Comunicações de Julho de 2019

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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

julho de 2019 • ANO LXVII • N o 07

FREI OLAVO SEIFERT

100 ANOS


SUMÁRIO Mensagem do Governo Provincial

“Cada Fraternidade uma vocação: Daí para mais!”..................................................................435 “Projeto Pessoal e Projeto Fraterno - diálogo urgente e necessário”, texto de Frei Fidêncio Vanboemmel.............................................438

FORMAÇÃO E ESTUDOS

Entrevista: Frei José Morais Cambolo..............................................................................................442 Frades do tempo de Teologia recebem o ministério do Leitorado.............................444 ITF: A espiritualidade e o diáologo...................................................................................................446

SAV

Encontro Vocacional reúne 26 jovens em Guaratinguetá.................................................447 Missões Franciscanas chegam ao Rio de Janeiro....................................................................448

FRATERNIDADES Encontro do Regional do Vale do Itajaí..........................................................................................451 Regional Baixada e Serra Fluminense reúne-se na Fraternidade Mãe Terra...........452 Encontro do Regional do Contestado............................................................................................453 ESPECIAL: O centenário de Frei Olavo....................................................................................... 454 Festa junina na Comunidade da Rocinha....................................................................................464 Frei Clarêncio lança “Creio”, as verdades da fé de forma simples e essencial...................................................................................................465 ESPECIAL: Capítulo da FIMDA..........................................................................................................466 PVF: Encontro Regional dos benfeitores franciscanos em Angelina..........................476 PVF: Dia com Maria e Frei Galvão......................................................................................................477 Curiosidades: A expressão popular “erro crasso”......................................................................478

EVANGELIZAÇÃO

Rede Celinauta recebe moção de aplauso.................................................................................479 Notícias do Colégio Bom Jesus e da FAE......................................................................................480 Concerto dos Canarinhos faz homenagem a Maria..............................................................482 Frades da Frente da Comunicação se reúnem em Rondinha.........................................484 Sínodo: D. Cláudio pede conversão ecológica.........................................................................486 Petrópolis: Celebrações ecumênicas marcam Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.......................................................................................... 488 Frente das Paróquias define passos para o triênio.................................................................490

OFM

Frades participam da experiência “Reviver o Dom da Vocação”.....................................493 Entrevista: Frei Francesco Patton.......................................................................................................494

CFFB

Papa aos Conventuais: “A missão de vocês é ser Evangelho vivo”................................496 Argentino é eleito Ministro Geral OFMConv..............................................................................497

FALECIMENTO

Frei Nestor Kuhn...........................................................................................................................................498

AGENDA ....................................................................................................................................................500

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br


mensagem

Cada Fraternidade uma vocação: Daí para mais! Caros confrades e demais leitores, paz e bem!

E

is que julho abre as portas para adentrarmos na segunda metade deste primeiro ano do triênio. O clima das chegadas e partidas – com as respectivas transformações que elas provocam -, começa a ser substituído pela disposição alegre de se abraçar o “aqui e agora” da missão. No dinamismo da vida provincial, muita coisa já aconteceu até aqui, dentre elas a realiza-

ção do Capítulo e da eleição do governo da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), fato que vem amplamente noticiado nesta edição das Comunicações. A reafirmação do espírito de unidade provincial entre Brasil e Angola, o encaminhamento de possíveis iniciativas em vista do autossustento, o início do processo para que a Fundação seja constituída como custódia dependente estiveram entre os principais assuntos abordados neste Capítulo. A reconstrução do Projeto Fraterno de julho de 2019 – comunicações

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MENSAGEM

Vida e Missão é tarefa que vem ocupando nossas fraternidades neste início de triênio. A título de reflexão e auxílio para este necessário compromisso, Frei Fidêncio Vanboemmel, nosso moderador para a Formação Permanente, oferece, nesta edição, o artigo: “Projeto pessoal e projeto fraterno: diálogo urgente e necessário”. Sobre o tema, escreve Frei Fidêncio: “Para serem legítimos, os dois projetos são dependentes, se iluminam e se complementam mutuamente. A construção dos dois projetos só é possível de ser realizada mediante o diálogo: com Deus, consigo mesmo, com a fraternidade/comunidade, com a Igreja e com a realidade na qual os irmãos estão inseridos”. Recomendamos vivamente a leitura e o estudo. Diante de nós, um horizonte repleto de esperanças e desafios. Aguardamos com as melhores expectativas a realização das Missões Franciscanas da Juventude, a se realizarem entre os dias 17 e 21 de julho, no Rio de Janeiro e na Baixada. É revigorante acompanhar o empenho de nossos confrades, nossas comunidades e juventudes na preparação desta Missão, planejada com muito carinho em cada detalhe. Seja momento fecundo de semear Paz e Bem neste pedaço de chão tão castigado pela violência e pela corrupção, mas

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que, ao mesmo tempo, abriga um povo valente e vibrante que emana esperança e entusiasmo, fazendo jus ao lema escolhido para esta edição do evento: “Profetas do diálogo e do respeito: ternura que acolhe a paz, com o vigor que supera a violência”. Excelentes frutos hão de nascer desta iniciativa! Nesta edição também começamos a nos preparar para celebrar a vida centenária de nosso confrade Frei Olavo Seifert. É o primeiro irmão que alcança tal feito! Deus seja louvado! Aproveitando o impulso do início de triênio, desejamos fazer aos confrades e às fraternidades uma chamada para a qual pedimos especial atenção: Temos sentido a absoluta urgência de que todos os irmãos se engajem de corpo e alma na promoção

vocacional de nossa forma de vida. O trabalho empenhado de nossos irmãos designados para o SAV tem se mostrado fundamental e irrenunciável. No entanto, somando-se a este esforço, insistimos fortemente que, para além de formalidades de uma ação organizada, abraçássemos para valer o desafio “CADA FRATERNIDADE UMA VOCAÇÃO”. Daí para mais! Caso este sonho se torne realidade, cada ano teríamos, no mínimo ,50 novos jovens ingressando em nossas fileiras! Com estas motivações fraternas e aquelas que cada irmão traz no coração, desejamos a todos um mês de julho repleto de generosas bênçãos de Deus. No mais, permanecemos à disposição de todos! Contem conosco!

Frei César Külkamp

Frei Gustavo Medella

Ministro Provincial

Vigário Provincial

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EXISTÊNCIA FLORIDA

Vivi uma estrela dourada, Que me seguiu pela vida, Era-me a unidade na estrada, Uma existência florida. Desde menino esta luz Eu recebi com um Fim; Astro divino e traduz, O bem que há dentro de mim. Minha mãe me disse um dia: - Guarda esta estrela do lado, Será razão da alegria E do teu céu estrelado! Na estrada, somei meus passos, Sempre contente, em vivê-la... Hoje, já velho, o que faço, É reacender minha estrela. Frei Walter Hugo de Almeida

Oração Oficial da MFJ 2019 Ó Deus Pai de amor, tu nos convocas nessa terra abençoada por teu Filho, redentor da humanidade, a procurar a paz que é fruto do diálogo e do respeito. Ajuda-nos a perceber que não estamos sozinhos neste mundo e que ir ao encontro do próximo é ir ao encontro do amor-não -amado que és Tu mesmo. Senhor Jesus Cristo, Redentor, que te fizeste pequeno entre os grandes, que a teu exemplo possamos também nós

tornar-nos profetas do novo Reino, reino de paz e de justiça. Que o Espírito Santo que conduz o nosso carisma reacenda em nossos corações a força que acolhe e transmite a paz e que rejeita qualquer tipo de ódio e violência. Dá-nos, Senhor, a ternura de sermos, a exemplo de Francisco de Assis, jovens corajosos, abertos à escuta e atentos ao Santo Evangelho, nos libertando de toda a indiferença que traz a morte. Pedimos-te por

nosso Papa Francisco e por todas as nossas igrejas abertas à nova evangelização. Abençoa e ilumina a todos e todas que trabalham para acolher os missionários e missionárias dessa Missão Franciscana da Juventude Rio 2019. Que Maria Imaculada, Nosso Pai Seráfico São Francisco de Assis e nossa Mãe Santa Clara possam interceder, a fim de que nós, “possamos acolher a Paz, com o vigor que supera a Violência”. Amém.

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Formação Permanente

O encontro de Francisco com o sultão

Projeto Pessoal e Projeto Fraterno - diálogo urgente e necessário Introdução

O primeiro biógrafo de São Francisco, Frei Tomás de Celano, escreve na Primeira Vida: “Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor Deus a cada dia aumentava o seu número, escreveu para si e para seus irmãos presentes e futuros, de maneira simples e com poucas palavras, uma forma e regra de vida, utilizando principalmente palavras do Santo Evangelho, a cuja perfeição unicamente aspirava” (1Cel 32). Lida no contexto da origem da Ordem Franciscana, esta frase leva-nos a intuir que, para além da elaboração de uma regra canônica, Francisco constrói para si um projeto de vida fundamentado no Evangelho. E depois, com a chegada dos primeiros companheiros dados por Deus como irmãos, o Pobre de Assis elaborou em fraternidade um projeto de vida para dizer que a dádiva da vocação e missão de cada irmão, e, consequentemente da fraternidade, é autêntica quando iluminada pelo Evangelho. Para Francisco é o Evangelho que direciona a vida do frade menor no seguimento de

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formação permanete

Jesus Cristo. Portanto, todos os irmãos são vocacionados a viver em fraternidade e como fraternidade. Logo, a fraternidade é o dom supremo de Deus que determina a forma de vida, legitima a vocação e habilita a missão evangelizadora de cada irmão. Nos nossos dias muito se fala sobre a necessidade de se elaborar um projeto pessoal de vida e de um projeto fraterno de vida e missão. Esses projetos, embora independentes e com metodologias específicas no respectivo processo de elaboração, não são duas coisas distintas. Para serem legítimos, os dois projetos são dependentes, se iluminam e se complementam mutuamente. A construção dos dois projetos só é possível de ser realizada mediante o diálogo: com Deus, consigo

mesmo, com a fraternidade/comunidade, com a Igreja e com a realidade na qual os irmãos estão inseridos.

1. Um projeto dialogado

Em vários textos das Fontes Franciscanas, percebemos que a primitiva fraternidade minorítica, ao elaborar seu projeto de vida, mais tarde transformado em Regra, necessitou do diálogo para dar autenticidade à identidade inicial dos “penitentes de Assis” (LTC 37,67) ou, como escreve o Biógrafo na sequência, da “Ordem dos Frades Menores” (1Cel 38,3). O diálogo foi fundamental no processo de configuração desta forma de vida. Francisco e a fraternidade dialogaram com Deus através do seu Evangelho (AP 10) e com a Igreja (1Cel 22 e 33). Como irmãos, dialogaram acerca da vida de oração (1Cel 45; 1Cel ), sobre o modo de trabalhar e pregar (evangelizar) (1Cel 29; 39), sobre o espírito de familiaridade e do mútuo cuidado (1Cel 38-39), sobre o modo como se relacionar com o mundo (1Cel 39-40), sobre o exercício da misericórdia na correção fraterna (Adm 22, 2-3), etc.

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Formação permanente

2. Projeto pessoal permanentemente revisado

Francisco de Assis, segundo as narrativas dos primeiros biógrafos, ao longo da sua vida, particularmente nas quaresmas que fazia, além de compenetrar-se em Deus na oração, também buscou rever o projeto originário da sua vocação e missão para purificá-la das obscuridades (“poeiras”) adquiridas na sua itinerância apostólica. Francisco dialoga com o Senhor através do Evangelho, dialoga com a fraternidade e com outras pessoas. S. Boaventura afirma que Francisco, qual “servo fiel e prudente”, desejava “conformar-se com o máximo ardor à vontade de Deus”, (cf. LM XIII 1, 4.6). E nas dúvidas, dialoga com a comunidade para melhor discernir a “vontade do Senhor” (cf. LM XII 2, 2-6). Frei Tomás de Celano afirma que o Santo de Assis tinha como “filosofia” a permanente busca de projetar sua vida de acordo com a vontade de Deus: “Enquanto viveu, perguntava aos simples, aos sábios, aos perfeitos e imperfeitos como poderia tomar o caminho da verdade e chegar ao propósito maior” (1Cel 91, 5-6).

3. O diálogo para construir um projeto fraterno de vida e missão

São Francisco de Assis, da mesma forma como reconheceu a sua vocação como obra da graça do Senhor (“Foi assim que o Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência” - Test 1), também acolheu a Fraternidade como um dom do Senhor (“E depois que o Senhor me deu irmãos...” Test 14), ciente de que esta vida não nasceu pronta, acabada ou perfeita. Através do diálogo fraterno e construtivo, os primeiros irmãos consagraram um precioso tempo para aprimorar a vida de oração e contemplação, as exigências da vida fraterna e o amor partilhado na evangelização. Para Francisco a fraternidade é dinâmica e itinerante. Por isso está permanentemente em construção no contexto social e eclesial na qual está inserida. A primitiva fraternidade, além de projetar a vida e a missão, também se reunia para avaliar, rever, corrigir e propor novos desafios. “Quando voltavam a se ver, enchiam-se de tão grande prazer e de alegria espiritual que não se recordavam de nada da adversidade e, mormente, da pobreza que padeciam” (AP 25). O mesmo “Anônimo Perusino”, afirma que, por ocasião de Pentecostes, “reuniam-se todos os irmãos para o Capítulo junto à igreja de Santa Maria da Porciúncula. Nesse Capítulo tratavam da maneira como melhor poderiam observar a regra... São Francisco fazia admoestações, repreensões e

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prescrições aos irmãos, conforme lhe parecia melhor, tendo antes consultado o Senhor” (AP 37). Também os desafios pontuais e pessoais são remetidos à fraternidade. Francisco é muito lúcido quando fala dessa questão na famosa “Carta Magna” sobre a misericórdia, dirigida a um Ministro: “De todos os capítulos da Regra que falam sobre pecados mortais, no Capítulo de Pentecostes, com a ajuda de Deus e com o conselho dos irmãos, faremos um capítulo assim:...” (Mn 13). As palavras “com a ajuda de Deus e com o conselho dos irmãos” são muito sugestivas no contexto da Carta a um Ministro. Diante das reais dificuldades que se apresentam no cotidiano da vida fraterna, o religioso não pode autorizar-se a abraçar projetos individuais, nem mesmo sob o pretexto da vida contemplativa. Francisco combate a tentação da fuga dos compromissos assumidos pela fraternidade (projeto fraterno de vida e missão). Para Francisco, mesmo com desafios e provocações naturais de um grupo humano, o que plenifica o irmão é a vida construída em fraternidade e como fraternidade em missão, “com a ajudada de Deus e com o conselho dos irmãos”.

4. Diálogo urgente e necessário para recompor o Projeto Fraterno de Vida e Missão

A nossa Província, em 2009, procurou colocar em prática a 7ª decisão do Capítulo Geral de 2009: “Que os Ministros com o Definitório acompanhem cada fraternidade na elaboração do Projeto de Vida Fraterna à luz das linhas emanadas do Capítulo”. Esta tarefa foi abraçada pela Formação Permanente no Capítulo Provincial de 2009 e colocada em prática a partir da recomposição das fraternidades no início de 2010. Não negamos que, inicialmente, ocorreram resistências ou a não-compreensão por parte de alguns irmãos e fraternidades acerca do “Projeto de Vida Fraterna”. Algumas poucas afirmações pontuais, muito semelhantes a esta, diziam: “Essa questão do projeto de vida fraterna não tem muito a ver com a nossa forma de vida”. Por isso algumas poucas fraternidades não conseguiram dialogar de forma fraterna para construir seu Projeto de Vida Fraterna. Mas o que importa é que depois do empenho da maioria dos irmãos, das cobranças e revisões periódicas, os resultados


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obtidos em muitas fraternidades foram gratificantes. Por isso a Formação Permanente, após os Capítulos de 2016 e 2018, além de aprimorar metodologicamente o subsídio do “projeto de vida fraterna”, também acolheu a compreensão mais abrangente que a Fraternidade Provincial foi adquirindo nesse processo. Por isso passou a ser chamado de “PROJETO FRATERNO DE VIDA E MISSÃO”. Recentemente o Conselho Plenário da Ordem dos Frades Menores, realizado em Nairóbi, de 12 a 28 de junho de 2018, afirmou: “Reforça-se a importância da elaboração do Projeto Fraterno de Vida e Missão, de modo que todos os frades sejam envolvidos nas diversas atividades, num processo que leve em conta as várias dimensões da fraternidade, favorecendo as capacidades e os recursos de cada um e da comunidade como um todo. No projeto é preciso considerar com atenção a perspectiva da missão própria no contexto em que cada comunidade vive, de modo que os frades coloquem a vida fraterna como centro propulsor da atividade pastoral” (CPO/2018 nº 148).

Conclusão

Se Francisco de Assis sentiu a necessidade da permanente releitura e confronto pessoal com os valores do projeto originário (“a divina inspiração”), creio que o seu Testamento é o retrato fiel de uma fraternidade que, em torno de Francisco, não elabora “outra Regra” (Test 34), mas recorda os elementos essenciais que devem animar a vida fraterna e sua respectiva missão evangelizadora. Francisco, ao vislumbrar a proximidade da “Irmã Morte”, recorda, revê e encoraja esta fraternidade constituída por irmãos a não perderem de vista aquilo que prometeram

ao Senhor observar, e sem glosas (cf. Test 39). Nesse sentido, a elaboração de um “projeto pessoal e fraterno” tem muito a ver com a nossa formação permanente que “é uma caminhada de toda a vida, tanto pessoal como comunitária” (CCGG Art 135). Se cada irmão é o primeiro responsável pela sua permanente formação, também compete à Fraternidade e aos Ministros e Custódios zelarem pelo crescimento integral do Frade Menor (cf. CCGG Art. 136 e 137). O desafio final é este: como eu, em consonância com o Plano de Evangelização (Projeto Provincial) e o Projeto Fraterno de Vida e Missão da minha Fraternidade, devo construir o meu projeto pessoal? Certamente algumas questões são imprescindíveis, como orga-

nizar e planejar meu tempo para: o cuidado pela vida espiritual e a fidelidade no seguimento de Jesus Cristo, o preenchimento de eventuais lacunas formativas, a minha atualização para exercer a missão com qualidade, os ajustes de que necessito para harmonizar em mim a formação humana e afetiva. No final do seu Testamento, ele considera o coletivo da comunidade e cada irmã em particular, afirmando: “O Senhor que deu o bom começo, dê o crescimento e também a perseverança até o fim” (TestC 78). Construir, dialogar e elaborar um projeto pessoal e fraterno de vida e missão é empenho vital para não perdermos de vista o ponto de partida da nossa vocação e missão.

Frei Fidêncio Vanboemmel julho de 2019 – comunicações

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Formação e Estudos

série FREI JOSÉ MORAIS CAMBOLO

“Como o santo de Assis, posso afirmar: É isso que eu quero!”

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rei José Morais Cambolo nasceu em Luanda, Angola, em 26 de janeiro de 1989. É filho de José Mateus Cambolo e Josefa Antônio Morais, e tem seis irmãos: três meninos e de três meninas. Ele é o quinto. Com a conclusão do curso de Teologia, Frei José será ordenado diácono no dia 30 de junho, às 10 horas, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ), onde reside atualmente, pelas mãos de Dom Leonardo Urich Steiner. Frei José escolheu como lema de sua ordenação diaconal um versículo tirado do Evangelho de São João: “Deivos um exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós” (João 13,15). Acompanhe a entrevista concedida a Frei Augusto Luiz Gabriel! Comunicações - Frei José, por favor, fale sobre a caminhada vocacional. Frei José Morais Cambolo - O início da caminhada vocacional foi normal, sem fatos extraordinários. “Mas há algo que considero fundamental: a nossa casa era vizinha do Seminário dos Missionários Josefinos. Esses religiosos marcaram muito minha vida. Foram eles que me incentivaram a participar da vida da Igreja, da catequese, do grupo de coroinhas e, posteriormente, do grupo vocacional paroquial da Paróquia São José Operário, que era administrada pelos mesmos. Frequentava ordinariamente essa comunidade religiosa, que até então me questionava. E questionado sobre o porquê de ingressar na Ordem dos Frades Menores e não nos Missionários Jo-

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car à disposição para servir à Igreja como diácono. Penso que, ao dar esse passo, reafirma-se sacramentalmente a vocação franciscana, a vivência do Evangelho com tudo o que ele implica. Considero o Frade Menor como o homem do lava-pés por essência, que se esvaziando a si mesmo, se abaixa, assume a realidade de seus irmãos e irmãs, sobretudo os mais pobres e os serve. Portanto, embora o ministério ordenado não esteja relacionado à essência da vida franciscana, vejo que seguir a Cristo, que se fez servo de seus irmãos e irmãs, ao assumir o ministério diaconal, me faço servo como o Cristo, servindo o Povo de Deus.

sefinos. Por intermédio das Irmãs Catequistas Franciscanas, conheci um pouco da vida de São Francisco de Assis. Fiquei encantado pela determinação do santo ainda na sua juventude. Fui acolhido por Frei José Antônio dos Santos e Frei Alexandre Magno Cordeiro, comecei a frequentar os encontros vocacionais e, assim, dei os primeiros passos na vida franciscana. Sem medo de errar, afirmo que foi Deus quem me conduziu à família franciscana. Comunicações - Como você vê esse novo passo na sua vida religiosa? Frei José - Estou vivendo mais um momento importante de minha caminhada vocacional pelo fato de me colo-

Comunicações - Você é uma das primeiras vocações da Missão de Angola. Como vê o futuro da Fundação? Frei José - A FIMDA está passando por momentos importantes, digo até momentos de graça, um sonho desde o início da missão, que é a implatação da Ordem dos Frades Menores em Angola. O futuro da FIMDA está aí: dos frades ao povo em geral que têm assumido o nosso carisma. Graças à entrega e dedicação da Fraternidade Provincial é que o futuro está, aos poucos, se concretizando. Por isso, considero como momento de graça, não somente pelo número de candidatos, mas pelos frutos que confirmam que o carisma franciscano, apesar das limitações humanas, está ‘“entrando capilarmente” no solo angolano. Nas Frentes de Evangelização - Paróquias e Centros de Acolhimento, educação, formação,


Formação e Estudos

comunicação, solidariedade e missão -, nota-se o vigor da vivência do Evangelho como quis nosso Pai São Francisco. Comunicações - Quais as perspectivas e os desafios para o trabalho evangelizador em Angola? Frei José - Quando falamos em evangelização, há sempre algo que nos desafia. O campo de evangelização é imenso e requer sólidas perspectivas. A Igreja de Angola apresenta um terreno fértil onde as sementes do Evangelho necessitam ser lançadas: levar as pessoas a fazer a experiência com Cristo, formação das comunidades eclesiais, formação das lideranças e do povo em geral, inculturação da mensagem evangélica, em que fé e cultura possam dialogar abertamente, e a atuação nos diversos âmbitos da sociedade. Mas sabemos que “a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Lc 10,2). Como frade, a perspectiva fundamental é a de evangelizar em fraternidade. E o desafio é o de ser presença constante nas imensas regiões onde atuamos. Mais do que fazer trabalhos, o ser presença afetiva e efetiva, participando das alegrias e tristezas do povo angolano

consiste num desafio para o frade menor em Angola.

