Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
misericórdia e encarnação
Leonardo Boff
| DEZEMBRO - 2016 | ANO LXIII • No 12 |
Sumário Xx
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
“Tempo de ‘saborear’ com júbilo e alegria a “Festa das Festas”............................................................. 691 Mensagem para os 40 anos da USF.......................................................................................................................... 693
FORMAÇÃO PERMANENTE
“A Misericórdia dos dois Franciscos: o de Assis e o de Roma”, de Leonardo Boff................... 694
SAV
Ordenação presbiteral e Primícias de Frei Robson Luiz Scudela......................................................... 698 Estágio Vocacional reúne 20 jovens em Guaratinguetá............................................................................ 705
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Rondinha: retiro anual dos Frades Estudantes.................................................................................................. 706 Curitiba: Frades participam do ‘Simpósio da Misericórdia’....................................................................... 707 Da Reitoria à Zeladoria: uma visita à FAE............................................................................................................... 707 Especial: ITF celebra 120 anos com Noite Cultural........................................................................................ 708 Curso de Comunicação no ITF: Mundo complexo e desafiador........................................................ 713
FRATERNIDADES
Poema “Ele vê o coração”, de Frei Carlos Corrêa............................................................................................... 714 Finados em Concórdia: A difícil superação do luto....................................................................................... 715 Criada a Pastoral da Criança no Convento São Francisco........................................................................ 716 Frei Galvão: um chamado à santidade no ordinário da vida................................................................. 717 Frei Bruno pelas estradas do Brasil.............................................................................................................................. 718 “Parafraseando minha vida”, artigo de Frei Luiz Iakovacz.......................................................................... 718 Paróquia de Xaxim celebra 50 anos da morte de Frei Plácido............................................................. 720 Forquilhinha: Peregrinação da Paróquia ao Santuário de Caravaggio........................................... 724 Blumenau: Festa de Nossa Senhora Aparecida................................................................................................ 726 PVF: Encontro reúne benfeitores em Rodeio.................................................................................................... 728 Benfeitores se encontram no Regional de Niterói......................................................................................... 729 “Meu Jubileu de Vida Franciscana”, trova e poema de Frei Walter Hugo de Almeida.................................................................................................................................. 730 Restos mortais de Frei Anicetto são transladados para a Paróquia São Judas Tadeu......... 731 Comunidade Boliviana do Pari celebra Nossa Senhora de Copacabana..................................... 732
EVANGELIZAÇÃO
Rádio Coroado AM vai migrar para FM................................................................................................................... 733 USF 40 anos: Entrevista com o Professor e Reitor Joel Alves de Sousa Júnior.......................... 734 Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento faz encontro Provincial....... 738 “Completeza”, poema de Frei José Ariovaldo..................................................................................................... 739 Experiência Missionária na Amazônia..................................................................................................................... 740 FAE: Pastoral Universitária visita o Pequeno Catolengo............................................................................. 742 Termina o Tempo Franciscano no Colégio Bom Jesus............................................................................... 743 Conselho de Evangelizalção se reúne em São Paulo.................................................................................. 744 Frente da Comunicação faz encontro regional................................................................................................ 745
CFMB
Novo governo na Custódia de São Benedito.................................................................................................... 746 Província São Francisco de Assis elege novo governo............................................................................... 748
Eleito novo governo dos Capuchinhos SP.......................................................................................................... 749
CFFB
FALECIMENTOS
Falecimento de Aparecida da Silva Costa e Maria Lindete da Silva.................................................. 750 Frei Vicente lança o seu segundo livro.................................................................................................................... 750 Falece em São Paulo o artista sacro Cláudio Pastro...................................................................................... 751
AGENDA ................................................................................................................................................................................ 752 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | Caixa Postal 57.073 - 04089-970 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br
Mensagem
Tempo de “saborear” COM JÚBILO E ALEGRIA a “festa das festas” Caríssimos irmãos e irmãs, Que o Senhor nos dê a Paz e todo o Bem!
A
s Fontes Franciscanas exaltam a sensibilidade e a ternura com que São Francisco de Assis se prepara para celebrar a Natividade do Senhor. E entre tantas razões que justificam esses preparativos, três me parecem de fundamental importância porque vão ao encontro do seu desejo prin-
cipal e plano supremo de observar o Santo Evangelho: “Imitar com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo”; “Lembrar a humildade de sua encarnação” (cf. 1Cel 84); “Celebrar com incrível alegria, mais que todas as outras solenidades, o Natal do Menino Jesus, pois afirmava que era a festa das festas, em que Deus, feito um menino pobrezinho, dependeu de peitos humanos” (2Cel 199). O Mistério do Natal começa com
a dedicação que se deve dar ao tempo de preparação para acolher Aquele que está por vir: é o Advento do Senhor! Por isso esse tempo de expectativa e de espera da “festa das festas” exige muita atenção, esforço, dedicação e fervor. Ainda hoje me recordo, quando criança, a tamanha ansiedade com que aguardávamos em família a chegada do Menino Jesus (não do Papai Noel). Era muito natural contar os dias que faltavam para o Natal. E assim, a cada dia que passa-
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Mensagem
va e noite que chegava, até bem mais comportados do que qualquer outra época do ano, a ‘fome da festa’ crescia como se quiséssemos sentir em nós a célebre expressão de Cícero, mesmo sem dele nunca ter ouvido falar: “O melhor tempero da comida é a fome”. Sentir fome, aguardar com ansiedade, preparar-se para acolher, endireitar o que não é reto, justo e virtuoso nos caminhos da paz e da fraternidade, são exigências penitenciais desse Tempo do Advento. As grandes figuras bíblicas, de modo especial o profeta Isaías, São João Batista, São José e a Virgem Maria, ajudam-nos a fazer do nosso tempo do Advento um itinerário espiritual que nos fala de acolhida, alegria, consolação, conversão, esperança, humildade, justiça, libertação, oração, pobreza, respeito e vigilância. São estes os ingredientes necessários que realmente nos fazem ‘sentir fome’ para o grande dia da “festa das festas” do Menino Jesus, e participar da grandeza e da fartura do banquete que o Senhor Deus nos preparou na gruta de Belém. Felizes os pobres pastores, sedentos e famintos, que naquela noite da “festa das festas” saborearam do banquete da humildade e da pobreza oferecido misericordiosamente por Deus a todos os famintos da terra. Porque a outra festa, a do ‘papai noel’ do consumismo e das exigências dos enfastiados e insensíveis porque nunca experimentaram a fome, se desenrola no palácio de Herodes por personagens que preferem o tempero das essências sofisticadas e que, infelizmente, levou Herodes e comparsas a perder o sabor daquele que nasceu para nós como Pão da vida e sem fermento e a nós se apresentou como Sal da terra e Luz do mundo. São Francisco de Assis, ao rezar o Evangelho da Encarnação do Filho de Deus, quer imitar a pobreza e a
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humildade do Filho de Deus na gruta de Belém e compreende que estas duas virtudes são pontos de partida para contemplar a riqueza do Amor divino. Festejar o Natal é celebrar com incrível alegria o Amor que dá sentido e sabor à vida! Por isso, “precisamos recordar com todo respeito e admiração, o que fez no dia do Natal, no povoado de Greccio” e o que lá sucedeu quando “aproximou-se o dia da alegria e chegou o tempo da exultação”, quando homens e mulheres do lugar foram chamados, quando a noite foi iluminada com tochas e “Greccio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recordando a humildade” (cf. 1Cel 84-85). A pobreza e a humildade, tão próximas à visão que teve do “menino exânime no presépio” (1Cel 86), na verdade brilham para São Francisco como “glória de Deus aos homens por ele amados” (Lc 2,14), capaz de saciar plenamente a todos os que se prepararam para ter fome na noite da “festa das festas”. Afinal, a própria Serva da festa maior, Mãe do Senhor recolhida silenciosamente na gruta de Belém, magnificamente preconizou isso no seu Cântico: “Derrubou os poderosos dos seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e aos ricos despediu de mãos vazias” (Lc 1,52-53). Que o tempero da fome, provocado em nós neste tempo do Advento, nos leve a saborear com júbilo e alegria a “festa das festas” e contemplar a apropriada visão retratada por Tomás de Celano: “O menino Jesus tinha sido relegado ao esquecimento nos corações de muitos, mas neles ele ressuscitou, agindo a sua graça por meio de seu servo São Francisco,
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e ficou impresso na diligente memória deles” (1Cel 86). Natal, a “festa das festas”, é “o dia que o Senhor fez” e nele Francisco reza: “Pois naquele dia Deus nosso Senhor concedeu a sua misericórdia, e de noite ressoou o seu louvor. Pois foi-nos dado um Menino amável e santíssimo, nascido por nós à beira do caminho e deitado numa manjedoura, porque não havia lugar na estalagem. Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. Alegrem-se os céus, rejubile a terra, ressoe o mar com tudo o que contem...” (OfP 15, 3-10). Por isso Francisco queria que naquele dia “os pobres e esfomeados fossem saciados pelos ricos, e que se concedesse uma ração maior e mais feno para os bois e os burros... e que se jogassem pelas ruas trigo e grãos, para que nesse dia solene tenham abundância até os passarinhos, e principalmente as irmãs cotovias” (2Cel 199). E desde agora desejo a você os melhores votos de um abençoado Natal e todas as bênçãos do Senhor para o Ano Novo.
Mensagem
Mensagem 40 anos da USF A primeira recordação que eu tenho da Universidade São Francisco é de uma viagem, quando eu era estudante no Instituto Teológico de Petrópolis, RJ. Isso foi no final de julho de 1976, exatamente no ano em que a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, através da Casa Nossa Senhora da Paz, estava assumindo a gestão do então Instituto de Ensino Superior da Região Bragantina. Nessa viagem estava a caminho de Petrópolis. Éramos cerca de 8 ou 9 frades, e entre nós estava o então Vice-Provincial, Frei Basílio Prim, de saudosa memória. Na Via Dutra, exatamente quando passávamos nas imediações do viaduto que dá acesso à Rodovia Dom Pedro I, Frei Basílio Prim fez o seguinte comentário: “Por esta Rodovia se chega a Bragança Paulista, lugar onde estão as Faculdades que a Província assumiu...”. E entre outros comentários, a frase que realmente me marcou foi esta: “Oxalá um dia tenhamos uns 80 frades trabalhando nessas Faculdades”. Pois bem, os anos foram passando
e, mesmo à distância e por conta dos outros trabalhos assumidos na Província, fui acompanhando o desenvolvimento das Faculdades Franciscanas, até que elas, 10 anos depois, exatamente no dia 24 de outubro de 1985, passaram a ser reconhecidas como Universidade São Francisco (USF). Certamente, o sonho de Frei Basílio nunca se concretizará - 80 frades trabalhando na Universidade! -, até mesmo porque a Província, através da Mantenedora Casa Nossa Senhora da Paz, nesses anos fez o aprendizado do trabalho colegiado e em parceria com as Colaboradoras e os Colaboradores da Instituição. E assim, em 40 anos, novos Campi e novos cursos foram se abrindo, como também foram necessários vários redimensionamentos e adequações, a exemplo do Pari e HUSF. É verdade que em diferentes momentos dessa história também as turbulências se fizeram presentes, pois não estamos imunes às dificuldades e questões econômicas, políticas e sociais que envolvem o conflituoso universo da Educação no nosso Brasil. E isso se reflete fortemente na vida do nosso corpo docente e discente. Aliás, temos plena consciência da origem da grande maioria dos nossos alunos. Diria que são jovens, homens e mulheres que, apesar dos desafios, encontram na Universidade São Francisco as condições ideais para se profissionalizar e vencer na vida. Por isso, se nesses 40 anos conseguimos formar mais de 80 mil alunos, atuando como profissionais qualificados em diversas setores da sociedade, acreditamos que cada profissional formado na USF é uma semente de irradiação da mística e do pensamento franciscano. A USF, celebrando seus 40 anos de História, tem consciência de sua responsabilidade social no universo da Educação, solidificada em mais de 40
cursos nas diversas áreas do conhecimento, e dialoga diariamente com mais de 1.200 profissionais e 11 mil alunos. E diante de tamanha responsabilidade social, olho para a Universidade São Francisco com reverência, com respeito e também com temor. Somos conscientes dos desafios, especialmente nesse tempo da “comercialização do ensino”, do quanto precisamos lutar e suar a camisa para que a nossa marca - UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO - prime pela formação das pessoas: não formamos máquinas e nem criamos homens-mulheres robôs, mas sonhamos em formar profissionais humanos, isto é, pessoas com sensibilidade, com coração, com alma, com sentimento e, acima de tudo, profissionais que tenham atitudes éticas e virtudes. E se hoje, 40 anos depois, continuamos com a nossa Presença Franciscana no Ensino Superior, é porque acreditamos que a mística franciscana da EDUCAÇÃO PARA A PAZ é possível. Por isso, a USF tem São Francisco de Assis como seu Patrono. O que isso significa? Ter São Francisco de Assis como Patrono é apostar que a missão da Universidade, no seu múnus de educar, pode e deve construir uma EDUCAÇÃO PARA A PAZ, imbuída do cuidado com a criação, da sensibilidade para com a pessoa humana, do diálogo aberto e coerente com as diferentes culturas, raças e religiões. Enfim, celebrar os 40 anos da Universidade São Francisco é reforçar o desejo de continuar a transmitir a sabedoria e o conhecimento, centrados na formação completa do estudante. Sonhamos mergulhar no mundo de cada estudante para ajudá-lo a realizar seu sonho de ser um bom e qualificado profissional. E como profissional, que ele também seja um profeta da paz e do bem. Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial
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É
notória a presença da misericórdia na vida de São Francisco, para com os pobres, com os pecadores, com os confrades relapsos e para com os demais seres da criação, seus irmãos e irmãs. Caso se deva impôr alguma penitência, diz na Regra 7, 2, que “se faça com misericórdia”. Na Carta aos Fiéis 8, 43, recomenda ao superior que “manifeste e pratique tal misericórdia como gostaria que se lhe aplicasse a ele”. Por fim, na Admoestação 27,6 afirma com verdade: “Onde há misericórdia aí não há dureza de coração”. Até hoje calam fundo na alma as palavras do Testamento: “O Senhor
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dos dois : de Assis e de Roma mesmo me conduziu entre os hansenianos (leprosos) e eu tive misericórdia com eles”. Quer dizer, colocou-se no lugar deles, conviveu com eles e participou de todas as discriminações que na época os hansenianos sofriam. Para São Francisco é por misericórdia que Cristo se fez presépio, se escondeu sob as simples espécies de pão e de vinho e nos visita na roupagem dos pobres dos caminhos. A mesma centralidade da misericórdia encontramos no outro Francisco, aquele de Roma. Instituiu em 2015/2016 o “Ano da Misericórdia” e escreveu o belo opúsculo “O nome de Deus é misericórdia”.
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Disse enfaticamente: “O Deus de misericórdia, o Deus misericordioso, para mim, é de fato a carteira de identidade do nosso Deus”. Efetivamente, o Papa Francisco está na linha da Tradição de Jesus, para quem Deus é fundamentalmente amor, mas amor misericordioso que chega a amar “os ingratos e maus” (Lc 6,35). A misericórdia é a nota distintiva do Deus de Jesus Cristo e de todo o cristianismo. Para Jesus, não basta ser bom e observar todas as leis como o irmão do filho pródigo que ficou em casa com seu pai. Precisamos ser misericordiosos. O filho bom e fiel é o único
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a ser criticado porque não mostrou misericórdia para com o irmão que se havia perdido no mundo mas que, arrependido, voltara à casa paterna (Lc 15, 11-32). Santo Tomás de Aquino, na Suma Teológica, coloca a misericórdia como a forma mais alta do amor. Afirma que “a misericórdia é a virtude maior. Pois, faz parte da misericórdia derramar-se sobre os outros e o que é mais belo ainda – ajudar a fraqueza dos outros e isto é uma coisa de quem se encontra mais elevado. Por isso a misericórdia é precisamente atribuída a Deus como sua característica essencial; e diz-se que é através dela que sua onipotência se manifesta de forma melhor”. E conclui com palavras semelhantes: “Entre todas as virtudes que têm a ver com o próximo é a misericórdia, a mais elevada e a mais importante, porque tem também um status mais elevado; pois ajudar a fraqueza do outro é, em si, algo de mais elevado e melhor”. O Papa Francisco reafirmou numa de suas homilias: “A misericórdia é a atitude divina que abraça; é o doar-se de Deus que acolhe, que se predispõe a perdoar”. Nietzsche que disse tantas irreverências, afirmou em seu Assim falou Zaratustra, algo que merece ser refletido: “Também Deus tem o seu inferno: é o seu amor pelos homens… Deus está morto, morreu por sua compaixão para com os homens”. A invés de prolongar uma refle-
xão teológica mais acurada, prefiro estender-me um pouco sobre os fundamentos antropológicos da misericórdia e a imagem de Deus que ela pressupõe.
A religião do Deus-Mãe: a misericórdia
As imagens de Deus dominantes nas religiões atuais nasceram, em sua grande maioria, no quadro da cultura patriarcal. Nela, a imagem predominante de Deus é aquele do Senhor do céu e da Terra, que dispõe de todos os poderes, justiceiro e Pai severo. Sua característica principal é a justiça. Anteriormente vigorava a cultura matriarcal, uma das fases da história humana, vigente por volta de vinte mil anos atrás. A imagem de Deus era feminina, da Grande Mãe, da Mãe dos mil seios, geradora de toda vida. Produziu uma cultura mais em harmonia com a natureza e profundamente espiritual. A característica do Deus-mãe era a misericórdia. O nosso inconsciente, pessoal e coletivo, guarda na forma de arquétipos e de grandes sonhos, estas experiências feitas sob as duas formas de organizar a experiência religiosa, sob a figura do pai e sob a figura da mãe. Como Freud já observou, elas constituem as bases psíquicas a partir das quais projetamos as nossas imagens de Deus, seja como Deus-Pai seja como Deus-Mãe. Além disso, estas figuras estão presentes em nós sob a forma de arquétipos seminais que nos acompanham durante toda a vida. Elas sempre vêm à tona por uma ignota saudade, pelo imaginário, pelas grandes narrativas, pela arte, pela música e por símbolos de toda ordem. Mas há outra imagem, presente na história das religiões e também na tradição judaico-cristã que nos remete ao tema da compaixão e da misericórdia. Era por onde São Francisco
vivenciava a encarnação. Ela se manifesta pelo Deus que se faz criança, que não julga, mas que choraminga e convive. Um Deus que se enche de compaixão e chora pela morte do amigo Lázaro; que “compadeceu-se de nossas fraquezas” (Hb 4,15) e que “aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo em solidariedade (compaixão) conosco” (Fl 2,7); que “soube compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque ele também está cercado de fraqueza” (Hb 5, 5,2) e que “não obstante ser Filho de Deus teve que aprender a obedecer pelo sofrimento” (Hb 5,8). Eis os sinais de sua compaixão e misericórdia para conosco: a forma que o Filho tomou ao encarnar-se. William Bowling, místico inglês do século XVII, concretizava ainda mais a misericórdia de Cristo, dizendo: “Cristo verteu seu sangue tanto pelas vacas e pelos cavalos quanto por nós homens”. É a dimensão transpessoal e cósmica da redenção. O Papa Francisco numa audiência de 28 de outubro de 2015 enfatizou também esta dimensão cósmica da misericórdia: “A misericórdia para a qual somos chamados abraça toda a criação que Deus nos confiou para sermos cuidadores e não exploradores, ou pior ainda, destruidores”. Há um comovente midrash judaico (um relato) sobre o choro de Deus. Quando viu os cavaleiros egípcios com seus cavalos serem tragados pelas ondas do Mar Vermelho depois da passagem a pé enxuto de todo o povo de Israel, Deus olhou para trás e não se conteve. Chorou. “Os egípcios não são também meus filhos e filhas queridos e não apenas os descendentes de Abraão e de Jacó”? É rica a tradição bíblica que fala da misericórdia de Deus. Em hebraico misericórdia significa ter entranhas de mãe e sentir em profundidade, lá
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dentro do coração o sofrimento dos míseros (ter um coração (cor) para com os míseros, como o explicou o Papa Francisco certa feita). O Salmo 103, um dos que pessoalmente mais aprecio, é nisso exemplar ao afirmar que “Deus tem compaixão, é clemente e rico em misericórdia; não está sempre nos
do mundo, ousou dizer o que muitos teólogos vinham pensando mas não podiam expressá-lo. Diante dos novos cardeais, surpreendentemente, lhes disse: “Não atemorizeis os fiéis com o inferno como sempre foi feito na história da Igreja. Deus não conhece uma condenação eterna”.
acusando nem guarda rancor para sempre… porque como um pai, sente compaixão pelos seus filhos e filhas porque conhece a nossa natureza e se lembra de que somos pó; sua misericórdia é desde sempre e para sempre”. Haverá palavras mais consoladoras do que estas para os tempos maus sob os quais estamos vivendo? Somente um Papa, vindo do fim
Numa outra homilia, reafirmou: “Nenhum pecado humano, por mais grave que seja, pode prevalecer sobre a misericórdia ou limitá-la”.
