Comunicações - Outubro 2019

Page 1

Província Franciscana da imaculada conceição do Brasil

ouTuBro de 2019 • ANO LXVII • N o 10

ProFissão solene em PeTrÓPolis


SUMÁRIO MENSAGEM DO GOVERNO PROVINCIAL

“Todos somos sempre uma missão!”................................................................................................................... 633 Carta da CFMB em prol da Amazônia................................................................................................................. 665

FORMAÇÃO PERMANENTE

“A prática do diálogo e a saúde da vida fraterna”, de Frei Fidêncio Vanboemmel................................................................................................................................. 666

FORMAÇÃO E ESTUDOS

Profissão Solene: “Cultivem a fé e se dediquem à conversão do coração”, diz Frei César............ 670 Secretariado para a Formação e os Estudos se reúne na Sede Provincial................................... 679 Frei Ludovico Garmus celebra 80 anos.............................................................................................................. 680 Simpósio sobre o Sínodo da Amazônia no ITF............................................................................................. 682 ITF conquista nota 4 na avaliação do MEC...................................................................................................... 683 Rondinha celebra o Padroeiro................................................................................................................................. 684 Segundo Novinter do Regional de Santa Catarina da CRB................................................................... 685

SAV

Acampamento Vocacional da Juventude em Agudos............................................................................ 686 REB entre as principais revistas acadêmicas................................................................................................... 687 Alverne: juventudes a caminha da Fraternidade Universal................................................................... 688

FRATERNIDADES

Congresso dos Comissários Latino-americanos da Terra Santa......................................................... 689 SÉRIE NOSSOS FRADES: Frei Walter Hugo de Almeida...................................................................... 690 Festa Caipira do Seminário Frei Galvão conquista Guaratinguetá.................................................... 693 Fiinha: “patrimônio” do Seminário......................................................................................................................... 698 PVF: Um dia com Maria e Frei Galvão................................................................................................................. 700 Igreja Matriz de Xaxim é reaberta aos fiéis...................................................................................................... 702 CRB-Petrópolis: “A mística de viver em comunidade como anúncio do Evangelho”............ 704 Petrópolis acolhe Regional Serra-Baixada........................................................................................................ 706 Missão Católica de Quibala celebra sua Padroeira..................................................................................... 707 Dom Odilo preside Missa em ação de graças pelos 80 anos do Amparo Maternal.............. 708 Comunidade em Porto União celebra 100 anos e recorda presença franciscana.................. 709 Vice-presidente da República visita Convento da Penha....................................................................... 709

EVANGELIZAÇÃO

Jufra-Angola realiza 9º Acampamento Nacional......................................................................................... 710 Lançamento da pedra fundamental da Matriz de Katepa..................................................................... 712 Canarinhos de Petrópolis: 77 anos....................................................................................................................... 713 Notícias do Bom Jesus e da FAE............................................................................................................................. 714 Frei Gilberto participa da posse de Dom João Inácio como grão-chanceler da PUC-Campinas......................................................................................................... 716 USF e Rádio Imaculada de Atibaia firmam parceria................................................................................... 717 Frente das Paróquias promovem encontro ampliado no Rio de Janeiro..................................... 718 Missão Marajó-2019: a experiência de Frei Odilon e Frei Raul............................................................ 720 Em Belém, Igreja da Amazônia reafirma o compromisso com o território................................. 722 Em defesa da Amazônia, carta dos Bispos é entregue aos Deputados......................................... 724 Muçulmanos e franciscanos repetem o gesto de Francisco e o Sultão........................................ 725

DEFINITÓRIO PROVINCIAL

Notícias da reunião de 10 a 12 de setembro em São Paulo................................................................. 726

CFFB

Irmãos Leigos Franciscanos se reúnem na Paraíba.................................................................................... 734 Eleito o novo Conselho Diretor da Família Franciscana do Brasil...................................................... 737 Com recuperação lenta, Ministro Geral adia visita à Província........................................................... 738

AGENDA ....................................................................................................................................................................... 740

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br


MeNSAGeM

Todos somos sempre uma missão!

C

aros confrades e demais irmãos e irmãs, paz e bem! O Papa Francisco convocou, para outubro deste ano, o Mês Missionário Extraordinário, cujo lema é “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. Em comunhão com a Igreja e com o Santo Padre, nossa Província deseja fazer ecoar no interior das Fraternidades, e também nas Frentes de Evangelização, o mesmo convite missionário que tocou o coração de São Francisco quando ouviu do Evangelho o envio de Jesus a seus discípulos, ao qual respondeu: “É isso que eu quero, isso que eu procuro, é isso que eu desejo fazer de todo o coração” (Cf. 1Cel 9,22). Também nós queremos ser missão! Neste empenho, a Frente de Evangelização das Missões e nossa Frente de Comunicação criaram uma edição especial das Comunicações, onde a Missão se faz carne e realidade nas histórias de confrades que tiveram a ousadia de ultrapassar as próprias fronteiras para levar o Evange-

lho em outras terras. Eles sintetizam a postura e a disposição que o Senhor espera de nós, irmãos menores. Como possibilidades para incrementar a celebração deste mês missionário, estão sendo oferecidos dois subsídios litúrgicos, um deles com a sugestão de uma vigília missionária e outro com preces próprias a serem rezadas nos domingos de outubro e na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida. Como gesto concreto diante da convocação do Mês Missionário, desejamos voltar os olhos com atenção e carinho para nossa Missão em Angola, na Fundação Imaculada Mãe de Deus (FIMDA). Foi momento feliz a visita de Frei António Boaventura Zovo Baza, Presidente da FIMDA, que esteve conosco entre 7 e 15 de setembro, para participar da Profissão Solene em Petrópolis (quando dois confrades angolanos também professaram) e para passar um período de convivência e partilha. Como de costume, já foram enviados para as Fraternidades os fôlderes e cartazes da Campanha em prol das Missões em Angola. Pedimos mais uma vez a generosidade e o empenho de OUtUbRO de 2019 – comunicações

663


MENSAGEM

Outra nota importante no mês que se inicia é a realização do Sínodo Extraordinário para a Amazônia. Além de nossas empenhadas preces, seja ocasião de reflexão e tomada de consciência em torno de toda a luta em favor da defesa da vida e do cuidado com a Casa Comum que este imenso bioma simboliza. Nossa Província está em sintonia e comunhão com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) para auxiliar na divulgação e no apoio incondicional desta iniciativa profética que deseja chamar a atenção do mundo e da Igreja para a urgência da questão ambiental atrelada à promoção da justiça e ao respeito à diversidade de culturas e povos. Sobre o Mês Missionário e o Sínodo da Amazônia, escreve o Papa Francisco: “A coincidência providencial do Mês Missionário Extraordinário com a celebração do Sínodo Especial sobre as Igrejas na Amazônia leva-me a assinalar como a missão, que nos foi confiada por Jesus com o dom do seu Espírito, ainda seja atual e necessária também para aquelas terras e

seus habitantes. Um renovado Pentecostes abra de par em par as portas da Igreja, a fim de que nenhuma cultura permaneça fechada em si mesma e nenhum povo fique isolado, mas se abra à comunhão universal da fé. Que ninguém fique fechado em si mesmo, na autorreferencialidade da sua própria pertença étnica e religiosa” (PAPA FRANCISCO, Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2019). Ainda em vista de qualificar nossa Missão a serviço do Evangelho, estamos enviando dois irmãos para o estudo: Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira, para aprofundamento em Sagrada Escritura na Terra Santa, e Frei José Antônio dos Santos, para estudo de Espiritualidade Franciscana, em Roma. Ambos viajaram em meados de setembro. Em tempos de redimensionamento, mantemos a clareza da importância de investirmos na qualificação de nossos quadros. Por eles, nossas sinceras orações. Queremos também convocar os confrades a fim de que nos unamos às orações de toda a Ordem pela saúde de nosso Ministro Geral, Frei Michael Perry. Ele passa por um longo período de recuperação após cirurgia ortopédica realizada em decorrência de um acidente ciclístico ocorrido no mês de agosto, durante suas férias nos EUA. Por conta deste imprevisto, a visita à nossa Província, inicialmente programada para fevereiro do próximo ano, ficou para um outro momento mais à frente. A título de estímulo e provocação, mais uma vez partilhamos as palavras do Santo Padre. Que elas provoquem em nós a conversão missionária que deve ser nossa meta de vida enquanto irmãos que desejam viver a plenitude do Evangelho: “Eu sou sempre uma missão; tu és sempre uma missão; cada batizada e batizado é uma missão. Quem ama, põe-se em movimento, sente-se impelido para fora de si mesmo: é atraído e atrai; dá-se ao outro e tece relações que geram vida. Para o amor de Deus, ninguém é inútil nem insignificante. Cada um de nós é uma missão no mundo, porque fruto do amor de Deus. Ainda que meu pai e minha mãe traíssem o amor com a mentira, o ódio e a infidelidade, Deus nunca Se subtrai ao dom da vida e, desde sempre, deu como destino a cada um dos seus filhos a própria vida divina e eterna (cf. Ef 1, 3-6)” (Idem). Todos somos sempre uma missão!

Frei César Külkamp

Frei Gustavo Medella

Ministro Provincial

Vigário Provincial

todos neste gesto de partilha e corresponsabilidade com nossos confrades que são presença da Província em Angola. As bênçãos do grande número de vocacionados angolanos trazem consigo um compromisso nosso com a garantia de acolhermos com qualidade os dons que o Senhor nos oferece, o que demanda investimentos bem pontuais e concretos: providenciar equipe formativa, moradia e a manutenção destes jovens torna-se desafio que diz respeito a todos nós. Por isso, além de contarmos com a generosidade na partilha dos bens, permanece o convite a confrades que desejem se apresentar para um período missionário em Angola.

664

comunicações – outubro de 2019


FORMAçãO PeRMANeNte

Carta da CFMB em prol da Amazônia “Eu ouvi os clamores do meu povo” (eX 3,7) Paz e Bem! Em nome do Evangelho de Jesus Cristo, ao qual nosso Pai São Francisco consagrou sua vida e missão, nós, Frades Menores do Brasil (OFM), vimos manifestar nossa plena preocupação com os crescentes danos ambientais que têm devastado a Amazônia e, consequentemente, os povos originários deste importante bioma. Entendemos que tal devastação se deva a diversos fatores, mas temos acompanhado com dor e tristeza a postura do poder público diante deste grave problema, especialmente do que diz respeito ao menosprezo de dados científicos que revelam a aceleração do desmatamento, a promoção de atividades econômicas extrativistas e exploratórias e o menosprezo em relação às entidades que lutam e trabalham pela preservação deste pedaço abençoado de nossa Casa Comum. Além dos prejuízos internos, a irresponsabilidade desta postura tem colocado nosso país em descrédito diante da conjuntura mundial, produzindo efeitos diplomáticos danosos a curto, médio e longo prazo. Sabemos que tal cenário vem sendo construído a partir de ações que contrariam frontalmente os interesses dos mais pobres em favor do benefício de um mercado que visa apenas a concentração do lucro nas mãos de poucos poderosos. Nesta direção caminham a Reforma da Previdência, o corte de verbas na Educação Superior e o desmantelamento das políticas de promoção social e ambiental. Em 2011, mais uma vez se debruçando sobre a questão do meio ambiente, a Igreja do Brasil propôs a Campanha da Fraternidade cujo hino trazia o verso “Nossa Mãe Terra, Senhor, geme de dor noite e dia”. Esta campanha manifestava de modo profético

as dores e danos que vinha sofrendo a vida no planeta. Ao resgatar este apelo de um passado muito recente, desejamos lançar luzes que possam reavivar nossa luta em favor da preservação do planeta. Portanto, em comunhão e impulsionados pela Igreja do Brasil e do mundo, em plena preparação para celebrar o Sínodo da Amazônia, sentimo-nos animados pela certeza de que não estamos sós neste empenho. Recordamos também que nossa Igreja no Brasil sempre buscou cultivar uma viva profecia para a construção da justiça e da paz. Assim ocorreu durante o Regime Militar (19641985), quando muitos de nossos bispos corajosamente clamaram pela liberdade, pelo diálogo e pelo respeito, colocandose ao lado dos perseguidos, o que nos inspira a permanecermos firmes no propósito de defesa da justiça e do cuidado para com a nossa Casa Comum. Desta forma, no cenário em que hoje vivemos, mantemos firmes nosso propósito de trabalhar para superar o ódio, a violência e a injustiça, que causam morte e destruição. Com alegria e entusiasmo, reafirmamos nossa total sintonia com o Papa Francisco, que nos apresenta, em sua Carta Encíclica Laudato Si’, a visão franciscana de ver em toda criatura a presença amorosa do Criador. Fundado nesta perspectiva, o Santo Padre apresenta a proposta de uma “Ecologia Integral”, trabalhando a convicção de que “tudo está interligado”, incluindo as dimensões ambientais e sociais. Imersos na complexa teia tecida

pelos fatos do passado e do presente, percebemos que há irmãos consternados e inconformados; outros, calados e confusos; e, muitos outros que, ao recordar todos esses acontecimentos, doam suas melhores forças na busca de um novo horizonte. Com estes últimos, também estamos dispostos a arregaçar as mangas e lutar por um mundo mais justo, solidário e fraterno. Por isso, pedimos as bênçãos e toda a ajuda de Deus, para carregarmos essa

cruz, na certeza de que “irá chegar um novo dia”, em que, com a “Amazônia, rincão da aliança, sem os males que geram a cobiça; com o Cristo que tudo renova, haveremos de ver terra nova onde reina a justiça!” (CF 2011). Fraternalmente, em Cristo, Francisco e Clara. São Paulo, 01 de setembro de 2019 – Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.

Os Frades Menores da CFMB com seus Serviços de Evangelização e de Justiça, Paz e Integridade da Criação OUtUbRO de 2019 – comunicações

665


FORMAçãO PeRMANeNte

O eNcONtRO de FRANcIScO cOM O SUltãO

A prática do diálogo e a saúde da vida fraterna “Palavra não foi feita para dividir ninguém, palavra é uma ponte onde o amor vai e vem, onde o amor vai e vem”. Este é o refrão da música “A Palavra”, da autoria e composição de Irene Gomes, que por anos seguidos muitos de nós cantamos. Sim, a “palavra é uma ponte” porque dela necessitamos e através

666

comunicações – OUtUbRO de 2019

dela criamos vínculos fraternos que aproximam uns dos outros.

A prática do diálogo da vida de Jesus

Sabemos que Jesus Cristo, nosso Senhor e Mestre, no mistério da Encarnação, fez-se Palavra-ponte (Caminho, Verdade e Vida) pela

qual o Amor divino veio habitar entre nós. E Jesus, qual pontífice do Pai, serviu-se da palavra para anunciar o Reino de Deus. No seu dialogar com todas as pessoas de boa vontade, recriou entre os filhos e filhas do mesmo Pai a dignidade da mútua pertença fraterna: “todos vós sois irmãos” (Cf. Mt 23,8-9). E


Formação permanente

como irmãos e ministros de Cristo, somos “administradores dos mistérios de Deus” (1Cor 4,1), particularmente a sua Palavra que “trazemos em vasos de barro” (2Cor 4,7). Quando esta Palavra se faz diálogo na vida da comunidade cristã, seus membros se edificam mutuamente: “A palavra de Cristo permaneça em vós com toda a sua riqueza, de sorte que com toda sabedoria possais instruir e exortar-vos mutuamente” (Col 1,16).

A prática do diálogo com o Senhor na vida de São Francisco

O nosso Seráfico Pai São Francisco, com a chegada dos irmãos dados pelo Senhor, fez do diálogo a lei suprema para construir a fraternidade que começa pela acolhida do outro: “Sejam recebidos benignamente” (Rnb 2,1). Foi assim o nascimento da nossa Fraternidade Franciscana: o Santo de Assis, ao perceber a aproximação dos primeiros companheiros, e para não correr o risco do autoritarismo ou da unilateralidade para impor ideias e concepções pessoais, afinal toda ponte possui dois lados, vai “pedir conselho ao Senhor” (AP 10). É o Senhor que foi a ponte entre o “eu” e o “tu”, entre a pessoa de Francisco e a pessoa do irmão. Assim, em clima de oração, dialogam com o Senhor, com a Igreja e entre si e, juntos, chegam a este discernimento: “Esta será a nossa Regra” e “Ide e, da maneira como ouvistes, realizai o conselho do Senhor” (AP 11). Foi a Palavra do Senhor que, a partir daquele momento, os uniu na vida, na vocação e na missão. A Palavra do Senhor foi o novo laço espiritual e a ponte por onde o amor fraterno circulou com zelo e perfeição no “vai e vem” das qualidades e virtudes somadas a partir das diferenças (cf. EP 85), na balada da mesma música: “Palavra

não foi feita para dominar, destino da palavra é dialogar. Palavra não foi feita para opressão, destino da palavra é união”.

Diálogo: provocação para qualificar a nossa vida fraterna

O recente subsídio da Ordem, “Nossa Vocação entre abandonos e fidelidade”, Roma, 2019, apontou algumas dificuldades que tocam a questão da fidelidade e da perseverança dos Irmãos na Ordem dos Frades Menores. Nesse sentido, o tema do diálogo como sinal de saúde da nossa vocação e carisma para a vida fraterna se faz presente em todo o texto. Constatou-se um número significativo de abandonos da Ordem por conta de irmãos que se desencantaram da vida fraterna. Irmãos que adoecem, particularmente pela fragilidade do diálogo e da comunicação nas respectivas fraternidades e entidades. Desta constatação nascem alguns questionamentos: Como podemos melhorar a qualidade da comunicação e das relações fraternas em comunidade? Quais são os motivos pelos quais alguns irmãos permanecem marginalizados da comunidade? Qual o nível do diálogo que é praticado e cultivado nas nossas fraternidades? Da mesma forma, o último Conselho Plenário da Ordem, ocorrido em Nairóbi, no Quênia (2018), no diálogo ocorrido entre os irmãos, constatou a necessidade de renovar o nosso empenho para melhor qualificar a vida fraterna (cf. CPO, n.181). Esta qualificação da vida fraterna começa no interior de cada Fraternidade quando ela é capaz de recriar entre os irmãos a “comunicação interpessoal... a fim de que possa ser fluida, fraterna, respeitosa, rica de estima, capaz de gerir e superar os eventuais conflitos, uma comunica-

ção radicada na caridade e profundamente animada pela própria vida de fé” (CPO n 182). A fragilidade do diálogo e da não comunicação não é apenas um questionamento dos nossos dias. Quando estudamos atentamente os Escritos de São Francisco, constatamos o quanto nosso Pai Seráfico bate na tecla da qualidade da vida fraterna que se rege pelo diálogo: manifestar com solicitude fraterno -maternal as necessidades pessoais; evitar toda murmuração e detração entre os irmãos; partilhar e colocar tudo em comum no espírito da mútua confiança e pobreza; usar de misericórdia a quem misericórdia procura; evitar escandalizar-se com o pecado de um irmão; usar da correção fraterna indicada no Evangelho; manter sempre presente e em tudo o espírito da santa oração e devoção; oferecer ao mundo a salvação por meio do testemunho fraterno, etc. E para os nossos dias, Francisco de Assis, certamente, acrescentaria novos desafios que nos adoecem nas relações humanas e empobrecem nosso diálogo fraterno, particularmente o individualismo, o consumismo, a indiferença, o pecado da virtualização das nossas relações fraternas, etc.

Necessidades do diálogo, ponte pela qual flui o amor fraterno

Na missão evangelizadora que abraçamos, particularmente quando nos colocamos na escuta do povo de Deus, deparamo-nos com múltiplas doenças procedentes do não diálogo, do isolamento, da segregação, do preconceito, da discriminação, da produção de inverdades (Fake news), etc. Chegamos à conclusão de que muitas pessoas estão doentes porque não mais encontram espaços e pessoas com quem dialogar! Por isso compreendemos perfeitamente a admooutubro de 2019 – comunicações

667


FORMAçãO PeRMANeNte

estação do Papa Francisco na sua passagem por Lampedusa, na Itália, admoestando a humanidade a estar atenta a uma das mais graves epidemias que afligem as pessoas do nosso tempo que é a “globalização da indiferença”. Afirmou o Papa: “Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamonos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa”. Por isso, continua: “A globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar”. Mas não basta olhar somente para “fora”. Por conta da solidão das pessoas, nós, Frades Menores, necessitamos de muita qualificação humana para melhor ajudar e apoiar o desalento de tantas “ovelhas sem pastor”, ou de tantas pessoas “famintas e sedentas” de um sentido maior para o seu viver. Por isso se faz urgente e necessário olhar com mais seriedade para dentro das nossas fraternidades para rever a qualidade da nossa “saúde fraterna”, particularmente na questão do diálogo. Nós muito bem sabemos quando as nossas relações fraternas estão fragilizadas, ou estremecidas, ou gravemente doentes. Quando a indiferença pelo irmão ocupa lugar na minha fraternidade, algo de muito grave está

668

comunicações – OUtUbRO de 2019

acontecendo com a minha própria vocação. Da mesma forma, sabemos que o diálogo fraterno é o medicinal preventivo que nos livra de todo desencanto vocacional para vivermos o

terno circula livremente pela ponte do diálogo no “vai e vem” da mesma fé que professamos: “o Senhor me deu irmãos” (Test 14). Dialogar como Irmãos e Menores é envolver-se de corpo e alma no projeto fraterno que o Senhor revelou a Francisco de Assis e que nos motiva a construir o nosso Projeto Fraterno de Vida e Missão (fraterno e pessoal!). Dialogar é fazer com que a Palavra de Deus seja a ponte que nos aproxima uns dos outros, mesmo sendo uma “margem” diferente. Dialogar elimina as nossas diferenças (abismos) e faz circular entre irmãos a essência do Amor divino no “vai e vem” das nossas relações humanas e fraternas. Que neste ano dos 800 anos do diálogo de São Francisco com Sultão do Egito, aprendamos a clarear a nossa vocação e missão a partir do diálogo saudá“Neste mundo da globalização, vel com o Senhor, com os caímos na globalização da leprosos do nosso tempo indiferença. Habituamo-nos ao e com o diferente de cada sofrimento do outro, não nos irmão com quem devemos compartilhar a vida do diz respeito, não nos interessa, Evangelho de Nosso Senhor não é responsabilidade nossa. A Jesus Cristo. globalização da indiferença tirouE concluo a reflexão nos a capacidade de chorar”. com os dois últimos versos da canção “A Palavra”: Palavra não foi feita para a vaidade, destino da palavra é a eternidade. profetismo da vida fraterna. Dialo- Palavra não foi feita pra cair no chão, gar na certeza de que o irmão é um destino da palavra é o coração. dom de Deus é um ato de fé que se Palavra não foi feita para semear renova a cada dia, tanto nas virtu- a dúvida, a tristeza e o mal-estar. Desdes pessoais que nos engrandecem, tino da palavra é a construção de um como nas fragilidades e diferenças mundo mais feliz e mais irmão. que nos santificam. Em outras palavras: a qualidade da nossa vida franFrei Fidêncio Vanboemmel, ciscana é sadia quando o amor fraMOdeRAdOR dA FORMAçãO PeRMANeNte


FORMAçãO PeRMANeNte

Vem, meu Francisco, pra encantar esta terra Sem fantasia, poesia, enfim, flor; Terra sofrida das cidades a serra, Já sem beleza, e tão carente de amor. Tu que cantavas céu e terra, feliz, Vias Deus entre as criaturas, a te olhar, Traze a poesia, fantasia de Assis, Mostra-nos sempre o belo pra Deus louvar... A Natureza tu olhaste tão puro, Marcaste teu mundo, e o mundo do futuro, Passaste para a história como um modelo. Modelo puro em teu olhar a Criação, Cada ser para ti... Chamavas de irmão, Fraternidade Universal neste mundo. Frei Walter Hugo de Almeida

OUtUbRO de 2019 – comunicações

669


FORMAçãO e eStUdOS

FREI CÉSAR AOS NEOPROFESSOS:

“CULTIVEM A FÉ E SE DEDIQUEM À CONVERSÃO DO CORAÇÃO”

Profissão Solene

670

comunicações – OUtUbRO de 2019


Formação e estudos

C

aros confrades, só peço, da parte de Deus, que vocês sejam homens que cultivem a fé e se dediquem diariamente à conversão do coração”. Foi com este pedido que o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, acolheu definitivamente na Ordem dos Frades Menores os jovens Frei Gabriel Dellandrea, Frei Hugo Câmara dos Santos, Frei Roger Strapazzon, Frei Canga Manuel Mazoa e Frei Santana Sebastião Cafunda. Esse momento histórico, no domingo, 8 de setembro, foi testemunhado durante Celebração Eucarística, às 10 horas, na histórica Igreja do Convento Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ). Ao lado de

Frei César estavam como concelebrantes Frei Antônio Zovo Baza, presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), e Frei Jorge Schiavini, guardião da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, que acolheu a todos com alegria. Confrades de toda a Província, entre eles o Definidor Frei Daniel Dellandrea, irmão do professando Frei Gabriel, juntaramse a familiares, amigos e fiéis para renderem graças a Deus esta “esta festa da Profissão Solene”, como disse Frei César. O rito desta celebração, sempre carregado de emoção, ganhou em beleza e solenidade com o Coral dos Canarinhos, do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis. outubro de 2019 – comunicações

671


A profissão de Frei Canga

A profissão de Frei Gabriel

A profissão de Frei Hugo

A profissão de Frei Roger

A profissão de Frei Santana


FORMAçãO e eStUdOS

Segundo o comentarista Frei Marcos Schwengber, o ‘sim’ de cada frade é o desejo de viver plenamente sem nada de próprio, em castidade, em obediência, observando o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo ao modo de São Francisco de Assis. Esse momento específico da celebração começou após a leitura do Evangelho. O mestre para o tempo de Teologia, Frei Marcos Andrade, chamou a cada um dos professandos pelo nome. Em pé, diante do Ministro Provincial, eles responderam: “Aqui estou!”. O mestre, então, fez um resumo biográfico de cada professando. Depois, juntos, eles fizeram o seguinte pedido: “Pedimos que, professando a Regra e a vida na

D. Telma Câmara, mãe de Frei HUgo

Ordem dos Frades Menores, possamos seguir a doutrina e os passos de nosso Senhor Jesus Cristo, perseverando no serviço do Senhor”. Terminado o pedido, Frei César lembrou que a Profissão Solene era celebrada dentro da liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum e dentro do mês dedicado à Palavra. “Ela não é só escrita, mas portadora da presença do próprio Deus. Traz a força de sua presença a cada um de nós”, exortou. Frei César, citando o Evangelho do domingo, lembrou que Cristo faz um convite hoje a cada um de nós, em especial aos professandos: “Sejam meus discípulos!”. Ele, contudo, ressaltou que esta entrega total passa por

D. Marli Treme, mãe de Frei Roger

D. Terezinha, mãe de Frei Gabriel

três exigências: desapegar-se, carregar a sua cruz e renunciar a tudo o que se tem. “Além das exigências do discipulado, podem dizer que o fundamental é a fé a conversão”, acrescentou Frei César. “Caros irmãos, na fórmula da Profissão Religiosa, vocês irão professar a Deus Pai Onipotente na ousadia da fé. E isto depois de um bom tempo de discernimento numa caminhada formativa que não termina agora. A conversão iniciada precisa continuar para levar a bom termo o que vocês vão professar: ‘Para louvor e glória da Santíssima Trindade, tendo o Senhor me dado a graça de seguir mais de perto o Evangelho e os passos de Nosso

Frei Antônio, presidente da FIMDA

OUtUbRO de 2019 – comunicações

673


Formação e estudos

Senhor Jesus Cristo (...), entrego-me de todo o coração a esta fraternidade”, citou. Segundo o Ministro Provincial, fé e conversão consistem em permanecer disponível ao chamado de Deus, ao Espírito do Senhor. “É escutar, buscá -Lo, deixar-se amar e modelar por Ele. E o projeto evangélico de São Francisco tem a sua base justamente na fé e na conversão. Uma fé que acredita que Deus é amor e que esta entrega a ele não aprisiona, mas liberta o ser humano”, acrescentou. “Liberta de não reconhecer o Criador e das escolhas de morte que o homem faz para a sua espécie e para toda a criação. Coisas que estamos assistindo com tristeza nestes dias. Na sua ganância, os homens acham que podem destruir e queimar a tão preciosa Amazônia”, lamentou o celebrante. “Francisco converteu-se a Deus. O essencial de sua vida e de seu projeto é a experiência de Deus que ele conquistou com longo e ardoroso esforço de conversão. E ele se dirige a todos os homens dizendo: ‘Perseveremos todos na verdadeira fé e na conversão’ (RnB 23,7). Esta descoberta e acolhimento da realidade de Deus, livremente aceita, é o fundamento sólido sobre o qual podemos construir uma vida de oração, de castidade consagrada, de fraternidade, de pobreza e de serviço”, ensinou o Ministro Provincial.

