Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
OUTUbro de 2018 • ANO LXVI • N o 10
“Começar pela Cruz…” Profissão Solene na Igreja do Sagrado Coração de Jesus 15 de setembro de 2018
Boas Festas de Sao Francisco!
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
“São Francisco de Assis, uma missão!”.............................................................................................. 652
FORMAÇÃO PERMANENTE
“Francisco de Assis”, de Frei Walter Hugo de Almeida......................................................... 655 Dois exemplos de jovens leigos que se deixaram tocar pela inspiração de Francisco..................................................................................................... 656
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Profissão solene em Petrópolis............................................................................................................. 662 Ordenação presbiteral e Primeira Missa de Frei José Raimundo de Souza............. 668 Música litúrgica: uma disciplina da Teologia (II)........................................................................ 674
FRATERNIDADES
Notícias do Convento da Penha.......................................................................................................... 675 Encontro Franciscano no Convento Santo Antônio............................................................ 676 Encontro dos Irmãos Leigos da Província..................................................................................... 678 Colatina: Dez anos de presença franciscana............................................................................... 680 Encontro e Retiro do Regional Leste Catarinense.................................................................. 682 PVF faz campanha em Niterói................................................................................................................ 684 Regional do Rio e Baixada se reúne em São João de Meriti........................................... 685 Bacabal recebe os restos mortais de Dom Pascásio Rettler........................................... 685 Série “Nossos Frades”: Frei Hans Stapel............................................................................................ 686 “Dois missionários em Angola”, texto de Frei Luiz Iakovacz............................................ 690
EVANGELIZAÇÃO
Frente da Comunicação: Partilha da experiência dos Capuchinhos do RS........ 692 II Congresso Nacional dos Educadores Franciscanos.......................................................... 694 O grande encontro das Paróquias da Província....................................................................... 696 FAE inaugura nova estrutura do Núcleo de Prática Jurídica........................................... 703 Unesco e Colégio Bom Jesus ajudam alunos da escola pública................................ 706 ESPECIAL: Ser “Igreja em saída” no âmbito da educação básica.................................. 708 ESPECIAL: Ser “Igreja em saída” no âmbito da educação superior............................. 717 Frei Luiz Iakovacz escreve sobre o XV Sínodo dos Bispos................................................ 718 Frei Atílio Battistuz: da fronteira ao Marajó................................................................................... 720
CFFB
Mosteiro Santa Clara em Nova Iguaçu celebra sua Padroeira...................................... 722 Frei Carlos Silva é eleito Conselheiro Geral dos Capuchinhos...................................... 723
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
Lançamento: As fontes originárias da refrescante água franciscana....................... 724 CRB: D. Amilton alerta: “Não somos salvadores do mundo”............................................ 725 Carta dos Religiosos Presbíteros ao final do I Encontro Nacional.............................. 726
FALECIMENTOS
Frei Mário Brunetta......................................................................................................................................... 728 Parentes dos confrades e benfeitores.............................................................................................. 730
AGENDA ........................................................................................................................................................ 732 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br
São Francisco de Assis,
uma missão! Caríssimos irmãos e Irmãs,
P
or ocasião da Solenidade de São Francisco de Assis, desejo a você a Paz que procede do Deus “onipotente, santíssimo, altíssimo” e todo o BEM que emana do Pai da misericórdia que é “todo o bem, sumo bem, bem total, que unicamente é bom”. E em comunhão com toda a Família Franciscana celebramos um único louvor e ação de graças ao “altíssimo, onipotente e bom Senhor” a quem devemos “todo o louvor, a glória e a honra e toda a benção” por tudo o que Ele operou por intermédio do bem-aventurado Pai Francisco. Celebrar São Francisco de Assis é motivo de júbilo daqueles que abraçaram a mesma vocação evangélica no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. É motivo de festa e de comunhão com todas as pessoas que se inspiram no Pobre de Assis para construir um mundo mais fraterno. Enfim, é festa de todos os homens e mulheres que encontram em Francisco de Assis o “novo homem” que viveu em profundidade o mistério do Criador e a sacralidade de todas as criaturas. Francisco de Assis perpassou a história como o Santo que construiu um caminho e continua a ser estímulo para que “concebamos a totalidade da nossa vida como uma missão” (Gaudete et Exsultate - GE nº 23). Como outrora, também nos nossos dias o Santo de Assis é eloquência do “Evangelho vivente” diante da aridez de tantas palavras sem “espírito e vida”. Ele é o “homem feito oração” de todos os que procuram seu refúgio e proteção no Senhor. Ele é a voz firme e decidida de todos os leprosos (excluídos e pobres) que clamam por justiça, direito, fraternidade, inclusão, caridade, cuidado, trabalho, pão, solidariedade, saúde e dignidade. Nos nossos dias, tempo de tanta propagação do ódio, da ostentação de armas e apologia à violência armada, da crescente onda de um neofascismo, Francisco é clamor profético da verdadeira paz: “Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz”. Pois, “para pregar a paz, primeiro você deve ter a paz dento de você”. Nos nossos dias, tempo de propagação do ódio político e religioso, de acirramento dos preconceitos contra classes sociais, raças e ideologias de gênero, Francisco nos oferece a linguagem do amor como saída para a construção de uma nova humanidade: “Onde houver ódio, que eu leve o amor”. Nos nossos dias, em meio a tantas ofensas e agressões verbais, do uso covarde de “fake news” para difamar a dignidade das pessoas, bem como o ressurgimento de novos “lobos de Gúbbio”, Francisco de Assis é o protagonista do perdão: “Onde houver ofensa, que eu leve o perdão”. Nos nossos dias, em meio à dogmatização de tantas inverdades, de inComunicações Outubro de 2018
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Mensagem duções ao erro e ao dolo, da propagação de notícias lançadas ao vento sem um mínimo de ética e de sabedoria, Francisco de Assis é clamor vivo da verdade. Ele mesmo nos admoesta a sermos aquilo que somos na verdade de Deus: “Onde houver erro, que eu leve a verdade”. Celebrar São Francisco de Assis é rever a nossa missão franciscana no mundo de hoje e, quem sabe, reorientar o nosso caminho de santidade no seguimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, sobre o chamado à santidade no mundo atual, o Papa Francisco afirma que “cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que visa encarnar, em um determinado momento da história, um aspecto do Evangelho” (GE nº 19). Sim, cada santo é uma missão! Francisco de Assis foi uma missão no seu tempo e continua a ser o santo em missão porque não se “resignou com uma vida medíocre, superficial e indecisa” (GE nº1). A grandiosidade da sua missão se fundamenta na escuta de Deus e nos sinais concretos que Ele lhe apresentava no cotidiano e que exigiam de Francisco a escuta diligente, atenção constante e cuidado permanente: “Consultava somente a Deus em seu propósito... e para que o Deus eterno e verdadeiro dirigisse seu caminho e o ensinasse a cumprir sua vontade” (1Cel 6). Como outrora, em meio a tantas doutrinas difusas e confusas, particularmente “a tentação de transformar a experiência cristã em um conjunto de especulações mentais, que acabam por afastar o frescor do Evangelho” (GE nº46), assim nos nossos dias, especialmente diante do risco da perigosa confusão do gnosticismo atual, o Papa Francisco nos remete a São Francisco de Assis, recordando a pequena carta a Santo Antônio: “Apraz-me que ensines a sagrada teologia aos irmãos, contanto que, nesse estudo, não extingas o espírito de oração e devoção”. Sim, cada santo é uma missão! Nesse sentido, também nos nossos dias Francisco de Assis é missão que nos interpela à necessidade da “reta fé, esperança certa e caridade perfeita”, para evitarmos a tentação do julgamento, do moralismo ou da superioridade dos que já se sentem perfeitos ou melhores (cf. EG nº 45). Ainda hoje Francisco de Assis nos admoesta: “A letra mata, o espírito, porém, nos vivifica. São mortos pela letra aqueles que somente desejam conhecer as palavras para serem considerados mais sábios entre os outros e poderem adquirir riquezas, para darem a parentes e amigos” (Adm VII). Cada santo é uma missão! O santo tem a missão de “viver com alegria o sentido de humor” (GE nº 122). Em meio a tantos sinais de “espírito retraído, tristonho, amargo, melancólico ou perfil sumido, sem energia”, novamente o Papa Francisco nos recorda a santidade de Francisco de Assis: “Isto mesmo vivia São Francisco de Assis, capaz de se comover de gratidão perante um pedaço de pão duro, ou de louvar, feliz, a Deus só pela brisa que acariciava o seu rosto” (GE nº 127). Em meio às injustiças de tão poucos que tudo acumulam, dos que tudo armazenam nos celeiros bancários e paraísos fiscais, acumulado tesouros para as traças (cf. Mt 6, 19-21), sem a justa e equitativa partilha, Francisco de Assis nos recorda que, mesmo tendo apenas um pedaço de pão seco e duro, devemos estar ale-
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Mensagem gres e reconhecer que de nada somos proprietários. Antes, somos alegres andarilhos de Deus e eternos devedores do Doador de todos os dons, pois Dele tudo recebemos por empréstimo e nada nos pertence. Por isso, recorda-nos: “E devem alegrar-se, quando convivem entre pessoas insignificantes e desprezadas, entre os pobres e fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua... porque Jesus Cristo, Filho de Deus, foi pobre e hóspede e viveu de esmolas, ele e a bem-aventurada Virgem e seus discípulos” (RnB 9, 2-3). Ser santo é uma missão! Missão daqueles e daquelas que percorrem o caminho das bem-aventuranças à luz do Mestre. Segundo a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, o caminho das bem-aventuranças é chamado como “o bilhete de identidade do cristão” (GE 63). Também São Francisco de Assis, em suas Admoestações, nos oferece um itinerário franciscano de felicidade: • Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus... • Bem-aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o reino dos céus... • Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus... • Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus... • Bem-aventurado o servo que não mais se exalta do bem que o Senhor diz e opera nele... • Bem-aventurado o homem que suporta seu próximo naquilo que gostaria de ser suportado por ele... • Bem-aventurado o servo que não se considera melhor quando é engrandecido e exaltado pelos homens... • Bem-aventurado o religioso que não tem prazer e alegria a não ser nas palavra e obras do Senhor... • Bem-aventurado o servo que, quando fala, não manifesta todas as suas coisas em vista de recompensa... • Bem-aventurado o servo que suporta correção, acusação e repreensão da parte do outro tão pacientemente como se fosse de si mesmo... • Bem-aventurado o servo que se encontra tão humilde entre os seus súditos como se estivesse entre os seus senhores... • Bem-aventurado o servo que tanto ama e respeita seu irmão quando estiver longe dele como quando estiver com ele... • Bem-aventurado o servo que põe fé nos clérigos que vivem retamente segundo a forma da Igreja Romana... • Bem-aventurado o servo que entesoura no céu aos bens que o Senhor lhe mostra...
Boas festas do nosso Seráfico Pai São Francisco e que o Senhor vos abençoe e vos guarde! Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial Comunicações Outubro de 2018
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Formação Permanente
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ssim como Santo Agostinho e muitos outros, São Francisco não nasceu anjo. Antes da sua conversão, ele experimentou uma vida desorientada, no meio de festas, farras, revelando-se um jovem mundano, frívolo, esbanjador da riqueza de seu pai, para mostrar-se grande e rei da juventude, como afirma quem o conheceu: Tomás de Celano. Sua época, diz o papa João Paulo II, era uma época desorientada, no entanto, dentro de suas fanfarrices, em seu temperamento de farrista, gostava de aparecer como um jovem apaixonado, sonhador, a ambicioso, buscando o maior! Assim, de coração apaixonado e do tamanho do mundo, era propenso ao amor, sensível à situação dos pobres, dos marginalizados de sua cidade, Assis. Deus, porém, trabalhou seu coração! Foi receptivo à graça do Senhor! Primeiro, em seu sonho de ser cavaleiro... Queria ser um cavaleiro! Em Espoleto, ouviu a voz de Jesus: A quem quer servir? Ao servo ou ao Senhor?...Veio também o desânimo em seguir a carreira comercial do seu pai... Tudo isso é caminho de Deus! Depois, um dia, voltando de viagem comercial do seu pai, parou para orar na Capelinha de São Damião. Ali o Crucifixo lhe falou: Vai, Francisco, e restaura a minha Igreja...
FRANCISCO DE ASSIS Ele entendeu, ao pé da letra, e começou a reconstruir a igrejinha em ruínas; mas, esta ordem de Jesus era em sentido mais além, de Igreja!... Como depois se viu, Francisco e sua espiritualidade, por assim dizer, salvando a Igreja do século XIII, no dizer de Paul Sabatier, historiador e protestante. Depois, em luta de guerra Assis contra Perugia, foi preso!... Uma experiência que o fez crescer na vida. Daí solto, adoeceu... outra experiência, em termos de sua consagração a Jesus... Voltou à casa paterna, ao dia a dia. O pai dele, grande comerciante, e ele, ajudando nos negócios. Esta vida não durou muito, e Francisco rompeu de vez e aprofundou sua conversão... Podemos dizer, Francisco cooperou com a Graça de Deus! Foi aos poucos vencendo a si próprio. O auge deste processo se dá quando se encontrou um dia com um leproso: gente marginalizada da cidade, vivia fora dos muros... Ele o abraçou... e o beijou...! Isso marcou a sua vida, ponto de referência de toda sua vida. Doçura de corpo e alma! O amargo se me tornou doce, dali por diante, disse ele, em seu Testamento; e dali em diante, foi conduzido para
o meio dos leprosos, e o noviciado de seus seguidores entre estes irmãos marginalizados. Francisco: Uma madeira onde Deus esculpiu o santo! Os santos não nascem com uma coroa!... Eles são de carne e osso, como nós, eles navegam nos mesmos mares de todos nós; são inclinados ao que é sublime, mas também eles são filhos de Adão... pecadores. Eles são inclinados ao que é sublime, mas também eles são filhos de Adão... pecadores!... O segredo dos santos é este: Deixam-se trabalhar pela graça do Senhor!...O santo, a santa é uma maravilha de Deus, maravilha da Fonte da Santidade, Deus mesmo! Neste seu mês, sob sua proteção, também nós, vamos pedir a Deus esta Graça: Que construamos a nossa santidade, abrindo nossos olhos, nossa mente, coração, para Deus trabalhar, e também somos convidados a ser santos, santas!... Francisco de Assis, rogai por nós! A todos, Paz e Bem! Frei Walter Hugo de Almeida Comunicações Outubro de 2018
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Formação Permanente ano do laicato
DOIS EXEMPLOS DE JOVENS LEIGOS QUE SE DEIXARAM TOCAR PELA INSPIRAÇÃO DE FRANCISCO
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este Ano do Laicato, celebrado pela Igreja do Brasil, o papel do leigo na sociedade e nas comunidades ganhou um destaque especial. Cada vez mais cresce a consciência de que os leigos têm papel importante na formação e animação da comunidade cristã. Para tanto, fazem-se necessários o engajamento e o compromisso pastoral, características que fazem parte da vida destes dois jovens formados a partir de nossa presença evangelizadora de frades menores. O testemunho deles deve servir de estímulo a nossas fraternidades a outros jovens leigos que sentem o chamado a se aprofundar cada vez mais no modo franciscano de ser presença na Igreja e no mundo.
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ALINE NEVES:
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“ESTAR ENGAJADA É O COMBUSTÍVEL QUE EU PRECISO PARA SOBREVIVER”
os 32 anos, a jovem Aline Neves, natural de Nilópolis (RJ) faz uma experiência missionária na Diocese de Barra (BA), como voluntária na Paróquia Nossa Senhora da Piedade. A paróquia possui 30 comunidades e fica no distrito de Cocal, município de Brotas de Macaúbas, sertão da Bahia. Frei Moiséis Beserra de Lima é o pároco local. A Diocese de Barra é pastoreada por Dom Luís Flavio Cappio, bispo franciscano pertencente à Província da Imaculada Conceição do Brasil. Comunicações – Como começou seu envolvimento mais direto, mais engajado, na vida da Igreja? Aline Neves - Meu envolvimento aconteceu desde quando comecei a fazer a catequese, ainda criança. Fui sozinha num batizado e gostei. Pedi aos meus pais para entrar na catequese. Logo em seguida, depois da catequese, continuei. Ajudava na Pastoral do Negro, sempre que necessário, e na Pastoral do Teatro. Atuava na Pastoral da Juventude, Catequese, mas com uma atuação mais intensa com a juventude e catequese. Até começar a conhecer a Caminhada Franciscana e me encantar por São Francisco e querer vivenciá-lo cada vez mais. Desde então, eu não saí mais. Entendi bem a proposta de servir à comunidade, aquela comunidade que me acolheu enquanto criança na catequese, que me preparou. Depois fiz Crisma, entrei no grupo de jovens e fui me engajando nos movimentos. Comunicações – O que este engajamento crescente representa na sua vida? Aline - A minha caminhada na Igreja foi aos poucos. Em cada fase da minha vida fui vivendo um tipo de atividade, contribuindo com um
Frei Diego Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional (SAV), ajudou neste processo. Aline conta que o desejo de ser missionária nasceu depois da participação em eventos organizados pelo SAV, como as Caminhadas e Missões Franciscanas. Em 2017, surgiu o convite para uma missão na Diocese de Barra. Ela voltou sozinha, em setembro e depois decidiu deixar sua vida no Rio de Janeiro para ser missionária em Cocal. Acompanhe a entrevista.
serviço na Igreja. Da catequese fui para o grupo de jovens e lá, enquanto Pastoral da Juventude (PJ), nas formações sobre Igreja, sociedade, políticas públicas, abri minha cabeça pra uma Igreja em saída, que olha o povo, sobretudo os pobres, e despertou o meu interesse em querer continuar aquele trabalho. O engajamento e o discernimento que eu tenho hoje começaram na PJ. Eu devo isso a ela, até a carreira que quis seguir tem a ver com as questões que refleti a partir da PJ, com a formação e o preparo que ela me deu. Fiquei muito tempo servindo à Pastoral da Juventude. Em seguida, passei a coordenar o Encon-
tro de Jovens que amam a Cristo (EJAC), que está no seu 12º encontro. Depois, houve a necessidade de eu ir para a catequese. Meu pároco, na época, perguntou se eu podia assumir uma turma e a coordenação da Catequese na Comunidade Santo Antônio, que estava precisando. A comunidade estava sem ninguém e eu acredito que uma Igreja sem catequese é uma Igreja que carece de um importante pilar. E assim eu aceitei. Esse engajamento é a chama que aquece a minha vida. Tem época que essa chama está alta ou baixa. Teve um período na minha vida em que a chama estava um Comunicações Outubro de 2018
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Formação Permanente pouco mais baixa e aí vieram as Caminhadas e Missões Franciscanas, que acenderam essa chama de novo. Estar engajada é o combustível que eu preciso para sobreviver. Como a gente precisa se alimentar, trabalhar, eu preciso estar engajada na Igreja, com as coisas de Jesus. Quando eu não estava muito engajada, minha vida estava triste, mais sombria. Quando eu volto a me engajar, a servir à Igreja, às pessoas, como Cristo pediu, isso me trouxe uma vida nova, isso me fez reviver, me fez renascer. A minha chama aumenta! O engajamento pra mim é o que mantém a minha vida. Comunicações – Como surgiu no seu coração este desejo missionário? Aline - Acho que este desejo sempre esteve aqui, só que não o identificava como desejo de ser missionária. Por alguns anos da minha vida, trabalhei nas periferias da minha cidade, as periferias existenciais. Trabalhei com jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade social e me descobri nesse trabalho, ao ajudar o jovem, aquele que está excluído, aquele que ninguém quer, que por alguma dificuldade se perdeu na vida e se entregou às drogas ou cometeu um ato ilegal e está preso. Ninguém quer saber deles, as pessoas esquecem que ali Cristo também está. Eu me envolvi demais nesse trabalho e cada vez mais queria estar trabalhando, queria estar nas periferias ajudando, contribuindo de alguma forma. Mas até então era um trabalho profissional. Eu era gestora de projetos sociais, mas não deixei de ser cristã, então não tinha como separar a ‘Aline profissional’ da ‘Aline cristã’, que tem consciência de que deve levar a Palavra de Cristo a todos os povos e a todas as pessoas.
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Eu tinha consciência de que Cristo estava ali, naqueles jovens e naquelas mulheres que estão excluídas da sociedade. Aí veio todo esse movimento na nossa Província, o trabalho do Frei Diego Melo, animando a juventude, promovendo as Caminhadas e as Missões Franciscanas. Quando veio o convite pra participar da primeira Caminhada, passei a perceber que aquele meu anseio, na verdade, era um anseio missionário. Na primeira caminhada, quando cheguei na Fazenda da Esperança e encontrei aquelas pessoas, para quem a sociedade virou as costas, aqueles excluídos, onde conseguimos perceber o rosto misericordioso de Deus, ali percebi que era aquilo que eu queria pra minha vida: estar no meio de quem precisa ouvir a Palavra de Cristo, ir ao encontro de Cristo no meu irmão, perceber que aquelas pessoas fazem parte da minha vida, da sociedade onde eu moro e que eu não posso ser conivente com essa lógica que exclui, porque Jesus não excluiu ninguém. Se é ali que Cristo está, é ali que eu quero estar também. Depois da caminhada, veio a minha primeira missão na Província, em Curitiba (PR). A missão foi perfeita, eu fiquei num assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), onde senti fortemente a presença de Cristo. Senti que queria mais. Num destes encontros, estava muito angustiada e conversei com o Frei Diego. Disse que não estava mais satisfeita com o meu trabalho na Paróquia. Aquilo que eu estava fazendo lá, na Catequese, aquela contribuição, já não inflamava mais o meu coração, senti que era pouco, que eu precisava fazer algo mais. Ele me aconselhou e disse: “Você precisa jogar suas redes em águas mais profundas, chega um momento em que só ali não dá mais pra gente”. E de fato, aquilo ficou no
meu coração, foi passando alguns anos e surgiu a oportunidade. Um belo dia surgiu o convite de vir fazer missão aqui em Cocal, não pensei duas vezes e vim. Foi uma missão muito boa e eu tive certeza que eu queria era viver essa vida de missionária, de levar o Cristo, de encontrar o Cristo onde Ele está. Comunicações – Quais desafios você enfrentou a partir desta decisão? Aline - Eu tive alguns desafios. Estou aqui no Cocal, no Sertão Baiano. Saí do Rio de Janeiro, da minha Paróquia e vim pra cá. O maior desafio foi me afastar da minha família, que é minha base, meu porto seguro, o que eu tenho de mais valioso na minha vida. Mas o apoio deles me deu força. Antes de vir, estava triste, por conta dessa chama que estava bem fraca lá. Eles sentiram essa necessidade e me apoiaram. A despedida ali, no aeroporto, eu entrando no avião e vendo-os ficar foi a parte mais dura. E ainda é, quando acaba o dia aqui, quando eu fecho a minha porta e vou deitar. Aí eu lembro e bate saudade da família. Mas eu sei que eles estão bem e a hora que eu quiser eu posso voltar, mas as graças e bênçãos que eu recebo aqui suprem minhas necessidades, esse anseio de tê-los perto de mim. Depois vieram outros desafios. Conforme vão passando os dias, vão surgindo outros desafios na vida. Porque eu sou uma leiga, que saí da minha cidade, larguei emprego, família, para vir servir a Cristo e às pessoas daqui, porque eu senti este chamado na primeira missão que eu fiz em Cocal. Como foi algo que senti fortemente, lutei bastante para conseguir vir. Pensei, busquei conselhos, deixei Deus falar em meu coração para saber se era isso mesmo. Com a ajuda da minha família e o
Formação Permanente apoio dos meus amigos, eu consegui vir. A cada dia é um desafio novo: morar sozinha, trabalhar para me sustentar e fazer a missão. Mas estou aqui porque tenho Cristo e Ele me dá força. Quando você serve a Cristo, nada lhe falta. Tudo o que você necessita, Ele providencia. Através de um irmão, de outra pessoa, mas Ele providencia. Comunicações – Como está sendo fazer este trabalho de missão? Aline - A experiência está sendo muito rica. Hoje eu sou uma nova pessoa por conta da vida aqui. É uma cultura diferente, pessoas diferentes, mas o Cristo é o mesmo. Eu trabalho, dou aula para as crianças, ajudo na Paróquia de todas as formas, nas celebrações, adoração, Catequese, grupos de formação. Comunicações – Como você foi recebida pela comunidade do povoado de Cocal? Aline - A minha acolhida no Cocal foi a melhor possível. O carinho do povo comigo foi o que me motivou a vir novamente para cá. Eu vim a primeira vez em julho de 2017, fiz uma semana de missão junto aos outros 15 jovens e, na hora
de ir embora, fui com dor no coração, tristeza, lágrimas e as pessoas com o mesmo sentimento. Quando chegamos pela primeira vez, fomos muito bem acolhidos. Voltei uma segunda vez, em setembro de 2017, na Festa da Padroeira. Vim sozinha e fui muito bem acolhida, muito acalentada pelo povo. Aí veio o desejo de voltar e fazer uma experiência maior, recebi essa resposta do povo, que pediu para eu ficar aqui. Só confirmei meu chamado. Quando cheguei, fui muito bem recebida e ainda sou. As pessoas me tratam com muito carinho, com muito amor. Sempre tem alguém para me ajudar quando eu preciso. Quando você vem para um lugar que é longe de tudo e você é bem acolhida, a missão fica muito mais fácil. Esse carinho do povo foi o ponto máximo para eu ficar aqui. Eu não sei se conseguiria estar num lugar, mesmo para servir a Cristo, onde eu não fosse bem acolhida, onde eu sentisse que as pessoas não gostassem de mim. Comunicações – Quais são os seus planos para o futuro? Aline - O futuro está na mão de Deus, como a minha vida também está entregue a Ele. Se hoje estou
aqui, é porque eu ouvi o chamado d’Ele. Vou ficar nessa missão até quando Ele achar que eu devo ficar. Da mesma maneira que ouvi o chamado d’Ele para estar aqui, se for da vontade de Deus que eu retorne para minha comunidade de origem, lá eu estarei. Vou para onde Ele me guiar. A minha vida é guiada por Deus. Eu louvo e agradeço todo dia por Ele estar conduzindo a minha vida, e está conduzindo muito bem. A proposta inicial é ficar por um ano. Hoje tenho emprego para me sustentar. Pretendo ir ao Rio de Janeiro no fim do ano, passar as férias escolares e voltar no ano que vem. Aqui participo de uma escola sacramental, onde nos preparamos para receber o ministério da Eucaristia e da Palavra. Estou fazendo a missão e estudando também. Se for da vontade d’Ele que eu fique aqui mais um ou dois anos, ficarei. O quanto for necessário, o quanto Ele quiser que eu fique aqui. Eu pedi muito a Deus uma mudança de vida, um sentido novo para minha vida e Ele me deu. Vou aproveitar ao máximo desse desejo concedido por Ele para mim. Onde Ele mandar, eu irei. O futuro de fato a Deus pertence e o meu futuro, presente, a vida inteira, pertencem a Ele.