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A misericórdia da Santíssima Mãe de Jesus
Estas afirmações tão contundentes do Papa me remetem a um apócrifo tardio, do século IX, mas fundado
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numa tradição antiga, muito popular na piedade russa, chamado O apocalipse da Mãe do Senhor. Como é sabido pela pesquisa, hoje em dia está em voga o interesse pelos apócrifos, aqueles evangelhos não oficiais que têm mais a ver com a cultura popular que utiliza antes a fantasia do que a razão para realçar o significado da mensagem de Jesus. Não devemos menosprezar a fantasia porque ela traduz, à sua maneira, a verdade e, por isso, têm seus direitos. O referido apócrifo é profundamente comovedor e mostra o triunfo da misericórdia divina sobre a justiça. Ele comprova, uma vez mais, que para o Deus da misericórdia não existe uma condenação eterna. Ei-lo: “A santa e gloriosíssima Senhora, mãe de Deus e mãe de Cristo, levantou-se e quis saber acerca das penas que sofrem os seres humanos, especialmente os condenados ao inferno. Perguntou ao arcanjo Miguel: “Quantas penas existem lá onde é punido o gênero humano”? Ele respondeu: “As penas não têm número”. Ele abriu o inferno pelo lado do ocidente. E a santíssima mãe de Cristo viu as muitas penas da humana gente e prantos de muito tormento. Do lugar da pena, os condenados gritaram em voz alta: “Há séculos que não vemos a luz. Mas agora vemos a ti que destes a luz ao Senhor”. Os anjos, por sua vez, clamaram: “Alegra-te, Virgem, luz que nunca se apaga. Alegra-te também tu, arcanjo Miguel, justo intercessor das almas de todos”. Os anjos também viram os condenados e choraram. A honorabilíssima Mãe do Senhor viu o lamento dos anjos por causa dos condenados. E ela também começou a chorar. Novamente os condenados gritaram: “Bendita és tu porque vieste até
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nós que estamos nas trevas por toda a eternidade”. Disse a santíssima Mãe ao arcanjo Miguel: “Diga aos anjos para levar-me diante do Pai invisível”. Vieram então os querubins e os serafins e a levaram diante do Pai invisível. E ela estendeu as mãos diante do trono terrível e se inclinou profundamente (fez a proscrínese). Depois dirigiu os olhos na direção de seu Filho, Senhor do céu e da terra. Suplicou: “Tem piedade, ó Senhor, dos cristãos! Vi tormentos impossíveis de serem suportados. Eu quero sofrer com eles”. Cristo respondeu: “Como poderia ter piedade deles quando eles não tiveram piedade de meus irmãos e irmãs menores, os pobres?” Apesar disso, suplicou a honorabilíssima Senhora: “Mesmo assim, ajuda-me, ó Senhor”. E o Filho lhe respondeu: “Não há na terra ninguém que me invoque e que não seja ouvido por mim. Mas estes não quiseram invocar meu nome”. E a virgem Maria se voltou para os anjos e santos e para os justos do Reino do céu e para todos os que têm a ousadia de pedir pelos condenados. E o arcanjo Miguel incitou a todos e ele mesmo se ajoelhou, seguido pelos anjos e por toda a corte dos santos e das santas, com grande caridade. E disse a esplendidíssima Mãe a seu Filho: “Filho meu amantíssimo, desce de teu trono e veja a oração que fazemos pelos condenados”. E o Filho do Pai, o Cristo Senhor, desceu de seu trono. Aproximou-se do lugar das penas eternas. Vendo-o gritaram os atormentados em alta voz: “Tem piedade de nós, Filho de Deus”. E o Senhor disse então: “Escutai todos. Por causa da piedade e da misericórdia de minha mãe e da oração dos anjos e dos santos e santas, a partir de minha Ressurrei-
ção no dia de Páscoa até o domingo de todos os santos, habitareis no paraíso”. E todos os santos e santas glorificaram a Deus, ficando na expectativa da festa da Ressurreição do Senhor. E quando ela chegou, todos os condenados entraram cantando no céu. E diz-se que de lá nunca mais saíram”. Perguntei a um monge, teólogo ortodoxo russo o que significavam aquelas datas. Ficariam no céu somente por um tempo? Ao que me respondeu: quem entrou não sai mais, pois seria invalidar a misericórdia da Mãe do Senhor. Por isso não se deve tomar as festas referidas no sentido temporal, mas no sentido espiritual: são as festas eternas no Reino da Trindade na qual todos os redimidos participam. Por isso é justo que se diga: “E de lá, do céu, nunca mais saíram”. Com correção teológica asseverou o Papa Francisco: “Com a misericórdia e o perdão, Deus vai além da justiça, a inclui e a supera numa dimensão superior na qual se experimenta o amor, que é o fundamento de uma verdadeira justiça”. A narrativa do apócrifo russo revela a vitória da misericórdia (religião da mãe) sobre a justiça (religião do pai).
Deus-Pai-e-Mãe não tem uma caixa de lixo
Dito numa linguagem do cotidiano: Deus, Pai e Mãe de bondade e de infinita misericórdia não têm uma caixa de lixo eterna, para onde jogam os que neste mundo não deram certo. Seria uma derrota eterna para Eles que jamais poderão ser vencidos pelas forças do Maligno. A misericórdia que é o amor dolorido que se compadece dos padecimentos humanos, superou a justiça. No juízo individual no qual se darão conta de sua justiça, os pecadores, en-
vergonhados, reconhecem o mal que fizeram. Sofrem terrivelmente (existencialmente não seria o purgatório?). Mas o sofrimento é purificador. Por isso, este não tem a última palavra. A última página do livro da vida é escrita pelo amor e pela misericórdia. É da natureza divina, toda amor e compaixão, perdoar e reconduzir a todos os seus filhos e filhas ao seu seio bem-aventurado. Foi para isso que foram pensados e queridos por Deus desde toda a eternidade. E Jesus é o salvador universal, cujo poder de resgate das vítimas do mal não conhece limites. Seu gesto redentor é verdadeiramente universal e sempre vitorioso. Nenhum mal resiste ao amor e à misericórdia. Ele jamais poderá triunfar. Pela justiça, o mal é reconhecido, faz sofrer de modo que este sofrimento funciona como uma clínica purificadora de Deus. Purificados pelo sofrimento e muito mais pela intensidade incomensurável do amor divino, todos saem transfigurados. Por causa da misericórdia são perdoados. E assim Deus é sempre e eternamente vitorioso contra todas as forças do Negativo da história. O sentido último da encarnação não é outro que este: Deus vem, assume a nossa condição frágil e mortal e nos toma porque somos seus, leva-nos para a morada eterna que nos foi preparada antes do princípio da criação. E aí viveremos e festejaremos, festejaremos e nos alegraremos, nos alegraremos e conviveremos como irmãs e irmãos, junto com toda a comunidade de vida também ela transfigurada no Reino bem-aventurado da Trindade, do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Leonardo Boff
Olim frater, franciscano de espírito, herdado da alma Província da Imaculada Conceição do Sul do Brasil
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SAV ordenação presbiteral
Frei Robson Luiz Scudela
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Dom Odelir: “Frei Robson, não perca nunca o desejo de buscar esse encontro com Deus”
endo como inspiração o Evangelho de Zaqueu, próprio da liturgia do 31º domingo do TC, Frei Robson Luiz Scudela foi ordenado presbítero pelas mãos do bispo diocesano de Chapecó, Dom Odelir José Magri, MCCJ, durante Celebração Eucarística, às 18 horas do sábado (29/10), na Igreja Matriz de Coronel Freitas (SC). Se-
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gundo o bispo, quando nós manifestamos o desejo de encontrar Deus, é ele que vem ao nosso encontro e entra na nossa vida, na nossa casa. “Queria dizer para o Frei Robson o quanto é fundamental para a vida do sacerdote alimentar esse desejo. Alimente sempre! Não perca nunca esse desejo de buscar esse encontro com Deus. De querer ser um sacerdote o mais pos-
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sível, como diz Jeremias, segundo o coração de Deus”, ensinou. Numa tarde mais parecida com o tempo de inverno, fria e com um belo céu azul, a Matriz lotou para ver esse momento histórico na vida de Frei Robson. A celebração, que durou duas horas, foi sóbria e carregada de emoção. Era visível isso nos rostos dos conterrâneos, familiares, confrades e
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amigos, especialmente no momento em que o neo-sacerdote não segurou as lágrimas ao pedir para seus pais, Luiz e Maria, desamarrarem suas mãos logo depois de serem ungidas pelo bispo. Com as mãos livres, deu a primeira bênção como sacerdote aos pais. Outro momento marcante foi a vestição, quando o jovem frade, auxiliado por Frei Diego Melo e o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, vestiu os paramentos próprios do presbítero e recebeu uma salva de palmas. Após a Ladainha de Todos os Santos, quando Frei Robson se prostrou no chão por um longo período, no momento da imposição das mãos pelo bispo e pelos padres, um silêncio orante tomou conta de toda a igreja. A impressão era de que todos estavam concentrados, em prece a Deus, pedindo pela vida e missão do ordenando. Na homilia, Dom Odelir explicou que Frei Robson, ordenado presbítero, assim como todos os sacerdotes, participam do único e verdadeiro sacerdócio de Jesus
Cristo. “Ele é o único sacerdote. O verdadeiro sacerdote. Nós, que somos ordenados no decorrer da história, participamos do sacerdócio Dele. Por isso, é um sacramento extraordinário. Se nós olharmos a nossa realidade, as nossas fragilidades humanas, a nossa pequenez, nós veremos que não somos dignos desse Ministério, mas como São Paulo, podemos dizer ‘somos como vasos de argila porque carregamos em nós esse mistério tão grande’”, acrescentou o bispo. O bispo pediu para Frei Robson explicar por que ele escolheu esse lema: “Desce depressa, Zaqueu, hoje eu devo ficar na tua casa”. “Acredito que muitas vezes esse convite é feito a nós. É importante descer e encontrar aqueles que dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES]
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estão lá embaixo nos esperando. Francisco de Assis, com certeza, fez isso na experiência do leproso. Desceu e foi depressa encontrá-lo”, explicou Frei Robson. O bispo, então, lembrou que neste Ano da Misericórdia, esse texto evangélico mostra que Zaqueu viveu, nesse encontro com Jesus, a experiência de misericórdia. “Uma experiência da graça de Deus, do perdão. Foi justamente esse homem que tinha sua realidade como cobrador de impostos, com seus limites, e que sabia que estava em situação de pecado, que tinha dentro do seu coração um desejo: Ele queria ver Jesus. Esse desejo é sempre o ponto de partida. Quando nós queremos alguma coisa, quando nós temos alguma coisa no coração, nós corremos atrás. Não corremos? Essa experiência da fé é o ponto de partida: querer, desejar. Por isso, Zaqueu vai lá na frente, sobe na árvore e quando ele concretiza esse desejo de ver Jesus, é Je-
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sus que vem ao seu encontro e diz: ‘Desce depressa, porque hoje eu devo ficar na sua casa’. Jesus não xingou Zaqueu, não lhe cobrou de nada. Só por este gesto de misericórdia, transformou o coração de Zaqueu. E Jesus vai dizer essa frase linda: ‘Hoje, a salvação entrou nessa casa’”, lembrou. “Se você buscar a Deus, com certeza Deus vai fazer de você um instrumento de graça. Para o seu povo, para Igreja. Mas será que é fácil ser padre hoje? Será que é fácil ser pai de família? Será que é fácil ser religioso? Será que é fácil ser cristão hoje? Nós sabemos que não é fácil, mas é possível, com a graça de Deus. Por isso, nós nunca podemos deixar de buscar a Deus. Fazendo isso, podemos testemunhar a nossa fé”, ensinou o bispo, lembrando que essa escolha é mais radical no religioso que faz os votos perpétuos, como Frei Robson, que é religioso franciscano. dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES]
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O bispo terminou com um poema de D. Hélder Câmara, que pediu para o neo-sacerdote tomar como alento no seu ministério: Não, não pares. É graça divina começar bem. Graça maior, persistir na caminhada certa. E manter o ritmo… Mas graça das graças é não desistir. Podendo ou não podendo, caindo, embora, aos pedaços, chegar até o fim. Além do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, muitos outros frades estiveram presentes, dos
mais diversos regionais da Província. Também vieram partilhar da alegria de Frei Robson paroquianos e amigos das diferentes comunidades da região e do território da Província. Nos agradecimentos, Frei Robson louvou a Deus pelo dom da vida e da vocação, agradeceu à família, à Província e à Igreja, que acabara de acolhê-lo na Ordem dos Presbíteros. Frei Fidêncio falou em nome da Província, trazendo à lembrança o carinho de sua irmã Cristina, que não pôde comparecer à celebração por estar em São Paulo por motivo de saúde. Lembrou uma frase dela: “Tenho certeza que meu irmão será um bom sacerdote”.
MAIS DE 50 MISSIONÁRIOS NA PREPARAÇÃO O dia de Frei Galvão, 25 de outu- missionários não bro, primeiro santo brasileiro e tam- levam Deus às pesbém frade da Província Franciscana soas, mas ajudam da Imaculada Conceição do Brasil, a descobrir esse marcou o início das Missões em Fer- Deus que já está lá nando Machado, no município de como uma semenCordilheira Alta, em preparação para te esperando para a ordenação presbiteral de Frei Robson ser cultivada”. Até o Luiz Scudela. Durante esta semana, no sábado, dia da ordedia 27, Frei Robson também celebrou nação em Coronel o seu aniversário. Freitas, os mais de Frei Diego Melo, do Serviço de 50 missionários visitaram escolas, faAnimação Vocacional, que acolheu mílias e hospitais. os missionários, lembrou a imporA ordenação presbiteral foi transtância702 das missões, dizendo quedezEMBRO “os mitida [coMUNICAÇÕES] / 2016 ao vivo pela Rádio Coroado
AM de Curitibanos. A TV Sudoeste também exibiu uma reportagem sobre este momento histórico na vida de Frei Robson e da Província.
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O BELO DIA DAS PRIMÍCIAS DE FREI ROBSON O domingo, 30 de outubro, amanheceu com um sol radiante, céu azul e um clima agradável. Tudo colaborou para que a celebração da Primeira Missa de Frei Robson Luiz Scudela fosse um momento envolvente e marcante na pequena Comunidade de Fernando Machado (SC). De fato, ao se chegar à capela da Padroeira Santana, notava-se a alegria e a vibração dos fiéis, amigos e confrades que lá estavam. A Missa iniciou-
-se às 10 horas e transcorreu num clima de bastante tranquilidade. No início da celebração, Frei Diego Melo recordou alguns momentos importantes da vida do neo-sacerdote nesta Comunidade, apresentando alguns objetos que foram guardados pela família, como a roupinha que Frei Robson usou no dia de seu batismo; a foto da família; e o carrinho de madeira, feito pelo seu nono, que o pequeno Robson usava para brincar na sua simplicidade, e a vela da
profissão solene. “Na infância pura e simples da cidade do interior, Frei Robson foi descobrindo o chamado de Deus”, explicou Frei Diego. Como de praxe na Província da Imaculada Conceição, foi escolhido um pregador para a ocasião. Frei Pedro da Silva, amigo e confrade de Frei Robson, foi quem proferiu a homilia. Partindo das leituras do domingo, especialmente do Evangelho de Zaqueu, Frei Pedro situou esse momento histórico na vida de Frei Robson
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com o encerramento do mês missionário, com o encerramento do Ano Santo Jubilar, com o início do Ano Mariano. “Celebras essa primeira Missa aos pés da Mãe Padroeira Santana. Diz um pensamento que cada vocação vem do coração de Deus, mas passa pelo coração de mãe. É através desse coração de mãe que você é entregue para Igreja e para o serviço do reino de Deus.” “Celebras sua primeira Missa neste final de mês missionário. Um coração missionário é um ser que almeja ir longe, segundo o convite do Senhor. Você fez essa experiência em Angola e de lá trouxe com certeza muitas lições. Mas um coração missionário começa também por abraçar quem está perto. É ali que acontece a missão de cada dia. Dom Odelir disse uma frase que me tocou muito quando ele assumiu seu ministério nesta Diocese. ‘A missão é feita pelos pés dos que partem; a missão é feita pelos joelhos dos que rezam; a missão é feita pelas mãos que sabem servir o seu semelhante’. “Celebras sua Missa hoje no início do Mês Mariano no Brasil. 300 anos do encontro da imagem de nossa Mãe Aparecida. Dela recordamos como a cheia de graça. E se tornou muito sensível ao seu povo, aos seus irmãos e partiu em missão. Porque quem é de Deus é muito sensível ao povo de Deus. Seja uma pessoa de Deus e por isso uma pessoa muito sensível ao coração do seu povo”, pediu Frei
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Pedro, acrescentando que deverá ser também um sinal da Misericórdia de Deus. No final da celebração, Frei Alcides Cella e um grupo de casais expli-
caram o trabalho vocacional que é feito na Paróquia de Coronel Freitas. O coordenador da comunidade, Evandro, agradeceu a todos pela presença e pelo envolvimento da comunidade na ordenação presbiteral. Frei Robson voltou a agradecer à comunidade, à família, à Provín-
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cia, especialmente aos formadores. “A cada um que se fez presente e que tem uma história para estar aqui. E não é fácil sair de casa, largar todas as coisas que se tem para fazer, para estar aqui. Eu imagino o sacrifício de comunidades vizinhas e distantes que fizeram para participarem deste momento. Que bom podermos celebrar juntos! Deus os recompense e não se esqueçam de mim em suas orações. Repito aquilo que disse ontem à noite: ‘Sejam vocês os primeiros a me mostrarem o caminho, sejam os primeiros a me chamarem a atenção quando for necessário, sejam vocês os primeiros a comunicarem Deus através de suas vidas. Muito obrigado’”, completou. Frei Robson Scudela exerce seu trabalho evangelizador no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga, de onde vieram dois ônibus para participar de sua festa. Moacir Beggo
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Estágio vocacional reúne 20 jovens em Guaratinguetá
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oncluindo o ano de acompanhamento vocacional, aconteceu entre os dias 12 a 15 de novembro de 2016, no Seminário Franciscano Frei Galvão, em Guaratinguetá, o Estágio Vocacional Provincial, contando com a presença de 20 jovens vocacionados, dos quais 12 eram do estado de São Paulo, 5 do Espírito Santo, 2 do Rio de Janeiro e 1 do Paraná. O encontro, que é “porta de entrada” para o processo formativo franciscano, foi coordenado pelos Freis Diego Melo e Edvaldo Batista Soares, animadores provinciais do SAV (Serviço de Animação Vocacional). Nele, os participantes puderam compreender melhor o “jeito de ser franciscano” em nossos dias, tirando dúvidas e participando do cotidiano dos postulantes que residem nesta casa formativa. Em consonância com o Capítulo Provincial de 2016, os vocacionados também puderam conhecer como se dá concretamente a vida de um frade menor nos dias de hoje, principalmente a partir das cinco Frentes de Evangelização assumidas pela
Província. Além disso, foi explicitado aos vocacionados quais os critérios formativos exigidos pela Ordem dos Frades Menores e pela Igreja, bem como quais são as etapas de formação. Ainda durante esta experiência, os vocacionados visitaram o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, onde participaram da missa e rezaram aos pés da imagem de Maria, a grande vocacionada de Deus e modelo de todas as vocações. No domingo (13/11) em momento de emoção, Frei Edvaldo Batista Soares, sacerdote recém-ordenado, celebrou pela primeira vez nesta que já foi sua casa formativa, dando também seu testemunho de perseverança vocacional para os jovens que buscam trilhar esse caminho. O encerramento do estágio deu-se com a celebração da Eucaristia, alimento e fonte das vocações. Ao final da celebração, cada jovem recebeu um Tau franciscano vindo direto de Assis, sinalizando assim o desejo de aderir ao ideal de vida e espiritualidade franciscana.
Após a conclusão do estágio, a próxima etapa é a visita dos animadores vocacionais às suas famílias, cujo objetivo é o estreitamento de laços e o conhecimento mútuo. Rodrigo Silva Postulante
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RONDINHA
RETIRO ANUAL: É PRECISO CADA DIA NASCER DE NOVO!
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ntre os dias 12 a 15 de novembro de 2016, realizou-se na Fraternidade Franciscana São Boaventura o retiro anual. Este ‘tempo de recesso’ propiciou aos frades de Profissão Temporária um revigoramento na fé e também uma avaliação feita da caminhada até o presente momento, pois, como é de costume nesta fraternidade, ao final de cada ano, os religiosos de livre e espontânea vontade, renovam os votos de pobreza, castidade e obediência, por mais um ano de suas vidas. O pregador do retiro foi Frei Sebastião Agostinho Kremer. Logo no início das formações Frei Sebastião surpreendeu a todos dizendo que o tema do retiro era o de não ter tema. Mas não pensem que o fato de não possuir um esquema embasado em um tema a ser refletido fizesse com que não se tivesse o que falar, pelo contrário. Cada dia do retiro foi preparado por uma equipe nomeada como “Marta” fazendo menção ao Evangelho de Lucas (10, 38-42 ) onde Marta trabalhava duro e Maria escutava a Jesus. E assim foram os quatro dias de reflexões e aprofundamentos.
