//revista AGOSTO DE 2020 ANO LXVIII • N o 08
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
e r g a l i m o O nov o ã ç a c i l p i t da Mul
//sumário MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
“Expressões da vida evangélica” .............................................................. 451 CFMB celebra Santa Clara em solidariedade às mais de cem mil vítimas da Covid-19 ........................................... 453
FORMAÇÃO PERMANENTE “Fraternidades que evangelizam com paixão e competência”, de Frei Antônio Michels .......................................... 454 “São Francisco, entre o perdão de Assis e a ecologia integral”, de Pietro Messa ................................................ 456 “Pecado contra o Espírito Santo”, de Frei Luiz Iakovacz ............ 457
FORMAÇÃO E ESTUDOS ESPECIAL: SANTA CLARA DE ASSIS
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Retiro para a Profissão Solene: A caminho do ‘sim definitivo’ .............................................................................................. 458 Frades estudantes de Rondinha fazem experiência eremítica e voltam às visitas aos hospitais ........... 462 Rondinha: Retiro em preparação para a Renovação dos votos ................................................................................ 464 Papa Francisco inspira retiro dos professos temporários de Angola ......................................................... 465
FRATERNIDADES
ESPECIAL: SANTA CLARA DE ASSIS ................................................. 466 Frei Olavo faz 101 anos: “Ele é nossa inspiração viva” ................. 478 Agosto e a Pastoral Vocacional ................................................................ 481 Frei Policarpo Berri: 70 anos de sacerdócio ..................................... 482 Convento da Penha: Festa da Reconciliação: Deus iluminou nossos corações ............................................................. 486 SÉRIE NOSSOS FRADES: Frei Carlos José Körber ...................... 488
EVANGELIZAÇÃO
ESPECIAL: AÇÕES SOLIDÁRIAS NA PROVÍNCIA
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Frei Mário José Knapik conclui Mestrado em Educação ......... 491 USF: Pesquisadora da USF integra projeto financiado pela Capes para diagnóstico da Covid-19 .............. 492 Notícias do Bom Jesus e da FAE .............................................................. 493 ESPECIAL: AÇÕES SOLIDÁRIAS NA PROVÍNCIA ..................... 494 Reencontro de músicos marca os 78 anos dos Canarinhos .................................................................................................. 516 Dom Severino toma posse e lamenta as mais de 100 mil mortes na pandemia ................................................ 517
OFM O testemunho dos Frades da Custódia da Terra Santa sobre as explosões em Beirute ............................... 518
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br
FALECIMENTO
Frei Moiséis Beserra de Lima ..................................................................... 519 “Dom Pedro Casaldáliga, mais que profeta”, de Dom Leonardo Steiner .......................................................................... 524
“Eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10b)
C
Caros confrades e demais irmãs e irmãos, leitores das Comunicações de nossa Província, Paz e Bem!
Chega até você mais uma edição de nossas Comunicações. Mais do que páginas, trazem vida, ou melhor, expressões da Vida Evangélica que São Francisco escolheu abraçar com todo empenho de seu coração e da qual trabalhamos para ser operosos herdeiros, dentro de nossas lutas e limites. Vida que não se encerra em si mesma, mas que se abre para o mundo e para o outro porque nasce a partir de um Deus que se faz todo entrega e relação em seu Filho Jesus Cristo. Vida sagrada e consagrada em todas as suas etapas e circunstâncias e que, por esta razão, faz-se sempre ocasião de louvor ao Criador, ao Autor da vida. É a Ele que, com Francisco e Clara, desejamos elevar nossa sincera gratidão: Pela vida de nossos seis irmãos que decidiram dar o Sim definitivo a Deus pela Profissão Solene na Ordem dos Frades Menores: Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei David Belinelli, Frei Heberti Senra Inácio, Frei Leandro Ferreira da Silva, Frei Marcos Schwengber e Frei Tiago Gomes Elias. O mês de julho foi, para eles, tempo de retiro em preparação para este momento central de suas vidas. Pela vida de nossos confrades Frei Policarpo Berri, que celebrou 70 anos de sacer-
dócio em Pato Branco, PR, no dia 25 de julho, e Frei Olavo Seifert, completando 101 anos de nascimento no dia 4 de agosto, em Bragança Paulista, SP. E dois irmãos chegaram aos 99 anos, em compasso de preparação para o centenário: Frei Abel Schneider e Frei Cássio Vieira de Lima. Pela vida de Frei Carlos José Körber, zeloso guardião da Fraternidade de Bragança Paulista, onde são cuidados nossos irmãos enfermos. Nesta
//mensag gem
Expressões da vida evangélica
//mensagem
PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO DE BAURU
edição, uma entrevista com este confrade na série “Nossos frades”. A ele nossa gratidão pelo cuidado generoso. Pela vida ressuscitada de Frei Moiséis Besserra de Lima que, inesperadamente, retornou para o convívio eterno com o Pai no dia 29 de julho, em Oliveira dos Brejinhos, na Diocese de Barra, BA. Gratidão especial ao confrade, Dom Frei Luiz Flávio Cappio, pelo carinho, zelo pastoral e senso de unidade com a Província ao conduzir a entrega a Deus deste irmão. Pela vida entregue de nosso estimado Dom Pedro Casaldáliga, o “místico-profeta do Araguaia”, a quem nosso confrade, Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, homenageia nesta edição. Dom Pedro faleceu no dia 8 de agosto de 2020, em Batatais, SP, e foi sepultado em São Félix do Araguaia, MT. Pela vida dos milhares de irmãos e irmãs a quem foram destinados os muitos gestos de solidariedade realizados em nossas Fraternidades neste tempo de pandemia. Cada refeição entregue, cada alimento doado, cada peça de roupa oferecida, cada minuto de vida partilhado são sementes fecundas de vida em ambientes onde a morte e o medo teriam tudo para ter a última palavra, mas não tiveram porque puderam encontrar em nós e em tantos corações generosos de nossos 452 COMUNICAÇÕES AGOSTO DE 2020
doadores, paroquianos, parceiros e voluntários um brilho de esperança. Que continuemos firmes e cada vez mais empenhados na prática desta “solidariedade endêmica”, como destaca em sua apresentação Frei Gustavo Medella. Pela vida de Santa Clara, de Santa Beatriz e de nossas queridas Irmãs Clarissas e Concepcionistas, que nos ensinam a força feminina de um carisma que traz as marcas do olhar atento, nascido da contemplação, da ousadia e da coragem, tão necessárias para o nosso tempo. E assim seguimos nossa vida de irmãos e irmãs menores, na vida atualmente tão ameaçada e cheia de inseguranças pelos contextos que vivemos, mas nunca solitária. A fé vivida em Francisco é também a nossa fé, e é ela que nos leva, em todas a situações, a encontrarmos a força para ir adiante e, naquelas mais ingratas e difíceis, a celebrarmos, por causa de Cristo, a “Perfeita Alegria”. Pela intercessão de Clara e Beatriz, Deus nos abençoe e abençoe tantas e bonitas iniciativas aqui descritas! Fraterno abraço! Frei César Külkamp MINISTRO PROVINCIAL
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Frades Menores do Brasil celebram Santa Clara em solidariedade às mais de cem mil vítimas da Covid-19 São Paulo, 11 de agosto de 2020. Estimados irmãos e irmãs, Paz e Bem! or ocasião das festividades de Santa Clara de Assis, primeira mulher a ingressar no movimento de Francisco, nós, Frades Menores do Brasil, nos dirigimos a todas as pessoas que sonham com um mundo melhor, de paz, de justiça e oportunidades para todos, nesse tempo de penosa pandemia. Clara e Francisco tiveram suas vidas transformadas a partir do encontro com o Senhor Excelso, Onipotente e Bom, encarnado no seio de Maria, peregrino sobre a terra. Juntos, não cessavam de cantar louvores ao Criador, adotando postura de total respeito e cuidado diante de cada bem da criação.
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Na qualidade desta tradição marcada pela reverência e incondicional defesa da vida, é com muita dor que testemunhamos cenas de descaso, destruição e abandono deste dom tão precioso que o Senhor nos concedeu. Em nosso chão brasileiro, mais de cem mil sorrisos se apagaram, mais de cem mil sonhos foram desfeitos e mais de cem mil famílias foram profundamente feridas pela pandemia do novo coronavírus. Manifestamos nossa total solidariedade a cada família enlutada. Reforçamos, ainda, nosso compromisso pela defesa da vida. A austeridade e a pobreza assumidas por Francisco, Clara e tantas mulheres e homens ao longo dos tempos, põem-nos ao lado de todos os que o atual sistema econômico despreza e descarta. Como se não bastassem os golpes que o novo coronavírus nos inflige, somos igualmente golpeados pelo preconceito racial, pela falta de cuidados para com as populações indígenas, pela violência contra as pessoas LGBTQIA+, pelo feminicídio e pelo descaso para com o meio ambiente, aliado à destruição dos biomas mais importantes do país.
Manifestamos também nossa máxima preocupação com a escalada do desemprego. Em suas regras, Francisco e Clara insistiram no valor do trabalho. Na atual fase de nossa história, esse valor é posto à prova em nome dos interesses de um mercado que privilegia as grandes corporações financeiras em detrimento do emprego e da garantia dos direitos básicos do ser humano. A exemplo de Clara, que nos alerta a não perdermos de vista nosso ponto de partida, desejamos voltar ao nosso primeiro amor, dedicando-nos ainda mais aos empobrecidos de nosso tempo. Com Francisco, queremos reconstruir a humanidade que subjaz sufocada pela ganância desmedida e pela gritante desigualdade social e econômica. Nesse mês dedicado às vocações, queremos cultivar o mesmo espírito de louvor e gratidão manifesto por Clara quando escreve: “entre outros benefícios que temos recebido e ainda recebemos diariamente [...] está a nossa vocação que, quanto maior e mais perfeita, mais a Ele é devida” (Testamento de Santa Clara, 2-3). Ela, que levou uma vida orante e isolada do convívio do mundo a fim de discernir, a cada dia, os caminhos de Deus, ajude-nos, hoje, a aproveitarmos também este tempo de isolamento social para refletir sobre nossa vida, nossa vocação e missão neste mundo. Santa Clara ilumine nosso luto e inspire nossa luta!
Frei César Külkamp, OFM Presidente da CFMB
Entidades que compõem a Conferência dos Ministros Provinciais do Brasil (CFMB) Custódia Franciscana das Sete Alegrias de Nossa Senhora Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus Custódia São Benedito da Amazônia Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Província Franciscana da Santa Cruz Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil Província Franciscana de São Francisco de Assis Província Franciscana Nossa Senhora da Assunção
COMUNICAÇÕES
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//formação permanente
Fraternidades que evangelizam com paixão e competência
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uerendo presentear uma fraternidade de religiosos franciscanos, entalhei em madeira os seguintes dizeres: “Nesta casa só temos uma ocupação: viver e anunciar o Evangelho!” Quem desembrulhou o presente exclamou: “Mas isto é forte demais!” No entanto, é esta “a vida e a regra dos Frades Menores” (Rb I,2). Somos “portadores do dom do Evangelho”, nos lembrou mais recentemente nossa Ordem. Evangelizar não é uma camisa que nós, frades, usamos quando “fazemos pastoral”, mas o horizonte de toda a nossa vida. Não considerando, por hora, tantos outros aspectos importantes de nossa missão evangelizadora, proponho uma pequena reflexão a partir da pergunta: O que é preciso para evangelizar? Para evangelizar é preciso ter fogo no coração e luz nos olhos. O que impulsiona a ação evangelizadora é, por um lado, uma vocação, uma experiência espiritual, uma “divina inspiração” (Rb 12,1), uma mística, um fogo no coração, um desejo arrebatador, um dom do Espírito. Chamemos essa força mobilizadora simplesmente de paixão pela evangelização. Mas não basta paixão, não basta boa vontade, não basta fazer força, é preciso puxar na corda certa. Então, por outro lado, a ação evangelizadora exige luz nos olhos, sensibilidade e fantasia evangélica, metodologia e pedagogia adequada, saber fazer. Chamemos a essa dimensão mais técnica do serviço evangelizador de competência para a evangelização. Sei que o termo “competência” pode soar na lógica do mercado, da busca da utilidade,
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formação permanente// do poder, da glória mundana. Tenhamos claro que sucesso mundano não é critério de evangelização e que, ao contrário, o evangelizador participa do destino do Crucificado. Aqui ser “competente” é encarnar de fato o caminho aberto por Jesus. Mas, na falta de termo melhor, deixo o termo “competência”. Até porque, diante da pergunta pela eficácia evangelizadora de nossa presença e ação, os que mais reagem incomodados costumam ser justamente os que “já sabem o que fazer”, os que julgam ter uma receita infalível, ou que não têm disposição alguma para superar o “mesmismo”. Para evangelizar, é preciso fogo no coração (paixão pela evangelização) e luz nos olhos (competência para a evangelizar). As duas coisas.
Paixão pela evangelização:
A paixão evangelizadora nasce de uma experiência de fé, de um encontro profundo com o Senhor e é nutrida pela escuta da Palavra, pelo “estar com o Senhor” no espírito de oração e pelo exercício da docilidade ao Espírito e seu modo de operar. Quem tem a graça de crer de verdade em Jesus, quem tem a mesma fé de Jesus, não pode deixar de anunciá-lo e fazer o que Ele fez. Evangelizar se torna um desejo e um dever imperativo: “Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16). Na história da Igreja, a paixão evangelizadora sempre foi o termômetro da fé: se a fé é viva, a evangelização é vigorosa; se há crise de fé, observa-se uma anemia na evangelização. A paixão evangelizadora é o que há de mais decisivo para a evangelização. Tendo esta paixão, do resto a gente corre atrás. A paixão faz empregar todos os esforços, encontrar caminhos, entregar a vida a serviço e ainda se sentir devedor. Sem este fogo no coração, aquele que deveria ser um evangelizador vira funcionário, executivo, conservador do estabelecido, quando não um carreirista, mais um a usar do povo. Não evangeliza. Em nenhuma iniciativa, em nenhum método, em nenhum meio de evangelização pode faltar a experiência de fé e o testemunho do evangelizador e da
fraternidade que o envia. Sem a palavra e o exemplo de cristãos tocados no mais profundo de suas vidas pelo encontro com Jesus Cristo, os meios e métodos mais sofisticados podem significar muito pouco. Falando desta necessidade de a Palavra do Evangelho se encarnar na vida daqueles que a anunciam, João Paulo II dizia que a santidade é a prioridade pastoral para o terceiro milênio1.
Competência para a evangelização:
É o outro lado inseparável da moeda. Quem tem paixão busca competência. Não basta ser bonzinho, obediente e piedoso. Importa saber ler a realidade. “Aqueles que não veem o que acontece pensam que veem o que não acontece” (Tertuliano). “Se queres ser cego, sê-lo-ás” (José Saramago). Ter clareza da essência do Evangelho em meio a tantos “Jesus” fabricados para vender no mercado; aprofundar os conteúdos da fé de modo a encarná-los de maneira concreta, compreensível e significativa, em diálogo com a cultura atual; estar inequivocamente ao lado dos pobres, vivendo num dos países mais desiguais do mundo; promover a “conversão eclesiológica”, passando de uma evangelização centrada no clero para uma evangelização baseada em todo o Povo de Deus; aprender a pedagogia de Jesus e o modo franciscano de evangelizar; desenvolver os próprios talentos como dons dados pelo Senhor a serem colocados a serviço do Evangelho; saber trabalhar em fraternidade e em comunhão com a Igreja, fiéis ao carisma e à caminhada da Igreja; saber fazer planejamento pastoral participativo; desenvolver a capacidade de comunicar-se, de lançar mão dos meios e técnicas a serviço da evangelização; ter esquemas e instrumentos, mas não ficar presos a eles etc. Cada um pode completar.
Para conversar
Jesus é sempre nossa grande referência. Queremos ser irmãos menores evangelizadores, de coração voltado para o Senhor. Na história da Igreja temos tantos
exemplos de pessoas que souberam “dar ao Evangelho o próprio rosto”. O Papa Francisco, com gestos e documentos tão eloquentes, nos convoca para “a alegria do Evangelho”. E o Papa inspira-se em nosso pai São Francisco, homem apaixonado pelo Evangelho e que soube, de forma tão simples e inteligente, encarnar o Evangelho nas realidades do seu tempo. Encarnou o Evangelho sobretudo em si mesmo, lembrando que a grande obra evangelizadora a ser erguida é antes de tudo em nós mesmos, ou seja, é deixar Deus nos possuir. Na Igreja, hoje, não são poucos os sinais de carência de paixão pela evangelização, mesmo entre pastores. Também em nossa Família Franciscana que “existe para evangelizar”. Crise de fé? Apesar de todos os apelos, não são poucos os que não vão além da pura “pastoral de manutenção”, ou que apostam em alguma receita devocional que “dá certo”, enchendo a igreja, ou ainda que descansam como grandes evangelizadores porque seu trabalho atinge tantas mil pessoas. “Se o sal perder o sabor, com que lhe será restituído o sabor?” (Mt 5, 13). Também não é raro ver muita incompetência: incapacidade de preencher o tempo com atividades que testemunhem a “alegria do Evangelho”; homilias sofríveis, redução da evangelização só à liturgia, falta de planejamento da ação evangelizadora, dificuldade até para realizar uma reunião com coordenação e metodologia etc. Para a nossa formação para a evangelização, tanto a permanente quanto a inicial, proponho estas questões: 1. Quais são os meios pedagógicos adequados para desenvolver a paixão e a competência evangelizadora? 2. Na formação para a evangelização de nossa Província, inicial e permanente, quais são os pontos fortes que nos dão um rosto evangelizador? Quais as carências?
Frei Antônio Michels 1 Cf NMI, 30 COMUNICAÇÕES
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//formação permanente
São Francisco, entre o perdão de Assis e a ecologia integral Pietro Messa lgumas fontes compostas entre os séculos XIII e XIV narram que São Francisco obteve do Papa Honório III a indulgência plenária para a Porciúncula. Embora mencionado na Regra não Bulada como local onde se devia realizar o capítulo dos frades em Pentecostes, nos Escritos do Assisense, não há qualquer referência ao privilégio pontifício mencionado, concedido à igreja de Santa Maria da Porciúncula. Entretanto, na segunda Admoestação, ele menciona a penalidade que o pecador deve suportar por seus pecados, fazendo entrever a distinção entre culpa e pena implícita na doutrina inerente à indulgência. O pecado não é simplesmente uma culpa absolvida mediante o perdão, mas tem também consequências pessoais e coletivas que pedem reparação; e a indulgência é propriamente a graça desse ato. Ao longo dos séculos, houve numerosos peregrinos que foram à Porciúncula para obter sua indulgência plenária, especialmente no dia comemorativo de 2 de agosto e, para isso, Pio V decidiu construir a grande basílica de Santa Maria dos Anjos para poder acolher a todos. Ao longo dos séculos, tal privilégio foi chamado de “perdão de Assis” e, com esse nome, ainda hoje é conhecido. Se é verdade que o pecado é sempre individual, ou seja, um ato de vontade da pessoa, também é igualmente verdade que os pecados pessoais individuais formam estruturas de pecado e cujos frutos nefastos podem ser colhidos em cada época da história. No momento atual é, sobretudo, em nível ambiental que eles se manifestam, das mudanças climáticas
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à desertificação, do desaparecimento de uma preciosa biodiversidade ao movimento de populações em fuga devido à fome. Diante de tudo isso se compreende por que o Papa Francisco, com a Encíclica Laudato Si’ pede a urgência de uma ecologia integral para salvaguardar a Mãe Terra. Considerando que a degradação ambiental é fruto das estruturas de pecado e, portanto, de uma concatenação de pecados pessoais, então as estruturas ecológicas integrais necessitam de uma mudança comunitária como conse-quência de uma série de conversões pessoais. Eis porque o “perdão de Assis”, concedido por Honório III, não pode apenas ajudar, mas é uma exi-
gência imprescindível para uma ecologia integral sólida e estável. Afirmando isso, não devemos nos iludir que será o sacramento da confissão ou da comunhão eucarística que resolverá os graves problemas ecológicos - e que exigem uma série de ciências e oportunas abordagens profissionais -, mas exprime-se na consciência de que o problema ambiental não poderá encontrar uma resposta adequada sem uma conversão radical, ou seja, que envolva a raiz do ser humano. Pietro Messa, frade da Província de Assis (Itália), é professor de Teologia e História do Franciscanismo na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, com diversas publicações na área.
formação permanente//
Pecado contra o Espírito Santo er, refletir e meditar a Bíblia é uma prática que nos acompanha durante todos os dias do ano. Se a Igreja lhe dedica o Mês de Setembro, é para conscientizarmo-nos da sua importância, como se fosse um fermento no nosso dia a dia. Diante de um Deus-Pai, essencialmente misericordioso, soa estranho a doutrina de que a “blasfêmia contra o Espírito Santo” não tem perdão, nem agora e nem no futuro. Mas é o próprio Cristo quem o afirma, após a cura de um endemoninhado, relatada pelos três sinóticos (Mt 12,22-32; Mc 3,22-30; Lc 11,14-23). Diante deste prodígio, o povo se perguntava se “Ele não seria o Messias, Filho de Deus”! Os fariseus contestam dizendo que Jesus “expulsa demônios pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios”. Ele lhes responde que “todo o reino dividido entre si, causa sua própria ruína”. E conclui de maneira enfática: “Tudo será perdoado aos filhos dos homens, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, jamais será perdoado”. Pecar contra o Espírito Santo não é uma blasfêmia expressa em palavras, mas uma “recusa obstinada em não aceitar a salvação que Deus oferece em virtude do sangue de Cristo derramado na cruz, mediante o Espírito Santo”. “É fechar-se no seu próprio pecado”, criando uma “impermeabilidade de consciência”. “É a dureza de coração, livremente, escolhida” (Estas e outras afirmações encontram-se nos artigos sobre este tema). A “dureza de coração” aparece, nitidamente, em Faraó que não se rende ante os prodígios que Deus realizava em favor da libertação de Israel. Ao contrário, “endurece seu coração” (Ex 10,1.27; 11,10; 14,4.8.17) e pergunta soberbamente “Quem é esse Deus a quem devo obedecer” (Ex 5,2)? Interessante notar que, na traves-
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sia do deserto, o próprio Deus chama seu povo de “cabeça dura e coração empedernido” (Ex 9,13; Sl 95,8), mas que estava aberto à correção e ao reconhecimento de seus pecados (Nm 21,7). No texto acima, os fariseus pecam contra o Espírito Santo, enquanto persistem em atribuir a Belzebu as obras do Espírito Santo. Assim, a “dureza de coração” lhes fere o orgulho ao constatarem que o povo acolhe mais a Jesus que a eles. Os acusadores do martírio de Santo Estêvão “endureceram seus corações e rangeram os dentes”, quando este lhes disse: “homens de cerviz dura e incircuncisos de coração, vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7,51.57). Santo Tomás de Aquino afirma que “pecar contra o Espírito Santo é, deliberadamente, não aceitar a misericórdia divina e fechar-se em si mesmo. É acreditar que a maldade humana é maior que a misericórdia de Deus”. Após matar seu irmão Abel, Caim diz que “minha iniquidade é tanta que não tem perdão”. Por isso, mereço que alguém me mate. Deus, porém, marca-o com um sinal para que tal não aconteça (cf. Gn 4,13-16). Ao trair Jesus, Judas cai no deses-
pero e suicida-se (cf. At 1,15-20). O mesmo acontece com Pedro. Tocado, porém, pelo arrependimento, chora amargamente (Lc 22,62) e, por três vezes, renova seu amor ao Mestre (cf. Jo, 21,15-23). A pós-modernidade parece estar caminhando para induzir o ser humano a “negar o próprio pecado”, dizendo que ele nem existe. E o faz de maneira muito atraente e sofisticada. Como consequência, instala-se um indiferentismo diante da corrupção escandalosa, de mortes por causa de guerras/fome/racismo, tráfico humano e de órgãos e outros. Tudo fica por isso mesmo, num indiferentismo total. O Papa João Paulo II, na sua Exortação Reconciliatio et Poenitentia afirma que “perder o senso do pecado” é “pecar contra o Espírito Santo”. Por fim, o Catecismo da Igreja Católica nos assegura que “não há pecado, por mais grave que seja, que não tenha perdão, desde que seu arrependimento seja sincero” (nº 982). “A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa, deliberadamente, a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento, rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à perdição eterna” (nº 1864). Se nem todos pecam contra o Espírito Santo, todos podemos “entristecer o Espírito Santo de Deus com o qual fomos marcados com o selo da redenção” (Ef 4,30). Podemos contristá-lo pela mentira e ira, pelo roubo e preguiça, pela animosidade e cólera, pela fofoca e maledicência (cf. Ef 4, 26-29.31). De um ou de outro jeito, o Espírito Santo (=sopro de Deus, cf. Gn 2,7) está tão presente em nós como o ar que respiramos.
