RE V IS TA
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
SETEMBRO DE 2021 | ANO LXIX | Nº 09
Missa na Catedral da Sé abre Ano Jubilar do Centenário de Nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns
SUMÁRIO
FRATERNIDADES
FESTA DE FREI GALVÃO 2021 Novena de 16 a 24 de outubro
“Frei Galvão e a Espiritualidade Franciscana. As raízes da vida do primeiro santo brasileiro”.
Carisma franciscano e obras concluídas marcam a Festa de Frei Galvão no Santuário de Guaratinguetá
O
16/10/2021 1º dia: “Frei Galvão e o testemunho do Evangelho” 15h – Missa Sábado Gesto concreto: arroz 18h – Missa dos voluntários 17/10/2021 2º dia: “Frei Galvão e a minoridade” 9h30 – Missa do Jubileu Sacerdotal de Dom Frei Luiz Flávio Cappio e Frei Walter Hugo 15h – Missa (Paraninfos: Motociclistas) 18h – Missa (Paraninfos: Família Franciscana)
Domingo
Gesto concreto: feijão
18/10/2021 3º dia: “Frei Galvão e o cuidado com os enfermos” 15h – Missa 19h30 – Missa (Paraninfos: Profissionais de Saúde)
Segunda-feira
Gesto concreto: café
19/10/2021 4º dia: “Frei Galvão e a vigilância” 15h – Missa 19h30 – Missa (Paraninfos: Arquitetos, Engenheiros e Trabalhadores da construção civil)
Terça-feira
Gesto concreto: óleo
20/10/2021 5º dia: “Frei Galvão e a fiel administração dos bens temporais e espirituais”. Quarta-feira Gesto concreto: açúcar 15h – Missa 19h30 – Missa (Paraninfos Empresários) 21/10/2021 6º dia: “Frei Galvão, arauto da paz nas famílias”. 15h – Missa Quinta-feira Gesto concreto: macarrão 19h30 – Missa (Paraninfos: Famílias) 22/10/2021 7º dia: “Frei Galvão e a justiça”. 15h – Missa 19h30 – Missa (Paraninfos: Advogados
Sexta-feira
Gesto concreto: leite
e Estudantes de Direito)
23/10/2021 8º dia: “Frei Galvão e o convite à conversão”. 15h – Missa Sábado Gesto concreto: 18h – Missa (Paraninfos: sobreviventes da COVID-19) produtos de hiegene 20h – Live de Frei Galvão (TV Frei Galvão) 24/10/2021 9º dia: “Frei Galvão e os milagres” Domingo 15h – Missa (Paraninfos: Portadores Gesto concreto: fraldas de necessidades especiais) 18h – Missa 19h30 – Missa (Paraninfos: homem do campo, agricultores e cavalaria de São Benedito) *Após a Missa, Roda de viola
25/10/2021 SOLENIDADE DE FREI GALVÃO 6h – Missa da Aurora 9h – Procissão do atual Santuário até o novo terreno 9h30 – Missa Solene e Inauguração da Alameda de Frei Galvão 11h30 – Benção dos Ciclistas (Alameda de Frei Galvão) 12h – Missa Solene transmitida pela TV Canção Nova 15h – Missa da Campanha Família Missionária de Frei Galvão 16h30 – Carreata 18h – Missa Solene de Encerramento transmitida pela TV Aparecida
Segunda-feira
Santuário Arquidiocesano de Santo Antônio de Sant'Anna Galvão Avenida José Pereira da Cruz, nº 53 - Jardim do Vale I - Guaratinguetá - SP santuariofg santuariofreigalvao TV Frei Galvão www.santuariofreigalvao.com
O carisma franciscano está no centro da temática da primeira Festa de Frei Galvão com a presença dos frades no Santuário do primeiro santo brasileiro em Guaratinguetá. “Frei Galvão e a espiritualidade franciscana. As raízes da vida do primeiro santo brasileiro” serão o tema e lema para celebrar Frei Galvão no dia 25 de outubro. Esta festa, contudo, começará com a Novena, no dia 16 de outubro. “A motivação para escolher este tema e lema, em primeiro lugar, é porque neste ano estamos celebrando 260 anos da profissão solene de Frei Galvão. Em segundo lugar porque nós, franciscanos, pela primeira vez estamos à frente desta festa e queremos também mostrar a importância que o carisma franciscano teve no processo de santificação de Frei Galvão e queremos fazê-lo a partir de nossa vida aqui”, explicou Frei Diego Melo, reitor do Santuário. “Então, nosso modo de ser, estar, evangelizar, conduzir, administrar este santuário quer também atualizar essas raízes que levaram Frei Galvão à santidade e que são uma inspiração de santidade para todos nós ainda hoje”, observou o frade, ressaltando o envolvimento de toda a comunidade na preparação desta festa. Além dessa espiritualidade franciscana, Frei Diego informou que o Santuário está concluindo duas grandes melhorias para bem realizar esta festa. Segundo o frade, a primeira delas é a conclusão das obras da primeira etapa Laudato Si’ no dia 25 de outubro. “Daremos a bênção de inauguração da nova alameda Frei Galvão, para onde será transferida a grande imagem de Frei Galvão, abençoada pelo Papa Francisco”, explicou Frei Diego. “Então, aquele trabalho que começamos no dia 5 de junho, agora estamos entregando para a comunidade. É a primeira etapa de obras da construção do novo Santuário”, acrescentou. Ao mesmo tempo, segundo o reitor, foram investidos tempo e dedicação nas melhorias do atual santuário para receber bem os pere-
grinos. “Estamos concluindo a construção de três novos confessionários, reformamos toda a sacristia e fizemos uma pintura externa em todo o complexo do santuário, formado pela igreja, escritórios, muros e lanchonete”, adiantou Frei Diego. Mas a obra mais importante e de maior impacto, que é a pavimentação do santuário, terá a primeira etapa entregue também no dia 25 deste mês. “Serão 1.9 mil metros quadrados que eram de terra e estarão
de pandemia, de dificuldades, principalmente econômicas, que faz darmos esse passo na fé e acreditarmos na intercessão de Frei Galvão, acreditarmos no apoio e no envolvimento de toda a comunidade e realizarmos essas grandes obras de melhorias e construção do nosso novo Santuário”, avalia Frei Diego. Nas celebrações litúrgicas, Frei Diego informa que os padres diocesanos participarão da condução da novena, mostrando essa co-
pavimentados com os blocos. Então, essas melhorias querem mostrar a importância deste santuário e o quanto nós zelamos por este espaço”, ressaltou o frade. Para o frade, essa motivação vem exatamente de Frei Galvão, de sua fé e do espírito audacioso. Frei Diego lembrou que em tempos que eram proibidas as construções de novos mosteiros, templos e igrejas, essa fé, essa coragem, essa ousadia evangélica, fizeram Frei Galvão enfrentar o decreto de Marquês de Pombal para construir o Mosteiro da Luz. “É essa fé de Frei Galvão, mesmo em tempos
munhão e eclesialidade com a Arquidiocese de Aparecida. “Ao mesmo tempo, cada dia da novena teremos uma temática em que acreditamos ser relevante não só na esfera religiosa, mas também para a sociedade civil. Então, serão as missas em que os paraninfos serão advogados, trabalhadores da construção civil, assim como Frei Galvão é Padroeiro, os sobreviventes da Covid etc. Enfim, a festa de Frei Galvão quer dialogar e ser relevante para todas as pessoas em geral, não só para aquelas que estão dentro do nosso ambiente religioso ou eclesial”, completou Frei Diego.
FESTA DE FREI GALVÃO 540
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
que se constroem os sonhos”, 511 “Juntos Frei Fidêncio Vanboemmel
FORMAÇÃO PERMANENTE
514 Proposições do Capítulo Geral 2021 517 “Ágabo, profeta e missionário”, de Frei Luiz Iakovacz 518 “Viver como Irmãos e Menores”, de Frei Almir Guimarães FORMAÇÃO E ESTUDOS
Sagrado
greja Santo Antônio de Floripa celebra 100 anos e ganha 536 Itelhado novo 537 “Ribeirão Grande” chega ao nono volume ádio Celinauta ganha certificado da UTFPR por boas 538 Rpráticas de comunicação ncontro dos Ex-seminaristas Franciscanos tem 538 Einscrições abertas olatina: Paróquia Santa Clara de Assis promove 1ª 539 CCaminhada Ecológica franciscano e obras concluídas marcam a Festa 540 Cdearisma Frei Galvão no Santuário de Guaratinguetá onvento da Penha: Frades rezam “Terço Vocacional” 542 Cpelas vocações 543 Grande Ação Solidária no Santuário de Vila Velha – ES de São Francisco: Frei Fidêncio aponta dois sinais: 544 Camorhagase compaixão 545 Frei Ariovaldo: “A humanidade toda está chagada” 546 São Paulo faz Encontro Regional virtual onvento São Francisco completa 374 anos e ganha Ano 548 CJubilar
Manter vivo um diálogo com Deus”: Frades recebem o 520 “Leitorado EVANGELIZAÇÃO Ecumenismo: Frades de Rondinha e Irmãos Batistas 523 celebram juntos a fé em Cristo Missa de Encerramento do Mês das Vocações na USF 549 Geral na Primeira Profissão: “Jesus gera uma bela 524 Me inistro contagiante novidad 550 Notícias do Colégio Bom Jesus e FAE SAV Super Semana de Catequese da Editora Vozes 552 525 Encontro Vocacional de Ituporanga reúne 17 jovens Exposição Fotográfica mostra a história de 110 anos Igreja 561 da Imaculada dos Capuchinhos FRATERIDADES A música volta aos corredores do Instituto dos Meninos Missa na Catedral da Sé abre o Centenário de Nascimento 562 Cantores 526 de D. Paulo Evaristo Arns Coral dos Canarinhos faz primeira apresentação 563 presencial na pandemia Sagrado: “A casa do Coração de Jesus” 534 Diretrizes da Frente de Evangelização da Educação da 564 Província como tema do Encontro Ampliado On-Line Celebração faz memória da dedicação da Igreja do 535 ncansável, Francisco faz uma viagem de quatro dias 568 Iintensa
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CFMB
eatificado Frei Mamerto Esquiú, franciscano e bispo 570 Bargentino 571 AGENDA
DO MINISTRO PROVINCIAL
“JUNTOS QUE SE CONSTROEM OS SONHOS”
N
os próximos dias 03 e 04 de outubro, em comunhão com toda a Igreja, a nossa Ordem Franciscana celebra os mistérios da vida, morte e glorificação do nosso Seráfico Pai São Francisco de Assis. E neste ano também queremos incluir o primeiro aniversário da Carta Encíclica Fratelli Tutti sobre a fraternidade e a amizade social, assinada pelo Papa Francisco no dia 03 de outubro de 2020, junto ao túmulo de São Francisco. Do contexto da Encíclica Fratelli Tutti, nº. 8, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil escolheu o tema para o próximo Capítulo
Provincial, cujo parágrafo aqui recordo: “Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar a nossa vida uma bela aventura. Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente (...); precisamos de uma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar para frente. Como é importante sonhar juntos! (...) Sozinho, corre-se o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é junto que se constroem os sonhos”. Francisco de Assis, no seu Testamento, recorda com gratidão as origens da fraternidade como inspiração divina: “Depois que o Senhor me deu irmãos”. Com estes irmãos, ele construiu um
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MENSAGEM
projeto de vida “segundo a forma do Santo Evangelho”, confirmado pelo Senhor Papa Inocêncio (cf. Test 14-15). Assim, a primitiva fraternidade sonhou e construiu sonhos que não foram miragens daqueles “Penitentes de Assis”, mas ousadias corajosas de homens e mulheres que fizeram do Evangelho seu ponto de partida. Quais sonhos? O sonho da fraternidade foi possível quando perceberam que cada irmão e irmã eram filhos e filhas do mesmo Pai do céu, revestidos da mesma sacralidade formada “à imagem do seu dileto Filho” (Adm 5). Uma fraternidade que sonhou a utopia da grande fraternidade cósmica, chamando de “irmã” e “irmão” a peculiaridade e a interligação da inteira criação: “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas” (CSol 3). Uma fraternidade que sonhou que a paz é o maior segredo para se construir verdadeiras relações e pactos fraternos. Paz é o primeiro anúncio do evangelizador franciscano. Por isso, no banquete com a Senhora Pobreza, segundo o relato do Sacrum Commercium, os valentes cavaleiros afirmam: “Não temos ferreiro para nos fazer espadas” (SC 62), ou seja, andamos desarmados e, se for necessário, cortamos o pão ressequido com os dentes. Eles fazem acontecer a bem-aventurança evangélica: “São verdadeiramente pacíficos os que se conservam em paz, interior e exteriormente” (cf. Adm 15). Uma fraternidade que, longe da “cultura da indiferença”, sonhou e concretizou o real cuidado por cada irmão e irmã, a começar pelos leprosos, pobres, fracos, doentes e mendigos de rua (Rnb 9,3). Uma fraternidade que teve a ousadia de despojar o altar da Virgem para que nenhum de seus filhos passasse frio ou estivesse despido na sua dignidade, pois o “Senhor enviará quem restitua à Mãe o que ela nos emprestou” (2Cel 67). Uma fraternidade que também construiu a mesa fraterna fundada na pobreza e na justiça, colocando em comum aquilo que acontece nas casas dos pobres, numa
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confiança total às reais necessidades, da forma como uma “mãe ama e alimenta seu filho carnal” (Rnb 9,13). Uma fraternidade que sonhou dialogar com toda humana criatura. Francisco crê na riqueza da diversidade como graça e dom de Deus. Ao romper a relação com sua “classe social”, ele se abre a “toda humana criatura”. Acolhe o irmão diferente como dádiva divina e reafirma que o verdadeiro irmão menor é aquele que acolhe em si a diversidade das virtudes dos outros (cf. EP 85) e, com eles, forma uma fraternidade dialogante. Por isso, a fraternidade é fraternidade quando constrói pontes, abre novas fronteiras, derruba os muros da segregação. Este desejo de dialogar com todos levou Francisco a um encontro inusitado de paz com o Sultão do Egito. Estes e tantos outros sonhos foram concretizados porque Francisco permitiu que o Senhor fosse o condutor dos seus sonhos. O início de um sonho construtivo na visão do castelo de Espoleto, no qual se comprometeu a servir o Senhor, culminou com o sonho derradeiro junto à pobre igrejinha da Porciúncula: “Feliz aquele que a irmã morte encontrar conforme à vontade do Senhor, porque a morte segunda não lhe fará mal. Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade” (Csol 13-14). O nosso Capítulo Provincial provoca-nos a sermos construtores de sonhos. Sonhos não de individualidades que se fecham nos seus universos, mas sonhos grandiosos, comuns e fraternos: “Juntos que se constroem os sonhos!” Sonho de uma “FRATERNIDADE (Provincial) CONTEMPLATIVA EM MISSÃO, que tem como Regra o Evangelho e o mundo como seu claustro” - (“Claustro que tem as dimensões do mundo”, na linguagem de Jacques de Vitry, em Historia Occidentalis). E se o nosso “claustro” tem a dimensão do mundo,
MENSAGEM
devemos caminhar em sintonia com as proposições do Capítulo Geral de 2021, guiando-nos pelos mesmos valores que são sonhos a serem construídos: O sonho de reafirmar a nossa Identidade Franciscana; o sonho da Vida Fraterna no seu geral, mas também nas questões específicas como a economia e cuidado com as pessoas vulneráveis; o sonho da Formação para compreendermos sempre mais nossa identidade primária como Fraternidade; o sonho das Missões e Evangelização como consequência da vocação que emerge do Evangelho; o sonho da JPIC no desejo de concretizar na vocação e na ação de cada irmão os sonhos das encíclicas Laudato Si’ e Fratelli Tutti; e finalmente o sonho do
redimensionamento das estruturas de governo. Portanto, se sozinhos corremos o risco de ter miragens, preparemo-nos como homens fortes, revestidos da graça de Deus, para juntos construirmos os sonhos da Fraternidade Provincial, em sintonia com a Ordem e o clamor da humanidade. Nestes dias que antecedem o Capítulo Provincial, rezemos em fraternidade as duas orações propostas (abaixo). A todos os irmãos e irmãs, desejo uma abençoada festa do nosso Seráfico Pai São Francisco!
Frei Fidêncio Vanboemmel, ofm MINISTRO PROVINCIAL
ORAÇÕES PARA O CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 Oração 1
Oração 2
A: Senhor, nosso Pai, Deus entre nós, / ajudai-nos a ser contemplativos e fraternos, / vivendo o Evangelho como regra, / seguindo em missão neste mundo, / construindo juntos o sonho de uma humanidade irmanada, / justa e pacífica.
Dir.: Altíssimo e glorioso Deus, Pai de amor e criador de todas as coisas, deste-nos o mundo como nossa casa, onde os irmãos e irmãs de todos os tempos pudessem viver na comunhão e na fraternidade.
B: Senhor Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, / iluminai-nos com a vossa comunhão e misericórdia, / para que nossas relações transmitam perdão, alegria e amor, / nossas fraternidades sejam ternas e saudáveis. / E inspirai-nos respostas necessárias aos desafios, / conformes à vossa vontade, e perseverantes ao vosso chamado, / para que, mais do que esperar, aprendamos a esperançar.
Dir.: Reconhecemos, no entanto, que apesar de vosso sonho de amor e comunhão para conosco, dividimo-nos em grupos de interesses, fomos cúmplices dos salteadores da dignidade e da esperança, desviamos o olhar e o coração dos feridos da vida e largamo-nos à mesquinhez e ao ressentimento de particularismos estéreis.
Todos: Dissipai, pois, a angústia e o medo, / dando-nos coragem, esperança e fortaleza / para promovermos o respeito à fé e às convicções de cada pessoa, / defendermos a vida, / compadecer-nos nas fragilidades / e sermos solidários no sofrimento, / como filhos da mesma terra que sempre nos acolhe. / Assim seja!
Todos: Obrigado, Senhor, pelo vosso imenso amor!
Todos: Perdoai-nos, Senhor, pelo vosso imenso amor! Dir.: Tornai-nos dóceis ao vosso Espírito e revesti nossa Fraternidade Provincial com a mesma disposição de Francisco de Assis, a fim de que, como irmãos em missão e habitando o claustro-mundo como homens de paz e diálogo, sonhemos juntos o vosso sonho divino, na diversidade de vozes e variedade de carismas, como uma única humanidade, habitantes da mesma Casa e irmãos de toda criatura. Todos: Ajudai-nos, Senhor, pelo vosso imenso amor! SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 513
FORMAÇÃO PERMANENTE
Proposições do Capítulo Geral 2021
A
s seguintes proposições foram votadas pelo Capítulo Geral. Ao final de cada uma está indicado se se trata de um mandato ou de uma orientação; também esta distinção foi pedida pelo Capítulo. Por mandato se entende uma decisão mais vinculada para o Ministro Geral e o seu Definitório e, normalmente, se trata de escolhas mais específicas; já por orientação se entende a indicação de alguns valores que deverão guiar as escolhas do Ministro e do seu Definitório.
I. A NOSSA IDENTIDADE 1. O Ministro Geral, com seu Definitório, em colaboração com o SGME e o SGFS, detecte as modalidades para escutar, discernir e agir para assim promover a fundamental igualdade de todos os frades, sejam leigos ou clérigos (CCGG 3), e dê os passos necessários para projetar, formar e realizar percursos, em vista de uma sempre maior integração dos recursos e das potencialidades de todos os Frades Menores. (Orientação) 2. O Ministro Geral, com seu Definitório, deve organizar um encontro internacional de frades leigos, preparado por encontros em diferentes níveis (de Conferências e continentais), em coordenação com o SGME e SGFS, a fim de traçar percursos quanto à contemplação, à formação e às iniciativas pastorais e de evan-
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gelização, que indiquem modalidades novas para exprimir nosso carisma. (Mandato) 3. Nos próximos anos, teremos a ocasião de comemorar alguns centenários ligados à vida de São Francisco e outros ligados ao acolhimento da fé, por meio dos frades, em diversas partes do mundo. O Ministro Geral, com seu Definitório, por isso, deve criar uma Comissão que organize tais celebrações centenárias, de maneira que essas constituam oportunidades significativas para a renovação do carisma e a revitalização da Ordem, e ofereçam a todas as pessoas de boa vontade uma mensagem franciscana cheia de esperança em resposta aos problemas e às inquietudes de nosso tempo. (Mandato)
II. VIDA FRATERNA a. Em geral 4. No sexênio, o Ministro Geral, com seu Definitório, comprometendo Ministros e Custódios, Definidores, Conselheiros e Guardiães, detecte modalidades para promover a autêntica vida fraterna, incluindo nela os aspectos da interculturalidade, da intergeracionalidade, da internacionalidade e da fundamental igualdade de todos os frades enquanto irmãos. (Orientação) 5. Como muitos jovens, que desejam unir-se à nossa Fraternida-
FORMAÇÃO PERMANENTE
de, provêm de diversos contextos socioeconômicos, políticos, culturais e familiares, com experiências pessoais diferentes, as Conferências e as área continentais, com a assistência do SGFS, desenvolvam programas de formação inicial e permanente contextualizados e materiais para as Conferências ou as áreas continentais que facilitem e melhorem a compreensão e a modalidade fraterna de os Frades se relacionarem. (Orientação) b. Vida fraterna: Economia 6. O Ministro Geral, com seu Definitório, estude como melhorar as modalidades de contribuição voluntária das Províncias para com a Cúria Geral (inclusive as contribuições ao Fundo para as Missões e ao Fundo para a Formação). Tal proposta seja submetida aos presidentes das Conferências; se for aprovada, poderá entrar em vigor ad experimentum até o próximo Capítulo Geral. Na esperança dessa eventual mudança, continue-se com a modalidade atual de contribuição voluntária. (Mandato) 7. O Ministro Geral e seu Definitório convoquem um encontro com os Ministros provinciais e os Ecônomos provinciais para encorajá-los e formá-los no espírito da economia fraterna e da administração econômica da Ordem, dando ênfase à solidariedade e à corresponsabilidade a fim de superar o provincialismo; à transparência e à responsabilidade; ao uso ético, ecológico e com consciência dos fins e meios de nossos bens e fundos. (Mandato) 8. Nos próximos três anos, o Ministro Geral e seu Definitório estudem e definam as boas práticas que permitam uma acurada avaliação da sustentabilidade financeira de cada uma das Entidades, levando em conta a situação em nível local e continental. (Orientação) c. Vida fraterna: tutela dos menores e dos adultos vulneráveis 9. Visto que como Frades Menores nos esforçamos em viver como irmãos de todos, respeitosos quanto à dignidade de cada pessoa humana, do abuso nas suas várias formas (sexual, de poder, de confiança, de autoridade etc.), e para uma resposta justa e de compaixão para com todo aquele que tenha sofrido diretamente ou indiretamente tal abuso. Portanto, o Capítulo geral 2021 dá mandato a fim de que: a. O Ministro Geral e seu Definitório instituam, o quanto antes, uma Comissão para a tutela dos menores e dos adultos vulneráveis; b. Cada Entidade redija um código de conduta, escrito para os frades, e estabeleça políticas e procedimentos escritos para responder às acusações de abuso, que sejam conformes aos requisitos civis e eclesiais do próprio país ou região; c. Cada entidade forme os frades e os leigos, que colaboram co-
nosco em nossas missões (contratados e voluntários), para a prevenção e a denúncia dos abusos, em conformidade com suas políticas e procedimentos escritos. (Mandato)
III. FORMAÇÃO 10. O SGFS alargue a colaboração com os Secretariados para a Formação das Conferências e das Províncias a fim de reforçar a animação da formação inicial e permanente, levando em conta as culturas e os desafios específicos de cada região da Ordem. (Orientação) 11. O SGFS trabalhe com os Secretariados para a Formação das Conferências e das Províncias a fim de assegurar que todos os programas de formação inicial respeitem e façam compreender eficazmente nossa identidade primária como Fraternidade, seja laical como clerical. Os programas de formação inicial e permanente forneçam a formação necessária a todos os frades segundo seus dons e as necessidades da Ordem, desde as habilidades manuais até as especializações. (Mandato) 12. O SGFS, em colaboração com as Entidades, crie instrumentos eficazes para a formação de Formadores, Animadores vocacionais, Guardiães e Ecônomos, aos níveis apropriados da Ordem. (Orientação) 13. Estimulado pelo Documento final do Sínodo de 2018 e pelo CPO de 2018, em Nairóbi, o Capítulo Geral de 2021 pede uma renovada atenção aos jovens por parte de todas as Entidades da Ordem, através de um programa de acompanhamento vocacional, que acolha, ouça, acompanhe, evangelize, catequize e envolva na experiência dos valores cristãos os jovens de hoje, que vêm de sociedades pós-cristãs e novas. Um congresso internacional ou encontros continentais poderiam ser parte desse projeto. (Orientação) 14. Após uma avaliação no âmbito das Conferências e das Entidades, o Ministro Geral e seu Definitório formulem propostas adequadas para o acompanhamento dos frades em dificuldades humanas e/ou vocacionais, utilizando o documento “A vossa vocação: entre abandonos e fidelidade” (Comissão para o Serviço de Fidelidade e Perseverança, 2019), e favorecendo o clima de fraternidade como um meio através do qual os irmãos possam curar as feridas de sua história pessoal e institucional e reconciliar-se com os Frades. (Orientação) 15. Cada Entidade e/ou Conferência promova a participação de alguns de seus membros à nova Licenciatura em Filosofia, com especialização em Ecologia Integral, na PUA. (Orientação) 16. Dada a grande potencialidade dos meios de comunicação social para testemunhar o Evangelho de modo simples e cheio de esperança, o SGFS, agindo em conjunto com as Entidades e Conferências, elabore linhas guias e protocolos para o melhor SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 515
FORMAÇÃO PERMANENTE
uso dos meios sociais, levando em conta os contextos culturais e geográficos, e também os protocolos para o tratamento das dependências dos meios sociais. (Orientação)
