APRESENTAÇÃO
OS AUTORES E O CONTEXTO DA OBRA
LEO CUNHA, nascido em Minas Gerais, é escritor, jornalista e tradutor. Publicou dezenas de livros, além de escrever regularmente para jornais e revistas. Cursou Jornalismo e Publicidade, é pós-graduado em Literatura Infantil, Mestre em Ciência da Informação e Doutor em Cinema.
O escritor e o contexto da obra
Os rios têm papel marcante na minha vida. Minha mãe e sua família vieram de Ribeirão Vermelho, sul de Minas. Meu pai e sua família são de Jequitinhonha, a cidade, o rio, o vale. Quem me conhece sabe que meu som favorito, o que me acalma, o que me descansa, é o barulho da água corrente, do córrego, do rio, da cachoeira. Poucas tragédias me abalaram mais do que a do Rio Doce engolido pela lama da mineração. (...) Tentei escrever a história como um lamento e, ao mesmo tempo, como um grito de alerta, uma homenagem ao Rio Doce e a todos os rios que ainda banham, alimentam e enriquecem o nosso povo. Vivam os rios e a poesia!
Leo Cunha
ANDRÉ NEVES, nascido em Pernambuco, é escritor, ilustrador e artista plástico. Com vários livros publicados, o artista tem recebido muitos prêmios em reconhecimento pelo seu trabalho. Seus livros estão publicados no Brasil e em muitos outros países.
O ilustrador e o contexto da obra
Tenho sorte. Nasci em Recife, cidade encantada por rios e poetas. O Capibaribe e o Beberibe são tão importantes quanto o Rio Guaíba para os gaúchos e poetas de Porto Alegre, cidade onde vivo hoje. Inevitável contê-los, os rios correm sempre e pra sempre deságuam em mim. Eles aceitam tudo, silêncio e sonhos. O poema do Leo chegou ao meu olhar como um grito de socorro tardio. O Rio Doce, indefeso, já havia aceitado sua tragédia. Só restava-me gritar também, por imagens. É minha forma de chorar com o tempo que, como água, correrá ao longo do caminho em que o próprio Rio Doce se reconstrói e se destina. Voz e vida. Viva os rios e os poetas!
André Neves
CATEGORIA
O livro pertence à Categoria 2, e é indicado para estudantes do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental.
TEMAS PRESENTES NA OBRA
• Autoconhecimento, sentimentos e emoções
Um dos temas presentes no livro é a transformação ocorrida no personagem-narrador desde um tempo passado, em que “era um rio”, até um futuro remoto, no dia em que voltará a ser um rio. O texto poético de Leo Cunha e a contundência das ilustrações de André Neves permitem ao leitor vivenciar diferentes sentimentos e emoções durante a leitura, como ternura, tristeza, medo, angústia, luto e esperança, e praticar a empatia e a autorreflexão.
• O mundo natural e social
Em busca do progresso, do conforto e de seu próprio bem-estar, o homem extrai da natureza uma série de recursos e transforma o ambiente natural, modificando-o e adaptando-o conforme suas necessidades. Porém, nem sempre essa relação é construída com harmonia e respeito. Desastres ambientais ocorrem o tempo todo, em todo o mundo. São milhares de vidas perdidas, mutiladas ou contaminadas. Ao trazer como tema uma tragédia ambiental, por meio de um rio humanizado, o livro propõe uma leitura que nos convoca a revermos nosso papel como cuidadores do planeta em que vivemos.
A POESIA NARRATIVA COMO GÊNERO LITERÁRIO
Poema é um texto escrito em versos, organizados em estrofes. Um poema pode ter uma ou mais estrofes, e cada estrofe pode ter uma quantidade diferente de versos. Os versos podem ou não ter rimas. A principal característica de um poema é seu ritmo, sua musicalidade.
Já a poesia narrativa é um poema que conta uma história, com enredo, personagens, conflito e desenlace.
Um dia, um rio é um poema conduzido por um narrador-personagem: o rio. O ritmo dos versos recria movimentos contínuos, como o correr das águas e da vida. Esse tempo não se limita ao presente, mas também se refere ao passado e ao futuro, que aparecem explícitos nos tempos verbais utilizados em versos como
“Eu fui um rio, um dia.”
“Serei um rio, um dia.”
A sonoridade e o ritmo estão presentes em toda a obra, bem como a linguagem poética. Desde os primeiros versos o texto se constrói poeticamente, por meio de
expressões e definições metafóricas: CAMA DE CANOA / ESPELHO DA LUA / CAMINHO DE PEIXE / CARINHO DE PEDRA.
A escrita em versos curtos impulsiona o ritmo da leitura, permitindo pausas que conduzem a narrativa:
MINHA
ALDEIA
MORA
SUBMERSA
DENTRO
DE MIM.
