março 2010 | ano #1 | n° #1
PixelArt A técnica de ilustração que lembra os jogos dos anos 80
TiltShift Minimizando o mundo!
Embalagens “Verdes” Preocupadas com o futuro, as embalagens “verdes” gaham espaço
DZNO Thiago Henrique apresenta sua coleção de postais
Grego Um ilustrador que sabe o que faz.
fotografia
ilustração
portifólio
Grego. Conheça a técnica de
Conheça o trabalho
DZNO
minimizar o mundo com
de um ilustrador que
Coleção de Postais
a fotografia.
faz sucesso.
“Sentimentos”
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criação
inspiração
tipografia
Conheça as Mascotes e marcas
maravilhas que são
DZNO
infantis, o que é
possíveis com a
Fontes digitais
fundamental?
Pixelart.
e dingbats
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embalagem
p.i.
Direção Geral
(processo de impressão)
Prof.: Rangel Sales
Direção de Redação: Dzno Design
Direção de Criação: Dzno Design Serigrafia As embalagens do futuro
+
são verdes!
Impressão digital
Editora:
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Dzno Gráfica
fotografia
Tilt-Shift Minimizando o mundo!
A impressionante técnica fotográfica do tilt-shift é capaz de transformar qualquer imagem em miniaturas como feitas em maquete.
Em 1976, o governo soviético encomendou ao artista Efim Deshalyt uma maquete de toda cidade de Moscou. A miniatura, que se estendia por uma superfície de mais de 37.000 m², fazia parte de mais uma das propagandas megalomaníacas do regime e levou um ano para ficar pronta. Hoje, os comunistas poderiam resolver tudo com mais rapidez e praticidade. A impressionante técnica fotográfica do tilt-shift é capaz de transformar qualquer imagem em miniaturas como feitas em maquete. Apesar do atual frisson em torno do tilt-shift, o negócio não é assim tão novo. Algum tempo antes
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Design DZNO
de Efim Deshalyt iniciar a construção de sua mini Praça Vermelha, a Nikon havia desenvolvido uma lente SRL para suas câmeras de 35mm capaz de provocar o shift um uma imagem (basicamente, um efeito de deslocamento que causa rotação da imagem). A Canon aprimoraria a tecnologia em 1973, acrescentando ao movimento já existente o de tilt, que causa inclinação - ou báscula – do assunto fotografado. É manipulando a combinação desses dois movimentos que a
técnica
tilt-shift
consegue
transformar qualquer assunto fotografado
em
uma
versão
miniaturizada dele mesmo. Graças ao avanço das câmeras digitais, a aplicação do efeito deixou de exigir muitos conhecimentos na área, mas a verdade é que ninguém se interessou tanto assim. O atual sucesso da técnica tilt-shift tem a ver com o software senhor de todas as ilusões óticas: o PhotoShop. Fazendo ajustes simples de cor e nitidez, fica ao alcance de qualquer um criar sua própria maquete a partir de uma imagem feita por câmeras domésticas.
Design DZNO
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ilustração
Grego ilustrador
Resolvi fazer faculdade agora por opção, todo profissional deve ter algo a mais para oferecer.
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Grego iniciou sua carreira em 1973 como letrista
segmentos e também livros para Editoras de todo
na redação Disney da Editora Abril. Entre 1976 e
o Brasil. É, atualmente, filiado à SIB – Sociedade
1978 ilustrou Histórias em Quadrinhos para as
dos Ilustradores do Brasil. Aos 48 anos, Grego
revistas Disney. De 1978 a 1980 escreveu roteiros
está fazendo uma faculdade. Para quem achar
para as revistas Pato Donald, Tio Patinhas,
estranho, ou achar tarde, ele diz: “Resolvi fazer
Zé Carioca e outras, da mesma Editora.
faculdade agora por opção. Todo profissional
De 1980 até 1988, criou e ilustrou capas
deve ter algo a mais para oferecer. Não apenas
para as publicações Disney, Hanna Barbera,
a arte deve ser desenvolvida com competência,
Walter Lantz e Maurício de Souza. Em 1990,
pois o profissional deve ter competência, mas é
foi contratado como cartunista do jornal
preciso acrescentar, evoluir.
