SESSÃO MATÉRIA Fotografia
Fotomicrografia
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Ilustração
Bicicleta Sem Freio
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Marcus.vs.silva
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Nada se cria do nada
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Inspiração
Graphic Exchange
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Tipografia
Arte tipográfica
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Embalagem
Coca-Cola azul
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Como os designers podem usar os recursos de modo eficiente?
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Portfolio Design & Criação
Processos de Impressão
Ponto – nº01 – 2010 Projeto Gráfico: Marcus VS Silva e Rangel Sales Diagramação: Marcus VS Silva Supervisão: Rangel Sales Tiragem: 1 exemplar
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Fotografia
Fotomicrografia por Joana Stichini Vilela
é uma técnica fotográfica de obtenção de imagens ampliadas por meio de lentes ópticas poderosas que permitem observar detalhes de estruturas não visíveis à vista desarmada, tais como células e micróbios. As fotomicrografias são, aliás, material de trabalho. “Há quase 30 anos que tiro fotografias pelo microscópio para observar os processos que vão acontecendo nas células vivas”, conta um cientista. Os fotógrafos muitas vezes tratam as imagens com, substâncias fluorescentes, técnicas mistas ou luz polarizada (técnica utilizada nas fotografias da página seguinte). r
vitamina c aspirina não identificado
enxofre enxofre vitamina c
vitamina c não identificado aspirina
enxofre aspirina aspirina não identificado tartrate de hidrogênio de potássio enxofre
Fotografia
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Ilustração
Bicicleta Sem Freio por Enrico Vacaro
Militantes da cena goiana, os integrantes do coletivo Bicicleta Sem Freio vivem o cotidiano rock de sua cidade – são ligados ao selo Monstro e aos festivais da abrafin - e como aponta Renato Reno, um dos três integrantes, sua arte possui “muito fetiche e lindas garotas”. Seus dois parceiros, Douglas de Castro e Victor Rocha são integrantes do Black Drawing Chalks. por Enrico Vacaro
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Ilustração
flickr.com/photos/ bicicletasemfreio
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Portfolio
Se este parágrafo se assemelhasse com o sujeito das minhas sentenças, eu ousaria dizer que ele não passaria de uma linha. É desse modo simples e prático que me remete a imagem desse designer. Que sorte a dele trabalhar comigo, que sorte a minha poder resigná-lo sempre que me faltam (ou mesmo quando me sobram) referências, idéias e projetos. Alguém para empilhar, selecionar, opinar, criticar e enxugar uma vastidão de Brain Storms que ainda precisam de forma. Ele insiste em deixar tudo mais simples, e é claro, o mais claro possível. “Você repetiu a palavra claro na sentença anterior”, ele diria. Por fim, pelas incontáveis horas de discussões, pelas intermináveis referências, pelos apelos de socorro atendidos, pelas opiniões, pela percepção e pelo bom gosto, não vou deixar o sujeito do meu parágrafo oculto. Marcus Vinicius, um profissional e sujeito simples, indeterminado, subentendido e amigo. r por Filipe Costa
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Portfolio
http://backend. marcusvssilva. carbonmade.com/
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Criação & Design
por Guilherme Sebastiany
Nada se cria do nada
A idéia da criação em Design como um ato instantâneo, quase divino, está muito longe de retratar a verdade. Levou mais de 100 mil anos para o homem primitivo, à partir das referências de seu ambiente, descobrir como dominar o fogo, e apenas poucos anos para o mesmo homem transformar a internet que conhecemos hoje. Ao olharmos para o último século, fica óbvia a crescente aceleração pela qual passou a área tecnológica. Similarmente, nas artes, foram séculos até o surgimento do impressionismo, mas poucas décadas até sua “superação” pelo expressionismo. Hoje, quase meio século após o revolucionário New Look de Dior, que marcou uma década, a moda é substituída continuamente por coleções que duram pouco mais que alguns meses. A aceleração das possibilidades criativas só é possível nesta escala, pois são também mais amplas as referências, em um mundo onde nosso repertório cresce em progressão geométrica.
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Criação & Design
Na universidade, exigimos e julgamos os trabalhos acadêmicos mais pelos resultados do que pelos processos. Premiando efeitos pontuais, sem garantias que a mesma qualidade possa ser reproduzida em projetos subsequentes do mesmo autor ou autores. Legitimamos assim o insight tão importante pontual e individual, que a ser confundido com a para o designer a etapa passa idéia superestimada de dom, de pesquisa na geração de criatividade ou mesmo sorte. parâmetros e referências, Características que não garantem nem a sobrevivência do ou para criações de novos produto, nem de seu autor, no mercado atual. produtos”
Não vou questionar aqui as demandas crescentes de consumo na contemporaneidade. Isso fica para outro artigo. Mas é importante compreendermos como a pesquisa pode auxiliar nossos projetos e gerar a tão desejada diferenciação através do design…. Seja na marca da empresa, seus produtos, “nunca foi embalagens etc.
