#89 SETEMBRO 2020

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N89 SETEMBRO 2020 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DIRETOR ELISEU SAMPAIO

RICARDO "FOX" PACHECO “O importante foi não desistir”

MIGUEL CARVALHO A ENTREVISTA AO AUTOR DE "AMÁLIA - DITADURA E REVOLUÇÃO" 2 MIL KM DE CASA ÀS COSTAS O RESUMO DE UMA VIAGEM À DESCOBERTA DE PORTUGAL EM AUTOCARAVANA QUARESMA O NOVO NÚMERO 10 DO VITÓRIA SPORT CLUBE


MAIS GUIMARÃES N89 SETEMBRO 2020

N89 | SETEMBRO 2020

RODRIGO AREIAS

COM SINAL MAIS NESTA EDIÇÃO TODOS OS MESES A MAIS GUIMARÃES LEVA ATÉ SI O QUE DE MAIS IMPORTANTE ACONTECE NA CIDADE BERÇO E NO CONCELHO!

ENTREVISTA A MIGUEL CARVALHO

A 'IMAGEM PEREGRINA' DE NOSSA SENHORA DA PENHA (GUIMARÃES)

2 MIL KM EM AUTOCARAVANA

CHEGADA DE QUARESMA CORRE O MUNDO

CURTIR CIÊNCIA ECONOMIA DO GOLO

NOVOS DESAFIOS... NOVOS PARADIGMAS!


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AS TRÊS QUESTÕES DE KANT O que eu posso saber? O que eu devo fazer? E o que eu posso esperar? Na procura de respostas a estas três questões existenciais, Immanuel Kant, importante filósofo alemão (1724-1804), dedicou três livros particulares: Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica da Faculdade de Julgar. Segundo o filósofo, o conhecimento não é mero reflexo dos objetos, ele parte do sujeito, da mente humana que produz a imagem das coisas e as organiza para explicar o universo. Há turbulência dos dias que vivemos. Nestes dias de pandemia há incerteza que nos afeta a lucidez e traz emoção à flor da pele instigada por uma ansiedade brutal. Procuramos respostas e encontramos apenas questões que nos caem em catadupa no colo, a um ritmo frenético, são notas que nos escorregam das mãos, nos fogem do controlo, em absoluto. Respiremos, acalmemos a alma. São perigosos estes dias, pelo surto que tende a intensificar-se, e

Mais Guimarães – A Revista é um órgão de comunicação independente e plural ao serviço de Guimarães e de todos os Vimaranenses. Estas são as linhas que a definem: 01 A Revista “Mais Guimarães” é um órgão de comunicação regional, gratuito, generalista, independente e pluralista, que privilegia as questões ligadas ao concelho de Guimarães.

pelas consequências paralelas desta pandemia que já mudou as nossas vidas. Relativamente a questões sanitárias, no momento em que passam seis meses do início da pandemia, acompanhamos uma redução atroz dos serviços de saúde prestados aos cidadãos, com consequências já notórias, como o aumento da mortalidade em Portugal, não Covid-19 (mais seis mil mortos nos últimos seis meses em relação a 2019). Outras sequelas ficarão nos cidadãos, como as de foro psicológico, com problemas que se agravarão nos próximos tempos resultando também dos efeitos económicos de uma crise anunciada mas ainda não sentida. E sequelas políticas também. Os próximos tempos serão difíceis, exigentes, mas não percamos “o norte”, o discernimento e a esperança. Já dizia Kant: "Como o caminho terreno está semeado de espinhos, Deus deu ao homem três dons: o sorriso, o sonho e a esperança."

e é orientado por critérios de rigor, isenção e honestidade no tratamento das notícias. 04 A Revista “Mais Guimarães” compromete-se a respeitar os direitos e deveres previstos na Constituição da República Portuguesa, na Lei de Imprensa e no Código Deontológico dos Jornalistas.

02 A Revista “Mais Guimarães”, é uma publicação independente, sem qualquer dependência de natureza política, económica ou ideológica.

05 A Revista “Mais Guimarães” aposta numa informação diversificada de âmbito local, abrangendo os mais variados campos de atividade e pretende corresponder às motivações e interesses de um público plural que se quer o mais envolvido possível no projeto editorial.

03 A Revista “Mais Guimarães” é um órgão de informação que recusa o sensacionalismo

06 A Revista “Mais Guimarães” distingue claramente as notícias – que deverão ser objetivas,

FICHA TÉCNICA Mais Guimarães A Revista da Cidade Berço Publicação Periódica Regional, Mensal Tiragem 5.000 Exemplares Proprietário Eliseu Sampaio Publicidade, Unipessoal Lda. NIPC 509 699 138 Sede Rua de S. Pedro, Nº. 127 - Serzedelo 4765-525 Guimarães Telefone 917 953 912 Email geral@maisguimaraes.pt Diretor e Editor Eliseu de Jesus Neto Sampaio Registado na Entidade Reguladora Para a Comunicação Social, sob o nº. 126 352 ISSN 2182/9276 Depósito Legal nº. 358 810/13

circunscrevendo-se à narração, à relacionação e à análise dos factos para cujo apuramento devem ser ouvidas as diversas partes – e as opiniões, ou crónicas, que deverão ser assinadas por quem as defende, claramente identificáveis. 07 A Revista “Mais Guimarães” compromete-se a respeitar a privacidade dos cidadãos, recusando a divulgação de factos da vida pessoal e familiar. 08 A Revista “Mais Guimarães” considera a sua atividade como um serviço de interesse público, com respeito total pelos seus leitores, em prol do desenvolvimento da identidade e da cultura local e regional, da promoção do progresso económico, social e cultural.

COMO PUBLICITAR Design Gráfico e Paginação Mais Guimarães Impressão e Acabamento Gráfica Nascente, Artes Gráficas Lda. Travessa Comendador Aberto M. Sousa Lote 15, Zona Industrial - Vila Nova de Sande 4805-668 Guimarães Fotografia da Capa Joana Meneses

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VINHOS DO BAIRRO: MUITO MAIS QUE UMA GARRAFEIRA A Vinhos do Bairro é um espaço agregador da cultura vínica, situado numa zona nobre da cidade de Guimarães, junto à Academia do Vitória. A garrafeira, além dos vinhos de produtores de referência, disponibiliza aos clientes projetos de menor dimensão que não se encontrem disponíveis na grande distribuição. "Existem, por este país fora, projetos e produtores de excelente qualidade que merecem ser conhecidos. Pretendemos também ser um espaço divulgação dos bons projetos vínicos existentes na nossa região, como já tem vindo a acontecer com alguns", refere a proprietária Elsa Henriques, à Mais Guimarães. Mas a Vinhos do Bairro é muito mais que uma garrafeira. Prova disso são os produtos gourmet que dispõe e que merecem ser provados: cogumelos, azeites, bolachas, compotas e chás que fazem as delícias de quem visita o espaço. Todos os dias, da parte da tarde, a sala está aberta para todos que procurem um espaço tranquilo para socializar com amigos e família, ou então para realizar uma reunião de negócios. "A nossa carta de vinho a copo é alterada com frequência para que quem nos visite possa ir conhecendo vinhos diferentes das várias regiões vitivinícolas nacionais e possa ir percebendo quais os perfis que mais lhes agradam. Além do vinho a copo, existe também a possibilidade de acompanhar o convívio com sangria, cerveja artesanal, porto tónico ou gin, conforme o gosto de cada um, além de alguns acompanhamentos como tábuas de queijos e enchidos, sempre um excelente acompanhamento do vinho", afirma Elsa Henriques. Porque o vinho é partilha, são bons momentos, é boa comida. O vinho são histórias. A Vinhos do Bairro promove, aos finais de tarde, encontros com produtores ou representantes das quintas, para que estes contem as suas histórias e apresentem os seus produtos. Os workshops são outra aposta desta casa de vinhos vimaranense. Eventos em setembro: 18/09 às 19h00 - Final de tarde com o produtor – Quinta Mendes Pereira, um produtor de vinhos da região do Dão. 26/09 das 15h30 às 18h30 - Workshop “Iniciação à prova de vinhos” que promete ser uma tarde bem passada à volta de 6 vinhos de regiões diferentes. Rua da Unidade Vimaranense, 72-A • 934 280 433 • loja@vinhosdobairro.pt • vinhosdobairro.pt


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O GINÁSIO DA EDUCAÇÃO NO POSTAL DE VISITAS DA CIDADE O GINÁSIO DA EDUCAÇÃO DA VINCI ABRIU NOVAS INSTALAÇÕES NO LARGO DO TOURAL, BEM NO CORAÇÃO DE GUIMARÃES. Um novo espaço, mais preparado para as condicionantes da atualidade. O Ginásio da Educação Da Vinci chegou ao Largo do Toural e está agora ainda mais próximo das escolas da cidade de Guimarães, garantindo ainda ótimos acessos a transportes e estacionamento. Além disso, o novo espaço é mais amplo e garante um maior distanciamento entre alunos e professores, permitindo disponibilizar mais e melhores serviços, mantendo o rigor e qualidade do acompanhamento dos alunos. “Com o confinamento da pandemia e orientações do governo, encerramos as instalações e passamos a prestar todos os serviços online com enorme aceitação. No entanto, antecipando as adaptações necessárias para o novo ano letivo, chegamos à conclusão que teríamos de mudar para instalações mais amplas, de forma a garantir as condições de distanciamento e segurança de saúde para alunos, professores e famílias. Em contraciclo da economia global, adaptamos um edifício histórico em pleno coração da cidade, apostando no futuro com novas tecnologias educativas, para que as crianças e jovens possam retomar algumas rotinas

de estudo presencial com segurança e toda a dedicação que merecem”, refere Miguel Teibão, proprietário.

REGRAS DE CONTACTO SOCIAL E ETIQUETA RESPIRATÓRIA As regras apertadas já fazem parte do nosso quotidiano, devido à pandemia de Covid-19. No Ginásio da Educação Da Vinci, em Guimarães, é obrigatório o uso de máscara dentro das instalações, bem como a desinfeção das mãos e superfícies das aulas. Foram colocados sensores e domótica para minimizar o toque e restringir os contactos entre os alunos. Foram também adotadas as medidas das escolas públicas e forçadas as medidas de higiene, proteção e distanciamento com um aluno apenas por mesa e afastamento de 1,5 metros em todas as salas. Foram ainda implementando um sistema misto de aprendizagem, com salas equipadas com computadores, o que possibilita o acompanhamento dos alunos à distância, caso seja necessário.


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“EM NOVE ANOS DE EXISTÊNCIA, ACOMPANHÁMOS JÁ MAIS DE 800 CRIANÇAS E JOVENS DO 1.º CICLO AO ENSINO SUPERIOR, BEM COMO MAIS DE 600 ADULTOS QUE FREQUENTARAM OS NOSSOS CURSOS DE IDIOMAS CERTIFICADOS" UMA MARCA DE REFERÊNCIA NO PANORAMA NACIONAL Os Ginásios da Educação Da Vinci são uma marca nacional de serviços de educação que se encontra presente em mais de 40 localidades do país em regime de franchising. O conceito multisserviços de educação contempla, ainda, serviços de psicologia e psicopedagogia, traduções, summer school em Inglaterra, Cursos Cambridge English e escola de línguas para adultos.

NOVE ANOS NA CIDADE BERÇO O Ginásio da Educação Da Vinci de Guimarães iniciou a sua atividade no dia 1 de outubro de 2011, disponibilizando serviços de apoio escolar a crianças, jovens e adultos do ensino básico, secundário e superior. Foi desenvolvemos produtos mais específicos de apoio escolar e, em 2015, alargou a sua atividade na Formação Profissional Certificada de Línguas Estrangeiras, complementando a oferta educativa para adultos com cursos de Inglês, Alemão, Francês, Italiano, Espanhol, Chinês entre outras. “Em nove anos de existência, acompanhámos já mais de 800 crianças e jovens do 1.º ciclo ao Ensino Superior, bem como mais de 600 adultos que frequentaram os nossos cursos de idiomas certificados. Com taxas de sucesso superiores a 95%, trabalhamos para ajudar os nossos alunos a alcançarem os seus objetivos. A equipa pluridisciplinar de mais de 25 professores, experientes e dedicados aos seus alunos, reforça o sucesso da nossa missão de elevar a excelência da educação e formação em Guimarães”, acrescenta Miguel Teibão.