CARLOS FERNANDES:
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O CRISTÃO FRANCISCANO É UM PACIFICADOR
jovem Carlos Fernandes tem 32 anos, é formado em Relações Públicas e reside atualmente na cidade de Bauru, interior de São Paulo, embora tenha nascido na Capital. Sua devoção a São Francisco é herança do pai, muito devoto do santo de Assis. Atuante na Igreja junto à Pastoral da Juventude, teve a oportunidade de se aproximar ainda mais do carisma franciscano quando conheceu sua noiva, que é da cidade de Agudos, onde se localiza o Seminário Santo Antônio. “Aos poucos,
tive contato com a Ordem Franciscana Secular (OFS), onde fui muito bem acolhido. Essa acolhida fez com que nos interessássemos em conhecer mais a vida de Francisco”, explica. Atualmente Carlos Fernandes está no processo de Formação da OFS, participa ativamente das iniciativas da Província junto à juventude e tem se destacado pelo interesse no estudo e aprofundamento das Fontes Franciscanas. Nesta entrevista ele traz um pouco de sua experiência de jovem leigo franciscano na vida da Igreja e da sociedade. Comunicações Outubro de 2018
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Formação Permanente com a minha família começou a melhorar, passei a entender certos aspectos a partir de uma ótica nova, de olhar para aquele irmão como quem olhava para a face de Deus. Quando isso atinge a nossa vida profissional, também temos um ganho muito produtivo. Isso incentiva o trabalho em equipe, passamos a ser mais produtivos, entender as limitações do nosso irmão e entender que nós também temos limitações e que às vezes não as vemos e cobramos do outro. O relacionamento interpessoal no trabalho fica muito mais produtivo. Comunicações – Como nasceu o seu interesse em relação à figura de São Francisco de Assis e à Espiritualidade Franciscana? Carlos Fernandes - Foi de uma forma muito natural, estudando a história dos santos. Muitos deles nos remetem a São Francisco, acabam convergindo na pessoa de São Francisco. Meu pai é muito devoto dele, e por isso desenvolvi, a princípio, uma fé devocional. Sempre gostei, admirei São Francisco pela história de vida que temos nos relatos, da renúncia, isso me chamou a atenção. Em determinado momento, tive a oportunidade de ir até Agudos (SP), no interior, bem perto de minha cidade [Carlos atualmente reside em Bauru]. A família da minha noiva é da cidade de Agudos e lá tivemos contato com os frades. Eu ia às missas no Seminário e me sentia muito mais à vontade. Aos poucos, tive contato com a Ordem Franciscana Secular (OFS), onde fui muito bem acolhido. Essa acolhida fez com que nos interessássemos em conhecer mais a vida de Francisco. A cada dia desvendo uma característica nova desta espiritualidade que encanta e apaixona. Comunicações – Dentre os aprendizados que você alcançou a partir do
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aprofundamento em relação à vida e à sabedoria de Francisco de Assis, qual deles você destaca? Carlos - Para mim, o contato com São Francisco leva à proximidade com o irmão de uma forma diferente, o contato com o próximo, não só por respeito, mas por ver no meu irmão o rosto de Deus, o rosto de Cristo, que pode ser o Cristo Sofredor. Em determinados momentos da vida O encontramos de diferentes formas. Saber que Jesus pode ser encontrado no próximo muda completamente a relação que eu tenho com as pessoas. Deixa de ser um relacionamento instrumental, meramente interesseiro, para ser a construção de uma comunhão, que é aquilo que construímos com Deus. Comunicações – O que mudou em você a partir desse encontro mais profundo com a espiritualidade franciscana? Carlos - Em primeiro lugar, acho que o relacionamento com aqueles que estão mais próximos. Às vezes, o relacionamento vai se tornando difícil por causa da convivência, com pais, irmãos, colegas de trabalho, vizinhos. As relações vão se desgastando, esquecemos que aquela pessoa é sinal de Deus também. O relacionamento
Comunicações – Que influência a espiritualidade de Francisco e Clara de Assis trouxe para seu entendimento em relação à questão social? Carlos - Saindo da realidade da minha família, vi que o mundo precisa também dessa conversão de visão. Eu fazia visitas à população em situação de rua e crianças em bairros carentes com um grupo de jovens do qual participava. Sabemos que não conseguimos resolver todos os problemas da pessoa que passa por esse tipo de dificuldade: emocional, financeira, ou outras que nem podemos imaginar. No primeiro momento, é preciso um acolhimento fraterno e uma proximidade. Aos poucos, começamos a entender que algumas estruturas precisam ser mudadas para que essas pessoas consigam ter a possibilidade de sair da situação em que se encontram. A princípio, é fazer-se próximo e aos poucos entender que existe também muita responsabilidade das autoridades, dos Poderes Públicos e que eles precisam ser cobrados disso. Os nossos esforços são dirigidos nesses dois sentidos. Estar junto com quem realmente precisa e ter um olhar fraterno pra dor do irmão, mas também cobrar de quem é responsável pela dor das pessoas.
Formação Permanente Site Franciscanos – Quais são as influências práticas que este seguimento a Cristo, no modo de Francisco de Assis, traz para a vida de uma pessoa? Carlos - O cristão batizado que também encontra a fé a partir da espiritualidade de São Francisco é um pacificador. Na vida prática, a gente tenta apaziguar os ânimos e os relacionamentos. Eu tenho visto amigos debatendo alguns assuntos nas redes sociais, por exemplo. Fico tentando colocar um pouco de tranquilidade nos ânimos. É importante ter um debate, expor as ideias e ter liberdade pra isso. Sinto que as reações têm sido exageradas. Às vezes digo alguma coisa, tentado levantar o valor daquela pessoa, e nunca tentando diminuir. Na vida prática, acho que é isso que acontece. Temos que procurar sempre valorizar o que as pessoas têm de bom, a ideia do outro. Não precisamos deixar de ser nós mesmos, mas valorizar aquilo que vem do outro, porque isso nos enriquece. Comunicações – De que maneira você analisa o pontificado do Papa, que desde o início quis ter como marca uma Igreja em saída, o amor aos pobres, a denúncia de todo espírito de destruição, corrupção e assumiu esse nome de Francisco? Carlos - Eu sempre recebo muitas críticas de pessoas que dizem que a Igreja precisa mudar. No meu ponto de vista, a Igreja tem dois mil anos de mudança, ela está sempre se atualizando, sempre mudando. Não podemos fechar os olhos para as mudanças que a Igreja tem realizado e são muito produtivas. O Papa Francisco tem voltado os olhos para os mais pobres e convidado a Igreja a ser Igreja, os fiéis a serem Igreja. Lembra-me São Francisco, quando dialogou com o Crucifixo de São Damião e recebeu a missão de restaurar a Igreja. Em um
primeiro momento, ele entende que era para restaurar a igreja de pedra, mas depois, aos poucos, ele entende que a missão dele é muito maior, que é reconstruir a Igreja como pessoa que nós somos. O Papa Francisco retomou isso muito bem. Ele nos convida a sermos Igreja onde precisamos ser Igreja. Ocupar espaços que nós deixamos de ocupar ao longo dos anos. Só por preencher estes espaços, sendo Igreja nesses lugares, a gente já promove uma mudança social, já convida a uma mudança. A presença do Papa e o pontificado dele têm sido muito producentes por causa disso. Comunicações – Enquanto seguidor de São Francisco, que leitura você faz da Encíclica Laudato Si’? Carlos - Impressiona muito a visão do Papa Francisco, a percepção de que nós não temos diversas crises: econômica, financeira, valores, identidade, ambiental. É tudo parte da mesma crise. A questão ambiental, que é tratada na Laudato Si’, ela é importante, mas remonta a uma outra crise, que é a crise econômica. A crise ambiental decorre da crise econômica. Existem grandes grupos que se beneficiam da extração de produtos naturais e essas extrações prejudicam principalmente as pessoas mais pobres. Você percebe como tudo está interligado, tudo faz parte da mesma crise. O mais importante é que há esperança e isso é bem trabalhado na Laudato Si’. Celebramos três anos desta encíclica. É momento de celebrar e comemorar as conquistas que tivemos como cristãos. A partir desse documento, devemos continuar e renovar o nosso esforço para evitar os desgastes que temos provocado para a Mãe Terra. Comunicações – Como você encara este compromisso do cristão batizado leigo que assume viver a espi-
ritualidade e os valores franciscanos no mundo secular, no mundo do trabalho, como chefe de família ou constituindo família? Carlos - A questão de ser um franciscano secular é interessante, pois levamos a espiritualidade franciscana e a presença de Cristo em todos os ambientes, no trabalho, na vida social, entre os amigos. Acho que é um grande testemunho, é uma vocação muito atual e precisa ser presença para ser sal e luz no mundo, como diz o Documento 105 da CNBB. Propagar um pouco daquilo de bom que temos a oferecer por causa do Evangelho. Tudo o que nós podemos oferecer de bom para o mundo, não só o que podemos adquirir do que o mundo tem para nos oferecer, mas levar um pouco daquilo que o Evangelho modifica na gente e pode modificar nas nossas estruturas. Comunicações – Deixe uma mensagem para os que nos acompanham. Carlos - Vivemos um momento especial, onde vamos escolher nossos representantes do país. Pode parecer um ano de crise, de dificuldades, mas é um terreno muito fértil para podermos semear e em pouco tempo colher. Em vários momentos da História passamos por momentos difíceis e não podemos desanimar em vista dessas dificuldades, mas procurar a melhor saída, que pra mim é sempre o diálogo. Um diálogo respeitoso, mantendo o afeto, a ternura na Palavra, e reconhecer no outro os valores e a importância da ideia que ele tem. Que os nossos diálogos e os nossos debates deste ano sejam movidos por esse valor. Todos nós queremos um Brasil melhor, uma sociedade melhor. A nossa intenção é essa. Se todos queremos isso, não precisamos caminhar todos pelo mesmo caminho, mas temos o mesmo objetivo. Que sejamos felizes e respeitosos nesse caminho. Comunicações Outubro de 2018
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PROFISSÃO SOLENE EM PETRÓPOLIS
FREI FIDÊNCIO:
“Nunca esqueçam esta frase que escolheram: Começar pela cruz…”
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ais uma vez, a centenária Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) testemunhou a entrega total de jovens frades no seguimento de Jesus Cristo ao modo de São Francisco de Assis. No sábado, 15 de setembro, os angolanos, Frei Alfredo Epalanga Prego e Frei Mário Sampaio Pelu, e os brasileiros Frei Alan Leal de Mattos, Frei Jefferson Max Nunes Maciel, Frei Jhones Lucas Martins, Frei Josemberg Cardozo Aranha e Frei Junior Mendes ingressaram definitivamen-
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te na Ordem dos Frades Menores. Foram encorajados e animados pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, para confiarem e se entregarem ao Senhor. Lembrou, contudo, que essa doação sincera passa pelo Livro da Cruz (Evangelho). “Queridos confrades, muito obrigado pelo ‘sim’ de vocês. Não só da Província, da Fundação, dos frades, o nosso obrigado é porque esse ‘sim’ de vocês é dado a Deus. Confiem Nele! E não tenham medo do ‘Livro da Cruz’ do Senhor”, reforçou.
A profissão solene ou a consagração definitiva dos frades, onde estes se unem, de fato, a Deus e à Ordem dos Frades Menores, foi feita nas mãos do Ministro Provincial, durante Celebração Eucarística, às 16h15. A Igreja do Sagrado lotou para ver os neoprofessos da Província Franciscana da Imaculada Conceição e da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. Ao lado de Frei Fidêncio no altar, estava Frei Jorge Schiavini, guardião da Fraternidade do Sagrado, e o diácono Frei Roberto Aparecido Pereira. Entre os
Formação Permanente confrades que lotaram o presbitério estavam também o Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, e o Definidor Frei João Francisco da Silva, secretário da Formação e Estudos da Província. Fiéis da Paróquia, das comunidades petropolitanas, das Paróquias da Baixada Fluminense, onde os neoprofessos fazem a pastoral nos finais de semana, vieram em peso para a Celebração, que ganhou em beleza e solenidade com o Coral das Meninas do Instituto dos Canarinhos. O rito da profissão solene começou depois da leitura do Evangelho e foi explicado passo a passo pelo comentarista Frei Edrian Josué Pasini. O mestre para o tempo de Teologia, Frei Marcos Andrade, chamou cada um dos professandos pelo nome. Em pé, diante do Ministro Provincial, eles responderam: “Aqui estou!”. O mestre, então, fez um resumo biográfico de cada professando. Depois, juntos, eles fizeram o pedido para serem admitidos definitivamente na Ordem dos Frades Menores. Na sua homilia, Frei Fidêncio partiu do lema escolhido pelos professandos: “…começando pela cruz, seguindo a regra da cruz e finalmente terminando na cruz”, do Tratado dos Milagres de São Boaventura. Antes, Frei Fidêncio lembrou que a Cruz está no centro da liturgia desses dias: como a Exaltação da Santa Cruz no dia 14/9, Nossa Senhora das Dores, dia 15; e a Festa das Chagas ou Estigmatização de São Francisco no dia 17 de setembro. “Na festa de hoje, Nossa Senhora das Dores, a Igreja contempla o Cristo sofredor no Coração da Mãe de Deus. Esta fidelidade de Maria, o ‘sim’ que ela disse ao anjo, ela renovou sobretudo no mistério da cruz. Vocês professam também no dia que Maria deu, talvez, o seu ‘sim’ mais difícil. Ela,
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como mãe, acolhe a missão que o Crucificado lhe deu: ‘Mulher, eis os teus filhos!’”, destacou o celebrante. Frei Fidêncio lembrou que no Monte Alverne, quando fazia a sua quaresma, Francisco abriu a página do Evangelho para se conformar cada vez mais com o mistério da cruz, com o mistério da Paixão. “Ele pede a Jesus duas graças: a graça do amor que Cristo teve no momento em que doou a sua vida para nós e para sentir no seu corpo e na sua alma o mistério da dor que Jesus sofreu ao se entregar por nós na cruz”, recordou. Segundo o Ministro Provincial, nesse dia tão bonito, dia de festa para a Província da Imaculada, dia de festa para a Fundação Imaculada Mãe de Deus, o mistério da cruz está tão evidente para todos nós: “A própria Palavra de Deus deste 24º domingo do Tempo Comum mostra, com muita clareza, Jesus Cristo nos convocando a segui-Lo e a assumir com Ele o Mistério da Cruz”, disse. Passando para o lema escolhido pelos professandos, Frei Fidêncio acentou que a cruz é um princípio, a cruz é um itinerário e a cruz é um ponto de chegada. “Eu diria, confrades, começar pela cruz foi todo o itinerário cristão de vocês, sobretudo o itinerário formativo. Também Francisco começou pelo itinerário da cruz, que nos remete ao sonho de Espoleto e nos remete ao encontro de Francisco com a Cruz de São Damião. É o Francisco que se abre aos sonhos de Deus. Por isso, ao começar pela cruz, ele acolhe as exigências da cruz e faz dessas exigências da cruz o seu caminho e o caminho da fraternidade minorítica. Por isso, essa frase do Evangelho de hoje é importante para a história franciscana e está na origem da nossa forma de vida: ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a Comunicações
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sua cruz e me siga’. Talvez negar a si mesmo para se fazer por inteiro de Jesus seja a nossa maior provocação. Renegue a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”, observou. Segundo Frei Fidêncio, não foram poucas vezes que os professandos passaram por momentos de trevas, escuridão, medo e dúvidas. “E hoje vocês vieram de todo o coração para dizer como Francisco de Assis: ‘É isso que eu quero, é isso que procuro, é isso que eu desejo fazer de todo coração’. Pois bem. Nunca esqueçam esta frase que escolheram. Começar pela cruz…”, insistiu. Mas lembrou o celebrante que São Boaventura também diz que se deve seguir a “regra da cruz”. “Francisco pede que os frades abram o Livro da Cruz: o Santo Evangelho. Ali está o mistério de Jesus. É esse livro que se tornou ponto referencial para a sua vida. E hoje vocês vão dizer: ‘Eu quero professar na minha vida franciscana este livro da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo’. Eu
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quero viver o Santo Evangelho em obediência, em disponibilidade aos sonhos e aos projetos de Deus; viver o Santo Evangelho na pobreza, que não é só ter o bolso vazio, mas significa comunhão, solidariedade; viver este Santo Evangelho em castidade, que não é somente abstinência sexual, mas viver o amor pleno a todas as pessoas. E isso é maravilhoso”, estimulou. Segundo o Ministro Provincial, essa resposta de seguir a regra da cruz é também a resposta “que devo dar todo dia a Jesus quando ele me pergunta ou ele me questiona: Quem sou eu para você?”. Para ele, essa regra da cruz vai ser a maior provocação que os professandos terão daqui para frente como frades menores. “Oxalá, a gente tenha sempre esta fé de Pedro! ‘Senhor, Tu és o Filho de Deus’. Que nós possamos professar isso. Seguir a regra da cruz é professar exatamente a nossa fé nesse Filho de Deus. E servir Jesus Cristo, como diz a segunda Comunicações Outubro de 2018
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leitura, de uma maneira bonita, não é só fazer um discurso bonito, com palavras bonitas, belas teorias e conceitos, mas significa traduzir a nossa fé em gestos concretos”, ensinou. Por último, o frade falou da última frase: “terminar com a cruz”. “Eu creio que esse terminar com a cruz é o último ‘sim’ que nós vamos dizer a Deus no momento da nossa morte. Portanto, a terceira frase, terminar com a cruz é provocação, é caminho em aberto”, disse. Depois da homilia, os professandos acenderam suas velas no círio pascal para recordar a vocação batismal que neles está se desabrochando como vocação religiosa franciscana. Depois, Frei Fidêncio perguntou aos professandos pelas motivações que eles trouxeram ao pedir a admissão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Em seguida, ele pediu a intercessão de todos os Santos para os novos irmãos, que se prostraram no chão. Terminada a Ladainha de todos os Santos, os professandos se puseram de joelhos diante do Ministro
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Provincial, colocaram as suas mãos nas mãos do Ministro, num gesto de entrega e obediência, e leram a fórmula de profissão definitiva na Ordem Franciscana. O rito terminou com o abraço caloroso dos confrades. A liturgia continuou solenemente até o final da comunhão. No momento dos agradecimentos, falou em nome do grupo Frei Alan, que em primeiro lugar agradeceu a Deus, ao Ministro Provincial, à Província da Imaculada, aos seus formadores, especialmente ao mestre Frei Marcos Andrade, aos familiares, que deram a base da fé para viverem este momento, aos amigos, de perto e de longe, e ao Coral das Meninas dos Canarinhos e aos dois maestros: Marcelo Vizani e Marco Aurélio Lischt. O Ministro Provincial fez agradecimentos também ao Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, que veio de São Paulo para participar deste momento e deu a bênção final. Frei Roger Strapazzon e Moacir Beggo Comunicações Outubro de 2018
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ssumo esse ministério como ministro de Cristo, administrador dos seus mistérios, com o desejo de conformar-me ao Senhor no exercício de um serviço de amor”. Foi com essa promessa e pela imposição das mãos de Dom Caetano Ferrari, bispo emérito da Diocese de Bauru, que Frei José Raimundo de Souza recebeu o segundo grau do Sacramento
da Ordem durante a Celebração Eucarística, às 19 horas do sábado, 25 de agosto, na Paróquia Santo Antônio de Bauru (SP). A comunidade que se acostumou com a presença franciscana no Jardim Bela Vista há 63 anos, viu a cor marrom do hábito franciscano marcar esta bela festa franciscana, inclusive com o bispo franciscano e confrade de Frei José, que teve como concelebrantes, o Vigário Provincial,
Frei César Külkamp, representando o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, e o guardião da Fraternidade e pároco da Paróquia Santa Clara, Frei Alessandro Nascimento, e o pároco anfitrião, Frei Ademir Sanquetti. O tom franciscano foi dado por Frei Diego Atalino de Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província, logo no início ao
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saudar e acolher a todos com caloroso “paz e bem”. Além do povo da cidade e região, dos familiares, de seus confrades que participaram intensamente da Semana Missionária que antecedeu a esta celebração, muitos conhecidos e amigos de Frei José não mediram esforços para encararem longas distâncias, como os de Colatina, onde Frei José reside atualmente, e os da Baixada Fluminense, onde o ordenando viveu intensamente sua formação pastoral enquanto residiu em Petró-
seu confrade. Lembrou todas as vocações até destacar a vocação religiosa e presbiteral. “Trazemos o dom da vocação em vasos de barro porque somos frágeis. E nem somos dignos dessa vocação, mas Deus chama quem quer. É ele quem nos escolheu desde o seio materno”, ressaltou. Dom Caetano também comentou muito o lema da ordenação presbiteral de Frei José, tirado de Lucas 9, versículo 13: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. “O lema escolhido é den-
com a assembleia, principalmente durante a unção das mãos. O costume de amarrar as mãos ungidas para somente os pais desatarem o laço é sempre comovente e não poderia ser diferente naquela noite. A bênção dada a seus pais, em seguida, tocou a todos. Frei Gilson Kammer e Frei Pedro Viana, seus confrades na Fraternidade de Colatina, ajudaram o novo presbítero a se paramentar com as vestes sagradas. Recebido o abraço de todos os
polis para cursar Teologia e durante o período que viveu em Imbariê (RJ). Frei José nasceu no Paraná, mas hoje sua família reside em Bauru. Seus pais, Francisca Maria de Souza e Raimundo Francisco de Souza, conduziram o filho até o altar. Junto deles, os três irmãos (ele é o segundo filho dos quatro). Frei César apresentou Frei José e deu seu testemunho, em nome da Província da Imaculada e do povo de Deus, que ele “era considerado digno” para o ministério sacerdotal. Dom Caetano aceitou ordenar Frei José e, em sua homilia, confessou sua alegria de estar celebrando a ordenação de
so e cheio de significados. Lembre sempre dele. Como sacerdote, você tem a missão de dar o pão da Palavra, o pão da Eucaristia e o pão da caridade”, ensinou o bispo. Segundo ele, o mais difícil é partilhar o pão da vida. “Dar a minha vida, como Jesus deu a sua vida até chegar ao martírio, não é fácil. Mas como bom franciscano, você sabe como fazer. Entregue tudo, doe a sua vida. Não guarde nada para você”, disse, lembrando que São Francisco de Assis ensina o caminho: a pobreza. Terminada a homilia, teve início o rito da ordenação presbiteral. Tratase de um momento que mexe muito
presbíteros e confrades presentes, Frei José subiu ao presbitério para concelebrar pela primeira vez a liturgia eucarística.
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EMOÇÃO NOS AGRADECIMENTOS
Nos agradecimentos, sobraram emoções. A começar pela homenagem de seus colegas de turma. Frei Marcos Brugger pediu para cantar “Onde reina o amor” enquanto os confrades de turma deram um abraço coletivo em Frei José. E para não esquecer, homenageou o neopresbítero com um poema de Clarice Lispector:
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“A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas”. Cleia, em nome da Paróquia Santa Clara, dirigiu-se a “Frei Zezinho”, como é conhecido Frei José na Paróquia, destacando que o lema escolhido para a ordenação sempre fez parte da vida do neopresbítero. Frei César falou que era o momento de render graças pelo dom da vocação. Trouxe abraços de Frei Fidêncio para o bispo, para a família, para a comunidade e para o ordenando. “Obrigado por sua entrega de vida. Siga em frente com coragem e amor na sua missão, no seu serviço e conte sempre com seus irmãos!”, completou o Vigário Provincial. Por último, Frei José fez uma lista de agradecimentos. Não deixou ninguém de fora. Mas falou, emocionado, sobre a influência dos pais na sua vocação e vida. “Já disse em outra ocasião e novamente reconheço publicamente que meus pais são verdadeiros exemplos de humanidade. Quem os conhece sabe muito bem disso. A preocupação e o cuidado com a vida do outro são no-
tórios em toda a vida deles. Obrigado, Pai e Mãe, por cuidarem de mim e por me oferecerem tantos bons exemplos, que desejo que sejam características em minha vida religiosa franciscana e em meu ministério ordenado. Ser servidor de quem é necessitado é evidente neles, alimentar cada vez quem tem fome faz parte do cotidiano deles, já que cotidianamente há quem tenha essa necessidade. Ser filho de vocês é uma graça divina. Tenho orgulho por ter vocês como meus pais”, homenageou, referindo-se à irmã Maria Aparecida (com necessidades especiais). “Tendo meus pais, São Francisco e Santa Clara como referências, certamente serei capaz de cumprir o mandato de Jesus de dar de comer a quem tem fome. Recordo aqui as palavras de Francisco, que para mim têm se tornado um refrão: “devem alegrar-se quando conviverem entre pessoas insignificantes e desprezadas, entre os pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua”. É estando próximo desses que são os necessitados que poderei perceber suas carências, e sensibilizado, cumprindo
o mandato de Jesus, tenha sempre algo a oferecer, seja para uma multidão ou para uma única pessoa necessitada. Não poderia servir tais pessoas se permanecesse alheio às suas vidas e às suas situações. Assumo esse ministério como ministro de Cristo, administrador dos seus mistérios, com o desejo de conformar-me ao Senhor no exercício de um serviço de amor, como um dom total de mim mesmo a serviço do povo de Deus”, completou, entregando para os pais um lindo vaso de orquídeas. A celebração terminou com a bênção do bispo sobre o neopresbítero.
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INÍCIO DO MINISTÉRIO PRESBITERAL Apresentando suas primícias em oferenda, Frei José Raimundo de Souza presidiu pela primeira vez a Eucaristia no domingo, 26 de agosto, depois de ordenado presbítero no sábado (25) por Dom Caetano Ferrari. O novo presbítero teve a ajuda fraterna de Frei Alan Maia de França Victor durante o rito. A comunidade que se reuniu no domingo na Paróquia Santa Clara de Assis, na Vila Industrial II, em Bauru (SP), parecia uma grande família, que fazia questão de mostrar o quanto estava feliz com a felicidade de Frei José. Parentes, amigos, os peregrinos que vieram de Colatina (ES) e Imbariê (RJ, confrades, colegas de turma, aspirantes…, todos queriam “partilhar este pão” com Frei José. Por representar um importante papel em sua caminhada, Frei José convidou Frei Benedito Gonçalves, pároco da Paróquia Bom Jesus em Sorocaba (SP), para fazer a homilia de sua primeira Missa. Brincando com o neopresbítero, Frei Dito, como é mais conhecido, chamou o novo sacerdote de “Zezão” – ele é conhecido pela comunidade como Frei Zezinho – e revelou que estava feliz, assim como todos estavam, pela conclusão de uma grande e importante etapa de sua caminhada religiosa. “A vontade de Deus para nós é uma só: que a gente seja feliz! E nós nos alegramos com ele neste momento”, disse. Frei Dito foi o autor do desenho do convite para a ordenação presbiteral, tendo como lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9, 13). A explicação do desenho foi a sua mais bela homilia. Segundo Frei Dito, a ideia
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partiu do lema, mas lembrou que São Francisco e Santa Clara partilhavam o pão com aqueles que mais necessitavam. “E me veio na mente o encontro de Francisco com o leproso”, disse. Segundo o desenhista, Francisco e o leproso têm o pão nas mãos: “Porque aquele que dá o pão nunca sai de mão vazia”, adiantou Frei Dito. “Ao mesmo tempo que aquele homem se sentiu gente de novo e vivo, São Francisco também se curou do seu egoísmo e abandonou a sua maneira de pensar. Dali para frente, ele foi outra pessoa. Nunca mais ele deixou os leprosos. Em todo o lugar por onde ele ia, fazia questão de procurar os leprosos. Tratava de suas chagas, estava com eles, partilhava o pão da vida eterna. E ali ganhava novos irmãos”, acrescentou.
Frei Dito explicou que partilhar o pão não é dar o pão. “É comer junto. Aliás, eu gosto muito dessa palavra: companheiro. Aquele que parte conosco o pão. Então, São Francisco se tornou companheiro daqueles mais necessitados. Partilhava com eles o pão. Frei José escolheu para a sua vida, para o seu caminho, para a sua felicidade, escolheu ser companheiro dos pobres, dos pequenos nesse mundo. Isso é o que diz o lema que ele escolheu para a sua vida. Nunca abandone essa ideia de andar junto! Atrele a sua vida à Palavra do Senhor, que é dura, mas que traz vida eterna e felicidade. Entregue sua vida à inspiração constante de nosso Pai São Francisco”, exortou o neopresbítero. Frei Dito, bem ao seu estilo, terminou com uma história da vida de São Francisco: Nos primórdios da Ordem Franciscana, os frades recebiam jovens e pessoas de qualquer idade. E São Francisco passou por um conventinho, muito pequeno e pobre. E por conta da pobreza, os frades dormiam dois a dois nas pequenas camas. Lá havia um garoto que ficou todo feliz
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quando São Francisco chegou lá. Encontrar São Francisco era um sonho da vida dele. E foi dormir na mesma cama de São Francisco. Queria conhecer o santo melhor, descobrir como era a sua vida, o que fazia… Por conta disso, ficou atento aos menores movimentos do santo, que logo adormeceu. O jovem, para não perder nada daquela experiência e temendo que pudesse dormir também, sem fazer barulho, amarrou o seu cordão no de São Francisco. E dormiu. Lá ‘pelas tantas’ da madrugada, São Francisco acordou para rezar como era seu costume. Viu que seu cordão estava amarrado e, com jeito,
desamarrou, indo para o bosque rezar. O menino, então, acordou e viu que São Francisco não estava mais na cama. Desesperado, foi procurá-lo, achando-o no bosque. Ali viu uma luz bonita envolvendo São Francisco. Ele ficou tão maravilhado com aquilo e procurou se aproximar o máximo que pôde. E viu que, no meio daquela luz, o próprio Cristo falava com São Francisco. De tão maravilhado, ele desmaiou. São Francisco terminou a sua experiência mística e estava voltando para o conventinho quando tropeçou no menino desmaiado. Pegou-o nos braços e levou -o para a cama e adormeceu em se-
guida. No dia seguinte, São Francisco disse: “Não conte para ninguém o que viu até que eu morra!”. E a gente só sabe dessa história porque o menino cresceu e se tornou frade, morreu em fama de santidade e mais tarde contou essa história para os frades, fazendo a história chegar até nós. “O que eu quero dizer com isso, Frei José? É que assim como aquele menino, você também um dia foi um menino atrás de São Francisco. Então, amarre o seu cordão no cordão de São Francisco para sempre! Nunca deixe de andar com ele. Se acontecer de você desfalecer também, não tenha medo porque São Francisco o toma nos braços e o leva para junto dele!”, ensinou, confortou e iluminou Frei Dito. Frei José disse que nunca esqueceu o que Frei Dito lhe disse uma vez: que tivesse de São Francisco nem que fosse a lasquinha de uma unha. “No Frei Dito com quem conheci e convivi, eu vi muito mais do que uma lasquinha. Eu vi um exemplo de vida franciscana”, homenageou. E homenagens também marcaram este momento histórico de Frei José, que terminou com um delicioso almoço servido pela comunidade. Moacir Beggo
SEMANA MISSIONÁRIA EM DUAS PARÓQUIAS A preparação para a ordenação presbiteral de Frei José Raimundo começou com as Missões nos territórios das duas Paróquias de Bauru - Santo Antônio e Santa Clara - e um Tríduo marcou o momento forte da liturgia. No primeiro dia, ele renovou as promessas do batismo, no segundo ele renovou a profissão religiosa como frade franciscano e no terceiro dia o futuro presbítero jurou fidelidade ao Evangelho, a Deus e à Igreja. Para simbolizar o serviço presbiteral, Frei José lavou os pés dos pais. Durante o dia, os missionários realizaram uma série de atividades junto às comunidades e capelas da região, visitando famílias, escolas, instituições de saúde, enfermos e atendendo confissões.