Além do ritmo, das metáforas, das repetições e de outros recursos da linguagem poética, o livro Um dia, um rio apresenta um projeto gráfico preciso e bem cuidado, por meio do qual o poema narrativo ganha novas proporções. Ao personificar o eu lírico (o narrador) como um menino indefeso e colocá-lo frente a frente com um monstro poderoso, a obra conduz o leitor a perceber a fragilidade do rio perante a força da barragem, contra a qual é impossível lutar.
Na seção “Propostas de atividades”, falaremos sobre estes e outros elementos da poesia narrativa que podem ser trabalhados em sala de aula com a obra Um dia, um rio.
O LIVRO ILUSTRADO: TEXTO, ILUSTRAÇÃO E PROJETO GRÁFICO
“A leitura é muito mais do que decifrar palavras”. Com esse verso, o escritor e ilustrador Ricardo Azevedo inaugura o poema “Aula de leitura” (Ática, 1998), que fala sobre a amplitude do termo “leitura”, que, de certa forma, está relacionada aos livros ilustrados, especialmente àquelas obras que têm como foco receptivo a criança. Afinal, uma das principais características do livro infantil é a presença de imagens, figuras, desenhos, enfim, ilustrações que vão ajudar a criança no processo de aquisição da leitura e ainda deixar o texto mais convidativo ao olhar infantil.
Em um artigo sobre a ilustração na literatura para crianças e jovens, Ricardo Azevedo – que além de escritor e poeta é também ilustrador e pesquisador na área de literatura infantil e juvenil e de contos populares – afirma que o livro ilustrado é composto de:
pelo menos três sistemas narrativos que se entrelaçam: a) o texto propriamente dito; b) as ilustrações; c) o projeto gráfico (a capa, a diagramação do texto, a disposição das ilustrações, a tipologia escolhida, o formato e o tipo de papel) (AZEVEDO, 1998).
Ricardo Azevedo complementa sua explanação afirmando que, “examinando bem, há livros em que esses três sistemas têm autoconsciência e procuram o
diálogo e outros em que isso não ocorre”, isto é, o pesquisador afirma que, em determinadas obras literárias, o projeto gráfico amplifica o verbal e o visual de tal forma que a arte final, como conjunto desses três elementos – texto verbal, imagens e projeto gráfico –, passa a ser indissociável.
Um dia, um rio é um livro cuidadosamente pensado para que esses três elementos conversem entre si. Na obra, o poema de Leo Cunha vai ganhando elementos visuais determinantes à medida que as páginas são viradas e o rio é tomado pela lama da mineração.
A paleta cromática foi orientada a partir desses dois tempos: o branco para passado e para um futuro hipotético, em que o rio voltaria a ser rio, e o terroso/vermelho para o presente. Esse contraste garante o impacto causado pelas páginas duplas em que o fundo terroso é introduzido.
A sequência da capa/contracapa e das guardas do livro indicam um percurso temporal baseado na esperança de que, no futuro, o rio volte a ser como era antes, em oposição à desastrosa situação de hoje. Essa esperança fica evidente nas últimas páginas do livro, em que as crianças brincam novamente no rio, no verso da 4ª capa, em azul, e na imagem que forma o rio da 4ª capa, também de cor azul.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Para facilitar o trabalho em sala de aula, dividimos as propostas de atividades em:
A) ANTES DA LEITURA
B) DURANTE A LEITURA
C) APÓS A LEITURA
D) ATIVIDADES COMPLEMENTARES
E) ATIVIDADES ENVOLVENDO A LITERACIA FAMILIAR
A) ANTES DA LEITURA
A epígrafe de Um dia, um rio apresenta um trecho de um poema do poeta português Fernando Pessoa (Alberto Caeiro), em que ele compara o Tejo – o mais importante rio de Portugal – ao “rio da sua aldeia”, cujo nome não é citado.
Assim, antes de apresentar o livro aos alunos, seria interessante ler a epígrafe:
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pergunte aos alunos se eles conhecem algum rio que passa próximo ao lugar onde eles moram. Como é esse rio? É limpo ou é poluído? Tem as águas calmas ou é perigoso? Pergunte aos alunos quem já tomou banho de rio, ou quem já navegou em um rio. Ouça as respostas das crianças e as encoraje a falar e expor suas vivências.
Depois pergunte se sabem a importância do rio para as cidades, para as pessoas, para as comunidades; se conhecem ou já ouviram falar sobre os rios de sua cidade.
Fale que os alunos vão conhecer o livro sobre a história de um rio. Em seguida, apresente o livro Um dia, um rio.
LEITURA DA CAPA, 4ª CAPA E VERSO DAS CAPAS
Antes mesmo da leitura do livro, em si, é possível explorar visualmente as imagens da capa, da 4ª capa (ou capa de trás) e verso das capas.
Veja se algum aluno percebe a diferença de cores entre a capa e a 4ª capa, e o fato de a imagem da capa mostrar o menino abaixo da superfície, cena que se completa na imagem da 4ª capa, com partes da cabeça e dos braços do menino para fora da superfície.
