Visita fraterna
Frei Massimo Fusarelli na Província da Imaculada Conceição
FEVEREIRO DE 2023 | ANO LXXI | N º 2
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br
Ministro Provincial: Frei Paulo Roberto Pereira
Vigário Provincial: Frei Gustavo W. Medella
Secretário: Frei Rodrigo da Silva Santos
FEVEREIRO de 2023
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
“Campanha da Fraternidade e Quaresma”, de Frei Paulo Roberto Pereira
FORMAÇÃO PERMANENTE
RB II: “Dos que querem abraçar esta vida e de como devem ser aceitos”, por Frei Jeâ Paulo
Andrade e Frei Gabriel Dellandrea
ARTIGO
“Jesus e a fome”, de Frei Luiz Iakovacz
FORMAÇÃO E
“Ribeirão Grande” chega ao 11º Volume
Primeira experiência Interprovincial do Postulantado da Província
“Aproveitem esse tempo”, diz Frei Paulo aos
FRATERNIDADES
Jubileu de 50 anos de Vida Religiosa: Frei Clemente Müller, D. Leonardo Steiner e Frei Fernando Peixoto
Frei Jonas Ribeiro se despede de Pato Branco em Missa de Envio
ESPECIAL I
27ª Assembleia Geral da UCLAF
ESPECIAL II
Visita fraterna do Ministro geral à Província da Imaculada
EVANGELIZAÇÃO
Frades da Conferência Brasil e Cone Sul e da Cúria Geral se reúnem em Brasília
Dom Evaristo Spengler é nomeado bispo da Diocese de Roraima
Carta da CNBB em solidariedade aos povos Yanomami
Pato Branco será sede das Missões Franciscanas 2024
DEFINITÓRIO PROVINCIAL
Reunião em São Paulo, de 4 a 8 de fevereiro
CFFB
Catequistas Franciscannas se reorganizam como Congregação e voltam às origens
OFS: Fraternidade do Largo da Carioca recebe Relíquia e Imagem de São Francisco
Centenário Franciscano: Inauguração em Greccio com os 6 Ministros gerais da Família Franciscana
FALECIMENTOS AGENDA
Primeira Profissão no Noviciado de Rodeio Primeira Profissão
FIMDA
ESTUDOS
na
e Jubileu de Vida Religiosa de Frei Ivair
Noviços
SAV Província inicia novo acompanhamento dos vocacionados do Ensino Médio 79 82 85 86 90 91 92 94 97 98 99 100 117 134 136 137 138 139 144 146 147 148
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Campanha da Fraternidade e Quaresma
Há mais de sessenta anos a Igreja no Brasil oferece aos pastores e fiéis a criativa oportunidade de viver, no já fecundo tempo da Quaresma, a Campanha da Fraternidade (CF). Como identificada pela própria CNBB, a Campanha da Fraternidade “tornou-se expressão de comunhão, conversão e partilha. Comunhão na busca de construir uma verdadeira fraternidade; conversão na tentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho; partilha como visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na esperança em Cristo Jesus (Cf. 1Ts 1,3) ”.
Na apresentação da Campanha da Fraternidade deste ano, o bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, recordou que ela “é o nosso modo de viver a Quaresma, buscando uma conversão pessoal, comunitário-eclesial e sociopolítica”. Conforme o bispo, relação da CF com a Quaresma é irrenunciável: “A Quaresma dá o tom à Campanha da Fraternidade. A Campanha da Fraternidade ajuda a viver a Quaresma. Essa conexão entre as duas está no enfrentamento e na superação do pecado. A Campanha da Fraternidade mostra uma situação que é consequência do pecado, e a Quaresma
é o convite para vencer esse pecado e superar essa situação”.
Fraternidade e Fome
Será a terceira vez que a Campanha da Fraternidade abordará a questão da fome. Em 1975 o lema “Repartir o pão” inspirou as Comunidades para a vivência quaresmal. O tema foi retomado em 1985 e agora em 2023. Uma coincidência que aproxima essas duas últimas datas é que a motivação da CF surge como extensão da celebração de dois Congressos Eucarísticos, o primeiro em 1985 mesmo, o segundo no ano passado ocorrido em Recife (PE) e que teve como lema “Pão para quem tem fome”. A aproximação entre Eucaristia e Fraternidade resta clara, aliás é de uma clareza sem par. A partilha, a reunião para a Ação de Graças gera fraternidade. A Fraternidade é sustentada em sua natureza e missão pelo pão repartido. Em torno da mesma mesa todos somos irmãos.
Contudo, a aproximação das palavras Fraternidade e Fome é, no mínimo, desconcertante. As duas palavras são iniciadas com a letra F e esta deveria ser a única associação possível entre elas. Afinal, são diametralmente opostos os sentidos e toda sorte de reflexões, compromissos e atitudes que delas decorrem. Onde há fraternidade nunca haverá
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
fome. Por isso, o mestre de Nazaré, tendo diante de si os “cinco mil homens, além das mulheres e crianças”, movido por extremada compaixão, ordenou aos seus discípulos “dai-lhes vós mesmos de comer” (cf Mt 14,14-21). A indicação de Jesus elucida verdades que identificam sua proposta de vida: Os que se congregam para ouvir suas palavras e se deixam conduzir por elas tornam-se responsáveis pelo cuidado um do outro; o acúmulo egoísta mata. Entre os discípulos de Jesus a partilha que sacia é regra irrefutável.
A realidade que se apresenta aos nossos olhos revela a contradição geradora de pecado e de morte que há tempos, infelizmente, tem sido nossa marca. A fome deixou de ser identificada como um instinto de sobrevivência para que nosso corpo se mantenha e foi transformada na tragédia gerada pela incapacidade de milhões e milhões de pessoas de terem acesso ao mínimo necessário para se alimentar. Vivemos num país que figura entre os principais produtores de alimentos do mundo; por esses pagos, apesar da crise religiosa, os cristãos podem ser contados em muitos milhões; o nome de Deus é invocado em profusão, inclusive para difundir e justificar escolhas e projetos geradores de desagregação, injustiça e morte. Nesse contexto, se faz urgente viver o tempo da Quaresma e, sobretudo, o dom da Campanha da Fraternidade para buscar conversão, tanto sob o ponto de vista da escolha pessoal, como da forma da sociedade e da Igreja se organizarem. Os quarenta dias que nos preparam para a Páscoa deverão oferecer a oportunidade para a reconciliação entre aquilo que professamos e aquilo que vivemos. Novamente integrados, íntegros, seremos autênticas testemunhas da fraternidade.
Embora sem desprezá-los não deveríamos nos deter nos números e análises estatísticas que indicam o avanço da fome entre as populações vulneráveis. O ambiente poluído dos debates recentes dificulta a reflexão. Sem refletir, sem debater, sem conhecer, facilmente não nos deixamos tocar pelos problemas e, muito menos, pela necessidade de contribuir para sua solução.
“Tudo está interligado”
A afirmação de que o ser humano, bem como todos os demais seres do universo, é composto de “poeira cósmica” ainda é lida com algum estranhamento. No campo filosófico o senso holístico figura entre as balizas de diferentes Escolas e, embora não totalmente assimilado, não soa novidadesco. O pensamento religioso, desde há muito, se deixa inspirar pela intuição que aponta na direção de uma convivência harmoniosa entre todo ser criado. A percepção de que o mesmo impulso criador fez surgir tanto o vermezinho que rasteja, como a estrela mais brilhante, garante o sonho da integração cósmica possível. A convicção de que a humanidade forma uma só família inspirou e continua a inspirar projetos mis-
sionários que aproximam culturas e povos no mundo inteiro. As campanhas de ajuda humanitária que extrapolam fronteiras e geram o espírito de solidariedade universal também são motivadas por esta inspiração. Portanto, o caminho feito pelos cristãos, pela Igreja, pela Ordem Franciscana, isto é, a herança e o itinerário por nós percorrido, sustenta nossa ousadia de fazermo-nos, como São Francisco de Assis, guardiães e promotores da fraternidade universal.
A partir desta visão devemos acolher e ler a Encíclica Laudato Si’ (2015), um presente do Papa Francisco à Igreja e ao mundo. O escrito do Papa propõe o conceito de ecologia integral e apresenta um novo paradigma de justiça, em que a preocupação com a natureza, a equidade para com os pobres, o compromisso com a sociedade, são inseparáveis: “Tudo está interligado”. A partir da inspiração do Papa Francisco, homens e mulheres do mundo inteiro, passaram a ser promotores e cuidadores do relacionamento com Deus, com o próximo e com a terra, fulcralmente ligados entre si.
Embora sem conhecer o pensamento do Papa, por pura incompatibilidade temporal, um participante da Romaria promovida pelo Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB) ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Campos Novos (SC), no início dos anos 2000, assim ensinava: mesmo que sua propriedade não tenha sido atingida pela construção de barragem de alguma usina hidroelétrica, ainda que sua família não tenha sido desterrada ou forçada a se deslocar sem a justa indenização ou amparo, a causa do MAB é sua também; a causa do MAB merece a atenção solidária de todos. A partir deste alerta não podemos permitir que o conforto trazido pela energia elétrica nos torne surdos às dores de tantos. Devemos considerar que a escolha por um modelo de geração de energia elétrica, que supõe o alagamento de grandes áreas de mata e florestas e elimina sua fauna e flora, ofende e traz danos à nossa irmã, a Mãe Terra. Por isso, além de promover formas alternativas para obtenção de energia elétrica, devemos cultivar um jeito mais cuidadoso no seu uso. Não se trata de voltar ao tempo dos candeeiros ou lampiões; contudo, cada vez que acionarmos um interruptor em casa ou no ambiente de trabalho, cada vez que plugarmos algum equipamento numa tomada tenhamos presente a transformação do ambiente natural e o drama do deslocamento de muita gente. Assim, o ato corriqueiro de acionar um interruptor poderá se converter em uma prece e compromisso de solidariedade.
A lição de Campos Novos pode iluminar nosso pensamento nestes dias em que, novamente, nos são apresentadas as agruras da fome. A recente revelação da situação dos indígenas Yanomami causou diferentes reações. As abordagens do drama de um dos mais emblemáticos povos originários, chegados à América do Sul há mais de 15.000 anos, além de gerar revolta e indignação, além de promover uma mobiliza-
ção da população e governos para responder com presteza ao urgente descalabro, tristemente, revelou também uma cruel incapacidade de compreensão de que “tudo está interligado”.
A invasão das terras demarcadas que, protegidas, poderiam garantir a subsistência dos seus legítimos ocupantes resultou em fome e morte. Invasão que rasga a integridade da Mãe Terra para transformar em ouro seu sangue; invasão que mata o rio, a planta e o bicho com a intenção de deixar vivo e ainda mais feroz o bicho que se alimenta do lucro desmedido, da ganância, da violência e do poder. Invasão que rompe com o natural equilíbrio entre todos os entes que compõem o universo da floresta. Invasão que escancara o desastre dos relacionamentos interpessoais. O desfile de corpos famélicos e a evidente ameaça da morte de crianças e adultos não foram suficientes para implodir a insensibilidade daqueles que argumentavam não se tratar de “índios do Brasil”, senão da vizinha Venezuela, como se a fome tivesse nacionalidade, como se os donos do poder pudessem escolher os que podem viver e os que devem morrer, como se a eliminação de pessoas pudesse ser tida como butim dos vencedores de uma luta desigual. A fome e a morte que grassa em Rondônia, ameaça e fere de morte a cada um de nós.
A grande crise
A incapacidade de cultivar empatia, a negação da solidariedade, a transferência da culpa para a própria vítima da agressão, entre outros tantos sinais, denota que estamos sendo assolados por uma grande crise. Assusta-nos a crise climática; gera medo a multiplicação de conflitos armados; desconcerta-nos as crises migratórias; ainda não superamos a crise trazida pela pandemia. Todas essas crises são reais e estão imbricadas, uma alimenta e promove a outra. Contudo, há uma crise ainda maior, mais destrutiva e que nem sempre recebe nossa atenção, embora contenha o condão de interromper todas as demais crises. Pode soar clichê, pode parecer argumentação desprovida de crédito entre os analistas, feitos especialistas em tudo, que ocupam todos os espaços de debate. Contudo, a crise que dá força a todas as demais crises é a crise de humanidade, crise de empatia, de solidariedade, de fraternidade, numa palavra, crise de amor. Sem amor vamos dando corpo ao comportamento que não se importa com outro, não enxerga a dor das pessoas que sofrem; comportamento que promove o desprezo e mesmo ódio em relação aos demais.
O pedido urgente do Papa Francisco em recente entrevista quando voltava da visita à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul ressoa como alerta: “Todo o mundo está em guerra, em autodestruição, vamos parar”. O próprio Papa já havia proposto um caminho de cura para a crise da falta de amor. A encíclica Fratelli Tutti (2020) apresenta um itinerário para o surgimento de um mundo orientado não
pela competitividade excludente e egoísta, mas pela fraternidade com a marca da integração e do cuidado; um mundo aberto ao bem, à verdade e à beleza.
Falta fome
A Frente de Solidariedade para com os Empobrecidos, em assembleia celebrada recentemente, congregou irmãos dos diferentes Regionais da Província e elegeu como um dos objetivos para as Fraternidades neste triênio a seguinte proposição: “Promover ações diretas de alimentação e sensibilização contribuindo para o combate à fome”. A Frente definiu ainda algumas ações prioritárias: 1. Mapear, articular e valorizar ações realizadas pela Província; 2. Incentivar e promover ações diretas de combate à fome. 3. Produzir e difundir informações e conhecimento sobre a fome e suas causas. Tanto o objetivo como as estratégias vêm na esteira daquilo que os irmãos vivem desde o início do movimento franciscano. A partilha dos bens, a amizade e proximidade com os que sofrem são constitutivos da forma de vida dos que se deixam inspirar por São Francisco de Assis.
Todo esforço que fizermos para aplacar a fome dos mais de 33,1 milhões de brasileiros que não têm garantido o que comer (Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, 2022, Agência Senado) ainda será pouco. Mesmo assim, lembrados da lição da gota que, faltando, deixa incompleto o oceano, haja empenho de todos nesta tarefa. Além disso, estejamos atentos e evitemos a delegação da tarefa do cuidado dos pobres aos agentes de pastoral, aos componentes de movimentos eclesiais que recolhem e distribuem alimentos em nosso nome.
Adélia Prado, entre tantos nomes poetisa, nos presenteou com a seguinte inspiração “Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome”. Este pensamento encontra ressonância nas palavras do salmista “Minha alma tem sede de Deus” (Sl 41). A Quaresma e a Campanha da Fraternidade sejam vividas como oportunidades de reencantar a vida e a vocação de cada um de nós. A preparação para a Páscoa leve-nos a redescobrir a fome de nossa alma ansiosa pelo céu, não aquele já preparado pela misericórdia do Pai, mas aquele experimentado na comensalidade que une e transforma os corações, traduzido na partilha dos dons.
Nosso dom mais precioso, nosso tempo, seja empenhado na vivência dos exercícios quaresmais. Haja tempo para nosso encontro pessoal com o Senhor, através da oração; haja tempo para uma restauradora revisão de vida, através do jejum e, sobretudo, nossa disposição à esmola nos faça dedicados ao cuidado pelos que conosco convivem e conosco desejam experimentar a verdadeira fraternidade.
Frei Paulo Roberto Pereira, OFM
Janeiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 81
MINISTRO PROVINCIAL MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
ANO DA REGRA DE VIDA DOS FRADES
MENORES
RB II: “DOS QUE QUEREM ABRAÇAR ESTA VIDA E DE COMO DEVEM SER ACEITOS”
1. COMO É BOM
TER UMA REGRA
A fé cristã é um fazer memória. E não é porque vivemos “de passado”. Mas na recordação de um feito buscamos o atualizá-lo, na sede de manter vivo o sentimento daquilo que é lembrado. Por isso é um casamento daquilo que foi com o que se vive para motivar o que vem a seguir. E somos ruminadores do antigo não porque o atual é sem graça: no exercício do reencontro com o passado, o hodierno ganha ainda mais sentido. E nessa dança entre o que foi, o que é e o que será bailamos nos embalos da música do mistério que se revela, se esconde, se mostra, se retrai. É antigo e sempre novo!
Neste sentimento, a Ordem quer reviver a emoção da aprovação da Regra. Mesmo 800 anos depois, numa empreitada assaz pretensiosa, os frades querem fazer memória e sentir na pele o como é bom ter uma Regra (e vivê-la). Logo no início, a diretriz deixa claro
82 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023
Formação Permanente
2023
os passos que devem ser dados pelos corajosos que aceitam o desafio de “avançar para águas mais profundas” do seguimento de Cristo ao modo de Francisco de Assis. E é sobre este segundo capítulo da Regra que vamos aprofundar nossa reflexão, entendendo-o a partir do prisma vocacional, sendo corroborado pelo Ano Vocacional da Igreja no Brasil e da nossa Província.
2. “DOS QUE QUEREM ABRAÇAR ESTA VIDA
E DE COMO DEVEM SER ACEITOS”
Até o período Neolítico, na pré-história, o ser humano era basicamente nômade. Sua vida girava em torno de questões de subsistência: alimentação e defesa. Entretanto, percebendo que era possível desenvolver meios agrícolas, aos poucos, a humanidade se sedentarizou. Surgiram as ferramentas, as aldeias. Entretanto, algo ali chama a atenção: prorrompem os primeiros indícios de elementos que não tinham uma finalidade apenas pragmática, mas que possuíam mais cuidado na fabricação: arte. Com o tempo se desenvolve o senso de cultura, de estética, de subjetividade diante de um objeto ou situação, que passa a adquirir um sentido maior do que simplesmente uma ferramenta, e torna-se um símbolo.
Com isso, paulatinamente, a sobrevivência não se limitou apenas à caça de alimentos e proteção, mas uma “caça” de sentido de vida. Castilho assevera que
“nós humanos somos humanos porque possuímos uma capacidade simbólica e somos capazes de expressar nossas experiências simbólicas”[1].
Tais vivências crescem também com a adesão a certos costumes, tradições e modos de vida. Alguns surgem até como figuras a serem imitadas pelo exemplo. Eles suscitam nos outros o desejo de pretender viver um modo de vida específico, com suas simbologias próprias. Apresentando um itinerário, uma reflexão, aguçam o desejo humano, não só por alimento, mas por “norte”, por sentido, por objetivo.
E é aos desejosos de viver evangelicamente que Francisco escreve a Regra, asseverando que a ninguém é impreterível fazer isso: “Dos que QUEREM abraçar esta vida”. Estes almejam no fundo do seu coração, a partir de sua liberdade, ganhar o prêmio do Reino Eterno à medida que se configuram a Cristo. Isto é o seu simbólico. No entanto, primeiro experimentam um hiato entre a crise do que deverão vir a ser e, por outro lado, a certeza do que querem (discernimento).
E o elemento que faz a ligação entre essas duas realidades é o desejo. Sobre ele, o Papa Francisco afirma:
“O desejo, todavia, não é a vontade do momento. A palavra italiana vem de um termo latino de-sidus, literalmente ‘a falta da estrela’, do ponto de referência que orienta o caminho da vida; ela evoca um sofrimento, uma carência e, ao mesmo tem-
po, uma tensão para alcançar o bem que falta. Então, o desejo é a bússola para compreender onde estou e para onde vou. (...) Obstáculos e fracassos não sufocam o desejo; pelo contrário, tornam-no ainda mais vivo em nós”.[2]
Os que estão fascinados por esta vida se tencionam para poder exercê-la. Como afirmou Castilho, a partir das experiências simbólicas o ser humano as expressa: ingressar na Ordem Franciscana, por exemplo, é uma expressão deste simbólico vivido. E assim tem a continuação do título da Regra: “De como devem ser aceitos”. Os que querem abraçar esta vida, a partir do mais puro desejo, precisam de um itinerário para o ingresso. Uma passagem: entre o incerto e o certo.
3. PRIMEIROS PASSOS (HÁBITOS) DE PENITÊNCIA E OBSERVÂNCIA DA CATOLICIDADE
O vocacionado a ser frade menor, desejoso de corresponder ao convite do Senhor, expressa esse simbólico por meio de uma nova vida. Mas esse processo acontece aos poucos, de penitência em penitência. Por isso necessita ser casmurro para construir novos hábitos. Para tal finalidade o hábito lhe é oferecido no ano da provação: para ser sinal de sua nova busca, para ser símbolo do seu primeiro passo e fazer memória constante da sua vocação, que não é apenas impulso pessoal, mas resposta
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 83
Formação Permanente
Permanente
Formação
contundente ao amor de Deus. Acerca da resposta à Graça de Deus, Konings afirma: “A consciência da fé cristã não é voluntarista, ávida de auto-afirmação. É agradecida, cheia de recordação e atenção. Pensa a partir da fonte da qual brotou: o amor de Deus que se manifesta em Jesus”[3].
Nos tempos modernos, o candidato já faz uma penitência durante o acompanhamento vocacional: nesta época, onde tudo deve ser instantâneo, a gradualidade, a gradatividade é penitência. O tempo de ir provando (acompanhamento vocacional) acontece com parcimônia para que a pessoa vá assimilando o novo modo de vida desejado, evitando assim que “engula quente” a experiência, não se saciando e degustando o momento verdadeiramente.
A penitência, aos poucos assumida para sempre, se torna via para abrir mão de qualquer coisa que possa desvirtuar o caminho, a fim de abraçar o que realmente conduz à plenitude da vocação franciscana. A pessoa despreza o pensar apenas em si mesmo (negação da autorreferencialidade) e assimila que a sua felicidade é fazer os outros felizes através da minoridade, da pobreza, da fraternidade e do serviço. Este é o seu novo hábito, que ora é mais fácil de vestir, ora mais exigente, mas nunca desprezível para quem quer se fazer frade menor. “A renegação jamais é um fim ou um ideal em si mesma. A coisa mais importante não é a apódose: ‘negue-se a si mesmo’, mas a prótase: ‘Se alguém quer vir após mim’.
Dizer não a si mesmo é o meio, dizer sim a Cristo é o fim”[4].
Observar a catolicidade do candidato, como manda São Francisco, pode ser a busca por perceber se aquele chamado do irmão é uma resposta ao amor de Deus ou qualquer outra coisa que depois não sustenta sua vocação. É tomar o desejo da pessoa nas mãos e tentar com ela identificar se o mesmo é factível a partir daquilo que se torna evidente: se nasce de um Encontro com Jesus. Se a pessoa tem primeira eucaristia ou crisma passa a ser algo óbvio, pois seu desejo de ingressar é fruto da experiência eclesial que realiza. E se esperou demais ou assumiu outro compromisso na vida ou possua algo que a impede de ser religioso também é notório que ser frade não é o caminho: para cada realidade há a sua medida. Não é o provincial nem o animador vocacional que diz sim ou não. É a própria pessoa que apresenta a sua idoneidade e responde a si mesma. Cabe às instâncias clarear isso.
4. É TEMPO DE FAZER MEMÓRIA!
A profissão que realizamos é o assentimento ao simbólico que nos motiva. Fazer memória da Regra é ter a certeza de que assumimos um caminho porque queremos estar nele! Neste Ano Vocacional da Igreja do Brasil e de nossa Província, queremos restaurar as nossas motivações para aquilo que professamos. Queremos sentir na pele de novo, viver a memória da escrita
e aprovação da Regra. E sonhamos espalhar este sentimento a mais corações desejosos por responderem ao chamado do Senhor e desejam fazer isso de modo franciscano.
Nós, confrades do Serviço de Animação Vocacional, por vezes ouvimos que somos os responsáveis por suscitar vocações. Pode ser que utilizemos de diferentes ferramentas (e devemos aprimorar muito isso) para estar no mundo dos jovens, apresentar o nosso carisma e provocá-los. Além disso, podemos nos qualificar para acompanhar estes casos. Mas cada irmão pode sempre incitar o convite, por palavras e atos, mostrando a vivacidade daquilo que professamos. O nosso fazer memória da Regra é uma sempre viva Tradição que nos impulsiona ao que vem à frente, uma vez que aderimos com o mais profundo desejo de corresponder ao chamado do Senhor a esta vida de penitência.
[1] CASTILHO, José M. A humanidade de Jesus. Petrópolis: Vozes, 2017, p. 21.
[2] https://www.vaticannews.va/pt/papa/ news/2022-10/papa-francisco-audiencia-geral-discernimento-desejo.html
[3] KONINGS, Johan. Ser cristão: fé e prática. 4ª edição. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 98.
[4] CANTALAMESSA, Raniero. Pastores e pecadores: retiro espiritual para bispos, sacerdotes e leigos engajados São Paulo: Ave-Maria, 2021, p. 33-34.
84 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023
Frei Jeâ Paulo Andrade SERVIÇO DE ANIMAÇÃO PROVINCIAL.
Frei Gabriel Dellandrea
Artigo
JESUS E A FOME
Nos 59 anos da Campanha da Fraternidade, a CNBB, pela terceira vez, aborda a questão da fome (1975, 1985 e 2023).
O trabalho dignifica o ser humano, sendo, também, o primeiro e fundamental meio de autossustento. É uma máxima do Criador: “Com o suor do teu rosto, ganharás o pão de cada dia” (Gn 3,19).
Catástrofes naturais, ou aquelas que são provocadas pela ação humana, podem levar a uma fome generalizada.
A História da Humanidade registra várias delas e são narradas na Bíblia, como o Dilúvio (Gênesis caps. 6 a 9) e as conhecidas “sete vacas gordas e sete vacas magras” da cultura egípcia. O Egito preparou-se para a carestia, estocando alimentos.
Os outros povos, inclusive Israel, “para não morrerem de fome” (Gênesis, caps. 42 a 46) migram para lá. Quando se esgotaram os recursos, submetem-se à escravidão.
Israel, após “430 anos” (Ex 12,40), regressa ao seu país, passando um longo período no deserto. Ali murmuram contra Javé, pois não tinham nem pão, nem água (caps. 16 e 17).
Estas duas experiências pelas quais passaram, fez com que a Torah inserisse leis sociais que garantissem vida digna aos “órfãos, viúvas e estrangeiros” (Dt 24, 17-18). O objetivo é de que “entre vós, não haja pobres” (15,4-11).
Uma vez estabelecidas no país (Palestina), as assíduas vozes proféticas ecoavam no meio do povo e dos governantes, lembrando-os desse compromisso. Mesmo assim, a fome persistia.
O profeta Elias, por causa da longa estiagem, constata que a “fome era extrema em Samaria” (1Rs 18,2) e que Javé o mandou mendigar um pão a uma viúva de Sarepta (cf. 1Rs 17,8-16).
“A fome dominava a cidade e não havia comida para o cidadão comum”, diz
Jeremias (52,6). Outros profetas constatavam a mesma situação. Mesmo tendo conhecimento desta delicada situação, Amós abre outra perspectiva ao afirmar que “Javé mandará fome sobre a terra – não a de pão, nem de água –mas de ouvir a Palavra de Deus” (Am 8,11).
