5 minute read
Nos passos do Redentor, animando a vida apostólica da Congregação!
Ao assumir o cargo de Superior Geral da Congregação Redentorista para o sexênio 2023 – 2028, o Pe. Rogério Gomes, C.Ss.R. tomou consigo o compromisso de animar a vida apostólica dos Missionários Redentoristas e incentivá-los a responder com fidelidade criativa aos desafios de nosso tempo. Esse comprometimento, no entanto, requer a unidade da instituição, caminhando todos juntos, como um corpo missionário, buscando revigorar o dinamismo missionário Redentorista. Em entrevista ao Akikolá, o brasileiro aponta alguns caminhos para tão importante missão!
Como o senhor recebeu a eleição para novo Superior Geral da Congregação, o segundo brasileiro na história a exercer essa missão?
Advertisement
Recebi com serenidade. O Capítulo Geral me confiou este trabalho missionário para o sexênio. Trata-se de um serviço de animar a vida apostólica da Congregação. É um labor missionário como os demais, dentro da Congregação, com sua especificidade e a responsabilidade que lhe é própria. Tenho profunda consciência disso e não estou sozinho. Conto com a ajuda de Deus, do Conselho Geral, dos Coordenadores da Conferência, dos Superiores Maiores, Secretariados e Comissões. Somos um corpo missionário, trabalhamos juntos. Eu tinha planos de retomar à docência, minha paixão, na Accademia Alfonsiana e ITESP/ISPES, em São Paulo, mas fui incumbido dessa tarefa. Buscarei dar o melhor de mim aos confrades.
Quais são os principais desafios em estar à frente da Congregação, animando os Missionários Redentoristas do mundo inteiro, neste tempo de reestruturação da instituição?
Destacaria os seguintes: a disponibilidade missionária. A vida consagrada é exodal, itinerante. Há o perigo de nos acomodarmos e a reestruturação nos tira da zona de conforto; o esfriamento do ardor missionário que nos leva a uma pastoral de manutenção e compromete a nossa fidelidade criativa; a dificuldade de simplificar estruturas. Há estruturas que foram úteis até aqui, e já não respondem à missão, portanto, devem ser deixadas ou ressignificadas. E por fim, a necessidade de darmos respostas atualizadas ao nosso tempo.
Os nossos santos, beatos, veneráveis, mártires e tantos confrades missionários buscaram responder criativamente aos desafios de suas épocas. Hoje, cabe a nós, filhos deste tempo, preparar-nos para isso e não ter medo tanto do mundo quanto da reestruturação e reconfiguração, o sopro do Espírito para desinstalar-nos e renovar nosso ardor missionário.
Quais serão as prioridades e as diretrizes que o novo Governo Geral irá seguir nessa gestão?
Continuar e consolidar o processo de reestruturação iniciado pelos Capítulos Gerais, ao longo desses 30 anos, e encorajar os confrades a serem um corpo missionário com uma identidade enraizada no Cristo Redentor, assumindo sua missão com fidelidade criativa, com uma formação inicial e contínua capaz de ler os sinais dos tempos e ajudar a viver a vida consagrada com intensidade para estar a serviço de todos, sendo Missionários da Espe- rança. As diretrizes provêm de nossas Constituições e do que nos pede o Capítulo Geral, especialmente o XXVI, mas em sintonia com o precedente.
Qual é o sentido, na vida Redentorista, do lema escolhido para o sexênio na Congregação?
A palavra esperança aparece 5 vezes nas nossas Constituições 10, 20, 43, 65 e 81. Elas afirmam que os Redentoristas estão sempre disponíveis a dar testemunho da esperança de que neles existe, são alegres na esperança e testemunho vivo dela. Solidários para com os pobres, devem ser para eles sinal de esperança inesgotável e luminosa apoiada na caridade.
