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Radar
Por Alexandre Garcia
ALEXANDRE GARCIA Jornalista, apresentador, comentarista de telejornais, colunista político e conferencista. Atuou no Jornal do Brasil, na TV Manchete e na Rede Globo, onde trabalhou por mais de 30 anos. Em março de 2020 foi contratado pelo Canal Rural como comentarista nos programas “Rural Notícias” e “Mercado & Companhia”, e em julho de 2020 passou a integrar o time de comentaristas da CNN Brasil. Atualmente também escreve para o jornal a Gazeta do Povo.
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Atiradores cegos
É cada vez mais ouvido e escrito o termo ‘crise institucional’
Avizinhança entre pandemia e eleição tem a ver com os ânimos. Ciro Gomes revelou o objetivo político: “Todos nós estamos tratando de destruir o Bolsonaro, senão ele fi ca aí oito anos e acaba de liquidar o país”. Se é para usar a pandemia, esqueceram de avisar o vírus. O corona, que traz sofrimento e leva vidas, atinge indiscriminadamente a política e seus objetivos eleitorais.
Nesta segunda onda, governadores repetiram com mais rigidez medidas do ano passado, sem usar o que a medicina aprendeu em um ano de experiência, para evitar lotação dos hospitais. Veio a reação dos prejudicados com os fechamentos. Trabalhadores, empresários e prefeitos reclamam de governadores. Prefeitos reclamam da invasão de sua autonomia, empresários reclamam de prefeitos e governadores, e o povo que vai fi cando mais pobre reclama dos que põem a polícia para tolher o direito de trabalhar.
Os governadores voltaram a aplicar as medidas do ano passado esperando resultados diferentes. Mas cada vez mais prefeitos apresentam novas ideias. Atacam a Covid aos primeiros sintomas e reagem ao fechamento da atividade. Desgaste para muitos governadores, pior para presidenciáveis como Dória e o gaúcho Eduardo Leite. As candidaturas se diluem. Os que negam resultados das descobertas médicas, que querem todos paralisados, se distanciam da realidade do povo e das urnas.
E ainda tem o Supremo, cada vez mais guardando menos a Constituição. Fachin anula condenações de Lula, Moraes prende um jornalista e um deputado, suspende uma lei para proibir uma ferrovia estratégica e vira alvo quando o senador Kajuru e o jornalista Caio Coppola entregam 3 milhões de assinaturas para o Senado abrir processo de impeachment contra ele.
O alvo revelado por Ciro é o Presidente, mas o fogo amigo está fazendo baixas e o principal atingido é o brasileiro privado de renda e de tratamento inicial para Covid. Hoje, com as redes sociais, está difícil criar narrativas para evitar o troco na urna do ano que vem.