O Estado de S.Paulo, onde permaneceu até 1991.
Escolhi fazer publicidade e propaganda, já
A partir de 1991 passou a ilustrar para agências
que desenvolvo trabalhos relacionados a isso.
de Publicidade e empresas dos mais variados
A teoria passada na faculdade me acrescenta
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muito. Além, disso, gosto dos meus colegas
um teste, porém, na época, eu ainda não possuía
de faculdade, pois, meus colegas de sala, em
técnica. O desenho Disney é extremamente
maioria, são adolescentes. É quase uma relação
definido, profissional, com os contornos já bem
de pai pra filho, uma coisa bacana, que traz
definidos: ou você faz ou não faz. Eu tinha alguns
jovialidade. Com a convivência, a gente começa
desenhos que havia feito, uma revistinha que
a desenvolver vínculos cada vez mais fortes.
fiz, sem técnica, sem nada, apenas por gosto.
Ganho muito com isso, pois consigo ver as coisas
Esse foi o gancho para que eu pudesse entrar.
com outros olhos, de uma forma mais moderna,
O teste era para fazer legendas para os balões
pois o jovem tem aquela energia, um jeito sempre
dos personagens, fui aprovado. Estar lá dentro já
novo de ver o mundo”.
era um bom caminho, a Editora Abril na época
Seu início de carreira foi na Editora Abril, onde
era a grande empresa na área editorial e de
entrou com 18 anos e permaneceu por treze anos
revistas em quadrinhos.”
trabalhando com os quadrinhos Disney. “Sempre
Grego fez legendas, roteiros, arte-finais e capas
tive tendência para o desenho, essa coisa da
para as revistas da Abril Jovem. “A vivência com
sensibilidade no traço. A minha irmã conhecia
os quadrinhos e o trabalho com as capas me abriu
uma pessoa na empresa onde trabalhava, que
perspectivas para planejar o futuro da minha
conhecia um profissional da Editora Abril, o Valdir
carreira: ilustrações, charges, cartoons”. Por dois
Yagaiara, hoje falecido. Na época ele era o diretor
anos escreveu as histórias Disney e recebeu dois
de arte das revistas Disney. Fui convidado a fazer
prêmios abril de jornalismo, entre 78 e 80.
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portifólio
DZNO “Ainda não consegui enchergar o design como áreas separadas; Gráfico, Produto, Moda, interiores, etc. Design é design” Designer Gráfico graduado como tecnólogo em 2007, atualmente curso técnico em Design Gráfico no Senai Cecoteg com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2010. Thiago Henrique, mais conhecido como Dzno (desenho) se considera um designer experiente, mas com muito a aprender ainda. “Já são três anos de formado, já trabalhei com design corporativo, já trabalhei em agência de publicidade, trabalho em uma empresa de postais e simultâneamente faço alguns freelas, mas sempre sinto que falta algo, sempre acho que posso aprender mais! Tanto que procurei o curso técnico no senai.” Durante
seu
processo
de
formação
as
oportunidades de estágio ainda eram poucas, e trabalhando como garçon em um café conheceu os postais publicitários. Por coincidência, uma matéria da faculdade pediu que desenvolvesse uma coleção de postais que representasse os sentimentos. “Quando me disseram que era para fazer uma coleção de postais, fiquei logo animado e procurei saber o assunto a ser tratado. Seis sentimentos foram listados e comecei a desenhar algo, logo criei “Ele” e “Ela”, dois personagens
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Design DZNO
