RIO LETRAS

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Ano 14 - nº 153

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1 Distribuição Gratuita - Edição Especial

ANOS DE SAMBA

O samba é considerado por muitos críticos de música popular, artistas, historiadores e cientistas sociais como o mais original dos gêneros musicais brasileiros ou o gênero musical tipicamente brasileiro. Esse ano o samba completa 100 anos de história e você confere no Rio Letras, uma edição especial sobre a sua história e o que há de melhor.

Samba - Lanfranco Vaselli

CONHEÇA OS MAIORES SA- ESPETACULO SAMBRA O MUS- ELZA SOARES: RAINHA DO BISTAS DE TODOS OS TEMPOS CAL 100 ANOS DE SAMBA SAMBA / CANTORA DO MILÉNIO Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Cartola, Pailinho da Viola... Em comemoração aos 100 anos do Samba, o Rio Letras, elenca os 10 maiores sambistas de todos os tempos. (pág 6)

Com apresentações lotadas em todo o país, “SamBRA, o musical – 100 anos de samba” visita a história do samba e de seus baluartes, contando a trajetória deste ritmo em homenagem ao seu centenário. (pág 8)

Considerada “a melhor cantora do milênio” pela BBC, descrita como “uma mistura explosiva de Tina Turner e Celia Cruz” pela Time Out, e conhecida no mundo todo como A Rainha do Samba. (pág 2)


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ELZA SOARES: DE MULHER DO FIM DO MUNDO

A CANTORA DO MILÉNIO

Ela é um clássico que provou que enquanto estiver viva vai continuar se adaptando às novas gerações e aos novos mundos, sempre dando um jeitinho de adaptar seu talento. Em Outubro, surpreendeu os fãs, já acostumados a ouvir sua voz entre os batuques e aranhas do samba de raiz e da bossa tradicional, ao lançar um álbum, sem muito estardalhaço ou promoção prévia: o primeiro álbum inteiramente composto de músicas inéditas, depois de sua longa discografia recheada de interpretações de músicas muito bem conhecidas pelo Brasil. A princípio, é difícil de acreditar que uma senhora de 78 anos tenha lançado onze faixas tão contemporâneas, e tão relevantes em 2015. Os principais temas do “A Mulher do Fim do Mundo” é a violência contra a mulher, negritude, morte, e sexo.

Stephane Murnier/Divulgação

Considerada “a melhor cantora do milênio” pela BBC, descrita como “uma mistura explosiva de Tina Turner e Celia Cruz” pela Time Out, e conhecida no mundo todo como A Rainha do Samba. Nascida na favela da Moça Bonita, passava a infância “rodando pião e brigando com os meninos”. Casou pela primeira vez aos 12 anos, teve seu primeiro filho aos 13, ficou viúva aos 21, e se tornou sensação internacional aos 30. Elza Soares não é apenas um ícone como artista, é também um ícone como pessoa, e um exemplo de superação. A vida não deu trégua pra essa mulher: teve que ser forte pra lidar com inúmeras dificuldades, e ainda assim, nunca deixou de subir no palco com um belo sorriso no rosto e contagiar a plateia com a alegria do samba.

Garrincha dirigia bêbado, com Elza, sua filha Sara, e a mãe de Elza, Rosária Maria Gomes, no carro. Sofreram um acidente, e Dona Rosária faleceu. Mas a morte não era uma estranha pra Elza: a moça já havia perdido um marido e dois filhos, e, mais tarde, viria a perder outros três. Também sofreu com Capa do disco a morte do próprio Garrincha, que faleceu após um ano de divórcio, quando Elza ainda O novo álbum de Elza é fogo, é melancolia, sentia muito carinho pelo ex-marido. é sofrimento e é liberdade, como há de ser Nada é doce e suave quando se trata de o samba, como é Elza Soares, e como é a Elza Soares. Desde sua expressão dura, mulher brasileira. Empodera, toca na ferida, emoldurada por seu afro volumoso coroado é aquele tapa na cara que dói, mas nos faz com flores ou um turbante, até sua voz acordar. Trata de racismo, de misoginia, de metálica, suas feições felinas, seu sorriso transfobia. A voz de Elza está rouca, rasgada, largo e rasgado, sobrancelhas desenhadas e sempre prestes a falhar, e exatamente por altas e arqueadas, e sua eloquência curta e isso, mais bela do que nunca. É uma cicatriz grossa, aquilo que Elza transmite mais que que mostra a força que ela precisou pra Foi chamada de “vadia” pelo país, ao tudo é força. Hoje, tem 60 anos de carreira enfrentar o que enfrentou, e é bela, como as se envolver com o jogador de futebol musical. Seu samba alegrou e inspirou três marcas da idade no seu rosto. Garrincha, que largou a esposa pra se casar gerações, e continuará a alegrar e inspirar com Elza. Era xingada de “bruxa” pelos as próximas. Elza Soares é um clássico, e Atualmente, Elza está na estrada com a amigos do marido, que não gostavam dela não apenas um daqueles clássicos antigos, Turnê de seu último disco, e já se apresentou por proibi-lo de sair pra beber, tentando tipo aquela galera que fez músicas geniais em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, protegê-lo de seu alcoolismo. Em 1969, e se aposentam, ficando presas no passado. Salvador e Belo Horizonte. Sempre com


