- janeiro - 2016 - ANO LXIII • No 01 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
CAPÍTULO provincial
2016
agudos
Entrevista
Frei Fidêncio Vanboemmel De consciência tranquila e sem necessidade de maquiar as ‘medidas da balança’, posso garantir que procurei ser fiel a Deus, à Igreja e à Ordem, como prometi no Capítulo Provincial de 2009.
Sumário
Editorial
“2016 - Início com sabor de fim”................................................................................................................... 3
FORMAÇÃO PERMANENTE
Artigo: Uma igreja misericordiosa para um mundo dilacerado........................................... 4
CAPÍTULO PROVINCIAL
Capítulo Provincial: O desafio de ser Irmãos e Menores............................................................ 6 Entrevista: Frei Fidêncio Vanboemmel..................................................................................................... 8
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Master em Evangelização 2016: interpelações e perspectivas......................................... 13 Rodeio: Primeira Profissão na Ordem.................................................................................................... 14 Dezoito jovens vestem o hábito franciscano.................................................................................. 16 Capela do ITF reabre em dia de Renovação dos votos........................................................... 18 Frei Alberto Beckhäuser recupera a história da Capela ITF.................................................. 20 No ano do Jubileu da FIMDA, catorze frades renovam seus votos............................... 22 “Para além do Lamaçal”, poesia de Frei José Ariovaldo da Silva........................................ 23 Encerramento do ano letivo em Rondinha..................................................................................... 24 Colação de grau no ITF..................................................................................................................................... 25
FRATERNIDADES
Rondinha: Jubileus no Ano da Graça.................................................................................................... 26 Renovação dos votos em Rondinha...................................................................................................... 28 Paróquia de Xaxim organiza a 1ª Exposição Franciscana...................................................... 30 Mostra do Convento São Francisco na 26ª edição..................................................................... 31 Encontros dos Regionais: Rio Baixada, São Paulo e Agudos............................................... 32 Frei João Reinert lança livro........................................................................................................................... 33 Conheça a Pastoral Pró-vida......................................................................................................................... 33 Passeio de escuna encerra ano no Regional Leste Catarinense....................................... 34
EVANGELIZAÇÃO
Rede Celinauta conquista prêmios de jornalismo...................................................................... 35 Locutor da Rádio Coroado e Movimento conquista prêmio............................................. 35 Sefras faz homenagem ao voluntário................................................................................................... 36 Sefras e Defensoria Pública ampliam serviços............................................................................... 37
Congresso Franciscano de Educação..................................................................................... 38 a 57
Encontro realizado em São Paulo nos dias 14, 15 e 16 de dezembro......................... 58
ESPECIAL
DEFINITÓRIO PROVINCIAL
CFFB
Nasce a Pontifícia Universidade Franciscana................................................................................... 63 OFS: Fraternidade Menino de Belém celebra o Natal.............................................................. 63 Dom Diamantino torna-se bispo emérito........................................................................................ 63
AGENDA ............................................................................................................................................................. 64 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | Caixa Postal 57.073 - 04089-970 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br
Editorial
J
aneiro de 2016, início de um novo ano. No entanto, na Província Franciscana respira-se um ar de fim. Nada catastrófico, apocalíptico ou trágico. Apenas o fechamento de um ciclo para a abertura de outro, nada fora do ordinário prescrito. De 18 a 26 de janeiro, Capítulo Provincial, com avaliação da caminhada realizada até aqui e a indicação de novos passos e direções. Mudança. Mudar faz bem, embora cause certo medo e apreensão mas, como homens que escolhemos viver da fé, sempre procuramos enxergar as mãos de Deus nos conduzindo entre sessões, votações, discensos, consensos e acordos amarrados dentro e fora da Sala Capitular, ordinária e extraordinariamente. Tempo de renovas, junto com a esperança, a disposição de “Evangelizar como irmãos e menores”.
O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, faz uma espécie de balanço de seu período na coordenação da Província. E resume seu estado de espírito neste momento, revelando-se com a “consciência tranquila”. Esta entrevista também é gesto de gratidão e reconhecimento a Frei Fidêncio, que assumiu de corpo e alma o encargo a ele confiado. Neste Capítulo, Frei Fidêncio encerra o sexênio de trabalho e ainda pode ser reeleito para mais três anos como Ministro Provincial. Início, fim, início e a vida segue... Celebraremos, logo no início do mês, no dia 05, a Primeira Profissão de nossos irmãos noviços: quatro da Fundação Imaculada Mãe de Deus, de Angola, e nove da Província. No dia 15, teremos o ingresso de mais uma turma de Noviços, com destaque para o maior número na história
de angolanos ingressando nesta etapa: 12, ao todo. Por estes dons, gratidão a Deus. É a vida que se renova, como renovaram os votos simples os confrades formandos de Petrópolis, marcando a reabertura da bela capela do ITF, em Rondinha, junto com os jubileus de 2015, e em Angola. Em relação às Frentes de Evangelização, um relato consistente do Congresso de Educação Franciscana, realizado em Curitiba, de 30 de novembro a 03 de dezembro. Nas idas e vindas, de início em início e de fim em fim, sigamos em frente. Em nome da Equipe destas Comunicações desejo, de coração, que todos tenhamos um ano de 2016 repleto de bênção e que cresçamos um pouco mais na busca do “Espírito do Senhor e de seu santo modo de operar”. Paz e Bem! Frei Gustavo Medella janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
3
Formação Permanente Nos últimos anos conseguimos aprofundar um determinado tema anual neste espaço. Agradeço muito a colaboração dos confrades. A edição de janeiro coincide com a mudança que o Capítulo Provincial eletivo traz consigo. Tomo, porém, a liberdade de sugerir para os novos responsáveis o tema para 2016: o da
misericórdia. Neste sentido apresento em seguida um resumo de um edital, traduzido do alemão, que nos ajuda certamente a entrar na temática que será refletida sob diversos aspectos ao longo do ano novo. Frei Estêvão Ottenbreit
Moderador da Formação Permanente
Uma Igreja misericordiosa para um mundo dilacerado
E
m três ocasiões o Papa Francisco deu sinais do quanto o tema “misericórdia” lhe é caro. No dia 17 de março de 2013, quando pela primeira vez rezou o “Angelus”, na praça de São Pedro, ele se referiu ao livro do cardeal Kasper, cujo título é: “Misericórdia. Fundamento do Evangelho – Chave para a vida cristã”. E acrescentou: “Este livro me fez muito bem”. Algo semelhante ocorreu quando interpretou, numa entrevista à uma revista jesuítica, seu lema: “Miserando atque elegendo”. O Papa disse naquela ocasião que o gerúndio “miserando” é difícil de traduzir para o italiano e o espanhol e que ele gostaria de traduzi-lo com um outro gerúndio (que não existe) “misericordiando”. E o terceiro exemplo é de outra entrevista em que o Papa declara: “O que a Igreja hoje precisa é da capacidade de curar feridas e acalentar os corações das pessoas. Proximidade e solidariedade. Eu vejo a Igreja como um hospital de campo depois de uma batalha”.
Um coração misericordioso Tendo diante dos olhos estas intuições, não nos pode surpreender a importância que este tema da misericórdia desempenha no dia a dia do magistério do Papa. Naturalmente sabemos que a misericórdia faz parte do núcleo da revelação bíblica porque faz parte do âmago
4
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
nário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II”, um concílio convocado pelo Papa João XXIII com o intuito de abrir as janelas da Igreja para permitir que o vento renovador do Espírito Santo pudesse entrar. Na encíclica “Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco repete o convite para sermos uma Igreja de portas abertas (EG 46). Abrir o coração e a própria vida é um caminho para ser misericordioso.
do Deus Trindade. Na sua visão antropológico-teológica, São Tomás de Aquino vê a misericórdia para com o nosso próximo como a virtude das virtudes (cf. Summa Theologiae II-II q. 30, a. 4), indicando que a misericórdia possui um componente tanto afetivo como efetivo. O Ano Santo da Misericórdia começou no dia 8 de dezembro de 2015. A data foi escolhida “porque é cheia de significado na história recente da Igreja” (MV, 4). O Ano Santo começou com a abertura da Porta Santa “no cinquente-
Misericórdia ad intra A constituição dogmática “Lumen Gentium” do Vaticano II declara a respeito da Igreja: “Cristo foi enviado pelo Pai para “evangelizar os pobres, sanar os contritos de coração” (Lc 4,18), “procurar e salvar o que tinha perecido” (Lc 19,10): semelhantemente a Igreja cerca de amor todos os afligidos pela fraqueza humana, reconhece mesmo nos pobres e sofredores a imagem de seu Fundador, pobre e sofredor. Faz o possível para mitigar-lhes a pobreza e neles procura servir a Cristo.” (LG 8) Este critério se constitui em fio condutor para a ação e a atitude da Igreja diante de variadas situações. A Bula papal nos lembra que a Igreja é convocada a criar “Oasis de misericórdia”. E não só
Formação Permanente a Igreja em geral, mas “nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos.” (cf. MV 12) Dois exemplos, ambos difíceis e importantes, de como este princípio pode ser concretizado. O primeiro se refere ao aborto. Como já sabemos, o Papa decidiu que durante o Ano Santo a todos os sacerdotes é dado o poder de absolver o pecado do aborto, pressupondo o arrependimento profundo” (cf. carta ao arcebispo Fischiella do 1º de setembro de 2015). Este gesto naturalmente não minimiza ou nega a tragédia do aborto que é “profundamente injusta”. Mas, os sacerdotes, diz o Papa, devem encontrar palavras de acolhida juntamente com uma reflexão que ajude a compreender a gravidade do pecado cometido. Ao mesmo tempo, devem indicar o caminho de conversão verdadeira que leve a compreender o misericordioso perdão do Pai que renova tudo através de sua presença. O amor de Deus não é rigoroso nem permissivo! Isto vale também para a atitude misericordiosa da Igreja. O segundo exemplo é semelhante. Visa à realidade complexa das famílias com os fracassos, sofrimentos e situações sem saídas. A Igreja – sendo Mãe – reconhece a necessidade de um cuidado e acompanhamento pastorais nas mais variadas e complexas situações: casais que apenas legalizaram sua união civilmente ou que simplesmente vivem juntos; famílias feridas; mães solteiras; divorciados que contraíram segundas núpcias e pessoas com orientação homossexual. A misericórdia de Deus deve concretizar-se na Igreja de Jesus Cristo e de maneira palpável e convincente, deve levar a “caritas in veritate” às pessoas que vivem nestas situações.
Misericórdia ad extra Enquanto a Constituição “Lumen Gentium” se refere à própria Igreja, por assim dizer “ad intra”, uma outra Constituição, a “Gaudium et Spes” dirige o nosso olhar para a Igreja no mundo,
“ad extra”. A misericórdia faz parte de sua identidade, de suas múltiplas relações, enfim de sua vida. A misericórdia é o eixo central da ação missionária da Igreja, porque toda a realidade humana, pessoal e social, deve buscar o coração divino do Pai. “O Senhor é o fim da história humana, ponto ao qual convergem as aspirações da história e da civilização, centro da humanidade, alegria de todos os corações e plenitude de todos os seus desejos.” (GS 45) As palavras iniciais desta constituição – muitas vezes repetidas – gravaram-se na nossa memória e no nosso coração: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração.” (GS 1)
Como levar esta mensagem ao mundo de hoje? O eco poderia ser percebido nas mais variadas situações difíceis da vida, principalmente na assim chamada “Cultura da exclusão” na qual vivemos. Existiriam muitos temas, mas vamos nos limitar a falar de um. É sabido por todos que, principalmente na Europa, manifestam-se algumas crises desafiadoras (em escala menor as experimentamos também na América Latina e em outras partes do mundo). Crise dos refugiados, crise de falta de condições humanas, crise política... O que significa misericórdia nestas situações? Se encararmos com realismo e sinceridade a nós mesmos e à realidade ao redor de nós, reconheceremos que a mensagem do Evangelho da misericórdia é capaz de despertar a consciência das pessoas e impede que nos acostumemos ao sofrimento dos outros e nos
ajuda a elaborar respostas que se fundamentam nas virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade e se concretizam nas obras espirituais e materiais de misericórdia.
Crise dos refugiados Não há dúvida que existem muitas iniciativas particulares: pessoas, famílias, comunidades e movimentos populares que demonstram solidariedade, que têm sua origem num coração misericordioso. Mesmo alguns países mostraram grande abertura em acolher refugiados e que fazem assim entrever suas raízes cristãs. De outro lado, devemos reconhecer que a resposta pessoal sozinha não resolve suficientemente. Dimensão política! Misericórdia deve concretizar-se em leis. Principalmente quando se trata de refugiados, deve-se aplicar o direito internacional que resulte em acordos obrigatórios para todos os Estados. A preocupação e o cuidado pelos refugiados que fogem da guerra, não podem depender apenas da decisão de alguns políticos, mas dependem das exigências de acordos internacionais e dos direitos humanos. Enfim, a misericórdia pede que nos empenhemos no processo de paz, pondo fim às guerras de todos os tipos nos países de origem dos refugiados. Conclusão “Misericordiae Vultus” é um convite para sermos misericordiosos “como o Pai”. Assim como o pai na parábola do Evangelho, segundo Lucas, continuamente olha para ver se seu filho um dia voltará (Lc, 15,20), somos convidados a olhar os nossos irmãos: sua situação, suas necessidades, dar-lhes atenção e acolhida, descobrir seu rosto e sua história. Santo Inácio de Loyola chama a nossa atenção dizendo que o amor deve ser colocado “mais nas obras do que nas palavras” (exercícios espirituais 230). As obras de misericórdia são nossa resposta ao grito do mundo dilacerado. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
5
Capítulo Provincial
Agudos - 18 a 26 de janeiro
O DESAFIO DE SER IRMÃOS E MENORES
O
novo ano se inicia na Província Franciscana da Imaculada Conceição em ritmo intenso devido ao Capítulo Provincial que será realizado de 18 a 26 de janeiro, no Seminário Santo Antônio, em Agudos. Nestas duas semanas, os frades estarão reunidos em assembleia para celebrar e definir os rumos de sua vida e missão no próximo triênio. Mas mais do que isso, segundo o Visitador Geral, Frei Nestor Inácio Schwerz, estarão reunidos sob o “acertado” tema central: “Evangelizar como Irmãos e Menores”. Para Frei Nestor, que será o presidente do Capítulo, este tema também está em sintonia com o pedido do Papa Francisco para levar ao mundo a “alegria do Evangelho”, uma missão de todos os cristãos e religiosos. “Segundo São Francisco, seus seguidores devem chamar-se todos de irmãos menores”. Mais do que o nome ‘irmãos menores’, ser irmão, viver como irmão e atuar como irmão, é uma missão. Nós mesmos temos que, cotidianamente, retomar esta vocação porque não é algo pronto e acabado. É muito desafiador viver como irmãos em meio às diferenças entre nós e mais ainda quando nos deparamos com toda essa diversidade na comunidade, na sociedade e no mundo. Viver aí, como irmãos e menores, e construir uma fraternidade, é uma grande missão”, enfatizou. Frei Nestor lembrou a necessidade desse testemunho num mundo dividido
6
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
e muito marcado por violências. “Vemos essa onda gigantesca das migrações em que as diferenças, de religiões e culturas, vão se encontrando”, exemplificou, citando que em sua visita às fraternidades se deparou com muitos estrangeiros no Brasil. Segundo o frade, ser irmão e menor, como queria São Francisco, não tem nada de infantil. “O irmão menor é servo, não age como quem se impõe, como quem tem o poder. Ser menor é não ter nada de próprio. São Francisco insistiu muito nisso, porque não somos donos de nada e de ninguém. Nós recebemos tudo. Tudo é dom de Deus, tudo é graça. Então, acolhemos esses dons de Deus, administramos de forma responsável, mas queremos restituir isso em forma de solidariedade, serviço, doação e partilha. Esse tema, por si só, nos ajuda a rever a nossa identidade e nos ajuda a refletir sobre a nossa missão no mundo e na Igreja de hoje”, explicou. Frei Nestor adiantou que os capitulares também terão a assessoria do Pe. França Miranda, jesuíta, para uma reflexão sobre o mundo de hoje. “E ele já disse que vai fazer uma leitura, sobretudo teológica, do mundo, da sociedade e da Igreja, muito na perspectiva daquilo que o Papa Francisco está propondo, com insistência, em suas falas e gestos, em uma Igreja em saída, uma Igreja solidária, uma Igreja aberta, e que vai ao encontro das periferias. A partir disso, como nós podemos também ser uma fraternidade em saída? Não uma fraternidade fechada em si mesmo, voltada sobre si mesma, mas uma fraternidade missionária, que sabe dialogar com o mundo de hoje, com todos os desafios e realidades presentes em nosso tempo”, observou. Segundo Frei Nestor, outras reflexões
virão a partir dos relatórios do Ministro Provincial e do seu relatório. “O meu relatório vai ser elaborado, sobretudo, a partir das visitas e dos meus contatos, conversas, com cada irmão nas fraternidades”, explicou. Segundo o presidente do Capítulo, os capitulares poderão aprofundar os temas abordados em grupos e dar o encaminhamento.
O QUE É O CAPÍTULO Segundo Frei Nestor, o Capítulo é um acontecimento fraterno e que, pelos Estatutos Gerais, é uma assembleia dos frades para tratar da direção da vida e da missão dos irmãos na Província, ou como dizem as nossas Constituições Gerais, esta assembleia tem o dever de analisar o estado atual da vida e da atividade dos irmãos da Província. Portanto, é um acontecimento fraterno, de muita partilha e é também espiritual. “Antes do Capítulo se reza nas nossas fraternidades, com o povo, com as Clarissas, para que o Capítulo seja muito inspirado e conduzido pelo Espírito de Deus, pelo Evangelho e pela Palavra. Durante o Capítulo também há muitos momentos de oração”, explicou. Mas a história é dinâmica e a assembleia capitular terá muito trabalho pela frente. “Existem novos desafios, novas situações, novas realidades da vida e da missão dos frades. Então, tomam-se decisões, geralmente no final da assembleia, para os próximos anos. Essas decisões vão orientar sobretudo o novo governo provincial e a Província toda no próximo triênio ou no sexênio”. O PROCESSO Embora compete a Frei Nestor presi-
Capítulo Provincial dir o Capítulo, é humanamente impossível ele cuidar de tudo. Para isso, foi criada a Comissão Preparatória, que pensou no tema, em todos os detalhes, na programação, na logística e na agenda que já foi aprovada pelo Definitório Provincial na última reunião, mas ainda será apresentada para o aval dos capitulares no início do Capítulo (processo). Frei Nestor foi nomeado Visitador pelo Ministro Geral, Frei Michael Perry, em junho último. Desde então, ele passou a visitar as Fraternidades da Província. “A visita canônica consiste no seguinte, segundo a nossa tradição. O Ministro Geral deveria, na verdade, fazer esta visita a todos os irmãos quando uma Província vai realizar um Capítulo Provincial. Mas como a nossa Ordem, felizmente, ainda é grande - somos quase 14 mil irmãos no mundo todo e ao redor de cem províncias e entidades -, então é impossível para ele fazer isso. Na nossa Ordem, o Ministro Geral escolhe um frade de outra Província para fazer esta visita a todas as fraternidades no tempo capitular. Ela se chama ‘visita canônica’, porque é antes, na verdade, uma visita fraterna. É canônica porque obedece a certos cânones, regras ou orientações, e consiste sobretudo na escuta. Trata-se de escutar especialmente a cada frade, cada irmão, nesta visita. Mas a gente escuta lideranças leigas onde os frades atuam nas Paróquias, nas frentes de educação, em emissoras de rádio e TV, em editoras e depois visita também o bispo para escutá-lo sobre a presença dos frades na sua diocese. Também ouvimos as Clarissas e a Ordem Franciscana Secular. No fim da visita em cada fraternidade, sempre fiz um momento de ‘capítulo local’, de um encontro para partilhar um pouco daquilo que ouvi, observei, em forma de animação e sugestões para melhorar alguns aspectos da missão em cada dia”, detalhou Frei Nestor. “Foi uma experiência muito boa, bonita, rica. Senti-me muito bem aco-
lhido em todas as casas; melhorei os meus conhecimentos geográficos, porque uma coisa é ouvir falar onde é que fica Xaxim, Coronel Freitas, Concórdia, Colatina, outra coisa é ir ali, ver, escutar e passar uns dias”, confessou.
AS ELEIÇÕES Segundo a agenda do Capítulo que já foi aprovada pelo Definitório, mas ainda será submetida à assembleia capitular, a eleição para Ministro Provincial será no dia 21 de janeiro, uma quinta-feira. “Esta Província tem o seguinte esquema para a eleição do Provincial. Primeiro se faz uma indicação geral, de onde saíram os 10 nomes mais votados, que foram enviados
para o Ministro Geral e seu Definitório aprovarem cinco desta lista. Geralmente são os cinco mais votados. Com a homologação destes nomes, foi feito o primeiro escrutínio da eleição propriamente dita, onde todos os Irmãos da Província de profissão solene com direito a voto (316) participam. E na tarde deste dia 21 de janeiro, vamos fazer a apuração deste primeiro escrutínio. Para ser eleito, um dos nomes deverá receber maioria absoluta - metade mais um - dos votos de todos os frades com direito a votar. Caso contrário, naquela noite, nós vamos proceder a eleição segundo às orientações dos Estatutos da Província. Então, esperamos que no dia 21, se não for à tarde ou à noite, vamos confirmar a eleição do Ministro Provincial. E no outro dia, 22, teremos
uma prévia para o Vigário Provincial e os Definidores. Isto vai ser divulgado dentro da assembleia e, no domingo, dia 24, será feita a eleição. Então, no dia 24, já queremos estar celebrando a eleição do novo governo provincial. A posse será feita à noite deste dia 24”, explicou Frei Nestor. Segundo o frade, o Capítulo é realizado a cada seis anos, como é o caso deste em Agudos, pois também elege o novo Ministro e Vigário Provincial. Neste Capítulo, se o atual Ministro Provincial for reeleito, será por mais três anos; se for outro, será por seis anos. “Depois de três anos, há um capítulo intermediário em que também se faz uma análise da situação e também se faz uma avaliação de como estão na prática as decisões que foram tomadas no Capítulo anterior e se elegem os definidores. Os mesmos podem permanecer ou serem mudados. Mas não mudam o Ministro e o Vigário em caso de serem eleitos para seis anos”, explicou. “Nos Estatutos da Província consta que todos os frades professos solenes são capitulares e existem aqueles frades que têm responsabilidades ou encargos, como os guardiães, os definidores etc, por dever de ofício de participar e os outros que se inscrevem livremente para participar. Em si, todos os frades de profissão solene podem participar do Capítulo, mas nem todos vão participar deste. Mas há um bom número de inscritos (cerca de 170) e vai ser uma assembleia muito grande”, prevê o presidente.
