support a star. “The most beautiful and saddest landscape in the world”52 is the simplest expression of the representation of the horizon and its infinity. Creases in the sand set the reader’s imagination free, who can thus dream of their own relationship with the little prince.
THE TREE MAN AND THE GENERATIONTREE
Rooted in the land, the tree sips the living forces out of the soil and through its branches and leaves it captures energy from the sun. Its sap is slow and moves toward the light. Belonging to both land and air, permeated and nourished by water, the tree is a unity and becomes “the way of exchange between the stars and us.”53 The secular trees of Saint-Maurice, the fruit trees and the solitary “cedar” in the “The Wisdom o the Sands” (Citadelle), all of Saint-Exupéry’s trees, express the struggle for permanence. They represent life in its dynamism, in its unfolding, its accomplishment and its perfection. A growth model, of concentration and resilience, it embodies creative
power. Planting a tree is imagining the “forest that, slowly, over the centuries, roam.”54 The tree is also “pathway and passage” for the “winged seeds”55, the seeds that spread. Its strength is fervor in the hearts of man.
Humanity is also found in the nature of the tree and transcends individual destinations. The tree structure brings together the community of men and preserves diversity at the heart of the unit. Men fall like leaves, while new shoots are generated. The trunk of the tree, “bound by love,” goes through the seasons. “From generation to generation, with the slow progress of a tree growing”,56 life is transmitted. The analogy between the tree, man and mankind is based both on the individual that blooms in time and metamorphoses – from seed to flower and fruit – as well as by the common trunk that creates fraternal solidarity – by its roots, its trunk and its branches. The flower withers and turns into fruit, and the fruit forms the seed. The tree is thus dormant in the seed that spreads or snuggles in the depths of the earth.
The image of the tree is finally associated with the child. It represents the evolution of the “boy of the jungle” that blooms and is “at every moment, that which he should be.” The childtree is this dormant seed, and it becomes the “power that slowly reaches the sky.”57 Growing up as a tree is to be tied down deeply and wait for what endures beyond oneself..
THE WISDOM OF GARDENERS
works of Saint-Exupéry. In “Night Flight”, the gardener “with his hands only” is engaged in a “perpetual combat” “defeating the primeval forest.”58 In “Land of Men”, he gives the example of an old gardener who is worried about the future: “Who will prune my trees? Who will sow my flowers? “ “He had love bonds with all the countries and all the trees of the earth.”59 In “The Wisdom of the Sands” the gardener is a wise, modest and generous man, he is great because he is “faithful to the garden.” Saint-Exupéry said he had not known a “gardener who is vain for simply loving his garden.”60 Humility, generosity and gardener responsibility before a new “rose” is the highest form of wisdom that is a slow reconciliation with the world, with life, with death. Thus, SaintExupéry is this “gardener who walks in slow steps towards his trees”61 says:
“I move toward the garden. [...] The garden offers itself to me. [...] For me, who knows, everything retains a meaning. [...] Those who do not know, in any way how to wait, will not understand any poem, because their enemy is time that restores desire, dresses up the flower, or ripens the fruit. [...] I go, go and go. And when I’m here, in the garden that is for me a homeland of smells, I sit on a bench. I look. There are leaves flying and
flowers withering. I feel everything that dies and recomposes. I have no sense of loss. [...] We go, my garden and I, from flower to fruit. But through the fruit, we head toward the seeds. And through the seeds, we head toward the flowers of next year.”62
The promise is none other than the pleasure of walking, the desire for an oasis in the confines of the sand or of islands offshore. In the garden, what perfumes it and renews it is the invisible symbol that can be read through flowers or aromatic trees. “The hour of the garden or of the wife,”63 are the steps that slowly lead us to the fountain. Thus, the fertile walk is creation and the gardener moves toward the poet.
The last pages of “The Wisdom of the Sands” end with the poem of two gardeners whose friendship is expressed in the love they share for their rose gardens. Separated by years of absence and a long distance, one receives a letter from the other: “This morning I pruned my roses.” Three years later, he sent the following reply: “This morning I also pruned my roses.” The prince, in turn, the witness of the relationship and deep friendship between the two gardeners, says the following:
“For believing happy the gardener who communicates with his friend, there comes to me sometimes the desire to connect me so, according to their god, with the gardeners of my empire. And I see myself going down slowly, a little before dawn, the steps of my palace into the garden. [...]
Then [...] I simply say, from the heart, to find them through a unique path that is effective, all living and dead gardeners ‘I also pruned my roses this morning.’ And little does it matter whether this message will take too long to be sent and if it will reach someone. This is not, in any way, the object of the message. To find my gardeners, I simply greeted their god, that is, the rose garden at dawn.”64
The search for wisdom in Saint-Exupéry is embodied in the figure of the gardener who prunes his rose bushes daily. His action is simple, silent and free. “The rose is isolated, the rose is cultivated, this is done in its benefit”65 and all gardeners are moved by this. A truth comes to light, namely: “Men dwell and the meaning of things for them changes depending on the meaning of dwelling. And the way the barley field and the curve on the hill will be different for man inasmuch as they create, or not, a property. For, suddenly, there arises this uneven matter that joins and weighs down the heart. [...] For it is good that it does not seem clear to us, in any way, that it is the time that is draining that is wearing us off and losing us, like a handful of sand, but instead that it is making us blossom.”66 The rites, the home, and spaciousness create the ceremonial. They are creation, poetic language and beauty, in search of symbols that speak to the heart. “He who dwells” knows that “spaciousness is the fruit of the mind, and not of the eyes.”67
In the gardens of wisdom, words are discrete and flowers “represent love of peace in the world.” We bring inside us a secret garden where we feel the beauty, the universality, the fragility and power of life. “I, said Saint-Exupéry, built the soul of man and raised borders and boundaries, and I draw him gardens for worshiping the child and so that there will be a meaning in the heart.”68 The garden of wisdom symbolizes the place of renewal and rediscovered time where everything, “slowly, is tamed for eternity.”69
In a passage deleted from “The Little Prince”, the boy was the gardener of a vegetable garden: “He also had problems because of the seeds. For he had a vegetable garden to eat. There were radish, tomato, potato, and beans seeds. But the little prince could not eat fruit. Because they are too big, the fruit trees would have damaged his planet.”70 The little prince is this boy, this modest gardener of a vegetable garden. This wisdom meets that of Saint-Exupéry’s: “I wanted to be a gardener among vegetables.”71 The garden of wisdom is acceptance, simplicity, modesty and sweetness. Source of life, it represents the love for surrender. The Little Prince is like “a child we kiss before going to sleep and that sums up the world.”72 The maximum wisdom of the gardner that tends to his vegetable garden is knowing that “the boy is no other than the one that takes you by the hand to teach you.”73
1. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Pierre Dalloz, [Corse, 30 juillet 1944], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 1051.
2. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 763.
3. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Nelly de Voguë, [Orconte, décembre 1939], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 939.
4. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 53-55.
5. SAINT-EXUPÉRY, Simone de. Cinq enfants dans un parc, Les Cahiers de la NRF, n° 5, Gallimard, 2000.
6. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 93.
7. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 211-212.
8. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 236.
9. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Casablanca, 1921, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 710.
10. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Casablanca, 1921, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 714.
11. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Buenos Aires, 1930, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 783.
12. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 92. 13. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 185. 14. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 37.
15. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 184. 16. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 96. 17. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 208. 18. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 209. 19. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 207.
20. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 107.
21. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 181.
22. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 158. 23. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 184. 24. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 200. 25. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Carnets, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 508. 26. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre au général Z, Alger, juillet 1944, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 356. 27. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 204. 28. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 202. 29. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 203-204. 30. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 47. 31. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 49. 32. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 206. 33. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 50. 34. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à un otage, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 94. 35. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 207. 36. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 215. 37. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 220.
38. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Yvonne de Lestrange, Port-Étienne, septembre [1931], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 904. 39. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre au docteur Georges Pélissier, [Oujda, juin 1943], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 1003. 40. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 176.
41. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 280.
42. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 280.
43. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à un otage, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 102.
44. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 257. 45. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 294. 46. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettres à l’inconnue, Gallimard, 2008, p. 21. 47. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 312. 48. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 303. 49. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 295. 50. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 315. 51. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. « La Paix ou la Guerre », OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 359. 52. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 321.
53. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 401.
54. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 752.
55. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 751.
56. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 282.
57. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 371.
58. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Vol de nuit, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 141.
59. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 197.
60. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 567.
61. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 808.
62. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 740.
63. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 739.
64. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 833.
65. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 284.
66. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 375-376. 67. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 161. 68. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 558. 69. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Vol de nuit, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 114. 70. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le manuscrit du Petit Prince, Fac-similé et transcription, Gallimard, 2013, p. CIV. 71. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Nelly de Voguë, [Alger 1943-1944], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 963. 72. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 370. 73. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 553.
LETTRE AU LECTEUR
Un bon moment s’écoula depuis la première publication de Jardins Imaginários (Jardins Imaginaires), en 2017. Pendant ces cinq années écoulées dans le calendrier, nous nous aventurâmes collectivement dans les dilemmes humains. Et voilà qu’un virus arriva soudain, en toute majesté, ayant une couronne et tout, et obligea que même les jardins du temps s’arrêtent, béants, pour regarder. Les questionnements existentiels de vivre et de mourir ou des raisons pour lesquelles nous faisons ce que nous faisons furent assommées et prirent une nouvelle dimension. Nous retournâmes à la base de l’existence : la lutte pour la vie qui, que nous soyons ici ou ailleurs, fut plus ou moins solitaire et épineuse. Il existe peut-être des réflexions qui ne gagnent de l’espace que pendant ces moments où l’invisible aux yeux s’étale et convoque notre présence en chair et en os.
Jusqu’à la COVID-19, nous croyions être presque immunes à quelque chose de semblable, telle était l’arrogance et la croyance que nous avions enfin atteint le sommet de la dominations sur les choses de la Terre. Mais non. La pandémie nous écrasa tous et s’imposa, souveraine ; le monde entier – ou au moins les êtres humains du monde entier – furent obligés de se recueillir, attendre, croire. Et nos différences, obligées d’être avalées, de façon dissimulée, pendant des décennies, furent vomies, criées à plein poumons, les yeux en larmes, par le coeur et par toutes les parties du corps et de l’âme – par toutes les personnes du monde. Tout fut évident, impudiquement, sans miséricorde.
Les distances se relativisèrent. Le lieu le plus éloigné du monde fut l’espace d’une accolade que nous avions tous les jours. La pièce d’une maison partagée devint la planète inhabitable en groupe. Un pâté de maisons devint plus éloigné que l’autre bout du monde. Nos jardins internes commencèrent à être arrosés par de petits rituels sur les balcons, les fenêtres et même nos pots de fleurs, nous rappelant la simplicité de la vie ; l’importance du vert dans nos histoires fut plus évidente. Les hôpitaux et les centres de recherche retournèrent à leur place de jardins de vie, parfois oubliée par nous. Et c’est ainsi qu’on eut des mois de chant avec des voisins inconnus, de plus d’amour pour ceux qui étaient proches, de deuil pour chacun qui partit – même ceux que nous n’avions jamais pu connaître. Nous souffrîmes ensemble.
