Trabalho em Altura - Sistemas de Proteção Contra Quedas

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Trabalho em altura SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS L i v ro il u s t ra d o b as e a d o n a N R - 3 5 e N R - 18

C on cei tos Pro ce d i m e n tos Sel e ç ã o d e E P I s D e s lo ca m e n tos Pos i c i on a m e n to

– Proxima –

Edições Técnicas



Sumário Introdução

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Trabalho em Altura

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Planejamento

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Componentes do Sistema

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Sistemas de Proteção Contra Quedas

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Manutenção do Sistema

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Emergência e Salvamento

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Conclusão

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Trabalho em Altura – Sistemas de Proteção Contra Quedas

Introdução Objetivos Este livro tem como objetivo apresentar alguns dos principais equipamentos, procedimentos e sistemas de proteção contra quedas de altura. Seu conteúdo é parte integrante de treinamento para trabalho em altura, servindo como material didático de apoio ao instrutor e à instituição de ensino. Este livro busca transmitir, de forma visual, os principais tópicos abordados em treinamentos para estabelecer as condições de segurança necessárias para a realização de trabalhos em altura. Todo o esforço realizado na produção deste conteúdo foi visando facilitar o ensino de normas e técnicas de prevenção para que o trabalhador realize suas funções com plena segurança.

Prevenção A queda de pessoas e de materiais é uma das principais causas de mortes no Brasil. Para o trabalhador, a prevenção é a melhor forma de evitar acidentes e garantir sua integridade física. Já, para a empresa, a prevenção representa o cumprimento das leis, a economia de recursos e, principalmente, o respeito à vida.

Importância do treinamento A leitura deste livro não substitui o treinamento teórico e prático. Este livro foi desenvolvido para ser parte integrante do treinamento. Sua leitura não deve ser considerada como única fonte de formação. De acordo com a NR-35.3, o treinamento deve compreender o conhecimento teórico e prático da utilização dos equipamentos de proteção individual e coletiva aplicáveis às atividades em altura e suas limitações de uso. Todo trabalhador, antes de iniciar suas funções com atividades em altura, deve ser capacitado de acordo com a carga horária, o conteúdo programático e ter alcançado aprovação.

NR-35

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Trabalho em Altura Definição De acordo com a NR-35, considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda. Exemplos: trabalho em escadas fixas, escadas móveis, fachadas, telhados, andaimes, torres e postes, enlonamento de cargas, entre outros.

2m

Riscos Trabalho em altura envolve uma série de riscos, sendo o principal deles a queda do trabalhador. Outros riscos envolvidos: ? Queda de materiais. ? Condições atmosféricas adversas (calor, ventos, raios, etc.). ? Choque elétrico (risco presente em torres de transmissão). ? Contaminação com líquidos e gases (locais confinados como silos e torres

industriais). ? Soterramento.

Queda de materiais: uma das principais causas de acidentes

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Legislação As principais referências normativas aplicadas ao trabalho em altura e sistemas de proteção contra quedas, em âmbito nacional, são: ? NR-35: Trabalhos em Altura. ? NR-18: Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. ? NR-6: Equipamento de Proteção Individual. ? NBR 15475: Acesso por corda – Qualificação e certificação de pessoas. ? NBR 15595: Acesso por corda – Procedimento para aplicação do método.

Segurança A proteção contra quedas está baseada em dois princípios: restrição e retenção.

Restrição Restringir a presença do trabalhador ao local com risco de queda por meio de isolamento (exemplo: uso de guarda-corpo).

Retenção Reter a queda do trabalhador com utilização de dispositivos destinados para essa função (exemplo: uso de trava-quedas).

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Planejamento Avaliação dos cenários e riscos Antes de iniciar um trabalho em altura, é necessário avaliar os cenários e os riscos envolvidos na operação. Algumas perguntas importantes para avaliar os riscos: ? O trabalhador está apto para o trabalho em altura? ? O equipamento e o sistema de ancoragens estão em condições para uso? ? Há trabalhos simultâneos no mesmo ambiente? ? Há trânsito de pessoas e cargas no local de trabalho? ? Há riscos meteorológicos (ventos, chuvas, raios, etc.)? ? Há presença de redes eletrificadas? ? Há presença de gases tóxicos ou inflamáveis no local? ? Há riscos de soterramento e queda de materiais? ? Há um plano de comunicação e emergência?

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Procedimentos pré-operação Análise de Risco Análise de Risco é um método sistemático de exame e avaliação de todas as etapas e elementos de um determinado trabalho para desenvolver e racionalizar toda a sequência de operações que o trabalhador executará, identificar os riscos potenciais de acidentes físicos e materiais, verificar e corrigir problemas operacionais e implementar a maneira correta para a execução de cada etapa do trabalho com segurança. É, portanto, uma ferramenta de exame crítico da atividade ou situação, com grande utilidade para a identificação e antecipação dos eventos indesejáveis e acidentes possíveis de ocorrência, possibilitando a adoção de medidas preventivas de segurança e de saúde do trabalhador, do usuário e de terceiros, do meio ambiente e, até mesmo, evitar danos aos equipamentos e interrupção dos processos produtivos. São exemplos de metodologias usualmente utilizadas a Análise Preliminar de Risco (APR) e a Análise de Risco da Tarefa (ART). Outras metodologias também poderão ser empregadas, tais como Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA/AMFE), Hazard and Operability Studies (HAZOP), Análise Preliminar de Perigo (APP), entre outras. Para atividades rotineiras de trabalho em altura, a Análise de Risco pode estar contemplada no respectivo procedimento operacional. Os procedimentos operacionais para as atividades rotineiras de trabalho em altura devem conter, no mínimo: a) As diretrizes e requisitos da tarefa. b) As orientações administrativas. c) O detalhamento da tarefa. d) As medidas de controle dos riscos características à rotina. e) As condições impeditivas. f) Os sistemas de proteção coletiva e individual necessários. g) As competências e responsabilidades. As atividades de trabalho em altura não rotineiras devem ser previamente autorizadas mediante Permissão de Trabalho.