é o nosso mais velho, que nos orienta, nutre na fé por suas palavras e gestos.

Comunicações - Como você vê o Pontificado do Papa Francisco? Frei José - O Papa Francisco tem surpreendido a todos, sobretudo nós, franciscanos. Seu Pontificado tem mostrado atitudes quenóticas, atitudes de Jesus, tão amadas e vividas por nosso pai São Francisco. Na verdade, ele é mesmo o Francisco! Quando vejo os gestos e pronunciamentos do Francisco de Roma, percebo uma volta às fontes da vida cristã e do carisma franciscano, como o olhar preferencial aos mais empobrecidos, o resgate da fraternidade universal e a promoção da unidade e da paz. Como frade menor e filho da África, concretamente das terras de N´Gola Kilwanji Kya Samba (Angola), me vejo incluso neste Pontificado do Papa Francisco. Ele resgata muitos elementos eclesiológicos do Vaticano II e elementos essenciais da vida franciscana. Sempre que ouço o Papa Francisco vem à tona o adágio angolano na língua Kimbundu: “Mu kanu dya mwadyakime mubhola maju: Ki mubholo maka” (Na boca do mais velho há dentes podres: Mas nunca palavras, ou questões, podres). Ele

Comunicações - Vale a pena ser religioso franciscano? Deixe uma mensagem para os jovens que querem conhecer o carisma franciscano. Frei José - Penso que ser franciscano não foi somente minha escolha. Poderia talvez ser missionário josefino, mas foi Deus quem me conduziu à Ordem dos Frades Menores e, com toda a liberdade, experimentei, amei, e assumo conscientemente o carisma franciscano. Considero ser franciscano a página mais bela de minha vida! Como o Cristo, o franciscano é aquele que vive autenticamente a sua vida de fé. Como discípulo de Cristo, serve os irmãos e irmãs, lava os pés dos outros, se faz irmão e menor de todos! Aos jovens que pretendem conhecer o carisma franciscano, digo não tenham medo, venham e façam a experiência do seguimento de Cristo conosco. A partir do “vinde e vede”, da vida em fraternidade, nas pequenas coisas, muitas vezes insignificantes aos olhos dos demais, como o santo de Assis, posso afirmar: “É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo de todo o coração!”


Formação e Estudos

Frades do tempo da Teologia recebem o ministério do Leitorado

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nze frades que estão no tempo da Teologia receberam o ministério do Leitorado durante Celebração Eucarística, no dia 14 de junho, às 18 horas, presidida pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ). A liturgia foi concelebrada pelo pároco Frei Jorge Paulo Schiavini e pelo mestre Frei Marcos Antônio de Andrade. Após a proclamação do Evangelho do dia, Frei Marcos de Andrade convidou a se aproximarem do presbitério os frades que seriam instituídos leitores, cuja função será a de proclamar a Palavra de Deus. São eles: Frei Alfredo Epalanga Prego, Frei André Luis do Nascimento de Souza, Frei Canga Manoel Mazoa, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Hugo Câmara dos Santos, Frei Jorge Henrique Lisot Camargo, Frei Marcos Schwengber,

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Frei Mário Sampaio Pelu, Frei Pedro Renato Pereira da Silva, Frei Raoul Antônio Azevedo Bentes e Frei Santana Sebastião Cafunda. Na homilia, Frei César recordou que a Igreja está celebrando os 60 anos do Concílio Vaticano II, e, segundo ele, o Documento Lumen Gentium é um dos grandes textos do Concílio e trata sobre a evangelização na Igreja. “Hoje, estamos celebrando um tipo de ministério. Existem muitos outros, de tal forma que a Igreja foi se constituindo na tarefa de evangelização e do anúncio da Palavra de Deus como uma Igreja ministerial, ou seja, uma Igreja que serve”, recordou.

“Nosso tesouro é a graça de Deus colocada em vasos de barro”

“Todos nós temos qualidades e capacidades dadas por Deus. É como um tesouro que nos é confia-

do, como bem nos ensinou Cristo em seu Evangelho. Cabe a cada um multiplicar e fazê-los crescer”, disse Frei César, para quem o mandato de Deus de ir por todo o mundo e anunciar a Palavra a toda criatura é universal e é para todos os batizados. Segundo ele, é por isso que a Igreja reconheceu sua missão ministerial. “Hoje, estamos pedindo a Deus a instituição destes nossos irmãos como Leitores, como proclamadores de sua Palavra. Este ministério é uma participação imediata na evangelização, mas também tem em vista outros ministérios ordenados. Este quer ser, acima de tudo, um anúncio da Palavra”, afirmou o presidente da celebração. Frei César chamou a atenção para o fato de que São Francisco pede aos frades para que não sejam apenas proclamadores da Palavra, mas que, pri-


Formação e Estudos

meiramente, deixem-se tocar e transformar por ela. “Não se trata, portanto, apenas de dizer palavras, mas deixar que elas, com sua força e presença restauradora, façam de nós um canal e uma terra fértil. Este é um anseio e um compromisso que assumimos com a nossa própria vocação franciscana. Por isso, São Francisco tinha toda a atenção para com a Palavra, para que ela nunca passasse em vão em sua vida, mas ocupasse um lugar primordial. Ela é a base e o núcleo central da evangelização. E é ela que produz todos os

frutos. Nós somos meros instrumentos dessa Palavra”, encerrou o Ministro Provincial. Os onze frades candidatos ao serviço de Leitor se coloram no presbitério e Frei César rogou a Deus Pai que derramasse a graça da sua bênção sobre estes seus servos, escolhidos para o ministério dos Leitores. “Que eles, desempenhando com zelo o ministério que lhes é confiado, e anunciando a Cristo, glorifiquem o Pai que está nos céus. Concedei que meditando assidua-

mente a vossa Palavra, sejam nela instruídos e fielmente a anunciem aos seus irmãos”, pediu. Cada frade recebeu das mãos do Ministro Provincial a Palavra de Deus com a recomendação de anunciá-la fielmente, para que ela seja cada vez mais viva no coração das pessoas. O rito terminou com o abraço do Ministro Provincial e dos frades concelebrantes. Na sequência, teve início a liturgia eucarística. No final, Frei Jorge agradeceu a presença de Frei César e anunciou que, no dia 30 de junho, o Ministro Provincial estaria de volta para a ordenação diaconal de Frei José Morais Cambolo, às 10 horas. Frei César também agradeceu e disse que é motivo de muita alegria retornar à Fraternidade onde residiu por mais tempo como frade. A invocação da bênção, por intercessão de São Francisco de Assis, encerrou a celebração.

Frei Augusto Luiz Gabriel

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Formação e Estudos

ITF: A espiritualidade e o diálogo

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cada dia que passa mais nos damos conta de que somos dominados pela voracidade do tempo, pelo estressante acúmulo de afazeres, aliado à pressão por “vencer na vida”. Por outro lado, quase como uma reação a esse estado de coisas, fica também mais evidente a necessidade de se buscar um sentido para a existência, de se cultivar a vida do espírito, a vida interior. Nesse sentido, os filhos e filhas de Francisco de Assis são herdeiros

de uma imensa riqueza, que deve ser partilhada com todos aqueles que se colocam num processo de busca de uma vivência mais humana e humanizadora, pautada pelos princípios evangélicos. No sábado, dia 1º de junho, foi oferecida uma pequena experiência nesse sentido. Cerca de 50 pessoas participaram da primeira parte do Curso de Espiritualidade Franciscana, organizado por Frei Fábio César Gomes, no Instituto Teológico Franciscano. O tema deste primeiro módulo foi “A Espiritualidade e o Diálogo em

comemoração aos 800 anos do Encontro de São Francisco com o Sultão. O curso durou o dia inteiro. Frei Sandro Roberto da Costa colaborou na parte da manhã, expondo os aspectos históricos e o contexto do Encontro com o Sultão. Frei Fábio, a partir de uma análise das Fontes Franciscanas, tratou da parte relacionada aos fundamentos evangélicos que estiveram à base deste gesto profético e ousado de Francisco, e do impacto que teve em sua vida e na vida da Ordem. Os participantes vieram de Petrópolis e do Rio de Janeiro, mas também de várias cidades das redondezas: Duque de Caxias, Imbariê, São Gonçalo. Além dos irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular e de algumas religiosas, havia um bom grupo de pessoas simplesmente interessadas em conhecer melhor a espiritualidade franciscana. O segundo módulo do Encontro acontecerá no dia 14 de setembro. O tema será a Espiritualidade Ecológica de Francisco e Clara de Assis. Ver mais em: https://itf.edu.br

Frei Sandro Roberto da Costa

A Igreja Medieval entre Santos, Mouros e Hereges O Instituto Teológico Franciscano abre inscrições para o curso de extensão “A Igreja Medieval entre Santos, Mouros e Hereges”, que será realizado as quartas-feiras de agosto a novembro, com inicio no dia 14 de agosto, de 19h30m às 21h30m. Ao todo serão 12 encontros. Destinado a pessoas interessadas em conhecer e/ou aprofundar seus conhecimentos sobre a História da Igreja, o curso terá um custo de R$50,00 mensais, e será ministrado por Frei Sandro Roberto da Costa, OFM. As inscrições vão até o dia 07 de agosto.

TEMAS: Introdução; definição de “Idade Média”; a “Renovatio Imperii”; A Igreja na Idade Média Central: crise, retomada, reformas; o Islã; o Império Bizantino; Cluny, Cister, Cartuxos, Premonstratenses; o Cisma do Oriente; A Reforma de Gregório VII; As Cruzadas; Movimentos de contestação: pregadores itinerantes, eremitas, hereges; Inocêncio III; IV Concílio do Latrão; Inquisição; Avanços medievais: as Universidades, o gótico, a escolástica. Ver mais em: https://itf.edu.br/estude/ingressar/126786714/extensao. htm


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Guaratinguetá

Encontro Vocacional reúne 26 jovens

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o final de semana, de 14 a 16 de junho, 26 jovens candidatos à vida religiosa franciscana se reuniram em Guaratinguetá para o Encontro Vocacional da Região de São Paulo. Eles foram acolhidos na noite da sexta-feira, 14, no Seminário Frei Galvão e foram inseridos na dinâmica da casa, participando da rotina de oração do Postulantado. Ainda na sexta-feira, receberam uma breve formação sobre o itinerário formativo, do qual a casa que os acolheu faz parte. Na manhã do sábado, os vocacionados aprofundaram a temática da vocação de São Francisco. Conheceram mais sobre o processo de conversão que levou o nosso Pai Seráfico a abraçar o caminho da penitência. Este diálogo contou com a participação de Frei Vitor Amâncio, Frei Marx Rodrigues dos Reis e Frei Leandro Costa, que colaboraram ao relatar um pouco sobre suas experiências, levando os vocacionados a aprofundarem a dimensão pessoal da vocação franciscana. No período da tarde, os vocacionados, juntos com Frei Diego Atalino de Melo, visitaram a Casa de Apoio Sol Nascente, projeto ligado à Fazenda da Esperança, que acolhe soropositivos para tratamento intensivo,

como experiência de encontro com o irmão sofredor, elemento fundamental em nossa espiritualidade. Esta dinâmica do encontro despontou novamente quando, durante a noite, os postulantes conduziram uma mística com a temática do encontro de São Francisco com o crucifixo de São Damião. Frei Leandro expôs o Santíssimo Sacramento e rezou pelas vocações de cada um que ali estava. Uma presença marcante no encontro foi a de Frei Ricardo Backes, animador vocacional em Bauru, que acompanhou o encontro junto conosco. No domingo de manhã, houve uma partilha sobre a nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, apresentando as suas Frentes de Evangelização em sua complexa realidade. Momento propício para os vocacionados conhece-

rem a nossa missão evangelizadora que, como futuros frades, irão assumir com afinco. Na mesma manhã, os vocacionados participaram da Celebração Eucarística da Solenidade da Santíssima Trindade junto ao povo que frequenta as missas do Seminário Frei Galvão. O Encontro Vocacional Regional é promovido pelo Serviço de Animação Vocacional da Província e visa reforçar os laços com os vocacionados que são acompanhados por nossas Fraternidades.

Frei Vítor da Silva Amâncio

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Missões Franciscanas da Juventude chegam ao Rio de Janeiro

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m desejo gestado no coração de muitos frades e muitos jovens está para se realizar. Entre os dias 17 e 21 de julho, o Rio de Janeiro acolherá a 6ª edição das Missões Franciscanas da Juventude. Com o tema “Profetas do diálogo e do respeito: ternura que acolhe a paz, com o vigor que supera a violência”, os jovens missionários farão uma bonita experiência, diferente de tudo o que já foi vivido nas edições anteriores. Para o coordenador do Serviço de Animação Vocacional (SAV), Frei Diego Melo, há muito tempo havia o desejo de trazer as Missões para o Rio de Janeiro. “Desde longa data queríamos fazer uma Missão no Rio. Primeiro porque temos uma forte presença franciscana lá e há um campo de trabalho muito grande. Em segundo lugar, porque sentimos que muitos jovens fluminenses têm dificuldade de participar dos eventos provinciais, sobretudo quando eles acontecem no Sul”, afirmou o frade. Para ele, a questão econômica e social é a causa desta ausência. Apesar de a distância ser a mesma, a realidade social do Rio de Janeiro acaba tornando-se um impe-

ditivo para estes jovens estarem nas atividades provinciais. Esta é a segunda vez que as Missões Franciscanas da Juventude serão realizadas no Sudeste. No ano passado, as cidades de Agudos e Bauru receberam o evento, que acolheu 600 jovens. Esta é também a segunda vez que a atividade é realizada numa capital. Em 2017, Curitiba foi a sede do evento. O ponto de partida da experiência em 2019 será a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro e o quarto centenário do Convento Santo Antônio, localizado no Largo da Carioca. No encerramento, os missionários celebrarão a Missa na Praia de São Conrado, na Zona Sul, de onde sairão em caminhada para a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha. Um grande diferencial das Missões Franciscanas deste ano é o envolvimento de todas as Paróquias e Fraternidades do Estado. Para Frei Diego, vivenciar as diferentes realidades sociais e eclesiais de cada cidade tornará a experiência ainda mais frutuosa. “Temos paróquias localizadas no centro da cidade, em bairros nobres, na Baixada Fluminense e na Rocinha, que são realidades de peri-

Entenda a logomarca desta edição No início de maio, a equipe de preparação das Missões divulgou o logotipo do evento, criado por Frei Gabriel Dellandrea e Frei Roger Strapazzon, da Fraternidade Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ). O desenho reúne símbolos franciscanos e símbolos da cidade do Rio de Janeiro, dando um colorido especial a esta edição das Missões. “Nasceram alguns traços principais, como as metades do Cristo Redentor e da Cruz de São Damião, juntamente com os escritos ‘Paz e bem’, ao modo do Profeta Gentileza. Frei Roger acreditou na ideia e me ajudou a passar isso para o computador. Ele forneceu valorosas ideias, pois é craque na elaboração artística. Creio que foi uma oportunidade de participar de um modo diferente das Missões e também demonstrar um pouco da minha alegria com todo este movimento”, afirmou Frei Gabriel.

feria, de violência e conflito. Isto irá proporcionar aos jovens vivências de realidades muito distintas numa única missão”, assegura Frei Diego.

Uma experiência construída a muitas mãos

Esta é a primeira atividade provincial realizada após a criação do Conselho Provincial de Juventude, em fevereiro deste ano. Uma das missões do grupo é ajudar a pensar o processo formativo da juventude e definir critérios e objetivos das atividades. Para esta edição das Missões, foi colocado como critério de participação ter mais de 14 anos. Para Frei Diego, a presença do Conselho é importante para ajudar a otimizar a participação dos jovens. “Eles têm nos ajudado a refletir, amadurecer e a fazer um evento que seja fruto de uma experiência de todos”, ponderou. Além da equipe do SAV, composta por dois frades e um leigo, um grupo de jovens do Rio de Janeiro formam a equipe de preparação das Missões. De São Paulo, Frei Vitor Amâncio, que está no SAV durante seu ano missionário, tem auxiliado nos preparativos do evento. Para ele, a experiência

No fundo da imagem, encontra-se a união entre o Cristo Redentor, símbolo do Rio de Janeiro, e a silhueta da Cruz de São Damião, símbolo franciscano. Os dois estão “em um só coração”, que já indica um novo elemento: os dizeres “Paz e Bem”, inspirados na arte do Profeta Gentileza, que deixou sua marca de paz e otimismo pelas ruas da Cidade Maravilhosa. Numa comunidade, uma criança corre livre empinando a sua pipa, pois esta brincadeira revela o modo de ser infantil, em sintonia com o coração do missionário: ambos estão na terra, mas sonham alto, sentem-se numa liberdade profunda de quem vê a vida com leveza e alegria, características puramente franciscanas. A pipa também nos revela a dimensão da oração, nossos olhos se voltam para o céu, mas é na terra que estamos julho de 2019 – comunicações 449 pisando.


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tem sido desafiadora, mas ao mesmo tempo, um tempo de graça e vivência fraterna. “É um desafio por conta da dimensão que as Missões estão tomando e também por ser a primeira vez que a atividade abrange todas as nossas presenças franciscanas no Estado em que as Missões acontecem. Outro desafio é a realidade social na qual o Rio se encontra, as fragilidades e lugares de fratura social onde iremos atuar junto a juventude, afirmou o frade. Para ele, é uma graça presenciar a empolgação da juventude do Rio de Janeiro com a preparação do evento. É um período de muito trabalho, mas também tempo onde a graça de Deus se manifesta. “Vimos muitas portas sendo abertas, muitos momentos em que testemunhamos a ação de Deus nos guiando neste caminho”, relatou Frei Vitor. Para Frei Diego, são muitos desafios que envolvem a organização de um evento deste porte. Além da questão logística e burocrática, os organizadores percebem uma grande resistência por parte dos missionários e suas famílias, devido ao local onde as Missões acontecerão. “Vivemos um momento em que o Rio de Janeiro está nos grandes noticiários como

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O Tau das Missões já está no Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro

sinônimo de violência, tráfico, local de abandono público e insegurança, além da intervenção militar federal. É desafiador convencer os jovens, seus pais e responsáveis, de que, não obstante esta realidade, existe um povo que trabalha, estuda, caminha, reza, reúne-se e que a vida continua acontecendo. O grande desafio - e essa é uma das justificativas de termos um número relativamente baixo de adesão dos jovens - é que muitos querem participar, mas, em função deste imaginário coletivo que se criou acerca do Rio de Janeiro, de uma realidade extremamente violenta, é que muitos

pais não autorizaram e não permitiram que os jovens fossem para o Rio. Uma Igreja jovem e em saída Durante os dias de encontro, os jovens são convidados a uma experiência de encontro pessoal com o outro e com Deus, formação, oração, contato com a espiritualidade franciscana e anúncio do Evangelho. Com os pés na realidade, os missionários são chamados a dar testemunho da experiência com o Cristo Ressuscitado. Neste ano, em que celebramos os 800 anos do encontro de São Francisco com o Sultão em Damietta, no Egito, os jovens franciscanos são convocados a serem profetas do diálogo e do respeito em uma realidade desafiadora, como é a realidade fluminense. Ser profeta é anunciar uma realidade nova, plena de esperança, a partir da Luz da Palavra de Deus. É esta a convocação aos participantes desta edição das Missões Franciscanas: ser uma Igreja jovem e em saída, ir ao encontro dos afastados e mesmo dos que não comungam de nossa religião. Assim como Francisco fez no Egito, os missionários são chamados a ir ao encontro do próximo, desarmados de preconceitos, para levarem uma mensagem de paz e esperança a todos, sem distinção.


Fraternidades

Encontro do Regional do Vale do Itajaí “Seguidores de São Francisco, os irmãos são obrigados a levar uma vida radicalmente evangélica, isto é: viver em espírito de oração e devoção e em comunhão fraterna; dar um testemunho de penitência e minoridade; anunciar o Evangelho ao mundo inteiro em espírito de caridade para com os homens; pregar por obras a reconciliação, a paz e a justiça; e mostrar o respeito pela criação”.

(CCGG 1,2)

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esta segunda-feira ensolarada (17/6), o Regional Vale do Itajaí se reuniu na Fraternidade Santa Inês, em Balneário Camboriú. Um café da manhã iniciou a convivência que seguiu com a reunião de estudo e partilha. O texto do Documento do Conselho Plenário da Ordem OFM, em Nairóbi, Quênia 2018, iluminou a discussão sobre Fraternidades contemplativas em missão. A partilha foi bem proveitosa, focando nas distinções necessárias para se valorizar a individualidade de cada um sem cairmos num individualismo. Também como valorizar os trabalhos pastorais concretamente nas realidades em que estamos, sem cedermos ao clericalismo. A busca é contínua, afinal, somos membros de uma Igre-

ja que caminha. Nesse espírito fraterno, a partilha das casas ilustrou a busca tão presente de cada um em cada realidade, no trabalho, na fraternidade e na oração, e a motivação dos serviços de SAV e JPIC também, a fim de serem assumidos por todos os frades como inerentes à nossa vocação. Optamos por aproveitar a data do próximo encontro, de 16 de setembro, em Gaspar, para Vila Itoupava, a fim de continuarmos o encontro com mais alguns dias em retiro. Nosso encontro recreativo, assim, ocorrerá em Gaspar, no dia 02 de dezembro. Após mais alguns assuntos práticos e de organização, seguimos para o aperitivo e encerramos com o almoço!

