Frutas, Legumes e Flores 171_Janeiro 2017

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N.º 171 Janeiro | www.flfrevista.pt |

frutas e legumes | 3,90 €| mensal

A REVISTA DOS PROFISSIONAIS... AO SEU ALCANCE

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4 EDITORIAL 6 NOTÍCIAS ENTREVISTA 10 «Trabalhamos constantemente para aumentar a percentagem de fornecedores nacionais» – Jorge Ferraz, director-geral da McDonald’s Portugal ACTUALIDADE 14 Produtores de mirtilo reuniram em Marco de Canaveses 16 Reinventar a alimentação FILEIRA 18 Kiwi português deve projectar a sua qualidade Mobilização contra a estenfiliose

20 22 24 26 27 28 30

Produtores de citrinos satisfeitos com a campanha Um ano difícil para os horto-industriais As oportunidades e desafios do damasco Iniav identifica fruticultura como área prioritária As várias realidades das OP na União Europeia Alqueva: um caso de sucesso?

32 Prisma | Ano Novo, vida (re)nova! Uma reflexão sobre a “resistência à mudança” GRANDE PLANO 34 Desafios da fileira da batata são a sanidade, a produção e a comercialização MÁQUINA DO TEMPO «Tudo mudou» na HortaPronta

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LOGÍSTICA 50 «Cada vez mais as empresas estão a tentar entrar no Norte da Europa» – Manuela Sábio, gerente da Transwhite INTERNACIONAL 52 Empresários contribuem para a investigação 54 Um éden plantado na Cornualha INOVAÇÃO 56 Alecrim pode substituir aditivos sintéticos nas embalagens CONSUMO 58 À mesa com…| A musa do Paço é a rainha 60 Fórum | Prémio Consumus Dixit 62 AGRO-NEGÓCIO 66 AGENDA

frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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25 ANOS É “MUITA FRUTA”!

Em Março de 1992, surgia, em Portugal, um projecto editorial chamado Frutas, Legumes e Flores, com forte ligação à congénere francesa. Passaram 25 anos e é um orgulho, em Janeiro de 2017, poder escrever este editorial, sinal de que estamos cá e mantemo-nos altamente motivados para continuar a desenvolver e consolidar esta publicação, que – passe a imodéstia – também faz parte da história dos sectores hortofrutícola e florícola e, obviamente, agrícola em geral. Teremos um conjunto de iniciativas ao longo do ano para a comemoração desta data. Contamos com os vossos contributos e, sobretudo, participação activa nos momentos de celebração que organizaremos. Tenho um amigo que diz, de forma humorada, que «as batatas não engordam, mas sim o que se come com elas». Este poderia, perfeitamente, ser o mote para uma campanha de consumo da batata portuguesa, uma das atribuições e ambições da Porbatata – Associação da Batata de Portugal, que reúne as principais empresas de toda a cadeia de valor do sector. Os seus dirigentes esperam que muitas mais venham a aderir a este movimento associativo, o único em Portugal dedicado exclusivamente ao sector da batata. No final de cada ano é tradição o ritual: 12 badaladas, 12 passas, 12 desejos. Na primeira edição do ano em que a Frutas, Legumes e Flores comemora as bodas de prata, deixo abaixo os desejos para cada uma das 12 passas de 2017 (sem preocupação de hierarquização). Desejo aos leitores a concretização dos seus desejos: N.o 1 – comemoração dos 25 anos da Frutas, Legumes e Flores;

DIRECTOR João Miguel Pereira jpereira@flfrevista.pt DIRECTOR EXECUTIVO Jorge Reisjorgereis@flfrevista.pt EDITORA Sara Pelicano – sarap@flfrevista.pt JORNALISTAS Carlos Afonso – carlos@flfrevista.pt Rita M. Costa – ritacosta@flfrevista.pt CONSELHO EDITORIAL António Serrano Domingos Almeida Eduardo Diniz • Vítor Araújo Maria do Carmo Martins

N.º 2 – Programa de Desenvolvimento Rural 2020: novo fôlego financeiro e, desejavelmente, rapidez nas decisões; N.º 3 – exportações de frutas e legumes: a caminhar para os 2.000 milhões de euros em 2020; N.º 4 – interior: medidas já existem, aguarda-se execução; N.º 5 – novas culturas: frutos secos e outros, vieram para ficar?; N.º 6 – Alqueva: expansão das áreas irrigadas do maior lago artificial da Europa; N.º 7 – interprofissional das frutas e legumes: será desta?; N.º 8 – selos das Frutas de Portugal: a caminho mais uma edição dos CTT; N.º 9 – turismo: Portugal está na moda. Estaremos a aproveitar todo o nosso património vegetal e paisagístico?; N.º 10 – Pós-2020: a três anos da conclusão do Quadro Comunitário de Apoio, momento para reflectir o 2021/2027?; N.º 11 – consumo de frutas e legumes: iniciativas para a sua promoção?; N.º 12 – Mundo: Trump, Guterres, Brexit, eleições em França, Alemanha e Holanda... Sugestão de Leitura (porque vem aí o azeite novo): Os 100 Melhores Azeites de Portugal, de Edgardo Pacheco, Lua de Papel, Novembro de 2016. Despeço-me com um abraço até à próxima edição…

FOTOGRAFIA Publiagro DESIGN GRÁFICO Catarina Estácio REVISÃO Publiagro DEPARTAMENTO COMERCIAL Jorge Reis – jorgereis@flfrevista.pt

João Miguel Pereira jpereira@flfrevista.pt

SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS Praça Luís de Camões, 36, 3.º Dt.º 1200-243 Lisboa – PORTUGAL Tel. 00 351 219 378 700 N.º de registo ERC 115.808 Empresa jornalística n.º 223.820 Depósito legal n.º 545.443/9/2 ISSN 2182 – 9500

ADMINISTRAÇÃO João Miguel Pereira • Jorge Reis

IMPRESSÃO SIG – Sociedade Industrial Gráfica, Lda. Rua Pero Escobar, 21 2680-574 Camarate PORTUGAL

PROPRIETÁRIO E EDITOR Publiagro – Publicações Agrícolas, Lda.

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Os artigos assinados por pessoas externas à redacção e as páginas que possuem a indicação de texto publicitário são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e podem não expressar o ponto de vista do editor. As informações incluídas nos anúncios publicitários inseridos nesta edição são da inteira responsabilidade das empresas que autorizaram a sua publicação. Reprodução proibida sem autorização da Publiagro, Publicações Agrícolas, Lda. O Estatuto Editorial da revista Frutas, Legumes e Flores está disponível em www.flfrevista.pt.

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Empresa nacional de agricultura de precisão recebe financiamento europeu para inovação A Agroinsider, empresa de Évora que opera na área da agricultura de precisão, foi uma das cinco empresas portuguesas escolhidas pela Comissão Europeia para receberem financiamento através do Instrumento PME [Pequena e Média Empresa], do programa Horizonte 2020. O financiamento nesta empresa diz respeito ao projecto AgroRadar, que visa utilizar dados de radar do Copérnico, o sistema europeu de observação da Terra, para desenvolver aplicações disruptivas na área da agricultura de precisão. Na quarta ronda da primeira fase do Instrumento PME foram seleccionadas 184 PME de 28 países, onde se incluem as cinco empresas de Portugal. Cada uma das empresas vai receber 50.000 euros «para financiar estudos de viabilidade para novos produtos que consigam ser disruptivos no mercado», indica um comunicado da Comissão Europeia. O investimento conjunto nas 184 PME ascende a 8,8 milhões de euros. Estas empresas terão ainda a possibilidade de apresentar propostas de projectos à Comissão, para se candidatarem à segunda fase de financiamento, onde poderão receber até 2,5 milhões de euros. Nas outras rondas do Instrumento PME, já tinham sido escolhidas 49 PME portuguesas. No conjunto das quatro rondas, foram seleccionadas 2.024 empresas de todos os países da União Europeia. As candidaturas para a próxima ronda terminam a 15 de Fevereiro de 2017.

Novas regras no comércio intra-europeu de batatas No dia 1 de Janeiro de 2017 entram em vigor as novas regras e práticas do comércio intra-europeu de batatas (Rucip). O Rucip 2017 foi validado em Novembro de 2016 pelo Comité Europeu Rucip, composto pelas associações Europatat (relativa ao comércio de batata), Euppa (relativa ao processamento de batata) e Intercoop Europe (relativa às cooperativas). Para todas as disputas referentes a contratos assinados depois de 1 de Janeiro de 2017 aplica-se apenas o Rucip 2017, assinala a Europatat em comunicado. As modificações introduzidas no Rucip 2017 «são focadas

estritamente na transferência do secretariado do Comité Europeu Rucip [de Paris para Bruxelas, a 1 de Janeiro de 2017] e na possibilidade de criar listas europeias de peritos e medianeiros para os países que não têm um secretariado nacional Rucip». As primeiras regras do comércio intra-europeu de batatas foram estabelecidas em 1956. Desde então o Rucip teve já seis emendas, a última das quais em 2012.

Portugal Fresh: inscrições abertas para a Fruit Logistica A Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal volta a participar na Fruit Logistica, o certame alemão dedicado aos hortofrutícolas. A associação tem reservado um espaço de 500 m2 e onde os empresários poderão mostrar os seus produtos, receber clientes e estabelecer novos negócios num espaço partilhado sob o chapéu Portugal. As inscrições já podem ser realizadas através do e-mail info@portugalfresh.org. A Fruit Logistica terá lugar de 8 a 10 de Fevereiro de 2017, em Berlim. Na edição de 2016, o certame foi visitado por mais de 70.000 profissionais, de 130 países. Quanto aos expositores, foram 2.891, oriundos de 84 países. 6

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Eufruit disponibiliza plataforma de conhecimento de pesquisa e inovação Já está operacional a Plataforma de Conhecimento criada pelo projecto europeu Eufruit, onde estão disponíveis os primeiros documentos recolhidos ou produzidos no âmbito desta iniciativa. O objectivo deste recurso é facilitar, ao sector frutícola de toda a Europa, o acesso a conhecimento de pesquisa e inovação. A plataforma é de acesso livre e gratuito. O consórcio Eufruit opera em quatro áreas temáticas: desenvolvimento de novas cultivares; minimizar resíduos nos frutos e no ambiente; optimização do armazenamento e da qualidade da fruta; valorização dos sistemas de produção sustentável. Para cada uma das quatro áreas temáticas

do projecto procedeu-se à recolha e à análise da investigação já realizada. O Eufruit, financiado no âmbito do programa europeu Horizonte 2020, visa «facilitar o acesso a conhecimento e disseminar a investigação existente e o potencial de inovação, para benefício do sector de frutícolas frescos e dos consumidores». Lançada em Março de 2016, esta rede temática reúne 21 parceiros de 12 países, nomeadamente Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Lituânia, Reino Unido, Roménia, Suíça.

Mercado interno foi determinante para o crescimento da agricultura entre 2011 e 2016 «O mercado interno tem determinado a evolução do volume de negócios no sector agrícola.» A conclusão foi publicada na “Análise do sector agrícola 2011/2016”, a 30 de Novembro de 2016, pelo Banco de Portugal. O mesmo documento pormenoriza que o «sector exportador compreendia 6% das empresas, 29% das pessoas ao serviço e 35% do volume de negócios das empresas» agrícolas em 2015. Em 2012 e em 2013, o mercado externo teve um contributo superior ao do mercado interno para o volume de negócios. Quanto à estrutura das empresas, a análise do Banco de Portugal mostra que o sector era maioritariamente constituído por microempresas (85%). Contudo, as PME (Pequenas e Médias Empresas), que representavam 15% das empresas no sector, eram responsáveis por 53% do volume de negócios e por 57% do número de pessoas ao serviço. Quando comparado com o total das empresas, o sector agrícola apresentou alguns resultados positivos. A rendibilidade dos capitais próprios foi superior à do total das empresas, tendo crescido dois pontos percentuais (pp) em 2015, face ao ano anterior. Ou seja, estas empresas tornaram-se mais rentáveis. Além disso, «por cada empresa do sector que cessou actividade, foram criadas 1,7 novas empresas, situando-se o rácio de natalidade/mortalidade 0,5 pp acima do valor total das empresas».

«Os jovens agricultores precisam de ter no Governo um parceiro previsível» Os jovens agricultores reuniram na ilha da Madeira, no dia 25 de Novembro. Com 300 participantes no evento, promovido pela Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (Ajap), foram várias as mensagens passadas. Desde logo de que a agricultura nacional evoluiu e tem um futuro promissor, mas enfrenta desafios cruciais à sua manutenção, tais como o

financiamento. Na Conferência Jovem Agricultor, Gabriela Freitas, ex-gestora do Proder (quadro de financiamento da agricultura entre 2007-2013), comentou que «os jovens agricultores precisam de ter no Governo um parceiro previsível, que canalize verbas para a tesouraria das empresas, porque não há investimento sem gestão de expectativas, ou seja, previsibilidade». Firmino Cordeiro, director-geral da Ajap, reforçou esta ideia: «A agricultura é uma actividade que exige investimentos avultados, com retornos mais ou menos longos, que precisa de quadros legislativos e de apoio ao investimento estáveis, que inclusive possam ultrapassar os ciclos políticos». Ao financiamento, juntam-se outros desafios, nomeadamente o custo da terra, a inovação, a tecnologia, os mercados, a internacionalização, a segurança alimentar e o bem-estar animal, a sustentabilidade e o ambiente. frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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PDR 2020: Novas condições para acções 3.2.1 e 3.3.1 Foi publicada a 30 de Novembro, em Diário da República, a Portaria n.º 301-B/2016, que define as alterações ao regime de aplicação da acção 3.2.1 (Investimento na exploração agrícola) e da acção 3.3.1 (Investimento na transformação e comercialização de produtos agrícolas), ambas da medida 3 (Valorização da produção agrícola). Esta portaria surge no âmbito da reprogramação do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, levada a cabo pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. As alterações passam por, por exemplo, na acção 3.2.1, o tipo de apoio por beneficiário era de subsídio não reembolsável até dois milhões de euros e de subsídio reembolsável acima dos dois milhões de euros; com a nova portaria o tipo de apoio por beneficiário será, para um máximo de cinco milhões de euros de investimento elegível no período de vigência do PDR 2020, de subsídio não reembolsável até 700.000 euros de investimento elegível e de subsídio reembolsável para a parte do investimento elegível acima dos 700.000 euros. Outro exemplo, na acção 3.3.1: as majorações para membros de organizações de produtores foram “substituídas” por um nível de apoio de 10 pontos percentuais (pp) para projectos promovidos por organizações ou agrupamentos de produtores e de 20 pp para investimentos a realizar pelas organizações ou agrupamentos de produtores no âmbito de uma fusão. No seguimento da reprogramação do PDR 2020, na medida 3 ainda falta publicar as alterações ao regime de aplicação da acção 3.1.1 (Instalação de jovens agricultores) e da acção 3.2.2 (Pequenos investimentos).

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Supermercados biológicos com a assinatura Sonae O grupo detentor da cadeia de supermercados Continente vai agora apostar no biológico. O primeiro supermercado da Sonae dedicado a este segmento vai nascer em Lisboa com o nome Go Natural. O anúncio

surge depois do grupo Sonae ter adquirido 51% do capital da empresa Go Natural, dedicado à “alimentação saudável”. A propósito deste negócio, a Sonae esclarece em comunicado que a aposta neste segmento enquadra-se na «área da saúde e do bem-estar, nomeadamente na alimentação saudável, respondendo à crescente procura dos consumidores por propostas que promovam um estilo de vida saudável». A Go Natural foi criada em 2004 tendo actualmente 22 restaurantes e pontos de venda em Lisboa e no Porto.

União Europeia: novo regulamento de fitossanidade vegetal Entrou em vigor a 13 de Dezembro o Regulamento (UE) 2016/2031 do Parlamento e do Conselho europeus, de 26 de Outubro de 2016, «relativo a medidas de protecção contra as pragas dos vegetais». O novo regulamento foi publicado no Jornal Oficial da União Europeia a 23 de Novembro último e será plenamente aplicável a partir de 13 de Dezembro de 2019. Segundo um comunicado da Comissão Europeia, este regulamento «foca especialmente na prevenção da entrada e da propagação de pragas vegetais no território da União Europeia (UE)». Assim, «estabelece regras pormenorizadas para a detecção atempada e a erradicação de pragas de quarentena da União se detectadas no território da UE». O documento reúne numa lista todas as pragas, classificando-as em três categorias principais: pragas de quarentena da União, pragas de quarentena de zonas protegidas, pragas regulamentadas não sujeitas a

quarentena. Por outro lado, é introduzido o conceito de «pragas prioritárias», que são «as pragas de quarentena da União com o impacto potencial mais severo sobre a economia, o ambiente e/ou a sociedade da UE». A lista das pragas prioritárias será adoptada «através de um acto delegado, tão perto quanto possível da data de aplicação do regulamento (final de 2019)». Este regulamento relativo à fitossanidade altera três regulamentos do Parlamento e do Conselho europeus – (UE) n.º 228/2013, (UE) n.º 652/2014 e (UE) n.º 1143/2014 – e revoga sete directivas do Conselho – 69/464/CEE, 74/647/CEE, 93/85/CEE, 98/57/CE, 2000/29/CE, 2006/91/CE e 2007/33/CE.

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Sector agro-alimentar assina Código de Boas Práticas Comerciais Várias entidades do sector agro-alimentar português assinaram dia 12 de Dezembro, no Ministério da Economia, em Lisboa, o Código de Boas Práticas Comerciais. Este documento foi subscrito por APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição), CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), CCP (Confederação do Comércio e Serviços de Portugal), CIP (Confederação Empresarial de Portugal), CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e Confagri (Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal). O Código é um «instrumento de autorregulação, de natureza voluntária», que «define um conjunto de princípios e procedimentos para

a cadeia agro-alimentar», refere-se em comunicado. «Tem por objectivo reforçar a cooperação e transparência e assegurar a promoção da equidade e reciprocidade entre parceiros dos sectores da produção, da transformação e da distribuição de produtos de grande consumo.» Este documento «reflecte um acordo de cooperação pioneiro» entre as entidades signatárias, «que visa acrescentar valor a toda a cadeia alimentar, tornando-a mais equilibrada e competitiva». Segundo o comunicado das entidades signatárias, o Código «está alinhado com as práticas de autorregulação em vigor na Europa, nomeadamente com a SCI – Supply Chain Initiative (o código de boas práticas europeu) e acordos semelhantes estabelecidos em países como Bélgica e Espanha». Além dos representantes do sector agro-alimentar, a assinatura deste documento contou com a presença do secretário de Estado Adjunto e do Comércio, Paulo Alexandre Ferreira, e do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira.

Fruit Attraction regressa em Outubro a Madrid Nos dias 18 a 20 de Outubro, em Madrid, decorre IX edição da Fruit Attraction. O certame dedicado ao sector hortofrutícola atrai expositores portugueses que aproveitam a oportunidade para reforçar laços com os clientes habituais e estabelecer novos contactos. Na edição de 2016, a Fruit Attraction contou com a participação de 1.238 empresas expositoras de 25 países, o que representa, segundo a organização um crescimento de 20% face à edição anterior. A feira foi visitada por 58.150 profissionais de 102 países (mais 18% do que em 2015). Espanha, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), manteve, em 2016, como o «destino mais relevante» das exportações portuguesas.

Braga promove a agricultura em Março Nos dias 23 a 26 de Março, decorre a AGRO – Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação no Parque de Exposições de Braga. Em 2017, assinala-se a 50.ª edição deste certame que, além do espaço de exposição, contará ainda com uma conferência. No debate, estarão em destaque «temas relevantes para o sector», explica a organização da feira, a InvestBraga. Para assinalar os 50 anos da AGRO – Feira Internacional

de Agricultura, Pecuária e Alimentação será ainda organizada uma gala que terá a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro, António Costa, do ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, e do comissário europeu da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Phil Hogan.