Os Evangelhos narram que Jesus, por duas vezes, tem "compaixão do povo".
A primeira foi quando viu uma multidão, abatida e desorientada, como “ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). Sua ação imediata é o ensino. Na segunda vez, ficou comovido porque o povo “não tinha o que comer” (Mt 15,32). Sua ação imediata foi providenciar comida.
Os apóstolos sugerem que despeça a multidão “para que fossem ao povoado onde poderiam comprar pão”. Jesus, porém, os compromete, dizendo: “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 14,16).
O eixo que move Jesus é a "compaixão". Ver o povo desorientado como ovelhas sem pastor e vê-lo faminto – isto mexe com suas entranhas (= etimologia da palavra compaixão). É como se fosse uma foto impressa em seu coração, do qual nunca sairá. Vira-e-mexe, ela palpita dentro dele numa mútua solidariedade e empatia.
A compaixão ultrapassa, em muito, a um sentimentalismo passageiro. Ela é um “comover-se no mais profundo do ser – as vísceras ou entranhas – que leva Jesus a uma ação concreta de libertação” (CF/2023, Texto Base nº 20).
Para o judeu, 5 pães e 2 peixes, é a quantia de alimento para uma família passar o dia. Por isso, quem apresenta a solução é um menino e não um assalariado adulto que o apóstolo Felipe sugere: 200 denários para que cada
um possa receber um bocado. Denário é a diária que um trabalhador recebe por um (01) dia de serviço. As ações que movem a compaixão não são números matemáticos.
Deus realiza milagres no nosso dia a dia. Para tanto, faz-se necessário a partilha dos 5 pães e 2 peixes, e a bênção; ela é o “erguer os olhos” para agradecer o fruto do “suor do rosto”.
O milagre inclui, também, a descentralização do poder: os apóstolos organizam o povo em grupos, distribuem o pão e recolhem as sobras.
“Para combater a falta de alimento é necessário agir sobre as causas que a promovem. Na raiz deste drama estão, sobretudo, a falta de compaixão e uma escassa vontade política e social” (CF/2023, Texto Base nº 09).
Combater a fome não se faz somente com a política social (ver a realidade). Ela tem, também, uma raiz bíblica, a compaixão.
São duas mãos que se entrelaçam em mútua entreajuda. Continuaremos a refletir no próximo mês!
Frei Luiz Iakovacz
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 85
e Estudos
A PRIMEIRA PROFISSÃO NA ABERTURA DOS
JUBILEUS DA ORDEM FRANCISCANA
Apequena e bela cidade de Rodeio (SC), no Vale do Itajaí, foi testemunha pela 122ª vez de um dos momentos mais aguardados pelos noviços e pela Fraternidade Provincial: a Primeira Profissão Religiosa na Ordem Franciscana de seis jovens que concluíram a etapa do noviciado, marcando também o encerramento da primeira experiência de Noviciado Interprovincial. Ou seja, três entidades franciscanas estiveram reunidas neste ano: a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, com quatro noviços; a Província São Francisco de Assis (RS), com um noviço; e a Província São Francisco Solano (Argentina), com um noviço.
Esse momento importante para a Vida Religiosa Franciscana, também chamado de “Ano da Graça”, foi realizado durante
a Celebração Eucarística no dia 10/01, às 19 horas, na Igreja Matriz São Francisco de Assis, anexa ao Noviciado São José.
O presidente da Celebração, Frei Paulo Roberto Pereira, teve como concelebrantes o Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis, Frei Marino Pedro Rhoden; e o Vigário Provincial da Província São Francisco Solano, Frei Claudio Darío Equiza. Frades das três Entidades franciscanas, entre eles os Definidores Provinciais, Frei Robson Luiz Scudela, Frei Marcos Antonio de Andrade e Frei Alex Ciarnoscki, familiares e a comunidade de Rodeio vivenciaram este momento histórico na vida dos seis jovens noviços: Frei Felipe Zaros Granusso, Frei Filipo Carpi Girão, Frei Francisco Barbosa Mouzinho Junior, Frei Samuel Cavalcanti do Amaral, Frei
Evandro Siqueira (do Rio Grande do Sul) e Frei Mateo Esteban Martinez Mikulic (da Argentina). O guardião Frei Josemberg Cardozo Aranha apresentou os frades que vieram para esta Celebração.
Depois da Liturgia da Palavra, cada noviço foi chamado pelo Mestre, Frei Samuel Ferreira de Lima, para se apresentar ao respectivo Ministro Provincial e fazer o pedido de profissão. Os Ministro Provinciais acolheram as solicitações e toda a comunidade louvou a Deus por esta decisão, cantando: “Dou graças, Senhor, por teu grande amor”.
Em seguida, Frei Paulo fez a sua reflexão, saudando os Ministros Provinciais, os frades e os formadores, os familiares e o povo de Deus. “Nós temos uma ousadia que é espalhar a paz e o bem. Cobrem de nós isso. Que
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Formação
nós sejamos instrumentos de acolhimento, que nós sejamos instrumentos de reconciliação, que nós sejamos, de fato, semeadores da paz e do bem”, pediu ao povo.
Depois, dirigindo-se aos professos, falou de sua gratidão: “Muito obrigado pela decisão de vocês”. O Ministro Provincial lembrou que eles foram os aspirantes, os postulantes da pandemia. “Mas essa marca negativa pode ser revista. E mais: Vocês são os noviços de um tempo novo. São os primeiros noviços que professarão no tempo jubilar da Ordem Franciscana. São os primeiros professos do tempo jubiloso da Família Franciscana”, avaliou.
Segundo Frei Paulo, os franciscanos estão vivendo a partir deste ano, até 2026, os jubileus da Ordem Franciscana. “Jubileus que marcam momentos significativos da caminhada de São Francisco e dos seus primeiros frades. E vocês têm a graça de professarem no ano em que se inaugura esses jubileus, com dois grandes eventos: em
1223, com o número de frades aumentando, São Francisco precisou sistematizar um programa de vida e, para ser fiel e não correr riscos, ele foi levar esse projeto de vida ao Papa e recebeu a aprovação. Isso foi há 800 anos, e nós queremos viver o jubileu da Regra Franciscana. Ao retornar de Roma, ele para em Greccio, uma pequena cidade que ele gostava muito. Como estava próximo do Natal, ele quis ver com os próprios olhos, quis sentir com toda intensidade o nascimento de Nosso Senhor. Ele quis ver com os próprios olhos as agruras, as dificuldades que atormentaram certamente Nossa Senhora, São José e seu filho Jesus”, disse, ao explicar o nascimento do presépio.
Nesses dois episódios, segundo Frei Paulo, recorda-se o primeiro ano dos Jubileus. “Mas o que tem a ver a Regra de São Francisco com o presépio? O presépio é a renovação da aliança que o céu faz com a terra. Presépio é sinal vivo de Jesus Cristo, manifestação evidente do amor de Deus. Presépio é encarnação,
possibilidade do humano sonhar com o céu. É isso, na verdade, que pretendemos com nossa Regra, fundada no Evangelho. É o puro sinal da possibilidade do humano. Pretendemos viver a nossa fragilidade humana, sonhando com a plenitude da eternidade do céu. E essa possibilidade Deus sempre renova com a humanidade, ainda que a humanidade, muitas vezes, se esqueça disso”, lamentou o Ministro Provincial.
“Regra, Evangelho, Natal, Jubileus. Vocês são os primeiros professos dessas nossas festividades. Certamente, isso vai nos alegrar e vai ser a marca da vivência franciscana de vocês. Jesus Cristo, nascido no Presépio, encarnado na nossa história, pobre, obediente e casto, sinal evidente da vida que professamos. Quem quer ser fiel à profissão religiosa deve ser admirador do presépio, como São Francisco foi”, ensinou Frei Paulo.
Falando da Regra de São Francisco, lembrou que o Seráfico Pai escreveu um capítulo de como os frades deveriam ser acolhidos e destacou uma palavra
OS NOVOS PROFESSOS TEMPORÁRIOS
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Frei Francisco
Frei Filipo
Frei Felipe
Frei Evandro
Frei Mateo
Frei Samuel
que marca a celebração de hoje e marcou, certamente, a vida de todos os que fizeram a profissão. “Ele explica como os irmãos devem ser acolhidos, inclusive fala da nossa forma de vestir, por isso vocês receberam o hábito ontem. A simplicidade, a pobreza, externada na forma da radicalidade da pobreza, um despojamento radical. E assim deverá ser nosso compromisso com a radicalidade da pobreza. Mas ele diz também: nunca julguem aqueles que ainda não descobriram a importância da pobreza. A sensibilidade de São Francisco, que respeita o ser humano e que não distingue os salvados e os que estão no caminho da salvação, é certamente, a
grande contribuição dos franciscanos para evangelização neste mundo. O respeito por cada irmão e seguir testemunhando a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo”, enfatizou.
Segundo Frei Paulo, a Regra é o novo Testamento, a Regra é a nova Aliança. “Deus se relaciona conosco pelo amor, no amor, amando-nos como nós devemos ser amados. Quando Jesus diz eu sou a videira e vocês são os ramos, participamos da mesma seiva. Vivemos a partir da mesma seiva. Vivemos com ele. Nossa vida começa sempre em nome do Senhor”, completou.
Depois da homilia, os professandos se aproximaram dos
respectivos Ministros Provinciais e foram interrogados se estavam preparados para se consagrarem a Deus e buscarem a perfeição da caridade segundo a Regra e as Constituições da Ordem Seráfica. Depois se ajoelharam e recitaram a fórmula da profissão, onde prometeram, através dos votos de castidade, obediência e sem nada de próprio, seguir a Vida Religiosa Consagrada, na Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, na Província São Francisco de Assis e na Província São Francisco Solano, assumindo estas Fraternidades “de todo coração”. Frei Paulo chamou Frei Alex Ciarnoscki para também renovar a profissão, já que neste ano está fazendo 25 anos de vida religiosa. Em seguida, os professandos receberam a Regra da Ordem dos Frades Menores, reafirmando a família religiosa que agora professaram, prometendo obediência aos seus Estatutos e ao carisma desta Instituição. Finalizando o rito da profissão, os frades presentes acolheram os neoprofessos, agora professos temporários na Ordem, com um abraço.
AGRADECIMENTOS
Frei Frei Samuel Cavalcanti do Amaral falou em nome dos noviços e recordou que
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mais do que noviços no tempo da pandemia, são noviços da esperança na Ordem de São Francisco de Assis, que continua encantando e atraindo muitos jovens a um carisma que é sempre atual. “Esperança de um novo vigor na vida fraterna franciscana de nossas entidades, com coragem de ir ao encontro dos que mais necessitam, pois eles, os mais necessitados, são os maiores responsáveis pela experiência do Cristo pobre e crucificado que tantos buscamos e desejamos”, enfatizou.
Ele agradeceu a Deus, que “é o doador e fonte da bênção e da vocação”, à Fraternidade local, especialmente o Mestre que “apontou os caminhos para que pudéssemos viver com gana e vigor esta etapa”, à comunidade paroquial e aos familiares. “A todos, nossa gratidão e que sejamos sempre unidos em Cristo, permanecendo em seu amor e na caridade”, pediu.
O Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis, Frei Marino Pedro Rhoden, saudou a todos e fez os seus agradecimentos à Província da Imaculada em nome de Frei Paulo Pereira. Aos professos pediu: “Deixem sempre a graça de Deus agir”. O Vigário Provincial da Província São
Francisco Solano, Frei Claudio Darío Equiza, agradeceu a Frei Paulo, a Província da Imaculada e à Fraternidade do Noviciado por este “momento histórico”. Ele leu uma carta do Ministro Provincial, Frei Daniel Alejandro Fleitas Zeni, a Frei Mateo: “Com muita alegria recebemos a sua entrega que se fez com os irmãos do Noviciado, exatamente durante os 800 anos de aprovação da Regra Franciscana e da Celebração de Greccio. O processo de formação continuará durante toda a sua vida, respondendo à provocação de Deus ao seu povo. Obrigado pela sua entrega. Que São Francisco de As-
sis encante cada dia sua entrega”. Os frades brasileiros seguiram em férias e voltaram a se encontrar neste mês para continuar sua formação e iniciar o Curso de Filosofia em Curitiba (PR), mas residindo na Fraternidade São Boaventura, em Campo Largo (PR). Frei Mateo Esteban Martinez Mikulic retorna à Província argentina São Francisco Solano e vai cursar Filosofia em Buenos Aires. Já Frei Evandro Siqueira, da Província São Francisco de Assis (RS), vai residir em Porto Alegre, onde vai cursar Filosofia na PUC.
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Moacir Beggo
PRIMEIRA PROFISSÃO EM ANGOLA E 25 ANOS DE VIDA RELIGIOSA DE FREI IVAIR
Após um belo ano da graça, acompanhado com muita dedicação e empenho, como afirmou Frei Evaristo Seque Joaquim no comentário inicial, chegamos ao ponto culminante desta belíssima etapa do Noviciado). Na manhã do dia 7 de janeiro, às 10h, na Igreja Santo Antônio, Noviciado São José, em Quibala (KS), sete jovens, após um ano de provação e penitência, deram o seu primeiro "sim" ao chamado do Senhor. São eles: Frei Daniel Bungwe Soma, Frei Dionísio Katengue Tchingui, Frei Eduardo César Himi, Frei Francisco Pedro Kapapelo Tchitacumula, Frei Luís Manuel Mugiba, Frei Manuel Franco Mununga e Frei Pedro Caiombe Samuco. E, de maneira especial, celebramos também os 25 anos de vida religiosa de Frei Ivair Bueno de Carvalho, delegado do Ministro Provincial para esta celebração.
O Guardião desta Fraternidade, Frei Mário Sampaio Pelu, presidiu a celebração, tendo como concelebrantes: Frei Marco Antonio dos Santos (Mestre dos noviços), Frei Afonso Katchekele Quissongo, Frei Ermelindo Francisco Bambi, Frei João Alberto Bunga, Frei José Morais Cambolo, Frei Santana Sebastião Cafunda, Padre Francisco Reis (Superior da Missão Nossa Senhora das Dores - Quibala), Padre Matias (Superior da Missão São Pio X-Ebo), Padre Lucas, Padre Pedro e Padre Miranda. Estiveram presentes também um número considerável de frades de profissão temporária, seminaristas e postulantes da nossa
Fundação, os frades solenes (estudantes de Teologia) em tempo de férias, as Irmãs Franciscanas da Visitação, as Irmãs de São Vicente de Paulo, as Irmãs Hospitaleiras, Dominicanas do Rosário, Franciscanas Missionárias de Maria, a Jufra e a presença calorosa dos familiares dos nossos professandos.
Frei Ivair começou a sua exortação recordando o refrão do “salmos” deste dia: “Esta é a geração dos que procuram o Senhor”! E afirmou que estamos diante de uma nova geração que procura o Senhor. Relatou ainda que nossa profissão religiosa é uma consagração das nossas vidas para o louvor e glória da Santíssima Trindade. “A vida do consagrado, de agora em diante, não pertence mais a si, mas ao próprio Deus que o quis e o consagrou. Nada nos pertence, porque tudo nos é dado. Mas tudo que nos é dado é para partilhar. É como a nascente de
um rio que não existe para si, mas ela nasce para distribuir água ao redor do seu leito para depois desembocar no mar. A nossa vocação também é assim: quanto mais nos dermos, mais fortes e mais abundantes seremos. Precisamos ter Jesus no coração e na vida. É preciso testemunhar Jesus na vida”.
O delegado aproveitou o momento para agradecer pelos 25 anos de Vida Religiosa, recordando que a graça da vocação é abundante tanto no início, quanto no meio ou no fim. “É plena em todos os momentos da nossa vida; por isso, agradecer a Deus por este momento significa dizer que: ‘Irmãos comecemos, porque ainda nada ou pouco fizemos’. Pela carta ‘África nos chama’, descobri o meu desejo de ser missionário”, disse, recordando ainda os 18 anos doados em Angola.
Dirigiu as últimas palavras às famílias dos neoprofessos dizendo
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e Estudos
Formação
que, os filhos, netos, “que vós ofertais já não terão de volta, porque quando oferecemos algo ao Senhor não temos como receber de volta. Estes são oblações vivas do Senhor. Ao sermos oferecidos ao Senhor, nós aceitamos de livre e espontânea vontade. Portanto, que o Deus da graça, do amor desta nova geração, dê força e coragem aos nossos irmãos que estão se consagrando e também aos seus familiares”, concluiu, lembrando o apreço dos frades, na pessoa do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, que, mesmo distante, estão unidos com suas orações.
Então, cada professando aproximou-se do Delegado do Ministro Provincial e foi interrogado se estava preparado para se consagrar a Deus e buscar a perfeição
da caridade segundo a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores.
Depois, puseram-se de joelhos, com as mãos juntas, entre as mãos de Frei Ivair fizeram a sua primeira Profissão Religiosa. Em seguida, cada neoprofesso recebeu do Delegado Provincial a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores. O presente rito teve a sua conclusão com o abraço da paz, onde Frei Ivair convidou os demais confrades professos para saudações de acolhimento aos neoprofessos, em comunhão com a Fraternidade Provincial.
Depois deste belo momento de Profissão Religiosa dos nossos irmãos, Frei Ivair, diante do Guardião da Fraternidade, Frei Mário Sampaio Pelu, renovou seus votos, pelos
25 anos de Vida Religiosa, prometendo obediência, a viver sem nada próprio e em castidade. E o pedido da graça de perseverar até ao fim. No final da celebração, de maneira emocionante, as crianças, bem ensaiadas, dançaram e cantaram louvor de ação de Graças ao Senhor. E Frei Pedro Vitangui leu a mensagem do Ministro Provincial dirigida aos neoprofessos, e Frei Pedro Caiombe, em nome da turma, leu a nota de agradecimento, começando pela Santíssima Trindade autora de toda vocação, a Ordem, Província e Fundação, aos formadores e familiares, que tanto fizeram para chegar a este momento.
Frei Pedro Isaías Luísa Vitangui
CHEGA AO 11º VOLUME
As Notas autobiográficas de Frei Clarêncio Neotti, reunidas em volumes, com o título “Ribeirão Grande - Vi, Vivi, Vivenciei”, chegou ao 11º volume com 465 páginas. Segundo o frade, com este volume encerra mais uma etapa de sua vida de padre e frade. “Talvez tenha só mais uma etapa pela frente”, anunciou.
“Não foi fácil esta etapa”, confessou. “Ao afirmar isto, não quero dizer que ela não foi feliz. Porque a felicidade, como eu a entendo e a procuro, não se liga a êxitos ou fracassos, a pedras no caminho ou a perplexidades. Minha felicidade consiste na harmonia de minha consciência, do meu eu íntimo com meu eu externo. Mesmo que nem sempre eu me entenda. Escrevia Clarisse Lispector: ‘Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento’. Ela tem razão. Não posso ficar preso ao que não entendo. Seria eterno prisioneiro e como prisioneiro viveria à custa ou à mercê de outros. Deus me
deu este privilégio: sou feliz”, explicou.
Segundo o frade, nos volumes anteriores contou que foi transferido de Roma para o Convento de Santo Antônio do Largo da Carioca em setembro de 2003, com um trabalho específico: preparar as celebrações dos 400 anos do Convento, o maior monumento histórico do Brasil, tombado em novembro de 1937 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN - criado pelo Governo Federal no dia 13 de janeiro de 1937.
“O fato de ser tombado não significou proteção para o Convento. Neste caso específico, significou entrave. Não escondo isto em minha narrativa. Vivi o fato. O IPHAN-Rio nunca levou em consideração que o Convento é mais que um edifício sobrevivido no tempo: é uma residência, inclusive de pessoas idosas e doentes. O IPHAN impediu o acesso de carros. Impediu a chegada dos elevadores até o patamar de entrada do convento e da igreja e com isso impediu não só o ir e vir dos frades, mas também o acesso ao monumen-
to dos idosos e cadeirantes, contrariando leis federais”, recorda o frade.
“Neste volume conto a caminhada da Comissão do restauro. Uma história nem sempre primaveril. Com fases hibernais e outonais. Não vivi a agônica. Minha narrativa termina no Natal de 2009, quando fui transferido para a Paróquia do Rosário, em Vila Velha (ES)”, explicou Frei Clarêncio, autor até agora de 43 livros.
“RIBEIRÃO GRANDE”
Formação e Estudos
PRIMEIRA EXPERIÊNCIA INTERPROVINCIAL DO POSTULANTADO
Teve como animador vocacional Frei Jhones Martins.
4. Daniel Santos do Nascimento, 23 anos, de Itajaí (SC). Teve como animador vocacional Frei Daniel Dellandrea.
5. Fábio Charleaux Luzia dos Santos, 25 anos, de Taubaté (SP). Teve como animador vocacional Frei Jeâ Paulo Andrade. O Fábio está retornando à formação na Província.
6. Fabrício Andreosa Martins, 38 anos, de Magé (RJ). Teve como animador vocacional Frei Gabriel Dellandrea.
Na manhã do dia 25 de janeiro, festa da conversão do Apóstolo Paulo, 17 aspirantes foram admitidos ao Postulantado da Província da Imaculada Conceição do Brasil, durante as Laudes solenes, às 7h30, na capela da Fraternidade São José/Postulantado Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP).
Frei Paulo Roberto Pereira, Ministro Provincial, Frei Marcos Antonio Andrade, secretário para a Formação e Estudos, Frei Pedro Bruxel, secretário para a Formação e os Estudos e delegado de Frei Marino Pedro Rhoden, Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis do Rio Grande do Sul, fizeram-se presentes para a recepção dos postulantes. Também os confrades da Fraternidade do Santuário Frei Galvão deram a alegria de sua participação. Presente ainda Frei Róger Brunorio, que passa uma temporada na Fraternidade para reconfigurar a Exposição Permanente de Presépios neste ano jubilar com o tema
de “Francisco e Greccio”.
Os candidatos chegaram a Guaratinguetá no dia 20, e desde então cumpriam um programa de preparação para o início do Postulantado: orientações gerais, conhecimento da casa e dos colaboradores, convívio com os frades, participando da tarde de retiro, divisão dos trabalhos e serviços fraternos, ensaios de canto e do rito de admissão, conversa com o Frei Paulo Pereira e Frei Pedro.
A presença dos postulantes gaúchos
Ingressaram como postulantes da Província da Imaculada Conceição do Brasil:
1. Antônio José da Silva Dias, 20 anos, de Itapevi (SP). Teve como animador vocacional Frei Jhones Lucas Martins.
2. Arivonil José Pedroso, 44 anos, de Guarapuava (PR). Teve como animador vocacional Frei Junior Mendes.
3. Christian Cavalcante Rodrigues, 26 anos, de Caieiras (SP).
7. Gustavo Henrique da Silva Toratti, 28 anos, de Guapiaçu (SP). Teve como animador vocacional os frei Jêa Paulo Andrade e Frei Gabriel Dellandrea. O Gustavo está retornando à formação na Província.
8. Jean Carlos da Rosa dos Santos, 22 anos, de Foz do Jordão (PR). Teve como animador vocacional Frei Junior Mendes.
9. Leonardo Haag, 17 anos, de Frei Rogério (SC). Teve como animador vocacional Frei Marcelo Romani.
10. Lucas Rinaldi, 19 anos, de Frei Rogério (SC). Teve como animador vocacional Frei Marcelo Paulo Romani.
11. Patryck Ribeiro da Silva, 21 anos, do Rio de Janeiro (RJ). Teve como animador vocacional Frei Róger Brunorio.
12. Paulo de Lima, 39 anos, de Curitiba (PR). Teve como animador vocacional Frei Samuel Ferreira de Lima.
13. Rian Barros dos Santos, 20 anos, de Itajaí (SC). Teve como animador vocacional Frei Gabriel e Frei Daniel
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Dellandrea.
14. Rodrigo Santos de Souza, 21 anos, de Belfor Roxo (RJ). Teve como animador vocacional Frei Carlos Alberto Guimarães.
15. Victor Flemeng do Vale Almeida, 22 anos, de Niterói (RJ). Teve como animador vocacional Frei Sérgio Sebastião Pagan.
No processo de maior integração e interajuda entre as Entidades franciscanas do Cone Sul, esta é a primeira experiência Interprovincial do Postulantado de Guaratinguetá ao acolher dois jovens da Província São Francisco de Assis, com sede em Porto Alegre, RS:
1. Liandro Carlotto Schultz, 18 anos, de Agudo (RS). Teve como animador vocacional Frei Blásio Kummer e Frei Franklin Freitas.
2. Matheus Battisti, 30 anos, de Canoas (RS). Teve como animador vocacional Frei Pedro Bruxel.
Destaques do rito e homilia de Frei Paulo
Roberto
Particularmente forte foi o momento em que os postulantes cantaram a Oração de São Francisco diante do Crucifixo, ao som de harmônio e flauta, e também quando receberam das mãos de Frei Paulo e Frei Pedro o Tau fran-
ciscano. Depois, a alegria se fez perceber no canto final, animado pelos confrades angolanos Frei Paulo Camuanguina Alexandre e Frei Gualter Filipe João Pascoal, na hora das fotos em frente ao Seminário e no delicioso café da manhã, preparado com cuidado pelo guardião Frei João Francisco.
Na sua homilia, Frei Paulo lembrou que o Postulantado é mais uma etapa da Formação, embora todo o frade seja, durante toda a vida, um permanente vocacionado, um permanente aspirante das coisas de Deus e um permanente postulante da graça de viver o caminho franciscano.
Alguns trechos:
“E naqueles presentes que Deus nos dá, esta celebração é feita no dia de São Paulo, da conversão de São Paulo. A conversão de São Paulo, como experiência de adesão livre ao Senhor, de uma adesão precedida de um processo doloroso da parte do próprio Apóstolo. O encontro pessoal com o Senhor é decisivo. E o encontro pessoal com o Senhor é decisivo para a nossa conversão. Então, o Postulantado seja o espaço privilegiado para isso. Um encontro pessoal transformador. Os espaços de oração, de convivência, o espaço do estudo, também ali há que se fazer o encontro com o Senhor”.
“No dia de São Paulo, vocês entrando no Postulantado, há o desejo de ir ao encontro das pessoas, de ir ao encontro das pessoas que as cidades eliminam, rejeitam, entregam à própria sorte”.
Frei Paulo também fez alusão à memória celebrada no dia anterior, de São Francisco de Sales: “Estamos vivendo os Jubileus Franciscanos. Também São Francisco de Sales, olhando para o presépio, tem uma lição bonita: ‘Nós não devemos recusar nada. Tudo é graça, até os momentos mais agudos, mais difíceis, mais inquietantes de nossa vida. Não devemos recusar nada e também não devemos desejar nada. Como o menino do presépio, desprovido de tudo, e confiantemente vivendo em tudo pela graça’”.