Largo do Toural, 124, 4810-427 Guimarães • guimaraes@davinci.com.pt • ginasiosdavinci.com/guimaraes


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2000KM

REDESCOBRIR PORTUGAL COM A CASA ÀS COSTAS FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

Neste ano incomum, a maioria dos portugueses, devido às limitações provocadas pela pandemia, optou por passar as suas férias dentro de portas. Encheram-se as casas de turismo rural no Gerês e na Serra da Estrela, o interior povoou-se, lotaram-se praias de norte a sul do país e até no Algarve o português voltou a ser a língua mais usada. Inventamos alternativas e desenrascamo-nos. Nisso continuamos mesmo muito bons. Outra das alternativas foram as férias em autocaravana. É sobre essas que vamos falar neste artigo. Férias de verão em autocaravana, com miúdos, praias (uma pequena loucura) e pela mítica nacional 2, a viagem na terceira maior estrada do mundo, que liga Chaves a Faro, nuns fantásticos 738km que vale bem a pena percorrer.

Partir à aventura O objetivo era descobrir Portugal, partir sem destino claramente definido, e sem horários. Autocaravana atestada e lá saímos de Guimarães em direção a Aveiro, local da primeira paragem para almoço. Aveiro tem as suas riquezas, a ria e os ovos-moles que já toda a gente conhece, mas que tem muito mais e merece claramente ser visitada, assiduamente, esta Veneza portuguesa. Daí saímos para a Figueira da Foz, pela nacional, por Ílhavo e Mira até passarmos o Mondego e os seus arrozais a perder de vista. Marinha Grande, a capital do vidro, com as Matas Nacionais, o oceano constantemente à direita, antecederam a chegada à Nazaré. Visitámos a praia do Norte como sempre, o Forte de S. Miguel e descemos à vila para o jantar, peixe, evidentemente. A saída da Nazaré faz-se para S. Martinho do Porto e a sua baía perfeita, seguindo-se Foz do Arelho e a Lagoa de Óbidos. Jantámos já em Setúbal, que o tempo de facto anda rápido quando estamos bem. De Setúbal avançámos para a Comporta, onde a praia de águas

cristalinas e a areia dourada maravilharam todos. Comporta é, de facto, uma das mais extraordinárias praias portuguesas. Porto Covo tornou-se o destino seguinte. Acordar com aquelas encostas escarpadas do Alentejo e aquele mar sem fim é algo que fica na memória. Fomos à Ilha do Pessegueiro e, ainda antes da chegada à Zambujeira do Mar, visitámos, com muito gosto, a Lagoa de Santo André. Da Zambujeira arrancámos para Lagos, já para a Costa Algarvia, até à Ponta da Piedade. As praias de Lagos continuam fascinantes. Alvor, que fica ali ao lado, tornou-se um bom local para ficar uns dias, a desfrutar do sol e de alguma tranquilidade, da maior tranquilidade vivida este ano por terras algarvias. À noite, sempre dá para sair até uma das cidades da costa algarvia e desfrutar de um cocktail numa esplanada. Depois do descanso, é hora de voltar a ligar os motores porque há que partir de novo à aventura, há um país para descobrir, agora pelo interior. E é preciso ir devagar, e só mesmo desta forma faz sentido. O km738 na nacional 2 fica ali ao lado em Faro e é o ponto de partida. A contagem é decrescente até Chaves.

A mítica Estrada Nacional 2 Um itinerário perfeito para descobrir a cultura e a paisagem do nosso país em toda a sua autenticidade. Ao percorrer a nacional 2 no sentido ascendente rapidamente percebemos que já entrámos no Alentejo profundo. Logo após a Serra do Caldeirão, podemos adorar as planícies e encontrar a pacatez de que necessitamos nesta fase deste encantador passeio. Aljustrel é uma boa localidade para encontrarmos isso.


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Continuámos a viagem em direção a Montemor-o-novo, para visitar o castelo e descobrir uma cidade marcada pelo forte sentido histórico e muito tranquila no presente. A próxima paragem foi Abrantes, uns bons quilómetros depois, após uns mergulhos em Montargil. De Abrantes vale a pena saltar até Constância, que fica uns minutos ao lado, à Vila Poema, conhecida por lá ter andado Camões, para visitar o Castelo de Almourol ou simplesmente relaxar na confluência entre os rios Zêzere e Tejo. Seguimos viagem, mais uns bons quilómetros até Góis: Foi uma agradável surpresa. Perdida entre montanhas, Góis é uma localidade pacata e encantadora, com belíssimas praias fluviais, verdadeiros oásis de frescura nos dias quentes de verão. Como partimos de facto sem destino, tivemos o desafio de avançarmos até à Serra da Estrela, passando pelo museu do pão em Seia. Apesar de já estarmos no último dia da viagem, lá se uniram as vontades e fizemos uns bons quilómetros, serra acima, até à Torre. A nossa serra contínua lindíssima.

UMA VIAGEM POR PAISAGENS DESLUMBRANTES, LUGARES INCRÍVEIS E ÓTIMA GASTRONOMIA, UMA EXPERIÊNCIA A REPETIR, COM OUTRAS COORDENADAS.

E com isso estava no tempo de realizarmos o último troço da viagem, e o mais longo, até Chaves. De Viseu, a terra do Dão, partimos para Lamego, onde é obrigatório visitar a Sé e o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, seguiu-se Peso da Régua, depois Santa Marta de Penaguião e as suas paisagens inseridas no território do Alto Douro Vinhateiro, vistas inigualáveis classificadas como património mundial pela UNESCO. Vila Real é ponto de partida do último troço da Nacional 2, que merece destaque por estar inserido numa zona de montanhas rica

em águas termais. Estrada que nos leva por Pedras Salgadas ou Vidago, onde reina um charme que nos faz viajar no tempo até à Belle Epoque. E chagámos a Chaves, ao km0, da maior e mais rica estrada portuguesa. Uma estrada que nos leva a descobrir o Portugal que por vezes ignorávamos, e que esta pandemia nos levou a, de novo, a encontrar. Fica a certeza de que este é o melhor país do mundo para se viver, e para viajar.


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“CONSEGUES GUARDAR UM SEGREDO?” FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

É O PRIMEIRO LIVRO DE FERNANDO CARDOSO, O ESCRITOR VIMARANENSES QUE, RECENTEMENTE “ASSUMIU A MISSÃO DE DAR ASAS À SUA CRIATIVIDADE E DEDICAR MAIS TEMPO À SUA PAIXÃO PELA ESCRITA, PERMITINDO-SE PARTILHAR O SEU TRABALHO COM AS PESSOAS.” A ideia para este livro surgiu entre conversas sobre a infância: o que se fazia, o que não existia e o já não se faz. Na sequência dessas conversas, com amigos e familiares, veio a ideia de registar algumas tradições, formas de falar, de viver, que estão a cair em desuso, ou que já desapareceram. Segundo o autor, em linguagem “bastante acessível”, este livro “conta-nos uma história que pode, numa cena ou noutra, lembrar ao leitor de algum momento da sua vida: ou porque viu nos noticiários algo parecido, ou porque conhece alguém que esteve numa situação semelhante, ou lembrar mesmo uma parte da sua própria vida. Tanto em termos de tradições mas também quanto aos valores das personagens. Diria que é um livro bastante fluido, e que desperta no leitor a ansiedade de conhecer o seu desfecho.” Acrescenta Fernando Cardoso. “Consegues Guardar um Segredo?” é um romance que aborda os

comportamentos humanos em diversas situações: na vida conjugal, no poder político, nos negócios, no associativismo, em diversas formas de poder. Retrata o que as pessoas fazem; o que pretendem transmitir; como querem ser vistas, que imagem pretender passar; e aquilo que é realmente percebido pelos outros. Simultaneamente, o livro aborda memórias coletivas de uma aldeia rural minhota em finais do séc. XX, que “vão trazer recordações, sobretudo a quem viveu a infância nessa época e nessas aldeias.” O livro, “Consegues Guardar um Segredo?”, está disponível apenas online, através do contacto direto com o autor ou com a jovem editora, Edições Provocativa, utilizando as redes sociais. Para além de estar já a trabalhar num novo romance, que deverá sair até ao final do próximo ano, Fernando Cardoso terminou de escrever um conto infantil que poderá ser lançado ainda antes do natal.


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“TENTARAM MATAR O FADO, APAGAR A MEMÓRIA DAQUILO QUE ELA TINHA SIDO, A AMÁLIA FOI À LUTA” TEXTO: RUI DIAS E ESSER JORGE SILVA • FOTOGRAFIAS: RUI DIAS

MIGUEL CARVALHO É O AUTOR DE “AMÁLIA - DITADURA E REVOLUÇÃO, A HISTÓRIA SECRETA”, DA DOM QUIXOTE, COM APRESENTAÇÃO MARCADA PARA O DIA 27 DE SETEMBRO, EM GUIMARÃES. O LIVRO NÃO FOI FEITO PARA O CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DA FADISTA MAS QUE ASSENTOU PERFEITAMENTE NA DATA. A INVESTIGAÇÃO DO JORNALISTA DE “QUANDO PORTUGAL ARDEU”, “A ÚLTIMA CRIADA DE SALAZAR” OU “ÁLVARO CUNHAL - ÍNTIMO E PESSOAL”, REVELA-NOS A IMAGEM DE UMA FADISTA BEM DIFERENTE DAQUELA QUE FOI CONSTRUÍDA NOS DIAS QUENTES DO PREC. UMA MULHER QUE DISCRETAMENTE AJUDOU A RESISTÊNCIA MAS QUE RESISTIU SEMPRE A USAR ESSES CRÉDITOS, MESMO QUANDO ERA ATACADA POR TODOS OS LADOS.


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Como é que nasceu esta investigação sobre a Amália Rodrigues?

Eu senti que esta história estava por fazer.

Eu tinha um sonho, desde há muitos anos, uma fisgada que me deu desde que o Saramago fez aquelas declarações em Paris, a dizer que houve contatos dela com a resistência antifascista, nomeadamente com o PCP e que inclusivamente houve financiamento, logo aí comecei a colecionar papelada. A primeira vez que penso nisto, a sério, aí por 2012 2013, já tinha várias pastas de recolhas. Foi aí a primeira vez que pensei: ‘isto pode dar alguma coisa’. Há dois anos surgiu a bolsa de investigação jornalística da Gulbenkian. Não tinha ideia que pudesse dar um livro, mas tinha ideia de que podia ser o ponto de partida para muita coisa.

Sentes que aquilo que tu descobriste põe em causa aquela realidade contada do PREC?

É uma biografia algo que em Portugal não têm assim tanta tradição. Não te sentiste a mexer num terreno pouco pisado? Sim isso é verdade, partilho muito isso até em relação à Amália, acho criminoso a figura que ela é e a dimensão mundial que ela têm, como é que passam tantos anos sem haver uma obra? Uma figura como ela teria 20 ou 30 biografias se tivesse nascido nos Estados Unidos ou na Inglaterra. Todas as pessoas que tiveram contacto direto ou indireto com a Amália formaram a sua própria moldura da figura. Encontras portanto as pessoas já com uma malha mental construída digamos assim. Não foi a maioria mas algumas pessoas têm alguma dificuldade em sair dessa moldura, mesmo quando chegas com documentos com gravações inéditas da Amália ou entrevistas que as pessoas nem leram. A Amália é aqui o centro? É, embora um dos objetivos foi também tentar contar um pouco a história do século XX português, através do seu percurso. Nós temos muito tendência para pormos as coisas sempre a preto e branco e com a Amália ainda mais. A verdade é que se fores ver tudo aquilo que se disse e foi escrito sobre a Amália ela continuou todos estes anos a ser analisada a preto e branco. Há uma frase dela, já em fim de vida, em que ela diz: “Eu era a noite e o Zeca Afonso o dia”. Ela sentia isto poucos anos antes de morrer.