674

comunicações – outubro de 2019

Os irmãos Daniel e Gabriel se abraçam e choram! Agora são irmãos professos solenes!


Formação e estudos

“Caros confrades professandos, vocês escolheram como lema ‘Nada mais temos a fazer a não ser seguir a Vontade do Senhor’. Um pensamento que exprime a busca da vida inteira do Santo de Assis. A vontade do Senhor é o seu Evangelho. E ele se consagra a isto que compreendeu ser sua santíssima vontade. Vontade que se antecipa, que cativa e chama. ‘Foi assim que o Senhor concedeu a mim…’, recorda São Francisco no seu Testamento. Francisco foi sendo cativado por Deus de tal maneira que o Altíssimo passou a ocupar todo o espaço de seu tempo, de seus trabalhos, de suas preocupações. Nada nos impeça, nada nos separe, nada se interponha entre nós” (RnB 23). É o atendimento às condições de discipulado, dadas pelo Cristo no Evangelho de hoje”, ressaltou. Em nome de todos os irmãos da Província, Frei César agradeceu pela entrega de vida dos professandos. “Numa sociedade de cultura passageira, é muito significativo ver jovens que querem assumir compromissos que exigem toda a vida. Isto nos convida a celebrar a fidelidade de Deus, que apesar dos nossos limites e pecados, não deixa de confiar, de crer e de apostar em nós, e convida-nos a fazer o mesmo com nossos irmãos e irmãs”, completou. Depois da homilia, os pais dos professandos outubro de 2019 – comunicações

675


acenderam suas velas no Círio Pascal e entregaram-nas a seus filhos para recordar a vocação batismal que neles desabrocha como vocação religiosa franciscana. Depois, Frei César perguntou aos professandos pelas motivações que eles trouxeram ao pedir a admissão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Em seguida, ele pediu a intercessão de todos os Santos para os novos irmãos, que prostraram -se ao chão em sinal de despojamento. Terminada a Ladainha de todos os Santos, os professandos se ajoelharam diante do Ministro Provincial e, nas mãos de Frei César, fizeram os votos perpétuos. Canonicamente, os professandos assinaram dois documentos: um no qual confirmaram os votos emitidos e outro em que renunciaram à posse de todo e qualquer bem temporal. O rito terminou com o abraço caloroso dos confrades.

AGRADECIMENTOS

Frei Antônio, em nome da FIMDA, falou da alegria desse momento tão importante na vida dos irmãos. Agradeceu à Província, em nome de Frei César, pelo cuidado para com a Fundação Imaculada Conceição de

676

comunicações – outubro de 2019

Angola. “Só Deus saberá recompensá-los”. Depois falou para os neoprofessos: “É importante sabermos que a profissão solene não é o fim da caminhada, o momento de estagnarmos, mas sim é começo da grande batalha”. Também agradeceu “ao santo povo de Deus do Brasil” por tudo aquilo que tem feito pelas obras missionárias. “Esperamos que o Senhor vos conceda a graça de que tanto precisais na vossa caminhada espiritual”, completou. Em nome dos neoprofessos, Frei Gabriel partiu do samba “Timoneiro”, de Paulinho da Viola, para fazer os agradecimentos, tomando como base a frase: “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar!”. “Assim podemos entender esta profissão: não somos somente nós que professamos, mas quem nos professa é esse grande mar do amor de Deus e da Igreja. Nós cinco, na verdade, sozinhos, somente por nossas forças, não chegaríamos até aqui, pois tudo vem Daquele a quem é o nosso grande agradecimento: Deus!”, reconheceu. Segundo o neoprofesso, é Deus que os ensinou a “nadar de braçada”

nesse mar da Igreja, que começou nas famílias, lugar de encontro, onde aprenderam a amar e serem amados. “Hoje só nos cabe agradecer por esse dom: como é bom ter a nossa família! Obrigado por tudo!”, enfatizou. Nesse mar, lembrou dos amigos, de perto e de longe, e especialmente a sua família franciscana, em nome de Frei César e Frei Antônio: “Queremos ser para sempre de vocês, pois vocês nos abraçaram com tão grande amor!” No final, Frei Gabriel perguntou como agradeceriam por essa graça de navegar no mar do amor de Deus e da Igreja. “A resposta é mergulharmos ainda mais fundo e deixarmos esse mar nos navegar ainda mais, como o fez tão bem até aqui, pois como está no nosso convite de profissão: ‘Nada mais temos a fazer a não ser seguir a vontade do Senhor’!”, explicou Frei Gabriel, pedindo orações. No final, de joelhos, os neoprofessos receberam a bênção solene e Frei Jorge convidou todos os presentes para uma confraternização no salão ao lado da Igreja.

Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo


FORMAçãO e eStUdOS

Na presença do Altíssimo e Bom Senhor: um belo gesto de amor sem limites Frades da Imaculada fazem profissão definitiva na Ordem nas mãos do Ministro Provincial Frei César Külkamp. Dois são de Angola e três outros do Brasil. Membros definitivos de nossa casa que é a Ordem, a Fundação e a Província. Os frades todos somos possuídos de alegria e desejos de paz e perseverança. Jovens, bastante jovens, poderão atingir o centenário quando nossos corpos serão transformados em luminosidade diante de Deus, mais rapidamente os que somos octogenários. Se Deus assim permitir. Como será esse amanhã de nosso existir? E do existir dos professandos? Lá estão eles, prostrados no chão, na terra mãe, húmus, humildade. Sem nada. Um hábito cobrindo-lhes o corpo, promessa de fidelidade, de ser de Deus, de fazer de suas vidas um serviço para o advento do mundo novo que Jesus chama de Reino. Desejam viver uma vida plena, de gente, de gente de verdade, sem querer passar pela vida ao sabor da moda de cada instante. Ladainha de todos os santos, vela acesa, óculos embaçados de emoção, olhares furtivos para os parentes presentes. “Na presença do Deus…prometo”. Promessa… adotar agora um propósito que perdura no tempo. Um decisão livre fecundada pelo orvalho de Deus. Lançar-se nas mãos do Senhor aceitando com alegria os desafios da vida, da história, das transformações em nosso gênero de vida, na Igreja e nesse mundo tão belo e tão louco. Como Abraão, o pai da fé. Caminhar para uma terra que o Senhor vai nos mostrar. Fidelidade criativa e não teimosa. Joan Chittister, escritora beneditina:

“Para entender o que a vida pretende nos ensinar, precisamos aprender a não fugir da vida quando as coisas ficam difíceis, quando a vida finalmente começa a exigir alguma coisa de nós, quando enfim começa a nos pedir mais do que esperávamos poder dar. Fidelidade é o forno de olaria da vida em que submetidos ao calor e às chamas, somos moldados em formas e aparências jamais imaginadas”. Nunca como em nossos tempos se tornou importante fazer densas experiências de Deus. Afinal ele é o sol de nossa vida. Silêncio, viagem ao centro de nós mesmos, ver o rosto de Deus naqueles que ele inventou como semelhança e imagem dele. A fornalha de amor que é a Trindade vai tomando conta de nós pela aproximação do Ressuscitado a nos dizer: “Vem e segue-me!” Ele nos leva para o insondável abismo de amor. Respondemos com Francisco: “É isso que eu quero, isso busco de

todo o meu coração”. Conviver com o Ressuscitado na leitura orante dos evangelhos, mormente no Sermão da Montanha e das parábolas. Vivemos juntos. Alegramo-nos juntos. Choramos juntos. Rezamos juntos. De verdade. Não apenas morando juntos no mesmo endereço. Frades e fraternidade, ad intra e ad extra. Respeito atencioso. Vejo muitos frades jovens carinhosos com idosos e com gente de fora que vive dramas. E missão num mundo ao qual Jesus Cristo precisa ser apresentado pela primeira vez. Será fundamental uma pastoral humana, gostar das pessoas, levá-las à sua verdade, acolhimento e empatia, procurar ser João Batista, ou seja, abrir os caminhos para que o Senhor nelas opere maravilhas. Frades bons. O Amor precisa ser amado. Gostaria de terminar estas poucas linhas com um pensamento de José Tolentino Mendonça: “Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos OUtUbRO de 2019 – comunicações

677


FORMAçãO e eStUdOS

com os outros sem os ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso, veemente e efêmero. Na verdade, a velocidade com que vivemos, impede-nos de viver. Uma alternativa será resgatar nossa relação com o tempo. Por tentativas, por pequenos passos. Ora, isso não acontece sem um abrandamento in-

terno. Precisamente porque a pressão de decidir é enorme, necessitamos de uma lentidão que nos proteja da precipitações mecânicas, dos gestos cegamente compulsivos, das palavras repetidas e banais. Precisamente porque nos temos de desdobrar e multiplicar, necessitamos reaprender o inteiro, o intacto, o concentrado, o atento e o uno”.

Procurem inventar o novo, um novo que não seja um novidadoso fugaz. Esperamos que vocês tornem bonita e santa nossa Província. Vocês vão atravessar o século XXI. Coragem, ternura e paixão.

Frei Almir Ribeiro Guimarães cONFRAde

Fraternidades acolhem os professandos

A

celebração da Profissão Solene de cinco frades na Província Franciscana da Imaculada Conceição e da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola começou no sábado, dia 7 de setembro, Dia da Pátria e da Independência do Brasil. Durante a celebração antes do almoço, os professandos – Frei Canga Manuel Mazoa, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Hugo Câmara dos Santos e Frei Roger Strapazzon – fizeram o pedido à Fraternidade do Sagrado Coração para ingressar definitivamente na Ordem dos Frades Menores e foram acolhidos com alegria e fé. Frei Santana Sebastião Cafunda fez o pedido à sua Fraternidade de Duque de Caxias (RJ), onde reside atualmente. O Guardião, Frei Cláudio Broca de Siqueira, fez uma reflexão que se resume em três palavras: perseverança, busca contínua e acolhida. “Desejo a você muita perseverança! E que cada vez mais possa buscar aquilo que você se propôs seguir. Nós, seus irmãos, o acolhemos e agradecemos por sua vocação”, ressaltou. Frei Marcos Antônio de Andrade, mestre da etapa da Teologia, fez a acolhida no Sagrado e explicou, especialmente aos familiares e amigos presentes, que, por tradição, antes mesmo da Profissão Solene dos votos, os candidatos à profissão fazem o pedido à fraternidade na pessoa do Guardião.

678

comunicações – OUtUbRO de 2019

Esse pedido foi feito no refeitório do Convento de Petrópolis (RJ). “O rito da Profissão está começando agora”, revelou Frei Marcos. Frei Jorge iniciou sua reflexão lendo o segundo capítulo da Regra dos Frades Menores, intitulado: Dos que querem abraçar esta vida e de como devem ser aceitos. Segundo o guardião, a caminhada feita até a Celebração da Profissão Solene foi um tempo de experimentar o modo franciscano no seguimento de Jesus Cristo. “Ficamos felizes que este tempo tenha fortalecido ainda mais esta vontade de assumir esta forma de vida para sempre”, destacou. Frei Jorge recomendou aos professandos que assumam com alegria e humildade a vocação franciscana no dia a dia e que sejam dispostos a perceber o mistério de Deus nos desafios, percalços e conquistas da vida fraterna, da Igreja e do mundo. “Vivem-se tempos difíceis de firmar compromissos definitivos”, observou o frade. Em seguida, Frei Jorge acolheu os familiares e amigos dos professandos e deu a bênção final. A Celebração continuou com a partilha do almoço, preparado pela Fraternidade do Sagrado.

Frei Augusto Luiz Gabriel


FORMAçãO e eStUdOS

Secretariado para a Formação e os Estudos se reúne na Sede Provincial

A

conteceu, na Sede Provincial, no último dia 4 de setembro, o terceiro encontro do ano do Secretariado para a Formação e os Estudos. Atualmente, a coordenação deste secretariado é composta pelos seguintes membros: Frei César Külkamp, ministro provincial; Frei João Francisco da Silva, secretário para a Formação e os Estudos; Frei Jeâ Paulo Andrade, vice-secretário para a Formação e os estudos; Frei Fidêncio Vanboemmel, moderador da Formação Permanente; Frei Gustavo Medella, Secretário para a Evangelização; Frei Diego Atalino de Melo, animador provincial do SAV, e Frei Rodrigo da Silva Santos, coordenador da Formação Inicial. O Ministro Provincial tem destacado a importância desse conselho para a organização da vida da Província. Ainda na primeira reunião do triênio, salientou bastante a natureza e objetivos do mesmo. Propôs que esses encontros fossem um fórum constante e mais amplo de reflexão sobre

a formação permanente, a animação vocacional e a formação inicial. Lembrou que a formação permanente e a animação vocacional são duas prioridades da Província para o sexênio, por isso devem estar em maior evidência nas pautas de discussão. Há de não haver tempo suficiente para pensar e amadurecer todas as iniciativas que surgem. Tendo em vista, então, a característica do secretariado de resolver pendências, apontar caminhos e propor ações concretas, esse conselho poderia ser uma força ao próprio Definitório, uma vez que as discussões a serem levadas para deliberação do governo poderiam ser bem discutidas e amadurecidas já no conselho de Formação e Estudos. Considerando esses pontos, o conselho tem se reunido com uma frequência maior. Serão quatro reuniões no ano, a última no mês de novembro. Alguns temas têm aparecido para discussão: os encaminhamentos para redimensionamento dos Regionais; a modalidade dos retiros da Província (Regionais, underten);

o cuidado do acompanhamento vocacional e as formas de abordagem; o acompanhamento dos frades em Ano Missionário; encaminhamentos para se iniciar a reflexão sobre as motivações dos frades egressos; início de reflexão sobre a possibilidade de redimensionamento das casas de formação; indicações de nomes de frades para estudo e para o trabalho na Formação; partilha de situações vivenciadas no serviço de formação e evangelização. O trabalho do conselho tem se evidenciado pela boa adesão e disposição de participação dos membros. Sempre se destacam as muitas e boas iniciativas que a Província tem experimentado, nas quais a grande maioria dos frades está se doando para o bem dos irmãos e do povo de Deus. A preocupação pelo bom andamento das diferentes ações em vista do processo formativo dos frades deve permanecer movendo os trabalhos deste conselho.

Frei Jeâ Paulo Andrade OUtUbRO de 2019 – comunicações

679


FORMAçãO e eStUdOS

Frei Ludovico Garmus celebra 80 anos

N

a noite do dia 21 de agosto, a comunidade acadêmica do Instituto Teológico Franciscano (ITF), de Petrópolis (RJ), reuniu-se para celebrar os oitenta anos de vida do frade e professor Ludovico Garmus. Frei Gabriel Dellandrea abriu a homenagem recordando que a vida do aniversariante já era prometida a Deus desde o seu nascimento. “Era uma tarde, dia 24 de agosto de 1939. Na Europa já havia começado a Segunda Guerra Mundial, ceifando vidas humanas. Mas, no Alto Irani, um pequeno lugarejo do município de Concórdia, as preocupações eram outras... Naquela tarde de agosto, as vizinhas e comadres e a parteira acorreram à casa do Sr. Alexandre Garmus. É que sua esposa, Francisca estava para ter mais um filho... As sombras se avolumavam e o sol já estava para se pôr atrás do morro. As crianças que brincavam no

680

comunicações – OUtUbRO de 2019

pátio começaram a olhar para a estrada que passava logo acima. Uma figura, ao mesmo tempo estranha e bem conhecida, estava passando, montada num cavalo: era o padre que vinha de Seara, a uns 30 Km de distância. No dia seguinte, iria celebrar a missa na capela de São José. Enquanto as crianças silenciavam no pátio, ouviu-se um choro de criança, que vinha do quarto de Dona Francisca. Acabara de nascer mais um filho. Desta vez era menino. O Sr. Alexandre foi logo chamado para o quarto da esposa. Ao saber que era um menino, envolveu-o em seus vigorosos braços e depois, num gesto profético, o levantou para o céu e disse: “Esse menino fica para Deus”! (O que ficou... Balanço aos 50 – Editora Vozes 1989). “Fica para Deus agora a nossa gratidão pela sua vida, Frei Ludovico Garmus. Nesta noite celebramos o seu aniversário com um tom especial, um balanço, e dizemos que o que

realmente ficou foi o cumprimento dessa promessa de você ser de Deus. Louvamos pelos seus dons e talentos, e temos certeza de que eles ainda frutificarão sempre mais entre nós. Apesar de as coisas terem mudado muito desde aquele dia no Alto Irani, a promessa do seu pai, que deu a você para o Pai, se cumpre diariamente”, completou Frei Gabriel. O professor Carlos Frederico Schlaepfer mediou a celebração, lembrando que, desde os primórdios da Igreja, os discípulos de Jesus se reuniam para celebrar e transmitir oralmente os feitos e prodígios do Mestre. Dessa maneira, compôs-se uma mesa com Frei Ludovico, Frei Almir Ribeiro Guimarães e Frei Ivo Müller. Um diálogo descontraído entre os confrades de turma Ludovico e Almir, sobre os tempos de seminário e formação inicial, deu o tom do evento. “Oitenta anos. Não acredito que,


Formação e estudos

nos primeiros anos de nossa vida franciscana imaginávamos chegar onde chegamos. E, de quando em vez, andamos dizendo ao Senhor que não temos pressa de fechar as cortinas desse estonteante espetáculo da vida do qual fomos convidados a participar. Podemos aguardar ainda um bom tempo”, disse Frei Almir. “Não estamos de acordo com o Coelet quando afirmava: ‘Lembra-te de teu Criador nos dias da juventude, antes que cheguem os dias nefastos e se aproximem os anos dos quais dirás: Não gosto deles’. (12,1). Uma suave satisfação de viver sem muita preocupação, ser o que somos, acolher o diferente sem irritação. Não se trata mais tanto de ter ou fazer. As mãos vazias, mas o coração ainda cheio de esperas. E esse Mistério que anda nos cochichando que é proibido envelhecer. Participamos da eterna juventude de Deus. Claudel: ‘A paz de um coração instruído por Deus e que se experimenta ao envelhecer é inflamada e profunda’. Sem mágoas e apegos vamos fazendo o último e belo percurso do êxodo. Mãos vazias...”, acrescentou Frei Almir, detalhando experiências e vivências partilhadas

nos anos de seminário em Agudos; no Noviciado, em Rodeio; na Filosofia, em Curitiba; e na Teologia, em Petrópolis. No final de suas recordações, Frei Almir citou Marie-Thérèse Abgrall: “A graça da idade é a do tempo reencontrado, de uma disponibilidade

maior, que nos permite sentir o frescor do real, seu sabor e sua profundeza, num acercamento mais imediato e mais límpido. Posso ouvir e ver, quanto me for possível, com todos os meus olhos e meus ouvidos o canto do mundo que até mim chega e que me leva ao Criador. O perfume das tílias mais forte ao entardecer, as crianças rindo na rua, o canto do melro tão perto de nós: não

precisamos ir até as extremidades da terra com gastos abusivos para degustar coisas tão simples que estão ao alcance de nossas mãos”. O aniversariante contou como começou sua vocação, sua história, a origem da família e seus trabalhos como frade, destacando a coordenação da tradução da Bíblia Vozes e a revisão exegética. Afirmou que hoje em dia se sente feliz e realizado, buscando sempre novos desafios. “Sempre gostei de desafios! Hoje o meu desafio é dar aula com alegria”, declarou. Encerrando a celebração, o aniversariante lembrou que sempre teve o desejo de ser missionário, de modo que escolheu para a sua ordenação presbiteral a frase: “Doravante tu serás pescador de homens”. Mas, sem nunca conseguir concretizar este sonho, afirmou: “Sem frustração, eu continuo ajudando a preparar as varas para os pescadores”. Assim, cumpre sua missão de docente ajudando a formar pessoas a irem em missão.

Frei Roger Strapazzon, Frei Marcos Schwengber e Frei Augusto Luiz Gabriel (Fotos) outubro de 2019 – comunicações

681


FORMAçãO e eStUdOS

Simpósio sobre o Sínodo da Amazônia

N

o contexto atual, cada vez mais se faz premente a necessária atualização dos profissionais nas mais diversas áreas do saber. Não basta a qualificação técnica e acadêmica, em nível de graduação ou de pós-graduação. Tomemos como exemplo um profissional da medicina. Se ele não se atualiza em sua formação permanente, não consegue desempenhar com qualidade e competência o seu ministério. Assim, também os teólogos, que além de seguirem um chamado de Deus, na resposta a uma vocação específica, são profissionais dispensadores da Boa Nova, no serviço prestado ao Povo de Deus. Portanto, também eles precisam de atualização. Neste sentido, a Formação Permanente da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, em parceria com o Instituto Teológico Franciscano (ITF), organizou o SIMPÓSIO FRANCISCANO SOBRE O SÍNODO PARA A AMAZÔNIA: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral, que acontecerá no ITF, de 11 a 14 de novembro de 2019. O interesse despertado pelo Sínodo vem sendo crescente. Não apenas as comunidades, povos indígenas, pastorais, teólogos/as, acadêmicos foram mobilizados. Também empresários e fundações empresariais identificaram a importância de fazer ouvir sua voz. No Brasil, além de todos estes grupos, o governo federal manifestou preocupação com o processo sinodal, como reportaram diversos meios de comunicação, ampliando ainda mais a expressão do Sínodo na esfera pública. A Amazônia é, como bem sabemos, essencial para o equilíbrio ambiental de todo o globo terrestre. Dados científicos inquestionáveis indicam os riscos dramáticos e iminentes para a vida na Terra que o padrão de ocupação antrópica hegemônico implica. A Amazônia se vincula ao regime de chuvas, de biodiversidade, do clima e das águas de todo o planeta. Os povos indígenas têm sido, há mais de 500

682

comunicações – OUtUbRO de 2019

anos, como expressa o Papa, “os guardiões da floresta”. Seu protagonismo reconhece e valoriza alianças muito mais amplas com povos tradicionais, ribeirinhos e quilombolas, atuando em defesa do território e da vida. Para estes povos, há quinhentos anos, existir é resistir. O Sínodo para a Amazônia se insere no momento extremamente rico e importante para a Igreja Universal. A Comissão Teológica Internacio-

nal, no decurso de seu 9º Quinquênio “conduziu um estudo sobre a sinodalidade na vida e na missão da Igreja”, que recebeu o parecer favorável do Papa Francisco e foi publicada em março de 2018. “O caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milênio”, afirmou o Papa em 2015, na comemoração dos 50 anos de instituição do Sínodo dos Bispos. Vivemos, portanto, como bem afirma o documen-


FORMAçãO e eStUdOS

to mencionado, um verdadeiro “kairós da sinodalidade”. O Sínodo para a Amazônia é o primeiro a se realizar com este novo espírito que implica, também, novos regulamentos e procedimentos sinodais. O Instituto Teológico Franciscano empenha-se pela realização deste Simpósio Pós Sinodal, na caminhada de toda a Igreja. O carisma franciscano, como bem sabemos, inspira fortemente a atuação do Papa Francisco. A Encíclica Laudato Si’, expressão mais importante do compromisso socioambiental da Igreja, tem explicitamente esta perspectiva, que é a inspiração do Santo Padre também na convocação do Sínodo para a Amazônia. Assim, ainda mais fortemente torna-se importante nosso compromisso institucional. Há alguns anos, no ITF, o Grupo de Pesquisa de Ecoteologia vem desenvolvendo estudos

e ministrando cursos sobre alguns dos temas centrais do Sínodo. Mas, por sua abrangência, como vimos acima, o Sínodo mobiliza muitas outras áreas da Teologia: liturgia, direito canônico, ministerialidade e sacramentos, prática pastoral, diálogo inter-religioso, dentre outras possíveis temáticas. Assim, desejamos realizar um simpósio de quatro dias, envolvendo todo o corpo docente e discente do Instituto com atividades abertas ao público, contando com a presença de dois bispos que terão participado, em Roma, do Encontro Sinodal: Dom Evaristo Splengler, Bispo da Prelazia do Marajó e Dom Bernardo Bahlmann, Bispo de Óbidos, bem como a assessoria da Irmã Doriemeire Vasconcelos, OFS, secretária da Prelazia do Xingu. Este será um momento importante de aprofundamento do trabalho

acadêmico do Instituto, mas é também expressão de seu compromisso com a Igreja Universal e com a Ecologia Integral. Desta iniciativa podem, inclusive, derivar propostas de maior contribuição do ITF com a defesa da Amazônia. Confrade, você é nosso convidado especial a participar deste evento como atualização teológica, na linha da formação permanente. E quem precisar de hospedagem, favor entrar em contato com o Sagrado, que disponibiliza os seus espaços para acolher, de braços abertos, os confrades que puderem participar deste simpósio sobre o Sínodo. Com um fraterno abraço,

Frei Fidêncio Vanboemmel MOdeRAdOR dA FORMAçãO PeRMANeNte

Frei Ivo Müller

dIRetOR dO ItF

ITF conquista nota 4 na avaliação do MEC O Instituto Teológico Franciscano (ITF) recebeu nota 4, na avaliação de recredenciamento do Ministério da Educação (MEC). A visita foi realizada entre os dias 05 e 08 de agosto. Durante o período, foram avaliados o Curso de Teologia, corpo docente e a infraestrutura. Para o diretor do ITF, Frei Ivo Müller, a nota recebida foi de bom agrado e mostra que a instituição está no caminho certo: “Penso que foi justo e de bom tamanho. Parabéns a todos”. O Instituto Teológico Franciscano, com sua história centenária, desempenha relevante contribuição para a reflexão teológica e na formação de lideranças religiosas, principalmente, na tradição cristã. Está localizado na cidade de Petrópolis, região Serrana do Rio de Janeiro.

Junto com a Universidade São Francisco, com mais de 40 anos no ensino brasileiro, os colégios Bom Jesus presentes em 5 estados, com mais de 40 unidades, com a FAE Centro Universitário em Curitiba, e o Coral Canarinhos de Petrópolis, o ITF compõe o campo educacional da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que atua na educação desde 1896. Sua história iniciou-se no Convento Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis, que recebeu os primeiros frades. Entre as lideranças que passaram pelo ITF, destacam-se no cenário nacional e internacional o falecido cardeal emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, o também falecido Frei Antônio Moser, ex-Diretor Presidente da Editora Vozes e o teólogo, escritor e professor universitário, Leonardo Boff.

OUtUbRO de 2019 – comunicações

683


FORMAçãO e eStUdOS

Rondinha celebra o Padroeiro

I

sso nos basta; ouvirmos com São Paulo: Basta-te a minha graça. Deus é minha parte e minha herança para sempre!” Estas palavras de São Boaventura no seu livro Itinerário da Mente para Deus refletiram muito bem como foi o dia de festa em Rondinha. A Fraternidade Franciscana São Boaventura celebrou o seu padroeiro. O dia do Santo no calendário Romano é 15 de julho. Porém, como os estudantes aproveitam as férias escolares para fazer estágio pastoral, a comemoração é feita no dia 15 de agosto, com grande júbilo e alegria e a presença da fraternidade e de convidados.

As festividades iniciaram-se às 7h15 com a Oração Solene das Laudes, seguida pela Santa Missa. A celebração foi presidida por Frei José Antônio Cruz Duarte (guardião da Fraternidade e vice-mestre dos frades estudantes) e concelebrada por Frei Luís Aliberti (vigário da Fraternidade e vice-mestre dos frades estudantes), Frei Samuel Ferreira de Lima (mestre dos frades estudantes), e os confrades que moram na Aldeia Franciscana, Frei João Mannes, definidor e coordenador da Frente de Educação da Província e Frei Antônio Joaquim Pinto. Eles, unidos à fraternidade de Rondinha, festejaram e recordaram este Santo Bispo

e Doutor da Igreja que dá nome ao convento. Para melhor celebrar a Solenidade, Frei José Antônio usou palavras seletas. Logo após a procissão de entrada, fez a motivação inicial, recordando o que foi rezado nas Laudes e pediu para todos fossem, naquele dia, luz do mundo, como foi São Baoventura. Na sua homília, o frade lançou mão do próprio São Boaventura, ao ler um trecho de sua grande obra Itinerário da Mente para Deus, contido no Ofício das Leituras. Frei José associou esta leitura à liturgia da missa, pois ambas abordavam a sabedoria, e pediu para que todos fossem às fontes e buscassem a intimidade com Deus, que é a própria Sabedoria. A celebração foi repleta do sentimento de gratidão e de fraternidade. “Agradeço a todos aqui presentes nesta celebração. Os nossos irmãos da Aldeia Franciscana e as Irmãs (Franciscanas de São José) que nos ajudaram e alegraram com a sua presença. Muito obrigado e boas festas”, disse Frei José Antônio antes da bênção final.