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Em suas explanações, o frade menor afirmou que precisamos nos retirar, não para fora, mas sim para dentro de nós mesmos, neste sentido, pode-se perceber que o seguimento de nosso Senhor Jesus Cristo requer que nasçamos de novo para a vida, como discípulos. O evangelho de Lucas (9,57-62) nos mostra muito claramente isso: “Enquanto prosseguiam viagem, alguém lhe disse na estrada: “Eu te seguirei para onde quer que vás”. Ao que Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Permite-me ir primeiro enterrar meu pai”. Ele replicou: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos; quando a ti, vai anunciar o Reino de Deus”. Outro disse-lhe ainda: “Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa”. Jesus, porém, lhe responde: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus”. Segundo Frei Sebastião, as exigências da vocação apostólica nascem do
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“querer uma vida nova”, uma fé viva... Porém, esse querer não é apenas para hoje e sim para sempre; é a cada dia que devemos começar de novo. Faz-se necessário nos entregarmos inteiramente ao Sumo Bem e permanecermos Nele, no livre arbítrio do mais importante querer, pois já dizia São Francisco: “O homem vale aquilo que ele é perante Deus e nada mais”. Em suas reflexões, por muitas vezes, Frei Sebastião destacou que é preciso estar na dinâmica de olhar a vida, a partir do cerne, do âmago, ou seja, é preciso ver com o coração! E faz-se importante destacar aqui que à medida que se aprende a olhar como Francisco de Assis, se percebe que todas as criaturas, sem distinção, são filhas de Deus. Para isso se faz “indispensável a virtude da cordialidade entre irmãos (eu-tu), pois o que vale é a relação de caridade com o próximo, com os que estão ao nosso redor e comungam de nossa vida”, enfatizou o frade. Deus é o tesouro, Ele é a Pedra Preciosa. No momento em que os discípulos ‘tiram a trave do olho’ eles conseguem enxergar a grandiosidade do seguimento, por isso abandonam tudo e O seguem. “Quando é que vamos abrir os olhos como o cego de Jericó, servir como a sogra de Pedro, e descer da árvore como Zaqueu?”, questionou Frei Sebastião. Agradecemos a Deus por nos proporcionar mais este rico momento de partilhas de vida, de reflexões profundas e orações revigorantes. Pedimos que Jesus Cristo, por intermédio de São Francisco nos ajude a sempre seguirmos a Cristo com olhos fixos, nascendo a cada dia de novo. Frei Leandro Ferreira Silva
Formação e Estudos
FRADES PARTICIPAM DO “SIMPÓSIO DA MISERICÓRDIA” Em comemoração aos 150 anos de fundação da Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, realizou-se o Simpósio da Misericórdia, com o intuito de se refletir o tema “A graça do Cuidado num mundo sem Compaixão” e relembrar a caminhada das religiosas que também comemoram seus 90 anos de presença no Brasil. O evento aconteceu no berço da missão das irmãs neste país, a antiga Colônia São Roque, hoje Hospital Dermatológico, em Piraquara (PR), tendo início na quinta-feira, dia 20, indo até o domingo 23. O Simpósio contou com a presença de Irmãs de todas as províncias do Brasil, colaboradores, benfeitores, religiosos e religiosas de diversas congregações e movimentos que fazem parte desta rica trajetória. Houve presenças importantes como os Bispos Dom Francisco Carlos Bach (São José dos Pinhais), Dom Bernardo Johannes Bahlmann (Óbidos – PA), Dom Leonardo Ulrich Steiner (secretário geral da CNBB) e do músico cearense Zé Vicente que conduziu uma noite cultural na noite do sábado. A Fraternidade Franciscana São Boaventura participou no sábado (22/10) contribuindo com a animação dos cantos, mas a presença franciscana profética daquele lugar, que outrora abrigou uma colônia de hansenianos, fica por conta de Frei Rui Depiné que lá
trabalha junto às irmãs no cuidado dos necessitados. A ligação entre as Irmãs de São José e os freis de Rondinha já é de longa data, pois, por anos, elas desempenharam um importante trabalho no Convento, colaborando na formação dos frades estudantes que por aqui já passaram. Sendo justamente a misericórdia o carisma principal das Irmãs de São José, as partilhas que decorreram durante o encontro giraram em torno desta temática. Cada província que estava ali representada deu o tes-
temunho do trabalho desempenhado pelas religiosas nas periferias deste país e nas missões que elas abraçaram no exterior, como em Honduras e Angola. Uma enriquecedora contribuição foi dada pela Doutora em Teologia Sistemática Andreia Cristina Serrato, que recordou o valor da beleza cristã que cativa ao cuidado dos nossos irmãos, ressaltando a importância do olhar contemplativo para a ação e o amor de Deus em nossas vidas. Frei Vitor Amâncio
DA REITORIA À ZELADORIA: UMA VISITA PELA FAE O objetivo da Pastoral Universitária da FAE é compartilhar, entre toda a comunidade discente, experiências de vida e evangelização, enfatizando os ensinamentos de São Francisco de Assis. E foi com base nesses princípios que os frades da Fraternidade Franciscana São Boaventura, juntamente com a Pastoral Universitária, fizeram um ‘tour’ pela
FAE-Centro Universitário e FAE Busines School, no dia (04/11) em Curitiba (PR). A boa acolhida acompanhada de muitos sorrisos espontâneos e admirados pela visita deram uma tônica bem franciscana durante as visitas. O motivo foi o de não ter motivo, e sim ser presença franciscana. Durante as visitas os educadores puderam receber das mãos dos freis pequenos taus que foram confeccionados pela pastoral, com um pequeno pensamento de São Francisco de Assis, nosso exemplo de vida e missão! dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES]
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ITF CELEBRA 120 ANOS COM
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Noite Cultural que celebrou os 120 anos de existência do Instituto Teológico Franciscano esteve envolta numa atmosfera de louvor e ação de graças. Foi uma ocasião para partilhar agradecimentos e esperanças. A vitalidade
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constatada e que envolve toda a Província da Imaculada, mesmo em momentos de dificuldades, é motivo de louvor e de esperança. O diretor da faculdade – Frei Antônio Everaldo Palubiack Marinho – fez um breve pronunciamento,
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saudando os presentes e recordando aqueles que construíram e constroem a história do Instituto Teológico. Destacou a presença do Coral dos Canarinhos, que faz parte da história do Instituto, e convidou-o para abrir a noite em que seriam executadas peças
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atendimento espiritual e cultural dos imigrantes alemães e seus descendentes, a cujos esforços e zelo a igreja do Sagrado é devida. Em região de clima favorável, em lugar estratégico para relações institucionais com a sociedade brasileira e para atendimento religioso e cultural dos imigrantes e de toda a população, chegaram, pois, Frei Ciríaco Hilcher (guardião), Frei Zeno Walbroehl, sacerdote, e Frei Mariano Feldmann, irmão leigo, aos
NOITE CULTURAL de frades que passaram pelo Instituto. Após a abertura e para esboçar uma moldura em que se situam as composições dos frades músicos, Frei Elói Dionísio Piva apresentou um vídeo, traçando um percurso histórico do Instituto. Apresentando o
vídeo, dizia que os freis tinham sido convidados a se inserir na história de Petrópolis pelo então aqui residente encarregado de afazeres da Santa Sé, Monsenhor João Batista Guidi. Fora-lhes confiada a herança do Padre Theodor Esch, encarregado do
16 de janeiro de 1896; e seis jovens, frades estudantes, a 02 de novembro do mesmo ano, data-início do atual Instituto Teológico Franciscano. No decorrer dos tempos, os freis, fiéis à sua missão religiosa e cultural, notabilizaram-se e se caracterizam também hoje por sua atuação na dimensão religiosa, precedida e acompanhada por iniciativas na área da educação e, particularmente, do estudo e da divulgação na área da Teologia. Desenvolvendo esta missão, Frei Piva apontou como os frades especificaram e canalizaram sua ação através da atuação em cinco áreas preferenciais: pastoral, educacional, comunicativa, teológica, e musical. A área pastoral, em comunhão com a atuação dos demais frades da Província de ontem e de hoje, foi aberta com o atendimento religioso que partia da antiga igreja (1873-74), dita “igreja dos alemães”, hoje Paró-
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quia do Sagrado, e estendeu-se por toda a redondeza de Petrópolis, na Baixada Fluminense e no Interior; e hoje, também por diversas formas de assessorias. A área educacional, iniciada com a Escola Gratuita São José, também corresponde à atuação dos confrades pela Província afora; em Petrópolis, ela se materializa, hoje, na Escola Bom Jesus-Canarinhos e em outras escolas paroquiais; da evolução da Escola Gratuita São José, origem da Escola Bom Jesus-Canarinhos, nasceu o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, cuja influência ultrapassa os limites físicos da cidade e da região. A atuação na área da comunicação, na cidade de Petrópolis, foi uma decorrência da atividade na Escola Gratuita São José e da atuação cultural, em sentido amplo, sempre cultivada pelos frades restauradores da antiga Província da Imaculada. Em Petrópolis, ela se materializou na Gráfica e depois Editora Vozes Ltda, ou seja, na área da imprensa, cuja atuação e sentido ultrapassam fronteiras. Na área cultural, relacionada à religião, à reflexão teológico-pastoral, particularmente em relação à formação dos próprios quadros, também se manterializa a intenção e definição de toda a Província, ou seja, a aposta de uma sólida formação teológica relacionada à relação Deus-ser humano/ ser humano-Deus, revelado em/por Jesus, o Cristo. Esta atuação, iniciada com a vinda dos seis primeiros jovens formandos, se materializa hoje na atuação do Instituto Teológico Franciscano, que sempre esteve de portas abertas para oferecer suas possibilidades e acolher estudiosos/estudantes de outras congregações, seculares, leigos/as, estudiosos/as do fenômeno religioso. Sua influência se estende não só através da atuação dos professores, mas também e principalmente por quantos daqui partiram e partem,
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as fases do ITF no sagrado
Em 1874, foi inaugurada a igreja dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Vindos da Alemanha e procedentes da Bahia, chegaram a Petrópolis os primeiros quatro frades em janeiro de 1896.
Em novembro de 1896, vieram da Bahia a Petrópolis os seis primeiros “clérigos” para continuarem seus estudos de “Humanidades” (1896/1897), de Retórica e Filosofia (1898) e de Teologia (1899), com certeza e a sensação de que ali se construiria uma longa história, fundando o Instituto Teológico Franciscano.
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fortalecidos e esclarecidos em sua fé, para sua atuação evangelizadora. Por fim, Frei Piva enfatizou um aspecto da atuação cultural dos frades: a atuação musical. E esta, através de frades compositores, foi escolhida para ilustrar o louvor, o agradecimento e a esperança da celebração dos 120 anos do Instituto Teológico Franciscano. Inúmeras composições musicais surgiram da rica inspiração dos frades que passaram pelo Instituto. E a amostra do panorama sonoro ficou ao encargo do Coral dos Canarinhos de Petrópolis, sob a regência do maestro Marcos Aurélio Lischt, sendo o Instituto dos Meninos Cantores e seus corais, entre eles o dos conhecidos Canarinhos, a mais bela expressão desta atuação cultural dos frades no âmbito da música, particularmente da música sacra. Como exemplo e para elevação da noite comemorativa dos 120 anos dos ITF, o Coral dos Canarinhos apresentou algumas obras que compõem o rico e variado acervo de frades que enobrecem a história do Instituto Teológico. Assim, do programa constaram peças dos freis: Leto Bienias; José Luiz Prim; Antônio Fernando Fabreti; Afonso Vogel; Basílio Röwer; Pedro Sinzig; Bernardino Bortolotti e Ademir José Peixer. Como já foi aludido, a história dos Canarinhos de Petrópolis está intimamente relacionada à trajetória do ITF e à sua caracterização na atuação religiosa e cultural. O maestro Marco Aurélio Lischt recordou que o coral – fundado e regido por Frei Leto Bienias – também teve outros frades à sua frente, atuando como regentes: Frei José Luiz Prim (falecido em 2013) e Frei Alberto Beckhäuser, presente na noite comemorativa. Intercalando a apresentação musical, dois professores se pronunciaram a respeito de sua experiência relativa ao ITF. Frei Ludovico Garmus e Padre Mário Luiz Menezes Gonçalves dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES]
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Em 1917, o primeiro ano de Teologia foi transferido de Petrópolis para Curitiba, situação que perdurou até 1941, quando novamente voltou para Petrópolis. ressaltaram que o Instituto Teológico Franciscano, através de suas variadas atividades, contempla o ser humano sob diferentes aspectos, possibilitando e incentivando o seu desenvlvimento integral. O coral encerrou sua participação com duas peças do compositor inglês John Rutter, cuja temática é manifestamente franciscana: “Look at the World” e “The Lord Bless You and Keep You”. Esta Escola de Teologia – havia concluído Frei Piva –, amparando-se no mandato do Senhor que em seu amor envia, dizendo, “ide, evangelizai”, e apri-
morando-se intelectualmente, mantém o coração aquecido e determinada a vontade para prosseguir confiante, “olhando com gratidão para o passado, vivendo com paixão o presente, abraçando com esperança o futuro” (Papa Francisco, 31/11/14, aos religiosos). Frei Antônio Everaldo agradeceu o empenho dos estudantes e do corpo de professores, bem como o apoio dos “amigos do ITF” e a contribuição dos funcionários, que, de forma anônima e cotidiana, se empenham para o bom funcionamento da Instituição. E enfatizou: “Se, num olhar retrospectivo, constatamos que o Instituto pas-
sou por momentos diferentes e soube situar-se em todos eles, estar neles e neles ser fermento de renovação, há fundada esperança de que poderá sê-lo no presente e no futuro”. Finalizando a comemoração, os presentes participaram de um coquetel, sendo convidados a também participar de uma Celebração Eucarística na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no dia seguinte, às 18h00, ocasião em que se acrescentaria os 120 anos do ITF como motivo de ação de graças. Neuci L. Silva Frei Elói D. Piva
Uma Biblioteca “migrante” Em 1896, a Biblioteca começou como um pequeno acervo de livros, disponibilizado aos frades professores, numa sala-de-convivência. No início da década de 40, o acervo passou para uma sala de aula e, como ali não cabia, transbordou pelos corredores adjacentes. Nesta ocasião, um dado significativo: passou a ser disponibilizada tanto para docentes como para discentes. No início da década de 60, foi acomodada numa sala concebida como armazém de livros da Editora Vozes. Finalmente, no início de 2002 foi transferida para as atuais instalações, finalmente concebidas para os usuários e para o acervo. Especializada na área teológica do saber humano, seu acervo é constituído por mais de 125.000 volumes, cobrindo, além das principais áreas tipicamente teológicas, algumas áreas de ciências afins ou humanas. Compõe-se principalmente por livros redigidos em diversas línguas modernas, por um bom número de raros, e por cerca de 1.050 títulos de revistas – uma de suas 712 riquezas. Empiricamente, este acervo/ foi [coMUNICAÇÕES] dezEMBRO 2016sendo cons-
tituído a partir de doações, aquisições e, em grande parte, de permutas havidas entre revistas coordenadas pela conjugação Instituto-Editora Vozes-Província e periódicos de outras entidades do Brasil e do estrangeiro.
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COMUNICACÃO: MUNDO COMPLEXO E DESAFIADOR
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o dia 10 de outubro, teve início a terceira Semana de Estudo no Instituto Teológico Franciscano. Ao longo do curso, os participantes refletiram sobre a relação entre Comunicação e Pastoral, especialmente no que diz respeito ao advento e avanço das novas tecnologias, suas influências nas relações humanas e na vivência da fé cristã. Três perguntas nortearam esta semana: 1) Com que frequência a missão evangelizadora tem alcançado o status de “comunicação”?; 2) As nossas celebrações conseguem comunicar o Mistério?; e 3) Como podemos ser comunicadores do Evangelho? O início do workshop foi marcado pela análise da prática comunicativa de Jesus, e dos cuidados a serem tomados para que a celebração não se torne um show pirotécnico. É necessário um equilíbrio para que a mensagem do Evangelho seja transmitida com eficiência. Daí a importância da Teologia da Comunicação. Alguns assuntos abordados ultrapassaram as fronteiras do âmbito
estritamente evangelizador e pastoral, incentivando a reflexão sobre a nossa relação com a Web. Dentre as muitas questões discutidas, algumas merecem destaque: a Teologia da Comunicação; a prática comunicativa de Jesus; Evangelização; a evolução tecnológica e suas influências; as novas tecnologias: potencialidades e riscos; a Igreja e sua relação com as novas mídias a partir do Magistério. Para Frei Gustavo Medella, orientador do curso, “é importante o ITF abrir as portas e tomar ciência da importância da Comunicação na formação dos estudantes. “Esta Semana propiciou uma abordagem inicial do assunto, contemplando uma grande variedade de temas, todos eles passíveis de aprofundamento. O objetivo do curso é despertar o gosto pelo mundo da Comunicação”. Os Meios de Comunicação ditam comportamentos e tendências. A Igreja está consciente de que precisa se posicionar de forma crítica e positivamente diante desta situação. Por isso, buscando oferecer noções que possam orientar a prática evan-
gelizadora no ambiente comunicacional, os dois últimos dias do curso foram dedicados à parte teórico-prática. O encerramento contou com a apresentação dos trabalhos realizados pelos alunos. Obedecendo às mais variadas propostas, os participantes criaram projetos de sites para uma paróquia; desenvolveram programas de rádio, releases e boletins informativos; elaboraram entrevistas; gravaram um texto para “ir ao ar” em uma rádio. Devido à diversidade de temas a serem tratados, os alunos sugeriram que fossem realizadas outras Semanas de Estudo abordando, com mais profundidade, alguns aspectos como, por exemplo, as técnicas específicas de cada Meio de Comunicação e a Evangelização através das diferentes mídias. Frei Gustavo, cuja paixão de criança pelo rádio o incentivou a cursar jornalismo, possui um programa de rádio chamado “Sala Franciscana” que vai ao ar em São Paulo, aqui em Petrópolis pela Rádio Imperial, em Nilópolis, pela Mirandela e também no sul do país. De acordo com ele, a Semana de Estudos deixa dois legados importantes: “Primeiro: perceber a riqueza do mundo da Comunicação especialmente no mundo das novas tecnologias. Saber e perceber que o mundo da Comunicação opera mudanças que são essenciais; segundo: abrir os olhos para questões práticas como o profissionalismo e a busca da qualidade na lida com a Comunicação”.
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ELE VÊ O CORAÇÃO
Evangelização
Quando Deus vê o coração O antigo se torna novo Fazendo renascer a pessoa nova, Amada, ungida e escolhida... Quando Deus vê o coração O que era velho fica pra trás Ficam somente os resquícios Então olhamos pra frente, pro futuro... Quando Deus vê o coração Recordamos que é preciso nos abaixar Nos despojar do orgulho humano Que nos impede de viver fraternidade... Quando Deus vê o coração Recordamos das coisas mais simples da vida Da esperança, do amor, da misericórdia Coisas que vêm do próprio Deus... Quando Deus vê o coração Deixamos então os problemas de lado E pensamos somente na presença DELE Uma presença que a tudo transforma... Quando Deus vê o coração Nossas feridas começam a cicatrizar Concluímos que não somos nada Apenas criaturas em busca do amor do Criador... Quando Deus vê o coração Ficamos perplexos, extasiados, Admiramos o Sumo Bem, o Deus Altíssimo Que nos cerca com sua misericórdia Quando Deus vê o coração Por vezes, olhamos só as aparências Olhemos mais profundamente, pro futuro, pra imensidão Onde mora o nosso Deus em sua própria essência. Frei Carlos N. Corrêa
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Fraternidades
CONCÓRDIA
Finados: a difícil superação do luto
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chuva constante no dia 2 de novembro em Concórdia (SC), em que se comemora todos os fiéis falecidos, não impediu que familiares e amigos fossem nos dois cemitérios da cidade celebrar a memória de todas as pessoas que já partiram. A data oficial para celebrar os Finados, bem como o dia de Todos os Santos, vem do século XI, porém a celebração existe desde os primeiros séculos, quando os cristãos já visitavam os túmulos dos mártires. Frei Délcio Francisco Lorenzetti, vigário paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, celebrou a Santa Missa às 9 horas no Cemitério Parque de Concórdia. Este dia é de saudade, de reflexão e, principalmente, de orações para os entes queridos que já partiram. “Assim como hoje nos encontramos para a nossa celebração junto às sepulturas de nossos entes queridos, pais, avós, irmãos, familiares e amigos que partiram, assim praticamente em todos os cemitérios do mundo, no dia hoje, são centenas, milhares e milhões de pessoas que para lá se dirigem para fazer a sua prece, fazer memória daqueles que um dia, de forma toda especial, fizeram parte de nossa história, ou nós fizemos parte da vida deles”, disse Frei Délcio. “Em solidariedade, em forma de prece, aqui nos encontramos para junto à sepultura fazermos a nossa oração por eles”, explicou, dizendo que este dia também deve nos recordar que vida é finita, passageira. “Estamos aqui de passagem, cumprindo a missão que nos foi dada, mas neste dia de modo especial reconhecendo a nossa fragilidade humana, as nossas limitações humanas, a nossa fragilidade física, mas na gratuidade da vida,
procurando fazer o melhor na nossa vida”, enfatizou. Esse dia, segundo o celebrante, é para renovarmos a nossa fé nas palavras de Jesus: “Alegrai-vos e exultai porque será grande a vossa recompensa no céu’. Por que será grande a nossa recompensa? Se conduzirmos nossa vida segundo as atitudes e o modo de viver que Jesus nos propõe no Evangelho que acabamos de ouvir. São várias bem-aventuranças. É um caminho de vida que Jesus propõe para merecermos dele esta garantia”, disse, destacando a esperança do cristão na vida eterna.
