Grandes Produções, Pequenas Telas - Monet 98

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Irmãos de sangue Em Game of Thrones, o filho mais novo de Eddard Stark é Brandon Stark (Isaac Hempstead-Wright), um menino que precisa agir como homem desde cedo. Jon Snow (Kit Harington), irmão bastardo, é trazido para a família e se torna o porto seguro de Brandon

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GRANDES PRODUÇÕES

PEQUENAS

TELAS

Enquanto o cinema investe cada vez mais em remakes e continuações, a televisão abre espaço para projetos caros, com histórias épicas e originais. O último exemplo é a minissérie de guerra e fantasia Game of Thrones por marina marques e raquel temistocles

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cenário medieval é substituída pelo vermelho. O sangue é derramado pelos guerreiros que se enfrentam em nome da honra. Os sons do campo de batalha são os do encontro das espadas, do grito forte dos homens e do baque das armaduras que caem no chão. Parece típico de uma superprodução de Hollywood para o cinema, mas a avant-première será no conforto do seu lar. É esta a proposta da mais recente minissérie da HBO, Game of Thrones. Baseada no livro de fantasia de George R.R. Martin, a série traz para a televisão a terra ficcional de Westeros, onde famílias de diferentes gerações lutam por um mesmo objetivo: tomar posse do trono de ferro. O personagem central é Eddard Stark, vivido pelo ator Sean Bean (o Boromir do filme O Senhor dos Anéis). Ele é o patriarca de Winterfell, no norte de Westeros, que é designado para o cargo de braço direito do Rei. Enquanto luta para proteger o trono, as outras famílias do continente se envolvem em intrigas para derrubá-lo. Na receita, criaturas misteriosas, guerreiros poderosos e inúmeras batalhas. Há cinco anos desenvolvendo o projeto, os criadores David Benioff e Dan Weiss achavam que os livros de George R.R. Martin nunca poderiam ser adaptados para a televisão por causa da complexidade da trama, como disseram em entrevista à imprensa internacional. Mas a história, com uma infinidade de personagens, grandes batalhas, castelos e dragões, também não caberia em um filme de poucas horas. O formato de minissérie foi a saída ideal. “O investimento que a HBO americana fez na produção do programa foi em torno de 6 ou 7 milhões de dólares por episódio”, conta Gustavo Grossman, diretor-geral da HBO Latin America Group. Os dez episódios da série exigiram um investimento milionário, já que as filmagens foram feitas em castelos reais da Europa, além da contratação de um consultor de linguagem para inventar

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Guerra pelo poder – Em Game of Thrones, os guerreiros se enfrentam em batalhas pelo Trono de Ferro. Daenerys Targaryen, a filha mais nova do Rei Aerys II Targaryen, morto antes que ela nascesse, é interpretada por Tamzin Merchant. A personagem de longos cabelos brancos faz parte de uma das famílias que lutam pelo trono do Rei Robert, protegido por seu braço direito Eddard Stark (Sean Bean)

o dialeto Dothraki (na série, o idioma é falado entre guerreiros nômades que vivem na região do Mar Dothraki). TELINHA QUENTE – A tendência de grandes produções, em geral históricas ou épicas para a TV, com orçamento tão vultoso ou maior do que o da maioria dos filmes, acontece principalmente porque no cinema não há tempo suficiente para recriar certas histórias. Grossman usa como exemplo os filmes da franquia O Senhor dos Anéis, em que o investimento foi de aproximadamente 93 milhões de dólares por filme, mas muitos detalhes foram perdidos na tentativa de enxugar a metragem. A escolha de contos épicos para a televisão também não é por acaso. “Essas histórias sempre possuem alguma fantasia.

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Grandiosas – Violência e muito sangue derramado fazem parte da série Spartacus: Gods of the Arena, que já está em seu segundo ano. Uma das mais badaladas séries com a marca HBO, Roma fez sucesso ao contar a vida de dois soldados na época do Imperador Júlio César. Com investimento de US$ 200 milhões, The Pacific levou o título de série mais cara da TV e ainda contou com a produção de Spielberg e Tom Hanks. Boardwalk Empire inovou ao fugir do enredo épico e trazer Martin Scorsese para a TV

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É sempre um entretenimento seguro, onde as pessoas conseguem fugir de seus problemas diários.” No entanto, esta não é uma regra: foram as recriações realistas dos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial que abriram o caminho para as superproduções televisivas. Band of Brothers, lançada em 2001, teve orçamento de US$ 125 milhões e foi indicada para 19 Emmys. Por trás do sucesso, dois nomes de peso do cinema: Tom Hanks e Steven Spielberg. Depois, a dupla repetiu a dose em dez episódios com uma série sobre o front, que opôs americanos e japoneses. The Pacific (2010) é a série mais cara da televisão até hoje, com investimento de 200 milhões de dólares (o mesmo valor do blockbuster Titanic, um dos filmes mais caros da história). A tradição da HBO em fazer superproduções para a TV estava consolidada e seguiu desde Roma (2005) a Boardwalk Empire (2009). Não demorou para outros players da TV enxergarem um filão e passarem a apostar pesado na produção do seu próprio conteúdo. É o caso do canal norte-americano Starz, que lançou em 2010 a série Spartacus: Blood and Sand. O sucesso foi tanto que originou a sequência Spartacus: Gods of the Arena – em cartaz no Brasil aos sábados, 22h30, no Globosat HD. De figurino a armas e mobília, tudo foi fabricado especialmente para o programa, elevando os gastos, mas também trazendo realismo para a audiência. Mesmo assim, o produtor-executivo da franquia Spartacus, Steven DeKnight, diz que na TV é possível arriscar mais. “O risco econômico é muito menor na TV. Porque com três ou quatro episódios já é possível saber se vai dar certo ou não. Se não der, a série é cancelada. As pessoas perderiam muito dinheiro com um filme que já está pronto.” Só que uma série de sucesso precisa, mais do que começar bem para sobreviver, ter um bom plano para colocar um ponto final na história. Em entrevista à revista americana The New Yorker, o autor de Game of Thrones, George R.R. Martin, que também assina o roteiro da minissérie, declarou: “Eu quero dar aos fãs algo incrível. E se eu ferrar o final? E se eu fizer como Lost? Eles virão atrás de mim com tochas”. Se o desfecho vai deixar o público contente, ainda não é possível saber. Mas, levando em conta o investimento na produção e o sucesso dos livros, Game of Thrones tem tudo para ter um final feliz. n GAME OF THRONES,

dia 8, domingo, 21h, HBO, 71

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