APRESENTAM
ENVIO: SORYU MONTEIRO // TRADUÇÃO: CLAUDIA S, RUTE G., MAYARA, NESSHIH, ANA NANCI, CYNTHIA M, ARLETE, RHELLDA, OLIVIA, KIKA, TICISOUL, RENATA F. // SEGUNDA REVISÃO: SOFIA M // REVISÃO FINAL: HELLEN E PAIXÃO // LEITURA FINAL: CAMILA E JUUH ALLVES // FORMATAÇÃO: CAMILA B. E DADÁ
BY ELIZABETH REYES
LANÇADO
LANÇAMENTO
EM BREVE
Depois de muito sofrimento, Valerie Zuniga prometeu não deixar que Alex Moreno voltasse a machucá-la. Um ano depois, ela é forçada a encontra-lo em uma festa onde um inesperado beijo mostra que ela está longe de superar esse trauma. De maneira nenhuma permitirá ser sugada outra vez para essa tempestade. Ela vai resistir a ele, mesmo que isso signifique usar a única coisa que deterá Alex: outro homem. Alex teve um dos piores anos de sua vida. Ele passou tanto tempo sentindo pena de si mesmo, que não percebeu o quanto sentia a falta de Valerie. Isso até que o beijo acontecesse. Agora, está decidido a recuperara-la de qualquer maneira e ninguém vai ficar em seu caminho. Principalmente depois de descobrir que Valerie pode estar em perigo, um perigo do qual ele se sente responsável.
Valerie ainda não podia acreditar que ela realmente estava fazendo isso. Mesmo depois de tudo que Alex Moreno a fez passar, ela estava furiosa por chegar a esse ponto. Trocou o canal do rádio do carro e deu uma olhada em seu relógio. 21h45min. Seus dedos golpearam o volante. Com um profundo suspiro, olhou a calçada vazia. Onde diabos ele estava? Desde que conheceu Alex, a relação deles sempre foi complicada. Este último mês e meio foi a exceção. Eles foram inseparáveis e as coisas finalmente começaram a ficar sérias. Ela praticamente viveu em sua casa nas últimas duas semanas. Algumas vezes, ela pensou que ele deu a entender que deveria. Quando ela finalmente voltou para casa no domingo, ele parou de ligar e retornar suas ligações. Como todas as outras vezes, desapareceu novamente. Um mês inteiro de ligações antes de dormir, em seguida, no início da manhã, após duas semanas de "Não vá, fica comigo". Então nada durante quatro dias? Ele estava brincando? Todas as outras vezes que fez isto, ela deixou passar. Ele sempre reapareceria eventualmente com alguma desculpa esfarrapada, e como um cachorrinho doente, ela estava tão disposta a pular de novo em seus braços. Bem, não mais.
Deveria ter feito isto há muito tempo. Valerie se mexeu na cadeira, esfregando as mãos sobre as coxas. Sua cabeça disse que era melhor estar preparada. A verdade viria esta noite de uma maneira ou de outra. A verdade que sabia todo o tempo, mas não se atrevia a enfrentar. No fundo, ela sempre soube que Alex Moreno não era homem de uma só mulher. O desejou durante todo o colegial. Inclusive sabia que estava fora de seu alcance. Como o magnífico atleta do ensino médio, tinha garotas em cima dele. Ele saiu com ela apenas por diversão e estava bem com isso. Ao longo dos anos, ele permaneceu em sua vida ocasionalmente. Mas nunca ficou por muito tempo. Ela aceitou. Durante todo este tempo ela disse que era porque estava muito ocupada com sua educação e sua carreira para ficar presa em algo muito sério. A verdadeira razão esteve sempre no fundo de sua mente. A própria ideia de pressionar muito e perder a pouca relação que tinha com ele a assustou mais do que admitiria. Tentou muitas vezes no passado ter uma ruptura tranquila, mas nunca foi forte o suficiente para continuar. Bem, tinha que ser forte agora. Não podia aguentar mais. Não depois do mês e meio que eles tiveram. A dor de não saber onde estava e com quem, finalmente acabou pesando mais que o temor de saber a verdade e terminar as coisas de vez. Devia a si mesma descobrir de uma vez por todas, se o coração dele estava investindo nisto como o dela ou se tudo isto era só um jogo, um jogo que continuaria durante o tempo que ela permitisse. Mesmo com sua cabeça dizendo que esperasse o pior, finalmente conseguiria o encerramento que precisava para ir embora para sempre, seu coração ainda estava mantendo a esperança de que havia uma explicação convincente. Que ele sentia por ela o que ela sempre sentiu por ele.
Do carro de sua companheira de quarto, Valerie observou um pouco ao redor. Trocou de carro durante toda a semana para que ele não a reconhecesse estacionada na rua. Durante toda a semana se acovardou com a esperança de que houvesse notícias dele e não tivesse que passar por isto. Agora era quinta— feira, e tudo o que recebeu até agora era um par de lamentáveis textos dizendo que estava muito ocupado e que ligaria em breve. Faróis iluminaram a escura rua. Valerie se afundou em seu assento. A caminhonete de Alex passou pelo seu carro, ela se abaixou sem ser detectada. Ela abaixou tanto que não era capaz de ver se ele estava sozinho ou não. Subindo o suficiente para que seus olhos estivessem sobre o capô o viu caminhando ao redor de sua caminhonete e em direção à porta de casa dele. Sozinho. Um raio de esperança dançou em seu coração. Talvez ele estivesse apenas ocupado. Sentou quando ele foi e ficou olhando para o seu telefone. Ele estava em casa. Então, por que não ligava? Poderiam estas últimas seis semanas terem estado somente em sua cabeça? Ela imaginou um aumento de afeto da parte dele? Ela não podia estar tão delirante. Estaria? Ele disse que se importava com ela. Não podia parar de pensar nela. Como pôde passar quatro dias inteiros sem ligar? Ele não tinha saudades dela, caramba? A rua se iluminou novamente quando outro carro passou. Ele andou devagar quando passou a seu lado e parou em frente à casa de Alex. Valerie prendeu o fôlego. A porta se abriu e saíram um par de pernas longas. Junto com as pernas saiu uma garota de uns vinte anos em shorts e uma camisa
apertada que dizia UCSD1 em seus seios. Valerie viu que a garota abriu o porta malas e tirou o que era algo muito grande para ser uma bolsa. Sua respiração parou. Cada vez que ela veio nestes últimos dias, Alex insistiu que trouxesse uma bolsa para passar a noite. O bastardo! Valerie podia sentir sua pressão arterial subir, seu peito se contraiu. Era isso, a prova do que já sabia todo este tempo e sem lugar para dúvidas. Viu a garota empurrar seu longo cabelo negro sobre seu ombro e foi em direção a Alex. Os olhos do Valerie ficaram colados a ela. Seu pulso batia em seus ouvidos. Piscou para afastar as lágrimas que nublavam sua visão. Alex estava na porta antes mesmo que a garota chegasse. Ele estava esperando! Valerie sentiu seu coração despedaçar. Ela sabia o tempo todo e, no entanto, não estava absolutamente preparada para essa dor. Fechou os olhos no momento em que Alex pôs a mão no ombro da garota. Não podia suportar ver. Valerie abriu os olhos a tempo de ver a porta fechar. Deixou escapar um suspiro trêmulo. Sua mente dava voltas, considerando a melhor maneira de lidar com isso. Lágrimas quentes escorriam pelo seu rosto. Embora tivesse pensado nas possibilidades, na realidade nunca planejou o que faria se o pegasse em flagrante. Ela pegou o telefone e ligou para ele. É claro, a chamada foi para o correio de voz. Ouvir sua voz na saudação só a enfureceu ainda mais. Sem pensar mais, saiu do carro, fechando a porta atrás dela. Limpou as lágrimas, respirou profundamente para tentar se acalmar. Foi para a porta da frente, tentando desesperadamente recuperar a compostura. Muitas palavras que queria gritar vieram à sua mente. A que mais queria era: Acabou! Realmente acabou desta vez para sempre. Ela 1UCSD:
Universidade da Califórnia
nunca em todos os cenários horríveis que tinha na cabeça nos últimos anos percebeu que seria uma dor insuportável. Ver ele com outra pessoa foi muito pior do que imaginou. Ela tocou na campainha, e imediatamente bateu. Depois de alguns segundos, voltou a tocar. A porta se abriu e, embora tenha sido só dias desde que o viu pela última vez, ainda tinha que ter um momento para observá-lo completamente. O homem era irreal. Lá estavam, todos os seus um metro e noventa e dois. Seus escuros olhos a olharam, surpresos. — Valerie, querida. Não te esperava. — É obvio que não. — Sua voz quebrou, mas se controlou. — Nova convidada da semana? Ele mudou de posição na porta e ela podia ver a cadela sentada em sua mesa da sala de jantar. A mesa em que tomaram o café da manhã que prepararam juntos no domingo. A mesma mesa que usaram, uma e outra vez, dizendo que não podia manter suas mãos fora dela. Valerie sentiu suas entranhas estilhaçando. Algo se acendeu nela. Algo terrível que nunca sentiu em sua vida. Alex saiu fechando a porta atrás de si. — Não, baby. Sei o que está pensando, mas posso explicar. — Ele tentou agarrar sua mão e ela se afastou. — Vá à merda, Alex! Já ouvi o suficiente de suas mentiras. — Ela se afastou, pronta para desmoronar. A imagem da garota sentada em sua mesa, dele beijando e fazendo coisas com ela... — Valerie, espera! Seus saltos altos fizeram um barulho alto sobre a calçada enquanto aumentava a velocidade. Ele a alcançou, tropeçando enquanto seus pés descalços pisaram em algo que aparentemente o feriu. O fato de que ele estava tão comodamente descalço com a cadela só a enfureceu ainda mais.
Ele pegou a mão dela, mas desta vez foi apertado o suficiente para que não pudesse se soltar. — Baby, me escute. — Falou direto em seu rosto. — Ela é uma tutora. Valerie deixou escapar uma risada sarcástica. — Wow, Alex, as mentiras estão se esgotando? — Não, ela realmente é. — Acredita que com isso me sentirei melhor, Alex? Que você está fodendo uma tutora? — gritou Valerie. Estava perdida. Estava a poucos minutos de ter uma verdadeira crise e tinha que sair dali porque não seria bonito. Ela puxou sua mão e correu para seu carro. Alex a seguiu. — Quero dizer que ela é minha tutora, Val. Não queria que soubesse. É obvio que não queria. Ele a agarrou novamente quando chegou à porta do carro, mas seus braços se mexeram como se fosse louca. Não queria sentir nenhuma parte dele sobre ela nunca mais. — Se afaste de mim! — Seu grito congelou Alex momentaneamente. Devia parecer tão louca como se sentia porque a olhou sem dizer uma palavra. — Você se preocupa comigo, Alex? — O sabor das lágrimas salgadas e o rímel amargo caíram em sua boca. Só podia imaginar a confusão que estava seu rosto. Mesmo assim ele a olhou fixamente, com os olhos abertos. — Você se preocupa? Ele deu um passo para frente. Seu rosto genuinamente magoado como todas as outras vezes que deu desculpa atrás de desculpa. Começou a se aproximar dela de novo. — Baby, é claro que sim Eu... Ela levantou a mão, empurrando a mão dele para longe dela. — Então, fique longe de mim! Nunca mais me ligue de novo. — Valerie não...
— Por favor, Alex! — Abriu a porta do carro, entrou e fechou a porta. A janela estava aberta e ele ficou de pé frente a ela. — Prometa isso Alex. Não quero que me ligue nunca mais. Seus olhos escureceram, sua sobrancelha franzia. — Não. — Preciso que fique fora de minha vida! — Ela exclamou. O que precisava era de sua sanidade e nesse momento sentia falta dela. Nunca em sua vida se sentiu tão incapaz de controlar suas emoções. Brigou com a ignição quando Alex começou a tentar explicar a ridícula história de sua tutora outra vez. Valerie apertou o botão para fechar a janela. — Valerie me escute. Ele ainda estava falando quando ela começou a se afastar da calçada, quase atropelando suas pernas. Como iria superar Alex estava além de sua compreensão, mas não valia a pena sentir este tipo de dor de novo. Nada. Se afastou chorando. Alex Moreno destroçou seu coração pela última vez.
UM ANO DEPOIS Alex Moreno experimentou a ansiedade muitas vezes, especialmente depois de não ter visto Valerie por dias. Sempre escondeu o entusiasmo e sempre recompensava os seus sentimentos estranhos.
Mas agora, esta
ansiedade era mais do que Alex podia suportar. Estava crescendo por semanas, até mesmo meses. Porra, estava começando a ficar incomodado. Nunca sentiu o que sentia agora. Pela terceira vez, limpou as palmas das mãos úmidas com um guardanapo e jogou no lixo. Ele não entendia. Claro, esperava estar animado para vê-la. Não a viu por mais de um ano. Mas não podia entender por que seus nervos estavam incomodando tanto. Por que demônios Alex Moreno estaria nervoso? Era Valerie. Foi o que ele disse a si mesmo. Nunca esteve nervoso antes sobre vê-la. Como dama de honra e prima da noiva, Valerie Zuniga era obrigada a estar em todos estes eventos familiares. Alex teve tempo de sobra para se preparar mentalmente, e pensou que estava. Claro, passou mais de um ano desde a última vez que a viu ou falou com ela. Entretanto não deveria ser uma grande coisa. Iria vê-la, conversariam sobre suas vidas, e esse seria o fim.
Foi andando lentamente para o quintal de seus pais. O nó em seu estômago apertando e torcendo suas entranhas com força crescente desde o momento em que acordou. Tentou se concentrar nos toques finais, ali diante dele, o quintal transformado pelas mesas e cadeiras postas sob um enorme dossel que bloqueava o sol quente de Califórnia em qualquer lugar do pátio. Ele sabia quanto isto tudo estava custando a seus pais. Mesas decoradas por profissionais com elaboradas flores no centro esparramando pelo Jardim. Seus pais não brincavam quando faziam uma festa. Para eles, isto era algo enorme. Seu irmão mais novo, Angel, seria o primeiro dos irmãos a se casar. Os Morenos fariam tudo e sem poupar gastos. Esta era apenas a despedida. Para o casamento ainda faltavam meses. Alex olhou ao redor. Tudo estava pronto. Os dois amigos de Angel, Romero e Eric, estavam acomodados no bar. Alex pensou que por serem os padrinhos de casamento de Angel, deveriam fazer algo importante. Quem seria mais apropriado para atender no bar do que esses dois? Angel enfiou a cabeça pela porta traseira. — Estão preparados? As pessoas estão chegando. Eric confirmou com o dedo, enquanto Romero seguiu obcecado com a forma como os barris estavam colocados. Alex se aproximou deles. — Isto é o suficiente, Ramon. O que está fazendo? Romero sempre usava seu sobrenome. Alex somente o chamava por seu nome, Ramon, quando queria incomodá-lo. — Você não sabe nada sobre isso. — Romero nem levantou o olhar enquanto seguia movendo o barril de cerveja dentro do barril maior com gelo até que ele o deixou corretamente.
— Eu lido com um restaurante com bar. Você é um segurança. — Romero se endireitou. — Sou proprietário de uma empresa de segurança. Alex gostava de provocar Romero. Foi o único deles que pulou a faculdade. Em vez disso, trabalhava como segurança em vários bares e fazia investigações
privadas
para
algumas
agências,
tudo
isso
enquanto
economizava para começar sua própria empresa de segurança. Na verdade, fez bem por si mesmo. Aos vinte e dois, já era dono do seu próprio negócio. Até Alex admitiu que estava impressionado, mas nunca diria para Romero. Era muito divertido provocá-lo. — Você tem dois funcionários. — Alex tentou não rir. — São quatro agora, idiota. E estou contratando mais caso esteja interessado. Estou me tornando uma pessoa muito ocupada. — Sério? — Perguntou Eric. — Não sabia que o negócio estava indo tão bem. — Sim, e agora estou diversificando. Acabo de receber minha licença de investigador particular. Você está olhando para o investigador particular Romero. — Sério? — Eric sorriu, impressionado. — Então, tem que espionar as pessoas e essas coisas? Alex revirou os olhos. Deixe que Eric arruíne a diversão. Romero começou a contar a Eric sobre todos os dispositivos que recentemente comprou para seguir as pessoas, e Alex perdeu o interesse. Ele se virou para ver as pessoas entrando no pátio pela porta da cozinha. Alex franziu a testa. Achou que deveriam entrar pela porta lateral. Olhou para a porta lateral. Aí foi quando a viu. Sentiu o ar ser sugado de seu corpo. Seu coração fez um galope selvagem e engoliu em seco, tentando manter a calma. Ele ficou surpreso
quão diferente parecia de um ano atrás. Seguia sendo a mesma Valerie que conheceu no colegial. Delicadamente pequena e loira, mas ainda assim algo estava diferente. Pequena como era, sua entrada foi impressionante. Alex pensou o quão ocupada ela estava à um ano, trabalhando para conseguir sua licença imobiliária.
Passou a maior parte de seu tempo
estudando para o exame do estado em seus jeans ou shorts esfarrapados e camisetas usadas. As camisetas dele. Lembrou de seu cabelo loiro mel, constantemente em um rabo de cavalo. Agora estava ali em uma sexy minissaia de terno de cor marfim, a única cor em seu traje era uma regata rosa de encaixe sob o casaco. Seus cachos dourados estavam recolhidos de maneira glamorosa, com mechas caindo perfeitamente em torno de seu rosto. Os reflexos de seu cabelo acentuando suas maçãs do rosto. Então sorriu com aqueles lábios cheios que ele nunca foi capaz de ter o suficiente. Linda. Estava usando seus característicos saltos altos. Ele assistiu com reverência como ela atravessou o pátio para cumprimentar Angel e a sua noiva, Sarah. Sempre impressionou Alex, não só que pudesse andar naqueles enormes saltos, mas que o fizesse com tanta elegância. A postura de Valerie era tão perfeita como sempre. Sempre exalava confiança. Essa foi uma das qualidades que primeiro o atraíram a tantos anos. Estava consciente de que não tirou os olhos dela desde o instante em que entrou pela porta. Plenamente consciente, e ele não se importava. Seus olhos percorreram seu corpo livremente, de cima a baixo e depois de volta. Esperou que fosse agradável voltar a vê-la. Agradável nem começava a descrever o que sentia agora. — Porra, essa é Valerie? — Perguntou Romero. Alex endureceu. Mesmo depois de todo este tempo, não gostava que ninguém mais a olhasse dessa maneira, em especial o idiota do Romero.
— Ela trouxe uma amiga, Romero — Disse Eric. — Talvez ela interceda por você. Você malditamente precisa. Para seu alívio, a única pessoa com quem Valerie andava era sua companheira de quarto, Isabel. Depois de todo este tempo, a possibilidade de que aparecesse com outra pessoa tirou seu sono nas últimas noites. Ele não tinha certeza do porquê. Passou tanto tempo que faria sentido que estivesse saindo com alguém agora. Isso não deveria incomodá-lo. Ele a superou há muito tempo. Alex se encontrou apenas poucas vezes com Isabel. Ela era muito mais alta que Valerie e atrativa de uma maneira exótica, mas inibida, e muito nervosa para seu gosto. Romero deu um olhar. — Não é meu tipo. Eric riu. — Desde quando tem padrões? — Sou um homem de negócios agora, Eric. Tenho uma reputação a defender. — Romero voltou a olhar na direção da Isabel. — Além disso, parece suave. Preciso de uma mulher que possa lidar com tudo isso. Romero apontou para si mesmo com ambas as mãos da cabeça aos pés e sorriu presunçosamente. — Você não será capaz de lidar com ela. Confie em mim. — Disse Alex, ainda olhando fixamente para Valerie. Não conseguia tirar os olhos dela, não é que estivesse fazendo algum esforço.
Observou enquanto ela e Sarah riam de algo. Angel deixou às
garotas e se aproximou do Alex. — Bebidas para todos. — Romero tirou uma garrafa de tequila e quatro copos para pequenas doses. Angel riu.
— Você está louco? Nem são três ainda. Alex finalmente tirou os olhos de Valerie. — Para mim nada. — Nah. — Romero sacudiu a cabeça e seguiu derramando as doses. — Isso é péssimo. Tinha um fim de semana inteiro planejado em Las Vegas. Pelo menos me conceda isto. Alex revirou os olhos. No momento em que Angel disse a esses dois tolos que queria que fossem seus padrinhos, começaram a planejar a despedida de solteiro. Uma semana depois, Angel disse que não queria uma despedida de solteiro e se recusou a dizer a razão. Ele apenas disse que não ia acontecer, ponto. Romero ainda estava empenhado nisso. — Meu amigo, Angel tem que estar apresentável pelo menos por mais umas horas. — disse Eric. Eric sempre foi o da cabeça fria entre os dois amigos de infância de Angel. Algo bom, também, porque agora estava agarrado à irmã mais nova do Alex, Sofia. Não que alguém alguma vez fosse o bastante bom para sua irmã. Mesmo assim, estava contente de que entre os dois amigos foi por Eric que Sofia se apaixonou. Teria enlouquecido Alex se fosse o bruto e franco Romero. O pai do Alex passou fazendo suas rondas. Alex deu um tapinha no ombro. Seu pai viu os copos das bebias. — Mais um — ordenou. Romero sorriu. — Ajude aqui, Sr. Romero, estes dois não querem nada. O pai do Alex olhou para Alex e Angel, ambos olhando em direção às garotas outra vez. — Virem homens!
Romero e Eric riram. Alex e Angel trocaram olhares perplexos. Eles tinham que tomar ao menos uma bebida. O que o velho queria ele conseguia. Todos sustentaram seus copos de bebidas e brindaram por Sarah e Angel. Alex fez uma careta, sugando uma fatia de limão, e se virou bem a tempo de ver as garotas se aproximando deles. Valerie parecia tão incrivelmente bem que quase parecia como se a estivesse observando andar em câmera lenta. Ela não olhou nem uma vez em sua direção. Sofia foi primeira a abordá-los. — Meninos, estão se divertindo? — Ela abraçou seu pai e ele a beijou. — Mantenha seus irmãos na linha, Sofia. — Seu pai se afastou e imediatamente começou uma conversa com o grupo da mesa mais próxima ao bar. — O que? Meus irmãos não se estão comportando? — Sofia provocou. Alex mal podia se concentrar. Seus olhos mais uma vez percorriam cada centímetro de Valerie. — Seus irmãos estão sendo uns covardes. — Declarou Romero, já preparando mais doses. — Tomarei um — disse Valerie. Até sua voz soava mais feminina do que lembrava, mais sensual. — Valerie, não — alertou Isabel. Romero fez uma careta. — Quem trouxe a polícia? — Desculpe? — Isabel olhou para Romero. Romero parou de servir, recuou e fez uma elaborada reverência levando seu braço em cima de sua cabeça e baixando para seus pés. — Desculpe?
Normalmente Alex teria rido junto com outros, mas estava tão distraído tentando descobrir por que Valerie estava evitando seus olhos. Romero tirou outro copo. — Está dentro, polícia? Alex tirou os olhos do Valerie o suficiente para dar uma olhada em Isabel, que parecia estar tão irritada como só Romero podia irritar as mulheres. — Tranquilo, Ramon. Valerie sorriu. — Sim, por favor, sirva um a ela. Alex agarrou a borda do bar. Tinha que se controlar. Esta era a mesma Valerie que conhecia a tanto tempo. A Valerie com quem saia e ria com tanta facilidade durante anos. Com quem teve sexo alucinante muitas vezes. Ele engoliu em seco. Sua Valerie. Romero pareceu satisfeito e tirou mais um copo. — Em um instante. Alex estava determinado a não tirar seus olhos dela até que o olhasse, e então os mariachis entraram. Todos se viraram para observar o conjunto entrando, tocando alto e orgulhosos. Por um momento, seus olhos se encontraram com os do Valerie e pensou ter visto algo neles. Talvez estivesse procurando demais, mas por uma fração de segundo, pensou ter visto alarme em seus grandes olhos escuros. Assim, não só fez contato visual com ela, mas finalmente recebeu algum tipo de emoção dela, mas Valerie virou para olhar os músicos.
******
Valerie se concentrou fortemente em não cumprimentar e olhou para a banda de mariachis. Podia sentir o olhar de Alex sobre ela e seu corpo se aqueceu. Seu coração não parou de bater desde o momento que entrou e o viu. Esperava sentir um pouco de emoção quando o visse, mas isto era demais. Estava feliz que ele estivesse ocupado com os rapazes no bar porque ela não podia nem mesmo fazer contato visual. Pensou que o gole de tequila ajudaria a acalmar seus nervos. Mas não ajudou. Como era possível que cada vez que o olhava parecia maior do que a última vez? Ele era, sem dúvida, o homem mais devastador que ela já conheceu. O que ele conseguia fazer com ela, mesmo sem dizer uma só palavra, mesmo depois de tanto tempo, era absurdo. Ele não estava na frente dela nesse momento e ainda podia sentir sua presença pesando em suas costas. As pessoas começaram a brindar. Valerie abraçou fortemente sua pequena bolsa e forçou um sorriso quando Sarah e Angel se beijaram. Ela quase pulou quando sentiu o rosto dele em seu ouvido e seu corpo quente contra suas costas. — Você não vai me cumprimentar, Z? Essa pergunta comum com esse tom sugestivo a irritava. Ele só se referia a ela como Z quando estava chateado por alguma razão. Era uma coisa de futebol. Chamavam uns aos outros por seus sobrenomes na equipe e ele fez com ela, mas apenas quando estava com raiva. Não soava zangado agora. Soava... Surpreso? Isso era algo próprio dele. Provavelmente estava feliz em vê-la se contorcer. Não daria essa satisfação para ele. Fechando os olhos por um momento, respirou fundo e depois virou para enfrentá-lo com um sorriso. — Olá, Alex.
— Então, servi isso para nada? — Romero apontou para a dose que ele serviu a Isabel. Valerie aproveitou a oportunidade para olhar longe dos penetrantes olhos do Alex. — Romero, essa é Isabel, minha companheira de quarto. Isabel, esse é Romero. Isabel suavizou seu olhar. — Pensei que era Ramon? Valerie sentiu como a grande mão de Alex escorregou na sua e seu polegar massageava seus dedos. Foi preciso toda a sua força para não estremecer. — É Romero — disse ele simplesmente e empurrou o copo para a Isabel. Isabel deu a Valerie um olhar irritado, mas pegou o copo de qualquer maneira. Iria lidar com isso mais tarde. Agora tinha que se concentrar em coisas mais importantes. Lambeu seus dentes para se certificar de que não estivessem manchados com batom antes de falar novamente, e sentiu que Alex apertava a mão. Ele estava observando todos os seus movimentos. Toda sua atenção estava de volta a Alex. Ele parecia incrível, como sempre. Sua camisa solta não fazia nada para esconder seu peito duro e seus bem trabalhados músculos. Era impossível não o notar, então admitiu: — Você parece bem. — Obrigado. Você está espetacular. — Disse com seus escuros olhos focados nela. — Senti sua falta. Ela engoliu em seco. Sério? Isso era tudo? Algumas horas atrás tinha a certeza de que finalmente o superou e agora estava a ponto de cair por três simples palavras. Não podia ser mais patética?
Seus dedos ainda estavam jogando com sua mão e isso a tirava completamente do sério. Pensou no que ela e Isabel repassaram no carro a caminho da festa. Relaxe. A indiferença é a chave. Você não está interessada, não esteve por um ano. Ela riu da preocupação desnecessária de Isabel. Agora estava com raiva de si mesma por não ter levado mais sério a preparação. Antes que pudesse se recuperar de seu comentário, ele atirou outra adaga. — Você sentiu saudades minhas? — A intensidade de seu olhar era exatamente como se lembrava. Não diminuiu nada. Na verdade, era mais aguçado do que nunca. Ele estava tão perto que podia sentir o aroma de limão e tequila em sua respiração, podia sentir a tensão em seu corpo. Seu celular tocou. Não poderia estar mais agradecida nesse momento. Alex ainda estava esperando uma resposta. Ela procurou em sua bolsa e tirou seu celular. Era Luke. — Tenho que responder. Luke? As sobrancelhas do Alex se levantaram. Ela começou a se afastar quando o aperto de Alex se intensificou. — Valerie — Luke soava um pouco ansioso. — Desculpe te ligar. Sabia que você ia a uma festa hoje. Não vou incomodar muito tempo. Só preciso saber se tem uma chave da propriedade do Lemon Ridge, a adega. Trinity levou a única de reserva e não consigo encontrar a minha. Valerie estava tendo um momento difícil tentando prestar atenção em Luke. Ele falou muito rápido e o olhar do Alex estava sobre ela, suas sobrancelhas ligeiramente franzidas todo o tempo. Captou a parte importante do que Luke disse, limpou a garganta. — Sim, eu tenho. Você precisa dela agora? — Não, amanhã. — Ela escutou o alívio na voz de Luke — Posso pegar de manhã se quiser. Não tem que vir ao escritório.
— Não, tudo bem, planejava ir por algumas horas de qualquer maneira. Luke agradeceu e como prometeu não a prendeu no celular. No momento em que ela desligou Alex falou. — Luke? Ela sorriu e levantou um ombro, sem oferecer nenhuma explicação. Alex nunca escondeu seu lado possessivo. Algo que ela não tinha vergonha de admitir que ás vezes achava excitante. Mas não cairia de novo. Não desta vez. Tomou a decisão há muito tempo, quando desistiu de Alex e seguiu com sua vida. Alex não a pressionou, não disse nada por um momento. Seus olhos eram penetrantes. Seu ato de ser forte estava começando a diminuir. — Ouvi dizer que estava trabalhando na sua licença de corretor de bolsa. Não acaba de conseguir sua licença imobiliária? Valerie sorriu grata pela mudança de assunto. — Passou quase um ano, Alex. Mas tenho que ser uma agente pelo menos durante dois anos. Eu preciso de mais um ano. Você me conhece. Estou começando a colocar tudo em ordem para que assim que os dois anos terminem, esteja pronta para começar. — Sim, eu te conheço. E não duvido que vai conseguir. Ele mostrou aquele belo sorriso. Suas covinhas deveriam ser ilegais. O modo que seu sorriso melhorava suas já incríveis características era tão injusto. Valerie se manteve firme, não queria que ele se desse conta do que apenas seu sorriso podia fazer à sua convicção. Limpou a garganta de novo. — Então, como esteve? Escutei que o restaurante está indo bem. Seus olhos estavam sobre seus lábios todo o tempo em que ela falou. Manteve a cabeça erguida, fingindo não notar. Apenas seus olhos a traíram e não pôde evitar olhar quando ele lambeu o lábio inferior. Engoliu em seco e voltou a olhar para seus olhos. Ele a pegou olhando e seus lábios
lentamente se curvaram em um meio sorriso. Suas covinhas apareceram outra vez, a tentando. — Sim, me mantém ocupado. Não tenho tempo para mais nada ultimamente. — Valerie quase revirou seus olhos e tentou fortemente não franzir a testa. Não queria que pensasse que ainda se importava. Não importava o quão ocupado estivesse, sabia que sempre tinha tempo para a atenção feminina. — Bem, que mais tem feito além de imóveis? — Seu polegar gentilmente acariciou a parte de fora da sua mão. Valerie quase perdeu o fio de seus pensamentos. De alguma forma, conseguiu se manter calma. Alex não tentou esconder o desejo cada vez que a olhava. Sempre amou isso nele, mas neste momento só queria que ele parasse. Estava passando um mau momento tentado manter a compostura. Deu de ombros casualmente. —
Trabalho
muito
também,
o
mercado
esteve
muito
ocupado
ultimamente. Escrever propostas e mostrar propriedades ocupa a maior parte do meu tempo. Foi bom ter começado quando fiz, porque eu não tive outra opção a não ser aprender rápido. Agora é fácil, apenas consome tempo. Alex parecia analisar cada uma de suas palavras. — Não me surpreende Val. Sempre foi muito determinada. — Ele olhou ao redor. — Podemos falar em particular? Seu coração disparou. Ela pensou na possibilidade de que Alex se comportasse como antes. Ele certamente não estava perdendo tempo, mas apesar de toda a preparação que ela fez para esse momento, ainda não se sentia pronta. Aparentemente, foi uma pergunta retórica. Pronta ou não, Alex não esperou por uma resposta. Já estavam se movendo entre as pessoas e Alex
mantinha um aperto firme em sua mão. No momento em que dobraram a esquina e fora da área da tenda, onde guardavam todas as caixas de refrigerantes e garrafas de água, Alex a puxou para ele e a beijou. A princípio suavemente, segurando seu rosto entre suas grandes mãos, enquanto sua língua traçava seus lábios lentamente. As pernas do Valerie quase cederam, mas não resistiu. Não pôde. Deus, sentiu tantas saudades de seus beijos. Correspondeu ao beijo, fodase tentar ser uma mulher forte. Quando ele sentiu seu entusiasmo, gemeu e chupou sua língua com uma ferocidade que combinava com o que viu em seus olhos anteriormente. Se beijaram sem restrição por alguns longos minutos até que Valerie conseguiu afastá-lo suficiente para recuperar o fôlego, e seus pensamentos. Ele a olhou nos olhos, respirando com dificuldade. — Sinto muito, doçura. Passou tanto tempo. Eu não podia esperar mais. Por um breve momento, conseguiu a deixar tonta, mas Valerie recuperou a compostura. Isto era o que ele sempre fazia. Não podia começar com isto outra vez. Tinha que se manter afastada de Alex, para o seu próprio bem. Devia isso ao seu machucado coração. Ela se afastou dele e deu um passo para trás. — Não posso fazer isto, Alex. — Fazer o que? — Você e eu. Seus olhos se estreitaram de novo e ele deu um passo em frente. — Existe alguém mais? Olhou se perguntando o que pensaria sobre o fato de que não dormiu com ninguém desde a última vez que esteve com ele, muito menos começado um relacionamento. Esse beijo a fez perceber o quanto ele ainda
a afetava. Outro "doçura" de sua parte e certamente a teria se contorcendo entre seus lençóis essa noite. Tinha que parar isto agora. — Na verdade, sim. Alex congelou. — Há? Valerie assentiu, mantendo seu queixo para cima, dando o seu melhor para parecer convincente. Sua única tentativa de estar com outra pessoa resultou em um completo desastre. Mas Alex não precisava saber disso. — Desde quando? — Sua expressão era uma mistura de raiva e decepção. Apertou seu queixo enquanto esperava por sua resposta. Sabia que qualquer atração que sentia por ela, mesmo física, desapareceu. Ela sempre soube que se estivesse envolvia com outro homem seria o fim de seu relacionamento. Ele nunca toleraria. Mas isso era o melhor e ela manteve sua posição. — Não muito, talvez umas semanas. Angel andou ao redor da área da tenda quando viu Angel os encarando. — Sinto muito, só preciso pegar uma destas. — Apontou para as caixas de água engarrafada. — Vou pegar e logo os deixarei sozinhos. — Nah, já terminamos. — Os perigosos olhos do Alex nem uma vez deixaram de olhar para Valerie. — Estou feliz por você, Val. — disse com sua maravilhosa voz masculina uma última vez antes de virar e ir em direção a Angel. — Você precisa de mais alguma coisa? Angel pegou a caixa de água e olhou em volta. — Sim, pegue uma dessas caixas de champanhe, pode ser? Valerie ficou de pé lá, mesmo depois de que Angel e Alex voltaram para a festa. As lágrimas quentes queimavam seus olhos, mas as afastou
sabendo que fez a coisa certa. Deixar que Alex Moreno e a inevitável dor que viria com isso retornassem a sua vida era a última coisa que precisava agora. Temia voltar para a festa e vê-lo a noite toda. Descobriu que sua apreensão era desnecessária. Ele aparentemente foi embora e não retornou. Valerie tentou desfrutar do resto da noite. Não podia acreditar que finalmente terminou. Valerie foi apaixonada por esse homem desde que estava no colégio. Admitiu a si mesma alguns anos atrás. De repente fazia sentido não se importar por quanto tempo ele desaparecia, ou quão pobres eram suas desculpas, ela sempre desejava que as coisas se acertassem. Ele sempre tinha uma maneira de derreter seu coração, e ela ansiava por ele como nunca fez com outro homem. Mas vê-lo com outra mulher quebrou algo dentro dela. A machucou de uma forma que não queria repetir. Ao vir hoje, nunca imaginou que ele iria deixar uma sensação de vazio em seu coração que superava todos os corações quebrados do passado. Estava orgulhosa de si mesma por não ter caído por ele novamente, mas algo dentro dela morreu essa noite. Vê-lo de novo foi a última prova e passou. Finalmente, ela matou a fraca, mas obstinada esperança que teve por anos. Só que nunca pensou que doeria tanto.
Na manhã seguinte, Valerie acordou com uma febre muito alta. Quando era uma menina teve uma febre assim quando um cão matou o seu gato e chorou a noite toda. Seu pai a levou a emergência na manhã seguinte porque sua febre estava muito alta. Os doutores atribuíram à desidratação. Valerie sabia que desta vez era a tequila. Tomou mais que um par de shots depois que Alex deixou a festa ontem à noite. Luke já pegou as chaves da propriedade que estava mostrando hoje. Ligou mais cedo para avisar que não se sentia bem. Valerie se sentou no sofá bebendo seu Gatorade. Pensou na festa de ontem à noite depois que Alex se foi. Originalmente, planejou não admitir a confusão que ela estava. Mas Isabel sabia tudo sobre ela chorar até ficar doente por causa do coração partido no passado. Não tinha como ocultar o fato vergonhoso de que chorou até dormir ontem à noite. Assim, confessou e deixou que Isabel soubesse quão patética era. De todos os modos, era muito pouco o que ocultava de Isabel. Isabel não era só sua companheira de quarto, era sua melhor amiga. Se conheceram no primeiro ano da universidade e se viram obrigadas a compartilhar um dormitório. A princípio, se odiavam. Eram opostas. Valerie
uma garota pequena, desalinhada, loira e festeira e Isabel era alta, morena, tão suscetível como podia, e muito estudiosa. Não foi até uma das primeiras vezes que Alex rompeu o coração dela que elas se uniram. Nessa noite Isabel foi à única ao redor que a consolou. Depois de conversarem por quase a noite toda Valerie decidiu ajudar Isabel a sair de sua concha e viver um pouco. Isabel não era pouco atrativa, só um pouco simples em se vestir e na maquiagem. Valerie sempre dizia que tinha os olhos mais sensuais. Uma vez arrumada, era bastante quente. Infelizmente, a maioria das vezes Isabel escolhia ir simples. Em troca Isabel ajudou Valerie a melhorar as suas qualificações e seguir com a universidade. Houve um par de vezes que esteve a ponto de se dar por vencida e simplesmente fazer o exame estatal, mas Isabel a convenceu obter pelo menos seu título de associado antes de obter sua licença em bens imóveis. Na família de Isabel os títulos eram tudo. Ficaram em contato, inclusive depois de Valerie receber seu AA e foi em frente, voltando a viver com seu pai. Na altura que Isabel se graduava na sua licenciatura de ensino, eram as melhores amigas, e agora compartilhavam um apartamento. Depois de viver no mesmo dormitório por dois anos com Isabel, aprendeu há muito tempo a simplesmente se deixar levar pela corrente em vez de lutar contra ela. — Vamos ver de novo. — Isabel entregou o termômetro. Valerie pegou e sorriu. Isabel ia ser uma grande mãe, algum dia. Ela sabia como te mimar e menina, ela sabia como resmungar. Esteve tão ocupada ontem à noite fazendo o papel de mulher forte e secretamente desejando que Alex voltasse para a festa. Valerie não prestou atenção em Isabel. Não que Isabel tivesse sido negligenciada. Ela teve muita atenção do Romero. Para alguém que parecia tão desanimado na primeira impressão sobre Isabel, Romero realmente ficou colado nela a noite toda.
— Então, como foi com Romero ontem à noite? — Não fale com o termômetro na boca. Não vai registrar corretamente. — Isabel sentou no sofá a frente dela — Ele é... Diferente. E, bom Senhor, ama debater. Valerie sorriu, mas seguiu sua ordem e não falou. Isabel continuou. — Quero dizer, ele admite que adora. Sabe o que me disse? Valerie levantou ambas as sobrancelhas. — Disse que quando vai a um bar esportivo e sua equipe não está jogando, conta qual equipe tem mais gente apoiando e torce pela equipe contrária. Só para festejar quando a outra equipe marca. Valerie riu e o termômetro apitou. Tirou de sua boca e leu: 39°. — Está baixando. — Ela sorriu jogando para Isabel. Isabel leu e franziu a testa. — Valerie, ainda está muito alta. Tem certeza que não quer ir ao médico? Valerie negou e foi à geladeira pegar mais gelo para seu Gatorade. — Ficarei bem. Embora esta não fosse a primeira vez que acordasse com febre por causa de Alex, era de longe, a pior. Ultrapassou a da manhã depois que o flagrou naquela noite horrível. E ela aqui, pensando que já que tinha passado tanto tempo, ia passar por isso como se não fosse nada. Na realidade, esperava abandonar a festa se sentindo uma nova mulher, uma que finalmente venceu seus demônios. Franziu a testa, pondo a garrafa do Gatorade fria em sua frente. — Acho que você e Romero ficam fofos juntos. — De maneira nenhuma, Valerie. Não comece. — Por que não?
Romero não era um homem de má aparência. Como Alex e seus irmãos, sempre trabalhou muito duro para se manter em forma. Durante seus anos como segurança, precisava ser forte e estar em forma. Não era tão grande como Alex, mas seu corpo era impressionante. Simplesmente
sempre
foi
o
palhaço.
Na
escola
secundária
esteve
suficientemente atraída para paquerar com ele e inclusive o deixou beijá-la uma vez. — Porque ele é chato e acho horrível sua falta de decoro. — Decoro? — Valerie voltou a sentar no sofá. — Sempre diz que tem problemas para encontrar homens mais altos que você. Você notou que ele é muito mais alto que você? Isabel a olhou por cima de seus óculos. — Sim, notei. — Bom, então está decidido. Isabel deixou escapar uma risada sarcástica. — A aparência não é tudo, senhorita. Acredito que sabe melhor do que ninguém. Valerie fez uma careta. Isabel levantou e sentou junto a Valerie, pondo seu braço ao redor dela. — Sinto muito, querida. Não devia ter dito isso. Valerie encolheu os ombros. — Eu vou esquecer ele nem que seja a última coisa que eu faça. Inclusive quando escutou suas próprias palavras, depois de ontem à noite, sabia que ia ser um longo tempo até que superasse Alex Moreno. Isso se superasse.
******
Era quase impossível se concentrar na lista de nomes com a Valerie em
sua
mente
outra
vez.
Toda
a
maldita
semana
Alex
pensou
constantemente em Valerie e quão diferente era beijá-la agora. Ainda se encontrava tentando averiguar o que incomodava mais, que ela tivesse seguido em frente ou o fato de que ele ficou tão impressionado por voltar a vê-la. Lembrou que ela seguiu em frente. O que não sabia era por que demônios isso mexia tanto com ele. Quando a conheceu pela primeira vez, em seu primeiro ano de universidade, sabia que era só diversão. Ela ainda estava no último ano da secundária e Angel começou a encontrar com Sarah. Quando Sarah mencionou que a prima dela tinha uma queda por ele, ficou curioso. Depois de conhecê-la, era somente isso, diversão. Então suas notas começaram a cair e quase custaram sua bolsa. A princípio, Valerie queria somente uma relação física, sem amarrações. E embora não gostasse da ideia dela estando com mais alguém, fingiu estar de acordo. Precisava encontrar tempo para fazer o trabalho da universidade, e ainda ficar com ela em seu tempo livre. No entanto, nunca parecia ser capaz. Quanto mais estava com ela mais a desejava. Embora a relação nunca tivesse sido classificada como exclusiva, o tempo que passou com ela foi o mais perto que chegou a estar de uma. Durante um tempo, ela parecia se contentar com os encontros ioiô, alguns dos quais começaram a durar mais e mais tempo. Mas então ele tinha que ir para jogos fora de casa e queimar as pestanas por causa dos exames e era quando sumia de novo. Às vezes desaparecia por dias sem responder as suas ligações. Nunca disse por quê. Não podia, apesar de saber que ela estava pensando o pior. Então, depois de aparecer e flagrá-lo com a tutora dele, ela terminou. A única vez que ela se incomodou em responder seu celular durante esse tempo foi uns dias depois dessa noite. Foi só para advertir que não
aparecesse sem aviso prévio em sua casa para o caso dela estar com companhia. Ela disse que não queria que as coisas ficassem feias. As coisas certamente ficariam feias como inferno, e ele estava furioso. Mas depois de se acalmar sabia que era culpa dele mesmo. A princípio pensou que era como uma das muitas outras vezes que ela o afastou. Mas logo descobriu que falava sério. Depois da ligação enlouquecedora que atendeu, nunca mais atendeu nenhuma de suas ligações ou respondeu a nenhum de seus textos novamente. Pensou que se desse um pouco de tempo voltaria. Mas depois de meses sem escutar nada dela pensou que ela seguiu em frente. Estranhamente, todo este tempo pensou que estava bem com isso. Com tudo o que acontecia em sua vida, restava pouco tempo para pensar em sua vida amorosa. Depois de romper o tornozelo durante um de seus jogos de futebol na universidade, várias cirurgias depois, os médicos confirmaram o pior. Seus dias como jogador terminaram e assim do nada sua bolsa escolar se foi. Alex caiu em uma grave autolamentação e queria que tudo ao redor se fodesse. Seus pais insistiram em pagar o resto até que ele terminasse. Alex sabia o quão caro seria e como era difícil manter as notas, ele não ia fazêlos gastar dinheiro. Desistiu da maior parte de suas classes, com a promessa que eventualmente as terminaria. Agora reduziu para uma classe online por semestre, e ficou com o restaurante em tempo integral. Com o restaurante funcionando bem, a família decidiu que era o momento de ampliar. Seu pai falava disso durante anos. Já que seu pai foi inteligente o suficiente para comprar anos atrás a propriedade em lugar de continuar alugando, o lugar era deles para fazer o que quisessem. Assim, no último ano, com tudo o que estava acontecendo em sua vida, Alex ficou com a importante tarefa de fiscalizar a reforma.
Não eram só renovações. No último par de anos, ficou cada vez mais difícil acomodar grandes festas sem ter que reservar uma grande parte, se não todo o restaurante. Alex sugeriu acrescentar uma espécie de sala de jantar para que pudessem reservá-la para eventos privados, sem ter que fechar o restaurante. Se referia a uma pequena sala ao lado que possivelmente acomodasse entre quarenta a cinquenta pessoas. Deveria saber melhor que ninguém. Como no casamento, seu pai pensava grande. Um segundo piso foi acrescentado com um esplêndido salão de jantar que poderia acomodar até quinhentas pessoas, mas também poderia ser dividido em pequenas salas para festas menores. O restaurante estava em reforma há meses. Com tudo que acontecia, não se esforçou em se aproximar de Valerie. Embora tivesse que admitir que nunca deixou de pensar nela e de vez em quando ainda a ligava em vão. Ironicamente, amargo como era perder sua bolsa e ter que ir a fisioterapia para que seu tornozelo ficasse normal, serviu como distração. Então, seus pais começaram a ir por semanas visitar seu avô doente no México. O deixaram com a plena responsabilidade de gerenciar o restaurante durante sua ausência. Quando seu avô morreu, seu pai levou isso muito a sério. Decidiu que era hora de se retirar e passar mais tempo com a família no México. As rédeas foram passadas para Alex, que era o único de seus irmãos que não estava na universidade o tempo inteiro. Aceitou a responsabilidade de manter o negócio da família em funcionamento tão bem como sempre, muito seriamente. Seu irmão mais velho, Sal, estava trabalhando em seu mestrado, e seu irmão mais novo, Angel, acabava de se graduar da universidade... antes dele. Esta foi a sua maneira de recompensar seus pais sobre a universidade, e estaria condenado se estragasse tudo.
Mas agora não conseguia tirar Valerie de sua cabeça. Não fazia sentido. Sempre soube que parecia louco, mas sempre disse a si mesmo que era mais físico que outra coisa. O que sentiu na festa era diferente. Muito diferente. Nem conseguiu ficar depois que ela contou do namorado. Normalmente, sua reação no pensamento dela com outro homem era instintiva ira carnal. Dessa vez a raiva foi diferente do que já sentiu antes, algo que nunca sentiu no passado. De repente, não foi capaz de suportar nem olhála, sabendo que pertencia a outra pessoa. Dessa vez sua raiva vinha acompanhada de uma dor inexplicável. Uma dor que se instalou em seu coração e não saiu desde então. Não dormiu muito e estava com um humor infernal durante toda a semana. Hoje, trabalhou o dia todo no restaurante, se mantendo tão ocupado como pôde. Não foi difícil. Foi um dia sem pausas. Os domingos eram sempre dessa maneira. Eles estavam fechados agora. Como de costume, estava trabalhando até tarde, evitando a todo custo voltar para sua casa vazia. Deu uma olhada no seu celular que estava apoiado na mesa e guardou. Sabendo que o chá de panela estava próximo, Alex não tentou ligar por um tempo. Perguntou se talvez depois de vê-lo atenderia. Pensou no que ia dizer. Todas as outras vezes que telefonou desde que terminaram não o faziam pensar muito no que dizer. Agora ele estava um desastre. Marcou o número e conteve o fôlego. Como de costume a chamada foi para caixa de voz e Alex permaneceu imóvel ante o som de sua voz. Foi à coisa mais surpreendente. Seu correio de voz não foi trocado desde a última vez que telefonou, no entanto, só escutar sua voz fez seu coração acelerar. Desligou sem deixar recado, muito consciente do baque em seu peito. Que demônios?
Esta era a segunda vez na semana que Valerie se atrasava. Não era algo que fazia, mas sua mente estava tão confusa ultimamente. Seu telefone tocou. Felizmente olhou para o identificador de chamadas antes de atender automaticamente. Congelou quando leu Bruce Nash. Sabia que estava livre há algumas semanas, mas rezava que não tivesse que falar com ele. Bruce foi um exemplo perfeito do que acontece quando você sai na esperança de esquecer alguém. Depois de semanas chorando pelo Alex no ano passado, tomou uma decisão e voltou a sair novamente. Conheceu Bruce em uma boate essa noite. Trocaram informação, e com o encorajamento de Isabel, ela decidiu aceitar o convite para tomar um café com ele. Interpretou mal sua personalidade dominante com intensidade, algo que sempre amou em Alex. Mas poucas semanas depois de sair com Bruce, ficou claro que sua personalidade dominante era na realidade prejudicial. Alex era duro como uma rocha por fora, mas ela foi uma das poucas pessoas que viu como suave e maravilhoso ele era por dentro. Nunca se sentiu ameaçada por ele em nenhum momento.
Bruce era completamente diferente. Incomodava a forma como a ira dele parecia controlá-lo. Virava outra pessoa e mais do que uma vez teve que se desculpar por suas explosões. Só saíram por algumas semanas. Depois que ele apareceu em sua casa nervoso e sob a influência de algo mais que somente álcool, ela terminou tudo. Jamais, nem em seus sonhos mais loucos, imaginou que o pesadelo continuaria. Quando terminou, desistiu dos homens por completo. Valerie esperou para ver se ele deixou mensagem. Não deixou. Seu interior ficou tenso. Só podia rezar que agora que ele estava livre, o pesadelo não voltasse de novo. Virando para o estacionamento do edifício que ia mostrar. Os clientes já esperavam do lado de fora. Valerie sorriu aos dois homens enquanto estacionava seu carro junto aos deles. Tentando ignorar a queda repentina de seu humor, sorriu para os seus clientes. Saiu do carro e se desculpou pelo atraso. Em minutos se tornou a usual Valerie, cheia de energia enquanto mostrava a propriedade. Quando voltou para o escritório, Luke, o gerente, estava esperando na porta. Tinha um grande sorriso em sua cara, e acreditava que sabia por quê. — Lemon Ridge foi vendido. — É uma brincadeira? — Não, o contrato está fechado, baby. — Abriu a porta — Estava prestes a te ligar. Valerie fechou vários negócios desde que conseguiu sua licença, mas este era de longe o maior. Esteve trabalhando nele durante meses. Logo que deixou suas coisas na sua mesa já bagunçada fez uma pequena dança e abraçou o Luke. — Deus, estou feliz que terminou. Foi uma verdadeira dor.
Luke sorriu. — Mas valeu totalmente a pena. E sabe o que? Você vai ter um montão de clientes por isso. Isso era exatamente o que estava esperando. Trabalhou tão duro nessa propriedade, indo e vindo com os vendedores e os credores. Este era o seu ingresso para fazer um nome no mundo de imóveis. Era tão bom que o seu trabalho duro enfim dava frutos. — Então, terminou por hoje? Valerie sorriu ainda mais. — Na realidade, meus clientes querem fazer uma proposta completa pelo edifício La Jolla. Ia escrever isso agora. — Impressionante, Val. Soube no momento que te vi que você ia ser boa. — Luke olhou seu relógio — Faça isso amanhã. Vamos beber algo para celebrar. Luke vinha sugerindo que fossem tomar algo durante meses. Valerie tinha um pressentimento pela forma como ele a olhava que não era um convite amigável. Sempre criava uma desculpa para não ir. Mas passaram semanas desde a festa e estava tão deprimida desde então. Finalmente tinha algo pelo que sorrir. Diabos. — Está bem. Luke parecia surpreso, mas sorriu. — Pode deixar seu carro aqui se quiser. Podemos voltar a buscá-lo depois. Valerie sacudiu sua cabeça. — Não, está bem. Podemos levar os dois automóveis. Dessa forma posso ir direto para casa de lá. — Queria poder ir embora se tivesse vontade, e ela tinha um pressentimento que isso ia acontecer.
Luke chegou ao restaurante antes dela e esperava no estacionamento, apoiado em seu carro. Era um homem bonito. Alto, musculoso e sempre gostou dos olhos cor avelã dele. Era óbvio que o treinaram muito bem para gerência. Seu carisma ao falar no escritório, era outra de suas boas qualidades. A única razão porque não aceitou suas propostas anteriores, era a mesma pela qual não saia com um homem desde que saiu com o Bruce. Alex. Bom, isso estava no passado. Nem sabia o que Luke tinha em mente, se é que tinha algo. Mas sua relação com o Bruce não devia ser o exemplo para suas futuras relações depois de Alex. Primeiro Bruce não era nada parecido com Alex, e segundo, gostava de pensar que sair com um homem como Bruce era um engano que ia cometer uma só vez na vida. Entraram juntos. Inclusive com seus saltos altos, apenas alcançava seu ombro. Sentaram no bar e pediram as bebidas. Depois de falar um pouco da venda de terrenos, Luke parou e ficou olhando. Valerie sentiu que ele queria falar algo desde que se sentaram — Então, o que faz quando não está trabalhando Valerie? Ela levantou um ombro e tomou um gole de sua bebida. — Saio com minha companheira de quarto, visito meu pai, pinto... Luke elevou uma sobrancelha. — Pinta? Sério? Valerie assentiu. — Sim, sempre gostei, mas na universidade tive algumas classes, comecei a me interessar seriamente e descobri meu talento oculto. — O que você pinta? — Qualquer coisa realmente, paisagens, retratos, o oceano. Deixei de pintar o pôr do sol. — riu — As paredes do meu quarto estavam tão cheias
de pinturas do entardecer que minha companheira de quarto jurou que queimaria a próxima que eu pintasse. Luke sorriu. — Isso significa que é romântica. Valerie o olhou, e fizeram contato visual. Ele fez isso uma vez no escritório e a fez se sentir incômoda também. Voltou a olhar para a sua bebida, e mexeu. — Não, significa que sou brega. — Não acredito que o entardecer seja brega. Valerie olhou para ele. — Agora estou pintando um retrato. Estou um pouco nervosa. É um presente de bodas. — Sério? Quem vai se casar? — Minha prima. Sou sua dama de honra. — Ela sorriu — Sim, é muito doce. Se conheceram e se apaixonaram no colegial e são inseparáveis. Fiquei surpresa que esperaram tanto para casar. Eles são aqueles que te falei que estou procurando um lugar para alugarem para o restaurante deles. Assim que estiver funcionando, vou procurar uma casa para eles. Luke sorriu. — Genial... Então, por que está nervosa pela pintura? Valerie se mordeu o lábio inferior. — Não sei. É uma velha foto deles, de quando estavam saindo no colegial. Pareciam tão jovens e tão apaixonados. Só espero que possa pintar seu grande amor. Não estou segura se posso. Luke estava a olhando. — E por que não? Alguma vez esteve apaixonada? Quase ficou apanhada em um de seus olhares, mas conseguiu evitar. O barman passou ao lado, e pediu outra bebida. Luke seguia tomando a
primeira. Mesclou seu gole e não disse nada. Era óbvio que estava esperando que respondesse. — Sim, estive. — Isso era tudo que podia dizer. Não tinha vontade de conversar sobre o Alex. Não quando estivesse celebrando. — Faz muito tempo? A bebida dela chegou, e em vez de responder tomou um grande gole. Estava mais forte que o primeiro. — Não quero me intrometer. Talvez se recordar desse sentimento, possa pintá-lo. — Isso é verdade. — Valerie se assegurou de que seria o fim desse tema. Perguntou o que fazia em seu tempo livre, e ele contou. Não se surpreendeu muito em escutar que era um pouco viciado no trabalho, fazendo que não tivesse muito tempo para ele mesmo. No pouco tempo que tinha, jogava golfe e cozinhava. Amava cozinhar. Poucos goles depois, já se sentia mais relaxada e começou a se perguntar se dirigir era uma boa ideia. Depois de várias bebidas seu senso de humor se abriu como esperava, e começou a rir bobamente. Se Luke se deu conta de que estava sendo tola, não disse nada. Ela continuou se afastando do seu olhar. Logo depois de um par de idas ao banheiro das mulheres, se deu conta de que ou parava com as bebidas ou Luke teria que levá-la para casa. Não queria deixar seu carro aí, assim tomou sua decisão na viagem de volta do banheiro feminino. Tomar água era sua única opção. Muita água. Mas quando chegou Luke já tinha pedido outra bebida. Ela nem terminou a anterior. Ela notou a alguns goles atrás que Luke deixou de ser discreto. A olhou de novo enquanto ela retornava ao bar. O sorriso descarado dela obviamente o agradou.
— Maldição, você é sexy. Tudo bem dizer isso? Valerie não pôde evitar rir. — Acredito que possivelmente deveríamos parar de beber. — Se estiver sugerindo que desenvolvi um olhar afetado pela cerveja, não poderia estar mais equivocada. Sempre pensei que era sexy como o demônio. Ela sorriu, mas olhou para a bebida. Sabia que se olhasse para ele de novo seria apanhada em outro de seus luxuriosos olhares. — Então, quando são as bodas? — Em pouco mais de um mês. A ideia de ter que estar em todos os próximos eventos e ver Alex fazia seu estômago se retorcer. Sem pensar, bebeu a bebida toda e isso foi tudo. Soube que não dirigiria de volta para casa. Luke bebeu um gole de sua bebida, mas notou que não estava bebendo tanto quanto ela. Quando terminou com o gole, decidiu que tinha terminado. — Não acredito que seja capaz de dirigir de volta para casa. — Posso te levar para casa — disse ele rapidamente — Seu carro ficará bem aqui durante a noite. Nós voltaremos para buscar de manhã. Valerie olhou para ele e seus olhares ficaram presos uma vez mais. Esperava que ele não tivesse uma ideia equivocada. Ele segurou a mão dela ao sair e durante todo o caminho para o carro. Se sentia bem. Estava segura de que era o álcool, mas se sentia um pouco mais atraída por Luke. Se apoiou contra ele. Ele soltou sua mão, envolvendo seu ombro com o braço. Quando chegaram a seu carro ao invés de abrir a porta, se apoiou contra ele e se aproximou. O desejo em seus olhos era inegável.
Valerie não disse nada. Olhou para seus lábios. Ele se inclinou para frente e a beijou. Maldição, ela sabia. A primeira coisa que veio à sua cabeça foi Alex. Seu faminto beijo na festa foi instantaneamente tudo no que pôde pensar. Luke a beijou profundamente passando as mãos para cima e para baixo nas suas costas. Valerie devolveu o beijo e se concentrou em não pensar em Alex. Sua língua se manteve ao ritmo da dele, lenta ao princípio, logo pôde senti-lo respirando com mais força à medida que o beijo se intensificava. Ouviu um suave, mas inequívoco gemido. Valerie se afastou. Luke respirava pesadamente. — Lamento, Luke. — se afastou um pouco de seu abraço. Sentiu através das calças dele e se irritou consigo mesma — Não quero te dar uma ideia equivocada. Ela podia dizer que Luke estava tentando ler seus pensamentos. — E qual seria essa ideia? — Que passarei a noite com você. Ele pareceu aliviado. — Está bem. Desde que não diga que acontecer algo mais entre nós dois é uma ideia equivocada. Não tenho problemas em levar as coisas devagar. De fato, lamento se avancei muito rápido. Valerie se obrigou a sorrir. Essa não era a ideia que queria que tivesse. Nem estava preparada para o beijo, muito menos para qualquer tipo de relação. — Não lamente. Estava disposta. A viagem de volta para casa dela foi um pouco estranha com Luke segurando sua mão. Tudo que podia pensar era em como beijar o Luke não se parecia em nada como beijar o Alex. Tinha que reconhecer, não tentou com muita vontade. Mas não houve nada, nem mesmo uma faísca.
Quando retornaram a seu apartamento, Valerie temeu que a acompanhasse para a porta. Sabia que esperaria outro beijo, e já se arrependia do primeiro. Virou para ele quando chegaram à porta. — Luke, não sei se nos envolvermos é uma boa ideia. Não é algum tipo de conflito de interesse no escritório? Ela viu esse olhar em seus olhos uma vez mais e ele se inclinou para ela. — Não se preocupe com o escritório. Nunca teria te beijado se pensasse que poderia ser um problema. Antes que ela pudesse dizer algo mais, os lábios dele estavam sobre os seus uma vez mais. Desta vez ela tentou sentir algo. De fato queria sentir. Queria superar Alex. Mas uma vez mais o sentiu se excitar rapidamente e o volume instantâneo contra seu estômago. Tudo que Valerie sentiu foi desanimo. Se afastou profundamente. Ele a olhou e sorriu logo acariciando seu rosto uma última vez. — Não tem ideia de quanto esperei isto. A culpa aprofundou, e Valerie mal conseguia devolver o sorriso. Uma vez que ele se foi e ela estava em seu apartamento, a realidade de tudo o que aconteceu esse dia caiu sobre ela. Se perguntou onde estaria Isabel, mas não esperou. O álcool realmente a afetou. Dormiu logo que sua cabeça tocou o travesseiro. Na manhã seguinte, Valerie levantou cedo e antes que Isabel saísse da cama. Luke chegaria logo para levá-la para pegar seu carro. É óbvio, ele insistiu que tomassem o café da manhã juntos, assim tinha que se preparar para isso. Ontem à noite, sabia que se arrependeria enormemente de todo esse rolo com o Luke de manhã. Mas agora, com a cabeça clara, não acreditava
que foi tão mau. Definitivamente diria que deviam ir com calma, mas não tinha que descartá-lo completamente. Se deu conta de que se esperasse até superar Alex para seguir com sua vida, nunca o faria. Era hora de aceitar que Alex era o amor de sua vida, e que poderia nunca o superar. Isso não significava que não pudesse ser feliz. Sabia que nunca seria tão feliz como era quando estava com ele, mas se pudesse se esforçar um pouco, poderia chegar perto. Pelo menos sabia que ninguém poderia machucá-la tanto como ele. Patético consolo, mas tinha que encontrar o otimismo em algum lugar. Isabel entrou na cozinha justo quando terminava seu café. — Levantou cedo. Valerie sempre dormia até tarde aos sábados.
Explicou a Isabel
brevemente sobre Luke. Aprofundaria mais tarde quanto tivesse mais tempo. Isabel se emocionou quando mencionou o beijo e assegurou que Valerie sentiria algo muito em breve. Para sua surpresa, Isabel se encontrou com o Romero no centro comercial a noite anterior, e jantaram juntos. Valerie estava a ponto de começar sua inquisição quando teve que ir. Luke chegou bem na hora, mas isso não a surpreendeu. Sendo o gerente do escritório, sempre foi exigente em relação à pontualidade. Recolheram seu carro e logo o seguiu por volta de um dos bed and breakfast2 mais luxuosos de La Jolla. Luke insistiu que o lugar servia o melhor café da manhã da cidade. Valerie ficou surpresa com a calma que sentiu no café da manhã. Esperava sentir algum tipo de desconforto. Falaram e riram como se nada Bed and Breakfast: estabelecimento hoteleiro que oferece preços moderados. A expressão inglesa traduz— se como "pensão com café da manhã". Ostentação. 2
tivesse acontecido na noite anterior que mudasse as coisas entre eles. Inclusive disse que era uma grande fã do George Stone, o conhecido guru imobiliário e falador motivacional. Tinha vários de seus livros e DVDs, mas ainda tinha que vê-lo pessoalmente. Luke imediatamente enviou uma mensagem a alguém para que conseguisse entradas para o próximo evento. Disse que estava seguro que ia conseguir. Valerie teve que admitir que estava impressionada. Tentou conseguir entradas antes, e sempre estavam esgotadas. Sabia que conseguir entradas através de um terceiro seria caro. Essa era uma das diferenças maiores entre Alex e ele. Levaria tempo para se acostumar com isso. Mesmo que não faltasse dinheiro, Alex nunca fazia essas coisas. Ele era discreto na roupa que vestia até na caminhonete que dirigia. Não era miserável, mas não sentia a necessidade de ter um carro deslumbrante. Luke, por outro lado,
tinha um Jaguar. Se vestia
completamente com roupa de grife, inclusive os óculos de sol. Depois do café da manhã voltaram para o carro dela. Uma vez ali, Luke a abraçou. — Espero que não se sinta estranha por isso no escritório. Prometo que serei o mais discreto possível. Valerie sorriu. Se as coisas fossem como no café da manhã, poderia viver com isso. — Acredito que ficarei bem. Mas definitivamente quero que seja secreto. Não quero contar a ninguém. — Trato feito — disse — Só uma pergunta. Valerie olhou curiosa. — O que? — Não está vendo mais ninguém, certo?
Ela mordeu o lábio apartando o olhar, mas sacudiu a cabeça. — Não. — Tem certeza? — Ele riu entre dentes —Isso não foi muito convincente. Ela o olhou. — Não, estou sendo honesta. — Bem. — Luke sorriu — Porque quando estou vendo alguém, é só essa pessoa. Espero que seja igual. Odiaria me iludir e logo descobrir que há mais alguém. Valerie surpreendeu ao Luke, e a si mesmo, ao beijá-lo. Foi suave, mas de fato sentiu algo. Depois do pesadelo que passou com o Bruce, sabia que o fato dele sugerir que fossem exclusivos depois de só um encontro deveria a fazer ficar em alerta. Mas conhecia Luke o suficiente para saber que não era o louco do Bruce. Era um bom homem. A verdade era que todo este tempo esteve concentrada em alguém que nunca estaria satisfeito só com ela, e agora aqui estava Luke. Só um dia depois de beijá-la pela primeira vez, disse que ela era a única. Realmente bom.