De la fenêtre de la maison, le monde vit des animaux sylvestres approcher les villes. Les plantes, sans dilemmes ou élagage, dominèrent les paysages construits – défiant certainement les connaissances de l’architecture et de l’ingénierie, sans pour autant défier la nature déconcertante et primiordiale de vivre pour vivre. L’oeuvre humaine se courba à la divinité indomptable de la nature.
Misérablement, il faut constater qu’en même temps, et de façon si contradictoire et effrénée, nos jardins naturels coulent entre nos mains. La Forêt Amazonienne, le plus grand paysage naturel de la planète, perdit, entre 2020 et 2021,
plus de 13 mille kilomètres carrés d’étendue. Et le Cerrado, deuxième biome de l’Amérique du Sud, fut dévasté en plus de huit mille cinq cents kilomètres carrés. La destruction de ces surfaces des deux biomes cités équivaut à près de 16 fois la ville de Rio de Janeiro. La destruction presque complète de la Mata Atlântica nous laissa moins de 15% de son étendue et de son exubérance. C’est la vie transformée en intrant, en pâturage et tout ce qui peut montrer que nous continuons à croire que nous pouvons arbitrer sur toutes les formes d’exister. La folie humaine semble mal comprendre le message que la pandémie nous envoie.
La vie a des mélanges que nous n’attendons pas, que nous ne voulons pas ou qui sont inconvénients. Mais, de la même force qui produit le cri, vient la vie, C’est un amalgame curieux. En 2022, il faut conclure sans équivoque, après tout ce que nous vécûmes, que nous nous nourrissons de nos jardins imaginaires. Bien que la forteresse de l’invisible vive en ce qui touche le coeur, le don de l’invisibilité est donné aussi à l’essentiel : sans les poumons verts du monde, aucun de nous ne survivra.
Nous nous occupâmes du jardin de notre enfance, du jardin de la jeunesse, du jardin de la sagesse. Nous célébrâmes les jardins de la science et respectâmes le mystère de l’invisible. Nous coloriâmes la vie avec un tas de choses que nous aimons, quoiqu’il soit juste de dire que nous reinventâmes les façons et certains goûts. Il est juste aussi de dire qu’il ne vous a jamais fallu réinventer le fleurissement de la vie et que nous n’eûmes jamais autant la sensation de la sacralité de l’amour.
Pour tout cela, reéditer Jardins me fit plonger dans les mots de Saint Exupéry : la nature est tantôt une divinité sombre, tantôt le lieu du renouveau.
(...) On a le temps près de toi. Si c’est pour une seconde, « on a le temps » pour une seconde. Tu es présent à la poignée de main, au bonjour, voire à l’au revoir. Tu n’es pas pressé sauf lorsque tu es parmi les choses. Sans te rendre compte, tu marches sur le pas lent d’un jardin. Le vrai pas, je trouve cela si précieux. (...). *note 39 jardins imaginários p.51. St Ex.
Il y a quelque chose de sublime dans le partage de la vie. Vous avoir ici avec nous, lecteur et lectrice, assis avec nous, avec vous ou avec les personnes de votre vie, par les minutes infinies de votre présence, apporte la verité du miracle des rapports humains.
Alors, soyez tou.te.s les bienvenu.e.s !
Vive l’art, vive la science et vive l’Hospital Pequeno Príncipe, gardien de tant d’enfants-graines.
Bonne lecture, bon coloriage !
LES JARDINS IMAGINAIRES
J’ai toujours aimé les jardins. Pas spécialement ce microcosme parfait, qui reste enchanteur aux yeux qui veulent oublier la censure et les folies de la vie. J’aime surtout les petites feuilles vermoulues par les insectes, la beauté du pétale plus recourbé et qui ne s’aligne pas à la palette de couleurs des autres pétales, la coccinelle – qui n’est pas toujours rouge – qui se pose sur la main, les branches de cèdres qui résistent et, malgré l’amarre humaine, poussent tordus – et libres !
Les changements du temps viennent parfois comme une gifle,parfois avec tous les avertissements susurrants du changement de saison. Notre vie est faite de fleurissements. Vermoulus, imparfaits, tordus, coupés en lambeaux, en portant des feuilles caduques et d’autres couvertes d’épines et fermes, qui sont là en train de raconter nos histoires.
La nature humaine, en soi, est éphémère. Nous ne disposons que du moment présent – notre seul moment réel, qui n’est rien de plus qu’un fil de cheveu entre le passé et le futur – le jardin est un temple de la série des temps. C’est le labyrinthe de l’écoulement des siècles, des années, des secondes, il les entrelace dans un mouvement qui entraîne les fourmis, une à une, et les fils des toiles d’araignée, de la germination à l’épanouissement de la fleur. C’est la tessiture, c’est la trame de la vie mêlant la liane et la rose, le manguier et le palmier, les regards d’un monde disparu et les interférences de ce que nous sommes maintenant.
Un jour, je me suis piqué le doigt en essayant de cueillir une fleur et j’ai eu la main gonflée parce que j’ai voulu chasser l’abeille qui voulait manger ma glace. C’était au temps où je voyais tout avec des yeux d’enfant, quand les choses paraissent vraiment géantes. Depuis, j’ai grandi et en retournant dans quelques-uns des jardins de mon enfance, j’ai réalisé que leur taille n’était pas si grande que ça, mais ils étaient grands dans mes souvenirs.
Aujourd’hui, je sais que tous les jardins sont, par nature, imaginés – ils sont conçus pour avoir une forme donnée. Mais dans les labyrinthes du temps, les jardins sont aussi la projection de notre imaginaire le plus intime. Chacun voit dans ses jardins un univers personnel chargé de souvenirs et d’attentes. Et tous les jardins existants portent également cette charge, mais ils vivent de l’incessante force de la pérennité et du souffle du moment – c’est le bourdonnement, l’odeur, le coassement des crapauds. Ils nous font office de miroirs de la subjectivité humaine en apportant de la signification aux images réelles, et cette subjectivité s’y présente grâce à la force magnifique de la nature qui perdure et qui se prolonge.
Le jardin prend ce sens pour le jeune pilote français, lequel, dans le désert, a connu un petit prince qui lui a parlé de l’attention qu’il portait à sa rose.
C’est le même sens pour les milliers d’enfants qui passent tous les jours par l’Hôpital Pequeno Príncipe, l’institution qui bénéficie de ce projet de publication. Cet hôpital, qui constitue le plus grand complexe pédiatrique du Brésil, est dénommé “le petit prince” parce qu’on y cultive la vie, et les jardins imaginaires deviennent alors sources de réinvention et de renaissance.
Elza Forte da Silva CarneiroINTRODUCTION
Le nom du Brésil découle d’un arbre et de son importance commerciale. Quand les Portugais connaissent le bois dur aux tons de rouge et d’orange intenses, ils réalisent que ce serait le premier produit à exploiter dans ce territoire qui, à l’époque, était leur colonie. C’était la Caesalpinia echinata, connue populairement comme le bois de Pernambouc ou, surtout, comme le bois-brésil. C’est un bon bois pour faire des meubles et, autrefois, du tronc de cet arbre on extrayait une teinture très utilisée dans l’industrie textile. Le choix de nommer un territoire dominé par le nom d’une plante met en évidence la relation qui s’établit entre le Brésil Colonie et le Portugal. Cela montre également l’esprit du monde occidental du début du XVIème siècle.
En pleine Ère des Découvertes, on inaugura une nouvelle façon de faire des jardins traduite par les jardins classiques de type anglais, italien et français. A cette époque-là, les jardins étaient une manifestation du désir de matérialiser la connaissance scientifique sur la nature et les qualités de plantes. Les jardins étaient des bibliothèques pour la démonstration vivante de l’esthétique, du pouvoir, de la production et de la connaissance.
Les jardins français, par exemple, furent marqués par l’anthropocentrisme qui caractérisa la Renaissance. Leurs lignes très bien définies et symétriques avaient comme finalité de démontrer la maîtrise de l’homme sur la nature ; par conséquent, leur aspect grandiose n’était pas anodin.
C’est exactement dans cette période qui apparaissent les premières références concernant les jardins botaniques occidentaux, dont la finalité, outre le signe de souveraineté, consiste à semer, à comprendre et à améliorer la culture et l’utilisation des plantes exotiques et médicinales. Dans ces jardins, les propriétés des espèces étaient étudiées et cataloguées dans le but d’identifier leurs usages et de les prouver à partir de la pratique. La recherche botanique fut la raison pour la création de ces jardins, qui étaient de grandes collections de plantes.
Au XVIIIème siècle, cette même intention relative à la recherche est à l’origine de l’intérêt de la Couronne Portugaise pour la création de jardins botaniques au Brésil et dans ses colonies. La conquête de ces nouveaux territoires par les Européens passe également par la connaissance de leur flore, le catalogage et l’expérimentation des modes de culture pour l’exploitation commerciale. Sur le territoire brésilien, en plus des espèces indigènes, on testait l’acclimatation et la culture des espèces européennes et orientales.
Bien avant les intérêts qui motivaient les grandes navigations, depuis les civilisations très anciennes, les jardins et leurs histoires peuplent les contes et les traditions humaines, montrant
concrètement comment les hommes projettent un ‘devoir-être’ de leur monde, selon leur temps, leur environnement, leurs valeurs et leurs désirs. Ces microcosmes rendent tangible la pensée humaine et traduisent l’esprit des époques où ils furent conçus. Chargés de traces du passé dans le présent et, à la fois, constitués en tant que monuments qui respirent, ils portent en eux le cycle de vie et de mort qui caractérise la nature. C’est un legs en constante mutation nous rappelant, à chaque graine germée, que la culture, telle que la nature, est dynamique.
Reconnus formellement comme patrimoine à la fin du XXème siècle, les jardins historiques sont une catégorie spécifique du patrimoine culturel, aidant à raconter l’histoire d’un peuple à travers l’espace et le temps et traduisant les mentalités, les soucis, les valeurs et les croyances. Ils sont une mémoire vivante.
Dans Les Jardins Imaginaires, nous écrivons sur les jardins imaginaires que l’oeuvre de l’écrivain français Antoine de Saint-Exupéry nous permet d’idéaliser et sur quelques jardins symboliques et ravissants, français et brésiliens. Reconnus par leur signification historique, ces jardins réels nous offrent, chacun à sa façon et avec ses spécificités, des pistes pour la compréhension de l’histoire de ces deux nations.
Mais, si chacun voit ses jardins à partir de ce qu’on est, dans ce livre nous voulons que chaque jardin – réel ou imaginaire – soit une invitation à la réflexion. C’est pourquoi il est prévu pour être colorié : mettez dans les traces les couleurs que votre imagination voudra.
UNE PROMENADE DE JARDINS BRESILIENS ET FRANÇAIS
par Elza Forte da Silva CarneiroLE JARDIN BOTANIQUE DE RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro, Brésil
En 1808, après l’arrivée de la famille royale portugaise au Brésil, fut créé le Jardin d’Acclimatation – la première dénomination du Jardin Botanique de Rio de Janeiro. Comme le nom suggère, le but c’était d’introduire et d’acclimater dans la colonie les épices venues de l’Orient, puisque les savoirs liés à la culture des plantes étaient précieux et ils étaient associés aux intérêts politiques, scientifiques et économiques de la Couronne.