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MÚSICA LITÚRGICA: UMA DISCIPLINA DA TEOLOGIA? (II)
avíamos anteriormente levantado algumas questões acerca da possível presença da música no seio da teologia devido ao interesse gerado a partir da recente inclusão da Música Litúrgica como disciplina no Instituto Teológico Franciscano. Esse é um fato que não pode passar despercebido e, portanto, sentimos a necessidade de transcender os limites pragmáticos da sala de aula em busca desta mútua ressonância entre música e fé. Mas de que forma a música se tornaria um objeto de estudo da Teologia? “O objeto da Teologia é aquilo que nos preocupa de forma última. Só são teológicas aquelas proposições que tratam do seu objeto na medida em que ele pode se tornar questão de preocupação última para nós” (TILLICH, 2005, p. 30). A música pode se tornar objeto da Teologia sob o ponto de vista do seu poder de expressar, “em e através de sua forma estética, alguns aspectos daquilo que nos preocupa de forma última.” Ou seja, aquele momento em que a música, na sua simplicidade e complexidade, se manifesta como veículo da preocupação última. A preocupação última se evidencia mais claramente no modus operandi, ou seja, na dinâmica da fé: o “estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente” (TILLICH, 2005, p. 5). De todas as preocupações do ser humano, entre estas, as ditas espirituais, aquelas que exigem dedicação total e promessa de realização plena podem se configurar “preocupação suprema”. No mandamento divino: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força” (Dt 6,5) se exprime a natureza que perfaz a preocupação última. Por sua vez, é da natureza da música
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veicular (exprimir) a necessidade de movimento do ser humano, seja ela de ordem corporal ou espiritual. De fato, a música expressa desde sempre os movimentos da alma humana, seja dos simples sentimentos aos afetos mais profundos e inefáveis. Já dizia Santo Agostinho: “Cantar é próprio de quem ama”. Por isso, em nível profundo, a dinâmica da música toca a dimensão do inexprimível, da preocupação última, do espiritual. A “mais espiritual das artes” no dizer de Küng, que, mesmo com toda a sua sensualidade, possui uma aproximação estreita com a religião. É neste sentido que para a tradição judaica e cristã a música possui uma função muito importante. A dimensão musical se faz presente já desde os primeiros raios de sol, na oração diária dos judeus e dos cristãos: “Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos! (Salmo 95 94). Não basta simplesmente falar do Deus de Israel e de Jesus Cristo, “a eles é preciso também cantar” (GERHARDS, 2012, p. 249). A música na Liturgia está, portanto, fundamentada na Palavra de Deus, uma palavra que não pode ser pronunciada
de qualquer maneira. Justamente por seu aspecto inefável, incondicional, e supremo, necessita ser dita no contexto de uma escuta livre, de uma comunicação profunda e verdadeira, realizada no silêncio da oração. Neste sentido, ao mesmo tempo em que está unida à Palavra, a música é livre, transfigura das amarras e dos abusos a que normalmente as palavras são submetidas pelo desgaste do uso excessivo e corriqueiro (BAROFFIO, 2000, p. 7). É sobre essa força transfiguradora da música que repousa a condição da possibilidade de uma reflexão teológica acerca da música. Como foi dito acima, a música tem o poder de expressar aspectos daquilo que nos preocupa de forma última. Dinâmica essa que vai ao encontro da dinâmica da fé: “Enorme é a força transformadora da música, que é capaz de elevar e transformar quase qualquer experiência. Uma extraordinária intensidade de experiência é alcançada, no entanto, lá onde a música combina sua energia com a religião, tendo o mesmo significado e o mesmo fim. Em certos momentos é dado à pessoa abrirse, abrir-se tanto a ponto de ouvir no som infinitamente belo o som do infinito” (KÜNG, 2012, p. 17). Frei Ademir Peixer
Referências bibliográficas: BAROFFIO, Giacomo. Canto Gregoriano: Culto e Cultura. Título original: Il canto gregoriano, culto e cultura. InJubilate Deo. Miniature e melodie gregoriane, 2000. GERHARDS, Albert. Introdução à Liturgia. São Paulo: Edições Loyola, 2012. KÜNG, Hans.Música e Religião. Título original: Musica e Religione. Brescia (Italia): Editrice Queriniana, 2012. TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. São Leopoldo: Sinodal, 2005.
Fraternidades CONVENTO DA PENHA
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Romaria encerra Semana Nacional das Famílias 2018
oi realizada na tarde do sábado (18/08), a Romaria das Famílias ao Convento da Penha e a Missa no Campinho, encerrando a Semana Nacional das Famílias 2018, que teve como o tema: “O Evangelho da Família, alegria para o mundo”. Apesar do tempo chuvoso e do clima frio, milhares de fiéis e devotos se concentraram com as famílias, no Centro de Vila Velha. Alguns participantes carregaram estandartes, faixas e banners, identificando a paróquia. No início da tarde, ainda na concentração, um grupo de canto animou e recepcionou as primeiras famílias. Voluntários vestindo as camisas da Pastoral Familiar também recebiam todos que iam chegando. Ao iniciar a caminhada, o Padre Renato Criste, coordenador de pastoral da Arquidiocese de Vitória e pároco da Catedral Metropolitana, animou e conduziu a romaria. Ele fez orações pelas famílias e em seguida saudou os fiéis que levavam a Imagem de Nossa Senhora da Penha no andor envolto em
flores e ainda fez a “chamada” das áreas pastorais. Na homilia, Dom Luiz destacou a importância da família na sociedade. Ele iniciou a reflexão falando sobre o tema, ao afirmar que a “família é boa notícia para o mundo e a boa notícia gera alegria. Isso implica que um casal, os dois, marido e mulher, quando eles vão bem,
os filhos e toda a família também vai bem. O casal deve abrir o coração para Cristo. Assim como Nossa Senhora fez, ela abriu o coração e disse “faça-se em mim segundo a vossa Palavra”. É o primeiro ensinamento que todos os casais precisam aprender. Abrir o coração e dizer: “Faça-se em nós a santa vontade de Deus.”
Capuchinhos visitam a Penha Sete Freis Noviços Capuchinhos visitaram o Santuário de Nossa Senhora da Penha na tarde da 4ª feira (22/08). Os noviços foram recebidos pelo Frei Pedro Engel e pela Fraternidade do Convento da Penha. A Missa da Saúde, que tradicionalmente é celebrada no Campinho às 15h toda quarta-feira, foi presidida pelo Frei Edcarlos Mário Hoffman, OFMCAP. Frei Edcarlos é formador dos noviços e veio acompanhando a visita. Ele aproveitou para reencontrar os familiares e amigos que moram em Colatina, Espírito Santo. Do total, três são do Estado de São Paulo, sendo eles Frei Ramirez, Frei Már-
cio Monteiro e Frei Lucas Tadeu. De Minas Gerais também são três: Frei Erik Martins, Frei André Marciano e Frei Flávio Oliveira. O único noviço que esteve presente, nascido no Estado do Rio de Janeiro, é o Frei Diego José. Todos pertencem à Província do Rio de Janeiro-Espírito Santo e atualmente estudam e moram em Teresópolis, RJ. Alguns Freis nunca tinham ido ao Convento da Penha e saíram maravilhados com tamanha expressividade de fé, devoção e carinho que os ca-
pixabas têm pela Virgem Maria. Eles destacaram também o cuidado dado à Mata Atlântica e à natureza que rodeia o Santuário, já que este é um dos ensinamentos de São Francisco de Comunicações Outubro de 2018 675 Assis.
Fraternidades
Encontro franciscano no Convento Santo Antônio
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o espírito de coração aberto e fraterno, na manhã do sábado (25/08), o majestoso e histórico Convento Santo Antônio, que, por 410 anos tem um trabalho incansável de evangelização no Largo da Carioca, acolheu os irmãos da Ordem Franciscana Secular das Fraternidades Nossa Senhora da Paz de Ipanema, e da Fraternidade do Convento Santo Antônio para um momento de reflexão e confraternização. Liturgicamente, o dia também era muito especial para a OFS, já que se celebrava São Luís de França, patrono da Ordem Franciscana Secular. Os franciscanos seculares foram recebidos com um saboroso café da manhã, muito bem preparado pelos aspirantes, Bruno, Gilberto e Gustavo, que fazem o tempo do Aspirantado no Convento.
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A próxima etapa do encontro foi na igreja, com um momento reflexivo, conduzido por Frei Robson de Castro Guimarães, tendo em vista o tema das vocações, já que o mês de agosto é dedicado às vocações. Para isso, Frei Robson refletiu sobre a vida
e a vocação de Frei Fabiano de Cristo, que por muitos anos realizou seus serviços no Convento. Frei Fabiano nasceu na pequena aldeia de Soengas, na antiga província de Minho, em Portugal. Recebeu o nome de João Barbosa em seu ba-
Fraternidades
tismo. Na sua infância, ajudou muito seus pais na lavoura com plantações, mas se mudou para a cidade do Porto, onde se dedicou ao comércio. E foi nesta cidade que soube das grandes histórias sobre o Brasil e suas riquezas naturais. Foi daí que se aventurou a estar nesta terra onde pôde trabalhar por um tempo. Mas Deus tinha um propósito muito maior para a sua vida. Decidiu seguir os passos de São Francisco de Assis, ingressando na Ordem dos Frades Menores,
deixando o nome de João Barbosa e passando a se chamar Frei Fabiano de Cristo. Terminado o seu período em Angras dos Reis, veio transferido para o Convento Santo Antônio como porteiro, um serviço que era dado a quem tinha prudência, confiança e virtude, o que era próprio de sua personalidade. Realizou com perfeição esta incumbência, atendo a todos que passavam pelo convento. Pouco tempo depois foi-lhe confiado os cuidados da enfermaria, algo que
levou mais a sério, pois não tinha o conhecimento nesta área. Mas quando “Deus escolhe é ele quem capacita”. Frei Fabiano era alguém apaixonado de fato pela sua vocação, ressaltou Frei Robson. Morreu aos 71 anos de idade, em uma terça-feira, algo de tamanha grandeza, pois este dia, no convento, é dedicado a Santo Antônio, com missas e bênçãos. Durante a Celebração Eucarística, às 10 horas, fez-se memória de São Luís, Rei de França e patrono da OFS; e São Frei Galvão, que todo dia 25 de cada mês tem sua missa com a bênção e distribuição das pílulas, e a motivação vocacional do Servo de Deus Frei Fabiano de Cristo. Em sua homilia, Frei Robson destacou o grande espírito de minoridade que estes três tiveram: “Eles se colocaram abertos à vontade de Deus”. E Frei Robson relatou algo que lhe chamou atenção nos “Fioretti” de São Francisco: São Luís se encontra com o beato Frei Egídio. “Em certa ocasião, o rei estava passando por Assis a caminho de uma cidade, e seu desejo era se encontrar com Frei Egídio, que trabalhava na horta. Os dois simplesmente se abraçaram por um tempo e depois se despediram e continuaram seus afazeres. Os outros frades quiseram saber o que haviam conversado. Frei Egídio respondeu: ‘As coisas do coração não é necessário serem ditas pela boca’”. E findou a Missa com bênção de São Frei Galvão e distribuição das pílulas. Frei Erick de Araújo Lazaro Comunicações Outubro de 2018
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Fraternidades ENCONTRO DOS IRMÃOS LEIGOS DA PROVÍNCIA
“Minoridade franciscana: sinal de comunhão” Participantes e acolhida
Aos poucos, no dia 6 de setembro, foram chegando à Fraternidade São Boaventura, de Rondinha, os confrades que participariam do Encontro dos Irmãos leigos da Província. Muito bem acolhidos pela comissão encarregada de coordenar o Encontro (Frei Roger Brunorio, Frei Roger Strapazzon e Frei Thiago da Silva Soares) e pela fraternidade local, fizeramse presentes: Frei Airton da Rosa Oliveira, Frei Pedro da Silva Pinheiro, Frei Róger Brunorio, Frei Elias Dalla Rosa, Frei Marcos Estevam de Melo, Frei Nazareno J. Lüdtke, Frei Thiago da Silva Soares, Frei Tiago Gomes Elias, Frei José Ulisses de Moraes, Frei Walter de Carvalho Júnior, Frei Vagner Sassi, Frei Odorico Decker, Frei Roger Strapazzon, Frei Bruno Araújo dos Santos, Frei Alexandre Rohling, Frei Sérgio Calixto, Frei Osmar Dalazen, Frei Lauro Both, Frei Lauro Formigoni, Frei Aldeci de Arcízio Miranda, Frei Estevam Gomes Pereira, Frei João Antunes Filho, Frei Rodrigo José Silva e Frei Leandro Ferreira Silva. A alegria da chegada já preanunciava como seria o clima do Encontro, que reuniu desde confrades jovens de Rondinha e Petrópolis até alguns seniores octogenários.
Tema do encontro e assessoria de Frei Éderson
O dia 7 foi todo dedicado à reflexão. O assessor do Encontro foi Frei Éderson Queiroz, capuchinho presidente da CFFB, que abordou o tema “Minoridade franciscana: sinal de comunhão”. Formado em Petrópolis, ele não economizou ao elogiar o clima de familiaridade e simplicidade que reinava nos tempos em que a Teologia era estudada no Sagrado., em Petrópolis. Comentou que, à época, a academia e a vida fraterna se davam no mesmo espaço e que os professores atendiam nos seus próprios quartos os frades que
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lhes acorriam com questões referentes aos estudos. Salientou a importância dos professores da Província no pós-concílio e na “redescoberta” do movimento franciscano, sobretudo através do CEFEPAL.
Algumas colocações de Frei Edérson:
1. O Concílio incentivou a volta às fontes, ao espírito das origens, que são riqueza inesgotável. Com isso o tema da fraternidade foi revisitado decididamente. Fraternidade não apenas como instituição, mas como um modo de ser. 2. Nesse contexto, a questão da minoridade foi meio diluída no todo. Mas, ela é a arte de passar despercebido (como o juiz do jogo de futebol que, quanto menos aparece, melhor age). É a arte da descomplicação. Ela é como a água que sempre tende a correr pelos lugares mais baixos. 3. Francisco deslumbra-se diante de um Deus que se faz pequeno. A ele Francisco se confia e se abandona. A esse Deus grande, Senhor da Vida, que se fez serviço, doação, generosidade. Que deixa as riquezas e as glórias celestes para ex-
perimentar os limites do ser humano. Daí a fraternidade minorítica, daqueles que desejam ser os menores de Deus, os anawin. 4. A minoridade é como a irmã Lua, que deixa passar a luz do grande outro. Ela reflete a luz oculta do irmão sol. 5. O Deus humilde de Francisco se revela em três ícones: o presépio, a Eucaristia e a cruz (aquele que era rico se fez pobre, aquele que era do alto se abaixou, aquele que era rei se fez servo). Francisco extasia-se diante da Criança, do Deus dependente do humano, que precisou dos peitos de uma mulher, da senhora pobrezinha. Assim, nossa humanidade não é lugar contrário ao divino. É o lugar que o divino escolhe para se manifestar. 6. Francisco não tem muitos discursos sobre a cruz. Tem a experiência do Crucificado. Ali questiona-se a sua qualidade de olhar: “Francisco, você não vê?”. Os olhos são a lâmpada do corpo. Se o olhar é iluminado, todo o ser é iluminado. Francisco passa a olhar a partir de Jesus, integra o seu olhar ao Dele. Apaixonadamente. E curiosamente chega ao final da sua vida cego. E compõe um cântico cheio de luminosidade, de dança, de alegria. A partir de Jesus é que ele podia ver os leprosos e os desprovidos. 7. O Crucificado pede a Francisco para reconstruir. Não pede para destruir e depois fazer outra coisa. A reconstru-
Fraternidades
ção dialoga com a realidade anterior. Considera o que foi. Reconstruir faz parte da identidade e da pedagogia franciscana. A partir do Crucificado tudo pode ser reconstruído. Francisco tira o dinheiro do bolso. Compra azeite. Quer a lâmpada ardendo. Pois ele próprio foi profundamente iluminado e ele quer retribuir a luz que descobriu dentro de si. 8. A humildade leva a cultivar uma disposição interior que nos faz aceitar-nos como nós somos, e aceitar os outros do jeito que eles são, sem nos considerarmos superiores ou mais dignos. Ser menor é não se prender a cargos, ofícios, títulos e honrarias… Zaqueu, baixo, sobe para ver Jesus, mas Jesus o devolve ao chão, o faz descer, o aceita na sua condição, e vai à sua casa, entra na sua vida. Jesus age assim não apesar da condição pecadora de Zaqueu,
mas a partir dela, nela e por ela. Mas Zaqueu teve que fazer o exercício da descida. Jesus entra em nossa indigência, no vazio existencial que está em nós e faz ali lugar da sua presença. Francisco, por sua vez, vai ao Sultão não esperando mudá -lo, convertê-lo. Vai até ele para amá-lo. 9. A minoridade é o contrário da publicidade (hoje quem não é visto não existe). Ela não é uma disposição artificial de humilhação, mas sim uma apreciação justa e objetiva do bem e do mal que existe em nós. O menor age com naturalidade, sem exigências, faz muito bem o que é preciso ser feito. Não agride. Examina-se a si mesmo antes de criticar os outros. 10. A minoridade nos põe em condições de construir pontes, usando a linguagem do Papa Francisco, e não de estabelecer abismos. Francisco tinha paixão em ir ao encontro dos outros, para, no contato com eles, aprender. 11. A minoridade está intimamente ligada à condição de “peregrinos e forasteiros”. Ao não-lugar. Francisco vai pelos caminhos, mas também permanece em Assis, de outra forma. Ficou na Assis do século XIII, mas era homem do não-tempo e do não-lugar, ou seja, era do tempo e do lugar de Deus. Clara não saiu do mosteiro, mas estava sempre em movimento de saída para estar com o Esposo. De casa, ela fez uma “fuga abraânica”, pois Francisco não tinha nada a lhe oferecer além do Encontro. Não lhe ofereceu casa, regra, irmãs, bens. Nos 40 anos de vida em São Damião, Clara foi peregrina e forasteira. Daí a importância de colocar o coração em movimento. 12. A itinerância nos põe na experiência de, estando no lugar dos homens, viver o não-lugar de Deus. 13. A minoridade não é um adendo à palavra fraternidade (frades menores). Ela é que vai cunhar e moldar o ser frade.
Partilha de vida, passeio e confraternização
No sábado, 8, após as laudes da Natividade de Nossa Senhora, os irmãos reu-
niram-se na sala de palestras para uma partilha de vida. Memórias, projetos, desabafos, perspectivas não faltaram nas falas dos confrades. Foi um momento muito rico em que todos tiveram a chance de expor o que lhes passa pela mente, pelo coração, o que os inquieta, o que os move, o que lhes é motivo de alegria, o que esperam de melhor… No período da tarde, os irmãos fizeram um descontraído passeio por belos parques da cidade de Curitiba: o Tanguá e o Jardim Botânico. Na volta, um fraterno jantar-recreio, com direito a deliciosas pizzas e pastéis, preparados cuidadosamente por Frei Leandro Ferreira e Frei Thiago Soares.
Avaliação e encaminhamentos
A avaliação do encontro deu-se após a missa dominical das 9 horas, presidida por Frei Éderson, com a participação de pessoas da comunidade eclesial. O encontro foi avaliado muito positivamente, com destaque para a assessoria e a participação em geral dos confrades. Mantém-se o interesse de promover de dois em dois anos o Encontro em uma das nossas casas de formação. No próximo ano, o Encontro dos Irmãos Leigos será das três obediências, em nível nacional, e, em 2020, o Encontro dos Irmãos Leigos da Província será de 4 a 7 de setembro, em Guaratinguetá. Os responsáveis pela preparação e coordenação de tal Encontro são: Frei Tiago Elias, Frei Vagner Sassi e Frei Walter de Carvalho Júnior.
Agradecimentos
Não poderíamos deixar de registrar nossos sinceros agradecimentos à equipe que coordenou o Encontro, à fraternidade que nos acolheu, a Frei Éderson, pela assessoria, a Frei João Mannes que custeou as camisetas e disponibilizou ônibus da Associação Bom Jesus para a tarde de passeio, a cada participante pela disposição e entusiasmo. Foi tudo muito bom, e, por tudo, damos graças a Deus. Frei Walter de Carvalho Júnior Comunicações Outubro de 2018
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COLATINA
DEZ ANOS DE PRESENÇA FRANCISCANA
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ano de 2018 é de festa em Colatina (ES), pois celebramos 10 anos da presença dos Frades Menores e 10 anos da criação da Paróquia Santa Clara de Assis nesta cidade. Tudo isso foi lembrado, celebrado e festejado com muita fé e esperança em dois momentos. O primeiro, no dia 4 de agosto, quando Frei Florival Mariano de Toledo apresentou o show “Minha Alegria”. No repertório do show, músicas religiosas e populares, que contou com a participação de crianças, jovens e adultos das comunidades da Paróquia Santa Clara de Assis e da Escola de Samba Acadêmicos de São Vicente. Outro momento muito bonito aconteceu no dia 2 de setembro, quando fomos acolhidos para a Celebração Eucarística com o seguinte texto recordando um pouco da caminhada paroquial: “Queridos irmãos e irmãs, celebramos hoje a festa de 10 anos da instalação da Paróquia Santa Clara de Assis, em Colatina. Há 10 anos fomos agraciados com a presença da Ordem dos Frades Menores na Diocese de Colatina.
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No dia 07/09/2008, na Capela São Vicente de Paulo, o então Bispo de Colatina Dom Décio Sossai Zandonade presidiu a cerimônia de instalação. A recepção festiva do povo aos primeiros frades: Frei Luiz Flávio Adami Loureiro, Frei João Antunes Filho (Rafa) e Frei Vanilton Aparecido Leme, se estendeu no acolhimento a Frei Paulo Cezar Magalhães Borges, Frei Bruno Vcela, Frei Gilson Kammer, Frei Mário Stein, Frei Arlindo Oliveira Campos, Frei Pedro do Nascimento Viana, Frei Alan Leal de Mattos, Frei Edvaldo Ba-
tista Soares e Frei José Raimundo de Souza. O trabalho pastoral e vocacional dos frades, que por aqui passaram nestes 10 primeiros anos, se mostra nos jovens vocacionados que os procuraram para conhecer a vida franciscana. Entre estes vocacionados está Guilherme Plotegher Neto, que está no Noviciado, e os aspirantes Rodrigo Charleaux e Paulo André de Moura, que estão aqui em Colatina, fazendo a experiência franciscana junto com os frades e todo o povo de nossa paróquia. Nestes 10 anos de caminhada, vários desafios se apresentaram, mas foram superados e pudemos conhecer e conviver com muitos presbíteros, frades, seminaristas e leigos que ajudaram a construir a história desta nova Paróquia. Neste domingo, damos início ao mês dedicado à Bíblia, que tem como tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida’.” E o lema: “A sabedoria é um Espírito amigo do ser humano”. A celebração nos fortaleceu para seguirmos a lei do amor que vem de Deus, pela intercessão de Santa Clara.” A celebração e a festa aconteceram
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na comunidade da Povoação de Baunilha. O bispo diocesano Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias presidiu a celebração de ação de graças e logo no início da celebração acolheu o Vigário Provincial, Frei César Külkamp, Frei Luís Flávio Adami Loureiro, Frei Mário Stein, Frei Edvaldo Batista Soares e os três frades que residem em Colatina: Frei Gilson Kammer, Frei José Raimundo de Souza e Frei Pedro do Nascimento Viana. Dom Wladimir acolheu ainda os ministros e coroinhas de nossas comunidades, todos os paroquianos e todo o povo de Deus que se encontrava para render graças a Deus pelo trabalho na paróquia. Ao final da celebração, Frei César, em nome da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, agradeceu a Dom Joaquim Wladimir a oportunidade dos frades atuarem nesta diocese e assim ajudar o povo, a Igreja e os frades na construção do Reino de Deus, propagando o carisma de São Francisco de Assis. Frei Luiz Flávio lembrou que esta fraternidade e esta paróquia começaram com as bênçãos de Nossa Senhora, pois ele chegou a Colatina no dia 2 de agosto de 2008, dia de Nossa Senhora da Porciúncula e há a grande devoção
dos capixabas a Nossa Senhora da Penha. Por isso Frei Luiz pediu ao então guardião do Convento da Penha para que na vinda dos frades e da criação da paróquia, a imagem peregrina de Nossa Senhora da Penha viesse até Colatina. O pedido foi aceito e na chegada da imagem na capela de São Vicente de Paulo, muitas pessoas esperavam ansiosas. Centenas de crianças deram brilho especial à recepção à Padroeira do Estado. Concluindo sua fala, pediu que o povo e os frades estejam sempre unidos e que em suas orações sempre peçam a proteção de Nossa Senhora sobre este povo e esta cidade. Frei Mário aproveitou para agradecer o carinho que recebeu de todos no período em que morou aqui e esclareceu que, na sua saída, ele não “fugiu”, mas simplesmente não conseguiu despedir-se de todos. Frei José agradeceu a presença daqueles que foram à sua ordenação presbiteral em Bauru (SP) no dia 25 de agosto e pelas orações de todos. Lembrou ainda a importância de Colatina em sua vida, pois neste período fez sua Profissão Solene na Ordem dos Frades Menores, em setembro de 2017. Em março de 2018 foi ordenado diácono na catedral de Colatina e há uma se-
mana recebeu a ordenação presbiteral. Frei Pedro destacou Colatina como local da graça de Deus, como terra prometida onde o povo busca salvação e caminha sempre na vivência dos mandamentos de Deus. Frei Gilson afirmou que nestes 10 anos, todos os frades buscaram servir o povo da melhor maneira possível, mas, pela fraqueza e miséria humana não conseguiram atendê-lo do jeito que merecem e, por isso, pediu perdão e pediu que o povo estivesse sempre ao lado dos frades, pois somente deste modo forma-se verdadeiramente uma paróquia com as características franciscanas da alegria, do acolhimento e da simplicidade. Dom Joaquim Wladimir agradeceu a presença dos franciscanos e do trabalho que realizam na Diocese. E ainda falou que neste mês da Bíblia, a Diocese está fazendo uma campanha de doação de bíblias para a Pastoral Carcerária. Cada pessoa pode doar bíblias que depois serão entregues aos detentos dos presídios que estão no território da Diocese. A Diocese de Colatina é formada por 17 municípios, com 31 paróquias e aproximadamente 600 mil habitantes. A festa continuou com um delicioso almoço e durante toda a tarde as pessoas puderam lembrar os frades, pessoas e eventos que marcaram estes 10 anos com uma Exposição Fotográfica. Teve ainda o espaço para a Pastoral da Ecologia expor seus trabalhos. A Pastoral Vocacional também marcou presença com um lindo espaço lembrando o carisma franciscano. E teve muita festa com música, danças, sorteios e leilões. A Fraternidade Santo Antônio de Santana Galvão agradece a todos que ajudaram com doações, trabalho, presença e apoio. Santa Clara de Assis abençoe a todos. Frei Gilson Kammer Comunicações Outubro de 2018
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ENCONTRO E RETIRO DO REGIONAL LESTE CATARINENSE
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urante os dias 03 e 04 de setembro, o regional Leste-Catarinense realizou seu encontro na Fraternidade Santo Antônio, em Florianópolis. A Fraternidade anfitriã acolheu os confrades que chegavam próximo ao horário do almoço. Como de costume entre os frades, a acolhida foi feita na sala de recreio, proporcionando aos frades a alegria do reencontro, da conversa ao redor da mesa ao sabor dos “petiscos” oferecidos pela casa. A reunião mais formal aconteceu a partir das 15 horas. O Coordenador do Regional Frei Ivo Müller deu as boas vindas a todos e apresentou a pauta da reunião. Como leitura formativa foi optado pelo texto encaminhado pela
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Comissão Preparatória do Capítulo: O lava-pés, gesto simbólico e fundador. À noite os frades se reuniram em torno da churrasqueira. Alguns confrades conversavam sobre as alegrias e as esperanças, outros mais atentos, estavam vigilantes a cada carta do baralho que era revelada sobre a mesa. Enquanto isso, o guardião da fraternidade Frei Vanderley Grassi preparava um delicioso churrasco para o jantar. Na manhã seguinte, reiniciou-se a reunião com a seguinte provocação: Tendo em vista que não houve nenhum material de retorno da Comissão Preparatória do Capítulo para discussões nos Regionais, que assuntos poderíamos discutir para ajudar a iluminar futuras decisões no Capítulo
Provincial? Aos poucos foram então apresentados os seguintes temas com suas respectivas sugestões: - Redimensionamento: Como resgatar o vigor vocacional de alguns frades desmotivados, aproximando-os da vida e missão das fraternidades; viu-se positivamente a possibilidade de assumir o Santuário Frei Galvão em Guaratinguetá, e também uma fraternidade residente no eremitério em Rodeio. E enfatizou-se a relevância dos Regionais em ajudar no processo de redimensionamento reavaliando a vida e missão de suas fraternidades. - Formação Permanente: Sentiu-se a falta no último triênio de indicações de materiais como fôlderes
Fraternidades
para auxiliar na formação permanente nas fraternidades e nos Regionais. Destacou-se como positiva a iniciativa dos Regionais de programarem seus retiros, permanecendo também a possibilidade dos retiros em nível provincial. E sugere-se para o próximo triênio o retorno dos encontros de revigoramento. - Animação vocacional: Lembrou-se o belo trabalho realizado junto à juventude proporcionando caminhadas, retiros e missões franciscanas. Em contrapartida, o empenho das fraternidades na animação vocacional precisa ser reanimado e intensificado, contando com o apoio e as visitas do animador provincial, com a participação dos irmãos da OFS, e, onde possível, na formação de casais ou equipes vocacionais. - Casas de formação: A Província sempre se esforçou para proporcionar melhores condições para o estudo e formação de nossos formandos. Hoje, teríamos que repensar algumas etapas da formação e suas estruturas tendo em vista o número de vocacionados. Quem sabe juntar duas etapas, ou direcionar os formandos para uma fraternidade menor? - Material para o Capítulo Provincial: Se possível, a Comissão Preparatória do Capítulo poderia enviar às fraternidades um material para leitura prévia dos assun-
tos a serem tratados no Capítulo. Também foi dedicado um tempo da manhã para a revisão dos encontros do Regional realizados neste triênio. Destacou-se o empenho e o esforço de todos os frades em participar do Regional, a boa condução dos encontros pelo coordenador do Regional, a presença do Definidor Provincial em todos os encontros, os dois dias de encontro do Regional proporcionando maior convivência e tranquilidade nos horários, as importantes decisões tomadas pelo Regional como a entrega da Paróquia de Forquilhinha e a reavaliação da presença franciscana em Angelina, os dois retiros organizados pelo Regional e a partilha da palavra durante as reuniões, sempre com transparência, confiança, liberdade no falar, de concordar ou discordar, que demonstraram apreço pelas fraternidades e o bem querer pela Província. Por fim, deixou-se o comunicado que o último Regional recreativo acontecerá na Fraternidade de Forquilhinha, nos dias 17 e 18 de dezembro. Na ocasião, todo o Regional participará da celebração de entrega da Paróquia do Sagrado Coração ao clero da Diocese de Criciúma.
