Paróquia do Sagrado Coração de Jesus Petrópolis/RJ
137 anos de história em nossas mãos!
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BOLETIM DA PARÓQUIA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS OUTUBRO | novembro | 2012
ANO IX • Nº 167
Francisco de Assis... do mundo... da nossa vida Há oito séculos, o carisma franciscano continua a nos encantar e a abrasar os corações sedentos por Deus ESPECIAL SÃO FRANCISCO DE ASSIS Conhecer não te compromete...acertar te realiza
“Como é glorioso, santo e sublime ter nos céus um Pai!” (1 Fi 11)
FESTA DE SAO FRANCISCO DE ASSIS
no Sagrado
Triduo de 01 a 03 de outubro Sempre na missa das 18h > DIA 4 (Dia Santo): Missas às 7h (com benção do bolo após a missa), 15h (na OFS), 18h (solenidade celebrada por Monsenhor Paulo Daher) e 19h30 De hora em hora, das 8h às 17h: Benção dos animais.
Tarde de prêmios
Domingo, 14 de outubro, às 14h, no Sagrado Cartelas a R$ 10,00
• Mais de 2500 pessoas estiveram presentes a Super Tarde de Prêmios que aconteceu no Sagrado, no ultimo dia 2 de setembro. Sob o forte calor de mais uma bela tarde de sol, fieis e paroquianos se divertiram na tentativa de ganhar um automovel, um dos prêmios distribuídos.
Prêmios: Tv, Bicicleta, Moto 0 Km, Máquinha de Lavar Roupas, Moto Infantil, Microondas e R$ 500,00 em espécie. Rodada extra – cartela a R$ 3,00 Favor trazer canetas para marcação
Todas as sextas-feiras, no Sagrado, FORMAÇÃO PERMANENTE. Venha aprofundar a fé a partir do estudo do CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. O Diácono Frei André Henriques, ofm, é quem ministra os encontros. Participe! Sua presença é muito importante.
Boletim de circulação interna Paróquia do Sagrado Coração de Jesus – Diocese de Petrópolis Rua Montecaseros, 95, Centro ✆ (24) 2242.6915 lacosepassos@uol.com.br Responsável: Frei Adriano Freixo Pinto, ofm Jornalista responsável e Coordenador da Pastoral Comunicação: Michaell Grillo Editoração e Produção gráfica: arteg ✆ (24) 2237.9759 info@arteg.com.br Impressão: Carfel Editora Gráfica ✆ (24) 2237.2523 Tiragem: 2.500 exemplares • Distribuição Gratuita Sugestões poderão ser enviadas para o endereço acima.
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• Frei Adriano, nosso pároco, recebe homenagem do 32º Batalhão da Cidade de Petrópolis.
“Amemos, portanto, a Deus a adoremo-lo com o coração puro” (2 Fi 19)
Francisco e a mudança de vida: amar como Deus ama Frei clauzemir maxmovitz
• Conversão certamente é processo. Não momento. Geralmente achamos também que é preciso um longo caminho de conversão para possibilitar um encontro com Deus. Grande engano. Nenhuma transformação na nossa vida (e conversão significa exatamente isso, voltar-nos na direção de Deus) é possível se não fruto de um encontro com Deus. Não é o longo caminho de penitência que nos leva a Deus. É justamente o encontro com Deus que ilumina nossa vida e nos faz reconhecer que só Ele tem valor – tudo o mais é relativo – para que possamos abrir mão do secundário (penitência). Francisco de Assis (assim como cada um de nós) se encontrou com Deus desde sua concepção, e cada momento de sua vida – porque Deus jamais se
afasta. Quando, na juventude parecia sempre inquieto, insatisfeito, sempre querendo algo mais, mais festa, mais diversão... Já havia sido encantado por Aquele que é o tudo em nossa vida, apenas ainda não tinha se dado conta. Em sua busca constante, em algum momento Deus lhe falou diretamente; ou em algum momento Francisco parou e escutou o que Deus lhe falava constantemente – como a cada um de nós. O encontro com o leproso não foi mágico, foi magnífico. Francisco não decidiu ali mudar de vida, mas ali percebeu sua decisão e simples necessidade de Deus. O encontro com o leproso foi um grande marco. E nós precisamos de marcos em nossas vidas. Momentos que dão força, que atestam – significam – nossa decisão maior, nossa opção primeira pelo Cristo, pela vida, pela felicidade verdadeira.
O leproso representava tudo quanto a classe a que Francisco pertencia, dos novos ricos, lutava contra: exclusão social, solidão, tristeza, repugnância, fome, miséria humana. O beijo é a livre acolhida não por razões humanas ou sociais, mas porque perante a grande graça do amor e companhia de Deus, tudo se transforma. Sua vida não estava mais alinhada à daquela nova classe. Todo o seu ser já se direcionava (já se convertera) para Deus, o único caminho. Diante da grande felicidade de um Deus que se importa com cada um de nós, porque nos ama... nada mais tem valor fora disso, e nisso tudo adquire um novo valor. Conversão não é fazer coisas, mas também não é ficar parado. Conversão é amar como Deus ama, e tudo o que Ele ama, inclusive a nós mesmos.
Francisco e a fraternidade: todos somos irmãos Frei leonardo pinto dos santos
• “E depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrou o que deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu deveria viver segundo a forma do Santo Evangelho” (Test. 14). Com essas palavras, São Francisco afirma e indica um aspecto fundamental e imprescindível para se viver a Boa Notícia apregoada pelo Senhor: a fraternidade. Inicialmente, quando ouviu o chamado de Deus, pensou o Santo que era um projeto que deveria realizar sozinho, sem a ajuda de qualquer pessoa, principalmente pelas palavras que o Cristo, do alto da Cruz, em São Damião, lhe dirigira: “Francisco, vai e restaura a minha casa. Vês que ela está em ruínas” (LM 2,1). Iniciou, aí, uma verdadeira “reforma” da igreja de pedra, da pequena capelinha de São Damião. Mas o que o Senhor lhe pedira era muito mais do que simplesmente restaurar o templo de
pedra, mas sim uma verdadeira restauração do seu Corpo Místico, da sua Igreja espalhada pelo mundo inteiro. E isso começou a tornar-se claro e mais evidente a partir do momento em que começaram a aparecer os primeiros companheiros, que, entusiasmados e ansiosos em viver a alegria que o jovem Francisco inspirava, juntavam-se a ele. Porém, o mesmo Francisco queria simplesmente viver o Evangelho, sobretudo a maneira evangélica de viver: “não levar nem ouro nem prata, nem dinheiro no cinto, nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sapatos, nem bastão.” (LM 3,1). E como fazer com esses que queriam viver da mesma forma que ele? Qual o direcionamento tomar? Novamente, Francisco, em oração, pede ao Senhor: “Senhor que queres que eu faça, Senhor que queres de mim?” E assim o Senhor fez: indicou-lhes que o Evangelho, a Boa Notícia do Reino de Deus deve ser vivido no meio de homens e mulheres
do mundo, não afastado deles; e isso tudo, a partir da fraternidade. Por isso, da afirmação que ele faz: “depois que o Senhor me deu irmãos...”. Francisco descobriu que todos os seres criados possuem o mesmo Criador e Pai, e, consequentemente, todos são irmãos. E sendo Deus um Pai que ama, cuida e protege, seus filhos e filhas devem expressar em seus atos e relacionamentos o mesmo amor e o mesmo cuidado que emana d’Ele. Há 800 anos atrás, Francisco encantou jovens, próximos ou não a ele, a seguirem o mesmo ideal; jovens que deixaram tudo que possuíam para viver a mesma “loucura” da Cruz; para serem portadores do dom do Evangelho. Mas oito séculos depois, sua vida e carisma continuam atuais e ainda são uma proposta bastante provocadora para um mundo que necessita redescobrir o que ele percebeu e se encantou: “todos nós somos irmãos” (cf. Mt 23,8 e Rnb 22,33).