O PRESIDENTE DO CAPÍTULO Frei Nestor é gaúcho de Santa Cruz do Sul (Salvador do Sul), e ingressou na Ordem dos Frades Menores em 3 de Fevereiro de 1970. Foi Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis em 1995. Durante seis anos, de 2009 a 2015, Frei Nestor esteve a serviço da Cúria Geral como Definidor para a América Latina. Moacir Beggo janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
7
Capítulo Provincial
Entrevista
Frei Fidêncio Vanboemmel
P
DE CONSCIÊNCIA TRANQUILA
arece que foi ontem, mas muita água rolou por debaixo da ponte neste sexênio (20092015) em que Frei Fidêncio Vanboemmel foi eleito o timoneiro da nau Província Franciscana da Imaculada Conceição. Depois de 23 anos trabalhando na formação, este frade catarinense estava diante de um grande desafio, que lhe tirou o sono. Ele, contudo, seguiu o conselho do então Ministro Geral (Frei José Rodríguez Carbalho) e hoje, mais forte e com o sentimento do dever cumprido, chegará a Agudos de consciência tranquila. Sem a necessidade de ‘maquiar dados’, termo muito em voga hoje, Frei Fidêncio garante que, com “serenidade e paz de espírito”, devolverá ao Visitador Geral e aos confrades o “encargo de lavar os pés dos irmãos” durante o Capítulo Provincial, a ser realizado de 18 a 26 de janeiro, em Agudos.
Frei Vanboemmel (pronuncia-se Fanbemel) foi eleito Ministro no ano que coincidiu com a celebração dos 800 anos de fundação da Ordem dos Frades Menores. Catarinense, natural da cidade de Santo Amaro da Imperatriz, ele tem 64 anos e há 43 anos ingressou na Ordem Franciscana, onde durante 23 anos trabalhou na formação, um tempo em que angariou muitos discípulos e muita simpatia. Mas a função de “lavar os pés dos irmãos” nem sempre é tão bonita como poeticamente mostram pintores das mais diferentes gerações. Nesta entrevista, que aceitou conceder mesmo envolto no trabalho de preparar o relatório para o Capítulo, Frei Fidêncio “presta contas” do seu governo e fala das alegrias, do Papa Francisco, das tristezas e desafios deste tempo. Aproveito aqui a oportunidade para agradecer a Frei Fidêncio por essa generosa disponibilidade em todos os seis anos de trabalho na Sede Provincial. Por Moacir Beggo
8
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Comunicações – Depois de seis anos na função de Ministro Provincial, que balanço o sr. faz do seu governo e do Definitório Provincial? Frei Fidêncio Vanboemmel - Na minha função de Ministro Provincial, hoje olhando retrospectivamente para estes seis anos, tenho a sensação de ter permanecido, dia e noite, numa gigantesca ‘sala de aulas’. Não para ensinar, e sim para aprender o que significa ser ministro e servo de quase 400 frades, com todos os desafios da formação, da evangelização e da administração. Se aprendi a ter uma visão ampla da Província, também foi difícil compreender que muitas lições me foram repassadas em meio aos sofrimentos. Confesso que na minha vida de frade jamais imaginei estar nesta ‘sala’, ou nesta função. E ainda hoje não sei se fui a pessoa mais adequada para este serviço! Em todos os casos, chegando às portas do Capítulo Provincial, é a mim que o Senhor se dirige com estas palavras: “Presta contas da tua administração” (Lc 16,3). De consciência tranquila e sem necessidade de maquiar as ‘medidas da balança’, posso garantir que procurei ser fiel a Deus, à Igreja e à Ordem como prometi no Capítulo Provincial de 2009, ainda na ingenuidade de um pobre mestre de noviços. Depois, ninguém ‘governa’ sozinho! Nestes seis anos estava ao meu lado o Vigário Provincial, Frei Estêvão Ottenbreit, com sua vasta experiência de Província e de Ordem. De igual modo, nos dois triênios, pude contar com Definidores (Conselheiros) que em tudo ‘vestiram a camisa’ da Província. E a eles acrescento o valoroso trabalho da equipe de frades da Sede provincial, dos Guardiães, dos Secretários e dos Colaboradores e Colaboradoras. Portanto, no final deste sexênio, ao prestar ‘contas a Deus da minha administração’ e bem consciente das minhas limitações, devolvo ao Visitador Geral e aos Confrades que vão se reunir no Capítulo este “encargo de lavar os pés dos irmãos”. E faço isto com serenidade e paz de espírito.
Capítulo Provincial
Quando o sr. foi eleito, confessou que esse desafio o assustava. Como o sr. encara, hoje, esse serviço na Província? Sim, assustou tanto que passei uma noite em claro, brigando comigo mesmo! Até peço perdão a todos porque a tentação chamada “arrependimento” pelo SIM dado a Deus e aos confrades me perturbava. Ao mesmo tempo ressoavam em mim as palavras do então Ministro Geral, Frei José Rodríguez Carballo, quando dele me despedi após a abertura do Capítulo Provincial. Ele, percebendo o medo que lhe manifestei, respondeu-me em forma de pergunta: “Você não confia na graça de Deus”? Hoje encaro este serviço à Provín-
cia como uma reposta diária que eu mesmo devo dar, a exemplo de Maria Santíssima no Mistério da Anunciação do Senhor: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Tive a graça de nascer no dia 25 de março, exatamente na Solenidade da Anunciação do Senhor. Portanto, se Deus me deu a graça de vir ao mundo justamente neste dia, como ser humano e cristão coube-me a tarefa de elaborar um projeto pessoal de vida que acolhesse um pouco dos ecos do ‘Sim’ da Virgem de Nazaré. Da mesma forma quando este encargo de Ministro me foi confiado, tive de inseri-lo neste projeto de vida e, sem alardes e honrarias, procurar administrá-lo.
Creio firmemente que este serviço à Província seria impossível sem a confiança na Graça de Deus. Os muitos questionamentos que a gente se fez, não diferentes dos questionamentos de Maria Santíssima (Como pode? Como vai ser? Como, se eu não conheço? Etc.), principalmente os que me surpreendiam neste ‘encargo de lavar os pés’, se tivesse de respondê-los somente a partir da
janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
9
Capítulo Provincial minha fragilidade humana, as respostas seriam uma desgraça para a Fraternidade Provincial. Portanto, como outrora para Maria, hoje também para o Ministro: sem a graça de Deus, impossível!
Entrevista E a dor é maior ainda quando alguém te procura com uma decisão tomada, sem possibilidade de diálogo, quando os ecos do “Sim, eu quero!”, “Sim, eu prometo por todo o tempo da minha vida!” ainda ressoam nos ouvidos dos confrades, dos familiares e da Igreja de Deus. Uma terceira dificuldade está relacionada ao número de frades: como enfrentar os novos desafios e demandas que a cada dia crescem nos cam-
ram em muito as dificuldades. Destaco algumas: O empenho provincial para colocar em prática o Plano de Evangelização, em especial a execução dos ‘Objetivos Gerais e Específicos’, que nos interpelavam a uma qualificação de vida humana, fraterna, evangelizadora e vocacional. As muitas celebrações vocacionais na Província: a acolhida dos vocacionados, as admissões ao postulantado e ao noviciado, as renovações anuais dos votos dos professos temporários; as Profissões Solenes; as Ordenações Sacerdotais e as celebrações dos jubileus dos confrades. A concretização das Fraternidades de Acolhimento Vocacional (FAVs), o revigoramento da animação vocacional em alguns centros, as caminhadas e as missões dos Jovens Franciscanos. O esforço das fraternidades na elaboração do Projeto Fraterno de Vida e Missão. Ainda estamos distantes do ideal. Na grande maioria dos frades cresceu o sentido de pertença: no trabalho compartilhado, na mesa comum, na evangelização a partir das fraternidades. A celebração do Capítulo das Esteiras que aconteceu no Seminário Santo Antônio de Agudos, com a presença do Ministro Geral Fr. Michael A. Perry e do Definidor Frei Nestor Inácio Schwerz. A celebração dos 25 anos da Missão em Angola e o desafio do crescimento vocacional de jovens angolanos. A aposta na ‘Sala Franciscana’ (iniciada na Rádio 9 de Julho) como nova forma de presença de evangelização pela Comunicação.
Quais foram as maiores dificuldades nesses seis anos? Foram várias as dificuldades! Indico quatro, com seus desafios e efeitos colaterais. A primeira, certamente a mais difícil, é a provocação de saber lidar com o ser humano. Como isso é difícil! Acho que é verdade aquilo que às vezes dizemos em tom de brincadeira, repetindo a frase de São Francisco que lemos no Testamento: “E depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrou o que eu deveria fazer...”. Se nos fixamos apenas na humanidade e na finitude de cada frade, a vida fraterna torna-se um inferno. E todos nós sabemos de que forma Creio firmemente que este reproduzimos esses ‘infernos’, serviço (Ministro) à Província reais em alguns casos! O que dá seria impossível sem a sentido e o que nos congrega nas diferenças é o que Francisco diz confiança na Graça de Deus. na sequência da frase: “... mas o Altíssimo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho”. A este referencial devem convergir todos os irmãos pos da evangelização e da formação? dados pelo Senhor, com seus vícios e vir- Impossível dar conta de tudo! Mesmo tudes. Sem este referencial pecamos na na dor, precisamos fazer entregas e/ou castidade, na pobreza, na obediência, na devoluções, mas também estar aberto minoridade, na vida de oração, na fra- a novos desafios. Enfim, também na área da admiternidade e na missão evangelizadora. Outra dificuldade, também delica- nistração existem dificuldades: cuidar da, está relacionada com as crises exis- do patrimônio, responsabilidade sotenciais e vocacionais. Dói no coração cial na manutenção de algumas entida gente quando, depois de anos e anos dades da Província, o serviço da solide formação, de vida consagrada e sa- dariedade, a sustentação da formação, cerdotal, um confrade pede para deixar a evangelização missionária, etc. a Ordem e/ou abandonar o Ministério O que precisa ser feito e o sr. Sacerdotal. Não existe um denomina- Quais foram as alegrias na ainda vê como um grande desafio dor comum para estas crises e nem Fraternidade Provincial? nos próximos anos? respostas catalogadas para cada caso. Graças a Deus, as alegrias superaEmbora a palavra ‘redimensiona-
10
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Capítulo Provincial Ganhar um Papa de inspiração das ovelhas’, e muito particularmente mento’ cause arrepio em alguns confrades, não nego que este processo de franciscana foi uma graça para a Or- as que se encontram machucadas ou redimensionamento deve ser perma- dem Franciscana e uma bênção para feridas, fora do redil. Quando da sua primeira visita à nente. Hoje, é preciso redimensionar o mundo que vê em São Francisco a vocação pelos valores do Evangelho, de Assis o irmão universal, o profeta Assis de São Francisco e Santa Clara, respondendo às proposições da Exor- da paz, do diálogo e do respeito para o Papa Francisco traçou um itinerátação Apostólica “Alegria do Evange- com toda Criação. rio que muito me chamou a atenção. Vejo neste itinerário o dinamismo lho” e da Carta Encíclica “Laudato Sí”. de vida que este Pontificado deseja Este redimensionar obrigatoria- Em que o Pontificado deste imprimir na Igreja. E nós, Ordem mente implica num ‘sair’ para ha- Papa ajuda a Igreja e a Ordem Franciscana, temos o dever de tribitar ‘novas fronteiras’. Este, a meu Franciscana? ver é o grande desafio. Difícil? Sim, O Pontificado do Papa Francisco lhar este caminho, com indicações precisas: o encontro com os muito difícil! Mas é consequ‘leprosos’ da modernidade; o ência prática do redimensiodespojamento para ser pobre namento enquanto resposta ao e aprender com eles a partiEvangelho. O medo de colocar um pé “na zona do risco”, ou lhar; o encontro com o Crucipara fora da comodidade e da ficado no Evangelho; a escuta segurança que o mundo hoje da Palavra de Deus que envia oferece como valor supremo, os discípulos a caminhar em mata em nós a alegria do Esmissão; a contemplação de Deus no mundo de hoje e, enpírito. Morrendo o Espírito, morre a vocação. Então só fim, o respeito e a reverência resta ao homem lamentar um para com a Criação. passado distante, como quem está paralisado diante de um Para onde caminha a Ordem retrovisor, apenas celebrando Franciscana? Quais as suas Dói no coração da gente quando, jubileus de ‘museus’ sem vida expectativas em relação a depois de anos e anos de formação, e sem alma. Pois nele não mais esse novo Governo Geral? de vida consagrada e sacerdotal, um existe a gratidão, desapareceu O último Capítulo Geral, confrade pede para deixar a Ordem e/ a alegria de viver intensamente mais que decretar uma granou abandonar o Ministério Sacerdotal. o presente e a esperança de um de quantidade de ‘mandatos’ a futuro melhor. serem executados, deixou-nos um documento inspiracional com este título: “Ir às periferias Como foi “ganhar” um trouxe novos ares e um espírito novo com a Alegria do Evangelho”. Este é Papa com 100% de inspiração para dentro da Igreja. Um Papa com o caminho pelo qual a Ordem deseja franciscana? No dia 13 de março de 2013 eu es- boa formação jesuítica e que buscou caminhar. E o novo Governo Geral tava Luanda, Angola, quando a televi- em São Francisco de Assis a inspira- tem a missão de animar a Ordem são local transmitiu o sinal da ‘fumaça ção para o seu pontificado, foi uma neste caminho. A reflexão do Papa branca’ na chaminé do Vaticano e, comunhão perfeita. Assim como São Francisco, feita aos frades capitulapouco tempo depois, o anúncio: “Ha- Francisco de Assis, também ele usa res, também nos incentiva no nosso bemus Papam”. E assim que o Cardeal de ‘palavras breves’, isto é, profundas, modo de ser e estar neste caminho Bergoglio se apresentou com o nome concisas, claras, diretas, inteligíveis rumo às periferias, com a alegria do de “Papa Francisco”, na sua humilda- e que brotam de um coração ungido Evangelho. O Papa nos pede que sede, simplicidade e respeito de um pro- pela Palavra de Deus, pelo testemu- jamos ‘pastores da misericórdia’, mefeta que veio do ‘fim do mundo’, logo nho de vida e daquilo que acontece nores, humildes, fraternos e ungidos sinalizou o “porquê” da escolha deste no cotidiano da vida das pessoas. E pela graça do Espírito Santo. É isso nome e “para que” assumiu ser ‘Bispo esta linguagem reverente o povo de que vai dar credibilidade ao camide Roma’, após a renúncia do Papa Deus compreende porque brotam da nhar profético da Ordem em nosso alma de um pastor que tem o ‘cheiro tempo. Bento XVI. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
11
Capítulo Provincial
Entrevista
O que o sr. espera deste Capítulo Provincial, que terá algumas mudanças no seu formato? A Província tem uma Comissão que está preparando o Capítulo. Vamos ter um instrumento de trabalho que diz respeito às nossas cinco frentes de evangelização. Além disso, os frades capitulares deverão se pronunciar e aprovar o Plano de Evangelização da Província. Também alguns textos legislativos devem receber a aprovação do Capítulo Provincial. Depois, para dinamizar a vida provincial, o Capítulo elegerá o novo “Governo Provincial”. Mais que mudanças no formato, o Capítulo deverá legitimar algumas mudanças que se fizeram necessárias neste triênio e, se possível, aprová-las. Certamente elegerá algumas prioridades que deverão nortear nossa vocação e missão.
Tímidas porque o verdadeiro redimensionamento implica na conversão pessoal daquele que, como discípulo de Cristo, se dispõe a ‘deixar tudo’ para seguir o Senhor e Mestre aonde quer que Ele vá. Redimensionar é não perder de vista o caminho da cruz do Senhor que perpassa as vias dolorosas das pessoas mais fragilizadas.
Embora a palavra
Em relação ao ‘redimensionamento’ cause redimensionamento, arrepio em alguns confrades, questão recorrente de não nego que este processo maneira especial neste deve ser permanente. último triênio, como o sr. avalia os passos dados pela Província até aqui? Sim, a questão do redimensionamento, tema central do Quais são as principais alegrias Capítulo Provincial intermediário, e preocupações em relação à tinha como endereço nossa vida e Missão em Angola? a missão, não como duas questões No dia 27 de setembro de 2015 distintas, mas convergentes. E neste a missão em Angola celebrou os 25 trabalho, envolvendo os Regionais anos. Fomos a Angola em 1990, num da Província, procuramos focar es- gesto concreto de restituição e de pecial atenção às cinco Frentes de agradecimento a Deus por ocasião do Evangelização (Comunicação, Edu- 1º Centenário da Restauração de noscação, Missão, Paróquias/Santuários sa Província (1891-1991). Depois dos e Solidariedade) na dinâmica do ver, inícios difíceis por causa da guerra cijulgar e agir. Houve empenho dos vil, hoje a Missão em Angola acompaconfrades na reflexão, partilha e tro- nha um País que vive novos tempos, ca de ideias. Mas as respostas mais seja de reconstrução como também efetivas no redimensionamento da de necessidade de responder ao fenôvida e missão ainda foram tímidas. meno da globalização.
12
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Todas as alegrias que experimentamos na Missão procedem do coração alegre e festivo do povo angolano. Foi com este povo que aprendemos a choramos as atrocidades da guerra civil, e é com este povo que hoje cantamos a alegria da festa da vida que lentamente se reconstrói. E isso se canta e se dança nas celebrações sempre festivas. Também é motivo de alegria a consolidação da Missão. Hoje, com estruturas muito simples, estamos respondendo às necessidades da formação e da evangelização nas paróquias e aldeias. Aqui não posso deixar de agradecer e dizer o meu e nosso ‘muito obrigado’ a todos os benfeitores! Motivo de alegria ainda maior são as vocações que o Senhor nos envia. Depois de um início tímido, de muito aprendizado, a Missão em Angola vive um momento vocacional promissor e esperançoso. E as preocupações? Vou resumi-las em três: A primeira é o urgente reforço de confrades que queiram colaborar na formação dos nossos vocacionados e fortalecer a equipe formadora, e, quem sabe, ir idealizando um Noviciado na Missão em Angola. A segunda é a necessidade de mais frades missionários para fortalecer as nossas cinco fraternidades, pensando também a missão evangelizadora nas aldeias e paróquias. A terceira é a preocupação comum com tudo o que envolve a vida franciscana: a vida fraterna, os capítulos locais, a vida de oração, o Projeto Fraterno de Vida e Missão, o cuidado pelo outro, etc. Estes são os perenes desafios, onde quer que estejamos!
Formação e Estudos
MASTER EM EVANGELIZAÇÃO: Interpelações e Perspectivas
E
m atenção a apelos da Ordem, particularmente das Conferências Franciscanas da América Latina, e tendo como retrospecto recente a edição de 2014, o Instituto Teológico Franciscano (ITF), de Petrópolis/Brasil, volta a oferecer o Curso conhecido como Master em Evangelização – Interpelações e Perspectivas, em 2016. Por que os apelos em prol de um Curso de evangelização? Entendemos que, para os seguidores de Jesus Cristo e, portanto, também para todos os que se inspiram em São Francisco de Assis, homem católico e apostólico, está em seu DNA ser propagadores da Boa Nova da salvação. O Bem, o Sumo Bem é anúncio de salvação, é proposta de vida, é notícia a ser propagada, como extensão de amor. Os irmãos e as
irmãs que têm o ministério da confirmação de seus co-irmãos ou co-irmãs entendem que também é necessário incentivar e promover esta identidade; que a formação permanente faz parte da missão dos evangelizadores. Em outras palavras, eles entendem que é necessário perguntar-se sobre o que venha a ser evangelização, sobre seu porquê, sobre o modo franciscano de evangelizar, sobre os destinatários da evangelização, sobre o diálogo, sobre as fronteiras culturais do mundo atual. Por isso, os apelos e os investimentos humanos e econômicos. Neste esforço, o ITF aceita o desafio de contribuir com a coordenação do Master em Evangelização, um curso bianual de 8 meses de duração. O Master destina-se, prevalentemente, aos membros da Família
Franciscana da América Latina e do Caribe (incluídas, pois, a OFS e a JUFRA), mas também a todas as pessoas interessadas e que estejam, de alguma forma, em atividade evangelizadora e tenham perspectiva de continuar. Os requisitos para participar do Curso são estes: graduação teológica ou formação que se aproxime, contando o engajamento evangelizador. O início e investimento: Em 2016, o Master terá início, para os de língua espanhola, no dia 07 de março, e, para todos, no dia 29 do mesmo mês; será encerrado no dia 30 de outubro. Informações: secretaria@itf.org. br; www.itf.org.br; tel.: (055/24) 22439959. Frei Elói Dionísio Piva Pela coordenação
janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
13
Formação e Estudos
PRIMEIRA PROFISSÃO NA ORDEM
O
Noviciado de Rodeio estará celebrando, no dia 5 de janeiro, a Primeira Profissão na Ordem dos Frades Menores de treze noviços. Esse momento marcante no início da vida consagrada será feito durante a Celebração Eucarística na Igreja São Francisco de Assis, às 19h30. Depois de um ano de formação intensa no Noviciado da Província da Imaculada Conceição, Frei Alberto Victorino, Frei André dos Santos Mingas, Frei Bruno Araújo dos Santos, Frei Danilo Santos Oliveira, Frei Felipe Carretta, Frei Jean Santos da Silva, Frei José João Ganga, Frei Matheus José Borsoi, Frei Miguel Tchiteculo Filipe, Frei Natanael José Barbosa, Frei Thiago da Silva Soares, Frei Tiago Gomes Elias e Frei Vitor da Silva Amâncio emitirão seus votos nas mãos do Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel. No total, nove são noviços brasileiros e quatro são noviços angolanos da Fundação Imaculada Mãe de Deus. Segundo a Ordem dos Frades Menores, o tempo da profissão temporária é o “período durante o qual se completa a formação para viver de modo mais pleno a vida própria da Ordem e melhor cumprir sua missão”. Nesta Profissão, Frei Samuel Ferreira de Lima completa seis anos como Mestre de Noviços, uma experiência que confessa estar sendo um grande aprendizado, crescimento e fortalecimento de sua vocação. “O confronto com a busca de Deus na vivência do dia a dia do noviciado e tudo que envolve a formação dos noviços revitaliza em nós o desejo de transcendência, de serviço aos irmãos
14
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
e de compreensão de nosso próprio ser. Ser frade é ser penitente de Assis, é trilhar o caminho da conversão em tudo o que se faz, é compreender que, em tudo, somos meros instrumentos; Deus é o Autor de todo o bem, de toda ação transformadora. Os desafios que a formação traz nos proporcionam um constante discernimento, amadurecimento e aprendizado. O convívio com os formandos e as demandas que trazem, exigem de nós centralidade em Deus, foco no Ideal apontado por São Francisco em um processo de construção feito nas pequenas coisas,
no diálogo aberto e franco, no convívio partilhado em todos os momentos e situações, na simplicidade da vida”, explica Frei Samuel. Segundo Frei Samuel, os desafios são muitos neste serviço: compreender e trabalhar os dramas humanos que carregam em suas histórias de vida, a fragilidade na visão de fé, o não compreender o sentido da vida fraterna, o equilibrar as demandas e desejos dos confrades focando o que é necessário e essencial, o trabalhar constantemente a paciência e a compreensão. Mas as alegrias também são muitas, como “o convívio com os irmãos que o Senhor dos dá, o crescimento que se observa nos irmãos depois de um tempo de caminhada, o desejo puro e verdadeiro que alguns trazem com tanto empenho, a criatividade e intensidade dos jovens, o desejo de viver o ideal franciscano, a troca de vivências e saberes, a vida religiosa como busca fundamental da vida. A riqueza que é cada irmão em si”, completa. Moacir Beggo
Formação e Estudos
professandOS 2015 Bruno Araújo dos Santos
Tiago Gomes Elias
Nascimento: 03/07/1990 Naturalidade: Coruripe/Al
Nascimento: 09/09/1987 Naturalidade: Niterói/RJ
Danilo Santos Oliveira
Nascimento: 10/07/1989 Naturalidade: Itapeva/SP
Vítor da Silva Amâncio
Nascimento: 16/11/1993 Naturalidade: São Paulo/SP
Felipe Medeiros Carretta
Nascimento: 02/07/1993 Naturalidade: Vila Velha/ES
Jean Santos da Silva
Nascimento: 19/03/1981 Naturalidade: Rio de Janeiro/RJ
Matheus José Borsoi
Nascimento: 31/08/1997 Naturalidade: Xaxim/SC
Natanael José Barbosa
Nascimento: 14/07/1993 Naturalidade:
Frei Alberto Victorino Nascimento: 09/07/1987 Naturalidade: Ganda / Benguela
Frei André dos Santos Sungo Mingas Nascimento: 02/01/1986 Naturalidade: Cabinda / Cabinda
Frei José João Ganga Nascimento: 13/11/1990 Naturalidade: Caconda / Huíla
Cachoeira de Minas/MG
Thiago da Silva Soares
Nascimento: 10/12/1985 Naturalidade: Vila Velha/SP
Frei Miguel Tchiteculo Tchindjombo Nascimento: 13/01/1990 Naturalidade: Lobito / Benguela
Formação e Estudos
DEZOITO JOVENS VESTEM O HÁBITO FRANCISCANO
A
inda celebrando os 25 anos da presença em Angola, o Noviciado de Rodeio, em Santa Catarina, recebe no dia 15 de janeiro a maior turma de noviços da Fundação Imaculada Mãe de Deus: 12 postulantes. Eles se juntarão aos seis brasileiros da Província da Imaculada para formar a turma de noviços 2016, ou a 115ª turma a passar por Rodeio, que será admitida pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, durante a Oração das Laudes, às 7 horas. Antes de chegarem a Rodeio, os dois grupos fizeram o tempo do Postulantado. Os brasileiros no Postulantado Frei Galvão de Guaratinguetá (SP) e os angolanos no Postulantado Santo Antônio, de Quibala. Segundo os documentos da Ordem, esses jovens farão um “período de formação mais intensa” em Rodeio, tendo como objetivo “fazer com que os noviços conheçam e experimentem a forma de vida de São Francisco, impregnem mais profundamente a mente e o coração de seu espírito e, avaliando melhor o chamado do Senhor, comprovem seus propósitos e sua idoneidade” (Constituições Gerais da Ordem, art. 152). Um dos momentos mais belos e emocionantes da admissão dos noviços será a vestição. Cada candidato recebe o hábito franciscano
16
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
das mãos do Ministro Provincial e do Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima e se veste na sacristia, voltando para assinar o documento de ingresso na Ordem dos Frades Menores. Durante o ano, os noviços intensificam a vida em comum, entre eles e com a Fraternidade Formadora da casa, e participam também de algumas atividades na própria comunidade
eclesial e celebrações das outras casas franciscanas da região. No dia a dia, eles se dedicarão ao estudo e reflexão da Teologia da Vida Religiosa, da Regra dos Frades Menores, das Constituições e Estatutos Gerais da Ordem, sobretudo dos escritos de São Francisco. Esta é a 115ª turma do Noviciado. Moacir Beggo
Retiro dos postulantes de Guará Nós, postulantes, participamos nos dias 1º, 2 e 3 de dezembro do retiro de preparação à admissão ao noviciado, ocorrido nas dependências do Convento São Francisco de Assis, de Bragança Paulista. O retiro, conduzido por Frei Regis G. Ribeiro Daher, teve como tema os três conselhos evangélicos: castidade, pobreza e obediência. De um modo simples e profundo, Frei Regis contribuiu conosco com suas reflexões sobre o sentido dos votos, visto que a sociedade moderna os encara como características religiosas
ultrapassadas e descontextualizadas. Neste retiro tivemos a oportunidade de conviver com alguns dos frades idosos e enfermos da Província. No modo de ser de cada um deles, do seu jeito e forma, partilharam conosco um pouco de suas vidas e de suas experiências. Foi uma graça podermos fazer este retiro em Bragança. Tudo concorreu para uma boa experiência. Que Deus nos dê a graça da perseverança e da fidelidade, a alegria de viver o Evangelho e a coragem de nos doarmos pelo seu Reino como menores.
