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& ESPANHOLA - acrílica sobre tela - Mônica F. Pena

REVISTA EXPERIMENTAL - nº 1 - Março/2010

Nesta edição: FOTOGRAFIA ILUSTRAÇÃO PORTFÓLIO CRIAÇÃO E DESIGN INSPIRAÇÃO TIPOGRAFIA EMBALAGEM PROCESSOS DE IMPRESSÃO



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CRIAÇÃO E DESIGN

SUMÁRIO

Design: Moda ou Estilo? Ousadia e estética são os únicos requisitos de um bom design?

EXPEDIENTE

Criação, diagramação e Redação: Mônica Ferreira Pena Colaboração: Jorge Leal Orientação: Rangel Sales A revista ART&FATO é um trabalho acadêmico do SENAI - Cecoteg

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FOTOGRAFIA

Conheça os trabalhos de alguns concorrentes do Prêmio Sony de Fotografia Mundial

ILUSTRAÇÃO

Charge: A sociedade em 3 x4

PORTFÓLIO

Mônica F. Pena, Artista Plástica, Designer e Educadora Social

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TIPOGRAFIA

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EMBALAGEM

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PROCESSOS DE IMPRESSÃO

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INSPIRAÇÃO

Dicas de quem entende do assunto

Letra serve só para escrever? Descubra como usar tipografia em composições incríveis

O hábito que faz o monge Como valorizar o visual de seu produto

Forma e função: do objeto à letra


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FOTOGRAFIA

Prêmio Sony

fotografia “Assim como nos anos passados, o grande número de inscrições em todo o mundo nos impressionou e nos lembra de como a fotografia é uma forma universal de expressão criativa” Astrid Merget. World Photography Organisation

Sony World Photography Awards 2010 anunciou as 190 fotógrafos finalistas da competição deste ano. Ao todo, foram enviadas mais de 80 mil fotografias para o concurso, que premiará as melhores fotos em 12 categorias profissionais e nove amadoras. Entre as categorias estão moda, esportes, artes

Acima, à direita:

DECORAÇÃO SURI

plásticas, música e história natural. Entre os finalistas deste ano estão fotógrafos já

do israelense Pavel Wolberg

premiados no passado e também finalistas de

Ao lado:

CARAMUJO, do chinês E. Zhang

LEI DE ATRAÇÃO do bielorrusso Vadim Nardim

Ao lado:

SONHOS do espanhol Diego Carlos Cortes Escribano

edições passadas.


Prêmio Sony de Fotografia

5 Respectivamente: Simpatia, iraniano Mohammad Golchin

NADADOR DE 80 ANOS, do australiano Graig Golding

ESPELHO, do brasileiro Leonardo Giannetti

BASQUETE VOADOR do turco Mustafa Ipek

PAIXÃO DE CRISTO do brasileiro Calil Elias Neto

RUSSELA FABULOSA, do francês Gregoire A. Meyer

EMOÇÕES CONFLITANTES do indiano Sandipan Mukherjee

EXTRAVAGÂNCIA do russo Alex Chebotar


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ILUSTRAÇÃO

Charge

A sociedade em

3x4

Quando se fala em charge, a maioria das pessoas pensa em humor às custas de alguém que apareceu recentemente na mídia. É correta esta visão, mas apenas em parte. A charge é uma reportagem visual, sintética e bem humorada do cotidiano e está circunscrita em seu tempo e cultura. Qualquer situação inusitada pode dar origem a ela. Na charge ao lado, por exemplo, a autora faz piada com a dificuldade de se retirar as sujidades dos medalhões do altar-mor da Igreja de Santa Luzia, onde ela trabalhou como auxiliar de restauração. Todas as situações-limite na obra viraram charges antes que ela e sua chefe se estrangulassem ou saíssem no tapa. O chargista é aquele que, diante das dificuldades, “prefere rir para não chorar”. Reporter do

cotidiano, procura sensibilizar as pessoas para o ridículo ou absurdo de coisas que deveriam incomodar, mas acabaram banalizadas até se tornarem invisíveis. Como reporter, o chargista está sempre atento aos acontecimentos de seu tempo: aquecimento global, guerras que podem destruir o planeta, crimes hediondos contra o indivíduo ou a sociedade, despotismo, genocídio, corrupção ou perda de valores morais. Tudo é matéria prima nas mãos desses artífices do humor e da consciência coletiva.