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“Ó santissimo Pai Nosso: criador, redentor, consolador e salvador nosso” (PN 1)
Cânticos das criaturas: o abraço entre Francisco e o cosmos Frei robson scudella
• “Foi assim que o Senhor concedeu a mim,
Frei Francisco, começar a fazer penitência”. Iniciando com estas palavras, ao fim de sua vida entre os homens, Francisco de Assis deixa seu testamento às gerações seguintes. Desse início do testamento, pode-se partir à busca de uma aproximação do Cântico das Criaturas, expressão do “abraço cósmico materno” dado por Francisco ao mundo criado por Deus. Francisco, ao reconhecer que o acontecido em sua vida não era por mérito próprio ou resposta aos seus desejos, mas sim, concedido pelo Senhor, confirma seu sim à pobreza de tudo, realizando, desta forma, a possibilidade de, como ser humano, aproximar-se mais Daquele que o chamava, não deitando o olhar sobre aquilo que poderia prendê-lo ao imediato. Somente aquele que deixou tudo, poderia perceber o real valor daquilo que estava próximo dele. Somente aquele que deixou tudo, poderia ver o que estava no itinerário que o aproximava de Deus.
Francisco, ao descobrir o Criador, não apenas como o Sumo Bem, mas como Pai, possibilita ao seu coração humano cantar as criaturas visto que percebe nelas a presença do próprio Deus, e, unindo-se a elas, louvar como convém louvar Àquele que deve e merece ser louvado. Francisco louva o Pai “por” suas criaturas. Louva por elas serem o que são e por lhe ser concedido a possibilidade de nelas poder louvar o Pai. Reconhecendo o verdadeiro valor de cada uma das criaturas, Francisco as livra da escravização e vitimização de seu prazer humano. O Cântico das criaturas expressa a compreensão de que se deve louvar a comunhão profunda que há entre a criação e o Criador. “Abraçava todas as criaturas no afeto de sua devoção ímpar e falava com elas sobre o Senhor, convidando-as a louvá-Lo”. Encontra-se, no Cântico, a expressão daquilo que Francisco buscou viver, depois que o Senhor concedeu a ele iniciar uma vida de penitência, que o permitiu ser um eterno cantor da vida, que supera todos os
Os escritos de São Francisco Frei marcel freire da silva, ofm
• Até alguns anos atrás os chamados “Escritos de São Francisco” não eram tão amplamente e criticamente conhecidos. Devido a inúmeros fatores históricos e culturais dos séculos que nos precedem. Mas atualmente, os textos da autoria de Francisco, sobre Francisco e atribuídos a ele se encontram disponíveis ao leitor interessado. Visto que Francisco foi uma grande personalidade já desde seu tempo, muito foi escrito sobre ele. Grandes biografias são conhecidas, como as de Tomás de Celano e São Boaventura, as Legendas do Anônimo Perusino e a dos Três Companheiros. Sem contar os outros textos e fragmentos que são atribuídos a São Francisco ou que relatam fatos da vida de Francisco e que, por vezes, não são históricos. O importante a ter diante dos olhos ao ler os textos dos “Escritos de São Francisco” é que não é uma simples literatura despojada de seu conteúdo e que pode ser lida e esquecida. Neles está descrita, por vezes clara ou mesmo obscura, uma experiência de vida. São Francisco é uma figura emblemática, a qual o Evangelho foi caminho e meta. Os escritos de São Francisco são, a bem da verdade, compilações, descrições biográficas, louvores, ditos, advertências, florilégios, colóquios acerca de Francisco. O leitor atento percebe que a cada página transparece uma leveza ardente e uma serena e jocosa liberdade que provém, não obstante, daquilo que é base ao franciscanismo, o Evangelho.
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limites e todas as barreiras, a ponto de incluir a morte corporal como louvor à vida, visto que esta leva o homem à criação redimida e reconciliada. O próprio Cântico inspira a maneira de como o louvor ao Pai deve ser realizado. Tem-se no Cântico o convite à vivência da alegria, na qual os homens se reconhecem na sua verdadeira posição no cosmo, como um jogral de Deus: “o que são na verdade os servos de Deus, senão jograis que procuram comover o coração dos homens, até os levar às alegrias do espírito?”. A criação de Deus é reconhecida por Francisco como amiga, irmã, mãe. Justamente por isto ele é escolhido e proclamado patrono dos cultores da ecologia, pelo Santo Padre João Paulo II, a 29 de novembro de 1979, que reconhece que Francisco “venerou a natureza como um dom maravilhoso dado por Deus aos homens”. Que a exemplo de Francisco o homem de hoje louve o Pai como convém, acrescentando ao Cântico o louvor que cada um pode oferecer.
“E os irmãos mostrem entre os pobres o prazer que têm entre si” (1 Fr 30)
Francisco e a Virgem Maria: o amor do santo à advogada da Ordem dos Frades Menores Frei monízio s. de campos
• A espiritualidade franciscana perpassa com grande veneração e paixão pela vida de Jesus e de sua mãe, Maria. São Francisco de Assis mostra-se um homem extremamente apaixonado pela cruz, onde faz a experiência com um Deus próximo e mais humano, realmente “Ele se fez carne e veio habitar entre nós (Jo 1, 14)”. Nesse processo amoroso notamos um Deus que quis ter uma mãe (e que quis nos dar uma mãe também!), quis alimentar-se do leite materno. Francisco logo que percebeu isso, buscou cultivar um profundo amor pela Mãe de Deus. Os escritos franciscanos atestam a grande devoção de Francisco por Nossa Senhora. O amor de Francisco por Cristo não podia deixar de alcançar a Virgem Maria. Seu amor por ela era indizível porque brotava no seu coração sempre que considerava que ela havia transformado em nosso irmão o próprio Rei e Senhor da glória; Ela se reveste em plenitude do Espírito Santo e irradiação do amor de Deus. Depois de Cristo, era em Maria que o homenzinho de Assis depositava toda sua confiança. Nela a união com a divindade a transforma, eleva-a, mas não absorve sua personalidade e nem tira sua normalidade. Modelo vocacional, Maria é a grande colaboradora do anúncio do bem: começou com Isabel, passou por Caná da Galiléia, acompanhou Jesus, esteve aos pés da cruz e fez companhia aos Apóstolos preparando a descida do Espírito Santo. O amor de Francisco à Mãe de Deus era tão forte, meigo e sensível que ele conseguiu fazer a experiência de Maria em sua vida e deixar a toda família franciscana o legado da devoção mariana. Diversos frutos surgiram dessa devoção franciscana à Santa Mãe de Deus. São belíssimas orações dirigidas à Virgem Maria, criadas pelo próprio Francisco ou pelos franciscanos, também a coroa franciscana das sete alegrias de Nossa Senhora (terço franciscano) e profundos estudos que