Formação e Estudos
noviços 2016 Frei Francisco Dalilson P. Cabral Nascimento: 04/07/1994 Naturalidade: Cariré – CE
Frei Jonas Ribeiro da Silva Nascimento: 19/01/1981 Naturalidade: Cruzeiro - SP
Frei Lucas de Moura J. Souza Nascimento: 03/05/1996 Naturalidade: Jacareí - SP
Frei Daniel Kahuvi Tchitumba Tchikeva Nascimento: 09/12/1994 Naturalidade: Lobito, Benguela
Frei Domingos Kakanda Soma Nascimento: 10/09/1992 Naturalidade: Benguela
Frei Elias Hebo Luís Nascimento: 22/11/1992 Naturalidade: Cangola
Frei Marlon Taxa Pereira Reis da Silva Nascimento: 28/07/1993 Naturalidade: Rio de Janeiro – RJ
Frei Evaristo Seque Joaquim Nascimento: 12/01/1994 Naturalidade: Lobito, Benguela
Frei Wagner da Silva Neves Nascimento: 12/01/1985 Naturalidade: São Paulo - SP
Frei Feliciano Afonso Manuel Nascimento: 11/07/1992 Naturalidade: Cubal, Benguela
Frei Hélder Josué Mateus Domingos Nascimento: 03/11/1993 Naturalidade: Kilamba Kiaxi
Frei Odilon Voss Nascimento: 12/08/1997 Naturalidade: Atalanta - SC
Frei António da Silva Manuel Nascimento: 08/08/1995 Naturalidade: Cacuaco, Luanda (LA)
Frei Bernardo João Cassinda Nascimento: 16/01/1996 Naturalidade: Tchicala-Tcholoanga
Frei Bernardo José Cayoya Kandangongo Nascimento: 15/12/1992 Naturalidade: Huambo
Frei Pedro Domingos Mugiba Nascimento: 30/07/1993 Naturalidade: Malanje
Frei Pedro Isaías Luísa Vitangui Nascimento: 26/11/1994 Naturalidade: Cuito, Bié
Frei Simão Cassua Horácio Nascimento: 12/06/1993 Naturalidade: Cacuso, Malanje
Formação e Estudos
ITF
CAPELA DO ITF REABRE EM DIA
D
epois de uma cuidadosa reforma, conduzida por Frei Antônio Everaldo, a Capela do Instituto Teológico Franciscano (ITF), de Petrópolis (RJ), foi reaberta no domingo (6/12) com a Celebração Eucarística da Renovação dos Votos de seis frades professos temporários na etapa de Teologia. Foi neste clima do belo tempo do Advento, inebriados pelas vozes dos Canarinhos de Petrópolis, que o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, recebeu os votos religiosos de Frei José Raimundo de Souza, Frei José Morais Cambolo, Frei Gaudêncio Chingando C. Numa, Frei Roberto Aparecido Pereira, Frei João Alberto Bunga e Frei Ermelindo Francisco Bambi. Esse rito se repete todo o ano até a Profissão Solene. Nesta celebração, os professos foram chamados pelo mestre Frei Marcos de Andrade para se apresentarem
18
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
diante do Ministro Provincial e em seguida prometeram viver os conselhos evangélicos no seguimento do Cristo pobre, obediente e casto. “Enquanto esperamos a vinda do Senhor, nós vivemos a nossa história, nós vivemos nosso presente e, hoje, de maneira muito particular porque esses seis freis também vão renovar os seus votos religiosos. O que significa renovar os votos?”, perguntou o Ministro. “Não significa apenas que quero continuar a viver na obediência, na pobreza e na castidade. É muito mais. Renovar os votos significa ter esta audácia interior do nosso comprometimento pessoal, como João Batista, com o Evangelho e Nosso Senhor Jesus Cristo. Então, vocês, ao renovar os seus votos, vão ser também os profetas da esperança para o nosso mundo. Profetas da solidariedade num mundo tão fracionado. Vocês vão ser
testemunhas da fraternidade, como tanto pede o Papa Francisco para nós, religiosos. Renovar os votos significa renovar a nossa alegria por uma paixão que Francisco de Assis teve por Jesus Cristo e pelo Reino de Deus”, respondeu Frei Fidêncio, que teve como concelebrantes Frei Elói Piva, Frei Fernando Araújo, Frei Everaldo, Frei Evaristo Spengler e Frei César Külkamp. Após as preces, o Ministro Provincial abençoou o altar, aspergindo toda a capela, e a mesa do Senhor foi preparada para o ofertório. “Eu creio que esta reinauguração ao final deste ano acadêmico também é um sinal significativo. Numa extremidade está a biblioteca, no meio estão as salas de aula e a fraternidade, e na outra extremidade está a capela. Então, se aqui estudamos Teologia, nos formamos teologicamente para a missão e para a evangelização, aqui também quer
Formação e Estudos
ITF
DE RENOVAÇÃO DOS VOTOS ser um lugar da formação do espírito, onde com alma queremos dar mais sentido à razão de sermos teólogos, homens e mulheres de Deus”, disse o Ministro. Segundo Frei Fidêncio, a capela deve ser o coração do Instituto Teológico. “São Francisco de Assis, na cartinha que escreve a Santo Antônio, dizia que gostaria muito que ele ensinasse a sagrada Teologia desde que nesse estudo não se perdesse o espírito da santa oração e devoção. Isso não significa que vamos fazer desta capela apenas um lugar de piedade, de exercícios espirituais em detrimento do intelectual. Pelo contrário, essa capela quer nos lembrar que a Teologia deve ser uma Teologia, acima de tudo, de Deus. Uma Teologia de alma, que tem coração, que dialoga, que acolhe, que restitui e que é viva”, enfatizou. Frei Fidêncio também pediu aos seus confrades do Instituto que não
transformem a capela num espaço apenas de clausura. “Que esse espaço, meus irmãos, meus confrades, seja espaço também da devolução. Eu creio que nós temos sempre o dever de restituir ao povo de Deus um pouco da nossa vida, da nossa missão. Eu creio que esta capela renovada, bonita – Frei Everaldo cuidou milimetricamente de todas as coisas, com todos os detalhes – deve ser o lugar mais bonito porque é o lugar de Deus”, disse. Frei Fidêncio agradeceu à Fraternidade do ITF todo o esforço, o empenho, exatamente para tornar esta capela o símbolo maior do Instituto. “Biblioteca é importante, mas sem a capela nos tornamos racionais e não humanos. Francisco quer homens de Deus na evangelização”, completou.
CENTRALIDADE Frei Everaldo também agradeceu a presença do Ministro Provincial
na celebração e destacou que a igreja dedicada a São Francisco, com a presente reforma, torna-se um lugar “adequado e digno para sinalizar a centralidade do que fazemos nesta casa de estudo teológico. Sabemos, e nos é sempre lembrado, que, com efeito, uma verdadeira Teologia se faz com reverência, ou seja, com oração, com contemplação do mistério amoroso e salvador de Deus”, disse Frei Everaldo, enumerando seus agradecimentos a todos que se envolveram, direta e indiretamente na reforma desta capela. A Capela tem no presbitério a imagem do Cristo Crucificado no centro, tendo ao lado esquerdo São Francisco, o Padroeiro, e Santa Clara, do lado direito. Deste lado, além da sacristia, há o altar de Nossa Senhora. Do lado esquerdo, fica a capela do Santíssimo. Moacir Beggo janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
19
Formação e Estudos
ITF
por que a mudança de patrono
P
or que, hoje, a Capela do Instituto Teológico Franciscano tem como Patrono São Francisco de Assis? Isso tem seu fundamento na história do Colégio São Vicente. O Colégio São Vicente dos Padres da Missão ou Lazaristas funcionava na Rua Barão do Rio Branco, onde se instalara ainda nos fins do século XIX. Mais tarde, já no tempo da República, passou a funcionar no hoje Museu Imperial com o mesmo nome, ou seja, Colégio São Vicente. Foi neste tempo que a direção do Colégio passou para os Cônegos Premonstratenses que têm São Norberto por Fundador. Pelos anos de 1940, o Presidente Getúlio Vargas requisitou o prédio para transformá-lo em Museu Imperial. Adquiriu, então, um sítio na Rua Coronel Veiga, onde os Cônegos pudessem construir o Colégio São Vicente a ser transferido do Centro. O nome Colégio São Vicente foi de grande renome no tempo. Aqui estabelecido, continuou com o mesmo
20
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
nome. A capela do Colégio, porém, foi dedicada a Nossa Senhora do Sagrado Coração. É de se notar que os Frades Franciscanos do Sagrado atendiam os meninos em confissão. Havia, pois, uma relação entre o Sagrado e os Cônegos Premonstratenses. Quando o espaço da capela foi alugado para acolher uma Comunidade paroquial, esta foi chamada de Paróquia de São Norberto. A igreja, porém, conservou a titularidade de Nossa Senhora do Sagrado Coração, com uma bela imagem no fundo da ápside. Em homenagem a São Norberto foi colocado no altar do lado direito um grande quadro, parece que pintado pelo célebre pintor holandês radicado em Petrópolis, Willen Leendert van Dijk. Hoje, este precioso quadro se encontra na secretaria da igreja da Paróquia de Santa Clara. Com a desativação do Colégio São Vicente e a aquisição do imóvel pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, todo o espaço do Colégio com a igreja adquiriu nova
destinação. A Paróquia de São Norberto foi supressa nos anos de 1990 e, mais tarde, substituída pela nova Paróquia de Santa Clara, com sede e igreja próprias. O espaço do Colégio com sua igreja, após profunda restauração, foi transformado no Instituto Teológico Franciscano (ITF), transferido do Convento do Sagrado Coração de
Formação e Estudos
ITF
Jesus, na Rua Montecaseros, em Petrópolis, onde funcionara por mais de cem anos. Também a capela ou igreja teve nova destinação, sendo transformada em igreja do Instituto Teológico Franciscano. Quando ela foi benta novamente, depois de servir de depósito de livros transferidos do Sagrado para a nova Biblioteca do Instituto, resolveu-
-se dar um novo titular ou patrono à igreja, confiada agora ao Instituto. A Casa dos Frades ou Convento junto ao Instituto recebeu o nome de Fraternidade de São Francisco de Assis ou Convento de São Francisco de Assis, sendo que a Capela interna do Convento foi dedicada a Santa Maria dos Anjos. No dia 04 de outubro de 2002, por ocasião da nova destinação, fez-se a bênção da igreja. E no momento de confiá-la à Direção do Instituto, o Ministro Provincial declarou: “Caro Confrade Frei Ivo, Diretor deste Instituto, caros confrades, neste momento, em nome da Província Franciscana da Imaculada Conceição, entrego e confio esta Casa de Oração ao Instituto Teológico Franciscano. Será nossa esta igreja. Dela cuidareis e fareis uso, para que a vida, o trabalho, o estudo e a pesquisa estejam sempre animados do espírito de santa oração e devoção, como nos exorta o nosso Seráfico Pai São Francisco. Para que o possais fazer nesse espírito, declaro São Francisco de Assis Titular desta igreja, ordenando que Maria, até agora invocada neste espaço sagrado, sob a invocação de Nossa Senhora do Sagrado Coração, receba um trono de grande honra nesta Casa de Oração, e
seja invocada sob o título que o Corpo Docente com seus alunos houver por bem escolher, sob a proteção da mesma Virgem e do nosso Seráfico Pai São Francisco”. “O Corpo Docente com seus alunos” nunca se pronunciou a respeito do título de Nossa Senhora a ser invocado na igreja do Instituto. Pensou-se, no entanto, em manter a mesma invocação de Nossa Senhora do Sagrado Coração e dedicar a ela o altar lateral, transformando o espaço num pequeno santuário de Nossa Senhora. Isso porque é significativa a relação entre o Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora do Sagrado Coração no contexto da transferência do Instituto. O Sagrado Coração de Jesus, Jesus Cristo no mistério do seu imenso amor, passa para Nossa Senhora do Coração de Jesus, sua Mãe Santíssima, a proteção do Instituto: do Sagrado da Rua Montecaseros para Nossa Senhora do Sagrado da Rua Coronel Veiga. No Instituto tudo deve convergir e ser envolvido pelo Sagrado, pelo infinito Amor do Coração de Jesus e de sua Mãe santíssima, realizando a mística de Francisco de Assis, o Santo apaixonado pelo Amor. Frei Alberto Beckhäuser janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
21
Formação e Estudos
No ano do Jubileu, catorze Frades renovam seus Votos
C
om as bênçãos da Mãe Imaculada, catorze frades de profissão temporária da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola renovaram seus votos nas mãos de Frei José Antônio dos Santos. A celebração iniciou-se por volta das 18 horas nesta terça-feira, 8 de dezembro, e teve a participação dos confrades das fraternidades de Malange e de Viana. Após a proclamação do Evangelho, cada professando foi chamado pelo nome. E, diante de Deus e na presença de todos, comprometeram-se a viver fielmente por um ano em obediência, sem nada de próprio e em castidade. No momento da homilia, Frei José Antônio lembrou a importância da vida fraterna para o frade como tes-
PREPARAÇÃO Tendo como base a pergunta que Francisco de Assis fez ao Crucifixo de São Damião - “Que queres que eu faça?” -, os frades professos temporários da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola se reuniram em retiro, de 4 a 6 de dezembro, em preparação para a Renovação dos Votos Religiosos. Frei Alberto André, Frei Ananias Muhongo, Frei Alfredo Prego, Frei Canga Mazoa, Frei Crisóstomo Ñgala, Frei Cristiano Aparecido, Frei Gabriel Chico, Frei Honorato Gabriel, Frei João Muhala, Frei Mário Pelu, Frei Mateus Lwamba, Frei Paulino Sopindi, Frei Santana Kanfunda e Frei Sirineu Lwamba se reuniram na Vila de Viana, na casa das Irmãs Mercedárias (casa de retiro que partilhamos com os seminaristas Mercedários e uma religiosa do Espírito Santo), durante três dias, onde também foram provocados a olhar “como estávamos nos “reapropriando dos votos e da sua força libertadora”. Pois, como dizia nosso pregador, Frei Marco Antonio dos Santos, para não perdermos de vista aquilo que é próprio nosso, a essência do nosso carisma. [coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
22
temunho da presença do Deus que chama e envia. Lembrou ainda que a solenidade da Imaculada Conceição e a Renovação dos Votos nos lembramos o nosso compromisso de caminharmos com o olhar no céu mas sem esquecermos que somos homens consagrados ao serviço do próximo, sobretudo dos mais necessitados. Também falou da necessidade que temos de fixar o nosso olhar para o céu para contemplar a Deus constantemente, mas ao mesmo tempo termos o nosso olhar fixo à terra para não perdermos de vista as necessidades que temos de tudo aquilo que faz parte do nosso trabalho como cristãos. Continuou dizendo que nós podemos olhar para o céu mas sem esquecer da convivência com nossos confrades e com outros irmãos e, de maneira especial, com aqueles que mais sofrem e que mais precisam da nossa ajuda. A celebração foi cantada e tocada pelos frades juniores e foi muito simples. Já no final da celebração, Frei José Antônio, como presidente da FIMDA, agradeceu a todos os frades e, de maneira especial, a Frei Cristiano Aparecido, que durante este ano de 2015 fez o seu estágio pastoral
e contribuiu muito com a Fundação, especialmente pelos seus trabalhos realizados no Seminário em Malange, e desejou uma boa continuação nos estudos de Teologia. Também agradeceu a todos os frades que trabalharam e trabalham, direta ou indiretamente, na formação dos futuros e dos já frades. Ainda deu a conhecer que no próximo ano Frei Alfredo Prego e Frei Santana Kafunda e mais outros três frades provindos do Brasil farão também o ano de estágio pastoral nas fraternidades da Fundação. Finalmente deu a conhecer que no ano de 2016 a Fundação conta com catorze postulantes, e a partir desse mesmo ano todos os Frades estudantes já poderão estar na fraternidade São Francisco. Após a celebração eucarística, seguiu-se o momento de recreio fraterno. Frei Crisóstomo Ñgala
Poesia
Frei José Ariovaldo da Silva, 20.11.2015
ALÉM DO LAMAÇAL
PARA
Trágica descida, lama de minério, lama em cima, lama embaixo, lama dentro, lama fora, lama do poderoso caipora, escravocrata, Brasil adentro, mundo afora, dinheirama, resultante do golpe baixo, ferindo nossa autoestima - moço, fala sério!... -, lama devorando a vida!... Cá, enquanto o doce se faz amargo e com ele na dor nos irmanamos, lá, do outro lado, o amargo se transmuta em guerra pelos avessos ao mundo da paz, afogados na lama das armas, pobres deuses malditos da terra... Povo mineiro, povo brasileiro, embora enlameados por cima, por baixo, por dentro, por fora, nossa primitiva essência continua pura, alma sem perder a doçura dos anjinhos barrocos, inocentes. Com ela, perene, em conexão, veremos que esse horror de lamaçal, sinistro adendo ao paraíso primordial, esconde uma mensagem radical, profética verdade, afinal: Poderosos tombados de seus tronos, glória para os humildes, tementes, penúria para os ricos inconscientes, para os pobres vida eterna, luz futura. O Senhor Bom Jesus morto e vitorioso na cruz, - e com ele a Senhora da Piedade -, à frente desta imensa procissão, rio abaixo, em dolorosa paixão, é o nosso divino pregão: Sufocados até à morte, a morte não nos fará mal; os últimos serão os primeiros e os primeiros janeiro/2016serão [coMUNICAÇÕES] os últimos 23
Formação e Estudos
FORMATURA EM RONDINHA
O
encerramento do ano letivo em Rondinha foi marcado por emoção. Os frades que cursaram o terceiro ano de Filosofia encerram suas atividades acadêmicas apresentando seus trabalhos de conclusão de curso. Os oito frades, Frei Alan Leal de Mattos, Frei Eduardo Augusto Schiehl, Frei Jefferson Max Nunes Maciel, Jhones Lucas Martins, Frei José Aécio de Oliveira Filho, Frei Josemberg Cardozo Aranha e Frei Junior Mendes, puderam coroar com toda a alegria e dedicação esse momento formativo. Depois de muita leitura, esforço, desânimo, dores, alegrias e satisfação, cada um
deles pôde, diante de seus colegas e professores, explanar seus temas elaborados ao longo deste tempo de reflexão filosófica. Assim, na noite do dia 11 de dezembro, diante do auditório lotado da FAE Centro Universitário, os graduandos puderam receber o título acadêmico de bacharéis em Filosofia. O reitor da instituição, Frei Nelson José Hillesheim, abriu a sessão para colação de grau. Enfatizou a importância deste momento celebrativo e fraterno para a vida de cada graduando. Além disso, ressaltou a imensa gratidão pela presença de todos aqueles que contribuíram e participaram da grande-
za desta história – pais, professores, amigos, formadores, os quais juntos formaram uma só família. O paraninfo da turma, o professor Frei João Mannes, agradeceu pela encantadora experiência compartilhada com seus alunos. Entre aulas e intervalos, pode-se formar um laço entre saber e ser, ou seja, no empenho dos estudos cada um pôde nascer, crescer e amadurecer num total engajamento e confronto como a própria vida. Para o Prof. Mannes, o ser humano não está acabado, pronto, mas continuamente pode transformar-se, cada vez de novo, perfazendo-se aos poucos na luta à convocação de sua existência. Com imenso louvor e gratidão pela concretização desta etapa formativa, os frades formandos acolhem este precioso dom ofertado a cada um e rendem graças ao Deus generoso. Nossos agradecimentos à Fraternidade Provincial pelo incentivo, bem como à Fraternidade São Boaventura pelo acolhimento e carinho. Estendemos nossa gratidão a todos os professores e colaboradores da FAE pela solicitude e prestatividade acadêmica. Frei Roger Strapazzon
24
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Formação e Estudos
COLAÇÃO DE GRAU NO ITF
A