Permissão de Trabalho A Permissão de Trabalho deve ser emitida, aprovada pelo responsável pela autorização da permissão, disponibilizada no local de execução da atividade e, ao final, encerrada e arquivada de forma a permitir sua rastreabilidade. 6


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A Permissão de Trabalho deve conter: a) Os requisitos mínimos a serem atendidos para a execução dos trabalhos. b) As disposições e medidas estabelecidas na Análise de Risco. c) A relação de todos os envolvidos e suas autorizações. A Permissão de Trabalho deve ter validade limitada à duração da atividade, restrita ao turno de trabalho, podendo ser revalidada pelo responsável pela aprovação nas situações em que não ocorram mudanças nas condições estabelecidas ou na equipe de trabalho.

Sinalização e isolamento do local O local de trabalho deverá receber sinalização adequada para o ambiente. Caso haja possibilidade de trânsito de pessoas ou veículos no entorno do local de trabalho, este deverá ser sinalizado e isolado (com uso de placas, cones, fitas zebradas e grades de contenção). É importante utilizar os cones formando linhas imaginárias para facilitar o desvio de trânsito do local de risco. Alguns locais poderão ter presença de gases (tóxicos e inflamáveis) ou linhas energizadas próximas ao trabalhador. Nesses casos, é preciso verificar a possibilidade de desligar esses sistemas de abastecimento no local antes de iniciar a tarefa. Se não for possível tal procedimento, o local deverá ser sinalizado e isolado.

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Permissão de Trabalho

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Plano de emergência Os possíveis cenários de situações de emergência devem ser objeto da Análise de Risco que repercutirá no plano de emergências, onde serão definidos os recursos necessários para as respostas a emergências. A utilização de equipes próprias, externas, públicas ou mesmo composta pelos próprios trabalhadores deve considerar a suficiência desses recursos. O plano de emergências é um conjunto de ações, consignados em um documento contendo os procedimentos para contingências de ordem geral, que os trabalhadores autorizados deverão conhecer e estar aptos a adotar nas circunstâncias em que se fizerem necessárias. Esse plano deve estar articulado com as medidas estabelecidas na Análise de Risco.

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componentes do sistema Conceito de equipamento Um sistema de proteção contra quedas pode abranger o uso de Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) e Equipamento de Proteção Individual (EPI), ou ainda a combinação dos dois equipamentos para proteger o trabalhador dos riscos envolvidos no trabalho em altura.

EPC Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) são equipamentos utilizados para proteção de segurança enquanto um grupo de pessoas realiza determinada tarefa ou atividade. Alguns exemplos de EPC para trabalho em altura: ? Corrimão ? Guarda-corpo ? Linhas de vida ? Fitas sinalizadoras e antiderrapantes ? Redes de proteção ? Isolamento de áreas de risco ? Sinalizadores de segurança (como placas,

cartazes de advertência e fitas zebradas)

EPI Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são todo dispositivo ou produto de uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Sua utilização deve ser feita sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou doenças

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Guarda-corpo em escada vertical


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profissionais e do trabalho, enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas e para atender a situações de emergência. A principal certificação, em âmbito nacional, que atesta a confiabilidade de um EPI é o CA (Certificado de Aprovação), expedido pelo Ministério do Trabalho. Internacionalmente, existem outras certificações importantes, como a CE (Comunidade Europeia) e o UIAA (União Internacional das Associações de Alpinismo). No Brasil, um EPI só pode ser comercializado quando possuir o CA.

Ponto de ancoragem Ponto destinado a suportar carga de pessoas para a conexão de dispositivos de segurança, tais como cordas, cabos de aço, trava-queda e talabartes.

O ponto de ancoragem é a estrutura que irá suportar toda a carga aplicada em um sistema. O ponto de ancoragem pode ser natural do ambiente (como uma viga estrutural servindo de ancoragem para um talabarte) ou inserido de forma funcional (como uma porca olhal chumbada em local estratégico da estrutura para receber a ancoragem). O ponto de ancoragem deve ser selecionado por profissional legalmente habilitado, ter resistência para suportar a carga máxima aplicável e ser inspecionado quanto à integridade antes da sua utilização. De acordo com a NR-18, os pontos de ancoragem devem suportar uma carga pontual de 15 kN (1.500 kgf).

Ancoragem realizada diretamente em viga estrutural

Ponto de ancoragem em porca olhal, inserida na estrutura para receber carga de ancoragem

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