Frei Marcelo Tadeu

684

comunicações – OUtUbRO de 2019


FORMAçãO e eStUdOS

Segundo Novinter do Regional de Santa Catarina da CRB

A

conteceu, entre os dias 19 a 23 de agosto, o segundo Novinter do Regional de Santa Catarina da CRB. Como de costume, ele foi realizado no Noviciado São José, em Rodeio, pertencente à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. O encontro do Novinter é uma evento que pretende reunir os formandos que estão na etapa formativa do Noviciado de todas as congregações religiosas do respectivo regional, para um tempo de convivência e formação. Em Santa Ca-

tarina, a cada ano, ele acontece em três etapas de uma semana. Como tem acontecido já há algum tempo, a segunda etapa trabalha a temática da Vida Religiosa e os conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência, com a assessoria da Irmã Terezinha Sotopietra, Catequista Franciscana. Ela buscou retratar a Vida Religiosa como um chamado à consagração total de si a Deus e apresentar como ela toma forma na profissão e vivência dos votos que todo religioso professa a Deus, diante da Igreja, a partir da compreen-

são estabelecida pelo Vaticano II. Participaram deste encontro os noviços da Ordem dos Frades Menores, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, dos Padres do Sagrado Coração de Jesus e das Irmãs da Divina Providência, totalizando 30 noviços. Que Deus os abençoe em sua caminhada neste ano de graça e provação, na forma de vida a que se sentem chamados e lhes permita perseverarem na fidelidade ao carisma que se preparam para abraçar.

Frei Rodrigo da Silva Santos OUtUbRO de 2019 – comunicações

685


SAv

Acampamento Vocacional da Juventude em Agudos

A

conteceu entre os dias 24 e 25 de agosto, em Agudos, no interior de São Paulo, o 1º Acampamento Vocacional da Juventude ‘Frei Carlos Pierezan’, cujo tema foi a celebração dos 800 anos do encontro de São Francisco com o sultão em Damieta, no Egito. O evento recebeu jovens de vários municípios do Estado, como

686

comunicações – OUtUbRO de 2019

Bauru, Araraquara, São José do Rio Pardo e São Paulo. O evento começou com uma caminhada na Comunidade São Francisco de Assis, da Paróquia São Paulo Apóstolo, rumo ao Seminário Santo Antônio. Durante o trajeto, houve paradas onde algumas pastorais apresentaram encenações que retratavam episódios da vida de São Francisco,

como o encontro com a irmã pobreza e o próprio encontro com o sultão. Além disso, na praça da Prefeitura, foi feito o abraço da paz, seguido da Consagração a Nossa Senhora, presidida pelo vigário paroquial, Frei Pedro do Nascimento Viana. Para a jovem Thamires de Bortolli, a caminhada deu um novo vigor aos participantes. “Pudemos ver que, mesmo diante do sol e do cansaço, somos fortes e capazes de sempre dar um passo a frente. Sentimos a alegria das pessoas que nos encontravam na rua e a acolhida e o carinho daquelas que nos esperavam em cada paróquia. Era Deus mostrando seu cuidado através das pessoas em nosso caminho”, pontuou a participante. No seminário, os jovens foram acolhidos pelos frades. À noite, eles participaram de um luau coordenado pelo casal Maurício e Mariana, que


SAv

vieram de Maringá para o evento, levando os jovens a refletir sobre a alteridade e o encontro com o diferente, seguido de mística, adoração eucarística e bênção, conduzidos por Frei Diego Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província (SAV).

Para Carlos Neto, de Bauru, a mística foi um dos momentos marcantes do encontro. “Acredito que os jovens tiveram um espaço para reconhecer Deus que habita no irmão e conversar com Ele, ter intimidade com o sagrado que mora no diferente e que supera as diferenças. Sem dúvida, esse momento de diálogo com o Deus que está no outro, norteado pelo diálogo de Francisco com o Sultão, propôs aos jovens uma experiência de convivência fraterna, tão necessária em nosso mundo dividido por conflitos”, afirmou o jovem. Na manhã seguinte, houve uma dança circular coordenada por Rosana Padial, que buscou conectar os jovens com Deus e com a natureza por meio da expressão corporal. Então, na igreja do seminário, Frei Diego Melo presidiu a celebração de encerramento. Em sua homilia,

ele recordou a importância de passar pela porta estreita, como falava o Evangelho do dia. Nos ritos finais, foi feita uma homenagem a Frei Carlos Pierezan, falecido em março deste ano e que foi um grande incentivador das atividades da juventude em Agudos. Para Thamires, o encontro foi marcado pela lembrança de Frei Carlos Pierezan. “Não há como expressar suficientemente a emoção e as lembranças que carregamos deste acampamento. A todo momento, em meu coração, pude ver claramente o amor de Deus que tantas vezes Frei Carlos nos apresentou através de suas palavras e na Eucaristia que ele com tanta felicidade nos trazia. Com certeza ele estava presente em todos os momentos”, afirmou a jovem.

Equipe do SAV

REB entre as principais publicações acadêmicas

A

Revista Eclesiástica Brasileira (REB), publicada pelo Instituto Teológico Franciscano (ITF) desde 1941, obteve o Qualis A4, seguindo a nova metodologia de avaliação de periódicos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), segundo Ofício nº 6/2019CGAP/DAV/CAPES. A recente metodologia do Qualis Periódicos estabelece uma nova classificação, dividindo as áreas A e B em quatro níveis: A1, A2, A3, A4 e B1, B2, B3 e B4. Nos estratos “A”, em que a REB foi pré-classificada, figuram os principais periódicos acadêmicos científicos, cujas publicações exercem impacto relevante em seus respectivos campos. Embora se trate de uma pré-avaliação, é importante destacar que a qualificação alcançada pela REB é fruto do trabalho dedicado de seus colaboradores – equipe editorial, autores e pareceristas.

Histórico

Precedida pela revista COR (1939-40), a Revista Eclesiástica Brasileira —, fundada em 1941 por Frei Thomás Borgmeier, no intuito de ser um elo de união do clero brasileiro disperso por imenso território e com dificuldade de comunicação, serviu como fórum onde padres e bispos, teólogos e pastores expuseram suas reflexões e narraram suas atividades. Especificamente, de 1941 a 52, a REB, tendo como Redator-Chefe seu próprio fundador, consolidou-se como o principal órgão teológico do clero nacional. De 1952 a 1971, tendo à frente Frei Boaventura Kloppengurg, OFM, caracterizou-se pela defesa da fé católica e pela divulgação dos documentos e dos

ideais do Concílio Vaticano II. De 1972 a 1986, com Frei Leonardo Boff à sua frente, veiculou sobretudo as intuições básicas da Teologia da Libertação, então em seus primeiros passos. Na fase atual, a REB mantém acesa a chama do ideal primitivo, realça as dimensões de eclesialidade e de ecumenismo e se adequa às atuais tendências acadêmicas. Para mais informações sobre a REB, escreva para revista@vozes.com.br

OUtUbRO de 2019 – comunicações

687


SAv

Alverne: juventudes a caminho da Fraternidade Universal

U

ma iniciativa de formação e espiritualidade franciscana, realizada de modo itinerante e experimentada fraternalmente com a partilha de dons e talentos, que foi pensada, planejada e executada pelos jovens das paróquias da Província chegou à terceira edição nos dias 17 e 18 de agosto, em Lages/SC. Após passar por Santo Amaro da Imperatriz (2017) e Balneário Camboriú (2018), o “Alverne – Formação Franciscana para Jovens”,

688

comunicações – OUtUbRO de 2019

contou novamente com a assessoria de Frei Vitorio Mazzuco, mestre em Espiritualidade Franciscana, e com a equipe da Pastoral Universitária da Universidade São Francisco (USF), e teve como tema central nesta 3ª etapa: “Espiritualidade Franciscana como Caminho”. Com a participação de aproximadamente 100 jovens que vieram das paróquias franciscanas de Santa Catarina e Paraná, o Alverne teve início no dia 17 de julho, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Navio, com a acolhida do pároco Frei Miguel da Cruz, e toda fraternidade franciscana. O dia contou com formação, momentos celebrativos e uma animada noite cultural bem ao estilo catarinense. Estiveram à frente da acolhida e organização do encontro duas expressões juvenis de Lages: Grupo de Jovens Fraternidade Franciscana e o Movimento do Tabor. Além dos jovens e frades, o Alverne contou com a visita fraterna de Dom Guilherme Antônio

Werlang, MSF, bispo diocesano de Lages. Acolhidos nas casas de família, os jovens puderam experimentar e conhecer um pouco mais da região, além de toda a formação oferecida por Frei Vitorio e participar de bonitas celebrações com o povo lageano. Além disso, os jovens puderam viver um momento marcante ao subir o Morro da Cruz, que além de ser ponto turístico da cidade, é um lugar de devoção e peregrinação, especialmente na Sexta-feira Santa, celebrando e rezando os mistérios da paixão do Senhor, tão caros a São Francisco de Assis. Para Elisa, que veio de Santo Amaro da Imperatriz/SC, o que mais chamou sua atenção foi o trabalho desenvolvido por Frei Vitorio voltado à espiritualidade franciscana. Já para Igor, que mora em Lages/ SC e colaborou na organização, sua expectativa foi em bem recepcionar os jovens vindos de outras cidades e que todos os participantes saíssem tocados profundamente com a mística franciscana. Logo mais será a vez dos jovens do Rio de Janeiro e Espírito Santo, animados pela recente edição histórica das Missões Franciscanas da Juventude, realizarem a 1ª edição do Alverne nesta região, que será sediado no estado do Rio de Janeiro, nos dias 16 e 17 de novembro.

Equipe de Comunicação do Alverne


FRAteRNIdAdeS

Congresso dos Comissários Latino-americanos da Terra Santa

O

XI Congresso dos Comissários Latino-americanos da Terra Santa aconteceu nos dias 08 a 11 de agosto de 2019. Os Comissários foram recebidos na sede da Província do Santo Evangelho, Cidade do México e depois foram conduzidos a uma casa de Retiro das Irmãs Mercedárias, no município de Cholula, estado de Puebla. Cholula é uma cidade muito bonita, repleta de história, a 10 quilômetros da cidade de Puebla. Lá se encontra a grande pirâmide de Cholula, a maior do mundo em termos de volume. Está localizada no estado de Puebla no México. A pirâmide está sob a colina artificial, escavada parcialmente na sua base. Dizem os guias locais que esta pirâmide é a maior do mundo em sua base, com 450 metros de lado e 65 metros de altura. É um local cheio de mistérios. De acordo com a tradição, esta pirâmide funcionou no passado como centro de rituais pré-hispânicos. Segundo o que nos explicou o guia, tiveram que aterrar a pirâmide, tendo em vista suplantar os “demônios” que apareciam no local. E sobre a colina artificial, construíram o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, que é uma das igrejas

mais frequentadas pelos peregrinos e turistas que diariamente escalam esta colina. Fizeram-se presentes os Comissários: do Brasil (4), do México (5), de Honduras, da Colômbia, do Chile, do Peru, da Argentina, da Bolívia e também, como convidados, um Comissário de Portugal, o Custódio da Terra Santa, Frei Francisco Patton, o ecônomo da Custódia, Frei Ramzì, bem como o responsável pelos Comissários de todo o mundo, vindo de Jerusalém, Frei Marcelo Ariel Cichinelli. Os dois primeiros dias foram dedicados às exposições sobre a atualidade da Custódia, si à inauguração do Congresso, bem como a duas exposições sobre realidade atual da Custódia da Terra Santa e seu novo Vademecum. Os demais dias foram preenchidos com as apresentações das atividades de cada comissário. Na quinta-feira, dia 09, tivemos um dia de passeio, visitando o velho Conven-

to de São Francisco (século XVI), incluindo uma série de catacumbas sob a Igreja, a Catedral de Lima, o Museu da Arte Inca e Basílica de Santa Rosa de Lima (tumba). O Congresso foi muito fecundo, sobretudo pela partilha de cada nação, onde se dedicam os Comissários em prol da divulgação dos Lugares Santos, no trabalho com as zeladoras, coletas da Sexta-feira Santa e peregrinações à Terra Santa. Modéstia parte, o nosso Comissariado (Província da Imaculada Conceição), é o campeão nas coletas, destinadas à manutenção dos Lugares Sagrados. E no que tange às fragilidades, a sobrecarga de atividades de alguns comissários em outras atividades e algumas dioceses que nada enviam para os Comissariados e às Nunciaturas Apostólicas. O próximo Congresso acontecerá em fevereiro de 2019 na Cidade do México.

Frei Ivo Müller OUtUbRO de 2019 – comunicações

689


FRAteRNIdAdeS

SÉRIE FReI WAlteR HUGO de AlMeIdA

“Francisco de Assis é a minha paixão”

M

ineiro de Diamantina, Frei Walter Hugo de Almeida nasceu no dia 14 de junho de 1936 e foi ordenado sacerdote no dia 12 de dezembro de 1971. É o quarto de dez irmãos. Após estudos primários, ingressou, ainda adolescente, como operário numa indústria de Diamantina. Com 16 anos, quando então se mudou para Juiz de Fora (MG), preparou-se para servir no Exército, onde ficou por quatro anos até largar a vida militar para seguir São Francisco de Assis. De família de artistas mineiros, sua paixão foi sempre os livros, mormente nas áreas das letras, no mundo da poesia, literatura em geral e pesquisa na área de história. Escreveu os livros “Joly, um cavalinho de Madeira”, “Retalhos da Vida”, “Rimas da Vida”, “Jardim de Deus”, “Sementeira de Deus” e prepara mais dois livros: um sobre Santo Antô-

Comunicações - O que o levou a es-

crever este livro “Benê, um Menino travesso? Frei Walter: Tentei traduzir, em linguagem literária, por vezes,

690

comunicações – OUtUbRO de 2019

nio de Sant’Ana Galvão e outro sobre Santa Clara de Assis. Seu mais novo trabalho é o livro “Benê, um menino travesso”, que não é uma autobiografia mas suas lembranças de infância serviram de inspiração. “Em versos leves, conto a história de Benê, que é gente boa. Deus vê o coração”, escreveu na sua dedicatória para este jornalista. Para ele, escrever é quase uma necessidade biológica. Sua vida recende à poesia. E poesia não é coisa de quem vive na lua, mas assunto sério, concreto. Segundo ele, numa ditatura, os artistas poetas são os primeiros a serem exilados: são atualíssimos e engajados. “A realidade do poeta é a do espírito e não a da matéria”, lembra ele. Acompanhe a entrevista

com lastros de fantasia, uma mensagem que, em certo dia, ouvi, no catecismo de Dona Cocota, a minha catequista: “Como se vive, se move e tudo continua igual”, que é

Moacir Beggo uma frase de Santo Agostinho. Eu tinha seis anos de idade. Mas, Benê não é uma autobiografia. Contudo, tem muita influência de minha infância.


FRAteRNIdAdeS

Comunicações - Como vai a Língua

Comunicações - Como Frei Walter

se define? Frei Walter: Sou um homem feliz! Realizado, o quanto se pode dizer. Realizado como cristão; como frade franciscano há 53 anos; como padre, há 48 anos. Tenho 83 anos de idade, e graças a Deus, com saúde de corpo e alma. Minha única doença é o pecado de todos nós...

Comunicações - Qual a raiz dessa

sua veia artística? Frei Walter: Vem do berço. Meu avô materno era um homem de cultura. Não ficava sem a biblioteca da casa: romances, livros de poesia, volumes alusivos à Sagrada Escritura, etc. Foi regente de banda. Tive tio violonista; tio que tocava lindamente uma clarineta; tia que dedilhava com arte um bandolim; o irmão mais velho foi um grande poeta, trovador, Jefferson Leão de Almeida; tenho primos compositores, romancistas, cronista, cartunista, que foi produtor de programa da TV Globo. Meus pais e avós, até ao dar nomes aos filhos e netos, eram influenciados pela história, pela literatura... Desde criança já fazia versinhos, escrevendo a carvão, na parede da cozinha... Na época de lua cheia, passava o dia criando trovinhas para cantar na brincadeira de roda e ciranda, debaixo do grande cedro da praça. Era costume de antigamente...

Portuguesa? Frei Walter: Uma lástima. Eu lamento como professor da área há mais de quarenta anos. A Internet, até certo ponto levou a isso, por causa do mau uso dela. Ela é um engodo!... Língua se aprende no esforço, não na facilidade como é hoje. Língua, cultura se aprendem, sobretudo, pela leitura. Lendo um livro desde a capa até o ponto final. Nada substitui a leitura-leitura!... O Google está matando nossa gramática, e muita coisa mais... O jovem virou escravo do computador, do celular. Quem manda, infelizmente, é a máquina. Esses inventos se tornaram um vício, uma droga.

Comunicações – Quantos anos es-

teve como professor em Agudos? Frei Walter: Agudos me marcou em todos os aspectos. Paisagem maravilhosamente bucólica; os mestres que tive no Seminário eram humanos, dedicados, zelosos, davam prêmio ao esforço e daquela disciplina que nos exigiam. Mais tarde, voltei a Agudos, como professor, diretor e guardião do gigante Seminário Santo Antônio. Sentia-me plenamente seguro da bagagem recebida. Somando o tempo em que fui seminarista lá com meu tempo de serviço, são 28 anos de Agudos, uma vida! Agudos foi e é a minha paixão! Dói-me não vê-lo mais como seminário, escola, casa de formação. É a vida!... A história traça coisas...

Comunicações – Como nasceu sua

vocação? Frei Walter: Jamais pensara em ser padre, franciscano. Aliás, minha mãe me disse, um dia: nunca rezei para filho meu ser padre. Embora, meus pais e avós sempre foram muito religiosos. Vale dizer, meu tronco foi e é de seiva sagrada! Meu avô materno foi vicentino a vida toda, até a longevidade... Foi sacristão até aos 87 anos. Em nossa

casa, meus pais moravam com ele e herdamos a grande casa colonial. Era a casa dos pobres, a qualquer hora. Em casa não se cozinhava somente para os de casa, mas para sobrar e matar a fome dos pobres que a nós recorriam. Vivi isso, em minha infância... Minhas vovós eram referência. Elas foram referência de amor e caridade no nosso bairro e, principalmente, em nossa rua. Ninguém, em minha infância, nunca precisou de me mandar ao catecismo ou à missa. Sempre fui porque eu quis, e até procurava. Desde oito anos entrei na Conferência Vicentina. Mais tarde fui Legionário de Maria. Como se percebe, sempre fui voluntarioso, senhor de mim mesmo! Tudo fiz e faço, porque quero, e com dedicação! Acredito, amo as coisas que a vida, a estrada me propõem! E as administro, à luz do meu ideal, de minha fé. Em vários poemas tenho registrado isso, nas entrelinhas. Pelos fins de 1957, fazendo carreira no Exército, em Juiz de Fora, numa missa, no dia de Cristo Rei, presidida por um frade dominicano, morador da cidade, durante o sermão, senti em minha mente e coração: E se eu fosse isso?!... Foi como se uma pedrada me tivesse ferido; e, de fato, sangrou-me até hoje! Reconheci ter sido um chamado de Deus! Daí para frente vem OUtUbRO de 2019 – comunicações

691


fraternidades

causa medo! Sigo valores. E quando um valor, ou valores, por exemplo: a fé, o ideal são alimentos, nunca o medo vence. O que poderia, quem sabe, causar-me medo e trazer veneno, eu o gerencio com o antídoto da verdade!...

história e mais história, peripécias para conseguir desligar-me do Exército, de namoro indo para noivado, até conseguir um seminário... Foi difícil, pois os reitores de seminário tinham preconceito contra gente grande, militar... Mas, uma ideia eu tinha: Não quero ser padre destes de batina preta! Não por preconceito. Vou encontrar. Cheguei a escrever para José Mojica, no México. Por fim, depois de relutância, Agudos me deu boa notícia... Graças ao Frei Marcelo Gomes de Castro... Grande exegeta, em Petrópolis...

Comunicações - Vale a pena ser

franciscano? Frei Walter: Sim, vale e muito! Se tivesse que recomeçar, recomeçaria novamente. Sou de enfrentar qualquer subida no caminho! E sempre acredito vencê-la. Sei que é Deus o vencedor! A vontade fica com ele, eu a administro, e certo da coroa... Francisco de Assis é a minha paixão! Amo tudo que encontro pelo caminho e que traga a marca de Francisco.

Comunicações - O que lhe causa

medo hoje? Frei Walter: Conheço-me. Nada me

692

comunicações – outubro de 2019

Comunicações: Que esperança tem no seu país? Frei Walter: Nunca é tarde, há de surgir alguém, homens que hão de deixar que o Senhor modele o seu coração, sua missão sagrada: a Política. Comunicações - Qual o futuro da

educação hoje? Frei Walter: Educação se pauta pela disciplina. Sem essa, não se encontra a ordem, somente a desordem, a confusão. O provérbio diz: - É de pequenino que se torce o pepino... Dizia Ghandi: Sem Deus não se encontra o caminho da verdade. Educação não é acúmulo de conhecimentos, mas sabor que vem do Alto... A Palavra de Deus, carta que vem do Céu, ilumina a natureza, a maravilhosa criação do Senhor!

Comunicações - O que acha do

Pontificado de Francisco? Frei Walter: Ele é um iluminado! Veio na época certa! Deus tem o domínio do caminho, o poder sobre tudo e todos! O mundo espera muito dele, e eu também... Não seremos abandonados! Oremos por ele, pelos seus assessores!

Comunicações - Quais seus ídolos

na poesia e na literatura? Frei Walter: Na prosa, Graciliano Ramos; João Guimarães Rosa, a quem sempre caprichei, fazendo a exegese de suas obras. Na poesia, Jorge de Lima. Para mim, um poeta completo, abrangente... Aprecio muito Cecília Meireles.

Comunicações – Como o sr. define

o mineiro? Frei Walter: Mineiro é amor pelo chão! Amor à cultura, um apaixonado pela democracia, enfim, pela política. Ele traz política no sangue... Mineiro é um místico; amante da poesia, da cultura e é propenso ao romântico, mas atua em todos os gêneros da música. Na verdade, ele traz poesia nas veias!... Uma marca do mineiro é o valor família; mineiro é cozinha!... É tempo. Tempo para um mineiro é conversa, confabulação, fraternidade; tempo é gente, é pessoa. Para o mineiro, tempo não é dinheiro!... Embora fosse fundador de bancos... ironia da história... Mas, também com tanto ouro, diamante, ferro, pedras preciosas, teve que se defender, UAI!... Mineiro é apaixonado pela economia, até nas palavras, corta-as por parcimônia... A mágica do mineiro é esta: Ele fica assuntando para depois agir! Ele quer sempre fisgar o peixe... ter segurança.

Comunicações - O senhor mora

numa casa de formação; o que diria para um jovem que quer seguir os passos do Poverello de Assis? Frei Walter: Cristalizar na mente e no coração, na vida, uma imensa paixão pelo Santo Evangelho! Cultivar, com ardor, um grande amor pela oração, fazer dela a celebração total, sagrada da vida, sobretudo, da convivência fraterna... Jamais fugir de uma crise, dificuldade no caminho, mas, iluminar tudo e a todos. Nada se perde, tudo deve ser transfigurado. Todas as coisas concorrem para o bem daquele que ama, já dizia Paulo de Tarso!... A oração é o país da Luz. O homem, o jovem, deve ser um apaixonado, quando a causa é nobre! Deve lutar com denodo! Ser cabeçudo, ir à batalha, combater o bom combate, acreditar, guardar a fé, e ter certeza da coroa.


eItA FeStA bOA, SÔ!

Festa Caipira do Seminário Frei Galvão conquista Guaratinguetá

O

que começou como uma confraternização interna do Seminário Franciscano Frei Galvão, ganhou a praça há sete anos, com o nome de Festa Caipira, e entrou para o calendário das festividades religiosas de Guaratinguetá, a cidade natural do nosso santo franciscano Frei Galvão. Esse crescimento pôde ser visto nos três dias da sétima edição do evento franciscano (16, 17 e 18 de agosto),

que para o guardião da Fraternidade e Secretário para Formação e Estudos da Província da Imaculada, Frei João Francisco da Silva, superou a do ano passado. São Pedro entrou no time de 100 voluntários e ‘doou’ dias ensolarados e noites frias, porém agradáveis. O cenário bem franciscano, com a belíssima fachada do Seminário e a gigantesca imagem de Nossa Senhora de Fátima e os pastorinhos,

ganhou enfeites de bandeirolas no céu e uma decoração bem típica para as barracas e o palco principal, com tecidos de chita em florais, xadrezinhos e poás. Tudo foi preparado com muito esmero, carinho e zelo como se podia ver nos enfeites das mesas, nos enfeites das tijelinhas de isopor para servir os caldos, nos cartazes e até nas fichas. A Festa tinha uma identidade visual. No centro das barracas, uma tenOUtUbRO de 2019 – comunicações

693


fraternidades

da chamou a atenção dos participantes. Um sultão colocava nas mãos de um frade os dizeres “Paz e Bem”, enquanto outro rezava diante do crucifixo de São Damião. “Queremos também expressar nosso carisma em cada festa. Por isso, sempre trazemos um tema e um espaço franciscanos, para que as pessoas possam conhecer um pouco do carisma. Desta vez, na tenda estão as explicações do tema dos 800 anos do encontro de Francisco de Assis com o Sultão, celebrado neste ano pela Ordem Franciscana. Trata-se de um momento de espiritualidade para apresentar nosso carisma, a nossa presença”, explica Frei João, lembrando que inicialmente o evento era apenas popular. “Aí incluímos a liturgia de uns cinco anos para cá”, explicou o guardião. Às 17 horas, as Missas abriram as festividades. Neste final de semana, a liturgia, tanto no sábado como domingo, celebrou a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. O mestre dos Postulantes, Frei Jeâ Paulo Andrade, presidiu a Missa do sábado, exortando que nos coloquemos “no serviço pleno, generoso, da forma como Maria realizou, e nos sintamos também bem felizes por carregarmos dentro de nós uma parcela do Senhor, uma vez que também nós somos imagem e semelhança do próprio Deus. Somos espelho desse amor maternal, desse chamado que Deus faz a cada um de nós”, disse. Serviço teve o Mestre, que durante os três dias, trabalhou para garantir os sanduíches de linguiça, um dos mais procurados. Segundo Frei João, da estrutura da festa fizeram parte 20 barracas de comes e bebes, uma área de lazer com brinquedos gratuitos para

694

comunicações – outubro de 2019

as crianças e o palco principal para os shows com artistas regionais, que animaram os três dias. O casal de voluntários, Marcelo Augusto e Rosane Macedo, definiu bem o ambiente. “O que nos motiva é acolhida que o Seminário proporciona ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Nós somos, eu e minha esposa, responsáveis pelo setor de Guaratinguetá e sempre fomos muito bem acolhidos pelos freis. É uma casa maravilhosa, que frequentamos permanentemente. Por isso, estamos aqui. É uma festa familiar. Não se veem problemas, não tem

bebida alcoólica, não tem transtorno algum”, enfatizou Marcelo. O povo pôde se locomover entre as barracas e sentar às mesas. Perto do palco principal, muitos casais não resistiram ao som do forró e do sertanejo. “Não temos ambição de ‘arrebentar’, mas fazer o que podemos dentro do espaço que temos, dentro do contexto que vivemos. No futuro, isso até pode acontecer em consequência desse embrião. Mas esse crescimento virá sem estresse, sem correrias”, disse Frei João, que procurou manter os preços acessíveis a todos. “Justamente porque pensamos na comunidade e nós

queremos que ela venha e participe conosco. Nós estamos numa região carente da cidade, temos consciência disso. Então, temos uma dimensão social também aqui. A Festa não é para promover o Seminário, mas a nossa espiritualidade”, ressaltou Frei João, que devido a isso criou uma área de lazer com brinquedos para as crianças mais carentes. Frei João, contudo, lembra que não dá para fazer festa sem o retorno financeiro. “Claro que é uma forma de ter uma ou outra entrada que possa ajudar na manutenção da casa. Na alta temporada, passam por aqui em torno de 7 mil romeiros. Todo o trabalho de acolhimento, as pílulas Frei Galvão, a manutenção da casa, é conosco. Tudo o que envolve o acolhimento é conosco. Então, isso tem um custo: energia, água, limpeza, organização e os colaboradores. Por outro lado, a Festa dá uma visibilidade para a casa, para o Seminário. Então, o Seminário tornou-se um espaço de referência. A Festa tornou-se uma grande estratégia de divulgação para que as pessoas venham conhecer o Seminário. Então, há pessoas que vêm os três dias da festa. Veja só! Neste final de semana há três festas na cidade. E, mesmo assim, o movimento foi grande. As pessoas gostam do espaço”, acredita o frade. Segundo Frei João, na sua origem, tudo começou com uma festa interna com a comunidade. “Os voluntários que nos ajudam na liturgia já se reuniam, no tempo em que Frei Daniel Dellandrea era o guardião, lá embaixo, próximo da horta. Ali se fazia uma fogueira e cada um trazia um prato preparado para a confraternização da comunidade. Depois, o Frei Daniel