Frei Luiz Iakovacz COMUNICAÇÕES
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RETIRO PARA A PROFISSÃO SOLENE
A CAMINHO DO
‘SIM DEFINITIVO’
formação e estudos//
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urante todo o mês de julho, nós, frades estudantes da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) – Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei David Belinelli, Frei Heberti Senra Inácio, Frei Leandro Ferreira Silva, Frei Marcos Schwengber e Frei Tiago Gomes Elias -, que estamos no tempo da Teologia, fizemos o retiro em preparação para a Profissão Solene na Ordem dos Frades Menores (OFM), o último degrau para ingressarmos definitivamente na vida religiosa. Costumeiramente, este tempo de preparação acontece no Noviciado São José e no Eremitério Frei Egídio de Rodeio (SC), mas devido à pandemia e às restrições, neste ano realizamos o retiro no Sagrado - fomos transferidos do corredor do Diáconos para o Reich-, e entornos de Petrópolis, contando com ricos momentos de oração, meditação, contemplação, partilhas, caminhadas, desertos e trilhas. A cada semana, um frade da Fraternidade Permanente conduziu estes momentos de maneira criativa, como este tempo de pandemia pede. Houve momentos de exposição de textos iluminadores para cada dia. Destacamos a experiência realizada por duas vezes em um sítio, gentilmente cedido pelo sr. Celso e D. Bernadete. Localizado em um vale com
grandes montanhas, o espaço serviu como um Eremitério. Por aproximadamente 10 dias, em semanas diferentes, fizemos dali um verdadeiro lugar de encontro pessoal com Deus. O tempo ofereceu dias ensolarados e céu de azul anil. Fazer esse percurso, sem acesso à internet ou qualquer outro meio de comunicação, é começar tudo de novo, é abandonar-se no silêncio, é sair da correria e ter tempo para si, pois, sempre é necessário recomeçar, assim como o fez e disse São Francisco de Assis: “Comecemos, irmãos, pois até agora pouco ou nada fizemos”. A Profissão Solene ainda não tem data marcada, mas queremos deixar registrado a nossa gratidão à Província da Imaculada Conceição do
Brasil, em nome de todos os frades da Fraternidade do Sagrado, que não mediram esforços para propiciarem o bom êxito deste tempo de parada e meditação. Agradecemos também ao sr. Celso e D. Bernadete pela amizade e por nos emprestarem por alguns dias o sítio que se tornou para nós um verdadeiro eremitério franciscano, repleto de flores, silêncio, oração e contemplação e, acima de tudo, de concretização da vida! Muitas outras partilhas e experiências poderiam ser descritas aqui, mas nada melhor do que dar a palavra para todos que viveram este tempo. Por isso, acompanhe os depoimentos de cada frade que fez o retiro:
Frei Augusto Luiz Gabriel, pelos professandos
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Frei Augusto Luiz Gabriel Durante um mês intenso de reflexões, orações, desafios e partilhas, conheci o “Caminho do Coração”. Foi durante a recitação do Ofício das Leituras que Santo Agostinho me iluminou: “Procura em teu coração aquilo que Deus gosta”. E quem procura acha, pode ter certeza! Por isso, voltei a refazer o caminho que me trouxe até aqui, quando estou próximo de confirmar o meu sim definitivo. Tive tempo e condições para vasculhar meu coração e encontrar aquilo que Deus gosta em mim. Fazer esse percurso é começar tudo de novo, é abandonar-se no silêncio, é sair da correria
e ter tempo para si, pois sempre é necessário “Começar e acabar, acabar e começar” (José Saramago). Vi meu caminho repleto de flores desabrochadas, de silêncio, de alegrias e tristezas, de oração e, acima de tudo, de concretização da vida. É bem verdade que nem sempre foi ou será repleto de flores – muitas vezes esquecemos sua porta fechada -, mas essa experiência me ensinou como ficar mais forte e não sair do “Caminho do Coração”! Essa experiência foi um tempo propício para ir em busca Daquele que primeiro me encontrou e me conduz pelo “Caminho do Coração”.
Frei David Belinelli A extrema graça de Deus penetrou minha alma, meu corpo e todo meu ser. Como relata o texto bíblico - Jeremias 18,6 – me coloquei “como argila na mão do oleiro”, para exercer a vocação que me foi confiada como religioso consagrado ao Senhor. Por isso, peço-te, Pai, a tua sabedoria para melhor te seguir e, assim, estar na íntima comunhão contigo, Senhor, como discípulo amado no projeto do reino dos
céus. E assim tornar mais presente ao mundo a boa nova e os ensinamentos do Evangelho, de modo que as pessoas louvem, bendigam e glorifiquem a Deus. Senhor, sou um lápis em tuas mãos para que escreva a história da salvação. E quando chegar o dia, saciaremos todos juntos no banquete celeste, com Maria e Jesus e sua inefável doçura de amor: “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Frei Heberti Senra Inácio Pude perceber que a importância do retiro não esteve no espaço geográfico onde se realizou, pois o encontro com Deus não se limita ao tempo e espaço. O retiro também me despertou para não procurar fora o que está em meu interior. Muitas vezes, tanto os ruídos externos quanto os internos, atrapalham e nos distraem. Todavia, não foi fácil, e me desafiou! Vieram à tona muitos pensamentos, sentimentos, emoções e medos, aos quais pude me confrontar. Vasculhei em minha mente e no meu coração razões bastante profundas da minha opção de vida. Foram momentos para fazer uma revisão de vida. Esse recolhimento foi uma seta que me indicou atitudes, metas e propósitos que julgo
no momento serem a melhor resposta ao convite do Senhor. Assim, o retiro oportunizou que eu recordasse o que me motiva a prosseguir nesta caminhada, a ser um suporte na vida fraterna, reconhecendo minhas fraquezas e limites e também de meus confrades, mas também reconhecendo a presença de Deus e da sua graça na minha vida. Se o retiro tivesse sido apenas uma reflexão de coisas boas para mim, então ele teria sido uma mesmice, um fracasso. Minha reflexão partiu também das minhas angústias e conflitos interiores. Desse modo, o retiro se tornou uma oportunidade de me relacionar com Deus de coração aberto, de fato como eu sou. Por isso, o retiro resultou em sucesso.
Frei Leandro Ferreira Silva O retiro foi um encontro com Deus que favoreceu uma melhor compreensão de minhas escolhas, do meu projeto de vida e minha história vocacional. Durante este percurso pude aprofundar minha experiência com Jesus Cristo, a partir do modo de vida de São Francisco de Assis. Nesses 30 dias, fui interpelado a viver mais concretamente as relações fraternas na ação do amor-serviço e da solidariedade, sempre na
disposição da acolhida, deixando o Espírito do Senhor me conduzir na relação pessoal com o Senhor Jesus e com meu próximo. Na medida que os dias avançavam, a relação se tornava cada vez mais profunda e absoluta com Jesus Cristo, que transbordava na face de cada irmão presente e na beleza extraordinária da criação em meio a vales e montanhas. Ali estava mais perto da presença de Nosso Senhor.
Frei Marcos Schwengber O retiro aconteceu, embora tenhamos continuado aqui em Petrópolis. Muitas eram as expectativas de onde poderia acontecer o esperado retiro. Acredito que assim como esperávamos o lugar, esperávamos um encontro com Deus mais próximo do que o do dia a dia; esperávamos parar; esperávamos nos retirar;
esperávamos deixar as coisas velhas para trás e encontrar coisas novas; esperávamos renovar a nossa fé; esperávamos renovar o nosso vigor franciscano. Esperávamos tantas coisas que já aconteceram e outras que acontecerão à medida em que nos colocarmos nas mãos do Oleiro da nossa vida e vocação.
Frei Tiago Gomes Elias Foi com alegria que iniciei o retiro para profissão solene. De uma maneira bem diferente dos retiros em anos passados, por conta da pandemia, começamos por fazê-lo aqui no Sagrado, depois seguimos numa chácara em Petrópolis. Foram dias intensos de textos, meditações e orações. Ao final do dia partilhávamos os escritos de São Francisco e nossa vida. Pessoalmente, me tocou nossas partilhas, pois recordávamos o dom da vocação, pérola preciosa dada gratuita-
mente pelo Sumo Bem. O valor da fraternidade, nosso norte que constantemente nos aponta a Cristo. Poder fazer alguns dias de Eremitério me possibilitou estar só, e refletir sobre professar por toda a minha vida os votos de pobreza, castidade e obediência. Com o coração repleto de gratidão, bendigo a Deus e a nossa amada Província por me permitirem seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a forma de vida de nosso Seráfico Pai São Francisco.
//formação e estudos
Frades estudantes de Rondinha fazem experiência eremítica e voltam às visitas aos hospitais o dia 17 a 26 de julho de 2020, os frades estudantes da Fraternidade São Boaventura de Rondinha - Frei Daniel Carlos, Frei Franklin Matheus, Frei Jeronimo Cheia, Frei Lucas Moreira, Frei Roberto Rocha, Frei Sérgio Hide, o mestre Frei Samuel Ferreira de Lima e o sr. Antônio Evêncio de Carvalho, benfeitor e ministro da Eucaristia do Convento Bom Jesus dos Perdões de Curitiba -, dirigiram-se ao Eremitério Frei Egídio, no alto do monte em Rodeio (SC). A ideia surgiu após os transtornos decorridos da pandemia da Covid-19, impossibilitando os frades estudantes de realizarem o mês de estágio pastoral nas Fraternidades da Província, um período considerado, nos âmbitos acadêmicos, de recesso, uma transição de semestres.
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“Passamos uma excelente semana de oração, convivência e trabalho. As horas canônicas ditaram o decurso do tempo. A manhã foi dedicada à oração e à meditação e a tarde aos trabalhos manuais. A missa celebrada e as Vésperas coroaram o labor e as meditações espirituais. Pudemos, nesses dias, fazer alguns trabalhos de manutenção predial, limpeza da estrada de acesso e das trilhas. No sábado, dia 25, celebramos a festa de São Tiago Maior, apóstolo, no cume do monte;
batizamos, entre nós, o nome do lugar de “Clareira de São Tiago”, com a Celebração Eucarística e a oração do terço. Na manhã, do dia 26, fomos ao Noviciado São José, onde almoçamos e retornamos para Casa”, explicou Frei Lucas Moreira.
formação e estudos// Visitas aos hospitais
Em algumas oportunidades, os frades que fazem Pastorais nos hospitais puderam, com todo o cuidado necessário, devidamente protegidos e seguindo as orientações, retornar às visitas aos nossos irmãos enfermos. Com as severas restrições, abriu-se o horizonte para a musicoterapia, onde os confrades perpassam todos os corredores e dependências dos hospitais tocando e cantando músicas religiosas para louvar e bendizer a Deus. Isso traz leveza e esperança para todos os que estão nos hospitais e seus familiares. Estão sendo realizados também aconselhamentos e diálogos com os profissionais da saúde, de forma on-line e por telefone. Alguns frades também fizeram uma experiência fraterna na Fraternidade Bom Jesus dos Perdões de Curitiba. “Ajudamos em algumas poucas atividades da casa, mas a vida fraterna é a maior forma de pastoral nesses dias. Aprendemos muito e temos certeza de que sairemos
durante estes dias, estenderam-se mais na manutenção de algumas ferragens da casa, bastantes deterioradas pelo clima. Estas tiveram sua pintura completamente refeita, desde a raspagem do antigo revestimento até a finalização da nova pintura. Como o inverno não se mostrou rigoroso este ano, vivemos ainda um certo clima de verão-outono, também nos dedicamos à limpeza dos jardins”, contou Frei Bruno Cezário.
melhores do que entramos nesse período de vivência. Ajudamos também na arrumação da alimentação das pessoas em situação de rua”, adiantaram Frei Guilherme Plotegher e Frei Josiélio Oliveira.
Pequenos Reparos e manutenções no Convento
Enquanto parte dos confrades encontravam-se no Eremitério Frei Egídio e em Curitiba, a rotina na Fraternidade São Boaventura (PR) sofreu poucas alterações. “Os trabalhos assumidos
Frei Franklin da Costa
Aniversário de Frei Estevinho: Alegria e celebração No dia 2 de julho, comemoramos o aniversário de Frei Estevinho e foi celebrado de forma muito especial, pois toda a Fraternidade estava reunida. Isso nunca tinha acontecido, pois em julho os frades estudantes estão nos estágios pastorais pela Província. “É uma alegria poder celebrar a vida e de modo especial com os meninos aqui, né. Há muito tempo isso não acontecia e se tornou muito especial, pois tempo atrás passei meu aniversário num leito de hospital me recuperando e hoje estou comemorando em casa”, afirmou Frei Estevinho. COMUNICAÇÕES
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RONDINHA
Retiro em preparação para a Renovação dos votos e 2 a 7 de agosto, os frades estudantes do tempo da Filosofia fizeram o Retiro Anual, que tem como objetivo a preparação para a renovação dos votos de pobreza, obediência e castidade. Neste ano, esse momento preparatório na formação do frade foi antecipado devido às mudanças nos calendários acadêmicos. O Retiro, obedecendo os protocolos de saúde, aconteceu na Casa do Aspirantado São Joao XXIII das Irmãs Franciscanas de São José, localizado no bairro Jardim Rondinha, e teve como pregadora a Irmã Rosa Ada Morelli, IFSJ, mais conhecida como Irmã Ada. A dinâmica do retiro juntou às palestras momentos de reflexão e oração. Nos três primeiros dias, Ir. Ada teve como base as Fontes Franciscanas e fez uma belíssima reflexão sobre
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as três primeiras admoestações de São Francisco de Assis. A cada experiência, era possível perceber a alegria, simplicidade e devoção com que as irmãs vivem sua vocação, seja nas palavras da pregadora seja no testemunhos de vida, trabalho e missão de cada religiosa de São José. A Celebração Eucarística, na Capela do Aspirantado ou na Capela das Irmãs, encerrava cada dia de atividades. Após o jantar, cada frade podia partilhar sua experiência de retirante.
Momento Histórico e Cultural
No dia 6, festa da Transfiguração do Senhor, o arquiteto Mauro Antonietto marcou presença no retiro. Foi ele que, junto com as Irmãs, planejou a construção da Capela do Aspirantado. Mauro nasceu em Curitiba em
1959 e, após seus estudos acadêmicos, conheceu os frades do Convento Franciscano São Boaventura e começou seu aprofundamento dentro da Filosofia Pura, tendo como mestres, nos anos de 1987 a 1995, Frei Hermógenes Harada e Frei Bernardo Johannes. “Eu convivia aqui com as irmãs fazendo a capela durante o dia e, à noite, estudava Filosofia com os freis”, contou. O arquiteto falou do projeto, onde estão presentes os três elementos fundamentais da espiritualidade franciscana: a Paixão, a Eucaristia e a Encarnação. O arquiteto Mauro partilhou um pouco de suas experiências profissionais e agradeceu imensamente a oportunidade de ter tido contato com os frades e com as irmãs.
Frei Franklin da Costa
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Papa Francisco inspira retiro dos professos temporários de Angola esde a manhã do dia 24 de julho até ao início da noite de domingo, 26, os frades de profissão temporária do tempo de Filosofia da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola estiveram em retiro semestral, neste ano observando as normas sanitárias em decorrência da pandemia em Angola. O retiro realizou-se na Fraternidade São Francisco de Assis, ou seja, em casa, mas propriamente no Centro Franciscano que está junto à Fraternidade e o Mosteiro Sagrado Coração de Jesus das Irmãs Clarissas. O retiro foi aberto com Missa às 7 horas, presidida por Frei Laurindo Lauro da Silva Júnior, mestre dos postulantes e guardião da Fraternidade Nossa senhora dos Anjos, que foi também o pregador, e concelebrada por Frei José Cambolo, guardião da Fraternidade São Francisco de Assis. As atividades foram marcadas por três sessões diárias: as manhãs foram
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reservadas para conteúdos; as tardes foram reservadas para plenários e partilhas em torno as questões deixadas; e as noites foram destinadas ao recolhimento ou momento de deserto. O retiro esteve permeado de momentos devocionais, tais como: o rosário, na sexta-feira; via-sacra, no sábado; adoração ao Santíssimo, no domingo. Participaram do mesmo um total de 29 frades que compõem as turmas do primeiro ao quarto ano de Filosofia.
Nesses três dias, refletiram e meditaram com a ajuda de Frei Laurindo, que escolheu como base a obra “A força da vocação - A vida consagrada hoje”, do Papa Francisco. No primeiro dia, refletiu-se sobre o tema: “Viver o passado com gratidão; no segundo dia: “Viver o presente com paixão”; e, no terceiro e último: “Olhar o futuro com esperança”. O pregador chamou a atenção constante de que na vida consagrada sempre vai existir tensão e esta, por sua vez, vai exigir uma certa resiliência. Durante esses dias, as reflexões foram em torno às questões ligadas à vida religiosa e franciscana. E os frades contaram também com um certo apoio logístico das Irmãs Clarissas. O mesmo terminou no domingo com Adoração Eucarística no Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus.
Frei Abel Ndala Sahuma Nganji e Frei Evaristo Seque Joaquim (texto); e Frei Eduardo José Cavita Camunha (fotos) COMUNICAÇÕES
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“Clara é a expressão da vivência radical do Evangelho”, diz o Ministro Provincial
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epois de iniciar o dia, nesta solenidade de Santa Clara de Assis, presidindo a Santa Missa no Postulantado Frei Galvão, em Guaratinguetá, o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, celebrou a Eucaristia com as Irmãs Clarissas que residem no Mosteiro Mater Christi, na Fazenda da Esperança, também em Guaratinguetá. A Missa foi transmitida pela Redevida, às 9 horas, e teve como concelebrante um dos fundadores da Fazenda da Esperança, Frei Hans Stapel. Para Frei César, este dia não é apenas um dia festivo, mas uma bela oportunidade de “nos deixarmos tocar pela provocação da vida e do ideal desta seguidora mais fiel de nosso Pai Francisco”. Segundo o Ministro Provincial, a “Plantinha”, como se fala na sua biografia, é também uma fascinante inspiração dessa forma de seguir o Cristo do jeito de Francisco de Assis. “Em seu ideal apaixonado e apaixonante, Clara nos provoca a também nos tornarmos um lugar nessa grande história de seguimento radical nos passos de Cristo. Isso é o que ela deixa também no seu Testamento, quando nos diz que entre outros benefícios que temos recebido e ainda recebemos diariamente está a nossa vocação, que quanto maior e mais perfeita, mais a Deus é devida. No sentido mais profundo de celebrarmos o Cristo é também reacendermos a chama da vocação dada por Deus e devida a Deus por cada um de nós”, disse Frei César, lembrando que estamos também celebrando o Mês Vocacional em agosto. Para o Ministro Provincial, o testemunho de Clara marcou a vida de uma multidão de fiéis, não só entre as suas Irmãs ou dentro do
movimento franciscano, mas marcou desde papas, governantes, reis e os mais simples e pequeninos, que conseguiram ver nela, como que num espelho, o reflexo de Jesus Cristo, pobre e crucificado. “Aquela Clara de Assis, nobre, rica e bela, não pôs nesses atributos os valores maiores da sua vida. Desde os primeiros anos de sua infância, esforçava-se em amar profundamente a Cristo. E assim foi percebendo em si o chamado para uma missão maior do que ela. Ela mesmo afirmava que aspirava uma vida com mais sentido”, destacou o celebrante. Frei César recordou que em uma das cartas que Clara escreveu a Santa Inês de Praga, insiste no olhar cotidiano ao espelho, que é o próprio Cristo, para nesse espelho contemplar-se e examinar-se e, a partir Dele, tornar-se inteiramente revestida e adornada com as sublimes virtudes: a feliz pobreza, a santa humildade e a inefável caridade. “O referencial, portanto, de Clara não é apenas Francisco. É, digamos assim, o próprio Cristo, mas com um olhar afinado por essa contínua contemplação que a fez observar
de longe, cada vez com mais atenção, a transformação acontecida em Francisco. A sua renúncia aos bens e à família, os seus primeiros seguidores, o estilo de vida que levava, e nisso percebendo neles, nos próprios frades, o encontro com o verdadeiro significado da vida e da plena felicidade que ela buscava”, explicou, acrescentando que em 1210, Clara assiste às pregações de Francisco e sente que o ideal a ser buscado é esse. “Depois de muitas conversas com ele, aos 18 anos, naquela noite do Domingo de Ramos em 1212, ela foge de casa e vai ao encontro de Francisco e de seus frades, que fazem a sua consagração na igrejinha da Porciúncula, em Assis. Desde o início, com a firmeza de mulher decidida, ela resistiu a todas as tentativas de afastá-la desse ideal e que não foram poucas, a começar pela sua própria família”, observou. Segundo o frade, logo vieram as primeiras companheiras e foram morar juntas no Conventinho de São Damião, nascendo assim a segunda Ordem Franciscana, a Ordem das Clarissas, as seguidoras de Francisco. “E aquele início não foi tão romântico”, lembrou Frei César, citando que COMUNICAÇÕES
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Clara, na sua Regra, descreve as tantas afrontas, humilhações e desprezos sofridos, mas que só fizeram amadurecer aquela primeira opção tomada. “Muitas destas seguidoras de Clara e de Francisco se tornaram grandes exemplos de santidade para toda a Igreja. A vida de Santa Clara é pouco conhecida porque não foi vivida com grandes fatos e realizações, como tanto se valoriza no mundo de hoje. O impressionante nela, podemos destacar, é a qualidade do amor vivido diariamente numa relação direta com Deus: tempo, trabalho, repouso, silêncio com Deus, Palavra. E a escuta atenta da Palavra - novamente este espelho que reflete claramente o próprio Cristo - leva Santa Clara a uma vivência concreta de seus valores. A forma de vida, a Regra escrita por ela, assim como a de São Francisco, consiste em nada mais do que viver o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”, ressaltou Frei César. Partindo de suas cartas, sua biografia, seu processo de canonização, Frei César destacou três valores na vida de Clara, que, segundo ele, são centrais para a valorização da nossa própria vocação e que são extraídos do Evangelho.
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“O primeiro valor é a vida contemplativa. Talvez hoje seja difícil entender a vida de contemplação. Mas para Clara, isso não significa simplesmente viver o isolamento num claustro. É, acima de tudo, viver como consagrada, na escuta constante de Deus, ou seja, numa vida habitada por Deus; o segundo valor é a vida em fraternidade. Este é o lugar teológico da vivência do Evangelho, onde o cuidado de cada irmã, de cada irmão para nós, aprende-se na relação com Deus a conservar a unidade da caridade recíproca, como também está na sua Regra. Assim como Deus nos ama e acolhe sempre novamente com o mesmo amor misericordioso, apesar de todas as nossas imperfeições, infidelidades e fraquezas, não cabe à irmã, ao irmão, outra postura senão acolher esse amor, e ver naquele que está ao seu lado o verdadeiro presente do Senhor; e o terceiro valor é a vida sem nada de próprio. A santíssima pobreza é o elemento que, para Clara de Assis, não é negociável. É a opção de fundo que inspira viver a perfeição do Santo Evangelho, como viveu o próprio Cristo. Como Francisco, Clara é também apaixonada pela
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CELEBRAÇÃO NO POSTULANTADO
pobreza e faz dela o itinerário de sua vida. Ela luta muito ao longo de sua vida para alcançar o privilégio da pobreza. Naquele tempo era comum pedir à Igreja privilégios, concessões especiais de todo tipo. E ela pede, sim, o privilégio da pobreza! Ou seja, um direito dado às suas irmãs de não terem propriedades. Viver na precariedade, sentir falta até das coisas necessárias, faz parte dessa aventura evangélica”, explicou o Ministro Provincial. Segundo o celebrante, com esses valores destacados, Clara de Assis tornou-se também mestra da espiritualidade franciscana. “Ela tem muito a nos dizer hoje na nossa caminhada de consagradas e consagrados. Não só por suas palavras, mas principalmente por esse testemunho tão vigoroso. Testemunho que também sustentou os frades lá nas origens quando estavam órfãos de São Francisco”, disse Frei César, lembrando que mesmo na fragilidade física, mesmo acamada pela doença, Clara era uma fortaleza. “Clara é a expressão da vivência radical do Evangelho. Viveu e nada mais. Ela não faz isso com dureza.
Ela coloca os valores essenciais do cristianismo nesse modo cotidiano simples, fraterno e feminino de viver. E aquele seu desejo de buscar, desde menina, um sentido maior para sua vida, ela concretiza na clareza da sua vocação. Seu testemunho clarividente é para cada um de nós, hoje, na nossa vida consagrada, uma garantia de que viver assim é possível. Seremos cristãos, franciscanos autênticos, se nos consagrarmos à alegria de quem vive com o Senhor. Dessa forma, estaremos abrindo também nossas fraternidades à ação de Deus e permitindo que essa grande Santa que celebramos, traga mais vitalidade à Igreja e ao mundo de hoje”, completou. No final da celebração, Frei César agradeceu ao Mosteiro e à Fazenda da Esperança pela acolhida. “Quero agradecer o meu Provincial por suas palavras que me tocaram profundamente”, retribuiu Frei Hans, contando que além das Clarissas, a Família Esperança tem um total de 20 congregações. Frei César continuou em visita canônica ao Mosteiro das Clarissas em Guaratinguetá.
Moacir Beggo e Lucas Santos COMUNICAÇÕES
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Frades de Angola celebram Santa Clara com as Irmãs Clarissas
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solenidade de Santa Clara na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA) foi celebrada, dia 11 de agosto, com a Santa Missa no Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus das Irmãs Clarissas, a caminho do ano jubilar de 25 anos de presença na capital angolana. A Celebração Eucarística foi presidida por Frei António Boaventura Zovo Baza, presidente da FIMDA, e concelebrada por Frei João Alberto Bunga; Frei José Cambolo; Frei Laurindo Lauro da Silva Júnior; Frei Valdemiro Vastchuk e Frei João Baptista Canjenjenga. Além das Clarissas, participaram da Missa os postulantes e os frades estudantes, que animaram
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os diferentes ministérios. Este ano, em decorrência da pandemia Covid-19, a solenidade não foi aberta aos fiéis. Na sua homilia, Frei António falou da alegria de celebrar esse dia solene e que ela era maior pelos 25 anos de presença clariana na capital de Angola. «Já se veem frutos da vossa presença nessa cidade; inúmeras pessoas recorrendo a vós e ao vosso Santuário para buscar consolo, uma palavra, um conselho. Isso, com certeza, enche de alegria o coração de Clara. O gesto de Clara atraiu muitas mulheres, entre as quais sua irmã e sua mãe. Francisco as chamou ‘Pobres damas’ ou ‘pobres reclusas’ e colocou-lhes à disposição o pequeno mosteiro de São Damião, que acabara de restaurar e onde
recebera o convite para reconstruir a igreja”, disse. É preciso salientar – acrescentou o celebrante – que entre o Pobrezinho de Assis e Clara há plena comunhão: ela é chamada de “sua plantinha” e acompanha a missão dos frades no mundo, mediante sua oração incessante, junto com as suas irmãs. Lembrem-se sempre de rezar pelos frades”, pediu Frei Baza. Clara foi tão fervorosa na oração que nem a doença a tirou do contato com o Senhor: “Nada é tão grande quanto o coração do homem, no íntimo do qual Deus reside. A incansável devota da Eucaristia, com a píxide nas mãos, afugentou os sarracenos de Assis”, ressaltou.