B) DURANTE A LEITURA
Se todos os alunos estiverem com seus livros em mãos, peça que eles acompanhem a leitura com o olhar e faça uma leitura em voz alta, com as pausas que
o texto requer. Os versos curtos propõem uma leitura ritmada, imitando o curso das águas do rio, ora com suavidade, ora com mais vigor.
Enquanto ouvem a leitura do professor, os alunos podem acompanhar o texto fazendo a leitura das imagens e das cores.
Observe a reação das crianças no virar das páginas, se comentam alguma coisa ou se parecem impactadas com as imagens ou com as cores apresentadas no livro.
Como se trata de um texto curto, o livro pode ser lido todo de uma só vez, retomando-se a leitura em seguida, quantas vezes forem necessárias, para fazer uma prática dialogada.
LEITURA DIALOGADA
Este é um livro que propõe muitas leituras. A cada leitura descobrem-se novos elementos, especialmente no aspecto imagético.
Após a primeira leitura, volte ao início do livro e retome o texto, agora parando para conversar e comentar trechos das estrofes do poema com os alunos.
Paralelamente, chame a atenção para as imagens e seus elementos recorrentes, como o baldinho com a torneira, a representação do rio como um menino, a representação do monstro destruidor como uma máquina.
Releia o texto juntamente com os alunos. Você pode propor uma leitura em coro, com todos lendo juntos, ou pode escolher um aluno para começar e outros para continuar de onde o colega parou.
Converse sobre o vocabulário, as palavras desconhecidas. Peça que os alunos infiram o significado dessas palavras pelo contexto, antes de recorrer ao dicionário.
Em seguida, proponha uma das atividades que elencamos para depois da leitura. As demais atividades sugeridas podem ser feitas em outros dias, durante uma ou mais semanas, de acordo com o interesse das crianças e da duração do trabalho com a obra.
Habilidades que podem ser desenvolvidas antes da leitura e durante a leitura:
(EF15LP02) Estabelecer expectativas em relação ao texto que vai ler (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função social do texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as condições de produção e recepção desse texto, o gênero, o suporte e o universo temático, bem como sobre saliências textuais, recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.), confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a leitura de textos, checando a adequação das hipóteses realizadas.
(EF15LP04) Identificar o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos expressivos gráfico-visuais em textos multissemióticos.
(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.
(EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros recursos gráficos.
(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado.
(EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global.
(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.
(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.
(EF35LP31) Identificar, em textos versificados, efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos rítmicos e sonoros e de metáforas.
C) APÓS A LEITURA
Uma das competências específicas de linguagem para o Ensino Fundamental é fomentar nos alunos o uso de “diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo” (BRASIL, 2018).
O livro Um dia, um rio contém elementos capazes de despertar nos alunos o senso estético para a fruição e, ao mesmo tempo, uma postura crítica e consciente, mostrando, de forma poética, por meio de texto, projeto gráfico e ilustração, como uma tragédia ambiental pode ser traduzida em forma de arte.
Assim, sugerimos quatro momentos para o trabalho após a leitura, evocando versos do próprio livro como disparadores das atividades.
1) “EU ERA MELODIA” – Explorando a afetividade na obra
Uma característica marcante deste livro é a afetividade que a obra desperta em nós, leitores, por meio da poesia presente tanto no texto como nas ilustrações, e pela melancolia e pelo sofrimento trazidos na voz do personagem-narrador.
No início do poema narrativo, o rio se apresenta como elemento geográfico e físico:
UM DIA EU FUI RIO, BACIA, VALE.
Para, na sequência, mostrar que também integra a esfera afetiva das pessoas: ENCHI DE CASOS OS PESCADORES DE LEMBRANÇAS OS VIAJANTES, DE ENCANTOS OS MENESTRÉIS.
De acordo com o Professor Dr. Nicolau Gregorin Filho:
no mundo contemporâneo, permeado de tecnologias e relações virtuais com a sociedade, é importante que a criança possa conhecer as relações de afeto com o objeto livro e, além dessas, com os textos que ele veicula (GREGORIN FILHO, 2009).
Um dia, um rio traz essa afetividade na voz doce e ao mesmo tempo amargurada do rio, com quem o leitor é convidado a se solidarizar. E essa relação de afeto é essencial para desenvolver na criança o gosto pela leitura e a vontade de querer ler mais.
Desse modo, seria interessante explorar com seus alunos outros trechos do poema narrativo que evidenciam o afeto na obra, seja por meio das palavras, seja por meio das ilustrações ou das cores utilizadas no projeto gráfico.
Uma sugestão é reunir os alunos em grupos ou duplas e pedir que eles encontrem no livro outras palavras, expressões ou versos que exemplifiquem a afetividade presente na obra. O mesmo pode ser feito explorando a afetividade nas ilustrações, pedindo que as crianças selecionem e comentem algumas imagens do livro que possam traduzir sentimentos, como dor, desespero, frustração, impotência, como as que seguem:
Outra atividade possível é utilizar trechos do poema narrativo para que os alunos localizem e em seguida criem duplas de situações opostas, como um antes e depois, praticando o uso de antônimos ou palavras de sentidos contrários.