Agradecimentos e pedido
Expressamos nossa gratidão à Fraternidade do Seminário de Ituporanga e às Fraternidades de Acolhimento Vocacional que, em 2022, acompanharam os jovens que hoje são postulantes. E os recomendamos às orações dos confrades da Província para que perseverem, sejam generosos e felizes no caminho empreendido.
Frei Walter de Carvalho Júnior
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AProvíncia Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e a Província São Francisco Solano da Argentina acolheram no dia 15/01, às 6h30, sete noviços para iniciarem o Ano da Graça em 2023 no Noviciado São José, em Rodeio (SC). Esse momento aconteceu durante Celebração no refeitório do Convento, com um rito simples e próprio para a iniciação à Vida Religiosa. Este foi também o segundo ano que o Noviciado recebeu noviço da Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul.
“Nesta manhã, alegramo-nos com mais um grupo de jovens que quer fazer a experiência no seguimento de São Francisco de Assis neste Noviciado”, saudou o Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima, explicando que o rito, “muito simples, singelo, mas marcante”, significa o início da passagem da vida laica para a vida religiosa.
Os postulantes da Província da Imaculada Conceição - Cristian dos Santos Lopes; Felipe Fernando Noronha; Gabriel Sperança Goschel; Gilson Ramos de Oliveira; Matheus Querino; e Victor Gomes Franz - foram acolhidos pelo Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e o postulante Rodrigo Mina foi acolhido pelo Vigário Provincial, Frei Claudio Darío Equizada, da Província da Argentina São Francisco Solano. Presente na celebração o Mestre do Postulantado, Frei Walter de Carvalho Júnior, que acompanhou esta turma durante o ano de 2022, em Guaratinguetá (SP), e apresentou-a ao Ministro Provincial e à Fraternidade. Como Mestre do postulante argentino veio a Rodeio Frei Fernando Ferrario. Esta celebração não foi aberta ao público e entre os frades presentes estava o Definidor Provincial Frei Robson Luiz Scudela.
Logo no início do rito, os pos-
tulantes fizeram o pedido ao Ministro Provincial para participar da vida da família franciscana da Ordem dos Frades Menores, e foram aceitos: “Nós vos recebemos em nossa Fraternidade para que possais experimentar a vida dos Frades Menores”, disse Frei Paulo.
O Ministro Provincial abriu sua reflexão recordando um chiste que é muito conhecido no ambiente religioso, que diz que o beneditino, quando recebe alguém no mosteiro, leva-o para a capela, porque a oração é a medula da vida monástica; já o jesuíta, quando recebe alguém, leva à biblioteca, destacando que o saber, a inteligência e a busca da razão são essenciais para sua vida e identificação. E dizem que os franciscanos levam, primeiro, o visitante para o refeitório. “E, então, nos sobra a glutonaria, que é um pecado”, brincou o Ministro Provincial.
Mas hoje nós mostramos que esse chiste é até engraçadinho,
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Estudos
Formação e
“APROVEITEM ESSE TEMPO”, DIZ FREI PAULO AOS NOVIÇOS 2023
mas não reflete a essência de nossa vida quando nos associa ao prazer da mesa simplesmente. E hoje nós estamos aqui no refeitório - e o refeitório é para nós, franciscanos, o lugar central - nem pelo que se come, mas pelo que se experimenta. Nós estamos aqui e queremos experimentar cada vez mais aquilo que o próprio Senhor nos ensinou: a qualidade de vida das nossas Fraternidade pode ser medida pela qualidade da convivência à mesa. Em visita às nossas Fraternidades, podemos perceber que se a refeição é rápida e sem integração, a vida daquela Fraternidade e a sua missão, certamente, estão deficitárias, estão precisando de um vigor renovado. A comensalidade já foi tida como uma virtude capaz de transformar o mundo”, observou, recordando o livro que Leonardo Boff escreveu sobre a comensalidade.
Segundo Frei Paulo, os inimigos não se reúnem em torno de uma refeição, mas peleiam no campo da guerra: “Mas junto à mesa se encontram aqueles que buscam o mesmo ideal e nós, franciscanos que queremos ser, desejamos estar em torno à mesa em busca do mesmo ideal”.
Para o Ministro Provincial, tristemente o ritualismo e até o devocionismo, na forma como se vive o grande dom da Igreja, fez esquecer que a própria Eucaristia é uma refeição. “Nossa forma de
viver a fé como dom, o grande dom da Eucaristia, é uma refeição”, enfatizou, lembrando que Jesus reuniu os seus discípulos no momento marcante, crucial da sua vida, em torno da mesa para anunciar as últimas palavras do seu Testamento. “Eucaristia é refeição, refeição que nos faz pessoas, refeição que nos faz servidores, aqueles que lavam os pés uns dos outros. Por isso é bastante significativo e importante que nós, no início da caminhada do Noviciado de vocês, nos reunamos aqui no refeitório”, explicou.
Frei Paulo pediu aos noviços para revelarem “pela nossa vida, não pela nossa roupa, que a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo é caminho de salvação, é caminho de santidade. E ainda, na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a cor do pobre”, ensinou.
Outro elemento que constitui esta celebração, segundo o texto que foi lido do Testamento, São
Francisco é muito grato a Deus, “que revela a ele a forma de viver, que revela a ele o que fazer e até o que escrever e dizer. Mas ele diz que o próprio Senhor, que havia revelado a ele todas essas coisas, também a ele concede irmãos”, observou Frei Paulo. “A Fraternidade, e aqui eu quero insistir, não se restringe apenas àqueles irmãos que conosco convivem. Para ser franciscana de fato, a Fraternidade tem que supor a fraternidade entre todos, sobretudo entre os mais pobres. A fraternidade e a cruz são o caminho que vai conduzi-los àquilo que vocês querem fazer”, exortou. Frei Paulo lembrou que o sino da Igreja Matriz de Rodeio marca um tempo diferente nesta etapa de formação. “O tempo do Noviciado tem uma outra medida. Aproveitem esse tempo, vivam com intensidade esse tempo de estar consigo mesmo, de cultivar a fraternidade e, sobretudo, de
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estar na presença do Senhor. E vocês nos pediram que querem aproveitar esse tempo revestido com o hábito da penitência para viver o tempo da própria penitência. É o tempo de ouvir o Evangelho, de observar a pobreza e humildade de Nosso Senhor, de buscar possuir o Espírito do Senhor. O tempo de rezar com o coração puro e casto. O tempo de se alimentar do amor fraterno, com a certeza de que terão um ano abençoado e fecundo. Assim seja!”, desejou.
Em seguida, o Ministro Provincial abençoou os hábitos e os entregou a cada um. As vestes da provação são talhadas em forma de cruz, em sinal de maior adesão ao seguimento de Cristo. Com
ajuda de frades presentes em Rodeio para esta celebração, os noviços vestiram os hábitos e assinaram o livro de Atas de Admissão ao Noviciado da Ordem dos Frades Menores. A oração terminou com a bênção de São Francisco.
A partir desta celebração, esses jovens estão sob a orientação do Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima e da Fraternidade do Noviciado.
Frei Paulo agradeceu ao Mestre Frei Walter e, através dele, toda a Fraternidade do Postulandado “pela dedicação, pela forma como conduziu este ano de Postulantado”. A mesma gratidão externou ao mestre da Província São Francisco Solano.
No final deste ano, esses noviços estarão aptos para fazer a
Primeira Profissão na Ordem Franciscana. No hábito que agora vestem, o cordão ainda não tem os três nós que simbolizam os conselhos evangélicos (obediência, sem nada de próprio e castidade). Esse hábito é temporário e eles ganharão o definitivo na Primeira Profissão, quando concluírem este tempo de provação.
Na Missa em seguida, às 8h00, os noviços foram apresentados para a Comunidade Paroquial pelo presidente da Celebração, Frei Jeâ Paulo Andrade, animador do Serviço Vocacional da Província da Imaculada, junto com Frei Gabriel Dellandrea.
Moacir Beggo
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Formação e Estudos
PROVÍNCIA INICIA NOVO ACOMPANHAMENTO VOCACIONAL DOS ASPIRANTES DO ENSINO MÉDIO
Na segunda quinzena de janeiro de 2023 aconteceu o “Tempo Forte” de convivência e formação com os Aspirantes do Ensino Médio na Fraternidade São Boaventura, em Campo Largo (PR). Os responsáveis pelo Serviço de Animação Vocacional da Província, Frei Jeâ Paulo Andrade e Frei Gabriel Dellandrea, conduziram, por duas semanas, diferentes atividades formativas. Foram momentos de convivência, estudo, oração e trabalho, tendo em vista o conhecimento da forma de vida franciscana e o discernimento dos jovens.
Participaram dessa primeira experiência os aspirantes, Cauã Bortolini Sampaio de São Paulo (SP), Kauê Cangirana Rozim de Blumenau (SC) e Lucas Sperança Goschel de Cordilheira Alta (SC). Eles irão cursar o Ensino Médio no ano de 2023 em suas respectivas cidades de origem.
Há algum tempo, a Província vinha refletindo sobre a viabilidade da manutenção do acompanhamento vocacional na modalidade de seminário menor ou de Ensino Médio no Seminário São Francisco de Assis. É inegável todos os esforços empreendidos pela formação para adaptar-se à realidade dos tempos. A grande
mudança de Agudos (SP) para Ituporanga (SC), a recriação do Colégio São Francisco no Seminário e, por último, o estudo externo, primeiro em escola pública e depois no Colégio particular na cidade catarinense. Todas as iniciativas foram sendo implementadas apostando-se no valor desse acompanhamento mais próximo dos adolescentes, também por certo saudosismo dos tempos áureos de seminários cheios. Considerando que a procura vocacional já não é tão numerosa e a responsabilidade pelo cuidado com os menores, a Província optou pela nova modalidade formativa, ad experimentum, até o próximo Capítulo Provincial.
A experiência vocacional em Rondinha procurou apresentar de forma transparente o modo próprio da Fraternidade franciscana viver a vida consagrada.
Ao se pensar o programa de atividades para esses dias de convivência, teve-se em mente atingir os seguintes objetivos:
Levar o vocacionado a conhecer
o carisma franciscano e a sua concretização na vida e na missão dos Frades Menores hoje, confrontando-os com o próprio projeto de vida.
Oferecer ao vocacionado um contato mais próximo com a vida e a missão da fraternidade, permitindo-lhe fazer a experiência do “Vinde e Vede”.
Ajudar o vocacionado a adquirir um senso franciscano de eclesialidade, conhecendo e participando de iniciativas de evangelização da fraternidade. Favorecer ao vocacionado o aprofundamento da experiência de fé, o crescimento e amadurecimento humanos e o aprimoramento da formação escolar.
O aspirante Kauê resumiu esse tempo vocacional assim: “A experiência na Aldeia Franciscana foi espetacular, conhecer os frades, sejam eles professos solenes ou estudantes, foi um grande prazer. Agradeço à Província Franciscana e ao SAV por nos acompanhar durante esses dias e, claro, ao Convento São Boaventura por nos acolher durante esse tempo”.
Evidenciou-se durante esses dias a capacidade criativa e o vigor desses jovens irmãos: A vontade de se tornar frade, a alegria pela convivência e a curiosidade pela vida franciscana. Que o Senhor continue despertando novas vocações para o seguimento de Cristo! Talvez não tenhamos mais os seminários cheios, mas continuamos sentindo o chamado de Deus presente entre nós.
Os aspirantes continuarão seus estudos junto de suas famílias e nas próximas férias escolares retornarão a uma de nossas Fraternidades para dar seguimento ao discernimento vocacional já iniciado.
Frei Jeâ Paulo Andrade
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 97 SAV
JUBILEU DE 50 ANOS DE VIDA RELIGIOSA: “O
OSantuário de Vila Velha (ES), grande em tamanho, fez-se pequeno, em simplicidade e gratidão, na tarde do dia 21 de janeiro, para o jubileu de 50 anos de Vida Religiosa do Cardeal Dom Frei Leonardo Ulrich Steiner, Frei José Clemente Müller e Frei Fernando Inácio Peixoto, frade da Província do Santíssimo Nome de Jesus (Goiás).
O pároco Frei Vanderlei Neves, acolheu a todos, de modo especial os amigos de Frei Clemente, os frades do Convento da Penha e de Angola e o arcebispo de Vitória, Dom Frei Dario Campos.
A presidência da missa festiva começou com Dom Dario, que num gesto simbólico pediu a Dom Leonardo que continuasse a celebração e deu boas-vindas aos jubilandos que vieram de fora, desejando que sentissem acolhidos nas terras capixabas e também relembrou que ele e os frades jubilandos estudaram juntos no início de sua caminhada vocacional em 1963.
“Vocês, hoje, agradecem estes três votos que simbolizam a entrega total ao Cristo Crucificado! Não são 50 anos de atividades apostólicas que nós estamos celebrando hoje, mas 50 anos de Evangelização prévia, os 50 anos da castida-
de, da Renúncia que chamou de pobreza e a obediência ao Cristo Crucificado!”, disse Frei Clarêncio Neotti na homilia. Então, os três frades fizeram a renovação dos votos religiosos diante do altar do Senhor, com velas acesas, confeccionadas especialmente para este dia celebrativo.
Dom Leonardo contou a trajetória como bispo e a sua saudade dos confrades, de como na sua primeira experiência como bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), aprendeu com os pobres a ser Igreja. Nos momentos mais difíceis sempre recorria aos textos do Pai Francisco.
Tudo é graça, e a gratuidade é que nos alimenta, nos realiza e nos coloca de pé! Nossa espiritualidade Franciscana é a dos pobres e a de viver no meio dos pobres! É uma espiritualidade que sempre vai nos guiando no meio dos pobres! Cada vez fica mais evidente a necessidade de compreendermos a casa comum, a necessidade de cuidarmos de todas as criaturas! Estamos necessitados de fraternidade, de reconciliação. São Francisco vai ao encontro do lobo e o consegue amansar, pois vive da gratuidade!”, completou Dom Leonardo. Dom Dario finalizou com a bênção.
Pascom do Santuário do Divino Espírito Santo
98 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023 Fraternidades
ESPÍRITO SANTO NOS ILUMINOU DEMAIS!”
FREI JONAS RIBEIRO SE DESPEDE DE PATO BRANCO EM MISSA DE ENVIO
No dia 21 de janeiro, na Paróquia São Pedro Apóstolo, foi celebrada a Missa de Envio de Frei Jonas Ribeiro da Silva, que foi transferido da Fraternidade de Pato Branco (PR) para o Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). A celebração, presidida por Frei Gabriel Vargas Dias Alves, Guardião da Fraternidade, teve a presença do pároco, Frei Evandro Balestrin e Frei Marcelo Tadeu da Silva Cardoso, em Ano Missionário, Frei Manuel Sabino Anapaz Kassindula e Frei Pio Cutopa Chongolola, frades professos temporários que fizeram estágio na Paróquia, foi fortemente marcada pelas dimensões vocacional e fraterna.
Ao comentar o evangelho dominical, durante a homilia, Frei Jonas fez um paralelo entre Jesus Cristo e a vida religiosa. O frade falou de como a segunda foi inspirada pelo Senhor, com seus atos e sentimentos para ser concebida e elaborada com seus votos.
Erides Motta, coordenadora dos leitores da Matriz, leu uma homenagem em nome de suas
pastorais e movimentos, ao frade, agradecendo a doação da sua vida, o serviço ao longo do ano, e o envio à missão. Nesta homenagem foi pedido a Frei Jonas ter sempre como exemplo São Francisco de Assis e os seus ensinamentos sobre fraternidade, disponibilidade, humildade e alegria.
Frei Gabriel, em suas palavras, comentou sobre o coração aquecido com a vinda do confrade e a intensidade da vida fraterna experimentada em 2022. Também ressaltou a oportunidade dada à cidade de conhecer a vocação do irmão franciscano, já que apenas conhecia o serviço presbiteral: “O Frei Jonas vive a vocação primeira, a vocação mais essencial que todos nós religiosos vivemos. E aí, durante esse ano que o Frei Jonas caminhou conosco, foi justamente essa vocação, essa dimensão que ele nos ajudou a aprofundar, que é a dimensão fraterna. De um modo geral, o sacerdote tem a função de ser pai. O irmão é aquele que caminha junto, é aquele que caminha ao lado, que não está acima nem abaixo, que
em nenhum momento se coloca à frente nem atrás. O irmão é aquele que caminha junto quando a gente cai, de vez em quando, nas trilhas da vida”.
Ao final da celebração, o Guardião da Fraternidade convidou a mãe de Frei Jonas, Dª Lúcia Helena para, junto com a Fraternidade, abençoarem o frade neste missão, pedindo a intercessão de Frei Galvão, santo que dá nome ao Santuário para onde ele foi transferido e que viverá a sua vocação franciscana.
Frei Jonas Ribeiro da Silva é natural de Cruzeiro (SP), vestiu o hábito franciscano no dia 15 de janeiro de 2016, fez a sua primeira profissão em 5 de janeiro de 2017 e a sua profissão solene em 13 de novembro de 2021. Tendo recebido sua primeira transferência, em 2022, para Pato Branco, finaliza a sua caminhada na cidade e segue para o Santuário Frei Galvão em Guaratinguetá (SP).
Frei Marcelo Tadeu da Silva Cardoso (texto) PASCOM DA PARÓQUIA SÃO PEDRO (FOTO)
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 99 Fraternidades
27ª ASSEMBLEIA DA UCLAF
“Construindo o Caminho Sinodal
Pela primeira vez depois de três anos de pandemia, os frades que representam as Províncias e Custódias da União das Conferências Latino-americanas Franciscanas (UCLAF) voltaram a se encontrar presencialmente. Desta vez, o histórico Convento São Francisco, no centro de São Paulo (SP), sediou a 27ª Assembleia Geral, já que a anterior foi realizada por meio de videoconferência em 2020, quando a pandemia de Covid-19 assustava o mundo, especialmente a América Latina.
“Construindo o Caminho Sinodal como Frades Me-
nores” foi o tema desta edição, de 23 a 27 de janeiro, e teve a presença do Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, do Vigário geral, Frei Ignacio Ceja Jiménez, e o Definitório geral, especialmente dos Definidores para a América Latina, Frei César Külkamp e Frei Joaquín Echeverry Hincapié.
Participaram deste evento as Conferências Brasil e Cone Sul, Bolivariana e Guadalupana. Frei José Alirio Urbina Rodríguez é o presidente da UCLAF. A Conferência Brasil e Cone Sul, presidida por Frei Daniel Alejandro Fleitas Zeni, foi a anfitriã.
“A UCLAF é um organismo de animação da Ordem
100 COMUNICAÇÕES – Especial Uclaf
como Frades Menores”
dos Frades Menores que chega à marca histórica de 55 anos de existência. Nasceu motivada pelo impulso renovador do Concílio Vaticano II para promover a unidade e a busca de colaboração na vida e na missão da Ordem no contexto da América Latina. Em todos estes anos, ela tem buscado promover a colaboração em suas presenças evangelizadoras (históricos santuários, vicariatos, paróquias, educação, comunicação, trabalho social e iniciativas missionárias) e na formação a partir do carisma franciscano”, explica Frei César.
Para o Definidor Geral, depois desse tempo de pandemia, esse encontro criou uma grande expectativa de
reencontro e de mútua animação. “Em comunhão com toda a Igreja e com o último Capítulo Geral, este encontro lançou o desafio de um caminho sinodal, começando com a escuta dos irmãos das 26 Entidades que compõem a UCLAF e avançando para uma integração maior com todos aqueles e aquelas que participam desta intuição carismática”, acrescentou Frei César.
“Queremos abraçar a nossa identidade de irmãos menores, com atenção aos desafios do nosso tempo e dos nossos contextos para a vida religiosa e franciscana, e buscar caminhos de reencantamento e reestruturação que permitam uma resposta com mais profecia”, explicou Frei César.
Especial Uclaf – COMUNICAÇÕES 101
1º DIA
um
Com o tema “Construindo o Caminho Sinodal como Frades Menores”, teve início, no dia 23 de janeiro, a Assembleia da União das Conferências Latino-americanas Franciscanas (UCLAF). Este evento, que volta a ser presencial depois de três anos, reuniu até o dia 27 de janeiro os Ministros Provinciais e Custódios de 26 Entidades, com o Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, o Vigário geral, Frei Ignacio Ceja Jiménez, e o Definitório geral.
O Definidor para a América Latina, Frei César Külkamp, presidiu a Celebração Eucarística, às 7h30, tendo como concelebrantes o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Pereira, e o presidente da UCLAF, Frei José Alírio Urbina Rodríguez. Antes, às 7h, presidiu as Laudes.
Frei César destacou o convite a assumir um caminho de estilo sinodal: “Queremos renovar a visão que temos sobre o continente latino-americano e sobre nossas presenças
novo,
fraternas e evangelizadoras, não só a partir de nós mesmos, mas com todos aqueles que participam de nossa vida e de nossa missão para, assim, abraçar um futuro novo, fruto dos sonhos que queremos sonhar juntos”.
Segundo ele, a Palavra de Deus desta Celebração Eucarística “vem nos inspirar para este caminho”, como a Carta aos Hebreus, que fala sobre o caminho novo que foi iniciado uma vez por todas com Jesus, no sacrifício que fez de Si mesmo para destruir o pecado e salvar a humanidade, estabelecendo uma nova aliança fundada no amor. Sobre a passagem do Evangelho de Marcos, citou o trecho que fala de divisões: entre fazer o bem e fazer o mal, entre Jesus e os mestres da Lei. “Jesus mesmo nos adverte que um reino dividido contra si mesmo ou uma família dividida contra si mesma não poderão se manter e serão destruídos. Ele nos diz que a casa guardada por um homem forte não poderá ser saqueada. Ele a defenderá. Mas, um homem nunca é forte sozinho. Sua força vem da unidade. A nossa Assembleia das Conferências
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Início com o desejo de abraçar
futuro
“fruto dos sonhos que queremos sonhar juntos”
quer um caminho de comunhão e com a participação de todos os irmãos. Assim, a casa da nossa vida e da nossa missão será forte, será defendida das ameaças do nosso tempo”, exortou Frei César.
Ele ainda reforçou sua fala dizendo que Jesus nos dá o testemunho ao agir em comunhão com o Pai e o Espírito. “Assim, a nossa fé cristã não vem do individualismo, mas da comunidade divina, a Santíssima Trindade. Nossa inspiração franciscana nos ensina que o Senhor nos dá irmãos para levar adiante o ideal evangélico. Aí está a nossa força”, frisou. “Ao iniciar esta Assembleia, renovemos nossa confiança de que estamos aqui em nome deste Deus-comunidade. Peçamos a sua assistência. Que ele nos mostre o caminho a seguir, todos juntos, todos irmãos”, completou.
Já na Sala São Dâmaso, Frei Ángel Gabino, Provincial da Província de Francisco e Santiago de Jalisco, do México, pediu a inspiração do Espírito Santo para iniciar este evento. Em seguida, apresentou o Guardião do Convento, Frei Mário Luiz Tagliari, que deu as boas-vindas aos frades, falou da alegria de acolher a todos, explicou o contexto histórico desta antiga casa da Província da Imaculada Conceição e deu as informações gerais para os visitantes.
O Definidor para a América Latina, o colombiano Frei Joaquín Echeverry Hincapié, deu as boas-vindas aos frades que participam da 27ª Assembleia Geral, com o “apoio fraterno da Província da Imaculada Conceição”, e falou do objetivo maior desse encontro de assumir o Caminho Sinodal como Conferências da UCLAF para abraçar o futuro a partir da identidade franciscana hoje.
Frei José Alirio deu graças a Deus por poder realizar esta Assembleia presencial. Ele falou da evangelização nesses 55 anos da UCLAF, das respostas a serem dadas no mundo de hoje e animou seus confrades a continuarem a missão com entusiasmo e coragem: “O desafio que todos os frades têm é continuar ‘Construindo o caminho sinodal como Frades Menores neste contexto da realidade da América Latina, a partir do diálogo, da escuta, do discernimento e da tomada de decisões, como Irmãos juntos e a caminho, sem deixar desfalecer este itinerário e caminho. Por isso, pretendemos refletir e caminhar nesta Assembleia da UCLAF, com o propósito através de seu objetivo geral: renovar nossa visão e abraçar nosso futuro com esperança a partir da identidade franciscana hoje, em torno da realidade da América Latina, como comunhão e participação de todos os Irmãos neste contexto. A contribuição de cada irmão é muito importante, valiosa e relevante, por isso é fundamental: escutar, escutarmo-nos e sentirmo-nos escutados - o que implica assumir juntos, em caminho como Frades Menores: os diversos desafios, projetos a partir dos Mandatos do Capítulo Geral 2021”.
AÇÃO EVANGELIZADORA DOS FRANCISCANOS NA AMÉRICA LATINA
O professor de História do Cristianismo no Instituto Teológico Franciscano, Frei Sandro Roberto da Costa, trouxe para a reflexão do dia o tema: “O processo de reflexão da
Especial Uclaf – COMUNICAÇÕES 103
UCLAF, a partir de um olhar que considere os desafios da vida consagrada na América Latina”.
Segundo Frei Sandro, a realidade que desafia a UCLAF nas primeiras décadas do século XXI é iluminada também a partir da história. “Nesse sentido, uma síntese sobre a ação evangelizadora dos franciscanos nos permite avaliar nossa atuação hoje, nos vários países do continente onde estamos presentes”, explicou.
Ele recordou que nos primórdios das Américas, os frades estiveram diante graves questões sociais, derivadas da “conquista”, com sérias situações de injustiça, de pobreza, de desmandos políticos, de exploração. “Confrontados com estes desafios, os franciscanos não fugiram da luta”, destacou.
“A atuação (dos frades) foi também estrutural e política, denunciando os desmandos das autoridades, criando estruturas mais justas. De forma arrojada, construíram hospitais, escolas, organizaram as ‘reduções’ e fundaram as primeiras ‘vilas’ (Pueblos), onde os índios tinham seus celeiros, e se organizavam a partir de suas próprias leis. Seja na Venezuela (experiência de evangelização pacífica de Cumaná), seja no México, ou em outras regiões da América espanhola ou portuguesa, na atividade de evangelização, os franciscanos não consideravam como única tarefa a pregação a partir do templo e do púlpito, a administração dos sacramentos, a doutrinação. Muito próximos do povo simples, não ignoravam as injustiças que sofriam, e envolveram-se profundamente na busca de soluções”, explicou o frade.
“Pode-se dizer que, na evangelização da América Latina, os franciscanos não desenvolveram uma ação social propriamente dita, não criaram um programa de política ou econômica, não conceberam elaboradas escolas de pensamento, nem inventaram grandes teorias, mas buscaram dar respostas aos problemas e desafios concretos que apareciam, a partir da espiritualidade e dos princípios evangélicos e franciscanos que moldavam suas vidas”, acrescentou Frei Sandro.