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ART&FATO

O último dos moicanos

Il Pagliacci II

Millor Fernandes, um dos maiores chargistas e cronistas sociais brasileiros, conhece como ninguém a natureza humana. Culto, inteligente, muito vivido, e antenado com seu tempo (e o dos outros também, diga-se de passagem), torna-se referência histórica dos nossos tempos. Crítico mordaz da sociedade e dos costumes, nunca poupou os políticos e suas trapalhadas. Apartidário, ridiculariza gregos e troianos: da ditadura militar à esquerda festiva, do empresário à dona de casa. Nessas três charges ao lado, podemos sentir o poder de sua pena ferina.

Ilustrar é muito mais que desenhar, colorir. É expressar, capturar a alma das coisas, dar sua opinião sobre elas. Livre pensar nem tão livre assim

Pode-se fazer piada com qualquer coisa que incomoda: a baixa qualidade da educação, o aquecimento global, a energia atômica usada de forma irresponsável, a insensibilidade dos poderosos


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PORTFÓLIO

Mônica F. Pena “A arte não é uma opção do artista. Eu diria mesmo que é ela que o escolhe, que desvela os seus olhos diante da beleza da vida”. Licenciada em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais em 1993 e educadora desde sempre, Mônica Ferreira Pena nunca teve uma trajetória linear. Curiosa, gosta de estudar , de ler, de saber como as coisas funcionam. Por isso faz de tudo um pouco: pinta, borda, desenha, costura, aconchega, restaura, conserta. Sempre achando que

Sorriso de Mona Lisa - grafite

ainda sabe pouco. Nunca para de estudar. Atualmente faz o curso técnico de Design Gráfico no Senai, porque quer ter uma visão menos autoral, mais próxima do que exige o mercado.

Objetos do cotidiano revelam sua luz e seus mistérios através da aquarela.


ART&FATO

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Portfólio é o album de recordações do artista, seu diário secreto.

O material empregado na ilustração e o tipo de traço - delicado ou solto, transmitem sensações de movimento, melancolia, suavidade ou força.

Menino Negro - giz de cera

Cavalo em fuga - carvão

Nestes exemplos ao lado, feitos com giz de cera e nanquim, podemos perceber a importância do traço na expressão gráfica.


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CRIAÇÃO E DESIGN

design:

moda ou estilo? “O ato da criação traduz-se na angústia do abismo entre o objeto idealizado e a nossa capacidade de concretizá-lo” Andy Warhol

Então o que é design? É projeto! Como projeto, deve possuir critérios e seguir etapas, por mais inovador que seja seu conceito. O design deve aliar forma e função, ergonomia, qualidade e sustentabilidade. Aliar estética à

Nesta página, podemos ver exemplos de projetos funcionais (cadeiraescada, suporte para tomadas), e projetos que possuem conceito de sustentabilidade social e ecológica: o sofá de papelão e o de sobras de espuma e retalhos de tecido aliam bom humor e criatividade.

DESIGN, o modismo da vez, é muitas vezes con-

funcionalidade; ser de fácil manuseio e arma-

fundido com arroubos delirantes da expressão

zenagem; construído com materiais adequados

estética pessoal. Alguém cria uma cadeira de

que garantam sua eficiência, segurança e vida

galhos e diz que é design de sustentabilidade.

útil compatível com o uso, além de sustentabili-

Design não é moda, é projeto. Um objeto bem

dade ecológica e social. São condições presentes

projetado pode até cair no gosto das pessoas e

em um projeto realmente bom. Um bom de-

virar moda, mas algo produzido apenas para ter

signer deve ter o senso crítico e pragmatismo

um valor estético ou um desenho arrojado tam-

do cientista, a ousadia do artista, a dedicação e

bém não é design. Usar materiais dispendiosos e

disciplina do operário, a sutileza do poeta.

nobres para produzir algo sem melhoria de sua função é desperdício. É apenas luxo, ostentação. Isso não é design.


ART&FATO

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Existem designers de móveis que focam em criar peças modernas, diferentes e bem humoradas. Ambientes pequenos exigem criatividade na hora de mobiliar. Nos países onde o espaço urbano é excessivamente povoado, como o Japão, cada metro quadrado deve ser criteriosamente ocupado. Como aliar ergonomia, economia e funcionalidade? Com um bom projeto, claro! Hoje tornou-se comum ambientes e móveis serem multifuncionais: sofás-cama; cadeiras-escada; banheiros e camas embutidos na parede; mesas com fogão, pia e geladeira embutidos.