Depuis la création du Jardin Botanique d’Ajuda à Lisbonne, en 1768, il y avait un réseau de promotion et d’orientation de la recherche relative aux produits viables économiquement au Portugal et dans ses territoires d’outremer. Le Jardin Botanique de Rio de Janeiro est né dans ce contexte et il faut y rajouter l’arrivée de centaines de Chinois au Brésil, en 1814, venus pour la culture du thé dans ce site –une initiative d’avant-garde dans la promotion des techniques de production agricole.
En outre, juste après la création du jardin potager, l’une des premières espèces exotiques fut plantée dans ce Jardin Botanique. Il s’agit d’un palmier des îles Maurice que Luiz De Abreu Vieira E Silva avait offert à Don Jean. Le prince régent planta ce palmier de ses propres mains et il fut appelé Palma Mater. Désormais, la Roystonea oleracea s’appelle populairement le palmier impérial. Il y a même une histoire autour de sa dissémination sur le territoire brésilien : on dit que quand ce palmier poussa et commença à fleurir, la direction du Jardin Botanique faisait brûler ses fruits dans le but de monopoliser cette espèce, mais, pendant la nuit, des esclaves montaient sur le palmier pour récupérer ses fruits et les vendre.
Par-delà l’approche scientifique, le site fut ouvert à la visitation publique en 1822, pour les loisirs de la population et la fierté de la Cour, qui exhibait aux visiteurs les surfaces de terre-pleins, ainsi que la force et l’exubérance de la nature au Brésil. Depuis toujours, ce lieu accueille des visiteurs illustres, comme par exemple, en 1925, le grand physicien allemand Albert Einstein qui, selon la légende, était tellement ébloui par la beauté du site qu’il embrassa un Jequitiba-rose gigantesque.
Doté d’une grande beauté, le Jardin Botanique du roi portugais garde la mémoire de ses différentes époques, abritant des espèces qui constituent le témoignage de sa trajectoire depuis la création du Jardin d’Acclimatation, créé à côté de la fabrique de poudre, jusqu’à nos jours, tout en conservant la vocation historique des jardins botaniques, à savoir : la recherche.
LE PARC DE BAGATELLE
Paris, France
Connu pour abriter l’une des plus anciennes roseraies de France, le Parc de Bagatelle est immense et intègre le répertoire des jardins botaniques de Paris. Bien que les roses aient été plantées au début
du XXème siècle, quand cet espace fut acheté par la Ville de Paris, son histoire commence bien avant.
On raconte qu’en 1720, le Duc d’Estrées reçut le terrain et, voulant faire plaisir à sa femme, dépensa une fortune pour l’amélioration de la propriété. Ce n’est pas par hasard que ce lieu reçoit le nom ironique de Bagatelle.
La suite de cette histoire est encore plus intéressante. En 1775, Bagatelle passe aux mains du frère du Roi Louis XVI, le Comte d’Artois. A cette époque-là, cette propriété était à l’abandon et la célèbre reine Marie Antoinette décida de lancer un défi à son beau-frère : il devait y bâtir un château et aménager les jardins pour accueillir la reine, dans un délai de 60 jours. Le défi de la reine constituait encore une autre bagatelle, du point de vue de l’argent, mais aussi du temps. Il faillit y arriver, car il mit 64 jours pour finir tous les travaux. Pour accueillir la reine en grande pompe et circonstance, on y organisa une grande fête digne de Marie-Antoinette.
Outre les roses, les arbres géants, les cavernes, les étangs et la fameuse anecdote qui fit Bagatelle entrer dans l’histoire, un autre grand pari rend ce jardin très célèbre.
A peu près à la même époque où les premiers rosiers furent plantés, un homme crut qu’il était possible de faire voler un objet plus lourd que l’air : en 1906, le Brésilien Alberto Santos Dumont décolla avec son avion dénommé 14 Bis du Parc de Bagatelle, devant de milliers de personnes qui témoignèrent de ce fait qui changerait les chemins de l’humanité.
LE JARDIN DE MARIE ANTOINETTE Versailles, France
Éloigné des grandioses structures géométriques et rythmées des jardins du Palais de Versailles, on trouve un jardin secret – un lieu de retraite – connu comme le Hameau de la Reine, ou tout simplement, le Jardin de Marie Antoinette.
Réputée mondialement par son goût du luxe et sa manie d’ostentation, la Reine Marie Antoinette aimait inconditionnellement les jardins et elle s’est consacrée à son jardin particulier jusqu’à son jugement, où elle fut condamnée pour trahison et, le 16 octobre 1793, à l’âge d’à peine 37 ans, elle fut guillotinée.
Mais l’histoire de ce jardin commence avant tout cela. Le Petit Trianon fut construit comme un prolongement de la cours de Versailles ; un cadeau du Roi Louis XV à son adorée «maîtresse-en-titre», la censurée, influente et emblématique Madame de Pompadour. La localisation du petit palais, considéré un chef-d’oeuvre de l’architecture néo-classique, rapprochait le roi de ses jardins et lui permettait la dévotion à sa passion pour la botanique. Après la mort de Louis XV, son petit-fils et successeur, Louis XVI offrit une partie de la propriété de Trianon à Marie Antoinette, son épouse, que affrontait des difficultés d’adaptation à la cour française. La reine y créa un jardin bucolique, aux formes irrégulières et inspiration anglo-orientale, avec un lac et un grand
rocher qui lui rappellaient les paysages alpins de son enfance en Autriche, où elle était née.
Pour la reine, l’esthétique permettait d’incorporer de multiples personnages et, s’habiller était aussi un acte symbolique. Tout le long de sa vie, dans son petit royaume de Trianon, elle revit de differents moments de l’histoire du monde et de sa propre vie, en s’habillant de diverses tenues. Parfois habillée en mousseline et chapeau de paille – au style “paysanne” , elle avait su créer des beautés nouvelles et inattendues, nées de sa fantaisie autant que du goût de son époque.
Par les mains de son fidèle botaniste, Antoine Richard, et de son architecte de confiance, Antoine Mique, Marie Antoinette a créé son jardin de vie et ses espaces du monde de la fantaisie. Elle a élevé des vaches, des brebis, des moutons et des poules, mais a créé aussi un paradis renouvelé et ouvert à des plantes venues de tous les coins du monde.
En 1867, plus de sept décennies après que Marie Antoinette fut condamnée à la guillotine. La dernière impératrice des Français, Eugénie, transforma le Petit Trianon en musée dédié à la mémoire de Marie Antoinette.
LE JARDINS DE LA MAISON DE RUI BARBOSA
Rio de Janeiro, Brésil
Savez-vous que Rui Barbosa, le journaliste et intellectuel connu par la force de sa rhétorique, le grand juriste, politicien et fondateur de l’Académie Brésilienne de Lettras, cultivait aussi des plantes diverses ? On dit qu’il y avait plus de 300 espèces dans son jardin et qu’il appréciait spécialement les roses. Il est peut-être né pour être fleuriste !
Outre les roses, Rui Barbosa cultivait, élaguait et cueillait d’autres fleurs et fruits dans les jardins de sa maison où il a vécu pendant 28 ans, dans le quartier de Botafogo, à Rio de Janeiro. En 1895, par exemple, il a planté un plant de litchi (un fruit originaire de Chine) qui, encore aujourd’hui, offre son ombre aux jeux des enfants qui s’amusent dans ce coin. Trente-cinq ans après, cette demeure devient le premier musée-maison du Brésil.
Avant Rui Barbosa, cette maison et ses jardins gagnent leurs premiers contours quand cet immeuble appartenait à Bernardino Casimiro de Freitas – le Baron de Lagoa. Après cette propriété fut vendue à la famille du Commandeur Albino de Oliveira Guimarães et les jardins furent aménagés dans le style romantique anglais.
Mais c’est Rui Barbosa qui a accordé un soin particulier aux rosiers. L’ensemble formé par la maison et les jardins traduit des valeurs et de modes de vie à Rio de Janeiro en différentes époques – ça fait rêver !
La verve de Rui Barbosa et son goût pour sa cour-jardin se mélangent dans une anecdote fameuse. Un jour, quand il arrive chez lui, il entend un bruit bizarre venant de la cour, et, dans son jardin, il découvre un voleur essayant de dérober ses
canards de compagnie. Le voleur, pris au dépourvu, n’a pas le temps de sauter le mur et de s’enfuir avec les volailles et Rui Barbosa lui dit d’un ton magistral : « Bucéphale, ce n’est pas pour la valeur intrinsèque des bipèdes palmipèdes, mais c’est pour l’acte ignoble et sournois de parcourir les recoins de ma demeure. Si vous le faites par nécessité, je transige ; mais si c’est pour vous moquer de ma brillante prosopopée de citoyen digne et honorable, avec ma canne foudroyante je vous fracasserai le crâne en le réduisant à la cinquantième puissance, c’est-à-dire, à ce que l’individu lambda appelle rien. » Le voleur interloqué lui demande : « Monsieur, voulez-vous que j’apporte les canards ou que je vous les laisse ? »
LE PARC DE NASSAU Recife, Brésil
Selon la légende, pour la construction du Jardin de Friburgo, deux mille cocotiers furent transportés sur l’Île d’Antonio Vaz, l’actuel quartier de Santo Antonio, à Recife. Connu également comme Jardin de Vrijburg, Potager Zoo-botanique ou encore Parc de Nassau, ce site baigné par la confluence des fleuves Capibaribe et Beberibe fut le précurseur des jardins botaniques brésiliens, rassemblant une grande diversité d’éléments de la flore et de la faune tropicales, outre les espèces exotiques acclimatées.
Tout commença dans les années 1630, où la Capitainerie du Pernambouc, considérée comme le territoire portugais d’outremer le plus riche, fut conquise par la Compagnie Néerlandaise des Indes Occidentales. Jusqu’à ce que le Portugal reprenne possession de cette région, 24 ans s’étaient écoulés et durant une bonne partie de cette période ce territoire fut gouverné par Maurice de Nassau, le Prince d’Orange, connu populairement au Brésil comme le Comte de Nassau. C’était un humaniste, un profond connaisseur de l’architecture, de l’histoire et des arts plastiques qui fit construire le Palais et le Jardin de Friburgo pour accueillir le siège de son gouvernement au Pernambouc.
Le palais, qui subit un processus de dégradation depuis l’expulsion des Hollandais par le Portugal, en 1654, fut définitivement détruit en 1769. Sans le palais original, ce site fut appelé champ, place, ayant encore reçu d’autres noms selon sa fonction sociale et historique dans diverses périodes. Par exemple, en 1859, après le séjour de Don Pierre II et de la famille royale dans le Palais Novo, qui fut construit sur le terrain de l’ancien palais démoli, ce site s’appelait le Champ des Princesses.
Dans la moitié des années 1930, le Jardin du Champ des Princesses reçoit un nouveau projet de jardinage conçu par l’illustre architecte et paysagiste Roberto Burle Marx. Aujourd’hui, après plusieurs interventions, le potager idéalisé par le Comte est un jardin imaginaire. La mémoire du Parc de Nassau reste dans l’iconographie et dans l’imagination de ceux qui connaissent son histoire. Sa signification et son importance historique furent prépondérantes pour que, un siècle après sa construction, la Couronne Portugaise décide de l’implantation des
jardins botaniques au Brésil, pour motiver la quête des connaissances liées à la végétation autochtone et exotique à des fins économiques et scientifiques.
