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Radar
Por Alexandre Garcia
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ALEXANDRE GARCIA Jornalista, apresentador, comentarista de telejornais, colunista político e conferencista. Atuou no Jornal do Brasil, na TV Manchete e na Rede Globo, onde trabalhou por mais de 30 anos. Em março de 2020 foi contratado pelo Canal Rural como comentarista nos programas “Rural Notícias” e “Mercado & Companhia”, e em julho de 2020 passou a integrar o time de comentaristas da CNN Brasil. Atualmente também escreve para o jornal a Gazeta do Povo.
Quem é maioria?
No Rio de Janeiro, num domingo, vimos o que talvez tenha sido a maior parada de motocicletas juntas no planeta
Nenhum órgão tradicional de informação anunciou ou promoveu, ninguém subsidiou, e pousou no asfalto um enxame de motos que fl uíram como um rio amazônico pelas estradas e avenidas da cidade, saudadas por bandeiras nacionais agitadas nas calçadas e prédios. Bastou uma convocação do Presidente da República, e milhares foram demonstrar-lhe apoio.
Desde a campanha eleitoral, eventos assim têm sido a forma de o Presidente fi car próximo de seus eleitores. Por sua vez, a nova forma de a oposição se expressar tem sido a CPI da Pandemia. Em resposta, apoiadores do presidente encheram a Avenida Paulista no 1º de Maio e a Esplanada no 15 de maio. No Dia das Mães, o Presidente liderou milhares de motos em desfi le por Brasília. Entre umas e outras, Bolsonaro também respondeu à oposição de governadores visitando com frequência estados do Nordeste, onde não ganhou a eleição, sempre provocando aglomerações, como estabeleceu o bordão.
São linguagens diferentes que se opõem e têm se movimentado como ação e reação. A oposição de senadores da CPI e de governadores se expressa pela maior parte do noticiário que lhes dá cobertura e apoio - e o Presidente, por sua vez, vai às ruas e às redes sociais para conferir sua força e comparar as imagens dos eventos com os números das pesquisas de opinião, que mostram sua popularidade em queda e a vitória de Lula no ano que vem.
Quem, afi nal, tem a força da maioria? Costuma-se considerar que a dúvida sobre quem é maioria numa democracia é sempre decidida nas urnas - a hora da verdade. Mas a urna precisa garantir a certeza de que cada voto é recebido e contado com lisura. A apuração não pode ser um ato em segredo de Justiça. Na verdade, é um ato administrativo, que precisa ser transparente e acessível à compreensão de qualquer eleitor.
Quando cada um tem a sua verdade, é a soma das verdades de cada um que vai decidir qual maioria exercerá o poder. O voto é secreto; a apuração não pode ser secreta.