A DOR QUE NÃO VAI EMBORA
O jovem Willian Jonathan da Silva estava prestes a completar 22 anos, quando no dia 20 de julho de 2013, perdeu a vida num acidente no KM 68 da SC 283. A vida deste jovem cheio de sonhos mudou por completo
a vida da família e, especialmente, da mãe Dona Alair Silva. “Hoje é um dia muito difícil. Tento superar a saudade imensa que sinto pensando em coisas boas. Mas eu tenho muita saudade. Penso nele todo dia”, desabafa a mãe, que por causa da tragédia com o seu filho praticamente está sem voz e faz terapia. “Vivo por viver”, disse. Casada com Marcolino, Alair tem mais dois filhos (Edson e Robson). “O do meio fez uma grande tatuagem com o rosto do irmão no corpo. O mais velho evita as fotos”, conta a mãe, que não consegue superar a ideia de que seu filho poderia estar vivo se tivesse um atendimento mais rápido. “Se tivessem estancado o sangramento, ele estaria vivo. Ele tinha um telefone no uniforme. Demoraram-se muito para o levarem ao hospital”, lamenta. Moacir Beggo
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CRIADA PASTORAL DA CRIANÇA NO SÃO FRANCISCO
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uanto mais nos aproximamos de Jesus e nos deixamos embalar por seu amor, mais teremos condições de superar todas as barreiras que a vida insiste em colocar diante de nós.” A partir desta reflexão foi iniciada a missa das 10h30 deste domingo (13), em que foi celebrada de maneira muito especial a criação da Pastoral da Criança no Santuário São Francisco. Nesta fase inicial, um grupo de quatro leigas da comunidade estará à frente da missão de promover o desenvolvimento das crianças, desde o ventre materno, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na fé cristã. A missão, aliás, é antiga. A Pastoral da Criança foi fundada em uma cidade paranaense há mais de três décadas pela médica sanitarista e pediatra, a Dra. Zilda Arns Neumann, e pelo então Arcebispo de Londrina e hoje cardeal emérito, Dom Geraldo Majella. Naquele período, a mortalidade infantil ainda era alta no Brasil. A subnutrição das gestantes e dos bebês, mesclada à falta de cuidados básicos de saúde, provocavam diversas doenças. Muitas crianças morriam antes mesmo de completar 1 ano de idade. A Pastoral da Criança, portanto, surgiu como resposta a este grave problema. Reconhecida atualmente como uma das pastorais católicas mais atuantes e organizadas em território nacional, ela é um organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e alicerça sua atuação na capacitação de líderes voluntários que assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias nas comunidades em que vivem. Segundo Armandina Di Faro, que coordenará a Pastoral da Criança no Santuário São Francisco, ela e as demais integrantes do grupo são da área da saúde e já fizeram um mapeamento da região central da cidade.
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Líderes da Pastoral da Criança do Santuário São Francisco: Luíza, Wanda, Armandina (no detalhe) e Aparecida
“Visitamos diversas ocupações e percebemos a necessidade de levar ajuda e orientações a essas famílias, pois há muitas crianças e também gestantes”, disse Armandina. “Atuo como agente de saúde no bairro e já fazia esse trabalho de visita. Durante as conversas, percebi que muitas mulheres grávidas não realizam o pré-natal por não saberem ao certo a importância dessa etapa e também por desconhecimento do processo de acompanhamento nas unidades de saúde”, explicou. O grupo, que ainda é pequeno, está confiante. Conforme Armandina, a etapa inicial de capacitação foi realizada recentemente, com 15 encontros de aproximadamente 3 horas cada, com membros já veteranos da Pastoral da Criança na Arquidiocese de São Paulo. “Acredito no testemunho de dona Zilda Arns! Que todas nós possamos também dar nosso testemunho de fé cristã comprometidas com a transformação da realidade. Como líderes da Pastoral da Criança, nos tornamos mensageiras do evangelho da vida e construtoras do Reino de Deus”, escreveu Armandina em sua página no Facebook, ao com-
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partilhar as fotos da missa de envio. A liturgia deste domingo enfatizava exatamente o trabalho conjunto em prol da missão de anunciar a Boa Nova, o Reino de Deus. Mas, como disse o pároco Frei Alvaci Mendes da Luz durante a homilia, para que saibamos seguir por esse caminho é preciso entender a vontade de Deus e ser firme na fé. “A nossa Igreja conta muito com os braços, as mãos e as pernas, e também com os calos e as sandálias de gente que tem vontade de fazer alguma coisa”, disse Frei Alvaci. “Que Jesus nos ajude a descobrirmos nossa missão nesse mundo, pois o Reino de Deus só acontece se a gente arregaçar as mangas. Se cada um tiver coragem de fazer a própria parte”, completou. Ao final da celebração, o frei deu uma bênção especial às quatro líderes que estarão à frente da Pastoral da Criança e agradeceu a força de vontade dessas mulheres em trabalhar em uma iniciativa voltada ao desenvolvimento integral das crianças. Ana Machado (Pascom)
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CONVENTO SÃO FRANCISCO: FESTA DE Frei Galvão
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odo dia 25, no Santuário São Francisco, no centro de São Paulo, é tradição celebrar em honra a Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. Em outubro, mês em que a Igreja celebra a memória do primeiro santo brasileiro, as comemorações foram ainda mais intensas com a celebração do Tríduo, que incluiu uma caminhada ao Mosteiro da Luz, construído por ele e local onde foi sepultado. Apesar de ter sua imagem sempre ligada ao Mosteiro, na Av. Tiradentes, foi no Convento São Francisco que Frei Galvão residiu mais de 60 anos. No dia do santo, os fiéis marcaram presença para pedir, agradecer e dar graças a Deus. A Missa do meio-dia foi presidida pelo pároco, Frei Alvaci Mendes da Luz. As Filhas de Frei Galvão, grupo da Paróquia que mantém viva a devoção ao santo, estavam presentes. Elas são responsáveis pela confecção das famosas pílulas devocionais, que são distribuídas gratuitamente todo dia 25. Em sua homilia, Frei Alvaci destacou o caráter missionário do santo, que foi peregrino por muitas cidades do Brasil, sobretudo nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O frade falou a respeito de santidade, pois muitas vezes as pessoas pensam que os santos tiveram vidas extraordinárias. “Essas pessoas pisaram o mesmo chão que nós pisamos, fizeram as mesmas coisas que nós fazemos, falaram com as mesmas palavras que a gente fala, comeram a mesma coisa que a gente come, pegaram o mesmo sol e a mesma chuva, o mesmo frio e o mesmo calor. Eles foram gente como a gente, só que foram gente no sentido mais puro e verdadeiro da palavra, foram gente de verdade”, afirmou o pároco. Frei Alvaci falou sobre o carinho das pessoas para com os santos, recordando que no último domingo esteve
em Assis, na Itália, local de peregrinação dos devotos de São Francisco de Assis, e, ao ver aquela multidão de pessoas, se perguntou: por quê? “Quando ele era vivo, não fez nada de extraordinário, não fez milagre nenhum, como Frei Galvão, não fez milagre em vida. Eles simplesmente viveram aquilo que tinham que viver, como pessoas, como seres humanos, de forma completa, basta”, acrescentou o frade. O pároco afirmou que São Francisco e Frei Galvão, assim como todos, tinham defeitos e qualidades, e que nas coisas que faziam, tornaram-se grandes. Ele destacou que a mesma igreja, onde estavam celebrando, também foi o local de oração de Frei Galvão, há mais de 250 anos. “Neste 25 de outubro, quando viemos aqui celebrar Frei Galvão, a gente vem lembrar também
que nós podemos ser melhores, parecidos com ele, com Francisco, com Antônio, com estes santos todos, que são gente como a gente”, afirmou. Frei Alvaci concluiu sua homilia pedindo que os presentes agradecessem a Deus, que se revela nos simples e pequenos, como se revelou em Frei Galvão. Ao final da missa, Frei Alvaci deu a bênção com a relíquia de Frei Galvão, um relicário com pedaços do fêmur do santo franciscano. Ele disse que foi com este mesmo fêmur que o primeiro santo brasileiro percorreu tantos lugares, falando com as pessoas, atendendo confissões, e ajudando os mais necessitados. O grupo das Filhas de Frei Galvão ajudou a distribuir as pílulas aos presentes. Érika Augusto
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FREI BRUNO PELAS ESTRADAS DO BRASIL
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epois de um pernoite em São Paulo, na aconchegante casa dos confrades na Vila Clementino, viajávamos de carro, Frei Marcos A. de Andrade, Frei João Bunga e eu, em direção a Coronel Freitas (SC), para a ordenação presbiteral de Frei Robson Scudela. Era dia 28 de outubro último, sexta feira. A certa altura, na BR 153, logo após a cidade de S. Mateus do Sul (PR), paramos num posto da Petrobrás para abastecer. Enquanto o frentista atendia o Frei Marcos, aproveitei para ir ao banheiro e tomar um café. Ao sair, parei para uma visão panorâmica dos amplos espaços do posto. E eis que, lá do outro lado, uma carreta, parada para abastecimento, me chamou especial atenção por um curioso detalhe que tem a ver com a história da nossa Província da Imaculada. Apressei o passo para conferir de perto e, inclusive, fotografar. Era uma enorme carreta de 9 eixos, placa de Luzerna (SC), da Portal, com uma linda pintura de Frei Bruno cobrindo ambas as laterais da cabine do veículo. Sobre a pintura havia esta inscrição: “Nosso santo Frei Bruno”. Partilho aqui com os confrades a alegria que senti. Frei José Ariovaldo da Silva
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Parafraseando minha vida
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revista portuguesa “Audácia”, dos Missionários Combonianos com sede em Lisboa (www.audacia.org), publicou, em junho/2015, a seguinte iniciativa: uma jovem professora, de uma escola infantil de Denver (USA), pediu que os alunos escrevessem um texto sobre “O que você gostaria que a professora soubesse”. Os resultados foram surpreendentes: “Gostaria que minha professora soubesse as saudades que tenho do meu pai, deportado para o México quando eu tinha três anos”. “Gostaria que minha professora soubesse que ninguém quer brincar comigo no recreio”. “Gostaria que
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minha professora soubesse que se, às vezes, não trago os documentos assinados, é porque minha mãe fica pouco tempo em casa”. “Gostaria que minha professora soubesse que se, às vezes, não faço os trabalhos é porque não tenho lápis em casa”. “Gostaria que minha professora soubesse que se, às vezes, chego à escola com sono é porque cuido de minha irmã mais nova e ela chora a noite toda”. “Gostaria que minha professora soubesse que, se a minha caligrafia é ruim, é porque a caneta é mais leve que a enxada”. E por aí afora... A revista conclui dizendo que, a partir de então, a professora aperfei-
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çoou seu ensino e construiu amizades duradouras com os alunos. Há um provérbio popular que diz: “a vida é a melhor escola”! Como um aprendiz/discípulo, quero parafraseá-la com três fatos significativos que, necessariamente, não precisam ser os mais importantes. Se eles foram e continuam me ensinando, não é motivo de vanglória, mas, como diz São Francisco, “tudo seja para a maior glória de Deus”, ou conforme as palavras do apóstolo Paulo, “não quer dizer que, com isto, estou justificado, pois quem me julga é o Senhor” (1Cor 4,4). Meus pais casaram-se pouco antes da Segunda Guerra Mundial
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(1939 – 1945). Em 1940, de carroça, saíram de Serafina Correia (RS) para Concórdia (SC) onde chegaram depois de uma semana de viagem. Traziam uma recém-nascida nos braços, sendo que as duas primeiras vieram a óbito, ainda crianças. Como Jacó e seus doze filhos migraram para o Egito por causa da fome (Gn 42,12; 46,1-34) eles, também, buscavam uma maior segurança de sobrevivência. Fui concebido no final da Guerra, sendo o sexto dos dez filhos. Passamos fome e frio, apesar do “suor do nosso rosto” (Gn 3,19). A carestia e exploração dos produtos industrializados (roupa, calçado, remédios, café, sal, açúcar), num pós-guerra, eram cruciais para uma família. Dizia-nos a mãe que para “comprar um quilo de açúcar, café e sal, eram necessários 15 sacos de milho”. Em 1958, Frei Jordão levou sete vocacionados ao Seminário de Luzerna, entre os quais eu, também, estava. O próprio Frei Jordão conversou com o ecônomo da casa e, por três anos, minha família não precisou pagar a chamada “pensão”. Hoje, tenho acesso a tudo: alimentação, vestuário, formação permanente, dinheiro – mas não esqueço minhas raízes. Procuro viver só com o necessário, ajudando, dentro das possibilidades concretas, os necessitados, como tantas vezes, também eu, fui ajudado. Porém, como o profeta Elias (cf. 1Rs 19,7) “tenho um longo caminho a percorrer”. O apóstolo Paulo testemunhou: “Sei disciplinar-me na penúria e na abundância. Estou acostumado a toda e qualquer situação: fome, abundância, penúria, pois tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,12). São Francisco escreveu, na Regra, “tendo alimento e o que vestir, estejamos contentes com isso. E devem
alegrar-se quando estiverem entre pessoas vis e desprezadas, pobres e enfermos, os leprosos e mendigos de rua” (Rnb 9,2). Realmente, há um longo caminho a percorrer e, uma das escolas, é a vida. Outro aspecto de minha personalidade é o temperamento: rosto quase sempre sério/triste, movimentos bruscos, agitado/elétrico – atitudes essas que se expressam, até, no andar e no modo sôfrego de me alimentar, principalmente quando estou sozinho. Igualmente, os constantes atritos que provoquei no esporte e as muitas expulsões, bem como a prova da matemática que rasguei na frente do professor porque estava inconformado com a nota, me interpelam a mudanças de atitude, ainda hoje. Tudo, assim penso, é reflexo do meu interior, quase sempre inquieto. Porém, a graça de Deus e a minha boa vontade ensinaram-me e, paulatinamente, fui adquirindo certa serenidade, embora seja mais externa que interna. Certa vez, alguém fez a seguinte avaliação: “Você é um vulcão trabalhado”. De fato, dentro de mim ainda existem `lavas incandescentes´, mas que, se comparadas com as anteriores, estão sob certo controle. Um dia, minha mãe, falando do seu passado e filhos, disse, entre um fato e outro, “... e o Frei queria nascer antes da hora”. Foi uma frase circunstancial, mas significativa! Quem sabe, esteja aí a raiz do meu “agitado agir”. Nas meditações, gosto de interiorizar a prece do salmista: “Senhor, vós me sondais e me conheceis, sabeis tudo de mim. Quando ainda era tecido no seio de minha mãe, conhecíeis todas as minhas fibras” (Sl 139,1.13). A vida continua sendo uma escola. Por fim, uma frase – não a mais importante, nem a de maior conteú-
do – dita pelo mestre de noviços, Frei Basílio Prim: “O frade é um tapa-buraco”! Concluídos os estudos e ordenado presbítero, esta simples definição foi a força motora nas transferências. Por dez anos estive na Custódia do Mato Grosso (1985 -1995), a partir de um apelo, feito pelo Provincial, nas Comunicações. O mesmo aconteceu com os oito anos (1998 – 2006) em que estive no Nordeste, junto com o recém-empossado Bispo Dom Flávio Cappio, OFM, na Diocese da Barra (BA). E, agora, em Angola, através dos intensos apelos feitos no Capítulo das Esteiras (2014). Ser “tapa-buraco” não só fora da Província, mas também dentro dela: estar com os hansenianos para substituir, por um ano, o frade que iria estudar; para, por um curto espaço de tempo, marcar uma maior presença no Albergue São Francisco, com os moradores em situação de rua (Sefras), em São Paulo; ser “tapa-buraco” para substituir um frade que pediu exclaustração e para ir no lugar de alguém que não aceitou trabalhar numa paróquia de periferia. Em tudo isso, procurei ser um bom “tapa-buraco”. Se houve inquietações internas – e, certamente, houve – muito maior, mas muito maior mesmo, foi o bem que isso me trouxe. A vida continua sendo uma escola que, a exemplo daquela jovem professora, redimensionou minha vocação e construiu amizades duradouras, especialmente com Deus. E, quanto mais me adentro Nele, mais Ele me envia aos outros, pois “tudo o que fizestes a um desses pequeninos, foi a Mim que o fizeste” (Mt 25,40). Frei Luiz Iakovacz
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Paróquia de Xaxim celebra 50 anos da morte de Frei Plácido
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Paróquia São Luís de Gonzaga, em Xaxim (SC), celebrou na sexta-feira, 28 de outubro, 50 anos da morte de Plácido Rohlf, o conhecido Missionário do Oeste Catarinense e também lembrado por muitos paroquianos como o “Frei das Mulas”. Para marcar esta data, a Paróquia fez uma caminhada penitencial que saiu da Matriz até o Cemitério Municipal que leva o nome de Frei Plácido. Ali, em frente à Capela também dedicada ao frade, o pároco Frei Alex Cianorscki presidiu a Santa Missa. A caminhada saiu da Matriz às 18h30 com um bom número de peregrinos, que percorreu um trajeto pela cidade de cerca de 3 quilômetros. Várias casas, por onde passou a procissão, montaram altares na rua, todas ilustrando o espaço com um cartaz sobre um trecho da biografia de Frei Plácido. Frei Alex comentava esses aspectos da vida de Frei Plácido, considerado por muitos um “santo”. Junto com Frei Bruno Linden, que está em processo de beatificação, ele é um dos missionários mais queridos desta região catarinense. Ao comentar o Evangelho, Frei Alex lembrou os Apóstolos, pois naquele dia a Igreja celebrava São Judas Tadeu. “Os nomes dos apóstolos ficaram marcados para sempre na Palavra de Deus e para sempre em nossos corações. Deus, durante a história, continuou chamando tantas e tantas pessoas para que pudessem, através de suas vidas, serem um sinal para anunciar a bondade do Senhor”. Segundo o pároco, entre essas pessoas, que já passaram pela cidade de Xaxim, recordamos Frei Plácido. “Deus tocou o seu coração. E como nós recordamos durante a caminhada, saindo lá da Alemanha ele veio para junto de nosso povo, da nossa comunidade, para ser um sinal de Deus”, explicou. dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES]
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“Por isso, a nossa oração hoje quer dizer um muito obrigado a Deus que nos concedeu Frei Plácido como evangelizador, missionário, sinal da presença de Deus e da bênção do Senhor para todos nós”, disse. Para Frei Alex, embora existam muitos artigos sobre a vida de Plácido, “a verdadeira história de Frei Plácido está escrita, registrada em nossos corações. E é por isso que nós estamos aqui hoje. Os seus ensinamentos, o seu modelo de vida, a sua pregação, o seu carinho, a sua fé, marcaram nossos corações. A história de Frei Plácido está viva na fé do povo de Xaxim”, frisou o pároco. “Que Deus acolha nosso agradecimento por uma história tão bonita, feita de doação e feita de entrega”, pediu, lembrando os 50 anos da vida e passagem no meio do povo de Xaxim. “Portanto, Frei Plácido continua hoje nos desafiando. Aquele que saiu da Alemanha e veio para cá anunciar a Boa Nova, nos diz que Deus, hoje, continua nos chamando para que possamos, na doação de vida, na vivência da fé, anunciar também o Reino de Deus”, provocou. “Frei Plácido, missionário do Oeste Catarinense, nos desafia também a sermos missionários e missionárias, na nossa sociedade, na nossa cidade, na nossa família, na nossa casa, na nossa Igreja”, completou Frei Alex, pedindo a intercessão deste frade piedoso junto a Deus por cada um dos presentes e pedindo que seu exemplo desperte “em nossos corações o desejo de anunciarmos o amor e a bondade do Senhor”.
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O famoso sermão na Matriz de Palmas Segundo Frei Evaldo, em Palmas, entre 1936 e 1938, Frei Plácido fez um de seus famosos sermões, que ficou gravado na memória da cidade. Foi após a Via-Sacra. “Todos acompanhamos os Passos do Senhor Bom Jesus, nosso amado Padroeiro. Foi de fato homem corajoso em aceitar, em nosso nome, tanto sofrimento. Mostrou ser homem. Foi macho. Aqui, na casa do Homem Bom Jesus, tão macho, se encontram tantos homens que fazem empenho de serem considerados machos e assim serem chamados. São eles machos perante a mulher e os filhos. Mandam e desmandam. São machos na sociedade, principalmente nas brigas, nas lutas e na lida com os animais. Sempre são e querem ser considerados machos por todo o mundo. Só num lugar e numa ocasião deixam de ser machos. Justamente
onde ele faria honra a esse título (Frei Plácido, em sua agilidade quase felina, vai à esquerda, volta à direita na Mesa da Comunhão). Aqui, nesta casa de Deus; aqui na Mesa do Senhor falta este macho, falta este homem, falta o chefe de família. Aqui é que ninguém quer ser macho. Aqui ninguém é macho. Aqui tem vergonha de ser homem, de ser chefe. Aqui o macho se esconde atrás da saia da mulher. Aqui manda a mulher fazer o de que ele tem vergonha de fazer. E muitas vezes nem mesmo dá à mulher a honra cavalheiresca de acompanhá-la até à Igreja. O corajoso macho se esconde. É um fraco, um medroso, um covarde perante toda a família, perante a sociedade, perante Jesus, esse, sim, homem macho e corajoso! Havia tanto fogo religioso nesse modo de falar que o sucesso foi positivo”.