Thiago Henrique que representariam os sentimentos. Achei interessante que tinham tanto sentimento ruins quanto sentimentos bons e isso influênciou na criação dos personagens. Gostei muito do resultado final, lembro que pequei um pouco no acabamento, mas ainda era muito inexperiente e realmente tinha que errar para aprender como se faz. Estes postais são meus xodós, e torço para sobrar um tempinho livre para que eu aperfeiçoe eles, pois pretendo distribuir eles pela PopCards divulgando meu trabalho.” Como ainda não definiu uma área específica para trabalhar dentro do design, Dzno gosta de aprender sobre tudo do Design. “Ainda não consegui enchergar o design como áreas separadas; Gráfico, Produto, Moda, interiores, etc. Design é design, o processo criativo é o mesmo! Claro que cada área tem sua especialidade e sei da importância dessa divisão, e vejo a importância também da escolha de uma sub-divisão dentro de cada área”. Dzno gosta do estilo de trabalho freelancer, quer investir na sua carreira, mas atualmente prefere trabalhar para um empresa fixa e alternar com trabalhos freelancer. Seu trabalho pode ser melhor conhecido através do seu portifólio online no seguinte endereço: www.thiagohenriquedg.carbonmade.com Contato com Dzno: Twitter: @dzno23 / Skype: dzno23 +31 55 8829 4122
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criação
Os personagens e as
marcas infantis O uso do personagem e sua expressão pede os mesmos cuidados que as marcas: busca de diferenciação, pertinência em seu discurso e coerência ao longo do tempo.
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Muito se tem falado ultimamente sobre gestão
As respostas a estas perguntas são valiosas, pois
de marcas e o que podemos fazer para fortalecê-
o mercado de produtos infantis movimenta mais
las. Sabemos que as marcas são muito mais
de 50 bilhões de reais, só no Brasil.
que símbolos gráficos; são símbolos da própria
Os personagens são a resposta, pois são facilmente
empresa, de seus valores e de suas promessas ao
reconhecidos pelas crianças. O desenho simples,
consumidor. Esse assunto afeta a competitividade
as cores vivas e a expressividade das emoções
das empresas, pois marcas fortes ajudam-nas
atribuídas a eles, fazem dos mascotes o porta-
a se diferenciar, representando uma vantagem
voz ideal da empresa para a criança. Alguns
sobre a concorrência. Tanto que as avaliações de
estudos mostram que a criança pode associar
empresas já levam em conta o valor desse ativo
corretamente um personagem ao produto
tão intangível, a marca.
correspondente já a partir dos quatro anos. As
Mas nós não nascemos sabendo interpretar
formas e cores são muito importantes nesse
esse ou qualquer outro símbolo. A habilidade
processo. No entanto, o significado da marca
de
ainda não é compreendido.
decodificar
símbolos
é
aprendida
e,
antes, precisamos desenvolver a capacidade
A compreensão de uma marca tradicional, sem
neurológica, cognitiva e psicológica para isso.
personagem, começa a partir dos seis ou sete
O que fazer, então, nos casos de marcas de
anos. Não é por acaso que a criança é alfabetizada
produtos infantis? A partir de qual idade são
nessa idade. Começa aí sua capacidade de
compreendidas? Podemos ter outra abordagem?
compreender a linguagem simbólica. Sua
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preferência por determinadas marcas também
outro, quer ser como o outro, vivencia no outro
começa nessa fase. No entanto, os personagens
o que não pode ser. Nessa faixa etária, a criança
continuam sendo objeto de grande interesse
começa a buscar uma necessidade básica
das crianças até os nove ou 10 anos, quando
humana: poder e controle. Daí o sucesso
costumam substituí-los por personalidades ou
de lutadores e super-heróis,
ídolos, como artistas e atletas.
para os meninos. A velocidade também atrai,
Vemos que o desenvolvimento de personagens
pois remete a poder e diversão. Já as meninas
para
estão mais interessadas na socialização e no
representar
marcas
nas
campanhas
principalmente
publicitárias, ou até mesmo ser a própria marca,
relacionamento com as amigas.
envolve muita responsabilidade e deve ser
A partir dessa fase a moda é cada vez mais
tratado com muita seriedade. O mascote é o
importante para elas, pois expressa a sua
porta-voz da empresa e a torna mais simpática
personalidade e sinaliza qual é o grupo ao qual
e humanizada. Os valores da marca podem
pertence, facilitando a sua integração.
ser reforçados pela personalidade do mascote.