Na sequência, Frei Sandro apresentou
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uma síntese da realidade da Ordem na América Latina, a partir das conclusões da UCLAF 2020.
Segundo ele, há, em geral, um esforço por buscar novas formas de evangelização, diferentes das tradicionais, que possam responder aos novos desafios trazidos pela
realidade eclesial, social, política, econômica. “A partir da identidade do carisma, as entidades buscam ressignificar a presença franciscana. Também se empenham por fazer leituras socio-teológicas do momento e do contexto em que estamos vivendo. O empenho na busca de fidelidade criativa ao carisma não impede as entidades de reconhecer as dificuldades e desafios, derivados da situação que marca todas as instituições religiosas neste momento da história. O fenômeno da secularização, a crise existencial, a manutenção das grandes estruturas, a diminuição numérica, são apenas alguns tópicos que estão sempre presentes no horizonte de reflexão”, ressaltou.
Frei Sandro refletiu sobre as formas concretas de evangelização, a partir do carisma, destacando os seguintes temas: Inserção em meio aos pobres e marginalizados; defesa dos Direitos Humanos e da dignidade; Cuidado com a Casa Comum; e Presença franciscana na Amazônia.
Ele também mostrou alguns apontamentos a partir do contexto da pandemia de Covid-19. “A pandemia veio nos tirar da ‘zona de conforto’, uma situação perigosa para nossas vidas de irmãos menores consagrados ao serviço do Reino. A nova situação atingiu todos os aspectos da vida, e nos desafiou a mudar muitos de nossos hábitos, bem como nos obrigou a usar de criatividade para encontrar novas maneiras de estar entre as pessoas, inclusive no modo de evangelizar. Se por um lado as redes sociais se multiplicaram e espalharam mentiras e fake news, por outro a Igreja e as fraternidades souberam utilizar-se destas mesmas redes para criar novos meios de evangelização”, avaliou.
Frei Sandro apontou intuições e propostas de mudanças para o futuro, refletindo sobre os seguintes pontos: Os apelos à mudança: uma “Ordem em saída”; Nossa identidade: somos todos irmãos; e O apelo dos pobres.
Por último deixou alguns questionamentos e propostas que poderiam guiar os frades nestes tempos de tantas e rápidas transformações. “Como seguidores de Francisco de Assis, animados e iluminados pelo magistério do Papa Francisco, que nos convoca à sinodalidade, somos chamados a viver o tempo presente como uma oportunidade, como uma dádiva, como um tempo de graça (Kairós), abandonando a cultura do ego, para promover os “ecos”: ecologia, ecossistema, economia solidária, e reduzir o escândalo da indiferença e da desigualdade”, finalizou Frei Sandro.
À tarde, os participantes desta Assembleia Geral se reuniram em grupos para refletir sobre esses questionamentos e propostas, retornando ao plenário às 17h30. O dia terminou com a Oração das Vésperas às 18h30.
Especial Uclaf – COMUNICAÇÕES 105
2º DIA
Frei
Massimo:
“Esperemos que a palavra sínodo não se torne um slogan sem significado”
Ocaminho sinodal é para nós oportunidade de nunca nos cansarmos de aperfeiçoar o carisma, em todas as suas dimensões”. A orientação partiu, no dia 24 de janeiro, do Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, aos Ministros Provinciais e Custódios presentes na Assembleia Geral da UCLAF.
“No caminho sinodal, tendo em vista o Capítulo das Esteiras de 2025”, foi o tema desenvolvido pelo Ministro geral.
Segundo Frei Massimo, o carisma não é um depósito abstrato e intocável, e nem sequer a soma de fatos e de obras. Não é possível fixá-lo definitivamente nos textos e nas constituições. “É um dinamismo mais profundo, que atinge a todos os envolvidos, e é tal que não pode ser domesticado. O carisma é fruto do Espírito e, por isso, não pode ser fixado e armazenado em um ninho, mas vive graças a uma transformação e conversão contínua, que nos enraíza sempre mais no essencial que é Cristo”, explicou o Ministro geral.
“A questão fundamental hoje, para nós, é se percebemos o carisma como o horizonte e referência da nossa vida em missão e se esse é realmente e existencialmente compartilhado”, disse.
Para Frei Massimo, é vital perguntar-nos se estamos prontos para escutar a realidade, o carisma, a Palavra de Deus, a vida dos irmãos, a fim de discernir a quais características do carisma nos abrirmos hoje. “Assim como toda instituição, nós também tendemos a nos autoconservar, e as nossas estruturas, de todo tipo, frequentemente nos levam, de modo aparentemente inevitável, a esse movimento”, acrescentou.
Segundo ele, o caminho sinodal quer nos ajudar a crescer na comunhão, graças à qual todos aprendemos a participar no projeto comum de vocação em missão, sobretudo repensando, com modelos mais ágeis, em nossas estruturas de organização, de governo e de animação. “Pensamos, de modo particular, na realidade de não poucas Províncias históricas que estão morrendo
ou que já chegaram a um ponto sem volta por causa dos números e da idade média. Como podemos, enquanto Fraternidade Internacional, não somente ‘tapar os buracos’, mas repensar os modelos com os quais nos organizamos, e repensar a rede de presenças, de modo que se viva mais autenticamente o estilo evangélico”, propôs. “Acredito que o objetivo mais importante seja justamente aquele de saber olhar para o futuro com olhos novos, antecipando o que acontecerá e reconhecendo o que já somos chamados a repensar”, ensinou.
Este espírito não é fácil de cultivar e aprofundar, observou Frei Massimo. “Aliás, aquilo que é positivo e os pontos críticos que encontramos entre nós não dizem, quem sabe, que o carisma é o coração da nossa vida em missão, para ser vivida como irmãos? Isso é dito na vontade de fazê-lo e nas dificuldades de realizá-lo. Em primeiro lugar, penso no bem que continua a crescer entre nós, sobretudo graças aos irmãos que não desanimam e cultivam o ‘sonho’ franciscano, que buscam o Senhor, cuidam dos irmãos, permanecem junto dos pobres, alimentando a paixão pelo testemunho do Evangelho”, emendou.
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Frei Massimo lembrou aos Ministros e Custódios que, vivendo na América Latina, eles têm uma vasta experiência no exercício da sinodalidade, sobretudo a partir do crescimento da renovação conciliar. “Vocês experimentaram de diferentes modos, em vários países, o crescimento da Igreja nas comunidades eclesiais de base, bem como o incremento da projetação participativa que leva a tomar decisões através de organismos de participação como os conselhos e as assembleias pastorais. Vocês têm a experiência de uma Igreja de “comunhão e participação”, realidade que continua, apesar do crescimento de diferentes correntes, não excluídos certos tra-
tema para a questão ecológica e porque se converte em um novo paradigma, onde podemos aceitar aprender dos pequenos, como os povos nativos, e com eles viver uma relação harmoniosa das criaturas entre si e com o Criador”, enfatizou Frei Massimo.
“Esperemos que a palavra sínodo não se torne um slogan que acabe não significando mais nada. Vamos dar-lhe nós mesmos conteúdo e força, deixando ações e nova elaboração, para nos voltarmos a gestos mais verdadeiros e incisivos. Bom caminho, irmãos! Continuemos nossa busca comum!”, concluiu Frei Massimo. dicionalismos de vários tipos também entre os católicos”, recordou.
Para ele, essa herança deve ser renovada, especialmente para as jovens gerações que não têm memória do evento conciliar e correm o risco de sentir nostalgia de um modelo de Igreja que nunca conheceram. “Penso também no confronto com as comunidades evangélicas e pentecostais de vários tipos, que agora constituem uma grande realidade e que nos interpela de várias maneiras”, disse.
Frei Massino destacou a ajuda dada pelo Sínodo da Amazônia, que alcançou uma ressonância internacional para toda a Igreja por causa de alguns de seus aspectos e também pelo surgimento de uma consciência planetária, que está nos ensinando a colocar em uma relação diferente aquilo que é geral com aquilo que é local; a acolher melhor a inter-relação das igrejas locais, junto a tantos outros fenômenos desta nossa época, como a crise ecológica, a interdependência dos mercados, da tecnociência, especialmente a robótica e a informática, bem como a estratégia militar, a política e a espiritualidade.
“Consequentemente, assumir o Projeto Amazônia como UCLAF, com um compromisso real por parte das Entidades para continuar e fortalecer a presença franciscana na Amazônia brasileira, é algo que vai além de uma nova missão a ser assumida. Se disso somos plenamente conscientes, trata-se de empreender uma missão compartilhada a partir de uma escolha estratégica, que hoje se configura na Amazônia. Assumir uma região local, sem limites que seja, com todas as suas particularidades, significa reconhecer que ali há uma palavra para todos. Podemos dizer que a Amazônia transcende a Amazônia, por dois motivos: porque se apresenta como um novo
A SERVIÇO DE DEUS
A Eucaristia foi presidida por Frei Fredy Gálvez Angulo, presidente da Conferência de Santa Maria de Guadalupe, do México. Segundo ele, devemos cultivar a família do reino, que transcende a biológica, composta por homens e mulheres que cumprem a vontade de Deus. “Todos os fiéis, sem distinção e em virtude do batismo que receberam, são sacerdotes; a nossa função sacerdotal é oferecer a nossa vida ao serviço de Deus e dos nossos irmãos e irmãs. É este sacerdócio comum de todos que dá sentido ao ministério ordenado – bispos, presbíteros e diáconos – instituído por Jesus Cristo para estar a serviço da comunidade”, disse.
Na Sala São Dâmaso, na primeira sessão do dia, moderada por Frei Nelson Tovar, Ministro da Província de São Paulo Apóstolo da Colômbia, cada presidente das Conferências deu um panorama das entidades que as compõem, iniciando pela Conferência de Santa Maria de Guadalupe, presidida por Frei Fredy Gálvez. Posteriormente se apresentaram a Conferência Brasil e Cone Sul, presidida por Frei Daniel Fleitas, e a Conferência a Bolivaria-
Especial Uclaf – COMUNICAÇÕES 107
na, presidida por Frei José Alirio Rodríguez. Então, em um ambiente fraterno, os Ministros e Custódios foram convidados a preparar algumas perguntas para o Governo Geral e seu Definitório em torno da percepção de relatórios de Conferências, como por exemplo: qual é a visão do Ministro geral e seu Definitório pela UCLAF? Como consolidar processos pastorais eficazes? Os Definidores e Frei Massimo ofereceram respostas concretas e próprias para os temas.
Depois da mensagem do Ministro Geral, os representantes das Conferências se reuniram em grupos para aprofundar essas reflexões e retornaram para um diálogo com Frei Massimo.
3º DIA Paulo nos indica o horizonte da busca, do caminho e da resposta”, diz Frei Daniel
Na Festa da Conversão de São Paulo, no dia 25 de janeiro (feriado em São Paulo), os Ministros Provinciais e Custódios continuaram os trabalhos da Assembleia Geral.
O dia começou com a oração das Laudes, às 7h15, e, em seguida, Frei Daniel Alejandro Fleitas Zeni, Ministro Provincial da Província São Francisco Solano, da Argentina, presidiu a Celebração Eucarística. Frei Daniel, que é presidente da Conferência Brasil e Cone Sul, observou que o texto do Evangelho de Marcos enfatiza a incredulidade e a missão dos discípulos. “Cristo ressuscitado liberta os seus da sua cegueira, dando-lhes a tarefa de abrir os olhos dos outros. Estamos maravilhados com a grande confiança de Jesus naqueles homens que Ele havia escolhido, mas que permaneceram cheios de dúvidas. A sua palavra será fecunda porque é o próprio Jesus que fala pela sua boca”, disse.
Segundo ele, cada cristão, cada Frade Menor, é enviado para anunciar a boa nova da ressurreição do Senhor, curando a cegueira, e para semear a sua mensagem de esperança e de vida nas Fraternidades provinciais e nas comunidades. “O conteúdo do anúncio é claro, curando feridas, doenças, o Ressuscitado é vida nova e fonte de alegria”, ressaltou o frade.
COMUNICAÇÕES – Especial Uclaf
“São Paulo, mais do que um exemplo de mudança radical de vida e de sentimentos, é sobretudo um caminho de perseverança e de força, é a resposta de um processo de busca e escuta. Nenhum caminho na vida é sem desafios, fadigas e incertezas. O que Paulo quer dizer na vida e na difusão do cristianismo? O que significa Paulo no caminho de evangelização da Ordem hoje e aqui na América Latina? São Paulo levou a mensagem de Jesus até os confins do mundo então conhecido. Ele nunca se cansou de pregar, nem mesmo quando estava preso na prisão de Roma. A expressão de Paulo, ‘se eu não proclamar o Evangelho’, é uma provocação ousada”, explicou. Para ele, nestes tempos, de incerteza e talvez de perplexidade, a provocação de Paulo, a sua vida e a sua mensagem, “encorajam-nos, Frades Menores da América Latina, a prosseguir com o anúncio da esperança e do Reino. Deixar os nossos confortos provinciais ou estruturais, deixar todas as preocupações que não sejam as do Evangelho e
para Greccio, celebramos a alegria da pequenez, da fraqueza que fez história, a inocência da confiança. Que a nossa ação de graças tenha gosto de pequenez, alegria e renovada confiança no Deus do impossível”, refletiu.
“Que a experiência de Paulo, Francisco e de tantos santos, nos encoraje na esperança”, concluiu. No final da Eucaristia, Frei Daniel abençoou as pílulas de Frei Galvão, que são preparadas no Convento São Francisco, onde viveu o santo brasileiro por 60 anos.
500 ANOS DA FRANCISCANAPRESENÇA NO MÉXICO
Frei Flávio Chávez abriu os trabalhos na Sala São Dâmaso, às 9h15, falando sobre o Jubileu franciscano no México. Segundo ele, os primeiros frades franciscanos a chegar à Nova Espanha foram Frei Pedro Melgarejo e Frei Diego Altamirano, que vieram nas tropas de “Hernán Cortés”. Como
encorajar-nos a dar passos concretos de renovação, transformação, mudança em favor de uma nova evangelização nas suas formas e métodos”.
“Paulo é busca, caminho e resposta. Diante dos desafios do tempo presente, Paulo nos indica o horizonte da busca, do caminho e da resposta. Não podemos ficar confortáveis lamentando perigos ou dificuldades, ou repetindo recursos por medo do risco. São tempos de respostas criativas, de novas lealdades, de esperanças partilhadas”, enfatizou.
Segundo ele, a Assembleia da UCLAF acontece no caminho de ação de graças pelo centenário da Regra Bulada e do Natal na Greccio. “Nossa melhor ação de graças é a fidelidade, a busca. Sabemos que a Regra de ouro é a narração escrita de uma experiência de vida. Talvez este seja um novo momento para narrar nossa própria experiência de vida. Nossa experiência de Jesus, do Evangelho, da fé. A Regra contém poucas intuições e muita vida. Talvez seja um tempo de poucas intuições e muita vida. Quais são essas intuições fundamentais para o nosso tempo? E se olharmos
vinham como capelães militares e não como missionários, sua participação na evangelização tinha pouca relevância. Um segundo grupo de três franciscanos de origem belga chegou em 1523. Dois deles viajaram com Cortés em sua incursão a Honduras e morreram no caminho. O outro, Frei Pedro de Gante, foi quem certamente iniciou a evangelização na Nova Espanha. A primeira missão realmente estruturada chegou ao México em 13 de maio de 1524 com doze frades chefiados por Frei Martín de Valencia e que mais tarde foram chamados de “os doze apóstolos”.
Os doze apóstolos foram os frades Martín de Valencia, Francisco de Soto, Martín de Jesús (ou de la Coruña), Juan Suárez, Antonio de Ciudad Rodrigo, Toribio de Benavente (Motolinía), García de Cisneros, Luis de Fuensalida, Juan de Ribas , Francisco Jiménez e os frades leigos Andrés de Córdoba e Juan de Palos.
Pouco depois de sua chegada fundaram a Província do Santo Evangelho e dividiram o grupo para distribuí-lo em quatro conventos, que atenderiam as regiões mais densamente povoadas dos vales centrais: México-Tenochtitlan,
Especial Uclaf – COMUNICAÇÕES
Texcoco, Tlaxcala e Huejotzingo. Da Província do Santo Evangelho saíram as demais Províncias franciscanas do México. Em 1559, a de São José de Yucatán; em 1565, a de São Pedro e São Paulo de Michoacán; e, em 1599, a de São Diego (Descalços), São Francisco de Zacatecas e Santiago de Jalisco.
PARA UM NOVO TESTEMUNHO EM NOSSO TEMPO
Este foi o tema da palestra de Frei Francisco Gómez Vargas, Secretário Geral para a Evangelização Missionária (SGEM) da Ordem dos Frades Menores.
Ele explicou que a Ordem não divide Evangelização ad-intra e Evangelização ad-extra e não distingue entre Evangelização e Missão: “Preferimos falar de nossa missão de evangelizar de acordo com o contexto e situações concretas, usando o termo Evangelização Missionária”.
Frei Francisco lembrou que o Secretariado Geral para a Evangelização Missionária recebeu o mandato do Capítulo Geral de 2021 para preparar uma Ratio Evangelizationis para a Ordem, “em harmonia com o ensinamento do Magistério da Igreja e os documentos da Ordem, através de um processo básico nas Conferências e áreas continentais, com base no processo já empreendido pelo SGEM” (mandato n.º 20). “Todos nós na América Latina somos chamados hoje a continuar testemunhando, como franciscanos na construção da Paz, e é assim que o diálogo é uma importante mediação: precisamos participar do diálogo inter-religioso, ecumênico, social, político e econômico”, disse.
Segundo ele, as orientações das Novas Formas de Vida e Evangelização, propostas no documento Ite, Nuntiate..., são um bom ponto de partida para revitalizar e “atualizar nosso modo de vida e serviço”.
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frei Darko Tepert, Secretário Geral para a Formação e os Estudos, falou especialmente da formação inicial na Ordem. “Para a Formação no momento atual, a escuta é muito importante. Devemos escutar os candidatos que expressam seu desejo de fazer conosco a viagem desta vida. É preciso ouvir sua situação de vida, o clima social, as condições culturais, que no mundo de hoje estão mudando rapidamente. Devemos escutar os irmãos em formação inicial, escutar suas dificuldades, suas preocupações, seus desejos. Ouvir também envolve estar pronto para mudar”, explicou o frade. Segundo ele, no mundo em transformação, não pode haver desinteresse. “Não somos cartuxos, mas irmãos chamados pelo Senhor e enviados juntos para o mundo, para este mundo em transformação. Os irmãos em formação inicial podem nos ajudar a descobrir e valorizar
estas mudanças. Por outro lado, os irmãos em formação inicial devem ser ajudados a ouvir e a ouvir os outros”, lembrou.
Frei Darko disse que o Secretariado está se reunindo com os secretários das Províncias de cada Conferência. “Por enquanto, já realizamos estas reuniões na Conferência Bolivariana e na Conferência de Santa Maria de Guadalupe. Nestes dias teremos uma reunião semelhante com a Conferência do Brasil e Cone Sul. Desta forma, completaremos nossas visitas às Conferências Latino-Americanas e, a partir de abril, continuaremos com as reuniões nas Conferências Europeias”, explicou.
Segundo ele, nas Conferência Bolivariana e Conferência de Santa Maria de Guadalupe, foi verificado o desejo de preparar cursos, também em nível universitário, para formadores, e foram feitas propostas concretas nesse sentido. Cursos para a formação de formadores também são realizados em nível da Conferência do Brasil e Cone Sul. Outro ponto importante destacado pelo frade foi o tema da identidade franciscana, “contida, como núcleo, em nosso nome de Frades Menores. A fraternidade e a minoridade, ou seja, a forma de viver e trabalhar como irmãos e como os menores de todos, permitem que o sopro do Espírito Santo anime toda nossa forma de estar no mundo (Documento Final do Capítulo Geral, 11). Portanto, o Capítulo Geral convida cada irmão e cada Fraternidade a uma mudança. Convida-nos a ser como irmãos entre os menores, entre os que estão à margem. Eu diria que, se temos um problema com o declínio do número de irmãos, se nos faltam vocações em algumas áreas, talvez uma das causas possa ser também o fato de não vivermos mais nossa identidade”, avaliou.
JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO
O frade salvadorenho Frei Daniel Nicolás Rodríguez Blanco, responsável pela animação do Escritório Geral de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Or-
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dem dos Frades Menores, explicou que o Escritório de JPIC deve trabalhar para conectar, desenvolver e apoiar projetos sobre ecologia integral, dando especial atenção à formação em questões de JPIC nos diferentes contextos da Ordem.
Frei Daniel lembrou que o Escritório estará envolvido, neste ano, na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa 2023, onde, juntamente com o Movimento Laudato Si’, promoverá as encíclicas do Papa Francisco, Laudato
4º DIA
Oquarto dia da Assembleia Geral da UCLAF levou os frades, primeiro, à Capela do Convento São Francisco, no centro de São Paulo, para a oração das Laudes e para a Eucaristia. O presidente da UCLAF, Frei José Alírio Urbina Rodríguez, presidiu esses dois momentos na festa dos bispos da Igreja, São Timóteo e São Tito.
Segundo Frei José, neste contexto da Assembleia, a palavra do Senhor convida-nos e encoraja-nos na nossa missão cristã e, como Frades Menores, a continuar a pregar, anunciar, viver e testemunhar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Jesus não nos
Si’ e Fratelli Tutti. Ele também falou dos cursos a serem promovidos neste ano: 1. Oferecer um curso virtual sobre ecologia integral em espanhol e português; 2. Oferecer um curso sobre a Economia de Francisco; 3. Curso anual para animadores JPIC; 4. Participação de um jovem frade professo temporário ou professo solene por entidade na Jornada Mundial da Juventude, Lisboa, 1-6 de agosto de 2023; 5. Reunião Continental JPIC 2024; 6. Encontro latino-americano de frades com obras nas artes visuais; 7. Peregrinação continental da imagem de São Francisco, o Migrante.
Outro trabalho importante é consolidar e expandir a Rede Franciscana de Migrantes na América Latina. “Pedimos que a Pontifícia Universidade Antonianum e os Centros de Estudos da Ordem promovam a formação em ecologia integral em diferentes línguas e em colaboração com outras instituições”, acrescentou Frei Daniel.
Todas as palestras tiveram um tempo para perguntas e respostas. À tarde, cada Conferência se reuniu para fazer uma síntese dos desafios para a UCLAF e para cada Conferência. Os frades apresentaram em plenário as conclusões dos grupos, tendo como moderador neste dia Frei Fernando Aparecido dos Santos, da Custódia do Sagrado Coração de Jesus.
Especial Uclaf – COMUNICAÇÕES 111
“Nossa vida como Frades Menores deve ser um apelo ao amor de Jesus”, exorta presidente da UCLAF
pede para sermos sensacionalistas ou praticarmos atitudes extraordinárias; ele nos pede para sermos seus seguidores, discípulos que dão testemunho da luz recebida do Senhor, que é o próprio Senhor”.
Para ele, nesta via sinodal, somos convidados a ouvir a Palavra, a ouvir uns aos outros no Caminho, a dar vida à pregação do Reino de Deus, vivendo as parábolas do Reino de Deus. “Então, como podemos fazer brilhar a luz na lâmpada ou no candeeiro? Porque não podemos nos esconder ou esconder o que recebemos do Senhor Jesus. A missão é receber e tornar conhecidas as suas palavras e a sua vida de amor, bondade e misericórdia. Não podemos esconder o amor recebido do Senhor Jesus, por isso a nossa vida cristã e a nossa vida como Frades Menores deve ser um apelo ao seu amor, misericórdia e bondade através de nossa vida”, exortou.
“Tomando as palavras do Evangelho de São Marcos: A nossa missão é tornar conhecido o Reino de Deus a partir do encontro com o Senhor Jesus Cristo, de amor, misericórdia e bondade com Ele e com os irmãos e irmãs concretos das nossas fraternidades e dos que nos rodeiam. Sabemos que há muitas provocações ou tentações de cansaço, medo, timidez, por vezes favorecendo o nosso conforto ou preguiça que não nos permite avançar, por isso lhes convido a fazer nossas as seguintes palavras de Paulo a Timóteo: em 2Tm 1,7 ‘Porque o Senhor não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, caridade e temperança’. Isso ajuda a superar a tentação de deixar a missão que nos foi confiada, como o Papa Francisco a expressa ‘... de uma vida de testemunho para que a luz brilhe, que é Cristo, o Senhor’”, continuou o presidente da UCLAF.
“Irmãos da UCLAF, todos nós recebemos a luz que é Cristo. Ele guia os nossos passos na escuta, discernimento e decisões fraternais neste contexto da América Latina. Caminhando juntos como Frades Menores, podemos iluminar outros irmãos e pessoas que querem sair da escuridão do medo, da desesperança ou da indiferença. Sempre ajudados, fortalecidos e a caminho como os Frades Menores que caminham juntos, como Paulo novamente expressa a Timóteo: 2Tm 1,8 ‘...suportai comigo os sofrimentos por causa do Evangelho, ajudado pelo poder do Evangelho de Deus’. Não desanimemos, não tenhamos vergonha, não tenhamos medo, não confiemos em nossa própria força, não confiemos no que já fizemos... Coloquemo-nos na presença do Senhor para darmos testemunho com as nossas vidas e as palavras que nos animam nesta Assembleia da UCLAF: continuemos a ‘Construir o Caminho Sinodal como Frades Menores’”, completou.
PROTEÇÃO DE MENORES E ADULTOS VULNERÁVEIS
O Definidor geral, Frei Albert Schmucki, abriu os tra-
balhos neste quarto dia da Assembleia Geral, abordando o tema de proteção dos menores e pessoas vulneráveis. Segundo o Documento Final do Capítulo Geral de 2021, é “obrigação de todos os frades e Entidades da Ordem de cooperar plenamente na prevenção, denúncia e colaboração com todas as autoridades civis e eclesiásticas competentes na tarefa de garantir justiça e transparência no tratamento das denúncias de abuso em toda a Ordem”. Durante este Capítulo Geral, foi criada a Comissão de Proteção - que já vinha sendo estudada no governo anterior -, tendo em vista também as Diretrizes para a Proteção dos Menores e das Pessoas Vulneráveis, definidas pelo Papa Francisco em 26 de março de 2019.
Na sua apresentação, Frei Albert, que é psicólogo, professor na Universidades Gregoriana e Antonianum, contou que seis frades da UCLAF fazem o Curso sobre Tutela, chamado de Diplomado, na Universidade Gregoriana. Com isso, esses frades (pelo Brasil, participa Frei Wanderley Gomes de Figueiredo) se tornam, nas suas Conferências, pessoas de referência, ligadas a esse Escritório da Ordem para ajudar neste trabalho. Frei Albert coordenou o programa de formadores da Ordem e agora é o responsável pelo Escritório de Proteção.