manhã do dia 3 de dezembro de 2015 foi solenemente marcada pela colação de grau dos estudantes do curso de Teologia do Instituto Teológico Franciscano. A cerimônia de bacharelado, realizada às 10 horas no Salão Acadêmico, contou com a participação de colegas, amigos e professores dos formandos e funcionários do ITF. Sendo merecido o reconhecimento pelos quatro anos de dedicação ao estudo da Sagrada Teologia – tão cara a São Francisco de Assis –, a colação de grau é, sem dúvida, um momento de destaque no âmbito acadêmico desta Instituição de ensino. Dessa forma, Frei Elói Dionísio Piva deu as boas-vindas aos presentes e anunciou os componentes da mesa diretora: Fr. Antônio Everaldo Palubiack Marinho (diretor do ITF); Pe. Medoro de Oliveira Souza Neto (paraninfo); Fr. Ronaldo Fiuza Lima e Fr. Ludovico Garmus. Após os formandos tomarem seus lugares, Patrick Brandão – orador da turma – discursou, ressaltando a característica marcante da turma de 2015: “Nossa turma é plural, seja pela etnia, geracional, realidade eclesial, reflexão teológica, carismas e ministérios. Entretanto, esta particularidade não constitui para nós uma Babel, mas um verdadeiro Pentecostes, onde na pluralidade falamos a mesma linguagem: o amor. E para São João, ‘Deus é amor’”. Em sua fala, Patrick lembrou que o binômio fé/teologia acompanhou a todos ao longo desses quatro anos de estudo, pois: “A fé é sempre o pressuposto absoluto da Teologia. De modo que a Teologia deve ser feita desde e a partir da fé”. E salientou um fato curioso: o curso foi maturado no período celebrativo dos cinquenta anos
do Concílio Vaticano II. A turma que ora se forma iniciou os estudos em 2012, quando se celebrava os 50 anos da abertura do Concílio, e agora o encerramos quase às vésperas em que a Igreja celebrará os cinquenta anos do término do Concílio Vaticano II, no dia 8 de dezembro. O paraninfo, Pe. Medoro, destacou a etimologia da palavra “paraninfo”, que antes de ser o padrinho de um grupo de formandos, era uma testemunha de casamento, que escoltava o noivo para buscar a noiva. Simbolicamente, a Igreja é a noiva de Jesus e o serviço ministerial “é um casamento que não comporta divórcio, na cultura do descartável”. Ele também salientou que a verdadeira teologia é feita de joelhos, na contemplação. E alertou
para que o Evangelho da Alegria não seja confundido com mera hilariedade. Em seu breve discurso, Frei Antônio Everaldo (diretor do ITF), compartilhando a agradável sensação do dever cumprido, citou uma passagem de Eclesiastes: “O fim de todas as coisas é melhor que o seu início”. Dirigindo-se aos formandos, recordou que o(a) teólogo(a) é alguém sensível aos apelos da vida e que emprega o que foi aprendido na teologia para servir o próximo. Após a cerimônia, o Instituto Teológico Franciscano ofereceu um almoço de confraternização, em homenagem aos formandos. Neuci L. Silva
janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
25
Fraternidades
JUBILEUS NO ANO DA GRAÇA
U
m dia pleno de simbolismos neste 8 de dezembro de 2015, solenidade da Imaculada Conceição de Maria. Para os franciscanos, a festa é dupla porque Maria Imaculada é Padroeira da Ordem Franciscana e desta Província. Não bastasse isso, hoje, o tom solene subiu ainda mais na Fraternidade Franciscana São Boaventura, em Rondinha, por ocasião da celebração dos Jubileus de Vida Religiosa e Sacerdotal dos confrades, exatamente no dia em que o Papa Francisco declarou aberto o Ano Santo da Misericórdia. A festa foi completa porque um dos confrades mais queridos e um dos mais idosos da Província, Dom Paulo Evaristo Arns, que completou 94 anos em agosto último, celebrou os seus jubileus de 75 anos de vida religiosa e 70 anos de vida sacerdotal, marcando presença em Rondinha. O Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel presidiu a celebração às 10 horas, encerrando o encontro dos frades jubilandos em 2015, tanto de vida religiosa como de vida sacerdotal. A celebração também marcou a renovação de votos dos frades de profissão temporária do tempo de Filosofia. “E hoje, neste dia solene, a nossa Província aqui se reúne para agradecer. Agradecer a Deus e à sua Mãe santíssima pela vida religiosa e sacerdotal dos nossos irmãos”, adiantou Frei Fidêncio. “Abraçar com esperança o futuro” foi a motivação desta celebração presidida pelo Ministro Provincial, que exortou os jovens frades a se motivarem vendo os testemunhos dos jubilandos. “Esses jubileus são uma provocação para a nossa juventude franciscana. Que este momento seja uma injeção de ânimo para continua-
26
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Fraternidades
rem firmes, alegres e joviais no seguimento de Jesus Cristo como São Francisco de Assis”, observou Frei Fidêncio, que também presidiu as Laudes, rezando em sintonia com o Papa Francisco na abertura do Ano Santo. Depois de ler alguns trechos da bula Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia), Frei Fidêncio convidou os três frades de profissão temporária - Frei Jhones Lucas Martins, Frei Jefferson Max Nunes Maciel e Frei Junior Mendes - e que farão, no próximo ano, a experiência missionária em Angola, para que, num ato simbólico, abrissem a porta da Capela da Fraternidade de Rondinha e levassem ao continente africano este rosto da misericórdia. “Creio que cada confrade nesta manhã, ao renovar a sua profissão, e os jovens, que também vão renovar os votos, cada um vai dizer: ‘faça-se em mim segunda a tua Palavra!’. É isso que nós queremos fazer neste momento. Vamos renovar nossos compromissos para podermos ser também respostas de Deus aos homens e mulheres de nosso tempo”, convidou o Ministro Provincial.
JUBILEU DE VIDA RELIGIOSA FRANCISCANA Em seguida, Frei Fidêncio convidou os frades - Frei Pedro Engel, Frei Policarpo Berri, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Caetano Ferrari, Frei Rui Guido Depiné, Frei Pedro Caron - a se aproximarem de Dom Paulo para renovarem, juntos, as promessas de vida religiosa franciscana. Dom Paulo Evaristo Arns tomou a palavra e agradeceu ao Ministro Provincial por tê-lo acolhido como frade. Na hora da renovação das promessas religiosas, ele simplesmente disse: “Eu, Frei Paulo Evaristo....”. JUBILEU DE VIDA SACERDOTAL Inebriados por este lindo momento, foi a vez dos jubilandos de janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
27
Fraternidades
vida sacerdotal louvarem e bendizerem a Deus pelos anos de sacerdócio. Novamente Frei Fidêncio convidou os frades - Frei Valdir Laurentino, Frei Ludovico Garmus, Frei José Boing, Frei Hipólito Martendal, Frei Policarpo Berri, Dom Paulo Evaristo Arns, Frei João Mannes, Frei Luiz Toigo - a se aproximarem de Dom Paulo e, na disposição e fidelidade de entrega, propôs aos jubilandos que renovassem o seu compromisso sacerdotal. Frei Fidêncio desejou que o compromisso que os frades renovaram fosse impulsionador para os momentos difíceis e motivador nos momentos de alegria. “Que vocês possam encher a terra com o Evangelho do Senhor”, desejou o Ministro Provincial.
O ENCONTRO “Celebrar com Paixão o Presente”. Foi assim que o Ministro Provincial iniciou o encontro dos Frades que celebram jubileus de vida religiosa e sacerdotal na segunda-feira à tarde, com uma partilha de vida e depois com as Vésperas Solenes da Imacu-
28
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
lada. No final do dia, reunidos em fraternidade, rezou-se o Ofício Solene da Imaculada Conceição. Após a leitura escolhida especialmente para este dia, Frei Fidêncio partilhou com os presentes uma pequena reflexão. Disse que via nos confrades, tendo presente a história de cada um, a imagem de um girassol. “Estamos aqui, diante da mãe de Deus, como um belo girassol a brilhar, e por isso nós queremos renovar o nosso compromisso sacerdotal, de vida religiosa e renovar também a profissão temporária. Que possamos, sim, meus confrades, como Fraternidade Provincial, ser um girassol a apontar, a indicar ao mundo de hoje o sol maior”, exortou.
MENSAGEM O Visitador Geral, Frei Nestor Inácio Schwerz, enviou mensagem ao Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, pela comemoração solene da Imaculada Conceição, nossa Padroeira: “Que ela seja para toda a Província e para todos os seus Frades mãe, intercessora, modelo e suscite profunda confiança em cada um no amor misericordioso de Deus que tudo cria e recria, que salva, liberta, renova, que abre horizontes de esperança na história humana. Bela coincidência com a abertura do Ano Santo da Misericórdia. Assim como em Maria Deus preparou uma digna habitação para o Seu Filho, prepare também na vida de cada Irmão e da Província toda um coração purificado, aberto, sensível, bem disposto para acolher o Evangelho e as inspirações do Seu Espírito nesse tempo de preparação do Capítulo Provincial. Com estima e em comunhão, Frei Nestor”. Frei Augusto Luiz Gabriel
Fraternidades
RENOVAÇÃO DOS VOTOS EM RONDINHA
A
renovação das promessas religiosas dos frades de profissão temporária, na Fraternidade São Boaventura, em Rondinha, foi realizada conjuntamente com a Celebração Eucarística dos Jubileus da Província. Os frades no tempo da Filosofia que renovaram os votos são: Frei Alan Leal de Mattos, Frei Jefferson Max Nunes Maciel, Jhones Lucas Martins, Frei Josemberg Cardozo Aranha, Frei Junior Mendes, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Hugo Câmara dos Santos, Frei Marcos Schwengber, Frei Zilmar Augusto Moreira de Oliveira, Frei Angelo Fernandes Baratella, Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei David Belinelli, Frei Douglas da Silva, Frei Erick de Araujo Lazaro, Frei Heberti Senra Inácio, Frei Raoni Freitas Da Silva e Frei Samuel Santos Soares. Para celebrar esse momento, os frades se preparam em retiro, de 3 a 5 de dezembro, tendo como pregador Frei Alberto Beckhäuser. Foi neste sentido que Frei Alberto afirmou: “A palavra renovar vem nos trazer algo de novo. E o Noviciado, para todos nós é algo novo em nossa caminhada.
Por isso, é de fundamental importância que busquemos uma nova forma de vida, para sermos revestidos por Cristo e pelo Evangelho”. E acrescentou: “É importante sempre darmos um pulinho lá em Rodeio, SC, no Noviciado São José, para que, cada vez mais e melhor, nós entendamos o que é esta nova forma de vida. E é por isso que nós queremos renovar a nossa profissão religiosa, que inclui os conselhos evangélicos”, orientou o frade.
A forma de vida dos Frades Menores é viver segundo o santo Evangelho, a exemplo de São Francisco de Assis. Foi nesse sentido que Frei Alberto foi enfático ao atestar que os frades, por profissão religiosa, devem ser competentes e profissionais em Deus. “O que professamos e o queremos renovar? Somos profissionais do quê?”, questionou o liturgista. Em seguida, o frade franciscano refletiu sobre os passos da conversão de São Francisco, enunciando que para uma conversão evangélica se faz necessário ter coragem e firmeza diante das diversas e inúmeras realidades culturais da atualidade. Frei Alberto ainda interpelou os frades a assumirem o projeto da Província. “Devemos ser disponíveis e obedientes, recuperando os valores permanentes e não aqueles que passam, e contribuindo com a fraternidade através do belo testemunho”, orientou. O retiro foi marcado por belas celebrações litúrgicas, incluindo suas devidas orientações, dando assim um tom de solenidade às orações comunitárias. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
29
Fraternidades
Paróquia de Xaxim Organiza a 1ª Exposição Franciscana
Presépios
N
o 75º ano de sua criação, a Paróquia São Luiz Gonzaga de Xaxim, SC, organizou sua Primeira Exposição Franciscana de Presépios. Sabemos que São Francisco de Assis criou o primeiro presépio. Ele queria ver e sentir como nasceu Jesus. Convocou a comunidade de Greccio, na Itália, e representou o presépio, inclusive com o boi e o burro. Hoje a Igreja Católica repete esse gesto de representar, no presépio, o nascimento de Jesus. Xaxim e região poderão sentir de perto essa realidade ao visitar a Exposição de Presépios, na antiga casa dos frades, ao lado da igreja matriz. São 40 presépios representando diversas culturas. A antiga “casa paroquial” se tranformou numa grande gruta com seus quartos e corredor. A decoração de cada um dos presépios representa realidades diferentes em que Jesus continua nascendo ainda nos dias de hoje. A exposição foi organizada pela paróquia com suas pastorais, grupos, movimentos e associações e poderá ser visita até a festa dos Reis Magos. Na exposição, o quarto de Frei Bruno Linden se transformou num mini museu. A exposição é uma das maneiras de preparar-nos bem para celebrar mais um nascimento de Jesus Cristo. “Sempre é Natal, desde que façamos uma gruta em nosso coração para que Jesus possa nascer todos os dias”. Paz e bem! Frei Vitalino Piaia
30
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Fraternidades
Presépios
Mostra do Convento São Francisco na 26ª edição
C
hegando à sua 26ª edição, a tradicional Exposição Franciscana de Presépios foi aberta no dia 08 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição. Trazendo como tema a Miseriórdia, em referência ao Jubileu Especial proclamado pelo Papa Francisco, a exposição, montada no claustro do Convento São Francisco, foi aberta logo após a celebração eucarística das 10h30, presidida por Frei Anacleto Gapski, da Fraternidade Franciscana de Santo Antônio do Pari. De acordo com o responsável pela montagem da exposição desde 2010, Frei Róger Brunorio, o Mistério da Encarnação é um elemento fundamental da espiritualidade franciscana e um dos grandes objetivos desta iniciativa é evangelizar através da arte. “Por conta desta responsabilidade que me foi atribuída, eu passo o ano todo pensando em presépios”, comenta Frei Roger. “Neste ano estamos trazendo muitos presépios do Brasil e o tema que optamos apresentar é o da misericórdia, inspirados na frase do Evangelho que diz: ‘Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso’ (Lc 6,36)”, explica o frade. Além da beleza artística das peças, produzidas em materiais variados, todo o espaço de exposição também é pensado em detalhes: “Cada presépio é
inserido dentro de uma cenografia, que é pensada a partir do conteúdo, da forma e da espiritualidade. Neste trabalho, todos os anos nós usamos a reciclagem, algo bem típico da tradição franciscana e também um anseio do mundo atual”, contextualiza Frei Roger. Entre os materiais utilizados nos cenários estão a palha de arroz, cacos de vidro, estopa etc. Em sintonia com a Igreja e com a Espiritualidade de São Francisco, a mostra se ocupa em abordar temas da atualidade. Neste ano, ganha destaque a questão da imigração. “Tantos imigrantes se deslocando de suas origens, de suas famílias, de suas casas, de seus países, numa realidade que Jesus também viveu, afinal ele não teve casa, nasceu numa manjedoura, numa gruta, no frio, porque não havia vagas”, recorda. A quem tem dúvidas sobre a conveniência de se levar crianças para a 26ª Exposição Franciscanas de Presépio, Frei Roger tem palavras de incentivo: “Temos presépios de todos os tipos e também um cenário com presépios para criança, com quebra-cabeça, dominó e peças muito coloridas. É uma oportunidade de evangelizar e catequisar as crianças, num verdadeiro passeio de férias no claustro de nosso convento”, diz, convidando os pais a trazerem suas crianças. Frei Gustavo Medella
26ª Exposição Franciscana de Presépios Local: Convento São Francisco, Largo São Francisco, 133, Centro, São Paulo Período: 08 a 30 de dezembro Horários: Segunda a sexta, das 09h às 17h; Sábado, das 09h às 15h e Domingo, das 09h às 12h.Não abre nos dias 24 e 25 de dezembro.
janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
31
Fraternidades
REGIONAL RIO-BAIXADA Numa segunda-feira chuvosa, o Sítio Taquara acolhe os frades do Regional Rio-Baixada para seu encontro regional, recreativo e o último de 2015. Logo cedo fomos chegando admirando o espaço, muito bem cuidado do Sítio, que, mesmo com um friozinho e um pouco de chuva, continuava bem convidativo. Em meio a um café da manhã com frutas, os frades de cada fraternidade foram chegando. Alguns não conheciam o caminho, mas com as indicações e mesmo recorrendo a muitas perguntas pelo “Sítio dos Padres”, todos acharam o caminho. O churrasquinho foi se adiantando, lá pelas dez e pouco já tínhamos uma suculenta carninha sendo passada entre os grupos de conversa. Antes do almoço tivemos um bate papo com Frei Evaristo, Definidor que anima o Regional, sobre o Capítulo Provincial que se aproxima, sobre a situação e saúde de alguns frades e outros assuntos. Afinal, no próximo encontro o regional provavelmente já estará muito mudado devido às transferências do Congresso Capitular. Mesmo assim fixamos a data de 07 de março para o primeiro encontro de 2016. Continuando a conversa descontraída, lá pelo meio da tarde, os frades foram se despedindo e voltaram às suas fraternidades e trabalhos.
REGIONAL SÃO PAULO O Regional recreativo de São Paulo foi dia 23/11, em Bragança Paulista. Um encontro com significativa participação dos frades. Alegria maior foi rever e conviver com os Confrades idosos que recebem os cuidados especiais da Província, da Fraternidade local e Cuidadores (as): Frei Ascânio, um pouco ‘fora da casinha’, mas forte. Frei Olavo, em excelente forma! Muito aceso, lê bastante! Assim os demais: Frei Ciríaco, Frei Juvenal, Frei Floriano, Frei Mário Brunetta, Frei João Baptista (se recuperando de um mal-estar intestinal), Frei Antônio Rosolém, Frei Raul, Frei Ernesto. Também Frei Anselmo München está muito bem, respira normalmente, sem aparelho (perdeu cerca de 20 quilos - muita água). Inclusive pensa em retornar a Ituporanga. Do almoço no quiosque, nem todos os idosos quiseram participar. Durante o almoço choveu muito! Uma bênção para a região, especialmente aos mananciais da Cantareira!
Regional de agudos No dia 30 de novembro, os frades do Regional de Agudos se reuniram para o encontro recreativo no Seminário Santo Antônio de Agudos. Além dos frades do Regional, também estiveram presentes Frei Mário Tagliari, Definidor, e D. Caetano Ferrari, Bispo de Bauru. Tivemos um momento de convivência fraterna, conversas, oração e depois saboreamos um delicioso churrasco preparado pelos confrades do Seminário. Nesse dia celebramos o aniversário de Frei Francisco Tomazi, 79 anos, e lembramos outros aniversários: Frei Mário e Frei Ademir Sanquetti, dia 27 de novembro. A nossa programação continuou à noite, em Bauru, com a Missa em Ação de Graças pelo jubileu de Ouro de vida religiosa franciscana de D. Caetano Ferrari. Participaram dessa Missa outros religiosos e religiosas da Diocese que, ao longo do ano, celebraram seu jubileu. Alguns padres do clero da Diocese de Bauru estiveram presentes na celebração. Após a missa houve uma confraternização no salão de festas da Paróquia Santo Antônio. Estimamos que cerca de 450 pessoas compareceram na Missa e na confraternização. Frei Jorge Luiz Maoski
32
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Fraternidades
A
transmissão da fé e sua consequente vivência eclesial-comunitária são dois desafios pastorais da atualidade. É um desafio o iniciar na fé, quando já não é mais natural ser cristão; é exigente perseverar na vivência eclesial, quando cresce o assim chamado processo de desinstitucionalização religiosa ou a crença sem pertença. Repensar os caminhos da iniciação cristã e a reconfiguração eclesial é, portanto, uma tarefa urgente. A meto-
dologia catecumenal, caminho antigo e sempre novo para iniciar na fé, apresenta-se como uma renovada chance evangelizadora. Contudo, ela depende de renovada configuração paroquial. Catecumenato e renovação paroquial se complementam e se enriquecem. O que o catecumenato tem a dizer à renovação paroquial e em que sentido a paróquia renovada contribui para o catecumenato são questões apresentadas neste livro.
Pastoral Pró-vida na Grande Rio
M
ulheres (famílias) excluídas, descartadas e seus bebês nascituros ou/e recém-nascidos são salvos do assassinato no ventre destas suas mães pela Pastoral Próvida, que busca mais voluntários também para orientar “estes salvos da morte” e, daí em diante, acrescentar orientação para: profissionalização, berçário, creche, pré-escola, escola, cultura, fé, comunidade, sociedade, Igreja, a Eternidade...