É muito importante valorizar os aspectos
Como em quase tudo relacionado a marketing
emocionais do personagem, definir como e
infantil, a segmentação do mercado é o guia
quando se expressam nele suas emoções: amor,
sobre os tipos de personagens que devem ser
tristeza, alegria, medo ou raiva.
utilizados. Afinal, o desenvolvimento psicológico,
Outro ponto fundamental a ser considerado
intelectual e social da criança é dado em estágios
são os valores dos pais, pois não deve haver
relativamente bem definidos.
conflito entre o que é proposto às crianças e o
Para crianças na fase de quatro a sete anos de
que os pais aprovam.
idade, aproximadamente, os personagens serão
A partir daí, o uso do personagem e sua expressão
muito mais eficientes que marcas tradicionais,
nas embalagens, publicidade ou promoções
pois só eles são compreendidos. Nessa etapa
pede os mesmos cuidados que as marcas: busca
a criança desenvolve alguns padrões de
de diferenciação, pertinência em seu discurso e
identificação: Cuida do outro, se enxerga no
coerência ao longo do tempo.
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inspiração
PixelArt
Programas como o Paint se tornaram uma opção bem acessível. Quem foi adolescente ou adulto aficionado por jogos nos anos 80 se lembra: não era fácil decidir que criatura era Zelda afinal se a única referência fosse um console de game. Naquela época, e desde o Atari, todas as rodas de carros eram invariavelmente quadradas. E enquanto ao espaço sideral de Galaga? Essas foram as raízes da pixelart tenha surgido nessa época, para dar forma às idéias de jogos que iam surgindo com cada vez maior volume desde o Tênis para dois criado pelo físico William Higinbotham em 1958. A partir daí, as coisas evoluíram rapidamente. Vieram outras espécies de ping pongs, jogos espaciais, o advento do Mr. Pac Man; em cada um desses novos jogos, os desenhos foram se tornando mais complexos e coloridos, acrescentando cenários e detalhes... sempre aquadradados, mas, ainda assim, alucinantes.
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Design DZNO
Com o aprimoramento das interfaces dos computadores e a democratização gradual dos computadores, programas como o Paint se tornaram uma opção bem acessível para quem queria criar alguns desenhos a partir da montagem de pequenas unidades coloridas a partir de um meio digital moderno. O termo pixelArt foi usado pela primeira vez por Adele Goldberg e Robert Flegal, da XeroxPalo Alto, em 1982 numa compilação de artigos editada pela ACM (a Associação para Maquinaria da Computação) embora dez anos antes Richard Shoup, também da Xerox, já houvesse cavado o conceito para pensar seu software SuperPaint (MAC). Mas, independente da paternidade, fato é que a técnica já estava consolidada: edição de imagens, sem aplicação de filtros ou modos especiais de renderização através da
Revista DZNO
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inspiração
alocação cuidadosa de cada um pixel com o auxilio de uma ferramenta que se assemelhe a uma caneta de pontos até que se obtenha o resultado necessário. A única “ferramenta extra” é qualquer um modo de ampliação da imagem em questão. No final, tudo deve ser armazenado na mais baixa compressão possível, assim, será atribuído à cada pixel preservará sua cor mais exata. Hoje, programas como o PhotoShop modificaram bastante a forma de se encarar essa arte digital; na realidade, ela ficou mais refinada, contando com novas técnicas e estilos além de novos usos como em animações, avatares, ícones para desktop e personagens de mundos virtuais e jogos para celulares. Os profissionais em atividade até não são muitos comparados aos demais artistas digitais, mas a qualidade e paixão com que pacientemente “montam” as figuras cativam até os mais ferrenhos entusiastas das últimas novidades da área.
