ONG – Transparência Como Fator Crítico de Sucesso 2014

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Organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul 2013 - 2014



Organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul 2013 - 2014


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M512o Menezes, Naida ONG transparência como fator crítico de sucesso: organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul (2013-2014) / Naida Menezes, Maria Elena Pereira Johannpeter. - Porto Alegre, RS : Buqui, 2014. 248 p.: il.; 21 cm ISBN 978-85-8338-079-5 1. Organizações não-governamentais. 2. Desenvolvimento econômico. 3. Cooperação internacional. I. Johannpeter, Maria Elena Pereira. II. Título. 14-12695 CDD: 361.763 CDU: 364-3:061.23 30.05.14 04.06.14

ONG transparência como fator crítico de sucesso: organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul (2013-2014) Naida Menezes e Maria Elena Pereira Johannpeter Organização e pesquisa: Equipe Área de Formação ONG Parceiros Voluntários e Consultores Capa e projeto gráfico: Redesenhar Comunicação e Arte Arte: Adel Fabian (Nirvan) Giacomini Fotografias: Arquivos das Organizações e da Parceiros Voluntários Diagramação: Cristiano Marques Revisão: Ademar Vargas de Freitas Impressão: Gráfica Versátil

AGRADECIMENTOS Agradecemos aos consultores, aos parceiros e à equipe da ONG Parceiros Voluntários pelo empenho e dedicação na implantação deste Projeto. Registramos, também, nossa gratidão a todas as organizações, rede colaborativa, patrocinadores e aos que concederam depoimentos para este livro.


SUMÁRIO Apresentações............................................................................. 7

PRIMEIRA PARTE Linha do Tempo.......................................................................... 22 Tempo de Acreditar.................................................................... 25 Tempo de Interferência Provocativa......................................... 38 Tempo de Multiplicar................................................................. 49 Hora de Transpirar Transparência............................................ 56 Transparecendo – Avaliações e Resultados............................ 66 Prestação de Contas Financeira do Projeto............................. 83

SEGUNDA PARTE Apresentação............................................................................. 89 ACOPAMEC - BA.......................................................................... 95 APAE - Vacaria - RS...................................................................105 Centro de Formação Teresa Verzeri - RS................................ 117 Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio - RS..............127 FUNDAL - BA.............................................................................139 IAPI - RS....................................................................................149 ISMEP - BA................................................................................159 Lar da Criança - BA..................................................................169 MuNEAN - BA............................................................................181 Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo - RS...................193

TERCEIRA PARTE Organizações participantes da Bahia ....................................203 Organizações participantes do Rio Grande do Sul ...............214 Sustainability - Avaliação Externa...........................................225 Pensando nos próximos desafios...........................................230 Referências...............................................................................233 A trajetória do Curso Educando para a Transparência em imagens..............................................................................237



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APRESENTAÇÃO ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS Maria Elena Pereira Johannpeter Presidente (voluntária)

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stou sentada em minha sala, no final de semana, e ao mesmo tempo em que leio os originais deste livro, a TV mostra o jogo da Copa entre França e Suíça, e a cada gol (5 x 2) levanto os olhos do livro e miro a tela. Ao ver o estádio lotado e a alegria ali reinante, lembro das manifestações contra a Copa, bem como das diversas manifestações que se espalharam pelo Brasil. Mas a força mobilizadora do esporte venceu, unindo nós todos, brasileiros, aos estrangeiros que estão nos visitando. É nesse cenário de muita mobilização que, há quase dois anos, a ONG Parceiros Voluntários, com o patrocínio da Petrobras, vem realizando o Curso Educando para a Transparência, para ONGs, na Bahia e no Rio Grande do Sul. Com uma tecnologia social patrocinada pelo BID - Banco Interamericano do Desenvolvimento e desenvolvida para atender as necessidades das demandas das organizações, o programa tem obtido resultados estratégicos muito positivos. Relembrando a trajetória de 2008 a 2011, a qual se poderá acompanhar nas páginas 22 e 23, na Linha do Tempo, desenvolvemos e implementamos, em 76 ONGs no Rio

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Grande do Sul, a Tecnologia Social voltada à Transparência no Terceiro Setor, com o apoio do BID e patrocínio da Petrobras. Devido aos bons resultados obtidos, apresentamos e tivemos, em 2013, mais um projeto aprovado pela Petrobras, agora, além de mais uma turma no Rio Grande do Sul, uma turma na Bahia. Nessas duas turmas, BA e RS, foram capacitadas 42 entidades e 112 representantes. Com foco na qualificação da gestão e no crescimento sustentável, o curso possibilitou a reflexão do papel de cada liderança dentro das organizações sociais, além do intercâmbio de informações entre elas. Na etapa presencial, que totalizou 88 horas, foram repassados conceitos sobre o Terceiro Setor, ferramentas para prestação de contas, relacionamento com os diversos segmentos da sociedade, aspectos jurídicos e tributários e práticas contábeis. Na etapa não presencial, de 28 horas, os gestores implementaram, em conjunto com a sua equipe, as ações para a melhoria dos seus processos. Na última etapa do curso, as instituições receberam visitas individualizadas dos consultores para o monitoramento em planejamento, planos de ações, análise de cenários e tomadas de decisão. Os resultados da dedicação e do esforço desses 112 dirigentes, durante todo o período do Curso, serão conhecidos por você, prezado leitor, neste livro. A não adequação das instituições às metodologias de profissionalização impede o desenvolvimento das suas próprias ações e dificulta sua candidatura a novos patrocínios. Por isso, há uma urgência em preencher esta lacuna, o que acaba se tornando um círculo vicioso, pois se para a ONG é APRESENTAÇÃO


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um desafio e uma grande necessidade conquistar apoiadores, logo não irão dispor de recursos para o cumprimento de sua missão, que é o compromisso com o seu público interno e seus stakeholders. A capacitação administrativa não anda sozinha, ou seja, não é capaz de solucionar todas as necessidades que surgem em uma instituição. É preciso ter conhecimento sobre processos mais adequados a serem aplicados. O Curso estimula a formação de redes entre as ONGs, pois é uma forma de estimular o diálogo e de aprender com os acertos e/ ou com os erros de outra entidade, para encurtar caminhos e gerar eficiência, resultados e benefícios mais consistentes à comunidade. Mais do que estar engajada em disseminar a cultura do voluntariado, a ONG Parceiros Voluntários é uma organização que se dedica à assessoria e capacitação de outras organizações, para que essas deem retorno ao apoio recebido. As empresas e os patrocinadores, públicos ou privados, precisam tomar conhecimento do destino e do resultado do capital investido nas instituições, de quanto a comunidade beneficiada está evoluindo e qual o impacto social que ela está vivenciando. O Brasil encontra-se em um contexto de mudanças, e é inadmissível que as organizações sociais permaneçam enraizadas em processos amadores, que impeçam a sua evolução. Se não acompanharem as mudanças da sociedade, estarão pecando no cumprimento de seu compromisso de buscar respostas eficientes para as demandas do seu beneficiado, no respeito ao atendimento das políticas públicas

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e de projetos que contribuam para o desenvolvimento local, em busca do bem-estar coletivo e de melhor qualidade de vida. A ONG Parceiros Voluntários, criada em 1997, tornou-se referência no Brasil, alicerçada em três eixos: a) desenvolvimento da cultura do voluntariado organizado; b) aplicação de metodologias customizadas, dedicadas a levar sustentabilidade, gestão qualificada e princípios de transparência e prestação de contas ao Terceiro Setor; c) estímulo ao protagonismo juvenil em escolas públicas e privadas. Este seu trabalho está beneficiando 1,5 milhão de pessoas por meio da atitude solidária de cerca de 400 mil voluntários que prestam serviços em 2.774 organizações sociais, em 51 cidades da Rede Parceiros Voluntários. Os dados do Relatório Anual de 2013, indicam 2 mil escolas e 2,5 mil empresas mobilizadas. Os cursos realizados dentro do conceito THC (Técnico – Humano – Conceitual) já alcançaram a marca de 13.110 certificados entregues. O Brasil precisa do Terceiro Setor, das organizações da sociedade civil em um novo patamar. A atitude profissional, transparente, é indispensável para o país, pois consolida o papel de complementaridade às ações governamentais e o compromisso de apoio ao atingimento dos Oito Objetivos do Milênio. Querida leitora e querido leitor, peço que leiam esse livro não apenas com o intelecto, mas que sejam generosos e leiam com o coração, pois as melhores ações, as essenciais, são percebidas apenas pelo nosso coração. Eu posso garantir-lhes

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que o esforço, a entrega pessoal de cada participante do Curso foi muito maior do que as palavras conseguem expressar. Peter Drucker nos ensinou que liderança é responsabilidade, não privilégio, e indica o firme compromisso do líder que, ao aprender com seus erros, consegue conciliar a necessidade de muitos. Se este livro chegou às suas mãos, certamente é porque você está no grupo de pessoas que acredita que o seu crescimento pessoal passa pela interação com os outros, por intermédio do voluntariado e por participar em projetos sociais que beneficiam as nossas comunidades. Por esta razão, peço que você receba o meu abraço juntamente com o meu sentimento de gratidão.

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APRESENTAÇÃO PETROBRAS Paulo Neto Gerente Setorial de Programas Sociais – Petrobras

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essa segunda edição da parceria entre Petrobras e Parceiros Voluntários com foco no desenvolvimento e implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil, reafirmamos nosso mutuo compromisso com a construção de uma sociedade civil organizada, mobilizada e preparada para a democracia e para a participação. Desde o final de 2013, os investimentos sociais da Petrobras estão estruturados no Programa Petrobras Socioambiental: Desenvolvimento Sustentável e Promoção de Direitos que integrou a dimensão social e ambiental em sete linhas de atuação com possibilidades de sinergia entre elas: (1) água; (2) educação; (3) floresta e clima; (4) inclusão produtiva e sustentável; (5) direitos da criança e do adolescente; (6) biodiversidade e sociodiversidade; (7) esporte. Com o novo programa ampliamos nossas diretrizes voltadas para a participação e para o protagonismo através do eixo estratégico “redes de aprendizagem” com foco no fortalecimento das organizações socioambientais, e consolidamos a “Participação Democrática”, o “Controle Social” e a “Transparência” como elementos integrantes dos nossos processos de seleção e acompanhamento de projetos.

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Experiência como a compartilhada pela Petrobras com a Parceiros Voluntários e com outras Organizações da Sociedade Civil tem oferecido valiosas contribuições para o aprimoramento institucional de nossas práticas e de instituições comprometidas com o fortalecimento dos investimentos sociais e dos seus resultados, com a eficácia das políticas públicas e com a ampliação dos espaços de participação da sociedade. Por todas essas razões, é com grande satisfação que apoiamos mais essa iniciativa de publicação da Parceiros Voluntários, e comemoramos sua divulgação e disseminação.

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APRESENTAÇÃO CRCBA Wellington do Carmo Cruz Presidente do CRCBA

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o dia 12 de março de 2013, tivemos a imensa honra de participar do lançamento do Projeto “Implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil”, patrocínio da Petrobras e realização da ONG gaúcha Parceiros Voluntários que, com o apoio do Conselho Regional de Contabilidade do Estado da Bahia (CRCBA) e de diversas outras instituições, ofereceu ao longo de dois anos mecanismos de capacitação e revitalização de entidades do Terceiro Setor no estado baiano. O Conselho, que já tinha entre seus projetos a Comissão Técnica de Contabilidade para o Terceiro Setor e o Programa de Voluntariado da Classe Contábil, enxergou nesse belíssimo trabalho uma chance de contribuir de maneira mais ampla no desenvolvimento do Terceiro Setor no Estado, além de empenhar seu capital humano de forma voluntária em uma ação nobre. Durante o primeiro ano do Projeto, representantes de 21 ONGs baianas receberam capacitação técnica presencial no Curso “Educando para a Transparência”, que apresentou informações técnicas e práticas, desde a captação de recursos até a prestação de contas para organizações desta natureza. Esse trabalho é convertido em uma melhor e mais duradoura

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atuação dessas entidades, que trazem grande benefício à sociedade. Cada instituição capacitada passou a ter uma visão mais profissional para a sua gestão, o que possibilita a chegada de mais recursos para serem transformados em benefícios a pessoas carentes e, principalmente, propicia a continuidade dos seus projetos de forma mais técnica e duradoura. Durante a realização do Curso “Educando para a Transparência”, os representantes das ONGs participantes constituíram a “Rede Baiana do Terceiro Setor”, que tem se reunido regularmente no CRCBA, promovendo ações contínuas de desenvolvimento, como cursos, palestras, produção de materiais informativos, entre outras. Fico muito feliz em poder participar do início de um Projeto que ainda escreve o começo de sua história e já tem gerado tantos frutos. Tenho a certeza de que esse Projeto ainda tem um belo e longo caminho a trilhar, e o CRCBA continuará a envidar esforços no desenvolvimento de ações que venham a contribuir com o desenvolvimento humano e social, sendo, portanto, um “parceiro voluntário” deste belo Projeto. Saudações Contábeis de Paz,

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Introdução

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ste livro registra e analisa o desenvolvimento e os resultados de um Projeto cuja essência caracterizou-se pela diversidade de vocações, experiências, sotaques e saberes. Gaúchos e baianos, ligados ao Terceiro Setor no Brasil, participaram da segunda edição do Curso Educando para a Transparência entre os anos 2013 e 2014. Essa qualificação desafiou gestores e técnicos a refletir, a dialogar e a transformar a cultura interna de suas organizações. E contribuiu para fortalecer suas atividades, voltadas à transformação social, consolidando novas práticas de gestão, transparentes e sustentáveis. Luciana Costa nos diz que: As organizações não governamentais, reconhecidas pelo importante papel que desempenharam no processo de abertura democrática, sempre foram avaliadas com ênfase na relevância de sua atuação externa. A tendência de ver os acertos com lentes de aumento e as falhas com vistas grossas começa a ceder espaço para a discussão da cultura interna, até então pouco estudada e debatida.1 Quando a cultura interna das organizações, incluindo seus processos e boas práticas, começou a ser foco de debates, no início do século XXI, a ONG Parceiros Voluntários já desenvolvia capacitações voltadas para a gestão estratégica e inovadora. Em 2006, se propôs a pensar e a executar um 1 COSTA, Luciana. A Gestão no Terceiro Setor. Movimento Brasil Competitivo - Biblioteca. Disponível em: <http://www.mbc.org.br/mbc/uploads/biblioteca/1157461462.41A.pdf>. Acesso em: 8. jan.2014.

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projeto focado na criação de uma nova tecnologia social voltada à gestão no Terceiro Setor. O Projeto chamava-se “Desenvolvimento de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil”. Foi realizado em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID/Fumin) e com o apoio da Petrobras2, tendo qualificado 76 organizações gaúchas que, para além de melhor compreender os princípios de transparência, aumentaram a sua aplicabilidade no dia a dia, cujos resultados estão registrados no livro de 2011. No final do Projeto, depois de testada e aprovada, a metodologia do Curso estava pronta para ser replicada. Isso resultou na segunda edição do Projeto, cujo desenvolvimento estamos relatando neste livro. Nele, o Curso Educando para a Transparência é contado, analisado e sentido. Registramos momentos da capacitação por nós observados, tanto na Bahia quanto no Rio Grande do Sul, e procuramos envolver o leitor com histórias reais, trazendo o depoimento dos protagonistas que, sem dúvida, encantam e orientam a análise do resultado do Projeto. Para esta análise, também evidenciamos os indicadores, as avaliações e os resultados, fruto de pesquisas e avaliações sistemáticas realizadas pela equipe de colaboradores e consultores da ONG Parceiros Voluntários. Dentre os resultados chama a atenção, por exemplo, o foco das Organizações participantes na transparência de suas práticas de comunicação externa, e o quanto essa nova forma de se comunicar com a comunidade, com parceiros e investidores sociais impactou positivamente, mostrando que método e 2 A trajetória e os resultados desse projeto foram registrados, em 2012, no livro “ONG – Transparência como Fator Crítico de Sucesso”, editado pela Unisinos.

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transparência na comunicação geram sustentabilidade. Ações realizadas durante o Curso, como a criação de um plano de comunicação, a ampliação dos relatórios de atividades, ou o planejamento de visita aos patrocinadores, não representam apenas a apropriação pelos gestores de novas técnicas e práticas, mas, também representam intervenções que geram “transformação social positiva”.3 Se queremos reforçar o caminho da accountability e o empoderamento de sonhos incríveis, que determinam o futuro, precisamos de exemplos de proatividade e sucesso. Este livro se propõe a isso. Leia-o com o coração. E sinta-se convidado a interagir com o Curso Educando para a Transparência.

3 Disponível em: <http://tupi.fisica.ufmg.br/michel/docs/Artigos_e_textos/Responsabilidade_ social/MKT%20social%20e%203%20setor.pdf>. Acesso em: 24.jun.2014.

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PRIMEIRA PARTE

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Tempo de Acreditar Esse movimento apaixonado e dedicado do Terceiro Setor é importante, não pode ser cerceado, mas isso não quer dizer que a paixão deva ser inconsequente. Se convocamos o recurso dos outros para aquela causa, estamos assumindo um compromisso. Temos que demonstrar, em primeiro lugar, a efetividade dos gastos (...). Mas não basta ser efetivo e eficiente se não mudamos a realidade, aí entra a eficácia. Você pode não acabar com o racismo, mas tem que afetar positivamente a causa. (Eduardo Szazi)1

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ia 25 de outubro de 2011, um dia muito instigante para quem participou da primeira edição do Projeto Transparência, afinal, era o evento de encerramento e muitas organizações sociais estavam presentes. A tarde foi produtiva, com palestras, depoimento de gestores, apresentação de indicadores de resultados e apresentações musicais. Nesse dia, Eduardo Szazi palestrou sobre transparência e salientou os compromissos dos gestores das organizações sociais. Mais tarde, Janice Dias, representando a Petrobras, patrocinadora, assim falou para uma plateia um tanto “silenciosa”: O Terceiro Setor está fazendo uma revolução silenciosa e o problema é ser silenciosa. É preciso sair da lógica do trabalho por demanda e olhar os 1 Eduardo Szazi é bacharel em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Integrante do Grupo de Reforma do Marco Legal do Terceiro Setor da Casa Civil da Presidência da República, consultor jurídico do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife). Disponível em: <http://www.imil.org.br/author/eduardo-szazi/>. Acesso em: 21.mai.2014

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resultados, mudar a forma de se ver na sociedade (...). Nós reconhecemos que a metodologia do Curso Educando para a Transparência é valida, mas só no Rio Grande do Sul. Queremos vê-la aplicada no norte, nordeste, sudeste, com os desafios das diferenças culturais, aí, então, saberemos se essa metodologia é aplicável ao Brasil. (Janice Dias) Seguindo a linha de raciocínio de Janice Dias, é bom lembrar que o Brasil possui mais de 290,7 mil fundações privadas sem fins lucrativos (Senso – IBGE/2010).2 Sendo assim, faz sentido o seu tom desafiador ao afirmar que o “sucesso é gaúcho”, mas a demanda, frente a uma tecnologia social voltada para os princípios de transparência, é nacional. Assim, a ONG Parceiros Voluntários, que já se movimentava no sentido de organizar uma segunda edição, sentiu-se de certa forma respaldada: O que eu recordo dessa segunda possibilidade é que tínhamos uma ansiedade de que acontecesse. Quase como se não cogitássemos a possibilidade de não ter uma segunda edição. Também recordo do último encontro quando a Janice Dias comentou que o fato de termos trabalhado no Rio Grande do Sul não necessariamente definia a metodologia como testada. Isso nos impulsionou a argumentar e trabalhar com a Petrobras, porque de alguma forma, nos desafiaram e desafiaram o método. (Cláudia Remião Franciosi)3 2 “À primeira vista, o resultado pode causar certo estranhamento, pois o número de organizações sociais em 2010 era de 290,7 mil, número inferior ao da última Fasfil (2005), de 338 mil. Houve um aperfeiçoamento na metodologia do estudo desse ano, de maneira a incorporar a mortalidade das organizações, que, apesar de formalmente ativas, já não existiam na prática”. Disponível em: < http://www.gife.org.br/artigos_reportagens_conteudo14873.asp>. Acesso em: 23.fev.2014. 3

FRANCIOSI, Cláudia Remião. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência.

PRIMEIRA PARTE


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Motivada, a equipe da ONG Parceiros Voluntários encaminhou à Petrobras e teve aprovado, em 2012, um projeto que previa a disseminação da metodologia para duas turmas, uma no Rio Grande do Sul, outra na Bahia. Começamos aqui no Rio Grande do Sul com um sentimento mais tranquilo, tínhamos a certeza de que seria mais fácil a adesão das organizações ao Projeto. Mas, lá na Bahia, teríamos de começar do zero. (Mari Lúcia Larroza)4 A ONG Parceiros Voluntários não possuía base administrativa na Bahia, não tinha equipe, espaço físico, nem popularidade, mas uma das suas competências sempre foi a participação ativa em redes, projetos, seminários e cursos de formação pelo Brasil a fora. Dessa forma, seus dirigentes e colaboradores formaram uma rede de contatos na qual estava incluído o consultor social baiano José Augusto Brito de Jesus, que coordenou o Projeto na Bahia, e também o contato com o Conselho Regional de Contabilidade da Bahia (CRCBA) Outro fator muito relevante lá em Salvador foi a parceria com o CRCBA. Na primeira edição do Projeto Transparência, desenvolvemos para o Conselho Federal de Contabilidade, nosso parceiro no Projeto, o Programa de Voluntariado da Classe Contábil, com a instauração em 27 capitais. Claro que, quando nos desafiamos a ir para a Bahia, a primeira coisa que fizemos foi conversar com eles. Interessante que, Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 10 de janeiro de 2014. 4 LARROZA, Mari Lúcia. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013.

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ainda durante a primeira edição do Projeto, Iara Doria, do Conselho, veio até Porto Alegre e queria saber como poderia levar o Projeto Transparência para a Bahia. Sugeri que aguardássemos um pouco, já que a primeira edição não previa outros estados. Quando fomos para Salvador, pela primeira vez, em março de 2013, Iara Doria estava na reunião, e foi muito emocionante lembrarmos dela já visionando o trabalho na Bahia. (Cláudia Remião Franciosi)5 Apresentamos para o CRCBA nosso Projeto e fomos muito bem recebidos. Nos deram total apoio e infraestrutura, e contribuíram conosco na busca de novas parcerias para formarmos uma rede colaborativa na Bahia. (Mari Lúcia Larroza)6 Na história do Projeto Transparência, podemos perceber a estima e confiança que todos os envolvidos lhe depositaram, acreditando sempre na aplicabilidade da metodologia para todo o Brasil. Mas, chegada a hora, em maio de 2013, de alçar voo para o nordeste, junto com a confiança veio a ansiedade e algumas incertezas. Afinal, era preciso contratar um coordenador que representasse a Parceiros Voluntários junto ao Terceiro Setor baiano e contribuísse com as primeiras ações do Projeto, como a contratação de consultores locais e a busca do apoio da comunidade e dos meios de comunicação. Dadas as diferenças culturais entre gaúchos e baianos, a aproximação com as ONGs da Bahia precisava ser feita 5 FRANCIOSI, Cláudia Remião. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 10 de janeiro de 2014. 6 LARROZA, Mari Lúcia. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013.

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com muita sensibilidade e alteridade, que é o princípio do respeito e da abertura para a identidade do outro. Assim, no desenvolvimento do Projeto, os princípios de accountability foram concomitantes à interação cultural. É certo que os gaúchos da ONG Parceiros Voluntários percebiam que não sintetizavam a Bahia pelo aspecto lúdico, espetacular e turístico. No entanto, era preciso ir além, ter conexões em rede mais duradouras e complexas que possibilitassem ver com mais transparência o povo da Bahia. Essas conexões aconteceram e favoreceram um olhar apurado e a percepção de que gaúchos e baianos também têm muita coisa em comum, como a hospitalidade, a vontade de trabalhar em grupo e as tradições das quais se orgulham. No entanto, na “batalha” de organizar um projeto em uma cidade “longe de casa”, é claro que o típico nervosismo gaúcho era visível no jeito um pouco mais agitado e rápido ao realizar suas estratégias e ações. Cláudia Franciosi lembra de ouvir: “Calma gaúcha, vai acontecer”. A propriedade com que um baiano utiliza-se dessa expressão “calma” nos remete à forma como lidam com o tempo: há certa valoração quanto ao ritmo natural dos processos, respeitando mais o tempo de cada coisa. Tem o tempo de conversar, de entender, de estudar, de tomar decisões e, às vezes, consideram melhor não priorizar o tempo sequencial, o tempo dos relógios, para que se realize uma imersão no que se está fazendo e assim ter a certeza de que “vai acontecer”. E realmente acontece. De acordo com o último senso do IBGE, de 2010, a Bahia apresentava 6,5% das fundações privadas e associações sem fins lucrativos do Brasil, totalizando 18.825 entidades, 29


ou organizações entendidas como FASFIL.7 Está entre os seis estados com maior número de entidades, sendo precedido apenas pelo Paraná (7,1%), Rio Grande do Sul (8,7%), Rio de Janeiro (8,9%), Minas Gerais (12,6%) e São Paulo, que apresenta a porcentagem de 20,5% das entidades nacionais.8 Focando nas ONGs baianas, percebe-se que o crescimento quantitativo foi acompanhado da constituição de relações interorganizacionais (MELO, 2002). Essas relações são estabelecidas a partir de projetos e ações em parceria, mas, também, estão presentes na congregação das organizações baianas para discutirem políticas públicas voltadas ao Terceiro Setor. Em novembro de 2013, por exemplo, mais de 200 pessoas se reuniram no Ministério Público do Trabalho, em Salvador, para debater o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, um projeto do Governo Federal.9 Também em junho de 2013, vinte e uma organizações baianas se encontraram em uma capacitação, o Curso Educando para a Transparência, que chegou a Salvador em um momento de grande busca por novos caminhos para a sustentabilidade das instituições baianas. Para entendermos melhor essa busca, é preciso voltar um pouco no tempo e lembrar que grande parte das entidades baianas nasceram ou se fortaleceram entre os anos de 1991 e 200010, após a abertura democrática nacional. Naquela época: 7

FASFIL: englobam associações religiosas, sindicatos, associações patronais e profissionais.

8 Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Fundacoes_Privadas_e_Associacoes/2010/fasfil.pdf>. Acesso em: 8.jan.2014. 9

Disponível em: <http://redebaianadoterceirosetor.blogspot.com.br/>. Acesso em: 14.jan.2014.

10 IBGE. Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos, por faixas de ano de fundação, segundo as Grandes Regiões – 2010. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Fundacoes_Privadas_e_ Associacoes/2010/fasfil.pdf>. Acesso em: 14.jan.2014.

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A maioria das ONGs na Bahia eram muito frágeis, mas eram atuantes porque os governos de então mantinham uma organização chamada “Voluntárias Sociais” – uma organização sempre gerida pela esposa do governador. Essas “Voluntárias Sociais” conseguiam bens e recursos através, por exemplo, de apreensões da Receita Federal, de recursos do próprio governo, e faziam uma intermediação com as organizações sociais de menor porte. Já a Secretaria de Desenvolvimento Social ou a Secretaria do Trabalho tinham parceria com as organizações de maior porte, com gestão mais organizada, porque se trabalhava sob uma ótica de convênios firmados dentro de critérios que exigiam bastante das entidades. (José Augusto de Jesus)11 Esse modelo de parceria se transformou, no início do século XXI, havendo um rearranjo na relação entre governo e ONGs. Em 2004, foi aprovada a Política Nacional de Assistência Social PNAS, e de acordo com ela, foi aprovado em 2009 o projeto de lei que altera o processo de Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS).12 Com a PNAS “novas exigências para organização e prestação dos serviços socioassistenciais são colocadas, gerando demandas mais complexas para gestores, trabalhadores e conselheiros da assistência social, o que requer maior capacidade técnica, política e ética”.13 11 JESUS, José Augusto Brito de. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) à historiadora Naida Menezes. Salvador/Porto Alegre, dia 9 de janeiro de 2014. 12 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política nacional de Assistência Social. Brasília, setembro de 2004. 13 Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/conferencias/Assistencia_ social_VIII/manual_orientador_8_conferencia_assistencia_social.pdf>. Acesso em: 23.mai.2014.

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Enquanto esse rearranjo acontecia, com o fim do suporte financeiro das “Voluntárias Sociais” e dos convênios já tradicionais, muitas ONGs de grande porte fecharam suas portas, inclusive aquelas que desenvolviam projetos de capacitação para o Terceiro Setor. É claro que o fim desses convênios veio a somar com outros fatores que resultaram no fechamento das organizações, sendo um deles o novo cenário da cooperação internacional, no qual prevalecem menores investimentos em “Países de Renda Média” como o Brasil.14 Mas, e as organizações de pequeno porte? José Augusto lembra que, dado os poucos recursos de que necessitam, muitas sobreviveram após essas mudanças por conta do apoio das comunidades em que estavam inseridas, que se cotejavam para arcar com os recursos demandados. Dessa forma, quando o Projeto Transparência chegou à Bahia, em março de 2013, 80 ONGs, pequenas e grandes, participaram da cerimônia de lançamento. Nessas alturas, a ONG Parceiros Voluntários já contava com o apoio da Rede Colaborativa no Rio Grande do Sul e na Bahia.15 Assim respaldados, apresentaram o Projeto em um evento que contou com a participação de representantes de instituições de ensino, empresas, grupos empresariais multimídia e demais entidades formadoras da rede na Bahia. Mas que projeto era esse? Se era uma segunda edição, a apresentação equivalia àquela feita lá em 2010, em Porto Alegre? Claro que não, porque, fora o cronograma, sempre tão 14 Disponível em: < http://captacao.org/recursos/pdfs/encarte_lemonde.pdf>. Acesso em: 3.fev.2014. 15 Ver na contra capa as instituições e empresas formadoras da Rede Colaborativa do Projeto na Bahia e no Rio Grande do Sul.

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linear, divisível e objetivo, o desenvolvimento de um projeto envolve um tempo não delineado, com inúmeras variáveis. No caso do Projeto aqui analisado, envolveu os aprendizados e parcerias da primeira edição, novas subjetividades, problemas que chegam de repente, enfim, um tempo cíclico que trouxe outras paisagens e outras cores. De lá para cá, o Curso Educando para a Transparência, executado pelo Projeto, manteve sua estrutura (etapas presencial, semipresencial e de acompanhamento) e seus princípios (ética, responsabilidade, accountability) que foram a sua razão de ser. São frutos de um pensar coletivo com o BID/ Fumin, com a Rede Colaborativa e ONGs coparticipantes. No entanto, a metodologia do curso, por ser parte de uma Tecnologia Social, é flexível e sofreu alterações e adaptações, porque envolveu diferentes atores – técnicos, colaboradores, gestores, consultores sociais – que, participando na aplicação do PDCA16, indicaram outros caminhos. Uma dessas alterações foi a introdução na metodologia de uma nova oficina. A necessidade de uma oficina de ferramentas de gestão foi percebida na primeira edição do Projeto Transparência, tanto que, na última turma daquele Projeto, a oficina já aconteceu, e foi muito positiva. Então, para essa segunda edição a oficina foi introduzida na metodologia para ter um nivelamento de conhecimentos dos gestores. (Mari Lúcia Larroza)17 Esse nivelamento, a que Mari Lúcia se refere, por consequência, também foi fundamental para a etapa de visitas 16 Sobre PDCA ver: <http://www.mbc.org.br/mbc/pgqp/index.php?option=com_pilulas&Itemid= 188&id=15&task=detalhe&tipo=v_pausa>. 17 LARROZA, Mari Lúcia. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013.