Fraternidades

foi transferido e, no ano seguinte, fiz a proposta para a Fraternidade e para a comunidade: ‘Vamos fazer a festa junina de confraternização aberta, na praça, para todos participarem’. Então, em 2013, fizemos a primeira festa na praça, por pedido e sugestão da comunidade, que já tinha uma festa no Seminário, como está registrado nas Crônicas do Seminário. No Capítulo de 2013, a Fraternidade apoiou e nós montamos uma comissão de frades (eu, Frei Soneca e Frei Marco Antônio dos Santos) para pensar a festa e outros eventos. A partir daí, convidamos as equipes de Nossa Senhora, a OFS, o grupo de liturgia da comunidade e algumas lideranças que frequentavam o Seminário”, explicou Frei João. Segundo ele, a festa não pôde ser

em junho porque a data estava próxima e o mês de julho se tornou inviável por causa das férias dos postulantes. Agosto foi o mês escolhido para a Festa que foi batizada de Caipira. “A Festa começou como uma aventura porque não tínhamos absolutamente nada. Não tínhamos ideia de quantas pessoas viriam, não tínhamos dinheiro, estrutura, não tínhamos nada. Foi tudo feito na base da ‘gambiarra’, da improvisação. Mesmo assim, 100 pessoas participaram e aí, na avaliação, achamos interessante o envolvimento das pessoas que aderiram, além daqueles que já estavam conosco e ainda hoje permanecem. Decidimos, então, continuar”, contou. “Outras pessoas passaram a participar. Então, a cada ano, o nú-

mero de pessoas foi aumentando. As pessoas perceberam a nossa seriedade e foram oferecendo ajuda. Me lembro que D. Ivete, já falecida, nos doou todos os fogões para a primeira festa. Na época nós compramos e ela fez questão de pagar. Nós ganhamos também todas as ferragens para montar as barracas. E aí só fomos adaptando a estrutura para chegar ao que existe hoje. No pátio não tinha iluminação. Esta era feita com fiação improvisada. Com o passar do tempo, investimos e fechamos o circuito de iluminação da praça. Ou seja, a Festa tem contribuído muito para o Seminário em termos de conquistas”, reconhece o guardião. Frei João informa que hoje, para cada noite, cerca de 100 voluntários

outubro de 2019 – comunicações

695


fraternidades

estão de prontidão. “Sexta, sábado e domingo se revezam para ajudar nas barracas. Sem essas pessoas não teríamos condições de fazer a festa”, fala agradecido. “Eu acho interessante essa proximidade com os voluntários porque não somos uma Paróquia, não somos um Santuário. Muitas pessoas passaram a frequentar mais o Seminário e a ter uma participação maior na nossa vida interna, no sentido de atendimento aos romeiros. Com a diminuição de postulantes, nós estamos agregando um grupo de 30 voluntários. Eles se revezam nos finais de semana para atender os romeiros, sobretudo na lojinha. E quando há uma atividade, é só convidar que eles vêm”, acrescentou o frade. Em contrapartida, o Seminário propicia formação para eles. “A cada dois meses temos um encontro de formação. No primeiro deste ano, trabalhei o Plano de Evangelização da Província, e, no segundo, o tema do diálogo, tendo em vista o Jubileu do ‘Encontro de Francisco e o Sultão’. O Frei Edvaldo Batusta Soares destacou o tema da mensagem franciscana “Paz e Bem”. Nós já tratamos de outros temas franciscanos, como o Tau, a Cruz de

696

comunicações – outubro de 2019

São Damião. São quatro encontros por ano”, adianta Frei João, que também realiza dois bingos no ano (um no primeiro semestre e outro no segundo). Graças a iniciativas como estas, o Seminário está sendo reformado. As fachadas estão como novas. “As calhas não estavam funcionando de acordo e a água vazava para fora, deixando manchas e umidade dentro do prédio. Além disso, as paredes estavam muito deterioradas. Agora, com a pintura da fachada, percebemos que há um calçamento no entorno do prédio que está todo

comprometido. Então, precisa ser recomposto”, explicou Frei João. Uma grande reforma foi feita na ala externa onde está o acervo de presépios e os espaços dos colaboradores. Um dos dormitórios ganhou cinco quartos coletivos, com capacidade para hospedar 12 pessoas, assim como os banheiros, que exigiram uma reforma profunda. Sobrou espaço também para a criação de uma sala capitular. Segundo Frei João, falta restaurar a imagem de Nossa Senhora de Fátima, mas são projetos para o futuro. “Estamos cuidando do que é emergencial”, informa.


Fraternidades

“Mas disso tudo, o que fica é justamente essa convivência, essa partilha de vida, esse espaço de acolhimento. No caso de uma necessidade, eles sabem que vão bater aqui e vão encontrar alguma segurança conosco. Isso acontece regularmente: confissões, exéquias, celebrações, orientação. Então, o que fica desse momento da festa, que é o maior evento ao longo do ano no Seminário, é justamente essa partilha de vida, essa convivência, essa aceita-

ção daquilo que é próprio de nosso carisma. O grande saldo dessa Festa é essa amizade, essa relação saudável, essa participação ativa dos leigos na vida do Seminário e do Centro de Acolhimento dos Romeiros”, completou Frei João. O Seminário Frei Galvão abriga a etapa do Postulantado, onde oito jovens fazem o ano de preparação para ingressar no Noviciado. “É uma experiência grandiosa este evento. Ouvi de pessoas que o nosso carisma

chama atenção até nas festas”, disse Bruno Dias. Para Frei Claudino Dal’Mago, vice-mestre, a Festa foi abraçada pela Fraternidade do Seminário - frades e postulantes - e se caracteriza principalmente pela confraternização. “O serviço que esses voluntários e colaboradores prestam aqui é o mesmo que prestam junto às suas famílias. Há um empenho, uma animação muito grande. Eles se envolvem mesmo”, avalia.

outubro de 2019 – comunicações

697


fraternidades

FIINHA: “PATRIMÔNIO” DO SEMINÁRIO Durante mais de 50 anos, gerações de postulantes e seminaristas passaram pelo Seminário. Nas Missas diárias, em meio a eles, está lá, quietinha e sorridente, a Fiinha, o apelido carinhoso de Maria Aparecida da Silva, que no próximo dia 19 de setembro vai comemorar 76 anos de vida. Faltou um ano para ter a mesma idade do Seminário. E o mais incrível: viveu próximo desta casa de formação franciscana por 76 anos. Segundo ela, nos 16 primeiros anos de vida, a família morava na Vila Brasil, mas a mãe a trouxe, ainda “bebezinho”, para conhecer o Seminário Frei Galvão. “Eu nasci na Vila Brasil, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes. Fiquei lá até os 16 anos, mas minha mãe queria morar perto do Seminário para poder ir à Missa sempre. Então, viemos para cá em 1959”, contou. Fiinha, que ganhou o apelido da mãe, mora hoje na Vila São José, bastando atravessar uma rua para estar no Seminário. Ela não se casou mas vive com quatro sobrinhos. “Meu irmão continua no local de origem de nossa família e quatro sobrinhos moram comigo. Cada um tem a sua casinha. Parece casa de coelho. Entra numa porta, sai noutra”, diz sorrindo, como é própria dela. “Tenho um capela de Nossa Senhora Auxiliadora, que o Frei Jeâ foi lá abençoar. Eu ganhei essa imagem de Frei Alcides Cella. O meu irmão trabalhou, em 1985, no Seminário como pintor e minha cunhada gostou muito da imagem. Então, Frei Alcides a doou, na Semana da Família, para nós”. Fiinha garante que lembra bem de todos os seminaristas que estiveram na sua comunidade e na sua casa. “Conheci pelo menos uns 30. Dom Jaime Spengler trabalhou com a gente; Dom Johannes; o Frei Samuel

698

comunicações – outubro de 2019

(Ferreira de Lima), o Frei João Francisco; o Frei Jeâ e outros. Também conheci os freis que moravam aqui. O difícil é guardar os nomes de todos os seminaristas. Teria que fazer um relatório”, brinca (risos). Mas quem pensou que Fiinha é devota só de São Francisco ou Frei Galvão, seu conterrâneo, enganou-se. “Eu sou devota de todos os santos. O Pe. André Gustavo diz que o céu desceu na terra, porque em casa tenho todos os santos que preciso. Cada dia homenageio um santo”, garante. “Os santos ajudam muito a gente e o carinho das pessoas ajuda muito uma pessoa idosa. A gente tem que ter atenção e carinho das pessoas. Isso fortalece o nosso ego e não ficamos pra baixo. Tanto dou carinho como recebo. Eu trato bem todo mundo.

Desde uma criança até uma pessoa idosa. Qualquer um. Eu amo a todos”, ensina, fazendo uma ressalva: “A gente gosta mais da pessoa com quem convive. Eu falo para o Frei que aqui é minha segunda casa. Mas em tudo o que precisei, o Seminário me socorreu. O Frei Samuel me ajudou a tirar o ‘Cartão do Marrom’ para não pagar ônibus. Eu não pago passagem há 8 anos. Eu viajo, eu trabalho, eu rezo. Eu vou a Lorena, eu vou a Aparecida uma vez por semana na Basílica. Enquanto Deus me der perna para andar, eu não paro”, garante. Para ela, Deus deu-lhe um grande presente: poder morar perto dos Franciscanos. “Eu posso vir à Missa todo o dia. É só atravessar a rua. É aqui pertinho. Quando trabalhava fora, não tinha como vir à Missa todo


Fraternidades

dia. Só tinha uma folga aos domingos. Sou grata aos freis que me ajudaram na minha aposentadoria. Em 1996, eu trabalhei durante 7 meses para completar o tempo de aposentadoria. Frei Paulo César Ferreira, que mora no Convento da Penha, e o falecido Frei Carlos Pierezan me ajudaram. Diziam: ‘Vamos dar um jeito de arrumar a aposentadoria para você. Já está com 28 anos pagos e com 57 anos’. E deu certo”, contou. Fiinha lembra que em 2011 levou um susto. “Sofri um acidente e fiquei entre a vida e a morte. No dia 1º de novembro, estava indo para a aula de artesanato, de ginástica e música. Não havia nenhum carro e comecei a atravessar a rua. Quando estava com o pé na guia, um carro veio com tudo para cima de mim e me prendeu debaixo dele. Eu sobrevivi. O Frei Claudino disse que eu ressuscitei, porque a batida foi forte. Ainda não paguei meus pecados. Tenho que esperar mais um pouco. Deus está sendo misericordioso comigo”, diz, esbanjando simpatia. Segundo ela, esse lucro é porque Deus chamou sua mãe, Maria Inácia Soares, aos 54 anos, e o pai, Pedro Gonçalves da Silva, aos 64 anos. O meu irmão mais velho morreu aos 51 anos com cirrose. Ela e seu irmão caçula já passaram dos 70 anos.

“Última bolacha do pacote”

Fiinha conta que a chamam de “patrimônio” por causa de Frei José Carlos, natural do bairro Pedregulho. “Eu cheguei uns 20 minutos atrasada para a procissão na Nossa Senhora da Glória. Aí ele falou assim: ‘Enquanto o patrimônio não chega, a gente não

começa a procissão’. Mas eu não sabia o que ele estava falando. Eu pensei que era gente lá do Rodrigues Alves... Aí eu fiquei quieta, mas ainda assim intrigada, e perguntei: ‘Frei, mas de que patrimônio que o sr. está falando?’. Ele respondeu: ‘Você’. Eu disse: ‘Credo, Frei!’ Aí ficou patrimônio! O Frei Walter Hugo pega no meu pé. Disse que quando eu morrer vai fazer uma estátua minha e vai pôr lá no Mausoléu dos frades”, conta rindo. Por esse carinho dos frades, ela é muito grata. “Eles gostam muito de mim. Eu não faço nada por merecer. Eles gostam de mim do jeito que eu sou. Às vezes falante, às vezes pertinente, às vezes chorona. Até os funcionários me tratam muito bem. Então, eu estou me sentindo a última bolacha do pacote. Já viu. Só tem uma e todos ficam disputando ela. Estou me sentindo assim...” (risos). Sua felicidade é ser lembrada por um frade que vai ser ordenado e lhe envia um convite para sua ordenação. “Já fui umas 8 vezes a Santa Catarina

por causa das ordenações. O Frei Edvaldo (Batista Soares) até agora cobra, porque ele foi ordenado na Bahia. Aí mandou o convite numa época que estava com uma ‘crise de coração’. Não podia viajar. Ele cobra até agora!”, lembra. Para ela, São Francisco de Assis é “um frei” que imitou bem a Jesus Cristo. “Tanto que ele recebeu as chagas de Cristo. Depois tem uma imagem que Jesus tira o braço da cruz para abraçar São Francisco. Então, eu acho que ele é um santo humilde, prestativo. É um santo que adora a natureza. Qualquer religião tem uma devoção por São Francisco. Eu já conversei com muitas religiões que falam de São Francisco, como os evangélicos, os espíritas”, revela. Fiinha diz que vem à Missa de domingo a domingo: “O Frei brinca que eu tenho ‘carteirinha de Missa’. Só na quarta-feira (dia livre no Seminário) que eu vou à Missa do meio-dia na Catedral”, ressalta, mostrando a aliança que tem o nome de Jesus gravado. “Eu não casei mas sou uma pessoa realizada. Eu já namorei. Esse anel, eu ganhei de um namorado dos três que tive. Depois que separamos, ele deixou eu ficar com o anel. Ele disse: ‘Você tem o dedinho tão pequenino, que não tem moça para este anel’. Guardei o anel e esqueci dele. Soube que este namorado tinha falecido e então peguei o anel e perguntei a Frei João o que eu faria com ele. Ele me aconselhou a gravar o nome de Jesus e o abençoou pra mim. Está fazendo uns 5 meses que eu só tiro o anel para trabalhar”.

Moacir Beggo outubro de 2019 – comunicações

699


FRAteRNIdAdeS

Em romaria, benfeitores acolhem nova equipe do PVF

A

nimados pela espiritualidade mariana, os benfeitores do Pró-Vocações e Missões Franciscanas (PVF) reuniram-se no domingo (15/09) em romaria ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. O “Dia com Maria e Frei Galvão” inclui uma visita ao Seminário Franciscano Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), onde funciona a etapa do Postulantado da Província Franciscana. Antes das 7h da manhã, os 48 benfeitores chegaram ao Convento São Francisco, em São Paulo (SP), de onde seguiram para a cidade de Guaratinguetá. Desta vez, foram os benfeitores que acolheram os novatos na romaria. Esta foi a primeira atividade externa do PVF conduzida pelos dois frades que compõem a nova equipe: Frei Robson Luiz Scu-

700

comunicações – OUtUbRO de 2019

dela, o novo coordenador, e Frei Leandro Costa Santos. Frei Alexandre Rohling, que segue na equipe, estava animando o encontro de benfeitores em Vila Velha (ES). No Seminário, os participantes foram acolhidos pelos frades, postulantes e funcionários. Um café da manhã incrementado reanimou as forças dos romeiros. No local, ouviram sobre a história do Seminário, as vocações

franciscanas e o padroeiro local. Frei Edvaldo Batista das Chagas ofertou aos benfeitores as pílulas de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. O segundo destino dos romeiros foi o Porto Itaguaçu, uma das novidades do “Dia com Maria e Frei Galvão” deste semestre. Foi neste local que a imagem de Nossa Senhora foi encontrada pelos pescadores há 302 anos. Frei Robson presidiu a Celebração Eucarística na capela local, com uma vista panorâmica para o rio Paraíba do Sul. Em sua homilia, o frade destacou a misericórdia de Deus – tema central das três parábolas apresentadas na liturgia do 24º domingo do Tempo Comum – e a generosidade de Deus, que é capaz de tornar o ser humano generoso. Falando sobre os benfeitores, Frei Robson testemunhou: “Quando nos aproximamos de Deus e experimen-


Fraternidades

tamos sua generosidade, começamos a ser generosos. Vocês, benfeitores, comunicam para nós, franciscanos, a generosidade de Deus”, afirmou o coordenador do PVF. “Os benfeitores tornam-se sinais da promessa de Deus a cada um daqueles que deixam pai, mãe, família, por causa do Reino: receberão cem vezes mais! Vocês nos concedem tudo isso que precisamos”, agradeceu Frei Robson.

UMA EXPERIÊNCIA POSITIVA

Para as benfeitoras Cleonice e Maria de Lourdes Ribeiro, a nova equipe de frades do PVF foi aprovada! “Os frades foram muito atenciosos, nos trataram muito bem”, relataram as já experientes participantes das atividades promovidas pelo PVF. Para o casal Izabel e Rodrigo, que vieram pela primeira vez na romaria, a experiência foi positiva. Eles elogiaram a organização e a acolhida no Seminário Frei Galvão. Numa avaliação breve, o novo coordenador do Pró-Vocações destacou a calorosa acolhida aos benfeitores. Para ele, a romaria recorda o espaço especial que Maria ocupa na espiritualidade franciscana. “O fato de virmos a Aparecida nos remete sempre à experiência que os frades têm em relação a Nossa Senhora. Desde o início, ela foi para Francisco a Senhora e a Rainha da Ordem”, ressaltou o frade. Para Frei Leandro, marcou a simplicidade do evento e a responsabilidade de caminhar juntos em romaria. “A todo tempo, somos responsabilizados por conduzir o povo para junto do Pai. Seja numa oração, numa Celebração Eucarística, ou numa romaria como esta. Tal experiência me faz mais consciente e convocado a essa missão. Conduzir sempre”, pondera o frade. Para ele, o “Dia com Maria e Frei Galvão” o fez lembrar a imagem de Moisés na travessia do deserto com

o povo, recordando a exigência de todo caminho espiritual. “É preciso conduzir doando-se, carregando os que estão fragilizados por algum motivo. Escutando à medida em que se caminha, descobrindo um ao outro em cada momento, em cada passo”, refletiu. Segundo Frei Leandro, o papel dos que trabalham junto aos benfeitores é animar o povo que está sedento de Deus. “Que Deus, Maria Santíssima e Frei Galvão nos possibilitem mais outros momentos como estes”, conclui Frei Leandro.

Érika Augusto

outubro de 2019 – comunicações

701


FRAteRNIdAdeS

Igreja Matriz de Xaxim é reaberta aos fiéis

A

Igreja Matriz São Luiz Gonzaga de Xaxim é, certamente, um ícone da fé cristã católica tanto para os quatro municípios atendidos pela Paróquia: Xaxim, Lajeado Grande, Marema e Entre Rios, quanto para a região e mesmo para o Estado de Santa Catarina. Idealizada a partir da presença dos Freis Franciscanos (OFM), a construção teve a sua Pedra Fundamental lançada em 1947, sendo que a sua inauguração ocorreu no dia 06 de janeiro de 1951. Desde a sua construção, a obra conserva as marcas características da arte neogótica, notável pela sua arquitetura, ao estilo das grandes catedrais brasileiras e europeias, contendo arcos e abóbadas ogivais, ou

702

comunicações – OUtUbRO de 2019

seja, arredondadas, com arcos finos e longos, além da presença de vitrais. Após tantos e tantos anos, a Igreja Matriz precisou passar por processo de reforma e restauro, mais amplo e complexo, envolven-

do a substituição do piso original, a troca de toda a fiação elétrica, a instalação de um novo sistema de som, bem como a recuperação dos bancos de madeira, que por sinal estavam bastante danificados.


Fraternidades

Diante desse propósito, as obras tiveram início nos primeiros dias do mês de maio deste ano, e avançaram até os últimos dias do mês de agosto, quando, na noite do dia 31 (sábado), as portas da Igreja Matriz foram reabertas para os fiéis, durante uma belíssima Missa de Ação de Graças. Vale ressaltar que todo o piso original, que foi substituído, recebeu peças idênticas, sob medida, confeccionadas de forma artesanal, trazidas do Estado de São Paulo, exatamente para preservar a originalidade da obra. Os bancos foram todos reformados e envernizados, bem como as portas, que foram lixadas e envernizadas. Foram vários dias e mesmo meses de expectativa, até as obras serem concluídas e os fieis finalmente poderem retornar à casa de oração por excelência, no in-

terior da qual todos e todas são animados pela Palavra, a uma vida de comunhão eclesial e de testemunho cristão à sociedade e ao mundo. A Santa Missa celebrada no dia 31 de agosto teve início às 19h, com representantes de praticamente todas as comunidades, dos quatro municípios atendidos pela Paróquia. Frei Gilson Kammer, atual pároco, também foi o presidente da celebração, concelebrada pelos Freis Jacir Zolet, Vanderlei da Silva Neves e Evaldo Ludwig. A celebração teve a cobertura de uma rádio local, sendo transmitida via redes sociais. A alegria, o entusiasmo e a animação dos paroquianos eram visíveis. Afinal, celebrar a Eucaristia é sempre um momento único e festivo na vida de fé do povo. Ainda mais quando a beleza da casa (igreja) reflete o trabalho, o empenho

e a participação de todos/as em vista do cuidado, da preservação e do bem querer para com a casa de Deus e que, por extensão filial, também se torna a casa de todos nós, filhos e filhas suas. Certamente, todo o trabalho realizado em favor desse patrimônio religioso e cultural, com mais de meio século de existência, quer ser a expressão concreta de fé de um povo, construída, cultivada e preservada de geração em geração, até o presente e, sem dúvida alguma, para as gerações futuras. Rogamos que os padroeiros, São Luiz Gonzaga e Nossa da Saúde, continuem intercedendo, animando e fortalecendo o seu povo na fé, para que ela nunca esmoreça, mas sempre mais cresça e produza muitos e bons frutos.

Valnei Brunetto

A 7ª edição das Missões Franciscanas da Juventude será em Xaxim (SC) entre os dias 29 de janeiro a 02 de fevereiro de 2020. O Tau das Missões Franciscanas da Juventude já começou a percorrer toda a Paróquia . O município de Entre Rios foi o primeiro a receber este símbolo das Missões.

outubro de 2019 – comunicações

703


FRAteRNIdAdeS

cRb NÚcleO de PetRÓPOlIS

“A mística de viver em comunidade como anúncio do Evangelho”

N

o sábado (17/08), realizouse na Escola Doméstica Nossa Senhora do Amparo em Petrópolis (RJ), o III Congresso da Vida Religiosa dos núcleos da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) de Teresópolis e Petrópolis (RJ). “A mística de viver em comunidade como anúncio do Evangelho” foi o tema que serviu como base para as reflexões. Religiosos e religiosas de várias Ordens e Congregações marcaram presença no evento, além do Bispo da Diocese de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, OSB. Na parte da manhã, Frei Fernando de Araújo Lima, da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, foi o palestrante e abordou o tema dos relacionamentos interpessoais caracterizados pelo afeto nas convivências familiares e em fraternidades religiosas. Começou apresentando o dinamismo da comunicação humana. Esta é de

704

suma importância para o entendimento das pessoas que se relacionam, em qualquer ambiente e situação. “A comunicação deve ser de boa qualidade, simples e clara, para favorecer o entendimento e o atendimento entre os que convivem, isto é, entender para atender. A comunicação se realiza por informações de palavras, de entonação da voz e de gestos, por isso

comunicações – OUtUbRO de 2019

é impossível não comunicar. Se não comunicamos de um jeito, comunicamos de outro, mas sempre comunicamos”, sublinhou o frade. Neste sentido, o palestrante também explanou sobre elementos básicos em toda comunicação. Segundo ele, toda mensagem emitida carrega consigo uma ordem de comportamento para o receptor, tendo assim um relato e uma ordem em toda unidade de comunicação. “Quando os relacionamentos são saudáveis, o que prevalece é o conteúdo do relato e este é facilmente compreendido pelo ouvinte; por outro lado, quando os afetos dos que se comunicam são hostis, o que prevalece é o desejo de não entender nem atender a outra pessoa, resultando assim em desencontros, interpretações distorcidas, que justificam a manutenção da distância e da hostilidade”, explicou, afirmando que as palavras e os gestos fraternos devem ser sempre


Fraternidades

em função do entendimento e da unidade, “para melhorar as situações que vivenciamos”, afirmou.

A VIRGEM É ELEVADA AO CÉU

Já no período da tarde, a programação do encontro foi alterada devido ao falecimento de umas das consagradas do núcleo de Petrópolis, irmã Eleonore Fabessogles Dabires, do Instituto Nossa Senhora de Lourdes, falecida aos 44 anos. Todo o grupo de religiosos e religiosos participou da Missa de corpo presente celebrada às 15 horas, na intenção da religiosa. Irmã Eleonore era natural de Burkina Faso, na África, e viveu sua vocação sendo missionária em vários países. Neste final de semana em que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Maria e reza pelas vocações religiosas consagradas, a missionária uniu sua Páscoa à Páscoa da Virgem Maria. A Celebração Eucarística foi presidida por Dom Gregório e foi concelebrada por Frei Jorge Paulo Schiavini, pároco da Igreja do Sagrado, Frei Willian Gomes Mendonça, OFMconv, Coordenador da CRB núcleo de Petrópolis, Frei Luís Henrique Nascimento Lima, OFMconv, mestre dos postulantes e Frei Edcarlos Hoffman, OFMcap, mestre dos noviços, contando com a participação de diversas congregações, institutos religiosos, fiéis e de sua tia Brandina Dabires, que veio de Paris, França. Na homilia, Dom Gregório explicou que Maria foi uma auxiliar no projeto de Deus. “Na Solenidade da Assunção, vemos que quem viveu toda para Deus, hoje é toda de Deus, por uma graça mais do que especial que supera qualquer entendimento teológico ou da razão humana: a virgem é elevada ao céu”, enfatizou o bispo, fazendo um paralelo com a figura da mulher no relato da criação. Lembrando a vida de Irmã Eleonore, Dom Gregório ressal-

tou que “aqueles que serviram o Senhor, a exemplo da Virgem, fazem também esta experiência de elevar-se diante daquele que é o Altíssimo, a graça abundante, a vida que não passa jamais, e a alegria que nós desejamos e que será eterna. É esta graça que estamos vivendo aqui”, explicou. “Irmã Eleonore vivia do outro lado do oceano, talvez nunca imaginasse que moraria no Brasil, e assim essa africana, representando todo o povo africano, a quem nós agradecemos, veio até aqui para nos trazer das riquezas a maior, que é Jesus Cristo, através da sua própria presença”, destacou. O Bispo rogou a Deus que na Sole-

nidade da Assunção da Virgem Maria “o nosso coração se eleve ao céu agradecendo a Deus por tão grande mulher, que resgatou para nós a humanidade enquanto nos deu, a pedido do Pai, Aquele que é Deus e que é homem”. E finalizou: “Agradeçamos ao Senhor pela Vida Consagrada, que celebramos neste dia, e o testemunho dessa irmã que sofreu todas as dores para viver todas as alegrias do Reino do Céu. Ela largou tudo, até o próprio país, para viver a riqueza definitiva e a contemplação do Reino de Deus. Vale a pena perseverar, pois quem perseverar até o fim, terá a vida eterna”, desejou Dom Gregório. No final da celebração, o bispo convidou todos os presentes, principalmente os religiosos, a caminharem em procissão até o Cemitério Municipal da cidade, em sinal de solidariedade e fraternidade às Irmãs de Lurdes, demonstrando que a Vida Religiosa Consagrada caminha em comunhão e unidade até o Reino do Céus.