Por exemplo:
Eu era MELODIA, hoje sou SILÊNCIO.
Eu era DOCE, hoje sou AMARGO.
Eu era ALEGRIA, hoje sou _________________.
Eu era LUZ, hoje sou _________________________.
Eu era FORTE, hoje sou ______________________.
Eu era CHEIO, hoje sou _________________________.
Eu era _________________, hoje sou ______________________.
Ao propor aos alunos esse exercício de formação de pares de palavras que se contrapõem, especialmente aquelas ligadas ao universo sentimental, o professor trabalha o reconhecimento da afetividade na linguagem.
Esse universo de palavras pode ser usado depois para a construção de um texto poético coletivo, feito pelos alunos com a ajuda do professor.
2) “LÁGRIMAS DE MINÉRIO” – Explorando a linguagem poética
O poema narrativo de Leo Cunha traz imagens poéticas para o rio, com o uso de uma linguagem simbólica, rica em metáforas e em escolhas lexicais que levam o leitor a exercitar a sua sensibilidade.
Há versos que, além do sentido denotativo que comunicam, sugerem outra leitura, que potencializa o sentido do trecho. Por exemplo, o excerto “Eu era doce,/ hoje sou amargo” revela não só a transição factual do Rio Doce a um estado poluído, como também incita uma interpretação afetiva do rio.
Desse modo, uma das sugestões para depois da leitura seria explorar com seus alunos outros versos do livro que enriquecem as palavras por meio da multiplicidade de significados.
Por exemplo, logo no princípio do poema, o poeta define o rio com quatro expressões:
CAMA DE CANOA / ESPELHO DA LUA
CAMINHO DE PEIXE / CARINHO DE PEDRA
Converse com os alunos sobre essas expressões e pergunte: “Que outra expressão poderia definir o rio?” Os leitores podem propor novas imagens e o conjunto desses novos versos pode originar um poema coletivo que descreve um rio imaginário ou específico da sua cidade.
Em outra página do livro, o autor usa um vocabulário do mundo da arte para expressar a atividade do rio:
MINHA DANÇA
COLORE OS MAPAS / MEU CANTO REFRESCA AS MATAS
Explore com os alunos essas palavras e expressões. Procure outras expressões poéticas no livro para comentar com os alunos.
A poesia também está presente nas ilustrações. Por exemplo, na mesma página em que o texto poético faz uma alusão à arte com palavras como “dança”, “colore” e “canto”, as ilustrações apresentam personagens que vestem diferentes adereços, sugerindo as diversas atividades que podemos fazer no rio: mergulho, navegação, pesca, coleta de água, banho.
Peça que os alunos comentem as ilustrações, a vestimenta das crianças, os detalhes de cada um.
Depois, peça que os alunos comparem essa página à imagem final do livro, quando as crianças se divertem no rio limpo, em um futuro imaginário.
Como um contraponto à linguagem poética que evoca a beleza do rio, reflita com as crianças e mostre exemplos de como o poeta usa a linguagem poética também para falar de sua triste sina:
MEU LEITO VIROU LAMA,
MEU PEITO, CHUMBO E CROMO.
(...)
COM LÁGRIMAS DE MINÉRIO, VOU SANGRANDO ATÉ O MAR.
Peça que os alunos comentem como o ilustrador retratou esse trecho do poema e o que eles sentiram ao observar essa ilustração.
Em seguida, peça que os alunos encontrem em outra página ilustrações que trazem referências a dois personagens: a Sereia e o Soldadinho de chumbo Mostre às crianças como a intertextualidade pode estar presente por meio de imagens e como essas ilustrações podem simbolizar a infância e o universo infantil sendo levados pela correnteza, juntamente com os sonhos que habitavam a vida nas margens do rio.
3) “EU ERA DOCE, HOJE SOU AMARGO” – A passagem do tempo
A passagem do tempo é representada no poema narrativo por meio da linguagem plástica (as cores e os demais elementos gráficos mostrando morte e destruição – como os esqueletos de peixes) e da linguagem textual (a conjugação de verbos, como “corri” e “enchi”, e a locução adverbial “um dia”).
Além de marcar a passagem do tempo por meio das palavras, o livro explora a imaginação do leitor ao representar a barragem e o rio de novas e surpreendentes formas e cores, ora explorando o branco da pureza e da inocência, ora explorando cores fortes como o vermelho e o terroso, fornecendo elementos adicionais para a dramaticidade da obra.
Assim, uma atividade interessante para depois da leitura é discutir com os leitores os elementos da narrativa que explicitam a transformação que o rio sofreu ao longo do tempo, como o azul, o branco e as várias crianças se divertindo no início, e o marrom avermelhado e os peixes mortos após o desastre da barragem.