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de acompanhamento nas ONGs, pois a consolidação de novas práticas de gestão é estruturada a partir da matriz SWOT ou FOFA, do Plano de Ação (5W2H), entre outras. Além dessa adaptação na metodologia, a abordagem referente à avaliação externa, também se modificou a partir dos aprendizados da primeira edição do Projeto. Na primeira edição, a avaliação externa foi coordenada pela professora Rosinha Machado Carrion, da Escola de Administração da UFRGS. Na segunda, foi pela empresa Sustainability para acompanhar e demonstrar a efetividade do Projeto e sugerir melhorias de processo. Desta vez, os avaliadores acompanharam o desenvolvimento do Projeto Transparência em todas as etapas. Rosana Portella Tondolo18, uma das consultoras da Sustainability, participou como observadora da etapa presencial de qualificação dos gestores, acompanhou os consultores em visitas às ONGs, tanto no Rio Grande do Sul quanto na Bahia, o que trouxe mais subsídios para a sua análise e posterior avaliação. Sendo a formação de parcerias uma força da ONG Parceiros Voluntários, para a etapa presencial destacou-se o apoio de instituições locais. Na Bahia, o curso foi realizado em Salvador, na Faculdade Maurício de Nassau e no CRCBA, onde também ocorreram várias reuniões do grupo. No Rio Grande do Sul, foi realizada na Fadergs e na FTEC, ambas em Porto Alegre.19 Quanto à disseminação de resultados e melhores práticas das ONGs que participaram do Curso, manteve18 Rosana Portella Tondollo é Doutora em Administração pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Mestre em Administração e Bacharel em Ciências Contábeis. Professora dos cursos de Administração e Ciências Contábeis (Unisinos). Atua como consultora de empresas e organizações. 19 FADERGS: Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul / FTEC: Faculdade de Tecnologia.

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se a ideia de uma publicação final, tendo esta historiadora também participado de todas as etapas do Projeto. Fazer parte da experiência cotidiana que envolveu o curso possibilitou à historiadora Naida Menezes20 registrar o imprevisível, o movimento e o sentimento dos participantes, e, assim, observar as interfaces entre gestores e consultores, as reações durante as palestras, oficinas, dinâmicas e visitas às ONGs. A observação aliada a métodos de coleta, como fontes orais e pesquisa documental, possibilitou um olhar integral em relação ao Projeto. Esse entendimento, e sua subjetividade intrínseca, foi fundamental para a concretização do livro e também de algumas crônicas sobre o desenvolvimento do curso.21 Nessa segunda edição do Projeto, desenvolveu-se uma análise e posterior reorientação em relação ao aparato teórico, que continua amplo no material escrito, contudo, durante as atividades presenciais, ganha mais revelo o “colocar a mão na massa”. Também, percebeu-se um olhar mais apurado da equipe interna em relação à avaliação qualitativa do Projeto, como nos explica a consultora coordenadora: Estamos analisando de forma aprofundada os aspectos intangíveis do Projeto com um acompanhamento qualitativo dos processos através de indicadores, e o Transparência tem muita informação nesse sentido. Cada consultoria ou visita de nossa equipe gerou o compartilhamento de informações, reflexões nas organizações, e isso, posteriormente, permeou as 20 Naida Menezes é Licenciada em História pela UFRGS e Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atua como consultora no Terceiro Setor. 21 Crônicas postadas em: <http://projetotransparencia.parceirosvoluntarios.org.br/default.aspx>.

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atitudes das pessoas que ficaram na instituição. Elas compartilharam com os demais envolvidos no processo e tiveram uma vivência nova a partir daí. É uma demanda muito grande de informação qualitativa, e nosso desafio foi colocar isso no papel para termos a memória do Projeto. (Márcia Anselmo)22 Nesse processo, voltado ao cerne do Projeto, percebemos maior aproximação entre a ONG Parceiros Voluntários e as ONGs participantes. Na primeira edição, o contato direto com as organizações era feito por consultores externos; na segunda, a equipe interna da Parceiros foi a responsável pelas primeiras visitas, além de acompanhar as consultorias durante a terceira fase do curso. A equipe interna teve mais propriedade ao falar, porque viu, e assim pôde participar com mais profundidade de todas as etapas do curso. (Mari Lúcia Larroza)23 Muito importante para o desenvolvimento do Projeto Transparência foi a proximidade e sinergia entre os consultores. Na Bahia, ao contrário do Rio Grande do Sul, os consultores trabalharam pela primeira vez para a ONG Parceiros Voluntários, mas devido aos constantes encontros com o coordenador e demais consultores, logo a proximidade mostrou resultados:

22 ANSELMO, Márcia Almeida. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013. 23 LARROZA, Mari Lúcia. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013.

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Fazíamos, todos os meses, uma reunião só dos consultores aqui da Bahia com a equipe interna da Parceiros Voluntários – através da web. Nessas reuniões, percebemos o quanto a experiência de um consultor agregava na vida do outro. A partir dessas reuniões, começamos a uniformizar mais, não vou dizer que seja igual, a maneira de conduzir o trabalho, mas chegou um momento em que não eram mais os quatro consultores distintos, mas quatro pessoas desenvolvendo a metodologia. (José Augusto de Jesus)24 O desenvolvimento da metodologia e a análise das três etapas do Projeto são o foco dos próximos capítulos. Neles, o leitor verá que a ONG Parceiros Voluntários, ao aceitar o desafio da gerente da Petrobras, Janice Dias, em 2011, favoreceu a aproximação entre o Terceiro Setor da Bahia e o do Rio Grande do Sul, contribuindo para reforçar e amadurecer os princípios de transparência nas ONGs, e para aprimorar a metodologia desenvolvida pelo Projeto Transparência.

24 JESUS, José Augusto Brito de. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) à historiadora Naida Menezes. Salvador/Porto Alegre, dia 9 de janeiro de 2014.

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Tempo de Interferência Provocativa25 O caminho é o da sustentabilidade, é vida longa com saúde. A saúde de sua entidade depende muito do que você vai fazer aqui e agora! Um gestor qualificado é fundamental para não ficar com a cuia na mão, como dizemos aqui na Bahia, pedindo esmola. E não é isso que a gente quer; queremos instituições sólidas, cada vez mais sólidas. (Wellington do Carmo Cruz)26

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ção: palavra bem conhecida dos participantes do Curso Educando para a Transparência. Afinal, os dirigentes estão sempre com agendas cheias na busca por soluções, enfrentando problemas urgentes e respondendo às questões do cotidiano. Mas, aí, começou o curso, e a rotina se alterou: as respostas deram lugar às perguntas, o que tornou tudo diferente, uma vez que respostas podem causar “certa perda de consciência sobre os motivos pelos quais as coisas são feitas (...), respostas fecham, perguntas abrem possibilidades”.27 Quem participou da capacitação, em 2013, lembra dos facilitadores questionando:

25 Título inspirado na ideia de “Corpo Sem Órgãos” do escritor Antonin Artaud, que nos faz pensar, conforme explica Nara Salles, em formas diferentes de ”interação com o mundo”, formas que permitam “uma reconstrução do exercício da vida cotidiana”. Disponível em: <http://www.seer. unirio.br/index.php/opercevejoonline/article/viewFile/1365/1136>. Acesso em: 14.mar.2014. 26 Depoimento do Presidente do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia. In: CRUZ, Wellington do Carmo. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Salvador, 5.jun.2013 27 INSTITUTO FONTE. Coleção Caminhos para o desenvolvimento de OSCs. Disponível em:<http:// www.institutofonte.org.br/sites/default/files/cap02_1_governanca.pdf>. Acesso em: 22.mar.2014.

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Utilizamos a linguagem certa com a comunidade? Transparência para que e para quem?28 A minha organização tem legitimidade perante a comunidade? O estatuto de minha organização deixa claro o que eu vou fazer? Essas são algumas das perguntas que desdobraramse em silêncio, dúvidas, ideias e diálogos durante as 88 horas/aula facilitadas pelos consultores da ONG Parceiros Voluntários, José Alfredo Nahas e Carmen Franco que, aliás, foram desafiados a também trabalhar na Bahia: O curso, aqui na Bahia, foi muito bem conduzido pela Carmen Franco e pelo José Alfredo Nahas. Houve muita empatia na relação dos consultores com os dirigentes das ONGs. No início, o pessoal estava um pouco receoso porque os consultores eram gaúchos, a linguagem é diferente, o jeito de ser do gaúcho é diferente. Pensavam que poderia haver certo receio ou timidez na turma, mas se viu, na prática, que o que estava sendo avaliado era a competência técnica e relacional dos facilitadores e não importava de onde fossem. (José Augusto de Jesus)29 Iniciava, assim, mais uma etapa de disseminação dessa nova Tecnologia Social criada pelo Projeto Transparência, que 28 Seleção de perguntas realizadas pelos facilitadores durante os diálogos com os participantes. Curso Educando para a Transparência, Bahia – Rio Grande do Sul, 2013. 29 JESUS, José Augusto Brito de. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) à historiadora Naida Menezes. Salvador/Porto Alegre, dia 9 de janeiro de 2014.

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busca qualificar a estrutura institucional das organizações, fortalecendo o que, de fato, lhes é fundamental: a base popular e a capacidade de mudança social. (SALAMON, 1997) Nos primeiros encontros, tanto na Bahia quanto no Rio Grande do Sul, o tema era Terceiro Setor, seu marco regulatório e a conformidade legal das ONGs (práticas contábeis, aspectos tributários e jurídicos). Os participantes transitaram concomitantemente entre o mundo das ideias e da prática social. Em determinado momento, o consultor José Alfredo Nahas, ao falar do papel social das ONGs, resgatou a ligação direta destas com o fortalecimento do capital social, que engloba a ética, o associativismo e o civismo. Em outro momento, o assunto foi sobre o mapa de ativos de cada comunidade. “É necessário enxergar o processo como um todo, não podemos mais dizer: isso não me interessa”, afirmava Carmen Franco. Os participantes ora ouviam os consultores, ora observavam os vídeos, liam os textos e compartilhavam conhecimento, seja em pequeno ou grande grupo. Foi em um desses grupos, no Rio Grande do Sul, que, ao dialogarem sobre a definição de Terceiro Setor, acabaram por chamar a atenção de todos: “são as instituições privadas sem fins lucrativos com atividades voltadas ao bem-estar social, administrando recursos públicos e privados”. Como se vê, o pensar coletivo estimulado na capacitação potencializou um saber inquieto e criativo: Participar de um curso não é a mesma coisa que ler um livro, porque um curso é um momento de intervenção, de trazer possibilidade de orientação

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e acompanhamento (...), mexe com o sentimento das pessoas, com a sensibilidade delas em relação ao seu papel e a missão dela junto com a missão da organização. (Márcia Anselmo)30 O importante não é “fazer” o curso, mas compartilhar informações, vivências, e ser transparente. (Zoraide dos Santos Silva)31 Informações foram compartilhadas, também, nas palestras sobre contabilidade no Terceiro Setor, ocorridas durante a etapa presencial. Em Salvador, o palestrante voluntário foi Haslã Duda Santos, membro do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia (CRCBA). No Rio Grande do Sul, a turma recebeu as visitas de Roberto Medeiros, diretor de responsabilidade social do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS), e Ivan Pinto, da empresa Audisa Auditores Associados, que palestraram voluntariamente sobre práticas contábeis, aspectos tributários e jurídicos. Nestas ocasiões, o grupo pôde inteirar-se sobre a agenda de obrigações tributárias, isenções, imunidades e também puderam tirar dúvidas, perguntar... E como perguntaram! Funcionário da ONG que faz trabalho voluntário deve assinar termo de adesão? Como fazemos com a contabilidade de nossas doações?32 30 ANSELMO, Márcia Almeida. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013. 31 SILVA, Zoraide dos Santos. Educando para a Transparência – Avaliações realizadas pela Turma de Salvador. Arquivo ONG Parceiros Voluntários, 2013. 32 Seleção a partir dos diálogos entre facilitadores e palestrantes. Curso Educando para a Transparência, Salvador, 2013.

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É, são as especificidades do Terceiro Setor. Em determinado momento, o tema foi a responsabilidade direta dos gestores. Ivan Pinto citou o caso de uma entidade que sempre pagava os impostos com atraso, porque apenas em alguns dias da semana o presidente estava presente na sede. Depois de alguns anos, a Receita Federal cobrou desse dirigente, do seu patrimônio pessoal, o valor referente à multa de todos os impostos atrasados, uma vez que esse valor não poderia ser debitado na conta da entidade. Ivan ressaltou, então, a necessidade de conhecimento, cautela e responsabilidade por parte dos gestores, como forma de contribuir para a vida longa da ONG e da gestão do presidente também! A Capacitação previa, ainda, oficinas de ferramentas de planejamento. Nelas, os participantes realizaram um diagnóstico de suas entidades a partir da matriz SWOT/ FOFA. Esse foi um momento intenso, porque os dirigentes voltaram-se para o universo das suas organizações e, de forma subjetiva, para o seu papel nesse universo, reconhecendo suas qualidades enquanto lideranças, mas, também, suas fraquezas, tal qual o personagem Maldoror na obra literária de Isidore Ducasse: Eu quero mostrar as minhas qualidades, mas não sou hipócrita para esconder meus defeitos. O orgulho, a risada, a loucura aparecem alternadamente com a sensibilidade e o amor à justiça, e servirão de exemplo à estupefação humana: todos se reconhecerão, não como deveriam ser, mas como são.33 33 DUCASSE, Isidore. Los Cantos de Maldoror. Paris, 1869. Disponível em:<http://www. allreadable.com/vid/cantos-de-maldoror-canto-cuarto-conde-de-lautr%C3%A9amont-1459386. html>. Acesso em: 3.04.2014.

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Reconhecer as fragilidades é começar a trilhar o caminho da mudança, e esse processo é muito mais profundo se for compartilhado. Por isso, durante o Curso, cada ONG apresentou sua matriz SWOT/FOFA perante as outras. Naquele momento, a consultora Carmen Franco salientou: “Às vezes, o problema que eu tenho como instituição, outra já o teve, então, é interessante falar para ouvir a experiência do outro”. E assim foi: os grupos expuseram seus pontos fortes, mas, também, as fraquezas. A turma na Bahia trouxe, para o grande grupo, questões como: Temos problema sério no controle de registros, problema de rastreabilidade dos documentos; Nossos funcionários poderiam ser mais capacitados; A comunicação interna é o nosso ponto fraco; Não utilizamos ferramentas de planejamento, faltam orientações metodológicas; Precisamos mensurar os resultados.34 Ao analisar os pontos fortes, também desenvolveuse um momento igualmente importante de reflexão sobre aspectos da organização que são fundamentais e que não devem ser transformados. Segundo Humberto Maturana: Abordar a mudança a partir do que se quer conservar é levar em consideração quais são as coisas que consideramos fundamentais e que devem se conservar apesar de qualquer fluxo de mudança que haja nas circunstâncias em que estamos vivendo. 34 Seleção a partir dos diálogos entre facilitadores e participantes. Curso Educando para a Transparência, Salvador, 2013.

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Porque é precisamente disto que vai depender o que irá se suceder.35 Durante as oficinas de ferramentas de planejamento, foram se delineando ações necessárias para melhores práticas de gestão e, por consequência, intensificando a vontade de agir dos participantes com a perspectiva de conservar, assim, o que lhes é mais fundamental. No entanto, a capacitação também foi pensada para, de certa forma, frear esse ímpeto de transformação, a fim de que as ações fossem precedidas por um planejamento bem feito: mantendo todo o cuidado com a comunicação, com a forma de delegar, registrar, avaliar e, acima de tudo, o cuidado em agir de acordo com a missão e valores da organização. Algumas dinâmicas foram realizadas com a intenção de que sentissem suas fragilidades enquanto líderes e, também, as necessidades de suas organizações quanto às boas práticas de gestão. Em uma das vivências, um participante de cada grupo deveria montar, de olhos vendados, algo com alguns palitos. Cada grupo contava com apenas uma pessoa para falar e, assim, colaborar com o colega de olhos vendados, para que organizasse os palitos. Na Bahia, gravamos algumas falas aleatoriamente: Mais para frente! Parabéns! Está ótimo! Que situação, não tem jeito!!!!! Vá para a sua barriga! Olha a base, olha o sustento!36 35 Entrevista de Humberto Maturana concedido à Revista Observatório de Recursos Humanos. Disponível em: <http://matriztica.cl/wp-content/uploads/2011/02/ObservatorioRRHH.pdf>. Acesso em: 23.mai.2014. 36 Seleção a partir dos diálogos entre facilitadores e participantes. Curso Educando para a Transparência, Salvador, 2013.

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Findado o tempo para a montagem, todos comentaram sobre o que viram e ouviram nos grupos, fazendo analogias com situações diárias nas organizações e refletindo sobre liderança e comunicação. Analisaram o fato de que, embora estivessem dispostos a multiplicar o que aprenderam na capacitação e transformar processos nas ONGs, existiam etapas anteriores para seguir. A gente atropela as questões. Se a comunidade está necessitando de alguma coisa, saímos fazendo; Fazemos o processo invertido, vamos primeiro para o empírico, para depois organizar; A gente vai sempre para a construção e não planeja. Assim o projeto fica sem sustentabilidade; Observação final do consultor José Alfredo Nahas: Perceberam falha na comunicação? (...) Queremos mudar o paradigma e começar a pensar mais. A organização não pode viver em função do edital, tem que estar em função da causa.37 Os participantes, tanto os baianos quanto os gaúchos, se envolveram muito nas atividades da temática “Preparando o Terreno”. Nela, as ferramentas de gestão foram trabalhadas através de oficinas e dinâmicas, englobando os critérios de qualidade.38 Aliás, o critério Comunicação e Conhecimento foi um dos temas mais debatidos: Tenho que comunicar bem minha causa para ter pertinência social (...). A organização sempre 37 Ibidem. 38 Critérios de Qualidade: liderança, estratégias e planos, beneficiário, sociedade, pessoas, informações e conhecimento e processos.

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vai enfrentar os ‘momentos da verdade’. São os momentos em que a comunidade entra em contato e, nesse instante, precisamos de transparência para dar legitimidade e credibilidade. (José Alfredo Nahas) Release, folder e outros documentos impressos têm um fim: cumprir com a Missão e a Visão. (Carmen Franco) Mas, não adianta divulgar a Missão e a Visão se seus colaboradores não internalizaram isso. (Dirigente – ONG Baiana)39 Quando o dirigente refere-se aos colaboradores, nos faz lembrar que o Curso está apenas na sua primeira etapa e que, na segunda, serão os dirigentes quem irão liderar e protagonizar as ações. A consciência dessa responsabilidade, de certa forma, é visível nos depoimentos de avaliação dos dirigentes em relação ao Curso: Capacitar-se é autorizar-se a sair da zona de conforto, encontrar-se com suas fraquezas e nelas fortalecerse. É lembrar que não está só, que são muitos os caminhos que permitem transparecer valores. (Ingrid Dal Molin)40 Este Curso valeu muito no sentido de temos e sabemos, mas, colocar em prática, como, onde e quando? Ainda temos muito a aprender, mas já estamos nos organizando para a prática. (Elisabete de Oliveira)41 39 Seleção a partir dos diálogos entre facilitadores e participantes. Curso Educando para a Transparência, Salvador, 2013. 40 DAL MOLIN, Ingrid Junkes. Educando para a Transparência – Avaliações realizadas pela Turma de Porto Alegre. Arquivo ONG Parceiros Voluntários, 2013. 41 OLIVEIRA, Elisabete Emiliana de. Educando para a Transparência – Avaliações realizadas pela Turma de Porto Alegre. Arquivo ONG Parceiros Voluntários, 2013.

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Elisabete de Oliveira se refere à prática de governança corporativa, cuja base é a ética, o accountability e a transparência (FAMÁ, 2007). A partir da segunda etapa do Curso, as organizações puderam conhecer novos caminhos, que permitiram, sem dúvida, transparecer essa base, como diz Ingrid Dal Molin. Ainda sobre a primeira etapa, salientamos que as dinâmicas, trabalhos em grupo e desafios propostos pelos consultores ocorreram conforme o planejado, mas, é claro que em alguns momentos o “script” era alterado conforme a dinâmica do grupo. No Rio Grande do Sul, vários dirigentes já haviam participado de outras capacitações de onde se conheciam – muitas delas, executadas pela ONG Parceiros Voluntários, como por exemplo, a capacitação da Rede Parceria Social.42 Assim, havia uma dinâmica diferente, de continuidade, tanto que em um dos primeiros dias do Curso, em um momento de caloroso debate, de repente o consultor José Alfredo Nahas fez a seguinte colocação: “Nesse grupo a gente vai lá na frente, volta, depois vai de novo!”. Isso porque as perguntas dos dirigentes envolviam temas de um módulo posterior que, por fim, já era, em parte, trabalhado naquele primeiro momento. Parece confuso, mas para o grupo e para os consultores foi tranquilo. Outra quebra de script, dessa vez na Bahia, ocorreu quando Carmen Franco, consultora gaúcha, pediu à turma para que se reunisse em trios. Passado alguns minutos, ela olhou para os grupos e comentou: 42 Ver: < http://www.redeparceriasocial.rs.gov.br/>.

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− Gente, eu pedi para se organizarem em trio - de três! − Trio para nós é elétrico, Carmen, e tem uma porção de pessoas... – respondeu um dos participantes. Então, nesse caso, depois das risadas, os grupos, de quatro ou cinco pessoas, trabalharam normalmente, ou seja: além de realizar o trabalho proposto conversaram um pouco sobre as organizações e “trocaram figurinhas”, o que nos leva a acreditar que apesar dos diferentes vocabulários, com vontade e bom humor todos se entendem. A possibilidade de compartilhar anseios e soluções entre os dirigentes foi fundamental para dar origem às redes de colaboração que surgiram depois das aulas e que foram importantíssimas na sequência do curso. Quantos de nós vamos a um curso, chegamos em casa e guardamos a pasta? A nossa disciplina é muito volátil e os apelos da vida são muito grandes. Para te determinar, “é por esse caminho que quero ir”, é difícil, porque a quantidade de coisas e questões que nos chegam é imensa! Por isso, o Curso Transparência é superdesafiador para os gestores. (Cláudia Remião Franciosi)43 No final da capacitação presencial, com muita história para contar e aprendizagens compartilhadas, era chegado o tempo do dirigente, não de guardar a pasta e, sim, de multiplicar dentro de cada organização. 43 FRANCIOSI, Cláudia Remião. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida a historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 10 de janeiro de 2014.

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Tempo de Multiplicar O Curso Educando para a Transparência oportunizou às instituições participantes o aprimoramento dos processos das nossas ações na busca de resultados mais efetivos para os nossos beneficiários e para a sociedade. (Lícia Maria Maia Barbosa)44

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indada a etapa presencial, de 88 horas, o Curso Educando para a Transparência estava só começando. Sensibilizados os participantes e identificados com a ideia de que era preciso aprimorar as práticas de gestão, eles começaram a multiplicar dentro de suas organizações os conceitos e práticas vivenciados na capacitação. Um processo de mobilização social tem início quando uma pessoa, um grupo ou uma instituição decide iniciar um movimento no sentido de compartilhar um imaginário e o esforço para alcançá-lo. (Toro & Werneck, 1996, p. 22). Para compartilhar um imaginário voltado para as boas práticas de gestão os colaboradores que não participaram da primeira etapa poderiam desenvolver algumas competências coletivas45 através da etapa em EAD. Para a mobilização, os gestores que participaram da capacitação contavam com o apoio a distância de consultores 44 BARBOSA, Lícia Maria Maia. Educando para a Transparência – Avaliações realizadas pela Turma de Salvador. Arquivo ONG Parceiros Voluntários, 2013. 45 BONOTTO, Fernanda. BITENCOURT, Claudia Cristina. Os Elementos das Competências Coletivas em Grupos de Trabalho. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/enanpad/2006/dwn/ enanpad2006-eorb-1882.pdf>. Acesso em: 3.mar.2014.

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do Projeto. A metodologia do Projeto Transparência foi disponibilizada aos participantes no site, e todo o material da etapa presencial também ficou à disposição, que era acessado através de senha. Nessa segunda etapa do Curso, a sinergia criada nos dois grupos durante as aulas, de certa forma, continuou existindo. Não havia, durante a capacitação, a tarefa de formar redes, no entanto, a própria forma como o Curso foi conduzido, com espaço para que as organizações compartilhassem informações e se dispusessem a colaborar mutuamente, promoveu entre os gestores a vontade de continuar interagindo. No Rio Grande do Sul, desde os encontros com Carmen Franco e José Alfredo Nahas, foi criado um grupo através de ferramentas de TI da internet, chamado Grupo Transparência RS 2013. Nele, imagens das aulas e comentários eram publicados e, quando a primeira etapa do Curso findou, de forma virtual, os encontros continuaram: Obrigado Zé e Carmem, obrigado meninas e meninos, vou sentir saudades das nossas quintas e sextas-feiras, mas não vamos deixar a ideia da nossa Rede morrer heim?! A gente se encontra por aqui. (Jeanine Godoy)46 E, realmente, não morreu, ela tem sido utilizada como meio de divulgação das ONGs, de seus eventos e projetos, e de novos editais para mobilização de recursos. A rede virtual também foi importante para que todos acompanhassem e apoiassem os colegas nos desdobramentos do Curso. 46 GODOI, Jeanine. Postado em 25 de julho de 2013 (Facebook), Grupo Transparência RS-2013. Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/291161821029626/>. Acesso em: 22.fev.2014

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Socializando o saber, durante a segunda etapa encontramos registrado no Grupo Transparência RS 2013: Oi povo de Deus! Passo para dar um sinal de vida e informar que nos dias 6 e 13 de setembro, os colaboradores do Conselho de Entidades Assistenciais de Vacaria, reuniram-se para estudar e aprofundar sobre o Terceiro Setor e Prestação de Contas. Foi um momento riquíssimo de informações; Tarde produtiva na Área de Desenvolvimento da Associação Cristã de Moços - RS, dividindo o conhecimento adquirido e dando sequência na segunda parte do curso; Educando para a Transparência: vários momentos na Associação do Bem Estar da Criança e do Adolescente - ASBEM nesta semana para repassar os objetivos e os principais tópicos do curso para o público beneficiário (...); Estamos implementando aqui os ensinamentos e partilhas do Curso “Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo”. Warren Buffett - Time do Pão dos Pobres.47 Se, no Rio Grande do Sul, a escolha foi pelo meio virtual, na Bahia, a opção foi presencial com a constituição da Rede Baiana do Terceiro Setor (RBTS), cuja missão é “compartilhar boas práticas de gestão, informações e recursos com ética e transparência, promovendo a união, expansão 47 Postado em 2013 (Facebook), Grupo Transparência RS-2013. Disponível em: <https://www. facebook.com/groups/291161821029626/>. Acesso em: 22.fev.2014

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e sustentabilidade do Terceiro Setor no estado da Bahia”. O grupo, já chama a atenção pelas palestras e debates que realiza com temas como Contabilidade no Terceiro Setor, Marco Regulatório e Estratégia como Prática Social. Um fato que gerou bastante repercussão junto às organizações foi a sequência de reuniões mensais das instituições participantes da primeira fase do Curso, que resolveram criar a Rede Baiana do Terceiro Setor (RBTS) e, em decorrência disto, estabeleceram um cronograma mensal de reuniões, Planejamento Estratégico (Propósito, Missão, Visão e Valores), estrutura de suporte, dentre outros elementos de identificação [...] se criava ali uma rede interinstitucional autônoma e com capacidade de decisão. A RBTS é um produto de inestimável valor criado em decorrência do Curso Educando para a Transparência, e cuja ação não fora planejada, o que se constitui em uma inovação. (José Augusto de Jesus)48. A RBTS, da Bahia, e o Grupo Transparência RS 2013, do Rio Grande do Sul, foram importantes para as etapas semipresenciais e de acompanhamento. Na fase semipresencial, onde se desenvolveu a multiplicação do saber dentro das ONGs, as organizações iniciaram o processo utilizando-se do material disponível no site: slides, vídeos, técnicas de dinâmicas em grupos e textos. A expectativa dos dirigentes era grande em apresentar a metodologia aos colegas, mas, alguns problemas técnicos 48 JESUS, José Augusto Brito de. Relatório de Atividades VI/VII. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, 30.ago.2013.

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impossibilitaram a utilização do ensino a distância (EAD) concomitante ao início dessa etapa. Contudo, isso não impossibilitou o desenvolvimento das atividades semipresenciais que, aliás, foram importantes para o desenvolvimento do Curso: A instituição que realizou as atividades de multiplicação das informações, quando chegou na etapa seguinte, de visitas do consultor, já sabia o que o consultor estava falando, as pessoas estavam mais preparadas. (Márcia Anselmo)49 Algumas organizações sentiam-se tão motivadas e preparadas que, antes mesmo da vinda do consultor da ONG Parceiros Voluntários, para acompanhar a implantação de novas práticas de gestão, já executaram algumas transformações. Observemos o relato do consultor Nenrod Douglas Santos, durante a primeira visita, na Bahia, à Fundação Antônio Almeida e Silva: FUNDAL: O contato inicial com a Parceiros Voluntários já vem apresentando os primeiros resultados nesta direção, pois criaram neste período: a) código de ética; b) instrumento de divulgação dos projetos e parcerias em andamento e disponibilizaram para todas as partes interessadas; c) declaração de missão, visão e valores institucionais e passaram a divulgá-los em larga escala (interna e externamente).50 49 ANSELMO, Márcia Almeida. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013. 50 SANTOS, Nenrod Douglas Oliveira. Educando para a Transparência – Relatório de Acompanhamento da Primeira Visita. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, agosto 2013.

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Durante a etapa de multiplicação do Curso, algumas organizações reuniram uma pequena parte da equipe, outras a equipe inteira, mas o interessante é que, juntos, desenvolveram suas competências coletivas e um saber proativo: vivenciaram as dinâmicas, aprenderam novas ferramentas de gestão, debateram sobre o Terceiro Setor e os projetos de sua organização, o que fez toda a diferença: O Curso, que realizamos aqui na organização, mostrou outra visão sobre o Terceiro Setor; Muita coisa que eu não entendia sobre o que temos que buscar juntos, agora entendo; Eu conhecia tão pouco sobre a nossa organização. Eu só dava aula de informática. Agora conheço os projetos da ONG e entendo o Terceiro Setor.51 Os participantes da etapa semipresencial, além das reuniões, palestras e dinâmicas propiciadas pelos gestores já capacitados – importantes para mobilizar os diversos públicos e reforçar a competência coletiva – podiam seguir, sozinhos, no seu tempo, no seu ritmo, as aprendizagem através do meio web. Nesse meio, é claro que também as dimensões “prática” (conhecimentos técnicos) e “ética” (valores e crenças) são o sustentáculo metodológico. No final do módulo semipresencial, de vinte e oito horas, estava prevista a atividade de organização das informações e documentos dentro dos princípios de accountability. Esse 51 Depoimentos de colaboradores que iniciaram sua participação no Projeto a partir da segunda etapa. Porto Alegre, 2013.

