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BOLETIM INFORMATIVO

O SENHOR TE DÊ A PAZ! PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS – VILA CLEMENTINO – SP

Ano 17 – Outubro/Novembro de 2019 – nº 93 - www.paroquiavila.com.br

Diálogo: um constante tirar as sandálias

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or ocasião dos festejos de nosso Padroeiro São Francisco de Assis, traremos novamente um tema que julgamos antigo e sempre novo: o Diálogo, pois somente por meio dele é que poderemos dirimir conflitos e alcançarmos um patamar satisfatório de respeito pelo ser humano, numa constante integração entre o humano e toda criação. O profeta Isaías, em uma sociedade eivada de conflitos, anseia que as espadas sejam transformadas em enxadas e as lanças em foices (cf. Is 2,4). O pensamento do profeta, praticamente uma oração, almeja que, aquilo que agora serve para matar e destruir, há de ser transformado em algo para cultivar, fazer crescer e trazer mais vida. Aí reside a esperança na humanidade: se esta pode criar uma civilização do ódio, vingança e tantos tipos de barbáries, também pode construir uma civilização que sabe cultivar a vida, desde a mais frágil à mais complexa. Nosso Pa-

droeiro São Francisco de Assis é o modelo para nós do diálogo, do saber ir ao encontro daquele que não nos é igual. Sua humildade o levou para além dos muros de sua cultura, de sua fé, religião e de todas as suas convicções. O diálogo que Francisco teve com o sultão do Egito Al-Malik Al-Kamil foi esse ousado atravessar fronteiras sem impor absolutamente nada, buscando, outrossim, a convivência pacífica; procurando uma espécie de terreno comum em que mora nossa humanidade, e nos torna todos iguais, numa comum interdependência. No episódio em que Moisés, no Antigo Testamento, pastoreando o rebanho no monte Horeb, ouviu uma voz do meio das chamas que ardiam, que lhe disse para tirar as sandálias antes de se aproximar, porque o solo era sagrado (cf. Ex 3, 1-5). Moisés, diante do inusitado, quis aproximar-se para questionar e entender; contudo, antes Continua


Continuação

de fazer isso, precisou despir-se do que previamente carregava consigo, porque estava para entrar em terreno que não lhe pertencia. Assim também, aproximar-se do outro requer a capacidade de deixar de lado o que se sabe e o que se julga como melhor, para entendermos a realidade do outro. Nossa evangelização não se dá desconsiderando o caminho do outro, mas ao contrário, considerando a vida e a história do outro, não condenando, dizendo que o outro está errado. São Francisco em seus escritos, ensinava que os irmãos que vão para o meio dos infiéis podem conviver espiritualmente com esses pacificamente, sem litigar, mas sendo submissos a toda criatura humana por causa de Deus (cf. Regra não Bulada I,36). Devem os irmãos, portanto, absterem-se de rixas e disputas, cultivando uma atitude dialogal e de paz. Sabemos da complexidade do mundo e das relações humanas. As coisas não são simples, mas precisamos olhar para os grandes modelos, para que possamos ao menos dar pequenos passos no caminho da construção do diálogo e do entendimento nas pequenas ocasiões da vida. Não podemos compactuar com ideais ou ideologias que tornam tóxico nosso pensamento e visão do mundo, demonizando o outro como sendo este um inimigo natural a ser combatido e destruído. Jesus, nosso mestre e Salvador, disse que bem-aventurados são os que promovem a paz. Este é o caminho para ser cristão. Terminamos com um trecho de uma oração de Teilhard de Chardin: “Ensinai ao meu coração a verdadeira pureza, aquela que não é a separação que torna as coisas anêmicas (...); revelai-me a verdadeira caridade, aquela que não é o temor estéril de fazer o mal, mas a vontade vigorosa de forçar, todos juntos, as portas da vida”. Paz e Bem! Frei Valdecir Schwambach PÁROCO

EXPEDIENTE PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS

PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO - REGIÃO EPISCOPAL IPIRANGA

Rua Borges Lagoa, 1209 - Vila Clementino Telefone: (11) 5576-7960. Site: www.paroquiavila.com.br Email: paroquiavila@franciscanos.org.br Pároco: Frei Valdecir Schwambach, OFM Produção: Pascom Impressão: A. N. Gráfica