Um design pode ser divertido, bonito e funcional.

Um desenho inteligente é como uma roupa clássica: nunca sai de moda.


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INSPIRAÇÃO

Dicas

de quem entende do assunto Quando se trabalha com criação, como é o caso do designer, é imprescindível conhecer tudo - ou o máximo possível - do que anda acontecendo culturalmente no mundo. Quanto maior o repertório (conjunto de referências) de um profissional, maior sua possibilidade de encontrar

Bibliografia para quem quer aperfeiçoar o seu talento

soluções rápidas, eficientes e inovadoras para seu cliente. Conhecer um pouco sobre os vários segmentos sociais (o que cada tribo ou nicho de mercado pensa, gosta/não gosta, o que consome - como, quando e onde) facilita achar o caminho da persuasão, do encantamento, do despertar do desejo desse consumidor. Isto não significa que o designer é um mercenário que só visa o lucro - seu e do seu cliente. O designer é antes de tudo um formador de opinião e como tal deve fazer seu trabalho de forma consciente e responsável. Obter referências dos experts, aqueles que descobriram o caminho das pedras, economiza tempo e esforço preciosos num mercado extremamente competitivo.

Esse livro explora de forma criativa vários princípios da composição utilizando apenas tipografia. Livro experimental baseado no texto do escritor Italo Calvino “As cidades invisíveis”. A cidade escolhida foi Marósia: “Marósia consiste em duas cidades: a do rato e a da andorinha; ambas mudam com o tempo; mas não muda a relação entre elas: a segunda é a que está para se libertar da primeira” A proposta é passar sensações de dimensão, textura, linha e superfície, entre outras conceituadas no texto, através da composição tipografica.

Marósia Autora Carolina Menezes

Capa - Cidade A3


ART&FATO

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Apesar de, por algum motivo, ser usado quase que exclusivamente,para trabalhos de fantasia e ficção científica, o Corel Painter é um software de ilustração elogiado por artistas do mundo todo por suas cores realistas e ferramentas versáteis. Nesse livro, os autores organizaram 200 trabalhos que mostram a grande variedade de estilos que pode ser obtida com o programa. Trabalhos editoriais, ilustrações abstratas e retratos foram dispostos em capítulos, com legendas que analisam de forma sucinta os estilos de cada artista. Painter - The WorlcPs Finest Painter Art Autores Daniel Wade e Paul Hellard Preço US$ 60 (aprox. R$ 100) Editora Ballistic Publishing ISBN 9781921002182

Esse livro ilustra uma tendência artística recente: a de voltar às raízes e usar as mãos para fazer arte. Mostrando o trabalho de 45 ilustradores do mundo todo, Angus Hyland e Roanne Bell organizaram uma seleção de peças compostas de linhas vetoriais rústicas e elementos monocromáticos. A obra mostra como até mesmo os trabalhos mais complexos começam como simples esboços e reforça a noção de que o verdadeiro talento artístico está na imaginação e na execução, e não em filtros e efeitos digitais. Um livro extremamente interessante, recomendado para qualquer mente criativa. Hand to Eye - Contemporary lllustration Autores Angus Hyland e Roanne Bell Preço R$ 81 (Livraria Cultura) Editora Laurence King ISBN 1856693392

The Upset mostra como a arte urbana e a ilustração se mesclam à arte clássica para criar uma nova e interessante tendência visual. Por meio de excelentes estudos de caso e análises interessantes dos temas figurativos e narrativos que permeiam cada peça, o livro mostra como novos artistas estão combinando técnicas tradicionais de ilustração com tinta spray, canetas e paletas de cores ousadas, criando trabalhos únicos e muito ricos visualmente. Para completar o pacote, a obra traz entrevistas e artigos sobre os artistas, revelando seus pensamentos criativos e explicando seus métodos de trabalho. The Upset:YoungContèmporaryArt Autor R. Klanten Preço R$ 163,24 (Livraria Cultura), R$ 180,90 (Livraria da Travessa) Editora DGV ISBN 9783899552218


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INSPIRAÇÃO A maioria das ilustrações começa nas páginas dos sketchbooks. Nesse livro, o jornalista Richard Brereton mostra os cadernos de rascunho de alguns dos artistas mais importantes do mundo, revelando o processo criativo de cada um. A obra é composta por seleções de trabalhos brilhantemente fotografados, que criam uma bela vitrine das mentes criativas de artistas como Peter Saville, Fuel e Boris Hoppek. Uma fascinante fonte de inspiração para designers, ilustradores e artistas gráficos.