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foi um momento em que se tornou possível exercitar boas práticas e também preparar-se para receber o consultor da ONG Parceiros Voluntários. Ao término da etapa semipresencial, aproximadamente 130 pessoas, que não participaram da fase presencial, foram capacitadas pelo curso. Dessa forma, somando as 112 que participaram em sala de aula, mais as 130 que cursaram o EAD, temos o total de 241 pessoas capacitadas. Mas, é bom salientar que a capacitação EAD não para por aqui, pois as ONGs continuam acessando o material disponível em meio WEB. Finalizamos este capítulo com a fala da consultora Carmen Franco em uma das primeiras visitas de acompanhamento em uma ONG. Suas palavras dão significado à terceira e última etapa do Projeto Transparência: Perceberam que no início desse nosso primeiro encontro vocês começaram falando de problemas externos e agora, no final da tarde, falaram “de dentro”!? Penso que vocês devem começar arrumando a casa! Olhem para dentro e vejam o que pode ser melhorado, e aí nós, consultores da ONG Parceiros Voluntários, entramos com nossa vivência para mostrar caminhos. Nossa proposta é, nesses primeiros encontros, junto com vocês, enxergar a organização. (Carmen Franco)

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Hora de Transpirar Transparência Um conjunto de Organizações da Sociedade Civil que trabalha sua governança de maneira madura, moderna, transformadora, criativa, inclusiva, estará, sem dúvida alguma, construindo uma sociedade nos mesmos moldes – ao mesmo tempo em que aprende a fazer isso. (Instituto Fonte)52

A

s organizações que participaram do Curso Educando para a Transparência puderam repensar e transformar processos a partir de ações compartilhadas e transparentes. Também puderam ter mais consciência frente à importância de seus valores, da missão e visão da entidade. Quando os dirigentes e demais públicos envolvidos com a organização tomam consciência da força da missão e visão, o planejar, o agir torna-se mais transparente e abrangente porque extrapola os muros da organização, inspirando e sensibilizando a comunidade. Depois dos encontros presenciais e da multiplicação do saber nas organizações, delineava-se um processo de transformação madura. Esse momento foi apoiado em cada organização por um consultor que, em suas visitas de acompanhamento (que somam no mínimo 30 horas para cada Organização, já que os consultores também trabalharam voluntariamente),53 52 INSTITUTO FONTE. Coleção Caminhos para o Desenvolvimento de OSCs. Disponível em:<http:// www.institutofonte.org.br/sites/default/files/cap02_1_governanca.pdf>. Acesso em: 22.mar.2014. 53 Ver página 69 onde constam dados referentes ao trabalho voluntário dos consultores.

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participou do trabalho de planejamento e de atitudes efetivas e compartilhadas. Nos relatórios técnicos desses consultores, observamos os primeiros movimentos das entidades: O interesse pelo Curso mantém-se presente a cada visita realizada. As lideranças são muito comprometidas com a causa e propósito da instituição e esmeraram-se bastante na construção da ferramenta FOFA. (Darius da Silva)54 Apresentação de certidões por parte das instituições que tinham pendências com órgãos federais, estaduais e municipais e o orgulho com que estavam apresentando as certidões positivas e a importância dada à parte contábil da instituição depois do Curso. Alguns, inclusive, relataram que trocaram ou contrataram contadores profissionais para o feito. (Angela Cristina Alves)55 As organizações se esforçaram para agregar pessoas representativas no desenvolvimento do trabalho gradual (...). A releitura do Marco Zero56, que é a primeira ação da metodologia, propiciou uma maior maturidade institucional no esforço da avaliação situacional das organizações (...) estabeleceram Grupos de Trabalho com objetivo 54 SILVA, Darius Vinicius Quadros da. Educando para a Transparência – Relatório de Acompanhamento da Segunda Visita. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, novembro de 2013. 55 ALVES, Angela Cristina. Educando para a Transparência – Relatório de Acompanhamento da 2a Visita. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, setembro e outubro de 2013. 56 “Marco Zero corresponde à aferição da condição em que uma organização entra no projeto. O alcance dos objetivos do projeto, nesse sentido, deverão ser medidos futuramente, após a sua execução, comparando-se a situação final com a situação inicial”. (Johannpeter, 2012, p. 22)

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de operacionalizar a aplicação das ferramentas de gestão apreendidas no diálogo com a ONG Parceiros Voluntários. (Nenrod Douglas O. Santos)57 Para que as equipes de cada organização trabalhassem de forma participativa, os consultores da ONG Parceiros Voluntários, antes de mais nada, precisavam ouvi-los previamente, conhecer os processos de gestão, contribuindo para que as lideranças se enxergassem nesses processos. Quando se fala em transparência, as pessoas entendem muito como prestação de contas financeira e na verdade não é só isso. Para alcançar a transparência na prestação de contas a gente tem que trabalhar a gestão, a visão e a parte comportamental dos gestores. Muitas vezes, tive que usar muito mais de psicologia do que de conhecimento em gestão, sendo, às vezes, mediadora de conflitos. (Angela Cristina Alves)58 Momentos de reconhecimento de si e do outro dentro do universo de uma organização podem ser caóticos, a princípio, mas, como diz Allan Kaplan (2005), uma ONG é um organismo cujo fluxo (formado por processos) se apresenta, por vezes, emaranhado e até bloqueado. Aí entra a habilidade dos consultores em interagir. Assim, temos de aprender a ler e reconhecer os padrões subjacentes e ajudar a desbloquear ou ajustar as coisas, para que o processo contínuo de desenvolvimento 57 SANTOS, Nenrod Douglas de O. Educando para a Transparência – Relatório de Acompanhamento da 1a Visita. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, agosto de 2013. 58 ALVES, Angela Cristina. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 31 de janeiro de 2014.

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volte a se expandir (...) sabemos que, para adotar o novo, temos primeiro de abrir mão do velho. Temos de perder o que encontramos. Para descobrir o padrão, para tomar consciência dele, muitas vezes precisamos permitir que o processo mergulhe no caos, para que uma nova ordem, um padrão novo e mais adequado possa vir à tona. (Kaplan, 2005, p. 22) Depois de o consultor conhecer a realidade da entidade e promover a reflexão sobre os padrões e processos – incluindo temas conflitantes para a equipe – a metodologia previa a utilização de ferramentas de gestão para planejar e ultrapassar alguns obstáculos com segurança e coerência. Embora as ferramentas tenham sido trabalhadas desde a primeira etapa do Curso, nem todos os gestores tiveram facilidade na sua utilização. Um dos fatores que justificam essa dificuldade é o limite de três pessoas por organização durante a etapa presencial. Outro, é o fato de que nem sempre os indicados pela organização para participar das aulas eram as principais lideranças. Além disso, quanto aos participantes, o consultor José Augusto de Jesus acrescenta: Veja: estamos falando de gestores das ONGs que respondem por muitas demandas. Pegar essa pessoa e dizer: você vai sair da ONG e vai ficar no curso, paradinho, sentado nessa cadeira, sem atender celular, sem poder despachar e resolver problema (...). (José Augusto de Jesus)59 59 JESUS, José Augusto Brito de. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) à historiadora Naida Menezes. Salvador/Porto Alegre, dia 9 de janeiro de 2014.

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Percebemos, também, por vários motivos que, daqueles que participaram das aulas, nem todos realizaram uma imersão de fato, dificultando a assimilação do passo a passo de cada ferramenta. Outro motivo para haver dificuldade na utilização das ferramentas de planejamento, durante a terceira etapa do curso, é a rotatividade de técnicos e diretores nas organizações. Rotatividade, esta, que poderia comprometer, inclusive, a continuidade da organização no Projeto: É uma dificuldade termos pessoas envolvidas no Curso que não se apropriaram do que é o Projeto. Às vezes, têm pessoas que entram na organização na metade do Curso, tem troca de equipe, de diretoria, aí é praticamente um recomeço, porque é preciso sensibilizar esse novo gestor sobre a importância do Projeto. Nesse momento, a equipe que participou da etapa presencial faz a diferença, porque ela precisa mostrar para o novo gestor a importância do Projeto. (Mari Lúcia Larroza)60 Apesar das dificuldades, a maioria das organizações, com exceção da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Salvador e da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Esporte e Cultura (Asbradec - BA), participaram de todas as etapas, implementaram e continuam implementando boas práticas de gestão, porque o processo de aprendizagem e, por conseguinte, de transformação não tem tempo determinado, é um aprendizado contínuo. Falconi, referindo-se às empresas, 60 LARROZA, Mari Lúcia. Memórias Sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013.

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mas dando conta de todos os tipos de organizações, afirma que “uma empresa é um mundo infinito de possibilidades. Existe hoje uma quantidade de conhecimento que está muito à frente do que é praticado mesmo nas melhores empresas (...) Existe e sempre existirá um vasto campo de avanço”. (FALCONI, 2009, p. 126) Ainda em relação ao processo de aprendizagem, salientamos que um processo “é fruto de um pensar intuitivo, seguindo mais o tempo de cada um, que é alinhado com os outros tempos individuais e com o tempo da organização que as abriga, que também é um ser em evolução”.61 Assim, o aprendizado quanto à transparência e prestação de contas dá-se a partir de um processo individual contínuo, uma vez que a dimensão do saber se complementa e se potencializa na prática, nas vivências junto à organização. Com a presença do consultor na organização esse processo tende a intensificar-se pela tomada de consciência, já que alguém externo à entidade aponta o que vê e como vê. Em relação, por exemplo, ao critério liderança, o que viram os consultores em suas visitas? Vejamos alguns relatos: Relato 1: Observou-se nestes momentos o papel de liderança de quem ocupa o cargo de presidência e a necessidade de atuação efetiva dos demais membros da organização que têm papéis meramente consultivos e financiadores. Relato 2: Por conhecer muito da forma do funcionamento da entidade, o gestor acaba tomando para si a execução de todas as atividades.62 61 MOGGI, Jair. Disponível em: <http://www.adigo.com.br/br/artigos.asp?mode=show&ID=117>. Acesso em: 9.mar.2014. 62 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Relatórios das Atividades de Acompanhamento/Consultorias. Projeto Transparência, 2013/2014.

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Nesses casos, o consultor contribui para pensar em estratégias de transformação e, por vezes, junto à equipe, planeja ações: “Agendamos, relata Carmen Franco, uma reunião com diretores e conselheiros para alertá-los quanto às responsabilidades”.63 Assim, durante o desenvolvimento da terceira etapa, as lideranças reviram posturas, tornandose, ora menos sobrecarregadas, ora mais fortalecidas. Nesse critério, também se observou o despontar de novos líderes: Observamos o fortalecimento de alguns líderes e, também, a identificação de outros. Muitas vezes, as pessoas estão nos seus papéis, nas suas funções e não conseguem identificar lideranças. Aí, através de uma determinada demanda de um consultor do Projeto Transparência, como aconteceu na Bahia, uma pessoa transforma um processo e, simplesmente, passa a liderar. Consegue desenvolver toda uma proposta de captação de recursos, de mobilização de pessoas que vai gerar resultados à organização. (Márcia Anselmo)64 O grau de implementação dos Princípios de Transparência e Prestação de Contas nas organizações, durante esta terceira fase, variou de acordo com a história e o momento de cada uma delas. Há organizações, por exemplo, que se apresentavam em processo avançado em relação às boas práticas de gestão. Nesses casos, a capacitação foi importante, no 63 Ibidem. 64 ANSELMO, Márcia Almeida. Memórias Sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013.

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sentido não de sensibilizá-los quanto aos princípios de transparência, mas para firmar esses princípios: “numa perspectiva dialógica que fortaleça o exercício da cidadania” (MELO, 2002, p. 82). Além disso, foi possível trabalhar as boas práticas em setores ou processos de forma bem pontual, como foi o caso do Lar Harmonia, na Bahia. Lá, a consultora Ângela Cristina Alves, com apoio do coordenador José Augusto de Jesus, contribuiu para desenvolver um plano de ação – com a metodologia de gestão do Curso – para transformar um brechó pouco proveitoso em uma loja, uma unidade produtiva importante para a sustentabilidade da organização. Outro exemplo foi a ASAP/CAP65, que, segundo o consultor Humberto Oliveira, necessitava de vários profissionais especializados e não tinha recursos para contratação. A solução seria a busca de parceiros que pudessem contribuir com essas contratações ou repasses de valores.66 Já em outras entidades, a implementação de novas e boas práticas de gestão foram estruturais: Aconteceu nesta terça, dia 22 de outubro, a segunda consultoria do projeto Educando para a Transparência. Na ocasião, a consultora Carla Fátima Pereira, da Parceiros Voluntários, executora 65 Associação dos Servidores Aposentados e Pensionistas da Previdência Federal da Bahia/Casa do Aposentado e Pensionista. 66 OLIVEIRA, Humberto Carneiro de. Educando para a Transparência – Relatório de Acompanhamento da Primeira Visita. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, agosto de 2013.

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do projeto, promoveu a reflexão de membros da diretoria, conselho fiscal e equipe técnica sobre o planejamento estratégico da ASBEM, em especial, sobre a ferramenta FOFA. A discussão terá continuidade nas próximas semanas, ampliando-se o grupo de trabalho pelo convite e adesão de diferentes atores, como público beneficiário, associados, fundadores, parceiros, apoiadores e empresas cotistas.67 Como diz José Augusto de Jesus, entre a dor e a delícia de participar do Projeto68, cada organização, ao seu tempo, foi desenvolvendo boas práticas que contribuíram para a transparência na prestação de contas e em todos os processos que lhes são peculiares. Nesse caminho, às vezes, os obstáculos para as organizações e consultores foram muito grandes, mas, maior ainda, foi a determinação ou persistência em seguir adiante, o que está totalmente de acordo com a história do Curso Educando para a Transparência, porque persistência faz parte do âmago desse Projeto. Persistimos com esse Projeto, porque sabemos que funciona. É claro que cada organização tem o seu tempo, as suas prioridades, mas a gente acredita nessa tecnologia social. Talvez porque, na primeira edição, nós também bebemos do próprio remédio e nos transformamos. Foi importante para nós, 67 ASSOCIAÇÃO DO BEM ESTAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Depoimento sobre o Projeto Transparência. Postado em 2013 (Facebook), Grupo Transparência RS-2013. Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/291161821029626/>. Acesso em: 22.fev.2014 68 JESUS, José Augusto Brito de. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) à historiadora Naida Menezes. Salvador/Porto Alegre, dia 9 de janeiro de 2014.

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da ONG Parceiros Voluntários, sofrer a ação da metodologia junto com o primeiro grupo, em 2010, e saber o quanto melhoramos em gestão, em muitos aspectos. O fato de persistir, querendo ofertar isso para outras organizações é porque reconhecemos o ganho que também tivemos. (Cláudia Remião Francisosi)69

69 FRANCIOSI, Cláudia Remião. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 10 de janeiro de 2014.

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Transparecendo – Avaliações e Resultados

O

Curso Educando para a Transparência apresenta uma característica relevante: prevê o planejamento das ONGs a partir de oito critérios de qualidade, possibilitando diversas abordagens sobre gestão, mas sempre respeitando a demanda e as especificidades de cada organização. A partir daí, houve uma diversidade de resultados, tais como revisão da missão e visão, adequação do estatuto, planejamento estratégico, produção de organograma e fluxograma, planejamento de comunicação e outros. Depoimento Não foi utilizado um “pacote” pronto para a instituição. A metodologia atuou como um mapa cognitivo das ações e orientações, permitindo que a consultoria utilizasse metodologias diferentes, consciente de seu papel e de suas ações neste processo, sendo flexível e adaptável ao ritmo e às realidades da organização. (Angela Cristina Alves, consultora) Durante as visitas de acompanhamento dos consultores às ONGs, percebeu-se que é imprescindível respeitar o tempo não cronológico. O respeito ao “tempo das coisas” gerou mudança de agendas e mudança de programação. Em algumas organizações foi necessário parar tudo, devido a conflitos internos. Mas, contando com a mediação dos consultores, foi possível falar, ouvir e – depois de criado um clima favorável PRIMEIRA PARTE


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– retomar o trabalho. Em outras organizações, segundo o consultor José Augusto Brito de Jesus, da Bahia, desenvolveuse outra abordagem estratégica, uma vez que as lideranças institucionais não participaram nas primeiras visitas e quando puderam entrar no grupo foi preciso atrasar o processo para acolhê-las.70 Essa flexibilidade do Projeto também permitiu a realização de uma visita extra dos consultores da Bahia, para que as equipes tivessem mais tempo para aprender a manejar as ferramentas de planejamento. Depoimento O Projeto Transparência possibilitou uma nova forma de agir e de pensar. Um ponto forte da metodologia foi o uso da ferramenta 5W2H na execução de todas as atividades, quando toda a equipe foi conscientizada e envolvida. O Curso proporcionou e vai continuar proporcionando mudanças. (Belanísia Ribeiro dos Santos – ASAP/CAP71) Uma dificuldade verificada durante o desenvolvimento do Projeto foi o desnivelamento entre as ONGs quanto ao grau de conhecimento e quanto às práticas de gestão, já que o Curso Educando para a Transparência é voltado para organizações mais desenvolvidas. Para resolver esse problema, a ONG Parceiros Voluntários criou um “instrumento de avaliação do nível de maturidade” para ser aplicado no momento da inscrição. Dessa forma, dependendo do nível em que a 70 JESUS, José Augusto Brito de. Relatório de Atividades – IX. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, outubro.2013. 71 ASAP/CAP: Associação dos Servidores Aposentados e Pensionistas da Previdência Federal na Bahia

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organização se encontra, é sugerido que se inscreva num dos três cursos: Nível 1, Desenvolvimento de Lideranças; Nível 2, Gestão para a Sustentabilidade; e Nível 3, Educando para a Transparência. Mas como foi o desempenho das organizações em relação à gestão? O ideal seria que tivessem realizado as capacitações dos níveis anteriores. Mesmo assim, conseguiram acompanhar a metodologia, aumentaram seus conhecimentos e se desenvolveram. Para exemplificar, citaremos Berenice Levy, presidente da Cipeama, de Porto Alegre/RS,72 que entrou em contato com o consultor José Alfredo Nahas, em maio de 2014, para relatar as conquistas pós-curso, que ele ajudara a planejar. A presidente disse: Desde a última reunião de consultoria técnica, em janeiro de 2014, fizemos alguns progressos: obtivemos o registro no CMDCA. Somado a isso, com a nossa participação nas plenárias mensais do Fórum de Entidades, tivemos acesso ao edital que distribuiu recursos pelo Funcriança. Apresentamos um projeto para aquisição de testes de avaliação psicológica e também para a capacitação dos profissionais para a sua aplicação, no que fomos atendidos. Do lado da transparência financeira, logramos um tento importante: o primeiro balanço patrimonial da entidade foi elaborado e deverá ser encaminhado nos próximos dias ao Conselho Fiscal para parecer e posterior aprovação pela Assembleia Geral. Enfim, conquistas importantes foram obtidas 72 CIPEAMA: Centro Interdisciplinar de Pesquisa, Estudo e Atendimento ao Menor e ao Adulto.

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e ações desafiadoras aguardam execução. O balanço, no meu entender, é bastante positivo. Basta um olhar para a situação vivenciada pelo Cipeama há um ano, quando fomos acolhidos no Curso Educando para a Transparência e contemplados com a consultoria técnica excelente. (Berenice Walfrid Levy) Durante essa segunda edição do Curso Educando para a Transparência, além das 901 horas de consultoria (BA e RS), houve mais 150 horas de consultoria voluntária.73 Os consultores baianos e gaúchos, além de realizarem importante trabalho voluntário, difundiram nas organizações a cultura do voluntariado, incentivando a maior participação da comunidade. Até então, algumas organizações não consideravam possível contar com o trabalho voluntário em cargos técnicos, mas, no momento em que divulgaram a necessidade de um psicólogo e de um assistente social, por exemplo, profissionais dedicados se agregaram à equipe. Quanto à etapa semipresencial do Curso, houve algumas dificuldades. Problemas técnicos impossibilitaram que essa etapa tivesse início juntamente com a aplicação da metodologia EAD, o que desestimulou alguns participantes. Outra dificuldade foi o envolvimento aquém do esperado por parte das organizações. Quanto à parte semipresencial, em várias organizações foi difícil para o gestor começar o processo de repasse do conteúdo experimentado 73 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Projeto Implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil. Relatório de Apresentação dos Resultados. Porto Alegre, junho de 2014.

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na sala de aula para os demais colaboradores da instituição, pois o que se viu foi a rotina institucional atropelando a vida dos representantes destas instituições no Curso. (José Augusto Brito de Jesus)74 O Projeto teve dificuldade para atrair os presidentes e os conselheiros de algumas organizações. É sabido que, sem o comprometimento de todas as instâncias de uma ONG, é difícil realizar as ações tão bem planejadas pelas equipes. Quando todas as instâncias se envolvem, o gestor não se sobrecarrega e até pode se permitir esquecer uma reunião, como aconteceu na Bahia. A consultora Angela Alves conta que, ao chegar para uma visita de acompanhamento no Juspopoli Escritório de Direitos Humanos, em Salvador, o gestor encarregado de organizar a reunião não estava lá. E, mais: só estavam presentes colaboradores que não haviam acompanhado as últimas reuniões. A consultora, com razão, ficou tensa, mas por pouco tempo, só até perceber que a equipe estava a par de todo o processo de sua consultoria. Assim, a falta do gestor não atrapalhou em nada. Angela considera que essa foi uma de suas melhores reuniões.75 Tecnologia Social compreende um “conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida.”76 Portanto, a partir dessa interação, 74 JESUS, José Augusto Brito de. Relatório de Atividades – VI e VII. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, julho/agosto de 2013. 75 ALVES, Angela Cristina. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 31 de janeiro de 2014. 76 Disponível 23.jun.2014.

em:

<http://www.itsbrasil.org.br/conceito-de-tecnologia-social>.

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a Tecnologia Social Educando para a Transparência está em contínuo processo de amadurecimento e de ajustes, conforme a realidade do público em que se desenvolve. Observe os seguintes dados: Melhorias da primeira para a segunda edição do Curso Educando para a Transparência Inserção de oficinas para o uso de ferramentas de gestão Participação da avaliadora e da escritora em sala de aula Visita às organizações pela avaliadora e pela escritora Contratação de um coordenador local na Bahia Convite aos Contadores das ONGs para participação presencial no Curso Publicação de crônicas sobre as ONGs e sobre o Curso escritas pela historiadora Naida Menezes e publicadas no site da ONG Parceiros Voluntários Análise mais aprofundada dos indicadores qualitativos do Projeto

Essas melhorias são fruto de um pensar coletivo envolvendo todos os participantes. São análises sobre as “lições aprendidas”. Nessa segunda edição, desenvolvida no Rio Grande do Sul e na Bahia, não foi diferente. A seguir, relacionamos algumas melhorias que serão analisadas pela equipe da ONG Parceiros Voluntários, para as próximas edições:

71


Melhorias sugeridas pelas ONGs do RS Ministrar os cursos regionalmente Incluir no calendário, diversos encontros entre as ONGs, para compartilhamento de experiências Diminuir a quantidade de informações repassadas em um só dia pela consultoria Disponibilizar consultor específico para a área em que a ONG estiver com mais dificuldades, como, por exemplo, um consultor financeiro Fazer reciclagem das ONGs após alguns meses do término do curso Maior número de visitas de acompanhamento na ONG Mais atividades práticas para a elaboração de projetos, planos de ação e planejamento estratégico Melhorar a apostila, evitando anexos Aprofundar o instrumento Marco Zero para que o consultor possa conhecer melhor a ONG Mais tempo para a avaliação feita pelo gestor (ACOM6) Iniciar o Curso nos primeiros meses do ano, evitando que se prolongue até as atividades e eventos do final do ano

Depoimento A mudança é sempre bem-vinda, pois saímos de possíveis cristalizações para abraçar o novo, novas perspectivas se abrem para nós (...). Achamos excelentes todas as etapas do Curso, a única sugestão PRIMEIRA PARTE


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é a continuidade da assessoria nos próximos dois anos, com pessoal local, se possível. (Tânia Belfort, Estrela da Paz, BA) Melhorias sugeridas pelas ONGs da BA Maior número de visitas de acompanhamento na ONG Formulários com perguntas mais claras Mais atividades práticas para a elaboração de projetos, planos de ação e planejamento estratégico Maior clareza na apresentação da plataforma EAD Aprofundar conhecimentos sobre “como trabalhar em rede“– Rede Baiana do Terceiro Setor (RBTS) Enfatizar sempre a responsabilidade de todos os envolvidos com o Curso: compromissos, decisões, ações, atividades, resultados Fazer reciclagem das ONGs alguns meses após o término do Curso

Depoimento O Projeto Transparência, que apresenta cases já consolidados e Tecnologia Social testada, faz a diferença para quem participa e se propõe a praticar os seus princípios. (Carmen Franco, consultora) Quando for diagnosticado pelo consultor de acompanhamento que na área financeira a organização está precisando de ajuda, sugerimos que seja disponibilizado um segundo consultor especializado”. (Adriana Borges- Centro de Auxílio às Pessoas com Câncer – RS) 73


Melhorias sugeridas pelos consultores do RS Presença de um contador e de um administrador para cada OSC nas visitas de acompanhamento Presença da liderança maior como pré-requisito na primeira etapa do Curso Atividades específicas de qualificação para os membros da diretoria e do conselho, trabalhando questões como legislação, responsabilidades e papéis da liderança dentro da organização Acrescentar à metodologia dinâmicas de grupo que trabalhem as relações interpessoais de forma a diminuir conflitos internos Ampliar as oficinas para uso das ferramentas de gestão, incluindo nelas a equipe técnica, já que às vezes os gestores que participam do Curso têm limitações para repassar as informações Ampliar o tempo de implementação – terceira etapa – principalmente se ocorrer no final do ano, quando as ONGs têm atividades extras.

Depoimento Sugerimos mais tempo de dedicação do consultor ao acompanhamento do Plano de Ação e aos momentos de avaliação do processo pelo gestor e equipe da Organização – ACOM 6. (Simone Pons - Associação Grupo Chimarrão da Amizade)

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Melhorias sugeridas pelos consultores da BA Maior divulgação em mídias e redes de Terceiro Setor dos avanços gerados pelo Curso nas ONGs e de como o apoio técnico e educacional viabiliza o fortalecimento institucional Tempo mais espaçado entre cada visita de consultoria Maior número de encontros entre os consultores e o coordenador da ONG Parceiros Voluntários Reavaliar o formulário Marco Zero no que tange a quantidade de questões e respostas fechadas Rever alguns formulários que são muito extensos A atividade de acompanhamento deveria se prolongar para além do período do Curso, de forma a mensurar o efetivo alcance dos objetivos propostos Durante a primeira etapa, trabalhar mais com o conteúdo dos oito critérios de gestão do Modelo de Excelência da Gestão e com o entendimento desses conteúdos, questões e seus complementos Intercâmbio entre ONGs, consultores, gestores, com objetivo de promover o conhecimento de boas práticas

Depoimento Como diferencial da metodologia da ONG Parceiros Voluntários na vida das ONGs atendidas, está o fato de que, se não fosse o Educando para a Transparência, dificilmente os gestores parariam suas rotinas para visitar em sua forma de gerir as suas

75


instituições. O processo das diversas visitas de um consultor externo influenciou na abertura de mentes e de corações, e fundamentalmente proporcionou o autoconhecimento e a tomada de decisão para a busca da sustentabilidade pelo viés da transparência e da prestação de contas. (José Augusto Brito de Jesus. coordenador do Projeto Transparência, na Bahia) A transparência é um fator crítico de sucesso. Mas o que entendemos por sucesso? A origem da palavra successus em latim é avanço, aquilo que sucede.77 Ao finalizar o Curso Educando para a Transparência, podemos dizer que 39 Organizações avançaram e tiveram a atitude de quebrar paradigmas na gestão, o que exigiu mais do que técnicas e ferramentas, precisou que fosse questionada certa confiança já segmentada. Essas ONGs foram em busca de um pensamento diferente, “ao invés de legitimar aquilo que já se sabe”, como diz Foucault.78 Conforme previsto no Projeto, as organizações que participaram de todas as fases do Curso se apropriaram dos principais conceitos, familiarizaram-se com ferramentas de gestão e planejaram ações importantes voltadas para a transparência e a prestação de contas através dos critérios de qualidade. Embora nem todas as organizações tenham concluído as ações planejadas, os resultados foram numericamente expressivos. As responsáveis pelo relatório que apresenta os resultados do Curso, Márcia Anselmo e Mari 77 Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br/site/>. Acesso em: 11.jun.2014. 78 Disponível em: <http://cti.ufpel.edu.br/cic/arquivos/2013/CH_02238.pdf>. Acesso em: 11.jun.2014.

PRIMEIRA PARTE


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Lúcia Larroza, constataram através de pesquisa, que, ao final do Projeto, as organizações participantes disponibilizaram relatórios e prestação de contas a seus stakeholders. E que – quando lhes foi perguntado se o Curso contribuiu para a melhoria do processo de comunicação entre as partes interessadas – responderam positivamente.79 Itens

BA

RS

Disponibilizaram relatórios e prestação de contas

93%

95%

Melhoria do processo de comunicação

87%

89%

Dados informados por 34 OSC respondentes: 15 da BA e 19 do RS, das 39 que finalizaram o Curso, através do instrumento de avaliação de resultados.80

Vicente Falconi, referindo-se aos critérios liderança e recursos humanos, afirma que costumam existir “ilhas de excelência e ilhas de resistências” nas organizações, sendo necessários de cinco a sete anos para que um programa de qualidade total possa alcançar resultados em uma empresa.81 Levando essa perspectiva em consideração, nos parece expressivo o fato de que das 39 organizações que finalizaram o curso, 25 afirmaram “que foi possível promover mudanças na gestão”.82 79 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Projeto Implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil. Relatório de Apresentação dos Resultados. Porto Alegre, junho de 2014. 80 Essa tabela e as próximas desse capítulo podem ser melhor analisadas em sua fonte: ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Projeto Implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil. Relatório de Apresentação dos Resultados. Porto Alegre, junho de 2014. 81 FALCONI, 2009, p. 18,19. 82 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Projeto Implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil. Relatório de Apresentação dos Resultados. Porto Alegre, junho de 2014.

77


Itens

BA

RS

Promoveram mudanças na gestão

60%

84%

Envolveram a diretoria

60%

63%

Dados informados por 25 das 34 OSC respondentes: 9 da BA e 16 do RS, através do instrumento de avaliação de resultados.

Depoimento No início do acompanhamento de campo, após o período semipresencial, as ONGs estavam um pouco desconfiadas, com dificuldade de se “calar” perante os sons, as demandas de seus beneficiários, financiadores, colaboradores. Sons que evidenciavam um clamor de urgência, de um estado de pequena desarmonia que em seu íntimo impedia que algumas vezes pudéssemos dizer algo, nos apresentar, falar sobre o objetivo das ações pretendidas, falar de como ensejávamos ajudá-los. No início éramos quase invisíveis. (José Augusto Brito de Jesus, coordenador do Projeto Transparência, na Bahia) A partir de outra avaliação aplicada ao final do Curso, foi possível perceber uma série de atitudes pontuais, mas que já representavam o fortalecimento de uma cultura de transparência. Uma dessas atitudes foi em relação à documentação e à certificação de cada organização. Aquelas que possuíam pendências foram orientadas e estimuladas pelos consultores, desde a primeira etapa do Curso, a buscarem a conformidade legal, e muitas foram em busca de suas certificações e negativas:

PRIMEIRA PARTE


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Itens

BA

RS

Inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ

100%

100%

Atestado Pleno Regular Funcionamento

88%

90%

Certidão Negativa INSS atualizada

94%

95%

Certidão Regularidade FGTS atualizada

100%

95%

Certidão Conjunta Negativa de Débitos Relativos aos Tributos Federais e à Dívida Ativa da União, atualizada

94%

100%

CPF e Identidade dos Dirigentes da OSC

100%

100%

Estatuto e Ata da Eleição da Diretoria atualizados

100%

100%

Cópia do Balanço Patrimonial distribuído

75%

90%

Dados informados por 36 OSC respondentes: 16 da BA e 20 do RS, das 39 que finalizaram o Curso, através do instrumento relatório de progresso - ACOM 5.