Retiro no Eremitério
Com a graça de Deus, o Regional Leste Catarinense realizou seu retiro entre os dias 10 a 13 de setembro,
no Eremitério Beato Egídio de Assis, em Rodeio-SC. O grupo era composto por 10 frades que buscaram nesses dias de retiro dar uma pausa nas diversas atividades pastorais, reencontrar-se mais intensamente com o Sagrado, reviver a experiência do Eremitério nos tempos de noviciado e poder também descansar e restaurar as forças para a missão. Embora não houvesse um pregador para o retiro, a cada dia uma equipe conduzia a celebração, os momentos de oração e de partilha da experiência diária. Como texto inspirador do retiro foram escolhidos alguns capítulos da Legenda dos Três Companheiros. A chuva fina, a neblina e o frio impossibilitaram os eremitas de caminharem nas matas e contemplarem com maior apreço as obras do Criador. Por outro lado, criou-se um ambiente bastante fraterno de convivência, ora em torno do fogão a lenha para se aquecer, ora no refeitório e nos demais espaços comuns da casa. Foi notável também que mesmo com o passar dos anos, o Eremitério Beato Egídio continua em bom estado de conservação, graças ao empenho e dedicação dos nossos confrades do Noviciado, que há anos zelam por este patrimônio de valor espiritual a todos nós. Reestabelecidas as forças e alcançados os propósitos pessoais do retiro, descemos a montanha motivados a retornar às nossas Fraternidades com a experiência dos primeiros irmãos na Ordem: “Eram solícitos em rezar a cada dia e em trabalhar com suas mãos para afugentarem completamente para longe de si toda ociosidade, inimiga da alma (...) Amavam-se uns aos outros com profundo amor, serviam-se e nutriam-se mutuamente como uma mãe a seu filho único e ditelo” (LTC, Capítulo XI, 41). E assim, nos esforçaremos em seguir nossa vida e missão. Frei Daniel Dellandrea Comunicações Outubro de 2018
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PVF FAZ CAMPANHA EM NITERÓI
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os dias 1º e 2 de setembro, o Pró-Vocações e Missões Franciscanas marcaram presença na cidade de Niterói (RJ). Fomos acolhidos pelo pároco e guardião, Frei Salésio Lourenço Hillesheim e outros confrades que lá residem. Como de costume, o povo
de Deus nos acolheu muito bem. Deixamos a terra da garoa e partimos em direção à paróquia que agendamos para visitar. Ao descermos a Serra das Araras, já percebíamos a brusca mudança no termômetro, que marcava 38 graus. Ao chegarmos à famosa ponte Rio-Niterói, presenciamos a manifestação de Deus com
XIX Semana Teológico-Pastoral
Medellín - 50 anos 1968 - 2018
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Comunicações Outubro de 2018
Convidamos você a participar da XIX Semana Teológico-Pastoral, que ocorrerá de 23 a 25 de outubro, no Instituto Teológico Franciscano.
as belezas do estado fluminense. No sábado, participamos de uma linda missa animada pelas crianças da catequese e, ao final da celebração, expressamos nossa gratidão a todos os benfeitores que nos ajudam a formar nossos seminaristas e frades estudantes, que estão nas etapas de formação da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. No domingo, tivemos a graça de participar de todos os horários de missa da Porciúncula. Muitos foram os abraços e sorrisos dados e recebidos neste dia. Também recordamos muitos frades que por este serviço já passaram. Foram momentos de agradável encontro com inúmeros benfeitores que nos ajudam: a alegria de Maria Nícia Lima; a sabedoria e boa memória de seu Sedenir Ferreira da Silva; o carinho de dona Mirinha; a boa musica de seu Billy; a ajuda de Célia Stupinham para anotar os nomes dos que desejavam fazer suas inscrições, entre outros tantos. Até parece aquele texto das características do frade perfeito, do capítulo 85 do Espelho da Perfeição, nas Fontes Franciscanas. Muitas pessoas atenderam ao nosso convite para nos ajudar na formação de nossos seminaristas e freis que estão nas etapas de formação. A nossa gratidão se dá através da prece por cada um de nossos benfeitores, através de orações dirigidas ao bondoso Pai do céu. Valeu pela acolhida, Porciúncula de Santana, em Niterói. Nossas próximas visitas serão em três cidades no mês de outubro, duas no planalto catarinense, Lages e Curitibanos e uma no Oeste Catarinense, Concórdia. A nossa missão segue buscando atingir nossos objetivos. Até a próxima. Frei Alexandre Rohling
Fraternidades
Regional Rio e Baixada se reúne em São João dE Meriti
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o dia 13 de agosto os frades do Regional Rio e Baixada reuniram-se para seu encontro na Fraternidade de São João de Meriti. O Encontro deveria acontecer na fraternidade da Rocinha, mas a situação não estava muito boa por lá. Houve, nos dias anteriores, intensos tiroteios, chegando a ser fechada a Estrada da Gávea. A fraternidade de São João de Meriti muito gentilmente aceitou sediar o Encontro. A reunião iniciou-se às 9 da
manhã, com a presença do Definidor da Região, Frei Paulo Pereira. Também estiveram presentes os três aspirantes que estão fazendo a FAV no convento de Santo Antônio, Bruno, Gilberto e Gustavo, e Frei Thiago Elias, estudante que está fazendo seu Ano Missionário na fraternidade da Rocinha. Frei Thiago foi enviado a Angola, mas, devido à dificuldade em conseguir o visto de permanência, teve que retornar depois de três meses. Vai compor a fraternidade da Rocinha até o fim do ano,
quando deverá continuar os estudos de Teologia, em Petrópolis. Os Aspirantes retornam a Ituporanga no mês de setembro. O tema que animou as discussões foi “Minoridade Franciscana”, em torno de um texto enviado às fraternidades, em vista da preparação para o Capítulo Provincial. O debate foi muito rico. O Encontro foi encerrado com um delicioso churrasco, oferecido pela fraternidade local. Frei Sandro Roberto da Costa
Bacabal recebe restos mortais de Dom Pascásio Rettler Depois de mais de quinze anos de sua morte, o 1º bispo de Bacabal (MA), Dom Frei Pascásio Rettler, voltou para a sua diocese. Atendendo às regras estabelecidas pela Igreja Católica, os restos mortais do religioso foram transladados no dia 15 de setembro para a Igreja Porta Aberta, sede da Residência Episcopal do Bispo Diocesano de Bacabal. A decisão de transladar os restos mortais do primeiro bispo de Bacabal foi tomada desde o pastoreio de Dom José Belisário, que na época era o 3º bispo diocesano, hoje Arcebispo Metropo-
litano de São Luís do Maranhão. Às 16 horas do dia 15 de setembro, a comunidade católica da cidade acolheu os restos mortais de Dom ascásio Rettler na Sé Catedral de Bacabal, e depois percorreu as principais ruas da cidade, chegando à Praça da Igreja Matriz São Francisco das Chagas, onde foi celebrada uma Missa como parte da Festa 2018 de São Francisco das Chagas. O bispo prelado do Xingu (PA), que é frade franciscano, Dom João Muniz Alves presidiu a Eucaristia ao lado do bispo diocesano Dom Armando Martín.
Da dir para esq: Dom Armando Martín Gutiérrez, Bispo de Bacabal, Frei Heriberto Rembecki, Frei Agostinho DieComunicações ckmann, Frei Miguel Kleinhans e FreiOutubro Fidêncio Vanboemmel de 2018
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Fraternidades
série
FREI HANS STAPEL “O carisma é algo de Deus, não se pode prender”
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o dia 29 de junho, a Fazenda da Esperança celebrou seus 35 anos de fundação. Na ocasião, os fundadores Frei Hans Stapel, Iraci Leite, Lucilene Rosendo e Nelson Giovanelli fizeram uma viagem à Terra Santa, onde ocorreu a entronização do Vitral “O Sim de Maria” na Basílica da Anunciação em Nazaré. Esta foi a primeira viagem internacional de Frei Hans após o tratamento contra um linfoma não Hodkins no pulmão, diagnosticado em setembro de 2017. Neste tempo de celebração, Frei Hans faz um recorrido de sua trajetória como frade menor e fundador da Fazenda da Esperança, que hoje conta com mais de 139 casas, em 22 países. Comunicações – Frei, como e quando surgiu sua vocação? Frei Hans Stapel: Tive uma experiência que marcou muito a minha história. Na escola, com 7 ou 8 anos, o professor perguntou se alguém sabia o que queria ser. Eu, muito espontâneo, levantei e disse: “Quero ser padre”. Talvez por influência do pároco que tinha na época, não sei por quê. E ele começou a rir e disse: “Mas para ser sacerdote precisa ser muito inteligente e você não é”. Então eu esqueci, nunca mais falei de vocação. Terminei a escola, depois me formei como gráfico, mas com 18 anos o desejo de ser sacerdote voltou de novo. Mas pensei: “Não posso ser padre porque tem que ser inteligente”. Mas era muito forte. Então pensei: “Vou tentar, se não der, paciência”.
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Entrei aos 18 anos, precisava estudar Latim, Grego, foram seis anos de estudos. Mas consegui. Nesta época, a Nigéria estava em guerra. Com um grupo de estudantes fizemos uma campanha e fomos para lá, levar alimentos, medicamentos. Alugamos um avião e enchemos de coisas. Esta experiência foi muito forte. Ali nasceu o desejo da missão. Depois decidi vir para o Brasil e assim cheguei à Província, aos 26 anos, em 1972. Comunicações – E por que ser franciscano? Frei Hans: Quando trabalhava e estudava para ser gráfico, nós tínhamos o costume de ir à missa dos franciscanos. Era uma missa silenciosa. O padre não dizia nenhuma palavra. Chegava, fazia os ritos e só. Foi muito bom para mim, tive tempo de conversar com Deus. Ali nasceu o desejo de ser frade, mas depois, na África, isso se confirmou. Lá havia os padres brancos, que eram responsáveis pela missão. Depois vim para o Brasil, fiz toda a formação
na Província. A primeira transferência foi para Guaratinguetá, onde fiquei 12 anos como pároco na Paróquia Nossa Senhora da Glória. E aqui nasceu este trabalho com os drogados, mães solteiras, crianças abandonadas. Estando aqui, a Província perguntou se eu não queria ser liberado para este trabalho. Eu aceitei, com uma condição, que naquele tempo não gostei. A Província não poderia enviar nenhum frade para me ajudar e também não contribuiria financeiramente. Eu precisava entender o que Deus queria de mim, só mais tarde entendi. Para poder nascer a Fazenda, precisava de uma certa liberdade. Se dependesse do definitório ou das decisões de fora, hoje não teríamos tantas Fazendas. Comunicações – O trabalho da Fazenda da Esperança surgiu a partir da realidade local? Frei Hans: Como pároco, chegavam vários problemas na minha porta: mães solteiras, crianças abandonadas, drogados, travestis. Acolhi todos na
Fraternidades casa paroquial. Paralelamente, Nelson, um jovem que ficava na esquina com os drogados, vinha pedir ajuda para eles. Começamos a nos encontrar, viver juntos a Palavra, colocar o Evangelho em prática e eles conseguiam se libertar. Mas existia o desejo de ficar junto. Alugamos uma casa e eles mesmos pagavam aluguel, trabalhavam, iam nas casas cortar grama, cuidar do jardim. E isso sobreviveu. Depois a coisa cresceu, ganhamos um terreno, construímos a primeira casa e até hoje não para de crescer. Hoje são 139 Fazendas, em 22 países. Temos mais 50 terrenos que já foram doados, que serão futuras Fazendas. Vamos preparar o espaço e pensar numa equipe para atuar nestes locais. A maior parte das Fazendas está no Brasil, são 90 até o momento. Comunicações – Quais traços que o senhor vê da espiritualidade franciscana na Fazenda da Esperança? Frei Hans: Tem tudo a ver com ele. Para mim, o drogado é o leproso daquele tempo. Aquele que está abandonado, sozinho, destruído, às vezes não compreende nem a si mesmo e não é compreendido pelos outros, os pais não aguentam mais. Eles estão em desespero. Francisco viu Jesus no outro, isso é colocar em prática o Evangelho. Quando víamos Jesus no outro, isso dava um resultado bom, fez com que eles se recuperassem. Todas as frases do Evangelho te levam ao amor. Não tem nenhuma frase que leve o ser humano a fechar-se em si mesmo. Todos tem que sair de si. Mesmo se sou agredido, se alguém bate na esquerda, dê a direita, se roubam a túnica dê o manto. O Evangelho nada mais é do que um ensinamento de amor. E isso é a solução para o problema. A droga é um grito do amor. Eles não receberam
amor. Os pais às vezes estão separados, ou foram abusados muito cedo. Tantas coisas que levam para este caminho: colegas, desejo de descobrir o mundo, comprar a felicidade e acabam frustrados. Uma vez entrando neste jeito de amar, sair de si, eles descobrem uma alegria que dá força para se recuperar este drama do egoísmo, da droga, do álcool, do sexo. Tudo é uma mesma coisa: o egoísmo. É bonito ver como eles conseguem e a alegria que encontram. É muito bonito. Comunicações – A Igreja no Brasil este ano vive o Ano do Laicato. Como foi o processo de fundação da Fazenda ao lado de leigos, na época? Frei Hans: Desde o início, minha casa sempre esteve aberta para jovens que queriam fazer uma experiência. Vieram muitos jovens da Europa e ficavam um ano comigo, também jovens do Brasil. Sempre dei a chance para eles poderem se doar. E muitos encontraram sua vocação. Dom Bernardo, que hoje é bispo de Óbidos, no Pará, ficou dois anos comigo quando jovem, Padre Cristian, que hoje é responsável pela Fazenda em Pedrinhas, veio aqui quando era jovem. São muitas vocações! Padres, freiras do mundo todo, que encontraram a vocação aqui. Tam-
bém o Nelson, que começou comigo este Projeto, era um jovem da Paróquia que queria viver a Palavra. E assim nasceu nele o desejo de se encontrar com aqueles na esquina. Depois chegaram sempre mais. Tinha um grupo grande que começou a se consagrar através das minhas mãos, mas como uma consagração pessoal. O Cardeal Aloísio Lorscheider, que era arcebispo de Aparecida na época, quando viu que eram muitos jovens, me chamou e disse: “Frei, você tem que fazer alguma coisa”. Eu respondia que não queria fundar nada e ele dizia: “Você está muito seguro, você é frade, quando ficar velho tem a Província. E esses jovens, como ficam?”. Isso me tocou. Juntos fizemos o estatuto e nasceu essa Família da Esperança, uma associação de fiéis, que recebeu a aprovação da Arquidiocese de Aparecida. Depois a coisa cresceu e nos outros países os bispos diziam a mesma coisa. Assim fomos para Roma e, depois de cinco anos, recebemos a aprovação definitiva. Hoje somos mais de mil membros que fazem parte da família. São padres, consagrados masculinos e femininos, celibatários que se doam totalmente, famílias internas que vivem nas Fazendas e os voluntários da Esperança que também fazem parte da família e doam tudo o que podem, tornando isso possível. Com estes é possível ir ao mundo
Frei Hans e o cofundador da Fazenda da Esperança, Nelson Giovanelli Comunicações Outubro de 2018
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Fraternidades
inteiro, porque são disponíveis. Se quisesse fazer tudo isso com funcionários, seria impossível. É necessário contar com pessoas que se doem totalmente. Confesso que para mim foi sempre uma novidade. Tudo crescia, e eu não tinha planejado. Queria viver o Evangelho e descobrir a força que existe quando dois ou três estão unidos, pois Deus se torna presente. Isso é uma coisa extraordinária. E onde Ele está, faz os milagres que toda vida Ele fez. Ele não pode ser diferente. O ser d’Ele é um doar-se totalmente. Hoje Ele expulsa demônios, cura, multiplica os pães e chama as vocações, como Ele sempre chamou. Para mim, este crescimento todo tem muito a ver com essa presença d’Ele entre nós. Sempre procuramos fazer este pacto de querer dar a vida um pelo outro, buscar viver o Evangelho. Lembro-me de uma vez, em Assis, no túmulo de São Francisco, Nelson e eu fizemos um pacto de nos dispormos a dar a vida um pelo outro. Mais tarde, fizemos o mesmo com as duas fundadoras, Luci e Iraci, responsáveis pela parte feminina da Fazenda. Juntos, fizemos este pacto no túmulo de São Francisco. Eu tenho a convicção: quando as pessoas se querem bem e Deus se torna presente, é que acontecem os milagres. Porque Deus é sempre o mesmo. E onde Ele está, Ele faz os milagres.
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Mesmo quando a Província não pôde me ajudar, e hoje a obra cresceu e se espalhou no mundo inteiro, também com muitos bens e estrutura, nunca faltou nada. A providência nunca faltou. É extraordinário! Basta ser fiel neste amor recíproco, na vivência do Evangelho. E isso tem tudo a ver com São Francisco. Ele vivia o Evangelho com radicalidade. Eu sempre me perguntei: como é possível? Tão jovem, havia tantos que o seguiam, tantas vocações, cinco mil no Capítulo das Esteiras. Não tinha rádio, carro, não tinha nada disso, mas a mensagem se espalhava tão rápido! Depois outro fato pra mim muito importante, já como jovem, antes de chegar ao Brasil, tive a possibilidade de conhecer o movimento dos Focolares. Conheci a fundadora Chiara Lubich e isso também me ajudou muito. Ela também tem o costume de viver a Palavra, colocar em prática o Evangelho. Vi que ela era da Ordem Terceira e que ela colocava em prática aquilo que Francisco tinha já vivido mais de 800 anos atrás. Eu digo que as duas espiritualidades, o carisma da unidade e da fraternidade, são a origem do carisma da esperança. Há 3 anos elegemos a nova presidência da Fazenda. Isso é muito bom. Observo, acompanho, mas eles levam
para frente. Quando tínhamos que tomar a decisão, pouco tempo depois o Papa Bento renunciou. Foi a confirmação. O caminho é esse, não se pode se apegar às coisas. Tem que ser aberto e confiar. Os quatro membros são da Família da Esperança. Vemos tudo juntos, mas a responsabilidade é deles. Já podemos ver em vida que a obra vai para frente. É absurdo quando o fundador fica preso, depois morre e tudo acaba. O carisma sempre é algo de Deus, que a gente não pode prender. Não gosto quando fazem este culto da pessoa. O carisma é de Deus e todos que entram na Família são fundadores, são eles que levam o carisma para frente, não só o fundador. Como São Francisco. Quando ele morreu, os frades continuaram. O carisma vai muito além da pessoa que Deus escolheu para levar para frente. Isso me dá muito alegria. Temos que ter o cuidado de não deixar entrar divisão numa obra. Temos que conversar. Se existe um problema, temos que falar. Todo mês temos uma videoconferência com todas as Fazendas do mundo. Isso é importante, pois a divisão é um grande perigo. Comunicações – O senhor e o Nelson tiveram uma audiência com o Papa Francisco em 2016. Ele já conhecia a Fazenda da Esperança? Como foi o encontro?
Fraternidades Frei Hans: Sim, ele já conhecia a de Buenos Aires. Começamos na Argentina na Diocese de Deán Funes, com um bispo franciscano, Dom Aurelio José Kühn. Ele, na Conferência dos Bispos, falava das Fazendas, que estavam crescendo. Hoje são onze Fazendas na Argentina. Bergoglio, naquele tempo, sempre dava um dinheirinho para ele e dizia: para as suas Fazendas. Então ele já ajudava economicamente as Fazendas. Estivemos com ele por outras razões, mas ele se interessava pelas Fazendas. Foram diversos encontros com ele, muito profundos. Tínhamos tempo, podíamos conversar sobre tudo, foi muito bom. Ele é muito concreto, muito inteligente. Pouco tempo atrás chamou o Nelson para fazer parte da Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores. Nelson faz parte desta equipe. Ele é um homem muito concreto, que coloca em prática as coisas simples, vive, fala. É um homem certo e justo neste tempo em que estamos. Comunicações – Quais são os planos da Fazenda para os próximos anos? Frei Hans: Para ser sincero nunca tivemos planos. Lembro bem no início, quando a Fazenda cresceu, foi preocupação para a Província, porque estava crescendo algo novo. Tinham medo do que poderia acontecer depois, algum escândalo ou problema para a Província. Então mandaram uma Comissão para conversar. O frade que fazia parte sempre perguntava onde eu queria chegar. Eu dizia: “Não quero chegar a lugar nenhum”. “Mas quantas Fazendas você quer?”, ele perguntava. Eu respondia: “Não sei, pergunte a Deus. Eu não quero nada, eu não sei o que Deus quer, mas eu quero fazer a vontade d’Ele. Estou disposto a realizar o que Ele deseja”. Se você me perguntar, tenho que dizer a mesma coisa: “Não sei o que Deus quer”. Mas sinto que a obra ainda é com crianças,
jovens, até 35 anos. Deus deve ter muitos planos e nós estamos atentos para descobrir. Sempre tem coisas novas. No início eu pensava que só se tratava de drogados. Mas depois vimos os pais, que precisavam de tanta ajuda, tanta esperança. Aí vieram os jovens, as religiosas. Hoje temos mais de vinte congregações religiosas que trabalham conosco. Depois veio o grupo Esperança Viva, que são os ex-acolhidos da Fazenda, que continuam se encontrando, trazem os familiares. São mais de 200 grupos em todo o mundo. Eles se encontram toda semana e procuram juntos se apoiar para ficar em pé e também ajudam outros que ainda estão na droga. Vão nas cracolândias da vida, nas cadeias. Tudo isso nasceu sem planejar. Era a necessidade diante do que acontecia, nós acompanhamos. Estou aberto para aquilo que Deus quer. Mas sinto que ainda tem muita coisa para crescer. A droga infelizmente se espalha sempre mais. E com ela, cresce a violência. Sinto que a esperança precisa chegar a muitos lugares. Na política, na educação. Em tudo falta a esperança. Comunicações – Quantas pessoas já passaram pelas Fazendas? Frei Hans: Hoje, pela estatística, já passaram mais de 30 mil pessoas. No momento estão mais de 3 mil pessoas conosco nas Fazendas. Eles ficam um ano conosco e depois alguns permanecem. Outros ficam mais um ano. Depende de cada um. Cada um é uma história. Comunicações – Como era sua relação com o Papa Bento XVI? Frei Hans: Tinha-o encontrado uma vez. Foi na Praça São Pedro. Eu disse: “Sua Iminência, sou Frei Hans, frade alemão, estudo em Petrópolis, sou aluno de Leonardo Boff. Ele disse: “Então me ajude a compreender seu confrade”. E ele falou de algumas
coisas que estavam acontecendo naquele tempo e que ele não entendia. Foi a única conversa que tivemos. Depois, quando eu soube que ele viria ao Brasil, pensei que ele poderia vir à Fazenda, já que estaria tão perto. Mas não sabia como fazer. Senti o apelo de convidá-lo cada vez mais forte. Então falei com o Nelson, vimos com alguns bispos amigos. Comecei a pedir aos bispos e cardeais se poderiam escrever uma carta convidando-o. Juntei 80 cartas. Quando tinha tudo pronto, recebi um convite de um cardeal da Alemanha, meu antigo professor, que me convidou para que desse um testemunho durante o primeiro Congresso da Encíclica ‘Deus caritas est’. Todos que deram testemunho tiveram a oportunidade de falar pessoalmente com o Papa Bento. Apresentei-me rapidamente e perguntei: “Santo Padre, posso contar com a sua presença no meio desses jovens como pai que abraça o filho pródigo?”. Ele respondeu em alemão: “Sim, pode”. Assumi isso, entreguei todas estas cartas e começamos a nos preparar. Oficialmente a confirmação demorou bastante, mas estávamos bem adiantados. E ele veio realmente. Isso foi muito marcante para ele e também para nós. Ele ficou muito tocado. Cada vez que o encontrava depois, em outras ocasiões, ele sempre me falava destes testemunhos dos jovens, afirmando ser obra de Deus. Uma vez tendo este relacionamento, nunca deixei de visitá-lo quando estava em Roma, principalmente agora, que ele é emérito. Ele tem mais tempo, pode sentar-se no sofá e conversar. Ele tem uma boa visão, uma abertura muito grande. Sua humildade em renunciar foi muito bacana. Já convidei também o Papa Francisco, vamos ver. Onde os Papas pisam, acontece a história, é impressionante. Érika Augusto Comunicações Outubro de 2018
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Evangelização
Dois Missionários em Angola
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revista Vida Franciscana aborda conteúdos provinciais e eclesiais, muito bem organizados e elaborados pelo seu redator Frei Clarêncio Neotti. Uma parte dela é reservada aos necrológios dos confrades. A edição de dezembro/2017 traz uma síntese de dois missionários que estiveram em Angola: Frei José Zanchet (27/10/1935 – 25/06/2017) e Frei Márcio Araújo Terra (09/02/1949 – 25/05/2017). Ambos vieram a óbito, após o retorno ao Brasil. Sobre cada um deles, há depoimentos de terceiros, expressos numa frase sintética. A partir dela, podemos perceber que a missionariedade se desdobra em sucessivas atividades. Assim, Frei José (VF pp. 256-270) foi definido como “homem teimoso no seu desejo de servir” (p. 256). De fato, sua disponibilidade salta aos olhos nas 23 transferências que recebeu. Não só na Província, mas também “ad extra”. Em Angola, por duas vezes, missionou durante sete anos, donde foi trazido, às pressas, ao Brasil para debelar um tumor no cérebro. Após dois anos, veio a falecer (p. 257-258). Por três vezes, num espaço de dez anos, esteve no Chile. Durante sete anos, prestou serviços à Custódia das Sete Alegrias no MT e MS e, durante dois anos, na Diocese da Barra, Bahia. Em outros momentos também aparece a “teimosia em servir”, como mostra sua primeira transferência: “Confesso que rezei para não ser transferido nem a Rodeio, nem a Ipanema. Foi uma decepção! Mas pensei: em Ipanema também tem gente. Deus me conduziu até aqui, por que não pode me conduzir a Ipanema” (p. 263)?! Ao receber a transferência para o Chile, assim se expressou: “Se
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Frei Márcio Terra
Frei José Zanchet
dependesse de mim, não teria saído” (p. 263). Do Chile, escreveu: “O calor material e espiritual de Ipanema me faz falta. Carahue é muito fria, tanto no clima como na vida religiosa. Povo estranho, ambiente estranho, colegas estranhos, mentalidade estranha”. Mas “foram dez anos de muita experiência e vida” (p. 264). Depois do Chile, a “teimosia em servir” levou-o ao Mato Grosso, à Diocese da Barra (sertão baiano) e a Angola. Esta última foi marcada por desafios atípicos. “As dificuldades eram muitas, principalmente por conta da guerra civil. Num momento de tensão, os frades foram presos. Vimos a morte por perto. Não fomos mortos porque um dos chefes da UNITA nos reconheceu” (p. 265). “Conseguir comida era uma aventura. O pouco que obtínhamos era através de Frei Plínio que ia até a praça vender peças de roupas e cartelas de remédio [...]. A comunicação era precária. Durante mais de um ano ficamos sem comunicação com os demais confrades” (p. 266). Sobre sua missão em Angola, há o seguinte testemunho: “Frei José foi o
protagonista nas horas de paz precária e na hora de paz fictícia, nas horas de isolamento com as estradas fechadas pelos militares de ambas as facções” (p. 266). Retornou ao Brasil para submeter-se a uma cirurgia e ao tratamento de um tumor. Durante a recuperação continuava sua missão pelo “testemunho da oração na capela, no atendimento de confissões e Missas” (p. 269270). Ele mesmo se apresentou ao Provincial e lhe disse: “Já estou quase com saúde e já pode pensar num lugar para onde me mandar” (p. 267). “Assim era esse homem inquieto, missionário e sempre disposto” (p. 267) – finalizou o Provincial. Diferentemente de Frei José, Frei Márcio (VF pp. 219 – 255) teve poucas transferências, seis ao todo. Nos dezoito anos de Angola, sempre permaneceu em Luanda. Logo depois de sua chegada, teve oportunidade de ir a Malanje onde se deu o seguinte fato: “uma manhã, estando em frente da matriz fomos surpreendidos por um bombardeio. Fui o único a correr de medo. Riram de mim dizendo ‘este é um dos nossos’ ” (p. 244).