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«TRABALHAMOS «TRABALHAMOS CONSTANTEMENTE CONSTANTEMENTEPARA PARA AUMENTAR AUMENTARAAPERCENTAGEM PERCENTAGEM DE DEFORNECEDORES FORNECEDORESNACIONAIS» NACIONAIS» Jorge Jorge Jorge Ferraz, Ferraz, Ferraz, director-geral director-geral director-geral da dada McDonald’s McDonald’s McDonald’s Portugal, Portugal, Portugal, desde desde desde 2009, 2009, 2009, explica explica explica que que que uma uma uma das das das estratégias estratégias estratégias da dada cadeia cadeia cadeia de dede fast fast fast food, food, food, com com com origem origem origem nos nos nos Estados Estados Estados Unidos Unidos Unidos da dada América, América, América, éé é aumentar aumentar aumentar oonúmero número o número de dede fornecedores fornecedores fornecedores nacionais. nacionais. nacionais. O Omesmo O mesmo mesmo responsável responsável responsável afiança afiança afiança que que que querem querem querem abrir abrir abrir mais mais mais lojas lojas lojas no nono País País País eeque que e que são são são geradores geradores geradores de dede riqueza. riqueza. riqueza. Sara Sara Sara Pelicano Pelicano Pelicano

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e cumprimento, não só da legislação, como do nosso caderno de encargos. Os nossos níveis de exigência na qualificação dos fornecedores são não só um garante de qualidade, mas também um desafio em termos de fornecimento de matéria-prima.

a porta para que fornecedores qualificados fiquem habilitados a fornecer qualquer mercado da McDonald’s ao nível internacional.

Considera que o cumprimento desses critérios prepara os produtores para outros desafios como a exportação dos seus produtos para mercados com níveis de exigência elevados ou, de forma mais abrangente, a modernização dos processos da empresa? A McDonald’s acredita que os seus padrões têm um importante impacto e efeito formativo na sua cadeia de fornecedores contribuindo, muitas vezes, para melhorar e aperfeiçoar procedimentos, dado que vão além da própria legislação. Os requisitos para qualquer fornecedor McDonald’s são elevados, de forma a garantir a máxima qualidade da matéria-prima, dos padrões de qualidade e segurança alimentar, abrangendo os seus próprios fornecedores. Por esse motivo, a lógica da relação McDonald’s/fornecedor baseia-se em parcerias, onde ambas as partes trabalham em conjunto para melhorar continuamente o processo produtivo e a qualidade do produto final. Pelo seu rigor, o processo de qualificação é complexo. Contudo, abre

«Enquanto empresa multinacional, com implantação e gestão local, o nosso negócio resulta na geração de riqueza para o País»

frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

Qual a importância de trabalharem directamente com os agricultores portugueses? O abastecimento proveniente de fornecedores nacionais é um projecto que tem vindo a ser desenvolvido em colaboração directa entre o departamento da Qualidade e o departamento de Compras da McDonald’s Portugal, para identificação e certificação dos fornecedores nacionais. Enquanto empresa


multinacional, com implantação e gestão local, o nosso negócio resulta na geração de riqueza para o País, dinamização da economia local, criação de emprego e oportunidades de carreira. No final de 2015, o volume de compras a fornecedores portugueses representou mais de 40% das nossas compras e a perspectiva é continuarmos a fazer evoluir este número. De destacar, o caso da carne de vaca portuguesa que, neste momento, já representa 57% de compras em Portugal pelo nosso fornecedor de hambúrgueres, a OSI Food Solutions, ou da carne de porco, que representa 100% das necessidades da McDonald’s Portugal. A Vitacress é a única empresa distinguida como Flagship Farm em Portugal. O que significa esta distinção? A Flagship Farm é uma iniciativa desenvolvida pela McDonald’s, em parceria com a Food Animal Initiative, que premeia as melhores práticas agrícolas e sustentáveis de quintas na Europa. São explorações agrícolas modelo, que adoptam as melhores práticas ambientais, sociais e económicas na gestão da sua quinta. A Quinta da Azenha, da Vitacress, a primeira Flagship Farm portuguesa, localizada no Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, tem cerca de 130 hectares de solos de areia clara onde são cultivados os vegetais que compõem o mix de salada, a alface iceberg e as mini-cenouras fornecidas à McDonald’s. Quais os requisitos necessários para ser uma Flagship Farm? A McDonald’s atribui esta distinção à Quinta da Azenha pelo conjunto de práticas na gestão e produção das alfaces de folhas jovens e iceberg, nomeadamente formação profissional qualificada e reconhecida no sector, fornecida a todos os trabalhadores; estratégia de fertilização do solo, através de culturas como o sorgo, legumes e couves, na qualidade de adubos verdes que são plantados de forma a capturarem os nutrientes disponíveis na terra, sendo, em seguida, picados e incorporados nela, para lhe fornecerem matéria orgânica adicional e nutrientes para a cultura seguinte; redução do uso de agroquímicos, através da implementação de estratégias de controlo naturais em que se destaca a utilização da mostarda caliente em crescimento, a qual, quando cortada e picada, produz um isotiocianato de biogás fumigador, que ocorre naturalmente e contribui para a eliminação de várias doenças e pragas originadas no solo; implementação do “Plano de Acção para a Biodiversidade”, que contribuiu para estabelecer um conjunto de objectivos biológicos e ambientais; adopção do programa “Conservation Grade or

Fair to Nature Scheme”, um protocolo independente e cientificamente validado, delineado para concentrar-se nas espécies locais mais importantes, garantindo assim que os habitats mais adequados sejam desenvolvidos. Qual a estratégia de crescimento em Portugal? Nos próximos anos, a McDonald’s vai continuar a crescer com a abertura de novos restaurantes (quatro e cinco aberturas por ano), criando novas áreas de oportunidade para franquiados e investimento nas comunidades. Este crescimento reverte, na sua grande maioria, para a economia nacional porque se reflecte em emprego e riqueza que fica em Portugal. Como descreve a McDonald’s Portugal? A McDonald’s, com 6.000 colaboradores portugueses, é hoje uma marca forte, de sucesso e plenamente integrada na sociedade portuguesa. Actualmente, conta com 150 restaurantes no nosso País, 85% dos quais são geridos em sistema de franchising por 38 empresários portugueses que reinvestem em Portugal grande parte da riqueza criada e desenvolvem as comunidades locais, criando emprego, promovendo serviços, desenvolvendo competências e melhorando a experiência de restauração dos consumidores. Este é um ponto-chave da forma como a McDonald’s gere o negócio, uma vez que estas 120 empresas são portuguesas e geram riqueza em Portugal. Uma história de integração local e de contributo para a economia e o desenvolvimento local, reconhecida interna e externamente por stakeholders e consumidores. Qual o balanço deste 25 anos? Ao longo destes 25 anos, a McDonald’s sempre privilegiou o diálogo com os seus consumidores como forma de acompanhar a evolução das suas preferências e as actuais tendências. Foi por esta razão que a marca foi sempre capaz de se reinventar, mantendo-se coerente com os seus valores, continuando a servir os seus consumidores de forma consistente, mas nunca deixando de os surpreender. A McDonald’s sempre apostou numa estratégia de diferenciação no mercado da restauração, quer em termos de variedade de produtos, quer ao nível do conceito de serviço, da rapidez e da conveniência. A diferenciação ao nível de produtos, de serviços e da imagem dos restaurantes tem sido a estratégia chave da marca para a consolidação da liderança no mercado. Nestes 25 anos de presença em Portugal, a McDonald’s tem crescido, de forma sustentada, de Norte a Sul do País, com restaurantes em 16 capitais de distrito. frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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PRODUTORES DE MIRTILO REUNIRAM EM MARCO DE CANAVESES

Nos passados dias 12 e 13 de Novembro de 2016, teve lugar o VI Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo. O evento foi organizado pela Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses (Epamac), juntamente com a Câmara Municipal do Marco de Canaveses, a Dolmen – Cooperativa de Formação Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, o Caerus – Projecto Oportunidade para o Concelho de Marco de Canaveses, o Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (Cothn) e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (Iniav). 14

frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

O encontro decorreu na Quinta da Torre, situada no concelho de Marco de Canaveses, num espaço que alia a modernidade à sustentabilidade das explorações de vinho verde e mirtilo, e contou com a presença de cerca de 200 participantes, entre produtores provenientes de todo o País, especialistas nacionais e internacionais e empresas ligadas ao sector. Nesta iniciativa de debate, reflexão e discussão da actualidade e perspectivas futuras do sector aliaram-se os testemunhos de produtores com várias referências nacionais e internacionais da fileira do mirtilo. Do programa constaram, também, uma exposição de produtos e serviços ligados ao sector, bem como visitas guiadas a explorações de mirtilo da região. Grande parte do sucesso do evento deveu-se, não apenas à presença de grandes especialistas internacionais (como, por exemplo, Fall Creek, Farm & Nursering Inc., um dos maiores viveiristas de mirtilos à escala mundial), mas também, e sobretudo, à partilha de conhecimento que

se promove entre quem efectivamente trabalha na fileira deste pequeno fruto. A expansão desta cultura em Portugal depende de um trabalho organizado, metódico e cooperativo, entre os diversos actores do processo, de forma a criar escala suficiente para se poder competir internacionalmente. Durante o evento, ficou ainda determinado que o próximo Encontro Nacional de Produtores de Mirtilos deverá ter lugar em Mangualde, em data a anunciar. João Miguel Gonçalves, Director da Epamac e coordenador da organização deste evento


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REINVENTAR A ALIMENTAÇÃO

Bettina Höchli, investigadora do Gottlieb Duttweiler Institute, na Suíça, que se especializou no comportamento do consumidor, veio a Portugal apresentar algumas tendências de consumo potenciadas pelos recursos digitais. Carlos Afonso

“Bits over bites: consumo alimentar num mundo digital” foi o mote do leque de tendências que Bettina Höchli enunciou na Conferência Internacional de Organizações de Produtores (ICOP, na sigla inglesa) 2016, que decorreu em Novembro, em Lisboa. A investigadora apresentou vários exemplos das tendências em curso, que definiu como «ciência versus romance» – sendo este último termo relativo a «comida tradicional», a um «anseio por romance». Ou seja, assiste-se à «era digital a entrar na era dos novos hábitos alimentares», em que a ordem do dia é a emancipação dos consumidores e em que se tenta seguir as necessidades destes, diz Bettina Höchli. «A produção alimentar tem-se concentrado na eficácia. A boa comida está a tornar-se mais importante à medida que a vida diária se torna mais flexível. As pessoas querem cada vez mais sensações únicas. As pessoas definem-se cada vez mais por aquilo que comem… e por aquilo que não comem.» Novos modelos de negócio Neste contexto, multiplicam-se novos formatos e proliferam «modelos digitais de negócio», muitas vezes sem estruturas físicas de venda, para fornecimento e entrega de pratos alternativos e de qualidade, inclusive biológicos. E cada vez mais se encomendam alimentos ou refeições através de aplicações ou de sites, via computador ou smartphone. No serviço internacional Eatwith (www.eatwith.com), já a funcionar em Portugal, um «anfitrião» prepara refeições e recebe na sua casa ou espaço as pessoas que fizeram uma subscrição. Por sua vez, o serviço Munchery (munchery.com) entrega em casa dos clientes refeições acabadas de confeccionar por Chefes de renome. Na vertente de entrega de refeições por encomenda, existe um operador de peso: com base na sua aplicação, a Uber lançou o serviço Uber Eats (ubereats.com), disponível em metrópoles de diversos continentes. 16

frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

Em 2017, começará a ser vendida a Moley Robot Kitchen (www.moley. com), com quatro componentes: braços robóticos, forno, fogão e unidade de ecrã táctil. Esta cozinha robótica é operada através do ecrã táctil ou remotamente via smartphone e conta já com um leque de 100 receitas. Existem iniciativas e serviços que funcionam como «uma mistura entre mercados e restaurantes». O Foodswap (foodswapnetwork.com) é um movimento internacional de organização de encontros para troca de alimentos. No Hello Fresh (www. hellofresh.com), os subscritores recebem em casa caixas com os ingredientes nas quantidades necessárias para as receitas que escolheram. Instacart (www.instacart.com) é um serviço de compras personalizadas nos Estados Unidos da América: uma pessoa define uma lista de compras, as quais serão realizadas por outra pessoa que se registou no Instacart como comprador. A distribuição de alimentos assume igualmente novos formatos. Em 2016, o fundador da Easyjet criou no Reino Unido a EasyFoodStore (easyfoodstore.com), dedicada à venda de produtos alimentares com baixo custo, para já com apenas uma loja. Também no ano passado, a empresa alemã Infarm (infarm.de), especialista na conversão de espaços em quintas verticais, instalou em Berlim, num supermercado da cadeia Metro, uma micro-zona de produção vertical, para fornecer aos clientes ervas aromáticas acabadas de colher. A JustEat (www.just-eat.com), que fornece serviços de encomenda on-line de alimentos em diferentes continentes, começou a testar no Reino Unido, em 2016, a entrega de refeições e bens através de robôs autónomos. Deliveroo (deliveroo.com) é outro operador internacional de encomendas on-line de refeições. Aposta-se na facilidade de consumo, com conceitos como «lojas sem embalagens» (de venda de produtos a granel), embalagens que podem ser reutilizadas ou embalagens em que os produtos – por exemplo, cogumelos – continuam a crescer nas lojas. Contudo, nem todos os “formatos” vingam, como a cadeia de supermercados Whole Foods comprovou com a polémica em torno da laranja descascada em embalagens de plástico.


As tendências incluem ainda uma maior proximidade dos fornecedores e dos produtos. Um exemplo é a da Meine kleine farm (www.meinekleinefarm.org), uma exploração pecuária alemã que vende produtos on-line e que usa as ferramentas digitais para promover a proximidade com o consumidor. Os conselhos e receitas para uma alimentação e um estilo de vida saudáveis são outra vertente, com uma profusão de exemplos – como o site Smart mama (www. thesmartmama.com) –, na maioria desenvolvidos por particulares. Segundo Bettina Höchli, também se verifica um «grande investimento em novas fontes de proteínas» e em «alimentos mais eficazes». Exemplo da «eficiência ligada à saúde» são os alimentos de substituição da Soylent (www.soylent.com) e da Bertrand (bertrand.bio) – neste último caso, de origem biológica. Na área do negócio alimentar também entram empresas de grande dimensão, como as tecnológicas Toshiba e Fujitsu,

que têm vindo a investir na produção de hortícolas em quintas verticais instaladas em edifícios abandonados. E a tecnologia tem as aplicações mais diversas, como o Cowlar, um dispositivo instalado em vacas que permite monitorizar vários parâmetros para optimizar a produção e as operações e para melhorar a saúde dos animais. «Todos são clientes directos» A maioria destes exemplos não tem origem na indústria alimentar, mas antes em start ups tecnológicas, salientou a investigadora. As fronteiras tradicionais estão a esbater-se: «O canal está a perder a sua relevância». «A cadeia de distribuição está a sofrer alterações radicais: para estes serviços, todos são clientes directos. Os clientes recebem o que querem, quando querem, da forma mais eficiente possível. E a cadeia de valor tradicional está a ser alterada.» Os dados recolhidos por dispositivos inteligentes sobre os parâmetros de saúde e requisitos dietéticos das pessoas, uma vez acessíveis aos fornecedores, permitirão «que nos entreguem o que queremos», afirmou Bettina Höchli. «A questão é saber que empresas vão ganhar a corrida!»


KIWI PORTUGUÊS DEVE PROJECTAR A SUA QUALIDADE

A actual campanha de kiwi regista uma quebra de produção de 30%. Os produtores falam naturalmente do decréscimo de produção e mostram mais entusiasmo na necessidade de projectar internacionalmente a qualidade do kiwi português. Sara Pelicano

O ano de 2016 foi complicado para a maioria das culturas nacionais e o kiwi não foi excepção. Quando falámos, em Dezembro, com alguns produtores, as contas ainda não estavam fechadas, mas as previsões eram de quebras de produção na ordem dos 30%. As condições climáticas – poucas horas de frio – afectaram a quantidade, mas não a qualidade, que está «boa», afirmam os produtores. «Vai ser uma campanha com uma quebra significativa, entre 20% e 30%» face à campanha de 2015/2016 que foi de 28.000 toneladas (t), afiança António Avelino Luís, presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Kiwicultores (APK). No ano passado, 50% daquele volume de produção seguiu para exportação, sendo Espanha o principal cliente. «O nosso grande mercado é Espanha e tem ainda capacidade de crescer», diz António Avelino Luís. Os sócios da APK são produtores, técnicos e entrepostos. «Dos seis grandes entrepostos de distribuição, cinco são membros da APK, nomeadamente Kiwicoop, Kiwi GreenSun, Prosa, PMNI e Cooperativa Terras de Felgueiras. Representamos 80% da fruta nacional.» A PMNI recebe kiwis de produtores portugueses e espanhóis. No total, nesta campanha deverão receber cerca de 3.000 t, sendo que 70% da fruta é portuguesa. «Há um decréscimo significativo de produção que, em alguns casos, pode atingir os 50%. Mas, nas nossas previsões, em termos médios, a quebra

será de 30%», comenta Carlos Jorge Ferreira, director de Operações da PMNI. Na Kiwi GreenSun foram recepcionadas 4.500 t de fruto. O proprietário da empresa, Vítor Araújo, explica que «a quebra se deveu a três motivos: perdemos 600 t de serviços porque, ao haver menos produção, o nosso cliente tem capacidade nas instalações próprias e acabou por fazer ele mesmo essas 600 t de serviços; tivemos cerca de 800 t menos, em que 300 t se deveram a quebras de produção e umas 500 t devido a variedades que não nos interessavam muito. Estamos a converter os pomares e, por isso, tivemos uma quebra pela troca de variedades». O decréscimo deve situar-se nos 20%. A Kiwi GreenSun reúne a produção de 26 kiwicultores e exporta mais de metade da fruta. «No ano passado, exportámos 73% da produção e este ano esperamos superar esse valor. O principal destino é Espanha», afiança Vítor Araújo. Na Kiwicoop (330 associados) ainda se estava a receber fruto quando falámos com o presidente da cooperativa. José Carlos Soares disse que «em termos processuais, a colheita correu

PRODUÇÃO TOTAL DE KIWI Fonte: Instituto Nacional de Estatística

2013

2014

2015

Superfície:

2.127

2.255

2.305

Produção:

21.306

18.150

28.331

Ano:

(hectares)

(toneladas)

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frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

› Vítor Araújo, proprietário da Kiwi GreenSun

› Carlos Jorge Ferreira, director de Operações da PMNI


muito bem, pois o volume PRODUÇÃO POR REGIÃO EM 2015 1.721 de entregas foi bem conFonte: Instituto Nacional de Estatística trolado, com tempos de Legenda: Superfície (hectares) Produção (toneladas) entrega para os asso564 ciados muito baixos. Em relação à produção 11 entregue será na ordem 4 4 2 das 5.000 t. A fruta é de muito melhor qualidade, mas registamos uma 23.205 11.109 4.887 158 30 29 23 quebra de 30%». Quanto NORTE CENTRO REGIÃO AUTÓNOMA ALENTEJO ALGARVE ÁREA à comercialização, José DA MADEIRA METROPOLITANA DE LISBOA Carlos Soares explana que «o mercado interno é muito importante». Este ano, deve representar «entre 55% Desafios e 60%» das vendas. A restante produção segue para exporA cultura do kiwi tem múltiplos desafios como percebemos ao tação. «No mercado externo, Espanha é importante pela conversar com estes diversos interlocutores. A destacar estará proximidade. Trabalhamos com outros países e pretendemos a melhoria das práticas agrícolas, mencionada quer por Carlos alargar as nossas vendas.» Jorge Ferreira, da PMNI, quer por José Carlos Soares, da Kiwicoop. Este último reflecte sobre os desafios da kiwicultura nacional da seguinte forma: «Profissionalização do sector, melhoria IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES DE KIWI de práticas culturais e uniformização da qualidade do produto. Fonte: Instituto Nacional de Estatística Este é o processo de fazer diferenciar o kiwi português dos demais». O director de Operações da PMNI comenta: «Temos IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO de melhorar a qualidade para podermos acompanhar com os 15.560 melhores. É preciso melhorar as práticas culturais e aprender 14.527 13.671 mais sobre a cultura». A ideia da qualidade é partilhada também 12.466 pelo presidente da Direcção da APK e por Vítor Araújo, da Kiwi GreenSun. «Temos de apostar na qualidade e em variedades de valor acrescido», salienta Vítor Araújo. «Está mais ou menos assente ao nível internacional que o kiwi português é bom pelas características edafoclimáticas do País. Queríamos quantificar 14.970 12.412 isto e projectar esta informação internacionalmente», acres11.109 10.934 centa António Avelino Luís, da APK. O conhecimento, em parceria com instituições de ensino e investigação, foi um factor mencionado pelo presidente da Direcção da APK. «A associação, juntamente com o Fitolab, uma empresa do Instituto Pedro Nunes, aguarda que seja aprovado o grupo 2014 2015 2014 2015 operacional, que propôs, para poder estudar a PSA na kiwicultura. O cancro bacteriano do kiwi causa imensos prejuízos.» Legenda: Toneladas 1.000 euros frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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MOBILIZAÇÃO CONTRA A ESTENFILIOSE