Não é de se estranhar que os primeiros projetos de televisores se parecessem tanto com os rádios do mesmo período. Afinal o que é o televisor aos olhos de seu inventor, se não um rádio com imagens? Até hoje os fornos de microondas em nossas casas fazem referência aos já aposentados fornos elétricos. Também não surpreende, em um mundo onde novas empresas são abertas diariamente, que as tantas marcas se pareçam tanto.
Neste cenário nunca foi tão importante para o designer a etapa de pesquisa na geração de parâmetros e referências, ou para criações de novos produtos (seguindo uma tendência natural da categoria); ou para conhecer os demais concorrentes e fazer justamente o oposto; ou mesmo para compreender de que maneira linguagens de outras categorias possam ser “emprestadas” e ajustadas à produtos novos. No entanto, ignorar a pesquisa como etapa importante de uma metodologia, principalmente em projetos voltados para diferenciação, é tão leviano quanto comum.
A sensação que permanece é que seria mais legítimo, e “criativo” (ou mais fácil), reinventar algo revolucionário como a roda, sendo ignorante de sua existência, do que repensar os meios de transporte para chegar a conclusão (ou não) de como aperfeiçoá-los, mesmo que apenas um pouco. Precisamos assim compreender que só há desenvolvimento futuro à medida que reconhecemos a pesquisa como principal ferramenta para inovação. Aceitando assim que pesquisar é conhecer, referenciar é reconhecer, e criar é apenas o resultado deste processo. r
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Inspiração “Eu sou Fabien Barral. Eu sou um designer gráfico. Eu sou apaixonado com imagens e design gráfico. Eu sou uma casa no interior de Auvérnia, França. Eu sou um marido e eu amo minha esposa. Eu sou um pai e eu amo minha filha. Eu não sou os clientes com os quais eu trabalho, eu sou a arte que eu crio com eles. Eu sou o que eu crio. Eu crio o que eu sou.”
por Dardna
Um poço de inspiração, Graphic-Exchange é o blog mantido em inglês pelo françês Fabien Barral com uma seleção dos seus favoritos em diversas áreas: design de objeto, embalagem, web, etc. Destaca-se o conceito bem interessante (que muito provavelmente está por detrás do nome e talvez devesse ser aplicado a uma escala maior), em que ele se propõe a enviar amostras de algum do seu próprio trabalho impresso a quem quiser enviar para a troca. Merece uma visita! Nas próximas páginas apresentamos uma galeria com o que há de melhor no site. r
Inspiração
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Inspiração
Tipografia
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A tipografia é uma das artes mais criativas, pois une formas, sombras, tridimensionalidade e ilustrações a palavras e letras. Não tratam-se apenas de simples desenhos, pois você pode ver significados profundos nessas imagens, reforçados pelo uso da tipografia. r
Tipografia
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Tipografia
Para ver mais exemplos visite www.typographicposters.com
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Embalagem
azul
por Daniel Campos
Embalagem “O problema exigia medidas drásticas, que acabou culminando na regionalização da comunicação de um produto que tem uma comunicação mundial” Não não, você não está vendo uma miragem tampouco é daltônico. Isso é real! Se trata da lata da Coca-Cola na cor azul, uma edição especial e única para o Festival de Parintins, no Amazonas. O festival folclórico que só perde em tamanho para o Carnaval, acontece todo fim de junho onde Caprichoso (representando pela cor azul) e Garantido (representado pelo vermelho) se enfrentam para ver quem é o melhor bumbá. Durante as três noites de festa, a cidade fica literalmente rachada ao meio com placas, postes, casas, tudo pintado nas cores de cada boi, demarcando seus territórios que se dividem no Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes, mais conhecido como “bumbódromo”, onde as facções se encontram para belíssimos desfiles. E a coisa lá em Parintins é levado a sério: quem usa vermelho, nem quer saber de azul e os azuis enxergam no vermelho a cor do cão! Até as notas dadas pelos juizes são registradas em caneta verde e é terminantemente proibido pronunciar o nome do adversário, sendo apenas chamado de “o contrário”. De alguns anos pra cá, a festa tomou proporções internacionais e grande empresas estão patrocinando o evento, entre elas a Coca-Cola. Porém, o titã dos refrigerantes encontrou um problema seríssimo de ordem diplomática: os seguidores do Caprichoso não consumiam a Coca pela cor vermelha, que em suas cabeças dava total conotação a turma do Garantido. Isso começou causar problemas a Coca pois os caprichosos deixam de consumi-la e caiam nas graças da eterna rival Pepsi que, coincidentemente, é azul. t
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Embalagem O problema exigia medidas drásticas, que acabou culminando na regionalização da comunicação de um produto que tem uma comunicação mundial: em decisão inédita e única em mais de 100 anos da empresa, a coca lançou a sua lata na cor azul! Com autorização da matriz em Atlanta – eua , pra não perder market share para a concorrente, são feitas a latas azuis, azul e vermelha (meio a meio) e as normais vermelhas. E não somente a cor, mas toda a divulgação visual passa por uma mudança radical também. Uma amostra de como o produto e/ou o marketing precisam se regionalizar para vender e isso incide diretamente no logotipo, na identidade visual que a empresa possui. Uma coisa interessante: repare que o azul que a Coca usa é um tom claro. Claramente uma escolha proposital, pois a Pepsi usa um tom de azul mais forte. Mesmo usando a mesma cor do concorrente, busca-se a individualização na mente do consumidor.