Frei Augusto Luiz Gabriel e Frei Pedro Renato Pereira da Silva outubro de 2019 – comunicações

705


FRAteRNIdAdeS

Petrópolis acolhe Regional Serra-Baixada

A

706

Fraternidade São Francisco de Assis acolheu na tarde do dia 30 e manhã do dia 31 de agosto o terceiro encontro do Regional Serra-Baixada, que foi animado por Frei Ivo Müller e contou com a presença do Definidor Frei João Francisco e dos frades que compõem o Regional. Após a oração e organização da pauta do encontro, foram lidos os parágrafos 106-153 do documento “Quem tem ouvidos escute o que o espírito diz… aos frades menores hoje”

São Francisco (Campos Elíseos), partilhou-se a visita do bispo diocesano, em setembro; a Semana Franciscana, no final do mês, que contará com uma Caminhada pela Paz e uma palestra sobre o encontro de Francisco com o Sultão. Da Fraternidade Mãe Terra (Imbariê), destacou-se a ajuda solidária aos mais desfavorecidos através de cestas básicas. A Fraternidade São Francisco (junto ao ITF), manifestou a alegria de celebrar os 80 anos de vida de Frei Ludovico Garmus. Do Instituto Teológico Francis-

(CPO-Nairóbi, 2018). Em seguida, destacaram-se algumas frases do texto; e, como partilha do que foi lido, os frades refletiram sobre a necessidade de audácia e renovação constantes num mundo que muda a todo momento. Priorizar o acolhimento e proximidade entre os irmãos, ouvir e olhar a realidade interna e externa dos jovens, educar para a maturidade, promovendo uma cultura de paz e esperança em tempos difíceis. Depois, Frei Ivo convidou os confrades para fazerem uma caminhada pelos espaços da fraternidade. A seguir, as Fraternidades partilharam seu dia a dia. Da Fraternidade

cano (ITF), fez-se menção às mudanças que estão acontecendo em função da presença da nova mantenedora; dos cursos de extensão de Espiritualidade Franciscana (por Frei Fábio César Gomes), História Medieval (por Frei Sandro Roberto), Música (por Frei Ademir Peixer); e da visita dos avaliadores do MEC às instalações, que atribuiu nota 4,23 à instituição. Da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis), realçou-se o êxito das festividades do Padroeiro do Convento e Paróquia, Sagrado Coração de Jesus; o lançamento da cerveja Freibier, que ganhou uma medalha de ouro em Londres, Inglaterra; o iní-

comunicações – OUtUbRO de 2019

cio do curso de Teologia para leigos; a chegada dos confrades Honorato Gabriel e Crisóstomo Ñgala; e a despedida de Frei Jean Carlos Ajluni, que viajou para Jerusalém por motivos de estudos acadêmicos. Da Editora Vozes, Frei Edrian Pasini informou sobre a palestra de Anselm Grün e Zacarias Heyes Reis, em Petrópolis, no dia 23 de setembro, às 19 horas, que está sendo organizada pela editora. Sobre o redimensionamento em vista da unificação dos regionais Rio -Baixada e Serra-Baixada, surgiram várias propostas entre unificar ou não os dois Regionais. Para melhor consenso, Frei Edrian sugeriu que os coordenadores dos dois Regionais, juntamente com Frei Fidêncio Vanboemmel, moderador da Formação Permanente, tivessem uma conversa prévia sobre as ponderações feitas. Também se partilhou a experiência que muitos confrades tiveram ao participar do encontro do Regional do Rio-Baixada, no dia 24 de agosto, aberto às Paróquias e ao Santuário. O encontro foi bastante enaltecido pelos participantes. Quanto à partilha sobre as Missões Franciscanas da Juventude, que teve lugar no Rio de Janeiro, de 17 a 21 de julho deste ano, no geral, as fraternidades disseram que foi uma boa experiência. Até hoje ressoam os ecos das missões no coração de muitos jovens. Frei Lauro Both lembrou que a casa-mãe, na Alemanha, que enviava frades para ajudar na restauração da nossa Província está sendo entregue à diocese. O Definidor Frei João partilhou com os confrades os assuntos da Fraternidade Provincial. O próximo encontro regional acontece no dia 15 de novembro, no sítio Taquara.

Frei Canga Manuel Mazoa


FRAteRNIdAdeS

Missão Católica de Quibala celebra sua Padroeira

N

o dia 15 de setembro, a Missão Católica Nossa Senhora das Dores celebrou a festa da Padroeira. Precedida por uma novena que contemplava as dores de Maria, e realizada pelos padres e equipe missionária, teve boa participação dos fiéis nas capelas da sede da Missão e da cidade. Dores e superação são muito presentes na história da Missão Católica de Quibala. Em seus 68 anos de existência, a Missão/Paróquia Nossa Senhora das Dores tem uma história singular na evangelização. Os primeiros passos para a consolidação da missão se iniciaram na década de 40. Em 2 de abril de 1951 foi fundada pelo religioso espiritano holandês Pe. João Creyewanger, que teve como co-fundador Pe. Antônio Van Der Huck e ficou à frente da Missão de 1953 a 1982. Nessa caminhada de fé também foi derramado sangue com a morte do angolano Pe. Lino Alves Guimarães em 25 de dezembro de 1969, morto barbaramente pela PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), a polícia política portuguesa que combatia todas as formas de oposição ao governo vigente. Filho da Quibala, Pe. Lino era diocesano e vivia com os espiritanos na Missão. Nesse período, a região fazia parte da Diocese de Luanda. Foi assassinado na aldeia do Cabezo quando voltava da sua aldeia de origem após a celebração da Missa de Natal. Os religiosos espiritanos saíram da Missão devido à intensificação da guerra civil angolana em 1983, que ficou aos cuidados dos catequistas e Pe. Alfredo, de 1983 a 1991. Em 1992, os Frades Menores assumiram a Missão, tendo como responsável Frei Simão Laginski. Mas em 1998, com

o atentado sofrido por Frei Valdir Nunes Ribeiro, os frades saíram da Missão e retornaram em 2008 para darem auxílio na evangelização da Missão/Paróquia e reabrirem a Fraternidade que se tornou Postulantado em 2009. Também serviu nessa Missão o diocesano Pe. César Viana. A partir de 2002, a Missão ficou aos cuidados dos padres da Diocese do Sumbe. E tem como responsáveis, de 2002 a 2005, Pe. Dario Cunjuca; de 2006 a 2011, Pe. Marcos Paulino; 2011 a 2018, Pe. Abel João; e, atualmente, Pe. Francisco Reis Franco. Única presença católica no município, a Missão/Paróquia tem sete zonas pastorais e 115 comunidades espalhadas por toda a extensão do município. A mais distante está a 84 quilômetros da sede. Hoje, a Missão tem à sua disposição três padres da Diocese e a ajuda da equipe missionária formada pelas Irmãs vicentinas, Irmãs da Visitação de Nossa Senhora, os Frades Menores, com o apoio fiel dos catequistas locais e gerais. Desde sempre, a Igreja na sua missão evangelizadora, priorizou a pessoa humana, pois o anúncio do Evangelho passa tanto pela proclamação da Palavra de Deus como pela formação integral da pessoa. Por isso, a Missão Católica de Quibala está a

serviço da pessoa humana através da Escola Pe. Lino Alves, o internato masculino Nossa Senhora das Dores e um posto médico. Seguindo essa linha de promoção humana, no sábado, dia 14, houve pela manhã as palestras: “A juventude e a fé celebrada”, proferida pelo engenheiro Domingos Raul; e “Noções de empreendedorismo”, ministrada por Edvaldo Manuel Pinto e Celestino Siaka. Às 18 horas, na frente da capela da Fraternidade Santo Antônio, iniciamos a procissão das velas. Com Maria, Mãe das Dores, caminhamos, rezamos e cantamos com muita fé e devoção até a sede da Missão. Às 20 horas, teve início a vigília com a exposição do Santíssimo. Com muitos fiéis, no domingo, às 9 horas, tivemos a Celebração Eucarística presidida pelo vigário episcopal, Pe. Fernando Francisco. Ao final da Missa, Pe. Francisco Reis agradeceu a todos os envolvidos na preparação da festa, de modo particular os peregrinos, convidados, catequistas e autoridades. E concluiu pedindo as bênçãos e a proteção de Nossa Senhora das Dores. Em seguida, foi servido o almoço de confraternização. Que Maria, Mãe das Dores, esteja sempre ao lado do povo de Quibala!

Frei Fabio José Gomes OUtUbRO de 2019 – comunicações

707


FRAteRNIdAdeS

Missa em ação de graças pelos 80 anos do Amparo Maternal

N

a sexta-feira (23/8), a Paróquia São Francisco, na Vila Clementino (SP), acolheu com muita alegria a Missa em ação de graças pelos 80 anos do Amparo Maternal. A Celebração foi presidida pelo Cardeal da Arquidiocese de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer e concelebrada por Frei Valdecir Schwambach, pároco. Parti-

ciparam da celebração a diretoria da instituição, além das mães assistidas, voluntários e benfeitores. Em sua homilia, Dom Odilo ressaltou a bonita história da instituição octogenária, que foi gestada no coração de um médico obstetra, dr. Álvaro Guimarães Filho, de uma religiosa, Madre Marie Domineuc e do segundo arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar, que juntos fundaram o Amparo Maternal, no ano de 1939, diante de muita intolerância por parte da população, que não aceitava um local que desse suporte para as mães solteiras. Mas segundo Dom Odilo, a caridade do coração das pessoas foi a expressão

da providência de Deus para as mães em situação de vulnerabilidade. “O que pode ser realizado quando as pessoas se sensibilizam com a necessidade do próximo?”, ressaltou o Cardeal. O Amparo Maternal é uma maternidade filantrópica humanizada, que realiza aproximadamente 7 mil partos por ano. No local são acolhidas mães e bebês em situação de vulnerabilidade social. Além de aprender sobre os primeiros cuidados com os bebês, as mães também têm a possibilidade de realizar cursos profissionalizantes e de idiomas. Atualmente, a instituição atende também refugiados e imigrantes. Ao final da celebração, a diretora executiva do Amparo Maternal, Fernanda Allucci, fez um agradecimento aos presentes.

PVF: Campanha de Benfeitores Franciscanos na Cidade Imperial

O

Pró-Vocações e Missões Franciscanas fez campanha nos últimos dias na Fraternidade da Paróquia e Convento do Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Petrópolis (RJ). A equipe foi carinhosamente acolhida pelos frades da Fraternidade permanente, bem como pelos confrades estudantes do tempo da Teologia. Há um ditado popular que diz: “Se na minha casa tenho meio pão e tu não tendes nada, ambos temos meio pão”. Iluminados por estas sábias palavras, que remetem à partilha e generosidade, a equipe dirigiu-se à bela cidade para convidar as pessoas ao exercício da generosidade, com a nobre missão de ajudar na formação dos nossos jovens seminaristas e frades estudantes, assim como na ma-

708

nutenção da nossa missão franciscana em Angola, no Continente Africano. Frei Alexandre Rohling conduziu a reflexão e fez a motivação aos fiéis para fazerem parte desta mesa da solidariedade franciscana. Durante este momento, uma forte chuva, com raios e trovões, caiu sobre a cidade. O resultado foi um transformador queimado, deixando sem energia aquela e outras regiões da cidade. As últimas inscrições da noite foram feitas à luz de celular, mostrando que, mesmo na escuridão da vida, quando há solidariedade, a luz de Deus pode brilhar. O povo rezou pelos cinco frades do tempo da Teologia - Frei Canga Manuel Mazoa, Frei Santana Sebastião Cafunda, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Hugo Câ-

comunicações – OUtUbRO de 2019

mara dos Santos e Frei Roger Strapazzon que, no domingo (8/9), às 10 horas, iriam professar solenemente diante de Deus e dos irmãos os três conselhos evangélicos: obediência, pobreza e castidade, prometendo, com a graça de Deus e o auxílio dos irmãos, viver livremente por toda a vida. Aos confrades da Fraternidade do Sagrado, a nossa eterna gratidão pela generosa acolhida nestes dias. Nosso próximo compromisso está agendado para os dias 11 a 16 de setembro em Vila Velha/ES. Na oportunidade, visitaremos o Santuário do Divino Espírito Santo e realizaremos um encontro regional de benfeitores e campanha para novos benfeitores.

Equipe do Pró-Vocações


FRAteRNIdAdeS

Comunidade em Porto União celebra 100 anos e recorda presença franciscana

O

bispo franciscano Dom Severino Clasen, da Diocese de Caçador (SC) e presidente do Regional Sul 4 da CNBB, celebrou a Missa Solene que marcou os 100 anos da Comunidade São Miguel Arcanjo, da Paróquia Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, de Porto União (SC). “Hoje (1/09), vivi momentos de emoção em uma das comunidades de nossa paróquia franciscana onde, no passado, também atuei como pároco (1986-1989). A comunidade São Miguel, celebrando 100 anos de existência, homenageou os frades que atuaram nessas terras”, recordou Dom Severino, que professou na Ordem dos Frades Menores, por

esta Província da Imaculada Conceição. “O povo é muito grato aos frades franciscanos. Foram momentos de muitas alegrias, emoção e saudades. Mais um exemplo digno e heroico dos nossos frades”, atestou o bispo franciscano. A Província da Imaculada Conceição assumiu a Paróquia Nossa Senhora das Vitórias a pedido do bispo de Curitiba, D. João Francisco Braga, em 9 de maio de 1914. Frei Rogério Neuhaus tomou posse como vigário franciscano, tendo Frei Oswaldo Schlenger como

o seu 1º coadjutor. Deste trabalho evangelizador até 2005, destaca-se a construção da Matriz, do Convento, das capelas do interior, do Colégio Santos Anjos, do Hospital São Brás, do Ginásio São José e a presença das Irmãs Catequistas Franciscanas.

Vice-presidente da República visita o Convento da Penha

O

Convento da Penha, em Vila Velha (ES), recebeu na manhã da quinta-feira (29/08), o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. Ele foi recebido por Frei Alessandro Dias do Nascimento e pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. A comitiva chegou ao Campinho por volta das 9h50, sob forte esquema de segurança, com agentes das Polícias Militar e Federal, agentes da Guarda Municipal de Vila Velha, batedores da PRF, ambulâncias do SAMU, Corpo de Bombeiros do ES e até atiradores de elite. Após ser saudado por Frei Alessandro, o vice-presidente concedeu uma entrevista no palco do Convento e em seguida iniciou a subida. Passou pela Sala dos Milagres, Sala de Exposições e foi até a Capela. Lá, o general

fez questão de rezar diante da imagem de Nossa Senhora da Penha e entregar, sob a intercessão da Virgem das Alegrias, a situação do país. “Ele fez uma oração pessoal pelo Brasil, ajoelhado diante da Imagem de Nossa Senhora da Penha”, contou o frade. No interior da Capela, Mourão tirou fotos na janela mais famosa do Espírito Santo, contemplando a beleza da vista e elogiando os frades que cuidam do Santuário da Virgem da Penha. Ele conheceu um pouco da história do Convento, enquanto observava as obras de Benedito Calixto e os detalhes da construção do Santuário. Frei Alessandro presenteou as duas autoridades com livros que contam a história de fundação do Convento da Penha, desde a chegada de Frei Pedro Palácios e da colonização do solo espírito-santense.

Por fim, ao sair, o vice-presidente agradeceu a receptividade de Frei Alessandro Dias e elogiou o passeio ao Convento. “Excelente, maravilhosa a visita. O Convento é história pura. História é o que nos une, porque o passado é que faz o que nós somos hoje. É fundamental conhecer as raízes do Brasil”, afirmou Mourão. OUtUbRO de 2019 – comunicações

709


evANGelIzAçãO

Jufra-Angola realiza 9º Acampamento Nacional

D

e 11 e 18 de agosto, a Jufra de Angola realizou o 9º Acampamento Nacional na Missão Nossa Senhora das Dores, no município de Quibala, na província do Kwanza Sul. O tema proposto foi “A Fé em Fraternidade”, iluminado pela Exortação Apostólica pós-sinodal “Cristo Vive”. No domingo, dia 11, na Celebração Eucarística, às 18h30, foi feita a abertura oficial do Acajufra 2019. Frei Antônio Joaquim Ribeiro da Costa, assistente nacional, deixou claro aos participantes que o objetivo do encontro era a caminhada formativa franciscana. E refletindo sobre a festa de Santa Clara, destacou que ela não deixou o carisma franciscano se acomodar depois da morte de Francisco. Ao fim da celebração, o coordenador do Acampamento, Tomás Kalique Kalembela, deu as boas vindas a to-

710

comunicações – OUtUbRO de 2019

das as Fraternidades. E o superior da Missão Católica, Pe. Francisco Reis Franco, acolheu a todos com muita simpatia. Pediu para ficarem bem à vontade e, ao final do acampamento, voltarem para casa mais franciscanos. O primeiro dia foi de caminhada, formação e passeio. Os jovens franciscanos saíram do acampamento até a Igreja Nossa Senhora de Fátima, no centro da cidade, onde houve a exposição do tema para os jovens, conduzida por Frei Marco Antônio dos Santos, que destacou: “Se não tivermos um espírito de fé, podemos nos tornar velhos, em relação aquele que tem 80 anos de idade e onde há fraqueza, Deus enaltece a força e a luz renovada no Espírito”. Depois disso, a caminhada continuou até a lagoa Ndundundo, onde foi realizada a reflexão em grupos e o plenário. Terminado o plenário, foi servido o almoço. Na

caminhada de volta para o acampamento, foi feita uma visita à Fortaleza construída sobre uma grande e alta rocha no centro da cidade, de onde se tem uma bela vista de toda a região. No dia 13, tivemos o tema: “O mundo juvenil de hoje”, ministrado por Frei Laurindo Lauro Junior, que, iluminado pelo capítulo 3 da Exortação, ressaltou: “Os jovens de hoje vivem numa tremenda migração digital, que os afasta da família, dos valores religiosos e culturais, levando-os a uma vida solitária e sem raízes. Também refletimos sobre diversas questões da nossa vida juvenil e fomos chamados a rever a nossa forma de viver em fraternidade. Concluímos o dia com a Eucaristia, às 18h30. Na quarta-feira, após oração da manhã e pequeno almoço, o tema do dia foi: “Jovem como força transformadora”. Orientado pelo capítulo IV


Evangelização

sobre o grande anúncio a todos os jovens, Frei Fabio José Gomes lembrou o grande e afetuoso amor de Deus, presente nas três grandes verdades que, segundo o Papa Francisco, todos nós precisamos escutar sempre de novo, a saber: Deus te ama, Cristo te Salva e Cristo Vive. O período da tarde teve uma partida de futebol entre Jufra e noviços. No dia seguinte, Pe. Paulino Higino Ndala falou sobre o “Cuidado da Juventude”, enfatizando: “Jovens, tenham cuidado com a secularidade (globalização)” e “jovem, saiba estabelecer prioridades porque a alegria de vocês deve estar crucificada em Cristo”. No período da tarde, os jufristas, divididos em grupos, brincaram com as crianças,

com muita dança, cantos e dinâmicas. O tema “Discernimento e Compromisso” foi apresentado pelo Frei Ivair Bueno de Carvalho na sexta-feira: “A primeira vocação dos jovens é a vida” e “A vocação franciscana é um ser para o outro”. Neste dia, à tarde, os campistas, divididos dois a dois, visitaram, com catequistas e fiéis da comunidade Imaculada Conceição, algumas famílias do bairro Kifangondo. No sábado de manhã, houve o momento de avaliação do acampamento. A província de Luanda receberá a próxima edição do acampamento nacional junto com a celebração de aniversário dos 30 anos da Jufra em Angola, e indicou um jovem por região para a preparação do Aca-

jufra 2020. Após o jantar, os jovens tiveram uma noite cultural em volta da fogueira. O encerramento, no domingo, começou com a Santa Missa às 9h30, na capela da Fraternidade Santo Antônio, junto com os noviços e fiéis. Presidiu a celebração Frei Antônio Joaquim Ribeiro da Costa, que teve como concelebrante o mestre de noviciado Frei Marco Antônio dos Santos. Frei Joaquim pediu aos jufristas para serem sinal, comunicando o evangelho com a própria vida, e provocou: “Jufristas, a fraternidade não quer jovens voláteis nem volúveis. A fraternidade quer jovens jufristas com identidade”. Após a Missa, tivemos almoço de confraternização junto com os frades e noviços. Depois de uma semana de oração, convivência e formação, fica a certeza do crescimento da Juventude Franciscana no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a exemplo de São Francisco de Assis.

Frei Fabio José Gomes e os jufristas Leonardo Cabanda e Edwalter M. Juales outubro de 2019 – comunicações

711


evANGelIzAçãO

FIMDA: Lançamento da pedra fundamental da Matriz de Katepa

A

Paróquia dos Santos Mártires de Uganda, no bairro de Katepa, em Malange (Angola), começou a escrever uma nova página na sua história com o lançamento da pedra fundamental da nova Igreja Matriz. A celebração, no dia 6 de agosto, contou com a presença do arcebispo metropolitano de Malange, Dom Benedito Roberto, dos frades, dos seminaristas, das religiosas e da comunidade em geral. Frei Afonso Kachequele Quessongo, o pároco, deu boas vindas a todos os presentes e depois manifestou

a alegria e gratidão por esse momento histórico na vida da comunidade paroquial, dos frades e da Igreja de Malange. Dom Roberto fez uma breve reflexão a partir do Evangelho de Mt 7,2427, lembrando o fenômeno das chuvas, que são abundantes em Malange, e pediu que o templo fosse construído com cautela e prudência, como a casa construída sobre rocha: vem os ventos, as chuvas mas não a derrubam. O bispo diocesano não deixou de exortar o povo a que participe, ativa e generosamente, da construção da Igreja Matriz. Terminou pedindo a Deus

proteção e segurança dos construtores do templo. Segundo o engenheiro da obra, a igreja paroquial possuirá uma nave de 20 metros de largura e 40 de comprimento, tendo ainda banheiros, púlpito, a torre, sacristia e a secretaria paroquial. Depois da oração dos fiéis, Dom Benedito lançou oficialmente a pedra fundamental, dando início à construção do novo templo no bairro de Katepa. Todos os presentes, emocionados com este momento histórico, cantaram e aclamaram com uma salva de palmas. A maquete da igreja foi feita por Frei Heberti Senra Inácio, em 2018, quando o mesmo se encontrava em Angola fazendo o Ano Missionário. A maquete está exposta dentro da atual igreja e serve como estímulo para os fiéis colaborarem na edificação da igreja. Em Malange, a presença dos frades se localiza no bairro chamado Katepa, onde estão duas fraternidades: São Damião e Seminário Monte Alverne. Sob os cuidados da Fraternidade São Damião, estão a Paróquia dos Santos Mártires de Uganda, a Missão em Kangandala e a assistência às Irmãs Clarissas.

Pelos seminaristas Franciscanos

Frei Heberti Senra Inácio

712

comunicações – OUtUbRO de 2019


evANGelIzAçãO

Canarinhos de Petrópolis: 77 anos Quatro mil cantores. Quase duas mil missas. Centenas de concertos no Brasil e no exterior. Os números confirmam a importância do coral de meninos mais antigo do país. Sinônimo de qualidade vocal, técnica e encantamento, o Coral dos Canarinhos de Petrópolis completou em agosto 77 anos. Para marcar a data, uma Missa especial foi realizada no dia 18, às 10h, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. “Ficamos muito felizes pelos 77 anos de existência, desempenhando importante papel não só no mundo da música como também na formação destes meninos como cidadãos. Esperamos que esta missão, que tanto bem faz para quem participa, como para quem nos assiste, se perpetue”, comentou o diretor artístico do coral, o maestro Marco Aurélio Lischt. Fruto de um sonho de Frei Leto, o Coral dos Canarinhos se tornou realidade quando se apresentou pela primeira vez, em 1942, na Igreja do Sagrado do Coração de Jesus, dando início a uma belíssima trajetória dedicada à música erudita e cercada de amor, dedicação, tradição e orgulho. A comemoração pelos 77 anos foi a mais tradicional. Os Canarinhos cantaram na mesma igreja onde toda a história foi iniciada. Consagrado como um dos patri-

mônios culturais da cidade e sendo o mais antigo e tradicional grupo vocal, o Coral dos Canarinhos levou para muitas crianças e adolescentes a oportunidade de contar com um ensino musical exemplar e inteiramente gratuito. No início das décadas de 1940 até 1960, o coro tinha uma formação menor, com aproximadamente 35 cantores. As formações cresceram a partir de 1970. “Lembro que no final da década de 1990, o coro era bem grande e chegamos a dividi-lo em dois. Cada domingo, um dos coros se apresentava nas missas da Igreja do Sagrado”, recorda o maestro. Atualmente, o coral possui 65 integrantes no coro principal e cerca de 25 meninos fazem parte do curso de Aprendizes, que os prepara para ingressar no Coral dos Canarinhos.

Música como inclusão social

O Canarinhos de Petrópolis é administrado pelo Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP), instituição filantrópica, de utilidade pública municipal, estadual e federal, sem fins lucrativos, que oferece formação coral inteiramente gratuita. Além do coro de Meninos, o IMCP também administra o coro das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis, o Curso de Aprendizes e oferece aulas

particulares de vários instrumentos musicais. O objetivo do Instituto é transformar a realidade dos integrantes, por meio da integração e do convívio. As crianças e jovens que fazem parte dos coros pertencem a classes sociais variadas e ingressam nos coros aos 8 anos, permanecendo até os 18 anos. O coro é aberto à comunidade. Desta forma, todos os interessados, tanto meninos como meninas, podem ingressar no curso de Aprendizes, desde que tenham oito anos e estejam matriculados no 3º ano do primeiro segmento do ensino fundamental, em qualquer escola da cidade, tanto pública como particular.

Disciplina e dedicação

A rotina dos meninos e meninas é intensa dentro do IMCP. Os quatro anos iniciais são voltados para a formação musical, onde aprendem teoria, solfejo, ritmo e percepção musical. Neste período, passam até 15 horas semanais no Instituto. Doze horas são dedicadas à música. Na segunda fase do aprendizado, os coralistas são divididos em tenores e baixos, com aulas às quartas, das 18h às 19h30, e às sextas-feiras, das 13h às 15h. Além disso, participam de aulas de técnica vocal uma vez por semana.

OUtUbRO de 2019 – comunicações

713


evANGelIzAçãO

bOM JeSUS

Solidariedade é o amor em movimento

Para celebrar o Dia do Voluntariado, 28 de agosto, 33 alunos da 1ª série do Ensino Médio do Bom Jesus Santo Antônio, mais colaboradores, se reuniram para revitalizar o refeitório e o cantinho da beleza da Casa de Repouso Maanaim, em Rolândia. Além dos cômodos, que foram renovados com pintura, mobiliários e organização, os voluntários tiveram a oportunidade de passar uma tarde diferente, trocan-

do experiências com os cerca de 40 idosos, do total de 66, que vivem no lar. A ação aconteceu no dia 22 de agosto e contou com a participação de parceiros que viabilizaram todas as benfeitorias, inclusive o transporte. “Procuramos sempre envolver a Maanaim em nossas atividades, mas essa foi a primeira vez que a nossa participação foi tão significativa. Com certeza, esse Dia do Volunta-

riado ficará na memória de todos nós que tivemos a oportunidade de viver momentos tão especiais”, explica Patrícia Pincelli, gestora do Bom Jesus Santo Antônio. Ela pontua ainda que todos os envolvidos foram sensibilizados pelo verdadeiro sentido da ação voluntária. “Tanto nossos alunos quanto nossos colegas e os parceiros realmente doaram tempo e matéria -prima em prol da promoção da cidadania, na ânsia de contribuir para a transformação da realidade social do idoso”, observa. Parceiros do Dia do Voluntariado: CLA Construções, Marmoraria Rolândia, Depósito Rolândia, Tudolimpo, Renovar Pinturas, Atacadão das Tintas, Comercial Ivaiporã, Depósito Peça Útil, Móveis Arcanjo, Paraná Pallets, Águia Turismo, Cocamar, Angélica Paisagismo e Vidraçaria Gomes Casa Maanaim – Existe desde 2005 e, atualmente, cuida de 66 idosos. A grande maioria tem limitações físicas, transtornos mentais e/ou alguma doença senil. O lar, que dá todo apoio aos moradores, vive de doações e está sempre precisando da ajuda da comunidade.

CUIDADO FRANCISCANO COM OS ANIMAIS

FAE realiza campanha de arrecadação de ração

714

comunicações – OUtUbRO de 2019

A FAE Centro Universitário, campi Araucária, Curitiba e São José dos Pinhais, realiza, até o mês de outubro, campanha de arrecadação de pacotes de ração para cães. As doações serão destinadas a instituições beneficentes que cuidam de animais em situação de abandono ou maus-tratos.