Frei Clauzemir Makximovitz julho de 2019 – comunicações

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fraternidades

Regional Baixada e Serra Fluminense reúne-se na Fraternidade Mãe Terra

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Fraternidade Franciscana Nossa Senhora Mãe Terra de Duque de Caxias, em Imbariê (RJ), foi a anfitriã do segundo encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense no primeiro dia do mês de junho. Aproximadamente 40 frades, vindos das Fraternidades de Petrópolis e de Campos Elíseos. reuniram-se no Centro Paroquial Mãe Terra de Duque de Caxias. O Definidor Provincial, Frei João Francisco da Silva, também participou do evento. Em clima de alegria, os frades foram acolhidos pelo guardião da Fraternidade, Frei Jorge Luiz Maoski. O pároco da Paróquia Santa Clara, Frei João Fernandes Reinert, apresentou aos frades o Centro Paroquial que integra atividades, formações e encontros das doze comunidades da Paróquia. Segundo ele, o terreno foi comprado há três anos e, desde então, a comunidade paroquial vem trabalhando na obra que está em fase final.

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Após a oração inicial e a leitura da ata da reunião anterior, o coordenador do Regional, Frei Ivo Müller, apresentou o tema: “Fraternidade contemplativa em missão”, indicação do Moderador da Formação Permanente, Frei Fidêncio Vamboemmel, que serviu como tripé das reflexões e partilhas da manhã. O texto foi tirado do Documento do Conselho Plenário da Ordem, realizado em Nairóbi, no Quênia, em 2018. Após a leitura coletiva, houve a partilha de pensamentos e frases que mais tocaram os participantes. Em seguida, os presentes compartilharam, a partir do viés da fraternidade contemplativa, como veem a missão evangelizadora. Frei Ronaldo Fiuza destacou os riscos do individualismo e do clericalismo, fazendo referência ao retiro do último Capítulo Provincial, que também abordou o tema. Frei Tiago Gomes Elias refletiu sobre o espírito competitivo ou de disputa que afeta as fraternidades. Já Frei

Mário Sampaio Pelu disse que sempre ouviu que é a fraternidade que evangeliza, mas observa que, muitas vezes, é de notável percepção que os trabalhos não são realizados no coletivo. Para Frei Ivo, a fraternidade em missão se torna visível a partir do próprio carisma franciscano. Frei José Ariovaldo disse que sempre ouve as pessoas chamarem os freis no plural e nunca no singular e, para ele, é nisso que consiste e está a fraternidade contemplativa em missão. Frei James Girardi afirmou que fraternidade é apostar no irmão, “é chorar e se alegrar juntos”. “Trabalhar por uma causa e um projeto comum dentro das diferentes funções” é o modo como Frei Josemberg Cardozo Aranha vê a expressão da vida religiosa franciscana. Frei Ivo ressaltou que uma evangelização de melhor qualidade necessita de uma boa oração e contemplação. “No projeto comum, deveríamos distribuir melhor as funções e incluir todos. Poderíamos partilhar mais as


Fraternidades

atividades e contar com a colaboração de leigos qualificados”, disse, finalizando o momento reflexivo. Depois da pausa, cada fraternidade falou sobre o andamento da composição do novo Projeto Fraterno de Vida e Missão. Sobre a reunião dos guardiães, ocorrida em maio, em Agudos (SP), cada fraternidade já tomou conhecimento a partir de seus representantes. Depois, tratouse da logística, datas e pregadores, para um futuro retiro anual do Regional, que será aberto para outras fraternidades. Na sequência, Fraternidades e Serviços partilharam um pouco do trabalho evangelizador e da vida nesta região da Província. Destacou-se o futuro Encontro da Frente de Evan-

gelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, a se realizar no segundo semestre. Também falou-se sobre a sexta edição das Missões Franciscanas da Juventude, que abrangerá todas as fraternidades franciscanas do Estado do Rio de Janeiro. Frei Ivo, o reitor do ITF, anunciou sobre o Simpósio do Sínodo da Amazônia, que irá acontecer de 11 a 14 de novembro deste ano. Mais informações serão divulgadas futuramente nestas Comunicações da Província.

No final, o Definidor Frei João falou do andamento da Província a partir das proposições do Capítulo Provincial, destacando os passos que estão sendo dados. Muitas são as alegrias e conquistas, mas também a realidade atual está cada vez mais exigente e desafiadora. Depois dos avisos e do anúncio do próximo encontro, que será na Fraternidade São Francisco de Assis – Instituto Teológico Franciscano – de Petrópolis, em agosto (12/08), a manhã de estudos e partilhas de vida encerrou-se com um saboroso almoço oferecido pela Fraternidade local.

Frei Augusto Luiz Gabriel

Encontro do Regional do Contestado

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os dias 27 e 28 de maio, aconteceu em Piratuba o segundo encontro regional do Contestado. Mais uma vez, na alegria do encontro, os frades partilharam a vida fraterna, num encontro movido pela satisfação de estarem juntos e agradeceram a Deus pela oportunidade de refletir os passos dados na evangelização. Foi estudado o “tema comum” enviado ao Regional pela Formação Permanente: “Fraternidade Contemplativa em Missão”; o tema proporcionou um momento frutuoso de debate, tendo como pista principal o aspecto contemplativo e as forças para o trabalho. Não há como ser um homem de Deus se não houver dedicação à oração e contemplação. O inverso disso é o sonoro barulho de “lata vazia” sem conteúdo. Além de se deixar questionar pelo tema de

estudo, os frades partilharam o andamento dos trabalhos de elaboração do Projeto Fraterno de Vida e Missão e relataram os sentimentos da vida de pertença de cada fraternidade. Os dias de encontro serviram mais uma

vez para abastecer o senso de pertença e fazer cada frade voltar para suas respectivas residências com mais alegria e entusiasmo.

F rei Evaldo Ludwig julho de 2019 – comunicações

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100 ANOS

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Fraternidades

série FREI OLAVO SEIFERT

“Não sinto a idade. Não sei como cheguei a tanto!”

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Introdução

o último dia 21 de junho, Moacir Beggo veio de São Paulo para tentar uma entrevista com Frei Olavo em vista do seu centenário, como matéria especial para estas Comunicações. Ele havia se preparado antes, levantando os dados biográficos no arquivo provincial. Numa tentativa de convencimento, dias antes conversei com Frei Olavo, pois ele resistia à ideia de publicidade pessoal. Consegui convencê-lo apelando ao valor do seu testemunho para as gerações mais novas dos frades. No dia seguinte (22), fizemos a entrevista, nós três, na salinha de atendimento, na entrada da casa. Moacir havia sugerido oito tópicos para conduzir a entrevista, a saber: os estudos; a vida sacerdotal; o trabalho na sede provincial; a vida em fraternidade; valeu a pena ser frade?; a Igreja do Concílio ao Papa Francisco; São Francisco na sua vida; mensagem para um jovem. Na medida em que cada tópico era apresentado a Frei Olavo, ele respondia com uma ou duas frases

curtas. Tentei provocar, numa conversa bem informal e fraterna, que ele falasse um pouco mais. Que nada! Moacir gravou a conversa e, depois em SP, transcreveu a matéria. Precisaríamos alinhavar, e muito, as poucas e comedidas palavras da entrevista, com a nossa visão dele, a nossa ‘lente’. Ou seja, tentar dizer o que ele não disse, correndo o risco de reduzi-lo à nossa medida. Quando levei Moacir de volta à rodoviária de Bragança, fomos comentando nossa tentativa. Cheguei à conclusão de que a pessoa humana - e, sobretudo, Frei Olavo – excede a nossa visão sobre ela. Ele é muito mais do que consegue falar de si mesmo. Por trás da sua longevidade, está escondida toda uma vida, com sua história de luta e fidelidade. Só Deus conhece os meandros e o significado de cada um dos seus passos. Por isso, sua recompensa será ainda maior, “porque o Pai vê o que está oculto” (Mt 6,1).

Frei Régis R. Daher

A MISSA DE AÇÃO DE GRAÇAS PELO NATALÍCIO DE FREI OLAVO SERÁ CELEBRADA NO DIA 4 DE AGOSTO, ÀS 9H30. CONFIRMAR PRESENÇA ATÉ O DIA 30/07, PELO tel. (11) 2454-8445, C/ JÚLIA.

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uem conhece Frei Olavo Seifert há pouco tempo não terá uma impressão diferente de alguém que já o conhece há muitos anos. Pelos relatos históricos daqueles que conviveram e convivem com ele, o segredo da longevidade de Frei Olavo é a sua coerência de vida. Desde pequeno até hoje,

A ENTREVISTA ao completar 100 anos de vida, a “curva da vida” deste frade parece não ter sofrido muitas alterações, com exceção de uma calibrada no coração com uma cirurgia e de um momento crítico quando deixou o Convento Santo Antônio para se tratar na Casa Acolhedora de Bragança Paulista, onde está até hoje.

E o que impressiona é a disposição de Frei Olavo em todas as atividades da vida fraterna. A oração está no centro da vida deste frade como pude ver durante o feriado de Corpus Christi, quando estive em Bragança Paulista para conversar com ele. Nesta homenagem a Frei Olavo, Frei Régis Daher, que parjulho de 2019 – comunicações

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ticipou da entrevista, vai descrever com detalhes a vida e a personalidade deste frade com base nesta convivência em Bragança, e Frei Clarêncio complementa, com seu depoimento, um pouco da história da vida de Frei Olavo. Frei Olavo, ao completar um século de vida, torna-se o primeiro frade da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil a celebrar esse feito. Frei Feliciano Greshake, Frei Aloísio Bernardo Scharf, Frei Eugênio Schuch e Frei Elzeário Schmitt chegaram perto (veja quadro na pág. 458). Essa história começa em Curitiba, no dia 4 de agosto de 1919, quando nasceu Ervino René Seifert, filho de Gustavo e Maria, oriundos de duas famílias alemãs. O pai era filho de Francisco e Francisca, naturais de Altmonsdorf, e quando vieram ao Brasil estavam noivos. Já sua mãe, Maria Jantke Seifert, veio ao Brasil em 1900, com apenas 6 anos de idade. Era filha de Humberto e Bertha, de Trebnitz. Segundo Frei Olavo, famílias muito católicas, que tiravam o seu sustento da agricultura. O pai Gustavo era um relojoeiro dos bons em Curitiba. Segundo Frei Olavo, foi batizado por “um santo frade”, Frei Pascoal Reuss, na Igreja Bom Jesus dos Perdões. A irmã é 5 anos mais nova e faleceu em Curitiba aos 88 anos. Hoje, sua família são três sobrinhos, que sempre vêm visitá-lo. Um ano depois do seu nascimento, seus pais se transferiram para São Paulo, onde a princípio residiram no centro da cidade, mudando-se, em 1924, para o bairro de Santana. Com apenas três anos e meio, Ervino frequentou o jardim de infância na Escola de Santo Alberto, dirigida por irmãs. Foi nesse período que o pai passou a fazer os

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MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL

No próximo dia 4 de agosto, toda a nossa Província estará em festa e já agora está em festa na expectativa do centenário do nosso confrade Frei Olavo Seifert. Ele chega aos 100 anos e, pelo visto, é o primeiro dos nossos frades a alcançar essa idade secular! Mais do que esse feito heroico, de chegar aos 100 anos, celebrar a vida de Frei Olavo já é uma grande graça, porque cada vez que o encontramos, vemos a presença de um frade na sua inteireza: na sua humildade, na sua receptividade, na sua franqueza e no seu vigor. E isso se repete cada vez que vamos a Bragança. Ele é um dos primeiros frades a acolher quem chega! De longe, ele percebe a presença, chama pelo nome, saúda. Então, junto a Frei Olavo, sentimo-nos diante de um confrade que soube cultivar sua vida, sua vocação e os dons que Deus lhe deu. Vamos todos festejar essa data importante para a vida do nosso querido confrade e para a vida de nossa Província que tem nele um exemplo e belo testemunho de vida franciscana!

Frei César Külkamp

consertos e manutenção do relógio da torre do Mosteiro São Bento, no centro de São Paulo. “Naquela época só havia relógios de bolso e parede”, recorda o frade. Na Paróquia dos Padres Saletinos de Santana fez a primeira comunhão e serviu por longos anos como coroinha nas funções litúrgicas. Pertenceu também, como membro zeloso, à Cruzada Eucarística. Aos 7 anos, iniciou os estudos no primário (hoje ensino fundamental). O primeiro ano ginasial, Ervino não conseguiu concluí-lo devidamente por causa da Revolução Constitucionalista que foi deflagrada em São Paulo. Em vista disso, sua turma foi promovida automaticamente.

A VOCAÇÃO

Nas aulas de catecismo na Paróquia de Santana, ele era o xodó das catequistas, pois não deixava suas perguntas sem respostas. Mas, em compensação, quando prometiam prêmios para respostas certas, ficavam desagradavelmente embaraçadas porque Ervino “faturava” todos. Segundo Frei Olavo, desde pequeno já sabia o que queria: “Eu nunca tive dificuldade na vocação desde bem cedo”. Mas só quando já contava

com 7 anos de idade, tomou coragem para dizer à mãe que pretendia estudar para ser padre. A reação não foi das melhores: “Isso nem sequer vem ao caso”. Mas ele insistiu: “Acho que posso ficar padre, pois, tudo o que o padre me pergunta eu sei”. “Noutra ocasião em que estava em um aniversário dos colegas de mesma idade, começaram, à mesa, dizer o que cada um queria fazer na vida. Mencionaram as mais diversas vocações. Quando chegou a minha vez, disse afoitamente. ‘Eu quero ficar padre’. Peguei de surpresa a turma, mas logo em seguida também outros começaram a optar por esta vocação da qual antes ninguém se havia lembrado”, recordou. Mais tarde, a mãe lhe perguntou se queria mesmo ser padre, ao que ele respondeu: “Se mamãe e papai deixarem, eu irei”. Com o consentimento do pai, só faltava agora escolher o seminário. “Eu queria ser padre, mas não conhecia as Ordens religiosas. O Pe. Agostinho, dos Saletinos, convidoume para sua congregação. Mas não quis. Tive uma proposta dos salesianos, mas igualmente rejeitei. Como o pai consertava os relógios dos beneditinos e conhecera os monges,


Fraternidades

recebi a proposta da Ordem de São Bento, onde até poderia estudar gratuitamente. Também, desta vez, recusei. A Congregação de Nossa Senhora Auxiliadora também oferecia ótima chance com estudos gratuitos. Mas eu recusei, assim como não quis ser diocesano. Por fim, a mãe perdeu a paciência e disse: ‘Desista, então, de uma vez dessa ideia maluca!’”, lembra Frei Olavo. Devido a isso, Frei Olavo passou a trabalhar durante o dia e à noite estudava. Esse período, contudo, demorou pouco. “Quando tinha 13 anos, o convite de São Francisco para me tornar franciscano veio até mim na forma de um prospecto do Seminário Seráfico São Luís de Tolosa de Rio Negro (PR)”, revelou Frei Olavo. Segundo ele, seus tios residiam no Paraná e tinham quatro filhos. “Minha tia rezava para que um se tornasse padre e com eles veio esse prospecto até São Paulo. Não tive dúvida que ali era o local que queria estar, embora não conhecesse São Francisco de Assis, a não ser o frade que me batizou em Curitiba, Frei Pascoal Reuss, um santo frade”, ressaltou. Escolha feita, a mãe foi em busca da orientação vocacional, primeiro no Convento Santo Antônio do Pari, mas ali indicaram o Convento São Francisco, no Largo de mesmo nome. Atendidos por Frei Celso Dreiling, o garoto Ervino pôde finalmente ingressar no seminário.

OS ESTUDOS

A 23 de janeiro de 1934, em companhia da mãe, Ervino Seifert chegou ao Seminário de Rio Negro. Ali, estudou durante sete anos, saindo em 1940 para o Noviciado de Rodeio. A construção do Seminário de Agudos só começou em

fui ter a primeira aula em português com Frei Constantino Koser”, recordou.

PADRE ANTES DO CONCÍLIO

Acho que hoje falta oração na nossa vida! 45 e a inauguração foi em 1950. No seminário, Frei Olavo conta que começou a conhecer melhor o carisma franciscano. Ao ingressar no Noviciado em 1940, Frei Olavo recebeu o hábito franciscano e fez a profissão dos votos temporários no dia 22 de dezembro de 1941. Portanto, no próximo ano estará comemorando 80 anos de vestição. Em Curitiba, ficou três anos para cursar Filosofia e quatro anos em Petrópolis para cursar Teologia. “Gostei muito dos estudos teológicos, mas não tenho nenhuma saudade dos estudos filosóficos. Não gostava. Os professores de Filosofia eram ruins. Frei Tito era chamado de ‘Doctor Miserabilis’ (risos). Tinha dificuldades com o Latim. Todas as matérias eram ministradas em Latim, somente na Teologia eu

Frei Olavo viveu a transição que mudou a Igreja com o Pontificado de João XXIII, embora breve, mas intenso. Ele teve a coragem de convocar o Concílio Vaticano II, colocando a Igreja no coração do povo. “Tudo era feito em latim, desde batizados até as missas. O povo acompanhava como podia. Não entendia nada. O Concílio abriu as portas para um novo tempo”, observou. Segundo Frei Olavo, com dois anos de Teologia, foi ordenado padre porque havia carência de sacerdotes para dar atendimento às irmãs. “Padre simples de teologia. Depois continuei os estudos mais dois anos”, contou, explicando que isso não era um privilégio, pois o “padre simples não podia fazer nada, nem pregar. Só batizar e consagrar’. Segundo ele, só a sua turma, com mais quatro frades, pôde se ordenar antes. Concluído o curso de Teologia em 48, no ano seguinte, foi transferido para o Convento São Francisco, como coadjutor naquele tempo (vigário paroquial hoje). “Como vigário paroquial, tinha muito catecismo para dar. Para se ter uma ideia, às terças-feiras tinha 29 aulas. O diretor do grupo escolar era protestante e só deixava um dia para aulas de catecismo. Então, tinha que arrumar catequistas para me ajudarem”, recordou. “Sempre gostei de dar catecismo. No Centro, dava catecismo para 200 crianças. Nessa época, já não havia muitas famílias na região central, como é hoje. Era difícil julho de 2019 – comunicações

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arrumar coroinhas. A maioria eram filhos dos zeladores de prédios”, acrescentou, lembrando que quatro ou cinco coroinhas foram visitá-lo em Bragança. Em 56, Frei Olavo foi também escolhido pelo Ministro Provincial Frei Heliodoro para ser seu secretário e arquivista da Província. “Importante ressaltar que não era secretário da Província. O secretário do Ministro fazia pouca coisa. Quando tinha que responder ofícios e cartas, nem sempre pessoais, ele passava para o secretário. Por exemplo, depois do Definitório, havia as obediências para serem enviadas”, explicou. Como arquivista, Frei Olavo ficou 21 anos e faz questão de frisar que foi um trabalho prazeroso. Segundo Frei Regis, foi a primeira grande organização do arquivo da Província. E tudo feito com a máquina de escrever. “Eu gosto muito da história da Província. Conheci, mesmo que de passagem, quase todos os restauradores vivos”, disse, lembrando que participou da coleção dos “100 anos da Restauração”. No prefácio do segundo volume, escreveu: “É imprescindível que não nos tornemos unicamente questionadores de ações, hábitos, costumes, comportamentos dos nossos confrades de antigamente, pois, não conhecemos mais, ou ao menos não integralmente os pormenores dos desafios e das lutas que enfrentaram, seja pelo distancia-

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mento grande do tempo, seja pelas constantes transformações que se realizaram nestes 100 anos. Será que para os nossos tempos não estaria faltando um pouco mais do sacrifício, atividade, entusiasmo, dinamismo, espiritualidade e aquele otimismo que os animavam? Ainda é necessário alertar que em quase todos os textos, está presente a antiga norma da caridade: ‘De mortuis, nihil nisi bene’. Dos mortos só se fale bem!”, escreve Frei Olavo no prefácio deste segundo volume. Frei Olavo lembra que pelo menos 200 frades, entre padres, irmãos e seminaristas, vieram da Alemanha. “A Província Santa Cruz era muito forte”, avalia.

OS FRADES QUE CHEGARAM AOS 99 ANOS Frei Feliciano Greshake Nascimento: 14/03/1901 Falecimento: 10/11/2000 Frei Aloísio Bernardo Scharf Nascimento: 24/11/1905 Falecimento: 06/02/2005 Frei Eugênio Schuch Nascimento: 29/11/1908 Falecimento: 12/12/2007 Frei Elzeário Schmitt Nascimento: 16/09/1911 Falecimento: 14/09/2010

VIDA EM FRATERNIDADE

“Sempre me dei bem com os frades. Sempre fui muito silencioso, desde criança. Mas me dei bem com todos. Nunca tive discórdia ou desarmonia com ninguém”, garante, concordando com a afirmação de Frei Regis que a vida em fraternidade é a pedra de tropeço para alguns, mas é a marca registrada dos filhos de São Francisco. Frei Olavo não tem dúvida. “Nesses 100 anos, valeu a pena ser frade. Eu gostei da vida de frade desde o começo. Me considero frade desde o dia que ingressei no Seminário de Rio Negro”, reforça, brincando novamente: “Não gostava dos diocesanos”.


Fraternidades

CONCÍLIO VATICANO II

Frei Olavo foi ordenado padre 10 anos antes do Concílio, mas como arquivista, avalia que não sentiu tanto a “revolução” que aconteceu na Igreja. “As mudanças foram mais intensas para os padres nas paróquias, que estavam vivendo dia a dia essa transformação na Igreja que veio para melhorar”, acredita, mostrando reverência a todos os Santos Padres da Igreja que pôde acompanhar desde Pio XII, de quem gostava muito e considerava muito culto. Para ele, o Papa Francisco é o jesuíta mais franciscano da Igreja e que está fazendo uma nova transformação na Igreja. “Ele é bom, carismático e competente, apesar de ser argentino”, brinca.

FRANCISCO DE ASSIS

Para Frei Olavo, São Francisco de Assis o escolheu desde aquele prospecto. “Vejo São Francisco como um Pai que cuidou sempre de seus filhos e, entre eles, eu estou, o mais humilde”. Ele faz um pedido especial aos jovens frades para continuem firmes na vida e na obediência à Regra da Ordem. “Sejam perseverantes na

Sempre fui muito silencioso, desde criança. Mas me dei bem com todos. Nunca tive discórdia ou desarmonia com ninguém. vocação e rezem muito. Acho que hoje falta oração na nossa vida!”, indicou.

100 ANOS

“Não sinto a idade. Não sei

como cheguei a tanto. Sempre tive boa saúde, fora a cirurgia no coração”, garante Frei Olavo, que veio para Bragança Paulista em 2015, bastante debilitado. “Fiquei um mês internado, recebi transfusão de sangue e todos os cuidados. No Rio, não teria resistido três meses”, avalia, elogiando incansavelmente o acolhimento que recebe na Casa Acolhedora da Província. “Sou grato pelo atendimento muito carinhoso dos enfermeiros e enfermeiras, dos funcionários e funcionárias, dos frades da casa e da Universidade”. Durante a entrevista, Frei Olavo deu provas que a memória vai muito bem. Celebra a Missa todos os sábados e participa ativamente de todas as atividades. Para a oração vespertina, chega duas horas antes. Seu passatempo preferido é a leitura, chegando a ler duas ou três vezes o mesmo livro. Citou especialmente o volume “Ribeirão Grande, vi, vivi, vivenciei”, as notas autobiográficas de Frei Clarêncio Neotti. Segundo Frei Olavo, “ele resgata a história do país, da Igreja e da Província”.