nos revelam a grande participação de Maria na história da salvação, como a verdade de sua imaculada conceição. Ela é também venerada como advogada da Ordem dos Frades Menores. Lendo sobre a vida de Francisco podemos observar sua estreita relação com Nossa Senhora. Logo que ouviu a voz do Senhor que disse “Vai e restaura a minha Igreja”, ele se pôs com grande dedicação e com as próprias mãos a reformar a igrejinha de Nossa Senhora da Porciúncula que ficava perto de Assis e estava abandonada: “Vendo-a (capela) São Francisco em tão ruinoso estado, e movido por seu indizível e filial afeto da soberana rainha do universo, se deteve ali com o propósito de fazer quanto fosse possível para sua restauração... Fixou neste lugar a sua morada, movido a isto pela reverência aos santos, e muito mais pelo entranhado amor da Mãe Bendita de Cristo” (Livro: O Pensamento Franciscano, Vozes). “O homem santo amou este lugar mais do que todos os outros do mundo, pois aí começou humildemente, aí cresceu virtuosamente, e aí terminou felizmente, recomendando aos frades, quando morreu, como o lugar mais querido pela Virgem” (Legenda Maior, 2, 8). Era nos braços da mãezinha em Porciúncula que o “Poverello” de Assis recobrava suas forças, era para aquele colo sagrado que ele voltava depois das pregações. E foi também para aquele lugar que ele, no fim de sua vida terrestre, pediu que o levassem. E sob o conforto da Virgem dos Anjos realizou seu encontro com a irmã morte e expressou seu projeto de vida: “Eu, frei Francisco, pequenino, quero seguir a vida e a pobreza do Altíssimo Senhor nosso Jesus Cristo e de sua santíssima Mãe e nela perseverar até o fim. (Mt 10, 2)”. (Regra de Santa Clara 6, 7). Que são Francisco nos inspire a cultivar uma sadia devoção à sua Mãe, e que ela nos acolha como filhas e filhos queridos. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
Oração de São Francisco a Santa Virgem Maria Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a vós, filha e serva do Altíssimo Rei e Pai celestial. Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo rogai por nós com São Miguel Arcanjo e todas as virtudes do céu, e todos os Santos junto à vosso Santíssimo e dileto Filho, nosso Senhor e Mestre. •5
“Altissimo, glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração...” (OC)
O perfeito amor A Senhora Pobreza: de São Francisco um jeito franciscano ao crucificado de amar Frei joão mannes • Celebrou-se no dia 17 de setembro a festa da impressão das chagas de São Francisco de Assis. Os estigmas que Francisco recebeu em 1224, no Monte Alverne, após uma visão do Cristo crucificado em forma de Serafim alado, são sinais visíveis de sua semelhança à humanidade de Cristo, nos seus três modos: na vida, na paixão e na ressurreição. Francisco encontrou-se pela primeira vez com o Crucificado na pequena Igreja de São Damião. Num certo dia, conduzido pelo Espírito, entrou nessa Igreja e prostrou-se diante da imagem do Cristo crucificado que, movendo de forma inaudita os seus lábios, disse: “Francisco, vai e restaura minha casa que, como vês, está toda destruída” (2Cel 10,5). E, conta-nos Celano, que Francisco sentiu desde então uma inefável mudança em si mesmo, pois são impressos mais profundamente no seu coração, embora ainda não na carne, os estigmas da venerável paixão. No entanto, foi ao ouvir o Evangelho acerca da missão dos apóstolos (Mt 10, 7-13), que Francisco compreendeu o real significado da voz do Crucificado, e imediatamente exclamou: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração” (1Cel 8,22). Assim, sob o toque ou o apelo de uma afeição, começou devotadamente a colocar em prática o que ouvira, isto é, distribuiu aos pobres todos os seus bens materiais, bem como renegou-se a si mesmo para que, exterior e interiormente livre, pudesse ir pelo mundo e anunciar aos homens a paz, a penitência e, enfim, o amor não amado de Deus. O amor que é Deus realizou-se na sua profundeza, largura e altitude na pessoa de Jesus Cristo. A encarnação, o estábulo, o lava-pés e a Eucaristia são expressões concretas do modo de amar como só o Deus de Jesus Cristo pode e sabe amar. Porém, foi especialmente ao entregar incondicional e gratuitamente a sua vida na Cruz, que o Filho de Deus revelou à humanidade que Deus é essencialmente caridade perfeita. Francisco, por inspiração divina, abraçou pobre e humildemente a cruz de Jesus e deixou-se impregnar, arrebatar e transformar totalmente pelo espírito de abnegação divina. Isso quer dizer que a imitação de Cristo, por parte de Francisco, não é mera repetição mecânica dos gestos exteriores de Jesus, mas é manifestação de sua profunda sintonia com a experiência originária de Jesus Cristo: o Reino de Deus. Somente quem possui o Espírito do Senhor pode
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observar “com simplicidade e pureza” a Regra e o Testamento de São Francisco e realizar em si mesmo as santas operações do Senhor. Na Terceira consideração dos sacrossantos estigmas considera-se que, aproximando-se a festa da Santa Cruz no mês de setembro, o pai Francisco, na hora do alvorecer, se pôs em oração, diante da saída de sua cela, e entre lágrimas orava desta forma: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores”(I Fioretti)). E, relata Boaventura que, enquanto Francisco rezava, “viu um Serafim que tinha seis asas (cf. Is 6,2) tão inflamadas quão esplêndidas a descer da sublimidade dos céus. E [...] apareceu entre as asas a imagem de um homem crucificado que tinha as mãos em forma de cruz e os pés estendidos e pregados na cruz. [...] Imediatamente começaram a aparecer nas mãos e nos pés dele os sinais dos cravos” (LM 13,3). Assim, Francisco transformara-se todo na semelhança de Cristo crucificado (cf LM 13,5). Pois, de fato, trazia Jesus no coração, na boca, nos ouvidos, nos olhos, nas mãos, nos sentimentos e em todos os demais membros (cf. I Cel 9,115), e conseqüentemente podia exclamar com o apóstolo Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). O Pobre de Assis, no seguimento de Jesus Cristo, perdeu a sua própria vida, mas recuperou-a inteiramente em Deus, de acordo com a palavra do Evangelho: “Quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 12,25). Todavia, Francisco não somente reencontrou a si mesmo em Deus, como filho de Deus, mas a todos os seres do universo. O Cântico das Criaturas, que compôs pouco antes de sua morte corporal, é expressão jubilosa dessa intensa experiência eco-espiritual: “Louvado sejas meu Senhor, com todas as tuas criaturas”. O pai Francisco tornou-se assim um mestre na sequella Iesu. De imediato despertou o fascínio de muitas pessoas e atraiu muitos discípulos e discípulas, entre as quais, Santa Clara. Clara e suas Irmãs, a exemplo de Francisco, também querem chegar ao cimo da montanha da perfeição do amor.