O evento também celebra o mês de São Francisco (4 de outubro). O santo é considerado protetor dos animais e padroeiro da ecologia.


evANGelIzAçãO

FAE realiza eventos para comunidade em Araucária (PR)

No mês de agosto, a FAE Centro Universitário, campus Araucária, realizou o FAE Completa. O evento, que já acontece nos campi Curitiba e São José dos Pinhais, proporcionou aos estudantes, profissionais locais e à comunidade em geral um ambiente de troca de conhecimento, crescimento profissional e debate sobre temas rele-

vantes para o mercado de trabalho. Quem compareceu pôde acompanhar palestras, workshops, apresentações culturais, painéis, e oficinas, além de participar de conversas com especialistas e empreendedores de diversas áreas de interesse e graduações, oportunizando contato direto com empresas da região.

1º Fórum Araucária 2019

Em parceria com o Jornal O Popular do Paraná, ocorreu, simultaneamente, o 1º Fórum Araucária 2019, em celebração aos 46 anos do Centro Industrial de Araucária. O tema central do fórum foi o protagonismo da indústria no desenvolvimento da cidade.

Juliano Zemuner

Trote Solidário Os calouros do campus Curitiba da FAE Centro Universitário se dedicaram a mais uma edição do Trote Solidário, espalhando a fraternidade franciscana para toda a comunidade onde a Instituição está presente. Os estudantes angariaram ao todo mais de 100 kg de doces, 30 livros para colorir e 31 caixas de lápis de cor. Parte dessa doação foi entregue na Escola Municipal João Cândido de Oliveira, no município de Almirante Tamandaré (PR). O saldo das arrecadações será entregue a outras instituições beneficentes, parceiras da FAE. OUtUbRO de 2019 – comunicações

715


evANGelIzAçãO

Frei Gilberto participa da posse de Dom João Inácio como grão-chanceler da PUC-Campinas

O

Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom João Inácio Müller, que foi Ministro Provincial da Província Franciscana São Francisco de Assis (RS), foi homenageado na terça-feira, 20 de agosto, durante cerimônia realizada no Auditório Dom Gilberto, no Campus I da PUC-Campinas. Foi a primeira recepção oficial do religioso na PUC, Instituição da qual se tornou Grão-Chanceler, isto é, o membro mais eminente da hierarquia institucional da Universidade. Entre os presentes, o Reitor da Universidade São Francisco, Frei Gilberto Garcia, que pôde prestar homenagens ao novo chanceler. Na mesma ocasião, o novo Chanceler acolheu o convite do Reitor Gilberto para visitar a Universidade São Francisco e a Fraternidade Franciscana São Francisco de Assis, em Bragança Paulista. Segundo Frei Gilberto, há décadas já existe uma tradição de intercâmbio acadêmico e reciprocidade no diálogo entre a PUC de Campinas e a Universidade São Francisco. “O fato é que, além de mantermos esse bom relacionamento, há 14 anos,

716

comunicações – OUtUbRO de 2019

aproximadamente, também temos sido “inquilinos” da Arquidiocese de Campinas, uma vez que o principal campus de Campinas da Universidade São Francisco está em uma propriedade da mesma Arquidiocese, que tem, doravante, o Arcebispo Dom João Inácio como curador. Esse relacionamento enriquece a presença da Igreja em Campinas no campo da educação, e nós esperamos que essa relação possa se estreitar ainda mais com a presença de um arcebispo franciscano, muito querido da Província Franciscana da Imaculada Conceição”, assevera o Reitor da USF. Dom João Inácio foi presidente da Conferência dos Frades Menores do Brasil de 2007 a 2013. Após o acolhimento da comunidade acadêmica, recebendo das mãos do Reitor da PUCCamp um presente de boas-vindas, o Arcebispo Metropolitano de Campinas dividiu com o público a responsabilidade pelos trabalhos futuros. Para ele, é papel de cada um saber ouvir os corações. “Quero participar dos sonhos e projetos da PUC-Campinas, podendo contribuir com o que sou. Sou responsável pela Universidade com vocês e devemos criar coragem à altura das dificuldades. Ajudando-nos, provocando-nos, podemos ser o melhor de nós”, destacou. Dom João, natural de Santa Clara do Sul (RS), fez a profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores em abril de 1985 e foi ordenado sacerdo-

te em dezembro de 1988. Em setembro de 2013, foi nomeado pelo Papa Francisco bispo da Diocese de Lorena (SP), recebendo a sagração episcopal pelas mãos de Dom Cláudio Hummes, Cardeal Arcebispo de São Paulo. Neste ano, no dia 15 de maio, foi nomeado para a Arquidiocese de Campinas, que estava vacante, já que em 23 de junho do ano passado, o então Arcebispo Dom Airton José dos Santos foi transferido para a cidade de Mariana (MG). Na sucessão episcopal da Igreja Particular de Campinas, Dom João Inácio Müller torna-se o 8º bispo e o 6º arcebispo da Arquidiocese de Campinas A ele, nossas boas vindas e nossas orações para um exercício pleno de sabedoria na liderança da Igreja local de Campinas. Que a vida e obra de São Francisco de Assis seja a grande inspiradora em sua grande missão.


evANGelIzAçãO

USF e Rádio Imaculada de Atibaia firmam parceria

A

Universidade São Francisco (USF) e a Rádio Imaculada 107,1 FM, de Atibaia, firmaram uma parceria no mês de agosto para a produção de conteúdo. Participaram do evento de assinatura do termo o Diretor Presidente da Casa de Nossa Senhora da Paz – Ação Social Franciscana (CNSP-ASF ) e vice-reitor, Frei Thiago Alexandre Hayakawa, o Diretor Vice-presidente da CNSP e coordenador da Pastoral Universitária, Frei Vitorio Mazzuco Filho, Frei José Hugo Santos, representando a Mílicia da Imaculada, além de colaboradores. “Encontro de perspectivas evangelizadoras. Nós da Ordem dos Frades Menores e Frades Menores Conventuais atuamos no Brasil em várias frentes. Na comunicação es-

tamos produzindo conhecimento para a sociedade. O mais importante é esse encontro fraterno para potencializar as nossas ações evangelizadoras a serviço do povo de Deus”, ressaltou Frei Thiago. A USF terá um espaço semanal no Programa da Família que vai ao ar toda terça-feira às 10h. Serão produzidos conteúdos relacionados a educação, serviços e religião, sempre voltados ao atendimento à comunidade. Para Frei José Hugo, o encontro das duas instituições agrega ao carisma franciscano. “A nossa rádio tem um caráter de ser uma rádio educativa e, por lei, temos a obrigação de fazer uma parceria com alguma instituição de Ensino Superior. Pensamos numa comunhão entre a Família Franciscana, com os Frades Conventuais e os Frades Menores, a Associação Milícia

Imaculada e USF. Nós propusemos à Universidade essa parceria que vai trazer frutos a todas as entidades envolvidas. Como em Atibaia existe o pólo da USF e temos a nossa rádio, achamos importante fazer a parceria com a USF e por termos um carisma que nos une”, afirmou Frei José Hugo Santos. A programação da Rádio Imaculada foi ao ar pela primeira vez em março de 2002, alcançando Atibaia e cidades vizinhas, como Nazaré Paulista, Piracaia, Bom Jesus dos Perdões, Itatiba, entre outras. Além de transmitir diariamente o programa “A Igreja no Rádio”, das 20h às 5h, a emissora produz conteúdos próprios durante a semana, chegando bem perto do coração da população bragantina, que é composta por mais de 360 mil habitantes. OUtUbRO de 2019 – comunicações

717


evANGelIzAçãO

Frente das Paróquias promove encontro ampliado no Rio de Janeiro

N

o último Encontro dos Frades da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, ficou estabelecido que, neste ano, os encontros desta Frente agruparão as paróquias a partir dos Regionais da Província. Seguindo esta nova determinação, os Regionais do Rio de Janeiro e Baixada/Serra Fluminense fizeram o primeiro encontro unificado, no dia 24 de agosto, com a presença de frades e leigos. A Fraternidade e a Paróquia de São João Batista, em São João de Meriti, sediaram este evento que teve a adesão de todas as Paróquias e foi norteado por dois temas: “A dimensão do Desafio da Evangelização da Juventude e as novas Diretrizes da CNBB (2019-2023). O secretário para a Evangelização e Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, conduziu o encontro junto com o Definidor dos Regionais, Frei Paulo Pereira, e o coordenador do Regional do Rio/Baixada, Frei Adriano Freixo Pinto. Frei Paulo agradeceu a presença de todos e afirmou que precisamos encher o mundo de paz e bem. Usou como exem-

718

plo as Missões Franciscanas da Juventude que aconteceram no Rio em julho. Já Frei Medella acentuou que a evangelização é, antes de tudo, levar o Evangelho, que é a pessoa de Jesus Cristo. Lembrou que a evangelização da Província, desde 2012, possui cinco Frentes de atuação, a saber: Frente da Solidariedade, Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, Frente das Missões, Frente da Educação e Frente da Comunicação. Segundo ele, o Plano de Evangelização da Província preza pelo trabalho evangelizador partilhado com os leigos. Jovens da coordenação do Conselho da Juventude da Província conduziriam a reflexão matutina: Bruna, da Paróquia Santa Clara, em Imbariê; Mariana Cassiano, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Nilópolis; Bruno, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Nilópolis. Bruna apresentou o tema “a Pastoral da Juventude: um jeito de ser e fazer - somos Igreja jovem” e, segundo ela, há a necessidade de adequação à realidade, mesmo que a juventude, de acordo com o parâmetro brasileiro, seja vista entre

comunicações – OUtUbRO de 2019

15 e 29 anos e 364 dias. Nesse período, a pessoa está formando sua identidade, buscando sua independência, passando por mudanças psicológicas e físicas, e assumindo responsabilidades. “Há de se considerar que a Juventude não é singular, mas deve ser vista sempre no plural: Juventudes, pois cada realidade é diferente. É nessa diferença que se encontra Cristo e se demonstrará como será sua ação pastoral”, disse. Já Mariana, jovem da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, abordou o tema “Juventude e Missão, ser Sal e Luz”. “É preciso deixar o jovem ser jovem; deixá-lo ir em missão, aos lugares onde se encontram as fraturas sociais”, disse. E quanto a isso, Mariana deu algumas indicações de como deixar o jovem ser protagonista: 1º) o jovem gosta de se sentir útil; é necessário dar atribuições a eles, dar-lhes tarefas; 2º) o jovem precisa de motivação, é necessário confiar neles; 3º) a partir disso, o jovem constrói a amizade necessária para um relacionamento dentro da comunidade; 4º) construir e partilhar tudo da e na comunidade; 5º) e, por


evANGelIzAçãO

fim, o jovem se abre ao serviço na comunidade. Na última parte da manhã, Samuel, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Nilópolis, abordou o tema “Juventudes e Vocações: Desafios e Acompanhamento Vocacional”. Sua abordagem teve como base o documento “Cristo Vive”, do Sínodo da Juventude de 2018. Os desafios apontados sobre o tema em questão são: problemas em ter respostas pré-fabricadas e receitas prontas no tocante à juventude; não ter plena confiança no jovem e em seu trabalho; pensar que todos os jovens são iguais. Para ele, os jovens têm anseio por realizar seus sonhos e terem o protagonismo, e não querem estar à margem. As dificuldades que se observam são um certo autoritarismo, falta de confiança dos que não reconhecem a sua criatividade, além da não partilha das responsabilidades. Entretanto, faz-se necessário que o jovem seja acompanhado em seu processo de formação, e que este seja um caminho bem estruturado, e que sejam oferecidos instrumentos e oportunidades para seu crescimento. “Para isso, faz-se necessário caminhar juntos, que todos os jovens sejam alcançados, que se tenha uma continuidade no processo de estudo, e que os jovens façam realmente parte das decisões da comunidade”, indicou, como meios que podem ajudar nesse processo: o educativo, em estado de permanente formação; dedicação de tempo ao jovem; e ajuda com recursos financeiros. No início da tarde, Frei Adriano conduziu as apresentações das Fraternidades e dos leigos, com o acento no trabalho da juventude, a saber: 1. Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha; 2. Convento Santo Antônio; 3. Paróquia Nossa Senhora da Porciúncula, em Niterói; 4. Paróquia de São João Batista, em São João do Meriti; 5. Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Niló-

polis; 6. Paróquia São Francisco de Assis, em Duque de Caxias; 7. Paróquia Santa Clara, em Imbariê, Duque de Caxias; 8. Paróquia Santa Clara, em Petrópolis; 9. Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis. Frei James Girardi foi encarregado de apresentar as Novas Diretrizes da CNBB (2019-2023). Numa breve pesquisa entre os participantes, constatou-se que poucos conheciam ou sequer haviam escutado sobre o tema. Iniciou dizendo que constantemente a Igreja precisa se atualizar, e de tempos em tempos ela faz isso, adequa a linguagem para o tempo atual, justamente para que a mensagem, que é o Evangelho, permaneça a mesma. Afirmou que o acento que é dado nessas Novas Diretrizes é que as Comunidades Eclesiais Missionárias (CEM) tenham jeito de casa, de acolhida, não algo estático de paredes simplesmente, ou seja, as diretrizes falam de um jeito de ser, de uma postura que lembre e evoque a ideia da casa que acolhe, que é espaço de ternura e misericórdia. E é esse jeito que a Igreja deve assumir, de acolhida e não de julgadora, e toda sua atividade missionária e evangelizadora deve ter como pano de fundo e base essa realidade. Tomando a palavra, o moderador disse que o que foi solicitado pela Secretaria de Evangelização para este encontro era justamente isto: trabalhar os

temas da juventude e apresentar, sem muito aprofundar, o que são as diretrizes da CNBB para o próximo quadriênio, para que as paróquias, santuários e centros de acolhimento pudessem continuar o estudo; assim como apresentar o que é o Plano de Evangelização da Província; e Frei James apresentou a característica principal destas Novas Diretrizes: todos devem se sentir em casa. Essa é a tarefa de cada fraternidade: fazer com que todos se sintam acolhidos. Por último, o tema do Redimensionamento dos Regionais da Província, que seria discutido somente pelos frades, acabou na pauta deste encontro. A ideia é otimizar o número de Regionais na Província. No caso do Rio de Janeiro, as colocações foram favoráveis à unificação dos dois Regionais do Estado. Segundo os frades, esse novo formato possibilitaria maior tempo para reflexão, e que, assim, a produtividade e formação aumentariam. Não seria problema algum os frades deixarem a Fraternidade por tempo maior em vista de uma formação mais aprofundada. Também não se viram problemas com relação às distâncias. Frei Adriano concluiu o encontro com uma perspectiva positiva e agradeceu “a paciência e disponibilidade de todos” em partilhar esse momento bastante particular da vida dos frades. Frei Gustavo, em nome da Província, agradeceu a cada frade que se fez presente na reunião, além dos colaboradores que se dispuseram a estar neste dia de reflexão, e sobretudo agradeceu a Frei Adriano, que organizou e coordenou a equipe dest e encontro, “fazendo-o tão proveitoso”. Frei Adriano terminou com a oração do Pai Nosso e com a bênção sobre todos.

Frei Adriano Freixo Pinto e Frei Leonardo Pinto dos Santos

OUtUbRO de 2019 – comunicações

719


evANGelIzAçãO

Frei Ruan e Frei Odilon na Missão Marajó Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo (PAPA FRANcIScO, eXORt. AP. evANGelII GAUdIUM, 273).

A

Prelazia do Marajó recebeu dos dias 15 a 26 de julho a Quinta Missão da Vida Religiosa Consagrada Jovem, organizada pelo Setor Juventudes e Novas Gerações da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), da qual participaram 43 religiosos de 28 congregações. Após um intenso período de formação na casa de apoios da prelazia em Belém, os jovens foram enviados à cidade de Breves, onde ocorreu a divisão dos setores de missão ao longo do Rio Tajapuru. No dia 18 de julho as 19 horas, ocorreu a Celebração Eucarística com o envio dos missionários, presidida por Dom Evaristo Spengler e, no dia 19, antes mesmo do sol raiar, deu-se a partida dos

720

comunicações – OUtUbRO de 2019

missionários que foram distribuídos pelas comunidades. Ao todo, ao longo do Rio Tajapuru e seus afluentes, foram visitadas cerca de 65 comunidades, que abrigaram os missionários com uma acolhida muito calorosa, não medindo esforços para mostrar tão grande gratidão pela missão. Por outro lado, os missionários, com sua simplicidade e boa vontade, trouxeram novos rostos e sorrisos a toda a região visitada, que abriga um dos maiores índices de pobreza do país, sendo constantemente flagelada pelo descaso público, como a falta de educação, saúde e segurança. De fato, a mensagem do Evangelho ecoou sobre pontes, rios, barcos e trapiches, mas, o mais importante, atravessou os corações dos missionários que no ato de visitar, e os ribeirinhos no ato de acolher, partilharam suas experiências de fé, de vida, de Igreja. Foram várias as atividades realizadas pelos missionários. Alémdas visitas às casas, re-

alizaram-se diversas Celebrações da Palavra, Missas, Círculos Bíblicos, Recreação com crianças e jovens e breves apresentações sobre o que é o Sínodo da Amazônia, para conhecimento de todos. Vale lembrar também a presença da Cáritas Brasileira, que aproveitou do momento das visitas para fazer um levantamento de dados, que auxiliará na criação de futuros projetos. Após o retorno à cidade de Breves, o dia 25 ficou como um período de descanso e avaliação da missão. Já a volta a Belém ocorreu somente no dia 26 de julho. Talvez as malas dos missionários voltassem um pouco mais vazias, porém, o coração mal possuía espaço para tantas experiências e emoções vividas neste pequeno tempo de missão. O Rio Tajapuru é um lugar privilegiado pois abriga um povo simples, que, de coração aberto, acolheu a missão, os missionários e a mensagem do Evangelho que traz paz, força e esperança ao povo de Deus.


evANGelIzAçãO

eXPeRIÊNcIA PeSSOAl Frei Odilon Voss: “Creio firmemente que fazer parte da Missão da Prelazia do Marajó é uma vivência sem igual, apesar de a missão ser uma experiência de poucos dias. Sua intensidade foi o suficiente para manter vivas em meu coração as lembranças do que fora vivido. Por mais que se fale do Marajó, o estar lá, o estar presente, conhecer, conviver, e sentir um pouco do dia a dia do povo marajoara é algo extremamente diferente. Andar longas distâncias de barco, sentir a acolhida, a fé, e a força de tal povo, que diariamente luta para trazer à mesa o alimento diário, nos faz criar um olhar sobre a realidade que nos cerca. De fato, a terra amazônica é profundamente viva, contendo inúmeras espécies de plantas, peixes e demais matérias primas, entretanto,

o descaso do governo assola gravemente a esperança do povo que tem que conviver com a fome e inúmeros casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, além da falta de saúde, educação e segurança. Se, por um lado, encontramos desafios,

muito maior é a graça de encontrar um Marajó rico, rico de um povo profundamente acolhedor, aberto à visita de cada missionário, sempre pronto a ajudar. Para mim o que fica é a gratidão de poder conhecer e participar desta tão bela missão”.

fizeram fazer o papel de discípulo missionário, bater de porta em porta, descobrindo o novo que ali estava. Foi aí que senti na pele os desafios sociais, econômicos e religiosos que aquele povo enfrenta no seu dia a dia. Mesmo com tantas dificuldades e desafios, o povo queria, de uma forma ou outra, nos mostrar o rosto amazônico e

também nos fazer ver que Deus se faz presente na vida de cada um deles. É possível afirmar que a experiência de comunhão com aquele povo, onde me alimentei com o modo de ser e agir simples deles, que não tendo nada, porém, de um coração transbordante de alegria, de fé e de esperanças por uma vida melhor”.

Frei Ruan Felipe Sguissardi: “Foi uma experiência marcante, pois foi vivenciada com intensidade. Fazer uma experiência missionária na Prelazia do Marajó e poder conhecer um pouco do território amazônico é sem dúvidas um aprendizado. Lá eu pude comungar da fé e da vida da população ribeirinha. Isso, com certeza, me fez crescer e me fez amadurecer no ideal da vocação de frade menor. A missão como um todo foi maravilhosa, começando pela acolhida do povo simples, mas de um coração aberto para acolher o próximo em suas casas. Tivemos momentos de celebrações e de encontros com muita animação, formação com jovens e crianças. Um ponto forte e marcante foi participar dos círculos bíblicos e das missas. As visitas nas famílias com certeza me

OUtUbRO de 2019 – comunicações

721


evANGelIzAçãO

Em Belém, Igreja da Amazônia reafirma o compromisso com o território

A

pós o Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia, realizado de 28 a 30 de agosto no Centro de Espiritualidade Monte Tabor, na Arquidiocese de Belém, os 120 participantes – entre bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas – divulgaram uma mensagem onde manifestam preocupação com a atual situação na região Amazônica e exigem que sejam tomadas medidas a fim de impedir a violência contra a natureza. “Lamentamos

Cristo aponta para a Amazônia SãO PAUlO vI

Reunidos em Belém do Pará, com o objetivo de estudar o Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia, nós, bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos das Igrejas amazô-

722

comunicações – OUtUbRO de 2019

imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria. Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados”, afirmam os participantes. Confira a mensagem na íntegra:

nicas, como também irmãs e irmãos que compartilham a caminhada ecumênica, queremos manifestar nossas preocupações com a “Casa Comum” e uma missão evangelizadora encarnada, samaritana e ecológica. Desde 1952, os bispos da Amazônia se reúnem periodicamente para se posicionar sobre a missão da Igreja na realidade peculiar da Amazônia. “Cristo aponta para a Amazônia” é a expressão profética e programática do Papa

São Paulo VI que em 1972 repercutiu no Encontro de Santarém. A nossa Igreja assumiu, então, o compromisso de se “encarnar, na simplicidade”, na realidade dos povos e de empenhar-se para que por meio da ação evangelizadora se tornasse cada vez mais nítido o rosto de uma Igreja amazônica, comprometida com a realidade dos povos e da terra. No encontro de 1990, em Belém-Icoaraci, os bispos da Amazônia foram os primeiros a advertir


Evangelização

o mundo para um iminente desastre ecológico com “consequências catastróficas para todo o ecossistema, que ultrapassam, sem dúvida, as fronteiras do Brasil e do Continente” (Documento “Em defesa da Vida na Amazônia”). Novamente reunidos em Icoaraci/ PA em 2016, os bispos da Amazônia dirigiram uma carta ao Papa Francisco pedindo um Sínodo para a Amazônia. Acolhendo o desejo da Igreja nos nove países amazônicos, o Papa convocou em 15 de outubro de 2017 a “Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia”, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. A Igreja Católica desde o século XVII está presente na Amazônia preocupando-se com a evangelização e a promoção humana ao mesmo tempo. Quantas escolas, hospitais, oficinas, obras sociais se construíram e foram mantidas durante séculos em todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades se edificaram a partir das “missões” da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários

e do meio ambiente tão ameaçados. Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria. Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados. Ficamos angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar pela fumaça que causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade. A violência, que ultimamente cresceu de maneira assustadora, nos causa horrores e exige também o engajamento da nossa Igreja para que a paz e o respeito, a fraternidade e o amor prevaleçam. Defendemos vigorosamente a Amazônia, que abrange quase 60% do nosso Brasil. A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para

nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro a respeito deste macrobioma que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário. Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque desta macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente. O Sínodo, convocado pelo Papa Francisco, chega num momento crucial de nossa história. Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam a Amazônia. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete com a defesa desse chão sagrado que Deus criou em sua generosidade e que devemos zelar e cultivar para as presentes e futuras gerações. Cabe um agradecimento especial à Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM por todo o esforço dedicado no importante processo de ESCUTA das comunidades e no envolvimento dos diversos segmentos do Povo de Deus, especialmente mulheres e com forte participação das juventudes e dos povos originários. Pedimos que rezem por nós, irmãs e irmãos, para que a caminhada sinodal reflita “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” (GS 1). Que Maria de Nazaré, expressão da face materna de Deus no meio de nosso povo, por sua intercessão, acompanhe os passos da Igreja de seu Filho nas terras e águas amazônicas para que ela seja sinal e presença do Reino de Deus. Que ajude, com sua missão evangelizadora e humanizadora, a dignificar cada vez mais a vida em nossa região. outubro de 2019 – comunicações

723


evANGelIzAçãO

Em defesa da Amazônia, carta dos Bispos é entregue aos Deputados

N

a quarta-feira (4/09), Dom Evaristo Spengler, bispo da Prelazia do Marajó e que pertence a esta Província Franciscana, esteve na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), para entregar a carta escrita pelos participantes do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia, que aconteceu em Belém (PA), entre os dias 28 a 30 de agosto. Ao lado dele, estavam diversas lideranças indígenas e ribeirinhas. Na ocasião, estava reunida na Câmara a Comissão Geral para debater a preservação e proteção da Amazônia, presidida pelo deputado Alessandro Molon.

724

comunicações – OUtUbRO de 2019

Em sua fala, Dom Evaristo afirmou que a Igreja Católica e outras igrejas cristãs estão preocupadas com a Amazônia, mas que esta tensão não é motivada somente pelas últimas ocorrências – incêndios e desmatamento registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). “Desde o ano 1952, os bispos da Amazônia já se reuniam para debater os graves problemas daquela região, antes mesmo que houvesse no Brasil a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”, ponderou o prelado. O franciscano recordou o 1º Encontro da Igreja na Amazônia, ocorrido em 1972, que resultou no histórico

“Documento de Santarém” e o encontro de 2016, de onde surgiu a carta dirigida ao Papa Francisco solicitando a convocação do Sínodo para a Amazônia – pedido que foi prontamente aceito pelo Pontífice. “Este Sínodo tem que ser compreendido como uma continuação da Encíclica Laudato Si’, considerando a preocupação do Papa com o futuro da nossa Terra , do nosso planeta, que ele chama de Casa Comum. É essa Casa Comum que está em jogo”, alertou Dom Evaristo. Em seguida, o franciscano leu alguns trechos da carta, divulgada ao final do encontro em Belém.


evANGelIzAçãO

Muçulmanos e franciscanos repetem o gesto de Francisco e o Sultão

C

om espírito fraterno, a Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) e a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil promovem no dia 28 de setembro, na Mesquita da Misericórdia Sobem, em São Paulo, um encontro entre católicos franciscanos e muçulmanos. As duas comunidades celebrarão a amizade e o diálogo, repetindo o gesto de Francisco e o Sultão. Neste ano, os franciscanos de todo o mundo celebram os 800 anos da histórica visita de São Francisco ao Sultão Al-Malik Al-Kamil, no Egito. Diante do cenário das Cruzadas, onde prevalecia a violência e a intolerância, os dois líderes se abriram para uma conversa franca e fraterna, descobrindo as virtudes e luzes do outro. Para o secretário de Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Gustavo Medella, o evento será uma oportunidade de descobrir um novo caminho entre as duas religiões. “A fé cristã nos ensina que Deus nos criou como seres do encontro, do diálogo e da partilha. A acolhida e o carinho que temos recebido de nossos irmãos da fé islâmica, desde o início da proposta deste evento, testemunham que a abertura do coração para acolher o outro, o diferente, é caminho de salvação. As expectativas são as melhores. Desejamos, juntos com nossos irmãos muçulmanos, descobrir um jeito dialogal, fraterno e solidário de transformar para melhor o mundo em que vivemos”, afirma o frade. O vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Ali Zoghbi, reforça a alegria, como muçulmano, de receber os católicos franciscanos e celebrar os

800 anos do encontro entre São Francisco e o Sultão. “É mais uma forma de mostrar o quanto nos empenhamos em promover o diálogo inter-religioso. Vivemos tempos difíceis, marcados por intolerância religiosa, e isto precisa ser combatido. No que tange à islamofobia, só venceremos este tipo de preconceito com oportunidades de mostrar o verdadeiro Islã – uma religião que promove a paz, a tolerância, a compaixão, a justiça social e, acima de tudo, a preservação da vida”, assinala. Em carta divulgada na abertura do ano celebrativo, o Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Michael Perry, motivou: “O aniversário do encontro de Francisco com al-Malik al-Kamil nos convida a perguntarmo-nos de novo quais ações e palavras que agradariam a Deus no

meio do pluralismo e da complexidade do mundo de hoje”. E convoca: “Encorajo os seguidores de Francisco que carecem de um contato pessoal com o Islã a retomarem a experiência de nosso fundador dando um simples e concreto passo: encontrar um muçulmano. Tentar aprender ou apreciar o que a experiência de Deus anima nele ou nela e permitir que o seu amigo muçulmano veja que o amor de Deus jorrou em seu coração através de Cristo”. No evento haverá apresentações culturais, visita à Mesquita e a assinatura de um documento em comum, manifestando o desejo da manutenção do diálogo muçulmano-cristão, através da realização de gestos concretos em prol da promoção da justiça social, da paz e da liberdade. OUtUbRO de 2019 – comunicações

725


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil NOTÍCIAS DA REUNIÃO DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL

A

São Paulo, 10 a 12 de setembro de 2019

penúltima reunião do Definitório Provincial no ano iniciou-se às 9 horas do dia 10 de setembro, na Sede Provincial, em São Paulo, com as boas-vindas do Ministro Provincial Frei César aos Definidores. Convidou-os à invocação ao Espírito Santo, pedindo luzes para que o trabalho a ser feito pudesse transcorrer conforme a vontade Dele, buscando o melhor para os confrades e para as pessoas a quem servimos. Pediu, em seguida, que, dessa vez, Frei Alexandre Magno fosse o moderador das sessões do Definitório. Grande parte dos assuntos nelas tratados segue abaixo. No dia 11, os Definidores foram surpreendidos pela notícia da morte de Antônio da Silva Filho, de 53 anos, irmão de Frei João Francisco, a quem expressaram pêsames e solidariedade nesse momento de dor.