Em vez de retornar ao escritório e escrever a proposta do dia anterior, Valerie decidiu trabalhar em casa. Morria de curiosidade para saber de Isabel e Romero. Era graciosa a forma em que as coisas pareciam funcionar com ela e a vida social da Isabel ultimamente. Quando teve o encontro com Bruce, Isabel começou a sair com seu vizinho que vivia duas portas ao lado, Lawrence. Ambos resultaram ser idiotas, embora Lawrence não fosse nem de perto tão mau como Bruce. Lawrence só era um arrogante professor que pensava que sabia tudo. Isabel tentou falar com ele, mas era muito nocivo. Gostava de corrigir a todos. Cometeu o engano de corrigir à mãe da Isabel, que Valerie amava por ter um espírito de fera. Estava
irritada porque perdeu, mas riu
histericamente quando Isabel deu a notícia detalhadamente. Depois disso, Isabel disse que teve o suficiente dele e disse que seria melhor se só fossem amigos. Agora, de novo, ambas estavam começando novas aventuras ao mesmo tempo. Embora chamasse sua experiência com Bruce de muitas coisas menos de aventura.
Esperava que Isabel e Romero ficassem bem. Logo a realidade agridoce a golpeou como um tijolo. Se alguma pessoa na vida de Isabel estivesse em volta no círculo do Alex, ele nunca estaria completamente fora de sua vida. Tirou o pensamento da cabeça. Isabel merecia ser feliz. Com sua prima casando com seu irmão, estava condenada a encontrar com ele de qualquer maneira. Teria que fazer o melhor que pudesse. Além disso, era só um jantar que Isabel teve Romero. Havia a possibilidade de que estivesse exagerando. A primeira coisa que notou quando atravessou a porta foi Isabel dançando junto com o rádio na cozinha. Logo notou como estava linda. Apesar de estar em jeans e suéter, na verdade se arrumou. Encaracolou seu cabelo, maquiou seus olhos da maneira que Valerie sempre dizia que a faziam ser sexy, e colocou suas lentes de contatos. Mas o que mais sobressaía era que estava de sapatilhas abertas. Valerie não pôde evitar sorrir. — Vai sair? Isabel nem tentou ocultar o sorriso tolo, mas parou de dançar. — Sim. — Com o Romero? Isabel assentiu e Valerie pensou que a viu ruborizar. Largou tudo e foi para cozinha. — Bem, me diga. Quero saber de tudo — Já não se importava que ele era amigo do Alex. Nunca viu Isabel tão emocionada e estava feliz por ela. Isabel tirou uma garrafa de água do refrigerador e a abriu. — Bom, mencionei na festa que faço às unhas no centro comercial toda sexta-feira. — Revirou os olhos — Ontem saía do lugar onde faço as unhas e adivinha com quem encontrei? Valerie se burlou.
— Nossa, que coincidência. — Não pensei nada disso primeiro. Ele disse que estava ali porque precisava de uma ferramenta. — OH, Deus. Quem vai ao centro comercial por ferramentas, Isabel? — Há uma loja de departamento ali. — Isabel parou e logo riu. — Acreditei na história completamente. Logo, depois do jantar, admitiu que esteve ali à semana passada e ontem passou esperando me ver. — Ahaa! — Valerie cobriu sua boca quando Isabel fez uma cara — Sinto muito, continua. Continua. — Na festa também mencionei que era uma grande fã de Pai’s3 É óbvio, ele discutiu comigo sobre isso, mas no final admitiu que também era fanático. Ele ganhou entradas para o jogo de hoje e pensou que talvez eu quisesse ir. Isabel encolheu os ombros com a intenção de fazer parecer não muito importante. — Sabia que vi algo entre vocês essa noite. — Valerie lembrou de seus comentários sobre ele a manhã seguinte. — Não foi má ideia? — Não, é obvio que não. — Isabel deu um gole na água — Agradeci por pensar em mim, mas disse que tinha muitos papeis para classificar hoje. — O que? Recusou? — Valerie olhou Isabel de acima a abaixo —Então por que está tão arrumada? — Não estou tão arrumada. — Isabel olhou para sua roupa — Acha que estou toda arrumada? — É óbvio. Então, vai ao jogo com ele? Isabel parecia preocupada agora.
3
Equipe de basquete
— Depois que o lugar fechou, me convenceu a ir ao jogo. Mas isso é tudo o que é. Dois amigos indo ao jogo juntos. Isabel foi para o quarto e parou em frente ao espelho. — Será que vai pensar que me arrumei tanto para ele? — Bom, não era essa a intenção? — Valerie riu bobamente. — Não! — Que importância tem Isabel? É óbvio que você gosta. — Não, eu não gosto. Valerie revirou os olhos. — Sério? Então, o baile e tudo isto — assinalou as mechas frisadas da Isabel — É algo que é normal para você? Os olhos da Isabel se abriram em surpresa. — Bem, ele não é o tipo de menino com os que estou acostumada a sair. — Sim, é um encontro. — A expressão da Isabel advertia o suficiente. Valerie tentou esconder o sorriso. — Valerie, não quero que pense que eu gosto.
Só pensei que seria
interessante provar algo novo. — Limpou os olhos para remover um pouco da maquiagem. — Para de fazer isso. De verdade, está maravilhosa. Houve um golpe na porta e Isabel virou para Valerie com um olhar de puro pânico. Valerie sorriu, mas não pôde deixar de se sentir culpada por deixar Isabel ansiosa por comentar sobre sua roupa e felicidade. — Relaxe. Quer abrir a porta, ou quer que eu abra? — Você atende. — Isabel correu para o quarto. Maldição. Por que tinha que abrir a boca? Valerie esperava que Isabel não trocasse a roupa. Mas nem terminou de dizer "olá" ao Romero quando Isabel saiu do quarto. Só entrou para pegar uma jaqueta e sua bolsa. A expressão do Romero era quase cômica. Ele nunca foi discreto. Se pensei
que havia algo na maneira que Romero via Isabel na festa, não havia dúvida disso agora. Isabel não poderia se afastar desta tão fácil como pensava. Romero não estava nada mal. Usava uma camiseta de Pai's que o vestia muito bem. Obviamente seguia se exercitando tanto como ela recordava que fazia. Não havia como Isabel não se dar conta disso. Depois de incômodas saudações e despedidas, saíram pela porta e Valerie enterrou seu nariz entre as cortinas. Inclusive com os saltos da Isabel, Romero era meia cabeça mais alto que ela. Na realidade faziam um lindo casal e Valerie sorria enquanto mandava um texto a Isabel para dizer. Retornou a seu quarto para preparar para o encontro com o Luke. Apesar das coisas começarem a ficar positivas, Valerie não podia evitar de sentir uma dor em seu coração. De verdade esperava que Luke a ajudasse. Precisava lembrar de parar de compará-lo com o Alex. Tanto como odiava admitir, ninguém estaria à altura dele. Ela devia admitir que ninguém seria como Alex, e aceitar Luke.
****** O restaurante estava cheio como sempre. Com as reformas feitas e a construção, Alex e seu irmão Sal, começaram uma campanha na Internet. Inclusive colocaram um anúncio duas vezes ao dia na estação de rádio local. Devido a Angel e Sara já estarem procurando um lugar para alugar e abrir seu restaurante logo que se casassem, Sal tinha planos de abrir várias franquias do restaurante. Mas não queria que fosse muito comercial. Queria manter a qualidade autêntica que seus pais criaram com as mesmas receitas. Alex não tinha nenhuma dúvida de que poderia fazer isso.
Sal era o mais impulsivo dos três irmãos. Alex e Angel foram à universidade porque era o que se esperava deles. Seu pai não deu opção. Mas Sal apesar de ser o mais velho, ainda estava na escola. Foi à escola em Los Angeles e só voltava para casa nos fins de semana. Mas ultimamente estava voltando cada vez menos. Seu horário era mais pesado. Estava realmente tentando terminar a escola o mais rápido, por isso pegou a carga completa nos dois últimos semestres. E por isso Alex se surpreendeu ao vê-lo no restaurante pela manhã. Fiscalizou o dia todo e pôs seu granito de areia em tudo. Alex não se importava. Sal sabia o que estava fazendo. Ajudou seu pai a gerenciar o lugar por anos, por isso Alex agradeceu a ajuda. Fez nas folhas de cálculo a lista de nomes e a programação. Esperava que Sal estivesse satisfeito, mas não que ficasse tão impressionado. Alex estava no quarto na parte de atrás mostrando a Sal mais das mudanças que fez quando Angel entrou. — Ouviram sobre o lugar aqui do lado? — Perguntou Angel. Tanto Alex como Sal viraram para ele. — O que aconteceu? — Alex não notou nada ultimamente. — O velho Mason finalmente vai sair. Encontrei com seu filho de manhã. Estão vendendo o lugar. Alex e Sal trocaram olhares de cumplicidade. Eles esperaram isto há anos. Se comprassem o lugar, poderiam ampliar o restaurante. O restaurante ganhou muita popularidade. A multidão na noite de fim de semana deixou o lugar pequeno. — Ele é dono do lugar, certo? Não vai alugar? — Alex sabia onde Sal queria chegar porque era exatamente o que pensava. Fariam uma proposta antes que colocassem no mercado.
— Estou um passo na sua frente irmão — Angel sorriu — Já assinaram os documentos com o agente imobiliário. Então está previsto que saia ao mercado esta semana. Alex sentou. — Não vai durar. Tem uma excelente localização. — Podia chutar a si mesmo por estar tão distraído. Deveria imaginar isso antes. Se só andasse por ali mais frequentemente, poderia ter conseguido o lugar. — Então ligue para Valerie — Disse Sal ficando de pé. — Já liguei. — Angel se aproximou e abriu um dos armários — Bom Sarah que ligou de qualquer maneira. Whoa, espera. Por alguma razão desconhecida isso deixou Alex incomodado. — Por que Valerie? Angel virou para ele. — Por que não? É ela quem está procurando um lugar para o novo restaurante. Além disso, é boa. — Tirou um arquivo e o agitou para ele — De fato, nos reuniremos com ela manhã para passear por uma série de propriedades. Papai vem conosco. Levará a papelada para a proposta que papai tem que assinar. Sal deu um High Five4 em Angel. — Assim tão rápido? — Perguntou Alex — Não tem que estar no mercado para que façamos uma proposta? — Não, Sarah disse que Valerie comentou que não seria um problema. Ela cuidará de tudo. — Angel piscou um olho — Disse que ela é boa. Angel agarrou suas chaves da mesa.
Toque de mão, um gesto que ocorre quando duas pessoas tocam suas mãos no alto simbolizando vitória 4
— Tenho que ir pegar Sarah. Vamos visitar algumas das propriedades. — Agitou o arquivo a Alex e Sal de novo — Não tem sentido ter a Valerie sem que a gente goste do lugar. Angel e Alex saíram. Tinha que aliviar a tensão. Só de pensar em estar perto da Valerie ficava nervoso. Depois de fazer exercício Alex ficou tentado em voltar para o restaurante. Mas sabia que Sal tinha tudo sob controle. A única coisa que não saia de sua cabeça esta noite era o que Valerie disse. Ela só estava envolvida com outra pessoa há algumas semanas. Talvez não fosse muito tarde para a fazer mudar de ideia. Talvez, se finalmente fosse sincero do porquê foi sempre tão evasivo todos estes anos. Tinha que pensar realmente nisto. Era isso que realmente queria? Uma relação com ela?
Poderiam ter tido nos últimos anos, mas ambos
decidiram que não. Sabia que um dos principais motivos é a falta de tempo. Ou era? Agora que diminuiu as aulas de maneira tão drástica, e o futebol estava fora, as coisas sem dúvida poderiam ser diferentes entre eles. Se ela atendesse suas ligações ou pelo menos retornasse. Parou de deixar recado a muito tempo. Estava bastante seguro de que ela não se incomodava em ouvir. Todos os recados que deixou sempre saíam mal de todos os modos. Quando chegou em casa, se manteve ocupado. Tinha um montão de roupa suja para lavar. Fez uma bebida de proteínas e sentou para ver a televisão. Depois de zapear pelos canais e não encontrar nada que interessasse, desligou e deixou cair a cabeça para trás. Ficou olhando o teto durante um tempo, tentando colocar seus sentimentos em ordem.
Ver a Valerie na festa realmente foi difícil? Ou esteve em negação todo este tempo? Isto era uma loucura. Estava muito bem com tudo até essa maldita festa. Olhou o relógio. Ainda era cedo. Considerou voltar para restaurante de novo, e logo se tocou. Quase não ficava em casa desde que Valerie deixou de vir. Sempre que ficava em casa, era para estudar ou dormir. No resto do tempo ficava ocupado em outro lugar. Entre a fisioterapia para o tornozelo e trabalhar para provar que poderia gerenciar bem o restaurante, o ano passado foi um borrão, gastando pouco ou quase nenhum tempo em casa. Demônio, inclusive escolheu passar a noite na casa de seus pais mais de uma vez ao invés de voltar para sua casa vazia. Mal podia suportar estar aqui agora. Alex se sentou. Poderia ser isso? Deixou de perseguir Valerie porque sabia que era só questão de tempo antes que todo o alvoroço do casamento a fizesse aparecer. Ela não teria escolha e ele teria a chance de reconquistála. Isso explicaria os nervos irracionais que sentia. No passado o que tinha com ela era uma relação. O fato de nunca chamar não significava que não era. Durante o tempo que estiveram supostamente juntos, se soubesse que ela estava vendo alguém mais, ele ficaria confuso. Diferente dela, ele não faria acusações sem fundamento. Sabia o que ela pensava quando a evitava durante dias. Pensava que estava com outras mulheres. Mas ela nunca perguntou diretamente, então ele nunca teve que desmentir. Embora nunca confirmasse o que estava fazendo. Se pudesse deixar um recado que não soasse tão estúpido. Cada vez que tentava, ficava ruim. Assim, se deu por vencido. Ficou olhando a folha
de papel e uma caneta na mesa de café por um momento antes que finalmente a pegasse. Começou a anotar algumas coisas que poderia dizer. Depois de um tempo rabiscando várias frases, tinha algo que podia usar. Leu de novo um par de vezes e decidiu que não conseguiria nada parecendo um robô, então tentou memorizar. Isso era ainda pior. Frustrado, lançou a caderneta de novo sobre a mesa de café. Estava tendo dor de cabeça. A quem queria enganar? Provavelmente não o escutaria de todos os modos. Com uma dor de cabeça enorme agora, decidiu tomar uma aspirina e terminar com a noite. Talvez com um pouco de descanso e um pouco de sorte, pudesse conseguir algo mais.
A inspeção dos edifícios comerciais geralmente leva muito mais tempo do que a de uma residência. Esta última à venda era grande.
Havia
escritórios, vários banheiros, uma cozinha e, inclusive, um pequeno ginásio. Valerie esperava um encontro pela tarde, estava com pressa e achava que sairia cedo, mas não teve sorte. Esteve lá durante horas enquanto os inspetores faziam seu trabalho meticulosamente. Passou a maior parte do tempo no laptop escrevendo mais propostas. Luke estava certo a respeito da venda do Lemon Ridge. Isso abriu muitas portas. De qualquer maneira, tudo na vida de Valerie estava dando certo. Estava colhendo bons frutos no trabalho. A relação com o Luke estava indo bem. Mas estavam indo com calma. Felizmente, Luke era tão paciente como era carismático. Quando os inspetores saíram, Valerie verificou o imóvel para confirmar se estava tudo fechado. Seu coração vazio a fez se sentir culpada. Nunca foi de reclamar a respeito das pequenas coisas e estava agradecida por todas as bênçãos em sua vida. Mas apesar de todas as coisas positivas acontecendo, continuava sentindo saudades de Alex.
Quase terminando, Valerie pensou ter escutado passos. Os inspetores já tinham ido, ela os viu entrarem no carro. Ficou quieta para ouvir, mas não ouviu mais nada. Esta não era a primeira vez que ficava em um edifício vazio. Teria que se acostumar, porque estaria em muitos edifícios vazios a partir de agora. Depois de revisar mais algumas portas, voltou à mesa que utilizava como seu escritório. Diminuiu seu ritmo quando escutou os passos outra vez. Olhou em volta, mas não viu nada. Guardou suas coisas na maleta e estava com os nervos à flor da pele. Um barulho forte a fez pular e prender a respiração. Seu telefone vibrou na mesa. — Merda. — Suspirou de alívio. Olhou no identificador de chamadas. Era Luke. Decidindo que só queria sair dali, Valerie ignorou a chamada. Pegou o telefone e correu para a entrada do edifício. Poderia ligar quando estivesse no carro. Seus saltos faziam muito barulho quando andava. Isso a deixou mais nervosa. Quando virou um corredor e correu para a entrada do edifício, parou sentindo um frio na espinha. — Olá, querida. — Bruce estava sentado no balcão da recepcionista — Você deveria trancar a porta quando está aqui sozinha, sabe. Você nunca sabe quem pode aparecer. Valerie estava congelada, com seu coração pulsando na garganta. Pensou no spray de pimenta em sua bolsa e as palavras da Isabel ecoaram na sua cabeça: "Para que serve esse spray se está enterrado no fundo da bolsa? Tem que colocar no chaveiro". Ela limpou a garganta e tentou esconder o medo que sentiu. — Estava saindo.
Bruce pulou do balcão, obrigando Valerie a se mover. Foi em direção a porta. A mão do Bruce tocou seu cotovelo e ela afastou seu braço. Ele levantou as mãos para mostrar que não queria fazer mal e sorriu. — Fique calma. — Por que está aqui? — Exigiu ela. — Vi seu carro estacionado e pensei que poderíamos conversar. Valerie correu para a porta. — Não tenho nada para falar com você. — Qual a pressa, Valerie? Vai se encontrar com o gerente de novo? Valerie continuou andando decidida a não demonstrar que ficou abalada, o que obviamente ele queria fazer. Será que ele estava a seguindo outra vez? Devido a sua relação de trabalho, ela e Luke saiam de maneira discreta. E o estacionamento do edifício estava muito longe da rua principal para simplesmente ser uma coincidência como ele alegou. Ele a alcançou e começou a andar do seu lado. — Pensou que eu não descobriria? Valerie forçou uma gargalhada. — Não tenho nenhuma razão para esconder nada de você. Depois de trancar a porta, foi para o seu carro, mas Bruce foi junto com ela. Ela deu um irritado, mas cauteloso passo para trás e o olhou. — Pode me dar um segundo, por favor? Logo estaria escuro, o estacionamento estava vazio e sabia que não era párea para ele. Neste momento não sabia o que fazer, então decidiu entrar no jogo. Sempre funcionou no passado. — Está bem, você tem um segundo. Ele exalou e franziu a testa.
— Em primeiro lugar, quero pedir desculpas. — Ele pegou a mão e ela se estremeceu, dando um passo para trás. — Desculpas aceita. — Disse começando a andar. — Não terminei — disse com firmeza. O olhar enlouquecido em seus olhos trouxe lembranças de seu passado com ele. — Me diz. Este cara é diferente do Alex, não? É atração? Valerie respirou profundamente tentando se acalmar. Antes das coisas explodirem entre ela e Bruce, ela contou a respeito de Alex. É óbvio que foi antes de descobrir que tudo que ele contou sobre sua vida era mentira. — Não sei o que quer dizer. — Claro que sim. — Ele deu um passo a frente. —Alex nunca te deu valor. Luke fez isso e você está caída por ele, não é isso? Não poderia estar mais longe da verdade, mas talvez se acreditasse a deixaria em paz. — Talvez. Seu olhar ficou louco. — Eu sei, Valerie. Vejo a maneira que olha para ele. É o que sempre quis, não? Um homem que queira somente você. Ela concordou desta vez sem dizer uma palavra. Pensava numa maneira de escapar dele. — Estará apaixonada logo. Mas você me deve. — Te devo o quê? — Sua voz quase tremia. — Você arruinou minha vida. Sabe que inclusive não consigo nem um trabalho agora? Não posso ver meus filhos. — Seus olhos selvagens a olharam de acima abaixo. Ele colocou a mão em seu queixo e foi levantando os cantos dos lábios lentamente. — Oh, sim, você me deve. Seu tom a fez pensar o quão facilmente ele ia da calma à loucura em questão de segundos. Valerie conteve sua respiração. Não sabia nem que
tinha filhos. Se sentiu ainda mais estúpida agora por ter se envolvido com um homem que quase não conhecia. Já estava escuro e os faróis de um carro fez com que ambos virassem. Valerie aproveitou a distração e correu para seu carro. O carro continuava indo na direção deles. Bruce não a seguiria. Ele não disse nada até que ela estava quase em seu carro. Não escondeu o desprezo na sua voz. — Arruinou a minha vida, Valerie. — Sua voz aumentava a cada palavra. — Você decide como vai me compensar, da maneira fácil ou da difícil. Mas lembre-se que isso vai acontecer de qualquer maneira. Valerie o olhou quando entrou no carro, mas não se incomodou com uma resposta. O carro que o distraiu passou. Deu ré no carro e saiu. Quando chegou na esquina, se deu conta do que aconteceu, sentiu um nó no peito e imaginou que poderia ter acontecido algo muito pior. Quando ajustou o espelho retrovisor, se deu conta que tremia. Apertou sua mão e colocou no seu colo. Seu telefone vibrou e ela se assustou outra vez. Um olhar no identificador de chamada confirmou o que ela temia. Seu pesadelo estava começando de novo. Achou melhor ignorar e prendeu a respiração enquanto esperava para ver se Bruce deixaria recado, mas não deixou. Ligou para Luke e disse como foi a inspeção. Depois de pensar um pouco, manteve a aparição do Bruce para si mesmo. Luke não sabia nada dele. Ainda não. Se as coisas ficassem pior, ou se Bruce fizesse algo além de assustá-la, ela contaria. Por enquanto era melhor evitar fazer um alvoroço sobre isso. Ela esperaria uns dias e iria rezar que ele só queria a assustar. Ele seria tão estúpido a ponto de fazer algo e voltar a prisão. Quando chegou em casa ficou um pouco mais calma. Isabel não estava em casa, isso era normal desde que começou a ver Romero. Ela ainda
insistia em que só saíam como amigos. Valerie riu disso. Viu a maneira que Romero a olhava. Nunca o viu assim antes. Claro, não esteve próxima a ele por um tempo, e percebeu que ele estava bem mais maduro. Em seus dias de segurança era um mulherengo. Saia com uma garota diferente em cada show que trabalhava. Estava na cozinha, lutando para colocar o spray de pimenta em seu chaveiro quando Isabel entrou pela porta seguida de perto pelo Romero. Quando foram até Valerie, ela viu que estavam de mãos dadas e sorriu. — Olá. — Valerie ainda lutava com a garrafa de spray de pimenta — Aonde foram? — Fomos a um show. — Isabel foi para o quarto deixando o Romero com Valerie — Mas só vim buscar algo e vamos comer. Quer vir? A expressão de horror que brilhou no rosto do Romero quase fez Valerie rir. — Não, está bem, já comi. O horror foi substituído pela curiosidade no momento que Valerie recusou o convite. Romero perguntou: — O que tem aí? — Spray de pimenta. Isabel parou antes de entrar no quarto. — Por quê? Aconteceu alguma coisa? Isabel viveu o pesadelo do Bruce junto com Valerie, e sabia que ele estava solto agora. Valerie a olhou e balançou a cabeça. Não ia entrar em detalhes na frente de Romero. A última coisa que queria era que Alex soubesse que foi estúpida o suficiente para ficar nessa situação. — Não, só pensei que seria melhor o ter à mão. Quase esqueci que tinha até hoje. — Isabel a olhou fixamente, mas entendeu que não ia falar na frente de Romero.
— Me deixe ver. — Ofereceu Romero depois de ver que Valerie continuava com dificuldade. Ela entregou, franzindo a testa. — Não sei por que é tão difícil. — Não é. — Romero riu entre dentes. Em questão de segundos prendeu, fazendo Valerie se sentir totalmente incompetente. — Então, o que te fez lembrar que tinha isto hoje? — Deu um olhar de cumplicidade. Valerie o olhou, mas encolheu os ombros e não disse nada. Romero se apoiou sobre o balcão e sussurrou: — Não direi a Izzy. Sei como se ela se preocupa. Valerie examinou o chaveiro que era muito apertado agora com o spray de pimenta nele. Não o olhou. — Só fiquei um pouco assustada hoje, aí me perguntei se ainda tinha isso. — Alguém te assusta? Ela o olhou o suficiente para ver suas sobrancelhas arquearem, logo retornou ao chaveiro sacudindo sua cabeça. — Não foi nada, pensei ter escutado algo quando estava no carro, isso é tudo. Isabel saiu do quarto e Valerie não podia estar mais agradecida pela interrupção. Eles se despediram e saíram. Não podia dizer nada, não na frente de Romero. Logo que saíram, Valerie correu a seu telefone e enviou uma mensagem. Você vai voltar para casa? Alguns segundos depois Isabel enviou a resposta. Talvez. Valerie riu alto de alegria. Implicou muito com Isabel dizendo que precisava tirar as teias de aranha. Enviou outra mensagem.
Izabel sua puta!! Valerie ficou olhando seu telefone ainda rindo quando recebeu a resposta. Amigos com benefícios =) Que ridículo. Isabel nunca teve um amigo com benefícios na vida. Estava meio preocupada sobre isso. Durante anos se referiu a Alex como isso, e terminou com seu coração quebrado. Valerie olhou o relógio, ainda eram nove. Tecnicamente, ainda era cedo para ver o filme que Luke chamou para ver quando estava a caminho de casa. Mas não estava com humor para isso. Não queria que se acostumasse a vê-la todas as noites. Não sentia esse sentimento por ele. Passar uma noite tranquila e sozinha era ótimo. Além disso, já tinham planos para a noite de quarta-feira. Isso era suficiente. Aproveitou o tempo a sós para trabalhar na pintura de Sarah e Angel. Cada vez que via a imagem, lembrava como tudo era simples. Ela mesma tirou a foto. Na imagem, Sarah e Angel estavam na praia. Sarah estava sentada entre suas pernas encostada nele. O queixo de Angel estava em seu ombro, mostrando o famoso sorriso Moreno com as profundas covinhas. Covinhas que a atormentavam. Uma imagem dela e Alex juntos veio à mente. Era o verão depois de seu primeiro ano na universidade. Tiraram muitas fotos, mas essa que lembrou foi logo depois de sua primeira lesão no tornozelo. Lembrava desse dia em particular, especialmente porque foi o dia em que disse algo que ela lembrava até hoje. Disse que não acreditava que alguma vez teria o suficiente dela. Disse que quase era embaraçoso o quanto pensava nela. Lembrou de rir e acusá-lo de exagerar as coisas. Mas
ele foi inflexível e pareceu tão verdadeiro. Ninguém poderia te olhar nos olhos e mentir tão bem, ou poderia? Logo, algumas semanas depois, ele desapareceu outra vez por quase uma semana e se perguntou a quem mais ele dizia isso. Suspirou, afastou esses pensamentos e voltou para a pintura, a única coisa que ajudava a relaxar e afastar seus intermináveis pensamentos em Alex. A última coisa que queria era associar a pintura a ele também. Em pouco tempo entrou novamente no ritmo, seus pensamentos ficaram focados na sua pintura. Trabalhou nela por mais ou menos uma hora antes de ir para cama.
****** Alex entendia que quando se tem seu próprio restaurante com um bar, era um pouco difícil sair para beber em outro lugar. Mas ultimamente estava passando muito tempo no restaurante. Precisava sair. Com Angel e Sarah fechando esta noite, sabia que o lugar estava coberto. Eric esperava Sofia terminar seu turno e o convidou para ir ao novo bar esportivo. Alex disse que não, mas estava começando a reconsiderar. — Tem certeza não quer ir? — Perguntou Eric quando Alex saiu do escritório. — Romero disse que é impressionante. Ele e alguns de seus meninos já trabalharam na segurança algumas vezes. Disse que fica muito cheio. Eles têm Stand Up Comedy5 a noite. Deve ser bom. — Ele estará lá? — Alex não queria ficar sozinho com o Eric e Sofia. A última coisa que precisava, com seu agitado estado de ânimo, era ter que lutar e observar as mãos e lábios do Eric por cima de sua irmã a noite toda.
5
Show de comédia.
— Sim, será a primeira vez que ele não vai estar trabalhando e poderá desfrutar do lugar. Deveria vir. Sofia saiu da parte traseira acomodando sua bolsa sobre seu ombro. Obviamente escutou Eric porque, acrescentou: — Sim, Alex. Realmente precisa descansar deste lugar. Vem com a gente. Será divertido. Alex refletiu sobre isso. Pensou que algumas risadas fariam bem. Finalmente aceitou, mas insistiu em ir no seu próprio carro caso decidisse sair mais cedo. O lugar era enorme, com televisões desligadas de todos os tamanhos por todos os lados. Haviam definitivamente conseguido mais televisores para o restaurante quando expandiram o bar. Mais e mais pessoas estavam começando a chegar para ver partidas e passar o momento. Alex explorou o lugar enquanto entrava. Certas áreas pareciam que se poderiam ser reservadas com sua própria mesa de bilhar e várias mesas de bar. Romero se encontrava em uma dessas áreas acomodando as bolas sobre a mesa. Uma garota estava sentada em uma das mesas o observando. Alex ficou mais que surpreso quando se aproximou o suficiente para reconhecer Isabel. Estava diferente. Fez sentido quando Valerie disse que Isabel era uma professora do secundário, porque se vestia como uma. Mas esta noite usava jeans e salto alto e estava muito sexy. — Não posso acreditar! Como eles conseguiram te tirar do restaurante? — Romero sorriu do outro lado da mesa de bilhar. Ao contrário de Romero, Isabel parecia perturbada com sua presença. Talvez se envergonhasse de sua nova aparência. Alex assentiu, logo sorriu a Isabel. A garçonete, uma morena com um decote muito saudável, entrou atrás deles.
— Estão bem aqui? — Romero pediu uma rodada para todos e logo virou para Isabel. — Será que Valerie quer outra? Os olhos de Alex foram às duas garrafas de cerveja diante de Isabel. Romero estava segurando sua própria garrafa, então a outra era obviamente de Valerie. — Só traga outra — disse Romero à garçonete. Isabel olhou para Alex, e agora sabia o que a incomodou. Ela virou rapidamente para falar com Sofia que sentou ao seu lado. A ansiedade atacou seu estômago.
Odiava esse maldito sentimento.
Virou casualmente para o resto do restaurante esperando olhar para ela antes que estivesse muito perto. — Então, como conseguiram te tirar da sua caverna? — Romero sorriu. Alex encolheu os ombros, sentando em um banco ao lado da mesa de bilhar. — Era hora de um descanso. — Verdade? — Perguntou Eric — Sofia diz que ele praticamente vive no restaurante. — Romero se inclinou sobre a mesa de bilhar e tomou um gole. — O que está errado com você homem? Quando foi a última vez que saiu? Alex nem lembrava. Esteve tão ocupado no ano passado que nem lembrava a última vez que fez sexo. E não lembrar mostrava como foi insignificante. A garçonete entrou com suas cervejas. Entregou uma garrafa com o tipo de sorriso que sempre recebia das mulheres. Correspondia por costume, mas virou para procurar Valerie enquanto Romero pagava. Sua ansiedade disparou quando a viu perto da entrada. Não só porque estava ainda mais impressionante do que na festa, mas sim porque não estava sozinha.
A visão dela com um cara que estava perto o suficiente para beijá-la o fez apertar sua garrafa. Deu uma respiração profunda e um amargo gole de cerveja. Esta não era sua ideia de descanso. Se sentia mais angustiado nesse momento do que esteve em todas as semanas depois da festa. De maneira nenhuma ia passar a noite com Valerie e seu novo homem. Tomou um gole maior de sua cerveja. Sairia logo que terminasse. Ainda segurando a garrafa teve que se concentrar para não a quebrar. Por mais que odiasse a vista não podia tirar os olhos dela e do fulano. O cara segurava seu braço, mas não na forma em que um namorado segura a mão de sua garota. No momento que Alex viu que Valerie retirou sua mão ficou de pé. Sentiu uma nova tensão. Diferente da tensão que sentiu em vê-la com outro homem, sabia exatamente como lidar com essa. Não estavam conversando, estavam discutindo. Alex deveria estar feliz. Ao invés disso, ficou em um estado instantâneo de alerta. A expressão agressiva no namorado e de tentar agarrar sua mão dela de novo, foi tudo o que Alex precisava. Deixou sua cerveja e foi para eles.
— Aonde vai?
— perguntou Romero. Alex não respondeu. Apressou
seus passos quando viu a postura ameaçadora do namorado dela. Quando se aproximou pode escutar do que se tratava. Falava alto e as pessoas começavam a virar para ouvirem a discussão. — Acha que estou brincando? Eu disse que tenho que falar com você, lá fora agora. Sério que estava envolvida com esse cara? Namorado ou não, nunca que iria ficar parado enquanto ele falava daquela forma. Não escutou a resposta dela. Diferente do idiota ela tentava manter a voz baixa. — Algum problema aqui? — perguntou quando chegou próximo deles. Ambos viraram, o sujeito estava com a expressão irritada, e a dela assustada. — Não é da sua conta disse o sujeito. — Alex olhou para Valerie ignorando seu namorado. — Você está bem? Ela assentiu, mas antes que pudesse responder, o sujeito falou com voz ainda mais alta que antes. — Claro que está bem. E não é assunto seu. Alex chegou mais perto do sujeito, falando próximo do seu rosto.
— É meu assunto agora. Valerie pegou na mão de Alex. — Alex não, não vale a pena. Alex olhou para Valerie, um pouco aliviado por ela não defender o idiota. — É este...? — Não! — Ela negou. Alex sentiu a mão do sujeito em seu ombro e virou lentamente, tentando não perder a calma. Ele cometeu um grande erro em ter tocado nele. O sujeito percebeu no momento que seus olhos se encontraram, imediatamente ele retirou a sua mão. — Bruce. — Valerie ficou na frente de Alex na tentativa de afastá-lo Alex não se moveu, nem quando sentiu ela pressionar sua coxa — Não tenho nada para falar com você. Eu deixei bem claro. Cometendo um erro ainda pior, Bruce pegou no braço de Valerie. Alex agarrou seu pulso e foi para frente dela, apertando forte seu pulso ainda não querendo quebrá-lo, mesmo que fosse seu maior desejo, e apesar de estar alterado conseguiu manter sua voz calma falando novamente em seu rosto. — Volte a tocar nela e será um homem morto. Valerie puxou seu braço. Bruce forçou um sorriso, puxando seu pulso das mãos de Alex que não o soltou, mas estava se afastando agora. Bruce se afastou deles agora. — Uau Valerie, realmente você formou uma fila — falou olhando para Alex. — É a sua vez de se aproveitar dessa bunda fácil? Alex acertou em cheio um murro no seu rosto, não dando chance de Bruce perceber o movimento. E nada poderia explicar a satisfação que ele
sentiu quando seu gancho de direita pegou em cheio no olho de Bruce. Seu corpo caiu no chão e sua cabeça quicou contra o chão. — Uau! — Romero e Eric pularam na frente de Alex. Em segundos os seguranças do bar os rodearam. Romero os dispensou com a mão. — Eu cuido disso, caras. Estamos bem. Eric, que tinha ajoelhado, imediatamente apertou seus dedos na bochecha do Bruce. Olhando para o Alex e Romero disse. — Está desacordado. Romero franziu a testa assegurando para o pessoal da segurança, novamente, que tudo estava sob controle. Foi na direção do chefe da segurança. — Randy, deixe que eu cuide disto, está bem? Não se preocupe. Randy assentiu. Ele falou em seu rádio. — Este é R.D. reportando, código vermelho, salão um, sob controle. Repito código vermelho, salão um, sob controle. — Olhou severo para Alex enquanto andava. Os seguranças dispersaram a multidão que aplaudiu e riu quando Alex nocauteou Bruce. Alex se esforçou para acalmar a raiva que ainda sentia pelo comentário de Bruce. O pensamento dele e Valerie juntos o fez apertar o punho com tanta força que o sacudiu. Virou para Valerie que estava parada olhando para Bruce fixamente. Por instinto abriu sua mão e segurou a dela. Ela olhou para ele. Esses olhos escuros e ansiosos faziam coisas que não podia compreender. — Você acha que ele vai ficar bem? — É sério que se importa? — Alex ficou sério. — Com ele? Não, mas odiaria que se metesse em problemas.
Alex desviou o olhar de Valerie o suficiente para ver Romero e Eric levantando Bruce tonto. Esse cara estava tão acabado que se esforçava para focar os olhos. Romero riu. — Está bem, amigo? Precisa de um pouco de água? Romero olhou para Alex. — Deveria voltar para nossa mesa de bilhar, amigo, antes que peçam para você sair. Valerie tirou sua mão da dele com suavidade. Alex não impediu. Ela viu o suficiente do poder masculino por uma noite. — Quem era? — Um erro que cometi faz tempo. Alex fechou sua mão novamente, se perguntando que tipo de erro, mas não perguntou. — O que quer agora? — Queria mais uma chance comigo. — Ela suspirou — Acho que alguns caras não aceitam um não como resposta. Alex se perguntou se foi alguma indireta para ele também. — Então, por que seu namorado não está aqui? — Hum. — Fez uma pausa franzido o olhar — Já vem, foi parado por um cliente. Mas estará aqui. Alex ficou sério estava com grandes expectativas, pensou que seria capaz em falar com ela esta noite. Andaram pela multidão até chegar em uma área com a mesa de bilhar. Isabel e Sofia estavam em pé na entrada. — Alex, o que você fez? — Sofia franziu a testa. — Deixou um cara inconsciente! — Romero disse rindo atrás dele. Os olhos de Sofia se abriram de espanto. — Sim?
Alex tentou sorrir, mas seus pensamentos estavam indo e voltando em Valerie com outros homens em sua vida. Olhou para Romero. — Então, o que aconteceu com ele? Romero se aproximou da mesa de bilhar. As meninas se sentaram, e Alex permaneceu na entrada da sala. — O barman ficou de entrar em contato com algum conhecido dele. Se não conseguir ninguém, vão pedir um táxi, e ele vai ter o maior olho roxo da história. Eric caiu na risada. — O que aconteceu? Por que bateu nele? — Alex deu de ombro. — Me deixou com raiva. — Certamente, mas por quê? — Alex e Valerie sem olharam. — Valerie pode dizer o porquê para você. Tenho que ir. — O quê? — Disseram Romero e Eric juntos. — Sim, esqueci de fazer algo nas papeladas que tem que ser entregue ainda essa noite. — Romero olhava para ele aborrecido.
Eric tinha um
olhar compreensivo, e simpático. Alex terminou de se despedir, dando tchau para as garotas e olhou uma última vez para Valerie. A expressão dela não transmitia nada. Provavelmente estava envergonhada pelo o que Bruce falou. — Já vai? — Perguntou Sofia. Confirmou se afastando sem dar maiores explicações. Quando estava do lado de fora, seu coração ficou pesado como nunca havia ficado, escutou alguém gritando seu nome. Virou novamente na direção do bar, e viu Valerie indo em sua direção. — Queria agradecer. Alex percebeu angústia em seus olhos. — Não se preocupe por causa disso. Está segura certa?
Confirmou colocando suas mãos para frente. Alex não pode suportar mais. Tinha que dizer para ela como estava se sentindo. E se realmente estava saindo alguém ela tinha que saber. Estava matando ele aos poucos. — Valerie, eu... — Ela olhou para algo que estava atrás dele, e sorriu. — Oi, Luke. Alex virou. Um homem com terno, e um enorme sorriso, se aproximou deles. Ele cumprimentou Alex e pegou a mão de Valerie, que apresentou ambos, Alex se despediu o mais rápido possível. Sabia que estava sendo grosseiro, Luke olhou divertido, mas de maneira alguma podia suportar ver ela novamente com outro homem. Estava furioso quando chegou ao seu carro. A única noite que decide sair para relaxar termina dessa maneira. A necessidade em ter Valerie em sua vida novamente era grande demais. Grande merda.
****** Alex dirigia extremamente devagar. Ainda estava assimilando os acontecimentos de ontem à noite. Passar a noite inteira com imagens do Luke abraçando Valerie foi uma tortura. Inclusive não pôde evitar de se perguntar como eles passariam o resto do dia. Lembrou que Valerie chamava "domingos de ócio". E passavam o dia todo fazendo amor, parando somente para comer e dormir. Odiava pensar nisso, mas ela poderia muito bem fazer isso hoje. Bateu forte no volante apertando os dentes com raiva. Essa imagem mental provocava náuseas. Eric ligou cedo para ver se ele queria fazer exercício. Mas estava tão exausto pela falta de sono e do colapso emocional, que negou o convite.
Depois de falar alguns palavrões e causar uma rachadura na parede com um murro. Decidiu que um pouco de exercício seria bom para relaxar. Eric estava olhando para Romero quando Alex chegou. — Não disse que este idiota estaria aqui. — Eu não queria vir. Romero levantou os olhos do banco dizendo. — Dois dias seguidos sem ir ao restaurante? Por que isso? O mundo vai acabar? Porque eu acho que a noite passada não conta — Disse Romero fazendo uma careta e continuou falando. — Por que não fala o motivo da briga de ontem? Alex virou o pescoço estalando-os. — Tinha que fazer algo. Na realidade foi ao restaurante com a esperança de se manter ocupado. Depois de brigar com uns quantos empregados por nenhuma razão, decidiu que não estava com humor para estar com ninguém mais e voltou para sua casa. Iria se desculpar mais tarde. — Você perdeu — disse Eric. — O que eu perdi? — Romero começou a rir do nada. — Primeiro me deixa contar para você sobre o olho de Bruce! — Eric colocou a mão boca e começou a rir. — Irmão, tinha que ter visto como ele ficou. Alex sorriu e sentiu uma pequena satisfação que o deixou mais calmo. — O que aconteceu com ele? — O táxi que chamaram demorou um pouco para chegar. — Romero continuou rindo. — Vi ele sentado no bar por quase meia hora. Seu olho estava tão inchado e preto que não podia abri-lo. Foi muito divertido de se ver!
Alex riu, apertando os dedos da sua mão direita. Com tudo que aconteceu, não sentiu nenhuma dor na mão, até deitar para dormir. Grande parte da frustração que ele sentia há semanas saiu com aquele soco. Além de ter visto Valerie novamente, o que foi agridoce, bater no Bruce foi a única coisa boa que aconteceu ontem à noite. — Sim, bem o cara merecia. Romero e Eric continuaram rindo. Alex jogou suas chaves e toalha no chão. Sentou no banco do lado de Romero e esperou um pouco antes que começassem a treinar, pois ele tinha algumas perguntas para fazer primeiro. — Então, o que estava fazendo lá com Valerie e Isabel? — Ele está saindo com Isabel — adicionou Eric. — Está saindo com ela Romero? — Alex estava mais surpreso do que quando os viu na noite passada. — Eu achei que estava lá com Romero, mas achei que era somente por uma noite e que estavam somente curtindo o momento. Até onde sabia Romero nunca foi de encontros ou de relacionamentos sérios ou nada do tipo. — Eu falei para você — disse Romero. — Não, não falou. — Romero pensou um pouco. — Ah certo, foi para Angel que falei. Bem, irmão, talvez se saísse mais da sua caverna. Sim, estamos saindo a algumas semanas. — Saindo com ela. Como saindo com ela? — Alex ainda não podia acreditar. — Sim, por que não? — Romero franziu a testa. — Pensei que ela não fosse seu tipo — Eric ressaltou com a intenção de irritar ele. — Eu não sabia nada sobre ela naquele dia, ela é muito legal.
— O que aconteceu com ela? — Alex levantou uma das sobrancelhas com curiosidade. — Estava diferente ontem à noite. Romero se endireitou. — O que quer dizer? — Ela estava quente — acrescentou Eric. Romero olhou para Eric. — Você estava olhando? — Era difícil não notar, Romero.
— Alex sorriu. Romero virou para
Alex. — Você também? Alex riu. — Eu não que disse que estava quente. Disse que estava diferente — falou jogando uma toalha em Romero. — Pelo que me lembro, era muito conservadora. Isso é tudo. Não precisa se estressar. — Bom, não vi nada demais, e não me lembro de nada diferente — Romero o olhou como se desafiasse, e depois para Eric. — Não reparei que estavam prestando tanta atenção. Alex riu. — Calem a boca, o que mais eu perdi ontem? — O novo garoto da Valerie é um arrogante. — Romero pareceu pensar um pouco. — Ou talvez estivesse se comportando como um ontem à noite. E então Alex disse adeus ao seu bom humor. Ele fingiu que não se importava, mas segurou forte o banco. — Sim, como? — Pagou todas as rodadas a noite toda — Romero continuou. — Deve pensar que somos muito próximos de Valerie, mas parecia que estava
tentado nos impressionar, até mesmo nos convidou para ir a sua casa algum dia. Talvez tenha um desses apartamentos grandes e quer aparecer. Mas ele é tão... — Romero tentou achar a palavra. — Tão o quê? — perguntou Alex. Romero despertou seu interesse. — Forçado — completou Eric. — Isso. — Romero concordou — Até suas piadas pareciam forçadas. — Estava fazendo piada? — Alex revirou os olhos. — Algumas — disse Romero.
—Umas foram até boas fazendo todos
rirem, mas Valerie parecia irritada. Não sei se ela não estava tão entusiasmada com ele, ou se ainda estava perturbada pelo cara que você golpeou, mas não parecia estar tendo uma noite muito interessante ontem. — Então, que foi aquilo? — perguntou Eric. — Valerie não disse muito, especialmente depois de que seu amorzinho chegou. Ele pareceu interessado quando soube que alguém a defendeu, mas ela cortou a conversa. Alex encolheu os ombros, tentado manter indiferença ouvindo se referir ao namorado de Valerie como seu amorzinho. — Eles terminaram há um tempo e o imbecil estava a assediando. — Mesmo que as palavras tenham saído da sua boca, a ideia de Valerie ter seguindo em frente doía como se estivesse enterrando uma espada. — Será que foi por isso que ela colocou um spray de pimenta no chaveiro — Disse Romero. Alex olhou para ele. — Ontem à noite? — Não, na sexta-feira. Eu e Isabel fomos ao seu apartamento pegar algo e Valerie estava tentando colocar o spray de pimenta em seu chaveiro. Não quis dizer por quê, mas admitiu estar assustada.
Alex não ficou bem com isso. Pensou que o incidente com Bruce no bar tinha sido a primeira vez. A ideia desse idiota perseguindo ela era uma história muito diferente. — Isabel falou algo sobre isso? — Parecia preocupada, mas Izzy se preocupa com tudo. Alex se surpreendeu que Romero já tivesse um apelido para Isabel mas não disse nada a respeito. Em vez disso, sua mente viajou para Valerie e o seu possível perseguidor. Romero não disse mais nada. Depois de fazer exercícios por quase uma hora, Alex voltou para sua casa e tomou um banho. A ideia de ir à casa de Valerie passou em sua mente enquanto entrava no seu carro. Mas lembrou da advertência dela em aparecer sem avisar. Enfurecido, segurou forte no volante e respirou fundo. Isso só pioraria com o tempo. Ele deixou sua garagem dirigindo para o restaurante.
Sal estava sentado no bar do restaurante conversando com Julie, uma das garçonetes, quando Alex entrou, acrescentou a culpa na lista de suas emoções crescente e desagradáveis. Julie foi uma das funcionárias que aguentou a sua ira na noite anterior. — Ouça homem. — Alex bateu no ombro de Sal. — Escutei que finalmente tirou uma noite de folga... Então voltou — Sal sorriu. Alex franziu a testa. — Falarei o motivo mais tarde. Julie deu um sorriso tímido e virou para sair, mas Alex a impediu. — Vem aqui. — Colocou seus braços em volta dela e a abraçou com força esfregando suas costas, logo se afastou. — Sinto muito por ontem. Não deveria te falado que era insolente. Ela sorriu e depois com um aparente nervosismo riu novamente. — Está tudo bem. Eu deveria ter pensado melhor antes de perguntar por que voltou. Porra se sentia um idiota. Ela saiu com um sorriso. Alex se sentiu um pouco melhor, até que voltou sua atenção para Sal que parecia chateado. — Que diabos foi isso?
— Ontem fui grosso com ela. Eu me senti mal. Sal olhou para ele e sua expressão estava endurecida, o que Alex raramente via nele. — Bom, já sabe, ela é suave e doce, eu levantei minha voz uma vez porque estava em um inferno. — Sal olhou na direção de Julie e voltou olhar para Alex. — Bom, espero que não vire um hábito abraçar seus funcionários dessa forma. Já ouviu falar de assédio sexual? Alex deu de ombros e foi para trás do balcão. — Bom de qualquer forma, por que está aqui? Pensei que estaria com mamãe e papai. — Não vinha aqui a algum tempo. Papai disse que fez algumas mudanças. Só queria ver. Alex tirou uma taça e serviu uma bebida para si. Sal já tinha uma na frente dele. Alex olhou para ele. — Você estava aqui a pouco tempo Sal. Sal avaliava o ambiente. — Não, já faz uma semana. Então, pode falar o que aconteceu ontem à noite para você voltar e gritar com a pobre e pequena Julie? Alex se recusou em dizer. Sabia o que Sal pensaria se falasse toda verdade. Mas ele não contou para ninguém a respeito disso, e nesse momento se encontrava numa situação tão desesperadora que poderia precisar de alguns conselhos. Sal sabia que ele passou muito tempo com Valerie no passado, mas não tinha ideia que Alex estava mal por causa dela. Inferno, Alex não percebeu isso até recentemente. — Valerie estava lá na noite anterior. — Sal o olhou sem compreender. — Com seu namorado. — Sal assentiu compreendendo Alex.
— Ah, o que aconteceu? — Nada fui embora. — O quê? Você não ficou com raiva? Alex ficou sério, como se Sal estivesse sendo ridículo, mas sabia muito bem que Sal acertou. E só não fez nada porque já descontou seu mau humor no primeiro cara. Se tivesse ficado mais um pouco na noite passada, não sabia o que podia ter acontecido. — Pensei que não saíssem mais a algum tempo? — Não saímos. — Então, qual é o problema? — Alex colocou os punhos no balcão. — Não sei. Suponho que neste último ano com tudo que aconteceu com o restaurante me mantendo ocupado, estava muito preocupado para perceber que estava com saudade. Depois de ver ela na festa e... Não consigo parar de pensar nela. Isso era um eufemismo. A mulher invadia cada pensamento dele. Alex olhou para Sal que o olhava estranho. Não estava acostumado com esse este tipo de conversa, mas se sentia bem por ter falado com alguém sobre isto. — Então, falou com ela? Alex negou, tirando um copo da parte de cima do armário. — Não tive oportunidade. O pior que é muito tarde. — Sal franziu suas sobrancelhas. — O que quer dizer com muito tarde? — Está com outra pessoa. — Falar isso em voz alta era como um golpe no estômago. — Isso não quer dizer nada. Se ainda tiver sentimentos por você, pode mudar a situação.
— Esse é o ponto de toda situação Sal. Realmente estraguei as coisas com ela. Eu acredito que ela, não queira ter mais nada comigo. Sal olhou para ele, da maneira que fazia quando estavam crescendo. O mesmo olhar que fazia quando Alex quebrava algo ou quando batia em alguém com muita força. — Nunca falei sobre isso, porque era vergonhoso. Não sou como você quando se trata da faculdade Sal. Eu fazia um enorme esforço tentando me atualizar com todas as classes, era tudo pela mãe e o pai.
Duvidou
se
continuava. Mesmo agora, ele não tinha certeza se queria que Sal soubesse. — Então...? Alex ficou olhando para taça que encheu sem querer olhar para Sal, continuou: — Como não sou como você, contratei um professor particular... Não só um, mas vários. — E daí? — Alex revirou os olhos e matou a bebida. — Foi humilhante. De maneira nenhuma queria que Valerie soubesse sobre isso. Ela passou sem nenhuma dificuldade pelo colégio, e terminou antes dos outros. — Ela é corretora de imóvel, Alex. Alex olhou para seu irmão. — Que diabos isso significava? — Relaxe só está dizendo que não é uma faculdade de direito. Ela nem precisou ir à universidade para ser um agente. Tudo o que tinha que fazer era passar no exame estadual. Além disso, o que isso tem a ver com você estragando as coisas? — Cada vez que tinha um professor por perto, me certifiquei de que Valerie não estivesse por perto durante a semana. Eu ignorava suas ligações ou enviava mensagens para ela dizendo que estava muito ocupado
para falar com ela. Nem podia arriscar ligar antes que o professor chegasse porque ela saberia que algo estava acontecendo. Dessa forma falava que estava com outras garotas. Alex olhou para Sal, envergonhado de admitir: — Eu deixe que ela fosse embora. Sal o olhou firme e bravo. — Deus, você é estúpido. Então, por que não diz a verdade? — De fato eu falei. — O que falou? Alex tomou outro gole da sua bebida, jogando uma olhada em Sal. — Não estava planejado, mas ela chegou numa noite e o meu tutor estava lá. — Humor brilhou nos olhos de Sal. — Não me diga que seu tutor era uma garota? Alex não via humor. Aqui estava ele abrindo seu coração e Sal estava conseguindo irritá-lo. — Sim, e é óbvio que pensou o pior. Tentei explicar, mas estava tão histérica. Até achei que fosse cuspir no meu rosto quando disse que a garota era uma professora. Sal ria muito agora. Alex ficou chateado. Se quisesse esse tipo de reação, poderia ter dito para Romero e Eric. Angel era o único que sabia do ocorrido. Ouviu falar sobre isso com Sarah, e ambos acreditavam o mesmo que Valerie. Que ele estava com outra garota e tentei fazê-la passar por minha professora. Nunca disse a verdade, é claro que Sarah ficou tão chateada com ele, mas ele preferiu que todos acreditassem, pois a verdade era humilhante. Alex fechou a cara para Sal. — Terminou de rir?
Sal assentiu, mas não podia apagar o sorriso do seu rosto. Alex se serviu de outra taça. — Vai com calma com isso. — Advertiu Sal — Isso não vai resolver nada. — Sim, vai ser bom, ajuda eu dormir. — Mas ainda tem que voltar para casa. — Sal viu Alex tirar a metade do licor — É o suficiente irmão. Alex parou e completou o restante com refrigerante. — Inferno, se tiver que dormir na parte de trás, eu irei dormir a cama ainda está lá. — É por isso que está aqui no seu dia de folga? Para ficar bêbado e inconsciente na parte detrás do restaurante? Alex olhou para sua bebida. — Não, estou aqui porque se ficasse em casa, a única coisa que estaria fazendo seria pensar nela. — E não está fazendo isso agora? — Sal se endireitou e tomou um gole da sua bebida. — Escuta. Se fosse eu, falaria com ela. Alex negou. — Depois do ocorrido com a professora está impossível falar com ela. Não atende as minhas ligações ou responde qualquer mensagem. — Então, vai na casa dela. Alex nem tentou disfarçar que estava chateado. — O que acha que vai acontecer Sal, se vou e esse cara está lá? — Sal pareceu refletir sobre isso por um momento antes de dizer: — Está certo, não é uma boa ideia. Hmm... — Colocou uma mão na boca — Vamos pensar. Quando é a próxima festa do casamento? Tem que estar lá não é? — Sim, mas ainda faltam algumas semanas para o jantar de ensaio.
Pensaram em como colocariam Alex e Valerie no mesmo lugar, mas não tiveram nenhuma ideia boa. O maior problema quando surgia algo era “se ela levasse seu novo homem”? Sal tirou seu celular que tocava de dentro do seu bolso. — Sim, está aqui. — Falou articulando que era Angel para Alex —Quer saber por que não atende seu maldito telefone, imbecil. — riu entre dentes. Alex passou a mão pelo seu bolso se dando conta que deixou na caminhonete. — Não está com ele. Por quê? Quer falar com ele? — Sal parou de falar e olhou para Alex de novo — Sim, vamos estar aqui. Prometo estaremos. Sal estava com um sorriso satisfeito. — Parece que vai conseguir sua oportunidade de falar com Valerie. — Quando? — Alex apertou o copo em sua mão. — Agora mesmo. Papai quer que nós olhemos a proposta da propriedade do lado. Ela já escreveu sua proposta, mas antes de enviá-la, o pai quer se assegurar que estamos fazendo um bom negócio. Mas Angel não queria por fax, perguntou se poderia trazer para a gente. — Agora mesmo? — Disse com a testa franzida, Alex acariciou sua manga da camisa de novo por costume. Se não tivesse deixado seu celular na caminhonete, poderia ter tido mais tempo para se preparar. Não tinha a menor ideia do que iria dizer para ela, mas tinha a maldita certeza que não ia deixar Valerie ir sem dizer o que sentia.
****** Como se a noite anterior não tivesse sido dura o suficiente, Valerie esteve numa pilha de nervos a manhã toda. Escreveu a proposta da propriedade ao lado do restaurante da família de Alex. Tudo o que tinha que
fazer era enviá-la por fax. Tinham uma máquina de fax no restaurante, bastante simples. Mas nada era tão simples. Sarah ligou para dizer que o Sr. Moreno solicitava que levasse o documento. Planejou um domingo tranquilo. Queria descansar o dia todo, talvez fizesse algo como pintar para deixar de pensar em Alex. A noite anterior foi inclusive mais difícil do que ver ele na festa. Fez de tudo para parecer indiferente ao encontro casual deles. Achava que Alex acreditou, mas tinha a sensação que Luke não. A saída de Alex foi tudo menos discreta. Sua explicação trivial dele como um velho amigo foi por água abaixo quando os garotos falaram mais uma vez sobre o olho de Bruce. Luke não fez um monte de perguntas. Sabia que ele não faria, não diante deles. No caminho para casa a história foi diferente. Mesmo assim, manteve a explicação da sua relação com o Alex em uma mera frase: Alex é alguém com quem saia a muito tempo. Quanto ao Bruce, falou para Luke que era um garoto com quem saiu mais recentemente e estava grosseiro naquela noite. Alex, é óbvio, agiu como sempre fazia com tudo, com violência. Ela não deixou de mencionar que Alex tinha uma forte influência sobre ela quando Sarah ligou. Ela garantiu que Alex não estaria na residência da família Moreno. Mesmo assim, seu coração acelerou todo o caminho. E se estivesse lá? Por um momento, realmente pensou que estava fora de perigo. Mencionou e explicou sobre todos os detalhes da proposta, e Alex não apareceu. Mas logo, seu pior pesadelo começou. O Sr Moreno disse que iria se sentir melhor se pudesse explicar para seu filho. Falou com Angel que entrava e saia da cozinha todo o tempo e rezou para que se referisse a ele. No mesmo instante Angel estava no celular, ligando para Alex.
Sarah se aproximou e apertou seu ombro, o que a deixou ainda mais nervosa. Ficou aliviada quando Angel não foi capaz de entrar em contato com ele, embora a fez se perguntar por que não atendeu a ligação. O que poderia manter ele tão ocupado que não pôde atender seu telefone. Ele sempre o tinha em mão. Então, Angel deixou o celular depois de falar com Sal, para perguntar se ela poderia ir ao restaurante. Sua voz saiu como um chiado de tão baixa. — Hoje? — Rapidamente recuperou sua voz e voltou a falar. — Um, bom, não estava planejado... — Os dois estão lá, Sal e Alex. Mas os dois não podem sair. — Ao perceber que não respondia e que estava mordendo seus lábios, Angel pegou o telefone novamente. — Ou posso chamar Sal e pedir que Alex venha se isso for mais conveniente. — Não! — Deus não. Angel parecia confuso. Ela olhou para o senhor Moreno e forçou um sorriso — Quero dizer, é mais fácil se formos lá. Está no caminho da minha casa. Nunca iria sobreviver em um encontro a sós com Alex. Já era bastante difícil voltar a ver ele, pelo menos estariam em público e era mais seguro. Ainda não confiava em si mesma ao seu redor. No caminho torturante até o restaurante, ligou para Isabel que tentou em vão acalmá-la. — Não posso fazer isto. — A voz de Valerie quase tremia. Segurou firme no volante com as duas mãos. A voz de Isabel circulava no carro no som do carro. — Ouça querida. Você pode e vai. Lembra do que seu pai sempre fala: Tudo acontece por uma razão. Isso vai te fazer mais forte. Cada vez que ver
ele, ganha mais um pouco de controle sobre suas emoções ao seu redor. É apenas mais um cara. Lembre se disso. Oh, mas era muito mais. Esse homem possuía seu coração e alma. Ver ele ontem à noite só confirmou ainda mais. Entrou no estacionamento do restaurante, surpreendida o quanto estava diferente. Sarah falou das reformas, mas não esperava tanta mudança. O lugar era enorme. E iriam ampliar ainda mais? Respirou fundo esperando por algumas palavras a mais de consolo de Isabel. — Muito bem, estou aqui. — Seja forte, Valerie. É uma profissional. E irá fazer o seu trabalho como se fosse qualquer outro cliente. Sarah e Angel vieram também, pararam o carro deles e desceram dando a Valerie um pouco mais de tempo para se preparar. Saiu do carro com raiva por que suas pernas estavam moles. Sarah insistiu que não precisava se arrumar estava feliz agora por ter decidido usar um terninho e ter arrumado o cabelo de qualquer forma. Seu estômago revirava de ansiedade. Os três entraram pela porta principal. As reformas foram incríveis. Valerie parou na porta, apreciando a beleza do restaurante. A família nunca poupou na decoração, o que fazia dele um dos estabelecimentos mais impressionantes de La Jolla. Arcos elaborados vistos somente em filmes e pinturas mexicanas antigas separavam os salões. Panelas de barro com flores e arbustos coloridos enfeitando todos os cantos.. Murais de paisagens do México que cobria toda a parede de tijolos. Como artista, apreciava o incrível talento de quem pintou. Certamente demorou meses para ficarem prontos. Um deles estava em toda parede. Era um retrato dos povos antigos do México. Os detalhes eram incríveis, desde
as mulas amarradas nos edifícios de tijolo pitorescos para as crianças que brincavam na rua de terra. Andaram entre os arcos maiores do salão de jantar o maior recordava com muito amor. O lugar estava cheio. O almoço do domingo era sempre assim. O aroma delicioso das especiarias e as tortilhas feitas à mão trouxeram lembranças maravilhosas. Seguiram andando. Seus olhos estavam em todas as incríveis mudanças que fizeram. Tudo isto em um ano? Era incrível. Valerie estava paralisada com outro mural. Este em primeiro plano era de uma anciã mexicana fazendo omeletes de milho à mão. Cada detalhe, inclusive as rugas ao redor de seus olhos sorridentes, era notável. Risadas femininas finalmente tiraram sua atenção da pintura, virou e viu Alex e uma das garçonetes. Estavam de costas para ela, mas estava claro como o dia. Ele estava flertando com a moça, ela engoliu em seco. Imediatamente uma chama de ciúmes subiu pelo seu corpo. Isso a deixava irritada, mesmo depois de todo este tempo se importava tanto que doía. Mas precisava disso, um aviso do porquê não podia permitir que ele voltasse para sua vida. — Alex está preparado? Alex virou com o som da voz de Angel. Valerie se manteve de pé. Alex virou e disse algo para garçonete que rapidamente entrou na cozinha. Ele voltou sua atenção para eles novamente e seus olhos se encontraram com os de Valerie. Inclusive com a distância podia ver o quanto estavam penetrantes, sua determinação quase vacilou. Quase.
Como sempre, Alex não podia deixar de olhar Valerie. Não podia parar os pensamentos que invadiam sua mente, inclusive quando ela colocava seus óculos para ler e estava pronta para fazer negócios. Fez um prato do bufê e o torturou com cada bocada que dava. Sempre amou vê-la comer. Para Valerie, comer era como um afrodisíaco. Amava comer e virtualmente fazia amor a cada bocada. Apenas escutou o que ela dizia. Estavam sentados em um dos bancos da sala de jantar dos fundos que estava fechado, já que o café da manhã tardio já terminara. Estavam só ela, Sal e ele. Nenhuma parte dela estava exposta, exceto sua cara e suas mãos, teve uma ereção o tempo todo. Era uma loucura. Até seus dedos perfeitamente cuidados o deixavam louco. Enquanto ela os movia assinalando desde seu laptop até os papéis só podia pensar em como esses mesmos dedos se cravaram em suas costas. Então, como um tijolo rompendo uma janela, uma imagem dela com Luke entrou em seus pensamentos e quase grunhiu. Ambos, Valerie e Sal pararam e o olharam. — Qual o seu problema? — perguntou Sal.
— Podemos mudar os números — Valerie começou a teclar em seu laptop — Disse isso a seu pai. Só digo que com uma propriedade como está e nesta área... — Está bem — Alex se forçou a dizer — A proposta está boa, Val. — Talvez se não o deixasse completamente louco, saberia qual era a proposta. — Eu penso o mesmo — acrescentou Sal, de pé — Parece bom para mim, Valerie. Se Alex estiver de acordo, pode enviar. Sal deu um tapinha no ombro de Alex em um óbvio gesto que dizia que esta era sua oportunidade para falar com ela. Agradeceu Valerie por ter discutido a proposta e se foi, dando como desculpa que era o dia de folga de Angel e que tinha que ir aliviá-lo. Valerie ficou tensa e começou a guardar suas coisas com cuidado. — Tem que ir a algum lugar? Ir ver alguém? —Alex apertou a mão involuntariamente. Se concentrando em sua maleta, ela não olhou para cima. — De fato, sim. Suas fossas nasais se alargaram e parou junto a ela, não pôde deixar de notar como ela estremeceu quando ele se aproximou. — Pensei que podíamos conversar — Não. — ficou ainda mais tensa. — Por que não? — Tenho que ir. Incapaz de permanecer longe dela, se moveu o suficiente para cheirá-la, mas o que queria fazer na verdade era prová-la. Ela endureceu quando sentiu seu fôlego em sua têmpora. Ele apenas pôde se conter de acariciar suas costas. — Não pode me dar uns minutos? — Não. — Seu tom de voz tinha menos convicção.
— Eu sinto sua falta Valerie — sussurrou em sua orelha. Sem poder se conter mais, acariciou sua mão com um dedo. — Para Alex — falou quase em um sussurro, mas não moveu sua mão. — Parar o quê? — Acariciou sua têmpora com seus lábios. Embora estivesse tentando esconder, Valerie tremeu. O queria tanto como ele a queria. Então por que demônio estava lutando contra ele? Se aproximou, deixando que sentisse o quanto a desejava. Ela endureceu imediatamente e percebeu que ela prendia o fôlego. Ela inclinou a cabeça para que ele pudesse acessar seu pescoço por um segundo.
Sem pensar, Alex o beijou,
sentindo que tremia ainda mais. — Não posso... — Levantou a cabeça e falou firme outra vez, movendo sua mão e seu corpo para longe dele. — Não vou voltar a fazer isto Alex. Em um instante, tinha sua pasta na mão. Alex procurou seu outro braço. — Valerie, por favor, preciso que saiba... — Sei Alex. — Tirou suas chaves de seu bolso. — Esse é o X da questão. Você não sabe. Demônios, nem eu sabia. — Ela sacudiu sua cabeça e começou a se afastar, mas Alex agarrou seu braço. — Alex. — Protestou. Virou para ele. Para sua surpresa seus olhos brilhavam com lágrimas, o fazendo lembrar da noite a um ano quando desabou na sua frente e ele foi um idiota — Pedi que não se aproximasse por uma razão. Não posso continuar fazendo isto. Embora eu goste do trabalho, se as coisas continuarem assim, terá que encontrar outra pessoa para fazer a proposta. — Não. Valerie, só...