Sketchbooks:The Hidden Art of Design, lüustrators and Creatives Autor Richard Brereton Preço R$ 81 (Livraria Cultura); R$ 96 (Livraria Central Livros Técnicos) Editora Laurence King ISBN 978185669 582 4

Angus Hyland é diretor de criação e sócio da agência Pentagram. Uma de suas melhores qualidades é a habilidade de selecionar ótimos ilustradores para campanhas publicitárias. O diretor prova isso nessa brilhante coleção de ilustração contemporânea. A obra é uma extensa pesquisa no assunto, organizada por estilos e locais de origem dos artistas. O trabalho de cada ilustrador é bem acompanhado por um autorretrato e breves perfis que revelam suas técnicas e influências. No entanto, são as ótimas análises de Angus que valorizam o livro, pois nelas ele mostra ao leitor exatamente o que os diretores de criação do mercado atual estão procurando. The Picture Book Autor Angus Hyland Preço R$ 81 (Livraria Cultura), R$ 86,20 (Livraria Siciliano) Editora Laurence King ISBN 186694674

Jack Harris e Steve Withrow focaram no fato de a ilustração comercial ser o verdadeiro ganha-pão de muitos artistas quando escreveram essa obra prática e muito informativa. Os autores traçam um panorama honesto, direto e objetivo do atual mundo da ilustração comercial, cobrindo tópicos como imagens vetoriais, tipografia, desenhos técnicos, ilustração editorial, branding e publicidade. Além disso, o livro traz dicas de lllustrator e CorelDRAW. Uma ótima obra de referência para quem quer ser artista freelancer. Vector Graphics and lllustration: A Master Class in Digital ImageMaking Autores Jack Harris e Steve Withrow Preço R$ 97,20 (Livraria Cultura) Editora RotoVision ISBN 9782888930112


TIPOGRAFIA

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tipografia experimental experimental A proposta é passar sensações de dimensão, textura, linha e superfície, transparência, entre outras, através da composição tipografica.

Sobreposição

Andorinha

Na maioria dos casos, uma composição tipográfica deve ser especialmente legível e visualmente envolvente, sem desconsiderar o contexto em que é lido e os objetivos da sua publicação. Em trabalhos de design gráfico experimental (ou de vanguarda) os objetivos formais extrapolam a funcionalidade do texto, portanto questões como legibilidade, nesses casos, podem acabar sendo relativas. No uso da tipografia experimental o interesse visual é priorizado em detrimento do conteúdo e realizado através da escolha adequada de

Marósia

fontes tipográficas, composição (ou layout) de texto, a sensibilidade para o tom do texto e a relação entre texto e os elementos gráficos na página. Todos esses fatores são combinados para que o layout final tenha uma “atmosfera” ou “ressonância” apropriada ao conteúdo abordado. A tipografia experimental extrapola os limites do texto, partindo para a ênfase no contexto. Nos exemplos a seguir, Carolina Menezes, em seu livro “Marósia”, explora - de forma hábil e delicada - princípios da composição clássica usando tipografia, não como apenas componente de palavras mas como elemento visual, como ilustração.

Dinâmico - Movimento


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TIPOGRAFIA Textura

TransparĂŞncia

Forma e contra-forma

Tonalidade


ART&FATO

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Ilustração

Libélula

Dimensão

Linha e superfície

Sobreposição


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EMBALAGEM

embalagem o hábito que faz o monge

“Você precisa saber o que os consumidores querem para criar uma embalagem que os convença de que é aquilo que eles querem” Doug James

fez dos consumidores pessoas mais exigentes e preparadas para avaliar o nível de seus produtos e embalagens. Assim, recai sobre elas o dever de atender às necessidades do cliente, que invariavelmente são metas comerciais cada vez maiores, e satisfazer ao público consumidor cada vez mais ávido por qualidade, informação e, de tempos pra cá, notadamente perceptivo das múltiplas sensações fornecidas pelo design por meio das embalagens. Existem muitas ‘verdades do varejo’ que nos levam a acreditar no sucesso de embalagens multicoloridas, multiformatadas, com títulos e ilustrações enormes, gritantes. Isso vende até o momento em que o consumidor ficará tão saturado que desejará