Evangelização ‘Esse é um dos nossos’ porque, retornando a Luanda “sonhava com uma casa para acolher crianças de rua” (247). O sonho se realizou com a compra de uma ‘vivenda portuguesa’. Com a ajuda da Missão Central e de um Padre alemão, equipou-se a casa. No dia 31 de janeiro de 2002, após rigorosa seleção, um pequeno grupo de crianças passou a residir nela. No seu primeiro ano de funcionamento, a Caritas Francesa custeou as despesas. Depois, o autossutento aconteceu através de doações, coleta mensal da RCC e venda de pães, confeccionados no próprio projeto” (cf. p.249). ‘É um dos nossos’ porque, no pós-guerra, levava comida e roupa às crianças de rua (p. 250). Embora morasse no Projeto, não deixava de participar da comunidade dos frades e estava à frente da animação do Kimbo. Tinha dois programas semanais na Rádio Eclésia. O Bispo o chamou de a ‘voz de ouro’ (cf. p. 256). No retorno ao Brasil, foi trabalhar na Rocinha. “Comprou uma bicicleta velha para fazer exercícios e visitar as comunidades. Seu jeito simples e humilde cativava as crianças com cantos e brincadeiras, antes da Missa” (p. 251). ‘É um dos nossos’ porque “ajuda-
va a cozinheira e lavava suas próprias roupas. Veio de Angola, apenas com uma pequena mala e mochila” (p. 252). Quando o missionário ‘é um dos nossos’, sempre será lembrado. Após o acidente que o vitimou, o povo das comunidades da FIMDA e da Rocinha formou uma verdadeira corrente de oração. O Cardeal Tempesta o visitou, fazia questão de manter-se informado sobre seu estado de saúde e ele mesmo presidiou a Missa de Exéquias (cf. p. 253). Ao completar um ano de seu falecimento, em Vila Velha onde trabalhou, foi lançado o livro “Frei Márcio, o outro Francisco no meio dos prediletos de Deus” (cf. p. 253). Quem assim missiona, sempre será lembrado. Concluindo, pode-se dizer que estes dois confrades continuaram a apostolicidade de outros missionários bíblicos. Em sua terceira viagem missionária, São Paulo resistiu ao Espírito Santo e não “queria deixar a Frígia, Panfília e o território da Galácia” para ir à Macedônia e Filipos, isto é, começar a evangelizar o Ocidente (cf. At 16,1-15). Foi uma luta interior, mas quando “deixou-se guiar pelo Espírito Santo”, teve a agradável surpresa: Filipos tornou-se sua comunidade preferida (cf. Fl 1,6-8). Embora o “operário
seja digno do seu salário” (Mt 10,10), Paulo queria viver com “o trabalho de suas mãos” (cf. At 18,3; 40,33-335), não aceitando salário e/ou donativos. Dos filipenses, porém, recebia e agradecia, pois “supriam minhas necessidades” (Fl 1,5; 4,14-16). Este episódio pode ter certa relação com a primeira transferência de Frei José, assim como o missionário que se faz ‘um dos nossos’ – sem perder sua identidade – é um verdadeiro “fermento que leveda a massa” (Mt 13,33). Exemplo ímpar desse ‘ser missionário’ é o próprio Cristo. Isto está explícito no Juízo Final onde “tudo o que fizestes a um desses meus pequeninos foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,31-45). São Paulo trilha o mesmo caminho: “Fiz-me judeu com os judeus, gentio com os gentios; fiz-me fraco para ganhar os fracos, fiz-me tudo para ganhar alguns” (cf. 1Cor 9,1323). Se o maior de todos os missionários, Cristo, e, depois Dele, muitos outros abraçaram este jeito de evangelizar, fica pergunta: por que será que não nos deixamos evangelizar para melhor evangelizar?! Frei Luiz Iakovacz
Notícias de Malanje Desde 05 de agosto, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) está realizando o I Congresso Nacional Sacerdotal. A semana de encerramento será na cidade de Luanda, de 12 a 19 de agosto/2019. No transcorrer do ano, cada uma das 18 Dioceses fará sua abertura e um mini-congresso com exposição e debate dos seguintes temas: Sacerdócio, um dom para a vida; Relações pastorais
do Sacerdote, hoje; Atuais desafios do Sacerdote em Angola; Partilha de vida e experiências. Constituiu-se uma Comissão Nacional que acompanhará todos os trabalhos. Malanje fez sua abertura dia 26 de agosto e o mini-congresso nos dias 25 a 28 de setembro. A participação é aberta a todos, mas a semana do encerramento é exclusiva ao clero nativo. Atualmente, nosso Seminário está
com 48 seminaristas. Para 2019, está previsto um bom número de vocacionados, dos quais 20 são de Malanje e Cangandala. É necessário fazer uma boa seleção, observando os critérios do estudo acadêmico, exames médicos, documentação, estágio e, principalmente, as motivações vocacionais. No ano em curso, o Seminário encontrou várias dificuldades em relação aos itens acima expostos.
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Evangelização FRENTE DA COMUNICAÇÃO
Partilha da experiência dos Capuchinhos do RS
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a quarta-feira, 12 de setembro, a Frente de Evangelização da Comunicação realizou o 6º encontro do Programa de Formação Permanente. Neste mês, o grupo contou com a assessoria de Frei João Carlos Romanini, frade capuchinho da Província do Rio Grande do Sul e presidente da Signis Brasil – Associação Católica de Comunicação. Ele partilhou com o grupo sua experiência na gestão da Comunicação dos veículos e meios ligados à Província dos Capuchinhos do RS. O encontro, que acontece por videoconferência, contou com a presença de colaboradores do Colégio Bom Jesus e FAE, de Curitiba (PR); Fundação Frei Rogério, de Curitibanos (SC); TV Sudoeste, de Pato Branco (PR); Universidade São Francisco, de Bragança Paulista (SP), Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), de São Paulo e da Sede Provincial (SP). Este encontro foi a primeira parte do Encontro Ampliado da Frente de Evangelização da Comunicação, por
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isso participaram também o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel e o Vigário Provincial, Frei César Külkamp. Frei João partilhou aos presentes o trabalho realizado na Província Sagrado Coração de Jesus, dos Frades Menores Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Segundo ele, são 120 anos de experiência na Comunicação. Nos anos 90, eles iniciaram o projeto para produção de um manual para os veículos de comunicação da Província, intitulado “O nosso jeito de fazer comunicação”. “Nossa Província tinha na época o setor de Comunicação. Sentimos a necessidade de uma linha editorial clara e objetiva dos nossos veículos de comunicação”, afirmou. Ele acrescentou que é preciso diferenciar a evangelização da pregação do Evangelho através dos veículos de Comunicação. Para ele, é importante que os veículos de Comunicação busquem esta integração. “Quando já se deseja falar uma linguagem comum, já é o início da construção do caminho”, assinalou. Ele destacou também que muitas vezes só o caminho até a versão final do material é mais importante que o produto final. Frei João frisou também que o manual não pode ser uma receita de bolo, algo a ser seguido à risca, mas um balizador do trabalho dos veículos. Frei Romanini destacou que com a presença do Papa Francisco, a Igreja ganhou um grande aliado, pois sua fala e seus posicionamentos estão sempre na mídia. Ele ressaltou também que é importante levar em consideração o diferencial da Comu-
nicação – da Comunicação franciscana, especificamente – diante dos outros veículos de Comunicação seculares. “Dentro dos mercados, das cidades onde estamos, quais barreiras podemos romper?”, questionou. Para ajudar nesta reflexão e na construção do manual, ele colocou as seguintes perguntas, que podem ajudar: O que queremos? O que defendemos? O que não defendemos? Para que finalidade queremos um manual? Está bem clara a nossa missão, que é promover a cultura de paz e bem na vida das pessoas e comunidades. “Isso define o nosso projeto de Comunicação e de negócios. Quando se fala em cultura de paz e bem, teremos que comprar algumas brigas, sejam políticas, econômicas, etc. Se nós somos franciscanos, e temos um veículo de Comunicação servindo à Igreja, nós temos que dar a cara a tapa”, alertou o assessor. “Temos que ser proféticos, missionários, ter cuidado com a Casa Comum, valores que nós defendemos que estão implícitos dentro da missão”, completou Frei João Romanini. Outro aspecto levantado por ele foi a credibilidade que os veículos franciscanos possuem, pois aliam qualidade técnica com valores, sem perder a atualidade. Para isso, é importante que os profissionais estejam sempre atentos aos critérios básicos: checagem da comunicação, ouvir todos os lados envolvidos nas notícias, a isenção e busca permanente do interesse coletivo”. É um jornalismo que jamais deve ser pautado pelo sensacionalismo, pela ‘carnificina das rodovias’ e ‘porta de cadeias’, temos que ir além disso, sair do assistencialismo,
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buscando a verdade e a ética, com utilização de uma linguagem inclusiva”, ressaltou. Em seguida, os participantes fizeram suas colocações e perguntas ao assessor. Frei Fidêncio Vanboemmel agradeceu e disse que é necessário sair dos pequenos “guetos” que se formam para aprender de outras experiências, crescer a partir da partilha. Ele afirmou que é preciso valorizar a origem
e a história de cada veículo de Comunicação da Província, que nasceu dentro de um contexto histórico e local, mas que a cada dia a Província sente a necessidade de ter linhas e metas comuns. “Temos que ter, enquanto Ordem Franciscana, denominadores comuns, respeitando a característica de cada veículo, mas ter uma mística comum é muito importante”, ponderou. Frei César Külkamp destacou
que os encontros de formação, que acontecem mensalmente, favorecem a comunhão entre os veículos. Para ele, ainda é necessário reforçar a identidade em tudo o que é feito. O próximo encontro acontece no dia 10 de outubro, concluindo a reunião ampliada da Frente de Evangelização da Comunicação. Érika Augusto
HINO A FREI GALVÃO O Brasil vê seu filho, o primeiro, Ser horado no altar do Senhor, Frei Galvão, santo sim, brasileiro, Mensageiro da Paz e do Amor.
De Francisco de Assis, Seguidor, Porta-Voz da Palavra Sagrada, Traze a bênção de Deus, traze o amor, Que abrasava teu peio na estrada!
Maravilha de Deus, Frei Galvão Hoje em festa no céu com certeza, Canta a Deus, junto a nós a canção, No milagre do Pão desta Mesa.
Dos tropeiros, zeloso em caminhos, A levar o Evangelho da Luz, O consolo da dor dos espinhos, E o sentido da Força da Cruz.
Frei Galvão lá do céu, lá da glória, Em favor dessa terra sofrida, Intercede a Jesus pela história De um Brasil transbordante de vida...
E as tais Pílulas – marca sagrada, Fez a Igreja o milagre aceitar, Nelas, vemos Maria Imaculada, Que lhe deu ser Santo hoje no Altar. Frei Walter Hugo de Almeida
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II Congresso Nacional de Educadores Franciscanos
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II Congresso Nacional de Educadores Franciscanos foi realizado, de 27 a 30 de agosto, na cidade de Anápolis (GO). O Coordenador da Rede Educacional Franciscana (REF), Frei Flávio Noleto, saudou e acolheu todos os participantes, entre eles o Vigário Provincial, Frei César Külkamp, e Frei Claudino Gilz, da Província da Imaculada Conceição do Brasil (SP) e Associação Bom Jesus. O Ministro
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Provincial, Frei Marco Aurélio da Cruz, deu as boas-vindas e invocou as bênçãos de Deus sobre os participantes do Congresso. Na palestra de abertura “A Educação Franciscana em prol do Humanismo Solidário”, o DefinidorGeral para a América Latina, Frei Valmir Ramos, contextualizou o atual cenário social em que grandes mudanças são necessárias perante as crises sociais que oprimem a hu-
manidade. Destacou que a educação franciscana não pode distanciarse dos princípios evangélicos e das orientações da Igreja e precisa levar em conta a vida concreta dos estudantes e de suas famílias com tudo que os atinge hoje. Nesse sentido, explicou ser fundamental cultivar a vivência das virtudes e valores humanos construindo um mundo de paz e igualdade. Por isso, a minoridade e fraternidade são uma luz no cami-
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nho da educação franciscana para se alcançar esse objetivo. Salientou, ainda, que o verdadeiro humanismo defende a dignidade e a igualdade de direitos, valoriza a diversidade e que, a partir daí, entra a solidariedade que deve ser praticada em ações concretas: acolher e não julgar ou condenar. Ao final, evidenciou que a educação franciscana precisa ir além e fazer a diferença. Concluiu que é necessário pensar nos mais pobres e ter a coragem de abraçar a promoção humana como forma solidária de cumprir a sua missão. Dom Severino Clasen, OFM, mencionou a preocupação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com uma educação solidária e humanista, e ressaltou que a Ordem dos Frades Menores já trabalha nesse eixo, educando para a solidariedade, trabalho tão importante e necessário para o atual contexto da sociedade brasileira. O Prefeito Municipal de Anápolis (GO), ex-aluno de uma escola franciscana, enviou sua mensagem, por meio do Secretário de Cultura, Alex de Araújo, destacando sua preocupação com a educação de novos cidadãos e que a Igreja Católica desempenha um
importante papel social, despertando nas pessoas o espírito de solidariedade e humanidade. Com o tema “Educação Franciscana e Cultura Inter-religiosa”, o psicólogo e doutor em Educação, Artur Vandré Pitanga, fez a reflexão a partir do questionamento: o que é ser franciscano? E, com isso, conduziu seu raciocínio apresentando os seguintes elementos: sensibilidade; solidariedade; esperança ativa; fraternidade; compaixão; abertura ao diálogo; amor, coragem e sabedoria; justiça; conhecimento e reflexões profundas sobre a vida. De acordo com o palestrante, o jeito de “ser franciscano” é a base do educador franciscano: a dinâmica ensino/ aprendizado passa pela vivência da realidade, compreende-se a complexidade do ser humano, a diversidade cultural no mundo e uma observação acurada da atualidade. Em relação ao aspecto da inter-religiosidade, afirmou que a cultura religiosa é formada por pessoas curiosas que procuram conhecer e entender a diversidade humana, e que a educação franciscana deve promover o respeito, a paz e a compreensão desse processo. Concluiu que o desafio dos educadores franciscanos é fazer com
que os jovens gostem de estar no ambiente de aprendizagem e que sejam capazes de enxergar e repensar as estruturas da sociedade, denunciando as injustiças sociais. Os congressistas abordaram diversos temas sobre a Educação Franciscana, dentre eles destacaram-se: Educação Franciscana nas ideologias que contaminam a Educação Franciscana; Os desafios das Instituições Franciscanas em relação à mercantilização da Educação; O posicionamento político das Instituições Franciscanas; O papel efetivo dos religiosos(as) dentro e fora dos limites das Escolas; O papel das Instituições Franciscanas em momentos de crise e a representatividade das escolas do passado em relação aos dias de hoje; Documentos que regem os fundamentos da Educação Franciscana. Nas oficinas se discutiram os seguintes temas: “Administração Humana e Solidária”, conduzida por Frei Fabiano Satler, OFM, sob a secretaria de Muriel Amorim; “Psicologia Humana e Solidária”, conduzida pela Irmã Marinêz Arantes da Silva, OSF, sob a secretaria de Frei Hélio Moraes, OFM; “Pedagogia Humana e Solidária”, conduzida pela Gestora Stela Regina Wontroba, sob a secretaria de Amanda Caroline; e “Franciscanismo Humano e Solidário”, conduzida por Frei Bruno Scapolan, OFM, sob a secretaria de Frei Ronildo Arruda de Souza, OFM. As cinco Províncias da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) - Província Nossa Senhora da Assunção (MA/PI); Província Franciscana da Santa Cruz (MG); Custódia Sagrado Coração de Jesus (SP); Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil (GO) e Província Imaculada Conceição do Brasil (SP) - apresentaram os trabalhos desenvolvidos no campo educacional franciscano. www.fradesfranciscanos.com.br Comunicações Outubro de 2018
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O grande encontro das
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este ano, o Encontro Ampliado da Frente de Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento da Província Franciscana da Imaculada Conceição aconteceu simultaneamente em dois locais: no Convento São Francisco, em São Paulo, para os participantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo e em Rondinha, na Fraternidade São Boaventura, para os participantes de Santa Catarina e Paraná. A divisão foi um pedido dos próprios participantes, que no ano passado reuniram-se no Seminário Santo Antônio, em Agudos (SP). Na ocasião, foi sugerido que o encontro acontecesse em locais separados para facilitar a participação de todos, levando em consideração a distância e o território provincial. Neste ano, os participantes foram convidados a apro-
fundar o Documento da Ordem dos Frades Menores, “Enviados a Evangelizar em Fraternidade e Minoridade na Paróquia”. Trata-se de um subsídio para a pastoral paroquial, publicado pelo Governo Geral da Ordem dos Frades Menores em 2009. Segundo o então Ministro Geral, Frei José Rodríguez Carballo, o texto pretende oferecer uma ajuda à Fraternidade universal, sobretudo às Fraternidades presentes e operantes nas paróquias para realizarem uma forma particular de evangelização segundo os valores do carisma franciscano, em particular, os da fraternidade e da minoridade. Tendo em vista o Capítulo Provincial que se aproxima, os participantes se reuniram em grupos para dar indicações aos frades com relação ao trabalho da Frente de Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento.
SÃO PAULO Na tarde do dia 27 de agosto, os participantes deram início ao Encontro Ampliado da Frente de Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento no Convento São Francisco, em São Paulo (SP). Frei César Külkamp, Vi-
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gário Provincial e Secretário da Evangelização, deu as boas-vindas aos participantes e conduziu a apresentação. Neste encontro, 41 pessoas responderam positivamente ao convite feito pelo coordenador da Frente,
Frei Germano Guesser. Entre os participantes, 14 frades e 27 leigos. Estiveram presentes os representantes dos seguintes locais: Santuário São Francisco, São Paulo (SP); Paróquia São Francisco – Vila Clementino, São
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Paróquias da Província Paulo (SP); Santuário Santo Antônio do Valongo e Paróquia Nossa Senhora da Assunção, Santos (SP); Paróquia Nossa Senhora do Amparo, São Sebastião (SP); Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, Sorocaba (SP); Paróquia Santo Antônio, Sorocaba (SP); Seminário Franciscano Frei Galvão, Guaratinguetá (SP); Paróquia São Francisco, Duque de Caxias (RJ); Paróquia Santa Clara, Duque de Caxias (RJ); Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Nilópolis (RJ); Paróquia Santa Clara, Petrópolis (RJ) e Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, Rio de Janeiro (RJ). Frei Miguel Kleinhans, o Visitador Geral, participou dos dois dias de encontro. Segundo Frei César, este encontro não acontece para que os participantes discutam temas pastorais ou do Magistério da Igreja, mas para perceber como as Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento podem assumir uma característica mais fran-
ciscana, para partilhar experiências e descobrir formas de trabalhar em conjunto. Na parte da tarde, o Vigário Provincial apresentou brevemente o Plano de Evangelização da Província e as cinco Frentes de Evangelização: Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento; Educação; Comunicação; Solidariedade para com os empobrecidos e Missões. Ele destacou que duas Frentes são transversais, pois estão presentes em certo modo em todas as outras: Solidariedade para com os empobrecidos e Missões. Usando como base as reflexões do Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Frei César falou aos presentes sobre as formas de evangelizar, explicitando a importância de ser uma Igreja em saída, como pede o Pontífice. “Ser Igreja, evangelizar, é um chamado a sair de si mesmo”, afirmou. O Vigário Provincial assinalou quer ser Igreja não é apenas
administrar os sacramentos, mas ir ao encontro do próximo, sobretudo os mais necessitados. “No irmão está o prolongamento da encarnação”, salientou, citando a Exortação Apostólica.
Estudo do Documento da Ordem
Na parte da noite, Frei João Reinert, pároco da Paróquia Santa Clara, em Duque de Caxias (RJ), falou sobre o documento da Ordem dos Frades Menores, “Enviados a Evangelizar em Fraternidade e Minoridade na Paróquia”, de 2009. O frade discorreu sobre os três capítulos do documento, que apontam para a necessidade de ser uma paróquia ativa e inserida no contexto eclesial local, sem perder as características do carisma franciscano. Frei João destacou alguns desafios apresentados no Documento, como a urbanização, globalização, pluralismo Comunicações Outubro de 2018
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cultural e religioso e afastamento da prática religiosa, mercantilização e individualismo. Desafios que atingem a sociedade de modo geral, mas segundo o frade interferem também da relação entre o homem e Deus. Diante deste cenário, o palestrante perguntou aos presentes: “Qual a contribuição do carisma franciscano para esta realidade?”. Para Frei João Reinert, é perceptível um modo franciscano de estar nas paróquias. “O jeito franciscano de ser está muito alinhado ao Vaticano II, um novo jeito de ser e entender a Igreja. Mais do que fazer muitas coisas, na paróquia franciscana as coisas são feitas de forma colegiada, participativa, democrática. A paróquia é sentida como uma extensão da fraternidade, onde os paroquianos são nossos irmãos. A misericórdia é uma marca forte, através da acolhida, integração, escuta, diálogo”, afirmou. Para ele, é perceptível um processo
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de acolhida como sinal de misericórdia. Ele destaca também a valorização nos canais de participação, como Conselhos Paroquiais, Assembleias e outras instâncias que promovem uma participação e decisão colegiada, ajudando a formar consciência e valorizando o discernimento.
Momento de partilha e o conselho do Visitador
Após a fala de Frei João, os participantes partilharam sobre os trabalhos realizados e as características francisca-
nas em cada ação. Frei Benedito Gonçalves, o Frei Dito, pároco da Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, em Sorocaba, destacou a construção da Porciúncula no claustro do convento como um espaço de acolhida, oração e difusão do carisma franciscano. Para ele, é necessário que as paróquias franciscanas falem mais sobre São Francisco de Assis. “É justamente de São Francisco que brota nossa espiritualidade. Temos pouca devoção franciscana, perto de outras devoções que historicamente instituímos”, assinalou. O Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, deu um conselho aos frades participantes do encontro. Ele afirmou que a gratuidade deve ser uma característica da paróquia franciscana. O frade contou que muitos frades jovens perguntam o que devem fazer para serem bem acolhidos nas paróquias. E ele aconselha: “Visite o
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povo, especialmente os pobres, doentes”. E acrescenta: “A gratuidade, a caridade, faz muito bem ao frade. No corpo a corpo se revela o Cristo ressuscitado”, partilhou. O leigo Marcelo Meloni, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, afirma que o encontro com frades e leigos é muito positivo, pois sinaliza para que as paróquias tenham cada vez mais um rosto franciscano. “Às vezes ficamos presos à nossa paróquia ou diocese e esquecemos dessa primeira vocação, que é ser franciscana”, acrescenta. O jovem, que esteve no encontro passado, em Agudos, diz que os momentos de partilha ajudam na vivência paroquial. “Os encontros proporcionam uma maior interação do que a Província pede pra nós, enquanto leigos de uma paróquia franciscana. Nós voltamos e tentamos colocar em prática as ideias que foram discutidas, de como tornar a nossa paróquia de fato um local símbolo da misericórdia, da solidariedade, para tentar fazer com que as nossas paróquias tenham cada vez mais o rosto de São Francisco”, explica. Frei Miguel Kleinhans, que des-
de fevereiro está em visita canônica na Província da Imaculada, destaca que sentiu nas Paróquias em que visitou um grande senso de pertença. “O núcleo fraterno dos frades contagia os leigos. Fraternidade forma fraternidade”, afirmou. Ele relata ainda que sente a necessidade dos jovens se inserirem na vida das comunidades. “É difícil quando as lideranças leigas se apossam dos grupos. Um membro novo não consegue entrar. As lideranças antigas têm opinião fixa e absolutizam, mas o leigo novo também tem direito a ser escutado”, ponderou. Para ele, é importante que as paróquias valorizem a Ordem Franciscana Secular (OFS) e recuperem o sentido da minoridade. “Através do impulso dos frades, é preciso levar os leigos ao encontro dos empobrecidos, dos doentes. Seria bom integrar os trabalhos das Paróquias com o Sefras, incentivando os leigos a cuidarem do aspecto solidário nas Paróquias”, sinalizou.
Tempo de partilha e indicações para o Capítulo Provincial
Na manhã de terça-feira, os participantes do encontro se dividiram
em grupos, frades e leigos, para discutirem as indicações, tendo em vista o Capítulo Provincial. No momento do plenário, os secretários de cada grupo partilharam o que foi apontado, com destaque para a necessidade de dar autonomia aos leigos, promoção de uma escuta acolhedora e respeitosa, respeitando os limites individuais de cada pessoa, além da necessidade de incentivar os jovens nas comunidades. Foi apontada também a necessidade de assumir o projeto comum de cada paróquia, sem “criar moda” e a valorização dos paroquianos mais idosos, que já estão há muito tempo nas comunidades. Da parte dos frades, é necessário desfazer uma consciência clerical e hierárquica, que ainda está muito presente nas paróquias e ganha destaque com as novas mídias. Também falou-se da necessidade de valorizar a vivência batismal de cada leigo e de fazer uma pastoral com menos “acessórios”, valorizando o que é próprio de cada local. Érika Augusto Comunicações Outubro de 2018
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RONDINHA
Frades e leigos dos estados do Paraná e Santa Catarina se reuniram no Convento São Boaventura, em Campo Largo, para o encontro ampliado da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento. Da reflexão - ‘“ue indicações propor para a presença e atuação dos frades neste tempo de missão e como fortalecer a atuação dos leigos na evangelização da Província?” - sairá um documento que será encaminhado para a Comissão Preparatória do Capítulo Provincial. O coordenador da Frente, Frei Germano Guesser, acolheu a todos e apresentou as cinco Frentes do Plano de Evangelização da Província da Imaculada Conceição: Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento; Educação; Comunicação; Solidariedade para com os Empobrecidos e Missões, com enfoque especial para a maior de todas, que é a das Paróquias. No Ano do Laicato, o frade destacou a importância da partilha do serviço evangelizador com leigos e
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leigas. “Urge sermos sinais de uma reconciliação universal com todas as criaturas, ao modo de São Francisco, numa profunda conversão que é também interior”, disse. Também apresentou quais são as prioridades de evangelização da Província para o sexênio de 2016-2021. Os párocos Frei Alex Sandro Ciarnoski, da Paróquia São Luiz Gonzaga de Xaxim (SC), e Frei José Idair Ferreira Augusto, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Concórdia (SC), conduziram as reflexões em torno do tema de estudo. Segundo Frei Alex, durante a com-
posição do documento, a Ordem realizou um levantamento de dados na tentativa de avaliar de que maneira os frades estavam atuando e conduzindo a pastoral nas paróquias onde estavam presentes. Dois pressupostos se destacam neste documento. Primeiro, a Fraternidade: “Uma fraternidade contemplativa em missão é aquela que anuncia a Boa Nova com a vida e com a palavra”. Para Frei José Idair, vida e palavra são uma constante em todo o texto do documento, pois é próprio de São Francisco. No segundo pressuposto, o das paróquias, vê-se evangelização segundo os valores do carisma, em particular, os da fraternidade e da minoridade. Os assessores frisaram que é próprio das fraternidades ler e interpretar os sinais dos tempos nos seus mais diversificados contextos e aceitar as orientações da Igreja local, a respeito da evangelização no contexto da pastoral paroquial. “Sem deixar de prestar atenção à ação litúrgica, à ad-
Evangelização ministração dos sacramentos e às práticas de devoção, devemos trabalhar para recuperar a centralidade da fé, motivando os batizados a serem agentes ativos da evangelização. Sem esquecer os cristãos empenhados na construção do Reino, devemos voltar nosso olhar sobretudo para a multidão dos batizados não evangelizados, para as novas realidades de nosso tempo, para a imensa mobilidade das pessoas e para o extraordinário fenômeno da migração. Sem esquecer as noventa e nove ovelhas do redil, devemos sair à procura da ‘ovelha perdida’, porque também ela é destinada ao Reino”, disseram os assessores citando o texto do Relatório do Capítulo da Ordem de 2006, n. 82.