IV. MISSÕES E EVANGEIZAÇÃO 17. Os Frades, que desejam participar de um projeto missionário fora do próprio país, submetam-se a um sério discernimento, conduzido pelo próprio Ministro Provincial ou pelo Custódio (ou por qualquer Delegado do Ministro Provincial ou do Custódio), utilizando o perfil para os candidatos à missão, fornecido pelo SGME. (Orientação) 18. O Ministro Geral e seu Definitório, através do SGME, forneçam adequados programas de formação aos candidatos que desejam participar nos projetos missionários da Ordem, sejam aqueles dependentes do Ministro Geral, ou aqueles dependentes das Conferências, das Províncias e das Custódias. (Orientação) 19. Em coordenação com as Conferências, o Ministro Geral e seu Definitório devem prestar especial atenção à estrutura de governo, aos programas de formação e à sustentabilidade financeira das Entidades, naquelas áreas do mundo em que a Ordem está em crescimento. (Mandato) 20. O SGME elabore uma Ratio Evangelizationis para a Ordem, em harmonia com o ensino do magistério da Igreja e os documentos da Ordem, através dum processo de base no âmbito das Conferências e das áreas continentais, a partir do processo já iniciado pelo SGME. As iniciativas das Conferências, das Províncias e aquelas interprovinciais elaborem sucessivamente as próprias Ratio que reflitam o contexto e as circunstâncias particulares de sua região. (Mandato) 21. A nova Ratio Evangelizationis considere como projetos missionários da Ordem, tanto os projetos missionários dependentes do Ministro Geral, como os que dependem das Conferências, das Províncias e das Custódias, de maneira que se promova na Ordem uma verdadeira solidariedade na animação, na partilha dos recursos para a formação dos missionários, dos recursos econômicos e de pessoal. (Orientação) 22. O SGME amplie a colaboração atual com os Secretários para Missão e a Evangelização das Conferências e das Entidades. (Orientação) 23. Como meio de evangelização dos jovens e de suas famílias, o Ministro Geral e seu Definitório, através do SGME, avaliem e desenvolvam ulteriormente os princípios, as práticas e os processos do significativo empenho da Ordem no ministério pastoral da educação em nossas escolas e em nossos institutos educacionais. (Orientação) 24. O Ministro geral e seu Definitório, através do SGME e SGFS, favoreçam oportunidades para preparar frades empenhados no
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ministério pastoral em áreas como a Espiritualidade, a Pastoral da Saúde, a Comunicação, a Formação, o Diálogo cultural e a Economia. (Orientação) 25. Em todas as áreas de atividade evangelizadora, os frades se esforcem em colaborar com os leigos em espírito de “missão partilhada” e “sinodalidade”. (Orientação) 26. Na Evangelização e na Missão se preste especial atenção aos jovens, valorizando sua riqueza cultural e generacional e considerando o ministério dos jovens adultos como espaço natural para a animação vocacional. (Orientação)
V. JPIC 27. O Escritório JPIC se una, desenvolva e sustente projetos de Ecologia integral, prestando especial atenção à formação sobre temáticas de JPIC nos diferentes contextos da Ordem. (Orientação) 28. O Ministro Geral e seu Definitório, em colaboração com o Escritório JPIC e o SGME, devem continuar a desenvolver a Rete Francescana del Mediterraneo e o Cordón Franciscano latinoamericano, continuando a encorajar e acompanhar análogos projetos e processos a favor dos migrantes na África, Ásia e em todas as zonas de fronteira da Ordem. (Mandato)
VI. ESTRUTURAS DE GOVERNO 29. O Ministro Geral e seu Definitório encaminhem uma revisão global do organograma estrutural do funcionamento da Cúria e da Ordem, iniciando por simplificá-lo e ativando uma circularidade capaz de exprimir, hoje, nosso carisma num modo mais concreto, através dos Secretariados, Escritórios e outras estruturas da Ordem. (Orientação) 30. O Ministro Geral e seu Definitório revejam e adaptem os processos de seleção e de formação para o serviço de Visitador Geral. (Orientação) 31. O Ministro Geral e seu Definitório devem encaminhar uma revisão completa da atual estrutura das Conferências e, onde for necessário, fazer oportunos ajustamentos na configuração da estrutura da Conferência, favorecendo o diálogo e a partilha entre o Definitório Geral, as Entidades e as Conferências. (Mandato) 32. O Ministro Geral e seu Definitório devem continuar o processo de estudo sobre o melhor tempo e modo para confiar às Províncias e/ou Conferências aquelas fundações e missões atualmente sob a autoridade do Ministro Geral, a fim de assegurar a elas um acompanhamento mais prático e eficaz. (Mandato) 33. As Entidades encorajem o crescimento da cooperação interprovincial, internacional e intercultural, como também o diálogo inter-religioso, na medida em que seja possível. (Orientação)
FORMAÇÃO PERMANENTE
Ágabo, profeta e missionário
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tos dos Apóstolos – além de enfocarem a evangelização destes, especialmente, de Pedro e Paulo – mostram outros missionários itinerantes. Segundo Lucas, Jesus escolheu Doze Apóstolos e os enviou em missão, bem como outros 72 discípulos, mandando-os a “todas as cidades e lugares onde ele deveria ir”, com a maioria das recomendações dadas aos apóstolos (cf. Lc 10,1-24). Assim, Apolo,“natural de Alexandria e versado nas Escrituras” (18,24), missionou em Éfeso (18,23-25; 19,1-7), Corinto (19,1; 1Cor 1,11-12) e na Acaia (18,27-28). Provavelmente, era discípulo de João Batista, pois conhecia somente o batismo de João (18,25; 19,1-7). Sabendo disso, o casal Áquila e Priscila “tomou-o consigo e expôs-lhe, mais minuciosamente, o Caminho do Senhor Jesus” (18,25-26). Este mesmo casal acompanhou Paulo na evangelização da Síria (cf. 18,18). Por duas vezes, Atos apresentam Ágabo como profeta e missionário. “Alguns profetas desceram de Jerusalém para Antioquia. Um deles, chamado Ágabo, levantou-se e, por meio do Espírito, começou a dizer que haveria uma grande fome por toda a terra. Foi o que aconteceu no reinado de Cláudio. Então, os discípulos decidiram, cada um segundo suas possibilidades, mandar ajuda aos irmãos que viviam na Judeia. Assim o fizeram e a enviaram através de Paulo e Barnabé” (11,27-30). Ao retornarem, trouxeram consigo João Marcos (cf. 12,25). É mais um evangelizador que se junta a Paulo e Barnabé nas viagens missionárias (13,5; 15,39), estando, inclusive, em Roma (2Tm 4,11). É, também, companheiro de Pedro que o chama de ‘meu filho’ (1 Pd 5,13). Logo adiante, vemos Ágabo em Cesareia onde encontra Paulo que estava a caminho de Jerusalém. “Chegou da Judeia um profeta chamado Ágabo. Este tomou a cinta de Paulo, atou-
-lhes os pés e as mãos, dizendo: assim sucederá ao homem a quem pertence esta cinta e entregá-lo-ão aos gentios. [...]. Então, os ouvintes insistiram para que Paulo não fosse a Jerusalém. Como não conseguiram convencê-lo disseram: seja feita a vontade do Senhor” (21,8-15). De fato, Paulo é preso no Templo. Uma das características do profetismo é a de alertar os ouvintes sobre o que poderá acontecer. Tais presságios não provêm de si mesmo, mas do Espírito Santo, como mostra Ágabo ao prever a fome e a prisão de Paulo. Por isso, suas palavras encontram eco nos ouvintes. Antioquia organiza uma coleta e a envia através de Paulo e Barnabé. No governo do Imperador Cláudio (41–54dC), a história registra várias crises alimentares, sendo que a mais difícil aconteceu nos anos 46/47. Paulo movimentou as comunidades em “favor dos santos de Jerusalém” (Rm 15,26), com a seguinte motivação: desta cidade, os pagãos receberam as riquezas do Evangelho, na pessoa de Jesus Cristo, que “sendo rico, livremente, se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza” (2Cor 8,9). Assim também a oferta deve ser livre e espontânea: “Cada um dê como propõe seu coração, sem constrangimento ou tristeza, pois Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7). Por outro lado, Paulo sabe do risco que se corre quando não há transparência. Para evitar possíveis constrangimentos, constitui uma equipe cujos membros são escolhidos pela própria comunidade (2Cor 8,16-29), sob a coordenação de Tito, pois que ele “assim como começou esta obra, também a leve a bom termo” (2Cor 8,6). O próprio Paulo faz parte da equipe e, ao escrever aos Romanos, diz: “Quando fizer a entrega da coleta em Jerusalém, partirei para a Espanha, passando por vós” (Rm 15,28). O profeta de Ágabo – ao amarrar os pés e as mãos de Paulo com a própria cinta e dizer
que o mesmo sucederia ao seu portador – é inspirado pelo Espírito Santo (21,10-11). De fato, Paulo é preso no Templo e ameaçado de morte (21,30-31). O clamor era tanto que um grupo fanático de 40 judeus se comprometeu “não comer e beber, enquanto não matassem Paulo” (23,12-13). O tribuno do Templo protegeu Paulo e, por ser cidadão romano (22,25-29), enviou-o para Cesareia, aos cuidados do governador Felix e, de lá, a Roma para ser julgado. Aí permaneceu dois anos em prisão domiciliar, “recebendo a todos os que iam ter com ele, pregando sobe o Reino com Rembrandt (Wikimedia Commons)
toda a liberdade e sem proibição” (28,30-31). É assim que o hagiógrafo termina Atos dos Apóstolos – num verdadeiro suspense – deixando, em aberto, várias opções interpretativas, dentre elas, duas mais pertinentes: a primeira de que a História da Salvação continua através da Igreja (segundo alguns biblistas, seria o capítulo 29 de Atos) e, depois, a de que o Império Romano não encontrou motivos para condenar Paulo à morte. Não seria isso uma advertência de que os pagãos, por vezes, estão mais abertos ao Espírito Santo do que nós, os cristãos? Abramo-nos ao Espírito porque ele sopra quando, onde e como quer (cf. Jo 3,8). Frei Luiz Iakovacz
FORMAÇÃO PERMANENTE
2021... Ano capitular para os frades da Imaculada! Todo Capítulo tem um antes, o momento em que se realiza e a implementação de suas conclusões em nível pessoal e comunitário. Vivemos como irmãos. Gostamos de dizer: “Meu irmão”... Você veio, meu irmão!”. Eles, os irmãos continuam chegando e dando sua adesão definitiva a Deus e à Ordem. Em Petrópolis, nesse tempo de pandemia, em dezembro, frades fizeram a profissão solene. Bela cerimônia, despida de muita pompa exterior. O Senhor continua nos dando irmãos. Vivemos como irmãos, como frades, como aqueles que o Senhor continua dando a Francisco e a seus sucessores. Vivemos como frades ditos menores. “Província” significa bem mais do que um arcabouço organizacional e jurídico. Ela é antes o conjunto de vidas humanas, um corpo vivo. Espaço organizacional, sim. Mas vidas de homens, borbulhar de sonhos, desejos de atingir as estrelas. Homens que acertam e erram. Esperamos que esse espaço humano que se chama “Província” seja hospedaria do Senhor. O coração de cada frade é alojamento para o Senhor. Curiosamente, uma hospedaria que se desloca. Somos fraternidade em saída. Nossa casa é o mundo. Nosso claustro se situa nas esquinas do mundo e nas voltas da história. Seres despertos, acordados sobretudo nesse tempo e clima de Capítulo. Para onde vamos todos? “Viver o Evangelho como irmãos no seguimento de Cristo é nos-
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sa forma vitae. Fundamentada na dimensão trinitária, a Fraternidade constrói-se no respeito à individualidade de cada irmão, dom de Deus, assim como é. Mediante esta aceitação, a Fraternidade torna-se teofania, lugar teológico em que Deus sempre pode revelar-se, “encarnar-se” e tornar-se presente em nosso mundo. “Nisso todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Viver o relacionamento fraterno em comunhão e partilha significa sermos fieis à nossa vocação e missão” (Giacomo Bini, OFM- Relatório Min. Geral, cap. 2003, n.71). Não somos monges. Não constituímos família de sangue. Não somos meros habitantes em residência comum, uma república. Gostamos de designar nossas casas de “fraternidades”. Empregamos menos a palavra comunidade, válida e tão usada pelos religiosos e fiéis (comunidade de vida consagrada, comunidade paroquial, etc). Vivemos, é claro, em espírito de família marcado por laços de afeição e de atenções e dizemos que constituímos fraternidades. Os fundamentos de nosso “fraternismo” são conhecidos: um Pai de toda bondade cria agora a todos e somos filhos desse Pai e, portanto, irmãos com tudo que daí decorre; somos uma fraternidade porque Deus resolveu dar irmãos a Francisco e aos seus sucessores e que eles inventassem um modus vivendi de irmãos (e fossem pelo mundo afora). Não existimos apenas como fraternidade para dentro, mas denominamo-nos fraternidade em estado de missão. Isso nos faz felizes. Um duplo movi-
FORMAÇÃO PERMANENTE
mento: chamado para estar juntos e ir pelo mundo afora. Fraternidades em saída... Tudo isso porque o Ressuscitado que nos chama de amigos se faz presente quando estamos juntos. Por diferentes caminhos e inusitadas situações tivemos a certeza de um chamamento para viver a aventura de Francisco e de seus primeiros companheiros que chamamos de vocação. Fomos acompanhados durante um tempo e formadores e confrades puderam nos iniciar na arte de amar a vida ad intra e ad dextra. Pertencemos a uma Província ainda numerosa. Vivemos aqui. Vivemos acolá. No meio de diferenças. No meio de compromissos reais e outros inventados. Por vezes convivemos uns com os outros com lucidez. Outras vezes parecemos uma equipe de trabalho, mal ou bem-sucedida. Por vezes, as coisas “funcionam”, outras vezes o “carro” emperra. Há uma certa descrença. Nem sempre acreditamos na vida. Exagero nas busca de sucessos individuais. O carro, de fato, emperra. Na Província rasgamos nossa história como irmãos. Não vivemos a partir de estratégias. O que leva para frente é esse somatório de vidas de irmãos que vivem à luz do Mistério e de seus projetos. Será que nossa obra é aquela que o Senhor sugere e deseja? Que horizonte estamos mostrando aos irmãos que chegam? O que eles desejam do fundo do coração? Nossos projetos coincidem com os deles? O ser com os outros estrutura nosso modo de viver. Trazemos no fundo do coração o desejo de sermos irmãos de todos e até do pássaro que canta com os pés no fio da rua e mesmo do ipê que atapeta o chão de amarelo. Quando lemos a parábola do Bom Samaritano ficamos com vontade de resgatar todos os trapos humanos. Será que os frades jovens pensam assim? E os mais avançados em idade? Será que há um movimento “fraterno” animando nossa vida e a vida da Província? O Capítulo é sempre tempo de lucidez. Conhecemos os instrumentos de construção da fraternidade franciscana: mesma mesa, mesma casa, momentos de recolhimento e de silêncio, serviço mútuo, uns socorrendo as necessidades dos outros, caixa comum, oração em comum. Não apenas para cumprir um dever. Retiros, colóquios, capítulos sobre nosso gênero de vida e não apenas para resolver se vamos construir isto ou aquilo, comprar e vender, e a que horas vamos rezar o ofício. Fazer aparecer o “todos vós sois irmãos”. A vida límpida, fraterna, alegre, laboriosa é o primeiro e vigoroso anúncio da Boa Nova. Será que não precisamos fazer de nossos capítulos locais momentos que deixam em nós um sabor, um desejo de “quero mais”, que aconteça o mais brevemente um outro? Nossa fraternidade é constituída de homens provenientes de meios culturais, sociais e religiosos diferentes que se esforçam por criar laços de amizade, de respeito, de aceitação mútua. Não se trata de uma mera equipe de trabalho. Irmãos, ministros, servidores ad intra e ad extra. Procuram o que agrada ao Senhor, “limitando sua liberdade com a liberdade do outro”, submetendo-se às exigências da vida comum (cf. A caminho ... Doc. OFM, Roma, 2005).
“A vida de comunhão fraterna exige que os irmãos observem unanimemente a Regra e as Constituições; tenham um modo de viver semelhante; participem dos atos da vida da Fraternidade, sobretudo a oração em comum, da evangelização e dos trabalhos domésticos; e ponham à disposição da Fraternidade todos os emolumentos que a qualquer título tenham recebido” (CCGG 42,2). Somos irmãos e irmãos menores lá onde estivermos: ouvindo confissões numa capela do interior, na qualidade de ministro dos irmãos em casa, na administração do Santuário da Penha, no atendimento do Convento do Largo de São Francisco em São Paulo, nos livros que escrevemos, nos sucessos obtidos e nos fracassos acontecidos. Estimamo-nos como irmãos, diletos irmãos, queridos irmãos, diletíssimos irmãos, queridos irmãos, prezados irmãos. Menores: irmãos sem qualquer indício de superioridade em relação aos outros. Os “maiores” revelam superioridade, juízos demasiadamente fáceis dos outros, palavras altaneiras. Vivemos uns em dependência dos outros e isto alegremente. Viver como menores é viver sem apropriação de coisas e de pessoas. Aceitar tudo com espírito de gratidão. O nome de Frades Menores que usamos exige fraternidade, é claro, mas também serviço e serviço humilde. Colocaremos de lado toda vontade de poder e de domínio. “Em relação a todos, submissos a qualquer criatura, por causa de Deus, devemos apresentar-nos, em comunidade e individualmente, como pequeninos, como servos que ninguém teme, porque servos esforçam-se por servir e não por dominar, ou por se impor, sobretudo para fins espirituais. Uma semelhante atitude exige o espírito de infância, a pequenez, a simplicidade, um otimismo decidido perante os homens e os acontecimentos. Há que aceitar a insegurança no plano das instituições e as ideias, a incerteza em relação ao futuro. Há que reconhecer que somos fracos e vulneráveis, servos inúteis e que ninguém é forte senão Deus. Contribuiremos assim, pelo nosso lado para fazer resplandecer o rosto da comunidade cristã, que é também o rosto do Senhor, o qual veio “para servir e não para ser servido” (Doc. OFM: Rumo ao Capítulo Geral Extraordinário, 2004, p.21). Ser menores com relação aos nossos co-irmãos: Não há dúvida de que isso pode significar coisas diferentes e em Fraternidades distintas: mas certamente significa comportamento que tenha indícios de “superioridade” em relação aos outros. São várias as atitudes que revelam um sentido de superioridade: os juízos demasiadamente fáceis sobre os outros, talvez acompanhados de gestos sarcásticos; as expectativas ou os pedidos explícitos dirigidos aos frades, pretendendo que a ajuda que os outros nos dão ou o serviço que nos prestam seja um “direito”, em vez de aceitar tudo com espírito de gratidão e de reconhecimento. (cf. “Todos vós sois irmãos”, Doc. OFM, 2004, p. 123-124) Frei Almir Ribeiro Guimarães SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 519
FORMAÇÃO E ESTUDOS
“Manter vivo um diálogo com Deus”: Frades recebem o Leitorado
“E
necessário manter vivo um diálogo com Deus para exercer bem esse ministério”, exortou o guardião da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, Frei Jorge Paulo Schiavini, ao acolher sete frades do tempo da Teologia ao Leitorado: Frei André dos Santos Sungo Mingas, Frei Andrei N. dos Anjos, Frei Danilo Santos Oliveira, Frei Fábio Melo Vasconcelos, Frei Felipe Medeiros Carreta, Frei José João Ganga e Frei Miguel Tchiteculo Tchindjombo Filipe foram instituídos leitores no dia 4 de setembro, na Igreja Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ). Frei Jorge recebeu a missão do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, de presidir esta celebração
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como seu delegado. Este momento litúrgico aconteceu durante a Oração da Manhã (Laudes) da Fraternidade do Sagrado. Os frades e um pequeno número de fiéis participaram deste momento. O
povo pôde acompanhar pela página do YouTube da Paróquia. O rito de instituição dos leitores teve início com a chamada feita pelo mestre Frei Marcos Antônio de Andrade após a leitura bíblica da Oração. Os sete frades candidatos ao serviço de Leitor se colocaram no presbitério e Frei Jorge rogou a Deus que derramasse a graça da sua bênção sobre estes seus servos, escolhidos para o ministério dos Leitores. “Concedei que meditando assiduamente a vossa Palavra, sejam nela instruídos e fielmente a anunciem aos seus irmãos”, pediu. Cada frade recebeu das mãos do Delegado Provincial a Palavra de Deus com a recomendação de anunciar fielmente a Pala-
FORMAÇÃO E ESTUDOS
vra de Deus, para que ela frutifique cada vez mais viva no coração dos homens. Com essa celebração, os sete frades tornaram-se leitores instituídos para proclamar e anunciar a Palavra de Deus junto às comunidades. “Nós celebramos em comunhão com o Ministro Provincial, com a nossa Província, com a Custódia da Amazônia e em comunhão com toda a Igreja, que institui ministros para dar continuidade à missão de Jesus”, disse o delegado do Ministro Provincial. Frei Jorge, comentando a exortação do rito, destacou que o anúncio do Evangelho nos vem como mandato do próprio Cristo para sermos continuadores da sua missão como Igreja. “Trata-se de um serviço que se fundamenta na Palavra de Deus”, disse o celebrante. “É necessário manter vivo um diálogo com Deus para exercer bem esse ministério, esse diálogo com Deus por meio de sua Palavra e também por meio da escuta atenta daquilo que Deus vai falando na vida e na história do povo de Deus”, acrescentou Frei Jorge.
Ele exemplificou que essa escuta se dá também no empenho dos estudos de Teologia e que não deve haver espaço para improvisação. “Por mais simples que seja uma celebração, é necessário se preparar bem”, exortou, lembrando que o cultivo da espiritualidade e da oração faz parte da escuta. “Quando falamos em escutar o povo de Deus, nós, como franciscanos, temos a fraternidade também. Deus nos fala pelos irmãos, pelos confrades, pelo povo e por toda a criação”, observou, advertindo que nem sempre pode se estar diante de um irmão amável e bondoso, mas Deus fala através de todos os irmãos, em todos os momentos, até “mesmo na perfeita alegria”, disse ao se referir ao episódio em que São Francisco diz: acima de todas as graças e de todos os dons do Espírito Santo, os quais Cristo concede aos amigos, está o de vencer-se a si mesmo, e, voluntariamente, pelo amor, suportar trabalhos, injúrias, opróbrios e desprezos. Referindo-se à Carta de São Paulo a Timóteo (2 TM 4, 1-5), lida durante a Oração, Frei Jorge ressaltou: proclame a Palavra,
insista no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovando e aconselhando com toda paciência e doutrina. “Então, a Palavra de Deus tem uma dinâmica própria e, anunciada, ela vai fazer o seu caminho como ouvimos em várias leituras do Evangelho. Ela vai frutificar como a semente da parábola”, disse. “Que vocês possam exercer o ministério que hoje recebem com esse espírito de serviço, não com o espírito de autoritarismo. Com um espírito cristão do lava-pés, do cuidado, do amor, com certeza vai fazer brotar todas essas atitudes e ações que a Palavra de Deus nos pede”, concluiu. No dia 19 de outubro, três frades (Augusto Luiz Gabriel, Honorato Gabriel e David Belineli) do 3º Ano do Tempo da Teologia serão instituídos acólitos durante a Celebração Eucarística das 18 horas, que será presidida pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel. Frei Augusto Luiz Gabriel (fotos) e Moacir Beggo SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 521
CONHEÇA OS SETE FRADES LEITORES Frei André dos Santos Sungo Mingas, OFM
Frei Andrei N. dos Anjos, OFM 2º ano de Teologia
2º ano de Teologia Natural de Cabinda (Angola), nasceu no dia 02 de janeiro de 1986. Vestiu o hábito franciscano no dia 15 de janeiro de 2015 e fez sua primeira profissão no dia 05 de janeiro de 2016 em Rodeio (SC). Atualmente, Frei André cursa o 2º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano.
Natural de Murumuru, Monte Alegre (PA), nasceu no dia 23 de julho de 1993. Vestiu o hábito franciscano no dia 20 de março de 2015 e fez sua primeira profissão no dia 15 de novembro de 2015 em Montes Claros (MG). Atualmente, Frei Andrei cursa o 2º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano.
Frei Fábio Melo Vasconcelos, OFM
Frei Danilo Santos Oliveira, OFM
2º ano de Teologia
2º ano de Teologia Natural de Itapeva (SP), nasceu no dia 10 de julho de 1989. Vestiu o hábito franciscano no dia 15 de janeiro de 2015 e fez sua primeira profissão no dia 05 de janeiro de 2016 em Rodeio (SC). Atualmente, Frei Danilo cursa o 2º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano.
Natural de Santarém (PA), nasceu no dia 16 de março de 1995. Vestiu o hábito franciscano no dia 20 de março de 2015 e fez sua primeira profissão no dia 15 de novembro de 2015 em Montes Claros (MG). Atualmente, Frei Fábio cursa o 2º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano.
Frei José João Ganga, OFM
Frei Felipe Medeiros Carreta, OFM
2º ano de Teologia
2º ano de Teologia Natural de Vila Velha (SC), nasceu no dia 02 de julho de 1993. Vestiu o hábito franciscano no dia 15 de janeiro de 2015 e fez sua primeira profissão no dia 05 de janeiro de 2016 em Rodeio (SC). Atualmente, Frei Felipe cursa o 2º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano.
Natural de Caconda (Angola), nasceu no dia 13 de novembro de 1990. Vestiu o hábito franciscano no dia 15 de janeiro de 2015 e fez sua primeira profissão no dia 05 de janeiro de 2016 em Rodeio (SC). Atualmente, Frei José cursa o 2º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano.
Frei Miguel Tchiteculo Tchindjombo Filipe, OFM 2º ano de Teologia Natural de Lobito – Benguela (Angola), nasceu no dia 13 de janeiro de 1990. Vestiu o hábito franciscano no dia 15 de janeiro de 2015 e fez sua primeira profissão no dia 05 de janeiro de 2016 em Rodeio (SC). Atualmente, Frei Miguel cursa o 2º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano.
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Ecumenismo: Frades de Rondinha e Irmãos Batistas celebram juntos a fé em Cristo
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o dia 28 de agosto, os frades da Fraternidade São Boaventura reuniram-se com irmãos batistas e membros da Elo Capelania na Primeira Igreja Batista de Curitiba para um momento ecumênico e celebrativo da fé cristã. No sábado, alguns frades da Casa de Filosofia reuniram-se na PIB – Primeira Igreja Batista – de Curitiba para o culto das 19h15. Junto a eles e aos fiéis batistas, congregaram também alguns membros da Elo Capelania – movimento ecumênico no Hospital do Rocio, Campo Largo (PR), que reúne voluntários para a um momento de diálogo fraterno e cuidado cristão com os colaboradores, equipe médica, pacientes e acompanhantes. O convite surgiu de Érika Checan, Capelã da Elo Capelania, com o objetivo de gerar um encontro fraterno de troca de experiências entre cristãos e aprofundamento da espiritualidade cristã enquanto acolhimento, cuidado e partilha, ou seja, expressões de uma única fé em Jesus Cristo.