r io l etras Sempre com casas lotadas, bilheteria esgoatada e variedade etaria de seu público conquistado e reconquistado.

“Boto o passado todo num cantinho, guardadinho em mim, mas sabendo que o now está aqui. Ontem já foi, amanhã não sei. Então, tem que ser agora”.

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4 RODAS DE SAMBA PARA FREQUENTAR NO RIO

Carolina Monterisi

Samba do Trabalhador - O Rio de Janeiro é tão maravilhoso que tem um samba de segunda que começa às 16h. Comandado pelo Moacyr Luz, o Samba do Trabalhador tem esse nome porque é onde os músicos (que trabalham aos fins de semana) vão para se divertir. Apesar do repertório quase fixo, as canjas são frequentes e, com sorte, você encontra gente bem famosa por lá. O Encontro acontece às segundas, à partir das 16h, no Clube Renascença – Rua Barão de São Francisco, 54 – Andaraí. Entrada – R$20 Cacique de Ramos - Existe grande chance de você estar longe do Cacique, mas a viagem vale a pena. Essa é uma das rodas de samba mais tradicionais e tem entre seus filhos mais ilustres o grupo Fundo de Quintal. O samba acontece na disputada quadra todos os domingos. E se você ainda precisar de mais motivo, a feijoada que rola uma vez ao mês é deliciosa. A festa acontece todos os Domingos, a partir das 17h. A feijoada é no 3º domingo de cada mês a partir das 13h. R. Uranos, 1326 – Olaria. Entrada franca; feijoada R$20 Stephane Murnier/Divulgação

Sambastião - Um sábado por mês o Sambastião toma a Praça do Russel, na Glória, para um dos sambas mais divertidos da cidade. A roda de samba é aberta, com todo tipo de gente, e tem como padrinho o sambista Ataulpho Alves Jr. O repertório é recheado de sambas de partido alto e sambas de terreiro, daqueles pra cantar junto. Um sábado por mês, a partir das 15h, na Praça do Russel, em frente à Rádio Globo. Grátis

Elza Soares é o olhar misterioso de Capitu, a casca grossa de Maria da Penha, o sorriso alegre de Carmen Miranda, o braço forte de Dandara, tudo junto. É daquelas mulheres Pedra do Sal - Conta a história que o samba carioca nasceu na Pedra do Sal, o que dá a essa que fazem História pra lembrar às mulheres roda um clima bem diferente de tudo. O samba acontece todas as segundas à noite o som do Brasil que esse país é nosso. baixo dá um clima bem intimista. Mas não se engane: a roda de samba lota, então é bom chegar cedo. Aqui é o lugar pra aprender sambas de todas as épocas e tentar ensinar um pouco para os gringos. Às segundas, à partir das 18h. Rua Argemiro Bulcão, Saúde. Grátis


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100 ANOS DE SAMBA: UMA VIAGEM CULTURAL O samba nasceu na Bahia, no século 19, da mistura de ritmos africanos. Mas foi no Rio de Janeiro que ele criou raízes e se desenvolveu, mesmo sendo perseguido. Durante a década de 1920, por exemplo, quem fosse pego dançando ou cantando samba corria um grande risco de ir batucar atrás das grades. Isso porque o samba era ligado à cultura negra, que era malvista na época. Só mais tarde é que ele passou a ser encarado como um símbolo nacional, principalmente no início dos anos 40, durante o governo de Getúlio Vargas.