DESAFIOS DA PARÓQUIA NA IGREJA
Frei Alex falou sobre o desafio de ser paróquia na Igreja hoje, elencando uma série de itens: globalização das novas tecnologias; a urbanização; o pluralismo cultural e religioso; a imigração, a tensão entre eclesiologias, cristologias e antropologias diferentes; o crescimento dos novos movimentos eclesiais e de novas comunidades; a busca de experiências de espiritualidade; o afastamento da prática comunitária e sacramental; o fenômeno de quem volta; a pastoral ordinária de uma paróquia; a exigência de se ter uma igreja mais ministerial e a pastoral social (frágil ou ausente na prática pastoral). Segundo ele, os frades de formação mais antiga, os medianos e até mesmo os formandos que estão chegando agora são impactados por estes
desafios. “Temos várias tensões de eclesiologia por conta das várias interpretações que fazemos sobre Jesus Cristo como também sobre o ser humano. Isso implica justamente na maneira que vamos conduzir e organizar a prática evangelizadora em nossas paróquias”, ressaltou. Segundo Frei Délcio Francisco Lorenzetti, que reside na fraternidade de Concórdia (SC), estes desafios se manifestam de forma mais aguda quando a comunidade está reunida e celebra com um determinado modelo litúrgico. “Ela é um espelho muito claro disto que estamos falando aqui”, acrescentou. Irmã Marta, que trabalha no setor
de catequese da Paróquia de Santo Amaro da Imperatriz (SC), destacou que é desafiador para o pároco cuidar de uma paróquia muito grande e repleta de atividades. Porém, para ela, apesar de todas as dificuldades e desafios que os trabalhos do dia a dia apresentam, ter participado do encontro foi muito bom e importante. “Esta integração que existiu aqui nos beneficiou, pois nos ajudou a ver a realidade a partir de dentro e não apenas de fora”, acentuou. O primeiro dia de atividades e partilhas avançou nas primeiras horas da noite com muitas partilhas, apontamentos, sugestões e também elogios para o trabalho evangelizador dos frades e leigos nesta Frente. Frei Alexandre Magno Cordeiro da Silva, coordenador da Frente das Missões e pároco da Paróquia Bom Jesus dos Perdões de Curitiba (PR), falou sobre a realidade da Frente das Missões. Segundo ele, todos os anos no mês de outubro, a Província promove a campanha missionária visando manter a missão da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), inaugurada pelos frades há quase 30 anos. Frei Alexandre apresentou também um vídeo e falou da Mostra Fotográfica sobre as Missões na sala e corredor do Convento. O material está disponível para que as Paróquias e Santuários também possam exibi-la durante o ano.
SUGESTÕES PARA O CAPÍTULO PROVINCIAL
O segundo dia começou com a Celebração Eucarística, às 7h15, na capela interna onde residem os fraComunicações Outubro de 2018
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Evangelização des de Profissão Temporária e os formadores do tempo de Filosofia. Frei Germano presidiu e Frei Daniel Dellandrea, pároco da Paróquia de Santo Amaro da Imperatriz (SC) e vice coordenador da evangelização da Província, foi o concelebrante. Neste dia, a Igreja celebrou Santo Agostinho, doutor da Igreja. Em sua homilia, Frei Germano enfatizou que atitudes falsas não são suportadas por Jesus, pois demonstram um comportamento enganador, uma imagem distante da realidade, às vezes totalmente oposta à realidade. Segundo ele, as mentiras se tornam ainda mais graves quando envolvem religião, pois aí está em jogo a boa fé das pessoas. Por temor ou respeito a Deus, o povo simples se entrega, de modo ingênuo, aos ‘comandos’ de seus líderes. “Os doutores da Lei e fariseus se fixavam no cumprimento minucioso de suas prescrições válidas, mas secundárias, enquanto negligenciavam as mais importantes: a prática da justiça, da misericórdia e da fidelidade ao projeto de Deus. É prudente não se deixar iludir pelos falsos mestres”, ensinou o celebrante. Ainda em sua homilia, o frade fez o seguinte questionamento: Qual o perigo de colocar toda a atenção no menos importante? Será que não mascaramos as coisas tentando esconder aquilo em que mais falhamos?”. O encontro teve continuidade com trabalhos em grupos. Frei Daniel organizou e dividiu os participantes em quatro grupos de leigos e em dois grupos de frades. Todos refletiram e discutiram duas questões, a saber: 1 – Que indicações propor para a presença e atuação dos frades neste tempo de missão? 2 – Como fortalecer a atuação dos leigos na evangelização da Província? Posteriormente, os questionamentos serão encaminhados para Comissão Preparatória do Capítulo Provincial, que acontecerá de 12 a 21 de novembro, em Agudos (SP). Cada grupo elegeu um secretário e os mesmos partilharam com todos os participantes as sugestões e partilhas que surgiram nos debates realizados nos grupos. E, em um clima de alegria a fraternidade, o encontro teve seu fim com o almoço oferecido pela Fraternidade anfitriã do evento. Frei Augusto Luiz Gabriel
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FAE inaugura nova estrutura do Núcleo de Prática Jurídica
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este segundo semestre, o Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da FAE Centro Universitário – campus Curitiba passará a oferecer assistência jurídica gratuita para a população e estágio orientado para seus alunos de Direito em novo endereço. Localizado no centro de Curitiba, o serviço-escola da Instituição agora ocupa o prédio histórico, totalmente restaurado pela FAE, localizado na esquina da Rua 24 de Maio com a Visconde de Guarapuava. A inauguração do novo espaço ocorreu na última semana e contou com a presença de professores, funcionários, reitoria e direção do Grupo Educacional Bom Jesus. De acordo com o coordenador do curso de Direito e do NPJ do campus Curitiba da FAE, Karlo Messa Vettorazzi, “mais do que manter um prédio histórico, estamos proporcionando neste lugar um serviço de cidadania para a comunidade”. Segundo o reitor da FAE, Jorge Apóstolos Siarcos, a mudança estratégica de endereço do NPJ visa atender à demanda da população mais necessitada e também da comunidade acadêmica. “A nova sede oferece fácil acesso à população e está localizada em uma região bastante movimentada, trazendo a academia mais pró-
ximo das pessoas e fazendo com que os alunos tenham ainda mais contato com a realidade do mercado”, explicou. A inauguração foi concluída com uma mensagem do presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes, ressaltando que essa iniciativa segue “os princípios franciscanos de acolhimento e de servir ao próximo, com potencial para mudar a vida de muitas pessoas”.
Memória arquitetônica e justiça social
“Construído no início do século XX, este imóvel, de valor históricocultural para Curitiba, foi adquirido em 1910 pelo Sr. Antonio de Barros Barbosa e sua esposa, Ana de Castro Barbosa. Manteve-se na família até meados da década de 1970 e, há gera-
ções, embeleza nossa cidade com sua edificação ímpar. Com a aquisição e o restauro de sua estrutura original, o Grupo Educacional Bom Jesus preserva um bem histórico de Curitiba, além de inaugurar a sede do Núcleo de Prática Jurídica da FAE, oportunizando à comunidade o acesso à Justiça, mediante assistência gratuita com toda a expertise do curso de Direito da FAE.” O texto acima está registrado na placa de identificação da nova sede do NPJ do campus Curitiba. A FAE também possui um NPJ no campus São José dos Pinhais. Mais informações sobre o serviço-escola estão disponíveis no site da FAE ou podem ser obtidas pelos contatos abaixo:
Curitiba
Endereço: Rua 24 de Maio, 168. Telefone: (41) 2105-4845 Horário de atendimento: sob consulta.
São José dos Pinhais
Endereço: Avenida Rui Barbosa, 9443. Telefone: (41) 2117-9808 Horários de atendimento: Segunda a sexta-feira, das 9h às 11h50 e das 13h às 18h. Comunicações Outubro de 2018
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Frades e leigos unidos para a produção de bons frutos
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oda árvore boa produz bons frutos. Esse ensinamento do Evangelho ilustra muito bem as reflexões promovidas durante o Encontro Ampliado da Frente da Educação da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. A reunião provincial entre professores, frades, assessores e gestores da educação foi realizada nos dias 21 e 22 de agosto, na FAE Centro Universitário, em Curitiba (PR). A analogia proposta espontaneamente pelos participantes do encontro sintetiza o entendimento do grupo sobre o relacionamento entre frades e leigos na educação. Enquanto os religiosos são vistos como árvores fortemente enraizadas nos princípios franciscanos, que produzem bons frutos e folhas tenras, que crescem e alimentam a comunidade educacional e a sociedade ao redor, os profissionais da educação são como mudas dessas árvores, que se apropriam e reproduzem
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de maneira consciente as melhores atitudes e virtudes humanas e cristãs.
Desafio digital
Para chegar a esse entendimento, o encontro oportunizou uma programação rica em experiências acadêmicas, sociais e carismáticas. A primeira atividade foi conduzida pelo mestre e doutor em Comunicação, Moisés Sbardelotto, que ministrou a pales-
tra “Comunicação, educação e compromisso social na cultura digital”. Durante a explanação, o palestrante convidado observou que há um entendimento generalizado de que a escola, mesmo sendo muito importante, já não é central para a própria formação das pessoas como em décadas anteriores, principalmente em relação ao grande acervo de informações disponível na internet. “A internet mudou a relação entre as pessoas, com o outro. A força mediadora das grandes instituições, seja religiosa, educacional ou política foi enfraquecida. Os seus papéis mudaram. Neste cenário, as instituições de ensino podem contribuir para a formação dos alunos em três importantes frentes relacionadas ao consumo de informações no ambiente digital: saber escolher, saber ler e saber escrever. Tudo isso de maneira crítica, autônoma e consciente”, defende Sbardelotto.
Estender os galhos da árvore franciscana
A missão evangelizadora na educação é um grande desafio, mas que pode gerar bons frutos por meio da persistência e da união fraterna e da solidariedade. Exemplo disso é a missão realizada pela Província em Angola. A experiência franciscana naquele país foi lembrada durante todo o evento, por meio de uma exposição fotográfica na FAE e também com os testemunhos do Vigário Provincial, Frei César Külkamp, que falou sobre a dimensão social da evangelização por meio da Frente da Solidariedade da Província. “Dessa maneira, com a união de esforços e a comunhão entre
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nossas frentes, temos a certeza de que os mais necessitados, aquelas pessoas que mais precisam de ajuda, poderão ser alcançadas”, disse.
Evangelizar por meio de atitudes
Nos dois dias do encontro, os participantes tiveram a oportunidade de partilhar as experiências com serviços e projetos sociais promovidos nas entidades educacionais. Por meio de testemunhos, fotos e infográficos, foram apresentadas ações e resultados reais das seguintes instituições: Universidade São Francisco, Instituto Teológico Franciscano, Colégio Bom Jesus e FAE Centro Universitário. Frei João Mannes, presidente do Grupo Educacional Bom Jesus e responsável pela Frente da Educação da Província no triênio 2016-2018, lembrou que ser educador está no carisma franciscano. “Se entendemos Jesus Cristo como o maior educador, que nos ensina pelas palavras e pelas atitudes, e também considerarmos Francisco de Assis como seu fiel discípulo e multiplicador dessa missão, continuaremos a realizar as nossas atividades na educação com muito amor, fraternidade e respeito ao próximo, principalmente aos mais fragilizados”, conclui.
Frades e leigos: uma árvore completa
Em síntese, o grupo reunido no Encontro Ampliado da Frente da Educação concluiu que frades e leigos, dentro de suas atribuições, formam uma árvore coesa, que pode produzir soluções e aperfeiçoar cada vez mais a formação humana à medida que o relacionamento entre as partes for estreitado. Para isso, sugeriram-se momentos de partilha e de formação continuada entre frades e professores, com o objetivo de propagar o franciscanismo de maneira ampla e frutífera na comunidade educacional. Juliano Franco Zemuner Comunicações Outubro de 2018
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Evangelização
Unesco e Colégio Bom Jesus ajudam alunos de escola pública
Ação conjunta beneficia mais de 50 alunos de colégio estadual em Curitiba
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lunos do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Guaíra, em Curitiba (PR), recebem reforço nos estudos de Língua Portuguesa e de Matemática. Um grupo de voluntários formado por estudantes do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus se reúne semanalmente na escola pública para retomar conteúdos, tirar dúvidas e ajudar os alunos atendidos pelo projeto a descobrir novas formas de estudar. A iniciativa surgiu pela equipe da Unidade Bom Jesus Centro, que
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assumiu essa grande missão, intitulada “Projeto Monitoria: Integração que Transforma”. Vale destacar que essa ação está correlacionada ao PEA-Unesco (Programa de Escolas Associadas à Unesco) pois, desde 2008, o Grupo Educacional Bom
Jesus faz parte desse programa por desenvolver ações que contribuem para a formação humana de seus alunos, com reflexos diretos na comunidade. De acordo com o gestor da Unidade, Marcelo Bianchini Favaro, o principal objetivo do projeto é contribuir para uma sociedade mais justa e feliz por meio da integração de jovens de diferentes realidades. “A ação voluntária vai além do aspecto pedagógico, permitindo uma rica troca de experiências de vida. O resultado dessa convivência, para nós, é o mais importante”, explica Marcelo. Segundo a diretora-geral do Colégio Guaíra, Ana Cristina Ross Dybax, a dinâmica entre os adolescentes de ambas as escolas tem evoluído a cada encontro. “A relação entre os alunos é facilitada pela linguagem e pelos interesses comuns, facilitando as atividades e melhorando continuamente a postura comportamental e o desempenho escolar dos nossos estudantes”, conta Ana.
Evangelização
Depoimento de alunos do Colégio Estadual Guaíra:
“Meu nome é Nathaly, tenho 13 anos e sou aluna do 8.º ano B do Colégio Guaíra. Todas as segundasfeiras nós temos reforço com os alunos do Colégio Bom Jesus e é muito bom. Temos pessoas que nos ajudam naquilo que temos dificuldade. Meu desenvolvimento na sala de aula melhorou muito depois que eu comecei a fazer as aulas de reforço. Todas as vezes que eu tenho alguma dúvida, eles me ajudam e eu gosto muito. Porém, poderia ser em mais dias da semana e voltar a ser na 3.ª aula. Tirando isso, estou aprendendo muito com esse novo auxílio.” “O Projeto Voluntário Bom Jesus está sendo bem executado e estou melhorando o aprendizado. O único problema é a frequência, pois uma vez por semana é muito pouco. Duas vezes por semana seria ótimo! Agradeço a equipe pela oportunidade. Atenciosamente, Bruno Henrique O. C.”
O projeto
Em números gerais, o projeto impacta, direta e indiretamente, mais de 500 pessoas, entre alunos e professores das duas instituições de ensino. Os primeiros encontros
tiveram início em maio de 2017, e as atividades continuarão neste ano, com previsão de continuidade em 2019.
Voluntariado
No mês em que é comemorado o Dia Nacional do Voluntariado, o Colégio Bom Jesus promoveu uma ação solidária no Colégio Estadual Guaíra. As atividades ocorreram durante a tarde do dia 21 de agosto. No mesmo dia, outras nove escolas do Paraná, associadas ao PEA-Unesco, promoveram iniciativas semelhantes em suas instituições atendidas.
Missão franciscana
O Colégio Bom Jesus atua há mais de 120 anos com inspiração no exemplo de fraternidade e de amor de São Francisco de Assis a todos os seres e à natureza. Por meio do ensino, a Instituição promove a ajuda ao próximo e a preservação do meio ambiente, concretizando suas ações humanitárias com o programa Bom Jesus Social, presente em cinco estados e conduzido nas mais de 30 unidades do Colégio. Mais informações e novidades a respeito dessas atividades estão disponíveis no perfil do programa no Facebook.
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Evangelização BOM JESUS SOCIAL
ser “igreja em saída” no âmbito da Educação Básica
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m 2017, a Congregação para a Educação Católica publicou o documento Educar ao humanismo solidário - para construir uma ‘civilização do amor’: 50 anos após a Populorum Progressio (n. 6), fazendo menção sobre o atual contexto: “[...] é paradoxal que o homem contemporâneo tenha alcançado metas importantes no conhecimento das forças da natureza, da ciência e da tecnologia e, ao mesmo tempo, seja carente de projetos para uma convivência pública adequada, a fim de tornar a existência de todos, e de cada um, aceitável e digna. O que, talvez, ainda falte é o desenvolvimento conjunto das oportunidades civis através de um plano educativo, capaz de explicar as motivações da cooperação num mundo solidário. A questão social, como disse
o Papa Bento XVI, é hoje uma questão antropológica que requer uma função educativa que não se pode mais adiar. Por isso, é necessário “um novo ímpeto do pensamento para compreender melhor as implicações do fato de sermos uma família; a interação entre os povos da terra chama-nos a esse ímpeto, para que a integração se verifique sob o signo da solidariedade, e não da marginalização.” O Projeto Bom Jesus Social tem procurado, à luz tanto das prerrogativas de tal documento como das Fontes Franciscanas, mobilizar em cada um dos Colégios do Grupo Educacional professores e alunos em prol do desenvolvimento de ações socioeducativas. A seguir, o relato de uma das ações que estão sendo desenvolvidas.
BOM JESUS ÁGUA VERDE | CURITIBA - PR
Projeto de integração social por meio de atividades recreativas e práticas corporais Beneficiados: 430 adolescentes de 14 a 17 anos Semanalmente, o Bom Jesus Água Verde oferece atividades recreativas como dança, esportes e brincadeiras aos adolescentes em situação de vulnerabilidade social atendidos pelo Instituto Salesiano de Assistência Social (ISAS), na Vila Guaíra, em Curitiba/PR. A atividade é realizada por professores de Educação Física e equipe pedagógica da Unidade, além de coordenadores de Educação Física e demais profissionais do ISAS.
BOM JESUS DIVINA PROVIDÊNCIA | CURITIBA - PR
Projeto de cunho social iniciação científica O projeto estende os benefícios da Iniciação Científica do Bom Jesus a alunos de escolas públicas localizadas à Unidade Divina Providência, em Curitiba/PR, incentivando-os a desenvolver pesquisas com um suporte e direcionamento adequados. As atividades são realizadas quinzenalmente, sob a orientação de um professor-coordenador.
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Evangelização BOM JESUS CENTRO | CURITIBA - PR
Jovem abraça criança Em um projeto coordenado pelo Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba/PR, os alunos da High School e da 2ª série do Ensino Médio do Bom Jesus Centro participam, voluntariamente, duas vezes ao mês, de atividades recreativas com as crianças que aguardam atendimento ambulatorial.
Colégio Estadual Guaíra
Beneficiados: 150 alunos Semanalmente, dois professores e dez alunos da 2ª série do Ensino Médio da Unidade oferecem reforço escolar para alunos do 8º e 9º ano do Colégio Estadual Guaíra, no bairro Rebouças, em Curitiba/PR, nas disciplinas de Português e Matemática. O grupo também promove atividades de recreação aos alunos do 6º ao 9º ano, durante o horário do recreio.
BOM JESUS NOSSA SENHORA DE LOURDES | CURITIBA - PR
Vila Torres Beneficiados: 50 crianças Duas vezes por semana, duas professoras da Unidade oferecem reforço escolar nas disciplinas de Português e Matemática para as crianças atendidas pela Associação Pequena Obra Franciscana, localizada na Vila Torres, em Curitiba/PR.
COLÉGIO SESC SÃO JOSÉ | CURITIBA - PR
Bom Jesus Solidário Beneficiados: 120 idosos A cada quinze dias um grupo de 20 a 25 alunos do Ensino Médio do Colégio SESC São José desenvolve atividades voluntárias de interação com os moradores do Lar de Idosos Recanto do Tarumã, no bairro Tarumã, em Curitiba/PR. As ações são coordenadas pela Terapeuta Ocupacional e Assistente Social da instituição visando a atender as necessidades dos idosos.
LACE LANGUAGE CENTER | CURITIBA - PR
Lace Language Center Bom Jesus para a Jocum Beneficiados: 15 adolescentes de 12 a 16 anos A Unidade disponibiliza livros didáticos para as aulas de inglês ministradas gratuitamente pelo Projeto Esperança, pertencente ao grupo Jovens com uma Missão (JOCUM), no bairro Uberaba, em Curitiba/PR.
BOM JESUS INTERNACIONAL ALDEIA | CAMPO LARGO - PR
Educação Psicomotora: Movimentar para desenvolver Beneficiados: 81 alunos do Jardim I, II e 1º ano Toda semana, dois professores de Educação Física do Bom Jesus Internacional Aldeia oferecem aulas de psicomotricidade para as crianças da Escola Municipal Dr. Caetano Munhoz da Rocha, no bairro Rondinha, em Campo Largo/ PR. Realizam-se brincadeiras, danças, jogos e outras práticas que estimulam o desenvolvimento dos participantes. Comunicações Outubro de 2018
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Evangelização BOM JESUS MODALIDADE EDUCAÇÃO ESPECIAL | CAMPO LARGO - PR
Somando ações, multiplicando conhecimento Beneficiados: Cerca de 400 pessoas A Unidade atua com as famílias carentes cadastradas no Movimento de Integração Cristã, em Campo Largo/PR. As ações são realizadas com auxílio de 11 professores, 1 estagiária, 2 funcionários administrativos e 42 alunos, e incluem palestras educativas com temas voltados para a saúde, nutrição e educação familiar; colaboração em campanhas para a arrecadação de donativos e produção de materiais na marcenaria da Unidade.
BOM JESUS MÃE DO DIVINO AMOR | ARAPONGAS - PR
Educação Física para a vida Beneficiados: 34 crianças de 5 a 11 anos Uma vez por semana o Bom Jesus Mãe do Divino Amor recebe as crianças do Centro Educacional Infantil Padre Bernardo Merckel, localizado na Vila São João, em Arapongas/PR, para a realização de atividades físicas recreativas buscando promover o desenvolvimento físico, cognitivo, psicológico e social dos jovens. A ação é realizada na Unidade do Bom Jesus com o auxílio de um professor de Educação Física.
BOM JESUS INTERNACIONAL ALPHAVILLE | COLOMBO - PR
English for All Beneficiados: 15 crianças A Unidade oferece aulas gratuitas de inglês e de natação para crianças da Escola Municipal Barão de Mauá, localizada na comunidade Vila Zumbi, em Colombo/PR. Os alunos beneficiados também recebem lanche e almoço, além do transporte com ônibus do Bom Jesus.
BOM JESUS NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO | PARANAGUÁ - PR
Escrevendo para o amanhã Beneficiados: 20 alunos O projeto da Unidade Bom Jesus Nossa Senhora do Rosário atende alunos do Ensino Médio de quatro colégios públicos da cidade. A atividade prevê um trabalho de 2 horas semanais de produção de textos com uma professora do Bom Jesus.
BOM JESUS SANTO ANTÔNIO | ROLÂNDIA - PR
Contação de histórias Beneficiados: 69 crianças de 4 meses a 5 anos O Bom Jesus Santo Antônio promove contação de histórias para as crianças atendidas pela Unidade Social Nossa Senhora Aparecida, na Vila Oliveira, em Rolândia/PR. A ação é realizada semanalmente e busca oferecer momentos de descontração aos pequenos.
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Evangelização BOM JESUS SÃO JOSÉ DOS PINHAIS - PR
Grupo de voluntariado Beneficiados: 24 idosos Uma vez por mês, um grupo de voluntários formado por 15 alunos do Ensino Médio e um professor-orientador definem atividades recreativas que são realizadas na Casa de Repouso para Idosos São José, no bairro Riacho Doce, em São José dos Pinhais/PR. Durante os encontros, também são entregues donativos arrecadados com a comunidade escolar.
BOM JESUS SÃO JOSÉ | RIO NEGRO - PR
De passo em passo, conquistando novo espaço Semanalmente uma pedagoga da Unidade desenvolve atividades físicas, recreativas e de lazer com as pessoas assistidas pelo Centro de Apoio Psicossocial, da Vila Paraíso, em Rio Negro/PR. A programação é feita com o auxílio dos alunos do Colégio e envolve passeios, jogos, dinâmicas, caminhadas e gincanas.
BOM JESUS SÃO VICENTE | ARAUCÁRIA - PR
Mais ENEM Beneficiados: 120 alunos da 3ª série do Ensino Médio Durante o período de maio a outubro, alunos da 3ª série do Ensino Médio de oito colégios públicos de Araucária/PR participam de aulas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio. Elas acontecem semanalmente no anfiteatro da Unidade e são ministradas por 16 professores do Bom Jesus com o auxílio de 15 funcionários administrativos.
BOM JESUS CANARINHOS | PETRÓPOLIS - RJ
Brincar para todos Beneficiados: 20 crianças de 6 a 12 anos Alunos e professores do Bom Jesus Canarinhos atuam na Escola Municipal Paulo Freire, no Centro de Petrópolis/ RJ, promovendo atividades recreativas para estudantes que apresentam condições físicas ou cognitivas diferenciadas.
BOM JESUS MENINO JESUS | PETRÓPOLIS - RJ
É hora de história! Beneficiados: 82 alunos Semanalmente, uma professora da Unidade vai até a Escola Municipal Celina Schechner, no distrito de Itaipava, em Petrópolis/RJ, contar histórias, de livros previamente definidos, às crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, estimulando, assim, a leitura, o pensamento crítico e a interpretação de textos. Comunicações Outubro de 2018
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Evangelização BOM JESUS SÃO JOSÉ | PETRÓPOLIS - RJ
Integração pela arte Toda semana, uma professora do Bom Jesus São José vai até a Clínica Vista Alegre (antigo Sanatório Oswaldo Cruz), no bairro Correas, em Petrópolis/RJ, ministrar atividades artesanais que contribuam para a saúde mental dos pacientes internados.
BOM JESUS EXTERNATO | PINDAMONHANGABA - SP
Oficinas de Matemática Beneficiados: 141 crianças Semanalmente, o Bom Jesus Externato oferece aulas de reforço na disciplina de Matemática para as crianças atendidas pelo Instituto Salesiano, no bairro Santana, em Pindamonhangaba/SP. As aulas são ministradas pelos alunos da 1ª e 2ª séries do Ensino Médio da Unidade, sob coordenação de um professor responsável.
BOM JESUS ITATIBA - SP
Caminhando juntos Beneficiados: Cerca de 140 idosos Em visitas regulares ao Asilo São Vicente de Paulo, na Vila Santa Terezinha, em Itatiba/SP, a Unidade promove atividades artísticas, dança, contação de histórias e momentos de interação. As atividades são realizadas por uma professora responsável e um grupo de 20 alunos voluntários do 6º ao 8º ano do Ensino Fundamental.
BOM JESUS SÃO JOSÉ | SÃO BERNARDO DO CAMPO - SP
Aulas de dança Beneficiados: 60 crianças de 3 a 6 anos O Colégio Bom Jesus São José encaminha, semanalmente, uma professora de Educação Física para dar aulas de dança às crianças carentes atendidas pela Casa da Criança Menino Jesus no Jardim Gagliardi, em São Bernardo do Campo/SP. Nas aulas, são trabalhadas a motricidade, a disciplina, a atenção, a concentração e a desenvoltura dos participantes.
BOM JESUS VICENTE PALLOTTI | SÃO PAULO - SP
ENEM Em encontros semanais, com o auxílio de oito professores, o Bom Jesus Vicente Pallotti oferece aulas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio para os alunos da Escola Estadual Infante Dom Henrique, na Vila Matilde, em São Paulo/SP.
Valores e Virtudes
A cada semestre, em visitas previamente agendadas, os alunos da 3ª série do Ensino Médio vão até o Lar das Mãezinhas na Vila Matilde, em São Paulo/SP, para promover um café da tarde com as senhoras moradoras do local.