Sobre este momento, Érika compartilhou: “Porque experimentamos a unidade, nós nos vemos irmanados no cuidado. Porque estamos irmanados no cuidado, nós experimentamos a unidade”. A respeito da comunhão entre irmãos, a Capelã também compartilhou: “Nós experimentamos Cristo como refeição. Então, nele somos alimentados na experiência da comunhão”. Os frades conheceram a estrutura da PIB bem como sua organização desde os atendimentos pastorais e administração da instituição ao cuidado dos fiéis com o Templo e sua sensibilidade que expressa na arte, na delicadeza e na atenção o respeito e admiração que os fiéis batistas têm uns para com os outros. Foi apresentada a história da comunidade que dá origem à Primeira Igreja Batista de Curitiba que há mais de 100 anos promove o discipulado de Jesus. Frei Samuel Ferreira de Lima, Mestre dos frades da Etapa de Filosofia e membro da Elo Capelania, partilhou: “Foi um momento bonito e intenso que mostra para este mundo de hoje, com tantas divisões
e conflitos, que é possível viver a unidade na diversidade, que é possível deixar-se ser conduzido pela mão de Deus para que a gente se compreenda como família, Povo de Deus a caminho como discípulos e discípulas”. Após o culto, foi servido um jantar para os frades e membros da capelania. Reunidos em torno à mesa e em clima celebrativo e descontraído, aconteceram partilhas vocacionais, trocas de experiência de vida e cantos e partilhas da cultura angolana. “O encontro foi uma grande oportunidade de promover o diálogo e o conhecimento mútuo entre fiéis e irmãos que formam o mesmo cristianismo. Estes eventos demostram que a coragem do encontro e da mão estendida é ainda um caminho de paz e harmonia para nossa fé”, afirmou Frei Januário Barreto de Carvalho, frade no Primeiro Ano de Filosofia. Como uma forma de resumir o encontro, Érika disse: “Não foi um evento ecumênico, foi um encontro de família”. Frei Bruno de Deus SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 523
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Ministro Geral na Primeira Profissão: “Jesus gera uma bela e contagiante novidade”
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Ministro Geral Frei Massimo Fusarelli acolheu na Ordem dos Frades Menores 14 jovens que fizeram a Primeira Profissão durante a Celebração Eucarística no Santuário della Verna (Monte Alverne) e motivou-os a se contagiarem pela bela novidade: o encontro com o Senhor Jesus. Professaram 4 noviços da Província da Toscana, 2 da Província da Província do Lazio-Abruzzo, onde Frei Massimo era Ministro Provincial antes de ser eleito Ministro Geral, e 8 da Custódia da Terra Santa. O Ministro Geral fez uma analogia, lembrando que nada será como antes nesta pandemia: “Também para vocês, irmãos noviços, existe o que precede este dia e o que começa hoje. Cada um de vocês conhece o ‘antes’ que os trouxe aqui hoje, e espero que este ano tenham podido olhar para o seu ‘antes’ com novos olhos para acolher este ‘depois’ de uma nova forma. Espero e rezo para que este momento seja marcado pelo encontro com o Senhor Jesus, que gera uma bela e contagiante novidade, uma alegria que deve ser compartilhada: deixemo-nos contagiar!”, disse. “Vocês passaram um ano aqui no Alverne, em contato com São Francisco, que conheceu o ‘antes’ da sua condição de pecador e o ‘depois’ do encontro com o leproso ... diz-o com clareza no Testamento, quando chegou ao fim da sua existência e soube traçar essa fronteira na sua vida: primeiro adorei-me, depois pude encontrar o olhar, a carne podre e o abraço dos leprosos, e naquele ‘nós’ encontrei o meu verdadeiro ‘eu’, o fraterno, marcado pela misericórdia”, acrescentou Frei Massimo. Segundo o Ministro Geral, Francisco conheceu o ‘antes’ do seu esgotamento (cansaço/esforço) com a fraternidade da Ordem que seguiu outros caminhos e o ‘depois’ do encontro que o tornou semelhante ao Amado no
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Alverne. Ele se referia à impressão das Chagas de São Francisco. “A cruz gloriosa do Senhor imprimiu na carne do coração e da vida de Francisco a marca de um amor humilde: o Serafim se apresenta a Francisco de maneira pacífica e amorosa. Cristo imprime a sua marca vitoriosa no servo: é o amigo, o noivo, o irmão que marca o seu amigo com o fogo e o beijo do amor”, ressaltou. Frei Massimo enfatizou que Francisco permaneceu firme na fé, como dizia São Paulo aos Colossenses, unido à solidez da rocha que é Cristo: “Começando seu Trânsito, o ‘Poverello’ indica aos seus irmãos que Cristo foi seu tudo, tudo…; mostrou-lhes o seu caminho, que agora deixa aos seus irmãos, a nós, hoje a vocês, para que nos deixemos guiar por Cristo. Aquele corpo deitado na terra nua significa precisamente essa liberdade, esse dom de si mesmo ... Oh, como precisamos disso! Que Jesus nos mostre com os olhos do espírito a maneira de dizer um sim novo, mais livre e feliz ao seu chamado!” “Caros irmãos noviços e em breve professos: desejo-lhes de todo o coração e de todas as forças que se apaixonem verdadeiramente pelo olhar com que o Senhor hoje os vê e os atrai a si. Não lhes desejo mais nada debaixo do céu, nem medo de perder algo, mas saber que com Cristo tudo nos é dado. Para confiar: você pode dar o passo de seguir as pegadas de Jesus dentro e através de suas pobrezas. Deus não tem medo de nossas infidelidades, porque nos conhece e nos ama”, exortou. “Posso atestar que podemos perder de
vista aquele olhar na estrada e procurar outra coisa. Mas também posso dizer que é chegado o momento em que aquele olhar volta a buscar o nosso, e conosco o de muitos, e supera as resistências e os medos, a autossuficiência e os pecados. Acreditamos, confiamos, nos devolvemos a você, a este Amor teimoso e invencível. E nesse olhar, o nosso olhar muda para o mundo, para as pessoas. Criação, realidade. As criaturas se tornam irmãos e irmãs, não inimigos, para serem humildemente amadas e servidas. “Posso atestar que podemos perder de vista aquele olhar na estrada e procurar outra coisa. Mas também posso dizer que é chegado o momento em que aquele olhar volta a buscar o nosso, e conosco o de muitos, e supera as resistências e os medos, a autossuficiência e os pecados. Acreditamos, confiamos, nos devolvemos a você a este Amor teimoso e invencível. E nesse olhar, o nosso olhar muda para o mundo, para as pessoas, a criação, a realidade. As criaturas se tornam irmãos e irmãs, não inimigas, para serem humildemente amadas e servidas. Bom caminho de acompanhamento na alegria do amor que não decepciona”, desejou.
SAV
Encontro Vocacional de Ituporanga reúne 17 jovens
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Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga (SC), onde acontece a etapa do Ensino Médio e o Aspirantado na Província da Imaculada, sediou, no final de semana (20 a 22/8), 17 jovens para um Encontro Vocacional, realizado pelo Serviço de Animação Vocacional (SAV). As atividades foram coordenadas por Frei Leandro Costa, do SAV; Frei Ruan Felipe Sguissardi, que faz o Ano Missionário no Seminário Frei Galvão (Guaratinguetá, SP); Frei Gabriel Vargas Dias Alves, animador vocacional da Fraternidade São Pedro Apóstolo (Pato Branco, PR); Frei Samuel Ferreira de Lima, mestre do Tempo da Filosofia e animador vocacional da Fraternidade São Boaventura (Campo Largo, PR) e Frei Júnior Mendes, animador vocacional da Fraternidade São Francisco (Chopinzinho, PR). À tarde de sexta-feira, 20 de agosto, os vocacionados foram acolhidos no Seminário
por Frei Pedro da Silva e Frei Valdir Laurentino, orientadores do Ensino Médio e Aspirantado, e participaram da Santa Missa com os aspirantes e seminaristas. À noite, os vocacionados participaram de uma dinâmica de acolhida. No sábado, 21 de agosto, o dia se iniciou com a Santa Missa, seguida de reflexões. Em um primeiro momento, Frei Samuel Ferreira falou sobre a vocação de São Francisco de Assis, a partir de trechos da “Legenda dos Três Companheiros”, seguido de um momento de deserto e partilha. Frei Leandro Costa apresentou um vídeo sobre a Província da Imaculada Conceição, enfatizando as Frentes de Evangelização. À tarde, os vocacionados fizeram a limpeza da casa, com os aspirantes e seminaristas, seguido de um momento esportivo. À noite, houve a reza do terço vocacional, com procissão luminosa até a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. O dia se encerrou com a participação na Live Vocacional, produzida
de Petrópolis, RJ, com os frades do tempo da Teologia. O último dia foi marcado com a oração da manhã, seguido da Santa Missa, momento de avaliação e encerramento. O Mês Vocacional de agosto, em que a Igreja do Brasil convida a rezar pelas vocações em suas diferentes atuações (ministério ordenado, família, vida religiosa e consagrada e laical), foi celebrado no Serviço de Animação Vocacional com postagens diárias nas redes sociais, além da Live Vocacional e dois Encontros Vocacionais presenciais, o que não acontecia desde o início da pandemia. A próxima etapa do itinerário vocacional, antes do ingresso no Seminário é o Estágio Vocacional, que possibilita ao candidato a vivência mais intensa do carisma franciscano em nossas casas de formação. Frei Leandro Costa e Lucas A. Santos SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 525
FRATERNIDADES
ANO JUBILAR
Centenário de Nascimento de D. Paulo Evaristo Arns
“As esperanças de D. Paulo continuam a valer em nossos tempos”, diz D. Odilo
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Catedral da Sé, tão próxima de Dom Paulo Evaristo Arns enquanto esteve à frente no pastoreio da maior cidade brasileira, registrou mais um momento histórico para a biografia deste grande profeta, pastor e irmão dos pobres. Na terça-feira, 14 de setembro, dia em que a Igreja celebra na liturgia a festa da Exaltação da Santa Cruz, a Arquidiocese de São Paulo abriu o Ano Jubilar do Centenário de Nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns, durante a Celebração Eucarística às 10 horas, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. Presentes na Celebração Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, bispos de todo o
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país, sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas, autoridades civis e militares, familiares de Dom Paulo e o povo que ocupou todos os espaços reservados dentro dos limites das normas sanitárias. O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, representou a Província Franciscana da Imaculada Conceição, onde Dom Paulo ingressou para ser um fiel seguidor de São Francisco de Assis. “A celebração de abertura do Centenário do nascimento de Dom Paulo Evaristo
Arns, na Catedral da Sé, em São Paulo, foi uma manifestação justa a este frade, sacerdote, pastor e profeta que, por graça de Deus, nasceu no dia da Festa da Exaltação da Santa Cruz. A Cruz, como sabemos, faz parte do tripé da espiritualidade franciscana, ao lado de Encarnação e da Eucaristia. Dom Paulo, assim como o Apóstolo Paulo, pregou corajosamente a doutrina franciscana do mistério da Cruz do Senhor, fazendo da Cruz o caminho da ESPERANÇA, lema do seu pastoreio. E qual Francisco, pela via esperançosa da cruz do Senhor, chegou ao cume da perfeição do Evangelho”, disse Frei Fidêncio. “Comemoramos o centenário do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e estamos aqui para recordá-lo como um dom que Deus concedeu à humanidade e, particularmente, à Igreja e à co-
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munidade de São Paulo. Entre os muitos aspectos da pessoa e da ação de Dom Paulo, desejo lembrar que ele foi um homem de esperança e seu serviço à Igreja e à comunidade humana teve sempre a marca da esperança, ainda que a cruz fosse pesada para ele e para o povo”, explicou Dom Odilo. Segundo o Cardeal, o lema episcopal de Dom Paulo – “de esperança em esperança” –, é inspirado na palavra de Deus e serviu de orientação para sua vida e ação episcopal. “Sua nomeação episcopal deu-se em maio de 1966, menos de um ano após o encerramento do Concílio Vaticano II (1962-1965). O Concílio havia despertado grandes esperanças e trazido a promessa de uma nova primavera para a Igreja, que necessitava muito de renovação na sua vida interna, ainda marcada pelas circunstâncias vividas por ela no século anterior”, recordou D. Odilo. Para o arcebispo de São Paulo, o magistério da Igreja havia feito severas desaprovações ao modernismo e ao racionalismo, avessos à dimensão religiosa da vida humana e da cultura, e condenou com firmeza as ideologias materialistas, não apenas pelo cerceamento à liberdade religiosa, mas também por causa da violação sistemática de outros direitos humanos fundamentais. “Superados os dramas da 2ª. Guerra Mundial, a humanidade queria paz e os povos do ‘terceiro mundo’ aspiravam à independência e a condições de vida dignas. Com o esforço internacional para tecer novas relações entre os povos, também a Igreja pas-
sou a rever suas relações com o mundo”, contextualizou D. Odilo. Segundo ele, o papa São João XXIII, ao convocar o Concílio, queria deixar entrar ares frescos na Igreja, fazendo-a passar de uma postura fechada e defensiva para uma atitude mais acolhedora e dialogante em relação à cultura, à ciência, à política e às religiões. “Ela não abdicou de suas convicções, mas dispunha-se a encontrar e ouvir mais, para perceber melhor as razões das outras partes. Propunha-se a somar com todos aqueles que buscassem sinceramente o bem da humanidade, ainda que as convicções fossem diferentes das suas. O início da Constituição Pastoral ‘Gaudium et Spes’, sobre a Igreja no mundo contemporâneo, expressou bem essa nova postura da Igreja: ‘as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo’ (GS 1)”, destacou D. Odilo. “Foi no contexto desse tempo novo, marcado por otimismo e esperança, que Dom Paulo foi consagrado Bispo Auxiliar de São Paulo. Seu lema ‘ex spe in spem’ – é inspirado na Carta aos Romanos (1,17) – ‘ex fide in fidem’ – ‘da fé para a fé’ (Rm 1,7) e na Carta aos Hebreus, onde o autor exorta a perseverar na esperança, sem esmorecer, ‘pois é fiel aquele que fez a promessa’ (cf Hb 10,22-25)”, descreveu D. Odilo, complementando: “As virtudes teologais da fé, esperança e caridade devem ser a marca distintiva do cristão. A esperança, como virtude humana, leva a uma atitude positiva diante da vida, desencadeando
energias aptas à superação de dificuldades e a alcançar as metas, com dedicação e paciência. A esperança cristã nos projeta ainda para além daquilo que, humanamente, seríamos capazes de alcançar e sua base é a fidelidade de Deus, que se faz o “fiador” da nossa esperança (cf Hb 6,13). O objeto maior da esperança cristã são as promessas divinas, como a misericórdia, o perdão, a vida e a felicidade eterna. Esses bens, no entanto, não estão desvinculados das justas esperanças para esta vida: pelo contrário, tornam-se fonte de dinamismo e de paciente busca dos bens que expressam a dignidade, o valor e a beleza da vida neste mundo”. Para D. Odilo, com o passar dos anos, o lema de Dom Paulo mostrou-se cada vez mais inspirador e confortador para ele. “Em 1970, com apenas 4 anos de episcopado, ele foi nomeado arcebispo de São Paulo pelo papa Paulo VI, que lhe conferiu o pastoreio de toda a metrópole paulistana. Na mesma época, São Paulo e o Brasil viveram anos difíceis, durante os quais Dom Paulo, com destemor e paciência, indicou caminhos de esperança e superação. Diante das situações aviltantes para a dignidade humana, ele empenhou-se na realização de pequenas e grandes esperanças das comunidades da periferia urbana e do povo empobrecido. Dom Paulo também se empenhou e encorajou muitos outros a se empenharem na normalização da vida democrática no Brasil”, ressaltou o arcebispo de São Paulo. “As esperanças de Dom Paulo para o povo e para a Igreja continuam a valer em nossos tempos. Ele queria uma Igreja, povo de Deus, onde todos tivessem seu lugar e participassem da missão do testemunho de Jesus Cristo e do Evangelho. Hoje, o Papa Francisco nos chama a sermos uma Igreja ‘sinodal e participativa’. Dom Paulo queria uma Igreja ao lado dos pobres e dos que sofrem, testemunhando o amor misericordioso de Deus e a dignidade de cada pessoa, amada por Deus e pela qual Jesus morreu na cruz. O Papa Francisco nos chama a sermos uma ‘Igreja em saída missionária’, qual ‘hospital em campo de batalha’ ao lado dos feridos e caídos, e também comprometidos no cuidado da SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 527
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casa comum e na fraternidade da grande família humana”, pontuou. “Queria Dom Paulo a superação das grandes desigualdades e injustiças sociais e econômicas do Brasil e do mundo. Sonhava com a cidade sem ninguém abandonado nas periferias e pelas ruas e praças. Esperava que todos pudessem ter trabalho digno, moradia, educação e saúde. Esperava que o convívio urbano fosse sem violência e que todos pudessem viver em paz e harmonia nesta casa comum”, reforçou. “Seria demais esperar que também nós renovemos nossa disposição para lutar, a fim
José Carlos Dias
D. Walmor O. de Azevedo
de que essas esperanças ‘normais’ da humanidade, um dia, se tornem realidade? Animados pela grande esperança, que não desilude (cf Rm 5,5), continuemos a nos empenhar no dia a dia, com coragem e paciência, na edificação de um mundo melhor para todos. ‘Coragem’, repetia Dom Paulo sempre! Deus sustente nossa fé, esperança e caridade. Jesus na cruz nos dê coragem e perseverança!”, pediu D. Odilo. Na ação de graças após a comunhão, Frei Florival Mariano de Toledo leu o Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis e o coro cantou a “Oração de São Francisco”, tão querida por D. Paulo Evaristo Arns.
SÃO PAULO EVARISTO ARNS Conhecido como defensor de presos polí-
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ticos na ditadura militar, além de ter presidido a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, José Carlos Dias arrancou aplausos quando “canonizou” Dom Paulo Evaristo Arns. “Eu quero dizer uma coisa muito simples: eu quero proferir uma oração por este Brasil que está sofrendo, que está humilhado (palmas), este país em que cujas calçadas estão apilhadas de gente miserável. É neste momento que eu evoco o nome do nosso padroeiro: São Paulo Evaristo Arns! Padroeiro dos direitos humanos, provedor da justiça, da liberdade, da democracia! Não tenho mais
Ricardo Nunes
nada a dizer: São Paulo Evaristo Arns nos proteja! Nos dê a sua bênção”, pediu debaixo de aplausos. O presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, agradeceu pela oportunidade de participar desta celebração e disse que Dom Paulo Evaristo Arns, na Igreja no Brasil e na CNBB, é uma grande herança. “Uma herança da maior relevância na história de quase de 70 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Uma coluna. Uma alavanca. Uma herança que nos inspira”, enfatizou. Ele destacou dois aspectos importantes no contexto em que estamos vivendo em que a Igreja é chamada ‘a ser em saída’ e quando a sociedade brasileira precisa ser toda reconstruída. “Ressalto a coragem da sua profecia, uma
profecia corajosa abrindo caminhos, defendendo direitos e anunciando o Evangelho para que a vida tenha o sabor do Evangelho. Ressalto também a sua capacidade de diálogo com a sociedade, e sociedade pluralista. Que essas duas referências da grande herança inspirem a nossa Igreja, de modo muito especial nesse tempo para construirmos um novo tempo em nome do Evangelho. Tenho a ousadia de imaginar, embora não tenha conhecido Dom Paulo tão de perto, que sua herança se constituiu, sobretudo, com a sabedoria corajosa de sua profecia e a lucidez de seus diálogos com a sociedade, naquilo
Frei Florival Mariano
que a Palavra de Deus hoje nos diz, no diálogo de Jesus: ‘Deus amou tanto o mundo que enviou o seu Filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna’. Seja esta a inspiração, como certamente foi de Dom Paulo, a inspiração nossa, de nossa Igreja, para que possamos ter a lucidez de sua profecia e a sabedoria dos seus diálogos, ajudando o mundo a ser um mundo melhor”, exortou D. Walmor. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, destacou algumas palavras que vêm à sua mente quando fala de D. Paulo: pobre, necessitado, justiça, compaixão, democracia, amor aos mais necessitados. “Como representante do povo de São Paulo, para mim é motivo de muito orgulho estar aqui na Catedral da Sé, aqui onde ele mais viveu sua missão”, completou.
FRATERNIDADES Roque de Sá/Agência Estado
Dom Paulo Evaristo Arns presente!
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Senado Federal dedicou no dia 13 de setembro, às 10 horas, uma sessão solene para celebrar o Centenário de Nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns, frade franciscano e Cardeal da Arquidiocese de São Paulo. A homenagem foi sugerida pelo senador Flávio Arns, sobrinho do religioso. A sessão teve a condução do senador Izalci Lucas, que destacou a importância de celebrar Dom Paulo, “um dos mais honrados homens que este país já viu”. Segundo ele, independente da fé religiosa de qualquer um dos presentes, D. Evaristo é “uma daquelas pessoas que nos servem como guia espiritual e moral. É um exemplo com o qual podemos nos tornar seres humanos melhores, mais decentes, mais corretos”, acrescentou.
“Se o Brasil tivesse tido uma vida política mais tranquila, talvez ele não tivesse transformado em um nome conhecido de todos nós. Todavia, é nos momentos de maior escuridão que os homens, como foi o caso de D. Evaristo, trazem à tona aquela chama de grandeza, de decência e dignidade que têm dentro de si. E foi isso que fez com que D. Evaristo se tornasse um nome conhecido de todos nós”, acredita o senador Izalci. No início da década de 70, o Brasil vivia um dos seus piores momentos. “Na superfície, era o Brasil ‘um país que vai pra frente’; nos subterrâneos eram cárceres da ditadura em que se torturavam e assassinavam brasileiros. Foi justamente em outubro de 1970, no auge do terror da ditadura, que Dom Paulo se tornou arcebispo metropolitano de São
Paulo. Foi na Catedral da Sé, em 1975, juntamente com o reverendo Jaime Wright e o rabino Henry Sobel que ele celebrou o culto ecumênico em memória do jornalista Wladimir Herzog, torturado e assassinado pela ditadura. Acompanhado por 8 mil brasileiros, foi um evento marcante em nossa história e marco decisivo para se pôr fim à ditadura. Anos depois, junto com o reverendo Wright foi um dos coordenadores do projeto ‘Brasil Nunca Mais’, um retrato terrível, mas necessário dos porões da ditadura militar do Brasil”, recordou o senador.
NO DIA DA SANTA CRUZ O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, representou a Província da Imaculada Conceição do Brasil, a entidade que acolheu D. Paulo quando ele decidiu SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 529
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seguir os passos de São Francisco de Assis. Segundo Frei Fidêncio, D. Paulo foi um privilegiado porque nasceu no dia em que a Igreja celebra a Exaltação da Santa Cruz. “A cruz que, de um lado, pode representar um instrumento de suplício, de dor, de morte, de sofrimento, também é a mesma cruz que se torna para todos nós sinal de esperança, de vida, de ressurreição”, recordou o frade. “Eu quero crer que D. Paulo, desde o seu nascimento até a sua morte, abraçou a cruz como fiel discípulo do Evangelho. ‘Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a minha cruz e me siga’. E creio que D. Paulo, seja como frade menor, seja como membro de sua família que ele tanto amava, ou como bispo, pastor desta grande Arquidiocese de São Paulo, referência para toda a Igreja do Brasil, mais do que nunca abraçou essa cruz do Nosso Senhor Jesus Cristo. E D. Paulo, para nós, frades menores da Província Franciscana da Imaculada Conceição, como para toda a Ordem Franciscana, foi um referencial muito importante, significativo, do cuidado para com os pobres de Deus, para com as pessoas mais fragilizadas”, explicou Frei Fidêncio. Frei Fidêncio destacou o educador e formador na Província antes de ser nomeado bispo. Como franciscano, lembrou que D. Paulo gostava muito do hino “Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz”. “Essa paz, na verdade, passa muitas vezes por realidades de cruz e cruzes, sobretudo as cruzes na vida do povo de Deus. Então, D. Paulo, para nós frades, foi de fato esse formador, esse educador, estimulador para que nós, com a Igreja de Deus, com o povo sofrido, pudéssemos ser mais do que nunca instrumentos da paz e do bem. Então, louvamos e agradecemos a Deus por essa figura extraordinária, agradecemos a família representada na pessoa do senador Flávio Arns e do Nélson Arns, agradecemos esse irmão necessário que Deus nos deu, mas o irmão também dado para a Igreja e para o nosso povo brasileiro. Que D. Paulo inter-
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ceda pelo nosso país nesse momento tão delicado, tão difícil, que nós atravessamos”, pediu Frei Fidêncio. Flávio Arns ressaltou que a história e o legado de D. Paulo merecem nosso reconhecimento e valorização, principalmente por sua caminhada de vida em favor do ser humano, da cidadania, dos mais vulneráveis e por sua incansável luta em defesa da democracia. “Gostaria de trazer para este momento de homenagens e exaltação, uma reflexão sobre o significado da vida de D. Paulo e o Brasil que vivemos hoje. D. Paulo teve sua vida e seu trabalho baseados no lema que adotou para a vida religiosa: ‘De esperança em esperança’. Esse lema foi materializado em suas ações, que o tornaram conhecido por todos como o ‘Cardeal da Esperança’. D. Paulo acreditava que, mesmo com todos os males presentes no mundo, por meio das ações humanas, somos chamados a caminhar de esperança em esperança. Esse cidadão do céu e da terra, pastor e profeta, de inquebrantável força moral, tinha no trato com cada pessoa a confirmação do profundo respeito pelo ser humano e pela sua dignidade. Pela sua palavra e pela sua ação, D. Paulo se tornou agente de vida e vida plena para todos, em especial aos pequenos e esquecidos”, homenageou o sobrinho de D. Paulo.
AS ESPERANÇAS DE D. PAULO Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo Metropolitano de São Paulo, lembrou que o lema de D. Paulo - “de esperança em esperança” - é inspirado na Palavra de Deus e serviu de orientação para a sua vida e ação episcopal. “As esperanças de Dom Paulo para o povo e para a Igreja continuam a ser também as nossas esperanças. Ele queria uma Igreja povo de Deus onde todos tivessem o seu lugar, participassem da missão, do testemunho, do Evangelho, lutando pela justiça, pela dignidade de todos. Ele queria uma
sociedade livre, respeitosa, justa, livre de violências, livre de perseguições políticas, respeitosa da diversidade de opiniões e posições políticas. Queria D. Paulo a superação das grandes desigualdades, injustiças sociais e econômicas do Brasil e do mundo. Ele sonhava com a cidade sem nenhum abandonado nas periferias, ruas e praças. Esperava que todos tivessem trabalho digno, saúde e moradia. Esperava que o convívio urbano fosse sem violência e todos pudessem viver em paz e em harmonia nessa casa comum”, observou D. Odilo. “Nós perguntamos hoje se as esperanças de D. Paulo já foram realizadas ou continuam em aberto. Lembrar o centenário de D. Paulo é para todos nós, certamente, o momento de lembrar que suas esperanças são nossas esperanças e que sua luta é também a nossa luta e a luta de toda a sociedade brasileira. Portanto, recordar Dom Paulo é tornar para nós motivo de um novo empenho, de um novo compromisso, para construir um Brasil melhor. E para nós, como um homem de Igreja, que seja motivo para edificar a Igreja voltada para a pessoa humana, o bem comum, voltada para os valores do Evangelho que fazem muito bem à sociedade”, completou o arcebispo. Representando a Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB), o secretário D. Joel Portella Amado falou em nome de todos os bispos do Brasil. “D. Paulo foi um homem de fé. O fundamento da sua vida, a razão da sua missão, como já lembrado aqui, era Jesus Cristo. O Deus feito homem. Homem simples e solícito de Nazaré, tal qual D. Paulo no caminho de São Francisco de Assis se empenhou em se configurar a cada dia”, observou. “No tempo do regime de exceção, D. Paulo primou sempre pela unidade e pela colegialidade, tratando todas as pessoas com respeito, particularmente quem pensava diferente dele. As diversas celebrações sobre o seu Centenário servem para refletirmos sobre o exemplo de alguém que soube
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viver na diversidade, mantendo, porém, a unidade e o respeito”, apontou. Segundo ele, durante os “penosos anos do regime de exceção” vividos no Brasil, D. Paulo demonstrou com sua própria vida que a virtude da fé é inseparável da esperança e se concretiza na caridade e na solidariedade. “Com fé em Deus e esperança num Brasil que viraria a sua página, D. Paulo exerceu a caridade e se tornou, assim, ícone da defesa dos desemparados e perseguidos. As memórias relatadas em diversas fontes, dentro e fora do Brasil, nos autoriza a dizer que muitos engajados na luta contra a tortura e o restabelecimento da democracia devem suas vidas a esse incansável defensor dos mais fragilizados”, acredita D. Joel. “Dom Paulo nos ensinou a beleza e a firmeza da esperança traduzida em solidariedade, deixando-nos a lição de que somente assim, efetivamente, superaremos o que, nas mais diversas situações da vida, nos parece insuperável. Para além das nossas diferenças, nós somos seres de esperança, e a esperança é chamada a se concretizar em atitudes de solidariedade. O testemunho de D. Paulo se torna para nós um legado que devemos acolher e levar adiante. E que Deus nos dê contínuas forças para, em nossos dias, trabalharmos pelos mesmos ideais de vida, de paz, de justiça social, de democracia, de direitos humanos, que marcaram a vida de D. Paulo”, completou D. Joel.