Muitos objetos são produzidos para ser um

algo no sentido oposto: simples, suave e pesso-

símbolo de bem-estar, de luxo ou de status.

al, que gere pequenas sensações de dentro pra

Esses não são objetos de design, pois o de-

fora e não o contrário. O consumidor mais exi-

sign não se ocupa dessas frivolidades com as

gente costuma preferir visual limpo e elegante,

quais muitas pessoas gastam tanto dinheiro.

que transmite status. Uma boa embalagem tem

Com a forte exigência do mercado por resulta-

que cumprir várias funções ao mesmo tempo:

dos, o setor de embalagens é um dos que mais

proteger o produto, ocupar o mínimo espaço

sofrem. A cada passo dado pelo concorrente, as

necessário na armazenagem, ser produzida com

empresas se desdobram para recuperar o ter-

materiais adequados e social e ecologicamente

reno perdido. A enorme difusão de informação

responsáveis (não poluir ou onerar o ecossistema desde sua extração até o descarte), ser de fácil manuseio e transporte, não onerar o produto final e conquistar o desejo do consumidor.

Um fino envelope de celofane guarda uma surpresa: transforma o conteúdo (duas bolas de chiclete) em uma miniatura Maneki Neko. Cada envelope forma uma expressão diferente.


ART&FATO

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Chocolate Green & Black’s: embalagem simples e original em que há uma cor dominante nova ao se girar a caixa, permitindo um delicioso jogo de montar como este.

Chocolate postal: compartilhe as lembranças de suas viagens com seus amigos de forma gostosa e criativa

“Os consumidores têm o poder de escolha, e o papel da embalagem é inspirá-los a comprar determinado produto.”Doug James, co-fundador da Honey Creative

Nova – café instantâneo, em três versões: clássico (100% cafeína); descafeinado com ervas sedativas; e energético (200% de cafeína).

Coca Cola conceito

Latas em estilo RETRÔ

Abaixo, respectivamente: Embalagem de macarrão com visor e Kit de emergência para viagens feminino


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EMBALAGEM

PROPAGANDA AMBULANTE

por Fabíola Tarapanoff

Um outdoor na rua e no shopping Esse é o conceito que define uma sacola promocional, segundo a designer e diretora de arte da Etcetera Comunicação, Lina MacDowell Borges. Para criação de uma sacola ela sempre leva em consideração o produto, as tendências e cores da moda,

Sacolas promocionais divulgam a marca da empresa e fortalecem a imagem do produto

armazenamento e perfil do consumidor para o qual a sacola é direcionada. Depois de definido em um briefing o público-alvo, o objetivo e a finalidade da sacola, começa a fase de produção estratégica, em que é feita a criação e layout da peça. Com o layout pronto, a sacola é apresentada ao cliente para que ele aprove. Depois de aprovada, a embalagem é levada para a gráfica onde é

Todo mundo tem pelo menos uma sacola em

feito o fotolito e aí, o produto é distribuído nas

casa para que quando precise carregar algum

lojas, chegando às mãos do consumidor final.

objeto, possa levá-lo de maneira prática. Há

“Procuramos

sacolas para todos os gostos, mas que além

comprar, chamar a atenção da existência

de servir ao objetivo principal de embalar o

da loja para o consumidor, fazer com que

produto, são propaganda de uma marca, levando

ela funcione como um display ambulante”,

seus valores e a essência de sua identidade

afirma

Fábio

despertar

Mestriner,

o

desejo

publicitário

de

e

designer de embalagem e autor do livro “Design de embalagem” (Editora Pearson),

“A sacola de Letras atrai, cria tendência tanto culturais quanto sociais. Sem dúvida embala os produtos e as vontades dos consumidores”. De um modo geral a sacola é sinônimo de bom gosto”

Primeiramente é feito o briefing e depois são visitadas as lojas onde se observa como a sacola é usada pela clientela. Identificamos a estratégia, fazemos o protótipo e observamos a reação das pessoas. As pessoas não ficam indiferentes à embalagem, pois ela estimula o appeal, que é uma disciplina estudada aonde o consumidor for. Além disso, este tipo de

na fotografia de alimentos, e que busca

embalagem tem um tempo de exposição maior

despertar o desejo

do que um anúncio normal de outros meios,

Todos os elementos visuais são selecionados

pois a sacola muitas vezes é guardada e levada

especialmente de forma que se mostre o

aos mais diversos lugares, funcionando como

conceito da marca. O consumidor exibe com

uma

orgulho uma sacola com a qual se identifica.

verdadeira

“propaganda

ambulante”

por meio da visão.