Estenfiliose, fogo bacteriano e dados de colheita e de exportação. Foram estes os temas do balanço da campanha da pêra de 2016, que teve lugar a 12 de Dezembro em Alcobaça, organizado pelo Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (Cothn), em colaboração com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (Iniav). Carlos Afonso

No evento, Tiago Comporta,

do Instituto Superior de Agronomia (ISA), apresentou os resultados preliminares de estudos epidemiológicos de estenfiliose (Stemphylium vesicarium) em pereira, realizados no âmbito de uma tese de mestrado. Em 2016, num pomar infectado com a doença (situado em Roliça, Bombarral), foi recolhido material vegetal (infestantes, flores, frutos), sujeito depois a testes de patogenicidade no ISA. Em seguida, os isolados de S. vesicarium foram inoculados – sem lesão – em pêras sãs, num pomar sem histórico de estenfiliose (em Freiria, Torres Vedras). Concluiu-se que as infestantes são repositório do patogéneo da estenfiliose (e que isso acontece sobretudo nas infestantes mais frequentes: bico-de-pomba, luzerna, cabeça de cão), que as peças florais são infectadas desde o início da floração (com maior incidência no pistilo e, depois, nas sépalas) e que o histórico do pomar tem influência. Na comparação entre os efeitos da mobilização do terreno [neste estudo, realizada apenas na entrelinha, com grade de discos] e do enrelvamento, verificou-se que a incidência de S. vesicarium tende a baixar ligeiramente no mobilizado: «Há uma tendência positiva de redução do inóculo na mobilização, face ao enrelvamento». Outra conclusão foi que os isolados de S. vesicarium não são todos patogénicos. A tese deverá estar concluída em 2017, mas foi salientado que a investigação deverá continuar, nomeadamente em maior escala no caso da mobilização versus enrelvamento. Criado em Setembro último pela Secretaria de Estado da Agricultura e Alimentação, o grupo de trabalho sobre a estenfiliose – que reúne Iniav, Cothn, Associação Nacional dos Produtores de Pêra Rocha (ANP), Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa 20

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e Vale do Tejo (Draplvt) –, já identificou as linhas de acção a empreender ao nível da investigação, da monitorização e do controlo. Maria do Carmo, secretária-geral do Cothn, indicou que as linhas de acção propostas são: demonstrar formas de reduzir o inóculo; realizar ensaios quanto à eficácia dos fungicidas; testar meios de luta biológicos e meios alternativos de controlo; apurar a relação entre as práticas culturais e o impacto da estenfiliose; estudar a sensibilidade das populações; aferir os modelos de detecção; práticas culturais; gestão do coberto vegetal dos pomares. Isto será complementado com as vertentes de monitorização do fungo (as medidas a implementar incluem a colocação de capta-esporos e a monitorização em pomares) e de acções de informação e sensibilização. Este plano ainda vai ser apresentado à tutela. O grupo também procurou identificar o impacto económico da doença nas duas últimas campanhas e efectuou um levantamento dos trabalhos científicos existentes sobre a estenfiliose, os quais já começaram a ser disponibilizados no site do Cothn (na secção “Notícias”). Susceptibilidade ao fogo bacteriano Outro trabalho em curso é a avaliação da susceptibilidade de clones de Pyrus da cultivar Rocha e de variedades autóctones de Pyrus e Malus à doença do fogo bacteriano (Erwinia amylovora), com o objectivo de identificar os clones isentos de E. amylovora e determinar os clones menos susceptíveis à doença. Este trabalho inclui-se no projecto InovPomo, que decorre até 2017 e que tem como foco o melhoramento do processo produtivo de peras e maçãs através da conservação e caracterização do material vegetal. Neste trabalho foram analisados 72 clones de Pyrus da cultivar Rocha, outras 15 cultivares de Pyrus e 16 cultivares de Malus. Os clones, oriundos da colecção preservada pelo Iniav, foram inoculados com a estirpe Erwinia amylovora CPBF 410, específica de Portugal. Nos ensaios, foi usada uma escala de alta, baixa e média susceptibilidade. Segundo Leonor Cruz, investigadora do Iniav, verificou-se que «há diferenças significativas na susceptibilidade dos clones». Das variedades autóctones, demonstraram susceptibilidade baixa 11 de Pyrus e 14 de Malus. Das restantes, apenas a pêra Bonita manifestou susceptibilidade alta. Na avaliação global, apurou-se que a dimensão média das lesões causadas pela E. amylovora foi de 1,50 centímetros (cm) nos clones de Malus, de 2,48 cm nos clones das variedades autóctones de Pyrus e


de 5,74 cm nos clones da cultivar Rocha. Para 2017, as tarefas previstas para os investigadores são: «Análise integrativa dos dados de susceptibilidade, caracterização molecular e agronómica e selecção do património fitogenético conservado no Banco Português de Germoplasma Vegetal para multiplicação». Menos 4,4% de produção face a 2015 A Associação Nacional dos Produtores de Pêra Rocha (ANP), que estima que os seus 23 associados representem cerca de 86% da produção nacional deste fruto, apresentou no evento dados actualizados da campanha 2016/2017. Os associados contabilizaram nas centrais, em 2016, 110.566 toneladas (t) de pêra Rocha – das quais, 69.489 t armazenadas em frio normal e 41.077 t armazenadas em atmosfera controlada. A produção dos associados foi de 115.622 t em 2015, de 170.142 t em 2014 e de 160.983 t em 2013. A diferença de 2016 para 2015 é de cerca de menos 4,4%, num ano em que se previu quedas mais acentuadas. Para Aristides Sécio, presidente da ANP, uma das explicações será os associados terem adquirido fruta a produtores não associados, para compensar as perdas no campo e na central e «rentabilizar as estruturas». Em princípio, a fruta apanhada especificamente para a indústria não terá sido contabilizada nos dados das centrais. Quanto ao total nacional, foi estimado em 128.565 t, o que significa menos 4,4% relativamente a 2015 (134.444 t), menos 36,5% face a 2014 (202.550 t) e menos 31,3% em comparação com 2013 (195.215 t). Quanto aos calibres, registou-se 49,3% da fruta abaixo dos 60 milímetros (mm), 44,3% de 60-65 mm e 6,4% acima dos 65 mm. Desde Agosto, o início da actual campanha, até Dezembro de 2016, os associados da ANP já exportaram 21.355 t de pêra Rocha, o que representa 19,3% da sua produção. Nas duas campanhas anteriores, no mesmo período, o volume exportado foi de 43.600 t (2014) e de 26.500 t (2015). Nas três últimas campanhas, Brasil, Reino Unido, França e Marrocos lideraram os destinos de exportação, com a Alemanha a subir para o quinto lugar na de 2015/2016. As exportações atingiram 100.121 t em 2013/2014, 101.699 em 2014/2015 e 70.878 t em 2015/2016. Os presentes no balanço consideraram que a quebra de produção se deveu ao frio, à precipitação, à floração menos abundante (que causou problemas de vingamento), às temperaturas altas em Julho (que condicionou os calibres e causou problemas de escaldão) e à estenfiliose. Ao nível da qualidade, foi referido que a pêra apresenta-se em geral com a epiderme limpa, mas a ausência de carepa permite notar danos da colheita e da central. Um dos pontos ainda incertos nesta campanha é a qualidade de conservação da fruta. Na produção, assinala-se que a área de maçã (com primazia de Gala) tem crescido mais do que a de pêra. Quanto a pragas, as predominantes foram psila (antes e depois da colheita), bichado, filoxera, cecidómia e afídeos. Nas doenças, além da estenfiliose (em que é preciso defender desde cedo e onde as operações culturais são determinantes), destaque para pedrado e fogo bacteriano.


PRODUTORES DE CITRINOS SATISFEITOS COM A CAMPANHA

O aroma a citrinos já perfuma os pomares algarvios. A colheita de Inverno já arrancou e os produtores esperam uma campanha «normal». A qualidade mantém-se. Rita Marques Costa

Entre 1995 e 2015, a importância do Algarve para a produ-

impediram o crescimento dos frutos. O problema dos baixos calibres prende-se com a «desvalorização do produto», explica Horácio Ferreira. «O mercado quer mais calibre do que aquele que temos neste momento e não temos forma de contornar esta questão.» Ainda assim, o responsável espera que seja colhida uma quantidade semelhante à da campanha passada, cerca de 21.000 toneladas. «A qualidade é boa.» Para a Frusoal, a campanha das variedades de Inverno terá «um ligeiro decréscimo da produção». «Como no ano passado tivemos produções mais altas, este será de contra-safra», diz Manuel Reis, responsável da Frusoal. Foram o Verão quente e prolongado e o atraso das primeiras

ção de citrinos nacional cresceu 27 pontos percentuais. Há 20 anos, as laranjas, os limões e as tangerinas cultivadas na região correspondiam a 65% do total do País. Em 2015, esse valor cresceu para 83%. Faro, Loulé, Albufeira, Silves, Tavira e Olhão são os cinco municípios do distrito de Faro onde é possível encontrar os 800 hectares (ha) de pomares dos produtores associados à Cacial – Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve. Horácio Ferreira, director-geral, diz que esta campanha está a decorrer de forma «muito normal». Os calibres, contudo, ficam aquém dos valores habituais. O prolongamento do Verão e, consequentemente, a falta de chuva

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CITRINOS EM PORTUGAL E NO ALGARVE ENTRE 1995 E 2015 (TONELADAS)

4.000

3.000

2.000

Fonte: Instituto Nacional de Estatística 1.000

Legenda:

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Portugal

Algarve

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0

1995 1996 1997

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2015


chuvas, das quais estas variedades dependem muito, que provocaram este decréscimo. As laranjas «não têm grandes problemas de calibre, porque são tendencialmente graúdas. As tangerinas é que este ano ficaram mais curtas de calibre». Filipe Martinho é outro dos produtores que se dedica à cultura dos citrinos no Algarve. «A qualidade da fruta está muito boa.» Nas laranjas, o oBrix ronda os 12 e nos frutos mais pequenos os 13. «A quantidade que será colhida é imprevisível porque o tempo é que manda.» Quanto ao destino dos citrinos, a maioria é vendida para o mercado interno. Manuel Reis admite que «a quota de exportação poderá aumentar quando aumentarmos a produção», mas avisa que «não podemos descurar o mercado interno». «A citricultura não foge aos outros ramos de actividade, há sempre uma grande competitividade. A relação entre o preço e a qualidade é fundamental», constata Manuel Reis.

SUPERFÍCIE OCUPADA COM CITRINOS POR REGIÃO EM 2015 (HECTARES)

NORTE

957

Fonte: INE

CENTRO

ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA REGIÃO AUTÓNOMA 390 DOS AÇORES

1.352

417

117

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

ALENTEJO

2.377 ALGARVE

14.600

› Filipe Martinho é produtor de citrinos no Algarve

Pragas e doenças controladas As pragas e doenças «não afectaram muito» a campanha, segundo Horácio Ferreira, da Cacial. Por seu turno, o responsável da Frutas Martinho, Filipe Martinho, explica que «não temos tido problemas com as pragas». Contudo, com humidade e temperaturas altas, «o › Horácio Ferreira, director-geral da Cacial maior problema são os fungos, nomeadamente a botrite», diz. Manuel Reis, da Frusoal, refere que «não há nenhuma novidade em relação aos anos anteriores, mas tem de haver muita atenção para intervir sempre em tempo oportuno». «Há pragas muito complicadas», constata Manuel Reis. Nomeadamente, a mosca do mediterrâneo, porque «temos a fruta muito tempo na árvore». «As cochonilhas são uma praga terrível, não só porque enfraquecem a planta, mas também pela deterioração do aspecto da fruta.»

DGAV APRESENTA PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA PREVENÇÃO CONTRA O ENVERDECIMENTO DOS CITRINOS Em Dezembro de 2014, foi detectada a presença da Tryoza erytrae (insecto vector do enverdecimento dos citrinos), numa localidade da Galiza perto da fronteira com Portugal. Em Outubro do ano seguinte, uma análise a um pomar de citrinos, em Silves, deu positivo para a Candidatus Liberibacter asiaticus, bactéria responsável pela doença. Posto isto, e dada a gravidade da doença, «responsável por seríssimas quebras de produção em inúmeros países», a Direcção-geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) elaborou um “Plano de contingência para controlo de Candidatus Liberibacter spp e seus vectores”. O documento disponibiliza informação sobre a doença, bem como formas de prevenção, métodos de detecção e diagnóstico e medidas de erradicação. Quanto à detecção das bactérias ou dos seus vectores nos pomares, o documento apresenta várias situações, que devem ser solucionadas de forma distinta. Sempre que a bactéria for detectada, se o problema afectar mais de 20% das plantas, todas devem ser destruídas. O documento pode ser lido na íntegra no site da DGAV.

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UM ANO DIFÍCIL PARA OS HORTO-INDUSTRIAIS A chuva e o calor, em períodos e intensidades inadequadas, foram os responsáveis pelas quebras de produtividade nos hortícolas para indústria.

CENTRO DE COMPETÊNCIAS PARA O TOMATE DE INDÚSTRIA APOSTA EM PROJECTOS DE INOVAÇÃO João Silva, do Centro de Competências para o Tomate de Indústria (CCTI), encarregou-se de partilhar informações sobre alguns dos projectos que o CCTI está a desenvolver no âmbito do tomate de indústria. Um deles é o Greentaste. O objectivo é perceber o potencial de aproveitamento do tomate verde que fica no campo. A ideia será trabalhar a fermentação do fruto e transformá-lo em concentrado, para depois ser utilizado pela indústria de molhos. O projecto ainda está numa fase embrionária. O centro está também a trabalhar na investigação sobre infestantes em hortoindustriais (Hortinf); no estudo do nível de salinidade no troço do Rio Tejo entre Vila Franca de Xira e Santarém (Infosalinidade); na transformação do tomate não amadurecido em detergente biológico.

Rita Marques Costa

A chuva na instalação e o calor na floração, que depois provoca-

ram problemas ao nível do encharcamento e asfixia radicular das plantas e no controlo das infestantes, marcaram a campanha de 2016 do tomate de indústria. Foi esta a conclusão apresentada durante a “Sessão de balanço dos horto-industrias”, dia 13 de Dezembro, em Alpiarça. Segundo Cristina Rodrigues, técnica da organização de produtores Cadova, a situação climática «excepcional» obrigou a replantar algumas parcelas. «Foi um ano em que apareceu de tudo, mas tudo se foi controlando.» Nesta campanha, segundo dados da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP), a produtividade da cultura situou-se, em média, nas 83 toneladas por hectare (t/ha). Um valor marcadamente abaixo ao registado em 2015 (97 t/ha). Gonçalo Escudeiro, da organização de produtores Torriba, que reúne 3.000 hectares de tomate de indústria, defendeu que «a média [de produtividade] não representa esta campanha», já que foi um ano em que alguns produtores registaram 50 t/ha e outros 100 t/ha. «Perdemos quatro milhões de euros de facturação em relação ao ano passado», contou. O que significa menos 1.200 euros facturados por cada hectare plantado.

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Outros horto-industriais na mesma situação No caso do pimento, os problemas com as condições climáticas deram origem a «pouco peso» nos frutos de cor vermelha, contou Cristina Rodrigues. As ervilhas e favas (estas «mais residuais» em termos de área), sofreram com o Inverno pouco frio e a Primavera chuvosa, que se traduziram em ataques de fungos, floração precoce e irregular e quebras de produção. No entanto, há «forte apetência por parte dos agricultores» para a sua produção. A curgete, por seu turno, teve problemas ao nível da fecundação e na plantação devido à chuva intensa. O mesmo se verificou com a abóbora butternut. No caso do brócolo, surgiram alguns problemas ao nível de infestantes. Em todos os campos dos associados da Cadova plantados com brócolo, apenas dois não tiveram problemas com a mosca da couve. A falta de substâncias activas para o combate às doenças e infestantes que atacam estas culturas foi uma das principais dificuldades apresentadas por muitos dos presentes. A Bayer marcou presença e apresentou o Serenade Max, um produto que tem uma autorização para uso menor no combate à alternariose nesta cultura.


Activa os processos fisiológicos responsáveis pela estimulação da quebra da dormência

do

Sincronía e antecipação

abrolhamento

ESTAÇÃO FITOPATOLÓXICA DO AREEIRO. ENSAIOS KIWI HAYWARD

2012

2013

40 35

CONTROL SYNCRON & NITROACTIVE

35,4

33,5

31,6

30 25

25,3

26,0

Flores/rama

Frutos/rama

35

CONTROL 27,4

Produção (Ton/ha)

40

SYNCRON & NITROACTIVE

30 25

31,0

29,1

28,3

25,6

25,2

Flores/rama

Frutos/rama

23,7 Produção (Ton/ha)

A M I X Á M A I C Á C I F E

Disttri Di Distribuição rib ibu bu uiç ição iç ção ão e exclusiva xclu xcl xc lusi siva iva va d da a Da Daym Day D Daymsa aym ymsa sa p para ara ar a Po P Portugal ort rtug tug gal al

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www.daymsa.com • mail@daymsa.com www.daymsa.com maiil@ l@d @da daym daym ymsa sa.c a.c .com com m • Tlf. Tlf llf. f. 97 976 46 976 46 1 15 5 16 16


AS OPORTUNIDADES E DESAFIOS DO DAMASCO

No final de Setembro, a Vivalley Fruit, uma empresa dedicada à produção agrícola e à prestação de serviços de consultoria, apresentou a vários agricultores o potencial da produção do damasco em Portugal. Esta cultura adapta-se especialmente às regiões no interior do País. Rita Marques Costa

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que,

nos últimos 20 anos, a produção de damasco decresceu cerca de 43%. Passando-se da produção de 5.052 toneladas (t), em 1995, para as 2.893 t, em 2015. A superfície plantada com a cultura também diminui dos 637 hectares (ha) para os 422 ha (34%). Apesar destes números, a Vivalley Fruit apresentou, em duas actividades, o potencial da cultura do damasco aos produtores da Covilhã e de Alfândega da Fé. «Não há razão aparente para a área ter decrescido. Acreditamos que foi por falta de modelos técnicos que a cultura do damasco não se estabeleceu», explicou Adriano Andrade, um dos responsáveis da empresa. «Exige um bocadinho mais de controlo de produção do que o pêssego, nomeadamente, na questão da floração. Depois, as variedades utilizadas antigamente não eram as mais recomendadas e a cultura deixou de ter interesse, não numa lógica comercial, mas por não se terem desenvolvido os modelos técnicos», acrescentou. É nas regiões como Alentejo interior, Beira interior, Trás-os-Montes e bacia do Douro que se reúnem as condições ideais para a produção deste fruto de caroço. A cultura prefere climas quentes e secos durante a floração e maturação do fruto, mas também necessita de pelo menos 500 horas de frio e é no território do interior que isto se verifica. Quanto a pragas e doenças, o damasco também tem os seus “inimigos”. A drosophilla suzukii, praga que tem preocupado os produtores de frutos de caroço, «tem de estar nos nossos monitores», sublinhou Adriano Andrade. A monoliose é a doença que mais afecta a cultura. «É na floração que é necessário controlá-la mais», porque este fenómeno tem uma duração curta e a espécie tem níveis de auto-fertilidade relativamente baixos (entre os 20% e os 30%). Quando comparada com o pêssego, esta cultura «tem custos semelhantes». No entanto, «a susceptividade às pragas e doenças é mais baixa». A «exportação é, sem dúvida, o alvo» e a Europa Central, «onde há grande gosto por este produto», será o destino mais certo. Contudo, também existe potencial ao nível

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nacional, já que «há procura, mas não há produto», avançou Adriano Andrade. «Em termos de concorrência temos a Itália, a França e um grande produtor que é a Turquia, mas numa lógica de mercado local.» O ideal, disse o responsável da Vivalley, é aproveitar a janela de oportunidade que se cria nos primeiros 15 dias do mês de Maio, porque «pode trazer mais-valias aos produtores». Quanto às preferências dos consumidores, Benoit Escande, gerente dos Viveiros Escande, pormenorizou que preferem os frutos «com sabor, rigidez e que sejam fáceis de comer, tipo snack. A coloração bicolor, laranja e avermelhada, é preferida, surgindo também interesse por variedades totalmente vermelhas». Durante a visita de campo, Benoit Escande demonstrou como se deve conduzir um pomar de damasqueiros. O técnico salientou que «a produção preferencial deve assentar numa condução de quatro a oito ramos principais». «A plantação com variedades polinizadoras é uma questão central na homogeneidade da produção, para que se evitem grandes oscilações ao longo dos anos», destacou. Os viveiros Escande também comercializam variedades de damasco, cujo desenvolvimento tem em conta questões como «resistência a doenças, facilidade de maneio do pomar e qualidades sensoriais únicas, como o formato, a cor e a qualidade gustativa».