Na véspera da solenidade (segunda-feira), celebrou-se o trânsito de Santa Clara de Assis, momento em que se recordou, a partir das Fontes Francisclarianas, o seu encontro com a irmã morte. Após a Missa solene, seguiu-se o momento de confraternização, cortou-se o bolo e parabenizou-se as filhas de Santa Clara.
Festa foi preparada com Novena
A solenidade de Santa Clara foi precedida de uma novena que teve o seu início no dia 1º de agosto, onde em cada dia refletiu-se sobre uma temática da vida da mãe seráfica, e cuja condução foi feita pelos frades da Fraternidade São Francisco de Assis e pelas irmãs do Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus. Durante esse período, as Vésperas foram rezadas em comum. Os temas da novena responderam as mais diversas virtudes com que se revestiu Santa Clara e que hoje espelham na vida de cada irmã. E é com as mesmas virtudes contemplativas que elas inebriam os frades, o clero, os consagrados e o santo povo de Deus. Durante as reflexões, falou-se da necessidade de salvaguardar o valor da vida, pois este é fruto do dom de Deus. Os temas da novena refletiram sempre a vida de Clara: 1. Clara e o Dom da vida, 2. Clara e Chamamento, 3. Clara e Francisco, 4. Clara e a Contemplação, 5. Clara e a Pobreza, 6. Clara e a Eucaristia, 7. Clara e a Televisão, 8. Clara e a Vida Nova, e 9. Santa Clara e Sua Bênção.
Frei Abel Nganji e Frei Evaristo S. Joaquim (texto) e Frei Eduardo Kamunha (foto) COMUNICAÇÕES
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2ª edição da série “Clara por Claras” na Tv Franciscanos
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Tv Franciscanos da Província da Imaculada Conceição do Brasil, em parceria com a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis e com o Mosteiro de Santa Clara de Nova Iguaçu (RJ), apresentou a 2ª edição da série “Clara por Claras”, em comemoração ao dia de Santa Clara, que foi celebrado por toda Família Franciscana no dia 11 de agosto. As Irmãs Clarissas de Nova Iguaçu foram as protagonistas deste especial que começou em 2018. Na época a série foi realizada com as Irmãs Clarissas do Mosteiro Nazaré de Lages (SC). Os vídeos, com temáticas sobre a vida de Santa Clara e de suas irmãs até os dias atuais, mostram esse legado, a vida em clausura, em contemplação e em perseverante oração. A abadessa do Mosteiro, Madre Ivone Maria da Apresentação, não mediu esforços para a realização deste especial. “Vamos, juntos, celebrar esta grande mulher que foi Santa Clara e que hoje, para nós, é um grande exemplo de vida. E, com ela, vamos rezar por toda humanidade neste tempo tão complicado da pandemia. Estamos unidos com todos aqueles que sofrem e que partiram”, disse.
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A série “Clara por Claras” poderá ser vista pelo canal do YouTube da TvFranciscanos, pela página da Paróquia da Paróquia do Sagrado, como também pelo Facebook das Irmãs Clarissas de Nova Iguaçu.
HISTÓRICO
O Mosteiro de Santa Clara em Nova Iguaçu é uma fundação portuguesa, pedida pelo ex-bispo diocesano Dom Adriano Hypólito, que rezou 16 anos para concretizar o seu grande sonho de ter um mosteiro de vida contemplativa em sua Diocese. Ele dizia ser sumamente necessário que “a vida da Diocese fosse incrementada pela força que brota da oração silenciosa unida ao sacrifício de alguém que, aparentemente ausente, é presença
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constante diante da ‘Fonte’ em favor dos seus irmãos, irrigando, no silêncio do ‘Jardim Fechado’, o solo espiritual da Santa Igreja”. As Irmãs Fundadoras vieram do Mosteiro ‘Nossa Senhora da Piedade’ da Ilha da Madeira, em Portugal. Chegaram ao Brasil em 1986. Permaneceram por três anos em uma casa provisória até o final das obras do Mosteiro, que foi inaugurado em 13 de maio de 1989. Dom Adriano desejava que o Mosteiro fosse o centro de Adoração Eucarística da sua Diocese. Com este intuito, foi construída a Casa Betânia (anexa ao Mosteiro) para acolher os adoradores noturnos. Esta Casa também pode acolher grupos para encontros e retiros, contanto que não coincida com as noites em que haja adoradores. O Mosteiro tem sido bastante frequentado, especialmente nas Santas Missas dominicais (9h30) e na solenidade de Santa Clara (11 de agosto), com Missas às 10h e 16h.
Frei Augusto Luiz Gabriel e Frei Roger Strapazzon
CONVENTO SÃO FRANCISCO
“Clara de Assis, o espelho de Cristo”
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Convento e Santuário São Francisco de São Paulo celebrou com muita alegria Santa Clara de Assis. As festividades no Largo São Francisco começaram com a Novena com o tema “Clara de Assis, o espelho de Cristo”. A Missa Solene, no dia de Santa Clara, foi presidida por Frei Fidêncio Vanboemmel e concelebrada pelos frades do Convento, entre eles o guardião Frei Mário Tagliari. A Celebração, às 10 horas, foi transmitida pelas mídias do Convento, mas teve a presença dos fiéis, respeitando as normas de distanciamento social. “É com muita alegria que celebramos, a partir do Santuário São Francisco, aquela que nós também chamamos de Mãe, a Mãe Santa Clara. Mãe porque foi discípula fiel de Francisco. Ela mesmo se chama ‘Plantinha’ do bem-aventurado Pai Francisco e ela foi, talvez, no início da Ordem Franciscana, aquela que mais lutou pela fidelidade ao ideal de São Francisco,
que é sobretudo a vivência do Santo Evangelho”, explicou o Moderador da Formação Permanente na Província. Referindo-se à leitura do profeta Oseias, lembrou o amor que Deus tem pelo seu povo. “Deus liberta o povo da escravidão e o conduz pelo deserto, para a solidão. Mas é justamente no deserto que o povo de Deus faz a grande experiência de Deus, com todas as provações, com todas as tentações e provocações. Não deviam perder de vista a Terra Prometida”, disse. Assim também aconteceu com Clara de Assis quando a chamou. “De família de muitas posses, nobre, ela sempre foi preparada para contrair um bom matrimônio. Um dia, Deus
chamou Clara para o deserto. No Mosteiro São Damião, ela faz a grande experiência de Deus. Clara se deixou conduzir pelo deserto e viveu, no Mosteiro, uma vida penitencial e sua profunda experiência mística com o Senhor”, observou. Segundo o celebrante, a segunda leitura, o apóstolo Paulo aos Coríntios lembra que do meio das trevas brilha a luz. “Clara de Assis de Assis assim se entende. Desde o seu nascimento ela foi profetizada de luz. Clara foi concebida para ser luz, claridade. Para ser um sinal evidente, não apenas para as mulheres que vivem eclausuradas nos mosteiros, mas para nós também. Na própria bula diz: Clara é uma luz que foi colocada no alto”, disse. No evangelho, São João nos lembra que devemos guardar os mandamentos como Cristo guardou os mandamentos. “E clara assim nos admoesta: Tomemos cuidado, portanto, para que, se entramos pelo caminho do Senhor, de maneira alguma nos afastemos dele em algum tempo por nossa culpa e ignorância, para não ofendermos a tão grande Senhor, a sua Virgem Mãe, a nosso bem-aventurado Pai Francisco, a Igreja triunfante e mesmo a militante. Pois está escrito: Malditos os que se desviam de vossos mandamentos (Sl 118,21)”, recordou Frei Fidêncio. COMUNICAÇÕES
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Paróquia Santa Clara de Imbariê celebra o Tríduo e Festa da Padroeira
Frei João Reinert: “Clara sempre buscou o privilégio de não ter privilégios”
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Paróquia Santa Clara, no bairro de Imbariê, em Duque de Caxias, celebrou sua Padroeira, no dia 11 de agosto, com muita alegria. No Centro Paroquial, as comunidades puderam participar presencialmente por meio de representação, a fim de garantir o distanciamento social seguro e recomendado. Assim, representadas e acolhidas com muita animação, todas se fizeram presentes de algum
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modo, tendo também sido simbolizadas na ornamentação com uma vela acesa. A acolhida estendeu-se aos que acompanharam de suas casas essa festa, que também foi transmitida em nossa página do Facebook. Frei Jorge Maoski, ao início da celebração, acolheu a todos e ressaltou a alegria em celebrarmos Santa Clara, que era “Clara de nome, Clara de vida e mais Clara ainda na sua vocação”. Na homilia, o pároco Frei João
Reinert nos falou dos santos como fotos de um grande álbum fotográfico da vida cristã. Todos, sobretudo Santa Clara, foram exemplos de determinação, de quem é focado e não perde de vista seu ideal, seu Primeiro Amor. Além disso, o frade destacou que esses santos também são sinais de clareza, de transparência, de quem sabe discernir o que é correto, tão atual e necessário nesse tempo de pandemia. “Para viver tais virtudes - continuou
o frade - não precisa a pessoa estar inserida na lista dos santos da Igreja. Há homens e mulheres desconhecidos que viveram profundamente essas características de santidade”. O pároco ainda nos lembrou de como Clara de Assis buscava o privilégio de não ter privilégios: a capacidade de perceber que não podemos ter tudo para nós, que devemos buscar uma mudança de vida. E citou o encontro que o Papa Francisco está propondo, sobre a economia de Clara e Francisco, justamente uma proposta de nova sociedade, nova economia que busca corrigir a desigualdade. Frei João ainda nos disse que não
podemos olhar Padroeira sem pensar também na questão ecológica, tão urgente de ser pensada. Ela, assim como São Francisco, nos interpela à conversão ecológica, compromisso da Igreja, de todos nós. A Oração da Assembleia foi marcadamente em ação de graças e preces realizando uma recordação das atividades que aconteceram na Paróquia ao longo desse tempo de pandemia. Ressaltou-se a importância das seguintes realidades: do trabalho dos profissionais da área da saúde; do empenho no cuidado que está se realizando no retorno das celebrações nas comunidades; da missão evan-
gelizadora da Pastoral da Comunicação; das parcerias e atividades que foram realizadas em prol dos menos favorecidos; dos momentos fortes de devoção, que foram vividos em família nesses tempos, especialmente no mês de maio, com a oração do terço. Os símbolos que representam cada uma dessas realidades foram apresentados no ofertório e eles compuseram a ornamentação da celebração. Quem participou também da celebração foi Frei Antônio Michels, mais conhecido como Frei Toni, que por muito tempo esteve atuando em nossa Paróquia. Ao final da celebração, ele agradeceu a acolhida e ressaltou a alegria de poder voltar ao nosso meio. Por fim, alegre, disse que observando a assembleia encontrou rostos desconhecidos, enfatizando que é um sinal de que a Paróquia tem sido acolhedora com novos irmãos. Frei Toni convidou todos os frades presentes, bem como a aniversariante Cláudia Couto, para nos dar a bênção final. Agradecemos a todos que marcaram a sua presença nestas celebrações, seja presencial ou virtualmente. Além disso, um agradecimento especial a todos que prepararam esses momentos fortes que, por causa do contexto em que vivemos, ficarão para a história. COMUNICAÇÕES
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Tríduo de Santa Clara em Imbariê A Festa de Santa Clara de Assis em Imbariê começou com o Tríduo, que foi muito simples, mas muito intenso. Neste ano, por conta da pandemia, muitas adaptações foram necessárias, mas não minimizaram a grandeza de nosso amor por esta mulher forte e importante para o carisma franciscano. Confira abaixo como aconteceu esse momento forte em nossa Paróquia.
PRIMEIRO DIA O primeiro dia do tríduo, sábado (08/08), foi realizado, na Comunidade São Domingos, por conta da missa da festa de seu Padroeiro, contando com a presença de pessoas da comunidade. Além disso, a celebração foi transmitida pela nossa página do Facebook, de modo que pôde contar com a presença, física ou virtual, de toda a nossa Paróquia. Na homilia, Frei Jorge Maoski, vigário paroquial, nos disse como a barca que navega pelo mar agitado representa tanto a Igreja, como a comunidade, como nós mesmos, navegando pela vida e enfrentando nossas dificuldades, nossos desafios. Nossa fé é posta à prova pelas dificuldades, e Deus nos chama a mantê-la firme. Ao final da celebração, uma reflexão sobre o tema “Santa Clara e a pregação do Evangelho” valorizou o modo de evangelizar de nossa Padroeira, que “falou” mais com gestos do que com palavras, assim como o santo do dia.
SEGUNDO DIA O segundo dia do tríduo aconteceu nas comunidades, por ser no domingo (09/08). Cada uma recebeu um roteiro de oração com o tema sobre “Santa Clara e a caridade”, enfatizando e valorizando todos os trabalhos realizados em prol dos menos favorecidos nestes tempos de pandemia, lendo-os à luz da vida de nossa Padroeira. Todos foram convidados, como gesto concreto, a trazerem para ser ofertado ao final da celebração, um quilo de alimento que será encaminhado às Irmãs Clarissas de Nova Iguaçu. A
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campanha, graças a Deus e à generosidade de nosso povo, surpreendeu
muito positivamente, garantindo um grande volume de doações.
TERCEIRO DIA O terceiro dia do tríduo (segunda-feira, dia 10/08) foi um momento rico, que contou com a participação da representação de todas as comunidades, garantindo o distanciamento social, bem como dos que acompanharam a partir de suas casas. O tema do dia foi “Santa Clara, a comunicação e a cultura do diálogo”. Após uma pequena encenação, em que se contou um pouco sobre a vida de Santa Clara, teve início o momento orante onde recordamos bons momentos em que Deus comunicou seu amor à nossa Paróquia. Dentre eles, foram lembradas as Missões Franciscanas da Juventude em 2019, que animaram a Paróquia, em especial a juventude, que também participou das MFJ desse ano, em Xaxim/SC. Também recordamos como, nesse tempo de pandemia, nossa Paróquia tem distribuído cestas básicas e nossos catequistas têm se empenhado para, mesmo de longe, manter viva a fé dos catequizandos. Em seguida, o momento de partilha da Palavra incentivou reflexões e conversas acerca da importância do diálogo e de gestos de evangelização. Foi refletido que Santa Clara nos ensina que a comunicação não é somente pela fala, pois ela falava também a partir de muitos gestos: Clara viveu práticas de grande humildade e despojamento, de quem buscava “o privilégio de não ter nenhum privilégio”. Houve também um momento de escuta a dois testemunhos de como Deus se comunica conosco através dos mais empobrecidos: A jovem Bruna Maria partilhou suas experiências
de voluntariado no Projeto “Imbariê contra o corona”, do FAIM (Festival de Artes de Imbariê), e na Tenda do Sefras, no Largo da Carioca. Ela revelou como esteve em contato com carências que, embora presentes em seu próprio bairro, muitas vezes são ignoradas. Além disso, ressaltou a forte presença das mulheres onde esteve, sejam as mulheres das famílias assistidas, que lutam por dignidade, educando seus filhos, sejam as mulheres que são a maioria nos voluntariados. Como exemplo da importância do diálogo entre diferentes religiões, também foi convidada a dar testemunho Kátia Maria da Silva Santos, que congrega na Igreja Assembleia de Deus do ministério ALFA, localizada em Parada Morabi, que fez parceria com a nossa Paróquia na entrega de cestas básicas aos mais necessitados. O momento orante foi preparado e conduzido pelos jovens da Pastoral da Juventude, tendo como dirigente Jéssica Thaline, que, antes dos ritos finais, ainda partilhou uma experiência sua na Tenda Franciscana.
Frei Gabriel Dellandrea
Ministro Geral, Frei Michael Perry, participa da Vigília de Santa Clara no Antonianum!
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Frei Olavo faz 101 anos:
“Ele é nossa inspiração viva” m dia repleto de Ação de Graças para Frei Olavo Seifert. O sênior da Província começou cedo celebrando o Dia do Padre, 4 de agosto, e o seu dia de Ação de Graças: 101 anos de vida. Devido à pandemia, a Fraternidade Acolhedora de Bragança Paulista, onde residem os frades mais idosos da Província, convidou o Ministro Provincial, Frei César Külkmap, para presidir a Celebração Eucarística, às 7h30. Ao contrário do ano passado, quando uma grande celebração marcou os 100 anos de Frei Olavo, desta vez a festa se limitou aos frades e funcionários, zelando com isso pela saúde dos moradores desta casa. “Do alto dos seus 101 anos de vida, 79 anos de franciscano e 74 de sacerdote, Frei Olavo só tem a agradecer a Deus. E nós também agradecemos e rendemos muitas graças, junto com ele”, celebrou Frei César. O Ministro Provincial lembrou que
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neste dia, na liturgia, a Igreja festeja a memória de São João Maria Vianey, santo que viveu nos séculos XVIII e XIX, e enfrentou muitas dificuldades para alcançar o sacerdócio. “Era considerado um camponês rude e de pouca inteligência para o estudo das ciências filosóficas e teológicas. Mas, foi aceito devido à sua profunda fé e devoção. No entanto, a princípio não pôde exercer plenamente o ministério, pois não era considerado capaz de administrar e guiar consciências. Importante, do seu testemunho é que ele não fez do estudo e do conhecimento inimigos. Ao contrário, empenhou todas as forças para vencer obstáculos e buscou instrutores que o ajudaram a crescer e melhor servir como sacerdote. E, assim, foi feito pároco e confessor em Ars, na França. Por seu empenho, mas muito mais por alcançar a sabedoria da santidade que o conduzia à palavra mais certa, milha-
res de fiéis de toda a Europa acorriam a ele. Ele chegava a ficar 15 horas por dia no confessionário e as pessoas ainda esperavam vários dias para esta confissão. Por uma vida de humildade, fervor, serviço aos fiéis e aos pobres, foi proclamado Padroeiro dos Párocos e curas de almas em 1929 pelo Papa Pio XI”, explicou Frei César. Segundo ele, Frei Olavo, neste tempo, já contava com seus 10 anos e, segundo seus próprios relatos, já desejava também ser sacerdote, como um sinal de Deus presente em seu coração. “Demorou para encontrar o melhor lugar para viver esta vocação, mas aos 13 anos chegou aos frades do Largo São Francisco e depois foi para Rio Negro, aos 15 anos. Ele mesmo diz que se apaixonou por este ideal franciscano e, desde que chegou em Rio Negro, sentia-se um frade. Destaca o valor da fraternidade como a nossa marca registrada de frades menores.
fraternidades// E foi com a vivência da humildade franciscana, do fazer bem e com fidelidade todas as coisas, deixando a centralidade para a vida de oração, que Frei Olavo viveu a sua vida e a sua missão franciscana”, recordou o Ministro Provincial. Para o Ministro Provincial, Frei Olavo é “o nosso sênior e, por todos os seus valores, tornou-se para todos nós uma inspiração viva. Ele é um testemunho da sabedoria que vem da santidade, como para o Santo Cura d’Ars, aliada à humildade, à fidelidade, ao serviço incansável e a uma profunda sensibilidade aos que estão ao nosso redor e que mais precisam de nós. Estas atitudes levam a uma vivência muito mais lúcida do que o tradicionalismo e o ritualismo cegos que Jesus condena no Evangelho. Estes não são fecundos, não produzem frutos. Repetem apenas as fórmulas e preceitos sem encantamento. Frei Olavo, celebramos hoje com toda a Província mais um ano em sua vida centenária e repleta de sabedoria”, destacou. Frei César também ressaltou que hoje era um dia para render graças a Deus pela vida dos sacerdotes presentes na celebração. “Por toda a energia já gasta no serviço aos fiéis e aos mais necessitados. Queremos lembrar também os tantos frades que também acolheram o ministério sacerdotal na Igreja e hoje estão presentes nos mais diferentes campos de missão. Deus esteja com eles e eles também possam sentir a nossa proximidade fraterna e de pedidos a Deus por força, coragem e santidade nesta missão a serviço do povo santo de Deus! São Francisco mesmo dá as indicações para este serviço exercido com máxima devoção às Palavras, à Eucaristia e aos irmãos”, frisou. “Parabéns, querido Frei Olavo e irmãos sacerdotes! Muito obrigado por partilharem suas vidas e seu ministério conosco em fraternidade! Paz e Bem!”, completou. Frei Olavo, bastante lúcido, agradeceu ao Ministro Provincial pela
celebração. “Quando fiz 100 anos, foi num dia de chuva e muito frio. Agora, nos 101 anos, estamos num ano de pandemia do coronavírus. Obrigado por ter enfrentado essas dificuldades. Obrigado pelo carinho, pela caridade que têm comigo. Cem anos fiz no ano passado e o Senhor me concedeu mais um ano de vida e de bênçãos.
Quero agradecer ao Senhor, de modo especial pela lucidez que me consagra em todos esses anos. Sou frade mais antigo da Província e espero no ano que vem mais frades centenários: Frei Abel, em Rodeio fará 100 anos no dia 19 de julho; e Frei Cássio, em Curitiba. Agradeço a Nosso Senhor tudo o que me fez”, completou Frei Olavo.
NESTE ANO, MAIS UM JUBILEU: 80 ANOS DE VIDA FRANCISCANA
O filho do relojoeiro Gustavo e D. Maria nasceu em Curitiba, no dia 4 de agosto de 1919, e recebeu o nome de Ervino René Seifert. Quando ingressou na Ordem dos Frades Menores, passou-se a chamar Frei Olavo. Ele teve uma irmã, cinco anos mais nova, que faleceu em Curitiba aos 88 anos. Hoje, sua família são três sobrinhos, que sempre o visitam em Bragança Paulista, onde reside. Um ano depois do seu nascimento, seus pais se transferiram para São Paulo, onde a princípio residiram no centro da cidade, mudando-se, em 1924, para o bairro de Santana. Com apenas três anos e meio, Ervino frequentou o jardim de infância na Escola de Santo Alberto, dirigida por irmãs. Foi nesse COMUNICAÇÕES
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//fraternidades período que o pai passou a fazer os consertos e manutenção do relógio da torre do Mosteiro São Bento, no centro de São Paulo. “Naquela época só havia relógios de bolso e parede”, recorda o frade. Na Paróquia dos Padres Saletinos de Santana fez a primeira comunhão e serviu por longos anos como coroinha nas funções litúrgicas. Segundo Frei Olavo, desde pequeno já sabia o que queria: “Eu nunca tive dificuldade na vocação desde bem cedo”. Mas só quando já contava com 7 anos de idade, tomou coragem para dizer à mãe que pretendia estudar para ser padre. Quando tinha 13 anos, o convite de São Francisco para me tornar franciscano veio até mim na forma de um prospecto do Seminário Seráfico São Luís de Tolosa de Rio Negro (PR)”, revelou Frei Olavo. Segundo ele, seus tios residiam no Paraná e tinham quatro filhos. “Minha tia rezava para que um se tornasse padre e com eles veio esse prospecto até São Paulo. Não tive dúvida que ali era o local que queria estar, embora não conhecesse São Francisco de Assis, a não ser o frade que me batizou em Curitiba, Frei Pascoal Reuss, um santo frade”, ressaltou. Escolha feita, a mãe foi em busca da orientação vocacional, primeiro no Convento Santo Antônio do Pari, mas ali indicaram o Convento São Francisco, no Largo de mesmo nome. Atendidos por Frei Celso Dreiling, o garoto Ervino pôde finalmente ingressar no seminário e, em 1940, no Noviciado, quando recebeu o hábito franciscano e fez a profissão dos votos temporários no dia 22 de dezembro de 1941. Portanto, neste ano estará comemorando 80 anos de vida franciscana. Segundo Frei Olavo, com dois anos de Teologia, foi ordenado padre porque havia carência de sacerdotes para dar atendimento às irmãs. “Padre simples de teologia. Depois continuei os estudos mais dois anos”, contou, explicando que isso não era um privilégio, pois o “padre simples não podia fazer nada, nem pregar. Só batizar e consagrar’. Segundo ele, só a sua turma, com mais quatro frades, pôde se ordenar antes. Concluído o curso de Teologia em 48, no ano seguinte, foi transferido para o Convento São Francisco, como coadjutor naquele tempo (vigário paroquial hoje). Em 56, Frei Olavo foi também escolhido pelo Ministro Provincial Frei Heliodoro para ser seu secretário e arquivista da Província. Como arquivista, Frei Olavo ficou 21 anos e faz questão de frisar que foi um trabalho prazeroso. Segundo Frei Regis Daher, foi a primeira grande organização do arquivo da Província. E tudo feito com a máquina de escrever. “Não sinto a idade. Não sei como cheguei a tanto. Sempre tive boa saúde, fora a cirurgia no coração”, garantiu Frei Olavo, em entrevista quando fez 100 anos. Ele veio para Bragança Paulista em 2015.
Moacir Beggo (texto) e Frei Thiago Hayakawa (fotos) 480 COMUNICAÇÕES AGOSTO DE 2020
fraternidades// AGOSTO MÊS VOCACIONAL
tram desejo de liberdade e de autenticidade; capacidade autômana de projetar sua vida e alimentar desejos e sonhos diante do futuro. E m âmbito eclesial, em muitos dos jovens, descobrimos amor à Palavra de Deus, desejo de oração, espírito de penitência e procura do radical!... E xiste uma carga de generosidade e de esforço na hora de ajudar os menos favorecidos da sociedade. Abertura e tolerância aos valores da comunidade e da paz, num mundo caracterizado pelo pluralismo religioso.