LE JARDIN DES CACTACEES Recife, Brésil
C’est dans la ville de Recife que le grand paysagiste brésilien Roberto Burle Marx initia la conception de ses jardins publics. C’est un artiste multi-facettes, qui parcourt les chemins du dessin, de la peinture, de la céramique, de la lithographie, de l’architecture, de la tapisserie et, en tant que paysagiste, ses oeuvres constituent le récit de plusieurs temps et lieux.
La Place Euclides da Cunha, par exemple, conçue par Burle Marx en 1935, apporte sur la côte de l’État de Pernambouc la végétation typique de l’arrière-pays du Nord-est du Brésil, la caatinga, et rend hommage à l’oeuvre « Os Sertões » d’Euclides da Cunha.
A l’origine, ce jardin, connu comme le Jardin des Cactacées ou Cactário da Madalena, fut implanté sur des blocs de pierre. Au centre, s’accommodaient des exemplaires de cactus, comme la macambira (Bromelia laciniosa), le mandacaru (Cereus jamacaru), le xique-xique (Pilosocereus gounellei) et d’autres. Autour des cactus, il y avait un sentier bordé d’arbres de grande taille originaires du sertao, comme l’oitizeiro (Licania tomentosa), le pau-ferro (Caesalpinia férrea) et le juazeiro (Ziziphus joazeiro).
Ce projet d’avant-garde rompt avec les modèles esthétiques et culturels de l’époque et devient un symbole dans le paysage urbain. Pour certains, en laissant de côté les standards européens de composition des jardins pour créer des jardins tropicaux, Burle Marx inaugure une deuxième étape de la tradition paysagiste, en consolidant les racines de cette activité au Brésil. C’est la naissance du jardin moderne dans le pays.
LE JARDIN DE MONET Giverny, France
Giverny garde le regard d’un homme qui révolutionna l’art. En 1883, Claude Monet, l’un des fondateurs de l’impressionnisme, fut tellement séduit par la nature, les couleurs et la lumière de la petite Giverny, qu’il décida d’y déménager avec sa famille. Sa nouvelle demeure inspirait sa peinture et c’est là qu’il devint aussi jardinier, en orientant soigneusement la composition du paysage autour de la maison, dans ce petit village près de sa ville natale, Paris.
Monet était de plus en plus ébloui par la beauté des jardins et fasciné par cette propriété. Il acheta des terrains voisins pour créer un vrai paradis, où on peut trouver des pommiers, des citronniers, des bambous, des azalées, des framboises, des iris, des tulipes, des myosotis, des dahlias, des tournesols et beaucoup d’autres plantes.
Les paysages et les scènes dans le Jardin de Giverny, connu mondialement comme le Jardin de Monet, constituent un thème récurrent dans
les oeuvres du peintre-jardinier. Le lac central, le jardin floral, le jardin aquatique japonais – ainsi que la lumière et le mouvement – nous permettent de parcourir, dans l’imagination, les recoins de cet endroit où il a vécu.
A l’âge de 72 ans, Monet reçoit un diagnostic de cataracte. Il distingue de moins en moins les formes, ce qui affecte considérablement son travail. Mais il peint toujours et, puisqu’il avait peint le même paysage plusieurs fois, il est possible de constater que ses images deviennent de plus en plus floues. Petit à petit, ses yeux perdent la netteté de la lumière et des couleurs : Monet décide de peindre ses ‘mémoires’ et les contrastes gagnent de nouvelles tonalités.
Dans plusieurs musées dans le monde, les oeuvres de l’artiste nous font parcourir ses jardins, ses parfums et ses couleurs, pourtant, visiter Giverny c’est comme entrer dans les tableaux de Monet
LE JARDIN DE LA MAISON GEORGE SAND
Nohant, France
Amandine Aurore Lucile Dupin, la baronne Dudevant, fut une célèbre romancière et mémorialiste française. Elle se trouve parmi les principaux noms de la littérature et laissa un legs littéraire qui compte plus de 100 oeuvres – des nouvelles, des contes, des pièces de théâtre et des textes politiques, entre autres. Elle dut adopter un pseudonyme masculin – George Sand, car, vivant au XIXème siècle, outre son activité d’écrivain, elle était activiste politique et se positionnait clairement contre la monarchie et pour l’émancipation civile.
En 1832, elle lança son premier livre : “Indiana”. Il s’agit d’une intrigue psychologique et érotique considérée comme une réelle protestation contre les conventions sociales qui limitaient les libertés des femmes.
Pionnière du féminisme dans le pays, elle est née dans un château situé dans le village de Nohant, où elle développa son goût pour les plantes qu’elle cueillait dans les champs et cultivait dans son jardin. Elle créa, chez elle, un jardin de transformations et d’expressions de son être et de ses amours.
On dit qu’elle avait une vie amoureuse trépidante, y compris un divorce – un scandale à l’époque – et, plus tard, une relation de neuf ans avec le musicien Frédéric Chopin.
Aujourd’hui, son jardin n’est plus habité par les plantes qu’elle cultivait, mais, transformé en musée, il nous ramène Amandine et George Sand. Ce jardin fut conçu par l’architecte paysagiste Gilles Clément, qui, à partir de l’oeuvre de l’auteure, de ses journaux intimes et de ses correspondances, fait le relevé des espèces mentionnées dans son oeuvre pour construire un jardin romantique. Ouverte à la visitation publique, et par-delà la beauté du site, la maison est devenue un espace d’expression de la littérature et, on doit le reconnaître, de la vie de première femme de l’histoire à vivre des fruits de son droit d’écrire.
ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY - DU JARDIN DE L’ENFANCE AU JARDIN DE LA SAGESSE
by Delphine Lacroix À ALBAN, POUR L’AUBE RENOUVELLÉE ET À HORTENSE QUI AU CREPUSCULE MURMURE THEN ROSE...Le 30 juillet 1944, veille de sa disparition en mer Méditerranée, Antoine de Saint-Exupéry, alors âgé de 44 ans, écrivait à son ami Pierre Dalloz : « Moi, j’étais fait pour être jardinier. »1 Pilote, écrivain, jardinier… Son oeuvre se nourrit d’images où la nature, à travers ses paysages, ses éléments, ses habitants et ses signes, délivre une signification symbolique. Saint-Exupéry invente une topographie jardinière, un jardin imaginaire où se révèle le « jardinier d’un jardin de signes »2 évoqué dans Citadelle.
Le parc de Saint-Maurice fut un royaume de rêverie et d’éveil pour les cinq enfants SaintExupéry. Du jardin clos des origines, Antoine part à la conquête de nouveaux jardins, de nouvelles images, de nouveaux visages. Il imagine des lieux où règnent la rose et l’arbre, où rayonnent les plis du sable sous la lune et les étoiles. Dans les jardins qui embaument, on peut rêver. On y goûte la douceur des fruits qui ont lentement mûris et l’on contemple la rose, cette « fête un peu mélancolique »3
Sage est le jardinier qui taille ses rosiers et prend soin de son potager. Saint-Exupéry nous emmène en promenade, en territoire d’espérance. Il dessine un lieu de vie idéale, du « pays de l’enfance » aux jardins d’utopie. Le jardin est source de sérénité et figure l’ultime quête. L’art des jardins, comme l’enfant, enseigne un art de vivre.
JARDINS D’ENFANCE ET DE MÉMOIRE
LE ROYAUME DE SAINT-MAURICE
Marie, la mère bienveillante d’Antoine, transmet à ses enfants la contemplation des beautés simples de la nature et des « humbles créatures de Dieu », à l’exemple de Saint-François d’Assise, saint tutélaire de la famille. L’aînée des enfants, MarieMadeleine, surnommée Biche, parle aux oiseaux et Simone, la cadette, écrit un livre qui raconte la vie des enfants à Saint- Maurice, alors que Gabrielle, dite Didi, est en symbiose avec la nature. Antoine l’évoque dans Courrier Sud :
« Car vous étiez fée. Je me souviens. […] Chaque arbre, chaque herbe, chaque roseau était vivant. […] Alors vous nous preniez les mains et vous nous disiez d’écouter parce que c’étaient les bruits de la terre et qu’ils rassuraient et qu’ils étaient bons. Vous étiez si bien abritée par cette maison et, autour d’elle, par cette robe vivante de la terre. Vous
aviez conclu tant de pactes avec les tilleuls, avec les chênes, avec les troupeaux que nous vous nommions leur princesse. […] Tu nous paraissais éternelle d’être si bien liée aux choses, si sûre des choses, de tes pensées, de ton avenir. Tu régnais... […] Tu sentais soudain ta vie si certaine, comme un jeune arbre se sentirait croître et développer la graine au jour. Il n’était plus rien que de nécessaire. »4
Liés à l’universel, les enfants aiment se promener dans le grand parc clos et lumineux de Saint-Maurice et se raconter des histoires « en compagnie de fées, de rois, de reines, d’animaux qui parlent »5. Il est cependant un lieu où les rayons du soleil ne pénètrent pas, abritant une mare obscure qui délivre un mystère noir comme la nuit.
Au bord de ce jardin d’eau et d’ombrage, Antoine et son jeune frère François imaginent ce que ses soeurs n’entendent pas : le murmure de la mer, l’appel du lointain, « le goût des vents du large ».
« Derrière la porte dormait une eau que nous disions immobile depuis mille ans. […] De minuscules feuilles rondes la revêtaient d’un tissu vert […] Le caillou que nous avions lancé commençait son cours, comme un astre, car, pour nous, cette eau n’avait pas de fond. […] Nous étions perdus aux confins du monde car nous savions déjà que voyager c’est avant tout changer de chair. Ici, c’est l’envers des choses. […] Fuir. »6
Antoine rêve d’un ailleurs. Il perçoit l’appel de l’aube d’or « comme le jardinier attend le printemps ». Derrière les apparences de la « demeure familière, bien en ordre », de « cette vision unie » où « nulle menace, nulle fissure » ne se manifestent, s’esquisse cependant la perspective d’une autre vie.
