SENSEMAKING
APRENDENDO A FAZER SENTIDO Como a cultura sensemaking foi introduzida no Sebrae Minas
ÍNDICE Cenário
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Design Thinking x Sensemaking
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O Curso
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Resultados
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Conclusão
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Cenário Assim que assumiu a Diretoria de Operações no Sebrae, Fábio Veras percebeu a riqueza de pesquisas e dados que eram trocados pelos colaboradores. O desafio era fazer com que as informações de relatórios e apresentações ganhassem qualidade – um verdadeiro salto de eficiência. Os colaboradores precisavam ser capazes de compreender, dentro de um enorme universo de conteúdo, o que realmente é relevante. E mais: facilitar o entendimento dessa informação. Essa “competência” tem nome: sensemaking.
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Veras convocou uma especialista no assunto para montar uma capacitação inédita no Brasil. Denise Eler, especialista em Educação Corporativa, desenvolveu o curso que foi aplicado a mais de 200 pessoas no Sebrae. A meta era clara, mas não simples. Todos deviam saber sintetizar informação no formato de infográfico em folha A3.
“Diante da complexidade do mundo atual, vivemos um paradoxo: temos mais dados e informação e menos tempo para absorver tanto conteúdo. Isso gera uma ansiedade enorme, então é fundamental entender o que é realmente importante”. Denise Eler, educadora
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Todo o conteúdo que circula no Sebrae tem peso em alguma tomada de decisão, o que torna a clareza das informações ainda mais importante e necessária. A médio prazo, isso significa o desenvolvimento do pensamento estratégico. Mais do que uma capacitação, a proposta era que houvesse uma mudança abrangente: a instalação da cultura de sensemaking.
Grande volume de informações
Análise e recorte do que é importante
tomada de decisão mais eficiente
melhor compreensão do espectador
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“Sensemaking? Pra mim foi novidade. Eu já tinha feito um curso de facilitação gráfica, mas não é o mesmo foco. Nós já estávamos nos esforçando para fazer algo sintético, mas tudo era muito textual e técnico. Eu percebi que o cliente enxerga mais valor quando apresento um dado de forma mais visual. Antes eu pensava muito em mim, como usuária. Agora eu tenho uma visão diferente, me preocupo com a pessoa que vai usar aquela informação, quais dificuldades ela teria, como eu posso simplificar aquilo. O foco passou a ser o cliente. Um documento que tinha oito páginas, agora diminuímos pra duas. Percebi que as pessoas se sentem mais aptas a entender nossos produtos.”
Carolina Xavier – Diretoria Executiva Técnica
Denise é mestre em Design da Informação e se especializou em Educação Corporativa. Atua como professora há mais de 15 anos em universidades como a PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais). Além de palestras, ela desenvolve programas de capacitação e dá consultoria para empresas. É reconhecida por seu domínio nos temas Sensemaking, Design Thinking, Customer Experience e Pensamento Estratégico. Dentre seus clientes, estão o Grupo BMW, Gerdau, FIAT, Banco HSBC e Samsung.
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Design Thinking x Sensemaking O Sensemaking é uma competência humana, não está restrita à uma atividade específica. Ele é uma aplicação ampla dos processos do design thinking, que contrapõe o pensamento cartesiano industrial com a capacidade de gerar hipóteses e criar soluções. Como a complexidade das informações aumenta exponencialmente a cada dia, consequência de uma sociedade em rede, a habilidade de selecionar dados e condensá-los em conteúdos relevantes - e fáceis de compreender - é fundamental.
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O sensemaking segue a filosofia do design centrado no usuário da informação. Considerar o repertório e necessidade do interlocutor é base na construção de qualquer peça de comunicação. “Não se simplifica algo complexo. Essa seria uma abordagem errada. O aprendizado é simplificar o complicado”. Denise Eler, educadora
O curso O Massachusetts Institute of Technology (MIT) elegeu o sensemaking como uma das competências essenciais para a liderança no futuro. O programa do Sebrae foi uma iniciativa totalmente inédita no Brasil. De e-mails a apresentações, todas as formas de comunicação foram repensadas. “O processo foi desenvolvido em duas etapas: primeiro é fazer sentido para você, depois é preciso criar sentido para o outro”, explica Denise.
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O principal foco foi o sensemaking visual, utilizando ferramentas para melhorar a compreensão das informações em infográficos. A ideia era que qualquer um pudesse compor uma apresentação, independentemente da ajuda de um designer. No entanto, o curso mostrou como o visual é a última etapa no desenvolvimento de qualquer documento. Antes de pensar nele, é fundamental ter em mente qual é o propósito daquela comunicação e quem é o público que vai recebê-la. Para aprender a sintetizar informações, os participantes precisaram contar histórias – e isso não precisa ser feito com a palavra escrita. Legos e Playmobil foram alguns dos recursos disponibilizados para estimular a criatividade visual na hora de narrar um fato.
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“Pra mim foi uma quebra de paradigma. O consumo de conhecimento não é só racional, diversos componentes emocionais aumentam a pré-disposição de consumo. Um prato extremamente saboroso, mas que tem uma apresentação desagradável, a disposição de comer é bem menor. Todo mundo anda com o celular ligado, tem o e-mail apitando, o café cheirando. Para ganhar seu share de atenção é preciso levar em conta os fatores sensoriais. O programa de sensemaking trouxe essa quebra de paradigma.”