Pastoral Vocacional G ostaria de lembrar, chegar, de modo particular, até meus irmãos, Agentes da Pastoral Vocacional, e também, a todos os irmãos na fé, alguns elementos em torno desta maravilhosa missão: Pastoral Vocacional. L embro aqueles que, por ofício, nas Dioceses, nas Congregações, são os primeiros a carregar a alegria e, por vezes, o peso da animação vocacional. Deles, esperamos o apoio para esta tarefa. R ecordo aos jovens, aqueles que já foram chamados – eles que representam o frescor, a novidade da nossa vida de Igreja; Se derem eles um testemunho alegre de sua escolha, muitos outros jovens hão de ouvir o chamado de Jesus Mestre, dirigido a eles, e se animarão em pôr-se na mesma jornada. L embro os irmãos idosos, enfermos que, um dia nos deram a conhecer a alegria da vocação, e que a fecundidade e a perseverança vocacional adquiriram força na Diocese e na Igreja. P ovoam-me, na mente e no coração, aqueles irmãos que estão atravessando, quem sabe, momentos de dificuldade e que se sentem tentados até a abandonar o caminho iniciado. Q ue eles também, perante a dor do momento, possam transformar esta situação em precioso testemunho para os que vêm até nós. S empre é possível corresponder à fidelidade e ao amor de Deus, quando estamos atentos à graça divina. D irijo-me também a vocês, irmãos dedicados à evangelização, à pastoral ordinária , a vocês que, num tempo governado pela idolatria do mercado,
da forma e da imagem, tornam visível a lógica do Reino de Deus. G raças a seus compromissos na Igreja e no mundo, pode-se desabrochar uma nova cultura vocacional, uma nova percepção do valor irrenunciável da vida religiosa e sacerdotal. Q uero chegar até a meus irmãos, os formadores: Partilhamos as mesmas alegrias e as mesmas fadigas do árduo e lindo acompanhamento das jovens gerações, na vivência do Evangelho. E stamos convencidos que qualquer momento da história é tempo de Deus! Cremos que o Espírito Santo age também em nossa sociedade. Cremos na atualidade de nosso ideal. T ambém, em nosso tempo pós – moderno, há possibilidades concretas e pontos de apoio para o anúncio da Boa – Nova; Também para convidar outros a participarem de nossa caminhada. P recisamos acolher os desafios dos sinais dos tempos! Lidos à luz da fé. Nós captamos, então, esses desafios mais importantes para a nossa vida de comunidade e para o anúncio do Evangelho ao qual fomos chamados. A través desse exercício, discernimento, podemos escutar o que o Espírito Santo diz às Igrejas... Nesta história inquietante... Lembro aqui a passagem de Profeta Jeremias: Antes mesmo de te formar no ventre materno , eu te conheci; antes que nascesses, eu te constituí profeta, para as nações. ( Jr 1, 5). M otivos de esperança: Isso vem do mundo dos jovens: Muitos deles mos-
Preocupações:
N ossa cultura marcada pelo secularismo, individualismo, neoliberalismo, não ajuda a dimensão vocacional da vida, isto é, a fazer uma opção definitiva da vida. A família não favorece hoje... influenciada pela filosofia reinante. Difícil transmitir a fé... O nível, entre os jovens, nesses aspectos: Maturidade psicológica; afetiva; social, torna-se difícil a pastoral vocacional... I nfluenciam hoje: Novos cultos; esoterismos, as seitas, fundamentalismos; orientalismos, etc... O s que nos chegam: Buscam uma vida de fraternidade; têm espírito de abertura ao outro; sonham renúncia; parecem querer algo sério. O utros ainda estão tentando encontrar-se. Outros sonham lidar com os lascados da vida...
Na verdade, os Jovens buscam!!!
A tenção aos agentes da pastoral vocacional: Este é o material que temos de trabalhar. Quais são os sinais dos tempos? Qual o mistério que mora dentro dos jovens? E stejamos atentos: Deve haver um tesouro escondido no campo do coração de cada jovem!... Façamos tudo, para adquirir este campo, e descobrir este tesouro.
Frei Walter Hugo de Almeida COMUNICAÇÕES
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omo homem de oração, de contemplação, Frei Policarpo transmite para a pessoa com quem convive, a quem ele serve, um pouco dessa face de Deus. E isso que encanta nele”. Foi assim que o Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, definiu Frei Policarpo Berri durante a Celebração Eucarística (25/7) que marcou os 70 anos de vida sacerdotal deste frade, muito estimado e querido pelo povo de Pato Branco e região. O guardião da Fraternidade Franciscana São Pedro Apóstolo de Pato Branco (PR), Frei Neuri Reinisch, fez a acolhida e falou da alegria de celebrar o dom da vida e da vocação de Frei Policarpo. Presentes na Santa Missa, que começou às 10 horas, com transmissão pela TV Sudoeste, através do seu canal no Youtube, estavam os confrades de Frei Policarpo da Fraternidade e das cidades vizinhas. Ainda neste mês, Frei Policarpo, que é natural de Rodeio (SC), completou 96 anos de vida. Sua caminhada vocacional começou aos 11 anos no Seminário de Rio Negro, no Paraná. Inácio, seu nome de batismo, tornou-se noviço aos 19 anos, em sua cidade natal, ingressando na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de dezembro de 1943. Em seguida, estudou Filosofia em Curitiba (PR) e Teologia em Petrópolis (RJ). Fez a Profissão Solene no dia 21 de dezembro de 1947 e foi ordenado sacerdote no dia 25 de julho de 1950, passando a ser chamado de Frei Policarpo. O frade é um dos 11 filhos de Melânia e Félix Berri. Depois de uma breve passagem pela cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, foi transferido para a cidade de Francisco Beltrão
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(PR). E depois, com 32 anos de idade, em 1956, mudou-se para Pato Branco, onde permanece por 64 anos. “Ao acolher o chamado de Deus para a vida franciscana e sacerdotal, Frei Policarpo é como que um luminar, um referencial para todos nós, sacerdotes franciscanos, para todos nós, povo de Deus, que rendemos graças a ele neste dia”, disse Frei César na sua homilia. “Por esta consagração, por esta vocação, nós podemos dizer que Frei Policarpo se tornou um homem novo, porque acima de tudo, se a vocação é dada por Deus, é um envio, um
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mandato do próprio Cristo, ela é um revestir-se do próprio Cristo. É ele o grande modelo de serviço, de consagração. Ele é o verdadeiro sacerdote que se entregou por nós todos”, acrescentou. Segundo o Ministro, esse testemunho, com esse luminar de conformação de consagração ao próprio Cristo, não aconteceu de uma hora para outra, mas foi crescendo nesta adesão ao próprio Cristo, nesta resposta fiel aos pés do Senhor. “Quem convive mais com ele, quem está mais próximo dele, sabe que é uma pessoa reservada porque ele tem o coração também voltado para o Senhor. É do Senhor que ele aprendeu a amar, como o Senhor mesmo nos ama e a servir aqueles que mais precisam desse mesmo amor”, observou Frei César. Para Frei César, a fidelidade do consagrado, que parte desse voltar-se para o Senhor numa vida de contemplação e de oração, faz-se serviço aos doentes, aos aflitos, aos mais pobres, àqueles que buscam a reconciliação com Deus e com os irmãos. “E o Frei Policarpo não é um homem, assim, de arroubos entusiasmados. A gente o conhece justamente por este modo reservado, discreto, e assim
viveu a sua vida e o seu serviço e assim continua a sua entrega. Justamente desse modo é um serviço duradouro; não é um entusiasmo passageiro”, constata o Ministro Provincial. “Como homem de oração, de contemplação, transmite para a pessoa com quem convive, a quem ele serve, um pouco dessa face de Deus. E isso
que encanta no Frei Policarpo. É isso que leva tanta gente a buscá-lo pelos mais diferentes motivos, mas talvez para sentir um pouquinho mais dessa face de Deus que quer chegar a cada um de nós. Dessa face de Deus que se volta para todos com atenção e cuidado. Por isso, ele tem sempre uma palavra rápida de estímulo, de animação e uma bênção para cada pessoa
que chega à sua presença”, continuou Frei César. Fazendo referência ao salmo cantado na liturgia, disse que a grande herança que temos é o próprio Senhor. “Esse Senhor que se faz refúgio, que se dá em conselho como inspiração e como motivo de profunda alegria. E é tudo isso que significa o serviço sacerdotal de Frei Policarpo, seguindo justamente essa lógica de tornar-se revelação dessa face amorosa, cuidadora do nosso Deus”, assinalou. Frei César destacou uma característica bem peculiar de Frei Policarpo: a sua bênção, buscada por tanta gente. “Ele faz com muita fidelidade e atenção, mas de uma forma bastante rápida, porque a bênção é sempre dada pelo Senhor. E Frei Policarpo nos ensina isso. Não é bênção do padre, não é a bênção do Frei Policarpo, mas é a bênção de Deus a quem ele serve, a quem ele ministra. A bênção dada por Deus. A missão do sacerdote é justamente abençoar. A grande missão de cada padre é de sempre abençoar”, exortou. Segundo o celebrante, todos nós devemos pedir sempre as bênçãos de Deus. “E é bonito quando os pais, COMUNICAÇÕES
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as pessoas mais velhas, fazem isso a seus filhos e a todas as pessoas, mas é missão do sacerdote transmitir essa ação, esse cuidado que vem da parte de Deus”, observou. “Por isso, Frei Policarpo, hoje nós queremos agradecer a Deus e também agradecer ao sr. por essa herança que continua nos dando, por esse testemunho que deixa para cada um de nós”, disse. Frei César lembrou que em 64 anos de caminhada - e de modo especial em Pato Branco e nesta região - foram muitas realizações. Frei Policarpo foi também um dos idealizadores da Rede Celinauta de Comunicação, e batalhou pela aquisição da rádio FM e pela concessão do canal de televisão da rede. Com sua participação, hoje a Rede Celinauta é um grupo de comunicação sob a coordenação da Província Franciscana da Imaculada Conceição, composta pelas rádios Celinauta AM e Movimento FM e pela TV Sudoeste. “Eu pude verificar nas fichas que estão na Sede Provincial que o Frei Policarpo, cada vez que consultado se um dia aceitaria sair de Pato Branco ou transferir para outra missão, ele sempre disse ‘sim’, que estaria disponível, mas pela graça de Deus pôde continuar e realizar tanta coisa importante aqui. O importante é esta generosidade de buscar realizar, a cada dia, aquilo que é da vontade do Senhor. E por isso tantas coisas
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bonitas aconteceram para esta região”, celebrou Frei César. “Acima de tudo, hoje, queremos agradecer a Frei Policarpo por esse testemunho de vida e queremos pedir a seus confrades, ao povo de Deus, de Pato Branco e da própria região, que já pôde contar com sua entrega, com seu serviço, que Deus o abençoe sempre mais, para que também nós possamos celebrar muitas vezes a sua vida, a sua vocação e este serviço sacerdotal que hoje celebramos de modo especial. Que nós possamos celebrar esse dom que é a sua vida para todos nós. Tanto como Província, como a Fraternidade de Pato Branco, como a Paróquia de São Pedro, como todo o serviço de comunicação, tão expressivo nesta cidade, mas também como povo e sociedade de Pato Branco e região. Parabéns pelos 70 anos de serviço e que, a partir de sua bênção e que se torna bênção para todos nós que participamos de sua vida, sejamos
também abençoados”, completou o Ministro Provincial.
MAIS HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS
Frei Policarpo foi homenageado pelos fiéis durante a ação de graças. Foram colocados no altar alguns símbolos que fazem parte da vida do frade: estola, terço, hábito, a imagem da Imaculada Conceição, livros, câmera, rádio e sapatos. Segundo Frei Neuri, os símbolos representam o ministério de Frei Policarpo. “Nossa Fraternidade Provincial, a nossa Fraternidade de Pato Branco, o nosso Regional, a Paróquia estão contentes pela sua vida, pelo seu ministério”, disse, garantindo que, na Festa de São Francisco, haverá uma grande celebração com a presença do povo de Deus. “Quando a gente se encontra com Frei Policarpo, nos chamam muita atenção suas mãos que abençoam. Mas foram trazidos aqui à frente os sapatos de Frei Policarpo, e eu me pergunto e fico imaginando em quantos lugares Frei Policarpo andou, em quantas casas entrou, em quantos quartos de hospitais visitou, em quantas famílias ele levou a Palavra de Deus e quantas comunidades foram visitadas. Frei Policarpo, a nossa
fraternidades// Paróquia São Pedro e a nossa Diocese têm as marcas de sua evangelização. O Senhor nos agraciou com o dom da vocação e o sr. espalhou muitas sementes por onde passou. Em nome da nossa Paróquia e em nome nossas lideranças, muito obrigado, porque o Senhor fez de ti um instrumento de paz e de bem”, agradeceu o pároco Frei Alex Sandro Ciarnoscki. Dom Edgar Xavier Ertl, bispo da Diocese de Palmas/Francisco Beltrão, escreveu no “Diário do Sudoeste” a seguinte mensagem: “Em nome dos sacerdotes, diáconos, religiosas, seminaristas e do povo de Deus da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, quero unir-me ao Frei Policarpo Berri pelos seus 96 anos completados, no dia 13 de julho de 2020, e pelos seus 70 anos de vida sacerdotal, em 25 de julho. Que bênção e graça à Igreja pela vida deste frade franciscano, como servidor da boa semente do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo, que graça à Diocese em tê-lo como presbítero por décadas. Cumprimentos pela vida em celebração, caro Frei Policarpo, cujo seu nome significa ‘o que produz muitos frutos’! E os frutos que este homem consagrado
a Deus, segundo os conselhos evangélicos e o carisma de São Francisco de Assis, produziu em favor das pessoas neste Sudoeste do Paraná são imensuráveis, incalculáveis! Deus sabe quantos e quais foram os frutos produzidos em sua seara! Deus seja louvado pelo Frei Policarpo que está passando pelo mundo e gerando frutos para o seu Reinado”. O homenageado ganhou um
bolo de presente decorado com um boneco seu e o “Parabéns a Você”. Ele, por sua vez, não economizou nos agradecimentos, a começar pelo Ministro Provincial que viajou para sua festa em meio à pandemia. “Eu rezo em gratidão por todos vocês”, disse, dando a bênção final.
Moacir Beggo (com TV Sudoeste)
“Diário do Sudoeste” homenageia Frei Policarpo O “Diário do Sudoeste” fez um Especial nos 70 anos de vida religiosa de Frei Policarpo Berri de 88 páginas no tamanho standard. “Comemoramos seus 96 anos de vida (13 de julho) e agora seus 70 nos de ordenação sacerdotal (25 de julho) e meio a uma turbulência global, mas com a certeza de que sua fé segue inabalável. Como gostaríamos de, assim como em anos anteriores vermos o querido frei celebrando com os amigos, mas o momento não permite, assim como nos limitou a não conversarmos amplamente para homenageá-lo, mas garantimos que tudo foi feito com muito amor”, dizia o editoral deste caderno especial.
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Festa da Reconciliação: Deus iluminou nossos corações iéis de várias cidades do Espírito Santo e do Brasil vivenciaram, na sexta-feira (31/07), momentos inesquecíveis e certamente transformadores. É que o Convento da Penha se transformou na cidade de “Assis”: a Capelinha de São Francisco virou a própria “Porciúncula” e a missão dos freis uma contínua e permanente ação evangelizadora como berço da Ordem dos Frades Menores. Por conta da pandemia, as pessoas não puderam subir a estrada do Convento, com velas nas mãos, cantando, rezando e suplicando o perdão até o Campinho do Convento. Neste ano, fizemos diferente, mas com o mesmo vigor, na esperança de dias melhores e de celebrar a verdadeira Festa da Reconciliação. De casa, os devotos rezaram, cantaram e celebraram o perdão. Muitos em família na Igreja Doméstica. A Celebração do Perdão pelas redes sociais do Convento teve início às 19h30, após a abertura feita pelo guardião do Convento, Frei Paulo Roberto Pereira: “A Festa do Perdão de Assis tem relação com a festa da fraternidade, com a comunhão e com o diálogo. É uma oportunidade
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para que todos nós, povo de Deus, nos renovemos a partir do encontro com a Palavra e a partir do anúncio missionário”. Em seguida, os jovens Mateus Maretto e Valéria do Nascimento, representando São Francisco e Santa Clara, encenaram o início da missão franciscana no mundo. A exortação foi feita pelo Frei Paulo César Ferreira, que destacou principalmente a importância da compaixão no recebimento e na
concessãodo perdão. “A índole cristã passa pelo perdão. Perdoar deve ser iniciativa nossa, deve ser iniciativa do cristão. Ofensa e dívida são dois símbolos que expressam nossa situação diante de Deus, por isso mesmo, destinatários da sua imensa misericórdia, do seu imenso amor misericordioso”. Frei Paulo César continuou explicando o perdão como uma tarefa da missão de São Francisco. “Sobre a Porciúncula, Francisco dizia: ‘Aqui, Deus iluminou nossos corações com a luz de sua sabedoria, aqui incendiou nossas vontades com o fogo do vosso amor. Quem rezar com devoção neste lugar, conseguirá o que pedir. Em Santa Maria dos Anjos, São Francisco queria ganhar almas”. Frei Alessandro Dias realizou o momento de perdão e purificação pela água. No momento simbólico de purificação das mãos pela água, Frei Alessandro afirmou que “é pre-
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ciso reconhecer a impurezas e faltas diante de Deus e pedir, por meio do símbolo da água, que é vida, e da purificação, peçamos a graça do perdão e da purificação”. Neste momento os frades lavaram as mãos. Passando já a metade da Celebração, São Francisco e Santa Clara encenaram a canção “Doce
é sentir”. O momento foi emocionante e acompanhado por mais de mil pessoas pelas redes sociais. Em seguida, Frei Pedro de Oliveira concedeu a bênção de Nossa Senhora da Penha. A Imagem da Virgem da Penha estava posicionada para a Baía de Vitória, de modo a abençoar as nossas cidades e também todos os que acompanharam. Por fim, encerrando a celebração, Frei Paulo Roberto rezou e falou diretamente aos fiéis: “Nos últimos anos, o Campinho estava cheio de pessoas vindas de tantos lugares segurando as suas velas. Hoje, nossa comunidade se transferiu para perto da televisão, perto do computador, do seu smartphone. Estamos espalhados, é bom saber disso, como fermento na massa, estamos espalhados por todos os lares. Somos audaciosos
suficientes para crer que a bondade de Deus nos faz instrumentos da paz e da reconciliação. Nossa alegria é grande, é a Perfeita Alegria, Deus nos quer instrumentos da paz e do perdão onde quer que nós estivermos”, finalizou. Comunicação do Convento da Penha
Paróquia Santa Inês celebra dia de São Cristóvão A paróquia Santa Inês celebrou, no sábado, 25/7, a bênção dos motoristas e veículos, em alusão à Festa de São Cristóvão. Respeitando as regras de distanciamento e higiene, Frei Clauzemir Makximovitz, abençoou cerca de 170 veículos que passaram pelo pátio da Igreja Matriz. Conhecido como Padroeiro dos Motoristas, São Cristóvão iniciou sua fé cristã através do reconhecimento à grandeza de Cristo. Conta-se que, certa vez, o santo carregou o próprio Menino Jesus em seus ombros ao atravessar um rio. Daí o o nome de Cristóvão, que significa “aquele que carrega Cristo”. De acordo com Frei Clauzemir, a bênção dos veículos é uma
devoção popular, que tem caráter afetivo de aproximação com Deus. Ela é um convite ao exercício da responsabilidade e valorização à vida no trânsito e em outros aspectos do dia a dia. Clauzemir também ressalta que a bênção é um momento oportuno para estreitar laços, especialmente durante o isolamento social. “Como estamos afastados
fisicamente, poder ter esse contato é essencial. Rezar de casa é uma coisa, mas vir e sentir essa acolhida faz a diferença na vida das pessoas”, completou. Para aqueles que não conseguiram passar pela igreja no sábado, a bênção continuou sendo distribuída durante a semana.
Pascom da Paróquia Santa Inês COMUNICAÇÕES
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SÉRIE
voz grave e o inconfundível sotaque revelam com certa facilidade a origem missionária alemã de Frei Carlos Körber, o atual responsável por zelar e cuidar do principal patrimônio da Província: seus frades idosos. Nesta entrevista, o guardião da Fraternidade de Bragança Paulista conta que foram muitas as dificuldades na sua adaptação neste país quando ainda era um jovem missionário, afinal são duas culturas bem distintas. Mas isso não impediu que, em 50 anos de Brasil, Frei Carlos tivesse uma extensa e marcante vida pastoral e missionária. “Todos os trabalhos e lugares deixaram a sua marca na minha vida. Toda a transferência deixou saudade, mas também alegrias porque se pode ser ainda útil e comunicar as riquezas da vida evangélica em outras situações e ambientes”, revela. Frei Carlos chegou ao Brasil no dia 28 de janeiro de 1969 e vestiu o hábito franciscano no Noviciado de Rodeio no dia 20 de janeiro de 1970. Natural de Bochum, na Alemanha, onde nasceu no dia 6 de maio de 1946, Frei Carlos fez a profissão solene no dia 2 de agosto de 1974 e foi ordenado presbítero no dia 13 de dezembro de 1975. Nesta série “Nossos Frades”, conheça um pouco mais Frei Carlos, que gentilmente deu esta entrevista a Moacir Beggo.
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Comunicações - Fale um pouco de sua família e sua vida antes de morar no Brasil. Frei Carlos - Um ano depois do término da 2ª Guerra Mundial eu, Karl Josef Körber, nasci, como primeiro de sete filhos do casal Karl Körber e Maria Lissner Körber. A guerra ainda mostrava os seus vestígios e influenciou visivelmente a minha infância. Meus pais nos deram uma educação católica. Naquele tempo existia ainda, na minha região, a escola primária católica e escola primária luterana. Fui matriculado na escola católica. Em casa havia o costume de os pais, juntos com os filhos, rezarem e participarem da Missa dominical. Havia, sim, de vez em quando, um questionamento a respeito da celebração dominical porque nós, como jovens, observávamos os colegas que não participavam das celebrações. Graças à firmeza de meus pais, cultivamos a vida católica e nos engajamos sempre mais nos serviços da paróquia. Fui coroinha e, mais tarde, participei também do grupo dos jovens. De vez em quando sonhava também em me tornar padre. Depois dos anos da formação básica decidi abraçar a profissão de agrimensor (profissional responsável por medir campos ou propriedades rurais). A formação teórica e prática, até receber o diploma de agrimensor, durou dois anos e meio. Durante um 488 COMUNICAÇÕES AGOSTO DE 2020
Frei Carlos José Körber
fraternidades// meio ano trabalhei na minha profissão, até o momento em que fui convocado para o serviço militar. No quartel, depois da formação básica, podia gozar dos meus conhecimentos de agrimensor. Recebi uma posição para exercer a minha profissão. Era o único no batalhão.
Comunicações - Como foi seu discer-
nimento vocacional? Frei Carlos - Nesse tempo, também ficou mais claro o desejo de ser padre religioso. Escrevi para várias congregações e ordens pedindo informações sobre a vida religiosa. Recebi respostas de várias instituições. Senti-me tocado por uma mensagem de Frei Bruno Fuchs, do Seminário de Garnstock, na Bélgica, que me despertou para a vida franciscana. Ele me convidou para fazer uma visita a Garnstock e, aceitando o convite, fui para lá. Conversei longamente com ele e com os estudantes que lá se encontravam. A vocação amadureceu e, no dia 3 de outubro de 1967, entrei para o seminário, onde no convívio com os outros, pude descobrir a riqueza da vida franciscana e o vigor de assumir esta forma de vida. No início de 1968, Frei Bruno foi transferido e Frei Adalberto Gaszczak assumiu a tarefa de prefeito. Conversando com ele, descobri que tínhamos pontos em comum no passado. Como se constatou depois, ele, Frei Adalberto, já havia celebrado uma Missa solene na minha paróquia. Um amigo dele, conhecido meu, morava na paróquia e havia preparado tudo para esta missa. Ele também foi colega de trabalho do meu pai nas minas de carvão. Éramos quatro candidatos que pretendiam viajar para ao Brasil no início de 1969. Dos quatro, somente três embarcaram. Viajamos de navio até Santos. Mas, no Porto do Rio, paramos para visitar a Cidade Maravilhosa. Que alegria quando fomos recebidos por Frei Bruno, que nos mostrou a cidade. À noite, embarcamos para Santos onde, no dia seguinte, fomos
recebidos pelos frades do Convento São Francisco. Eles nos mostraram o convento Santo Antônio do Valongo e a cidade antes de subirmos para o Convento São Francisco.
Comunicações – Como foi a chegada ao Brasil? Frei Carlos - Chegamos à Terra da Santa Cruz. Tudo era novidade. Apesar
tempo e sonhar com o passado, mas encontrar o caminho para testemunhar as riquezas do Reino de Deus na nossa realidade atual. Isto significa realizar o apelo do Papa Francisco de “ser uma Igreja em saída” como nosso ideal. Acredito que a Província “vestiu” a camisa e busca concretizar este ideal. Acredito também que ainda existem frades que praticam a “manutenção” e não conseguem ver o outro lado. Até o começo das aulas em Agudos restavam alguns dias. Aproveitamos para visitar Frei Bruno em Petrópolis e ficar com ele. Fomos de ônibus. Para nós, recém-chegados, foi uma novidade porque na Europa se faz todas as viagens distantes de trem. Até agora, a estrada é o meio mais usado para uma viagem no Brasil.
Comunicações - Foi difícil apren-
É importante que se cultive a vida comunitária. Caso contrário, pode acontecer que alguém se isole totalmente e se esqueça que a vida fraterna é o elemento que nos dá suporte para vivermos em paz e harmonia de ter estudado um ano a língua portuguesa em Garnstock, não entendia nada. O ouvido ainda tinha que se adaptar a ouvir, assimilar e responder. A nossa sorte foi que no Convento existiam vários freis que dominavam o alemão e nos socorreram. Naquele tempo, a Província contava com mais de 700 religiosos e, se olharmos para a Província de hoje, temos apenas a metade. Naquele tempo, o número dos frades que chegou da Alemanha foi enorme e hoje somos menos do que dez frades alemães. A influência da vida alemã se percebia em todos os conventos. Quantas vezes se estruturou a vida conventual com costumes e maneiras de viver da Alemanha. Hoje, não podemos ficar parados no
der o português? Frei Carlos - Chegou o momento de viajar para Agudos a fim de iniciar os estudos e a preparação para o Noviciado. Fomos bem recebidos pelos freis e estudantes que iam conviver conosco durante o ano de 1969. Adaptar-se e conviver com um grupo de mais de 300 alunos foi um desafio. Mas vencemos, apesar das exigências necessárias para se viver em grupo. Tivemos dificuldades para nos comunicar pois não conhecíamos bem a língua portuguesa. Então, trocar as palavras era comum e engraçado. Por exemplo, queria falar ‘onde estava a maturidade do 7º ano” e disse: “ Onde fica a maternidade do 7º ano”. Ou, numa noite de brincadeiras no dormitório, desmontaram a minha cama e, no momento em que me deitei, ela caiu. Gritei: “Derramaram minha cama!”. Até hoje aprendo a língua nacional porque, depois de 50 anos de vida no Brasil, não domino totalmente o idioma. Outra coisa que precisei me adaptar: a comida. Aqui não pode faltar na mesa arroz e feijão. Uma outra observação quanto à diferença de vida daqui e da Alemanha: A COMUNICAÇÕES
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//fraternidades observância do horário. Aqui parece ser tudo um pouco mais flexível, enquanto na Alemanha se observa rigorosamente o horário. Ou ainda quanto aos relacionamentos: Enquanto o convívio com as pessoas na Alemanha é muito formal e “distante”, aqui percebe-se uma proximidade maior e um contato mais humano.
