AGUALVA BA4 - Do Impacto

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DO IMPACTO O Governo dos Açores, através do Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira, indica que a região terá “um aumento de cerca de 55 por cento da taxa de desemprego, uma queda superior a seis por cento do PIB da ilha, e a perda de cerca de dois mil postos Page | 8 de trabalho diretos e indiretos”. Dr. Roberto Monteiro, presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, referiu em 2013 que “os números para a ilha não são nada promissores, pois o desemprego pode ir dos 8% aos 28% e com uma redução de 30% na produção da nossa comunidade”. O estudo do Dr. Mário Fortuna e outros, 2006, aponta para uma quebra no Produto Interno Bruto da ilha na ordem dos 8 a 10%, considerando apenas o emprego formal, já com o emprego indirecto as estimativas passam para o dobro. Um outro estudo, coordenado pelo Dr. Tomaz Ponce Dentinho e que também o PS/Agualva teve acesso, aponta para "uma emigração de 5.500 pessoas, dentro das expectativas melhores, ou de dez mil pessoas, se de facto houver muito emprego informal actualmente”. Por fim, o Prof. Carlos Enes, com assento na Assembleia da República, em muitas das suas comunicações e requerimentos entregues ao Governo da República, salienta que o sucesso do funcionamento da Base das Lajes, “concorde-se ou não com os fins militaristas da mesma”, ficou a dever-se ao “profissionalismo dos seus trabalhadores”. A Agualva é certamente das 30 freguesias da ilha Terceira, uma das que mais sairá fragilizada com a decisão dos EUA. O estudo do Dr. Tomaz Ponce Dentinho e Dr. João Borba, nas várias anotações e conclusões, referem que na Agualva existirá uma grande perda

económica

em

arrendamento

de

casas,

juntamente

com

outras,

maioritariamente próximas da Base das Lajes. Na verdade, a Agualva sempre foi uma freguesia reconhecida na ilha por mais imóveis ter arrendados aos militares e suas famílias. Primeiro, talvez porque na própria freguesia existia um polo da Base das Lajes, a quem chamavam “campo dos americanos”. Segundo, já depois desta desactivação em 1994, o afecto e carinho apontado pelos


norte-americanos aos agualvenses, pode ter sido uma de várias razões para que outros tantos militares “escolhessem” a nossa freguesia para viver. A residência de militares americanos e suas famílias na freguesia serviram de alavanca ao tecido económico local, não só pelas rendas pagas como também a aquisição de bens Page | 9 e serviços. Pelo contrário, existem freguesias que embora também tenham um elevado número de arrendamento de imóveis, poderão não ter um impacto económico tão forte como a Agualva, porque possuem economias não dependentes da Base. Falamos do Cabo da Praia, por exemplo, que possui uma Zona Industrial e Porto de Pescas. A restrição de obras de construção e reparação na Base, a redução de militares norteamericanos e desemprego dos agualvenses, a ausência de arrendamento de imóveis aos militares, acrescido da mais que evidente redução do poder de compra, originará uma perda colossal no consumo na freguesia que trará efeitos colaterais difícil de estimar na vida da Agualva. Nos últimos cinquenta anos a freguesia da Agualva já perdeu mais de metade da sua população: 2904 habitantes (Censos 1960) para 1432 habitantes (Censos 2011). A 20 de Novembro de 2012, 64 agualvenses estavam desempregados. Considerando que esta realidade não é muito diferente da actual e somando-lhe os 47 trabalhadores da Base com probabilidades de perderem os seus postos de trabalho, o número subiria para 111 desempregados. E os empregos indirectos ainda não estão contabilizados. O risco social do desemprego pode atingir a Agualva e com ele o aumento da ansiedade e depressão dos desempregados e familiares, dando lugar a uma sensação de vazio, frustração e “desesperança”. Não podemos desprezar que a Agualva teve durante muitos anos uma economia dependente da Base das Lajes, quer pelo emprego directo que lá existia (e existe), como também pelo emprego indirecto e negócios de cariz familiar que muito contribuía as famílias dos militares norte-americanos.


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