Cada Província foi provocada, por uma determinação do Papa Francisco, a elaborar diretrizes para a prevenção de abusos, criando ambientes seguros nos locais onde vivem e atuam. “Um aspecto é a prevenção, o outro é a escuta e acompanhamento de possíveis vítimas que já tenham sofrido abusos nos nossos ambientes. Depois também outro aspecto é a criação de um espaço, uma comissão, que possa receber de-
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núncias, ouvir vítimas e dar os devidos encaminhamentos”, explica Frei César Külkamp, Definidor geral para a América Latina. Hoje, se acontece um abuso com uma pessoa menor, a política do Vaticano é zero e o religioso deve ser excluído do Instituto. No caso de colaboradores, voluntários etc, a política também seria zero no caso de menores.
O Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, é enfático na transparência e condução dessa questão. “Muitas Províncias ainda têm uma resistência em fazer processos de investigação e encaminhar para as devidas instâncias. E isso tem uma implicação direta na pessoa do Ministro geral e nos Ministros Provinciais ou Custódios. A responsabilidade é automática. Quer dizer, a Igreja também tem uma política de tolerância zero para esses casos. Se um bispo, um ordinário, que é o Provincial ou Ministro geral, não assumem ou não fazem o devido processo, são considerados culpados de participação no próprio ato, podemos dizer assim genericamente. Hoje, a Igreja tem tomado uma posição muito incisiva, como o Papa mesmo pede, de tornar todos os ambientes seguros para crianças e pessoas vulneráveis. Assim também é a política da Ordem”, acrescenta Frei César.
ECONOMIA A SERVIÇO DO CARISMA E DA MISSÃO
O Definidor provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Robson Luiz Scudela, que também é Ecônomo, falou sobre o uso responsável e social dos bens da Igreja.
Contextualizando, Frei Robson lembra que o atual momento histórico chama a vida consagrada para se avaliar
ante uma difundida queda das vocações e uma contínua crise econômica. “A crise obriga-nos a projetar de novo o nosso caminho, a impor-nos regras novas e encontrar novas formas de empenhamento, a apostar em experiências positivas e rejeitar as negativas”, avalia o frade.
Segundo ele, os Institutos de Vida Consagrada são chamados a ser bons administradores dos carismas recebidos do Espírito também por meio da gestão e da administração dos bens.
A dimensão econômica está intimamente conexa com a pessoa e a missão. Para o frade, através da economia passam as escolhas relevantes para a vida pessoal e coletiva, nas quais deve transparecer o testemunho evangélico, atenta às necessidades dos irmãos e das irmãs.
“Os consagrados escolhem a profecia e se subtraem à ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano. A sua pobreza recorda a todos a urgência de libertar-se da economia da exclusão e da iniquidade, porque esta economia mata. Dessa economia teve início a cultura do ‘descartável”, lembrou Frei Robson.
Para ele, a economia é instrumento da ação missionária da Igreja. “Se o campo da economia é instrumento, se o dinheiro deve servir e não governar, então é necessário olhar para o carisma, para a direção, para as finalidades, para o significado e para as implicações sociais e eclesiais das escolhas econômicas que efetuam os Institutos de vida consagrada”, avalia.
Frei Robson chama a atenção para repensar a economia, uma dinâmica que se refere à vida de todos e de cada um: “É uma tarefa que não pode ser delegada a ninguém, mas exige a plena responsabilidade de cada pessoa”.
Para o frade, é indispensável redescobrir uma economia de rosto humano, na qual o homem e o seu verdadeiro bem não percam jamais a centralidade. “As relações fraternas, fundadas na estima sincera e na confiança recíproca, tornam-se, assim, recursos preciosos para a gestão”, observa. Mas ele lembra que em alguns casos, ao contrário, são confiadas à responsabilidade de indivíduos, sem prever para eles momentos sistemáticos de comparação e verificação. Estes podem levar a uma personalização da gestão. “Trata-se de dissociar-se da ideologia do homo oeconomicus, insaciável no seu desejo dos bens, cujas escolhas são determinadas pela maximalização do interesse pessoal e de relançar o desafio do homo fraternus, que não se cansa jamais de escolher a fraternidade”, acentua.
Segundo o frade, é necessário recordar que entre carisma e gestão dos bens não existe contradição; gerir segundo critérios econômicos não sufoca o carisma, mas permite perseguir e realizar objetivos partilhados. A vida consagrada oferece, assim, ao mundo, um testemunho evangélico”, completou.
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Na Missa do Envio, Frei Massimo lembra: “A memória do carisma como Frades Menores é uma fonte do futuro”
OMinistro geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Massimo Fusarelli, presidiu a Missa do Envio no último dia da Assembleia Geral da UCLAF.
“Construindo o Caminho Sinodal como Frades Menores”. O tema fez parte de todas as reflexões e assuntos desta 27ª Assembleia Geral da UCLAF, que celebra 55 anos de fundação na América Latina e 500 anos da presença franciscana no México, não perdendo de vista o Centenário Franciscano, que neste ano celebra os 800 anos da Regra Bulada e o Natal de Greccio. “Agradecemos ao Senhor pelo caminho de nossa família na América Latina ao longo destes anos! Isto é o que sentimos e experimentamos durante estes dias de convivência e partilha. Mais uma vez nesta Eucaristia fomos alcançados pelo dom sublime de uma Palavra antiga e todos os dias surpreendentemente nova! É o próprio Jesus que nos fala hoje em Lc 24,44, e nos fala de coisas que devem ser 'cumpridas'. O passado e o futuro se encontram num presente”, agradeceu Frei Massimo.
Segundo o Ministro geral, a “memória” evangélica não é apenas a atualização do passado, mas a fonte do futuro! “A memória do nosso carisma como Frades Menores, que o Centenário Franciscano nos ajuda a revisitar, é uma fonte do futuro. Somos chamados a um esforço mais intenso para ouvir o Senhor neste tempo, para que o carisma possa ser expresso aqui e agora na América Latina, em sua ampla diversidade”, orientou o Ministro geral.
Para Frei Massimo, o Evangelho de Lucas nos fala da Páscoa de Jesus, que é o final de um tempo antigo e é tempo da ressurreição: é o tempo novo e definitivo. É no poder da
Páscoa que, em nome de Jesus, “a conversão e o perdão dos pecados serão pregados a todos os povos, começando por Jerusalém” (v.47). Frei Massimo continuou sua exortação animando os frades no retorno a suas terras de origem: “O Ressuscitado fala a nós, seus discípulos: ‘Disso sois testemunhas” (v.48). O nosso testemunho e evan-
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ENCERRAMENTO
gelização tornam presentes o cumprimento do Evangelho do Senhor em nosso tempo. Tornam presentes seu poder vivificador. Antes de ser uma ideia, a missão é a transparência da presença e do poder do Senhor. Não podemos fazê-lo com a nossa pequena e pobre força: ‘E eis que eu envio aquele que meu Pai prometeu, mas vós permanecereis na cidade até vos revestirdes com o poder do alto’ (v.49)”, disse.
E continuou: “Permaneçamos vigilantes na invocação deste poder do alto, para que o Espírito do Senhor e a seu santo modo de operar possam agir em nós. São Francisco nos envia em missão: LM III, 7: FF 1059 ‘Vão’, disse o Pai mansamente aos seus filhos, ‘proclamem a paz aos homens; preguem a penitência para a remissão dos pecados’. Sejam pacientes nas tribulações, vigilantes na oração, corajosos no trabalho, modestos na fala, sérios na conduta, e gratos pelos benefícios. Em recompensa de tudo isto, o reino eterno foi preparado para vós”, orientou.
“Aqueles que se ajoelharam humildemente perante o servo de Deus aceitaram a missão da santa obediência com íntima alegria. Então, ele disse a cada um em particular: ‘Confiai o vosso destino ao Senhor, e ele vos alimentará. Estas foram as palavras que ele costumava repetir quando designava um irmão para uma missão de obediência. Dividiu-os dois a dois, em forma de cruz, enviando-os para o mundo. Depois de atribuir as
outras três partes às outras seis, ele próprio foi com um companheiro a uma parte do mundo, sabendo muito bem que tinha sido escolhido como exemplo para os outros e que devia primeiro agir e depois ensinar’”, encerrou Frei Massimo, desejando a todos: “Boa viagem, irmãos, com a proximidade maternal e a bênção de Francisco!”.
No final da Celebração Eucarística, Frei Massimo e Frei César Külkamp entregaram a Regra de São Francisco, que neste ano celebra 800 anos de sua aprovação, e um Tau a cada frade participante da Assembleia.
Frei Massimo viajou na madrugada para Lima, no Peru, onde participou do Capítulo Provincial da Província São Francisco Solano, chegando no dia 30 no Rio de Janeiro, onde teve início a visita fraterna à Província da Imaculada (veja no Especial a seguir).
O último dia foi de muitas reuniões. As Conferências de Santa Maria de Guadalupe e a Bolivariana se reuniram, separadamente, para estabelecer conclusões, acordos e compromissos por ocasião do de um caminho sinodal e da celebração do Centenário Franciscano e do Capítulo das Esteiras em 2025. Já a Conferência do Brasil e Cone Sul se reuniu com o Ministro geral e o Definitório geral. Por último foram votados e aprovados alguns pontos da agenda da UCLAF até a próxima assembleia.
Frei José Alirio Urina Rodriguez, presidente da UCLAF, não poupou agradecimentos à Província da
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Imaculada Conceição, em nome do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, agradeceu à Fraternidade do Convento São Francisco, que acolheu 25 Ministros Provinciais e Custódios que vieram para este evento, que trouxe pela primeira vez o Ministro geral e o seu Definitório ao Brasil. “Minha primeira atitude é de agradecimento e de fraternidade. Creio que foi um encontro valioso para os irmãos. Oportuno e necessário esse momento em vista de construir esse caminho sinodal como Frades Menores”, disse o presidente da UCLAF. Em maio de 2024, a Assembleia Geral será na Cidade do México.
Os frades também tiveram a grata surpresa, neste dia, ao receber a visita do Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Depois da conversa com participantes da UCLAF, ele foi convidado pelo Guardião do Convento São Francisco, Frei Mário Luiz Tagliari, para participar do almoço.
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Moacir Beggo
Frei Massimo Fusarelli esteve em visita à Província de 30 de janeiro a 6 de fevereiro
ESPECIAL Ministro geral na Província
A LONGA JORNADA DE FREI MASSIMO FUSARELLI COMEÇOU EM ANGOLA
Depois da Assembleia das Conferências Franciscanas – UCLAF, em São Paulo (SP), de 23 a 27 de janeiro, e uma participação no Capítulo da Província São Francisco Solano, no Peru, nos dias 28 e 29 de janeiro, o Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, e o Definidor geral para a América Latina, Frei César Külkamp, iniciaram no dia 30 de janeiro uma visita fraterna à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.
A visita do Ministro geral e Definidor geral à Provícia já foi iniciada com a visita à Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, de 2 a 9 de dezembro do último ano, ocasião em que se celebrou um Capítulo das Esteiras dos confrades na Fundação e a Profissão Solene de oito irmãos.
Frei Massimo pediu para que a visita tivesse como prioridade o encontro com todos os irmãos, com tempo para diálogo sobre a realidade da Província, seus pontos de força e também algumas dificuldades, sobretudo a partir dos grandes temas escolhidos para toda a Ordem. Juntos, em espírito de sinodalidade (escuta, comunhão e participação) queremos lançar novamente o desafio de abraçar a nossa identidade de irmãos menores, com atenção aos desafios do nosso tempo e dos nossos contextos para a vida franciscana e buscar caminhos de reencantamento e reestruturação que permitam uma resposta vocacional com mais profecia.
Frei César Külkamp
Especial
REGIONAL RIO DE JANEIRO
DEFINITÓRIO GERAL DA ORDEM FRANCISCANA VISITA O CONVENTO SANTO ANTÔNIO
No final de semana dos dias 28 a 30 de janeiro, a Fraternidade do Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro (RJ) recebeu a visita do Governo Geral da Ordem dos Frades Menores, um grupo de frades procedentes dos cinco continentes e que têm a responsabilidade de animar a vida da Ordem em todo o mundo.
No dia 29, pela manhã, tiveram a oportunidade de visitar o Santuário do Cristo Redentor, onde foram recebidos pelo Reitor, Padre Omar Raposo. Nas palavras de acolhida, Padre Omar manifestou a alegria de receber aos pés do Cristo, símbolo do Rio de Janeiro e do Brasil, a Ordem Franciscana. Para o Padre Omar, sendo ali também uma reserva ecológica e um lugar de cultivo da espiritualidade cristã, a inspiração de São Francisco está vivamente presente na missão daquele Santuário. Na parte da tarde, foram até a Fraternidade Nossa Senhora da Rocinha, na Zona Sul, onde puderam visitar brevemente uma das co-
munidades da Paróquia, concelebrar a Missa das 18h e, logo após, participar do Recreio com a Fraternidade Local.
Participaram da visita ao Cristo Redentor o Vigário Geral da Ordem, o mexicano Frei Ignacio Ceja Gimenez, e os Definidores Frei Joaquin Echeverry Hincapie (Colômbia), Frei Albert Schmucki (Suiça), Frei Victor Quematcha (Guiné-Bissau), Frei John Wong (Malásia), Frei Konrad Cholewa (Polônia). Também fizeram parte da comitiva o Ministro provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, o Vigário provincial, Frei Gustavo Wayand Medella, e o Definidor provincial, Frei Robson Luiz Scudela.
Na terça-feira, dia 31, durante a oração da manhã, o Convento Santo Antônio recebeu o Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, e o Definidor geral para a América Latina, Frei César Külkamp, que rezaram com a Fraternidade e, logo em seguida, após o café, embarcaram para Vila Velha, no Espírito Santo, dando prosseguimento à visita que faziam à Província.
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 119 Especial
PETRÓPOLIS
ENCONTRO DOS FRADES DO REGIONAL DO RIO DE JANEIRO COM FREI MASSIMO
OMinistro geral, Frei Massimo Fusarelli, encontrou-se com o primeiro Regional da Provínciano dia 30/01. Acompanhado do Ministro provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, do Vigário Provincial, Frei Gustavo Wayand Medella, do Definidor Geral para a América Latina, Frei César Külkamp, e do Ministro provincial da Província São Pedro e São Paulo da Colômbia, Frei Nelson Tovar Alarcón, Frei Massimo chegou à Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) por volta do meio-dia. Os frades do Regional do Rio de Janeiro já o aguardavam para uma calorosa acolhida a este confrade que está a serviço dos frades da Ordem de todo o mundo.
Após o almoço, Frei Massimo quis fazer uma visita ao túmulo de Frei Constantino Koser, no Mausoléu dos Frades. Em suas viagens, o Ministro geral tem procurado fazer uma visita aos túmulos dos antigos Gerais da Ordem.
Às 14h30, na Sala Capitular do Convento, Frei Massimo reservou um momento para poder conversar com os frades estudantes do tempo da Teologia. Frei Felipe Medeiros Carreta, representante dos frades estudantes, falou em nome dos teólogos, recordando a carta de São Francisco a Frei Leão, ressaltando a alegria e o cuidado que permeia a vida entre os irmãos e que era esse
o espírito dessa visita de um irmão aos seus confrades. O Mestre do tempo da Teologia e Definidor provincial, Frei Marcos Antonio de Andrade, ofereceu a Frei Massimo algumas informações de nossa Fraternidade e dos diversos serviços desempenhados pelos frades na cidade de Petrópolis e nas várias cidades em que os frades se fazem presentes no Estado do Rio de Janeiro.
Em sua fala, Frei Massimo, expressou a alegria por ver tantos confrades jovens que se colocam no caminho de viverem como Frades Menores e também os encorajou a vencerem os desânimos e os medos que as situações da vida possam vir a oferecer. Lembrou-os de que: “Somos frades porque respondemos ao chamado de Jesus. Ele é quem nos chama! Nossa relação com o Senhor é um processo de amizade, de abertura e de descoberta de nós mesmos, de quem somos e daquilo que podemos ser nessa caminhada como irmãos. O aspecto mais importante do nosso carisma é sermos irmãos, formamo-nos para a experiência da fraternidade universal”.
Segundo ele, o frade menor se forma na atenção às questões do hoje com criatividade e cultivando uma vida de oração e contemplação com aquilo que nos cerca. Frei Massimo pediu que os frades nunca percam do horizonte de suas vidas o cultivo com a simplicidade e o olhar atento aos mais necessitados. “Nossa vocação
Especial
nasce e cresce com a simplicidade. Meus caros irmãos, a oração e as celebrações começam e têm sentido com nossas vidas. Na partilha de nossas vivências é que podemos fazer o louvor, a súplica e o agradecimento ao Pai por tudo o que sua graça nos concede e nos impulsiona”. Os frades estudantes puderam também fazer um relato de suas experiências, anseios e expectativas com relação à caminhada formativa que têm trilhado ao longo desses anos.
Depois de uma pausa para um café, foi a vez de Frei Massimo se encontrar com os frades do Regional do Estado do Rio de Janeiro. Em sua fala, ele explicou que a Ordem passa hoje por um processo de transformação influenciado, sobretudo, pelo envelhecimento dos irmãos e pela diminuição de vocações em regiões que, outrora, eram grandes celeiros vocacionais. “Precisamos conservar as raízes do dinamismo franciscano que sempre soube se aplicar às mudanças dos tempos ao longo da história. Não podemos ficar presos na ação de conservação, nossa ação deve se voltar para a renovação, para modos novos e interligados de sonhos e projetos comuns”. Concluiu sua fala encorajando os frades a se animarem em suas missões e ações evangelizadoras.
Ao final da tarde, os frades, juntamente com a comunidade local da Igreja do Sagrado, reuniram-se para celebrar a Eucaristia que foi presidida por Frei Massimo e contou com a presença de várias congregações religiosas de irmãs que vivem em Petrópolis e de lideranças da Paróquia. O Coral dos Frades, regido pelo maestro do Coral dos Canarinhos de Petrópolis, Marco Aurélio Lischt, fez-se presente na animação da celebração.
Em sua homilia, Frei Massimo externou sua grande
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alegria em poder estar nesta bela comunidade franciscana. “Agradeçamos, todos juntos, ao Senhor, pelo caminho que vocês estão trilhando aqui em Petrópolis, confrades e comunidade cristã. É um belo exemplo da força da comunidade que, quando unida, pode fazer crescer o bem e desmascarar o mal.” Ele também lembrou que
esses demônios são expulsos com a oração e é através dela que o santo liberta tantas pessoas acorrentadas pelo mal. Não apenas isso: Francisco expulsa demônios através da comunhão entre os cristãos, como vemos em vários episódios de sua vida. A caridade verdadeiramente nos liberta e restaura as nossas verdadeiras relações”.
Ao final da celebração, Frei Gilberto da Silva, em nome dos frades do Regional e do povo petropolitano, agradeceu a visita de Frei Massimo e, numa calorosa salva de palmas, ofereceu ao confrade que leve do Brasil nossa acolhida, nossa gratidão e nossos desejos de que o Bom Deus o abençoe sempre em sua missão junto aos frades de todo o mundo.
Terminada a Eucaristia, os frades se reuniram aos pés da imagem do Sagrado Coração de Jesus para uma foto oficial desse dia de partilha da vida franciscana e receberam de lembrança de Frei Massimo um Tau abençoado no Monte Alverne e um texto da Regra dos Frades Menores, haja vista que neste ano a Regra Bulada da OFM completa 800 anos desde que foi aprovada pelo Papa Honório III, em 1223.
Frei João Manoel Zechinatto (texto) e Frei Ruan Felipe Sguissardi (fotos)
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MINISTRO GERAL SE ENCONTRA COM OS FRADES EM VILA VELHA
OMinistro geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Massimo Fusarelli, visitou a cidade de Vila Velha no dia 31/01. O sucessor de São Francisco de Assis, o Ministro provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e o Definidor geral para a América Latina, Frei César Külkamp, chegaram ao Convento da Penha no início da tarde. Também esteve presente o Arcebispo Metropolitano de Vitória, Dom Frei Dario Campos, OFM.
Os frades visitantes participaram de uma celebração ao meio-dia na Capela de Nossa Senhora da Penha e, em seguida, seguiram para o almoço. Frei Djalmo Fuck, guardião e reitor do Convento da Penha, apresentou ao Ministro geral o Santuário. Além de fotografar muitos detalhes do local, Frei Massimo falou do encantamento da vista que o surpreendia em cada ângulo. O clima, apesar de quente, agradou a todos, já que o vento favoreceu. Da janela do refeitório, ao ver a vista do alto do Convento da Penha, Frei Massimo brincou: “Façamos a Cúria Geral aqui”.
Após o almoço, os frades desceram o Morro da Penha e foram até a Capelinha de São Francisco de Assis, a “Porciúncula” do Convento da Penha, onde também há um cemitério. Lá Frei Massimo rezou pelos frades falecidos, fotografou a imagem de São Francisco em madeira e ainda ouviu atentamente a explicação do Frei César sobre a chegada de Frei Pedro Palácios, o irmão leigo espanhol que trouxe para o Espírito Santo, em 1558, a devoção a Nossa Senhora das Alegrias, mais tarde, invocada como Nossa Senhora do Penhasco, da Penha, da Montanha.
No Santuário do Divino Espírito Santo, no Centro de Vila Velha, o Ministro geral se encontrou com os frades do Regional às 15h35. Frei Djalmo começou explicando como funciona o menor Regional da Pro -
REGIONAL ESPÍRITO SANTO
Especial
víncia no Estado do Espírito Santo, composto por três Fraternidades: a do Divino Espírito Santo (Paróquia Nossa Senhora do Rosário), a Fraternidade Nossa Senhora da Penha (Convento da Penha) e Santo Antônio de Sant’Ana Galvão (Paróquia Santa Clara, Colatina). Foram apresentadas quais são as presenças e trabalhos dos Frades Menores em terras capixabas.
Frei César Külkamp explicou que a dinâmica da conversa com os frades parte, primeiro, da reflexão sobre os temas e os desafios de nosso tempo. “Como vamos nos preparar para abraçar o futuro? Como estão vivendo a vocação? Qual é a realidade de vocês?”, contou Frei César.
Ele disse que a visita à Província tem o intuito também de ser sinodal. “Fazer um caminho com a Igreja dentro desse processo de sinodalidade, para escutar os frades e as pessoas que caminham conosco. Portanto, queremos dialogar, escutar e sobretudo acompanhar as mais diversas realidades onde nós franciscanos estamos”, afirmou.
Sobre a identidade franciscana, Frei Massimo revelou ser importante redescobrir a importância e o encantamento pela vida fraterna, pelo trabalho com os pobres, pela fraternidade. “Penso que as paróquias favorecem o encontro com as pessoas, mas é importante diversificar nossa missão”, destacou.
O Ministro geral ainda lembrou que neste ano começam as celebrações de jubileus na Ordem. “Iniciamos as celebrações de centenários franciscanos para reviver os últimos anos da vida de São Francisco de Assis. Já iniciamos com os 800 anos de aprovação da nossa Regra e os
800 anos do Natal de Greccio, depois teremos o dom dos Estigmas; a composição do Cântico das Criaturas; e os 800 anos da morte de São Francisco em 2026. Nossa intenção não é só celebrar um evento do passado, mas é uma forma de reinventar, repensar o carisma com as características do nosso tempo”, afirmou.
Frei Paulo Roberto Pereira, também lembrou a importância da caminhada sinodal dos franciscanos. “A sinodalidade não pode ser tida nem como um slogan, nem como uma novidade, sobretudo para nós, franciscanos, porque nossa vida nasce a partir da dimensão da participação. Nós, frades, nos organizamos em fraternidade, é a primeira experiência de sínodo que fazemos. As nossas decisões, nossas propostas, nossos projetos precisam passar pelo crivo da fraternidade. Além disso, em nossa missão, somos parceiros, companheiros, fazemos o mesmo caminho com homens e mulheres, leigos e leigas, religiosos e religiosas, com toda a Igreja, este é nosso caminho, nosso ‘caminhar juntos’ que propomos para toda a Igreja a partir de nossa missão evangelizadora”, disse.
O Ministro provincial falou sobre a presença do Ministro geral na Província. “Para São Francisco de Assis e sua espiritualidade há 800 anos, o Ministro geral da Ordem é o Divino Espírito Santo, no entanto, temos na figura do Frei Massimo Fusarelli a presença visível do Espírito que nos motiva a todos. Ele é nosso Ministro geral, traz consigo o dom de animar os irmãos, de pedir que nós sejamos cada vez mais fiéis a nossa vocação de servir à Igreja, servir aos irmãos, nos nossos dois pulmões: a
124 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023
Especial
fraternidade e a minoridade”, disse. E completou: ‘Tê-lo aqui conosco, nas nossas Fraternidades do Brasil, nesta região desde o Espírito Santo até o Sul de Santa Catarina, nos enche de alegria e de grande satisfação. É bom tê-lo conosco! Sua presença nos revigora, nos anima e nos propõe caminhos novos. Seja bem-vindo, Frei Massimo!”, celebrou.
Santa Missa no Santuário do Divino Espírito Santo
Com grande alegria os fiéis se reuniram durante a Eucaristia, no Santuário do Divino Espírito Santo, presidida pelo Ministro geral.
Na homilia, Frei Massimo comentou a experiência de São Francisco de “tocar” os necessitados. “São Francisco experimentou este toque em seu abraço ao leproso, aos pobres, aos seus irmãos e irmãs que eram doentes, frágeis, pecadores. Ele se permitiu ser tocado, verdadeiramente abraçado por Cristo no Monte Alverne e pela
Irmã Morte na Porciúncula. Peçamos ao Senhor em oração para que não tenhamos medo de nos permitirmos ser tocados por Deus através da vida, através dos encontros, através dos pobres e, assim, redescobrir a alegria de nossa vida e vocação em missão, pela qual lhe agradecemos esta noite”, concluiu.
Após sua fala, o Ministro geral entregou um fascículo da Regra de Vida dos Frades Menores e um Tau abençoado na Igrejinha da Porciúncula.
Por fim, antes da bênção final, o pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Frei Vanderlei Neves da Silva saudou o Ministro geral em nome do povo capixaba, Frei César, que o ajuda a animar a Ordem, e Frei Paulo, na missão de animar a Província no Brasil: “Nos alegramos com suas presenças e rendemos graças”.
Equipe de Comunicação do Convento da Penha e Santuário Divino Espírito Santo
REGIONAL CURITIBA
FREI MASSIMO FUSARELLI SE REÚNE COM OS FRADES EM RONDINHA
Descendo para o Sul do Brasil, Frei Massimo Fusarelli, eleito Ministro geral da Ordem dos Frades Menores em 2021, visitou os frades do Regional de Curitiba na Fraternidade São Boaventura, de Campo Largo (PR), junto aos filósofos, acompanhado de Frei Paulo Roberto Pereira, nosso Ministro provincial e Frei César Külkamp, nosso Definidor geral para a América Latina.