As marcações no texto por meio dos verbos “fui” ou “era” e “sou” também facilitam a identificação do passado e do presente:
“EU ERA MELODIA... HOJE SOU SILÊNCIO.”
“EU ERA DOCE, HOJE SOU AMARGO.”
“EU FUI UM RIO, UM DIA.”
Peça que os estudantes exemplifiquem com imagens ou palavras o que o rio tinha, e hoje não tem mais (escola, campinho, gritos das crianças, praça, igreja, sino etc.). E que relacionem essa parte do poema às imagens que aparecem na página seguinte, como se tudo estivesse dentro do rio, em forma de peixes humanizados:
Proponha um exercício em que as crianças elenquem elementos do rio antes e depois da tragédia, traduzido em palavras que podem ser tiradas do texto ou mesmo recriadas pela sugestão das imagens.
Em seguida, faça na lousa uma divisão e coloque, de um lado, a palavra ANTES, e do outro, a palavra DEPOIS.
Peça que os alunos completem as colunas com palavras que exprimem imagens ou sentimentos. Por exemplo:
ANTES
Alegria
Brincadeiras
Pescaria
Peixes
DEPOIS
Destruição
Poluição
Morte
Lama
Depois, sugira que eles façam um desenho do antes e do depois, com elementos citados no texto ou nas ilustrações. Você pode dividir a sala em dois grupos: um grupo trabalha com a construção do painel do ANTES e outro trabalha com o painel do DEPOIS.
Folhas de cores diferentes podem ser usadas para representar os dois momentos do rio:
Os desenhos também podem retratar a área exterior ao rio (e não submersa), mostrando suas margens antes e depois da tragédia. Para isso, peça que os alunos “sobrevoem” o rio na sua imaginação com um helicóptero ou com a ajuda de um drone e reconstruam, com base na narrativa, como era o rio antes, e como ficou depois, com as margens tomadas pela lama.
4) “A TERCEIRA MARGEM” – A personificação do rio
Após contar o que havia nas suas margens (de cá e de lá), o rio diz:
DA TERCEIRA MARGEM, EU CHORO POR TUDO
E POR TODOS.
Reflita com os alunos o que o autor quis dizer com “terceira margem”. Ouça o que as crianças têm a dizer. A expressão pode ser uma referência explícita ao conto “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa (Primeiras estórias, 1962). Mas é interessante ouvir a opinião dos estudantes mesmo que eles não conheçam essa referência, a ideia de terceira margem já evoca um lugar impossível e irreal.
A linguagem poética também é usada pelo ilustrador. Por exemplo, para representar o rio, ele opta pela figura de um menino. Peça que os alunos comentem se essa escolha do artista favorece (ou não) que nos aproximemos dos sentimentos do rio.
Em seguida, peça que os alunos comentem a imagem que mostra o rio em uma página, e as crianças na página oposta. O rio faz um gesto para as crianças. “O que esse gesto significa?” Parece que o protagonista já sabe o que está por vir, e pede que as crianças esperem, poupando aquelas vidas inocentes da tragédia que iria abater sobre ele.
A personificação e a metáfora são recursos utilizados pelo artista na representação desumanizada do agente destruidor, na torneira que jorra sangue ou água límpida, no reservatório de vida e esperança (o balde), nos peixes-personagens que recriam submersos a vida que antes se via nas margens... Ou seja, ao utilizar a alegoria como recurso narrativo, o ilustrador intensifica e amplia as possibilidades de leitura.
Por exemplo, o rompimento da barragem é representado como um monstro ou uma máquina destruidora. Peça que os alunos comparem a figura do rio à figura da máquina: tamanho, desproporção, expressão facial, cores e exemplifiquem essa relação de ambiguidade entre a natureza (representada, no livro, por uma criança) e a máquina, citando outras obras literárias ou imagéticas que eles conhecem.
Chame a atenção dos alunos para a torneira que aparece no verso das capas, e para a figura do baldinho, que acompanha toda a narrativa. Peça que as crianças localizem todas as vezes que o baldinho aparece nas ilustrações do livro. Esse elemento pode ser lido como um reservatório de água limpa que o rio conserva, mesmo diante da destruição. No final, é onde o rio se refugia para aguardar que dias melhores possam vir e salvá-lo da tragédia que se abateu sobre ele.
Peça que os alunos observem a primeira imagem do rio, em que ele aparece puxando o baldinho – que está na dupla de página anterior –, e comparem os olhos do menino durante a narrativa e na imagem final, em que ele aparece com o olho maior, sem expressão, sem vida, como os olhos dos peixes.
Pergunte aos alunos o que essa imagem significa para eles. Deixe que as crianças falem sobre suas impressões livremente.
Vale notar que o texto visual neste livro se comunica de forma independente do texto verbal, permitindo múltiplas leituras.
Habilidades que podem ser desenvolvidas com as atividades após a leitura:
(EF15LP03) Localizar informações explícitas em textos.
(EF15LP04) Identificar o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos expressivos gráfico-visuais em textos multissemióticos.