NECESSIDADE DA VOZ DE D. PAULO O senador Pedro Simon fez um depoimento emotivo. “Sinceramente, na minha longa vida política, nos meus 90 anos que tenho hoje, a figura de Dom Paulo sempre me emocionou. Sempre olhava com carinho e admiração sua capacidade, a garra, competência, a luta destemida que fez num dos momentos mais difíceis do nosso Brasil e que, não tenho nenhuma dúvida, com grande liderança representou os humildes e os
sofredores abandonados na luta da existência”, ressaltou. Para o senador, D. Paulo é um símbolo e uma das principais lideranças do país. “Ele sofreu perseguições, sofreu porque cada dia buscava uma fonte nova de luta e de trabalho. Ele foi o homem que todos nós, de uma forma ou de outra, não aceitávamos aquela imposição de uma ditadura brutal. Mas tínhamos confiança no Brasil do futuro, no Brasil da fé, da democracia. D. Paulo foi o grande nome”, reforçou. E Pedro Simon deu uma pista para esse momento político turbulento. “Estamos vivendo uma das horas mais difíceis e dramáticas da vida brasileira. Não temos tortura, temos democracia, mas estamos numa confusão. Seria bom e necessário que alguém com a voz de D. Paulo falasse a todos nós, a todos nós que radicalizamos como donos da verdade, mas que não apresentamos uma palavra de orientação nessa hora que estamos vivendo. Seria necessário realmente que nós tivéssemos a humildade de nos darmos a mão. Aqueles que querem realmente mudar, salvar o nosso Brasil, neste momento, ao invés de radicalizar”, sugeriu. “Meu carinho e minha admiração a esta sessão. Que D. Paulo, nesses 100 anos que festejamos, seja, e ele deverá ser, para nós uma orientação, um caminho, um guia, uma voz que nos encoraje em avançar. Vamos adiante!”, motivou. O senador Antonio Anastasia elogiou a “brilhante iniciativa” pela homenagem do Centenário de Nascimento do iminente Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. “Minha palavra é de um abraço dos mineiros, do meu estado de Minas Gerais, do apreço imenso que temos pela memória do Cardeal Arns. De fato, pelo seu empenho e pelo seu desenvolvimento nos trabalhos e, sobretudo, pelo exemplo que ele legou a tantos e tantas pessoas do Brasil e pelo mundo afora. O momento do Brasil é um momento de pacificação. Nós precisamos nos inspirar nesses exemplos como foi de D. Paulo, exatamente
com o objetivo de superarmos esses conflitos, essas contradições. Esse momento de acirramento, infelizmente, agora mais agravado por essa terrível pandemia. Se D. Paulo estivesse entre nós, tenho certeza teria sempre uma palavra de equilíbrio, uma palavra de concórdia, uma palavra de pacificação para superarmos esses momentos”, avaliou Anastasia. Nelson Arns, coordenador internacional da Pastoral da Criança, é filho de Zilda Arns e recorda quando D. Paulo incentivou sua mãe a criar a Pastoral da Criança. Alguns exemplos ficaram marcados na sua memória. Segundo ele, chamou-lhe muito a atenção uma vez quando sua mãe se queixou de um abaixo-assinado contra a Pastoral. “Ela estava chateada e desabafou para o irmão. Ele olhou bem nos olhos e disse: ‘Zilda, se você não tiver oposição, crie. Ninguém é capaz de fazer um bom governo sem ter a oposição’. A gente precisa desses alertas para manter no caminho”, ensinou. Nélson lembrou que como criança foi com D. Paulo num Congresso da UNE clandestino em plena ditadura matando e perseguindo. “Ele nunca abandonou a sua convicção, nunca deixou de respeitar a oposição. Mas disse a cada um de nós que devíamos fazer a diferença. A despedida dele era sempre assim: ‘Coragem, vamos em frente!’ Vamos também nós mudar o Brasil que tanto amamos!”, pediu o filho de Zilda Ars.
ECUMENISMO Anita Sue Wright, vice-Presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, lembrou que sua experiência eclesiástica vem de berço, já que é filha de pastor – aliás, filha-caçula do reverendo Jaime Wright, nome conhecido por todos que lutaram contra a Ditadura Militar no Brasil, já que foi um dos líderes mais destacados a combater as violações de Direitos Humanos por parte do Estado brasileiro. “E foi a defesa da vida e dos direitos humanos que uniu D. Paulo e o Reverendo SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 531
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Jaime Wright. A amizade cresceu e se transformou em parceria de trabalho. E o pastor presbiteriano ganhou uma sala de trabalho ao lado de Dom Paulo na Arquidiocese de S. Paulo. Reverendo Jaime e D. Paulo eram como colunas que guiavam o povo hebreu no deserto”, elogia Anita, recordando que esse espírito ecumênico foi fundamental para a celebração ecumênica em memória do jornalista Wladimir Herzog, morto em 1975, e a concepção do projeto “Brasil Nunca Mais”. O senador Humberto Costa descreveu D. Paulo como um dos símbolos da resistência e da esperança em nosso país. “Reconhecido mundialmente por sua atuação para garantir os direitos civis e humanos, D. Paulo destacou-se por seu trabalho voltado para os mais pobres, para os trabalhadores, para a formação das Comunidades Eclesiais de Base e, sobretudo, a defesa e promoção dos direitos da pessoa humana”, detalhou. “A ditadura militar jamais o enfraqueceu, jamais dobrou Dom Paulo. Pelo contrário, esse período nefasto mostrou o quão forte era esse homem”, enfatizou. “Dom Paulo sempre militou ao lado daqueles que apostaram na esperança, ao lado
daqueles que escolheram dar voz aqueles que sempre foram silenciados pelo Estado, pelos tiranos e nunca tiveram verdadeiro projeto de país. Dom Paulo sempre gritou pelos excluídos”, acrescentou o senador Humberto.
LIÇÕES DE D. PAULO “Essa sessão, senador Flávio Arns, é importante para que também possamos lembrar as lições de D. Paulo para não cometermos hoje os erros que outrora cometemos. Para lembrar o quanto foi difícil chegar até aqui e pelo que temos de lutar diariamente, seja aqui no Parlamento seja nas ruas. Dom Paulo segue vivo e cada vez mais presente na nossa história. Falar de D. Paulo e falar do Brasil do passado e o Brasil atual, já que as atrocidades e os desrespeitos aos direitos humanos que outrora sangraram o nosso país estão novamente escancarados diante de nossos olhos. Mas estamos cada vez mais fortes e essa força vem de todos os ensinamentos deixados por D. Paulo Evaristo Arns”, acredita Humberto. O senador Marcelo Castro disse que só pelo seu trabalho acadêmico, D. Paulo já seria digno de nossos aplausos, porém certas pessoas, ao que parece, “já vêm ao mundo
com uma missão especial, designada por Deus. E foi justamente quando se tornou Arcebispo, no período mais difícil do nosso país, que o nosso homenageado abraçou a grande missão neste mundo”, recordou. Segundo ele, poucos brasileiros fizeram um trabalho tão revolucionário em defesa da dignidade humana. “Dom Paulo Evaristo Arns tem e sempre terá um papel de destaque na história brasileira. É um dos principais símbolos do combate à ditadura militar, defensor do restabelecimento da democracia, e das diretas-já”, completou. Pe. Júlio Lancelotti, que conheceu de perto D. Paulo no Vicariato da População em situação de Rua, frisou que esta celebração dos 100 anos é compromisso: “Não é simplesmente fazer uma celebração, uma memória, mas um compromisso de continuarmos a luta por essas esperanças, a luta pelos direitos humanos, a luta pela dignidade da vida, a luta pelos pobres, pelos esquecidos, pelos abandonados. Uma luta de compromisso e transformação. E este momento que cabe a nós viver é de alimentar a esperança sem criarmos conflitos, mas enfrentando os conflitos que são postos, os conflitos que estão presentes”.
Erundina: “D. Paulo nos deixou rastros de luz”
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Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados realizou audiência pública no dia 13 de setembro para celebrar a vida e o testemunho de Dom Paulo Evaristo Arns, em homenagem ao Centenário de seu Nascimento. Essa presente audiência foi um pedido da deputada Luiza Erundina, que, segundo ela, Dom Paulo Evaristo Arns (1921–2016) teve sua trajetória marcada, principalmente depois que foi designado arcebispo metropolitano de São Paulo, em outubro de 1970, por aproximar a Igreja da sociedade, trabalhando principal-
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mente pelas populações mais vulneráveis. “Dom Paulo deixou uma marca indelével nas nossas vidas, na Igreja e no país”, disse a deputada Luiza. “Nos dias terríveis que vivemos hoje, a celebração do centenário de Dom Paulo é uma oportunidade para mirarmos o seu exemplo, a sua capacidade de resistência, o uso do poder que Igreja lhe conferiu como Cardeal e Arcebispo de São Paulo, colocando esse poder a serviço da resistência e da defesa da democracia em nosso país. Onde ele estiver, certamente, está muito próximo de Deus pelo que ele fez e viveu nos deixando
rastros indeléveis, brilhantes feito um cometa que atravessou os céus de nosso país e deixou rastros de luz que ainda hoje brilham e nos inspiram pelos seus exemplos de fidelidade aos valores humanos, aos direitos humanos, à dignidade humana, à liberdade humana, portanto, à democracia no nosso país. Obrigado D. Paulo pelo que nos ensinou!”, agradeceu Erundina. Participaram do debate Dom Joel Portella Amado, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Belisário dos Santos Júnior, ex-secretário de Justiça do Estado de São
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Paulo e membro da Comissão Arns; Anita Wright, a presbítera e ex-moderadora nacional da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU); Paulo César Pedrini, educador, historiador e militante dos direitos humanos. Dom Joel Portella, secretário geral da CNBB, disse que a primeira palavra dele era de agradecimento à Câmara dos Deputados por esta homenagem a Dom Paulo. “Mesmo nos momentos mais difíceis, Dom Paulo nunca deixou de dialogar, tratando todas as pessoas com respeito, particularmente com quem pensava diferente dele. Para além das nossas diferenças, somos seres de esperança”, destacou Dom Joel. Ao lado de Jaime Wright, pastor presbiteriano, Dom Paulo coordenou o projeto “Brasil: Nunca Mais”, até hoje um dos mais importantes registros das violações de direitos humanos cometidas pelo governo militar. Anita Sue Wright participou deste debate recordando esta importante parceria entre Dom Paulo e o reverendo Jaime. Ela
é a filha-caçula do reverendo e hoje vice-presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. E foi a defesa da vida e dos direitos humanos que uniu D. Paulo e o Reverendo Jaime Wright. “A amizade cresceu e se transformou em parceria de trabalho. E o pastor presbiteriano ganhou uma sala de trabalho ao lado de Dom Paulo na Arquidiocese de S. Paulo. Ele era carinhosamente chamado de bispo auxiliar”, recorda a filha. Belisário dos Santos Júnior lembrou que a fama de Dom Paulo ultrapassava as fronteiras da América Latina. Segundo ele, numa visita ao Paraguai foi perguntado pelo vice-presidente: “Em que poderemos atendê-lo?”. “E ele solta aquela frase fantástica: ‘Soltem os presos políticos!’”. Segundo Belisário, esta história foi contada pelos advogados paraguaios que o veneram como o grande marco na história dos direitos humanos. Paulo César Pedrini também partilhou um pouco da convivência com D. Paulo.
“Alguns momentos foram muito marcantes para a Pastoral Operária com a presença de Dom Paulo. Em 74, a prisão e a tortura do nosso querido Waldemar Rossi, o qual não se cansava de dizer que se sobreviveu ao regime militar foi graças a Dom Paulo. Em 79, o bárbaro assassinato de Santos Dias da Silva, na greve dos metalúrgicos de São Paulo. Além disso, eu lembro que nos Primeiros de maio essa data coincidia com assembleia da CNBB. Dom Paulo saía de Itaici para celebrar na Sé e voltava correndo para retomar os trabalhos”. “Neste dia 14 celebramos o centenário de Dom Paulo e dia 19 celebramos o centenário de Paulo Freire. Dois Paulos que deram a sua vida por um outro mundo que não é só possível, mas é fundamentalmente necessário. Dom Paulo com seu lema ‘de esperança em esperança’ e Paulo Freire nos ensinando a conjugar o verbo esperançar”, lembrou Pedrini, referindo-se ao documentário “Dois Paulos na Pauliceia”. Moacir Beggo SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 533
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ANO JUBILAR
“
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“A casa do Coração de Jesus”
a primeira sexta-feira do mês de setembro e na comemoração do Jubileu da Paróquia do Coração de Jesus, detenhamo-nos sobre a adorável figura daquele que é Deus na carne e na história do homem. Cremos, de fato, na ressurreição de Jesus todo feito de chagas e de abandono?”. Foi com esse pedido que o vigário paroquial da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, Frei Almir Ribeiro Guimarães, presidiu a Celebração Eucarística das 18 horas, dia 3 de setembro, em comemoração aos 75 anos da Paróquia e dos 125 anos de presença dos frades franciscanos em Petrópolis (RJ). O coral dos ex-canarinhos, Bienias&Prim, abrilhantou a celebração que foi transmitida pelo Facebook e YouTube da Paróquia e pela Rádio Imperial. Desde fevereiro deste ano, os frades do Convento e a comunidade da Paróquia do Sagrado estão celebrando o Ano Jubilar. E,
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neste dia, coube ao petropolitano Frei Almir fazer memória desta história centenária em torno do ‘Sagrado’. Começou lembrando que é uma tradição relativamente antiga em cada primeira sexta-feira do mês celebrar o ‘Coração daquele que já morto, teve seu peito rasgado pela lança do soldado’. “Esta nossa Paróquia é dedicada ao Coração do Redentor. Ao longo dos tempos, ela ficou simplesmente conhecida como a igreja do Sagrado e os religiosos que aqui residem são os franciscanos do Sagrado”, explicou. Frei Almir destacou a importância de se ter uma paróquia franciscana consagrada ao Coração do Redentor. “Tudo na Igreja fala Dele: A grande imagem do presbitério, o vitral do Coração de Jesus ao lado do vitral do Coração Imaculado de Maria. Nesta igreja as pessoas passam momentos diante do Santíssimo e da imagem do Coração de Jesus. Os devotos de Antônio trazem suas
preocupações em sacolas de pães para serem distribuídos aos pobres. Há pessoas que confessam seus pecados lavando seu eu mais profundo nas águas do peito do Senhor. Na pia batismal nos lembramos do Espírito para a vida nova que Jesus deu nos últimos momentos de sua vida. Fazemos a sua memória: Isto é meu corpo que é dado por vós. Esta é a casa do Coração de Jesus”. Após a homilia, a celebração teve continuidade com as preces próprias para o dia, seguidamente da liturgia eucarística. Após o rito de comunhão, o Coral Bienias&Prim entoou o moteto “Anima Christi” de Marco Frisina, arrancando uma forte salva de palmas dos presentes, que lotaram a Igreja do Sagrado. No final, Frei Almir agradeceu a presença de todos e rezou pelas famílias enlutadas. Frei Augusto Luiz Gabriel
FRATERNIDADES
Celebração faz memória da dedicação da Igreja do Sagrado
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o celebrarmos o aniversário da Dedicação da Igreja do Sagrado Coração de Jesus no ano do Jubileu, queremos trazer presente a celebração especial e profundamente ligada à história da Igreja do Sagrado que aconteceu há 14 anos, por ocasião da conclusão do restauro e reforma da Igreja”. Foi com essa motivação que o pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini, presidiu a solene Celebração Eucarística nesta quinta-feira, 16 de setembro, às 18 horas, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus. A Santa Missa, que foi transmitida pelo Facebook e YouTube do Sagrado, e pela Rádio Imperial, contou também com a presença de lideranças de movimentos e pastorais, além dos frades do Convento. A inauguração de uma igreja nova geralmente coincide com a sua dedicação. Quando uma Igreja antiga ainda não foi dedicada ou quando ela foi totalmente restaurada, pode ser dedicada, como é o caso da Igreja do Sagrado. Por ser edifício visível, a Igreja, aparece como sinal especial do templo de Deus, construído de pedras vivas, que é a comunidade cristã. Sobre a celebração do dia da Dedicação da Igreja do Sagrado, que ocorreu em 16 de setembro de 2007, Frei Jorge apresentou o relato do Vigário Paroquial, Frei Gustavo Medella - frade estudante da época-, que foi publicado no informativo “Laços&Passos”, e assim se refere sobre este dia histórico: “Alegres vamos à casa do Pai. Ao som do refrão do canto inicial, o bispo e os concelebrantes entraram em procissão. A imagem do Sagrado Coração de Jesus, titular da igreja, estava coberta e foi apresentada ao povo
por um grupo de representantes das pastorais e dos movimentos. Em seguida, houve o rito de bênção e aspersão da água abençoada. Neste momento, o coral dos Canarinhos cantava em latim: ‘Assim como a corça suspira pelas águas repousantes, suspira igualmente minh’alma por Vós, ó Senhor’. Na homilia, Dom Filippo elogiou o trabalho de Frei Vitalino Piaia e brincou: ‘Cada vez que uma etapa da obra era concluída, o Frei Piaia me chamava para abençoar: coro, lustres, claustro. Hoje estamos aqui para dedicar a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, um acontecimento muito importante para nossa Diocese’”. O presidente da celebração, lembrou ainda que a Dedicação da Igreja do Sagrado coincidiu com a conclusão do restauro da Igreja do Sagrado e de algumas salas do Convento antigo do Sagrado. Segundo ele, foi muito apropriado dedicar uma Igreja que é centenária, com uma rica his-
tória de cultivo da fé, depois de um grande restauro que recuperou traços de sua originalidade. “Rendamos graças ao Deus da vida que continua nos surpreendendo, neste local sagrado, com sua proposta: ‘Hoje eu devo ficar na tua casa’. E diante da generosidade de nossa resposta o Senhor nos diz: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa’”, concluiu. A Celebração Eucarística teve continuidade com as preces próprias para o dia, seguidamente da liturgia eucarística. Após o rito de comunhão, Frei Jorge agradeceu a presença de todos e rezou pelas famílias enlutadas bem como pelos aniversariantes do dia. A próxima celebração do Ano Jubilar será na 1ª sexta-feira do mês de novembro, data em que a Igreja faz memória da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Frei Augusto Luiz Gabriel
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FRATERNIDADES
Igreja Santo Antônio de Floripa celebra 100 anos e ganha telhado novo
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ara celebrar o seu centenário neste ano, a Igreja Santo Antônio de Florianópolis está ganhando um telhado novo. Devido a problemas de infiltrações e cupins, foi necessário, segundo o pároco Frei Germano Guesser, refazer a estrutura do telhado, que terá também uma manta térmica para amenizar o calor no verão, já que ele é de Eternit. “Desde que cheguei aqui, as reformas têm feito parte da nossa rotina. Comecei pelo telhado do salão, depois foi a vez do telhado da casa e agora é o da igreja. Ao mesmo tempo tivemos que fazer uma nova rede elétrica”, explicou Frei Germano. A Paróquia também ganhou uma nova secretaria. Segundo o pároco, apesar da pandemia que cancelou as festas, o povo tem ajudado para que se consiga dar prosseguimento às reformas. “O povo é generoso e está vendo o esforço para deixar a igreja mais bonita e segura”, acredita. A igreja fica numa colina e, em 1921, o local foi escolhido por ser ‘mais afastado’ da região central da capital catarinense. Os frades Evaristo Schürmann e Ambrósio Johanning já residiam no local desde 1911. Outra data festiva para celebrar são os 55 anos - Jubileu de Esmeralda - de criação da Paróquia Santo Antônio, que segundo Decreto Arquiepiscopal, assinado por Dom Afonso Niehues, aconteceu em 30 de agosto de 1966. O seu território, desmembrado da Paróquia Nossa Senhora do Desterro (Catedral) abrangia toda a área de entrada da Ilha, pela ponte Hercílio Luz. Englobou o território da Paróquia Puríssimo Coração de Maria (com sede na atual Igreja de Nossa
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Senhora do Parto), criada a 12 de abril de 1915. Segundo o pároco, a ala central da atual residência foi inaugurada em 1924 e a ala lateral em 1930. “São obras de Frei Evaristo Schuermann, como também a Igreja de Santo Antônio, construída em 1921, como conta Frei Querubim Engel, na Revista Vida Franciscana (1964). O Convento sofreu diversas reformas. No triênio (60/61/62) foi reformado externamente e a reforma interna se deu em 64. Os quartos do andar superior receberam água encanada. “Hoje temos muito trabalho para reformar nestes quartos do convento, que será uma etapa à frente. Muita coisa já foi feita, mas como a estrutura é antiga, exige manutenção constante”, avalia Frei Germano. A presença dos frades franciscanos da Província da Imaculada Conceição, contudo, é
centenária na capital catarinense. Em 1908, era criada a Diocese de Florianópolis, tendo como primeiro bispo Dom João Becker, ano em que os franciscanos se estabeleceram definitivamente na Ilha. Nesse início, moraram os antigos frades nas dependências da Igreja de São Francisco, pertencente à Ordem Terceira. A presença franciscana em Santa Catarina se deu com a vinda dos missionários alemães em 1891, ao se estabelecerem em Teresópolis, município de Santo Amaro da Imperatriz.
TODOS OS PÁROCOS 1966 – Frei Martinho Meyer, OFM 1968 – Frei Fidêncio Feldmann, OFM 1974 – Frei Junípero Beyer, OFM 1980 – Frei Faustino Tomelin, OFM 1982 – Frei Tarcísio Theis, OFM 1986 – Frei Faustino Tomelin, OFM 1986 – Frei Marino Prim, OFM 1992 – Frei Antônio Marcos Koneski, OFM 1998 – Frei Dalvino Munaretto, OFM 2004 – Frei Gunther Max Walzer, OFM 2010 – Frei José Clemente Muller, OFM 2011 – Frei João Maria dos Santos, OFM 2013 – Frei Vanderley Grassi, OFM 2018 - Frei Germano Guesser, OFM
FRATERNIDADES
“Ribeirão Grande” chega ao nono volume
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s notas autobiográficas de Frei Clarêncio Neotti - Ribeirão Grande: Vi, Vivi, Vivenciei - chegam ao 9º volume com dois momentos especiais: a morte de sua Mãe Esther, no dia 20 de maio de 2003, e seu retorno aos trabalhos da Província, em setembro do mesmo ano. “Meu retorno significou nova etapa em minha vida. Talvez a última”, escreve. Segundo o frade, a morte de sua mãe não o surpreendeu por ser centenária, não escondia que estava cansada de remar e “queria atracar no Porto da Paz”. “Vim de Roma para vê-la e passei uma semana ao lado dela. Retornei a Roma no domingo à noite e ela retornou à Casa do Pai na madrugada da terça seguinte. Não tive ocasião de sepultar nem meu pai nem minha mãe. Ambos cabiam de corpo inteiro na moldura do verso de Fernando Pessoa: ‘Grande e nobre é sempre viver simplesmente’”. Depois de nove anos de trabalhos na Cúria Geral, Frei Clarêncio retornou ao Brasil. Poderia ter ficado mais três anos, mas conta o porquê resolveu tomar essa decisão: “Havia um fato que pesava: ao vir de férias ao Brasil, começava a me sentir estranho. Quase todos os cantos litúrgicos eram novos para mim. Diferente da Itália, o Brasil desenvolvera uma Liturgia participativa. Não apenas o altar celebrativo se deslocara para o centro da sala, mas a comunidade toda ‘se fizera sala’ para o altar. Percebi que, com mais três anos fora, não mais seria capaz de presidir com alegria a assembleia orante”, contou. Em 2004, já no Brasil, destaca três fa-
tos. “O primeiro deles foi a escolha do meu nome para guardião de mais de 20 frades no histórico Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro. A esta altura da vida, eu tinha certeza absoluta de que me faltava o carisma de pastorear frades. Na ‘Obediência’ vinha expressa uma
segunda obrigação: a de preparar e celebrar os 400 anos de fundação do Convento, que é o maior e o mais importante monumento histórico-cultural do Brasil. Esta segunda tarefa não me angustiava. Nem me faltava experiência. Celebrações podem ser planejadas e executadas com êxito. Mas presidir e orientar pessoas sempre me amedrontou, porque nem Jesus conseguiu contentar e harmonizar seus doze Apóstolos. Das coisas
mais difíceis para mim ao longo da vida foi me convencer de que alguém só é franciscano em comunidade. Portanto, o frade não é uma ilha, por mais exuberante e romântica que possa ser. E os frades não são um arquipélago. O dever do guardião não consiste em deixar que cada um seja. Muito guardião, considerado modelar, se contenta com isso. Mas não é somando ilhas que se constrói um continente. Talvez eu tenha que morrer solitário como o Cristo, o criador da fraternidade universal. Um segundo fato celebrado ao longo de 2004 foram os 150 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição. “A Ordem Franciscana a tem como padroeira. Minha Província a ela é consagrada e dela leva o nome desde sua criação em 1675. O Convento de Santo Antônio lhe serviu de sede durante mais de duzentos anos. O primeiro convento de religiosas no Rio foi o Mosteiro das Irmãs Concepcionistas, que se dedicam à contemplação do mistério da Imaculada. O terceiro fato foi meu jubileu de ouro de vida religiosa franciscana, celebrado entre os confrades. Como fosse tempo de Natal, escrevi no santinho/lembrança: ‘A vida consagrada perpetua e proclama a novidade da Encarnação”. Se um dia tiver que escrever um livro ou pregar um retiro sobre a vida religiosa, me bastará desenvolver estas palavras, que, a meu ver, são chave de entendimento e afirmação de um programa crístico de vivência do Evangelho”, afirma Frei Clarêncio Neotti. SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 537
FRATERNIDADES
Rádio Celinauta ganha certificado da UTFPR por boas práticas de comunicação Na dia 23 de agosto, a Rádio Celinauta recebeu um Certificado por Boas Práticas de Comunicação expedido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O Certificado destaca a seriedade da comunicação da Rádio Celinauta, que além de informar os fatos da nossa Região, é formadora de opinião. Como Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e como Frente da Comunicação, tal reconhecimento exprime o reconhecimento das Instituições Público-Privadas da nossa atuação! Gostaríamos de estender esse reconhecimento a todos os nossos colaboradores (as) e também à Província que confia em nosso trabalho! Frei Neuri Francisco Reinisch COORDENADOR DA FRENTE DA COMUNICAÇÃO E DIRETOR DA REDE CELINAUTA
Encontro dos Ex-seminaristas Franciscanos têm inscrições abertas As inscrições para o Encontro de Ex-Seminaristas Franciscanos, que acontece a cada dois anos em Agudos/SP, já tem inscrições abertas. Esse é um momento de confraternização, onde os participantes se reúnem para matar as saudades do tempo de seminário, rever amigos e promover momentos de orações com os familiares. Em 2022, o encontro acontecerá nos dias 28, 29 e 30 de janeiro. Segundo o coordenador geral do encontro, Ubiratan Gomes, o Bira, a procura por informações está sendo grande e muitos grupos estão se organizando para participar. Serão duas pernoites, 3 almoços e 3 jantares e 2 cafés da manhã. O custo por pessoa em apartamento individual sai por R$ 480; apartamento duplo, R$ 440; Quarto, R$
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380 (de 2 a 11 pessoas, com banheiros no corredor). Criança de 1 a 7 anos tem 50% de desconto.
Mais informações sobre reservas podem ser obtidas pelo Whats: (41) 992360762, com o Bira.