Às 11h, a chegada do sucessor de São Francisco em nossa Fraternidade foi marcada por uma acolhida calorosa com muita música e alegria próprias do carisma, além da partilha em torno à mesa.
Após o almoço, às 14h30, Frei Massimo, Frei César e
Frei Paulo se reuniram com os frades estudantes no salão São Boaventura para uma partilha sobre a vida fraterna dos religiosos na Ordem e na Província. “Fraternidade é a palavra mais dita entre nós [frades], somos irmãos porque nos entendemos como filhos de um mesmo Pai. [...] Porém, é preciso compreender que a fraternidade é o irmão, real! concreto!”, enfatizou o Ministro geral.
Refletiu sobre a vida acadêmica própria dessa etapa de formação e chamou a atenção dos presentes para um perigo invisível, mas letal à vida fraterna e religiosa: por muitas vezes ficamos presos a conceitos, em um nível intelectual, e somos levados por uma filosofia ocidental a nos prendermos ao racional, isso, contudo, dificulta nos-
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sa relação com Deus, que precisa lutar por um espaço na nossa vida. Raros são os momentos que partilhamos da nossa vivência pessoal com Deus, ou por ser algo muito pessoal e precioso, ou por simplesmente não existir.
Em suas palavras, Frei Massimo, também animou os confrades a ler os sinais dos tempos, a serem missionários, estarem entre irmãos, com o povo. “Essa é a visão de Igreja dos Frades Menores, somos todos povo de Deus! Nascemos, essencialmente, leigos”.
Após uma breve pausa para o café, às 16h30, os confrades solenes do Regional de Curitiba, com a presença também de Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, se reuniram com o Ministro para refletirem sobre a Ordem nos dias de hoje, os desafios e os projetos.
E após uma tarde chuvosa, às 18h30, com o sol se pondo, todos os irmãos se reuniram para celebrar a Eucaristia em fraternidade. A celebração foi presidida pelo Ministro geral e concelebrada pelo Frei César Külkamp, Frei Daniel Dellandrea, Guardião da Fraternidade de Rondinha e Definidor da Província, Frei José Idair Ferreira Augusto, Guardião da Fraternidade Bom Jesus dos Perdões de Curitiba, Frei Evaldo Ludwig, coordenador do Regional e Dom Frei Diamantino Prata.
Ao iniciar, pediu pela viagem apostólica do Papa Francisco ao Congo e ao Sudão do Sul e reforçou nosso compromisso com os refugiados e os mais pobres. Em sua homilia, Frei Massimo ressaltou a corporeidade do Evangelho de Cristo, o cerne da nossa fé: “A fé cristã
Especial
não é uma doutrina, não é iluminação, não é moralidade, não é ética, não é lei, não é norma, não é costume, não é cultura; a fé cristã é precisamente sobre a carne, o corpo. O escândalo do cristianismo é que Deus é 'corpo' [...]”. Por esse motivo pedimos ao Senhor que não tenhamos medo de nossas limitações e nem das limitações dos outros, para que possamos encontrar justamente ali, onde ninguém quer estar, o lugar de encontro, revelação e salvação”.
Antes do jantar, Frei César lembrou aos frades dos centenários que a Ordem estará celebrando até 2026, a
começar pela Regra que este ano comemora os seus 800 anos de aprovação papal. Em um gesto concreto, cada frade recebeu, pelas mãos de Frei Massimo, um livreto contendo a Regra Bulada da Ordem e um Tau, abençoado na igreja da Porciúncula.
E para encerrar o encontro, tivemos uma noite de pizza para confraternizar e estreitar os laços com os irmãos, que apesar de diferentes, caminham no mesmo firme propósito de seguir as pegadas de Jesus Cristo.
Frei Gilberto Silveira da Costa Junior
REGIONAL VALE E LESTE CATARINENSE E FREI BRUNO
ENCONTRO COM OS FRADES NO NOVICIADO DE RODEIO
Aconteceu no dia 2, em Rodeio (SC), um encontro com o Ministro geral da Ordem dos Frades Menores com os frades dos Regionais do Vale e Leste Catarinense e Frei Bruno. Frei Massimo Fusarelli fez um pequeno encontro com os confrades do Regional Vale e Leste Catarinense e, em seguida, com os noviços.
O maior encontro foi no final da tarde com todos os confrades presentes. Frei Germano Guesser dirigiu breves palavras para o Ministro geral, agradecendo
sua presença: “Essa casa centenária é o berço da vida franciscana de muitos frades. Aqui, nos reunimos hoje para acolhê-lo com a mesma alegria que os primeiros frades sentiram ao encontrar-se com São Francisco”. Em seguida foi dada a possibilidade de um frade de cada Fraternidade apresentar sua missão, bem como as alegrias e tristezas das suas Fraternidades.
Frei Massimo trouxe alguns pontos para reflexão, afirmou que “esta Província possui bastante frentes de missão. Há bastante trabalho. Mas é preciso conciliar a vida fran-
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Especial
ciscana com as nossas atividades”. Com maior ênfase disse que “precisamos conciliar nosso carisma com nossas vidas”.
Ao falar sobre formação franciscana, o Ministro geral destacou a importância da formação permanente para todos os frades. Disse que “precisamos ter gratidão pela nossa vocação como irmãos e menores”. Também chamou a atenção para não esquecer o que o Capítulo Geral afirmou sobre a evangelização e missão no espírito de minoridade: “Nossa proposta é de uma vida evangelizadora em fraternidade”.
Ao falar sobre os irmãos que deixam a vida fraterna franciscana, Frei Massimo disse que “é muito triste ler as cartas dos confrades que desistem e ver os irmãos numa vida muito solitária e isolada”. Afirmou que “vivemos num mundo de múltiplas culturas e de desintegração social”, lembrando que o carisma é essencial para enfrentar as dificuldades.
Em seguida, deu-se a possibilidade para os confrades fazerem perguntas ao Ministro geral. Frei César Külkamp lembrou temas que estão em discussão na Ordem, sua reestruturação, novas formas de evangelização e resgate da identidade de Frades Menores. Por fim, Frei Gilson Kammer agradeceu o
momento de conversa e diálogo em nome de todos os frades e encerrou o momento com a oração da Ave-Maria.
Após algumas fotos, os frades foram para a igreja para a celebração da Eucaristia com o povo de Rodeio. A celebração estava marcada para as 19 horas na Igreja Matriz. Na homilia, Frei Massimo tratou sobre o tema da festa da Apresentação do Senhor, que deve nos estimular a levar a Cristo, onde formos enviados”.
No final da celebração, Frei Massimo recebeu presentes e agradecimentos dos confrades e do povo de Rodeio. Houve também entrega de um presente para cada frade. O Ministro geral entregou um Tau e a Regra franciscana juntamente com um abraço e uma mensagem de ânimo a cada confrade.
Após a celebração, a Fraternidade do Noviciado ofereceu um coquetel para todos os confrades. Encontro marcado por uma conversa fraterna e sincera, os frades que atuam em diversas Frentes de Evangelização no Paraná e em Santa Catarina puderam renovar sua comunhão com o sucessor de São Francisco. Paz e Bem!
Frei Junior Mendes
130 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023
REGIONAL SÃO PAULO
FREI MASSIMO VOLTA AO CONVENTO SÃO FRANCISCO PARA SE ENCONTRAR COM OS FRADES DO REGIONAL
Na sexta-feira, dia 3 de fevereiro, o Ministro geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Massimo Fusarelli, chegou ao Convento São Francisco, acompanhado do Ministro provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e do Definidor geral para a América Latina, Frei César Külkamp, para o encontro com os frades do Regional de São Paulo que começou com o almoço fraterno.
Frei Vitorio Mazzuco Filho, Coordenador do Regional, abriu o encontro às 14h30 dando as boas-vindas a todos, em especial ao Ministro geral, e convidando para a oração do Ano Vocacional Franciscano. A apresentação das onze Fraternidades que compõem o Regional de São Paulo, e seus respectivos frades presentes, foi conduzida por Frei João Francisco da Silva, Definidor provincial. Frei Massimo saudou a todos, manifestando a alegria de poder percorrer a Província da Imaculada Conceição do Brasil com suas grandes distâncias geográficas e não
menores riqueza humana e diversidade de culturas. Considerando o desejo do Ministro geral de ir ao encontro dos frades e escutá-los em suas realidades, abriu-se a palavra para que fossem apresentados os principais desafios enfrentados pelas Fraternidades no que toca à vida fraterna e ação evangelizadora. Dentre os manifestados, destacou-se o aumento da população em situação de rua, a sensibilidade de deixar-nos provocar pela pobreza, o diálogo inter-religioso, a evangelização para além da modalidade pastoral, o crescente ultraconservadorismo que vai entrando nas Fraternidades e comunidades, a readequação de estruturas e espaços.
Em sua fala, Frei Massimo recordou que a nossa espiritualidade é de ação, ação do Espírito Santo que integra interior e exterior, fé e história, em razão da qual não podemos separar contemplação e ação. As obras não são um problema, nem o tempo dedicado a elas, mas devemos atentar para “o modo como nelas nos colocamos, nossa busca espiritual e a firme decisão
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Especial
de tomar em nossas próprias mãos nossa escolha vocacional. Como acreditar em Deus e se relacionar com Ele em tempos de pós-secularização? Como revitalizar nossa vida franciscana?”
Após breve intervalo, o diálogo foi retomado a partir dos desafios decorrentes da animação e do cuidado vocacional, bem como da necessidade de novas formas de evangelização e de vida fraterna. Frei César fez alusão ao subsídio Ite, nuntiate..., apresentado pela Ordem para revitalizar a presença franciscana no mundo de hoje e superar uma tendência reducionista nas Frentes de Evangelização. Por sua vez, Frei Massimo elencou três elementos indispensáveis a qualquer forma de vida fraterna: clara referência às raízes carismáticas e teológicas, interligação mútua a partir da co-pertença e qualificação da comunicação entre os frades.
Sobre o processo de redimensionamento da Província, Frei Massimo observou que, dada a significativa diminuição numérica dos frades, manter todas as Casas não é possível. Mas alertou que “simplesmente fechar Casas sem abrir novas presenças é sinal de morte”. Daí a necessidade de se buscar novos e reno -
vados modelos. O Ministro geral chamou também a atenção para o fenômeno do sofrimento psíquico de não poucos frades em nossas Fraternidades, e isso no mundo inteiro. Há necessidade de se lidar com isso de modo fraterno e responsável, visto que afeta diretamente o cultivo vocacional e a qualidade de vida de nossas Fraternidades.
Na Igreja São Francisco aconteceu a celebração da Eucaristia às 17h. Frei Massimo ressaltou o esforço da doação de si mesmo a Deus e aos irmãos empreendido por São Francisco de Assis e ao qual somos todos chamados, fruto de um encontro com o Senhor que muda toda a vida, dando-lhe nova direção. Ao término da celebração, cada frade recebeu das mãos do Ministro geral um Tau abençoado na Igreja da Porciúncula e um exemplar da Regra dos Frades Menores. Frei Vitorio agradeceu a visita fraterna e as palavras de Frei Massimo, bem como a presença dos confrades: um momento singular de revigoramento na nossa vida e missão de Menores.
Frei Vagner Sassi
132 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023
BRAGANÇA PAULISTA
FREI MASSIMO VISITA A FRATERNIDADE
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Dia 5 de Janeiro de 2023: Um dia inesquecível de tão bom, quanta simplicidade, fraternidade e simpatia! Foi o comentário mais ouvido dos confrades idosos após a visita fraterna do nosso Ministro geral Frei Massimo Fusarelli.
E realmente ficará gravado na memória de todos este dia em que Frei Massimo, acompanhado do Definidor geral para a Região Latino-americana e ex-Ministro provincial, Frei César Külkamp, do Ministro provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, do Vigário provincial, Frei Gustavo Wayand Medella e dos Definidores Frei Alex Sandro Ciarnoscki, Frei Daniel Dellandrea, Frei João Francisco da Silva, Frei Marcos Antonio de Andrade e Frei Robson Luiz Scudela, estiveram boa parte do dia conosco.
Frei Massimo e Frei César chegaram na véspera e na parte da manhã, após a oração das Laudes, no café da manhã já puderam conhecer um pouco mais da Fraternidade e casa. Às 10h nos reunimos na sala de TV, preparada para a ocasião, e ali celebramos a missa dominical, presidida pelo Ministro geral e concelebrada por Frei César, Frei Paulo, Frei Carlos José Körber e Frei José Antônio Cruz Duarte. Após a missa, ainda na sala, Frei Massimo dirigiu-nos algumas palavras de incentivo e reconhecimento por todo o trabalho de acolhimento e cuidado
NA UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
Às 14h30, o Ministro geral fez uma visita às instalações da USF passando por vários setores acompanhado do Definidor para a América Latina, Frei César Kulkamp, e os cinco frades que atuam na USF. E, no dia 6, às 9h, em São Paulo, o Ministro geral e o Definitório da Província tiveram uma reunião com a Diretoria e os Conselheiros da Casa Nossa Senhora da Paz (CNSP) onde ouviu e comentou o relatório apresentado que tratou a importância da USF como plataforma educacional e evangelizadora da Província e da Ordem. O histórico da CNSP, a Ação Social Franciscana; a gratidão pela importância da vocação educadora, o perfil dos colaboradores; o perfil dos estudantes, os programas de inclusão ao Ensino Superior, a Unifag, Funclar, o impacto social, a extensão universitária, parcerias com religiosos e religiosas, o alcance dos custos de extensão, o organismo da CNSP, Missão, Visão e Valores. O Ministro geral mostrou-se interessado, fez
que é feito em nossa Fraternidade, não deixando de destacar todo o trabalho e dedicação à Província dos nossos confrades idosos e em tratamento. Deixou-nos como lembrança um pequeno fascículo de nossa Regra e um Tau abençoado na Porciúncula.
Nos dirigimos, então, para o quiosque onde pudemos passar mais algum tempo de convivência e alegria deliciando-nos com um suculento churrasco e acompanhamentos, oferecidos pela Universidade São Francisco.
Participaram também conosco os confrades da Fraternidade Frei Leão, de Itatiba, Frei Vitório Mazzuco Filho, Frei Thiago Alexandre Hayakawa, Frei Alvaci Mendes da Luz e Frei Pedro da Silva Pinheiro.
perguntas, esclarecimentos e comentários pertinentes.
Especial
Agradecemos a Frei Mássimo Fusarelli por sua simpatia, presença fraterna que nos trouxe muita luz e esperança.
FRADES DA CONFERÊNCIA BRASIL E CONE SUL
E DA CÚRIA GERAL SE REÚNEM EM BRASÍLIA
PARA PENSAR FORMAS CONJUNTAS DE AÇÃO
As secretarias para a Formação e os Estudos, Evangelização Missionária e os Animadores de JPIC da Ordem e da Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul, estiveram reunidos na cidade de Brasília (DF) nos dias 27 e 28 de janeiro de 2023 no Instituto Bíblico de Brasília. O encontro presencial foi aberto com a celebração Eucarística
presidida por Frei Daniel Rodrigues Blanco e Frei Francisco Gómez Vargas.
Após a celebração, os frades iniciaram a pauta do primeiro dia, a saber: partilha dos planos de trabalho das secretarias gerais para a Evangelização Missionária (Frei Francisco Gómez), para a Formação e os Estudos (Frei Darko Tepert) e Animação de JPIC (Frei Daniel Rodrigues). Cada um desses
serviços expôs, de forma objetiva, suas esperanças, desafios e sonhos para a animação fraterna na Ordem, bem como as esperanças, desafios e sonhos da Ordem para a Conferência do Brasil e Cone Sul.
Na segunda parte do primeiro dia de trabalho, os representantes das secretarias para a Formação e os Estudos (Frei Fernando Ferrari), de Evangelização Missionária (Frei Edgar Evangelização
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Alves) e Animadores de JPIC (Frei Marx Rodrigues dos Reis) da Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul, foram convidados a expor para a assembleia seus planos de trabalho e seus sonhos e esperanças que foram construídos durante a primeira Assembleia da Conferência, em março de 2022, em São Paulo (SP). Ainda na tarde do dia 27, as Províncias e Custódias que compõem a Conferências foram convidadas a apresentar três esperanças e três desafios nos campos da Formação e Estudos; Evangelização Missionária e Animação de JPIC. Já no fim do primeiro dia de reflexão, os frades fizeram um momento de síntese de todos os assuntos discutidos durante o dia. As
atividades desse dia terminaram com a oração das vésperas seguida de um momento de recreio fraterno.
Iniciamos os trabalhos do dia 28 com a Celebração Eucarística presidida por Frei Fernando Aparecido dos Santos e concelebrado por Frei Edgar Alves. Terminada a celebração, a assembleia se reuniu para ouvir e conversar sobre as colocações postas pela UCLAF, que se reuniu na cidade de São Paulo (de 22 a 27 de janeiro de 2023).
Frei Fernando, vice-presidente da Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul, expôs de maneira objetiva os anseios colocados pelos Provinciais reunidos na UCLAF. Esse momento de partilha, que nos proporcionou
Frei Fernando, somou com o que já havíamos refletido no dia anterior.
Depois desse momento, os frades se dividiram por serviço (Formação e Estudos, Evangelização Missionária e JPIC) para pensar formas conjuntas de ação e de trabalho em nossas Fraternidades. Cada grupo pensou e construiu, a partir de sua forma de ver, caminhos de integração entre as secretarias e JPIC. Na parte da tarde do dia 28, os frades presentes se dedicaram a fazer uma síntese dos caminhos de integração proposto por cada secretaria e pelo serviço de JPIC. Nossas atividades encerram com a celebração das Vésperas.
Ainda nesse tempo, os frades animadores de JPIC, os Secretários de Evangelização Missionária e os Secretários de Formação e Estudos puderam gozar da alegria do encontro fraterno e da troca de experiências fraternas e missionárias. Peçamos a Virgem dos Anjos que nos abençoe e nos conduza nas esperanças, desafios e sonhos discutidos nesses dias!
Frei Jhonatan de Jesus Luiz, OFM ANIMADOR DE JPIC DA PROVÍNCIA SANTA CRUZ
Evangelização
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 135
OPapa Francisco nomeou, no dia 25 de janeiro, Dom Evaristo Pascoal Spengler como bispo da Diocese de Roraima, transferindo-o da Prelazia de Marajó (PA), onde estava desde 27 de agosto de 2016. A posse canônica e a Celebração Eucarística serão na Catedral Cristo Redentor, no dia 25 de março, às 18 horas. Em 2020, após o Sínodo da Amazônia, Francisco escreveu a Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, afirmando querer ver uma região com mais justiça social onde o Cristianismo não elimina, mas enriquece as culturas locais; onde a ecologia seja defendida, com missionários que não se envergonhem de Jesus Cristo.
A nomeação de Dom Evaristo aconteceu exatamente no momento em que foram revela-
DOM EVARISTO NA DIOCESE DE RORAIMA
das cenas dos abusos cometidos contra os Yanomami.
Dom Evaristo assume no lugar de Dom Mário Antônio da Silva, que deixou o cargo no Estado para assumir a Diocese de Cuiabá, no Mato Grosso, no dia 23 de fevereiro do ano passado. No Marajó, Dom Evaristo diz ter descoberto “a abertura missionária para toda a querida Amazônia, e a importância da Amazônia para a Igreja e para o mundo”. Diante da nomeação do Papa Francisco, Dom Evaristo diz tê-la recebido “com muita disponibilidade e abertura de coração para acolher a nova realidade e seus desafios como um apelo de Deus”.
Natural de Gaspar (SC), onde nasceu no bairro de Pocinho no dia 29 de março de 1959, Frei Evaristo vestiu o hábito franciscano quando ingressou no Noviciado de
Rodeio (SC), da Província Franciscana da Imaculada Conceição, no dia 20 de janeiro de 1977. No dia 2 de agosto de 1982 fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores e foi ordenado presbítero no dia 19 de maio de 1984.
Frei Evaristo ficou por uma década em Angola. Essa experiência missionária começou no dia 31 de maio de 2001. De 2003 a 2006, Frei Evaristo presidiu a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. Em janeiro de 2010 encerrava essa etapa missionária e retornava para a conhecida Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, bairro de Imbariê, como Vigário Paroquial. Ali continuou até 2012 quando o Capítulo Provincial o elegeu Definidor e o manteve como coordenador da Fraternidade de Imbariê. No Capítulo Provincial de 2016, ele foi eleito Vigário Provincial e passou a acumular a função de Secretário da Evangelização.
Frei Evaristo sucedeu a Dom Frei José Luiz Azcona, religioso missionário da Ordem dos Agostinianos Recoletos e bispo prelado do Marajó desde 1987. Dom Evaristo foi ordenado em 06 de agosto de 2016, em Gaspar (SC), depois de ser nomeado bispo pelo Papa Francisco no dia 1º de junho de 2016.
Quando assumiu a Prelazia de Marajó disse: “Os desafios sociais e eclesiais não me assustam quando há uma Igreja viva. O que me dá medo é a acomodação, é perder o ímpeto missionário”.
Atualmente, a Diocese de Roraima se destaca com apoio e suporte da população migrante e indígena presente no estado e continua caminhando na missão de evangelização, em comunhão e participação com o
136 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023 Evangelização
Santo Padre, Papa Francisco, e toda a igreja na Amazônia.
Da nova realidade, D. Evaristo reconhece seus desafios: “povos indígenas, migração, garimpo ilegal, violência, conflito de terras e territórios e o desafio da evangelização nessa realidade”. Mas também sabe “que a Igreja local é missionária, servidora e profética”, destacando “o serviço prestado pela Diocese aos migrantes venezuelanos”. Uma Igreja que segundo seu novo Bispo, “pauta as suas opções iluminada pelo Evangelho e não por aplausos ou críticas. É uma Igreja que tem clareza da sua opção de estar ao lado dos povos indígenas, migrantes e vulneráveis”.
Dom Evaristo é consciente de chegar num momento marcado pela tragédia humanitária que enfrenta o povo Yanomami, que define como “um escândalo da sociedade brasileira com repercussões internacionais”. Diante disso ele quer “somar com todos os de boa vontade, no esforço do resgate pelo respeito e dignidade deste povo, que vive a paixão de Cristo diante dos nossos olhos. Quero estar ao lado e apoiar a todos aqueles que defendem a vida, promovem a paz, e desenvolvem o cuidado da Casa Comum”.
Se sabendo limitado, D. Evaristo afirma que “é necessário contar mais com a misericórdia de Deus e a ação do Espírito, do que com as nossas forças, e caminhar sempre com os irmãos em espírito de sinodalidade”. Ele lembra seu lema presbiteral, que é a promessa de Deus a Moisés: “Vai, eu estou contigo”. Por isso reconhece que “nossa única segurança é a presença do Deus que nos chama e nos envia através do seu Filho Jesus Cristo”. Igualmente lembra seu lema episcopal: “Avança para Águas Profundas”, que segundo Dom Evaristo, “não permite que eu me acomode”.
Para sua nova missão pede a oração de todos e a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, enviando sua bênção.
Solidariedade aos Yanomami
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, no dia 31 de janeiro, uma nota intitulada “Em defesa dos povos originários”, motivada pela realidade vivida pelo povo Yanomami que, segundo o documento, é a “síntese da ofensiva contra os direitos dos povos indígenas agravada nos últimos anos”. A realidade, segundo a nota, foi denunciada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em seu relatório anual.
Abaixo, a íntegra da nota
Em defesa dos povos originários
A ofensiva contra os direitos dos povos indígenas, agravada nos últimos anos, foi denunciada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em seu relatório anual. A realidade vivida pelo povo Yanomami é, pois, síntese do que apresenta o relatório do CIMI. Os povos originários, integrados à natureza, têm sido desrespeitados de modo contumaz, a partir da ganância, da exploração predatória do meio ambiente, que propaga a morte em nome do dinheiro.
Essa realidade deve despertar santa indignação no coração de cada pessoa, especialmente dos cristãos, que não podem fazer da defesa da vida uma simples bandeira a ser erguida sob motivação ideológica. A vida tem que ser efetivamente defendida, não apenas em uma etapa específica, mas em todo o seu curso. E a defesa da vida humana é indissociável do cuidado com o meio ambiente.
A CNBB pede às autoridades um adequado tratamento dedicado ao povo Yanomami e a cada comunidade indígena presente no território brasilei -
ro. Diante da gravidade do que se verifica no Norte do País, das mortes, principalmente de crianças e de idosos, sejam apontados os responsáveis, para que a justiça prevaleça. O genocídio dos Yanomamis seja capítulo nunca esquecido na história do Brasil, para que não se repita crime semelhante contra a vida de nossos irmãos.
A Igreja Católica no Brasil está unida ao povo Yanomami, solidariamente, com sua rede de comunidades de fé. As dores de cada indígena são também da Igreja, que, a partir de sua doutrina, do magistério do Papa Francisco, vem ensinando a importância dos povos originários na preservação do planeta.
O momento é de tristeza e desolação, mas a Igreja Católica continuará a trabalhar, intensificando sempre mais as suas ações, em união com muitos segmentos da sociedade e do poder público, para que prevaleça a esperança, confiante de que cada Yanomami será respeitado em sua dignidade de filho e filha de Deus.
Brasília-DF, 31 de janeiro de 2023
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
ARCEBISPO DE BELO HORIZONTE (MG) E PRESIDENTE DA CNBB
Dom Jaime Spengler
ARCEBISPO DE PORTO ALEGRE (RS) E PRIMEIRO VICE-PRESIDENTE DA CNBB
Dom Mário Antônio da Silva ARCEBISPO DE CUIABÁ (MT) E SEGUNDO VICE-PRESIDENTE DA CNBB
Dom Joel Portella Amado
BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO (RJ) E SECRETÁRIO-GERAL DA CNBB
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 137
MISSÕES VOLTAM COM FORÇA EM PATO BRANCO. ANTES, JOVEM CAMINHAM EM VILA VELHA!
Durante a #SuperLive de encerramento do Dia de Missão, realizada no último domingo (29/01), às 20h30, os frades animadores da Evangelização para as Juventudes da Província da Imaculada Conceição do Brasil e o Conselho das Juventudes anunciaram as cidades-sedes da próxima Caminhada e Missão Franciscana da Juventude dos anos de 2023 e 2024.
Após a interrupção dos eventos por conta da pandemia em 2020, a partir de agora as atividades evangelizadoras com os jovens franciscanos da Província voltam com todo vigor e empenho, retomando assim, com muita alegria e esperança, a grandiosidade e importância desta experiência na vida dos jovens.