— Estou saindo com outra pessoa agora Alex. Por favor, respeite isso. — Com isso, ele recuou. Ficou nervoso. A simples ideia dela com Luke era a causa de sua insônia, e agora jogava na sua cara outra vez. Com sua respiração agora forçada e sentindo como se fosse explodir, assentiu, mas perguntou: — Está apaixonada por ele? Os olhos do Valerie se alargaram. Sarah entrou na sala de jantar e disse: — Só para que saiba, estão guardando a comida, mas posso pegar algo para você se quiser. Valerie sacudiu a cabeça e foi para Sarah. — Não obrigada. Mas pode me acompanhar até meu carro. — Virou na direção de Alex, séria. — Vou escrever a proposta hoje à noite. Os manterei informados. Se despeça de Sal por mim. E assim fácil, desperdiçou sua única oportunidade de dizer o que sentia. A viu ir, sempre elegante de uma forma que só Valerie podia ser. Merda, o deixava louco. Sal entrou na sala de jantar com um sorriso que desapareceu logo que viu a cara de Alex. Se sua expressão facial estava de acordo com seu mau humor, Sal já sabia que as coisas tinham ido mal. — O que aconteceu? — Seu estúpido namorado aconteceu. — Alex foi zangado para o escritório — Jogou essa merda na minha cara, e congelei. Nem disse nada. Sal o seguiu. — Bom, talvez possa... — Não, já chega. — Não respondeu se estava apaixonada ou não por Luke, e o estava matando. Não queria saber, não queria voltar a pensar nela. Entrou com força no quarto de trás e pegou as chaves do escritório.
— Vou embora daqui. — Sal saiu da frente. — Aonde vai? Alex não respondeu. Estava a ponto de matar alguém. Precisava sair dali. Tirar o aroma e a imagem de Valerie de sua cabeça. Passou por Angel enquanto ia pelo corredor para a porta traseira do restaurante. — Não faça nada estúpido — disse Sal. — Qual é seu problema? — Escutou Angel perguntar. — Valerie — disse Sal. Julie estava entrando quando ele passou com rapidez. — Está bem? Um grunhido foi sua única resposta. Foi para a luz do sol brilhante. Quando a porta fechou atrás dele, soltou um rugido selvagem tão forte que os pássaros no teto se afastaram em diferentes direções. Dirigiu sem um propósito por horas. Quanto mais pensava sobre isso, mais se dava conta de que não tinha que se render. Por fim se deu conta. Nenhuma garota o fez sentir o que estava sentindo. Toda sua vida estava em pausa por culpa de Valerie. Não podia superá-la. Precisava fazer algo a respeito. Quando finalmente voltou para casa a noite, voltou a ler a mensagem que seguia em sua mesa de café. Qual era seu problema? Por que não podia mandar uma mensagem como uma pessoa normal? Arrancou a folha de seu caderno e a arrumou um pouco. Agarrou seu telefone e marcou o número do Valerie antes que pudesse mudar de opinião. Seu coração acelerou com a possibilidade de que atendesse. Não fez. Esclareceu a garganta enquanto sua secretária eletrônica falava, e respirou fundo. Fez "beep" e olhou o papel que escreveu. — Valerie... Sinto muito. Fui um idiota durante todo este tempo. — Até para ele parecia um robô, assim fez uma bola com o papel e se sentou
passando uma mão pelo cabelo. — Olhe Valerie, não me dei conta de quanto sentia saudades até voltar a te ver... Sinto tanto, perdão por tudo que te fiz. Sei que fiz besteira. E sei que tem um montão de perguntas, mas tenho as respostas. Prometo. E se me desse só uma oportunidade, poderia te explicar o que aconteceu. Tudo o que... — Parou e respirou fundo — Não paro de pensar em você baby... Hoje foi uma tortura. Não tem ideia do que me faz Val. — Sua voz era quase um sussurro — Por favor, me diga que não desistiu de nós. Estou ficando louco. Me liga. Desligou o telefone surpreso de si mesmo. Não se deu conta que se sentia assim até que as palavras simplesmente saíram. Atirou o telefone na poltrona e se sentou. Agora só podia sentir frustração.
****** Apesar de terem passado dias desde que Valerie viu Alex de novo, ainda sentia os efeitos de voltar a estar tão perto dele. Luke era agora sua única esperança. Mas cada vez que via Alex de novo a esperança lentamente morria. De alguma forma, estava surpresa de que toda a relação com Luke ainda funcionasse. Luke prometeu que seria discreto no escritório, e até agora cumpriu sua promessa. Isso realmente ajudava, porque tinha que admitir que estava preocupada de que as coisas mudassem. Saíam o fim de semana, mas ela sempre afirmava que estava muito cansada durante a semana; sua forma de evitar que as coisas ficassem muito intensas. A noite no bar de esportes foi a primeira noite da semana que passou com ele. Inclusive foi por insistência de Isabel. Tentava não passar muito tempo no escritório com ele e isso era fácil. Seus clientes a mantinham ocupada, ficava fora mostrando propriedades e
mostrando casas ao público. Como hoje, que mostrou tantas propriedades que nem se incomodou em voltar no final do dia. Ligou para Luke e disse que tinha terminado. Tudo no que podia pensar era em chegar em casa para tomar uma ducha e relaxar. Luke fez um comentário sobre ela tomar banho em sua casa, mas ela recusou educadamente a proposta. Valerie reiterou a Luke que queria levar as coisas com muita calma. Depois de umas noites quentes com ele, podia dizer que Luke estava ansioso para fazer mais. Simplesmente não estava pronta para isso. Se perguntava se alguma vez estaria. Como era tão condenadamente fácil para Alex estar com mais alguém? Doía que, de fato, ele desfrutasse estando com outra mulher enquanto ela ainda esperava sentir essa coisa especial quando Luke a beijava. Alex não deixou de ligar, e ver seu nome no identificador de chamadas ainda fazia que seu coração acelerasse. Não se atrevia a atender. Sabia que se atendesse voltaria a acreditar nas suas mentiras, e voltaria a quebrar seu coração. Só ouvir sua voz tinha esse efeito nela. Ele deixou mensagem domingo à noite. Não conseguiu ouvir, mas também não apagou. Ainda estava em seu correio de voz e pensou nisso a semana toda. Deixou sua maleta e tirou os saltos de sete centímetros logo que entrou pela porta. Isabel estava na cozinha fazendo algo. Valerie estava esfomeada. — Tem um cheiro delicioso. Isabel levantou o olhar. — Os sapatos, senhorita. Valerie foi para a cozinha. — Vou pegá-los depois de comer. Estou faminta.
Isabel lançou um olhar firme. Valerie deixou cair os ombros e retornou para guardar os sapatos. Enquanto estava em seu quarto guardando os sapatos, decidiu colocar um short e uma camiseta velha. Seu telefone tocou. Era Luke. — Olá. — Ela sustentou o telefone contra seu ombro enquanto colocava o short. — Valerie, sei que está cansada então não tomarei muito tempo. Estava me perguntando se ao invés de ir jantar amanhã a noite, preferiria vir a minha casa. Farei o jantar. — Valerie não respondeu imediatamente e adicionou — Faço uma lasanha maravilhosa. Agora estou no supermercado, então pensei em ligar antes de comprar os ingredientes. Valerie fez uma careta. Falando em não fazer pressão. — Sim, isso parece bom. — Tem certeza? Não precisa aceitar. Só pensei que desde que me gabei tanto de minhas habilidades culinárias, já era hora de te preparar algo. Valerie sorriu. — Não, realmente parece bom. Precisa que eu leve algo? — Não, só seu apetite. Depois de desligar, voltou à cozinha onde Isabel ainda cortava coisas na bancada. Isabel a olhou. — Espero que esteja faminta. É dia de limpeza do refrigerador. — De novo? — Valerie foi para o forno —O que cheira tão bem? — Essas salsichas de festa que ficaram da despedida de solteira. Valerie tirou uma do molho de churrasco onde cozinhavam e comeu. — Mmm, pensei que tivéssemos deixado todas as sobras na casa do meu pai. — Valerie organizou uma despedida de solteira só de mulheres para Sarah na casa de seu pai umas semanas atrás. Esperava que fosse suficiente e que não fizessem outras despedidas onde indevidamente tivesse
que ver Alex. Mas a família de Angel adorava festas, e fizeram uma despedida mista de todos os modos. — Sua madrasta deixou isto hoje, disse que não quer que seu pai volte a comer estas coisas. Valerie tirou uma garrafa de água do refrigerador e sentou em uma das cadeiras de bar em frente à bancada, olhando Isabel. Isabel tinha todo tipo de coisa. Uma vez na semana, limpava o refrigerador e jogava fora tudo que estava estragado. O que sobrava ela cozinhava. — Estou surpresa que não esteja com o Romero esta noite. — Ele queria vir, mas... Não sei. Simplesmente não quero exagerar com ele. — Isabel pensei que você gostasse dele. — Gosto. Isso é o que me assusta. — Por quê? — Valerie franziu a testa —É bom que queira estar tanto tempo com ele. É um bom homem. — Sei. Sei. — Isabel continuou cortando pepinos — É só que nunca estive com ninguém como ele. É tão diferente de todos os tipos cultos que normalmente eu saio. Não é refinado, e não se importa em ser politicamente incorreto. Diz as coisas como as vê sem hesitação. Para alguém que é tão direto e aberto, ainda não mencionou nada sobre uma relação. O que vai acontecer se isto for só um pouco de diversão para ele? Eu estou me divertindo, mas tenho medo de pôr meu coração em perigo, vou ir com calma até descobrir se ele procura algo sério. — Oh, me parece que ele quer algo sério. — Valerie levou um par de cubos de queijo à boca. — Só estou indo com alma, antes de chegar muito longe. — Isabel encolheu os ombros e deu um débil sorriso a Valerie.
Valerie não insistiu. Sabia que Isabel estava agindo de forma normal, pensando muito em tudo. Decidiu mudar de assunto. — Luke me preparará o jantar amanhã. Isabel levantou o olhar do que estava cortando. — Sério? Então, as coisas estão ficando sérias? Fico feliz, Valerie. Valerie contou tudo sobre o pesadelo no restaurante. Esteve tão perto de se render a ele mais uma vez. Sabia que Isabel esperava que as coisas dessem certo entre Luke e ela. — É só um jantar, Isabel. O que tem de sério nisso? — Um homem não cozinha o jantar para qualquer uma — disse Isabel e continuou cortando — Demônios, a maioria dos homens não cozinha, ponto. Além disso, é o que acontece depois da janta que o torna tão sério. Isabel pôs o prato de pepinos que acabara de terminar de cortar frente a Valerie que pegou um e sacudiu a cabeça. — Não acontecerá nada. — Não sabe isso. — Sim, sei — insistiu Valerie. — Por quê? Passaram algumas semanas. E o conhece o suficiente para saber que não vai ser uma coisa de uma noite. Pensei que você gostava desse cara. — Sim, mas... — Valerie desceu da cadeira e colocou a água no refrigerador. Teve um longo dia e merecia um copo de vinho. Além disso, Isabel a deixou nervosa. Possivelmente Luke esperava que algo acontecesse amanhã. Isabel parou de cortar e virou para observar Valerie servir um copo de vinho. — Mas Alex, não é mesmo? — Valerie não a olhou. — Não.
— Me sirva um copo também. E está mentindo. — Não minto. — Valerie tirou outro copo da despensa. — Sempre evita o contato visual quando mente Val. Está fazendo agora. Valerie virou para olhá-la e entregou o copo com um sorriso. — Te odeio. Isabel pegou o copo, mas franziu a testa. — Valerie, você estava tão bem. Não pode permitir que um par de brigas com ele a leve de volta ao começo de novo. Estas são todas provas. Tem que superar. Valerie bebeu seu vinho e franziu a testa. — Não tinha ideia de que estar perto dele seria tão difícil. Realmente pensei que tinha superado, mas... — Isabel sacudiu a cabeça. — Querida, não falarei mal do Alex. Sei o quanto ele significa para você, mas ele te fez tanto mal. Realmente acredito que deveria dar uma oportunidade ao Luke. Finalmente beijou outro homem. Possivelmente dormir com alguém, finalmente te ajude a avançar. O que de pior pode acontecer? — Dormi com outros caras desde que conheci o Alex. — Não conta. Isso faz tempo, nos primeiros dias de universidade e de festas. E ainda estava negando o fato de estar apaixonada pelo Alex. Valerie voltou a sentar e pensou. Era verdade. Passou tanto tempo desde que considerou dormir com mais alguém. O que de pior poderia acontecer? Sabia que tinha que avançar. Não podia seguir adiando para sempre. Porque sabia que o tempo a ajudaria a superar Alex. — Realmente acredita que ajudaria? — Voltou a beber seu vinho. — Realmente acredito. Odeio dizer isto, Val, mas estou certa de que Alex seguiu em frente, uma e outra vez, desde que vocês se separaram. Isso doía, mas Valerie sabia que era verdade.
— E se Luke não pensar assim? — Valerie soltou uma risadinha. Isabel tomou um gole de vinho e deu um olhar. — Você está de brincadeira? — Acha que eu devo usar algo especial? Isabel esboçou um grande sorriso, emocionada que Valerie de fato estivesse considerando. — Tenho certeza de que pode usar o que quiser. No entanto, não pode errar com o cetim preto. Valerie sentiu um nó no estomago. — Por superar as coisas. — Isabel levantou seu copo de vinho. Valerie o chocou com o seu. — Por superar as coisas. Realmente estava avançando. De alguma forma, pensou que se sentiria mais aliviada. Sentiu um peso no estômago enquanto bebia o vinho. Mas não era alívio e definitivamente não era excitação.
No dia seguinte Valerie não chegou ao escritório até depois do meio-dia. Tinha clientes pela manhã. Quando chegou, Luke fez gestos para que entrasse em seu escritório. No momento que ele fechou a porta atrás dela, a saudou com um dos mais sensuais beijos que tinha dado até agora. Ficou surpresa, e sem ar. Mas como sempre, não sentiu nada demais. — E isso foi por quê? — Virou para ter certeza que as persianas estavam todas fechadas. Estavam, mas se alguém quisesse, poderia vê-los facilmente através das aberturas entre as persianas. — Só senti saudades. — Ele sorriu e beijou seu pescoço — Eu quase não te vi ontem. — Valerie se afastou um pouco. — Luke, não acredito que isto seja uma boa ideia. Não aqui. — Deu outro beijo e logo se afastou. — Está bem, sinto muito. Tenho que me controlar. — Ele foi de volta para a mesa e levantou um arquivo. — Tenho algo aqui para você. — O quê? Ele apontou uns arquivos sobre seu escritório.
— Um par de compradores em potenciais procurando algo rápido. — Valerie o olhou. — Não deveriam passar pelo escritório? — Luke encolheu os ombros. — É só um casal. Você é a mais rápida e a mais eficiente. Preciso disso para ontem. Não quero perder meu tempo com esses vagabundos. Não é grande coisa. Valerie pegou os arquivos e leu. Estavam procurando edifícios comerciais e tinham grandes orçamentos. Não se sentiu cômoda com isto. Se alguém do escritório descobrisse, talvez acusassem Luke de ter favoritos. — Acredita que consegue fazer uma lista e ter algo na próxima semana? — Sim, tenho certeza. — Começou a andar para a porta. — Ouça — disse Luke — Está bem as sete para hoje a noite? Vou tentar sair mais cedo que o habitual. Sou um bom cozinheiro, só que não muito rápido. — Sim, está bem. — Valerie ainda não estava cem por cento segura sobre esta noite. Só seguia a corrente. Foi para seu cubículo e pegou seu laptop. O ícone na tela de seu telefone a lembrou da mensagem não escutada de Alex. Olhou por um segundo antes de pegar e ouvir seu correio de voz. Seu coração se agitou ao ouvir sua voz profunda. Cada palavra que disse fez que seu coração pulsasse mais depressa. Logo sentiu o nó em sua garganta quando escutou as palavras. Por favor me diga que não desistiu de nós. Respirou profundamente, salvou a mensagem. Sabia que devia apagála, mas não poderia. Deus, como fazer isso? Uma mensagem e já estava perto das lágrimas. Sentia tanta saudade de estar com ele, e escutar sua voz a fez sentir mais saudades. Parecia sincero. Sempre parecia sincero. Não poderia se concentrar agora. Valerie olhou a hora. Se apressou e saiu, imediatamente ligou para Isabel.
Esta era a hora que Isabel tinha entre aulas. Andou até que Isabel respondeu. — O que aconteceu? — disse Isabel. — Ele deixou uma mensagem. — Quem? — Alex. Ela escutou Isabel suspirar. — E? — Isabel, parecia sincero. — Valerie colocou seu cabelo atrás de sua orelha e moveu o telefone ao outro ouvido — Disse que esperava que eu não tivesse desistido de nós dois. — Val, querida, sempre parece sincero. Passamos por isso um milhão de vezes. Ele tem um enorme ego. Sempre teve. Não pode suportar a ideia de que você esteja com mais alguém, mas nunca será homem de uma só mulher. O coração do Valerie seguia pulsando com entusiasmo por suas palavras. — Não sei Isabel. Nunca o escutei falar assim. Você acredita... de verdade acredita que é ilusão da minha parte? — Sei que é. Mas vocês nunca ficaram tão distante antes. Ele deve estar sentindo o peso disso também. Tenho certeza que te ver com outra pessoa está contribuindo com essa repentina urgência de estar com você. Mas sabe o que acontecerá se voltarem. Valerie assentiu. — Sim, sei. De qualquer maneira quero que escute quando chegar em casa. Isabel respirou fundo. — Bem, mas não vai desistir dessa noite.
— Não, não vou. — Não o jantar, de qualquer maneira. Ainda estava em dúvida sobre o resto. Terminou a lista de propriedades para mostrar em minutos. Logo ligou para Sarah para informar que a proposta pela propriedade ao lado do restaurante foi aceita. Implorou que dissesse ao Alex. Sabia que não estava sendo profissional, mas não queria ligar para ele. Depois de desligar, saiu cedo sem dizer adeus a Luke. O veria esta noite.
Muitas vezes saía apressada do escritório sem dizer adeus. Não
queria começar nenhum hábito agora. Mas principalmente, estava evitando possíveis abraços. Já estava acontecendo. Só escutar a mensagem de Alex afetou a maneira que se sentia em relação a Luke. Em casa, fez tudo o que pôde para manter a mensagem fora de sua cabeça. Mas não pôde evitar a urgência em escutá-la mais uma vez. Odiava admitir, mas a fazia se sentir bem. Muito bem. Essa maldita esperança estava de volta. Por mais que dissesse a si mesmo que ele nunca mudaria, algo na forma como ele falou na mensagem a fez se sentir especial. Sempre foi em dar desculpas no passado, mas dessa vez parecia quase desesperado. Maldita seja Valerie. Pare. Assim que Isabel chegou em casa, Valerie levou seu telefone para ela. — Bem, só escute a mensagem e diz o que acha. Mas seja flexível. Isabel pôs suas coisas sobre o balcão e olhou Valerie com atenção. — Sério? Uma mensagem e está agindo assim? — Vamos, Isabel. — Valerie segurava o telefone na frente dela. — Só escuta. Valerie colocou a mensagem do Alex.. Colocou o telefone contra o ouvido dela e olhou de perto a ilegível expressão da Isabel. Mas quando terminou, ela franziu a testa.
— Valerie, não duvido nem por um segundo que não sinta sua falta. Mas você está disposta a tentar novamente? Vai esperar até que ele seja capaz de estar com uma só mulher? Isso é muito egoísta, não o acha? Valerie escutou e observou enquanto Isabel juntava suas coisas do balcão. A seguiu até o quarto e sentou na cama enquanto Isabel arrumava as coisas. — Então, de verdade não acha que é diferente das outras vezes? — Querida, a única diferença é que ficaram separados por mais tempo dessa vez, e o mais importante, ele sabe que está com outra pessoa. Provavelmente está sentindo muita saudade. Mas não teria muita esperança. Isabel tinha razão e Valerie sabia. Se obrigou a se preparar para seu jantar com Luke. Lembrava a maneira que a beijou hoje. Não sentiu nada, mas ele definitivamente sabia o que estava fazendo. Talvez esta noite não seja tão ruim.
****** As noites de sexta-feira não eram tão cheias como as dos fins de semana, mas Alex estava ajudando na cozinha porque dois dos cozinheiros faltaram. Esta não era a primeira vez que esses dois faltavam na noite de sexta-feira. Encontraria substitutos para os dois assim que possível. Saiu da cozinha e entrou no escritório. Angel estava ali, trabalhando no computador. Alex olhou ao seu redor para se assegurar que Sarah não estava por perto. — Sarah está aqui? Angel levantou o olhar para ele. — Não, por quê?
Estava morrendo de vontade de perguntar a semana toda, e não podia mais se segurar. — Ela falou algo a respeito da Valerie? — Sim, achei que Sal tivesse te falado. Aceitaram a proposta. — Sal disse, mas não era isso que Alex queria saber. — Sim, ele me disse isso. Já marquei uma hora com o empreiteiro para que venha e nos de uma estimativa sobre o trabalho e quanto tempo vai levar. — Maravilha. — Angel virou para o computador — Valerie encontrou este lugar perto do porto esportivo para o restaurante. Sarah se apaixonou pela localização. Olhe isto. Angel se aproximou para que Alex pudesse ver as imagens na tela. Parecia um antigo restaurante de frutos do mar. Isso era tudo que havia por ali, pescados e frutos do mar. Alex não tinha certeza se sua cozinha mexicana se sustentaria na Marina, apesar de terem um pouco de frutos do mar em seu menu. — Na Marina? Não vai ser caro? Angel virou para olhá-lo. — Valerie acha que podemos fazer um bom negócio porque precisa de muita reforma. Vamos conseguir um bom preço, mas vamos ter muito trabalho. A melhor parte a respeito disso é que, está à venda. Então não vamos alugar, vamos comprar. Só ouvir o nome dela fez coisas a Alex. Ficou olhando as fotos um pouco mais tentando se concentrar ao invés de pensar nela. O lugar ia precisar de uma grande reforma. — O que papai disse? — Ele não viu. Levaremos amanhã. — Alex encolheu os ombros. — Deveria levar Sal com vocês, também.
— Avisarei que vamos. Angel clicou em mais algumas fotos, e Alex fez um resumo sobre o lugar. Então finalmente se afastou. Parou antes de sair. — Valerie disse algo mais a Sarah? Angel voltou a olhá-lo. — Sobre o quê? — Já sabe, sobre esse cara que está vendo. — Angel voltou sua atenção para o computador. — Não, na verdade não. Alex franziu a testa. Ele não era assim, por isso não estava disposto a continuar perguntando. Se Angel soubesse de algo, diria. Só tinha que esperar até o jantar de ensaio. Começou a sair quando Angel falou. — Não estou certo, porque na realidade não me disse isso, mas ouvi Sarah no telefone ontem de noite. Parecia que Valerie estava falando a respeito dele. — Sim, o que ouviu? Angel olhou para cima tentando lembrar. — Não acredito que queira escutar, Alex. Sei que eu não iria querer. — Alex apertou a maçaneta da porta. Que demônios poderia ter ouvido? — Diga. Angel sacudiu a cabeça e voltou a olhar o monitor. — Só prestei atenção porque ouvi Sarah perguntar algo a respeito de usar lingerie. Alex sentiu o cabelo da parte posterior de seu pescoço arrepiar e o estômago apertar. Golpeou a porta. Não precisava ouvir mais nada. Angel tinha razão, essa era a última coisa que precisava saber nesse momento.
Saiu do escritório enfurecido consigo mesmo. Por que demônios perguntou? — Eu avisei. — Ouviu Angel gritar do escritório. Sim, avisou. Alex deveria ter escutado. Angel era igual a ele quando se tratava de Sarah.
****** O jantar foi melhor do que Valerie esperava. Talvez fosse porque a mensagem de voz de Alex a distraiu tanto, que pulou o almoço, e chegou a sua casa morta de fome. Devorou sua comida em minutos. Luke começou a rir, como de costume, impressionado com o quanto ela poderia comer. — Ah, esqueci — disse Luke enquanto Valerie terminava seu cheesecake. Levantou, pegou uma folha em cima da geladeira e entregou a Valerie. — O que é isso? — Olhe. Era um folheto para um seminário do George Stone no fim de semana que seria em um dos resorts mais sofisticados de La Jolla. Abriu o folheto, e haviam duas entradas. Valerie não podia deixar de sorrir. Se inclinou e o beijou. — Obrigada. Propositalmente, ela manteve o beijo suave e curto, mas ele se inclinou e a beijou de novo. Só que seu beijo foi mais longo, e lambeu o lábio inferior quando terminou. — Nesses dois dias, consegui uma suíte pra nós dois. Podemos passar o fim de semana nela.
Valerie engoliu saliva, esperando que ele não percebesse, e forçou um sorriso. — Ouvi que o lugar é agradável. — Oh, é incrível. Tive reuniões lá algumas vezes, mas nunca me hospedei. Mais tarde naquela noite, depois de algumas taças de vinho, dançaram no romântico terraço com vista para o quintal. Esta foi a primeira vez que esteve em sua casa, e como esperava, era esplêndida. O pátio parecia um resort com uma enorme piscina e cozinha ao ar livre. Disse que era tudo para investimento. Um homem sozinho, evidentemente, não precisava de um grande lar. O valor de revenda era o que estava procurando quando a comprou. Pensou na singela e modesta casa do Alex. Alex disse que quanto maior a casa, mais tinha que limpar, e quase nunca estava em casa então, que sentido tinha ter uma casa grande? Mas Valerie sabia que mesmo modesta, sua casa ainda era luxuosa, devido à localização. Luke prometeu um tour mais tarde, e teve a sensação de que sabia onde a excursão ia terminar. Ele estava mais meloso do que de costume, e começou a chamá-la de querida. Mas não soava como quando Isabel ou seu pai a chamavam assim. Isabel parecia sua irmã mais velha quando dizia isso, apesar de terem a mesma idade. A forma que Luke disse, parecia íntimo. Luke beijou o seu pescoço enquanto dançavam lentamente e a apertou um pouco mais forte. Logo beijou seus lábios. Valerie se concentrou mais do que de costume para tentar se divertir. Sentiu sua respiração ficar mais pesada enquanto suas línguas se entrelaçavam rápido. Sua mão desceu para suas costas e a acariciou suavemente.
— Sabe a quanto tempo você me deixa louco? — Ficou sem fôlego entre beijos. Valerie negou. Não queria saber. Era muito difícil tentar desfrutar do momento sem pensar em Alex. Agora ia acrescentar culpa na lista? Ele parou de dançar e a beijou com agressividade. Empurrando sua língua profundamente em sua boca, sua mão foi até sua blusa e acariciou seu peito. Surpresa de que estivesse começando a se sentir um pouco excitada, Valerie fechou os olhos e se deixou levar por ele. Deu boas-vindas a sua língua e devolveu o beijo com paixão inclusive mordendo seu lábio suavemente. Em um instante, ele a levantou. Imediatamente envolveu suas pernas ao redor de sua cintura e a saia subiu. Suas mãos a apertaram por trás enquanto ela continuava beijando. Ela segurou seu rosto, o beijando com o tipo de desejo que só sentiu com o Alex. Seu coração se acelerou. Fechou os olhos com força, excitada por estar aproveitando. No momento em que chegaram à cama estava completamente pronta para continuar, e isso a emocionou. Começaram a se despir sem deixar de manter suas bocas juntas. Caiu de costas sobre a cama, e ele caiu sobre ela. Chupou seu peito nu enquanto ela passava os dedos em seu cabelo. — Eu te quero tanto — disse sussurrando. Ela estava tão incrivelmente excitada que quase não conseguia falar. — Também te quero Alex. Luke ficou imóvel, afastou sua cara de seu peito. Os olhos de Valerie se abriram, colocou a mão na boca, como se isso pudesse apagar o que acabou de
dizer.
Envergonhada,
tentou
desesperadamente
entender
o
que
aconteceu. As palavras de Alex piscavam em sua cabeça. Por favor, me diga que não desistiu de nós.
Luke a olhou fixamente. — Alex? Valerie se afastou lentamente. — Sinto muito... Eu não... Ele foi para longe dela, sentando sobre o lençol. — Sinto tanto, Luke. Não quis dizer... — O menino que conheci fora do clube? Valerie assentiu e se enrolou no lençol se sentindo uma completa idiota. Nem queria olhar para ele. Sua mão instintivamente voou ao seu rosto por um segundo. — Há algo que quer me dizer? — Sua atitude era muito tranquila. Só podia imaginar a reação que Alex teria se chamasse ele por outro nome na cama. — Ficamos juntos por um longo tempo... E não estive com ninguém mais. Ela ainda estava tentando entender o que aconteceu. Finalmente virou para ele. Sua expressão era dura. — Esteve realmente muito calada toda a noite. Ainda tem sentimentos por ele?
Seus olhos passaram da cama à porta. Talvez pudesse correr. — Fale Valerie. Disse que seria honesta. — Fui honesta. Não menti quando disse que não estava saindo com mais ninguém. Luke fez gestos para que sentasse na cama. Ela sacudiu a cabeça. — Vamos Valerie. Isto é uma tolice. Não podemos conversar com você parada aí, com uma cama entre nós. Pelo menos se sente. Sentou lentamente, sustentando o lençol diante dela. Nunca se arrependeu de estar em algum lugar em sua vida. A ideia absurda de pular pela janela passou pela sua cabeça. — Então, vai responder a pergunta? — Luke se sentou ao seu lado na cama. — Ainda tem sentimentos por ele? Por um segundo pensou em mentir e logo reconsiderou. Poderia dizer a verdade. O pior que poderia acontecer é pararem de sair, e era isso que achava que iria acontecer. — Pensei que tivesse superado— sussurrou. Ficou em silêncio por um momento. — Entendo. — Mas não fiz nada com ele recentemente. Só estou demorando muito tempo para superar. — Estava tentando abrandar a situação. — Quanto tempo foi? — Mais de um ano. — Ela mordeu o lábio. Luke pegou um travesseiro e pôs entre ele e a cabeceira. — Bom, parece que temos tempo para conversar. Então me fale dele. Valerie não podia acreditar que queria ouvir sobre isso, então encolheu os ombros, se sentindo um pouco mais confortável, também se apoiou na cabeceira.
— O conheço desde o colegial. Continuamos saindo depois do colegial, mas deixamos de nos ver a mais de um ano. — Posso perguntar quem terminou? — Essa é a questão. — Valerie se sentiu ridícula — Nunca fomos um casal oficial. Ele nunca foi capaz de se comprometer. Sempre tinha um milhão de coisas para fazer. Escola, seu negócio e jogou futebol americano universitário durante um tempo, até que se lesionou. Logo teve uma tonelada de fisioterapia para fazer. Mas geralmente... — Franziu a testa, incapaz de acreditar que sentiu vontade de chorar. — ...Geralmente não queria se comprometer. Finalmente aceitei e segui adiante. Mas não o superei ainda. Aparentemente. — Que tipo de negócio ele tem? É obvio que da história toda, isso que prenderia Luke. — Um restaurante. É de sua família, mas ele gerencia agora e está realmente ocupado com isso. — Parou, se sentindo culpada. Não queria falar muito, mas sentia que ele merecia uma explicação. — Minha prima Sarah vai se casar com seu irmão. Não o via a mais de um ano, mas nos encontramos quando fui a uma festa a umas semanas. Só não tinha me dado conta até então que... — Escuta. — Inclinou sobre a cama e pôs sua mão sobre as dela. — Sei como é ter sentimentos por alguém que não corresponde. Deu um meio sorriso. Valerie não pensou que era possível se sentir mais culpada. — Tome seu tempo. Vou ser paciente. Tive uma amostra do que pode acontecer entre nós e, me deixe te dizer, vale à pena esperar. Valerie bocejou e logo sorriu. De maneira nenhuma continuaria fingindo com Luke. Devia ser honesta, mas não esta noite.
— Por que não fica aqui esta noite? Prometo que não tentarei nada. — Apertou sua mão. — Sei onde está seu coração agora, e respeito isso. Mas já é muito tarde e nós dois bebemos. Valerie se sentia cansada. Os efeitos do vinho a golpearam. — Mas não trouxe nada para dormir. — Sim tinha, mas essa lingerie definitivamente não faria uma aparição esta noite. Luke levantou e se aproximou de seu armário. Valerie achava estranho ao vê-lo em suas boxers. Pelo menos não estava nu. Pegou uma camiseta branca em uma mão e um short curto na outra. — É suficiente? Ela assentiu. Jogou sobre a cama. — Vou te dar um pouco de privacidade. Já volto. — Valerie não teve que esperar muito tempo para averiguar se dormiriam na mesma cama. Ele subiu menos de quinze minutos mais tarde. Perguntou se podia abraçá-la, nada mais. Valerie disse que sim e dormiu com ele de conchinha. Era realmente agradável, mas assim como antes, imaginou que era Alex. Desta vez estava consciente. Os braços de Alex eram muito maiores, mas lembrou dele a abraçando mesmo assim.
****** Isabel passava o aspirador quando Valerie entrou segurando seus sapatos. Largou no segundo que viu Valerie, com um enorme sorriso em seu rosto. — Não aconteceu nada. O sorriso de Isabel sumiu. — Mas passou a noite. — Foi um pesadelo. — Valerie se jogou no sofá.
— O que aconteceu? — Estávamos em sua cama. As coisas ficaram muito quentes e ... Valerie pôs seu rosto entre as mãos. — E o quê? — Isabel sentou na frente dela. Valerie a olhou e se envergonhou. — Chamei ele de Alex. Os olhos da Isabel se arregalaram. — Valerie, você não fez isso! Valerie pôs suas costas no sofá e olhou para o teto. — Fiz! Isabel, que diabos acontece comigo? — O que disse ele? — Foi realmente compreensivo, o que me fez sentir pior. Acredito que me sentiria um pouco melhor se tivesse me tratado mal. Isabel começou a rir. — Wow. Então, por que passou a noite? Valerie contou toda a história como costume, não deixando nenhum detalhe de fora e logo adicionou: — Vou terminar com ele na segunda-feira. — O quê? Por quê? Isabel começou a fazer café na metade da história de Valerie. Ambas estavam na cozinha agora, e Isabel serviu duas xícaras. Entregou uma a Valerie e encostou no balcão. Valerie sentou. — Não posso continuar com isso. Ontem à noite foi só uma prova de que não estou pronta para uma relação. Sou um desastre. Não é justo para ele. — O que vai dizer? Valerie encolheu os ombros e bebeu um pouco de seu café. Não sabia o que ia dizer. Tudo que sabia, era que Luke tentaria convencê-la do
contrário. Mas ela esteve fingindo. Cada beijo era forçado, e sabia que seria pior agora. — A verdade. Vou ser gentil e não vou dizer que a única vez que fiquei excitada foi quando imaginei que era o Alex. Isabel sorriu inclinando sua cabeça. — Talvez depois do casamento, quando não estiver pensando em Alex nunca mais, ficará mais fácil. Valerie levantou e começou a ir para seu quarto. — Espero que sim, Isabel. Porque isto é uma merda. Decidiu que ia ter um fim de semana preguiçoso. Tomar uma ducha, ler, talvez trabalhar na pintura um pouco mais. Algo para esquecer Alex. Deus era patética. Pensou em ter um encontro com seu prático, Sr. Perfeito6, então pensou melhor. Provavelmente pensaria em Alex. Bom, diabos, Alex ia ser o motivo para outro término.
****** A segunda-feira chegou rapidamente e Valerie só tinha uma coisa em mente: romper as coisas com Luke, sem rodeios. Precisava terminar antes que as coisas ficassem piores. Não queria arruinar sua relação de trabalho, embora soubesse que ia ser danificada. Valerie estava se mantendo ocupada, o que significava que atendia ao telefone do escritório e tratava de qualquer assunto que chegasse. Qualquer um que esteve fora durante o fim de semana olhando casas a chamaria. Os telefones estavam ocupados, e estava contente pela distração.
6
Seu vibrador
Atenderia outra ligação ou duas antes de descansar e falar com Luke. Quando atendeu outra ligação, estava reta em sua cadeira, mas a voz na linha a fez se endireitar.. — Então realmente está fazendo o papel de chefe agora, Val? Inacreditável, mesmo depois de ser nocauteado, Bruce continuava a perseguindo? — Vai precisar ter o outro olho inchado? — Isso foi um inocente murro e sabe. É melhor que esse imbecil fique esperto... Valerie desligou o telefone. Não daria o prazer. O telefone tocou de novo. Ou o atendia ou alguém mais o faria. Respirou fundo e respondeu de novo. — Quer que diga a todos no escritório sobre você e o chefe? — Se isso te faz se sentir melhor. — Valerie fez o melhor que pôde para parecer despreocupada. — Não vai conseguir me intimidar. — A única coisa que quero é um tempo a sós com você para que possamos conversar. Tenho muito para dizer. Era tudo que eu queria na outra noite. Imediatamente ficou arrepiada. O que queria dizer que ainda não disse? De maneira nenhuma Valerie ficaria sozinha com este psicopata. Mas, e se começasse a falar no escritório, dizendo a todos a respeito dela e Luke? — Estou escutando. — Pessoalmente. — Não. — Valerie, vai acontecer. Por que não fazer da maneira fácil? — Está me ameaçando? Bruce riu. — Entenda como quiser só se considere avisada. Tentei ser agradável. — Concordo em conversar por telefone. É pegar ou largar.
Bruce baixou a voz. — Foi excitante fazer amor com um homem que queria você, e somente você? Valerie fechou os olhos. Não ia deixar Bruce a par de sua vida privada. Obviamente, sabia que ela passou a noite com Luke, mas não sabia o que realmente aconteceu. Mesmo assim, talvez isto pudesse funcionar a seu favor. — Sim, Bruce foi. Estou apaixonada e feliz finalmente. Pode respeitar isso? A linha ficou muda. Valerie respirou fundo e passou as mãos pelos braços. Esperou alguns minutos no caso do telefone tocar outra vez. Quando não tocou, ficou de pé e se inclinou para o cubículo do lado. — Vou fazer uma pausa, então pode atender a linha principal caso toque? Andrew assentiu e levantou o polegar enquanto bebia seu café. Ela ainda pensava no que Bruce disse quando entrou no escritório de Luke. Sua expressão devia estar tão ansiosa como se sentia, porque Luke imediatamente perguntou se algo estava errado. — Não acredito que vá funcionar. — Parou no meio do escritório. — O que é que não vai funcionar? — Você e eu. Tenho muita coisa na minha cabeça neste momento. Não acho justo com você. Luke se reclinou em sua cadeira e brincou com sua caneta. — Não me use como desculpa, Valerie. Já disse que estou disposto a ser paciente. Valerie trocou seu peso de uma perna à outra, começando a se perguntar por que levantou da cama essa manhã.
— Certo, é só que não estou pronta para uma relação neste momento. E para ser honesta, realmente não acredito que isto seja uma boa ideia. — Fez um gesto para a porta. — Se alguém souber sobre nós, não vai ser bonito. Acredito que é melhor que sejamos amigos. Valerie desejou que simplesmente estivesse de acordo, para assim poder sair dali, mas a expressão no seu rosto disse o contrário. — Não estou de acordo. Acredito que está pronta para uma relação, obviamente não uma relação sexual... Ainda. Mas como disse antes, estou disposto a esperar. — Jogou a caneta sobre a mesa. — Como eles descobririam? Bruce telefonar para o escritório outra vez era uma clara possibilidade, então decidiu deixá-lo a par disso. Explicou brevemente os últimos incidentes com o Bruce, e a ligação que acabou de receber. Luke não estava feliz. — Eu não ligo se ele ligar e contar, mas talvez você devesse pensar em conseguir uma ordem de restrição contra esse cara. Parece perigoso. — Valerie assentiu, esperando que tivessem terminado. — Ainda acredito que está cometendo um engano conosco, Valerie. Realmente eu gostaria que reconsiderasse. De maneira nenhuma teria essa conversa de novo. — Não estou segura, Luke. Sinto muito. Realmente acredito que é melhor desta maneira. Espero que isto não afete nossa relação de trabalho. Vou trazer as entradas do seminário amanhã. Começou a ir para a porta, irritada consigo mesma por ter esquecido. Pediu que as guardasse. Ela planejou evitar qualquer conversa privada a partir de hoje, mas devolver as entradas com certeza incitaria uma. Talvez pudesse enviá-las por correio.
— Fica com seu ingresso. Sei o quanto deseja vê-lo. Foi um presente. Não quero de volta. Pode ficar com a suíte também, se quiser. Valerie deu a volta, seu tom ferido aumentou a sua culpa. — Obrigada. Ficarei com o ingresso, mas não com a suíte. Provavelmente ainda teria tempo para cancelar a reserva. Virou e saiu. A partir de agora passaria muito tempo fora do escritório, pelo menos por enquanto.
****** Passaram mais de uma semana desde que terminou as coisas com Luke. Ela se manteve ocupada fora do escritório, na maior parte do tempo. Depois de outro dia agitado mostrando propriedades, estava a caminho de casa quando Sarah ligou. — Olá, Sarah. — Valerie, por favor, me diga que não tem planos para este fim de semana. — Os únicos planos que tinha era sentar e vegetar na frente da televisão, e como de costume, trabalhar na pintura. — Por quê? — Responde a pergunta. Valerie foi cautelosa. — Nada definido. — Bem. Já que Romero e Eric não conseguiram fazer sua estúpida despedida de solteiro, eles inventaram outra coisa — Sarah riu. Valerie não pôde evitar o riso. Lembrou de Sarah ligando, preocupada porque os meninos planejaram uma despedida de solteiro em Las Vegas. Com Angel sendo fraco com bebidas, estava com medo de como ia se comportar, bêbado e ao redor de strippers.
Valerie foi ao resgate. Formulou um plano que fez Angel cancelar sua própria festa. A ideia de Alex ao redor de um montão de putas famintas por dinheiro, também não a agradou. Sabendo que Sofia não poderia estar muito emocionada com Eric indo a Las Vegas para uma festa com um montão de strippers, fez uma ligação. Pediu que elogiasse a festa de despedida de solteira de Sarah perto de Angel. E assim o fez. No dia seguinte Sarah ligou, rindo tanto que Valerie nem conseguia entender. Disse que Angel escutou por acaso quando ela e Sofia falavam da festa e do quente "policial" que ia estar presente para revistar à futura noiva. Angel imediatamente propôs o cancelamento de ambas as festas. Sarah e Valerie ainda tinham uma boa lembrança disso. Isto deveria ser interessante. — Qual a ideia? — Já que tudo foi tão formal até agora, querem só amigos, nada de muita gente, nada de parentes distantes. Só uma multidão mais jovem de solteiros, se reunindo informalmente para desfrutar de um de nossos últimos fins de semana sendo solteiros. Valerie teve que sorrir. Sarah não era solteira desde que Angel entrou na sua vida no colegial. Mas não disse nada. — Isso parece bom. — Então lembrou. Alex estaria lá. — Espere. — Não, nada de espere. Já sei o que vai dizer. — Sarah você não entende, é muito difícil estar perto dele. — Eu sei, querida, mas é o irmão de Angel. Não podemos deixar de convidá-lo. E você é minha dama de honra, Val. Simplesmente não seria o mesmo sem você. Nem vamos estar num lugar fechado. Vai ser uma fogueira na praia, pelos velhos tempos. Valerie suspirou.
— Está bem, eu acho. — Sim! Vai levar o Luke? — Não. — Vacilou. — Estará fora da cidade este fim de semana. — Por mais que confiasse em que Sarah não diria que terminou com Luke. Tinha a sensação que dizia tudo a Angel. Ainda precisava da proteção do namorado falso para ficar perto de Alex. O incidente do restaurante só provou o quanto era fraca perto dele. Ainda não confiava que não ia ceder se tentasse convencê-la a passar uma noite com ele.
Quando chegou em casa, Isabel estava na cozinha fazendo algo. Tinha um cheiro maravilhoso. Os olhos do Valerie aumentaram e sorriu emocionada. — Está fazendo almôndegas? Era uma das especialidades da Isabel e a sopa de almôndegas mexicana favorita de Valerie. Não comia há muito tempo. Isabel sorriu. — Acho que deixei Romero louco. Então, quando terminamos de conversar e ele superou os acontecimentos, disse que eu te devia almôndegas porque me gabei uma vez que minhas almôndegas eram para morrer. — Sorriu para Valerie. — Ele vem para o jantar. — Mas fez o suficiente para mim também, certo? — Valerie se aproximou correndo para olhar à sopa que Isabel estava mexendo. Isabel riu. — Claro. Disse a ele que era seu favorito. Ele disse que já te viu comer, e que eu deveria fazer o bastante para um exército. — Ha, Ha. — Valerie se apoiou contra a mesa. — Então, como o deixou louco? Isabel fez uma careta.
— Bom, lembra que te falei que estava tentando levar as coisas com um pouco de calma, porque não tinha certeza se ele queria algo sério? — Sim! — Umas noites atrás, perguntou pela minha família. Contei um pouco sobre eles e ele parecia realmente impressionado. — Isabel parou para provar a sopa. Valerie não se surpreendeu que Romero se impressionasse. Ela também ficou na primeira vez que Isabel contou sobre seus insanamente bemsucedidos irmãos. Isabel era a única não tinha um grau de mestrado, mas era a mais jovem e seguia trabalhando nisso. Sua irmã mais velha, Patrícia, estava sempre em cima dela por isso. — Então, ontem, estava no telefone com minha irmã Pat na casa de Romero. Não pensei que estivesse escutando minha conversa. Disse a ela que estava em casa me preparando para tomar banho. Quando desliguei, me perguntou por que menti a respeito de onde estava. Isabel encolheu os ombros. — Realmente não tinha uma resposta. Então, logo perguntou se disse a ela sobre ele. — Valerie viu Isabel colocar mais de cominho na sopa e esperou. Isabel deu a volta e mordeu o lábio. — Não contei. — Por quê? — Não preciso escutar o que sei que vai dizer. — E isso é? — Valerie pensou que já sabia. Patrícia não gostou de Lawrence, o professor. Não só porque ele era um idiota. Era porque ela sentia que ele não era o bastante ambicioso. Ela pensava que na sua idade deveria ter sua própria casa, não seguir vivendo em um apartamento. Isabel revirou os olhos. — Sabe como é ela. Romero não tem um título. Trabalha como segurança em eventos e bares.
Valerie franziu a testa. — Mas não é somente um guarda de segurança, é dono de sua própria companhia. Isabel negou. — Não importa. Eu sei. Ela dirá que está abaixo de mim, de todas as formas. Já posso escutá-la. Isso irritou Valerie. Romero era um homem honesto e trabalhador, atualmente
provando
que
a
palavra
compromisso
estava
em
seu
vocabulário. Diferente de certas pessoas que conhecia. — Não disse para ele, certo? — Isabel negou. — Não. Só admiti que não disse nada. — O que disse? — A princípio não muito, mas pude notar que estava ferido. Logo perguntou a quem contei de minha família. Disse que me vê no telefone com eles todo o tempo, então, sabe o quão próxima sou de todos eles. Então, quando disse que não disse nada a nenhum deles, foi quando as coisas ficaram feias. — Isabel suspirou. — Disse que ele não foi claro sobre o que éramos exatamente. Que não queria dizer nada até que soubesse. Então ele explodiu. Não podia acreditar que depois de todo este tempo não nos considerasse numa relação. Começou a me perguntar se eu estava saindo com outras pessoas. Criou um enorme problema com isso e continuou me perguntando se estava segura sobre isto ou não. Valerie não pôde evitar rir. — Espero que tenha dito que sim. — Isabel mexeu um pouco mais a sopa. — Claro que sim. — Virou para Valerie. Pela primeira vez Valerie viu preocupação nos olhos da Isabel.
— Realmente estou, mas isto vai ser difícil. Minha família é tão exigente sobre este tipo de coisas e Romero não leva desaforo. Vão dar cabeçadas. Não estou desejando que chegue a isso. Valerie acariciou as costas de Isabel. — Bom, se eles realmente se preocuparem com você, terão que aceitálo. — Até esta conversa Valerie não tinha se dado conta. — Acredito que está realmente apaixonada por ele, Isabel. A expressão de Isabel disse tudo. Definitivamente estava apaixonada. Antes da festa, nunca teria imaginado Isabel com Romero. Isto demonstrava a teoria ainda mais. Os opostos se atraem. Isabel disse que dormir com Romero foi diferente de qualquer outro com quem já esteve. Valerie teve a sensação de que estava escondendo os detalhes sórdidos porque Isabel se sentia mal por Valerie. Sabia da luta de Valerie por tentar conseguir mais que um ligeiro beijo de Luke. A julgar pelas experiências passadas de Isabel com os meninos que geralmente saía, provavelmente estava desfrutando do melhor sexo de sua vida. — Escutou sobre este fim de semana? Valerie grunhiu. — Sim. — Você vai ficar bem. Romero me convidou hoje. Agora os olhos de Isabel mostravam simpatia. — Estarei lá com você. Valerie tirou uma tigela do armário. — Já está pronto? Preciso de comida. — Sim, já está. Valerie pegou uma grande porção justo quando a campainha tocou. Levou seu prato ao seu quarto para dar a Romero e Isabel um pouco de privacidade. Isabel insistiu que não tinha que ir, mas Valerie queria ficar
sozinha. Este fim de semana seria um inferno, tendo que se preparar mentalmente para ver Alex novamente. Ela precisaria de mais comida. Com certeza.
****** Se sentindo como um adolescente nervoso, Alex se aproximou de Sarah enquanto ela completava os saleiros e pimenteiros. O restaurante ainda não estava aberto, e faltavam algumas horas até Angel chegar. Esta não era uma conversa que queria ter na frente dele. Quase parou e deu meia volta, mas se obrigou a continuar. Ela levantou o olhar. Seus grandes olhos verdes brilharam quando sorriu. Angel era um cara de sorte. Evitou dizer a ela pela enésima vez quão belos eram seus olhos. Só porque Angel não estava perto, do contrário, provocaria o irmão flertando com sua quase cunhada. Esse era um de seus mais recentes entretenimentos. — Oi. — Ela recolheu uns saleiros. — Precisa de alguma coisa? — Não, na realidade queria conversar com você, se tiver um minuto. — Não tinha intenção de confessar a Sarah a verdade sobre a tutora... por enquanto. Tudo o que queria agora era averiguar mais a respeito de Valerie e Luke. Ele precisava um pouco de informação antes do fim de semana. Se tiver mais informações, talvez conseguiria reconquistá-la. — Certo. — Sarah parou o que estava fazendo. — Alguma coisa errada? — Na verdade não. Estava me perguntando... — Nervoso, passou sua palma da mão sobre as calças. — Quão sério está Valerie com o cara que está vendo? A expressão de Sarah mudou e levantou uma sobrancelha. — Por quê, Alex? Alex levantou um ombro.
— Tenho curiosidade. — Espero que não esteja planejando jogar com ela outra vez. —Voltou a encher os saleiros. — Jogar? Nunca joguei com ela. — Sarah se parou e o olhou. — Tem certeza disso? — Sei o que pareceu, mas acredite ou não, eu me importava com Valerie. Continuo me importando. — Dizer que me importava nem começava a descrever tudo que sentia por ela. A expressão de Sarah suavizou. — Sempre soube que se importava. Essa é a razão pela qual nunca entendi as coisas que fez. Por que a machucou assim? — Nunca foi minha intenção. Só... foi complicado. — Virou e assim, do nada, a expressão do Sarah ficou rígida outra vez. — É uma longa história, Sarah. Mas tem que acreditar quando digo que me importo. Preciso saber se existe alguma oportunidade das coisas funcionarem entre nós, mesmo que seja mínima. Ele estendeu a mão e a pôs sobre a dela. — Pode me ajudar? Sarah pressionou seus lábios. — Acho que não deveria dizer, especialmente para você. Alex franziu a testa. — Não estou pedindo que me conte seus segredos, só sua opinião. Acha que as coisas estão sérias com ele? Com um suspiro, Sarah se rendeu. — Foram só umas poucas semanas pelo que sei. Eles trabalham juntos. Então acho que se conhecem bem e por isso se envolveram. A ênfase dessa palavra final foi como lixar uma ferida aberta. Alex ficou olhando com força, sem querer falar com medo de explodir. Antes queria
escutar os detalhes, agora não queria escutar mais nada. Nunca em sua vida se sentiu tão mal. Luke não era alguém que Valerie acabou de conhecer. Se conheciam a bastante tempo. Tinham uma relação estabelecida e agora estavam envolvidos. Isto era muito pior do que pensava. — Obrigado, querida. — Começou a se afastar. Por muito que doesse admitir, provavelmente era muito tarde. — Alex. — Ele não podia suportar a simpatia em seus olhos por mais tempo. — Olhe para mim. A contra gosto, virou para ela. A simpatia do olhar foi substituída por um brilho. — Jura que não quer só brincar com ela? — O que quer dizer? Eu nunca... — Jura? Caso não estivesse tão enfurecido sobre o pensamento de Valerie e Luke envolvidos poderia ter se divertido pela repentina atitude inflexível da doce Sarah. — É óbvio, juro. Ela não disse nada por um momento, apenas olhava para ele. Como se ainda não estivesse completamente convencida. — Não se atreva a dizer que eu te disse isto, Alex Moreno. Assentiu mas não disse nada e se perguntou aonde queria chegar. — Ela faz uma boa atuação às vezes, como se estivesse realmente seguindo em frente. — Fez uma pausa dando tempo para Alex ranger os dentes. Escutar a respeito de Valerie seguindo adiante não era exatamente o que estava esperando quando fez prometer. — Posso dizer que está fazendo o possível para conseguir te superar. Mas acredito que se você se esforçar o suficiente, ela te aceita de volta. — Deu um passo firme para
frente. — Mas te juro Alex, se fizer mal a ela outra vez, nunca vou te perdoar. Um pequeno raio de luz surgiu da nuvem de tormenta que estava sobre sua cabeça durante semanas. Foi até Sarah e a abraçou com força. — Não se preocupe. Não quebro minhas promessas. Pergunte a qualquer um. — Esse era o ânimo que precisava. Conseguiria que Valerie o escutasse de uma maneira ou outra.
****** Essa semana, o escritório recebeu várias ligações de alguém dizendo que Valerie tinha tratamento especial porque estava saindo com o gerente. Duas pessoas diferentes atenderam e isso chamou a atenção de Luke. Não havia dúvida sobre quem fez as ligações. Valerie queria matá- lo. Definitivamente tentaria conseguir uma ordem de restrição contra Bruce, inclusive processá-lo por difamação. Começou a ter a sensação que estava sendo seguida, mas estava mais irritada do que assustada. Obviamente, Luke negou todas as acusações, mas algumas pessoas no escritório começaram a olhar para ela de forma diferente. Valerie queria acreditar que estava imaginando. Estava tão irritada consigo mesma por ter se envolvido com Bruce e depois com Luke. Trabalhou tanto para que as pessoas acreditassem que estava conseguindo as coisas por mérito próprio. Por duas vezes, discutiu com Luke porque achava que ele estava errado, mas ele se juntou com o outro agente na reunião para ficar contra ela. Ela sabia que tinha razão e depois ele assegurou que foi um mal-entendido. — Por que está trabalhando até tão tarde? — Luke surpreendeu Valerie. Ela estava tão perdida em seus pensamentos quando ele a surpreendeu. Ela o olhou.
— Só estava terminando de escrever uma contra proposta. — Outra? Isso é maravilhoso. Ela sorriu, mas não tinha vontade. Não falava com Luke há alguns dias e pensou que ele talvez continuasse irritado pelo incidente na reunião. Ela não foi muito agradável a respeito. — Então, terminou? Valerie o olhou de novo e logo olhou para seu desordenado escritório. — Sim. — Ouça Val. O que acha de ir tomar um drink, como uma proposta de paz? Valerie negou, mas sorriu. — Não, melhor não. — Ficou de pé e começou a recolher alguns papéis para colocar em sua pasta. — Por que não? — Porque não acredito que sair juntos foi uma boa ideia desde o início. A gente sabia que isso não ia dar certo e é o que está acontecendo agora. — Vamos Val, desde quando dois colegas não podem tomar uma bebida juntos depois do trabalho? Conheço um lugar que serve os melhores Mojitos. Já foi ao Moreno's? Valerie levantou o rosto esperando ver um sorriso zombador em seu rosto, mas ele estava falando sério. Levou um momento, mas então não pôde conter a risada. — Quer me levar ao Moreno’s? — Sim, por que é tão engraçado? Valerie se imaginou entrando lá com Luke enquanto talvez Angel ou possivelmente Alex os atendia e riu ainda mais forte. — O quê? — Luke obviamente não entendia, mas ficou satisfeito com sua repentina mudança de humor.
Ela não ria tanto assim a muito tempo. Quando finalmente recuperou a compostura, enxugou seus olhos. Estava tão tensa ultimamente que sentiu que liberou um pouco de toda essa pressão. — Sabe o quê? Acredito que depois de tudo, sim irei tomar algo com você. Só que não no Moreno's. Valerie estava faminta, como sempre, assim foram a um bar de sushi “coma tudo o que puder”. Ela começou a dar uma vaga explicação a respeito de Moreno's, e depois decidiu simplesmente dizer a verdade. Eles não estavam mais saindo, então o que importava? Luke escutou e não fez nenhuma pergunta. Ele caçoou dela devido a grande quantidade de comida que podia comer. Falaram sobre o seminário. Contava com que George Stone a ajudasse com seu mau humor. Luke não estava muito divertido. Talvez fosse por causa da história dos Moreno's, mas ela riu durante todo o jantar. No final, estava feliz por ter ido. Era agradável não pensar em Bruce ou em Alex pelo menos por algumas horas.
****** Na primeira hora da manhã da sexta-feira, Valerie recebeu uma ligação de Bruce. — Não deve se preocupar tanto com sua reputação nesse escritório. Certo? Valerie ficou de pé. — Suas ligações não estão fazendo nada para mudar o que pensam sobre mim. Todos sabem que é um idiota psicopata. Não levam a sério, Bruce.
— É melhor prestar atenção no que diz para mim, Valerie. Juro por Deus que vai se arrepender disso. — Seu tom foi muito mais duro do que o de costume, e provocou um frio na espinha. — Você não me assusta, Bruce. — Mentiu. — Vi o que pode fazer. Por que não faz um favor a ambos e vai viver a sua maldita vida? Não quero ter nada com você. — Tinha uma vida, querida. Uma boa, até que a arruinou. Lembra? — Valerie fechou fortemente os olhos. Ele a culparia para sempre. — Você arruinou sua própria... — Me diga algo, querida. Luke é o primeiro homem por quem se apaixona? Jesus, para alguém que acreditava saber tudo, estava bem longe da verdade. Aparentemente, acreditou em sua história. Será que não percebeu que nem saiam mais? — Sim. — Manteve os olhos fechados, se concentrando fortemente em parecer o mais sincera possível. Não queria que ninguém no escritório a escutasse, por isso manteve sua voz baixa. — Nunca senti por ninguém o que sinto por ele. — Mas terminou com ele. Por quê? Seus olhos se abriram. Como sabia? Escutou sua risada maníaca, devagar a princípio e depois mais forte, cheia de convicção. A linha ficou muda de repente. Ficou de pé apertando o aparelho, inclusive quando começou a tocar em seu ouvido. Com um profundo suspiro pendurou o telefone. Tinha muitas coisas na cabeça para adicionar isto também. Valerie esteve fora do escritório a maior parte do dia mostrando algumas propriedades e se reunindo com clientes em potencial. Conseguiu manter a cabeça afastada de Bruce. Voltou para o escritório e trabalhou mais um pouco antes de ir.
Já estava escurecendo e andava rapidamente através do solitário estacionamento. Suas pastas penduradas pesadamente em seu ombro, e o pacote de arquivos que sustentava a deixava completamente vulnerável se alguém se aproximasse. Pensou ter escutado passos atrás dela, mas decidiu que estava sendo paranoica. De todos os modos, apertou o passo, sentindo que seu coração acelerava cada vez mais. Já estava quase chegando no seu carro quando escutou de novo os passos. — Olá, Valerie. Valerie deu um pulo e a metade dos papéis que estava sustentando caíram. Deu a volta, pronta para gritar, quando viu Alex a olhando com surpresa.
— Sinto muito, Val. Não queria te assustar. — Alex se sentiu muito mal, e se ajoelhou imediatamente, recolhendo os papéis que ela deixou cair. — Oh, meu Deus. — Colocou as coisas que ainda segurava no carro, se encostou na porta e colocou sua mão contra seu peito. — Meu coração quase parou Alex. — Posso ver isso. — Alex a olhou quando terminou de recolher suas coisas. — Sinto muito. De qualquer maneira, por que trabalha até tão tarde? Estava começando a pensar que foi de carona para casa e deixou seu carro aqui. Entre muitas outras coisas irritantes que imaginou que poderia estar fazendo num escritório vazio. Esteve tão perto de entrar para descobrir por si mesmo. — Muito trabalho. — Ainda estava recuperando o fôlego. Alex ficou de pé, segurando os arquivos em suas mãos. Deu uma olhada neles e esperou compreender o que a manteve no trabalho até tão tarde. Era um desastre. Seus olhos vagaram sobre ela como sempre fazia quando a via. Estava fantástica. A saia cinza que vestia fazia destacar seu cabelo loiro, parecia mais brilhante e ressaltava o resplendor de seus grandes olhos escuros.
Olhos que estavam totalmente assustados ainda. Franziu a testa sabendo que tinha sido o motivo. Segurou os arquivos enquanto ela abria seu porta-malas, e notou que suas mãos tremiam quando os deu. — Está bem? Ela assentiu, mas não disse uma palavra. Entregou o resto dos arquivos. Quando fechou o porta-malas, finalmente o olhou. Alex notou que seus olhos brilhavam. Realmente a assustou tanto? — Está chorando? Sacudiu sua cabeça e soltou uma gargalhada. — Simplesmente me assustou muito, isso é tudo. Alex olhou a seu redor no estacionamento vazio e apertou os lábios. — Bom, é muito perigoso que esteja aqui tão tarde e sozinha. De verdade...? — Não, não é isso, trabalho até tarde o tempo todo. É só que... Bom... Nada. Só sou um desastre ultimamente. — Se apoiou no carro e inclinou sua cabeça ligeiramente. — Então, por que está aqui? Alex a olhou fixamente, se perguntando por que estava tão nervosa. Foi o idiota que a estava perseguindo? Então, pensou em sua pergunta. — Queria falar com você. Não foi capaz de esperar até amanhã. Existia a possibilidade de aparecer com o Luke e isso arruinaria tudo. Sabia que era um risco. Mas as últimas semanas foram as semanas mais angustiosas de sua vida. Então, decidiu que tentaria. Sua expressão era ilegível, e não disse nada durante algum tempo. — Sobre o quê, Alex? — perguntou ela finalmente. — Sei que está com alguém agora. — Suas próprias palavras o machucavam. — Mas pensei que talvez pudesse me ouvir. — Dessa vez, não
evitou seus olhos. Ela o olhou diretamente. — Podemos ir a algum lugar para conversar? Pagarei a bebida. É o mínimo que posso fazer depois de te assustar tanto. — Sorriu e pareceu ver o canto de seu lábio se levantar um pouco. — Poderia ajudar a acalmar os nervos? Para sua surpresa, ela concordou e com bastante rapidez. — Mas só um. E vamos ter que ir em dois carros. Não posso deixar o meu aqui. — Posso te trazer de volta para pegar mais tarde? — Valerie negou. — Não há nada aqui por perto. Teríamos que dirigir muito. — Ou podemos deixar o carro na sua casa. A expressão que fez foi estranha. Pareceu quase alarmada. — Não — Disse com firmeza e entrou no carro. — Só me siga. Conheço um bom lugar. Alex a seguiu e pensou na atitude inflexível com o assunto do carro. Havia alguém ali que não gostaria de vê-la entrar em seu carro? Estalou o pescoço e tentou massageá-lo, algo que sempre ajudava a se acalmar um pouco. Não queria estragar a noite com seu temperamento, então ele respirou fundo antes de sair da caminhonete. O lugar que Valerie escolheu era uma moderna pizzaria e cervejaria. Alex sorriu enquanto entravam. Sabia que ia escolher um lugar com comida. Sentaram em uma cabine do canto. Como era sexta-feira a noite, já estava cheio, e havia um jogo dos Padres passando na TV. Algumas pessoas que viam o jogo eram muito barulhentas. Não é exatamente o ambiente que esperava, mas teria que funcionar. — Pelo tanto que te assustei, pensei que gostaria de um lugar onde pudesse conseguir uma bebida. — Oh, servem bebidas aqui. — Sorriu.
A garçonete se aproximou e olhou para Alex, mas ele deixou que Valerie seguisse adiante com um gesto. Nunca o decepcionava quando se tratava de pedir comida. — Queremos o prato grande dos amantes da carne. Uma ordem grande de asas, extragrande, e vou querer uma taça grande do Amber Bach e um gole de tequila. A garçonete virou para Alex e anotou o pedido das bebidas. Pediu o mesmo, menos a tequila. Precisava da cabeça limpa esta noite. Quando a garçonete se foi, Valerie tirou seu telefone da bolsa, olhou por um momento, e logo voltou a guardá-lo. Só isso já deixou Alex nervoso. Estava checando se tinha ligações do namorado? — Então, vamos ao ponto. — Ela disse, e mais uma vez o olhou diretamente nos olhos. — O que te levou ao meu trabalho e fez ficar esperando até que eu saísse? Nunca fez isso antes. Agora, estou curiosa. Alex ficou branco quando tentou lembrar de todas as coisas que ensaiou no carro enquanto esperava. Mas estava feliz em ter sua atenção. Estava a ponto de começar quando a garçonete trouxe suas bebidas. Agradeceram e ela rapidamente se afastou. Valerie tomou o gole. Sua linha de pensamentos se perdeu de novo, quando ela chupou a rodela de limão e lambeu os lábios. — Eu precisava disso. — Sua voz rouca não ajudou. Alex se mexeu em seu assento, tentando acomodar a sua crescente ereção. Ficava incomodado como ela conseguia fazer isso sem esforço. Excitá-lo. Ele era um menino grande agora, que a tempos aprendeu a controlar seus impulsos carnais, mas com Valerie, todo autocontrole parecia voar pela janela.
— Valerie — conseguiu finalmente dizer. — Não sei quão séria está com este cara que está vendo, mas quero que saiba que não consigo parar de pensar em você. Sua expressão mudou. Parecia... Irritada? Definitivamente, isso não era o que estava esperando. — O quê? Isso é tão típico de você, Alex. — Tomou um gole de sua cerveja. Por que pensa que é assim? — Penso que é o que? — Que não pode parar de pensar em mim? — Porque sou louco por você. Ela pareceu confusa, mas só por um segundo. — Você fez isso todo o tempo que te conheço. — Fazer o quê? — Esquece. Acredito que queira estar comigo, você não deve ser tão bom ator, mas não posso ser como você, Alex. Não posso estar com você e logo, dar a volta e sair com outras pessoas. — Bom é bom saber, mas eu também não sou assim. A risada sarcástica de Valerie foi tão forte que o casal na cabine na frente deles os olhou. Alex franziu a testa e se inclinou um pouco, baixando a voz. — Não sou assim. — Foi pra contar isso que você me trouxe aqui? Porque sinto, mas escutei o suficiente de sua merda para durar minha vida toda. Alex se inclinou sobre a mesa e agarrou sua mão. — Me escute, a garota em minha casa era uma tutora. Posso te provar isso. Não foi a primeira vez que precisei de um tutor. Não queria que soubesse que estava com dificuldades na universidade. Era humilhante, está bem? — Ele respirou fundo.