INIAV IDENTIFICA FRUTICULTURA COMO ÁREA PRIORITÁRIA

A Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade acolheu a primeira Sessão de Fruticultura, uma área considerada prioritária pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Numa tarde, foram apresentados diversos estudos realizados por aquela instituição. Sara Pelicano

O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

(Iniav) – Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade (Enfvn) organizou, dia 13 de Dezembro, a primeira Sessão de Fruticultura. Ao longo da tarde, investigadores daquela instituição, localizada em Alcobaça, divulgaram alguns dos trabalhos desenvolvidos. Miguel Leão apresentou os resultados do estudo “Gestão da luz em pomares de alta densidade”. De acordo com o investigador, «se não for feita uma correcta gestão da luz, não conseguimos ter a produtividade constante ou rentabilidade desejável». O investigador aplicou diversas estratégicas com o objectivo de aumentar a produção nos pomares de pereira Rocha. Concluiu, por exemplo, que «quanto maior é a inclinação, maior é a intercepção da luz e que existem benefícios das folhas devido à inclinação». Este sistema teve igualmente influência no crescimento dos frutos. «Registaram-se produções de 70 toneladas por hectare, quando o normal são 52 toneladas/ hectare. O estudo está disponível em www.repository.utl.pt/ handle/10400.5/6159 O amendoal foi analisado por Filipa Queirós, também do Iniav. A responsável explicou que esta cultura consegue ser rentável, mesmo que os preços baixem, a partir de 15 hectares. Quanto ao sistema de condução dos pomares, Filipa Queirós tem dúvidas quanto à sustentabilidade das amendoeiras cultivadas em super-intensivo «porque vão fazer sombra e as máquinas de colheita vão partir os troncos com novos rebentamentos». A investigadora falou também das cerejeiras, referindo que esta cultura pode tornar-se mais competitiva em Portugal renovando os pomares. «É possível fazer árvores mais baixas que facilitem os tratamentos fitossanitários e a colheita mecanizada. Outra possibilidade é apostar na cobertura dos pomares». A Sessão de Fruticultura foi também momento para apresentação dos resultados do estudo “CaPolme – Biofortificação de

pomóideas em cálcio”. Foram aplicadas diferentes doses de cálcio nos frutos durante o seu desenvolvimento na árvore, visando incrementar a concentração deste elemento químico. Cláudia Sanchez, investigadora neste projecto, explicou que os resultados indicam que os tratamentos efectuados mostraram-se mais eficazes do que o convencional para a variedade Jonagold. Já na variedade Golden Delicious, os teores de cálcio apresentaram-se inconclusivos. Os tratamentos pós-colheita não tiveram implicações na qualidade dos frutos. Um trabalho semelhante está agora a ser aplicado na pêra Rocha. O estudo “Biofortificação de pêra Rocha” iniciou-se em 2015, mas Cláudia Sanchez já apresentou alguns resultados. No primeiro ano, foram feitas três aplicações de cloreto de cálcio antes da colheita, com intervalo de 10 dias. Na última campanha, os investigadores aumentaram a dose para cinco aplicações com o mesmo intervalo de tempo. «Verificou-se 15% mais de concentração de cálcio nas peras biofortificadas, um pouco mais de luminosidade e maior dureza quando comparado com o controlo», disse Cláudia Sanchez. Os primeiros indicadores do estudo, revelaram ainda melhor conservação dos frutos biofortificados. «Verificámos que tanto aos dois meses como após seis meses de conservação em frio normal – 1 ºC e 90% de humidade –, os frutos biofortificados apresentaram uma taxa de produção de etileno consideravelmente inferior aos frutos do controlo.» O presidente do Iniav, Nuno Canada, marcou presença no evento e salientou que o posicionamento da instituição é «ter uma forte ligação ao sector produtivo». Para uma plateia repleta de produtores, o responsável afirmou que quer «alinhar toda a investigação com as necessidades reais dos agricultores portugueses». Nuno Canada explicou ainda que foram identificadas áreas de trabalho prioritárias e a fruticultura é uma delas. frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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AS VÁRIAS REALIDADES DAS OP NA UNIÃO EUROPEIA Na 11.ª edição do ICOP (Conferência Internacional de Organizações de Produtores de frutas e legumes), que decorreu em Lisboa nos dias 24 e 25 de Novembro, foram analisadas as estratégias das organizações de produtores europeias e diversos exemplos de organização. Carlos Afonso

O Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) Fresh Fusion foi um caso de estudo no ICOP 2016. Esta iniciativa foi apresentada por Gonçalo Andrade, vice-presidente da Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal (uma das entidades responsáveis pela organização do evento, em conjunto com a Federação Nacional das Organizações de Produtores de frutas e hortícolas [FNOP] e a consultora Gfa consulting Áustria). A Fresh Fusion «nasceu do mercado para a produção» e reuniu 14 empresas e organizações de produtores (OP) de pêra Rocha para a exportação em conjunto deste fruto tendo como destino a cadeia Lidl na Alemanha – que possui 3.500 lojas neste país. Segundo Gonçalo Andrade, estas 14 empresas representam um volume total de 130.000 toneladas (t) de pêra Rocha: 65% da oferta nacional. Estes operadores tiveram de responder a requisitos «exigentes» – por exemplo, ao nível de calibre e de resíduos – e garantir um embalamento uniforme. O objectivo inicial era fornecer 10.000 t por campanha (o que equivale a 10% das exportações nacionais de pêra Rocha) em cinco anos. Na campanha 2014/2015, foram carregados 119 camiões, num volume total de 2.400 t. Na campanha seguinte (2015/2016), com o ACE Fresh Fusion

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frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

já criado, atingiu-se um volume total de 4.554 t, tendo sido carregados 230 camiões. O objectivo para a actual campanha (2016/2017) é fornecer 8.000 t, tendo já sido carregados e entregues 100 camiões. O vice-presidente da Portugal Fresh aproveitou para deixar a mensagem de que «só juntos conseguimos ser mais fortes». Gonçalo Andrade salientou ainda que «temos de investir em comunicação e em marketing, porque o consumidor alemão não conhece o produto». E comentou a propósito que, enquanto a preocupação da Fresh Fusion é atingir um mercado de 82 milhões de consumidores (a Alemanha), entidades de comércio electrónico de produtos alimentares como a Freshdirect ou a Fruitday destacam o desafio de «como é que se se atinge 500 milhões de consumidores on-line em 2020». Interfel agrega produção e distribuição de hortofrutícolas de França Em França, o sector das frutas e legumes representa 653.000 empregos (incluindo 455.000 empregos sazonais), a produção de 6.320.000 t de frutas e legumes, a exportação de 2.000.000 t para todo o Mundo, 80.000 empresas e 17.000 milhões de euros de volume de negócio em consumo (excluindo as batatas). Este cenário do sector hortofrutícola francês foi descrito por Daniel Soares, gestor de Marketing Internacional da Interfel. Criada em 1975 e reconhecida pela União Europeia (UE) em 1996, a Interfel é uma associação privada, «que reúne e fornece igual representatividade de organizações profissionais de produção e distribuição de frutas e legumes frescos» de França, referiu Daniel Soares. «As autoridades públicas reconhecem-na como a única associação interprofissional nacional de frutas e legumes frescos e autorizam-na a produzir acordos interprofissionais com força de lei». A Interfel tem quatro comissões – Económica, Inteligência económica e estudos, Comunicação, Internacional


– e opera de acordo com três Foram avaliadas as opções princípios base: representae necessidades em distintas ção («fornece uma garantia vertentes, como investimenpara as autoridades públicas tos na exploração, gestão e pree a União Europeia da parvenção de crises, outsourcing, ticipação plena do sector entre outros. Embora muitas na tomada de decisões»), vezes existam preocupações paridade («aloca 50% dos transversais aos diversos paívotos para cada ramo – Proses, Wolfgang Braunstein dução e distribuição –, para assinalou a «aplicação [ou › Gonçalo Andrade, vice-presidente da Portugal Fresh garantir uma representação interpretação] diferenciada igual dos grupos») e unanide vários tópicos». midade («apoia a qualidade Foi também referido que o da tomada de decisão e grau de organização varia garante uma voz para grupos entre os países, bem como as pequenos ou de interesses preocupações, necessidades especiais»). e prioridades. Relativamente A Interfel adoptou um cona Portugal, foram identificajunto de «missões»: «Avaliar dos os seguintes desafios em o conhecimento público dos geral das OP: valor acrescennossos produtos e perceber tado à produção comercialias expectativas dos consumizada; aumentar o seu poder dores; estabelecer e promode negociação na cadeia ver o papel das frutas e dos de fornecimento alimentar; legumes frescos como parte novos mercados e inovação › Wolfgang Braunstein, director-geral da Gfa consulting Áustria da dieta na nossa sociedade; de produtos; gestão de risco promover um alto nível de qualidade, que satisfaça o cliente e prevenção de crises; cumprir todos os requisitos na preparação e melhore a competitividade do sector; fornecer informação e implementação da organização de produtores; complexidade e promover o consumo de frutas e legumes frescos num nível do sistema de apoio das OP; fardo administrativo da gestão nacional e, também, regional; melhorar a nossa quota de merdas organizações de produtores. cado ao nível internacional». No que diz respeito à comunicação, estão contempladas diferentes estratégias, suportes e acções, Dimensão das OP ainda reduzida em Portugal como por exemplo promover o consumo diário de 10 frutas e David Gouveia, do Gabinete de Planeamento, Políticas e legumes e a «implementação e desenvolvimento de uma rede Administração Geral (GPP), apresentou uma perspectiva sobre de nutricionistas». as OP do sector hortofrutícola em Portugal e as suas oporO gestor de Marketing Internacional da Interfel explicou que tunidades de acção. Os dados indicam que, em Portugal, «a o orçamento anual desta entidade ascende a 13,5 milhões de dimensão das OP ainda é reduzida» – em 2015, 48% das OP euros: nove milhões de euros resultantes de «uma subscrição tinham um VPC (valor de produção comercializada) abaixo de de 0,05% paga pelo sector das frutas e legumes» e 4,5 milhões um milhão de euros e 20% tinham entre um a cinco milhões de euros de fundos de origem europeia e nacional. Deste orçade euros de VPC. mento, 80% é canalizado para as diversas actividades das quatro Segundo David Gouveia, um VPC médio relativamente baixo comissões e o restante para as operações da Interfel. Daniel leva a um uso menos eficaz dos apoios da UE. Acresce a isto Soares destacou ainda as barreiras que existem no Mundo para que só 80% das OP portuguesas de frutas e legumes têm um a exportação de hortofrutícolas franceses. A encerrar, recuperou programa operacional aprovado e que existe uma reduzida o mote lançado por Manuel Évora na abertura do ICOP 2016: utilização de medidas destinadas a formação, inovação e pre«Juntos vamos mais longe, juntos é que avançamos». venção de crises. O técnico do GPP sublinhou ainda que, apesar das diferenInterpretação diferenciada ças de preocupações, necessidades e prioridades entre os A Organização Comum de Mercados (COM em português) é países da UE, «todos queremos o mesmo: ter organização». a moldura política para todas as actividades das OP. Numa A concluir, David Gouveia afirmou que «a prevenção de risco sessão sob o mote “CMO in the area of tension”, Wolfgang Braue a gestão de crises não são a mesma coisa e precisam de ser nstein, director-geral da Gfa consulting Áustria, apresentou abordadas com instrumentos diferentes. A prevenção de risco uma comparação dos programas operacionais – o programa devia ser incentivada por não ter um limiar ao financiamento de financiamento da UE para as organizações de produtores da UE» e as crises «devem ser tratadas fora do fundo ope– em vários países. racional das OP». frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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ALQUEVA: UM CASO DE SUCESSO?

Foi preciso investir 2,4 mil milhões de euros para que Alqueva se tornasse uma realidade. Num estudo a que a Frutas, Legumes e Flores teve acesso, pormenorizam-se os efeitos deste investimento para o Alentejo e para o País e o impacto que terá no futuro, caso o perímetro de rega aumente para 170.000 hectares. Rita Marques Costa

D iz quem lá vive, que a zona inserida no perímetro de rega

de Alqueva mudou radicalmente nos últimos anos. Os campos de cereais deram lugar ao olival intensivo, aos frutos secos, aos hortofrutícolas e a outras culturas como o milho e a papoila. Surgiu mais gente interessada em fazer agricultura e outros sectores, como o turismo, beneficiaram deste novo dinamismo. Até há pouco tempo, era difícil quantificar o impacto do empreendimento. Foi sobre isto que se debruçou um estudo feito pela Augusto Mateus e Associados, uma empresa de consultoria. No final, concluiu que Alqueva trouxe mais investimento agrícola, mais turismo e mais emprego. O estudo divide-se na análise de duas fases: a primeira corresponde à implementação do empreendimento, e a segunda tem que ver com os potenciais investimentos que serão feitos no sentido de expandir o perímetro de rega em mais 50.000 hectares (ha), além dos actuais 120.000 ha. Na primeira fase de construção do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, que decorreu entre 1995 e 2015, foram gerados cerca de 2.000 milhões de euros pelas empresas lá fixadas. Em termos de receitas fiscais, o Governo arrecadou mais de 690 milhões de euros. O trabalho da Augusto Mateus e Associados concluiu que o projecto representou cerca de 0,7% do VAB (Valor Acrescentado Bruto) da região, entre 1995 e 2015. Nos anos de actividade mais 30

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intensa, que correspondem à construção das infra-estruturas, este valor subiu para 1,9%. No que respeita à adaptação das explorações para as novas características da região, esta mudança gerou um investimento de 400 milhões de euros. Os equipamentos de rega e a plantação de olival foram as rubricas em que mais se investiu. Em termos de emprego, foram criados cerca de 1.100 postos de trabalho. Contudo, «ainda não se terão materializado plenamente os efeitos» do empreendimento. Isto porque a obra só estará em ano cruzeiro quando a taxa de ocupação for superior a 80% (actualmente fica-se pelos 65%). Quando tal acontecer, prevê-se que o valor bruto da produção sextuplique, que o VAB aumente 10 vezes e que o volume de mão-de-obra cresça 214%. Na segunda fase do projecto, que corresponde às obras de alargamento do perímetro de rega de Alqueva, prevê-se o investimento de 150 milhões de euros. Além disso, serão geradas importações na ordem dos 25 milhões de euros e receitas fiscais de cerca de 23 milhões de euros. Em conclusão, a empresa de consultoria refere que estes investimentos representam um «retorno muito elevado» para a região e para o País. O estudo foi encomendado pela Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva.



Ilustração: Natali Nascimento

ANO NOVO, VIDA (RE)NOVA! UMA REFLEXÃO SOBRE A “RESISTÊNCIA À MUDANÇA”

Com a aproximação de um novo ano, é

tempo de olhar para trás, analisar o nosso percurso, descolarmos do passado e enfrentarmos o futuro. Com base neste pensamento, da autocrítica, da vontade de nos reinventarmos, de atingirmos novos objectivos, é importante pensarmos no que é melhor para a nossa marca – de que maneira queremos virar a página e entrar num novo capítulo da nossa história, do nosso renascer, da nossa reinvenção e de que forma, e através de que técnicas e/ou metodologias, o podemos fazer com sucesso. Por vezes – na maior parte das vezes – mudar não é fácil, principalmente quando já estamos tão habituados, familiarizados, “agarrados” a uma imagem. Recusamo-nos. Estamos cientes de que corremos alguns riscos quando efectuamos a mudança. No entanto, e apesar da intangibilidade de todo o processo criativo, é importante perder os “medos”, sermos optimistas, acreditar nas equipas criativas. Para isso, é fundamental que transmitam, sem filtros, o que se é, o que pretendem ser, o caminho percorrido e a percorrer, para que o “redesenhar” das marcas, consiga reflectir a essência da empresa. Desta forma, absorvidos os inputs, o conceito 32

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criativo, materializado de múltiplas formas – logótipo, matérias de comunicação, folhetos, redes sociais, vídeos e acções promocionais, packaging, etc. – será mais assertivo e eficaz, compilado numa estratégia de futuro. À semelhança da “alegoria da caverna”, do filosofo grego Platão, que nos adverte para uma possível distorção da realidade que presenciamos, em que permanecemos presos, neste caso à imagem dentro da nossa caverna (o nosso mundo) onde nos sentimos seguros. Este cenário acaba por nos “roubar” a possibilidade de mudar, de evoluir, e priva-nos de atingir novos objectivos, de conquistar novos mercados, de nos aproximar, e principalmente, sermos reconhecidos pelos consumidores/mercado nacional e, ser for o caso, internacional. Pretendemos com esta comparação advertir e ajudar a compreender que além do factor de risco, o retorno da mudança é sempre muito mais elevado. Perceber que a mudança só acontece quando “saímos da caverna”, quando damos oportunidade; nos libertamos, arriscamos e abraçamos novas realidades... reinventando-nos. Reinventar não deve ser interpretado apenas como uma simples mudança ou

ajuste na cor, na fonte ou no próprio símbolo (o “boneco”). Reinventar é transmitir ao cliente uma evolução que se traduz num aumento de confiança, credibilidade, diferenciação, valorização e reconhecidamente da marca além dos já actuais clientes/mercados. Reinventar implica uma reflexão de fundo, de conceito, de várias áreas em simultâneo. Num ano que se (re)nova, estes são alguns dos pontos que devemos ter em consideração para um projecto de rebranding: focarmos na evolução da nossa marca para sermos mais competitivos e diferenciadores num mercado cada vez mais exigente, com mais variedade e em constante evolução. Investir na nossa imagem é procurar um reposicionamento da marca, ou seja, afirmar-se e distanciar-se da concorrência dos mercados. É tudo isto que procuramos desenvolver, “desenhar”, todos os dias, na TerraProjectos. Num novo ano que se (re)nova... Renovemo-nos.

César Bettencourt, Design de Comunicação – TerraProjectos cbettencourt@terraprojectos.com



EXPORTAÇÃO DE BATATA AUMENTA

A fileira da batata criou uma associação, a Porbatata – Associação da Batata de Portugal, e neste especial dedicado ao tubérculo, falamos com o presidente da Direcção, António Gomes. A produção deste ano é semelhante à do ano passado e os desafios do sector também se mantêm: promoção, produção de batata de semente e, entre outros, controlo de qualidade. Estes temas são tratados nas páginas seguintes. Aqui deixamos-lhe um retrato estatístico, que aponta para um crescimento de exportações. Sara Pelicano

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IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO (TONELADAS) Legenda:

Batatas, frescas ou refrigeradas Fonte: INE

Batata-semente

28.626

24.087 262.047

5.448

3.182 287.099

Janeiro a Setembro 2015

38.464

Janeiro a Setembro 2016

47.060

Janeiro a Setembro 2015

IMPORTAÇÃO

Janeiro a Setembro 2016

EXPORTAÇÃO

Nos primeiros nove meses do ano passado, as exportações de

batatas (frescas ou refrigeradas) cresceram quando comparado com o período homólogo de 2015. Entre Janeiro e Setembro de 2016, este sector exportou 20,6 milhões de euros, um crescimento face aos mesmos meses de 2015, quando se registou o valor de 14,4 milhões de euros. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam também que as importações foram, em 2016 (de Janeiro a Setembro), superiores às de 2015. No ano passado, importaram-se, naquele período, 71,5 milhões de euros de batatas e, em 2015, no mesmo intervalo de tempo, este valor foi de 43,7 milhões de euros. No caso da batata de semente, o cenário é semelhante: mais exportação e importação. O INE revela que, nos meses em análise, Portugal importou ao Mundo 10,6 milhões de euros em 2015 e 13,9 milhões de euros em 2016. O País colocou noutros destinos batata de semente num valor total de 2,2 milhões de euros em 2015 e no ano passado este valor foi de 3,4 milhões de euros.