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Evangelização BOM JESUS JOANA D’ARC | RIO GRANDE - RS
Arte Educação Beneficiados: 36 alunos Com encontros agendados periodicamente, o projeto realizado por uma professora, uma assessora pedagógica e um grupo de 12 alunos, desenvolve oficinas artísticas com momentos de reflexão, integração e formação para as professoras e alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Vereador Oscar Ferreiro de Campos Moraes, no bairro Hidráulica, em Rio Grande/RS.
BOM JESUS RAINHA DA PAZ | LAGOA VERMELHA - RS
Um olhar ao idoso Beneficiados: 16 idosos A Unidade Bom Jesus Rainha da Paz, por meio de uma professora, oferece atividades de artesanato para os moradores do Lar do Idoso, localizado no Centro de Lagoa Vermelha/RS. A ação procura resgatar as habilidades dos idosos, valorizando seus conhecimentos e estimulando o potencial de cada um.
BOM JESUS SÃO JOSÉ | VACARIA - RS
Construindo uma nova história Beneficiados: 36 crianças de 6 e 7 anos Toda semana, as crianças da Associação de Meninos e Meninas Assistidos Santa Cecília, no bairro Jardim dos Pampas, em Vacaria/RS, são beneficiadas com atividades lúdicas e recreativas que ensinam o verdadeiro valor das virtudes e promovem a prática do bem. Os encontros são coordenados por uma professora do Bom Jesus.
BOM JESUS NOSSA SENHORA APARECIDA | VENÂNCIO AIRES - RS
Além do horizonte: O encontro inteligente de gerações Mensalmente, uma turma de alunos do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio, acompanhada de professores, visita o Lar para Idosos Novo Horizonte, no bairro Bela Vista, em Venâncio Aires/RS, para desenvolver ações com seus moradores.
BOM JESUS SÃO MIGUEL | ARROIO DO MEIO - RS
Integração que transforma Beneficiados: 90 crianças A Unidade Bom Jesus São Miguel realiza dois encontros por mês entre seus alunos e professores, com as crianças carentes atendidas pela Associação de Menores de Arroio do Meio, no bairro Navegantes, promovendo atividades recreativas e artísticas. Comunicações Outubro de 2018
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Evangelização BOM JESUS SÉVIGNÉ | PORTO ALEGRE - RS
Projeto de voluntariado Casa de Apoio Madre Ana Beneficiados: Cerca de 30 pessoas por mês Com diferentes atividades, um grupo de alunos do Ensino Médio, acompanhado de um professor, oferece, em encontros semanais, momentos de distração e entretenimento para as crianças internadas na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e seus familiares, que são atendidos pela Casa de Apoio Madre Ana, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre/RS.
BOM JESUS AURORA | CAÇADOR - SC
Projeto Pescar Beneficiados: 137 alunos da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio Todo mês, a Unidade oferece um aulão preparatório para o vestibular, com cerca de 4 horas de duração, aos adolescentes atendidos pelo Projeto Pescar, da empresa Frameport Madeiras Especiais. Nas aulas, são trabalhadas ao menos três áreas do conhecimento de forma interdisciplinar, com o acompanhamento de nove professores do Bom Jesus.
BOM JESUS SANTO ANTÔNIO | BLUMENAU - SC
Semeando o bem Beneficiados: Cerca de 30 crianças Duas vezes por mês, os alunos voluntários do Ensino Médio, acompanhados de um professor, vão até o Hospital Santo Antônio, no bairro Vorstadt, em Blumenau/SC, apresentar às crianças internadas na ala oncológica, peças culturais com música e dança, oficinas de arte, jogos e atividades lúdicas.
BOM JESUS DIVINA PROVIDÊNCIA | JARAGUÁ DO SUL - SC
Oficina de produção de texto Beneficiados: 7 adolescentes de 15 a 17 anos Toda semana os adolescentes moradores do Abrigo Institucional Baependi, no bairro Baependi, em Jaraguá do Sul/SC, recebem orientação sobre produção de texto, com preparação específica para o Exame Nacional do Ensino Médio. A ação é coordenada por um professor do Bom Jesus com a monitoria de sete alunos voluntários do Ensino Médio da Unidade.
BOM JESUS SÃO JOSÉ | SÃO BENTO DO SUL - SC
Jovens bem informados Beneficiados: Cerca de 500 adolescentes Regularmente, dois professores da Unidade Bom Jesus São José, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e do Centro de Assistência Social do Município, ministram palestras e encontros com alunos de escolas públicas da cidade de São Bento do Sul para discutir e orientar quanto à prevenção e à conscientização contra o uso de drogas e álcool.
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Evangelização BOM JESUS CORAÇÃO DE JESUS | FLORIANÓPOLIS - SC
Hope Beneficiados: 75 crianças de 5 e 6 anos Por meio de uma professora, a Unidade oferece aulas de inglês gratuitas para as crianças atendidas pelo Centro de Educação Infantil Girassol, localizada no Centro de Florianópolis/SC.
BOM JESUS DIOCESANO | LAGES - SC
Tardes voluntárias Beneficiados: 56 idosos Com um cronograma de atividades, o Bom Jesus Diocesano oferece tardes de recreação e de convivência entre alunos, professores e os idosos atendidos pelo Lar Menino Deus, no bairro Petrópolis, em Lages/SC.
Novas unidades Bom Jesus: Bom Jesus Itajaí - SC
Para o segundo semestre de 2018, em parceria com a Universidade do Vale do Itajaí, a Unidade prevê a oferta de aulas gratuitas de Português para imigrantes haitianos e venezuelanos.
Bom Jesus Carlos Démia | Maringá - PR
A Unidade, recém assumida pelo Grupo Educacional, está fechando parcerias para desenvolver ações sociais a partir deste 2º semestre de 2018 junto às periferias de Maringá.
Bom Jesus Pedra Branca | Palhoça - SC
Também para o segundo semestre, a Unidade pretende atuar em um projeto que promova o desenvolvimento de habilidade sociais. A atividade ainda está em fase de estruturação. No conto “Céu versus Inferno”, de autoria anônima, somos mobilizados sempre de novo a uma análise a respeito do quanto a solidariedade tornou-se imprescindível em nossos dias, em nossos lares e em nossa sociedade: “[...] dizem que Deus convidou um homem para conhecer o céu e o inferno. Foram primeiro para o inferno. Ao chegarem lá, viram uma sala. No centro, havia um caldeirão de sopa. Em volta dele, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher de cabo comprido que lhes
permitia alcançar o caldeirão, mas não as próprias bocas. O sofrimento era imenso. Em seguida, Deus levou o homem para conhecer o céu. Entram numa sala idêntica à primeira: havia um caldeirão similar, pessoas em torno, as colheres de cabos compridos. A diferença é que todos estavam saciados. Disse o homem: – Eu não compreendo! Por que aqui as pessoas estão felizes enquanto na outra sala sofrem com tanta aflição, se é tudo igual? Deus respondeu sorrindo: – Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a dar comida
uns aos outros.” Neste conto, céu e inferno são, antes de tudo, símbolos das atitudes humanas em âmbito familiar, escolar, profissional e social. Atitudes que podem não estar contribuindo para o alcance da dignidade e da alegria de viver, caso não estejam pautadas em aprendizados de premissas humanas muito simples, tal como a que conclui o conto: aprender a servir o outro antes de servir-se a si próprio, entre outros. Fraternalmente, Frei Claudino Gilz Comunicações Outubro de 2018
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Evangelização FAE SOCIAL
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ser “igreja em saída” no âmbito da educação superior
ocial é o conceito que denota um conjunto de relações, modos de ser e interagir do ser humano com os seus semelhantes. O Projeto FAE Social nasceu e foi apresentado à comunidade acadêmica, visto que busca traduzir - a seu modo - a missão, os objetivos, as metas e os valores da FAE Centro Universitário, expressos: nas suas políticas institucionais
e no seu Plano de Desenvolvimento Institucional; nas atividades de ensino, nos projetos de pesquisa ou de iniciação científica e de extensão que contribuam para a minimização das desigualdades, das fraturas sociais e dos problemas ambientais; nas ações voltadas à defesa e promoção dos direitos humanos, à igualdade étnico-racial, à valorização da diversidade, ao cuidado do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural; e nas ações de inclusão e empreendedorismo para a melhoria das condições de vida da população, o desenvolvimento econômico e social. O Projeto FAE Social nasceu também de uma inspiração genuinamente franciscana: dispor-se a cuidar da vida no conjunto de suas manifestações, a amar e a fazer o bem a todos, privilegiando os mais necessitados, auxiliando-os tanto quanto possível a serem protagonistas do resgate da sua dignidade humana e da própria alegria de
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viver. A seguir, alguns relatos de ações sociais que foram ou estão sendo desenvolvidas até o presente momento:
TROTE SOLIDÁRIO
O Trote Solidário é uma competição, organizada pela Pastoral Universitária, que incentiva a integração entre calouros e veteranos de forma sadia e solidária. A edição deste ano promoveu uma gincana em que os alunos das Unidades FAE Centro e FAE São José dos Pinhais arrecadaram mais de 5 mil chocolates. Os doces foram destinados a 13 instituições beneficentes, entre elas a Associação Padre João Ceconello, a ONG Minha Vida Mudou e o Grupo Resgate. Além das doações, os estudantes também participaram da revitalização da Escola Jornalista Arnaldo Alves da Cruz e do Centro Municipal de Educação Infantil da comunidade Vila Pantanal, ambos em Curitiba/PR.
“WORKATONA”
A atividade desafia os alunos a trabalhar 12 horas consecutivas na resolução de um problema efetivo de uma empresa real. As equipes são formadas por grupos de 4 a 6 alunos de diferentes cursos da FAE, e as três melhores
propostas são beneficiadas com bolsas de estudo para cursar a pós-graduação na FAE Business School. Em 2018, o desafio foi proposto pela empresa Bcredi e incentivou os alunos a pensarem alternativas criativas para o consumo consciente em relação ao crédito financeiro.
FAE SÊNIOR
O curso programado especialmente para pessoas da terceira idade, com quatro meses de duração, prevê momentos de socialização, atualização de conhecimentos e atividades que promovam a integração entre os participantes nessa fase da vida. A programação conta com a participação de professores da FAE de diversas áreas do conhecimento, conectando as pesquisas recentes e abordando assuntos atuais. Durante o curso, os alunos são convidados a arrecadar donativos, que são destinados a instituições beneficentes de Curitiba/PR.
Evangelização VISITAS AO PEQUENO COTOLENGO EM CURITIBA/PR
Organizadas pela Pastoral Universitária, as visitas ocorrem periodicamente e contam com a participação de grupos voluntários formados por alunos da graduação da FAE. Em cada encontro, os estudantes desenvolvem atividades com os moradores do local, entregam doações, prestam serviços e realizam reparos na instituição.
ção Integral da FAE, é um programa com foco no desenvolvimento pessoal e profissional do aluno. No período da manhã, os estudantes contam com a programação teórica do curso e, à tarde, todos vivenciam situações reais de gestão por meio de aulas práticas. No MEP, os estudantes são convidados a criar projetos com o objetivo de arrecadar fundos para o maior hospital pediátrico do país, o Hospital Pequeno Príncipe. Durante o ano, diversas ações como o desenvolvimento de produtos personalizados e eventos culturais são realizados em prol da instituição.
PROJETO RONDON
A FAE participa da iniciativa do Ministério da Defesa, em que são realizadas operações em comunidades carentes do território brasileiro, a fim de contribuir para o desenvolvimento local sustentável e para a construção e promoção da cidadania. Em 2017, oito alunos da FAE se juntaram a outros grupos de rondonistas de diferentes instituições de ensino do país, em Teixeirópolis/RO, para realizar oficinas e oferecer capacitações à população local.
MEP - EMPREENDEDORISMO SOCIAL
O Management Experience Program (MEP), curso de Administra-
SPEED FAE BEYOND
Em 2018, será realizada a quarta edição do evento Speed FAE. Seu objetivo é integrar professores e alunos na elaboração de um projeto que traga inovação para uma determinada área, que neste ano, será o social. Alunos de todos os cursos de graduação da FAE, divididos em equipes, terão de desenvolver protótipos para a mobilidade da população idosa. Para esse desafio eles trabalham com uma situação problema fictícia, apresentada na figura da “Dona Ilda”, uma idosa de 75 anos com problemas nas articulações. Como eles podem facilitar sua locomoção até o mercado, por exemplo? Esse é um dos desafios que os alunos terão ao elaborar seus projetos. O trabalho é realiza-
do durante todo o ano, finalizando com a apresentação dos protótipos no mês de novembro. Estudos revelam que no ano de 2050, haverá no Brasil 73 idosos para cada 100 crianças. Isto é, além de apresentar um produto desenvolvido para um público-alvo carente, os alunos da FAE podem ser pioneiros num nicho de mercado crescente.
CASA DE BRINCAR: DESAFIO TÉCNICO E VIVÊNCIA SOCIAL
O projeto integrador Casa de Brincar será realizado por equipes formadas pelos alunos do 4º período do curso de Arquitetura e Urbanismo e do 2º período de Engenharia Civil. Cada grupo deverá projetar uma casa de brincar seguindo um padrão de dimensões e técnicas construtivas. Os projetos passarão por um júri. O escolhido será construído por todos os participantes e entregue, no final do mês de outubro, ao Lar Dona Vera, localizado no bairro Santa Felicidade, em Curitiba/PR. Além de beneficiar a instituição atendida, a proposta visa inserir os alunos da FAE em uma experiência real, prática, inovadora, sustentável e social. Após concluído, o projeto deve beneficiar 24 crianças com idades de 0 a 9 anos. Por estas e outras ações em benefício da comunidade é que o Projeto FAE Social identifica em São Francisco de Assis uma inspiração para mobilizar os alunos de diferentes Cursos de Graduação e de Pós-Graduação a aprender a recuperar os distintos níveis do equilíbrio social: o interior consigo mesmo, o solidário com os outros, o cuidado do meio ambiente e o espiritual com Deus. Fraternalmente, Frei Claudino Gilz Comunicações Outubro de 2018
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XV Sínodo dos Bispos
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“Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”
m suas edições, “Comunicações” sempre abrem espaço para a Juventude. Ora são os vocacionados (seminaristas, filósofos, teólogos), ora as jornadas ou encontros regionais e nacionais. É bom que seja assim e que continue! De 03 a 28 de outubro próximo, no Vaticano, acontecerá o XV Sínodo dos Bispos sobre a Juventude. Historicamente, a realização de um Sínodo (= caminhar juntos) remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Seu objetivo era analisar questões circunstanciais e dar-lhes as devidas decisões. O Concílio Vaticano II (1962 -1965) resgatou este “caminhar juntos”. Convocado pelo Papa, juntamente com representantes de todas as Conferências Episcopais e outros convidados, o Sínodo reflete temas atuais, cujos encaminhamentos são entregues ao Papa para que, em se-
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guida, publique uma Carta/Encíclica. É um órgão consultivo, mas de grande importância. Ressalte-se que faz parte do processo sinodal um antes, um durante e um depois. No caso da Juventude, que passos foram dados em vista de seu êxito?! Para a elaboração do “Instrumentum Laboris” – material que todos os sinodais terão em mãos – foram disponibilizadas muitas informações, entre as quais, duas merecem destaque: o Documento Preparatório e a consulta aos próprios jovens. O primeiro foi enviado a todas as Dioceses e Organismos Eclesiais. A introdução mostra uma explícita abertura: “A Igreja decidiu interrogar-se sobre o modo de acompanhar os jovens”. A seguir, no corpo do Documento, há constantes apelos de
como relacionar-se com os jovens e as novas tecnologias, o que eles pensam da política, da família, da escola e da formação religiosa. Não faltam pedidos para que sejam enviadas propostas ou experiências feitas com jovens afastados da Igreja, com aqueles que dela participam e com os que se apresentam como vocacionados. Na conclusão, são apresentadas quinze perguntas em nível global e três direcionadas à realidade de cada continente. Tudo isso é solicitado no Documento Preparatório. Quanto ao “escutar os jovens”, o Vaticano disponibilizou um “site”. Nele, os próprios jovens podem dizer “quem são, o que querem e o que os outros devem saber sobre eles”. Também pede opinião pessoal sobre certas questões, como: qual é a idade certa para ter filhos e quantos; o que pensam sobre o fato de ter que deixar a casa dos pais e com que idade;
Evangelização se praticam algum tipo de religião e que influências as redes sociais têm em suas vidas. Deste site, vieram mais de 221.000 respostas, das quais 20% eram de não-católicos. No dia 13 de janeiro de 2017, o Papa enviou uma carta pessoal a todos os jovens. Nela, reflete o apelo feito a Abraão de “sair da sua terra” – não para fugir dos parentes e do mundo – mas como um convite/ provação em busca da “terra que Eu te mostrar” (Gn 12,1). A única segurança é:“Não temas, Eu estarei contigo” (Jr 1,8). Para os dias 19 a 24 de março de 2018, no Vaticano, o próprio Papa convocou a inédita “reunião pré-sinodal de Jovens”. Foram convidados 300 deles entre católicos, evangélicos, não-cristãos e ateus. Cinco eram brasileiros. Durante esses dias aconteceram cerca de 15.000 postagens no Facebook. Na abertura, numa linguagem coloquial/juvenil, o Papa abordou e refletiu os mais variados problemas que os jovens enfrentam. Insistiu para que, a partir dos trabalhos em grupos, “escrevessem seus sonhos e problemas, e no que a Igreja os deve escutar e levar a sério”.
Selecionou e respondeu a cinco perguntas vindas de uma jovem nigeriana, de um ateu francês, de uma argentina, de um seminarista ucraniano e de uma religiosa chinesa. Como fruto desses dias, os jovens escreveram um documento
final de 16 páginas que foi entregue ao Papa, no dia 25, Domingo de Ramos, Dia Mundial da Juventude. Tudo está preparado. Que nossas orações/sacrifícios sejam adubo/ água para concretizarem uma Igreja Jovem! Frei Luiz Iakovacz
Notícias de Malanje O Seminário Monte Alverne executou, neste ano, várias melhorias internas: refeitório, salas, biblioteca. Externamente, reformou a escadaria que faz ligação com a escola, construiu muro e rampa. Zelar pela melhoria e conservação do patrimônio faz parte do espírito de pobreza. O mesmo aconteceu na fraternidade São Damião. No momento, está sendo feito a canalização das águas pluviais.
Nos dias 14 e 15 de agosto, o Conselho de Formação reuniu-se em Kibala. Entre os vários assuntos que fizeram parte da pauta, destacou-se o da Animação Vocacional. Para o próximo ano, há muitos candidatos. O coordenador responsável, Frei Ivair, os visitará e, aqueles que forem julgados aptos, serão encaminhados para o estágio. Alguns deles pediram que, além do estágio, possam ter uma semana de convivência com os
frades. Malanje acolherá um deles. Foi apreciado o Ano Missionário. Todos acham que é positivo e deve continuar. Refletiu-se, também, sobre adequar o Conselho de Formação ao Plano de Evangelização. No dia 22 de agosto, haverá a reunião deste último. Certamente, trará alguma proposta concreta. Desejamos uma consciente Semana da Pátria e um profícuo Mês da Bíblia.
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Da fronteira ao Marajó
m fins de março cumpri meu tempo de serviço no Projeto Amazônia. Depois de seis anos de presença fui informado que estava concluída minha missão neste projeto da Ordem e que deveria incorporar-me novamente à minha Província. A missão na Amazônia é mais do que um projeto da Ordem e interiormente tinha o desejo de continuar na Amazônia, especialmente em território brasileiro. Já tinha recebido um convite da parte do Frei Evaristo Spengler, antes mesmo de sua sagração episcopal, para ir com ele ao Marajó. Em fevereiro estive visitando-o e renovou o convite. Disse-lhe que estava disposto a aceitar, mas não antes de cumprir meu tempo no Projeto Amazônia. Em abril, celebrada a Páscoa, em acordo com a fraternidade, iniciei os preparativos para o retorno. Nesse ínterim, o Evaristo escreveu ao Definitório Provincial formalizando seu pedido e eu mesmo expressei ao Ministro Provincial meu desejo de continuar na Amazônia e que estava disposto a aceitar o convite. Enquanto arrumava as malas e me preparava para retornar, não sabia para onde iria, se retornaria à Província ou continuaria na Amazônia. Sabia das necessidades de algumas fraternidades. Enquanto o definitório de abril estava reunido, tive a oportunidade de ler o relato do Frei Sandro sobre a situação da Rocinha após a intervenção militar no Rio de Janeiro. Até cheguei a me imaginar na Rocinha, naquela realidade tão delicada quanto desafiadora. Mas, mais uma vez o definitório foi generoso, e mesmo com necessidades e privações internas da Província e das fraternidades, decidiu pelas missões. Foi sensível e entendeu que a Amazônia precisa de missionários. Fiquei sensibilizado e muito agradecido por essa atitude e aqui externo publicamente meu agradecimento. No dia 19 de abril, fiz os trâmites de fronteira: cancelei meu visto de residên-
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cia no Peru, entreguei meu carnê de residência e registrei meu ingresso no Brasil, carimbando o passaporte na Polícia Federal, regularizei-me com a justiça eleitoral e iniciei uma peregrinação rumo ao Marajó, no delta do Amazonas. Decidi fazer o trajeto por rio, navegando de barco. Além de ser mais barato e mais prático para o transporte da bagagem, foi a oportunidade para conhecer um pouco mais a Amazônia. A última participação na fronteira foi no Encontro de Congregações Religiosas com Projetos em Perspectiva Panamazônica, em Tabatinga, de 20 a 24 de abril, promovido pela CLAR (Conferência Latino Americana dos Religiosos) e REPAM (Rede Eclesial Panamaricana). O encontro teve o objetivo de dialogar, refletir, aprofundar e partilhar experiências da dimensão missionária e inculturação na Amazônia, a partir das práticas concretas, e pleitear o tipo de compromisso que a vida consagrada deve assumir. Participaram 93 missionários(as) e superiores(as) de 32 diferentes congregações ou ordens religiosas. Após o encontro, embarquei no primeiro navio, logo no dia seguinte (25 de abril), que zarpou da fronteira para Manaus. Era um navio com capacidade para 1.400 passageiros, e de 1.260 toneladas de carga. Foram três dias de viagem. Para ser mais exato, foram 69 horas pelo Rio Solimões, de Tabatinga a Manaus, desde quarta-feira às 14 horas, até sábado às 11:00. A mesma viagem, de Manaus a Tabatinga quando os navios regressam com carga, fazendo entregas de mercadorias e navegando contra a correnteza, são seis a
sete dias. A viagem é impressionante para contemplar a imensidão da Amazônia, sentir suas energias, sua beleza, sua majestade, suas surpresas e quanto somos pequenos, bem como para ter contato com sua gente. Podia-se ouvir fluentes conversas em português, espanhol e tikuna, dos nativos da Amazônia, além de inglês, francês e italiano, dos turistas. Estando em Manaus, aproveitei para fazer uma visita à fraternidade missionária do CFMB em Roraima, partilhar um pouco de sua história e sua caminhada, e conhecer um pouco a realidade dos migrantes venezuelanos. Foi uma semana de convivência com os frades, e a oportunidade de conhecer e celebrar com algumas comunidades, e participar de encontros de pastorais e com o presbitério local. De Manaus a Santarém foram mais 30 horas pelo rio Amazonas, e, na conexão, mais uma visita aos frades. A intensão era de passar o final de semana, e seguir no primeiro barco para Belém, mas no sábado o custódio me provocou: “Amanhã começam as missões em Itaituba, e vão até domingo. Estão precisan-
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do de missionários; têm poucos padres, você não quer ir?”. “Preciso de um tempo pra me comunicar com Frei Evaristo”, falei. E lá estava eu a caminho de Itaituba. Foi uma semana de missão nas comunidades urbanas da Paróquia de Sant’Ana de Itaituba, confiada aos frades, realizada pela própria paróquia, por mais de duzentos missionários e missionárias das comunidades, e alguns missionários visitantes. Foi um programa intenso de visitas, com muitos momentos celebrativos: um trabalho bonito de revigoramento da paróquia, fruto de um longo processo de preparação. De regresso a Santarém, precisava seguir viagem. O Evaristo estaria em visita às Paróquias da região central do Marajó. Não tinha nenhum barco, com destino a Belém, em condições de chegar a tempo para acompanhá-lo. O jeito foi seguir para Macapá. Foram mais 31 horas de viagem. Por sorte, na mesma plataforma de chegada, e na mesma madrugada, partia uma lancha com destino a Breves. Minha chegada no Marajó foi no dia 25 de maio, na cidade de Breves, região central do arquipélago, a maior cidade da Prelazia. No Marajó vou estar a serviço da Prelazia, em missão itinerante, para trabalhar a formação dos leigos, e o tema da missão. A primeira tarefa está sendo assessorar as paróquias para trabalhar o documento de trabalho do Sínodo para a Amazônia. O primeiro desafio vai ser motivar a novena de Natal, e colaborar na implantação de círculos bíblicos. Aí mesmo, em Breves, comecei a itinerância e a missão, antes mesmo de chegar em casa. D. Evaristo, juntamente
com a ecônoma da Prelazia, estavam de passagem pela cidade, em visita às cinco paróquias da região pastoral das ilhas, para trabalhar questões administrativas. Já tínhamos planejado de nos encontrarmos aí e acompanhá-los nas visitas, para ir conhecendo a Prelazia e tomar contato com a realidade. Logo em seguida, havia uma visita pastoral em Chaves, a paróquia situada na foz do rio Amazonas, na confluência entre o rio e o Atlântico, bem sob a influência das marés e maresias (ondas fortes), o que torna perigosa a navegação, protegida apenas por duas ilhas que ficam de frente, por sinal muito grandes e com várias comunidades. Segundo o bispo emérito, é a paróquia mais perigosa do Brasil. “Ele que não conhece a Rocinha e outras periferias do Rio e São Paulo”, pensei. Claro, o perigo é diferente. Não acompanhei a visita até o fim, porque já tinha outros compromissos. Mal deu tempo para ir até Belém, deixar a bagagem na casa da Prelazia e seguir com a mochila. As programações começaram a aparecer: assessoria de um encontro de cinco dias em Melgaço, de formação de lideranças de comunidades do interior (comunidades ribeirinhas); encontros sobre o sínodo da Amazônia; encontro de iniciação à vida cristã; encontro de CEBs ribeirinhas, da região das ilhas; acolhida, acompanhamento e participação nas missões da CRB para as novas gerações, durante duas semanas, em Anajás, bem no coração do Marajó (http://novasgeracoesbrasil.blogspot.com/2018/08/ missao-da-vrc-jovem-na-prelazia-do. html e http://novasgeracoesbrasil.blogspot.com/2018/08/carta-de-um-mis-
sionario.html); encontro intereclesial de CEBs ribeirinhas, no rio Mariaizinha; substituição de um padre (duas semanas em Bagre); e, retiro com os padres da Prelazia, em Belém. Finalmente, cheguei em Soure no dia 12 de agosto, para poder desfazer a bagagem e arrumar o quarto. Para quem gosta de números e estatísticas, desde a saída da fraternidade de Caballo Cocha, no Peru, até chegar à nova residência, foram 116 dias, 9.036 km percorridos (marcados por GPS), em 394 horas de navegação. Somente depois da chegada no Marajó, já somam 3.850 km, 208 horas de navegação, muitos litros de açaí tomados fresquinhos, e intenso trabalho missionário. Por incrível que pareça, cheguei em Soure de ônibus, pela única rodovia que existe por aqui, de 30 km de extensão. A vida fraterna com o Frei Evaristo é muito intensa, seja em casa, nos barcos, nas visitas, encontros, .... e com o bispo emérito, com o pároco da catedral e o formador do seminário menor (propedêutico). O Marajó é diferente de tudo o que já conheço, seja na realidade geográfica, ambiental, social, humana ou eclesial. É um arquipélago com aproximadamente 2.500 ilhas (Wikipedia). Algumas comunidades estão há mais de 20 horas de distância da Matriz. A sua gente, muito acolhedora e tranquila, é uma miscigenação entre índios, negros e brancos, com muito sofrimento acumulado ao longo da história. Não há nenhuma aldeia indígena, mas são bem visíveis os traços indígenas e negros. Quilombos, sim existem. A religiosidade destaca-se pela devoção aos santos padroeiros e suas festas. O Dom Evaristo é um bispo querido e respeitado, com coração de pastor, que inspira serenidade e confiança. Diante da gente pequena, dá a impressão que cresceu ainda mais. Os desafios são muitos, mas podemos contribuir bastante. O Marajó é um ótimo local para uma fraternidade franciscana, missionária e itinerante. Frei Atílio Battistuz Comunicações Outubro de 2018
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MOSTEIRO SANTA CLARA EM NOVA IGUAÇU CELEBRA SUA PADROEIRA
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ilêncio, oração e recolhimento. Estas e outras características da vida contemplativa são facilmente encontradas nos mosteiros das Irmãs Clarissas. São inúmeras as pessoas que acorrem a estes lugares em busca de paz e tranquilidade para fazerem um encontro com Deus. Porém, no sábado (11/08), o clima mudou um pouco, pois havia sinais claros de festa, alegria e celebração no mosteiros das damas pobres, espalhados por todo o mundo. O motivo não poderia ser outro: dia daquela que possui toda beleza celestial, Santa Clara de Assis. No Mosteiro Santa Clara, em Nova Iguaçu, houve demonstrações de que seria uma festa linda logo no início. A capela do Mosteiro estava exibindo uma beleza sem igual com as flores decorando ainda mais o espaço celebrativo para a missa solene às 10h. O povo que ia chegando logo lotou a
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igreja mostrando que as irmãs, que nunca deixaram o povo sozinho através de suas obras, teriam companhia de grande fé para a celebração. Muitos religiosos também marcaram a sua presença neste dia, bem como o bispo diocesano Dom Luciano Bergamin, e o bispo emérito da Diocese de Volta Redonda e Barra do Piraí, Dom João Maria Messi, OSM, que presidiu a celebração. Durante a Celebração Eucarística as Irmãs Clarissas entoaram belamente os cânticos mostrando que tudo tinha sido preparado com muito carinho. Durante a homilia, o presidente da celebração convidou a todos para produzirem obras de santidade. Para concretizar tal missão, enfatizou: “Os santos são aqueles que combateram, combaterão e combatem a injustiça, a desigualdade, essas atitudes sociais que fazem os irmãos e irmãs escravos”. O exemplo maior é o da coragem
de Jesus que venceu as injustiças de sua época para proclamar o Reino de Deus: “Seguir a Cristo comporta três passos: renunciar a si mesmo, carregar a cruz e morrer com Ele”. Apontando para a imagem de Santa Clara, o bispo recordou a todos: “Ela foi uma pessoa que amou, deu a vida, foi corajosa e fiel. Não voltou atrás, mas permaneceu no amor de Deus”. Após a Celebração Eucarística houve uma partilha onde foram oferecidos lanches e bebidas para o povo que festejou a padroeira da televisão. No refeitório do mosteiro as irmãs fizeram um almoço festivo para os frades, seminaristas e os padres diocesanos que também prestam assistência religiosa a elas. Como se não bastasse, Santa Clara preparava mais uma surpresa: no final da refeição as irmãs brindaram os convidados com belíssimas canções, poesia e até um sacerdote diocesano “entrou na dança” declamando uma poesia de Cecília Meirelles. Em seguida, uma bênção e oração próximo ao quarto de uma das irmãs que está vivenciando a cruz da enfermidade, sendo amparada pela sua fraternidade. Assim, como aparece no capítulo XV dos Fioretti, o mosteiro de Nova Iguaçu ardeu em chamas por causa do encontro entre Clara e Francisco. Não literalmente, é claro, mas com certeza os corações de todos aqueles que foram celebrar esta luz do carisma franciscano saíram com o coração abrasado. Aos poucos a rotina de silêncio, oração e recolhimento vão voltando ao dia a dia das irmãs, mas elas, agora revigoradas, podem assumir com ainda mais entusiasmo a missão de rezar por cada um de nós! Frei Gabriel Dellandrea
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FREI CARLOS É ELEITO CONSELHEIRO GERAL
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Ministro Provincial da Província dos Capuchinhos em São Paulo, Frei Carlos Silva, foi eleito no dia 6/09, em Roma, no 85º Capítulo Geral da Ordem, o Conselheiro Geral para o Brasil. O papel do Conselheiro Geral é o de auxiliar o Ministro Geral no governo da Ordem. Ele visita as várias realidades dos capuchinhos no Brasil, animando as atividades dos frades. Pode-se dizer que é a “ponte” entre a sua região, no caso o Brasil, e o Ministro Geral. O Conselheiro Geral também é o responsável por presidir os Capítulos, momento de eleição nas Províncias, regiões onde os frades estão organizados. Frei Carlos Silva é natural da cidade de Andradina, interior de São Paulo, mas viveu durante a sua infância na cidade de Birigui. Professou perpetuamente na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em 1991 e foi ordenado em 1992. No ano de 2004, Frei Carlos foi enviado em missão para o México, onde permaneceu por quase 10 anos. Em 2013, foi eleito Ministro Provincial, sendo reeleito no Capítulo Provincial de 2016. Ele é conhecido por sua espontaneidade e fraternidade, mas sério no tratar assuntos importantes. Tem 55 anos e agora se mudará para Roma, na Cúria Geral, onde desempenhará o serviço de conselheiro até 2024. Com a eleição, quem assume a coordenação da Província é o seu vice, Frei Sermo Dorizotto. Apenas no próximo Capítulo Provincial (outubro do ano que vem) será eleito um novo Ministro Provincial.