Valerie o fulminou com o olhar. — Ela tinha uma bolsa de viagem, Alex. O cérebro do Alex se apressou em lembrar. Por isso ficou tão histérica. — Era sua bolsa de livros, Val. Ela fazia seu trabalho da universidade enquanto me ajudava com o meu. Os olhos do Valerie não cederam, mas sua expressão se suavizou um pouco. Continuou rapidamente. — Todas essas vezes que desapareci foi porque tinha alguns malditos trabalhos para terminar, ou estava queimando os miolos para um exame. Tive dificuldades para conseguir. Não podia me dar ao luxo de perder minha bolsa. Tinha que manter as notas. Você sempre foi uma grande distração. A metade do tempo eu pensava em você. A comida chegou e Alex teve que soltar sua mão. Maldição desejava que tivessem ido a outro lugar. Aqui ia ser uma interrupção atrás da outra. A garçonete pôs os pratos e os guardanapos. Valerie ainda o estava olhando. — Algo mais? — perguntou a garçonete. Valerie não desviou seus olhos dele. Alex a olhou fixamente e logo à garçonete sorriu. — Estamos bem, querida. Obrigado. Contou tudo sobre o ano anterior. As reformas do restaurante, o planejamento do casamento, todo o tempo que seus pais passaram no México, por isso sua presença no restaurante se tornou mais exigente e logo sobre a morte de seu avô. Ela escutou e comeu, fazendo algumas perguntas enquanto abria seu coração. — Soube do seu avô. Sinto muito. Ia te ligar, mas... — Foi melhor não ter ligado. Ela o olhou fixamente. — Por quê?
— Esse não era um bom momento da minha vida. Foi logo depois que me dissessem que eu não nunca mais poderia jogar futebol e perdi minha bolsa. Não era a pessoa mais agradável naquela época. Ele afastou o olhar de Valerie. — Eu superei a perda da bolsa. Mas não consegui superar você. Alex não comeu muito. Tinha tanto para dizer, mas a comida estava desaparecendo. Viu como Valerie bebeu seu último gole de cerveja e olhava pensativa. — O que está pensando? Seus olhos retornaram a ele, sem expressão. — Não sei o que pensar. — Quer outra cerveja? — Negou. — Quero ir para casa. Este não era o estado de ânimo que esperava que ela tivesse depois de contar seus segredos. Talvez estivesse realmente bem com seu namorado. Talvez Sarah estivesse errada. Talvez fosse tarde demais. Ele engoliu em seco . Alex não quis acrescentar mais nada a seu coração já partido. Mas tinha que saber, agora. Tinha que saber se toda esperança estava perdida. — Está apaixonada por ele, Val? Valerie afastou o olhar rapidamente. Apertou seus lábios desejando como o inferno saber o que isso significava. Segurou sua mão. — Está? — O pânico em sua voz a surpreendeu. Perguntou se ela se deu conta. Não importava já não ligava para seu orgulho. — Não. Ficou aliviado. Alex não se deu conta que prendia a respiração até que deixou escapá-la lentamente. Apertou sua mão.
— Bem. Ele pagou e saíram sem se falar. Foram sem pressa e em silêncio até seu carro. Alex queria mais que tudo era beijá-la, mas teria que ser paciente. — Vai amanhã, certo? Ela assentiu abrindo a porta de seu carro. Segurou a porta enquanto ela subia. Parecia perdida em seus pensamentos. — Vai levar...? Valerie finalmente sorriu. —
Não,
não
vou
levar
ninguém
além
de
Isabel
a
todos
os
acontecimentos do casamento. Alex sorriu, tirando um peso de cima dele. — Com o Romero colado no seu quadril, certo? Isso a fez rir. Agradeceu pelo jantar e se foi sem dar nem um abraço. Bom, maldita seja. Inclusive depois de toda expectativa que pôs nessa noite, ainda não sabia como estavam. Uma coisa era certa. Esta noite ele teve certeza de que de maneira nenhuma renunciaria a ela.
****** O caminho para casa foi mais longo que o normal. Valerie dirigiu devagar de propósito, pensando em tudo o que Alex disse esta noite. Poderia ser tudo verdade? Nem se importava com as coisas anteriores. Ambos foram jovens e imaturos. Era possível que de verdade estivesse estudando e ela só tirou essas conclusões? Teve que admitir que antes dela e Isabel ficarem amigas, também tinha dificuldades nas provas.
Ironicamente, Alex ajudava quando sumia, porque estudava para evitar pensar nele. Se ele estivesse por perto, não teria trabalhado tanto nisso. Fazia um pouco de sentido, mesmo parecendo estúpido. Ele só deveria ter dito. Franziu a testa sabendo que se tudo fosse verdade ele escolheu seu orgulho ao invés de seus sentimentos. Sempre teve muitas esperanças para eles no passado. Como agora, queria tanto acreditar, mas toda vez, Alex pisoteava seu coração. Os pensamentos de vê-lo com essa outra garota em sua casa voltaram, retorcendo suas vísceras. Jurou que nunca o deixaria machucá-la de novo. E se essa preocupação fosse somente pelo fato de ele acreditar que havia outro homem em sua vida? Sempre soube que isso era algo que o deixava louco. Sempre foi dessa maneira desde o começo, o ciúme era quase um defeito. Inclusive ele admitiu, mas parecia pensar que estava tudo bem porque somente ela o fazia se sentir assim. Então, o que acontece se acreditasse outra vez? E se disser que não tem mais namorado e ele fizer algo estúpido? Sabia que seu coração não poderia suportar. Valerie ficou feliz por ter insistido ir com seu próprio carro. Não teria problema em deixar o carro a noite toda no estacionamento, mas não confiava em si mesmo perto do Alex. Inclusive com medo de sair machucada, ela tinha medo de acabar em seus braços e terminar em sua cama. Isabel estava se arrumando para sair quando chegou em casa. Valerie sorriu. Antes do Romero, a maior parte da vida social de Isabel consistia em sair com ela, e geralmente com muita insistência de Valerie.
— Aonde vai? — Valerie se jogou na cama de Isabel. Isabel parou na frente do espelho e passou um brilho labial. Estava muito bem. Sua roupa era definitivamente mais sexy agora que estava saindo com Romero. — Minha irmã me armou um estúpido encontro às cegas. A boca de Valerie se abriu. — E vai? Romero sabe? — Está louca? De maneira nenhuma. Disse que ia jantar com minha irmã. Ela armou tudo isto antes que conhecesse Romero. Esqueci e ainda não disse nada sobre o Romero. Este menino é um amigo de seu marido do trabalho. Só estará na cidade por uns dias. — Acha que Romero não vai descobrir? — Isabel a olhou através do espelho. — Não deveria. Está trabalhando em algum concerto no porto, então vai funcionar. Não iríamos sair esta noite mesmo. Valerie sabia que Isabel estava acostumada aos homens bem-educados como Lawrence, o professor. Romero era tudo menos isso. Se sua reação quando descobriu que ela ainda não os considerava um casal foi louca, imagine como vai reagir a isto? Isabel poderia estar em graves problemas. — É melhor que ele não descubra Isabel. — Valerie ficou mais cômoda na cama da Isabel, apoiando seu queixo no travesseiro. Isabel virou e lançou um olhar. — Na realidade considerei dizer a verdade, sabe. Não é uma grande coisa. Nem conheço esse cara. Basicamente estou fazendo um favor a seu marido. — Então, por que não contou? — Valerie sorriu. Isabel virou outra vez para o espelho.
— Me acovardei. Quando me perguntou se eu tinha algum plano para esta noite e falei que sim, não ficou feliz. Então, disse que só ia jantar com minha irmã. Valerie assentiu. — Não acredito que se dê conta da importância desse assunto, Izzy. Mas manterei meus dedos cruzados por você. Isabel parou por um segundo e então respirou profundamente. — Então, por que está em casa tão tarde? Valerie sabia que Isabel não tinha muito tempo, assim deu um relatório rápido do que aconteceu incluindo a ligação de Bruce e logo Alex aparecendo em seu trabalho. Isabel estava de longe mais interessada na ligação que no Alex. Como Valerie, ela não aguentava mais o tema Alex. — Talvez devesse contatar à polícia, Valerie. Isso é realmente assustador. Valerie mordiscou seu lábio. — Tenho o pressentimento de que está blefando. Não apareceu desde que Alex o nocauteou. — Mas essa era uma ameaça. "Farei que se arrependa?". — Sei, e vou conseguir uma ordem de restrição assim que tiver um tempo. Refletiram sobre isso um pouco mais e voltaram para o tema Alex. — Eu não contaria sobre o término ainda. Alex nunca ficou muito tempo sem foda. Deixe ele pensar que alguém está dando a atenção completa que ele jamais te deu. — Isabel se afastou do espelho para olhar para Valerie que estava realmente pensando em tudo que ela estava dizendo. — Além disso, se ele está dizendo a verdade, mesmo assim foi muito idiota de sua parte te deixar sofrer todo esse tempo só porque era um burro.
— Ouça! — Valerie sentou — Isso é mesquinho. Ele não é um idiota, Isabel. Gerencia um restaurante muito bem. Sarah diz que esteve incrivelmente ocupado ultimamente, têm agora mais empregados que nunca, estão expandindo e está fazendo funcionar praticamente sozinho! Isabel riu, foi para a cama e a abraçou. — Quis dizer que era burro por pensar que você iria se importar por ele precisar de reforço. Valerie continuou a fulminando com o olhar, mas não pôde evitar sorrir, então encolheu os ombros. — Orgulho tolo. — Orgulho ou não, ainda acho que foi idiota da parte dele. Então, se for realmente verdade, e vai considerar dar a ele outra oportunidade, talvez mereça sofrer um pouco mais pelo que fez. Valerie não gostou da ideia de jogar com isto, mas precisava ser cautelosa. Foi machucada muitas vezes, independente dos motivos de Alex, ela sofreu e ele sabia os motivos por todo esse tempo.
Na manhã seguinte, Valerie se encontrou com seu pai para tomar o café da manhã. Geralmente se encontrava com seu pai e Norma, mas a Norma tinha sua última prova de vestido para o casamento, então não foi. Por mais que gostasse de Norma, isso a deixou feliz. Na realidade, foi um grande alívio para Valerie que Norma e seu papai se conheceram e se apaixonaram. Desde que sua mãe morreu de câncer quando Valerie tinha seis anos, só saiam eles dois e seu papai fez de tudo que podia para manter sua lembrança viva. Suas fotos estavam penduradas por anos. Lembrava de olhar as fotos de sua mãe quando começava a esquecer dela. Quando ficou maior e começou a ir a festas de pijamas com suas amigas e aos acampamentos do verão, começou a se preocupar com seu pai, já que ficava sozinho. O incentivou a começar a sair, mas era um homem que ficava em casa, e não havia esperança de mudar. Logo, quando tinha onze anos, houve um acidente. Seu pai saiu para entregar alguns recados, e Valerie insistiu em ficar em casa. Fez um sanduíche de queijo grelhado e um pano de prato pegou fogo por acidente. Tentou apagar o fogo, mas só piorava.
Entrou em pânico e correu até a casa de um de seus vizinhos, que chamou a emergência. Quando por fim apagaram o incêndio, a cozinha acabada, ela foi parar na delegacia. Fizeram que seu pai pagasse por colocar uma criança em perigo, e foi obrigada a ir a terapia durante os anos seguintes. À semana seguinte, enviaram uma assistente social para entrevistar seu pai e a ela, e para inspecionar como viviam. Essa assistente social era Norma. Embora seu pai estivesse muito nervoso antes que chegasse, Valerie viu uma faísca quando falava com Norma. Estava muito feliz quando várias semanas depois, disse que tinha um encontro com a assistente social. Tudo acontece por uma razão abobrinha. Lembrava como ele estava acostumado a dizer isso, depois de vários acidentes provou que sua teoria era verdade. Por alguma razão, não podia falar sobre Alex na frente de Norma. Não acreditava que Norma o julgasse ou algo parecido. Só que se sentia melhor falando de certas coisas, só com seu pai, e essa era uma delas. A princípio, seu pai não gostou de Alex. Claro, nesse momento Valerie estava no colégio e era sua garotinha. E Alex era um enorme "IDIOTA" que a fazia chorar. Seu pai estava acostumado a dizer que Alex era um desses homens que acreditavam que eram maravilhosos e que nunca seria de uma mulher só porque haviam muitas que se jogavam em seus pés. Mas algumas vezes a surpreendia dizendo que via algo nos olhos de Alex quando ele a olhava. Dizia que era algo tão autêntico que só outro homem entenderia. Então ela chorava outra vez, e ele se irritava porque Alex tinha quebrado o coração de sua garotinha. Outra vez. Se encontraram no Pancake House, perto do centro comercial. Seu pai já estava bebendo café e lendo o jornal quando chegou. Não se surpreendeu que já tivesse pedido para ela. Conhecia seu apetite mais que qualquer
outro. Ela se assegurou de que não pediu nada ruim para sua saúde. Como sempre, seu humor não foi ignorado por seu pai. Assim que tomou o primeiro gole de seu suco ele perguntou: — Vai me contar? Valerie sorriu fracamente. — Alex voltou. Ele assentiu e deixou o jornal. — Imaginei, com o casamento e tudo isso. — Não é só isso, pai. Lembra de todas essas vezes que pensei que estava com outra mulher? Seu pai franziu a testa enquanto bebia seu café. — Sim, lembro. Valerie olhou sua taça. — Isso é descafeinado? — Respondeu assentindo. — Bom — continuou. — Apareceu em meu escritório ontem à noite. Ele nunca fez isso. Disse que queria falar comigo, então eu concordei. Seu pai já sabia da tutora e todas às vezes anteriores a essa, então contou tudo que aconteceu depois. Desde que Alex a beijou na festa até ela mentindo que estava saindo com alguém mais, até contou sobre seu encontro horroroso com o Luke. Então contou o que Alex admitiu na noite anterior. Seu pai a escutou, às vezes rindo e outras sacudindo a cabeça, enquanto comia. — Então, o que me diz? Isabel falou para seguir com a história do namorado, pelo menos por mais um tempo. Até que saiba que não está dizendo isso só por ter outro homem na minha vida. Seu papai parou e pensou em sua pergunta por uns minutos. — Essa é difícil, abobrinha. Nós, os homens, somos idiotas com as mulheres. Mas acredito que este menino fez tudo o que fez por seu estúpido
orgulho. Agora entendo tudo. Nunca entendi como um menino que te olha do jeito que ele faz, pudesse fazer todas essas besteiras que quebraram seu coração. O coração do Valerie se inchou. Odiava se iludir como fez tantas vezes no passado, mas seu pai sempre via coisas que ela não podia. — E mais — disse, apontando com o garfo. — Há uma coisa que sempre eu gostei nesse menino. Embora odeie sua linguagem corporal, gritando que é dele, sei que se estiver ao seu lado não vai haver ninguém que te machuque. É como se estivesse escrito em seu peito em luzes fluorescentes. — Encolheu os ombros, pondo passas em sua aveia. — Eu gosto de saber que está em boas mãos. Valerie teve uma visão das mãos do Alex sobre ela e riu bobamente. — Para de fazer isso. Sabe ao que me refiro. Valerie riu. — Então, a sério acredita que está dizendo a verdade? —
Seu pai
limpou a boca com um guardanapo. — Agora eu entendo tudo, amor. Sempre soube que estava louco por você. — Quando terminaram de comer, Valerie o elogiou outra vez por sua comida saudável. Ele se foi, mas ela ficou no centro comercial comprando, perdida em seus pensamentos por horas. Parou em um mercado enquanto voltava para sua casa para comprar bebidas para colocar em seu cooler. Isabel ainda não tinha chegado. Valerie começou a se preocupar de que não chegasse a tempo para ir com ela à fogueira. Não ia sozinha. Isabel chegou justo antes das cinco. — Perdão Val, mas fiquei mais tempo com minha mamãe e minha irmã, vou estar pronta em um minuto. — A que horas começa esta coisa? — Dentro de uma hora.
Isabel estava pronta em tempo recorde. Foram rapidamente e falaram de suas manhãs até que chegaram à praia. Já havia uma pequena multidão quando chegaram. A maioria eram pessoas que Valerie já conhecia, mas haviam algumas caras novas. Alex ainda não estava, então relaxou um pouco. Sentaram ao redor da fogueira. Valerie pegou um copo de cerveja e Isabel um refresco de uva. Angel e Eric estavam ocupados pondo mais madeira para a fogueira. — Então, como foi seu encontro ontem à noite? — perguntou Valerie logo que esteve cômoda em sua cadeira, com sua bebida na mão. Isabel lançou um olhar. — Aqui não, conto depois. — Oh, de acordo — sussurrou Valerie. — Não há muito que contar aqui. — Não há muito a contar sobre o quê? — Romero apareceu atrás delas. Valerie viu de como Isabel tentava esconder sua expressão horrorizada. Olhou Romero, notando seu rosto inexpressivo e se perguntou o quanto ele escutou. Eric estava tentando acender o fogo. Pensando rápido, Valerie olhou para Eric. — Bate-papo de garotas Romero. Vá ajudar. — Fez um gesto na direção do Eric. — Escutei histórias lendárias de suas fogueiras. — Todas mentiras. — Se inclinou para beijar docemente Isabel e logo foi para os meninos. Isabel tomou um grande gole de seu refresco. Inclinou para Valerie e sussurrou: — OH... Meu... Deus. Valerie riu bobamente.
— Santa merda, foi perto. Não acho que escutou a primeira parte, ou acha? — Não, definitivamente teria algo que dizer sobre isso. Valerie tomou sua cerveja, aliviada por não ter dito nada demais, se endireitou quando viu Alex estacionando sua caminhonete. Estava com Sal. Não se surpreendeu que Sal pudesse ir a todas as reuniões mesmo estudando em Los Angels. Uma coisa que sempre soube no colegial, era que os três irmãos eram muito próximos. Tiraram seu cooler da parte de atrás da caminhonete. Alex estava de camiseta e shorts caquis, com a maioria de seus grandes músculos expostos para que todo pudesse mundo ver. Embora Sal fosse maior e seu corpo também fosse impressionante, era evidente qual dos dois irmãos passava mais tempo malhando. Tentou não os olhar enquanto andavam pela multidão. Ele sorriu para alguém, e Valerie seguiu seu olhar. Seu estômago caiu quando viu que sorriu para uma das garotas que não reconheceu antes. Estava parada perto do rádio, sorrindo e com seus olhos brilhantes. A garota foi para eles e deu um grande abraço em Alex, e depois em Sal. Alex sorria muito e Valerie agradeceu por não contar a verdade sobre o namorado falso. Alex nunca mudaria. Forçou a parar de olhar e olhou com intensidade para os meninos que estavam acendendo o fogo. Romero estava pondo líquido inflamável na madeira. — É suficiente Ramon — disse Angel. — Você não entende nada disso — Protestou Romero. — Isso é o que você sempre diz — disse Eric. — Lembra daquela vez? — Romero o olhou, irritado. — Estávamos no colegial! — Tocou sua sobrancelha. — Minha sobrancelha voltou a crescer.
Ela finalmente voltou a olhar para Alex, e ele sorriu. Esse mesmo lindo sorriso que normalmente derretia seu coração, mas estava furiosa. Odiava ser tão insegura. O que é ainda mais revoltante era que ele a deixava dessa maneira. Ela respirou fundo e bebeu um gole de cerveja. A garota não ficou muito tempo antes de voltar para sua turma. Valerie ficou
incomodada
por
não
reconhecer
a
menina,
entretanto,
Alex
aparentemente a conhecia o suficiente para dar seu sorriso e justificar um grande abraço. Sarah se sentou a seu lado e se inclinou. — Então, escutei que você e Alex saíram ontem de noite? — Sério que ele contou? — Essa era a primeira, pensou Valerie. — Não, escutei dizendo a Sal no restaurante hoje. Ficou calado quando me viu, então só escutei uns pedaços. Mas, disse que vocês conversaram e Sal disse que continuasse, mas não sei o que significa. Continuar? Continuar jogando? Ai, tinha que parar de pensar tão negativamente. Sal era um menino agradável. O mundo inteiro não poderia estar conspirando contra ela. — Conversamos — disse Valerie. Eric se aproximou delas. — Contarei isso em outro momento. Sarah compreendeu imediatamente e encostou em sua cadeira. Valerie olhou na multidão a garota que abraçou Alex. Sal estava ali falando com eles agora. Talvez o sorriso brilhante da garota fosse para o Sal. Faria sentido já que os três irmãos eram tão bonitos que chegava a irritar. O fogo estava alto agora, e Angel olhou para Romero. — Tinha que fazer algo estúpido sobre isso, não? — O quê? Esse é um maldito bom fogo — disse Romero. Isabel começou a rir, e Romero virou para ela. — Me diga que não é um bom fogo.
— Isso é um fogo — concordou. Sofia se aproximou deles. — Alguém quer ir ao banheiro? — Sarah levantou a mão. — Eu. — Virou para a Valerie — E você? Valerie negou. Observou enquanto andavam e logo virou de novo para o fogo. Romero se sentou na caixa térmica junto à Isabel. — Terminaram com o bate-papo de garotas? — Terminou antes de começar — disse Isabel, tomando um gole de sua bebida. Romero sorriu. — Pode tirar isto agora. — Tirou seu chapéu de sol. — O sol se pôs há uns vinte minutos. — Se inclinou e beijou Isabel de novo, desta vez mais longo e mais profundo que a primeira vez. — Senti saudades ontem a noite — Sussurrou olhando profundamente em seus olhos. Valerie sorriu quase ciumenta. Sentia falta de ser beijada dessa maneira e realmente desfrutar como Isabel parecia fazer. Não como quando Luke a beijou. — Ouça. — Uma mão no ombro do Valerie a fez saltar. — Sinto muito, baby...Quero dizer Val. Continuo fazendo isso. — Alex sentou a seu lado segurando uma garrafa de água na mão. — Quanto tempo está aqui? — Não muito tempo, meia hora, talvez. — Decidiu não ceder a suas inseguranças e arruinar a noite. Então, sorriu, esquecendo a garota com o grande sorriso no momento. Alex levantou o olhar para o céu. — Linda noite. — Sim, é. Ela olhou a enorme lua fluorescente, contra um céu quase negro. Era quase cheia. Isso trouxe lembranças de estar na praia com ele a abraçando.
Quando costumavam só olhar para o céu infinito e falar livremente a respeito de tudo. Ela amava suas conversas. Os bons momentos com ele foram sempre tão maravilhosos. Muito ruim que nunca parecia durar muito tempo. A música forte, mais vozes e mais risadas, trouxeram sua atenção de novo à fogueira. Sofia e Sarah estavam de volta. Sarah se acomodou junto a Angel na areia e Sofia ficou de pé perto do fogo. Eric estava ao seu lado, segurando sua mão e roubando muitos beijos. Alex se endireitou em sua cadeira e franziu a testa. Se surpreendeu de que inclusive depois de todo este tempo, Alex ainda pudesse ficar tenso quando os via ficar muito melosos. Sal se aproximou para cumprimentar Valerie e a abraçou um pouco mais forte que o habitual. Por alguma razão, Sal ainda deixava Valerie nervosa. Talvez fosse porque nem sempre estava por perto e era muito mais sério que seus irmãos menores. Ele sempre foi incrivelmente amável com ela. Ela pensava nele como alguém muito mais velho apesar de ser só dois anos mais velho. Alex sempre dizia o quão inteligente Sal era. Sempre tinha medo de dizer algo estúpido e se envergonhar. Isabel se inclinou e perguntou se estava pronta para ir ao banheiro. Estava. Depois de comprovar com Sarah para ver se tinha que ir, Isabel e Valerie se desculparam. Quando estava longe o suficiente, Valerie agarrou o braço de Isabel. — Então, Romero comentou sobre a nossa conversa? — Sim. Tive a sensação de que faria. Mas só perguntou se estávamos falando dele.
— Não escutou a primeira parte? — Isabel negou. — Graças a Deus. — Ficaria tão mal se tivesse colocado Isabel em maus lençóis devido a sua boca grande. — Então, o cara era um fracassado? Isabel franziu a testa. — Na verdade não, mas, obviamente, não estou interessada. Quando pediu meu número, me senti mau. Dei o número do telefone fixo, para não rejeitá-lo totalmente. Valerie estalou a língua com desaprovação. — Isabel, deveria ter dito a verdade. — Sei, sei, mas ele retorna a Alemanha amanhã e não voltará em uns meses, então o que importa? Não quero que ele diga ao meu cunhado sobre Romero, porque eu teria que explicar a Pat. Chegaram ao banheiro e esperaram na fila. Isabel deu a Valerie uma olhada. — Então, vai dizer que terminou com o Luke ou não? — Valerie mordeu seu lábio. — Não sei... Se sair o tema, talvez. Ainda não estava cem por cento segura, mas depois de falar com seu pai hoje, queria ser honesta. Quando era mais jovem caia nos jogos de Alex. Agora queria o fazer sofrer por vingança. Era infantil ela sabia. Ela finalmente se decidiu. Se o assunto surgir, dirá a verdade. Na volta, Valerie viu Alex as olhando. Quando chegou em seu lugar, ele se aproximou. — Vão começar a passar a garrafa de tequila. Não estou com ânimo para beber esta noite. Quer dar um passeio? Isabel sentou e Romero se apressou para sentar ao seu lado. Realmente estava acabado o plano que ela tinha para todos estes eventos. Não podia
usar a desculpa de "NĂŁo quero deixar a Isabel sozinha", que tanto ensaiou. EntĂŁo, concordou com Alex e agarrou sua camiseta.
Foram para a água, e o coração do Valerie se acelerava com cada passo. Sentiu seu telefone vibrar em seu bolso, e o tirou para olhar. Tinha uma mensagem de texto estranha. Do tipo que é enviado de um computador e não dá para saber de quem é. É só questão de tempo, querida. Sentiu seu estômago embrulhar e ficou em silêncio até que escutou a voz de Alex. — Seu namorado? Ela sacudiu a cabeça, mas não pôde esconder seu medo rápido o suficiente. Olhou ao redor. Estava aqui? — Aconteceu alguma coisa? Olhou para Alex. Suas sobrancelhas estavam franzidas e parecia assustado. — Valerie, está tão branca como um fantasma. O que aconteceu? Valerie estava surpresa de que tivesse percebido. Estava escuro, mas a lua era muito brilhante. Tentou se recompor. Isto estava a assustando. Mesmo assim, sacudiu a cabeça. — Nada. Alex parou na frente dela.
— Não, Val. Algo aconteceu. — Ele olhou para o telefone de Valerie — Está tremendo. — Era mais uma afirmação do que uma pergunta. Alex não escondeu a preocupação em seus olhos. — Ontem à noite quase chorou quando te assustei. Esse cara continua te incomodando? — Ela encolheu os ombros tentando não dar importância. — É só uma mensagem. Com um olhar afiado perguntou: — Uma mensagem que drenou todo o sangue de seu rosto e que te deixou tremendo? Alex não ia deixar isso passar. Tinha que ser criativa sem mentir. Mas ele não precisava saber tudo. Odiava ficar enrolada em mentiras. Nunca foi boa mentindo. Alex seguia procurando seus olhos para que conseguisse respostas. — Sim, bom, é o primeiro que recebi em meu telefone, então me assustou um pouco. O olhar do Alex foi inquebrável por um momento, e logo olhou de novo para seu telefone. — O que dizia? Mesmo com todo medo e apreensão que sentia sobre compartilhar isto com o Alex, não pode evitar se distrair com seus braços e ombros incríveis. Em vez de dizer, mostrou a mensagem.
****** Cada músculo no corpo do Alex endureceu enquanto lia o texto na pequena mão tremendo de Valerie. — É este o mesmo cara do clube? — Ela encolheu os ombros. — Não é seu número, mas tenho certeza que é ele.
— Questão de tempo para quê? — Alex lembrou de como ele queria levar Valerie para fora naquela noite. O que queria dizer do lado de fora que não podia dizer no clube? Ou pior, o que planejava fazer? Podia ver que Valerie estava pensando se ia dizer ou não, mas não ia deixar isso passar. Se esse cara estava ameaçando Valerie. Queria saber tudo. — Vem aqui, se sente. — Sentaram na areia. Sua delicada perna roçou a dele alertando todos seus sentidos — Me diga, Val. O que está acontecendo? Ela olhou para o oceano e respirou fundo. — É como te disse. Me envolvi com este cara um tempo atrás, e ele não superou. Valerie não estava mentindo. Porém havia mais que isso. — O que quis dizer com a parte de questão de tempo? Do que se trata isso? — Questão de tempo para conseguir o que quer. — E isso seria? Valerie pôs sua mão sobre a perna do Alex. — Podemos não falar disto agora? É uma noite tão bonita. Não quero arruiná-la falando desse imbecil. Alex exalou bruscamente. Conteve todas as perguntas que ainda tinha. Mas não conteve a urgência de pôr seus dedos sobre os dela. Sustentou sua mão fortemente e ela permitiu. A fogueira estava indo bem apesar de tudo. Tinha outras coisas que ele queria falar com ela, mas definitivamente retornaria a isso depois. — Pensou no que disse ontem à noite? Ela assentiu e retornou seu olhar ao oceano. — Bastante na verdade.
Sua expressão era vazia. Ele não estava seguro se era algo bom ou não. Apertou sua mão gentilmente e virou para ele. — Não estou mais com Luke. Alex analisou a notícia por um momento. Havia um pouco de medo em seus olhos, como se houvesse algo mais. Ela virou. — Nem tinha começado a sair com ele até depois da festa. Nesse dia menti sobre sair com alguém. Ele esperou até que seus cautelosos olhos estivessem de novo nele. — Por quê? — Porque tinha medo de me envolver de novo, Alex. A dor de te ver com aquela mulher ainda me machuca. Nem tinha me dado conta até que te vi na festa. Era mais seguro mentir e te manter afastado. Não queria sentir essa dor de novo. — Não vai. Prometo. — Alex podia sentir seu coração acelerar. Se conseguisse concertar as coisas com ela agora, nunca faria nada para perdê-la novamente. Nunca ia ficar longe dela outra vez. — Quando terminou com ele? — Faz quase duas semanas. Tentamos mantê-lo discreto, e pelo que eu saiba ninguém no escritório sabia. Isso até o Bruce, o imbecil do clube, começar a ligar para o escritório e contar a qualquer um que atendesse. — Foi por isso que deixou de ver o Luke? — Isto não era o que queria escutar. Ainda tinha sentimento pelo Luke? Valerie sacudiu a cabeça e pôs a mão em sua coxa. — Não, ia terminar de qualquer maneira. Não tinha futuro. Não sentia nada por ele. A única razão pela que saí com ele foi... Para tentar te esquecer.
Apesar da euforia que sentia, precisava perguntar algo que talvez arruinasse a noite. Algo que ardia dentro dele desde que Angel mencionou a conversa da lingerie com Sarah. Tinha que saber. — Vocês alguma vez...? Seus olhos procuraram os dele e logo se abriram. Imediatamente sacudiu sua cabeça. — Não — Disse profundamente —Nunca. O alívio foi imensurável. Esteve preocupado por semanas. Ela era dele e o pensamento de outro homem com ela, especialmente um que seguia vendo diariamente, o matava. Olhou dentro de seus grandes olhos e ele já não pôde esperar mais tempo. Se inclinou, a beijou gentilmente, e ela permitiu, inclusive abriu seus lábios convidando a sua língua a entrar. A empurrou para trás gentilmente até que estavam deitados. Passou tanto tempo desde que esteve debaixo dele. — Valerie — suspirou entre os beijos. — Hmm? — Vem para casa comigo. — Sentiu ela endurecer, e parou para olhar em seus olhos inquietos — O que aconteceu? Ela não respondeu imediatamente, e finalmente disse: — Tenho medo. Alex sentiu sua mandíbula endurecer. — Pelo Bruce? Não se preocupe. Eu... — Não, Alex. — Sentou — De ser machucada de novo. — Alex estava acariciando suas costas — Preciso de mais que uma relação sexual. — Seus olhos brilhavam — Não posso mais fazer isso.
Ira e vergonha passaram pela espinha de Alex. Ela estava a ponto de chorar por culpa dele. Não podia nem pensar o quanto a fez chorar no passado. — Linda, eu sou seu. Ia esperar até depois, mas direi agora. Quero que venha morar comigo. — Logo surpreendeu a si mesmo acrescentando — Amo você, Val. Sempre amei. Valerie o olhou, seus lábios estavam ligeiramente abertos, mas não disse nada. Alex não terminou, ia dizer tudo. Com uma repentina urgência de compensar por toda a dor que causou declarou: — Ou se case comigo. De qualquer maneira, não quero estar separado de você nunca mais. Finalmente ela piscou, mas sua expressão não mudou. — Alex, não pode estar falando sério. — Nunca falei tão sério em minha vida. — Mal podia acreditar que acabou de pedir que se casasse com ele, mas falou sério. Não queria nada mais do que tê-la em sua vida para sempre, então, por que não? — O que me diz? Valerie parecia confusa. — Alex, isso é tudo que eu queria desde a festa. Não sonhei com nada exceto estar com você. Mas, morar com você? Casar? Isso é um grande salto. Nem fomos capazes de ter uma relação estável. Como sabemos que...? — Confie em mim, linda. Eu sei. — Levou sua mão a seus lábios e a beijou — Não quero ficar outro dia sem você. Não posso, Val. Até o momento em que as palavras saíram de sua boca, Alex nem tinha pensado na coisa do casamento. Mas nunca esteve mais seguro sobre nada em sua vida. Queria que Valerie fosse sua. Agora entendia por que Angel estava tão ansioso em casar com Sarah. Se isso era o que o fazia se sentir
completo, o que o fazia o homem mais feliz do mundo, por que não tornar oficial? Valerie o olhou e logo olhou a sua pequena mão que Alex seguia segurando firmemente. Mordeu seu lábio. — Alex podemos começar devagar? — Parou quando Alex pressionou seus lábios nos dela — Tem que entender. Só de pensar em abrir meu coração para você de novo, me deixa aterrorizada. Alex escondeu sua incrível desilusão. Mas tinha que admitir que ela tinha um ponto. Primeiro tinha que provar que a merecia, e faria o que fosse necessário. Ao menos ela estava disposta a dar uma oportunidade. Isso era muito mais do que esperava ao vir aqui. A puxou em um abraço. Senti-la em seus braços de novo era esmagador. A apertou forte e sussurrou em seu ouvido: — O que for necessário. Suas mãos acariciaram suas costas. E se inclinou para beijá-la. Ela permitiu. Quando sentiu sua língua dentro de sua boca, tentou se controlar. Cada centímetro de seu corpo a desejava, seus músculos ficaram tensos. Desejava ela antes mas isso era completamente diferente. Alex só teria que ser paciente. A última coisa que queria fazer era pressioná-la e que pensasse que só estava ansioso por uma razão. Enterrou sua cara em seu cabelo. A urgência mudou. Estranhamente, a ideia de consumar essa relação era esmagadora. Na realidade nunca teve uma relação. Ela foi o mais próximo de uma. Todos esses anos que estragou as coisas cada vez que começavam a ficar sérias, tudo por culpa de seu estúpido orgulho. Agora estava determinado a demonstrar que tudo o que queria era ela e só ela. Foi tudo o que pensava da festa, e desta vez não ia arruinar nada.
— Vamos fazer isso no seu tempo, Val. Só espero que acredite quando digo que nada me faria mais feliz que saber que é minha, para sempre. Só lamento que eu tenha demorado todo este tempo para perceber. — O pensamento de fazê-la sua esposa e selar seu futuro com ela para sempre começava a soar melhor e melhor. Estava surpreso por não pensar nisso antes. Mas suas esperanças de a ter de volta em sua vida eram frágeis. Beijou seus lábios — Se você sentir a metade do que sinto por você, serei o homem mais feliz no mundo. Ela o olhou incrédula. — Alex, não posso acreditar, todos esses anos e você não se deu conta do que eu sinto? Desde a primeira vez que saímos na escola, você me arruinou para cada menino com quem saí depois disso. Alex franziu a testa. O último no que queria pensar agora era nela com alguém mais. — Duvido. Foi a vez dela de franzir a testa. Qualquer rastro de lágrimas se foi. Agora o humor dançava em seus olhos. Se inclinou e falou em frente ao seu rosto. — Alex Moreno, sabia que eu estava apaixonada por você inclusive antes de te conhecer. Sarah te disse isso. Você sempre soube. — Não sabia. — Ficou na frente dela — Lembra que desde o começo foi você que deixou claro que só queria uma relação física. Sem amarras. — Apertou sua mandíbula — Concordei porque estava muito ocupado com a escola e, que menino em são julgamento deixaria passar algo assim? Logo foi e deixou que Romero te beijasse. — Rangeu os dentes antes de continuar — Sério? Romero? Era tão magro e estúpido naquela época. Não tem ideia do que isso fez a meu ego. Pensei que não sentia nada por mim. Pensei que
desencantou depois que me conheceu. Daí em adiante, nunca soube o que pensar. Valerie parecia mais assustada agora do que quando pediu para casar com ele. — Ainda lembra disso? — Claro que sim. Como poderia esquecer? — Foi à primeira vez em sua vida que sentiu ciúmes. Por um longo tempo, pensou que era só uma emoção que Valerie tirou dele porque nunca sentiu por mais ninguém. Mas agora sabia. Nunca esteve perto de sentir por ninguém o que sente por Valerie. Finalmente um sorriso dividiu o rosto de Valerie. Alex ficou olhando seus grossos lábios enquanto ela os lambia. — É incrível. Desperdiçou todo este tempo sem saber o quão desesperadamente louca eu estava por você. Alex a beijou e logo ficou de pé. — Muito tempo. Vamos. A devorou e imediatamente a levantou em seus braços, apertando e beijando, querendo fodê-la. Ela riu quando finalmente a abaixou. — Vamos embora desta festa, Valerie. — Começaram a ir para a fogueira. — Não podemos. Sarah vai se sentir mal. — Alex franziu a testa e olhou para ela, esperançoso. — Então, ficamos um pouco e depois vamos para minha casa. E ficamos em dia? — Se é assim que quer chamar. — Riu. Alex a abraçou de novo e a apertou gemendo. Ainda não podia acreditar o enorme peso que tirou de seus ombros esta noite. Valerie ia para casa
com ele, e não iria mais embora. Ainda tinha o problema de Bruce. Já retornaria a isso, mas neste momento só queria desfrutar de seu tão esperado encontro com sua futura esposa. Normalmente estaria cheio de ansiedade, mas agora uma ternura esmagadora o consumia. Quando voltaram à fogueira, o primeiro a fazer contato visual com ele foi Sal, e sorriu. Viu Alex segurando a mão de Valerie firmemente. No segundo que pararam de andar, esperou ela calçar os sapatos antes de abraçá-la por trás. Amava que sempre usasse os saltos mais altos que encontrasse inclusive para ir à praia. Essas sandálias deviam ter ao menos sete centímetros. Parecia tão sexy com elas. Valerie desenrolou suas mãos de sua cintura e o levou para as cadeiras. Se inclinando, disse algo a Isabel depois de sentar. Alex se sentou com ela e nunca soltou sua mão. Quando Valerie terminou de falar com Isabel, se inclinou e sussurrou: — É óbvio que está bem que Romero a leve para casa. — Alex olhou Isabel e Romero. Romero empurrou Isabel e sussurrou algo que a deixou louca. Não viu Romero tão bem em uma festa com álcool em... Bom, nunca. Sempre foi o tipo divertido e carregado neste tipo de festa. Estava tão distraído com Isabel que nem estava bebendo. Nunca pensei nesses dois juntos. Eram completamente diferentes. Mas não podia negar que curtiam um ao outro. Alex só esperava que Romero não estivesse jogando com a companheira de Valerie. Sabia o quanto que ela significava para Valerie. Esperaram o que pareceu uma eternidade antes de saírem. Tentaram se discretos, mas não conseguiram fugir dos olhares que recebeu de todos os idiotas incluindo seus irmãos. Sal subiu e baixou suas sobrancelhas quando Alex jogou suas chaves.
Dirigiu para sua casa no carro de Valerie e nĂŁo foi capaz de tirar suas mĂŁos dela em todo o caminho.
Apenas tinham chegado a porta quando começaram a tirar as roupas. Alex pegou Valerie em seus braços, fechou a porta com seu pé e a levou a ser quarto. Diminuiu o passo uma vez e a teve em sua cama. Sempre fazia isso. A deixava louca, mas sempre dizia que queria desfrutar de cada minuto. Tirou sua camiseta, revelando seu maciço peito e bíceps, e deitou em cima dela. O beijou profundamente, passando suas mãos ao longo de suas duras costas. Não podia ter o suficiente de seus lábios, sua língua, seu sabor. O beijou tão grosseiramente como ele a beijou. Então, sua língua se moveu por ela toda.
Sua orelha, seu queixo, seu pescoço, realizou seu
percurso para baixo lentamente, fazendo com que arqueasse suas costas. Chupou um de seus mamilos só o suficiente para que gritasse de prazer. — Deus, senti tanto a sua falta, linda. — Também senti sua falta — Disse sem fôlego. Nunca haveria nenhum homem que a fizesse sentir como Alex fazia, sem dúvidas agora. Pressionou seu corpo contra ele e gemeu com antecipação. Sua respiração ficou mais rápida e pesada. Enquanto suas mãos a acariciavam, Valerie passou suas mãos pelos duros braços dele.
Ele continuou percorrendo com seu polegar seu mamilo enquanto chupava o outro. Com essa longa espera, Valerie não podia acreditar que estivesse tomando seu tempo. Queria ele nela agora. Estava tão preparada. Tudo o que podia fazer era ofegar com prazer enquanto sua boca puxava seu mamilo. A mão de Alex se moveu pelo estômago de Valerie a fazendo tremer. Quando se meteu em sua calcinha, ela sentiu sua respiração ficar mais áspera. — Alex, por favor. — Logo que pôde soltar a desesperada súplica. Ele tirou sua calcinha, a rasgando no processo, e ela gemeu, abrindo as pernas para ele, o desejando nela já. Sua grande mão a acariciou e ele gemeu. Seu dedo se movia lentamente entre suas pernas. Valerie umedeceu os lábios e beijou suas formosas costas. Seu dedo encontrou o mais prazeroso dos lugares. — Está tão quente e úmida, linda. Levantou seu rosto. Inclusive seu fôlego contra seus lábios era uma tortura. Mas não a beijou. Seus penetrantes olhos a observavam enquanto seu dedo brincava com ela lentamente. Ela se retorceu e gemeu apertando seus olhos fechados. Ia chegar ao clímax muito antes do que esperava. Mordeu o lábio e abriu mais as pernas enquanto sua excitação aumentava e chegava em um lugar que só Alex podia levá-la. A expressão de seu rosto era admiração pura. Estava desfrutando a fazendo enlouquecer. — Alex — ofegou. — Goze agora, Valerie. Quero te sentir em meus dedos. Seu dedo se moveu mais rápido agora, mas ritmicamente. Mas não duraria muito mais tempo. Ela podia sentir. Seu corpo estremecia de
prazer. Então, justo quando sentiu seu pico de excitação, ele se inclinou, lambeu o lábio inferior, e lhe sussurrou. — Você é minha, Valerie, e sempre foi. Ela gritou quando o deslumbrante raio de prazer atingiu todo seu corpo. O dedo que devastou seus sentidos entrou nela e se moveu ao redor, fazendo seu orgasmo muito mais forte. Fechou os olhos com força. Seu dedo nunca parou enquanto ela gemia, sem vergonha. Recuperar o fôlego era uma luta. Quando abriu os olhos, ele a olhava fixamente. — Linda, baby. — Então deu um sorriso perfeito — Minha vez. — Valerie ficou ali ainda respirando com dificuldade e desfrutando das réplicas. Todos seus sentidos estavam ainda em êxtase. Não se deu conta, que Alex se despiu completamente, colocou uma camisinha, e agora estava sobre ela. Seu corpo cinzelado era formoso. Só tinha visto esculturas que se aproximavam do dele. Tudo era perfeito, e então o viu, tão grande e preparado enquanto lembrava e fantasiava sobre todo este tempo longe dele. Imediatamente, estava excitada de novo. Abriu as pernas com ansiedade e ele se afundou nela. Arqueou as costas, deixando escapar outro gemido quando sentiu a ponta úmida quente tocá-la. Seus quadris se elevaram com entusiasmo. Ela ainda estava pulsando, mas se sentia tão pronta para mais. Alex pôs sua mão atrás de sua cintura a puxando para ele e entrou nela. Empurrou lentamente a princípio. — Sinto muito, linda. Não posso aguentar mais. — se esforçou para falar. — Não o faça. — Ela envolveu suas pernas ao redor de sua dura cintura o querendo mais profundo e mais duro.
Alex ofegou mais forte, e sentiu outro orgasmo chegando. Valerie levantou os quadris querendo o mais profundo possível. Cada vez se aproximava mais e mais, e quando soltou um grito de prazer, Alex gemeu em voz alta. Se enterrou nela e a agarrou com força. Normalmente adorava vê-lo gozar, mas estava ocupada desfrutando de seu próprio prazer imenso. Era mais forte que a primeira vez. Continuou gemendo profundamente com cada pulso. Alex recostou seu corpo sobre ela com suavidade. Sentiu que seu coração pulsava com força contra seu próprio peito ofegante. — Nunca mais. — Disse. Isso a confundiu. — O que quer dizer? — Nunca mais ficaremos separados. — Valerie sorriu. — Eu te amo, Alex. — Acho que nunca me cansarei de te ouvir dizer isso, linda. — Levantou sobre um cotovelo e a beijou — Também te amo. Para sempre. Valerie ainda não podia acreditar nessa noite.
Se acordasse em sua
cama e tudo isto tivesse sido um sonho, ia matar alguém.
****** Na manhã seguinte, Alex levantou cedo, chateado por não imaginar que a noite iria acabar tão bem e não pedir para alguém cobrir seu turno. Não queria nada mais do que ficar em casa e desfrutar de Valerie o dia todo. Ao invés disso, estaria no restaurante. Só se serviu uma caneca de café quando Valerie entrou na cozinha. Usava uma de suas camisetas e nada mais. Lembrando que estraçalhou
sua calcinha na noite anterior, o pensamento de nada debaixo o deu uma ereção imediata. — Sinto muito, Val. Não quis te acordar. Valerie sorriu, andando para ele. — Depois da noite que tivemos, pensei que poderíamos dormir durante dias. Ela envolveu os braços ao redor de sua cintura. Beijou sua cabeça e franziu a testa. — Tenho que ir ao restaurante hoje. Mas vou tentar sair cedo. Valerie o olhou. — Está bem. Faça o que tem que fazer, simplesmente não desapareça. — Nunca mais. — Alex se inclinou e a beijou. Estava tão bonita, inclusive pela manhã. Toda sua maquiagem desapareceu. Não que usasse muito, mas depois de várias rodadas de sexo ontem à noite tomaram uma banho juntos. Seu rosto estava incrivelmente fresco. Pensamentos de tudo o que fizeram ontem à noite alagaram sua mente, e estava disposto a tomá-la outra vez. Mas teria que esperar. O tempo não estava do seu lado esta manhã, mas havia umas coisas que Alex queria falar com ela imediatamente. — Quer café? — Mmm, sim, por favor. Valerie se aproximou de seu balcão e se sentou à mesa. Depois de servir uma caneca, ele sentou a seu lado. — Então, me fale desse imbecil que está te ameaçando. Sua expressão mudou imediatamente. Isto, obviamente, não era algo que esperava falar esta manhã. Mas se estava em algum tipo de perigo, precisava saber agora.
Valerie evitou seus olhos e tomou um gole de seu café. — Está irritado. — Por quê? Alex observou como fez todo o possível para evitar de olhar nos olhos. Valerie agarrou sua caneca. — Ele acha que sou culpada pela sua prisão. Alex ficou muito quieto e respirou profundamente. Valerie o olhou e logo voltou a olhar para sua caneca. Odiava vê-la tão tensa. Se inclinou e pôs sua mão no joelho. — Linda, só me diga. Valerie finalmente o olhou nos olhos. — Nós saímos por algumas semanas, e ele começou a ficar muito estranho
comigo,
então
descobri
que
ele
era
casado.
Terminei
imediatamente, mas ele ficou obcecado. Me seguia por toda a parte e me ligava sem parar. Ameacei contar a sua esposa se não parasse. — Ela parou, olhou para o teto e respirou fundo — Quando não parou liguei para sua esposa e disse. Ela ficou histérica. E parece, que ficou tão feio quando ela o confrontou que ele deu uma facada nela. Ela apresentou queixa, e o prenderam. Achei que ficaria três anos preso. Mas, saiu depois de nove meses. Agora me culpa por tudo de ruim na sua vida. Seu divórcio, a perda de seu trabalho, o fato de que não pode ver seus filhos. Tudo. Diz que eu fiz isto. — Isso é mentira. — Sei, mas não é tudo. Disse que tenho que compensar de uma maneira ou de outra... Alex olhou fixamente em seus grandes olhos assustados. Por que não bateu mais forte no imbecil? O nocauteou, mas agora queria matá-lo. — Como é que ninguém me contou sobre isso?
Angel sabia? Tinha que saber. Sarah teria que ter falado. Tentou manter a calma. — Implorei a Sarah que não dissesse a Angel. Não queria que soubesse. Era tão humilhante. — Valerie, o cara é um maníaco. Isso não é sua culpa. — Valerie negou. — É minha culpa. Nunca devia ter me envolvido com ele em primeiro lugar. Deveria perceber que ele era perigoso antes de me envolver. — Não. — Com uma ternura que nunca sentiu antes acariciou seu rosto — Isto não é tua culpa, linda. Não podia deixar de se perguntar se ele mesmo não fosse um teimoso idiota durante tanto tempo, é possível que ela nunca tivesse conhecido este cara. — Então, ele foi específico sobre o que quer? Valerie olhou ao chão. — Nunca fizemos nada além de se beijar... Diz que desde que perdeu tudo por mim, ao menos deveria ter valido a pena... Quer que nós... Nunca. Não na vida de Alex. O animal não se aproximaria nem a um quilômetro dela. Ia se assegurar disso. — E... — Valerie parou. Deus santo havia mais. — O quê? — Disse que vai acontecer, não importa o quê. Já apareceu em uma das propriedades que estive para fazer uma inspeção e tentou me encurralar. — O que aconteceu? — Alex se deu conta de que falava entre dentes, mas era o que podia fazer para não perder o controle e ir procurar Bruce nesse momento. Valerie largou à caneca e juntou as mãos sobre o colo. — Está decidido a me arruinar se não ceder a ele. Está começando com minha reputação no escritório, minha sanidade. — Olhou para Alex —
Estou bastante segura que está me seguindo de novo. Posso senti-lo. Sabia cada vez que estava com Luke. No outro dia... Alex estudou sua expressão. Ela pareceu hesitar. — No outro dia, o quê? — Ligou na manhã seguinte a que tive um jantar com o Luke. — Alex levou um segundo, mas descobriu por que ela parou. — No outro dia? Pensei que havia dito que terminou com ele faz semanas? Quando os olhos de Valerie o encontraram, parecia nervosa, e Alex sentiu uma nova tensão em seus músculos. Fosse o que fosse, o ia tirar dela hoje. Tudo isto. — Bom, continuamos sendo amigos. Temos que ser. Trabalhamos juntos. — A respiração profunda não estava funcionando tão bem, nunca funcionava. Não gostava de onde isso ia chegar. — Jantamos outra noite depois do trabalho. Alex permaneceu frio. Não tinha a intenção de destroçar tudo na primeira manhã depois de conseguir que voltassem a estar juntos. Falou com calma, mas com firmeza. — Em primeiro lugar, todo jantar ou almoço ou algo com o Luke vai parar, ok? Valerie assentiu. A olhou fixamente por um momento. Sua fácil aceitação deveria ter sido mais satisfatória. Saber que estaria vendo esse cara todos os dias levou parte da satisfação, mesmo assim continuou. — Mas está me dizendo que a mensagem de ontem não é a primeira vez que diz que Bruce te ameaçou? Houve mais vezes? — Só em outra ocasião — disse rapidamente — Na manhã depois de que fomos jantar.
— Que foi...? Valerie evitou seus olhos de novo. — Sexta- feira. Alex ficou feliz de que não estivesse olhando ou poderia ver como ficou chateado com isso. Estava decidido a não explodir. — Há algo mais que eu precise saber Z? — Isso é tudo. Ele liga no meu celular o tempo todo, mas não atendo. Alex se levantou e foi para a pia. Largou seu café, seu apetite desapareceu. Valerie ficou de pé e foi para ele. Pôs seus braços ao redor de sua cintura. Ele estava completamente tenso, mas seu toque o tranquilizou. — Alex, eu não gosto de ser um peso para você. Você já tem tanto para se preocupar. Deixa que eu me viro. Não quero que se preocupe. Estava louca? O cara está a ameaçando. — Valerie, quero que me diga tudo o que diz respeito a este idiota, até todas as ligações que não atende. Valerie o olhou e franziu a testa. — Tudo? Sério? — Sim, sério. Valerie assentiu e pôs sua cabeça em seu peito. — Está bem. Alex esfregou suas costas e beijou a parte superior de sua cabeça. Foi muito difícil mantê-la fora de sua vida durante tanto tempo. Valerie o olhou. — Estamos bem? Sorriu. Ficou assustado que há alguns minutos se sentisse preparado para derrubar um muro com suas próprias mãos, e que agora só de tê-la em seus braços estava calmo novamente.
Não aguentou de curiosidade, e colocou a mão debaixo da camiseta. Estava certo, não usava calcinha. Sua mão acariciou seu traseiro nu. Sentindo uma onda de calor, a levantou. Instintivamente ela envolveu suas pernas ao redor de sua cintura e seus braços ao redor de seu pescoço. Sempre amou isso dela. Sempre estava tão pronta para ele. Devorou sua boca, se aproximando da mesa de bilhar. A deitou e tirou sua camiseta. Ao vê-la completamente nua à luz do dia em sua mesa de bilhar, ficou tão emocionado que doía. Mas tinha outra coisa em mente. Parte dessa conversa o deixou com vontade de assegurar de que ela soubesse que nenhum outro homem podia amá-la tanto como ele fazia. Queria deixá-la louca de prazer. — Se incline para mim, linda. Valerie fez o que pediu e ele separou suas pernas, beijando suas coxas internas. Seu tremor o excitava imensamente. Todos seus músculos se apertaram de uma vez. Abriu caminho para o interior. Beijando e chupando suas suaves coxas, e abriu amplamente as pernas. Ela era tão pequena. Era fácil tê-la sobre a mesa de bilhar e mais perto de seu rosto, sua boca, sua língua. Alex lambeu os lábios, desfrutando do que perdeu bobamente durante muito tempo. Este foi só o começo de recuperar o tempo perdido.
A porta tinha três fechaduras, incluindo a trava interior. Isso era estranho. Talvez Isabel tenha ficado com medo por estar sozinha. Devo ter feito o mesmo quando Isabel esteve fora à noite toda, mas Isabel geralmente não tinha medo. Isso de repente me preocupou. Será que Bruce veio e assustou Isabel? Bati suavemente e esperei. Isabel não abria, então comecei a procurar meu celular na bolsa. Felizmente, escutei o cadeado abrir. Seu celular estava perdido em algum lugar na sua bolsa. Isabel abriu a porta. Parecia que tinha saído da cama. — Estava dormindo? Só eram nove horas da manhã, mas Isabel geralmente estava de pé as oito no fim de semana. Isso me deixava louca, porque sempre gostei de dormir mais. Isabel só balançou com a cabeça e correu para o quarto. — Eu vou vestir algo. Vestia um robe. Nunca usava um robe. Valerie deixou tudo no sofá e vasculhou a bolsa por seu celular. O telefone da cozinha tocou. — Eu atendo — gritei, continuei procurando em minha desorganizada bolsa. O telefone tocou pela terceira vez quando finalmente encontrei meu celular e fui para a cozinha. Estava na metade do caminho quando um
Romero sem camisa saía do banheiro e ia para a cozinha. Congelaram quando viram um ao outro. Ele usava a calça jeans da noite anterior e nada mais. Olhei para longe de seu impressionante peito. Sabia que tinha um bom físico, mas o ver sem camisa era outra coisa. Olhou para ele com um sorriso irônico e fez um gesto para a cozinha. — Você vai atendeu? Ela balança a cabeça rapidamente. De maneira nenhuma ia dar mais um passo para perto do namorado seminu de sua colega. — Provavelmente é só um fax. É a única razão pela qual ainda tinham um telefone fixo. Seu pai a ligava sempre que não conseguia falar no celular. Deixaria a secretária eletrônica atender, se esse fosse o caso. Sua própria voz atendeu na secretária se desculpando por não ser capaz de responder no momento que Isabel saiu do quarto. Ela usava calça jeans e camiseta. Tentou arrumar seu cabelo despenteado com as mãos. Eu pressionei meus lábios reprimindo um sorriso. A noite de Isabel obviamente foi tão agradável como a sua. Após um toque, alguém limpou a garganta e falou. — Isabel, é Michael, eu só queria dizer que adorei o tempo que passamos juntos na sexta-feira a noite... Os meus olhos arregalaram. Isabel foi para o telefone, mas Romero andou na frente dela bloqueando seu caminho. Eu e Isabel assistimos com horror, à mensagem continuar. — Ficarei um pouco mais do que imaginava, então eu estava pensando em ver você antes de ir... Romero olhava fixamente para Isabel. Os meus pés estavam colados ao chão. Tive visões de saltar sobre o telefone e bater na máquina até a morte, mas já era tarde demais para isso.
—... Espero que possamos fazer que isso acontecer. Ele falou seu número antes que a terrível mensagem terminasse. Eu não sabia se deveria sair ou ficar como apoio moral. A sala estava em um incomodo silêncio até que Isabel falou. — História divertida. — Sim, Isabel? Me fale sobre isso. Uh, oh. O que aconteceu com Izzy? Romero não via nada engraçado. Deu um passo para longe de Isabel. Eu ainda estava parada ali segurando meu celular tentando pensar em algo para falar que pudesse salvar o dia. Mas minha mente estava em branco. — Minha irmã armou isso antes de eu te conhecer... — Você teve um encontro com esse cara na sexta-feira à noite? — A voz de Romero aumentou ligeiramente, mas por seu tom estava definitivamente a ponto de se descontrolar. Sacudiu a cabeça violentamente. — Não, foi apenas um jantar... — Isso foi um encontro — Romero disse rispidamente — O que você fez sozinha com ele, hein? — Suas mãos balançavam no ar antes que ela pudesse responder — Sabe o quê? Não quero saber. — foi para o quarto — Tudo que você fez foi fantástico. Os olhos de pânico da Isabel procuraram os meus. E eu fiz um gesto para que o seguisse. — Vamos! Explique! — Romero disse em voz alta. A porta do quarto fechou atrás de Isabel, eu podia ouvir a voz abafada dela implorando. A voz de Romero se elevou, mas não podia escutar tudo o que falava. Porém uma frase ficou muito clara, porque era a mais alta. — Você mentiu para mim!
Fui me movendo lentamente para a cozinha. Mordi a unha do polegar desejando uma forma de ajudar a Isabel. A porta do quarto se abriu e Romero estava usando sapatos agora, mas ainda procurava a camisa. Ele me olhou. A raiva em seus olhos não podia ocultar sua dor e eu senti por ele, mas nenhuma palavra me veio à mente que pudesse corrigir isto. Isabel veio depois dele, com os olhos cheios de lágrimas. — Romero, sinto muito. — Sim, eu também. — Ele pegou suas chaves e carteira em cima da mesa — Eu ligo para você Isabel. Vamos fazer isso acontecer. Ele fechou a porta atrás dele e eu me apressei para a Isabel. Não estava certa do que fazer, a abracei forte. Isabel chorou suavemente em meu ombro, e escutei sua risada sarcástica. Eu a empurrei para olhá-la. Ela estava histérica? — Deus, eu sou tão estúpida. — Isabel limpou os olhos — Isto tudo porque deixei minha irmã marcar encontros para mim. Se eu tivesse coragem de dizer a verdade, que já estava namorando alguém, alguém que não iria aprovar, isto nunca teria acontecido. Valerie mordeu o lábio. — Bom, talvez quando se acalmar... — Isabel a olhou com raiva. — Não se trata do encontro, Valerie. Eu acho que está com raiva por que não falei sobre ele para minha família. Perguntou por que minha irmã não cancelou o encontro já que estava saindo com alguém. Quando não respondi saiu pela porta antes que pudesse encontrar a camisa. Não podia suportar estar comigo mais um minuto. Ele acredita que tenho vergonha dele. Me senti tão mal por eles. — Então, o que você vai fazer? Isabel pegou um guardanapo, limpou o rosto e respirou fundo.
— Vou ligar para minha irmã, então vou com o Romero. Ele tem o dia todo livre. Íamos passar juntos. — Enrugou o nariz — Provavelmente se não estiver tão chateado, podemos almoçar com minha mãe e minha irmã. Dei uns tapinhas nas suas costas. — Bem, Isabel. Quanto mais cedo você esclarecer isto melhor. — Tentei soar o mais otimista possível — Tudo vai ficar bem. Você vai ver. Realmente eu esperava que as coisas acabassem bem. De algum jeito, tinha a sensação de que não ia ser tão simples. Este não era definitivamente o momento de dizer a Isabel sobre a noite maravilhosa com o Alex. Isabel obviamente sabia que passei a noite com ele, então, devia saber que as coisas mudaram.
Eu poderia dar os detalhes
mais tarde. Isabel correu para tomar um banho e eu liguei para meu pai. Mal podia esperar para dar a notícia.
****** Mesmo após a noite que tiveram, Alex não podia esperar para chegar em casa para estar com Valerie novamente. Falou com ela várias vezes durante o dia. Mencionou o seu contrato de aluguel de novo e que não poderia morar com ele imediatamente, mas ele já tinha um plano. Já tinha perdido muito tempo longe dela. Também falou que queria falar com ele sobre algo. Perguntou quanto tempo passaria antes que estivesse envolvido na vida dela. Queria saber tudo. Sorriu quando viu que seu carro já estava em sua garagem. Deu a chave de manhã e perguntou se poderia estar lá quando chegasse em casa. Claro que poderia me acostumar a isto. Ainda tínhamos muito que conversar, mas só queria estar com ela, o máximo possível.
Ela estava na cozinha preparando algo quando entrei. — Olá — disse ela por cima do seu ombro — Espero que você esteja de humor para salada de atum. Você me conhece, eu não sou cozinheira. Alex envolveu seus braços ao redor de sua cintura por trás e beijou o lado do seu rosto. Ele sussurrou em seu ouvido: — Não é para isso que estou com humor para comer. — Valerie sorriu. Ele a beijou com a fome que sentiu em todo o caminho para casa. Ela se afastou. — Alex. — Já estava sem fôlego — Vamos comer primeiro. Temos muita coisa para conversar. Ele deu a volta e pegaram as travessas de salada do balcão, ele continuou atrás dela. Tinha que se controlar, pelo menos até que resolvessem esse assunto de viverem juntos. — Você disse que tinha algo que queria falar comigo? — Valerie assentiu e colocou as travessas na mesa. — Isabel e Romero brigaram esta manhã. — Sério? — Alex pensou na maneira que Romero olhava para Isabel ontem. — Por quê? Valerie enrugou o nariz enquanto se sentavam. — Ela foi para um encontro na sexta-feira, e ele descobriu. — Alex a olhou por um momento e seu rosto mostrou desagrado. — Por que ela fez isso? Ele ouviu ela explicar a sórdida história de Isabel, da sua família, e o encontro às cegas. Ele ouviu pegou os detalhes do seu rosto, seu cabelo, e os sutis movimentos que fazia quando falava. Seus grandes olhos escuros brilharam quando falou algo que realmente a comoveu. Ela era incrível. Tinha que parar de pensar no que ia fazer mais tarde e prestar atenção.
Quando terminou, Alex levantou uma sobrancelha e finalmente comeu um pouco. Depois de mastigar disse: — Bem é isso que acontece quando você namora.
Muito ruim para
Romero, mas eu teria ido também. Ela o olhou estranho. — Acha que talvez possa falar com ele? — E dizer o quê? — Que ela realmente sente muito. Que ela tentou ir para a casa dele, ele não estava lá, e ele não responde as ligações. Ela está péssima. Eu odiei ter que deixá-la hoje. Alex não gostou do som disso. — Baby, ele provavelmente vai ficar chateado por um tempo. Mas vai superar, duvido que seja mais que uma noite. Duvido muito que algo que eu fale mude isso. — Ela fez o mais adorável beicinho, e Alex riu — Provavelmente nem atenda minha ligação, amor. Conhecendo Romero provavelmente esteve no ginásio o dia todo e agora deve estar bebendo. Valerie ficou de pé e foi até o balcão para pegar mais da salada de atum. Os olhos de Alex a seguiram muito de perto. — Sabe... — disse chegando ao final do balcão para pegar o celular de Alex. — Se voltarem, talvez Romero possa cuidar da minha parte do contrato. Caso contrário, tenho que ficar lá até no próximo ano. — Próximo ano? — Alex franziu a testa enquanto ela sentava ao seu lado. — Sim, acabo de assinar um contrato de aluguel de mais um ano. — Colocou seu celular ao lado do seu prato e deu o mais belo olhar de cachorrinho desamparado. Com olhos como os dela, estava acabado. Ela tinha um ponto sobre o contrato de aluguel. De jeito nenhum ia esperar até o próximo ano.
Pegou o seu celular a contra gosto. — E ai? Só digo como ela se sente? Ela não disse isso já? — Valerie deu um olhar. — Diga para atender o telefone, porque ela realmente quer explicar, e que está muito triste. Alex foi através de seus contatos. Não podia acreditar que estava fazendo isto, só pela Valerie. Não podia se lembrar da última vez que falou com o Romero por telefone. Pouquíssimas vezes falavam com os seus amigos por telefone, e acima de tudo não falava sobre mulheres. Isto ia ser incômodo. O telefone estava em seu terceiro toque. E Valerie o olhava com ansiedade. Alex começou a perder as esperanças de que Romero atendesse, quando ele respondeu. — Aló? — Aló, Romero. Valerie se levantou, me abraçou, e se inclinou para escutar. A soltei dos seus braços e levei um dedo aos lábios pedindo silêncio. — O que aconteceu? — Você... uhm... Falou com a Isabel hoje? Romero ficou em silêncio por um momento e depois falou: — Sim, estou com ela agora. — Ah, está? Bem, então vou deixar você com ela. — O quê? Espera, por quê? Maravilha, agora teria que explicar porque estava ligando para falar sobre sua vida amorosa. — Eu soube o que aconteceu hoje. Só queria ver se estava tudo bem. — Outra pausa veio do Romero. — O que você é? O Dr. Phil agora?