FRATERNIDADES
Colatina: Paróquia Santa Clara de Assis promove 1ª Caminhada Ecológica Às vésperas do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, a Pastoral da Ecologia da Paróquia Santa Clara de Assis de Colatina, ES, promoveu no dia 29 de agosto, a primeira Caminhada Ecológica, que aconteceu na comunidade São Paulo Apóstolo, localizada em Cachoeira de Baunilha, no interior de Colatina. Frei João Lopes da Silva conduziu a oração inicial, lendo trechos e refletindo sobre a encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco e rezando a Oração de São Francisco de Assis. Na caminhada, as pessoas passaram por um viveiro, pelo Rio Baunilha, pela mata nativa da Mata Atlântica, plantação de eucaliptos e plantação de café. O trajeto durou cerca de 1h30, num percurso em torno de 5 km. Para finalizar foram plantadas quatro mudas de Ipê em um terreno particular, concluindo a caminhada. Participaram deste momento 34 pessoas, de 3 e 71 anos de idade. Todos animados, é claro. A caminhada foi um sucesso! Pascom da Paróquia Santa Clara
Teresa de Jesus Teresa de Jesus e Jesus de Teresa, E assim a história a cristalizou benfazeja; Foi uma mulher que viveu Norte e certeza, Marcou as Carmelitas e também a Igreja. Mais forte do que a morte o amor que ela viveu, Sofreu pela Igreja e pelos seus Carmelos, Iluminava as lutas que teve e que sofreu, Muito mais forte seus sonhos e seus castelos... Teresa, Mística, concreta em suas ações, Ela atingia o interior dos corações, Por seu imenso amor ao seu Cristo, Senhor. Essa é a Doutora da Igreja, Santa Teresa, Que pelo amor de seu Jesus, uma fortaleza, Revolucionou nossa história pelo Amor. Frei Walter Hugo de Almeida.
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FESTA DE FREI GALVÃO 2021 Novena de 16 a 24 de outubro
“Frei Galvão e a Espiritualidade Franciscana. As raízes da vida do primeiro santo brasileiro”. 16/10/2021 1º dia: “Frei Galvão e o testemunho do Evangelho” 15h – Missa Sábado Gesto concreto: arroz 18h – Missa dos voluntários 17/10/2021 2º dia: “Frei Galvão e a minoridade” 9h30 – Missa do Jubileu Sacerdotal de Dom Frei Luiz Flávio Cappio Gesto concreto: feijão e Frei Walter Hugo 15h – Missa (Paraninfos: Motociclistas) 18h – Missa (Paraninfos: Família Franciscana) Domingo
18/10/2021 3º dia: “Frei Galvão e o cuidado com os enfermos” 15h – Missa Gesto concreto: café 19h30 – Missa (Paraninfos: Profissionais de Saúde) Segunda-feira
19/10/2021 4º dia: “Frei Galvão e a vigilância” 15h – Missa Gesto concreto: óleo 19h30 – Missa (Paraninfos: Arquitetos, Engenheiros e Trabalhadores da construção civil) Terça-feira
20/10/2021 5º dia: “Frei Galvão e a fiel administração dos bens temporais e espirituais”. Gesto concreto: açúcar 15h – Missa 19h30 – Missa (Paraninfos Empresários) Quarta-feira
21/10/2021 6º dia: “Frei Galvão, arauto da paz nas famílias”. 15h – Missa Quinta-feira Gesto concreto: macarrão 19h30 – Missa (Paraninfos: Famílias) 22/10/2021 7º dia: “Frei Galvão e a justiça”. 15h – Missa Gesto concreto: leite 19h30 – Missa (Paraninfos: Advogados Sexta-feira
e Estudantes de Direito)
23/10/2021 8º dia: “Frei Galvão e o convite à conversão”. 15h – Missa Sábado Gesto concreto: 18h – Missa (Paraninfos: sobreviventes da COVID-19) produtos de hiegene 20h – Live de Frei Galvão (TV Frei Galvão) 24/10/2021 9º dia: “Frei Galvão e os milagres” Domingo 15h – Missa (Paraninfos: Portadores Gesto concreto: fraldas de necessidades especiais) 18h – Missa 19h30 – Missa (Paraninfos: homem do campo, agricultores e cavalaria de São Benedito) *Após a Missa, Roda de viola
25/10/2021 SOLENIDADE DE FREI GALVÃO Segunda-feira 6h – Missa da Aurora 9h – Procissão do atual Santuário até o novo terreno 9h30 – Missa Solene e Inauguração da Alameda de Frei Galvão 11h30 – Benção dos Ciclistas (Alameda de Frei Galvão) 12h – Missa Solene transmitida pela TV Canção Nova 15h – Missa da Campanha Família Missionária de Frei Galvão 16h30 – Carreata 18h – Missa Solene de Encerramento transmitida pela TV Aparecida
Santuário Arquidiocesano de Santo Antônio de Sant'Anna Galvão Avenida José Pereira da Cruz, nº 53 - Jardim do Vale I - Guaratinguetá - SP santuariofg santuariofreigalvao TV Frei Galvão www.santuariofreigalvao.com
FRATERNIDADES
Carisma franciscano e obras concluídas marcam a Festa de Frei Galvão no Santuário de Guaratinguetá
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carisma franciscano está no centro da temática da primeira Festa de Frei Galvão com a presença dos frades no Santuário do primeiro santo brasileiro em Guaratinguetá. “Frei Galvão e a espiritualidade franciscana. As raízes da vida do primeiro santo brasileiro” serão o tema e lema para celebrar Frei Galvão no dia 25 de outubro. Esta festa, contudo, começará com a Novena, no dia 16 de outubro. “A motivação para escolher este tema e lema, em primeiro lugar, é porque neste ano estamos celebrando 260 anos da profissão solene de Frei Galvão. Em segundo lugar porque nós, franciscanos, pela primeira vez estamos à frente desta festa e queremos também mostrar a importância que o carisma franciscano teve no processo de santificação de Frei Galvão e queremos fazê-lo a partir de nossa vida aqui”, explicou Frei Diego Melo, reitor do Santuário. “Então, nosso modo de ser, estar, evangelizar, conduzir, administrar este santuário quer também atualizar essas raízes que levaram Frei Galvão à santidade e que são uma inspiração de santidade para todos nós ainda hoje”, observou o frade, ressaltando o envolvimento de toda a comunidade na preparação desta festa. Além dessa espiritualidade franciscana, Frei Diego informou que o Santuário está concluindo duas grandes melhorias para bem realizar esta festa. Segundo o frade, a primeira delas é a conclusão das obras da primeira etapa Laudato Si’ no dia 25 de outubro. “Daremos a bênção de inauguração da nova alameda Frei Galvão, para onde será transferida a grande imagem de Frei Galvão, abençoada pelo Papa Francisco”, explicou Frei Diego. “Então, aquele trabalho que começamos no dia 5 de junho, agora estamos entregando para a comunidade. É a primeira etapa de obras da construção do novo Santuário”, acrescentou. Ao mesmo tempo, segundo o reitor, foram investidos tempo e dedicação nas melhorias do atual santuário para receber bem os pere-
grinos. “Estamos concluindo a construção de três novos confessionários, reformamos toda a sacristia e fizemos uma pintura externa em todo o complexo do santuário, formado pela igreja, escritórios, muros e lanchonete”, adiantou Frei Diego. Mas a obra mais importante e de maior impacto, que é a pavimentação do santuário, terá a primeira etapa entregue também no dia 25 deste mês. “Serão 1.9 mil metros quadrados que eram de terra e estarão
econômicas, que faz darmos esse passo na fé e acreditarmos na intercessão de Frei Galvão, acreditarmos no apoio e no envolvimento de toda a comunidade e realizarmos essas grandes obras de melhorias e construção do nosso novo Santuário”, avalia Frei Diego. Nas celebrações litúrgicas, Frei Diego informa que os padres diocesanos participarão da condução da novena, mostrando essa comunhão e eclesialidade com a Arquidiocese
pavimentados com os blocos. Então, essas melhorias querem mostrar a importância deste santuário e o quanto nós zelamos por este espaço”, ressaltou o frade. Para o frade, essa motivação vem exatamente de Frei Galvão, de sua fé e do espírito audacioso. Frei Diego lembrou que em tempos que eram proibidas as construções de novos mosteiros, templos e igrejas, essa fé, essa coragem, essa ousadia evangélica, fizeram Frei Galvão enfrentar o decreto de Marquês de Pombal para construir o Mosteiro da Luz. “É essa fé de Frei Galvão, mesmo em tempos de pandemia, de dificuldades, principalmente
de Aparecida. “Ao mesmo tempo, cada dia da novena teremos uma temática em que acreditamos ser relevante não só na esfera religiosa, mas também para a sociedade civil. Então, serão as missas em que os paraninfos serão advogados, trabalhadores da construção civil, assim como Frei Galvão é Padroeiro, os sobreviventes da Covid etc. Enfim, a festa de Frei Galvão quer dialogar e ser relevante para todas as pessoas em geral, não só para aquelas que estão dentro do nosso ambiente religioso ou eclesial”, completou Frei Diego. Moacir Beggo
FRATERNIDADES
Convento da Penha: Frades rezam “Terço Vocacional” pelas vocações
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a noite do dia 24 de agosto, dois motivos especiais explicaram o encontro da família dos frades franciscanos do Convento da Penha com as famílias dos fiéis em casa: a celebração do aniversário de dois freis, o Pedro Engel (que completou 85 anos) e o Valdir Nunes Ribeiro (comemorando seus 61 anos); e a meditação do Terço Vocacional aos pés da Virgem da Penha. Desde a primeira terça-feira de agosto, os freis rezaram e meditaram “a busca”, “o chamado”, “o seguimento”, “a missão e “a fidelidade”. Desta forma, não só as vocações religiosas ou eclesiásticas foram contempladas com a prece, mas todos os que
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são chamados por Deus a serem sinal Dele onde estiverem. No início da oração, que foi acompanhada por centenas de pessoas pelas mídias digitais do Santuário de Nossa Senhora da Penha, os freis cantaram “A Decisão é Tua” (Vocação), canção do Pe. Zezinho. Em seguida, Frei Pedro de Oliveira apresentou as motivações do encontro, afirmando que os confrades, Valdir e Pedro Engel, “ouviram a voz do vento, chamando sem cessar, ouviram a voz daquele que chamou Francisco, Clara, tantos companheiros… Assim, somos também chamados a agradecer a Deus pelo dom da vida do Frei Valdir e Frei Pedro”, comentou.
Nos intervalos de cada mistério, alguns fiéis que apresentavam as orações e intenções tinham seus comentários recolhidos pela equipe de comunicação, assim, era estabelecida uma forma ágil de interação e participação. Havia romeiros e devotos de Nossa Senhora rezando em países como nos Estados Unidos, Portugal e Chile. Ao final da meditação dos mistérios, todos de pé cantaram a “Salve Rainha”, concederam a bênção final e festejaram, com direito aos parabéns, a vida dos dois confrades. Cristian Oliveira ASSESSOR DE IMPRENSA
FRATERNIDADES
Grande Ação Solidária no Santuário de Vila Velha
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conteceu no dia 30 de agosto, de 9h até às 16h, no Pátio do Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha, uma ação social em uma parceria da Paróquia Nossa Senhora do Rosário
(Província Franciscana) com a Prefeitura Municipal de Vila Velha. Vários serviços foram ofertados no Santuário: Inclusão e atualização do Cadastro Único; testes rápidos de Covid-19, diabetes, sífilis e HIV; marcação de
mamografia, aplicação da vacina contra a gripe e serviços de Procon, Sine (agência de emprego de Vila Velha), Escelsa (serviço de energia elétrica) e presença do Banestes, o banco do Estado, oferecendo crédito para pequenos empreendedores. O pároco Frei Djalmo Fuck contou que a Prefeitura o procurou devido à boa localização do Santuário que está em um lugar central da cidade, pedindo que cedesse o espaço e a estrutura para uma ação social conjunta, oferecendo diversos serviços em um único local. “O problema hoje é que as pessoas têm que se deslocar para vários lugares quando têm que resolver alguma coisa. E a ideia é concentrar esses serviços todos em um único local, fazendo com que as pessoas não se desloquem tanto. Estão sendo oferecidos serviços de saúde como testes rápidos, exames de mamografia estão sendo marcados aqui, há a presença do Procon, do Sine e do Banestes para oferecer soluções para pessoas que têm alguma dívida ou precisam renegociar dívidas, além de linhas de crédito para pessoas mais simples”, explica o frade. Pelo Santuário passaram mais de 5 mil pessoas ao longo do dia, inclusive com a presença do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, que deseja repetir o evento em outras ocasiões e estreitar os laços de amizade e parceria com a Província Franciscana. Segundo o prefeito, “foi o evento social mais bem-sucedido da Prefeitura até o momento”. Os frades do Santuário marcaram presença, acolhendo as pessoas, sempre com muita alegria e espírito de serviço. Todos os protocolos de segurança foram tomados e evento aconteceu todo ao ar livre. Pascom Santuário SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 543
FRATERNIDADES FESTA DAS CHAGAS DE SÃO FRANCISCO
Frei Fidêncio aponta dois sinais: amor e compaixão
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Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, celebrou a Festa das Chagas de São Francisco, no dia 17 de setembro, na Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. Na Celebração Eucarística, às 15 horas, Frei Fidêncio teve como concelebrantes o guardião do Convento São Francisco e Definidor, Frei Mário Tagliari, o diácono Frei Jhones Lucas Martins, Frei Guido Scheidt e Frei Marcos Hollmann. Essa igreja está construída ao lado do Santuário São Francisco, pertence e é mantida pela Ordem Franciscana Secular (OFS). Originalmente, uma capela construída em 1676, a Igreja das Chagas foi terminada apenas em 1787. Tombada pelo patrimônio histórico em 1982, contém bustos de terracota do século XVII, estátuas de santos e documentos do século XVIII, castiçais banhados em ouro e pinturas em tela e nos forros. Com características barrocas que seguem a linha do rococó, tem altares e imagens que exibem três fases do barroco: a clássica, a primitiva e a posterior. O belo altar central exibe o momento da impressão das Chagas de São Francisco de Assis no Monte Alverne. “Nós, aqui, estamos reunidos diante desta imagem tão expressiva de Francisco ajoelhado diante do mistério da Cruz do Senhor. Este santuário no coração de São Paulo também nos eleva ao Monte Alverne, onde Francisco, no ano de 1224, pela quarta ou quita vez, subiu àquela montanha para lá exatamente buscar aquilo que nós ouvimos nas considerações sobre os sagrados estigmas que nossa irmã Maria Aparecida lembrava antes da proclamação
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da Palavra. Francisco pede ao Senhor duas graças: a primeira é sentir no corpo a dor que o dulcíssimo Jesus sofreu por nós na paixão da Cruz; e a segunda graça é sentir aquele profundo amor que o dulcíssimo Jesus viveu para nos amar, para nos elevar exatamente para junto e perto de Deus”, explicou Frei Fidêncio. “Esses sinais, dor e amor, talvez faltam ao nosso tempo, à nossa história, lamentou o celebrante. “Esse homem estigmatizado nos interpela a sermos nós mesmos sinais de compaixão com todas as pessoas que sofrem e assumirmos a partir da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo a dor de tantos irmãos e irmãs nos seus diferentes sofrimentos. Quem de nós não viu de perto a dor
dos irmãos nesse tempo de pandemia, mas também experimentamos e vimos com os nossos próprios olhos como essa dor criou também nas pessoas solidariedade, criou nas pessoas o amor. É isso que o mundo precisa: compaixão com os que sofrem e amar verdadeiramente do jeito que Francisco amou. Amou as pessoas, a criação, para ser um sinal vivo, visível do amor de Deus”, frisou. Esses sinais, dor e amor, talvez faltam ao nosso tempo, à nossa história, lamentou o celebrante. “Esse homem estigmatizado nos interpela a sermos nós mesmos sinais de compaixão com todas as pessoas que sofrem e assumirmos a partir da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo a dor de tantos irmãos e irmãs nos seus diferentes sofrimentos”, completou. A Ministra Maria Aparecida Crepaldi demonstrou sua alegria por ver a igreja das Chagas cheia depois de tanto tempo de pandemia. Agradeceu a participação de todos e especialmente aos frades pela celebração.
FRATERNIDADES
FESTA DAS CHAGAS DE SÃO FRANCISCO
Frei Ariovaldo: “A humanidade toda está chagada”
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ma celebração franciscana. Assim foi a Festa das Chegas de São Francisco na Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus em Petrópolis (RJ). Começou ainda na véspera com a oração da Liturgia das Horas e culminou com a Celebração Eucarística das 18 horas, do dia 17 de setembro. A Santa Missa foi presidida pelo guardião e pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini, e concelebrada pelo vigário paroquial, Frei José Ariovaldo da Silva que também fez a homilia. O Coral dos Frades do Tempo da Teologia entoaram cantos próprios para o dia, sob a regência do mestre Frei Marcos Antonio Andrade. Frei Ariovaldo fez uma reflexão sintonizada com a realidade de hoje. “São Francisco das chagas... Hoje, 2021, 797 anos depois, em pleno século XXI, São
Francisco das Chagas representa as chagas de hoje, todas as chagas, no corpo de Jesus que se identifica com a mãe Terra, a mãe Natureza, os seres humanos chagados e todos os seres vivos chagados. E todos nós com Francisco podemos também chorar. Nossa mãe Terra está chagada. A humanidade toda está chagada. São as chagas das vítimas das guerras e do poderoso mercado de armas e de drogas, são as chagas dos milhares de migrantes forçados. O meio ambiente global está chagado. A sociedade brasileira está chagada. Chagada está a nossa Amazônia. O Pantanal é pura chaga. Nossa dita ‘Pátria amada, Brasil’, é uma viva chaga aberta... São as chagas das florestas destruídas; dos milhares de animais – tantos passarinhos! –, tão amados por São Francisco, engolidos
em massa pela morte; dos córregos e rios a secar; dos milhares de indígenas e quilombolas agredidos, espoliados, massacrados (quantos assassinados!); do desemprego em massa (milhares de desempregados), da falta de moradia (milhares de sem teto, moradores de rua), das vítimas das drogas etc... São as chagas do mundo, as chagas da nossa sociedade brasileira. Chagas de Jesus, chagas de São Francisco”, lamentou. Para Frei Ariovaldo, Jesus encoraja e fala de esperança. “Os chagados de hoje serão os ressuscitados de amanhã”, revelou. Após a homilia, a celebração teve continuidade com a liturgia eucarística. Depois da comunhão, o coral entoou o tradicional “Salve Sancte Pater”, canto tradicional da espiritualidade franciscana! Frei Augusto Luiz Gabriel SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 545
FRATERNIDADES
São Paulo faz Encontro Regional virtual
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o último dia 23 de agosto, os frades das Fraternidades do Estado de São Paulo se reuniram em ambiente virtual para celebrar o Encontro Regional. Todas as fraternidades marcaram presença, com destaque para a participação dos confrades aos cuidados da Fraternidade de Bragança Paulista e dos jovens postulantes da Fraternidade de Guaratinguetá. Iniciamos com um momento de oração e, na sequência, o coordenador do Regional, Frei Florival Mariano, agradeceu a presença do recém-eleito Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que retorna ao serviço de Ministro até o Capítulo Provincial, em novembro. Frei Fidêncio abriu o Regional com uma reflexão baseada no Art. 188 das CC.GG da OFM, que nos recorda que o Capítulo é o verdadeiro sinal de comunhão fraterna. Província e Ordem em plena comunhão. O Capítulo é o lugar e momento de avaliar, proteger a vida e o patrimônio, apontar novos caminhos e novos meios, adequar a renovação para o crescimento. É o lugar onde, fraternalmente, são tratadas as questões importantes. É o grande momento da vida fraterna. Trouxe para nós a recordação do texto da Legenda dos Três Companheiros 57-60 que trata das particularidades do Capítulo no início da Ordem e que servem de indicações para hoje: ir para Santa Maria dos Anjos como um lugar fontal. Capítulo sempre parte de nossas origens. A Festa de Pentecostes é o marco para dizer que todo Capítulo está sob a presidência e inspiração do Espírito Santo. Os irmãos procuravam ver qual a melhor maneira de observar a Regra. Dali saíam para pregar em todos os lugares.
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No Capítulo, Francisco fazia suas admoestações e repreensões e também prescrevia o que devia ser feito. “Admoestava, solicitamente os irmãos que observassem o Evangelho” (LTC 57, 8). Falava das vestes, que não julgassem ninguém pelo modo de vestir, mas que cada um fosse realizado no seu modo simples. Que as obras refletissem o que estava dentro: “Pois tinha o grande desejo de que tanto ele como os seus irmãos transbordassem em tais obras pelas quais Deus fosse louvado e dizia-lhes: “Assim como proclamais a paz com a boca, assim em maior medida a tenhais nos vossos corações” (LTC 58, 4). Repreendiam os que exageravam na austeridade e pedia a coerência das palavras: “O Senhor deu-lhes a palavra e o espírito, de acordo com a oportunidade do tempo, para proferirem palavras agudíssimas que penetravam nos corações dos jovens e dos velhos” (LTC 60,2). O Ministro Provincial destacou também as passagens do Anônimo Perusino 37-39 que trata dos mesmos assuntos acima citados na Legenda dos Três Companheiros, salientando que “Tudo, porém, o que lhes dizia por palavras antes lhes mostrava afetuosa e solicitamente por obras” (AP 37,3). Destacava que os frades são irmãos e senhores.
“São meus irmãos porque todos existimos de um mesmo Criador. E são, meus senhores, porque nos ajudam a fazer penitência, dando-nos o necessário para o corpo” (AP 38,3-4). Alertava quanto à concentração de interesses para não sair fora da Ordem. “Entre os irmãos que vinham para o Capítulo, nenhum deles ousava mencionar outros negócios mundanos” (AP 39,5) Frei Fidêncio também citou o Cardeal Pirôneo, ao falar sobre o Capítulo: É o grande momento Pascal da Província, lugar onde se encontram a Cruz e a Ressurreição, Cruz e esperança, uma criação nova do Espírito, uma firme e empenhada esperança. É o caput, isto é, o cérebro da organização.
Trabalho evangelizador na Zona Norte de SP Frei Mário Tagliari, Definidor responsável pelo Regional, apresentou aos confrades as conversas que o Governo Provincial tem realizado com o bispo auxiliar da região Brasilândia, Dom Carlos Silva, acerca de um novo trabalho evangelizador na Paróquia Santa Cruz, no Jardim Peri Alto. Frei Gustavo, Vigário Provincial, recordou que a proposta vai ao encontro das prioridades do último Capítulo Provincial ao nos provocar para o espírito missionário
FRATERNIDADES
rumo às periferias, na perspectiva do redimensionamento. Frei José Francisco explicou que o Sefras está presente na região há alguns anos no atendimento as crianças e suas famílias, bem como destacou tratar-se de uma região muito carente, sem ações públicas e com desafios sócio-ambientais. Após algumas explicações, a maioria das fraternidades manifestou-se favorável a proposta da Província assumir essa nova frente desafiadora de trabalho evangelizador.
Comunhão de vida das Fraternidades Boa parte do tempo do Encontro Regional foi dedicado a partilha da vida das fraternidades. A grande riqueza do Regional SP está nas diversas atuações de suas fraternidades: formação, cuidado dos confrades enfermos e idosos, pastoral paroquial, educação, animação provincial e o cuidado com os empobrecidos. Frei Fidêncio motivou as fraternida-
des do Regional, especialmente as da cidade de São Paulo, a participarem das celebrações e eventos comemorativos do Centenário de Nascimento do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Após alguns outros avisos e comunicados finais, a celebração do Encontro Regional SP encerrou-se com a bênção do Ministro Provincial, Frei Fidêncio. Frei Thiago Alexandre Hayakawa e Frei Vitório Mazzuco
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil NOTÍCIAS DA REUNIÃO DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL São Paulo, 20 de agosto de 2021 Conforme já informado, o Definitório Provincial se reuniu extraordinariamente na Sede da Província, em São Paulo, no dia 04 de agosto de 2021. Além da eleição no novo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, em substituição a Frei César Külkamp, alguns outros assuntos foram encaminhados. São os que seguem:
1) Transferências Frei Valdir Nunes Ribeiro – Transferido da Custódia da Terra Santa para a Fraternidade Franciscana Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha, ES, como Atendente Conventual. Frei Gilberto Silveira da Costa Junior – Por conta do falecimento dos pais em decorrência da Covid 19, tendo em vista todos os encaminhamentos necessários diante dos fatos e o cuidado de seu irmão menor de idade, Frei Gilberto foi transferido, até o final do ano, para a Fraternidade Franciscana do Seminário Santo Antônio, em Agudos, SP.
2) Nomeações Frei Edvaldo Batista Soares - Em substituição a Frei Fidên-
cio, Frei Edvaldo foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia São Francisco, no Largo São Francisco, em São Paulo, SP. Frei Luiz Donizete Ribeiro – Foi nomeado Vigário da Casa da Fraternidade do Convento São Francisco, em São Paulo, SP. Frei Silvo Trindade Werlingue – Foi nomeado Mestre de Frei Gilberto Silveira da Costa Junior.
3) Pedido de Licença Frei Ademir José Peixer – O Definitório aprovou o pedido apresentado por Frei Ademir de Licença para morar fora da fraternidade pelo período de 01 (um ano) a partir do dia 04 de agosto de 2021.
4) Egressos - Frei Daniel Maciel (Rondinha – 3º ano) – 13/06/2021; - Frei Eduardo José Cavita Camunha (Angola – 4º ano de Profissão Temporária) – 15/07/2021. Secretaria Provincial SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 547
FRATERNIDADES
N Convento São Francisco completa 374 anos e ganha Ano Jubilar
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a região central de São Paulo, o Convento São Francisco é parte da história viva da maior cidade do país. No dia 17 de setembro, festa das Chagas de São Francisco de Assis, é festa também neste histórico monumento de São Paulo e da Província Franciscana da Imaculada Conceição, que completou 374 anos de fundação. O conjunto igreja e convento, contudo, chegam a esta idade reformados e renovados. Em 1647, quando foi fundado, após quatro anos de obras, era o maior prédio construído de São Paulo e, por isso, escolhido para sediar um dos cursos jurídicos instituídos por decreto, por Dom Pedro I, em 1827. O Santuário São Francisco de Assis, antes uma igreja conventual, tornou-se paróquia em 1940 e santuário em 1997, e faz parte de um complexo localizado no Largo São Francisco. O Convento também foi especial para duas grandes personalidades do Brasil: Santo Antônio de Sant’Ana Galvão e Dom Paulo Evaristo Arns. Frei Galvão, canonizado pelo Papa Ben-
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to XVI em 2007, morou durante 60 anos no Convento. Dali, o Santo acompanhou a construção do Mosteiro da Luz, onde morou nos três últimos anos da sua vida, e onde veio a falecer, em 1822. No dia 6 de junho de 1997, o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, ilustre frade franciscano que passava um dia por semana no Convento quando se tornou emérito, declarou que o Convento passaria a ser também Santuário São Francisco, já que recebe fiéis de toda a Grande São Paulo que aqui chegam para fazer suas orações, pedidos e agradecimentos ao nosso Patrono. Por ser um Santuário, a Igreja fica aberta todos os dias. Para celebrar os 375 anos, em 2022, o guardião da Fraternidade do Largo São Francisco, Frei Mário Tagliari, anunciou neste dia a criação de um Ano Jubilar, que terá início no dia 8 de dezembro, Festa da Imaculada Conceição e Padroeira da Ordem Franciscana e da Província. “Será um tempo especial para revivermos uma grande história da presença franciscana no coração de São Paulo”, explicou Frei Mário.