Ricardo, UINE
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Estagiários, analistas, gerentes e as principais lideranças participaram do curso. O entendimento é que o sensemaking é necessidade de todos. Mesmo quem não trabalha com apresentações, por exemplo, precisa desenvolver o pensamento estratégico de comunicação. Inicialmente construído em cinco módulos de 8 horas, o programa acabou extrapolando os limites da sala de aula. Foram oferecidas 56 horas de tutoria para trabalhar em projetos reais. “Esse foi um dos fatores críticos para o sucesso do programa. Apenas a sala de aula não seria suficiente. Durante o atendimento, tratamos problemas de verdade. Na sala de aula nós compartilhamos a técnica e na tutoria algo prático e real. Os resultados foram rápidos”, avalia Denise.
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Módulos do Curso:
1. Design de apresentações para tomada de decisão
2. Princípios de infografia aplicada a negócios
3. Síntese textual
4. Síntese visual
5. Infografia interativa
Também foi criado um Comitê de Sensemaking, onde os integrantes pensavam ações para dar suporte à mudança de cultura. Foram feitas intervenções nos elevadores com o slogan “Simplificar faz sentido” e organizadas palestras com especialistas em assuntos-chave. Denise e Fábio abriram o programa falando sobre sensemaking e lançando a turma piloto. O segundo encontro teve a presença de Alberto Cairo, uma das referências em infografia no mundo. Luiz Iria, que dirigiu o Núcleo de Infografia da Editora Abril por 8 anos, também foi um dos convidados. Com o conhecimento adquirido, os colaboradores precisavam de ferramentas, como banco de diagramas, imagens e pictogramas. Outra iniciativa do Comitê foi a criação de um espaço na intranet para reunir e compartilhar imagens.
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40H SALA DE AULA
56H TUTORIA
PALESTRAS
CONHECIMENTO E PRÁTICA
Resultados Os participantes refinaram o senso crítico diante da tarefa de comunicar uma informação. As peças produzidas pela área se tornaram notavelmente mais eficientes. O trabalho foi tão bem sucedido que se estendeu a outras diretorias e está sendo aplicado por outras entidades, como a FIEMG.
“Para conseguirem fazer a síntese, as pessoas têm que ter conhecimento do que importa para o negócio, saber a estratégia da organização. O ganho colateral do programa é o desenvolvimento do pensamento estratégico, não perder a visão do todo. Uma apresentação deixa de ser instrumental e se torna estratégica.” Denise Eler, educadora
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“As pessoas se sentiram mais convidadas a sair da caixa. ‘Posso fazer diferente e ser muito melhor’. Quando vi a primeira modelagem que a Bárbara fez depois do curso eu fiquei emocionado. Todos ficaram mais ousados, permitiram o erro como parte do processo. Foi uma mudança de cultura que gerou tanta transformação que a equipe ficou mais heterogênea. Contratamos pessoas de expertises diferentes: economistas, designers, pessoas que trabalham com tecnologia da informação. Diversificar os perfis permitiu uma visão mais eclética e completa, um ganho do programa de sensemaking” Ricardo, UINE. Além de melhorar a capacidade de se comunicar, o programa trouxe conhecimentos para que os colaboradores melhorassem os fluxos e avaliações de trabalhos feitos por parceiros. Outro grande benefício é o aprofundamento na estratégia da instituição como forma de elencar critérios para hierarquizar informações importantes.
Há dois anos eu estou na Estratégias de Diretrizes da UED e olha, temos muito apego ao conteúdo. A gente costumava encher o slide, colocar o máximo de informação. Quando tinha que cortar alguma coisa, doía até na alma. Aprendi com o sensemaking a simplificar, apresentar os dados de outras formas que não seja em texto. Hoje eu uso infográficos, aprendi a trabalhar com cores. Consigo fazer a leitura da informação de um jeito diferente, destacando o que realmente é importante. Outro ganho considerável foi saber lidar melhor com as demandas e comunicação. Agora quando converso com um designer ou publicitário, consigo explicar o que preciso e também não aceito trabalhos que não estão com a qualidade adequada, sei avaliar melhor.” Thiago, UED.
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O programa se tornou modelo de benchmarking. Depois da capacitação, colaboradores do Sebrae Minas realizaram oficinas sobre sensemaking para o Sebrae Nacional. Hoje, o programa está sendo adaptado e aplicado na FIEMG.
“O feedback foi imediato. Nossos trabalhos têm causado um impacto visual interessante, ganharam destaque. Quando os técnicos levam um material para discutir com um prefeito ou uma associação, hoje ele tem algo mais legal para mostrar. Os dados sempre estiveram disponíveis, mas as pessoas não liam. Além dos nossos clientes diretos, recebemos várias instituições para conhecer o processo. A Exportaminas, por exemplo, se baseou nos nossos sistemas para desenvolver os boletins deles. Isso é gratificante” Bárbara, UINE.
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Ficha Técnica Idealizador: Fábio Veras Curso Sensemaking: Denise Eler Redação: Raquel Rosceli (CoolHow Lab) Design: Caio Menezes (CoolHow Lab) Edição: Tiago Belotte (CoolHow Lab)