O XXVI Capítulo Geral quis-nos dar esse tema: Missionários da Esperança continuando os passos do Redentor. A esperança para o Redentorista tem dois sentidos: o teológico, pois Deus é Esperança e também como virtude teologal; e antropológica: sem esperança o ser humano não sobrevive. Entra em colapso, em depressão. É a esperança que lhe possibilita o sonho, a criatividade, dá-lhe horizonte de futuro. E há a esperança como crença no outro enquanto humano e suas potencialidades. Nesse sentido, a ação missionária Redentorista se fundamenta na dimensão da Encarnação. Deus se encarnou, pois acreditou, teve esperança no ser humano, por isso, fez-se um de nós. Por isso, ser missionário de Esperança é estar profundamente enraigado no mistério divino e humano que se manifesta no hoje de nossa história como dádiva encarnada na vida de cada ser humano e não como alguém que vive fora da realidade com fantasias.
O momento de nossa história exige uma conversão, uma mudança de mentalidade e também ousadia e coragem para melhor viver a missão Redentorista. Que caminhos o senhor aponta para revigorar o dinamismo missionário?
O XXVI Capítulo Geral deixou cinco áreas de reflexão importantes para nós: identidade, missão, vida consagrada, formação e liderança. Acredito que se os tomarmos seriamente e refletirmos individual e comunitariamente, isso nos ajudará a revigorar nosso dinamismo missionário. Além dos temas deixados pelo Capítulo, destaco cinco caminhos importantes para revigorar o dinamismo missionário Redentorista:
1) Profunda consciência da própria vocação. Isso está em relação direta com a nossa identidade arraigada no Cristo Redentor, quem nos chama. Quem é chamado se faz discípulo, coloca-se a caminho, escuta, obedece, responde à missão do Mestre e não prega a si mesmo;
2)
Experiência de Deus: não há vida consagrada que subsista de modo fecundo se não faz uma experiência de Deus e construa uma mística pessoal de vida. Não falo de pietismo e espiritualidades intimistas que usam o espiritual para fugir dos abandonados ou mascarar outras realidades interiores, mas de um encontro com o Senhor a partir de nossa própria espiritualidade Redentorista e suas fontes; 3) A disponibilidade missionária. O Senhor nos chama, nos instrui e nos envia. Cada novo trabalho que a Congregação nos pede deveria ser para cada um de nós uma alegria, um ato de profunda liberdade e um reinventar-se com fidelidade criativa para responder a missão que nos é confiada em favor de nossos interlocutores; 4) Presença e aprendizagem com os mais abandonados. O que os abandonados nos ensinam? O que nos questionam? A presença com eles nos ensina a lidar com a vida, suas precariedades de modo concreto, o reinventar-se a cada dia e a não perder a esperança. A história da Vida Consagrada ensina que quando não se lê os sinais dos tempos e não se interpreta o carisma e se distancia dos abandonados é o fim de um instituto. 5) Por fim, não ter medo do mundo. Vejo tantas correntes espirituais atuais que pregam o dualismo: o bem x o mal e tudo o que é do mundo é pecado. A nossa leitura deve ser realista e não fatalista: a realidade que vivemos é ambivalente, uma mistura fina de tudo e, como cristãos, devemos discernir e extrair de nosso contexto aquilo que humaniza e o que não permite o ser humano ser como Deus quer. É nesse mundo que nos salvamos, juntos uns com os outros. É nele, com suas convulsões, que Deus está cada dia se encarnando, sendo crucificado e nos salvando. Portanto, devemos ser cidadãos desse mundo com profunda consciência cristã e fé em Deus e no ser humano com suas fragilidades. Penso que aí estão boas chaves para nutrir nosso ardor missionário e não perder a nossa identidade Redentorista.
Que sejam Missionários da Esperança continuando os passos do Redentor de modo incansável, bebendo das fontes da Espiritualidade Redentorista e do contato e trabalho com nossos confrades, sacerdotes e irmãos. Somos uma família e devemos caminhar juntos como um corpo missionário dinâmico e entusiasmado. Em um mundo tão fragmentado e tão desunido em que vivemos, juntos, Missionários Redentoristas e Leigos Associados a nossa missão, podemos ser um testemunho vivo e eloquente de Unidade, de Esperança e de Redenção onde estivermos, mesmo sem expressar em palavras.
Brenda Melo Jornalista