Na época que foi inaugurado, era o maior já construído em São Paulo, com dois andares em taipa, o único na cidade. Ocupava todo o espaço que atualmente é da Faculdade de Direito. As fundações chegavam a 3 metros de profundidade e sua construção era em taipas, atingindo até 2 metros de espessura em certos pontos. Destacava-se o imponente claustro, com seus cinco arcos sobre pilastras. A estrutura atual do Convento São Francisco, na parte dos fundos da secular igreja, foi construída em 1941 pelo então guardião Frei Damaso Venker. Até 2004 foi a sede da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que abrange os estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ela foi fundada em 15 de julho de 1675. Concluída a reforma, o Convento é hoje um lugar para encontros e retiros para Ordem Franciscana, por outros institutos e também pela Arquidiocese. Com essa restauração, o novo espaço tem condições de abrigar uma média de 50 pessoas.
EVANGELIZAÇÃO
Missa de Encerramento do Mês das Vocações na USF
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gosto é tradicionalmente o mês dedicado às vocações, no qual suplicamos com a Igreja, santas vocações para sua messe. A Pastoral Universitária da USF encerrou o Mês das Vocações celebrando na sexta-feira, dia 27, a Santa Missa nesta intenção. Presidiu a celebração Frei Alvaci Mendes da Luz, que ressaltou a importância de cada um escutar e colocar em prática a sua vocação, seguindo com perseverança na oração, na fé, na crença da escolha feita. Destacou que no dia de Santa Mônica podemos seguir seu grande exemplo de “Mãe da perseverança na Oração, que nos ajuda também a ser perseverantes em nossas escolhas”. Como animador vocacional local do SAV (Serviço de Animação Vocacional) Frei Alvaci recordou todas as vocações Franciscanas, em especial os seminaristas e vocacionados à vida Franciscana. “Vocação é escutar uma inspiração para a própria vida, com uma proposta inspirada pelo Concílio Vaticano II, em que cada um no estado de vida que escolheu tem os melhores meios para se chegar à perfeição, e o estado de vida, é estar tomado por uma grande inspiração por uma grande convocação” rememorou, encerrando a celebração Frei Vitorio Mazzuco. Como súplica de toda comunidade acadêmica nas intenções vocacionais foi rezada a oração de São Paulo VI, pelas vocações: “Jesus, Mestre Divino, que chamastes os Apóstolos a vos seguirem, continuai a passar pelos nossos caminhos, pelas nossas famílias, pelas nossas escolas e continuai a repetir o convite a muitos de nossos jovens. Dai coragem às pessoas convidadas. Dai força para que vos sejam fiéis como apóstolos leigos, como sacerdotes, como religiosos e religiosas, para o bem do povo de Deus e de toda humanidade. Amém. Rosa Maria Santos SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 549
EVANGELIZAÇÃO
Estudantes do Colégio Bom Jesus criam jogo on-line para crianças com autismo
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s alunas da 3.ª série do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus Vicente Pallotti, em São Paulo (SP), Gabrielle de Mello Naide, Giulia Nakamura da Silva e Larissa Mioto Sevilha, criaram um jogo on-line para crianças com transtorno do espectro autista (TEA). O jogo, batizado de “Solucionando”, foi desenvolvido em 2020, quando elas estavam na 2.ª série, durante o Programa de Iniciação Científica. Ao baixar o Solucionando no celular por meio do aplicativo Marvelapp, a criança consegue interagir em cerca de 300 telas que trazem desafios e estímulos especialmente pensados para auxiliar no tratamento do transtorno. “Como tenho um irmão com autismo, percebo no meu dia a dia que ele tem dificuldades para fazer coisas que são muito simples para nós. E, durante a pandemia, tive a oportunidade de vivenciar isso com mais frequência. Então, na Iniciação Científica, pensamos em fazer algo relacionado ao espectro autista”, explica Gabrielle. Larissa comenta que ela e as colegas juntaram a vontade de fazer algo pelo próximo à vivência da colega Gabrielle. “E a ideia do jogo on-line foi fantástica, pois é mais fácil para os pais terem acesso a ele pelo celular mesmo, além do custo, que é zero”, comenta Larissa. Já Giulia foi a responsável pelas artes do jogo – que são coloridas e lúdicas, com cores especialmente escolhidas para as crianças com autismo. O Solucionando é dividido de tal forma que estimula as habilidades e explora os desafios enfrentados pelas crianças com TEA. E cada uma das fases tem vários níveis. Na brincadeira do supermercado, por exemplo, a criança faz compras de acordo com o que está em uma lista. Se escolher algo que está fora do combinado, tem de voltar uma fase. Na parte da música, o jogador relaciona sentimentos com o som que está sendo proposto – e, da mesma forma, não pode errar a carinha que representa o sentimento, pois, assim, volta uma fase. Nessa etapa, o jogo é um estímulo à percepção dos sentimen-
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tos – um desafio para as crianças com autismo. Já a parte do garfinho estimula as percepções sensoriais, a observação por parte da criança. Por fim, o tangram é uma espécie de quebra-cabeça e jogo da memória, que estimula a visão espacial, a coordenação motora, a imaginação. Nessa parte do jogo, a criança monta vários animais por meio das peças disponíveis no tangram. O professor e orientador das meninas, Laércio Ferreira, acredita que a pesquisa desenvolvida por elas é de grande valor, pois colocou ainda mais em evidência algumas características muito positivas das três, como o espírito de participação, o engajamento social e a vontade de solucionar problemas. “Desde o primeiro momento em que me apresentaram o esboço do projeto já se percebia que, a partir da observação do que ocorre ao nosso redor, podemos encontrar possíveis soluções para situações do cotidiano. Acredito que esse projeto seja apenas o princípio de grandes descobertas nas vidas acadêmica e profissional das meninas”, comenta o professor. A gestora do Bom Jesus Vicente Pallotti, Regina Maria de Guido, diz que o trabalho das estudantes do colégio, que nasceu motivado por uma necessidade familiar durante a pandemia, é motivo de orgulho. “Imagine quantas outras crianças poderão se beneficiar com um jogo simples e interativo”, indaga a gestora. Ela lembra que as
meninas continuam em busca de patrocinadores para o aperfeiçoamento da pesquisa. O transtorno do espectro autista, também conhecido como autismo, foi identificado nos anos 1940 pelos médicos Leo Kanner e Hans Asperger. Segundo o Ministério da Saúde, algumas características são mais comuns, mas podem ser apresentadas em conjunto ou isoladamente, como, por exemplo: isolamento mental; tendência à repetição de alguns atos; rituais e rotinas frequentes; fixações e fascinações altamente direcionadas e intensas; escassez de expressões faciais e gestos (não olham diretamente para as pessoas); utilização anormal da linguagem; boas relações com objetos; ansiedade excessiva; fala prejudicada.
PASSADO E FUTURO
Antes de partir para a parte prática – o desenvolvimento do jogo especificamente –, as meninas fizeram uma extensa pesquisa sobre o autismo. História do transtorno, tratamentos, sintomas, características, equipes que cuidam de pessoas com autismo são alguns dos pontos propostos na pesquisa teórica das três alunas. Depois elas partiram para a pesquisa de montagem de aplicativos, jogos on-line. Importante destacar que elas fizeram tudo sem o auxílio de especialistas em internet ou em programação, por exemplo. “Pesquisamos tudo na internet, no YouTube, principalmente”, contam. O irmão de Gabrielle ajudou fazendo testes com o jogo, além de uma apresentação ao CEU Rosa de França, localizado na cidade de Guarulhos (SP). Agora, elas querem dar continuidade ao projeto, talvez com algum patrocínio para aperfeiçoar o jogo e expandir o alcance por parte das crianças com autismo. “A gente quer que ele se popularize, pois ajuda muito esse público”, diz Gabrielle O jogo Solucionando foi um dos finalistas na categoria Sociedade da Feira de Iniciação Científica do Ensino Médio (Ficem) do Colégio Bom Jesus, em 2020.
EVANGELIZAÇÃO
Projetos solidários contribuem para a formação integral dos alunos da FAE
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estudante de Tecnologia em Gestão Comercial da FAE Centro Universitário, Mateus Corrêa Rocha, teve a oportunidade de colaborar com a Badu Design, empresa em que mulheres em condições de vulnerabilidade de Curitiba (PR) utilizam resíduos têxteis reaproveitáveis para costurar outros objetos, como bolsas, por exemplo. O projeto social, batizado de “Amarrados no Bem”, iniciou na faculdade, pois a FAE incentiva todos os alunos a desenvolverem essas ideias já na graduação como forma de enriquecimento pessoal e profissional. As mulheres que participaram do projeto Amarrados no Bem personalizaram os produtos com costuras e os comercializaram com o apoio de estratégias de vendas criadas pelos alunos. Assim, todos foram beneficiados. “O desenvolvimento de projetos sociais é um grande aliado na formação acadêmica e profissional, pois é por meio deles que o estudante tem a oportunidade de iniciar a sua vida profissional, já que um projeto social não exige experiência. Além disso, proporciona o desenvolvimento de habilidades que são importantes no
CONTRIBUIÇÃO PARA A HUMANIDADE O trabalho voluntário é algo extremamente importante para a sociedade, pois, a partir do momento que a pessoa o desenvolve, está contribuindo para si mesma e para todos os
mercado, como: trabalho em equipe, comunicação, liderança, disposição para servir, identificação e resolução de problemas e necessidades”, explica a professora e coordenadora do Núcleo de Empregabilidade da FAE Centro Universitário, Elaine Pacheco. E é justamente o que vem acontecendo com Mateus. “Além de podermos colaborar com a ideia de reaproveitamento têxtil, a pegada sustentável do projeto nos faz pensar um pouco mais no consumo consciente. Temos também a oportunidade de auxiliar as famílias. Então, é visível o nosso enriquecimento de conhecimentos para o meio acadêmico e para a nossa história de vida, pois essas mulheres são inspirações para nós”, diz Mateus, que sempre desenvolveu trabalhos voluntários e encontrou na FAE um incentivo a mais. “Eu me identifiquei com a FAE nesse sentido. Esses trabalhos me animam muito, pois são gratificantes, mostram que podemos cooperar com a sociedade e não ficar apenas na teoria da faculdade”, analisa. Por meio dos projetos sociais, o estudante pode começar a fazer a sua rede de contatos, o que é primordial para abrir portas na carreira. Além disso, traz a ressignificação de valores para a vida. “Quando a faculdade incentiva e fomenta os projetos sociais, há um maior engajamento do estudante. Além de cumprir com seu papel social, dá bom exemplo ao aluno e o auxilia na formação profissional completa e acrescida de valores humanos”, observa a professora Elai-
que estão no seu entorno. Na opinião do coordenador do Projeto FAE Social, Frei Claudino Gilz, a participação voluntária do estudante em atividades relacionadas a projetos sociais reverte em inúmeros aprendizados e transformações. “A oportunidade de estudar e obter uma formação acadêmica e profissional não
ne. Há ainda a vantagem para o currículo – principalmente em início de carreira: segundo Elaine, é o trabalho voluntário desenvolvido nesses projetos que traz corpo ao currículo e vai demonstrar as habilidades e capacidades do profissional em início de carreira. Já para o profissional mais maduro, essa informação no currículo também é valiosa, pois pode ser motivo de desempate em um processo seletivo. Sem falar que os projetos podem até ser profissionalizados. É o caso da estudante da FAE Nicolle Kipper Söthe. Ela e sua equipe iniciaram o projeto “A Firme” dentro do curso de Publicidade e Propaganda, em parceria com o FAE Incentiva – programa que auxilia os estudantes no desenvolvimento de projetos. A Firme é uma plataforma que dá a produtores artesanais a oportunidade de mostrarem seu trabalho e, ainda, comercializarem seus produtos. Reúne, portanto, economia solidária, empreendedorismo e sustentabilidade social. O site está dando tão certo que em um mês de funcionamento já contava com 13 pequenos empreendedores. Durante a pandemia, a plataforma foi ainda mais útil. “Com o isolamento social, muitas categorias profissionais tiveram de se reinventar. Para os pequenos, foi mais difícil, pois muitos não têm a expertise de montar um site, por exemplo”, comenta. Para ela, a FAE tem muito mérito em incentivar os alunos a desenvolverem esses projetos já na faculdade. “Na FAE sempre somos instigados a inovar. E isso nos ajuda muito como experiência profissional, pois com a Firme trabalhamos marketing, branding para consumo e consumo humanizado”, diz Nicolle, que já concluiu o curso de Publicidade e agora está fazendo pós-graduação em Liderança Estratégica, também na FAE Juliano Franco Zemuner
pode ficar restrita ao alcance de objetivos pessoais, por mais dignos que sejam tais objetivos. Precisa mobilizar o estudante a querer contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, sustentável e feliz, ou seja, à prática da solidariedade junto aos mais pobres”, afirma Frei Claudino.
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uando o Mês Vocacional de agosto tem cinco domingos, a Igreja celebra no quinto (neste ano o dia 29), o ministério dos catequistas. Os catequistas são homens e mulheres que, com dedicação e empenho, aprendem e transmitem os caminhos de cristo. Eles fazem, com sua vida e testemunho, ecoar a mensagem redentora do Evangelho. Para celebrar esse momento, a Editora Vozes promoveu a segunda edição da Super Semana de Catequese, um evento on-line e gratuito. Esse ano, a série de encontros aconteceu entre os dias 23 e 29 de agosto, sempre às 19h, no canal da Editora Vozes no YouTube.
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Foram sete dias de transmissões gratuitas de formação para celebrar o Dia do Catequista – 29 de agosto – com uma bênção especial de encerramento. Natália França fez a mediação do evento. Através do Motu proprio “Antiquum ministerium“, publicado no dia 11 de maio de 2021, o Papa Francisco instituiu o Ministério do Catequista. O Papa Francisco afirmou que, diante da imposição de uma cultura globalizada e dos desafios da evangelização no mundo contemporâneo “é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese”. Na sequência, um resumo dos principais temas:
1º DIA
“O rito modifica o cotidiano, salvando-o do banal”, diz Pe. Vanildo “É muito grande a minha alegria, a minha satisfação em estar aqui conversando com vocês especialmente sobre este tema tão especial que nos foi proposto nesta noite, que é a ‘A Catequese, a liturgia, de modo mais particular, aprender com os ritos’”. É um tema bastante instigante e bastante atual e acredito que vai ser importante refletirmos sobre esse assunto”, saudou Pe. Vanildo de
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Paiva, professor titular da Faculdade Católica de Pouso Alegre, nas áreas de Introdução ao Exercício do Filosofar e demais disciplinas filosóficas, incluindo Psicologia Geral. Atua principalmente nos seguintes temas: cuidado religioso, desenvolvimento humano e espiritualidade, sexualidade e fé, relações humanas em ambientes religiosos, formação de educadores e catequistas etc.
Segundo o palestrante, não podemos fechar toda a experiência de Deus na liturgia, que para a própria “Sacrosanctum concilium” é muito clara quando diz que a liturgia não é uma única maneira do ser humano expressar e de viver a sua fé, mas tudo passa por ela. Porque ela tem um lugar relevante, diríamos prioritário. “Portanto, não é possível fazer uma boa experiência de fé sem mergulhar na
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dimensão ritual, na dimensão litúrgica, que constitui a nossa fé de maneira concreta, de maneira expressiva”, disse. “No entanto há uma dificuldade hoje de as pessoas aderirem aos ritos cristãos, segundo Pe. Vanildo, porque nós vivemos em outros tempos, ou num outro espaço. “Há outros símbolos, sinais, que nos dispersam daqueles propostos pela liturgia: a pressa, a dificuldade das pessoas de formarem comunidades ritual. Hoje com a invasão das mídias, nós temos um leque de opções que acabam às vezes tentando substituir aquelas primeiras e originais, conservadas pela tradição, que são os ritos. Estou dizendo estar lá na comunidade, reunido em assembleia, participando de um sacramento, diante de alguns sinais, gestos, ações, que nos querem colocar em contato com Deus e expressar a
nossa fé”, acrescentou. “Quando estamos em assembleia para uma celebração, nós estamos fazendo um ato grave – grave no sentido de profundo, de muito sério, de muito bonito. Mas não estamos brincando de faz-de-conta quando estamos num rito litúrgico. Não estamos teatralizando, não estamos fazendo uma coisa performática simplesmente, mas estamos celebrando a nossa fé, criando conexão com o sagrado, expressando aquilo que acreditamos e nos fortalecendo para viver aquilo que nós acreditamos. Por isso, o rito é bastante sério”, explicou. Para Pe. Vanildo, há o perigo do formalismo, do rubricismo, da exterioridade vazia, de fazer por fazer um rito. “É estar ali e não saber por que levanta a mão, por que é que temos uma cruz diante de nós, qual o sentido
do pão e do vinho, oferecidos pela comunidade, depois consagrados pelo Espírito Santo, por mediação do sacerdote. Enfim quando a gente não conhece o porquê e não se envolve com a ação ritual, nós corremos o risco de ficar numa repetição mecânica, numa exterioridade vazia, num formalismo muito grande, que não satisfaz, que não preenche o coração, que não traz sentido para a nossa vida. Por isso, mais do que nunca, é preciso que sejamos educados para o/pelo rito, enquanto o rito é objeto da nossa reflexão, do nosso conhecimento. Mas também educados pelo rito, porque não há outro caminho que desenvolva em nós o senso vivencial do rito a não ser celebrando. Um rito, ele só pode ser aprendido e assimilado no coração, na mente, na vida, pela força dele próprio e não por ouvir falar a respeito dele”, ressaltou. Segundo ele, cabe aos catequistas, aos agentes da liturgia, às lideranças de um modo geral ajudarem as pessoas nessa educação para o rito. Nós só teremos assembleias realmente capazes de entender aquilo que o Concílio pediu, isto é, participar de maneira consciente, ativa, de maneira piedosa da liturgia, se essa assembleia for educada. Se esta assembleia estiver aberta numa condição de acolhedora do rito cristão que lhe é proposto, disse.
2º DIA
“Quem é esse Jesus que apresentamos aos catequizandos?” Pe. Douglas Rodrigues Xavier e Pe. Almerindo da Silveira Barbosa foram os convidados para falar do tema “Quem é esse Jesus que apresentamos aos catequizandos?”, eles que são autores do livro “Quem é esse Jesus” – Um itinerário de iniciação cristã para formar discípulos missionários”, editado pela Vozes. “Como eu disse na minha pequena apresentação, Jesus é o centro da catequese. Tudo que nós fazemos no processo catequético é para chegar ao fim que é Jesus Cristo. SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 553
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Deus é tão maravilhoso, que ele se rebaixou e tornou-se um de nós, participando conosco da nossa vida. Vivendo, experimentando a realidade humana, sendo um conosco, esse Deus tão próximo, tão íntimo, que nós confessamos em Jesus o Filho de Deus. Esse Jesus que não é um Deus abstrato, distante, mas é um Deus muito próximo”, disse Pe. Almerindo, que é também autor da obra “Missa: conhecer para viver”. “Eu acho que é um desafio apresentar Jesus na catequese, porque como eu disse, mesmo ele sendo o centro da catequese, às vezes nós nos apegamos a outros temas periféricos que não nos conduzem a esta centralidade”, avalia Pe. Almerindo. “Para que eu possa viver Jesus na minha vida, na minha comunidade de fé, primeiro eu preciso conhecê-Lo. E é por isso que estamos aqui. Esse é o processo de uma vida cristã. É exatamente ter primeiro o encantamen-
to por ele, depois aprender com ele, com a sua vida para depois viver com ele na nossa vida. Acho que sem esse processo de encantamento com Jesus, de deixar ele nos seduzir, depois ser um aluno, um aprendiz dele, nós não teremos condições de vivê-Lo na nossa vida e na nossa comunidade de fé”, acrescentou Pe. Almerindo. Para Pe. Douglas, uma apresentação de Jesus também passa por um processo de reconstrução para depois construi-lo. “É porque às vezes os catequizandos, no início chegam com aquela ideia que ouviram em casa da família, que ouviram na escola do professor ou em outros ambientes, sobre uma religião como algo que é um amontoado de regras, de preceitos éticos, morais, ‘pode não pode, isso e aquilo’, uma religião como um conjunto legislativo. Ou seja, a religião é uma lei e você tem que seguir desse modo. Infelizmente, nós, às vezes, reforça-
mos essa ideia na nossa prática catequética quando colocamos regras demais. ‘Olha, para fazer a primeira comunhão só depois disso ou daquilo outro’ e não somos capazes de analisar o indivíduo, a criança, o jovem, o adulto na experiência de Deus que ele fez, no caminho que fez. Então, penso que a primeira ideia é descontruir isso. Vamos pegar uma página em branco, mesmo que seja difícil, e não vou apresentar só uma religião, mas uma pessoa, alguém, para que ele seja seu amigo na caminhada. O resto vem depois no processo. Primeiro experimentar Jesus”, observou. “Infelizmente, as pessoas conhecem as normas, ‘o pode e não pode’, e depois elas têm dificuldades para fazer o processo de se readaptar ao essencial. Não tem outro caminho se, diante dos desafios, não estivermos alicerçados em Jesus”, reforça Pe. Almerindo.
3º DIA
Pe. Thiago e Welder Marchini falam sobre catequese e internet
Os autores do livro “Catequese e Internet - os processos catequéticos e as novas tecnologias”, Pe. Thiago Faccini Paro e Welder Lancieri Marchini, foram os convidados do terceiro dia da 2ª Super Semana de Catequese. Natália França apresentou Pe. Thiago, que é mestre em Teologia e especialista em Liturgia, Ciência
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e Cultura pela PUC-SP, e Welder, doutor em Ciência da Religião (PUC-SP) e editor teológico na Editora Vozes. Segundo Welder, que também é coordenador do curso de Teologia da Universidade São Francisco, este livro já era um projeto antigo. “O primeiro esboço surgiu em 2012. Mas aca-
bou não virando livro. Acabou que os tempos mudaram e não aproveitei naquela época o texto que tinha escrito”, contou. Segundo ele, no decorrer desse tempo continuou trabalhando com catequese e sempre trocou muitas ideias com Pe. Thiago em relação à catequese. “Quando veio a pandemia, nós começamos a perceber o quanto falar de internet era importante não apenas para a catequese, mas para todas as pastorais da Igreja, porque muitas comunidades se deram conta que não se apropriar dos processos cibernéticos, das suas ferramentas, poderia gerar um impacto negativo na vivência pastoral”, disse. “Na catequese essa demanda, essa intenção de entender a internet, como ela modifica ou contribui para os processos catequéticos, tornou-se mais evidente”, constatou. Foi, então, que ele convidou Pe. Thiago para retomar esse projeto, que agora foi concretizado neste livro.
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“Nós, como catequistas, precisamos pensar: Quem são os nossos catequizandos? Precisamos conhecer nossos catequizandos e dizer que não é porque não sou dessa geração que não quero saber desse mundo virtual, desse mundo digital. Para uma catequese bem feita, atrativa, nós precisamos e devemos utilizar os meios digitais. A catequese tem o seu ordinário, que pressupõe essa convivência, mas também ela pode se tornar uma aliada para ajudar no próprio encontro de catequese, pode ajudar em encontros com a família”, sugere o sacerdote, propondo a experiência de uma catequese híbrida: “Uma vez por mês poderia se fazer essa catequese on-line com a presença dos pais e até mesmo uma complementação dessa catequese. A gente faz a reflexão presencial que depois pode continuar nas mídias. Enfim, catequese e internet combinam, o que devemos ter é um planejamento, uma metodologia para utilizá-la”, apresentou Pe. Thiago. Welder fala dessa vivência religiosa com o digital, que ainda é novo nas comunidades religiosas. “Nós temos dois conceitos que andam
lado a lado e, às vezes, a gente acaba confundindo. Mas são realidades distintas: o digital e o virtual. Quando se fala de digital, estamos falando da capacidade que temos, através dos equipamentos eletrônicos, de trabalhar com o digital. Ou seja, digitalizar alguma coisa ou transformar em dígitos. Para quem tem um pouquinho mais de idade, conheceu e fez fotos com a máquina analógica, que precisava de um filme, rebobinar e revelar. Nós tínhamos uma fotografia analógica, física. Quando veio a máquina digital, começamos a trabalhar com a mesma fotografia, só que sem materialidade. Essa máquina digital transformou aquela fotografia em dígitos. O computador transforma todos os arquivos que temos numa sequência de dígitos que vai ficar guardado na memória. Quando a gente fala de universo digital, é o universo que trabalha para além da materialidade. É muito diferente de falar de algo virtual. O virtual traz o entendimento do que está conectado e funciona em rede. Eu posso ser digital no sentido da palavra, mas não estar conectado, quando o meu celular está sem internet. A gente tira as fotografias, arquiva, tem o digital,
sem necessariamente compartilhar isso”, explicou Welder. Pe. Thiago fez o seguinte questionamento: Qual a nossa responsabilidade cristã nos meios digitais? “Acho que isso é importantíssimo. A gente pode aproveitar a nossa catequese e inserir nossos catequizandos nessa responsabilidade. Nós falamos muito do ser cristão em tempo integral: na sociedade, amar o próximo, viver os mandamentos, não roubar etc. Só que muitas vezes achamos que a internet é um mundo sem lei. Basta a gente ver pelas questões políticas e tantas outras coisas, como as fake news que são compartilhadas e tantas vidas que são destruídas. Quantas pessoas vivem sob pressão porque são atacadas? Vejam aí os haters. Então, qual é o nosso papel enquanto cristãos nesse mundo digital. Precisamos pensar numa catequese híbrida que prevê esse encontro presencial, mas também com atividades digitais. O que não pode é uma catequese cem por cento on-line, ou uma catequese EAD como alguns propõem. A gente já aprendeu muito e que pode levar adiante”, incentivou.
4º DIA
“Espiritualidade e bem-estar” Autora de diversos livros de catequese, publicados pela Editora Vozes, a psicóloga Francine Porfírio foi a convidada do quarto dia (26/8) da 2ª Super Semana de Catequese. Natália França apresentou Francine como especialista em Psicologia Clínica na abordagem da Análise do Comportamento (FEPAR) e pesquisadora e palestrante sobre comportamento moral, habilidades sociais, práticas parentais/ educacionais e cultura da não violência (com ênfase na prevenção de comportamentos antissociais). Francine falou neste encontro sobre “Espiritualidade e bem-estar”, um tema tão denso que estamos vivendo hoje. Segundo Francine, esse tema tem muito a ver com a sua experiência dentro da clínica. “Tenho
recebido pessoas com diferentes tipos de sofrimento e são sofrimentos que associo bastante ao atual momento que todos nós
enfrentamos, um momento de muitas restrições, muitas perdas, um momento sensível também, que levou as famílias a se sentirem SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 555
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inseguras e a terem no seu espaço de casa uma invasão de outros espaços. Pais trabalhando em casa, filhos estudando em casa e a própria dinâmica familiar acontecendo no meio desses contextos. E a catequese vindo para responder a esses anseios em que nós todos estamos buscando sentido. Ressignificar todas essas experiências é um grande desafio”, explicou a convidada. Para ela, falar de espiritualidade é falar sobre o convite que todos nós recebemos para interpretar esses fenômenos tão sensíveis sem perder o nosso vínculo da vida como dom de Deus, apesar das dificuldades. “E falar de espiritualidade nesta perspectiva é falar também de bem-estar. Como nos sentir bem hoje com tantas dificuldades? Como cultivar também nas nossas percepções, vendo as notícias, vendo os acontecimentos e também passando pelas nossas próprias experiências difíceis? Como encontrar nessas experiências fontes de esperança? Então, falar de espiritualidade e bem-estar me veio como um convite, talvez,
à minha missão junto a vocês nesta noite”, acrescentou Francine. “Quando a gente fala em saúde mental, esse termo nada mais é que pensar na saúde das nossas emoções, na saúde dos nossos pensamentos e na saúde física também. E a espiritualidade é uma via transversal a todas essas dimensões aos seres humanos. Quando a gente tem uma relação com nosso próprio espaço físico tão confusa, dentro de tantas tarefas que a gente tem que executar - sou catequista em casa, sou mãe em casa, sou profissional em casa e sou esposa em casa -, todos esses papéis sobrepostos acabam nos levando a ter uma rotina ainda mais densa, em que uma atividade se concatena com a outra e a gente se vê nesse processo estressante continuamente. Como encontrar momentos de descanso nesse caos?”, pergunta Francine. Francine pede para não cair na armadilha de achar que falar objetivamente - ‘hoje não posso’, ‘hoje não dá’, ‘me desculpe eu também não estou bem’, ‘será que a gente pode conver-
sar depois’, ‘olha essa atividade dentre as que eu tenho para desenvolver vai ser demais para mim, vai reduzir meu tempo com a família’ significa estar no lado oposto do valor cristão. “Então, a espiritualidade para ser um fator de prevenção para a saúde mental, ela deve ser vivida de uma forma plena e completa. A partir do momento que ajudar as pessoas acaba se tornando uma tarefa, um dever, algo que tenho que cumprir para ter uma boa autoimagem, para fazer por merecer, ter o reconhecimento da minha comunidade, a gente não consegue sentir o prazer absoluto de estar a serviço”, observou. Francine também falou de como é difícil lidar com luto numa situação de pandemia, quando nem se pode despedir dos entes queridos. Segundo ela, o velório é um rito muito importante para que possamos celebrar a vida dessa pessoa, os aprendizados que tivemos com ela. Por isso, a importância do processo de despedida, uma vez que a gente não consegue viver esse momento.