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Design DZNO
Fontes Digitais e d,NLkZ$& Descompromissadas com a legibilidade, elas parecem esquecer da sua função inicial de gerar textos verbais para questionar sua própria forma.
O processo de leitura e escritura de textos é
A produção das fontes digitais
composto por vários elementos que podem
Um olhar atento acerca da tipografia nos textos
estabelecer
conforme
nos revela que ela contém diversas camadas de
ambiente, técnica e historicidade. Nesse sentido,
significados que a deixam longe de ser apenas
o ambiente hipermidiático atua como um
instrumento para a linguagem verbal, como
elemento importante no estabelecimento de
alguns pressupõem. Além disso, seu potencial
diferentes relações entre palavra, imagem e som
de significação se intensifica quando passa a
nos textos verbais pois altera não só o processo
ser produzida digitalmente, pois nesse caso é
de leitura, mas o de produção de linguagem.
possível criar fontes tipográficas que tenham
Estabelecer algumas dessas relações e mostrar
uma linguagem interna própria e imagética, que
o tênue limite entre linguagem verbal e visual
não permite a leitura verbal, apesar de estarem
nos meios digitais é o que se pretende com esse
incondicionalmente ligadas a ela devido a sua
texto. Palavras-chave: leitura, fontes digitais,
forma. Desconsiderando fatores históricos que
hipermídia.
normalmente regem as classificações das fontes
diferentes
relações
dividindo-as em serifadas, modernas, sem serifas, O processo de leitura
decorativas e manuscritas, proponho observá-las
e escritura de textos
segundo seus potenciais de significação.
é
composto
elementos
por
vários
Ficam, assim, claros três tipos de fontes digitais:
que
podem
aquelas cuja característica é passar despercebida,
diferent
como diz Gruszynski, elas são invisíveis, aqui
conforme
denominadas letradas. São utilizadas em função
estabelecer es
relações
ambiente,
e
de um texto e não devem ter outro fim, se não o
Nesse
de ajudar o leitor a identificar rapidamente os
ambiente
caracteres e facilitar a leitura. O segundo tipo são
técnica
historicidade. sentido,
o
hipermidiático comoum elemento
atua
aquelas que chamam a atenção por sua forma diferenciada. Também chamadas de decorativas,
Design DZNO
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tipografia
se apresentam com freqüência em títulos ou
quebram a rigidez da escrita verbal e dão certa
logotipos, mas raramente em textos corridos pois
flexibilidade ao texto, pois são abertas a múltiplas
são consideradas de baixa leiturabilidade. Seus
interpretações e algumas vezes abandonam por
caracteres por terem formas diferentes se impõem
completo a linearidade. As decorativas exploram
contra um leitor acostumado simplesmente a ler
a linguagem visual sem perderem a estrutura do
o texto, sem nunca ter atentado à forma da letra.
texto escrito, pois é possível identificar, ainda
As fontes exclusivamente digitais, do terceiro
que com dificuldade, as letras do alfabeto. Elas
tipo, são as chamadas dingbats.
utilizam o aspecto visual da letra como modo de
Essas, apesar de funcionarem como fontes, não
informação agregado à leitura verbal, ficam no
apresentam nenhuma letra do alfabeto. Seu
limite entre visual e verbal. A tensão criada no
significado não é dado pela identificação dos
ato da leitura gera o significado, a letra não passa
caracteres que agrupados formam palavras e
despercebida, ela se impõe frente a uma estrutura
frases em determinado código verbal, mas pelo
verbal e fonética historicamente predominante.