A produção Uma análise aos números lançados pelo INE para os anos de 2013, 2014 e 2015 permite verificar que o melhor ano de produção foi 2014. Há dois anos, registou-se uma quebra, mas ainda assim a produção foi superior à de 2013. A produção de batata em Portugal no ano de 2015 foi de 486.790 toneladas (t), sendo que em 2014 tinha sido de 539.872 t e, em 2013, situou-se nas 487.646 t. Pormenorizando estes números, verifica-se que há mais produção de batata em regadio do que em sequeiro. Nas plantações com recurso a água, Portugal produziu 429.057 t (em 2013), 472.690 t (em 2014) e 444.166 t (em 2015). Em sequeiro, seguindo a mesma cronologia, foram produzidas 58.589 t, 67.183 t e 42.624 t. De acordo com o INE, houve um crescimento de área de 2013 (26.758 hectares [ha]) para 2014 (27.214 ha), mas um decréscimo em 2015. Neste ano, a área total ocupada por esta cultura em Portugal era de 24.622 ha – 20.267 ha em regadio e 4.355 ha em sequeiro.

ÁREA DE PRODUÇÃO DE BATATA (HECTARES) Legenda:

Norte

Centro

Área Metropolitana de Lisboa

Alentejo Algarve Fonte: INE

Região Autónoma da Madeira

Região Autónoma dos Açores

10.000 8.000 6.000 4.000

2.000

0 Batata

Batata de regadio

2013

Batata de sequeiro

Batata

Batata de regadio

2014

Batata de sequeiro

Batata

Batata de regadio

Batata de sequeiro

2015 frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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SECTOR DA BATATA TEM «OPORTUNIDADE» PARA CRESCER A fileira da batata enfrenta vários desafios, entre eles o da organização. A Porbatata – Associação da Batata de Portugal, foi constituída oficialmente em 28 de Setembro de 2016 para lidar com esses desafios e «dar voz ao sector», afirma António Gomes, presidente da Direcção. Carlos Afonso

Não há números exactos sobre o sector, apenas estimativas –

«é sempre esse o desafio português», salienta António Gomes. «Estima-se que em Portugal se consumam entre 700.000 a 800.000 toneladas (t) de batata por ano e que um pouco mais de metade seja de produção nacional.» Também se estima que «cerca de 50% da batata para a indústria seja portuguesa». Ou seja, a produção nacional para a indústria, incluindo a de menor dimensão – «a caseira» –, deverá totalizar entre 60.000 a 70.000 t. Quanto à área de produção no País, «é capaz de andar entre 18.000 a 20.000 hectares», incluindo «as produções caseiras, para auto-consumo», refere o presidente da Direcção da Porbatata. A maioria da área é regada e as superfícies regadas têm vindo a aumentar. Ao nível da área de produção, «a tendência é o Norte do País diminuir», enquanto o Ribatejo tem vindo a incrementar e o Montijo «tem vindo a aumentar e a consolidar». «No Oeste, há produtores que têm vindo a baixar… o sequeiro tem vindo a baixar e o regadio tem vindo a aumentar.» Segundo António Gomes, Ribatejo, Montijo e litoral alentejano «têm

80% a 90% da área» de cultivo de batata para exportação, sendo a restante produzida no Oeste e no litoral centro (na zona de Aveiro-Mira). A batata para consumo em fresco no mercado nacional provém sobretudo do Oeste e do Norte, com uma percentagem reduzida oriunda das outras regiões. O Ribatejo «é a principal zona de produção para a indústria» e «tem tido um crescimento muito grande». No Oeste também se faz muita batata «para as indústrias mais pequenas, do tipo caseiro». Embora as produtividades médias sejam «baixas» em Portugal, é possível aumentá-las, diz o presidente da Direcção da Porbatata, pela melhoria de aspectos como sementes ou problemas fitossanitários. Com o incremento da área de regadio, a produtividade também melhora. «Por outro lado, à medida que os pequenos produtores, mesmo profissionais, vão desaparecendo e as áreas se vão transformando em áreas de produtores maiores, mais profissionais também, as produtividades por hectare aumentam bastante.» Dependência do estrangeiro O sector da batata em Portugal apresenta vários problemas, que António Gomes enuncia. O maior deles é «a grande dependência que temos do estrangeiro». «Quase metade do que consumimos em Portugal ainda vem do estrangeiro. Isso pode ser também a grande oportunidade.» Assim, os produtores de batata «têm ainda um bom caminho para andar», que «não é um caminho fácil». A oportunidade é «comer parte das importações»: «Podemos ir buscar 10% ou 20%» da batata para consumo que vem de fora. Na comercialização, «outro grande problema do País é que os operadores que trabalham a batata, ao nível geral, são muito

CAMPANHA DE 2016 Nas palavras de António Gomes, «a campanha de 2016 foi complicada ao nível da produção. O clima foi muito complicado. Perdemos muitas áreas de produção.» «Ao nível da produtividade foi baixo, mas o preço de mercado foi bom. Há muitos anos que não tínhamos um preço de mercado tão bom e tão estável. Conseguimos manter os preços praticamente a campanha toda. Tivemos preços médios bons e foi o que ajudou. Não quer dizer que não houvesse um ou outro produtor com prejuízo, mas em média os produtores tiveram um rendimento razoável este ano.»

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OBJECTIVO EM 2016: 50 ASSOCIADOS O objectivo da Porbatata era chegar ao fim de 2016 com um total de 50 associados, que serão considerados os fundadores da associação. Pretende-se «criar um conjunto de associados robusto, que represente minimamente › Fundadores da Porbatata presentes na assembleia-geral em que foi oficialmente constituída a Associação

a batata de Portugal», explica António Gomes. Até Novembro,

pouco defensores do produto português». «Uma grande luta da Porbatata é tentar ir, pouco a pouco, fazer essa consciencialização. Se calhar, temos que a fazer de cima para baixo, para que os consumidores obriguem a ter produto nacional.» Há, ainda, o problema da «colocação do rótulo de produção nacional no produto quando muitas vezes não é». O presidente da Direcção da Porbatata aponta também a fragilidade dos produtores nacionais na exportação. «Ao exportar, estamos sempre muito dependentes dos operadores. Somos muito pequeninos e muito frágeis, somos alvos fáceis. Os outros países têm vindo a conseguir produzir mais cedo. Por outro lado, têm condições de armazenagem muito boas e conservam as suas batatas muito tempo. E só nos compram quando precisam mesmo. Temos que fazer o mesmo trabalho.» «Mostrar o verdadeiro valor da batata» Os problemas começam logo ao nível da semente, defende António Gomes. «Não há produção de batata de semente em Portugal. Estamos totalmente dependentes do estrangeiro. É um problema grave.» Outro desafio é o controlo de qualidade da semente. «Como simples compradores, muitas vezes não temos tido uma acção concreta e eficaz no controlo da semente. Todos os anos vamos importando problemas para o País e temos uma acção muito pouco eficaz no combate a isso. É um tipo de acções em que a Porbatata quer ter alguma intervenção, de uma forma construtiva.» Ao nível fitossanitário, é necessária «uma acção mais concreta». Em conjunto, temos que ir procurando soluções eficazes. Mas a própria produção tem de evoluir, tem que fazer alterações.» Outros problemas resultam da falta de organização, que «é transversal a todo o sector». «A produção tem que estar cada vez mais organizada.» Para o presidente da Direcção da Porbatata, «se estivéssemos mais organizados, conseguíamos regular melhor o mercado e as produções, porque a batata sempre foi aquela cultura de altos e baixos.» A «falta de organização» reflecte-se mesmo ao nível da «representatividade», de haver «uma voz do sector». «Criámos a Porbatata para termos uma palavra a dizer, sermos uma entidade de diálogo e com estatuto para isso, que pudesse representar uma boa parte do sector da batata e que pudesse ter legitimidade para ir junto das entidades oficiais – nacionais ou europeias –,

representar, defenjá tinham cerca de 26 associados, der e promover o desde o Porto ao Algarve e de sector.» quatro sub--sectores: produção, Outro ponto de factores de produção, indústria, foco desta entidade comercialização. é a promoção. «Um dos grandes motivos para a criação da Porbatata é a falta de promoção do produto batata. Desde há muitos anos que é o patinho feio dos hortícolas. Todos os males vêm da batata. Costumamos dizer que não é a batata que engorda, é aquilo que vai agregado que muitas vezes pode ser mais prejudicial.» Assim, a Porbatata pretende promover a batata nacional «no seu todo», para «mostrar o verdadeiro valor da batata». «Também queremos ajudar os nossos associados na promoção internacional, nomeadamente Europa, que é onde vendemos mais a nossa batata primor. Possivelmente, iremos fazê-lo já junto com a Portugal Fresh», assinala António Gomes. Aposta na diferenciação O presidente da Direcção da Porbatata destaca que «a própria indústria também tem vindo a reconhecer a qualidade da batata portuguesa». «Apesar de, se calhar, metade da matéria-prima da indústria vir de fora, não é pela qualidade, é pelo preço, é pela época de produto, porque não temos capacidade de fornecer batata à indústria todo o ano aos mesmos preços dos outros.» Embora reconheça que «não é fácil», o dirigente da Porbatata acredita que «podemos tentar dar alguma diferenciação» à batata nacional. «Acho que a batata vai continuar a ser um produto importantíssimo para o País. Temos aqui um longo caminho pela frente, de melhorar as produções, a qualidade e, especialmente, a forma como a apresentamos ao mercado – a capacidade que temos de promover a batata nacional. Isso é que vai realmente fazer a diferença.» Face a tantos problemas e desafios, António Gomes assume a cautela: «Não tenho ilusão de conseguir tudo. Temos de ir por fases». Não obstante, a sua perspectiva é positiva. «Se conseguimos tanto e temos uma oportunidade tão grande ainda, há sempre uma boa oportunidade para podermos trabalhar e fazer caminho.» frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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EUROPA PODE AGRAVAR RESTRIÇÕES POR CAUSA DO EPITRIX No fim de Novembro, teve lugar na Lourinhã o balanço da campanha da batata de 2016, promovido pelo Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (Cothn). Ao nível fitossanitário, destaque para míldio, Tecia e Globoderas. No horizonte há a possibilidade de agravamento das restrições por causa do Epitrix. Carlos Afonso

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Segundo a Organização Europeia e Mediterrânica para a

Protecção das Plantas (EPPO), dentro da “região EPPO” a distribuição de espécies de Epitrix «está actualmente restringida a algumas áreas de Portugal e de Espanha». Apesar de ser «um insecto facilmente controlável» em Portugal, de acordo com Ana Paula Carvalho, da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), continuam a surgir complicações no caso da batata para exportação. E isso poderá agravar-se a prazo, tendo em conta as «más notícias» relativas ao Epitrix anunciadas por Ana Paula Carvalho. A EPPO aprovou em Setembro de 2016 uma norma que indica novos procedimentos referentes ao Epitrix, mais restritivos do que os actuais. Contudo, a norma ainda não foi adoptada ao nível da União Europeia e foi aprovada na EPPO com a indicação expressa de que tem de ser revista rapidamente. Assim, Portugal e Espanha estão em conjunto a preparar uma visita de peritos da EPPO a um dos dois países, em Maio ou Junho de 2017. Têm pela frente «a difícil missão de convencer os técnicos a mudar esta norma, de forma a não ter problemas mais a prazo», sustentou Ana Paula Carvalho. «Se não conseguirmos convencer os peritos, temos uma situação complicada.» Na


opinião da técnica da DGAV, esta é uma «questão claramente comercial». «É claro que há aqui um interesse comercial inegável dos países produtores de batata da Europa.» Este estado de coisas «é negativo para os produtores muito por arrasto da situação em Espanha. Portugal está a fazer um bom trabalho, mas Espanha não», explicou Ana Paula Carvalho. Os dois países assumiram estratégias diferentes quanto ao Epitrix. Em Portugal, a referenciação de infecções é feita ao nível do concelho e foi criada «uma grande zona demarcada», que abrange os concelhos afectados. Espanha optou por fazer o controlo «à parcela» e tem actualmente 29 «áreas demarcadas». Para a técnica da DGAV, «não há garantia de que a batata que vem de Espanha provém de zonas infectadas ou não». A norma da EPPO aprovada em Setembro também traz a novidade da reclassificação do Epitrix: concluiu-se que houve um erro de classificação e que aquilo que se considerava existir em Portugal e Espanha (Epitrix similaris) é, afinal, Epitrix papa. O Epitrix papa é endémico da Península Ibérica, referiu Ana Paula Carvalho. Problemas a ter em conta A técnica da DGAV também deixou o alerta para a Tecia e as Globoderas (ver página 46). A presença da Tecia solanivora (ou Scrobipalposis solanivora) em Espanha foi confirmada nas regiões espanholas de Galiza

(2015) e Astúrias (2016). No início de 2016, a DGAV estabeleceu o programa de prospecção deste organismo. Esta entidade afirma que a praga tanto ataca a batata em cultura como a batata armazenada e causa «graves estragos nos tubérculos, muito semelhantes aos orifícios e galerias da traça da batata, mas de maiores dimensões». Quanto aos nemátodes de quisto da batateira (Globodera rostochiensis ou G. pallida), «começa a ser um problema quente» e a situação é «extremamente complicada». Assim, o Cothn,

«TEMOS ESPAÇO PARA PRODUZIR MAIS» No balanço foi ainda apresentada a Porbatata, que António Gomes, presidente da Direcção, disse pretender «ser uma associação que abarca, de uma forma transversal, todo o sector». «Os objectivos são muitos e transversais», onde se incluem representar o sector – em Portugal e na Europa, ao nível técnico e comercial –, promoção e questões fitossanitárias, entre outros. Como Portugal só produz cerca de metade da batata que consome, «temos espaço para produzir mais», concluiu António Gomes.


a Porbatata – Associação da Batata de Portugal e a DGAV pretendem organizar uma sessão de esclarecimento aos técnicos da fileira sobre Tecia, Globoderas e Epitrix. Produção heterogénea Para ajudar a enquadrar a campanha, Ana Margarida Paula, do Cothn, citou os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). No Boletim Agrícola de Outubro do INE, referia-se, em relação à batata, que «a produção não foi homogénea nas principais zonas produtoras» e que, por exemplo, na Beira Litoral, se registaram «reduções muito significativas de produção». Nuno Cajão, da Louricoop, organização de produtores (OP) do Oeste que tem produção de batata em sequeiro e em regadio, assinalou como constrangimentos mais relevantes da campanha a precipitação constante (e o consequente excesso de humidade no solo) – que causou perdas de área plantada – e, ao nível fitossanitário, Rhizochtonia, míldio e Alternaria. A área de produção da OP foi estável face a 2015, mas diminuiu cerca de 20% em relação a 2014 – área que foi canalizada para outras culturas, como abóbora ou alho-francês. A produção desceu 7% em comparação com 2015 e 32% face a 2014. O técnico indicou ainda uma boa rentabilidade, com uma média de 0,30 euros por quilograma. Rita Caixinha, da Agromais, OP que se dedica à produção de batata de indústria, apontou como principais doenças míldio (sobretudo), pé negro, Rhizochtonia e Alternaria. Ao nível das pragas houve sobretudo incidência de escaravelho e Helicoverpa, mas também rosca, alfinete (praga para a qual não haverá substância activa em 2017) e Epitrix. A técnica salientou

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ainda os resultados positivos do uso de um dispositivo stop shock nos reboques, para diminuição das pancadas nas batatas. Humberto Bizarro, da HortaPronta, indicou a Rhizochtonia como o maior problema da campanha da batata nesta OP. Nuno Sérgio, da Selectis, destacou o míldio (Phytophthora infestans) como «um dos principais problemas da cultura da batata, que pode levar à perda total da cultura». Na campanha houve «pressão da doença de moderada a elevada intensidade um pouco por todas as regiões, em particular nas plantações mais recentes». Durante o debate sobre a campanha, foi assinalado que a realidade da produção é muito distinta ao longo do País e que há uma tendência de decréscimo da área de produção de batata. Referiu-se ainda que «os produtores têm de fazer um investimento na sua sustentabilidade», com rotações, introdução de novas culturas e adopção de soluções integradas.


[AF] Calendรกrio BatataA4(Out).pdf

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QUEBRA LIGEIRA DE PRODUÇÃO Os produtores de batata para consumo registaram uma quebra ligeira na produção deste ano. Questionados ainda sobre os desafios do sector, apontam a promoção e a adequação de variedades às exigências do consumidor como as mais urgentes. Rita Marques Costa e Sara Pelicano

A produção de batata em Portugal é possível ao longo de

todo o ano. Normalmente, no início do Outono estão a colher os tubérculos cultivados no Verão. A Campotec tem uma área de produção de batata de 250 hectares (ha). Destes terrenos, retiraram-se, no final de 2016, 5.000 toneladas (t), um volume «ligeiramente» inferior ao registado noutros anos, disse José Burnay, director da Campotec. O responsável justificou a pequena quebra com o facto de «estarmos a plantar numa época em que há mais dificuldade em ter uma semente com qualidade. Tivemos algumas falhas de nascimentos que obviamente tiveram repercussão na produção». A empresa tem uma produção de cerca de 45% de variedades de pele branca e o restante de pele vermelha. Uma quebra, mas também pouco significativa é o que estimava, no final do ano, Paulo Leite. O gerente da Primohorta afiançou que a média de colheita andaria nas 30 t por hectare. A empresa tem um total de 300 ha plantados com batata. «Há anos em que poderemos ter mais alguma coisa, mas há anos

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que até é muito menos». Paulo Leite referiu que a campanha estival «foi muito condicionada pelas condições climáticas na altura da plantação, finais de Julho/Agosto». Para os produtores da HortaPronta, a campanha de batata «correu bem» apesar de alguns problemas com pragas e doenças. Carlos Marques, administrador da organização de produtores (OP), avançou que «os preços foram bons para o agricultor». «Tentamos levar sempre a campanha da batata o mais longe possível para conseguirmos ter o ano inteiro de batata nacional.» Este ano, «já estamos a importar algumas variedades específicas que não temos neste momento», explicou. Em 2016, a Frusantos comercializou 4.400 t de batata para consumo, registando assim «um decréscimo em relação a 2015», salientou Luís Alves, gestor. No que concerne à batata-semente, a empresa comercializou 11.500 t, um volume superior ao do ano anterior. Segundo Luís Alves, «o decréscimo e o aumento estão relacionados com o mercado. No caso da batata-semente, prende-se com o facto de a empresa ter vindo a crescer [neste segmento] e ganhar mercado». Desafios do sector Para José Burnay, os desafios do sector passam pelo «planeamento. As pessoas para produzirem têm de saber quando e o que fazem, para quem o fazem. E acima de tudo devem assegurar que as pessoas para quem o fazem vão respeitar os

› José Burnay, director da Campotec

compromissos que assumiram». José Burnay defendeu ainda que se deve dar «ênfase à capacidade produtiva em Portugal» e ao facto de «termos introduzido a categoria batata nova, um produto diferenciado». Tudo isto, disse, «é um trabalho que a Porbatata tem para fazer e que irá fazer bem». O responsável da Primohorta, Paulo Leite, destacou a capacidade


› Carlos Marques, administrador da HortaPronta

› Bruno Estevão é coordenador dos horto-industriais da Agromais

de «adaptar as variedades com condições organolépticas de excelência às exigências do consumidor. Muitas vezes, o mundo agrícola, nomeadamente os batateiros, produzem batatas que não se adequam da melhor forma ao sabor e exigências do mercado, ou seja é o consumidor querer uma batata para fritar e ela não frita, ou para cozer e ela não coze». Face ao crescimento da procura por batata-doce, a HortaPronta também decidiu arriscar e produzir este produto. Contudo, Carlos Marques avisa que «a procura aumentou, mas a oferta também cresceu muito mais». «Nós produzimos alguma coisa, mas tivemos a noção de que ia ser assim este ano.»