Um pedido a cada confrade, a cada franciscano, especialmente a cada OFM: se, referente a esta pastoral, não queres sair da cômoda indiferença, se não a queres apoiar, se não a queres abençoar, ao menos não te oponhas e não proíbas outros de amarem, servirem a Cristo nestes mais pequeninos, nestes menores, “mais menores”... E estarás celebrando o Natal de quem? O “noite feliz” de Jesus? Se fores ou és franciscano
(como os de minha fraternidade) que apoiam e/ou animam e/ou abençoam este serviço, então com mais glória a Deus, podemos cantar Noite Feliz! Feliz Natal! Em nome da ex-ministra da OFS e firme voluntária nesta pastoral de salvar os pequeninos, Maria Pires, que comigo assina, neste ano da Paz, neste ano da Misericórdia. Frei Gaudêncio Sens
VISITA À CASA DO ACONCHEGO QUERIDOS AMIGOS: Passei a tarde deste sábado na CASA DO ACONCHEGO para mulheres grávidas e parturientes no bairro Três Corações em Nova Iguaçu. A vida é linda, mas dói! Vi uma dúzia de mulheres com seus filhos nos braços ou na barriga. Algumas, mães de 2, 5, 7 filhos. Quanto sofrimento e quantos agradecimentos, por parte delas. Fui para rezar uma missa, mas não tive coragem. Apenas escutei suas histórias que eram um calvário. Participei da missa delas. E abracei todos os filhos e comemos chocolate (que tinha levado comigo) juntos. Queria ter feito mais. Queria ter enchido seus olhos de carinho e seus regaços de dinheiro, para que voltassem para casa mais confortadas. Há um grupo de senhoras que as ajudam e as defendem, lideradas por Doris Hipólito. Descobri que faço tão pouco para vidas tão crucificadas. A cruz delas é de salvação. Ao final, me pediam: “Não nos esqueça. Venha visitar-nos
sempre”. Saí de lá com lágrimas nos olhos e com uma decisão: vou ajudá-las, não as esquecerei. E lhes agradeço pela missa que rezaram para mim. ABRAÇOS, mamães e corajosas mulheres. Vocês são, como Maria, MÃES DOLOROSAS.
Se alguém se sentir tocado, ligue para Doris Hipólito nos telefones: (21) 3762.1873 / 2692.0179 / 99470.1917 / 98666.3579. Ajudem! Rezem a missa delas!
Frei Neylor José Tonin
Fraternidades
PASSEIO DE ESCUNA ENCERRA O ANO NO REGIONAL LESTE CATARINENSE
O
último encontro do Regional Leste Catarinense foi “festivo” no dia 23 de novembro. A Fraternidade Franciscana Santo Antônio, de Florianópolis, através de Frei Vanderley Grassi, nos propôs que fizéssemos um passeio de escuna partindo do centro de Florianópolis, às 10h30,
ou melhor do trapiche sob a Ponte Hercílio Luz, localizado ao longo da avenida Beira-Mar (Norte da Ilha). Um roteiro turístico muito bonito, encantador, com paisagens que misturam o antigo, o moderno e a natureza. Fizemos um passeio alegre, junto com mais noventa jovens,
admirando as belezas paradisíacas da orla da Baía Norte da Ilha de Florianópolis, revisitando fortalezas do século XVIII. Tudo foi convidativo para o descanso e a convivência fraterna: os golfinhos, pássaros, as pequenas ilhas e enseadas que nos encantaram com suas águas claras e tranquilas. Almoçamos em Governador Celso Ramos. Encerramos o encontro às 19 horas com um jantar-“churrasco”, oferecido pela Fraternidade Franciscana Santo Antônio. Agradecemos às fraternidades do nosso Regional Leste Catarinense, em especial à Fraternidade Franciscana Santo Antônio, pela generosidade e acolhida. Neste encontro festivo, reavivamos e agradecemos a caminhada de fé e oração deste ano; também renovamos nossas expectativas para um novo Ano. Que seja iluminado e abençoado para todos! Frei Marcos Prado dos Santos
34
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Evangelização
REDE CELINAUTA CONQUISTA PRÊMIOS DE JORNALISMO
P
rofissionais da Rede Celinauta de Comunicação de Pato Branco foram vencedores em sete categorias do Prêmio Amsop de Comunicação 2015. O evento de reconhecimento a profissionais da imprensa é promovido pela Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná e foi realizado na noite do dia 27 de novembro, em Francisco Beltrão. Na 21ª edição do Prêmio Amsop foram inscritos 249 trabalhos em nove modalidades - jornal impresso, revista, fotojornalismo, crônica, televisão, rádio, campanha publicitária, comunicação cidadã e portal jornalístico, nas categorias Temática Especial Carta Sudoeste 2014, e Tema Livre. Os melhores foram definidos por uma banca examinadora formada por 12 profissionais de oito instituições de ensino do Paraná. Os profissionais da Rede Celinauta de Comunicação classificaram-se nas seguintes modalidades: Em reportagem de Rádio, Edson Honaiser da Rádio Celinauta conquistou o 1º lugar na temática especial e 3º lugar na temática livre. Em reportagem de televisão, Thiago Tessaro da Tv Sudoeste ficou com o 3º lugar na temática
livre e 3º também na especial. A jornalista Marilena Chociai da TV Sudoeste ficou com o 1º lugar em reportagem de televisão na temática especial. Também conquistou troféus de 2º e 3º lugares com reportagens produzidas para a Revista Olhar, da Diocese de Palmas e Francisco Beltrão. O diferencial das reportagens produzidas pelos profissionais da Rede Celinauta de Comunicação é que elas tratam de questões sociais e programas educativos. A 1ª colocada em
rádio, do jornalista Edson Honaiser, mostra o fortalecimento das cadeias produtivas a partir da união dos pequenos agricultores. Já a reportagem vencedora em televisão, da jornalista Marilena Chociai, mostra um programa implantado em escolas do campo de Francisco Beltrão, que incentiva estudantes a se manterem na atividade leiteira. Marilena Chociai (Texto) e Rubens Camargo (foto)
Claiton Bohneberger conquista “Troféu Microfone de Ouro”
F
oi realizada no dia 18/11, em Florianópolis, a cerimônia de entrega do 9º Prêmio Acaert de Rádio e Televisão. Foram premiados 26 profissionais de Rádio e Televisão e de Agências de Propaganda e estudantes de jornalismo e publicidade, dentre os quais o jornalista e locutor das Rádios Coroado AM e Movimento FM Claiton Bohnenberger, que conquistou o “Troféu Microfone de Ouro” como melhor locutor noticiarista. O Prêmio bateu recorde de inscri-
ções com 990 trabalhos, que foram julgados por representantes da Universidade de São Paulo (USP), Cásper Líbero, ESPM Sul e CENP. Na mesma cerimônia, a Acaert também comemorou os 35 anos de atuação, com destaque para as homena- Claiton: Troféu de melhor locutor noticiarista gens aos ex-presidentes da entidade. A banda gaúcha Nenhum foi agraciado com Moção de Congrade Nós fechou o evento. Já no dia 23 tulações da Câmara de Vereadores de de novembro, Claiton Bohnenberger Curitibanos. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
35
Evangelização
Sefras
HOMENAGEM AO VOLUNTÁRIO
N
o dia 4 de dezembro, às vésperas do Dia Internacional do Voluntário, o Sefras reuniu os seus trabalhadores voluntários que atuam nos serviços de São Paulo para uma roda de conversa sobre a mística do trabalho social, a compreensão do Sefras sobre o voluntariado e uma vivência celebrativa para fortalecer a continuidade desse trabalho na instituição. Para o diretor presidente do Sefras, Frei José Francisco dos Santos, a mística do trabalho social ocorre numa perspectiva da criatividade, do acolhimento e do cuidado. Essa prática visa a uma transformação das realidades onde cada um atua. “Por isso que no Sefras a gente sempre vai dizer que todas as pessoas que desenvolvem alguma atividade são trabalhadores, com esta compreensão mística de trabalho”. Durante a roda de conversa com os voluntários do Sefras, que aconteceu no salão da paróquia de São Francisco, na Vila Clementino, Frei José afirmou: “Não importa qual é o seu vínculo com a instituição. Isto é uma questão administrativa e jurídica que não importa no dia a dia. O que importa é como você está no trabalho. Não importa se você tem carteira registrada, se você é voluntário, se você veio pela prestação de serviço. Não é que, quem tem carteira assinada é um tipo, e os voluntários são mão de obra barata porque não custam nada para a instituição….Eu acho que isso é empobrecer demais a relação que a gente quer ter, sobretudo, a partir da compreensão franciscana de que todos nós temos a missão de construir pontes de fraternidade”, enfatizou. Durante o momento celebrativo, os voluntários registraram em um de-
36
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
senho de relógio o “tempo da solidariedade” que destinam ao Sefras por meio do seu trabalho semanal. Com um vaso de cactos nas mãos, eles participaram de uma dinâmica de se sentirem como esta planta que resiste e se torna firme e viva na “terra seca, árida e pedregosa”. Esta manhã terminou
com um almoço fraterno entre todos e todas. O Sefras reconhece a importância desses trabalhadores para a rede de solidariedade e agradece à equipe de voluntários que trabalha em prol de um mundo bom e fraterno para todos.
SEFRAS CURITIBA
CONSCIÊNCIA NEGRA
O dia da Consciência Negra não passou “em branco” no Sefras Curitiba. No dia 20 de novembro, durante o Chá da Tarde (que é realizado todos os dias no serviço), aconteceu uma conversa sobre Políticas de Igualdade Racial, com a advogada Anna Raggio, do Departamento de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Paraná. Durante a fala, a advogada abordou temas relacionados ao Dia da Consciência Negra e sobre Zumbi dos Palmares. “O objetivo da conversa foi apresentar aos participantes do Chá da Tarde o que é Igualdade Racial e as formas de discriminação racial, bem como quais os órgãos para o atendimento e encaminhamentos de denúncias e orientações em relação a essa temática”, contou a coordenadora do Sefras Curitiba, Carla Ivantes.
Evangelização
Sefras
SEFRAS E DEFENSORIA PÚBLICA AMPLIAM SERVIÇOS
N
o dia 19 de novembro, o Sefras participou da cerimônia de renovação do Termo de Cooperação com a Defensoria Pública da União (DPU-SP) que visa à atuação conjunta para o atendimento jurídico da população em situação de Rua, na cidade de São Paulo. Nesta ocasião foi celebrada também a ampliação de um posto de atendimento à população imigrante atendida pelo Centro de Referência e Acolhida para Imigrante (Crai), serviço gerido pelo Sefras em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. A DPU-SP e o Sefras comemoram quatro anos de parceria no atendimento jurídico à população de rua, que ocorre no espaço cedido pelos franciscanos, atrás do Largo São Francisco, centro de São Paulo, conhecido carinhosamente pelas pessoas em situação
de de rua como “Chá do Padre”. De acordo com dados do Juizado Especial Federal (JEF) de São Paulo, ao longo desses quatro anos foram cerca de 3 mil processos atendidos e que passaram por uma jurisdição especial e 264 laudos que demandaram a realização de perícias. “O Sefras tem o privilégio de ter uma estrutura no centro da cidade e a gente coloca esta estrutura a serviço da população”, afirmou o diretor da instituição, Frei José Francisco de Cássia dos Santos. A Defensora Pública-Chefe, Mariana Preturlan, reforçou que era um projeto da DPU realizar atendimentos descentralizados como acontece à população de rua e agora a ampliação de um segundo posto para o atendimento aos imigrantes, no Crai. “Os projeto têm que crescer, multiplicar e frutificar. A gente não faz um projeto para que ele exista por si só e acabe. Queremos
descobrir novas maneiras de trabalhar e reproduzir isso em outros lugares”, considerou. O termo de cooperação entre o Sefras e DPU objetiva desenvolver ações relacionadas ao atendimento jurídico de forma integral, gratuita e continuada à população em situação rua, nacional ou estrangeira, na cidade de São Paulo. O atendimento visa à promoção dos Direitos Humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos de pessoas em situação de rua. Atua por meio de Defensores Públicos Federais e agentes psicossociais, estagiários de direito, serviço social e psicologia. O atendimento é realizado duas vezes por semana, nas terças e quintas-feiras, das 8h às 12h no Chá do Padre e no Crai. Veja mais no www.sefras.org.br janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
37
Especial
C
uritiba se tornou a capital da educação franciscana de 30 de novembro a 3 de dezembro, ao sediar dois eventos simultâneos: o 5º Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-Americanos e o 1º Congresso Nacional de Educadores Franciscanos da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB). Tendo como
38
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
norte o tema “Educação Franciscana: Esperança em uma Nova Humanidade”, o Congresso marcou pela organização, participação de entidades do Brasil e do Exterior e pela riqueza de conteúdos. Acompanhe, resumidamente, o dia a dia do Congresso: Por Moacir Beggo
Especial
Congresso Franciscano
1º DIA
Celebração dE Abertura
Frei Fidêncio:
“Não podemos abrir mão dos valores franciscanos”
“
N
ão queremos uma educação proselitista. Mas jamais podemos abrir mão dos nossos valores franciscanos que devem convergir para o Messias, isto é, à sua Boa-Nova enquanto caminho existencial que perpassa o itinerário das Bem-aventuranças”. Com esse pedido, o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel, abriu, no dia 30 de novembro, o Congresso Internacional de Educação Franciscana, em Curitiba. Frei Fidêncio acolheu os participantes do 5º Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-Americanos e o 1º Congresso Na-
cional de Educadores Franciscanos da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) durante a Celebração Eucarística, às 8 horas, na Igreja Bom Jesus dos Perdões. Entre os concelebrantes, Frei Cesare Vaiani, secretário para a Formação e Estudos da Ordem Franciscana; Frei Valmir Ramos, Definidor da Ordem Franciscana para a América Latina; Frei Carlos Alberto Breis Pereira, Ministro Provincial da Província de Santo Antônio e presidente da Conferência dos Frades Menores do Brasil. Na sua homilia, Frei Fidêncio destacou a festa de Santo André Apóstolo e Mártir na liturgia e exortou os educadores e educadoras franciscanos a continuarem a missão evangelizadora na educação franciscana. “Creio que nós, educadoras e educadores franciscanos, abraçamos esta missão de sermos interlocutores de uma nova humanidade. Por isso, penso, que em cada interlocução/mediação do Apóstolo S. André também nós nos situamos, quando: 1. Conduzimos a existência humana ao encontro do Messias: O que isso significa para nós, interlocutores de uma Educação Franciscana? Para além de uma educação que transmite os conteúdos, acreditamos numa educação que seja mensageira de valores. Não queremos uma educação proselitista. Mas jamais podemos abrir mão dos nossos valores franciscanos que devem convergir para o Messias, isto janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
39
Especial
é, à sua Boa-Nova enquanto caminho existencial que perpassa o itinerário das Bem-aventuranças. Conduzir a Jesus é conduzir as pessoas aos valores supremos da vida. Conduzir a Jesus é permitir às pessoas crescerem na liberdade, a fazerem opções claras e a tomarem decisões acertadas na esperança de uma ‘nova humanidade’. 2. A segunda interlocução de André se dá num momento crucial: a fome. Onde conseguir pão para tanta gente? Como oferecer uma educação adequada a tantas pessoas privadas deste direito? Um menino tinha apenas cinco pães e dois peixes. E isso não era pouco! Era o tudo. Para Jesus, o tudo deste menino foi a possibilidade da plenitude, da saciedade de todos! O nosso mundo seria tão diferente e muito melhor se acreditássemos mais no tudo da possibilidade de cada pessoa, mesmo se no coração persistisse um pouco da incredibilidade de André: ‘mas isso é muito pouco para tanta gente’! O milagre da saciedade não é barriga cheia, o milagre da saciedade é a construção desta nova humanidade que se dá na soma da partilha. Logo, devemos ser educadores interlocutores que pensam a vida a partir do milagre da partilha como antídoto contra todas as formas de apropriação, de ganância e de egoísmo. 3. A terceira interlocução refere-se ao diálogo e à abertura a outras culturas (represen-
40
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Especial
Congresso Franciscano tadas pelos gregos). Sem perdermos a nossa identidade franciscana na educação, somos chamados pelo Messias a sermos mediadores que promovem o diálogo com o ‘diferente’ do nosso cotidiano. Diálogo que o próprio Cristo buscou ao ir à “Galileia dos gentios”. Dialogar com diferentes religiões, raças e culturas. Dialogar para crescer na fidelidade da própria identidade neste mundo multicultural (ex. Cartas de São Francisco, após sua viagem ao Oriente).
BOAS-VINDAS Depois da Celebração Eucarística, os participantes do Congresso Internacional de Educação Franciscana se dirigirem ao Teatro Bom Jesus, onde teve início a solenidade de abertura. O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, em nome da Província, como anfitriã do evento, disse que era uma honra ter a presença do governo da Ordem dos Frades Menores neste evento, referindo-se a Frei Cesare Vaiani, secretário para a Formação e Estudos e a Frei Valmir Ramos, Definidor da Ordem Franciscana para a América Latina e representante do Ministro Geral, Frei Michael Perry. Frei Fidêncio também agradeceu a Frei Carlos Alberto Breis Pereira, Frei Beto, Ministro Provincial da Província de Santo Antônio e presidente da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), e lembrou que os frades chegaram a Curitiba em 1898. Foram convidados pelo bispo da época para atuarem na pastoral com os imigrantes – majoritariamente formada por alemães, austríacos e suíços -, produzirem e editarem a revista “Estrela”, importante para a Igreja Católica na capital paranaense, e assumirem a Escola Alemã, formada por meninos, que depois se tornou o Colégio Bom Jesus. Frei Guido Moacir Scheit, falando como presidente da Associação Franciscana Senhor Bom Jesus, deu as boasvindas a todos e falou da importância do papel dos educadores na formação do ser humano num tempo “de descontrole total para a dignidade da vida”. Frei Beto destacou a importância deste Congresso, o primeiro que se realiza no Brasil, 430 anos depois da primeira escola franciscana fundada em Olinda. Também fez parte da mesa na manhã deste primeiro dia do encontro, Flávio Arns, Secretário Especial de Assuntos Estratégicos do Estado do Paraná. “Prefiro ser reconhecido como ex-aluno do Bom Jesus, ex-professor do Colégio Bom Jesus e colaborador e voluntário da Escola que atende crianças com deficiência na Aldeia Franciscana nos últimos 32 anos”, disse o ex-vice-governador do Paraná. Segundo ele, é importante este encontro para refletir e definir qual é a marca franciscana na educação.
Ministro Geral:
“Educação genuinamente franciscana deve estar orientada à práxis”
O
Definidor da Ordem dos Frades Menores para a América Latina, Frei Valmir Ramos, representou o Ministro Geral, Frei Michael Perry, no Congresso Franciscano. Ele trouxe para Curitiba uma mensagem de esperança mas também provocações para os educadores. “Francisco de Assis rechaçava aprender por aprender. E certamente não tinha tempo para a religiosidade abstrata ou para as boas intenções que morriam na vinha da indiferença moral. Estava convencido de que sem ações concretas, nossas nobres ideias são simples fantasmas e nossos santos desejos são apenas ilusões”, escreveu o Ministro Geral. Segundo ele, a educação genuinamente franciscana deve estar orientada à práxis. Ou seja, mais do que intelecto e afeto, a educação franciscana é pautada por ações. Para isso, exorta longamente sobre a importância do trabalho, ou seja, “trabalhar para transformar o mundo”. Lembrando o ícone de Jesus sofredor, que disse a Francisco para “restaurar a minha casa que está em ruínas”, o Ministro Geral pediu aos educadores para “reconstruir a casa de Deus, a transformação do mundo de Deus, a remodelação da criação de Deus, de modo que possa refletir mais claramente a integridade, a justiça e a paz do plano e da proposta criativa de Deus”. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
41
Especial
Frei Cesare Viani:
EDUCAÇÃO COM A “LAUDATO SÍ”
A
palestra de Frei Cesare Viani também foi muito esperada neste primeiro dia. Frei Cesare revelou que se sentia muito contente por falar da educação e ensino, já que dedicou mais de trinta anos ao ensino da Teologia antes de ser chamado para trabalhar na Cúria Geral. “Ensinar os jovens foi uma das mais belas experiências de minha vida”, disse. As escolas, contudo, não estavam entre as principais preocupações de Francisco e de seu primeiro grupo. “Mas as escolas fizeram parte do desenvolvimento do carisma, que começa a ser compartilhado assim que chegam novos irmãos”, explicou. “No trabalho de evangelização, os franciscanos sempre buscaram estar próximos do povo. A educação era um dos serviços”, observou. Para se ter uma ideia, essa presença franciscana nas escolas é antiga, especialmente na América Latina, onde, segundo o frade, concentra-se mais da metade dos centros educativos. “Em levantamento de 2007, havia 160 escolas na América Latina de um total de 300”, ilustrou. Na perspectiva franciscana da evangelização, nos dias de hoje, a educação não pode prescindir da ecologia integral, que indicou o Papa Francisco na Encíclica “Laudato Sí”, especialmente no último capítulo, intitulado “Educação e Espiritualidade ecológicas”. Segundo o frade, vale a pena refletir alguns pontos que ajudam a indicar caminhos: “A educação ambiental deveria predispor-nos para dar este salto para o Mistério, do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo. Além disso, há educadores capazes de reordenar os itinerários pedagógicos de uma ética ecológica, de modo que
42
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
ajudem efetivamente a crescer na solidariedade, na responsabilidade e no cuidado baseados na compaixão. Às vezes, porém, esta educação, chamada a criar uma «cidadania ecológica», limita-se a informar e não consegue fazer maturar hábitos. A existência de leis e normas não é suficiente, a longo prazo, para limitar os maus comportamentos, mesmo que haja um válido controle. Para a norma jurídica produzir efeitos importantes e duradouros, é preciso que a maior parte dos membros da sociedade a tenha acolhido, com base em motivações adequadas, e reaja com uma transformação pessoal”, citou.