SÃO FRANCISCO E O SULTÃO

O diálogo entre dois fiéis

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este ano de 2019, os franciscanos e franciscanas ao redor do mundo celebram o aniversário de 800 anos do encontro de São Francisco de Assis com o Sultão Al-Malik Al-Kamil, ocorrido durante a quinta Cruzada. Antes de mais nada, para compreender a grandiosidade do encontro desses dois personagens, é necessário adentrar no contexto histórico do ano de 1219. A Igreja, a pedido do Papa Inocêncio III, havia convocado os cristãos para lutarem pela libertação da Terra Santa, que estava sob o controle dos muçulmanos. O processo de libertação, até então, se dava tão somente através das armas e do poderio militar, justamente porque os muçulmanos eram considerados inimigos que deveriam ser combatidos. No entanto, São Francisco de Assis, juntamente com os seus frades, assumiu uma postura revolucionária que ecoa e inspira o mundo até os dias de hoje. Munidos não de espadas ou armaduras, mas do Evangelho, os frades partiram para a Terra Santa a fim de se encontrarem com o Sultão e com os seus súditos muçulmanos. Para a surpresa de todos, como soldados do próprio Cristo, escolheram amar aqueles que eram tidos como inimigos, ao invés de matá-los. São Francisco, durante a permanência junto dos muçulmanos, optou por construir o diálogo que compreende e acolhe a todos como filhos e filhas do mesmo Deus, independentemente das divergências ideológicas ou religiosas. Sua luta foi pela construção da paz entre os povos, pela construção de pontes e esforços mútuos no longo processo de transformação da sociedade e criação do Reino de Deus aqui na terra. Deste maravilhoso encontro, somos convidados a refletir a respeito da importância da construção de uma sociedade baseada na paz, no diálogo e na acolhida das diferenças. Apesar das diversas formas de ver e se relacionar com o mundo, todos os seres humanos, sem distinção, são responsáveis pela transformação do mundo em que vivemos. O próprio Senhor, assim como ocorreu com São Francisco de Assis há 800 anos, necessita de nossos braços, coração e voz para continuarmos o longo processo de construção da paz e justiça para todos. Kaynan Cappucci

HORÁRIOS DE MISSAS 2ª a 6ª feira: 7h, 12h e 18h Sábados: 15h Domingos: 7h, 9h, 11h30, 17h e 19h

MISSAS ESPECIAIS

3ª feira: 7h, 12h e 18h – Missas de Santo Antônio 1ª sexta-feira do mês: 15h – Missa de Frei Galvão* 4º domingo do mês: 19h – Missa da Mãe Rainha 3ª segunda-feira do mês: 12h – Missa da Solidariedade Domingos: 10h – Missa no Hospital São Paulo

* Excepcionalmente no dia 4 de outubro, não haverá a missa de Frei Galvão, celebrada na primeira sexta-feira do mês, às 15h, pois neste dia celebraremos a Festa do nosso Padroeiro São Francisco de Assis.

HORA SANTA EUCARÍSTICA Toda terceira quinta-feira do mês, às 18h30, celebramos a Hora Santa Eucarística com a bênção do Santíssimo. Participe desse momento de oração individual e comunitário, rezando pelas famílias, enfermos e outras necessidades. Dias 17/10 e 21/11


FESTA DE SÃO FRANCISCO São Francisco e o Sultão - a paz e o diálogo nos dias de hoje. Terço pela paz 28/09 – Em preparação à festa de São Francisco de Assis, após a missa das 15h. Missa pela paz/Envio das equipes missionárias da Paróquia 29/09 – Missa das 19h, onde celebraremos também o aniversário do nosso pároco Frei Valdecir Schwambach. Tríduo de São Francisco: De 1º a 3 de outubro, na missa das 18h. FESTA DE NOSSA SENHORA APARECIDA Tríduo de Nossa Senhora Aparecida Dias 09, 10 e 11 de outubro às 18h, com consagração a Nossa Senhora e bênção dos objetos religiosos. Festa de Nossa Senhora Aparecida Dia 12 de outubro, missas às 15h. Traga a sua rosa para oferecer à Virgem de Aparecida.

DIA DO PADROEIRO Dia 4/10 – Missas em honra ao nosso padroeiro São Francisco de Assis Horários: 7h, 10h, 12h, 15h, 16h30, 18h e 19h30. Em todas as missas do dia 4, haverá bênção aos objetos religiosos e a todas as criaturas. Ao longo do dia, os freis darão a bênção em frente à Igreja. Distribuição de ração para os pets Durante a festa não deixe de prestigiar nossas tendas com artigos religiosos, os saborosíssimos pastéis e os tradicionais bolos de São Francisco! Nossa Senhora Aparecida Mãe compadecida, Senhora dos sofridos, mãe da Amazônia e Rainha do Brasil, intercede por seu povo, compadece Senhora e medianeira de todas as graças, para que possamos cantar, com seu Filho: “Uma só será a mesa, terra mãe será o altar. O sustento, a natureza, em milagres, vai nos dar”! (Oração composta por Frei Roberto Aparecido Pereira, Paróquia Santa Clara Colatina)

Irmã Dulce, a Santa dos Pobres, Anjo Bom da Bahia O céu brasileiro ganha uma estrela de santidade: Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia. Em 1949, acolheu no galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio, cerca de 70 doentes recolhidos das ruas de Salvador. Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, falou da “alegria imensa pela canonização da nossa pequenina, humilde e batalhadora Irmã Dulce dos pobres”. “Será uma ocasião de encorajamento a todos para buscar a santidade. Irmã Dulce veio nos dizer que cada época tem seus santos, mas todos têm em comum o amor a Deus, o amor ao próximo e a dedicação, especialmente aos preferidos de Jesus, os mais pequeninos”. “Irmã Dulce deixou uma obra que agora precisa ser continuada”. Que ela interceda pelo Brasil, especialmente pelos pobres, miseráveis e necessitados de nossa sociedade.