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18 160. Qatar

...

34

3.689.836 20. Brasil

159. Bahrein

4.166.000 19. Turquia

35

4.380.556 18. Bélgica

158. Benim

4.589.200 17. Canadá

65

4.611.065 16. Egipto

157. Fiji

4.673.516 15. Argélia

134

4.704.987 14. Perú

156. Dominica

4.717.266 13. Irão

138

5.911.000 12. Reino Unido

155. Eritreia

6.279.715 11. Belorússia

...

7.100.258 10. Holanda

...

7.689.180 9. Polónia

7. Bangladesh

6. Alemanha

5. Estados Unidos da América

4. Ucrânia

3. Rússia

2. Índia

1. China

...

8.085.184 8. França

8.950.000

11.607.300

20.056.500

23.693.350

31.501.354

Fonte: FAO

539.872

46.395.000

A PRODUÇÃO DE BATATA NO MUNDO (TONELADAS)

64.Portugal

95.570.393

«BOA» PRODUÇÃO E QUALIDADE NA BATATA DE INDÚSTRIA Os 14 associados da Agromais – Entreposto Comercial Agrícola que produzem batata de indústria deverão este ano entregar cerca de 13.000 toneladas (t) deste produto. Este tubérculo poderá ser comercializado ao longo do ano, pois a Agromais tem, no espaço Hortejo – Centro Horto-industrial, três câmaras para armazenar batata com capacidade de 4.000 t. A última colheita «correu bastante bem, quer ao nível produtivo quer qualitativo», afirma Bruno Estevão, coordenador dos horto-industriais da Agromais. A comercialização é feita na maioria a granel e «uma pequena parte em big bags». De acordo com o mesmo responsável, os desafios do sector passam pela «constante melhoria da produção e qualidade, dada a cada vez maior exigência dos clientes». Quanto à criação da Porbatata – Associação da Batata de Portugal, Bruno Estevão comenta: «Sem dúvida que é um sector que precisa duma associação que o represente e que possa assumir a sua defesa, tendo muito a ganhar com a criação duma estrutura que englobe os diversos intervenientes da fileira».


STET HOLLAND – VARIEDADES DE BATATA PARA CADA SEGMENTO

Empresa com sede em Emmeloord, Holanda,

estabelecida em 1973, é hoje uma empresa de referência, ao nível mundial, na obtenção, multiplicação e comercialização de novas variedades de batata de semente. Esta posição de líder ao nível internacional, ficou reforçada com a aquisição, em 2016, do negócio da batata de semente da KWS Potato. A Stet Holland detém agora três filiais: Stet France, Stet UK e Stet Russia. A presença da Stet Holland é global, além das suas filiais, pois conta com uma rede de agentes e distribuidores em vários países, para uma maior proximidade junto dos clientes e dos produtores de batata. Em Portugal, a Stet Holland é representada desde o final de 2015, pela empresa Advice.AgriBusiness, cujo responsável é o engenheiro Sérgio Margaço. Neste 1.º ano de actividade, os grandes objectivos delineados e implementados consistiram em: dar continuidade e reforçar as parcerias comerciais existentes em Portugal, tanto na distribuição e comércio das variedades da Stet, como na produção; instalar vários campos de demonstração (demo field) e de ensaio (trial field) e fazer o seu acompanhamento junto dos produtores de cada região, ao longo do País, onde estes campos se localizavam de Norte a Sul de Portugal – de modo a se comprovar a adaptação das variedades da Stet em diferentes condições de solos e de clima, com as práticas culturais preconizadas por diferentes produtores e em diferentes datas de plantação, incluindo a aptidão para a cultura estival (a Sul), assim como aferir a qualidade em termos de uso culinário

e ao nível organoléptico; desenvolver um conjunto de acções para um adequado posicionamento da Stet Holland na fileira da batata em Portugal. Decorrido um ano, desde que este trabalho se iniciou, hoje conhece-se muito melhor a aptidão das variedades da Stet Holland para a sua produção em Portugal. A Advice.AgriBusiness e a Stet Holland estão disponíveis para desenvolver novas parcerias com distribuidores em zonas livres, assim como para fornecer todo o apoio técnico aos produtores que pretendam produzir alguma das variedades da Stet Holland.

A Stet Holland está activa nos diferentes segmentos de mercado da batata com a disponibilização de dezenas de variedades que permitem dar resposta adequada às diferentes necessidades do mercado. Também dispõe de diferentes opções em termos de ciclos culturais, desde muito precoces – a Stet tem para Portugal “as variedades mais precoces e com boa produtividade, tanto em variedades vermelhas como em variedades amarelas e brancas, assim como em variedades para multiuso culinário, incluindo a fritura em palitos” – até ciclos semi-precoces a semi-tardios, em variedades específicas para determinadas exigências ou para conservação de longa duração (ver quadro 1). A Stet Holland dedica muita atenção à produção da sua batata de semente, permitindo-lhe colocar no mercado boas variedades – produtivas, resistentes e com qualidade culinária – e com qualidade em termos fitossanitários, graças ao trabalho profissional desenvolvido com e pelos produtores da batata de semente da Stet Holland. Votos de boa plantação e de boa colheita!

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Foto: OEPP › Quistos de Globodera rostochiensis (Foto 1)

CULTURA DA BATATEIRA – DOIS GRAVES PROBLEMAS FITOSSANITÁRIOS A batateira (Solanum tuberosum), uma

das culturas mais importantes ao nível mundial e em particular na União Europeia (UE), adaptando-se a diferentes situações climáticas, é praticada em diversas regiões do Mundo e pode ser afectada por numerosos insectos, nemátodes, vírus, bactérias e fungos. Alguns desses organismos são considerados de quarentena no território da UE, por provocarem estragos importantes, com grande impacto económico nesta cultura, por não se encontrarem aí presentes ou a sua distribuição ser restrita, estando portanto sujeitos a medidas de controlo oficiais. 46

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O presente artigo destaca a importância de dois problemas fitossanitários causados pelos nemátodes de quisto da batateira (Globodera rostochiensis e Globodera pallida) e pelo insecto Tecia solanivora, os quais, quando presentes, provocam grandes estragos quer na produção quer no armazenamento da batata. Os nemátodes de quisto da batateira, como são conhecidos, encontram-se presentes em vários países do Mundo, incluindo na União Europeia, havendo nesta algumas zonas isentas (designadas de zonas protegidas), nomeadamente o arquipélago dos Açores.

G. rostochiensis e G. pallida foram assinalados em Portugal continental pela primeira vez em 1956 e 1988, respectivamente, associados à batateira, que é o seu principal hospedeiro. As plantas afectadas apresentam sintomas de fraco desenvolvimento, baixa produção e folhas amareladas e murchas. Uma observação mais cuidada às raízes permite detectar a presença de pequenos corpos esféricos denominados quistos, os quais correspondem ao corpo das fêmeas contendo numerosos ovos. Os quistos produzidos (foto 1) constituem formas de resistência que sobrevivem


Foto: Centro Internacional de la Papa

nemátodes da batateira. para despiste da presença de tubérculos No caso da produção de batata-consumo, com sintomas suspeitos, com especial inciem alternativa ao período de seis anos de dência nos originários de Espanha e, em proibição de plantação, pode ser autori- particular, das regiões contaminadas. Foi zada a plantação exclusiva de variedades também lançada uma circular de alerta resistentes durante pelo menos três anos, dirigida a produtores de batata, armazeem rotação, com espécies que não sejam nistas e centrais de embalamento. Em caso da família das solanáceas. de suspeita, esta deve ser confirmada com Tendo em conta a dispersão e impossi- colheita de insectos ou de tubérculos conbilidade de erradicação dos nemátodes taminados para identificação laboratorial, de quisto da batateira, as medidas têm pelo que devem contactar, de imediato, como objectivo a redução da contamina- os serviços oficiais. ção no território comunitário para níveis aceitáveis, o que contrasta com as medidas de erradicação e prevenção da dispersão de Tecia solanivora face a uma detecção recente em áreas muito restritas. A Tecia solanivora é uma das pragas mais destrutivas que tanto ataca a batata em cultura como a armazenada, causando graves estragos nos tubérculos – muito semelhantes aos orifícios e galerias da traça da batata (fotos 2 e 3). Trata-se de um lepidóptero listado como organismo de › Tubérculos infestados com larvas de Tecia solanivora (Foto 2) quarentena na legislação fitossanitária nacional e comunitária, cuja presença na União Europeia foi reportada recentemente (finais de 2015) na Galiza e Astúrias (Espanha), onde estão a ser implementadas medidas de erradicação. A sua presença na Europa era até então conhecida apenas nas Canárias (1999), território não abrangido pelo regime fitossanitário da União Europeia, onde se encontra estabelecida e sujeita a medidas de controlo. Esta praga também ocorre na América Central e do Sul, onde constitui um grave problema fitossanitário. A sua principal via de introdução e dispersão está associada ao movimento de batatas contaminadas. Face ao risco do seu estabelecimento no nosso território e à importância de actuação numa fase precoce da sua introdução, foi estabelecido, no início de 2016, um programa de prospecção deste organismo. › Tubérculos infestados com larvas de Tecia solanivora (Foto 3) O documento abrange observações nos campos de batata, armazéns de acondi- Clara Serra, cionamento e centrais de embalamento, Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária Foto: Centro Internacional de la Papa

no solo por um período de cerca de 25 anos, mesmo sem cultura do hospedeiro, podendo dispersar-se a longas distâncias através do movimento de solo infestado aderente a batatas, bolbos e raízes de plantas, bem como a maquinaria agrícola. Estes nemátodes constituem uma importante praga do solo, de difícil controlo. Sendo considerados organismos de quarentena, são regulados pela Directiva n.º 2007/33/CE do Conselho, de 11 de Junho, transposta para a ordem jurídica nacional pelo Decreto-Lei n.º 87/2010, de 16 de Julho, a qual estabelece medidas de controlo fitossanitário. Estas medidas têm como principais objectivos conhecer a sua distribuição através de prospecções anuais, evitar a sua dispersão e promover a redução dos níveis populacionais nas parcelas contaminadas através de medidas específicas. A prospecção é baseada na análise laboratorial de amostras de terra colhidas em campos de batata-semente e viveiros de algumas espécies de plantas antes da plantação, bem como em campos de batata-consumo em qualquer época do ano. Se a análise laboratorial comprovar a presença de qualquer um daqueles nemátodes, o referido campo é considerado infestado, sendo o proprietário notificado para aplicação das seguintes medidas fitossanitárias por um período de seis anos: • proibição de produção de batata-semente; • proibição de produção de plantas de viveiro de tomate, pimento e beringela se destinadas a instalação noutro local definitivo; • proibição de produção de material de viveiro, excepto se devidamente desinfectados, lavados ou escovados para eliminação da terra aderente na altura da sua colheita, de jovens plantas de alho porro, beterraba, couves, morangueiro e espargos e de bolbos/tubérculos/rizomas de chalota, cebola, dália, gladíolos, jacintos, iris, lírios, narcisos e tulipas; • proibição de plantação de batata-consumo e eliminação de batateiras que emergem a partir de tubérculos deixados no terreno (“zorras”). No final desse período de seis anos, as medidas serão levantadas se o campo tiver sido sujeito a nova análise laboratorial comprovando a ausência de quistos de

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«TUDO «TUDOMUDOU» MUDOU» NA NAHORTAPRONTA HORTAPRONTA

Em Em 2525 anos, anos, muito muito sese alterou alterou nana empresa empresa que que comercializa comercializa hortícolas hortícolas em em fresco. fresco. Passou Passou a organização a organização dede produtores, produtores, aumentou aumentou a área a área explorada explorada dede 3030 hectares hectares (ha) (ha) para para 600 600 haha e modernizou e modernizou algumas algumas técnicas técnicas dede produção produção e embalamento e embalamento dos dos produtos. produtos. Rita Rita Marques Marques Costa Costa

NN ososúltimos últimos2525anos, anos,o oeuro eurosubstituiu substituiuo oescudo escudoe epassou passoua a

serser a moeda a moeda comum comum entre entre vários vários países países dada União União Europeia, Europeia, aa distância distância entre entre oo Norte Norte eo eo SulSul dodo País País encurtou encurtou com com a criaa criação çãodedemilhares milharesdedequilómetros quilómetrosdedeauto-estradas auto-estradase ea agrande grande distribuição distribuição implementou-se implementou-se como como principal principal forma forma dede comercomercialização cialização dede todo todo oo tipo tipo dede alimentos. alimentos. Além Além disso, disso, foifoi criada criada a HortaPronta. a HortaPronta. AsAssuas suasorigens origensremontam remontama a1961, 1961,quando quandoTiago TiagoDias DiasVala Vala criou criou uma uma empresa empresa em em nome nome próprio. próprio. Mais Mais tarde, tarde, «o«o meu meu pai pai eo eo meu meu tiotio entraram entraram e fundaram e fundaram a Tiago a Tiago Dias Dias Vala Vala e outros» e outros» relembra relembra Carlos Carlos Marques, Marques, actual actual administrador administrador dada HortaPronta. HortaPronta. OO passo passo dado dado em em 1991, 1991, com com a criação a criação dada HortaPronta, HortaPronta, deveu-se deveu-se à «necessidade à «necessidade dede nos nos agregarmos agregarmos e de e de entrar entrar nono mercado mercado dede forma formadiferente, diferente,com commais maisforça». força».Hoje, Hoje,«é«étudo tudodiferente». diferente». «Desde «Desde a qualidade a qualidade dos dos produtos produtos aoao planeamento planeamento dada produprodução, ção, tudo tudo mudou.» mudou.» OO principal principal motor motor dada mudança mudança foifoi a grande a grande distribuição. distribuição. «Fomos «Fomos

› Os › Os primeiros primeiros anos anos

frutas, legumes legumes e flores e flores | Janeiro | Janeiro 2017 2017 4848 frutas,

levados levadosa amudar mudara anossa nossaforma formadedetrabalhar, trabalhar,em emtermos termosdede qualidade qualidade e embalamento», e embalamento», dizdiz Carlos Carlos Marques. Marques. Por Por exemplo, exemplo, «nos «nosmercados mercados[abastecedores] [abastecedores]vendíamos vendíamoscaixas caixascom com7070 ouou 8080 quilogramas quilogramas (kg) (kg) dede couves couves e passámos e passámos a ter a ter dede fazê-las fazê-las com com 1010 kg». kg». «Foi «Foi uma uma mudança mudança um um bocado bocado radical radical em em relação relação aoao que que estávamos estávamos habituados.» habituados.» NoNo fundo, fundo, «crescemos «crescemos com com eles eles [a[a grande grande distribuição]. distribuição]. SeSe não não tivessem tivessem aparecido, aparecido, nós nós não não tínhamos tínhamos crescido crescido tanto», tanto», defende defende oo administrador. administrador. «Quanto «Quanto mais mais lojas lojas abrem, abrem, dede mais mais produto produto necessitam necessitam e mais e mais nós nós precisamos precisamos dede produzir produzir e de e de trabalhar.» trabalhar.» Para Para corresponder corresponder àsàs exigências exigências impostas impostas pela pela grande grande distridistribuição buição e ao e ao aumento aumento dada produção, produção, também também foifoi preciso preciso fazer fazer alterações alterações nana central, central, nana Atouguia Atouguia dada Baleia, Baleia, em em Peniche. Peniche. Em Em1991, 1991,foram foraminstaladas instaladasasasprimeiras primeirascâmaras câmarasfrigoríficas. frigoríficas. Depois, Depois, em em 1993, 1993, «comprámos «comprámos a primeira a primeira máquina máquina dede embalar embalar cenouras» cenouras» e mais e mais tarde tarde uma uma para para ensacar ensacar batatas batatas e cebolas. e cebolas. O Omercado mercadodedeexportação exportaçãotambém tambémarrancou arrancounessa nessaaltura alturae e hoje hoje representa representa cerca cerca dede 20% 20% dada facturação. facturação. «Tentamos «Tentamossempre sempreaumentar, aumentar,mas masdependependemos demos muito muito [dos [dos outros outros países].» países].» «Todos «Todos osos

› Aniversário › Aniversário dede 15 15 anos anos dada HortaPronta HortaPronta


1961 1961

1991 1991

2002 2002

2013 2013

2014 2014

2016 2016

Criação Criação dada empresa empresa Tiago Tiago Dias Dias Vala Vala

Criação Criação dada HortaPronta HortaPronta

Reconhecida Reconhecida como como organização organização dede produtores produtores

OO melhor melhor ano ano dede sempre sempre em em vendas vendas

OO pior pior ano ano dede sempre sempre em em vendas vendas

Aniversário Aniversário dede 2525 anos anos

países países para para onde onde exportamos exportamos são são produtores, produtores, por por isso, isso, temos temos dedecontar contarsempre semprecom como omau mautempo tempododolado ladodeles delese ecom como o bom bom dodo nosso», nosso», explica. explica. OO ano ano dede 2002 2002 marcou marcou a história a história dada empresa. empresa. FoiFoi a data a data em em que que a HortaPronta a HortaPronta foifoi legalmente legalmente reconhecida reconhecida como como organização organização dede produtores produtores (OP). (OP). «Em «Em termos termos dede trabalho, trabalho, pouco pouco ouou nada nada mudou, mudou,mas masem emtermos termoslegais legaissim», sim»,conta contaCarlos CarlosMarques. Marques. «Permitiu-nos «Permitiu-nos trabalhar trabalhar a sério a sério como como uma uma OP.» OP.» Contudo, Contudo,o oadministrador administradorelege elege2013 2013e e2014 2014como comoososanos anos que que«mais «maismarcaram marcarama ahistória históriadadaempresa». empresa».O Oano anodede2013 2013 foifoi «o«o melhor melhor ano ano dede sempre sempre em em termos termos dede vendas». vendas». Isto Isto pelo pelo mau mau tempo tempo nos nos outros outros países países europeus, europeus, que que concorrem concorrem com com Portugal, Portugal, e pela e pela «perspicácia» «perspicácia» dede Carlos Carlos Marques Marques em em ver ver o que o que ia ia faltar faltar nono mercado. mercado. Nesse Nesse ano, ano, asas exportações exportações correspondecorresponderam rama a30% 30%das dasvendas, vendas,ououseja, seja,quatro quatromilhões milhõesdedeeuros eurosdede facturação. facturação. Em Em 2014, 2014, verificou-se verificou-se oo inverso. inverso. Com Com oo embargo embargo dada Rússia Rússia eo eo excesso excesso dede produção produção noutros noutros países, países, «foi «foi o descalabro». o descalabro». «Nem «Nem 5% 5% exportámos.» exportámos.» Hoje, Hoje, osos 600 600 haha dos dos produtores produtores associados associados à OP à OP estão estão ocupados ocupados

com com couve couve coração, coração, alho-francês, alho-francês, cebola, cebola, batata, batata, cenoura, cenoura, entre entre outros outroshortícolas. hortícolas.«São «Sãoososprodutos produtosque queconseguimos conseguimosproproduzir duzir todo todo o ano o ano em em arar livre.» livre.» AA região região dede Peniche Peniche tem tem um um microclima microclima que que permite permite produzir produzir aoao longo longo dodo ano, ano, culturas culturas dede Verão Verão e Inverno, e Inverno, «sem «sem qualquer qualquer tipo tipo dede problema». problema». AA HortaPronta HortaPronta também também tem tem apostado apostado em em culturas culturas diferentes. diferentes. Recentemente, Recentemente, iniciou-se iniciou-se nana produção produção dede cenouras cenouras coloridas coloridas que que já já estão estão a ser a ser vendidas vendidas numa numa cadeia cadeia dada grande grande distribuição. distribuição. «Vamos «Vamos vendo vendo o que o que vaivai surgindo surgindo e vamos e vamos seguindo seguindo asas indicaindicações ções dos dos nossos nossos clientes», clientes», pormenoriza pormenoriza oo responsável responsável dada OP. OP. Outro Outro dos dos exemplos exemplos é aé batata-doce. a batata-doce. «Nós «Nós produzimos produzimos alguma alguma coisa», coisa», mas mas com com alguma alguma contenção, contenção, dede modo modo a evitar a evitar sobrecarsobrecarregar regar o mercado o mercado com com este este tubérculo, tubérculo, que que viuviu crescer crescer a procura a procura mas mas também também a oferta. a oferta. Para Paraosospróximos próximos2525anos, anos,ososobjectivos objectivosdedeCarlos CarlosMarques Marques são são claros: claros: «Melhorar «Melhorar e vender e vender sempre sempre mais». mais». OO administrador administrador reconhece reconhece oo papel papel fundamental fundamental dos dos agricultores agricultores para para oo cumcumprimento primento destas destas metas, metas, porque porque «se «se eles eles deixam deixam dede produzir, produzir, nós nós deixamos deixamos dede trabalhar». trabalhar».