Congresso Franciscano
Especial
Frei Gilberto Garcia:
“A minoridade será sempre inspiradora de projetos pedagógicos”
O
presidente do Conselho Nacional de Educação, Gilberto Gonçalves Garcia, fez um panorama perfeito da educação franciscana, desde o século 13 até hoje. O frade franciscano da Província da Imaculada esmiuçou o tema proposto para a segunda palestra do primeiro dia do Congresso Franciscano: “Memória, identidade, desafios e sonhos da educação franciscana brasileira e ibero-americana”. O professor lembrou que hoje, numa releitura histórica, alguns pensadores e historiadores têm pontuado a importância do século XIII para a história do Ocidente. “Até o século XVIII, a história era entendida a partir dos registros e anais dos mosteiros. A partir desse momento, a história se assume como cronologia dos tempos”, explicou. O mundo passa a ser um mosteiro e não mais o prédio. Nesse cenário, nasce a Ordem Franciscana, tendo como base três pilares: liberdade, fraternidade e igualdade. “A mendicância era entendida como recomeço, vida como não fixação, desapego, contínua gênese do novo, liberdade plena. A fraternidade, que é o segundo elemento, era entendida não só como co-relação entre as pessoas, mas como relação com toda criatura. E a comunhão, de ideia de co-pertença e de igualdade. Portanto, todos esses três elementos estavam reunidos num conceito só: minoridade”, explicou. Segundo o palestrante, esses três elementos de ordem social vão fundamentar um humanismo iluminista cinco séculos depois. Segundo Frei Gilberto, o movimento franciscano foi o único movimento social na Idade Média a admitir condição de igualdade, a partir do mesmo fundamento ético e do ordenamento social, entre homens e mulheres de diferentes camadas sociais e econômicas. O camponês ao lado do artesão, ao lado do padre, ao lado do nobre cavaleiro. “Isso no século XIII. Nenhuma outra instituição conseguiu reunir e superar essa organização social”, explicou. Infelizmente, esse fenômeno ficou restrito aos primórdios da Ordem dos Frades Menores e não ganhou evidência e nem estruturou a organização social do Ocidente. Socialmente, só seria resgatado no século XVIII, tanto com a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, ambos movimentos sociais que apelam justamente para o princípio da minoridade do século XVIII. “Infelizmente, o pensar científico franciscano vai deixar a corporação universitária e não vai ser mais exclusiva das universidades, vai imigrar para o pensamento livre, dos cien-
tistas errantes leigos que vão surgir no século XV e século XVI. A cosmovisão franciscana se recolhe”, continua. Segundo o palestrante, a Universidade perde seu sentido originário de ordenamento social e vai virar uma agremiação, uma congregação. “Com esse espírito vai ganhar os mares com as naus portuguesas e vai chegar ao Novo Mundo. E a educação franciscana no Brasil? É nesse contexto que acontece. Portugal se ocupava com a expansão e ocupação dos territórios ultramarinos. A evangelização aqui é assumida como sentido primário da ação educadora”, recordou. “Na nossa breve história da educação franciscana no Brasil, ela acompanha a política da Coroa Portuguesa, que temia a propagação das ideias iluministas”, observa. A partir de 1718, os franciscanos passaram a se dedicar ao ensino elementar, criando escolas de gramática nas localidades em que fundavam os seus conventos. Frei Gilberto fez um histórico da educação no Brasil até a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal e, no início do século passado, outro fenômeno vai de fato dominar a compreensão da educação católica. É o surgimento das escolas iluministas da Europa dedicadas à missão da educação: Lassalistas, Maristas e Salesianos. “É a primeira vez na história que uma ordem religiosa se assume com a precípua e única função de educar o jovem. Essas congregações começam a vir para o Brasil e sufocar o papel que jesuítas desempenhavam na educação e nós, franciscanos, em menor escala. Vêm com um projeto de educação muito bem definido e vão dominar uma grande rede da educação brasileira até hoje”. Concluindo, Frei Gilberto indicou que a minoridade sempre poderá inspirar projetos pedagógicos. “Ela vai ser sempre inspiradora de projetos pedagógicos, porque ela é maior que qualquer época”, disse. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
43
Especial
2º DIA Alberto Moreira:
“Precisamos conhecer melhor a infância e a juventude”
O
professor Alberto da Silva Moreira, doutor em Teologia Fundamental e profundo conhecedor de Franciscanismo, foi palestrante no dia 1º de dezembro. Para desenvolver o tema “Desafios da Pós-Modernidade à Educação Franciscana”, ele seguiu dois passos: um diagnóstico da espessura e intensidade do que se denomina experiência pós-moderna, analisando como tais transformações incidem sobre a infância e a juventude, e os desafios que essas mudanças trazem para a tarefa de educar sob uma perspectiva franciscana. Para o professor, é preciso conhecer melhor a infância e a juventude que estão surgindo, como elas sofrem e reagem ao impacto das transformações. “Que mecanismos criam de defesa”, perguntou. Para ele, a criança e o jovem são alvos fáceis do mercado, da cultura mediática e da cultura do consumo. “Isso não tem nada de novo, mas acho importante perceber que se dá através da contribuição estética, de uma compulsão pelo prazer”, disse, uma vez que as crianças e os jovens são educados, atraídos pela beleza, pelo fascínio, que sempre surgem, por exemplo, em um designer supermoderno, colorido e na rapidez com que vem a recompensa visual. “A pressão sobre os jovens é quase irresistível para que eles adotem ideias, valores, formas de vida que vêm dos países de culturas ricas. Nem preciso citar a indústria da Disney etc… É essa indústria cultural que hoje está contando as histórias para os nossos filhos. E além de contar histórias, essa indústria formata desejos, educa emoções, relativiza a própria escola, impõe novas maneiras com que a escola lida com seus alunos, até mesmo na universidade”, explicou Moreira. “Isso tudo é um desafio urgente. Alguns autores afirmam que está sendo criado um novo tipo de ser humano”, informou. “Trata-se de um jovem mais gregário, que vive em tribos e patotas, é dedicado no trabalho, obcecado por resultados, mas narcisista, pouco solidário, indiferente aos sofrimentos alheios, voltado às diferentes formas de prazer e satisfação, mas afetivamente infantilizado, com baixa capacidade de trabalhar conflitos e capaz de violências se seus desejos ou suas expectativas forem contrariadas”, adiantou. Segundo Moreira, o caminho é educar para um novo
44
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
modo de ser, para uma aliança entre a humanidade e o ambiente. “Por isso, o Papa Francisco, o mais franciscano de todos os papas, disse na ‘Laudato Sí’ que os desafios que nos atingem, na cultura, na ética, no meio ambiente, são todos ligados entre si, remetem a uma crise profunda do ser humano e de suas formas de vida sobre o planeta. Então, voltamos a perceber que esses desafios exigem uma mudança de mentalidade, uma mudança de cultura, o que equivale a uma reforma do ser humano. Enfim, um novo modo de ser e de estar na casa comum, a Mãe Terra”, acrescentou. Segundo ele, alguns encaminhamentos: Favorecer experiências pedagógicas nas quais alunos e educadores façam experiências marcantes de outras formas de ser e outras formas de viver que são possíveis e trazem felicidade e realização humana. Fortalecer a consciência e o conhecimento teórico científico sobre a interdependência de todas as pessoas. Facilitar aos educandos e educadores a experiência da interligação e da interdependência mútua dos níveis da realidade. Formar redes nas quais essa experiência e conhecimentos possam ser compartilhados e debatidos, socializados, estejam mais tempo ocupando a atenção das pessoas. Oferecer exercícios, tirocínios, oportunidades e meios para desenvolver uma espiritualidade integradora. “As escolas, no afã de afirmar que estão em busca de novos métodos pedagógicos e diversas estratégicas, frequentemente negligenciam a tarefa de ajudar os estudantes a construir um sentido profundo para o seu esforço de aprendizagem, deixando que o sentido oferecido pelo restante da sociedade – diga-se mercado – seja o único disponível. Boas escolas não geram vazios existenciais na vida dos alunos e verdadeiras catástrofes. Eu sempre me pergunto por que esses serial-killers estão nas escolas”, alertou Moreira. Uma escola franciscana precisa conectar o imenso potencial de sentido e motivação vivido pelo movimento franciscano com a necessidade do aluno de construir um sentido para a sua vida, e a necessidade dos professores sentirem-se apoiados na nobre tarefa da educação a qual se dedicam.
Congresso Franciscano
Especial
D. Leonardo Steiner:
“Educação é essencialmente despertar”
F
ilósofo, teólogo e pedagogo, Dom Leonardo Steiner abordou o tema “O perfil do educador franciscano” na segunda palestra do 1º de dezembro. O atual Secretário Geral da Conferência dos Bispos do Brasil fez uma reflexão filosófica do papel do educador e centrou a educação como despertar. “Emoldurando esta reflexão, gostaria rapidamente de colocar a questão da destinação da nossa existência: aquilo que somos, ou deveríamos ser e depois dar alguns traços do que poderia ser o nosso educador”. “Quem sou eu na busca como educador, educadora, franciscano?”, perguntou abrindo a palestra. “Nós somos vir a ser. Temos que ser. Jamais estamos prontos conosco mesmos. E Riobaldo, em “Grande Sertão Veredas”, matuta: “O senhor... Mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. É o que a vida me ensinou e isso me alegra, montão”. No sertão da vida, nos diferenciamos dos animais, somos vir a ser, as pessoas não foram terminadas. E Riobaldo murmura que o ser humano não tem o modo de ser da factualidade de uma coisa e não está aí simplesmente, como, por exemplo, uma pedra. Nós somos continuamente provocados a ser o que já somos”, explicou. Depois de definir o que significa a palavra perfil, D. Leonardo definiu educação e ação de educar, detalhando educar como informar, educar como formar e educar como desabrochar. “Pra cima e para baixo, sempre de novo mostrar que educação é essencialmente despertar. Naturalmente, educação entendida aqui no nosso tipo de serviço que fazemos não destinado à formação interna das nossas congregações e da nossa Ordem”. D. Leonardo explicou que essência significa a dinâmica, a vitalidade de ser. “O educador é aquele que desperta o educando para o vigor, para a essência de ser, para a essência de ver, pois viver, como diz Riobaldo, é muito perigoso”. “Na dinâmica da educação, da essencialização, a pessoa é convocada a criar um mundo com a obra de suas mãos. Educação como essencialização desperta para valores éticos, morais”.
“Educador e educando caminham juntos, vão se descobrindo na total gratuidade da vida”. Para ele, o bom educador vai sempre no essencial. Não se perde nos pormenores. “O educador franciscano não vive a partir de si mesmo mas está na benevolência do mistério. Despertou para o mistério”, ensinou. “O essencial do Evangelho é a misericórdia. O educador é sempre guiado, tomado, pela misericórdia. É a misericórdia que cria uma nova sociedade”, continuou. Segundo D. Leonardo, o educador sabe ler a caminhada como um todo. Não a partir de si mesmo. “O mistério pervade e renova”. “O educador franciscano sabe que sempre será aprendiz”. Na sequência, com a mediação de Frei Nilo Agostini, Alberto Moreira e D. Leonardo responderam as perguntas dos participantes do Congresso. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
45
Especial
3º DIA Frei Betto:
“Educação é para formar pessoas felizes”
O
teólogo e escritor Frei Betto, ou Carlos Alberto Libânio Christo, foi o palestrante do dia 2 de dezembro. Assessor da Pastoral Operária e de movimentos populares, Frei Betto trouxe muitas provocações aos participantes do Congresso ao abordar o tema “Educação: Esperança em uma humanidade nova em um contexto de mudança de época”. Segundo o frade dominicano, estamos vivendo uma mudança de época. “E quando ocorre essa passagem, há uma enorme turbulência. Tudo fica confuso. Porque os valores antigos são questionados e os novos valores ainda não foram afirmados”, explicou. Para ele, a modernidade agoniza. “Os famosos valores da modernidade são todos questionados hoje. Que valores são esses que promoveram tantas guerras? Que valores são esses com uma acumulação absurda de riquezas nas mãos de poucas, em que o dinheiro tem livre circulação no planeta e as pessoas não? Que valores são esses se a democracia é uma farsa, porque nós votamos mas é o poder econômico que elege? Que valores são esses se o Planeta agoniza, como disse o Papa nesse documento, que segundo Edgard Morin, é o mais importante da história de toda a história da humanidade sobre a questão eco-social, o “Louvado Sejas”, em homenagem a São Francisco merecidamente? Não se concilia projeto de civilização nesse sistema tão desigual com a preservação do planeta. E, portanto, a modernidade faliu. Nós estamos entrando na pós-modernidade. E os sintomas estão aí, crise de valores, principalmente nas quatro instituições pilares da modernidade: a família, a igreja, a escola e o estado. Quatro entidades em busca da sua nova identidade. E a gente fica se perguntando: qual será o paradigma da pós-modernidade se na época medieval foi a religião, se no moderno foi a razão? O Papa João Paulo II fez uma proposta, e queira Deus que ela vingue: a globalização da solidariedade. O que existe aí é globocolonização. É a imposição ao Planeta de um modelo hedonista, consumista de sociedade. Essa proposta de João Paulo II é reforçada hoje por Francisco. Mas o que o sistema neoliberal quer
46
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
impor é exatamente um antivalor e o meu medo é que ele venha prevalecer: o mercado, a mercantilização de todos os aspectos da natureza e da vida humana. Crítico do sistema neoliberal, o mineiro Frei Betto acha que a educação não é para formar mão de obra qualificada para o mercado. A educação existe para formar pessoas felizes. “Esse deveria ser o propósito número 1 da educação. Pessoas felizes, capazes de amar e ser amadas”, ensina. Frei Betto terminou com uma parábola. “Ora, havia na feira-livre de Calcutá, uma velhinha, no meio das milhares de barracas, naquele chão imundo, olhando para o chão e procurando alguma coisa. Se você parar numa rua de Curitiba e começar a olhar para o chão, eu garanto que meia dúzia vai parar e achar que você perdeu dinheiro, joia etc. E as pessoas começaram a parar até que um rapaz perguntou: “O que a sra. está procurando?”. Ela respondeu: “Uma agulha”. Ele retrucou: “A sra. é doida. Tem quinhentas barracas aqui que vendem desde agulha para vestidos de noiva até agulha para lona que cobre navio, e a sra. está procurando nessa imundície essa agulha?”. As pessoas, então, começaram a sair. Aí, a sra. respondeu: “Mas é uma agulha de ouro”. As pessoas, então, voltaram. E voltaram a procurar, olhavam, olhavam, até que o rapaz novamente perguntou: “A sra. não tem mais ou menos ideia de onde perdeu a agulha?”. Ela respondeu: “Tenho, a cinco quarteirões daqui”. O rapaz respondeu: “A sra. é maluca mesmo! Perdeu uma agulha em casa e está procurando aqui?”. A velhinha simplesmente disse: “Exatamente como vocês fazem. A felicidade está dentro, mas vocês procuram fora”.
Especial
Congresso Franciscano
OFICINAS E PLENÁRIO
U
m momento muito rico no Congresso foram as oficinas práticas pedagógicas, realizadas à tarde, no dia 1º de dezembro, segundo dia do Congresso. Entre elas, a história, fundamentos e metodologia da coleção “Redescobrindo o Universo Religioso”, da editora Bom Jesus, foram apresentadas aos professores e gestores de colégios confessionais pelo Frei Claudino Gilz. “Este é um material didático do ensino religioso que se fundamenta em uma prescrição da legislação educacional, que tem metodologia e conteúdos curriculares que sempre vão remeter o aluno ao estudo do fenômeno religioso nas suas mais variadas manifestações”, explicou. Os desafios de conciliar as exigências da educação pós-moderna à formação pelos princípios da fé cristã foi o tema de Veanney Emidio, gestor de uma das unidades da Rede Educacional Franciscana (GO): “Apontamos alguns caminhos que vêem dando certo, sobre a busca por uma identidade franciscana consistente que possa dar respaldo para alunos e familiares que nos confiam seus filhos”, explicou. “Gostei muito da oficina proferida pelo Veanney, pois foi muito bem contextualizada a situação das escolas confessionais católicas no Brasil e ainda um aporte muito interessante com o momento que vivemos no país hoje”, destacou o participante Airton Rodrigues Cardozo, do Instituto João XXIII, de João Pessoa (PB).
Plenários Todos os dias, o Congresso abriu espaço para plenários. A gerente pedagógica do Colégio Bom Jesus, Giselli Padilha Hümmelgen, resgatou os temas abordados nas oficinas do I Congresso Nacional de Educadores Franciscanos. A especialista falou sobre a importância da discussão de metodologias de ensino, estruturas curriculares e interações com os alunos para o ensino.
“Trabalhar com projetos para a construção de conhecimento permite que o aluno seja o centro das atenções, tornando a interação e aprendizagem mais profundas e significativas”, mencionou. O reitor da Universidade São Francisco, Joel Alves de Sousa Júnior, reforçou a necessidade do debate sobre a sustentabilidade das instituições de ensino superior no Brasil e a importância da interação e troca de experiências entre as instituições franciscanas de ensino superior, abordadas durante o V Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-Americanos. Frei Vitorio Mazzuco, mestre em Teologia Espiritual pela Pontifícia Universidade Antonianum (PUA), de Roma, destacou os pilares que fundamentam a educação franciscana como a ética, o respeito ao próximo e ao meio ambiente, a importância da construção de uma consciência social, o cultivo da paz como agente transformadora do meio em que vivemos e a fé em Deus, sem distinção de religião. Frei Vitorio também falou sobre as dificuldades impostas pelo sistema capitalista, e sobre a importância de estimular os educandos a olharem para o mundo com uma visão fraterna, e não competitiva. Frei Nilo Agostini também participou dos plenários e teve o encargo de, no final, fazer uma síntese do Congresso. A Frei Mário Knapik coube a animação e orientações. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
47
Especial
4º DIA
encerramento
Educar é colocar-se a caminho
C
om as belas vozes dos Meninos Cantores de Petrópolis, a Celebração Eucarística, às 8 horas, na Igreja Bom Jesus dos Perdões, no dia 3 de dezembro, já preparava o encerramento do 5º Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-Americanos e do 1º Congresso Nacional de Educadores Franciscanos da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB). Depois de dias de intensas reflexões, estudos e questionamentos durante o Congresso Franciscano, o celebrante Frei Carlos Alberto Breis Pereira deixou uma singela mensagem aos congressistas: educar não é só transmitir conteúdos programáticos, mas colocar-se a caminho! Segundo Frei Beto, como é conhecido, a palavra caminho resumiu para ele todo o aprendizado nesses dias na
48
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
capital paranaense. Ele citou a reflexão de D. Leonardo Steiner, lembrando a fala de Riobaldo: as pessoas não foram terminadas. “Somos processos, estamos a caminho”, destacou. Frei Beto também destacou o significado da palavra educar, que vem do verbo educare, educere, que significa literalmente “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”. “Daí a importância da educação, que é um deixar-se conduzir. São Francisco, no seu Testamento, disse: ‘O Senhor me conduziu para junto dos leprosos e eu fiz misericórdia’. O Senhor me conduziu, me educou. Deus foi educador de Francisco, ajudou-o a sair de si”, observou o presidente da celebração, ressaltando que nos seus Escritos, Francisco nunca usou a palavra imitar como algumas
Congresso Franciscano traduções insistem em dizer. Mas nos originais ele emprega sempre o verbo seguir, do latim, ‘sequere’. Imitar dá uma ideia de reprodução. Somos chamados a seguir Jesus. Caminhar com Jesus”, disse, explicando que na tradição franciscana, na assim chamada escola franciscana, não basta saber, “é preciso ter sabor”. Segundo Frei Beto, o saber se torna ação prática. “Caso contrário, se torna mero uso da razão para proveito próprio”, acrescentou. Para conduzir, Frei Beto disse que é preciso também ser um aprendiz e lembrou o nosso poeta Gonzaguinha, na belíssima canção, que expressa bem o que é educação: “Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”. “Só quem descobre essa beleza, só quem descobre essa
Especial
verdade de ser um eterno aprendiz, pode ajudar o outro a colocar-se no caminho”, completou. No final da celebração, Frei Beto, que é presidente da CFMB, não poupou agradecimentos à Província da Imaculada, que através da Associação Bom Jesus, do Centro Universitário FAE e das Fraternidades Bom Jesus da Aldeia, São Boaventura e Bom Jesus dos Perdões, tornaram possível a realização desses dois grandes eventos em Curitiba. Na mesma celebração, Frei Beto anunciou que o 2º Congresso Franciscano da CFMB terá como sede Anápolis, Goiás, em 2017. Já o 6º Encontro Ibero-Americano de Centros de Estudos Franciscanos será realizado em 2018, nos Estados Unidos.
Frei Ernesto Londoño Orozco
Fundamentos e valores da educação franciscana
O
atual reitor da Universidade San Buenaventura, da Colômbia, Frei Ernesto Londoño Orozco, OFM, foi o último palestrante do Congresso Franciscano. Doutor em Ciências da Educação pela Universidade Rennes-2, na França, e em Educação pelo Instituto Católico de Paris, Frei Ernesto possui vasta experiência no ensino universitário e em administração. Entre suas publicações se encontra a tese de doutorado, intitulada “A transmissão de valores na juventude. Estudo etnográfico”, que serviu de base para sua palestra “Fundamentos e valores da educação franciscana”. Para o reitor, os valores, hoje, passam pela esfera da subjetividade, dentro de um quadro do efêmero... Há excessos de secularismo e de materialismo. “É importante conhecer a complexa realidade do mundo atual: predomínio do rápido, das sensações e da cultura do descarte. Temos necessidade de construir uma vida com sentido e recuperar a antropologia bíblico-cristã vinculada aos valores franciscanos. Por isso é importante criar ambientes formativos impregnados dos valores do Evangelho”, explica, atestando que é preciso reformular a antropologia do século XXI. Para ele, uma antropologia da memória e da promessa que faz referência ao cosmos e ao desenvolvimento sustentável. Uma antropologia que faz referência a Deus, uma antropologia da relação, do encontro, da acolhida, do diálogo, da escuta e da esperança, uma antropologia que valoriza o corpo. Segundo Frei Ernesto, os valores não podem ser apresentados como receitas, como catálogos prontos. “Trata-se
de uma construção gradual e é necessário ver o valor na pessoa que os transmite”, frisou.