(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.
(EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros recursos gráficos.
(EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global.
(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.
(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.
(EF05LP05) Identificar a expressão de presente, passado e futuro em tempos verbais do modo indicativo.
(EF35LP23) Apreciar poemas e outros textos versificados, observando rimas, aliterações e diferentes modos de divisão dos versos, estrofes e refrões e seu efeito de sentido.
(EF35LP27) Ler e compreender, com certa autonomia, textos em versos, explorando rimas, sons e jogos de palavras, imagens poéticas (sentidos figurados) e recursos visuais e sonoros.
(EF35LP29) Identificar, em narrativas, cenário, personagem central, conflito gerador, resolução e o ponto de vista com base no qual histórias são narradas, diferenciando narrativas em primeira e terceira pessoas.
(EF35LP31) Identificar, em textos versificados, efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos rítmicos e sonoros e de metáforas.
(EF05LP02) Identificar o caráter polissêmico das palavras (uma mesma palavra com diferentes significados, de acordo com o contexto de uso), comparando o significado de determinados termos utilizados nas áreas científicas com esses mesmos termos utilizados na linguagem usual.
(EF15AR01) Identificar e apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
(EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e técnicas convencionais e não convencionais.
(EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando diferentes espaços da escola e da comunidade.
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais.
D) ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Um dia, um rio é um livro que conta a história de uma tragédia ambiental que abalou um rio por meio de poesia e de lirismo, com muita sensibilidade. O tema presente na obra dá margens à realização de diversas atividades interdisciplinares, envolvendo outras áreas do conhecimento e outros componentes curriculares.
• Leituras paralelas podem ser feitas explorando-se notícias de jornal e reportagens sobre o fato ocorrido em Mariana (Bento Rodrigues) ou de outras
calamidades do mesmo tipo, como a que abalou Brumadinho (MG), em 2019, ou mesmo a poluição crônica de rios urbanos, como o Tietê (SP) ou em outros lugares do Brasil ou do mundo.
• Outras leituras de textos informativos, poéticos e/ou narrativos também podem ser feitas para complementar o trabalho, tendo como tema o rio, sua importância, suas histórias e suas lendas. Uma sugestão é trabalhar com as lendas do Rio São Francisco (Lendas do Velho Chico) ou aquelas que envolvem os rios da bacia Amazônica (Lendas do Boto, Iara ou da Cobra Grande (Boiúna)).
Apresentamos a seguir três atividades complementares que valorizam a leitura do livro e a ampliam, envolvendo as áreas de Linguagens, Ciências Humanas e Ciências Naturais.
Atividade 1 – “O rio da minha aldeia”
A epígrafe de Um dia, um rio apresenta um trecho de um poema de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro), em que ele compara o Tejo – o mais importante rio de Portugal – ao “rio da sua aldeia”, cujo nome não é citado.
O poema é o vigésimo da obra O guardador de rebanhos, do heterônimo Alberto Caeiro. Assim, uma atividade interessante para fazer com seus alunos após a leitura de Um dia, um rio é a análise desse poema de Alberto Caeiro, conduzida por meio de comentários e perguntas.
Antes de propor a leitura do poema, explique aos alunos sobre a importância do Rio Tejo para Portugal. Você pode começar dizendo que lerá um poema que fala sobre dois rios: o Rio Tejo e um rio desconhecido. Explique que o Rio Tejo é o mais importante rio de Portugal, e que por meio dele saíam as expedições marítimas que trouxeram os portugueses até o Brasil. Se possível, mostre no mapa de Portugal a extensão e a localização do Tejo.
Em seguida, leia o poema. Se possível, providencie uma cópia impressa do poema para os alunos. Caso não seja possível, copie-o na lousa, para que os alunos acompanhem a leitura e possam comentar depois. Converse sobre o vocabulário, deixe que as crianças falem suas impressões sobre o texto.
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontraram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Explique aos alunos que o poema apresenta um “eu lírico”, isto é, uma “voz” criada pelo poeta para dar vida ao poema, como um narrador. Essa voz é de uma pessoa que mora em uma aldeia, e que fala sobre o rio que passa por lá.
Compare o “eu lírico” do poema narrativo Um dia, um rio (o rio) com o “eu lírico” do poema de Alberto Caeiro.
Em seguida, faça na lousa uma divisão e coloque, de um lado, o Tejo, e do outro, “o rio da minha aldeia”. Peça que relacionem, relendo o poema, características sobre o Tejo e sobre o “rio da minha aldeia”. Anote as respostas que forem aparecendo, por exemplo:
TEJO
Tem grandes navios
É grande / É importante
Todos conhecem
RIO DA MINHA ALDEIA
Ninguém sabe de onde veio e para onde vai
Quase ninguém conhece
Pertence a menos gente
Depois, acrescente mais uma coluna, agora para relacionar as características do Rio Doce, tomando como base o eu lírico do poema narrativo de Leo Cunha, em Um dia, um rio.