Alex sorriu ficando de pé para ir deixar seu prato na pia. — Ouça, sou um cara sensível, o que espera de mim? — Amigo, não me venha com isso. Sério, esse é realmente o motivo da ligação? Alex se apoiou na bancada e pôs um braço em cima do peito. — Sim, Romero. Liguei porque queria que falássemos sobre você e seus sentimentos. Quem acha que me fez ligar? Romero começou a rir. — Ah, bem isso tem mais sentido. Por um segundo fiquei com medo que você estava ficando todo suave. Alex riu, depois de desligar, falou para Valerie o que Romero falou. E ela estava mais tranquila. — Então, isso encerra o assunto. Romero pode cuidar da sua parte do contrato de aluguel. Valerie riu colocando os braços ao redor da cintura dele. — Ainda não sabemos se viver junto é algo que eles vão fazer. Ele nunca superaria o prazer de tê-la em seus braços, em sua vida. — Bom, não vou esperar até o ano que vem. Não terá que pagar nada aqui Z. Então é só continuar pagando a sua metade de tudo até que o contrato termine. — Valerie o olhou fixamente — Por que não? Será um pouco como antes quando passava várias noites da semana aqui, mas tecnicamente continuava vivendo na sua casa. Só que agora estará aqui todas as noites. — Não vou viver aqui sem pagar o aluguel, Alex. Além disso, eu pensei que tínhamos acertado que íamos levar as coisas com calma? Alex se inclinou e passou as mãos por seu traseiro perfeitamente arredondado.
— Nós estamos. Primeiro você se muda por um tempo, depois nos casamos. — Ele beijou meu nariz e sorriu — E há outras maneiras de me pagar que não envolvam dinheiro. Valerie riu e o beijou, mas logo parou antes que ele pudesse ficar muito chateado. — Terei que falar com ela. Tenho a sensação de que não vai querer pegar meu dinheiro se não vou estar realmente vivendo lá. Alex escondeu sua frustração. — Então não diga a ela que está se mudando. Basta ligar para ela todas as noites para dizer que vai ficar outra vez. Você vai ficar hoje, certo? — Sim. Ela sorriu e não pôde resistir à tentação de beijá-la. — Arrumei o horário no restaurante, então, sairei cedo amanhã. Você acha que pode pegar a metade do dia de folga? — Sim, desde que entre umas horas mais cedo de manhã, posso ter a tarde livre. Alex franziu a testa lembrando que estaria no mesmo escritório com Luke. Teria que pensar em uma maneira de mudar isso. Não ia ser capaz de lidar com isso por muito tempo. Isso exigiria uma profunda reflexão. Enquanto isso iria resolver uma coisa de cada vez. — Bem, então, vou te levar de manhã, e quando voltar, pode conseguir uma ordem de restrição contra esse cara, então vamos pegar suas coisas com a minha caminhonete. Valerie desembrulhou os braços de sua cintura e voltou para a mesa. Pegando seu prato vazio e retornou a pia. — Alex, eu disse que tenho que falar com Isabel primeiro, e não vou a nenhum lugar perto de uma delegacia na segunda-feira. Alex a puxou para ele.
— Ainda podemos pegar algumas de suas coisas como roupa e seus sapatos. Pode desfilar neles para mim amanhã à noite. Ela tentou resistir. — Me deixe lavar os pratos. — Eu vou cuidar disso mais tarde. — A levantou em seus braços, e ela gritou. A visão de seu desfile em saltos altos para ele o fez perder a cabeça. — Estou cansado de falar. — Instantaneamente, ela envolveu suas pernas na cintura dele, sua respiração já estava ofegante quando chegaram à porta do quarto.
****** Na manhã seguinte Alex a deixou em seu brilhante escritório mais cedo. Ele fez questão de sair da caminhonete e dar um longo beijo de despedida em público... Um beijo que ninguém confundiria com um adeus entre amigos. Ele só estava soltando o seu aperto quando um jaguar preto chegou ao estacionamento. Valerie ficou tensa no segundo que o viu. Luke deu uma olhada enquanto passava por eles. Alex não podia sair agora. Tinha que verificar o cara. Naquela noite no clube apenas o olhou antes de sair. Viu enquanto Luke abriu a porta traseira do seu carro e tirou um paletó. Era de bom tamanho, mas não tinha nada a ver com ele. O desconforto de saber que Valerie estaria no mesmo escritório com ele o dia todo o atingiu. Valerie pegou o resto das suas coisas. Ficou do seu lado desde que saiu da caminhonete. — Tudo bem, Alex. Vejo você por volta de uma hora certo? Alex desviou o olhar de Luke para dar atenção a ela. — Sim, talvez mais cedo. Ligo para você.
A beijou uma Ăşltima vez bem na hora que Luke passava. Entrou na sua caminhonete e viu como Luke a esperou e manteve a porta aberta e entĂŁo entrou atrĂĄs dela. Ah, isto definitivamente tinha que mudar.
Valerie sentou no seu escritório ainda tentando se livrar do incrível desconforto que sentiu quando entrou no escritório de Luke. Ele imediatamente perguntou se Alex estava de volta em minha vida, e fui obrigada a dizer que sim. Sabia que Alex adorou isso, mas não sabia que Luke chegaria naquele momento. A forma que Alex o encarava também não ajudou. Reuniu suas coisas e foi para a sala de conferências com todos os outros. Tentou se concentrar no que Luke estava falando durante a reunião. Parecia que Luke estava evitando olhar em sua direção, mas não se importava. A última coisa que queria era retribuir um de seus olhares. Ele começou a encerrar a reunião. — Fiz algumas mudanças no cronograma das atividades. Verifiquem seus e-mails. Isso chamou a atenção de Valerie ela teria o horário livre essa tarde. Isso era estranho. Luke sempre a fazia se sentir desconfortável desde o momento em que o conheceu com seu contato visual excessivo. Então depois com seus olhares como se me visse por dentro. Hoje parecia outra pessoa ao evitar olhá-la durante a reunião.
A primeira coisa que fez ao sair da reunião foi verificar seu e-mail. Normalmente tinha toneladas de e-mails para revisar na segunda-feira de manhã. O e-mail dele era o primeiro, o que significava que enviou esta manhã. Só haviam algumas mudanças, mas mudou seu horário de atividades para quarta-feira a tarde. Valerie sentiu seu rosto queimar. Estava brincando? Era ruim o suficiente alterar o horário das segundas-feiras de manhã pela tarde. Quarta-feira era um dia de pouco movimento, especialmente de ligações. Valerie foi diretamente para o seu escritório. Ele olhou para cima quando entrou sem bater na porta. — Tive meu horário na segunda-feira desde que me lembro. — Sim. — Luke não perdeu um batimento do coração — E está na hora de alguém mais ter a oportunidade da segunda-feira. — Quando você decidiu isto, Luke? Esta manhã? — Luke se inclinou para trás em seu assento. — Você realmente acha que eu seria tão patético? — Não sei. Me diga você. Por que hoje? — Porque outros solicitaram ter as segundas-feiras, então, eu mudei. Não é permanente, Val. Teremos um rodízio. O fulminei com o olhar, incapaz de acreditar que ele falou isso. — Então, o Sr. Maravilhoso está de volta para sempre, ou é uma coisa temporária de novo? Valerie ignorou sua pergunta. — Quando vai mudar novamente? Na quarta-feira é besteira. Preferiria não ter horário. — Nossa, Val. Está um pouco, chateada hein? — Riu entre dentes e se acomodou, verificando seu computador — Que dia você prefere?
— Segunda-feira. — Não posso fazer isso. E sobre a manhã de terça? — Valerie quase podia sentir a fumaça saindo de suas orelhas. Ele estava desfrutando disto. Às terças-feiras eram igualmente fracas. Levantou o olhar da tela do computador. — Oh vamos, Val. Estou tentando trabalhar com você aqui. Pensei que você estaria com o humor melhor. — O que significa isso? Ele virou outra vez para a tela em frente dele. — Estou certo em assumir que esse beijo que ele deu é uma dica de que fizeram algo mais? — Assuma o que quiser. — E sobre essa hostilidade? — Seu sorriso presunçoso a irritou ainda mais —Você ainda vai fazer a degustação de vinhos na terça-feira a noite? Valerie se esforçou o melhor que pôde para permanecer calma. — Claro, por que não? — Sabia o que estava querendo conseguir com isso, mas nunca daria o gosto. Ele se reclinou com seus cotovelos descansando sobre o apoio da cadeira, e uniu as pontas dos dedos das mãos, algo que sempre fazia quando falava em seu escritório, mas por alguma razão hoje, isso a chateou. Ele a irritava. Talvez fosse o óbvio sarcasmo em seu sorriso presunçoso. — Oh, eu não sei. Só pensei que talvez você se sentisse desconfortável trazendo o novo namorado a um evento onde seu ex/ gerente vai estar. E algo me diz que depois da cena lá fora, ele não vai querer que vá sozinha comigo.
— Não se iluda, Luke. Alex sabe que não tem nada para se preocupar. Estarei lá. — Valerie foi para a porta. — Se você não vai mudar meu horário para segunda-feira, eu terminei. — Valerie? Irritada virou para olhá-lo antes de sair. — O quê? — Contou tudo? — Não havia muito para contar, Luke. — Ele ficou branco e sai antes que ele notasse que atingiu meus nervos. Foi tão honesta quanto pode. Eles saíram e não tiveram sexo. Não precisava saber de mais nada. Não pensava que a terça-feira seria um grande problema até que viu a reação do Alex só por ver o Luke essa manhã. Alex provavelmente não concordaria que eu fosse à degustação de vinho com o Luke, e seria estranho na melhor das hipóteses se Alex fosse com ela. Ela tinha que ir. A Associação de Agentes Imobiliários da Califórnia faz este evento anualmente, e têm muitos investidores. Não conseguiu ir no ano passado, e sabia que só ia esse ano porque Luke mexeu alguns pauzinhos. Os bilhetes eram limitados. Felizmente, quando conseguiu as entradas foi antes de começarem a namorar. Planejava levar Isabel antes. O evento terá uma clima completamente diferente agora que as coisas mudaram. Mas enquanto trabalhasse com Luke, Alex teria que se acostumar que as coisas eram assim. Eles passaram por muita coisa. Podiam passar por isso também.
****** Ficaram juntos a tarde toda. Alex estava determinado a conseguir tudo que fosse possível dela. As únicas coisas grandes que Alex pegou do
apartamento de Valerie foram dois armários de gavetas. As garotas olharam para ele de forma engraçado quando perguntou se tinham um carrinho de mão, então ficou agradecido que vivessem no andar de baixo. Valerie seguiu insistindo, especialmente na frente de Isabel, que não estava se mudando. Alex estava amarrando suas coisas na parte de atrás de sua caminhonete quando um carro parou no estacionamento do apartamento. Estacionou algumas portas abaixo da porta aberta de Valerie e Isabel. Um cara que parecia estar em seus trinta anos saiu.
Alex percebeu que olhou
para a porta delas enquanto andava em torno dele, e então parou. Alex parou de amarrar as coisas e observou.
Valerie foi até a porta e em
seguida voltou para dentro. Momentos depois, Isabel saiu e ficou conversando com ele. Alex se perguntou se era o cara que saiu com Isabel na sexta-feira. Aparentemente, Romero superou isso muito mais rápido que Alex, mas então disse que passaram a noite toda conversando sobre suas coisas. Eles iam a um jantar com a família dela esta noite. Valerie saiu e foi para a caminhonete de Alex. — Quem é esse? – Ele perguntou assim que esteve perto dela. — Nosso vizinho, Lawrence. — O vizinho de Isabel. Valerie riu. — Ainda moro aqui, Alex. — Não por muito tempo. Isabel entrou, e Lawrence a seguiu. Alex fez um gesto em direção à porta. — Vocês deixam todos seus vizinhos entrarem dessa maneira? Valerie olhou de novo para o apartamento, em seguida virou para Alex.
— Bem, não diga nada ao Romero, mas Isabel saia com o Lawrence. — Alex olhou cheio de aborrecimento. — Não gosto dele — ela disse rapidamente como se isso compensasse o fato de que Isabel convidou um ex para seu apartamento. — Por quê? — Ele pensa que é tão malditamente inteligente. É professor no UCSD. — Um professor, hein? — Alex terminou com a carga na parte traseira da sua caminhonete. Esse parecia mais o tipo de Isabel. — Sim — disse Valerie, colocando a mão entre a sua — E também é do tipo que faz você saber disso. Eles voltaram para o apartamento. Alex não gostava desse cara, e uma vez dentro do apartamento o observando mais de perto, parecia com um imbecil. Só os idiotas usavam camisas com golas, até onde Alex sabia. Lawrence segurava dois livros em suas mãos e estava ocupado contando a Isabel a respeito de um livro que estava escrevendo quando eles entraram. Isabel os olhou da cozinha onde estava cortando queijo. — Tudo pronto? — Sim, eu acho — Respondeu Valerie — Acho que isso é tudo por enquanto. — Lawrence avaliou Alex quando Valerie os apresentou. Alex estava chateado porque não o apresentou como seu namorado, mas sorriu de qualquer maneira. Lawrence estendeu a mão e Alex a apertou. — Então, está se mudando, Val? — Os olhos de Lawrence percorreram todo o corpo de Valerie. Alex definitivamente não gostava desse cara. — Não, ainda não, mas em breve. — Valerie olhou de novo para Alex — Me deixe apenas fazer umas coisas. Ela foi para seu quarto, deixando Alex só com Isabel e o imbecil. Lawrence imediatamente se dirigiu a Isabel.
— Como eu te falava Isabel — deu uma tapinha no livro em sua mão — os clássicos devem ser lidos com calma para apreciar o que o autor quer dizer. Alex revirou os olhos e foi para uma mesa com fotos. Houve um golpe na porta e logo escutou a voz do Romero. — Hey, Alex. — Alex girou quando Romero estava entrando. Ele estava usando uma camisa polo negro com o nome de sua empresa de segurança nela. Alex acenou e Romero foi para a Isabel e Lawrence. — Izzy? Você está cozinhando? Pensei que iríamos sair para jantar? Lawrence parecia atônito. Olhou Romero da forma que um homem faria se visse um garçom paquerando sua esposa em um restaurante. — Não, só estou fazendo um sanduíche. — Ela apresentou Lawrence ao Romero. Romero logo sorriu. Alex podia imaginar o que Romero estava pensando. Assim como ele estaria pensando se tivesse entrado e visse Valerie com ele. Quem é este estúpido e por que minha mulher está fazendo um sanduíche? Romero entrou na cozinha e beijou Isabel. Alex sorriu. Romero não estava sendo sutil. Lawrence obviamente se incomodou, mas tentou manter a compostura. Quando Romero se afastou e tocou o traseiro de Isabel, Lawrence limpou a garganta e se despediu. — Isabel, me deixe saber quando você estiver pronta para um pouco do Tolstoy7. Tenho todos. — E começou a ir para a porta. — Tolstoy? — perguntou Romero. Lawrence balançou a cabeça com desdém. — Nada que você conheça. 7
Escritor Russo
Romero o olhou. Mas Isabel interveio antes que ele pudesse dizer algo. — Acompanho você até a porta, Lawrence. Romero olhou para Alex quando Isabel deu a volta no balcão e acompanhou o Lawrence. — Quem é esse cara? — Seu vizinho — murmurou Alex. Ele não ia se meter nesse assunto. Valerie finalmente saiu do quarto segurando uma pequena bolsa. — Muito bem, isso é tudo. Oh, olá, Romero. — Ela olhou em volta — Onde está Isabel? — Lá fora com esse cara. Ele vem muito aqui? — Valerie olhou para Alex e depois para Romero. — Lawrence? Não, não na verdade. Apenas veio buscar uns livros que emprestou a Isabel. Ela começou a ir para a porta e Alex a seguiu. Assim que passaram pela porta Alex escutou Lawrence conversando com Isabel, Lawrence estava de costas para eles. — ... Quero dizer, Isabel. Você pode ver Valerie com alguém assim, todo músculos e sem dignidade. Mas, você? Devo dizer que não só estou espantado, mas também um pouco decepcionado. Alex apertou os punhos. Mas antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa Romero pulou atrás deles. — Que diabos significa isso? Lawrence recuou surpreso, quando Romero apareceu na frente dele. Recuperou a compostura rapidamente e ergueu as mãos. — Só estava fazendo uma observação. Não há nenhuma lei contra isso. — Não sabe nenhuma merda a respeito de mim, imbecil.
Lawrence cometeu o engano de apontar o dedo para o peito do Romero. A ponto de dizer algo, Romero o empurrou com ambas às mãos. Isso foi tudo, e Lawrence acabou nos arbustos frente ao apartamento do Valerie. — Oh, meu Deus. — Valerie ofegou. Alex entrou na frente de Romero, que estava a ponto de matar Lawrence, e o parou. — Tranquilo. Romero estava furioso, e não o culpava. Mas Lawrence parecia do tipo que faria um grande escândalo por algo como isto, por isso Alex o parou. Isabel tentou ajudar Lawrence a ficar de pé. — Você vê? — Disparou Lawrence a Isabel. Ficou de pé com o rosto vermelho e segurou as mãos de Isabel — Era sobre isso que eu estava falando. — Ele a empurrou? — Romero quase se soltou de Alex, e este teve que dar um abraço de urso. — Tira ele daqui, baby — Alex disse para Valerie. Surpreso pela força de Romero, Alex não tinha certeza de quanto tempo mais poderia segurar. Valerie se apressou para o lado de Isabel, enquanto Alex lutava com o Romero. — Relaxe, irmão, se ele a tivesse empurrado já teria soltado você. — Você deveria ir, Lawrence — disse Valerie. Uma vez que estavam todos dentro de casa, Alex pôde rir da situação. Mas Romero não estava rindo. — Por que diabo importa a este idiota com quem você sai? Valerie fez gestos ao Alex para que fossem. — Vamos — disse Alex enquanto saíam. Isabel olhou para eles e se despediu com a mão, mas Romero não tirava os olhos dela.
— Ela terá que dizer a verdade — falou Valerie enquanto iam para a caminhonete. — Sim, deveria. Alex pensou no que Lawrence disse enquanto colocava a bolsa de Valerie na parte de trás da sua caminhonete. Se Romero não tivesse se adiantado, ele mesmo teria matado o cara. Não se importava com o que o idiota pensava dele. Mas não ia permitir que insultasse Valerie. Valerie já estava no banco do carro quando ele subiu na caminhonete. — Não é grande coisa — disse enquanto colocava o cinto de segurança — Só saíram um par de vezes. Ela não tem que dizer tudo ao Romero. Alex a olhou. — O que mais tem para dizer? Valerie o olhou e depois para a janela. — Só quis dizer que ela deveria deixar de fora os detalhes. Não há necessidade de ser tão explícita. Só o fará ficar mais chateado. Alex apertou o volante e olhou para Valerie. — Ainda estamos falando da Isabel? Algo parecido com pânico cruzou seus olhos quando o olhou. — É óbvio. Ele tentou esquecer da última coisa que ela disse enquanto dirigia. Ela deve ter sentido a tensão porque se aproximou e apertou sua coxa. — Empacotei muitos sapatos. Isso o trouxe à realidade rapidamente. Isso era algo que preferia pensar. Olhou o relógio. Ainda era cedo. Teria o resto do dia. E isso provocou um movimento em sua calça.
******
Dias depois Valerie ainda tentava processar o que mudou em sua vida. Desde que se tornou tão boa para ser verdade, estava sendo cuidadosa a respeito de ser tão otimista. Algo poderia acontecer. Disse a Isabel que ficaria com o Alex por uns dias. E mencionou que Alex queria que ela morasse com ele. Isabel disse que não se preocupasse com isso, que ela resolveria, mas nunca mencionou a possibilidade de que Romero se mudasse. Valerie também não perguntou. Não queria que Isabel pensasse que só estava tentando pressioná-la para que ele pagasse o aluguel do apartamento. Com Lawrence vivendo dois andares a baixo, não estava certa que Romero se mudando seria uma boa ideia. Uma coisa era certa. Planejava pagar a Isabel sua parte das contas até que o contrato do aluguel terminasse. Isabel ligou no dia depois do incidente com Lawrence. Contou a Romero tudo sobre Lawrence, o deixando ainda mais irritado. Ele disse que não podia controlar quem ela recebia em seu apartamento, mas que não seria responsável por suas ações se chegasse e encontrasse Lawrence lá. Valerie falou que ela não deveria se preocupar com isso. Duvidava que depois de sua queda vergonhosa nos arbustos, Lawrence pensasse em ir de novo em seu departamento. Se divertiram muito com isso. Depois Isabel falou a respeito do jantar com sua família. Não foi tão bem como esperava, especialmente depois que Romero soube que Pat que armou a noite de sexta-feira. Não estava com humor para se comportar e o jantar aconteceu com um pouco de tensão. De qualquer forma, estava feliz porque tudo terminou. Sua família agora sabia sobre ele, e independentemente de aprovarem ou não, não tinha a menor intenção de terminar as coisas com Romero. Valerie falou que ela fez a coisa certa.
Valerie mostrou propriedades a manhã toda. Como de costume, chegava tarde outra vez. A degustação de vinhos era esta noite. Alex iria com ela, e provavelmente já estava em casa se arrumando. Em seu caminho de volta a casa de Alex, recebeu uma ligação de um número restrito. Valerie pensou em não atender. Não tinha notícias de Bruce há dias e esperava que finalmente desistisse. Estava esperando duas ligações importantes de alguns clientes, e não queria perdê-las. Atendeu o celular e parou antes de dizer olá. — Vejo que trocou o chefe pelo monstro de esteroides esta semana. — As palavras do Bruce eram arrastadas. — Pode me agendar para a semana que vem? Valerie se agarrou ao volante. — Não, nem que minha vida dependa disso. — Bom, talvez dependa! — Passou da calma ao selvagem em um instante. — Estou vigiando você, Val. É só questão de tempo... Desligou antes que ficasse mais odioso. O coração batia com força e não precisava ouvir nada mais. Olhou pelo espelho retrovisor. O carro atrás dela estava muito perto. Acelerou e o carro fez o mesmo. Talvez fosse ele.
Assustada, pegou o celular. Nem sabia para quem ligar. Não queria alarmar Alex. Chamar à polícia estava fora de questão. O que diria? O carro atrás de mim está me seguindo? O semáforo ficou amarelo e acelerou para tentar passar. De maneira nenhuma iria parar. O carro atrás dela acelerou também e passou o amarelo, quando mudava para vermelho. Valerie pressionou a discagem rápida e ligou para Isabel. No momento que Isabel atendeu o carro girou à direita na rua atrás dela. Valerie suspiro de alívio. — Jesus! — O que aconteceu? — Nada, Bruce acaba de me ligar parecendo um louco. Então me assustei e pensei que alguém estava me seguindo, mas estava sendo paranoica. — Tem certeza que era ele? — Sim. — Ela tragou saliva — Certeza. Foi por outro caminho. — O que ele queria? — O mesmo de sempre e para afirmar que está me seguindo. — Talvez deva conseguir uma ordem de restrição, Valerie. Já sabemos do que é capaz. Ainda não posso acreditar que o deixaram sair em tão pouco tempo. Valerie não podia acreditar. Nunca esqueceria o dia que ficou sabendo de sua liberação. Isabel conferia ao menos duas vezes ao mês. Fez um acordo de três anos. Se o caso tivesse ido a julgamento e ele perdesse poderia ficar preso de cinco a quinze anos por tentativa de homicídio. Não ficou nem um ano. Chorou o dia todo. Seu pai insistiu que ficassem em sua casa as primeiras noites. Pensou que Bruce teria a decência de se manter afastado dela, pois poderia ser preso novamente, mas parecia decidido agora a fazer de sua vida um inferno.
Acelerou. Ainda não podia acreditar que ofereceram um acordo para ele. Talvez o spray de pimenta não fosse suficiente. Tentaria conseguir uma arma. Se tivesse tempo, já que não o teve nem para conseguir uma ordem de restrição em toda esta semana. — Farei. Só tenho que arrumar um tempo. Desligou e pensou em como a noite seria. Já estava preocupada no que ia acontecer hoje e agora tinha que dizer a Alex sobre a ligação. Ele acabava de sair do banho quando ela chegou. Não usava nada mais que uma toalha ao redor de sua cintura quando entrou no quarto. Não importava quantas vezes Valerie visse seu cinzelado corpo, nunca seria suficiente. Se aproximou dela e deu um beijo. Imediatamente, sua toalha se levantou e ele gemeu, beijando seu pescoço. Por muito que quisesse uma rapidinha neste momento e que sem dúvida acalmaria seus nervos, sabia que era tarde. — Alex, querido, está nos atrasando. — Se afastou com cuidado, mas não pôde resistir a beijar seu duro peito antes de dar um passo. — Você demorou para chegar, o que aconteceu? Valerie correu para o armário. Não tinha tempo de se trocar. Ela já usava um terno e uma saia, só iria trocar os sapatos. Deixar o cabelo solto ajudaria também. — Me enrolei no trabalho esta manhã. — Olhou para Alex que já estava em sua boxe de seda, e vestindo a calça. — Eu... Uh, recebi uma ligação de Bruce hoje. Os olhos do Alex estavam sobre ela imediatamente. — O que ele queria? — O mesmo. — Não queria mentir. Estava dizendo a respeito da ligação como ele pediu. Não tinha que contar palavra por palavra — Perguntar quando vai me ver de novo.
— Quais foram suas palavras exatas? — Bom, pelo que parece, ele estava esperando uma carta. — Nem me lembro Alex, eu desliguei na cara dele no meio da frase. Só atendi porque usou um número restrito ao me ligar. Estava esperando ligação de uns clientes. Umas que não queria perder. — Quando ligou? — Quando eu estava vindo pra cá. — E não se lembra? — Suas sobrancelhas se franziram. Valerie pretendeu ter que pensar nisso. — Ele sabe que estou com você agora. Queria me assegurar que eu soubesse disso. — Alex se aproximou dela. Valerie tirou um sapato. Por que se incomodou em tentar? Sabia que Alex não ia deixar passar. — Por que está sendo vaga baby? — Ele procurou seus olhos — O que ele disse exatamente? Valerie teria que entender que quando se tratasse deste cara ou de qualquer pessoa que possa a prejudicar, Alex precisava saber de tudo. Demônio queria saber tudo respeito da sua vida, sem importar o que fosse. O comentário que fez sobre Isabel de não ter que dizer a Romero todos os detalhes de seu passado ainda não descia. Era quase como se estivesse tentando dizer algo. Não quis empurrar isso, mas agora era diferente. Ficou ali esperando uma resposta. Não iria a nenhuma parte até que a conseguisse. Ela respirou fundo de forma e exagerada. — Disse que sabia que troquei Luke por você e queria saber se ele poderia ser o próximo. Respondi que não, mesmo que minha vida dependesse disso, então... — Mordeu o lábio e afastou o olhar — Disse que
talvez dependesse. Começou a dizer que estava me observando e que era só questão de tempo, mas não deixei ele terminar. Desliguei. Alex ficou rígido, sentindo um fervor lento iniciando em seu interior. A olhou por um momento, vendo como parecia frágil de repente. Uma questão de tempo? Antes de voltar a estar juntos, ouvir algo assim o deixou simplesmente enfurecido. Agora, a raiva não era a única coisa que sentia. Agora, havia uma sensação desconhecida correndo através dele: o medo. Proteger Valerie era sua prioridade agora, mas não podia estar perto dela vinte e quatro horas por dia. Sabia que havia muitos maníacos por aí e um deles estava atrás da mulher que amava. O pensamento de algo acontecendo com ela o deixou muito mal. — Amanhã iremos a delegacia e conseguiremos essa ordem de restrição. Quero este homem preso no segundo que tentar falar com você. Valerie assentiu e deu um passo adiante, pondo seus braços ao redor dele. Alex a abraçou com força, desejando poder ficar com ela o tempo todo. Saberia então com certeza que ela estaria bem. — Não se preocupe Alex. Ficarei bem. Alex a beijou na cabeça. — Sei que ficará, cuidarei disso. A viagem à adega foi um pouco tensa. Alex queria saber mais sobre Bruce e a relação dela com ele. Valerie disse que não queria pensar mais nisso. Alex aceitou por enquanto, mas queria saber mais a respeito deste cara. O conhecimento era o poder, e queria se armar tanto o quanto puder contra esse cara. A degustação de vinhos não era novidade para Alex. Recebeu vários convites de vinícolas que esperavam acrescentar seu vinho a prateleira do restaurante. Estes eventos eram sempre o mesmo, um monte de idiotas arrogantes que sabiam muito sobre o vinho, e um monte que estavam
fingindo. O vinho não era sua primeira opção de bebida alcoólica, mas foi até ali sabendo o que esperar. Todo o lugar estava reservado exclusivamente para este evento. Valerie ficou sem fôlego enquanto subiam as escadas da entrada. Alex olhou então ao redor, às pessoas que entravam no clube. — O que aconteceu? — Ele não me disse que era um evento Black Tie8. Alex deixou escapar um suspiro de alívio. A maioria dos homens estavam de smoking e as mulheres com vestidos de noite de luxo. Encolheu os ombros. Nenhuma delas estava melhor que Valerie. — Você está linda. O lugar já estava cheio enquanto entravam. Alex
observou o
estacionamento e agora observava as pessoas no evento. Não se importava com o que ela estava vestindo. A única coisa em sua mente era manter Valerie segura. Seu comentário não pareceu diminuir a preocupação de Valerie por estar mal vestida. Estavam ali há alguns minutos e ela já andou através de uma boa parte da multidão. Depois da apresentação de Valerie a Alex como "meu amigo", várias vezes, Alex se inclinou tocando seu braço e perguntou: — Por que segue me apresentando como seu amigo? — Ela virou para olhá-lo um pouco surpresa. — Como você gostaria que te apresentasse? — Alex sorriu. — Seu noivo? — Mas não estamos comprometidos — sussurrou. — Pequeno detalhe. — Franziu a testa — E por que está sussurrando? — Justo quando seus lábios começaram a se levantar, uma mulher mais velha em um vestido de veludo negro interrompeu. 8
Elegante, geralmente as pessoas devem se vestir de smoking e vestidos de luxos
— Valerie, pensei que fosse você. Como está jovem? Os olhos do Valerie se abriram de repente e imediatamente foi abraçar à mulher. — Bernadete! Oh, meu Deus, quanto tempo, — logo Valerie virou para Alex. — Alex eu gostaria que conhecesse Bernadete. Ela era minha babá quando era uma menina. Alex sorriu se inclinando para apertar a mão de Bernadete. — Bernadete, este é Alex. — Valerie olhou para Alex — Meu namorado. — Só então Alex se deu conta que nunca foi apresentado como o namorado de ninguém em sua vida. Foi um pouco estranho, mas gostou, de escutar Valerie dizer. Depois da introdução, Bernadete virou para Valerie de novo. — Como está seu pai? Soube que estava no hospital não faz muito tempo. — Está melhor. — Valerie sorriu — Passaram-se mais de seis meses desde que saiu do hospital. Tivemos um bom susto. Só tem que cuidar de sua dieta minuciosamente. Sua pressão arterial é realmente precária. Bernadete negou. — Oh, sim, Valerie. Ele realmente tem que ver isso. A hipertensão não é uma brincadeira. Valerie falou com Bernadete durante alguns minutos antes que Bernadete se desculpasse para voltar para sua irmã, com quem foi ao evento. Alex não tirou os olhos de Valerie todo o tempo que conversou com Bernadete. Viu a ternura habitual em seus olhos quando falava de seu pai. Não havia dúvida de quão próxima era dele. Agora, estava incomodado por não estar lá quando precisou.
— Não sabia que seu pai esteve no hospital. — Valerie inclinou a cabeça. — Acontecem muitas coisas em um ano, Alex. Provavelmente passará um tempo antes de colocarmos tudo em dia. Alex pensou nisso por um momento. Queria dizer o quanto sentia por não estar lá para ela, mas foram interrompidos de novo. A interrupção nesta ocasião não foi tão bem-vinda como Bernadete. — Fico feliz que veio. — Luke usava um smoking e sorria. Alex se esforçou para não franzir a testa. Valerie se manteve firme, parecendo imperturbável como sempre. — Obrigada por me dizer que era Black tie. — Luke deu uma olhada na sua roupa. — Sinto muito, querida. Pensei que soubesse. — Seus olhos se desviaram para Alex que tomava um gole de vinho — Sinto que não tenha cerveja, campeão. Mas não queremos que faça buracos nas paredes de qualquer maneira, não? Luke riu um pouco mais forte. As paredes seriam a última coisa que ele iria socar nesse evento. Mas Alex segurou o que realmente queria dizer e sorriu. Os olhos do Alex se encontraram com os de Valerie. Pela primeira vez na noite, ela parecia inquieta. Alex piscou para que ela soubesse que não tinha nada para se preocupar. Não deixaria que este idiota bêbado o perturbasse. Luke bebeu o resto de seu vinho. — Oh, hey. — Virou para Valerie com outro sorriso desleixado — Não vai acreditar no que eu consegui. Valerie não perguntou. Esperou que continuasse.
— Você e eu estamos convidados para o Meet And Greet9 do George Stone antes do seminário. A reação de Valerie confundiu Alex. Quem demônios era George Stone e por que Valerie parecia entusiasmada a respeito disso? — Está brincando? — Não. — Luke sorriu, abrindo os braços como se isso justificasse um abraço. Valerie deu uma olhada em Alex, mas se inclinou e abraçou Luke de todos os modos. — Fala sério? Meet And Greet? Luke esfregou suas mãos contra as costas de Valerie. — É óbvio. Já me conhece. Tive a sensação de que faria seu dia feliz então dei meu jeito. Normalmente faria muita força para manter a compostura, mas Alex tinha a sensação de que Luke fez de propósito. Ele não se alterou. Por mais que quisesse acertar o filho de puta, resistiu e olhou ao seu redor casualmente, tomando outro gole de seu vinho. Os olhos do Valerie ficaram fixos em Alex inclusive quando se separou de Luke. Antes que pudesse dizer algo, Luke voltou a falar. — Ela te disse sobre o George Stone? — Não posso dizer que sim. — Alex trocou um olhar com o Valerie. — Sabe quem é, Alex? — Luke olhou para Alex com ar de superioridade, mas não esperou uma resposta — Oh, o que estou pensando? Como um cara como você poderia saber sobre palestrantes motivacionais? Luke começou a rir, colocando sua mão sobre o ombro de Alex e se apoiando nele. — Até eu não sabia muito sobre o cara. Mas já que nos deram entradas para seu evento, tenho lido um pouco sobre ele e tenho que dizer que o cara 9
Serviço para conhecer a pessoa.
é impressionante. Na realidade estou desejando conhecer o homem. — Virou para Valerie — Boa escolha Valerie. Alex se deu conta de que Valerie mordeu o lábio da maneira que fazia quando estava nervosa. Seus olhos estavam fixos na mão de Luke, que seguia no ombro do Alex. — Sim. — Alex sorriu alcançando a mão de Valerie — Estou de acordo, Luke. Valerie sempre foi boa em tomar as decisões corretas. Os olhos do Valerie se arregalaram, mas segurou sua mão de todos os modos. Alex a apertou. Ela tomou um gole de vinho e olhou para outro lado. — Na verdade nunca estive em um destes eventos — disse Valerie. Alex se deu conta que Valerie evitou olhar para Luke. Ela tomou um gole de vinho e continuou: — Não deveríamos estar provando vinhos? — Não, isso é opcional. — Luke finalmente tirou sua mão do ombro de Alex.
— Estamos aqui para socializar, lembra? — Valerie mesmo assim
olhou a seu redor. — Oh, meu Deus, é quem acredito que é? Tanto Alex e Luke viraram para ver um homem corpulento que parecia ter uns sessenta anos, andando pela multidão em sua direção. — Bom o que você sabe? — Luke sorriu enquanto pegava outra taça de vinho do garçom que passava. — Finja que não o viu. — Valerie deu um passo para trás de Alex. Alex olhou o homem e se manteve firme na frente à Valerie. Ela se moveu muito tarde, o homem os viu e já ia para eles com um grande sorriso. Alex apertou a mão, se sentindo nervoso. — Quem é ele? — Se acalme campeão. — Luke levantou a taça para o homem e sorriu — Não é mais que um investidor com uma grande quantidade de capital.
— E um monte de péssimas piadas — murmurou Valerie. Não tendo escolha, Valerie deu a volta e ficou ao lado do Alex. O homem estava bem perto para ouvi-los, e Luke falou com seu grande sorriso falso. — Oh, você lida muito bem com as suas piadas. É por isso que conseguimos as Cabanas do Lemon Ridge, lembra? Trabalhe sua magia, Valerie. Ele gosta de você. A ideia de Valerie trabalhando sua magia em algum outro homem, com idade suficiente para ser seu pai fez Alex ranger os dentes. Esta noite estava sendo irritante. — Hey! — disse o pesado homem em voz alta quando os alcançou. Sustentou o copo para o Luke — Como vai com o Merlot? Sua risada explosiva era tão forte que várias cabeças viraram, mas Luke seguiu seu exemplo, rindo corretamente enquanto agitava sua mão. Alex sorriu cortesmente. Ele estava acostumado a lidar com todo tipo de personagens no restaurante. O homem virou para Valerie. — Como está preciosa? — Se inclinou dando a Valerie um grande abraço. — Isso é uma pistola em seu bolso, ou só está feliz em me ver? — A imitação de Mae West10 foi perfeita. Alex estava impressionado . Viu um lado de Valerie esta noite que nunca tinha visto. O homem pôs sua mão sobre a boca e fingiu vergonha. — Me perdoe por isso. Ele ofegou antes de começar a gargalhar. Valerie riu genuinamente e inclusive Alex teve que rir. As piadas eram horríveis, mas a risada do homem era contagiosa. Mae West: Atriz, cantora, comediante, roteirista e dramaturga americano. Dotada de grande ironia e curvas sinuosas que exibia atrás lânguidas e provocadoras, foi uma professora do dobro sentido. Foi conhecida por suas frases picantes, como: “Isso é uma pistola em seu bolso, ou só está feliz em me ver?” 10
Uma vez feito isto com seu ataque de risada o homem tirou um lenço do bolso e secou a testa. — Alex, este é Joe Newman, um de nossos clientes — Disse Valerie sorrindo grande. Alex estendeu a mão e segurou a mão do Joe — Este Joe é meu amigo, Alex. Alex olhou para Valerie. Ela o olhou e rapidamente e virou para Joe. Alex se perguntou a razão da apresentação como só seu amigo tinha algo haver com Luke de pé ali. Enquanto a noite transcorreu, Alex se surpreendeu continuamente com o lado de Valerie que nunca teve o prazer de presenciar. Ela estava em seu mundo. Agora sabia por que era tão bem-sucedida. Era sem dúvida uma pessoa sociável. Como se tivesse feito isto um milhão de vezes andou pelo local como uma profissional. Todos a davam atenção. Ninguém nunca ia adivinhar que era sua primeira vez em um destes eventos. Também se deu conta de como os homens se fixavam nela e quase todos pareciam virar idiotas quando estavam em volta dela. Era como se tivesse posto um feitiço sobre eles. Se perguntava se alguma vez ficou assim e nem se deu conta. Estes homens pareciam não perceber. Era difícil acreditar que ela conseguiu permanecer sozinha durante um ano inteiro. Bom, exceto pelos dois incidentes que contou. Inclusive com o Alex de pé junto a ela, fazendo óbvio que estava com ele, mesmo assim não ligavam em ser muito agradáveis. No momento em que tudo terminou, Alex estava tão suado como um galo molhado. No mesmo sentido, estava igualmente impressionado com Valerie. Não acreditava que podia estar mais fascinado com ela do que já estava antes deste evento. Depois de fazer sua saída, Alex parou ao dobrar a esquina do clube e a devorou a olhando nos olhos. — Então, como nunca ouvi falar de sua imitação de Mae West?
Os cantos de seus lábios se levantaram. — É algo que só aprendi há alguns meses. Alex não sabia o que pensar sobre isso. Antes que pudesse dizer algo, deu um dos mais sexy dos sorrisos, e acariciou o peito com sua pequena mão, o fazendo prender fôlego. — É bom encontrar um homem duro. A imitação de Mae West foi mais uma vez perfeita. Alex a abraçou e logo a beijou profundamente como quis a noite toda. Nunca se perdoaria por perdê-la por um ano inteiro por ser um idiota. Voltaram ao carro se beijando lentamente todos os poucos metros. A uns metros de distância de sua caminhonete Alex parou justo quando estava a ponto de beijá-la. — Alex, tem um pneu furado. Virou para sua caminhonete. Claro que sim, esvaziava fácil assim. — Maldição. Como isso aconteceu? — Soltou a mão de Valerie e se aproximou pra ver melhor. — Talvez passou por cima um prego? — Valerie disse. Alex se agachou e viu os danos. — Não, pregos não, baby. Valerie ficou tremendo se abraçando e esfregando os braços. — Então, o que foi? — Alguém o furou. — Alex ficou de pé e olhou ao seu redor. Pelo que pode ver, os outros três pneus estavam ok. Quem fez isso não teve tempo de fazer com o resto. Isso só significava uma coisa, que não foi muito longe. Seus olhos procuraram no estacionamento, mas não havia ninguém suspeito em nenhuma parte. Quando seus olhos finalmente se reuniram com Valerie, pôde ver que estava nervosa. Sabia o que estava pensando, porque era exatamente o que ele estava pensando. Bruce.
Maravilha. Essa noite ficou pensando a respeito de tudo o que perdeu de sua vida neste último ano, descobrindo mais sobre sua relação com o Luke. E a ridícula ideia de que ela iria a um seminário com ele. Um sobre o qual parecia muito malditamente emocionada. Agora, tudo o que teria que fazer era esperar. Havia um problema maior para conversar primeiro.
Valerie estava sentada na caminhonete de Alex, se sentindo péssima. Alex trocou o pneu. Também chamou a polícia e agora estava esperando, enquanto Alex terminava de fazer a ocorrência. Alex estava convencido de que isto era obra de Bruce, e queria tudo daqui em diante documentado. Disse que Bruce ia se arrepender quando fosse preso. Segundo o policial moreno, cada um destes incidentes se somaria à severidade da pena. Alex não a deixaria lidar com isso sozinha. Nem de longe. Estava mais que preocupado, e Valerie sabia que não a deixaria, sozinha agora. Sua sobrancelha se levantou e manteve a atenção todo o tempo que falou com a polícia. Valerie segurou a respiração enquanto subia na caminhonete. Já tiveram uma noite muito longa e estava a ponto de ficar mais longa. Valerie sabia que agora Alex, entraria em modo protetor. Mas não estava disposta a deixar ele se intrometer muito na sua vida. Tinha seu spray de pimenta e embora não teve tempo de dizer ao Alex, já tinha começado a pensar em comprar uma arma de fogo. Foi um detalhe corriqueiro que sabia que deveria ter mencionado antes, mas seu instinto disse que ia reagir de forma exagerada.
— Já falei com Sal. — Alex deu ré e começou a sair do estacionamento — Ele já ia vir devido ao jantar de ensaio este fim de semana, então, não teve problema em vir um dia antes. Vai me cobrir no restaurante durante o dia todo. Vamos ver essa ordem de restrição na primeira hora da manhã. — Alex, posso ir sozinha. Não tem que tirar uma folga só para isso. O jantar de ensaio é no sábado. Não tem um milhão de coisas para fazer no restaurante? Isto era exatamente o que não queria. Alex já tinha muito para se preocupar. A última coisa que precisava era acrescentar outra. Alex nem se alterou. — Sal pode tocar o restaurante. Escuta, estava pensando que talvez possa começar a ir a seu apartamento depois do trabalho, especialmente quando estou trabalhando até tarde. Quando eu sair posso passar e te seguir até minha casa. — O quê? — Valerie negou — Alex, não. Não há necessidade de tudo isto. Não pode... — Disse que este homem apareceu em uma das propriedades que estava mostrando, certo? — Alex olhou à frente, suas sobrancelhas se franziram em uma profunda reflexão — Quando e onde é a próxima propriedade que vai visitar? — Não sei. Acho que amanhã, mas... Ele virou para ela. — A que horas? — Pela tarde. — Valerie sentiu sua frustração crescer. Ele estava fazendo exatamente o que pensou que faria. Ia cuidar da vida dela e esquecer da sua. Os olhos do Alex estavam de volta na estrada. — Acho que já terminamos na parte da tarde. Posso ir com você.
— Espera Alex, não está me escutando. Mostro propriedades a todo momento. Não pode estar ali todo o tempo. Nem é necessário. — Vou pensar em algo. — Não, não vai. Alex voltou a olhá-la. Sua testa estava franzida. — Este cara é perigoso, Val. Que me crucifiquem se... — Não pode pensar que vai cuidar de mim vinte quatro horas por dia. Tem sua própria vida. Não a coloque de lado por mim. Além disso... — Olhou pela janela, porque não queria ver sua expressão quando fizesse a declaração — Eu vou comprar uma arma. Faltavam
só
umas
quadras
para
sua
casa,
mas
Alex
parou
abruptamente. — O quê? Valerie virou para ele. Alarme e intensidade enchiam claramente seus olhos. Decidida a não deixar que a intimidasse, levantou um pouco o queixo. — Eu vou comprar uma arma. — Você sabe como usar uma? — Valerie encolheu os ombros. — O que há para saber? Aponta e dispara, não é isso? Não acreditava que a intensidade de seus olhos poderia ficar mais penetrante, mas ficou. — Está louca? Uma arma de fogo nas mãos de alguém sem experiência é mais perigosa que uma arma nas mãos de um psicopata. Valerie não estava segura do que a irritava mais. O tom que estava usando, ou sua total falta de fé nela. — Posso aprender Alex. Isabel disse que Romero a levará logo a um campo de tiro. Perguntarei se posso acompanhá-los. Alex negou.
— Não sabe nada a respeito de armas, baby. Pelo menos tem permissão para comprar uma? Valerie mordeu o lábio. Ele a pegou. — Não, mas posso conseguir uma. — Virou para a estrada e seguiu negando. Para sua surpresa, o ouviu rir. — Aponta e dispara, Deus. Valerie ficou incomodada. — Bom, não preciso virar atiradora profissional. Tudo o que preciso saber é o básico. — Sim, e como se assegurar de que não dispare em sua bolsa, ou de não disparar acidentalmente em alguém ou em você mesma quando estiver só apontando. — A olhou e logo depois de novo à estrada — Mas você vai precisar de algum tipo de proteção e eu cuidarei disso. Valerie olhou enquanto estacionava. Pela primeira vez desde que estava com Alex, realmente desejava voltar ao seu próprio apartamento. Ela não estava com humor para mais de suas crises de macho alfa. Desceu da caminhonete e fechou a porta um pouco mais forte do que previu. — Vou voltar para minha casa esta noite. — Alex rodeou a caminhonete. — O quê? Por quê? — Porque quero. Só tenho que pegar minha bolsa. — Ele a alcançou, justo quando chegou a varanda, e pegou sua mão. — Hey, o que quer dizer com porque quer? Ela tentou desviar o olhar e logo para sua surpresa sentiu as lágrimas quentes nos seus olhos. Alex a olhou nos olhos. A expressão severa agora se suavizou. — O que houve?
Valerie o olhou fixamente durante um momento e logo se apoiou em seu peito. A abraçou, esfregando suas costas, e a beijou na cabeça. Levantou seu queixo e secou as lágrimas com seus dedos. — Baby, fale comigo. O que aconteceu? — Não quero que se envolva nisso, Alex. Nunca me perdoaria se algo acontecer com você por minha causa. Já me sinto muito mal por seu pneu. Ela sentiu a ansiedade aumentar no momento em que Bruce tocou no nome de Alex no telefone. Odiava que Alex estivesse envolvido nisso. Quando se deu conta de que seu pneu foi destroçado, seu estômago quase partiu ao meio. Então escutá-lo falar sobre o desejo de estar lá quando ela mostrasse a propriedade, e sabendo que isto já ia começar a afetar seu tempo no restaurante, realmente a deixou mal. Seus comentários a respeito de que não era capaz de usar uma arma de fogo só pioraram suas emoções. Alex a abraçou com força. — Bobinha. Nada vai acontecer comigo. E não se preocupe pelo pneu. Queria trocá-los de qualquer maneira. Valerie o olhou de novo. Alex começou a abrir a porta. — Mas você mesmo disse — fungou — Ele é perigoso. Agora te coloquei nesta loucura. — Mas isso é bom, Val. — Entraram na casa. Alex a tirou da mão e a levou para o sofá — É estúpido. Quanto mais faz, mais se enforca. Quando tivermos a ordem de restrição, vai afundar a si mesmo no segundo que tentar se aproximar. Sentou puxando Valerie para seu colo. Valerie não podia evitar de se sentir segura em seus braços. Mas não queria que se sentisse obrigado a cuidar dela cada minuto do dia, sobretudo se isso significava colocar a si mesmo em perigo. Não tinha dúvida de que não pensaria duas vezes antes de fazer isso, e isso a assustava ainda mais.
Alex podia muito bem se defender em uma briga justa. Não estava preocupada por isso. Mas Bruce não jogava limpo. Não o permitiria. Não poderia. — Alex, falava a sério quando disse que não vai ser minha babá. Não quero que fique todo seu tempo cuidando de mim. Vou ficar bem. Ela observou sua expressão endurecer de novo. Percebeu que ele pensou um pouco antes de responder. — Vamos falar sobre isso manhã. Agora o que quero saber é, que história besta é essa de querer ir para o apartamento da Isabel? Valerie encolheu os ombros e se inclinou para ele. — Sabia que estava chateada e não quero que me veja desmoronar. Alex sorriu, aprofundando mais suas covinhas. Ainda não podia envolver completamente seu cérebro ao redor da ideia de que este incrível homem estava realmente apaixonado por ela. — Me faça um favor — disse. Afastou sua cara para olhá-la. — Não faça isso outra vez. — Valerie inclinou a cabeça, sem compreender plenamente. Pôs uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, sua expressão de repente ficou séria. — Não pense que só porque está chateada, não importa qual seja a razão, que vou te largar. Não é assim que quero que as coisas sejam entre nós. — Se inclinou e a beijou profundamente antes de voltar a falar. — Podemos arrumar isso. Você está aqui comigo agora. Para ficar. — A beijou de novo — Não sei você, mas eu não tenho planos de passar outra noite de minha vida longe. Não, se puder evitar. Valerie sorriu. Do momento em que conheceu Alex, sempre sabia uma maneira de fazê-la derreter. Entendia agora, que nunca o superou. Nada era tão perfeito como estar em seus braços. — Está bem. Nunca mais. Sinto muito.
Alex a colocou no sofá e subiu sobre ela com suavidade. — Não quero que se arrependa. Quero que seja feliz... — Passou a mão pela sua perna a fazendo tremer como só ele podia — ... E que esteja segura... — sua mão foi até o interior da saia. Valerie sentiu quão duro já estava, enquanto pressionava contra sua coxa. — ... e minha. Sempre minha, Val. Sua mão seguiu até o interior de suas pernas e ela se abriu para ele. — Sempre — sussurrou. — Te amo, baby. Seu dedo de repente entrou nela, Valerie logo ficou sem fôlego. — Também te amo, Alex.
****** No dia seguinte, as coisas não saíram exatamente como foram planejadas. Alex presumiu de que simplesmente podiam entrar e pedir a ordem de restrição, mas havia muito mais a fazer. Teriam que preencher formulários, muitos deles. Logo depois disso, haveria uma audiência no próximo dia disponível, o qual não seria até na próxima quarta- feira. Com a paciência tão curta de Alex, não ficou contente com a situação. Valerie quis pegar os formulários, levá-los para casa e entregar na semana seguinte, mas Alex não queria. Estava o bastante mal por ter que esperar. Quanto antes preenchesse os papéis, mais rápido seriam atendidos. Inclusive então, isso não era algo seguro. O juiz poderia decidir que não era necessário. Embora Alex não pudesse acreditar que isso iria acontecer devido ao passado do cara. Terminaram por volta do meio-dia, e Valerie insistiu em que retornasse ao restaurante enquanto ela se preparava para mostrar umas propriedades
mais tarde. Alex não se sentia bem com isso sabendo do maníaco que estava lá fora em alguma parte observando Mas Valerie era tão malditamente teimosa. Que o obrigou a ceder. — Te deixarei no escritório, Val. Depois te buscarei em umas horas. — Alex apertou o volante, sem acreditar ainda o quão alheia Valerie era a tudo isto. Ela sabia que a situação era perigosa. — Mas vou com você mostrar a propriedade. Ficarei de longe, não vou atrapalhar. Valerie ficou olhando pela janela do passageiro, franzindo a testa. — Só porque não quero perder mais tempo retornando a sua casa para pegar meu carro. Mas não vai fazer isto todos os dias. É ridículo. Tem um restaurante para gerenciar. — Estendeu sua mão e a pôs sobre a dele — Por favor, pode me dar um pouco de crédito? Sou capaz de cuidar de mim, sabe. Por que demônios as mulheres são sempre assim? Não há raciocínio com elas. — Nossa casa — disse com os dentes apertados. — O quê? — Disse sua casa. É nossa, lembra? — Olhou e a viu sorrir. — Estamos indo com calma, lembra? — Tem suas reservas. Eu não. Não vou com calma. — Apertou sua mão, e ela a apertou de volta. Chegaram ao escritório e Alex a olhou até que entrasse. Olhou em torno do estacionamento. De maneira nenhuma ia ficar tranquilo com ela dirigindo o carro sozinha. O psicopata a estava seguindo. Ele mesmo disse. Por um momento, considerou ficar fora. Ficar vigiando até que ela estivesse pronta para sair. Logo ocorreu a ideia. Pegou o telefone e discou. — Hey, Romero, está ocupado?
— Não, o que aconteceu? — Preciso de um favor.
****** Ocorreu tudo bem na mostra das propriedades. Como de costume, Alex ficou completamente impressionado com o engenho e a elegância de Valerie quando interagia com seus clientes. Manteve a distância como prometeu, mas inclusive de longe, ela foi impressionante. Não tinha como Luke não se sentir atraído por ela. Viu em seus olhos na noite anterior. A razão pela qual ele planejou falar com ela sobre isso, mas logo aconteceu todo o assunto do pneu. Esta noite era diferente. Havia coisas que precisava esclarecer diretamente
com
Valerie.
Alex
não
queria
desperdiçar
tempo.
Iria
diretamente a medula do assunto. Mas havia algo que precisava fazer primeiro. Estava esperando uma ligação e não queria estar em metade da conversa com o Valerie e ser interrompido. Ela estava ocupada terminando algo do trabalho com seu laptop na cozinha. Alex saiu com a desculpa de revisar algumas coisas na caminhonete. Planejou conseguir pneus novos para sua caminhonete. Estava do lado de fora rodeando a caminhonete fingindo examinar seus pneus quando seu telefone tocou. Era a ligação que estava esperando. — E ai? — Bom, vai levar uns dias para verificar os antecedentes desse cara. Tão extensa como a quer de todos os modos — disse Romero — Mas consegui alguém para vigiar Valerie. Não vai ser barato, ou seja, não vou
cobrar minha parte, mas vou pagar por hora, então se o quiser com ela o tempo todo, vai ser caro. — Não me importa. Só preciso saber que é bom. O cara seguindo Valerie tem um histórico de violência. Não posso correr riscos. — Voltou a olhar para trás para se assegurar de que Valerie estava dentro de casa — O que seja que faça, NÃO mencione nada a Isabel. Valerie ficará louca. Romero assegurou que o cara era confiável e que seus lábios estavam selados. Discutiram por uns minutos mais até que escutou sua porta traseira abrir e cortou a ligação. Valerie seguia com a roupa de trabalho e sapatos de salto alto. Estava boa o bastante para comer. Se apoiou contra o vão da porta. — Está com fome? — É curioso que pergunte. Ela pareceu desconcertada. Alex começou a rir. Explicaria mais tarde. — Sim, morrendo de fome. Quer pedir uma pizza? Sua expressão emocionada o fez rir. Não pôde evitar beijá-la logo que a alcançou. — Então peça bastante. Você come tanto quanto eu.
****** Comeram no chão da sala de frente para televisão. Valerie colocou uma calça curta e uma das camisetas dele. Alex adorava vê-la em sua calça curta. Especialmente o aroma dela em sua calça mais tarde. Logo depois de umas quantas rodelas e repassando seus planos para o dia seguinte, Alex estava preparado para chegar ao assunto de Luke. A caixa de pizza estava sobre a mesa de café e Valerie alcançou outra fatia e logo virou para sentar na frente de Alex, com as pernas cruzadas.
— Me diga a respeito deste seminário que vai. — Valerie o olhou e tomou outro gole de cerveja. — No fim de semana depois do casamento nesse elegante resort na Marina. Alex sempre notava quando Valerie evitava o contato visual cada vez que a conversa a deixava nervosa. Estava fazendo agora. Embora se esforçasse tentando esconder sua chateação, pôde ver e isso o incomodou. — Vão juntos? Você e Luke? — Alex se preparou. Não queria levar isto a uma discussão, mas era de seu ex-namorado de quem falavam. Um com quem trabalhava diariamente. Apoiado unicamente na forma em que ele olhou para Valerie na prova de vinhos, ele sabia que o cara não a superou. — Não.
— Outra vez olhando longe de seus olhos — Bom,
originalmente esse era o plano. Mas uma vez que rompi com ele, ofereci devolver a entrada. Mas ele disse que queria que eu fosse. — O olhou por um segundo, logo tomou outro gole de sua cerveja — Comprou duas entradas, e não foram baratas. Então, ambos vamos, só que não juntos. — O que há no Meet and Greet?
Luke disse que ambos estavam
convidados. Tem certeza que ele sabe que não irão juntos? Valerie negou. — Não, acho que se refere que uma vez que estejamos lá, vamos nos encontrar. — Alex não gostou de como isso soava. — O evento dura o dia inteiro? — Todo o fim de semana. — O quê? Você vai passar a noite? — Isso definitivamente estava fora de discussão. Valerie ficou de pé e agarrou as garrafas vazias de cerveja da mesa de café. Alex sentiu que ela estava se irritando. Isso fazia que já fossem dois os irritados.
— Não. Ele vai. Eu não. — Ele disse que ia passar a noite? — Alex manteve seus olhos sobre ela enquanto ela entrava na cozinha. Não o surpreenderia que Luke mencionasse causalmente algo como isso. Valerie deixou as garrafas no lixo. Abriu o refrigerador. — Ele reservou um quarto quando comprou entradas. — Alex se endireitou literalmente sentindo seu temperamento piorar. — Pensei que disse que nunca dormiu com ele. — Não dormi. — Já não escondia sua irritação, mas Alex não se importou. Ficou de pé, já não se sentindo bem ficando sentado. — Então, por que o quarto, Z? Valerie ficou olhando o refrigerador sem dizer nada. Alex foi para ela, seu temperamento aumentando com cada passo. — Por que conseguiria um quarto se não estavam dormindo juntos? — Racionalmente, sabia que não tinha importância. Estava no passado. Mas queria a verdade. Qual era o ponto de mentir sobre isso agora, a menos que tivesse uma razão. Ela finalmente virou e o olhou. — Não te pergunto sobre as garotas com quem dormiu quando estivemos separados. Sabia. Cacete, sabia. — Então, dormiu com ele? — Não. Não dormi. — Então, por que o quarto? — Quis acreditar mais que nunca. Era difícil aceitar quanto tempo passava perto do Luke agora. Se tinha dormido com ele, mudaria tudo. Finalmente fechou as portas do refrigerador e virou para ele.
— Não sei Alex. Suponho que assumiu que poderíamos estar dormindo juntos até lá. Mas as coisas acabaram entre nós na mesma noite que me deu essas entradas. Rompi com ele quando nos encontramos depois disso. Não evitou seus olhos esta vez, o olhou diretamente. Cada músculo em seu corpo estava tenso agora. — Querido — Disse, procurando sua mão — Diria a verdade se tivéssemos feito. Mas as coisas nunca foram sérias entre nós. Nunca senti nada por ele. — Segurou sua outra mão e beijou os nódulos para logo olhar seus olhos outra vez — Quis sentir algo por ele. Juro que quis. Alex não queria escutar isso. — Mas não pude. Isabel continuava afirmando que com o tempo sentiria algo. Só que nunca aconteceu. — Colocou seus braços ao redor de sua cintura e apoiou sua bochecha contra seu peito. Alex não pôde evitar abraçá-la enquanto continuava se sentindo no limite — Tudo no que pude pensar foi em você, Alex. Todo o tempo que estive com ele, cada abraço, cada beijo. Ela estava matando ele. — Pare, Z. Mal posso aceitar que você saiu com esse idiota, muito menos a imagem dele te tocando. Valerie sorriu, de lado. — Que tal nunca mais falarmos disto? Alex não tinha certeza disso, mas agora já teve mais que podia suportar sobre o Luke. Abraçou Valerie, pensando em tudo o que acabava de dizer. Seguia sem ter certeza se estava contando tudo. Uma coisa era certa, sem dúvida tinha que ter uma maneira de tirá-la desse escritório.
A manhã se passou sem nenhum problema. Valerie tinha várias propriedades para mostrar aos mesmos clientes da noite anterior. Para sua agradável surpresa, Alex não reclamou quando disse que iria sozinha. Alguns avisos foi tudo que disse, e recomendou que mantivesse o spray de pimenta à mão. Inclusive saíra antes que ela levantasse essa manhã. Valerie se sentia culpada sabendo que provavelmente tinha pressa em iniciar o dia de trabalho, já que estivera ocupado bancando sua babá no dia anterior. Voltou a sua casa para se trocar. Imaginou que encontraria com Alex no restaurante, e depois iriam ao ensaio do casamento na igreja. Mas Valerie chegaria tarde. Depois de se trocar, ligou para ele e disse que seria mais rápido se encontrarem na igreja. A poucas quadras da igreja, seu telefone tocou. — Hey, onde está? — Luke parecia um pouco irritado. — A caminho da igreja, por quê? — Igreja? Tem clientes esperando por você no La Jolla. Esqueceu? — O queixo de Valerie caiu. — Oh, meu Deus. Esqueci completamente!
Marcou o encontro há mais de uma semana. Com tudo o que aconteceu ultimamente, esqueceu completamente. — Como pode esquecer algo assim? — Esta semana foi uma loucura, Luke. Vou marcar outra hora, me desculpe. Estou a caminho do ensaio de casamento dos meus primos. Não posso faltar, sou a madrinha. Há alguma forma de você dar uma passada por lá? — O ouviu resmungar. — Droga! É só entrar ou preciso das chaves? Valerie entrou em pânico. — Precisa das chaves dos fundos do armazém. Estou com elas. Posso encontrá-lo no caminho de lá. — Ligue para os clientes e diga que vou me atrasar. Não diga que se esqueceu. Dez minutos mais tarde, estava no posto de gasolina que combinaram de se encontrar. Ela procurou no porta malas onde guardava todas as chaves das propriedades. Ainda não podia acreditar que esqueceu. Luke chegou alguns minutos mais tarde. Ele tinha uma expressão severa enquanto estacionava ao lado do seu carro, mas sorriu já fora do carro. Valerie sorriu aliviada, certa de que ele não estava muito irritado com ela. Entregou as chaves e deu um rápido abraço. — Muito obrigado por fazer isto. Fico devendo uma. Ele pegou sua mão enquanto ela se afastava e sem aviso, estava presa no olhar de Luke. — Não se preocupe com isso. Mas quero saber se terminou a pintura. — Se sentindo um pouco incomodada, mas ao mesmo tempo surpresa de que ele tenha se lembrado, Valerie sorriu. — Quase. Não tive tempo para trabalhar nela esta semana. Mas só precisa de alguns toques finais, então vou colocar em uma moldura.
— Sei onde pode conseguir uma boa moldura. Me lembre disso quando estivermos no escritório. Darei o endereço da loja. Valerie lembrou de todas as obras de arte caras na casa de Luke. Não mostrou sua pintura a ninguém. Nem mesmo a Isabel. Ainda estava pendurada na parte de trás do armário em sua casa. Planejava ter um pouco de tempo na semana que vem para trabalhar nela, então levá-la para emoldurar. O casamento era na semana que vem. Era a hora da verdade, mas esperava ter a opinião de alguém que entendesse do assunto primeiro. Ainda estava tão nervosa. Talvez pudesse mostrar a seu pai quando a emoldurasse. — Obrigada, lembrarei. — Luke ainda segurava sua mão e Valerie se soltou. — Agradeço pela ajuda. Tenho que ir. Já estou bem atrasada. Correu para a igreja, fazendo curvas bruscas desnecessárias pelo caminho. Felizmente, parecia que estavam atrasados na igreja também. O ensaio estava começando quando ela chegou. Alex perguntou baixinho sobre o atraso, mas ela disse que explicaria mais tarde. Depois do ensaio, foram ao restaurante para jantar. Sua visita ao restaurante para explicar a proposta foi tão estressante que nem se deu conta das imagens nas paredes perto do bar. Diminuiu o passo para examiná-las. — Há tantas. — Valerie lembrava de algumas de pequenos times de ligas locais penduradas na parede do fundo. Agora, duas paredes inteiras mostravam não só as imagens dos times agradecendo ao restaurante por seu patrocínio, mas também os prêmios. — Foram acumulados ao longo dos anos. — Alex diminuiu a importância, mas Valerie estava impressionada. Muitas das fotos pareciam ser de festas das equipes nas novas salas de banquetes que Alex falou. Ele estava na maioria das fotos rodeado de mini jogadores de futebol.
Seus sorrisos eram grandes e pareciam estar desfrutando de todo momento junto a Alex como se ele fosse algum tipo de celebridade. Valerie notou que a maioria das datas nas fotos era do ano passado. Então viu as fotos dele com um time no campo e a inscrição: Ao Treinador Moreno, o melhor treinador do mundo! Havia nomes rabiscados por toda parte. Ela virou para ele, surpreendida. — Você é treinador? — Treinador. — Ele a afastou da parede a levando para onde serviriam o jantar — Só estou dando um tempo neste momento de treinar porque este maldito casamento interrompeu quase todos os meus fins de semana. Mas a temporada só começa em dois meses, assim, vou estar pronto para voltar. Valerie atirou de sua mão e ele virou para ela. — Como encontra tempo? Alex encolheu os ombros. — Não toma muito tempo. Treino por duas horas na semana, depois, tenho um ou dois jogos no fim de semana. — Ele, colocou seu enorme braço ao redor de sua cintura — Não se preocupe. Ainda tenho um montão de tempo para... Ela negou. — Não é por isso que estava perguntando, estou surpresa que tenha tempo. Sei que o ano passado foi muito agitado para você. Alex a beijou no nariz. — Sim, bom, me mantém ocupado evitando ficar tão preocupado com os problemas, além de que os meninos são maravilhosos. Agora só me ofereço voluntariamente, mas estou pensando em treinar um time durante o ano todo.