L’OASIS DES PRINCESSES DE CONCORDIA
Saint-Exupéry décrit une scène dans Terre des hommes qui le replonge dans l’univers des complicités fraternelles de Saint-Maurice. Lors d’une escale en Argentine, il se trouve dans « une étrange maison » où deux « fées » exercent leur « royauté » sur la nature. C’est l’heure du repas :
« Les deux jeunes filles réapparurent aussi mystérieusement, aussi silencieusement qu’elles s’étaient évanouies. Elles s’assirent à table avec gravité. Elles avaient sans doute nourri leurs chiens, leurs oiseaux, ouvert leurs fenêtres à la nuit claire, et goûté dans le vent du soir l’odeur des plantes. […] Elles possédaient aussi un iguane, une mangouste, un renard, un singe et des abeilles. Tout cela vivant pêle-mêle, s’entendant à merveille, composant un nouveau paradis terrestre. Elles régnaient sur tous les animaux de la création, les charmant de leurs petites mains, les nourrissant, les abreuvant, et leur racontant des histoires que, de la mangouste aux abeilles, ils écoutaient. »7
Comme Didi ou le petit prince, les « princesses d’Argentine » sont « mêlées à quelque chose d’universel ». Leur coeur est un « jardin sauvage », un « royaume sans limite ». L’analogie entre le « parc sombre et doré » « peuplé de dieux » de Saint-Maurice et le paradis des jeunes filles espiègles, renouvelle le souvenir d’ « une civilisation close, où les pas avaient un goût, où les choses avaient un sens »8
“LE VERT ME MANQUE”
Que reste-t-il du « pays de l’enfance » lorsque, devenu homme, on vit sous d’autres climats, dans de nouvelles contrées ? Lors de son premier voyage au Maroc, Saint-Exupéry découvre d’immenses étendues désertiques composées de « treize cailloux et dix touffes d’herbes »9. Le dépaysement et l’éloignement font naître en lui une profonde nostalgie. Il confie à sa mère : « Moi, quand je rencontre un arbuste, j’arrache quelques feuilles et les enfouis dans ma poche. Puis dans la chambrée, je les regarde avec amour, je les retourne tout doucement. Cela me fait du bien. Je voudrais revoir votre pays où tout est vert. » Il ajoute : « Ma petite maman, asseyez-vous sous un pommier en fleur, puisqu’on nous dit qu’ils fleurissent en France. Et regardez bien pour moi autour de vous. Ça doit être vert et charmant et il y a de l’herbe. » Enfin, il conclut : « Le vert me manque, le vert est une nourriture morale, le vert entretient la douceur des manières et la quiétude de l’âme », « vous ne savez pas ce qu’a d’attendrissant un simple pré. »10 Saint-Exupéry éprouve la puissance symbolique du vert. Confidente de ses émotions, la mère réveille ses « tendresses lointaines » et le vert jardin, souvenir de la terre natale, devient nourriture spirituelle. Il perd toute illusion d’un possible retour au jardin clos originel et c’est pour lui « un drôle d’exil d’être exilé de son enfance »11. Ce désenchantement ouvre cependant une brèche. La mémoire s’anime. Un mouvement se dessine entre les pôles de l’intime et de l’universel, du proche et du lointain, de la présence et de l‘absence, du passé et du futur, ces « deux océans redoutables »12. Saint-Exupéry saisit la réalité dans sa dimension symbolique et il crée des analogies. Les jardins de mémoire se composent à la fois d’émotions et d’imaginaire, d’espoirs et de craintes, de fantaisie et de rêve. Nés des songes, ils se recomposent et expriment poétiquement les liens qui se découvrent au sein d’une dynamique de vie, source de mystère. Les jardins imaginaires ouvrent le champ de vision.
LE FIEF DU CHEVALIER AKLIN
Dans Pilote de guerre, Saint-Exupéry évoque un jeu né de l’imagination des enfants : le « chevalier Aklin »13 qui « se jouait les jours de grands orages ». Les enfants courent du fond du parc vers la maison dans l’espoir d’éviter la goutte fatale. « Le dernier survivant se révélait ainsi le protégé des dieux, l’invulnérable ! Il avait droit, jusqu’au prochain orage, de s’appeler le chevalier Aklin ». Un lien « occulte » unit les enfants à l’orage : « On courait très vite, de plus en plus vite, parce qu’il s’agissait, […] d’une poursuite mystérieuse entre l’orage en formation et nous. »14
Pendant la guerre, lors d’une mission « sacrifiée », Saint-Exupéry entre de nouveau dans le jeu. Au coeur de l’action périlleuse, alors que sa vie et celle de son équipage sont sérieusement menacées, il se sent « soumis à des lois oubliées » et rejoue la légende « pour retrouver le sentiment d’une protection souveraine ». L’orage et la nature sont alors invoqués comme des divinités. Le grand parc protecteur joue son rôle symbolique. Saint-Exupéry court, comme autrefois, vers son « château de feu » et se réapproprie le présent : « Je suis dans un pays qui me touche au coeur. […] Dans les contes de fées de l’enfance, le chevalier marchait, à travers de terribles épreuves, vers un château mystérieux et enchanté. Il escaladait des glaciers, franchissait des précipices, il déjouait des trahisons. Enfin le château lui apparaissait, au coeur d’une plaine bleue, douce au galop comme une pelouse. »15
Sa mémoire, force vitale, recompose cette « matière brute » qui liait les enfants au monde. Le chevalier Aklin, voyageur de légende au coeur pur, est souverain d’un « royaume de légende endormi sous les eaux » et porte « dans le fond du coeur un souvenir qui ne peut se raconter, “couleur de lune”, “couleur du temps” »16. Le temps est suspendu entre un passé fabuleux et un
LE JARDIN-ÉTOILE ET LE JARDIN-PERSPECTIVE
La maison et le parc de Saint-Maurice sont propres à fournir des « provisions invisibles »17 et cachent un « massif obscur dont naissent, comme des eaux de source, les songes… »18. Saint- Exupéry se remémore avec émerveillements son grand parc, dont la vertu permet de lier un homme au temps : « Il était, quelque part, un parc chargé de sapins noirs et de tilleuls, et une vieille maison que j’aimais. Peu importait qu’elle fût éloignée ou proche, qu’elle ne pût ni me réchauffer dans ma chair, ni m’abriter, réduite ici au rôle de songe : il suffisait qu’elle existât pour remplir ma nuit de sa présence. Je n’étais plus ce corps échoué sur une grève, je m’orientais, j’étais l’enfant de cette maison, plein du souvenir de ses odeurs, plein de
la fraîcheur de ses vestibules, plein des voix qui l’avaient animée. Et jusqu’au chant des grenouilles dans les mares qui venait ici me rejoindre. J’avais besoin de ces mille repères pour me reconnaître moi-même […]. »19
Au coeur du désert, Saint-Exupéry revoit le parc en songe et il comprend que c’est au fond de lui-même qu’il faut puiser. Le désert est ce jardin de sable plein de souvenirs d’enfance. Il est une étoile à suivre qui indique une direction où orienter la pensée car les étoiles « mesurent pour nous les vraies distances ». « La vie paisible, l’amour fidèle, l’amie que nous croyons chérir, c’est de nouveau l’étoile polaire qui les balise... »20
L’auteur nous invite à dessiner notre propre jardin-perspective, constellation d’étoiles et de directions. Les souvenirs se métamorphosent en jardin de mémoire et créent la perspective. « C’est maintenant qu’elle se fait douce, l’enfance. Non seulement l’enfance, mais toute la vie passée. Je la vois dans sa perspective, comme une campagne. Et il me semble que je suis un. »21 De la naissance à la mort, le jardin-perspective est ce lieu symbolique qui illumine la courbe du temps, et du temps à l’espace, et de l’espace au temps, la présence perdure.
« L’enfance, ce grand territoire d’où chacun est sorti. D’où suis-je ? Je suis de mon enfance comme d’un pays. »22 Dans le jardin clos et immuable de l’âge d’or, c’est le bonheur des utopies où tout a un goût d’éternité. L’enfance devient un « pays de contes de fées », un territoire à reconquérir, un domaine à bâtir. « Je suis à l’intérieur des choses. Je dispose de tous mes souvenirs et de toutes les provisions que j’ai faites, et de toutes mes amours. Je dispose de mon enfance qui se perd dans la nuit comme une racine. »23
LES JARDINS DE SIGNES
Loin du jardin originaire Saint-Exupéry s’ouvre à la découverte du monde et de la nature sauvage. L’avion lui révèle « le vrai visage de la terre »24 : « Nous autres habitants de la Voie lactée »25, « Habitants d’une même planète, passagers d’un même navire »26, « Nous habitons une planète errante »27. L’humanité est embarquée sur un jardin planétaire enclos de signes qui délivrent de « mystérieux messages d’un autre monde ».
L’ÉTANG DE PUNTA ARENAS
Dans Terre des hommes, Saint-Exupéry narre le survol d’anciens volcans « habillés d’un gazon d’or » : « Si près des coulées noires, comme on sent bien le miracle de l’homme ! L’étrange rencontre ! On ne sait comment, on ne sait pourquoi ce passager visite ces jardins préparés, habitables pour un temps si court, une époque géologique, un jour béni parmi les jours. »28
Saint-Exupéry atterrit et croise des jeunes filles qui figurent le « mystère humain ». Aux confins du monde, il se sent proche d’une jeune femme qui lui apparaît « à demi divine », fleur éclose sur les flancs d’une colline devenue, après tant d’années de métamorphoses, habitable.
Puis il y a cet étang près de Punta Arenas que l’auteur interprète comme « le signe sombre » : « humble comme une mare dans une cour de ferme, [l’étang] subit inexplicablement les marées. […] il obéit à d’autres lois. Sous la surface unie, […] l’énergie de la lune opère. Des remous marins travaillent, dans ses profondeurs, cette masse noire […] sous la couche légère d’herbe et de fleurs. Cette mare de cent mètres de large, […] bien établi sur la terre des hommes, bat du pouls de la mer. »29 L’étang est relié à la mer et à la lune par les marées. Signe d’instabilité, il révèle l’envers des choses où les « civilisations ne sont que fragiles dorures » qu’un volcan « efface ». Que sont les civilisations à l’échelle du temps cosmique, sinon éphémères ? « Née hier de volcans, de pelouses ou de la saumure des mers », la jeune fille est en communion avec l’universelle condition et emporte, à pas lents, ses secrets. Le miracle de l’homme est de pouvoir saisir les signes et comprendre les liens invisibles qui interagissent entre la terre, les êtres humains et le mouvement des astres.
LE POMMIER CÉLESTE
Son avion posé sur un plateau de sable, énorme pilier solitaire qui montre les « vestiges de la table qui s’est éboulée » tout autour, SaintExupéry ressent une « impression d’étendue de silence extraordinaire »30. Cette « étendue immaculée », jamais foulée par l’homme, délivre peu à peu son mystère. Saint-Exupéry y découvre un étrange « caillou noir » « de la taille du poing ». Il témoigne : « Je relevais la tête pour voir le pommier qui perdait ses pierres, et comme la nuit tombait et que scintillaient des étoiles, je compris d’un seul coup, sans effort, avec l’évidence qu’imposait cette pierre perdue sur trois cents mètres d’épaisseur de coquillages jamais souillés, qu’il s’agissait là d’un aérolithe, qu’il y avait là, sous mes pieds, trois cents mètres d’épaisseur de preuve. Des milliers de tonnes de documents amassés pour prouver que cette unique petite pierre-là n’était qu’une étoile égarée, une étoile éteinte. Et aussi naturellement, je pensais que sous ce pommier aux bras célestes devaient avoir plu d’autres pommes. »31
« Une nappe tendue sous un pommier ne peut recevoir que des pommes, une nappe tendue sous les étoiles ne peut recevoir que des poussières d’astres : jamais aucun aérolithe n’avait montré avec une telle évidence son origine. » « Et j’assistai ainsi, dans un raccourci saisissant, du haut de mon pluviomètre à étoiles, à cette lente averse de feu. »32
Saint-Exupéry déchiffre « à livre ouvert » les indices d’étoiles rongés par le feu, « extase de trésor trouvé », signes de notre condition. Nous sommes bel et bien liés au cosmos, poussières d’étoiles, fils de la terre et du ciel étoilé. Le jardin du pommier céleste délivre des fruits qui donnent du sens et de la joie à l’existence : « je sentais mieux ma solitude, mais aussi ma chaleur et les battements de mon coeur, ma vie. »33 Le jardin de signes joue avec les étoiles.