O que é importante para mim é esta figura, está retratada em todas as suas dimensões. Ela foi alvo de insultos, de perseguições e boatos, a seguir ao 25 de abril. O que eu tentei demonstrar é que ela não pode ser catalogada, não cabe em gavetas. O que faz dela uma figura tão humana como nós! Tentei mostrar que há outras narrativas se formos procurar os documentos. Há duas dimensões nela que são muito importantes: em ditadura os atos clandestinos da Amália com o universo da resistência antifascista são muito vastos, são financeiramente muito significativos e são muito prolongados no tempo. Pós 25 de abril tens uma pessoa que tinha sido idolatrada durante décadas e promovida pelo regime que sofre os maiores ataques que uma diva como ela pode sofrer. Contudo ela nunca cede á tentação de dizer, “alto olhem que eu fiz isto olhem que eu dei”. Vive sempre com a mágoa desse tempo e morre com essa mágoa. A questão é, no dia 26 de abril havia muitos antifascistas em Portugal, mas o regime durou 40 anos com uma oposição relativamente benévola. Tal como a Amália, o Eusébio também andava a tratar da vida no anterior regime, ao mesmo tempo a mulher mandava dinheiro para África, para a FRELIMO. Achas que se pode fazer um paralelismo entre as duas figuras? Em termos daquilo que eles significaram naquele contexto, acho que sim. São figuras que foram promovidas pelo regime, com uma diferença, é que a adesão do regime ao fado é muito tardia. À esquerda há quem pense que o fado sempre foi coisa de ditaduras, mas isso é um erro. Vemos uma série de indivíduos que frequentam a casa da Amália e que pensamos que são amigos da dela e que durante o PREC a abandonam. Tens muita gente a tratar da vidinha parecia que já toda a gente era antifascista desde pequenino. O Luís Cília quando chega a Portugal na primeira entrevista que dá diz: “Mas está tudo a atacar o fado! Está tudo louco?”. Ele vai buscar essa história de que ninguém fala-


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va. O resto é rebanho: “O vento está a soprar para ali? Então é para ali que vamos”. O que aconteceu foi a pequena inveja, o gajo que quer passar á frente. Vou dar o exemplo do Ary (José Carlos Ary dos Santos) a Amália ficou muito desgostosa com ele. A verdade é que o Ary não esteve tão presente como estava antes, como é óbvio, mas a Amália é um pouco injusta com ele porque em várias aparições públicas e em várias entrevistas, logo naquele período, quando a Amália é mais atacada, ele sai em defesa dela. Já não aparece é tanto lá em casa, e a Amália adorava esses mimos.

pelo nosso destino, uma figura paternal, alguém que tomasse conta de nós. Mas Amália não era só isto! Era alguém que aparecia no relatório da PIDE como sendo uma perigosa comunista, a PIDE não estava totalmente louco. Ela percebe rapidamente como se têm de movimentar nestes meios como é que a mão esquerda faz uma coisa e a mão direita faz outra.

Os símbolos da portugalidade foram apagados, no pós 25 de abril, e a Amália era um símbolo desses símbolos. Há necessidade de apagar a Amália?

Há um episódio que relato no livro, quando lhe fazem a última grande homenagem no âmbito da EXPO 98, acaba tudo em casa dela. Na sala está sentada gente que fala inglês, italiano, espanhol e ela está no sofá e responde em português, responde em espanhol, em italiano. Isto passa-se a um ano antes de morrer. Há quem diga que o Ricardo Espírito Santo a educou, algo disto deve ser verdade, porque ele acompanhou-a durante muitos anos. Ela torna-se uma mulher além do seu tempo pela forma de ser.

A questão da portugalidade é muito interessante. Fizeram-lhe a pergunta: “Mas quem é você para cantar Camões?”. A que ela respondeu: “Eu não tenho nada á ver com a carga nacional, a portugalidade é uma carga muito pesada para mim, eu sou a Amália ponto”, portanto, ela sempre rejeitou a ideia que vai defender Portugal lá fora. Na entrevista até agora passa a ideia de que ela foi vivendo com alguma manha enganando o regime. Mas há um episódio na embaixada em Espanha em que há um letra profundamente machista que lhe pedem para ela cantar e ela diz, “Só canto se...” Além desse, há vários exemplos não só em relação às músicas como também no cinema. Vários relatos das tentativas dela de resistir a diálogos que subalternizam o papel da mulher. Em 1943, pedem-lhe para cantar o fado da Maria Alice, que é um fado que fala numa das estrofes do papel da mulher como zeladora da honra do marido e a Amália, “Eu não canto isto”. Acabou por cantar, mas tiveram que modificar a letra. Amália olha para Salazar, enquanto ele é vivo, como para uma figura paterna? A Amália convive muito bem com a ideia de alguém que vele

A menina dos bairros pobres e a mulher madura depois, não são a mesma pessoa? Como é que ela se fez mulher?

Os anos 80 trazem uma série de cantores; há novas fadistas. Existe um resgate da imagem da Amália? Ela foi a primeira a ir á luta aceitava tudo para o que era convidada houve uma altura que era em média 26 concertos por mês. Nessa altura aparece o Miguel Esteves Cardoso a escrever sobre a Amália, uma coisa absolutamente revolucionária, é a primeira pessoa a normalizar a Amália perante o regime democrático. O Estado Novo é o teu filão? Não é tanto por aí. Há temas que me interessam por eu achar que estão mancos. Jornalisticamente o que me interessa, sobretudo, é saber que há um puzzle que não está completo. Se eu puder, com as armas que o jornalismo me dá, preencher um bocadinho essas lacunas a minha, missão está cumprida.


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MIGUEL CARVALHO


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ERA CONTINUA A CRESCER NA CIDADE BERÇO A ERA Guimarães Avenida inaugurou esta quarta-feira, na Av. D. João IV, uma nova agência com 280 metros quadrados e ótimas condições para trabalhadores e clientes. “Esta agência é o resultado do bom crescimento que tem tido nos últimos três anos, desde que abrimos na Av. São Gonçalo. O nosso trabalho e a confiança dos clientes traduzem-se nos resultados da loja e deu-nos confiança e motivação para abrirmos uma nova loja e enfrentarmos este desafio”, referiu José Luís Silva, CEO da ERA Guimarães Avenida, Norte e Vizela, à Mais Guimarães. Em plena pandemia de Covid-19, a ERA dá mais uma demonstração de força e vitalidade, inaugurando a segunda agência na cidade berço. “Vivemos tempos de incerteza e insegurança, mas, no nosso entender o mundo, nem pode, nem vai acabar. O negócio tem que continuar e os resultados que temos tido neste último período, têm demonstrado que as coisas estão para acontecer e os resultados vão em função do trabalho e da confiança dos clientes na imobiliária”, afirmou José Luís Silva. Com os olhos postos no futuro, a ERA congratula-se pelo facto de o mês de agosto ter sido o mais produtivo dos últimos três anos.

Av. Dom João IV 4800 Guimarães • 253 055 000 • guimaraesavenida@era.pt


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FOTOGRAFIA: VSC

CHEGADA DE QUARESMA CORRE O MUNDO

Chegar, ver e vencer. Quaresma é o novo número 10 do Vitória e a sua chegada já se traduz em ganhos para a SAD vitoriana, bem antes de a bola começar a rolar. O internacional português foi apresentado com pompa e circunstância, através de um vídeo publicado nas redes sociais do Vitória e do atleta. As gravações foram realizadas no Paço dos Duques de Bragança e contam com várias referências às alcunhas do jogador: Harry Potter e Mustang. O vídeo tornou-se rapidamente viral e, em poucas horas, já tinha sido visto por milhões de pessoas. Os seguidores das redes sociais do Vitória dispararam no número de seguidores, graças ao forte contingente de fãs de Quaresma, especialmente na Turquia. Também no que toca à venda de camisolas oficiais, quer nas lojas físicas, quer na online, a contratação do jogador de 36 anos é um verdadeiro sucesso.


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FOTOGRAFIAS: JOÃO BASTOS


MAIS GUIMARÃES N89 SETEMBRO 2020

FRANCISCA ABREU FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

Francisca Abreu foi vereadora da Educação e da Cultura entre 1998 a 2013 na Câmara Municipal de Guimarães. O seu corpo partiu no dia 26 de setembro, mas a sua memória perdurará como a Capital Europeia da Cultura, a que esteve intimamente ligada e que mudou para sempre a cidade. "A minha mãe era solteira. O meu pai rejeitou-me desde que nasci. Era filha de pai incógnito. Não tinha pais. Tinha mãe. Foi sempre claro para a minha mãe que me tinha que dar a carta de alforria. Essa carta de alforria eram os estudos", palavras inesquecíveis ditas numa entrevista à revista Mais Guimarães, em 2015. O ensino trouxe-a lá do fundo, onde nasceu, até à importância que ganhou na vida de todos os vimaranenses. A passagem da sua vida pela qual ficará mais conhecida, foi fugaz mas recheada, foi ao ensino que dedicou quase toda a vida ativa, como professora do ensino secundário. Nascida em Vilarinho, Santo Tirso, Francisca Abreu frequentou o ensino secundário no Liceu Nacional de Guimarães, tendo sido interna do Colégio do Sagrado Coração de Maria, onde integrou o grupo juvenil que aí desenvolveu uma marcante intervenção cultural.

presidência da Cooperativa Municipal A Oficina. É como vereadora da cultura e presidente de A Oficina que desenvolve um abrangente e intenso programa de criação e instalação de equipamentos e de produção artística que afirmou Guimarães, no início do século XXI, como polo central da cultura de todo o noroeste peninsular e era membro do Conselho Consultivo da organização internacional Cities for Europe. É a sua assinatura que consta na elevação do Centro Histórico a Património da Humanidade e foi ela impulsionou a candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura. O sucesso de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012 constituiu exemplo para toda a Europa de como uma cidade média, a partir do envolvimento de toda a população, pode realizar um evento de amplitude europeia, ficando em muito a dever-se à visão cosmopolita, arrojada e integradora, da então vereadora Francisca Abreu.

Na década de 1970 frequentou a Universidade de Coimbra onde foi ativista estudantil. Licenciada em Filologia Germânica, foi professora e dirigente em diversos estabelecimentos de ensino até ser colocada na Escola Secundária Martins Sarmento, em 1982/1983, vindo ali a ser eleita Presidente do Conselho Executivo durante dez anos, de 1987 a 1998.

A herança e marca que deixou nos seus mandatos, quer no domínio da educação e da cultura, com o caráter interventivo com que sempre, desde a juventude, pautou a sua forma de ser cidadã e a sua permanente disponibilidade e dedicação à comunidade foi reconhecida pelos vimaranenses. Foi reconhecida em 2019 com a Medalha de Mérito Cultural Municipal em ouro, fruto do histórico legado que deixou na cidade de Guimarães. Foi responsável pela candidatura de Guimarães a Capital Europeia da Cultura e foi membro do Conselho de Administração da Fundação Cidade de Guimarães, instituição criada para criação, gestão e realização do programa cultural de Guimarães 2012.

De 1994 a 1998 foi deputada à Assembleia Municipal de Guimarães. Em 1998 tomou posse como Vereadora da Câmara Municipal sendo-lhe atribuídos os pelouros da Educação e da Cultura e a

No momento da partida, colheu elogios da esquerda à direita, mesmo daqueles que, por diferenças de opinião, tiveram com ela “lutas” políticas.