Ela não acreditava que isso fosse possível, mas seu coração derreteu ainda mais. Com tudo o que passou, ainda encontrava tempo para ser voluntário. — Poderia ser mais maravilhoso? — sussurrou. — É só futebol. Não estou salvando vidas nem nada. Estou treinando um esporte no qual vivi toda minha vida. Dificilmente diria que fazer algo que eu gosto em meu tempo livre é digno de orgulho. Ela se inclinou e deu um longo e sincero beijo. — Ouçam, acabem logo com isso — disse Romero. Valerie virou para ver Romero e Isabel de mãos dadas. Ela se separou de Alex. Alex franziu a testa. Valerie sorriu ao ver Isabel. Sentia sua falta. Uma vez sentados, Alex ficou com a coordenação das coisas na cozinha. Ele se aproximou e se sentou com ela e Isabel algumas vezes, mas sempre, era afastado. Valerie não se deu conta do quanto sentia falta de conversar com a Isabel pessoalmente. Durante toda a semana só teve conversas curtas com ela por telefone. Era difícil acreditar que só se passou uma semana, e, entretanto ela e Isabel tinham muito para colocar em dia. Romero estava no bar nesse momento, conversando com Angel e Eric. Valerie contou tudo a Isabel, incluindo sua conversa com o Alex a noite anterior a respeito de Luke. — Por que eles precisam saber tudo? — Isabel franziu a testa — Não perguntei ao Romero nada de nenhuma de suas ex, entretanto, ele segue perguntando dos meus. Valerie riu. Com a exceção do Eric e possivelmente Sal, que eram um pouco mais depravados, todos os homens eram muito parecidos. Lembrou da pobre Sofia se referindo a eles como homens das cavernas em mais de
uma ocasião. Tornaram sua vida um inferno a protegendo inclusive quando ela não precisava. Nada mudou, ao menos não com o Alex. Ele ainda estava exagerando sobre o cuidado. Já tinha dado a ela uma pistola de choque, e Romero viria logo que tivessem tempo para mostrar a ela como usar.
Valerie não
importava muito que Alex estivesse tomando essas precauções, mas não podia evitar a preocupação porque estava tomando liberdades em sua vida sem nem consultá-la. Sabia que tinha boas intenções, mas a preocupava que pudesse se tornar um hábito e que se estendesse a outras partes de sua vida.
****** Embora Alex se sentisse um traidor por colocar alguém seguindo Valerie, estava feliz pelo cuidado. Se não soubesse que alguém estava a vigiando hoje, poderia ter ficado louco se perguntando onde estava mais cedo. Ainda ficava um pouco nervoso se ela chegasse tarde. Mas Romero o assegurou que se ela estivesse em qualquer tipo de perigo não só a protegeria, chamaria Alex imediatamente. Angel e Eric retornaram as suas mesas, e Alex finalmente teria a oportunidade de falar com o Romero sobre o assunto. — Já sabe algo deste cara? Romero olhou ao redor para se assegurar de que ninguém estivesse escutando. — Ia te ligar esta noite. Mas imaginei que não poderia falar, e estive com a Isabel toda a manhã. O cara não é bom, Alex. Alex ficou ainda mais convencido agora de que ter Valerie vigiada era certo.
— Ainda não terminei toda a investigação de seu histórico, mas a ficha do cara é grande. Esta última prisão não é a primeira. Entrou e saiu quando era mais jovem. E Valerie não é a primeira garota que ele segue. Sua primeira esposa tinha uma ordem de restrição contra ele até que, escute isto, ela desapareceu. Alex ficou paralisado. — Está brincando? — Não, não sei todos os detalhes ainda. O homem que coloquei para investigar ainda não terminou, mas me ligou ontem para me contar este detalhe. Pensou que poderia ser algo que eu gostaria de saber logo. Uma emoção desconhecida voltou a consumir Alex. Virou para onde Valerie estava sentada rindo com a Isabel, tão inocente do grande perigo que corria. — Quando saberá mais? — Provavelmente não até a semana que vem. — Alex fez uma careta. Não tinha paciência para toda esta espera, especialmente quando se tratava de Valerie. — Este homem que tem vigiado Valerie... Ele sabe que não deve perdêla de vista até que ela esteja comigo, inclusive quando está em casa? Romero assentiu. — Sim, a seguiu inclusive depois do ensaio da igreja, porque vocês estavam em automóveis separados. — Bom. — Falando nisso. — Romero deu uma olhada para Valerie, logo depois virou para Alex — Sabia que ela se encontrou com o Luke mais cedo? Algo no tom do Romero o incomodou. — Não sei. Esteve mostrando propriedades toda a manhã. Por quê?
— Bom este homem sabe que está cuidando da garota de meu amigo. Assim pensou que era estranho que ela tivesse um encontro rápido com outro homem. Viu você a deixar na sua casa esta manhã, então sabia que não era você. Alex franziu a testa. Não havia pedido a este homem para que espionasse Valerie. Queria que a vigiasse não que contasse algo que ele acreditasse que fosse suspeito. Mas tinha que admitir que Romero conseguiu sua atenção. — O que quer dizer com um encontro rápido?
Em uma das
propriedades que ela mostrou? — Não. — Romero levantou a cerveja que o barman colocou no balcão para ele — Ela estava a caminho da igreja, em seguida fez um repentino retorno. Ele acreditou que possivelmente o viu, por isso que se atrasou um pouco. Seguiu até um posto de gasolina onde ela se encontrou com um homem. Não entendi... Ele disse que se abraçaram, e pegou a sua mão por um minuto. Assim, pedi que investigasse a placa. O carro está registrado em nome de Luke Faust. Esse é o cara, não é? Pegou na mão? Que merda? — Sim, é ele. —Sim, assim, eu uh... —Romero tomou um gole de sua cerveja — Só pensei em mencionar. Alex o olhou, sabendo exatamente o que estava pensando, seu humor piorando a cada palavra que Romero dizia. Desde o começo, seu instinto dizia que havia algo mais na relação de Valerie com o Luke. Ele não teria tanto problema com isso se ela não tivesse que vê-lo todos os dia. Voltou a olhar Valerie. Sarah, Sofia, Angel e Eric agora se uniram a Isabel e a ela. Ele respirou fundo. Este não era nem o momento nem o
lugar. Simplesmente teria que controlar sua ansiedade de perguntar por que chegou tarde ao jantar. Alex virou para o Romero. — Isso é tudo? — Sobre Valerie e Luke? O som disso fez que Alex apertasse os dentes. — Sobre tudo. — Sim, por enquanto. Os pensamentos do Alex retornaram ao Bruce e a sua primeira esposa desaparecida. Seu único consolo era que com uma ficha de antecedentes como a sua, deveria ser mais fácil colocá-lo na cadeia se tentasse alguma coisa. Apertou os punhos. O medo de que algo acontecesse a Valerie destroçava suas vísceras. — Escuta, se receber mais notícias importantes como a de ontem à noite e não puder falar me envie uma mensagem de texto. Quero saber o mais rápido possível. — Ouça. —Romero apontou seu próprio peito — Tenho isto sob controle. — Alex pegou uma bala de hortelã de um pote no balcão. Colocou na boca, precisava de um momento para digerir tudo o que Romero acabava de despejar sobre ele. Passar o resto do jantar sem perguntar a Valerie sobre sua manhã seria um desafio.
****** Valerie ficaria feliz quando toda esta coisa de casamento terminasse. Estava feliz por Sarah e Angel, mas realmente precisava de um fim de semana livre. Parecia que quando não estava trabalhando, estava ocupada fazendo algo relacionado com o casamento.
Amanhã seria o primeiro domingo em um tempo em que simplesmente relaxaria. Esperava por isso. Nada de encontro com clientes, nada de provas de vestidos, nada além de descanso sem moderação... Com o Alex. Andou lentamente, com o Alex a seguindo de perto. Ele pareceu um pouco calado no jantar de ensaio. Inclusive o pegou distraído umas poucas vezes durante o jantar. Valerie gostaria que não estivesse ainda preocupado com Bruce. Valerie esperou que Alex saísse do carro. Tinha a avisado que não entrasse na casa até que ele estivesse com ela. Observou enquanto ele olhava ao redor do pátio, se assegurando de que Bruce não espreitava nos arbustos. Entraram na casa, Alex na frente e com cautela. Viu seus olhos revisar a casa. Realmente acreditava que a situação era tão ruim assim? — Você precisa relaxar. Está tão tenso. — Valerie tirou os sapatos e jogou sua bolsa no sofá depois de checar o quarto, Alex voltou a sala. Valerie caiu sobre o sofá. — Sério, Alex, precisa levar isso tão a sério? — Alex começou a desabotoar a camisa. — O que aconteceu hoje? Por que chegou tão tarde? Os olhos do Valerie se fixaram nos dedos dele. Foram descendo pela fileira de botões na frente de sua camisa. — Estou sempre chegando tarde, Alex. Lamento. Tenho que mudar isso. — Mas nada aconteceu? — Só fiquei presa no trabalho. — Ele desabotoava os botões dos punhos. Em seguida, tirou a camisa. Valerie pensou se ficasse com ele para sempre, nunca se cansaria de vê-lo tirar uma camisa. — Está me escutando? Valerie finalmente tirou os olhos do peito e os levou para o rosto dele. O sorriso mostrou que ele finalmente estava relaxando.
— Não realmente. — Ela sorriu e retornou a desfrutar descaradamente da vista. — Perguntei se aconteceu alguma coisa para que chegasse tarde hoje. As palavras de Luke interromperam a feliz observação de Valerie. Deus, não queria trazer Luke para a relação agora. Mas Alex a estava olhando, decidiu que deveria resolver isso agora. — Estava quase na igreja quando tive que voltar e encontrar com Luke. Ela explicou o que aconteceu. O sorriso se foi, substituído por um testa franzida, embora pudesse dizer que ele fazia o possível para esconder. — Tinha que sair do carro? Valerie considerou a estranha pergunta por um momento. — Bom, sim, a caixa com todas as chaves que carrego por aí estava no meu porta malas. Tinha que pegá-las para ele. Alex seguiu olhando como se esperasse que dissesse algo mais. Como ela não disse mais nada tirou vagarosamente um braço da camisa após o outro. Valerie admirou seus braços fortes, seus ombros largos e seu peito. Vestia só uma camiseta branca justa que marcava agradavelmente seu peito musculoso. Voltou a olhar para seu rosto. A expressão endurecida dele não se suavizou. Jogou a almofada junto a ela no sofá. — Vem cá. A princípio, ele não se mexeu, deixou cair à camisa no braço do sofá. Sentou com ela respirando como se tivesse prendendo a respiração. — Preciso que relaxe. — Massageou seus ombros. Ele estava mais tenso do que ela imaginava — Olhe isto. O que te aconteceu? Ele não respondeu, deixou cair à cabeça para trás no sofá e fechou os olhos. Valerie se inclinou para frente e beijou sua bochecha. — Sei do que você precisa — sussurrou.
Os olhos dele abriram de repente, a fazendo rir. Ela saiu do sofá e se colocou entre as pernas dele. Massageou suas coxas duras enquanto o olhava travessamente. Alex estava excitado ela podia sentir. Fazer sexo podia mudar seu humor. Desabotoou o botão de sua calça e baixou o cós lentamente. Ele colocou o pênis através da abertura de sua boxes de seda. Ela tocou a ponta molhada do pênis com o dedo, levou o dedo à boca e o lambeu, olhando para Alex o tempo todo. Seus olhos brilharam de desejo. Voltou a baixar a mão e pegou seu pênis. Alex se assustou com o toque. — Relaxe — Pediu, antes de baixar a cabeça. Lambeu o pênis lentamente enquanto começava a massageá-lo com a mão. Alex respirava profundamente enquanto ela acariciava seu pênis. Ele era o único homem com quem fez isto. Claro, tinha se masturbado algumas vezes no segundo grau e em seus dias de universidade. Mas isto, nem podia imaginar fazer com mais alguém. Não havia engano no tremor nas coxas do Alex. Ele gemeu, começando a se retorcer em seu lugar, e o sabor da salgada doçura ficando mais forte em sua boca a cada segundo. Ele se endireitou, pegando sua mão a fazendo levantar os olhos. — Vamos — sussurrou entre dentes. Ela se afastou e ele a ajudou a se levantar, de pé, ele imediatamente a segurou em seus braços. — Te quero agora. Só ideia umedeceu sua calcinha e ela o beijou profundamente. Como suportou um ano sem ele estava além de sua compreensão. Faziam amor todos os dias desde que se reencontraram, cada vez com mais urgência. Esta noite não foi exceção.
Depois de fazer exercício por uma hora, Alex foi para casa tomar um banho. Ontem foi a primeira vez em que ele e Valerie ficaram juntos sem nenhum drama. Passaram o dia todo fazendo um dos "Loucos Domingos" de Valerie. Foi o paraíso. Alex acalmou seus nervos pelo menos por um dia. Mas voltou para a realidade agora e com a realidade veio o estresse. Olhou e voltou a olhar o telefone a manhã toda para ter certeza que não perdeu nenhuma ligação do homem que vigiava Valerie. Valerie não mencionou nada mais a respeito de seu encontro com Luke. O comentário de Romero o seguia perturbando. Não havia como perguntar a ela. Tinha que esperar e ver se descobria sozinho. Viu um bilhete logo que entrou pela porta. Estava na sala de jantar. Sorriu no momento em que chegou perto para ler o que estava nele. Valerie fez um desenho deles. Duas figuras de palitos, uma com círculos formando músculos nos braços e a outra era a metade do tamanho com cachos e saltos gigantes. Três corações flutuavam em cima delas. Bem debaixo das figuras de palitos escreveu.
Não consigo passar mais um dia longe de você. Já sinto saudades. Te amo... Com loucura. Alex se sentiu como um menino, e leu outra vez. Morreria antes de admitir que na realidade sentiu arrepios enquanto lia. Largou o bilhete e pegou seu telefone. Mandou um texto para Valerie dizendo exatamente o que estava sentindo nesse momento. Acabo de ler seu bilhete. Nunca mais ficará longe. Prometo. Também sinto saudades e te amo mais do que nunca. Sim, sentia saudades. Odiou deixá-la essa manhã, mas Romero ligou para perguntar se queria encontrá-lo no ginásio para fazer exercícios. Alex pensou que esse poderia ser um código para o caso de Isabel estar perto dele. Foi rapidamente. Romero na realidade só queria se exercitar mesmo. Ainda não sabia nada novo. Alex dobrou o bilhete em um pequeno quadrado e sorrindo pegou sua carteira o colocando debaixo de sua carteira de motorista. Depois de tomar banho, foi ao restaurante, outra vez olhou duas vezes se haviam chamadas perdidas. Não haviam.
****** A pintura ficou melhor do que Valerie imaginava. Só havia uma pequena coisa da qual não estava completamente certa. Embora ambos parecessem tão felizes como estavam na imagem, havia algo especial em seus olhos. Que não via na pintura. Talvez estivesse forçando o olhar. Olhou
um
pouco
mais.
Deveria
ter
pedido
a
opinião
de
Isabel.
Simplesmente era tão desesperador, mostrar seu trabalho a alguém. Nem havia mostrado a Alex ainda.
Essa manhã encontrou em seu escritório o cartão do lugar onde vendiam as molduras que Luke comentou. Já havia ligado e perguntado o preço. O lugar estava a alguns minutos de sua casa. Já que não havia nenhum encontro marcado para essa manhã, imaginou que poderia muito bem resolver isso. Seu telefone tocou. Valerie respondeu: — Olá? — ainda olhando a pintura. — Olá, viu o cartão que deixei em seu escritório? —Luke parecia mais animado que o normal. Valerie estava contente por ele ter voltado a ser como era antes de saírem juntos, embora ainda a olhasse de uma forma que a fazia se sentir incomodada. — Sim, obrigada. Vou para lá agora. — Então, já terminou a pintura? Foi capaz de capturar a raiz do verdadeiro amor que a preocupava tanto? Isso fez Valerie sorrir. Perguntando se era parte de seu treinamento em administração que de algum jeito se lembrasse inclusive o mais pequeno detalhe de conversas de tanto tempo atrás. — Acredito que sim, mas... — Mas o quê? — Não sei. Estou a olhando agora. Talvez falte algo. — Alguém mais a viu? Valerie riu. — Não. — Bom esse é o seu problema. Os artistas sempre são seus piores críticos — Fez uma pausa — Onde está? — Em minha casa. — Roeu a unha do seu dedo mindinho. — Estou a cinco minutos daí. Posso passar aí se quiser. Eu adoraria vê-la. Prometo que serei completamente honesto.
Valerie deu um passo para trás, como se olhar de uma distância de algum jeito mudaria sua perspectiva. Considerou a proposta de Luke. O que poderia acontecer? — De verdade só cinco minutos? — Mais perto agora. — Está bem, venha. Valerie largou o telefone e continuou analisando a pintura. Era uma obsessiva compulsiva. Sabia, mas isto era importante. A relação de Sarah com Angel foi o que a uniu a Sarah em primeiro lugar. Valerie esteve lá no começo do relacionamento. Se não fosse por esses dois, Valerie talvez nunca teria conhecido Alex. Alex. Valerie se encolheu. Ele não ficaria entusiasmado com a presença de Luke em sua casa. Não teria como ele saber. Luke entraria e sairia em cinco minutos. Que diferença iria fazer? A campainha da porta tocou. Valerie se apressou em abrir. Luke estava vestido como sempre. Deixou ele entrar e o guiou para seu quarto, começando a se sentir um pouco insegura a cada passo. Talvez devesse ter pensado um pouco mais. Luke parou em frente à pintura. Não disse nada por um momento, só ficou olhando. Valerie mordeu seu lábio, seus olhos saltando da pintura para Luke impacientemente. Luke virou para ela, sem nenhuma expressão. — Valerie, isto é incrível. Não pôde evitar sorrir. — Sério? — Ela agarrou a foto de sua penteadeira e a entregou a ele — Esta é a imagem original. Luke olhou para as duas imagens. Virou para ela com um grande sorriso.
— Sua prima vai amar. — Devolveu o retrato. — Ele se parece com Alex. Mais jovem e baixo, mas a semelhança é surpreendente. A lembrança de Alex a lembrou que não deveria ficar ali muito mais tempo com o Luke. Valerie pôs a imagem de volta em seu lugar. — Estou melhor agora, Luke. — Ela olhou o relógio — Obrigada por passar por aqui e me dar sua opinião. Odeio pedir que vá, mas tenho um encontro daqui a pouco e ainda preciso arrumar isso. Luke foi embora rapidamente, elogiando sua pintura mais uma vez antes de sair. Valerie pegou a fatia de pizza fria do refrigerador e gemeu depois de dar uma mordida. Era a pizza caseira de Isabel. Só mais uma das coisas que a fazia sentir saudades de viver com ela. Entrou no quarto para pegar a pintura quando a campainha da porta tocou outra vez. Luke deve ter esquecido algo. Se apressou em abrir a porta e abriu sem olhar quem era. Seu coração quase parou quando viu Bruce parado em sua porta. — Vejo que está deixando entrar um por vez. Consigo minha vez agora? —
Esperou
um
momento
para
recuperar
seus
pensamentos.
Instintivamente, tentou fechar a porta, mas ele a empurrou. Valerie colocou todo seu peso na porta com um grunhido, mas ela não era rival para ele. — Fique parado aí! — gritou uma voz masculina desconhecida lá fora. A porta bateu se fechando, e ela escutou passos correndo. Suas mãos tremiam incontrolavelmente enquanto testava todas as fechaduras. Levou suas mãos trêmulas ao rosto e cobriu sua boca, dando uma olhada para fora da janela. Ele fugiu, e não via mais ninguém. Seu celular tocou na cama. Foi para cama se sentindo mais assustada enquanto tudo se acalmava. E se quem gritou não tivesse gritado a tempo? O que Bruce estaria fazendo com ela?
Levantou seu celular quase incapaz de segurá-lo em suas mãos ainda tremendo. Duas chamadas perdidas de Alex. Tocou outra vez a assustando. Só tocou mais uma vez e parou, algo bom porque precisava se acalmar, antes de falar com ele. Algo revirou em seu estômago. Ia passar mal. Soltando o telefone na cama, correu para o banheiro. O telefone tocou outra vez enquanto vomitava no banheiro. Seu estômago se agitou uma e outra vez forçando a continuar vomitando. Quando finalmente passou, sentou no frio piso do banheiro, apoiada no vaso, muito assustada para levantar. Temia que se ficasse de pé começaria a vomitar novamente. Este pesadelo nunca ia terminar. Levantou lentamente, não querendo piorar seu estômago. Abraçando suas pernas, inclinou sua cabeça contra seus joelhos. Finalmente, não teve opção senão aceitar o que Alex tentou dizer todo este tempo. Estava em sério perigo. Bruce não pararia até que conseguisse o que queria. Escutou um barulho na casa. Valerie se levantou. Seu coração não seria capaz de suportar muito mais. Olhou ao redor procurando uma arma. A única coisa perto de parecer uma arma era um desentupidor de pia e o agarrou. A porta principal se abriu e ela se preparou com o desentupidor de pia na mão, pronta para usá-lo. — Valerie você está aqui? — Nunca pensou que ficaria tão feliz em ouvir a voz de Romero. Soltou o desentupidor de pia e correu para a sala. Ele a olhou boquiaberto. — O que aconteceu? Valerie sabia que estava horrível. A ânsia de vomito fez com que as lágrimas caíssem em massa.
— Vim para pegar algo e Bruce, o sujeito que andou me assediando começou a forçar a porta. Romero tentou tranquilizá-la, a abraçando profundamente. — Está bem. — Se afastou um pouco — Está ferida? Ele te tocou? — Valerie sacudiu a cabeça. Houve uma batida na porta principal. Ambos viraram para ver dois oficiais uniformizados. — Alguém chamou sobre uma invasão de domicílio? —Aparentemente, um dos vizinhos ouviu a confusão e chamou os policiais. Quando Valerie terminou de responder as perguntas da polícia havia oito chamadas perdidas de Alex. Romero ficou lá todo o tempo, só saiu quando terminaram de interrogar Valerie. Ela ligou primeiro para Luke para perguntar se podia cancelar seus encontros por ela. Este incidente estragou seus planos para o dia. Não só isso, sabia que falaria ao telefone com Alex em algum momento. Ele iria querer saber cada detalhe.
****** A
manhã
passou
bem.
Ocupado
como
de
costume,
olhando
cuidadosamente para que as coisas ficassem prontas para o casamento, ele mal teve tempo para se preocupar com Valerie. Agora estava de pé no beco atrás do restaurante, lutando para manter a calma. Era um dia frio para o verão, mas Alex estava suando. Agarrou o telefone e ouviu Valerie. Falou com ela por volta de uma hora. Nem uma vez mencionou a presença de Luke em sua casa. Quando Hank, o cara que vigiava Valerie, ligou informando que bateu em um homem que tentou entrar à força na casa de Valerie, Alex largou
tudo. Já estava em sua caminhonete quando Romero ligou para contar. Romero acabava de parar no estacionamento de seu apartamento. Alex estava na metade do caminho quando Romero o convenceu de que era melhor que não fosse ao encontro de Hank ainda. Bruce ainda estava solto, depois de tudo. Valerie precisava de alguém a vigiando mais que nunca. Relutantemente, Alex aceitou que era melhor não ir ainda. Não antes de fazer Romero prometer que chamaria os policiais e que fizesse uma denúncia. Romero prometeu, então disse a ele sobre o Luke. Como Alex, Romero pensou que havia algum tipo de explicação razoável. Não podia ser o que parecia. Além disso, Hank disse que Luke esteve ali menos de cinco minutos. O que incomodava mais era que Valerie não tivesse falado. Mesmo que não estivesse fazendo nada errado, mesmo assim quebrou uma regra da relação. O pior sobre toda a situação era que Valerie na realidade abriu a porta, não puderam ir atrás dele por invasão de domicílio. Colocou o telefone no bolso de seu avental e tirou sua carteira. Apoiando seu ombro contra a parede tirou o bilhete que Valerie deixou essa manhã. Não havia como Valerie traí-lo. Sentia em seu coração. O bilhete voltou para seu lugar a salvo. Não havia maneira. Sabia isto. Assim, por que estava dando voltas tentando se acalmar antes de voltar a entrar no restaurante? Com seus nervos à flor da pele, a adrenalina ainda corria em suas veias. Não parou desde o momento que viu o número do Hank em seu identificador de chamadas. Agarrou suas chaves antes mesmo de responder. Hank era uma comodidade cara, mas valia cada centavo. Alex nem queria pensar em quão graves poderiam ter sido as consequências agora se Hank não estivesse lá.
Quase ficou louco por não poder falar com Valerie. Quando finalmente escutou sua voz, mesmo com as perguntas que tinha em relação a Luke, ficou extremamente aliviado. Finalmente ficou calmo para voltar ao restaurante sem querer arrancar a cabeça de alguém, Alex parou na porta dos fundos. Sergio, um dos ajudantes de garçom, pareceu preocupado. — Tudo bem, chefe? Todos haviam visto como saiu de maneira impetuosa. E ligou e desligou o telefone várias vezes. Pediu a Romero que o ligasse e o atualizasse a cada pequena informação que tivesse. Alex colocou a mão no ombro de Sergio. — Sim, estou bem. Obrigado. Para sua surpresa, Sal estava sentado no computador do escritório. — O que está fazendo aqui? — Sal deu voltas em sua cadeira. — Papai não te disse? — Me dizer o quê? — Falei com ele no fim de semana. Disse que vão estar muito ocupados esta semana. Estou de férias, assim disse a ele que podia ajudar. Vou ficar aqui a semana toda. Só tenho que voltar a escola para uma prova na sextafeira e não vou mais lá até o outono. — Bom isso é um alívio. Onde estava esta manhã quando estivemos lotados? — Alex fechou a porta do escritório de um empurrão. — Nem fui em casa, vim direto para cá. — Sal levantou uma sobrancelha — O que está acontecendo? Escutei que saiu correndo como um louco. Alex franziu a testa. Queria parar de pensar nisso. — Alguém tentou entrar à força na casa de Valerie. Te conto outro dia. Essa merda está me dando dor de cabeça.
— Ela está bem? — Sim, está. Assustada, mas bem. Sal o observou por um momento, e depois girou sua cadeira para voltar a olhar o computador. — Sério que esta é a lista de convidados para o casamento? Meu Deus! — Alex se sentou em uma cadeira perto da porta, e apoiou sua cabeça contra a parede. — Sim, essa mesma. Mamãe e papai ficaram loucos. Sarah só convidou a sua mamãe e a sua tia. Angel disse que vem alguns de seus amigos do Arizona e outros daqui. O resto são todos do nosso lado. — Tem certeza que temos comida suficiente? —Sim, a lista está no mesmo arquivo. Tudo sobre o casamento está aí. — Olhou enquanto Sal abria alguns arquivos. — Merda, Alex. Quando fez tudo isto? Alex voltou a inclinar sua cabeça, massageando sua têmpora, e fechou os olhos. — Comecei quando papai disse que queriam que o casamento fosse aqui. Você sabe como é ele. Tinha o pressentimento que isto viraria um circo. — Cara, tem gráficos das mesas? Sem abrir seus olhos, Alex riu e respondeu: — Mamãe e suas irmãs? Vamos, todos saber quem vai brigar. Tenho que manter as coisas sob controle. — Estou impressionado Alex, sério. Até agora, odiei todas as aulas de computação que tive. Simplesmente não tenho paciência suficiente. isso é outra coisa.
Mas
Alex respirou fundo, ainda com os olhos fechados.
Em seu interior,
embora nunca o admitisse, ainda havia uma parte dele que gostava de impressionar seu maior e muito mais tolo irmão. — O software faz tudo, Sal. Não é ciência espacial. Sal não respondeu. Alex abriu um olho e viu que ele seguia entrando nas horas de trabalho que ele gastou com o casamento. — Angel viu isto? Alex se sentou direito, recordando todo o trabalho que ainda não fez. O incidente de Valerie mudou todo seu dia. — Não sei.
Ah, queria te perguntar. Vai convidar alguém para o
casamento? Sal virou para vê-lo. — Provavelmente não. — O que aconteceu aquela garota, Melissa? Sal balançou a cabeça e voltou para o computador. — É muito... Tudo. — O que significa isso? — Muito espalhafatosa. Muito obviamente sexy. Muito franca. —Virou para Alex — Eu poderia ter vivido com tudo isso. Mas quando ficou muito insistente, terminamos tudo. Alex sorriu atiçando a curiosidade. — Como? Sal encolheu os ombros. — Ela sabia que não éramos exclusivos. Deixei claro desde o começo, e disse que não se importava. —Sacudiu sua cabeça — Uma noite se meteu em minha casa, fez o jantar e quando entrei estava me esperando nua. Alex levantou uma sobrancelha. — Parece bom para mim.
Sal virou e voltou a olhar o computador. — Sim, teria sido se eu não estivesse em um encontro. — Alex começou a rir —Sim, ria — Disse Sal, sem se virar — Mas ainda não supera sua história da professora. Isso não fez com que Alex deixasse de rir. Sabendo quão correto Sal sempre tentava ser, só o fez imaginar ele vendo a menina nua junto com seu encontro o que deixou tudo muito mais divertido. Sal disse algo em voz baixa, mas Alex o escutou rir também. De todos os dias, hoje era o dia em que mais precisava desta risada. Agradecido pela mudança em seu humor, voltou a trabalhar.
O restaurante era uma loucura na véspera do casamento. A chegada da comida e dos suprimentos durou o dia todo. Angel abriu o lugar, ajudando com a organização do salão de festa. Certas coisas como a pista de dança e a organização do cenário foram arrumadas como ele queria. Era seu casamento, então Alex observou e o permitiu fazer. De certa maneira estava um pouco surpreso que Angel não parecia nem um pouco nervoso. É óbvio, Angel estava certo desde que conheceu Sarah na escola que ela era a escolhida. A única razão pela qual esperaram tanto tempo era porque ambos queriam terminar a faculdade. Como se os preparativos do casamento por si só não fossem suficientes para fazer com que as coisas estivessem agitadas, Sal organizou um evento pago, uma briga de peso pesado na televisão, que seria visto no bar à noite. Mencionou fazer alguma promoção na internet. Alex agora sabia o que havia por trás do ardiloso sorriso quando Sal o disse. O lugar já estava cheio. A briga principal nem havia começado. Alex deveria saber quando Sal mencionou que contratou um par de caras do tipo do Romero para assegurar que as coisas se manteriam sobre controle. Nunca precisou de segurança antes, mas a zona do bar já estava quase cheia e os clientes continuavam chegando. Romero estava por aí,
bebendo alguns goles. Disse que estava livre de seu trabalho, mas Alex pôde ver que estava fazendo mais vigilância que bebendo. Valerie, Isabel e Sofia levaram Sarah para jantar e beber uns drinks. Garantiram a Angel que não era uma despedida de solteira. Era mais como um jantar e bate-papo de garotas antes do grande dia. Alex disse a Valerie que soava muito como uma despedida de solteira para ele. Ela só riu e prometeu que não era. Com a exceção do incidente da segunda-feira, a semana passou sem problemas. Na quarta-feira, Alex acompanhou a Valerie à audiência.
Não
havia dúvida de que o juiz decidiria em favor de garantir a Valerie à ordem de restrição, especialmente depois do que acabou de acontecer. Assim foi, mas o problema era que a ordem de restrição só durava três semanas. Infelizmente, quando Romero foi verificar o abrigo de moradores de rua listado como sua residência principal, não o viam em semanas. Seu oficial de liberdade condicional também não foi útil. Finalmente havia retornado suas ligações hoje, simplesmente para dizer que só queria que Bruce se apresentasse a cada dez dias. A última notícia que soube de Bruce era que estava ficando no abrigo pelas noites e que procurava trabalho durante o dia. Não era necessário que Bruce se apresentasse por outra semana. Não tinha como localizá-lo, já que Bruce não tinha um celular. Todo o sistema era uma maldita brincadeira. Bruce era mais assustador do que Alex esperava. Esteve nas forças armadas até que foi expulso por conduta desonrosa por uma fraude de computadores. A maioria da informação era codificada, assim Romero estava custando a conseguir os detalhes. Mas aparentemente este cara era uma espécie de gênio dos computadores. Ótimo. Isto ficava cada vez melhor.
Todos seus antecedentes eram violentos. Seu hábito de espreitar não só se limitava a seguir a suas vítimas. Em todos os casos, fazia uma investigação extensiva, hackeando seus computadores para obter mais informação. Inclusive esteve a um par de semanas em uma instituição mental. Por que permitiram que este louco saísse estava além do entendimento de Alex. As maiorias de seus crimes incluíam ataques contra mulheres. O único que incluía um ataque contra um homem foi quando tentou atirar no novo namorado de uma ex-noiva. Alex estava mais que feliz de que o animal viesse atrás dele. Garantiria que ele teria o que merecia, mas o que era mais importante, acabaria com ele. O único ponto positivo que saiu do relatório de antecedentes foi que parecia que o desaparecimento de sua ex-mulher foi um desaparecimento iniciado por ela. Havia evidência de que ela já trocou seu nome uma vez. Sua família nunca tentou apresentar acusações contra Bruce. Basicamente aceitaram que ela desapareceu e seguiram com suas vidas. Era improvável que uma família fizesse isso a menos que soubessem onde estava, e estivessem a mantendo em segredo de propósito. Um consolo muito pequeno, mas pelo que Alex sabia Bruce não tinha sangue nas mãos... Ainda. Com essa ideia em sua mente, Alex decidiu verificar Valerie. Foi em direção ao quarto dos fundos. Havia muito ruído no restaurante para que fizesse uma ligação ali. Uma vez no quarto dos fundos, foi rapidamente distraído revisando alguns detalhes do casamento no computador. Quando terminou, decidiu que era melhor deixar Valerie sozinha. Hank ligaria e informaria se algo acontecesse. Retornou ao bar. O lugar estava cheio de clientes barulhentos agora. Alex se inclinou para Sal. — Tem certeza que não ultrapassou a capacidade?
— Estamos bem agora, mas tivemos que dispensar algumas pessoas. Não ficaram muito felizes. É bom ter os caras do Romero aqui. As coisas começaram a ficar difíceis. Alex franziu a testa, absorvendo tudo. As mesas estavam cheias e cada cubículo do bar estava ocupado. Sim, esperava que os caras do Romero soubessem o que estavam fazendo. Deu
uma
volta
para
revisar
todo
o
resto.
Os
trabalhadores
transformaram o salão de festa acima em um paraíso para casamentos. As flores chegariam de manhã. Seus pais ficariam tão satisfeitos. Ambos estavam em casa trabalhando nas lembranças que entregariam no casamento. Alex disse que simplesmente podiam encomendar já prontos, mas eles insistiram em que deveriam ser pessoais e feitos à mão. Quando retornou ao bar, a briga estava em seu apogeu e todos vibravam com força. Alex observou a multidão. Era uma boa briga com ambos os boxeadores dedicados. Um dos garçons deu uma cotovelada no braço. — Tem uma ligação na linha um. Alarmado, Alex procurou o celular em seu bolso. Possivelmente não o ouviu com todo esse barulho. Não tinha chamadas perdidas, mas mesmo assim sentia a necessidade de correr para o escritório para atender a ligação. Levantou o telefone assim que chegou ao mesmo, esquecendo de fechar a porta atrás dele. — É Alex. — Que bunda tenho que chutar para conseguir uma cerveja aqui? Alex pressionou o telefone contra sua orelha, inseguro de ter ouvido corretamente. — O que foi isso? — Esticou o pé até porta aberta e a fechou com uma patada.
A pessoa que ligava levantou a voz. — Eu disse, que bunda tenho que chutar para conseguir uma cerveja aqui? O serviço é horrível! Estive esperando por mais de vinte minutos. Alex sentiu sua adrenalina aumentar. Quase certo de que sabia quem era, mas perguntou de todos os modos. — Quem é? — Quem você acha, imbecil? Alex sorriu apertando o telefone. — Está aqui, Bruce? Posso te conseguir uma cerveja. Onde está sentado? Bruce soltou uma risada aguda. — Não, já não estou no Moreno'S. Não, não... Estou no Três Italianos. Sabe onde é isso, Alex? Alex fechou o punho com força. É onde as garotas estavam jantando. Engoliu com força em um intento fracassado de permanecer calmo. Enviou uma mensagem ao Romero para que fosse ao escritório assim que fosse possível. — Sim, sei onde está. Bruce soltou uma nova risada aguda até que tossiu, logo começou de novo. — É a sua bonita irmã que está com a Valerie? E a formosa futura esposa do seu irmão? O nome me esqueci... Oh, certo, é Sarah. O coração de Alex bateu com um pouco mais de força. Escutou procurando sons de fundo. Não soava em nada como um restaurante. Estava muito tranquilo. Romero abriu a porta. Alex levou um dedo aos lábios. — Deve ter um desejo pela morte, Bruce, porque juro por Deus, se apenas...
— Valerie sabe que você a está seguindo? Estou ficando muito bom em despistar ele. Romero estava de pé junto a Alex, escutando cada palavra. Alex fez um gesto para que pusesse Hank no telefone. — O que você quer Bruce? — Oh, acredito que sabe o que eu quero. Angel entrou no escritório. — Está louco. — Embora as palavras fossem duras, sua voz permaneceu calma. Morreria antes de permitir que este idiota soubesse que seus jogos mentais estavam funcionando. — Isso nunca acontecerá, Bruce. — Alex tinha a completa atenção do Romero e Angel nesse momento. Cobriu o telefone. — Pergunte ao Hank onde estão as garotas exatamente. O bastardo está observando elas. Os olhos de Angel se entrecerraram. — Quem é Hank? Que garotas...? — Tanto Romero como Alex o silenciaram. — Valerie. — Articulou Alex. Alex quase pôde determinar o momento em que isto golpeou seu irmão. Seus olhos se abriram. — Está com a Sarah e Sof. — Sussurrou. — E Izzy. — Adicionou Romero com a testa franzida. Alex perdeu a maior parte do que Bruce disse. Nada fazia sentido de qualquer maneira. —...Minha! Ela estava destinada a mim, seu ingrato bastardo estúpido! O sangue fervia nas veias de Alex como fogo. Bruce soava como um completo lunático. — Aí é onde se engana Bruce — Disse calmamente. — Valerie sempre foi minha.
Bruce riu inclusive mais forte esta vez. — Então é? Então, inclusive quando Luke a fodia em suas costas ela era sua? De maneira nenhuma Alex permitiria que este tipo o irritasse. Respirou fundo, olhando para Angel que estava de pé com os braços cruzados, esperando ansiosamente para ouvir as palavras que sairiam da boca do Alex. — Escute Bruce... — Não, escuta você! — Gritava agora. — Se acha que pode me deter, é mais estúpido do que acreditei. Continue tentando, e farei com que lamente! — Parou de gritar e começou a rir, desta vez uma risada baixa. — Não me dei conta que tinha uma irmã tão bonita, Alex. E seu irmão não lamentaria se tivesse que cancelar seu casamento? — Parou por um momento, logo acrescentou — Valerie parece tão bonita esta noite. Eu vou apenas dizer a ela. A calma do Alex desapareceu. Falou através dos dentes apertados, cuidadoso de não demonstrar a ira que crescia tão rapidamente. — Eu vou te matar. Ele desligou. — Desligou. — Alex deu um golpe no telefone. — Que demônios está acontecendo Alex? Quem está observando? — Angel parecia tão alarmado como Alex se sentia. Ele não tinha tempo para longas explicações. — Valerie tem um perseguidor. — O que? Por que não me disse isso? — Os olhos de Angel estavam em chamas. Alex não podia dizer que o culpava. Até agora se sentia bastante seguro com o Hank as observando. Tentou parecer calmo.
— Relaxa! Tenho alguém com elas. Estão sendo vigiadas, mas você não pode dizer a Sarah. — Por que não? — Porque Valerie não sabe. Romero ainda falava com o Hank, informando da ligação. — Diga que Bruce sabe que ele está vigiando Valerie. A porta se abriu de repente. Alex ouviu cristal estalar. Os olhos assustados das garçonetes se encontraram com os seus. — Estão brigando! Alex amaldiçoou em voz baixa e correu do escritório com Angel e Romero perto dele. Olhou para o Romero que ainda sustentava seu telefone na orelha. — Diga que não tire os olhos delas nem por um segundo. Não me importa se faça xixi nas calças! — Chegou ao seu ponto de fúria. — Assegure de dizer que eu disse isso. A briga estava sobre controle quando chegaram, mas deixou toda a zona do bar feito um desastre. Os meninos do Romero escoltavam dois caras grandes. Sal continha um homem menor com um nariz ensanguentado e um lábio inchado. Ao que parece, ele não foi o que criou o problema, mas mesmo assim gritou obscenidades aos caras que estavam sendo levados para fora. Alex viu isto um milhão de vezes. O cara estava, obviamente, se mostrando para sua noiva. Bom, ele não estava de humor para isso. Tinha outros clientes para pensar. Alex ficou na frente do homenzinho, ainda aturdido por sua conversa com o Bruce. Falou bastante alto para que o homem ouvisse. — Se acalme de uma fodida vez, ou te jogarei lá fora com esses dois e deixarei que arrumem as coisas por sua conta.
O menino o olhou, mas não disse uma palavra. Alex olhou ao seu redor. Passariam horas antes que pudessem pôr o lugar em ordem. Estava pensando Sarah e Sofia se reuniram com Isabel e Valerie no apartamento da Isabel essa mesma tarde. Todas foram em um carro para o restaurante e imaginava que deviam retornar ao apartamento depois do jantar para as bebidas. Valerie avisaria. Dependendo de como fosse à noite, ou iriam para casa esta noite ou se passariam a noite, se não se sentissem bem para dirigir. O casamento não era antes das três da tarde de amanhã, assim tinha um bom tempo para chegar em casa e se preparar para a manhã seguinte. É óbvio, Alex combinou de buscar a Valerie, mas ela disse que se todas as garotas ficassem ela também ficaria. Se esse era o caso, Romero teria que pôr outra pessoa no turno da noite, alguém não familiarizado com o caso. Isso não caiu bem para Alex. Só podia esperar que Valerie decidisse voltar para casa esta noite. A noção de não tê-la em sua cama todas as noites não era bem-vinda. Ele fez um ponto várias vezes ao dizer que não voltaria a acontecer. Somente há duas semanas, a possibilidade de que isto ocorresse já estava sobre ele.
****** Alex mandou uma mensagem a Valerie que estava indo para casa. Alex explicou brevemente sobre a ligação de Bruce. Disse que não queria ligar, porque não queria que as garotas ouvissem e se alarmassem. No entanto, advertiu com todas as letras maiúsculas que ficassem no apartamento e fechassem todas as portas e janelas. Valerie entendeu totalmente a respeito de não querer alarmar as garotas, mais especificamente, Sarah. Isto era muito pesado para assimilar na noite antes de seu casamento.
Não contou tudo o que Bruce disse, mas mencionou um monte de loucuras. Valerie estava surpresa de que não ligou somente para não estragar a noite e que não insistiu em buscá-la no mesmo minuto. Mas supôs que não alarmar as garotas tinha muito a ver com isso. Todas elas tiraram os sapatos logo que entraram. Valerie conteve uma gargalhada enquanto via Isabel tremer olhando os sapatos voarem em todas as direções. Isabel estava bem treinada e não disse nada. Em vez disso, pela primeira vez que Valerie viu, ela tirou os sapatos e os deixou onde aterrissaram. Valerie sabia que Romero tinha muito a ver com a libertação de Isabel com sua usual personalidade obsessiva. Valerie abriu o vinho especial para a Sarah, do tipo que vinha em uma jarra no lugar de em uma garrafa. — Meu tesouro! — Sarah aplaudiu suas mãos em frente às dela. Valerie riu, enchendo um copo. Sarah sempre o chamava assim, inclusive na escola. Todos zombaram dela por levar uma geladeira portátil com uma pequena jarra às festas no quintal em lugar de só um pacote de seis de cerveja como todos outros. Um celular tocou na sala onde todas deixaram cair às bolsas. — É para mim. — Sarah correu para a sua bolsa. — Se for meu irmão de novo, Sarah, diga para tomar um calmante. — Sofia balançou a cabeça. — Cara, o que é isso? A terceira vez em menos de uma hora? Sarah tirou o celular de sua bolsa e sorriu quando leu o identificador de chamadas. Ela olhou para Sofia e assentiu. — É ele, de novo. Sarah atendeu a ligação na sala principal. Depois que todas estavam com suas bebidas, Valerie pulou sobre a bancada da cozinha e tomou um
grande gole de sua cerveja. Ainda um pouco mexida pela mensagem de Alex, estava decidida a aproveitar o resto da noite. — Enquanto a Sarah fica algum tempo em seu telefone. — Disse em voz alta inclinando a cabeça em direção ao cômodo da frente —Deveríamos jogar um jogo. — Olhou para a Sofia e Isabel. — Um desses jogos de garotas, como quando éramos adolescentes. — Oh, divertido. — Sofia sorriu tomando um gole de seu vinho. — Não acredito que nunca joguei algum, mas me lembro de ouvir falar deles. — Não se preocupe. — Isabel bateu a taça de vinho da Sofia com a sua e tomou um gole. — Nunca joguei algum desses agora, naquele tempo muito menos. Isso não surpreendeu Valerie. No momento em que conheceu Isabel, já tinha passado muito da adolescência. Mas mesmo na universidade, Isabel algumas vezes se reunia com ela em seus jogos de bebidas. Uma ou duas vezes, Valerie conseguiu. Sofia era outra história. Essa pobre garota teve a sorte de fazer algo com esses três irmãos a vigiando como o serviço secreto, especialmente Alex. Sarah correu para a cozinha. — Está bem, sinto muito. Acredito que é porque não me viu durante toda a semana, por isso liga para verificar como estou. Sofia revirou os olhos, mas sorriu. Valerie não podia acreditar. Os dois foram literalmente inseparáveis desde a escola. — Não o viu durante toda a semana? Sarah parecia satisfeita de si mesmo, tomando sua taça de vinho. — Sempre disse que ia fazer isto na semana antes de nos casar. Não acredito que em algum momento acreditei que faria isso, inclusive depois que pedi ao Alex a semana livre antes do casamento. Estou certa que
pensou que poderia fugir de algum jeito e me ver. — Sarah riu e bebeu um pouco de vinho. — Ele tentou agir como se não fosse grande coisa, mas na terça-feira já estava tentando me convencer do contrário. Depois, estava criando desculpa atrás de desculpa para ficarmos juntos. Valerie começou a rir. Se surpreendeu que Sarah conseguiu. Ela não estava certa que poderia fazer. Inclusive agora que estava começando a considerar em aceitar a proposta do Alex de ir buscá-la. — Bom, vamos jogar os jogos de garotas, Sarah. Lembra deles? — Mas temos que ter uma temática. — Adicionou Isabel. — Neste caso, vou dizer que todos os jogos têm haver com amor. Sofia gritou. — Nunca tive uma festa de pijamas. Valerie saltou da bancada e deu uns tapinhas no ombro da Sofia. Pobre garota, não só teve que lidar com seus irmãos, também foi reivindicada pelo Eric no momento que completou dezessete. Sarah disse tudo sobre Sofia se apaixonando por outro melhor amigo de Angel. — Me sigam, damas. — Valerie entrou no salão e ligou o iPod. Ela pôs a música em uma estação lenta e tranquila. Todas sentaram nos sofás com exceção de Valerie que se sentou no chão. — Jogo da verdade. — Não é Verdade ou Consequência? — Perguntou Sarah. Valerie tocou seu nariz. — Não tenho vontade de fazer nenhuma consequência. Mas eu adoraria escutar algumas verdades picantes. Isabel sorriu e levantou a mão, quase derramando seu vinho. — Vou começar. A minha é para a Sarah. Onde foi o primeiro lugar onde você e Angel fizeram sexo? Sarah olhou para a Valerie, completamente chocada.
— Espera, não há regras? — Sim. — Valerie riu. — As regras são: a anfitriã faz as regras. Portanto, responda. Valerie já sabia a resposta, mas se divertia vendo Sarah se retorcer. Sarah olhou para Sofia. Virou de novo para Isabel e logo tomou um gole de seu vinho. Justo quando estava a ponto de responder, decidiu tomar outro gole. — Deixa de vergonha, Sarah. Qual é o problema? — Valerie jogou seu guardanapo em Sarah. — Foi no restaurante. — Sarah levou as mãos à cara, olhando através de seus dedos para Sofia. — Oh, meu Deus, Sarah. Realmente acredita que eu não sabia? — Sofia dobrou suas pernas debaixo dela. — Será que a cama no quarto dos fundos continua lá? — Valerie passou muitas horas nessa cama, antes que Alex tivesse sua própria casa. — Com certeza está. — Sofia deu uma piscada, sorrindo com malícia. A mandíbula de Valerie caiu. Todos começaram a rir. Sarah sempre disse a Valerie o quão descarada podia ser Sofia. Conseguiu uma amostra da conduta valente da Sofia nos últimos anos. Mas ter relações sexuais na parte traseira do restaurante com a possibilidade de que qualquer um de seus três irmãos pudesse entrar era pura loucura. Depois de mais uma hora, não só Alex, Angel, e Romero interromperam várias vezes mais, mas sim Eric se juntou às chamadas de verificação. Sofia se levantou. — Muito bem, vamos desligá-los. Sarah entregou seu telefone, muito arrependida. Isabel começou a rir, sacudindo o seu para a Sofia sem argumento. Em qualquer outra noite Valerie teria gostado de passar por isso, mas esta noite Alex golpearia o teto se não atendesse as suas ligações ou retornasse as mensagens.
— Meu pai não esteve bem. Não posso desligar meu telefone. — Ela se sentiu terrível por usar seu pai. Mas era verdade. Seu pai não estava muito bem quando foi ver ele essa semana. Sua madrasta revelou os enjoos que esteve tendo durante dias. Sofia quase se rendeu. — Não se abale por isso Sofia. Ele pode ligar para o telefone fixo. Ele é o único que liga. — Gritou Isabel. Valerie olhou para Isabel. Sofia estendeu a mão. Entregou o telefone à contra gosto. — Não vou desligar, simplesmente colocarei para vibrar. Poderá comprovar se seu papai ligou periodicamente. Mas os meninos não vão morrer se não atendermos suas ligações no resto da noite. Valerie não estava tão segura disso. Sofia colocou todos os telefones na mesa de café. — Preciso de uma dose adicional. Alguém mais? — Sarah ficou de pé. — Eu. — Sarah ajudou Valerie a se levantar do chão. Elas foram para a cozinha. Isabel colocou alguns aperitivos no forno e encheu umas vasilhas de batatas fritas. As garotas começaram a comer e continuaram jogando, rindo histericamente às vezes. Inclusive através de todas as risadas, Valerie não podia deixar de pensar no que os meninos estavam pensando com nenhuma delas atendendo a seus telefones. Alex provavelmente estava tendo um ataque.
— Ahh, eu adoro esta música. — Valerie correu para chegar ao quarto para aumentar o volume, na verdade não adorava a música, mas queria verificar seu telefone. Se inclinou, espiando as garotas que estavam muito concentradas com os aperitivos e continuavam rindo. Os quatro telefones tinham indicadores de chamadas perdidas e mensagens de textos. Pretendendo dançar, se inclinou para a mesa de café. Não importava que a música fosse uma lenta e romântica, ainda se moveu e inclinou como parte da coreografia. Agarrando o telefone com um hábil movimento, continuou dançando com suas mãos balançando para esconder o telefone. Virou sensualmente, assim suas costas estava para as garotas e continuou dançando enquanto lia suas mensagens. Tinha várias. Leu a mais recente. “Angel está ficando louco, Val? Por que nenhuma de vocês responde? Não tinha tempo de responder todos. Apertou as teclas rapidamente para responder ao menos uma. Enquanto isso continuou dançando. — Está enviando mensagens? — Sofia parecia horrorizada. — Pegue ela! — Gritou Sarah. Valerie
saltou
sobre
o
sofá,
rindo,
tentando
desesperadamente
pressionar o botão de envio, mas o telefone foi arrancado de sua mão
quando Sarah saltou sobre ela, seguida pela Sofia. Isabel agarrou o telefone do chão e leu a primeira parte do texto em voz alta. — Sinto muito, baby, meu telefone estava desligado... — Olhou para Valerie. — Sério? Está se desculpando por ignorar suas ligações por quanto tempo? Uma hora? — Valerie sorriu timidamente. — Ele se preocupa. — Sarah olhou seu próprio telefone piscando. Isabel olhou para ela e depois para seu telefone piscando. — Você também? Bem, vamos ter que esconder esse, Sof. — Sofia pegou todos os telefones e colocou em sua bolsa. — Feito! Esta é minha primeira noite de garotas, e a última da Sarah sendo uma garota solteira. Não vamos deixar que esses meninos nos interrompam. Isabel bateu as mãos com ela. — Amém, irmã! O estômago de Valerie revirou. Ia ter que encontrar uma maneira de avisar aos meninos o que estava acontecendo antes que apareçam em sua porta. Nunca se perdoaria em ser forçada a dizer a Sarah o que estava passando e fazer que se preocupasse desnecessariamente. Amanhã ia ser um dos melhores dias de sua vida. Valerie sabia que isto definitivamente ia acabar com isso. O tempo passava à medida que as garotas continuaram comendo, bebendo e sendo felizes. — Deveria parar. — Disse Sarah olhando ao palito de mussarela em sua mão. — Meu vestido é meio apertado no meio. Odiaria ficar inchada. — Oh, por favor. — Bufou Isabel. — Não tem nem um grama de gordura em você. Você não corre uns vinte quilômetros por dia? Sarah riu, mordendo o aperitivo.
— Não vinte, mas, sim, eu corro todos os dias. — Sofia se esticou para pegar um aperitivo. — Li em algum lugar na internet que... Isso era. Internet. Se Valerie pudesse chegar a seu laptop, poderia enviar um e-mail para Alex. Era perfeito. Deixou em seu carro. Poderia mandá-lo de lá e as garotas nunca saberiam. Desceu da bancada onde estava sentada e correu para seu quarto. — O que está fazendo, Vale? — Disse Isabel da cozinha. Valerie tirou suas pantufas felpudas de Barbante. Tinha que lembrar de levar essas à casa do Alex. — Tenho que pegar algo no carro. — Agora? Valerie apertou os lábios. Isabel não estava ajudando em nada. — Quero ensinar algo a Sarah. — Saiu de seu quarto e passou pelas garotas que estavam olhando divertidas. Sofia sorriu. — Eu gosto de suas pantufas. — Obrigada, meu pai que me deu. Já volto. Logo que saiu teve o pressentimento que estava sendo observada. O terror passou através dela com cada respiração que tomava. Poderiam muito bem serem seus nervos, mas poderia jurar que escutou algo nos arbustos. Abriu o porta-malas logo que chegou ao carro. Olhando em volta, como Alex falou um milhão de vezes, rodeou o carro e entrou no lado do motorista. Bloqueou as portas logo que estava dentro. É óbvio que o laptop demorou horas para ligar. Depois que finalmente se conectou, mandou um e-mail muito curto, mas com a explicação. Somente esperava que Alex não estivesse muito envolvido tentando localizá-la, para não olhar seus e-mails no telefone.
Guardou o laptop na mala. Isabel era muito esperta. Se a visse caminhando com ele, saberia imediatamente o que esteve fazendo. Era uma loucura como se sentia nua sem seu telefone. Enquanto retornava ao apartamento, apertou o spray de pimenta, sustentando seu polegar sobre o botão preparada para usá-lo. Nem pensou em trazer a arma de choque que Alex a fez prometer levar em todo momento. Um carro entrou no estacionamento e Valerie congelou. Parou a alguns centímetros dela, os faróis atrapalharam sua visão. Protegeu os olhos com a mão. Suas pantufas presas firmemente ao chão. Sua boca estava aberta, mas não emitia nenhum som. A porta do passageiro abriu lentamente. Com os faróis ainda sobre ela, somente podia ver uma figura. Inclusive com o gás pimenta em sua mão, se sentiu completamente vulnerável e inútil. Nem podia se mover, ao menos brigar. — Está tirando sarro de mim? — Retumbou a voz. Tomou um segundo para se dar conta que era Alex. Embora o alívio não descrevesse o que sentia nesse momento, sabia que estava em apuros.
****** Os olhos de Valerie mesmo com medo, pareciam tão lindos. Estava tão irritado por ela não atender ao telefone, mas saber que estava bem o fez esquecer. — O que está fazendo aqui fora sozinha? — Fechou à porta do carro de Angel, a tensão em seus músculos seguia lá. Esteve tenso desde que Bruce ligou e só se tornou pior com cada ligação que Valerie não atendia. — Tinha que vir ao meu carro. — Valerie foi para ele.
— Não te falei para ficar dentro do apartamento? Este cara estava te observando esta noite. — Alex olhou ao redor. — Provavelmente esteja olhando agora. — Tive que sair. Elas sequestraram meu telefone. Vim no meu carro para te mandar um e-mail do meu laptop. — Valerie inclinou sua cabeça contra seu peito. Alex a abraçou, sentindo a tensão que teve a noite toda drenar de seu corpo. As outras portas se abriram e Romero e Angel saíram. Começaram a ir para o apartamento. — Não! — Valerie se afastou de Alex. — Não entrem. Angel, não pode ver a Sarah. — Somente quero me assegurar que ela está bem. — Eu posso ver a Izzy. — Protestou Romero. — Não sou eu que se casa amanhã. — Ela está bem. — Garantiu Valerie a Angel. — Sofia escondeu nossos telefones, para não sermos interrompidas. Eric foi o último em sair do carro e parou junto ao Alex. — Sofia fez isso? — Sim, nenhuma delas sabe sobre a ligação que Alex teve. Eu gostaria de manter dessa maneira. Não tem sentido incomodar a Sarah. — Não é nada, Valerie. O cara é um verdadeiro psicopata. — Alex franziu a testa. Valerie não sabia nem a metade. — Sabe o que quero dizer, Alex. Vou contar tudo sobre ele depois do casamento. — Então, isto é o que você tramava? — Isabel estava parada na porta do apartamento, com os braços cruzados. Angel e Romero começaram a ir para ela.
— Oh, não, não. — Disse Isabel firmemente. — Você não pode ver a Sarah, Angel. Alex, Valerie e Eric seguiram atrás do Romero e Angel. — Só quero perguntar algo. — Tem o resto de sua vida para fazer isso. — Interrompeu Valerie. — A partir de manhã. Sarah apareceu através da cortina da janela. Valerie disparou um olhar de advertência. A ranhura da cortina se fechou imediatamente. Sofia colocou sua cabeça pela porta atrás da Isabel e saudou. — Estou passando esta noite aqui, Angel. Acabo de ler seu texto. Assim não, não preciso que me leve. — Riu muito forte. — Esteve bebendo, Sof? — Alex a olhou de perto. Ele sabia que bebia, embora tenha somente vinte anos. Nunca a viu bêbada e não gostou. — Sim, muito. — Pôs sua mão sobre seu sorriso e retornou ao apartamento. — Terminamos por aqui? — Isabel pôs a mão no quadril. Alex poderia quase imaginá-la lidando com seus alunos. Romero aproveitou e subiu as escadas para dar um rápido beijo nos lábios. — Te ligarei mais tarde. Atenda seu maldito telefone. Romero e Eric começaram a retornar em direção ao carro, seguido por um muito abatido Angel. Alex não podia deixar de sorrir. Incrível como ver Valerie mesmo que por um momento pôde mudar seu estado de ânimo tão dramaticamente. Ele olhou Valerie e pôs sua mão sobre seus ombros. — A anfitriã maior está esperando por você. — Isabel não deixava ninguém sair. Não é de se estranhar que Valerie teve que sair para enviar um e-mail.
— Nos dê um minuto, querida. — Alex falou antes que Valerie o fizesse. Realmente precisava falar com ela. Não importava o que Isabel tinha a dizer a respeito, mas de todos os modos sorriu docemente. — Por favor. — Está bem, mas estou contando. Alex não queria ter pressa, mas fez todo o possível para não perder o sorriso. Finalmente entrou no apartamento. Queria perguntar a Valerie tanto sobre o Bruce, principalmente que demônios viu nele em primeiro lugar. Saiu com ele durante várias semanas, não notou o psicopata que ele era? Tudo teria que esperar. Sabia que tinha muito pouco tempo, mas tinha um par de coisas muito importantes que precisava saber. — Valerie, eu não posso enfatizar o suficiente sobre a importância de ser cuidadosa. Ainda não posso acreditar que estava aqui fora sozinha. — Fiz por você. — Sei baby, mas ainda correu um risco enorme. — Agarrou suas mãos e embalou seu rosto. — Preciso que me prometa que não o fará outra vez. — Mas... — Prometa. Valerie finalmente cedeu. — Prometo. Depois de fazer sua promessa e umas quantas coisas mais, Isabel colocou sua cabeça pela porta para dizer que o tempo terminou, se obrigou a ir e deixá-la. Esperou fechar a porta. Apareceu pela janela e mandou um beijo. Quando chegou ao carro, sentou junto com Angel no assento dianteiro. Não mudou seu ânimo. Antes de encontrar com Valerie, ele o incomodou por estar tão condenadamente abatido por não poder ver Sarah por uma semana. Ele foi inclusive um pouco irritante com ele, mas agora o entendia
completamente. Diabos estava considerando ficar com seus pais ou inclusive no restaurante esta noite só para não ter que voltar para uma cama vazia. — Depois de amanhã, amigo. — Alex empurrou seu irmão carrancudo. — Não só vai passar cada dia com ela, mas também a terá todas as noites. Angel o olhou e depois para a estrada. Um segundo depois, sorriu. Alex sorriu olhando pela janela do passageiro, seus pensamentos imediatamente foram para a segurança de Valerie. Estava mais decidido agora do que nunca a pegar esse cara. Se a lei não ia ajudar teria que fazer por si mesmo. Disse ao Romero esta noite que queria mais que uma revisão de antecedentes do Bruce. Queria tudo do cara. Foi muito longe esta noite. Agora era pessoal.
****** Possivelmente foi a bebida, mas Valerie originalmente planejou embrulhar a pintura e dar no casamento. Sabia que não estaria lá quando Sarah abrisse, e queria dessa maneira. Agora se sentia um pouco valente. A pintura ainda estava guardada em seu armário. Sem dar mais voltas, Valerie pulou da bancada da cozinha e correu para seu quarto. — Aonde vai? — Perguntou Sarah. — Tenho algo para você. Ia trazer para a cozinha, mas as garotas correram para seu quarto em questão de segundos. Os nervos a atingiram de repente. — O que é? — Isabel olhou ao redor do quarto curiosa. Valerie olhou para Sarah, começando a se sentir incrivelmente emocionada.
— Maldita cerveja. — Está bem, não espero que pendure nem nada. Não tem que se sentir obrigada, Sarah. Sarah sorriu.
Ela sabia que Valerie pintava, mas Valerie raramente
compartilhava alguma de suas pinturas com alguém além de seu pai e Isabel. Alex mesmo só viu algumas. — Assim, se não quiser... — Oh, quero apenas ver, agora – Sarah riu. Valerie respirou fundo e abriu a porta do armário. Tirou a pintura, mas a tirou coberta. Isabel cruzou um braço sobre seu peito e levantou seu vinho com a outra. — Valerie, querida, se não tirar a coberta, não tenho como ver. — Sim, Val. Estou morrendo! — Acrescentou Sarah. Valerie tirou a coberta lentamente. Quando terminou, todas as garotas ofegaram. Olhou para Sarah, que manteve seus olhos abertos. Valerie mordeu seu lábio. — Você gostou? Sarah não tirou os olhos dela. — Eu amei. — Olhou para Valerie. — Não via essa foto há anos. — Valerie, é linda. Sofia deu um passo à frente para olhar mais de perto. — Você fez isso? Valerie
assentiu,
quase
perdendo
seu
equilíbrio
quando
Sarah
repentinamente a abraçou. Sarah chorava, provavelmente uma mistura de emoção e de vinho. — Isto deve ter levado muito tempo. — Bebendo para afastar sua própria emoção, Valerie limpou seus olhos.
— Não muito tempo, mas passei algum tempo nela. — Isto é incrível, Valerie. — Isabel parou na frente dela, admirando. Sarah se afastou para vê-la outra vez. — Quero no casamento amanhã. É perfeita. Isto me traz todas as lembranças de quando nos apaixonamos pela primeira vez. E Angel vai se encantar Val. Muito obrigada. Valerie não pôde evitar sentir um calor por sua sincera gratidão. Mas não esperava isto. Estava tão nervosa, e agora a pintura estaria exposta para centenas de pessoas. Seu estômago retorceu quando a realidade a golpeou. Todo mundo que conhecia ia ver seu trabalho agora. Tentou pensar em uma maneira de mudar isso, mas Sarah estava tão emocionada que não tinha coragem. Maldita seja a bebida!
O CASAMENTO Alex observou Valerie se vestir, depois de voltar do salão, e ainda não podia acreditar como incrível parecia com seu vestido de dama de honra. As cores que Sarah escolheu eram marrom chocolate e bege. Com a exceção de Valerie, as damas de honra e inclusive as mães estavam vestidas de um marrom escuro, acentuado com um pouco de cor bege. O vestido longo de Valerie era de uma sólida cor marrom. Seus grandes e formosos olhos escuros pareciam ainda maiores e brilhantes. Todos os convidados do casamento estavam fora da igreja esperando o sinal para entrar. Alex olhou para limusine estacionada em frente. Sarah ainda tinha que aparecer. Estava escondida atrás das janelas escuras. Alex se perguntou se Valerie iria querer tudo isto algum dia. Nunca mencionou que tipo de casamento gostaria de ter. Talvez ela não dissesse nada com medo de assustá-lo. O órgão começou a tocar na igreja. Esse era o sinal. Alex deu uma olhada em volta. A ideia de que esse animal fizesse algo para atrapalhar o casamento o fazia apertar os dentes. Luna, a mãe de Sarah, deu um golpezinho no braço.
— Está nervoso? Alex sorriu. — Não, absolutamente. — Estendeu o braço, e ela envolveu sua mão ao redor dele. Estaria acompanhando-a já que era solteira. Sarah nunca conheceu seu pai. O pai do seu melhor amigo de infância, a única figura paterna que Sarah conheceu, estaria a entregando. Começaram a caminhar casal por casal. Alex não esperava realmente que todo mundo na lista de convidados aparecesse. Havia muitos, mas pelo aspecto da igreja abarrotada, parecia que todos conseguiram vir. Assim que chegou na frente da igreja, ele pôde ver que os nervos finalmente atingiram Angel. Parou junto a Romero e Eric, cada um, com cara de pedra. Alex tinha certeza que não tinha nada a ver com o fato de que seu irmão estava a ponto de dar o maior passo de sua vida. A quantidade de pessoas que se reuniram na igreja e a possibilidade de que ele arruinasse algo durante a cerimônia era provavelmente a razão. Seus pais, os últimos a entrar, antes que Sarah fizesse sua entrada, chegaram a parte dianteira. Começou a introdução de "Fere Come the Bride", de maneira espetacular. Todo mundo na igreja ficou de pé, e todos os olhos estavam na porta de atrás. E então, ali estava ela. Sua mãe mencionou que cada noiva ficava linda no dia de seu casamento. Sarah estava impressionante. Alex olhou seu irmão. Angel ficou ali, com os olhos presos a ela. Se Alex não o conhecesse, pensaria que Angel poderia chorar. Alex levou seu punho a boca, sorrindo. Esse bobo nunca teve chance. No momento em que conheceu Sarah, no colegial, estava perdido. Se as coisas tivessem sido diferentes, Alex poderia tê-lo convencido esperar um pouco mais, viver um pouco antes de se casar. Mas era óbvio que para Angel, sua vida não podia ser melhor sem Sarah.
Isso
provocou
uma
careta
de
dor.