ORAÇÃO DAS LAUDES

2ª a 6ª feira: após a Missa das 7 horas.

HORÁRIOS DE CONFISSÃO 2ª a 6ª feira: 9h às 11h30 e das 15h às 18h

HORÁRIOS DA SECRETARIA PAROQUIAL 2ª feira: 8h às 17h 3ª a 6ª feira: 8h às 20h Sábados: 8h às 18h Domingos: 8h às 13h

DÍZIMO

FREI GALVÃO

“Saibam de uma coisa: quem semeia com mesquinhez, com mesquinhez há de colher; quem semeia com generosidade, com generosidade há de colher. Cada um dê conforme decidir em seu coração, sem pena ou constrangimento, porque Deus ama quem dá com alegria. Deus pode enriquecer vocês com toda espécie de graças, para que tenham sempre o necessário em tudo e ainda fique sobrando alguma coisa para poderem colaborar em qualquer boa obra, conforme diz a Escritura: ‘Ele distribuiu e deu aos pobres; e sua justiça permaneceu para sempre’” (1Tm 6,9-10).

No dia 25 de outubro celebraremos em todas as missas o dia de Santo Antônio de Sant´Anna Galvão.

ESCOLA BÍBLICA Todas as quintas-feiras, às 20h

GRUPO DE ORAÇÃO Sempre na última quinta feira do mês, das 19h às 20h Dias 31/10 e 28/11


“O semeador saiu a semear...” A parábola do semeador, conhecida por todos, traz uma belíssima oportunidade no Mês Missionário para que possamos refletir a nossa atitude missionária. Jesus é o verdadeiro semeador. Ele está em movimento, percorrendo diferentes campos da realidade, lançando as sementes na terra, ou seja, ajudando as pessoas a descobrirem o que há de “divino” escondido nelas. Mas é também um convite para nossa reflexão: será que, enquanto cristão, estou sendo missionário? O texto evangélico coloca algumas provocações para nós:

1. O SEMEADOR O nome não é revelado não para preservar a identidade da pessoa, mas para nos convidar a refletir que ser missionário não é uma profissão, não é uma atividade, mas a própria vida como nos recorda o Papa Francisco “todo o homem e mulher é uma missão, e esta é a razão pela qual se encontra a viver na terra. Ser atraídos e ser enviados são os dois movimentos que o nosso coração (...). Viver com alegria a própria responsabilidade pelo mundo é um grande desafio”. (...) O fato de nos encontrarmos neste mundo sem ser por nossa decisão faz-nos intuir que há uma iniciativa que nos antecede e faz existir. Cada um de nós é chamado a refletir sobre esta realidade: ‘Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo’”.

2. SAIU A parábola não mostra em nenhum momento a resistência do semeador, pelo contrário, mostra quase uma disposição: saiu... Aqui esbarramos em nossa humanidade, em nossa fragilidade; como Moisés diante da sarça colocamos empecilhos, problemas; somos a geração do “e se...”, “mas se...”. O semeador não questiona se a terra está boa, se há previsão de chuva, se o clima está favorável; ele sai e semeia, pois sabe que Deus é Gratuidade, Excesso e Esbanjador de amor, misericórdia, perdão e acolhimento… “Deus é assim”. Diante desses momentos de dúvida, de questionamentos, o Papa nos provoca novamente: Que faria Cristo no meu lugar?”

3. A SEMEAR De forma simples e singela, o evangelista mostra o agir do semeador: não joga as sementes, não lança, não coloca em qualquer lugar, mas semeia. Ele é um lançador de sementes, um espalhador de esperanças. Isso nos leva a compreender que a semente também tem seu ritmo e seu momento. Não o acelera a impaciência de uns nem o paralisa o fracasso de outros. Não somos nós que levamos a semente em nossas mãos, mas é nossa missão ajudar a descobrilo na vida humana como o dinamismo mais profundo da existência. O Reino alcança a todos, ninguém fica excluído, ele não está fechado nos limites da Igreja ou das religiões. “Cada um de nós é uma missão no mundo, porque fruto do amor de Deus”, lembra o Papa, e é no amor e com amor que devemos agir. Por fim, resta-nos recordar que o movimento de saída que a parábola discute não está, necessariamente, ligado a uma viagem. Claro, é imperativo lembrar a necessidade da presença de missionários na África, na Amazônia, no interior do país, nas periferias sociais e humanas! Mas o campo da missão começa dentro de casa, no acolhimento, na semeadura junto daqueles que nos são mais próximos e, por isso, talvez mais difícil, pela intimidade e proximidade, pelo medo... pensamos muito nas palavras ou não pensamos a dizer. Termino com uma pequena historinha que nos convida a refletir nosso modo de ser e agir no mundo: Numa ocasião, no grupo de catequese, uma menina perguntou à catequista: “Por que Deus é sempre Deus, e nós não podemos ser “deus” ao menos uma vez por semana?” A catequista, após um susto inicial, respondeu à menina: “O dia em que você for amor, e nada mais que amor, você será Deus”. Diego Bello


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