5º DIA
“Jesus Comunicador, o grande catequista” Os participantes deste evento on-line e gratuito ganharam uma formação caquética do jornalista e escritor Moisés Sbardelotto, autor entre outros livros de “Comunicar a fé: por quê? Para quê? Com quem?” (Vozes, 2020). Na sua acolhida, Natália França citou que Moisés é mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela Unisinos. É professor da PUC Minas e palestrante, tradutor e consultor em Comunicação para diversos órgãos e instituições civis e religiosos. Para o autor, o tema e é central para todo (a) catequista. “É impossível pensar qualquer processo catequético se a pessoa de Jesus não se faz presente. Ele é o grande catequista de todos nós”, disse Sbardelotto, explicando que o objetivo é tentar essa aproximação da comunicação de Jesus e, ao
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mesmo tempo, como o seu modo de se comunicar nos inspiram também no trabalho catequético, que é a missão do catequista e da catequista.
Segundo ele, o ponto central está na Evangelii gaudium, do Papa Francisco. “De forma bastante clara, esse documento fala justamente da alegria do Evangelho, da
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alegria de evangelizar. E lá ele vai lembrar desse aspecto central de nossa fé quando diz, repetindo uma frase que é de Bento XVI, ‘Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa (...) Aqui está a fonte da ação evangelizadora. Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?’” Segundo o palestrante, todo catequista e toda catequista precisam fazer esse encontro com a Pessoa de Jesus, experimentar esse discipulado, essa amizade, essa convivência com a Pessoa de Jesus. “Porque, vai dizer o Papa, se alguém acolheu esse amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de comunicar aos outros? Então, também para todo missionário, para toda missionária, mas particularmente para quem é catequista e atua nas várias dimensões da catequese, justamente o encontro com a Pessoa de Jesus faz, digamos assim, transbordar a própria pessoa de sentido, de vida, de amor, e, a partir desse transbordamento, a pessoa passa a comunicar para os demais”, explicou. Para o autor, o novo Diretório para Catequese, que foi lançado no ano passado pelo Pontifício Conselho da Nova Evangelização, vai reiterar isso também, aproximando já da catequese. “Ele vai dizer: ‘O ato de fé nasce do amor que deseja conhecer cada vez mais o Senhor Jesus, que vive na Igreja; por esta razão, iniciar os crentes na vida cristã equivale a introduzi-los no encontro vivo com Ele. Evangelizar não é, primeiramente, transmitir uma doutrina. É antes tornar Jesus presente e anunciá-lo’”.(n.4, 29) “Então, a experiência fundamental é de uma comunicação. Jesus que se comunica conosco, com cada catequista e, a partir dessa transformação na vida do catequista, comunica isto com os seus catequizandos”,
destacou Sbardelotto. Segundo ele, a iniciação dos novos fiéis na vida cristã passa justamente por essa introdução no encontro vivo, nessa caminhada de fé, nessa experiência de fé com uma pessoa. “Não é tanto pensar, não é tanto decorar os elementos da doutrina, mas é experimentar essa relação com uma pessoa que é a Pessoa de Jesus”, enfatizou. O Diretório de Comunicação, nesse sentido, vai dizer que a imagem de Jesus é a imagem viva do amor de Deus e de seu desejo de relacionar-se com o ser humano, expresso nos gestos, nas emoções e nos comportamentos que caracterizam Jesus o amor misericordioso e primoroso para com os rejeitados, os pobres, os marginalizados, os sofredores, o que não é uma mera representação do amor de Deus, mas sua atualização (n.43) “Com toda essa comunicação de Jesus, Jesus comunica, no fundo, um Deus que é amor, um Deus que ama. Um Deus que se distancia daquele Deus muitas vezes apresentado no Antigo Testamento com outro tipo de comunicação: um Deus dos exércitos, um Deus da vingança, um Deus que destrói, um Deus que mata. Não, Jesus traz e revela a partir desses relatos que são humanos, também localizados em certas culturas e certos lugares. Jesus vem trazer uma outra face de Deus, a face verdadeira de Deus, que é amor e quer se relacionar com o ser humano. Jesus mostra isso com seus gestos, com seu comportamento, com sua vida. A terceira dimensão é o diálogo. “Uma das formas, especialmente na cultura contemporânea, no Brasil que nós temos hoje, tão marcado pelos discursos de ódio, pela agressão, pela agressividade, de pôr em prática essa misericórdia é o diálogo. Então, o Diretório da Catequese vai dizer: ‘No tempo da nova evangelização, a Igreja deseja que também a catequese acentue este estilo dialógico, para que seja mais facilmente manifesto o rosto do Filho que, como com
a Samaritana junto ao poço, fica a dialogar com cada ser humano, para o conduzir com sua suavidade à descoberta da água viva (cf. Jo 4,5-42). Neste sentido, a catequese eclesial é um autêntico ‘laboratório’ de diálogo’ (n.54)”, explicou Moisés. “Falar de Jesus comunicador, a gente está fazendo isso há dois mil nos e não terminamos. Certamente, não terminaremos pelos próximos anos. Falar de Jesus que se comunica é falar de um Jesus que comunicou ontem, continua se comunicando hoje e seguirá se comunicando conosco sempre. ‘Eu estarei convosco até os fins dos tempos’. É importante terminar essa nossa conversa trazendo aquilo que eu trouxe no início. Todo processo catequético nasce em Jesus e, no fundo, Jesus é o verdadeiro catequista. Nós tentamos ajudá-lo nesse processo, melhor ainda se não O atrapalharmos. Nós, catequistas humanos, precisamos estar numa perfeita união com ele. Aprender com ele, conviver com ele, para que o nosso processo catequético com os nossos catequizandos favoreça essa comunicação com Jesus. E na Evangelii Gaudium (nn 11-12), o Papa vai dizer isso: ‘Jesus Cristo pode romper também os esquemas enfadonhos em que pretendemos aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a sua constante criatividade divina (...). Jesus é ‘o primeiro e o maior evangelizador’. Em qualquer forma de evangelização, o primado é sempre de Deus, que quis chamar-nos para cooperar com Ele e impelir-nos com a força do seu Espírito (...) Pede-nos tudo, mas ao mesmo tempo dá-nos tudo’. O trabalho catequético é desafiador, mas ao mesmo tempo nos dá, nos fortalece, nos inspira, nos impele com a força de seu Espírito, mas reconhecendo também que nós somos sempre os catequizandos de Jesus. Os discípulos de Jesus sempre. Embora, em certos momentos, como na catequese, nós assumamos um papel de catequistas, mas em nome do grande Catequista, do primeiro Catequista que é Jesus. SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 557
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6º DIA
Débora Pupo questiona: “Família, primeira catequista? O sexto dia teve como convidada a coordenadora regional da Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 2, da CNBB, Débora Pupo, autora do livro “Catequese... Sobre o que estamos falando?”. Segundo Débora Pupo, como em todas as atividades, é comum a existência de alguns chavões e na catequese não é diferente: “Família, primeira catequista; os pais, primeiros catequistas; família, Igreja doméstica; catequese doméstica”. “Eu não estou menosprezando isso, por favor. Só que nesse processo, a minha pergunta é: que suporte a família tem para ser uma Igreja doméstica? Que suporte a família tem para ser a primeira catequista dos filhos? No processo de Iniciação à Vida Cristã (IVC), no pensamento de uma catequese mais voltada para o existencial, para a dimensão de toda a formação cristã, precisamos olhar para as famílias com carinho porque muitas delas não fazem isso e não sabem como fazer. Eu ouso dizer assim: as crianças vêm obrigadas, mas pelo menos ainda vêm! Os pais colocam os filhos na catequese e depois esquecem, mas colocam! Será que não seria, então, o momento de começarmos a pensar estratégias, possibilidades, de ajudar esses pais, essas famílias, esses responsáveis a se conscientizarem da missão que eles têm? Porque muitos que não têm tempo nesse mundo corrido. A família é indispensável na Iniciação da Vida Cristã? Eu digo sim, mas precisamos olhar para ela como um espaço de catequese. A família precisa ser catequizada, a família precisa ser ajudada. Então, não é só dizer aos pais que têm que assumir o seu papel, porque alguns pais podem olhar e dizer assim: ‘tá, mas qual é o papel que me cabe? Como eu vou assumir isso?’ Eu tenho um pouco de receio do ‘8 ou 80’ ou dos que ‘fazem nada ou que fazem tudo’. Tem pais que se envolvem e tem pais que não se envolvem. Tem famí-
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lias que deixam a desejar, mas nós catequistas, nós catequese, nós comunidade, como estamos olhando para as famílias? O papel delas é importantíssimo, mas elas precisam ser iniciadas também”, avaliou Débora. Segundo ela, a catequese também ficou marcada pelos efeitos da pandemia, assim como em todas as realidades de nossa vida. Sem respostas prontas, as dioceses, as paróquias, as catequistas foram para a luta. “Tivemos uma criatividade sem tamanho, porque migramos para um espaço que não tínhamos experiência, não fazíamos ideia. Eu digo para vocês: tive de me reinventar nessa história de lives, de sentar na frente do computador e falar para uma luzinha que fica ali, e tentar o melhor ângulo, a melhor plataforma, entrar e sair de sala, tirar e pôr microfones. Eu fico imaginando os catequistas, pois muitas e muitos não têm esse preparo. Nós não preparamos os catequistas para, de uma hora para outra, fazerem um encontro de catequese virtual, até porque essa não é a realidade da catequese”, explicou. Nesse período de pandemia, a catequese não ficou isenta de tudo o que significou esse momento na vida das pessoas e da sociedade. “Aos poucos, contudo, esta-
mos retomando os encontros presenciais. Tem se percebido que, com os adolescentes, com os adultos, de repente você possa, como alternativa, utilizar as redes sociais. Não virtualizar 100%. Não existe catequese on-line. Podemos formar os catequistas, podemos até fazer momentos formativos com os pais, envolvendo as famílias, envolvendo os responsáveis pelos catequizandos. Mas não podemos virtualizar a catequese, achar que agora você migra e vai fazer catequese on-line, porque a catequese é feita na comunidade. Ela precisa desse contato, dessa convivência. Na pandemia, a catequese ficou abalada no primeiro momento, pois os catequistas não sabiam como agir. A catequese se reinventou durante a pandemia e agora, nesse pós-pandemia, precisa olhar para a realidade das suas dioceses, para a realidade de suas paróquias e traçar caminhos comuns, lembrando que muitos catequistas perderam a vida, muitos catequizandos perderam pessoas queridas - pais, mães, avós, tios, irmãos. Não é pouco o número de brasileiros que morreu em decorrência da pandemia e muitos que passaram pela doença, ficaram com sequelas. Como podemos cuidar dessas feridas também no
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contexto da catequese? Acredito que a palavra nesse momento é paciência. Estamos vivendo um momento conturbado. Não temos respostas prontas. Começa-se a refletir, a conjecturar o que pode ser feito. Ainda é um período que requer paciência, análises da realidade, conversas, escutas para que se possam traçar caminhos em comum”, ensinou Pupo. Outro questionamento veio de uma catequista, Gorete, que lamentou ser um dos grandes desafios para pôr em prática a Iniciação da Vida Cristã na catequese encontrar resistência dentro da própria Igreja. “De fato, existe essa dificuldade, porque trata-se de um processo que necessita de conversão, de mudança de mentalidade. Inclusive conversava com um bispo que estava visitando a CNBB, em Curitiba, e ele falava sobre a intenção dele de iniciar esse processo de IVC na sua diocese. E ele
disse que chegou num primeiro momento querendo mudar tudo. Agora, ele percebeu que é preciso dar passos, fazer um caminho. E a IVC exige uma mudança de mentalidade, formação dos catequistas, porque os catequistas precisam se compreender como facilitadores de um processo participativo. Ele não é um professor de religião, de catequese. Precisa compreender os catequizandos como interlocutores. Os pais precisam fazer um processo de conversão para reconhecerem a catequese não como um espaço só em vista de um sacramento. A comunidade precisa se compreender iniciadora. Então, toda ação é voltada para um movimento de iniciação, todo um contexto precisa ser modificado e isso gera resistência, porque mudar não é tão fácil. Mas a gente tem belas experiências, também não dá para dizer que não acontece, que não tem nenhuma experiência, que
não tem os próprios escritos dos documentos. Tem-se avançado nessa compreensão. Mas é um processo lento, sim, que precisa dessa conversão, desse passo a passo, para o caminho ser feito”, avaliou. Na mensagem final, Débora deixou um agradecimento especial aos catequistas: “Um muito obrigado pelos esforços, por não desistir, por superar o medo em meio a dificuldades, por buscarem sempre caminhos para realizar esse serviço. Nesse dia que nosso olhar se volta para a vocação do catequista, que Maria, a grande mãe do Brasil, estenda seu manto sobre todos os catequistas para renovar suas forças. Que Maria acolha e interceda pelos catequistas nesse imenso Brasil! Que Maria console a tantos catequistas que perderam seus entes queridos neste tempo. Feliz e abençoado Dia do Catequista!”
7º DIA
“Não devemos nos preocupar se o ministério do catequista é instituído ou não. Nossa missão é servir”, diz Pe. Jânison A Super Semana da Catequese terminou no domingo (29/08), no Dia do Catequista, tendo como convidado Pe. Jânison de Sá, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Pe. Jânison lembrou no início que o Dia do Catequista foi criado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em sua XIX Assembleia Geral, que aconteceu de 17 a 26 de fevereiro de 1981, em Itaici (SP), fazendo parte do Mês Vocacional. É neste contexto de um mês todo dedicado às vocações que se celebra o Dia do Catequista. “Queridos catequistas, parabéns no dia de hoje! Eu também sou catequista há mais de 30 anos e amo esta missão”, revelou. “Nossa gratidão a todos. Este é um momento de agradecer e louvar a Deus
pelo grande bem que fazem tantos homens e mulheres, particularmente mulheres, que se dedicam a esta atividade, a esse ministério tão bonito que é a catequese na Igreja”, ressaltou.
O tema de Pe. Jânison foi a criação do ministério do catequista, instituído pelo Papa Francisco em maio deste ano, por meio do Motu proprio “Antiquum ministerium”. Segundo ele, a carta apostólica do SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 559
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Papa Francisco confia às Conferências Episcopais (CNBB) a tornarem realidade o ministério instituído do Catequista, estabelecendo o itinerário formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coerentes para o serviço que estas pessoas serão chamadas a desempenhar na Igreja. “Essa carta foi um grande presente para nós, valorizando sempre mais a vocação do catequista e os ministérios laicais na Igreja”, observou o palestrante, que ilustrou o início de sua fala com trecho que propõe a Carta Apostólica de São Paulo aos Coríntios, 12, 4-7: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos”. “Essa diversidade vai enriquecer o corpo de Cristo que é a Igreja. Todos nós recebemos esses dons mas todos eles em vista do bem comum. Então, o Ministério do Catequista existe em vista do serviço exercido em favor da comunidade eclesial comunitária, dos catequizandos, adolescentes e adultos. Do bem comum, e de todos como Igreja. Essa diversidade vai enriquecer o Corpo de Cristo que é a Igreja”, explicou o sacerdote. Para explicar esse novo ministério, Pe. Jânison destacou o que não é ministério. “O ministério não é poder ou superioridade, prêmio, serviço tapa buraco, promoção, disputa, honra e ativismo”, explicou. O palestrante também explicou a tipologia dos quatro ministérios: Ministérios Reconhecidos: a Igreja “reconhece” uma situação ministerial significativa, já presente e atuante na comunidade. É temporário segundo as circunstâncias. Ministérios Confiados: exercidos após nomeação ou designação especial, por um gesto litúrgico.
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Ministérios Instituídos: conferidos com um rito litúrgico próprio, chamado “instituição” (Leitor, acólito e agora do catequista). Ministérios ordenados: conferidos pelo sacramento da Ordem (diáconos, padres e bispos). Segundo ele, no próximo ano teremos ministros instituídos da catequese. É importante ter esse quadro como referência. Que a catequese de inspiração catecumenal como caminho para formar discípulos missionários de Jesus Cristo. Segundo o palestrante, o Ministério do Catequista está a serviço da Palavra de Deus (AM 1-2). Ele é alguém que anuncia a Palavra de Deus. “Os diferentes ministérios podem parecer novos, mas ligados à experiência da Igreja desde o início do cristianismo. Reconhece o ministério do catequista, entre outros, como precioso para a vida e a missão da Igreja (EN 73). Pe. Jânison, contudo, trouxe um trecho da carta de São João Paulo II ( A catequese hoje, Catechesi Tradendae), onde afirma que os catequistas leigos/as devem ser cuidadosamente formados para exercerem uma missão de grande importância na Igreja, mesmo não recebendo um ministério formalmente instituído. “Isso significa que não devemos nos preocupar se ele é instituído ou não. Nossa missão é servir. De qualquer maneira estamos servindo, realizando um serviço precioso, de excelência na Igreja”, ponderou o sacerdote. O sacerdote destacou que a catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé. “Promove a iniciação à vida comunitária, à liturgia e ao compromisso pessoal e com o Evangelho. Mas prossegue pela vida inteira aprofundando essa opção e fazendo crescer no conhecimento”, explicou. Portanto, enfatizou: A catequese não termina. “Enquanto vivermos, estamos aprendendo. Enquanto vivermos estamos nessa escola de Jesus, nessa opção, fazen-
do crescer no conhecimento na participação e na ação”, acrescentou. Na sua apresentação, disponível na página da Vozes, o sacerdote fez uma apresentação didática de todo o significado da instituição deste ministério. “Nós, os educadores da fé, no conjunto orgânico dos ministérios que assumem a vida e a missão da Igreja, assumem a tarefa de, no seio da comunidade eclesial missionária, educar na fé aqueles e aquelas que, tendo recebido a palavra do Evangelho, a acolheram globalmente e a ela aderiram de mente aberta e coração sincero”, disse.
Algumas dúvidas esclarecidas por Pe. Jânison: 1. Quando teremos o rito de instituição? Precisamos aguardar que chegue de Roma (Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos) 2. A proposta formativa e os critérios para a instituição (Conferência Episcopal) Até o final do ano chegará às Dioceses. 3. T odos serão instituídos? Serão elaborados alguns critérios, como por exemplo: Ter idade mínimo de 20 anos; participar na comunidade eclesial missionária; participar das escolas catequéticas e abertura para a formação permanente; dar testemunho de fé; ter recebido os sacramentos da IVC; formação imediata antes de receber o ministério. Pe. Jânison encerrou a Semana com a bênção
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Exposição Fotográfica mostra a história de 110 anos Igreja da Imaculada dos Capuchinhos A Igreja Imaculada Conceição, dos Frades Capuchinhos, na Av. Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo – SP, iniciou a comemoração pelos seus 110 anos de inauguração. Uma exposição foi montada na entrada da igreja mostrando como a cidade de São Paulo se transformou neste período ao mesmo tempo em que a igreja foi constantemente modificada, por dentro e por fora. É a primeira vez em 20 anos que os frades exibem o acervo de fotografias e textos de seu arquivo. A exposição vai até o final do mês de setembro. Nestes 110 anos, a igreja mudou muito: finalizada em 1911, ao lado do grandioso convento que os frades haviam construído (onde hoje localiza-se um hipermercado), já teve uma torre sineira na parte de trás. Essas transformações ocorreram ao mesmo tempo em que a cidade se transformava ao redor, tendo suas ruas asfaltadas e as casas construídas e depois demolidas para dar lugar aos prédios.
Exposição retrata transformações “Dentre as fotos que estamos expondo estão imagens do nosso arquivo que mostram a igreja original, na cor branca. Quando pintada pelos irmãos Pedro e Uderico Gentili, os frades foram criticados, pois algumas pessoas acreditavam que a simplicidade franciscana havia se perdido com a decoração da igreja. Conta-se ainda que Paulo Setúbal, importante jornalista da época, lançou uma nota no Estadão lamentando profundamente a transformação”, explica Frei Pedro Cesar, coordenador da comissão de comunicação dos frades. Ao final do circuito percorrido pelo espectador na exposição, no lado externo, os visitantes são convidados a entrar no
prédio, guiados por um áudio que explica detalhes da igreja, como um remanescente do piso original em ladrilho hidráulico em um dos altares laterais.
No largo São Francisco até 1909 Enquanto a Ordem Terceira da Penitência, no Largo São Francisco, foi dirigida pelos religiosos, como conta Frei Basílio Röwer, no livro “Páginas de história franciscana no Brasil”, conservou-se nela mais ou menos o espírito da instituição: “Depois decaiu como todas as suas congêneres. Desde 1828, não havendo mais religiosos
no Convento, a direção esteve confiada a sacerdotes seculares, como comissários, com patente do Provincial. De novembro de 1897 a fevereiro de 1909 estiveram hospedados nas dependências da Ordem os revmos. Padres Capuchinhos, que muito fizeram para restaurar a observância da Regra e piedade”. O superior na missão, Frei Camilo de Valda, com um grupo de frades, continuou formando a fraternidade no Largo São Francisco até 13 fevereiro de 1909, quando, então, todos se transferiram para o novo convento que tinham construído na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, a um quarteirão da recém-aberta Avenida Paulista. Por intermédio de Mons. Duarte Leopoldo e Silva, então vigário de igreja Santa Cecília, foi comprado esse terreno nas proximidades da Avenida Paulista, a quase três quilômetros de distância do Largo São Francisco. Paulo Henrique Silva ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO
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A música volta aos corredores do Instituto dos Meninos Cantores
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esde o início do mês de setembro, os Corais dos Canarinhos de Petrópolis (RJ) retornaram com os ensaios de modo presencial no Instituto dos Meninos Cantores (IMCP). Após um ano e meio com eventos, ensaios e concertos de forma virtual e a distância, os coralistas voltam a dar vida ao prédio do ICMP, que respira música. Segundo Frei Marcos Antonio de Andrade, é muito bom poder ouvir novamente música nos corredores do IMCP. “Cantem muito”, desejou o presidente. A gestora do IMCP, Rose de Mello, garante que todas as medidas de segurança estão sendo cumpridas e observadas. Para o maestro e diretor artístico, Marco Aurélio Lischt, este é o momento de recomeçar aos poucos, visto que o primeiro contato com os coralistas que ingressaram no último ano foi realizado apenas agora.
AGENDA E NOVIDADES A agenda do coro de meninos cantores mais antigo do país já está recheada de atividades e eventos. No domingo (19/09), um pequeno grupo de meninos cantores voltou para o presbitério da Igreja do Sagrado, para entoar os cantos da Celebração Eucarística das 10 horas. Vale lembrar que o coro cantou ininterruptamente essa missa por mais de 78 anos. E neste último ano, o coral ganhou a força dos frades franciscanos do Convento do Sagrado que, sob o auxílio do mestre Frei Marcos, fizeram nascer o Coral dos Frades do Tempo da Teologia e foram fiéis à tradição de cantar a missa das 10 horas. No dia 30 de setembro, o Coral dos Canarinhos fará uma apresentação ao vivo,
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às 20 horas, na Serra Serata, festival que homenageia a cultura italiana na Cidade Imperial e que vai ocorrer entre os dias 24 de setembro e 3 de outubro. O evento é presencial e também será transmitido pelas redes sociais do IMCP. Além disso, no dia 4 de outubro, às 9 horas, dia em que toda a família franciscana celebra São Franciscano de Assis, o Coral dos Canarinhos apresentará pelo canal do YouTube do IMCP, o “Especial de São Francisco”.
Já o Coral das Meninas dos Canarinhos se prepara para completar 33 anos de criação em meados de outubro. Um especial está sendo preparado e vai exibir músicas inéditas “Gravada em Casa”, seguida de canções já gravadas e outras surpresas. Acompanhe as atividades dos Corais dos Canarinhos pelo site: www.canarinhos. com.br Frei Augusto Luiz Gabriel
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Coral dos Canarinhos faz primeira apresentação presencial na pandemia
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o dia 1º de setembro, o Coral dos Canarinhos do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (RJ) fez a primeira apresentação presencial na pandemia, após mais de um ano de atividades e gravações realizadas apenas de modo remoto. Com um coro reduzido para 12 meninos, o coral de meninos mais antigo do país marcou presença na reunião da Frente de Evangelização da Educação, da Província Franciscana da Imaculada da Conceição do Brasil, entoando a canção da “Oração da Paz”, esta que é símbolo de São Francisco de Assis. O maestro e diretor artístico, Marco Aurélio Lischt, regeu o coro e emocionou frades e colaboradores do Grupo Educacio-
nal Bom Jesus, Universidade São Francisco e Instituto Teológico Franciscano, que se fizeram presentes no evento. A reunião contou também com a presença do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que em sua fala para todos os leigos e frades envolvidos na educação da Província, que compreende as regiões sul e sudeste do Brasil, ressaltou a importância da paz nos momentos difíceis de nossas vidas, enfatizando que São Francisco sempre pregava como primeira expressão a saudação: “Que a paz esteja convosco”! Desde o dia 31 de agosto, o coro retornou ao Instituto de Meninos Cantores para os ensaios presenciais. As turmas foram
divididas por naipes musicais e em pequenos grupos para que se possa seguir todos os protocolos e medidas sanitárias de segurança.
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EVANGELIZAÇÃO
ENCONTRO AMPLIADO DIRETRIZES DA FRENTE DE EVANGELIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DA PROVÍNCIA Das 14h às 16h50, do dia 1 º de setembro de 2021, realizou-se o Encontro Ampliado on-line da Frente de Evangelização da Educação com o tema: Diretrizes da Frente de Evangelização da Educação da Província:
reflexões e possíveis atualizações e complementos. O referido Encontro contou com a presença on-line de quase 70 participantes, previamente convidados, do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis
Historicamente, a Igreja Católica e a Ordem têm identificado na educação um espaço privilegiado de evangelização, de formação acadêmica e integral do ser humano. Eis porque o Encontro Ampliado on-line da Frente de Evangelização da Educação ocorreu com base em cinco objetivos, a saber: 1.º) refletir sobre o tema: “Diretrizes da Frente de Evangelização da Educação da Província – reflexões e possíveis atualizações e complementos”; 2.º) fazer memória da história e da presença dos Franciscanos na missão da educação; 3.º) discernir os motivos pelos quais queremos estar como Franciscanos na missão da educação;
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(IMCP), do Instituto Teológico Franciscano (ITF), da Universidade São Francisco (USF) e do Grupo Educacional Bom Jesus (FAE Centro Universitário e Unidades do Colégio Bom Jesus).