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MISSIONÁRIO DO OESTE CATARINENSE
Frei Plácido nasceu no dia 12 de junho de 1887, em Lavesum. Chegou a Blumenau em outubro de 1913 e recebeu o hábito franciscano no Noviciado de Rodeio, no dia 20 de janeiro de 1916. Sua presença evangelizadora é muito marcante nos estados do Paraná e Santa Catarina. O biógrafo Frei Clarêncio Neotti cita a crônica de Frei Evaldo Bamberg (+ 1992) sobre Frei Plácido: “Avesso a grandes cidades, mostrava jeito incomum e incrível de adaptação ao ambiente. No bom sentido, era mais simples, humilde e acaboclado do que os moradores do lugar. Mas conservava sempre um profundo respeito para com sua vocação de sacerdote franciscano. Gostava de tomar parte em conversas alegres, mas habilmente sabia
afastar-se, quando elas “engrossavam” ou quando alguma obrigação o chamava. Contava anedotas e as inventava de mil modos, conforme os ouvintes e as circunstâncias. Sabia educar eficazmente pequenos e grandes para a religião e a vida, sem contudo se tornar inoportuno e antissocial. Muitas de suas anedotas ainda hoje se contam entre os velhos. Sempre interessado pela horta, jardim, frutas e plantas. Muitas vezes nos sermões repreendia os que maltratavam animais e plantas. Tanto quanto possível zelava pela limpeza do hábito e outras roupas. Os arreios e outros apetrechos estavam sempre em perfeito estado. Afinal, também eles estavam a serviço da pastoral”. Frei Plácido foi o primeiro pároco itinerante da Paróquia de Santo Antônio de Chapecó (1931-1932) e pároco da Paróquia de São Luiz Gonzaga de
Xaxim, de 1941 a 1945. Neste período lançou a ideia de construir a matriz atual, cuja construção iniciou-se em 1947. Frei Evaldo lembra a afinidade que se criou entre Frei Plácido e sua mula: “Nunca posso esquecer nem Frei Plácido Rohlf nem sua mula baixa e preta. Era proverbial a quase ‘incorporação’ de ambos. Era tão fogosa, garbosa, flexível e generosa para com ele, que pareciam irmãos. Só ele a tratava, encilhava e montava. Ai do estranho que a quisesse prender ou pegar! Ela avançava com a cabeça abaixada, crina esticada, olhos em brasa e narinas com sopro ventoso; o freguês - na expressão do sertanejo - batia os pés, dando graças a Deus por ter conseguido distância antes que fosse tarde”. Moacir Beggo
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Forquilhinha
Peregrinação da Paróquia à Nossa Senhora do Caravaggio
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dia 05 de novembro amanheceu lindo, com temperatura e sol de primavera. Às 06h00 já havia pessoas em frente à Igreja matriz da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus (Forquilhinha), que esperavam ansiosos para dar início à caminhada da misericórdia. A peregrinação era parte integrante das metas do ano da misericórdia, assumida na assembléia paroquial de 2015. Foi programada e divulgada com cerca de dois meses de antecedência, em três modalidades, ou seja, às 06h30, saída a pé; às 08h30, saída de bicicleta; às 09h00, saída de carro. O percurso envolvia 12 km, da sede da paróquia até o Santuário diocesano de Nossa Senhora do Caravaggio (Nova Veneza). Frei Ivo e Frei João fizeram o percurso a pé, junto com um bom número de paroquianos da matriz e das comuni-
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dades do entorno. Frei Ricardo e Frei Osvaldo pedalaram, acompanhados de outro grupo. Os que foram de carro, tiveram a animação da Pastoral da Juventude, inclusive com um carro de som. Lá chegando, foram recebidos por algumas lideranças da paróquia, que estavam a postos para a recepção e os cantos. A Igreja ficou lotada, com gente que representava as 26 comunidades da paróquia. Frei Ricardo presidiu a missa. Frei Ivo ficou encarregado do ato penitencial e da pregação. No ato penitencial, o frade motivou os fieis para que saíssem por uma das portas laterais e entrassem pela porta Santa, cumprindo assim os requisitos para lucrar as indulgências neste ano extraordinário da misericórdia. Todos choraram seus pecados ao tocar a porta, preparando-se assim para a grande
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celebração naquele santuário. Na pregação, o pároco iniciou sua fala, citando as várias peregrinações que acontecem na Terra Santa, até Santiago de Compostela, até Assis, até Nossa Senhora Aparecida, até o santuário da Penha. A seguir, citou sete tipos de peregrinos, numa referência aos longos caminhos em direção a Santiago de Compostela: 1) O primeiro peregrino, a pessoa apressada: programou tudo, chegou ao ponto de partida, começou caminhar a passos largos e na celeridade, querendo cumprir a meta em sete dias, desistiu no segundo dia; 2) O segundo peregrino, a pessoa carregada de muitas coisas: esta pessoa partiu cheia de máquinas fotográficas, filmadoras, baterias, roupas de frio para suportar a aragem da noi-
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te, remédios contra escorpiões, bolsas cheias de chocolates, barrinhas de cereais, garrafas pesadas com água. Antes de chegar no terceiro dia, desistiu e voltou atrás; 3) O terceiro peregrino, a pessoa das tentações: já partiu preocupada com suas constantes invasões de janelas killers e durante o caminho isto veio à tona. Começaram a aparecer em sua fantasia cobras, lagartos, escorpiões e demais monstros do deserto. Durante o seu curto período de sono, as noites escuras de suas fraturas existenciais não encontraram serenidade em seus pensamentos. Depois de três dias nesta luta interior, reconheceu que não daria conta da meta e desistiu da caminhada; 4) O quarto peregrino, a pessoa dos muitos negócios: partiu, levando consigo alguns celulares de última geração. Queria focar toda a sua atenção na meta a ser cumprida, mas avolumaram-se as ligações, com novas oportunidades de ganhar dinheiro, outras que se perdiam sem a sua presença. Tentou de todos os modos, mas o tesouro do seu coração não conseguia desviar o olhar dos cifrões. Então, também desistiu após quatro dias, transferindo seu propósito para outra vez; 5) O quinto peregrino, a pessoa apegada à família: era uma pessoa que prometia muito, mas a saudade começou a apertar-lhe o coração. Em sonhos, teve a visão que seus filhos estavam sendo sequestrados e, para o seu azar, o celular naquela noite teve dez ligações de números desconhecidos. Diante de sua insegurança interior, também desistiu depois de cinco dias de caminhada;
6) A sexta peregrina, a ministra da Eucaristia: era alimentada pelo Pão Eucarístico quase que diariamente e tinha a experiência de Deus dentro e fora da comunidade durante seus três anos de ministério na Igreja. Depois de muito refletir, julgou-se indigna de estar ali e tocar o túmulo do Apóstolo. Por outro lado, pensou: se eu desistir, levarei comigo o peso de uma covardia, diante de seis dias de árdua caminhada, faltando apenas um dia para cumprir a meta. Olhou para dentro de si e depois de uma
profunda meditação, retomou a caminhada, foi em frente e seu coração vibrou de júbilo ao avistar diante de si a cidade de Santiago de Compostela; 7) O sétimo peregrino, a pessoa serena: partiu ao lado dos demais peregrinos, acompanhando tudo o que se passava com cada um deles. Seu olhar sereno não lhe permitiu interferir no livre arbítrio de nenhum dos que desistiram no meio do caminho. A sua calma e tranquilidade lançou lampejos de perdão diante das fraquezas humanas e tudo perdoou, porque a carne e o pensamento de cada um deles foram fracos. Este peregrino era o próprio Jesus, que acompanhava os caminhantes de Compostela. Este mesmo Jesus esteve do lado dos peregrinos desta paróquia, acompanhando seus passos desde a preparação até a concretização desta peregrinação no ano da misericórdia!
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FESTA DE NOSSA SENHORA APARECIDA
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Santuário de Nossa Senhora Aparecida de Blumenau, em Itoupava Norte, celebrou a sua Padroeira e do nosso país com um Tríduo preparatório, que aconteceu de 8 a 10 de outubro. A festa teve seus principais momentos nos dias seguintes, 11 e 12. Segundo o pároco, Frei Nélson Hillesheim, no dia 11 à tarde começaram os festejos pra valer, e o ponto alto deste dia foi a Missa especial com os patrocinadores e padrinhos da festa. No dia da Padroeira, a festa teve início com carreata saindo às 8h15 da Catedral São Paulo Apóstolo, após Missa da catedral às 7 horas. A imagem foi carregada pelo bispo diocesano, Dom Rafael Biernaski e Pe. João Bachmann, em carro do Corpo de Bombeiros da cidade, chegando ao Santuário por volta das 8h45. Uma multidão de fiéis e romeiros esperava a imagem, que foi
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saudada com cantos, badalar dos sinos, palmas e fogos. “A Igreja e arredores já estavam tomados pelas pessoas que acompanharam a entrada da imagem na igreja. Este foi um momento muito rico em devoção e emoção”, contou Frei Nélson. A Santa Missa, às 09h30, presidida pelo bispo diocesano, precisou de telões espalhados pelo salão e pátios para que o povo pudesse acompanhar a celebração. Após a Missa, um sobrevoo de helicóptero com a imagem abençoando a todos os devotos e mantos de Nossa Senhora, com terços e pétalas de rosas caíram do céu. Ainda, à tarde, às 15 horas, Missa das Crianças e, às 19 oras, a última celebração com a presença do Coral de Meninos Cantores de Aachen, Alemanha, um das organizações musicais mais antigas do mundo. As missas sempre com uma presença numerosa de romeiros e devotos. A festa foi considerada por todos, em todos os sentidos, a maior de todas já vista no Santuário, superando todas as expectativas. Aliás, é a maior festa religiosa de Blumenau. dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES]
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PVF: ENCONTRO REGIONAL REÚNE BENFEITORES EM RODEIO
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oi realizado no domingo, dia 23 de outubro, na Paróquia São Francisco de Assis, em Rodeio (SC), o Encontro Regional de Benfeitores. O sol raiava e os benfeitores, vindos de diversas cidades de Santa Catarina, chegavam para a manhã de encontro. O tema deste ano foi: “30 anos pelas vocações e o ano da misericórdia”. Conduzi a manhã de espiritualidade. Os benfeitores ouviam atentamente e, na medida que era partilhado o tema de reflexão, eles pediam a palavra para relatar aos presentes as suas experiências e recordar o tempo em que se dedicam a ajudar na manutenção das casas de formação e da missão em Angola. O relógio já marcava 11 horas e nós todos subimos para o Noviciado Franciscano a fim de celebrarmos juntos a Santa Missa. O presidente da celebração foi Frei Diego Atalino de Melo. Ele partilhou com os benfeitores
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a explicação do belo mural que compõe a igreja do Noviciado. Era visível nos benfeitores a alegria por estarem juntos neste domingo de encontro de benfeitores. Deixo nosso agradecimento a Frei Pedro da Silva, pároco da igreja matriz, e aos membros do Con-
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selho Paroquial o nosso sincero desejo de saúde, felicidades e paz! Muito obrigado pelo carinho com que fomos recebidos e fica o desejo de retorno em breve para um próximo encontro regional de benfeitores. Frei Alexandre Rohling
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BENFEITORES se encontram em NITERÓI
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o dia 13 de novembro, foi realizado na Paróquia Porciúncula de Santana, em Niterói (RJ), o Encontro Regional de Benfeitores Franciscanos. O domingo amanheceu chuvoso, após uma semana de calor intenso. O evento teve início às 9h30, com a missa presidida por Frei Luiz Henrique Ferreira de Aquino, vigário da Paróquia da Porciúncula. Depois da missa, os benfeitores dirigiram-se ao salão paroquial para iniciarmos oficialmente o encontro. Como de costume, os participantes foram acolhidos com cantos franciscanos, mantras de animação e cânticos de boas vindas. Como diz o ditado: “Rezar faz bem para a alma e o coração.” Rezamos juntos a oração da manhã, em ação de graças pela vida de cada um dos presentes. Iluminados pelo poema Saber viver, de Cora Coralina, os benfeitores refletiram juntos sobre o segredo da vida, o de ser simplesmente um abraço que envolve e, como o poema diz: a vida só tem sentido se tocamos o coração das pessoas. Neste ambiente, iniciamos a partilha do tema proposto para este ano: “30 anos pelas vocações – uma linda história”. Com o auxílio da tecnologia, apresentamos os slides com informações acerca da origem e história do Pró-Vocações e Missões Franciscanas, os frades que passaram por este serviço, número de benfeitores
por estados onde estamos presentes, casas de formação da Província, Serviço de Animação Vocacional e um pouco sobre o carisma franciscano. A partir da chamada: “sua ajuda transforma o mundo”, apresentamos aos benfeitores as realidades onde hoje os frades são sinais de presença profética no nosso tempo. Ainda apresentamos algo sobre o Sefras Serviço Franciscano de Solidariedade e outras obras sociais desenvol-
Terminamos o Encontro de Benfeitores Franciscanos por volta das 12h30. Tiramos a foto oficial do encontro e descemos para o salão, onde foi servido um delicioso almoço de confraternização. Agradecemos de forma especial a participação de todos neste evento. De forma terna, agradecemos à benfeitora Célia Estupinham de Araújo, que todos os anos se empenha com a realização de um bingo solidário para aju-
vidas pelas nossas fraternidades. Os benfeitores ficaram admirados com a tamanha ajuda que nos proporcionam com sua partilha e doação. Por fim, apresentamos ainda algumas atitudes ou obras de misericórdia que podemos praticar no dia a dia, a fim de melhorar nossas relações com nossos familiares e amigos. Entre elas: corrigir com amor, valorizar a história de cada um, sorrir, ajudar o próximo e falar para as pessoas o quanto você as ama. Você sabe... E elas? Ainda explicamos para os presentes o modo de rezar e a história da devoção franciscana da coroa das sete alegrias de Nossa Senhora.
dar nos custos desse encontro, bem como a todos os voluntários que lá estavam. Ainda nosso fraterno abraço ao pároco, Frei Salésio Lourenço Hillesheim, que sempre nos acolhe benignamente para a realização deste belo dia de encontro e confraternização entre os benfeitores franciscanos. Como disse o senhor Billy: “Frei, este encontro sempre fica com gosto de quero mais”. Terminamos este lindo dia pedindo sobre nós as bênçãos do Deus que nos faz todos uma só família. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Frei Alexandre Rohling
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Frei Walter Hugo de Almeida:
MEU JUBILEU DE OURO DE VIDA FRANCISCANA REGISTRADO EM TROVAS
Centro do meu Ideal, Toda a minha Infância, o lar... - Ali foi o meu Natal, Pra na Igreja eu sempre Amar!...
Meu Jubileu de Ouro é Graça Recebi do meu Senhor; - Esse tempo de Ouro passa, Nunca passa o meu Amor.
Clara e Francisco de Assis, Sempre minha proteção; - E a razão de eu ser feliz, Nessa minha Vocação.
Eu me entreguei a Jesus, Na esteira de São Francisco; Todas as coisas à Luz, Gerencio sem ter risco...
Apesar dos meus pecados, Adiante, eu levo a Missão; - Foram todos expiados, Em Jesus, seu Coração.
São Francisco, sou feliz, Como sacerdote e Frade, - Clara e Francisco de Assis, Meu Escudo e é só Verdade!
Sonhei um dia servir, Com Francisco, em minha Igreja; - Jesus chamou-me a sorrir, Diz: - meu reino te deseja!
Minha Vida Consagrada Remonta ao Santo Rodeio; Ao decidir-me à Jornada, Na Província, em que eu creio!...
Seguir Jesus sem ter medo, Jubiloso sempre eu quis; - Hoje revelo o segredo, Diz Ele: - Serás feliz!
Natal pra mim é Jesus vivo nesse mundo, Onde ele mora e quer morar, permanecer; Esse mistério é para nós muito profundo, Eu o aprendi e quero crer até morrer. Sei também que quem crer nele, morre jamais; Então feliz eu sou, na minha fé, que bela! Daí, Natal pra mim é júbilo demais, E na estrada acalma toda e qualquer procela. Quero viver o meu Natal e meditar, Ver nessa terra a gruta de Belém, o altar, Porque nascer, não nasce mais o meu Jesus... É que há dois mil anos já veio e nos salvou, Por sua morte e com poder ressuscitou, E hoje a missão é esta: - Nascermos pra seu Reino. Frei Walter Hugo de Almeida
ESSE MISTÉRIO
Fraternidades
Restos mortais de Frei Aniceto são transladados para a Paróquia São Judas Tadeu
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memória daquele que nos gerou para Cristo jamais será esquecida”. Com esta frase a Paróquia São Judas Tadeu, na Mosela, recebeu os restos mortais de Frei Aniceto Kroker, OFM, em comemoração pelo seu centenário. A celebração aconteceu no domingo, 23, tendo início na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus. Logo pela manhã, paroquianos de São Judas Tadeu, acompanhados pelo pároco, Pe. Jardel Lima, participaram da Santa Missa no Sagrado, onde receberam dos franciscanos os restos mortais de Frei Aniceto, que foram levados para a Mosela em uma carreata. O cortejo foi acolhido ao som da Banda Marcial Frei Aniceto, da Escola São Judas Tadeu. De acordo com o pároco do Sagrado, Frei James, para os franciscanos “é motivo de orgulho ver pessoas que reconhecem a vida e o testemunho de um frade que já há muito nos deixou, mas que na memória e no coração está muito presente”. Na Paróquia da Mosela, todos participaram da Santa Missa, presidida por Pe. Jardel e concelebrada pelos Freis James e Jorge, com a presença do Diácono Cláudio Portilho e de vários frades e religiosas, além de familiares de Frei Aniceto e pessoas que trabalharam e colaboraram com sua obra. Ao início da celebração, Frei Jorge recordou que Frei Aniceto dedicou grande parte de sua vida à cidade de Petrópolis, de modo especial ao bairro Mosela, local que fazia questão de visitar mesmo quando já estava doente. “Hoje, vemos com alegria Frei Aniceto retornar para este lugar que ele tanto amou e onde realizou a sua grande missão”, declarou. Em sua homilia, ao assinalar toda a obra desenvolvida por Frei Aniceto,
especialmente a atenção dada à catequese e à educação, Padre Jardel pontuou que marcar este centenário não pode ser apenas uma homenagem. Segundo ele, esta comemoração deve ser um agradecimento por tudo o que ele realizou, com o compromisso de “perpetuar a sua obra de evangelização”. Pe. Jardel reforçou que tudo o que Frei Aniceto construiu e o patrimônio que deixou tem o propósito de anunciar o amor de Deus e louvá-lo. “Mais do que homenagens, mais do que honrarias que podemos dar, o que alegra o coração de um sacerdote, o que alegra um coração franciscano é dizer ‘o amor é amado’”, disse. “Deveremos dizer: ‘Sim, Frei Aniceto, a tua vida não foi em vão, o teu suor, ainda que evaporado pelo calor do sol, não foi em vão, porque o perfume de Cristo sentido de ti faz com que essa Igreja tenha um propósito, faz com que a Escola São Judas Tadeu, a Escola Frei Aniceto, o Centro Pastoral, a Creche São Judas Tadeu, a Escola São Francisco de Assis, a Escola no Rio da Cidade, a Escola Santa Rita de Cássia e tantas outras igrejas e obras não tenham sido em vão, porque falam de Deus’. Deus é glorificado em cada um desses espaços”, pontuou.
Conforme ressaltou o sacerdote, “ainda que um dia uma criança passe por essas terras e pergunte ‘quem foi Frei Aniceto’ e alguém diga ‘não sei’, ainda assim, essa criança será alcançada pela bondade de um homem que escolheu fazer o bem; ainda que o corpo tenha sido silenciado desde 1994, o coração que tanto amou continua a palpitar”. Ao concluir, Pe. Jardel agradeceu a todos os presentes. “Se aqui estamos, não é por uma mera honraria, mas é para dizer: ‘querido e saudoso Frei Aniceto, se depender de mim, de cada um que aqui está, tua memória jamais será esquecida no meio deste povo pelo qual lançaste o teu suor e o teu amor, no meio deste solo que foi abençoado por cada Eucaristia, por cada absolvição, por cada catequese; o teu bem perpetuará para as futuras gerações’”. No final da Santa Missa, os restos mortais de Frei Aniceto foram depositados aos pés do altar de Nossa Senhora, na Igreja de São Judas Tadeu, por ele construída. Frei Aniceto Kroker completaria 100 anos no próximo dia 25 de outubro. Também para marcar esta data, haverá uma Missa na Paróquia da Mosela, às 19h30, inserida na programação da novena de São Judas Tadeu.