Valores franciscanos a serem cultivados segundo o palestrante: Proposta de uma ética universal a partir da pessoa como eixo central - fraternidade universal Resistência, lucidez e audácia Resgate da vida interior e da transcendência Diálogo: condição necessária para viver a fraternidade no mundo multirreligioso e multicultural - pedagogia do encontro. Fraternidade com todas as criaturas e o cuidado com a casa comum, como tarefa fundamental da educação franciscana. Frei Nilo Agostini encerrou o encontro, antes do meio-dia, fazendo uma síntese de todas as palestras. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
49
Especial
5º ENCONTRO DE CENTROS DE ESTUDOS FRANCISCANOS
N
o período da tarde, os eventos tinham uma dinâmica própria. No Anfiteatro da FAE foi realizado o V Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-Americanos, reunindo institutos para relatarem suas experiências e práticas da educação franciscana no ensino superior. Frei Nelson José Hillesheim, reitor da FAE, falou sobre o papel e práticas da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus (AFESBJ) na disseminação dos valores franciscanos ao assumir a gestão e planejamento pedagógico de outras instituições confessionais. “Todos os meses recebemos solicitações para assumir a gestão e ensino de outras entidades de educação confessionais. Trabalhamos a partir de um planejamento de longo prazo, com a aprovação da Província e buscamos disseminar a qualidade de ensino e gestão consolidados nas unidades que já estão sob a gestão do Bom Jesus”, citou. Jorge Siarcos, diretor-geral da AFESBJ, abordou a importância da união entre o conhecimento e a formação de valores humanos. “A FAE busca a excelência em conhecimento e na atuação com docentes que aliem a experiência com pesquisa e mercado, além de proporcionar aos estudantes experiências e práticas sociais, com projetos que integrem estes alunos com a comunidade”, menciona. O diretor dos programas internacionais do Siena College, nos Estados Unidos, Frei Brian C. Belanger, ressaltou que toda universidade americana promove serviços para a
50
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
comunidade e que as universidades franciscanas necessitam se diferenciar das demais. “As universidades franciscanas possibilitam a construção de um currículo humano e valorizado pelas empresas nos Estados Unidos. E a maneira franciscana de servir ao próximo faz a diferença”. E completa: “A escolha do Papa Francisco facilita a disseminação dos valores franciscanos. Porém, o grande desafio é manter a tradição na pós-modernidade”. O Siena College está localizado em uma área de 38 acres, na capital de Nova York. É uma instituição católica franciscana privada com foco na área de Ciências Humanas, que oferece 30 programas de graduação e diversos programas de extensão. Além disso, a instituição possui um currículo profissional que prepara os alunos para os programas de pós-graduação de Direito e Medicina. Frei Vitorio Mazzuco, do Instituto Teológico Francisca-
Congresso Franciscano
no (Petrópolis/RJ), abordou os desafios relacionados com a gestão de recursos humanos e financeiros. Para Frei Ernesto Londoño, reitor do campus da Universidade São Boaventura em Cali (Colômbia), os mais de trezentos anos de história na educação da universidade só são possíveis pela adaptação constante às exigências dos tempos modernos. “Buscamos intensamente a troca de conhecimento, pesquisa e experiências direcionadas para a comunidade local e as necessidades do país”. “Identificamos que precisávamos ampliar a nossa força do local para o restante do país. Para isso foi preciso pensar em um novo modelo. Este processo exigiu a mudança de estatutos, unificação de processos, base de dados e a capacitação das pessoas. Hoje, felizmente, somos considerados uma universidade multicampi”, finalizou. Segundo Areta Galata, coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais da FAE, a construção da rede permitirá avançarem diversos aspectos da educação superior baseada em valores humanos. “O avanço do acordo para a criação de uma rede internacional permitirá a troca de experiências e práticas de sucesso, intercâmbio entre alunos, docentes visitantes e a dupla diplomação”, mencionou. Frei Jesús Barahona, da Província São Francisco do Equador, falou como vice-diretor do Studium Theologicum Franciscanum “Cardenal Echeverría”. Segundo o frade, o Instituto funciona na Unidade de Estudos Religiosos da Universidade Católica de Cuenca, em convênio que existe desde 22 de julho de 1998. A Universidade de Cuenca é relativamente nova, já que foi criada em 7 de setembro de 1970. A USF mostrou a estrutura de seus campi através de um vídeo. Frei Thiago Hayakawa, atuando na Pastoral Universi-
Especial
tária e no Núcleo de Extensão Universitária, lembrou que a USF celebra 40 anos de presença franciscana e, nesse tempo, alguns fatores têm mobilizado a Universidade. Frei Tiago destacou uma provocação da mantenedora, que é a Província da Imaculada, convocando, a partir do Capítulo de 2012, a trabalhar em conjunto com outras frentes, como, por exemplo, a Comunicação e o Sefras e a realização, neste ano, do Capítulo Universitário. “Usando a metodologia dos Capítulos na Ordem, fizemos o mesmo na Universidade, entregando aos alunos e professores o Instrumento de Trabalho da frente de Educação. Foi um momento muito gratificante onde percebemos como toda a comunidade acadêmica se sente participante da Província, e como todos se mobilizam a serviço da Educação”, disse. Cristiane Ferraz e Silva Suarez, coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais da Universidade São Francisco (USF), falou das parcerias. “A USF vem buscando continuamente que os alunos tenham a oportunidade de vivenciar diversas experiências acadêmicas fora do país. Além de explorarmos a possibilidade de dupla diplomação e intercâmbio de docentes com as universidades parceiras”, citou. Ao final do encontro foram discutidos os detalhes e avanços do acordo internacional entre as instituições franciscanas superiores, parcerias e próximos eventos. Frei Nelson confessou que é um “apaixonado” por esses encontros. “Acredito que vamos ser referenciais na Educação quanto mais trabalharmos em redes. Por isso eu abracei a possibilidade de fazermos esse quinto encontro aqui”, disse, elogiando muito os convênios com o Siena College e a Universidad de San Buenaventura.
janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
51
Especial
PENSAR EM VISTA DA PRÁTICA Considerações sobre o V Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-Americanos e I Congresso Nacional de Educadores Franciscanos – CFMB
T
enho a graça de participar, ouvir, atuar em oficinas, assessorar e beber dos resultados de muitos Congressos e Encontros Educacionais, mas é muito diferente estar presente num evento similar com o tempero franciscano. Neste Congresso e Encontro realizado em Curitiba, transpareceu a partilha e a sabedoria na condução do mistério; pedagogia e mistagogia se uniram a partir de uma consistente espiritualidade. Usarei as palavras que jorraram da fonte deste evento para definir o que senti: um casamento perfeito entre intelecto e afeto, a união
52
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
harmoniosa de cabeça e coração. Bons trabalhos transformam o mundo, e que potencial de transformação havia ali nos participantes, nos assessores, nos organizadores, no espaço físico, nas atividades, na dimensão celebrativa, na troca de experiências da vida e prática, no acolhimento cordial e eficiente! No modo de ser, no cuidado, na competência de cada participante a certeza de que precisamos criar mais rede entre nossas instituições; e como elas se fizeram presentes! A presença forte da Ordem, da UCLAF, da CFMB, da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, da FAE, da USF, do Bom Jesus evidenciaram que um trabalho sério se realiza assim em espírito de comunhão e oração e leva a certeza de que educar faz parte da Missão Evangelizadora Franciscana. Os assessores todos mostraram uma visão franciscana originária de mundo. A cosmovisão franciscana tem força educadora, é naturalmente uma escola pedagógica, uma escola de discipulado. Abraça a vida na minoridade como liberdade, igualdade e fraternidade. Educar é pulsar uma nova visão cósmica que abrace a errância pela terra dos humanos de olho nos astros e estrelas que sempre compuseram o imaginário franciscano.
Congresso Franciscano É uma forma constelar de contemplação na ação. Educar é ser para o outro, sentido primário da fraternidade. Ninguém pode ficar fora do processo; se faltar uma criatura falta o todo. Nesta visão o mundo, as pessoas, os seres são pensados como forma de totalidade. Francisco convive, come, dorme e fala aos ricos e mendigos, reúne o clérigo, o camponês, o artesão e o cavaleiro; da pobreza à nobreza uma história de reconstrução da casa da existência com as imagens reais da história da humanidade. A herança e a intuição franciscana influenciam definitivamente uma pedagogia clara, forte e provocadora. Estamos numa mudança de época. O que caracteriza uma época não são apenas os conflitos, mas seu paradigma de fé. A herança medieval franciscana está ancorada em crer numa inspiração, fazer valer a vontade do Senhor, mudar de mentalidade e mudar de lugar num processo de conversão para um novo projeto civilizatório. Um dos palestrantes, em sua fala, dizia que projeto é um varal onde penduramos os valores em que acreditamos. Aqui relembro estes valores. Não podemos ter vergonha da fé que professamos e dos valores que carregamos, temos que apresentar isso ao mundo! Na frase de Nietzsche citada em palestra podemos resumir a fala impactante de todos os que ocuparam a tribuna: “A humanidade precisa guardar certo caos dentro de si para dar à luz uma estrela bailarina”. Os assessores nos colocaram no chão da realidade pós- moderna, numa precisa caracterização do horizonte histórico da sociedade atual e, a partir daí, olhando responsavelmente o passado medieval, nos chamaram à responsabilidade para uma educação franciscana que prepare uma forte humanidade para o hoje e o amanhã da história. Muitos dos que falaram ali tinham abraçado há anos a educação franciscana como um projeto para sua vida e todos falaram tocados pela beleza desta inspiração. Frei Cesare Vaiani OFM, Frei Valmir Ramos OFM que deu voz ao Ministro Geral da Ordem, Frei Michael Perry OFM, Frei Gilberto Garcia OFM, Prof. Alberto da Silva Moreira, Dom Leonardo Steiner, Frei Betto, nosso primo dominicano, Frei Volney Berkenbrock, Frei Ernesto Londoño, Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei Beto Breis, e todos os que tomaram a palavra deixaram estas verdades que transformo aqui numa síntese necessária: É preciso educar para um novo modo de ser, para uma nova aliança entre a humanidade e o ambiente. Acompanhar e influenciar a transformação da infância e da juventude. Favorecer formas de educar que tragam realização humana para gestar um novo tipo de ser humano. Educar para a sensibilidade e compaixão. Educar para a solidariedade e para o sentido bom da vida. Temos que fazer a globalização da solidariedade. Francisco construiu um ca-
Especial
minho onde não havia caminhos. O desafio da educação franciscana hoje é o mesmo. É preciso levar estas verdades às Semanas Pedagógicas de nossas Instituições como um grande fôlego e uma grande retomada. Conduzir para frente com linhas bem claras de uma pedagogia própria. Deixar entrever o modo do educador franciscano. Trazer para fora o que está latente. Despertar para o que já somos! Não educar como apenas informar, isto pode passar somente um acúmulo de saber, porém despertar para ser pessoa. A vida é mais do que a disciplina. Toda pessoa é convocada a construir seu mundo e o mundo que está ao seu redor; no nosso caso sermos umbilicalmente ligados a Francisco, que viveu a liberdade do Evangelho! Tão livre que abraçou o leproso e o Crucificado e foi abraçado no encontro com o leproso pelo Crucificado; os pobres banharam Francisco de misericórdia. Educar franciscanamente é desejar fazer com todas as fibras do coração o que fez o Arauto do Amor que tem que ser amado. Para Francisco tudo é irradiação do Amor de Deus! Francisco é visitado por uma inspiração. Visitado pelo Senhor, visitou. Desperto, despertou. Ele se transforma num admirado, o plenamente alegre e transformado. Diante de tal nobreza, como ter um coração pesado? O educador franciscano foi encontrado por esta inspiração; e isto ultrapassa o seu mundo pessoal. Como Francisco, deve fazer este movimento: antes de ser visitado, pede, e, depois de visitado, agradece, reconhece, compromete-se. O educador franciscano tem o espírito de Marta que era só servir. O amor ao Senhor fez dela um serviço. O Senhor que entrou em sua casa a fez servir o Amor que a visitava. O educador franciscano tem o espírito de Maria: sempre ser, aos pés do Senhor, um aprendiz! O educador franciscano tem olhar de águia e alma sertaneja; é concentrado e expansivo. Inspira-se nos pobres para assumir a sua finitude, não tem medo de perdas e carências. O bom educador vai sempre ao essencial! “Ser o que somos para ser o que devemos ser”(Tristão de Athayde). Temos que educar com muito amor, educar para o Amor. Na vertente franciscana, espiritualidade e afetividade não se separam. Nós amamos porque fomo amados e por isso nós temos algo de próprio. Ir para a escola como ir aos domingos procurar a fome de um Deus que nos alimenta. Ver a paixão de um Dom Bosco, Champagnat, La Salle, que criaram um método para todos. Ser um Riobaldo, em Grande Sertão Veredas, um homem que precisa fazer a travessia e confrontar-se com tudo. Ser como Francisco de Assis, que irradia um modo de ser e fazer do método franciscano, a seguinte verdade: tornar mais nítido o que nos atraiu, a liberdade do Evangelho que nos foi dada janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
53
Especial
no natural de uma conquista. A herança franciscana não é o conjunto de técnicas metodológicas, mas sim as razões que nos dão um horizonte para uma existência. Buscar estas razões como um cão que, na feira livre, procura o seu dono cheirando as canelas da multidão. Procurar o dono é o afeto forte que se sente por ele. Como uma Universidade Franciscana, uma Escola Franciscana se distingue no seu serviço? Como fazer diferente o serviço? Servir é natural de um meio acadêmico franciscano. A eleição do Papa Francisco nos ajudou muito e temos que dizer: tenho orgulho de vestir as vestes franciscanas e participar de uma Igreja que voltou aos pobres. Para onde vão nossas ideias? Em que direção? A cabeça pensa onde os pés pisam.
Educar franciscanamente é ensinar conceitos, hábitos e valores que sustentam cada ser humano. Amabilidade, sinceridade, confiança mútua, autocontrole, fraternidade universal, resistência, lucidez, audácia, consciência, vontade, inteligência e estratégia. Isto é mais importante que o deus dinheiro que invade escolas transformadas em mercado. Temos que dar graças por haver uma outra cultura possível. Valores são dinâmicos e nossas escolas têm que ser o lugar do renascimento axiológico exigido pelos tempos atuais. A sociedade líquida não pode dissolver os valores. Mas temos que fazer da educação um processo de degustação, como um bom vinho. Não ser “fast”, não entrar na rápida cultura do descarte. O consumismo vende necessidades que não temos. A hiperinformação e a hipercomunicação não injetam nenhuma luz na obscuridade. O nosso lugar é no cosmo! Cuidado com a nossa Casa Comum! Não esquecer o nosso vínculo com todo ser cria-
54
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
do. Na turbulência global em que vivemos a questão ambiental tem quer ser prioridade nas escolas. Salvar a terra não é privilegiar o capital. Se estragamos vamos ter que consertar. É ser corpo e corporeidade e não apenas cabeça isolada. A escola não pode ignorar o corpo. Temos que cuidar bem da afetividade e do manejo de nossas sensações. Fazer cada vez mais humana a humanidade. Temos que criar uma pedagogia do encontro, um diálogo como condição para fraternizar um mundo multirreligioso e multicultural. O franciscano não tem valores genéricos. Tem vida interior e transcendência, responsabilidade e compromisso. É uma presença da paz, da reconciliação e da misericórdia. Educar franciscanamente é a construção de uma civilização baseada no amor. Nosso estilo é pacífico e não violento, que evita toda e qualquer contenda. Temos que educar para a paz. Atacamos demais a violência feita em outras culturas, todavia não podemos esquecer que as maiores atrocidades da história foram feitas por países cristãos. A inquisição matou muito mais do que qualquer fundamentalismo islâmico. Também precisamos viver a solidariedade em oposição à competitividade. Os dados evidenciam que três milhões de pessoas vivem em condições sub-humanas. A vida não pode ser uma loteria biológica. Temos que ser da contemplação, da ternura, maravilhamento e da tolerância! Temos que resgatar a vida simples e a cotidianidade. Mesmo em meio aos valores questionados, temos que manter a nossa postura alteritária: colocar-se sempre no lugar do outro e criar todas as condições para que a humanidade possa viver com dignidade e felicidade. Não descuidar do silêncio, da meditação, da oração. Mesmo que isto seja considerado inútil porque não produz. Temos que conduzir ao encontro com o Messias. Ir à Galileia dos gentios. O milagre vai se realizar na soma da partilha! No século XIII a proposta franciscana antecipa o futuro e enfrenta todos os desafios sem psicose defensiva. No século XXI a dimensão profética mostra que educar franciscanamente é construir uma nova humanidade! A felicidade, a realização está dentro de nós, não procuremos fora! Frei Vitorio Mazzuco
Especial
Entrevista
Frei Nélson Hillesheim
Ampliando horizontes
O
s Institutos de Educação Franciscana estão cada vez mais trabalhando em rede. O Congresso Franciscano só reforçou e ampliou essa necessidade num mundo globalizado, posição que Frei Nélson Hillesheim, diretor do Centro Universitário FAE, tem abraçado ou, como disse durante o encontro, pela qual “é um apaixonado”. Nesta entrevista, ele conta como foi preparar um evento internacional e, o mais confortante, chegar ao objetivo sem muitas dificuldades. Acompanhe a entrevista. Por Moacir Beggo
Comunicações - Como foi preparar a estrutura para receber dois eventos? Frei Nélson Hillesheim - Foi muito rico, pois trabalhamos em equipe. Assim, tudo acontece de forma profissional, compartilhada, em conformidade com a missão e os objetivos do evento. Inicialmente, prepararíamos apenas o V Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-americanos. Na primeira reunião, em abril de 2014, surgiu a sugestão da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB): seria interessante também a organização do I Congresso Nacional de Educadores Franciscanos, sediado pela nossa Província, com o objetivo de, posteriormente, a CFMB acolher o Congresso Internacional de Educadores Franciscanos. Assim, resolvemos promover simultaneamente o V Encontro e o I Congresso, com momentos compartilhados e algumas atividades específicas. Um evento dessa magnitude envolve pessoas que estão motivadas a buscar sempre o novo, a capacitação e, ao mesmo tempo, pretende aprimorar a missão franciscana na educação como o melhor meio de contribuir com a esperança de uma nova humanidade. Ele precisa ter palestras significativas e, ainda, ter momentos de partilha das experiências, de estreitamento das relações, de projetos... E assim foi! Desde quando começaram a se preparar para este Congresso? Frei Nélson - Começamos a preparação do Congresso em maio de 2014. Criamos uma equipe com representantes da Província, da CFMB, da Universidade São Francisco (USF), da FAE e do Colégio Bom Jesus. Além disso, a equipe
de Marketing da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus (AFESBJ) foi convidada a fazer parte da organização. Realizamos duas amplas reuniões, em 2014, e outras quatro em 2015, além de vários encontros de alinhamento com as demais equipes de apoio ao longo deste ano. Como eu estava próximo da equipe de Comunicação e Marketing em Curitiba, nos últimos dois meses conversávamos quase todos os dias para decisões pontuais. Aliás, são muitos detalhes que aparecem diariamente e que precisam ser definidos. Um evento de quatro dias e que envolve palestrantes internacionais e nacionais, bem como uma programação intensa e diversificada, precisa ser minuciosamente preparado. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
55
Especial
Deu para perceber, durante o V Encontro Iberoamericano, que você é um dos incentivadores desse evento. Por que ele é importante para os Institutos Franciscanos? Frei Nélson - O Encontro Ibero-americano é muito importante para os Institutos Franciscanos, pois não podemos mais ficar limitados ao cotidiano das nossas instituições locais. Temos muito para compartilhar e aprender com profissionais e centros de estudos de outros países! Hoje, já temos um excelente relacionamento internacional entre Estados Unidos e Colômbia: programas de intercâmbio acadêmico de longa e curta duração, dupla diplomação em alguns cursos e intercâmbio para aprofundamento da língua e da cultura. Além das vantagens oferecidas aos alunos, ressalto como destaque o fortalecimento das instituições de ensino superiores (IES) franciscanas.
Para a nossa alegria, a pedido do Papa Francisco, durante o V Encontro recebemos a notícia da criação da Pontifícia Universidade Franciscana, em Roma, pelos frades das Ordens dos Frades Menores, Capuchinhos, Conventuais e pela Ordem Franciscana Secular. O Papa Francisco e o nosso Ministro Geral insistem que a educação é a missão central! O melhor espaço para gerar a promoção da vida, da sustentabilidade, da promoção da justiça e da cultura da paz. Gostaria de ressaltar que no V Encontro estiveram presentes IES dos Estados Unidos, com o Siena College, de Albany (NY). Nos EUA são 23 universidades franciscanas; de Quito, no Equador, onde há um Centro de Estudos de Filosofia e de Teologia; da Colômbia, com quatro universidades nas cidades de Bogotá, de Medellín, de Cartagena e de Cali; e do Brasil, com a USF e a FAE. Ampliamos a presença com a partici-
56
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
Entrevista pação do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Por incompatibilidade de agendas, não puderam participar desse V Encontro os Institutos de Educação do México e da Espanha.
Que aspectos positivos você viu no Congresso, falando dos dois eventos, e o que ficou como possibilidade de melhoras nos próximos? Frei Nélson - A avaliação do público que nos abordou é a de que tudo foi excelente. Os palestrantes deram um show de conteúdo. Além disso, propuseram questionamentos para refletirmos sobre maneiras de cultivar a esperança em uma nova humanidade com uma educação que seja, de fato, aquela que constrói o verdadeiro conhecimento. Nossa missão é levar esse conhecimento e transformá-lo em experiências, em saber fazer, perpassando toda a vida acadêmica, auxiliando nossos acadêmicos a se envolverem com os valores evangélicos, franciscanos. Por atuarmos em instituições confessionais, guardamos um legado que pode oferecer ao mundo novas possibilidades de superar o consumismo, a exploração, o erotismo, o centralismo... Pois a educação franciscana é serviço de amor que tem como objetivo gerar cuidado, espiritualidade, fraternidade e felicidade! Ressalto também as celebrações. As missas de abertura, de encerramento, os momentos de oração. A riqueza da liturgia, cantos e pregações... A partilha das IES, as oficinas pedagógicas, os seminários, os momentos culturais, a confraternização, as sínteses, a presença da mídia especializada... Tudo isso resume um pouco do que vamos levar do I Congresso e do V Encontro. Além disso, ressalto o local, a equipe organizadora, a participação efetiva dos congressistas e dos encontristas. A qualidade do evento agradou a todos. Recebemos muitas felicitações e inúmeras sugestões, entre elas que se pense em fazer um evento como esse a cada ano. Creio que os profissionais, leigos e religiosos, se prepararam muito bem para sediar o evento de educação. Os Institutos de Teologia, por sua vez, manifestaram a importância de participar desse grande evento como oportunidade de estreitar relacionamentos, projetos e intercâmbios. Um dos resultados concretos é a criação da agenda das IES franciscanas. Está marcada uma reunião no próximo ano em Cartagena, na Colômbia, para ampliarmos ainda mais a integração entre as instituições. Além da consolidação de vínculos, outro aspecto positivo foi a presença simpática e motivadora do Frei Cesare Vaiani, secretário para a Formação e Estudos da Ordem; do Frei Valmir Ramos, definidor da Ordem para a América Latina e portador da mensagem especial enviada pelo Ministro-geral da OFM, Frei Michael Anthony Perry; do Frei Fidêncio Vanboemmel, nosso Ministro Provincial; do Dom Leonardo Ulrich Steiner, secre-
Especial
Congresso Franciscano
V ENCONTRO
I CONGRESSO
INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Participantes
18
50
13
39
tário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Todos nos motivaram ainda mais a cumprirmos a missão central da Igreja e da Ordem. Tenho certeza de que, em 2018, o VI Encontro, que ocorrerá nos EUA, será um marco de aproximação e de consolidação entre a América do Norte e o México.
ção em tempo real do evento por meio do portal da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.
Num evento desse porte, a quem agradecer? Frei Nélson - Somos muito gratos a todos que nos apoiaram, do Brasil e de outros países, na concepção, na organização e no desenvolvimento do evento. Porém, o nosso agradecimento é ao público que prestigiou o Congresso e o Encontro, que se deslocou de suas cidades, muitas delas distantes da capital paranaense, para partilhar conhecimento e experiências. Destacamos, ainda, o apoio da Ordem dos Frades Menores, da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, da Igreja, da CNBB, dos palestrantes e dos frades da nossa fraternidade e de outras que estiveram presentes. Quero agradecer, particularmente, à Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, na pessoa do seu guardião, Frei Alexandre Silva, pela hospedagem e alimentação aos frades. Também somos gratos a toda a equipe organizadora e ao jornalista Moacir Beggo, que participou intensamente da comunica-
Agora, missão cumprida, vale a pena tanto esforço? Frei Nélson - Sempre vale a pena! Neste caso, foi recompensador todo o esforço da organização. Realmente, ninguém faz ideia dos detalhes que envolvem um evento dessa envergadura. Só participando da coordenação e da organização é que se pode saber. Eu me sinto feliz e realizado, porém, ainda mais desafiado, mais comprometido e, sem dúvida, mais capacitado para continuar a qualificação pessoal e dos profissionais, dos projetos, das parcerias educacionais, da internacionalização e da missão. Ficou muito claro para todos que a educação é o melhor meio de promover uma nova sociedade. O conhecimento iluminado por valores e virtudes que levam a atitudes e a projetos transformadores é que pode gerar um modo de vida a ser seguido, multiplicado como referencial, conhecido e reconhecido em todas as esferas da sociedade. Isso porque a Educação Franciscana se traduz em esperança numa nova humanidade.
CONGREGAÇÕES
CANTOU E ENCANTOU O Coral Canarinhos de Petrópolis fez uma apresentação especial para os participantes no final do dia 2 de dezembro e participou da Missa de encerramento do Congresso
no dia 3. Como sempre, o Coral conduzido pelo maestro Marco Aurélio Lischt, canta e encanta onde se apresenta. E não foi diferente em Curitiba.