Frei fernando dos reis
• [...] E como por causa de minha fraqueza e de meus sofrimentos já não lhes posso falar muito, quero elucidar brevemente em três frases a todos os meus irmãos atuais e futuros, qual a minha vontade: que, em sinal de minha memória, de minha benção e de meu testamento, sempre se amem; que guardem sempre amor e fidelidade a nossa senhora Santa Pobreza; que sempre se mantenham submissos e prontos a servir aos prelados e clérigos da santa Mãe Igreja. São Francisco (Testamento de Sena). Do opúsculo citado a cima, quero frisar a relação que Francisco teve com a Pobreza. Celebramos neste mês de outubro o poverello, o pobrezinho de Assis. Talvez, então, seja oportuno para nós, recordarmos um pouco da experiência de Francisco com a pobreza e assim, mergulharmos nessa riquíssima espiritualidade. Quando falamos de pobreza, quase sempre nos vem à mente a falta de algo necessário para a nossa subsistência. De modo que pobreza é quase sempre sinal de ausência ou de escassez. Francisco, no entanto, se relaciona com a pobreza não como quem sente falta de algo. Para ele, pobreza não é ausência e nem escassez, ao contrário, é presença e um horizonte repleto de sentido. Depois de sua conversão, como quem descobre um grande tesouro, Francisco se esforça para imitar a humildade e a pobreza de Jesus Cristo que nasceu em uma manjedoura e durante a sua vida não teve onde reclinar a cabeça, como afirma o Evangelho. Desta maneira, Francisco também queria viver com os seus companheiros sem nada de próprio e obtendo somente o necessário para se alimentar e se cobrir. Viver com o necessário e sem reservas para depois já era para ele uma grande alegria, pois o co-
locava na mesma dinâmica vivida por Cristo e os Apóstolos. É nesta conformidade com a vida de Cristo que Francisco faz a experiência com o Divino. A pobreza o ajuda a estar unido a Deus de modo que nada o impedia de viver livremente esta experiência. A imitação do Cristo, Filho do Deus vivo, fez com que Francisco considerasse os homens como eles são de fato. Por isso, ele estava sempre realizado na presença dos mendigos, dos leprosos e dos enfermos da sua cidade. Não era para ele um peso estar com os homens simples, e o fato de se fazer pobre, não o colocava em posição de superior entre os mais pobres e nem de resignação, mas uma forma de reconhecer e, de certa forma, devolver a dignidade do outro do qual não se faz nem dono, nem pai, nem patrão. Desta maneira, Francisco se fez irmão de toda humana – criatura relacionando-se de forma fraterna e igualitária com quem encontrava pelo caminho. Como se não bastasse uma entrega tão perfeita em favor do outro, a pobreza vivida por Francisco fez dele um homem em estado de perfeição. A exigência evangélica de dar aos pobres tudo o que tem, renunciar a si mesmo e assumir a cruz em vista do seguimento de Cristo encontra tão plena e dedicada resposta na pessoa do “pobrezinho de Assis”, que fica difícil não reconhecer a excelência de sua vida, como também os dons e as graças divinas. Não por menos a senhora dama Pobreza é exaltada por Francisco como uma virtude preciosíssima e digna de ser amada, pois a partir dela Francisco encontrou o tesouro evangélico ao qual se compara o Reino de Deus. Não obstante, podemos ainda afirmar que a senhora Pobreza é modo perfeito de Francisco se relacionar consigo mesmo, com o outro e com Deus.
A OFS nas Olimpíadas de Cristo
“... dai-me uma fé reta, uma esperança certa e uma caridade perfeita” (OC)
Por formação – ofs
• Ser um franciscano (a) secular requer uma busca profunda do nosso eu; uma resposta sincera e perseverante a este chamado; é viver a “forma de vida” que Francisco de Assis nos deixou. Será que neste Século XXI, conseguimos colocar em prática nossa vida cristã? Ou o mundo nos chama a dar às costas as coisas do Reino? Francisco de Assis atraía a todos com seu carisma e aqueles que o ouviam se encantavam e até deixavam a família para segui-lo. Ele atendendo aos casados que queriam sair de casa para acompanhá-lo, fundou a Ordem dos Penitentes, mais tarde Ordem Terceira Franciscana e hoje, Ordem Franciscana Secular (O.F.S.). Como percebemos no Século XII em diante, jovens, casados, e até mesmo clérigos se colocaram a serviço dos pobres. Mudaram o seu modo de vida e abraçaram a mística do segmento de Jesus. Nós devemos deixar o mundo e fazer iguais aqueles e aquelas que nos precederam. Podemos citar em especial a nossa Ordem Franciscana Secular do Sagrado Coração de Jesus que no período da gripe espanhola, por volta de 1918, os irmãos e irmãs se colocaram para ajudar aqueles necessitados e até o espaço da OFS foi usado para que os mortos fossem colocados lado a lado; e muitos irmãos Franciscanos Seculares também perderam suas vidas devido ao contágio. Hoje temos que nos retirar para uma profunda intimidade com Deus, nos questionando “o que queres que eu faça Senhor?” Esta pergunta tem que ser diária, para no silêncio ouvirmos Deus, como Francisco de Assis, ouvia. Hoje temos que ver qual o sentido da pobreza, como Francisco sentia-se humilde como os pobres e compromissado com eles. Imitarmos Francisco no grande amor a Santíssima Trindade e a Nossa Senhora. Temos que ver o pobre Jesus crucificado nos irmãos e irmãs de cada dia. Assim devemos ser Irmão (ã) da Ordem Franciscana Secular: termos um coração pobre, humilde, simples e com disposição para cuidar dos pobres, dos aflitos, dos que jazem nas trevas e na sombra da morte, fazendo nascer para eles o “Sol Nascente”, Cristo (Lc 1,78). Como está minha vida de oração? Onde posso melhorar? Por que compro tanto e divido tão pouco? Por que minha confissão anual é sempre adiada? Por que comungo de forma tão rotineira? Como conheço tão pouco a minha própria religião! Ser Franciscano (a) Secular é conquistar várias medalhas de ouro nas Olimpíadas de Cristo. Em quais modalidades você é campeão? E quantas vezes? Corra bem, mas não fora do estádio.
Trânsito de São Francisco: tendo amado os seus, amou-os até o fim Frei andré henriques
• Diz um antigo provérbio que o ser humano “morre como vive”. O trânsito de nosso venerável pai, isto é, a passagem de São Francisco deste mundo para a casa do Pai, é, como já o fora antes a sua vida, um resplandecente compêndio de virtudes, inquietante e eloquente sermão contra nossos vícios e mísero amor. Declinavam as forças de seu corpo, mas seu espírito parecia arder mais e mais no desejo de servir a Deus e aos irmãos. Não se vangloriava pelo caminho já traçado, mas olhava fixamente para o Amado, pois o amor não conhece limites e não se encontra em seu vocabulário a palavra “basta”. Não é, portanto, de se estranhar que já no fim de sua carreira, pudesse ainda exclamar: “Comecemos, irmãos, a servir ao Senhor Deus, porque até agora apenas pouco ou em nada progredimos” (1Cel 103,6). Em meio a tantas enfermidades e dores, cravado na cruz de Cristo, já quase completamente cego, seu olhar parecia contemplar antecipadamente a glória que se aproximava, e, em arroubos poéticos, foi então que compôs o tão famoso “Cântico do Irmão Sol”: confraternizou-se com todas as criaturas, oferecendo ao Criador o louvor pelo dom da vida que, com grande gratidão, Lhe restituia; e até as dores e a morte soube chamá-las de “irmãs”, certo de que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28). Pede aos irmãos para ser levado novamente à Porciúncula e, nesta “pequena
porção de terra”, nu sobre a terra nua, deseja entregar o seu espírito como Cristo nu na cruz, e é revestido pelo guardião com uma túnica emprestada, assim como o Senhor da Vida foi sepultado num túmulo emprestado. Também como o Mestre, não esquece de abençoar os filhos que gerara pelo seu exemplo, com eles parte o pão e ouve ainda uma vez o Evangelho que diz “tendo amado os seus, amou-os até o fim” (cf. Jo 13,1). Com seus lábios trêmulos, entoa, como pode, o Salmo 141(142), e faz suas as palavras do salmista, sabendo, na fé, que adentrava agora na “terra dos vivos” e que a “herança” que lhe esperava era o próprio Deus que tanto amava (cf. Sl 141,6); permanecer sequer mais um segundo longe da suavíssima contemplação de Sua face era como ser condenado à mais dura “prisão” (cf. Sl 141,8). “Muitos justos virão rodear-me pelo bem que fizeste por mim!”: com estas insondáveis palavras conclui misticamente o salmista. À notícia da morte do santo, Porciúncula ficou “minúscula” para tamanha afluência de povo, vindo inicialmente de Assis; mas, ao longo destes oito séculos, de todos os cantos do mundo, de todos os povos e culturas, de todas as raças e línguas, de todas as classes e condições sociais, até mesmo de todas as religiões e filosofias. Outra multidão, igualmente incalculável, fora o cortejo de anjos e santos que viera saudar o “pobrezinho” e conduzi-lo com glória às moradas eternas.