Moacir Beggo

FORMAÇÃO E ATIVIDADES Vestição: 21/12/1940 Profissão simples: 22/12/1941 Profissão solene: 22/12/1944 Filosofia - Curitiba:1942-44 Teologia - Petrópolis: 1945-1948 Ordenação presbiteral: 3/12/1946 São Paulo - São Francisco - 13/02/49 a 1956 - Vigário São Paulo - Provincialado - 28/1/1956 - Secretário particular do Ministro Provincial Frei Heliodoro Müller, arquivo, procurador vocacional, cronista São Paulo - Provincialado - 12/1/1962 - secretário do Ministro Provincial Frei Walter kempf

S ão Paulo - Vila Clementino - 15/1/1965 - superior e vigário S ão Paulo - Provincialado - 28.1.1968 - Secretario particular do Ministro provincial Frei Walter Kempf, arquivista S ão Paulo - Provincialado - 28.01.1974 - secretário particular do Ministro Provincial Frei Antonio Nader e arquivista S ão Paulo - Paróquia - 21.12.1979 - vigário e arquivista R io de Janeiro - Santo Antônio - 21.01.1986 - atendente conventual Bragança Paulista - 16.04.2015 - Tratamento Bragança Paulistajulho - 25.02.2016 de 2019- Tratamento – comunicações 459


fraternidades

Depoimento de Frei Regis R. Daher

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onheço Frei Olavo desde o final da década de 70 quando ele vivia no Convento São Francisco, SP, a serviço da Sede Provincial. Na época, havia a função de secretário do ministro provincial e arquivista. Ele foi secretário de três ministros diferentes: Heliodoro Muller, Walter Kempf e Antônio Alexandre Nader. Em tempo corrido, viveu e trabalhou por 37 anos em São Paulo. Como era então o costume, os frades da Sede também tinham atividade pastoral na Paróquia/Santuário São Francisco. Neste período, Frei Olavo marcou a vida de muita gente celebrando batizados, casamentos e os demais sacramentos. Ainda hoje, os remanescentes de seu ministério vêm visitá-lo em Bragança.

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Eu, como jovem frade, nos períodos de férias com meus familiares, costumava passar dias com os frades no Convento São Francisco. Meus ‘mestres’ no aprendizado da secretaria provincial foram Frei Luiz Fernando de Mendonça, Frei Anacleto Gapski e Frei Olavo. Na realidade, tornei-me um quebra-galho para alguns serviços que anualmente eu realizava, sempre em período de férias. O arquivo provincial conhecido equivocadamente como ‘arquivo morto’ é, na realidade, o arquivo histórico da Província onde estão guardados quase quatro séculos da vida dos frades, das casas, dos trabalhos, dos capítulos provinciais, etc. Frei Olavo foi, em grande parte, o responsável pela organização inicial do arquivo da Província. Os

que se seguiram, apenas deram continuidade ao trabalho dele. Aprendi, com ele, o senso de organização e a visão metodológica do trabalho. Por ocasião do Centenário da Restauração, o ministro era Frei Estêvão Ottenbreit e Frei Clarêncio Neotti o moderador da Formação Permanente. Deles foi a iniciativa da publicação Coleção Centenário, da qual Frei Olavo é o autor dos dois primeiros volumes: 1. Elenco dos Religiosos Falecidos (1894-1989) e 2. Falecidos nos primeiros 50 anos da Restauração (1891-1941). O trabalho de Frei Olavo é de um paciente ‘garimpeiro’, resgatando informações, nomes, datas e locais. Esse talvez, seja o aspecto de sua pessoa que primeiro me marcou. Valorizar e amar a história viva da Província.


Fraternidades

Frei Olavo na Celebração dos Jubileus 2018

Como disse o filósofo Walter Benjamin, “quem não pode lembrar o passado, não pode sonhar o futuro e, portanto, não pode julgar o presente”.

A PERSONALIDADE

Frei Olavo é de uma personalidade reservada, tímido, de poucas palavras. Ele me recorda o que Jesus diz sobre a autenticidade do ser e do falar: “Que o sim seja sim, e o não seja não”, sem duplicidade ou acomodação. Num tempo marcado pela inflação da palavra, o silêncio poderia ser confundido com fechamento. No entanto, ele é amigo, fraterno, sensível. Conhece e chama pelo nome cada funcionário da casa, as enfermeiras e enfermeiros. No término do dia de trabalho ou do plantão, sempre tem uma palavra de carinho e atenção para cada um deles. Vivemos num tempo no qual há uma preocupação exacerbada com o marketing pessoal, com a própria imagem. Frei Olavo é ‘aquilo’ que se

Frei Olavo durante a Celebração Eucarística no dia 22 de junho

vê, que se ouve e que sentimos. Sem sombras e reservas. Mesmo com as limitações físicas de uma saúde frágil, o que mais causa admiração é a sua saúde mental, sua lucidez, sua agilidade. Admirável é a sua sintonia e atenção no acompanhamento do ofício divino e na celebração da missa. Quando há qualquer engano ou dúvida nos textos do ofício, imediatamente ele corrige e indica o texto correto. Aos sábados, é ele quem preside a missa. Nunca se perde nas orações. Com quase cem anos, sua vista é perfeita, e ainda não usa óculos. Seu andar é rápido, firme. Ao término das orações na capela, ele é o primeiro a descer as rampas para o refeitório. Os demais são bem mais lentos do que ele. Frei Olavo sabe se ocupar e viver seu tempo. É um homem de leitura constante. Sentado numa poltrona azul defronte ao postinho da enfermagem, passa boa parte do dia lendo um livro após o outro.

Para admiração dos enfermeiros e dos confrades, mesmo em meio às conversas e ao movimento na enfermaria, Frei Olavo permanece concentrado na leitura. Está sempre sintonizado com as notícias da Província através da leitura das Comunicações e dos boletins online impressos pelo guardião. Não deixa de dar uma passada rápida pelas notícias da Folha de S. Paulo. Também acompanha a vida da Igreja de São Paulo pelo jornal semanal da arquidiocese onde trabalhou por 37 anos. Há uma visão da santidade que deriva da compreensão de sanidade. Portanto, o santo é aquele que é são, que vive uma ascese da normalidade numa vida absolutamente simples, sine glosa, sem dobras. Frei Olavo é um homem de Deus, do cultivo cotidiano de uma oração fiel e constante. Chega sempre quase duas horas antes da oração das vésperas, em silêncio, no escuro da capela. Ali ele está na sua ‘gruta’, no seu Alverne diário. julho de 2019 – comunicações

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fraternidades

Depoimento de Frei Clarêncio Neotti

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inha primeira lembrança de Frei Olavo tem data bem precisa: 24 de janeiro de 1948. Minha turma, que terminara o primário em Rodeio, se mudava para o Frei Galvão de Guaratinguetá. Viajamos de ônibus urbano fretado, tendo Frei Pascoal como guia. Frei Pascoal ficou em São Paulo e Frei Olavo assumiu o comando. Era novinho e magrinho e lourinho, mas nos impôs respeito de imediato, porque soubemos que era o secretário do Padre Provincial. E nós já sabíamos que Provincial era coisa grande, porque quando chegava em Rodeio era feriado no seminário. A segunda lembrança que tenho dele data de 1952. Eu era seminarista em Agudos. Frei Olavo (com Frei Marcondes, Frei Sartori) passaram quinze dias, repetindo e atualizando as matérias de Teologia com o quase colega de turma, mas agora doutorado em Roma e professor em Petrópolis Frei Boaventura: eram os chamados quinquenais, então levados a sério. Os quatro deram palestra aos seminaristas em noites diferentes. Não lembro o que falou Frei Olavo, mas lembro que Frei Augusto Marcondes nos fez rir durante uma hora com causos acontecidos com ele no pastoreio. A terceira lembrança não é boa: foi ele quem escolheu os nossos novos nomes na vestição em Rodeio. E seguiu as letras do alfabeto, conforme nossa precedência de entrada no seminário: Aureliano, Benjamin,

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Fraternidades

Clarêncio, Dioclécio, Eleutério, Fernando, Gaudêncio e assim até a letra P para o Heribert Unterste, que passou a se chamar Pedro. Lembro que o Dioclécio ficou vago, porque estava destinado ao Domingos Ide, um japonês, que nos deixou na véspera do embarque para Rodeio. A quarta lembrança foi nossa intensa colaboração na feitura da Vida Franciscana. Durante algum tempo os dois assinávamos como redatores. Quando ele deixou o São Francisco, passei a assinar sozinho. Mas era a ele que eu recorria quando tinha dúvidas nos necrológios ou na identificação de fotografias históricas de nossa Província. Juntos preparamos o centenário da restauração da Província. Ele se predispôs a escrever pequena biografia dos 50 primeiros confrades mortos, já que muitos na Província não liam mais o alemão e os necrológios todos estavam escritos em alemão. O volume é o número dois da Coleção Centenário. Do Frei Olavo é também o primeiro elenco completo dos religiosos da Província falecidos até 1990. Graças à sua meticulosidade, todas as datas e sobrenomes passíveis de duas grafias saíram corretos. Devemos a Frei Olavo também a publicação da grande pesquisa feita por Frei Sebastião Ellebracht em torno dos Franciscanos do tempo do Brasil-Colônia e do Brasil Império. Frei Sebastião morreu em agosto de 1977. Frei Olavo e eu assumimos o compromisso de publicar a exaustiva e inédita pesquisa. Sabíamos que editora nenhuma aceitaria publicar o livro por sua conta. Por isso fiz a Frei Olavo a proposta: ele prepararia todo o datiloscrito (e o fez e escreveu uma introdução) e eu publicaria, dividido em partes, mas com numeração corrida das páginas, na Vida Franciscana, como suplemento anexo ao volume, e guardaria 50 separatas que, no final seriam encadernadas e enviadas para

as principais bibliotecas da Ordem. E foi assim que, depois de alguns anos (1978 a 1989), sem ônus maiores, tivemos um volume de 432 páginas. Verdadeira mostra de gratidão à velha Província, no momento em que começávamos a celebrar o centenário da Restauração. Há uma quinta lembrança de Frei Olavo: durante os mais de 40 anos de redator da Vida Franciscana, volta e meia recorri a ele para diluir dúvidas em fotos. Antigas paróquias nossas (como São José, Estreito, Cabo Frio, Piraí do Sul, São José do Rio Preto)

infalível em todos os Capítulos e passeios. No dia 28 de junho de 2006, preguei na Missa comemorativa de seus 60 anos de padre. A certa altura do sermão, eu disse: “Ontem, na Missa, lemos o evangelho da viúva pobre, que depositou duas moedas no cofre do templo. Jesus a elogiou, porque ofertara a sua vida. Frei Olavo, não importa quantas moedas o Sr. tem para dar. Importa que o Sr., há 60 anos, entregou sua vida. E Deus dispôs dela como quis. A razão principal da alegria de um Jubileu de 60 anos de padre não está em ter dado muito

estavam organizando o arquivo histórico e mandavam cópias de fotografias para identificar os Frades). Mais difícil era, quando as fotos vinham de gente que estava fazendo a árvore genealógica e lá aparecia um franciscano celebrando o casamento de alguém ou batizando ou no meio do grupo das Filhas de Maria em retiro. Várias vezes nem minhas lentes de aumento nem as de Frei Olavo conseguiam identificar. Mas sempre era ocasião de relembrar personalidades em suas manias e grandezas. Quando fui transferido para o Santo Antônio do Rio, em fins de 2003, encontrei Frei Olavo ainda na ativa, com suas horas de confissões, seu título de bibliotecário, sua fidelidade ao Ofício e sua participação

nem mesmo em ter dado tudo, mas, sim, em ter-se dado inteiro”. Muitas vezes lhe disse que ele era meu candidato a ser o primeiro a celebrar os cem anos na Província. Ele sorria com evidente desejo que assim fosse. Mais de uma vez me disse com ironia: “Você vai escrever um necrológio floreado quando eu morrer?” E eu, mau, contraironizava: “Flores só se dão a defuntos frescos e a santos velhos!”. Retiro solenemente a frase, porque quero depor aos pés de Frei Olavo, vivo e centenário, uma braçada de flores. Não de lírios, porque pode parecer vingança do Lyrio que ele me tirou na entrada do Noviciado, mas de palmas coloridas, palmas floridas de vitória, abertas e garbosas, ao sol de cem anos. julho de 2019 – comunicações

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Festa junina na Comunidade da Rocinha

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urante os dias 7, 8, 14 e 15 de junho, realizou-se, na Comunidade da Rocinha, a tradicional Festa Junina da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem. Evento que mobiliza todos os membros de pastorais e que proporciona à comunidade quatro noites de alegria e de resgate das heranças culturais nordestinas, região de onde veio a maioria dos moradores da Rocinha. Canjica, milho, churrasco, forró, quadrilhas e muitas brincadeiras transformam o pátio da igreja em um refúgio para toda a família, onde é possível se divertir e aproveitar as festividades de junho sem grandes preocupações. A única preocupação talvez tenha sido o espaço, que se tornou um formigueiro por conta das milhares de pessoas que passaram por lá nos dois finais de semana. E os paroquianos puderam aproveitar não só a festa, como também seus frutos, já que com o dinheiro arrecadado são esperadas diferentes obras de reforma e ampliação da Casa de Deus.

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Legado e tradição

A Paróquia, que no ano passado completou 80 anos de existência, teve sempre em sua história a presença desta festa que já mobilizou diferentes gerações. Dona Therezinha, de 92 anos, lembra que “antigamente as salsichas do cachorro-quente eram preparadas em sua casa e em seguida levadas para a barraca”. Já seu neto, que fez a crisma recentemente, pelo terceiro ano atua em diferentes barracas, mantendo assim vivo o legado de

sua vó e também a tradição paroquial de tantas décadas. A festa é conhecida como Arraiá da Fundação, devido à antiga presença da Fundação Leão XIII, que auxiliava os moradores e funcionava num prédio anexo à igreja. Ainda hoje, essa localidade na Rocinha é conhecida como Fundação, ainda que ela já não exista mais ali, como ocorre com os nomes de outros sub-bairros da comunidade.

Pascom da Paróquia


Fraternidades

Frei Clarêncio lança “Creio”, as verdades da fé de forma simples e essencial

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ezamos o Creio semanalmente, nas missas dominicais e festivas, e também quando iniciamos o terço, de forma que muitos, a maioria dos cristãos católicos, o dizem de cor. Em menos de um minuto, podemos recitar a Profissão de Fé. Poucas vezes o fazemos, no entanto, conscientes de que ali está um resumo perfeito e completo daquilo que os apóstolos colheram dos lábios de Jesus e da convivência com ele, e que expressa toda a riqueza de nossa fé”. É com esta afirmação que o bispo franciscano Dom João Bosco inicia a apresentação do novo livro de Frei Clarêncio Neotti, “Creio - a identidade do cristão”. Na sua apresentação, Dom Bosco lembra os compêndios de dogmática, tratados ao gosto de cada escola teológica, marcados pela espiritualidade de cada época, ou os catecismos adaptados à linguagem de cada povo. “Mas como encontrar, no meio de tantas páginas, aquilo que é o essencial, o conteúdo necessário, o alimento básico, a exposição clara e bem fundamentada do que devemos crer?”, pergunta o bispo. Segundo ele, este livro, “concentrado e substancioso”, toma cada uma das verdades da fé e as traduz de modo simples e essencial. Suas fontes são precisas: a Escritura, os Santos Padres, os Santos doutores, o magistério firme da Igreja. “O hábito franciscano o faz citar nomes de primeira grandeza do pensamento franciscano como Santo Antônio, São Boaventura ou São Bernardino de Sena. Também não deixa de lado os últimos papas que debulharam em seus ensinamentos as formulações do Concílio Vaticano II”, recorda Dom Bosco. “Nestes tempos de pluralismo e

indiferença, de relativismo e profusão de crenças, em que tantos se sentem confusos e sem rumo em sua fé, tempo também de profunda sede de Deus, encontrar solidez e pureza da fé no Símbolo dos Apóstolos é uma graça e um estímulo para viver bem e anunciar com coragem o que a vida cristã tem de melhor”, observa o bispo franciscano. “A fé não dispensa dúvidas. A dúvida é a antessala da verdade. Ou como dizia um excelente mestre de minha juventude: a dúvida é o noviciado da verdade. A fé não dispensa a procura. Todos nós somos seres à procura. Deus quer ser procurado, ainda que se diga que ele é o Emanuel, ou seja, o Deus conosco (Mt 1,23); ainda que Jesus tenha prometido estar presente onde dois ou três se reunirem em seu nome (Mt 18,20). A fé não dispensa a espera, mesmo quando temos de esperar contra toda esperança (Rm 4,18). A fé deve também acostumar-se ao silêncio de Deus, porque, se é verdade que Deus é palavra por excelência e fala em todas as criaturas, é também verdade que, muitas vezes, se distancia no mistério do silêncio”, escreve Frei Clarêncio. Frei Clarêncio é jornalista e escritor. Atualmente edita e redige a revista “Vida Franciscana”. Trabalhou na Editora Vozes de janeiro de 1966 a janeiro de 1986 e foi, durante todo esse tempo, redator da “Revista de Cultura Vozes”. Entre suas publicações estão: “Ministério da Palavra” (3 volumes), “Santo

Antônio, Mestre da Vida”, “Orar 15 dias com Santo Antônio”, “Santo Antônio: simpatia de Deus e simpatia dos homens”, “Santo Antônio, Luz do Mundo” (os 9 sermões do Padre Vieira sobre Santo Antônio, comentados), “Orar 15 dias com Frei Galvão”, “Comunicação e Igreja no Brasil”, “Imaculada Conceição de Maria”, “Frei Aurélio Stulzer, Pai, Irmão, Amigo”, “Animais no altar - um estudo de Iconografia e Simbologia”; “São Benedito, homem de Deus e do povo”. Frei Clarêncio ingressou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Ordenou-se padre no dia 6 de janeiro de 1961 e hoje é Vigário Paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo, em Vila Velha, ES. O livro é uma publicação da Editora Santuário. julho de 2019 – comunicações

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CAPÍTULO DA

“Minoridade Franciscana: Lug


FIMDA

gar de Encontro e Comunhão”


IV Capítulo da FIMDA

C

om a presença de 44 capitulares, teve início na segunda-feira, 27 de maio, o IV Capítulo da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, sob a presidência do Ministro Provincial Frei César Kulkamp. Esse momento celebrativo e normativo na vida dos frades foi realizado na sede da Fundação, em Luanda, tendo como lema “Minoridade Franciscana: Lugar de Encontro e Comunhão”. De manhã, antes dos trabalhos capitulares, os frades participaram de um retiro conduzido por Frei César, que fez sua reflexão a partir de um texto do frade italiano Enzo Biemmi, “O Capítulo: evento de comunhão”, destacando que a finalidade do Capítulo é ser uma cele-

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especial – capítulo da fimda

bração de irmãos com o objetivo de torná-los mais próximos uns dos outros, porque são movidos pela mesma inspiração. Na sequência do retiro, após momento de meditação pessoal, os frades partilharam três aspectos apontados pelo texto: “Como se entra no capítulo”; “Como se vive o capítulo”; e “Como se sai do capítulo”. O Ministro Provincial, em comunhão com a temática do Capítulo Provincial da Província, realizado em novembro do ano passado, partilhou a reflexão sobre a minoridade desenvolvida por Frei Vanildo Zugno. Frei César enfatizou que o lava-pés é o meio para a prática da minoridade. À tarde, Frei Robson Scudela, coordenador da Fren-


te das Missões, falou sobre os 800 anos do encontro de São Francisco com o sultão Al-Malik Al-Kamil. Destacou a importância do diálogo e a atualidade daquele encontro. Frei Robson lembrou que o diálogo supõe saída, ir ao encontro, acolher, perdoar. Assim, vinculou o diálogo à corresponsabilidade. Terminada a exposição de Frei Robson, o Ministro Provincial instalou o Capítulo com a chamada dos capitulares. Seguiu-se a Missa votiva ao Espírito Santo.

Missa no Kimbo São Francisco

Os frades capitulares reuniram-se com o povo na quinta-feira, 30 de maio, durante a Celebração Eucarística no Kimbo São Francisco, o santuário franciscano na capital angolana. Frei César Külkamp presidiu a Santa Missa e explicou aos fiéis o significado deste encontro dos frades e disse que “quando estamos juntos celebramos o Espírito e a força de Deus”. Segundo Frei César, Deus não

especial – capítulo da fimda

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escolhe formas mágicas quando quer estar no meio de nós. “Deus quer estar no meio de nós como agora estamos reunidos”, indicou. Para o Ministro Provincial, a vontade de Deus, revelada em Jesus Cristo, é salvar a todos, mas lembrou que é preciso “trabalhar para a concórdia”. Os frades participaram da Eucaristia no Kimbo São Francisco depois dos trabalhos que serviram para avaliar e intensificar as atividades da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. Terminada a Celebração, à tarde, em plenário, foram realizadas as votações das propostas e assuntos discutidos ao longo do Capítulo. É praticamente

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especial – capítulo da fimda

consenso que a Fundação se encaminha para se tornar Custódia. Outros assuntos sobre evangelização, formação e economia também foram aprovados. Outros foram submetidos a estudos de viabilidade para maior sustentabilidade. A sessão do dia em que aconteceram as prévias para a eleição do novo Conselho da Fundação terminou com as palavras de agradecimento do Ministro Provincial, que lembrou sempre o “capítulo como lugar de comunhão”. Fez saber que olha com muita esperança o projeto de implantação da Ordem dos Frades Menores em Angola. O Ministro elogiou a qualidade das vocações e terminou convidando a todos a seguirem em frente.