PROCESSOS DE IMPRESSÃO

Forma e função:

do objeto à letra

21

O desenvolvimento da comunicação veio no bojo da revolução do design: novos conceitos, novos hábitos de produção e consumo

O termo “design gráfico” foi originalmente cria-

bert Bayer e Laszlo Moholy-Nagy; e El Lissitzky

do por William Addison Dwiggins, um designer

são considerados os pais do design gráfico mo-

de livros americano no início do século XX.

derno. Nos anos seguintes, o design gráfico mo-

Na década de 20, o construtivismo soviético

derno ascendeu na sua aceitação e aplicação no

aplicou a “produção intelectual” em diferentes

mundo industrial. Uma economia crescente nos

esferas da produção. O movimento demonstrou

Estados Unidos pós Segunda Guerra estabeleceu

como a arte individualista na Rússia revolucioná-

uma necessidade maior para o design, principal-

ria era inútil e mostrou o caminho em direção à

mente através da publicidade e da embalagem. A

criação de objetos para usos úteis (a forma se-

imigração da escola alemã Bauhaus para Chicago

gue a função) e acessíveis a todos.

- EUA em 1937 trouxe um minimalismo produzi-

Tschichold; tipógrafos da Bauhaus como Her-

do em massa para o país, espalhando o fogo do


22

PROCESSOS DE IMPRESSÃO

design, da experimentação e da arquitetura “mo-

guerra – ou pós-guerra – foram o pano de fundo

derna” no país.

para a atuação desses designers. Inovaram na

Na publicidade surgiram novas formas de expres-

concepção artística, desobedeceram e criaram

são, mais visuais e subliminares, com o objetivo

novas regras de composição, usaram técnicas e

de “criar” um conceito intínseco às marcas. Dessa

materiais inusitados e principalmente: demons-

forma, algumas marcas se desvincularam de seus

traram que a criação não tem limites, necessita

produtos de origem, tornando-se um conceito

apenas de bom-senso, conhecimento e ousadia.

institucional. Designers de todo o mundo repen-

Erra quem pensa que imaginação é tudo. É ne-

saram suas práticas e inovaram na aplicação de

cessário conhecer profundamente aquilo que se

elementos visuais primários, como a tipografia.

pretende desconstruir ou ressignificar. Por muito tempo o trabalho com a tipografia, como atividade projetual e industrial gráfica, era limitado aos tipógrafos, mas com o advento da computação gráfica a tipografia ficou disponível para designers gráficos em geral e leigos. Hoje qualquer um pode escolher uma fonte (tipo de letra) e compor um texto simples em um processador de texto. Mas essa democratização tem um preço, pois a falta de conhecimento e formação adequada criou uma proliferação de textos mal diagramados e fontes tipográficas mal desenhadas, sob a égide do experimentalimo, da vanguarda, ou até mesmo resultado do oportunismo. O conhecimento adequado do uso da tipografia é essencial aos designers que trabalham com diagramação, ou seja, na relação de texto e imagem. No caso da mídia impressa, designers gráficos costumam se preocupar ain-

Esta deixou de ser apenas elemento compositivo

da com a escolha do papel adequado, da tinta e

de texto e adquiriu nuances estéticas nunca an-

dos métodos de impressão com o intuito de ob-

tes suspeitadas.Os designers americanos do pós-

ter um melhor resultado final. Um fechamento

guerra foram amplamente influenciados pela

de arquivo mal feito causa danos na qualidade

“neue typographie” e a arte moderna, e seu tra-

do material impresso e prejuízo incalculável para

balho fortemente marcado pelas grandes trans-

o cliente, assim como a escolha inadequada do

formações na Europa nas décadas de 20 a 40. A

processo de impressão ou do suporte. Há que se

noção do efêmero, que traz em seu bojo a neces-

lembrar que, a longo prazo, tende a prevalecer a

sidade da mudança, a revolução do pensamento

competência sobre o oportunismo. Criatividade

e dos costumes, consequências de um estado de

não prescinde do conhecimento.




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