› Na › Na celebração celebração dodo seuseu 25.º 25.º aniversário, aniversário, a HortaPronta a HortaPronta recebeu recebeu a Medalha a Medalha dede Honra Honra dada Agricultura Agricultura pelas pelas mãos mãos dede António António Costa, Costa, primeiro-ministro, primeiro-ministro, e Luís e Luís Capoulas Capoulas Santos, Santos, ministro ministro dada Agricultura Agricultura

frutas, frutas, legumes legumes e flores e flores | Janeiro | Janeiro 2017 2017 4949


«CADA VEZ MAIS AS EMPRESAS ESTÃO A TENTAR ENTRAR NO NORTE DA EUROPA» A Transwhite nasceu há 13 anos e especializou-se no transporte de hortofrutícolas, flores e bens alimentares. Manuela Sábio, gerente, diz que as empresas estão interessadas na Europa do Norte. Qualidade e cumprimentos de normas são características de que não abdicam. Sara Pelicano

Conte-nos um pouco da história da Transwhite? A Transwhite nasceu em Maio de 2004. O actual sócio-gerente trabalhava numa empresa que o convidou a adquirir uma viatura e tornar-se colaborador. Ou seja, tinha o transporte por conta própria. Iniciámos assim, com um camião frigorífico. A empresa está especializada no transporte de hortofrutícolas, flores, plantas e bens alimentares. Porquê a escolha destes produtos? Temos um bocadinho de tudo. Temos o transporte frigorífico para hortofrutícolas, flores e outros produtos que vão nos frigoríficos. Mas também temos a parte das lonas, onde trabalhamos com carga geral. Além destes produtos, transportam outros? Fazemos carga geral, ou seja, transportamos todo o tipo de carga que não precise de frio.

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Destes produtos, qual é mais relevante? Eles são todos relevantes, depende é da altura do ano e da campanha. Há a fase da pêra Rocha, há a fase da cenoura, das flores... Fazem cargas completas e grupagem. Qual é o mais comum para este tipo de produtos? Fazemos cargas completas para toda a Europa, sobretudo do Norte. A grupagem começou a ser muito comum na fase mais acentuada da crise económica, porque já ninguém faz stock de nada. A grupagem efectuamos mais para o Norte de França, Benelux [Bélgica, Holanda e Luxemburgo] e Alemanha. Temos um bocadinho de todo o tipo de mercadoria. Cada vez mais se faz grupagem. Qual o volume de transporte de frutas e legumes que fazem? Fazemos uma média de 35 a 40 camiões por semana, em hortofrutícolas. Cada camião frigorífico transporta entre 22 a 23 toneladas. E de plantas e flores? Acontece o mesmo. Na campanha das flores, por vezes, não há a das frutas e legumes e os mesmos camiões estão ocupados com as flores.


Como tem evoluído o transporte que fazem destes produtos? Nós estamos a crescer com os clientes. Quando eles crescem, nós crescemos também. Noto que o nosso clima ajuda muito na parte das flores. E também dos outros produtos que o País produz. Normalmente, o cliente aumenta a produção um pouquinho a cada campanha e nós temos de aumentar com ele. Temos aumentado todos os anos um bocadinho. Qual a vossa opinião sobre a vertente da exportação destes produtos por parte de empresas portuguesas? Devemos exportar sim e cada vez mais os produtos nacionais para o máximo de países que possamos. Cada vez mais as empresas estão a tentar entrar no Norte da Europa, em países que não conseguem produzir os produtos que nós temos. Quais os principais requisitos exigidos no transporte de hortofrutícolas, flores e plantas? Temos que manter os frigoríficos limpos, cada vez mais são requisitadas normas de qualidade, certificações. O cliente quer sobretudo saber o tempo de transporte, se é feito por um ou dois motoristas, se os frigoríficos estão equipados com plataformas elevatórias e se têm bitemperaturas. Operam na Holanda, Bélgica, fronteira holandesa da Alemanha, Portugal e Espanha. Quais os desafios destes destinos? Cada vez mais os desafios são os aumentos [dos preços] das portagens, dos combustíveis e as leis que cada país coloca. Nós, ao passarmos por esses países, estamos obrigados a cumpri-las. Cada vez há mais burocracia. Poderão alargar a rede de países onde operam? Já estamos a ir para bastantes países, mas sim podemos abranger um bocadinho e tentar novos mercados se assim o cliente exigir.

Trabalham apenas com produtores portugueses ou também transportam mercadoria produzida noutros países? Efectuamos exportação e importação nos mesmos países. Os nossos camiões nunca andam vazios. Eles vão e, normalmente, temos sempre algo para trazer. Como se compõe actualmente a vossa frota? Neste momento, a nossa frota tem uma média de 82 camiões, sendo que não são todos frigoríficos. Estão todos equipados com dois motoristas. Na parte do frio, os frigoríficos estão sempre equipados com plataformas elevatórias e bitemperatura. De que forma gostavam que a empresa crescesse? Gostaríamos de crescer de uma forma notável com a qualidade do serviço e com a imagem que temos até ao momento, que são os nossos carros. Na vossa perspectiva, quais os principais desafios do sector logístico em Portugal? Os principais desafios que notamos em Portugal são a falta de apoio do Governo português. Em relação aos outros países, não impõe tantas regras, mas também não apoia com preços de combustíveis, portagens. Não temos qualquer benefício. O que diferencia a Transwhite face aos outros operadores? Penso que o que nos diferencia é tentar fazer o melhor serviço, o mais rápido e mediante a requisição do cliente. Em primeiro lugar está o cliente. Ao estarem sediados nas Caldas da Rainha estão muito próximos de uma zona de produção importante. Isso foi propositado? Foi coincidência, porque esta é a nossa área de residência. É um facto que, na parte de frio, facilita um pouco o nosso trabalho.

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EMPRESÁRIOS CONTRIBUEM PARA A INVESTIGAÇÃO O Centro de Investigação em Produção Vegetal (Proefstation), localizado na Bélgica, estuda várias culturas em estufa e vive do contributo das empresas hortícolas. Sara Pelicano

Pimento, alface, tomate, couve-flor, abóbora, espargos. Estes

são alguns dos hortícolas cultivados em estufa no Centro de Investigação em Produção Vegetal (Proefstation), localizado em Sint-Katelijne Waver, região de Flandres, Bélgica. O Proefstation, criado em 1963, é uma instituição sem fins lucrativos, cujo financiamento advém dos empresários, de fundos comunitários e da venda de produtos e serviços. A investigadora Lieve Wittemans explica que «um terço do nosso orçamento é dado pelos agricultores que estão associados a organizações de produtores. Estas disponibilizam uma parte do seu orçamento para investigação e nós somos um dos parceiros com quem tra-

› Lieve Wittemans, investigadora no Proefstation

balham. Um terço resulta de subsídios do Governo, sobretudo através de fundos comunitários atribuídos aos projectos que candidatamos e, por fim, vendemos a produção das nossas estufas e fazemos investigação remunerada para terceiros». No total, o centro de investigação ocupa uma área de um hectare coberto com estufas, com 23 compartimentos. Neste espaço desenvolvem trabalhos que visam dar resposta às dificuldades dos agricultores. «Em menor escala, fazemos investigação também para o Governo», pormenoriza a mesma responsável. O objecto de estudo é diverso e passa por fertilização, protecção de culturas, energia, técnicas culturais, água e segurança alimentar, entre outras pesquisas. «O foco dos nossos estudos 52

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depende das necessidades e questões colocadas pelos nossos agricultores. Variedades e técnicas culturais são temas frequentes todos os anos», comenta Lieve Wittemans. A investigação de doenças e pragas ocupa muito tempo do dia-a-dia dos profissionais do Proefstation. Os trabalhos debruçam-se não só sobre os problemas já conhecidos, mas também sobre doenças e pragas emergentes. Lieve Wittemans comunica ainda que um dos projectos em curso é o estudo das luzes LED em estufa. «Estudamos o uso de luzes LED nas culturas de tomate, alface e pimento.» A procura de práticas agrícolas mais sustentáveis é outro dos objectivos do grupo de trabalho. Assim, estão envolvidos no projecto Fertinnowa, que visa «recolher conhecimento e partilhar experiências sobre métodos inovadores de gestão da água, com o objectivo de promover o uso eficiente daquele recurso natural e reduzir o impacto ambiental». A investigadora explica ainda que «reduzir o impacto ambiental da agricultura passa também pela energia e, por isso, estão a testar nas estufas o conceito EXE-kas [um sistema de desumidificação com uso de uma bomba de calor a vapor], com baixas exigências de energia». Todo o trabalho desenvolvido tem como fim único ser útil para o agricultor, por isso nas reuniões do comité científico estão presentes organizações de produtores e membros do Governo.



UM ÉDEN PLANTADO NA CORNUALHA

Em 1995, um antigo fosso, de onde se extraía caulim, numa localidade a 457 quilómetros de Londres, (des)compunha a paisagem. Hoje, é a casa do Projecto Éden, um jardim botânico que pretende estreitar as relações das pessoas com as plantas. Rita Marques Costa

Além disso, é possível frequentar workshops e programas mais intensivos de aprendizagem em áreas como a jardinagem, ou outros aspectos da gestão do jardim botânico. Neste momento, 101 estudantes frequentam os cursos do Projecto Éden e o objectivo é que, em 2018, esse número suba para 250. Para as crianças que visitam o local, o Éden torna-se uma sala de aula. «Educar as crianças e inspirar gerações mais jovens» é a missão deste projecto.

Dois biomas, um dedicado à floresta tropical e outro às plantas

do clima mediterrânico, e um espaço ao ar livre com cerca de 60 hectares compõem o Projecto Éden, em Bodelva, na Cornualha. Antes desta transformação, o mesmo local era um fosso, ermo de vida, de onde se extraiu caulim, também designado por argila da china, durante vários anos. Em 1995, o sonho de Tim Smit, vice-presidente e co-fundador da iniciativa, materializou-se e, desde então, mais de 16 milhões de pessoas já visitaram o espaço. Gordon Seabright, director do Projecto Éden, visitou Portugal para apresentar o jardim botânico, a convite da Associação Portuguesa de Horticultura (APH), no âmbito do ciclo de conferências “Quatro temas, quatro décadas”. Aproximar as pessoas da natureza O objectivo do Projecto Éden não é equiparar-se a um jardim botânico tradicional, mas antes «voltar a conectar a Humanidade com a natureza, e entre si, através do poder da transformação». Como tal, existem ali vários componentes pouco usuais num local deste tipo. Através de parcerias com universidades no Reino Unido, o Éden disponibiliza cursos superiores em horticultura, gestão de eventos, storytelling contemporâneo e performance ou sustentabilidade. 54

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Um esforço comum O processo de construção deste espaço começou no final dos anos 1990, com a angariação de fundos, e ficou concluído em 2001, quando se abriram as portas aos primeiros visitantes. Para transformar o fosso num jardim foi preciso enchê-lo com 83.000 toneladas de solo artificial. Também foi construído um sistema de drenagem, capaz de redireccionar a água da chuva que cai sobre o fosso (na Cornualha chove quatro vezes mais do que em Londres), localizado 15 metros abaixo do nível do mar. Para erguer os biomas foram necessários 370 quilómetros de andaimes.


Gordon Seabright nota que este esta iniciativa provou que «o trabalho em comunidade e em harmonia com a natureza permite transformar qualquer sítio». Para erguer estas infra-estruturas e manter o espaço foi necessário um investimento de 140 milhões de libras (o que corresponde actualmente a cerca de 167 milhões de euros), conseguidos através de diversos fundos e organizações como a Lotaria Nacional, a União Europeia, o município da Cornualha, o Governo britânico e a Comissão Milénio. O Projecto Éden autodenomina-se uma caridade educacional e empreendimento social que, actualmente, se financia a si própria. Preservar o ambiente «Temos responsabilidade de fazer coisas sobre o desenvolvimento sustentável», declara o responsável pela gestão do projecto. A água que precipita pelas instalações é colhida e utilizada para quase todas as necessidades no jardim. «Só compramos água para cozinhar e lavar as mãos.» Quanto ao aquecimento dos biomas, em especial o dedicado à floresta tropical, onde, em algumas zonas, as temperaturas atingem os 35 ºC e 99% de humidade, Gordon Seabright conta que recorrem a combustível. A restante energia provém de fontes renováveis. «Gastamos 300.000 libras [cerca de 358.000

euros] por ano.» Para tornar o processo de aquecimento dos biomas mais sustentável, a energia geotérmica existente no subsolo do Projecto Éden vai ser aproveitada. A ideia é construir uma central de energia geotérmica que produzirá o suficiente para abastecer o Éden e 4.000 habitações que o rodeiam. Para que tal aconteça, será preciso captar o vapor de água (a temperatura ronda os 160 ºC e os 190 ºC) que está a 4,5 quilómetros da superfície. O projecto está a ser desenvolvido em parceria com a EGS Energy, uma empresa sediada na Cornualha. A reciclagem é outra das preocupações ambientais dos coordenadores do Projecto Éden. Toda a comida desperdiçada no local é transformada em compostos orgânicos. Mas ainda existem aspectos a melhorar pelo que foi criada a iniciativa “Reduce our wasteline”, num esforço para reduzir o número de embalagens utilizadas no local, bem como incentivar os visitantes a colaborarem neste esforço de reciclagem. A diversidade de plantas no espaço é um aspecto importante do projecto e uma «preocupação» de quem está por trás dele. Nesse sentido, sequóias gigantes, bananeiras e cerejeiras vão ser adicionadas à colecção deste jardim. Replicar além-fronteiras Os planos da equipa do Projecto Éden não são limitados pelas fronteiras físicas da Grã-Bretanha. Existe a intenção de levar o “paraíso” para outros países. A China será o primeiro destino. A cidade escolhida é Qingdao, na costa Este da China, com nove milhões de habitantes. O local, que será alvo da transformação, é uma área quarto vezes maior do que a original e também está ambientalmente danificada, tendo sido utilizado para a produção intensiva de sal e de crustáceos. O Projecto Éden vê potencial nesta localização visto que já recebe cerca de 63 milhões de turistas por ano, vindos principalmente da Coreia do Sul e Japão. À China seguir-se-ão Canadá, Nova Zelândia e Holanda. «Até 2025 deve haver um Éden em cada continente», prevê Gordon Seabright. frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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ALECRIM PODE SUBSTITUIR ADITIVOS SINTÉTICOS NAS EMBALAGENS Um grupo de investigadores portugueses estudou a utilização do extracto de alecrim em embalagens alimentares. O objectivo é conservar a qualidade dos alimentos e aumentar o seu tempo de vida em prateleira. Rita Marques Costa

Há quem use o alecrim para temperar alguns pratos de carne,

outros usam-no em molhos, em gelados ou até em sabonetes. Ana Sanches Silva, investigadora no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, achou que seria interessante incorporá-lo em alguns tipos de embalagens, de modo a conservar a qualidade dos alimentos e aumentar o seu prazo de validade. O projecto chama-se Rose4Pack. A ideia de utilizar o alecrim prendeu-se com várias questões: primeiro, o facto de a utilização dos aditivos sintéticos estar associada a «problemas de saúde como o cancro e doenças degenerativas como a Alzheimer» e, por conseguinte, a «tentativa por parte da indústria alimentar e das embalagens de substituir os aditivos sintéticos pelos naturais»; depois, o facto de «o extracto do alecrim ser um aditivo autorizado pela legislação europeia»; em terceiro lugar, as propriedades anti-oxidantes desta planta; e, por fim, a sua disponibilidade em território nacional. Quando o projecto terminou, em 2015, foi feito um pedido de patente pelo que, neste momento, nada pode ser revelado sobre o processo de desenvolvimento da película biodegradável enriquecida com extracto de alecrim. A investigadora revela apenas que já existem extractos de alecrim disponíveis no mercado, mas «decidimos optimizar o seu processo de elaboração». Depois da aprovação da patente, que se deverá concretizar no primeiro semestre de 2017, «podemos ser contactados por alguém que esteja interessado em comercializar o produto». O projecto contou com a colaboração de investigadores da Universidade de Coimbra, da Universidade do Minho, da Universidade do Porto e do Instituto Ricardo Jorge. O consórcio contou também com a colaboração da PlastEuropa, uma empresa do sector das embalagens. O financiamento foi assegurado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pelo Compete – Programa Operacional de Factores de Competitividade. No total, o projecto contou com cerca de 165.000 euros para o seu desenvolvimento. Esta não é a primeira vez que a investigadora lida com a questão das «embalagens activas», como as caracteriza. Aquando do seu doutoramento, Ana Sanches Silva debruçou-se sobre a libertação de substâncias das embalagens que poderiam ter

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um carácter tóxico para os alimentos. Depois, envolveu-se num projecto onde se utilizavam resíduos do camarão, de onde eram extraídas substâncias como a astaxantina e o quitosano, para serem incorporadas na embalagem. No fundo, «a ideia é sempre aumentar o prazo de validade [dos alimentos], mantendo as suas características. Também há uma tentativa de utilizar polímeros base biodegradáveis para reduzir o impacto das embalagens no ambiente». Para o futuro, os objectivos da investigadora são concretos: «Continuar nesta área das embalagens, monitorizar substâncias que são cruciais ao nível do impacto na saúde e tentar desenvolver novos métodos analíticos. Por outro lado, desenvolver novas embalagens que tenham outros princípios activos interessantes e que tenham esta vertente de usar aditivos naturais e biopolímeros».



PAÇO DA RAINHA

A MUSA DO PAÇO É A RAINHA O restaurante Paço da Rainha, que tomou o nome da rua onde se localiza, não é um espaço novo, mas renovado. Em Junho de 2016, o Chefe António Latas tomou as rédeas da cozinha e deu-lhe um toque moderno inspirado na tradição. Rita Marques Costa

O Palácio da Bemposta foi construído em 1694, por ordem de D. Catarina de Bragança, para sua residência após a morte de D. Carlos II. Em 1849, depois de ter sido habitado por diferentes inquilinos, foi entregue ao Ministério da Guerra. Aqui foi instalada a Escola do Exército, que se mantém até hoje. É a escassos metros deste local histórico em Lisboa, também conhecido como Paço da Rainha, que fica o restaurante homónimo. António Latas é o Chefe responsável desde Junho de 2016. O seu fascínio pela história das rainhas portuguesas, pelo «barroco e a talha dourada» fê-lo apaixonar-se pelo espaço, que teve D. Catarina de Bragança como musa inspiradora. A renovação e modernização do restaurante, com mais de 30 anos, foi promovida por um grupo de cinco clientes habituais, que decidiram investir no espaço. Guilherme Farinha, que ali trabalha há 26 anos, é o elo de ligação entre aquilo que o Paço da Rainha era e o que passou a ser. Para o gerente, «a renovação é boa e vai no caminho certo». Na cozinha, António Latas domina cada ingrediente. «Desde cedo fui habituado a uma grande exigência e à procura pela

perfeição, que não alcançamos mas tentamos sempre», diz atarefado. A utilização de produtos frescos nos seus pratos é uma preocupação constante. Já em pequeno, «em casa, dava-se muita importância aos produtos frescos» e ao hábito da ida ao mercado. «A caldeirada era um ritual. Compravam-se os tomates três dias antes para amadurecer, o pimento tinha de estar viçoso, o peixe era escolhido a dedo, o corte da batata, o tacho em que se cozia e as horas.» Mais tarde, enquanto profissional, este tipo de produtos e hábitos continuaram a ter muita relevância. As sugestões do dia, apresentadas pelo Chefe, «raramente se repetem e vêm por instinto». A exigência em relação à qualidade dos alimentos é evidente. «Faço questão de cozinhar com produtos de época, que cumpram as normas de higiene e segurança HACCP, de acordo com o tipo de cozinha e restaurante que tenho.» Cerca de 90% dos produtos utilizados são portugueses e comprados a «fornecedores com quem trabalho há mais de 10 anos».