Em 29 anos, Fundação elege o primeiro presidente angolano

O

Capítulo da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, viveu um momento histórico no dia 31 de maio, ao eleger como presidente da entidade o primeiro frade angolano. Em 29 anos de Missão em Angola, Frei Antônio Boaventura Zovo Basa foi eleito em primeiro escrutínio para o serviço de presidente, que vai desempenhar com o Conselho eleito: Frei André Luiz da Rocha Henriques, 1º conselheiro e vice-presidente; Frei João Batista Canjenjenga, 2° Conselheiro; Frei Ivair Bueno de Carvalho, 3º Conselheiro. O novo governo terá a missão de animar a presença dos frades nesta Missão que a Província Franciscana da Imaculada Conceição assume. Em sintonia com o Governo Provincial, buscará discernir os caminhos para o anúncio do Evangelho e tornar cada vez mais presente o carisma franciscano em Angola. Depois da eleição, realizou-se a celebração de tomada de posse do novo governo. Frei César lembrou que o escolhido é aquele que se coloca sempre a serviço dos irmãos neste trabalho de animação. Ele ainda recordou que foram escolhidos dois frades angolanos e dois brasileiros para

compor o governo. “Sinal de plena integração”, acrescentou, enfatizando que existe uma só Província no Brasil e Angola. “Estamos muito contentes pela ação do Espírito Santo em nossa presença em Angola”. O governo eleito, junto com o Ministro Provincial, Frei

Da esq.para a dir. Frei João Baptista, Frei André Luiz , Frei César, Frei Antóno e Frei Ivair

especial – capítulo da fimda

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César Külkamp, deram prosseguimento aos trabalhos no Congresso Capitular, para dar os encaminhamentos necessários e para as escolhas dos irmãos para os diversos serviços da Fundação. Este dia capitular se iniciou às 8 horas com a Missa presidida pelo mestre dos noviços, Frei Marco Antônio, que destacou, em sua partilha da Palavra de Deus, a primeira leitura do livro dos Romanos, na qual Paulo exorta os irmãos ao amor fraterno. “Que este seja sincero, e que os irmãos apeguem-se ao bem. Que seja este amor fraterno que os une uns aos outros, com ternas afeições. Que os irmãos sejam zelosos e diligentes, fervorosos no espírito, servin-

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do sempre ao Senhor”, disse. No final da Missa, Frei César, Ministro Provincial e Presidente do Capítulo, conduziu o rito das eleições, invocando o Espírito Santo. Num primeiro momento, o governo anterior entregou os cargos nas mãos de Frei César, que dirigiu, em nome da Província, o agradecimento aos irmãos pelo serviço prestado durante o último triênio.

Quem é o novo Presidente

Filho de Maria Tereza e Eduardo Baza, Frei António é natural de Cabinda, onde nasceu em 25 de setembro de 1976. Foi ordenado presbítero pelo bispo diocesano de Cabinda, Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dia, no dia 15 de janeiro de 2012, às 10h30, na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Subantando. Ele apresentou-se à Ordem dos Frades Menores no ano de 1997. Fez o aspirantado em Malange, postulantado entre 2000-2001 na Fraternidade Nossa Senhora da Porciúncula, em Viana, e, em 2002, fez o noviciado em Rodeio, SC, professando em 4 de janeiro de 2003. Em 2006 obteve o título de Bacharel em Filosofia e Pedagogia pelo Centro Dom Bosco de Estudos Superiores, iniciando, em 2008, os estudos de Teologia no Seminário Maior de Luanda. No dia 30 de agosto de 2009, fez a profissão solene na Ordem Franciscana. Sua ordenação diaconal foi no dia 31 de janeiro de 2011. Frei António foi o segundo frade da Fundação Imaculada Mãe de Deus a ser ordenado presbítero. O primeiro frade angolano a ser ordenado presbítero foi Frei Afonso Kachekele Quissongo.

Equipe de Comunicação: Frei Bernardo João Cassinda, Frei Evaristo Seque Joaquim e Frei Crisóstomo Pinto Ñgala especial – capítulo da fimda


Antes do Capítulo, a Visita Canônica

T

eve início, no último dia 17 de maio, a Visita Canônica do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, às Fraternidades Franciscanas da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA). Esta é a quinta vez que Frei César vem à Missão, a segunda como Ministro Provincial e primeira realizando a Visita Canônica. Frei César destacou na sua visita, a alegria de rever os confrades e os diversos leigos que já assumem o Paz e Bem franciscano, em suas saudações. Considerada como um tempo de graça por Frei César, a visita teve por objetivo ser um momento de encontro fraterno com os irmãos, a fim de partilhar a caminhada realizada e discernir a realidade em preparação para o Capítulo. Frei Robson Scudela, coordenador da Frente das Missões, acompanhou Frei César na visita, a fim de participar desta caminhada e tomar maior consciência da força e dos desafios que a missão tem, bem como destacar a importância que esta presença tem na Frente das Missões. O tempo de visitas, bem como o tempo do Capítulo, foram guiados pelo tema do último Capítulo da Província: “Minoridade Franciscana: lugar de encontro e comunhão”. Foi um tempo todo próprio de recordar a minoridade como critério e modo franciscano de se estar na missão. A agenda das visitas às Fraternidades ficou um pouco condicionada pelo visto. Frei César, na preparação da visita, programara um tempo maior para estar na Missão. O visto, todavia, não saía, o que condicionou a visita ao tempo de 15 dias, conforme possibilita o visto de fronteira.

Na sexta-feira, dia da chegada, Frei César iniciou este trabalho na Fraternidade de Viana, onde são realizadas as etapas de formação do Aspirantado e Postulantado e os frades atendem a Paróquia Nossa Senhora de Fátima. A visita teve início com a Celebração Eucarística na capela da Fraternidade que passou a ser local de oração de 38 jovens (11 aspirantes e 27 postulantes). No domingo, 19, Frei César continuou as visitas seguindo viagem para Malange, onde permaneceu até o dia 21, visitando a Missão da Katepa e o Seminário Monte Alverne. Dias 22 e 23, realizou a visita à Fraternidade do Noviciado, em Quibala; e no dia 23, retorna à capital, Luanda, para a visita à Fraternidade que se encontra no Palanca e que, além de estar presente na Paróquia, acompanha os trabalhos do Quimbo São Francisco, um santuário a céu aberto, e a etapa da Filosofia. Após este tempo de visita, aconteceu o Capítulo da FIMDA. Os frades da FIMDA que se encontram no tempo da Teologia e estudam em Petrópolis, RJ, tiveram a visita de Frei César antes de sua ida para Angola. Certamente, a constante oração dos confrades da Província e de todos os irmãos que acompanham a caminhada provincial ajudou no êxito da visita e do Capítulo. Pedimos a intercessão de São Francisco para que este tempo vivido seja de fortalecimento do espírito missionário presente na Ordem desde a sua origem, motivado pela minoridade franciscana.

Frei Robson Luiz Scudela Coordenador da Frente das missões

especial – capítulo da fimda

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Em Angola, evento celebra quatro anos da Laudato Si’

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ara marcar os quatro anos da Encíclica Laudato Si’ e encerrar a Jornada da Biodiversidade, a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA) promoveu uma conferência sobre “O outro e a biodiversidade”, na manhã do sábado, 25 de maio, no Kimbo São Francisco, o santuário franciscano na capital angolana. A conferência foi precedida de uma cerimônia de plantação de árvores no Kimbo São Francisco, e contou com a presença do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, do Moderador das Missões, Frei Robson Luiz Scudela, do então presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus, Frei José Antônio dos Santos, e frades presentes para o Capítulo da FIMDA, que começou no dia 27 de maio. Também participaram estudantes universitários, investigadores, professores e alunos das escolas da Paróquia

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São Lucas, escoteiros, Jufra e Associação Nação Verde. Frei César elogiou a iniciativa e, ao mesmo tempo, manifestou sua preocupação com a degradação do meio ambiente. Para o Ministro, o desequilíbrio ambiental e as mudanças climáticas são situações preocupantes e que devem levar a refletirmos sobre o impacto das nossas ações. O Ministro Provincial lamentou a ganância capitalista que tem levado à exploração de recursos como se fossem infinitos. Frei César desafiou os presentes a serem protetores de cada uma das criaturas de Deus. Na ocasião, Frei César e Frei José Antônio dos Santos foram homenageados pelos 50 anos de idade e pelo trabalho na Fundação e participaram do plantio de mudas no Kimbo. Terminada a plantação, foi feita a Oração pelo Cuidado da Criação. Para a conferência, foram convidados o Dr. Dinho Major, especialista em Agro-ecologia, da Ação para o Desenvolvimento Rural de Angola (ADRA), que abordou o tema o “Outro e a Biodiversidade”; o Engenheiro e Cientista da Universidade Católica de Angola (UCAN), Tomaso de Pippo, que tratou da “Influência do Sol no Ecossistema”; e Frei Robson Scudela, falou sobre o “Cuidado da Criação”. Depois da conferência, seguiu-se um momento cultural com danças folclóricas e jograis que retrataram o respeito à biodiversidade. E, na ocasião, todos deram um “Viva África”, “Berço da Humanidade”, já que neste dia 25 se comemorava o Dia da África.

Frei Crisóstomo Ñgala


evangelização

Ação solidária na formação dos frades em Angola

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grupo Promoção da Mulher Católica de Angola (Promaica), da Paróquia São Lucas, visitou no dia 3 de junho, a Fraternidade São Francisco de Assis e manifestou solidariedade na formação dos frades estudantes em Angola. Cerca de cinquenta mulheres, solidárias com os frades, dispuseram-se a ajudar, todo mês, na manutenção dos serviços mínimos da Fraternidade São Francisco, como a lavagem da roupa, limpeza da casa, preparação dos alimentos, etc. Para elas, é uma ajuda que fazem como mães na formação de mais pastores e servos para a messe do Senhor. A Promaica é uma das maiores organizações femininas em Angola. É constituída por mulheres que atuam em diversos segmentos e setores da sociedade angolana, liderando iniciativas que visam promover valores fundamentais à família e à sociedade civil. A Promaica da Paróquia São Lu-

cas aposta na melhoria da qualidade da formação dos frades estudantes. Frei António Boaventura Zovo Baza, atual presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus, acolheu e aplaudiu a iniciativa com agrado, e acredita que a força daquelas mulheres deve ser “aproveitada e canalizada para o bem de toda a Fundação”. Frei

António Baza espera que o gesto se estenda às outras Fraternidades e faz um convite a mais grupos voluntários para juntarem forças neste trabalho de formação dos jovens frades angolanos da Fundação, em Viana, em Malanje e em Kibala.

Frei Crisóstomo Pinto Ñgala

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fraternidades

PVF: Encontro Regional dos benfeitores franciscanos em Angelina

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o amanhecer gelado do último domingo de maio, no Vale das Graças, em Angelina (SC), foi realizado o Encontro Regional dos Benfeitores Franciscanos. Logo de manhã, grupos de benfeitores chegaram à pequena e acolhedora cidade, que tem uma linda igreja dedicada à Imaculada Conceição e uma gruta dedicada a Nossa Senhora de Lourdes. Os benfeitores foram recepcionados por Frei Alexandre Rohling, pela colaboradora e secretária da Matriz, Dalila Kretzer, e foi oferecido um café da manhã preparado pela comunidade. O encontro foi assessorado pelo Frei Alexandre, que iniciou com uma acolhida aos participantes. Seguiu-se a oração da manhã. Durante a oração, foi entregue para cada par-

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ticipante um bombom, dizendo que a pertença ao Reino de Deus era doce como aquele doce nas mãos. Logo depois, introduziu o tema do Encontro deste ano: São Francisco e o Diálogo com o Sultão. Num primeiro momento da exposição do tema, o Frade disse aos presentes: “Vocês são benfeitores por causa da paixão que sentem por Francisco de Assis. Assim, vocês carregam no coração o DNA franciscano, que é a paz.” Após a palestra, os benfeitores participaram da Santa Missa, presidida por Frei José Lino Lückmann, que reside na fraternidade Santo Antônio de Florianópolis/SC. O confrade agradeceu aos benfeitores pelo gesto de partilha e generosidade e disse palavras de ânimo a Frei Alexandre, que percorre a Província inteira durante o

ano fazendo este serviço de pedir ajuda e motivar as pessoas a serem corresponsáveis na formação dos seminaristas e freis franciscanos. Também relatou sentir saudades dos tempos em que trabalhou em Angelina. Houve a foto oficial e o almoço. Dando continuidade ao encontro, os benfeitores foram convidados para a atividade cultural, com o tema: colorir a paz. Os participantes desenharam, a mão livre, aquilo que eles imaginavam expressar a paz. Depois, o assessor apresentou os números de formandos das casas de formação da Província e curiosidades do Pró-Vocações e Missões Franciscanas. Para terminar, Frei Alexandre motivou a todos a rezarem pela paz e disse que podemos mudar o mundo se formos capazes de fazer uma ARCA todos os dias: “Se vocês forem capazes de ter atitude real de amor e carinho, o mundo será bem diferente”, disse o frade. Muitas foram as fotos e os abraços, e assim, de forma alegre e fraterna, terminou mais um encontro regional aos pés de Nossa Senhora de Angelina. Agradecemos a acolhida da Fraternidade e da Paróquia Imaculada Conceição de Angelina/SC, e pelo apoio e incentivo na realização deste evento que visa reunir aqueles e aquelas que nos ajudam a manter nossos seminários e as missões franciscanas pelo Brasil e pelo mundo.

Equipe do PVF


Fraternidades

PVF: Dia com Maria e Frei Galvão

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o amanhecer do domingo, 16 de junho, cerca de 40 benfeitores e admiradores da espiritualidade e do carisma franciscano se reuniram no Largo de São Francisco para a tradicional Romaria “Dia com Maria e Frei Galvão”, em Aparecida e Guaratinguetá (SP). Pela manhã, o ônibus rumou para Aparecida, onde visitamos o Santuário Nacional de Aparecida e iniciamos o nosso dia com um momento de oração e consagração a Nossa Senhora. Depois os romeiros tiveram um tempo para visitar os espaços do Santuário e expressar os agradecimentos, pedir graças a Deus pela intercessão de Nossa Senhora. Perto do meio-dia, rumamos para o Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá. Fomos gentilmente acolhidos pelos frades, postulantes e vocacionados que lá participavam de um encontro vocacional. Os benfeitores tiveram tempo para visitar os diversos espaços do seminário, como as lindas estações da Via Sacra e Cântico das Criaturas. Ainda foram aos jardins. Em uma uma árvore muitos recordaram a infância ao utilizarem um balanço bem rústico do jardim da fraternidade que nos acolheu. Os benfeitores participaram da Santa Missa, presidida pelo Frei Claudino Dalmago, em ação de graças pela vida e generosidade de todos eles. Em seguida, os benfeitores tiraram a foto oficial e dirigiram os agradecimentos a Frei João Francisco. Como sempre, era nítida no rosto de todos a sincera gratidão pelas experiências vividas naquele dia, sobretudo pela acolhida e cordialidade dos colaboradores e do frei que estava com eles!

Frei Alexandre Rohling e equipe do PVF

AGRADECIMENTO Neste ano completamos trinta e três anos de Pró-Vocações e Missões Franciscanas. Inúmeros corações generosos já fizeram e outros tantos fazem parte desta linda família que se une por amor a Francisco de Assis, aos frades e aos seminaristas. E ainda colabora para que possamos oferecer aos nossos jovens uma boa formação religiosa e para a vida. Pelo fato de nosso convento estar no centro de São Paulo e pela grande multidão que lotou todas as missas, aproveitamos a oportunidade para agradecer a todos os que nos ajudam e convidamos os presentes para que se inscrevessem na família dos benfeitores franciscanos. E não é que o santo de casa faz milagres? No final do dia contamos algumas dezenas de corações

generosos em nossa prancheta. Deus é bom o tempo todo e, com a intercessão de santo Antônio, mais ainda. Agradecemos ao reitor e pároco do Santuário Frei Alvaci Mendes da Luz e ao guardião da Fraternidade do Largo de São Francisco, Frei Mário Tagliari, pela acolhida e incentivo a esta frente que tem a responsabilidade de divulgar o carisma franciscano e, ainda, angariar recursos para ajudar nos investimentos na formação e nas Missões Franciscanas.

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fraternidades

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Expressão popular “Erro crasso”

rro crasso” é diferente do erro comum. A este, todo o ser humano está sujeito porque somos criaturas e, por isso mesmo, as imperfeições lhe são inerentes. O “erro crasso” é inadmissível porque é cometido por alguém que ocupa uma posição de destaque e que tem todas as possibilidades para agir corretamente. A origem deste provérbio remonta a um personagem romano que, por duas vezes, foi eleito Cônsul da República. Era o homem “mais rico de Roma e detentor de uma das maiores fortunas da História” (Enciclopédia Wikipédia). Seu nome é Marco Licínio Crasso (114 – 53 aC). No ano 59, junto com os grandes generais e estrategistas Júlio César e Pompeu, formou o Primeiro Triunvirato do Império. A Júlio César, coube-lhe a administração da Gália, Pompeu ficou com a Espanha e Crasso com a Síria. Com o intuito de tornar-se célebre através de vitórias militares, dirigiu-se à sua Província. Dali partiu para o Oriente Médio a fim de conquistar o Império Parta que era a “porta de entrada” para expandir seu domínio ao Oriente e usufruir de suas riquezas minerais, especialmente o ouro. Na ânsia de chegar o mais rápido possível até ao inimigo e combatê-lo, cortou caminho passando pelo rio Eufrates e o deserto da Ba-

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bilônia. Isto lhe causou várias baixas no exército. Chegou, enfim, à cidade de Carrhae (atual Harã, sul da Turquia), onde se encontrava o exército parta. Obcecado pelos próprios planos, ignorou as estratégias romanas e o conselho dos mais sábios. Queria, simplesmente, atacar, confiando na superioridade numérica de seu exército. Do outro lado, estavam os “cavaleiros/arqueiros” que, quando avançavam, suas flechas eram certeiras e atingiam o alvo. Ao recuarem, de costas, continuavam a flechar com a mesma eficiência. Neste avançar e recuar, atraíram os inimigos para um vale estreito e com pouca visibilidade. Os partas ocuparam as saídas do vale e dizimaram os romanos, inclusive Marco Crasso. Para os Anais da História, Marco Crasso causou “uma das maiores derrotas do Império Romano e virou, em várias línguas, sinônimo de estupidez” (Enciclopédia Wikipédia). E, entre os Partas, cunhou-se a expressão “tiro parta” e o mote da morte de Crasso, bebendo “ouro derretido em sua boca”. Davi cometeu “erro crasso” ao se apresentar para lutar contra Golias?! Pode haver semelhanças e, também, diferenças (cf. 1Sm 17,4-54). Golias era um guerreiro treinado, com um porte avantajado de

2,80 metros de altura e revestido de pesadas armaduras, de alto a baixo. Os golpes dos adversários, dificilmente, o atingiam. Desafiou alguém do exército israelita para uma luta individual. O jovem Davi prontificou-se. Vencidas as resistências dos soldados e do rei Saul, muniu-se do cajado, cinco pedras lisas e da funda. O adversário sentiu-se ofendido, pois esperava alguém armado e não um jovem franzino com um “pau para espantar cachorro” (v. 43). Davi não tinha referências. Foi apenas em “nome de Javé” (v. 45). Arremessou uma pedra na testa, único membro não protegido pela couraça. Atingiu Golias no “seu tendão de Aquiles”. Caiu por terra e foi morto pela própria espada. Cajado, pedras e funda são os instrumentos de trabalho de um pastor. É com eles que Deus realizou esta vitória. O mesmo aconteceu com o cajado de Moisés na libertação do Egito (cf. Ex 4,20; 7,9.20; 8,1.12; 9,23; 10,12), na passagem do Mar Vermelho (Ex 14,26) e na rocha da qual brotou a água (Ex 17,5-6). Assim, também, é a vida de todo ser humano: Deus, continuamente, realiza milagres no nosso dia-a-dia e não em fatos extraordinários. Convençamo-nos disso Frei Luiz Iakoe observemos! vacz


evangelização

Rede Celinauta recebe moção de aplauso

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a tarde do dia 22 de maio, na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Pato Branco, a Rede Celinauta de Comunicação recebeu uma Menção de Aplauso pelos serviços prestados para a sociedade patobranquense e região. O proponente da homenagem foi o vereador Fabricio Preis de Mello, movido pela Campanha denominada “Cultura da Paz”! No uso da tribuna da Câmara, o Diretor/Presidente Frei Neuri Francisco Reinisch destacou que crescem diariamente casos de feminicídio, violência doméstica, brigas nas ruas, intolerância religiosa, ataques nas redes sociais, brigas em estádios e ginásios, violência contra idosos e crianças. Na base de

tanta violência, entre outras coisas, está a dificuldade de conversar, de dialogar, de respeitar a opinião alheia, de perceber que o outro é diferente de mim. E o que preocupa ainda mais é o decreto sobre a posse e o porte de armas no Brasil! Aonde vamos parar!?, refletiu Frei Neuri. A partir desse quadro sumário de nossa realidade que a direção e os colaboradores desenvolveram a campanha “Cultura da Paz”. A paz é e deve ser uma cultura! E cultura é hábito que brota de dentro, isto é, se formos pacíficos nossas obras e posturas serão conciliatórias e promoverão uma nova sociedade. Infelizmente, no nosso departamento de jornalismo, temos que noticiar matérias policiais e que, aliás, dão muita audiên-

cia. Contudo, temos a preocupação de chamar a atenção para que as pessoas busquem vias pacíficas para resolverem seus problemas. Daí novamente um viés que seja promotor da Paz e do Bem. Em seguida, Frei Neuri pediu que os membros do Setor de Produção das Emissoras (Bibiane, Moraes e Fabiano) apresentassem 3 pequenos spots que falavam contra o feminicídio, violência no trânsito e o não compartilhamento de conteúdos construtivos nas redes sociais. Para finalizar, Frei Neuri falou também da preocupação em relação aos suicídios cada vez mais recorrentes na região! Esse será o tema de uma próxima campanha!