Não
seria
divertido,
mas
eventualmente, teria que contar a Angel as novidades sobre Bruce mencionando Sarah por seu nome. Não importa o quão desagradável fosse, precisava se assegurar de que Angel estivesse alerta. Quando chegou o momento de Sarah e Angel lerem seus votos, Alex olhou para Valerie. Ela os olhava fixamente, obviamente comovida por suas palavras. Algum dia, e quanto antes melhor, estariam trocando os mesmos votos. Não importava se fosse em uma igreja, ou em uma sala na frente de um juiz. A única coisa que importava é que fosse oficial. Talvez fosse tudo isto do casamento, mas por alguma razão, fazer de Valerie sua esposa, se aproximou de repente do topo de sua lista de prioridades, em segundo lugar somente, conseguir prender aquele maníaco. Depois da cerimônia o casal recém-casado, foi ao parque estatal local, Mount Soledad. Horas mais tarde e um milhão de fotos, tiradas por fotógrafos irritantemente energéticos, estavam finalmente livres para começar a festa. Brindaram com champanha e colocaram música. Sofia e Valerie até colocaram a cabeça para fora do teto. Imediatamente se deram conta do dano que o vento fazia em seus caros penteados. Pareciam irritadas a princípio, mas logo começaram a rir. Alex ficou feliz, já que não havia maneira de se arrumarem. Os outros meninos já estavam rindo. De volta no restaurante, já tinha um grupo esperando. O anfitrião os alinhou de novo para fora da sala de banquetes de cima. Deviam esperar a música e entrar na festa, enquanto os levariam. Isto era muito formal para o gosto de Alex. Daria a Valerie tudo o que quisesse, mas estava mantendo seus dedos cruzados para que não fosse isso. A canção da Abba, “I dou, I dou, I dou”, tocou e começou a apresentação do anfitrião. Uma vez que os convidados estavam nas mesas, as luzes se
apagaram e a música trocou para Barry White, “My First, My Last, My Everything”. O foco iluminou a porta vazia. — Damas e cavalheiros — Anunciou o anfitrião — Atenção por favor, e deem as boas-vindas aos recém-casados, o Sr. e a Sra. Moreno. Todo mundo estava de pé quando Sarah e Angel entraram pela porta. Aplausos e aclamações encheram o salão. Nem tinham chegado à mesa quando os vidros começaram a tilintar. Não é que Alex não tivesse visto o suficiente destes dois se beijando, mas igualmente, virou para ver um Angel sorridente e a sua noiva ruborizada, se beijaram meigamente. Mais uma vez, todo mundo aplaudiu e a festa continuou. Alex se sentou na mesa principal enquanto Valerie se aproximou para falar com seu pai e sua madrasta. Sentaram na mesma mesa com seus pais e a mãe de Sarah. — Tenho alguém bom para você — disse Romero enquanto sentava ao lado de Alex. — Quem? — Alex deu uma olhada para se assegurar de que Valerie continuava sentada com seu pai. — É um pouco sombrio. Este homem faz o trabalho de inteligência para o governo. Perguntei por aí, e é o melhor que há para este tipo de coisas. Estes trabalhos que faz, são estritamente sombrios. Mas há uma razão pela que está disposto a assumir o risco. — As sobrancelhas de Romero se levantaram em sinal de advertência. Alex esperou. — Dinheiro. Não é barato Alex. Estamos falando de muito dinheiro Alex, e não há garantia de que...
— Faça. Não me importa o valor. — Os olhos de Alex estavam ainda em Valerie, agora em seu caminho de volta à mesa — Preciso do melhor. Faça o que tenha que fazer. Romero ficou de pé quando a viu vir. Pôs sua mão sobre o ombro de Alex. — Considere feito. Alex sorriu enquanto Valerie sentava. Ela se inclinou, com a mão em sua coxa. — Por que esse grande sorriso? Alex pôs sua mão sobre a dela e a apertou. — Já te falei hoje como você é linda? Valerie colocou a mão em seu rosto sobre sua bochecha. — Sim, na verdade, várias vezes. — Ela sorriu, colocando sua mão para baixo, na coxa — Mas pode dizer quantas vezes quiser. Não me importo. Alex moveu sua cadeira mais perto da dela, com a mão livre, e a beijou. — É tão linda. As taças começaram a tilintar de novo. A atenção de Valerie foi para Angel e Sarah. — Parecem tão felizes. — Sim. — Alex aproveitou o momento — Então, é isso que você quer? — Valerie inclinou a cabeça. — O que quer dizer? — Um casamento como este, cheio de formalidades? — Pareceu pensar por um momento. — Não sei. Nunca pensei muito nisso. Provavelmente porque nunca teve muita esperança. Apertou sua mão, de repente irritado consigo mesmo. — Bom, comece a pensar nisso.
Suas saladas chegaram, interrompendo a conversa no momento. Alex observou o restaurante pela quinta vez desde que chegaram. Ainda se perguntava se Bruce esteve realmente no restaurante na noite anterior. Como o lugar estava abarrotado, poderia ter conseguido com facilidade, se misturar na multidão. A segurança de Romero aumentou para doze empregados agora, e Alex os contratou para essa noite. Para o caso de alguém perguntar, por que tanta segurança, sobre tudo se por acaso Valerie suspeitasse, fez com que todos se disfarçassem. Alguns vestidos como garçons. Outros vestidos como convidados. Com Valerie a seu lado a noite toda, Hank estava observando o lado de fora. Como era o único dos homens de Romero que sabia como parecia Bruce, era exatamente onde Alex o queria. Seu olhar parou na pintura que estava sobre um cavalete perto da entrada. Inclinou para o Valerie. — Viu a pintura de Angel e Sarah? Dei uma olhada quando entramos, mas é uma boa pintura deles dois. Valerie virou para ele com uma expressão estranha, e logo sorriu. — Eu pintei isso. Alex a olhou por um momento, sem saber se falava sério. Ela sorriu, sua cara ficou um pouco vermelha. — Sério? Assentiu. Sim, ela definitivamente estava ruborizada. Alex ficou de pé. — Aonde vai? Alex devolveu o olhar, ainda não sabia o que pensar. — Sério, você pintou isso? — Sim. — Sua cara avermelhada se iluminou ainda mais. — Por que esta envergonhada? — Não sei. Sente, está me deixando nervosa.
— Não. Tenho que ver melhor agora. Vem comigo. — Pegou sua mão. Ela vacilou por um segundo, mas logo ficou de pé. Se aproximaram da entrada, parando um par de vezes para saudar alguns convidados e familiares. Quando chegaram à pintura, Alex não podia tirar os olhos dela. Era incrível, com detalhes extraordinários. Inclusive captou o brilho do doente amor, nos olhos de seu irmão. Viu algumas das pinturas de Valerie no passado, mas nenhuma delas esteve perto disto. — Valerie, isto é incrível. Por que não me disse isso? — Ela inclinou a cabeça olhando à pintura. — Ia levar para sua casa esta manhã para embrulhar. Teria te mostrado, mas não podia esperar que Sarah visse. Então, mostrei na noite anterior e, bom... Ficou louca quando a viu e disse que queria que estivesse no seu casamento. Alex deixou passar o comentário de sua casa, mas disse: — Como é que não o trouxe para casa? Foi ao apartamento para trabalhar nele durante todo esse tempo? Pela primeira vez desde que estiveram ali, ela afastou o olhar da pintura e virou para ele. — Não, terminei há algum tempo. — Encolheu os ombros — Estava nervosa para mostrá-la a todo mundo. Isabel nem tinha visto. — Sério? Não mostrou a ninguém até ontem de noite? — Alex virou para a pintura. Realmente era uma obra de arte. Não tinha ideia de que Valerie tivesse tanto talento. — Bom... Alex levou sua atenção de novo a ela quando terminou. Olhou ao seu redor, de repente visivelmente nervoso. Bruce imediatamente veio à mente.
Alex seguiu seu olhar, mas ela não parecia estar olhando para nada em particular. Apertou sua mão. — O que é? Seus olhos se encontraram por um segundo e logo foram à pintura de novo. — Luke viu. Alex deixou isso passar, e tentou desesperadamente não deixar que o mal-estar dessas três pequenas palavras, se manifestasse. — Viu? — Um casal se aproximou para olhar à pintura. Alex e Valerie saíram do caminho — Quando foi isso? Eles começaram a voltar para mesa, e Valerie falou enquanto olhava pela festa. — O dia que Bruce tentou entrar no meu apartamento. Lembra que te disse que estava pegando uma pintura que queriam que eu emoldurasse? — Olhou para ele. Alex assentiu, mas não disse nada. — Luke ligou, disse que estava por perto e me perguntou se podia passar por lá e dar uma olhada. Ficou lá por uns dez minutos. Com tudo o que aconteceu, pensei que talvez pudesse te irritar ainda mais. Apesar de não ser nada, por isso não mencionei. Chegaram a sua mesa, e Alex puxou sua cadeira. Uma vez que estavam sentados, segurou sua mão e a beijou. — Não esconda as coisas de mim, só porque acredita que possam me incomodar. Estou feliz que me disse. — Beijou seus lábios. — A pintura é linda.
Ficou feliz de que por fim contou a respeito. Mas a inquietação de Alex sobre ela trabalhando com Luke acabava de chegar a uma nova altura. Apertou a mão e tentou não deixar que isto mudasse seu humor. Trabalhou tanto nesse casamento, que queria ser capaz de aproveitar. Com a primeira dança terminando e todas as outras danças tradicionais fora do caminho, era o momento de jogar o buquê. Por Valerie ser a dama de honra, estava no centro da primeira fila. Tocaram o rufo de tambores contando a partir de cinco. Todas as solteiras se prepararam. Quando chegaram a dois, Sarah virou. Ao invés de jogar por cima de sua cabeça, o jogou para Valerie. Valerie se assustou, mas se arrumou para pegá-lo. Alguns se incomodaram, outros riram. — Ouçam, ela é a rainha desta noite. Pode fazer o que quiser — brincou o anfitrião do casamento no microfone. Sarah piscou para Alex, e sorriu para Valerie. Tinha sorte de conhecer pessoas tão boas. Alex pediu para dançar com Sarah. Sabendo o que significava, Sarah se emocionou. Valerie mostrou o ramo a ele com um sorriso quando o alcançou. — Suponho que não teve nada com isso? Alex fingiu surpresa pela mera sugestão. Valerie começou a rir. — São tão maus. As formalidades quase tinham terminado. Sarah e Angel ficaram junto ao bolo de casamento, com os fotógrafos tirando fotos, já que cortaram a primeira fatia. Alex estaria encantado quando os fotógrafos terminassem finalmente suas funções. Nunca posou tanto em sua vida. Contudo, o casamento foi perfeito, e o serviço, inclusive para um casamento desse tamanho, tinha fluido. Passou seu braço ao redor de
Valerie e a aproximou. Agora, com o casamento fora do caminho, poderia se concentrar no que realmente precisava ser resolvido: Bruce.
Desde a noite antes do casamento, não tiveram nenhuma notícia de Bruce. Alex não queria correr nenhum risco. Depois de escutar a respeito dos descansos para mijar de Hank, pediu a Romero que colocasse outro homem para vigiar Valerie. Steve era um ex-policial e parecia um dos melhores. Com Angel e Sarah de lua de mel em Cabo, Alex sentiu que era seguro esperar até que retornassem para falar com ele sobre isso. Só esperava conhecer o suficiente sobre esse cara para pegá-lo. Enquanto isso, ele deixou Sofia saber sobre o perseguidor, deixando alguns dos detalhes mais alarmantes fora. A fez prometer que diria se notasse algo fora do normal, sem importar o quão insignificante pensasse que fosse. No momento, não sentia necessidade de ter alguém cuidando dela, mas se tivesse que fazer, faria. A ideia de Bruce perseguindo a sua família o enfurecia. Saiu da loja e entrou no restaurante. Sal estava em uma cabine com um par de meninos jovens, estava entrevistando empregados toda a manhã. Com Sarah e Angel fora durante a semana e alguns empregados faltando por doença, o restaurante realmente estava sentindo o impacto.
Agora que o restaurante de Angel e Sarah estava projetado para ser instalado e posto em funcionamento antes do final do ano, Alex não só estava os perdendo, também estavam levando com eles alguns dos cozinheiros mais experientes, garçonetes e garçons. Seu pai disse que necessitarão de toda a ajuda que possam conseguir até que ponham as coisas para funcionar sem problemas. Alex esperava escolher um mínimo de dez novos empregados antes dessa data, e estava contente de que Sal estivesse ali para ajudar com as entrevistas. Romero entrou pela porta principal, sorrindo. Alex estava esperando. Obviamente tinha notícias, finalmente. — O cara é um escritor — Disse com um sorriso enorme. — Um escritor? — Gosta de documentar tudo. — Sentou no bar e golpeou o balcão solicitando serviço. Alex foi para trás do balcão. — Quer cerveja? — Não, ainda estou trabalhando. Só me dê um suco. — Tamborilou com os dedos sobre o balcão — Então esse cara tem blogs. Blog online. Alguns são públicos, mas a maioria que fala de Valerie são privados. Alex parou o que estava fazendo. — Está escrevendo sobre Valerie? — Oh sim, amigo, o cara está obcecado. Alex sabia disso, mas escutar que Bruce estava escrevendo coisas sobre Valerie na internet ainda era no mínimo perturbador. — Se não é público, como sabe o que está escrevendo? — Entregou o suco. Romero deu um olhar antes de pegar o copo.
— Alex, eu disse que este cara que contratou podia entrar na conta bancária do Bruce se quisesse. Um blog online não é nada. — Então, sobre o que está escrevendo? — A maior parte é uma tolice. Mas o Sr. X me assegura que chegamos a uma mina de ouro. — Quem diabos é o Sr. X? — O cara que faz toda a investigação. Não sei seu nome real então é assim que o chamo. — Espera. Estou pagando a esse cara um mar de dinheiro, e nem sei seu nome? O que acontece se estiver inventando um monte de merda? Romero ficou olhando, irritado. — Ele foi altamente recomendado por uma muito confiável fonte. Nunca teria te indicado um mau investigador. O que, acredita que sou idiota ou algo assim? Alex tentou um sorriso, mas estava muito chateado. — Não poderia ter conseguido algo melhor do que Sr. X? — Romero franziu a testa. — Quer ouvir o resto disto ou não? Alex assentiu se apoiando contra a mesa traseira do bar, cruzando os braços na frente dele. — Então, o Sr. X diz que ler esse conteúdo é a melhor maneira de entrar na cabeça desse cara. É por isso que foi em busca dela para começar. Perseguidores e assassinos em série são conhecidos por serem planejadores compulsivos. Isto definitivamente ajudará se for estúpido o suficiente para escrever o que está planejando fazer. Então, aí pegamos ele. O problema é que não é tão estúpido.
Tomou um longo gole de suco. Alex esperou impaciente. Sempre tinha uma maldita armadilha. Depois de quase terminar todo o suco Romero pôs o copo na mesa, arrotou e logo continuou: — Estes blogs, em alguns casos, não são fáceis de encontrar. Não estão no seu nome, é óbvio. Utiliza diferentes e-mails para montá-los. Se estivesse escrevendo com um só nome, seria fácil. Acabaria de hackear o computador e teríamos tudo. Mas não faz assim. Vai de um nome para outro, a maioria em lugares públicos como bibliotecas e cyber cafés. — Então, como sabemos que é ele que está escrevendo? — Confie em mim, Alex. O Sr. X sabe. Ele troca a senha dos blogs com bastante frequência, mas não a direção do e-mail que usa para entrar neles. O Sr. X diz que isso é bastante arrogante de sua parte e que as senhas são óbvias para hackear. Com a mesma direção do e-mail, o Sr. X pode permanecer em seu rastro. — Pode, por favor, parar de chamá-lo assim? Parece tão estúpido. — Romero bebeu o resto do suco. — O que é estúpido sobre o Sr. X? — Alex revirou os olhos. — Não importa que outra coisa encontrou? — Basicamente, isso é o principal. Mas parece bastante significativo. Vai refazer todo o caminho até onde Valerie o conheceu pela primeira vez. Diz que faz mais ou menos um ano, não é? O mesmo aborrecimento que sentiu quando soube que Valerie conheceu o fulano semanas depois de romper as coisas com ele o atingiu. Se sentia completamente responsável agora por ela ter conhecido esse psicopata. — Então está cavando nisso. Diz que ajuda a descobrir o que motivou este cara a vir atrás dessa maneira. Também, menciona amigos e conhecidos nas entradas. Isso poderia nos guiar onde pode estar ficando.
Alex digeriu tudo que Romero acabou de jogar sobre ele, com os braços ainda firmemente cruzados sobre o peito. — Quanto tempo vai levar antes que saibamos de algo mais? — Está muito perto. Disse que ele era bom. Mas há muito que diz que tem que peneirar. Em cada pista que encontra, há um monte de lixo inútil que tem que ler. — Ficou de pé. — Assim que eu souber mais entro em contato. — Tamborilou os dedos sobre o balcão — Tenho que ir. — Começou a se afastar. Alex assentiu perdido em seus pensamentos. Romero parou e virou — Alguma vez soube por que Valerie se encontrou com Luke na manhã do jantar de ensaio? Alex saiu de seu transe. — Sim, tinha que entregar as chaves de algumas propriedades que ele ia mostrar, mas isso é tudo o que disse. — Mencionou algo sobre ele estando em seu apartamento? Tentou empurrar ambos os incidentes para o fundo de sua mente, mas a verdade ainda o estava remoendo. — Passou por lá para dar uma olhada na pintura. Por quê? — Romero o estudou por um momento. — Hank não sabia se valia a pena mencionar, então disse que deixaria em minhas mãos. Sabia que teve um café da manhã com o Luke ontem e esta manhã? — Seu braço ainda cruzado diante dele, Alex os apertou ainda mais fortes. Valerie se recusou a sair de casa ambas as manhãs alegando que não tinha tempo para o café da manhã. — Não, não sabia. Romero não disse nada por um momento, logo encolheu os ombros. — Não sei. Talvez seja só eu. Se Izzy estivesse tomando o café da manhã com um ex dois dias seguidos e não me dissesse sobre isso, teria um
problema com isso. Mas Valerie trabalha com o sujeito, então... o que seja. Só pensei que gostaria de saber. Foi para a porta. Alex podia sentir o pulsar de seu pulso em seus ouvidos enquanto o via sair. A imagem de Valerie e Luke se abraçando e dando as mãos na manhã do ensaio o alarmou. Isso se somar ao feito de que ela escolheu ele, de todas as pessoas para mostrar a pintura, isto realmente trouxe uma séria pergunta a sua mente. Era possível que ela estivesse diminuindo a importância da sua relação com o Luke e seus sentimentos para ele eram mais profundos do que estava admitindo?
****** Quando Luke ligou para Valerie no começo da semana para dizer que queria falar com ela a respeito de algo muito importante, Valerie quase recusou. Ele queria conversar fora do escritório para evitar que alguém ouvisse ou começasse a especular. Não tinha nem ideia sobre o que ele queria falar, se limitou a dizer que era totalmente relacionado ao trabalho. Sabia como Alex se sentia a respeito de Luke. Ele sem dúvida teria um problema com ela por se encontrar com ele fora do escritório, mas se era realmente relacionado ao trabalho teria que entender. Depois de tomar o café da manhã com ele a primeira vez, ficou feliz por ir. Corporate estava estudando a abertura de outro escritório na área de La Jolla. Perguntaram ao Luke se havia alguém que pudesse recomendar para dirigi-lo, e disse que a única a que ele consideraria era Valerie. Embora houvesse uns poucos com mais experiência que Valerie no escritório, disse que nenhum tinha o impulso e dedicação, mas o mais importante, a resistência que ela tinha. Não havia ninguém mais que pudesse recomendar
que realmente acreditasse que podia dirigir todo um escritório, nem acreditava que nenhum deles quereria. Isto não queria dizer que ia conseguir com certeza. Luke não era o único a quem pediu recomendações. Mas tinha que avisá-la, já que estariam começando o processo de entrevistas logo. Haveriam outros considerados também. Valerie disse que ia pensar e daria a resposta. Na manhã seguinte, e depois de dar voltas com seu pai e Isabel, estava convencida de que sem dúvida seria um bom passo em sua carreira. Se encontrou com ele outra vez, segura que quando dissesse a Alex que poderia não estar trabalhando mais com o Luke, ele estaria disposto a passar por cima de seu encontro com ele fora do escritório. Não ia tocar no assunto no momento. Estariam entrevistando todos os candidatos recomendados logo. Luke mencionou que podia treiná-la. Isso sem dúvida significaria mais tempo a sós com ele, e não precisava de Alex obcecado com isso. Justo a noite anterior, Alex puxou o assunto Luke do nada. Obviamente, o fato de que ela via o Luke todo dia ainda o incomodava. Como sempre fazia quando Alex falava sobre Luke, tentou mudar de assunto. Mas ontem à noite Alex insistiu um pouco mais que o habitual. Ela se asseguraria de que qualquer treinamento acontecesse no escritório. Não queria colocar mais lenha na fogueira. Valerie sentou em seu escritório se sentindo esgotada. Decida a sair cedo hoje e voltar para casa, começou a empacotar as coisas. Luke se inclinou para seu cubículo enquanto empurrava seu computador portátil em sua maleta. — Já vai? — Sim. — Virou para trás em sua cadeira. — Foi um dia produtivo, mas cansativo. Já terminei.
Luke estava a ponto de dizer algo quando o telefone tocou. Ela leu o identificador de chamadas e levantou seu dedo em um gesto para que Luke esperasse. Sua madrasta não ligava muito, e quando fazia, era geralmente sobre seu pai. — Olá Norma. — Valerie, seu pai está passando mal. — Estava desesperada — Os paramédicos estão a caminho. O coração de Valerie quase parou, e sua mão imediatamente saltou para a boca. — Oh, meu Deus, está respirando? — Sim, mas somente isso. — Valerie ouviu vozes e logo ouviu Norma gritar. — Aqui! Venham logo! Um peso devastador pressionou o peito de Valerie. Estava acontecendo de novo. Seu pai estaria no hospital. Nem conseguia manter sua própria respiração. Tremia muito. Ficou de pé, indo com pressa a seu escritório pegar suas chaves. — Para que hospital o estão levando? — Choramingou. Atirou seu telefone sobre o escritório assim que desligou e seguiu procurando suas chaves. — O que foi Valerie? — Exigiu Luke — Quem vai para o hospital? — Meu pai — Disse entre soluços, tentando desesperadamente se controlar. — Onde estão minhas malditas chaves? — Provavelmente em sua bolsa, mas não pode dirigir assim, venha. — Tenho que ir! — Valerie agarrou sua bolsa e pegou suas chaves. Depois de algumas outras pessoas no escritório que escutaram a conversa insistiram que não podia dirigir, Luke se apressou para pegar suas próprias chaves. — Vamos. Vou te levar.
Ambos saíram correndo para o estacionamento. Não foi até que estava na metade de caminho que se deu conta de que deixou seu telefone em seu escritório. — Maldição. — O quê? — Luke corria com ela. — Deixei meu telefone no escritório. Luke tirou o seu da capa de seu cinturão. — Aqui, use o meu. Ela pegou e ligou para sua madrasta. — Como está? — Acabaram de levá-lo para dentro. — Norma soava tão emocional assim como Valerie se sentia. — Oh, querida. — Sua voz se quebrou e soluçou — Acham que pode ter sofrido um derrame cerebral. — Não! — Valerie ofegou sentindo seu coração parar. — Venha rápido, querida. Estou muito assustada. — Valerie nunca a escutou desse jeito. Quando desligou, enterrou o rosto entre as mãos. — Tudo vai ficar bem, venha. — Não. — Não importava que estivesse chorando como um bebê — Acham que teve um derrame cerebral. Luke não disse nada, simplesmente pressionou o acelerador. Valerie deixou cair o telefone em seu colo e chorou impotente em suas mãos. — Por favor, Deus, deixa que esteja bem — Repetiu uma e outra vez. Luke a deixou na entrada da sala de emergências. Ela retirou os sapatos no carro para que pudesse correr logo que saísse pela porta. Correndo através das portas, procurou Norma e imediatamente viu a mulher com os olhos avermelhados. Correram e se abraçaram. — Sua respiração é estável, e o levaram para o CTI.
— Oh, graças a Deus. — Chorou ainda mais agora apertando forte a Norma. — Mas ainda não está fora de perigo. Estão vigiando ele de perto. Continua inconsciente. Todo o corpo de Valerie se sacudiu. Foi então quando ela sentiu. Seu estômago se revirar. Olhou a seu redor. — Onde está o banheiro? — Por que, o que foi? — Perguntou preocupada Norma. — Vou vomitar. Valerie se surpreendeu ao vomitar todo seu almoço e café da manhã. Ficou sem fôlego contra o vaso do banheiro. Odiava como seu corpo reagia as suas emoções. Depois de se lavar voltou para a sala de espera. Luke estava ali agora. Explicou a condição de seu pai e logo virou para Norma. — Quando poderemos vê-lo? Norma sacudiu sua cabeça e explicou: — Disseram que logo que o acomodarem em seu quarto, mas talvez somente mais tarde. Valerie olhou seu relógio. Eram quase seis. Alex chegaria cedo em casa esta noite. Disse esta manhã. — Quer voltar ao escritório e procurar suas coisas?— Luke também olhou seu relógio. — Não, não vou até que o veja. — Pensou em ligar para Alex do telefone de Norma, mas sabia que ele se apressaria a chegar e não queria que Luke estivesse lá. Já estava sob muito estresse estando no mesmo lugar que eles na noite da degustação de vinhos. A última coisa que precisava era passar por isso de novo, especialmente agora. — Pode ir se quiser Luke. Talvez fique aqui a noite toda.
— Não, ficarei mais um pouco. Também quero me assegurar que ele esteja bem. Tudo bem...? — Seus olhos se travaram por um momento. Valerie apertou a vista, irritada. Alguma vez ele ia parar de fazer isso? Norma sentou na sala de espera. Não havia maneira de que Valerie pudesse se sentar quando estava preocupada. Então passeou, e Luke passeou com ela, as vezes acariciava suas costas para reconfortá-la.
****** Quando finalmente terminou com a lista de nomes, Alex mandou uma mensagem a Valerie. Pode falar? Estava se sentindo um pouco culpado pela noite anterior. Foi um pouco brusco depois de tentar que falasse sobre Luke quando ela não mencionou nada sobre ter tomado o café da manhã com ele. Quase dormiram sem fazer amor. Quase. Romero entrou no escritório, fechando a porta atrás dele e devorando uma cadeira, tinha um pequeno bloco de papel na mão. — É muito pior do que pensamos. Alex ficou tenso. Não esperava Romero hoje. Isto tinha que ser ruim. — Não tive oportunidade de ver tudo que me mandou, mas há algumas coisas que deveria saber agora. — Abriu o bloco de papel em sua mão. — Antes de mais nada, Valerie acredita que conheceu o cara, e logo ele se obcecou por ela, certo? — Alex assentiu sem entender, e Romero continuou — Bruce planejou. A seguia muito antes disso. Trabalhou no laboratório de computador em sua universidade. Aí foi onde a viu pela primeira vez. Ele estava lá, Alex, na noite que te encontrou com sua tutora. Ele viu tudo.
Logo esperou para se aproximar dela e conquistá- la. Sabia que ela estava vulnerável e se aproveitou disso. Cada cabelo no corpo do Alex se arrepiou. Bruce esteve espionando Valerie por anos? Romero olhou seu bloco de papel de novo. — Ele é rancoroso quando escreve sobre o que vocês estão fazendo. Como a noite que foi a fogueira com Valerie, essa foi a noite que voltaram, certo? Ele estava furioso. — Ele nos viu? Romero levantou seus olhos de seu bloco de papel. — Suponho. Não escreve sobre o que viu, mas definitivamente sabia o que vocês fizeram. Talvez isto faça que o irrite um pouco, mas é importante. A única vez que na realidade escreveu e cito "quase a Mato hoje" foi na manhã seguinte depois da primeira vez que dormiu com Luke. Ficou a noite na casa de Luke e a seguiu a sua casa na manhã seguinte. Estava tão irritado porque ele saiu com ela quase um mês e nunca dormiu com ela e logo começou a sair com o Luke e com duas semanas, tinha se entregado. Romero podia ter dado um soco no seu estômago porque foi isso que sentiu. Literalmente sentiu o ar sair dele. Não sabia o que era pior, que Bruce na verdade considerou
matá-la, ou
a
visão dela dormindo com
Luke. Respirou com força. Pestanejou, agradecido de que estivesse sentado, porque pensou que poderia estar enjoado. Romero nunca foi do tipo que machucava alguém por querer. Certeza que não fez isso por querer. A mente de Alex seguia obstruída nessas últimas sete palavras. Na segunda semana se entregou. — Escutou o que eu disse? — Não — rosnou Alex. — Ele está mais enfurecido com Luke do que com você.
— E por que seria isso? — Quase que Alex não quis saber, mas tinha que fazê-lo. — Porque você a enganou, e Valerie disse que estava apaixonada por Luke. Isto foi antes de vocês voltarem. Ela pode ter dito isso só para afastálo. Ele ainda está tentando descobrir por que ela voltou com você. Mas ele percebeu os encontros secretos de Valerie e Luke e está muito irritado por isso. Alex apertou os dentes. Agora eram dois os que estavam irritados. Seu telefone tocou. Era Hank. E Hank só ligava se... Alex agarrou seu telefone e ficou de pé. — O que aconteceu, Hank? Romero esteva de pé junto ao Alex no momento que escutou o nome do Hank. — Falou com Valerie? — Não, por quê? — Bom, não acredito que tenha acontecido algo a ela, mas só pensei que talvez quisesse saber que está na sala de emergências. Seu estado de ânimo homicida foi rapidamente esfriado com o terror. — O que quer dizer com acredita? Não estava de olho nela? — Sim, estava. Estava na porta de seu escritório. Steve também estava. Saiu com esse cara, o Luke e entraram em seu carro. Então, os seguimos. A deixou na emergência e ela entrou apressada. Apressada? — Isto aconteceu agora? — Faz quinze minutos. — E está me ligando só agora? — A voz do Alex trovejou. — Bom, Luke estacionou e não parecia muito preocupado quando entrou. Então não sabia o que pensar.
Alex fechou seus olhos com força e respirou fundo. — Qual hospital, Hank? Depois de desligar, Alex disse a Romero o que estava acontecendo. Ligou para Valerie várias vezes. Cada vez foi para seu correio de voz. Se sentindo cada vez mais irritado, agarrou suas chaves e saiu. — Vai dizer sobre Hank e Steve? — Romero conhecia muito bem Alex para saber aonde ia. — Se tiver que dizer, sim. — Acha que é uma boa ideia? Alex não estava seguro, mas estava cansado dos jogos de adivinhações. Chegaria ao fundo disto hoje. Por que Valerie estava na sala de emergências sem atender o telefone? E o mais importante, por que caralhos estava com Luke? — Melhor eu ir com você. — Romero saltou no assento do passageiro. Quanto mais pensava em Valerie e Luke, mais vontade tinha de golpear algo ou alguém. Talvez fosse algo bom que Luke estivesse na sala de emergências. Poderia ser útil.
Alex tentou o telefone de Valerie novamente. Deu um grunhido, quando foi para a caixa de mensagens de novo. Por que diabos não atendia? Talvez estivesse ferida. O medo passou através dele, dominando qualquer outra emoção. Acelerou o carro. De repente, nada mais importava. Só tinha que se certificar que ela estava bem. Parou no estacionamento e saltou tão rápido como estacionou. Correu através do estacionamento, o coração batendo descontrolado em seu peito. Viu antes de entrar na sala de emergências através das portas de vidro. Estavam em frente um do outro, de costas ela parecia estar bem. Então aconteceu. Foi sutil ou discreto como Bruce. A mão de Luke tocou seu pescoço. Valerie deixou cair sua cabeça para trás e ele começou uma massagem. Alex se sentia pronto para matar novamente. As portas se abriram. Romero deve ter percebido a necessidade de interromper a massagem no pescoço de Valerie. Limpou a garganta fortemente. Tanto Luke como Valerie viraram ao mesmo tempo. A expressão de Valerie não escondia a confusão, mas estava expressando desconforto.
— O que é isto, Val? — Finalmente, o ciúme se manifestou, cuidando de qualquer tipo de autocontrole ou senso comum que Alex poderia ter tido normalmente. Não pensava mais logicamente, mas não me importava. Por que demônios estava com as mãos sobre ela? Romero deu um passo cauteloso entre Alex e Luke. Valerie olhou ao seu redor. Alex sabia que pessoas estavam olhando. Não importava. Tudo que importava era a verdade. Dormiu com este cara e mentiu sobre isso. De verdade esperava que estivesse de acordo com ela estando perto dele o dia todo, a tocando quando dava a vontade? — Do que você está falando, Alex? — Você acha que não sei sobre você sair correndo para encontrá-lo no café da manhã duas vezes esta semana? Perguntei ontem à noite a respeito de seu dia. Você falou de tudo menos sobre isso. Por quê? Valerie passou por ele pela porta da recepção. Alex a seguiu. — Não posso acreditar que você veio aqui hoje para fazer uma cena sobre isso. Como você sabia que eu estava aqui? — Basta responder a pergunta, Val. Por que está escondendo coisas de mim? Por que ele acha que não há problema em colocar as mãos sobre você? — Quanto mais eu pensava nisso, mais irritado ficava. Luke ficou dentro da sala, uma coisa boa também, porque neste momento Alex poderia ter batido ele contra a parede e o colocado em seu lugar. Valerie parecia completamente desconcertada. — Você sabia e não disse nada? — Porque estava esperando que você me dissesse isso, Z! Sei de tudo. Sei que dormiu com ele também. Passou a noite em sua casa. Alguma vez você pensou em me falar sobre isso? — O quê?
Ele terminou com a merda. Ela enlouqueceu com ele quando pensou que estava sendo enganada. Agora ele tinha todo o direito. Havia muitas perguntas sem respostas. Ele estava além de furioso. Estava a ponto de explodir. — Quando encontrou com ele na manhã do ensaio, ele segurou sua mão. Que porra foi isso? Valerie o olhou fixamente, sua testa franzida. Alex quase podia ver sua mente trabalhando. — Como sabe disso? — Eles me disseram! — Alex apontou seu dedo para o estacionamento — Viram tudo, Val. Valerie inclinou ligeiramente a cabeça e olhou para o estacionamento. — Quem são eles? — Os rapazes que estão te vigiando! Pode responder as malditas perguntas? Por que está escondendo coisas de mim? Os olhos de Valerie arregalaram. — Está me vigiando? — Não... — Tem pessoas me vigiando? — Eu tive que fazer Val. Bruce é perigoso. Se você não estivesse com segurança, no dia que ele apareceu em seu apartamento ele poderia ter... — Eu não penso assim! Por quanto tempo? — Há algumas semanas. — Ela se afastou dele, uma mão sobre a boca. Alex a seguiu — Pode começar a responder algumas de minhas perguntas? Ela virou: — Então, como sabe que passei a noite com Luke?
Alex congelou. Até esse segundo, tinha a esperança de que fosse algum mal-entendido, apenas invenções desvairadas de um louco. Engoliu em seco. — Você me falou que não transou com ele. — Sua voz era um sussurro. — Não o fiz! — Alex! Alex virou para ver Romero parado com a mãe de Valerie, Norma. — Ele está acordado agora. — Os olhos chorosos de Norma dirigidos para Valerie — Podemos ir e vê-lo. Ele virou a tempo de ver o rosto de Valerie desmoronando, e ela correu para o lado de Norma. Alex ficou ali, respirando com dificuldade como se tivesse acabado de correr uma maratona, e não tinha certeza do que estava acontecendo. Romero se aproximou dele. Valerie desapareceu na sala de emergências com Norma. Romero contou sobre o pai de Valerie. Luke falou que ela recebeu um telefonema no escritório e ficou transtornada. Não estava em condições para dirigir, então ele a trouxe. Alex sentiu seu estômago revirar. Não estava lá novamente quando ela teve que lidar com a saúde do seu pai. Pior ainda, estourou com ela no pior momento possível.
Sobrecarregada de emoções, Valerie deu um passo silencioso no quarto do seu pai. Os médicos explicaram que o ataque não foi tão ruim como temiam inicialmente. Na verdade nem tinha certeza de que foi um ataque. Valerie respirou fundo. Esperava ver seu pai tão abatido como ele ficou a meses atrás quando ele esteve internado. Exceto pelo gotejamento da intravenosa em seu braço, ele não estava conectado a todas as máquinas que pensou que estaria. Ele estava mais pálido e fraco do que o normal. O medo enorme de perdê-lo ainda estava lá, mas se recusava a quebrar na frente dele. — Papai. — Sua voz chiou enquanto levantava a sua mão e a aproximou de meu rosto. Os olhos fundos de meu pai seguiram os meus, mas não disse nada. Seus dedos apertaram de volta fracamente. Ela beijou sua mão e logo agitou seu cabelo. Ao mesmo tempo, se esforçava para não quebrar. — Eu amo você. Seja forte por mim... Por favor. Sua mão apertou a minha novamente. Norma estava de pé do outro lado da cama segurando sua outra mão. — Você vai ficar bem, meu amor. Tem que ficar. Quem mais vai irritar todos meus amigos no bingo a cada semana?
Valerie sorriu. Seu pai sempre odiou ir ao bingo com Norma. A única razão que ia era para questionar as regras, e falava a respeito delas de forma bastante agressivo segundo Norma. Bastou que Norma mencionasse só uma vez que alguns amigos do bingo pediram que o deixasse em casa. Desde então não perdeu um dia. Depois que seu pai dormiu, Valerie se sentou a seu lado sem soltar sua mão. Pensamentos de Alex a seguindo e, para ser mais exata vendo sua relação com o Luke, explodiram em sua mente. Sabia o tempo todo que ele estava irritado, com necessidade de saber mais sobre ela e Luke. Mas nunca imaginou que ele levaria as coisas tão longe. Foi uma total falta de respeito a sua intimidade. De que outra coisa se aproveitou? Nunca acreditaria se ele mesmo não tivesse contado. Eu realmente comecei a acreditar que poderia ficar com ele para sempre. Que ele era perfeito em quase todos os sentidos. Depois de superar que ele era um mulherengo e que nunca poderia se comprometer, eu conseguia enfrentar todas as outras imperfeições. Algumas pessoas poderiam considerar sua personalidade autoritária um defeito, mas eu aceitava. Era parte de seu encanto e estava acostumada a isso. E o mais importante, sabia como lidar com isso...Com ele. Ou pelo menos eu pensava que poderia. Nunca pensei que aconteceria, mas ele cruzou a linha de protetor a controlador.
****** Valerie não lembrava de dormir, mas acordou um pouco depois da uma da manhã, suas costas sentindo os efeitos da cadeira. Seu pai estava profundamente adormecido, e Norma também estava. Inclinei e beijei o meu pai na testa.
Sai do quarto um pouco desorientada, mas ainda lembrava da última vez que meu pai esteve aqui, a direção da cafeteria. Precisava de café. Quando cheguei à recepção, não podia acreditar. Alex estava ali em um dos bancos ao longo do corredor, dormido. Quase passei direto porque não queria acordá-lo, então decidi que poderia falar que ele fosse para casa. Foi em direção a ele, não podia deixar de admirá-lo. Mesmo enquanto dormia nessa cadeira em que mal cabia, era tão lindo. Tão louca e ferida como ainda estava com ele, não podia deixar de acariciar seu rosto antes de acordá-lo. Seus olhos abriram lentamente. Então se arregalaram e ele se sentou direito. — O que aconteceu? — Nada — sussurrei. Ele ficou de pé em um instante. Desalinhado como estava mais ainda assim em alerta. — Como está seu pai? — Está melhor. Os braços do Alex estavam ao redor dela em um instante. — Baby, sinto muito. Eu não sabia. Tão maravilhoso como era ter a sensação dos seus braços ao meu redor, o pensamento da nossa discussão estava ainda muito fresco. Me afastei e virei. — Agora não quero falar sobre isso, Alex. Fui em direção ao elevador, meu apetite de repente sumiu. Alex foi junto a mim. — Nós não temos que conversar. Eu só... Valerie, se eu soubesse... — Esqueça isso. — Ela apertou o passo. A realidade do que ele fez a golpeou de novo. Ainda não podia acreditar. Como se alguma vez tivesse dado a ele alguma razão para desconfiar dela.
Mesmo se tivesse feito, ainda não dava o direito. Sempre soube que Alex era excessivamente temperamental. Sentiu que alguém a seguia o tempo todo. E pensava que era Bruce. A principal preocupação de Alex quando se apresentou no hospital era Luke. Ele tinha muitos detalhes a respeito dela e Luke. Esteve a vigiando. Como ele se atrevia. — Eu vou deixar agora, Valerie, mas realmente precisamos conversar. — Parou antes de chegar ao elevador e o encarou. — Falar do quê, Alex? Não sabe de tudo já? Não conseguiu que eles descobrissem tudo sobre minha privacidade? Uma enfermeira passou, e Alex a olhou e logo a Valerie, mas não disse nada. Ela não queria fazer outra cena, então apertou o botão do elevador. — Vá para casa, Alex. Vou ficar aqui a noite toda. — Quero estar aqui para você, Valerie. — Só permitem familiares no CTI. De qualquer forma, não posso estar perto de você agora. — A porta do elevador se abriu e ela entrou. Alex a olhou fixamente — Vá para casa. — Amo você, baby. Sinto muito. As portas se fecharam e Valerie sentiu suas emoções mudarem novamente. Ainda não podia acreditar que ele fez uma coisa dessas. O quanto ele sabia de sua noite com Luke? Ele honestamente esperava que contasse sobre isso? As lágrimas rolaram por suas bochechas enquanto andava lentamente pelo corredor vazio. Com a traição ainda machucando, respirou fundo, enxugou as lágrimas, e entrou no quarto de seu pai de novo.
******
Alarmado e não sabendo ao certo onde estava, Alex acordou. O som continuou. Levou um momento para se dar conta que dormiu no sofá. A luz do sol entrava pela janela. Ficou quieto e esperou que tocasse de novo o telefone. Vinha debaixo dele. Ele o pegou entre as almofadas do sofá e o puxou. Era Romero. Também percebeu que tinha outras chamadas perdidas. — O que aconteceu? — Onde você estava? Eu estava tentando te encontrar. — Alex ficou de pé e passou seus dedos por seu cabelo. Foi para o quarto. — Dormindo. Fiquei acordado a maior parte da noite. O que está acontecendo? Valerie está bem? — Ela está bem, mas o Sr. X pode ter encontrado uma pista sobre o próximo passo de Bruce. Alex parou. — Quando? — Logo. Ele não mencionou uma data exata ainda, mas segue fazendo referência que o dia D se aproxima rapidamente. Então, ele está verificando se há atualizações a cada poucas horas. Dia D? Alex começou a andar de novo. Tinha que tomar uma ducha e ir falar com Valerie novamente. Tinha que explicar tudo. — Valerie ainda está no hospital? Romero ficou em silêncio por um momento. — Não... é por isso que te liguei cedo. Ela saiu faz uma hora com Luke. Alex parou de novo, o zumbido em seus ouvidos começaram. O que ela estava fazendo? Agora ela sabia que ele estava vigiando. Apertou o telefone. — Aonde foram? — Ao seu escritório, então ela pegou seu próprio carro e retornou para o seu apartamento.
— Seu apartamento? — Por alguma razão ouvir isso era pior que escutar que pediu ao Luke para buscá-la ao invés dele. — Sim, estiveram lá por um tempo. Meu palpite é que estava se arrumando antes de voltar para hospital. Alex pensou sobre ela indo embora quando ainda estava alterada. Sabia que estava louca, mas... — Me avise aonde vai depois. Vou estar no banho, por isso nos próximos minutos, mande um texto. Realmente começou a sentir como se a estivesse vigiando agora por outras razões além de sua proteção. Jogou seu celular na cama tentando conseguir tirar da cabeça a imagem dela e de Luke, então lembrou. Agarrou o celular de novo. Talvez ela tenha tentado ligar antes de ligar para Luke. Ontem à noite, quando chegou em casa, tentou ligar, e outra vez ela não atendeu. Mexeu nas chamadas perdidas. Duas eram de Romero e outra de Sal, nenhuma de Valerie. Já que ela estava de volta em seu apartamento, talvez pudesse falar agora. Alex tentou seu celular. Depois do segundo toque pensou na forma como as coisas estavam o dia todo, o tempo que ficaram separados, nunca atendeu ou retornou suas ligações. Para o inferno que ia voltar a isso. Nunca mais. Para seu alívio ela atendeu no terceiro toque. — Hey. — Ela soava deprimida. — Olá, baby. Está bem? — Sim, apenas cansada. Eu também estava, mas no momento não acreditava que ela iria simpatizar. — Onde você está?
— Tenho certeza que já sabe Alex. Ou eles não avisaram a você? — Bom, este sem dúvida não era o melhor momento para perguntar por que ligou para Luke pegá-la em vez de qualquer outra pessoa. Fiquei em silêncio por um momento. — Sobre isso, Val. Nós realmente temos que conversar. Sei que está chateada, mas... — Alex, eu não quero falar sobre isso. Não agora. Tenho muito para lidar neste momento. Alex suspirou sentando na cama. Não insistiria. Ainda não. — Está bem... Como está seu pai? — Melhor. Quando sai, estavam fazendo alguns exames. Se tudo correr bem, pode ter alta hoje. Sorri, finalmente uma boa notícia. Com tudo o que aconteceu, a última coisa que Valerie precisava era do estresse do seu pai no hospital. — Isso é bom, querida. Fico feliz em escutar isso. — Quase com medo de perguntar, mas necessitando, respirei profundo — Então, você estará em casa hoje à noite? — Não. — O que quer dizer com não? — Não quis soar tão rude, mas isto era ridículo. Ela não podia correr de volta para seu apartamento cada vez que ficasse com raiva. Fiquei de pé, não podia mais ficar sentado — Você vai voltar... — Quero ficar com meu pai por uns dias. O médico disse que sua falta de disciplina na hora da dieta e de tomar os seus medicamentos é o que o levou para o hospital. Não foi um ataque esta vez, mas o doutor disse que da próxima vez pode não ter tanta sorte. Se tiver que ficar lá e ajudar a Norma a cuidar dele, então é isso o que vou fazer. Eu não... — ela fez uma
pausa por um momento, Alex a ouviu respirar fundo. — Eu não vou deixar isto voltar a acontecer. — Sua voz quebrou junto com o coração de Alex. Apertei o celular. Droga queria estar lá, abraçá-la, dizer que tudo ia ficar bem. — Tenho que terminar de me arrumar. Quero voltar para o hospital o mais rápido possível. — Vamos nos encontrar lá. — Não, Alex. Não tem sentido. Você só vai ficar sentado na sala de espera o tempo. Você deve estar no restaurante ou pelo menos descansar um pouco. Alex não podia acreditar. Seu pai estava no hospital, tinha um cara enlouquecido a perseguindo, e estava preocupada com ele descansando? — Quando vou ver você? Houve um breve silêncio e então falou. — Se ele tiver alta hoje, vou te ligar Se ele puder receber visita, você pode vir. Alex tomou um longo banho, considerando tudo que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas. Não havia nenhuma maneira de que ia discutir com Valerie a respeito de ficar com seu pai. Se isso a faria se sentir melhor, ele não queria nada mais. Mas ainda não mudava o fato de que Valerie decidiu voltar para seu apartamento para se arrumar em vez de voltar para o lugar deles. Ainda tinha muitas perguntas sem respostas a respeito dela e Luke. Estava tentando manter a calma, mas meus níveis de irritação já estavam subindo, e o dia estava só começando.
******
Sal parecia surpreso ao ver Alex quando ele chegou ao restaurante. Desde que Romero foi com Alex ontem no hospital, falou que Sal ficaria no dia de hoje. Alex não queria abandonar o hospital. Então disse a Sal que provavelmente não iria hoje. — Como está o pai de Valerie? — Melhor. — Alex foi ao escritório, e Sal o seguiu — Ele provavelmente vai para casa hoje. — Sério? Romero disse que foi um AVC11·. — Não, não era depois de tudo. Parecia um, ele vai ficar bem. — Alex se sentou em frente ao computador e moveu o mouse. Depois de se atualizar sobre o do pai de Valerie, Sal voltou para as entrevistas. Alex se sentiu um pouco culpado por deixar toda a contratação do pessoal para Sal, mas sua mente estava muito cheia para se concentrar em qualquer outra coisa. O único consolo era que Sal era malditamente obsessivo, garantindo assim que só contratassem candidatos qualificados. Gostava de ser o encarregado do recrutamento. O humor negro do Alex permanecia. Tudo parecia incomodar durante todo o dia, o computador não sendo rápido o suficiente, as pessoas do ônibus rindo muito alto em seu descanso. No final da tarde, ainda não tinha notícias da Valerie. Nem um texto para informar como estava tudo. Estava além de irritado e preparado para atacar, quando seu celular tocou e era finalmente o nome de Valerie no identificador de chamadas. Seu humor mudou e a tensão parecia desaparecer. — Hey Val, já saiu? — Sim, ele está em casa agora. — O som de sua voz era ainda mais reconfortante. — Bom, estava me preparando para ir. 11
Acidente Vascular Cerebral.
— Alex, eu não acho que seja uma boa ideia. Acaba de chegar em casa, e parece um pouco exausto depois de tudo isso. Talvez amanhã seja melhor. Alex pressionou a ponta do seu nariz e fechou os olhos. — Baby, nós realmente precisamos conversar. — Eu sei, e vamos fazer isso...Amanhã — Ela acrescentou com firmeza. Não tinha mais jeito senão aceitar. Alex já tinha alertado ao Romero da necessidade de ter alguém fora da casa do pai de Valerie á noite. Dirigiu para casa lentamente, pensando. Quanto mais pensava em passar mais um dia longe de Valerie, mais se sentia tentado a dar a volta e ir para a casa de seu pai. Seus sentimentos não seriam feridos se fosse visitar seu pai e ele não saísse para recebê-lo. Diabos, nem tinha que entrar. Tudo o que precisava era vê-la. Segurá-la, mesmo que fosse só por um momento. Mais importante ainda é que tinha que se explicar. Porra. Não podia ter ela pensando nem por mais uma noite que estava espionando. Sem pensar mais, deu a volta no carro. Ela poderia ficar chateada por ele simplesmente aparecer, poderia até pedir que fosse para casa. Faria o que ela quiser, mas não antes que escutasse. Esta noite. Não amanhã.
****** Seu pai estava sendo teimoso de novo. Valerie e Norma queriam colocálo em seu quarto e esperar que ele descansasse. Os médicos disseram que precisava de descanso. Mas seu pai não cederia sem lutar. Norma deu as boas-vindas à ajuda de Valerie. Através dos anos, desenvolveram uma amizade. Valerie jogou de policial mau, enquanto Norma jogava de policial bom para tentar tranquilizar seu pai quando conspiravam contra ele. Elas
tiveram que agir assim. O homem era impossível às vezes. Como esta noite, que estava na sala porque se recusou a ficar na cama. — Olhe — ele disse, levantando a alça reclinável da poltrona. Seus pés se levantaram e ligou a TV com o controle remoto — Fiz tudo sozinho. Agora vá e me pegue uma cerveja. Valerie cruzou seus braços e o olhou. — Não é engraçado. Seu pai riu. — Tudo bem, e que tal um café. — Vou trazer algo para você beber — Norma falou, indicando que Valerie se sentasse. Sentei na cadeira mais próxima à cadeira do meu pai. — Não faça para mim e tenha certeza de que o do papai seja descafeinado Norma. — Polícia do divertimento — murmurou meu pai. — É melhor você acreditar. É assim de agora em diante. — Me aproximei e apertei a sua mão. — Falo a sério, senhor. Você está em grandes problemas. Ele fez um gesto com a outra mão no ar. — Não pode ficar aqui e me intimidar para sempre. Esse menino vai provavelmente enlouquecer sem você por perto. — Ele deve ter visto algo em seu rosto, porque imediatamente colocou a mão para baixo e apertou a dela — As coisas não estão bem? Ela negou. — Está tudo bem. Em um instante, a TV estava desligada. — Não sei por que ainda acha que me pode enganar. O que te preocupa, abóbora?
A última coisa que precisava era ser uma carga para seu pai com seus problemas. Estava com ele para ter certeza que ficasse melhor, não para piorar as coisas. — Nada papai, de verdade. Está bem tudo. — O que você tem feito? — Seu pai deixou cair o controle remoto na mesa junto a sua poltrona com a cara fechada. — Vê, já está se irritando. — Ela segurou sua mão. — Ele está fazendo as mesmas merdas de antes? — Não. — Apertei sua mão. — Não pense que não percebi que não esteve presente nestes últimos dias. Não tenho visto você no celular. — Ele empurrou a poltrona e se sentou com as costas retas — Ele desapareceu de novo? — Não, não. — Acariciou sua mão — Não é nada disso. Sente, está se esforçando e exagerando. Norma entrou na sala. — Está tudo bem? — Não. — Sim. — Valerie deu um olhar. Ele sabia que não gostava que falasse de Alex na frente da Norma — Acaba de ser teimoso novamente. Mas eu aguento. Norma sorriu e falou. — Alfred, é melhor que você se comporte. — Estou sendo muito bom. Ela é a única que... A campainha tocou, interrompendo a todos. Norma foi até a porta e a abriu. — Alex, entre. — Alex disse algo que Valerie não podia ouvir — Não seja tolo. Não incomodará ninguém. Por favor, entre.
— Sim — Seu pai esteve de acordo. — Traga sua bunda até aqui. — Valerie atirou a seu pai outro daqueles olhares.
Desta vez tipo vou te
matar. — Pai! — Bom, se você não vai me dizer o que está acontecendo, ele vai. — Alex entrou na sala. — Como está Sr. Zúniga? — Rapaz, quantas vezes tenho que falar para você me chamar de Alfred? — Alex sorriu — Como vai, Alfred? Se sente melhor? Valerie se mexeu na cadeira. De alguma forma, pensou que ia estar mais chateada ao vê-lo aqui depois que deixou claro que não queria vê-lo esta noite. Em vez disso, seu coração acelerou com a sua visão. Como era possível que estivesse tão irritada e magoada com ele o dia todo, então ele entrava aqui e com um sorriso enfraquecia sua determinação tão facilmente? — Estou bem. Continuo falando a estes dois rouxinóis de Florença aqui, mas nenhuma das duas parece me escutar. — Seu pai sentou na beira da poltrona — Olha me fale o que aconteceu com vocês dois? Você jogou com a minha menina outra vez? Alex olhou para ela. Norma parecia sentir a necessidade de deixá- los sozinhos. — Vou pegar o café. — Ela foi para a cozinha — Você gostaria de uma xícara de café ou outra bebida Alex? — Não, senhora. Obrigado. Alex esperou até que Norma saísse da sala para responder ao pai dela. Antes de começar, Valerie falou. — Papai, já te falei. Tudo está bem. — Valerie ficou de pé. Deu uns passos para Alex com os olhos suplicantes. Ele tinha que saber que não
queria que seu pai se preocupasse com eles neste momento. Mas acima de tudo, não queria Alex tentando explicar a razão de sua espionagem. Isso era a última coisa que queria que seu pai tivesse que pensar neste momento. Alex pegou a mão de Valerie a puxando suavemente para ele. — As coisas não poderiam estar melhores. De fato. — Ficou na frente dela colocando seus braços ao redor de sua cintura — Não sei se ela já te falou, mas tenho toda a intenção de me casar com ela. — Ele a beijou suavemente na testa — Assim que ela aceitar. Valerie sentiu suas entranhas em ebulição. Alex estava manipulando a situação. Ele sabia que ela teria que jogar junto com ele no pequeno ato de casal feliz. Seu pai olhou para Alex com desconfiança. — É mesmo? — É óbvio. — Alex a abraçou um pouco mais forte, pressionando seu duro corpo contra o dela. O corpo dela reagiu como sempre a ele, tremendo ligeiramente. Alfred se reclinou em sua poltrona, mas não parecia muito satisfeito. — Disse que pediu para se casar com ela. Mas, está certo que nada mais está acontecendo? Estava abatida o dia todo. — Seus olhos foram de Valerie para Alex — Sei quando algo está incomodando a minha filha. Valerie acariciou o antebraço de Alex de repente. Esperando que entendesse que não devia desistir, não importava o quanto seu pai sondasse. — Provavelmente apenas esteja preocupada com você, senhor. — Fiquei chocada. Norma entrou com uma xícara de café para seu pai. No momento em que a atenção do seu pai se afastou dele, ela afrouxou o abraço de Alex.
— Bem, ela pode parar de se preocupar. Estou bem. — Seu pai pegou a xícara de café e pediu para Alex sentar. Ele se sentou no sofá, levando Valerie com ele. Alex sempre foi confortável com seu pai. Mesmo quando ela o conheceu e seu pai fez Alex entrar e conversar antes de sair em um encontro. Alex parecia gostar da companhia do meu pai. O telefone tocou e Norma se desculpou para atender. Uma vez sentado, Alex segurou a minha mão entre as suas, descansando ambas em sua coxa grossa. — Então, você acha que é bom o suficiente para se casar com minha menina, não é? — Tenho certeza de que ninguém vai ser bom o suficiente para Valerie. — Alex sorriu — Mas sem dúvida farei o meu melhor para tentar fazê-la feliz. Esta foi à última conversa que Valerie pensou que teria hoje. Felizmente, seu pai perguntou a Alex como estava o restaurante. Alex falou dos planos de Sal em transformá-lo em uma franquia. — E você? Tem planos de terminar a faculdade? Valerie sentiu Alex ficar tenso. Sabia do peso que tinha em seus ombros por não ter terminado a faculdade. — O restaurante está indo tão bem papai, assim que Alex conseguir algum tempo livre quem sabe. Alex apertou sua mão. — Contratarei mais ajuda. Logo que todos estejam treinados e tenhamos o pessoal suficiente para atender o restaurante um par de dias da semana sem mim, tenho a intenção de voltar. Seu pai parecia satisfeito. Isso era novidade para Valerie. Se perguntou quanto mais ele não compartilhou com ela ultimamente. Os pensamentos dele a espionando e farejando seu passado com o Luke ecoaram em sua
cabeça como um sino. Ela tentou soltar sua mão da sua, mas ele só a segurava com mais força. Depois de uma meia hora de conversa, Norma retornou. — Sinto muito por isso. Minha irmã me mantém no telefone por tanto tempo. — Virou para o Alfred, com o telefone ainda na mão — Lua pediu para falar que te deseja uma rápida recuperação. — Falando nisso... — Valerie ficou de pé e Alex seguiu seu exemplo — Tem que ir para a cama, papai. Sem mais tempo para você, ordens do médico. Tanto ela como Norma tentaram ajudá-lo a levantar. Ele fez gestos que mantivéssemos a distância. — Eu consigo. Seu pai se desculpou, insistindo que não precisava de nenhuma delas. Podia ir para o quarto sozinho. Mas Valerie insistiu em ir com ele até o quarto. — Eu já volto Alex. Virou para seu pai que seguia negando com a cabeça para ela e segurou seu cotovelo. — Vamos senhor.
Alex observou, divertido, a maneira como Valerie dava ordens ao seu pai. Desapareceram pelo corredor, mas ele ainda podia escutar os protestos do homem teimoso. Ele perambulou pela sala até que chegou a uma mesa coberta por fotos. O pai de Valerie ainda tinha sua foto de graduação pendurada. Esse foi o ano em que a conheceu. Ver a foto o fez recordar o que sentia naquele momento. Sentia o mesmo agora. Segurou a foto, examinando. Traçou os lábios dela com seu dedo. Por que demorou tanto tempo para se dar conta que estava louco por ela? — Por que está aqui Alex? Alex virou. Valerie estava apoiada contra o batente da porta com seus braços cruzados. Ele abaixou a foto. — Nós temos que conversar. Norma entrou por trás de Valerie. — Desculpe, querida, mas seu papai precisa de um copo de água para poder tomar seu remédio. Valerie se moveu a deixando passar. Ambos esperaram até que Norma entrasse na cozinha. Valerie falou em voz baixa. — Eu disse a você, hoje não. Não é nem o momento nem o lugar.
— Não temos que falar sobre tudo esta noite. Mas há algumas coisas que não podem esperar. Norma voltou a entrar na sala com um copo de água e sorriu. Assim que passou por Valerie e foi para o corredor, Alex voltou a falar. — Não estava espionando você, eu juro. Valerie olhou para o corredor. — Como me observar para minha própria segurança tem a ver com Luke e eu? Luke e eu. Alex não suportava nem escutá-la dizer isso. Sua mão fez um punho involuntário. — Nós podemos falar disso mais tarde, mas... — Nós não vamos fazer. O que aconteceu entre Luke e eu não é da sua... — Parou quando Norma apareceu outra vez atrás dela. — Perdão por continuar interrompendo, mas seu pai esqueceu seus óculos de leitura aqui. — Tudo bem, Norma — disse Valerie e começou a ir para a porta da frente. — Alex já estava se preparando para sair. Norma pegou os óculos da mesa na poltrona onde Alfred estava sentado. —Foi bom vê-lo, Alex. Diga a seus pais que eu mando lembranças. Alex forçou um sorriso. — Claro, foi bom ver você também. Ele virou e voltou pelo corredor. Com três largos passos, ficou ao lado de Valerie. Ela abriu a porta e ele pegou sua mão a levando para a entrada com ele. Assim que fechou a porta, ele a puxou para mais perto e a beijou. Só ficou longe dela por um dia e uma fome como nenhuma outra invadiu seu corpo. Mas se conteve e a beijou suavemente desfrutando do momento.
Ela não brigou com ele, mas depois de um momento se afastou sem fôlego. Valerie apoiou a mão contra seu peito. Seu coração disparou contra ela e ele sabia que ela o sentia. — Preciso ter certeza que o meu pai saiba que não vai ficar a noite toda lendo. Pôs sua mão sobre a dela em seu peito. — Preciso falar com você. Não vou até conseguir. — Já te disse que não vou falar com você sobre Luke, especialmente sobre meu passado com ele. Ele olhou para ela tentando não se irritar novamente. — E eu já te disse que vamos falar sobre Luke depois. Agora, preciso que saiba que não estava te espionando. Eu estava investigando Bruce. Ele esteve perseguindo você desde antes que o conhecesse. Era ele quem estava te espiando. A expressão dela mudou para irritada. Seus lábios se separaram e revirou os olhos. — Ele esteve escrevendo um tipo de diário. Escreveu sobre a noite em que você e Luke... — Alex nem queria dizer. Claro, ela estava tentando entender o que ele acabava de dizer sobre Bruce escrevendo um diário, mas viu o quão desconfortável ela estava quando falou sobre sua noite com Luke. Isso o irritou. — Apenas preciso que saiba que não estava colocando meu nariz em seu passado. Estou tentando encontrar este homem. Romero conhece alguém que tem os meios para procurar este tipo de coisas, então eu o contratei. — Eu não entendo. Ele não me conhecia até que saí àquela noite e eu o encontrei. — Ele planejou Z. Eu explicarei tudo isso depois quando você tiver mais tempo. Agora só preciso que entenda isto: foi ele quem revelou tudo isso
entre Luke e você. Está obcecado e é extremamente perigoso. Não teria estas pessoas te vigiando se não acreditasse nisso. — Mas você não pode... Alex pôs seu dedo sobre seus lábios. — Eu posso e fiz. Cansado de falar, o que Alex mais queria fazer era voltar a saboreá-la. Se fosse ficar outra noite sem ela, tinha que aproveitar o momento antes que alguém fosse buscá-la. Segurou seu rosto e devorou sua boca outra vez gemendo de prazer.
****** O telefone tocou cedo na sexta-feira. Era Alex. — Mmm? — Bom dia, linda, eu te acordei? — Valerie se estirou.
— Mmm, sim,
mas estava planejando levantar cedo de qualquer maneira. — Sério? Quais são seus planos? Ela se sentou com suas pernas penduradas para fora da cama. — Preciso assaltar a geladeira e a cozinha do meu pai. Hoje vou limpar a casa. Preciso que ele comece a comer melhor. Mas não vou a lugar nenhum. Provavelmente, só saia para comprar comida. — Você vai voltar para casa hoje? — Ele soava esperançoso. Ontem à noite, depois de irritar seu pai para que não ficasse lendo até muito tarde, ligou para Alex. Não conseguia parar de pensar no que ele disse. Como Alex estava tendo problemas para dormir sozinho, ela estava feliz em contar todos os detalhes. Valerie estava agradecida de que ele não tenha voltado a mencionar Luke. Mas tinha um pressentimento que ele estava guardando isso para uma conversa cara a cara. Embora não
mencionasse o assunto intencionalmente, agora que ele já sabia os detalhes daquela noite, era completamente desnecessário. Quando ela decidiu ficar com seu pai por uns dias, uma das razões era para ficar longe de Alex. Estava tão triste e machucada que não tinha certeza se iria voltar para casa dele. Após a conversa da noite anterior, sabia que faria isso, mas era muito cedo para deixar seu pai. Por mais teimoso que o homem fosse, ela sabia que precisaria de alguns dias para ajudá-lo a fazer as mudanças necessárias. Norma estava preparada para jogar tudo de ruim fora e substituir por comida saudável. Ela dizia que estava tentando há um tempo, mas como sempre, o seu teimoso pai se negava. — Não, realmente preciso estar aqui, Alex. Pelo menos pelo fim de semana. — Ela escutou Alex suspirar. — Odeio acordar sem você. — Nem eu gosto de acordar sem você, querido. Mas isto é muito importante para mim. Mesmo decepcionado, Valerie sabia que ele iria entender. Ele ficou feliz em saber que teriam um grande casamento no restaurante este fim de semana. O qual manteria Alex ocupado, fazendo ela se sentir menos culpada. Conhecendo Alex, já que ela não estaria lá quando ele chegasse em casa, ele trabalharia até altas horas da noite e estaria de volta no restaurante nas primeiras horas da manhã. — Você acha que, talvez, possa vir ao restaurante hoje para que eu possa te ver? — Não quero deixar o meu pai tão cedo, Alex. Realmente nem quero ir ao mercado, mas tenho que ir. — E, realmente, acredita que é necessário tratá-lo como uma criança? — Valerie ficou feliz em ouvir um pouco de humor em seu tom.
— Sim, acredito. Se ele for se comportar como uma, então vai ser tratado como tal. — Ela o ouviu rir. — Mas você pode vir esta noite, como fez ontem. — Oh, eu estava planejando isso. De jeito nenhum eu ficarei um dia sem te ver. — Baixou a voz e murmurou — Só esperava que, talvez, pudesse ficar perto de você... Sozinhos... —Oh. — Ela sabia o que ele queria dizer com isso. Tinham encontrado maneiras muito criativas de estar sozinhos no passado. Seu corpo estremeceu só em pensar. — Sim, oh! — Ela quase podia ouvir o sorriso em sua voz. — Não se preocupe com isso, querida. Faremos isso mais tarde... Eu te prometo. Ele podia afetá-la só com uma simples mudança em seu tom, isso era mais que uma loucura. Depois de desligar o telefone, passou a manhã vasculhando a despensa de seu pai enquanto ele estava sentado tomando o café da manhã. Norma fez claras de ovos mexidos com bacon de peru, apenas duas fatias, algumas frutas e um copo de suco de ameixa para ele. — Você deveria estar comendo assim faz muito tempo. — Valerie repreendeu seu papai, com seu nariz ainda na despensa. Já tinha passado pela geladeira. Norma disse a ela que fizesse isso. Já era hora, então seu pai se queixou no processo. Valerie tirou todos os produtos com alto teor de sódio. Franziu a testa diante da quantidade que tinha lá. — Não tem que estar em algum lugar? — Seu papai se queixou. Com a mão no quadril, virou para ele. — Obviamente aqui é onde preciso estar e eu vou estar aqui uma vez por semana. Olhe para tudo isto! — Ela apontou para as latas de Spam12 e sopas de alto teor de sódio no balcão. — Sabe melhor do que ninguém, pai.