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HV MESQUITA: UMA HISTÓRIA DE SUCESSO EM PLENA PANDEMIA Para grandes males, grandes remédios. A HV Mesquita Fashion Store, bem no centro de Guimarães, apostou nos diretos no Facebook para promover e vender os seus produtos durante a pandemia. O resultado não podia ser mais animador. A HV Mesquita Fashion Store comemorou esta quinta-feira, 03 de setembro, o seu segundo aniversário. A marca vimaranense, situada no Largo Navarros de Andrade, junto aos antigos correios, vende roupa para mulher, algo que sempre esteve nos planos da proprietária Vânia Mesquita. “Vi esta loja, que já era de vestuário e decidi que ia concretizar o meu sonho”, refere, à Mais Guimarães. No último mês, para fazer face à pandemia de Covid-19, a HV Mesquita Fashion Store começou a promover os seus produtos no Facebook, à terça-feira. “Desde que começámos os diretos a loja começou a ser ainda mais conhecida. Nota-se que, mesmo quem manda guardar as roupas, a partir dos diretos, ao vir levantar, acaba por levar outras coisas”, afirma Vânia Mesquita. As pessoas que assistem aos diretos passaram a pertencer a uma autêntica família. “Deixo a mensagem para que quem puder, faça o mesmo. Há pessoas que têm vergonha, e eu também tive. Mas depois toda a gente conhece toda a gente. Isto é o futuro e isto foi a melhor maneira de ultrapassar este problema relacionado com a pandemia”, aconselha a proprieária. Envios nacionais e internacionais A HV Mesquita Fashion Store envia para o mercado nacional e internacional. Os diretos são à terça-feira e à quarta os interessados nos produtos são contactados pela marca. À quinta-feira de manhã são efetuados os envios. Também à terça-feira, um mecânico está presente nas instalações da HV Mesquita Fashion Store, para proceder ao reparo de máquinas de costura.

Gosto pela área deve-se ao avô O avô de Vânia, Hermes Mesquita, mais conhecido como Mesquita das Máquinas, foi proprietário de uma loja de venda e reparação de máquinas de costura, na Alameda de S. Dâmaso, desde 1956. Em homenagem ao avô, a marca atual mantém o ‘H’ no nome. “Comecei a ganhar gosto pela mecânica, ao ver o meu avô a reparar máquinas. As vendas de máquinas de costura eram diárias e fui ganhando o gosto. Comecei a trabalhar com o meu avô aos 17 anos e fiquei lá vinte e tal anos”, acrescenta Vânia Mesquita.

Largo Navarros de Andrade, 10 - Guimarães • 919 002 514 • hmesquita.costura@gmail.com


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CENTRO CIÊNCIA VIVA DE GUIMARÃES

SÉRGIO SILVA DIRETOR EXECUTIVO DO CURTIR CIÊNCIA CENTRO CIÊNCIA VIVA DE GUIMARÃES

Panciência. Ciência em tudo. Ciência transversal. Ciência como motor da Educação. Como promotora do Turismo, da Arquitetura, dos Monumentos. Ciência que dá a conhecer a Cidade, os monumentos, as ruas, as pedras, os bairros. Ciência que desperta. Que incentiva, que questiona. Ciência a par da arqueologia e da paleontologia. Ciência com aventura pelas ruas, praças e monumentos da cidade.

Gémeo Digital O mundo vive suspenso da criação de uma vacina contra a Covid-19. Uma vacina fiável, devidamente testada, que não origine danos secundários que venham a revelar-se mais graves do que a própria doença que deveria curar. Eliminar essas probabilidades implica testar. Muito. Testar em pessoas mais do que em animais. E não faltarão voluntários. Mas tudo poderá ser mais fácil, dizem os cientistas, com um gémeo digital. O que é? É uma representação virtual. Pode ser de um edifício, de um carro, de qualquer outro produto… mas também de uma pessoa física da vida real. Um familiar, um vizinho. Tudo o que existe no mundo físico pode ser replicado no digital. Pode parecer literatura de livros e filmes de ficção científica, mas não, é bem real. O gémeo digital da saúde, que pode ser submetido a tes-

tes prévios a medicamentos ou cirurgias para minimizar os riscos, começa a ganhar forma. O projeto "CompBioMed" integra o programa europeu de investigação e inovação Horizonte 2020 e apresenta-se como “uma visão de vanguarda da medicina de futuro”. Imagine-se o Sr. David, de Guimarães. Precisa de ser submetido a uma operação delicada ao coração que envolve muitos riscos. A tecnologia dos gémeos virtuais levará a que se possa criar uma “cópia” feita de bits e bytes, com batimento cardíaco e código genético idênticos aos do Sr. David. O humano virtual pode revolucionar os cuidados de saúde. E salvar vidas. Porquê? Porque será capaz de prever um resultado antes de uma ocorrência. Ao invés de se descobrir uma determinada complicação durante o ato cirúrgico, ela pode ser detetada antes, através da “operação” ao gémeo virtual. Admirável mundo novo?

TESTE DE BIURETO Técnica simples para deteção de proteínas. É um reagente - sulfato de cobre (CuSO4) e hidróxido de sódio (NaOH) - que apresenta uma coloração azul.

ECOLOGY DAY No dia 14 de setembro, o Curtir Ciência assinala esta data internacional com o lançamento de um novo projeto: a criação de um “Hotel para Insetos”.

Foi assim no verão. Foi assim com o Curtir Ciência. Dezenas de oficinas que dinamizaram Guimarães: no Museu de Alberto Sampaio, no Parque da Cidade, no Centro Histórico, na Citânia de Briteiros. Que atraíram participantes de fora, que despertaram interesse. Em crianças, jovens, adultos. Oficinas dinâmicas, interativas, sustentadas por profissionais experientes, que confirmam a apetência do público por este género de oferta, a par daquela que é disponibilizada pelos centros de arte e plataformas culturais. Se isto não é dinamizar a cidade, o que será?


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DA SOMA DAS PARTES, DA SUBTRAÇÃO DO EXCESSO, RESULTA O TODO.

FOTOGRAFIA: JOÃO MORGADO


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GRUPO ZEGNEA DISTINGUIDO COM UM PRÉMIO INTERNACIONAL DE ARQUITETURA NO IAA FOTOGRAFIAS: JOÃO MORGADO

O GRUPO ZEGNEA, SITUADO EM GUIMARÃES, FOI DISTINGUIDO NOS INTERNATIONAL ARCHITECTURE AWARDS 2020, NA CATEGORIA 'PRIVATE HOUSES', COM O PROJETO 'BOX XL HOUSES'. Uma distinção de renome que eleva ainda mais a reputação do Grupo Zegnea. A empresa de arquitetura vimaranense destacou-se entre os 400 candidatos e foi distinguida no International Architecture Awards 2020, por um juri grego composto por um conjunto ilustre de arquitetos, críticos e académicos. Organizados pelo The Chicago Athenaeum: Museum of Architecture and Design e pelo The European Centre for Architecture Art Design and Urban Studies, os IAA distinguem, ano após ano, os melhores projetos de design e arquitetura que se destacam nos quatro cantos do planeta. O sucesso é repartido por todo o grupo de trabalho, que reconhece o empenho e audácia com que enfrentam cada projeto. "Estaríamos a ser demasiadamente humildes e desonestos se não admitíssemos que este prémio nos trouxe um motivo extra de regozijo profissional e uma intensa satisfação pessoal, transversal a todo o nosso grupo, desde os arquitectos, engenheiros, administrativos e operários. Somos uma estrutura bastante pequena, mas extremamente ambiciosa e empenhada. A distinção é sentida por todos porque todos contribuem diariamente para que o nosso trabalho evolua, é desta forma que existimos e que acreditamos ser o caminho certo", afirma o arquiteto Hugo Lobo, à Mais Guimarães.

O Grupo Zegnea já recebeu, anteriormente, uma menção honrosa atribuída pela 'Architecture Masterprize' e foi eleito para o prémio 'Obra do Ano' pela plataforma Archdaily, em 2019. Contudo, para o arquiteto Hugo Lobo, a maior distinção possível, e aquela que procuram diariamente, "é a satisfação plena dos nossos clientes, de quem nos confia a concretização das suas vontades, esta é e terá de ser sempre a nossa maior motivação".

BOX XL HOUSES "As 'Box XL Houses' vêm na linha de pensamento de um processo que iniciamos há alguns anos atrás na procura de uma interpretação dos nossos novos modos de habitar. Há a tendência de um olhar isolado para o resultado, mas há todo um estudo e reflexão subjacente à sua materialização", começa por referir o arquiteto. O Grupo Zegnea procura, no seu trabalho, oferecer ao cliente a melhor relação entre a qualidade e o preço, sem nunca se confundir com uma espécie de 'manufacturing' produtivo e construtivo, mas sim o oposto, usar o todo o conhecimento e pesquisa da equipa de trabalho, no sentido de produzir algo com uma linguagem contemporânea e apelativa, acessível a todos.


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O compromisso depende de um jogo de equilíbrios enquadrado num contexto, seja ele físico, social, económico, ambiental, entre outros. "Equilíbrio é de certa forma o que mais destacaria neste empreendimento, o equilíbrio entre a massa construída e a construção do vazio, o equilíbrio entre a permeabilidade e a impermeabilidade, o equilíbrio entre o diálogo arritmado do conjunto, entre a materialidade do artificial e do natural, o equilíbrio desta urbanidade rural. Foi na procura deste equilíbrio que encontramos os estímulos necessários para dotar as habitações de uma personalidade forte e um caracter singular", descreve o arquiteto Hugo Lobo.

UM PROJETO JOVEM MAS AMBICIOSO Um grupo jovem em todos os sentidos, mas que encara todos os projetos de uma forma ambiciosa. "Os nossos projetos são en-

"TODOS OS NOSSOS PROJETOS, COM MAIOR OU MENOR DIMENSÃO CONTRIBUEM PARA A VALIDAÇÃO DO NOSSO PENSAMENTO E PARA O DESENVOLVIMENTO DO NOSSO PERCURSO" carados da mesma forma, com o entusiasmo inicial, com a frustração do processo, com a discussão constante até à tomada de decisão, o qual defendemos ser o mínimo espaço possível entre a resposta à questão formulada e a dúvida que persiste. Assim, podemos afirmar que todos os nossos projetos, com maior ou menor dimensão contribuem para a validação do nosso pensamento e para o desenvolvimento do nosso percurso", começa por dizer Hugo Lobo, que valoriza os projetos até agora concluídos: "felizmente tivemos já oportunidade de intervir numa grande variedade de contextos e programas, o que enriquece a nossa pesquisa e permite-nos explorar diferentes escalas". Entre os projetos nos quais o Grupo Zegnea já teve a oportunidade de trabalhar, em variados programas e contextos, destacam-se dois na cidade de Vizela: a Unidade de Cuidados Continuados, uma vez que, "dada a sua especificidade foi um processo extremamente exigente, pois trata-se de uma reabilitação e ampliação do antigo hospital de Vizela", e a nova creche da Misericórdia, que possibilitou testar "novas abordagens em que a sua materialização, em 2020, nos deixou profundamente satisfeitos".


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UM NASCIMENTO "NATURAL" NUM CONTEXTO "ANORMAL" A Zegnea nasceu em 2008, ou seja, em plena crise económica e financeira, mas absorvida por um espírito irrequieto e inconformado. "Face à crise que assolava, entre outros, o setor da construção e tendo na história da família uma forte ligação a este setor, senti uma convicção de que as coisas poderiam ser feitas de uma outra forma, olhar para a produção arquitetónica e construtiva de uma outra maneira, de um novo modo", explica o arquiteto Hugo Lobo. Apesar de estar na fase final da sua formação, Hugo Lobo antecipou a sua ingressão no mercado de trabalho, através de uma parceria com o seu atual sócio. "Desde então, procurámos crescer de forma gradual e sustentada, aumentando a equipa, mas mais que um número, adicionar capacidade crítica e compromisso com a nossa missão. Já passaram algumas pessoas pelo nosso atelier, mas olhar para a nossa estrutura e ver colaboradores que estão connosco praticamente desde o início, o seu grau de empenho e dedicação, é motivo de satisfação. Como disse, somos uma empresa jovem, essencialmente mental, com um inconformismo natural, uma ambição em participar da discussão pública, de pensarmos o espaço, o nosso espaço, o espaço de todos nós".