Juscemari dos Santos

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evangelização

Encontro de Gestores do Colégio Bom Jesus destaca liderança franciscana “Liderar é dialogar com os colaboradores e construir pontes”. Esse foi o tema do 1.º Encontro de Gestores das 36 Unidades do Colégio Bom Jesus, que aconteceu no final de maio, em Caiobá (PR). Na oportunidade, foram analisados os resultados dos trabalhos desenvolvidos desde o início do ano letivo e foram traçadas metas para o 2.º semestre. O encontro trouxe palestras a respeito de liderança, proferidas pelo coordenador do Integral Leadership Program (ILP) da FAE Business School, José Vicente Bandeira de Mello Cordeiro, e pelo psicólogo e escritor Marcos Meier. Já Leandro Holanda, um dos autores do livro “Ensino Híbrido: Tecnologia e Personalização na Educação”, falou sobre a Base Nacional Comum Curricular

(BNCC) e sobre o novo Ensino Médio. O evento também contou com a presença dos gestores e dos gerentes regionais do Colégio Bom Jesus, do presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes, do vice-presidente, Frei Mário José Knapik, e do diretor-geral, Jorge Apóstolos Siarcos, que classificou o encontro em três pilares de formação. “O primeiro proporcionou networking e alinhou estratégias entre os colegas. O segundo fez o encontro diferente das edições anteriores, com uma proposta mais formativa devido a três palestras que contribuíram para uma reflexão profissional. O terceiro foi o próprio tema do encontro, voltado à gestão”, explica Jorge. De acordo com Frei João, a reunião pedagógica foi importante porque, pri-

meiramente, proporcionou momentos intensos de convivência, de partilha de experiências e de conhecimentos imprescindíveis para levar adiante a missão educacional do Grupo Educacional Bom Jesus. “É com a união e o comprometimento de todos com a proposta pedagógica do Bom Jesus que, diariamente, superamos os desafios que derivam, especialmente, do processo de implementação da BNCC, da segurança em nossas escolas e do exercício da autoridade com afeto e determinação”. Como parte da integração de toda a comunidade escolar, os alunos do Colégio Bom Jesus – Unidade Rosário, de Paranaguá, presentearam os gestores com uma imagem de São Francisco feita com materiais alternativos.

Colégio Bom Jesus completa 123 anos

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O dia 11 de maio de 2019 marcou os 123 anos de existência do Colégio Bom Jesus. Com 36 unidades de ensino e presente em cinco estados, a Instituição segue firme no seu propósito centenário de “formar cidadãos dignos e justos, capazes de serem livres – aprender a pensar –, servirem a todos com alegria – aprender a fazer – e serem verdadeiros irmãos – aprender a conviver”, conforme destaca o presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes. O frade também lembra que o verbo comunicações – julho de 2019

“aprender” e a missão franciscana fazem muito sentido na história do Bom Jesus. “Celebrar 123 anos significa festejar décadas de apaixonado trabalho em prol da formação integral do ser humano e da construção de sua cidadania, sob a inspiração dos valores e das atitudes de São Francisco de Assis”, completa. O Grupo Educacional Bom Jesus agradece a confiança e a contribuição de cada aluno, ex-aluno, professor, funcionário e familiares nessa trajetória de amor à educação.


evangelização

FAE completa 62 anos de atuação no ensino superior

Há 62 anos, no dia 29 de maio, o Grupo Educacional Bom Jesus iniciou sua missão no ensino superior. Alicerçada no legado centenário dos frades franciscanos na educação e sob a inspiração dos valores e das atitudes de São Francisco de Assis, a FAE Centro

Universitário continua firme no seu propósito de “educar para a promoção de uma sociedade justa, sustentável e feliz”. Com mais de sete mil alunos e atuação no Paraná, com campi em Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária, com cursos de graduação, de pós-graduação e programas de formação executiva, e também presente em Blumenau (SC), com cursos de MBA, a FAE continua inovando e marcando seu protagonismo no segmento educacional.

De acordo com o presidente do Grupo, Frei João Mannes, “a tradição da FAE é evoluir sempre, tanto acadêmica quanto institucionalmente. Professores e alunos são incentivados a unir a teoria com metodologias inovadoras e projetos práticos para fazer frente aos desafios que hoje impactam a nossa vida pessoal e a profissional, bem como o meio ambiente”. A FAE Centro Universitário agradece pela confiança que a sociedade deposita na Instituição,nessa trajetória de formar grandes profissionais e, principalmente, grandes pessoas.

Workatona: aula de competição com respeito e fraternidade na FAE Pode haver respeito e fraternidade em uma competição com mais de 500 pessoas envolvidas e sob forte pressão? Alunos, ex-alunos e professores da FAE Centro Universitário provaram que sim. Durante a 3.ª edição da Workatona, maratona acadêmica da FAE realizada no dia 25 de maio, 100 equipes formadas por estudantes de graduação e de pós-graduação foram desafiadas a apresentar soluções para um problema real de uma empresa convidada. Detalhe: tudo isso em apenas 12 horas ininterruptas! Durante o evento, cada equipe, com cerca de 5 participantes em média, teve a oportunidade de fazer novas amizades e contatos profissionais, pois a competição foi realizada em uma área comum dentro da FAE e privilegiou o diálogo e a construção de alianças. Ao final, as equipes que apresentaram as melhores soluções para a empresa Tintas Verginia foram presenteadas com bolsas de estudos em cursos de pós-graduação da FAE.

A Workatona teve três equipes campeãs na categoria graduação e uma na pós-graduação e ex-alunos. Contudo, de acordo com o vice-presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei Mário José Knapik, todos os participantes ganharam. “Ao simular as dificuldades do mercado de trabalho, os alunos também tiveram a oportuni-

dade de colocar as virtudes humanas à prova, tendo que atuar com muita ética, diálogo e fraternidade, valores que destacamos constantemente dentro das nossas instituições de ensino franciscanas, focadas na formação humana do indivíduo”, conclui.

Texto: Juliano Zemuner julho de 2019 – comunicações

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evangelização

Concerto dos Canarinhos faz homenagem a Maria

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Coral dos Canarinhos de Petrópolis encerrou a temporada de apresentações do 1º semestre do ano, no sábado (25/05), com o “Concerto Espiritual em honra a Maria”, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus em Petrópolis (RJ), às 19h30. O maestro Marco Aurélio Lischt foi o regente e, mais uma vez, encantou o público com o repertório afinado com a temática mariana, própria do mês de maio. A centenária igreja da Cidade Imperial ficou lotada. Com composições da Idade Média à atualidade, o concerto foi dividido em três partes. A apresentação teve início com o canto gregoriano da “Ave

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Maria”. Em seguida, uma composição de Tomas Luis de Vittoria foi apresentada. A primeira parte terminou com três músicas de G.B Pergolesi: “Stabat Mater”; “Quis est homo qui non fleret” (duo) e “Inflammatus et accensus” (duo). No repertório da segunda parte, o coral apresentou “Regina Coeli”, de Gregor Aichinger; “Beata es Virgo Maria”, de Hans Leo Hassler; “Vidi Speciosam”, de Felice Anerio; e “Assumpta est Maria”, de Heinrich Isaac. Na terceira e última parte do concerto, as canções “Ave Maria”, de Heitor Villa-Lobos; “A Hymn to the Virgin”, de Benjamin Britten; e “Magnificat”, de Hendrik Andriessen coroaram as apresentações. Como bis,

o regente presenteou o público com “The Lord bless you and keep you”, de John Rutter. O pároco e guardião, Frei Jorge Paulo Schiavini, acolheu o público e logo de início agradeceu pela participação e contribuição de todos. O diretor do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP), Frei Marcos Antônio de Andrade, lembrou os concertos realizados nos últimos anos e frisou que o Concerto Espiritual em honra a Maria não foi pensado somente com músicas mas também com momentos de oração, meditação e reflexão, por isso o nome espiritual. No final, antes da canção do Mag-


evangelização

nificat, de Hendrick Andriessen, realizou-se a Coração de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Algumas mulheres depositaram aos pés da imagem várias rosas que, no final, formaram um bonito arranjo. Em seguida, o coral entoou a canção do Magnificat, encerrando em grande estilo a noite. Os participantes aplaudiram por um longo tempo os meninos do coral. Os fundos arrecadados com o evento serão destinados para o restauro do órgão de tubos e também para a manutenção do Instituto. O restauro já começou desde o ano passado. No início de fevereiro deste ano, parte do instrumento já foi transportado para a oficina do organeiro Frei Lauro Both e, desde então, o restauro está em andamento. Algumas partes do instrumento, já reformadas, foram apresentadas ao público logo na porta de entrada da Igreja. Segundo Frei Lauro, até o mo-

mento, as etapas do restauro do órgão alemão “Klais” já realizadas são: a revisão da consola, do sistema vento: foles, canais e motor, dos someiros, da tração pneumática, do caixa “buffet” – caixa expressiva -, da tubaria que são as flautas, além das montagens com vários testes e também a afinação do instrumento. O organeiro esclarece que uma revisão da consola não pôde ser feita em 1995 por falta de tempo e que agora está sendo realizada; infelizmente, segundo o frade, com mais “comprometimento por causa do cupim”. Para ele, o próximo passo é continuar no trabalho de revisão da consola e depois no acionamento dos registros, das notas, manuais e sistema de acoplamentos. Frei Lauro fala sobre o desafio de restaurar um instrumento musical centenário e muito importante para toda a cidade, com naturalidade, pa-

ciência e dedicação. “O restauro do órgão é trabalho normal na organaria. Aqui, em Petrópolis, uma oficina foi montada, uma vez que o órgão não podia sair do município. Havia outras duas propostas de restauro. Uma era da própria “Klais” e outra da Sonoridade Organi de Rodeio (SC), com o Mestre Jann. Porém, os cupins nunca paravam. No momento, estamos fazendo tudo o que é possível”, revela o frade.

Frei Augusto Luiz Gabriel ASSISTA MAIS VÍDEOS DO CONCERTO (ACESSE O KR CODE)

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evangelização

Frades da Frente da Comunicação se reúnem em Rondinha

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correu no dia 24 de maio de 2019, na Fraternidade São Boaventura, Campo Largo, PR, o Encontro dos Frades da Frente de Evangelização da Comunicação. Abaixo, a síntese dos assuntos tratados e dos encaminhamentos.

1) Frades participantes

Frei Gustavo Wayand Medella (Secretário para a Evangelização), Frei Neuri Reinisch (Coordenador da Frente da Comunicação e Presidente da Fundação Cultural Celinauta), Frei Roberto Carlos Nunes (Presidente da Fundação Frei Rogério), Frei Volney Berkenbrock (Editora Vozes), Frei Marcos Vinícius Brugger (Fundação Frei Rogério), Frei Gabriel Vargas Dias Alves (Fundação Cultural Celinauta) e Frei Walter Ferreira Junior (Rádio Mirandela).

2) A caminhada da Frente de Evangelização da Comunicação

Frei Gustavo recordou que, desde o Capítulo Provincial de 2012, quando a Província organizou sua missão evangelizadora distribuída nas cinco Frentes de Evangelização (Paróquias, Educação, Comunicação, Missão e Solidariedade), o percurso tem sido de discernimento em torno do que significa nossa presença evangelizadora no mundo da Comunicação. Diversos passos foram dados de acordo com as propostas do Plano de Evangelização (2016-2022) e das Diretrizes para a Frente. O caminho tem sido em busca de crescente articulação em vista do diálogo, da comunhão e do trabalho em conjunto. Passos importantes já foram dados, como a realização dos encontros provinciais, o incentivo à participação e à cooperação dos leigos, a implantação do Programa de Formação Permanente à distância (via videoconferência), entre outras ações. Existe também a clareza de

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que o trabalho da Frente não se esgota na administração das mídias que estão sob os cuidados da Província, mas demanda uma articulação que vá além deste universo, buscando avançar na reflexão em torno da temática da Comunicação no processo evangelizador.

3) Editora Vozes

Frei Volney Berkenbrock apresentou um breve relato sobre o processo de reestruturação da Editora, desde a recomposição da diretoria até a redistribuição das cotas da empresa, encaminhamentos necessários após a morte repentina de Frei Antonio Moser. Atualmente, a diretoria é colegiada e compõe-se dos seguintes frades: Gilberto Garcia, Volney Berklenbrock, Edrian Pasini e Francisco Morás. Recordou também a elaboração do Plano Estratégico 2018-2022, montado com assessoria da FAE-Business School, de Curitiba, baseado no método Balanced Score Card (BSC) que estabelece metas específicas e determina responsáveis (guardiães) para acompanhar o desenvolvimento de cada uma delas. Frei Volney aproveitou a ocasião também para compartilhar o impacto financeiro decorrente da entrada em processo de recuperação judicial de duas grandes empresas do ramo editorial que estão entre as maiores clientes da Editora Vozes, o que gerou uma quebra de R$ 5,4 milhões no caixa da empresa. Relatou também o estreitamento dos laços com a Universidade São Francisco (USF), especialmente no fornecimento do material didático para os cursos de Educação à Distância (EaD) recém-implantados na Universidade. No que diz respeito à missão Evangelizadora, destacou o cuidado

da editora em atender ao convite do Papa Francisco para a conversão eclesial na direção de ser uma “Igreja em Saída”, investindo, desta forma, na edição de coleções teológicas, na formação para a catequese, no resgate das Conferências Latino-Americanas e na divulgação de conteúdos ligados ao magistério do Papa Francisco. No plano comercial, um grande esforço tem sido empreendido em promover a aproximação entre as lojas de varejo (livrarias) e o mundo eclesial (paróquias, conventos, comunidades religiosas etc.), investindo também na comercialização de artigos litúrgicos e religiosos.

4) Rádio Mirandela FM

Sediada em Nilópolis, RJ, a Rádio Mirandela FM (98,7MHz) é uma emissora comunitária e tem seu estúdio junto às dependências da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis, RJ. Frei Walter Ferreira Junior, pároco em Nilópolis, relatou os trâmites que têm sido cumpridos em relação ao processo de renovação da outorga da emissora que, dada sua natureza, não pode possuir vínculo religioso e deve estar a serviço da comunidade. A programação é eclética e existe, além do funcionário responsável, um grupo de leigos bastante empenhado em produzir programas de qualidade. Frei Walter en-


evangelização

tende o investimento que a Paróquia faz na emissora como uma forma eficaz de promover a evangelização para além de uma compreensão confessional, atuando no cultivo entre os ouvintes de uma consciência social comprometida com o bem comum.

5) Comunicação na Sede Provincial

Em breve partilha, Frei Gustavo destacou como novidade a reformulação do portal Franciscanos, que assumiu novo visual desde o fim do ano passado. Também mencionou o incremento da programação da WebTV Franciscanos, a realização de séries temáticas em ocasiões especiais (Campanha da Fraternidade, Semana de Oração pela Unidade Cristã, Santo Antônio e demais Festas Franciscanas, etc.) e a promoção da Formação Permanente na área da Comunicação via videoconferência. Recordou que, além de estar a serviço do Governo Provincial, o setor de Comunicação da Sede é importante elemento articulados dos trabalhos e parcerias que envolvem a Frente de Evangelização da Comunicação.

6) Fundação Frei Rogério

Frei Roberto Carlos trouxe informações a respeito da Fundação Frei Rogério, de Curitibanos, SC, à qual estão ligadas as Rádios Coroado FM (106,1 MHz) e Movimento FM (98,9 MHz). Havia expectativa em relação à recente migração da Rádio Coroado da faixa AM para FM. Segundo Frei Roberto, depois de um período inicial de certa queda no faturamento, a emissora retomou o patamar de arrecadação e também a audiência de quando estava na faixa anterior. Ambas emissoras ocupam lugar de importância no cenário da região e, além de informação e entretenimento, exercem um importante papel de prestação de serviço junto à comunidade. Atualmente a fundação conta com 19 colaboradores que se dividem nos trabalhos nas duas emissoras.

7) Fundação Cultural Celinauta

Frei Neuri trouxe as informações re-

lativas à Fundação Cultural Celinauta, de Pato Branco, PR, que compreende as Rádios Celinauta AM (1010 KHz) e Movimento FM (98.9 KHz), além da TV Sudoeste. No momento, a direção tem a atenção voltada ao que diz respeito à produção de conteúdo evangelizador com identidade franciscana. A ideia é lançar a semente da possível criação de uma Rede Franciscana de Comunicação em parceria com as outras Províncias presentes no Brasil. Na parte de produção, o jornalismo regional continua sendo destaque, especialmente na Rádio Celinauta e na TV. A migração da Celinauta da faixa AM para FM ainda está em processo de negociação, dado o elevado número de emissoras em Pato Branco e a dificuldade em alocá-las na atual faixa FM disponível nos aparelhos receptores de rádio. Certamente, para que todas “caibam” na faixa atual, deverá haver uma significativa diminuição de potência de transmissão. Frei Neuri explica que esta diminuição não afetará a abrangência do sinal nem o alcance dos atuais ouvintes da emissora. Na questão técnica, está em estudo a contratação do serviço de satélite para enviar o sinal digital da TV Sudoeste pela região de abrangência. É uma alternativa ao investimento em fibra ótica que teria a mesma finalidade. Frei Neuri salientou que, caso se concretize, a adoção da transmissão via satélite permitirá também levar o sinal da TV, ou das rádios, para outros lugares do país, o que iria ao encontro da possibilidade de se criar uma Rede Franciscana de Comunicação.

partilha na produção de conteúdos para rádio.

8) Rede Franciscana de Comunicação

Ficou marcado para os dias 17 e 18 de outubro, a princípio no Convento São Boaventura, em Rondinha, Campo Largo, PR. O tema abordado será o do diálogo a partir do encontro entre São Francisco e o Sultão em Damieta, no Egito, que completa neste ano 800 anos. Para planejar e promover o encontro, será composta uma equipe de leigos. Frei Neuri Reinisch fará esta articulação.

Ao abordar este tema, Frei Neuri relatou tratar-se de uma proposta ainda embrionária. A ideia é dar início a esta articulação no âmbito da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), buscando interlocução, em primeiro lugar, com as Províncias e entidades que mantenham emissoras de rádio. Num primeiro momento, pensa-se na busca de caminhos para a mútua colaboração e

9) Aquisição de novas rádios

O grupo se debruçou sobre duas possibilidades de aquisição de novas emissoras com finalidade de expansão da área de abrangência das emissoras que já compõem a Frente da Comunicação. Ambos casos foram analisados a partir de levantamentos prévios. Em uma delas, há uma questão de inventário que dificultaria muito a transação num primeiro momento. Na outra emissora, a intenção é sondar a pretensão de valor dos proprietários para, depois de um estudo próprio, pensar-se numa possível proposta de aquisição.

10) Presença de Frei Claudino Gilz

O coordenador da Frente de Evangelização da Comunicação, Frei Caludino Gilz, também marcou presença no encontro. Apresentou mais uma vez sua disposição em trabalhar a comunhão e a interajuda entre as Frentes, conforme prescreve e indica o Plano de Evangelização 2016-2022. Algumas iniciativas nesta linha foram elencadas, como a parceria entre a FAE e a TV Sudoeste na produção de conteúdo, a participação de representantes do Bom Jesus e da Universidade São Francisco (USF) no programa de formação à distância, e a parceria USF-Vozes no que diz respeito ao fornecimento de material didático para os cursos de Educação a Distância (EaD).

12) Próximo Encontro Provincial da Frente da Comunicação

Frei Gustavo Medella julho de 2019 – comunicações

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evangelização

D. Cláudio: “É preciso uma conversão ecológica”

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a noite de quarta-feira (5), o auditório Paulo Autran, localizado nas dependências do Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo (SP), recebeu cerca de 50 pessoas, entre religiosos, agentes de pastoral e lideranças de Movimentos Sociais do Brasil e do Equador, para uma formação promovida pelo V Fórum da Conferência de Aparecida, com o objetivo de aprofundar as questões sobre o Sínodo para a Amazônia. O encontro contou com a assessoria de Dom Cláudio Hummes, relator geral do Sínodo. Padre Oscar Beozzo, coordenador do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), fez a apresentação e a moderação do encontro. O Sínodo acontece de 6 e 27 de outubro, no Vaticano, com o tema “Amazônia: no-

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comunicações – julho de 2019

vos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”. Dom Cláudio, que é frade da Província São Francisco, do Rio Grande do Sul, confessou que sempre teve o desejo ser missionário na Amazônia, mas que por conta das atribuições que assumiu ao longo da vida religiosa, nunca conseguiu realizá-lo. Após tornar-se arcebispo emérito, recebeu da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a missão de presidir a Comissão Episcopal para a Amazônia. Por isso, nos últimos anos, Dom Cláudio tem dedicado boa parte de seus esforços para conhecer a realidade eclesial local. Ele também é presidente da Rede Eclesial Panamazônica (Repam). Dom Cláudio afirmou que, ao assumir a Comissão Episcopal, sentiu a necessidade de conhecer de perto a

realidade amazônica. Desde então, o arcebispo – que está com 84 anos – visitou 38 locais, entre dioceses e prelazias, celebrando com o povo, reunindo-se com o clero e as comunidades. Com a criação da Repam, em 2014, ele passou a visitar também as dioceses dos países vizinhos que compõem a Amazônia. Em sua fala, o cardeal destacou a importância da Encíclica Laudato Si’, não só para os católicos, mas para toda a sociedade, sobretudo para os grupos que trabalham a questão ambiental. Ele afirmou que o Papa Francisco passou a interessar-se pela Amazônia ao participar da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe (Celam), ocorrida em 2007, em Aparecida (SP), quando ainda era cardeal em Buenos Aires. Foi a partir da fala dos bispos brasileiros que o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio trouxe a causa em seu coração. Em 2013, na Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, o Papa Francisco falou aos bispos sobre a importância da Amazônia para o futuro do planeta. “A Amazônia está num momento decisivo e a Igreja não pode errar”, disse na ocasião. “O Papa quer relançar a Igreja na Amazônia. Precisamos ser uma Igreja que está perto, não ser uma pastoral de visita, mas uma pastoral de convivência, de presença”, afirmou Hummes. Ele apontou que mais de 70% das comunidades amazônicas não recebem os sacramentos regularmente, como, por exemplo, a Eucaristia. Em


evangelização

muitos locais, os fiéis comungam apenas uma vez no ano. Situações como esta fazem com que as comunidades sintam-se marginalizadas da Igreja, isoladas em suas realidades. “É nosso dever. Nós os batizamos e prometemos que iríamos oferecer a eles todos os meios que a Igreja oferece aos batizados. É nossa responsabilidade”, pontuou o cardeal. Outra questão central para o Sínodo da Amazônia é a inculturação. “Como a Igreja vai se inculturar se não houver clero indígena? Só teremos verdadeira chance de uma Igreja inculturada se houver ministros ordenados indígenas, vivendo sua fé dentro de sua cultura e identidade”, afirmou Dom Cláudio. No processo de escuta para a elaboração do instrumento de trabalho que será utilizado pelos participantes do Sínodo, foram ouvidas 172 comunidades indígenas. Ele recordou também a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado, em 2018, durante a Visita Apostólica ao

Chile e Peru. Na ocasião, o Papa colocou-se como ouvinte dos povos indígenas, afirmando que estes povos são “interlocutores insubstituíveis”. Diante da realidade política atual, com a falta de garantia dos direitos dos indígenas e retrocesso nas importantes conquistas relacionadas à preservação do meio ambiente, Dom Cláudio afirmou que a Igreja precisa ser profética. “Em primeiro lugar, a Igreja precisa buscar o diálogo, escutar a outra parte. O diálogo é fundamental, mas se não houver diálogo, deve-se denunciar. Neste sentido, a Igreja tem que ser profética, denunciar sem violência e sem raiva, mas dizer o que está acontecendo”, aconselhou. Ao ser perguntado sobre como a Igreja em geral pode contribuir para

o Sínodo, Dom Cláudio afirmou que através da oração e da abertura ao que será proposto pelo Sínodo, como as ações necessárias para reverter a crise climática – que será um tema crucial trabalhado pelos padres sinodais. É preciso mudar a consciência na relação com o meio ambiente, com o consumo, o descarte do lixo, o uso da água e energia. Dom Cláudio citou o exemplo de uma pesquisa feita numa escola do Ensino Médio em Manaus, onde 90% dos estudantes afirmaram que a floresta impede o crescimento da cidade. Para ele, é preciso uma mudança urgente na forma de pensar e de se relacionar com o meio ambiente, além do investimento financeiro de todos os países na busca de novas formas de energia, a fim de revertermos o cenário atual, que é preocupante. “O futuro do planeta é não ter futuro?”, questionou o franciscano.