A conformidade legal e o apoio direto dos consultores contribuiu para fortalecer a própria sustentabilidade das organizações, o que se percebe, por exemplo, através do índice de renovação de projetos. Itens Renovaram projetos Elaboraram informações

propostas

com

mais

Enviaram informações sobre atividades/ projetos

79

BA

RS

53%

89%

60%

63%

60%

63%


Elaboraram detalhamento de orçamento em propostas/projetos

53%

46%

Realizaram reuniões/eventos para aproximar patrocinadores

33%

42%

Dados informados por 25 das 34 OSC respondentes: 8 da BA e 17 do RS. A partir das respostas de cada Estado, foram observados os dados para os itens seguintes, através do instrumento de avaliação de resultados.

Sendo o projeto um instrumento de comunicação, a sua continuidade requer indicadores e análises bem evidenciadas da etapa transcorrida até a renovação. Na busca pela transparência, muitas equipes participantes organizaram seus documentos, monitoraram/evidenciaram projetos, ações e programas. Então, na hora de encaminhar a renovação, as evidências estavam à disposição, o que possibilitou agilidade e consistência nas avaliações e proposições das ONGs. As boas práticas de transparência e prestação de contas também influenciaram a elevação no índice de parcerias, por exemplo. Das 34 que responderam à última avaliação do Curso, pode-se observar83: Indicadores

Resultado

Com novas parcerias

71%

Com novos projetos

68%

Implementaram os objetos da prestação de contas

82%

83 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Projeto Implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil. Relatório de Apresentação dos Resultados. Porto Alegre, junho de 2014.

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Disponibilizaram a prestação de contas para stakeholders

94%

Implementaram as ferramentas de gestão

100%

Com aumento de receita

41%

Aumentaram suas receitas em R$

2.345.428,13

Dados informados por 34 OSC respondentes: 15 da BA e 19 do RS, das 39 que finalizaram o Curso, através do instrumento de avaliação de resultados.

Os dados são estimulantes, uma vez que a implementação de objetos e ferramentas voltados para a transparência e a comunicação referente à prestação de contas teve índices elevados de aplicação a partir do Curso. Depoimentos Nos encontramos fortalecidos em nossas atribuições. A entidade SLAN implantou controles e adotou a postura de prestação de contas para dar credibilidade e transparência. (Sandra Regina Pretto, SLAN84, RS) Reduzimos o empirismo e a falta de método em nossas práticas diárias, que eram em uma proporção bem aquém do que necessitávamos. Sabemos onde queremos chegar, por que chegar e como isto se dará. (Daltro Jardim Garcia, Aldeia da Fraternidade, RS) Em uma de suas palestras, a filósofa Viviane Mosé, afirmou que, há décadas, trabalha em escolas e universidades, mas que só se tornou educadora no momento em que passou a olhar a educação e não apenas fazer parte dela dentro de sala de 84 SLAN: Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente.

81


aula.85 Esse é um depoimento interessante porque nos remete à necessidade de novos pensares, de reflexão, mesmo que ela seja perpassada por momentos de conflitos e indecisões. Nós sabemos o quanto o Curso propiciou esses momentos em todas as suas etapas, despertando em vários participantes a coragem de se desvencilhar por alguns momentos da faina diária, lidando de forma diferente com o tempo, valorizando o tempo das descobertas sobre o seu trabalho, sobre o valor de sua equipe, sua comunidade e da missão de sua organização. Enfrentaram o desafio de sair de sua “zona de conforto”, vieram se expor, vieram aprender a desaprender, para terem o título de “organizações aprendentes”, que segundo David Garvin, autor de Building a Learning Organization, são aquelas “capacitadas a criar, a adquirir e a transferir conhecimentos. E, ainda, a modificar seus comportamentos para refletir esses novos conhecimentos e insigths”.86 No próximo capítulo analisaremos os resultados e a trajetória de algumas das organizações que se desafiaram a participar do Curso e que, por isso, deram visibilidade à transparência, construindo mais um capítulo de suas histórias. E que histórias!

85 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PyaHzpSMAOw>. Acesso em: 8.jun.2014. 86 Disponível 14.jun.2014.

em:

<

http://www.alnap.org/pool/files/r0803h-pdf-eng.pdf>.

PRIMEIRA PARTE

Acesso

em:


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PRESTAÇÃO DE CONTAS FINANCEIRA DO PROJETO

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Aplicação dos recursos investidos pelos patrocinadores - segunda edição do Projeto Implementação de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil, desenvolvido nos estados da Bahia e do Rio Grande do Sul: RUBRICAS

REALIZADO

Custo fixo

21.322,00

Pessoal (equipe interna + consultores)

378.163,04

Material

20.522,97

Transporte (taxi, ônibus, correio)

23.208,63

Viagens (passagem, hospedagem, alimentação)

43.819,00

Eventos

32.143,54

Outros gastos (publicação, avaliação externa, mídia)

155.842,82

TOTAL

675.022,00

85



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SEGUNDA PARTE Vamos conhecer algumas Organizações, seus gestores e seus resultados.

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APRESENTAÇÃO Márcia Almeida Anselmo1 José Augusto Brito de Jesus2

Ao pensar nos resultados das organizações sociais participantes do Curso Educando para a Transparência, da Bahia e do Rio Grande do Sul, precisamos, certamente, observar o processo no qual estes resultados foram construídos. Vivenciar uma proposta que possui como base a transparência na construção dos valores de uma organização do Terceiro Setor é um desafio inspirador. O Curso Educando para a Transparência partiu do pressuposto de que o conhecimento técnico e a apropriação de novas informações e ferramentas, somados ao reconhecimento de “quem somos”, conduz a organização social a outro nível de gestão, reorientando o caminho a ser trilhado. No decorrer de todas as etapas do Projeto, tivemos a oportunidade de refletir junto com os participantes e demais consultores sobre a razão de ser de uma organização social. Desde os primeiros dias, foi possível pensar nos conceitos e nas possibilidades de ação, levando as provocações e inquietações para o contexto das instituições. Cada organização definiu estratégias e ações que foram postas em prática, analisando suas forças/fraquezas e o seu 1

Consultora coordenadora do Projeto no Rio Grande do Sul.

2

Consultor coordenador do Projeto na Bahia.

89


cenário externo. E, foi assim, com o olhar no desenvolvimento da missão, da visão e dos valores de cada instituição, que se possibilitou uma nova forma de relacionar a causa da organização às pessoas, aos processos e aos resultados. Com essa ação, o fluxo das informações e a forma como eram comunicadas passaram a receber atenção e a indicar que uma nova linguagem institucional estava sendo praticada. Também, a escuta e o diálogo, como meio na interação entre diretores, gestores e colaboradores, permitiram que dúvidas e inquietações fossem minimizadas ou substituídas pela vontade de compreender e agir de forma transparente. Era a oportunidade que nascia, esperando que a vontade de cada um entrasse no caminho e desse acesso a uma nova forma de fazer, já que as expectativas eram muitas e as dificuldades, tantas outras. Contudo, o que fazia a inspiração crescer era a certeza de que motivar e engajar outros para esta proposta, que tinha como princípios a transparência, provocaria novas reflexões e um processo de autoconhecimento das pessoas e da própria organização. Observando esse processo, podemos perceber que esse movimento é fundamental para a mudança: partir de um conceitual, compartilhado em sala de aula, para a construção coletiva, na prática. Não por acaso, o Projeto orienta em sua metodologia a abordagem da transparência nas organizações, através de oito critérios: Liderança; Estratégia/ Planos; Beneficiários; Sociedade; Pessoas; Informações e Conhecimentos; Processos; e Resultados. Os resultados podem ser evidenciados tanto na rede de relações tecida pelas organizações participantes, quanto SEGUNDA PARTE


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pela apropriação dos conteúdos. Na Bahia, o vínculo criado pelas organizações, respeitando-se o conhecimento e o ritmo de cada uma, originou a Rede Baiana do Terceiro Setor. Esta Rede nasce para fortalecer o Terceiro Setor no Estado, fomentar a sua legitimidade e união, bem como gerar e disseminar conhecimentos relevantes. Também, no Rio Grande do Sul, a capacidade de mobilização das lideranças para o desenvolvimento de ações de comunicação e captação de recursos foi potencializada e, hoje, algumas Organizações já colhem resultados bastante positivos. Além disso, a apropriação dos conteúdos pode ser observada na elaboração de novos projetos institucionais, na prospecção de novos parceiros, na construção de agendas de reuniões, na elaboração do manual de voluntários, na implantação do regimento interno ou na construção de avaliações junto aos beneficiários. Parafraseando o poeta espanhol Antonio Machado, que diz que o caminho se faz ao caminhar, pode-se refletir que a perfeição do processo está em si mesmo, pois foi nele que se viabilizou a reflexão sobre a realidade, a tomada de decisão em direção à mudança e a prática de novas atitudes de transparência. Ao finalizarmos o Projeto, fica uma sensação de dever cumprido. Uma sensação de termos proporcionado o diálogo entre diferentes, o intercâmbio de diversas realidades e de experiências exitosas. Foi excelente ver que as organizações beneficiárias conseguiram dar passos firmes em direção às suas sustentabilidades, na medida em que incorporaram os planos de ação referentes aos critérios de transparência. 91


Fica a certeza de que lhes foi proporcionada uma experiência integral, na qual a vivência conjunta do pensar, sentir e agir sob a ótica da transparência inspirou a ressignificação da realidade organizacional.

SEGUNDA PARTE


T R A N S PA R Ê N C I A como fator crítico de sucesso Organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul 2013 - 2014

93



ACOPAMEC - BA ASSOCIAÇÃO DAS COMUNIDADES PAROQUIAIS DE MATA ESCURA E CALABETÃO

A

Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (ACOPAMEC) foi criada no ano de 1990 pela comunidade voluntária da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, contando com o grande empenho da Pastoral da Criança. A Associação nasceu da necessidade de contribuir com a formação das crianças e adolescentes das comunidades de Mata Escura e Calabetão, localizadas na periferia de Salvador/BA. No início da década de 1990, essas comunidades ainda não tinham escola, bens comunitários culturais ou espaços de lazer. Miriam Celeste recorda: Na Mata Escura conheci outra realidade que não acreditava existir: famílias matavam a fome de seus filhos com água e sal ou farinha molhada com sal. Daí nossa grande preocupação com a alimentação de nossos meninos e meninas (...). A gente criou uma relação dentro da comunidade, uma afetividade com os meninos. (Miriam Celeste Sanchez Costa).1 Já nos primeiros anos, a equipe da Associação tinha a certeza de que para realizar a sua missão era preciso envolver a família e a comunidade. “O sonho era trabalhar todas as relações sociais para resgatar a autoestima, a convivência 1

In: RAMON, 2010, p. 217

95


familiar e a inserção positiva desses jovens na sociedade.”2 A partir do sonho veio a ação e com ela a experiência e os alicerces de uma metodologia. Em 1999 estava pronto o plano global, em que são evidenciados os seguintes parâmetros. Assistência emergencial – ações que, de forma pontual, buscam superar riscos que ameaçam a vida, como a fome e as enfermidades. A Associação mantém um posto odontológico disponibilizando serviço preventivo e procedimento clínico.3 Promoção social – vivência grupal dos jovens, com a participação ativa das famílias, buscando a formação integral. Os jovens têm a possibilidade de estudar, participar de projetos voltados ao lazer e à cultura. No Centro Profissional realizam cursos profissionalizantes, como cabeleireiro, culinária, estética, informática, mosaico, prótese dentária, costura e panificação. Ação Social – busca a mobilização das comunidades de Mata Escura e Calabetão para que, organizadas e de forma coletiva, conquistem seus direitos e sonhos.4 Desde 2006 fazem um trabalho mais sistemático na área de formação sociopolítica, discutindo com os beneficiários sobre sua realidade, o que eles querem e o que eles pensam. A partir desses três parâmetros, a ACOPAMEC desenvolve vários projetos que atendem mais de dois mil beneficiários por ano, entre crianças, jovens e suas famílias. Conta com várias parcerias, organizações governamentais e 2

Ibidem, p. 26.

3 Disponível 10.jun.2014. 4

em:

<http://www.acopamec.org.br/posto-odontologico.php>.

RAMON, 2010, p. 107

SEGUNDA PARTE - ACOPAMEC

Acesso

em:


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não governamentais multinacionais e estrangeiras, além de amigos e pessoas da comunidade.5 A equipe interna distribui seu tempo entre os afazeres da Associação e a participação constante em conselhos e fóruns, como o Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil e o Fórum de Direito da Criança e Adolescente.6 Essa equipe se destaca, também, pelo foco na formação continuada de seus colaboradores, que, aliás, tiveram participação ativa no Projeto Transparência. Pela Associação, participaram do Curso Educando para a Transparência dois funcionários do setor administrativo, Gildásio de Jesus e Joelson Santana, e a responsável pela elaboração de projetos e pela mobilização de recursos, Jaína Santos Cardoso. No depoimento coletivo feito durante o curso, eles salientaram: Infelizmente, uma leitura equivocada do Terceiro Setor dificulta a clara percepção e o reconhecimento do trabalho sério, comprometido e impactante desenvolvido pelas organizações não governamentais. O Curso trouxe ferramentas e informações importantes para fortalecer o trabalho realizado pela nossa organização. Foi uma rica oportunidade de qualificar a atuação social e sua relação com os diversos atores com quem convive.7

5

Disponível em: <http://www.acopamec.org.br/parceiros.php>. Acesso em: 1o.jun.2014.

6

RAMON, 2010, p. 239.

7 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Depoimentos de Avaliação. Etapa Presencial. Projeto Transparência, 2013/2014.

97


Nessa reflexão já se delineavam as ações que posteriormente transformariam a comunicação interna e externa da organização. Quando o consultor, Nenrod Santos, iniciou a consultoria técnica, a equipe diretiva já estava motivada a levar a transparência para as práticas diárias, por isso precisavam começar a refletir coletivamente em relação à gestão e à missão da ACOPAMEC que é a seguinte: Favorecer – através de ações socioeducativas e protetivas, que priorizem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários – o desenvolvimento, a formação e a proteção integral das crianças e dos adolescentes que residem nos bairros das periferias de Salvador, especialmente em Mata Escura e Calabetão, e que se encontram em situação de risco pessoal e social.8 A partir da reflexão, veio a decisão de colocar em prática um amplo planejamento de comunicação. Para tanto, com o apoio técnico de Nenrod, dividiram-se em quatro grupos de trabalho: GT Diagnóstico, GT Político, GT Monitoramento e GT Técnico.9 Antes de “colocar a mão na massa”, criaram um plano de ação a partir da ferramenta 5W2H, cujo objetivo era “inovar a dinâmica de comunicação interna, pautando-se pelos princípios de transparência”.10 Eles previram as seguintes macroações: 8 Disponível 1o.jun.2014.

em:

<http://www.Acopamec.org.br/noticias.php?id=1893>.

Acesso

em:

9 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. ACOPAMEC. Relatório de Atividades no 2. Projeto Transparência, dez.2013. 10 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. ACOPAMEC. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 2). Projeto Transparência, 2013/2014.

SEGUNDA PARTE - ACOPAMEC


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1. avaliar as ferramentas de comunicação existentes e aplicadas; 2. validar regras institucional;

de

comunicação

interna

e

3. alinhar os instrumentos de comunicação; 4. estabelecer fluxo de comunicação institucional; 5. construir procedimentos de acompanhamento; 6. estabelecer indicadores de acompanhamento; 7. construir ciclo de PDCA.11 O item no 3, por exemplo, “alinhar os instrumentos de comunicação”, era responsabilidade do GT Técnico, que coordenaria as seguintes ações voltadas para esse alinhamento: − padronizar os meios físicos (documentação, murais, padrão de uso da marca); − padronizar os meios tecnológicos (rede intranet, telefonia, redes sociais); − padronizar meios publicitários (banner, folders…).12 Seguindo essa dinâmica, a ACOPAMEC relacionou várias ações para cada objetivo, e a partir daí começou a prática, sempre seguida de monitoramento, coleta de evidências e avaliação, pois foi criado o GT Monitoramento que construiu o ciclo do PDCA. 11 Ibidem. 12 Ibidem.

99


Achávamos que já tínhamos os instrumentos. Eles realmente já existiam, mas não estavam sendo bem utilizados, e a transparência chamou para a democratização e oferta técnica das ferramentas.13 Seguindo o planejamento, a equipe criou uma matriz de comunicação institucional interna, estabelecendo periodicidade de encontros e reuniões. Dessa forma, atingiu seu objetivo de trazer a transparência para os processos internos, extrapolando, inclusive, o eixo da comunicação: A transparência, mais do que um modismo, tornouse uma introspecção institucional. O tamanho da discussão gerou um processo contínuo, uma política da instituição com base na transparência. A objetividade da ferramenta – quem, quando, onde, quanto e como – girava em torno de um único tema, a transparência. A objetividade se transferiu para todos os elementos, para uma festa, para uma feijoada, para um evento, para uma reunião.14 No critério “Beneficiários”, o consultor Nenrod Santos relatou, após a primeira consultoria, que a organização dispunha de um completo banco de dados sobre os beneficiários e suas famílias, no entanto, ele considerou falha a integração dos dados de forma sistêmica. “Isso, explica Nenrod, faz com que as informações do todo sejam desperdiçadas”.15 O consultor sugeriu, então, uma atualização 13 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. ACOPAMEC. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 5). Projeto Transparência, 2013/2014. 14 Ibidem. 15 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. ACOPAMEC. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 1). Projeto Transparência, 2013/2014.

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no banco de dados, e essa ação também foi efetuada com a “implementação de instrumento para cadastramento mais seguro de beneficiários indiretos”16, buscando, assim, uma visão mais abrangente quanto à tecnologia da informação. Peter Drucker afirma que “empreendedorismo não é nem ciência, nem arte, é uma prática.”17 Essa prática nós acompanhamos ao longo do Curso Educando para a Transparência entre os gestores da ACOPAMEC. Movidos pela emoção e pelo compartilhamento de boas práticas com os demais colaboradores, eles espalharam a vontade de empreender. A equipe agora carrega a transparência como um valor muitíssimo estimado. Através das ferramentas da transparência eles construíram processos mais harmônicos e eficazes. Com isso, a busca pela missão se expandiu, assim como também se expandiu a vontade de experimentar o diferente, buscando sempre novas boas práticas que sustentem a absoluta certeza de ter deixado lá para trás o prato com água e sal.

16 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. ACOPAMEC. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 5). Projeto Transparência, 2013/2014. 17 Peter Durker, 1974, in: SCHMITZ, 2012, p. 9.

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Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Implementação das ferramentas de gestão FOFA, 5W2H e PDCA. • Revisão da missão, visão, valores, estatuto social, contratos e convênios.

Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Implementação de cadastro dos beneficiários diretos e indiretos. • Revisão do projeto político pedagógico institucional. • Implantação do plano de comunicação e ações permanentes de divulgação para o público interno (murais, e-mail, circulares e reuniões). Responsabilidade por suas ações e decisões

• Implementação e capacitações voltadas aos colaboradores. • Implantação de acompanhamento dos resultados dos projetos por meio de auditoria externa.

Sustentabilidade

• Efetivação de duas novas parcerias. • Renovação de seis projetos. • Aumento de receita em 8,26% - comparativo 2012/2013.

SEGUNDA PARTE - ACOPAMEC


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APAE - Vacaria - RS ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS

O

tango – um gênero musical que inclui dança, poesia e canto – é considerado pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.1 Da Região do Prata, na América do Sul, onde surgiu como dança só para homens, foi ganhando o mundo pelo seu ritual dramático e forte. No Brasil, existem alguns grupos de dança especializados em tango, um deles, já famoso pelas participações em festivais e premiações, é o grupo de dança da APAE Vacaria. Ao som da música platina, os alunos da APAE formam seis parelhas, eles de terno preto, elas de vestido vermelho. Eu dançarina... Eterna menina... Nos cabelos linda flor2 Os jovens dançarinos se dedicam e gostam muito de música, mas também curtem ter amigos, passear e ir a escola. Isso tudo é importante porque é assim que vão construindo uma base extrafamiliar. Em 2014, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Vacaria completa cinquenta anos. A partir das experiências e histórias vividas, a equipe reconhece que 1

Disponível em: <http://www.unesco.org/culture/ich/en/RL/00258>. Acesso em: 20.mai.2014.

2

“Frenético Tango” de Carmen Vervloet.

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não existe destino determinado. Como diz Idilia Fernandes, não podemos reduzir toda a complexidade do que é humano a distúrbios neurológicos ou psiquiátricos. Não se pode negligenciar a multiplicidade de fatores que determinam uma vida.3 Assim, cada criança ou adolescente que passou por lá foi capaz de encontrar a sua forma de se expressar e de conviver em comunidade, ora se diferenciando, ora se igualando, fazendo parte, enfim, da dinâmica social. A dinâmica interna da APAE Vacaria é caracterizada por grande demanda de trabalho. São mais de 280 beneficiários “com deficiências intelectuais e múltiplas nas áreas: clínica e pedagógica”.4 Na área pedagógica os alunos frequentam a Escola Irmão Getúlio, que inclui o EJA (acima de 14 anos) e o ensino profissionalizante.5 A organização também oferece várias oficinas pedagógicas e pré-profissionalizantes, visando a independização e a autonomia, como a Oficina de Atividades da Vida Prática, idealizada para que os beneficiários aperfeiçoem habilidades e “atitudes necessárias para desenvolver as tarefas cotidianas”, e assim consigam “o máximo de autonomia”.6 Os adolescentes e jovens aprendem a enxugar louça, arrumar a cama, varrer a casa, etc. Por falar em aperfeiçoar habilidades, entre os meses de junho e julho de 2013, a diretora da Escola da APAE, Adriana 3 FERNANDES, Idilia. A Questão da Diversidade da Condição Humana na Sociedade. Revista da ADPPUCRS. Porto Alegre, nº. 5, p. 77-86, dez. 2004 . Disponível em: <http://www.adppucrs.com.br/ informativo/questaodadiversidade.pdf>. Acesso em: 20.mai.2014. 4 Disponível em: <http://www.APAEVacaria.org.br/index.php?APAE=sobreAPAE>. Acesso em: 21.mai.2014. 5

Informativo APAE. Vacaria, 2013, p. 04.

6 Disponível em: <http://www.apadev.org.br/pages/workshop/terOcupacional.pdf>. Acesso em: 21.mai.2014.

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Reck Benato, e a secretária administrativa Manoela Melo Monteiro dividiram seu tempo de trabalho entre os afazeres na APAE e as viagens de Vacaria a Porto Alegre, distância de 240 km que percorriam semanalmente para participar do Curso Educando para a Transparência. Nas aulas, Adriana e Manoela ora escutavam, ora se envolviam em dinâmicas e desafios propostos e compartilhados no grupo. Mas, por vezes, palavras eram dispensadas, porque precisavam do silêncio para imaginar as coisas diferentes lá na organização. “Muitos aspectos vão melhorar na entidade, inclusive o processo de liderança”, escreveu Adriana Benato no final da parte presencial. Quando uma gestora, que não é centralizadora, afirma que as coisas vão mudar, o primeiro passo está dado, mas e o segundo, o terceiro, o quarto? Havia muitos desafios pela frente, mas Adriana e Manoela não estavam sozinhas, a metodologia do Educando para a Transparência prevê o apoio para esse “desacomodar” coletivo na organização. Com algumas adaptações, a partir dos subsídios pedagógicos trazidos de Porto Alegre, as duas gestoras realizaram o repasse do Curso para os demais colaboradores da APAE. Dessa forma, quando a consultora da ONG Parceiros Voluntários, Carla Fátima Pereira da Silva, chegou à organização, todos estavam confiantes. A primeira reunião foi feita com um representante de cada setor e toda a equipe técnica: presidente, contador e diretor financeiro. Os funcionários participaram sempre, da primeira até a última reunião! A equipe

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diretiva realmente queria construir com todas as partes interessadas o diagnóstico da organização, e como tinham participado da etapa semipresencial do Curso, sabiam usar as ferramentas de diagnóstico e planejamento. (Carla Fátima Pereira)7 Sabiam utilizar as ferramentas e as utilizaram muito bem. Aliás, vale a pena ler a Matriz SWOT/FOFA que criaram. Foi feita por toda a equipe e apresenta uma diversidade de percepções que certamente não existiria se tivesse sido feita apenas pelos gestores. No critério “beneficiário”, por exemplo, observamos alguns itens. Forças: existe um registro de controle de atendimento total mensal; e os controles diários por beneficiário existem por atendimento individual, por setor operacional. Fraquezas: não há registro e acompanhamento sistematizado com indicadores, dos beneficiários diretos e indiretos (pai, mãe, avó, avô, etc.). Os beneficiários diretos e indiretos não participam da identificação das necessidades, da elaboração e monitoramento ou avaliação dos projetos.8 Depois de repassados todos os critérios – como liderança, processos, comunicação – foi organizado o planejamento, com 25 ações descritas minuciosamente (o que fazer, quem, 7 SILVA, Carla Fátima Pereira da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 19 de maio de 2014. 8 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. APAE Vacaria. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 2). Projeto Transparência, 2013/2014.

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quando, como, onde, quanto custará e evidências necessárias). Assim, quanto ao critério “beneficiários”, por exemplo, ficou estipulada a abertura de espaços nos eventos e nas reuniões para que contribuíssem, identificando necessidades e avaliando ações. E, também, para que participassem na construção de processos e no monitoramento de projetos, trazendo um retorno (feedback) em relação a eles.9 Planejadas as ações, o próximo passo era seguir rumo à ação. Nesse momento, quando a equipe deu-se conta de tantos afazeres – além dos que já constavam em sua rotina de trabalho – o processo congelou. Por pouco tempo, mas congelou: Em um primeiro momento, levamos um susto, pensamos que não seria possível tanta transformação. Mas, com método, começamos, e quando a consultora Carla salientou os resultados possíveis, a curto prazo, principalmente na parte da comunicação, nos motivamos e modificamos bastante a gestão. Agora realizamos reuniões mensais em que todos os setores participam e ficam a par de todos os acontecimentos. (Adriana Benato)10 Além disso, em relação à comunicação, a APAE Vacaria estabeleceu o mapa de comunicação, a definição dos stakeholders e o plano de comunicação. Segundo a consultora Carla Fátima:

9 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. APAE Vacaria. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 3). Projeto Transparência, 2013/2014. 10 RECK, Adriana Benato. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 19 de maio de 2014.

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A comunicação melhorou na APAE, e o processo de gestão em geral também, o que resultou em menos sobrecarga de trabalho para a diretora e para as coordenadoras, porque os procedimentos foram construídos por todos e com o comprometimento de todos. No evento de final de ano, em 2013, a prestação de contas foi feita com maestria. Cada parte interessada deu seu depoimento: pais, colaboradores, patrocinador, representante de um dos conselhos, alunos. Os vizinhos foram convidados a assistir ao evento, porque falamos da importância de a comunidade conhecer a APAE. (Carla Fátima Pereira da Silva)11 A partir do envolvimento da equipe nessa terceira etapa do Curso, uma boa prática adotada foi o estímulo às colaboradoras que trabalham com as refeições para que comunicassem suas vivências, sugestões e escuta. Essa comunicação se fazia importante uma vez que elas, convivendo diariamente com os alunos, reconhecem, por exemplo, quando um deles está triste ou está alegre. Também reconhecem quando o aluno não está se alimentando bem, quando adquire autonomia para manusear os talheres. Carla Fátima conta que, a partir do momento em que se deu voz a essas colaboradoras, sua autoestima foi reforçada e ampliou-se o canal de comunicação interna.12 A organização também se destacou por ter ampliado o emprego de ferramentas de gestão, como as de planejamento, 11 SILVA, Carla Fátima Pereira da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014. 12 Ibidem,

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de controle de beneficiários (cadastros e banco de dados atualizados) e de recursos humanos (planilha com descrição de cargos e salários).13 Uma dificuldade da equipe nessa etapa do Curso foi “transparecer” o balanço patrimonial, divulgando-o mais, através dos murais e encontros com a comunidade. Havia a opinião de que pais e alunos ficariam impressionados com os valores ali expostos e poderiam não ter ideia dos dispendiosos gastos mensais. Mas, segundo a consultora Carla, com um novo olhar sobre a prestação de contas todos perceberam que divulgando as ações, projetos, receitas e despesas, não existia a possibilidade de mal entendido.14 Quando a consultora da ONG Parceiros Voluntários chegou à APAE para a segunda consultoria “os quadros murais já estavam diferentes, com mais informações, e a partir daí foram aprimorando as estratégias de acordo com o que ia sendo construído nas consultorias”.15 Assim a organização está com um grau de transparência mais elevado, com os processos mais ajustados e maior abertura para o diálogo com a comunidade, participando inclusive em mais dois conselhos, como o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Conselho Municipal de Assistência Social.16

13 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. APAE Vacaria. Instrumento de Avaliação dos Resultados. Projeto Transparência, 2013/2014. 14 SILVA, Carla Fátima Pereira da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014. 15 Ibidem. 16 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. APAE Vacaria. Instrumento de Avaliação dos Resultados. Projeto Transparência, 2013/2014.

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Em uma reunião comentaram que o Projeto trouxe certo tumulto para a equipe e muita ansiedade. Comentei que esse incômodo foi importante porque desacomodando é que puderam transformar com foco nas boas práticas de gestão. Se aquele mal-estar não existisse, hoje estaríamos ainda no mesmo lugar, com o mesmo tipo de procedimentos. (Carla Fátima Pereira)17 Como diz a consultora Carla Fátima, quando as pessoas estão em um grupo, no mesmo lugar, e começam a executar certos movimentos, não quer dizer que, de pronto, andarão no mesmo ritmo. Uns irão para a frente, outros para trás, depois vão juntos... Um, dois, movimento de voleio... e faz-se o tango! É a gestão – ou a vida – imitando a arte.

17 SILVA, Carla Fátima Pereira da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014.

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Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Implementação das ferramentas de gestão FOFA, 5W2H, PDCA,

organograma, fluxo de caixa e descrição das competências (equipe). • Revisão da missão, visão, valores, estatuto social, certificados, títulos, contratos, convênios e relatórios de entrega. • Implantação do livro de doações. • Elaboração de instrumento para controle financeiro. Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Implantação do plano de comunicação. • Implantação do banco de dados e cadastro dos beneficiários. • Elaboração de relatório de atividades 2013. • Maior divulgação das atividades pelas redes sociais, mural e informativo. • Elaboração de cronograma para participação nas reuniões dos conselhos municipais. • Ampliação do envolvimento da diretoria no processo de revisão da gestão. Responsabilidade por suas ações e decisões

• Implantação e divulgação de ações e deliberações da diretoria. • Realização de capacitações com colaboradores. Sustentabilidade

• Efetivação de três novas parcerias. • Renovação de seis projetos. • Aumento de receita em 10% - comparativo 2012/2013. • Cadastro de novos associados.

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Centro de Formação Teresa Verzeri - RS O fantasma do tempo livre passeia pelo mundo... Não se trata de auspiciar o melhor dos mundos possíveis, mas, muito mais realisticamente, o melhor dos mundos realizados até agora (...) onde o tempo livre seja resgatado da banalidade, do consumismo e da violência, e em que a cultura no seu conjunto, e não só a economia, guie o agir social. (Domenico De Masi)1

A

equipe do Centro de Formação Teresa Verzeri considera importante o tempo livre das crianças e adolescentes que ela recebe diariamente em turnos inversos à escola. E procura preencher esse tempo com muita brincadeira, momentos de leitura, descanso, oficinas de espiritualidade, teatro, capoeira e – acreditem – oficinas de filosofia. Porque, sem dúvida, há espaço para as crianças e adolescentes no universo filosófico, o que contribui para desenvolver “o senso crítico, a capacidade de refletir, criticar, questionar, argumentar e dialogar perante o grupo”.2 A Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus se estabeleceu em Esteio/RS na década de 1950. O planejamento previa apenas a criação de um convento, no entanto, a partir do envolvimento com a comunidade, as coisas tomaram outro rumo: 1

DE MASI, Domenico. 2000, p. 308 e 310.