LE JARDIN MINÉRAL ET LE “MYSTÉRIEUX RAYONNEMENT DU SABLE”
Dans le désert, jardin minéral, la vie se révèle fragile et austère. Saint-Exupéry tente de « comprendre le désert », sa symbolique. Il raconte une révélation qui se produisit lors d’une traversée en paquebot vers New York :
« Le Sahara n’offre, à perte de vue, qu’un sable uniforme […] On y baigne en permanence dans les conditions mêmes de l’ennui. Et cependant d’invisibles divinités lui bâtissent un réseau de directions, de pentes et de signes, une musculature secrète et vivante. Il n’est plus d’uniformité. Tout s’oriente. Un silence même n’y ressemble pas à l’autre silence. […] Tout se polarise. Chaque étoile fixe une direction véritable. Elles sont toutes étoiles de mages. […] Et le sable qui vous sépare de l’oasis est pelouse de contes de fées. […] Enfin des pôles presque irréels aimantent de très loin ce désert : une maison d’enfance qui demeure vivante dans le souvenir. Un ami dont on ne sait rien, sinon qu’il est. Ainsi vous sentez-vous tendu et vivifié par le champ des forces qui tirent sur vous ou vous repoussent, vous sollicitent ou vous résistent. Vous voici bien fondé, bien déterminé, bien installé au centre de directions cardinales. Et comme le désert n’offre aucune richesse tangible, comme il n’est rien à voir ni à entendre dans le désert, on est bien contraint de reconnaître, puisque la vie intérieure loin de s’y endormir s’y fortifie, que l’homme est animé d’abord par des sollicitations invisibles. L’homme est gouverné par l’Esprit. Je vaux, dans le désert, ce que valent mes divinités. »34
Sublime passage où Saint-Exupéry se révèle à lui-même. « Perdu dans le désert et menacé, nu entre le sable et les étoiles, éloigné des pôles de sa vie par trop de silence », il médite sur sa condition et éprouve son dénuement pour mieux retrou er les richesses de sa « vie intérieure ». « Ici, je ne possédais plus rien au monde. Je n’étais qu’un mortel égaré entre du sable et des étoiles, conscient de la seule douceur de respirer. »35 Le jardin minéral, sous son apparente vacuité, permet d’entrapercevoir la grandeur de l’homme. « Le désert pour nous ? C’était ce que nous apprenions sur nous-mêmes. »
C’est encore dans le désert que le pilote rencontre le petit prince. Ensemble, ils observent son étendue silencieuse. Pour le petit prince, « Le désert est beau ».
« Et c’était vrai. J’ai toujours aimé le désert. On s’assoit sur une dune de sable. On ne voit rien. On n’entend rien. Et cependant quelque chose rayonne en silence…
– Ce qui embellit le désert, dit le petit prince, c’est qu’il cache un puits quelque part… Je fus surpris de comprendre soudain ce mystérieux rayonnement du sable. Lorsque j’étais petit garçon, j’habitais une maison ancienne, et la légende racontait qu’un trésor y était enfoui. Bien sûr, jamais personne n’a su le découvrir, ni peut-être même ne l’a cherché. Mais il enchantait toute cette maison. Ma maison cachait un secret au fond de son coeur…
– Oui, dis-je au petit prince, qu’il s’agisse de la maison, des étoiles ou du désert, ce qui fait leur beauté est invisible ! »
Le « mystérieux rayonnement du sable », c’est le trésor symbole : il est dans la maison, invisible, au centre du désert, caché, au fond de la mare et de l’étang, sans fond, au coeur du jardin, secret. Il est tantôt puits, tantôt fontaine, cordon qui relie au vivant. Il se découvre non dans la chose en soi mais dans notre « démarche », dans notre capacité à retrouver le véritable sens des choses, notre relation à elles. Entrer dans le jardin minéral, ce n’est point « visiter l’oasis, c’est faire notre religion d’une fontaine »36, c’est imaginer l’« inaccessible » oasis qui parfume le sable. La beauté invisible du jardin n’est sensible qu’au coeur.
LE JARDIN MINIATURE, LE PAPILLON VERT ET LES DEUX LIBELLULES
Il existe aussi des signes infimes dont la révélation est essentielle. Saint-Exupéry découvre en plein désert le jardin miniature d’un vieux capitaine. Dans une caisse de terre venue de France « pousse trois feuilles vertes » qu’on caresse « du doigt comme des bijoux ». Le capitaine, quand il en parle, dit : « C’est mon parc. »
Créer ce petit jardin en plein désert comme symbole de vie est un acte poétique et un jeu subtil s’établit entre microcosme et macrocosme. Le jardin miniature est ce lopin d’utopie qui donne le sentiment de l’étendue. Autre révélation, toujours au coeur du désert, grâce aux fines libellules et au papillon vert, messagers fragiles issus d’un long voyage :
« Sur le désert règne un grand silence de maison en ordre. Mais voici qu’un papillon vert et deux libellules cognent ma lampe. […] Ni le ciel ni le sable ne m’ont fait aucun signe, mais deux libellules. […] Ainsi ces insectes me montrent qu’une tempête de sable est en marche. […] Ce qui me remplit
d’une joie barbare, c’est d’avoir compris à demimot un langage secret, c’est d’avoir flairé une trace comme un primitif, en qui tout l’avenir s’annonce par de faibles rumeurs, c’est d’avoir lu cette colère aux battements d’ailes d’une libellule. »37
Le chasseur de signes peut lier les phénomènes entre eux et les interpréter. SaintExupéry se sent alors « un instinct de nomade qui lit les présages »38 . Le signe établit des rapports qui permettent de relier la libellule à la tempête, trois feuilles vertes à l’immensité du désert, l’infiniment petit à l’infiniment grand. Les jardins de signes se révèlent dans leur densité énigmatique et l’écrivain, initié à les déchiffrer, cherche alors un langage pour délivrer leur beauté. Lire la « colère aux battements d’ailes d’une libellule », c’est créer l’image.
JARDINS SECRETS ET DE SAGESSE
LE JARDIN DE L’AMITIÉ
La nature est tantôt perçue comme une « ombrageuse divinité », tantôt comme un lieu de ressourcement. Saint-Exupéry a « besoin d’amis qui seraient des jardins où se reposer »39. Dans une lettre à son amie Yvonne de Rose, il se promène dans une lettre-jardin et rêve d’un jardin qui serait à l’image de la vie.
« Je vous remercie, chère Yvonne, pour beaucoup de choses. Je ne sais pas dire lesquelles (les choses qui comptent sont invisibles...) […] On ne remercie pas un jardin. Et moi j’ai toujours divisé l’humanité en deux parties. Il y a les êtresjardin et il y a les êtres-cour. Ils promènent leur cour avec eux, ceux-là, et vous font étouffer entre leurs quatre murs. […] Mais dans les jardins on se promène. On peut se taire et respirer. On est à l’aise. Et les surprises heureuses viennent tout simplement audevant de vous. On n’a rien à chercher. Un papillon, un scarabée, un ver luisant se montrent. […] Puis le papillon. Quand il se pose sur une large fleur, on se dit : c’est pour lui comme s’il se posait sur une terrasse de Babylone, un jardin suspendu qui se balancerait… […]
Simplement, j’ai envie de me promener encore chez vous.
J’ai aussi pensé autre chose. Il y a les gensroute nationale et il y a les gens-sentiers. Les gens route nationale m’ennuient. Je m’ennuie sur le macadam parmi les bornes kilométriques. Ils marchent vers quelque chose de bien précis. Un gain, une ambition. Le long des sentiers, au lieu de bornes kilométriques, il y a les noisetiers. Et l’on flâne pour croquer des noisettes. On est là pour être là. À chaque pas on est là pour être là, non pas ailleurs […]
Yvonne, chère Yvonne, les hommes de cette époque-là se foutent dedans. La civilisation du téléphone est intolérable. Une caricature de présence remplace la vraie présence. […] On ne s’enferme plus en rien, on n’est plus nulle part. Je hais cette humanité soluble. Là où je suis, je suis pour l’éternité. J’ai droit à mon banc, à cinq minutes d’éternité.
[…] C’est très curieux, on a du temps auprès de vous. Si c’est pour une seconde, on “a du temps” pendant une seconde. Vous êtes présente dans la poignée de main, dans le bonjour ou dans l’adieu même. Vous n’êtes pressée qu’entre les choses. Au secret de vous-même, vous marchez au pas lent d’un jardin. Le pas véritable, moi je trouve ça tellement précieux. […]
Je suis simplement venu m’asseoir, pour cinq minutes d’éternité, dans l’amitié. » Saint-Exupéry goûte le présent comme un temps éternel. Il a décrit maintes fois ces lieux d’amitié où chaque moment est magnifié. Ainsi lors de « l’étrange leçon de géographie »40 dispensée par Guillaumet ou la rencontre avec Léon Werth, au Café de la Marine, sur les bords de Saône, ou le « village d’hommes » en plein désert éclairé d’une simple bougie. Le sourire entre camarades devient symbole et manifestation de la qualité des hommes, signe de vie et de paix. Par-delà les langages, il crée le « visage ».
Ces moments sacrés de l’amitié délivrent le bon « goût du pain rompu »41 . Les amis sont une « fête » et créent l’échange. Ils participent d’une étrange énigme, celle des « relations humaines », seul « luxe véritable ». L’humanisme de SaintExupéry s’épanouit tout entier dans une poétique du lien visant à « prendre conscience d’un but qui nous relie les uns aux autres »42 puisque l’homme n’est qu’un « noeud de relations ». C’est dans la Lettre à un otage qu’il énonce l’immense valeur de l’amitié : « Nous avons goûté, aux heures de miracle, une certaine qualité des relations humaines : là est pour nous la vérité. »43
DE LA FLEUR À LA ROSE
Les vérités révélées dans le récit du Petit Prince transitent par des rencontres issues des mondes végétal et animal. Le jeune héros dialogue avec une rose, un serpent et un renard. Le petit prince mène une « petite vie mélancolique » et sa seule distraction est la contemplation « des couchers de soleil » dont la « douceur » console de la solitude. Tous les jours, après sa toilette, il fait celle de sa planète : il nettoie ses volcans et arrache les jeunes pousses de baobabs.
Un beau jour, il observe un bouton de fleur énorme qui, « à l’abri de sa chambre verte », se prépare à naître au monde. La fleur choisit avec soin ses couleurs et s’habille lentement en
ajustant un à un ses pétales, jusqu’à ce que l’« apparition miraculeuse » se montre dans le « le plein rayonnement de sa beauté »44. Mais la fleur est très exigeante et il doute bientôt d’elle. Il décide de partir.
Pendant son voyage, il visite des planètes habitées par des grandes personnes très « bizarres ». Arrivé sur Terre, en Afrique, il rencontre un serpent énigmatique, « couleur de lune », avec lequel il noue un pacte tacite : il l’aidera à retourner auprès de sa rose. Lors de son périple, il pénètre dans un jardin où s’épanouissent des milliers de roses très belles et croit que sa rose n’est qu’une rose ordinaire. Il se sent fort triste et se met à pleurer. C’est alors qu’apparaît le renard qui lui apprend ce que signifie « apprivoiser ». Il comprend alors qu’il aime sa rose : « je crois qu’elle m’a apprivoisé… »45 Ainsi, le véritable « secret de la vie du petit prince » est son amour pour une fleur. La fleur sollicite entretien et protection et elle devient « sa rose » puisqu’il lui a donné son temps, son attention et ses soins. Nous ne sommes liés qu’à travers nos dons. « Créer des liens » avec ceux que l’on aime, c’est s’habituer lentement à leur présence et enfin la désirer.