Comunicações – Como foi sua
caminhada formativa, sua vida pastoral e fraterna na Província? Frei Carlos - Vencemos também esta etapa e, em 1970, fizemos o Noviciado. Foi uma vida totalmente diferente. Um grupo pequeno de jovens que fez a sua primeira experiência na vida franciscana. Tínhamos tempo bastante para nos confrontarmos conosco mesmos, viver em fraternidade o ideal da vida franciscana, discernir, amadurecer. No dia 21 de janeiro de 1971, emitirmos os votos temporários. Nos anos de 1971 a 1976 estudei Filosofia e Teologia em Petrópolis. Que abundância de sabedoria e experiência de vida nos transmitiram nossos mestres e professores. Emiti os votos solenes em 2 de agosto de 1974 e, em 13 de dezembro de 1975, recebi na minha Diocese da Alemanha a ordenação sacerdotal. Como neopresbítero fiquei ainda, em 1976, na cidade de Petrópolis para completar os estudos. A partir de 1977, trabalhei nos mais diversos campos: Na educação interna e externa, no Provincialado, em paróquias, fui assistente da OFS e atualmente estou em Bragança Paulista como guardião na Fraternidade São Francisco e assistente da OFS. Todos os trabalhos e lugares deixaram a sua marca na minha vida. Toda a transferência deixa saudades, mas também alegrias porque se pode ser ainda útil e comunicar as riquezas da vida evangélica em outras situações e ambientes. É sempre um estímulo para reco-
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meçar e não ficar parado. Trabalhei com as mais diversas fases de idade, a começar com os seminaristas da 5ª a 8ª série; com as vocações tardias, com universitários, com pessoas em pleno vigor da vida e hoje com os confrades mais idosos, que precisam de uma atenção especial para viverem felizes e realizados nos últimos anos da sua vida. Eles precisam de uma atenção
distanciar um pouco mais das atividades para cultivar melhor uma vida interior e descobrir a importância do “ser franciscano”.
Comunicações - O que o sr. acha do
Pontificado do Papa Francisco? Frei Carlos - Quanto ao Papa Francisco, posso dizer: Ele sabe orientar a Igreja. Brilha mais pelo exemplo da vida, pelo engajamento do que por seus escritos. A carta encíclica Laudato Si’ é o grande indicador do rumo que a Igreja deve caminhar. O Papa não se isola mas participa ativamente dos mais diversos encontros e atividades da Igreja.
Comunicações - Qual a lição que
Depois de 50 anos de vida franciscana, me sinto feliz de ter dado este passo
especial, uma dedicação constante para não se sentirem abandonados e desprezados. Além disso é importante que se cultive a vida comunitária. Caso contrário, pode acontecer que alguém se isole totalmente e se esqueça que a vida fraterna é o elemento que nos dá suporte para vivermos em paz e harmonia.
Comunicações - O que mudou na Província nesses 50 anos? Frei Carlos - Eu, pessoalmente, acredito que a Província precisa rever toda a sua caminhada. Vendo os frades, percebemos que um grande número está numa idade um pouco avançada. Não tem mais o vigor da juventude. Por isso, penso que a Província deva se
fica para a humanidade desta pandemia? Frei Carlos - Todos nós sofremos com a pandemia da Covid 19. Percebemos as mudanças que se impõem. Constatamos que somos limitados nas nossas ações, verificamos que os bens materiais são necessários, mas não são tudo. Vamos aprender, neste tempo de pandemia, a olhar positivamente para a situação e fazer a lição que a “Laudato Si” nos deixa: A harmonia e a ordem na natureza devem ser mantidas na posição que Deus nos confiou.
Comunicações - Que mensagem o
sr. daria para um jovem que quer ser frade menor? Frei Carlos - Se um jovem me pergunta se vale a pena ainda hoje abraçar a vida franciscana, digo para ele: Coragem! Vale a pena, também nos dias de hoje, assumir esta forma de vida. Eu, depois de 50 anos de vida franciscana, me sinto feliz de ter dado este passo. Foram 50 anos de alegrias e realizações e também 50 anos de lutas e vitórias. Agradeço a Província por tudo aquilo que me fez ao longo dos anos para viver, em cada tempo e etapa, a vida franciscana condizente com o momento. Muito obrigado.
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Frei Mário José Knapik conclui Mestrado em Educação o dia 29 de julho de 2020, Frei Mário defendeu, por videoconferência, o Mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba. Tendo como tema central de investigação “a Educação na perspectiva da complexidade: contribuições pedagógicas e epistemológicas para uma Instituição de Educação Superior Confessional”, o estudo consistiu em analisar como os saberes da educação do futuro, propostos pelo educador francês, Edgar Morin, podem contribuir para os projetos pedagógicos da FAE Centro Universitário, bem como para a formação dos professores e alunos. A pesquisa envolveu documentos da FAE (Plano de Desenvolvimento Institucional, Projeto Pedagógico Institucional, Projeto Pedagógico dos cursos de Filosofia e Pedagogia), bem como gestores e professores da instituição investigada, com o intuito de identificar a possível presença dos saberes da educação do futuro nos documentos e na prática pedagógica dos docentes. Inserido numa realidade complexa e marcada por constantes mutações e transformações, o ser humano necessita de uma compreensão multidimensional da vida, da sociedade e do planeta Terra (nossa casa comum) como uma rede de inter-relações e de interconexões entre as distintas dimensões existenciais, sociais e cósmicas. Para isso, Edgar Morin propõe, a partir de sua obra Os sete saberes necessários à educação do futuro, uma educação alicerçada em sete saberes, quais sejam: as cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; os princípios do conhecimento pertinente; ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão; e a ética do gênero humano, como um conjunto de princípios e ferramentas para uma formação integral do ser humano. Os sete saberes são uma fonte indispensável de estudo e aprendizagem para os pesquisadores, professores e alunos das gerações futuras no âmbito da complexidade, da religação dos saberes, da reflexão crítica, criativa e transformadora do ser humano e da sociedade. Nessa perspectiva, torna-se necessário superar o paradigma que fragmenta, isola, separa, desune para acolher o pensamento que dialoga, une, integra, contextualiza e globaliza, considerando que os apelos e desafios do mundo contemporâneo são cada vez mais complexos e multirreferenciais. Assim, os saberes da educação do futuro são ferramentas importantes para a evangelização e missão franciscana na educação e nos diversos espaços de atuação pastoral. Frei Mário agradece ao Ministro Provincial, Frei César Külkamp, ao Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, aos Definidores, ao Secretariado para a Evangelização, a Fraternidade Bom Jesus da Aldeia e a todos os confrades da Província pelo apoio e incentivo aos estudos.
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Pesquisadora da USF integra projeto financiado pela Capes para diagnóstico da Covid-19 A pesquisadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde da Universidade São Francisco (USF), Dra. Andreia Porcari, é uma das responsáveis por um projeto que propõe um método inovador para detecção da Covid-19. Este projeto foi um dos 30 selecionados, entre mais de 600 projetos, pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) no edital de seleção emergencial, que tem como tema “Prevenção e combate a surtos, endemias, epidemias e pandemias”, com resultado divulgado neste mês. O título do trabalho é “Validação multicêntrica de biomarcadores diagnósticos e prognósticos de Covid-19 utilizando a nova caneta analítica MasSpec Pen e espectrometria de massas”. Este projeto ocorre através de uma parceria internacional com a Universidade do Texas, através da premiada Dra. Livia Eberlin, inventora de uma caneta capaz de detectar assinaturas químicas do câncer, chamada de Masspec Pen, reconhecida pelo Genius Award 2019, da MacArthur Foundation (EUA). A idéia é utilizar
esta caneta para realizar o diagnóstico da Covid-19 de forma simples, rápida, de baixo custo e com alta eficiência. A USF, responsável pela etapa de coleta de amostras e dados clínicos, estabeleceu uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Bragança Paulista, através da qual irá coletar amostras de pacientes hospitalizados por suspeita ou diagnóstico de Covid-19. O projeto conta ainda com a colaboração da UNIFAG. Além da USF, da UNIFAG, da SMS de Bragança, e da Universidade do Texas, participa também a Universidade Presbiteriana Mackenzie, através dos pesquisadores Prof. Dr. Marcos N. Eberlin, Prof. Thiago Canevari e Prof. Manuel Salustiano. Esta parceria possibilitará a admissão de alunos de doutorado,
além de trazer recursos para viabilizar os insumos da pesquisa. Projetos como este demonstram o empenho e compromisso de nossos cientistas e pesquisadores para encontrar melhores soluções para o enfrentamento da pandemia que afeta a todos nós.
Ana Paula Moreira
FAE
Como levar amor e esperança mesmo a distância urante a pandemia, voluntários da Pastoral Universitária da FAE estão se reunindo, de forma remota, para atender demandas da sociedade. Uma delas foi o pedido da Pastoral do Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Curitiba. A instituição convidou os alunos voluntários da FAE a compartilhar um pouco de alegria,
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cuidado e motivação com um grupo de colaboradores do hospital. Com o objetivo de transmitir esperança e conforto para os profissionais que se encontram, neste momento, afastados devido ao isolamento social, os voluntários colocaram a criatividade e o amor em prática, gravando vídeos repletos de mensagens de carinho e personalizados com o nome
de cada colaborador. “Ficamos gratos por esse gesto de carinho, principalmente neste período de pandemia, em relação aos nossos colaboradores que estão afastados do trabalho. Essa iniciativa auxilia a boa relação humana que agora se torna virtual”, conta o colaborador da Pastoral da Saúde do Hospital Santa Casa, Murilo Melo.
evangelização//
Os voluntários enviaram vídeos com versículos bíblicos, música, poesia, cartaz, desenho, animais de estimação e muito mais. No total, foram 122 mensagens espalhadas. “Cada mensagem que chega nos anima, alegra o nosso
coração”, diz dona Edna Barros, uma das funcionárias que recebeu o gesto de carinho dos nossos voluntários.
Espalhe carinho você também! O Hospital Santa Casa continua
recebendo mensagens. Quem tiver interesse em ajudar nesse voluntariado on-line ou em outras ações que estão sendo realizadas pela Pastoral, deve entrar em contato pelo e-mail pastoral@fae.edu.
BOM JESUS
Grupo Bom Jesus realiza missa on-line em homenagem aos pais
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esmo a distância, milhares de famílias têm recebido as boas-novas franciscanas por meio da internet. No dia 8 de agosto, por exemplo, o Grupo Educacional Bom Jesus transmitiu a missa on-line em homenagem ao Dia dos Pais.
Com o tema “Pai: amor, família e proteção”, famílias de pelo menos cinco estados brasileiros, onde o Grupo possui Unidades do Colégio Bom Jesus e da FAE Centro Universitário, puderam se reunir em comunhão. A missa foi presidida por Frei João Mannes e con-
celebrada por Frei Mário José Knapik, respectivamente presidente e vice-presidente do Grupo. Durante a celebração, Frei João destacou uma das reflexões do Papa Francisco, em especial a importância da prática de três expressões que fazem toda a diferença nas relações humanas: “muito obrigado”, “com licença” e “desculpa”. “Precisamos, a todo momento, agradecer e mostrar respeito e empatia por todos aqueles que nos cercam, como nossos pais, mães, filhos, amigos e a toda criação divina, pois assim teremos uma vida plena”, disse. A missa está disponível no canal do Grupo Educacional Bom Jesus no Youtube: www.youtube.com/grupobomjesus.
Juliano Zemuner COMUNICAÇÕES
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m entrevista recente a um canal de televisão, Padre Júlio Lancelotti, Vigário Episcopal para a Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo e notório defensor dos Direitos Humanos, declarou que, para o cristão, a solidariedade não deve ser uma prática de ocasião, mas algo inerente à vida. Segundo Padre Júlio, a verdadeira solidariedade não é pandêmica, que ocorre num período determinado e depois passa, mas precisa ser endêmica, sempre presente no horizonte da vida cristã. A partir desta consideração, podemos também ressaltar o vínculo indissociável que existe entre a espiritualidade franciscana – radicalmente evangélica – e a solidariedade com os empobrecidos, compromisso que brota da opção fundamental por Cristo encarnada na opção preferencial pelos pobres. Sendo assim, a dimensão solidária se apresenta como um valor transversal da vida e missão que abraçamos e que deve estar presente em palavras e gestos, dando forma a nosso testemunho de vida. Além deste princípio da “solidariedade endêmica”, nosso Plano de Evangelização também é explícito em destacar duas ideias fundamentais sobre o qual nossa Frente da Solidariedade fundamenta seus princípios e suas práticas. São elas:
Frei Héricles Lima Gomes, frade da Província Santa Cruz em Ano Missionário no Sefras
1) A prática solidária não é apenas uma ação que se delega a determinados confrades ou organismos e instituições, mas se expressa e ganha carne em cada frade e fraternidade quando o compromisso evangélico se torna prioritário. É tarefa de todos. 2) As ações pontuais de atendimento às necessidades urgentes e manifestas de nossos irmãos e irmãs precisam estar necessariamente acompanhadas de uma postura profética que provoque, primeiro a nós mesmos e depois à sociedade, para a urgência de profundas transformações estruturais que nos levem à constru-
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ção de um novo contexto, marcado pela justiça e pela paz. A articulação política e a abertura ao diálogo com movimentos sociais e diferentes setores e organismos da sociedade são maneiras práticas de nos engajarmos neste compromisso a partir das frentes evangelizadoras nas quais estamos inseridos. Caminhando nesta direção é que tomamos a iniciativa de promover a partilha de tantas sementes de esperança que têm sido lançadas neste tempo de pandemia. As páginas que seguem nesta edição de nossas Comunicações não desejam promover a autorreferencialidade de quem busca louvar a si mesmo movido por vanglória. Ao contrário, querem servir de estímulo ao partilhar as belas e solidárias ações que nascem quando nosso coração se faz sensível aos apelos que se apresentam a seu redor. Também se prestam a revelar a generosidade fecunda de leigos e leigas de todas as idades que se deixam tocar pela ação do Espírito e vêm ao nosso encontro para conosco se dedicarem à sagrada missão samaritana de ir com gratuidade ao encontro de tantos e tantas que jazem à beira do caminho. Em nome do Secretariado para a Evangelização, uma palavra especial de gratidão a todos confrades e fraternidades envolvidos nestas ações que ora partilhamos. Também estendemos nossos sinceros agradecimentos aos parceiros, voluntários e voluntárias que abraçaram apaixonadamente esta causa A resposta ousada e generosa de vocês certamente produziram e vão continuar produzindo bênçãos que permanecem como fermento na massa para a construção de um mundo novo, onde o amor, a concórdia e a partilha se tornem marcas cada vez mais visíveis e concretas.
Frei Gustavo Medella Secretário para a Evangelização COMUNICAÇÕES
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SERVIÇO FRANCISCANO DE SOLIDARIEDADE
Comprometimento e esforço conjunto O Serviço Franciscano de Solidariedade atende regularmente cerca de duas mil pessoas, entre elas imigrantes e refugiados, população em situação de rua, crianças, adolescentes e idosos em situação de vulnerabilidade social. Com a pandemia do novo coronavírus, a condição de isolamento e precariedade que ela trouxe à população, a demanda do Sefras aumentou consideravelmente, chegando a mais de cinco mil atendimentos diários. No contexto da pandemia, a demanda pelo que há de mais urgente na condição humana, a fome, mostrou ao Serviço Franciscano de Solidariedade a necessidade de uma Ação Franciscana imediata. Assim, deu-se início à Tenda Franciscana. Frei Diego Melo, vice-presidente do Sefras, lembra a decisão de não fechar as portas: “Ao contrário, as escancaramos para poder acolher, cuidar e defender quem mais precisa. E isso só
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foi possível graças a solidariedade de pessoas e empresas que garantiram os alimentos e materiais de cuidado para todas elas”. Inicialmente montada no Centro de São Paulo e, alguns meses depois, no Rio de Janeiro, a Tenda atende atualmente, cerca de quatro mil pessoas, distribuindo refeições diariamente. Quem passa pelo entorno do Largo São Francisco ou do Largo da Carioca, próximo ao horário do almoço ou do jantar, nota a gigantesca fila de pessoas que aguardam uma “quentinha” que, além de alimento para o corpo, nutre também de afeto aqueles que são muitas vezes invisibilizados pela sociedade. Contudo, além da Tenda, manter vivos os projetos já existentes é um grande desafio, pois os trabalhos não se resumem a soluções imediatistas, pelo contrário, exigem comprometimento com a continuidade. Dessa forma, o
Sefras segue fortalecendo os projetos que já existem, promovendo atividades para as crianças no contraturno escolar, convivência e proteção aos idosos, atividades socioeducativas e de alimentação para a população em situação de rua, acolhimento e inclusão social aos imigrantes. Este comprometimento reafirma um compromisso, já que sua missão abrange “Acolher, Cuidar e Defender”, ideais que não são encarados apenas como palavras, mas princípios fortemente praticados em todos os serviços promovidos por este grande movimento humanitário. Como afirma Frei José Francisco de C. dos Santos , diretor-presidente do Sefras: “Precisamos olhar para cada uma dessas histórias, pois o fim do isolamento não significa, para elas, o fim da fome, da exclusão e da desigualdade”.
Equipe de Comunicação SEFRAS
AÇÃO FRANCISCANA EM NÚMEROS Em seis meses de campanha, o Serviço Franciscano de Solidariedade já: Recebeu 423 toneladas de alimentos; Entregou 660.850 refeições; Atendeu 71.060 pessoas com cestas básicas; Praticou 26.465 horas de voluntariado; Contou com a colaboração de 147 parceiros.
Presença Franciscana solidária em terreno carioca Irmãos, comecemos, pois até agora pouco ou nada fizemos. Depois de dois meses intensos de Tenda Franciscana em São Paulo, o chamado de São Francisco para um novo recomeço soou forte no Sefras, de modo que nasceu a proposta de também iniciar a
distribuição de quentinhas para a população em situação de rua do centro do Rio de Janeiro. Embora já tivéssemos uma certa bagagem e experiência adquirida em São Paulo, tivemos que nos reinventar e descobrir o jeito certo de sermos uma presença Franciscana solidária em terreno carioca.
Assim, nas dependências do Convento Santo Antônio, diariamente tem funcionado uma cozinha que tem preparado 380 refeições para o almoço e mais 150 para o jantar. Tudo isso só é possível graças à ajuda de mais de 150 voluntários (as), que na sua maioria são jovens das nossas paróquias de Nilópolis, Rocinha, São João de Meriti, Imbariê, Niterói e Campos Elíseos. Os desafios são inúmeros, mas a fome e ausência de políticas públicas capazes de responder às demandas de quem vive nas ruas são urgências que exigem de nós uma resposta rápida e eficaz.
Frei Diego Melo COMUNICAÇÕES
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BAIXADA FLUMINENSE
“Cada dia é um reinventar-se” A região da Baixada Fluminense condensa um mar de possibilidades. Entre desafios sociais graves e potencialidades, situam-se cidades extremamente populosas e povoadas. Se de um lado temos grandes centros tumultuados, com os maiores índices de densidade demográfica, por outro, há espaço também para um subúrbio menos agitado e pacato. Todas essas realidades são banhadas pelo forte calor, característico da região, que não exclui ninguém: ricos e pobres experimentam a força do irmão sol, que nasce para todos (Mt 5, 45). Afinal, o que seria da Baixada sem o calor? Mais que o fator climático, aqui os abraços e beijos também são calorosos, visto que neste espaço vive um povo festivo e acolhedor. As discussões em bares, o amor pelo carnaval, a fé em Deus, a religiosidade neopentecostal: esses e outros aspectos também são acalorados! Não falta a intensidade no sangue que corre pelas veias do povo desse chão! Afinal, precisa de muito entusiasmo para viver em uma realidade sofrida como esta. Cada dia é um reinventar-se diante dos problemas sociais que se arrastam. Falta de saneamento básico, transporte público deficitário e lotado, violência crescente, poluição são alguns dos limites que fazem parte do cotidiano daqueles que vivem por aqui. Tudo isso faz desse povo, assim como muitos outros brasileiros que vivem em área de periferia, serem verdadeiros guerreiros na luta pelo pão de cada dia e pelos direitos devidos. No solo desta terra há o “ouro negro”, o petróleo, que tanto enriquece países no Oriente Médio, mas que parece não enriquecer por aqui. Talvez o lucro do ouro está nos bolsos bem
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longe desta terra quente e sofrida, que ainda fica com a poluição gerada pela extração de Petróleo. Nesta terra também há outro “ouro negro”, que são o povo sempre marginalizado e esquecido por causa de sua cor de pele, justamente sendo ainda massacrado por uma cultura racista. Este ouro, de valor imensurável pois se trata de vidas humanas, é relegado ao esquecimento por políticas públicas de marginalização que nada ou pouco fazem contra o extermínio da população negra. Este ouro, na verdade mais valioso que qualquer pedra preciosa, é feito de um povo talentoso e forte, que é obrigado a aceitar um subemprego para sustentar a si e os seus, quando na verdade deveria estar garantindo o protagonismo de um modo de ser e viver que contempla dimensões muito agregadoras. Mas essa população, muitas vezes calada, agora encontra seus pequenos refúgios em lideranças que gritam por justiça e que chamam outros para juntos serem
mais fortes. Falta-lhes o espaço necessário, mas não se ausenta a garra! E é nesse clima quente de riquezas insondáveis e pobrezas dolorosas que nós, frades franciscanos, somos convidados a estarmos sendo evangelizados. Cada encontro, cada abraço, cada partilha de vida revelam o rosto de Cristo que todos os dias se nos dá para a contemplação. Nos nossos limites, pensamos que somos os detentores da Palavra e que aqui há uma terra seca a ser irrigada pelo frescor do Verbo de Deus. Porém, quando nos aproximamos, tocamos as chagas e somos tocados, vemos que é justamente o Cristo encarnado que nos fala nos mais sofredores. Aqui, Ele se manifesta e nos diz constantemente que o Reino de Deus é dos pobres em espírito. E, por isso, inúmeras vezes esse mesmo Cristo que pensávamos em vir trazer, agora nos fala por gestos de partilha e generosidade, por gestos de acolhida e amor. Nossa missão, portanto, está em
realizar e potencializar as sementes desse Reino que já existe. Apesar dos limites, somos constantemente provocados por um povo que não se cansa de nos provocar. Se é preciso vender lanche para construir o telhado da igreja, vende! Se é preciso cantar para afastar os males da vida, canta! Se é preciso acolher jovens de outros estados para realizar uma missão, acolhe! Se é preciso fazer quentinhas para as pessoas em situação de rua, faz! Se é preciso enfrentar o perigo e a violência para chegar na Igreja, enfrenta! Se é preciso chorar e bater de frente quando tem suas convicções, também o faz, pois a vida ensinou a ser protagonista, pois quem não samba no ritmo dessa Sapucaí, perde ponto e é rebaixado. Assim, em tempos de pandemia, o banho do caloroso espírito fraterno da Igreja na Baixada não poderia ser diferente. A Covid-19, por mais
que pudesse parecer forte, aliada ao descaso político e a falta dos cuidados necessários por uma grande parcela da população, foi minimizada na capacidade ardorosa de carinho e afeto. O número de mortes por causa do novo Coronavírus faz o coração apertar ao lembrarmos das histórias de vida que foram ceifadas por governos inconsequentes com os seus “e daís”. Por outro lado, os números de cestas básicas, de atividades, de quentinhas e voluntários não nos deixa perdemos a esperança de um futuro melhor. Afinal, tantas vezes a lágrima derramada de dor neste chão irriga a esperança utópica de novos tempos. Por isso queremos apresentar que o solo sagrado da Baixada Fluminense se tornou ainda mais santo, com homens e mulheres que fizeram aquilo que Santa Clara um dia fez também: deixar as seguranças para ir ao encontro do outro, do Outro. Clara, para
servir a Deus, sai de casa fugindo pela porta dos mortos, que era trancada, pesada e envolta de pedras e paus. Mas uma força extraordinária a ajuda no seu intento de ir ao encontro do sentido de sua própria vida (Legenda de Santa Clara, 7). Da mesma maneira, o povo de fé das nossas frentes de trabalho na Baixada também rompeu a porta pesada do medo do coronavírus, e com todos os cuidados necessários, procurou aliviar a dor de muitos que mesmo em tempos ditos como “normais”, vivem um sofrimento anormal. Foi preciso coragem, e cada qual rompeu a porta do seu jeito, mas o que não fizeram mesmo foi permanecer trancados na frágil segurança do individualismo e do egoísmo. Houve quem ajudou de longe e de perto. Saindo de casa para distribuir materiais ou fazendo campanhas on-line sem pisar na rua. Mas o que não faltou foi protagonismo e Igreja em saída!