Nessa música brasileiríssima, a harmonia é feita pelos instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão. Já o ritmo é dado pelo surdo ou pelo pandeiro. Com o passar do tempo, outros instrumentos, como flauta, piano e saxofone, também foram incorporados, dando origem a novos estilos de samba. O samba é considerado por muitos críticos de música popular, artistas, historiadores e cientistas sociais como o mais original dos gêneros musicais brasileiros ou o gênero musical tipicamente brasileiro. A despeito da centralidade ou não do samba como gênero musical nacional, sua origem (ou a história de sua origem) nos traz o registro de uma imensa mistura de ritmos e tradições que atravessam a história do país. O samba originou-se dos antigos batuques trazidos pelos africanos que vieram como escravos para o Brasil. Esses batuques estavam geralmente associados a elementos religiosos que instituíam entre os negros uma espécie de comunicação ritual através da música e da dança, da percussão e dos movimentos do corpo. A partir do século

Carybé - Roda de Samba

XIX, a cidade do Rio de Janeiro, que se tornara a capital do Império, também passou a comportar uma leva de negros vindos de outras regiões do país, sobretudo da Bahia. Foi nesse contexto que nasceram os aglomerados em torno das religiões iorubás na região central da cidade, principalmente na região da Praça Onze, onde atuavam mães e pais de santo. Foi nessa ambiência que as primeiras rodas de samba apareceram, misturando-se os elementos do batuque africano com a polca e o maxixe. A palavra samba remete, propriamente, à diversão e à festa. Porém, como o tempo, ela passou a significar a batalha entre especialistas no gênero, a batalha entre quem improvisava melhor os versos na roda de samba. Um dos seguimentos do samba carioca, o partido alto, caracterizouse por isso. Como disse o pesquisador Marco Alvito em referência à história da palavra: “Um das possíveis origens, segundo Nei Lopes, seria a etnia quioco, na qual samba significa cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito. Há quem dia que vem do banto semba, como o significado de umbigo ou coração. Parecia aplicar-se a danças nupciais de Angola caracterizadas pela umbigada, em uma espécie de ritual de fertilidade. Na Bahia surge a modalidade samba de roda, em que homens tocam e só as mulheres dançam, uma de cada vez. Há outras versões, menos rígidas, em que um casal ocupa o centro da roda. Como referido, esse samba de roda determinou a essência do samba tipicamente


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5 musicais de várias partes do Brasil. Nomes como Wilson Batista, Noel Rosa, Cartola e Nelson Cavaquinho também se tornaram referência desse período.

carioca, isto é, seu caráter coletivo, com versos de improviso e refrões cantados em grupo. Na virada do século XIX para o século XX, o samba foi se afirmando como gênero musical popular dominante nos subúrbios e, depois, nos morros cariocas. Dois sambistas ficaram muito conhecidos nesse contexto: João da Baiana (1887-1974), filho da baiana Tia Perciliana, de Santo Amaro de Purificação, que gravou o samba “Batuque na cozinha”, e Donga (Joaquim Maria dos Santos) (1890-1974), que gravou, em 1917, aquele que ficou conhecido como o primeiro samba registrado em gravadoras: “Pelo telefone”. A partir dos anos 1930, o samba ganhou grande espaço na indústria fonográfica e também foi usado pela política ditatorial de Getúlio Vargas na época do Estado Novo. Um dos grandes estudiosos das raízes do samba também era sambista e figurou entre os nomes que se alastraram no Rio de Janeiro nos anos 1930. Seu apelido era “Almirante”, seu nome era Henrique Foreis Domingues (1908 - 1980), que depois se tornou radialista. Almirante integrou o grupo “Bando dos Tangarás” junto a Noel Rosa na Vila Isabel. Sua obra No tempo de Noel Rosa busca por elementos folclóricos do samba urbano desenvolvido no Rio e relaciona esse gênero com as várias influências de outros ritmos

Alexandre Freire - Samba no Sambuqui

“À medida que o samba evoluiu, ele ganhou novos sotaques, novos modos de ser tocado e cantado. É isso que faz dele um dos ritmos mais ricos do mundo” Eduardo Gudin. Aecio - Carnaval do Rio

Nessa mesma época outros ritimos derivados do samba surgiram na cidade carioca, arrastando novos seguidores, foram eles... SAMBA-DE-RODA: Muito parecido com a roda de capoeira, é a raiz do samba brasileiro e está registrado na Unesco como patrimônio da humanidade; SAMBA DE BREQUE: o primeiro estilo a incorporar a flauta como instrumento de samba; PARTIDO-ALTO: popularizado nos morros cariocas; SURDO; SAMBAENREDO: quando surgiram os primeiros desfiles de escolas de samba no Carnaval do Rio, nasceu o samba-enredo. oficial do Brasil; CUÍCA: a novidade das baterias das escolas; SAMBA-CANÇÃO: cria dos botecos cariocas e famoso como “samba de fossa”, dos amores não correspondidos; PANDEIRO: no samba-canção ele ganhou mais importância, marcando o ritmo da música no lugar do surdo; BOSSA NOVA: Cansados da fossa do samba-canção, alguns compositores decidiram fazer músicas sobre temas mais leves no final dos anos 50. Nascia a bossa nova.