Requeijão com compota de kiwi Ingredientes

600 g de kiwis maduros 300 g de açúcar granulado 150 g de requeijão de Seia 10 g de pectina 30 g de gengibre Flores comestíveis q.b.

Preparação

Descascar os kiwis e passar por água fria. Cortar os kiwis em cubos pequenos e o gengibre em fatias finas depois de lavado. Levar ao lume os kiwis, o açúcar misturado com a pectina para não deixar grumos e, finalmente, o gengibre. Deixar cozinhar em lume brando por aproximadamente 20 minutos, até obter a consistência desejada, e deixar arrefecer. Num prato, com a ajuda de um aro redondo, disponha o requeijão previamente batido com um garfo, retire o aro e coloque um pouco de compota por cima. Decore com flores comestíveis.

PAÇO DA RAINHA Rua Paço da Rainha, 66, Lisboa Horário: 12h30 às 15h/19h às 23h (Terça-feira a Sábado) 12h30 às 15h (Domingo) www.facebook.com/pacodarainha

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Foto: Herbert Sclemmer

PRÉMIO CONSUMUS DIXIT O prémio Consumus Dixit é uma ini-

ciativa do Fórum do Consumo que tem como objectivo reconhecer o trabalho desenvolvido, em matéria de consumo, por entidades tão diversas da sociedade portuguesa, como académicos e jornalistas, os melhores projectos das áreas da distribuição, produção, serviços e ONGs [Organizações Não Governamentais] e a personalidade do ano. Na 1.ª edição deste prémio, em 2014, foram nomeadas organizações de produtores agrícolas como: • a Portugal Foods: associação formada por empresas e entidades científicas, tecnológicas e regionais do sector agro-alimentar com o objectivo de partilhar a produção de conhecimento como suporte à inovação e à competitividade; • a Portugal Fresh, o vencedor desta categoria: associação criada com o objectivo de promover, ao nível nacional e internacional, os produtores portugueses de produtos agro-alimentares, e de conquistar relevância e notoriedade internacional da qualidade dos produtos frescos, assim como

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contribuir para incentivar o seu consumo. Ainda na área da produção alimentar foram também nomeadas: • a associação Aptcece [Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia]: grande divulgadora da gastronomia portuguesa e dos produtos regionais em Portugal e no estrangeiro, com a realização de eventos meditativos e técnicos de fomento do consumo de produtos portugueses; - a plataforma Portugal Sou Eu: representativa de empresas produtoras portuguesas, de natureza transversal e eclética, cujo trabalho na criação de uma marca Portugal muito tem contribuído para elevar a notoriedade dos produtos portugueses. No âmbito das empresas de distribuição foram nomeados: • o Pingo Doce: insígnia de grande notoriedade em Portugal com uma forte imagem de qualidade e preço que muito tem contribuído, através das suas lojas e das suas campanhas promocionais, para fomentar o consumo em Portugal; • o Lidl: com uma significativa evolução do seu posicionamento e estratégia, passando de um formato hard discount para um supermercado qualitativo através de mudanças profundas na sua oferta e sortido, comunicação e serviços; • a Worten: através da qual o consumo de produtos e equipamentos eléctricos e electrónicos não seria o mesmo. Esta insígnia soube proceder às mudanças necessárias para, num mercado difícil e competitivo, continuar a oferecer ambientes de loja, e serviços associados, que fidelizam os consumidores e lhes garantem fortes índices de satisfação e de valor acrescentado; • a Wells: foi provavelmente a insígnia que mais cresceu em termos de expansão,

vendas e resultados operacionais, por força de uma proposta de valor inovadora, que tem merecido uma forte adesão dos consumidores. Foi o vencedor desta categoria. Quanto às personalidades do ano foram nomeados: • Belmiro de Azevedo: fundador do grupo Sonae e mentor de muitas das profundas transformações que a distribuição e o consumo tiveram em Portugal nas últimas décadas; • Soares dos Santos: teve uma vida dedicada aos produtos de grande consumo, quer como industrial, quer como distribuidor, através de marcas e insígnias populares e líderes nos seus segmentos; • António Simões: através da sua capacidade de gestão e de visão do negócio, transformou uma empresa familiar, a Sovena, no maior produtor de azeite do Mundo, com fortes investimentos em Portugal e no estrangeiro; • Cristina Amaro: com uma década de presença na blogosfera e na televisão, com conteúdos dedicados a informar e fortalecer, junto do grande público, a imagem das marcas presentes no mercado português, tem evidenciado o que de melhor elas possuem e oferecem aos consumidores. Foi vencedora desta categoria. Para a edição de 2016 serão admitidas nomeações nas categorias referidas, decorrendo as candidaturas até 15 de Março de 2017, através de e-mail (info@forumconsumo.com) ou por correio: Fórum do Consumo/Largo Rafael Bordalo Pinheiro, 16, 1200-369 Lisboa, Portugal.

José António Rousseau, Presidente do Fórum do Consumo www.rousseau.com.pt



Vencedores das “24 Horas de Agricultura Syngenta” visitam centro de I&D em Londres Os cinco elementos da equipa que venceu a primeira edição das “24 Horas de Agricultura Syngenta” visitaram, a 30 de Novembro, o centro de investigação Jealott’s Hill, da Syngenta, nos arredores de Londres. Em comunicado, a empresa refere que este «é um centro de excelência dotado das últimas tecnologias em laboratório e estufa, recorrendo a equipas multidisciplinares nas áreas de química, biologia e biotecnologia», no qual «trabalham 800 investigadores da Syngenta na descoberta e desenvolvimento de produtos inovadores para protecção das culturas» e no desenvolvimento de variedades de cereais. Os estudantes do Instituto Superior de Agronomia tiveram oportunidade de «conhecer as diversas fases do processo de criação de um novo produto fitofarmacêutico». As equipas do Jealott’s Hill «dedicam-se especificamente à descoberta de herbicidas, desenvolvendo por ano cerca de 100 a 200 novas moléculas, a maior parte delas não chega à fase comercial». Além das substâncias activas, são também testados os outros componentes dos produtos. «É impressionante a especialização de cada equipa de investigadores, a compartimentação do trabalho, por um lado, mas, por outro, todos comunicam entre si para um objectivo comum. É uma verdadeira cadeia de produção de ciência», afirmou um dos elementos da equipa vencedora. A Syngenta afirma que «investe anualmente 1,4 mil milhões de euros em investigação e desenvolvimento, cerca de 10% da facturação global da empresa, em 150 centros de pesquisa em todo o Mundo».

Alltech adquire empresa espanhola de nutrição vegetal A Alltech, empresa de saúde animal e de nutrição para agricultura, adquiriu a Solbiosur, uma empresa espanhola especializada em soluções de nutrição para culturas agrícolas, nomeadamente hortícolas, frutícolas e cereais. Com mais de 10 anos de actividade no fabrico e distribuição deste tipo de soluções, a Solbiosur tem trabalhado em colaboração com a Alltech nos últimos cinco anos. Segundo comunicado da Alltech, empresa sediada nos Estados Unidos da América e com presença nos vários continentes, as duas empresas «identificaram possíveis oportunidades de crescimento, que podem incluir o desenvolvimento de novos produtos e rotas ampliadas de comercialização». Para Steve Borst, director-geral da Alltech Crop Science «esta é uma excitante oportunidade para o crescimento do nosso negócio, não apenas na Europa, mas também em todo o Mundo». Nas palavras do director comercial na Solbiosur, Pedro Navarro – à esquerda na foto, junto com Jomi Barnard Blanch, director regional da Ibéria para a Alltech, por ocasião da assinatura do acordo de aquisição –, «a nova viagem da Solbiosur com a Alltech vai fortalecer ainda mais a nossa capacidade de fornecer soluções de nutrição para grandes culturas e culturas hortícolas a um mercado mais amplo, devido ao alcance que a Alltech possui em mais de 120 mercados de todo o Mundo». A Solbiosur vai manter a sua produção em Múrcia, em Espanha, que também continuará a ser a sede de distribuição.

YaraMila Balance, um novo produto para solos com potássio O novo fertilizante da Yara está pensado para solos ricos em potássio. «Foi desenvolvido devido às necessidades culturais do Sudoeste de Espanha», explica comunicado de imprensa. Indicado para culturas como trigo, cevada e olival, o YaraMila Balance contém nitrogénio e fósforo. A fórmula deste novo produto foi desenvolvida para aportar ao solo os nutrientes que a cultura necessita e para absorver a humidade do solo. O produto «deve ser aplicado antes da plantação ou nos primeiros estádios do cultivo para proporcionar equilíbrio de nutrientes durante todo o ciclo de crescimento». 62

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Syngenta renova site Está disponível em www.syngenta.pt o novo site da Syngenta, que visa «melhorar a acessibilidade, oferecer conteúdos de maneira mais intuitiva e chegar a todos os públicos de um modo mais interactivo», afirma a empresa em comunicado. A nova plataforma «foi redesenhada na íntegra», tendo sido usada uma linguagem responsiva, que a «torna dinâmica, de fácil navegação e acessível a partir de qualquer dispositivo: smartphone, tablet, computador». «Além de facilitar o acesso a todos os produtos, catálogos e aconselhamento técnico sobre tecnologias de protecção das culturas e genética de sementes», também são disponibilizados novos conteúdos de carácter informativo, destaca a Syngenta.

Yara Iberian tem uma nova directora-geral Elena Montero será a substituta de Mónica Andrés no cargo de directora-geral da Yara Iberian. A mudança será efectiva a partir de 1 de Janeiro de 2017. A nova responsável da multinacional que comercializa fertilizantes hidrogenados está na empresa desde 2000. Nos últimos 10 anos, dirigiu o departamento financeiro. «A sua formação, experiência e profundo conhecimento do negócio, da rede de distribuição e das necessidades dos agricultores, adquiridos ao longo da sua ampla trajectória, fazem dela a pessoa certa para lidar com esta nova responsabilidade», diz a Yara Iberian em comunicado. Mónica Andrés será a nova Business Unit Manager para a Ásia. Esta nomeação «mostra mais uma vez que a filial ibérica da Yara se estabeleceu como uma plataforma para o talento, assim como a importância do nosso mercado na multinacional norueguesa».


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Louricoop celebra 40 anos de existência A 10 de Dezembro de 1976 foi assinada a escritura de constituição da Louricoop, por 20 sócios fundadores. Alguns meses depois, a 1 de Setembro de 1977, esta entidade deu início à sua actividade, que foi evoluindo ao nível dos produtos abrangidos – com a batata a tornar-se, desde a década de 1990, o principal hortícola produzido e comercializado por esta organização de produtores –, dos serviços, do âmbito de actuação e da estrutura. A Louricoop – Cooperativa de Apoio e Serviços do Concelho da Lourinhã, CRL festejou, a 10 de Dezembro último, no seu tradicional jantar de Natal, o início das celebrações dos 40 anos da sua constituição. No evento, a propósito do 40.º aniversário, foram recordados vários momentos da vida da «família Louricoop», os fundadores, os órgãos sociais desta entidade ao longo dos anos, as actividades a que esta organização de produtores se dedica, os serviços que presta e a sua «capacidade dinamizadora e associativa». António Gomes, actual director-geral da Louricoop, afirmou no jantar que «hoje temos uma cooperativa que é reconhecida ao nível nacional» e que «está dentro das melhores do País». «O sucesso da Louricoop, que começou com os seus fundadores, é o resultado do esforço dos agricultores, que deram as mãos e que a têm levado ao colo.»

EasyPilot, uma unidade de controlo remoto para optimizar o processo de recolha A Jungheinrich, empresa de equipamentos de movimentação de carga, tecnologia de armazenagem e de fluxo de materiais, lançou recentemente o EasyPilot. A empresa descreve este produto como uma ferramenta que «auxilia o processamento manual de pedidos com order pickers horizontais ECE 225, aumentando a produtividade do processo de preparação de encomendas». «O equipamento de movimentação de cargas é movido para o local de recolha seguinte, sem que o operador tenha de subir e descer constantemente do ECE, ficando com as mãos livres para preparar as encomendas, reduzindo assim os percursos desnecessários e poupando tempo. Testes efectuados comprovam que este equipamento pode aumentar até 30% a produtividade e proporcionar uma descida do consumo energético por recolha de cerca de 16%», explica Mark Wender, director executivo da Jungheinrich Portugal. O sistema EasyPilot pode ser combinado com scanner a laser, sistemas de pick-by-voice, óculos de dados. Além disso, pode ser acoplado a um sistema de gestão de armazém.

Buy in Portugal, uma plataforma para a exportação O objectivo da plataforma Buy in Portugal é reunir empresas portuguesas com capacidade de exportação e alavancar as exportações nacionais. O projecto estará on-line a 1 de Janeiro

de 2017. Pedro Quartin Graça, accionista da empresa com o mesmo nome, comenta que a plataforma será uma «concorrente» de sites como Alibaba ou Amazon. Na Buy in Portugal «só podem estar inscritas empresas portuguesas com capacidade de exportação», reforça. «Vamos estar presentes em 12 exposições mundiais para divulgação da plataforma nos países com o maior potencial de consumo, tais como China, Japão, Índia, Brasil, França e Reino Unido e estamos em sintonia com as organizações responsáveis pelas exportações de Portugal, como AIP, Aicep, CAP e Portugal exportador.» A plataforma não cobra comissões pelas transacções realizadas, mas requer um valor de 1.000 euros de inscrição, que permite inserção da informação dos produtos e da empresa. Após 2018, haverá uma anuidade de 500 euros.

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LPR tem novo country manager Flávio Guerreiro é o novo responsável pela LPR em Portugal, uma empresa especializada em agrupamento de paletes para o sector dos produtos de grande consumo, integrada no grupo Euro Pool System. O novo country manager tem 38 anos e é licenciado em Gestão da Distribuição e Logística, com um mestrado em Gestão pelo Instituto Superior das Ciências do Trabalho e do Emprego (Iscte) e especialização em negociação comercial. Iniciou a sua carreira na LPR em 2003 onde assumiu funções na área de vendas, inventário e gestão. «A LPR possui objectivos ambiciosos para o futuro, relativamente aos quais a sua equipa dinâmica e experiente se encontra focada, assegurando desta forma a senda do sucesso», diz Flávio Guerreiro.

Tecnidex Fruit Protection abre filial grega Tecnidex Gre Fruit é o nome da mais recente filial da marca, especialista em tecnologias de pós-colheita. A sua instalação em Atenas, na Grécia, prende-se com o interesse em «potenciar a actividade neste mercado operando directamente no mesmo», diz a empresa em comunicado. Assim, a Tecnidex Fruit Protection dá «mais um passo no seu plano de internacionalização e reforça a sua implantação nos mercados exteriores». Actualmente, está presente em Marrocos, Turquia, África do Sul e Itália e exporta para mais de 25 países. «Escolhemos a Grécia para abrir a filial porque este país, além de citrinos, tem uma alta produção de frutas de caroço, kiwi e pomóideas em que Tecnidex tem grande experiência. Além disso, é um país com uma clara vocação para exportar para a União Europeia», diz o presidente da empresa, Manuel García-Portillo.

Agrobiofilm recebe menção honrosa Durante o 13.º Encontro Nacional de Inovação Cotec, em Novembro, foi atribuída ao produto mulch biodegradável Agrobiofilm, da empresa portuguesa Silvex, uma menção honrosa, no âmbito do Prémio Produto Inovação Cotec-ANI. Este prémio foi instituído em 2008 e visa «premiar e divulgar publicamente produtos (bens ou serviços) inovadores ou famílias de tais produtos desenvolvidos por empresas nacionais ou estrangeiras, de qualquer dimensão, que operem em Portugal». O 13.º Encontro Nacional de Inovação Cotec e a cerimónia de entrega de prémios contaram com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República. O Agrobiofilm, indica a Silvex em comunicado, é «produzido a partir de fontes renováveis» e «contribui para a sustentabilidade das práticas agrícolas». Este mulch biodegradável, explica, «é um polímero biodegradável para a cobertura do solo (mulch) que permite a substituição do plástico de origem fóssil, proporcionando a obtenção de produtos agrícolas com rendimento e qualidade igual ou superior à obtida com mulch de polietileno». «No fim

do ciclo da cultura, incorpora-se no solo, sendo completamente decomposto por acção de micro-organismos, resolvendo, assim, quer o problema da contaminação dos solos agrícolas com plástico PE, quer a acumulação dos mesmos em aterros e lixeiras.» A Silvex informa que existem soluções de Agrobiofilm para «solarização do solo, milho doce, alface, rúcula, espinafres, cebola, alho, batata, melão, curgete, beringela, tomate em fresco, tomate de indústria, pimento, fisális, morango, vinha, fruteiras e ornamentais em viveiro». São ainda referidas outras vantagens decorrentes do uso deste produto: «Controlar as infestantes, aumentar a eficiência da rega, aumentar a temperatura do solo, antecipar a data de colheita em culturas anuais e a entrada em produção de culturas perenes, melhorar a uniformidade da maturação, aumentar o teor de sólidos solúveis totais dos frutos». Por fim, a empresa salienta que «os agricultores enquadrados numa organização de produtores podem beneficiar de uma comparticipação de até 52,2% no preço do mulch biodegradável, através da medida “7.6 – Utilização de plásticos biodegradáveis”».

AGRO-NEGÓCIO DIARIAMENTE EM WWW.FLFREVISTA.PT frutas, legumes e flores | Janeiro 2017

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JANEIRO POTATO EXPO

4 a 6 de Janeiro São Francisco, Estados Unidos da América www.potato-expo.com

PLANTS WEEK

16 a 18 de Janeiro Angers, França www.vegepolys.eu

SIVAL

17 a 19 de Janeiro Angers, França www.sival-angers.com

IPM ESSEN

24 a 27 de Janeiro Essen, Alemanha www.imp-essen.de

AGROEXPO

25 a 28 de Janeiro Don Benito, Espanha agroexpo.feval.com

FEVEREIRO XI CONGRESSO NACIONAL DO MILHO

7 e 8 de Fevereiro Lisboa www.anpromis.pt

FRUIT LOGISTICA

8 a 10 de Fevereiro Berlim, Alemanha www.fruitlogistica.de

SIMA

26 de Fevereiro a 2 de Março Paris, França www.simaonline.com

MARÇO

LUSOFLORA

24 e 25 de Fevereiro Santarém www.apppfn.pt

8.º CONGRESSO IBÉRICO DE CIÊNCIAS HORTÍCOLAS

7 a 9 de Junho Coimbra www.aphorticultura.pt/iberico-2017.html

FRUTITEC/HORTITEC

54.ª FEIRA NACIONAL DE AGRICULTURA

10 a 12 de Março Batalha exposalao.pt/displayFair/frutitec-hortitec

10 a 18 de Junho Santarém www.feiranacionalagricultura.pt

50.º FEIRA INTERNACIONAL DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ALIMENTAÇÃO

SETEMBRO

23 a 26 de Março Braga www.investbraga.com/peb/news/45

FAME INNOWA – FEIRA DE TECNOLOGIA AGRÍCOLA E AGRONEGÓCIOS DO MEDITERRÂNEO

29 de Março a 1 de Abril Múrcia, Espanha www.fameinnowa.es/fame/

ABRIL 24 HORAS AGRICULTURA SYNGENTA 1 de Abril Coimbra http://24horasdeagricultura.sfori.com

MEDFEL

25 a 27 de Abril Perpinhão, França www.medfel.com

FRUYVER

14 a 17 de Fevereiro Saragoça, Espanha www.feriazaragoza.com/fruyver.aspx

JUNHO

MAIO INTERPACK

4 a 7 de Maio Dusseldorf, Alemanha www.interpack.com

IX CONGRESSO INTERNACIONAL DO KIWI

6 a 9 de Setembro Porto www.aphorticultura.pt/ixisk.html

AGRO SHOW

22 a 25 de Setembro Bednary, Polónia www.agroshow.eu

OUTUBRO FRUIT ATTRACTION

18 a 20 de Outubro Madrid, Espanha www.ifema.es/fruitattraction_01

PMA FRESH SUMMIT

20 e 21 de Outubro Nova Orleães, Estados Unidos da América www.pma.com/events/freshsummit

NOVEMBRO I CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HORTICULTURA

1 a 3 de Novembro Lisboa www.clbhort2017.com



Um corte implacรกvel nas pragas!


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