PARÓQUIA SANTA CLARA DE IMBARIÊ A Paróquia Santa Clara de Imbariê, 3º distrito de Duque de Caxias, sustenta o título de ser a mais jovem Paróquia na Baixada Fluminense, sendo assistida pelos frades de nossa Província. São pouco mais de 25 anos de presença, mas que já evidenciam uma forte ligação com essa região. Inúmeras iniciativas fizeram a presença franciscana neste solo se fortalecer. Nestes tempos de pandemia, levando em consideração a presença das comunidades em lugares de extrema pobreza, os problemas sociais ficaram ainda mais evidentes, como a fome, o medo do contágio rápido pela falta de insumos na área da saúde, a falta de condições financeiras para a aquisição de produtos de higiene e limpeza e entre outros. Inclusive algumas regiões da Paróquia pouco fizeram um isolamento social profundo. O comércio de rua em muitos casos continuou aberto, influenciado pela não fiscalização do poder público que foi inclusive multado por isso. A feira que acontece aos domingos na rua principal de Imbariê continuou funcionado normalmente, tendo sido paralisada apenas por um final de semana. Parece que quanto mais na periferia se situa o povo, menos ele é provido de informações necessárias e políticas públicas de cuidado da vida. E assim acreditou-se que a cura viria das igrejas, segundo autoridades políticas da cidade. É claro que se sabe da COMUNICAÇÕES
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grandiosa ajuda da vivência religiosa em tratamentos de saúde. Mas, salvo em caso de milagres, este tratamento precisa ser acompanhado por ajuda da ciência e da medicina. E com o coronavírus não poderia ser diferente. Acreditando na força da ajuda divina, mas assumindo também o seu protagonismo, a Paróquia tomou consciência que a forma como poderia “curar” era amenizar a dor de um povo já sofrido. Assim, apesar de não haver no território paroquial nenhum remédio ou bênção que pudesse impedir o novo vírus de se espalhar, procurou-se espalhar os “vírus bons” da informação, da solidariedade e do distanciamento social. E por falar em solidariedade, o povo da Paróquia assumiu um bonito compromisso na doação de alimentos, remédios e outros materiais necessários. Somado a isso, parcerias com ONGs, com o Sefras, doações espontâneas de benfeitores de perto e de longe, intensificaram a distribuição, especialmente de cestas básicas, que estando sob supervisão da Paróquia, somaram-se quase 600. Os jovens da Paróquia se mobilizaram na arrecadação de material de limpeza para acrescentar nas cestas. Mais que rapidamente sabonetes, pastas de dente e pacotes de papel higiênico deram ainda mais dignidade às doações em alimentos. Além disso, como a juventude é criativa e sensível, elaborou uma série de cartas, bilhetes, dobraduras em formato de coração para acompanhar a cesta, com frases motivacionais, pois a fome não é só de pão, mas de carinho, atenção, cuidado e amor. As cestas distribuídas na Paróquia também passaram, em algumas comunidades, por um cadastro que visa tentar acompanhar as famílias. A comissão que organizou essa distribuição se articulou de diversas maneiras, inclusive tendo o cuidado de fazer cestas levando em consideração as necessidades de cada família. Enesi Salmarino, da Comunidade Nossa Senhora Estrela, partilhou que nasceu nesta região e sempre viveu aqui,
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mas por conta da rotina acabou não conhecendo tão bem a realidade das famílias necessitadas ao seu redor. Com o trabalho desse período, ela contou: “Tomei consciência disso tudo agora através desse período de pandemia, onde tivemos a oportunidade de fazer o trabalho social de ajudar as pessoas do bairro. Através disso eu tive consciência das situações de miséria do meu bairro, independente da religião”. Da mesma forma, Lúcia Regina A. dos Santos, da Comunidade Santa Rosa de Lima, partilhou um sentimento que é também de todas as pessoas que ajudam na distribuição de alimentos: “Durante a pandemia tivemos um tempo maior para olharmos os irmãos e irmãs sem emprego, sem salário, sem poder sair às ruas para ganhar o seu pão de cada dia. Ao sairmos de casa ouvimos os relatos e conhecemos de perto as necessidades de cada um. O coração dói muito ao vermos essa dor. A distribuição de alimento nos dá alento”. Além disso, uma parceria com o FAIM (Festival de Artes de Imbariê) ajudou a amenizar a dor das famílias e dar dignidade aos moradores da região. A nossa Paróquia ofereceu o espaço da comunidade Jesus Crucificado. Além disso, muitos jovens da Pastoral da Juventude estiveram marcando a sua presença no voluntariado para a distribuição do material. Este trabalho em conjunto beneficiou muitas pessoas, com a distribuição de cestas básicas, materiais de higiene e limpeza, máscaras faciais, ovos, cestas de legumes, frascos de álcool em gel e até mesmo livros. Luiz Henrique da Silva dos Santos, da Comunidade São Domingos, que tem sido voluntário no projeto, relatou os sentimentos que afloram com tal prática: “Tem sido uma experiência desafiadora e impactante pois por mais que eu more e conheça essa região há 15 anos, tem certas realidades que fogem aos nossos olhos. Chegar em algumas casas e ou saber de algumas situações mais a fundo tem me feito perceber o quanto o Estado quis fazer pouco por nós, e quando fez, foi só para maquiar determinados pontos do bairro. O sentimento, por vezes, é um misto de satisfação por poder ajudar as pessoas mas também isso se une a uma angústia de não poder fazer mais, pois a realidade de quem está ajudando não é de um megaprivilégio”. Por fim, uma frente de trabalho que tem encontrado estímulo e ânimo da Pastoral da Juventude é a Tenda Franciscana do Largo da Carioca. Alguns jovens já puderam conhecer o espaço, o trabalho e realizarem os diversos modos de voluntariado, na preparação da alimentação, no preparo das quentinhas, na distribuição, limpeza e entre outros serviços necessários. Além disso, no dia dos Pais, ocasião que o Sefras preparou um almoço especial, Frei João Reinert, Frei Alfrego Epalanga Prego e Frei Gabriel Dellandrea também se fizeram presentes, bem como em outras ocasiões oportunas no trabalho neste espaço.
Para relatar um pouco a experiência, a jovem Jéssica Thaline Medeiros, da comunidade Imaculada Conceição, partilhou o seguinte: “Deus se manifesta nos pobres, através dos pobres e no cotidiano, e não em grandes ações. É assim que me sinto quando vou à Tenda Franciscana distribuir alimentos para os nossos irmãos menos favorecidos. Sinto que sou muitíssimo acolhida e ajudada, pois a ajuda que recebo é na alma e no coração. Também sinto que Deus se manifes-
ta ali nas nossas conversas, nas músicas que cantamos, no olhar sincero, no samba caloroso. A sensação quando estou lá é de paz, de amor e de fraternidade. Ao contrário do que muitos pensam, mesmo sendo um povo menos favorecido, também são pessoas com muita alegria, que têm muito a nos ensinar sobre superação e sobre sermos mais gratos com tudo que temos, pois para eles somos ricos, afinal, temos um teto para morar: quer riqueza maior que essa?”.
PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS DE CAMPOS ELÍSEOS
Continuando o passeio entre as Fraternidades da Baixada Fluminense, chegou a vez da Paróquia São Francisco de Assis. Com 23 comunidades, ainda no município de Duque de Caxias, a realidade paroquial encontra-se perto da mais completa e complexa refinaria do sistema Petrobras, a REDUC (Refinaria
de Duque de Caxias). E em tempos de pandemia, a Fraternidade tomou algumas medidas em prol das necessidades ao seu redor. Uma das ações foi a disponibilização de cestas básicas. Estas foram sendo numerosas graças a solidariedade dos paroquianos. Assim, foi observado de toda a comunidade paroquial um
bonito testemunho: muitos, embora tendo pouco para si, não duvidaram em partilhar o pouco que tinham. E a generosidade não parou por aí: As pessoas exerceram também o seu voluntariado na elaboração para montar as cestas básicas e garantir os alimentos que faltavam. A Fraternidade contou, inclusive, com uma boa COMUNICAÇÕES
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E participação dos jovens que se dispuseram a esse trabalho. A jovem Geicy Kelly Pires Barboza Badaró compartilhou os sentimentos de poder auxiliar neste trabalho: “Nesta pandemia eu tive a necessidade de permanecer em quarentena por ter familiares próximos que são do grupo de risco, mas ao mesmo tempo sentia um incômodo por não estar me colocando a serviço dos irmãos. Quando me dispus a ajudar nas atividades da Paróquia, pude me revigorar e perceber que ainda há muito o que fazer, e que
precisamos colocar os pés no chão e a mão na massa. A cada cesta montada, pão vendido, máscara distribuída consigo perceber que faço parte deste povo que clama por recursos, justiça e oportunidade. Cada jovem que vi se voluntariando me faz ter esperança de que dias melhores virão, e que nós seremos estes protagonistas. ‘Nós somos o agora de Deus!’”. Alguns jovens também procuram fazer uma extensão do seu protagonismo evangelizador na participação assídua na Tenda Franciscana do Largo
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da Carioca. Os frades da fraternidade também aproveitaram um dia propício para dar seu contributo neste espaço de solidariedade, partilha, encontro e comunhão com os menos favorecidos. Outro serviço em prol das ações solidárias da Paróquia foi a confecção de pães, no qual o dinheiro é revertido para as suas ações sociais, auxiliando nos gastos com as duas creches, com o ambulatório e com as cestas que são distribuídas. A padaria conta com as mãos voluntárias de paroquianos e jovens.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA DE NILÓPOLIS
Localizada na populosa e povoada Nilópolis, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida conta com sua matriz na movimentada Avenida Mirandela. Entre os comércios e diversos serviços, a suntuosa igreja oferece um espaço de oração e outros serviços recorrentes. Assim, o povo que frequenta este espaço pode encontrar um momento de calmaria para rezar aos pés da Padroeira do Brasil, contemplando também a belíssima obra de arte que adorna o altar, representando o Cristo de braços abertos. Mas, durante a pandemia, não foi só o nosso Mestre que abriu seus braços para acolher os menos favorecidos. Como é costume da Paróquia, a soli-
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dariedade se intensificou ainda mais nestes tempos. Assim pode-se conferir. A secretaria paroquial costuma receber doações de roupas, sempre organizadas e tendo destino para as pessoas a partir da Pastoral Social. Mas, para cuidar do maior bem que a Igreja possui, a vida de cada cristão, as pastorais nestes tempos de pandemia na Paróquia tiveram que fazer uma pausa, levando em consideração o grupo de risco dos membros que as compõem. Mas as doações não pararam de chegar, e o destino certeiro foi uma comunidade carente em Belford Roxo. O tradicional serviço oferecido da farmácia da Paróquia também está fechado para não gerar aglomerações. Mas não esteve ausente: a equipe que trabalha neste setor, atuando também em outras farmácias, destina os medicamentos com receita médica que a Paróquia possui para as famílias mais carentes que precisam do referido tratamento. O cuidado do irmão corpo também acontece com a distribuição de cestas básicas, que somadas atingem quase o número de mil. A distribuição deste material conta também com o cuidado da alma: Frei Clemente procura abençoar as famílias que recebem as doações. Além disso, alguns jovens da Paróquia também procuraram vivenciar o seu engajamento social nos trabalhos da Tenda Franciscana. Ligado à juventude, porém contando com o protagonismo de muitos paroquianos, o conhecido trabalho do Gotas de Misericórdia, que leva comida para a população em situação de rua, neste tempo de Pandemia, precisou se reinventar. Mas nesse processo não faltou a criatividade e a capacidade de reler os sinais dos tempos e perceber que o “gotas” já é uma inundação de solidariedade.
Depoimento da jovem Mariana Cassiano
“Eis a maior missão de todas que o Gotas de Misericórdia já passou ao longo de seus poucos quatro anos de existência: se reinventar. Se reinventar em um momento onde todos estão se reinventando, enquanto família, ser humano, trabalhador. E mesmo imersos a tantas novas realidades, entendemos que a maior realidade que temos em nosso munícipio e nos municípios vizinhos não deveria ser esquecida, pois ela não mudaria tanto assim. As pessoas em situação de rua, em vulnerabilidades, os catadores e
autônomos continuariam sendo desvalorizados pelo Estado e, sem qualquer tipo de assistência, o coronavírus não seria o maior de seus problemas, já que a fome e o frio vêm matando milhares sempre. A reinvenção não foi tarefa fácil. Trocamos a aglomeração de quase 100 voluntários, preparando os alimentos e organizando as missões por famílias, reunindo-se ao redor do seu próprio fogão, das suas próprias panelas, para preparar as quentinhas. Outras organizam o cachorro-quente. Outras ainda juntando todas as doações em “kits” para serem distribuídos da forma mais segura e carinhosa para todos. Hoje, depois de 5 meses que vivemos esta nova rotina temos a certeza que as famílias se uniram mais em um mesmo propósito com as mães, pais, avós, avôs, filhos, filhas, tias e tios reunidos. Hoje, depois de 5 meses além dos 4 anos já vividos e esperançados, temos a certeza que a humildade no serviço nos ajudou a chegar até aqui e a não esquecer de quem de fato precisa de nós. Nos ajudou a manter a rotina do nosso projeto e a pensar em outras estratégias para ajudar não só as pessoas em situação de rua como também, semanalmente, famílias que, em detrimento do caos repentino que se tornou a vida durante a pandemia, precisavam de ajuda com alimentos e cestas básicas. Também não nos esquecemos de nossos parceiros, a ONG Deus Quer Te Ver Sorrindo, na Chatuba, e o abrigo Cristo Vive, em Olinda, trabalhos sociais de base, profetas no chão em que pisam. Que com carinho, serviço e entrega cuidam de crianças e idosos, respectivamente, proporcionando uma vida digna e amorosa.
PARÓQUIA SÃO JOÃO BATISTA DE SÃO JOÃO DE MERITI Imponente e histórica, a Igreja de São João Batista em São João de Meriti abriga uma calorosa população que vive a fé e a certeza de dias melhores. Ao lado da igreja matriz, o trem sempre manifesta a sua barulhenta passagem, mas levando vidas, sonhos, trabalhadores e trabalhadoras no seu vaivém. Mas nesta Paróquia também sempre passam outras realidades, maiores e mais sublimes, que talvez mais silenciosas, também provocam sonhos e, neste caso, dignidade. Uma dessas passagens, com certeza, é a força solidária que,
diferente do trem que passa e se vai, permanece e dá frutos. Deste modo, durante a pandemia do novo coronavírus, boas ações e muita solidariedade mobilizaram os paroquianos, visando mitigar os impactos sociais causados nesse momento de crise. A comunidade partiu do pressuposto de que é missão da Igreja cuidar dos mais pobres. Diante disso, o pároco Frei Vanderlei Grassi convocou a juventude para criar novas iniciativas. Uma delas, o “Dia D da Solidariedade”, contou com a mis-
são de arrecadação de alimentos não perecíveis e doações em espécie. Estes foram destinados para a montagem das cestas básicas que serviram às famílias das crianças e adolescentes que são assistidas no Centro Pastoral Franciscano. Tal iniciativa também abarcou outras famílias necessitadas da região. A missão ficou a cargo da juventude paroquial e da Pascom, que foram peças chaves junto à Fraternidade para o trabalho de divulgação nas redes sociais, de recebimento, montagem e distribuição das cestas COMUNICAÇÕES
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básicas, sempre respeitando as orientações e o distanciamento, com o uso de máscaras e álcool em gel. Um trabalho social que possibilitou que muitas famílias tivessem o pão de cada dia garantido. A Paróquia contou como ins-
piração a mesma certeza de São Francisco que, no final de sua vida, acreditou que era preciso recomeçar, pois até agora pouco ou nada havia feito. Apesar dos esforços, o desejo sublime de continuar caminhando no auxílio aos mais necessitados
continua forte e firme, no vigor do início dos trabalhos. Também a Paróquia foi representada pela juventude presente no voluntariado na Tenda Franciscana.
Frei Gabriel Dellandrea
Depoimento do jovem Luís Felipe Cruz
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Fazer parte da tenda Franciscana no Rio de Janeiro tem sido pra mim, além de uma experiência de fé incrível, uma experiência pessoal de vida e espiritualidade. Quando passamos a enxergar outras realidades, tudo aquilo que para nós é um problema imenso, se torna mínimo. Tenho conhecido muitas pessoas e partilhado diferentes histórias de vida, e cada vez mais consigo enxergar e sentir Deus no pobre e no excluído. De presente, ainda ganhei muitos irmãos, voluntários, que estão comigo nessa caminhada e tenho certeza que serão pessoas que vou levar para sempre em meu coração. Me coloquei como voluntário com o propósito de oferecer ajuda e hoje sou eu quem sinto uma necessidade imensa de estar lá.
AGUDOS – PARÓQUIA SÃO PAULO APÓSTOLO
Pastoral da Solidariedade A Paróquia São Paulo Apóstolo de Agudos sempre realizou ações solidárias para com os mais necessitados. As atividades vão desde o trabalho da Pastoral da Solidariedade até os gestos concretos em eventos, dentro do calendário proposto anualmente. Em 2020, a Paróquia, por meio de suas pastorais e de gestos concretos, tem colaborado com entidades e famílias agudenses carentes que foram afetadas pela pandemia do novo coronavírus. As arrecadações contam com alimentos e produtos de higiene.
Pascom Paroquial
BAURU – PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO
Pit-stop da solidariedade Segundo o pároco Frei Ademir Sanquetti, na rua Santo Antônio, equipes da Paróquia Santo Antônio de Bauru fazem “pit-stop” de arrecadação de alimentos para formar cestas básicas, que são distribuídas para as famílias famílias do bairro.
BALNEÁRIO CAMBORIÚ – PARÓQUIA SANTA INÊS
Ser presença solidária e de esperança Toda presença franciscana é sempre fortemente marcada pelas iniciativas de solidariedade. A preocupação com o mais pobre anda lado a lado com os trabalhos pastorais, compondo até o modo franciscano de evangelizar. Nossa Paróquia está situada bem no centro de Balneário Camboriú, uma cidade turística e em pleno desenvolvimento, e sempre foi uma referência para os passantes, moradores de rua e mesmo famílias dos bairros do entorno, como local de auxílio. Nesse período de pandemia, tudo vem se intensificando, e também nossas atividades na ação social, procurando sermos presença solidária e de esperan-
ça diante das variadas fragilidades que se agravam. Há muitos anos, a Pia União de Santo Antônio, formada por várias senhoras voluntárias, confecciona e entrega gratuitamente enxovais às gestantes. Aproximadamente são entregues 25 kits a cada mês. Infelizmente, neste tempo de pandemia, como várias voluntárias são também do grupo de risco, não é possível fazer um acompanhamento mais personalizado dessas famílias que estão crescendo. Além dos enxovais e doações, eram oferecidos encontros de orientação, formação às futuras mamães, que provisoriamente estão
suspensos. Mas as doações continuam seguindo as restrições necessárias, porque a procura continua, não recua por causa do distanciamento social, pelo contrário, até aumenta. Outra atividade importante é o Bazar social que acontece duas vezes por semana. Este bazar conta com a ajuda de um pequeno grupo de voluntários do Grupo de Oração da RCC. Nossa Paróquia recebe dos fiéis, graças a Deus, muitas doações de roupas, utensílios diversos e até cestas básicas. O povo realmente se mostra muito generoso. Algumas peças dessas roupas são distribuídas gratuitamente para a COMUNICAÇÕES
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E população de rua e mais carente, outras são vendidas com valor acessível nesse nosso bazar. Todo o valor arrecado no bazar é destinado para caridade. Com ele conseguimos ajudar algumas outras instituições como: Seminários Franciscanos e o Diocesano; Fundação Lar da Terceira Idade Padre Antônio Luís Dias, que é uma casa de acolhida que fica na cidade vizinha em Camboriú-SC; contribuições para ação social de outras paróquias. Também desse valor que vem do bazar conseguimos atender emergencialmente quem nos procura, seja para compra de remédios, passagens de ônibus – muitos vinham antes da pandemia pedindo para retornar para suas casas em outras cidades, ou contando histórias de terem vindo em busca de trabalho. Eles são cadastrados e, na medida do possível, ajudados. Também há algumas famílias que são acompanhadas e recebem cestas básicas. Nesse período da pandemia, aumentou muito a procura emergencial por alimentos. Graças ao bazar, conseguimos incluir produtos de limpeza e higiene nas cestas, tão necessários em tempos em que lavar as mãos ajuda a salvar vidas. Mensalmente, cerca de 200 famílias são assim atendidas. A Paróquia Santa Inês também sempre foi um local de referência na região para o atendimento de confissões. Por ter mais padres que uma paróquia diocesana e conseguir manter horários contínuos de atendimento, e também pelo carisma religioso franciscano, onde a misericórdia e a acolhida são partes do projeto fraterno de nossa comunidade. Com a pandemia, praticamente mantivemos contínuo o atendimento, foram poucos períodos de fechamento total da Paróquia, mas mesmo assim percebemos uma redução do número de pessoas que buscam o sacramento da penitência. Provavelmente porque a população também se atenta às orientações de ficar em casa. Parte significativa de nossos vizinhos e paroquianos é idade de risco também. Por outro lado,
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há um aumento significativo de pessoas que buscam, se não o sacramento, uma palavra de ânimo, conforto e de esperança. Além dos horários diários disponíveis para esse atendimento – de terça a sábado – , são ainda realizadas, via telefone, várias conversas com aqueles que sentem a solidão, o medo e mesmo a falta do convívio social junto à comunidade eclesial. Cresceu também a resposta às mensagens por aplicativos de mensagem e redes sociais às postagens da Paróquia, ao que sempre é dada uma atenção carinhosa. Nós, freis, procuramos também motivar os fiéis, com o uso dos diferentes meios de comunicação, a serem portadores da palavra amiga e solidária, aos idosos e principalmente àqueles que se encontram em isolamento devido ao contágio da Covid-19. Inclusive foram propostas a algumas pastorais, como o grupo jovem, que procurassem como forma de voluntariado entrar em contato com paroquianos do grupo de risco que se mantinham em casa devido às restrições do isolamento. Outra ação que não podemos deixar de mencionar é a assistência aos enfermos e às famílias enlutadas. Sempre que possível, com todos os cuidados previstos para evitar o contágio, os frades têm-se colocado à disposição para
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ministrar o Sacramento da Unção dos Enfermos, principalmente nos hospitais, mas também em casa quando o caso exigia. Além do que, expressamos nossa solidariedade e esperança às famílias enlutadas nas muitas celebrações de exéquias que acontecem semanalmente. É perceptível o desejo de gratidão dos familiares por contar com a presença religiosa que se faz próxima, fraterna, em tempos de distanciamento social. A preocupação com o outro faz parte do ser cristão, mas o franciscano ainda assume a escolha de se fazer menor, não estranho ou difícil ao pobre, mas próximo e familiar. O entorno da comunidade paroquial não é marcado pela pobreza econômica, pelo contrário, procuramos é incentivar a generosidade e compromisso com o outro. Trata-se, outrossim, de uma área com muitos de passagem que necessitam tanto de atenção como de auxílio material. Nesse tempo de pandemia, tudo se agrava, tudo se intensifica, tanto a carência de carinho e atenção quanto a falta do mínimo para sobreviver. Procuramos fazer sempre o que está ao nosso alcance para não faltar as necessidades de quem não tem muitos a quem recorrer e que vem a nós.
Fraternidade Santa Inês
BLUMENAU – SANTUÁRIO NOSSA SENHORA APARECIDA
Sentimento de pertença, de solidariedade e amor! Em Blumenau, nossa presença na Paróquia Santuário Nossa Senhora Aparecida é reconhecida pelo carisma franciscano, pela disponibilidade no atendimento e pela manifestação constante de Francisco que acolhe, cuida, partilha, celebra e busca iluminar as vicissitudes da vida com ternura e alegria. Muitas vezes ouvimos a expressão: aqui as coisas funcionam, vocês nos acolhem, somos atendidos, nos sentimos felizes. Realmente, a fraternidade tem sido um ponto muito positivo na evangelização pelo sentimento de pertença ao Sol de Assis, ao Evangelho e à Igreja. A disponibilidade, o bom humor, a oração, o atendimento/acolhimento, a solidariedade são expressões de amor e zelo pelo povo que conosco constrói a comunidade de fé e vida. Povo amado de Deus que, muitos deles, além da doença, também sofrem com a falta de emprego, de pão, de moradia. A Pastoral Social está organizada com uma equipe bem animada e comprometida. Integra essa equipe o movimento de casais Lareira, mais um grupo de voluntários e o pároco. Neste tempo de pandemia, as necessidades se intensificaram. Estamos atendendo mensalmente mais de 100 famílias cadastradas com necessidades de alimentos. Além dessas famílias
cadastradas, quase que diariamente atendemos pessoas que nos procuram para conseguir alimentos, roupas, remédios... Estamos doando mais de 1.800 kg de alimentos mensalmente. Gostaria de destacar que a comunidade é muito receptiva aos apelos de solidariedade. Temos recebido mais do que o necessário, sempre! Quando sobra, levamos para famílias de outras comunidades. Muito lindo esse sentimento de pertença, de solidariedade e amor! A pedido do bispo diocesano, Dom Rafael Biernaski, estamos ajudando também, com alimentos, a casa de recuperação de dependentes químicos do Mosteiro da Ressurreição em Ilhota, SC. São os padres carmelitas que lá fazem a sua missão com todos os que buscam o tratamento nes-
se mosteiro. Geralmente, são pessoas que pouco ou quase nada têm para contribuir. Estamos arrecadando além dos alimentos, roupa de cama, produtos de higiene e roupa pessoal. Temos também o bazar de roupas usadas e roupas para doação a todas as pessoas que nos procuram. Todas as segundas passam para pegar roupas mais de 30 pessoas. Nosso bairro se caracteriza por pessoas que vêm a Blumenau buscar emprego, uma oportunidade: Haitianos, nordestinos, venezuelanos, do oeste de SC e do PR e Norte e Nordeste do Brasil. Outra situação que em muitos momentos temos atendido, são os presos que ganham liberdade provisória ou permanente e que são de outras cidades. Aqui, buscam roupa, passagens... O presídio fica relativamente próximo de nosso bairro. Nosso carisma franciscano nos torna mais próximos do “próximo” e nos fortalece no caminho do amor, do cuidado, da solidariedade com os necessitados.
Frei Nelson Hillesheim COMUNICAÇÕES
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FLORIANÓPOLIS – PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO
A esperança por um auxílio A Paróquia Santo Antônio fica localizada no centro de Florianópolis e sempre deu especial atenção à solidariedade e ao cuidado com os pobres, mantendo trabalhos de ajuda aos necessitados. A área da Paróquia, mais central, não há famílias em situação de pobreza. A região é a mais cara para se morar. Mas Santo Antônio, o santo dos pobres, e a presença de uma comunidade religiosa despertam nos mais necessitados a esperança de auxílio e são muitos os que vêm em busca de ajuda. Moradores em situação de rua ou mesmo famílias dos arredores se deslocam até aqui em busca do que lhes falta, como roupas, calçados, alimentos Recebemos muitas doações, a maioria de roupas femininas e infantis, mas a procura maior é mesmo por calçados e roupas masculinas. Por isso, conseguimos com um benfeitor de Gaspar uma quantidade de moletons, calças e agasalhos... Para quem está na rua e nos semáforos, esse tipo de roupa é melhor. Além de proteger do frio, oferece conforto e praticidade. Também encaminhamos as doações para as paróquias vizinhas, especialmente as do continente, que
atendem mais famílias assistidas. A entreajuda é sempre necessária. Temos também uma relação de famílias cadastradas que mensalmente recebem cesta básica e outros materiais. Com a crise, aumentou muito a procura de ajuda, especialmente de alimentos. Os devotos de Santo Antônio também colaboram e assim conseguimos completar as cestas básicas com outros produtos e material de higiene pessoal.