Érika Augusto

Instrumento de trabalho acena para o sacramento da Ordem a casados O mundo amazônico pede à Igreja que seja sua aliada: esta é a alma do Documento de Trabalho (Instrumentum Laboris) publicado na manhã desta segunda-feira (17 de junho) pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e apresentado à imprensa. O Documento é fruto de um processo de escuta que teve início com a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado (Peru) em janeiro de 2018, prosseguiu com a consulta ao Povo de Deus em toda a Região Amazônica por todo o ano e se concluiu com a II Reunião do Conselho Pré-Sinodal, em maio passado. O documento mostra-se como a menção mais direta do Vaticano quanto à possibilidade de que homens casados possam ser padres. Hoje, eles podem exercer a função de diáconos — o diaconato é um dos ministérios da Igreja. “Afirmando que o celibato é uma dádiva para a Igreja, pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas

idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã”,julho diz ode documento. 2019 – comunicações 487


evangelização

Em Petrópolis

Celebrações ecumênicas marcam Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

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a semana que antecede a Solenidade de Pentecostes, aconteceu a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC). O tema é inspirado na passagem do livro do Deuteronômio: “Procurarás a justiça, nada além da justiça” (Dt 16, 11-20). E é com este espírito que a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Petrópolis (RJ) preparam duas celebrações ecumênicas. A primeira celebração foi na quarta-feira (05/06), às 19h15, na Paróquia do Sagrado, e a segunda na Igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana, às 19h30, do sábado (08/06), véspera da Solenidade de Pentecostes, contando com a presença de frades, irmãs e fiéis de ambas denominações religiosas. Os cristãos firmaram um compromisso com a justiça, a misericórdia, e a unidade cristã tendo em vista que este tempo simboliza o comprometimento das pessoas com o ecumenismo, a justiça e a paz. Esta iniciativa é uma forma concreta de mostrar que os cristãos acreditam realmente na

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comunicações – julho de 2019

“unidade, na diversidade e que professam uma só fé no mesmo Deus”.

UNIDADE NA DIVERSIDADE

O pároco Frei Jorge Paulo Schiavini acolheu a todos e deu início à celebração ecumênica que teve a colaboração de Frei Marcos Antônio de Andrade, Frei José Ariovaldo da Silva e do pastor da Igreja Luterana, Elton Pothin. A homilia do primeiro dia ficou por conta do pastor Elton. Fazendo alusão ao tema da Semana, Pothin afirmou que o pedido de Jesus é simples. Ele quer que exista unidade na compreensão de que Jesus Cristo é o salvador de todos. Explicando a diferença da palavra uniformidade e unidade, Elton destacou que a uniformi-

dade pode ser compreendida como algo em que não exista diferença. O pastor chamou a atenção para o sentido e importância da unidade entre as comunidades cristãs, unidade esta que não pode ser confundida com uniformidade. A rigidez absoluta no que diz respeito à uniformidade na linguagem do culto e da doutrina, pode ferir seriamente a unidade dos cristãos, como, historicamente, de fato, aconteceu, e ainda acontece. A rigidez absoluta da linguagem humana sufocou a flexibilidade do espírito dialógico, deixando-nos conduzir pela impiedosa dureza do espírito diabólico que só cria divisão, inimizade, ódio, vingança, condenação, morte. “Não é isso que Jesus pede, Ele não quer que todos sejam literalmente iguais. Se olharmos para a vida das primeiras comunidades cristãs, vamos perceber que não existia uniformidade e sim unidade, pois Jesus é o Filho de Deus e o nosso Salvador”. Pothin citou alguns exemplos e exemplificou dizendo que nem mesmo nas comunidades com as denominações iguais existe uniformidade. Para ele, é preciso entreter os ouvintes apresentando uma nova pregação, tendo como base o que se vê na sociedade a partir da realidade local de cada um. “Mas o que precisamos mesmo e com urgência é orientar os cristãos de acordo com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Alguns se dizem cristãos, mas nem sabem por que foi que Jesus Cristo morreu”, lamentou. No final da reflexão, o pastor luterano voltou a falar da uniformidade afirmando que não é necessário existir igualdade nos ritos e celebrações, mas sim no testemunho, a partir do


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que Jesus fez. “Que cada cristão possa sair daqui dizendo: ‘Jesus é o meu bom pastor’; ‘Jesus é a luz para a minha caminhada’; ‘Ele é o caminho a verdade e a vida’. Busquemos a justiça de Deus e assim sejamos unos na diversidade das celebrações, costumes e culturas”, concluiu.

O ESPÍRITO QUE “MOVE OS CORAÇÕES”

Já no segundo dia (08/06), a Celebração Ecumênica foi na Igreja de Confissão Luterana. Assim como na primeira celebração, os celebrantes Frei Jorge Paulo Schiavini, Frei Marcos Antônio de Andrade, Frei José Ariovaldo da Silva e o pastor da Igreja Luterana, Elton Pothin ficaram dispostos em frente ao altar e conduziram as reflexões e orações do dia. A homilia ficou a cargo do professor e liturgista Frei José Ariovaldo da Silva. Para ele, em nossas diferenças, vivemos hoje, aqui e agora, o mistério de uma Presença que une, divina presença que, pelo seu Espírito, nos faz sentir um corpo novo, corpo eclesial, seu corpo. Citando a passagem do Evangelho de Mateus: ‘Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio eles’ (Mt 18,20), Frei José afirmou que Jesus, ao prometer isso, falava da importância da correção fraterna para que se possa viver em concórdia e, assim, conseguir do Pai dos céus tudo o que for pedido. “E, depois, após sua ressurreição, ao enviar seus apóstolos em missão pelo mundo afora, a todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando -os a observar tudo quanto ele mandou fazer, disse novamente: ‘Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo’ (Mt 28,16-20). Em outras palavras: Não se estressem, não tenham medo! Vou passar pela morte, sim, mas, vou continuar depois com vocês, de outra forma, de fora invisí-

vel, pelo meu Espírito, o que, aliás, é o mais importante, como diz o poeta Saint Éxupery, autor do “Pequeno Príncipe”: ‘O essencial é invisível aos olhos’, recordou o frade. Para ele, é obra de Deus que a busca da paz vença os conflitos, que o perdão supere o ódio, e a vingança dê lugar à reconciliação. Numa palavra, a pessoa de Jesus, através de suas palavras e todo o seu agir, tornou concreto para todos de que jeito Deus é, e que João em sua primeira carta define: ‘Deus é amor’. “Como eu vos amei, do jeito que vos amei, isto é, dando da vida, assim também vocês se amem. Este é o distintivo do ser discípulo e discípula do Senhor. Pois Jesus, nesse sentido, em meio a um mundo de trevas, torna-se luz para todos. Esse amor, esse sim, é luz que dissipa as trevas do ódio, do preconceito, da vingança, da guerra, da divisão, do medo e da morte”, explicou. Segundo o frade, Jesus é a expressão máxima do que seja amar e, com este amor, trazer nova luz para uma

sociedade mergulhada nas trevas da ganância, do orgulho, da vaidade, do egoísmo, da prepotência, do preconceito, da discórdia, do ódio e tantas outras coisas que tornam a vida sem sabor. “Jesus é a expressão máxima do que seja amar e, consequentemente, é luz para a sociedade que vivemos. E ele deseja e pede que, como discípulos e discípulas seus, sejamos assim também. Por ela iluminados, seremos salvos pela prática da justiça e da caridade”, exortou. Frei José Ariovaldo rezou suplicando a graça da conversão permanente nas mais diferentes tradições religiosas cristãs. “Sobretudo para que não façamos de nossos cultos, falsos deuses de dinheiro, poder, orgulho, vaidade, prepotência e pompa. Façamos deles lugar de adoração e permanente aprendizado. Que nossas celebrações sejam lugar de adoração e conversão permanente dos falsos deuses modernos para o verdadeiro Deus de Jesus Cristo, o Deus de amor e da justiça”, conclui. Em seguida, os fiéis firmaram novamente um compromisso com a justiça, a misericórdia e a unidade através da oração do Credo NicenoConstantinopolitano, da oração do Pai-nosso na versão ecumênica e da partilha da paz.

Frei Augusto Luiz Gabriel julho de 2019 – comunicações

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evangelização

A missão de abrir caminhos: Frente das Paróquias define passos para o triênio

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spera-se que a Vida Religiosa seja a vanguarda na caminhada da Igreja. Ela deve ser uma espécie de ‘ponta de lança’ que abre caminhos a partir daquilo que lhe é próprio enquanto aprofundamento da dimensão batismal”. Com estas palavras de estímulo e provocação, o bispo auxiliar de Curitiba, Dom Amilton Manoel da Silva, CP, que também já foi Provincial dos religiosos passionistas, convocou os participantes do Encontro dos Frades da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento a desempenharem seu papel evangelizador nas Igrejas Particulares onde estão presentes. O encontro reuniu, nos dias 22 e 23 de maio de 2019, no Convento São Boaventura, os frades que atuam nas paróquias do território da Província no Brasil. Cerca de 90%

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das paróquias e santuários se fizeram representar. Dom Amilton assessorou a primeira parte do encontro, apresentando o tema “A Vida Religiosa e a Evangelização nas Igrejas Particulares”. No início, apresentou um breve panorama da compreensão da Vida Religiosa numa perspectiva missionária, a partir das Conferências do Episcopado Latino Americano. Destacou os seguintes aspectos: Medellín/1968. Impulsionou, a Vida Religiosa na direção da superação de uma mera “modernização”, na busca de um novo “lugar social” no meio do povo, junto aos pobres. Ela foi convocada a viver a sua missão profética, como testemunha do Reino, no compromisso por uma “evangelização libertadora”. Puebla/1979. Trouxe a Vida Con-

sagrada no contexto social e eclesial do Continente Latino-americano. São extensas as suas considerações: acerca dos votos (vida, missão e serviço), do comprometimento com as causas sociais (pobres) e particularmente da inserção na Igreja particular como “lugar” da vivência da vida religiosa e do “compromisso eclesial evangelizador”. O documento afirma que o (a) religioso (a) não descobriu como conviver numa diocese. Há, por isso, tensões entre a missão do bispo e o carisma próprio da Vida Religiosa, com falta de diálogo. Santo Domingo/1992. Trouxe 7 pontos e 1 número sobre a Vida Religiosa a serviço da educação católica. Foi um resultado magro em relação às orientações de Puebla. Deu continuidade a Medellín e Puebla, pedindo uma evangelização inculturada junto


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aos pobres, aos indígenas, afro-descendentes e minorias. Ap are ci d a/2007: Acentuou a raiz batismal da Vida Religiosa – santidade - no discipulado e na missionariedade, para uma presença profética na sociedade e na Igreja, como sinal escatológico do Reino. Elogiou a presença da VRC em situações de pobreza, risco e de fronteira. Desafiou a VRC em meio a uma sociedade individualista e consumista e sinalizou o secularismo presente nela. Num segundo passo, partilhou algumas indicações do Papa Francisco em relação à Vida Religiosa, destacando os elementos da alegria, da esperança e do profetismo. Recordou também a insistência do Santo Padre para que a VR não caia na tentação de guiar-se apenas na lógica dos números e da eficiência e que esteja atenta aos riscos da secularização e do mundanismo. Ainda inspirado no Papa, Dom Amilton ressaltou a importância do carisma próprio de cada instituto: “O carisma de uma Congregação é o fermento, é ele que dá continuidade à Congregação, é criativo e busca sempre novos caminhos; as obras passam. Há muitos religiosos confundindo carisma com obras. O carisma não é uma garrafa de água destilada, precisa ser vivido de acordo com cada lugar, tempo e indivíduo, inculturado”, destacou. Ao apresentar o lugar na VR na Evangelização em Paróquias e Santuários, Dom Amilton ressaltou três elementos que vão fazer a diferença e tornar fecundo o ministério do religioso na vida paroquial: experiência de Deus, vida fraterna e missão. Recorrendo ao Documento de Aparecida, recordou a força da espiritualida-

no e também propor sugestões para a animação da Frente no triênio que se inicia.

As propostas discutidas, debatidas e aprovadas foram as seguintes:

de do testemunho: “A vida religiosa se converte em testemunha do Deus da vida em uma realidade que relativiza seu valor (obediência), é testemunha de liberdade frente ao mercado e às riquezas que valorizam as pessoas pelo ter (pobreza), e é testemunha de uma entrega no amor radical e livre a Deus e à humanidade frente à erotização e banalização das relações (castidade)” (DAp, 219). Abordando o tema da vida fraterna e da missão, exortou: “A comunidade religiosa não existe em função de si mesma, mas existe em vista de uma comunidade maior, a humanidade inteira. A temperatura da fé de uma comunidade é determinada por sua abertura à missão”. Como apelo aos frades, pediu especial atenção a três realidades que desafiam a Igreja hoje: o drama dos moradores de rua, a questão do suicídio e também da dependência química.

Estudo, trabalhos em grupo e encaminhamentos práticos

Depois da palestra de Dom Amilton, os participantes passaram para o estudo das Diretrizes da Frente, que fazem parte do Plano de Evangelização (2016-2021). Em seguida encaminharam-se para trabalho em grupos, onde foram provocados a fazer uma avaliação das tarefas cotidianas a partir das prioridades eleitas no Pla-

1) Designar mais dois frades que possam compor a equipe de animação da Frente das Paróquias, junto com o coordenador, Frei Antônio Michels (Pároco da Paróquia Imaculada Conceição, em Mangueirinha, PR) e o Secretário de Evangelização, Frei Gustavo Medella. A partir de uma sondagem e com aprovação dos participantes, foram indicados Frei Nelson Hillesheim (Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Blumenau, SC), e Frei André Becker (Vigário Paroquial das Paróquias Santo Antônio e Santa Clara, em Bauru, SP). Os nomes dos confrades serão apresentados ao Definitório Provincial. 2) Quanto aos encontros que envolvem frades e leigos, abraçar, a princípio, a seguinte modalidade, nos próximos três anos: 2019 – Encontro por paróquias agrupadas a partir dos Regionais da Província, com liberdade para articulação entre os Regionais que estão próximos; 2020 – Encontros ampliados por região: um com as paróquias do PR e SC; outro com abrangência de SP, RJ e ES; 2021 – Grande encontro provincial para frades e leigos de todas as paróquias, com ênfase na partilha de trabalhos e atividades realizadas na missão. A proposta de temática, metodologia e realização destes encontros deve partir da equipe de animação da Frente. 3) Construir uma página da Frente das Paróquias no site da Província, julho de 2019 – comunicações

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para veiculação de notícias, artigos, reflexões e subsídios que possam servir para a Evangelização paroquial. Também foi encaminhado que a Frente se organize a fim de mensalmente ocupar um espaço regular nas Comunicações da Província. Esta segunda iniciativa a ser organizada a partir dos Regionais. A implementação desta iniciativa será encaminhada junto ao setor de Comunicação.

Frei Atílio e o apelo amazônico

Por ocasião da proximidade do Sínodo dos Bispos para Amazônia e para expressar a comunhão orante da Frente das Paróquias com a caminhada da Igreja, Frei Atílio Battistuz, que, por diversos anos, atuou como missionário na Amazônia Peruana e atualmente está em missão na Prelazia de Marajó, PA, presidiu a Missa da manhã do dia 23. Na homilia, destacou o quanto foi importante para ele o contato com o mundo amazônico e sua diversidade biológia e cultural. “Eu sou branco e descendente de italianos. Nasci em Chopinzinho, PR. Nossa cultura europeia se apoia muito na ideia de dominação e conquista. Conhecer a realidade da Amazônia me fez perceber novas formas de se relacionar

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com a vida, com a natureza e com as pessoas. Como filhos de São Francisco, precisamos também entrar nesta dinâmica mais marcada pelo respeito e pela acolhida”, enfatizou. Frei Atílio também aproveitou sua participação no encontro para incentivar os frades da Província a fazerem experiências missionárias na Amazônia.

tuários, dirigindo especial atenção à presença da Província em Angola, através da Fundação Imaculada Mãe de Deus. O convite é para que haja um incremento especial da campanha missionária neste ano, levando o povo a uma maior consciência e proximidade em relação à presença franciscana em Angola.

Ano Missionário Extraordinário

450ª Festa da Penha e 30ª Caminhada Penitencial Frei Bruno

O Papa Francisco convocou, para outubro de 2019, o Ano Missionário Extraordinário, com o lema “Batizados e enviados”. O objetivo da iniciativa é “despertar, em maior medida, a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral”. Assim, os confrades foram incentivados a abordar com ênfase esta temática nas paróquias e san-

Duas comemorações importantes para o próximo ano foram recordadas. Frei Pedro Oliveira, em nome da Fraternidade do Convento da Penha, lançou um convite à participação maciça dos confrades na Festa da Penha no próximo ano, quando ela chega à sua 450ª edição e, no próximo ano, será realizada entre os dias 12 e 20 de abril. Também houve a recordação da 30ª Romaria Penitencial em honra a Frei Bruno, no 2º Domingo da Quaresma em 2020, em Joaçaba. A participação efetiva dos frades nesta iniciativa adquire importância ainda maior dados os encaminhamentos do processo de Beatificação de Frei Bruno que está em curso.

Frei Gustavo Medella


cfmb

Frades participam da experiência “Reviver o Dom da Vocação”

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ezoito frades, das nove entidades que compõem a Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), fizeram a experiência “Reviver o Dom da Vocação”, promovida pela CFMB e pelo Serviço para a Formação e Estudos (Serfe), de 16 de maio a 15 de junho. O tricentenário Convento São Francisco, em São Paulo, foi o ponto de partida de um longo itinerário, que passou pela Terra Santa, Roma e Assis. Foram dias de peregrinação, oração, meditação, visando o reencontro com Cristo e a redescoberta do ponto de partida de sua vocação. Para a experiência, foram convidados frades que completaram 25 anos de vida religiosa. Da Província Franciscana da Imaculada Conceição, participaram Frei Alexandre Magno Cordeiro da Silva, Definidor Provincial; Frei Fabiano Kessin, Frei Mário Stein, Frei Pedro Viana do Nascimento e Frei Diego Atalino de Melo, que coordena o grupo neste ano. “Além da riqueza de tudo o que vivemos e conhecemos, tivemos a oportunidade de formar uma fraternidade interprovincial com frades de todas as entidades da CFMB. São histórias, vidas, culturas, realidades e vivências distintas que se unem a partir de uma única vocação: seguir Jesus Cristo ao modo de São Francisco”, afirmou o coordenador. No dia 17 de maio, os frades celebraram a Missa de envio, que foi presidida por Frei Fidêncio Vanboemmel, moderador da Formação Permanente, e concelebrada pelo guardião e Definidor Provincial, Frei Mário Tagliari e Frei Diego Melo. Em sua homilia, Frei Fidêncio afirmou que o convite para a vivência não se trata de um prêmio, mas uma graça,

uma oportunidade de refazer o itinerário espiritual, buscando reviver o dom da vocação através do encontro com Cristo Ressuscitado e com São Francisco. Na primeira parte da viagem, os frades passaram pelos lugares santos, além de terem um encontro com o Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton. “Peregrinar pela Terra Santa é reavivar, reaquecer o coração, que muitas vezes fica conturbado e

inquieto como o coração de Tomé”, assinalou Frei Fidêncio, convidando os frades a abrirem o “ouvido do coração” para buscar e encontrar o Senhor, para serem, no retorno às atividades, “testemunhas de Jesus diante do povo”, acrescentou. Na segunda parte, de 28 de maio a 14 de junho, o grupo passou pela Itália, onde visitou os santuários franciscanos, em Assis, e a Cúria Geral da Ordem, em Roma. Para Frei Fidêncio, estar em Assis é uma oportunidade para ouvir e interiorizar as palavras de São Francisco, mas também uma convocação para responder aos apelos do Santo de Assis, que ainda hoje se fazem ouvir: abraçar o leproso, os pobres, e cuidar da Mãe Terra. O frade também recordou que a viagem seria marcada pela celebração do oitavo centenário do encontro de São Francisco com o Sultão.

Érika Augusto julho de 2019 – comunicações

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OFM

entrevista

Frei Francesco Patton

Amar a terra de Jesus é parte essencial de ser franciscano

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s aromas, as cores e os sons típicos da Páscoa de Jerusalém chegam aos aposentos do complexo São Salvador, logo ao virar na esquina da Porta Nuova, onde reside o Custódio da Terra Santa. Frei Francesco Patton, 55 anos, franciscano originário de Trento, especialista em comunicações sociais, e há quase três anos o responsável pela Custódia da Terra, aquele que coordena a presença dos “frades da corda” nos locais da vida terrena de Jesus de Nazaré.

A Custódia estende sua jurisdição para além das fronteiras da terra de Jesus (hoje Israel e Palestina), incluindo Jordânia, Egito, Chipre, Rodes, Líbano e a atormentada Síria: uma missão vasta e exigente. É verdade, trata-se de uma enorme responsabilidade em relação às populações cristãs destas terras, em relação aos frades que ali se dedicam a ela e sobretudo em relação à Igreja universal, que nos confiou tal honra e esta responsabilidade. Confesso que quando, em 2016, me comunicaram esta missão inesperada, não dormi por algumas noites. Acompanhe a entrevista ao L’Osservatore Romano! Em 2017, foram celebrados os oitocentos anos da presença franciscana na Terra Santa e, em 2019, o oitavo centenário do famoso encontro em Damietta entre São Francisco de Assis e o sultão Al-Malik Al-Kamil.