Definitório
Notícias DO
Definitório Provincial São Paulo, 14 a 16 de dezembro de 2015
E
mbalados por singelos cantos do Advento, na manhã do dia 14 de dezembro, às 8 horas, na capela da Fraternida-
de Imaculada Conceição, em São Paulo, os Definidores celebraram a missa de abertura das últimas sessões do Definitório Provincial no triênio. Frei Fidêncio, comentando o Evangelho do dia, lembrou que a autoridade entre os confrades é exercida pelo serviço, a exemplo do Cristo e seu fiel seguidor Francisco. Já na Sede Provincial, no 3º andar, desta vez, Frei Mário foi o moderador das sessões do Definitório, cujos assuntos tratados são os que seguem abaixo.
58
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
1) Comissão Preparatória do Capítulo Provincial – encaminhamentos e nomeações O Definitório Provincial encontrouse com Frei Antônio Michels e com Frei César Külkamp, respectivamente presidente e secretário da Comissão Preparatória, às 16h00 do dia 15, para ultimar as providências e para nomear confrades para diversos serviços necessários ao bom andamento e realização do Capítulo. 1. Liturgia. Foram nomeados para compor a equipe de Liturgia do Capítulo: Frei Marcos A. de Andrade, Frei Pedro da Silva, Frei Nilton Decker e Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira.
2. Projeto do Plano de Evangelização e textos legislativos (Regimento do Capítulo, Estatutos da Província, Estatuto Peculiar do Secretariado para a Evangelização, Estatuto Peculiar do Secretariado para a Formação e os Estudos, Diretrizes para a Administração Econômica e Financeira): serão enviados nos próximos dias aos capitulares, via e-mail, acompanhados de carta do Visitador Geral, Frei Nestor. Tais textos também se encontrarão impressos na pasta dos capitulares. 3. Grupos de trabalho. Haverá 12. Para eles, foram nomeados os seguintes coordenadores e secretários:
Definitório
Grupo 1: M oacir A. Longo (coord.) e Alvaci Mendes da Luz (secr.) Grupo 2: D jalmo Fuck (coord.) e Robson Luiz Scudela (secr.) Grupo 3: R onaldo F. Lima (coord.) e Jeâ Paulo Andrade (secr.) Grupo 4: J oão Mannes (coord.) e Gabriel Vargas Dias Alves (secr.) Grupo 5: G ilberto M. S. Piscitelli (coord.) e Valdecir Schwambach (secr.) Grupo 6: J oão Francisco da Silva (coord.) e Mário José Knapik (secr.) Grupo 7: Thiago A. Hayakawa (coord.) e Daniel Dellandrea (secr.) Grupo 8: Alex S. Ciarnoscki (coord.) e James Luiz Girardi (secr.) Grupo 9: N elson J. Hillesheim (coord.) e Paulijacson Pessoa de Moura (secr.) Grupo 10: I vo Müller (coord.) e Fábio Cesar Gomes (secr.) Grupo 11: V itorio Mazzuco Filho (coord.) e Germano Guesser (secr.) Grupo 12: V olney J. Berkenbrock (coord.) e Diego A. de Melo (secr.) Obs.: Será importante que os secretários dos grupos levem para Agudos o notebook.
por Frei Estêvão Ottenbreit. A parte dos “apelos da Igreja e da Ordem” será apresentada por Frei Nilo Agostini. Quanto aos “apelos da realidade” (Pe. França Miranda), Frei João Reinert e Frei Elói Piva recolherão e pontuarão os apelos levantados, e darão uma redação que será submetida aos capitulares. A 4ª parte, Prioridades do Sexênio (“miolo” do Plano), será trabalhada nos grupos de estudo. 6. Textos legislativos (apresentação): Regimento do Capítulo: Frei César Külkamp; Estatutos Particulares da Província: Frei Mário L. Tagliari; Estatuto Peculiar do Secretariado para a Evangelização: Frei Antônio Michels; Estatuto Peculiar do Secretariado para a Formação e os Estudos: Frei César Külkamp; Diretrizes para a Administração Econômica e Financeira: Frei Mário L. Tagliari;
4. Indicação de secretário e subsecretários do Capítulo (a serem eleitos na sessão de abertura): Frei Sandro Roberto da Costa (secretário), Frei Antônio Joaquim Pinto e Frei Clauzemir Makximovitz.
7. Assuntos específicos a) Programa de Formação Permanente: ao longo do Capítulo, Frei Estêvão Ottenbreit e Frei Gustavo W. Medella colherão as indicações que forem surgindo para um programa de Formação Permanente e farão uma redação a ser submetida aos capitulares. b) Cuidado com os confrades idosos e enfermos: propostas da Fraternidade de Bragança Paulista e do Economato Provincial.
5. Apresentação do Projeto do Plano de Evangelização. A apresentação geral será feita
8. Comunicação: Moacir Beggo coordenará o trabalho de Comunicação: site, notícias, boletins,
edição especial das Comunicações etc. Frei Gustavo Medella e Frei Clauzemir Makximovitz ajudarão. Frei Roger Strapazzon fará as filmagens. 9. Mural do Capítulo (responsáveis): Frei Vitório Mazzuco Filho e Frei James Girardi. 10. Esportes (responsáveis): Frei Gilson kammer e Frei Neuri F. Reinisch. 11. Recepção e hospedagem (responsáveis): Frei Paulo Cesar M. Borges, Frei Leonardo Pinto dos Santos e Frei João Antunes Filho. 12. Comissão de revisão dos documentos aprovados (trabalho pós-capitular, em vista de publicação): o secretário do Capítulo, Frei Gustavo W. Medella e Frei Walter de Carvalho Júnior.
2) Relatório do Ministro Provincial – apresentação Frei Fidêncio mostrou aos Definidores, em power-point, itens do seu relatório que pretende ressaltar na apresentação à Assembleia Capitular.
3) Experiência “Reviver o dom da vocação” – Assis e Terra Santa - participantes Quatro confrades responderam positivamente e participarão da Experiência “Reviver o dom da vocação” em 2016: Frei Luís Antônio Aliberti, Frei Marcos Antônio de Andrade, Frei Jorge Lázaro de Souza e Frei Germano Guesser. Outros indicados ainda não responderam. Caso não o façam até 25 de dezembro, outros confrades serão convidados. janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
59
Definitório 4) Postulantes – aprovados O Definitório aprovou que sejam admitidos ao Postulantado no próximo ano: DA PROVÍNCIA: 1. Bruno Gonçalves Cezário 2. Carlos Henrique Durante da Silva 3. Danilo Lima de Oliveira 4. Diego Martendal 5. Edinei Sgarbossa (aspirante do Ensino Médio) 6. João Manoel Zechinatto 7. João Manuel Gonçalves de Quevedo Pires 8. José Victor de Camargo Medeiros (aspirante do Ensino Médio) 9. Marcelo Dias Soares 10. M oisés Rodrigues da Silva 11. Paulo Ricardo Aparecido dos Santos Silva 12. Rodrigo José Silva 13. Ruan Felipe Sguissardi (aspirante do Ensino Médio) 14. Tiago da Silva Barboza DA FIMDA: 1. Adão Bento Abel 2. Alberto Capingala Martinho Sambei 3. Angelino Socópia Sicaleta 4. António Sacaputo Maimo 5. Avelino Kalitangui Pereira Tchimbungo 6. Domingos Makuva Paulo 7. Eduardo José Cavita Camunha 8. Inoc Joaquim João 9. João Baptista Kuliaquita 10. João Tchivandja Lino 11. José Francisco Inito 12. José Pedro Huambo 13. Martinho Gomes Tula 14. Silvério Munga Cajonde
5) Noviços – aprovados O Definitório aprovou que sejam admitidos ao Noviciado, no dia 15 de janeiro de 2016, em Rodeio: DA PROVÍNCIA: 1. Francisco Dalilson Pereira Cabral
60
[coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
2. Jonas Ribeiro da Silva 3. Odilon Voss 4. Wagner da Silva Neves 5. Lucas de Moura Justino Souza 6. Marlon Taxa Pereira Reis da Silva DA FIMDA: 1. Antonio da Silva Manuel 2. Bernardo José C. Kandangongo 3. Bernardo João Cassinda 4. Daniel K. Tchitumba Tchikeva 5. Domingos Cakanda Soma 6. Elias Hebo Luís 7. Evaristo Seque Joaquim 8. Feliciano Afonso Manuel 9. Hélder Josué Mateus Domingos 10. Pedro Domingos Mugiba 11. Pedro Isaías Luísa Vitangui 12. Simão Cassua Horácio
6) Primeira Profissão – aprovados O Definitório aprovou que façam a Primeira Profissão dos Votos, no dia 5 de janeiro de 2016, em Rodeio: DA PROVÍNCIA: 1. Bruno Araújo dos Santos 2. Danilo Santos Oliveira 3. Felipe Medeiros Carretta 4. Jean Santos da Silva 5. Matheus José Borsoi 6. Natanael José Barbosa 7. Thiago da Silva Soares 8. Tiago Gomes Elias 9. Vitor da Silva Amâncio DA FIMDA: 10. Alberto Victorino 11. André dos Santos Sungo Mingas 12. José João Ganga 13. Miguel Tchiteculo Tchindjombo Filipe Obs.: 1) O tempo de noviciado de Frei Leandro Menezes Fernandes será prolongado. Já Frei José
Filipe Muyeye e Frei Flaviano José Fernando não farão a primeira profissão. 2) Os noviços brasileiros foram transferidos da Fraternidade São Francisco – Noviciado São José para a Fraternidade São Boaventura, em Rondinha, como estudantes; 3) Os noviços angolanos foram transferidos da Fraternidade São Francisco - Noviciado São José para a Fraternidade São Francisco de Assis, de Luanda, como estudantes;
7) JPIC – curso para animadores Em carta de 20 de novembro, o Ministro Geral Frei Michael A. Perry informa que o Escritório JPIC de Roma, em colaboração com a Pontifícia Universidade Antonianum, promoverá o curso para formação de animadores JPIC (especialmente novos animadores), em sintonia com o espírito do último Capítulo Geral da Ordem (maio de 2015), com as exigências da nossa história e com a necessidade de oferecer formação permanente a todos os irmãos. O curso será de 4 a 15 de abril de 2016, nos três idiomas oficiais da Ordem.
8) JPIC – guia de estudos para a Laudato Si’ A comissão interfranciscana dos animadores gerais JPIC compuseram um guia de estudos para a carta encíclica do Papa Francisco Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum. O modo de divulgação e de abordagem do guia será visto pelo animador provincial JPIC, juntamente com o moderador da Formação Permanente do próximo triênio.
Definitório 9) Master em Evangelização 2016 - inscrições No próximo ano haverá o Master em Evangelização, organizado e oferecido pelo ITF, de Petrópolis. Terá início no dia 7 de março (para os inscritos de língua castelhana) e no dia 29 de março, com todos os inscritos. O término é em 30 de outubro. As inscrições devem ser feitas entre 1º de dezembro de 2015 a 20 de fevereiro de 2016. Leigos também podem participar do curso. Nos anos anteriores alguns frades pediram para tomar parte. Outros podem apresentar-se caso tenham interesse.
12) Previsão orçamentária da Província para 2016 – aprovação Os Definidores encontraram-se com Frei Raimundo Castro, Bruno Fini e Cristiane França, no dia 14 de dezembro, às 16h15. Estes apresentaram a previsão orçamentária da Província para 2016 e também os montantes das aplicações financeiras (centralizadas, das fraternidades e do fluxo de caixa da sede provincial). Após a aprovação do orçamento por parte do Definitório, Frei Fidêncio agradeceu pela eficiência, clareza e transparência no trabalho realizado no triênio.
10) FIMDA – encontro com Frei José Antônio
13) Campanha para as missões 2015 - resultado
Na manhã do dia 15, os Definidores encontraram-se com Frei José Antônio dos Santos, presidente da FIMDA, em férias no Brasil e inscrito para o Capítulo Provincial. Frei José Antônio comentou sobre a atual situação da Fundação e a necessidade de haver mais missionários. Além dos atuais noviços, também foram transferidos para a Fraternidade São Francisco, em Luanda, os frades estudantes: Frei Alberto André António, Frei Crisóstomo Pinto Ñgala, Frei Gabriel Sapalo Chico, Frei Honorato S. Gaspar Gabriel e Frei Paulino K. Sopindi.
Neste ano a campanha para as missões contou com a contribuição de todas as fraternidades da Província. A quantia arrecadada foi maior: R$ 159.683,00. Já a campanha específica para a construção da casa dos frades estudantes de Luanda alcançou R$ 328.630,00. A casa está quase concluída, motivo de alegria e agradecimento pela colaboração e partilha.
15) Frei Sílvio T. Mascarenhas – laicização Frei Sílvio, que durante este ano estava com licença para morar fora da Fraternidade Provincial, em carta de 17 de dezembro, pede para que se inicie o processo de sua laicização.
16) Egresso - Kaynan Deixou o Noviciado no dia 29 de novembro Kaynan Cappucci Javaroni Fantebom.
11) Frei Mário Knapik – término de curso Em e-mail de 11 de dezembro, Frei Mário agradece pela formação profissional recebida no campo administrativo e educacional nos últimos três anos. Concluiu os estudos de pós-graduação em Gestão de Negócios e Finanças e também Curso de Liderança na área educacional, ambos realizados na FAE - Centro Universitário, em Curitiba.
que necessitem de cuidados permanentes. Porém, independentemente desta questão, o Definitório aprovou algumas reformas e adequações na casa de Bragança Paulista, considerando as necessidades imediatas e o atendimento dos confrades que lá se encontram. Trata-se da reforma da sala no 2º pavimento, ao lado da capela, usada no passado para projeção de filmes e audição de música. Ali serão feitos mais três dormitórios com banheiro para frades enfermos. Também haverá adequação na atual área da rampa entre os dois pisos, onde será instalado um elevador, e haverá sala para atendimento médico, farmácia e depósito, além das escadas que substituirão a rampa. Com isso, a capela da casa no 2º pavimento voltará a ser usada por todos os confrades, bem como a grande sala de recreio e sala de TV no mesmo piso.
14) Bragança Paulista – reformas na casa A partir da apresentação de algumas análises, o Capítulo Provincial se pronunciará sobre a possibilidade de adaptação de outra casa, mais ao Sul, para acolhida e tratamento de frades idosos e enfermos
17) Diretoria da Fundação Frei Rogério - nomeação O Definitório nomeou a seguinte diretoria para a Fundação Frei Rogério, de Curitibanos: Frei Neuri F. Reinisch (diretor presidente), Frei Valdir Nunes Ribeiro (diretor vice -presidente), Frei Mário J. Knapik (diretor assistente), Frei Gustavo W. Medella (diretor assistente). janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
61
Definitório 18) Autorização de viagem – Frei Tadeu L. Fernandes Nos meses de fevereiro e março de 2016, Frei Tadeu permanecerá na Abadia de São Estêvão, em Bologna, Itália, para um tempo de discernimento.
5.
19) Definitório Provincial avaliação do triênio
1.
2.
3.
4.
62
Por sugestão de Frei Fidêncio, os Definidores se ocuparam, ao final da sessão da manhã do dia 16, com a avaliação do trabalho do Definitório durante o triênio. Algumas ponderações: Foi muito positivo o senso de grupo, de corpo, assumido pelos Definidores, e, a partir disso, o modo coeso em que foram assumidas as decisões. Não se ouviu: “Fui voto vencido” etc. Houve esforço para se ter respeito mútuo e diálogo aberto. O clima, em geral, foi de alegria e tranquilidade na convivência. A unidade do corpo de Definidores não se confunde com falta de divergência nas opiniões, mas se firma nas decisões assumidas como consenso. O desafio do redimensionamento das presenças e dos trabalhos continua. Embora com as indicações do Capítulo Provincial anterior, o Definitório não conseguiu dar passos maiores neste sentido. Muitos frades e instituições não se dispõem ao processo, por razões diversas. O redimensionamento mais desafiador não tem a ver com números, primeiramente, mas com a qualidade humana e espiritual dos confrades. É urgente um crescimento na linha das relações fraternas. Não obstante tantos dons e talentos que os confrades trazem, há ainda muito individualismo, estrelismo, [coMUNICAÇÕES] janeiro/2016
6.
7.
8.
e falta a alegria do encontro, a parceria no ideal, o comprometimento mútuo. A tal ponto que torna-se uma pergunta “séria” nestes dias próximo ao Capítulo: “Com quem vou morar?”. O trabalho do Definitório se concentra muito ainda nas demandas emergenciais, sobretudo advindas das dificuldades das relações fraternas e de “imprevistos” institucionais, o que dificulta a atenção mais voltada para a dimensão do planejamento, das estratégias e perspectivas. Em outras palavras, talvez tenha faltado um plano de governo mais definido, e, quem sabe, mais propositivo. Mas, se perguntou: Daria mesmo para ter sido diferente? Pois acaba havendo muitas resistências... Há confrades que “jogam contra” as iniciativas. Os novos Definidores deveriam ter a oportunidade de visitar a missão de Angola logo que possível. Não todos de uma vez, mas com possibilidade de permanecer lá por uns 15 ou 20 dias. A FIMDA toma sempre maior importância para a Província, e tratar de questões a ela referentes, após ter visitado os confrades missionários e seus trabalhos, será bem mais proveitoso e adequado. Há uma certa lacuna entre as necessidades da Província e a disponibilidade dos frades em assumir com alegria e vontade os trabalhos. Nem sempre as “apostas” do Definitório dão certo. Para vários Definidores, o triênio foi de aprendizado e conhecimento mais amplo da Província. E a relação com os Regionais ajudou a promover entre os frades a compreensão
a respeito do caminho feito pela Província. 9. Foi um salto passar dos Departamentos para as Frentes de Evangelização. Persiste o desafio de encarar as Frentes como um todo, sem cair de novo no departamentismo. 10. Infelizmente, há considerável número de frades doentes – em vários sentidos -, e, muitas vezes jovens, que não aceitam ajuda e não se deixam tratar. 11. Houve no triênio desgastes bem grandes relacionados a problemas financeiros envolvendo o antigo Hospital da VOT Rio e a Universidade São Francisco, hoje, graças a Deus, sob controle.
Encerramento Às 11h30 do dia 16 de dezembro, encerrando a última sessão do Definitório Provincial do triênio, Frei Nestor Schwerz, Visitador Geral, disse ser muito grato pela boa acolhida que recebeu tanto por parte do Definitório como de todas as Fraternidades da Província, durante o período da Visita Canônica. Frei Nestor destacou alguns pontos que farão parte do seu relatório ao Capítulo. Por fim, Frei Fidêncio agradeceu a Frei Nestor por ter aceito ser o Visitador para a nossa Província, num período em que poderia estar descansando, e pela sua disposição e entrega a este serviço fraterno. Agradeceu também aos Definidores que o acompanharam durante os três últimos anos no esforço de animação da Vida Provincial, com o melhor que puderam dar de si. Com a invocação a Maria Santíssima e a bênção de Deus, foi encerrado o Definitório Provincial. Frei Walter de Carvalho Júnior Secretário
CFFB
Nasce a Pontifícia Universidade Franciscana
R
oma – O ano de 2018 marcará a história da família franciscana com a criação da nova Pontifícia Universidade Franciscana, em Roma. O anúncio do projeto, que pré-anuncia um grande impacto no âmbito da formação universitária, foi dado no último domingo, 29. A nova Universidade surgirá a partir da união dos atuais centros acadêmicos franciscanos, em particular o Antonianum e o Seraphicum, de Roma,com o objetivo de criar um verdadeiro polo universitário de alta qualidade, capaz de atrair estudantes e pesquisadores. Em uma nota, os Ministros Gerais Frei Marco Tasca (OFMConv), Frei Mauto Jöhri (OFMCap), Frei Michael Perry (OFM) e Frei Nicholas Polichnowski (TOR) escrevem que o projeto nasce da consciência de “como nestes tempos de divisão e fragmentação somos chamados a fazer emergir a nossa identidade unitária devida ao nosso ser filhos de São Francisco, herdeiros de sua experiência e intuição de vida evangélica”. Os religiosos recordam ainda o pedido do Papa Francisco aos
Ministros Gerais - quando de sua visita a Assis em 4 de outubro de 2013 – para “serem sinais de unidade da comum identidade franciscana”, assim como a sua expressão de satisfação pelo início do projeto que responde também às indicações da Congregação para a Educação Católica para as Universidades romanas. A decisão foi aplaudida pelo Reitor da Pontifícia Faculdade Teológica “São Boaventura” Seraphicum, gerida pelos Frades Menores Conventuais, que acompanhou de perto o caminho de unificação. “O tempo presente – observa Frei Domenico Paoletti – caracterizado pela revolução digital, pela globalização e pela fragmentação, está provocando a mudança do próprio mapa formativo nas nossas ordens e dos nossos centros acadêmicos, sempre mais interculturais, e necessitados de um centro de excelência que promova a cultura da qualidade e da uni-
BISPO EMÉRITO Antes de completar os 75 anos, solicitei ao Papa Francisco minha renúncia ao governo pastoral da Diocese da Campanha. Dia 25 de novembro, 05 dias após a data natalícia, recebi a notícia da aceitação da renúncia por parte do Santo Padre. Tornei-me bispo emérito. Dom Pedro Cunha Cruz, desde 11 de julho bispo coadjutor, assumiu o governo pastoral da Diocese. Dado que já tinha agendado vários compromissos, por enquanto continuo no mesmo endereço. Estamos em busca de nova moradia. Oportunamente lhes comunicarei. Votos de Feliz Natal e abençoado Ano Novo. Abraço de Paz e Bem! + Dom Frei Diamantino P. de Carvalho, OFM
dade do saber segundo o paradigma filosófico e teológico franciscano. Por isto que a decisão da família franciscana de unir os atuais centros acadêmicos, em particular o Antonianum e o Seraphicum, é um grande evento com o objetivo de fazer da Universidade franciscana um verdadeiro polo universitário de alta qualidade, que atraia estudantes e pesquisadores”. A Secretaria de Formação e Estudos das famílias franciscanas trabalha junto a um grupo de coordenação que deverá implementar esta nova realidade.
OFS: FRATERNIDADE MENINO DE BELÉM
CELEBRAÇÃO DO NATAL A Fraternidade Menino de Belém, juntamente com a Comunidade do Parque Montreal, em Franco da Rocha, celebraram o Natal na Capela São Francisco de Assis, no Parque Montreal, em Franco da Rocha, presidida pelo Frei Estevão Ottenbeit, OFM. Trata-se de uma Comunidade onde o Joaquim e Luciana, membros da Fraternidade, residem há alguns
anos. Desde então, nossa Fraternidade “Menino de Belém” vem trabalhando juntos com eles, através do cotidiano da vida.
janeiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
63
AGENDA 2016
“Evangelizar como Irmãos e Menores”
janeiro 05 Primeira Profissão dos Noviços (Rodeio) 14 a 17 Missões de Férias da Juventude (Chopinzinho) 15 Vestição dos Noviços (Rodeio) 18 a 26 Capítulo Provincial
ABRIL 25 a 29 Reunião da UCLAF (Cochabamba, Bolívia) outubro 10 a 14 Curso de Franciscanismo (Rondinha)