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Comunidade Boliviana celebra Nossa Senhora de Copacabana no Pari
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a vizinha Bolívia, Nossa Senhora também é a Padroeira e lá recebe o título de Nossa Senhora de Copacabana. É festejada no dia 2 de fevereiro, dia da Purificação de Maria, ou Festa da Virgem da Candelária. Ela também é venerada em 5 de agosto com a sua própria liturgia e festa popular. Em São Paulo, a comunidade boliviana celebrou a Padroeira no dia 15 de novembro, na Igreja Santo Antônio do Pari. Frei Germano Guesser presidiu a Celebração Eucarística e ressaltou a devoção boliviana a Nossa Senhora. Segundo o frade, cada comunidade, a partir de suas próprias experiências e da forma local de viver as devoções, deve procurar sua própria forma de fazer desabrochar os valores verdadeiramente cristãos e libertadores destas
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práticas. “Não há nenhum santo, nenhum escritor espiritual na história da Igreja que negue a necessidade da intercessão de Nossa Senhora na salvação de cada um de nós”, lembrou Frei Germano. Não há uma estatística exata, mas acredita-se que 200 mil bolivianos vivam em São Paulo. Depois da celebração, houve uma confraternização no Salão Paroquial.
A DEVOÇÃO
Em 2 de fevereiro do ano de 1583, Tito Yupanqui chegou à pequena cidade inca com uma estátua de madeira da Virgem Maria, que ele havia esculpido, após ter tido uma visão, em que marinheiros incas estavam sendo salvos por Nossa Senhora, durante terrível tempestade que se abateu sobre o lago Titicaca. Conhecida como
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a ‘”Virgem Negra” ou a “Virgem da Candelária” (Virgen de la Candelaria), a estátua de Copacabana é o objeto de culto entre todas as comunidades indígenas sulamericanas. Ela fazia milagres. Um deles deu origem à famosa praia do Rio de Janeiro. Em 1754, um marinheiro que navegava ao largo das costas brasileiras, viu-se tolhido, sob violenta tempestade, e implorou a Nossa Senhora de Copacabana que viesse em seu socorro. Salvo das ondas, ele consagrou uma capela à Virgem Santíssima, no local onde seria erguido um Forte (o atual Forte de Copacabana) num futuro próximo, junto à praia de Copacabana. Desde 1925, a Virgem é, igualmente, a padroeira da Bolívia. Bolivianos assim como peruanos chegam, em grande número, a Copacabana, para obter a bênção da “Virgem negra” exposta no interior da Catedral, no coro do altar. A Bolívia não tem um mar para chamar de seu, mas tem o Lago Titicaca. Considerado o lago navegável mais alto do mundo, o Titicaca tem 8.300 kms quadrados e está situado a 3.821 metros acima do nível do mar. O lago fica na fronteira da Bolívia com o Peru, país ao qual também pertence. Ao longo do lago, nos dois países, estão várias praias e mais de 40 ilhas. Do lado boliviano, as mais conhecidas são a praia de Copacabana e a Isla del Sol. O Lago Titicaca é de grande importância para o povo dos dois países, pois foi de suas águas que nasceu a civilização Inca. Por isso, também ao seu redor e em suas ilhas estão diversos sítios arqueológicos. O Titicaca é abastecido pela água das chuvas e do degelo da neve que vem das montanhas do altiplano. Para os povos indígenas dos dois países, as montanhas também são consideradas sagradas.
Evangelização
RÁDIO COROADO AM VAI MIGRAR PARA FM
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inte emissoras de Santa Catarina, dentre elas a CoroadoCuritibanos - SC, assinaram em Brasília, no dia 07 de novembro, o termo aditivo de adaptação de outorga que permite a migração de AM para FM. A cerimônia aconteceu no Palácio do Planalto com a presença do presidente Michel Temer e do Ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab. No discurso de abertura da solenidade, o presidente da ABERT, Paulo Tonet Camargo, destacou que o ato marcava um dia considerado histórico para o rádio brasileiro. “A possibilidade de migração da faixa AM para FM revigorou a força do rádio”, disse Tonet. Com a assinatura dos termos aditivos, as emissoras devem apresentar ao MCTIC o projeto técnico de instalação e solicitar à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a autorização para o uso da radiofrequência. Recebendo a liberação, as emissoras já poderão transmitir na nova faixa. Frei Neuri Francisco Reinisch, Diretor/Presidente da Fundação Frei Rogério, em poucas palavras, diz quais são os aspectos positivos e
também quais são os passos a serem dados para a transmissão em FM. Aspectos Positivos: Qualidade sonora; a possibilidade de escutar rádio nos dispositivos móveis (rádio e aplicativos) e a consequente interatividade e maior cobertura. Sobre os próximos passos: Já temos em mãos parte do projeto técnico! Já sabemos a frequência (106,1). Estamos estudando colocar na mesma torre da atual Movimento FM, as antenas da rádio migrada (topografia mais favorável). Precisamos “construir” uma nova rádio: Programação, divulgação, plástica, nova postura dos comunicadores. Já foi publicado no Diário Oficial
a autorização para esses encaminhamentos técnicos e, nos próximos seis meses, a rádio Coroado deverá estar transmitindo em FM. Em reunião da Diretoria Executiva realizada no dia 14 de novembro, o Diretor/Presidente apresentou o valor aproximado para o processo: R$ 400.000,00, dinheiro esse já garantido pelas atividades comerciais. Conversamos também sobre a grade de programação e os grandes pilares do rádio: Boa música, informação acertada, esporte e espiritualidade. Em breve daremos novas informações sobre os encaminhamentos. Frei Neuri Francisco Reinisch
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Evangelização
Entrevista
Professor e Reitor Joel Alves de Sousa Júnior
O DESAFIO DE SER E SE MANTER COMO UNIVERSIDADE
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Reitor da Universidade São Francisco, professor Joel Alves de Sousa Junior, ainda não completou o segundo ano à frente da entidade, mas sua história de vida se confunde com a história da USF, que neste ano celebra 40 anos de fundação. Há 30 anos, seus dois filhos eram crianças quando ele iniciava a longa carreira acadêmica na USF. Hoje, avô de cinco netos, tem a missão de semear esperança no cenário educacional brasileiro, especialmente o universitário. “Sendo reitor de uma Universidade Comunitária, confessional e privada, penso que o maior desafio é ser e se manter como Universidade”, confessa o Professor e Reitor Joel. Nesta entrevista, o Reitor que está à frente de 11.625 alunos, 667 professores e 652 funcionários técnico-administrativos, pede e alerta para o compromisso com o ensino fundamental e médio, um verdadeiro pacto de estado e não apenas de governantes de ocasião, para salvar a educação no país.
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Evangelização Comunicações – Quais as suas
expectativas para a USF no ano em que ela celebra 40 anos de fundação? Professor Joel – Formalmente, a USF é reconhecida como instituição comunitária e confessional, com identidade franciscana, com significativa importância para os municípios de Bragança e Itatiba, e não apenas pela educação superior de qualidade que proporciona, mas também pela constante interação com as comunidades desses municípios, prestando contribuição relevantíssima em diversas áreas, em especial na saúde pública. No município de Campinas, onde temos duas unidades, as mais novas da Instituição – sendo uma delas, a do Cambuí, com apenas cinco anos – estamos num processo de consolidar nossa presença junto à comunidade campineira. Hoje, nossa expectativa é que a USF consolide sua presença e influência junto às comunidades de toda a região bragantina, bem como dos municípios circundantes a Itatiba e o município de Campinas, não apenas trazendo para seus campi as pessoas dessas localidades para terem formação superior de qualidade, mas interagindo com as comunidades dessas regiões ampliadas, de maneira efetiva e produzindo significativas melhorias sociais.
expansão da USF para outros municípios do Estado de São Paulo ou de outro. Não significa que no futuro isso não possa ocorrer. Atualmente, os campi são suficientes para atender a demanda das regiões onde a USF atua.
Comunicações - Quais são os de-
- A USF tem quantos alunos, professores e funcionários? Professor Joel - A USF conta hoje com 11.625 alunos, 667 professores e 652 funcionários técnico-administrativos.
safios da USF nos próximos anos? Professor Joel - Certamente, o nosso maior desafio se relaciona ao nosso maior objetivo como instituição educacional, ou seja, continuar possibilitando que o “Aluno USF” tenha uma educação superior integral e que seja um ser humano completo, não apenas para ter um projeto profissional, mas sim um projeto de vida; um ser humano sábio e criativo, aberto ao novo e com facilidade de se desapegar de concepções assumidas – muitas delas irrefletidamente – para que possa formular novas reflexões, que tenham como princípios norteadores a bondade, a cordialidade, a fraternidade e a paz. Podemos, como instituição, até fazer algum prognóstico sobre quais serão as profissões ou carreiras mais interessantes quando a USF completar 80 anos – futuro distante, separado de nós por um período em que as inovações tecnológicas se desenvolverão em progressão geométrica – de maneira que tal prognóstico provavelmente não passará de mera especulação. Porém, sejam quais forem as profissões ou carreiras do futuro, certamente elas não prescindirão dos elementos que norteiam a educação propiciada pela Universidade São Francisco.
Comunicações - Há projetos de
Comunicações - Que contribui-
Comunicações
expansão da USF no interior de São Paulo? Os campi são suficientes para atender a demanda da região? Professor Joel Ao menos neste momento não há projetos de
ção o carisma franciscano pode oferecer para o ensino universitário? Professor Joel - De certa forma, na resposta anterior adiantei alguns elementos que respondem a esta
pergunta. O ensino universitário, alicerçado pelo carisma e pela cosmovisão franciscana, contribui para que o egresso da USF seja uma pessoa ética e com valores que possibilitem um diálogo amigável com a sociedade e com outros indivíduos. E isso não porque seja “politicamente correto”, e sim porque a educação proporcionada pela USF está pautada pelo respeito à integralidade humana, preocupada com os aspectos intelectuais, morais, afetivos, culturais, espirituais, dentre outros.
Comunicações - Como o sr. vê a
expansão brasileira do sistema de ensino superior nos últimos anos? Ela veio acompanhada da qualidade necessária? Professor Joel - A expansão do ensino superior nos últimos anos ocorreu em maior parte no setor privado, em especial com a formação, no território nacional, de grandes grupos empresariais, verdadeiras corporações que atuam na educação superior. Isso fez com que as tradicionais Instituições Educacionais Superiores privadas, muitas que operam no Brasil há várias décadas, como é o caso das Instituições Confessionais, Comunitárias e Fundacionais, sentissem os efeitos desse novo ambiente educacional. Essas Instituições, a exemplo da USF, buscam a rentabilidade financeira nas suas operações, para serem sustentáveis economicamente; porém, essa busca é um meio e não um fim, pois sua finalidade, o objetivo de sua existência, é promover uma educação de qualidade. Entretanto, no geral, é certo que a expansão de ingressantes no ensino superior privado, e também em certa medida nas instituições públicas, fez com que um número maior de alunos provenientes de um ensino fundamental e médio com grande déficit
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de formação, chegasse às Instituições Superiores com enormes dificuldades para trabalhar e assimilar esse nível de formação. Essa situação deverá persistir por anos, mesmo porque o Brasil ainda não implementou uma política séria para solucionar os problemas do ensino fundamental e médio. Portanto, as Instituições Superiores comprometidas com o ensino de qualidade, a exemplo da USF, têm feito sua parte, mas a grande melhoria de qualidade do ensino superior virá na medida em que no estágio anterior de ensino sejam implementados projetos que concretamente possibilitem melhoria de qualidade.
Comunicações - Muitos educa-
dores afirmam que o Reuni, criado em 2007, promoveu a expansão do acesso ao ensino superior sem garantir a qualidade e a permanência dos alunos. O senhor concorda? Professor Joel - O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) foi instituído com o propósito de ampliar o acesso e a permanência na educação superior pública, com a meta de dobrar o número de alunos nos cursos de graduação até 2017. Para atingir essa meta, dentre outras medidas foram criadas novas universidades e aumento de vagas e criação de novos cursos em Universidades Federais já existentes. Porém, o que se viu e ainda se vê pelo Brasil, inclusive pelos estudos e críticas de diversos pesquisadores, e por diversas denúncias de alunos e da mídia, são campus funcionando sem a indispensável estrutura de apoio acadêmico (bibliotecas, laboratórios, refeitórios, residências estudantis), turmas funcionando em locais improvisados e disciplinas sem professores. Ao que
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parece, a lógica dessa política de expansão foi primeiro aumentar o número de vagas e depois buscar as soluções para propiciar as condições necessárias. Portanto, a despeito de promover a expansão numérica do acesso ao ensino superior pelo aumento formal de vagas, a qualidade e a permanência dos alunos não foi garantida, em razão da falta de conjugação dessa expansão formal com a implementação de medidas concretas e a tempo, para dotar os campi novos e os antigos das estruturas físicas e acadêmicas necessárias.
Comunicações - Que cenários o
sr. vê para a educação no Brasil? Professor Joel - O único cenário para a educação no Brasil que gostaria de presenciar – pois dele depende o futuro promissor do país – é o que decorre de um profundo compromisso com o ensino fundamental e médio, um verdadeiro pacto de estado e não apenas de governantes de ocasião, para que a formação nesses níveis sofra uma revolução positiva. Não podemos mais conviver com o fato de que temos 14 milhões de analfabetos, mais que na Etiópia, Nigéria e Bangladesh; nossa taxa de reprovação é de 21,2%, perdendo para o Haiti, Uganda, Namíbia e Senegal; de cada 10 alunos da 1ª série do ensino fundamental, somente 6 chegam à oitava série e apenas 4 concluem o ensino médio. Esse pacto necessariamente envolverá também o ensino superior, na medida em que ele tem a incumbência de formar os professores que irão atuar nos estágios anteriores da educação. Se essa deficiência não for corrigida, e logo, o cenário futuro da educação não será melhor, pelo menos em termos de qualidade.
Comunicações - Qual a sua opi-
nião sobre os cursos a distância?
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Acredita que têm o mesmo valor que os presenciais? Professor Joel - Penso que os Cursos a Distância vieram para ficar, mesmo porque a criação dessa modalidade é consequência natural da evolução tecnológica, permitindo que a relação aluno-professor ocorra com o auxílio de ferramentas online, disponibilizadas pela Instituição que oferta o curso. O Curso a Distância tem o mesmo valor formal que os cursos presenciais, ou seja, a certificação tem o mesmo valor. Porém, quanto à formação acadêmica de fato, é preciso avaliar não apenas as condições do aluno que faz o curso a distância – muitos não estão preparados para essa modalidade – mas também se o curso está estruturado de acordo com as características próprias dessa modalidade; avaliar se o projeto pedagógico, os conteúdos e a metodologia estão construídos de acordo com os requisitos que propiciam o efetivo aprendizado. O Curso a Distância deve ser construído como tal, pois não basta simplesmente transportar o curso presencial para a modalidade à distância.
Comunicações - Sua vida esteve sempre ligada ao universo da educação? Professor Joel - Posso dizer que sim, pois logo que concluí o Curso de Direito iniciei, concomitantemente, a atividade de advogado e de professor universitário. Porém, desde 1974 – portanto bem antes de e durante o tempo em que estive no Curso de Direito – atuei como escrevente e Diretor de Ofício Judicial no Poder Judiciário do Estado de São Paulo. Comunicações - Qual a sua for-
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mação? Como começou a sua vida acadêmica? Conte-nos um pouco de sua história de vida. Professor Joel - Tenho formação na área jurídica, com mestrado em Direito Empresarial. Minha vida acadêmica começou na Universidade São Francisco em março de 1987; portanto, há 30 anos. Iniciei como professor do Curso de Direito do campus Bragança Paulista; posteriormente fui Coordenador desse Curso. No ano de 2006 assumi a Direção do Campus Bragança Paulista. Em 2010 fui nomeado Vice-Reitor, e desde março de 2015 estou na condição de Reitor da Universidade São Francisco. Sou casado com Lúcia e tenho dois filhos, Joel Neto e Juliana, ambos casados. Tenho cinco netos, Ana Luísa, Isabel, Efraim, Mariana e Eduardo. Quando iniciei a atividade como professor na USF, tinha dois filhos muito pequenos; hoje, após 30 anos e ainda na USF, tenho cinco netos, a primeira com oito anos e o último – pelo menos até agora – com um ano. Posso dizer que a USF faz parte da minha história de vida.
Comunicações - Qual o maior desafio de um reitor de uma universidade? Professor Joel - A despeito de serem inúmeros os desafios de um reitor na gestão universitária, vou concentrar a resposta exatamente na pergunta – qual o maior desafio? Sendo reitor de uma Universidade Comunitária, Confessional e privada, penso que o maior desafio é ser e se manter como Universidade. O conceito de Universidade adotado no Brasil usa referenciais das universidades de pesquisa, e não de uma Instituição de Educação Superior categorizada como Faculdade ou Centro Universitário, em que o objetivo preponderante é a formação profissional dos alunos. Em razão disso, para cumprir a lei, as Universidades devem possuir um terço de professores em regime de tempo integral, com titulação e doutorado. Devem, também, manter pós-graduação stricto sensu, que compreende programas de mestrado e doutorado em quantidade prevista na legislação. O cumprimento e manutenção dessas condições legais para ser e se manter como universidade, exigem altos custos financeiros que, nas universidades privadas, são cobertos pelas mensalidades pagas pelos alunos; daí porque é cada vez mais importante que os programas de stricto sensu também tenham projetos de pesquisa com relevância e potencial de gerar receitas. Por outro lado, o gozo da autonomia universitária prevista na Constituição Federal (artigo 207) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394, art. 53) – que seria um importante efeito positivo do status universitário – vem sendo limitado ao longo do tempo. Estas são algumas das razões pelas quais penso que o maior desafio é ser e se manter Universidade. Entrevista a Moacir Beggo
POR UMA EDUCAÇÃO INTEGRAL Em maio de 1976, os franciscanos da Província Franciscana, através da Casa de Nossa Senhora da Paz – ASF, assumem a gestão do Instituto de Ensino Superior da Região Bragantina, com suas unidades em Bragança Paulista, Itatiba e São Paulo. O objetivo de tal empreitada aparece explícito nos termos do Projeto Sócio-Educacional: “Criar, para os seus jovens acadêmicos, nas várias áreas do saber eficaz, meios e condições que lhes possibilitem capacitar-se, humana e profissionalmente, a serem, durante e após seu período de formação universitária, sujeitos ativos no processo de desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens, para que assim, pela prática individual e comunitária do Bem, se faça a Paz, entendida esta como ‘status’ pessoal e comunitário resultante da passagem de condições menos humanas para condições mais humanas’’ . Ao celebrarmos 40 anos da nossa Universidade São Francisco, fazemos memória de uma história marcada por alegrias e conquistas, tensões e conflitos de sujeitos que diariamente dedicam-se à missão da Educação. Nós, franciscanos, temos a possibilidade de tecermos uma presença no Ensino Superior, entrecruzando a tradição cristã e franciscana com os desafios e possibilidades da nossa sociedade, do nosso país. Não basta ser apenas mais uma Instituição de Ensino Superior, é preciso contribuir com a transformação social, comprometidos com o respeito a cada indivíduo e com o nosso planeta, a “Casa Comum” (Papa Francisco), a Fraternidade Universal. Precisamos fazer jus a uma história de séculos, mobilizada pela mensagem de Francisco de Assis, no trabalho árduo e contínuo de “desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens”. Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM Diretor Presidente da CNSP-ASF
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FRENTE DAS PARÓQUIAS, SANTUÁRIOS E CENTROS DE ACOLHIMENTO FAZ ENCONTRO PROVINCIAL EM RONDINHA
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stiveram reunidos nos dias 24 a 26 de outubro, em Rondinha, os frades, juntamente com os leigos e leigas que atuam na Frente evangelizadora das paróquias, santuários e centros de acolhimento. A tônica do encontro esteve na motivação e necessidade em continuar avançando na articulação, em perspectiva franciscana, dessa Frente evangelizadora tão importante e expressiva na vida da Província e da Igreja do Brasil. Somos 45 paróquias e 8 santuários e centros de acolhimento. Lacunas foram apontadas e sinais concretos de avanços forma celebrados. Na noite de abertura do encontro, Dom Frei Severino Clasen, bispo referencial para os leigos no Brasil,
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presenteou a todos com a apresentação do documento 105 da CNBB, Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. De forma muito aberta e transparente, o confrade bispo apresentou suas angústias e esperanças sobre a realidade do laicato na Igreja e as dificuldades em fazer esse documento ser aprovado. A mentalidade sobre a participação dos leigos e leigas na evangelização é o principal entrave para uma Igreja mais participativa. A partir desse panorama, no dia seguinte foram estudadas as prioridades, as dimensões transversais do Plano de Evangelização e, sobretudo, os riscos, o porquê e o como queremos estar nessa Frente evangelizadora. Neste sentido, a presença dos leigos no encontro, com suas reflexões e seu
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modo de compreender a paróquia e santuário franciscanos foram fundamentais para juntos avançarmos na resposta a essas questões. Ao final do encontro, alguns compromissos foram assumidos, com destaque para a continuação desse encontro anualmente, incentivando sempre mais a presença dos leigos e leigos, pois se trata de um avanço que não permite retrocesso. Vale a pena ressaltar a presença de frades párocos e vigários no encontro, o que revela aquilo que para nós é sagrado: todos os frades somos responsáveis pela evangelização, evangelizamos em fraternidade. Outro compromisso assumido foi a promoção do mesmo encontro anual em nível regional, igualmente
Evangelização
com a presença dos leigos e todos os frades que trabalham nesse campo da Província. Portanto, uma assembleia anual e um encontro regional entrarão na agenda dessa Frente pastoral. No tocante à articulação da Frente de evangelização em questão, percebeu-se a necessidade de pensá-la em nível regional ou outra modalidade, dada a extensão territorial da Província. Em outras palavras, o tamanho da Província, a diversidade de paróquias, além de outras questões requerem forças
de colaboração/articulação para com a equipe coordenadora das paróquias, santuários e centros de acolhimento, no intuito de avançarmos sempre mais no espírito franciscano com que estamos nessas realidades. Como se-
COMPLETEZA O Altíssimo, diante de quem se inclina reverente o infindo universo com milhares de galáxias povoadas de incontáveis astros e estrelas em místicas coreografias celebrando a magia criadora da Palavra que a tudo faz ser, simplesmente. O Altíssimo – esse mesmo! –, feito pura Energia solidária vem gerar-se humana criatura do pó deste planeta pequenino (sumido na imensidão cósmica), mas com um enorme coração de Mãe – oh!, Mãe Terra! – que a Virgem tão bem representa; O Altíssimo – ele mesmo! –, o Amante maior, aqui se faz humilde companheiro a dividir conosco o carnal teto... N’Ele me sinto de novo completo e então poeto com a divina Liturgia agora feita Igreja a cantar:
ria essa representação em nível regional? Sentiu-se que essa questão necessita ser refletida, para garantir sua operacionalidade. Ao final do encontro, com sentimento de que valeu a pena, estávamos todos cientes que muito que já fizemos e do muito que ainda falta fazer. Louvemos a Deus pelo bom êxito do encontro. A presença de leigos e frades, mesmo com seus tantos compromissos, serviu de estímulo a todos. Frei João Reinert
“Senhor, Pai santo..., no momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos”. Glória a Deus e paz à humanidade! Frei José Ariovaldo da Silva
Evangelização
EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA NA AMAZÔNIA
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or quatro anos seguidos, no mês de janeiro, realizamos experiências missionárias em diferentes lugares da Amazônia Peruana, nos Vicariatos de Requena e São José do Amazonas. A avaliação tem sido positiva. Alguns missionários têm voltado, outros estão solicitando informações para retornar. Animados por essas reações, mais uma vez convidamos fraternalmente os irmãos da Ordem Franciscana, em suas diferentes Entidades da América Latina, as religiosas, leigos e leigas, a participarem de uma experiência missionária na Amazônia, tomando contato com uma realidade amazônica local. Oferecemos esta possibilidade entre os dias 9 de janeiro e 3 de fevereiro de 2017, na Paróquia de Nossa Senhora das Mercês, em Caballo Cocha, Vicariato Apostólico de São José do Amazonas, Loreto, Peru. Vamos repetir a experiência no mes-
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mo lugar de janeiro de 2016, para dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelos missionários e fortalecer o projeto paroquial com comunidades de base e seus ministros, nos bairros e nas vilas ribeirinhas. A cidade de Caballo Cocha está localizada em uma laguna ou “cocha” (de onde vem o seu nome) na margem direita do Rio Amazonas (no Brasil tem o nome de Solimões), e conta com uns 22.000 habitantes. É a maior cidade do Vicariato e é a capital da Província de Mariscal Ramón Castilla. Está distante de Iquitos (capital de Loreto) umas oito horas em bote rápido (voadeiras) e umas 24 a 30 horas em barco convencional, e a duas horas da tríplice fronteira (Peru, Colômbia e Brasil) em embarcação rápida e umas seis horas em barco. É importante anotar que existem transportes todos os dias da semana. Por ser zona de fronteira e capital
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de Província, Caballo Cocha conta com todos os organismos públicos do país. Porém, é bem perceptível a ausência do Estado peruano com as políticas públicas a que têm direito seus habitantes desta região. Como consequência, esta é uma selva desprotegida, marginalizada e empobrecida, somando-se a isto uma economia informal de subsistência com o agravante flagelo do narcotráfico e da ilegalidade. A cidade tem um bom serviço de energia elétrica as vinte e quatro horas do dia, um comércio básico, comunicação telefônica e serviço regular de internet. A Paróquia Nossa Senhora das Mercês conta com uma fraternidade de religiosas (Irmãs Franciscanas de Jesus Crucificado) de origem mexicana e desde junho de 2015 com frades franciscanos do Projeto Amazônia. Destacamos que um sacerdote diocesano, canadense, ligado aos frades, esteve como missionário nessa região por mais de trinta anos até a sua morte, ocorrida em janeiro de 2003. Depois dele passaram vários sacerdotes por aqui por pouco tempo. As irmãs Franciscanas assumiram a animação pastoral. Vários bairros da cidade têm catequese infantil, e desde dezembro de 2015 estamos nos dedicando a formar comunidades eclesiais com seus ministros. Muitos vilas ribeirinhas têm um “animador” que é o ministro da comunidade. Várias vilas foram tomadas por Igrejas Evangélicas e se destaca a presença dos “israelitas” (um movimento messiânico fundamentalista que segue a lei de Moisés e que veem a Amazônia como a terra prometida). Neste sentido, são muitos os desafios que temos como Igreja Católica.