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os dez maiores sambist

Em comemoração aos 100 anos do Samba, você conhece nessa edição quem foram os 10 maiores sambistas de todos os tempos. Confira!

de Ouro). No início de carreira, Paulinho foi parceiro de nomes ilustres do samba carioca, como Cartola, Elton Medeiros e Candeia, entre outros. Destaca-se como cantor e compositor de samba, mas também compõe choros e é tido como um dos mais talentosos representantes da chamada Música Popular Brasileira.

Noel Rosa (Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1910 — Rio de Janeiro, 4 de maio de 1937) foi um sambista, cantor, compositor, bandolinista, violonista brasileiro e um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil. Teve contribuição fundamental na legitimação do samba de morro e no “asfalto”, ou seja, entre a classe média e o rádio, principal meio de comunicação em sua época - fato de grande importância, não só o samba, mas a história da música popular brasileira. Principais composições: “Com que roupa?”, “Palpite infeliz”.

Candeia (Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1935 — Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1978), foi um importante sambista, cantor e compositor brasileiro. Dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como “Dia de Graça” e “Minha Gente do Morro”. Ismael Silva (14 de setembro de 1905 - 14 de março de 1978) talvez tenha sido um dos sambista a exibir a mais alta originalidade no cenário da boêmia carioca. Suas Cartola (Rio de Janeiro, 11 de outubro de composições mais conhecidas são: “Me faz 1908 — Rio de Janeiro, 30 de novembro de carinhos”, “Se você jurar”, “Antonico”, “Para 1980) foi um cantor, compositor e violonista me livrar do mal”, “Novo amor”, “Ao romper brasileiro. Considerado por diversos da aurora”, “Tristezas não pagam dívidas”. músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira. Principais Paulinho da Viola (Rio de Janeiro, 12 de composições: “O mundo é um moinho”, “As novembro de 1942) é um cantor, compositor e violonista brasileiro, filho do violonista rosas não falam”, “Alvorada”. César Faria (do conjunto de choro Época

Adoniran Barbosa (Valinhos, 6 de julho de 1912 — São Paulo, 23 de novembro de 1982), um compositor, cantor, humorista e ator brasileiro. Adoniran ficou conhecido nacionalmente como o pai do samba paulista. Dono de um repertório variado de histórias, o sambista não perdia a vez de uma boa blague. Certa vez, quando trabalhava na rádio Record, onde ficou por mais de trinta anos, resolveu, após muito tempo ali, pedir um aumento. O responsável pela gravadora disse-lhe que iria estudar o aumento e que Adoniran voltasse em uma semana para saber dos resultados do estudo... quando


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tas de todos os tempos voltou, obteve a resposta de que seu caso estava sendo estudado. As interpelações e respostas, sempre as mesmas, duraram algumas semanas... Adoniran começava se irritar e, na última entrevista, saiu-se com esta: “Tá certo, o senhor continue estudando e quando chegar a época da sua formatura me avise..”

Ataulfo Alves (Miraí, 2 de maio de 1909 – Rio de Janeiro, 20 de abril de 1969) foi um compositor e cantor de samba brasileiro, um dos sete filhos de um violeiro, acordeonista e repentista da Zona da Mata chamado “Capitão” Severino. Sua musicografia ultrapassa 320 canções, sendo uma das maiores da música popular brasileira, tendo como intérpretes importantes que fizeram versões de suas músicas Clara Nunes e os grupos Quarteto em Cy e MPB-4. Nelson Cavaquinho (Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1911— Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1986) foi um importante músico brasileiro. Sambista carioca, compositor e

cavaquinista na juventude, na maturidade optou pelo violão, desenvolvendo um estilo inimitável de tocá-lo, utilizando apenas dois dedos da mão direita. Deixou mais de quatrocentas composições, entre elas clássicos como “A Flor e o Espinho” e “Folhas Secas”.

Mulato”, “Amor Pra que Nasceu” e “Tom Maior”. Logo tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no Brasil, sendo o segundo sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias com o CD Tá Delícia, Tá Gostoso lançado em 1995. Mário Lago (Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1911 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 2002) foi um advogado, poeta, radialista, letrista e ator brasileiro. Autor de sambas populares como “Ai, que saudades da Amélia” e “Atire a primeira pedra”, ambos em parceria com Ataulfo Alves, fez-se popular entre as décadas de 40 e 50.