UM PROJETO TRANSVERSAL O Grupo Zegnea tem uma autação plural no setor da construção, pela transversalidade do exercício desde o projeto, até à construção e comercialização dos seus próprios empreendimentos. Isto permite à empresa ter uma maior aproximação às diferentes fases de qualquer obra, entendo as dificuldades inerentes a qualquer fase da mesma. "É uma luta interna constante, no sentido de equilibrar o peso na balança, ora despindo a pele de arquiteto e assumindo o papel de construtor, e vice-versa. É difícil e extremamente desgastante, contudo enriquecedor, pois ajuda-nos a estar focados na realidade, a perceber o terreno, a entender os contextos e os diferentes momentos de uma qualquer construção", conclui o arquiteto Hugo Lobo.

"UM INCONFORMISMO NATURAL, UMA AMBIÇÃO EM PARTICIPAR DA DISCUSSÃO PÚBLICA, DE PENSARMOS O ESPAÇO, O NOSSO ESPAÇO, O ESPAÇO DE TODOS NÓS"


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CONFERÊNCIAS-DEBATE ASMAV

DEMOCRACIA, CIDADES, DESENVOLVIMENTO 9 E 10 OUTUBRO Sede da ASMAV, Rua de Gil Vicente, Guimarães 9 OUTUBRO - 21H30 Abertura PORTUGAL: CRISE, SUPERAÇÃO, IGUALDADE Moderador: Francisco Teixeira Palestrantes: Ricardo Costa – Vereador das Finanças e do Desenvolvimento Económico da Câmara Municipal de Guimarães Ana Catarina Mendes – Líder parlamentar do Partido Socialista

10 OUTUBRO - 10H45 AS CIDADES E A DEMOCRACIA Moderador: António Magalhães Palestrantes: Bruno Fernandes – Presidente do PSD de Guimarães Jorge Costa – Secretariado do PS de Famalicão Mariana Silva – Deputada do PEV

15H00 PARTIDOS POLÍTICOS E DEMOCRACIA Moderador: Rui Dias Palestrantes: Francisco Teixeira - Professor Orlando Coutinho – Ex-presidente do CDS de Guimarães Pedro Rodrigues – Deputado do PSD

17H30 CIDADES-CULTURA Moderador: Paulo César Gonçalves Palestrantes: César Machado – Presidente da Associação Convívio Fátima Alçada – Diretora Artística da Oficina Sónia Ribeiro – Deputada Municipal do BE

21H30 PORTUGAL ENTRE A CRISE E A OPORTUNIDADE PERMANENTES Moderador: Francisco Teixeira Palestrante: Francisco Assis - Presidente do Conselho Económico e Social P.S.: Com regras de distanciamento e higiene definidas pela DGS, não se esperando que possam assistir presencialmente à conferência-debate mais que 60 pessoas, sensivelmente um terço da lotação total do espaço.


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PROJETO LIMITES OS LIMITES COMO PONTO DE ENCONTRO TEXTO E FOTOGAFIAS: JOANA MENESES

Carlos Fraga e Ana Duarte estão estabelecidos na cidade de Guimarães e têm como formação base a arquitetura. Em conversas de confinamento, questionaram-se sobre “como seriam as cidades, qual seria o impacto desta nova normalidade na cidade e nos comportamentos das pessoas”.

distanciados. Se as ideias iniciais eram quadrados de luz durante a noite, os espelhos permitiram trabalhar com a condicionante do centro histórico. “A necessidade de não mexer com o pavimento, de não retirar pedras”, levou à descoberta de outros “métodos passivos de reflexo e de iluminar”, os espelhos.

Uma intervenção em Guimarães era algo que o coletivo Trave já tinha intenções de fazer. Esta tornou-se a oportunidade perfeita. Foi pensando no princípio base do afastamento e distanciamento físico que se candidataram ao projeto des-CONFI(n)AR. “Grelhas abstratas de um metro e oitenta, materializá-las no espaço de uma forma cativante, que questionasse um bocadinho como é que o espaço funciona”.

Já no largo Condessa do Juncal, a ideia foi criar uma ligação entre as duas instalações e criar uma cobertura para o local. “O próprio espaço dá quase esta ideia de que é uma sala pública, uma sala de espetáculos.” Durante o dia, criam-se sombras com o sol, e alguns cilindros têm lâmpadas, permitindo traçar um caminho imaginário em direção à outra intervenção, ao esticar-se em direção ao chão. O material utilizado resultou de sobras de empresas de Guimarães, juntando a arte ao têxtil, ajudando algumas empresas locais que “ficaram com trabalho zero”.

“Há tantas praças aqui no centro e as pessoas acabam por se concentrar muito em duas ou três. Queríamos puxar um bocadinho as atenções para longe das duas praças principais”, confessaram os artistas. Foi assim que resolveram explorar a cidade, imaginando uma grelha abstrata que se pudesse pensar na cobertura, no pavimento. O largo Cónego José Maria Gomes está agora repleto de espelhos

A palavra limites leva-nos a pensar em distanciamento e em barreiras, dando a ideia de “não podemos ultrapassar isto”, contudo esta instalação leva-nos a pensar nos limites como “um ponto de encontro”.


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“LISTEN” DE RODRIGO AREIAS COLECIONA PRÉMIOS

“Listen” venceu o prémio “Leão do Futuro - Luigi De Laurentiis”, no valor de 100 mil dólares, de primeira obra, e o prémio especial do júri “Horizontes” no Festival de Cinema de Veneza, que terminou no dia 12 de setembro, em Itália. No mesmo certame, a curta-metragem venceu ainda o prémio “Bisato d’Oro”, de melhor realização, prémio atribuído por um júri de crítica independente, e o prémio “Sorriso Diverso Venezia”, pela “abordagem às questões sociais”. “Listen” é a primeira longa-metragem da atriz e realizadora Ana Rocha de Sousa, de 41 anos, e a narrativa inspira-se em factos reais. É um drama familiar de uma família portuguesa emigrada no Reino Unido, a quem os serviços sociais lhe retiram os três filhos menores, por suspeita de maus tratos. O filme chegará às salas de cinema portuguesas em 2021. À agência Lusa, Ana Rocha de Sousa referiu que “Não é de todo um filme contra ninguém em específico, mas pretende levantar questões; se não haverá outras formas de salvaguardar o superior interesse estas crianças e destas famílias para lá da adoção. (…) A grande dificuldade do tema são algumas definições demasiado subjetivas em termos legais que tornam o sistema [social] muito falível”, contou a realizadora. Rodrigo Areias, o produtor vimaranense, considerou "absolutamente incrível e fora do normal" este reconhecimento em Veneza, na carreira de alguém que está a fazer uma primeira obra. É algo que marcará claramente o percurso que ela irá fazer, sem dúvida nenhuma.” O filme foi rodado nos arredores de Londres com elenco português e inglês, encabeçado por Lúcia Moniz, Ruben Garcia e Sophia Myles. Este filme teve produção da Bando à Parte, produtora de cinema independente, sediada em Guimarães no edifício do C.A.A.A., que tem com principal responsável Rodrigo Areias.


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RICARDO FOX PACHECO PIONEIRO DOS ESPORTS EM PORTUGAL COMEÇOU A JOGAR EM CYBERCAFÉS


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NAS MELHORES EQUIPAS MUNDIAIS DE CS TEXTO E FOTOGRAFIAS: JOANA MENESES

Ricardo Pacheco começou a jogar em cybercafés, deixou a escola para se dedicar ao Counter Strike, na altura CS 1.6. Do motocross ficou a marca de equipamentos que usava, Fox, o nome pelo qual é conhecido. Founder da marca Fox Gaming Gear, primeiro atleta Redbull mundial de CS:GO, embaixador da Prozis e embaixador da Betclic, joga com portugueses na Vodafone Giants há dois anos, uma equipa espanhola. Fox passou pelos K1ck, a primeira equipa portuguesa, deu o grande salto para o internacional com os Kinguin e jogou pelos Gamers2. Passou pelos FaZe, os SK, a melhor equipa do mundo, e decidiu ficar por aqui. Como é que vês o panorama do CS:GO e dos eSports em geral em Portugal? Em Portugal já está muito melhor, já está muito mais evoluído, e o pessoal já está mentalizado que isto é uma profissão. Até há dois anitos, três, ninguém levava isto a sério. Acho que em Portugal ainda há muita falta de investimento por parte das marcas grandes, que realmente interessam. Ou seja, há marcas como a RedBull, como a Prozis, que se calhar não estão tão dentro da área dos eSports, que andam a investir mais, a Asus também. Acho que falta ainda as marcas entenderem, ou quem está à frente destas marcas, os representantes, entenderem que é preciso investir para

isto dar o salto que é preciso. Em Espanha já está noutro nível, em qualquer país já está numa fase muito mais à frente. Aqui temos duas equipas, a minha e outra equipa, mais profissional. De resto, pelo que eu sei, as equipas em Portugal andam nos salários como eu recebia em 2004: 200 euros, 300 euros. Isto acaba, para estas equipas, por ser um part-time para os miúdos, era o que eu fazia na altura também, quando recebia os 200 euros, tinha três trabalhos. Para conciliar tudo é um problema. Em Portugal, somos conhecidos lá fora pela aderência que temos. Somos um país pequeno, mas temos muita gente a jogar CS, muita gente a apoiar, e dizem que os nossos apoiantes são dos melhores. Às vezes a fazer jogos live, em termos de visualizações, temos mais pessoas que um estádio de futebol, muito mais. Voltando atrás, está muito melhor, somos uma equipa de cinco portugueses, mas estamos a representar uma equipa espanhola. Nenhuma equipa portuguesa nos dá condições para a representar, não investem. Começaste a jogar há aproximadamente 20 anos. Sentes alguma diferença? Sinto diferença. Agora sou profissional, posso viver disto, já há alguns anos. Quando eu comecei a jogar era normal que não houvesse salários. Isto basicamente só começou a ser profissional, mesmo mundialmente, quando mudou do CS antigo, o CS 1.6, para


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o CS:GO, que é o atual. Teve investimento de empresas gigantes mundiais e aí mudou tudo. Tive a sorte, por acaso, de sermos os pioneiros numa equipa internacional, começaram-nos a pagar salários altos. Sabemos que fomos nós que começamos a mudar a maneira de pensar das marcas. Eu quando fui chamado para jogar mais a sério, foi quando houve a mudança para o CS:GO, e foi para criar uma equipa internacional. Era um português, um belga, um norueguês e dois suecos. Fomos os pioneiros numa equipa com um de cada país: o melhor daqui, o melhor dali. E a empresa dos Kinguin, que é uma empresa conhecidíssima no mundo dos jogos já apostou em nós em salários mais elevados. Na altura tínhamos as melhores equipas a virem perguntar se era verdade. Com isso, esses jogadores começaram a exigir às equipas esses valores. Eu nunca pensei na vida ver equipas, hoje em dia, a receber 30 e 40 mil euros por mês por jogador. Isto em salários. O mundo dos jogos envolve tanto dinheiro que as pessoas não fazem ideia, e os valores e números que isto envolve… Acho que as pessoas não entendem mesmo que isto não está como o futebol, mas, a continuar assim, para lá caminha. Como é começou o teu percurso no CS? Começou nessas lojinhas que havia aí. Eu, na altura, era um bocado terrorista e faltava muito às aulas, e à beira da minha escola tinha uma lojinha dessas. Um amigo meu, de turma, levou-me para lá uma vez e fiquei viciado logo à primeira. Comecei logo a jogar. Comecei a ir para lá todos os dias até conseguir pedir à minha mãe para me comprar um computador para casa. Fiz uma coisa, que não me orgulho, deixei de estudar de propósito só para jogar. A minha mãe, como é óbvio, e o meu pai, não gostaram muito da ideia, mas como eu faltava muito às aulas e eles viram que não tinham mão, mais valia deixarem-me tentar a minha sorte. Então já tinhas em mente fazer do CS a tua vida… Toda a gente sabia que eu tinha talento e que se um dia algum português tivesse sucesso, seria eu. Desde que comecei a jogar tinha aquele dom que, se calhar, poderia dar. O importante foi não desistir, mas a oportunidade veio passado 10 anos. Houve uns anos da minha vida que eu só jogava, não fazia mais nada. Nem saía de casa, era só jogar, só jogar. Depois comecei a ter que trabalhar, porque só estar em casa a jogar não pagava contas. Foi uma fase complicada, porque, entretanto, o meu pai faleceu, e tive que começar a trabalhar para ajudar a minha mãe. Cheguei a ter três trabalhos: o CS, trabalhava como segurança, e trabalhava no shopping. Depois surgiu um convite e deixei tudo do dia para a noite. Foquei-me só em jogar. Até hoje, para já, ainda está tudo bem. Como é que a tua família viu essa decisão? O meu pai, na altura, ficou “cego”. O meu pai era amante de motas,