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“Todos os irmãos, esforcem-se por seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Fr 73) CATEQUESE EDNA S. CASTRO
Caríssimos(as) Catequistas, Paz e Bem! • Começo este mês com uma mensagem para todas catequistas e leitores amigos. Uma partilha de carinho da Pastoral da Catequese do Sagrado Coração de Jesus: A Palavra de Deus nos ensina que: “antes do sol nascer é preciso buscar o Senhor, é preciso agradecer a Deus tudo que nos acontece, porque nós somos criados para isto, para louvar, adorar e para glorificar o Senhor”. A providência Divina é o que rege a nossa vida > Deus provê, Deus proverá, Sua misericórdia não faltará !! O dia que começamos com Deus, com oração, é diferente, tem outra força, outra sabedoria. A dinâmica de vida é chegarmos ao final do dia com alegria. Temos que ter no coração que o que traz a felicidade para o ser humano não são as coisas, mas a relação dele com Deus e com os outros. Santo Agostinho dizia “não nos movemos pelos pés, mas pelos nossos sentimentos”! • Conforme anunciado no Laços e Passos do mês anterior, no dia 19 de agosto, tivemos o Retiro dos Catequistas, na Paróquia São Judas Tadeu – Mosela. Com o tema “Comunhão e Missão na força da Palavra” pudemos experimentar a graça de Deus em todo momento. O Retiro dos Catequistas tem como objetivo “unificar o serviço a Deus” e esta comunhão é algo necessário na nossa caminhada. Padre Luis Mello nos agraciou com uma palestra durante o Retiro e foi muito claro em sua colocação quanto a nossa missão de evangelizar: “A missão não é longa, o nosso gosto por Deus é que pode estar curto” e“Sem o esforço da luta, não tem como ver a alegria do encontro”. • Conforme Tiago 3, 13-18: Querer crescer na fé é abrir o coração e deixar-se
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–lembretes– 1) Congresso Diocesano Catequese: Catequistas se programem para participar de nosso Congresso Diocesano que acontecerá em 21 de outubro em Petrópolis, no Instituto São José, na rua Ipiranga a partir de 8h. Neste Congresso estarão participando todos os 4 decanatos da Diocese de Petrópolis e sendo em Petrópolis nós do Decanato de São Pedro de Alcântara estaremos com a missão de recepcioná-los. Favor entrar em contato com sua coordenadora para agendar sua participação e se inteirar de nossas tarefas. 2) Curso para Catequistas Iniciantes: Qualquer informação podem entrar em contato direto com Irmã Redenção das Irmãs de Belém. Telefone (24) 2242-4898. 3) Missa da Catequese: todo 4º domingo do mês, missa das 18h, no Sagrado. Pais, catequisandos, crismandos, catequistas e familiares. Esperamos por vocês na participação de nossa Santa Missa.
inundar por Deus e deixar que Ele trabalhe em nós. O desejo do Pai do céu é que em nós reflita a face de Jesus Cristo ”. Deixar que Cristo cresça em nós, é viver a sabedoria que está no Evangelho. Não são simples mandamentos, mas um caminho de vida, é o verdadeiro mapa do tesouro. Neste dia do Retiro também tivemos a linda homenagem preparada para todas Catequistas. Obrigada Irmã Redenção e Marta pelo carinho para com todas nós. • Quero deixar também registrado um agradecimento especial à nossa amiga Beth Rigoni, pelo carinho como preparou as lembranças para todas catequistas. Como sempre, ela estende as mãos e nos faz cumprir
a tarefa que a nós da catequese do Sagrado foi determinada nas funções do encontro. • Também em 11 de agosto, realizou-se em nossa Paróquia a Missa de celebração do Crisma dos adultos que participaram durante o mês de Julho do Catecumenato, entendido como Iniciação à Vida Cristã. Momento que experimentaram o encontro com Jesus Cristo. Inclusive alguns dos participantes fizeram também a sua primeira Eucaristia. A celebração do Sacramento do Crisma foi presididida pelo Mons. Paulo Daher, Frei Adriano – pároco do Sagrado, Pe. Jardel – Quitandinha e pelo Frei André. • Crismados: não deixem que a chama do amor a Jesus tão proclamada durante este tempo se apague. Lembrem-se sempre: “O verdadeiro cristão é convicto na sua fé e busca ser atuante na transformação da sociedade” e não esqueçam > A catequese deve ser permanente. Continuem na caminhada, participem sempre em sua Igreja, procurem se engajar em uma Pastoral onde voce possa vivenciar mais de perto sua Igreja, pois assim vocês estarão em constante união à sua Igreja. Que vocês possam fazer da Palavra de Deus o alimento de sua vida! • Participaram conosco da celebração do Crisma o grupo da Igreja de Santa Clara (Terra Santa), preparados pela nossa queridíssima Irmã Eugênia e também os crismandos da Igreja de N. Sra. Aparecida, no Quitandinha, preparados por Remi e Adriana. Gostaria de dizer que foi muito importante ter todos vocês conosco neste momento tão especial. • Jovens Crismandos: Dentro da nossa proposta na caminhada com os jovens crismandos, mensalmente estamos celebrando de uma forma simples o tempo litúrgico ou um Sacramento. Neste mês de agosto tivemos uma celebração do sacramento da Eucaristia. Fotos podem ser vistas no mural do andar das salas de catequese.
“Ave, mãe do Senhor, e vós, santas virtudes todas” (SM 5-6) GIRO PELAS PARÓQUIAS
ASSEMBLÉIA DIOCESANA
As Comunidades participam! Rádio Imperial AM 1550 Quintas-feiras das 20h30 às 22h. & 2237-6161 Acesse www.radioimperialam.com e envie sua mensagem
17 E 18 DE NOVEMBRO EM TERESÓPOLIS Não fique fora dessa! Informações na Secretaria Paroquial.
O nascimento do Apostolado da Oração maria stella sampaio, presidente do Apostolado da Ora;áo
• O Apostolado da Oração surgiu na França no século XIX em Vals, perto de Le Puy, ao sul do país numa casa de estudantes da Companhia de Jesus. Nessa ocasião estudantes jesuítas de filosofia e teologia demonstravam grande interesse em fazer apostolado direto nas paróquias e comunidades, junto ao povo. Nesse contexto, o diretor espiritual dos seminaristas da Companhia de Jesus, Pe. Francisco Xavier Gautrelet, SJ, lançou a luminosa ideia, a esses estudantes animados de zelo pelas almas, de oferecerem seus estudos, seus trabalhos, orações, sacrifícios, suas lágrimas em espírito apostólico, unidos a Cristo, ao papa, em espírito missionário, sob as bênçãos de Maria Santíssíma. As idéias propostas caíram em terreno fértil, no coração aberto e generoso dos jovens estudantes, dando origem ao Apostolado da Oração. As recomendações foram divulgadas, depois, por alguns sacerdotes nas regiões vizinhas, em breve se tornaram conhecidas em toda a França e não tardaram a ser levadas a outros países, conquistando o mundo.