estabelecimento de relações entre elementos
A inserção de características imagéticas na
gráficos que geram uma linguagem visual despida
escrita alfabética retoma características icônico-
de relações fonéticas. Tendo em vista a complexa
indiciais que quebram um pouco a rigidez desse
estrutura das sociedades em rede, é possível
signo simbólico. A compreensão de um texto
entender o surgimento das fontes dingbats e a
escrito com tais fontes é dada pela interação
proliferação das decorativas. Esses tipos de fontes
entre estrutura verbal e visual. O leitor deve ser capaz de relacionar as duas linguagens a fim de tornar o texto mais rico. Já as fontes dingbats são construídas por figuras no lugar das letras e estabelecem importantes relações entre linguagens, pois utilizam a estrutura da linguagem verbal para construir textos figurativos. A combinação de elementos imagéticos por meio de uma linguagem verbal (teclado) pede ao leitor uma compreensão não-verbal do signo. O texto construído é compreendido por meio de associações, por troca de informações entre elementos que podem, ou não, seguir uma seqüência linear. O abandono das letras
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Design DZNO
alfabéticas em prol de imagens figurativas nos
na rede não há necessidade de aceitação de um
dingbats mostra o rompimento com a estrutura
grande público para que elas tenham o seu lugar.
verbal, principalmente no que diz respeito ao
Descompromissadas com a legibilidade, elas
leitor, pois a relação verbal existente é estrutural
parecem esquecer da sua função inicial de gerar
e não aparente no texto. O escritor que utiliza as
textos verbais para questionar sua própria forma.
dingbats deve dominar as regras entre comandos
Ao explorarem os limites entre verbal e visual,
do teclado e as classes de imagens que são
elas próprias ficam no limite entre experimentais
visualizadas, portanto deve dominar as linguagens
e funcionais. Transitam entre a arte e o design,
verbal e visual. Mas o texto depois de escrito, seja
habitam o terreno pouco firme desses dois
qual for o seu suporte, esconde essas relações.
conceitos. A convergência das mídias deixa os
Ao leitor, resta uma leitura não-verbal, pouco
limites dos conceitos cada vez mais nebulosos,
sistematizada (principalmente se comparada à
o que torna esse fenômeno natural ao ambiente
estrutura verbal) que aponta possibilidades, gera
que estamos inseridos. Se ao design ainda
associações, mas é extremamente frágil quando
resta ter alguma funcionalidade, as fontes
se busca uma eficiência da informação.
dingbats se distanciam dele, pois não têm essa
O crescimento de formas de design com múltiplos
característica bem definida. Elas questionam
significados mostra não só a capacidade de lidar
seu próprio ambiente, sua linguagem e, assim, se
com a pluralidade e com a complexificação
aproximam da arte.
dos elementos, além de ser uma forma de comunicação mais individualizada. Não é possível uma mensagem que abranja um grande número de pessoas, nem há tempo para que ela se estabeleça. A fluidez das relações permite formas mais dinâmicas e individualizadas de comunicação que geram múltiplos significados a partir das diversas relações estabelecidas pelos indivíduos. Somente em um ambiente onde a diversidade é incentivada e há dissolução das categorias, como no das redes poderiam as fontes dingbats florescerem. Não só por uma questão técnica, pois não fazem o menor sentido fora da linguagem digital, mas porque
Design DZNO
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embalagem
A embalagem do
futuro Embalagens “verdes” são a tendência de uso no mercado.
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Revista DZNO
O uso de embalagens de plástico biodegradável
linhas”, diz Claudio Natale, gerente de qualidade
ou de matéria-prima renovável já chegou
e meio ambiente da Bimbo do Brasil. “Estamos
à indústria de alimentos no Brasil. De olho
estudando como fazer essa substituição”, diz.