Frei Germano Guesser
GASPAR - PARÓQUIA SÃO PEDRO APÓSTOLO
Multiplicação de ações A Conferência Vicentina de Gaspar, uma entidade caráter assistencial, educativo, saúde, cultural, de utilidade pública e comunitária, sem fins lucrativos e apolíticos, iniciou em abril a Campanha de Arrecadação de Alimen-
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tos devido à pandemia da Covid-19, para atender as famílias em vulnerabilidade social. Com o apoio da comunidade e lives realizadas em nosso município, recebemos doações de alimentos que foram centralizados na
Cestas Básicas (Já doadas)
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Conferência Vicentina. Até o momento Fraldas Geriátricas (Já doadas) 37 atendemos: APAE, AMA Gaspar, Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Paróquia NosMáscaras confeccionadas na C. Vicentina, em parceria com Cáritas/ Blumenau-Instituto 3.480 sa Senhora Imaculada Conceição, Casa Federal de Gaspar (Já doadas) do Segundo Passo, encaminhamentos da Secretaria de Assistência Social, SecretaMáscaras confeccionadas na C. Vicentina, ria de Saúde, e aos munícipes. Foram disem parceria com Cáritas/Blumenau- Instituto 892 Federal (Saldo para doação) tribuídas 2.419 cestas básicas, incluindo 5 máscaras em cada cesta, entregues até o Máscaras doadas pela Comunidade dia 29 de julho. Devido à grande procura (Já doadas) 12.095 de famílias, foi realizada uma Live no dia Máscaras doadas pela Comunidade 1.205 2 de agosto pedindo alimentos, onde (Saldo para doação) foram arrecadadas 7,5 toneladas, que já Famílias atendidas (Doação de Roupas) 209 estão sendo distribuídas para as famílias Leite em Pó Lata Nan 1 em vulnerabilidade social. Também foi 17 (Já doadas para as Crianças) feita uma parceria com o Instituto Federal de Gaspar e a Cáritas de Blumenau para confecção de máscaras, que iniciou no mês de abril e terminou no mês de julho. Foram confecpandemia, está sendo realizado um cadastro com dados das famílias, conforme a demanda. Em seguida, entramos cionadas 4.652 unidades. Já foram distribuídas 3.480, em contato agendando data e horário para entrega. Com restando 892 unidades que estão sendo inclusas nas apoio de outras entidades, atendemos até o momento 209 cestas básicas para doação. famílias nos meses de abril a julho. Devido às normas estabelecidas em nosso município, todas as doações de roupas que recebemos da Comunidade eram doadas uma vez no mês. Com o avanço da Conferência Vicentina de Gaspar
LAGES – PARÓQUIA DO NAVIO
Juventude atende centenas de pessoas em Lages Desde o início da pandemia, os jovens franciscanos que integram o grupo da Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Navio vêm incrementando ações sociais no âmbito paroquial e diocesano em suporte às pessoas menos favorecidas. Somente no mês de maio foram atendidas 500 pessoas. Com dois mutirões do Auxílio Emergencial, programa de distribuição de renda do Governo Federal e um varal solidário, foram suficientes para atender uma demanda de cinco centenas de pessoas na cidade. As ações envolveram o auxílio no cadastro, orientação do aplicativo Caixa Tem, direcionamento de saque e a doação de agasalhos. Nos meses seguintes, a cidade enfrentou um dos mais
desastrosos fenômenos naturais, dos últimos 70 anos. Um ciclone-bomba deixou dezenas de famílias desabrigadas ou com problemas estruturais nas suas residências. Em parceria com duas empresas de Lages, Flex Academia e Acãochego Consultório e Petshop, os jovens arrecadaram mais de mil peças de roupas e algumas cestas básicas que até então estão sendo distribuídas à população prejudicada por esse temporal ou que necessitam de algum atendimento. Nos próximos meses, outras ações devem ser desenvolvidas. Uma delas, em parceria com o Projeto Amar, intitulada “Livros que Alimentam”, nos dias 11 e 12 de setembro no centro do município.
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RODEIO – PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Segundo o pároco Frei Vanilton Aparecido Leme, a Paróquia São Francisco de Assis teve duas iniciativas de ajuda às famílias e pessoas fragilizadas pela Covid-19.
NITERÓI – PORCIÚNCULA DE SANT’ANA
“É possível ser solidário” Mal tínhamos, aqui na Porciúncula, começado todos os serviços normais de nosso compromisso solidário com os mais carentes, feito através de consultas médicas, distribuição de remédios, fraldas e alimentos; formação das gestantes; confecção de kits-enxoval de bebê, atendimento fonoaudiológico, jurídico e psicológico, quando por atendimento às normas estabelecidas pela Prefeitura, diante da Covid-19, tivemos que parar propriamente tudo. Com a ausência quase total dos funcionários até junho, fomos, porém, convocando alguns para continuarmos dando uma ajuda básica, ao menos, a todas as famílias (150) com as que tínhamos já um tradicional compromisso de alimentação e fraldas para idosos e para crianças com deficiência. Para preservar os voluntários e também os funcionários, todos os outros serviços ficaram parados. Mais recentemente, contando com a ajuda e disponibilidade de
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uma voluntária, voltamos também a fazer a distribuição de medicamentos para os que necessitam. A Comunidade Paroquial, durante todos esses meses, tem mantido sua solidariedade. Nos primeiros meses, através de depósitos bancários; mais recentemente, quando se flexibilizaram as normas de isolamento social, também com doações de alimentos, trazidos até a secretaria. Um grupo de costureiras, habituadas à preparação dos kits para os bebês, cuidou também de confeccionar, em casa, máscaras para os assistidos. Houve também, em função da necessidade de maior cuidado com a higiene das famílias, distribuição de produtos de limpeza, higiene pessoal e cobertores. Tudo feito por ocasião da distribuição das cestas e fraldas, evitando que as pessoas precisassem se expor mais frequentemente com o uso de ônibus. Uma nota triste também deve ser mencionada: jogamos
fora significativa quantidade de remédios que tiveram sua validade vencida. O estoque era bastante grande. E, se não tivéssemos reiniciado ultimamente a distribuição, maior quantidade ainda seria descartada. Conseguimos, em tempo, distribuir também grande quantidade para o Hospital Universitário e para outras igrejas que já haviam também iniciado a distribuição. No todo, esses meses nos ajudaram a ver que, entre os sofrimentos e dificuldades, é possível ser solidário e socorrer nossos pobres de maneiras diversas e oportunas.
PETRÓPOLIS - SAGRADO
Interações solidárias Na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis buscamos manter sempre algumas ações de solidariedade neste longo tempo da pandemia. Uma é a campanha de arrecadação de alimentos e a distribuição de cestas básicas. Neste tempo foi mantida uma média de 200 pessoas atendidas com cestas básicas por mês. A solidariedade dos paroquianos vem se mantendo e até se fortalecendo, já que mês a mês a doação de alimentos tem aumentado. A procura é muito grande e por pessoas das mais variadas profissões, já que o isolamento social trouxe a falta de renda para muitos, tais como autônomos, diaristas, além dos que já estavam desempregados.
Foram mantidos abertos os canais de comunicação da Paróquia, para que as pessoas pudessem apresentar suas necessidades. Esses canais proporcionaram uma interação importante na situação difícil por causa do isolamento: redução da convivência presencial, solidão, ansiedade e outras necessidades. Foi buscado manter uma interação em especial com os idosos, que tanto sofrem neste tempo. Para este fim, a missa foi transmitida, mas também foram criadas algumas atividades religiosas e culturais tendo em vista a interação com as pessoas que estavam em suas casas: devoções, como oração diária do meio-dia e uma Live com cantos e poesias. Podemos afirmar que a atividade contínua de
comunicação pelas redes sociais tem amenizado o sofrimento e ajudado a manter vivo os laços entre os paroquianos e outras pessoas. Estamos ainda com a preocupação de manter, fortalecer e até criar atividades on-line neste tempo que ainda temos muitas pessoas isoladas e que muitas vezes sofrem por viver essa quarentena estendida. A pastoral familiar promoveu a divulgação de vídeos com orientação da saúde e da convivência familiar neste tempo de pandemia. Há também o empenho de fortalecer a comunicação nos grupos de pastorais e promover grupos de reflexão e partilha no ambiente on-line.
Frei Jorge Paulo Schiavini
PETRÓPOLIS – SANTA CLARA Nossa Paróquia é pequena, abrangendo um vale e morros. Contamos com muitas pessoas idosas, não temos uma estrutura de pessoas e local, na sede.
Então, planejamos o seguinte:
I ncentivar a busca do expediente do Governo Federal e Municipal, através de cadastramento. Incentivar atenção, mobilização e socorro, capilarmente, por Comunidade, Movimentos, equipes de Pastoral e ação entre vizinhos.
ssim foi, e continua sendo feita, A partilha de cestas básicas, pelas Comunidades (articulação das lideranças), pelo Movimento de Encontro de Casais com Cristo, pela Obra do Berço (Kits-bebês para mães em dificuldades múltiplas); pela Equipe dos Vicentinos, que têm recebido doações e feito a distribuição, seja a famílias já cadastradas, seja a famílias cadastradas agora, por ocasião da pandemia. Portanto, incentivamos e acompanhamos a atenção e
a assistência a famílias em situação de desemprego ou outra, de modo pontual e discreto, através da ação de diversos socorristas, sejam estes doadores e/ou entregadores. Deste modo, estimulamos e mantivemos a consciência de “ver”/ficar atentos às necessidades, e ajudar um pouco. A situação se mantém estável na Paróquia, com isolamento social, evidentemente.
Frei Elói Dionísio Piva COMUNICAÇÕES
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SANTOS – PARÓQUIA NOSSA SENHORA ASSUNÇÃO A Pastoral Social do Morro São Bento da Paróquia Nossa Senhora da Assunção nesses meses de pandemia e isolamento social, está distribuindo cestas básicas para as famílias que vêm até a Paróquia solicitar ajuda. Recebemos o apoio do Fundo Social de Solidariedade com 10 cestas, a dra. Vera que doa 10 cestas, do Samba da Mangueira (grupo de músicos do bairro), Rotary Club Santos Monte Serrat e Rotary Club de Santos Porto empresa Transbrasa. Todo mês ajudamos quase 40 famílias e durante a semana de 3 a 4 pessoas por dia. Graças à colaboração de muitas pessoas generosas que também fazem doações em dinheiro para comprarmos alimentos avulsos. Só temos a agradecer toda a ajuda nesse período tão difícil para o nosso mundo. Contamos com as suas orações para o nosso trabalho continuar forte.
Alaide Vicente de Souza, da Pastoral Social
SOROCABA – PARÓQUIA BOM JESUS DOS AFLITOS
Amigos Solidários A Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, em Sorocaba, faz de 250 a 300 atendimentos semanais através da Pastoral Amigos Solidários. As pessoas atendidas participam da Santa Missa às 15 horas e do café da tarde. A população em situação de rua pode se banhar e receber um kit de higiene individual, com sabonete, toalha, roupas e calçados. Também é feita distribuição de roupas para famílias carentes (são as doações do bazar). O jantar tem o cardápio variado, semanalmente oferece mistura-proteína, saladas, refogados, suco e sobremesa. O prato pode ser repetido e o excedente é disponibilizado para levar. Além desse trabalho na igreja, 80 marmitex são doados para pessoas em lugares mais afastados da cidade.
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As datas comemorativas - Páscoa e Natal - celebramos juntos (almoço, banho, doação de roupas, corte de cabelo, brinquedos para crianças, ovos de Páscoa, panetone, alimentos básicos, brinquedos, kit higiene, etc) A Paróquia oferece o Balcão de empregos, para isso conta com agências de emprego que orientam a fazer corretamente os currículos. A Paróquia também faz os encaminhamentos de dependentes químicos (clínicas da região, Fazenda da Esperança e Missão Belém) e oferece atendimento através da Farmácia. Para esse trabalho, conta com uma equipe de 30 pessoas voluntárias semanalmente e 20 pessoas que ajudam com doações em dinheiro, alimentos, etc.
SOROCABA – PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO
“A experiência é gratificante” Nossa assistência aos pobres e sofredores envolve paroquianos em geral que contribuem com cestas básicas e roupas, médicos e representantes de laboratórios na doação de medicamentos e o trabalho efetivo de agentes de pastoral: adultos, jovens e catequizandos. A Pastoral social tem início na secretaria paroquial que acolhe e encaminha à Promoção humana, grupo pastoral composto de 35 pessoas, que tem as seguintes funções: A) Cadastra, visita e distribui cestas básicas e material de higiene, conforme a necessidade. Atendemos atualmente 62 famílias no 4º sábado do mês; B) Emergência em tempos de pandemia: distribuição de alimentos, suprimento de gás e outros gêneros necessários quando solicitado em caráter de urgência (Há reserva de material na secretaria paroquial); C) Grupo especial de risco recebem cestas em suas casas; D) distribuição de roupas e bazar mensal; E) As pessoas que necessitam, recebem cadeiras de rodas e de banho conseguidas com a arrecadação dos lacres. Distribuímos também andador e muletas. Nossos jovens estão envolvidos com coleta de latas e lacres, material
de higiene e limpeza de modo particular na gincana bíblica que acontece sempre em setembro. Os catequizandos também estão envolvidos coletando óleo de cozinha, chocolates (Natal e Páscoa) e material de higiene. Pastoral da Saúde – Através da Farmácia, todos os sábados, e agora durante a pandemia, entrega agendada de medicamentos durante a semana, de segunda a sábado. Temos também algumas parcerias na Pastoral da Saúde e Promoção Humana: 1) Médicos: endocrinologista; cardiologista (2), clínico geral (consultas todos os sábados) e radiologista. Realizamos cerca de 40 exames de ultrassom em nosso Centro Pastoral, e até exames solicitados pelo Posto de Saúde do bairro. 2) Psicólogos (5) e uma psiquiatra para atendimento preferencial a jovens devido a problemas de automutilação e suicídio. 3) Parceria com um vereador evangélico para abrirmos um consultório
dentário, sempre com atendimento gratuito, de modo particular aos moradores de rua. Parceria com as Irmãs da Toca de Assis no atendimento exclusivo aos que vivem em situação de abandono, moradores de rua, oferecendo banho, roupas e alimentos. Também adquirimos uma lavadora e secadora para uso exclusivo das roupas (toalhas e outras). Envolvemos a Pastoral do Batismo, de modo especial pais e padrinhos, solicitando roupas para recém-nascidos pobres. As roupas são entregues na Santa Casa de Sorocaba. Há também pessoas que confeccionam e doam para a Paróquia. Realizamos a cada ano o Dia do Pobre, com banho, corte de cabelo e manicure (temos parceria com escola de cabeleireiros), sempre um domingo antes da Festa de Cristo Rei e por ocasião da Páscoa. Cerca de 200 pessoas participam de todas as atividades que, além do já mencionado, compõem-se de teatro, almoço e quentinha. A experiência é gratificante.
Frei Gilberto M.S. Piscitelli e Frei Rozântimo A.Costa COMUNICAÇÕES
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VILA VELHA – PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Tempo de solidariedade Uma das características dos capixabas sempre foi a solidariedade e a partilha. E não foi diferente durante este tempo de pandemia. Não faltou ajuda, colaboração e partilha. A Paróquia como um todo tem se mobilizado para atender as famílias carentes do território paroquial e arredores. O Santuário sempre foi um centro de acolhida e partilha. Também nossos colaboradores (cerca de 25 pessoas) foram beneficiados com o auxílio de duas cestas básicas mensais. No final de julho já tínhamos arrecado 600 cestas básicas, 200 cobertores e 400 pacotes de fraldas geriátricas. Outra iniciativa bonita ficou por conta de nossos jovens, assumindo a dianteira da visitação aos mais pobres e sofredores. A inspiração veio através da juventude da paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Nilópolis/RJ, fundadores do “Gotas de Misericórdia”. De forma rápida e com constante diálogo com o pároco, Frei Djalmo Fuck, em dois dias o grupo tomou forma. Desde o dia 30 de março, semanalmente, o Gotas Vila Velha entrega alimentos, itens de higiene e roupas aos nossos irmãos em situação de rua e a famílias mais carentes. O Gotas conta com diversos voluntários, jovens, adultos, idosos, das dez comunidades da nossa Paróquia e até de fora. Já foram entregues mais de 1.000 quentinhas, 50 cestas básicas, além de agasalhos e cobertores. E a ação solidária continua na Paróquia.
COLÉGIO BOM JESUS E FAE CENTRO UNIVERSITÁRIO Tanto nas Unidades Bom Jesus como na FAE Centro Universitário, as ações solidárias não foram interrompidas desde o início do alastramento da pandemia, mês de março último. Na medida do possível e salvaguardadas as recomendações de prevenção à
Covid-19, após algumas reuniões on-line com algumas lideranças leigas, teve início o planejamento, a sensibilização de pessoas afins e a realização de várias ações solidárias. Aqui compartilhamos os registros de apenas quatro delas.
1. Drive thru Solidário
A unidade Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes (Curitiba/PR) iniciou no mês de maio o Drive Thru Solidário com o tema: “Doar de coração: juntos pela solidariedade!”. O projeto ainda em curso tem como objetivo arrecadar alimentos e produtos de higiene para a Associação de Moradores Vila Torres, que atende famílias sumamente pobres da Vila e entorno. Em atenção às medidas de combate à Covid-19, todas as doações arrecadadas estão sendo higienizadas e repassadas à referida Associação de Moradores, seguindo todos os protocolos de segurança. Até esta primeira semana de agosto, mais de 1.500 famílias já foram atendidas pela ação.
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2. Doação de alimentos
Por meio da sensibilização de duas docentes, alunos dos cursos de Psicologia e Publicidade e Propaganda da FAE Centro Universitário, em Curitiba - PR, promoveram a arrecadação de alimentos não perecíveis, para auxiliar familiares de alunos do Colégio Estadual Professora Maria Aguiar Teixeira. A iniciativa, que inicialmente contava com somente alguns voluntários, envolveu cerca de 50 pessoas, culminando com a doação de 80 cestas básicas.
3. Terreno e uma casa para uma família despejada
O isolamento social agravou problemas financeiros de boa parte da população brasileira, em especial de uma família de cinco pessoas, moradoras da comunidade Vila Pantanal, em Curitiba - PR. A família, que até então pagava aluguel, teve que deixar a casa onde morava para morar em uma barraca, em um terreno baldio. Pensando em socorrer os desabrigados, o FAE Social, juntamente com o Bom Jesus Social, o Grupo de Voluntários Francisco de Assis, a Pastoral Universitária, a Pastoral Escolar e outras pessoas ligadas ao Grupo Educacional Bom Jesus, arrecadou materiais de construção e também um valor em dinheiro. Por meio das doações, foi possível comprar um pequeno terreno, para, em seguida, construir e também mobiliar uma casa para a família. O resultado foi fruto da promoção do Humanismo Solidário, valor compartilhado por diversas pessoas que se preocuparam em ir ao encontro do próximo.
4. Educação financeira solidária O curso de Ciências Econômicas da FAE Centro universitário, por meio do programa “De Olho nas Finanças” (que viabiliza a educação financeira com atendimentos gratuitos à comunidade), promoveu atendimentos on-line durante o período de isolamento social. Neste ano, em parceria com o Projeto Investindo no Azul, da Força Aérea Brasileira - grupamento de Curitiba, o programa realizou palestras e esclareceu dúvidas sobre consumo consciente, orçamento familiar, endividamento, proteção financeira, uso consciente do crédito e investimentos.
A ação foi desenvolvida durante três encontros diferentes, beneficiando um total de 150 pessoas de baixa renda e/ou desempregadas. O público atendido mostrou-se satisfeito pelos
esclarecimentos e pela oportunidade de participar, deixando mensagens de agradecimentos.
Frei Claudino Gilz COMUNICAÇÕES
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Reencontro de músicos marca os 78 anos dos Canarinhos oi a partir do sonho de transformar vidas por meio da música que, há 78 anos, o primeiro coral de meninos foi criado no Brasil. Em quase oito décadas, milhares de meninos tiveram a oportunidade não só de estudar música gratuitamente, mas também conhecer cidades e países e adquirir conhecimentos e valores que levaram por toda a vida. Para comemorar o aniversário dos Canarinhos, no sábado (15/8), às 16h, um grande evento no Facebook, promoveu um grande reencontro de músicos de diferentes gerações. “Poder comemorar uma trajetória de tanto sucesso é uma honra. Minha história na música, assim como a de tantos outros meninos, também começou nessas mesmas partituras. Apesar de ser doloroso não podermos nos reencontrar pessoalmente para comemorar toda essa história, a tecnologia está nos permitindo fazer um reencontro inédito com músicos que não poderiam participar se o evento fosse presencial”, contou o diretor artístico do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, o maestro Marco Aurélio Lischt.
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A programação do evento contou com apresentação musical popular e clássica, depoimentos de ex-canarinhos que moram no Brasil e no exterior e com o lançamento da música “Ave Verum”, de Mozart, nas vozes da formação atual do coral. Ao todo, quase 80 músicos participaram do evento. O aniversário também contou com uma live especial no dia 14, às 17h, também na página dos Canarinhos no Facebook, com a participação do músico Michel de Souza e do maestro Marco Aurélio Lischt, sobre o tema “Levando a música pelo mundo”. “O tempo que passei nos Canarinhos foi decisivo para uma das escolhas mais importantes da minha vida, a escolha da minha profissão. Foi-nos oferecida uma formação musical muito sólida, o que percebi nitidamente ao ingressar no curso superior na Escola de Música da UFRJ. Além dessa formação, o amor e o respeito por essa arte nos foram ensinados desde o primeiro dia. Também tive a oportunidade de viajar e conhecer o Brasil e outros países. Essa abertura de horizontes foi fundamental e, graças a ela, pude me adaptar bem ao estilo de
vida exigido pela carreira musical. Tenho muito a agradecer ao Instituto e aos meus primeiros mestres, principalmente a figura do saudoso Frei José Luiz Prim, que sempre me deu apoio incondicional”, recordou o cantor lírico Michel de Souza. Outro músico que lembra com saudade da época do coral é o saxofonista Breno Morais, que entrou na turma dos 50 anos dos Canarinhos: “Minha vida não seria a mesma se eu não tivesse sido canarinho. Tenho uma gratidão imensa ao coro. Acabei me tornando músico por causa do coro e nunca me vi fazendo outra coisa. Vivemos a música em tempo integral. O coral dos Canarinhos é uma família e eu me tornei um homem de caráter porque passei por essa escola”, lembrou, contando com felicidade a possibilidade de participar deste grande reencontro. “Passamos as últimas semanas nos reunindo pela internet. Ex-canarinhos que estão espalhados pelo mundo todo estão mandando material para este evento. É uma potência musical absurda! Várias gerações estão juntas com muita dedicação para celebrar essa história e esse patrimônio mundial”, vibrou Breno.
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Dom Severino toma posse e lamenta as mais de 100 mil mortes na pandemia o sábado (15/8), dia da Padroeira da cidade e feriado municipal em Maringá, a Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória acolheu a Celebração Eucarística que marcou a posse de Dom Severino Clasen, OFM, da Arquidiocese de Maringá. Apenas puderam participar da celebração bispos, sacerdotes e religiosos e seminaristas, por causa das medidas de isolamento social. O povo pôde acompanhar a transmissão pelas redes sociais. Dom Severino Clasen, que era bispo de Caçador (SC), foi nomeado pelo Papa Francisco para assumir a Arquidiocese de Maringá no dia 1º de julho. Na sua homilia, Dom Severino revelou que estava emocionado ao ver tantos bispos, padres, religiosos e seus confrades da Província da Imaculada Conceição do Brasil, através do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, rodeados “a este altar, onde o Senhor se dá por nós”.
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O bispo franciscano lamentou as mais de 100 mil mortes ceifadas no Brasil por causa desta pandemia. “Cem mil mortes não são números, mas são vidas. 100 mil irmãos e irmãs mortos, que deixam inúmeras casas vazias, tristes, machucadas, pela realidade da morte”, disse, criticando a falta de sensibilidade dos governantes brasileiros. Infelizmente, segundo Dom Severino, uma sociedade tomada pela cultura do ódio e da morte. Dom Severino lembrou que inicia seu ministério no dia da Assunção de Nossa Senhora, no dia da Padroeira de Maringá. “Maria nos convida a levantarmos o olhar para cima, para ver as grandes coisas que o Senhor fez por ela. Com a Assunção de Maria, de corpo e alma no céu, ela está lá no céu com Deus e nos dá consolo e esperança durante nossa peregrinação na terra”, disse. “Vamos olhar para o alto, onde Maria nos espera. Ela nos ama”, exortou.