"SOMOS UM PAÍS PEQUENO, MAS TEMOS MUITA GENTE A JOGAR CS" e eu quando era miúdo fazia motocross. O orgulho do meu pai era quando eu andava de mota, cheguei a ser semiprofissional de motocross. Disse ao meu pai para vender a mota, e acredito que foi um desgosto grande para ele. Infelizmente, não chegou a ver o sucesso que eu tive, que é o que me deixa com mais mágoa. A minha mãe também não gostou, mas deixou-me seguir a minha ideia. Vê os jogos, tem a aplicação no telemóvel e vê. A minha mãe foi a pessoa que mais investiu em mim. Quando olhaste para o teu primeiro salário, o que é que pensaste? Comprei logo uma mota [risos]. Foi a minha primeira compra. Senti-me realizado. São valores mais altos, que não estava habituado. Quando me caiu na conta mandei logo mensagem a um amigo meu [risos]. Só aí é que cai um bocado na real. Qual foi o ponto alto da tua carreira? Ou ainda está para vir? Já chegou. Joguei na melhor equipa do mundo. Os brasileiros eram os melhores do mundo. Acho que não há dúvidas que esse foi o ponto mais alto da minha carreira. Jogar na melhor equipa do mundo. Jogar para eles, ter o convite. Eu fui jogar, porque um jogador saiu da equipa, e eu fui um bocado em cima da hora. Estava a lanchar e eles mandaram-me uma mensagem a dizer: “Queres vir jogar connosco? Tens de vir amanhã para Los Angeles”. Fui logo fazer a mala e arranquei no dia a seguir para Los Angeles. Não ganhamos o torneio, mas ficamos em terceiro, fui para lá sem treinar. Houve a possibilidade de ficar, eles convidaram-me para ficar lá, só que tinha que ficar lá a viver. Entretanto, a minha namorada, na altura, estava grávida e eu não quis. Na minha cabeça queria ficar, porque via que era uma oportunidade única. Por outro lado, não queria, porque senti um bocado a falta do acompanhamento do meu pai, ele morreu muito cedo. Não queria abdicar dos primeiros anos do meu filho simplesmente para ganhar dinheiro. Já ganhava bem a jogar cá na Europa, e o dinheiro também não é tudo. Há alguma idade para se começar e acabar essa profissão? Comecei com 12 ou 11, nem sei. Agora começam mais cedo. Eu digo a toda a gente que não vale a pena fazer o que fiz na altura. Eu, quando era miúdo, e ainda estava cheio de vontade de jogar, eu senti-me muitas vezes “queimado” de tanto jogar, tanto jogar. Há tempo para tudo, ainda para mais quando és um miúdo. Tens tempo para jogar, tens tempo para estudar, tens tempo para fazeres


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o que quiseres. Estava muito focado naquilo e só queria jogar. Começava a jogar mal, por jogar tantas horas seguidas. Entras num burnout, começas a saber que estás a jogar mal e queres jogar ainda mais. Quando é assim tens de descansar. Não vale a pena deixar de estudar, não vale. Eu tive a sorte, ou não, porque fui eu que insisti, que nunca desisti. Podia não ter acontecido e hoje, se calhar, estava a trabalhar como estive na mesma, que não é vergonha nenhuma. Acho que há tempo para tudo, estudar, jogar, estar com o pessoal na rua. Hoje em dia os miúdos esquecem-se um bocado disso. Ao fim e ao cabo, isso é mais saudável para te dares bem como jogador. Tive problemas, fiquei uma pessoa muito antissocial, tinha complexos, não gostava de sair de casa, não gostava de estar com gente. Cheguei a ir ao psicólogo. O que eu aconselho é que ninguém faça isso. Mesmo para jogar

"HÁ TEMPO PARA TUDO, ESTUDAR, JOGAR, ESTAR COM O PESSOAL, PARA FAZER O QUE QUISERES"


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melhor, é preciso fazer tudo o resto. Estudar, sair de casa, estar com o pessoal, estar com os amigos. Depois a jogar estás muito mais de mente limpa. Eu costumo dizer isso aos miúdos quando me vêm ver jogar, quando me pedem “que é que eu faço para ser bom jogador?”. Digo sempre isso: “Estuda. Os teus pais ajudam-te. Os pais acabam por apoiar mais se te deres bem na escola. Dão-te computadores se tiverem possibilidades, deixam-te jogar mais tempo”. Se o pessoal fizer assim, tem mais possibilidades de singrar nisto do que como eu fiz na altura, radicalmente. Era a única coisa que se calhar eu mudava. Quais são os planos para o futuro? Tenho muitos planos. Eu e o meu sócio, o Miguel. Temos muita coisa em mente. Temos a nossa marca, que, felizmente, vende bem. Há muitas marcas em Portugal, só que fazem produtos só para vender e fazer dinheiro. Como eu sou jogador e o Miguel já jogou, nós sabemos o que é que é preciso. Um preço qualidade para as pessoas poderem todas comprar. Às vezes há marcas a vender material a preços abismais, que é impossível para uma família com salários normais. Chegares a uma loja e comprares um teclado a 200 euros, para mim é surreal. Tentamos fazer produtos melhores que esses, a preços mais acessíveis. O Miguel vai a feiras, vê os produtos, eu experimento tudo antes de passarmos para vender, e dou a minha aprovação. Fora disso, tenho muitas opções. Quando um dia deixar de jogar posso ser treinador, porque também há treinadores, e é o percurso normal hoje em dia. Ganhas o mesmo salário e trabalhas menos um bocadito. Ajudas os jogadores a orientar-se. Eu não gostava muito de ser treinador, sou sincero, gosto de jogar. Sinto que ainda estou bem para jogar, por isso enquanto me sentir assim vou continuar a jogar. Quando deixar de jogar, tenho muitas ideias.

juntos. É mais fácil do que estar em casa. Em casa cada um está no seu pc, temos o programa para falar, mas ali temos quadros e as televisões para ver os jogos. Isto é como o futebol, exatamente igual, estamos sentados e o treinador está lá à nossa beira a explicar-nos o que temos de fazer. Sentiram muitas diferenças com a pandemia? Não há torneios físicos. Mas nem nos podemos queixar. Isto prendeu o pessoal em casa, os jogos bateram recordes de visualizações, bateram recordes de pessoas a jogar, houve muita gente que começou a jogar para ter o que fazer, mais torneios online... Para nós, jogadores profissionais, torneios online não puxa tanto como torneios físicos. Nós temos torneios físicos que vamos para pavilhões e estão 12 mil pessoas a ver-nos a jogar, dá outra vontade de jogar. Os jogadores de futebol de certeza que se queixam do mesmo, a jogar de porta fechada, sem público. Para alguns jogadores até deve ser melhor, por causa do stress, mas o pessoal joga também para isso, é o que envolve tudo à volta. Nós não nos podemos queixar, não deixamos de receber, felizmente, há mais torneios, há tudo mais no que toca a jogos. Sentes que és reconhecido em Portugal? Tenho gente que me conhece em todo o lado, muita gente me pede para tirar fotos e sinto que sou conhecido. Mas em Portugal ainda não houve nenhum jogador português que alcançasse o que eu alcancei. Eu é que, se calhar, dei o nome do CS em Portugal, fui o único a jogar os grandes torneios, e trouxe um bocado o nome. Noutro dia joguei um torneio internacional e os analistas disseram que eu pus o mapa de Portugal no mundo do CS. Acho que as pessoas não têm ideia. Acabas por ser um ídolo para muita gente. Tenho que estar agradecido por isso.

Como é o dia a dia de um jogador de CS?

Em Guimarães sentes que tens o reconhecimento que gostavas de ter?

Levanto-me todos os dias por volta das sete e meia e preparo o miúdo para ir para o infantário. Saio de casa por volta das nove e deixo-o no infantário. Venho tomar o pequeno-almoço, vou para o ginásio e treino com os meus amigos cerca de duas horas. Venho almoçar, meia horita, e vou para casa já com horas marcadas de treino até à hora de jantar. No dia a seguir volta ao mesmo. Uma rotina muito certa nisso. Treinamos todos os dias, de segunda a sexta. Às vezes, por exemplo nestas próximas três semanas, temos treino de segunda a sexta e temos torneio sábado e domingo. Basicamente nem tenho folga. Quando temos torneios é mais stressante, treinamos a semana toda para isso. A semana passada estive a semana toda na Prozis, hoje devia estar lá [risos]. Temos um escritório, a Prozis oferece-nos, tem lá os computadores, e basicamente é um bootcamp. Chegamos ali e é jogar, jogar, dormir, jogar. Os miúdos vão para o ginásio na mesma, eu venho um dia ou outro para ficar com o meu filho, mas a rotina é 15 dias, de segunda a sexta jogar lá todos

Como cidade, só se for com o público. Dou nome à cidade de Guimarães, porque toda a gente sabe que eu sou de Guimarães, ponto. Faço questão de dizer que sou de Guimarães. Não digo isto zangado, mas jogava com um amigo de Fafe, e a Câmara de Fafe entregou-lhe um prémio. Ele nunca ganhou ou jogou em equipas topo mundial. Aqui, em Guimarães, e Portugal, tens um único jogador português que representou a bandeira de Portugal nesses torneios todos, e o que é certo é que nunca ninguém teve interesse. O pessoal aqui quer saber de futebol e em há muita gente que singrou e não é reconhecida. Isso tem que mudar. Eu podia ser o melhor jogador do mundo, o Rui Silva podia ser o melhor jogador do mundo de andebol, quase ninguém queria saber. Aqui, infelizmente, é futebol. És reconhecido e representas a cidade. Eu acho que dou muito nome à minha cidade com orgulho, sem nunca pedir nada em troca, nem quero. Por nada na minha vida saía de Guimarães, pela calma e tranquilidade. As pessoas associam-me a Guimarães pela forma como jogo, sempre aos berros, sempre a motivar a equipa.


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Parceria

DÉBITO DIRETO FACILIDADE OU PREOCUPAÇÃO? Muitos consumidores usam os débitos diretos para pagarem contas regulares, como água, luz, gás, seguros, cartões de crédito, entre outras, mas é preciso estar atento ao extrato bancário e proteger-se de pagamentos indevidos. O débito direto é um meio de pagamento muito útil que nos permite pagar as faturas sem nos preocuparmos com as datas limite de pagamento e até sofrer qualquer tipo de penalização com isso. Contudo, devemos estar atentos relativamente aqueles débitos que não estavam previstos e aos montantes que foram debitados em relação aquilo que se esperava. É importante perceber que é possível gerir o débito direto. Cada consumidor pode consultar através da sua página do seu Banco na Internet, através de homebaking ou através do Multibanco quais são os débitos diretos que têm ativos. Existem duas ferramentas ao alcance do consumidor para gerir os débitos diretos: • A primeira impondo limites, ou seja, o consumidor pode impor limite no seu débito, em que a partir de determinado montante a entidade / aquele fornecedor já não pode cobrar aquela fatura. Por exemplo, se tenho uma fatura de eletricidade mensal de débito normal de €100,00 posso impor um limite de €150,00, pelo que se existir uma fatura de €200,00 não é cobrada, impedindo assim surpresas. Podemos colocar outro tipo de limites: os temporais: limites mensais ou anuais, como por exemplo impedir que sejam cobradas duas faturas no mesmo mês. • A segunda é a inativação do débito. – Por exemplo: o consumidor tem um contrato que já terminou com um determinado fornecedor ou porque mudou para outro fornecedor, o consumidor pode

inativar o débito direto, isto é o fornecedor fica impedido de debitar a conta a partir daquele débito direto. Para a entidade fornecedora voltar a ativar aquele débito tem que demonstrar perante a Instituição Bancária que tem um contrato ativo com determinado consumidor. De salientar que o débito pode estar inativo, mas o contrato encontrar-se ativo. Inativar o débito não cancela o contrato. A empresa fornecedora vai utilizar outros meios para cobrar as faturas, simplesmente deixa de fazer os pagamentos por débito direto, mas passa a faze-lo de outra forma. Portanto, o contrato não fica cancelado pela inativação do débito. Ao inativar o débito direto o consumidor pode pedir junto da entidade fornecedora e do Banco o respetivo cancelamento. Diga-se ainda que, existem algumas proteções para o consumidor dentro de determinados prazos: no caso de o consumidor ter um débito autorizado num contrato ativo e em que a fatura é de €100,00 e é debitado €200,00, ou seja o valor debitado é diferente do constante da fatura, o consumidor tem até 8 semanas para pedir junto da entidade fornecedora o acerto daquele valor, que pode ser depois acertado na fatura ou até ser mesmo devolvido. Se o consumidor verificar que existe um débito não autorizado na conta bancária tem até 13 meses para pedir a reversão desse débito. Após pedir a reversão desse débito o Banco deve devolver o dinheiro no prazo de uma semana. Para mais informações a DECO – Delegação Regional do Minho encontra-se disponível na Avenida Batalhão Caçadores 9, Viana do Castelo, mediante agendamento obrigatório, podendo contactar-nos através do contacto telefónico 258 821 083 ou por e-mail para deco.minho@deco.pt.