NOVO MINISTRO GERAL
Desde a manhã de 3 de setembro de 2018, os Frades Menores Capuchinhos têm novo Superior Geral. Frei Roberto Genuin, de 56 anos, foi eleito
no primeiro escrutínio com 101 votos, entre 188 votos válidos. Frei Genuin já foi Ministro Provincial da Província de Veneza e atualmente era guardião do convento de Rovereto. Ele substitui o suíço Frei Mauro Johri, de 71 anos, que ficou por 12 anos como Geral da Ordem. Frei Roberto é o 73º Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Frei Roberto nasceu em 20 de setembro de 1961 em Falcade, província e diocese de Belluno, Itália. Em 1972, entra no Seminário Seráfico de Castelmonte, da Província dos Frades Menores Capuchinhos de Veneza. Inicia o ano de noviciado em Lendinara em 3 de outubro de 1980, onde faz a profissão temporária no ano seguinte, em 4 de outubro. Em 30 de junho de 1985 faz a Profissão Perpétua. Em 11 de maio de 1986 é ordenado
diácono e em 27 de junho de 1987 é ordenado presbítero em Falcade. Foi eleito Vigário Provincial da Província de Veneza em 1999. Participou como delegado nos três últimos Capítulos Gerais (2006, 2012 e 2018). Em 2008, Frei Roberto Genuin foi eleito Ministro Provincial da Província de Santo Antônio, cargo que ocupou até 2014, quando foi eleito Ministro Provincial da Província de Veneza. A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos está presente nos cinco continentes, com mais de 10 mil religiosos. Frei Roberto reabre, após 24 anos, a série de Ministros Gerais capuchinhos italianos. Com o tema “… Aprendei de mim … e vós encontrais” (Cf. Mt 11,29), o 85º Capítulo Geral aconteceu em Roma, na sede do Colégio Internacional São Lourenço de Bríndisi, de 27 de agosto a 16 de setembro. Participam 188 frades capitulares, provenientes da Europa, Ásia, Oceania, África, América do Norte e América Latina. Junto aos capitulares, estão presentes 48 oficiais e auxiliares, encarregados dos serviços diversos. Comunicações Outubro de 2018
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Notícias e Informações Lançamento Vozes
As Fontes originárias da refrescante água franciscana
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Editora Vozes, neste único livro, apresenta duas biografias de São Francisco de Assis, também conhecidas por “Vidas”, há muito tempo conhecidas. São duas biografias escritas pelo mesmo autor, Frei Tomás de Celano. Ele, além de ser agraciado por ter conhecido pessoalmente a São Francisco, em duas ocasiões distintas procurou responder à mesma pergunta: Quem foi São Francisco de Assis? Este livro é extraído das Fontes Franciscanas e Clarianas, editadas em 2004 pela Conferência da Família Franciscana do Brasil em coedição com a Editora Vozes. Tem a apresentação do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e a tradução e introdução de Frei Celso Márcio Teixeira. Segundo Frei Márcio, na primeira década após a morte do santo, a Primeira Vida aparece absoluta como ponto de referência para os hagiógrafos. “Em outras palavras, quem se dispusesse a escrever uma vida de São Francisco devia necessariamente ter diante dos olhos a obra de Tomás de Celano”, diz Frei Márcio. Tomás de Celano dedicou-se com seriedade à incumbência de escrever a biografia de São Francisco. Antes de começar a escrever, pôs-se à procura das fontes de sua obra, pois é a partir das fontes que uma obra adquire credibilidade. Dentre estas fontes, ele recorda primeiramente aquilo que ele próprio ouvira de São Francisco. Tomás conhecera
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Francisco pessoalmente, foi recebido na Ordem por ele e certamente por diversas ocasiões deve ter-se encontrado e conversado com ele. O autor, portanto, é testemunha presencial, e isto tem um peso enorme para a credibilidade de um autor. Mas Celano também recorreu ao testemunho de outros que conviveram mais longamente com Francisco, os quais ele qualifica como “testemunhas fiéis e comprovadas”. De fato, não consta que Tomás fosse do grupo dos companheiros mais próximos de Francisco. Por isso mesmo, a necessidade de colher testemunhos além da esfera de sua experiência pessoal. Os destinatários da biografia não eram os frades, mas os fiéis em geral. Era necessário naquele momento histórico, povoado de heresias, de constetação, de negligência eclesiástica e de maus costumes do clero,
apresentar um Francisco que soube ser modelo de fidelidade ao Evangelho e à Igreja. Segundo Frei Fidêncio, o profetismo de São Francisco ilumina o pontificado do Papa Francisco, que convida-nos a buscar novas “saídas” aos grandes desafios da pós-modernidade, sobretudo na forma de nos relacionarmos com Deus, com os irmãos e com a inteira Criação. “Nesse sentido, nada melhor do que bebermos das Fontes originárias da refrescante água franciscana para revigorar o nosso ânimo profético. Que estas duas biografias, ou Vidas, nos iluminem e nos encorajem a sermos profetas do presente para reconstruirmos a sonhada harmonia universal tão bem amadurecida por Francisco de Assis no auge da sua vida espiritual: “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas”.
Notícias e Informações CRB-PR
DOM Amilton alerta: não somos salvadores do mundo
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Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Regional Curitiba-PR, promoveu, no sábado (18/08), encontro comemorativo ao Dia do(a) Religioso(a). Nele, religiosos e religiosas de várias entidades puderam partilhar experiências referentes à vida religiosa consagrada. Entre eles, a Fraternidade Franciscana São Boaventura, com os frades professos temporários do tempo de Filosofia, e o mestre Frei Rodrigo da Silva Santos estiveram presentes. O evento, que ocorreu na capital paranaense, teve como tema: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (GE, 27), trecho da exortação apostólica “Gaudete et Exsultate”, lançada pelo Papa Francisco em 19 de março do corrente ano. Esta exortação foi o tema central da reflexão conduzida por Dom Amilton Manoel da Silva, bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba. Em suas palavras, Dom Amilton citou a ousadia, a profecia e o testemunho como fatores indispensáveis para que a vida consagrada seja realmente frutuosa. Citando o Papa Paulo VI, afirmou que “a vida religiosa por si já é profética e a profissão religiosa é o grande grito da profecia”, sendo que esta deve sempre ser o referencial de uma alegria que o mundo não é capaz de oferecer. Alertou também sobre a questão do secularismo que inegavelmente adentrou seminários, conventos e os
corações de muitos consagrados, enfatizando que mesmo assim, “o mínimo que se espera de um consagrado é que faça um caminho de santidade”. Em suas provocações, o bispo apresentou um panorama social com dados que revelam o crescimento do número de ateus no Brasil e no mundo. Comentou que muitos hoje procuram apenas uma espiritualidade (seja ela qual for) e não mais uma religião. “Religião é dogma, doutrina, rito, culto, liturgia, encontro, reunião, comum unidade, compromisso com o próximo. Poucos querem saber disso”, afirmou Dom Amilton. Citou ainda alguns “modismos” dentro de nossa própria religião, como as orações, missas e novenas poderosas, os santos da moda, os padres e religiosos midiáticos, as curas imediatas, tudo isso formando uma verdadeira
“salada mística” que vai deturpando o sentido original de nossa fé. Finalizou alertando para o perigo de acharmos que somos salvadores do mundo, da nossa congregação, da nossa província: “Jesus já salvou o mundo. Devemos lutar para salvar a nós mesmos, nos transfigurarmos pelo processo a caminho da santidade. Nós queremos ser salvadores demais e transfiguradores de menos”, afirmou. Em seguida foi celebrada a Santa Missa na intenção de cada religioso(a) consagrado(a). Após a missa, realizou-se um momento de descontração e alegria, com a prática de ginástica aeróbica e logo depois, um prazeroso almoço no bosque do Colégio Marista Paranaense (que sediou o encontro) encerrou a reunião. Frei Rodrigo Silva
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Notícias e Informações
Carta dos Religiosos Presbíteros ao final do I Encontro Nacional, realizado de 10 a 13 de setembro em Belo Horizonte
Religiosos presbíteros:
identidade e missão na Igreja do Brasil “Não fostes vós que me escolhestes, eu vos escolhi!”
(Jo 15,16)
Queridos irmãos e irmãs,
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econhecendo este amor de predileção que nos escolheu e chamou para a consagração e o serviço presbiteral, vivemos com intensidade este I Encontro Nacional de Religiosos Presbíteros promovido pela CRB Nacional, em Belo Horizonte. Neste encontro, sentimos o pulsar do co-
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ração da Vida Religiosa Consagrada na multiplicidade de rostos, carismas, culturas e faixas etárias que mantêm viva a chama da experiência fundamental a partir da pessoa de Jesus Cristo. Religiosos Presbíteros vindos das diversas Regiões, realidades sociais e expressões eclesiais ofertam seus tesouros conservados em vasos de barro. Compartilhamos muitas experiências nesses dias de encontro, de oração, de diálogo e de formação conjunta. Estavam presentes 92 Religiosos Presbíteros de 31 famílias religiosas. Como homens consagrados e ordenados reconhecemos nossa vocação como dom a ser partilhado e a vivermos como expressão da novidade e jovialidade do Evange-
lho para ‘que todos tenham vida em abundância’ (cfr. Jo 10,10). Com nossa vocação de Religiosos Presbíteros queremos nos aproximar ainda mais da originalidade de nossos carismas e nos propomos em nossas comunidades gerar processos de serviço à vida e ao Reino segundo as inspirações de nossos fundadores e fundadoras. Reconhecemos também que nossa vida consagrada presbiteral nasceu como dom a toda Igreja e não exclusivamente em função da vida paroquial. Se assim fosse estaríamos traindo nossos carismas, apagando do horizonte do Reino o precioso serviço que prestamos por meio de nossa consagração e unção.
Notícias e Informações Vivemos uma época de conflitos, medos e inseguranças. Particularmente constatamos que as mediações estão em profunda crise. Mas em meio a estas crises queremos ser sal e luz, propondo com persistência caminhos de fortalecimento e amadurecimento de todo o rebanho, pois onde falta a presença evangélica do servo/pastor constatamos dispersão e falta de esperança. Na opção preferencial pelos pobres e marginalizados, superando a globalização da indiferença e do individualismo excludente, somos motivados a doar nossas vidas pelo Reino e pela missão. Nestes dias refletimos sobre temas pertinentes e que nos enriqueceram muito. Vimos o protagonismo da Vida Religiosa Consagrada na história da evangelização do Brasil e de sua realidade estruturante na Igreja. Refletimos sobre a contribuição da eclesiologia do Papa Francisco e nos foram apresentadas as luzes e sombras na realidade presbiteral do Brasil. Por fim, fomos convidados a aprofundar a identidade e missão do religioso presbítero. Aos assessores e assessoras manifestamos nossa gratidão e reconhecimento. Levamos conosco desse Encontro a forte convicção da continuidade da tradição profética. Confiamos vivamente que outros momentos semelhantes a este possam acontecer futuramente para fortalecer entre nós vínculos de verdadeira amizade, no contentamento de juntos trilhar caminhos de renovado entusiasmo, profunda gratidão pelo dom da vocação, na alegria de viver a missão em meio às comunidades em que estamos inseridos. Nossa identidade de Religiosos Presbíteros está intimamente atrelada à nossa Consagração Religiosa. Ela nos oferece sentido em tudo que somos e realizamos na edificação do
Reino de Deus, sobretudo por meio do testemunho de vida, despertando em meio às juventudes um apelo vocacional no seguimento de Jesus Cristo. Em sintonia com a eclesiologia de uma ‘Igreja em saída’ focalizada na Evangelii Gaudium, os Religiosos Presbíteros são convocados a promoverem a missionariedade na Igreja, por vezes estagnada em estruturas de manutenção. Mais ainda, a estar em tantos lugares no Brasil em que não há presença religiosa e presbiteral. Neste sentido, somos interpelados a sairmos de nossa autorreferencialidade para irmos às periferias existenciais. Reafirmamos que nos sentimos unidos a todos os Religiosos Presbíteros de nosso país que incansavelmente semeiam justiça, fraternidade, amor e que diariamente no altar do mundo ofertam ao Pai, por meio de Jesus Cristo, um sagrado sacrifício que é fruto da terra e do trabalho da mulher e do homem, que se tornam pão da vida e vinho da salvação. Expressamos nosso reconhecimento e gratidão aos Religiosos Presbíteros que nos precederam no serviço do Povo de Deus, como também àqueles que se encontram enfermos ou fragilizados. Que o bom Deus abençoe a todos. Somos chamados a uma renovação da nossa profissão religiosa e a viver uma sadia integração do ser
religioso com o exercício do ministério presbiteral no seguimento radical de Jesus segundo os nossos carismas. A nossa especial vocação é uma riqueza para a Igreja e a sociedade. Somos chamados a fecundar o mundo com a profecia de nosso modo de ser, com o anúncio da Boa Notícia pela palavra e o testemunho. Neste Ano Nacional do Laicato, não podemos deixar de reconhecer a preciosa contribuição, parceria e comunhão de leigos e leigas que, pela graça do Batismo, partilham conosco a paixão pelo Reino. Por fim, aproveitamos a oportunidade para manifestar nossa proximidade, solidariedade e obediência ao Papa Francisco, que com coragem e profecia se empenhou pessoalmente em dar um rosto mais próximo, humano/divino à Igreja nestes tempos difíceis que estamos atravessando. De seu coração de pastor, acolhemos a jovialidade da mensagem evangélica (EG), resgatando a alegria do amor (AL) e de toda a criação (LS) por meio da santidade de vida e do testemunho dos cristãos (GEx). Como consagrados e presbíteros agradecemos ao Senhor Deus e à CRB Nacional por este encontro e clamamos aos céus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, bênçãos fecundas sobre todos nós e sobre nossa missão. Comunicações Outubro de 2018
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Falecimento
Frei Mário Brunetta 19.10.1937
+ 30.08.2018
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osso confrade Frei Mário Brunetta faleceu na tarde do dia 30 de agosto, às 13h45, no Hospital da USF, em Bragança Paulista. No e-mail da quinta-feira dia 23 de agosto, o guardião Frei Carlos Körber comunicava que Frei Mário havia sido internado na UTI, no dia 21, devido a uma pneumonia. Desde 2014, Frei Mário vinha sendo cuidado na Fraternidade de Bragança Paulista, devido às suas condições de saúde não favoráveis. O sepultamento do corpo de Frei Mário foi logo após a Missa de Exéquias, às 11 horas, na sexta-feira, 31 de agosto, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo. No Facebook da Província, as mensagens de solidariedade foram muitas, como a de Edu Xavier: “Meu caro professor de biologia! Um autêntico frade menor!”; de João Marcelo Rocha: “Me recordo das aulas dele de química e francês, sem falar das missas que ele celebrava com piedade. Descanse em paz, grande professor e fiel filho de São Francisco”; e de Marinete Silva Souza: “Meus sentimentos à Fraternidade e à Província Franciscana! Frei Mário deixa um legado de simplicidade e fidelidade ao carisma franciscano”.
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Comunicações Outubro de 2018
Falecimento
Dados pessoais, formação e atividades ascimento: 19.10.1937 (80 N anos de idade) Natural de Ibicaré, SC. Vestição: 19.12.1959 - Rodeio rimeira Profissão: 20.12.1960 P (57 anos de Vida Franciscana) Profissão Solene: 01.02.1964 rdenação Presbiteral: O 15/12/1965 (52 anos de Sacerdócio) 961 – 1962 – Curitiba – 1 estudos de Filosofia; 963 – 1966 – Petrópolis – 1 estudos de Teologia; 7.12.1966 – Rio Negro 1 - Professor no ginásio dos Irmãos; 0.03.1971 – Curitiba – 2 atendimento e estudos de Biologia; 11.03.1974 – Agudos professor; 0.08.2000 – 1º pároco da 2 Paróquia Santo Antônio, em Agudos. 7.11.2003 – Professor e 0 vigário paroquial; 7.12.2009 – tratamento de 1 saúde; 7.11.2014 – Bragança 2 Paulista – tratamento de saúde;
O frade menor
No livreto comemorativo da instalação da Paróquia Santo Antônio, em Agudos, em 2000, Frei Mário, ao final, faz uma apresentação pessoal e diz o que segue: “Sou de Santa Catarina, nascido em Ibicaré, neto de italianos, que entraram no Rio Grande do Sul. Família numerosa (12 irmãos), católica por herança e por convicção. Desde uns 7 ou 8 anos tive forte inclinação, que convenciono chamá-la de vocação, de dedicar minha vida ao sagrado (vocação religiosa). Não poderia explicar em poucas palavras o
que era isto, nem penso que seja importante. O importante é que procurei seguir a “inspiração”.
Biologia. Mas tudo o que se refere às Ciências Naturais é minha atração.
Aos 13 anos é que me matriculei no seminário, sem saber exatamente se o que seguiria era a vocação sacerdotal. Assim mesmo, com a idade de 21 anos, após estudos, tentei com o Orientador (nós chamávamos de mestre), expressar que desejava ser irmão leigo. O mestre, após longa conversa, me convenceu a aceitar a vida sacerdotal. Completei os estudos de Filosofia e Teologia em 6 anos.
As Ciências Humanas foram objeto particular de meu enfoque nos estudos. Mas sempre olhei o mundo e o homem sob o ângulo do sagrado. (...)
Sempre tive uma “compulsão” de ler muito e refletir. Muita coisa assimilei: história, filosofias, culturas. Ao me ordenar me indicaram tarefa de professor de primeiro grau. Ao ser convidado a lecionar no segundo grau, pedi para fazer um curso. Aconselharam-me cursar a Faculdade. Escolhi Ciências Naturais e licenciei-me em Biologia, Química e Matemática para dar aulas. Uma vez que tinha forte atração pela natureza, de acordo com nossa formação franciscana, dediquei-me mais à
Nunca tive dissabores consideráveis. Estou de bem com a vida e com o mundo. Amo meu trabalho e aos meus familiares, a quem muito e muito devo. Se me indicaram como administrador paroquial, provavelmente é porque acham que posso desempenhar razoavelmente este encargo. Agradeço a confiança e “pé na tábua”. Peço compreensão e ajuda fraterna, e auxílio de Deus para poder corresponder. Deus os abençoe. Amém!” Nosso confrade Mário, encantado pela vida (biós), pela terra e seus segredos, nos deixou um legado de simplicidade e desapego. Não era dado a requinte algum... a não ser ao de sua alma boa. Acolhido pelo Senhor, possa ele interceder por nós. R.I.P. Comunicações Outubro de 2018
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Falecimento
FALECE SÉRGIO, IRMÃO DE FREI GUIDO SCHEIDT Somos uma família numerosa. Éramos 14 irmãos. No ano passado faleceu uma irmã. E no dia 21 de agosto veio a falecer um irmão de 64 anos, chamado Sérgio. Hoje somos oito. Sérgio foi ao médico uns 40 dias atrás e descobriu cân-
cer no fígado. Foi muito rápido. Quis vê-lo ainda vivo. Visitei-o antes de seu falecimento e celebrei a Missa de 7º dia. Agradeço pela numerosa família e peço a bênção a todos. Frei Guido Moacir Scheidt
MORRE AOS 77 ANOS ALCEU BIAGIOTTI Faleceu no dia 21 de agosto, às 5 horas, em Guaratinguetá (SP), o advogado Alceu Biagiotti, aos 77 anos. Nascido na cidade de Guaratinguetá, aos 3 de janeiro de 1941, ele contribuiu durante anos com o Seminário Franciscano Frei Galvão na condição de benfeitor e à nossa Província prestou relevantes serviços com notável profissionalismo e ética. Foi um grande admirador de São Francisco de Assis e amigo dos frades que passaram pela Fraternidade de Guaratinguetá. Era um incentivador e colaborador cons-
Falece Ir. Crescência Maekawa No dia 13 de setembro, faleceu em São Paulo Ir. Crescência Maekawa. Quem morou e passou alguns dias no Convento São Francisco, em São Paulo, provavelmente conheceu Irmã Crescência. Foi ali que ela trabalhou de 1974 a 2010. Ela começou como secretária paroquial da Pastoral Nipo-brasileira e depois assumiu como secretária da Paróquia. Foram 40 anos de dedicação. Do Jaraguá, onde residia, fazia diariamente uma boa caminhada de trem, de ônibus, de metrô e a pé até o Convento. Nunca reclamava e sempre esbanjava alegria. Natural da cidade japonesa de Uto Gum, nasceu no dia 25 de agosto de 1934. Irmã Crescência apreciava uma boa culinária. Gostava de criar pratos novos e não gostava de batata doce, pois dizia que comeu muito na época da guerra. Teve uma infância marcada pela perda precoce dos pais. Ainda criança, soube o que é a fome na guerra. Na vida fraterna era humilde. Na idade avançada, sentia muita dor, tinha dificuldades na visão e locomoção. A última palavra, a caminho da mesa de cirurgia, foi: “Sou macaca velha!” Sorriu e se foi...
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Comunicações Outubro de 2018
tante na missão evangelizadora dos frades. O velório aconteceu na capela do Seminário Franciscano Frei Galvão, com missa de corpo presente, no mesmo local do velório, às 15h30. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Senhor dos Passos, na cidade de Guaratinguetá. Louvemos e bendigamos ao Senhor, pelo dom da vida do grande amigo que foi o Dr. Alceu. O Senhor há de recompensá-lo pelo bem que ele aqui realizou. Frei João Francisco da Silva
FALECE IRMÃ DE FREI JORGE LÁZARO “Margarete Aparecida, irmã de Frei Jorge Lázaro de Souza, faleceu aos 60 anos de idade no dia 16 de setembro, às 19 horas, em São Paulo. Divorciada, deixa três filhos, duas noras e um neto. Sofria de diabetes e fazia hemodiálise, consequência desta enfermidade. Nos últimos dois anos teve vários AVCs e, por último, mais três paradas cardíacas seguidas. Deixou-nos o exemplo de uma mulher de fé, que, apesar de todos os sofrimentos pelos quais passou, jamais deixou de lutar para seguir vivendo. Agora, sim, vive e eternamente sem necessidade de lutar. Descanse em paz, minha irmã, junto a Nossa Senhora, de quem você levava o nome”.
ADEMAR TOIGO Faleceu no dia 17 de setembro Ademar Toigo, irmão de Frei Luiz Toigo. Ele teve uma parada cardíaca e já vinha sofrendo por causa de um câncer no fígado.
GAFANHOTOS PENSATIVOS
Frei Paulo e Frei Lauro: faz tempo que fizemos nossa Profissão Solene!!
EM REUNIÃO TEÓLOGOS stado... (MT) parece assu
Frei Jorge Lisot
CANDIDATOS CE”... AO “THE VOI Marcos e o
O NOSSO CAPUCHO
ei O mestre Fr ei Canga! discípulo Fr
Frei Berg agora tem a barba solene...
O NOSSO GANDHI
hindu, a em tudo o líder Frei Max lembr .. ia. om até na fision
FESTA EXEGÉTICA
Frei Ludovico festeja 78 anos de vida!
CE ESSA ! QUE CHATI ELEITORAL ram... aguenta ppe não e PROPoAGANDA B i re F al e
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aternal a! MOMENTOorafr seus 97 anos de vid
Frei Cássio comem com o Vigário Frente da Educação
ESFOMEADO...
Pelo jeito Frei Leandro comeu a bandeja!
PLATIVO MOMENTOMisCONTEM ! sa da Profissão solene Frei Roger na
FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados
OUTUBRO
DEZEMBRO
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11 15 e 16 16 a 18 22 a 27 26 a 28 28 a 02
Sínodo 2018 - Os jovens, a fé e o discernimento vocacional Encontro Provincial da Frente da Comunicação (videoconferência); Reunião da Comissão Preparatória do Capítulo 2018; Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); III Congresso Franciscano para a AL (Guatemala); Estágio Vocacional (Ituporanga); Reunião da UCLAF;
novembro 01 a 04 12 a 21 26 30 e 01
Estágio Vocacional (Guaratinguetá); Capítulo Provincial (Agudos); Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião); Celebração dos Jubileus (São Francisco – São Paulo);
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Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense (local a ser definido); Encontro do Regional de São Paulo (Bragança Paulista); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense – recreativo (Niterói); Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá); Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Blumenau); Encontro Regional de Pato Branco e Contestado (local a definir); Encontro recreativo do Regional Alto Vale do Itajaí e Planalto Catarinense (Vila Itoupava); Encontro do Regional do Leste Catarinense e, no dia 17, celebração de entrega da Paróquia à Diocese (Forquilhinha)
2019 jANEIRO 11 a 13
Caminhada Franciscana da Juventude (Curitibanos).