Com a finalidade de difundir essas ideias, O Pe. Gautrelet sugeriu uma pequena organização denominada “Apostolado da Oração”. Tendo sido aprovada pelo Bispo de Le Puy, o Papa Pio IX concedeu-lhe, em 1849 as primeiras indulgências. Dessa forma nascia o Apostolado da Oração, humilde e silencioso. Mas o grande organizador e promotor do AO, na França, foi o notável sacerdote jesuíta Pe. Henrique Ramière. Em numerosos artigos, escritos e conferências, explicou, de maneira clara e
acessível, a doutrina do apostolado, a essência da espiritualidade do Coração de Jesus, conferindo uma forma definitiva à obra apostólica que ganhava corpo, consistência, firmando-se pouco a pouco na França e em diversos países. Em 1861, publicou um livro de enorme sucesso popular: O Apostolado da Oração, Santa Liga de Corações Cristãos unidos ao Coração de Jesus. Consistia numa reedição ampliada de um opúsculo anteriormente publicado pelo Pe. Francisco Xavier Gautrelet. No mesmo ano teve início a publicação de uma revista mensal intitulada Mensageiro do Coração de Jesus, que de forma rápida difundiu-se em todas as nações e em diversas línguas: na Itália em 1864: na Áustria, no ano seguinte; nos Estados Unidos e na Espanha, em 1866; na Colômbia e Hungria, 1867; na Inglaterra em 1868; na Holanda e na Bélgica, em 1869; no Brasil em 1896. Por ocasião do falecimento do Pe. Henrique Ramière, em 1883, o Apostolado da Oração já contava no mundo inteiro, com mais de 35.000 centros apostólicos, ultrapassando o número de 13 milhões de associados.
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“Eu, Frei Francisco pequenino, quero seguir a vida e a pobreza de nosso Altissimo Senhor Jesus Cristo... (UV 1)
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OUTUBRO
01 a 03/10 – Sagrado – 18h – Triduo em honra a São Francisco de Assis 03/10 – Sagrado – 19h30 – Conselho Comunitário de Pastoral da Matriz 04/10 – Dia de São Francisco de Assis. Missas às 7h (benção do bolo após a missa); 15 h (na OFS), 18h (missa solene com Monsenhor Paulo Daher) e 19h30. De hora em hora (das 8h as 15h) benção dos animais 05/10 – Sagrado – 19h – Formação Permanente 06/10 – Sagrado – OFS – Missa às 16h15 07/10 – Nossa Senhora do Rosário 07/10 – 1º turno das eleições municipais 08/10 – Dia do Nascituro 09 a 11/10 – Sagrado – 18h – Triduo de Nossa Senhora Aparecida 11/10 – Sagrado – 19h30 – Encontro preparatório Batismo 11/10 – Sagrado – 19h – Formação Permanente 12/10 – Nossa Senhora Aparecida. Missas às 7h (benção do bolo após a missa), 8h30, 10h, 18h, 19h30. Motoromaria às 9h30 (com benção aos motociclistas) 12/10 – Osvaldo Cruz – 9h30 – Procissão e missa campal 13/10 – Osvaldo Cruz – 16h – Prosseguimento da festa em honra a Nossa Senhora Aparecida 13/10 – OFS – 15h – Reunião do Conselho da Fraternidade 14/10 – Sagrado – 11h15 – Batismo 14/10 – Sagrado – 14h – Bingo do Sagrado 14/10 – XVIII Adorai 14/10 – OFS – 14h30 – Formação do 1º ano de formandos 16/10 – Sagrado – 19h30 – Conselho Comunitário de Pastoral da Matriz 17/10 – Santo Inacio de Antioquia 19/10 – Sagrado – 19h – Formação Permanente 19/10 – Osvaldo Cruz – 19h – Conselho Comunitário de Pastoral 20/10 – Encontro Diocesano da Pastoral da Saúde 21/10 – OFS – 14h – Reunião mensal da fraternidade 25/10 – Santo Antonio de Sant’Anna Galvão. Missas às 7h, 15h, 18h e 19h30. Distribuição das pílulas de fé em todas as missas e benção do bolo após a missa das 7h 25/10 – Três anos da inauguração da Capela da Penitência dedicada a Santo Antonio de Sant’Anna Galvão
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25/10 – Sagrado – 19h30 – Encontro preparatório Batismo
27/11 – Todos os santos e santas da Familia Franciscana
26/10 – Sagrado – 19h – Formação Permanente
30/11 – Sagrado – 19h – Formação Permanente
28/10 – São Judas Tadeu 28/10 – Sagrado – 11h15 – Batismo 28/10 – 2º turno das eleições municipais
– Todas as segundas-feiras das 19h30 às 21h30 • Grupo de Oração Jesus Vive – RCC
29/10 – Sagrado – RCC – Missa de louvor
– Todas as terças-feiras, das 16 às 17h • SAGRADO – reunião da Legião de Maria
NOVEMBRO
– Toda terça-feira e quinta-feira, das 14 às 18h • SAGRADO – Aconselhamento, Sala Frei Waldemar
01/11 – Todos os Santos 01/11 – Sagrado – 19h – Formação Permanente 02/11 – Finados – Missas ás 7h, 8h30, 10h (cemitério), 15h, 18h e 19h30 03/11 – Sagrado – OFS – Missa ás 16h15 07/11 – Aniversário Natalício de Frei Adriano Freixo Pinto, ofm – Pároco do Sagrado 08/11 – Sagrado – 19h30 – Encontro preparatório Batismo 09/11 – Sagrado – 19h – Formação Permanente 10/11 – OFS – 15h – Reunião do Conselho da Fraternidade 11/11 – Osvaldo Cruz – 8h30 – 1ª Eucaristia 11/11 – Sagrado – 11h15 – Batismo 11/11 – OFS – 14h30 – Formação do 1º ano de formandos 15/11 – Sagrado – 14h– Tarde de Prêmios da Comunidade do Ingelheim 16/11 – Sagrado – 19h – Formação Permanente 16/11 – Osvaldo Cruz – 19h – Conselho Comunitário de Pastoral 17 e 18/11 – Teresópolis – Assembléia Diocesana (Pastoral de Conjunto) 17/11 – OFS – Santa Isabel da Hungria 18/11 – OFS – 14h – Reunião mensal da fraternidade 20/11 – Dia Nacional da Consciência Negra 20/11 – Sagrado – 19h30 – Conselho Comunitário de Pastoral (passível de alteração da data) 22/11 – Sagrado – 19h30 – Encontro preparatório Batismo 23/11 – Sagrado – 19h – Formação Permanente 25/11 – Sagrado – 11h15 – Batismo 25/11 – OFS – 14h30 – Formação dos Neo-professos
– Toda segunda, quarta, quinta e sexta-feira, das 15h às 17h • SAGRADO – atendimento às famílias necessitadas – Toda segunda quinta-feira do mês às 14h • Reunião da Pastoral da Criança com as coordenadoras das comunidades – Toda terceira quinta-feira do mês às 19h30, na Casa da Cidadania – Reunião – Toda quarta-feira, às 16h • Missa na Capela do Hospital Santa Teresa – Toda última quarta-feira, às 15h • Capela do hospital Santa Teresa – Missa dos aniversariantes – Toda quarta-feira às 19h30 • Reunião do Grupo Amor Exigente – Toda quarta e quinta-feira das 14h às 17h “Cursinho que deu Certo” – artesanato – Toda quinta-feira das 10h às 16h30 • Pastoral da Criança, no Sagrado – Toda quinta-feira às 17h • Ofício Divino das Comunidades – Toda última quinta-feira do mês, às 7h, 8h, 15h, 18h • SAGRADO – Missa de Santo Antônio de Santana Galvão com distribuição das pílulas – Toda 1ª sexta-feira de cada mês • missa do Apostolado da Oração, às 15h na Matriz. Após a missa, Adoração ao Santíssimo – Toda sexta-feira após a missa das 18h • SAGRADO – reza do Terço – Todas as terças-feiras, quintas-feiras e sábados às 18h • Missa no Convento Madre Regina. – Todo 2° domingo às 7h, 8h30, 10h, 18h e às 19h30 • SAGRADO – Missa dos Dizimistas – Todo dia 13 de cada mês, às 20h, Procissão até o Trono de Fátima e Missa. Quando o dia 13 for domingo ou feriado, será às 17h