Outras atividades:
• Pesquisa sobre os rios da sua cidade ou da sua comunidade.
• Um poema que vira música. Ouça com os alunos o poema de Fernando Pessoa na voz de Tom Jobim: https://www.youtube.com/watch?v=n4z3Rm5y1hI.
Habilidades que podem ser desenvolvidas com esta atividade: (EF35LP23) Apreciar poemas e outros textos versificados, observando rimas, aliterações e diferentes modos de divisão dos versos, estrofes e refrões e seu efeito de sentido.
(EF35LP27) Ler e compreender, com certa autonomia, textos em versos, explorando rimas, sons e jogos de palavras, imagens poéticas (sentidos figurados) e recursos visuais e sonoros.
(EF35LP29) Identificar, em narrativas, cenário, personagem central, conflito gerador, resolução e o ponto de vista com base no qual histórias são narradas, diferenciando narrativas em primeira e terceira pessoas.
(EF35LP31) Identificar, em textos versificados, efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos rítmicos e sonoros e de metáforas.
(EF04GE11) Identificar as características das paisagens naturais e antrópicas (relevo, cobertura vegetal, rios etc.) no ambiente em que vive, bem como a ação humana na conservação ou degradação dessas áreas.
Atividade 2 – “Meu leito virou lama”
É uma das competências específicas de Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental despertar no aluno o senso crítico para que ele possa: agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2018).
O livro Um dia, um rio retrata de forma poética o desastre ocorrido com o rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, situada no Complexo Industrial de Germano, no município de Mariana/MG, mas pode ser lido de forma universal em relação a qualquer espaço ambiental e fonte de experiências afetivas sujeito a situações correlatas.
Alguns versos retratam poeticamente o acontecido:
“Eu era doce / Hoje sou amargo”;
“Minha / aldeia / mora / submersa / dentro / de mim”.
Alguns textos complementares, porém, podem tratar do assunto com outros elementos, como informações científicas, causas, consequências, números etc.
Assim, uma boa atividade complementar à leitura do livro é a exploração de textos jornalísticos ou vídeos que abordem o desastre ambiental em Mariana, para que as crianças compreendam a dimensão do evento. Nas referências deste Material Digital indicamos alguns artigos e reportagens em vídeo sobre o assunto.
Após ler o texto ou assistir ao vídeo com seus alunos, prepare um debate com a classe sobre o que leram ou assistiram, tentando levantar hipóteses de como poderia ser evitado esse tipo de acidente, e conversando sobre outros acidentes ambientais que eles lembram de terem visto ou conhecido. Os alunos podem ser incentivados a criar uma reportagem em vídeo sobre o assunto para ser divulgada na escola.
Outras atividades:
• Pesquisa sobre a vida ribeirinha e de comunidades e povos indígenas que necessitam do rio para sobreviver.
• Pesquisa sobre o Rio Doce (onde nasce, extensão, cidades por onde passa, atividade econômica).
• Pesquisa sobre os principais usos da água para atividades cotidianas, e sobre as dificuldades causadas pela falta de água.
• Pesquisa sobre o rompimento das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) e seu impacto ambiental.
• Pesquisa sobre mineração, sua importância para o país e as causas que levam ao rompimento de barragens de rejeitos.
Habilidades que podem ser desenvolvidas com esta atividade:
(EF05LP24) Planejar e produzir texto sobre tema de interesse, organizando resultados de pesquisa em fontes de informação impressas ou digitais, incluindo imagens e gráficos ou tabelas, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto.
(EF35LP17) Buscar e selecionar, com o apoio do professor, informações de interesse sobre fenômenos sociais e naturais, em textos que circulam em meios impressos ou digitais.
(EF35LP18) Escutar, com atenção, apresentações de trabalhos realizadas por colegas, formulando perguntas pertinentes ao tema e solicitando esclarecimentos sempre que necessário.
(EF04GE01) Selecionar, em seus lugares de vivência e em suas histórias familiares e/ou da comunidade, elementos de distintas culturas (indígenas, afro-brasileiras, de outras regiões do país, latino-americanas, europeias, asiáticas etc.), valorizando o que é próprio em cada uma delas e sua contribuição para a formação da cultura local, regional e brasileira.
(EF04GE11) Identificar as características das paisagens naturais e antrópicas (relevo, cobertura vegetal, rios etc.) no ambiente em que vive, bem como a ação humana na conservação ou degradação dessas áreas.
(EF05GE03) Identificar as formas e funções das cidades e analisar as mudanças sociais, econômicas e ambientais provocadas pelo seu crescimento.
(EF05CI03) Selecionar argumentos que justifiquem a importância da cobertura vegetal para a manutenção do ciclo da água, a conservação dos solos, dos cursos de água e da qualidade do ar atmosférico.
(EF05CI04) Identificar os principais usos da água e de outros materiais nas atividades cotidianas para discutir e propor formas sustentáveis de utilização desses recursos.