no consumidor atento a questões de saúde
A Bunge Alimentos também já está trazendo sua
e sustentabilidade, grandes indústrias estão
margarina da marca Cyclus em uma embalagem
introduzindo embalagens com menor impacto
biodegradável, feita de um polímero renovável,
ambiental em linhas de produtos voltadas a esses
cuja base é a fermentação do amido de milho. O
nichos de mercado. A Bimbo, indústria de pães
pote de margarina pode ser descartado no lixo
com sede no México e que no Brasil é dona das
orgânico e, exposto às condições ideais de calor,
marcas Pullman, Nutrella e Plus Vita, entre outras,
umidade e ação de bactérias, pode virar composto
acaba de lançar no mercado brasileiro uma linha
orgânico em cerca de 200 dias. “Foram dois anos
de pães, a Vitta Natural, com embalagens de
de pesquisa e desenvolvimento da embalagem,
plástico oxibiodegradável, que se decompõe em
que incluiu ainda a busca de fornecedores dentro
cerca de três a cinco anos, um tempo bem menor
e fora do País” afirma Rosa Nascimbeni, gerente
do que o plástico convencional. “Fizemos o
de marketing de consumo da Bunge Alimentos.
lançamento em uma linha de produtos premium,
A nova embalagem foi submetida a testes na
com grande apelo nutricional, que levam
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
ingredientes orgânicos e integrais. Mas o objetivo
e no Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital),
é estender, de forma paulatina, para todas as
ligado ao governo paulista.
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embalagem
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A empresa detentora da tecnologia é a americana
que desenvolveu um polímero de cana-de-
Cereplast, que produz o polímero do amido de
açúcar 100% biodegradável. A unidade piloto da
milho. A produção dos potes está a cargo do
PHB Industrial, tem capacidade para produzir 50
consórcio de empresas formado pela Poly-vac,
toneladas/ano do biopolímero, mas o plano da
Emplal e Fibrasa. “Há uma tendência clara da
empresa é, dentro de três anos, ampliar a produção
indústria de alimentos, cosméticos e de itens
para 230 mil toneladas. “A demanda cresce nos
descartáveis de buscarem resinas biodegradáveis”,
países acima do Equador, especialmente entre
afirma Antonio Marcucci, diretor da Poly-vac.
os europeus, que precisam reduzir o volume de
De todo plástico produzido no mundo (cerca de
resíduos urbanos em 25% até 2030”, diz Ortega.
230 milhões toneladas/ano), apenas cerca de
O plástico biodegradável e desenvolvido a partir
0,5% é biodegradável, segundo Sylvio Ortega,
de outras tecnologias que poderão ser utilizadas
presidente da PHB Industrial, empresa brasileira
conforme a sua necessidade e mercado.
Design DZNO
Personalize seu impresso com
Serigrafia A impressão digital é um processo que pode ser integrado sem grande turbulência, permitindo a sua rápida rentabilização. A área digital tomou conta de
Estas impressoras normalmente
toda nossa casa. E também tem
são usadas em tiragens curtas de
surgido também, nas empresas
trabalhos impressos directamente
de impressão de todo o mundo.
em suportes que, historicamente,
Digital é um termo genérico. Tem
as serigrafias sempre executaram
o mesmo significado, desde a
como
pequena impressora no escritório,
publicidade em ponto de venda
de um lado, às máquinas de offset
(PLV) e sinalética, entre outros. É
digital, como a Índigo.
sobre a inserção das impressoras
Entre elas, ficam todas as outras
digitais planas nas serigrafias e
impressoras de vários formatos,
que utilizam tintas com cura UV,
que empregam a tecnologia inkjet.
a que este artigo se dedica.