2 Disponível em: <http://www.cftv-esteio.com.br/index.php?secao=servicosoferecidos>. Acesso em: 16.mai.2014.

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As irmãzinhas, como eram carinhosamente chamadas, realizavam na comunidade serviços voluntários de escuta e ajuda com crianças em aprendizagem, além da catequese com que as preparavam para a primeira comunhão. Mas a comunidade ansiava por mais, sabia que as irmãs poderiam ajudar e também queria ajudá-las. Então se uniram e pediram que as irmãs fundassem uma escola.3 Por mais de 30 anos, as irmãs dedicaram-se à educação na Escola Sagrado Coração de Jesus, de Esteio. A criação do Centro de Formação está muito ligada aos novos rumos da Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, a partir de 1990, quando começou a gradual transformação da Escola em um espaço para desenvolver um programa socioeducativo: O trabalho de implantação do projeto social iniciou com oficinas de Informática Básica, Inglês, Dança e Esporte, através de atendimentos totalmente gratuitos. Enquanto escola, havia pagamento de mensalidades conforme a renda familiar, porém, gradativamente, com o projeto, o atendimento de gratuidade total foi se estabelecendo ao todo na instituição.4 No ano de 2006 foi inaugurado o Centro de Formação Teresa Verzeri (CFTV), onde a meninada em situação 3 CENTRO DE FORMAÇÃO TERESA VERZERI. Histórico do Centro de Formação Teresa Verzeri Esteio. Arquivo CFTV, 2014. 4 Disponível em: <http://www.cftv-esteio.com.br/index.php?secao=histórico>. Acesso em: 17.mai,2014.

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de vulnerabilidade socioeconômica aproveita o tempo em atividades socioeducativas. Enquanto isso, as irmãs e demais equipe de colaboradores continuam em constante transformação, porque, desde a década de 1950, mantêm diálogo e parceria com a comunidade. Dessa flexibilidade e vontade de desenvolver projetos sociais, por vezes até audaciosos, é que vêm as atuais e inúmeras parcerias: Para dar conta de todos os projetos que o Centro desenvolve hoje e dos que ainda quer realizar, é preciso pensar, também, no bem-estar e nas competências coletivas da equipe diretiva e demais colaboradores que atuam lá. Em 2013, toda a equipe se envolveu com o Curso Educando para a Transparência, e dessa participação temos interessantes histórias para contar e documentos para evidenciar. Tudo começou quando Jeanine Godoi representou o CFTV na parte presencial, em 2013, com palestras e dinâmicas que lhe inspiraram mudanças. “A cada encontro aprendendo, reaprendendo, transformo, cresço”, dizia ela.5 Quando a pedagoga Jeanine levou a vontade de implementar novas práticas de gestão para a organização e, posteriormente, quando chegou a consultora da ONG Parceiros Voluntários para acompanhar o repensar e o transformar dos processos, surgiu um dilema: de que forma a equipe iria conseguir tempo para diagnosticar e aplicar essas boas práticas? Sobre esse momento, Carla Fátima recorda: Quando iniciou a atividade, quando eu fiz o primeiro 5 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Depoimentos de Avaliação. Etapa Presencial. Projeto Transparência, 2013/2014.

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diagnóstico, percebi que o CFTV tinha conhecimento de processos de gestão e indicadores de resultado, mas, como o quadro de funcionários era reduzido, deixaram de fazer alguns passos porque não davam conta. Através do Curso conseguimos fazer um ajuste para melhorar esse processo criando indicadores, treinando colaboradores, avaliando o planejamento estratégico, que foi reelaborado. (Carla Fátima Pereira)6 Segundo a diretora do CFTV, Simone Pacheco da Silva, a resistência em relação a atitudes efetivas de transformação foi se dissipando. Ela complementa afirmando: “Fomos percebendo que tudo era viável e bem pertinente”.7 Era pertinente, mas, antes, era preciso preparar os caminhos. A Associação de Literatura e Beneficência é a mantenedora do CFTV. Ela centraliza, com o auxilio de um software, a gestão de todos os centros comunitários, escolas e hospitais dirigidos pelas irmãs do Sagrado Coração de Jesus. Sendo assim, era preciso pensar na viabilidade de seguir o padrão geral da mantenedora e, ao mesmo tempo, aplicar um modelo de gestão mais de acordo com o Terceiro Setor e com a realidade da comunidade de Esteio. Carla Fátima ressalta: A mantenedora já tinha um processo estabelecido, mas teve a boa vontade de querer participar, não 6 SILVA, Carla Fátima Pereira da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014. 7 SILVA. Simone Pacheco da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014.

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entendendo que o CFTV era apenas um braço da Rede Verzeri. Entenderam que era uma unidade que podia ter uma gestão própria e que precisavam olhar para os beneficiários daquele município, porque cada região dentro do Rio Grande do Sul tem necessidades diferentes. (Carla Fátima Pereira)8 A receptividade da irmã Cristina de Almeida Cruz, representando a mantenedora, e a energia de Carla Fátima resultaram num efeito dominó, envolvendo todos os colaboradores, voluntários e parceiros dos conselhos. Por falar em conselho, observando o plano de ação que a equipe elaborou junto com a consultora, vemos que no critério liderança consta: “Ampliar as evidências e a participação nas reuniões nos conselhos”, onde se justifica que as evidências “devem estar disponíveis para qualquer pessoa dentro do CFTV, que poderá representar a OSC nestas reuniões, tendo um entendimento das memórias dos fatos e decisões”.9 Ações como esta que, de fato, saíram do papel, começaram a facilitar os processos dentro da organização e algumas foram, inclusive, compartilhadas com outras entidades. Durante a reunião de um dos conselhos, alguns gestores disseram que também passariam a registrar em um livro o resumo e as deliberações da reunião com a assinatura do presidente do conselho.10 8 SILVA, Carla Fátima Pereira da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014. 9 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Centro de Formação Teresa Verzeri. Guia de Atividade de Atendimento da OSC. Projeto Transparência, 2013/2014. 10 SILVA, Carla Fátima Pereira da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014.

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Hoje, vejo o conhecimento aplicado incorporado na rotina do CFTV. O processo de comunicação foi ampliado, agora todas as partes interessadas recebem informação, balanço patrimonial, demonstrativos de resultados. E como consultora é muito motivador ver que as boas práticas de gestão também contribuíram, para ampliar as parcerias. (Carla Fátima Pereira)11 Quando Carla Fátima se refere à ampliação da comunicação interna e externa, refere-se, por exemplo, ao fato de se tornar frequente a participação de beneficiários nas reuniões de acompanhamento dos projetos que desenvolvem. Além disso, o CFTV destaca as seguintes boas práticas de comunicação implementadas: − realizamos mais encontros com os responsáveis, mais ações de avaliação de projetos com os educandos; − patrocinadores e parceiros passaram a acompanhar os relatórios de monitoramento, que agora são bem mais elaborados e transparentes; − os beneficiários começaram a participar em pesquisas de satisfação; − colaboradores e voluntários, acolhendo a proposta do Projeto, passaram a apoiar, participando em reuniões de estudo e capacitação. Segundo a equipe do CFTV, o Curso Educando para a Transparência contribuiu para a aprovação de novos projetos 11 Ibidem.

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e parcerias – SENAC, Secretaria de Justiça e dos Direitos Humanos e Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Para realizar essas parcerias foi importante a maior atenção à transparência na gestão. Além disso, durante o Curso aprimoraram itens importantes da estrutura de um projeto, como cronograma, orçamento e indicadores.12 “O nosso pensamento agora é diferente. Em cada ação, pensamos de que forma poderemos evidenciar, porque é mais intenso o nosso desejo de ser transparentes, até porque sabemos que traz mais visibilidade.” (Simone Pacheco da Silva)13 Assim, sempre com o carinho e apoio da comunidade, e agora da ONG Parceiros Voluntários, o Centro de Formação dá continuidade à obra da Madre Teresa Verzeri, mas com mais visibilidade, transparência e gestão. Teresa Verzeri desenvolveu uma pedagogia focada no elogio e na prevenção. Mas, onde se percebe a prevenção no Centro de Formação Teresa Verzeri, em Esteio? Em alguns lugares que ficam entre o passado e o futuro. Percebe-se, por exemplo, quando um menino que passou por lá, hoje comenta: “E a saudade vem!”14. Sim, a saudade vem. E, carregada de memórias: vivências que lhe deram uma perspectiva de futuro focado na alegria, na vontade de aprender e de compartilhar. Haja hoje para tanto ontem. (Paulo Leminski) 12 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Centro de Formação Teresa Verzeri. Instrumento de Avaliação dos Resultados. Projeto Transparência, 2013/2014. 13 SILVA. Simone Pacheco da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 16 de maio de 2014. 14 Postagem realizada em 16 de abril CFTVESTEIO?fref=ts>. Acesso em: 17.mai.2014.

de

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2014,

in:

<https://www.facebook.com/


Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Revisão da missão, visão e valores. • Planejamento estratégico para 10 anos e planejamento anual por área.

• Implementação das ferramentas de gestão PDCA, planilha de

custos, fluxo de caixa, orçamento e descrição das competências (equipe). • Implantação de sistema corporativo integrado de gestão. • Elaboração de manual de patrimônio. • Informatização do balancete. • Implantação dos centros de custos por área. • Implantação do controle de estoque da nutrição, materiais pedagógicos e de doações recebidas. Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Divulgação da missão, visão e valores no site e folder. • Implantação de processo de reuniões e calendário de atividades. • Qualificação da comunicação interna. • Implantação do banco de dados e cadastro dos beneficiários. • Ampliação da divulgação do Relatório de Atividades, vídeo institucional e atas. • Ampliação da divulgação das decisões, dados financeiros. Responsabilidade por suas ações e decisões

• Capacitação de funcionários e voluntários. • Implantação de ações de avaliação de projetos com os educandos.

Sustentabilidade

• Efetivação de três novas parcerias. • Renovação de dois projetos.

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Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio - RS Entre as décadas de 1930 e 1940 havia, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, um grupo de meninos conhecidos como Marcelinos. O nome fazia alusão ao local em que se reuniam para jogar futebol de várzea, a Praça Cônego Marcelino, em homenagem ao cônego baiano nascido em 1838. Na época, a praça era apenas um grande largo, tendo como edificação mais próxima um orfanato-escola, o Pão dos Pobres de Santo Antônio, fundado pelo cônego Marcelino em 1895. (TERRA, 2002, p. 82)

A

gestão da Fundação O Pão dos Pobres precisou, de tempos em tempos, se reinventar – e lá se vão 118 anos. Por muito tempo essa organização foi uma instituição assistencialista que, apesar da instabilidade financeira, se manteve com os recursos recebidos de doações espontâneas de particulares e subvenções do governo.1 Se abordarmos a comunicação externa e a fidelização dos “parceiros”, percebemos que, nos primeiros tempos, as estratégias eram bem diferentes. Além da divulgação nas festas e quermesses da Igreja, o Pão dos Pobres contava com o apoio dos jornais. No jornal “A Federação” encontramos, no ano de 1899, uma lista semanal com o nome das pessoas que faziam doações. Outra estratégia era a publicação de cartas escritas 1 Ata da Câmara de Vereadores de 25 de agosto de 1898: “Autorizam o Intendente a fornecer auxílio financeiro ao Diretor da obra O Pão dos Pobres”. Disponível em: <http://lproweb.procempa. com.br/pmpa/prefpoa/camarapoa/usu_doc/catasvxiii.pdf>. Acesso em: 2.mai.2014.

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pelo cônego Marcelino. Em 1899, prestes a comprar o terreno onde até hoje está a sede da Fundação, o cônego escreve:

A Federação, 13 de julho de 18992

O marketing do Pão dos Pobres, é claro, se transformou ao longo do tempo, mas nada se compara à mudança ocorrida no início do século XXI. Foi decorrente de um reordenamento institucional, que desenvolveu em todos os projetos e programas a ênfase no apoio às famílias e também na autonomia e protagonismo dos beneficiários. Além disso, é importante salientar a extinção do internato semanal e a criação de casas de acolhimento para crianças e jovens, sob a orientação da Vara da Infância e da Juventude. (STAUB, 2013)

2 Disponível em: <http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=388653&pesq=pao%20 dos%20pobres>. Acesso em: 3.mai.2014.

SEGUNDA PARTE - O Pão dos Pobres


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No bojo desse reordenamento institucional, foi preciso também focar a sustentabilidade da Fundação: (...) apesar de todos os esforços para a captação de recursos, a instabilidade financeira sempre foi uma constante enfrentada pelos dirigentes do Pão dos Pobres. Um exemplo disso são as dívidas, que no ano de 2007 chegaram à expressiva soma de R$ 2.000.000,00. Dívidas que a instituição teve de saldar via venda de alguns imóveis recebidos como doação ao longo de sua história.3 Uma nova intenção estratégica foi nascendo a partir da realidade que conjugava o reordenamento institucional com o desafio dos escassos recursos financeiros. O ponto de partida foi repensar o critério comunicação e marketing a partir de uma abordagem inovadora que preservava a ideia de fraternidade, mas com ênfase na transformação social. Essa estratégia imediatamente começou a dar bons frutos, tanto junto à equipe colaborativa interna, quanto junto aos empresários e à comunidade em geral que, ao invés de “auxiliar o Pão dos Pobres”, passaram a investir na formação de jovens cidadãos. Para termos uma ideia do resultado quantitativo, no centro profissionalizante aumentou em 60% o número de alunos entre 2007 a 2008.4 Em relação à gestão, após a ação estratégica realizada com maior foco na comunicação, outros processos também 3 TOP DE MARKETING ADVB 2009. Pão dos Pobres – Uma Evolução no Modelo de Assistência Social. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/cartolaconteudo/po-dos-pobres-cpia>. Acesso em: 2.mai.2014. 4 Ibidem.

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foram repensados, tanto que no ano de 2013 a equipe decidiu iniciar um programa de planejamento estratégico bem amplo e completo.5 Como, nesse mesmo ano, o Pão dos Pobres foi selecionado para participar do Projeto Transparência, da ONG Parceiros Voluntários, puderam, também, qualificar melhor seus processos. João Batista Rocha, gerente do Pão dos Pobres, representou a organização na parte presencial do Curso Educando para a Transparência. Mas, quando chegou a hora da etapa de consultorias não era só o João que estava lá na sala de reuniões esperando a consultora Carmen Franco. Era também o irmão Albano Thiele e praticamente todos os gestores de todos os setores e programas que a organização desenvolve. Nessa primeira visita, Carmen deu-se conta de que o Pão dos Pobres é gigante não apenas em fraternidade, mas também em espaço e em projetos desenvolvidos. Seguindo a metodologia do Curso Educando para a Transparência, a consultora desafiou os gestores a realizar uma reflexão estratégica sobre a Fundação. Em um primeiro momento, cada uma das nove seções – que incluem programas, casas de acolhimento, setores administrativos – realizou a sua reflexão, contando com a participação de coordenadores, beneficiários, colaboradores e voluntários.6 Esse momento, segundo João Rocha, foi um ponto de destaque do Curso, uma vez que a participação efetiva de toda a equipe resultou na possibilidade de elencar, de forma coletiva, os processos 5 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 3). Projeto Transparência, 2013/2014. 6 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Documentos referentes às Consultorias (ACOM 1 e 2). Projeto Transparência, 2013/2014.

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em que era mais urgente a adoção de melhores práticas de gestão. Dentre esses processos, três foram selecionados para terem o acompanhamento da ONG Parceiros Voluntários: Recursos Humanos, Comunicação Interna e Financeiro.7 Mobilizados por esse desafio em comum, a Fundação realizou 32 reuniões durante a terceira etapa do Curso, conseguindo efetivar transformações nos três setores priorizados.8 No setor de recursos humanos, destacamos como resultado a descrição de um plano de cargos e salários e a elaboração de um fluxo de atendimento, objetivando maior controle do acesso à instituição, além de maior supervisão e treinamento dos porteiros. O setor financeiro passou a adotar um instrumento padronizado na prestação de contas para maior controle das finanças por parte da coordenação, da equipe técnica e dos beneficiários. Além disso, atrelou-se a utilização das receitas a um plano de ação previamente construído, de acordo com os recursos previstos e as necessidades de todos os setores.9 Observar essas novas boas práticas nos faz pensar sobre como é possível redesenhar processos e colocá-los em prática com o apoio de toda a equipe. De acordo com a Tecnologia Social do Curso Educando para a Transparência, essa movimentação pode acontecer quando a organização como um todo vivencia seus valores, quando as pessoas têm ferramentas adequadas de gestão, quando visualizam ganhos individuais e coletivos, e 7 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Documentos referentes às Consultorias (ACOM 6). Projeto Transparência, 2013/2014. 8 Ibidem. 9 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Documentos referentes às Consultorias (ACOM 4). Projeto Transparência, 2013/2014.

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também quando se sentem parte de algo criativo. É a partir daí que as ações ficam divertidas e emocionantes, e apesar de todos os senões os resultados aparecem. O campo da comunicação – tão importante para a instituição e tão cheio de histórias – voltou às discussões do grupo durante o Curso, mas, dessa vez, focalizado na comunicação interna. Até então, ela se fazia presente através dos murais, e-mails e reuniões periódicas.10 Mas, por que será, então, que vários setores levantaram esse quesito como uma fraqueza da Fundação? Porque, segundo relato dos gestores, havia a necessidade de uniformidade das informações sobre projetos e ações, e também a necessidade de divulgação em tempo hábil dos eventos11. Somando-se a isso, um problema bem pontual: a comunicação por e-mail era uma dificuldade. A mensagem enviada de um setor para outro, por vezes, ficava empoeirada, esperando resposta.12 Para começar a mudar esse processo, a equipe, com o apoio da consultoria de Carmen Franco, planejou e reativou o calendário de eventos, mas dessa vez com o firme propósito de encaminhamento semanal das informações de cada equipe, garantindo que ele fosse afixado no mural de cada setor com notícias fresquinhas. Entre as notícias estampadas no calendário, estará o dia da capacitação coletiva da equipe, o 10 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Documentos referentes às Consultorias (ACOM 1). Projeto Transparência, 2013/2014. 11 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Documentos referentes às Consultorias (ACOM 2). Projeto Transparência, 2013/2014. 12 FLORES, Odair. “Meu e-mail lembra uma casa vazia, onde por entre mensagens empoeiradas pelo abandono, sussurram fantasmas e lembranças”. Disponível em: <http://www.casadopoetapg. com.br/profiles/blogs/3938523:BlogPost:143107#.U3C2hoFdVVE>. Acesso em: 14.05.2014.

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dia da reunião almoço e também do evento de integração fora da Fundação – ações voltadas à integração e competências coletivas que indiretamente contribuirão para a melhor qualidade da comunicação interna.13 Levando em consideração o calendário anual do Pão dos Pobres desde 1895, o tempo em que se desenvolveu o Curso Educando para a Transparência fica quase imperceptível. Mas, se levarmos em consideração o tempo não linear, ele se apresenta como um momento marcante. Segundo João Rocha, o Curso promoveu o caminho da “reflexão e da tomada de consciência no sentido da autoavaliação, da capacitação e da definição de planos na direção de um novo patamar para a Fundação”.14 Até hoje, quando cruzamos a antiga Praça Cônego Marcelino, ouvimos a algazarra da meninada do Pão dos Pobres jogando bola e brincando. Em dia de vento forte parece que também se ouve os gritos de gol dos Marcelinos, e foram tantos e serão tantos os Marcelinos. Carlos Rosa Martins, 75 anos: “Com a educação aqui recebida eu formei uma família, formei um lar, tenho três filhas que são tudo que tenho nessa vida, consegui ser árbitro de futebol, árbitro internacional da FIFA”.15 13 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Documentos referentes às Consultorias (ACOM 3). Projeto Transparência, 2013/2014. 14 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Documentos referentes às Consultorias (ACOM 6). Projeto Transparência, 2013/2014. 15 TOP DE MARKETING ADVB 2009. Pão dos Pobres – Uma Evolução no Modelo de Assistência Social. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/cartolaconteudo/po-dos-pobres-cpia>. Acesso em: 2.mai.2014.

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Nicole Mota, 13 anos, quer, mais do que tudo, virar jogadora de futebol - um desejo não tão comum para uma menina. Sonha em fazer gols, levantar a torcida e jamais deixar de se divertir.16 Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Planejamento estratégico para cinco anos. • Revisão da missão, visão, valores, estatuto social, regimento

interno, certificados, títulos, contratos, convênios, relatórios de entrega e manual dos voluntários. • Implementação das ferramentas de gestão FOFA, 5W2H, PDCA, planilha de custos, organograma, fluxo de caixa, orçamento, descrição de cargos, salários e competências (equipe). Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Implantação do banco de dados e cadastro dos beneficiários. • Ampliação da divulgação dos dados financeiros e das decisões estratégicas. • Implantação do plano de comunicação e do calendário de eventos. • Implantação de reuniões com o conselho consultivo e com o público interno. • Implantação de informativo aos stakeholders. • Implantação de visitas aos patrocinadores.

16 Disponível em:<http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2013/12/ conheca-outros-sonhos-que-fazem-parte-do-projeto-que-combina-pinturas-de-criancas-com-releituras-de-artistas-4365244.html>. Acesso em: 7.mai.2014.

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Responsabilidade por suas ações e decisões

• Implantação de coordenação de voluntários. • Implantação do código de ética. • Implantação do regimento interno. • Implementação de reuniões com beneficiários. Sustentabilidade

• Efetivação de cinco novas parcerias. • Renovação de 12 projetos. • Aumento de receita em 12% - comparativo 2012/2013.

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FUNDAL - BA FUNDAÇÃO ANTONIO ALMEIDA E SILVA

A

autorrealização está no topo da Pirâmide de Hierarquia das Necessidades e Motivações de Abraham Maslow. Ele afirmava que a necessidade de crescimento leva a pessoa a se tornar o que ela é capaz de ser: “Um músico deve fazer música, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, para que sejam, em última instância, felizes. Um homem deve ser o que pode ser. Podemos chamar essa necessidade de autorrealização.” (MASLOW, 1970. In: Neves, 2009, p. 109) O processo que leva a autorrealização costuma ser cíclico, uma vez que ao atingir um objetivo já buscamos outro, e por aí vamos explorando os limites do nosso conhecimento (NEVES, 2009). Por falar em explorar os limites do conhecimento, vamos acompanhar um pouco da história de uma organização da sociedade civil baiana, a Fundação Antonio Almeida e Silva. A FUNDAL teve origem no trabalho de um grupo voluntário de Ipirá, município localizado no semiárido baiano. Na década de 1990, liderados pelo pedagogo Antonio Almeida e Silva, esse grupo realizava ações filantrópicas pontuais. No entanto, com as vivências junto às comunidades baianas, eles começaram a desenvolver programas de assistência social com objetivos mais complexos e impactos maiores, voltados a geração de renda, cultura, lazer, educação, meio ambiente. A Fundação também foi bastante inovadora, tendo promovido diversos empreendimentos em Ipirá, como a Rádio Educadora 139


Ipiraense, o Instituto Superior de Educação Eugênio Gomes, o jornal O Independente e a Estação de Lazer, com piscinas, praça de eventos, de brinquedos, etc.1 Observando a trajetória da entidade, podemos afirmar que a autorrealização, quando se expande para um desejo comunitário, toma proporções inimagináveis. E foi pela demanda comunitária que, na década de 1990, a Fundação começou a executar vários cursos profissionalizantes, como o Curso de Datilografia – naquela época ainda era importante o barulhinho das teclas – e o Curso de Atendimento ao Cliente, “direcionado para jovens e adolescentes, funcionários de empresas do comércio e do serviço”.2 Já no início do século 21, a organização realizou uma série de projetos em parceira com os demais setores da sociedade. Em 2006, começou a executar o Projeto Escola de Fábrica, em convênio com o Ministério da Educação. A partir da “educação profissional no próprio ambiente das fábricas”3, esse projeto possibilitou que 500 jovens de baixa renda fossem inseridos no mercado de trabalho em quatorze municípios baianos. Contextualizando um pouco, observamos que a partir da década de 1990, o governo baiano começou a implementar “um modelo de desenvolvimento voltado para a diversificação e interiorização da matriz industrial”.3 Sendo assim, a parceria com organizações como a FUNDAL contribuiu para a qualificação profissional de centenas de jovens. 1

Disponível em: <http://www.FUNDAL.org.br/ >. Acesso em: 28.mai,2014.

2

Disponível em: <http://www.FUNDAL.org.br/outros/institucional.pdf>. Acesso em: 28.mai,2014.

3 ALMEIDA, Telma Andrade. Políticas de incentivo e fomento ao desenvolvimento regional na Bahia (...). Disponível em: <http://www.uesb.br/eventos/simposio_cidades/anais/artigos/ eixo3/3c.pdf>. Acesso em: 20.mai.2014.

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Atualmente, a Fundação atua em vários locais (Bacia do Jacuípe, Piemonte da Chapada Diamantina, Irecê, Recôncavo Baiano, Sertão Produtivo e Região Metropolitana de Salvador), destacando-se na formação de jovens de baixa renda. Um dos programas que desenvolve é o Trilha, em parceria com o governo do Estado da Bahia, prevendo o desenvolvimento de uma capacitação de 400 horas, assim distribuídas: 100 horas de qualificação social e retomada de conceitos da educação básica, o que é fundamental para a aprendizagem teórica e prática e para o exercício da profissão, 250 horas de qualificação profissional e preparação para o mundo do trabalho e 50 horas para orientação e elaboração do trabalho final de curso (TFC).4 Em 2013, a Fundação passou por um período em que o desafio era interno: a reestruturação de seus processos de gestão. Nesse momento a posição de ensinante da organização, nas suas mais variadas ações, deu lugar à posição de aprendente. Esse processo iniciou com a participação da equipe diretiva no Curso Educando para a Transparência. No contato com outras organizações do Terceiro Setor e com os conhecimentos compartilhados dos consultores da ONG Parceiros Voluntários, a equipe da organização percebeu com mais clareza a lógica da gestão, a necessidade da transparência e da participação efetiva da equipe no planejamento.5

4 Disponível em: <http://www.portaldotrabalho.ba.gov.br/servicos/juventude/trilha/ apresentacao>. Acesso em: 20.mai.2014. 5 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação Antonio Almeida e Silva. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 5). Projeto Transparência, 2013/2014.

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Quando o consultor da ONG Parceiros Voluntários, Nenrod Douglas Santos, fez a primeira visita de acompanhamento na FUNDAL, em agosto de 2013, percebeu que as transformações, inspiradas pela etapa presencial e semipresencial do Curso, já haviam começado, e não eram poucas: O contato inicial com a ONG Parceiros Voluntários já vem apresentando os primeiros resultados nesta direção, pois criaram neste período: a) código de ética; b) instrumento de divulgação dos projetos e parcerias em andamento, e disponibilizaram para todas as partes interessadas; c) declaração de missão, visão e valores institucionais, e passaram a divulgálos em larga escala, interna e externamente. 6 Em seu relatório, Nenrod Santos salienta o envolvimento do fundador Antonio Almeida e do coordenador de projetos Marcos Antônio dos Santos durante as consultorias. Imaginamos a paciência, a vontade de fazer, refazer e fazer certo da equipe em momentos como este relatado pelo coordenador da ONG Parceiros Voluntários, José Augusto de Jesus: Foi verificado que a equipe da FUNDAL teve dificuldades no sentido de identificar as oportunidades e ameaças, de acordo com a ferramenta FOFA. Alguns erros de interpretação do que seriam forças institucionais foram detectados. Assim, tivemos de revisar item por item e trabalhar um critério de priorização de demandas x capacidade de resolução de problemas, para focarmos em escolhas estratégicas 6 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação Antonio Almeida e Silva. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 1). Projeto Transparência, 2013/2014.

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de ações a serem exploradas em 2013/2014 e que pudessem ser monitoradas pela Parceiros Voluntários.7 A partir da matriz FOFA bem estruturada, a equipe elaborou um plano de ação específico com o objetivo de padronizar os processos internos da Fundação. O resultado foi “um choque de gestão” em todos os setores da Fundação, incluindo seus empreendimentos (hotel, parque aquático e restaurante).8 Foram implantadas novas ferramentas para trabalhar com os orçamentos, cadastros e planilhas de custos. Também aconteceram melhorias quanto ao banco de dados dos beneficiários, transformando procedimentos e utilizandose de ferramentas de gestão para alimentá-lo.9 Novas ações quanto aos critérios comunicação, liderança, planos e estratégias foram planejadas e estão sendo praticadas. E na rodada do PDCA novas ações se fizeram necessárias. Resumindo: são muitas as boas práticas já executadas, fruto da estratégia como prática social10: − Alteração do layout do escritório (arquivamento, equipamentos, internet); − Criação de demonstrativos de Programas e Projetos; − Criação de organograma; 7 JESUS, José Augusto Brito de. Relatório de Atividades – IX. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, 8.nov.2013. 8 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação Antonio Almeida e Silva. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 5). Projeto Transparência, 2013/2014. 9 Ibidem. 10 Sobre Prática Social ver as principais ideias do Dr. Vilmar Tondolo compartilhadas com a Rede Baiana do Terceiro Setor em abril de 2014. Disponível em: <http://redebaianadoterceirosetor. blogspot.com.br/>. Acesso em: 29.mai.2014.

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− Criação e ampla divulgação do código de ética.11 O diretor Marco Antonio dos Santos salienta a importância do planejamento participativo durante as consultorias do Curso. Diz ele que, “através da sensação de pertencimento, a equipe passou a se sentir também responsável pelos resultados da organização”.12 Quando os colaboradores sentiram que o processo de mudança na gestão dependia de todos, e que o trabalho de cada um era fundamental, sentiram-se desafiados a fazer parte dessa nova forma de agir. O resultado foi a autorrealização coletiva: sentiram a fluidez dos processos a partir das mudanças que eles mesmos protagonizaram. Enquanto isso a equipe diretiva acabava de quebrar um paradigma: passaram a vislumbrar tomadas de decisão totalmente descentralizadas. Em relação à transparência junto às partes interessadas (stakeholders) evidenciamos a comunicação com os parceiros dos projetos que a organização executa. Ao invés de enviarlhes apenas os relatórios obrigatórios de prestação de contas, agora também encaminham informativos com notícias sobre as atividades realizadas e os resultados já obtidos. Com a participação e ação no Curso Educando para a Transparência, a organização tornou mais consistente a elaboração de projetos, acrescentando mais informações, e detalhando melhor o orçamento e o cronograma. Essas minúcias parecem simples, mas a Fundação acredita que 11 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação Antonio Almeida e Silva. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 5). Projeto Transparência, 2013/2014. 12 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Fundação Antonio Almeida e Silva. Instrumento de Avaliação dos Resultados. Projeto Transparência, 2013/2014.

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fizeram a diferença no momento em que foram aprovados novos projetos e renovados outros, como o Trilha, continuando assim o movimento de qualificação social e profissional de jovens baianos. Para concluir, podemos afirmar que, participando do Projeto Transparência, essa organização reforçou a sua sustentabilidade. Mas não só pelas ações descritas acima, há um outro fator que ocorreu simultaneamente com as etapas do Curso e que foi fundamental: a FUNDAL fez parte, de forma muito ativa, da formação da Rede Baiana do Terceiro Setor (RBTS). E o que essa rede tem a ver com sustentabilidade? Deixemos que a própria rede revele: A RBTS acredita que a cooperação é um dos baluartes para a sustentabilidade de suas ações de compartilhamento de boas práticas de gestão e informação. As atitudes baseadas nos princípios de ética e respeito aos direitos humanos são valores da mais alta relevância para o alcance da sua missão.13

13 Disponível 29.mai.2014.

em:

<http://redebaianadoterceirosetor.blogspot.com.br/>.