Motivações para a missão:
Porque irmãs e irmãos desejam co-
Evangelização Orientações práticas:
nhecer a Amazônia, realizar uma experiência e fazer um discernimento sobre sua vocação missionária. Porque a evangelização na Ama zônia é um desafio, a necessidade é grande e os missionários são poucos. Porque é uma oportunidade para experimentar a riqueza da fraternidade internacional.
Objetivos:
Oferecer aos irmãos e irmãs a possibilidade de uma experiência missionária na Amazônia. Sensibilizar os irmãos da Ordem à necessidade de novos missionários e da criação de novas fraternidades na Amazônia. Anunciar a Boa Notícia de Jesus Cristo de que o Reino está próximo. Animar e fortalecer a vida cristã nas comunidades. Fortalecer o trabalho nos bairros, visando formar comunidades eclesiais. Despertar e promover novas lideranças comunitárias.
Datas a considerar:
0 9 de janeiro de 2017: chegada dos missionários e missionárias a Iquitos, para quem vem via Lima. Todos os missionários devem chegar em Iquitos até o meio dia, ou no dia an-
terior. 09 de janeiro: chegada dos missionários a Tabatinga (Brasil) ou a Letícia (Colômbia). Recomendamos este trajeto para quem vem do Brasil ou da Colômbia, por ser de mais fácil acesso a Caballo Cocha. 09 de janeiro (19h00): Saída, em barca, de Iquitos rumo a Caballo Cocha. 10 de janeiro (10h00): Saída da fronteira, em direção a Caballo Cocha. 11 a 14 de janeiro: ambientação climática, convivência fraterna, estudo da realidade da Amazônia, oração e preparação para a missão. 15 a 22 de janeiro: trabalho missionário nos bairros de Caballo Cocha. 22 a 29 de janeiro: trabalho missionário nos “casarios” ou vilas ribeirinhas. 30 e 31 de janeiro: avaliação e confraternização. 31 de janeiro (18h00): viagem a Iquitos (chegada prevista em Iquitos no dia 02 de fevereiro pela manhã). 01 de fevereiro (pela manhã): viagem para a fronteira (chegada no mesmo dia). 02 de fevereiro: viagem de regresso aos lugares de origem, de Leticia (Colômbia), ou Tabatinga (Brasil). 03 de fevereiro: viagem de regresso aos lugares de origem, de Iquitos (já se pode viajar no 02, a partir das 18h00).
A partir da chegada em Iquitos, Tabatinga ou Letícia, até o retorno, também a Iquitos, Tabatinga ou Letícia, os gastos com hospedagem, transporte, alimentação e trabalho pastoral, serão assumidos pela administração do Projeto. Os custos de viagem serão assumidos por cada missionário(a) ou respectiva entidade que o(a) envia. Aos que se apresentarem como candidatos à experiência missionária, ofereceremos orientações e informações mais precisas oportunamente. A data limite para as inscrições é o dia 08 de dezembro de 2016, ou antes, se completar o número de 25 missionários. Os que desejarem permanecer mais tempo, para passeios, poderão fazer por conta própria após o término da missão. Para manifestar o desejo de participar da missão, obter mais informações, ou para esclarecer dúvidas e propostas, devem fazer contato com Frei Atílio Battistuz (fratilio@yahoo.com. br). Da Colômbia e do Equador fazer contato com Frei José Caro (joseof@ yahoo.es). Esperamos que as informações tenham sido claras, incentivem e motivem a participar. Colocamo-nos à disposição para mais esclarecimentos. Gostaríamos que os (as) interessados(as) entrassem em contato conosco mesmo antes de amadurecerem a decisão, para dialogar e esclarecer dúvidas, e evitar transtornos de comunicação, devido às limitações da internet por aqui. Abraçamos a todos fraternalmente e lhes desejamos Paz e Bem no Senhor. Fraternidade Franciscana Projeto Amazônia OFM Caballo Cocha, 10 de outubro de 2016
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Evangelização
fae - pastoral universitária
PEQUENO COTOLENGO: A ESSÊNCIA DO CUIDADO FEITO POR MÃOS GENEROSAS E GRATUITAS
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a tarde do sábado (19/11), alunos, colaboradores e frades da Pastoral Universitária da FAE-Centro Universitário, realizaram a última atividade do ano, fazendo uma visita ao Pequeno Cotolengo em Curitiba (PR). Existe um provérbio grego que diz: “A prática é tudo”. Foi com essa motivação que arregaçamos as mangas e colocamos a mãos na massa. Os trabalhos desenvolvidos vão desde levar os moradores do local para passear, até simplesmente sentar do lado deles e conversar, fortalecendo assim os laços de convivência e partilhas de vida. Também pode-se ajudar na confecção de panos de prato que serão doados para os mais de 700 voluntários que ajudam a instituição paranaense. Quem visitou e visita o Pequeno Cotolengo tem claramente a certeza de que sim, Deus se encontra na
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simplicidade e no jeito próprio de cada um que lá reside. Um sorriso, um abraço ou até mesmo um simples olhar dizem muito. Agradecemos a Deus por todas as graças e bênçãos que esta Pastoral Universitária nos proporcionou durante todo esse ano. Paz e Bem! Ainda na manhã do sábado (19/11) realizou-se um encontro de formação com as catequistas do Grupo Educacional Bom Jesus, na Fraternidade Franciscana São Boaventura em Campo Largo (PR). Aproximadamente 25 catequistas marcaram presença. Este momento de formação teve início com a oração da manhã, na capela do convento. “Hoje é um dia diferente para todos nós. É um dia diferente não pela data, pois não é um dia especial no calendário. Não há nenhuma festa marcada, memória, feriado nacional. Mas é um
dia importante, pois estamos vivendo-o hoje. É um dia importante como todos os dias importantes são. E precisamos viver bem cada dia, pois cada dia é importante! Por isso, para preenchermos bem este dia, vamos iniciar a nossa manhã refletindo sobre a nossa missão enquanto cristãos e enquanto catequistas. E é Jesus quem vem encher cada vez mais esse nosso dia de bons pensamentos, palavras e ações. Jesus é o mestre que está conosco constantemente. Muitas vezes nós somos Jesus a sofrer e o irmão nos estende a mão para nos ajudar. Muitas vezes o nosso irmão é Jesus, e deixamos de ajudá-lo. Mas se o ajudarmos, estaremos ajudando Jesus. Como podemos reconhecer Jesus nos nossos dias?”, motivou Frei Gabriel no início da oração. Frei Augusto Luiz Gabriel Frei Gabriel Dellandrea
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Tempo Franciscano no bom jesus
homenagem a quem ilumina o caminho do saber
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“
rmão Sol, que clareia o dia e com sua luz nos alumia”. Esse é um recorte do Cântico do Irmão Sol, uma oração em forma de canção, escrita por São Francisco de Assis, que inspirou os encaminhamentos do projeto pedagógico de Ensino Religioso do Bom Jesus, o “Tempo Franciscano”. Tal frase, que faz memória à inspiração franciscana, também embasa a missão dos profissionais homenageados no encerramento do projeto, durante a semana do dia 15 de outubro: os professores. Desde o mês de setembro, os alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio do Bom Jesus foram convidados a refletir sobre o tema “Com São Francisco de Assis no Cântico ao Senhor e às Criaturas da Casa Comum”. Por meio de diversas atividades pedagógicas, culturais e de cunho religioso, os estudantes identificaram as virtudes inspiradas no Santo de Assis e partilharam experiências de vida e fraternidade com todos da comunidade escolar. Até a semana passada, as Unidades do
Bom Jesus promoveram celebrações em homenagem ao Dia do Professor. Nessas oportunidades, os estudantes presentearam os seus mestres com dedicatórias em forma de pergaminhos – uma das atividades propostas pelo projeto “Tempo Franciscano”. De acordo com o coordenador de Ensino Religioso da Instituição, Frei Claudino Gilz, “o Projeto elaborado em vista da realização do Tempo Franciscano nas Unidades do Grupo Educacio-
nal Bom Jesus promoveu a união da comunidade escolar em prol de uma convivência mais fraterna e respeitosa. Oportunizou, enfim, momentos de confraternização entre todos e de louvor ao Criador pelo dom da vida de todas as suas criaturas”. O Bom Jesus parabeniza novamente todos os seus professores, que proporcionam diariamente aos nossos alunos uma formação com valores humanos, uma verdadeira lição de vida.
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Evangelização
CONSELHO DE EVANGELIZAÇÃO SE REÚNE EM SÃO PAULO
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conselho de Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil esteve reunido na Sede Provincial nos dias 08 e 09 de novembro de 2016. O encontro contou com a presença do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, do Secretário para a Evangelização, Frei César Külkamp, do Vice-secretário, Frei Daniel Dellandrea, do animador do Serviço de JPIC, Frei James Girardi e dos coordenadores das Frentes de Evangelização, Frei Germano Guesser (Paróquia, Santuários e Centros de Acolhimento), Frei João Mannes (Educação), Frei Gustavo Medella (Comunicação), Frei José Francisco C. dos Santos (Solidariedade). Frei Alexandre Magno (Missões) e Frei João Francisco da Silva (Secretário para a Formação e os Estudos) não puderam comparecer por motivos pessoais. Os assuntos tratados e encaminhamentos realizados foram:
Encíclica Laudato Si’
Na parte formativa do encontro, os participantes leram e refletiram alguns trechos da Encíclica Laudato Si’ nos quais São Francisco é citado. Percebeu-se, no decorrer da reflexão,
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o quanto a temática apresentada pelo Papa Francisco, do Cuidado da Casa Comum, ao tomar como inspiração a visão de mundo franciscana, apresenta uma ecologia integral, onde “são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenho na sociedade e a paz interior”. Assim também devem ser orientadas tanto a ação evangelizadora da Província como a fidelidade e a vivência dos frades e leigos, convidados a falarem “a língua da fraternidade e da beleza na sua relação com o mundo”, a se sentirem “intimamente unidos a tudo o que existe”, comprometendo-se, em sua vida, com atitudes de sobriedade e de solicitude, e renunciando “a fazer da realidade um mero objeto de uso e domínio”.
Estatutos Peculiares
Além de tomar conhecimento do Estatuto aprovado no último Capítulo Provincial para orientar o trabalho do Secretariado, foi possível ainda realizar as correções indicadas para o texto e sua adequação aos Estatutos da Província. Em breve este material será disponibilizado aos frades.
Partilha dos trabalhos
Cada Frente de Evangelização, através de seu Coordenador, apresentou as atividades realizadas neste ano. Todas organizaram encontros com os membros da sua coordenação e algumas conseguiram ações ampliadas, com a presença de leigos e leigas.
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A Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento conseguiu reunir um representativo grupo de frades e leigos(as) no encontro que contou com a assessoria de Dom Severino Clasen, presidente da Comissão Episcopal para o Laicato, apresentando o Documento 105 da CNBB (Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade) e fez um bom estudo do Plano de Evangelização. Neste encontro se sentiu a necessidade de continuidade do trabalho por regiões, tendo em vista a diversidade de paróquias na extensão do território da Província. A Frente da Educação também conseguiu reunir uma boa representação de frades e leigos para estudo e conhecimento da missão franciscana neste universo educacional. O trabalho principal foi a elaboração do esboço do Plano Operacional para o sexênio. A Frente da Comunicação, que já promove encontros regulares de frades e leigos, apresentou nove proposições com suas respectivas ações para este sexênio e a necessidade de encaminhar frades para o estudo e a atuação neste campo de evangelização. A Frente da Solidariedade ainda reflete a natureza da sua atuação para além da instituição SEFRAS. Esta, por sua vez, possui uma organização composta por frades e leigos que conduz suas próprias ações e políticas. Por fim, apresentou seu Plano Operacional. A Frente das Missões, por tratar de uma dimensão transversal, sentiu a necessidade de constituir uma equipe de promoção do espírito missionário a partir de serviços e regiões da Província. Uma primeira reunião foi realizada e definiu suas linhas de ação. Ao final desta apresentação percebeu-se a necessidade de um regimento,
Evangelização
como vem determinado nos Estatutos Peculiares. A orientação do Conselho é de que seja simples, mas garanta, em cada frente, a definição de sua natureza, sua composição, atuação e periodicidade de encontros.
Justiça, Paz e Integridade da Criação
Frei James Luiz Girardi, animador do serviço de JPIC, propôs a criação de uma equipe de animação desta dimensão do nosso carisma. O Conselho indicou que isto aconteça na composição com a Frente da Solidariedade. No próximo ano, os textos para a Formação Permanente e estudos de documentos da Ordem e da Campanha da Fraternidade servirão de guia para a reflexão em nossas fraternidades e Regionais.
Ano Missionário e estágios pastorais
O Secretariado para a Formação e os Estudos pediu que cada Frente faça um projeto para os estágios dos frades estudantes em períodos de férias acadêmicas, como também elabore propostas para o Ano Missionário.
Redimensionamento
Cabe ao Conselho de Evangelização auxiliar o Definitório no processo de redimensionamento da Província. Os próximos encontros continuarão esta reflexão, indicando ações concretas.
Indicações para estudo
Diversos frades estão estudando no campo da Evangelização, numa perspectiva de abertura para toda a Província. Todas as Frentes e a For-
mação sentem a necessidade de qualificação. Foram indicados nomes de frades para o Master em Evangelização no ITF no próximo ano e para outros cursos. O Master também é aberto para leigos.
Exposição de quadros de Angola
Uma exposição com fotos da Missão em Angola percorreu as unidades da Frente de Educação. Agora está disponível para as nossas Paróquias. Frei Germano Guesser fará o levantamento das paróquias interessadas.
Próximas reuniões
O Conselho do Secretariado definiu as datas dos encontros de 2017: 21 e 22 de fevereiro; 04 e 05 de julho; 21 e 22 de novembro.