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A ‘IMAGEM PEREGRINA’ DE NOSSA SENHORA DA PENHA (GUIMARÃES) TEXTO: LINO MOREIRA DA SILVA • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

Santuário da Penha (Guimarães)

Uma das belas Imagens de Nossa Senhora da Penha é a sua ‘Imagem Peregrina’. Consideremo-la, neste ano em que a Peregrinação à Penha se realiza de modo muito peculiar, devido à Pandemia. 1 – Uma particularidade do Santuário da Penha (Guimarães) é Nossa Senhora da Penha ser representada por 5 Imagens distintas, exprimindo 3 invocações marianas: a Senhora do Carmo, a Senhora de Lurdes, a Senhora da Conceição. Em rigor, essas invocações são apenas duas, porque a Senhora de Lurdes (Gruta de Massabielle, França) representa a Senhora da Conceição. A 1ª Imagem da Penha, Senhora do Carmo da Penha, na sua Gruta-Ermida, tem tudo para ser a que foi encomendada (por 1702), em Braga, pelo ilustre fundador da Penha, o Ermitão Guilherme Marinho de Santa Maria. A 2ª Imagem, Senhora de Lurdes da Penha, na sua Gruta, situada abaixo do Pio IX, foi oferecida (1892) pelo Comendador Fernando de Castro Abreu Magalhães (1816-1898), de Fafe. A 3ª Imagem, 1ª Imagem da Senhora da Conceição da Penha, escultura de João de Affonseca Lapa (1841-1933), oferecida, pelas Filhas de Maria (1906), ardeu, no incêndio da Penha, de 13.02.1939. A 4ª Imagem, 2ª Imagem da Senhora da Conceição da Penha, hoje denominada ‘Imagem Peregrina’, foi oferecida, à Penha, pelo Capitão Júlio da Costa Pinto (1883-1969), de Lisboa, para substituir a Imagem que ardeu. A 5ª Imagem, 3ª Imagem da Senhora da Conceição da Penha, escultura de José Ferreira Thedim (1892-1971), foi oferecida à Penha (1944), pela devota vimaranense, Carolina Macedo Bastos.

Imagem da Senhora da Penha, de Affonseca Lapa (NG, 26.02.1939)


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2 – A ‘Imagem Peregrina’ de Nossa Senhora da Penha, actualmente conduzida na Peregrinação de Setembro, é misteriosa e especial, um dos mais preciosos ícones da Penha. Foi esculpida (século XVII), em “madeira dourada e policromada”, e tem cerca de 1 metro de altura. Dela não são conhecidos, nem o autor nem as origens. Esta Imagem veio, para a Penha em consequência do incêndio que deflagrou no Santuário, projecto do Arq. Marques da Silva (1869-1947), ainda em construção. 3 – No incêndio da Penha, foi consumida, entre outros bens, a talha dourada (século XVIII), oriunda do extinto Convento de Santa Clara (actual CMG), e a Imagem da Senhora da Conceição (Nossa Senhora da Penha), esculpida por Affonseca Lapa. Lançado o alerta de que a Penha não podia ficar sem uma Imagem da Senhora, a resposta chegou, de Lisboa, do Cap. Costa Pinto, Secretário da Rainha D. Amélia, no exílio, que ofereceu uma “bela e antiga” Imagem da Senhora da Conceição, para substituir a que havia ardido. Essa imagem entrou em Guimarães, em 30.04.1939, depois de ter sido mandada restaurar, e foi levada à Penha, na Peregrinação desse ano, conduzida pelo próprio Capitão. Depois de oferecida, à Penha (1944), a Imagem de Ferreira Thedim, que pretendeu ser “uma cópia fiel” da que havia ardido, a Imagem oferecida pelo Cap. Costa Pinto ficou secundarizada, na Sacristia, até que a Irmandade (e muito bem) passou a integrá-la nas Peregrinações. 4 – Em 2017, foi dito, nos jornais (JN, 08.09.2017; CM, 09.09.2017; AP, 48, 2018), que a Imagem Peregrina da Senhora da Penha estava a ser sujeita a “trabalhos de conservação e restauro”. Mas algumas afirmações que aí foram feitas, sobre essa Imagem, precisam de ser revistas, porque não são exactas. Entre outros aspectos: a Imagem Peregrina de Nossa Senhora da Penha não é a Imagem da Senhora que pertenceu à Igreja de Santa Clara (que nunca representou Nossa Senhora da Penha); a Imagem Peregrina foi mesmo oferecida, à Penha, pelo Capitão Costa Pinto, tendo recebido um restauro, nessa mesma ocasião; a Imagem Peregrina não passou pelo incêndio da Penha, simplesmente porque, em 13.02.1939, estava em Lisboa, tendo vindo para Guimarães em consequência desse incêndio.

A Imagem da Senhora da Penha, escultura de José Ferreira Thedim

5 – Sobre a Imagem Peregrina da Senhora da Penha, faço uma ‘leitura pessoal’, que apresento, como proposta, para ser investigada. A Imagem pode ter origem oriental, dentro do Império Português, onde, já antes de 1640, estava bem enraizada a devoção à Imaculada Conceição. Formulo a forte hipótese de a Imagem ter sido esculpida por um santeiro de Goa, ou do Ceilão, no século XVII, que os havia, bons, com intensa ligação a Portugal. Existem grandes semelhanças (de pose, linhas corporais, cabeça, cabelos, feições, olhos, braços, mãos, cores primitivas, manto, símbolos, proporções…) entre a Imagem Peregrina, da Penha, e diversas Imagens religiosas orientais – por exemplo, as Imagens, em marfim, expostas no Museu Histórico Nacional, do Rio de Janeiro, Brasil. 6 – Foi sugerido que o original da belíssima ‘Imagem Peregrina’ de Nossa Senhora da Penha recolhesse a um museu. Compreendo a intenção, para que a Imagem seja protegida. Mas considero que o único lugar apropriado, para Ela, é onde Ela, hoje, está: na simplicidade expressiva do Santuário da Penha, recebendo as orações e partilhando a intimidade de quantos a visitam. NOTA – Este texto toma como referência o meu livro: Lino Moreira da Silva, As Imagens de Nossa Senhora da Penha (Guimarães). Dicionário da Penha. Guimarães, 2020.

llinomoreira@gmail.com

A ‘Imagem Peregrina’ de Nossa Senhora da Penha

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FUTEBOL À LUPA

NOVOS DESAFIOS... NOVOS PARADIGMAS! TEXTO: VASCO ANDRÉ RODRIGUES • FOTOGRAFIAS: DIREITOS RESERVADOS

O FIM DE UM CICLO! A temporada 20/21 está prestes a começar. Com um mês de atraso, fruto da Liga referente à temporada 19/20 ter findado mais tarde do que é tradicional, mas com as esperanças de sempre no futuro. Futuro esse que, no caso do Vitória, começou a ser trilhado no passado dia 17 de Agosto, altura em que a “oficina do Rei” abriu as suas portas para um ano que se espera cheio de êxitos... e, de preferência, com os adeptos nas bancadas. Nesse dia percebemos, imediatamente, que estaríamos perante um novo ciclo. Um ciclo que não contemplaria nomes basilares das últimas épocas como Douglas que se retirou, Florent que partiu para o novo projecto milionário do futebol francês, o Paris FC sustentado pelos petrodólares do estado do Bahrein, Davidson vendido por uma quantia entre o milhão e o milhão de meio de euros para os turcos do Alanyaspor, Mikel Agu ao Nantes, Pêpê no Olympiakos ou João Carlos Teixeira que rumou aos holandeses do Feyenoord.. Além destes, destaque para as ausências de homens como, o guardião brasileiro Joanathan o lateral venezuelano Victor Garcia, o central brasileiro Pedro Henrique, o extremo holandês Ola John, para além dos previsíveis Blati Touré, Rincón, Célis, Estupiñan. É, pois um Vitória novo que surge! Novo nos nomes que o constituirão e ainda mais novo nas idades das novas lanças do Castelo e que terão em si todas as esperanças dos vitorianos. Porém, antes de analisarmos em que consistirá a nova filosofia e as decorrências da mesma, importará tentar deslindar o que conduziu a tão ousada aposta. MARCUS EDWARDS – O FURACÃO INGLÊS! Edwards é nome histórico no futebol de terras de Sua Majestade. Corria o ano de 1958 e o mundo era sacudido por uma tragédia só comparável à que destruiu a equipa do Torino nas colinas de Super-

ga, nas imediações de Turim. O avião do Manchester United, proveniente de Belgrado, onde houvera carimbado o apuramento para a eliminatória seguinte da, ainda, jovem Taça dos Campeões Europeus, sofria um terrível acidente, onde morreriam oito jogadores da equipa principal. Entre eles, um jovem Duncan Edwards, que aos 19 anos, já era considerado o melhor jogador inglês daquela época e que parecia ter o mundo a seus pés. O, então, médio ofensivo morreria deixando um vazio que só alguns anos depois, Bobby Charlton, um dos sobreviventes da tragédia, seria capaz de preencher. Passados quase 60 anos chegaria a Guimarães, outro Edwards. Marcus de nome próprio, aterraria na nossa cidade, praticamente incógnito. Aos 20 anos, e ainda que tivesse sido apodado pelo seu antigo treinador, Mauricio Pochetinno, de “Mini Messi” isso valia o que valia; ou seja zero. Ainda para mais, vinha de um empréstimo aos holandeses do Excelsior, onde não houvera conseguido salvar, que fosse, o clube da despromoção. Porém, algo na transacção, indiciava que o jovem, efectivamente, poderia ter valor: o Tottenham, seu clube de origem, reservava para si 50% de uma futura venda, o que indicava alguma esperança numa explosão do extremo. Os ingleses teriam razão... Marcus terá sido um dos melhores, senão o melhor, jogador do Vitória numa temporada que ficou muito aquém do esperado. Os seus golos, alguns de estirpe maradoniana ou messiânica, os seus dribles curtos, as suas assistências açucaradas fizeram do jovem londrino uma das atracções de uma liga nacional, onde cada vez há menos artistas. Por essa razão, não surpreendeu que clubes do mais alto estrato mundial, tenham questionado as condições para resgatarem o prodígio anglo-cipriota, sendo que receberam como resposta o pedido de milhões...muitos milhões, algo que faz com que, na altura em que estas linhas são escritas, Marcus ainda seja jogador do Vitória. EM BUSCA DE NOVOS MARCUS! Pelas razões acima aduzidas, suportadas, ainda, no feliz exemplo da valorização do burquinês Edmond Tapsoba, vendido no final de Janeiro ao Bayer Leverkusen pela quantia record (no que tange à história vitoriana) por 18 milhões de euros, a SAD dos Conquistadores, decidiu levar a cabo um novo caminho.