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Acesso

em:


Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Revisão da missão, visão, valores, certificados, títulos, contratos, convênios e relatórios de entrega.

• Implementação de planos de ação por área. • Elaboração de indicadores para os projetos. • Implementação das ferramentas de gestão FOFA, 5W2H, PDCA,

organograma, planilha de custos, orçamento e descrição de competências (equipe). Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Implantação do plano de comunicação. • Elaboração de código de ética. • Implementação de calendário e cronograma de ações. • Implantação do banco de dados e cadastro dos beneficiários. • Ampliação da divulgação das ações. • Participação em espaços de construção do Terceiro Setor. Responsabilidade por suas ações e decisões

• Envolvimento dos beneficiários nos processos, no monitoramento e avaliação dos projetos.

• Implementação de instrumento de acompanhamento dos resultados dos projetos.

Sustentabilidade

• Renovação de dois projetos.

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IAPI - RS INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO À INFÂNCIA Extra! Extra! Este grito nasceu nas mãos (melhor, nas goelas!) dos pequenos jornaleiros. Eles é que liam em alto e bom tom as manchetes do dia, na esperança de que os passantes comprassem aquela edição.1

E

m 1926 foi criada em Porto Alegre a Associação Cristã Independente, entidade que previa em seu estatuto um departamento que se chamaria Casa do Jornaleiro, “para o fornecimento de alimentação, vestuário e instrução aos menores desamparados” (SOTER, 2013, p. 4). Para dar andamento à criação da Casa do Jornaleiro, a associação criou, em 1932, o Instituto de Assistência e Proteção à Infância (IAPI). No mesmo ano foi inaugurada a Casa do Jornaleiro, assim chamada “em atenção ao grande número de menores que viviam entregues aos serviços de venda avulsa dos nossos matutinos e que foram os primeiros a serem beneficiados”.2 Os meninos que frequentavam a Casa do Jornaleiro, localizada na Rua da Praia, em Porto Alegre, recebiam alimentação, educação e cuidados médicos. Os mais disciplinados podiam fazer um curso de datilografia, que equivaleria atualmente a um curso de computação. Quando o menino completava seis meses na instituição era feita uma 1 CHAGAS, Victor. O Pequeno Jornaleiro na Memória de Sua Casa. Disponível em: <http:// www.overmundo.com.br/overblog/o-pequeno-jornaleiro-na-memoria-de-sua-casa>. Acesso em: 15.mai.2014. 2

Jornal A Federação. Porto Alegre, 21.mai.1934, p. 05.

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solenidade para a entrega de uma “fatiota de brim de cor kaky”, muito moderna para a época.3 Na primeira metade do século XX, encontrávamos em outras cidades da América Latina instituições que amparavam os pequenos jornaleiros. No Brasil, por exemplo, a gaúcha Darci Vargas, esposa do Presidente Getúlio Vargas, quando era primeira dama do país, criou no Rio de Janeiro a Casa do Pequeno Jornaleiro com uma proposta semelhante à do IAPI: “Eles saíam para vender jornais e retornavam para a instituição onde, além da escola, recebiam alimentação e assistência médica e odontológica”.4 Nos primeiros anos, o IAPI reuniu, em sua diretoria e na junta administrativa, importantes nomes da cultura e da educação de Porto Alegre, como Tupy Caldas, famoso por seus estudos paleontológicos, Leopolda Barnewitz, professora emérita, e Emílio Kemp, poeta simbolista que foi diretor da instituição.5 Eles receberam muito apoio da comunidade, tanto que, um ano depois, puderam inaugurar, também, um albergue ao lado da Casa do Jornaleiro, para abrigar os meninos que dormiam nas ruas.6 Apesar do sucesso da entidade, ela quase fechou suas portas poucos anos depois de criada. O contexto que envolvia a Casa do Jornaleiro em sérios problemas financeiros nos leva a refletir sobre um atributo e uma fraqueza que acompanham a história das entidades que compõem o Terceiro Setor. O 3

Jornal A Federação. Porto Alegre, 15.out.1934, p. 04.

4

Disponível em: < http://fdv.org.br/historico.asp>. Acesso em: 14.mai.2014.

5

Jornal A Federação. Porto Alegre, 19.dez.1934, p. 4.

6

Jornal A Federação. Porto Alegre, 17.jun.1933, p. 5.

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atributo é a atitude em agir rapidamente trazendo soluções objetivas às dificuldades sociais. A fraqueza é o pouco conhecimento em gestão: falta de planejamento estratégico, de responsabilidade para com a prestação de contas e demais processos internos da organização. E foi justamente por isso que o IAPI – com seus professores, doutores, poetas e paleontólogo – quase fechou em 1935. A decisão de fechar as portas chegou a ser tomada em assembleia,7 no entanto, alguns sócios impediram: Nos primeiros dias de 1936, um grupo liderado pelo sr. Jesus Ribas Cieiro e pelo dr. Archimedes Moreira de Azambuja, se revoltou contra esta decisão de fechar o Instituto e num gesto destemido e ousado, (...) reúnem as poucas crianças que ainda lá estavam, bem como os poucos móveis restantes, colocam todos em um caminhão e os levam para uma antiga casa que tinham alugado. (SOTER, 2013, p. 6) O IAPI, uma sociedade civil filantrópica, leiga, sem mantenedora8, continuou de portas abertas no bairro Santo Antônio, zona leste de Porto Alegre, onde até hoje se mantém. Em meados do século XX, foi considerado um internato modelo da cidade, além de oferecer para os meninos da comunidade cursos de marcenaria e de desenho de projetos. O instituto não possuía um mantenedor, mas a partir dos próprios resultados alcançados com a educação dos beneficiários, aumentava, com o tempo, o número de 7 Instituto de Assistência e Proteção à Infância. atas da Assembleia. 6 e 7 de dezembro de 1935. In: SOTER, 2013. 8

Disponível em: <http://www.iapi.org.br/instituicao.htm>. Acesso em: 15.mai.2014.

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subvenções do governo e doações da comunidade. Recebia, também, doações em gêneros da mercearia próxima, por exemplo, ou da Sociedade Rádio Farroupilha e até de um cinema. No Cine Brasil os meninos podiam assistir a filmes “construtivos” de graça (SOTER, 2013, p. 8 e 9). Atualmente, o IAPI não apresenta regime de internato, mas seu público beneficiário continua sendo as crianças e adolescentes “de baixa renda, com risco social e pessoal” para quem disponibilizam “alimentação e educação complementar, através de oficinas diversificadas em turno inverso ao da escola”.9 Desenvolve programas em parceira com o Estado e a iniciativa privada. Nos últimos anos, com o crescimento dos projetos desenvolvidos, foi muito importante a participação da equipe diretiva em qualificações voltadas para o Terceiro Setor. No entanto, mesmo havendo maior conhecimento, as práticas de gestão que precisavam melhorar não avançavam.10 Pensando nisso, os gestores decidiram participar do Curso Educando para Transparência, da ONG Parceiros Voluntários, já que este Curso tinha como um de seus objetivos ir além da parte teórica. Gilberto Fonseca, diretor voluntário que representou a equipe do IAPI no Educando para a Transparência afirma: O Curso me deixou bem satisfeito em relação à estrutura e às dinâmicas realizadas durante a etapa presencial. Mas o mais importante foi a possibilidade de eu levar o conhecimento para a equipe na 9 Ibidem. 10 FONSECA Gilberto Azevedo da. Depoimento – Educando Para a Transparência – Etapa Presencial. Arquivo ONG Parceiros Voluntários,19.jul.2013.

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etapa semipresencial e depois contar com apoio do consultor José Alfredo Nahas. Eu nunca tinha visto essa formatação nos outros cursos de que participei. Neles, o dirigente vinha do curso e precisava, sozinho, sensibilizar os colaboradores, que sempre têm tanto o que fazer. Uma coisa é uma pessoa que está na organização todo o dia dizer o que pode ou não pode ser feito; outra coisa é quando chega alguém de fora e diz isso. A presença do consultor alavanca a mudança. (Gilberto Fonseca)11 A instituição escolheu o critério “Estratégias e Planos” como o grande foco de transformação durante o Curso e realizou, sem dúvida, um grande salto de qualidade em gestão.12 Até então, a única ferramenta de planejamento utilizada era a Matriz SWOT/FOFA. A partir do Curso Educando para a Transparência, passaram a utilizar, também, o 5W2H e o PDCA.13 Além disso, iniciaram um processo intenso de revisão e complementação do plano estratégico para 2014. O planejamento do IAPI apresentava os objetivos e alguns outros tópicos importantes, mas, o detalhamento quanto às ações necessárias não fora elaborado. Junto com o consultor José Nahas, a equipe se empenhou em desenvolver os planos de ação, relacionando os nomes dos responsáveis por cada demanda. Durante esse processo, perceberam que: 11 FONSECA, Gilberto Azevedo da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 15 de maio de 2014. 12 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO À INFÂNCIA. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 1 e 5). Projeto Transparência, 2013/2014. 13 Informações sobre Ferramentas de Planejamento disponível em: <http://www.administradores. com.br/artigos/negocios/sonhos-nao-planejamento/76108/>.

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O consultor teve humildade nas abordagens, ouvia nossas opiniões, entendendo o contexto, porque ele estava ali, vendo as crianças, vendo o trabalho de todos. As consultorias aconteceram em um ambiente muito legal, muito construtivo, que nos fazia refletir. Contribuiu para que reorganizássemos nossa forma de trabalhar, nos trazendo, inclusive, referências de outras instituições e projetos de que ele já participou para podermos nos balizar. (Gilberto Fonseca)14 Segundo o consultor José Alfredo Nahas, “o IAPI, com o envolvimento dos colaboradores, da equipe diretiva e dos voluntários, definiu onde queria chegar e implantou um processo de gestão”.15 Um dos objetivos, que ficou bem claro durante as reuniões, foi a ampliação do limite de idade para receber atendimento em regime de apoio socioeducativo, de 15 anos para 17 anos e 11 meses. Para isso, levantaram-se importantes demandas, como: conhecer iniciativas com foco nos adolescentes; definir e desenvolver projetos voltados aos adolescentes; e desenvolver o plano de captação de recursos. Todas as ações já estão sendo executadas. Fazia parte da metodologia utilizada por José Alfredo Nahas, ao encerrar uma visita, deixar tarefas pré-estabelecidas para a equipe realizar até o próximo encontro. No encontro seguinte, estavam todos ansiosos para mostrar o trabalho realizado. Com o passar dos encontros, a equipe deu-se conta de algo 14 FONSECA, Gilberto Azevedo da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 15 de maio de 2014. 15 NAHAS, José Alfredo. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 14 de maio de 2014.

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muito importante: “Como fica o paradigma disseminado entre nós, e sobre nós, de que temos muita dificuldade em cumprir prazos? Se existe essa dificuldade, como é que estamos sempre em dia com as demandas feitas pelo consultor da ONG Parceiros Voluntários?”16 Depois disso, concluíram que, com disciplina e método, podiam ser muito eficientes, e sem dúvida o foram: No final, tínhamos esse belo planejamento detalhado pronto. Esse envolvimento foi importante para a nossa autoestima e contribuirá para que possamos dar conta de nosso trabalho. A equipe está mais coesa e organizada, e cada um sabe o que e como fazer. Está se reunindo a cada duas semanas e, nos moldes que o consultor nos passou, vamos deixando uma tarefa para aprontar para a próxima reunião e vamos monitorando! (Gilberto Fonseca)17 Assim, a missão do IAPI, de criar um ambiente de cooperação e paz para promover o desenvolvimento integral da meninada, se fortaleceu, e o consultor José Alfredo Nahas se despediu com a certeza de que, mais uma vez, o Curso Educando para Transparência trouxe possibilidades de desaprender, e aprender, de ultrapassar o senso comum e reinventar a percepção que se tem de si e do mundo.

16 FONSECA, Gilberto Azevedo da. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 15 de maio de 2014. 17 Ibidem.

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Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Revisão do estatuto social. • Elaboração de mapa estratégico. • Elaboração de planos de ação por área. • Criação de indicadores para acompanhamento dos resultados. • Implementação das ferramentas de gestão FOFA, 5W2H e descrição de cargos e salários.

Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Divulgação da missão, visão e valores. • Implantação de calendários de reuniões e assembleias. Responsabilidade por suas ações e decisões

• Ampliação da participação dos beneficiários nos projetos. • Envolvimento dos dirigentes e colaboradores na revisão dos processos da organização com base nos indicadores.

• Realização de capacitações para colaboradores. Sustentabilidade

• Efetivação de quatro novas parcerias. • Implantação de quatro novos projetos. • Renovação de dois projetos. • Aumento de receita em 7,17% - comparativo 2012/2013.




ISMEP - BA INSTITUTO SOCIAL DAS MEDIANEIRAS DA PAZ Eu vivia de sala em sala, aprontando, e assim fui crescendo no meio de pessoas maravilhosas. A Creche Escola Menino do Dedo Verde é sem dúvida a melhor lembrança que tenho da minha infância. (Anatília Aragão Santos)1

A

natília Santos frequentou a Creche Escola Menino do Dedo Verde na década de 1990. Essa escola do bairro Jardim das Cajazeiras localiza-se em uma região de Salvador/BA chamada de Miolo. Era ocupada por fazendas e chácaras até a década de 1950, quando começou a surgir a periferia socioespacial de Salvador. Nas últimas três décadas, a região do Miolo teve um rápido processo de ocupação, chegando a ter mais de meio milhão de habitantes2. Em 1987, chegou ao Jardim das Cajazeiras a Congregação das Irmãs Medianeiras para desenvolver sua missão de cultura pela paz, evangelização e educação através do Instituto Social das Medianeiras da Paz (ISMEP). A convivência e a imersão nas comunidades é muito importante para as irmãs, uma vez que elas acreditam que a promoção da paz é um processo coletivo. A paz é a soma de valores, atitudes e comportamentos que refletem o respeito à vida, à dignidade e aos direitos da pessoa. Não é a ausência do conflito, mas 1 INSTITUTO SOCIAL DAS MEDIANEIRAS DA PAZ. Curso Educando para a Transparência – Dossiê Histórico. Salvador, 6.jun.2013. 2

Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/b3w-523.htm>. Acesso em: 26.mai.2014.

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é a procura de resoluções, por meio do diálogo e do trabalho integrado.3 As irmãs medianeiras chegaram ao bairro sem um projeto específico para colocar em prática. Ficaram durante um ano convivendo e colaborando com a comunidade, até perceberem a grande demanda que havia em relação à educação das crianças cujos pais precisavam trabalhar longe de casa, e foi a partir daí que começaram a construir a Creche Escola. Atualmente, a Creche Escola Menino do Dedo Verde, mantida pelo ISMEP, atende cerca de 100 crianças de baixa renda familiar. Elas recebem educação, alimentação e assistência básica de saúde. A escola interage com as crianças e seus familiares, e as acompanha no processo de socialização.4 Além da Creche Escola – gratuita para a comunidade – o ISMEP realiza oficinas e palestras para as famílias e mantém sempre a parceria com a comunidade, contribuindo em manifestações pacíficas e nos conselhos municipais da criança e do adolescente, e da assistência social. Em Salvador, o ISMEP mantém “três unidades, que prestam serviços a 17 comunidades”5, mas há outras entidades no Nordeste, como o Hospital de Santa Maria em Araripina/ PE e a Casa Patronato N. Sra. da Conceição, em Recife.6 3 Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/ viewFile/272/855>. Acesso em: 26.mai.2014. 4 MENEZES, Naida. Além do que Sabemos. Projeto Transparência – 2013. Disponível em: <http://projetotransparencia.parceirosvoluntarios.org.br/default.aspx>. Acesso em: 24.mai.2014. 5 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Relatório de Viagem. Acompanhamento das Atividades na Bahia – 23,24.out.2014. Projeto Transparência, 2013/2014. 6 Disponível em: <http://www.irmasmedianeirasdapaz.com.br/index.php/noticias/noticias/23atuacao-das-irmas-nos-projetos-sociais>. Acesso em: 27.mai.2014.

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Se pensarmos sobre o que impulsiona as irmãs medianeiras a contribuir com as comunidades do Nordeste brasileiro podemos afirmar que a esperança em transformar a realidade social está presente, mas uma esperança sem esperar. Como diz Frei Beto, é preciso “organizar a esperança” e estar atentos “à importância de fornecer consistência organizativa a todos os setores da sociedade”.7 As irmãs medianeiras são um exemplo de consistência organizativa, e no decorrer do Curso Educando para a Transparência destacaram-se por isso. Durante a primeira visita de acompanhamento, o consultor Darius Vinícius da Silva percebeu as evidências bem ordenadas, os dados disponíveis e bem contabilizados8. Dessa forma, as irmãs do Instituto aceitaram o desafio de dominar as ferramentas de gestão propostas pelo Curso. Embora manifestassem interesse no repasse da metodologia a outras esferas da Congregação, optaram, de forma estratégica, em desenvolver a metodologia inicialmente na Creche Escola Menino do Dedo Verde. Depois, dominando bem as ferramentas, elas partiriam, aos poucos, para a construção de um novo modelo de gestão nas demais unidades sociais e administrativas da Congregação.9 Na Escola, as irmãs Lucia Barbosa de Oliveira e Maria Luzia da Silva, que participaram da etapa presencial do Curso, fizeram o repasse para a equipe interna, e a partir das visitas do consultor Darius da Silva desenvolveram as 7 Frei Beto. Organizar la Esperanza. América Latina en Movimiento. 28.jun.2006. Disponível em: <http://alainet.org/active/12070&lang=es>. Acesso em: 26.mai.2014. 8 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Instituto Social das Medianeiras da Paz. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 1). Projeto Transparência, 2013/2014. 9 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Instituto Social das Medianeiras da Paz, Relatório de Visita. nº. 5. Projeto Transparência, dez.2013.

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ferramentas de planejamento estratégico. Na segunda visita de acompanhamento Darius afirmou: A instituição está cada vez mais se apropriando da tecnologia transferida pela ONG Parceiros Voluntários, e de como isso vem ajudando as responsáveis a enxergar novos horizontes à medida que o Curso se desenvolve. (Darius Vinicius da Silva)10 De fato, as irmãs medianeiras, gestoras da Creche Escola Menino do Dedo Verde, começaram a vislumbrar um novo horizonte em que havia mais envolvimento e corresponsabilidade da equipe de professores, dos pais e demais responsáveis pelas crianças. Para tanto, com a ferramenta 5W2H, organizaram um plano de ação em que puderam começar uma nova abordagem, mais transparente, e partiram para a ação, como observa o consultor Darius da Silva: Os trabalhos avançaram no sentido delas já estarem executando algumas ações previstas, como reuniões com o corpo de professoras da creche, planejamento pedagógico, reuniões com pais e responsáveis pelas crianças, entre outras.11 Essas reuniões passaram a ter um andamento diferente, começaram também a privilegiar as reflexões sobre a Creche Escola Menino do Dedo Verde, seus projetos, suas forças e fraquezas, ameaças e oportunidades. Também foi importante o debate sobre a missão, visão e valores do ISMEP, pouco 10 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Instituto Social das Medianeiras da Paz. Relatório de Visita nº 2. Projeto Transparência, dez.2013. 11 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Instituto Social das Medianeiras da Paz. Relatório de Visita nº 4. Projeto Transparência, dez.2013.

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divulgados. A partir do momento em que os professores, pais e responsáveis puderam ser mais ouvidos, e a partir do momento em que conheceram com mais profundidade as possibilidades, as demandas financeiras e as dificuldades do ISMEP sentiram-se mais envolvidos na busca pela sustentabilidade da escola.12 Quanto aos professores, no momento em que eles sentiram-se parceiros da equipe diretiva, “passaram a buscar apoio para realização das atividades do Projeto. Segundo irmã Lúcia, os professores agora vestem a camiseta”.13 A partir daí, as gestoras convidaram todos os colaboradores e beneficiários a analisar e qualificar objetos de prestação de contas, como a missão, o estatuto e o regimento interno. As ações foram feitas com o apoio do consultor Darius da Silva e também do coordenador José Augusto Brito de Jesus, que nos conta os detalhes sobre uma das reuniões de que participou: O uso da ferramenta PDCA foi excelente, pois as irmãs perceberam que aquilo que haviam previsto estava muito acima de suas capacidades de resolverem. Desta forma o plano de ação foi amplamente alterado tornando-se bem mais factível.14 No relatório final, a Instituição observou que, depois do Curso, aumentaram os conhecimentos técnicos, salientando: 12 ANSELMO, Márcia Almeida. Memórias Sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 18 de dezembro de 2013. 13 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Relatório de Viagem. Acompanhamento das Atividades na Bahia – 23,24.out.2014. Projeto Transparência, 2013/2014. 14 JESUS, José Augusto Brito de. Relatório de Atividades – X e XI. Arquivo ONG Parceiros Voluntários. Salvador, 21.nov.2013.

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“Após as atividades de acompanhamento, estamos com maior conhecimento e consciência da importância de aplicar a ferramenta FOFA, e com mais segurança na aplicação do PDCA”.15 No momento em que aprimoraram as práticas metodológicas, as gestoras começaram o processo de sensibilização das outras unidades das Medianeiras da Paz. Em seu último relatório, Darius da Silva salienta em relação à participação do ISMEP no Curso: - a instituição absorveu a metodologia e a aplicou com rigor nas suas rotinas já bastante carregadas de tarefas; - houve interesse claro de levar a metodologia ao principal encontro das religiosas (anual), onde se decidem os rumos da congregação como um todo. Ou seja, não se trata apenas de usar essa metodologia para realizar o encontro, mas sim de usá-la durante e, principalmente, após o encontro, isto é, na administração da congregação como um todo.16 As ferramentas de gestão, a organização e a ordem podem dar trabalho para quem tem sua rotina sobrecarregada, mas o princípio harmônico resultante é compensador, aliás, Tistu, o Menino do Dedo Verde sabia disso: — Tistu, não se distraia! Que é a ordem? — perguntou o Sr. Trovões em tom severo. — A ordem? É quando a gente está contente... Eu já reparei que o meu pônei Ginástico, por exemplo, 15 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Instituto Social das Medianeiras da Paz. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 5). Projeto Transparência, 2013/2014. 16 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Instituto Social das Medianeiras da Paz. Instrumento de Avaliação dos Resultados. Projeto Transparência, 2013/2014.

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quando está bem alimentado, bem penteado se mostra muito mais contente. E sei também que o jardineiro Bigode sorri para as árvores que estão bem podadas. A ordem não é isso? (DRUON, 2010. p. 33) Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Revisão da missão, visão, valores, estatuto social, regimento interno, certificados e títulos.

• Implantação das ferramentas de gestão FOFA, 5W2H, PDCA, fluxo de caixa e descrição das competências (equipe).

• Ampliação dos conhecimentos e práticas de gestão para a Congregação.

Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Divulgação da missão, visão e valores. • Melhoria no processo de comunicação entre as partes interessadas. • Ampliação da divulgação das decisões estratégicas e dos resultados dos projetos. Responsabilidade por suas ações e decisões

• Melhoria no processo de desenvolvimento humano e profissional entre os profissionais que trabalham na organização.

• Participação dos beneficiários na avaliação dos projetos. • Capacitação aos colaboradores. Sustentabilidade

• Renovação de dois projetos.

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Lar da Criança - BA

E

ra uma vez um lenhador muito pobre que morava próximo a uma floresta com sua esposa e sete filhos pequenos. Um dia, ele resolveu abandonar os filhos nessa floresta, porque não tinha condições de alimentá-los e criálos, e não queria vê-los morrer de fome (PERRAULT, 2007). Essa história foi escrita em meados de 1690, baseada em um contexto francês de muita pobreza e miséria em que o abandono infantil era uma realidade (DARTON, 1986). No final da história, o filho mais novo, chamado de Pequeno Polegar, volta para casa com seus irmãos, sozinhos, porque não havia ninguém para protegê-los e orientá-los nessa caminhada. A história que veremos agora segue um caminho diferente. Começa o dia na Vila Laura, na antiga Ladeira do Capoteiro, em Salvador, Bahia. O cheiro de café invade a casa, a meninada se espreguiça, umas crianças já acordam cantarolando, outras estão quietinhas, pensando. Entre estas, uma criança recém-chegada àquela casa que pela primeira vez dormia em uma cama de verdade. Aquela cama fofa, os quadros coloridos, os brinquedos e, principalmente, o afeto contribuirão para que o passado triste fique longe, bem longe. O Lar da Criança foi criado por Dulce Maria Goulart de Freitas em 1963. Naquela época, Dulce teve o impulso de criar um lar para as crianças abandonadas onde “pudessem sair para estudar, para fazer o que precisassem”, mas, que sempre 169


soubessem “que não estavam sozinhas no mundo, que tinham alguém que se preocupava com elas, para assim manterem um porto seguro e um encaminhamento capaz de mudar a sua condição social”.1 O Lar da Criança, agora com mais de 50 anos, tem capacidade para acolher 25 crianças e adolescentes encaminhados pelo Juizado de Infância e Juventude por terem sido abandonados, por terem ficado órfãos, por serem vítimas de maus tratos ou de risco social e pessoal. Não há prazo estipulado para que fiquem na casa. Isso vai depender da forma como se encaminhar a tentativa de aproximação com a família biológica ou os processos de adoção, que costumam ser muito longos. Independentemente do período de permanência do abrigado na casa, as diferenças de cada criança são respeitadas. Cada uma recebe aconchego, atenção e carinho, porque se acredita que esses fatores são fundamentais para o desenvolvimento social e cognitivo. Mas, também, como em qualquer lar, é preciso pensar na alimentação, no vestuário, nos passeios, na saúde, na escola e na administração das contas da casa. Desde a época de Dulce Maria, a organização conta com o apoio da comunidade e do trabalho voluntário nos cuidados diários com as crianças.2 Nos últimos anos, para além dos cuidados e do afeto com as crianças e adolescentes do Lar da Criança, a atual gestão desenvolve projetos voltados para a educação e o lazer. 1

Material de divulgação distribuído pelo Lar da Criança.

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Disponível em: <https://www.facebook.com/larda.crianca.5>. Acesso em: 22.mai. 2014.

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Surge uma nova concepção para a instituição, trabalhando a importância desse espaço como papel educacional relacionado aos movimentos artísticos, em contrapartida ao anterior direcionado somente aos cuidados e rotina diária em função de ideias de assistência, de custódia e de higiene para com as crianças e adolescentes. O projeto Educarte surgiu da necessidade de criação de ações pedagógicas contínuas no Lar da Criança, que envolvam desde os bebês até os adolescentes da instituição e jovens que já deixaram a instituição, criando uma unicidade entre todos os moradores do Lar calcada na educação.3 O compromisso com a administração dos recursos advindos de doações e de projetos sociais, bem como o compromisso com o bem-estar e a educação dos beneficiários, foi o que motivou a presidente da organização, a pedagoga Iraci Coimbra, a participar do Curso Educando para a Transparência, da ONG Parceiros Voluntários. O Lar da Criança é uma daquelas organizações que não esperaram a terceira etapa do Curso para colocar a mão na massa. Quando a consultora, Angela Cristina Oliveira Alves, chegou à organização, em agosto de 2013, para iniciar o ciclo de visitas, algumas boas práticas já haviam começado a partir das aprendizagens, na etapa presencial do Curso, desenvolvida entre os meses de maio e junho.

3 Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/criancaesperanca/projetos/2013/educarte/>. Acesso em: 23.mai.2014.

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As entrelinhas não caberiam para eu expressar a importância do Curso. Levo, na minha bagagem, riquezas. Nossa OSC, de hoje em diante, não é mais a mesma. (Iraci Coimbra)4 Junto com a presidente da organização, participou do Curso o contador voluntário Jailton Alves Souza. Com o apoio da equipe diretiva, ele começou imediatamente a organizar a contabilidade da organização, deixando mais transparente a descrição das receitas e despesas a partir da utilização de meios de controle e ferramentas de gestão. Além disso, nos conta Angela Alves, durante a participação na etapa presencial, a entidade já “formatou uma planilha de custos de todas as ações da instituição, e de despesas por criança abrigada, de forma mensal e anual. Com isso, atualmente, já contam com um fluxo de caixa projetado”.5 Mas, havia ainda muito o que pensar e fazer. Por isso, após refletir durante as primeiras visitas sobre suas forças e pontos fracos, a equipe propôs para a consultora partir de uma macroação, dentro dos critérios “Estratégia e Planos” e “Comunicação”, e ir envolvendo ações relacionadas a outros critérios (liderança, beneficiário, sociedade, pessoas, conhecimento e processos). A consultora Angela Alves apoiou a proposta e juntos começaram a construir o Planejamento para a seguinte macroação: Objeto: Plano de Comunicação Institucional.

4 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Depoimentos de Avaliação. Etapa Presencial. Projeto Transparência, 2013/2014. 5 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Lar da Criança. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 1). Projeto Transparência, 2013/2014.

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Objetivo: visibilidade e credibilidade; captação de recursos e atratividade de pessoas. Dedicado a: doadores do call center; sociedade do entorno; governos; iniciativa privada nacional e internacional; ONGs financiadoras nacionais e internacionais.6 O call center é um dos meios de comunicação mais utilizados pela organização para conseguir o apoio da comunidade e foi justamente nesse meio que o Plano começou a se desenvolver. Por sugestão da consultora Angela Alves, a coordenadora do call center passou a fazer parte das reuniões, o que foi fundamental para criar estratégias. Além disso, foi fundamental para sensibilizar a equipe diretiva sobre a importância de planejamentos e ações participativas, e o quanto isso também contribui para o bom relacionamento da equipe. Como diz Adriano Naves de Brito em uma entrevista publicada no livro O Quinto Poder: “O tecido social não se sustenta com instituições funcionando bem, ele se sustenta com pessoas se relacionando bem”. (DREYER, 2008, p. 190). E na busca da comunicação transparente e do bom relacionamento Angela Alves nos conta: Quando as pessoas paravam de contribuir, a sua ficha deveria ser excluída do call center. No entanto a coordenadora do call center continuava guardando-as em uma caixa. Quando vi aquelas fichas todas, propus 6 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Lar da Criança. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 2). Projeto Transparência, 2013/2014.

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uma ação para resgatar esses colaboradores. Fizemos um texto de abordagem com a ajuda da assistente social e, inicialmente, ela mesma é quem ligava. O retorno foi tão grande que a organização teve de contratar e treinar mais uma pessoa só para fazer essa ação. Mais de 40% das pessoas contatadas voltaram a colaborar.7 A partir daí outras ações foram planejadas e imediatamente executadas, como por exemplo: - realizar reuniões periódicas com toda a equipe – brainstorm; - promover treinamento em atendimento para operadores do call center; - desenvolver texto para ser usado no telemarketing, sendo um texto para cada público diferenciado: agradecimento, pedido de doação para pessoa física e para pessoa jurídica; - solicitar aos antigos doadores a indicação de amigos simpatizantes das causas sociais para novos contatos. Ligar para os doadores e não pedir nada, simplesmente agradecer e falar sobre como estão sendo aplicadas as doações, também foi importante para a maior transparência da instituição e para a fidelidade dos colaboradores. Durante essa etapa de consultoria do Curso Educando para a Transparência, o Lar da Criança recebeu a visita de uma equipe de coordenadores da ONG Parceiros Voluntários. Márcia Anselmo registrou algumas coisas nesse dia: 7 ALVES, Angela Cristina Oliveira. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) a historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 31 de janeiro de 2014.