Martinho da Vila (Duas Barras, 12 de fevereiro de 1938). Aos 15 anos compôs seu primeiro samba, “Piquenique”, que foi cantado no terreiro do G.R.E.S. Aprendizes da Boca do Mato. A carreira artística surgiu para o grande público no III Festival da Record, em 1967, quando concorreu com a música “Menina Moça”. O sucesso veio no ano seguinte, na quarta edição do mesmo festival, lançando a canção “Casa de Bamba”, um dos clássicos de Martinho. O primeiro álbum, lançado em 1969, intitulado Martinho da Vila, já demonstrava a extensão de seu talento como compositor e músico, incluindo, além de “Casa de Bamba”, obrasprimas como “O Pequeno Burguês”, “Quem é Do Mar Não Enjoa” e “Prá Que Dinheiro” entre outras menos populares como “Brasil

Infelizmente deixamos muita gente boa de fora, afinal, se colocássemos todos os bons sambistas deste país... Por isso, fica aqui uma menção honrosa aos Silvas Moreira e Bezerra, ao Zeca Pagodinho, Elton Medeiros, Hermínio Bello de Carvalho, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Mário Reis, Francisco Alves, Ary Barroso, entre outros.


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cantinho da

Guto Costa (divulgação)

cultura

B R A sam Escrito e dirigido por Gustavo Gasparani, “SamBRA, o musical – 100 anos de samba” é uma co-produção da Aventura Entretenimento e da Musickeria, que apostaram na ideia de Washington Olivetto de criar um projeto que homenageasse o gênero musical mais característico do país. “É muito bom poder valorizar aquele que está entre os gêneros mais importantes e fundamentais da música brasileira.

Esse projeto deixará um importante legado”, comenta Flávio Pinheiro, sócio-diretor da Musickeria. Apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Bradesco, “SamBRA, o musical – 100 anos de samba” terá outras ações além do teatro: um projeto multiplataforma que prevê o lançamento de um livro, ambiente web, web rádio e um ciclo de encontros.

inspiração, o protagonista. Buscamos um olhar diferente, que fugisse do óbvio, uma forma nova de cantar o samba, sem perder a essência. Me fixei nos movimentos, na chegada do choro, na relação do teatro com o samba, na irreverência das revistas, na importância da Praça XI, na explosão do rádio. Mas não é calcado no racional, pelo contrário, é feito pra emocionar, pra mexer com o público e vimos, pelo retorno do público, que conseguimos esse objetivo ao viajar o país com essa produção”, conta Gasparani.

Como nasceu o samba? De onde veio esse ritmo tão brasileiro? E, depois dele, como se formou a bossa nova? De que maneira esses gêneros ganharam o mundo e se tornaram simbolos símbolos do nosso país? Quem são os principais compositores e intérpretes? Quais os maiores sucessos? Todas as respostas para essas e outras perguntas estão no primeiro livro da Coleção Ritmos do Brasil, que traz a fascinante história da música brasileira. O CD “Gilbertos Samba” é uma reinterpretação de clássicos gravados por João Gilberto, de autores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Carlos Lyra e Caetano Veloso. Um pouco de tudo que João cantou, principalmente nos seus primeiros álbuns na voz marcante de Gilberto Gil, incluindo os sucessos “O Pato”, “Desde que o Samba é Samba”, “Você e Eu”, “Eu Vim da Bahia”, entre outros.

Além de Diogo Nogueira, o espetáculo terá também a atriz, autora e produtora Ana Velloso, de “Clara Nunes – Brasil Mestiço”, Dona de uma “O Bem do Mar” e “A Aurora da Minha coleção admirável Vida”; Beatriz Rabello, estrela de “Divina de canções, Dona Elizeth” e filha de Paulinho da Viola; Lilian Ivone Lara reúne Valeska, uma das protagonistas do seriado um elenco estelar “Sexo e as Negas”; e mais Patricia Costa, e clássicos de seu Simone Debett, Bruno Quixotte, Edio repertório em Para escrever o espetáculo, Gustavo Nunes, Wladimir Pinheiro, Alan Rocha, um Sambabook Gasparani mergulhou durante três meses Cristiano Gualda, Catia Cabral, Patricia composto por 2 CDs, DVD, discobiografia em uma profunda pesquisa para a criação Ferrer, Pablo Dutra, Paulo Mazzoni, Shirlene escrita pelo jornalista Lucas Nobile (Sonora do texto. “É uma grande viagem, irreverente Paixão e Charles Fernandes. Editora) e fichário de partituras. e lúdica, nada didática, onde o samba é a


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