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Um caminho que passa por perscrutar o mundo em busca de jovens talentos, capazes de aliar o êxito desportivo às mais valias económicas. Por isso, todos os sectores do plantel foram reforçados com jovens jogadores, uns mais dispendiosos do que outros, mas com um denominador: deverão ser conducentes a uma rentabilização financeira! Deste modo, os guarda-redes Trmal (checo) e Tié (marfinense), os defesas Jorge Fernandes (português) e Mumin (ganês), os médios Jung-min Kim (sul coreano) e Jacob Maddox (inglês) e os avançados Lyle Forster (sul-africano) e Noah Jean Holm (norueguês), têm um denominador comum. Foram todos internacionais pelas suas selecções jovens, provêm de boas escolas de formação e a, um dado momento, foi-lhes augurado um futuro muito promissor. A estes, ainda se juntam Bruno Varela (guardião português, proveniente do Ajax), e os defesas cedidos a título de empréstimo com opção de compra, os alemães Yan-Aurel Bisseck e Jonas Carls e o ganês Gideon Mensah, bem como a aquisição a título definitivo do, nosso bem conhecido, gaulês, Denis Will-Poha. Ou seja, tal como o director desportivo, Carlos Freitas, afirmou em entrevista recente, “ O Vitória é uma plataforma superinteressante para jogadores deste padrão – jovens talentosos, jovens potros que se queiram afirmar e estejam, de alguma forma, ainda tapados no seu crescimento.” Terão, pois, em Guimarães o espaço, para na esteira de Marcus e de Edmond, perseguirem um sonho...

êxito desportivo, pouco valerá se não tiver expressão pontual na tabela classificativa. E aí reside outro risco. Jovens a quem será exigida uma grande responsabilidade, comandados por um treinador na mesma situação e que poderão sentir a pressão de um ou outro resultado menos positivo, desencadeando-se uma verdadeira espiral de infelicidade? Porém, tal neste momento, parece estar a ser mitigado. A contratação de nomes como os de Sílvio, ou da velha estrela Ricardo Quaresma, que merecerá na futura edição uma análise cuidada quanto aos benefícios da sua contratação atento o mediatismo e a globalização da sua transferência, além de qualidade, pretendem funcionar como um amortecedor a tanta juventude e um travão aos seus naturais excessos. A aposta é de risco... conseguiremos acertar na roleta do casino que é a Primeira Liga?

OS RISCOS! O caminho é claro, mas tem obstáculos e riscos. Desde logo, teremos de ter presente que a valorização dos activos vitorianos não será tão efectiva como sucedeu na pretérita época. A razão, para isso, será simples... uma questão de montra! Na verdade, os Branquinhos na época passada andaram na alta-roda do futebol europeu. Apuraram-se para a fase de grupos da Liga Europa, depois de eliminarem um campeão europeu como o Steaua de Bucareste, bateram o pé, vencendo e empatando, com equipas como o Arsenal e o Eintracht. Melhor propaganda para os jovens talentos da equipa não poderia existir. Além disso, estamos a aludir a uma aposta completamente radical. Na verdade, mesmo que um ou outro atleta se destaque, valorizando-se ao ponto de pagar orçamentos, a verdade é que, a nível de

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UBER PROMETE TODOS OS VEÍCULOS ELÉTRICOS ATÉ 2040

No início de fevereiro, a Uber disse contar com 5 milhões de condutores, em todo o mundo. Ademais, informou acerca da criação de parcerias com empresas estabelecidas nos Estados Unidos, Canadá e Europa. Além da General Motors, Renault, Nissan e Mitsubishi, a Uber pretende alargar o leque, incluindo outras empresas automóveis. Isto, porque pretende que, até 2040, todos os veículos sejam elétricos e assim contribuir com 800 milhões de dólares, até 2025, para auxiliar os condutores a mudar para veículos alimentados a bateria. Além desta ajuda monetária, as parcerias com as empresas automóveis permitirão que os seus condutores tenham descontos na compra, aluguer ou carregamento.

CHINA CONSTRÓI A PONTE DE FUNDO DE VIDRO MAIS LONGA DO MUNDO

A China quando investe em algo não trabalha por menos. Assim, detém, desde 2011, um recorde para a ponte mais longa alguma vez construída. Este ano, batendo mais um recorde, reconhecido pelo Guinness World Records, construiu a ponte de fundo de vidro mais longa do mundo. A estrutura estende-se por 526,14 metros e eleva-se a 201 metros do rio, com uma cobertura completa de vidro revestida com aço e sustentada por várias colunas vermelhas, sendo capaz de suportar até 500 pessoas. O Architectural Design & Research Institute, da Zhejiang University, instalou a ponte de fundo de vidro na Huangchuan Three Gorges Scenic Area.

AS 10 SÉRIES MAIS VISTAS DA ATUALIDADE

As plataformas de streaming são hoje um serviço bastante utilizado por grande parte da população mundial, inclusive em Portugal. A Netflix, por exemplo, é atualmente uma das plataformas mais populares e com o maior número de assinantes. Recentemente foi apurado o TOP das séries mais vistas nos EUA num período recente e todas as dez primeiras são conteúdos da Netflix. O ranking foi apurado pela empresa de auditoria Nielsen, durante o passado mês de agosto. 1. The Umbrella Academy; 2. Shameless; 3. A anatomia de Grey; 4. The Office; 5. Criminal Minds; 6. NCIS; 7. In The Dark; 8. Dexter; 9. Supernatural; 10. Parks and Recreation.


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SAMSUNG VAI DEIXAR DE VENDER COMPONENTES À HUAWEI

A Samsung vai deixar de vender componentes à Huawei. A mesma decisão foi tomada pela também sul-coreana SK Hynix que é a segunda maior fabricante de componentes na Coreia do Sul e a sexta em todo o mundo. Esta é uma consequência das medidas restritivas implementadas em agosto, depois de várias outras já impostas em 2019. As medidas sancionatórias proíbem que empresas não americanas possam vender componentes desenvolvidos nos EUA, a não ser que consigam obter uma autorização especial. Obviamente que isto afetará muito a chinesa Huawei, até porque vai deixar de conseguir produzir os seus chips Kirin.

CIENTISTAS CRIARAM MATERIAL COM MEMÓRIA SEMELHANTE À DO CABELO

As propriedades materiais do cabelo permitem que mude de forma, em resposta a certos estímulos. Da mesma forma, consegue regressar à sua forma original, respondendo a outros. Assim, é possível alisar o cabelo, por exemplo, e tê-lo natural, depois de lavado. Então, seria interessante que materiais como os têxteis tivessem essa memória de forma, a fim de alterar a sua aparência sem perder as propriedades e o formato original. Agora, investigadores da Harvard John A. Paulson School of Engineering and Applied Sciences (SEAS) desenvolveram um material biocompatível que pode ser impresso em 3D sob qualquer forma e programado com memória de forma reversível.

COVID-19: 8000 AVIÕES JUMBO PARA FAZER DISTRIBUIÇÃO DA VACINA

Uma das vacinas mais promissora (AstraZeneca) foi suspensa, mas há outras investigações em curso. O que sabemos até agora é que a Covid-19 nos tem colocado à prova e os desafios são mais que muitos. Na área da aviação poderá estar também a caminho um enorme desafio. Segundo informações, serão necessários 8.000 aviões jumbo para fazer distribuição da vacina pelo mundo. O alerta chega da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) que revela existirem fortes limitações no que diz respeito a aviões para fazer a distribuição da vacina à escala mundial. No entanto, todo o trabalho de organização, contactos com companhias aéreas, etc, já está em curso.


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Artigo de opinião

PRESCRIÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA NA GRÁVIDA Dr. Rui Vaz Médico desportivo

A atividade física consiste no trabalho produzido pelo sistema músculo-esquelético que resulta em gasto energético. A atividade física durante a gravidez traz inúmeros benefícios para a saúde da mãe e do bebé. Inicialmente deverá ser efetuado um aconselhamento e respetiva prescrição médica do exercício, junto do médico assistente e procurar que essa atividade física seja acompanhada por um profissional, que monitorize quanto ao tipo, duração e intensidade dos exercícios, respeitando as contraindicações e patologias associadas. A intensidade do exercício deverá ser moderada, realizando-se preferencialmente exercícios aeróbicos, de alongamento e com uma resistência muscular. Uma duração aproximada de 3 vezes por semana, com frequência cardíaca máxima não excedendo os 140 bpm. Exercícios de intensidade alta estão contra-indicados porque podem provocar maior risco para a mãe e o bebé. O exercício tem sido proposto como um método preventivo e terapêutico para reduzir as complicações na gravidez e melhorar a saúde materno-fetal tais como: redução da lombalgia; melhoria da postura, manutenção do tónus, força e resistência muscular; melhoria do aparelho cardiovascular e respiratório, melhoria do sono, melhoria da obstipação, humor e energia; fortalecimento do pavimento pélvico; e melhoria dos edemas periféricos. Contudo, existem contraindicações, nomeadamente exercícios que necessitem/exijam: equilíbrio preciso; perfil competitivo; movimentos repentinos e saltos; artes marciais; exercícios de flexão ou extensão extrema; mergulho; aqueles que podem causar traumas abdominais; atividades aeróbicas em alta altitude e exercícios na posição supino após o terceiro trimestre. Doenças que contraindicam a prática do exercício físico são: doenças cardíacas descom-

pensadas, doença pulmonar restritiva, placenta prévia, pré-eclampsia, cérvix incompleto ou multíparas com riscos de pré-maturidade. A literatura vem acrescentando uma importância nos exercícios realizados em meio aquático para as gestantes. Devido às propriedades físicas e químicas da água no organismo e consequentes efeitos fisiológicos da imersão são reconhecidos os seus benefícios durante a gravidez. As propriedades da agua, durante a gravidez, facilitam na: - redução dos edema pela ação da pressão hidrostática - estimulação da passagem de líquido do meio intersticial para o intravascular; - maior gasto energético e consequente aumento da capacidade cardiovascular e o relaxamento corporal; - redução de desconfortos músculo-esqueléticos durante a gestação, entre os quais um dos principais é a lombalgia. Este diagnóstico afeta cerca de 50% das gravidas; - redução de contrações uterinas proporcionando conforto na mulher, essencialmente no terceiro trimestre da gravidez; - incremento da diurese e do controle do stress; - redução da sobrecarga ponderal durante a actividade nas articulações dos membros inferiores. A prática de exercício físico deve ser encorajada pelos profissionais de saúde e realizada conforme a motivação da gravida. Não existindo nenhuma padronização quanto ao tipo de exercício, a grávida pode optar pelo que mais lhe agrada desde que tenha acompanhamento médico e as contraindicações sejam respeitadas. Aproveitar estas sinergias e continuar a trabalhar no engrandecimento desta modalidade é Fulcral.

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QUIZ

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1 – COMO SE CHAMA A NOVA REVISTA SEMESTRAL PRODUZIDA EM GUIMARÃES?

2 – QUAL É A CAPITAL DA AUSTRÁLIA?

a) 9 Séculos

a) Adelaide

b) D. Afonso

c) Revista Gmr

d) Vimaranes Magazine

b) Perth

c) Sydney

d) Camberra

3 – QUE CIDADE PORTUGUESA É CONHECIDA COMO CAPITAL DO MÓVEL?

4 – QUANTAS INTERNACIONALIZAÇÕES SOMA RICARDO QUARESMA NA SELEÇÃO A DE PORTUGAL?

5 – EM QUE SÉCULO VIVEU MUMADONA DIAS?

a) Freamunde b) Penafiel c) Paços de Ferreira d) Viana do Castelo

a) 70 b) 80 c) 90 d) 100

a) XII b) XI c) X d) IX

Soluções quiz: 1 – a); 2 – d; 3 – c); 4 – b); 5 – c);


Crescemos consigo...


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