20 Algumas outras empresas que também patrocinam o festival adotaram estratégias semelhantes, como a Kaiser, que produziu especialmente para o evento garrafas e latas diferenciadas: r
Processos de Impressão
ecoficiente
por Ricardo Martins
Designers gráficos podem contribuir para o uso mais inteligente e ecoeficiente dos recursos por meio de 3 passos simples: desenvolvendo uma consciência do impacto ambiental causado pelas suas decisões, educando seus clientes e a sociedade para a importância do desenvolvimento sustentável e, logicamente, re-avaliando seus próprios processos, lembrando que design ecologicamente correto não implica em grandes decisões, mas pequenas escolhas feitas com consciência ambiental. A principal atividade do designer gráfico é a comunicação visual, que é a transmissão de mensagens visuais que podem se apoiar em diferentes suportes, como papel, plástico, madeira, materiais de relevância ambiental. Os designers ainda se valem de recursos gráficos que tem implicações ecológicas, como a plastificação e aplicação de vernizes em papéis, o uso de materiais não-biodegradáveis em embalagens e tinta com cov (componentes orgânicos voláteis). Outros profissionais de comunicação também abusam do uso do papel, desperdiçando-os de modo inconseqüente. Citamos a seguir algumas maneiras como os designers gráficos poderiam ajudar a reduzir os prejuízos decorrentes das suas decisões ligadas à prescrição e solicitação do uso de papel, plástico e tinta em seus trabalhos. t
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Processos de Impressão Tinta Os designers deveriam usar a cor de modo responsável, somente nos lugares onde seu uso fosse imprescindível. Já foi provado que a cor tem grande influência persuasiva e efeito emotivo sobre o ser humano. No entanto, muitas pessoas usam cor pelo simples prazer de usá-la ou ainda porque é um recurso disponível e aparentemente não-prejudicial, o que é um engano. Muitos materiais com cunho meramente informativo seriam ótimos candidatos a terem suas exigências de cor revistas. Os designers devem aprender que a cor tem um preço (poluição por metais pesados) e que, embora pago a longo prazo, não aceita calote.
Papel Os designers aprendem que a única preocupação na escolha de formatos de papel é a financeira. Alguns formatos permitem um aproveitamento maior da área útil. Muitos designers escolhem esses formatos porque isso tem um reflexo no preço pago às gráficas e não porque usar menos papel é uma prática ecoeficiente. Os designers também poderiam estudar maneiras de reaproveitar, por exemplo, o verso branco de materiais já impressos, seja para rascunhos, seja para novas impressões, como no caso de grandes cartazes que usam enormes áreas de papel e desperdiçam seu verso. A impressão de documentos só na frente das folhas deveria ser questionada e repensada. É muito cômodo usar apenas a frente do papel, já que não é necessário virá-los para serem impressos no verso. Em apenas um ano 260 milhões de folhas tamanho carta são jogados fora nos eua. Se o verso fosse usado, a economia seria de 130 milhões de folhas, sem contar a redução do volume ocupado pelos documentos, que obriga a construção de mais móveis e novamente mais consumo de madeira.
Embalagens O projeto de embalagens para acondicionamento de produtos deveria ser encarada pelos designers como uma atividade de grande responsabilidade. Seu uso deveria ser comedido e vinculado a interesses ambientais, atitude justificada pela redução dos riscos de contaminação e dano à ecologia.
Conclusão São inúmeras as possibilidades de uso ecoeficiente dos recursos, considerando-se todo o ciclo de vida dos produtos, ou seja, sua criação, uso e descarte. Este é um excelente campo para estudo por parte de todos os profissionais, principalmente os designers gráficos cujas atividades tem tão grande relevância econômica e ambiental dentro do desenvolvimento sustentável. Visto que este desenvolvimento deve ser local, as iniciativas regionais, partindo de pequenas regiões, ou pequenos grupos, podem ter reflexo positivo e crescente. Esperar que os outros façam sua parte primeiro, ou que apenas o governo e o Estado tomem a iniciativa, é tão ruim quanto achar que por podermos fazer só um pouco então não devemos fazer nada. r
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