A cidade de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo, acolherá a 11ª edição da CFJ entre os dias 29 e 30 de julho de 2023. É a primeira vez que este evento acontecerá em terras capixabas. Com percursos pelo mar, até a Virgem da Penha,
os jovens serão convidados a percorrerem um caminho marcado pela fé em direção ao Convento de Nossa Senhora da Penha, principal cartão postal do Espírito Santo.
Já em janeiro de 2024, a cidade de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná (PR), acolherá a 8ª edição da MFJ. Durante a live, Frei Gabriel Dellandrea e Frei Roger Strapazzon, entregaram o Tau da missão para o grupo de jovens pato-branquenses, que com muita alegria agradeceu a oportunidade de acolher pela primeira vez este evento.
Mais cedo, estes mesmos jovens realizaram a proposta do Dia de Missão e se reuniram de uma forma já bem conhecida na Paróquia São Pedro Apóstolo: por meio de uma trilha. Há mais
de um ano acontece a chamada “Trilha Franciscana”, que mensalmente reúne os jovens para fazer uma experiência de itinerância e encontro com a natureza. Os jovens tiveram atividades em Xaxim (SC), Petrópolis (RJ), São Paulo (SP-SEFRAS), o Santuário Frei Galvão de Guaratinguetá (SP), Paróquia São Paulo Apóstolo de Agudos (SP) e Paróquia São Francisco de Assis em Campos Elíseos, Duque de Caxias (RJ). Inciativas que somadas reuniram aproximadamente mais de 250 jovens que acolheram a proposta do Dia de Missão e realizaram a Missão Franciscana de 2023 nas suas próprias comunidades e cidades.
Frei Augusto Luiz Gabriel
138 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023
Evangelização
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
NOTÍCIAS DA REUNIÃO DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL
São Paulo, 4 a 8 de fevereiro de 2023
Nos dias 4 a 8 de fevereiro, na Sede provincial em São Paulo (SP), o Definitório provincial esteve reunido para tratar dos assuntos de animação e organização da Província. Esta reunião, moderada por Frei Marcos Antonio de Andrade, foi marcada pela presença do Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, e o Definidor geral, Frei César Külkamp, que concluíam a visita canônica a nossa Entidade. Os primeiros dias da reunião foram destinados ao diálogo do Ministro geral com o Definitório provincial, numa partilha de suas impressões sobre as visitas, à apresentação das Obras da Província pelas Diretorias e o retorno do Conselho da FIMDA às observações feitas por Frei Massimo em carta enviada após a visita à Fundação.
Seguem os principais assuntos da reunião e seus encaminhamentos:
1. Síntese da visita canônica do Ministro geral
O Ministro geral, Frei Massimo Fusarelli, acompanhado por Frei César Külkamp e Frei Paulo Roberto Pereira, dedicou-se à visita canônica em nossa Província nos dias 30 de janeiro a 6 de fevereiro. Teve a oportunidade de encontrar os frades reunidos em cada Estado em que a Província tem presenças, conhecer algumas das Casas, com destaque à Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista (SP), onde cuidamos de nossos confrades idosos e enfermos, e ouvir sobre a realidade das Obras da Província através da apresentação das Diretorias. Foram dias intensos de encontro, celebração e escuta que, além de exigir esforço e dedicação de energias, renovavam a convicção da rica diversidade e potencialidade evangelizadora de nossa Entidade.
Conforme Frei Massimo partilhava ao Definitório provincial suas impressões dos dias decorridos e daquilo que testemunhou e tomou conhecimento, evidenciava-se sua perspicácia em reconhecer sinais mais evidentes e aqueles mais sutis de nossa vida e missão, ao identificar no “não dito” pelos irmãos o que deveria ser trazido à tona para ser trabalhado e se tornar caminho a ser percorrido.
Admoestou aos frades quanto à formação humana permanente, de modo a encarar com seriedade os mecanismos da dinâmica da vida provincial que possam despertar ou acentuar fragilidades psíquicas dos irmãos e, em decorrência destas, tornar a convivência pesada em algumas situações.
Insistiu na importância de identificar os desafios e dedicar-se ao trabalho de lhes dar uma resposta antes que a Província seja obrigada a tomar decisões por não ter mais tempo hábil para a reflexão e adaptação necessárias.
Apontou a interprovincialidade e a atenção às instâncias da Conferência como fator de abertura e rompimento da cultura do “provincialismo” que fecha as Fraternidades e irmãos nas preocupações e problemas internos, diluindo a consciência de pertença a uma Ordem internacional.
Alertou para que sejam criados mecanismos sempre mais fortes que impeçam/dificultem qualquer forma de corrupção e mal-uso do dinheiro por frades ou leigos, nas Fraternidades ou nas Obras. Que se insista nos passos em direção à prática do caixa comum para todas as entradas e gastos em todas as presenças.
Reconheceu o tempo de redimensionamento que a Província tem vivido, seja físico, através da entrega ou abertura de novas presenças, seja carismático, através das provocações de conversão de algumas posturas e costumes que destoam da Forma de Vida religiosa que todos abraçaram. Pontuou que princípios como alternância de cargos e transferências são mecanismos tradicionais que promovem fidelidade e liberdade na vida da Província e que, quanto mais claro for estabelecido o caminho a ser percorrido, traçado com a participação sinodal dos irmãos, haverá menor risco de individualismos e clericalismo ameaçando a vida e a missão.
2. Conferência Africana e FIMDA –Aproximação
O Definitório provincial, à luz das falas do Ministro geral e do Definidor geral, Frei César Külkamp, acolheu a indicação de que a FIMDA estreite os laços com a Conferência Africana. Esta aproximação deverá começar com a participação dos fra-
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des nas instâncias de animação e organização da Conferência e, em um segundo momento, com o estudo das possibilidades de formação em institutos interprovinciais.
3. Encontro dos Secretários da Evangelização da Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul
Aconteceu em Brasília (DF), nos dias 27 e 28 de janeiro, o encontro dos Secretários da Evangelização e responsáveis pelo JPIC da CFByCS com os Secretários gerais da Evangelização Missionária, Frei Francisco Gómez Vargas; e da Formação e os Estudos, Frei Darko Tepert; e o Animador geral de JPIC, Frei Daniel Rodrigues Blanco. O encontro foi ocasião de partilha de trabalhos, mútuo conhecimento e busca de maior comunhão e proximidade. A reunião voltou-se sobre os temas da mobilidade humana, da cultura da paz, do cuidado da Criação, da tutela dos menores e das novas formas de presença e evangelização.
4. Acolhida de frade professo temporário da Província Santo
Antônio para experiência no SEFRAS
Acolhendo a solicitação apresentada pelo Ministro provincial da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, Frei João Amilton dos Santos, a Fraternidade Santo Antônio do Pari, de São Paulo (SP) receberá Frei Luiz Antônio de Souza, frade em tempo de profissão temporária, para experiência junto ao SEFRAS no primeiro semestre deste ano. Frei José Francisco de Cassia dos Santos foi nomeado como seu mestre para o período.
5. Curso para Formadores da Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul – Indicações
A Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul promoverá um novo Curso para Formadores que acontecerá no decorrer de dois anos em modalidade híbrida (presencial e virtual), ligado ao Instituto Teológico Franciscano, de Petrópolis (RJ). Neste ano, as aulas acontecerão nos dias 12/04 a 28/06 (on-line); 03-14/07 (presencial) e 09/08 a 01/11 (on-line). O Definitório provincial indicou Frei Gabriel Dellandrea, Frei Josemberg Cardozo Aranha e Frei Roger Strapazzon à participação.
6. Cursos de Pós-graduação em Evangelização e Franciscanismo e Teologia Pastoral
A Universidade São Francisco e o Instituto Teológico Franciscano oferecerão dois cursos de especialização em
área de interesse para a Formação Permanente e Evangelização para frades, líderes de diferentes Frentes de Evangelização e outros organismos da Família Franciscana. Os cursos são de 12 meses, tendo início no dia 07/02/2023, em modalidade 100% EAD.
A Especialização em Evangelização e Franciscanismo apresenta e discute os fundamentos teológicos e bíblicos da evangelização e suas características a partir do franciscanismo. O curso tem como principais objetivos o estudo da vida de São Francisco de Assis, da espiritualidade franciscana, dos textos-fonte e do pensamento franciscano. Além disso, propõe um aprofundamento nos estudos sobre a evangelização em diferentes contextos a partir dos apelos da atualidade e do franciscanismo.
A Especialização em Teologia Pastoral está estruturada a partir da concepção de que a teologia ilumina a pastoral e a pastoral ilumina a teologia. O curso tem como principais objetivos discutir os princípios teológicos e bíblicos da ação pastoral; abordar a aplicação prática dos principais conceitos da teologia pastoral em diferentes realidades e contextos; desenvolver habilidades e competências em vista da animação e liderança pastoral.
Pede-se aos interessados que entrem em contato com Frei Gustavo W. Medella que organizará as inscrições com o ITF. Já está confirmada a participação de Frei Alessandro Dias do Nascimento, Frei Alex Sandro Ciarnoscki, Frei Carlos Alberto Guimarães, Frei Diego Atalino de Melo, Frei Gustavo Medella, Frei João Francisco da Silva, Frei Jonas Ribeiro da Silva, Frei José Martins Coelho, Frei Junior Mendes, Frei Paulo Roberto Pereira e Frei Vanderley Grassi.
7. Revigoramento Franciscano 2023 –Cancelado
Devido ao pequeno número de inscritos, a CFFB comunica que a edição do Revigoramento Franciscano 2023, tradicional curso de Franciscanismo e de renovação pessoal que acontece anualmente na Fraternidade do Seminário Santo Antônio, de Agudos (SP), foi cancelada.
8. Retiros Provinciais 2023
Os Retiros Provinciais 2023 terão como tema “Na celebração dos 800 anos da Regra Bulada, reencantar e ressignificar a nossa Identidade Franciscana”.
Datas:
• 19 a 23 de junho, na Fraternidade Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis (RJ), sob a condução de Frei Gilberto da Silva. Serão 20 a 25 vagas.
• 07 a 11 de agosto, na Fraternidade do Seminário
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Santo Antônio, de Agudos (SP), sob a condução de Frei Samuel Ferreira de Lima. O que terá mais vagas.
• 21 a 25 de agosto, na Fraternidade São Boaventura, de Campo Largo (PR), sob a condução de Frei Fidêncio Vanboemmel. Serão até 40 vagas.
Os retiros terão início na segunda-feira à noite e terminarão na sexta-feira ao meio-dia. As inscrições poderão ser feitas com a Secretaria Provincial através do e-mail ofmimac@ franciscanos.org.br ou por Whatsapp (11) 99334-5259 (Frei Rodrigo).
Se outros grupos menores quiserem se organizar por região ou no Eremitério Frei Egídio também será possível. Nestes casos, pedimos que o Moderador da Formação Permanente, Frei Fidêncio, seja comunicado.
9. Fórum da Formação e os Estudos
2023 – Preparativos
Prosseguindo com os preparativos para o Fórum da Formação e os Estudos 2023, foi encaminhado aos frades um pequeno questionário para recolhimento das expectativas e sugestões dos irmãos das metodologias e enfoques que o Fórum deveria considerar. O próximo passo será o encaminhamento do Instrumento de Trabalho a ser refletido em “grupos focais” ou instâncias da Província – Frentes de Evangelização, Regionais, Fraternidades, conselhos... O resultado desta etapa levará aos assuntos e proposições que serão discutidos no Fórum.
10. Ratio Evangelizationis – Reflexão pelas Frentes de Evangelização
O Instrumento de Trabalho elaborado pela Secretaria geral para a Evangelização Missionária e compartilhado com as Províncias e Custódias será refletido, em nossa Província, pelos conselhos das Frentes de Evangelização e o próprio Conselho da Evangelização. A Cúria geral espera o retorno deste trabalho até o dia 20 de março, como parte do processo de elaboração da Ratio Evangelizationis da Ordem.
11. Romaria Penitencial de Frei Bruno Linden
A tradicional Romaria Penitencial de Frei Bruno Linden está prevista para acontecer no dia 5 de março de 2023, em Joaçaba (SC). As paróquias aos cuidados da Província em Santa Catarina estão planejando a participação do povo, assim como o Noviciado São José, de Rodeio (SC) e a Fraternidade São Boaventura, de Campo Largo (PR), promoverão a participação dos frades noviços e de profissão temporária. Caberá à Província a
animação dos fiéis na hora que antecede o início da caminhada, diante da Catedral de Joaçaba.
12. Evangelização com as Juventudes –Dia
de Missão
No final de semana dos dias 28 e 29 de janeiro, o serviço de Evangelização com as Juventudes promoveu o Dia de Missão. Onze Fraternidades da Província reuniram, ao todo, cerca de 250 jovens em diferentes iniciativas de missão animadas pelo tema do Ano Vocacional “Corações ardentes, pés a caminho”. Foram atividades simples, mas realizadas com carinho e esmero pelos jovens.
13. Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem – Solicitação de entrega
A Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) solicitou à Província a entrega da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, manifestando a intenção de intensificar a presença arquidiocesana nesta comunidade. Para isso, foi solicitada a rescisão do convênio firmado em 2007, estabelecendo como prazo para a transição o primeiro semestre de 2023, para que a Arquidiocese possa assumir o local no início do segundo semestre.
14. Irmãs Clarissas em Angola –Assistência espiritual
O Definitório provincial aprovou a disposição do Conselho da FIMDA de prover a assistência espiritual ao mosteiro das irmãs Clarissas de Lubango, Angola. Uma vez que as distâncias impedem uma assistência contínua, o Conselho propôs que, em princípio, um frade vá e permaneça por uma semana no mosteiro em cada semestre dedicando-se a pregar retiro e oferecer formação.
15. Equipe de Projetos para a FIMDA –Constituição
O Definitório provincial aprovou a constituição de uma equipe responsável pela elaboração e encaminhamento de projetos de captação de recursos que, uma vez aprovados pelo Conselho da FIMDA e o Definitório provincial, poderão ser enviados às Entidades que oferecem auxílio financeiro a projetos da Igreja. Frei Laerte de Farias dos Santos e um frade em tempo de profissão temporária integrarão esta equipe
16. Frei Gabriel Dellandrea –Encaminhamento à Ordenação
Presbiteral
Frei Gabriel apresentou a carta em que se dispõe a exercer o ministério presbiteral em nome da Provín
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Notícias do Definitório Provincial
cia. A Fraternidade São Francisco, de São Paulo (SP), à qual Frei Gabriel pertence, emitiu o seu parecer individualmente e através do Discretório. Tomando as considerações dos confrades com quem Frei Gabriel convive e trabalha e dos membros do Definitório provincial, Frei Paulo Roberto Pereira aprovou o encaminhamento à Ordenação.
17. Frei Luiz Antonio Aliberti – Retorno
Frei Luiz Antonio Aliberti, atendendo as admoestações fraternas feitas pelo Definitório provincial, retornou à Fraternidade provincial voltando a residir na Fraternidade Santo Antônio, de Florianópolis (SC). Ele já vinha participando de momentos fraternos e auxiliando no atendimento pastoral da Paróquia Santo Antônio, até que no dia 5 de dezembro de 2022, voltou a residir no convento.
18. Alberto André António – Retorno
O Definitório geral deu o aval para que Alberto André António fosse readmitido à formação inicial na Ordem sem, no entanto, dispensá-lo de repetir o ano de Noviciado. Assim, ele será integrado ao Postulantado na Fraternidade da Porciúncula, em Viana, Angola, e, poderá ingressar no segundo semestre, após os devidos processos de pedido e aprovação, no Noviciado, na Fraternidade Santo Antônio, de Quibala.
19. Nomeações Diversas
1. Frei Alan Leal de Mattos: vigário paroquial da Paróquia da Imaculada Conceição, de Curitibanos (SC);
2. Frei André Becker: vigário da casa e ecônomo da Fraternidade Santo Estêvão, de Ituporanga (SC);
3. Frei Carlos José Körber: assistente espiritual da Fraternidade Secular Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, de Bom Jesus dos Perdões (SP);
4. Frei Carlos Lúcio Nunes Corrêa: ecônomo da Fraternidade Dom Paulo Evaristo Arns, de São Paulo (SP);
5. Frei Elói Dionísio Piva: vigário paroquial da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis (RJ), vigário da casa e animador vocacional local da Fraternidade São Francisco de Assis, de Petrópolis (RJ);
6. Frei João Manoel Zechinatto: discreto da Fraternidade Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis (RJ);
7. Frei Junior Mendes: vigário paroquial da Paró-
quia de São Francisco de Assis, de Chopinzinho (PR);
8. Frei Marcelo Paulo Romani: animador vocacional local da Fraternidade Santo Estêvão, de Ituporanga (SC);
9. Frei Marcos Prado dos Santos: assistente espiritual da Fraternidade Secular São Francisco das Chagas, de Atalanta (SC);
10. Frei Mário Stein: animador vocacional local da Fraternidade São Francisco de Assis, de Ituporanga (SC);
11. Frei Rafael Spricigo: ecônomo e animador vocacional local da Fraternidade do Patrocínio de São José, de Lages (SC);
12. Frei Sandro Roberto da Costa: vigário paroquial da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis (RJ);
13. Frei Thiago da Silva Soares: animador vocacional local da Fraternidade Nossa Senhora Mãe Terra, de Duque de Caxias (RJ);
14. Irmã Dina José dos Santos: assistente espiritual da Fraternidade Secular São Francisco da Penitência, de Cabo Frio (RJ);
15. Irmã Nádia Maciel da Silva: assistente espiritual da Fraternidade Secular Coração de Maria, de Votuporanga (SP).
20. Transferências
1. Frei Nilo Agostini: transferido para a Fraternidade São Pedro Apóstolo, de Pato Branco (PR), a serviço da evangelização;
2. Frei Vilmar Alves da Silva: transferido da Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, de Curitiba (PR), para a Fraternidade do Patrocínio de São José, de Lages (SC), para tratamento de saúde.
21. Orçamento 2023
O Definitório provincial aprovou a previsão orçamentária da Província para o ano de 2023 elaborada pelo Conselho do Economato. Ressaltou-se o equilíbrio entre receitas e despesas, mas considerado ainda muito frágil diante do patrimônio total da Província e suas necessárias reformas e manutenções prediais, bem como a lida de imprevistos.
22. Contabilidade – Novo sistema
No mês de janeiro, foi iniciado um novo processo para os lançamentos na contabilidade da Província por parte das Fraternidades. Através de um sistema integrado, as Fraternidades têm acesso à plataforma para fazer os lançamentos das
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notas, enviando-as digitalmente para a contabilidade central. Após análise por parte da contabilidade da Sede, as notas são aprovadas e integradas ao sistema. Além de não ser mais preciso enviar a contabilidade fisicamente pelos Correios, o novo método permite a assinatura dos relatórios realizada digitalmente. O processo foi auditado e aprovado pela auditoria externa da Província e já foi implantado em algumas Fraternidades. O Economato planeja sua implantação nas demais Fraternidades no decorrer do primeiro trimestre de 2023.
23. Autorizações de Viagem
1. Frei Alan Leal de Mattos, Frei Cláudio César Broca de Siqueira e Frei Ivo Müller: viagem à Itália e Terra Santa com peregrinos, em 09 a 23 de julho, em atividade do Comissariado da Terra Santa.
2. Frei Alvaci Mendes da Luz: viagem a Portugal, em junho-agosto, por motivos de estudo;
3. Frei Germano Guesser: viagem a Luxemburgo, no segundo semestre de 2023, por motivos familiares;
4. Frei Gilberto Marcos Sessino e Frei José Raimundo de Souza: viagem à Itália com grupo de paroquianos, em 11 a 25 de maio, em peregrinação aos lugares franciscanos;
5. Frei Leandro Costa Santos: viagem a Portugal, 1 a 6 de agosto, para participar da Jornada Mundial da Juventude a serviço do JPIC da Ordem;
6. Frei Neuri Francisco Reinisch: viagem a Las Vegas, nos Estados Unidos da América, em 13 a 19 de abril, para participar de feira de tecnologia de Rádio e TV.
24. Situações de Separação da Fraternidade – Atualizações
1. Frei Adailton José Santiago: assinado o decreto de demissão ipso facto da Ordem a ser confirmado pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica;
2. Frei Ademir José Peixer: recebeu indulto de exclaustração, válido até 16/01/2025. A Fraternidade Santo Antônio, do Rio de Janeiro (RJ), e o guardião Frei Walter Ferreira Junior serão sua referência neste período;
3. Frei Adriano Freixo Pinto: pediu indulto de exclaustração que, aprovado pelo Definitório provincial, será encaminhado à Cúria geral;
4. Frei Alfredo Epalanga Prego: pediu indulto de dispensa dos compromissos com os votos reli-
Notícias do Definitório Provincial
giosos que, aprovado pelo Definitório provincial, será encaminhado à Cúria geral;
5. Frei Alfredo Gurzinski: oficialmente desligado da Ordem após comunicado de incardinação “por força da lei” na Diocese de Caçador (SC);
6. Frei Clauzemir Makximovitz: recebeu indulto de dispensa dos compromissos com o ministério ordenado e os votos religiosos, desligando-se definitivamente da Ordem;
7. Frei Hermenegildo Curbani: hospedou-se, sem a devida autorização, em um instituto religioso nos EUA em dezembro de 2022, estando, atualmente, em situação irregular de ausência da Fraternidade;
8. Frei Honorato Salvador Gaspar Gabriel: recebeu indulto de dispensa dos compromissos com os votos religiosos, desligando-se definitivamente da Ordem;
9. Frei Joarez Foresti: assinado o decreto de demissão ipso facto da Ordem a ser confirmado pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica;
10. Frei Leonardo Pinto dos Santos: pediu indulto de exclaustração que, aprovado pelo Definitório provincial, será encaminhado à Cúria geral;
11. Frei Paulijacson Pessoa de Moura: deixou a Fraternidade São Francisco de Assis, de Rodeio (SC), no dia 11 de novembro de 2022, estando, atualmente, em situação irregular de ausência da Fraternidade.
25. Egressos da Formação Inicial
30/11/2022 – Frei Bruno Dias de Deus (professo temporário);
06/12/2022 – Frei Guilherme Ploteguer Neto (professo temporário).
26. Agenda 2023
Veja agenda completa na última página.
A reunião encerrou-se às 19h30, do dia 8 de fevereiro, com o agradecimento de Frei Marcos Antonio de Andrade a todos os confrades, convidando-os a uma oração rendendo graças a Deus, pedindo a intercessão de Maria e concluindo com a bênção de Frei Fidêncio Vanboemmel sobre todos.
Frei Rodrigo da Silva Santos, OFM SECRETÁRIO PROVINCIAL
comunicações FEVEREIRO 2023 143
CATEQUISTAS FRANCISCANAS SE REORGANIZAM
COMO CONGREGAÇÃO E VOLTAM ÀS ORIGENS
Era o dia 14 de janeiro de 1915, na Igreja de São Virgílio, no bairro Rodeio 50, em Rodeio (SC), quando três jovens manifestaram a Frei Polycarpo Schuen, pároco da Paróquia São Francisco de Assis, em Rodeio (SC), que não ficariam apenas um ano como catequistas e professoras nas escolas paroquiais, frequentadas pelos filhos e filhas dos imigrantes italianos, mas abraçariam para sempre esse serviço evangelizador. Naquele momento era lançada a semente da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas.
No dia 14 de janeiro de 2023, 108 anos depois daquele “sim” das três jovens - Amábile Avosani, Maria Avosani e Liduína Venturi -, as Irmãs da Província Imaculado Coração de Maria se reuniram para celebrar essa data histórica na Casa-Mãe de Rodeio. Cheio de simbolismo, esse momento também marcou o início do Noviciado na Comunidade Rodeio 50, onde quatro jovens repetem o “sim” exatamente no local onde tudo começou há mais de um sé-
culo: a “Capela do Sim”. No dia 14, às 10 horas, o Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima presidiu a Celebração Eucarística deste Jubileu. Esse retorno às fontes com o Noviciado em Rodeio, não é a principal mudança, mas podemos dizer que se trata da “ponta do iceberg” de uma grande transformação que já começou na Congregação. Formada hoje por seis Províncias no Brasil e uma coordenadoria em Angola, na África, além das presenças no Chile, na Bolívia, na Argentina, na Guatemala e na República Dominicana, a Congregação deixará de ter essa estrutura com os governos provinciais e passará a ter somente o governo da Congregação.
Segundo explica a Ministra Provincial da Província Imaculado Coração de Maria, Ir. Ivonete Gardini, esse processo já começou em 2018 e terá dois sexênios para ser concluído (2018-2024, 20242030). “Desde 2018, no Capítulo Geral, aprovamos a unificação, ou seja estamos num processo de reorganização. Com isso, haverá um redimensionamento das casas, dos serviços internos, das presenças, ficando somente a estrutura geral”, explica Ir. Ivonete. Atualmente, a Ministra Geral é Ir. Ana Pereira de Macedo, da Província Santa Teresa do Menino Jesus.
A partir de 1967, a Congregação estava no auge e via a necessidade de se expandir. Foi então que se criou quatro Províncias e, em 2000, mais duas. “Agora estamos fazendo outro movimento, o de retorno aos primórdios da Congregação”, avaliou Ir. Ivonete.
Como ela explica, a diminuição no quadro das religiosas, seja no ingresso ou através de desistências, assim como o número de idosas e falecimentos, levou as Irmãs Catequistas a esta reflexão. “O
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objetivo principal é responder melhor à questão missionária, fortalecendo as principais áreas de atuação do nosso carisma”, observou a Ministra Provincial. Além do redimensionamento de espaços, Ir. Ivonete destaca o fato positivo de se ter liberdade de transitar em outros territórios que não seja exclusivo de uma Província. “A gente já está fazendo experiências em algumas comunidades com irmãs de diversas Províncias. A formação já não é mais de uma determinada Província, mas da Congregação”, citou a religiosa.
Mas a Congregação pode-se dizer que é privilegiada em relação a muitas, porque tem 40 jovens sendo acompanhadas no processo formativo. “Temos esperança com muitas vocações da região do Amazonas e de Angola. Em compensação, no Sul e Sudeste, não temos nenhuma vocacionada”, observou a Irmã.
Ir. Ivonete ressalta que hoje o carisma, que é educação e catequese, tem uma compreensão mais abrangente, e responde aos apelos atuais através de trabalhos em redes e parcerias, para o aprofundamento da espiritualidade francisclariana e atualização do carisma. As Irmãs Catequistas, conhecidas carinhosamente como “mestras”, continuam sendo “mestras” no meio de alguns interlocutores, porque não podemos abraçar a tudo. “Então, não vamos perder de vista os pobres. E dentro desses pobres, os povos originários, os indígenas, as mulheres, afrodescendentes, os ribeirinhos, as crianças e adolescentes”, ressalta a religiosa, lembrando que no planejamento estratégico da Congregação, as Irmãs assumem as áreas sócio-ambiental, educação e eclesial. “Por exemplo, em Rodeio, naquela época, o nosso clamor era a catequese e a educação formais,
hoje a grande resposta que podemos dar, neste espaço que temos, é na questão ambiental”, assinalou. Para ela, no Capítulo Geral no próximo ano, certamente “vamos bater o martelo para estabelecer uma data da unificação”. Ir. Ivonete revela que hoje a Província que está à frente tem 62 irmãs e é a mais idosa. “Posso dizer sem medo que 88% têm acima de 70 anos”, disse.