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Iraci nos apresentou o plano de ação desenvolvido com foco na comunicação e mobilização de recursos. Explicou que a instituição tem colaboradores e apoiadores para ações específicas, como duas voluntárias da Petrobras que escrevem projetos para editais. Contudo, diz que a comunidade do entorno não conhece e não colabora com a entidade. A consciência de que era preciso melhorar a comunicação com a comunidade local foi tema de reunião junto com a consultora Angela Alves. A organização havia participado há pouco tempo de um edital no qual não fora selecionada. Lendo o retorno, a equipe ficou desolada ao saber que o único motivo pelo qual não havia sido aprovada era porque os avaliadores entraram em contato com algumas pessoas aleatoriamente no entorno da instituição e constataram que o Lar da Criança não era conhecido.8 Dessa forma, estavam bem motivados para mudar essa realidade. A partir daí, com planejamento, utilizando-se das ferramentas de gestão, realizaram e institucionalizaram ações de longo prazo como estas: - Levantamento de pessoas jurídicas e físicas não doadoras residentes nos bairros Vila Laura, Matatu e Luis Anselmo; - Disponibilizar um turno por semana para telefonar às pessoas físicas dos bairros Vila Laura, Matatu e Luis Anselmo.9 8 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Relatório de Acompanhamento das Atividades na Bahia – 23,24 de outubro de 2013. Projeto Transparência, 2013/2014. 9 Ibidem

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Com a maior visibilidade, fez-se necessário sistematizar o trabalho voluntário. O processo de acolhimento dos voluntários, por exemplo, foi padronizado (entrevistas, fichas de análise de perfil, assinatura do “Termo de Adesão ao Serviço Voluntário”, conforme a Lei 9.608/98).10 Antes de tudo, a percepção quanto ao trabalho voluntário modificou. Só depois da participação no Curso é que a organização passou a acolher mais voluntários para serviços de elevada qualificação profissional, de maneira que também contribuíssem com a gestão da organização e executassem outras funções estratégicas e técnicas. Em dezembro de 2013, Angela Alves fez sua última consultoria no Lar da Criança. Dá para imaginar o que ela sentiu quando, um mês depois, recebeu uma ligação telefônica em que uma moça dizia: – Bom dia Angela Cristina, eu sou voluntária do Lar da Criança, trabalho na equipe técnica, e estou ligando para convidá-la a participar de uma reunião em que vamos realizar nosso planejamento estratégico para 2014.11 Adriano Naves de Brito nos diz que “aquele indivíduo que tem a motivação profundamente humana do atender, tem sua motivação potencializada quando encontra um grupo que tem instrumentos, ferramentas”.12 Não precisa nem falar da vontade de Angela, justo dela, em participar.

10 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Lar da Criança. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 4). Projeto Transparência, 2013/2014. 11 ALVES, Angela Cristina Oliveira. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Skype) a historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 31 de janeiro de 2014. 12 DREYER, 2008, p. 188.

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Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Revisão da missão, visão, valores e regimento interno. • Implementação das ferramentas de gestão organograma, planilha de custos, orçamento e descrição de competências (equipe). • Detalhamento do demonstrativo financeiro. Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Elaboração e implantação do manual de voluntários. • Identificação e padronização das rotinas de trabalho. • Implementação de mural informativo. • Implantação de processos de reuniões. • Mobilização de voluntários e novas parcerias. Responsabilidade por suas ações e decisões

• Desenvolvimento profissional dos colaboradores. • Mobilização e captação de novos voluntários. • Processo de recebimento de novos voluntários. • Formação de equipe técnica de voluntários para apoio à gestão. Sustentabilidade

• Efetivação de duas novas parcerias. • Implantação de um novo projeto. • Captação de novos associados e renovação de antigos.

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MuNEAN - BA MUSEU NACIONAL DE ENFERMAGEM ANNA NERY

O

filme “Brava Gente” conta a história de Anna Nery, uma voluntária baiana que trabalhou como enfermeira na Guerra do Paraguai (1864 -1870). Há uma cena do filme em que Anna vai ao socorro de um soldado paraguaio durante um violento combate. Nesse momento, se aproxima um oficial brasileiro e diz: - Era um soldado inimigo, dona Anna! - Era um ser humano, tenente. Assim era Anna Nery, considerada hoje a patrona da Enfermagem brasileira. Antes de ir para a guerra ela aprendeu procedimentos de primeiros socorros e algumas técnicas de enfermagem, trabalhando como voluntária junto às irmãs vicentinas em Salvador-BA.1 O cuidado afetivo-expressivo e o cuidado técnico são a essência da profissão de enfermeira.2 Existe um espaço de memória em Salvador-BA, o MuNEAN, que se propõe a preservar e difundir a história do cuidar, preservando o patrimônio histórico da enfermagem brasileira e valorizando a história de Anna Nery. O MuNEAN foi inaugurado em 2010 e apresenta ao visitante a história do cuidado como temática principal: 1 Disponível em: Acesso em: 4.jun.2014. 2

<bd.camara.gov.br/bd/bitstream/.../construcao_memoria_2010.pdf?>.

BOBROFF, 2003.

181


...desde os primórdios até a atualidade, ressaltando as contribuições das etnias indígenas, europeias e africanas. A exposição, idealizada com recursos multimídia interativos, permite um contato imediato entre os conteúdos e o visitante, levando-os a vivenciar experiências individuais e coletivas onde a razão e emoção se misturam.3 O Museu Nacional de Enfermagem tem compromisso com a participação comunitária, com a humanização da enfermagem e com a educação para a cidadania. Localizado no Pelourinho, recebe uma média de 8.817 visitantes por ano entre turistas, estudantes, profissionais da área de educação e a comunidade local.4 Lá no MuNEAN, os profissionais de enfermagem participam de programas voltados para eles, como por exemplo o curso Emergências Obstétricas5. Além disso, o Museu mantém o compromisso de envolver toda a comunidade através de ações educativas e projetos. - Exposições itinerantes; - Oficina de Contação de História, junto com o Projeto BiblioSESC; - Oficina de Acrílico com o Grupo de Terceira Idade; - Projeto Escola – atende escolas durante o ano letivo, com visita guiada; 3

Museu Nacional de Enfermagem Anna Nery. Material de Divulgação Institucional.

4

Disponível em: <http://www.MuNEAN.com/>. Acesso em: 3.jun.2014.

5 Ibidem.

SEGUNDA PARTE - MuNEAN


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- Projeto Cinema Gurizada.6 O MuNEAN apresenta certificado de organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). Como já vimos na primeira parte deste livro, na década de 1990 houve no Brasil significativa elevação do número de organizações da sociedade civil, entre elas podemos incluir os museus particulares. Eles são criados para preservar a história, contribuindo para salvaguardar a memória coletiva e as riquezas culturais, sejam materiais ou imateriais (música, saberes artesanais, festas, danças, etc.). A grande preocupação dos museus, nas últimas décadas, tem sido investir na interface com o público, seguindo pelo viés da educação patrimonial e da educação cidadã. No entanto, como afirma Timothy Mason, não se pode correr o risco de “ignorar a conservação dos acervos que guardamos para o futuro”.7 Então, conservação e difusão devem andar juntas, o que requer uma demanda significativa de profissionais e investimentos. Para dar conta dos processos internos e externos, cresce a contratação de profissionais da área de administração e contabilidade e, cada vez mais, como acontece nas demais organizações sociais, os museus incorporam técnicas e ferramentas administrativas, financeiras e contábeis. Mudanças conduzidas por uma gestão que utiliza modelos advindos de outras áreas precisaram ser assimiladas e adaptadas para as necessidades do 6

MuNEAN. Material de divulgação Institucional.

7

MASON, 2004, p. 23.

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trabalho com cultura em espaços públicos associadas a um raciocínio que inclui valores ‘estranhos’ a esse universo, tais como, entre outros, produtividade, avaliação de desempenho e plano de metas.8 O MuNEAN, há tempo, vem incorporando esses “valores estranhos”, tanto que se empenha em criar seu planejamento estratégico e também em manter a excelência no controle e prestação de contas encaminhadas para os conselheiros, para os sócios fundadores e para o Ministério da Justiça, que emite a certidão de regularidade de OSCIP. 9 Sempre na busca pela excelência, aprimorando técnicas e conhecimentos de gestão, o MuNEAN, de forma inovadora, resolveu em 2013 participar de uma qualificação para organizações da sociedade civil, o Curso Educando para a Transparência, da ONG Parceiros Voluntários. Durante o Curso as representantes Zoraide Silva (contadora) e Rosângela Leovigildo (gerente administrativa financeira), integraram-se perfeitamente com os gestores das demais organizações. E foi possível, como destacou Rosângela em sua avaliação, “adquirir novas informações aplicáveis ao Museu”. Ela acrescentou: “Está me proporcionando uma análise dos processos atuais e ainda gerando uma expectativa muito grande no sentido de aprendizado na prestação de contas”.10 8 Relato da Conferência “Planejamento estratégico em museus”, Sofía Rodríguez Bernis por Marilúcia Bottallo. Disponível em: <http://www.forumpermanente.org/event_pres/encontros/ivencontro-paulista-de-museus/relatos/planejamento-e-gestao-de-museus-e-a-democratizacao-dacultura>. Acesso em: 2.jun.2014. 9 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Relatório de Seleção – ONGs Participantes. Projeto Transparência, 2013/2014. 10 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Depoimentos de Avaliação. Etapa Presencial. Projeto Transparência, 2013/2014.

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Durante a fase de consultorias do Curso, a autoanálise novamente se fez presente, mas acompanhada de reflexão coletiva mediada pela consultora Angela Cristina Oliveira Alves. Esse momento trouxe a necessidade de criar maior coesão e motivação na equipe interna, e de transformação da comunicação da equipe. Nesse momento foi fundamental a flexibilidade da metodologia do Curso Educando para a Transparência, que possibilitou à consultora incorporar metodologias de abordagem e integração de seu conhecimento.11 O fato de o grupo ter feito uma análise aprofundada sobre as forças e fraquezas da equipe, resultou em um processo de transformação gerador de motivação e ótimos resultados para o Museu e para cada um dos gestores e colaboradores. Contando com as orientações e avaliações da consultora Angela, o MuNEAN organizou, a partir da ferramenta 5W2H, dois planos de gestão bastante ousados: O Plano de Gerência Estratégica de Ações Externas e o Plano de Gerenciamento de Processos Internos de Apoio à Gestão que objetivava a melhoria dos processos internos de apoio à gestão, fluxo e sequência de informações, distribuição equitativa de responsabilidades e trabalho, e a padronização de atividades desenvolvidas pelos colaboradores.12

11 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. MuNEAN. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 7). Projeto Transparência, 2013/2014. 12 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. MuNEAN. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 4). Projeto Transparência, 2013/2014.

185


Quanto ao Plano Externo, que pretendia melhorar a visibilidade, o fluxo de informações externas e a atratividade, estabeleceu vários objetivos que, já em 2013, começaram a ser implementados, tais como: - planejar o lançamento de campanhas em datas comemorativas; - estabelecer parcerias para ações educativas; - concretizar três parcerias com campanhas estruturadas.13 Novas ações sociais realizadas pelo Museu em 2013 trouxeram mais visibilidade, como a campanha, em parceria com a Fundação Hemoba, de doação de sangue e de medula óssea, e a palestra para o público da terceira idade sobre prevenção de quedas.14 O segundo planejamento, com foco na melhoria dos processos internos, também apresentou resultados excelentes. A consultora Angela Alves destaca em seu relatório as seguintes ações já implementadas: - elaboração de plano de ação para utilização da biblioteca com ações de caráter social, educativo, estudos, pesquisas e outros, no intuito de atrair novos públicos para o museu; - agendamento das reuniões semanais e mensais, sendo a semanal de forma individual de cada gerência e uma mensal com todos juntos; 13 Ibidem. 14 Ibidem.

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- elaboração de planos de ação por gerência para ações até 2014; - acompanhamento sistematizado da gerência de museologia aos monitores para correção de eventuais posturas ou informações; - ampliação das informações e publicações no mural, eventos, aniversários, escala de férias, agenda da diretora, participações, escala de horários.15 Nessa etapa de ação, a consultora foi colaborando com a equipe para implantar a rotina de utilização da ferramenta PDCA como forma de fortalecer no Museu a cultura do planejamento, monitoramento, avaliação e sistematização.16 Assim, ao terminar a fase de consultoria, o MuNEAN já apresentava avaliação e indicadores sobre ações realizadas e planos de ação para o ano de 2014, como o planejamento de treinamentos, como salienta a diretora-geral Maria Julia Lemos: O treinamento visa a alcançar, melhoria do clima humano na organização, redução de custos, rotação de pessoal, aumento da produtividade, além de outros resultados. - Treinamento de atendimento ao cliente – para os funcionários de linha de frente – contato direto com o cliente.

15 Ibidem. 16 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. MuNEAN - Relatórios de Visitas. Projeto Transparência, Outubro, 2013.

187


- Treinamento de liderança e gestão de pessoas – para gerências e coordenadores. - Treinamento de relações humanas – toda a equipe. (Maria Julia Lemos)17 Assim, mais uma vez, o Projeto contribui para a sensibilização de uma equipe em relação às atribuições e responsabilidades de cada integrante, e a necessidade de transparência em todos os processos. O MuNEAN vem tornando seus projetos e programas cada vez mais sustentáveis, de forma que no futuro o exemplo de Anna Nery e demais enfermeiros continuará sendo valorizado e divulgado, uma vez que cuidar é atemporal, porque faz parte da essência humana. Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Revisão da missão, visão, valores, estatuto social, regimento

interno, certificados, títulos, contratos, convênios e relatórios de entrega. • Implementação das ferramentas de gestão FOFA e fluxo de caixa. Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Implementação do planejamento de comunicação e definição de stakeholders.

• Divulgação das decisões estratégicas. • Implementação de reuniões, agendas e mural. • Processo de comunicação entre presidência, diretoria e colaboradores.

17 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. MuNEAN. Instrumento de Avaliação dos Resultados. Projeto Transparência, 2013/2014.

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Responsabilidade por suas ações e decisões

• Implantação de projeto de capacitação para colaboradores. • Implantação de sistema de pesquisa junto aos beneficiários. • Processo de desenvolvimento humano e profissional entre os profissionais.

Sustentabilidade

• Efetivação de seis novas parcerias. • Implantação de um novo projeto. • Renovação de seis projetos.

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Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo - RS

U

dentro”.1

ma sopa fortifica. Uma sopa fortifica sonhos, é um caldo quente que conforta e nos “acorda por

Foi assim, em volta com o preparo ou com o sorver da sopa, que começou a se estruturar um núcleo comunitário no bairro Belém Novo. Tudo começou no ano de 2000, quando foi criado um loteamento chamado Chapéu do Sol, no extremo sul de Porto Alegre. Ele foi construído pela Prefeitura Municipal para abrigar 700 famílias advindas de vilas irregulares ou localizadas em áreas de risco. Reuniu em um mesmo espaço comunidades com perfis bem diferentes: Os moradores das vilas Leblon, Veludo, Copacabana e Atrás da Praça, vindas de locais tranquilos, próximos ao Guaíba, estão preocupados com sua nova vizinhança, outras vilas com características violentas e de envolvimento com tráfico de drogas que foram reassentadas no mesmo loteamento. Há uma disputa entre duas gangues de traficantes de drogas de vilas vindas de outros bairros. Já houve assassinatos e há muitas brigas à noite, além de pequenos furtos em residências e no comércio local.

1

“Sonhar é acordar-se para dentro”. In: QUINTANA, 2006, P. 316.

193


No ano seguinte, após a ocupação do loteamento, a Polícia Militar começou um movimento de aproximação com os moradores do Chapéu do Sol. Inicialmente, realizavam reuniões nas quais o assunto era a segurança pública. Conforme foi aumentando a confiança no trabalho dos policiais, houve “uma diversidade de assuntos debatidos, tais como saúde, lazer, transporte, saneamento básico e outros”2, permitindo um trabalho de ação preventiva em que, além da Brigada Militar, envolveram-se órgãos como o Conselho Tutelar e a Secretaria da Saúde. Em 2003, a Brigada Militar coordenou um projeto chamado Sopa Comunitária. Esse projeto previa a participação dos moradores do Chapéu do Sol em uma reunião semanal, com palestra sobre saúde e debates sobre problemas da comunidade. No final, era servida uma sopa feita pelos voluntários da comunidade do Chapéu do Sol.3 Esse foi o primeiro de muitos outros projetos e programas desenvolvidos pelo Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo, instituído juridicamente em 2004.4 Ele é coordenado pela Brigada Militar, mas tem a participação de empresas, entidades do bairro, além da parceira com um condomínio residencial, o Terra Ville. A inovadora parceria com um condomínio surgiu pela necessidade de envolver toda a comunidade para pensar alternativas quanto ao alto índice de violência e assaltos no bairro. Nesse envolvimento somaramse ao núcleo vários voluntários, inclusive oficineiros, como a 2 21º BATALHÃO DA BRIGADA MILITAR. Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo. Disponível em: <https://www.brigadamilitar.rs.gov.br/Estrutura/21bpm/programas/nccbelem.htm>. Acesso em 9.mai.2014. 3 Ibidem. 4

Disponível em: <http://nccbelem.org.br/sobre#historia>. Acesso em: 12.mai.2014.

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sra. Elza Melo Fagundes que, aliás, de oficineira, transformouse em aluna. Ao conhecer as oficinas oferecidas pelo NCC Belém Novo, Elza se ofereceu para participar como oficineira, ensinando crochê para as mulheres da comunidade. Lá, ficou sabendo que o NCC e o Senac promoveriam uma oficina de capacitação para trabalhadoras domésticas e decidiu se inscrever. “Dificilmente eu conseguiria trabalho depois de 20 anos só em casa. É muito difícil pedir emprego sem ter referências anteriores”, disse. A iniciativa, que incluía encaminhamento para vagas no mercado de trabalho, representou a oportunidade que Elza precisava para dar uma guinada. “Um mês depois do fim do curso eu já estava trabalhando (no Terra Ville). Até voltei a estudar e estou fazendo o segundo ano do Ensino Médio à noite.5 Como a demanda por educação, formação profissional e atividades culturais era muito grande no extremo sul de Porto Alegre, o NCC Belém Novo passou a desenvolver programas voltados para essas áreas, envolvendo todas as faixas etárias. Dois anos após ser criado, já apresentava curso de informática com ênfase em cidadania e oficinas de percussão, balé, capoeira, corte e costura, e pintura em tecido. Bernardo Toro e Nísia Werneck perguntam, no livro “Mobilização Social”, o que é preciso fazer para começar a 5 NÚCLEO Comunitário Cultural. Jornal da Região Extremo Sul. Agosto 2006. Disponível em: <http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/smgl/usu_doc/nucleo_comunitario_cultural. pdf>. Acesso em: 9.mai.2014.

195


mudar uma comunidade que apresenta graves problemas, e que, além disso, tem um imaginário coletivo povoado por forte negatividade quanto a possibilidades de transformação. A essa pergunta, os próprios autores respondem: Temos que começar a mudar começando. Basta ter “um horizonte, alguns princípios, clareza dos conceitos básicos e dos valores, o imaginário vai se configurando aos poucos” (TORO, p. 50). O grupo de voluntários que criou o Núcleo imaginou novas possibilidades e novos horizontes para a promoção da inclusão social e simplesmente começou... Mas, talvez, nem eles imaginassem que tão rapidamente fariam tantas ações. Já em 2014 atendiam mais de 800 beneficiários por mês, vindos de inúmeras comunidades do extremo sul de Porto Alegre. Atualmente, são mais de vinte voluntários que fazem parte da equipe junto com os demais colaboradores e equipe diretiva. A sinergia resultante dos talentos e da história de cada um é que movimenta o NCC Belém Novo e transforma ideias em oportunidades para a comunidade. No Núcleo são disponibilizados doze cursos voltados à cultura, seis cursos profissionalizantes, sete cursos de artesanato e, no espaço educacional, cursos de informática e apoio escolar. Ao mesmo tempo em que aumenta o número de programas desenvolvidos, a gestão se torna mais complexa. Nesse decurso, desenvolve-se a atenção na formação da equipe e nas boas práticas de gestão. Há alguns anos, a equipe tem se dedicado ao trabalho voluntário organizado e à formação para o Terceiro Setor. Nesse caminho mantém um convênio com a ONG Parceiros Voluntários, o que possibilitou participar de

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cursos e palestras voltados para a gestão no Terceiro Setor. Aliás, foi através de uma dessas qualificações que eles melhoraram a forma de fazer e executar projetos sociais, segundo o gestor Carlos Medina.6 De certa forma, a participação no Curso Educando para a Transparência foi parte de um processo de formação continuada junto à ONG Parceiros Voluntários, mas dessa vez os desafios foram maiores, como veremos. Já na parte presencial do Curso, em 2013, a equipe sentiu-se desafiada a melhorar suas práticas. À medida que os consultores e palestrantes convidados compartilhavam seus conhecimentos, ficava evidente para Graziele Cardoso, Antero Batista Homem e Carlos Medina que algumas práticas do NCC Belém Novo precisavam ser ajustadas e que até então passavam despercebidas. E não é que, justamente no período presencial do Curso, se aproximava, lá no Núcleo, a palestra de início de ciclo, uma reunião trimestral reunindo os beneficiários das novas turmas. Com o olhar da transparência, já realizaram algumas transformações imediatas: organizaram procedimentos padrões para esse evento, prepararam uma apresentação em que expunham com clareza as normas e regras de convivência, e padronizaram uma forma de apresentar aos novos beneficiários os últimos resultados dos programas desenvolvidos.7 Gestores e colaboradores do NCC Belém Novo devem lembrar o que lhes disse a consultora Carmen Franco na 6 MEDINA, Carlos. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 13 de maio de 2014. 7 Ibidem.

197


primeira visita de acompanhamento: “O desafio maior desse curso é contribuir para que vocês não retrocedam, porque sabemos que vocês já são bons”. 8 De fato, a organização sempre foi transparente, desenvolvendo um sistema de controle financeiro contábil bem estruturado, mas era necessário aprimorar outros procedimentos.9 Nas primeiras reuniões com a consultora, aos poucos foi se delineando, com o apoio de ferramentas de planejamento, as etapas para que esses procedimentos melhorassem. Assim, no critério Estratégias e Planos, por exemplo, o grupo identificou a necessidade de reestruturar o apoio educacional oferecido pela organização em turno inverso da escola, começando por organizar um Plano Político Pedagógico.10 Quanto ao critério “Processos”, observaram a necessidade de criar um fluxograma dos departamentos e de começar a estruturar o regimento interno do NCC Belém Novo. Além disso, todos os colaboradores contribuíram para a revisão da missão e da visão, que depois de prontas não ficaram guardadas na gaveta, foram expostas em banners.11 Observamos que no NCC Belém Novo a transparência e a prestação de contas estavam mais ligadas a fatores contábeis. Quando a equipe descobriu que a transparência 8 MENEZES, Naida. Relatório referente à Primeira Visita de Acompanhamento da consultora Carmen Franco ao Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo. Porto Alegre, 23.out.2013. 9 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 2). Projeto Transparência, 2013/2014. 10 ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo. Relatórios das Atividades de Acompanhamento (ACOM 4). Projeto Transparência, 2013/2014. 11 FRANCO, Carmen. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 13 de maio de 2014.

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deveria estar em todos os processos e procedimentos, um movimento generalizado tomou conta da organização em todos os setores. Esse movimento também se expandiu para a abordagem junto às empresas parceiras, tanto que, em 2014, ao invés de receberem do NCC Belém Novo papéis com resultados financeiros, receberam uma visita. Durante a visita ao Condomínio Terra Ville, a equipe diretiva do NCC Belém Novo literalmente transpareceu: mostrou o valor e o impacto dos projetos desenvolvidos pelo Núcleo com o apoio do Condomínio a partir de gráficos, indicadores, resultados qualitativos e quantitativos. O que foi ali exposto tornava visível a importante colaboração para minimizar fenômenos sociais como a violência e a pobreza entre a comunidade do extremo sul.12 O resultado da reunião foi a obtenção de um maior investimento social por parte do Condomínio nos projetos do NCC Belém. E, para bem da verdade, o resultado não se restringiu a este fato, uma vez que a visita finalizou-se com uma lição: transparência gera sustentabilidade financeira. Agora, a partir de um planejamento bem feito e participativo, a organização vai dando novos rumos ao fator transparência. Enquanto isso, quem passou pelo NCC Belém e lá se transformou em pedreiro, manicure, auxiliar de recursos humanos, recepcionista, artesão, toma novos rumos na vida, levando no imaginário aspirações e na bagagem maior conhecimento, e por consequência, maior responsabilidade. 12 MEDINA, Carlos. Memórias sobre a Segunda Edição do Projeto Transparência. Entrevista concedida de forma virtual (Telefone) à historiadora Naida Menezes. Porto Alegre, dia 13 de maio de 2014.

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Destaque dos resultados Responsabilidade em cumprir seus compromissos

• Revisão da missão, visão, valores, estatuto social, contrato,

convênios, relatórios de entrega, manual de voluntários e organograma. • Implementação das ferramentas de gestão FOFA, 5W2H, PDCA, ICG (índice de controle de gestão), fluxo de caixa e descrição de cargos e salários. Responsabilidade em prover informações confiáveis e transparentes

• Estruturação do plano político pedagógico. • Implantação do plano de comunicação, do calendário de eventos

e do calendário anual de atividades. • Ampliação da participação de colaboradores na rede de atendimento local. • Ampliação da comunicação com familiares. • Elaboração de programa de prospecção de novos parceiros. • Implantação do cadastro dos beneficiários. Responsabilidade por suas ações e decisões

• Capacitações para colaboradores e beneficiários. • Processos de avaliação com beneficiários. Sustentabilidade

• Efetivação de uma nova parceria. • Renovação de um projeto. • Aumento de receita em 3% - comparativo 2012/2013.


TERCEIRA PARTE



Organizações participantes da Bahia “A Associação Abre-Alas Ampliando Horizontes é uma organização social, localizada em Salvador. Promove a inclusão social e a melhoria das condições de vida em comunidades carentes, especificamente naquelas onde exista risco social, através do fortalecimento dos laços comunitários e do apoio a movimentos de natureza educativa, cultural, associativa, beneficente ou produtiva.” Associação Abre-Alas Ampliando Horizontes Site: www.abrealas.org.br E-mail: toninijr@gmail.com Público beneficiário: Comunidade Nova República Município: Salvador/BA

“A Acopamec é uma organização social que existe há 22 anos e tem por missão favorecer – através de ações socioeducativas e protetivas que priorizem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários – o desenvolvimento, a formação e a proteção integral das crianças e dos adolescentes que residem nos bairros da periferia de Salvador, especialmente em Mata Escura e Calabetão, e que se encontram em situação de risco pessoal e social.” Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão (Acopamec) Site: www.acopamec.org.br E-mail: acopamec@acopamec.org.br Público beneficiário: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos Município: Salvador/BA

203


“A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Salvador existe há mais de 40 anos e promove a inclusão social e a articulação de ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência de seu município. Atua baseada em valores voltados ao respeito, à diversidade, à parceria com confiança, à excelência no que faz e ao comprometimento, entre outros.” Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Salvador Site: www.apaesalvador.org.br E-mail: convenios@apaesalvador.org.br Público beneficiário: pessoas com deficiência intelectual Município: Salvador/BA

“A ASAP/CAP tem como missão representar os associados e seus dependentes na defesa da cidadania, garantia dos seus direitos e melhoria da sua qualidade de vida. Tem seus serviços voltados à assistência social, geração e ocupação de renda, melhoria do estilo e qualidade de vida, entre outros.” Associação dos Servidores Aposentados e Pensionistas da Previdência Federal na Bahia (ASAP/CAP) Site: www.portalasapcap.org.br E-mail: portalasapcap@terra.com.br Público beneficiário: idosos aposentados no serviço público federal e da comunidade Município: Salvador/BA

TERCEIRA PARTE


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“Promover a inclusão social e a cidadania através da cultura e do esporte a crianças e adolescentes e a geração de trabalho e renda em comunidades em situação de vulnerabilidade social, é a missão da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Esporte e da Cultura (Asbradec) que, desde 2009, contribui para o desenvolvimento dos territórios onde atua.” Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Esporte e da Cultura (Asbradec) Site: www.asbradec.org E-mail: asbradec@asbradec.org Público beneficiário: crianças e adolescentes Município: Salvador/BA

“O Capdever atua nas regiões periféricas de Salvador e Lauro de Freitas e tem como princípios a promoção da igualdade racial, de gênero e sexual. Realiza ações de defesa da vida, artísticas e culturais, de geração de renda e profissionalizante, a fim de promover a qualidade de vida das crianças, adolescentes e famílias atendidas.” Centro Afro de Promoção e Defesa da Vida Padre Ezequiel Ramin (Capdever) Blog: http://motumbaxe.capdever.zip.net/ E-mail: robyvida13@gmail.com Público beneficiário: crianças, adolescentes, jovens e adultos Município: Salvador/BA

205


“Há mais de 30 anos, o CCP está presente em Salvador. É uma organização ligada à Paróquia Nossa Senhora da Luz e mantém 21 projetos com foco na assistência social, educação, atenção à saúde, profissionalização e geração de renda, voltados a crianças, adolescentes e suas famílias. Além disso, realiza ações de ressocialização de pessoas em situação de moradia de rua, encaminhamento e atenção a dependentes químicos para centros de recuperação e apoio a idosos.” Centro Comunitário da Pituba (CCP) Site: www.nossasenhoradaluz.org E-mail: ccpsocial@pnsluz.com.br Público beneficiário: crianças, jovens e adultos Município: Salvador/BA

“A missão do Centro Espírita União, Amor e Luz (CEUAL) é promover a espiritualização do ser através da educação, com base na doutrina espírita. Para isso, desenvolve palestras educativas, programa de suprimento nutricional para crianças, atendimento na Creche Escola Allan Kardec, programa Pais e Mães Voluntários, entre outros.” Centro Espírita União, Amor e Luz (CEUAL) Site: www.ceual.org.br E-mail: ceak@ceual.org.br Público beneficiário: crianças de dois a cinco anos e suas famílias Município: Salvador/BA

TERCEIRA PARTE


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“A Fundal tem por missão promover o desenvolvimento sociocultural de comunidades carentes, mediante o desenvolvimento de projetos e ações voltadas para os campos: social, cultural, educacional, da saúde, do meio ambiente, das artes, dos esportes e do lazer. Atua no Estado da Bahia, em especial nos Territórios de Identidade da Bacia do Jacuípe, Piemonte da Chapada Diamantina, Irecê, Recôncavo Baiano, Sertão Produtivo e Região Metropolitana de Salvador.” Fundação Antônio Almeida e Silva (Fundal) Site: www.fundal.org.br E-mail: fundal@fundal.org.br/projetos@fundal.org.br Público beneficiário: crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social Município: Ipirá/BA

“A Fundação Lar Harmonia é uma organização social que realiza seu trabalho há cerca de 20 anos, na cidade de Salvador. Sua proposta de atuação está fundamentada no atendimento à família nas áreas da assistência médica, odontológica, psicológica, educacional, nutricional e espiritual, além de noções básicas de cidadania. Sua missão é contribuir para o despertar da autoconsciência do ser humano.” Fundação Lar Harmonia Site: www.larharmonia.org.br E-mail: atendimento@larharmonia.org.br Público beneficiário: crianças, adolescentes, jovens e adultos Município: Salvador/BA

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“O GTNM existe há mais de dez anos e tem como objetivo permitir à população o acesso à informação sobre os crimes de tortura praticados pelo Estado, e responsabilizá-lo civil e juridicamente, patrocinando a defesa do cidadão ou cidadã. Além disso, proporciona proteção e assistência à pessoa física ou jurídica, grupo, instituição, organização ou movimento social que promove, protege e defende os direitos humanos, e, em função de sua atuação e atividade nessas circunstâncias, encontra-se em situação de risco e/ou vulnerabilidade.” Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM-BA) Site: www.gtnmba.org.br E-mail: gtnmba@gtnmba.org Público beneficiário: público em geral Município: Salvador/BA

“A Instituição Estrela da Paz é uma organização social que, há dez anos, ministra aulas a crianças, adolescentes e jovens, no bairro de Valéria, periferia de Salvador, a partir de um programa de educação não formal. São aulas que têm como base a valorização do aprender a ser e a conviver, cultivando os valores éticos, morais e espirituais, bem como a compreensão do homem como um ser cósmico numa visão holística da vida.” Instituição de Ética e Valores Humanos Estrela da Paz Blog: http://estrelinhasdapaz.blogspot.com.br/ E-mail: estreladapaz1@gmail.com Público beneficiário: crianças, jovens e adultos do Bairro de Valéria Município: Salvador/BA

TERCEIRA PARTE


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“É missão social do ICON a promoção do desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural, estimulando o empreendedorismo e a empregabilidade, sensibilizando e mobilizando pessoas e organizações para incorporar princípios e práticas que contribuam para o desenvolvimento sustentável. “ Instituto do Conhecimento (ICON) Site: www.icon.org.br E-mail: icon@icon.org.br Público beneficiário: empresas, jovens empreendedores e gestores de instituições públicas e privadas. Município: Salvador/BA

“O ISMEP trabalha nas áreas da assistência social, educação e saúde por meio de projetos voltados a crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, promovendo o fortalecimento dos vínculos familiares. Sua atuação é nas cidades Salvador, Lauro de Freitas, Jequié, Vitória da Conquista e Feira de Santana. “

Instituto Social das Medianeiras da Paz (ISMEP) Site: www.irmasmedianeirasdapaz.com.br E-mail: ismep@ig.com.br Público beneficiário: crianças, jovens e adultos Município: Salvador/BA

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“O Juspopuli é uma organização não governamental que tem como missão contribuir para a efetivação dos direitos humanos, através da democratização do direito e da promoção do acesso à justiça a crianças, adolescentes, adultos e idosos.”