Dom Severino também fez uma homenagem a D. Pedro Casaldáliga, que faleceu há uma semana. “De forma especial fazemos presentes as palavras de D. Pedro Casaldáliga, que se despede de nós e agora convive na comensalidade do Reino dos Céus, que soube olhar para o alto e viver sua vida percorrendo as cidades e povoados dos marginalizados, especialmente dos indígenas. Como ele mesmo disse, não se pode ser cristão sem defender os direitos dos pobres, aconteça o que acontecer”, observou o novo arcebispo. Arcebispo emérito de Maringá, Dom Anuar Battisti participou da cerimônia. Ele deixou o cargo no fim do ano passado por motivos pessoas. Na missa, Battisti disse estar rezando pelo novo arcebispo. “Quero registrar aqui que, como arcebispo emérito, estou à sua disposição. Um arcebispo emérito faz o que a igreja pedir. E a primeira coisa que faço desde a sua nomeação é rezar. Rezo para que tenhas força para enfrentar os desafios temporais desta igreja particular. Uma igreja linda, repleta, dons, carisma e expressões das mais diferentes linhas de pensamento”, disse. Frei Severino foi ordenado bispo por Dom Lorenzo Baldisseri, então Núncio Apostólico no Brasil, no dia 25 de junho de 2005, na cidade de Ituporanga e tomou posse em Araçuaí no dia 10 de julho do mesmo ano, escolhendo como lema episcopal “Acolher e cuidar”. COMUNICAÇÕES
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//ofm O testemunho dos Frades da Custódia da Terra Santa sobre as explosões em Beirute janelas quebram e também o telhado foi gravemente danificado. No dia após a catástrofe, os frades franciscanos do convento vizinho, em Harissa, vieram examinar os danos consistentes, também os na igreja. A primeira coisa a fazer é remover os cacos dos vidros para poder caminhar nas salas e, depois, é preciso Imagem da capela no Convento de Beirute pensar nas sérias intervenções para restaurar. ncontrava-me numa sala de “Quando saí à rua, vi as casas destrunosso convento, acima da igreja de Beirute, quando ouvi um ídas e aquilo que me fez ainda mais mal: estrondo muito forte, como de avião. é que tudo isso aconteceu depois de Subi e saí, nisso veio um forte empuruma crise econômica muito difícil para o Líbano”, afirma Frei Roger. “Nos últimos rão, causado pela explosão”. Com essas meses, tudo estava piorando e o custo de palavras Frei Roger Saad, frade libanês da vida tornara-se muito alto. Muita gente já Custódia da Terra Santa, há quatro anos havia perdido o emprego. Senti-me mal a serviço em Beirute como ecônomo do ao pensar nos pobres. Eu sou religioso, convento, fala sobre a catástrofe que, mas a gente que tem família, crianças, no dia 4 de agosto, aconteceu na capital como fará para consertar a própria casa?” do Líbano. A igreja, fechada por causa O franciscano explicou ter passado a das normas para impedir a difusão da noite a vigiar na igreja, porque também Covid-19, é muito conhecida e constanas portas da igreja e do convento não temente visitada por turistas e fiéis. Ela se existiam mais. No momento da explosão acha no quarteirão Gemmaize, apenas estavam com ele Frei Maroun Younan, 800 metros do porto, onde aconteceu a vigário do convento, e Frei Angélico dupla explosão. Pilla, responsável pela igreja. O guardião “No momento da explosão tudo do convento de Beirute e o Ministro da ficou branco, não vi mais nada e fui emRegião São Paulo, Frei Firas Lutfi achapurrado do lugar”, continua Frei Roger. “Corri logo procurar os outros frades e vam-se, naquele momento, na Síria, a fim os encontrei bem como eu. Lá fora, as de certificar-se sobre as condições dos pessoas gritavam e ninguém sabia o que quatro frades atingidos pela Covid-19 em havia acontecido. Via pessoas feridas, Damasco. porque muitos foram atingidos pelos ca“Apenas acontecida a explosão, os frades contataram-me com uma chacos de vidro das janelas, explodidas pelo choque que destruiu tudo”. Por causa da mada-vídeo e ouvi o grito de um frade explosão, algumas paredes do convento que dizia que tudo havia ido pelos ares: caíram, as portas saltaram, os vidros das o convento, as salas, tudo”, conta Fr. Firas.
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“Pensei logo numa explosão de automóvel ou míssil, mas os frades diziam somente que era algo gravíssimo e não sabiam o que havia acontecido. Seus rostos estavam cobertos de poeira, mas notei que estavam bem. O Frade mais idoso enviamos ao convento franciscano vizinho, em Harissa, a fim de passar ali a noite. Os outros dois frades permaneceram a fim de vigiar porque estavam preocupados que alguém invadisse”. O franciscano da Custódia da Terra Santa explicou que nessa situação vigora o caos e nos meses passados, em Beirute, houve manifestações e protestos por causa da fome, problema agravado ainda pela pandemia da Covid-19. “Por causa da explosão, muitas famílias estão sem casa e poderiam assaltar os negócios por causa da fome”, continua o frade. Deveremos pensar, depois, nas restaurações do convento e da igreja. Falamos de uma casa de grande valor artístico, já que, há duzentos anos, exatamente ali, aconteceu a primeira representação teatral, em Beirute. O convento é considerado patrimônio histórico de Beirute”. Frei Firas Lutfi apelou à solidariedade internacional: “A palavra solidariedade, creio, que resuma tudo: solidariedade espiritual com oração, solidariedade humana no socorro a milhares de feridos. Muitíssimas famílias ficaram sem casa e essa catástrofe se acrescenta a muitas outras situações que está vivendo o Líbano”. O Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, de Jerusalém, enviou mensagem aos Frades para convidá-los à oração: “Convido a todos para rezar pelos falecidos, para os feridos e para suas famílias. Convido-vos para rezar a fim de que esse episódio permaneça um acidente e não degenere em outro conflito. O Príncipe da Paz, Nosso Senhor Jesus Cristo, dê paz ao Líbano, e Maria, Rainha do Líbano, proteja todos os seus filhos”.
Custódia da Terra Santa
falecimento//
Frei Moiséis Beserra de Lima 15.10.1951
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or volta das 11h30 da manhã do dia 29 de julho, a Província recebeu o comunicado do bispo franciscano da Diocese da Barra (BA), Dom Frei Luiz Flávio Cappio, sobre o falecimento de Frei Moiséis Beserra de Lima. Dom Cappio relatou que Frei Moiséis foi encontrado morto às 10 horas da manhã, em sua cama, na Casa Paroquial. Frei Moiséis estava a serviço da Diocese de Barra, atuando na Paróquia São José, na localidade de Beira Rio, na cidade de Oliveira dos Brejinhos-BA. Após os encaminhamentos legais, o corpo foi levado para Barra no dia seguinte e sepultado na Capela mortuária da Diocese depois da Missa de Corpo presente, às 15 horas.
Dados pessoais, formação e atividades ascimento: 15.10.1951 (68 N anos de idade) Hidrolândia, CE. Vestição: 20.01.1976 – Rodeio Primeira Profissão: 20.01.1977 (43 anos de Vida Franciscana) Profissão Solene: 18.04.1981 Ordenação: 20.06.1982 (38 anos de Sacerdócio) 1977-1982: Estudos de filosofia e teologia em Petrópolis-RJ. 1982 – Vila Clementino/São Paulo – vigário paroquial; 1986 – Campos do Jordão – pároco 1990 – Sorocaba/Bom Jesus – guardião e pároco 1995 – Vila Velha –ES/ Convento da Penha – guardião 1997 – São Paulo/Convento São Francisco – vigário paroquial 2000 – Diocese de Barra-BA – à serviço da Diocese
O frade menor
Frei Moiséis nasceu em Hidrolândia, no interior do Ceará. É o quinto filho de uma família de doze irmãos. Sua família, de origem humilde e marcada por uma forte religiosidade, foi seu sustentáculo durante a vida. O Santuário de São Francisco das Chagas, no Canindé, era o lugar de referência para toda a família. Ao menos duas vezes por ano faziam juntos a romaria para o Santuário de Canindé. Segundo Frei Moiséis, esse foi um fator determinante para o seu sim à vocação franciscana. Ainda jovem migrou para o Rio de Janeiro e, na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, continuou a alimentar o desejo pela vida franciscana. Atuava, principalmente, na Pastoral da Juventude. Aos 24 anos ingressou no SEVOA (Seminário de Vocações Adultas) em Guaratinguetá, para iniciar a sua formação. Frei Moiséis se dizia uma pes-
soa extrovertida, alegre e otimista. Gostava de estar com o povo e servir de maneira simples e feliz. “O nosso testemunho, a nossa convicção e entusiasmo, a nossa maneira de ser e viver é a melhor maneira de ser evangelizador”. Depois de cinco anos de experiência missionária na Diocese de Barra, Frei Moiséis relatou ao Ministro Provincial: “Posso dizer que tem sido especial. É uma região com o povo muito carente. Os desafios são muitos, mas a alegria de poder contribuir na formação das comunidades e lideranças, a busca por melhorias sociais participando de Associações, ajudando o povo a assumir as suas vidas e história nos deixa muito feliz”. Deus o acolha em seu abraço misericordioso! R.I.P.
Frei Jeâ Paulo Andrade COMUNICAÇÕES
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//falecimento
Emoção marca a Missa de Corpo presente O bispo franciscano Dom Frei Luiz Flávio Cappio, da Diocese da Barra (BA), presidiu na quinta-feira, 30 de julho, a Missa de Corpo Presente de Frei Moiséis Beserra de Lima. A celebração, que começou com a oração das Vésperas às 15 horas, teve a presença de sacerdotes, seminaristas, diáconos e das equipes de liturgia e músicos. A Santa Missa foi transmitida pelo Canal Youtube da Diocese. D. Cappio saudou a todos e “de uma maneira muito carinhosa, nosso querido Pe. Provincial, Frei César Külkamp e, na pessoa dele, todos os provinciais anteriores que permitiram a presença de nosso querido Moiséis conosco”. Na sua homilia, D. Cappio se emocionou ao fazer um resumo dos vinte anos de evangelização de Frei Moiséis na Diocese. “Meu querido Frei Moiséis, quero agradecer a você por ter doado para nossa Diocese da Barra os melhores anos da sua vida, quando você já havia atingido a sabedoria dos homens maduros e ainda guardava
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consigo o vigor e a resistência do jovem. Você estava em Campos do Jordão, era pároco da Paróquia de Abernéssia, uma das mais ricas do Brasil, e de lá você se ofereceu para vir ajudar o seu confrade amigo nas Missões das Diocese da Barra. Isso já são vinte anos. E ao longo desses vinte anos, meu querido confrade, você sempre esteve ao nosso lado. Você nunca disse um não. Em todas as nossas iniciativas missionárias, pastorais, você era o primeiro a dar o seu ‘sim’ e ir à frente, empurrando seus companheiros padres, religiosos, religiosas, os nossos queridos leigos, que muito lhe amam e lhe querem bem”. “Obrigado, meu querido confrade, por você ter desvendado os brejos da Barra, caminhando no meio daquele areão, debaixo daquele sol quente, escaldante. Você percorreu todos os brejos da Barra, levando àquele povo a mensagem de esperança, a mensagem de fé, a mensagem de amor, de fraternidade”, disse, emocionando-se. Segundo o bispo franciscano, a
casa dos mais pobres eram as suas preferidas. “Obrigado, Frei Moisés, por esse exemplo maravilhoso de opção pelos pequenos, de opção pelos pobres, de opção pelos abandonados, de opção pela vida”, disse. “E você foi esse instrumento de vida para muitos de nossos irmãos. Você serviu praticamente em todas as paróquias de nossa Diocese, principalmente na pastoral missionária, nas Santas Missões Populares, em que você ia à frente. E todos gostavam de você e queriam ouvi-lo cantar. E você congregava o povo cantando. E todos te acompanhavam. Você, como o bom pastor, ia à frente das ovelhas. Mas o ponto alto de sua jornada, meu querido confrade, foi na região da Chapada Diamantina, onde enfrentou corajosamente aquela região do Cocal, que faz parte do município de Brotas de Macaúbas, mas que estava, assim, abandonada pela distância. Era muito longe. O acesso era dificílimo. E foi você que escolheu ir para lá, foi você que se ofereceu para ir lá. Eu me
falecimento// lembro, você estava em Brotas, e Pe. Joel era recém-ordenado. E vocês me disseram: agora, nós temos condições de ser uma presença no Cocal, que reúne em torno de 24 comunidades. E você prontamente me disse: ‘Eu vou para o Cocal!’. E você foi para o Cocal. E você passou lá os anos mais gloriosos de sua vida. Lá você viveu, semeou aquilo que a Igreja do Brasil nos pede: verdadeiras comunidades eclesiais. Aquilo que nosso querido Papa Francisco nos pede: no meio dos pequenos, dos pobres, dos mais esquecidos”, ressaltou. “Você viveu esta realidade, de uma maneira tão bonita, tão gloriosa, como Francisco de Assis, alegre, feliz, sempre cantando. Obrigado, Frei Moiséis! Criamos a Quase Paróquia e, no seu trabalho bonito, auxiliado pela Missiozentrale Franciscana da Alemanha, que sempre o ajudou e nós agradecemos muito. E graças a esses irmãos benfeitores, você construiu a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade do Cocal. Hoje, está lá o nosso querido Pe. Edvar, que mesmo no meio dessa pandemia, leva adiante o que você semeou. Hoje, ele está regando e colhendo os frutos”, acrescentou o bispo. “Obrigado, Frei Moiséis! E lá você iniciou um trabalho profético, a partir da Encíclica Laudato Si’. Você iniciou, na Diocese da Barra, a Pastoral do Meio Ambiente. E graças ao seu trabalho conscientizador, conseguimos recuperar cinco nascentes que já haviam morrido. Você, nesse sentido, foi um profeta. Respondendo de uma maneira muito bonita aos apelos do nosso querido Papa Francisco em favor da vida, da natureza e do meio ambiente. E está lá para quem quiser ver. Tenho certeza que o Pe. Edvar vai levar adiante esta obra que é profética em toda a Igreja do Brasil”, contou. “Você já estava cansado. As suas artroses lhe machucavam muito e achamos por bem, em comum acordo, meu querido irmão, que você descesse a Serra e ficasse mais perto dos meios que pudessem ser buscados na hora da necessidade. E você assumiu
mais um desafio: de criar a Quase Paróquia do Beira Rio, desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora do Brejinho. E você, com aquele ardor missionário, já com os 68 anos de vida, iniciou uma nova jornada na Quase Paróquia São José do Beira Rio. E ali estava desde o dia de São José deste ano. E quando você lá chegou, o coronavírus também chegou. E vocês chegaram juntos. E você, fragilizado pela sua situação física, já de certo modo alquebrada, teve muito medo e muito receio. Você procurou se prevenir ao máximo, mas o coronavírus foi mais forte. Você foi levado pelo surto do desespero. E voltou para a casa do Pai”, disse D. Cappio. “Embora não tivesse sido contagiado pela Covid 19, Frei Moiséis, rogue a Jesus, a São José, o Padroeiro de sua Quase Paróquia, para que Deus nos defenda dessa pandemia. Cada
notícia que recebia da pandemia, era o mesmo que lhe dar uma facada. E você não suportou e você voltou para a casa do Pai. Obrigado, querido irmão! Muito obrigado, pelo irmão amigo que você foi de todos nós! Todos os padres, todo o povo de Deus queria estar aqui, mas é impossível. Mas se eles não podem estar aqui, você está no coração de todos. Pode ter certeza disso. E seu nome está escrito com letras de ouro nos anais da nossa querida Diocese centenária da Barra”, celebrou. “Esteja com Deus, meu querido irmão! Que a Imaculada Conceição, Padroeira da nossa Província Franciscana, te cubra com seu manto materno. E essa imagem de São Francisco, que você traz na sua estola, te receba feliz no céu, para que lá você possa cantar como sempre cantou o ‘Cântico das Criaturas’. Muito obrigado e Deus lhe recompense! Saiba que seu nome, a sua lembrança, a sua fisionomia, alegre e feliz, como naquela foto ali, está gravada em nossos corações”, garantiu. “Obrigado, querido Pe. Provincial, Frei César, e na sua pessoa, agradecemos a todos os nossos queridos confrades da Província da Imaculada Conceição, que sempre estiveram conosco, mas de uma maneira muito especial na pessoa do nosso querido Frei Moiséis. Paz e bem!”, completou D. Cappio. No momento de Ação de Graças, foram muitas as mensagens de solidariedade. O corpo de Frei Moiséis foi sepultado por volta das 18 horas.
Homenagens O Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, escreveu a D.Cappio: “Caro irmão, Dom Frei Luiz Flávio, muito obrigado por sua comunicação e por suas palavras de agradecimento a Deus pelo dom da vida de nosso
irmão, Frei Moiséis! Tenho recebido também muitas manifestações de carinho e reconhecimento por sua vida e por sua missão! Hoje, no fim da tarde, celebramos a Eucaristia em ação de graças pela vida de Frei Moiséis. Amanhã estaremos em unidade com COMUNICAÇÕES
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//falecimento que agora você merece esse lugar, por tudo o que fez!”
vocês, como também na próxima quarta-feira, nas celebrações em devolvemos a Deus o dom que ele nos deu e deu à sua Igreja. Receba a nossa solidariedade e comunhão de sentimentos neste momento! Ao senhor a nossa gratidão pela acolhida fraterna do Frei Moiséis nestes últimos 20 anos e por todo o cuidado e atenção neste momento tão difícil! Deus abençoe sua vida, seu ministério e abençoe o querido povo de sua Diocese, a quem o Frei Moisés escolheu servir nestes anos!”
“O DESERTO QUE VOCÊ VIVEU ERA FÉRTIL”
Frei Gabriel Dellandrea, que participou das Missões no sertão da Bahia, quando fez o Ano Missionário no Serviço de Animação Vocacional (SAV), deixou a seguinte mensagem no Facebook: “Aquele que chamava todo mundo de ‘Ô Criatura’, agora, encontra-se com o Criador. Obrigado, Frei Moisés. Não sei nem como agradecer por tudo o que você fez por mim e tantos outros. Você foi alguém que garantiu todo o necessário para eu viver muitos momentos inesquecíveis da minha vida no sertão da Bahia, junto a um povo maravilhoso que muito se faz presente nas minhas mais belas memórias. Eu esperava ter futuras memórias com esse grande missionário que você foi. Mas as memórias passadas já me motivam muito! “Quantas gargalhadas, quantas histórias engraçadas, quantos gestos proféticos, quantas intuições de um verdadeiro missionário do Reino de Deus! ... Cada dia era uma aventura com o jeito ‘Frei Moisés’ de ser, sempre procurando garantir o melhor àqueles que ele tinha que pastorear. Pastor incansável, não sabia falar uma palavra em alemão, mas garantia patrocínio da Alemanha para as obras das comunidades, graças a Deus e ao Google Tradutor. Não deixava ninguém parado, pois era impossível dizer não a um homem tão disponí-
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COMUNIDADE SANTO ANDRÉ
vel. Fazia de tudo para conscientizar e cuidar das nascentes de água para que o povo pudesse matar a sede e promovia a Igreja em saída para que o povo saciasse a sede de Deus. Quando chegava numa casa, logo já pedia algo (galinha, café, algo pra lanchar...), mas também dava o melhor de si para o seu povo. Frei Moiséis, é impossível esquecer o quanto você fez pelos frades, pelos jovens de nossa Província que estiveram aí e pelo povo querido do sertão. Na minha vida, quando eu conheci essa terra árida, na verdade, sentia em meu coração uma chuva de testemunhos do Reino de Deus que você e seu povo me ofereceram. O deserto que você viveu era fértil! Quando eu e o Frei Marcos Schwengber estivemos na sua Paróquia, com tantos outros irmãos e irmãs, nos sentimos no céu. Um céu duro, trabalhoso, mas santificador, revigorador, inesquecível! A experiência de conviver com você foi muito marcante, e sem palavras para explicar. Apenas digo que nunca esquecerei! Depois voltamos com outros irmãos e irmãs que experimentavam esse céu também. Eu tenho certeza
NOTA DE FALECIMENTO
Outra manifestação de carinho veio da Comunidade Santo André, na Bahia. “Em meio a uma terra que se chama sertão, viveu um homem simples e que chamava a atenção, pelo jeito simples que encarava as coisas... - oi Comadre, oi Compadre! - E as galinhas caipiras? Seu jeito agradava a maioria de nós, paroquianos.... Foi alguém exemplar, que ensinou a partilhar e nos ensinou a sermos igreja missionária e solidária. Este ano já havia deixado nossos corações tristes por ter ido assumir outra paróquia, mas tínhamos que entender, pois não há padre melhor para ensinar a caminhar. Muitos diziam “ah mas esse padre é antilitúrgico”, e alguém prevenia, a liturgia que ele pratica é como a de São Francisco: “Se necessário, use as palavras”. Uma alegria contagiante! Uma bondade maravilhosa! Um servir impecável! Uma santidade que viverá no Céu... Descanse em Deus, Frei Moisés!”
PREFEITURA DE BROTAS DE MACAÚBAS
O Prefeito do Município de Brotas de Macaúbas, Litercílio Júnior e toda sua equipe, veio a público manifestar o seu mais profundo pesar pelo falecimento do Frei Moiséis. Em razão do falecimento, decretou Luto oficial por três dias no município de Brotas de Macaúbas, em sinal de pesar e respeito à memória de Frei Moiséis.
Faleceu no dia 12 de agosto de 2020, o irmão de Frei Neylor J. Tonin, Antônio R. Tonin, aos 86 anos de idade, por conta de um câncer no estômago. Era médico e residia em Copacabana-RJ. Seu corpo foi cremado no dia 15 e as cinzas serão oportunamente levadas ao oratório da família em Luzerna, SC.
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
ag genda2020 As alterações e acréscimos estão destacados em laranja.
SETEMBRO
2021
OUTUBRO
NOVEMBRO
11
15
50 anos da Paróquia Santo
Dia Mundial do pobre
JULHO
Antônio - Sorocaba, SP
Instituição do Leitorado em Petrópolis
DEZEMBRO
03 a 18
17
05
24 e 25
Instituição do Acolitado
Profissão Solene em
da Ordem
em Petrópolis
Petrópolis
(Roma, Itália)
01 a 03
Reunião do Definitório Provincial
12
Encontro Regional virtual
Capítulo Geral
//ofm
Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores tem data, local, tema e logotipo o processo iniciado para determinar o local e a data do Capítulo Geral 2021 da Ordem dos Frades Menores, o Definitório Geral, depois de fazer as consultas pertinentes, em diálogo com os presidentes das Conferências e uma reflexão cuidadosa, na sessão extraordinária de quinta-feira, 30 de julho de 2020, decidiu que o Capítulo Geral da Ordem seria realizado em Roma, de 3 a 18 de julho de 2021, no Colégio Internacional “São Lourenço de Brindisi”, dos Frades Menores Capuchinhos. Conforme previsto no art. 140 § 1 das CC.GG., “a convocação do Capítulo Geral deverá ser feita pelo Ministro Geral, pelo menos seis meses antes de sua celebração, por meio de uma carta à Ordem na qual se convoca os capitulares e se indicam o dia do começo e os principais assuntos”. Na tendência de a situação mundial da pandemia de Covid-19 exigir o adiamento desta data, ela foi prevista como uma data alternativa para o Capítulo Geral, sempre em Roma, de 6 a 21 de setembro de 2021. O tema e o logotipo do Capítulo escolhido pelo Definitório Geral são os seguintes: Renovemos nossa visão. Abracemos nosso futuro. “Desperta… e Cristo te iluminará” (Ef 5,14)
N
Frei Sergio Galdi d’Aragona OFM Secretário do Capítulo Geral
MAIS QUE PROFETA
U
m profeta? Mais que um profeta. Místico! Místico-profeta! Na convivência com Dom Pedro fui percebendo nele um místico. O místico vê; vê mais e melhor do que nós, porque enraizado na terra da humanidade e em Deus. Tem inspirações que nos encantam, atraem; as palavras não são som nem letra, conduzem o espírito. Ele era aberto, livre, ousado, inspirado. Indicava sempre a vida do Reino porque para ele vivia, dele vivia. Profeta porque místico. Ficávamos admirados e mesmo encantados no ressoar das palavras, pois entrevíamos o Reino da verdade e da graça, do amor, da justiça e da paz. Mas ele… via! A vida simples e despojada, a oração, a profecia, a poesia, a amabilidade, a limpidez, a transparência, o pensamento; apontava caminhos. Esperançado: deixou de dialogar com alguém? As palavras eram geradas, nascidas de seus encontros com o Homem de Nazaré e de seu povo. Percorreu veredas, veredas do Evangelho, dos pobres! Para o místico-profeta a vida é morte; a morte é vida! Vida-morte: cheiro de ressurreição! Na passagem veio-me à memória:
“Y seremos nosotros, para siempre, como eres Tú el que fuiste, en nuestra tierra, hijo de la María y de la Muerte, compañero de todos los caminos. Seremos lo que somos, para siempre, pero gloriosamente restaurados, como son tuyas esas cinco llagas, imprescriptiblemente gloriosas. Como eres Tú que fuiste, humano, hermano, exactamente igual al que moriste, Jesús, el mismo y totalmente otro. Así seremos para siempre, exactos, lo que fuimos y somos y seremos, ¡otros del todo, pero tan nosotros!. (Casaldáliga, P. Eu creio na ressurreição. Concilium, dez./2006) Havíamos nos despedido com um longo aperto de mão e um olho no olho, sem palavras, no calor de irmãos. Agora és o que buscaste, viveste: convivência-amor do Reino definitivo. A esperança fez-se vida plena! E nós agora mais esperançados. Gratidão por tudo: a Deus por tê-lo gerado e enviado e transformado. A ti
por ter-te deixado transformar pelo amor extravagante da Cruz e dos crucificados. Gratidão pela vida de pobre e de sertanejo; gratidão por ter-te feito terra, no vale dos esquecidos; gratidão pela casa ser a casa de todos, um espaço familiar dos pobres; gratidão pela mesa de todos; gratidão pelo teu amor feito Igreja; gratidão pela martiria; gratidão pelo teu humor admirável, a alegria singela, o sorriso acolhedor; gratidão por regar esperança e plantas; gratidão pela santa teimosia nas palavras, nos abraços, nos afagos; gratidão pela capela enfeitada com as flores singelas do jardim e pelo acender a vela do altar; gratidão por estar antes de todos nós na capela para a oração da manhã e a eucaristia; gratidão pela comunhão com todo o Povo de Deus e com o sofrimento e dor dos pobres da terra e a dor da casa comum. A gratidão diante da gratuidade de tua vida que nos compromete, responsabiliza! Ajuda-nos a percorrer o caminho de Jesus para sermos outros sem deixarmos pelo caminho os outros: os esquecidos e descartados. Os místicos-profetas admiram e anunciam um novo céu e uma nova terra! Manaus, 9 de agosto de 2010.
D. Leonardo Ulrich Steiner, OFM Arcebispo de Manaus