Natural de Camboriú, Ir. Ivonete tem 52 anos e 28 anos de vida religiosa. Além do trabalho na Congregação, ela ficou sete anos no Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) da Província da Imaculada Conceição. Para ela, esse tempo foi uma escola. “Dois aspectos fortes eu destaco: trabalhar com os pobres, mas aqueles que estão nas periferias da periferia. A gente diz que busca resgatar a humanidade deles, mas eles resgataram a minha humanidade.
Eu ganhei muito mais do que ofereci. Aprendi valorizar pequenas coisas, valorizar o humano. E uma outra coisa que aprendi, e que me é muito útil aqui nesta Casa, é administrar, coordenar, aprender a lidar com os colaboradores, já que nesta Província temos 26 contratados”,
contou a religiosa, que é graduada em Psicologia. Foi Vice-Provincial (2005-2009) e conselheira Geral.
NOVICIADO: BEBER NA FONTE
O Noviciado Interprovincial das Irmãs Catequistas Franciscanas teve início no dia 8 de dezembro, na sede da Província Santa Terezinha do Menino Jesus, no Mato Grosso. No dia 9 de janeiro, as quatro noviças - Leila Freitas Aguiar, Leandra E. Oliveira de Oliveira, Jordânia de Oliveira Azevedo e Patrícia Costa Cardoso -, chegaram na Casa do Noviciado em Rodeio 50, para serem acolhidas pela mestra Maria Aparecida Marques Fernandes, ou simplesmente Irmã Cidinha. Com ela na Comunidade Formadora terão: Ir. Lúcia Vegini, com a disposição de 5ª noviça aos 82 anos, Ir. Rosali Paloschi e Ir. Deondina Girardi. Com a experiência de mestra de duas turmas, Ir. Cidinha fala desse retorno às fontes: “Uma coisa é falar sobre esse local, outra é vivê-lo aqui. Que essa volta à fonte ajude o coração a ser cada vez mais congregacional”.
Moacir Beggo
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 145 CFFB
OFS: FRATERNIDADE DO LARGO
DA CARIOCA RECEBE RELÍQUIA E IMAGEM DE SÃO FRANCISCO
AFraternidade de Santo Antônio do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), da Ordem Franciscana Secular (OFS), recebeu a relíquia de São Francisco no dia 22 de janeiro das mãos da Fraternidade Nossa Senhora da Paz e, em seguida, participou da Santa Missa.
Depois os irmãos e irmãs desta Fraternidade seguiram para o Mosteiro de Santa Clara, em Nova Iguaçu, e, posteriormente, para o Mosteiro Nossa Senhora
dos Anjos, na Gávea. No dia 23, a Fraternidade participou de todas as Missas e, no intervalo delas, meditou e rezou diante da relíquia.
No dia 24, foi entregue a custódia para a Fraternidade de São Francisco da Penitência. O assistente espiritual, Frei Cláudio César Broca de Siqueira, esteve presente em todos os momentos.
Peregrinação da relíquia e imagem de São Francisco
Essa peregrinação ocorre em
comemoração ao jubileu dos 800 anos da Ordem Franciscana Secular (conhecida como Terceira Ordem Franciscana) que ocorreu em 2021.
“Eu vos anuncio uma grande alegria”: aos 20 de maio de 1221 foi aprovado pelo Papa Gregório IX a Memoriale Propositi, primeira regra aprovada pela Igreja, para os irmãos da Penitência, marco do início do ramo secular das três Ordens fundadas por São Francisco de Assis.
Para melhor celebrar tão grande momento da nossa história, o Conselho Nacional da OFS, pensou em fazer peregrinar por todas as Fraternidades do Brasil uma imagem e uma Relíquia de São Francisco.
A imagem foi um presente da Cúria Geral dos Frades Menores Capuchinhos e a Relíquia, um fragmento de osso, foi ofertada pela Cúria Geral dos Frades Menores Conventuais. Ambas vieram de Assis na Itália.
A peregrinação teve início no Regional do Estado de São Paulo na Fraternidade das Chagas do Seráfico Pai São Francisco no dia 20 de setembro de 2015 e tinha previsão de conclusão em 2021, ano jubilar, depois de ter visitado todas as Fraternidades de todos os Estados do Brasil. Com a situação da pandemia, a peregrinação foi momentaneamente suspensa, retornando em março de 2022 e será concluída em abril de 2023.
Vamos celebrar esse importante momento para a história da OFS. Prepare sua Fraternidade para receber com amor e zelo a imagem e a Relíquia do nosso seráfico pai São Francisco de Assis. Fraternalmente, Patrícia Mendes MINISTRA DA FRATERNIDADE SECULAR DE SANTO ANTÔNIO
146 CFFB
CENTENÁRIO FRANCISCANO: INAUGURAÇÃO
Com a presença dos seis Ministros Gerais da Família Franciscana, foi inaugurado no dia 7/01 o Centenário Franciscano, uma série de eventos que, percorrendo as últimas etapas da vida de São Francisco de Assis, conduzem ao 800º aniversário da Páscoa do Seráfico Pai.
A celebração, presidida por Frei Luciano de Giusti, Ministro Provincial da Província de São Boaventura da Ordem dos Frades Menores, aconteceu no santuário de Greccio onde, na noite de Natal de 1223, São Francisco quis celebrar um Natal todo particular.
Neste 2023 recordamos os 800 anos da Regra Bulada da Ordem (29 de novembro de 1223) e do Natal de Greccio.
Na primeira parte da celebração, depois de ter entronizado um
exemplar da Regra Bulada ao pé do altar, foram lidos trechos da Regra e do Testamento de São Francisco, profundamente ligados entre si, que juntos formam uma unidade profunda, nutrindo ambos do único grande ideal evangélico que sempre guiou os passos de São Francisco.
Na segunda parte da celebração, porém, foi lembrado o primeiro Natal de Greccio, quando São Francisco, conforme narrado na Primeira Legenda de Tomás de Celano, o primeiro biógrafo do santo de Assis, quis mostrar aos olhos contemporâneos as agruras que a Família de Nazaré teve de enfrentar para dar à luz o menino Jesus.
Na última parte da celebração, os seis Ministros Gerais, acompanhados por Frei Luciano de Giusti, levaram a imagem do Menino em procissão à Gruta do Santuário.
A expressão Família Franciscana é usada em sentido amplo para designar todos os grupos religiosos que se inspiram no carisma de São Francisco. De fato, o carisma franciscano inspirou homens e mulheres ao longo dos séculos, tanto leigos como religiosas, religiosos ou sacerdotes, que formaram diversos grupos ao longo dos séculos.
A Conferência da Família Franciscana é composta por seis membros: o Ministro geral da Ordem dos Frades Menores (OFM), o Ministro geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv), o Ministro geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), o Ministro Geral da Ordem Terceira Regular (TOR), o Ministro Geral da Ordem Franciscana Secular (SFO), o Presidente da Conferência Franciscana Internacional dos Irmãos e Irmãs da Ordem Terceira Regular (CFI-TOR).
Participaram da celebração de hoje:
Frei Massimo Fusarelli, OFM
Frei Carlos Alberto Trovarelli, OFMconv
Frei Roberto Genuin, OFMcap
Irei Amando Trujillo Cano, TOR
Tibor Kauser, OFS
Ir. Daisy Kalamparamban Vice-presidente ITC-TOR
O Centenário é dividido em 4 anos, nos quais será possível refletir e contemplar a Regra e o Natal em Greccio (1223-2023), o dom dos Estigmas (1224-2024), o Cântico da Criaturas (1225-2025) e a Páscoa de Francisco de Assis (1226-2026).
FONTE: OFM (TEXTO DE MELANIE BRUNO)
EM GRECCIO
DA
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 147 CFFB
COM OS 6 MINISTROS GERAIS
FAMÍLIA FRANCISCANA
Frei Aladim Uber
31.12.1967 + 31.01.2023
Dados pessoais, formação e atividades
Data de Nascimento: 31/12/1967 (55 anos)
Naturalidade: Doutor Pedrinho (SC)
Vestição: 10/01/1986
Primeira Profissão: 10/01/1987 (36 anos de vida religiosa)
Profissão Solene: 17/09/1991
Ordenação Presbiteral: 22/01/1994 (29 anos de ministério presbiteral)
1994-2000 – Fraternidade Santo Antônio (Bauru, SP), como vigário paroquial, professor no Seminário Santo Antônio de Agudos, guardião e ecônomo.
2001-2004 – Fraternidade Bom Jesus dos Aflitos (Sorocaba, SP), como pároco da Paróquia Santo Antônio e vigário paroquial.
2004-2005 – Tratamento e período sabático com a família.
2005-2006 – Fraternidade Santo Estêvão (Ituporanga, SC), como vigário paroquial.
2007 – Fraternidade Bom Jesus dos Perdões (Curitiba, PR), como vigário paroquial e a serviço do SEFRAS.
Faleceu no final da manhã do dia 31/01, Frei Aladim Uber, com 55 anos de idade, na Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista (SP). Frei Aladim Uber enfrentava dificuldades para se alimentar como consequência das cirurgias pelas quais passou no esôfago e boca há alguns anos. Precisou em algumas ocasiões fazer uso de sondas para poder receber os nutrientes necessários, mas isso não impediu que ele continuasse a emagrecer. A situação de fraqueza conduziu a uma parada cardio-respiratória, levando-o a óbito.
A Missa de corpo presente foi celebrada às 10h do dia 1º de fevereiro na Fraternidade São Francisco de Assis e o seu corpo
foi sepultado, às 15h, no Jazigo da Província, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo (SP).
Que nosso confrade, pela misericórdia de Deus, descanse em paz!
O FRADE
Frei Aladim Uber fora benquisto pelo povo e pelos confrades por todos os lugares pelos quais passou. Apesar de seus limites e fraquezas pessoais, as pessoas enxergavam nele uma personalidade capaz de estabelecer relações de amizade e proximidade verdadeiramente humanas, marcadas pelo respeito. Suas transferências eram muitas vezes sentidas pelo povo do lugar que deixava. Frei Aladim não possuía boa saúde e enfrentou muitos problemas por
2007-2008 – Fraternidade Imaculada Conceição (São Paulo, SP), como vigário paroquial e a serviço do SEFRAS.
2008-2009 – Fraternidade Santo Antônio do Pari (São Paulo, SP), como vigário paroquial.
2010-2013 – Fraternidade São Luiz Gonzaga (Xaxim, SC), como vigário paroquial.
2013-2016 – Fraternidade Santo Antônio (Florianópolis, SC), como vigário paroquial e da Casa.
2016-2023 – Fraternidade São Francisco de Assis (Bragança Paulista, SP), para tratamento.
conta disso. Seu testemunho de paciência e serenidade, apesar dos sofrimentos advindos dos limites do corpo, enriqueciam àqueles com quem convivia e se revelava verdadeiro sinal da dor unida à paixão de Cristo.
148 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023
Falecimentos
Frei José Boeing
29.08.1938 + 17.01.2023
Dados pessoais, formação e atividades
Data de Nascimento: 29/08/1938 (84 anos)
Naturalidade: Tubarão (SC)
Vestição: 19/12/1959
Primeira Profissão: 20/12/1960 (62 anos de vida religiosa)
Profissão Solene: 01/02/1964
Ordenação Presbiteral: 15/12/1965 (57 anos de ministério presbiteral)
1967 – Fraternidade São Luís de Tolosa (Rio Negro, PR), como professor no Ginásio dos Irmãos.
1968-1973 – Fraternidade Santo Estêvão (Ituporanga, SC), como vigário paroquial.
1974 – Fraternidade Porciúncula de Santana (Niterói, RJ), como vigário paroquial e da Casa.
1974-1975 – Fraternidade Bom Jesus dos Perdões (Curitiba, PR), como vigário paroquial.
1976-1988 – Fraternidade São Francisco (São Paulo, SP), como vigário paroquial da Paróquia de Rio Grande da Serra (SP).
1988-1991 – Fraternidade Sagrado Coração de Jesus (Forquilhinha, SC), como guardião e pároco.
1992-1996 – Fraternidade Santo Estêvão (Ituporanga, SC), como vigário paroquial e da Casa.
Faleceu na tarde do dia 17/01, Frei José Boeing, aos 84 anos, em Ituporanga (SC). Ele havia sido internado no dia anterior no Hospital Bom Jesus, da mesma cidade, por apresentar episódios de febre e fraqueza. Examinado, foi constatada uma infecção que foi imediatamente tratada. No dia seguinte, ainda fraco e com dificuldade para respirar, precisou ser entubado, o que levou a complicações como queda de pressão, seguida de hemorragia gástrica a qual ele não resistiu.
Frei José foi velado pela Fraternidade São Francisco de Assis, de Ituporanga, na capela do Seminário, onde também foi
celebrada a Missa Exequial às 15h. O sepultamento se deu no Cemitério da Matriz. Que nosso confrade, pela misericórdia de Deus, descanse em paz!
O FRADE
Frei José Boeing foi um religioso de personalidade mais introspectiva e reservada, mas sempre educado na convivência. Dava bom testemunho de serenidade diante das situações cotidianas. Dedicou-se quase todo o tempo de sua vida ao apostolado paroquial, mas também serviu em alguns períodos como professor nas etapas iniciais da Formação Franciscana, especialmente na área musical.
1996-1998 – Colônia Santa Tereza (SC), como capelão.
1998-2000 – Fraternidade Nossa Senhora da Penha (Vila Velha, ES), como atendente conventual.
2001 – Fraternidade São Francisco de Assis (Rodeio, SC), a serviço do Eremitério Frei Egídio.
2002-2006 – Fraternidade do Patrocínio de São José (Lages, SC), como vigário da Casa e atendente conventual.
2007-2008 – Fraternidade São Francisco de Assis (Ituporanga, SC), como professor e vigário paroquial.
2009-2012 – Fraternidade Santa Inês (Balneário Camboriú, SC), como vigário paroquial.
2013-2015 – Fraternidade do Patrocínio de São José (Lages, SC), como vigário paroquial.
2016-2018 – Fraternidade Santo Amaro (Santo Amaro da Imperatriz, SC), como vigário paroquial.
2019-2023 – Fraternidade São Francisco de Assis (Ituporanga, SC), como atendente conventual e professor.
Fevereiro de 2023 – COMUNICAÇÕES 149
Frei Raul Budal da Silva
11.11.1926 + 08.01.2023
vido: ‘Raul vai para o seminário’, foi o melhor Natal da minha vida”, agradeceu o frade há 6 anos atrás, já residindo em Bragança Paulista (SP), na Fraternidade São Francisco de Assis. “Vivo num ambiente com outros confrades que também têm suas limitações e com eles convivo com caridade fraterna. É necessário viver em fraternidade com muito amor e aceitação”, destacou o frade.
Seguem as palavras do próprio Frei Raul Budal sobre o modo como lia sua vida:
Faleceu, na noite do dia 08/01, Frei Raul Budal da Silva, na Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista (SP). Frei Raul convivia com problemas cardíacos que o levaram à internação hospitalar nos últimos dias. Ele recebeu alta do hospital e permissão de retornar à Fraternidade há três dias, mesmo que ainda debilitado. Faleceu junto aos confrades.
A Fraternidade São Francisco de Assis celebrou a Missa de corpo presente às 10h, no dia seguinte, e levou o corpo do confrade para seu sepultamento, às 15h, no Jazi-
go da Província, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo, SP.
Que nosso confrade falecido, descanse em paz.
O FRADE
Frei Raul Budal da Silva foi insistente, teimoso e paciente. Na primeira vez que pediu aos seus pais para ingressar no seminário, o pedido foi duramente negado. Somente anos depois, ele viveu o melhor Natal da sua vida, quando de presente ganhou dos pais a autorização para adentrar na vida franciscana. “Disse meu pai como-
“O meu chamado para o sacerdócio e para a Ordem deu-se por etapas. Eu era adolescente com 14 ou 15 anos quando em Rio Negro (PR), local onde funcionava o seminário, eu admirava aquele castelo misterioso que me chamava a atenção, e eu não tinha sequer a ideia do que seria. As minhas irmãs mais velhas eram muito religiosas, faziam parte da liderança da paróquia e me levavam para a missa. Elas sempre me entusiasmaram e indiretamente me estimularam a viver naquele castelo maravilhoso que era o Seminário Seráfico São Luiz de Tolosa. Aos poucos, eu senti vontade de ser padre e comuniquei em casa aos meus pais e irmãos que eu gostaria de ir para o seminário. A primeira ideia foi esta: ser padre. Esse desejo aumentou muito um ano depois, e eu arrisquei pedir ao meu pai. Ele não era muito religioso, era muito bom pai, mas não era de frequentar a igreja não. Pedi a ele para ir para o seminário logo no começo do ano, em janeiro ou fevereiro, e meu pai disse: “Não, para o seminário e para ser padre, não! Você vai estudar Direito em Curitiba”. Curti aquilo com bastante desengano e desprazer, mas obedeci, afinal o pai era a autoridade na família. Neste tempo, por uns dois anos, cheguei até a trabalhar numa
150 COMUNICAÇÕES – Fevereiro de 2023 Falecimentos
empresa como office boy. Mas o desejo de meus pais era que eu fosse estudar em Curitiba. O grande passo foi quando eu já tinha 16 ou 17 anos. Perto do Natal, o pai ou mãe entregavam um pedaço de papel pra cada membro da família e cada um escrevia ali o que desejava receber como presente de Natal. Eu escrevi direitinho: ‘ir para o seminário!’ Não falei nada para ninguém e coloquei o papel na caixinha. Na véspera de Natal à noite, como era de costume em nossa casa, a família se reuniu para fazer a festa do Natal. Meu pai, então, foi lendo o pedido de cada um. Eu fiquei por último e estava ansioso. Por fim, meu pai abriu e disse: “Raul vai para o seminário!” Eu me senti no céu, era isso que eu queria. Meu Deus, que Natal bonito que eu passei, celebrando dentro do coração esse grande momento do sim do meu pai. Ele custou, mas me deu como presente ingressar no seminário. Logo entrei em contato com a direção do seminário e, no dia 31 de janeiro de 1945, me levaram para o seminário e lá começou uma nova vida para mim”.
“Eu me sinto imensamente feliz e sinto de perto o dedo de Deus que me chamou para esta vocação. Como pecador, ninguém de nós merece, mas eu fui para o seminário com o desejo de ser sacerdote. Dentro do seminário, encontrei um educador maravilhoso, Frei Tadeu Hoenighausen, já falecido, que nos direcionou para a vocação franciscana. Ali Deus foi me abrindo a mente para ser franciscano. Antes de ser padre é preciso ser religioso franciscano, mas isso veio aos poucos. Deus não tem pressa e aos poucos foi abrindo o meu coração. Devo um grande favor a este grande educador Frei Tadeu. Então, com o decorrer dos estu-
dos fui desejando e amando ser franciscano”.
“A vida religiosa em geral está em crise, mas o carisma franciscano – justamente por esta grandeza de coração, amor à natureza, fraternidade, simplicidade e humildade – ainda não morreu. Como já disse, em geral a vida religiosa está em crise, mas o carisma franciscano continua vivo e não vai morrer! O mundo, mesmo que muitas pessoas estejam afastadas de Deus, admira o carisma franciscano. Ser franciscano hoje é um dom e um privilégio que Deus nos dá”.
“Não há dúvida, vale a pena ser franciscano! Porque é uma vida simples de pobreza, desapego, de acolhida a todos os irmãos, sem preconceitos, pelo menos é aquilo que nós pregamos e graças a Deus muitos de nós conseguimos realizar. Isto é visto pelo povo, pois quem entra em contato conosco, com um bom franciscano, se sente acolhido, admirado e com facilidade vê um caminho largo de conversão a Deus”.
“Tenho 60 anos de padre (na época). Trabalhei em duas áreas, na área de educador, no seminário em Rio Negro, foi a primeira obediência que recebi. Não tenho formação universitária, naquele tempo nosso estudo era tão exigente e reforçado que dispensava o diploma universitário. Não sei se é vaidade minha, mas a gente estava muito bem preparado. Lecionei latim e português. Ainda que não tenha sido perfeito, nunca ninguém reclamou. Depois mais tarde, em Ituporanga, como professor, também lecionando as mesmas matérias. Nesse período, senti falta de uma formação ulterior, mas fiz o essencial. Tenho muitos frades que foram meus alunos e hoje estão à frente de trabalhos na Província”.
Dados pessoais, formação e atividades
Data de Nascimento: 11/11/1926 (96 anos)
Naturalidade: Antônio Olinto, Rio Negro (PR)
Vestição: 19/12/1951
Primeira Profissão: 20/12/1952 (70 anos de vida religiosa)
Profissão Solene: 20/12/1955
Ordenação Presbiteral: 16/12/1957 (65 anos de ministério presbiteral)
1952 – Noviciado São José (Rodeio, SC)
1953-1954 – Fraternidade Bom Jesus dos Perdões (Curitiba, PR), para os estudos filosóficos.
1955-1958 – Fraternidade Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis, RJ), para os estudos teológicos.
1959 – Fraternidade Santo Antônio (Rio de Janeiro, RJ), para fazer um curso de pastoral.
1960-1962 – Fraternidade São Luís de Tolosa (Rio Negro, PR), a serviço do seminário.
1963 – Fraternidade Santo Antônio (Florianópolis, SC), como secretário coadjutor do arcebispo.
1964 – Fraternidade Santo Estêvão (Ituporanga, SC), como discreto.
1965-1966 – Fraternidade São Luís de Tolosa (Rio Negro, PR), a serviço do seminário.
1967-1968 – Fraternidade do Patrocínio de São José (Lages, SC), como discreto.
1969 – Fraternidade Santo Estêvão (Ituporanga, SC), como vigário paroquial.
1970-1975 – Fraternidade São Lourenço (São Lourenço, MG), como vigário paroquial e guardião.
1976-1978 – Fraternidade Nossa Senhora do Rosário (Concórdia, SC), como vigário paroquial.
1979 – Fraternidade Santo Antônio (Blumenau, SC), como vigário paroquial em paróquia de São Francisco do Sul (SC)
1980-1982 – Fraternidade Santa Inês (Balneário Camboriú, SC), como vigário paroquial em paróquia de São Francisco do Sul (SC).
1983-1987 – Fraternidade São Francisco de Assis (Ituporanga, SC), como professor.
1988 – Fraternidade Santa Inês (Balneário Camboriú, SC), como vigário paroquial.
1989-1991 – Fraternidade de Porto União (SC), como vigário conventual e paroquial.
1992-1993 – Fraternidade Nossa Senhora do Amparo (São Sebastião, SP), como vigário paroquial e conventual.
1993-1997 – Fraternidade Bom Jesus dos Perdões (Curitiba, PR), como vigário paroquial e conventual.
1998-2000 – Fraternidade de Porto União (SC), como vigário conventual e paroquial.
2001 – Fraternidade Nossa Senhora da Conceição (Paty do Alferes, RJ), como vigário paroquial.
2002 – Fraternidade São Boaventura (Campo Largo, PR), como atendente conventual.
2003-2008 – Fraternidade Santo Estêvão (Ituporanga, SC), como vigário paroquial.
2009-2014 – Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, como atendente conventual.
2015-2023 – Fraternidade São Francisco de Assis, para tratamento de saúde.
Agenda 2023
AS ALTERAÇÕES E ACRÉSCIMOS ESTÃO DESTACADOS EM VERMELHO
FEVEREIRO
15
Conselho de Evangelização (on-line)
27 a 01
Assembleia do Secretariado da Formação e Estudos (São Paulo, SP)
28 e 01
Reunião das Diretorias das Fundações (Concórdia, SC)
MARÇO
02 a 05
Encontro dos Irmãos (Rio de Janeiro, RJ)
05
Caminhada Penitencial de Frei Bruno (Joaçaba, SC)
06 e 07
Encontro do Regional Vale do Itajaí e Leste Catarinense (Rodeio, SC)
07 a 09
Assembleia do SAV (Campo Largo, PR)
10 e 11
Encontro do Regional Rio de Janeiro (Petrópolis, RJ)
19 a 21
Encontro do Regional São Paulo (São Paulo, SP)
23
Encontro da Frente de Educação (on-line)
ABRIL
12
Conselho da Formação e Estudos (on-line)
17
Festa de Nossa Senhora da Penha (Vila Velha, ES)
18 a 20
Reunião do Definitório Provincial (São Paulo, SP)
24 a 28
Reunião da CFByCS (Franca, SP)
MAIO
08 a 11
Reunião dos Guardiães e Coordenadores de Fraternidade (Agudos, SP)
15 e 16
Encontro do Regional Espírito Santo
15 e 16
Encontro do Regional Frei Bruno (Piratuba, SC)
18 e 19
Encontro do Regional Curitiba
26 a 28
Retiro dos Benfeitores da Província da Imaculada - Agudos (SP)
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
JULHO
03 a 07
Reunião do Definitório Provincial (Rodeio, SC)
19 a 23
Retiro Provincial (Petrópolis, RJ)
26 a 30
Congresso Internacional de Evangelização Missionária OFM (Lima, Peru)
29 e 30
Caminhada Franciscana das Juventudes (Vila Velha, ES)
AGOSTO
07 a 11
Retiro Provincial (Agudos, SP)
21 a 25
Retiro Provincial (Campo Largo, PR)
SETEMBRO
07 a 10
Fórum da Formação e Estudos (Agudos, SP)
12 a 14
Reunião do Definitório Provincial (São Paulo, SP)
16
Celebração da Profissão Solene (Petrópolis, RJ) NOVEMBRO
21 a 24
Reunião do Definitório Provincial (São Paulo, SP)
Eu vi um dia uma Luz bilhar em minha estrada, Era uma chama ardente, uma voz que me exigia, A me dizer meu norte, Estrela da jornada, A me apontar qual Ideal seguir devia.
Desde aquela hora, dentro em mim, queima esse fogo, Labareda viva, forte, leda e feliz, A me levar a servir meu amado povo, Tornei-me frade, filho de um santo de Assis...
Luz da Luz!...Fonte, força, eixo de minha vida, Tu és Farol que me ilumina meu passado, O meu presente, meu povir: - Mansão florida.
Eis a razão do meu perfil nessa alegria, Iluminado sempre por aquela luz, Que apontou meu ideal num certo dia...
Frei Walter Hugo de Almeida