25/11 – Solenidade de Cristo Rei
– Todo 4º domingo, missa da Congregação Mariana, no Sagrado às 7h com reunião as 9h, no Teatro Mariano
25/11 – Todos os fieis defuntos da Familia Franciscana
– Todo 2º domingo, às 16h30 • SAGRADO – Reunião mensal do grupo de jovens
25/11 – Sagrado – 14h30 – Assembleia Paroquial
...e de sua Mãe Santissima e perseverar nela até ao fim” (UV 1) – NOVEMBRO –
parabéns
03/11....Nilza de Oliveira Guedes 04/11....Nair de Souza Almeida 04/11....Vera Maria Naegeli Gondim 06/11....Tânia de Fátima Paiva A. de Freitas 07/11....Neuza Maria Xavier Lima 09/11....Maria Efigênia de Aguiar 12/11....Abelardo Filgueiras de Mattos 14/11....Elizabeth Nascimento Rigoni 14/11....Vanilton Miranda 16/11....Magali da Costa Alves Adão 16/11....Nilza Lauterbach 22/11....Neide da Silva 23/11....Lenita Ferreira 25/11....Ana Paula Beserra de Lima Maia 25/11....Roney Theobald Serra 28/11....Ocelo Ramos Castro 28/11....Patrícia Gheren dos Santos Garcia 29/11....Simone de Oliveira Quintella 30/11....Dulci Carniel 30/11....Itamar Cândido Pereira
Aniversariantes Dizimistas – OUTUBRO – • Frei Adriano, parabéns pelo seu
natalicio (7 de novembro). É bom termos o senhor ao nosso lado em mais um momento importante de sua vida. Felicidades. Receba nossos sinceros e fraternos abraços. Pastoral da Comunicação – Sagrado
VOLUNTÁRIOS Aniversariantes – JUNHO –
05/10....Herotides F. Werner Cler Andres 05/10....Maria Angélica de Andrade Silva 06/10....Dilceia Lima Mayworm 07/10....Guilherme Adão Pires 07/10....Hilda Maria Chrispim Thomaz 08/10....Lea Maria de Araújo Sant’Anna 09/10....Olivia Rodrigues da Silva Pereira 10/10....Ana Maria Kneipp Sindorf 11/10....Theresinha de Jesus Castro da Silva 12/10....Conceição Francisca Lemos 12/10....Jane Maria Correa 12/10....Maria Bernardeth Coelho Maciel 13/10....Simone Leite Ferreira da Rocha 13/10....Sueli de Fátima C. Pereira Medeiros 14/10....Carmem Lucia A. de Souza Lima 14/10....Paula Ramos Fávero Schmid 17/10....Lúcia Helena A. da Silva Seabra 17/10....Sandra Helena Guerra de Azevedo 25/10....Áurea dos Santos da Silveira 25/10....José Juvêncio Alves 26/10....José Silvino Priori Marques 26/10....Maria Nazareth Pereira 26/10....Valéria Boynard Thomaz A. de Paiva 28/10....Marco André Giardini Tesch 29/10....Helen Maurie de Souza Soares 29/10....Norma Wendling
08/10....Ludovina Gomes Tavares 08/10....Léa Maria de Araújo Sant’ana 09/10....Maria de Conceição G. D. Valente 10/10....Ivelone Souza Nogueira 15/10....Geny Gomes Pereira Stumpf 18/10....João e Maria 20/10....Nancy Boa Morte Castilho 21/10....Claudio Luis de Oliveira Moura 23/10....Maria Ignez Correa Freitas 23/10....Vera Lucia Plum 25/10....José Juvencio Alves 26/10....Olinda Carneiro Rosa 30/10....Domingos Linhares
– NOVEMBRO –
01/11....Marcos Antonio de Souza 02/11....Nirete da Penha Rosa Cabral 04/11....Maria Emilia da Costa 04/11....Nair de Souza Almeida 08/11....Maria Eliza Pércia Pinto 08/11....Maria Luiza Alves Machado 09/11....Paula de Aguiar Kneipp Martire 13/11....Valdina de Fatima B. de Souza 14/11....Regina de Fátima Marçal 17/11....Teresinha Ferreira dos Santos 18/11....Rosilda Gloria de Lima 20/11....Nilza Catharina Balter Lopes 21/11....Ademir Moreira Barros 22/11....Nely de Lima e Silva Deo 22/11....Luciane Maria de Aguiar Costa 23/11....Alcebiades da Costa Torres 23/11....Francisco B. Ferraz 23/11....Rosinéia Ramos Barão de Souza 26/11....Paulo Roberto Souza de Castro 26/11....Jorge Mário C. Fonseca 28/11....Dulcineia Guilhermina B. Branco 29/11....Rosa de Jesus da Silva Lima Martins 30/11....Dulci Carniel
Franciscanos jovens celebram encontro no ITF Frei rodrigo da silva santos
• Aconteceu no dia 23 de setembro, o 2º Encontro Estadual de Jovens das Paróquias Franciscanas (RJ), desta vez no Instituto Teológico Franciscano. Um dia de muita alegria e confraternização desta família reunida sob o ideal de nosso querido Pai São Francisco. Estiveram presentes jovens de cinco paróquias franciscanas: Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis), Santa Clara (Duque de Caxias), São Francisco de Assis (Duque de Caxias), Nossa Senhora da Conceição (Paty do Alferes) e Nossa Senhora da Boa Viagem (Rio de Janeiro), com a presença de cerca de 80 jovens animados, engajados nas pastorais de suas comunidades, que já convivem e conhecem os frades e quiseram, neste dia, conhecer melhor o carisma que vivemos e anunciamos. O tema escolhido para o encontro, acompanhando o 8° centenário do Carisma Clariano, foi a atualidade deste carisma para os jovens de hoje. A Irmã Ana Maria, irmã catequista franciscana de Duque de Caxias, se dispôs a falar de elementos importantes da vida de Clara e como eles podem ser vividos em nossos dias: como a fraternidade/irmandade, a minoridade, a contemplação e o voltar-se para Deus, a necessidade de se encarnar em nossa vida aquilo que nós acreditamos e temos fé. Frei Diego, animador vocacional, também falou sobre os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude e como os franciscanos estarão presentes nos diversos eventos. Explicou que o Convento Santo Antônio e a Igreja de São Francisco da Penitência serão a sede do anúncio franciscano, com exposições, celebrações, e acolhida dos jovens que nos visitarão. Foi um dia, de fato, para se guardar no coração e na memória de todos os que se fizeram presentes. Os jovens se mostraram com imensa boa vontade e alegria por estarem ali, participando, e foram eles que deram o tom do encontro. Agradecemos muitíssimo aos paroquianos do Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis) que trabalharam incansavelmente na cozinha, cuidando da alimentação de todos. Nosso especial agradecimento ao Instituto Teológico Franciscano que generosamente ofereceu seu espaço para que este encontro acontecesse, demonstrando sua acolhida fraterna, e por todo apoio dado para o bom êxito deste encontro. Que esta experiência se repita pelos próximos anos e que São Francisco interceda e nos mostre a melhor forma de seguir e viver nosso seguimento do Cristo humilde e pobre! São Francisco, rogai por nós!