1) Projeto Fraterno de Vida e Missão

Vinte e duas fraternidades concluíram a recomposição do Projeto Fraterno a partir das provocações do Capítulo Provincial de 2018. Algumas estão na etapa final do processo. Os Definidores vão ler e analisar os Projetos das fraternidades de seus respectivos Regionais e promoverão uma partilha nos próprios Regionais oportunamente. Eles se dispõem a ajudar as fraternidades que por ventura estejam tendo dificuldade em ultimar o Projeto ou que precisem melhorá-lo. Perguntas a nortearem a abordagem dos Definidores: 1. O Projeto procura atender à qualificação da vida fraterna (identidade carismática)?; 2. O Projeto contempla as proposições do nosso Plano de Evangelização (vida de oração, vida fraterna, pobreza e minoridade, missão evangelizadora, formação permanente, animação vocacional, cuidado com a Criação/JPIC)?; 3. O Projeto deixa transparecer que é a Fraternidade o centro propulsor das atividades apostólicas e pastorais?; 4. Ele facilita a que cada irmão possa elaborar seu Projeto Pessoal de Vida?

2) Conselho de Formação - notícias

Frei João Francisco informou sobre a reunião do conselho de Formação ocorrida nos dias 4 e 5 de setembro. Relatou que os encontros da Formação acontecem duas vezes por semestre. Neles nota-se maior dinamicidade. Uma das questões que têm sido tratadas é a dos abandonos (confrades que deixam a

726

comunicações – OUtUbRO de 2019

Ordem), tanto dos que estão na Formação Inicial, como os já professos solenes. Tem-se buscado evitar na formação inicial o personalismo e o clericalismo, devendo ser aprofundada uma reflexão sobre o que leva a isto e que, posteriormente, traz ao frade dificuldades para desenvolver sua vocação. Também a questão da afetividade tem sido pauta dos encontros. Na próxima reunião do conselho, nos dias 20 e 21 de novembro, deverá ser apresentada uma análise sobre possíveis causas que levam a tantas desistências, devendo tal estudo também ser levado a outros fóruns da Província para ser submetido a avaliação e provocar reflexão. Frei Jeâ Andrade lidera, junto o conselho, a reflexão sobre como a Província deverá lidar com as situações de abandono da Ordem ou de processos de secularização. Na Formação Inicial, nota-se em alguns frades a tendência a certo conservadorismo, mesmo diante da proposta franciscana que lhes é apresentada como um valor a ser abraçado. Quanto ao Ano Missionário, os frades formandos o avaliam como uma conquista e oportunidade de qualificar a Formação. Questiona-se, no entanto, como a própria Formação, em sua estrutura, poderá repensar o processo formativo como um todo. Há necessidade, por exemplo, de haver na formação uma iniciação à fé, pois muitos nos procuram sem ainda terem feito experiência de comunidade de fé e vivência comunitária.

3) Quadros de formadores - preocupação

Os Definidores manifestaram preocupação com o insuficiente número de Formadores tanto no Brasil como em Angola. Além disso, alguns estão sobrecarregados com várias tarefas. O processo de redimensionamento precisa levar em conta também a necessidade de mais formadores.

4) II CERNEF - inscrição

A Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) está promovendo o II CERNEF (Centro de Renovação da Espiritualidade Franciscana), atendendo à realidade desafiadora em que vivemos hoje e à prioridade da Conferência quanto à formação de seus membros. Convida irmãs e irmãos à participação, ressaltando que, frente aos desafios da atualidade e o ativismo, é de suma importância


Definitório Provincial uma “parada” para um tempo e lugar propício de releitura da própria existência em todas as suas dimensões; para reencantar a experiência fraterna refazendo o sentido das relações; para superar a acomodação das estruturas pessoais em função dos novos desafios das estruturas interpessoais com suas riquezas de aproximações e diferenças, partilha e fé; para aprofundar temáticas franciscanas com conteúdos que proporcionem conhecimento teológico-franciscano e sua contribuição para uma espiritualidade encarnada; para viver uma experiência de oração e contemplação à luz da Palavra e Fontes Franciscanas, com acompanhamento espiritual personalizado. Seguem os critérios para participação: • Ter acima de 10 anos de profissão religiosa; • Estarembomestadodesaúdeparaacompanharaprogramação; • Estar totalmente liberado\a para a participação. Não será permitido ao participante ausentar-se para realização de outras atividades; • Ter conhecimento dos objetivos propostos pelo CERNEF. Data e local: de 01 a 30 de março de 2020, no Seminário Santo Antônio – Agudos; Ficha de inscrição: deverá ser preenchida e enviada até 30/11/2018 à Sede Nacional da CFFB – SCRLN 709 Bloco B, Entrada 11, CEP 70750-512 – Brasília – DF, ou pelo e-mail: coordenacao@cffb.org.br, com cópia para a secretaria provincial.

5) Frei Jean e Frei José Antônio – início dos estudos

Frei Jean viajou no dia 9 de setembro para Jerusalém, onde iniciará o mestrado em Teologia Bíblica junto ao Studium Theologicum Franciscanum. Escreveu no final de e-mail endereçado a Frei César, no dia 3 de setembro: “Gostaria de agradecer mais uma vez pela oportunidade que a Província me concede, reconhecendo a constante preocupação do governo provincial com a formação dos frades de nossa Província. Peço suas orações e bênção para que eu possa fazer uma boa viagem e ter um bom início neste novo desafio. Da minha parte, reitero meu compromisso em me esforçar para atender às expectativas do governo provincial e do conselho da Formação”. No mesmo dia, Frei César lhe respondeu: “Espero que tenhamos um contato frequente e, sempre que precisar, não deixe de se comunicar! Lembro que o responsável direto para acompanhá-lo neste período é o Frei Fidêncio, enquanto moderador da Formação Permanente. É o que prescrevem nossos Estatutos. Além disso, você terá certamente contato com os confrades professores e do Comissariado da Terra Santa. Mas, conte também sempre comigo no que precisar! Deus o abençoe nesta bela empreitada! Sinta que a Província, os seus confrades, acompanham a você! Abraço fraterno”. Durante os dias do Definitório, chegou a notícia de que Frei José Antônio dos Santos obtivera o visto para permanência na Itália, onde fará estudos de mestrado em Teologia Espiritual no Antonianum. Viaja no dia 15 de setembro.

6) Frei José Ariovaldo – professor emérito

Frei José Ariovaldo da Silva enviou carta ao Definitório pedindo para ser dispensado do trabalho de professor junto ao ITF, tarefa a que se dedicou por 38 anos. Dispõe-se a acompanhar seminários e contribuir no programa de formação da etapa da Teologia. “Sou grato a Deus por me ter dado a graça de atuar no ITF, onde, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por 38 anos de minha vida, a partir do ensino e estudo da Sagrada Liturgia, e do contato com tantos alunos e colegas professores, aprendi a ser um pouco mais humano, podem crer.” O Definitório acolhe seu pedido e agradece ao confrade por sua preciosa contribuição no ensino, e mais, por seu testemunho fraterno de vida dado a tantos irmãos espalhados pelos campos de missão da Província, inclusive todos do Definitório.

7) Jovens e Serviço de Animação Vocacional - desafios

Nota-se que há uma grande demanda de trabalhos na dimensão do SAV provincial e diminuição dos que estão à frente deste serviço. A partir do trabalho já feito com os jovens, produziu-se o subsídio “Missões Franciscanas da Juventude”, sintetizando o caminho percorrido e com propostas de trabalho para o SAV. Os jovens que participam dos encontros promovidos pelo SAV mostram boa sintonia com o carisma franciscano. Mas há o desafio de as fraternidades aderirem mais e melhor ao compromisso de buscarmos mais vocações. Cada fraternidade deveria encontrar ao menos uma vocação à vida franciscana.

8) CFMB e SIFEM - notícias

Frei César informou sobre as reuniões ocorridas em Daltro Filho, RS, de 8 a 12 de julho. A da CFMB, entre outros assuntos, tratou do tema da interprovincialidade. Devido à situação de diminuição numérica dos frades na maior parte dos continentes, o Definitório Geral tem insistido na mútua ajuda entre as entidades da Ordem, muitas delas bem fragilizadas. Mais cedo ou mais tarde, a nossa Província terá que se debruçar também sobre este tema. A CFMB tem nova presidência: Frei César Külkamp – presidente; Frei Hilton Farias de Souza (Província Santa Cruz) – vice-presidente; Frei Fernando Aparecido (Custódia do Sagrado Coração de Jesus) – secretário; Frei Saulo Duarte (Província Santa Cruz) – ecônomo; Frei Hilton Farias de Souza – referência para a Formação; Frei Fernando Aparecido – referência para Evangelização. Quanto ao SIFEM (Serviço Interprovincial Franciscano de Evangelização e Missão), dentre os compromissos e propostas levantadas, o que nos toca como Província é a realização de um Congresso de Evangelização para frades e leigos das entidades OFM do Brasil, que deverá acontecer em São Paulo, de 15 a 18 de outubro de 2020. A organização ficará a cargo do SIFEM. Nossa tarefa será fomentar a participação neste encontro. OUtUbRO de 2019 – comunicações

727


Definitório Provincial 9) Frei João Pereira Lopes - mestrado

Com parecer favorável do conselho de Evangelização, os Definidores aprovaram que Frei João faça mestrado na área da Educação, junto à Universidade Católica de Santos. Linha de pesquisa: história das instituições escolares.

10) Frei Clauzemir – agradecimento pelo ADI

Frei Clauzemir enviou carta aos Definidores agradecendo por lhe ter sido possibilitada a terapia ADI (abordagem direta do inconsciente) na clínica de Belo Horizonte, onde um número bem elevado de religiosos e religiosas de todo o Brasil tem tido a mesma experiência, financiada pelo sr. Estêvão e família.

11) Curso de verão Ceseep – participação de jovens

De 8 a 16 de janeiro de 2020, o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), da PUC-SP, oferecerá mais um curso de verão. O tema será: “Espiritualidades na cidade: por uma dimensão libertadora”. Popular, ecumênico e realizado em mutirão, o curso é organizado para um grande número de pessoas e, ao mesmo tempo, garante trabalho em pequenos grupos. Dentro da proposta metodológica da Educação Popular, combina reflexão e criatividade, arte e celebração, além da convivência fraterna e o compromisso transformador no retorno à prática nas pastorais e movimentos sociais. Tem caráter nacional, mas é aberto à participação de pessoas de outros países que falem/entendam a língua portuguesa. Dedica especial atenção às juventudes, que iniciam a sua militância pastoral e social. Seria oportuno que as Frentes de Evangelização indicassem jovens para o curso. O Conselho de Formação indicará alguns frades também. O valor das inscrições até 15 de dezembro é R$ 220,00. Comunidades ou movimentos que enviarem um grupo de 5 pessoas, pagarão apenas o valor de 4 inscrições.

12) Frentes de Evangelização - relato

Frei Gustavo fez um relato aos Definidores das atividades desenvolvidas pelas Frentes de Evangelização da Província: 1. Frente das Missões Frei Robson Scudela apresentou folder e cartaz da campanha missionária enviados às fraternidades. Frei Laerte de Farias dos Santos, em reunião recentemente acontecida, apresentou campos da presença evangelizadora dos frades em Angola: a) Paróquias: São Lucas–Palanca, Luanda; N. S. de FátimaViana; Missão da Katepa - Malange; Missão de Kangandala; b) Kimbo São Francisco; c) Obras sociais: “Nossos miúdos” e “Bola da Paz”; d) Programas na Rádio Ecclesia (Luanda) e Rádio Maria (Viana);

728

comunicações – OUtUbRO de 2019

e) Presença dos frades na educação (professores); Desafios: - Articulação de um trabalho conjunto, especialmente nas paróquias; - Sobrecarga de trabalhos dos frades; - Autossustento das ações evangelizadoras e dos frades nas atividades de evangelização; - Formação – aumento rápido no número de formandos. 2. Mês Missionário Extraordinário – Batizados e Enviados Propostas: - 01/10/19: Abertura do MME em nível nacional. Será realizada uma celebração no santuário nacional de Aparecida e cada comunidade é convidada a celebrar este dia, conforme suas possibilidades; - 19/10/19: Valorização do Dia Mundial das Missões, com a vigília que o antecede. Será enviada para as fraternidades uma proposta de roteiro para esta vigília. - Caridade Missionária: Motivar a coleta para Angola no Dia Mundial das Missões; - Oração: nas celebrações, fazer preces pelas missões e rezar a oração do MME; - Abordar a temática do MME nos encontros comunitários; - Expressar o espírito missionário através da visita aos doentes e necessitados. 3. Frente da Educação a) Encontro ampliado da Frente da Educação Cerca de 40 pessoas estão inscritas para participar do encontro da Frente, nos dias 19 e 20 de setembro. Propostas: - Fazer a memória histórica da caminhada da Frente da Educação na Província; - Discutir quais as diretrizes que a Ordem e a Província desejam dar para a Educação; - Retomar as falas do Papa Francisco em relação à Educação; b) Outros informes O desejo dos que trabalham na Educação, segundo se nota, é conferir ao ensino nas diversas escolas e universidades, a marca franciscana. Para ajudar neste intento, foi sugerido: - A criação de uma equipe de leigos, a partir de cada instituição educacional da Província, para ajudar a articular todo o trabalho evangelizador desta Frente. - Convidar dois jovens de nossas Universidades para participar do encontro que está sendo motivado pelo Papa Francisco (Economia de Francisco), previsto para acontecer de 26 a 28 de março de 2020 na cidade de Assis. - Frei Claudino Gilz lembrou também a consolidação dos trabalhos sociais desenvolvidos pelas nossas diversas instituições.


Definitório Provincial 4. Frente da Comunicação - A Rádio Movimento de Curitibanos aumentou recentemente sua potência, dando retorno positivo na audiência para a Fundação Frei Rogério. - Foi destacada a presença evangelizadora dos confrades estudantes na Frente da Comunicação. - Em Pato Branco, o projeto Diga Sim à Vida, de combate ao suicídio, tem envolvido diversos setores da sociedade como Secretaria da Saúde, UNIMED, faculdades, etc., gerando uma procura por ajuda profissional por parte de pessoas que estão demandando este tipo de atenção e cuidado. Esta iniciativa foi dos frades, partindo da Frente da Comunicação, unindo as forças das rádios e televisão. - Possivelmente a Rádio Celinauta irá migrar ainda este ano para a faixa FM. A TV Sudoeste também busca modernização. - Em Rondinha, acontecerá, em outubro (17 e 18), encontro da Comunicação, inspirado no encontro de Francisco e o Sultão. - Frei Neuri Reinisch pretende, num futuro próximo, visitar as casas de formação da Província com o intuito de falar sobre a evangelização através da comunicação. 5. Frente da Solidariedade / JPIC - Frei Diego A. de Melo, animador do JPIC, participou do Fórum do Sínodo da Amazônia em Manaus. Junto com a Família Franciscana, repassou ao conselho como andam os preparativos para o Sínodo. - Foi lançada para todos os grupos de jovens da Província proposta para que se apropriem da força contida na encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, pois acredita-se que através dos jovens conseguiremos atingir as diversas frentes de evangelização da Província. - Frei Diego também fez breve relato sobre o processo de reestruturação pelo qual o SEFRAS está passando. 6. Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento - Criou-se uma equipe de animação desta frente (Frei Antônio Michels, Frei André Becker e Frei Nelson Hillesheim), que tem conseguido interagir bem. - A partir do encontro acontecido em Rondinha, solicitou-se a criação de uma página na internet. A página foi criada e o desafio atual é produzir material para alimentar o site. - Neste semestre, deverá acontecer reunião com os leigos e frades por Regionais da Província. Esta reunião deverá pautar-se a partir do tema que se refere à juventude, isto é, daquilo que já está sendo feito nas paróquias e santuários em relação aos jovens e uma abordagem a partir das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil.

7. Encontro ampliado das Paróquias do Rio de Janeiro - Ocorreu no dia 24 de agosto, sábado, na Paróquia São João Batista, em São João de Meriti. Reuniu em torno de 80 participantes de todas as Paróquias dos Regionais Baixada-Serra e Baixada-Rio, e também do Convento Santo Antônio. Pontos positivos - Participação unânime das paróquias e do convento, com frades e leigos. - A articulação e organização do coordenador do Regional Rio-Baixada, Frei Adriano Freixo Pinto. - O clima de acolhida fraterna e de familiaridade. - A boa qualidade das assessorias (lideranças da Juventude e Frei James Girardi). - O interesse e a participação dos leigos. Desafios - A escassez de tempo para um aprofundamento maior das questões. - Lideranças leigas sobrecarregadas. - Em relação à juventude, notou-se certa disparidade na caminhada das paróquias. Criar mecanismos de integração e interajuda neste aspecto seria uma ação necessária. - Não resta dúvida da importância de encontros nestes moldes como meio de animação e revigoramento dos frades e dos leigos. Precisamos avançar na construção de estratégias que permitam continuidade da caminhada e encaminhamentos mais concretos a partir destas iniciativas.

13) FIMDA – assuntos diversos

1. Encontro com Frei António B. Zovo Baza Os Definidores reuniram-se com Frei António, presidente da FIMDA, no dia 11, às 9h00. Primeiramente ele apresentou suas impressões nestes primeiros meses após a eleição do novo governo da Fundação. Elogiou o empenho fraterno e evangelizador dos confrades e também pontuou algumas dificuldades e preocupações. Quanto à Formação, por exemplo, lembrou o número insuficiente de formadores e o crescimento grande no número de candidatos ao postulantado e ao noviciado para o próximo ano. Frei César, falando também do Capítulo da FIMDA, realizado em maio passado, disse que o número de vocacionados é uma graça divina, mas também um desafio quanto ao bom acompanhamento e lugar para abrigar a todos. Em conversa com Frei César no dia no dia 20 de junho, o Ministro Geral ponderou que, nos próximos anos, como acontece em outras entidades da África, será preciso limitar o número que candidatos aceitos para o processo formativo. Ele insiste em que se acolha o número de formandos de acordo com as possibilidades reais de formadores e econômicas da Fundação e da Província. Juntamente com Frei António, os Definidores pensaram em saídas emergenciais para a questão de lugares que possam OUtUbRO de 2019 – comunicações

729


Definitório Provincial acolher os futuros noviços e mesmo os professos temporários. Pediram que seja sempre mais ágil, aberta e eficiente a comunicação entre o conselho da Fundação e o Definitório, bem como os demais serviços de evangelização, formação e economia. Frei César repassou a orientação da Cúria Geral, segundo a qual, ainda não é possível constituir uma Custódia Dependente em Angola, porque para isso requer-se o número de 15 professos solenes, somando-se os frades angolanos e os brasileiros que optassem por aquela entidade. Nesse sentido, comentou-se sobre a necessidade de uma revisão dos Estatutos da FIMDA, uma vez que a mudança de status para Custódia Dependente não acontecerá tão rapidamente. Quanto à questão financeira, voltou à tona a urgência de se providenciarem meios em vista da sustentabilidade da Fundação. Por fim, foi lembrado que no próximo ano comemoram-se os 30 anos da atual presença franciscana em Angola, e, para isso, pensa-se num roteiro celebrativo, possivelmente com a presença do Ministro Geral. Comissão nomeada para encaminhar a comemoração: Frei Robson Scudela, Frei Gustavo Medella, Frei André Luiz da Rocha Henriques e Frei José Morais Cambolo. 2. Viagem a Angola de equipe de frades e leigos de nossas instituições - relato Frei João Mannes relatou aos Definidores as impressões e sugestões da equipe (o próprio Frei João, Frei Gilberto Garcia, Jorge Siarcos, Prof. José Geraldo Turezo e Prof. Santareno Miranda) que foi a Angola no início deste mês, com o intuito de sondar caminhos para a sustentabilidade econômica da FIMDA. O grupo visitou colégios, institutos e universidades para colher informações sobre o sistema e a estrutura educacional do país e estudar possibilidades de negócios em vista de sustentabilidade da Missão. Quanto à alegre e gentil recepção por parte das fraternidades e dos projetos sociais, Frei João repetiu: “Nós e os colaboradores ficamos impressionados”.

14) Sefras – encontro com os Definidores

Seguindo o costume de receber, a cada reunião, representantes de uma das entidades da Província, os Definidores acolheram na manhã do dia 11, às 11h00, frades e colaboradores que se dedicam ao Sefras: Frei José Francisco, Frei Marx dos Reis, Rozângela Pezoti e Marcos Martins. Frei César os acolheu com boas-vindas, lembrando que o Sefras ajuda a compor a Frente de solidariedade para com os empobrecidos, da Província. Frei José Francisco explicou que o atual cenário político, social e econômico do Brasil atingiu o trabalho do Sefras, no bojo dos ataques às organizações que atuam na área social, entre outras coisas, na forma de legalismos ou excessivos rigorismos na aplicação da lei. O Sefras viu-se obrigado a empreender uma reestruturação dos serviços por ele mantidos e viabilizados, com

730

comunicações – OUtUbRO de 2019

redução de custos. Dois projetos foram finalizados. Um deles, o CEFRAN - com quase 25 anos de atuação -, foi encerrado por ter cumprido seu papel e intento no trabalho com os portadores de HIV-AIDS. Frei César, ao final do encontro, agradeceu pelo serviço prestado com afinco aos menos favorecidos da sociedade.

15) Frades com autonomia financeira - preocupação

Ao tratar da questão dos testamentos dos confrades (a maioria deles já registrada em cartório), os Definidores mostraram preocupação com a autonomia financeira de um certo número de frades, não adequada à nossa forma de vida, além da falta de senso de pertença à Província em relação a esses tipos de recursos. Foi lembrada que a formação e a qualificação de confrades que hoje percebem salários foram financiadas pela Província, com sacrifício dos demais confrades. O Ministro Geral pede à Província, em sua carta pós-capitular, que se estabeleçam medidas contra essa tendência. Nesse sentido, o Definitório discute meios de se efetivar, de fato, o que vem prescrito na Ratio Oeconomica da Província quanto a aposentadoria, salário e outros proventos. Quanto a isso, o Definitório pediu, como primeira tarefa, uma reflexão a partir das mantenedoras da Província. Também as frentes de Evangelização, nos seus vários encontros, deverão refletir sobre isso, a partir das exigências de nossa consagração franciscana.

16) Equipe econômica - redimensionamentos

Na manhã do dia 12, às 9h30, os Definidores receberam Frei Robson Scudela e Frei Raimundo Castro, do economato. Frei César explicou que a equipe econômica da Província tem contado com a ajuda de Jorge Siarcos (da Associação Bom Jesus) e de Adriel Moura (da Casa Nossa Senhora da Paz), com os quais já houve duas reuniões. O objetivo é rever nossas receitas e despesas, especialmente em 5 centros maiores de custos: saúde, formação, missão, trabalho social, gestão centralizada. Atualmente nosso orçamento provincial comporta um déficit que aumenta a cada mês, desequilibrando a saúde financeira da Província. Nesse sentido, como primeiro passo, Frei Robson apresentou um estudo de redimensionamento e otimização da gestão centralizada, envolvendo a Sede Provincial, o Pró-Vocações e a secretaria do SAV. O Definitório deu aval para que se executem as medidas propostas, elogiou que esse processo se tenha iniciado justamente na Sede e incentivou a sua continuidade.

17) Eremitério em Rodeio – trabalho da comissão

Frei Fábio Cesar Gomes, Frei Valdir Laurentino e Frei Walter de Carvalho Júnior reuniram-se no eremitério de Rodeio no dia 25 de julho. Ultimaram o subsídio em vista do redimensionamento da casa, que já foi enviado aos confrades. E fizeram algumas considerações, apresentadas aos Definidores, quanto ao status jurídico da fraternidade, perfil dos frades a comporem a


Definitório Provincial fraternidade mais permanente, a questão dos meios de sustento financeiro da fraternidade, manutenções a serem feitas na casa, grau de acesso ao eremitério das pessoas que vão ao local, etc. Frei César já recebeu por parte de alguns confrades a intenção de ajudar a compor a fraternidade do eremitério. Pensa-se em reunir os interessados até o Definitório de novembro próximo, para pensar melhor as possibilidades e encaminhamentos. O Definitório pede a colaboração da seguinte equipe para as adequações da casa: Frei Mário Stein, Frei Valdir Laurentino e Frei Robson Scudela.

18) Santuário Frei Galvão – tratativas com o bispo

No dia 19 de julho, Frei César e Frei João Francisco conversaram com Dom Orlando, bispo de Aparecida. Ele se mostrou favorável a que a Província assuma o santuário na sua totalidade (divulgação da devoção, pastoral do acolhimento, liturgia, administração, captação de recursos e construção do santuário). Pensa-se num convênio de duração inicial de dez anos, onde se estabeleça a contribuição financeira à diocese e à Província. Dom Orlando disse que o coordenador da comissão é Dom Raimundo Damasceno (bispo emérito). Dom Orlando pediu que Frei César escrevesse uma carta de intenções a Dom Raimundo. A carta foi enviada no dia 3 de agosto. Frei César indicou a Frei João Francisco como interlocutor local. Dom Raimundo telefonou a Frei César no dia 4 de setembro manifestando sua aprovação e dizendo que no início de outubro haverá uma reunião em Aparecida que deverá tomar a decisão. Assim, independente da resposta, é preciso começar a pensar numa fraternidade ou equipe que possa assumir este trabalho no santuário.

19) Paróquias e santuários - redimensionamento

Frei César e Frei Gustavo apresentaram aos Definidores a quantas andam as tratativas com os bispos para a “entrega” de algumas paróquias atualmente sob o cuidado pastoral de nossos confrades, nas seguintes cidades: Lages, Angelina, Mangueirinha, Amparo, Bauru e Santos. Com uma ou outra exceção, em geral os prazos previstos continuam mantidos. Frei Gustavo fez-se presente na “entrega” de paróquias: Agudos – Santo Antônio, no dia 4 de agosto, e São Sebastião, no dia 10. O Definitório agradece o empenho de Frei Roger Brunorio e de Frei Robson Scudela na confecção de um minucioso inventário dos bens deixados em São Sebastião. O Definitório também discutiu sobre possíveis meios para alavancar e efetivar o potencial evangelizador de nossos santuários.

20) Revista Vida Franciscana – encontro com Frei Clarêncio

Frei Gustavo e Frei Walter encontraram-se com Frei Clarêncio Neotti, em Vila Velha, no dia 9 de agosto, para tratar de questões ligadas à revista Vida Franciscana. Frei Clarêncio explicou

que a Vida Franciscana foi editada em alemão de 1923 a 1942. E o intuito era fazer chegar aos frades da Alemanha as notícias dos frades aqui do Brasil. Em 1942, a revista foi registrada no DIP (controle policial da imprensa). Em 1974, Frei Clarêncio assumiu como redator. Tinha a ajuda de Frei Olavo Seifert e Frei Apolônio Weil. A partir de 1982, fica sozinho como redator. À época, estava por ser feito o necrológio de 160 confrades. Em poucos anos, Frei Clarêncio os honrou com belas páginas. A revista traz artigos de formação permanente, documentos dos capítulos provinciais (e da preparação destes também), necrológio dos frades, registros históricos de nossas fraternidades e presenças evangelizadoras, etc. Entre os assuntos tratados na reunião, destacam-se: 1. Dificuldade de se escrever o necrológio dos confrades pelo fato de as crônicas das casas terem perdido muito em qualidade. Muitas são lacônicas e feitas sem maior cuidado e atenção. Nesse sentido, foi lembrado que seria preciso retomar as orientações para a feitura das crônicas que anos atrás foram passadas aos confrades. Os guardiães e capítulos locais precisariam estar mais atentos a esta questão. 2. No caso dos necrológios, as fichas autobiográficas ajudam bastante, mas nem todos os confrades compõem a sua. 3. Com a cultura atual de pouco se escrever, fica a preocupação de como será possível um registro mínimo e inteligível de nossas histórias. Dos confrades e de nossas casas e presenças. Falta um resgate inclusive das fraternidades que foram fechadas nos últimos anos. 4. É preciso fazer uma revisão dos tipos de conteúdo da Vida Franciscana. Hoje, com a agilidade e eficiência das Comunicações, muito do que era publicado pela Vida Franciscana (editada uma vez ao ano), já o é mensalmente. 5. Após considerações, pensa-se em continuar com a Vida Franciscanaimpressa.Háapossibilidadedeserdigitalizada. 6. Frei Clarêncio dispõe-se ao trabalho de redator por mais este ano. Assim, buscam-se nomes para substituí-lo. OUtUbRO de 2019 – comunicações

731


Definitório Provincial Ao final do encontro, Frei Gustavo agradeceu muito a Frei Clarêncio pelo exímio e dedicado trabalho durante os muitos anos em que tem sido redator da Vida Franciscana, cuidando, pela escrita, da vida dos confrades que fizeram e fazem a história da Província. Os Definidores sugeriram, no que diz respeito às crônicas, que a Formação Permanente promova um encontro dos cronistas de nossas fraternidades.