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dura batalha pela conquista de Damietta. E lá, indo contra o conselho da maioria, autorizado por sua conta e risco pelo legado pontifício, Francisco cruzou as linhas de combate e se encontrou com Al-Malik Al-Kamil.

De fato, nossas origens remontam a 1217, quando o Capítulo Geral dos Frades Menores, convocado pelo próprio Francisco, decidiu organizar a Ordem em Províncias e instituiu a chamada “Província do Ultramar”, precursora da Custódia, e que naquela época incluía em certa medida todas as margens orientais do Mediterrâneo. O primeiro grupo foi guiado pelo frade Elia Buonbarone de Cortona, uma figura empreendedora; alguns anos mais tarde o encontraremos amigo e conselheiro de Frederico II da Suábia. Mas o momento decisivo foi precisamente em 1219, quando Francisco, após a quinta Cruzada, partiu de Ancona para o Egito, onde os cruzados travavam uma

Sabemos que o sultão ficou impressionado com a presença do pobre homem de Assis, a quem admirou por sua coragem, mas sobretudo por sua mansidão e vontade de dialogar. Aquele encontro tem para nós um valor muito mais importante do que o mero fato histórico da hagiografia do Santo. Deixe-me dizer que nele está precisamente a quintessência da espiritualidade, e também da teologia franciscana. É a lógica do diálogo antes de tudo, do diálogo a qualquer custo, do diálogo fonte exclusiva da paz. Por essa razão, em fevereiro passado, fomos a Damietta e depois a Al-Azhar, para recordar o evento e encontrar as autoridades religiosas islâmicas. É uma fraternidade que é construída a partir de baixo, a partir das experiências da vida cotidiana. Não ignoramos, mas pressupomos as diferenças doutrinárias, e enfrentamos as dificuldades da vida que são as mesmas para todos. Assim, permanecemos no espírito de Damietta. Dou um exemplo: nossas escolas são frequentadas por muitos estudantes muçulmanos. Em Jericó são 96%, mas, para eles, o estudo e a formação são o único instrumento de emancipação social, de educação à tolerância, de construção de uma cultura de


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paz; e nós não nos subtraímos em ajudá-los. Em Jerusalém, depois, há uma escola de música, o “Magnificat”, onde os professores e estudantes são judeus, cristãos e muçulmanos. Depois do encontro com o sultão, os traços da viagem de Francisco se confundem. Ele nunca chegou a Jerusalém? Nós não sabemos. De fato, não existe uma documentação de sua presença em Jerusalém, que permaneceu ocupada pelos muçulmanos até depois de sua morte. Porém há um detalhe importante que não deve ser subestimado. Quatro anos mais tarde, em 1223, Francisco organizou a celebração da Eucaristia em uma gruta de Greccio, reproduzindo a cena da Natividade e transformando uma manjedoura em um altar. O que sugeriria que Francisco tenha ficado impressionado e inspirado por uma recente visita a Belém, onde se celebra ao lado da manjedoura. E, se esteve em Belém, nada impede que pensemos que tenha ido além, por mais oito quilômetros, ao norte de Jerusalém. No decorrer desses oito séculos, a Custódia passou por muitos momentos críticos… Abalos, passamos por muitos. Penso, por exemplo, na queda do reino latino em 1291 para São João do Acre, quando os frades foram forçados a fugir para Chipre, ou quando em 1551 fomos expulsos do Cenáculo (que havia sido a primeira sede da Custódia) e encontramos hospitalidade junto aos armênios. Mas pensemos também nos terremotos, frequentes na Terra Santa, ou nas epidemias de peste, no confrontos entre os otomanos e as potências europeias, na laboriosa definição do status quo na metade do século XIX. Por fim o século XX, quando passamos rapidamente da jurisdição jordaniana para a israelense. Em 1967, a linha verde da fronteira entre a Jerusalém israelense e a jorda-

niana passou logo aqui abaixo, do lado de fora da janela do meu escritório. Ainda temos alguns frades idosos que nos contam sobre a repentina mudança trazida pela Guerra dos Seis Dias. Foram momentos difíceis. Somente nos últimos meses foi limpa das minas a área circundante ao convento que é o local do batismo de Jesus, perto de Jericó, que havia sido precipitadamente abandonada naqueles dias. Nós o achamos intacto, como os frades o haviam deixado há meio século: na sacristia ainda havia o livro das Missas aberto na data do dia do abandono. Agora padre Sergey Loktionov, responsável de nosso departamento técnico, está trabalhando para que muito em breve volte a ser um convento vivo, de apoio aos peregrinos que visitam o local. Não que estes dias sejam os mais felizes: a situação das populações que vivem nos chamados territórios da Cisjordânia, cristãos e não cristãos, e daqueles que vivem em Gaza, preocupa-nos cada vez mais. Basta percorrer alguns quilômetros, em direção ao sul, em direção a Belém, além do muro, onde diariamente são vividas situações que não somente causam pobreza material, mas problemas psicológicos. Patriarcado, Nunciatura, Custódia: são diferentes as competências. O que faz exatamente o custódio da Terra Santa? A própria palavra diz: a missão principal que a Igreja universal nos confiou é a de custodiar os lugares que viram a experiência humana de Jesus, e os santuários que ali foram construídos. Aquilo que o Papa São Paulo VI, com uma feliz expressão, chamou de “quinto Evangelho”. Mas não só: antes de custodiar os locais é preciso custodiar os custódios, isto é, os frades. Meu primeiro trabalho é o serviço de orientação dos frades. Há cerca de trezentos deles, dos quais cerca da metade são aqueles que chamamos filhos da Custódia, enquanto a outra metade é composta de frades enviados

por outras Províncias por períodos mais ou menos longos. A formação teológica realiza-se aqui no complexo conventual de São Salvador, enquanto a filosofia é estudada em Ein Karem, local de nascimento de João Batista. Mas nossa menina dos olhos é o Studium Biblicum Franciscanum, sediado no Convento da Flagelação. No mesmo local onde no último verão reabriu as portas o Museu da Custódia, dirigido pelo padre Eugenio Alliata, conhecido professor de arqueologia bíblica. Mas os frades da Custódia não são somente guardiães dos Santuários da Terra Santa, são também agentes pastorais, muitos são párocos. Pensemos, por exemplo, em nossos quinze frades na Síria (e não se esqueça de rezar por eles e por seu povo!). Muitos são guias espirituais para numerosos peregrinos que a cada ano enchem nossas ruas. É uma realidade grande e complexa, a da Custódia: trezentos frades para mais de setenta santuários, um circuito de casas para a hospitalidade dos peregrinos (a “Casa Nova” em Jerusalém, Ein Karem, Belém, Nazaré), além de mil funcionários civis, escolas que recebem quase dez mil estudantes. Procuramos ativar em torno da peregrinação também um circuito econômico virtuoso, para que o peregrino, além de rezar e formar-se, possa contribuir para o apoio econômico das famílias cristãs locais, e não só. Esta forma de caridade é muito importante, porque entre nossos objetivos há a tentativa de evitar a diáspora dos cristãos da terra de Jesus. Para isso, contamos com o apoio de todas as outras Igrejas do mundo: favoreçam as peregrinações. A Terra Santa ainda é segura e a experiência espiritual que é dada pela peregrinação transforma de forma decisiva nossa fé. Para mim, para meus frades, amar e viver a terra de Jesus é parte essencial e imprescindível de ser franciscano.

Filippo Morlacchi e Roberto Cetera – Vatican News julho de 2019 – comunicações

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Papa aos Conventuais:

“A missão de vocês é ser evangelho vivo”

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Papa Francisco recebeu em audiência, na segunda-feira (17/06), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais. O Pontífice lembrou que, recentemente, a Santa Sé aprovou as Constituições renovadas da Ordem. “As Constituições são um instrumento necessário para defender o patrimônio carismático de um Instituto e garantir a transmissão futura. As Constituições expressam a modalidade concreta da sequela de Cristo proposta pelo Evangelho, regra absoluta de vida para todos os consagrados e particularmente para os seguidores de São Francisco de Assis, que, na profissão, se comprometem a «viver segundo o santo Evangelho»”, sublinhou o Papa. “O Evangelho é para vocês, queridos irmãos, regra e vida. A missão de vocês é ser evangelho vivo, «exegese viva da Palavra»”, disse ainda o Pontífice. “Este caminho de sequela se destaca pela fraternidade, que Francisco sentia como um dom”. «O Senhor me concedeu irmãos». A fraternidade é um dom que deve ser acolhido com gratidão. É uma realidade sempre em caminho, em construção e pede a contribuição de todos, sem que ninguém se exclua ou seja excluído”, uma realidade “em que não há consumidores, mas construtores. Uma realidade em que podem ser vividos percursos de aprendizagem contínua, de abertura ao outro, de intercâmbio, uma realidade acolhedora, disposta e disponível a acompanhar, uma realidade em que é possível fazer uma pausa na vida cotidiana para cultivar o silêncio e o olhar contemplativo e reconhecer nela a marca de Deus, uma realidade em que todos se consideram irmãos, sejam

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os ministros sejam outros membros da fraternidade, uma experiência em que cada um é chamado a amar e nutrir o seu irmão, como uma mãe que ama e alimenta o próprio filho”.

Alimentar a fraternidade

O Papa convidou os Frades Menores Conventuais a alimentar a fraternidade com o espírito da santa oração e devoção, “ao qual todas as outras coisas temporais devem servir”. “Desse modo, a sua vida fraterna em comunidade se torna uma forma de profecia na Igreja e no mundo; e se torna uma escola de comunhão, que deve ser praticada, seguindo o exemplo de São Francisco, em uma relação de amor e obediência aos Pastores”. A seguir, o Papa destacou outra ca-

racterística da forma de vida dos Frades Menores Conventuais: a minoridade. “Esta é uma escolha difícil porque se opõe à lógica do mundo que busca o sucesso a todo custo, deseja ocupar os primeiros lugares e ser considerado como senhores”. “Francisco pede a vocês para serem menores, seguindo o exemplo de Jesus que não veio para ser servido, mas para servir e nos diz: «Quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de todos, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos». Que esta seja a única ambição de vocês: ser servos, servir uns aos outros. Se vocês viverem assim, a sua existência será uma profecia neste mundo em que a ambição do poder é uma grande tentação”.


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Paz e reconciliação

“Preguem a paz. A saudação franciscana que os distingue é ‘Paz e bem’! “Shalom we tob”, disse o Papa em hebraico, ressaltando que a tradução é “reconciliação, reconciliação consigo mesmo, com Deus, com os outros e com as criaturas, ou seja, viver em harmonia: paz que leva à harmonia”. “É uma reconciliação em círculos concêntricos, que parte do coração e se estende ao universo, mas na realidade tem início do coração de Deus, do coração de Cristo”. “A reconciliação é o prelúdio da paz que Jesus nos deixou. Uma paz que não é ausência de problemas, mas que vem com a presença de Deus em nós e se manifesta em tudo o que somos, fazemos e dizemos”.

“Que vocês sejam mensageiros da paz, primeiramente com a vida e depois com as palavras. Que vocês sejam instrumentos de perdão e misericórdia em todos os momentos. Somente quem tem o coração reconciliado pode ser “ministro” da misericórdia, construtor da paz”.

Formação adequada

Segundo o Papa, para tudo isso é necessária uma formação adequada. “Um caminho de formação que favoreça nos irmãos a plena conformação a Cristo. Uma formação integral que envolva todos as dimensões da pessoa. Uma formação personalizada e permanente, como um itinerário que dura a vida toda. Uma formação do coração que muda a

nossa maneira de pensar, sentir e se comportar.” “Uma formação à fidelidade, bem consciente de que hoje estamos vivendo na cultura do provisório, em que o ‘para sempre’ é muito difícil e as escolhas definitivas não estão na moda”. Nesse contexto, Francisco sublinhou “a necessidade de formadores sólidos e experientes na escuta e nos caminhos que levam a Deus, capazes de acompanhar os outros ao longo deste caminho”. “Formadores que conhecem a arte do discernimento e do acompanhamento. Só assim poderemos conter, pelo menos em parte, a hemorragia dos abandonos que afeta a vida sacerdotal e consagrada”, concluiu o Papa.

Argentino é eleito Ministro Geral dos Frades Conventuais Em mais de 800 anos de existência, a Ordem dos Frades Menores Conventuais elegeu neste sábado, 25 de maio, o primeiro latino-americano como Ministro Geral. O argentino Frei Carlos Alberto Trovarelli foi eleito durante o 202º Capítulo Geral que terminou no dia 17 de junho, em Collevalenza. Nascido em Cinco Salto, Rio Negro, na Argentina, em 22 de junho de 1962, Frei Carlos ingressou na Ordem dos Frades Menores Conventuais pela Província Rioplatense de Santo Antônio de Pádua, presente nos países da Argentina e do Uruguai, em 15 de fevereiro 1986. Em 4 de outubro de 1990 fez a sua profissão solene e foi ordenado presbítero em 25 de março de 1995. Nos últimos anos, Frei Carlos atuou como assistente geral da Federação Conventual da América Latina (FALC). E, hoje, após dois mandatos de Frei Marco Tasca à frente dos Conventuais, Frei Carlos assume como novo Ministro Geral. Frei Carlos será o representante de 3.995 frades – 84 noviços, 480 professos de votos simples, 554 de votos solenes, 76 diáconos (incluindo 9 permanentes),

2.777 sacerdotes, 24 bispos – que vivem em 68 países, em 608 comunidades distribuídas em 28 Províncias, 20 Custódias, 22 Delegações e 7 Missões. “É uma honra ser o sucessor de São Francisco e pai de uma grande fraternidade”, declarou o novo Ministro Geral. “Pedi ao Santo de Assis a ajuda de seu espírito neste serviço. Peço aos frades que trabalhem e pensem juntos, e olhem o Evangelho e a maneira como São Francisco o vi-

veu”, disse. No centro das principais ideias do novo Ministro Geral estão a “fraternidade, a reestruturação da Ordem, atualizações no estilo de vida, um olhar para a sociedade e a pergunta o que esta pede de nós, franciscanos”. Diante de todos os capitulares e do Custódio do Sagrado Convento de Assis, Frei Mauro Gambetti, o novo Ministro Geral fez a seguinte promessa de fidelidade à Ordem e à Igreja: “Prometo sempre preservar a comunhão com a Igreja Católica, tanto nas minhas palavras como no meu modo de ser. Realizarei com diligência e seriedade os deveres em relação à Igreja, na qual, de acordo com as normas da lei, fui chamado a exercer o meu serviço. Ao exercer o ofício que me foi confiado em nome da Igreja, guardarei intacto e fielmente transmitirei o depósito da fé, rejeitando assim qualquer doutrina contrária a ela. Apoiarei a disciplina comum de toda a Igreja e promoverei a observância de todas as leis eclesiásticas, em particular as contidas no Código de Direito Canônico. Observarei com obediência cristã o que os Santos Pastores declaram como autêntico.


Dados pessoais, formação e atividades

falecimento

Frei Nestor Kuhn 25.10.1921

+ 13.06.2019

N

o dia em que muitas fraternidades da Província celebravam Santo Antônio, o Senhor chamou a si um de nossos confrades mais idosos: Frei Nestor Kuhn. Aos 97 anos, Frei Nestor faleceu em torno do meio-dia, no 13 de junho, no Hospital de Ituporanga, onde estava internado na UTI, desde o dia 5, diagnosticado com pneumonia. Foi transferido para lá vindo do Hospital de Angelina, onde permanecera em tratamento por 12 dias. A missa de Exéquias de Frei Nestor foi celebrada às 9 horas do dia seguinte, na igreja matriz de Angelina. Seu corpo foi sepultado no cemitério da Ordem Terceira, situado no início do caminho que leva até a gruta, atrás da igreja.

O frade menor

Entre os 12 filhos do sr. João e Albertina Mueller Kuhn (5 irmãos e 7 irmãs), Frei Nestor era o 5º. Seus pais eram gaúchos vindos para Santa Catarina, profundamente católicos e assíduos assinantes de revistas e jornais que os tornassem atualizados em religião e vida social da região e do mundo. Trinta pa-

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rentes de Frei Nestor, de 1º e 2º graus, são contados nas fileiras da Vida Religiosa e Sacerdotal. Segundo consta em sua ficha autobiográfica, na família Frei Nestor aprendeu a seriedade do trabalho, a virtude da religião, a força nas privações e sacrifícios. Do pai herdou o caráter sanguíneo e o gosto pela música. Sua mãe foi exemplo de alegria, paciência e compreensão, de quem aprendeu também a confiar em Deus nas dificuldades. Frei Nestor se considerava inclinado mais às coisas práticas e não às abstrações. Dizia-se frade feliz e realizado: “Nunca tive desejos inalcançáveis. Portanto, na maioria do tempo, fui muito feliz”. Na evangelização, Frei Nestor passou parte de seus anos em grandes e médias cidades, especialmente na periferia, e outra boa parte nas colônias do Sul, trabalhando mais entre pessoas simples, colonos e operários e crianças. Seus trabalhos preferidos eram: visitar capelas, dar catequese, ensaiar cantos com o povo, tocar nos ofícios divinos, ou mesmo só por prazer, improvisando no órgão. Em Angelina, nos últimos anos, além da acolhida aos romeiros, fazia vários outros pequenos serviços na fraternidade. Aliás, segundo ele, o exemplo da boa Fraternidade chama a atenção dos leigos(as), que notam como vivem os frades: “palavras convencem, exemplos arrastam”. Na companhia de Santo Antônio e de tantos confrades que viveram com entrega, alegria e sabedoria a sua vocação franciscana neste mundo, possa agora Frei Nestor continuar no céu seus acordes melodiosos de louvor a Deus, e possa interceder por nós, que continuamos nossa caminhada por aqui. R.I.P. Frei Walter de Carvalho Jr.

Nascimento: 25.10.1921 (97 anos de idade) N atural de Alto Veado - Peritiba, SC. V estição: 20.12.1941 – Rodeio P rimeira Profissão: 21.12.1942 (76 anos de Vida Franciscana) P rofissão Solene: 21.06.1946 O rdenação Presbiteral: 26.07.1948 (70 anos de Sacerdócio) 1 942 - 1943 – Curitiba – Estudos de Filosofia; 1 944 - 1947 – Petrópolis – Estudos de Teologia; 2 4.01.1950 – Duque de Caxias – pastoral; 2 5.01.1951 – Nilópolis – pastoral; 2 6.09.1955 – São Paulo – Pari – bibliotecário e cronista; 2 8.01.1956 – Concórdia discreto, bibliotecário, procurador vocacional; 0 3.12.1962 – Coronel Freitas – vigário paroquial; 1 1.02.1963 – Duque de Caxias – discreto e vigário paroquial; 0 7.02.1964 – Porto União – discreto; 2 3.04.1965 – Ituporanga – discreto e vigário paroquial; 2 0.07.1969 – Santos – vigário paroquial; 1 5.01.1971 – Guaratinguetá – Graças – atendimento e vigário paroquial Pedregulho; 05.09.1972 – São Paulo – Vila Clementino – vigário paroquial; 0 3.03.1975 – Concórdia – vigário paroquial e vigário conventual; 0 4.12.1979 – Canoinhas – vigário paroquial; 0 1.09.1980 – Lages – vigário paroquial N. Sra. Aparecida; 18.01.1992: vigário da casa; B alneário Camboriú – vigário paroquial; 1 0.01.1995 – Água Doce – vigário da casa e vigário paroquial; 1 0.10.1995 – Porto União – vigário paroquial; 2 9.11.1997 – Santo Amaro da Imperatriz – vigário da casa e vigário paroquial; 22.11.2000 – Angelina – vigário paroquial


FREI MARX: Bênção poderosa! FREI MÁRIO:

Tal pai, tal filho!

A pose de turista!

FREI LEO VIDA DE SACRISTÃO!

FREI ROBSON Eu vou chorar!

Banho antoniano!

FREI MOACIR Eu vou me vencer!

FREI CARLOS É de coração!

FREI NEYLOR

Só eu ganhei 3 andares de bolo!

FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!

RELÍQUIA DA ROCINHA Prefiro o beijo em Frei Roberto!

FREI JOSÉ

Guardião faz tudo!


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados

JULHO 02 a 04 03 04 a 06 08 a 12 10 a 14 17 a 21 22 a 26 22 a 26

Reunião do Definitório Provincial Encontro com os coordenadores dos Regionais (Largo S. Francisco) Fórum Franciscano para o Sínodo PanAmericano (CFFB) (Manaus) Assembleias da CFMB (Daltro Filho, RS) XXV Assembleia Geral Eletiva CRB (Brasília) Missões Franciscanas da Juventude (Rio de Janeiro) XVI Assembleia do Sefras (Tanguá - RJ) Retiro dos Formadores (Eremitério)

agosto 16 a 18 20 e 21 22 a 25 26 26 e 27 30 e 31

Alverne - Encontro de Formação para Jovens (Lages/SC) Reunião do Conselho de Evangelização (Sede Provincial) XVIII Assembleia Geral Ordinária da CFFB (Brasília) Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Lages) Encontro do Regional da Baixada e Serra Fluminense (Petrópolis - ITF)

SETEMBRO 05 a 08

Encontro Nacional dos Irmãos Leigos (OFM, OFMCap, OFMConv e TOR) (Lagoa Seca, PB) 08 Profissão Solene (Petrópolis) 09 a 12 Reunião do Definitório Provincial (Petrópolis) 16 Encontro do Regional de Curitiba (S. Boaventura) 16 Encontro do Regional do Espírito Santo 16 Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Gaspar) 16 Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Fazenda da Esperança) 23 a 26 Encontro dos Frades Under Ten – Província (local a ser definido) 30 Encontro do Regional São Paulo (Amparo) 30 e 01 Encontro do Regional do Contestado (Piratuba)

17 e 18 18 a 20 31 a 03

NOVEMBRO 15 15 a 17 25 25 26 a 28

Encontro do Regional da Baixada e Serra Fluminense (Taquara) Alverne - Encontro de Formação para Jovens (Vila Velha/ES) Encontro do Regional do Espírito Santo Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense Reunião do Definitório Provincial

DEZEMBRO 02 02 02 e 03 02 e 03 09

OutuBRO

09 e 10

6 a 27 07 e 08

09 e 10

Sínodo para a Amazônia (Roma) Encontro do Regional do Leste Catarinense (Angelina)

Encontro Provincial da Frente de Comunicação (Rondinha) Estágio Vocacional - Ensino Médio (Ituporanga/SC) Estágio Vocacional - Ensino Médio e Aspirantado (Guaratinguetá/SP)

Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá) Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Blumenau) Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião) Encontro recreativo do Regional do Contestado Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista) Encontro do Regional do Leste Catarinense – recreativo Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Blumenau)


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