Juspopuli Escritório de Direitos Humanos Site: www.juspopuli.org.br E-mail: juspopuli@juspopuli.org.br Público beneficiário: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos Município: Salvador/BA

“O Lar da Criança é uma organização social que existe há mais de 50 anos, desenvolvendo ações de acolhimento e promoção do bem-estar social e educativo de crianças e adolescentes vítimas de abandono e em situação de risco social. Tem como princípio promover mudanças na vida de cada criança atendida, respeitando as histórias de vida e as diferenças individuais.”

Lar da Criança Site: www.lardacriancasalvador.com.br E-mail: iracicoimbra@hotmail.com Público beneficiário: crianças e adolescentes de zero a 17 anos Município: Salvador/BA

TERCEIRA PARTE


T R A N S PA R Ê N C I A como fator crítico de sucesso Organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul 2013 - 2014

“A Mandacaru busca contribuir para a facilitação do desenvolvimento econômico-social sustentável através de ações que visem a melhoria da qualidade de vida de comunidades e indivíduos que trabalhem em atividades agropecuárias ou tenham potencial para desenvolvê-las.”

Associação de Apoio ao Desenvolvimento Social para o Agronegócio - Mandacaru Site: www.ongmandacaru.org.br E-mail: diretoriaprojetos@ongmandacaru.org.br Público beneficiário: Agricultores Município: Salvador/BA

“O Movimento de Cultura Popular do Subúrbio (MCPS) visa a promover o fortalecimento da cultura local, a preservação do meio ambiente e a geração de renda para as populações dos bairros populares de Salvador. Realiza projetos de Assistência Técnica Urbana (Vida Melhor) e projeto Arte Cultura.”

Movimento de Cultura Popular do Subúrbio (MCPS) E-mail: movimentoartecultura@gmail.com Público beneficiário: populações urbanas de bairros populares da cidade de Salvador Município: Salvador/BA

211


“O MuNEAN tem como missão promover o reconhecimento, a valorização e a preservação da história da enfermagem brasileira, sua presença na cultura e na sociedade tendo como vertentes a arte, a história e a memória. Desenvolve projetos de ações educativas voltados para o público da enfermagem e da museologia, entre outros.” Museu Nacional de Enfermagem Anna Nery (MuNEAN) Site: www.munean.com E-mail: diretora@munean.com Público beneficiário: público em geral Município: Salvador/BA

“A OCA atua no planejamento e execução de programas e projetos sociais voltados à democratização do esporte, cultura, lazer e habitação, fomentando a economia local com a geração de trabalho e renda.” Organizações Cidadania em Ação (OCA) Site: www.ocacidadania.org.br E-mail: oca@ocacidadania.org.br Público beneficiário: crianças, jovens e adultos Município: Lauro de Freitas/BA

TERCEIRA PARTE


T R A N S PA R Ê N C I A como fator crítico de sucesso Organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul 2013 - 2014

“A Thydêwá é uma organização social que tem como missão promover a consciência planetária, valendo-se do diálogo intercultural, da valorização da diversidade e das culturas e conhecimentos tradicionais, visando o desenvolvimento integral para todos em harmonia e paz. Sua atuação está presente em 17 cidades da Bahia, a fim de atender indígenas de várias nações do nordeste brasileiro.” Thydêwá Site: www.thydewa.org E-mail: contatos@thydewa.org Público beneficiário: indígenas da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco Município: sede social no Território Tupinambá de Olivença, no Município de Ilhéus/BA

213


Organizações participantes do Rio Grande do Sul “A ACM existe há 169 anos e desenvolve ações em várias cidades do mundo. Sua missão é ser agente na transformação da sociedade, de acordo com a mensagem cristã. Na capital gaúcha, desenvolve ações por meio de várias unidades, como a da região Centro Histórico, onde oferece cursos técnicos a jovens e adultos e mantém o Colégio ACM Centro, além de espaços para lazer e esportes.” Associação Cristã de Moços (Centro) Site: www.acm-rs.com.br E-mail: sec@acm-rs.com.br Público beneficiário: crianças, adolescentes, famílias e comunidade Município: Porto Alegre/RS

“A ACM Cruzeiro está localizada na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre/RS, há 47 anos. Promove suas atividades com foco no desenvolvimento social, a partir de ações voltadas à criança, ao adolescente e suas famílias, contribuindo para o desenvolvimento da individualidade e do coletivo, e buscando a transformação da sociedade. Oferece programas de creche, centro da juventude, grupo da terceira idade e protagonismo juvenil, além de capacitação profissional, atividades de convivência e orientação social.” Associação Cristã de Moços (Cruzeiro) Site: www.acm-rs.com.br E-mail: ssilva@acm-rs.com.br Público beneficiário: crianças, adolescentes, famílias e comunidade Município: Porto Alegre/RS

TERCEIRA PARTE


T R A N S PA R Ê N C I A como fator crítico de sucesso Organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul 2013 - 2014

“A ACM Restinga está situada na zona sul da capital gaúcha e tem como objetivo a inserção social de jovens em situação de risco, por meio do esporte. O atendimento é feito em turno inverso ao da escola, com a realização de atividades recreativas, desenvolvimento cognitivo e motor, aulas que priorizam a aquisição da técnica e domínio das regras oficiais. Além disso, visa a aproximar a comunidade e a estreitar os laços com as famílias do público atendido.” Associação Cristã de Moços (Restinga) Site: www.acm-rs.com.br E-mail: agiacomo@acm-rs.com.br Público beneficiário: crianças e adolescentes (de 6 a 16 anos) Município: Porto Alegre/RS

“A Alvo é uma organização social porto-alegrense que trabalha com jovens por meio do esporte, cultura e tecnologias sociais, na periferia de grandes cidades e em regiões metropolitanas. Prioriza a valorização das culturas locais, a fim de promover novas relações sociais, pautadas pela coletividade e autonomia em todas as ações, projetos e parcerias.” Associação Alvo Cultural Site: www.alvovirtual.com/alvo/ E-mail: contato@alvovirtual.com Público beneficiário: jovens Município: Porto Alegre/RS

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“Há mais de 30 anos, a ASBEM, tem como missão promover ações sociais, oportunizando a integração socioeducativa e a formação profissional e cidadã de crianças, adolescentes e famílias. Tem como projetos principais o Centro de Iniciação Profissional (foco na formação técnica) e o Proeja FIC (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Formação Inicial Continuada).” Associação do Bem-estar da Criança e do Adolescente (ASBEM) Site: www.asbem.org.br E-mail: asbem@asbem.org.br Público beneficiário: adolescentes e adultos Município: Novo Hamburgo/RS

“A AGIR, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, atua na área de arte-educação com crianças, adolescentes e adultos. Realiza suas atividades por meio de projetos culturais com apresentações musicais, exposições em espaços culturais e no ateliê, oficinas e cursos de arte para crianças e adultos.” Associação dos Artistas Visuais do Vale do Gravataí (AGIR) Site: arteagir.blogspot.com E-mail: arteagir@hotmail.com Público beneficiário: infanto-juvenil e adulto Município: Gravataí/RS

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“A Aldeia da Fraternidade existe há 50 anos e trabalha no atendimento a crianças, adolescentes e suas famílias, visando ao pleno desenvolvimento humano e social, através da educação e da assistência social. Realiza serviços de educação infantil, serviço de fortalecimento de vínculos (contraturno escolar), trabalho educativo (iniciação ao mundo do trabalho) e serviço de apoio familiar. “ Fraternidade Cristã Espírita (Aldeia da Fraternidade) Site: www.aldeiadafraternidade.org.br E-mail: contato@aldeiadafraternidade.org.br Público beneficiário: crianças, adolescentes e famílias Município: Porto Alegre/RS

“O Grupo Chimarrão da Amizade é uma associação que há 30 anos promove a integração social e a qualidade de vida de pessoas com deficiência mental e múltipla. Proporciona acesso aos direitos básicos, o resgate da cidadania e o fortalecimento de vínculos familiares e sociais, além do incentivo à participação na comunidade, por meio dos projetos oferecidos pela instituição.” Associação Grupo Chimarrão da Amizade Gentil Gomes de Oliveira Site: www.chimarraodaamizade.com.br E-mail: chimarraodaamizade@ chimarraodaamizade.com.br Público beneficiário: pessoas com deficiência mental e múltipla Município: Canoas/RS

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“A Apada existe há mais de 20 anos e atua na área da educação, a fim de promover projetos voltados às pessoas com deficiência auditiva da cidade e região. Realiza oficinas de leitura, interpretação, produção de textos e vídeos, oficina de formação de condutores e libras para as famílias.” Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (APADA) Blog: projetoarteecriacaoapada.blogspot.com.br/ E-mail: apada.sap@gmail.com Público beneficiário: pessoas com deficiência mental e múltipla Município: Sapiranga/RS

“Há cerca de 40 anos, a APAE de Cachoeirinha busca desenvolver as potencialidades da pessoa com deficiência e a garantia dos direitos da família, assim como sua integração e convivência em sociedade. Realiza o projeto de habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência, através de atendimentos clínicos especializados nas áreas da fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia e estimulação precoce, além do acompanhamento do serviço social.” Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) Blog: http://apaecachoeirinha.blogspot.com.br/ E-mail: adm@apaecachoeirinha.org.br Público beneficiário: pessoas com deficiência. Município: Cachoeirinha/RS

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“Localizada na região do Vale do Sinos, a APAE de São Leopoldo é uma sociedade civil, filantrópica, de caráter educacional, cultural, assistencial, de saúde, de estudo e pesquisa, desportivo e outros, mantenedora de clínica de reabilitação e escola de educação especial.”

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) Site: www.saoleopoldo.apaebrasil.org.br E-mail: adm@apaesaoleopoldo.org.br Público beneficiário: pessoas com deficiência Município: São Leopoldo/RS

“A APAE de Vacaria atende a pessoas com deficiência intelectual e múltipla, do município e região há quase 50 anos. Realiza ações de defesa de direitos, prevenção, orientações, prestação de serviços e apoio à família, direcionados à melhoria da qualidade de vida do público beneficiado, principalmente, por meio dos projetos: Construindo Cidadania, Equoterapia, Teatro e Padaria.”

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) Site: www.apaevacaria.org.br E-mail: apaevacariars@brturbo.com.br Público beneficiário: pessoas com deficiência Município: Vacaria/RS

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“O CAPC é uma organização da sociedade civil que tem como principal objetivo reduzir o índice de câncer por meio de campanhas de conscientização, acolhimento e orientação aos atendidos, auxiliando-os em suas necessidades biológicas, psicológicas e sociais. Além disso, promover cidadania, integralidade, autonomia, qualidade de vida e bem-estar.” Centro de Auxílio às Pessoas com Câncer (CAPC) Site: www.capc.org.br E-mail: administracao@capc.org.br Público beneficiário: portadores de câncer e seus familiares Município: Caxias do Sul/RS

“O CEAVA é uma organização social que, há mais de 30 anos, realiza estudos sobre problemas sociais, educação e promoção humana, buscando, por meio de projetos sociais, inserir nas atividades da comunidade crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social.”

Conselho das Entidades Assistenciais de Vacaria (CEAVA) E-mail: direcao.florescerceava@gmail.com Público beneficiário: crianças, adolescentes, jovens, adultos, pessoas com deficiência e suas famílias Município: Vacaria/RS

TERCEIRA PARTE


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“O Centro de Formação desenvolve atividades socioeducativas com foco na constituição de espaços de convivência, formação para a participação e cidadania, e desenvolvimento do protagonismo e da autonomia de crianças e adolescentes de Esteio e Sapucaia do Sul. As intervenções são pautadas em experiências lúdicas, culturais e esportivas como formas de expressão, interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção social.” Centro de Formação Teresa Verzéri Site: http://www.cftv-esteio.com.br/ E-mail: social.cftvesteio@verzeri.org.br Público beneficiário: crianças e adolescentes Município: Esteio/RS

“O Cipeama é uma organização da sociedade civil formada por profissionais de diversas áreas ligadas à saúde e à educação. Desenvolve projetos que têm como objetivo atender às necessidades de indivíduos e famílias, nas áreas psicológica, neurológica e social por meio de ações multidisciplinares. Além disso, realiza palestras de aprimoramento científico, cursos e pesquisas que contribuem para a melhoria das condições de tratamento do público beneficiado.” Centro Interdisciplinar de Pesquisa, Ensino e Atendimento (Cipeama) Site: http://ong.portoweb.com.br/cipeama/ E-mail: cipeama_atendimento@hotmail.com Público beneficiário: comunidade em geral Município: Porto Alegre/RS

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“Há 80 anos, o IAPI atende crianças e adolescentes, da capital gaúcha, com a missão de promover assistência, proteção e desenvolvimento integral do público infantojuvenil em vulnerabilidade social, em um ambiente de cooperação e paz, oferecendo serviços de convivência e fortalecimento de vínculos, inclusão digital e qualificação profissional.” Instituto de Assistência e Proteção à Infância (IAPI) Site: www.iapi.org.br E-mail: iapinet@gmail.com Público beneficiário: crianças e adolescentes Município: Porto Alegre/RS

“O NCC Belém tem como missão promover a inclusão social da população menos favorecida economicamente da comunidade de Belém Novo e arredores. Oferece cursos para crianças, adolescentes e adultos nas áreas cultural, educacional, profissionalizante e artesanato.”

Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo (NCC) Site: www.nccbelem.org.br E-mail: secretaria@nccbelem.org.br Público beneficiário: crianças e adolescentes Município: Porto Alegre/RS

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“O Núcleo Espírita é uma organização social que tem como proposta de trabalho promover ações, junto às famílias atendidas, na área de assistência social, educação, esporte, lazer e cultura. Além disso, promove o estudo da doutrina espírita nos aspectos ético, moral e de valorização da vida, por meio de palestras públicas e atendimentos individuais.” Núcleo Espírita Ciranda de Luz Site: www.cirandadeluz.com.br E-mail: cirandadeluz@uol.com.br Público beneficiário: mulheres, crianças e jovens Município: Sapiranga/RS

“O Pão dos Pobres, localizado na Capital Gaúcha, existe há 100 anos e tem como objetivo potencializar o desenvolvimento integral da criança, adolescente e jovem em uma perspectiva solidária, construída por meio de práticas socioeducativas. Desenvolve ações organizadas através dos programas CATI (Centro de Atendimento Integral), Acolhimento Institucional, POD (Programa de Oportunidades e Direitos) Socioeducativo e CEP (Centro de Educação Profissional).” Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio Site: www.paodospobres.org.br E-mail: jrocha@paodospobres.org.br Público beneficiário: crianças, adolescentes e jovens Município: Porto Alegre/RS

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“Há 50 anos, a SLAN tem como proposta de trabalho a educação para vida, desenvolvida por meio de atendimentos no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e na Educação Infantil. As atividades são realizadas em três centros, nos bairros Conservas, Centro e Santo Antônio.” Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (SLAN) Site: www.slan.org.br E-mail: sslan@certelnet.com.br Público beneficiário: crianças e adolescentes Município: Lajeado/RS

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SUSTAINABILITY AVALIAÇÃO EXTERNA Rosana da Rosa Portella Tondolo1

T

enho na memória que em meados de 2009 iniciava o meu relacionamento com a ONG Parceiros Voluntários e o Projeto Transparência. Naquela oportunidade eu estava conhecendo o Projeto que seria meu objeto de tese de doutorado em Administração. Lembro que, inicialmente, a magnitude do Projeto me fascinava, mas ao mesmo tempo me assustava, tamanha seria a minha responsabilidade. Com o passar do tempo, fui conhecendo o Projeto, os atores envolvidos e a paixão e comprometimento com que as atividades eram realizadas. Ainda tenho na memória o dia em que foi realizado o evento de conclusão da primeira edição do Projeto, em meados de 2011. Naquele dia foi realizado um evento lindo no Teatro CIEE em Porto Alegre, o qual era carregado de significado e energia. A energia contida naquele ambiente era tão forte, que foi possível perceber o sentimento coletivo que envolvia todos os presentes: que um Projeto tão grandioso, com propósito tão inovador e com tamanha importância social não poderia ficar em uma única edição. Em 2013, diante do esforço da ONG Parceiros Voluntários, dos patrocinadores e da rede colaborativa, foi possível realizar uma segunda edição do Projeto. Mas essa não era apenas uma reedição. Para a ONG Parceiros Voluntários 1

Doutora em Administração e pesquisadora no Terceiro Setor.

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era a reedição de um Projeto com um desafio enorme, o desafio de romper barreiras, uma vez que essa segunda edição envolveria também a capacitação de organizações sociais no Estado da Bahia. Desafio posto, a ONG Parceiros Voluntários não mediu esforços para a realização do Projeto, e fez na Bahia o que sabe fazer de melhor, mobilizar pessoas. A partir da criação de uma rede colaborativa instituída na Bahia, foi possível capacitar 21 organizações sociais em princípios de transparência e prestação de contas. Sendo que todas as etapas do projeto foram cumpridas, tais como, capacitação presencial, capacitação à distância, visitas de acompanhamento realizadas por consultores e avaliação do Projeto. Entretanto o Projeto não se limitava à “turma da Bahia”, existia ainda a “turma do Rio Grande do Sul”, a qual apresentava mais 21 organizações sociais. Nesta segunda edição, o processo de avaliação externa do Projeto2 foi focado no resultado/efeito que esse Projeto causaria nas organizações sociais participantes. Como a metodologia aplicada já havia sido avaliada durante a primeira edição, resolveu-se, em comum acordo entre a equipe de avaliação externa3 e a equipe da Parceiros Voluntários, que neste momento a melhor avaliação seria aquela que verificasse os processos realizados e os resultados gerados nas organizações participantes. Para isso, inicialmente foi acompanhada a etapa de capacitação presencial realizada para as organizações sociais 2

Avaliação Externa realizada pela empresa Sustainability Consultores Associados.

3 Equipe de Avaliação Externa composta pelos Consultores: dra. Rosana da Rosa Portella Tondolo e dr. Vilmar Antonio Gonçalves Tondolo.

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do Rio Grande do Sul, buscando identificar a dinâmica com que as organizações sociais se comportavam e a metodologia que estava sendo aplicada. Concomitantemente a essa atividade, foi enviado para as organizações sociais um instrumento quantitativo de pesquisa, o qual buscou verificar os níveis de capital social organizacional, de transparência e prestação de contas e de desempenho da organização, tendo como base o ano de 2012. Essa pesquisa inicial, como foi chamada, foi muito importante, porque identificou os processos organizacionais em um momento zero, antes da realização da intervenção proposta pelo Projeto. Também foram avaliados todos os processos que envolviam a etapa de capacitação a distância e as visitas de acompanhamento. Após o término das visitas de acompanhamento, era chegado o momento de fotografar mais uma vez o Projeto e as organizações participantes. Assim, foi realizada uma pesquisa quantitativa final que contou com as mesmas questões aplicadas na pesquisa inicial e com algumas questões adicionais que envolviam aspectos mais objetivos da percepção do respondente quanto à realização do Projeto. Para a análise dos dados quantitativos foram utilizadas técnicas estatísticas. A fim de aprofundar os achados da pesquisa, foi realizada uma etapa qualitativa com quatro organizações sociais participantes do Projeto, de cada estado. Essa etapa foi fundamental para compreender e confirmar alguns indícios relacionados tanto a processo, quanto a resultados, os quais foram apresentados na etapa anterior.

227


Durante o processo de avaliação foi possível verificar a evolução de trinta e três organizações que participaram das pesquisas de avaliação. Destas, quinze são da Bahia e dezoito do Rio Grande do Sul. Infelizmente, não foi possível contar com a colaboração de todas as organizações sociais no processo de coleta de dados. No entanto, alguns resultados merecem destaque, tais como: - Na turma do Rio Grande do Sul, 77% das organizações respondentes apresentaram evolução positiva em Transparência e Prestação de Contas (TPC), enquanto na turma da Bahia 67% das organizações respondentes apresentaram evolução positiva em TPC. Sendo que destas, dezessete organizações apresentaram média de TPC acima de 80% e duas apresentaram média máxima em TPC. Vale ressaltar que este é um resultado bastante expressivo, uma vez que na investigação inicial somente quatorze organizações apresentavam níveis elevados de TPC. - Também vale ressaltar os níveis de capital social das organizações participantes, uma vez que treze organizações apresentaram níveis elevados, acima de 80%, sendo que destas, uma organização apresentou média máxima em capital social. Estes resultados expressam a efetividade do Projeto no desenvolvimento de novas competências, abrangendo as dimensões Transparência e Prestação de Contas, ferramentas de gestão, desenvolvimento e novos projetos e o capital social organizacional.

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Como avaliadora externa do Projeto, acompanhei a equipe da ONG Parceiros Voluntários, os consultores envolvidos e as organizações sociais participantes, e sei que não foi uma tarefa fácil, a logística, a preocupação, o envolvimento, as atividades a serem desenvolvidas e os prazos. No entanto, posso afirmar que o resultado foi muito bom. Ao final do Projeto entrega-se à sociedade gaúcha e à sociedade baiana, ao todo, 39 organizações sociais capacitadas em Transparência e Prestação de Contas. Agora, existem na sociedade brasileira mais 39 organizações sociais que sabem por que devem ser e o que fazer para ser transparentes. Essa é a melhor contribuição que esse grupo de organizações, instituições e acima de tudo seres humanos envolvidos nesse Projeto poderiam dar. Diante disso, só tenho a agradecer por fazer parte dessa história e parabenizar a todos os envolvidos pela dedicação, ética e comprometimento que tiveram durante esta trajetória. Fica registrada neste livro a minha admiração por todas as pessoas e organizações que se dedicaram, fizeram e fazem a diferença. Parabéns!

229


Pensando nos próximos desafios

E

is, então, o Projeto Transparência com seu início, meio e fim, circundados e transversalizados pelo agir e pensar de indivíduos e de coletividades. Nesta segunda edição do Projeto, foi oferecido o Curso Educando para a Transparência, para organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul. E, mais uma vez, ele foi além do “capacitar para”, tornando-se agente de mobilização e convocando vontades, como dizem Bernardo Toro e Nísia Werneck: Convocar vontades significa convocar discursos, decisões e ações no sentido de um objetivo comum, para um ato de paixão, para uma escolha que contamina todo o quotidiano. (Toro & Werneck, 1996, p. 5) O objetivo comum das ONGs participantes era expandir o princípio da transparência e da prestação de contas e, por consequência, influir positivamente na sustentabilidade das organizações. Ora, poderiam tentar alcançar esse objetivo de forma individualizada, uma vez que a vontade de “transparecer mais” já era latente. No entanto, preferiram participar do Curso, e os desdobramentos dessa escolha resultou na possibilidade de agir com método e companhia. Afinal, somos seres coletivos e tudo o que é coletivamente decidido, fruto da criação a partir de uma mobilização social, tem mais força e dá mais estabilidade.

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O que dá estabilidade a um processo de mobilização social é saber que o que eu faço e decido, em meu campo de atuação quotidiana, está sendo feito e decidido por outros, em seus próprios campos de atuação, com os mesmos propósitos e sentidos. (Toro & Werneck, 1996, p. 5) Cada organização, durante a capacitação, no seu tempo e preservando a sua cultura e missão, pode compartilhar conhecimentos, dicas e falar de suas grandes responsabilidades enquanto espaço de liderança comunitária e de transformação social. Essa fala, e mais do que isso a escuta, foi tão importante que os gestores que participaram do Curso na Bahia se mobilizaram. Com o apoio da ONG Parceiros Voluntários e do Conselho Regional de Contabilidade/BA criaram a “Rede Baiana do Terceiro Setor - RBTS”, cuja missão é “compartilhar boas práticas de gestão, informações e recursos com ética e transparência, promovendo a união, a expansão e a sustentabilidade do Terceiro Setor no Estado da Bahia”. Você que acompanhou a leitura até aqui, já sabe que essa segunda edição do Projeto Transparência foi motivada por um desafio de Janice Dias, gerente da Petrobras, que em 2011, ao final da primeira edição no Rio Grande do Sul, afirmou, com razão, que a metodologia só seria realmente validada quando aplicada em outro estado brasileiro. Essa Tecnologia Social, já testada, vem sendo aplicada há seis anos, com resultados mensuráveis, tangíveis e intangíveis para todos os públicos envolvidos, conforme registrado neste livro, e no primeiro livro de 2011.

231


Nunca será demais repetir o que consta no final do livro da primeira edição do Curso: seus resultados desmistificam a imagem das ONGs sustentadas tão somente pelo idealismo e pela criatividade. A Tecnologia Social revela a importância de uma nova postura, em que os sonhos não são abandonados, apenas acrescenta-se mais profissionalismo ao idealismo. Apresentando, assim, emoção com resultados. Então, é com emoção, e respaldados por todos os participantes das duas edições do Curso Educando para a Transparência, que podemos afirmar: esta metodologia pode, sim, ser replicada em outros estados brasileiros, principalmente porque mantém a transparência na sua essência.

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Referências ANDRADE, Floranice Santos. O Coração de Deus no Coração da Humanidade. A cristologia na vida e ação missionária de Teresa Verzeri. PUC/RS (Mestrado em Teologia) – Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2013. Disponível em: <http://repositorio.pucrs. br/dspace/bitstream/10923/5483/1/000450441Texto%2BCompleto-0.pdf>. Acesso em: 18.mai.2014. BOBROFF, Maria Cristina Cescatto. Identificação de comportamentos de cuidado afetivo-expressivos no aluno de enfermagem: construção de instrumentos. USP, 2003. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Pós-graduação em Enfermagem Fundamental. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. SAPIRO, Arão. Planejamento estratégico – Fundamentos e Aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. DARTON, Robert. O Grande Massacre dos Gatos. Rio de Janeiro, Graal, 1986. DE MASI, Domenico. O Ócio Criativo: entrevista a Maria Serena Palieri. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. DREYER, Lilian. JOHANNPETER, Maria Elena. O Quinto Poder. Porto Alegre: L&PM, 2008. DRUON, Maurice. O Menino do Dedo Verde. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. 88ª ed.

233


ESTEVAM, José Geraldo. O reconhecimento da alteridade como possibilidade de construção de um novo paradigma na cultura ocidental em Joel Birman e Emmanuel Lévinas. Revista Horizonte, Belo Horizonte, v. 6, n. 12, jun. 2008 FALCONER, Andres Pablo. A Promessa do Terceiro Setor. São Paulo: FEA/USP, jul./1999. Disponível em: <www.rits.org.br>. Acesso em 12/01/2001. FALCONI, Vicente. O Verdadeiro Poder. Nova Lima: INDG, 2009. FAMÁ, Rubens. LEAL, Edvalda Araújo. Governança nas Organizações do Terceiro Setor: um estudo de caso. X Seminário de Administração. São Paulo: FEA/ USP, 2007. Disponível em: <www.ead.fea.usp.br/ Semead/10Semead/Sistema/resultado/.../400.pdf>. Acesso em: 28.mar.2014. FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre, Guia Histórico. Porto Alegre: Ed.Universidade/UFRGS. JOHANNPETER, Maria Elena Pereira. MENEZES, Naida. ONG Transparência como fator crítico de sucesso. Porto Alegre: Ed. Unisinos, 2012. KAPLAN, Allan. O processo social e o profissional de desenvolvimento. Artistas do Invisível. São Paulo: Ed. Peirópolis/Instituto Fonte, 2005. MASON, Timothy. Gestão Museológica: Desafios e Práticas. São Paulo: Ed. USP: British Council: Fundação Vitae, 2004.

TERCEIRA PARTE


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MELO, Vanessa Paternostro. Terceiro Setor e Interorganizações: uma análise crítica a partir da realidade baiana. Salvador: UFBA, 2002. Dissertação (Mestrado em Administração) – Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002. NEVES, Ricardo. Tempo de pensar fora da caixa. A grande transformação das organizações rumo à economia do conhecimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. NOGUEIRA, Maria Luísa Magalhães. Espaço e subjetividade na cidade privatizada. Salvador: UFMF, 2013. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013. PERRAULT, Charles. Contos e Fábulas. São Paulo: Iluminuras, 2007. QUINTANA, Mário. Caderno H. São Paulo: Globo, 2006. RAMON, Miguel. Acopamec. Vinte Anos testemunhando a fé e construindo a cidadania. Salvador: s/ed., 2010. SALAMON, Lester M. A emergência do terceiro setor – uma revolução associativa global. Revista de Administração da USP. Volume: 33 - Número: 1 - Data: janeiro / março / 1998. Disponível em: <www.rausp.usp.br/download. asp?file=3301005.pdf>. Acesso em: 23.mar.2014. STAUB, Gilmar. Projetos de vida e emancipação: constituindo o ser-sujeito cidadão no Pão dos Pobres. 235


Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pósgraduação em Educação – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, 2013. SOTER, Nara. IAPI: 80 Anos de Solidariedade. Mudando Vidas, Construindo cidadania. Porto Alegre: 2013 (livro em processo de edição). TERRA, Eloy. As Ruas de Porto Alegre. Porto Alegre: AGE, 2002. v. 2. TORO, José Bernardo. WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação. UNICEF Brasil. 1996. Disponível em: <http://www.aracati.org.br/portal/pdfs/13_Biblioteca/ Publicacoes/mobilizacao_social.pdf>. Acesso em: 21 de fevereiro de 2014. VOLTOLINI, Ricardo (org). Terceiro Setor: planejamento e Gestão. São Paulo Editora Senac São Paulo, 2003.

TERCEIRA PARTE


IMAGENS A trajetĂłria do curso Educando para a TransparĂŞncia em imagens agosto 2012/agosto 2014













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