A maioria das impressoras utiliza
Os serígrafos têm muito orgulho
os
displays
para
tintas de base de água ou com pigmentos. É o caso
em pertencer a uma área que é muito mais
das HP, Roland e Encad. O material impresso por
vista como uma arte do que como um processo
estas máquinas não é um produto que possa ser
industrial. Embora a impressão digital não
utilizado no exterior, ele adere a uma preparação
tenha essa tradição, oferece soluções técnicas e
especial absorvente de água aplicada numa
económicas que são verdadeiros desafios para
pequena variedade de suportes. Por outro lado,
as atuais serigrafias.
as impressoras de solventes usam a tecnologia
As serigrafias estão melhor posicionadas para
piezoeléctrica e oferecem cabeças de impressão
a produção de trabalhos com 400 ou mais
mais robustas e de maior duração.
exemplares. No entanto, existe um crescente
Também elas são usadas na impressão de
mercado para quantidades inferiores a 200
uma gama limitada de suportes, normalmente
unidades. É aqui que a impressão digital intervém,
flexíveis, como o vinil, lonas, telas, etc.
com elevada qualidade, rapidez e rentabilidade.
Mas, para a serigrafia, as mais interessantes são
As serigrafias que venham a ter esta capacidade
as impressoras digitais planas, que usam tintas
podem atingir novos segmentos de mercado
com cura UV e imprimem em suportes rígidos.
que incluam tiragens pequenas e médias, sobre
Design DZNO
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p.i. papel, vinil cartão, foam e suportes diferentes como vidro, acrílico, lenticular, metal, cortiça ou madeira. Não são só mercados lucrativos por si, como transformam uma empresa de impressão serigráfica numa empresa prestadora de mais serviços aos seus actuais clientes, bem como conseguem atrair novos mercados. Contrariamente à serigrafia, a impressão digital plana tem muito pouco de preparação, tornando o trabalho muito rápido. Como os trabalhos são produzidos a partir de ficheiros digitais, estes praticamente não tem custos de preparação. Um trabalho está pronto a imprimir alguns minutos
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depois de chegar. Depois da impressão também
Por outro lado, a impressão digital pode apoiar
não há grandes limpezas, e portanto, a impressora
a serigrafia na execução de provas rápidas, de
está praticamente disponível para outro trabalho.
qualidade e muito eficazes, para uma aprovação
Assim, as impressoras planas oferecem facilidade
junto do cliente.
e rapidez de preparação, assim como excelente
Tiragens curtas em impressão digital significam
qualidade de impressão.
tão curtas como um único exemplar. Torna-
Uma vez a trabalhar, a impressão serigráfica é
se assim ideal para edições especiais, com
muito rápida, embora os custos de preparação
dados variáveis ou não, produção gráfica para o
sejam altos, manter uma máquina imprimindo
comércio a retalho, tiragens em várias línguas,
é relativamente barato e, por isso, os clientes
etc, com evidentes vantagens.
costumam encomendar uma quantidade maior
Também, transferindo as pequenas tiragens,
e estocam, nas instalações do clientes.
complexas ou menos rentáveis (ou, mesmo, não
A impressão digital é um processo que pode ser
lucrativas) para a produção digital, as máquinas
integrado sem grande turbulência, permitindo
tradicionais de serigrafia estão mais disponíveis
a sua rápida rentabilização. Por outro lado, a
para longas tiragens, para trabalhos com cores
análise dos trabalhos, considerando o tempo
especiais onde a impressão serigráfica está melhor
de preparação (e custos) e a tiragem, podem
apetrechada. Existe também a possibilidade para
determinar o que é mais conveniente - imprimir
utilizar a impressão digital em conjugação com
digitalmente ou da forma tradicional.
a serigrafia, fazendo de uma forma tradicional
A possibilidade de escolha do processo de
parte do trabalho (por exemplo, a impressão de
produção garante a optimização das margens. A
cores ou acabamentos especiais) e a impressão
impressão digital é também eficiente em termos
da quadricromia, produzida digitalmente.
de espaço e de trabalho. É fácil de manusear e,
Em conclusão, a impressão digital deve ser
virtualmente, não tem desperdícios. Um número
considerada
concreto de exemplares será impresso sem
serigrafias, pois oferece meios para uma maior
necessidade de desperdícios ou de excedentes.
rentabilidade no futuro.
Design DZNO
uma
oportunidade
para
as