12
Spam: frios que pode ser de porco, frango e outros ingredientes mais.
Você está sendo mal. Bom, dê adeus a tudo isso. — Tirou outra lata de sardinhas e balançou a cabeça. — Você está louca se você acha que vai jogar tudo isso fora. — Ele disse levantando seu garfo para ela. — Não, vou doar para a igreja do outro lado da rua. Vou pegar algumas coisas para substituir estas. Coisas boas. O telefone tocou e ela olhou o identificador de chamadas. Desta vez era Luke. Ela pegou e respondeu. — Hey, Luke. — Ela encostou a cabeça para trás na despensa. — Você tem uma entrevista. Valerie ficou de pé com as costas reta. — Eu tenho? Quando? — Segunda-feira logo cedo. Tenho todo um arquivo aqui com os tipos de perguntas que vão fazer. Eu posso enviar isso por fax. Ela mordeu o lábio. — Meu pai não tem fax. — Eu posso levar aí para você. Valerie pensou nas pessoas que Alex tem a observando. Ele já não estava contente com seus cafés da manhã com Luke. Tinha certeza que teria perguntas sobre ele a visitando na casa de seu pai. Se conhecia Luke, ele não ia querer apenas deixar apenas os papéis também. Ele iria vir e conhecer seu pai. — Não, hmm. Eu não estava pensando em ir ao escritório por alguns dias, mas... — Vai! — Disse seu pai. — Eu ficarei bem sem você em cima de mim o dia todo. — Valerie franziu a testa para o seu pai.
—Você sabe o quê? Tenho que resolver uma coisa para meu pai daqui a pouco. Passarei aí para pegá-los. — Ela continuou procurando através da despensa de novo. — Sabe a hora? Três latas de salsichas Viena foram empilhadas em um canto da despensa. Valerie pegou uma, acenou com ela para seu pai e balançou a cabeça em desaprovação. — Em aproximadamente uma hora, mas apenas deixe em meu escritório se tiver que ir a algum lugar. — Não, eu estarei aqui. Quero repassar algumas coisas com você de qualquer forma. Valerie não tinha certeza de que estava confortável em ficar sozinha com Luke, especialmente desde que Alex pensava que dormiram juntos. Tecnicamente eles dormiram juntos, mas ela sabia o que Alex estava pensando. Nem tinha certeza que ele estaria contente com a versão real do que realmente aconteceu naquela noite. Agora, qualquer tempo que passasse a sós com Luke seria um tema duro demais para considerar. Não esconderia coisas agora que sabia que estava sendo vigiada. Eles obviamente não informavam só as coisas perigosas. Eles diziam cada pequena coisa. Franziu a testa e desligou. — Só estarei fora por algumas horas, você me ouviu? — Seu pai sorriu. — Que alívio! Ainda vai ao mercado? — Que grosseiro. — Valerie sorriu. — E sim, irei. Algum pedido especial? — Começou a ensacar todas as latas que doaria para igreja. — Batatas fritas e molho. Eu verei o jogo esta noite. Como linha dura, não parou de ensacar. Seu pai não ia deixar de irritála. Estava acostumada a isso.
— Batatas cozidas têm menor teor de sódio e o iogurte natural será desnatado. — Jogou a última lata na bolsa. Seu gemido a fez sorrir. Dois podiam jogar este jogo.
****** Valerie olhou pelo retrovisor. Ela se perguntou em qual desses carros em torno dela estavam os homens de Alex. Agora que sabia como Bruce era realmente louco e que a assediou muito antes de conhecê-la, teve que admitir que se sentia muito melhor em saber que não estava sozinha. Não se incomodou em se arrumar. Em vez disso, intencionalmente usava uma bermuda e uma camiseta, sem maquiagem e prendeu o cabelo em um rabo de
cavalo. O que era fora do comum é que estava usando
tênis. Luke nunca a viu sem seus grandes sapatos ou vestida de maneira informal. Neste momento, não se importava. De certa maneira, esperava que ficasse decepcionado. Entrou em sua pequena sala, deixando cair as chaves sobre a mesa e pegou o arquivo que Luke deixou lá. Tinha começado a lê-lo quando ouviu sua voz. — Hey, pequena. Ela se virou. Luke se apoiou na entrada da sala a observando. — Hey. O sorriso em seu rosto era maior do que o normal. — Bem, Val. Não percebi que era assim tão baixa. — Ela revirou os olhos. — Que seja. — A última vez que te vi assim foi na manhã após...
Seus olhos imediatamente foram para o arquivo, incomodada por ele ter trazido à tona o assunto. — Isso é tudo? — Sim, mas temos que repassar algumas coisas. — Não, não tenho tempo, Luke. Meu pai precisa que eu volte. — Mas ele está melhor, não é verdade? — Oh, sim, mas tenho que estar lá antes da hora do almoço. O homem tem que ter suas refeições fiscalizadas como uma criança. Eu te juro que esteve fora do hospital menos de vinte e quatro horas e não posso deixá-lo sozinho para que não tente escapar. Luke começou a rir. — Fico feliz que ele se sinta bem o suficiente para ser astuto. Por um momento pensei que poderia perder a oportunidade de ver George Stone este fim de semana. Valerie virou para ele com olhos arregalados. — É neste fim de semana? — Não me diga que você esqueceu. Ela pôs a mão na testa. — Totalmente, não sei se serei capaz de fazer isso. — Por que não? Disse que seu pai está melhor. Sua madrasta pode lidar com isso sozinha por alguns dias. Alguns dias? — Está certo. É uma coisa de fim de semana, não? — Ela sacudiu a cabeça agarrando o arquivo na mão. — Acho que não vou conseguir. — Mas é aqui mesmo em La Jolla, Val. Não é como se fosse sair da cidade. Se algo acontecer, está a poucos minutos de distância. Não tem que
passar a noite lá. — Seus olhos cravaram nos dela. — A menos que você queira. Nunca cancelei a suíte. Irritada por sua sugestão absurda e mais cansada ainda de seus olhares incômodos, espetou: — Não seja ridículo, Luke. É claro que não eu iria passar a noite. — Ele se apoiou na entrada da sala com um sorriso tímido. — Bom, a proposta continua de pé se mudar de opinião. Mas mesmo assim irá ao seminário, certo? Ela pegou as chaves da mesa. — Não sei. Terei que falar com meu pai. Luke a colocou a par rapidamente sobre o homem que realizaria a entrevista. Trabalhou com ele no passado, então, sabia a respeito de sua ética de trabalho e o que esperava de um gerente. Ele não estava muito preocupado em deixar uma boa impressão para Valerie. Disse a ela que ele tinha uma das coisas mais importantes e essa era a arrogância. Valerie começou a fazer sua saída. — O traje do seminário é o terno, Val. Tão linda como você parece nessa bermuda e tênis, não pense em se vestir dessa maneira durante o evento. Pôde sentir os olhos dele sobre ela quando passou ao seu lado. Sua ideia sobre vestir roupa informal fracassou. Ela respondeu a isso com nada mais que um movimento de cabeça. De alguma forma, Luke passou pouco tempo ficando amargurado por sua rejeição e da sua volta para Alex e começou a flertar de novo. Passar o fim de semana com ele no seminário não era a melhor ideia. Inclusive se ela não ia com ele, mesmo assim poderia encorajar seu comportamento. A coisa era, agora que ele a lembrou, realmente ela queria ir. Não parecia justo. Com toda a tensão sob a qual estava ultimamente, um fim de semana escutando discursos inspiradores de George Stone seria uma bênção. Ter que dizer a Alex sobre isso a fez
pensar duas vezes. Seria, sem dúvida, solicitar uma conversa sobre Luke. Isso era algo que ela estava tentando evitar. Ela se preocuparia com isso mais tarde. Agora mesmo, precisava chegar ao mercado. Estava decidida a se manter a par da saúde de seu pai. Gostasse ou não, tinha a intenção de estar ao seu redor durante muito tempo. Se isso significava discutir a respeito de cada comida, então que assim fosse.
Alex se aproximou para comprovar o progresso da arrumação da sala de banquetes. Ainda estavam correndo contra o tempo para o casamento de amanhã. Seu telefone vibrou com uma mensagem de Valerie, enquanto caminhava, para informá-lo que ela foi à igreja, ao seu escritório, depois ao mercado e agora voltou para casa. Romero enviou mensagens de texto faz um par de horas para informar que Valerie estava em movimento. Ele realmente começou a se sentir um pouco desonesto. Tudo começou por sua segurança. A princípio, apenas o deixariam saber se algo andava mal. Desde sua briga com ela no hospital, Romero começou a acompanhá-la em todos seus movimentos. Ele se esforçava em não ler muito nas entrelinhas disso tudo. Mas esta manhã ela deixou claro que não poderia passar pelo restaurante nem que fosse um momento. Seu escritório estava ainda mais afastado do seu caminho. Realmente leva duas horas para ir ao mercado? Por mais tentador que fosse enviar a Romero uma mensagem pedindo o tempo que ficou no escritório, Alex não enviou. Teria suas respostas em breve e diretamente da fonte. Pensou em ligar, mas logo pensou melhor. O dia que soube sobre seus cafés da manhã com Luke, esperou e esperou que ela o mencionasse.
De maneira nenhuma ia ter outra dessas conversas enlouquecedoras com ela outra vez. Isto poderia esperar até que a visse esta noite. Assim que desceu, se concentrou na comida. O prato principal seria Birria13, a versão mexicana da carne assada só que muito mais picante. Este era um prato complexo porque tinha que ser cozido lentamente durante vinte e quatro horas. Para um casamento tão grande como o de amanhã, teria que vigiá-lo de perto. Seu telefone tocou justo quando entrou no escritório. Era Valerie. — Olá, querida. — Olá, está ocupado? — Não, o que aconteceu? — Sentou na cadeira do escritório e se recostou. — Meu pai está tirando um cochilo e eu estava pensando em você. — Deveria ir. — Só de pensar no que ele faria com ela o fez se sentar com as costas retas. — Valerie, não brinque comigo. — Levantou de sua cadeira caso alguém entrasse para que sua situação não fosse tão notável. — Então, por que não veio? — Eu me senti mal. Queria ficar aqui pelo menos um dia inteiro uma vez que vou ficar ausente a maior parte do fim de semana. — Ausente? Você está voltando para casa? — Sentou erguido sem vergonha sobre quão emocionado ficou. — Hum, não. Tenho que ir ao seminário. Lembra que eu te falei dele, George Stone? Alex ficou quieto por um momento e logo percebeu. De repente, havia outras partes de seu corpo duras e rígidas, mas não no bom sentido. — Com o Luke? 13
Prato feito de cabrito ou bode típico da culinária do México. – https://pt.wikipedia.org/wiki/Birria
— Não. Não com o Luke. — Ela respondeu. — Possivelmente, eu o veja lá, mas não vou com ele. — O que quer dizer com possivelmente, Valerie? Compraram os ingressos juntos. Sua bunda se sentará ao seu lado o tempo todo. — Não necessariamente. Não é como um concerto. Não há assentos fixos. Meu bilhete só me põe na porta. Sento onde quiser. Se Luke tivesse uma fração de um cérebro, estaria lá guardando o assento ao lado dele para ela. E nem era o que mais incomodava. Não tinha como Hank ou Steve manterem um olho nela em um ambiente assim. Bruce estava se preparando para fazer uma jogada. Tinha que ter muito cuidado. Ficou de pé. — É perigoso. — O quê? Vou estar em uma conferência rodeada por um monte de gente. As únicas vezes que ele tentou algo, foram quando eu estava sozinha. Alex quase rosnou. O covarde. —
Continuo
pensando
que é
arriscado, querida. Esse cara é
imprevisível. — Alex, o lugar vai estar cheio de segurança. Um resort luxuoso conta com câmeras por toda parte. Duvido muito que ele escolha esse lugar para tentar algo. Pensou no que poderia ter acontecido com ela se Hank não estivesse lá para ver Bruce tentando entrar no seu apartamento. Alex tinha um mau pressentimento sobre isso. Desde que Romero falou sobre dia D nos blogs de Bruce, ficou atormentado com medo de que algo realmente ruim acontecesse em breve. Ele não poderia permitir que ela corresse esse risco. — Eu não quero que você vá, Val. Ela ficou em silêncio por um momento.
— Você não pode simplesmente me dizer o que fazer, Alex. — Queria socar alguma coisa. — Não estou dizendo isso. — Murmurou e respirou fundo. — Eu estou te implorando. Realmente, eu acredito que você deveria se manter segura nas próximas semanas. Até que saibamos qual será o seu próximo movimento. Eu conseguirei entradas para que você veja esse cara depois. Eu te prometo. — Alex, eu não posso deixar que Bruce me mantenha em um cativeiro. — Então acrescentou com mais convicção. — Eu não vou fazer isso. Alex andava frustrado. A determinação de Valerie sempre foi uma das coisas que mais admirava nela, mas, em momentos como este, desejava que pudesse ser um pouco mais submissa. — Talvez... — Não podia acreditar no que estava a ponto de dizer. — Talvez seja melhor que Luke fique perto de você enquanto estiver lá. Só para que nunca esteja totalmente sozinha. — Mas nunca ficarei sozinha nesse lugar. Eu estou dizendo, o lugar vai estar cheio. Romero correu pela porta quase se chocando com Alex. — Tenho que falar com você. Alex apontou para o telefone e levantou um dedo. — Escuta querida. — É a Valerie? Alex, irritado, virou para Romero e assentiu. — Coloque no viva voz. Ela deveria escutar isto. O temor se infiltrou lentamente nele. Olhou fixamente para Romero. Isto não ia ser bom. Ele percebeu a ansiedade de Romero. — Valerie, vou pôr no viva voz. Romero está aqui. Ele quer que escute. — Romero se aproximou da porta e a fechou.
— O quê? — Apenas ouça. — Alex apertou um botão e ergueu para Romero. — Nós temos uma data. Merda conseguimos todo seu maldito calendário. — Romero sorriu com satisfação. — O Sr. X o encontrou. Tem todas as datas em que esse cara encontrou Valerie. Tem um pequeno V marcado em cada uma delas. Se tivéssemos isso quando ele a atacou no apartamento, saberíamos de antemão, porque coloca em seu calendário antes do tempo. A seguinte é na segunda-feira. — Na segunda-feira? — Tanto Alex como Valerie falaram ao mesmo tempo. — O que acontecerá na segunda-feira? — Perguntou Alex. — Eu não sei. — Disse Romero. — Mas todas as outras datas tinham um pequeno V em negro no canto. Este tem uma grande V em vermelho que ocupa todo o espaço. — Romero voltou a olhar para o telefone. — Tem algo especial planejado para segunda-feira, Val? —Não... Nada. — Pense querida. Qualquer imóvel que irá mostrar? Ou qualquer evento que vá acontecer? — A própria mente de Alex corria enquanto perguntava tentando pensar se ela mencionou alguma coisa ou se fizeram planos. — Oh, espera. No interior de Alex já existiam nós. Fosse o que fosse ela iria cancelar. — Tenho uma entrevista. — Com quem? — Perguntou Alex. — Onde? — Adicionou Romero. Alex a ouviu suspirar. — Não queria dizer nada até que soubesse com certeza. Luke conseguiu uma entrevista com alguém da empresa. Está no centro de San Diego. Estão procurando alguém para gerenciar um segundo escritório que abrirá
aqui em La Jolla. Sobre isso foram os cafés da manhã. Ele não queria falar disso no escritório. Eu sou a única que foi recomendada. Sua mão apertou o telefone um pouco mais forte. Que outra coisa Luke estava disposto a fazer para ficar bem com Valerie? — Se me derem o cargo, significa que não vou trabalhar com ele nunca mais. — Você não vai. — Tão bom como soava que Valerie deixasse o escritório de Luke, ela não iria sair do seu lado na segunda-feira. Bruce teria que passar por cima dele para chegar a ela e isso era definitivo. — Mas Luke mexeu os pauzinhos para conseguir esta entrevista para mim. Você não vê? Não vou ter que vê-lo todos os dias nunca mais. Pensei que era o que queria. — Não, se isso significa te pôr em uma situação de risco. Reagende. — Alex, eu já disse a você... — Espera. — Romero pareceu animado. — Valerie, quando você ficou sabendo sobre a entrevista? — Esta manhã, Luke me ligou para contar. — Então provavelmente é aí que está planejando isso. O Sr X disse que revisou ontem à noite o calendário. Mas o grande V não estava lá até que o revisou faz uma hora. — Virou para Alex com os olhos arregalados. — Podemos preparar uma armadilha. — De jeito nenhum. Ela não vai a nenhum lugar na segunda- feira. — Poderia funcionar, Alex. — Ela interrompeu. — Diabos, não! — Daria a Valerie muitas coisas, mas isto não. Tirou do viva
voz e levou o telefone ao ouvido. — Isso não vai acontecer Z.
Entendeu? Você estará comigo durante toda a segunda-feira. Mesmo que isso signifique te algemar a mim. — O que te dá o direito...?
— Eu vou dizer ao seu pai. — Oh, sim, ia tirar as grandes armas agora. Se ela não o escutava, iria se assegurar de que seu pai tivesse uma ou duas coisas a dizer a respeito disso. Em seu estado, ele sabia que a última coisa que Valerie iria querer seria incomodá-lo. Alex se sentiu um pouco sujo pela ameaça, mas ela o deixou sem outra opção. — Você não faria isso. — Experimente. Romero voltou para a briga. — Alex, ouça. Esta é a nossa oportunidade. Não pode estar com ela a cada minuto para sempre. Ela cancela esta merda e este idiota pensará em outra coisa. Permita que isto termine agora! Alex pôs o telefone atrás das costas e se virou para enfrentar Romero. — Maldição, Romero, não vai pô-la como isca de peixe, então pense em outra coisa! — Eu posso estar lá! — Romero se manteve firme. — Eu tenho um plano. Mas se você pensa que este psicopata vai se render de qualquer jeito, você está louco. Vamos pegá-lo. Apesar de odiar a ideia, Alex sabia que Romero tinha razão. Colocou o telefone de volta ao seu ouvido. — Alex! Está aí? — Sim. Romero o olhou com firmeza. — Me deixe resolver isto com Romero. Mas nos falaremos esta noite, está bem? Ela ficou em silêncio por um minuto. — Eu vou a essa entrevista. — Sim, eu sei. — Ele viu o olhar teimoso de Romero. — Eu falarei com você esta noite... — Ele se afastou de Romero. — Eu te amo.
— Também te amo. Ele desligou e se aproximou de Romero. — Espero que dê tudo certo.
****** O plano de Romero não era tão ruim. Estacionaram o carro de Valerie na garagem anexa a de Alex no domingo para que na segunda- feira Bruce não visse Alex deslizar para o banco de trás. Hank e Steve não seriam os únicos a segui-los. Romero ia pôr alguns sujeitos a mais no trabalho. Também estava trabalhando estreitamente com o Sr. X tentando averiguar mais detalhes do plano de Bruce. Hoje, ele iria até o edifício onde Valerie seria entrevistada para conseguir uma visão precisa do que enfrentariam. Disse que planejaria um lugar para que cada um estacionasse enquanto teriam Valerie coberta por todos os ângulos. Alex teve que admitir que estava um pouco impressionado com a rapidez que Romero elaborou um plano. Ele disse a Valerie sobre isso ontem à noite quando foi vê-la na casa de seu pai. Ela não pareceu tão apreensiva sobre isto como Alex estava. A única coisa boa era que Alex estaria lá o tempo todo. Ele esteve tão imerso atualizando Valerie sobre o plano e se certificando que ela estivesse totalmente preparada para a segunda-feira que quase se esqueceu de perguntá-la sobre Luke. Suas preocupações a respeito de Luke diminuíram especialmente logo depois de saber dos planos de Valerie para deixar o escritório e por que se encontrou com ele durante o café da manhã. Até o seminário de hoje caiu em sua lista de preocupações. Ainda tinha que lidar com o jantar de casamento. Ela ficaria em seu seminário o dia todo. Sairia por volta das 20 horas e, em seguida, retornaria na parte da manhã. Hank e Steve ainda mantinham
uma estreita vigilância sobre ela. Alex não iria correr riscos, mas estava bastante seguro de que ela estaria à salvo lá. Um pouco antes das oito da manhã, Alex foi ao restaurante. Tinha que verificar a Birria e se certificar que estivesse pronta a tempo. Não poderiam se dar ao luxo de estragar o prato. A última coisa que ele queria era decepcionar o velho. Os automóveis de Sal e Angel estavam lá. Angel voltou de sua lua de mel ontem à noite e já estava preparado para voltar ao trabalho. Ele iria abrir, mas Sal deveria estar lá hoje à noite para trabalhar no casamento. Deve ter pensado o mesmo que Alex e decidiu se aproximar para verificar a comida. O delicioso aroma picante do cozido o acertou quase imediatamente quando entrou pela porta dos fundos do restaurante. Ele foi direto para a cozinha. Sal e Angel estavam olhando em uma das grandes panelas de Birria. Sal se virou quando Alex entrou e sorriu. — Parece bom. — Sim. — Concordou Angel. — Acho que vou pegar um pouco. Sal começou a ir para a porta. Angel estava recolhendo a comida. Sal levantou uma sobrancelha para Alex. Maldição. O momento de alívio não durou muito antes de ter que pensar no que tinha que fazer agora. Sal bateu em seu ombro. — Você deve dizer a ele. Mesmo que pudesse ser algo que terminaria, com sorte, nesta segundafeira, Alex não poderia correr o risco. Nunca se perdoaria se algo acontecesse a Sarah e não tivesse avisado Angel. Alguns dos cozinheiros chegaram e começaram a preparar os cafés da manhã. Alex olhou em volta. Isto poderia ficar feio, então decidiu que a cozinha não era o melhor lugar para ter esta conversa. — Angel, você tem um minuto? Eu tenho que falar com você.
Angel não se incomodou em olhar para longe da panela onde pegou uma colherada de carne e estava soprando. — Claro, pode falar. — Em particular... É sobre a Sarah. Angel virou imediatamente. Alex sabia que isso chamaria sua atenção. Se sua expressão indicava como seria a conversa, definitivamente, não esperava ansioso. Foram para os fundos. Angel já perguntou do que se tratava, duas vezes. Quando chegaram do lado de fora, ele já tinha perdido a paciência. — Que demônios, Alex. Só me diga. — Calma, não é importante. — Alex apoiou contra sua caminhonete desejando ter pensado mais nisto. — Então, me diga. Alex exalou profundamente. — Muito bem. À noite em que o perseguidor de Valerie ligou para cá, mencionou o nome da Sarah. — O quê? — Angel parecia preparado para matar. Alex conhecia o sentimento. — Mencionou o de Sofie, também. Ele estava tentando me deixar louco me fazendo saber que tem trabalhado e sabe tudo sobre mim e minha família. — O que ele disse? — Exigiu Angel. Alex o pôs em dia dando mais detalhes do que originalmente planejou, mas isso porque Angel era muito inflexível. Nem terminaram de falar antes que Angel estivesse ao telefone verificando Sarah. Ela estava com sua mãe e ele a fez prometer que ficaria lá até que fosse buscá-la. Embora realmente pensasse que isso não fosse necessário, Alex ofereceu ter alguém cuidando dela.
— Eu não quero ninguém a seguindo. Apenas tenha certeza de combinar para trabalharmos juntos até que este psicopata seja apanhado. — Colocou o telefone na capa. — Eu ficarei de olho nela. — Alex tentou tranquilizá-lo dizendo que ela ficaria bem, mas Angel estava visivelmente atordoado. Ele entendia a atitude do irmão muito bem. Ele estava contente agora de ter concordado em seguir o plano do Romero. Queria que isto acabasse.
****** O resort era muito glamoroso tanto por dentro como por fora. A temática inteira era tropical, do enorme aquário de água salgada na entrada principal até a grande variedade de plantas que decoravam cada metro do hotel. Valerie já esteve em Las Vegas várias vezes e, este lugar, estava quase à altura dos mais sensacionais cassinos que já foi. Atravessou o lugar sentindo a expectativa chegar enquanto olhava ao seu redor. Este era um refúgio agradável para todo o estresse da semana passada. Antes de deixar a casa de seu pai essa manhã, ela o fez prometer que se comportaria. Norma e ela revisaram o cardápio do almoço e o jantar de seu pai. Norma começou a rir dizendo que seus ouvidos estariam zumbindo quando servisse seu emocionante almoço saudável. Luke deu o ingresso para a recepção antes do tempo, no caso dele chegar tarde. Isso foi bom porque ele não apareceu. Ela se perguntou se, talvez, ele teria comprado uma única entrada para ela e não para si mesmo. Se ele disse que ambos íamos sozinhos para atingir Alex? Da maneira como ele agiu naquela noite, não seria surpresa. A primeira parte do seminário foi tudo o que esperava. George Stone não a decepcionou. Foi tão comovente como em todos os livros que leu. Sua
inteligência foi tão rápida como em seus livros mesmo com as perguntas improvisadas feitas pela plateia. Valerie ficou surpresa ao continuar sem ver Luke. O primeiro intervalo chegou. Fizeram uma decoração enorme. Pão doce, sucos de frutas, café e estes foram apenas para a pausa. Só poderia imaginar como seria o almoço e o jantar. Ela se sentou à mesa com seu pão doce e café perdida em seus pensamentos. O impressionante discurso de George Stone continuava em sua mente. Se sentindo observada, olhou para cima e viu um homem do outro lado da sala. Ele parecia mais jovem, mas seus olhos eram muito penetrantes. Lembrou dos caras durões da faculdade tentando intimidar com seus olhares sexies, como Luke, mas já não era mais isso. Ele foi para sua mesa e ela afastou o olhar. Em muitas vezes, ela já teve que recusar os homens e se preparou para ser agradável. Quando chegou à sua mesa, ele sorriu. Não foi um mau sorriso. Ele era alto e muito bonito. — Olá, eu te notei desde o momento em que chegou. Não escutei nenhuma só palavra que George Stone disse. — Ele estendeu a mão. — Você é incrível. Sou Abel, qual é seu nome? Valerie apertou sua mão e sorriu. — Valerie e obrigada, mas estou praticamente casada. — Praticamente? Eu gosto disso. Significa que está praticamente disponível. — Não, significa que ela não está disponível, idiota. Valerie quase cuspiu seu último pedaço de pão doce. Bruce vestia um terno e uma gravata se misturando aos demais para ver George Stone. Era alguns centímetros mais alto que Abel, nariz a nariz. — Eu aprecio seu gosto por mulheres, mas esta é TODA minha. — Abel recuou levantando suas mãos no ar em sinal de rendição.
— Não quis faltar com o respeito. Sinto muito. — Deu a Valerie um rápido sorriso triste e se afastou. Valerie ficou imóvel sentada em sua cadeira. Bruce sentou ao seu lado segurando a cadeira dela entre suas pernas. — Você viu a suíte? Sua respiração ficou presa em alguma parte entre sua garganta e seu peito. — Que suíte? — A que o menino amante conseguiu para você? É muito boa. — Ele ficou de pé estendendo sua mão. — Vamos dar uma olhada. Em breve, este lugar vai estar fechado de qualquer maneira. — O quê? — Seu coração batia alto. — Moreno's está cheio de gente hoje. — Ele bateu no bolso. — Não gostaria que ele explodisse em um dia como hoje, não é? — Do que você está falando? — Seu coração parecia que ia rasgar no seu peito. Olhou para a sua bolsa pensando no taser e o telefone que tinha lá. Voltou a olhar para Bruce. Seus olhos ameaçadores se fixaram nela, satisfeitos. Ele se agachou próximo ao seu rosto e parando quando ela se encolheu. — Seja agradável, querida. Temos uma pequena plateia... Uma pequena plateia incompetente, embora uma, apesar de tudo. — Ele abaixou a cabeça. — Você sempre soube que este dia chegaria, não é? — Seus olhos agora brilhavam com malícia. — Eu sempre soube. — Do que você está falando... Explodir o Moreno's? — Ela perguntou enquanto ficava de pé. Ele ficou de pé junto com ela e a apressou, se inclinando e agarrando sua mão.
— Agora, eu sou um homem razoável, Valerie. Diria que fui muito paciente. Nada vai acontecer com o Moreno's se você fizer o que eu te disser. — Ela tirou sua mão. Bruce bateu em seu bolso novamente. — Depende de você, Valerie. Pegue minha mão e venha comigo ou escutará sobre a tragédia no Moreno's nos noticiários em pouco tempo. Mas primeiro... — Se inclinou mais perto, o suficiente para que ela pudesse cheirar o álcool em seu hálito. — Me beije. — Vai pro inferno! — Assobiou retrocedendo. Ele agarrou a sua mão e a puxou para ele. — Você está testando a minha paciência. — Ele sussurrou em troca, então a beijou bruscamente. Valerie fechou seus lábios com força, seus pensamentos transbordando de preocupação. Bruce faria realmente alguma coisa com Alex? Se concentrou em permanecer calma, mas a esta altura estava perto de gritar. — Vamos. Valerie agarrou sua bolsa da mesa e andou junto a Bruce. — Boa garota. Você verá, tudo vai ficar bem. Houve uma confusão perto da entrada do hotel e Valerie virou para ver o que estava acontecendo. Bruce não pareceu interessado. Em vez disso, a puxou para junto dele a fazendo apressar o passo. Um segurança passou correndo por eles na direção oposta. Os corpos começaram a se dispersar em todas as direções e as vozes começaram a causar alvoroço ao redor deles. — O que está acontecendo, Bruce? — Ela puxou sua mão, mas ele a segurou firmemente. — Onde está me levando? — Oh, você verá em alguns minutos. Não se preocupe pelo que está acontecendo, Val. Tudo faz parte do meu plano.
Ela ficou olhando seu malvado sorriso. Alex disse muitas vezes que se fosse pega em uma situação como esta, que lutasse sem se importar com o que tivesse que fazer. Que nunca entrasse em um veículo com alguém tentando sequestrá-la. Mas Bruce não foi para fora. Ele foi para os elevadores.
A bebida energética que Alex tinha não fez nada para energizar. Nas últimas noites sem Valerie, não conseguiu dormir quase nada, e isso estava começando a pesar muito nele. Não via a hora de tê-la de volta em sua cama. Tudo estava preparado para o casamento, e estavam adiantados com o cronograma. Inclusive a comida estava encaminhada. Não foi até que estava indo na sala de banquetes, que ouviu Sal chamando pelo sistema de áudio, que se deu conta de que deixou seu telefone no escritório. — Alex tem uma ligação na linha um. Alex correu pro telefone. Sal não chamaria se não fosse urgente. A adrenalina imediatamente deu uma patada enquanto agarrava o telefone. — Alex. — Ouça, Hank esteve tentando de te ligar. — A voz de Romero estava turvada. — Por que, o que está errado? — Perguntou Alex com seu peito já comprimido. — Algo está acontecendo no complexo. Estão evacuando todos. Steve viu Valerie sair de mãos dadas com um homem, mas não era Luke. O medo e outras emoções desconhecidas passaram através dele.
— Ir aonde? Em um carro? — Sal saiu do escritório, e Alex fez gestos para que trouxesse seu telefone. — Não, eles saíram da área de jantar onde estava sentada tomando um café, sozinha. Mas me escute, Alex. Ele sabe de nós. Soube por um tempo. É por isso que não trocou as mensagens de e-mail. O calendário que o Sr. X encontrou era uma armadilha. Inventou um calendário para nos despistar. O Sr. X encontrou seu verdadeiro rastro faz apenas uns minutos, esteve planejando isto durante um tempo. Sal entregou a Alex seu telefone, consciente da conduta alterada de Alex. — Planejar o quê? — Pressionou a marcação rápida em seu telefone para Valerie. — Pegar Valerie neste seminário. Alex sentiu o calor nas veias enquanto que a linha fazia clique no outro extremo de seu telefone. — Olá, Alex — Ronronou a voz satisfeita do Bruce. Alex colocou o telefone do restaurante no peito de Sal. Agarrou seu telefone, tentando se conter. — Onde está Valerie? — Sua voz era tão forte que Angel saiu correndo do escritório. — Oh, não se preocupe com ela. Está em muito boas mãos, Alex. De fato, estas mãos, estão se preparando para desfrutar de cada centímetro... A comunicação parou. Deixou escapar um forte rugido. Sua visão se nublou por um momento, ia matar Bruce. Sal estava tentando dizer algo, mas o rugido zumbindo em seus ouvidos era muito forte. Sal agarrou seu braço o tirando do transe. — Homem, Romero tem que falar com você. — Sustentou o telefone diante dele — Se acalme e respire. Os policiais já estão lá.
— Peça para ligar no meu telefone. — Alex quase se chocou com Angel enquanto corria ao escritório para agarrar as chaves do escritório e tirar a pistola da gaveta inferior de seu escritório. Seu telefone começou a tocar enquanto saía correndo. — Whoa, whoa, whoa. — Sal ficou diante dele. Angel o respaldou. — Não pode simplesmente sair daqui levando uma arma assim. Está louco? — Saia da minha frente, Sal! — Grunhiu Alex, o pensamento de Bruce manuseando Valerie quase o cegou de novo. — Não, Alex. — Sal o empurrou com força no peito — Se acalme agora. Não vamos deixar que saia assim. Está louco? O telefone de Alex seguia tocando.
No momento em que pensou em
atender, Sal tirou a arma de sua mão. Alguns dos empregados se reuniram ao redor. Alex deixou a arma sem uma briga e atendeu seu telefone.
****** O telefone saiu voando da mão de Bruce enquanto tropeçava, caindo sobre a cadeira a seu lado. O salto do sapato de Valerie, com todas suas forças, na têmpora de Bruce fez o trabalho. De algum jeito, sabia da pistola de choque em sua bolsa e a pegou quando entraram no elevador. Inclusive pegou seu telefone. Não tinha nada mais na sua bolsa para acertá-lo. De sua experiência passada com ele, Valerie soube que jogar bem era a única oportunidade que tinha para conseguir tempo. Foi amigável logo que entraram no quarto.
Estava tão fascinado quando tirou sedutoramente
seus sapatos, que nem se deu conta que segurava um deles. No momento em que ficou arrogante em seu telefone com Alex, aproveitou a distração, o golpeou e começou a correr.
Não disposta perder a oportunidade e esperar pelo elevador, estava agora, correndo pela escada. O coração parecia sair de seu peito. O quarto só estava no terceiro piso. Já estava na metade do primeiro piso quando escorregou e caiu duramente de bunda. Ouviu os passos rapidamente pelas escadas. — Valerie. — Sua voz estava enlouquecida — Valerie o Moreno vai explodir se não parar! Seu coração quase parou, e sentiu a tentação de parar, mas pensou no que Alex gostaria que fizesse neste caso. Não havia outra opção que correr. Lutando para recuperar o fôlego, agarrou o corrimão, e se ergueu. Abriu a porta e correu direto para os braços de um bombeiro em uniforme. Surpresa e quase sem poder respirar, tentou passar através dele. Tinha que chegar a um telefone e avisar a Alex sobre o perigo em seu restaurante. Mas o bombeiro a impediu de ir mais longe. — Terá que evacuar senhora. Há uma possível bomba no hotel. — Sei quem a plantou! Plantou outra em algum lugar em um restaurante! — Disse ela, se dando conta de quão desesperada estava. O bombeiro a olhou fixamente, com os olhos abertos. — Venha comigo.
****** Alex tentou ligar para Valerie várias vezes enquanto Sal o levava até o hotel. Romero já tinha chegado. Ligou para Alex para dizer que não podia chegar a nenhuma parte perto do interior. Evacuaram o lugar. Não tinha como entrar.
A única forma de que Angel e Sal concordaram em deixar Alex ir era se Sal o levasse. Inclusive alguns dos cozinheiros interferiram para não o deixar sair, os malditos traidores. As atualizações das notícias na rádio a respeito da evacuação hotel só serviam para aumentar sua angústia. Ainda não tinha nenhuma notícia sobre Valerie. A polícia bloqueou todas as ruas que rodeavam o complexo. O trânsito era um desastre. Agora tinha que esperar ou ir andando. Como a paciência nunca foi sua virtude, abriu a porta e saiu. — Aonde vai? — Exigiu Sal. — Vou a pé. — Maldito seja, Alex. Só tem que esperar. — Não posso. — Fechou a porta atrás dele e se inclinou — Ligue se souber de algo. Correu para atravessar a rua e a calçada, atravessando algumas outras ruas antes de ligar para Romero. — Alguma novidade? Alguma notícia? — Nada sobre Valerie ainda, mas... — Mas, o quê? — Gritou Alex. — Acabo de escutar, atiraram em alguém. — Alex parou bruscamente. — O quê? — Pode não estar relacionado, Alex. Não se altere. Nem mencionaram se foi uma mulher ou um homem. Ainda estou escutando. A outra linha no telefone de Alex tocou. Era Angel. Ele provavelmente estava tentando conseguir uma atualização ou dar notícias sobre o casamento. Ligaria mais tarde. Nada mais importava. Tudo o que podia pensar era chegar até Valerie. Se algo acontecesse com ela, não saberia o que fazer. Acelerou o passo, e com cada pernada, o nó na garganta aumentava.
Alguém mais estava ligando agora. Um número que não reconheceu. Não havia maneira de que estivesse cortando a única conexão para averiguar algo sobre Valerie. Também não atendeu. Logo em seguida Romero continuou: — É um homem que está ferido, Alex — Disse Romero, logo acrescentou. — Mas há outros feridos. Espera. Alex finalmente chegou à barricada em frente do complexo. Eles não deixavam ninguém entrar, havia dúzias de automóveis de polícia e vários caminhões de bombeiros estacionados ao longo da entrada do complexo. Uma tonelada de segurança e oficiais uniformizados, junto com policiais vestidos de civil. A imprensa chegou também. — Tenho que entrar lá. — Empurrava o guarda de segurança na barricada, sem soltar o telefone a orelha — Minha esposa está lá. — Sinto muito, senhor, ninguém, exceto a polícia e o resgate estão permitidos neste momento. — Romero disse algo, mas a sirene de uma ambulância chegando justo atrás de Alex era tão forte que não podia ouvir. Do mesmo modo que a ambulância passou voando ouviu o assobio de sua outra linha de novo. Esta vez era Sal. Não podia saber nada mais que Romero. — Onde está? — Gritou Romero. — Na frente do lugar. Não vão me deixar entrar. — Vou responder minha outra linha, Alex. É Angel, pela terceira vez desde que estive falando com você. Pode ser importante. Alex não se incomodou em responder. Levantou a vista para o complexo, furioso consigo mesmo. Nunca deveria ter aceitado isso. Sabia que era um grande risco desde o começo. Deveria ter seguido seus instintos, inclusive depois de ouvir falar dos falsos planos de Bruce para segunda-
feira. Sua outra linha tocou de novo. Esse mesmo número que ele não reconheceu antes. Justo nesse momento, Romero retornou na linha. — Atenda à outra linha. É Valerie. Ela está bem. A respiração de Alex parou, e quase não sabia como atender. — Olá? — Alex, estou bem, perdi o telefone no hotel, e não lembrava seu número. Nunca o memorizei, então liguei pro restaurante... A mistura de emoções que sentiu depois de ouvir exclamar que estava bem era algo que nunca experimentou em sua vida. Quase não ouviu nada mais do que disse depois disso. Algo se apoderou de sua traqueia que não podia conseguir dizer uma maldita palavra. Respirou fundo e finalmente foi capaz de falar, mas teve que se esforçar. — Onde está, querida? — Estou na frente com todos os caminhões de bombeiros. Uma nova emoção apareceu. Sua necessidade de estar ao seu lado era avassaladora Alex olhou ao seu redor tentando reunir o poder de falar sem o nó na garganta. — Eu também estou aqui, fora das barricadas na entrada principal. — A escutou dizer algo a alguém e logo voltou a ficar ao telefone. — Onde? Estou indo te buscar. — Sua voz se quebrou. — Vão te deixar entrar. Alex começou a explicar onde estava quando a viu perto de um dos caminhões de bombeiros, olhando a seu redor. Tinha um telefone no ouvido e seu sapato na mão. Estava descalça e parecia tão pequena e indefesa. Algo se apoderou em sua traqueia de novo. Fez um gesto e gritou por ela. Quando o viu, correu para ele. Passou junto ao guarda, estalando como uma mosca. Logo que esteve o suficientemente perto, saltou em seus
braços. Alex a abraçou mais forte do que nunca fez, enterrando a cara em seu pescoço. Com uma respiração profunda se afastou para olhar seu rosto. As lágrimas quentes que sentia ante seus próprios olhos o surpreenderam, mas ainda mais surpreendente, não estava envergonhado. Não se importava com nada disso. Tudo o que podia pensar era no muito que a amava e agradecia a Deus que estava bem. Tragou saliva com força, procurando seu rosto. — Se machucou? Ela negou. — Não, corri quando ele estava falando com você por telefone. — Alex pôs seu telefone na capa no cinturão, facilmente ainda segurando Valerie no ar com um braço, levou a mão para trás para afastar as mechas de cabelo da cara. — Me diga a verdade, baby. Ele te tocou? — Alex lembrou a forma bruta em que tentou pôr a mão sobre ela no bar na noite em que o nocauteou. Se Bruce pôs um dedo nela, Alex o caçaria e o mataria, ele mesmo. Valerie o olhou fixamente, as lágrimas começavam a diminuir. — Não, não tocou — Sussurrou. Beijou a ponta de seu nariz, seguiu sem afrouxar seu aperto sobre ela, nem um pouco. — Sabe se o pegaram? Ela sacudiu a cabeça e apoiou a cara na curva de seu pescoço. — Não me disseram nada, exceto que atiraram. — Alex inalou seu aroma familiar. Um aroma tão especial, só de Valerie, que se pudesse engarrafar o manteria com ele em todo momento. — Sim, soube disso também. — Decidiu se preocupar com Bruce mais tarde, agora estava mais que eternamente agradecido por Valerie estar bem
e fora de perigo. A partir de hoje, nunca perderia ela de vista até que Bruce fosse capturado ou morto. Seu telefone estava vibrando em sua capa no momento que soltou Valerie. A contra gosto a deixou no chão e atendeu. Disse a Romero onde estava e que atualizasse todo mundo. Então foi com Valerie até os detetives.
****** Essa tarde, Valerie voltou para casa com Alex. Ele a olhou fixamente enquanto dormia, com o rosto contra seu peito. Durante dias, dormiu mal sentindo falta dela. Agora só o que queria era dormir ao lado dela, abraçar sabendo que estava a salvo. Supôs que estaria esgotada e dormiu rapidamente. Foi um dia emocionalmente exaustivo para ambos. Valerie contou sua história em muitos momentos diferentes, primeiro a ele, depois aos detetives, ao seu pai e a Norma quando voltaram para sua casa. Alex se cansou de dizer também. Todo mundo estava preocupado e ansioso para saber o que aconteceu. Também ouviu falar do esquadrão de bombas evacuando o restaurante justo no meio do casamento. Valerie disse a Angel sobre Bruce ameaçando explodir o restaurante quando ela ligou para conseguir seu número, antes que Angel pudesse decidir o que fazer, informou que o esquadrão de bombas já estava a caminho. Depois de procurar durante horas, não encontraram nada. Foi um blefe. Quando foi interrogado pela polícia a respeito, Bruce negou dizer qualquer coisa. Acabou que Alex não teria que caçar Bruce. Foi atingindo quando apontou a arma para um oficial. Eles nem estavam o procurando ainda. O idiota apontou a arma quando o oficial tentou o impedir de entrar na área evacuada. Em sua loucura em alcançar Valerie, pensou que tirar uma arma em meio de um hotel cheio de policiais de algum jeito ajudaria.
Não corria risco de vida. A bala só atingiu o ombro. Alex pensou que merecia pelo menos isso, depois de horas de depoimentos com Valerie, Luke e outras testemunhas, Bruce não só ia precisar de um médico, mas também de um bom advogado. A lista de acusações era tão grande como seus antecedentes criminais. Pegou Luke contra sua vontade, o ameaçou, o amordaçou e o prendeu no armário. Tentou sequestrar Valerie, plantou uma bomba falsa no hotel, e apontou a arma para um oficial. Com o Bruce ainda em liberdade condicional e seu passado criminal, os detetives asseguraram a Valerie que o mais provável era que passasse o resto da vida atrás das grades. O pesadelo terminou. Algumas coisas ainda estavam sem resposta. Alex se perguntou se ainda queria saber por que ela escondeu sua noite com o Luke todo este tempo. Ele suspirou, acariciando sua bochecha com o dorso dos dedos. Enquanto trabalhasse com ele todos os dias, isso o mataria. Adiaram o seminário, mas ainda iriam juntos. Ele tinha que saber. Estava disposto a fazer algo, qualquer tipo de sacrifício por Valerie. Mas algo assim ia corroer sua alma até ter uma resposta. Deixou passar por agora, mas ia voltar a esse assunto de novo.
****** Semanas depois, Valerie continuava recebendo ligações de detetives que pediam mais detalhe sobre o caso contra Bruce. O que descobriram a respeito do Bruce era ainda mais preocupante do que algumas das coisas que os homens do Romero disseram, depois de depor em várias ocasiões, era óbvio que Bruce realmente acreditava que Valerie devia alguma coisa para ele. E mesmo atrás das grades seguia acreditando que algum dia a conseguiria.
Valerie estremeceu ao pensar nisso. Ela estava a salvo agora. Tinha que lembrar a si mesmo disso cada vez que pensava no Bruce. Estava encerrado, e a cada depoimento seria acrescentado mais e mais anos para sua eventual sentencia. Acabou de desligar a ligação com o detetive e estava olhando na geladeira de Alex quando seu telefone tocou de novo. Era Luke. Ela pensou em deixar cair no correio de voz, mas logo recordou que poderia estar ligando por notícias sobre a entrevista. Respondeu. — Oi. — Você conseguiu. — Ela, literalmente, podia ouvir o sorriso na voz de Luke. — O quê? — Fechou a porta da geladeira e abriu a garrafa de água. — Só vão chamar dois candidatos de todos que entrevistaram, e você é um deles. E Val, foi a mais jovem de todos os candidatos. Passaram quase duas semanas desde que foi entrevistada. Foi uma das primeiras e por isso tinha que esperar mais tempo até que todo mundo passasse pelo processo. Sorriu, tentando não se emocionar muito. — E agora? — Vão te ligar para agendar a segunda entrevista. Posso começar a te treinar nas coisas principais que deveria saber a respeito dessa fase e o que eles esperam. Foi bom que Alex não tivesse ali quando Luke ligou. Apesar de que estava começando a se acostumar a que seu trabalho tinha um horário diferente, mas ainda se incomodava quando ela recebia ligações a noite. Mas se incomodava ainda mais quando era Luke. Depois de desligar, Valerie tomou um longo banho. Pensou no treinamento com Luke. Desde a prisão de Bruce, Valerie evitou estar a sós com Luke o máximo possível.
Se sentia muito mal pelo que Bruce o fez passar, então se assegurou de que as coisas fossem cordiais entre ela e Luke. Mas manteve sua distância. Embora Alex não tenha perguntado nada sobre sua noite com o Luke, o ânimo sempre mudava quando seu nome era citado. Mesmo que tenha esse cargo no novo escritório, ainda faltavam meses, e ainda se encontrariam constantemente. Várias vezes pensou em simplesmente dizer a Alex a respeito. Odiava a tensão de Alex pensando que transou com Luke e mentindo a respeito. Cada vez que considerava dizer, se acovardava. Alex chegou em casa justo quando Valerie terminou de colocar uma de suas camisetas e uma suave calça de algodão curto, do tipo que adorava dormir. — Olá. — Sorriu enquanto entrava no quarto. Pegou seu telefone da cômoda para ver se tinha alguma chamada perdida. Desde que seu pai teve um ataque, estava paranoica em perder chamadas dele ou de Norma. Alex a agarrou. Com seus braços ao redor dela, grunhiu enquanto tomava sua boca. A levou para cama e a deitou, nenhuma só vez separando sua muito ativa língua de sua boca. Seu beijo foi quente e mais faminto que de costume, inclusive para ele. Ela sentiu a ereção imediata contra sua coxa. Sua própria excitação começou a aparecer. Ela arqueou as costas, esfregando as mãos sobre seus duros ombros, logo suas costas. O telefone tocou, levando os beijos de Alex ao fim. — Quer atender? — Perguntou com seus lábios ainda nos dela. — Não. — Ela já estava sem fôlego e queimando de antecipação. — E se for seu pai? — Ficou olhando seus lábios. — Tenho a sensação de que isto vai ser mais rápido. — Será. — Lambeu o lábio inferior com um sorriso malicioso.
— Então ligarei assim que terminarmos. — Colocou a língua em sua boca enquanto o telefone seguia tocando. Os olhos quentes do Alex olhavam para baixo, tirando sua camisa. Sua boca foi para seu mamilo. Valerie gemeu com a sensação de sua língua. Sentiu eletricidade percorrer seu corpo. Seu telefone tocou de novo e Alex parou. Valerie podia sentir seu desgosto pela forma que seu corpo reagiu. — Vou desligar. — Ofereceu ela. — Onde está? Ela o deixou cair quando ele a levou para cama. Alex se inclinou sobre a borda da cama e pegou. Sua expressão endureceu quando olhou o identificador de chamadas e foi suficiente para que ela soubesse quem era. Entregou o telefone e se afastou dela. — Atende. — Provavelmente seja trabalho, Alex. Posso falar com ele pela manhã. — Não. — O calor em seus olhos agora era diferente. — Quero saber o que é tão malditamente importante que tem que ligar depois das nove. Vai, atende. Então o clima acabou oficialmente. Apertou os dentes, mas atendeu ao telefone sem querer que as coisas ficassem feias. — Hey, Luke, o que aconteceu? — Esqueci de dizer. Recebi o correio mais cedo hoje. O seminário foi reagendado para duas semanas a partir deste sábado. Deixe espaço no seu calendário. Maravilhoso. Valerie olhou para Alex que ainda a estava olhando. Ela realmente esperava que fosse um pouco relacionado com o trabalho. Algo que não diminuiria a tensão que já podia sentir. — Oh, está bem. Farei.
Luke ficou calado por um momento. Valerie estava segura de que ele esperava que estivesse um pouco mais emocionada ou, ao menos, ter mais a dizer a respeito. De maneira nenhuma ia prolongar a conversa. — Muito bem, conversamos pela manhã. — Alex ainda estava olhando quando desligou. — Então, o que foi isso? Levantou da cama e se aproximou da cômoda desligando o telefone enquanto o colocava na cômoda. Não queria nem ver sua expressão quando disse. — Reagendaram o seminário. Acabou de receber o e-mail.
Alex sentou na cama, ainda olhando o pequeno corpo sexy de Valerie em sua camiseta. Ela baixou o telefone, mas não virou para ele. Teve a sensação de que deixou a cama de propósito para estar longe quando contasse sobre o seminário. — Quando é? — Tentou não parecer irritado. Mas estava. Muito. O idiota tinha ligado no pior momento. — Duas semanas a partir deste sábado. — Ela seguia de costas. — O que aconteceu? Finalmente, virou para ele. — Nada. — Então, o que está fazendo aí? — Estendeu a mão para ela. Acabava de tê-la debaixo dele e já a queria perto outra vez. Mesmo irritado. A forma que sorriu o fez se sentir incomodado, mas ela foi para ele. Ia sentar na cama, mas a puxou para seu colo entrelaçando seus dedos nos dela. Apoiando sua cabeça na dela. — O que aconteceu? Ela sacudiu a cabeça com lentidão. — Nada, só... — Mordeu o lábio, e logo franziu a testa. — O que é?
— A noite que passei na casa dele... — Pare. — Alex se endireitou, sentindo cada músculo de seu corpo endurecer. — Não quero ouvir sobre isso. Se dormiu com ele ou não, nunca seria confortável escutar e não me importar. — Quero que saiba. — Não quero ouvir, Z. — Se ela pensava que ia ficar ali e escutá-la contar sobre sua noite com outro homem estava louca. Valerie segurou seu rosto. — Tenho que te contar baby. Está me matando que ache que fiz sexo com ele. Eu não fiz. Alex preferia não saber a ouvi-la mentindo. Tragou saliva com força, a olhando fixamente nos olhos. Seu toque era suficiente para suavizar seu corpo tenso, mas o que estava dizendo não fazia sentido. — Então, o quê? Dormiu na casa dele e nada aconteceu? — Isso fazia pouco sentido. Ela sacudiu a cabeça, fazendo que ele apertasse a mão em um punho. Não queria estourar com ela. — Não entendo Z, ou fez ou não. Não há meio termo aqui. — A profunda inalação que tomou o deixou nervoso. — Eu ia fazer. Não vou mentir. Fui nessa noite preparada para fazer. Seguia sem sentir nada por ele... — Então, decidiu dormir com ele quando não sentia nada? Tolices. — Recordou de Romero dizendo que ela disse ao Bruce que estava apaixonada por ele. Os olhos dela escureceram e sua testa franziu. — Estava esforçando para fazer funcionar. — Por que, se não sentia nada? — Alex era consciente de que estava levantando a voz mas não conseguia se controlar.
Ela ficou de pé e saiu de seu colo. Alex sustentou sua mão para que não se afastasse. — Queria te esquecer. OK? Alex abriu a boca, mas quando não disse nada, ela continuou. — Tudo que eu fazia era pensar em você e no beijo que me deu naquela primeira festa. Tudo com ele eu comparava com você, e nem aproximava. Realmente acreditei que podia seguir adiante, te esquecer. Então como não dormi com ninguém desde que me separei de você, pensei que isso poderia ser o que eu precisava para conseguir. Mas... — Passou a noite. — Um fato que Alex não esqueceria logo. O que estava dizendo só piorou as coisas. Apesar do fato de que acabou de dizer que não dormiu com ninguém enquanto estiveram separados, passou a noite com o Luke e agora sabia que tinha intenção de dormir com ele. — Só porque me senti terrível pelo que aconteceu. Alex procurou seus olhos incapazes de sequer imaginar ao que se referia. — O que aconteceu? Valerie voltou a respirar fundo o que só aumentou a ansiedade de Alex. — Estávamos... Nos beijando... — Fez uma pausa. A paciência de Alex estava se esgotando. Disse que não queria escutar a respeito disto e agora, ia prolongar? A visão fez seu sangue ferver. — Maldição, Z... — Chamei ele de Alex. Alex piscou. Valerie parecia mortificada, suas bochechas ruborizadas. Ele a puxou, a fazendo sentar em seu colo, ainda sem saber o que dizer. O fato de que esteve nos braços de outro homem seguia fazendo seu estômago revirar. Mas o pensamento de que esteve pensando nele o tempo todo, tanto
que trocou os nomes. Não podia nem começar a imaginar como Luke deve ter se sentido nesse momento. Sem advertência, começou a rir. Valerie enterrou seu rosto em seu peito cobrindo a parte exposta com sua pequena mão. — Não ria. — Suas palavras foram baixas — Não tem ideia de como foi constrangedor. Foi horrível. Isso só fez Alex rir mais ainda. Beijou sua cabeça, acariciando seu cabelo úmido. Valerie levantou a cabeça lentamente e encontrou seus olhos. — Então, viu? Nunca teve nada com que se preocupar. — Continuou contando sobre como passou o resto da noite dizendo ao Luke sobre sua relação com Alex. E como realmente acreditou que tinha o superado até que o viu na festa e descobriu que nem esteve perto. — Quando vi o Luke de novo, terminei as coisas, devia pelo menos isso. Soube que nunca esqueceria. Foi estúpido pensar que sair com ele ajudaria. Alex não pôde tirar seus olhos dela. Amava escutá-la dizer que nunca o esqueceria. Levantou seu queixo. — Sabe o que não entendo? Ela inclinou a cabeça. Estava tão adorável que teve que beijá-la. — Se sabe que nunca poderá me esquecer, por que não casa logo comigo? — Desta vez foi ela que abriu a boca sem palavras. Fechou e mordeu o lábio. Não conseguia dizer nada. Sentindo a irritação começar, Alex falou primeiro. — Para de inventar desculpas, Z. Seus lábios se levantaram lentamente. O coração dele pulsou e ela sorriu. — Está bem. Vamos fazer isso. Vamos nos casar. — O sorriso dela foi enorme. Alex sabia que seus olhos deviam estar tão grandes como pratos.
Tragou saliva, apenas capaz de digerir tudo. Valerie ia ser sua esposa, toda dele, para sempre. Se inclinou para beijá-la, mas parou. — Melhor que o telefone esteja desligado. — Está. — Ela riu. Com isso, voltou a se inclinar na cama e a levou com ele. — Sra. Moreno — Sussurrou antes de beijá-la profundamente. Quando finalmente a deixou respirar, ela sorriu. — Eu gosto — Sussurrou — Mal posso esperar agora. Alex a beijou, sabendo muito bem que não teria que esperar muito tempo. Teria certeza disso. Mas vamos as prioridades primeiro, com um puxão tirou sua calça.
Alex e Valerie entraram no restaurante de mãos dadas. Foram do aeroporto diretamente à casa de seu pai e logo depois para a casa dos país dele. Valerie parecia muito mais relaxada depois disso. Angel levantou a vista da mesa acomodada na parte dianteira, sem dúvida esperando ver os clientes. — Hey, como foi em Bermudas? — Lindo. — Valerie sorriu. — Como vai tudo aqui? — Alex perguntou enquanto ia para ele. Angel fez um gesto com a mão para ele. — Mais lento que nunca. Sarah estava encurvada, lendo algo no bar. Sal estava no outro lado do balcão, e olhou para cima enquanto iam para eles. — Quando voltaram meninos? — Faz algumas horas — Respondeu Alex, apertando a mão de Valerie. Sarah deu a volta e imediatamente se aproximou para saudar os dois com um abraço. Valerie afastou uma mecha de cabelo de seu próprio rosto e Sarah parou assustada. — O que é isto? — Agarrou a mão de Valerie e olhou boquiaberta o anel de diamantes de três quilates.
Valerie sorriu, mas não respondeu. Olhou para Alex. Sarah finalmente tirou seu olhar do anel e pôs sua atenção em Valerie. — Estão noivos? — Não — Respondeu Alex por ela. Sarah levou sua atenção ao Alex, agora confusa. — Então... — Estamos casados — Disse diretamente. A boca do Sarah caiu. — Estão o quê? — Angel perguntou, rodeando Alex para ver o que Sarah estava olhando. Deu uma olhada no anel de Valerie e logo virou para o Alex — Diga que está brincando. Sarah tinha sua mão sobre sua boca agora. A mão de Valerie seguia entre as suas, mas os olhos de Sarah iam entre Alex e Valerie. — Não é brincadeira — Falou Valerie finalmente — Nos casamos nas Bermudas. — Sal se aproximou para se unir ao resto do pelotão aturdido. Deu um olhar ao anel depois ao Alex. — Cara, mamãe vai se irritar. — Alex riu entre dentes. — Ela já fez isso. Acabamos de sair de lá. Estava um pouco irritada, mas superou bem rápido quando finalmente concordei em deixar que nos fizesse uma pequena festa. Ela e Sofia já estavam no telefone fazendo os planos antes que saíssemos. — Hahaha! — Zombou Angel — Mamãe e papai darão uma pequena festa? Boa sorte. Ela vai convidar duas possivelmente três centenas de pessoas. Alex franziu a testa. Sarah finalmente saiu do transe e deixou escapar um grito. Abraçou Valerie de novo e logo se levantou para abraçar Alex mais apertado que a primeira vez. Sarah virou para Valerie com um olhar acusador.
— Nem me disseram que estavam noivos. — Valerie riu e olhou para Alex. — Só noivamos alguns dias antes de ir as Bermudas. Foi realmente viver o momento. Seguro que foi. No momento em que Valerie concordou, a ideia esteve rondando na cabeça dele. No dia depois de que aceitou ambos decidiram que não queriam um casamento grande. A única maneira de conseguir era não contar a ninguém. Ele ajustou seu horário no restaurante dizendo a todos que Valerie precisava se afastar depois de todo o drama que passou, comprou em segredo o anel e reservou o voo. Não estava disposto a dar tempo para mudar de opinião. Casaram no dia que chegaram as Bermudas e logo passaram a maior parte do seu tempo em sua suíte. De lua de mel. Depois de uma rodada de abraços e uns quantos beijos para a noiva, sentaram ao redor do balcão para tomar uma taça em celebração. Sarah se sentou com Valerie, exigindo cada detalhe de suas pequenas bodas, mas muito romântica. Valerie estava fazendo todo o possível para agradá-la. Sal estava atrás do balcão diante de Alex. — Não posso acreditar que fez isso. O que aconteceu com todo mundo de repente? Meu amigo Jason acaba de se comprometer, também. Alex tomou um gole de sua cerveja. — Sério? Pensei que ele ainda estava na escola. — Está. — Sal levantou seu ombro — Suponho que não podia esperar. — Hey! — Alex virou para ver Romero entrar no restaurante de mãos dadas com Isabel — Qual é a grande surpresa? Valerie disse no carro que enviou uma mensagem a Isabel para se encontrarem no restaurante. Não mencionou que era uma surpresa. Ele trocou um olhar com ela e deu um sorriso diabólico. Valerie levantou seu
dedo no ar. Os olhos de Isabel se abriram como pratos. Virou para Alex e logo para Valerie. — Está noiva? Valerie sacudiu a cabeça com um grande sorriso em seu rosto. — Estamos casados. — Não brinca! — Isabel a abraçou logo que Valerie chegou nela. — Hey, homem. — Romero apertou a mão de Alex e deu uma palmada no ombro — Como pôde não me dizer? — Não dissemos a ninguém. Todo mundo soube hoje. Tomem uma cerveja. Celebrem conosco. — Alex virou para o garçom e levantou dois dedos. — Homem, vocês Morenos estão caindo como moscas. — Romero tomou as cervejas que Alex entregou e virou para Sal. —Isso significa que você é o próximo, chefe. — É óbvio que não. — Sal tomou um gole de sua própria cerveja — Tenho muitos planos antes de pensar em me estabelecer. Romero revirou os olhos antes de ir para Isabel com sua cerveja. — Sim, veremos. — Do que está falando? — Sal sorriu — Provavelmente é o próximo a cair. Valerie foi para eles. — Hey, ouvi isso. Sal saiu de trás do balcão e abriu os braços. — Só estou brincando. Não poderia estar mais feliz por vocês dois. Sei o quanto significa para este grande idiota. Ele a apertou um pouco forte, esfregando suas mãos por todas suas costas e sorrindo pra Alex. Alex alargou sua mão.
— Pode parar Sal, já é o bastante. — Sal começou a rir, a soltando. — É muito fácil te irritar pequeno irmão. — Engraçado. — Valerie sorriu enquanto Alex a puxou — Acho que nunca ouvi ninguém te chamar de pequeno. Sal começou a rir, e estava a ponto de dizer algo quando Angel se aproximou por trás de Valerie e interrompeu. — Vocês dois, têm certeza que não há outra razão para este casamento repentino? Valerie virou para ele, obviamente não entendendo onde ele queria chegar. Alex apertou sua mão e empurrou Angel. — Não, idiota. Mas agora que estamos casados não vejo nenhuma razão para não tentar. — Finalmente entendendo, Valerie riu. — De maneira nenhuma. Cada coisa a seu tempo. Alex riu e a beijou. Ficaram mais um tempo e logo se despediram. A felicidade que ele sentia era um pouco esmagadora. A vida não poderia ser melhor. Ficou furioso quando Valerie recebeu uma ligação de Luke em sua lua de mel. Mas depois de escutar o correio de voz, se sentiu melhor. Valerie foi a sua segunda entrevista no dia antes de viajarem. Luke ligou para dizer que conseguiu a vaga. Alex teria que aguentar seu trabalho com ele só mais alguns meses. Uma vez na caminhonete se inclinou e a beijou. — Sabe, não estava brincando aí dentro a respeito de nós tendo um bebê. A boca do Valerie se abriu. — Alex eu juro, você é impossível. Podemos nos acostumar com o casamento primeiro? — O que tem para se acostumar?
Ela começou a rir em voz alta, pondo sua mão na coxa dele e logo a subindo um pouco mais, com uma expressão cada vez mais séria. — Quero ter filhos Alex. Um monte deles. Prometo isso. Mas não agora. Ele a teve dia e noite durante os últimos cinco dias seguidos e seu toque ainda o incendiava. — Um monte né? Parece que vamos precisar de um monte de prática então. — A beijou de novo, como se não o tivesse feito em anos. Era uma boa coisa que já estivessem casados, porque ele não conseguia se imaginar sem ela.
Toda sua vida, Sofia Moreno teve que lutar com seus irmãos super protetores. Com três irmãos autoritários sempre à espreita, nenhum menino se atreveria a se aproximar dela. Por sorte para ela, o menino que tinha seu coração sempre esteve a seu alcance: o melhor amigo de seu irmão, Eric. Embora a lealdade dele com seus irmãos seja profunda, Sofia sabe que não há muito que ele possa fazer antes de se render a ela. Dois anos mais velho que ela, Eric Diego sempre soube que sofreria se se envolvesse com a irmã mais nova de seu melhor amigo. Através dos anos observa como floresce a uma jovem linda justo diante de seus olhos. Com uns enfurecidos hormônios adolescentes e Sofia mais que disposta, Eric se compromete ao impensável. Um proibido romance secreto. Sentindo emoções e uma paixão febril que é nova para ambos, nenhum está preparado para quão rápido seu romance sai de controle.
A respeito de mim?
Bom, nasci e cresci e continuei vivendo no
ensolarado sul da Califórnia. Estou casada e tenho dois maravilhosos adolescentes. Meu amor pela escrita começou quando era só uma menina, entretanto, nunca tive algum sonho ou aspirações de fazer isto para viver. Então chegou a época dos eReaders e vi a oportunidade de escrever ao mundo que lê sem saltar através de aros e ir além da burocracia de tentar de ser publicado tradicionalmente. A série Moreno Brothers mudou literalmente minha vida. Agora me levanto para ir trabalhar a poucos metros de minha cama. 5th é minha segunda série com 2 outs do Noah e Gio e dois ainda estão por vir. Atualmente estou tirando uma folga de 5th Street para trabalhar em minha próxima série Fate, um spin-off da série Moreno Brothers. O primeiro dessa série Fate (Vence é a história de Rose do Making You Mine) sairá este ano. Eu adoro escutar de meus leitores e tento sempre de responder logo que é possível, mas se houver uma pergunta que se faz uma e outra vez, em vez de responder vinte vezes, vou publicar em minha página de perguntas frequentes! Finais deste ano será uma loucura para mim entre me manter ao dia com a resposta ao MYM e me preparando para meu tour blog, estarei
muito ocupada então, por favor, tenham paciência comigo se não for rápida em responder a suas mensagens/comentários. Também pode ser meu amigo no GoodReads! Obrigado por ler