FRENTE DA COMUNICAÇÃO SE REÚNE EM SÃO PAULO
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esta quarta-feira, 26 de outubro, aconteceu na Sede Provincial, em São Paulo, mais um encontro da Frente de Evangelização da Comunicação. Estiveram presentes os representantes da Sede Provincial, da Universidade São Francisco, do Bom Jesus/FAE, do Sefras e do Pró-Vocações. Frei Bruno Fabio de Santana, da Província Santo Antônio, também participou do encontro. Ele é formado em gestão ambiental e está fazendo uma experiência no Recifran – Serviço Franciscano de Apoio à Reciclagem, obra do Sefras. Frei Gustavo Medella, coordenador da Frente, acolheu os presentes e em seguida conduziu a reflexão. Pensando na Campanha da Fraternidade 2017, o tema sugerido para leitura e troca de ideias foi o meio ambiente. A reportagem da revista Carta Capital, “Preservação ambiental e justiça
social global”, de Pedro Estevam Serrano, serviu como texto de reflexão e debate. Os participantes sugeriram alguns temas que poderão ser trabalhados a partir da Campanha da Fraternidade, que tem como tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”. Além de séries de reportagens para a Sala Franciscana e a Rede Católica de Rádio, os participantes sugeriram que o tema da CF 2017 fosse trabalhado em sintonia com outros eventos, como o Encontro de Iniciação Científica da USF. Destacou-se também a importância de difundir ideias que despertem o consumo consciente, como o bazar de troca, que acontece no Bom Jesus, em Curitiba, onde os alunos participam levando coisas que não usam mais para trocar por outras. Em seguida, os participantes partilharam um pouco sobre as últimas atividades em suas instituições, desta-
cando o Festival Cultura da Paz, realizado pela USF em comemoração dos 40 anos de fundação da instituição, o encerramento do Tempo Franciscano no Bom Jesus e a Semana da Paz, que acontece nesta semana nas diversas obras do Sefras. A Frente de Evangelização da Comunicação volta a se reunir no dia 23 de novembro, na USF, em Campinas. Érika Augusto
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VISITA CANÔNICA NA CUSTÓDIA SÃO BENEDITO DA AMAZÔNIA inAinda durante a celebração do nosso Capítulo Provincial, recebi do Governo Geral da Ordem a nomeação para este serviço fraterno da Visita Canônica à Custódia São Benedito da extensa Amazônia. Fui tomado por te-
NOVO GOVERNO eleito A Custódia Franciscana de São Benedito da Amazônia, reunida em Capítulo Custodial na cidade de Santarém, Pará, elegeu em outubro o novo governo do próximo triênio: Frei Francisco de Assis Paixão, custódio; Frei Elder de Sousa Almeida, vigário; Frei Manoel da Silva Lima, Frei Reginaldo Rômulo Monte Canto, Frei Edilson Rocha da Silva e Frei Gregório Joeright, conselheiros. Frei César Külkamp, vigário da Província da Imaculada, foi nomeado Visitador Geral que, em nome do Ministro Geral, presidiu o Capítulo, as eleições, deu posse ao novo governo e acompanhou o Congresso Capitular.
mor, mas também alegria. Temor devido à importância e às exigências de um serviço como este, com o sentimento de pequenez diante de uma entidade como a Custódia, com sua história e contextos tão significativos não só para a Ordem e a Igreja. Podemos dizer que o mundo todo se volta para a Amazônia. A alegria veio da perspectiva de encontrar irmãos, muitos já conhecidos, mas conhecer também os trabalhos que realizam e participar das esperanças e lutas que eles enfrentam neste campo precioso de missão. Na sequência, a mesma região Amazônica chamou o nosso vigário provincial, Frei Evaristo, para ser bispo. Assim, poucos dias antes de iniciar a Visita, fui eleito para substituí-lo neste serviço e como secretário para a Evangelização. Em três dias, refiz minha agenda, herdando outra bem carregada, combinei a transição com o novo pároco e guardião, despedi-me do povo e da fraternidade de Petrópolis e viajei para Belém do Pará. Ali iniciei o itinerário de visitador geral e mergulhei nesta realidade fascinante e muito desafiadora. A presença dos Frades Menores na Amazônia de forma continuada é
de 109 anos. Mas, há registros de que desde 1616 os frades de três províncias portuguesas estiveram trabalhando na margem esquerda do Rio Amazonas – os jesuítas ficavam na margem direita – e só se retiraram com o decreto do Marquês de Pombal, expulsando os religiosos, em 1757. Os franciscanos voltaram 150 anos depois e, desta vez, com a responsabilidade de assumir o cuidado pastoral da imensa Prelazia de Santarém que, na época, abrangia uma área de mais da metade do estado do Pará e o estado do Amapá, área atual de cinco extensas dioceses. Em 1907, chegaram os três primeiros frades alemães da Província da Saxônia, entre eles Frei Amando Bahlmann, que já estavam empenhados na restauração das duas províncias brasileiras, desde 1891, a de Santo Antônio e a nossa, da Imaculada Conceição. Destas receberam mais frades para enfrentar as inúmeras dificuldades iniciais. Além do clima e das febres epidêmicas, as longas distâncias para chegar às localidades ao longo de rios e igarapés, de caminhos abertos pela mata com os escassos meios de transporte. Mas, não faltaram coragem e desprendimento a estes missionários pioneiros. De nossa Província podemos destacar Frei Hugo Mense, um dos fundadores da missão entre os índios Mundurucus, no Rio Cururu, no alto Tapajós. Por quatro décadas, praticamente todos os frades eram de origem alemã, mas a II Guerra Mundial dificultou a vinda de novos missionários e a Prelazia passou a receber frades norte-americanos da Província do Sagrado Coração de Jesus. Em 1943, chegaram
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os primeiros quatro, seguidos por outros tantos. Em 1957 é criada a Prelazia de Óbidos, também aos cuidados dos franciscanos da Província de Santo Antônio, em geral alemães. Os frades americanos ficaram na Prelazia de Santarém que, a partir de 1979, torna-se diocese. A Custódia redefiniu sua missão e sua formação, já contando com mais frades brasileiros. Em março de 1990, o Ministro Geral erigiu a nova entidade franciscana autônoma na Amazônia, a Vice-Província São Benedito da Amazônia, incluindo os frades de 14 casas, espalhadas pelas dioceses de Santarém, Belém, Óbidos e Itaituba. Cresceu o entusiasmo por definir o rosto do frade menor para a Amazônia. Em 1992, foi aberta a Fraternidade em Boa Vista, RR, como missão da CFMB, assumindo a Diaconia Missionária; no início de 1998, abriu-se uma presença em Manaus, com a casa do Pós-Noviciado e, em 2010, a Área Missionária Santa Catarina de Sena, com nova fraternidade. Desde 2003, com a supressão da nomenclatura “Vice-Província” na Ordem, temos a Custódia Franciscana São Benedito da Amazônia. Hoje, a Custódia é composta por 35 frades de profissão solene, 8 de profissão temporária e 1 noviço. São 10 fraternidades – 07 no Pará, 02 no Amazonas e 01 em Roraima. Os frades atuam em oito paróquias (ou áreas ou diaconias missionárias), continuam a missão entre os índios Mundurucus e em duas casas de formação, além da presença em diferentes organismos eclesiais, acadêmicos, sociais e culturais. Geograficamente, a Custódia está presente na maior região florestal e hidrográfica do mundo e corresponde a 42% do território nacional. Sua projeção mundial se deve à rica biodiversidade e aos inúmeros recursos naturais que, apesar da velocidade
sempre maior na exploração, guarda, em volume, talvez o tesouro natural da humanidade. Por conta disso, a região sofreu uma colonização intensa em diferentes ciclos de ocupação e devastação. Suas fronteiras foram definidas somente no século XVIII e, com o Acre, no início do século XX. O ciclo da exploração da borracha se intensificou no século XIX, com a Revolução Industrial e, aproximadamente, 300 mil nordestinos migraram para a região para o trabalho nos seringais. No século XX, Getúlio Vargas promove a política de ocupação do oeste brasileiro e o período militar realizou obras em infraestrutura para a ocupação da região – a principal é a Transamazônica, abrindo caminhos também para a exploração desordenada. A partir dos anos 80, os problemas ambientais na Amazônia, chamada “pulmão do mundo”, geram repercussões internacionais. O assassinato de Chico Mendes, em 1988, agrava as pressões
internacionais para a preservação da Amazônia. Mesmo assim, os anos 90 intensificam a produção de soja e, desde o ano 2000, a pecuária passa a ser a principal responsável pelo desmatamento. O censo de 2010 fala em 25 milhões de habitantes. Há 11 anos, o assassinato da Irmã Dorothy Stang alerta mais ainda para os problemas ambientais na região. Mesmo assim, a área desmatada chegou à marca dos 70 milhões de hectares. Mas, a mata é um dado. O sofrimento das populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas, a degradação dos rios, o garimpo e o agronegócio desordenados, o massacre da fauna local, fluvial e terrestre, são outros fatores decorrentes da crescente exploração econômica. Claro que existe o lado positivo da atividade agrícola e industrial, gerando desenvolvimento, melhorando a qualidade de vida de cidades e regiões rurais e atraindo mais gente. A sensação de progresso, entretanto, não esconde as situações de pobreza, exploração e abandono de parcelas significativas da sociedade, entre elas povos indígenas, populações nativas, mão de obra escrava e os moradores das periferias. Com tudo isso, vemos que não é por nada que esta região está no foco do interesse internacional. Mas, para nós cristãos, com as provocações do Papa Francisco para uma Ecologia Integral, especialmente para os frades, herdeiros desta visão de mundo franciscana, a Amazônia permanece, como para os frades pioneiros, “Terra de Missão”. Por isso mesmo, é que me aventurei a descrever minha peregrinação pelas fraternidades e presenças evangelizadoras da Custódia. No final da Visita Canônica, sou grato a Deus e aos frades pela graça que me foi proporcionada: fui qualificado pelo testemunho de fé, de vida fraterna e de missão evangelizadora dos confrades da Amazônia. Frei César Külkamp dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES]
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NOVO GOVERNO NA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL
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a manhã da quarta-feira, dia 19, reunidos em assembleia capitular, os religiosos franciscanos elegeram quatro frades para compor o Governo Provincial. Foram eleitos: Frei Gastão Carlos Zart, Frei Nestor Inácio Schwerz, Frei Rodrigo André Cichowicz, e Frei Carlos Laurêncio Schaefer. A sala foi fechada, o Secretário Provincial Frei Arno Frelich, dava as últimas informações aos frades. A partir daquele momento ninguém mais poderia sair ou entrar da Sala Capitular. O Presidente do Capítulo, Frei Inácio Dellazari, leu as indicações prescritas nos Estatutos Gerais dos Frades Menores. Começava a votação, na qual se elege separadamente cada um dos quatro membros do Definitório Provincial. Para que o frade fosse eleito canonicamente era necessário atingir cinquenta por cento mais um dos votos. Na primeira votação, com 31 votos, Frei Gastão Carlos Zart foi reeleito para o segundo mandato. Frei Gastão é natural de Estrela, nasceu no dia 14 de outubro de 1956. Entrou na Ordem em 31 de janeiro de 1977. Professou perpetuamente em 30 de maio de 1982. Foi ordenado sacerdote em 27 de dezembro de 1986.
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Na segunda votação, Frei Nestor Inácio Schwerz, foi eleito com 29 votos. Frei Nestor é natural de Santa Cruz de Sul, nasceu no dia 04 de setembro de 1949. Entrou na Ordem em 03 de fevereiro de 1970. Professou os votos perpétuos em 04 de outubro de 1975, sendo ordenado sacerdote em 18 de dezembro de 1976. Na terceira votação, seguindo o que dizem os Estatutos Gerais, fizeram-se dois escrutínios ineficazes, pois não se atingiu o número de votos necessários. Procedeu-se ao terceiro escrutínio entre os dois candidatos mais votados no segundo: entre Frei Rodrigo André Cichowicz e Frei Carlos Laurêncio Schaefer. Frei Rodrigo André Cichowicz foi eleito com 36 votos. Frei Rodrigo Cichowicz é natural de Alegria, nasceu no dia 03 de dezembro de 1982. Entrou na Ordem em 05 de janeiro de 2002. Professou
os votos perpétuos em 17 de agosto de 2008, sendo ordenado sacerdote em 18 de agosto de 2014. Na última votação, Frei Carlos Laurêncio Schaefer foi reeleito para seu segundo mandato, com 29 votos. Frei Carlos é natural de Bom Princípio, nasceu no dia 13 de outubro de 1965. Entrou na Ordem em 06 de janeiro de 1989. Professou os votos perpétuos em 27 de abril de 1996. Foi ordenado sacerdote em 28 de agosto de 1999. Os frades tomaram posse na missa celebrada na Capela do Convento São Boaventura. O Ministro Provincial, Frei Inácio Dellazari, agradeceu a Frei Olávio José Dotto e Frei Aldir Matei pelos trabalhos prestados no triênio passado. Logo após foram acolhidos os novos Definidores. Os frades se ajoelharam e receberam a bênção de Frei Inácio. Logo após a celebração, os frades seguiram para o jantar. O Capítulo Provincial Intermediário da Província São Francisco de Assis do Rio Grande do Sul começou no dia 16 de outubro, com cerca de 60 frades presentes no Convento São Boaventura, em Imigrante (RS). Esta assembleia definiu a vida e a ação evangelizadora dos frades nos próximos três anos. Segundo Frei Inácio Dellazari, Ministro provincial, é também um momento celebrativo em que os frades se reúnem sob o tema central: “Viver a vocação franciscana no mundo”.
CFFB
eleito NOVO GOVERNO dos capuchinhos sp
A
conteceu de 24 a 28 de outubro, na cidade de São Pedro, interior de São Paulo, o XXIV Capítulo Provincial dos Frades Capuchinhos de São Paulo. A quinta-feira, dia 27, foi o dia mais aguardado do Capítulo, pois foi quando se realizou a eleição canônica do novo Governo Provincial. Às 8h15 da manhã os frades foram até a Sala Capitular para realizar a votação. Frei Carlos Silva foi reeleito, em primeiro escrutínio, para a missão de Ministro Provincial. Frei Sermo Dorizotto, Frei Arcanjo Soares, Frei José Gomes e Frei Alonso Aparecido foram os quatro conselheiros eleitos. A Celebração Eucarística de posse ocorreu logo após a eleição. Na capela do Seminário Santo Antônio do Alto da Serra, local do Capítulo, Frei Carlos Silva - que presidiu a celebração - fez o seu juramento, junto com os quatro Conselheiros.
Após a Celebração Eucarística, os frades ainda retornaram à Sala Capitular para realizar votações de propostas apresentadas durante a semana. O dia encerrou-se às 17h30, quando os frades retornaram para as suas fraternidades. Frei Carlos Silva é natural da cidade de Andradina, interior de São Paulo, mas viveu durante a sua infância na cidade de Birigui. Professou
perpetuamente na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em 1991 e foi ordenado em 1992. No ano de 2004, Frei Carlos foi enviado em missão para o México, onde permaneceu por quase 10 anos. Em 2013, foi eleito Ministro Provincial, sendo reeleito agora por mais três anos. Paulo Henrique/ Capuchinhos do Brasil /CCB
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www.seminariofreigalvao.com.br dezEMBRO / 2016 [coMUNICAÇÕES] 749
Falecimento
APARECIDA DA SILVA COSTA
Maria Lindete da Silva
No dia 24 de outubro, minha mãe celebrou sua Páscoa definitiva com o Senhor da Vida. Aparecida da Silva Costa, mineira de Santana do Sapucaí, tinha 71 anos. Ela e meu pai iriam celebrar 55 anos de casados no dia 18 de novembro. Minha mãe teve 7 filhos (uma filha natimorta). Apesar de alguns problemas de saúde, era uma pessoa jovial, alegre, e gostava muito da vida. No fim do ano passado os antigos problemas de saúde começaram a se agravar. A causa da morte foram as complicações decorrentes de uma embolia pulmonar. Meus pais são muito queridos em todo o bairro, e isso ficou muito claro durante o velório, que foi realizado numa capela da paróquia, bem próxima da casa deles. Vários padres da diocese, amigos da família, também se fizeram presente. A presença, comunhão e solidariedade de todos ajudou-nos e continua a nos ajudar a enfrentar este momento tão doloroso, com a serenidade necessária. Agradeço a comunhão de toda a Província, através dos vários telefonemas e mensagens, e da presença na missa de corpo presentes. A foto que ilustra este texto foi tirada durante um passeio de escuna em Búzios, há três anos. Certamente é assim que ela gostaria de ser lembrada.
Minha mãe, Maria Lindete da Silva, não resistiu a uma parada cardíaca e faleceu no dia 4 de novembro, deixando 8 filhos, 9 netos e 5 bisnetos. Era viúva há 46 anos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de Vila ForDona Maria durante a ordenamosa (SP). ção de seu filho Frei João FranSergipana, natural de cisco, em 6 de outubro de 2012 Aquidabã, minha mãe era grande admiradora dos franciscanos. Gostava de se confessar com os frades no Convento São Francisco de Assis, onde também era benfeitora do Pró-Vocações há mais de 20 anos. Por toda sua vida trabalhou na “Igreja”, na Pastoral da Criança, Legião de Maria e Apostolado da Oração. Pessoa fervorosa na oração, acordava de madrugada e recolhia-se tarde para ter momentos de oração. Crianças e idosos eram o foco de sua missão. Sempre dispunha de alguma reserva para acolher os pedintes que batiam à sua porta. R.I.P
Frei Sandro Roberto da Costa
Frei João Francisco da Silva
19.09.1945
+ 24.10.2016
25.12.1936
+ 04.11.2016
FREI VICENTE LANÇA SEGUNDO LIVRO No dia 17 de novembro, às 18 horas, na Embaixada Cruz de Malta (507 Norte), foi lançado o livro “Metáforas: Reflexões de Frei Vicente”, obra que marca o cinquentenário da vida religiosa do Frei Vicente Bohne. Trata-se do segundo livro composto por homilias do autor (o primeiro foi “Pensando Alto”), cuja edição foi organizada e patrocinada por voluntários da Ordem Cruz de Malta. A ideia do projeto, segundo Maria
750
Tereza de Souza Leão Santos, organizadora do livro, surgiu da necessidade de dar sequência à publicação das homilias, uma reivindicação da comunidade que tão bem acolheu o primeiro livro do autor, lançado em 2013 e também da necessidade de gerar recursos para atender demandas das Creches coordenadas pela Associação Cruz de Malta. “Esta ação beneficiará centenas de crianças assistidas pela instituição”, explica a organizadora. Frei Vicente, que, neste ano comemora 50 anos de vida religiosa, nasceu em 15 de maio de 1945, sete dias após o término da segunda guerra mundial em Schwerin, na Alemanha Oriental. Na infância, brincou em meio aos
[coMUNICAÇÕES] dezEMBRO / 2016
escombros e viveu de perto as mudanças e os impactos do pós-guerra. Chegou ao Brasil em janeiro de 1965, ingressou na Ordem dos Frades Menores em dezembro de 1965 e foi ordenado sacerdote em 16 de abril de 1972, na Arquidiocese de Colônia, em Düsseldorf, Alemanha. É mestre em Supervisão e Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, especialista em Psicanálise e em Espiritualidade, pelo Instituto Teológico de Medelín, Colômbia. Exerce ainda os cargos de secretário de Ensino e Pesquisa na Escola Superior do Ministério Público da União; é membro da Ordem de Malta; e presidente da Associação Cruz de Malta.
Falecimento
Falece em São Paulo O artista sacro Cláudio Pastro
F
aleceu na madrugada do dia 19 de outubro, no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo (SP), o artista sacro Cláudio Pastro. O corpo foi velado no Mosteiro Nossa Senhora da Paz, em Itapecerica da Serra, e o sepultamento foi às 16 horas, no cemitério do Mosteiro, precedido da Eucaristia em ação de graças por sua vida e ressurreição. Em mensagem, Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial desta Província, manifestou pesar pela morte de Pastro. “Suplicamos que o nosso artista sacro possa contemplar a plenitude da beleza que em vida expressou em forma e cores”. “Rezemos ao bom Deus que acolha em sua casa este servo bom e fiel!”, declarou o arcebispo de Diamantina (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Dom Darci José Nicioli, ao divulgar a notícia nas redes sociais. “Este irmão, com quem pude ter boa amizade, e que serviu a Igreja no Brasil e em outras partes do mundo, com seu dom extraor-
dinário na área litúrgica. Na ressurreição, vai cantar as maravilhas de Deus eternamente”, declarou Dom Gil Antonio Moreira, responsável pelos bens culturais no Regional Leste 2 da CNBB. Cláudio Pastro nasceu em São Paulo, em 1948. Era considerado por especialistas de arte sacra como o brasileiro mais expressivo da atualidade nesta área. Grande devoto da espiritualidade beneditina, recebeu inclusive o título de oblato. Desde 1975, Pastro se dedicava à arte sacra, tendo cursado teoria e técnicas de arte na Abbaye Notre Dame de Tournay (França), no Museu de Arte Sacra da Catalunha (Espanha), na Academia de Belas Artes Lorenzo de Viterbo (Itália), na Abadia Beneditina de Tepeyac (México) e no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Entre diversos trabalhos realizados em vários lugares do mundo, se destaca o acabamento do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, onde trabalham os Redentoristas de São Paulo.
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados
DEZembro 01 e 02 05 05 05 06 12 12 e 13 12 e 13 12 e 13 12 a 16
Jubileus dos confrades (Rondinha) Encontro do Regional de Pato Branco (Pato Branco) Encontro do Regional de Curitiba-recreativo (Caiobá) Encontro do Regional de São Paulo (Bragança) Renovação do votos (Petrópolis) Encontro do Regional do Espírito Santo – recreativo Encontro do Regional do Leste Catarinense (Florianópolis) Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí - recreativo Encontro do Regional do Contestado (Piratuba) Tempo Forte do Definitório Geral
2017 janeiro
AGOSTO
05 14 19 a 22
03 a 06
Primeira Profissão dos Noviços Vestição dos Noviços Missão Franciscana da Juventude (Curitiba)
FEVEREIRO 01 14 a 16 21 e 22
Admissão ao Postulantado; Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização (Vila Clementino)
Março 06 06 a 11 13 13 e 14 27 27 a 31
Encontro do Regional do Espírito Santo (V. Velha – Santuário) SIFEM: Encontro de párocos e reitores de santuários e centros de acolhimento (Belo Horizonte); Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Guaratinguetá – Seminário) Encontro do Regional do Leste Catarinense Encontro do Regional de Agudos (Agudos) CFMB: Assembleia (Recife/Ipojuca);
27 e 28
Reunião dos guardiães e coordenadores das Fraternidades; Reunião do Definitório Provincial;
Reunião do CAD e SIFEM (Campo Grande); Último dia para a Inscrição no Capítulo das Esteiras da CFFB;
JUNHO 20 a 22
Reunião do Definitório Provincial (São Paulo);
julho 04 a 05
04 7 a 10 18 a 22
Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação; Encontro Continental JPIC (Anápolis); Coleta anual pela evangelização na Amazônia; Congresso Continental para a Formação e os Estudos (São Paulo); Dia da Amazônia; Encontro Interobediencial do Irmãos Leigos Franciscanos (Vila Velha) CFMB: assembleia (São Luís – MA);
09 a 13 17 a 19
Curso de Franciscanismo (Rondinha); Reunião do Definitório Provincial;
NOVEMBRO
MAIO 01 a 05 03
SETEMBRO 01 01 a 09 02 e 03 03 a 10
OUTUBRO
ABRIL 25 e 26
14 a 18 22 a 25
Capítulo das Esteiras da CFFB: por ocasião dos 800 anos do Perdão de Assis, 50 anos da Criação da Conferência da Família Franciscana do Brasil – CFFB; Retiro e reunião do Definitório Provincial; CFMB: encontro de ecônomos (Caldas Novas – GO);
Reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização (Vila Clementino)
28 a 30 21 e 22
Reunião do Definitório Provincial; Reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização (Vila Clementino)
DEZEMBRO 01 e 02
Celebração dos Jubileus;
JULHO 2018 12 a 15
Encontro Nacional de Juventude (Vila Velha).