(EF05CI05) Construir propostas coletivas para um consumo mais consciente e criar soluções tecnológicas para o descarte adequado e a reutilização ou reciclagem de materiais consumidos na escola e/ou na vida cotidiana.
Atividade 3 – “Flores nascem no deserto”
O livro termina com uma mensagem de esperança, de que o rio volte a renascer, a se encher de vida e a alimentar a terra, fauna e flora das comunidade em seu entorno.
Leia com os alunos os versos finais do livro e comente-os:
FLORES NASCEM NO DESERTO, A ÁGUA BROTA NA ROCHA
E A LUZ, DA ESCURIDÃO.
SEREI UM RIO, UM DIA.
Como proposta final, sugerimos a escrita de um texto em forma de poema narrativo ou em prosa que continue o relato do rio, a partir do ponto onde o livro termina: em um futuro distante, mostrando como, aos poucos, a vida foi voltando ao seu leito.
A produção do texto pode ser coletiva ou individual, e as composições dos alunos podem ser compartilhadas em forma de livro coletivo, cordel, mural digital ou leitura para crianças de outras classes etc.
Outra proposta é transformar a narrativa em uma história em quadrinhos. Cada aluno ou dupla de alunos pode ilustrar um conjunto de versos da narrativa e compor com o restante da turma uma única obra, como uma releitura.
Outras atividades:
• Propor uma dramatização sobre a história.
• Fazer com os alunos uma oficina de criação de poemas ou textos narrativos tendo o rio como tema.
• Propor trabalhos de arte (pintura, maquetes, instalações usando sucata) que mostrem um paralelo entre o rio limpo e o rio poluído.
Habilidades que podem ser desenvolvidas com esta atividade:
(EF35LP07) Utilizar, ao produzir um texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais, tais como ortografia, regras básicas de concordância nominal e verbal, pontuação (ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgulas em enumerações) e pontuação do discurso direto, quando for o caso.
(EF35LP08) Utilizar, ao produzir um texto, recursos de referenciação (por substituição lexical ou por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos), vocabulário apropriado ao gênero, recursos de coesão pronominal (pronomes anafóricos) e articuladores de relações de sentido (tempo, causa, oposição, conclusão, comparação), com nível suficiente de informatividade.
(EF35LP25) Criar narrativas ficcionais, com certa autonomia, utilizando detalhes descritivos, sequências de eventos e imagens apropriadas para sustentar o sentido do texto, e marcadores de tempo, espaço e de fala de personagens.
(EF04LP25) Representar cenas de textos dramáticos, reproduzindo as falas das personagens, de acordo com as rubricas de interpretação e movimento indicadas pelo autor.
E) ATIVIDADES ENVOLVENDO LITERACIA FAMILIAR
Chamamos de “literacia familiar” atividades realizadas em parceria com as famílias, com o objetivo de ampliar as práticas de leitura e escrita cotidianas, proporcionando o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos que favorecem o letramento.
De acordo com a Política Nacional de Alfabetização (PNA):
uma das práticas que têm maior impacto no futuro escolar da criança é a leitura partilhada de histórias, ou leitura em voz alta feita pelo adulto para a criança; essa prática amplia o vocabulário, desenvolve a compreensão da linguagem oral, introduz padrões morfossintáticos, desperta a imaginação, incute o gosto pela leitura e estreita o vínculo familiar (CARPENTIERI et al., 2011) (BRASIL, 2019).
Para o MEC1, as práticas de literacia familiar “estimulam desde cedo a leitura de forma lúdica e participativa, o que faz as crianças chegarem mais preparadas aos anos iniciais do ensino fundamental, além de fortalecer o vínculo familiar”. Além disso, o encorajamento dos pais ou responsáveis e o exemplo que eles dão ao ler para as crianças são fatores que favorecerão o desenvolvimento das mesmas. Uma forma interessante de praticar a literacia familiar e envolver os pais no trabalho realizado com o livro Um dia, um rio é propor atividades para serem feitas em casa. Seguem alguns exemplos, que podem ser acrescidos de outros, dependendo do interesse e do desenvolvimento das crianças:
• Fazer com a família uma ilustração (por meio de colagem ou desenho) que represente um dos trechos do livro. Trazer a ilustração para compartilhar com os colegas.
• Fazer uma das pesquisas sugeridas neste Material Digital juntamente com os pais ou responsáveis. Trazer a pesquisa para compartilhar com os colegas.
• Pesquisar com os adultos sobre os rios da sua infância. Perguntar aos pais ou avós quem conhecia um rio que hoje não existe mais. Comentar sobre as atividades que eram feitas pela família envolvendo o rio mais próximo da sua casa.
• Escrever com a família uma história (imaginada ou baseada em fatos reais) que tenha o rio como cenário ou personagem.
• Pesquisar notícias de jornal que falem sobre a contaminação, canalização, exploração ou recuperação dos rios das regiões em que vivem.
1 http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/literacia-familiar. Acesso em 15/05/2021.
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