21) Sínodo Panamazônico e Mês Missionário envolvimento

Em carta de 24 de junho, a Secretaria Geral para a Missão e a Evangelização pede que haja bom envolvimento e participação, por parte dos confrades da Província, no Sínodo Eclesial Panamazônico e no Mês Missionário Extraordinário, em outubro. Isso com base no apelo do Papa Francisco: “Eu sou sempre uma missão; você é sempre uma missão. Cada batizado e batizada é uma missão. Quem ama se põe em movimento, sai de si mesmo, é atraído e atrai, dá-se ao outro e tece relações que geram vida. Para o amor de Deus nada é inútil e insignificante. Cada um de nós é uma missão no mundo porque é fruto do amor de Deus”.

22) 800 anos do encontro de Francisco e o sultão - convite

Promovida pela Família Franciscana e Associações Muçulmanas do Brasil, acontecerá em São Paulo, no bairro Santo Amaro, no dia 28 de setembro, às 21h00, a celebração dos 800 anos do encontro de São Francisco com o sultão Al Malik Al Kamil. Todos os confrades, irmãs, participantes de nossa missão, e leigos(as) da OFS são convidados para o evento na Mesquita da Misericórdia, na Av. Yervant Kissajikian, 1130. Basta entrar em contato com Frei Gustavo, que faz parte da organização. Como nossa Província sedia o evento, o Definitório julga importante reforçar o convite.

23) Campanha de oração – convite da CFFB

A XVIII Assembleia da CFFB, realizada em Brasília de 23 a 25 de agosto, pede que a Família Franciscana faça uma campanha de oração em favor da vida, pão e paz para toda a Criação, com início na festa de São Francisco, no dia 4 de outubro, e término no Dia Mundial de Oração pela Paz, em 27 de outubro, data em que o Papa João Paulo II, em 1986, reuniuse em Assis com líderes de várias religiões para juntos rezarem em prol da paz mundial. O pedido da CFFB é para que todos os irmãos e irmãs rezem diariamente, às 18h00, onde quer que estejam, individualmente ou em grupo, o seguinte mantra: “Ó Deus criador, nós vos pedimos vida, pão e paz para toda a Criação”. Fica também a sugestão de se cantar ou rezar a oração atribuída a São Francisco de Assis: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz”. “Considerando os desafios da realidade socioeconômica e política do Brasil, bem como a proximidade da realização do Sínodo da Amazônia, unamo-nos ao Papa Francisco e permaneçamos em sintonia, trazendo para nossa oração o grito da

732

comunicações – OUtUbRO de 2019

natureza e dos povos agredidos e desrespeitados, com ameaças a seu presente e futuro”.

24) Diretrizes para a ação evangelizadora da Igreja do Brasil - reflexão

Frei Gustavo apresentou aos Definidores pontos de reflexão desenvolvida por Frei Antônio Michels, durante o Conselho de Evangelização, referentes às novas Diretrizes da CNBB para a ação evangelizadora da Igreja do Brasil (2019 -2023): - A existência das Diretrizes lembra a necessidade de um processo de planejamento da ação evangelizadora, em todos os níveis da Igreja. - A missão evangelizadora da Igreja requer uma dupla fidelidade: às fontes e à realidade. - O Espírito Santo é o agente principal da evangelização. É preciso ouvi-lo mediante um processo participativo. - Evangelização precisa ser sempre diálogo. - As DGAE sugerem um ritmo na caminhada evangelizadora: de 4 em 4 anos fazer uma profunda revisão. Na Ordem temos um ritmo trienal. Como adequar os ritmos? - O olhar das Diretrizes sobre a realidade é culturalista: recai sobre a “mudança de época”, com foco na cultura urbana. Sobre o que se passa no País há um silêncio. Por quê? Assim podemos não estar ouvindo o que Deus está dizendo através do mundo. Consequentemente, a leitura que fazemos das fontes e a resposta aos sinais dos tempos podem ser deficientes. - As Diretrizes têm dois grandes eixos inspiradores que se supõem e se requerem mutuamente: Comunidade e Missão. A grande estratégia pastoral é possibilitar Comunidades Eclesiais Missionárias encravadas nas diferentes realidades. Os bispos imaginam então uma rede dessas pequenas comunidades, coordenadas por leigos, com proeminência das mulheres, em comunhão com a Igreja local (cf. nº 84 e 86). Neste contexto, o ministro ordenado há de ser o cuidador, animador e fazedor da unidade das comunidades eclesiais missionárias, um ministro em movimento, animador de diferentes ministérios, numa Igreja salutarmente descentralizada (nº 87). Já vimos isso, e se chamava CEBs. Não deixa de ser uma mea culpa de quem pôs as CEBs sob suspeita. Foi um tiro no pé ter apostado no neoconservadorismo católico. - Na imagem usada pelas Diretrizes, a comunidade eclesial missionária é uma casa, sustentada por quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Em cada um deles, as “urgências” das Diretrizes anteriores são reagrupadas: Palavra: iniciação à vida cristã e animação bíblica; Pão: liturgia e espiritualidade; Caridade: serviço à vida plena; Ação Missionária: estado permanente de missão. Os Definidores lembram que as várias Frentes de Evangelização da Província deveriam conhecer bem as Diretrizes e estarem em sintonia com suas propostas.


Definitório Provincial 25) 30ª Caminhada Penitencial Frei Bruno – envolvimento das paróquias

No dia 8 de março de 2020, acontecerá a 30ª Caminhada Penitencial Frei Bruno, em Joaçaba. A secretaria de Evangelização propõe um projeto de preparação para o evento, com o tema: “Frei Bruno vem a nós e nós vamos a Frei Bruno”. Frei Gustavo explicou que há proposta de se ampliar e fomentar o envolvimento de paróquias franciscanas na caminhada e encontrar meios de envolver as paróquias que no passado já foram franciscanas. O objetivo é levar ao reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos franciscanos, dentre eles, Frei Bruno. Além do mais, é ocasião favorável para divulgarmos nosso carisma e momento para fazermos o anúncio vocacional. A divulgação deste projeto deve começar com a confecção de banners, material que deverá ser apresentado na reunião das paróquias dos Regionais do Sul.

26) 450ª Festa de Nossa Senhora da Penha - participação

Em abril de 2020, celebrar-se-á a 450ª Festa de Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha. Seria importante que um número maior de frades participasse do evento como chance de mostrar o grande e necessário trabalho desempenhado nos santuários, em sintonia, inclusive, com as diretrizes da CNBB. Há o desafio de qualificar nosso trabalho nesses ambientes que exigem atendimento apropriado e acolhedor aos fiéis e público em geral. Há necessidade de buscarmos formação adequada para os frades que atuam nas diferentes paróquias, santuários e centros de acolhimento.

27) Transferências

1. Frei Álido Rosá – após trabalho junto aos indígenas em Iguatemi, MS, para a Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, de Curitiba, para tratamento de saúde; 2. Frei Alvaci Mendes da Luz – da Fraternidade São Francisco, do Largo São Francisco, em São Paulo, para a Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista, a serviço da Educação; 3. Frei Henrique Ireno Dell Olivo – da Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista, para a Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, de Curitiba, para tratamento de saúde. Lá ele se encontra desde fevereiro deste ano; 4. Frei Estêvão Ottenbreit – no dia 26 de julho, o Definitório Geral reelegeu a Frei Estêvão guardião do Colégio Internacional de Santo Antônio, de Roma, para o triênio 2019-2022; 5. Frei Valdir Nunes Ribeiro – a Custódia da Terra Santa transferiu o Frei Valdir para o Comissariado de Buenos Aires, na Argentina; 6. Frei José Clemente Müller – a Custódia da Terra Santa transferiu o Frei José Clemente para a Ilha de Chipre, onde há santuário e paróquia;

28) Nomeações

1. Frei Robson Luiz Scudela – membro do conselho da Casa Nossa Senhora da Paz; 2. Frei Volney J. Berkenbrock – membro do conselho da Casa Nossa Senhora da Paz; 3. Frei Alvaci Mendes da Luz – assistente espiritual do Regional OFS - São Paulo; 4. Frei João Maria dos Santos – assistente espiritual das Fraternidades OFS de Angelina: Imaculada Conceição (centro); São Pedro Alcântara (Betânia); São José (Barra Clara); Nossa Senhora das Dores (Garcia); 5. Frei James Ferreira Gomes Neto – assistente espiritual da Fraternidade OFS Imaculada Conceição, de Agudos; 6. Frei Florival Mariano de Toledo – assistente espiritual da Fraternidade OFS Nossa Senhora Aparecida, de Sorocaba;

29) Egressos

1. Frei Matheus José Borsoi – 4º ano de profissão temporária. Fazia o Ano Missionário na Fraternidade Divino Espírito Santo, de Vila Velha. Deixou a fraternidade no dia 20 de agosto. 2. Frei Vitor da Silva Amâncio – 4º ano de profissão temporária. Fazia o Ano Missionário na Fraternidade Santo Antônio do Pari, em São Paulo, ajudando no SAV Provincial. Deixou a fraternidade no dia 23 de agosto.

30) Agenda 2019 – acréscimos e alterações Confira na última página destas Comunicações.

31) Autorizações de viagem

Por motivos diversos, receberam autorização para viajar ao Exterior: Frei Salésio L. Hillesheim, Frei David Raimundo Santos, Frei Jorge Paulo Schiavini e Frei Ivo Müller.

Encerramento

Às 16h30 do dia 12, Frei César agradeceu aos Definidores pela disposição ao trabalho especialmente intenso dos três dias de reunião, com pauta bastante desafiadora. Porém, afirmou que o apoio e suporte do grupo de Definidores ajuda a si e ao Vigário Provincial a melhor exercerem sua tarefa de animação da vida e da missão dos confrades. Por fim, todos do Definitório desejaram sucesso a Frei Gustavo na intervenção cirúrgica por que passará na próxima semana, provavelmente no dia 19, para reparar problema relacionado à glândula hipófise. De modo particular, lembremo-nos de Frei Gustavo em nossas preces, nesses dias que antecedem o procedimento cirúrgico! E também de Frei João Francisco, que não pôde participar da parte final do Definitório, devido ao falecimento de seu irmão.

Frei Walter de Carvalho Júnior SecRetÁRIO

OUtUbRO de 2019 – comunicações

733


cFFb

Irmãos Leigos Franciscanos se reúnem na Paraíba

E

ntre os dias 5 e 8 de setembro, o Convento Ipuarana, em Lagoa Seca (PB), sediou a terceira edição do Encontro Nacional de Irmãos Leigos Franciscanos. Participaram do evento 50 frades das quatro obediências franciscanas — Ordem dos Frades Menores (OFM), Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv) e Ordem dos Terceiros Regulares (TOR). A profecia e o testemunho de paz e bem foram os temas abordados durante o encontro, que contou com a assessoria de Frei Olávio José Dotto, OFM, assessor das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Maria José Coelho, Ministra Nacional da Ordem Franciscana Secular (OFS). O encontro também contou com a assessoria de Frei Aloísio Fragoso. Na abertura do encontro, os frades foram acolhidos pelo anfitrião Frei João Amilton dos Santos, Ministro Provincial da Província Santo Antônio, que manifestou o desejo

734

de que no futuro não existam mais diferenças práticas entre os clérigos (frades ordenados sacerdotes) e os leigos. Para os frades, a forte polarização política, a desunião social e a comunicação violenta entre as pessoas demonstram os tempos de barbárie que o Brasil vive. E é diante deste contexto social que os frades leigos são chamados a dar testemunho. “As pessoas estão tratando os que pensam diferente como inimigos”, alertou Frei Olávio. A partir da Evangelii Gaudium, Exortação Apostólica do Papa Francisco, pediu aos frades que “não tenham nojo dos pobres” e que participem de um processo de humanizar o ser humano, que cada vez menos reconhece o outro como irmão. Como gesto concreto, os frades participaram no sábado, 7, do Grito dos Excluídos, em Campina Grande (PB). Muitos irmãos partilhavam a importância do encontro para se sentirem pertencentes da família de religiosos que não optaram pela ordenação sacerdotal. Frei Gabriel Nogueira Alves,

comunicações – OUtUbRO de 2019

frade estudante do tempo da Filosofia e natural de São Paulo, ressaltou a importância do encontro, a acolhida do povo e a partilha entre frades, sobretudo os estudantes de outras províncias e obediências, o que fortaleceu ainda mais a sua entrega ao seguimento de Jesus Cristo, ao modo de Francisco. “O que mais valeu no encontro dos irmãos, antes de qualquer coisa, foi a convivência com tantos frades das mais diversas partes do país. Foram quatro dias de encontro. Tivemos duas formações que indicavam o protagonismo e o profetismo do irmão leigo em tempos de barbárie. Fomos acolhidos no convento de Ituporanga, em Lagoa Seca, no agreste paraibano. O contato com o próprio daquela cultura trouxe para todos uma alegria imensa”, comentou o frade. Junto com Frei Gabriel, os frades Vagner Sassi, Róger Brunorio, Virgílio Pereira, Nazareno Lüdtke, Marcos Melo e Walter de Carvalho Júnior participaram do encontro e puderam fazer essa experiência de encontro e fraternidade.


cFFb

Para Frei Zeca, foram as pessoas e suas histórias que tornaram o encontro especial. “Pelas pessoas que estamos aqui. Nossa sociedade precisa deste testemunho de fraternidade”, assinalou o frade da Terceira Ordem Regular (TOR). Entre as atividades para os próximos anos está a missão de registrar e mostrar os inúmeros trabalhos que irmãos leigos realizam por todo o Brasil, através de um blog, que será administrado pela nova comissão de frades eleita para preparar o próximo encontro, ainda sem local definido. Fonte: Capuchinhos do Brasil (Frei Lorrane, OFM e Paulo Henrique, assessor de imprensa dos Capuchinhos/SP)

dOcUMeNtO FINAl

III ENCONTRO NACIONAL DOS IRMÃOS LEIGOS FRANCISCANOS 05 – 08/09/2019 - Lagoa Seca – PB Protagonismo e profecia: um testemunho de fraternidade em tempos de barbárie Como irmãos e menores, nós frades franciscanos dos diversos estados do país, nos reunimos em Lagoa Seca, na Paraíba, para nos encontrar, estudar, compartilhar e conviver no III Encontro Nacional dos Irmãos Leigos Franciscanos. Inspirados pelo apelo de Francisco de Assis que nos diz: “E, onde quer que estão e se encontrarem os irmãos, mostrem-se familiares mutuamente entre si”1. Somos gratos também pela participação de nossa irmã Maria José Coelho, Ministra Nacional da Ordem Franciscana Secular. Sua presença entre nós foi fraterna e profética. Nesses dias, pudemos refletir sobre a realidade em que vivemos, através dos temas econômico, social, político, ambiental e religioso. Interpelados pelo assessor Frei Olavio Dotto2, vimos que passamos por um momento crítico na história mundial, em um contexto de ameaças às soberanias nacionais e, no Brasil, vivemos em uma ditadura neoliberal com mescla de autoritarismo político, que transforma os serviços públicos em negócios. Através desse autoritarismo, corremos o risco da quebra da democracia com o estrangulamento das políticas públicas e agressão aos direitos humanos e sociais. Na atualidade, vivemos impulsionados pelo capital,

com menores períodos de estabilidade e maiores tempos de crise. A polaridade das discussões em esquerda e direita tem prejudicado as relações sociais, pois a crise política polarizada não alcança equilíbrio, desfavorecendo a estabilidade política e econômica. Seguindo o modelo mundial, também o Brasil assiste ao retorno do militarismo, do favorecimento dos grupos empresariais e corporações internacionais e do fundamentalismo religioso e neopentecostal (evangélico e católico). Nesse contexto, a única voz que tem sido uma referência profética mundial é o Papa Francisco. Percebemos que sua interferência vai além do âmbito eclesial, pois o próprio Papa tem dito que esse sistema econômico é injusto e mata3. Seguindo a reflexão sobre a profecia, Frei Aloísio Fragoso4 nos assessorou e recordou-nos que a vida religiosa consagrada, já em suas origens, nasce como contestação da realidade vivida. As diversas formas de vida religiosa sempre surgiram à partir da inspiração de neoconvertidos apaixonados, loucos por viver o evangelho. Frei Aloísio recordou-nos que após o Concílio Vaticano II a prioridade da vida religiosa consagrada foi de redescobrir sua identidade, buscar o carisma original e sustentar-se na sua espiritualidade própria. O profeta hoje é alguém capaz de nutrir-se de um amor essencialmente doação e sacrifício, contrapondo-se OUtUbRO de 2019 – comunicações

735


cFFb

à sociedade do descartável. Os místicos da vida religiosa consagrada fizeram sua experiência ao longo de uma vida. A sociedade atual carece de experiências duradouras, tem sede de fraternidade. A vida religiosa deve ter a prática de vida no seguimento de Jesus, pois ela não existe para si mesma e sim para a missão. A profecia está na simpatia, está no sofrer com o outro. O profeta não é juiz, nem mestre, nem inquisidor. O profeta é servo. Percebemos que o nosso encontro tem sido um sinal profético para os vocacionados e para os frades jovens no processo de discernimento de sua vocação. Contudo, reconhecemos que persiste a necessidade de haver uma formação franciscana desvinculada da formação para as ordens sacras, tendo em vista que somos uma ordem de irmãos e temos uma única vocação. Estamos felizes por nos reunir pela terceira vez enquanto franciscanos das quatro obediências5. Reconhecemos que este sinal profético de estar juntos e valorizar aquilo que nos une demonstra diálogo e fraternidade, e a busca de maior proximidade e comunhão na diversidade. Isso provoca-nos a resgatar nosso carisma e a estarmos em comunhão com o desejo do Papa Francisco de se viver uma Igreja em saída. Desta forma, reafirmamos a importância de nos fazermos presentes nas periferias eclesiais e nos diversos espaços sociais.

FALECIMENTO DO PAI DE FREI ROGER BRUNORIO No dia 29 de agosto, faleceu Domaria José Venturim Brunorio, aos 74 anos, pai de Frei Roger. Era preciso fazer uma cirurgia do coração e mesmo sabendo da gravidade ele optou submeter-se a ela. Estava tranquilo e 2 dias após o procedimento cirúrgico, o coração teve complicações que o levou ao óbito. Era separado há 33 anos e deixou 3 filhos

736

comunicações – OUtUbRO de 2019

Por fim, sentimo-nos fortalecidos em nossa vocação e impelidos para a missão. Nesse sentido, considerando a atual realidade eclesial e social, nos comprometemos: • Com a Ordem Franciscana: a viver a minoridade e a fraternidade, cultivando nossa identidade carismática para além das preocupações institucionais; • Com a Igreja: a tornar mais conhecida a Laudato Si’ e, concretamente, apoiar o Sínodo da Amazônia com suas proposições, em comunhão com toda a Igreja; • Com a sociedade: a promover a cultura do encontro através do diálogo, na busca de uma sociedade mais justa e fraterna. Que o Espírito Santo, nosso Ministro Geral, nos garanta forças para vivermos cada vez melhor o que nos propomos e ilumine nosso caminhar como irmãos e menores. Paz e bem! 1 – RB VI, 7 2 – Frade da Ordem dos Frades Menores, atualmente assessor da CNBB para as pastorais sociais. 3 – EG 53 4 – Ex-Ministro Provincial da Província Santo Antônio 5 – Ordem dos Frades Menores; Ordem dos Frades Menores Capuchinhos; Ordem dos Frades Menores Conventuais; Terceira Ordem Regular.

da mesma mãe, incluindo o confrade. Vivia numa cidade do interior do ES, com outra esposa há 26 anos. Participava ativamente na Igreja local. Dono de nome único, era brincalhão e bastante prestativo na comunidade. Alguns confrades de Colatina o conheceram nas celebrações festivas da região. Frei Roger e seus familiares agradecem aos confrades pelas mensagens recebidas e orações.


cFFb

Eleito o novo Conselho Diretor da Família Franciscana do Brasil Reunida de 22 a 25/8, a Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) elegeu no sábado (24) o novo Conselho Diretor, que irá conduzir a conferência no quadriênio 2019–2023. O encontro aconteceu em Brasília (DF). Irmã Cleusa Aparecida Neves, religiosa da Congregação Nossa Senhora do Amparo, é a nova presidenta, tendo como vice-presidente Frei Gilson Miguel Nunes, da Ordem dos Frades Menores Conventuais.

Composição do Conselho:

Presidente: Irmã Cleusa Aparecida Neves Vice-presidente: Frei Gilson Miguel Nunes 1º Conselheiro: Nilvado Moreira, OFS 2º Conselheiro: Frei Alex Assunção, OFM 3º Conselheira: Irmã Rosa Maria Severina, CFC 1º Suplente: Frei Marco Aurélio da Cruz, OFM 2º Suplente: Ir. Ivone Lourdes Fritzen, FCR

Conselho Fiscal

1º Irmã Luzia Pereira Nunes, PCC 2º Frei Reinaldo Pereira dos Santos, OFMCap 3º José Pereira Filho, OFS

Suplentes

1ª Irmã Maria Tânia Meneses Bulhões, IFBA 2ª Solange Luciano de Sousa, OFS

Edição Especial

MÊS MISSIONÁRIO EXTRAODINÁRIO

PROVÍNCIA FRANCISC ANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL

OUTUBRO DE 2019

EDIÇÃO

Especial

MÊS MISSIONÁRIO EXTRAORDINÁRIO

OUtUbRO de 2019 – comunicações

737


cFFb

Frei Michael adia visita à Província

F

rei Valmir Ramos, Definidor Geral, informou no dia 17 de setembro a Frei César que o Ministro Geral terá recuperação longa após a cirurgia ortopédica a que se submeteu, com ao menos 90 dias sem colocar o pé no chão, fazendo fisioterapia. Assim, ele cancelou a visita que faria à Província em fevereiro do próximo ano. Certamente, voltando às atividades, ele remarcará a data de vir ao Brasil. Frei Valmir também informou que a programação do Definitório Geral não foi alterada, e também o Encontro do Visitadores Gerais, em novembro próximo, e dos novos Ministros Provinciais, em janeiro de 2020. Que nossas fraternidades se unam às preces de toda a Ordem pela completa recuperação de Frei Michael!

Carta do Ministro Geral sobre o acidente sofrido nos EUA Caros Irmãos O Senhor lhes dê a paz! Estou escrevendo do Centro Médico da Universidade de Chicago. Na quinta-feira, 15 de agosto, eu estava andando de bicicleta na margem do lago, um passeio que fazia todos os dias desde que comecei minhas férias nos Estados Unidos. Infelizmente eu não vi um buraco que estava no caminho. Entrei no buraco e bati em uma laje de cimento. Assim, a bicicleta ficou bloqueada e me impediu de avançar e eu caí batendo meu lado esquerdo. O forte impacto contra o cimento produziu a fratura do fêmur e do osso pélvico que contém a articulação do fêmur e controla o movimento da perna. Como resultado, preciso passar por uma operação cirúrgica para reconstruir as áreas afetadas. Agradeço a Deus porque nenhum outro ferimento foi observado. Na opinião dos médicos, tenho uma fratura complexa, de grande gravidade, que requer um período prolongado de fisioterapia e reabilitação pós-operatória. Portanto, estarei ausente da

Cúria Geral por muito tempo. De acordo com o art. 200 §1 de nossas Constituições Gerais, durante minha ausência, por motivo de saúde, todas as questões e assuntos devem ser encaminhados ao Vigário Geral, Frei Julio César Bunader. Agradeço a todos os Frades da Ordem, aos Conventuais, aos Capuchinhos, às Clarissas, aos Franciscanos Seculares, às Irmãs e a todos aqueles que me enviaram mensagens expressando sua proximidade e apoio. Pedirei a um Irmão da minha Província que permaneça em constante comunicação com a Cúria Geral para mantê-los atualizados sobre meu estado de saúde. Peço-lhes que se lembrem de mim na oração, ao mesmo tempo em que me lembro de vocês em oração! Deus abençoe a cada um. Chicago, Illinois, EUA, 18 de agosto de 2019. Fraternalmente,

Frei Michael A. Perry, OFM MINIStRO GeRAl e SeRvO

CAPÍTULO GERAL SERÁ EM MANILA Na sessão de 19 de julho de 2019, o Definitório Geral da Ordem dos Frades Menores decidiu que o Capítulo Geral 2021 será realizado de 1 a 29 de maio, em Manila, nas Filipinas.

738

Essa decisão foi amadurecendo durante o percurso que levou em consideração vários fatores, inclusive, conforme previsto pelos artigos 190 e 194 § 5 das Constituições Gerais, o parecer consul-

comunicações – OUtUbRO de 2019

tivo expresso pelo Conselho Plenário da Ordem (Nairóbi, Quênia) em junho de 2018, bem como o do presidente da Conferência, reunida na Cúria Geral, em Roma, de 21 a 24 maio de 2019.


Por Frei Yves Leite

Tempos modernos:

O mestre Fiúza mostra para Frei Marx como os Santos Padres foram parar no smartphone.

Com o tio professo A princesinha dos Dellandrea!

Profissão Solene: Diálogo e Meditação

Missão no Marajó Frei Jean na Terra Santa Tudo isso vai ser meu!

“Onde estou?” Frei Odilon acordando na rede.

Ovelha perdida

...E achada por Frei Roger!!!

Safari de Frei Gilberto: Esses elefantes não podem comigo!

FRATRUMGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados

ouTuBRo 6 a 27

Sínodo para a Amazônia (Roma)

07 e 08

Encontro do Regional do Leste Catarinense (Angelina) Encontro ampliado da Frente de Comunicação (Rondinha); Estágio Vocacional - Ensino Médio (Ituporanga/SC) Coleta pelas Missões em favor de Angola Encontro da Frente das Paróquias Regionais de Pato Branco e Contestado (Pato Branco) Estágio Vocacional - Ensino Médio e Aspirantado (Guaratinguetá/SP)

17 e 18 18 a 20 19 e 20 25 a 27 31 a 03

noVemBRo 15 15 a 17 20 e 21 25 25 26 a 28

Encontro do Regional da Baixada e Serra Fluminense (Taquara) Encontro de formação para jovens Alverne (Tanguá – RJ); Reunião do Conselho de Formação e Estudos (Sede Provincial); Encontro do Regional do Espírito Santo Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense Reunião do Definitório Provincial

DeZemBRo 02 02 02 e 03 02 e 03 04 a 06 06 08 09 09 09 e 10 09 e 10

Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá) Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Blumenau) Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião) Encontro recreativo do Regional do Contestado Celebração provincial dos Jubileus (Petrópolis); Renovação dos votos em Petrópolis; Renovação dos votos em Rondinha; Jubileus em Bragança Paulista; Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista) Encontro do Regional do Leste Catarinense – recreativo Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Blumenau)

JaneiRo 06 08 11 20 a 30

2020

Primeira Profissão dos noviços (Rodeio); Admissão dos noviços (Rodeio); Primeira Profissão dos noviços angolanos e admissão dos noviços angolanos 2020 (Quibala); Curso na Cúria Geral para novos Ministros Provinciais (Roma);

FeVeReiRo 02 a 11

Visita do Ministro Geral e do Definidor Geral à Província da Imaculada;

maRço 08

30ª Romaria Frei Bruno (Joaçaba);

maio 01 a 29

Capítulo Geral da Ordem (Manila – Filipinas);


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.