Le temps qui nous « accomplit » est un temps qui « ajoute » ; l’opposé de celui qui « étale » ou de celui qui « coule ». Ainsi, le temps qu’on pourrait croire « perdu » est en réalité un temps gagné et chaque être devient unique et nécessaire. Les roses du jardin sont « belles » mais « vides » alors que sa rose est différente puisqu’il s’en est occupée et lui a consacré du temps, et comme le lui dit le renard : « C’est le temps que tu as perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante » et « Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé. Tu es responsable de ta rose… » « Apprivoiser », c’est aimer et par conséquent, se sentir « responsable ». Le lien de responsabilité crée la véritable dimension de l’amour et de l’amitié. Cette vérité de la condition humaine, ce sont les figures de la rose et du renard qui nous la font découvrir.
La rose, symbole fragile et précieux, est à la fois éphémère dans son jardin et permanente dans les étoiles. Pour Saint-Exupéry, elle est une direction et une lumière où projeter son repos. Il rêve de marcher « vers cette image-là, vers cette paix du foyer, vers ce calme bonheur »… « Mais voilà que je me suis blessé au rosier en cueillant une rose. » dit Saint-Exupéry, qui ne connaîtra pas cette « paix de coeur » sans laquelle il ne peut « ni être ni créer ». Le jardin secret du coeur est parfois bien aride : « Les contes de fées c’est comme ça. Un matin on se réveille. On dit : “ce n’était qu’un conte de fées…” On sourit de soi. Mais au fond on ne sourit guère. On sait bien que les contes de fées c’est la seule vérité de la vie. »46
ÉTOILES-GRELOTS ET ÉTOILES-FONTAINES
Face à la mélancolie d’une absence subsiste le pouvoir de l’image et de sa transposition symbolique. « Si tu aimes une fleur qui se trouve dans une étoile, c’est doux, la nuit, de regarder le ciel. Toutes les étoiles sont fleuries. »47 L’amour est bien ce sentiment essentiel et invisible qui fait que « les étoiles sont belles, à cause d’une fleur que l’on ne voit pas… »48
À l’heure des adieux, le renard sait déjà qu’il va pleurer le départ de son ami. C’est pourquoi il crée un souvenir : « Mais tu as des cheveux d’or. […] Le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi. Et j’aimerai le bruit du vent dans le blé... »49 La consolation à leur séparation trouvera sa forme dans un symbole lumineux, dans une image concrète – le blé – et une pensée spirituelle.
De même, quand le petit prince quitte son ami pilote, il le console et lui donne son cadeau : « Mon étoile, ça sera pour toi une des étoiles. Alors, toutes les étoiles, tu aimeras les regarder… Elles seront toutes tes amies. […] Quand tu regarderas le ciel, la nuit, puisque j’habiterai dans l’une d’elles, puisque je rirai dans l’une d’elles, alors ce sera pour toi comme si riaient toutes les étoiles. Tu auras, toi, des étoiles qui savent rire ! […] Ce sera comme si je t’avais donné, au lieu d’étoiles, des tas de petits grelots qui savent rire... » Et pour se consoler à son tour, le petit prince regardera aussi les étoiles : « Toutes les étoiles seront des puits […] Toutes les étoiles me verseront à boire… […] Ce sera tellement amusant ! Tu auras cinq cents millions de grelots, j’aurais cinq cents millions de fontaines… »50
Les étoiles sont les mêmes et pourtant différentes, figures qui portent absence et présence. Pour l’un elles sont grelots, pour l’autre fontaines, pour les deux, elles procurent un plaisir, ouvrent l’esprit et élargissent le coeur. L’apparence est apprivoisée puisque les champs de blé et les étoiles dans la nuit ont le pouvoir d’ensemencer les êtres et de leur délivrer leurs « provisions de douceur ». Il est « des conditions mystérieuses qui nous fertilisent »51 . Nul doute que ces figures grandissent l’homme. Et ce secret, le pilote le reçoit de l’enfant. C’est pourquoi, le pilote à son tour écrit le souvenir de sa rencontre avec le petit prince, afin de le partager avec ses lecteurs. Son dernier dessin est celui de deux traits surmontés d’une étoile. « Le plus beau et le plus triste paysage du monde »52 est l’expression la plus simple de la représentation de l’horizon et de son infini. Les plis du sable laissent libre l’imagination du lecteur qui peut ainsi rêver sa propre relation au petit prince.
Enraciné dans la terre, l’arbre puise les forces vives du sol et par ses branchages et ses feuilles, capte l’énergie du soleil. Sa sève est lente percée vers la lumière. Terrestre et aérien, traversé par l’eau nourricière, l’arbre est unité et devient « chemin de l’échange entre les étoiles et nous »53 Les arbres séculaires de Saint-Maurice, les arbres fruitiers et le « cèdre » solitaire de Citadelle, tous les arbres de Saint-Exupéry expriment la lutte pour la permanence. Ils représentent la vie dans son dynamisme, son épanouissement, son accomplissement et sa perfection. Modèle de croissance, de concentration et de dépassement, il incarne la puissance créatrice. Planter un arbre, c’est imaginer la « forêt qui lentement, au long des siècles, déambule »54. L’arbre est aussi « voie et passage » par les « graines ailées »55, semences qui se répandent. Sa vigueur est ferveur dans le coeur de l’homme.
L’humanité se retrouve aussi dans la nature de l’arbre et transcende les destins individuels. La structure de l’arbre rassemble la communauté des hommes et conserve la diversité au sein de l’unité. Les hommes tombent comme les feuilles alors que naissent les bourgeons nouveaux. Le tronc de l’arbre, « noué par l’amour », traverse les saisons. « De génération en génération, avec le lent progrès d’une croissance d’arbre »56, la vie se transmet. L’analogie entre l’arbre, l’homme et l’humanité, se fonde autant par l’individu qui s’accomplit dans le temps et se métamorphose – de la graine à la fleur et au fruit –, que par le tronc commun qui se compose dans une fraternité solidaire – par ses racines, son tronc et ses branches –. La fleur fane et se transforme en fruit et le fruit forme la graine. L’arbre dort ainsi dans la graine qui se répand ou niche dans les profondeurs de la terre. L’image de l’arbre est enfin associée à l’enfant. Elle figure l’évolution du « petit d’homme » qui s’accomplit et est « à chaque instant ce qu’il devait être. » L’arbre-enfant est cette graine en dormance et devient « puissance qui lentement épouse le ciel »57. Grandir à la façon de l’arbre, c’est se nouer en profondeur et c’est espérer ce qui dure, par-delà soi.
LA SAGESSE DES JARDINIERS
La figure du jardinier parcourt l’oeuvre de Saint-Exupéry. Dans Vol de nuit, le jardinier exerce de sa « simple main » une « lutte perpétuelle » qui « repousse la forêt primitive »58. Dans Terre des hommes, il donne l’exemple d’un vieux jardinier inquiet de l’avenir : « Qui taillera mes arbres ? Qui sèmera mes fleurs ? » « Il était lié d’amour à toutes les terres et à tous les arbres de la terre. »59 Dans Citadelle le jardinier est un sage, modeste et généreux, il est grand car « fidèle au
jardin »60. Saint-Exupéry dit n’avoir point connu « de jardinier qui fût vaniteux si, simplement, il aimait son jardin ». L’humilité, la bienveillance et la responsabilité du jardinier devant une « rose nouvelle », c’est la forme suprême d’une sagesse qui est lente réconciliation avec le monde, avec la vie, avec la mort. Ainsi, Saint-Exupéry est ce « jardinier qui marche à pas lents vers ses arbres »61 : « Moi, je m’achemine vers le jardin. […] Le jardin s’offre à moi. […] Pour moi qui sais, tout conserve une signification. […] Ceux-là ne savent point attendre et ne comprendront aucun poème, car leur est ennemi le temps qui répare le désir, habille la fleur ou mûrit le fruit. […] Moi je vais, je vais, et je vais. Et quand me voici dans le jardin qui m’est une patrie d’odeurs, je m’assieds sur le banc. Je regarde. Il est des feuilles qui s’envolent et des fleurs qui se fanent. Je sens tout qui meurt et se recompose. Je n’en éprouve point de deuil. […] Nous allons, mon jardin et moi, des fleurs vers les fruits. Mais à travers les fruits vers les graines. Et à travers les graines vers les fleurs de l’année prochaine. »62
La promesse n’est autre que le plaisir de la marche, désir d’oasis aux confins des sables ou d’île au large des mers. Dans le jardin, ce qui embaume et se renouvelle, c’est l’invisible symbole qui se lit à travers les fleurs ou les arbres odorants. « L’heure du jardin ou de l’épouse »63, ce sont les pas qui lentement nous mènent vers la source. Ainsi, la marche fertile est création et le jardinier rejoint le poète.
Les dernières pages de Citadelle se terminent sur le poème de deux jardiniers dont l’amitié s’exprime dans un commun amour pour leurs rosiers. Séparés par des années d’absence et par une longue distance, l’un reçoit une lettre de l’autre : « Ce matin j’ai taillé mes rosiers. » Trois ans plus tard, il lui écrit une lettre en retour : « Ce matin, moi aussi, j’ai taillé mes rosiers. » Le prince, témoin de leur échange et de la profonde amitié qui les lie tous deux, dit à son tour :
« De juger heureux le jardinier qui communiquait avec son ami me vient donc parfois le désir de me lier ainsi, selon leur dieu, aux jardiniers de mon empire. Et il m’arrive de descendre à pas lents, un peu avant l’aube, les marches de mon palais vers le jardin. […]
Puis, […] je dis simplement, en mon coeur, afin de les rejoindre par la seule voie qui soit efficace, à tous les jardiniers vivants et morts “Moi aussi, ce matin, j’ai taillé mes rosiers”. Et peu importe, d’un tel message, s’il chemine ou non des années durant, s’il parvient ou non à tel ou tel. Là n’est point l’objet du message. Pour rejoindre mes jardiniers j’ai simplement salué leur dieu, lequel est rosier au lever du jour. »64
La quête de sagesse chez Saint-Exupéry s’incarne dans la figure du jardinier qui taille quotidiennement ses rosiers. Son action est simple, silencieuse et libre. « On isole la rose, on cultive la rose, on la favorise »65 et tous les jardiniers s’en
émeuvent. Une vérité se fait jour, « à savoir que les hommes habitent et que le sens des choses change pour eux, selon le sens de la maison. Et que le chemin, le champ d’orge et la courbe de la colline sont différents pour l’homme selon qu’ils composent ou non un domaine. Car voilà tout à coup cette matière disparate qui s’assemble et pèse sur le coeur. […] Car il est bon que le temps qui s’écoule ne nous paraisse point nous user et nous perdre, comme la poignée de sable, mais nous accomplir. »66 Les rites, la demeure et l’étendue créent le cérémonial. Ils sont création, langage poétique et beauté, à la recherche de symboles qui parlent au coeur. « Celui qui habite » sait que « l’étendue est pour l’esprit, non pour les yeux. »67
Dans les jardins de sagesse, les paroles sont discrètes et les fleurs « figurent dans le monde l’amour de la paix ». Nous portons en nous un jardin secret où l’on sent la beauté, l’universalité, la fragilité et la puissance de la vie. « Moi, dit SaintExupéry, je construis l’âme de l’homme et je lui bâtis des frontières et des limites et je lui dessine des jardins et pour que soit le culte de l’enfant et qu’il prenne un sens dans le coeur »68. Le jardin de sagesse symbolise le lieu du ressourcement et le temps retrouvé, où tout, « lentement, s’apprivoise pour l’éternité »69
Dans un passage retranché du Petit Prince, l’enfant était jardinier d’un potager : « Il avait des ennuis aussi à cause des graines. Car il faisait un jardin pour se nourrir. Il y avait des graines de radis, de tomates, de pommes de terre et de haricots. Mais le petit prince ne pouvait pas manger de fruits. Les arbres à fruits sont trop grands. Ils auraient abîmé sa planète. »70 Le petit prince est cet enfant, ce modeste jardinier d’un jardin potager. Cette sagesse rejoint celle de SaintExupéry : « Je voudrais être jardinier parmi des légumes. »71 Le jardin de sagesse est acceptation, simplicité, effacement et douceur. Source de vie, il représente l’amour du don. Le petit prince est comme « l’enfant que l’on embrasse avant de s’endormir et qui résume le monde »72. L’ultime sagesse du jardinier qui entretient son potager sait que « l’enfant n’est que celui qui te prend par la main pour t’enseigner. »73
1. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Pierre Dalloz, [Corse, 30 juillet 1944], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 1051.
2. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 763.
3. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Nelly de Voguë, [Orconte, décembre 1939], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 939.
4. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 53-55.
5. SAINT-EXUPÉRY, Simone de. Cinq enfants dans un parc, Les Cahiers de la NRF, n° 5, Gallimard, 2000.
6. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 93.
7. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 211-212.
8. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 236.
9. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Casablanca, 1921, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 710.
10. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Casablanca, 1921, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 714.
11. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à sa mère, Buenos Aires, 1930, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 783.
12. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 92.
13. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 185. 14. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 37.
15. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 184.
16. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 96. 17. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 208. 18. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 209. 19. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 207.
20. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Courrier Sud, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 107.
21. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 181.
22. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 158. 23. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 184. 24. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 200. 25. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Carnets, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 508. 26. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre au général Z, Alger, juillet 1944, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 356. 27. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 204. 28. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 202. 29. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 203-204. 30. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 47. 31. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 49. 32. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 206. 33. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Coffret d’inédits, « Je suis allé voir mon avion ce soir », Gallimard, 2007, p. 50. 34. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à un otage, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 94. 35. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 207. 36. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 215. 37. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 220.
38. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Yvonne de Lestrange, Port-Étienne, septembre [1931], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 904. 39. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre au docteur Georges Pélissier, [Oujda, juin 1943], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 1003.
40. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 176.
41. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 280.
42. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 280.
43. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à un otage, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 102.
44. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 257. 45. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 294.
46. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettres à l’inconnue, Gallimard, 2008, p. 21. 47. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 312. 48. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 303. 49. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 295. 50. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 315. 51. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. « La Paix ou la Guerre », OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 359. 52. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le Petit Prince, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 321.
53. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 401.
54. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 752.
55. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 751.
56. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 282.
57. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 371.
58. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Vol de nuit, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 141.
59. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 197.
60. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 567.
61. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 808.
62. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 740.
63. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 739.
64. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 833.
65. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terre des hommes, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 284.
66. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 375-376. 67. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Pilote de guerre, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 161. 68. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 558. 69. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Vol de nuit, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 1, Gallimard, 1994, p. 114. 70. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Le manuscrit du Petit Prince, Fac-similé et transcription, Gallimard, 2013, p. CIV. 71. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Lettre à Nelly de Voguë, [Alger 1943-1944], OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 963. 72. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 370. 73. SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Citadelle, OEuvres complètes, Bibliothèque de la Pléiade, tome 2, Gallimard, 1999, p. 553.
SOBRE AS AUTORAS
DELPHINE LACROIX participou de várias edições sobre Antoine de Saint-Exupéry realizadas pela Editora Gallimard, incluindo as seguin tes obras: “Dessins” (2006), “Lettres à Natalie Paley” (2007), “Lettres à l’in connue” (2008), “Vie et Destin des pilotes de guerre” (2011), “Antoine de Saint-Exupéry, Un engagement singulier, Anais do Colóquio relativo à obra Pilote de guerre” (2013), “La Belle Histoire du Petit Prince” (2013) e a transcrição do “Manuscrito do Pequeno Príncipe” (2013). Durante quin ze anos, Delphine deu a sua contribuição para a realização de eventos sobre Saint-Exupéry na França e no exterior (exposições, eventos, concursos coló quios, entre outros) a fim de manter viva a memória do escritor, divulgar o seu pensamento e fazer com que a sua obra literária seja conhecida pelo grande público. Em 2013 e 2014, ela organizou, em Nova Iorque e em Montreal, as comemorações dos 70 anos do Pequeno Príncipe na América do Norte, con tando com o apoio de diversos parceiros culturais e institucionais (ONU, OIF, Morgan Library & Museum, BAM, entre outros).
ELZA FORTE DA SILVA CARNEIRO cursou Direito na Universida de Federal do Paraná (UFPR), é Mestre em Marketing e Vendas pelo programa conjunto das universidades Bocconi, Milão, e ESADE, Barcelona, além de ser cozinheira profissional formada pela escola Le Cordon Bleu, de Paris. Desde pequena gosta de se aventurar por jardins reais e imaginários, buscando suas cores, cheiros, sabores e histórias. Acredita no conhecimento da diversidade cultural como ferramenta de transformação social e atua para promover a cul tura em ambientes inesperados, como um hospital de crianças. Em 2012, par ticipou do projeto Jardim dos Sonhos, que transformou a área de acolhimento externa do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, por meio da jardinagem e da colocação de esculturas interativas. Foi coordenadora editorial das revis tas publicadas para os eventos da série Copa Gastronômica Gols Pela Vida, projeto que tem como beneficiário o Complexo Pequeno Príncipe. Entre 2014 e 2016, esteve à frente de projetos do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e promoveu, entre outras ações, a reestruturação de seu Café, estabelecendo uma conexão direta entre o cardápio, a cultura brasileira e paranaense e o acer vo da instituição. Em 2016, foi coautora do livro “Comida de Afeto – Lem branças Embaladas Para Viagem”, em que contou histórias sobre as diferentes formas de experimentar o mundo, trazendo lembranças afetivas sobre comer e cozinhar. O livro teve toda a renda revertida ao Hospital Pequeno Príncipe. Desde então, participou de outras publicações literárias e dedica-se à consulto ria e gestão de projetos em benefício do Hospital Pequeno Príncipe.
SUR LES AUTEURES
DELPHINE LACROIX participated in several editions on Antoine de Saint-Exupéry published by Publisher Gallimard, including the following works: “Dessins” (2006), “Lettres to Natalie Paley ‘(2007),” Lettres à l’inconnue “(2008),” Vie et Destin des pilotes de guerre “(2011),” Antoine de Saint-Exupéry, Un engagement singulier ‘Colloquium Proceedings on the work “Pilote de guerre” (2013), “La Belle Histoire du Petit Prince” (2013) and the transcript of the Little Prince’s Manuscript (2013).For fifteen years, Delphine gave her contribution to events on Saint-Exupéry in France and abroad (exhibitions, events, conferences, competitions, etc.) in order to keep alive the memory of the writer, disseminate his thinking and make his literary work known to the general public. In 2013 and 2014, she organized in New York and Montreal, celebrations of the 70th anniversary of the Little Prince in North America, with the support of diverse cultural and institutional partners (UN, OIF, Morgan Library & Museum, BAM, etc.).
ELZA FORTE DA SILVA CARNEIRO studied Law at the Federal University of Parana and is a professional chef with a degree from Le Cordon Bleu school, in Paris. Since she was little she liked venturing out into real and imaginary gardens, seeking their colors, smells, flavors, and stories. She believes in knowledge of cultural diversity as a tool for social transformation and acts to promote culture in unexpected environments, such as a children’s hospital. In 2012, she participated in the Garden of Dreams project, which transformed the external reception area of ??the Little Prince Hospital in Curitiba, through gardening and placement of interactive sculptures. She was editorial coordinator of the magazine published for the Gastronomic Cup Series events Goals for Life, a project that has the Little Prince Complex as its beneficiary. Between 2014 and 2016 she headed the Oscar Niemeyer Museum projects in Curitiba, and promoted, among other actions, the restructuring of its coffee shop by establishing a direct connection between the menu, the cultures of Brazil and Paraná and the museum collection. In 2016 she co-authored the book !”Affection Food – Souvenirs Packed For Travel”, which told stories about the different ways of experiencing the world, bringing emotional
SUR LES AUTEURES
DELPHINE LACROIX a participé à plusieurs éditions sur Antoine de Saint-Exupéry chez Gallimard dont le livre des Dessins (2006), les Lettres à Natalie Paley (2007), les Lettres à l’inconnue (2008), Vie et Destin des pilotes de guerre (2011), “Antoine de SaintExupéry, Un engagement singulier », Actes du Colloque autour de Pilote de guerre (2013), La Belle Histoire du Petit Prince (2013) et la transcription du Manuscrit du Petit Prince (2013). Elle a contribué pendant quinze ans à des événements sur Saint-Exupéry en France et à l’étranger (expositions, manifestations, concours, colloques, etc.) afin de faire vivre la mémoire de l’écrivain, de diffuser sa pensée et de faire connaître son oeuvre littéraire auprès d’un large public. En 2013 et 2014, elle a enfin organisé les 70 ans américains du Petit Prince à New York et à Montréal, avec le soutien de nombreux partenaires culturels et institutionnels (ONU, OIF, Morgan Library & Museum, BAM, etc.)..
ELZA FORTE DA SILVA CARNEIRO est titulaire d’un diplôme de droit de l’Université Fédérale du Paraná et chef de cuisine professionnelle formée par l’école Le Cordon Bleu, à Paris. Dès l’enfance, elle aime déambuler dans les jardins réels et imaginaires en quête de leurs couleurs, de leurs odeurs, de leurs saveurs et de leurs histoires. A son avis, la connaissance qui dérive de la diversité culturelle est un instrument de transformation sociale et elle travaille pour promouvoir la culture dans des milieux inouïs, comme un hôpital pour enfants. En 2012, elle a participé au projet Les Jardin des Rêves, qui a transformé la cour d’entrée de l’Hôpital Pequeno Príncipe, à Curitiba, par le biais du jardinage et de la mise-en-place de sculptures interactives. Elle fut l’éditrice en chef des magazines publiés pour les manifestations de la série Copa Gastronômica Gols Pela Vida [La Coupe Gastronomique – des Buts pour la Vie], un projet qui a comme bénéficiaire le Complexe Pequeno Príncipe. Entre 2014 et 2016, elle fut responsable des projets du Musée Oscar Niemeyer, à Curitiba, et, parmi ses actions, elle a fait la restructuration du Café de ce musée, en établissant un lien direct entre le menu, la culture brésilienne et paranéenne et la collection appartenant à cette institution. En 2016, elle fut coauteure du livre Comida de Afeto – Lembranças Embaladas Para Viagem, qui raconte des histoires sur les différentes façons d’essayer le monde, en faisant émerger des souvenirs affectifs à partir de l’acte de manger et de cuisiner.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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