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O Franciscanismo nos dias de hoje “Deus é um Deus do presente. Assim como ele te encontra, assim ele te acolhe, não como tu foste antes, mas como és agora” (Mestre Eckhart) “O homem vale o que é diante de Deus; nem mais, nem menos” (S. Francisco de Assis) Frei Adriano freixo pinto, pároco desta Igreja
1. A palavra “franciscanismo” refere-se às manifestações no interior da Igreja Católica, e mesmo fora dela, ligadas ao movimento, ao modo-de-ser do seguimento de Cristo, vivido na e transmitido à história por São Francisco de Assis. A partir daí, “franciscano” é o modo-de-ser daquele que encontra na vida de São Francisco de Assis sua referência de sentido. E São Francisco, por sua vez, encontra no Cristo pobre e crucificado este sentido, o tudo de sua vida. Dito de maneira mais apropriada: “franciscanismo”, “franciscano”, deveriam indicar sempre a busca, o movimento na direção Daquele que Francisco de Assis, o irmão menor de Assis, buscou com todas as suas forças – o Cristo Encarnado do presépio e da cruz. 2. Olhando a partir de São Francisco de Assis, a caminhada franciscana sempre estará garantida, conservada, preservada através da história. Francisco percorreu seu caminho, sua história, seu seguimento fiel do Senhor que o chamou num encontro vivo, pessoal e intransferível. O Senhor o chamou em diversas situações muito concretas, no “hoje” da vida de Francisco, no “hoje” da Assis daquela época: chamou-o nas indecisões do começo; chamou-o na doença; chamou-o no encontro amargo com o leproso-excluído; chamou-o na igrejinha em ruínas de São Damião; chamou-o na pessoa de cada irmão; chamou-o nos conflitos; chamou-o para segui-Lo na Igreja e no mundo; chamou-o na criação; chamou-o no Alverne; chamou-o na consumação de seus dias. Em cada chamado do Senhor, Francisco fez a sua parte, sua obra, apresentou sua resposta. Conservado no passado e, por isso mesmo, já à nossa frente no futuro, Francisco e sua história de seguimento do Senhor, vive para sempre. 3. Olhando a partir de nós outros, frades e todos os simpatizantes com o franciscanismo, contudo, nada está garantido. Tudo é caminho a ser percorrido, conquistado e reconquistado no hoje de nossos tempos, de nossas vidas, de nossos dias. Não existe um ser franciscano já garantido de antemão! Existe, e só existe, hoje e sempre, trabalho diário, empenho vigilante, compromisso pessoal e único de resposta ao chamado que o Senhor dirige, em cada situação, a cada um de nós. Se nada está garantido, seguro, protegido na aventura da vida, a possibilidade de não respondermos ao chamado do Senhor é uma constante. Lembro-me de Goethe: “Maior do que a realidade, a possibilidade”. Fato! O que fazer? Nada; e tudo. O nada e o tudo de uma plena atenção, ser todo ouvido ao chamado do Senhor que, mesmo no fracasso, na infidelidade, na queda, continua a chamar, Ele que é sempre fiel a nós. Não será este o grande ensinamento do silêncio da Cruz, da morte? No abandono, a presença; na morte, a vida! 4. Por causa disso, penso, a ênfase quando se fala em “franciscano”, “franciscanismo”, “ser frade” hoje, deve ser colocada justamente neste hoje. Viver no hoje, algo suposto e óbvio, por isso
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mesmo é o mais difícil. Por ser difícil, tentadoras e atraentes são as ofertas para se fugir do hoje: ora refugiando-nos nas garantias saudosistas do passado, ora projetando-nos num futuro incerto; ora vivendo do que outros já fizeram, ora adiando para um indefinido amanhã nossa responsabilidade pessoal por uma sincera busca e conversão; ora parados olhando para o Francisco de Assis do passado, ora esperando que amanhã ele faça por nós. Esta aqui chamada “fuga do hoje”, manifesta-se também na atitude que espera sempre de fora, das instituições, do outro, aquilo que eu mesmo deveria esforçar-me por realizar. Em toda crítica que não se auto-critica, em toda cobrança que não retorna a si mesma como tarefa pessoal, esconde-se o descompromisso, a indiferença, a fuga da tarefa inalienável de sermos co-responsáveis, co-criadores na criação do mundo, ainda e sempre em construção. Nesta divisão mortal (“Um reino dividido em si mesmo não pode subsistir!”), permanece, todavia, o decisivo: o momento presente, este dia, nesta situação, meu compromisso, meu empenho, a responsabilidade intransferível, a resposta pessoal, no aqui e agora, na aventura diária, que redime e integra o passado, e prepara o futuro. 5. Muitas são as características que marcam o hoje de nossas vidas, este tempo de modernidade sob o império da técnica. Destaco aqui apenas duas: a) a complexidade crescente das situações; b) o recolhimento do divino e a evidência do indivíduo. 5a. Complexidade crescente das situações: basta um pouco de atenção para percebermos que, cada vez mais, numa escalada crescente, a vida vai se tornando complexa, exigente, difícil mesmo. Cada acontecimento abre diante de nós uma “teia de relações”, onde cada “ponto” está ligado ao “todo”.
A aranha tece paciente sua teia fazendo inúmeras conexões entre os fios. Qualquer pequeno inseto que toque qualquer parte da teia, por mínima que seja, repercute em vibrações para a teia por inteiro. Nada escapa! Assim vejo a realidade em nossos tempos: tudo está ligado, numa “teia” de conexões. Cada fato, cada acontecimento, cada pessoa, descortina diante de nós inúmeras paisagens. Nada mais parece ser tão simples como antes (se é que podemos assim nos referir ao passado!); ao menos, dito de outra maneira, nada mais parece poder ser simplificado com cômoda facilidade. Perguntamos então: como fica a simplicidade franciscana em meio a esta realidade assim tão complexa? O simples permanece! Sem divisão, sem fugas para outros caminhos mais fáceis e alienados, o simples abraça toda esta realidade assim exigente como seu próprio, sua possibilidade de realização e crescimento. E assim, leva a sério, numa exigência de competência e qualificação pessoal, cada situação vivida. Se a realidade é assim complexa, sem facilidades, ela está a exigir de nós preparação, formação, crescimento, profundidade. Corresponder assim ao apelo da vida é, hoje, o melhor testemunho de simplicidade que podemos oferecer. 5b. O recolhimento do divino e a evidência do indivíduo: quando perceberemos que a possibilidade de haver claridade é dada pela escuridão? Quando despertaremos para a realidade de que só há palavra porque há o silêncio? Em que momento despertaremos do sono, profundo sono, que impede o despertar para ver que toda ausência é uma forma de presença? Diz o livro da Sabedoria: “Quando tudo se guardava no meio do silêncio, uma palavra de mistério desceu do alto, do trono real, sobre mim” (Sb 18,14). Falamos hoje de uma sociedade secularizada, marcada pela crise de valores, onde “tudo que é sólido desmancha no ar”. E a tendência, muito comum entre nós ditos “religiosos”, é de sempre fazermos uma leitura negativa, pessimista mesmo, desta realidade. Assumimos posturas de “defesa da fé”, dos “valores”, sem saber afinal e no final o que estamos defendendo. E com isso, deixamos escapar a grande possibilidade que esta realidade assim descrita nos apresenta: onde tudo se tornou secular, irrompe a transcendência em sua verdadeira compreensão cristã, a encarnação. Onde os valores silenciaram, é dada ao ser humano a tarefa de criar valor. Onde o sentido desapareceu, aí mesmo é possível novo sentido. No abandono de Deus, a máxima proximidade de um Deus-conosco. “Onde há perigo, lá cresce o Salvador” (Hölderlin”). O problema não foi a pretensão humana de se colocar no lugar de Deus, o império da autonomia do indivíduo. Problemático foi e segue sendo o não se levar até as últimas consequências tal pretensão, na sua justa empostação: de que como “deuses”, carregamos o fogo divino, a tarefa, a responsabilidade de sermos os colaboradores na criação eterna de Deus, aqueles que devem, hoje, tirar “faísca do asfalto”. Justamente por não levarmos a sério tal tarefa, é que toda empostação da relação entre Deus e Homem, entre Teologia e Antropologia, gira sempre num dualismo, num rompimento doentio e desencarnado. A visão franciscana, a herança deixada por São Francisco de Assis, é o esforço histórico de aproximação e superação de tal rompimento.