4.º) explicitar de que modo queremos estar e atuar na missão da educação; 5.º) identificar os principais riscos à missão na educação. Após breve acolhida, os participantes tiveram a alegria de prestigiar a transmissão via youtube do Coral dos Canarinhos de Petrópolis a entoar de modo presencial (ao vivo) no presbitério da Igreja do Sagrado Coração de Jesus a Oração da Paz, atribuída a São Francisco. Em seguida, o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanböemmel manifestou, em nome do governo provincial, gratidão a todos que congregam e atuam pela Frente de Evangelização da Educação. Frente essa que “marcou a história da nossa Província, sobretudo a Província restaurada, que desde a chega-
EVANGELIZAÇÃO
da dos primeiros Frades restauradores sempre teve presente o valor da atuação evangelizadora na educação.” Baseando-se nas recentes mensagens do Papa Francisco, Frei Fidêncio realçou a importância de colocarmos “no centro do processo educativo e formativo a pessoa humana, o ser humano de hoje, ou seja, as crianças, os adolescentes, os jovens. A eles nós não queremos transmitir apenas conhecimentos, mas também valores, imbuídos de paixão e muito amor.” Da Sede da Ordem em Roma, o Definidor Geral para a América Latina e nosso Visitador, Frei César Külkamp, deixou a sua mensagem aos participantes, lembrando-nos da importância do Encontro Ampliado da Frente de Evangelização da Educação. Confidenciou-nos o quanto, “participando já do Encontro do Governo Geral da Ordem nestes dias, a educação está sendo vista como um meio oportuno de evangelização no enfrentamento das grandes dificuldades do nosso tempo: o enfrentamento do individualismo, do fechamento em realidades muito locais que levam a uma insensibilidade com o que se passa em outras regiões do mundo; o enfrentamento da insensibilidade com a pobreza, com a miséria, com a destruição ambiental, com tantas situações de catástrofes do nosso tempo, com a crise sanitária provocada pela pandemia ainda em curso. Em face a tais problemas, os valores franciscanos da solidariedade, da paz, da justiça, do diálogo com a diversidade cultural e religiosa, da Fraternidade com toda humana criatura e com toda a Criação são considerados muito atuais, pois nos inspiram um modo todo próprio de como enfrentar essas dificuldades. Trata-se de um tesouro muito precioso que temos em nossas mãos para transformar o mundo e gostaria de que este Encontro Ampliado viesse a ser um momento forte e inspiracional para promovermos estes valores, evidenciando-os cada vez mais nas nossas instituições de ensino
que compõem a Frente da Educação como um sinal do nosso testemunho para o mundo de hoje. Após saudar a todos, o Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização Frei Gustavo W. Medella expressou inicialmente sua alegria pelo “reencontro tão providencial com o Coral dos Canarinhos na abertura do Encontro da Frente da Educação, ainda mais ouvindo por meio da canção entoada as palavras tão inspiradoras da Oração de São Francisco. O recado que tenho é em relação aos objetivos que o Encontro de hoje nos propõe: a revisão das Diretrizes da Frente da Educação no Plano de Evangelização em vista do Capítulo Provincial que se avizinha. Mais importante do que chegar a um texto definitivo em si é a oportunidade que temos de participar do mencionado processo de revisão das Diretrizes dessa Frente, servindo-nos da metodologia SWOT, adotada ultimamente pela Ordem, buscando identificar de modo diagnóstico forças e fraquezas, oportunidades e ameaças à nossa missão franciscana na educação. Forças e fraquezas, oportunidades e ameaças que podem nos ajudar a encontrar pistas de propostas e de mudanças oportunas de serem feitas.” O Pró-Reitor Acadêmico da FAE Centro Universitário, Professor Everton Drohomeretski contribuiu fraternalmente com explicações complementares ao que Frei Gustavo já havia mencionado em termos de metodologia SWOT a ser levada em conta pelos participantes, tanto relação ao momento de reunião de seis grupos afins, como durante o plenário. A metodologia SWOT, segundo o Prof. Everton, “tem dois olhares: o olhar do ambiente interno das nossas instituições de ensino (pontos fortes e pontos fracos) e o olhar do ambiente externo (oportunidades e ameaças) às instituições de ensino da Província.”. O Plenário teve início logo após a reunião on-line dos seis grupos afins, repleto de excelentes aspectos a serem considerados, tais como: SETEMBRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 565
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a ênfase numa instituição de ensino “em saída”, disposta a ir ao encontro do outro. a promoção da prática da inclusão e do voluntariado nas instituições de ensino da Província.
PONTOS FRACOS a necessidade de uma coordenação pastoral mais orgânica e ampla das instituições de ensino da Província que compõem a Frente da Educação.
PONTOS FORTES a força da identidade e do carisma franciscano na missão da educação como fonte de uma formação integral das crianças, dos adolescentes e jovens das instituições de ensino da Província, inspirada na vida e na mensagem de Jesus Cristo. a clareza em termos de identidade, de carisma e de valores franciscanos já contemplada nas Diretrizes da Frente da Educação no Plano de Evangelização da Província, a justificar por que e como queremos estar nessa missão. a presença das instituições de ensino da Província em distintas regiões geográficas do Brasil possibilita a disseminação tanto dos valores franciscanos como da amplitude da presença franciscana, inclusive por meio dos recursos tecnológicos disponíveis. a história e da tradição franciscana na educação a nos dar respaldo, credibilidade, identidade e solidez em termos de atualidade dos valores franciscanos nas diferentes atividades acadêmicas e de extensão desenvolvidas. a consistente e permanente inserção na comunidade local, regional e nacional, dada à credibilidade das instituições de ensino da Província, seja em âmbito de Educação Básica e de Ensino Superior. a qualidade dos serviços ofertados pelas instituições de ensino da Província, principalmente em termos de formação integral dos alunos, da promoção do humanismo solidário e da qualificação de mão-de-obra para o mercado de trabalho. a boa integração entre Frades e Leigos nas instituições de ensino da Província a contribuir para o bom êxito na realização da missão na educação dos alunos e suas famílias. a presença mais frequente dos Frades nas instituições de ensino da Província nas quais têm sido possível.
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a ausência de um projeto de formação franciscana permanente a abranger os colaboradores leigos que estão atuando em prol da missão na educação. a falta de uma integração maior entre as lideranças das diferentes instituições de ensino da Província. a falta de um alinhamento mais amplo da missão franciscana na educação devido, em parte, à diversidade de instituições de ensino.
OPORTUNIDADES p romover os Encontros da Frente da Educação de modo a atingir um número maior de Leigos e Frades envolvidos com a missão da educação p oder compartilhar os diversos projetos que são desenvolvidos nas instituições de ensino da Província (Projeto Virtudes, Projeto do Tempo Franciscano, Projeto Bom Jesus Social, Projeto FAE Social, entre outros) que são estratégias bem-sucedidas de fazer chegar aos alunos e suas famílias a dimensão franciscana da vida. a presença das instituições de ensino da Província em distintas regiões geográficas do Brasil nos possibilita tanto acolher como interagir com um significativo contingente de crianças, adolescentes e jovens, oportunizando-os aprendizados em termos de valores franciscanos, tais como a fraternidade, a solidariedade, o sentido da vida, entre outros. a disposição de um conjunto de recursos humanos e tecnológicos das instituições de ensino da Província em prol da missão franciscana na educação. a implantação de um consistente processo de disseminação dos valores franciscanos como contraponto à cultura atual, inclusive em termos de fortalecimento de forças culturais locais.
EVANGELIZAÇÃO
a promoção do serviço de animação vocacional. a ampliação de estratégias para uma comunicação assertiva voltada ao autoconhecimento, à empatia, à formação de lideranças com base em habilidades socioemocionais, entre outros. a oportunidade de atuar em meio a uma sociedade plural, sendo espaços de acolhida, de escuta, de promoção do humanismo solidário, da inclusão dos menos favorecidos e de diálogo. a integração com outras Frentes de Evangelização da Província com tratativas voltadas à inserção social e promoção da melhoria das condições de vida da população menos favorecida. a ampliação do Projeto Servir como uma das estratégias em prol da promoção de uma formação franciscana permanente dos colaboradores leigos que estão atuando em prol da missão na educação.
AMEAÇAS a instabilidade econômica e política. a mídia atrativa e perigosa. n ão dispor de um amplo plano de evangelização capaz de oportunizar às gerações escolares e universitárias com base nos valores franciscanos. a inserção dos grandes grupos econômicos internacionais no mercado educacional brasileiro. o uso indevido da tecnologia, inclusive endossando o individualismo, a insensibilidade social, entre outros. a intolerância cultural e religiosa, alimentadas por determinados fundamentalismos. a tendência em curso de uma sociedade cada vez mais armada. a oferta crescente por parte de outras instituições de ensino de cursos com mensalidades abaixo do custo real, a impactar na qualidade desses mesmos cursos. a instabilidade das políticas públicas em relação à educação. Após o referido plenário das contribuições dos seis grupos que tinham se constituído, a título de síntese e de considerações finais, Frei Gustavo realçou que o Encontro Ampliado irá nos “ajudar a perceber tanto onde estamos caminhando como aonde desejamos chegar enquanto Frente da Educação. Creio que todos os aspectos mencionados (forças, fraquezas, oportunidade e ameaças) vão nos subsidiar no Capítulo
Provincial que se aproxima, lembrando que a metodologia SWOT não se restringe a uma lista ou tabela de aspectos identificados, mas um dinamismo que deve nos pré-dispor a estarmos inter-relacionando tais aspectos com maestria. Dinamismo esse a potencializar a nossa atenção tanto para dentro (forças e fraquezas) como para fora (oportunidades e ameaças), procurando identificar onde podemos ser mais efetivos com relação à nossa missão evangelizadora na educação. Penso, por exemplo, que não podemos abrir mão de vários legados do pontificado do Papa Francisco, tão preocupado ele com a questão da justiça, o cuidado da Casa Comum, tão atento à relevância da educação às atuais gerações, à sustentabilidade e à economia inclusiva.”. Antes da bênção aos participantes, Frei Fidêncio agradeceu novamente a todos e a todas. Também compartilhou ainda uma importante reflexão: “Achei muito interessante hoje termos iniciado o nosso Encontro com o canto da paz, entoado pelos Canarinhos de Petrópolis... Sem dúvida alguma, a paz é o primeiro anúncio franciscano. É a palavra chave de todo anúncio franciscano. É a primeira palavra que São Francisco quer que nós seus seguidores digamos: a paz esteja com Vocês! A paz que São Francisco aprendeu do Evangelho. Achei fantástica a oração inicial evocando a paz. Sabemos que a temática da paz na vida e na espiritualidade franciscana não nasce em tempos de harmonia, mas em períodos de extrema dificuldade. Quem de nós não recorda a desavença que havia entre o Bispo e o Prefeito de Assis, aos quais São Francisco foi ao encontro proclamando ‘louvado sejas, meu Senhor pelos que perdoam’... Nós hoje também vivemos tempos extremamente difíceis e de carência da paz: a tensão no Afeganistão, a nossa crise hídrica, crise política e econômica... Na nossa missão evangelizadora creio que nós, Franciscanos e Franciscanas, temos que rezar sempre: Senhor, fazei de mim mensageiro de Tua Paz! Ou seja, que a Paz nasça de dentro de nossos corações, querendo sermos também homens e mulheres pacificadores do mundo de hoje.”. Às vésperas do próximo Capítulo Provincial, com este Encontro Ampliado on-line da Frente da Educação celebrou-se uma caminhada trienal repleta de inúmeros aprendizados. Aprendizados a convergir, seja para o testemunho da Fraternidade, seja à promoção do protagonismo dos Leigos enquanto dois dos principais pressupostos à evangelização na educação. Por cada um desses aprendizados durante este triênio (2019-2021), queremos – tal como salmista (cf. Sl 33), a cada passo e em todo o tempo bendizer ao Senhor Deus, o Altíssimo, a quem nossos louvores unicamente são devidos. Fraternalmente, Frei Claudino Gilz COORDENADOR DA FRENTE DE EVANGELIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
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Fotos: Vatican Media
EVANGELIZAÇÃO
HUNGRIA
Incansável, Francisco faz uma intensa viagem de quatro dias
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epois de 68 dias da cirurgia que sofreu, o Papa Francisco concluiu no dia 15 de setembro, a 34ª viagem internacional de seu Pontificado. Os destinos foram Budapeste, capital da Hungria, e Eslováquia, ambos países europeus. Em quatro dias – 12 a 15 de setembro – um conjunto de discursos e homilias, que somados a gestos e expressões marcaram não só húngaros e eslovacos, mas quem quer que acompanhou passo a passo do Pontífice. Na capital húngara, Francisco participou do encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional e esteve com autoridades civis, com os bispos e com o Conselho Ecumênico das Igrejas. A cordialidade marcou o encontro do Papa Francisco com o presidente da República da Hungria, o primeiro-
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-ministro e o vice primeiro-ministro. Aqui não houve um discurso formal do Papa, mas um diálogo que abordou alguns temas como o papel da Igreja no país, o esforço com a preservação do meio ambiente, a defesa e promoção da família. Francisco reuniu-se com a Conferência Episcopal da Hungria deixando três indicações centrais: que os bispos sejam anunciadores do Evangelho, testemunhas de fraternidade e construtores de esperança. Dar às vozes eco de esperança e de paz foi o pedido do Papa nessa ocasião. Ele falou sobre os esforços pela unidade, fraternidade e tolerância. “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Essa pergunta de Jesus aos discípulos foi o ponto de partida da homilia do Papa Francisco na Missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional. O Papa frisou que
a Eucaristia recorda quem é Deus, Pão partido, Amor crucificado e doado. Domingo, como de costume, Francisco rezou o Angelus com os fiéis ao final da celebração eucarística. Lembrando que Eucaristia significa “ação de graças”, deixou seu agradecimento aos cristãos húngaros e todos que o acolheram.
MARCA ECUMÊNICA Na Eslováquia, no coração da Europa, a viagem apostólica do Papa Francisco deixou uma forte marca ecumênica. O tema da abertura - o Pontífice partiu com um convite aos cristãos para serem construtores do diálogo em meio aos egoísmos - marcou os encontros nesta terra, entre o Oriente e o Ocidente, assim como na Hungria. Algumas horas após o final da visita de Francisco,
EVANGELIZAÇÃO
Dom Cyril Vasil’, Eparca greco-católico de Kosiçe, recorda as etapas: “Todos poderão tirar conclusões desta visita, encontrar alguns gestos ou algumas expressões em vários níveis. No nível social, por exemplo, seu encontro com representantes do Estado, a Presidente da Eslováquia e outros representantes do governo teve impacto na opinião pública porque pôde-se ver que há a possibilidade de diálogo com o mundo secular, o mundo político e a fé católica. Eles também representam o desejo de fazer o bem comum. Portanto, o Santo Padre, dirigiu-se tanto para o mundo social e político e, durante o encontro ecumênico, quanto aos bispos e sacerdotes na Catedral de São Martinho. Lembrou-lhes precisamente da maneira evangélica de se colocar no mundo de hoje, com maior humildade e vontade de aceitar desafios, não em tom de desafio, mas com a oportunidade de dar testemunho da fé, da verdade e do Evangelho”. O Papa ficou contente por seu primeiro compromisso na Eslováquia ter sido um encontro ecumênico. “Constitui um sinal de que a fé cristã é – e quer ser – neste país semente de unidade e fermento de fraternidade”, explicou. Às autoridades, sociedade civil e corpo diplomático da Eslováquia, o Papa destacou duas expressões da hospitalidade eslava: o pão e o sal. A partir de tais expressões, falou sobre partilha e o sabor da solidariedade,
além do papel central dos jovens no futuro do país. Na Catedral de São Martinho, na capital Bratislava, Papa Francisco reuniu-se com os bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas. No discurso, indicou com três palavras o que se espera da Igreja: liberdade, criatividade e diálogo. “Peregrino em Bratislava, abraço com afeto o povo eslovaco e rezo por este país de raízes antigas e com rosto jovem, para que seja uma mensagem de fraternidade e de paz no coração da Europa”. Essa foi a mensagem que o Papa deixou ao assinar o Livro de Honra, no Salão de Ouro do Palácio Presidencial em Bratislava. Um dos momentos tocantes da viagem foi o encontro com a comunidade judaica na Praça Rybné námestie, na capital Bratislava, símbolo do sofrimento dos judeus eslovacos no século XX. Ocasião em que Francisco reiterou a condenação a todo tipo de violência e forma de antissemitismo. Na programação da viagem, o Papa quis incluir uma visita ao Centro Belém, administrado pelas Missionárias da Caridade, para encontrar os pobres ali assistidos e conhecer o apostolado das irmãs. Um momento de emoção, alegria, familiaridade e solidariedade. Fechando seu dia de atividades na segunda-feira, 13, o Santo Padre recebeu na Nunciatura Apostólica em Bratislava o pre-
sidente do Parlamento e sucessivamente o primeiro ministro, acompanhados pelos respectivos familiares. Um dos momentos bastante significativos da visita papal à Eslováquia foi a celebração da Divina Liturgia Bizantina de São João Crisóstomo, presidida pelo Papa. No dia em que a Igreja celebrou a Exaltação da Santa Cruz, Francisco destacou que um cristianismo sem cruz é mundano e se torna estéril. Na cidade de Košice, o Papa visitou a Comunidade Rom, no bairro Luník IX, localizado na periferia da cidade e que reúne cerca de cinco mil pessoas de origem cigana, submetidas a uma condição de degradação e pobreza. Francisco fez um discurso enfático em defesa do diálogo e da integração, contrapondo o preconceito. O amor é o maior sonho da vida, mas custa; é lindo, mas não é fácil. Essas foram algumas palavras do Papa no encontro com os jovens. O pedido de Francisco foi que eles não banalizem o amor: “O amor é fidelidade, dom, responsabilidade”. O Papa Francisco teve um encontro privado com os bispos da Eslováquia para um momento de oração. O encontro foi antes da Missa no Santuário de Nossa Senhora das Sete Dores, a padroeira nacional do país. No dia 15 de setembro, dia de Nossa Senhora das Dores, Maria esteve no centro da homilia de Francisco. (Veja na última página)
ESLOVÁQUIA
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CFMB
Beatificado Frei Mamerto Esquiú, franciscano e bispo argentino
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Missa com a cerimônia de beatificação de Frei Mamerto Esquiú, franciscano da Província de Catamarca, Argentina, foi celebrada às 10 horas do sábado, 4 de setembro, na esplanada da Igreja de San José em Piedra Blanca, cidade natal de Esquiú. O novo beato nasceu em 11 de maio de 1826 e fez a profissão religiosa como frade menor na Província franciscana da Assunção da Virgem do Rio de la Plata em 14 de julho de 1842. Em 18 de outubro de 1848 foi ordenado sacerdote e, a partir de 1850, passou a lecionar no seminário de Catamarca, exercendo também a função de pai espiritual. Estimado pela sua piedade e integridade moral, entre 1855 e 1862 exerceu os cargos de deputado e membro do Conselho Deliberativo de Catamarca. Em 1862 mudou-se para a Bolívia como missionário e, em 1864, foi nomeado professor do seminário de Sucre. O Papa Leão XIII o nomeou bispo de Córdoba na Argentina. Recebeu a ordenação episcopal em 12 de dezembro de 1880. Na sua diocese distinguiu-se pela intensa vida de oração, ajuda espiritual e material aos pobres, zelo e caridade pastoral, formação dos seminaristas, fundação de irmandades e associações de fiéis, pregação ao povo e cursos de exercícios espirituais. Mamerto Esquiú morreu em 10 de janeiro de 1883 em Posta del Suncho, Argentina. O decreto sobre suas virtudes heroicas foi promulgado em 16 de dezembro de 2006 Por conta da Covid não houve uma participação massiva que, como informa um comunicado, teria sido “o desejo do povo e de todos que esperaram por este grande acontecimento por mais de um século”, mas muitos puderam acompanhar a celebração pela rádio, mídias digitais e redes sociais. Para a beatificação do frade franciscano, os postuladores apresentaram para exame da Con-
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gregação para o Causas de Santos a suposta recuperação milagrosa, atribuída à intercessão do frade, de uma menina com “osteomielite aguda com evolução crônica e artrite séptica”. A cura ocorreu em janeiro de 2016 na Argentina. A Missa foi presidida pelo legado apostólico Luis Héctor Villalba, cardeal argentino, arcebispo emérito de Tucumán, acompanhado por um grupo de bispos do país. Mamerto Esquiú como religioso, como sacerdote, como bispo “é um modelo a ser imitado”, disse o cardeal, “é um intercessor por nós”. “A Igreja diz-nos, beatificando-o, que podemos invocá-lo e rezar a ele, porque ele já participa da felicidade eterna”. A sua beatificação, prosseguiu, é um convite a todos para caminhar “nas pegadas abertas por Jesus Cristo”, isto é, “um convite para caminhar para a santidade”. E Frei Mamerto Esquiú queria ser um Santo e em sua vida procurou, antes de tudo, fazer a vontade de Deus, a todo custo. Mamerto Esquiú também era um sacerdote de profunda oração, acrescentou o cardeal. “Foi um bispo missionário que se dedicou a visitar
todas as comunidades da sua extensa diocese”, e foi também “um bispo pastor que se distinguiu pela sua humildade, pela pobreza e pela austeridade da sua vida”. Esquiú “era um pastor que se doava aos pobres no estilo de São Francisco. Era incansável na assistência aos enfermos e na administração dos Sacramentos”. “O beato Mamerto Esquiú - disse ainda o legado apostólico, descrevendo a figura do novo beato - é reconhecido como uma das grandes figuras de nosso país por seu patriotismo exemplar. Ele iluminou a ordem temporal com a luz do Evangelho, defendendo e promovendo a dignidade humana, a paz e a justiça”. Fonte: Vatican News (texto de Adriana Masotti)
Agenda 2021
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
AS ALTERAÇÕES E ACRÉSCIMOS ESTÃO DESTACADOS EM VERMELHO.
OUTUBRO
02
Missa em Ação de Graças pelos 35 anos do Pró-Vocações e Missões Franciscanas (Largo São Francisco - São Paulo - SP)
04
São Francisco de Assis
06 a 08
Reunião das Conferências dos Frades Menores do Brasil e Cone Sul - São Paulo
16 a 25 Novena e Festa no Santuário Frei Galvão Guaratinguetá
23
NOVEMBRO
12 a 14 Estágio Vocacional (Ituporanga - SC)
Live Vocacional – Ituporanga (SC) e Rodeio (SC)
13
30 a 02
22 a 30
Estágio Vocacional (Guaratinguetá - SP)
Capítulo Provincial em Agudos
Profissão Solene - Petrópolis
Cúria Geral: anúncio de nomeações oficiais O Ministro Geral, Frei Massimo Fusarelli, junto com o Vigário geral, Pe. Isauro Covili Linfati, e os oito Definidores gerais se reuniram de 6 a 15 de setembro de 2021 na Cúria Geral OFM de Roma para discutir assuntos relacionados ao governo, administração e animação da Ordem. Nesta reunião do Tempo Forte, o Governo Geral reuniu-se com os Secretariados Gerais e diversos Escritórios, tratou de assuntos internacionais imediatos e discutiu a orientação da Ordem para o sexênio 2021-2027, incluindo as formas práticas de implementação das orientações e diretrizes do Capítulo Geral em julho de 2021. Depois de confirmar Frei Giovanni Rinaldi como Secretário geral ad interim até 31 de agosto de 2022, o Definitório geral elegeu para o próximo sexênio: Frei Francisco Gómez Vargas, da Província de São Paulo Apóstolo, Colômbia, Secretário Geral para as Missões e Evangelização; Frei Darko Tepert, da Província dos Santos Cirilo e Metódio, Croácia, Secretário geral para a Formação e os Estudos; e Frei Claudio Durighetto, da Província Seráfica de São Francisco de Assis, Itália, Procurador Geral da Ordem. Junto com as eleições para o sexênio, o novo Guardião da Fraternidade da Cúria
Geral-Santa Maria Mediatrice foi eleito para este triênio na pessoa do Frei Maciej (Krzysztof) Olszewski, da Província de São Francisco de Assis, Polônia.
Além disso, as seguintes nomeações oficiais foram feitas: Frei Dennis Tayo, da Custódia de Santo Antônio de Pádua, Filipinas, Animador geral para as Missões; Frei Hieronimus Yosep Dei Rupa, Secretário Geral Adjunto para a Formação e os Estudos; Frei Chryzostom (Jarosław) Fryc, Secretário do Gabinete do Procurador-Geral; Fr. Evodio João, da Custódia de Santa Clara, em Moçambique, Diretor do Gabinete
de Comunicação; Fr. Fabio César Gomes, da Província da Imaculada Conceição da BVM, Brasil, Delegado Geral Pró-Monialibus; Fr. Israel Porras Alvarado, da Província dos Ss. Pedro e Paulo, México, Vice-Diretor do Escritório do Protocolo Geral; Fr. Baptist D’Souza, da Província de S. Tomás Apóstolo, Índia, Vice-Diretor do Departamento para o Desenvolvimento; Fr. Angel Edwin Montoya, da Província de São Francisco, Equador, Reitor dos Estudantes da Fraternidade do “Beato Gabriele M. Allegra”, CISA; A confirmar: Secretário Pessoal do Ministro Geral; e o Diretor do Escritório de Desenvolvimento.
Oração do Papa “NOSSA SENHORA, CURAI COM A VOSSA DOÇURA AS NOSSAS FERIDAS” Nossa Senhora das Sete Dores, estamos reunidos aqui diante de Vós como irmãos, agradecidos ao Senhor pelo seu amor misericordioso. E Vós estais aqui conosco, como com os Apóstolos no Cenáculo. Mãe da Igreja e Consoladora dos aflitos, voltamo-nos confiadamente para Vós, nas alegrias e fadigas do nosso ministério. Olhai para nós com ternura e acolhei-nos nos vossos braços. Rainha dos Apóstolos e Refúgio dos pecadores, que conheceis as nossas limitações humanas, os falhanços espirituais, o sofrimento pela solidão e pelo abandono: curai com a vossa doçura as nossas feridas.
Mãe de Deus e nossa Mãe, confiamo-Vos a nossa vida e a nossa pátria, confiamo-Vos a nossa própria comunhão episcopal. Obtende-nos a graça de vivermos fielmente dia a dia as palavras que o vosso Filho Jesus nos ensinou e que agora, n’Ele e com Ele, dirigimos a Deus nosso Pai. O Santo Padre e os Bispos rezam o Pai Nosso: Ó Deus, que concedeis à vossa Igreja imitar a Bem-aventurada Virgem Maria na contemplação da paixão de Cristo, dai-nos, por sua intercessão, a graça de nos configurarmos cada vez mais ao vosso Filho unigénito e chegar à plenitude da vossa graça. Ele vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém Último dia (15/9) da viagem do Papa à Eslováquia, antes de celebrar a Santa Missa no Santuário de Nossa Senhora das Sete Dores.